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EDITORIAL EXPEDIENTE Universidade Federal de Sergipe Campus Prof. José Aloísio de Campos Av. Marechal Rondon, s/n, São Cristóvão - SE Reitor: Prof Drº. Angelo Roberto Antonielli Vice-reitor: Prof. Drº. André Maurício C. Souza Pró- reitor de Graduação: Prof. Drº Jonatas Silva Meneses Diretora do CECH: Iara Maria Campelo Lima Jornal Laboratorial do curso de Jornalismo
Chefe do Departamento de Comunicação Social (DCOS): Prof. Dr. Diogo Cavalcanti Velasco Núcleo de Jornalismo: Prof. Drº. Vitor José Braga Mota Gomes Telefone: (79) 2105-6919/ 2105-6923 | E-mail: dcos.ufs@gmail.com Coordenação Editorial: Prof. Drª Michele Amorim Becker Coordenação Projeto Gráfico: Prof. Drº. Vitor José Braga Mota Gomes EQUIPE EDIÇÃO 52 Gestão e editoria geral: Ícaro Novaes e Sheila Dias Projeto gráfico e layout: Matheus Brito Reportagem: Agatha Cristie, Alice Santos, Alisson Castro, Denner Perazzo, Ellen Cristina, Fátima Farias, Felipe Goettenauer, Flávio Henrique Ferreira, Grace Carvalho, Ícaro Novaes, Íris Brito Lopes, Jamille Silva, John Soares, José Víctor Siqueira, Kamille Perez, Marília Souza, Matheus Brito, Sheila Dias, Ullisses Machado e Yago Andrade. Capa e ilustrações: Saullo d’Anunciação, Tainara Paixão e Clara Dias Diagramação e preparação dos arquivos: Andréia Fontes, Allan Jones, Carol Matos, Dayanne Carvalho, Elisa Lemos, Izabel Costa, José Víctor Siqueira, Sara Madureira Fotografia: John Soares Edição de imagens: Juliana Teixeira Revisão geral: Kamille Perez e Rafael Amorim
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EDITORIAL
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passagem do secular Jogos Olímpicos pelo solo brasileiro neste último mês de agosto provocou um turbilhão de emoções em milhões de brasileiros. As variadas modalidades esportivas nos seus mais altos níveis de disputas só reforçaram a grandeza do esporte e sua representatividade para a nação brasileira, que vibrou uníssona com cada uma das dezenove medalhas conquistadas pelo Brasil (sete delas de ouro). Um dos pontos de partida para levarmos adiante a ideia que aqui apresentamos, foi analisar o esporte em nosso contexto. As Olimpíadas foram no Brasil, mas Sergipe pouco teve a oferecer senão se contentar como mero estado a serviço apenas para aclimatação de delegações estrangeiras. A não presença de atletas naturais de Sergipe nos Jogos é reflexo da precarização das políticas de incentivo ao esporte em nosso território, ao mesmo tempo em que estados bem próximos, como Bahia, Rio Grande do Norte e Ceará tiveram atletas nas Olimpíadas ganhando até mesmo medalhas, em alguns casos. Nesta mais recente edição do Jornal Contexto, nós, estudantes de jornalismo da Universidade Federal de Sergipe, optamos por encarar um desafio: uma produção laboratorial tendo como tema central o esporte, sem deixar de tratar os aspectos políticos, culturais, cotidianos, econômicos, regionais e particularidades do proposto. Fomos além! Dos assuntos corriqueiros até aqueles que normalmente a grande mídia não trata. Discussões sobre a LGBTfobia e heteronormatividade nos esportes hegemonicamente praticados por um público do mesmo gênero ganharam espaço em nossa edição e abriram um grande leque sobre a equidade no tratamento com os diversos gêneros dentro de um determinado esporte. Olhamos também para o lado positivo. Os espaços públicos estão cada vez mais ocupados com as atividades esportivas em nossa Aracaju. Enfim, caro leitor, esse é mais um produto, fruto dos esforços e desafios que nos compete enquanto estudantes universitários. Foram semanas de dedicação e experimentos que no mercado de trabalho talvez não tenhamos como oportunidade. Vale ressaltar também que nosso querido Jornal Contexto vem mantendo sua periodicidade, com pelo menos duas edições publicadas a cada semestre. Que a vida deste projétil veículo laboratorial seja longa e a sua leitura cada vez mais empolgada. Divirta-se!
Ícaro Novaes Editor-chefe
OPINIÃO O desempenho do Brasil em olimpíadas José Victor Siqueira vsiqueira.jor@gmail.com
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Brasil não costuma ser uma potência olímpica. Nos Jogos Olímpicos de 2016, disputados em casa, conquistamos nossa melhor colocação na história, ficando em 13º, com 7 medalhas de ouro, 6 de prata e 6 de bronze, em 12 das 39 modalidades disputadas. A expectativa do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) era que o Brasil ocupasse a 8º posição no quadro, com 10 medalhas de ouro, 14 de prata e 3 de bronze. Ainda assim, seria considerado pouco. Algumas apostas foram certeiras, outras nem tanto. Rafaela Silva conseguiu a medalha dourada no judô; o futebol masculino, que não contava com o prestígio do COB na projeção também conseguiu o primeiro lugar no pódio; e houve as surpresas do segundo lugar com Felipe Wu, no tiro esportivo e as duas medalhas de prata e a de bronze de Izaquias Queiroz na canoagem. É fácil perceber que o Brasil possui breve favoritismo em algumas modalidades como vôlei, vôlei de praia e futebol – apesar de só ter conquistado o primeiro ouro este ano – onde a presença no pódio costuma ser esperada. Entretanto, no conjunto geral da obra, o desempenho é fraco, levando em consideração que a tradição que outras nações têm no esporte é bastante semelhante à do nosso país. A Grã-Bretanha, por exemplo, que também acumulava participações tímidas nos jogos nos últimos 90 anos, preparou sua equipe de atletas para a terceira vez em que seria sede, em 2012: ficou em 3º lugar com 65 medalhas, e melhorou o bom desempenho também em 2016, ficando como vice-líder na tabela, com 67 medalhas. O apoio estatal, como em quase todo o mundo, contempla com valores mais altos os atletas que possuem bons índices nos esportes em que disputam. A participação em competições anteriores serve de parâmetro para o tipo de bonificação que o esportista vai receber nas próximas olimpíadas. No Brasil, os investimentos para o aprimoramento técnico de atletas experientes e promissores para as Olimpíadas ultrapassou os R$ 4 bilhões, no período de 2009 a 2016. Em instalações olímpicas permanentes foram R$ 1,7 bilhão e mais de R$ 450 milhões foram aplicados em novos centros de treinamento em todo o país. O Bolsa Atleta, programa que subsidia atletas de diversas categorias em inúmeras modalidades olímpicas chegou a R$ 330 milhões. Entretanto, por vezes, os recursos foram desperdiçados. Atrasos em obras e elevação de custos nos palcos olímpicos, como no velódromo e no estádio Nilton Santos, por exemplo, mostram a má aplicação de parte do dinheiro, que poderia ser revertido em bolsas e patrocínios. A UK Sport, responsável pela distribuição e pelo financiamento esportivo no Reino Unido, disponibilizou £150 milhões de libras em competições consideradas de ouro em que o país participaria no período de 2013 a 2023, valor 74% menor do que foi utilizado pelo Brasil levando em consideração apoio a atletas e estrutura. O modelo de investimento se assemelha ao bretão de financiamento, privilegiando com valores mais altos os atletas que possuem melhor desempenho. Para atletas de nível olímpico, no Brasil, o valor chega a R$ 3.100,00. Para além dos altos erre-cifrões, o rendimento abaixo do esperado pode ser justificado pela estrutura defasada e improvisada de alguns centros de treinamento, principalmente em universidades públicas, onde surgem jovens com uma boa perspectiva, mas que logo são incorporados aos clubes ou times e deixam de representar o esporte acadêmico. Os Estados Unidos, por exemplo, que briga por medalhas douradas em quase todas as modalidades e esteve fora apenas dos Jogos Olímpicos de Moscou, em 1980, por causa da Guerra Fria, é o 1º colocado no quadro geral de medalhas, somando todas as edições. Em 2016, o país do tio Sam conseguiu medalhas em cerca de 60% das modalidades. Como as instituições de ensino superior nos EUA são privadas, bolsas de estudo são oferecidas para jovens atletas que têm potencial no esporte em que praticaram nas high schools, além da oferta de estruturas de ponta para treinamento e a seriedade com que são encaradas as ligas universitárias: são tão fortalecidas e profissionais que foi criada a National College Players Association (NCPA), entidade representante dos atletas universitários que dialoga e defende os direitos dos atletas perante a National Collegiate Athletic Association (NCAA), que organiza as conferências regionais e a fase nacional em 24 modalidades olímpicas de verão e de inverno. Ao contrário do que acontece no Brasil, a Liga Universitária visa necessariamente o desenvolvimento do atleta para que se torne um esportista de ponta. A prática de bolsas universitárias nos Estados Unidos foi adotada no início do século XX e é uma exceção em relação ao modo de operar de outros países. Porém, produz resultados como ninguém: em 27 edições dos jogos olímpicos, os EUA terminaram na liderança do quadro de medalhas em 17 oportunidades, que equivale a 63% de aproveitamento. O que pode ser esperado do Brasil nos próximos jogos é que se façam valer todos os investimentos feitos pelo Governo Federal. A expectativa é de que o legado da competição realmente seja aproveitado pelas próximas gerações de atletas e que o Brasil comece a bater de frente pelas cabeça no quadro de medalhas nas próximas olimpíadas. É difícil prever como nosso país se sairá nos jogos olímpicos de 2020, em Tóquio, mas o que deve ser observado é se os centros de treinamento e os investimentos serão realmente aproveitados pelos jovens atletas.
