quem é do bem não cai
Contexto Ano 12 - Nº 42
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Jornal Laboratório dos alunos de Jornalismo da Universidade Federal de Sergipe
contexto2010@gmail.com
SAÚDE
Do jeito como vivemos, estamos realmente saudáveis?
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Editorial
setembro - 2014
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s civilizações mais antigas creditavam às suas divindades o estado de saúde dos indivíduos. A condição de cada um era resultado da ação de forças alheias ao organismo. Assim, doenças ou anomalias aconteciam por castigo, pecado e maldição, sempre tendo relação com a conduta adotada por aquela pessoa. Milhares de anos e de descobertas científicas depois, o modo como a humanidade pensa é diferente. A ciência explica tudo (ou pelo menos tenta), e o mágico-religiosopassou de regra para alternativa.Contudo, há uma ideia que se mantém durante os anos: comportamento e saúde são indissociáveis.
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Organização Mundial de Saúde define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades”. Esse conceito passou a ser mais partilhado coletiva do que do individualmente e isso implica que o entorno, assim como as atitudes e os hábitos, determina o bem-estar. Portanto, ser saudável hoje é uma meta difícil de alcançar. O ar é pesado, o dinheiro é inflado, o trânsito inflamado, a comida é rápida, o tempo é
pouco, o trabalho cansa, a rede social vicia, o mundo é menor - e mais apertado.
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que você verá nesta edição do Contexto é a diversidade de vieses e de possíveis argumentos para uma única dúvida: do jeito como vivemos, estamos realmente cultivando hábitos saudáveis? Foi tentando facilitar seu entendimento, caro leitor, que dividimos nossa edição em 5 subtemas: alimentação, academia, comportamento, tratamentos & atividades e alternativas. Tivemos ainda a sensibilidade de manter uma linha de raciocínio em que um assunto puxa outro. Em Alimentação, você lerá sobre as influências e os efeitos da comida em nosso corpo. Em seguida, um link com as Academias e a procura do corpo perfeito. Mantendo a linha, relacionaremos a saúde e o Comportamento das pessoas na era da vaidade e das redes sociais. Nas páginas seguintes, em Tratamentos & Atividades, falaremos do remediar e do prevenir. Para encerrar de maneira Alternativa, abordaremos sobre os milenares métodos orientais que objetivam a saúde.
Contexto
Expediente Universidade Federal de Sergipe Campus Prof. José Aloísio Campos Av. Marechal Rondon, s/n, São Cristóvão - SE Reitor: Prof. Dr. Angelo Roberto Antoniolli Vice- Reitor: Prof. Dr. André Maurício C. Souza Pró- Reitor de Graduação: Prof. Dr. Jonatas Silva Meneses Diretor do CECH: Drª. Iara Maria Campelo Lima
Jornal Laboratório do curso de Jornalismo Coordenação editorial: Prof. Msc Michele Tavares
Alimentação
Departamento de Com Feunicação Social (DCOS) Em busca da beleza impossível.......................................3 Dietas da moda podem ser prejudiciais à saúde...........4 Emagrecer com shake.....................................................4 Perfil da nutricionista Naiana Oliveira...................................5 Aracaju acima do peso.............................................................5
Comportamento O segmento fitness ganha espaço na moda..................9 Games com exercício: diversão e atividade física...............9 Saúde na palma da mão................................................10 Exposição e uso do selfie..............................................10
Alternativos Os tipos de alimentação alternativa..................................15 Agulhadas do oriente no ocidente....................................15 Consumo de alimentos orgânicos no combate aos agrotoxicos...16 Gastronomia naturalista............................................................16
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Chefe: Drª.Raquel Marques Carriço Ferreira
Academia Nascer, crescer e crescer....................................................6 Dos super-heróis ao mundo real dos fisiculturistas...........7 Que o alimento seja o teu remédio...........................8 Comer faz bem.................................................................8
Tratamentos& Atividades Brasil lidera ranking de plásticas.......................................11 Sergipano investe mais em beleza...........................12 PSE integra escola e família............................................13 Projeto de saúde beneficia idosos...............................13 10 a 20 minutos que podem fazer a diferença.................14 Sedentarismo: o novo mal do século...........................14
Fone: 2105-6919/ 21056921 email: dcos.ufs@gmail.com Equipe Contexto Adson Vinícius Santos Santana Alana Karolina Gois Ana Paula Medeiros de Araújo Camila Ramos Freitas Cleandersos dos Santos Santana Daniel Almeida Martins Fernanado Moreira de Souza Gabriela de La Vega Leite Geise Cruz de Souza Keizer Santos Laíze Letícia Santos Leandro de Carvalho Calado Leila Renata da Silva Almeida Manuella de Miranda Vieira Marília Santos de Jesus Pedro de Santana Rocha Pedro Henrique Teodoro Ferreira Roseli de Jesus da Silva Roseli Pereira Nunes Ruhan Victor Oliveira dos Santos Saullo Carvalho da Anunciação Silva Silas Brito Silva Taiene Cristina Santos Rodrigues Victor Rolemberg França de Abreu Rocha
Ícones Cris Dobbins Luis Prado Uriel Sosa
Alimentação
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Em busca da beleza impossível Quando os parâmetros que “ditam” o corpo perfeito causam riscos à saúde Alana Karolina Gois e Rosely Silva
email@provedor
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star magra, com silicone nos seios, cintura impossivelmente fina e um rosto que traduz a mais perfeita beleza. Estes são os requisitos básicos para um corpo ideal que alimenta a ilusão feminina. Ao longo dos anos, seja pela televisão, pelo cinema ou pelas propagandas, mulheres surgem sem qualquer imperfeição física. Vemos modelos magérrimas desfilando nas passarelas e tudo é repassado como se todas as mulheres devessem ser da mesma maneira que elas: magras e usar manequim 36. Estamos numa época em que as pessoas não são mais avaliadas por sua cultura ou ideais. O que importa agora é “ser” como Gisele Bundchen ou até mesmo Panicat. Trata-se de um problema social, que desenvolve o preconceito e a discriminação para aqueles que não se encaixam no padrão exigido nos dias de hoje. E para tentar ficar bem com o próprio corpo, os malabarismos são variados. A submissão vai desde os mais simples, como cosméticos até cirurgias radicais e dietas malucas. No meio dessa batalha pela perfeição, estão as jovens que crescem com a ideia de que só serão aceitas se seguirem esse padrão. A partir disso, surgem os mais variados processos cruéis de beleza: passar fome, fazer exercícios exagerados, tudo vale para serem iguais às modelos de capa de revista. Na busca incessante pelo corpo ideal, a aversão à aparência se desenvolve e ao olhar-se no espelho, até 2% da população mundial se assusta com sua própria aparência. É a partir daí que vemos surgir o Transtorno Dismórfico Corporal (TDC), conhecido também como dismorfia corporal ou dismorfobia. Segundo a psicóloga, Maria Luísa Teodoro, o transtorno é psicológico e a pessoa acredita ter defeitos físicos que não possui ou então, possui em um nível mínimo, mas acredita ser acentuado. O distúrbio ocorre em ambos os sexos e é comum que o dismórfico desenvolva transtornos alimentares, como anorexia, bulimia ou compulsão alimentar. De acordo com a nutricionista, Leilane Viana, os transtornos alimentares são doenças mentais que envolvem basicamente o consumo de alimentos e tem como sintomas a preocupação excessiva com o peso, alteração da imagem corporal e medo patológico de engordar. “A maioria dos pacientes que tem transtorno alimentar são jovens. No caso da bulimia e da anorexia o público maior são as mulheres. Diminuiu bastante a faixa etária dos pacientes com a doença, mas hoje varia entre 15 a 40 anos”, explica. Quem desenvolve anorexia tem o medo extremo de ganhar peso, restringindo alimentos e ingerindo uma quantidade mínima de calorias por dia. Ao se olhar no espelho, as pessoas se vêem obesas, mas na verdade estão caquéticas. Já a bulimia caracteriza-se por longos períodos de compulsão alimentar, seguidos por episódios de vômitos autoinduzidos. Nesse caso, os bulímicos têm o peso dentro da normalidade, mas têm medo de ganhar mais. Esse transtorno lembra muito a compulsão alimentar, que também apresenta longos períodos de ingestão de alimentos muitos calóricos, só que sem induzir o vômito. As consequências são as mesmas de
uma pessoa obesa, como pressão alta, colesterol alto, diabetes e problemas do coração. A psicóloga acredita que os transtornos ocorrem porque o indivíduo não se aceita e deseja se transformar no que a mídia impõe. “A pessoa pode até não se sentir mal da forma que é, mas a mídia e os amigos ao redor impõem que você não pode ser gorda, por isso busca-se formas incorretas, como induzir o vômito, exercícios excessivos, diuréticos e laxantes. Eles não medem esforços para ficarem o mais magros e torneados possíveis”, explica Maria Luísa. Existem também alguns fatores biológicos que contribuem para o desenvolvimento dos
Imagem: Thinkstock
transtornos alimentares. Essa pré-disposição à doença, de acordo com a psicóloga, pode nascer na gestação, quando a mãe se preocupa exageradamente em não engordar, fazendo com que o feto absorva essas preocupações e se torne uma criança menos sadia. Porém, Maria Luísa acredita mais no desencadeamento do transtorno através da parte psicológica, atingida pela influência externa, inclusive da mídia. “Lógico que a parte biológica tem a sua influência, mas a partir do momento em que vou ao médico, percebo que tenho algumas deficiências de nutrientes e busco me tratar, fica tudo mais tranquilo. Mas quando reunimos a ausência de nutrientes e a parte psicológica, o caso fica mais sério”, ressalta. A vida imita a arte ou a arte imita a vida? Através de seus produtos – telenovelas, seriados, programas, entre outros - a mídia vem apresentando a discussão sobre esses transtornos alimentares. Exemplo disso foi a novela Páginas da Vida, escrita por Manoel Carlos e exibida entre os anos 2006 e 2007. Na trama, a personagem Gisele, interpretada na infância pela atriz Raquel de Queiroz e na fase adulta por Pérola Faria, é uma bailarina que desenvolveu Bulimia nervosa. Anna, sua mãe, vivida pela atriz Débora Evelyn, é uma mulher muito rígida que faz de tudo para impedir que sua filha engorde por causa do seu sonho de torná-la uma grande dançarina de ballet. Sentindo-se pressionada, Gisele começa a comer tudo o que quer escondido da mãe e com
medo de engordar provoca o vômito. Em caso relatado pela psicóloga Maria Luísa, é possível perceber que exemplos como esse, vistos na televisão e nos filmes, muitas vezes retratam histórias reais. Ela citou a história de uma paciente de 16 anos, oriunda de outro estado, que foi diagnosticada como um caso de bulimia. A menina estava em Aracaju para fins somente de estudos e sempre era alertada pela tia e avó que não poderia fazer amigos, apenas estudar. Para a psicóloga, este já era um fator que deixava a garota um pouco pertubada. Além disso, um outro ponto considerado era a ausência paterna. “Eu não consigo dizer um eu te amo
para o meu pai”, disse a adolescente em um das consultas. Quando a psicóloga a conheceu, ela conta que a menina não tinha um corpo exagerado, mas ela comentava que sentia-se acima do peso e que por causa disso começou, involuntariamente, a induzir o próprio vômito. Na cabeça da adolescente, comer um prato de feijão a deixava com a sensação de ter engordado uns “quinhentos quilos”. Além da indução do vômito, o fator principal para a psicóloga diagnosticá-la como bulímica foram os relatos de que a paciente escondia comida embaixo da cama. Quando todos da sua casa dormiam, ela ingeria todos os alimentos escondidos, tomava algum laxante e vomitava diversas vezes. A menina chegava a deixar as unhas bem pequenas, pois sabia que estando grandes, elas poderiam machucá-la Imagem: Thinkstock durante a indução do vômito. Aos poucos, a profissional foi conversando e explicando a paciente que ela tinha bulimia e que a sua necessidade em vomitar não era só por sentir-se gorda, mas também por questões familiares como a falta do pai. Também houve conversas com a família que não imaginava
a real situação em que a garota se encontrava. A partir disso, a paciente tomou consciência de que precisava de tratamento e passou a ser acompanhada por uma equipe de profissionais que envolviam a psicóloga, um nutricionista e um psiquiatra. Tratamento Segundo a nutricionista, para um tratamento eficaz é necessário a participação de uma equipe multidisciplinar formada por um médico, um psiquiatra, um psicólogo e um nutricionista. Além disso, pode-se precisar de um outro especialista dependo do estágio em que o paciente se encontre. “Digamos que seja uma paciente com anorexia, que já perdeu muito peso e precisa ser mantida internada em um ambiente hospitalar, então ela vai precisar de um clínico médico, às vezes, de um endocrinologista, porque essa paciente tem uma queda muito grande de hormônios. Isso depende muito do estágio em que esteja esse transtorno alimentar”, afirma. De acordo com ela, um outro aspecto importante para o tratamento é que o paciente aceite que possui o transtorno e queira se tratar. Todos os pacientes precisam ser acompanhados até que os profissionais percebam que eles podem receber alta, mas a família tem a função de estar sempre observando o comportamento do ente, pois como se trata de um transtorno psicológico, os problemas emocionais podem contribuir para o retorno dos sintomas. Em casos de suspeitas da doença, a psicóloga afirma que a família tem um papel fundamental no processo de recuperação. Ela aconselha aos familiares a estarem mais próximos, conversando, orientando, porém sem cobranças. Em casos mais graves, o recomendado é a internação. Ela ainda alerta sobre possíveis sinais de um transtorno alimentar. “Geralmente, é uma pessoa tinha uma alimentação normal e de repente passa a ficar retraída, sozinha, se tranca no quarto por muito tempo e passa a ter uma feição triste”, explica. Sobre nossa personagem que ilustra o caso de bulimia, Maria Luisa foi informada que a adolescente havia voltado para o interior. Mas antes de ir, ela procurou os profissionais direcionados a tratá-la e, em última sessão, contou que tomou consciência do seu estado e que começaria a se alimentar corretamente e continuaria resolvendo suas questões com o pai. Além disso, a família também percebeu que não era um problema a menina desenvolver relacionamentos sociais e conciliá-los com o estudo. Segundo a psicóloga, até onde ela acompanhou o caso, as coisas estavam mudando para melhor. C
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Alimentação
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Contexto
Emagrecer com Shakes? Entenda os riscos da ingestão inadequada da bebida Camila Ramos freitasramoscamila@gmail.com
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ntes de falar sobre riscos, é necessário entender o que são shakes. De acordo com informações dos próprios fabricantes, o composto é formado por vitaminas, gorduras, carboidratos, minerais e outros ingredientes. Mas os nutricionistas alertam para outros componentes que nem sempre são falados. São eles: açúcares ou adoçantes, corantes e conservantes, que nunca foram bons para a saúde. A bebida é utilizada, principalmente por mulheres, para obter perda de peso rápida, substituindo uma ou duas refeições diárias. Falando de mercado, o número de marcas fabricantes de shakes é tão grande, que é quase impossível contabilizar todos os tipos. O que vamos tentar mostrar nesta matéria, é se existem riscos na substituição de refeições, por shake. Diversas dietas são lançadas diariamente, muitas delas baseadas na substituição de refeições, pelos shakes. Segundo a nutricionista, Larissa Mota (CRN-5 nº 7071), esse tipo de conduta é inadequada. “A substituição é péssima e não é recomendada pela maioria dos profissionais da nutrição. Com essa conduta não se faz a ingestão dos nutrientes adequados, contidos nas refeições e, também se perde o ato de mastigar que auxilia na redução de peso”, explica.
