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01. Concentra, o futuro não demora

Concentra, o futuro não demora.

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Francielle Nonato

Quatro paredes, uma cadeira, uma mesa e materiais escolares. Um padrão para mim desde os primeiros anos no ambiente escolar —embora eu nem soubesse pronunciar nessa época. Também eu nem devesse imaginar o que poderia ser uma pandemia em pleno século XXI.

Ao final de quatro anos intensos de estudos e vivências acadêmicas, o curso de Jornalismo começava a ser posto à prova pelas práticas. Para quem sempre apresentou sinais de TDAH —o que nunca reparei de fato— , estar adiantada na grade parecia ser positivo.

Na última semana para concluir as disciplinas obrigatórias, em março de 2020 —a apenas alguns dias para celebrar meu novo ciclo terrestre— , aparece um negócio esquisito querendo se exibir mais que eu nas vésperas do meu aniversário, aliás, descobri que o período antes dessa data marcante se chama inferno astral, e não foi que aconteceu mesmo? Corre. Precisamos adaptar: pesquisas práticas de tornaram teóricas e entregas de trabalhos presenciais migraram para o online.

Agora o enclausuramento entre quatro paredes não era mais no ambiente universitário e finalmente estávamos no lar doce lar —na verdade não teve gosto adocicado diante de tantas perdas humanas.

Medo, confusão, caos e ócio — para alguns. Eu só conseguia pensar: como vou realizar meu TCC? Já não bastava ser o dito cujo, ainda teria que lidar com a problemática histórica por causa de um vírus fi da gôta, como dizem os sergipanos.

Nessa de ter dificuldade com a finalização de ciclos lá estava eu, depois de meses sem aulas, adicionando na minha grade curricular disciplinas práticas sobre coisas que faziam sentido. Documentário, jornalismo sonoro e planejamento visual. Era mais prático ligar meu fone, “ entrar ” na aula e ir varrer a casa. Enquanto isso estava em meio às adversidades para conseguir concentração no que realmente importava.

Já viu passarinho viver sem ninho? Eu estava sem o meu. Sem biblioteca universitária, sem escrivaninha, sem quarto. E por viver na casa de quem abraça novas visitas constantemente, nada mais respeitoso que ceder meu ninho aos que me ofereçam lar até os 17.

Então tentava me encontrar em tudo quanto era canto: sala, área externa e cozinha. Só faltou banheiro, mas nem tentei —o professor de documentário até sugeriu em uma de suas aulas (risos). Reviver com os avós e viver que nem cigana na própria casa. Sempre fomos quase. O primo da minha avó casou com uma, mas isso não vem ao caso.

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