Repórter do Contexto conquista prêmio em Brasília O
estudante de jornalismo Icaro Novaes, que participou da elaboração desta edição do Jornal Contexto, venceu o prêmio do Ministério Público do Trabalho (MPT) de Jornalismo na categoria universitário, pela reportagem “Transporte dos Garis: o lado sujo da história”, que denunciou irregularidades no desempenho da coleta de lixo em Aracaju e retratou o arriscado cotidiano dos profissionais. O feito de Icaro é uma inspiração para todos nós, colegas de turma e professores, afinal, a premiação é resultado de grande dedicação e de um excelente trabalho. Estamos orgulhosos e motivados a produzir mais e melhor, assim como você fez. Parabéns! Equipe Contexto
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COMPORTAMENTO HOMOFOBIA E MACHISMO NO FUTEBOL SERGIPANO Por Matheus Brito luismatheusbrito@gmail.com
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ncontrar comentários hostis a homossexuais nas redes sociais não é tarefa difícil nos perfis oficiais das duas principais torcidas organizados de Aracaju — Torcida Trovão Azul (TTA) e Torcida Esquadrão Colorado (TEC). Comentários como “Contra os gays , prevejo vitoria”, “Botar pocando nesses fio da peste desses roxinhos dadores de cu” e “us tec gay se caga” assolam algumas das publicações de torcidas quando se fala da rivalidade com os torcedores de outros clubes. As manifestações preconceituosas não se restringem à Internet. Segundo os conselheiros da Torcida Jovem do Confiança, André Santos e Rodrigo Macêdo, o maior retrato da homofobia nas torcidas se expressa nas músicas e gritos de guerra. Para provocar rivais, basta inserir a palavra “gay” ou “bichinha” entre os insultos. “Já é no automático”, conta André. No caso da Torcida Jovem, as músicas e gritos de guerra foram inspirados em paródias da torcida do Santa Cruz Futebol Clube, de Pernambuco, e também reproduzem esse modelo. Os conselheiros reconhecem que a prática se naturalizou nos estádios, principalmente quando os torcedores se encontram. “Os integrantes da minha torcida costumam provocar a torcida rival — a do Club Sportivo Sergipe -, conhecida por TEC, com a expressão ‘TEC gay’. A TEC, por sua vez, nos provoca com a expressão ‘jovem gay’”, diz Rodrigo. A Torcida Jovem possui hoje entre 100 e 150 integrantes. Para Rodrigo, cada membro que entra já legitima preconceitos e estereótipos. Na maioria das vezes, esses membros são de bairros periféricos da Grande Aracaju, afirma. Ele acredita que um dos lugares que mais concentra machistas e homofóbicos “por metro quadrado” é uma torcida organizada. Para reverter esse quadro, a Torcida Jovem do Confiança cri-
ou um conselho a fim de mobilizar ações sociais e retirar o conteúdo preconceituoso das músicas. Os conselheiros desejam envolver os membros da torcida em debates sobre machismo, homofobia e legalização da maconha. Rodrigo, que passou alguns anos longe da agremiação, afirma que vai ser difícil convencer “a galera”.
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A exclusão de LGBTs do futebol ocorre também dentro do campo. Durante a Olimpíada do Rio de Janeiro 2016, a delegação de futebol feminino dos Estados Unidos ouviu gritos de “bicha” na partida do dia três de agosto no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, contra a Nova Zelândia. O time feminino estadunidense possui, duas lésbicas, a meio-campista Megan Rapinoe e a treinadora, Jill Ellis.
Eu queria não ter que ter provado a ele que os ‘babas não são para homens’, só que ele tivesse apenas aceitado ou sei lá, lidado como qualquer outra pessoa, como qualquer um amigo dele.
A estudante Anne Karolynne, de 20 anos, nunca escondeu a preferência pelo esporte e sofre por causa disso desde a infância. Quando pedia para participar das partidas de futebol na escola, os garotos procuravam não manter contato com ela. “Mulher macho” foi uma das sentenças que Anne mais ouviu na infância e adolescência de outras meninas.
dias. Numa das vezes que foi menosprezada antes de uma partida, ela ouviu frases do tipo: “Uma amiga? Lá é ‘baba’ [partida de futebol] para homem” e “E o pior é que a nega joga bem”.
Mulher Macho
Algumas expressões “consagradas” no futebol, como “Tá com pé de moça?” e “E essa mão de moça?”, também sempre a incomodaram. Àquela época, um dos seus desejos era ser menino, porém a opinião dela mudou depois de conhecer garotas que passavam pela mesma situação. Por causa do bom desempenho no futsal, Anne conseguiu bolsas em escolas particulares de Aracaju durante o ensino médio. Para ela, o machismo no futebol ou no futsal é apenas uma das minúsculas opressões que as mulheres sofrem todos os
Mesmo com os comentários machistas, ela preferiu participar do jogo. “Eu queria não ter que ter provado a ele que os ‘babas não são para homens’, só que ele tivesse apenas aceitado ou sei lá, lidado como qualquer outra pessoa, como qualquer um amigo dele”, escreveu no Facebook. Esportes coletivos x esportes individuais A maioria dos atletas que se assumem LGBTs é formada por
Foto: John Soares
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mulheres. A Rio 2016, por exemplo, possuía 32 atletas lésbicas e 11 atletas gays. “Os homem devem ser mais desaprovados, rechaçados, especialmente em esportes coletivos”, afirma o professor doutor em Psicologia e coordenador do grupo de pesquisas e estudos Sexus UFS, Élder Cerqueira-Santos. Todos os atletas assumidamente gays da Rio 2016 praticam esportes individuais. Segundo ele, o que pode diferenciar o número de atletas assumidos em esportes coletivos e individuais é a aceitação do grupo. Enquanto no futebol há casos raros de jogadores gays, na natação há mais exemplos de atletas assumidos. No Brasil, o goleiro Jamerson Michel da Costa, de 30 anos, é o único jogador de futebol gay assumido. A Rio 2016 possuía dois nadadores gays, ambos do Reino Unido. De acordo com o professor, os estereótipos fazem com que deduzamos que no futebol feminino só haja lésbicas e que isso seja aceito socialmente. O estereótipo da mulher lésbica, diz ele, aproxima-se dos valores atribuídos aos esportes — força e virilidade, que são características, culturalmente, masculinas. Apesar de não corresponder à realidade, o homem que se assume homossexual se aproxima dos valores atribuídos à noção do feminino. A perda do ideal de virilidade e masculinidade colocaria o atleta gay numa posição inferior. “A discriminação por orientação sexual está diretamente ligada à discriminação por gênero. O machismo e a homofobia estão na mesma raiz”, reforça. Um dos primeiros locais em que se inicia a distinção entre o feminino e o masculino no esporte é a aula de Educação Física. O principal argumento para essa divisão é biológico. Para o professor, a escola reproduz um valor do mundo cultural adulto para as crianças. “Quando não tem diferenças claras entre meninos e meninas em termos de força física, já há uma naturalização da separação”, diz Élder. “Se ele assumir, ele sai do time” O jornalista e ator Fernando Petrônio já manteve relações homoafetivas com jogadores dos times aracajuanos — Confiança e Sergipe — e do interior do estado, como o Itabianense. Todos os jogadores com os quais Fernando conviveu possuíam namoradas ou eram casados. Petrônio nunca se importou com o fato dos jogadores não se sentirem seguros para assumir publicamente a relação. “Se ele assumir, ele sai do time”, afirma. As demonstrações preconceituosas dos jogadores só surgiam quando ele acompanhava os parceiros até o vestiário após as partidas, principalmente, se os atletas notassem que ele mantinha um relacionamento com um jogador do clube. Nos anos 2000, acompanhar os jogos não era um problema para Fernando, uma vez que ele não evidenciasse gestos afeminados que “denunciassem” a sua homossexualidade. “A gente não podia se expor”, diz. Para assistir às competições nos estádios, Fernando ainda precisava manter contato e uma boa relação com os líderes das torcidas organizadas. Segundo o professor Élder Cerqueira-Santos, os homossexuais afeminados estão na “linha de frente” das vítimas de homofobia pelo fato de eles se distanciarem mais do ideal de masculinidade. A competência de um atleta gay sempre será contestada, afirma Élder. O senso comum não a associa força à feminilidade. “Se aproximar do feminino é negativo”, indica. Mesmo sem nunca ter sofrido violência física nos estádios, o jornalista revela que se continha para não ser oprimido, o que, às vezes, era difícil. “A manifestação por um gol de um gay é diferente da de um hétero”, diz Fernando. Metrossexuais precisam reforçar a sexualidade É comum encontrar notícias sobre o novo corte de cabelo do Cristiano Ronaldo ou a nova tatuagem do ex-jogador David Beckham em pesquisas na web. Ambos os atletas representam, para o professor Élder, o fenômeno dos metrossexuais que rompem com alguns ideais de masculinidade, mas precisam reafirmar a sexualidade com mais frequência. A metrossexualidade seria utilizada para maximizar qualidades do masculino para que o público reconheça características de conquistador e sedutor nos atletas. Caso isso não ocorra, a sexualidade do jogador pode ser questionada. “Ele [David Beckham] se casou (…) Ele era o estereótipo do ‘macho alfa’, o que Cristiano Ronaldo não faz. Então, levantam-se questionamentos sobre a sexualidade dele”, diz o professor. A mídia é uma das instituições que reforçam e reproduzem o ideal de homem viril e másculo no futebol, assim como a própria sociedade, os jogadores e torcedores. Segundo o coordenador do Sexus UFS, promover o debate sobre gênero não garante avanços na temática e rompimento de estereótipos. O senso comum tentaria polarizar e limitar ainda mais as noções de masculino e feminino como resposta à discussão.
Mulheres são maioria quando o assunto é sair do armário no futebol.