Foto: Arquivo Pessoal
Larissa Mota, nutricionista
Esse tipo de “alimentação” ainda pode causar efeitos colaterais como dor de cabeça, baixa disposição, cansaço, azia, intestino preso e até gastrite. “Isso ocorre porque a pessoa não vai ingerir uma quantidade equilibrada de nutrientes, podendo até diminuir aqueles que já tinham no organismo. Além de tudo isso, tem a questão do açúcar e do adoçante que nem sempre são notados, mas que estão presentes nos shakes, pondo em risco aquelas pessoas que possuem diabetes
ou doenças mais sérias”, alerta Larissa. A dona de casa, Maria Aparecida Barreto, tomou shakes durante anos e não obteve resultado satisfatório. “Fiquei muito frustrada, porque o que foi prometido pela empresa não foi eficaz. Perdia peso e ganhava tudo novamente muito rápido, não adiantou de nada e eu só gastei dinheiro, já que os produtos são muito caros”. Ainda para a nutricionista, Larissa Mota, os shakes fazem a pessoa perder muita massa magra, que são os músculos. “Eles são responsáveis MMaria Aparecida: 8 anos de shake Foto: Arquivo Pessoal por oxidar a gordura e perder peso de forma eficaz. Além disso, a pessoa ficará com a aparência tricionista”, diz Larissa Mota. flácida, com o percentual de gordura alto e irá Os skakes não são proibidos, o que se deve envelhecer maia rápido “. observar é de que forma se faz a ingestão desse Em matéria veiculada no dia 17 de fevereiro produto e ter sempre o acompanhamento de deste ano, o portal G1 do Espírito Santo veicuum nutricionista, que vai orientar uma dieta lou uma noticia que assustou e voltou os olhaespecial para cada pessoa, de acordo com seu res para os riscos de ingestão desorientada de tipo físico, vitaminas presentes e ausentes no shakes. Karina Gonçalves, 20 anos, queria perorganismo, e estilo de vida. C der 10kg e começou numa dieta a base de líquidos e shake. Ela fez isso durante oito meses, o que ocasionou a perda temporária de movimen- Saiba mais: to das pernas por falta da vitamina B1. “Esse foi um caso muito sério, mas que ao mesmo tempo http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2014/02/mulher-toma-shake-por-8-meserviu para mostrar que nada deve ser feito sem ses-e-perde-movimento-das-pernas-no-es. a orientação de um médico, nesse caso, um nu- html
Dietas da moda podem ser prejudiciais à saúde Dietas encontradas na internet e feitas sem orientação nutricional podem apresentar sérios riscos Gabriela de la Vega gabriela.lavega@gmail.com
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a luta por um corpo perfeito, milhares de mulheres em todo o mundo começam a fazer dietas sem supervisão nutricional. Cardápios encontrados na internet e em sites de beleza pregam todo o tipo de método para emagrecer: não coma carboidratos. Só coma frutas por uma semana. Tome uma sopa emagrecedora por sete dias. Entretanto, essas dietas podem apresentar sérios riscos à saúde, se feitas sem acompanhamento médico. “Fiz a maioria dessas dietas loucas em momentos de desespero por sempre brigar com a balança. Algumas pediam para contar calorias, quantidades, e eu seguia à risca. Encontrei na internet e resolvi seguir para ter um resultado mais rápido, mas percebi que era pura ilusão”, conta a jornalista Anna Paula Aquino, que fez a dieta da sopa. O efeito sanfona é uma das consequências mais frequentes desse tipo de alimentação. A perda peso é rápida, e o retorno ao peso anterior é garantido. O organismo fica desregulado metabolicamente, a restrição excessiva de nutrientes pode provocar queda no nível de testosterona e de hormônios da tireoide, importantes no processo de emagrecimento. A assessora jurídica Aline Sallas, por exem-
A dieta da proteína prega a exclusão do consumo de carboidratos.
plo, fez uma dieta conhecida por dieta da USP, que é composta basicamente de ovo cozido e café com bolacha e sal. “Passei muita fome e não me senti nada bem. Não tive nenhum resultado, quando desisti quis comer tudo o que tinha deixado de comer, então qualquer peso que tivesse eventualmente perdido foi imediatamente recuperado”, explica. Dieta da proteína Um tipo de dieta muito em voga nos dias atuais é a que prega e exclusão de carboidratos, como pães, massas, biscoitos, e o consumo de proteínas, como carnes. Muita gente acredita que, por restringir apenas os carboidratos, não traz consequências para o corpo. Ivana Coura, de 31 anos, gerente de contra-
tos, teve resultados bastante problemáticos. “ Eu sentia tremores, muita dor de cabeça e, depois de uns quatro dias, comecei a ter crises de hipoglicemia se não comesse a cada duas horas. Eu acabei desenvolvendo uma deficiência de vitaminas porque não consumia todos os grupos alimentares. Meu cabelo começou a cair muito, tive falhas na cabeça e as unhas ficaram fracas”, disse. Ela conta que, meses depois de ter feito a dieta, ainda luta para se recuperar, mas hoje já faz acompanhamento com um nutricionista e pratica atividades físicas regularmente. Dietas restritivas não suprem as necessidades de nutrientes e, por isso, comprometem a saúde: unhas quebradiças, queda de cabelo, anemia, mau humor, insônia, são alguns indícios de que há algum nutriente faltando no organismo. A nutricionista também vai explicar que os carboidratos são essenciais na alimentação de qualquer pessoa. Eles têm função de fornecer energia e, ao restringi-los, o corpo usa a segunda opção de energia que é a proteína, a qual seria destinada para os músculos, promovendo um falso emagrecimento, perdendo massa muscular.
não promovem as orientações adequadas para a manutenção do peso perdido. Além disso, ela explica que somente um profissional pode calcular as necessidades nutricionais de cada indivíduo. “Para o sucesso nos resultados, as pessoas têm que conciliar com atividade física e mudanças de comportamentos”, finalizou Naiana. Anna Paula Aquino já conseguiu grandes resultados com uma mudança no estilo de vida. “Comecei a me policiar, caminhar, cuidar mais de mim e muitas outras coisas. Com isso, percebi resultados positivos em pouco tempo. Pode ser muito tempo de dieta, mas em dois anos, com todas essas regrinhas, perdi 22kg. Sair da linha da obesidade já foi uma grande vitória”,contou. C
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A solução ideal Para Naiana Oliveira, essas dietas não estimulam mudanças de estilo de vida de forma permanente e realista, não informam sobre os riscos associados a uma perda de peso e o principal:
Fotos: Gabriela de la Vega e arquivo pessoal
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Aracaju “acima do peso” Keizer Santos
A jornalista Gleice Queiroz
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e acordo com o levantamento do Ministério da Saúde, realizado em 2013, através da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), o Brasil possui 50,8% da população maior de 18 anos acima do peso. A pesquisa identificou que 17,5% dos entrevistados se consideravam pessoas obesas. Em Aracaju, de acordo com o Vigitel (2013) a taxa de pessoas com excesso de peso sofreu redução em relação ao ano de 2012, pois saiu dos 51,5% para 49,1%. O índice de obesos também sofreu queda, saiu dos 18% para 17,5%. Na capital, os maiores percentuais relacionados ao excesso de peso (60%) e à obesidade (19,5%) estão com os homens. Para a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. Para identificar a doença, o diagnóstico, na maioria dos casos, é feito através do índice de massa corporal (IMC), que calcula o peso do indivíduo sobre a altura ao quadrado. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o IMC médio está entre 18,5 e 24,9. Para ser considerado obeso, o paciente deve estar acima de 30. O excesso de peso pode resultar em uma obesidade, que está associada, principalmente, ao sedentarismo, a alimentação irregular, ao estresse cotidiano, ao tabagismo e a ingestão de álcool. Além da predisposição genética do indivíduo. O obeso está propício a uma gama de doenças como o câncer, doenças cardiovasculares, diabetes, hipercolesterolemia (colesterol ruim com taxa alta), hipertensão entre outras. Além de ser um fator determinante para a causa de muitas doenças, a obesidade também afeta o emocional. Mulheres e homens procuram tratamentos visando à estética, e consequentemente, buscam uma qualidade de vida. A obesidade é considerada um problema de saúde pública mundial. Segundo a OMS, mais de 2 milhões de pessoas morrem por ano vítimas de doenças provocadas pelo excesso de peso. No Brasil, o Ministério da Saúde criou uma série de projetos de cuidados da atenção básica que visa avaliar a condição do indivíduo em relação ao excesso de peso. Um dos projetos desenvolvidos está a Academia da Saúde, que disponibiliza instrumentos para atividade física em uma praça esportiva com acompanhamento de profissionais especializados. Na busca por um estilo de vida diferente, a professora de ensino fundamental, Eliana Santos, optou pela cirurgia bariátrica. “Graças a Deus tive a oportunidade de fazer bariátrica, fiz também
graças ao plano de saúde, pois esse tipo de cirurgia custa caro. Sem plano de saúde não conseguiria fazer, teria no mínimo de ir para a fila do Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirmou. Eliana diz que se considerava obesa, mas que a doença não atrapalha nas relações sociais e laborais. Porém, a condição corporal lhe privava em algumas situações cotidianas. “Os momentos em que eu tinha que subir em algo para pendurar cartazes, tinha medo do suporte quebrar. Outra dificuldade era ter que passar em catracas de ônibus, morria de medo de ficar entalada. Além do constrangimento de ir às compras e quase não ter opção”, completou. A professora Eliana, que passou dos 117 kg para 73 kg, ou seja, reduziu 44 kg, diz que sente muito bem após o procedimento cirúrgico. “Hoje me sinto muito bem, mais leve, mais jovem, mais bonita... (Risos)”, diz. “Hoje vou às lojas e deixo de comprar por falta de dinheiro e não por falta de opção”, ressalta. Outra medida importante adotada pela professora, pós cirurgia, foi a mudança nos hábitos alimentares. “Antes eu vivia para comer, hoje eu como para viver, no momento por falta de tempo não estou indo para a academia, mas faço caminhada sempre que posso”, concluiu. A enfermeira, Flávia Brasileiro, também recorreu à cirurgia bariátrica. Por apresentar muita massa corporal, a paciente apresentou ruptura de ligamentos do joelho e, como consequência, desenvolveu condromalácia (processo degenerativo que atinge a cartilagem da patela), grau 4, com indicação para usar prótese. “Cheguei a ficar sem andar, imobilizada. Com isso fiz a bariátrica”, destacou. Flávia conta que foi difícil, inicialmente, aceitar a ideia de fazer a cirurgia, que só foi realizada após 6 meses. “Hoje eu faço atividade física, antes limitada pela própria obesidade e problemas dos joelhos e sou uma reeducada alimentar”, afirmou. “Continuo, mesmo após 4 anos do procedimento cirúrgico, com acompanhamento de nutricionista e psicólogo para poder lidar com as frustrações”, acrescentou. A enfermeira acrescentou que rejuvenesceu uns quinze anos. “Invisto em roupas que quero e não apenas no que dá em mim; Invisto em tratamento estético, salão de beleza (risos)... Coisas que eu havia abandonado”, destacou. Cirurgia Bariátrica A cirurgia bariátrica é procedimento que tem como objetivo a redução do estômago e pode ser feita por abordagem aberta ou por videolaparoscopia. De acordo com Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, a modalidade por vídeo é menos invasiva e mais confortável ao paciente. Segundo o coordenador do Núcleo Especializado no Tratamento da Obesidade e Gastrocirurgia (Netog), Dr. Rogério Rodrigues, centenas de pessoas procuram o consultório para sanar dúvidas sobre o pré o pós-operatório de cirurgia bariátrica com psicólogos, nutricionista e cirurgião para fazer todo acompanhamento. Para passar pela cirurgia, verifica-se a documentação e possuir no mínimo 16 anos. O Netog reúne-se quinzenalmente para analisar ações desenvolvidas no pré e
pós-operatório. O tratamento para quem está acima do peso ideal pode ser através de outras formas menos agressivas. A jornalista Gleice Queiroz adotou a prática alternativa com exercícios físicos diários e com uma dieta a base de frutas, cereais e vegetais. Queiroz conta que decidiu adotar esta medida em 2011, quando chegou a pesar 108 kg. Começou sozinha, mas ao criar um blog [http://www.gleicelight.blogspot.com. br] para relatar sua luta contra a balança, percebeu que precisaria de um auxílio profissional, neste caso, um nutricionista. “Entrei na academia e no muay thai (luta de origem tailandesa). Emagrecer é caro, mas pra manter o peso, não. Acordava já comendo fritura com Coca-Cola. Comia por dia quase meio quilo de jujuba. Passava o dia quase todo comendo doces. Comia dois pães com carne com refrigerante. Comia Miojo na hora do almoço ou cachorro quente”, relata a jornalista. Gleice destacou que sua autoestima mudou, mas muitos hábitos também mudaram. “Hoje pratico atividade física diariamente. Coisa que passei anos e anos sem fazer. Olho pro meu guarda-roupa e percebo a grande mudança. Só usava camisetas, leggin e calça de malha. Hoje fico bem longe deles e uso saia, vestido, short. Eliminei 30kg mas ainda restam 10kg”, destaca orgulhosa. De acordo com a SBEM, dados da Organização Pan-Americana de Saúde, apontam que o índice de obesidade tem aumentado constantemente. O documento aponta que no Brasil, entre os anos de 1975 a 1997, a obesidade cresceu de 8 para 13% em mulheres; de 3 para 7% em homens; e de 3 para 15% em crianças. Os números mostram que a obesidade infanto-juvenil apresentou uma variável crescente. Jonnatha Santiago Machado Araújo, 20 anos, sofre com a obesidade desde criança. “Sempre fui gordinho e o mais alto da escola”, enfatiza o jovem. Sua mãe, a professora Sheila Araújo, relata que o filho nasceu em meio a uma complicação na gestação, provocada pela elevação da pressão. “Percebo que ele (Jonnatha) sempre foi uma criança e um adolescente meio isolado, apesar de fazer amizade fácil aonde chegava, mas mesmo assim ele dizia que nunca os amigos o chamava para sair. Isso mudou bem pouco após ter entrado na faculdade”, ressalta. “Quando criança, o pediatra sempre dizia que ele estava muito acima do peso e que se continuasse assim teria grandes chances no futuro de ter que fazer cirurgia de redução de estômago”, afirmou. Sheila destaca que seu filho tem medo da cirurgia bariátrica. “Jonnatha tentou algumas dietas associadas com atividade física, mas sem sucesso por causa da pouca insistência dele”, ressaltou a professora. De acordo com a SBEM, a fase de crescimento da criança deve ter uma atenção especial dos pais, pois é fundamental que os filhos brinquem na rua, em grupos. Para a entidade as ações são positivas tanto para o físico quanto para o emocional. Além de favorecer uma maior socialização. C