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ECONOMIA
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BOLSA ATLETA
Prós e contras do único programa de incentivo ao esporte no estado
Kamille Perez kamilleperez.kp@gmail.com
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Edu lowgan (esquerda) durante competição em 2016 (arquivo pessoal)
alento, garra e determinação são algumas das características cruciais para ser um bom atleta. Independente da modalidade esportiva, sem esses adjetivos nenhum esportista viraria “olímpico”. Não bastasse o esforço pessoa, a maioria dos jovens que sonham em trazer uma medalha para o país, possui um grande adversário: a condição financeira. Treinos com acompanhamento de profissionais, uniformes, material para a prática esportiva e competições em outros lugares são algumas das barreiras encontradas pelos atletas. A falta de dinheiro para arcar com todos os gastos acaba encerrando o sonho de competidores que tinham tudo para subir no pódio. Como forma de “driblar” essa barreira, programas de incentivo ao atleta são criados pelo governo nacional, estadual e municipal de diversos estados. No nordeste, apenas as capitais de Teresina e Aracaju possuem bolsas para esportistas. O programa que vigora em nosso estado é o Bolsa Atleta, que funciona desde 2011 e este ano está beneficiando 57 jovens. Segundo Danilo Cardoso, assessor de Comunicação da Secretaria de Juventude e Esporte de Aracaju – SEJESP, o bolsa atleta é um programa meritocrático. “Para concorrer o jovem precisa residir, trabalhar ou estudar no município de Aracaju; ser filiado a uma entidade esportiva reconhecida pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB); ter idade mínima de 12 anos e máxima de 29; comprovar os resultados de competições do ano anterior ao pleito; e estar em plena atividade esportiva”, comenta. Edu Lowgan, judoca de 21 anos, conseguiu uma das vagas ofertadas neste ano. Para ele, o programa é um grande incentivo aos atletas sergipanos, mas “a quantia dada não é o suficiente para arcar com todas as despesas do esporte”. Ele, que também ganha auxílio do governo federal, ressalva que o programa pode melhorar: “A principal mudança seria em relação aos atrasos. Antes atrasava um pouco, em torno de 5 a 10 dias, mas esse ano atrasou muito. Nós, atletas, ficamos três meses sem receber o benefício”, afirma o judoca. Os valores ofertados pelo programa são divididos por categorias. Na categoria 1, doze atletas recebem R$ 1.000 por mês durante oito meses. Já na categoria 2, 45 atletas recebem R$ 450 por mês durante o mesmo período de tempo. Esse investimento totaliza R$ 36.750 mensal para as contas dos esportistas. Em contrapartida, somente em 2015, os atletas do programa faturaram mais de 1.500 medalhas nas competições que disputaram. Danilo Cardos faz um comparativo: “Nos últimos quatro anos foram investidos diretamente dos cofres da prefeitura de Aracaju para as contas dos atletas, sem intermediário, mais de dois milhões de reais. No Piauí, são contemplados apenas 29 atletas entre os valores de 600, 400 e 300 reais”. Ainda, segundo o assessor, a redução do número de bolsas e os atrasos estão ocorrendo em decorrência da crise que se encontra o país. O programa teve que se ajustar ao orçamento,
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12 atletas 45 atletas
recebem
R$ 450
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mas a situação será regularizada em breve. Ele também acrescenta que o principal objetivo da bolsa é apoiar o esporte permitindo que os atletas busquem patrocínios através dos seus resultados. “Por causa do programa, atletas conseguem patrocinadores e contratos com clubes e empresas, como aconteceu com alguns dos integrantes, a exemplo de Sarah e Sanny Marques, da natação; Gideoni Monteiro, do ciclismo; Duda Lisboa e Ana Carolina, do vôlei de praia; Brendo e Breno Morais, do ciclismo; Vinicius Gomes, do tênis de campo; e Barbara Santos, do triathlon”. Alisson Barbosa pratica o atletismo há sete anos e foi contemplado com a bolsa durante os anos de 2012 e 2013. “Durante o ano de 2012 os meus resultados foram os melhores. Consegui uma boa colocação fora e ganhei o norte e nordeste. A partir do segundo ano, com o benefício, eu passei a me dedicar mais. O bolsa atleta tem uma meta com as competições e para isso precisava treinar muito. Em um dos treinos eu acabei tendo uma distensão, um mês antes do norte e nordeste de 2014. Após essa lesão, fiquei desamparado pelo programa”, afirma Alisson. Para o esportista, o bolsa atleta serve também para arcar com as despesas da saúde, mas a quantia dada nuca foi o suficiente. “Eu tive que cobrir o meu tratamento com o meu próprio dinheiro, mas demorou tanto que eu não consegui competir e não fiquei entre os selecionados para ganhar a bolsa do ano de 201”, comenta. Como resposta, Danilo Cardoso afirma que no edital está frisado, em negrito, que ‘A concessão de incentivo econômico (bolsa atleta) aos atletas que estejam em plena atividade esportiva’. Ainda no edital fica especificado que os atletas devem informar à coordenação do programa quaisquer problemas de lesão, pois este pode ser suspenso ou excluído do programa, como foi o caso de Alisson. “O bolsa atleta é só um apoio. Eu acredito que eles tinham que colocar como pré-requisito para participar do programa também a condição financeira. Nós temos muitos atletas bons que não têm como arcar com as despesas do esporte.
ente. “Eu tive que cobrir o meu tratamento com o meu próprio dinheiro, mas demorou tanto que eu não consegui competir e não fiquei entre os selecionados para ganhar a bolsa do ano de 201”, comenta. Como resposta, Danilo Cardoso afirma que no edital está frisado, em negrito, que ‘A concessão de incentivo econômico (bolsa atleta) aos atletas que estejam em plena atividade esportiva’. Ainda no edital fica especificado que os
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atletas devem informar à coordenação do programa quaisquer problemas de lesão, pois este pode ser suspenso ou excluído do programa, como foi o caso de Alisson. “O bolsa atleta é só um apoio. Eu acredito que eles tinham que colocar como pré-requisito para participar do programa também a condição financeira. Nós temos muitos atletas bons que não têm como arcar com as despesas do esporte. A melhor solução seria uma bolsa acessível aos pobres, para assim criarmos uma fábrica de vencedores”, conclui Alisson.
durante
8 meses
R$ 1000 mensais
durante
8 meses
R$ 36.750
Para o esportista, o bolsa atleta serve também para arcar com as despesas da saúde, mas a quantia dada nuca foi o sufici-
Alisson durante uma corrida em 2016 (arquivo pessoal)
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A melhor solução seria uma bolsa acessível aos pobres, para assim criarmos uma fábrica de vencedores”, conclui Alisson. Alisson Barbosa pratica o atletismo há sete anos e foi contemplado com a bolsa durante os anos de 2012 e 2013. “Durante o ano de 2012 os meus resultados foram os melhores. Consegui uma boa colocação fora e ganhei o norte e nordeste. A partir do segundo ano, com o benefício, eu passei a me dedicar mais. O bolsa atleta tem uma meta com as competições e para isso precisava treinar muito. Em um dos treinos eu acabei tendo uma distensão, um mês antes do norte e nordeste de 2014. Após essa lesão, fiquei desamparado pelo programa”, afirma Alisson.
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CULTURA HISTÓRIAS DE PESCADOR... Além da busca pela sobrevivência, rios sergipanos tem atraído pessoas que procuram atrelar prática esportiva a um maior contato com a natureza Por: Fátima Farias fafacristinne@gmail.com e Marília Souza mariliass2058@gmail.com
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om cerca de treze rios ao redor do estado, incluindo o rio São Francisco, a pesca está atrelada a realidade sergipana, seja ela no seu formato tradicional ou até mesmo como esporte. A pesca amadora já tem praticantes enchendo os rios sergipanos, com “points” de encontros e também competições nacionais dentro do estado.
As condições climáticas, o tamanho do peixe, a sua espécie e até a situação ambiental das águas trazem reflexões éticas sobre a atividade esportiva livre, assim como em competições. As diferentes formas de pescar também geram debates entre os praticantes, como o uso de redes ou arpões e as práticas de atração dos peixes. A atividade como tradição é praticada em muitos municípios do interior sergipano, como Pirambu e Santana do São Francisco, para sobrevivência de comunidades pesqueiras, a prática também é identificada em locais na capital, como, por exemplo, o Mosqueiro. A modalidade amadora e a artesanal caminham juntas em Aracaju, com pescadores tradicionais trabalhando de guias para os esportistas, gerando assim, uma diversificação do trabalho daquele que conhece os rios e os peixes há gerações. Esporte O professor de Ética do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Sergipe e pescador esportivo, Evaldo Becker, já praticou a pesca junto às comunidades quilombola e indígena em Sergipe, por meio do Programa de Desenvolvimento em Meio Ambiente (PRODEMA) da UFS, e destacou algumas práticas que se distinguiam entre eles. A comunidade indígena se utiliza da pesca com redes e arpões e a comunidade quilombola acredita que o uso de arpões pode ser considerado agressivo para a pesca. Evaldo prefere a pesca com vara e linha, da forma que aprendeu com seu pai aos 6 anos de idade. O professor também teve a experiência de pescar no Canadá, durante o período em que morou no país, e em comparação com o Brasil, acha que aqui ainda há pouca regulamentação. “No Canadá o pescador amador precisa de uma permissão de pesca e ganha um guia que vai informar em que meses é autorizada a pesca de determinadas espécies de peixe (com imagem
ilustrativa), o tamanho mínimo e a quantidade de pescado que pode ser levado pra casa”, lembra. Além disso, as condições ambientais dos rios de Aracaju também inviabilizam a prática esportiva aquática, segundo Evaldo. “A indústria de pesca esportiva tem evoluído bastante no Brasil, mas percebo que ainda faltam guias básicos, trazendo informações sobre os peixes da região, as características de cada local, além das condições necessárias para praticar a pesca com o mínimo de impactos ambientais. Em outros países, que tem se aproveitado muito bem desse turismo de pesca, há toda uma profissionalização nesse sentido. Desconsiderar esse potencial é um desperdício de dinheiro e uma agressão ao meio ambiente” e acredita que a cidade ganharia muito mais recuperando e preservando seus rios e incentivando a prática que traz um contato maior com a natureza, do que não fazendo nada e apenas observando a poluição dos mananciais. As associações de pesca ajudam a organizar os esportistas em Aracaju, realizando campeonatos com as contribuições financeiras dos próprios associados. Rodrigo Melins Costa Araújo Luz, 40, é engenheiro de pesca e diretor da Associação Sergipana de Pesca Amadora Bons Ventos (ASPA-BV), que já conta com 151 associados em seus 23 anos de existência. A associação realiza o Campeonato Sergipano de Pesca Esportiva e a Gincana Norte Nordeste. Nenhum dos associados é pescador artesanal. Rodrigo conta que durante a Gincana Norte Nordeste, que acontece na Praia do Saco, o pescado é doado para instituições, mas que no campeonato Sergipano de Pesca Esportiva o pescado é levado para casa pelo competidor, com exceção dos peixes com medida inferior a 15 cm, pois são considerados abaixo da medida estabelecida. Os pescadores da associação contam com licença liberada pela Secretaria de Pesca e Aquicultura, com renovação prevista anualmente. O que previne conflitos com pescadores artesanais, por exemplo. Mas o diretor faz ressalvas sobre práticas tradicionais. “Nunca houve conflito com os pescadores artesanais, só pensamos um pouco diferente no uso indiscriminado de redes nos rios e dos arrastões no mar. Acho que isso deveria ser fiscalizado melhor”, aponta Rodrigo.
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foto: Fátima Farias
CULTURA 11 Tradicional e Artesanal Reginaldo Santos de Lima, 37, pesca há 18 anos. Acorda às cinco da manhã todos os dias, coloca a rede e vai buscar o pescado à uma da tarde. Reginaldo acredita que a pesca é crucial para a sobrevivência da família: “tiro meu dinheiro certinho, pago minhas contas, a família fica satisfeita”, sua família é sua esposa e seus dois filhos. E da família vem a tradição, seu avô e seu pai também foram pescadores. “Dá pra viver tranquilo da pesca”. Reginaldo não vê problema na pesca esportiva e a considera até bacana, mas acredita que “melhor ainda é pescar para sobreviver”.
Acostumado ao barco a vela, Reginaldo também tem a experiência com embarcações a motor e diz que “é melhor, veio pra facilitar a vida do pescador, pois adentrar no mar é difícil, remava muito, era cansativo”. Além de Reginaldo, seus dois irmãos, também criados através da pesca, trabalham no manuseio dos pescados na Cinelândia, na Orla da Atalaia. José Francisco de Lima Neto, 49, e José Vivaldo de Lima, 39, afirmam sorridentes que Reginaldo é o homem que sabe “até onde o peixe dorme”.
Pescadores artesanais no Rio São Francisco em Santana do São Francisco-SE. Tradição e subsistência.
Cristiane Gomes, 37, pesca há 10 anos e mora no povoado Saúde, situado no município de Santana do São Francisco. Cristiane sobrevive da pesca e gosta do que faz. “Gosto de ser pescadora, é boa a rotina, é uma diversãozinha, sabe?”, comenta. Cristiane não teve a oportunidade de estudar ou ter outra profissão e, por conta disso, aceitou a pesca por ser responsável pela própria sobrevivência. Ela nunca pescou de forma esportiva por não identificar essa modalidade no município. Mas a pesca artesanal abre espaço para as mulheres da comunidade, e traz tranquilidade para Cristiane, que diz nunca ter sofrido preconceito por sua condição de mulher. “Nunca sofri, não, porque aqui no lugar da gente tem muita mulher pescadora”.
Cristiane investiu em cultivo de tilápia em tanque rede. Atualmente, ela e outras quatro pessoas tomam conta do negócio que antes contava com seis membros. Essa foi a solução encontrada pela pescadora para o problema da falta de preservação do rio São Francisco, onde uma de suas consequências é a diminuição dos peixes em seu leito, e isso preocupa Cristiane. “O peixe tá pouco no rio, mas pescando ainda dá pra dar de comer aos filhos”.
A pescadora Cristiane mantém a tradição da pesca artesanal, mas também investe em tanques rede.
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CULTURA
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CAPOEIRA: MUITO MAIS QUE UM ESPORTE Dança, luta, jogo, cultura e esporte, tudo isso é Capoeira Por Felipe Goettenauer f.goettenauer@gmail.com
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Capoeira é uma arte secular que traz consigo uma grande história de liberdade e luta por direitos. Atualmente, a capoeira se tornou algo muito maior. Além de ser uma luta nascida e desenvolvida no Brasil, tornou-se também um esporte mundialmente conhecido, praticado e ensinado em várias partes do mundo. Ela pode ter um espírito mais competitivo, como é o caso dos atletas que o praticam para disputar campeonatos, mas também se apresenta como uma importante ferramenta educativa e de ressocialização. Em Aracaju, capital de Sergipe, existem diversos grupos de capoeira que possuem diferentes modos de praticar o esporte. É o caso da Associação Brasileira de Apoio e Desenvolvimento da Arte (Abadá) Capoeira, grupo com origem no Rio de Janeiro e que possui mais de cem anos de existência. Emerson dos Santos, conhecido como ‘Barra-Vento’ é um dos instrutores da Abadá Capoeira em Aracaju. Segundo ele, a Capoeira vai muito além de uma luta, é também cultura, arte e ferramenta de superação. Fotos: F. Goettenauer
Jogo de Angola no centro de treinamento da Abaô Capoeira
“Muitos pensam que praticar capoeira é simplesmente lutar, gingar, fazer acrobacias, porém ela vai muito além disso. Capoeiristas que não cantam, dançam e conhecem a história da capoeira, são capoeiristas incompletos, não são dignos nem de se intitularem capoeiristas. A Abadá preza muito em passar, além dos conhecimentos práticos, educação, história e respeito ao próximo”, afirma o instrutor. A Abadá também ensina em colégios da capital sergipana, fazendo alunos de todas as idades conhecerem mais sobre a arte, além de saírem do sedentarismo comum das crianças e adolescentes de hoje em dia. O diretor do Colégio Jardins, Luiz Antônio, instituição onde a capoeira é ensinada aos alunos, fala de onde veio o ímpeto de utilizar essa luta como ferramenta de educação para os alunos do colégio. “É muito importante que os alunos tenham contato com uma luta nascida e desenvolvida aqui no Brasil. Além de um esporte, a capoeira também ensina muito sobre a vida, como disciplina, educação e autoconhecimento”, conta.
CULTURA 11 Além de esporte, a capoeira também é uma ferramenta de ressocialização. Barra-Vento afirma que são inúmeros os casos de deficientes que, através da capoeira, mudaram de vida, melhorando a autoestima e os fazendo se sentir mais inclusos na sociedade. De fato, a capoeira é um esporte que possui várias vertentes. Mas a sua pluralidade vai além da experiência que proporciona aos seus praticantes. A arte possui várias formas de ser executada. Com diferentes estilos, a capoeira é segmentada a depender do ritmo do Berimbau, -instrumento que dá o gingado da luta-. São eles: ‘São Bento Grande’, ‘Benguela’ e ‘Angola’. Tony Espigão é instrutor de outro grupo de capoeira da cidade, a “Arte com Ginga Capoeira”. Espigão explica que o nome desses ritmos se dá justamente por toda a história e cultura da capoeira. O São Bento Grande é a forma de se lutar capoeira mais rápida, com golpes certeiros, alta velocidade e acrobacias incríveis. É a modalidade mais comum em campeonatos.
Integrantes do Grupo Arte com Ginga Capoeira tocam instrumentos utilizados na arte -
Já a angola é a modalidade mais ancestral e cultural, onde os ‘jogadores’ jogam próximos ao chão e tentam vencer o oponente através da malicia e de golpes traiçoeiros. A Benguela, segundo Espigão, está no intermédio dos dois. “A Benguela se joga em pé e no chão, é a modalidade para vadiar, para se brincar, é comum se ensinar a Benguela para as pessoas inexperientes”. Muito bem, a capoeira é uma arte, é uma dança, é uma luta, é cultura, possui deferentes modalidades, mas também é uma ferramenta de protesto. É o que afirma o Vinícius Oliveira, formado em jornalismo, militante de movimentos sociais e aluno do grupo Abaô capoeira de Angola. O capoeirista explica que diversos debates são promovidos pelo seu grupo.
Jogo de Angola
“A capoeira possui uma história de superação e de muita luta, além de já ter sido proibida no Brasil, por ser enquadrada como crime de “vadiagem”, a arte ainda sofre muito preconceito e é estigmatizada na sociedade como coisa de vagabundo. A Abaô promove esses debates justamente por tem consciência da nossa história e não querer se omitir”, afirma. Como todo esporte, a capoeira é muito mais complexa do que parece e pode dar muito mais do que uma boa saúde e definição física. Consigo, ela traz uma bagagem cultural, educacional e histórica, que pode levar seu praticante a viver uma vida melhor e completamente diferente da que se está habituado. Então, fica a dica para quem quer aprender sobre história, defesa pessoal e cultura, Aracaju está repleta de centros de treinamentos de portas abertas para você.
Apresentação da Abadá Capoeira
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MEIO AMBIENTE
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Medalhista na Rio 2016, Isaquias Queiroz inspira atletas sergipanos Por Agatha Cristie agatha.enecos@gmail.com
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tão falado espírito olímpico conquistou, de fato, os brasileiros durante toda a Olímpiada do Rio 2016 e os emocionou a cada medalha alcançada. Em especial, pelo trajeto percorrido por cada atleta brasileiro que, ao longo de suas histórias de vida, atravessou adversidades sociais e econômicas, mas que, ainda assim, superou todos os obstáculos impostos pelas dificuldades da vida e, ao final, foram vitoriosos e orgulharam o país. Esse é o caso do canoísta baiano Isaquias Queiroz, de 22 anos. Nosso vizinho que, diante do cenário cinematográfico da Lagoa Rodrigo de Freitas, na manhã ensolarada do dia 16 de agosto, remou, literalmente, contra o vento e conquistou a medalha de prata, na prova de mil metros de canoagem individual, a primeira medalha do Brasil no esporte. Apenas 1’6 segundo o deixou atrás do alemão Sebastian Brendel, que ficou com o ouro. Hoje, o atleta baiano inspira os atletas sergipanos, amadores e profissionais dos mais diversos esportes náuticos. “Sua história de luta, na vida e nas águas, inspira e estimula os brasileiros à prática de esportes. Ele [Isaquias] será daqui pra frente uma referência para o crescimento da prática e o reconhecimento do esporte”, diz Luiz Santana, competidor profissional de Stand Up Paddle e professor da modalidade. Formado em Educação Física pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), Luiz divide o seu dia a dia entre as aulas do que ele chama de SUPilates, uma modalidade esportiva que mistura Stand Up Paddle e Pilates, e competições profissionais de Surf e Stand up Paddle. Ele revela que, depois do desempenho dos brasileiros na Rio 2016 o número de alunos aumentou. “Pra mim esse é o verdadeiro sentido da realização de uma Olimpíada no Brasil, deixar um legado não só de medalhas, mas também de educação e inspiração”, declara. Para os instrutores da Escola de Remo e Canoagem, Paulo Rodrigues e Rita Andrade, a prática de esportes náuticos expressam um estilo de vida que alinha, necessariamente, educação, disciplina e o cuidado com a saúde e com o meio ambiente. E é este último tema - o meio ambiente - que mais preocupa atletas amadores e profissionais desse tipo de modalidade esportiva. “Nos preocupa o lixo que continua sendo jogado nos canais, manguezais e rios, fazendo crescer a poluição”, disse Rita. A poluição dos rios Sergipe e Poxim, principais roteiros dos esportes náuticos praticados em Aracaju, é hoje motivo de grande preocupação ambiental para o coordenador da Frente em Defesa das Águas de Sergipe, Osmário Santos. “A poluição e descaso estão matando os rios Sergipe e Poxim. É constante o aparecimento de manchas negras que, vinda do Tramandaí, lança uma grande quantidade de dejetos no maltratado estuário do rio Sergipe, por exemplo”, denuncia. Nem a criação do Dia do Rio Sergipe, iniciativa da deputada estadual Ana Lúcia Menezes (PT), em 2004, serviu para chamar a atenção suficiente da sociedade e das autoridades para a problemática enfrentada pelo rio. Para a atleta amadora de remo, Renata Melo, a poluição pode impedir o desenvolvimento do esporte e de eventos esportivos. “A poluição nos causa uma grande preocupação ambiental, mas também uma preocupação com o futuro do esporte. Acho que, diante dessa situação, dificilmente haja interesse de desenvolver grandes competições nesses rios. Precisamos unir atletas, ativistas ambientais, sociedade civil e autoridades para realizar campanhas e projetos de despoluição dos rios”, defende.