Foto: Franklin Maimone
No mundo, mais de 2 milhões de pessoas morrem pelo excesso de peso
Perfil
Naiana Oliveira Gabriela de la Vega gabriela.lavega@gmail.com
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os 21 anos, Naiana Oliveira, ainda uma estudante universitária, resolveu abrir um blog que falava unicamente sobre alimentação saudável e exercícios. Uma ideia inovadora, que surgiu de uma conversa entre duas amigas, Naiana e sua sócia, Larissa. “Estávamos conversando sobre nossas aspirações profissionais e como podíamos ajudar as pessoas e aprender mais. Foi então que surgiu a ideia de fazer um blog, já que fazemos parte de uma geração em que a mídia online está em evidência. Dessa forma, no dia 22 de maio de 2012, iniciamos o blog com nosso primeiro post e nos apaixonamos ainda mais pela nossa profissão”, conta Naiana. Apenas um ano depois, o blog já ganhou reconhecimento nacional quando conquistou o primeiro lugar na 5ª Edição do Prêmio Topblog Brasil 2013, na categoria saúde-acadêmico. Entretanto, o caminho até o sucesso não foi tão simples. “No início encontramos dificuldades na aceitação do blog, desde os professores aos colegas de classe, pois era algo inovador e ainda não tínhamos credibilidade. Eles não tinham como saber que o que iríamos passar seriam conhecimentos bem estudados e informações válidas”, explica. As sócias perceberam que a iniciativa tinha começado a dar certo quando empresas entraram em contato com elas, procurando parcerias, e começaram a receber emails e sugestões dos seguidores. Naiana também conta que o blog foi de muita ajuda durante toda a sua vida de estudante e promoveu oportunidades importantes no desenvolvimento da carreira. “Eu preciso sempre estar estudando e me atualizado sobre diversos assuntos relacionados a nutrição e bem estar. O blog também me ajudou na prática, pois desenvolvi projetos com lojas, em escolas com a avaliação nutricional, palestras e com eventos para realização de educação nutricional”, disse. Agora, já formada em Nutrição, Naiana explica que os desafios continuam. “Mais do que nunca preciso ser mais profissional e mais dedicada. Os maiores desafios serão minhas pós-graduações e o mercado de trabalho”, finalizou. C
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Academia
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Contexto
Nascer, crescer e crescer Suplementos alimentares estão cada vez mais populares no Brasil – e oferecem cada vez mais perigo Ruhan Victor Oliveira ruhanvictorr@gmail.com
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Foto: Arquivo Pessoal
afael faz academia desde os 16 anos. Ele acorda antes das seis da manhã, faz em média de seis a oito refeições diárias, gasta uma hora em treinos de musculação e toma whey protein, pré-treinos, BCCA e hipercalóricos - substâncias conhecidas como suplementos alimentares para atletas. Como Rafael, estima-se que outros 4 milhões de pessoas façam uso desses produtos no Brasil, segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Produtos Nutricionais (Abenutri) em 2013. Com a função de suprir as necessidades nutritivas do corpo e potencializar a desempenho do indivíduo durante a atividade física, os suplementos nunca estiveram tão em alta. Só em 2013, também segundo a Abenutri, esse mercado movimentou cerca de R$460 milhões de reais, com pontos de venda se multiplicando em todos os cantos do país. Suplementos não são vendidos mediante à per missão médica. E é justamente por isso que a expansão preocupa. Entre fevereiro e julho deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, proibiu a venda e circulação de 20 lotes de suplementos alimentares. A causa foi das mais controversas: a descrição do rótulo não conferia com a do produto. Das 25 marcas analisadas, 20 apresentaram composição diferente da infor mada. Produtos comercializados basicamente como suplementos proteicos revelaram conter quantidades irregulares de açúcar e carboidrato. A Whey NO2 Pro, uma das marcas apreendidas, por exemplo, chegou a apresentar 1104% a mais do valor de carboidrato declarado na embalagem, numa realidade bem distante dos modestos 20% de variação per mitidos pela Anvisa. O episódio não só se configurou como fraude contra o consumidor e prática desleal de comércio, como também abriu um amplo debate sobre o uso dos suplementos alimentares. “É um cenário complicado. Indicações são feitas sem levar em conta se o indivíduo realmente precisa daquilo, se o produto é o mais adequado, se a pessoa tem problemas re-
mesmo produto. Uma única vez que utilizei um pré-treino sem orientação especial, só para experimentar, tive sensibilidade. Passei a noite sem dor mir, com taquicardia, falta de ar, ansiedade e também senti dores no estômago”, conta. Para Thamara, a venda indiscriminada é mesmo um dos maiores fatores de risco. “É algo que requer cuidados, há muitos empresários no ramo que visam somente o lucro sem pensar na saúde de quem está utilizando. A comercialização só com receita médica talvez seja exagero, mas com a avaliação do nutricionista, com certeza é necessário. Acho que a venda desses produtos poderia ser direcionada a casas especializadas em produtos nutricionais, por exemplo”, opina a far macêutica.
Legenda da foto aqui em uma linha Rafael Machado: 78kg, 12% de gordura e quatro suplementações diárias
nais ou hepáticos desconhecidos que possam vir a ser piorados. Em casos como os dos produtos que continham grande quantidade de açúcar apreendidos pela Anvisa, o uso a longo prazo poderia levar alguém a desenvolver diabetes”, alerta Thamara Matos, far macêutica.
Venda, consumo e consequência A suplementação deve sempre ser feita com cautela e sob orientação de um especialista. “É algo que se faz necessário em um plano alimentar quando não conseguimos suprir as necessidades de um deter minado nutriente. Ela pode trazer resultados benéficos juntos ao objetivo de cada indivíduo, como é o caso dos atletas e dos vegetarianos, por exemplo. Mas só funciona quando também associamos a ela atividade física e uma boa alimentação”, explica Raphael Oliveira, nutricionista. Também segundo o nutricionista, a procura de suplementos com altos índices de proteína cresce por uma simples lógica: este nutriente tem grande capacidade de reconstr ução sobre o músculo. Aliada a prática de
atividade física, a proteína possibilita bons resultados, como a hipertrofia muscular e o ganho de massa magra. Rafael Machado, o atleta do início da matéria, fez acompanhamento nutricional e obser vou seus 71kg com percentual de 14% de gordura se transfor marem em sólidos 78kg com 12% de gordura. No entanto, é essa possibilidade de sucesso que mais inspira pr udência. “Nos tempos de hoje há muitos ‘nutricionistas’ espalhados por aí. Infelizmente a falta de conhecimento acontece de for ma alar mante, as pessoas difundem coisas sem nenhum fundamento, e o que prevalece são as imagens de corpo perfeito em redes sociais. Não existe um controle quanto a compra desses produtos, o que vulgariza e populariza o seu consumo, podendo trazer malefícios com o uso desordenado e sem aconselhamento de um especialista”, diz Raphael. Foi esse o caso de Débora Medeiros, médica. “Tem muita gente que fala sem conhecimento, contam a experiência que tiveram com esse ou aquele suplemento. Só que nem todos reagem da mesma for ma com o
A equipe do jor nal Contexto Notícias visitou sete far mácias e dois estabelecimentos próprios da venda de suplementos alimentares. Nas far mácias, todas possuíam far macêuticos presentes, mas nem todos sabiam opinar propriamente sobre os produtos. Nas lojas especializadas, não havia nenhum profissional do ramo. Em ambos os locais não foram registradas quaisquer dificuldades para a compra dos suplementos, sempre bem expostos e de fácil manuseio. Mas enquanto maiores regulamentações não cheg am, a ideia é ficar antenado. “O primeiro passo é procurar um profissional. Como o acesso a esse tipo de infor mação é fácil, outra dica é a pesquisa junto a Anvisa. É impor tante dizer também que há opções alter nativas ao uso de suplemento, sempre oriento que o paciente procure primeiro fazer a ing estão dos próprios alimentos. É lá que encontramos os nutrientes de for ma natural e temos o melhor aproveitamento deles”, aconselha Raphael. C Saiba mais:
CONTEXTO ONLINE *Você conhece a diferença entre pré e pós-treino? *Confira quais foram os suplementos proibidos pela Anvisa:
Academia
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Dos super-heróis ao mundo real dos fisiculturistas Os caminhos e desafios que o campeão brasileiro de fisicuturismo enfrentou para chegar até o pódio Silas Brito silasjornal@gmail.com
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fisiculturismo tem como foco principal a definição muscular e entra na categoria de esporte para atletas de volume destacado. Os principais critérios para competição é tamanho e definição, onde esses atletas são avaliados visualmente. Para um atleta iniciante, o procedimento básico é estimular o crescimento das células (fase de hipertrofia) e, em seguida, ele parte para a definição. No entanto, para obter e alcançar essa hipertrofia é preciso se submeter a alguns tratamentos dietéticos (ou seja, ingerir qualquer tipo de alimento industrializado que apresente ausência de determinados Melhor, mais forte e mais rápido No documentário “Bigger, faster & stronger”, mostra que o grande segredo dos atletas americanos sempre foram os esteroides, que são anabolizantes ou as chamadas “bombas”. Os mais usados são feitos do hormônio masculino, a testosterona, e ajudam a construir músculos. Isso acontecia desde o fim dos anos 50, quando os russos estavam dominando a América na corrida espacial e nas olimpíadas. Os americanos conseguiram vencer os comunistas através dos esteroides. Os ícones dessa época que representavam força, invencibilidade e o conceito de melhor, mais forte e mais rápido, foram ganhando forma rapidamente como produtos midiáticos em todo o mundo. Filmes, desenhos, seriados, brinquedos, games e entre outros. Quem não lembra do incrível Hulk Hogan nos rings de luta livre? Rambo, Arnold Schwarzenegger, Heman, Superman, Popeye e o incrível Hulk? E foi justamente por esse último personagem que o Jeferson Santos, campeão sergipano e brasileiro de bodybuilding se espelhou durante a sua vida. Jeferson, conta que Hulk é o melhor por ser o mais forte e invencível. I,90m de altura. 20Kg de massa corporal. Hoje, ele possui apenas um objetivo: ser o novo mister universo 2014. EM SUA INFÂNCIA “Quando criança já nasci um pouco diferente, parecia uma criança de três meses, nasci com quase 5Kg”, lembra Jeferson ao destacar que sempre foi um menino diferenciado em sua comunidade. Sempre foi um pouco rebelde e até problemático na escola, o que lhe acarretou uma série de expulsões. De uma família humilde, com oito irmãos, o campeão bodybuilding, começa a trabalhar com onze anos de idade para ajudar nas despesas de casa. Só depois das participações nos campeonatos, pensa em ingressar numa universidade. Ele lembra que começou a treinar em 2007, porém não era seu objetivo um dia chegar a competir. Foi então que se mudou para São Paulo por uma temporada e voltou para Sergipe. Em 2013, inicia suas participações em competições de fisiculturismo, mas por não estar com um bom condicionamento físico, alcançou
nutrientes, como carboidratos, açúcar, sal, lactose, gordura, dentre outros). Nesse processo, é dado uma supervalorização da parte dos carboidratos e das proteínas e no fracionamento das refeições. Então, o atleta de fisiculturismo é comparado a uma criança que precisa se alimentar de três em três horas. Porém no caso dele, a alimentação acontece antes e pós- treino. Algumas pessoas conseguem alcançar um bom resultado da massa muscular sem contar com recursos externos, a exemplo dos anabolizantes e hormônios para ganhar um volume muscular muito grande. A nutricionista Raquel Simões Mendes Neto, doutora na área de ciência dos alimentos pela Universidade de São Paulo (USP), explica apenas o quarto lugar. “Quando subi pela primeira vez no palco, vi que aquilo era o que eu queria pra mim. Comecei a focar no treino e na alimentação”, expressa, Jeferson. O atleta relata que as pessoas o chamavam de louco por comer quase 40Kg de batata por dia e 1Kg de frango diário. “Tirava dinheiro de onde não tinha. Precisava escolher, ou comprar roupa ou se alimentar, e eu preferir me alimentar”, completa o fisiculturista. ANABOLIZANTES Para Jeferson Santos, hoje, o uso de ergogênicos é normal. Trata-se de substâncias utilizadas para melhorar o desempenho esportivo e a recuperação após o exercício. E, geralmente, são utilizados para fins terapêuticos e também para aprimorar algumas partes dos músculos. Ele ainda conta que grande maioria dos bodybuilding, usam anabolizantes e alerta que muitos que tomam acabam se prejudicando e levando até a morte. “Eu não precisei usar, mas se um dia eu precisar, porque não?”, declara. “Fui classificado para o sul-americano que ocorrerá dia 07 de setembro no Paraguai em Assunção”. Antes do campeonato há um pré júri que define quem está possibilitado a competir. Dessa forma, os ganhadores da etapa sergipana têm direito a participar do campeonato brasileiro e, os vencedores do brasileiro, estarão aptos a competir no sul americano. Quem passar por esse último, terá a chance de disputar o mister universo. As principais federações são a NABA e a International Federation of Body Buildingand Fitness IFBB. Jeferson, faz parte da federação NABA. E a sua categoria é do class1, para atletas acima de 1,79m. O critério avaliado nos atletas é simetria. É preciso ter o conjunto completo, um corpo bonito, definido, denso
que por questões éticas, os nutricionistas não têm uma conduta de fazer uma prescrição dietética, já que o atleta está utilizando anabolizantes. “Não podemos ser coniventes com isso que eles estão fazendo. Muitos fazem isso por conta própria”, defendeu. Ela ainda conta que o atleta fisiculturista é muito disciplinado, pois na fase de pré-competição, ele come carboidratos, proteínas e até gordura para ganhar volume. Após dois meses ou quinze dias, ele passa a restringir tudo para secar, perder a gordura e ficar com a predominância de músculo em seu corpo. “Esse ciclo de ganha e perda é extremamente prejudicial para ele do ponto de vista metabólico e fisiológico.”, orienta Raquel Simões. e vascularizado. O campeão de cada class ainda tem a oportunidade de disputar o over round que é o melhor da noite.