“PRECISAMOS UNIR ATLETAS, ATIVISTAS AMBIENTAIS, SOCIEDADE CIVIL E AUTORIDADES PARA REALIZAR A E PROJETOS DE DESPOLUIÇÃO DOS RIOS”
Fotos: arquivo pessoal
MEIO AMBIENTE13 Descaso Ambiental Segundo estudos da Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema), o rio Poxim é o mais poluído do Estado. Ele percorre vários bairros da capital sergipana, onde a maioria não possui uma rede de saneamento correta, e todos os dejetos que saem das casas, sejam eles orgânicos ou artificiais, são jogados diretamente no Poxim. Na região do Bairro Jabotiana, por exemplo, os condomínios residenciais e casas dos moradores da região despejam os esgotos no rio, além de vários outros tipos de sujeira. Em alguns pontos do Bairro São Conrado, pode-se também observar casas despejando esgoto diretamente no rio com canos levando os dejetos para a água. No seguimento de seu curso, o rio recebe mais dejetos das residências de áreas ocupadas no Conjunto Beira-Rio, no bairro Inácio Barbosa. Da nova ponte que liga o Inácio Barbosa ao Conjunto Augusto Franco, o despejo é visível. Em outros pontos da cidade, vários riachos se tornaram canais de escoamento de esgoto. A maioria leva ao rio Sergipe, sem nenhum tipo de tratamento. Contudo, o maior rio que corta a cidade é o principal caminho de dejetos residenciais. Já no trecho do rio Poxim que corta o município de São Cristóvão, toda a infraestrutura de saneamento é precária, principalmente em termos de rede de esgotos, de disposição de lixo e de coleta das águas pluviais. O bairro Eduardo Gomes se quer dispõe de rede de esgotos e de sistema de galerias, enquanto no Rosa Elze há somente galerias e, nos outros, nenhuma infraestrutura.
Paulo ensina alunas a praticar o remo
Rita durante aula de remo no Parque dos Cajueiros
Luiz foi campeão na 2ª etapa do Circuito Alagoana de Stand up Paddle
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retirada da internet
Paradesporto e saúde Embora os gregos tenham inventado os Jogos Olímpicos, era comum, na Grécia Antiga, sacrificar bebês que nasciam com algum tipo de má-formação. Com a ideia de deficiência atrelada à incapacidade, demorou para que as pessoas com deficiência garantissem direitos e ganhassem visibilidade. Por: Grace Araújo de Carvalho gracearaujodecarvalho@gmail.com
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oi com o intuito de colaborar na reabilitação e na inserção social de veteranos de guerra com sequelas que o esporte foi introduzido na realidade das pessoas com deficiência. Em 1943, o Governo Britânico indicou o neurologista alemão de origem judia, Ludwig Guttmann, para chefiar o Centro Nacional de Traumatismos, na cidade de Stoke Mandeville, na Inglaterra. Sua principal missão foi a reabilitação de soldados que serviram na Segunda Guerra Mundial. Guttmann uniu trabalho e esporte na reabilitação de deficientes físicos em uma época onde não havia grande esforço na recuperação e no tratamento destas pessoas; suas vidas eram consideradas curtas e de má qualidade. Tendo êxito em sua filosofia, o neurologista promoveu o primeiro evento esportivo exclusivo para deficientes, em 28 de julho de 1948, dia em que iniciaram-se os Jogos Olímpicos de Londres. Em 1952, o evento tornou-se internacional, e, em 1960, ocorreu pela primeira vez fora do Reino Unido. Em setembro deste ano, o Brasil foi o anfitrião do XV Jogos Paralímpicos de Verão. De acordo com o fisioterapeuta Elenilton Correia de Souza, a prática paradesportiva é uma opção no processo de reabilitação das pessoas com deficiência, trazendo para a vida do paratleta inúmeros benefícios. “Tais benefícios, no âmbito da saúde física, podem ser em relação ao aperfeiçoamento da mobilidade articular, consciência corporal, equilíbrio neuromuscular, controle corporal, melhoria na realização dos movimentos corporais globais e específicos, além de poder através de diversos métodos de treinamento, estimular e/ou desenvolver variáveis de capacidade funcional, como por exemplo: a força, velocidade, agilidade, potência e resistência”, explica Souza.
Além disso, de acordo com ele, o paradesporto abarca benefícios além da saúde física, já que o mesmo pode proporcionar o aumento da qualidade de vida, saúde mental, participação e inclusão social. Segundo o fisioterapeuta, é de suma importância que, como em qualquer outra atividade, “os indivíduos que são adeptos a alguma modalidade paradesportiva sigam as orientações passadas pelos profissionais de saúde a fim de evitar alguns tipos de lesões musculoesqueléticas prevalentes em determinados tipos de esportes, sejam eles individuais ou coletivos. Essas recomendações variam desde um trabalho preventivo até a prática propriamente dita”. Ele destaca cuidados a serem tomados pelas pessoas com deficiência na seleção do esporte: escolher adequadamente as atividades esportivas respeitando as condições individuais de saúde de cada paratleta, ser acompanhado por profissionais da saúde, preparar o corpo e observar se está em boas condições o espaço físico onde será praticada a modalidade paradesportiva. Os benefícios na visão dos paratletas “O esporte entrou em minha vida como forma de reabilitação”, explica Maria Gilda Santos, 41 anos, referência no esporte adaptado sergipano. Com um ano e meio, a paratleta, que estuda para se tornar educadora física, sofreu paralisia infantil, que afetou sua perna direita, coluna e quadril. Também conhecida como poliomielite, a paralisia infantil é uma doença infectocontagiosa viral aguda, causada pelo poliovírus. Gilda conheceu os esportes quando nem as medicações, nem a fisioterapia e nem a acupuntura surtiam mais efeito em seu quadro clínico. “Eu fui apresentada a dois profissionais, um
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educador físico e um fisioterapeuta, que estavam criando um projeto chamado Vida Ativa, onde eles reabilitavam pessoas com deficiência através da prática esportiva”, conta a paratleta. Iniciou-se na prática esportiva com a natação, através da hidroterapia, e com o basquete em cadeira de rodas. “Eu comecei a pegar gosto, as dores começaram a sumir e o condicionamento físico que as duas modalidades me davam começou a surtir efeito no meu corpo, estabilizando meu quadro clínico. Comecei a competir e saí da condição de paciente e passei a ser paratleta. São 22 anos de esporte”, enfatiza com entusiasmo. Mas ela não parou por aí: além da natação e do basquete em cadeira de rodas, praticou o arremesso de peso, lançamento de disco, paratletismo, provas de rua (de 10 e 21 km) e circuito fechado (provas de 100, 200 e 400 m). Com o ingresso na Universidade Federal de Sergipe há três anos, a paratleta conheceu o Projeto Paradesportivo de Sergipe. Nele, Gilda descobriu um novo amor: o parabadminton. Além de praticar o esporte, hoje ela também está à frente como bolsista e treinadora. O parabadminton entrou no projeto como modo de reabilitação funcional. “Eu estou reproduzindo, sem planejar, o que um dia serviu para mim. Ele, dentre todas as modalidades que eu conheço, é um dos que mais trabalha a coordenação motora fina”, comenta a universitária. A tendência de quem tem qualquer deficiência, segundo a estudante de Educação Física, é atrofiar. De acordo com ela, aprender a lidar com a deficiência é um passo importante na reabilitação. O paradesporto colabora, portanto, com a reinserção da pessoa com deficiência na sociedade, e ajuda na sua vida pessoal, no seu dia-a-dia, na sua locomoção e na sua independência, a fim de que tenha uma velhice tranquila. “Você sabe o que é acordar por conta de dor e, de repente, poder ter uma noite de sono tranquila? Acordar com um cansaço gostoso e no outro dia estar pronta? Foi isso que o esporte me fez”, enfatiza a estudante. Os benefícios são significativos e visíveis, especialmente na qualidade de vida dos paratletas, segundo a paradesportista. “O parabadminton, por exemplo, trabalha a coordenação motora fina, o cognitivo, a agilidade, a coordenação, no geral, e nesse meio tempo dá autonomia para os eles”, ela avalia. Maria Gilda ingressou na Universidade Federal de Sergipe com 38 anos, no curso de Educação Física, tendo passado muitos anos afastada da sala de aula. “Passei de primeira, sem usar a Lei de Cotas, e um professor sempre me deixava assistindo as aulas porque eles não sabiam trabalhar comigo. Quando eu me lembrei dos incentivos dos dois profissionais, que eu poderia me dar bem nessa área que eu tanto gostava, e eu lembrava que eu apenas assistia às aulas, eu falei para mim mesma que estava na hora de inverter isso”, relembra. Ela rejeita a ideia de “deficiente coitadinho” e sente-se grata aos profissionais que acreditaram no seu potencial. E seu potencial e esforço a levaram longe: foi convocada duas vezes para a Seleção Brasileira de Parabadminton. Participou do mundial na Inglaterra e do campeonato internacional no Peru, onde conquistou duas medalhas para o país. “É algo surreal você ser convidada para a seleção brasileira aos 40 anos. O parabadminton também faz isso. A idade não influencia tanto porque o risco de lesão existe, mas ainda é menor do que nos outros esportes de contato. Todo o trabalho que temos feito de reabilitação tem melhorado o condicionamento e evitado essas lesões”, lembra a paradesportista. Sobre as condições de Sergipe quanto ao paradesporto, a paratleta lembra que foi embora do estado em busca de tratamento porque desconhecia trabalhos voltados para o esporte adaptado em sua terra. Quando retornou a Sergipe, há seis anos, encontrou um quadro diferente. “Não somos o melhor estado do país nesse quesito, mas eu acredito muito. O Projeto Paradesportivo de Sergipe é o exemplo. Isso é uma crescente. As coisas estão começando a surgir. Faltam profissionais ca-
pacitados para trabalhar com a gente, mas a boa vontade está prevalecendo”, avalia a universitária. Aloísio Alves Nunes, presidente do Centro Interativo de Esportes Paratletas (CIEP), sofreu poliomielite nos membros inferiores quando criança. Para ele, as pessoas costumam praticar esporte quando estão mais velhas porque querem viver mais, mas ele já carregava o perfil de atleta desde os tempos de escola. “O esporte é uma coisa maravilhosa e é muito significativo para mim. Para minha saúde ele é 10, para meu psicológico ele é 1000”, afirma o paratleta. A natação foi recomendação do seu ortopedista, mas Aloísio conheceu e se encantou por outras modalidades, entre elas o tênis de mesa e o vôlei sentado. Questionado se as lesões provenientes do esforço e da prática esportiva valem a pena, Aloísio explica que as lesões causadas só são físicas, porque o paradesporto ajuda de uma forma imensurável o psicológico. Esses benefícios, segundo ele, superam qualquer lesão que eles possam vim a ter. O paradesporto em Sergipe O referido estado possui pouco incentivo para o paradesporto. Entretanto, alguns projetos conseguem sobreviver em meio a essas dificuldades. A seguir, confira duas iniciativas que vêm contribuindo com o desenvolvimento do esporte adaptado em Sergipe: Projeto Paradesportivo de Sergipe (PPS) Fundado pelo professor do curso de Educação Física da Universidade Federal de Sergipe, Marcelo Haiachi, o Projeto Paradesportivo de Sergipe surgiu há cerca de cinco anos com o objetivo de oferecer modalidades paralímpicas para as pessoas com deficiência de uma forma geral, tanto os de deficiência física como de deficiência intelectual, adquiridos ou congênitos. O projeto de extensão, coordenado pelo professor Ailton Oliveira, foi financiado pelo Ministério do Esporte em cerca de R$ 900 mil. Atualmente, atende certa de 25 paratletas, trabalhando na melhoria da qualidade de vida deles. O projeto funciona quatro dias na semana e atende tanto a comunidade acadêmica quanto a comunidade externa. A verba foi investida na compra de aproximadamente 25 cadeiras de rodas, material para bocha, tênis de mesa e parabadminton. “Compramos os equipamentos, fizemos oficinas, mas efetivamente, por falta de estrutura, de profissionais e de bolsas, nós trabalhamos apenas o handebol em cadeira de rodas,
parabadminton e o tênis de mesa”, justifica Ailton. De acordo com o coordenador, as práticas esportivas e as relações sociais estabelecidas contribuem para os processos de desenvolvimento psicossociais, ou seja, gera autoconfiança, autoestima, estímulo e motivação. O PPS tem, portanto, um importante legado social. “É muito gratificante ouvir um aluno comentar que vivia deprimido, que não saia para lugar nenhum, e que o contato com o projeto mudou completamente a vida dele”, comenta o coordenador. O professor lembra que nenhum dos participantes, neste momento ou durante esses últimos três anos, está fazendo acompanhamento fisioterápico. “A única atividade motora de forma sistematizada é a atividade esportiva. Para eles, é bem claro o valor do projeto que gerou uma mudança radical na vida deles”, finaliza o discente. Centro Interativo de Esportes Paratletas (CIEP) Um grande paratleta sergipano faleceu em 2012, mas seu empenho com o paradesporto ainda ecoa no estado. Paratleta do basquete em cadeira de rodas, Josivaldo Bezerra, mais conhecido como Diel, foi o fundador do Centro Interativo de Esportes Paratletas (CIEP), que tem como finalidade a promoção da reintegração de pessoas com deficiência à sociedade através da prática esportiva e o desenvolvimento do paradesporto em Sergipe. A ONG encontra diversas dificuldades para continuar funcionando. Segundo Aloísio Alves Neto, atual presidente da instituição, a falta de incentivo é um dos principais obstáculos para a vivência do paradesporto no estado e a para a continuidade do CIEP. “Uma instituição para funcionar precisa de uma receita, mínima que seja. O CIEP não tem nada: não tem uma receita, não tem um incentivo. O Estado de Sergipe é morto, ele não existe para o paradesporto”, aponta Alves Neto. Sobre o que precisa ser feito para mudar a realidade dos paratletas no estado, ele argumenta que, primeiramente, a iniciativa deve vim da consciência de cada paratleta, o qual, na sua visão, deve se impor mais e buscar mais. “Mas eles acabam se acomodando com a deficiência. A sociedade os trata como coitadinhos e eles acham isso legal. Quando você se impõe para a sociedade, ela te olha de outro jeito. Segundo, como nós estamos num país político, tudo aqui é na base da política. Enquanto o Estado de Sergipe não tiver um deficiente atleta ocupando uma cadeira política, ele não vai ter nada. Ele vai ser um mero pedinte”, acrescenta Aloísio Alves Neto.
Foto: Grace Araújo de Carvalho
Maria Gilda dos Santos viu sua vida se transformar através do esporte
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Jogos da Primavera sociabiliza Legado das competições tem nomes como Duda Lisboa, do vôlei de praia, e Breno Moraes, do ciclismo, como lhar o mesmo caminho.
Alunos do Colégio de Aplicação da UFS se preparando para a competição Maior evento de desporto escolar em Sergipe, os Jogos da Primavera 2016 tiveram início no dia 22 deste mês com os esportes coletivos da sua 33ª edição, que tem como novidade atrair a participação de jovens menores de 12 anos em modalidades como ginástica rítmica e ginástica artística. Os Jogos são divididos em duas categorias: ‘A’ que conta com a participação dos alunos de 12 a 14 anos e ‘B’, que é destinada aos estudantes na idade de 15 a 17 anos. Com a relevância de quem já foi palco para atletas importantes no cenário nacional como Duda Lisboa, campeã do Sul-Americano de vôlei de praia deste ano, e Breno Moraes, ouro na terceira etapa da 36ª Volta Ciclista da Juventude, realizada no Uruguai, os Jogos representam muito além da prática de esporte. No que diz respeito ao surgimento de novos atletas, as competições prometem também não deixar a desejar.
pratiquem a atividade física e o esporte”, complementa. Sobre o maior objetivo na realização dos Jogos, o professor diz que está em dar oportunidade aos estudantes, principalmente os da rede pública de ensino, não só estadual, como também as redes municipais.
Gladston Lisboa de Menezes, 52 anos, professor e técnico do Departamento de Educação Física da Secretaria de Estado da Educação (SEED), Presidente da Comissão Técnica Administrativa e Esportiva (CTAE) e Vice-Presidente do Comitê Organizador Estadual (COE), vê os Jogos como importante instrumento pedagógico: “O objetivo maior é dar essa oportunidade aos estudantes de verem na prática esportiva um algo a mais no processo educacional. A gente vê o esporte na escola como um elemento de incremento”, afirma.
Para além da performance, o esporte se mostra eficaz em diversas outras vertentes que não se limitam ao simples ato de vencer ou perder. O desempenho e os resultados, bem como as medalhas, significam apenas uma parte do retorno proporcionado pelas atividades: “Sobretudo, na questão de cooperar e lidar com desafios, resolução de problemas, tudo isso o esporte proporciona de forma bastante lúdica e percebemos que, no futuro, quem se envolve consegue nas suas atividades profissionais do wdia-a-dia lidar com muito menos constrangimentos, dificuldades, com mais vivacidade”, ressalta Gladston. O desenvolvimento do hábito saudável é outro fator que vai muito além do esporte: “Hoje encontramos jovens de 30 anos, ou até menos, com problemas de pressão alta, pré-diabéticos e é muito cedo para que isso esteja acontecendo. Procuramos fomentar não só pela prática do esporte, como também ressaltar a importância das aulas de educação física. Que as pessoas vejam isso como importante, tanto nesse aspecto da saúde como no da educação e da socialização que ocorrem nessas aulas”, alerta.
Além disso, o professor vê no papel social um ponto crucial para a realização dos Jogos: “Favorece a socialização, a cooperação, e dele também temos os olhos voltados para os talentos. O pano de fundo é dar integração e criar o hábito da atividade física para que esses meninos continuem mesmo os que não sejam campeões, representantes do estado, mas
Perguntado sobre os desafios e dificuldades à frente da realização dos Jogos, Gladston aponta a necessidade de dar condições para uma participação de excelência por parte dos professores e alunos apesar dos contratempos que são enfrentados: “A gente briga muito principalmente nesta fase agora com as intempéries, tivemos que adiar as competições de atle-
Créditos: Ascom UFS
tismo por duas vezes por conta da pista ser de barro. A Universidade (UFS) tem uma pista nova, mas ainda não foi entregue, então não conseguimos utilizá-la. A organização e a dinâmica para que as coisas aconteçam em tempo hábil são os grandes desafios”, diz o professor. JOIA DAS PISCINAS O jovem nadador Manoel Messias Santos Neto, 14 anos, tem propriedade para falar dos Jogos. Defendendo o Colégio Bom Pastor, sagrou-se campeão nos 50m e 100m borboleta, 200m livre, revezamento 4x50m livre masculino, revezamento 4x50m medley misto e revezamento 4x50m medley masculino, totalizando seis medalhas de ouro. De quebra, o atleta se encontra na Quarta Etapa do Campeonato Sergipano, restando apenas mais uma. Sobre suas expectativas acerca dos Jogos Escolares da Juventude, Manoel é otimista: “São muito boas, principalmente nas provas de minha maior habilidade: os 50m e os 100m borboleta”, afirma. Para além do aspecto esportivo, ele avalia a importância dos Jogos na sua formação educacional, social e na saúde: “A natação para mim é tudo. Ela me dá disciplina e qualidade de vida como características importantes para minha formação intelectual”, diz o garoto, lembrando que essa é a sua terceira participação nos Jogos Escolares da Juventude. Nos Jogos anteriores, devido à pouca idade, competiu com garotos mais velhos e com qualidade técnica muito superior, segundo ele. “Qualidades essas que hoje me fazem forte candidato ao pódio”, explica esperançoso. Nos Jogos da Primavera anteriores, obteve excelentes participações, se classificando também em 1º lugar nas provas dos 100m e 50m borboleta e 200m livre. Ele diz que a maior
EDUCAÇÃO17 jovens e projeta novos talentos
Ullisses Machado ullisses_dias@hotmail.com
exemplos de desenvolvimento proporcionado pelo esporte. Jovem nadador Manoel Messias Neto busca tri-
dificuldade em relação à preparação e à disputa dos Jogos da Primavera é a falta de incentivo ao desporto escolar: “Faltam competições em âmbito escolar, não só em nível local, mas regionais também”, aponta. Dos Jogos da Primavera e da prática de esporte, Manoel pretende levar a amizade, o companheirismo e a integração para a sua vida. Seu sonho? “Ser medalhista olímpico e mundial”, não titubeia. Sua referência não poderia ser diferente: “Michael Phelps. Porque ele se tornou reconhecido no esporte que ele gosta pela sua dedicação e esforço”, afirma o garoto sem pensar duas vezes. PROJETO PROMISSOR Idealizado em 2013 a partir de ideia do então estudante de bacharelado em Educação Física Felipe de Souza Brito e desenvolvido pela professora Mariza Alves Guimarães, 37 anos, formada pela UFS, especializada em Educação Física Escolar pela UNIT e recém mestre em História da Educação pelo NPGED (Programa de Pós-Graduação em Educação) da UFS, a escolinha de basquetebol do Colégio de Aplicação possui pouco mais de três anos. A iniciativa era um projeto de ensino direcionado aos alunos do Colégio de Aplicação (CODAP), porém com alguns meses houveram pais de escolas públicas indo à escola pedindo para que seus filhos pudessem frequentá-lo. Devido a essa demanda, a escolinha foi transformada em projeto de extensão e é hoje frequentada também por alunos
Nadador Manoel Messias exibe medalhas conquistadas
de escola pública. Não é feita seleção de alunos. O trabalho é divulgado em todas as turmas da escola e qualquer aluno que tenha interesse em aprender pode frequentar as aulas. “Desenvolvemos um trabalho que obtém resultados a longo prazo. Hoje, temos mais de três anos de escolinha. Em relação ao jogos escolares, este ano é a nossa terceira participação nos Jogos da Primavera”, diz a professora. Sobre a primeira participação do Colégio nos Jogos da Primavera, em 2014, Mariza diz que perderam todas as partidas, mas que todos saíram satisfeitos com o aprendido pelos alunos e com o que foi mostrado durante os Jogos. No segundo ano, em 2015, ficaram em 3º lugar. Este ano, participaram de duas competições: os Jogos Sub-17 da Federação Sergipana de Basquetebol, onde terminaram em 3º lugar, e nos Jogos Escolares TV Sergipe 2016, quando disputaram a final, conquistando a 2º posição. “Durante este ano, percebemos que quando organizamos uma escolinha esportiva e trabalhamos toda a base de conhecimento, podemos ter bons resultados e o mais importante: não precisamos selecionar e excluir alunos interessados em aprender. Como queremos resultados a longo prazo, todos podem aprender e contribuir”, afirma a coordenadora.