DIETA A dieta começa oito semanas antes do campeonato. Antes de competir, o atleta chegava a fazer oito refeições por dia em grande quantidade, com 800g de comida por refeição. E na pré competição, ele diminui para 200g. Diferente da especialista em nutrição, Jeferson pondera que o ciclo de ganha e perda não é prejudicial, pois há um período de descanso entre uma competição e outra. “O que comemos é muito saudável, não comemos frituras e nem ingerimos refrigerantes. Até hoje não vi nenhum bodybuilding morrer por causa de dieta”. Disse. OSTENTAÇÃO Para Jeferson, no Brasil isso ainda não acontece, mas lá fora, nos EUA, o campeonato mais conhecido é o Olímpia, disputado em Las Vegas em um espaço luxuoso. A premiação de um misterolímpia chega a mais de 600 mil dólares. Em 2013, o prêmio foi de um milhão de dólares. No Brasil, não há premiações maiores devido aos poucos patrocinadores que apoiam e investem no esporte. PRECONCEITO “Minha família me apoia, mas as pessoas nas ruas tem muito preconceito. As pessoas passam e comentam: ‘Vai bombado!’ ou ‘Olha o homem bomba!’. Isso é muito chato, mas tenho que relevar. Eles pensam que sou o cara que só vive na academia, só tomando bomba para se mostrar na rua que é o que muitos fazem, no caso de muitos que não são atletas”, desabafa. O fisiculturista conta que ao se olhar no espelho, vê um cara em busca de uma perfeição que não pode ser achada, mas que ele está disposto a ir atrás dela. “Estou muito longe ainda do que eu quero, pretendo conquistar o sul americano e garantir uma vaga no mister universo”, explica.
Da academia ao pódio
Premiação do campeonato sergipano Dentro do aspecto relacionado à musculação, sabemos que são necessários direcionamentos para o desenvolvimento dessa atividade, que pode ser voltada tradicionalmente para o aspecto estético ou para o tratamento fisioterápico. No entanto, ela também pode ser praticada para fins competitivos. Nesse aspecto, ela está subdividida em algumas modalidades: o levantamento olímpico, o fisiculturismo e a quebra de braço. E por fim, a musculação como sendo um componente de uma preparação física de equipes de esportes coletivos ou individuais. Umas das federações que administram essas provas é a International Federation of Body Buildingand Fitness (IFBB). Segundo o professor Pedro Jorge Morais Menezes, Doutor pela Universidade de Leon na Espanha, que trabalha com ginástica olímpica e desenvolvimento de atividades físicas em academia, antes de se pensar num treino diferenciado, é preciso se pensar num aspecto que é importante para a prática do fisiculturismo, que é a questão da genética privilegiada do atleta. “Quando mais geneticamente privilegiado é esse atleta, mais facilidade ele vai ter de incrementar nos programas de treinamento de musculação e atingir o resultado num espaço de tempo bem menor, se comparado a um indivíduo que não tem uma genética privilegiada para o desenvolvimento da massa muscular”, explica. Para um atleta iniciar nessa modalidade, é necessário preparar o seu arcabolso estrutural. “Um treinamento de musculação voltado para um aspecto competitivo, sabemos que vai ser exigido muita carga de treinamento e, para isso, ele precisa ter um alicerce muito bem formado em suas estruturas músculo articular, ósteo articular e músculo ligamentar. Se ele não tiver essa estrutura básica de preparação para suportar as cargas maiores, ele não vai ter como chegar a esses objetivos. É um processo de construção do corpo do indivíduo, partindo do alicerce e nunca do telhado”, completa. “O indivíduo que passa por essa fase da vida e não é uma pessoa praticante de atividade física ou praticante de musculação, o processo de degeneração dele é muito mais rápido do que de um indivíduo que treinou ao longo da existência”, conta o professor. Indica-se que, com o avanço da idade, o indivíduo procure fazer a sua manutenção diária sem perder os hábitos da prática da musculação, só que numa intensidade e num volume proporcional aos seus limites. C
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Alimentação
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Contexto
“Que o alimento seja o teu remédio” Consumo regular de alimentos funcionais traz melhorias na qualidade de vida
Fernando Moreira
fms.3008@gmail.com
Fotos: Clip RBS/google
clássica frase dita por Hipócrates, filósofo grego considerado o pai da medicina diz muito sobre os efeitos benéficos da alimentação saudável. Esse pensamento pode ser considerado a base da chamada alimentação funcional. Surgida no Japão na década de 1980, a noção de alimento funcional refere-se ao conjunto dos alimentos que, além das suas funcionalidades nutricionais básicas, possuem um composto bioativo que ajuda na regulação das funções corporais de modo a auxiliar na proteção contra doenças. Traduzindo, o alimento funcional é aquele que possui uma ou mais substâncias que protegem o organismo. De acordo com a nutricionista Mariana Sales, para garantir a efetividade dos benefícios à saúde, o consumo de alimentos funcionais deve ocorrer de forma regular. Ela lembra que o segmento da nutrição que inclui esses alimentos é o da Nutrição Funcional. “A nutrição funcional se preocupa em equilibrar o consumo dos alimentos de forma que o organismo possa absorver da melhor forma possível. Não é porque um alimento apresenta nutrientes importantes para o organismo que ele deva ser consumido de qualquer maneira”, alerta. Rita Neves, 53, é adepta da dieta funcional desde os 12 anos de idade (embora o conceito ainda não existisse). Ex-atleta, Rita integrou a seleção brasileira de natação e foi campeã sul-a-
Arte: Fernando Moreira
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Sementes oleagenosas; sementes de chia; goji berry; uvas; inhame; linhaça dourada; tomate; chá verde; beringela. Exemplos de alimentos funcionais. (dir-esq/cima-baixo)
mericana no esporte. Na casa dela, a alimentação é um assunto que envolve toda a família. “Aqui em casa todo mundo tem uma dieta funcional, a gente tem sempre suco integral na geladeira, só comemos alimentos integrais”, diz. Os sucos integrais são aqueles produzidos com o sumo da fruta sem a adição de açúcar. O fascínio pelos benefícios da alimentação saudável parece ter sido um fator que motivou a formação profissional de Rita que está concluindo o curso superior em nutrição. “Ao saber a função dos alimentos você pode usar adequadamente para cada tipo de patologia ou deficiência que possa ter”, explica. Outra questão importante que envolve a dieta funcional é o custo dos alimentos. É muito
comum se associar a boa alimentação aos preços elevados, mas Rita esclarece, “existe um paradigma muito grande sobre o fato das pessoas pensarem que a alimentação funcional necessariamente custa caro”. Segundo ela, existem muitos alimentos acessíveis e baratos que podem compor uma dieta funcional, a exemplo dos tubérculos. Pois é, os tubérculos, a macaxeira, batata doce e inhame, são alimentos funcionais. Para ter uma dieta funcional econômica, vale a pena visitar a feira livre do bairro. Com certeza é a melhor opção para se encontrar frutas, verduras, legumes, hortaliças frescas com preços mais acessíveis. Em Aracaju, a Ceasa e o Mercado Central são boas opções para encontrar os menores preços. O tomate que é um alimento
rico em licopeno – substância que reduz o colesterol – é vendido a R$ 2,00. Se a intenção for levar frutas, a uva é uma boa pedida, seu consumo tem a funcionalidade de proteção cardiovascular e atividade anti-inflamatória, o quilo sai a R$ 3,00. Também existem alguns alimentos caros, vendidos em lojas especializadas. A goji berry que é uma das ‘descobertas da moda’ custa em média R$ 35,00 por 100g. A popularidade desse alimento advém da riqueza nutricional e baixa caloria. Segundo Rita Neves, em uma dieta funcional, a diferença para quem tem maior poder aquisitivo é a variedade de alimentos que podem ser consumidos. No caso da goji berry, para uma pessoa conseguir a mesma quantidade de vitamina C, ela precisa ingerir três laranjas, por exemplo. A oferta de alimentos funcionais industrializados também vem crescendo. Leites fermentados, cereais matinais ricos em fibras, leites enriquecidos com ácidos graxos, são cada vez mais comuns nos supermercados. Mesmo assim, os especialistas recomendam o consumo de alimentos frescos. Para o nutricionista Rafael Oliveira, a indústria tem utilizado a possibilidade da melhoria do bem estar e da parte estética para fabricar produtos caros. “É possível fazer uso de alimentos funcionais sem gastar muito”, conclui. C
Comer bem faz bem
A educação nutricional e o desafio da alimentação saudável na infância
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interesse por assuntos relacionadas à alimentação saudável tem ganhado destaque no país. Com o crescimento do número de pessoas de diferentes faixas etárias com sobrepeso e até mesmo obesidade, a preocupação com a quantidade de calorias que são ingeridas deixou de ser exclusiva de atletas e esportistas. Neste contexto, a educação alimentar na infância é considerada essencial para a formação de adultos com bons hábitos alimentares. Dados do IBGE de 2009, apontam que os índices de crianças com excesso de peso alcançam 34,8% dos meninos e 32% das meninas. Já a obesidade atinge 16,6% dos meninos e 11,8% das meninas. Desta maneira, o aumento no número de doenças associadas aos maus hábitos alimentares ainda na infância tem motivado os pais a incentivarem desde cedo o consumo de alimentos considerados saudáveis em detrimento aos industrializados “queridinhos” dos pequenos, principalmente na hora do lanche. A pergunta é: Será que as crianças aceitam facilmente trocar os biscoitos por frutas e inserir legumes nas principais refeições? E deixar o refrigerante fora da rotina alimentar? Certamente todos estes questionamento podem ter como resposta sim. Mas, vale destacar que se trata de um desafio para os familiares a formação dos hábitos alimentares das crianças.
O designer gráfico Marcelo Larrosa e sua esposa são adeptos da alimentação vegetariana. Ele há apenas 4 anos e ela há mais de 10. O casal tem um filho de 10 anos que já nasceu cultivando os hábitos alimentares dos pais. De acordo com Larrosa, é um erro pensar que as crianças têm resistência aos alimentos saudáveis. “Tudo que se oferece a uma criança desperta curiosidade, ele prova e decide se quer comer ou não. Mesmo que a primeira reação seja de estranheza, ela prova de novo e muitas vezes incorpora aos seus gostos”, destaca acrescentando que o pequeno não é radicalmente vegetariano. “Acreditamos que esta opção deva ser dele à medida que seu paladar vai desenvolvendo e que tenha consciência e informação sobre o assunto”. Foto: divulgação Sesc
Para a nutricionista Joyce Pimentel, a criança gosta de imitar os pais comendo, e é ai que mora o perigo. “Algumas famílias possuem maus hábitos alimentares e não percebem que eles influenciam nos gostos dos filhos”. É o que acontece com a autônoma Raquel Silveira. Mãe de um menina de 8 anos e de um menino de quase 3, ela não costuma fazer as refeições nas horas corretas e não consome frutas, verduras e legumes regularmente. “Tenho uma rotina muito corrida e nem sempre consigo parar para comer. Assim, acabo lanchando mais do que deveria”, relata. A rotina alimentar desregrada de Raquel afeta diretamente nos hábitos alimentares dos filhos. Prova disto é a recusa dos deles por alimentos básicos como o arroz e o feijão e o conArte: Roseli Nunes
Roseli Nunes
roseli.aju@gmail.com
Oficina culinário do Projeto Mesinha Saudável do Mesa Brasil Sesc
sumo exagerado de doces, refrigerantes, biscoitos e demais alimentos industrializados. “Muitas vezes os deixo comerem o que querem só para não os deixar com fome”. Neste contexto, Joyce Pimentel destaca que no processo de aprendizagem da alimentação, a criança desenvolve uma característica chamada de “neofobia alimentar” que representa o receio de experimentar novos alimentos. “Estudos modernos mostram que os alimentos precisam ser apresentados de oito a 10 vezes para que seja aceito pela criança. Por tanto, os pais devem ser paciente e insistir oferecendo novamente e de formas diferentes”, explica. Com a exposição diária das crianças aos convidativos alimentos industrializados e nem sempre saudáveis, tem crescido os programas de segurança alimentar e nutricional como o “Mesa Brasil” desenvolvidos pelo Serviço Social do Comércio (Sesc), que têm como objetivo ações educativas e de distribuição de alimentos excedentes ou fora dos padrões de comercialização. “Este tipo de ação contribui para a diminuição do desperdício e da condição de insegurança alimentar”, destaca a nutricionista do projeto. “Promover a formação de hábitos alimentares saudáveis com atividades psicopedagógicas e ações lúdicas é essencial para que a criança conheça novos sabores, quebre a resistência contra certos alimentos e aprenda a diferença entre uma boa e má alimentação”, diz Joyce. C
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Comportamento
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Moda fitness ganha espaço Em tempos atuais ir para a academia requer também estar em dias com a moda Adson Santana
adsonsantana20@gmail.com
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ada vez aumenta o número de homens e mulheres nas academias preocupados em manter o corpo em dia e a cada estação isso tende a aumentar ainda mais. Nesse sentido, foi-se o tempo em que ir para academia se resumia em colocar um moletom e uma camisa velha. Além de se preocupar com o corpo perfeito os atletas se preocupam em estar bem vestidos e bonitos, mesmo que seja para malhar. É a moda invadindo as academias, dita a regra no vestuário fitness e vira tendência no mundo dos atletas. A moda fitness atualmente veio com tudo, dando o ar da graça, para todos que buscam malhar confortavelmente, mas sem perder o estilo e a elegância. Estima-se que até 2019 o mercado da moda fitness gere 178 milhões de doláres, segundo a empresa americana de pesquisa Trefis. Segundo outra pesquisa realizada pela Central Mailing List, no Brasil, o setor fitness cresceu 52% nos últimos três anos, fazendo do país o 2º no ranking mundial de academias, com mais de 26 mil unidades espalhadas pelo território. Agora, como nunca antes, o modo como as pessoas se vestem para praticar atividades físicas é pauta constante de conversas. Mariza Ribeiro, baiana e proprietária de uma loja exclusiva do ramo com representação em Sergipe: a Vip’s Sport. De acordo com ela a compra por produtos diferenciados só aumenta. “É que na verdade as pessoas hoje em dia estão bem mais preocupadas com a saúde, com o bem estar, com a forma física
Desfile moda fitness. Foto: Divulgação/internet
e temos a tecnologia a nosso favor. As empresas têm investido mais nessa área. Hoje a gente vê produtos altamente tecnológicos, voltados realmente à prática de exercícios físicos. As pessoas vêm em busca dos mais diferenciados produtos e temos que estar atentos, pois o que importa é que o cliente se sinta confortável para fazer sua atividade física”, conta. Para a empresária, ir à academia também virou moda, por isso que a procura também é grande, mas o exagero é o grande vilão para quem quer se destacar nas academias. “Apesar de não existir uma fórmula certa de ir à academia, muitas vezes as pessoas querem produtos além do mínimo exigido para a atividade. A vaidade leva as pessoas a querer vestir muitas peças extravagantes aliados ao acumulo de acessórios o que muitas vezes pode deixar o foco, que é de malhar e manter a saúde, para o segundo plano”. Mariza ainda explica qua a roupa
de academia é um elemento para que a pessoa se sinta confortável. “Existem tecidos que ajuda ajudam na desenvoltura do exercício, pois não existe um limite, mas a vaidade pode deixar a pessoa bem fora do contexto A personal trainer, Carla Arruda, revela que se deve sempre ir confortável para a academia. “A moda e as tendências da academia tem se diversificado muito. É importante e indicado que malhe com roupas leves e confortáveis, como corsários, legs, tops, regatas, camisetas e bermudas. As tendências que hoje invadem tanto para mulheres com estampas, shorts saias, macacões e quanto para os homens que são, geralmente, as roupas mais básicas como bermudas, camisetas, regatas e bonés com neutras e as do momento neons”. Moda Fitness toma conta Jovens e adultos foram conquistados pela nova onda. Para o amante da moda
fitness, Gustavo Marinho, o que mais atrai no modismo é o conforto. “Busco estar sempre bem confortável para executar as atividades físicas. Como eu não gosto de ir com camisas de abadás para a academia eu compro as roupas e acessórios específicas para o treino, como bermudas, meias, calças, luvas, camisetas e garrafa. Nunca ninguém me falou nada, mas ir arrumado para academia causa sempre alguns olhares por onde você passa, ainda mais se as pessoas costumam ir de qualquer jeito. Gustavo ainda ressalta que a moda moda fitness não sobrepõe a execução do exercício, pois se a pessoa está com roupa apropriada não há problemas. “As pessoas têm que ir como gosta e se senti bem, a dosagem vai para cada um, não avalio que deve ter os limites, pois se a pessoa se sentir desconfortável como o tempo ela vai indo de acordo com a sua maneira”, avalia. Thamires Oliveira, diz que o abuso de roupa para ir à academia é desnecessário e em algumas situações acha estranho e feio. “Eu procuro ir sempre básica malhar, hoje tem muita malha bacana e muita roupa legal como os shorts-saia. Sei que ir cheio de coisa para a academia é modismo, pois creio que causa, algumas vezes, desconforto para a pessoa que não consegue executar o exercício. Ninguém quer ir malhar sem estar na moda, mas o abuso fica extremamente feio, principalmente para aqueles que vão mais para academia para desfilar. O que eu acho mais interessante é que até os homens estão atentos aos looks na academia”, conclui. C
Games, diversão e atividade física
Projeto da UFS promove uso de videogames como atividade física com acompanhamento profissional Pedro Rocha pedro_se@hotmail.com
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á algum tempo, passar o dia inteiro em casa jogando videogame já não é mais, necessariamente, sinônimo de sedentarismo. As mais recentes plataformas permitem que os usuários joguem se movimentando e, assim, exercitando todo o corpo. São jogos de dança, esporte ou aventura que aliam atividades físicas e raciocínio. Como funciona? Nos consoles Playstation 3 e 4, Wii e Wii U, esses games podem ser jogados movimentando o controle conforme indicado na tela. Já nos consoles Xbox 360 ou Xbox One, ambos da Microsoft, os exercícios são mais precisos. Um sensor denominado “Kinect” captura, sem a necessidade de se utilizar controles, todos os movimentos do corpo, da cabeça aos pés. É com essa plataforma, o Xbox, que trabalha o “Exer Games”, projeto do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Sergipe, com
Foto: Divulgação
coordenação do professor doutor Roberto Jerônimo. O programa, que atende a 30 pessoas das mais variadas idades entre estudantes universitários e pessoas de fora da UFS, tem como objetivo realizar atividades associadas aos videogames para futuramente avaliar a possível perda de peso e melhora da qualidade de vida dos participantes, onde são analisados o percentual de gordura, peso e estatura, que são medidos antes do início e ao fim do projeto, para comparar os resultados de cada um dos participantes.
O “Exer Games”, parte do macroprojeto “UFS em Movimento”, ainda proporciona a oportunidade de estágio para diversos estudantes de Educação Física, dentre eles Thaisa Santos, que aplica os exercícios para os inscritos no projeto duas vezes por semana. “Os exercícios são uma forma de atividade física com gasto calórico e desenvolvimento motor, sem falar que esses exercícios são também uma forma de diversão”, diz Thaisa, que ainda revela que a preferência é por jogos envolvendo dança, que além de funcionar melhor com grandes
grupos são também os mais recomendados, por trabalhar todo o corpo. A estudante ainda informa que todos os resultados do projeto finalmente serão apresentados durante o Simpósio de Ciências do Esporte, que acontecerá na cidade de São Paulo no mês de outubro, um ano após o início do projeto. O estudante universitário Mathews Montalvão aprova a iniciativa do “Exer Games” e acredita que sim, os jogos de videogame com atividades físicas proporcionam perda de peso e melhora da condição física. “Sempre que jogo com meus amigos ou meus irmãos, instantaneamente sinto meu corpo trabalhando. É legal poder ter um acompanhamento dessas atividades justamente para avaliar o desempenho”, afirma. C Saiba mais: http://wiifitu.nintendo.com/ http://http://just-dance-thegame.ubi.com/jdportal/en-gb/home/ http://facebook.com/ufsemmovimentoexergames
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Comportamento
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Contexto
Saúde na palma da mão Como a tecnologia está auxiliando as pessoas na hora de suar a camisa Victor França victorfranca_15@hotmail.com
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palavra da moda para freqüentadores de academia e praticantes de atividades físicas em geral é treinar. E junto com o crescente número de pessoas que buscam uma vida mais saudável “treinando”, aumenta também o número de programas que auxiliam na prática dos exercícios físicos e na busca por uma alimentação saudável. Os aplicativos (ou apps) vieram para ficar e - pagos ou gratuitos - oferecem uma gama de opções para os usuários. Nas lojas de aplicativos dos três principais sistemas operacionais para smartphones (Android, iOS e Windows Phone), o Runtastic PRO é o aplicativo mais bem cotado, contando com mais de 100 mil avaliações, mesmo custando mais de R$ 10. Essa grande adesão do público se deve as inúmeras funcionalidades que ele possui. Da tela do celular, o usuário pode acompanhar seu progresso nas corridas, incluindo distância, velocidade, calorias perdidas; adicionar esteira ergométrica, treinamento com peso entre outras atividades. A versão gratuita do app é mais procurada do que a PRO, porém, por ser de graça, não é tão turbinada. O estudante de engenharia civil Luan Reis malha há sete anos, e não gosta de acompanhar
e monitorar seus exercícios pelo celular, preferindo fazer suas série e dietas por conta própria. Porém, reconhece que os aplicativos podem ajudar. “Eles podem ajudar sim se a pessoa tiver determinação pra seguir a dieta e o treino direito”. Por outro lado, o odontólogo Carlos Neto é adepto dos aplicativos, e utiliza em suas atividades o famoso Runtastic e o Cardiotrainer, que tem muitas funcionalidades semelhantes ao primeiro, mas se diferencia na interface. “Queria marcar a média das minhas corridas, a quilometragem e evoluir na mesma”, explica. Por estar tendo uma ótima experiência ao combinar saúde e tecnologia, Carlos não pensa duas vezes na hora de recomendá-los para os amigos. Porém, faz a
ressalva: “Eles não substituem o professor (instrutor) de jeito nenhum, apenas servem para acompanhar os treinos”. Quem compartilha da mesma opinião é o personal Junior Campos, que já chegou a utlizar apps do gênero. “Na minha opinião serve como um complemento do conhecimento que é adquirido pelo profissional. Mas não substituirá o mesmo, pois os aplicativos geralmente não informam com tanta profundidade”. Para completar ele critica as pessoas que dispensam o trabalho do profissional nas academias: “São pessoas quem ficam alienadas a tecnologia, pelo fato da praticidade. O profissional está mais capacita-
do, já que obteve conhecimento com anos de estudos.” C Top 10 aplicativos para saúde e condicionamento físico Pagos Runtastic PRO Endomondo Sports Tracker PRO Runtastic Mountain Bike Pro Runtastic Road Garmin FIT Runtastic Pedometer PRO FitX – Treinos e Exercícios Bella Falconi RuntasticPush-Ups PRO Fitness Buddy Gratuitos RunKeeper Runtastic Guia de Academia Nike+ Running Medida Certa Strava GPS IS90 Intershape Minhas Trilhas Total Fitness Treino diário de abdominais
Culto ao corpo, exposição e o uso do selfie
“Tirar uma selfie” na academia e postar nas redes sociais é a nova maneira de expressão e autopromoção Taiene Esmerim
jornalismoufs@hotmail.com
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onsiderados como exibicionistas, não é muito difícil encontrar nas redes sociais pessoas que a todo o momento postam fotos enquanto estão praticando atividade física. De acordo com o Dicionário Oxford a definição de selfie é: “Fotografia que alguém tira de si mesmo”, sendo eleita como a palavra do ano de 2013. Fazer autorretrato na frente do espelho, registrando uma rotina, seja a caminho da academia, executando (ou não) os exercícios durante o treino, retornando para casa ou ainda fazendo um lanchinho saudável pós-academia é muito mais normal que se possa imaginar. Fotografia tirada de si mesmo na era da tecnologia, carência de livre expressão e perda do controle sobre a sua exposição, são algumas das características da geração selfie. Impossível é negar que esse comportamento chegou para tomar conta das redes sociais, independente do local em que são tiradas, colocando em evidência a necessidade de exposição e desejo de aprovação. Formado em educação física, Anselmo Menezes atua como personal trainer e professor de musculação. Para ele, fazer muitas selfies ao longo dos exercícios é uma maneira de mostrar seu dia a dia, dar dicas, além de incentivar a prática de atividades. “Tiro fotos na frente do espelho, para ver como meu corpo está e daí saber em que preciso trabalhar e assim melhorar. Mostro
meu trabalho e meu corpo, para que as pessoas possam confiar no que faço, pois levo muito a sério”, comenta Anselmo. A corrida pelo corpo ideal faz das academias ambientes sempre lotados. Na maioria das vezes, corpo sarado e barriga tanquinho, tem mais prioridade do que a preocupação com a saúde em si. Quando o assunto é treino e autorretrato, essa ação torna-se mais evidente, pois passamos a ter ao nosso alcance dispositivos cada vez mais instantâneos, capazes de tornar a prática do selfie mais evidente e notória. “Tirar uma selfie” na academia e postar nas redes sociais é a nova maneira de expressão e autopromoção que as pessoas encontram para mostrar os resultados obtidos com a malhação. O intuito é exibir o efeito de muito treino, dedicação e disciplina alimentar.
do
#AcademiaTodoDia
de cada exercício. “No meu caso, posto muitas selfies nas redes sociais, porque além de ser modelo de forma física, também faço propagandas dos produtos com os quais trabalho”, comenta Thâmara. Narcisistas ou não, o uso da selfie expres-
#TreinoPesa-
São as novas maneiras de expressão, quando o assunto é academia. Depois de
malhar pesado, o resultado dbom condicionamento físico precisa ser mostrado, certo? Melhor ainda quando está na academia. As pessoas precisam ver e saber o quanto você está em boa forma. Thâmara Priscilla, garota propaganda de uma marca de suplementos alimentares, é viciada em selfie e se acha exibicionista. Para a atleta, saúde está em primeiro lugar e a prática de exercícios físicos é muito importante, ainda mais quando tem o acompanhamento de um personal trainer, indicando a maneira correta
Thâmara Priscilla Foto: Arquivo pessoal
sa um comportamento egocêntrico. Em doses excessivas representa um comportamento exibicionista, em que há constante necessidade de afirmação por parte dos outros, dificuldade de contato social e transtornos de personalidade. Essa ampla auto exposição pode ter um preço, pois selfie é uma manifestação de necessidade autoafirmativa e portanto mascara algum tipo de problema. Segundo a psicóloga Tereza Tavares, o autoretrato pode ser nocivo na medida em que se perde o contato com a realidade vivenciada. “Dependendo única e exclusivamente das mídias sociais para se expressar, o que provoca o rompimento da sua própria privacidade, na medida em que há uma exibição demasiada de si mesmo. Cada vez mais as pessoas necessitam se mostrar, evidenciando uma ausência de autoafirmação, dependendo do olhar do outro para se sentir aceito”, explica. Para a especialista, a selfie revela diversas modalid,ades do comportamento humano e seu uso excessivo revela uma personalidade que pode apresentar desde leves alterações a transtornos mentais mais graves. “Para saber o que se passa na mente das pessoas que apresentam esse comportamento é preciso conhecer cada uma e suas motivações, não dá para ser generalista. O que fica claro no primeiro olhar é a necessidade de autopromoção. O selfie em si não representa uma prática danosa as nossas vidas. O uso que se faz dessa modalidade de expressão e sua intensidade é que podem ser prejudiciais”, conclui a psicóloga. C
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Tratamentos & Atividades
Brasil lidera ranking de plásticas Aspectos geográficos, econômicos e comportamentais influenciam no aumento de cirurgias no Brasil Ana Medeiros ana.pmaraujo15@gmail.com
Evolução da dismofofobia em Michael Jackson
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Sociedade Internacional de Cirurgiões Plásticos Estéticos (Isaps) divulgou, no último mês de Julho, um relatório sobre a realização de cirurgias plásticas em 2013, ao redor do mundo. Foram realizadas um total de 23 milhões de intervenções, e pela primeira vez, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos no número de cirurgias com um total 1.491.721 realizações. Porém, os estadunidenses ainda lideram o total de procedimentos, contando com os cirúrgicos e não cirúrgicos. De acordo com o estudo, as cirurgias mais realizadas no Brasil foram as de lipoaspiração; a mastoplastia de aumento ou colocação de prótese mamária; mastopexia ou levantamento das mamas; blefaroplastia, que consiste na retirada de pele das pálpebas e abdominoplastia. A pesquisa aponta ainda, que as mulheres representam 87, 2% dos pacientes de plásticas. Dentre os homens, que representam 12, 8%, as cirurgias mais realizadas são rinoplastia ou correção do nariz; lipoaspiração e otoplastia ou correção das orelhas. Arte: Ana Medeiros
Arte: Ana Medeiros
Mas por que o brasileiro faz tanta plástica? De acordo com a psicóloga Fernanda Nunes existem vários fatores que podem ser levados em consideração na realização das cirurgias, um primeiro ponto é a vaidade. A psicóloga chama atenção para o fato de qua a maior parte das intervenções são de cunho estético. Outro fator pode estar ligado à baixa alto estima. “O problema é quando isso se torna a peça que move a vida das pessoas. Quando a gente encontra algo que não gosta, corrige e aí encontra outra coisa e quer corrigir também. Um processo de bola de neve e aí mostra que a questão não é física, tem uma questão emocional por trás”, explicou. Outro fator pode ser o reconhecimento mundial da sensualidade do brasileiro ter incorporado no pensamento das pessoas. Fernanda Nunes explica que essa procura pela beleza está ligado a uma necessidade intrínseca de uma pessoa se sentir querida. “Esse culto da beleza está muito ligada à perspectiva de se sentir querido e aprovado e aceito e valorizado pelo outro”, disse. Ela lembra que essa busca não é problemática a partir do momento em que a pessoa não deixa de lado coisas que a torne feliz para atender a um padrão de beleza. “Esse padrão cai muito em cima do gênero fe-
minino, que precisa da aparência para se sentir valorizada. Por isso quando vemos essas pesquisas, observamos que mais de 80% dos procedimentos são realizados pelas mulheres”, explicou a psicóloga. Para o cirurgião plástico e 3º membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Paulo Roberto de Souza Mota, a razão para a realização de tantos procedimentos está na localização demográfica brasileira. Segundo ele, como a maior parte da população reside na faixa litorânea, e usar roupas minimalistas, é normal a análise comparativa. “A pessoa se olha no espelho vê algo que desagrada e vê do que ela dispõe para corrigir aquilo que desagrada. A cirurgia plástica entra nesse contexto como armamento forte no intuito de corrigir essas imperfeições congênitas ou adquiridas das pessoas para que elas tenham uma qualidade de vida melhor. A plástica vem contribuir para que as pessoas tenham uma convivência pacífica com a sua imagem aceitem melhor a sua imagem e convivam com seus pares muito bem”, explicou o médico.