bol. Neste ano, ainda tiveram um aluno que concorreu a melhor jogador nos Jogos Escolares TV Sergipe, além de dois convocados para a Seleção Sergipana de Basquete (em 2015, tiveram um). Em 2016, os treinos começaram no início do ano: “Organizamos nossos treinos tendo como foco principal os Jogos da Primavera. Os meninos treinam dois dias por semana, exceto em semana de provas, quando não há. A todo momento acompanhamos o desempenho e comportamento dos alunos na escola. Queremos bons alunos e bons atletas”, lembra Mariza. Neste ano, quem assumiu as aulas foi Felipe, que é professor voluntário, para que a coordenadora terminasse seu mestrado. “O que ficamos felizes é que com três anos de nossa escolinha, temos uma equipe capaz de disputar de igual para igual com qualquer equipe. Trabalhamos sempre com o esporte educacional, seus princípios e com o projeto de educação que o Colégio de Aplicação busca ofertar. O esporte não precisa excluir para ter bons resultados. Podem demorar a aparecer, mas aparecem”, conclui a professora, cheia de orgulho.
Mariza faz questão de mostrar satisfação com o projeto, apontando que fazem do CODAP a única escola pública que vem participando de competições escolares com o basquete-
Créditos: Arquivo Pessoal
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PERFIL Mexer o corpo sempre foi com ele Por: John Soares johnsoaresjornalismo@gmail.com
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É som de rosa, é de viado, e quando toca, Hugo não fica parado!”. Essa foi a música que ele ouviu durante muito tempo na escola. O autor da paródia? Um garoto da sua turma. Qual era sua intenção? Humilhar. Foi tanta humilhação, que um dia ele não conseguiu suportar e recorreu à coordenação da escola. Nada adiantou, ele continuou sofrendobullying. Os professores? Uns faziam pouco caso, outra até o perseguiu; sempre foi tratado com um descaso absurdo. Mas por quê? O que ele fazia para merecer? Essas respostas nunca foram encontradas. Ele era apenas uma criança que gostava de estudar, um dos melhores alunos da turma. Apesar de todos os episódios de humilhação, ele faz questão de ressaltar que conseguia manter a média sempre no lugar mais alto do pódio. Era medalha de ouro! Vinte e dois anos, estudante de Engenharia de Petróleo, Hugo Rezende consegue falar hoje, com tranquilidade, de todos os episódios sofridos no passado. Relata que sempre foi uma criança gordinha, mas que tinha muita pré-disposição para o esporte.Aliás, não só para o esporte, mas para qualquer atividade que envolvesse o movimento corporal. “Dançar era comigo mesmo”, diz. Mas, desde pequeno, ele lembra que já era notável a sua admiração pela ginástica artística.Se encantava também pela rítmica, mas esse esporte é exclusivamente feminino. No colégio em que estudava, a prática esportiva não era incentivada. Existiam poucas opções de esporte e era cobrada uma taxa extra na mensalidade. O único esporte oferecido gratuitamente pela escola eram as aulas de educação física e Hugo faz questão de ressaltar que não praticava com frequência.Ele não se dava bem com garotos, preferia andar com as meninas, isso já era mais um motivo para ser piada na escola. Ele sofreu do bullying verbal ao físico, das diversas formas possíveis. Inclusive, diz que tem até alguns bem vivos na minha memória, afinal, esses episódios não só ficam em nossa memória, nos ferem a alma. Na época, não existia esse termo (bullying) e muito menos se tentava combater essa prática. É sofrer sem saber por quê, chorar e ninguém te ouvir, falar sem ninguém te entender. Na escola, um menino o odiava.“Ele era um dos que tinha inveja da minha inteligência” (RISOS). Entre as péssimas lembranças que tem, as agressões são as que mais marcaram e elas era sem nenhum motivo cabível. “Muitas das vezes em que me batiam, meu irmão que estudava na mesma escola que eu, vinha me proteger”, lembra. O primeiro contato com o a ginástica aconteceu quando ele tinha sete anos.Tudo começou graças a sua mãe que é exatleta da modalidade, que conhecia um professor e começou a leva-lo para as aulas. “Posso dizer que foram os dias mais felizes da minha vida, era o meu momento”. Porém, para a sua tristeza, poucos meses depois, sua mãe parou de leva-lo aos treinos. Houve um longo hiato até que Hugo voltasse a ter contato com o esporte que tanto amava. Só aos 16 anos, ele decidiu voltar a treinar por conta própria, após assistir um Pan-americano Juvenil de Ginástica Artística, sediado em Aracaju. Curioso e apaixonado, Hugo sempre pedia para que sua mãe ensinasse alguns movimentos. “Eu via seus álbuns de fotografia, ela fazendo alguns movimentos, via as medalhas dela, as quais tenho até hoje pendurada na cabeceira da minha cama. Ela era minha inspiração”, conta. Tudo parecia estar indo bem, mas sua sexualidade começou a despertar curiosidade, afinal, a descoberta do corpo e todos os conflitos começam na adolescência. Seu processo de aceitação como homossexual começou por volta dos 17 anos. “Não vou dizer que consegui me aceitar de um dia para o outro; levou anos. Foi um processo bem lento”. Quando a mãe descobriu sua sexualidade, a vida de Hugo começou a tomar rumos diferentes daqueles em que estava acostumado.
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Fotos por John Soares
“Depois de um bombardeio de palavras e de deixar claro que ela era completamente contra e que eu pre-cisava de um psicólogo para me curar, eu apenas consenti e falei que ela me levasse então para um profis-sional. Eu achava que estava tudo sob controle. Mas, eu nem percebi que comecei a entrar em depressão. Toda a força que tive ao sofrer bullying na escola e não me deixar abalar, eu não tive ao ouvir minha própria mãe falando aquelas coisas para mim”. Todo o preconceito que surgiu dentro de casa, começou a ter efeitos direto na vida de Hugo. Ele conta que perdeu a vontade de ir para a universidade, seu quarto vivia uma bagunça, não tinha mais a disposição para acordar cedo. Depois que se assumiu homossexual, as coisas em casa começaram a desandar. A preferência da mãe pelo meu irmão era visível, abalando ainda mais o seu emocional.Uma das únicas coi-sas que o mantinha de pé era a ginástica. “Era nos treinos que eu conseguia me esquecer dos problemas”, afirma Hugo. Ele lembra ainda que sua mãe o tirou da ginástica por um tempo por puro preconceito, coisa que ele só veio a entender quando adulto. Com problemas em casa e sua vida atribulada por conta das obrigações com os estudos, Hugo teve que deixar os treinos da ginástica, pois não conseguia mais conciliá-los com sua rotina. “As coisas começaram a ficar bem corridas e, no final do ano de 2014, eu larguei a ginástica”, lembra. Seu sonho era ser um atleta de alto nível, porém depois de grande ele sabia que isso não seria mais possível, já que para chegar ao patamar dos seus ídolos Arthur Nory e Flávia Saraiva, ele deveria treinar desde criança, mas com os percalços da vida, isso não foi possível. “Tive meu sonho interrompido pela minha mãe. Mas, o pouco que pude viver de experiências do Esporte foi muito gratificante. Fui uma vez campeão Sergipano, no ano de 2013, e no ano de 2014 fui campeão no Torneio Nacional na categoria que competi”, comenta.
Incentivo ao esporte Sancionada em 2006, a Lei de Incentivo ao Esporte, estimula pessoas e empresas a patrocinar e fazer doações para projetos esportivos a parade sportivos em troca de incentivos fiscais. Em 2015, a Comissão de Atletas Panamericanos e Atleta Olímpicos divulgou nota oficial sobre a neces sidade de recursos para o setor. Hugo já sentiu na pele a falta de patrocínio para a prática da ginástica no estado, onde segundo ele, não é valorizado “A realidade aqui em Aracaju para qualquer esporte já é bem difícil, ima-gina para a Ginástica Artística, que é um esporte que na cidade não tem visibilidade nenhuma. Ele lembra também que sua equipe já deixou de viajar para uma competição por falta de patrocínio. Sobre o atual momento da Ginástica Artística no Brasil, Hugo enxerga o futuro do esporte com bons olhos. “É muito gratificante ver que outros es portes estão crescendo no Brasil, e ver a Ginástica Artística despontando é ainda mais gratificante. Tenho muito orgulho desse esporte, e muito amor por ele”, finaliza.