Paulo Mota explicou, ainda que, a cirurgia plástica tornou-se um bem de consumo tal como um carro ou uma viagem. Para ele, a cirurgia plástica de certa forma traduz o comportamento econômico da população em um determinado momento. “As pessoas sempre têm o desejo de melhorar algo em si, que pode ser um grande ou um pequeno defeito, mas elas sempre querem melhorar alguma coisa. Todos nós somos assim”, garantiu. O médico também chama atenção para o excesso nos procedimentos. “A cirurgia plástica é pautada em um tripé: aquilo que o paciente quer é um, aquilo que o paciente precisa é outra coisa e o que a cirurgia plástica pode oferecer a terceira, coisa. O ideal é que haja uma forte confluência desses três fatores assim, a chance de um sucesso é muito alta”, garantiu. Porém, nem sempre é o que se encontra nos consultórios médicos. De acordo com Paulo, muitas vezes é não dá pra observar esse excesso que vem na forma de uma patologia psicogênica chamada dismorfofobia. “As pessoas olham para si não gostam de nada do que possuem. Ela não gosta da orelha, não gosta do nariz, não gosto dos olhos, não gosta do braço. Enfim, ela se olha ela se rejeita, ela intolera, e é uma intolerância contra si própria”, explicou. Podemos considerar como o caso mais famoso de dismorfofobia o do cantor Michael Jackson. Ao longo da vida o cantor realizou cerca de 22 procedimentos cirúrgicos para corrigir o corpo que o incomodava. Foram cinco vezes nos seios, seis no nariz, três nos olhos e outras tantas no rosto e nos lábios. Jackson morreu sem nenhuma traço da aparência que tinha quando jovem. “Resta ao cirurgião ter o bom senso de poder convencer seu paciente de que o ideal para ele é imitar a natureza, é evitar os excessos e fazer aquilo para que as pessoas caminhem com os outros”, finaliza Paulo Mota. C
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Imagens: Google
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Contexto
Sergipano investe mais em estética Busca por tratamentos estéticos movimenta mais de R$ 80 bilhões por ano no Brasil Geise Cruz de Souza geysycruz@gmail.com
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Brasil é hoje o segundo maior consumidor de produtos relacionados à estética e cosméticos. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), em 2012 o setor movimentou cerca de R$ 84,5 bilhões apenas com a venda de produtos. O aumento da procura por tratamentos estéticos também faz do país vice-campeão no número de cirurgias plásticas realizadas em todo mundo. A busca por uma a aparência física mais jovem e saudável vem proporcionando grandes investimentos financeiros no setor, sendo um dos fatores predominantes para este crescimento. A independência financeira da mulher e seu novo papel no mercado de trabalho são um dos principais motivos para a alta no consumo de serviços ligados à estética e saúde, pois elas de investem mais em seu bem-estar e em atividades empreendedoras no ramo. Segundo pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em conjunto com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socieconômicos (Dieese) o número de empreendedoras aumentou 21,4% na última década – mais que o dobro da taxa de crescimento masculina no mesmo período. São mulheres como Thaizy Arouxa, 24 anos, que em 2011 matriculou-se no curso de massagista oferecido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), através do Programa Senac de Gratuidade (PSG) e viu sua vida mudar. Casada e com dois filhos pequenos ela não tinha renda fixa quando decidiu iniciar o curso inscentivada por familiares. Hoje ela mantém um Centro Estético no centro da capital e realiza mensalmente mais de duzentas sessões dos mais diversos procedimentos. Segundo Arouxa os tratamentos mais procurados pelas mulheres são os que eliminam a gordura localizada e as celulites. Já os homens preferem massagens relaxantes, limpezas de pele e a famosa massagem modeladora, que tem como principal característica a redução de medidas na região da cintura. A médica veterinária Daiane Barreto, 32 anos, recorreu aos tratamentos estéticos para amenizar as marcas deixadas após realizar duas cesarianas. Para eliminar as cicatrizes e a flacidez na barriga ela realiza duas vezes por semana as sessões de carboxiterapia, dermalife, lipocavitação e corrente aussie. Já no combate à retenção de líquidos ela tem como aliada a drenagem linfática. “Além da aparência física os tratamentos beneficiam muito a autoestima, se o corpo está bem o psicológico fica melhor ainda” conclui Barreto. Rose Acácia Lima, 45 anos, também procurou uma profissional da estética para auxiliar na redução de peso. “Com o passar dos anos não conseguia emagrecer apenas frequentado academia. Eu já tinha ouvido falar dos benefícios da massagem modeladora por isso decidi con-
tratar os serviços de uma massagista. Encontrei preços bastante acessíveis e acabei adquirindo tratamentos contra celulite também”. Conta a auxiliar contábil que contratou os serviços sem orientação ou indicação de um profissional.
hotéis e condomínios dentre outros ou de maneira autônoma atendendo em consultório próprio ou a domicílio Este ano a Universidade Tiradentes (Unit) lançou o Curso Técnico em Estética e Cosmética que pretende especializar os profissionais destas áreas. No curso tecnológico, além das técnicas de massagem, o aluno aprenderá sobre biosegurança, eletroestética, bioquimica, psicologia em saúde, estética e comestologia capilar entre outras novidades que vem se destacando no mercado.
Acessibilidade aos tratamentos Iniciar tratamentos estéticos sem recomendação médica tem se tornado cada vez mais frequente no país. Os sites e mecanismos de vendas coletivas são responsáveis por boa parte das vendas realizadas de forma indiscrimidada no setor proporcionando a popularização e aquisição rápida de diversos produtos e serviços em várias áreas. Thaizy Arouxa, massagista formada pelo SENAC
Capacitação Profissional Tão indispensável quanto a aquisição de um tratamento que se adeque as suas necessidades é a escolha de um profissional competente e capacitado para orientar os pacientes sobre os procedimentos existentes e o tempo estimado para que o resultado desejado apareça. Neste sentido o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), lançou o Programa Senac de Gratuidade (PSG) que promove a capacitação profissional de pessoas com renda mensal per capita de até dois salários mínimos através de cursos em diversas áreas. No eixo ambiente, saúde e segurança destacam-se os cursos de massagista, técnico em nutrição e dietética e o recém-lançado curso de massoterapia. Segundo Cristiane Souza, Coordenadora Pedagógica do Programa, a alta procura por qualificação nestas áreas levaram o SENAC a ampliar os cursos no setor. “Antes só tinhamos o curso de massagista mas a alta procura por cursos neste seguimento e a importância de profissionais massoterapeutas dentro das unidades de saúde nos levaram a abrir turmas nas duas áreas”. Cristiane Souza, explica que o técnico em massoterapia é o profissional responsável por aplicar manobras de massoterapia ocidental, massagem oriental e reflexologia podal, proporcionando o bem-estar físico, o relaxamento de tensões e alívio de dores musculares, realizando procedimentos de massoterapia para fins estéticos ou desportivos. O profissional destas áreas pode realizar atendimentos em clínicas médicas, estéticas, naturalistas, fisiátricas e fisioterapêuticas, clubes desportivos, saunas, spas, institutos de beleza, academias esportivas e de ginástica, centros de reabilitação física, centros fitness localizados em
Em Sergipe há três sites para compra coletiva, Grippom, Peixe Urbano e Groupon que comercializam pacotes de massagem, ventosaterapia, drenagem linfática, acupuntura e outros tratamentos estéticos a preços populares. A comodidade de anunciar nestes sites, sua visibilidade e fácil aceitação do público proporcionam aos profissionais um canal rápido e seguro de acesso ao público-alvo. Assim, eles ampliam o número de consumidores e fidelizam clientes antigos que geralmente preferem comprar os tratamentos a preços promocionais em transação direta com o profissional, liberando-o da taxa de 30% a ser paga ao site. Se por um lado estes mecanismos permitem ao consumidor encontrar serviços a baixo custo, por outro deixam brechas em relação a qualidade dos produtos adquiridos. As chances de contratar um serviço ruim, com profissionais despreparados, sem espaço ou produtos adequados para realização dos procedimentos deve ser considerada pelo cliente. Para prevenir surpresas desagradáveis indica-se que cliente agende uma visita ao espaço onde os serviços serão prestados e posteriormente feche a compra C
Conheça os tratamentos mais comuns no Brasil e suas indicações. Tratamento
Indicação
Argiloterapia
Indicada no combate as estrias, celulites, flacidez na região do abdomen e inchaço a argiloterapia auxilia no processo de emagrecimento acelerando a queima de gordura localizada.
Drenagem Linfática
Ventosaterapia
Massagem Modeladora
Nessa técnica é realizada uma massagem suave em todo o corpo possibilitando a drenagem dos vasos linfáticos. É indicada para pessoas que sofrem de retenção de líquido e inchachos, a longo prazo a drenagem também pode atenuar celulites. A ventosaterapia é uma técnica milenar que ativa a circulação do sangue favorecendo a nutrição dos músculos. É utilizada para aliviar tensões, dores musculares e nas articulações. Em alguns casos, o uso da técnica também pode ser realizado no combate a estrias e celulites. Famosa por modelar o corpo, combater a flacidez e proporcionar a redução de medidas esta técnica deve ser acompanhada por uma alimentação balanceada e exercícios físicos para que seus resultados apareçam mais rápido. Essa massagem também melhora a circulação sanguínea e a função intestinal, elimina células mortas e toxinas do organismo além de combater a retenção de líquidos.
Brasil lidera ranking de países que mais realizaram cirurgias estéticas em 2013 Segundo relatório divulgado pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), o Brasil foi o país que mais realizou intervenções cirúrgicas estéticas no mundo em 2013. De acordo com a instituição, foram feitas 23 milhões de cirurgias plásticas e mais de 11,5 milhões de intervenões cirurgicas com finalidade estética, sendo 1,49 milhão (12.9%) realizadas em solo brasileiro. As cirurgias mais procuradas no Brasil foram lipoaspiração e colocação de próteses mamárias. O país também é líder quando o assunto é rinoplastia e abdominoplastia, para correções no nariz e abdômen, respectivamente. Assim o Brasil lidera o ranking dos cinco países que mais realizaram cirurgias plásticas com finalidade estética no ano passado, ultrapassando países como Estados Unidos (12,5%), México (4,2%), Alemanha (3%) e a Colômbia (2,5%). As mulheres representam 87,2% das pessoas que realizaram cirurgia plástica, somando 20 milhões de pacientes em todo mundo. Entre os procedimentos mais populares no universo feminino estão: mamoplastia de aumento, lipoaspiração, blefaroplastia, lipoescultura e lifting de mama. Já os homens representam 12,8% do total de pacientes de cirurgia plástica, representando mais de três milhões. Os procedimentos mais procurados por eles foram: rinoplastia, ginecomastia, blefaroplastia, lipoaspiração e otoplastia (cirurgia de orelhas). Em 2013 também foram realizados mais de 11 milhões de procedimentos não cirúrgicos. Conheça os procedimentos não cirúrgicos mais populares no Brasil: 1. Aplicação de toxína botulínica (botox) 2. Preenchimento cutâneo 3. Remoção de pelos a laser 4. Rejuvenescimento facial não invasivo 5. Peeling químico, resurfacing com CO2, dermoabrasão Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBPC) alguns fatores podem ter contribuído para o aumento de cirurgias realizadas no Brasil, dentre eles a alta do poder aquisitivo de parte da população brasileira, as facilidades de parcelamento e o aumento do número de cirurgiões plásticos no país, que possibilitou a redução dos custos com a relização de procedimentos deixando-os mais acessíveis.
Saiba mais: http://www.se.senac.br http://www.unit.br/esteticaecosmetica http://www.cirurgiaplastica.org.br http://www.isaps.org/pt/
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PSE integra escola Projeto de saúde e família beneficia idosos Programa do Governo Federal capacita professores Academia da Cidade atende cerca de 1500 e conscientiza pais e alunos pessoas, a maioria da terceira idade Letícia Kirchnner
Mari Castro mari_marili@hotmail.com
laizeleticia@gmail.com
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riado pelo Decreto Presidencial nº 6.286/2007, o PSE visa à integração e articulação permanente da educação e da saúde, proporcionando melhoria da qualidade de vida da população estudantil, tendo como objetivo principal contribuir para a formação integral dos estudantes por meio de ações de promoção, prevenção e atenção à saúde, com vistas ao enfrentamento das vulnerabilidades que comprometem o pleno desenvolvimento de crianças, jovens e adultos da rede pública de ensino. O público beneficiário do PSE são os estudantes da Educação Básica, gestores e profissionais de educação e saúde, e comunidade escolar em geral. O PSE é constituído em três componentes: Avaliação das Condições de Saúde das crianças, adolescentes e jovens que estão na escola pública; Promoção da Saúde e de atividades de Prevenção; Educação Permanente e Capacitação dos Profissionais da Educação e da Saúde e de Jovens; Monitoramento e Avaliação da Saúde dos Estudantes; Monitoramento e Avaliação do Programa.
como a realização de exames para detectar verminoses e distribuição de remédios para combatê-la. Além disto, foram feitas palestras acerca da hanseníase e sua cura”, explica a vice-diretora. Ela ainda afirma que o programa tende a ser de vital importância para a rede municipal de ensino em Pirambu. “Foi entregue a escola uma caixa de preservativos, que até então não foram distribuídas porque seu publico ainda é adolescente”, explica. Vinicius Bonfim, aluno da instituição, avalia de forma positiva a atuação da secretaria de saúde com a educação. “O projeto promove esse diferencial dentro da escola, mostrando e ensinando aquilo que muita gente não sabia até então como fazer, e que agora pode aprender através dessas ações”, declarou ele. A vice-diretora, o cardápio oferecido diariamente é avaliado e sugerido por um nutricionista que averigua toda alimentação nutricional que segue por um rigoroso processo de higienização, além de conter todos os nutrientes e vitaminas que os alunos necessitam. Foto: Arquivo Escolar
Crianças assistem palestra sobre alimentação saudável
Segundo Monica Alves, coordenadora estadual do PSE, todos os 75 municípios de Sergipe aderiram ao programa para o período 2014/2015 sendo 1.400 escolas que compreende creche, ensino fundamental e o EJA, beneficiando mais de 367 mil alunos. “Esses componentes seguem uma linha de ação/tema que pode ser visto como essencial ou optativo, podendo ser executado a partir da necessidade apresentada pelo publico escolar”, esclarece Monica. A ação na escola Na escola municipal Mario Trindade Cruz em Pirambu no qual o programa é executado, a vice-diretora Lijane Santos, falou que a Secretaria Municipal de Saúde trabalha fazendo palestras conscientizando os estudantes sobre temas ligados a atualidade, a educação e saúde. “Apesar de o projeto já existir a algum tempo, somente este ano é que pode ter uma atuação maior na escola,
O programa na prática Quanto aos resultados, Monica destaca que em 2013, somente 32 cidades desenvolveram as ações conforme alimentado no sistema. Outro problema mencionado por ela, refere-se a implantação do sistema E-SUS, sistema de informação da atenção básica, que de certa forma impossibilitaram o cadastro de atividades, informando a participação da cidades no programa. Em linhas gerais, o programa está em andamento, porém apresenta falhas na execução, registrando menos de 50 % dos municípios sergipanos atuando em suas ações. Como representação disto, na rede municipal de ensino em Pirambu, conforme disse a diretora anteriormente, somente este ano é que as ações começaram a ser executada, isto por motivos de uma má administração já que a cidade de Pirambu ficou mais de dois anos sem a execução do programa. C
Foto: Mari Castro
Alongamento e corrida são algumas das atividades oferecidas pelo projeto
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raticar atividades físicas melhora a qualidade de vida das pessoas. Para a terceira idade, então, as vantagens são muitas: desde o controle e prevenção de doenças até a maior integração social.Realizar exercícios físicos regularmente ajuda a controlar doenças comuns em pessoas mais velhas, como diabetes, hipertensão, colesterol, osteoporose e depressão. É em busca desses benefícios e de uma vida saudável que os idosos procuram praticar exercícios físicos. Em Aracaju, há diversas opções para o público da melhor idade, como caminhadas, pedaladas, natação e programas municipais gratuitos.Dentre esses programas, encontramse o “Academia da Cidade”, que busca conscientizar as pessoas de todas as idades a praticar atividades físicas. Mas, curiosamente, o público mais fiel e participativo são os idosos.
incharam, mas eu não desisti, permaneci e as dores sumiram”, conta. Já a aposentada Gildete Góes Ferreira, de 77 anos, que é irmã de Jenildes, frequenta as aulas por recomendação médica há pouco mais de um mês. “Os exercícios facilitam muita minha vida, tenho mais disposição para fazer as atividades do dia a dia”, ressalta. Diego Freitas, estudante de Educação Física da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e estagiário do programa, explica que os benefícios dos exercícios para os idosos são diversos, incluindo: flexibilidade, redução das dores, melhora da força muscular e condicionamento físico geral. Diego comenta, ainda, que o programa serve também como espaço de socialização. “Os alunos vem para conversar, se distrair e também para realizar as atividades que vão ajudar nas tarefas diárias’’, diz .
Saúde na praça
Exercícios mais indicados para idosos
O programa Academia da Cidade foi criado em 2004 e conta atualmente com cerca de 1.500 inscritos nos 18 polos espalhados pela cidade, e tem como objetivo melhorar a qualidade de vida das pessoas. As aulas são ministradas de segunda à sexta-feira, no turno da manhã, das 05h às 08h, e no turno vespertino, das 15h às 18h. São oferecidas diariamente atividades como: alongamento,corrida,ginástica localizada,ginástica aeróbica e circuito funcional. Além disso,também são realizadas palestras com temáticas que dialoguem com as necessidades dos participantes. Para participar do programa basta ter disposição para a práticas dos exercícios e se encaminhar ao polo mais próximo e realizar a inscrição.O participante que apresentar problemas de saúde, passa por uma avaliação médica que o direciona a atividades adequadas às suas habilidades.
Beneficiados aprovam o programa
“Sem exercício não tem como enfrentar a vida’’, diz Jenildes Souza Góes, de 68 anos, que frequenta as aulas há dois anos, no polo Augusto Franco – Praça da Juventude. Ainda de acordo com ela, o início foi muito difícil. “ Meus joelhos
Segundo o personal trainer Rafael Silva, a hidroginástica é uma das atividades mais indicadas e procuradas por pessoas na terceira idade. Outros programas que também podem ser praticados são alongamento, caminhada, natação e pedalada. “Todas as atividades tem seus benefícios mas são limitadas em termos de adaptações fisiológicas crônicas”, explica. Para os idosos que querem fugir das rotinas nas salas de musculação, Rafael comenta que o treinamento funcional é uma boa saída “Por se usar de várias estratégias, inclusive de musculação, assim como de propriocepção e controle do core (palavra de origem inglesa que significa a mais importante parte central de alguma coisa)”. Entretanto, antes de iniciar qualquer atividade, o personal destaca que devem ser tomados todos os cuidados para atingir os resultados desejados. Além de um profissional de educação física, a pessoa deve buscar a orientação de um nutricionista. “Sempre procure um profissional de Educação Física e se possível de Nutrição para direcionar da melhor maneira possível o cronograma de atividades e alimentação’’, finaliza. C
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Contexto
Sedentarismo: o novo “mal do século”
Estatísticas preocupantes sobre sedentarismo na sociedade delatam problemas em grande parte da população Pedro Henrique Ferreira email@provedor
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0% da população brasileira é sedentária, ou seja, não faz exercícios físicos. Este dado alarmante é de pesquisa divulgada pelo IBGE. O número assusta, pois engloba uma grande parte da sociedade que estão no chamado “grupo de risco” para os fatores conseqüentes do sedentarismo, que é a causa de 13,2% das mortes no país, de acordo com a revista Lancet. As conseqüências deste estilo de vida na saúde do corpo são diversas, onde a principal vítima é o coração. Doenças cardiovasculares, acidentes vasculares cerebrais e hipertensão arterial são freqüentemente ligados a fatores como a falta de atividade física. Ainda segundo a pesquisa da Lancet, 8,2% das doenças cardíacas são por conta do sedentarismo. Além dos problemas ligados ao sistema cardiovascular, a falta de atividade acaba sendo danosa também ao metabolismo corporal, o que leva a um acúmulo de tecido adiposo e perda de massa muscular, levando à obesidade. Segundo o Ministério da Saúde, 64% da população sofre com excesso de peso. Thiago Torres era um deles, que aos
27 anos pesava 110 kg. “Sempre curti esportes, mas aos 27 anos me peguei muito acima do peso. Acordar cedo era um sacrifício e a escapatória para o stress era fast food”. Por um acaso, a empresa onde ele trabalhava criou um grupo de corrida para os funcionários criarem hábitos saudáveis. Thiago aproveitou a oportunidade e hoje tem 93kg, mas freqüentemente participa de corridas e pretende até disputar o Iron Man daqui a alguns anos. Uma das causas destes números assustadores é o advento da tecnologia. A facilitação das atividades diárias por meio de materiais tecnológicos acabou fazendo com que as pessoas sejam menos ativas e com isso, mais propensas ao sedentarismo e aos problemas que este acarreta. Nada que uma atividade física de trinta minutos por dia não resolva, em solução apontada por cartilha da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Se praticada cinco vezes na semana, a atividade física traz um melhor condicionamento cardiovascular, diminuindo a freqüência cardíaca e ocasionando a queda da pressão arterial, além de fazer bem à saúde mental e a todo organismo de forma geral”, assegura João da Silveira, cardiologista. Opções como caminhadas, natação, hidro-
Thiago conseguiu mudar seu corpo com dieta e exercícios (Foto: Arquivo pessoal)
ginástica e ciclismo são as mais recomendadas pelos especialistas, pois não causam dano às articulações. Trinta minutos parecem ser tempo demais em uma rotina tão agitada e apertada como se vê nos dias de hoje, mas a OMS alerta: o se dentarismo é o quarto
maior fator de risco de morte em todo o mundo, perdendo apenas para a diabetes, a hipertensão e o tabagismo. João da Silveira lembra: “O índice de colesterol é reduzido, e diminui principalmente os riscos de infarto”. No final das contas, um exercício de trinta minutos não parece tão difícil assim. C
10 a 20 minutos do seu dia que fazem a diferença Praticada dentro do local de trabalho, a ginástica laboral não cansa nem sua e pode trazer muitos benefícios a sua vida pessoal e profissional Cleanderson Santana cleo.jornal@gmail.com
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A ginástica laboral (GL) vem crescendo muito entre as empresa de grande, médio e pequeno porte, isso porque essa atividade praticada dentro do local de trabalho com duração de 10 a 15 minutos pode evitar problemas de saúde nos funcionários, como LER (lesões por esforços repetitivos), DORT (distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho) e ainda melhorar o desempenho profissional. De acordo com Aline Oliveira a introdução da GL nas empresas reflete a preocupação com o funcionário, pois o trabalho excessivo, postura inadequada, repetições constantes do mesmo movimento e condições crítica de materiais, desencadeiam grandes tensões no corpo que originam males que são responsáveis pelo afastamento ou até invalidez permanente do profissional. “Stress, dores nas costas, dor de cabeça, entre tantas outras queixas eram, e é o que mais ouço dos funcionários antes de iniciar a atividade laboral nas empresas”. A educadora física Aline Oliveira, 25, afirma ainda que sempre após as atividades é comum ouvir das pessoas que suas dores diminuíram, ou, até
mesmo passaram. O estudante de jornalismo Hugo Fernandes, 23, já trabalhou em uma empresa que aderiu a prática da ginástica labora e segundo ele essa atividade trouxe benefícios na produção de suas matérias. “Nós jornalistas temos uma rotina muito corrida e cansativa, às vezes não sobra tempo pra nada. Quando a empresa decidiu in-
cluir a ginástica na nossa rotina eu senti o meu trabalho fui melhor, são 15 minutos de alongamentos, relaxamento, etc, que fazem muita dife-
rença”, afirmou. A educadora física destaca que é de extrema importância a presença de um profissional da Ed. Física apto para ministrar esse tipo de atividade. “É preciso ter conhecimentos na área de Anatomia, Fisiologia, Cinesiologia e Didática, caso contrário pode gerar lesões na musculatura dos colaboradores pela prática inadequada”. A associação brasielira de ginástica chama a atenção para esse cuidado quando for praticar essa ginástica. “Nada pode substituir a presença de um Profissional de Educação Física devidamente credenciado no CREF quando se trata de atividade física e exercícios com a sociedade em geral”, e faz um alerta sobre os videos que são encontrados na internet. “Os vídeos são bons como apoio em treinamentos, palestras, mas não têm função de orientação, correção dos exercícios e interação com o beneficiário (indivíduo). Nossa profissão é regulamentada, por isso não pode ser exercida por outros profissionais ou vídeo”, concluiu. O ex-técnico em laboratório, Michael Pedral, 30, contou que adquiriu um problema no pulso direito devido a sue trabalho repetitivo no laboratório em que trabalha. Segundo Michael, atualmente ele aderiu a ginástica laboral no seu dia a dia para diminuir as dores musculares.
Aline ainda destacou a importância que esse tipo de ginástica tem para as pessoas da terceira idade. “Tenho um projeto em que trabalho com pessoas idosas, homens e mulheres, elaborando essas atividades além de outras. Meus alunos garantem que os benefícios são imediato”, complementa. C
Aline em uma selfie no trabalho/Arquivo Pessoal
Alternativo
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Agulhadas do oriente no ocidente Acupuntura é a medicina oriental preventiva ao alcance da população Leila Dolif leila-
dolif@hotmail.com
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ma das mais importantes técnicas da medicina tradicional chinesa é a acupuntura. O procedimento é feito através da aplicação de agulhas em diferentes pontos da superfície da pele (chamados acupuntos), que desencadeiam reações controladas no organismo, com a capacidade de estimular reações fisiológicas, como ativação do sistema imunológico, bem estar físico e emocional. Quando praticada, a acupuntura tem o poder de liberar serotonina, endorfina entre outras substâncias naturais do copo humano, e é isso que faz o sucesso dessa arte milenar crescer tanto. Essa medicina alternativa trata variados tipos de problemas de funcionamento e doenças como tireóide, hipertensão-arterial, tensão pré menstrual, refluxo, gastrite, úlcera, asma, ansiedade, entre outros. É constatado a diminuição do uso de remédios para vários sintomas de dores, gerando economia no bolso e ganho na saúde. Mas, para que a cura seja total é necessário o acompanhamento da medicina especializada, apesar que o tratamento em sua maioria obtém bons resultados. Essa prática já existe há mais de 3 mil anos, mas só foi introduzida no Brasil há cerca de 40,
sendo a mesma técnica utilizada nos primórdios da civilização chinesa. Em 1972, o Conselho Federal de Medicina (CFM), estabeleceu que a acupuntura não era considerada especialidade médica. Com o passar do tempo, devido ao seu grande uso, a acupuntura foi sendo reconhecida por conselhos profissionais da área da saúde e pela opinião pública em geral. A acupuntura obteve seu reconhecimento pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Sistema Único de Saude (SUS) em 1988, e em 2006, foi atribuída à implementação da Política de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, que permite que os atendimentos sejam realizados pelo SUS. Hoje, pode-se afirmar que a acupuntura esta largamente difundida no Brasil e possui a credibilidade de outros profissionais de saúde e cidadãos de diferentes níveis socioeconômicos. Em Aracaju, essa técnica é oferecida desde 2004, no Centro de Especialidades Médicas de Aracaju (Cemar) do Augusto Franco. Em mé-
dia, o Cemar realiza 288 agulhamentos mensais e 32 consultas, chegando a um total de 320 procedimentos. Para realizar sessões de acupuntura é preciso ser encaminhado por especialista, geralmente neurologista ou reumatologista. É necessário realizar um exame físico para fazer o diagnóstico correto dos sintomas apresentados e verificar a indicação adequada deste procedimento para o benefício do paciente. O Dr. Rubens Carvalho, que atende no Cemar, conta que o espaço do posto para realizar as sessões de acupuntura é restrito e dispõe apenas de quatros camas, sendo que não é possível utilizar todas, devido à necessidade de outros pacientes. “O local não tem a privacidade necessária para o agulhamento em certos pontos em que o corpo geralmente fica coberto. Muitas vezes, é preciso solicitar que a pessoa fique em trajes mais curtos para o tratamento”. Frequentemente, faltam agulhas para os especialistas do Cemar. Diante dessas dificuldades, o Dr. Rubens opta pela auriculoacupuntura, versão da técnica que utiliza os acupontos da orelha. “Se usa sementes de mostarda (devido ao seu tamanho e rigidez) para estimular os pontos representados ali, de maneira a obtermos um efeito semelhante ao da acupuntura”, conta o médico. Vale ressaltar que para fazer o tratamento a médio ou longo prazo com a acupuntura é pre-
ciso ser morador da região, pois há uma equipe específica de saúde do Augusto Franco, que só pode atender pessoas dessa área, método territorial utilizado pelo Ministério da Saúde. O que mais agradou a Dy Wanderley na técnica da acupuntura foi a sensação de relaxamento no corpo que proporcionou alivio do seu nível de stress. Para ele, essa técnica tem um valor significativo quando se trata de relaxar. Já para o Sr. Areus Quadros, o medo das agulhas era o que mais lhe preocupava na primeira sessão. A sua ansiedade em saber qual seria a profundidade que atingiriam as agulhas tirou-lhe a concentração. “Fui com a esperança de tratar problemas na coluna e na primeira sessão a dor passou, mas no dia seguinte a dor continuava. Era um alívio momentâneo e, por esse motivo, abandonei a acupuntura”, conta Areus. C
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Foto: Ascom/PMA
Os tipos de alimentação alternativa Sua ligação com os exercícios físicos e seus debates sobre ser saudável ou não
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ietas malucas, alimentação alternativa, restrições alimentares e outras diversas formas de se alimentar surgiram nos últimos anos com propósitos diferentes em diversos lugares do mundo. Nesse tempo foi possível perceber um aumento do consumo de carne e de gorduras de origem animal nos países industrializados, o que pode estar causando doenças cardiovasculares e metabólicas e até algumas doenças cancerígenas. Alguns especialistas em nutrição não defendem uma alimentação vegetariana exclusiva, defendendo uma alimentação mais natural, porém sem descartar totalmente o consumo de produtos animais.A alimentação vegetariana propõe uma alimentação baseada no consumo de produtos pertencentes ao reino vegetal, com exclusão dos produtos do reino animal, com algumas correntes permitindo a utilizaçãodos alimentos lácteos e, por vezes, os ovos. Existem três tipos principais de dietas vegetarianas: a ovo-lacto-vegetariana, constituída de frutas, hortaliças, cereais, produtos lácteos e ovos, a lacto-vegetariana que utiliza frutas, cereais, hortaliças e produtos lácteos, e o ovo é abolido, e o vegetariano puro (Vegan), onde apenas são utilizados frutas, hortaliças e cereais,
sem qualquer produto animal, inclusive gelatina e mel. Outras vertentes alimentares são utilizadas, como o naturalismo que utiliza apenas alimentos integrais, livres de químicos, utilizando às vezes o frango e o peixe fresco. Já o crudivorismo consome apenas hortaliças, cereais e frutas em sua forma natural, sem cozimento ou sal. A macrobiótica é fundamentada na filosofia do Princípio Único Yin e Yange, utilizando aves e frutos do mar em pequena quantidade e quando conhecida a sua origem, sendo a carne de vaca evitada. Existem ainda a alimentação ayurvédica que tenta evitar e eliminar toxinas, tendo como base os recursos terapêuticos do ayurveda, que consiste na elaboração de uma dieta individualizada, levando em conta a constituição psicofísica de cada pessoa. Já o frugivorismo é um sub-grupo dos vegetarianos, consumindo somente frutas das plantas, incluindo todos os grãos. Apesar de existirem diferentes tipos de alimentação alternativa, quase todas tem uma ligação direta com a prática de exercícios físicos. O empresário Jorge Paixão, de 53 anos, a cerca de 10 anos possui uma alimentação diferenciada, misturando a macrobiótica com a vegetariana. Ele consome principalmente arroz integral, verduras e frutas, comendo peixe uma vez por semana. Além de se alimentar de forma diferen-
ciada, pratica yoga e espírita. Ser vegetariano normalmente está ligado a questão de não consumir os animais, que são os seres mais próximos do ser humano. Alguns resolvem se tornar vegetarianos por uma questão de saúde ou como forma de emagrecer. A yoga está diretamente ligada a espiritualidade e ao bem estar físico. Uma das suas ramificações é a raja yoga, que é a yoga da sabedoria e da meditação, praticada por pessoas espiritualizadas. Na sua maioria, os praticantes da yoga são vegetarianas, ou não consomem carne vermelha. O empresário iniciou sua alimentação alternativa primeiramente por conta da saúde, mas continuou se alimentando assim por um ideal de vida em que acredita. “Eu era uma pessoa muito nervosa, melhorei bastante. Eu queria algo mais. Estamos neste mundo para evoluir, e quanto menos nos alimentarmos de coisas que estão próximos a nós, melhores seremos”, comentou Jorge Paixão. A nutricionista Flávia Fontenele alerta que a ingestão de produtos cárneos é essencial para manter, juntamente com as outras fontes alimentares, o equilibro da pirâmide alimentar. “Como todos os alimentos, a ingestão excessiva deste tipo de produto pode oferecer riscos à saúde, como problemas renais, aumento do colesterol “ruim” e risco do desenvolvimento de câncer. Porém, estes alimentos de origem animal
possuem micronutrientes de mais fácil absorção em comparação aos de origem vegetal, como por exemplo, o ferro que está presente em duas formas”, disse a nutricionista. A restrição do consumo de alimentos de origem animal traz consequências, como uma menor disponibilidadede de micronutrientes, além de apenas ofertar proteínas de baixo valor biológico, ou seja, que possui baixa digestibilidade, reduzida oferta de aminoácidos essenciais e de nitrogênio total, estes últimos essenciais para realização da síntese protéica. As discussões sobre os tipos de alimentação ainda continuarão e as pessoas não deixarão de se preocupar com a manutenção do bem estar. C
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Arte: Manuella Miranda
Manuella de Miranda Vieira manu_nuka@hotmail.com
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Alternativo
setembro - 2014
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Contexto
Gastronomia naturalista
Uma opção diária para a alimentação saudável
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aber manter uma alimentação saudável é a principal atitude para aumentar a própria qualidade de vida, porém uma rotina agitada pode interferir diretamente neste hábito. Agendas lotadas e compromissos inadiáveis com o emprego ou estudos, frequentemente, resultam em um tempo menor para realizar as refeições de forma adequada, o que dá uma margem para a consumação de lanches rápidos e pouco saudáveis. Para atender a demanda deste público “apressado” mas preocupado com a saúde, a inauguração de espaços de alimentação naturalista é cada vez mais comum. Em Aracaju, existem em média seis estabelecimentos especializados neste ramo, dos quais dois surgiram no primeiro semestre de 2014. A base de um restaurante de caráter natural é a utilização de alimentos frescos em sua cozinha e evitar ao máximo a participação de produtos industriais em suas receitas. A gastrônoma e dona do perfil ‘JaParaACozinha’ no instagram, Izabela Abreu, aponta a reinvenção de pratos conhecidos como o principal atrativo destes estabelecimentos. “Se eu estou com vontade de comer um hamburger, por que não comer um hamburger vegetariano para saciar o desejo? A gastronomia naturalista vai mostrar que é possível fazer este lanche utilizando ingredientes naturais e com um gosto similar
ao que os fast-food produzem”, destaca Izabela. A gastrônoma menciona também a apresentação dos pratos, que tende a ser melhor elaborada, uma vez que a sua confecção leva uma influencia das cores dos vegetais. Foto: Arquivo pessoal
Leandro Calado
calado.leandro@gmail.com
cem refeições dentro dos padrões adequados da tabela de nutrientes”. A estudande universitária, Sue Souza, afirma frequentar ambientes de gastronomia naturalista pelos menos três vezes por semana. Ela destaca a praticidade de ter uma refeição saudável rapidamente preparada por um preço acessível como o principal motivo para a ida nestes restaurantes. “É difícil arrumar tempo ir até a minha casa elaborar um prato dentro do padrão que eu considero saudável. Além das minhas obrigações com a faculdade e com o estágio, eu busco praticar atividades físicas e para alcançar os resultados que eu espero, é necessário manter uma alimentação balanceada. Estes locais podem me proporcionar as refeições que eu preciso”, comenta.
lista. Ela explicou que a má alimentação acontece devido à falta de informação sobre receitas
Saída com a gastrônoma A gastrônoma, Izabela Abreu
A nutricionista, Ayane Sá, ressalta que uma alimentação saudável é a que proporciona todos os nutrientes necessários para o corpo humano: carboidrato, vitamas, proteínais animal e vegetal. “Saber se alimentar é ter livre arbítrio. Ter cuidado com os excessos e sentir bem com as suas escolhas para a refeição. A ascenção de espaços naturalistas só ajuda no encaminhamento para tal, uma vez que forne-
A gastronoma Izabela aceitou o desafio proposto pela equipe da Revista Contexto de preparar uma refeição naturalista de baixo custo. O valor estipulado foi o de 20 reais e o prato deveria servir duas pessoas. Em um supermercado, ela comprou ricota, espinafre, ovo, azeite, molho de tomate gastou um total de R$:15,49. Em seu local de trabalho, ela seguiu o passo a passo da receita de sua autoria e por volta de 30 minutos ela apresentou à nossa equipe duas porções de Gnocchi de Ricota e Espinafre, que teve a aprovação deste jorna-
naturalistas. “A conclusão deste desafio é a que é possível produzir algo saboroso e de baixo teor calórico no conforto de sua casa. As pessoas se conformam em comer refeições pesadas porque acham que só tem isso à disposição em sua dispensa e que os produtos naturais são sinônimo de alto custo”, pontuou. C
O consumo de alimentos orgânicos no combate aos agrotóxicos S
egundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Atualmente, 19% de todo o defensivo agrícola produzido no mundo é utilizado aqui. Isso significa que grande parte da agricultura do país principalmente nos grandes latifúndios - faz uso de pesticidas sintéticos no controle de pragas ou fertilizantes químicos para acelerar o crescimento dos cultivos. Apesar da sua importância na produção alimentar em larga escala, essas substâncias podem representar perigos à saúde humana e animal, dependendo da sua toxicidade e da sua persistência nos alimentos. Alguns agrotóxicos já foram banidos do Brasil, mas não sem antes causar diversos danos aos consumidores (e especialmente aos trabalhadores rurais), o que acende um alerta para a ameaça lenta e silenciosa do seu uso excessivo. É pensando nisso que muitas pessoas e grupos de ativistas ou agricultores têm investido cada vez mais nos chamados alimentos orgânicos, vegetais produzidos sem uso de agrotóxicos, geralmente em pequenos lotes de terras e de forma sustentável. Ainda que a monocultura ofereça empeci-
lhos a essa mudança, a produção de alimentos orgânicos tem conquistado avanços nas últimas décadas e influenciado mais adeptos no Brasil e no mundo. Incentivos à agricultura familiar, organizações de ativismo ambiental e feiras de divulgação e comércio de orgânicos são alguns dos meios pelos quais o gênero tem se expandido. Aqui no estado, a Comissão de Produção Orgânica de Sergipe (CPOrg-SE) realiza projetos para aumentar a demanda desses produtos, a exemplo da Semana do Alimento Orgânico, que ocorreu em maio deste ano, na capital e no interior (Itabaiana, Lagarto e Estância). O funcionário público e presidente da ONG Instituto Ambientes Ecológicos Vitah do Brasil, Ed Wanderley de Andrade (54), é um antigo praticante da alimentação orgânica. Pela dificuldade de encontrar alimentos livres de agrotóxicos e com preços acessíveis em Aracaju, ele passou a cultivar seus próprios vegetais. E afirma que esse modo de vida rende muitos benefícios a sua saúde. “Há mais de 25 anos eu não uso nenhum medicamento químico”, diz Ed. Tecnologia a serviço dos orgânicos Para auxiliar a difusão dos alimentos orgânicos, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
(Idec) criou um mapa virtual de feiras orgânicas e organizações de consumo responsável, disponível através do site feirasorganicas.org.br na própria página do Idec. Além desses pontos de comércio, o mapa também indica quais frutas, legumes e verduras são produzidos em cada região na estação correspondente, para que o consumidor possa optar pelos produtos locais. Essa iniciativa diminui os custos da alimentação orgânica, já que os mercados tendem a cobrar mais caro por vegetais produzidos em outros estados. Foto: Divulgação/PMA
Daniel Martins
daniel_martins91@hotmail.com
Espaço dos orgânicos no Mercado Municipal
Aracaju é um dos locais mapeados pelo projeto, que ainda recebe novos dados e atualizações por meio de sugestões dos usuários, no site ou através do e-mail feirasorganicas@idec.org.br. Na capital sergipana, estão registradas três feiras orgânicas em diferentes pontos da cidade: o Can-
tinho da Roça, que oferece seus produtos todas as sextas-feiras, das 18h às 22h, na Atalaia; a Feira dos Produtores Orgânicos do Agreste, localizada na sede da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Sergipe (Aease), Avenida Beira-Mar, das 12h às 17h das quartas-feiras; e a Feira da Agricultura Familiar da Seides, no Centro, que ocorre a cada 15 dias (sempre às quartas), das 7h às 12h. Recentemente, com a reforma do Mercado Municipal Vereador Milton Santos, no conjunto Augusto Franco, a cidade ganhou mais um ponto de venda de orgânicos. José da Paixão Santos, secretário dos Produtores Orgânicos do Agreste Central, é o responsável por uma banca do mercado exclusivamente dedicada ao gênero. Segundo ele, todos os alimentos vendidos lá vêm do interior sergipano e são certificados por órgãos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Os documentos de certificação são exibidos sobre o balcão de vendas, para identificar a procedência dos alimentos, conforme regulamentação do MAPA. Os produtos incluem frutas, verduras, legumes, além de compostos, farinhas, doces e outros derivados dos vegetais orgânicos. Sobre o preço em relação às outras bancas, “a diferença é de 30%, mas alguns dependem da época, como as frutas”, explica José da Paixão. C