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Professores discutem mídia no ensino de Educação Física Por: Iris Brito Lopes irisbritolopes@gmail.com
Modelo de ensino faz parte das ações do Laboratório e Observatório da mídia esportiva (Labomídia)
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insatisfação com o conteúdo dos meios de comunicação de massa ou o desejo de criar as próprias narrativas é o que move as construções independentes - jornalísticas ou não. É com linguagem e estilo próprios que Emely Araújo e Ewerlaine Evany, ambas com 16 anos, constroem o jornal mensal impresso “Fala, garoto!” do Colégio Estadual Dr. Carlos Firpo, no município Barra dos Coqueiros, onde cursam o 2º ano do Ensino Médio. Na biblioteca, sem acesso para todos os estudantes por conta da ausência de um profissional responsável pelo espaço, elas discutem com bastante propriedade as pautas da edição de agosto, que já tem tema definido: as Olímpiadas 2016. Bastante dedicadas, Emely e Ewerlaine preparam a edição de agosto do jornal “Falar, garoto!” na biblioteca do colégio. Foto: Iris Brito Lopes. O assunto lembra o surgimento do periódico, em 2014, no fervor da Copa do Mundo no Brasil, quando Sérgio Dorenski, professor do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e membro do Laboratório e Observatório da Mídia Esportiva (Labomídia), iniciou o projeto de pesquisa e extensão sobre mídia-educação com a turma do 9º ano do Ensino Fundamental. Com bastante descontração, Dorenski reproduz o tradicional gesto comemorativo do jogador português Cristiano Ronaldo ao fazer um gol e indaga: “Sacou, né?”. Foi essa a demonstração que antecedeu a pergunta: “E jogador do Confiança, vocês conhecem algum?” feita aos alunos para iniciar a discussão sobre a cobertura midiática esportiva. O silêncio disse muito.
os pares também a impulsiona. “A gente é importante na escola”, diz em meio a muitos risos cheios de sinceridade. A sensação de dever cumprido também contempla Elaine, graduanda em Licenciatura em Educação Física pela UFS e bolsista do projeto. “A discussão instigou os alunos a terem um olhar mais crítico, não só sobre esporte, mas sobre outros temas e sobre a própria escola. Eles passaram a se perguntar o porquê de o Carlos Firpo não ter uma quadra, por exemplo”. Sem professor de Educação Física desde o retorno das aulas, no dia 23 de agosto, e sem previsão de contratação, as meninas agora se desafiam a encontrar sucessores para tocar o jornal, já que seus planos para o futuro são outros: ano que vem elas já prestam vestibular para ingressar no ensino superior. Emely no Jornalismo e Ewerlaine na Arquitetura, informação que coincide com o brilho no olhar quando falam das futuras profissões. “Aqui tem um banner nosso!”, posam orgulhosas do trabalho. Foto: Iris Brito Lopes.
“Isso [o reconhecimento de um jogador em detrimento de outro] é um processo de formação que paira no sujeito e acarreta no volume de informação e a gente acaba naturalizando”, afirma. Por isso, a abordagem sobre mídia no ensino escolar não só é possível, como pode transformar o cotidiano escolar. “A mídia é transversal, perpassa por diversos campos, entre eles a Educação Física. O esporte é um fenômeno que está muito próximo dos meios de comunicação”, completa.
O Labomídia
Dali em diante, as aulas de Educação Física ministradas pelo então professor e diretor André Quaranta, também membro do Labomídia, movimentaram o colégio que foi um dos primeiros do Brasil contemplados com o Programa Um Computador Por Aluno (ProUCA), do Governo Federal – com os computadores até hoje encaixotados – e que ainda não possui uma quadra poliesportiva.
Tendo como pano de fundo a teoria crítica desenvolvida pelos teóricos da Escola de Frankfurt, o grupo de estudos iniciado na UFSC tornou-se também laboratório para produção de conteúdos e espalhou-se por outras universidades do país. Nos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Paraná os grupos vinculados ao Labomídia realizam pesquisas em vários eixos.
A fase seguinte à análise foi de experimentação. “A gente entrava na sala, ficava com a turma, colocava a câmera nas mãos deles [dos estudantes]”, conta Doresnki. E o resultado foi positivo. Tanto é que Emely foi a primeira entusiasta da criação do jornal e vem tocando esse projeto com a parceria Ewerlaine, mesmo sem recursos ou local adequado. “Por que elas estão aí ainda mantendo esse jornal vivo? Num tempo em que as tecnologias digitais predominam, elas estão fazendo jornal impresso”, reflete Dorenski sobre os resultados do projeto. Para Emely, são a distração e o trabalho coletivo que as mantém produzindo. “Os alunos perguntam pelo jornal; os professores também!”, conta empolgada. Já Ewerlaine não esconde que o reconhecimento entre
A proposta de ensino desenvolvida no Carlos Firpo faz parte de um estudo bem anterior a ela. Desde 2003 que a relação mídia-educação é alvo de pesquisa do Labomídia. Inspirado no Observatório da Imprensa, de Alberto Dines, o observatório da mídia esportiva nasceu da inquietação dos pesquisadores com a ineficiência do jornalismo em contribuir para a cultura esportiva.
Na UFS, é numa sala do DEF que funciona o laboratório desde 2007, quando iniciaram as pesquisas sobre o jogos Pan-Americanos que aconteceram no mesmo ano. Desde então, sob comando de Sérgio Dorenki, o laboratório desenvolve pesquisas, projetos de extensão, lança livros e oferta a disciplina Mídia, Educação Física e Esporte. Não à toa, entre os dias 11 e 13 de agosto a UFS sediou pela terceira vez o Encontro Nacional de Observatório da Mídia Esportiva – em sua sexta edição -, como forma de compartilhamento das experiências em cada localidade. Apesar de discutir Comunicação de maneira profunda, o Labomídia não conta com profissionais ou graduandos da área. Segundo Doresnki, não é por falta de vontade. “É de nosso interesse ter estudantes de comunicação, há algum tempo venho estudando essa parceria”.
EDUCAÇÃO21 fotos: Iris Brito Lopes
Uma nova sala de aula Na escola ou na academia, as aulas somente expositivas sem diálogo com outros contextos não prendem a atenção dos estudantes. É tentando romper com o modelo de ensino tradicional que os professores do Labomídia arriscam experimentar o uso de novas tecnologias em sala de aula. “Me apavora a sala de aula asséptica, porque a vida não é assim. Você não fica quatro horas sentado olhando a nuca de alguém. A vida é muito mais ágil”, relata Márcio Romeu, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). “O aluno pergunta se a atividade pode ser feita em foto, vídeo e eu digo que sim. Ué, por que não?” Descolado, Romeu já experimentou um pouco de cada coisa em sala de aula. Até oficina de fanzine já foi dada. “Reconhecer os outros tipos de narrativas é compreender outros saberes a partir de algo que não é tão valorizado”, aposta. Faz parte da concepção de Romeu ressignificar o processo de aprendizagem usando os aspectos comunicacionais como facilitadores, apostando numa nova linguagem e interação dentro do ambiente escoar. “Trazer os meios para a sala de aula é qualificar a educação pedagógica”, enfatiza. O conceito não é novo. Vem da Europa a abordagem sobre mídia-educação e parte do pressuposto básico de que a educação precisa pensar a mídia, amparada pelo tripé “para”, “com” e “através” da mídia, que são construídos gradativamente. O primeiro passo é a análise crítica do conteúdo veiculado pelos meios de comunicação. Em seguida, é necessária a instrumentalização do professor e, por fim, que pode significar um recomeço, os sujeitos se tornarem produtores da mídia. O (des) serviço da mídia ao esporte Na opinião de Giovani Pires, um dos fundadores do Labomídia e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a cobertura midiática em nada contribui para a prática das modalidades esportivas. E não o faz porque não quer. “Não é interessante para a mídia que as pessoas pratiquem esportes. O que ela quer é audiência e isso ela consegue através da espetacularização dos eventos esportivos”, destaca. Diego Mendes, professor da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), em Minas Gerais, também faz muitas ressalvas à mídia esportiva brasileira. Para ele, os esportes são tratados como entretenimento e apenas as modalidades de alto rendimento são incentivadas, em detrimento de outros tipos de esportes, a exemplo do educacional e de lazer, além de outras abordagens como política e econômica. A respeito da cobertura das Olimpíadas 2016, Diego critica a espetacularização do megaevento, que não expõe os meandros da sua realização. Ficam de fora as histórias dos marginalizados pelos processos, como os que foram removidos de suas casas, os trabalhadores que foram mal remunerados, os atletas que não têm destaque olímpico. “Muito mais do que jornalismo, há uma publicização dos jogos no sentido de vendêlos. Ainda que o caos das Olímpiadas esteja evidente, a cobertura midiática fica muito na festividade”, critica.
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CIDADE
Grupos de “Pedal” incentivam a prática do ciclismo em Aracaju Por Jamile Oliveira jamsoliveira@hotmail.com
: Jamile Oliveira
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eja por necessidade, pelo prazer em pedalar ou pela saúde e qualidade de vida, o número de pessoas que optam pela bicicleta em seu dia-a-dia é crescente na cidade de Aracaju. A bike ou “magrela” deixa de ser vista apenas como meio de transporte movido a propulsão humana e passa a ser usada, com maior frequência, enquanto prática esportiva e opção de lazer. A infraestrutura cicloviária de Aracaju contribui muito para essa nova realidade. Considerada a primeira no ranking de cidades cicloamigas, em 2014, segundo a União dos Ciclistas do Brasil (UCB), Aracaju proporciona ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas, que contribuem para um cenário positivo e motivador aos ciclistas. Conta também com bicicletários em shoppings, supermercados, escolas e faculdades, além das bikes públicas, localizadas em pontos estratégicos, que estimulam tanto moradores quanto turistas a se locomoverem pela cidade no pedal. O aumento do número de carros, os longos engarrafamentos em horários de pico e as péssimas condições do transporte público, também estimulam as pessoas a buscarem novas formas de locomoção, economicamente mais viáveis e ecologicamente mais responsáveis. Contudo, a pouca iluminação, a insegurança e a falta de manutenção das ciclovias causam em muitas pessoas o receio de encarar o desafio que é começar a pedalar. Glauco Moura Santos, o Madruga, de 31 anos, mora no bairro Santo Antônio e pedala há quase 20 anos por toda a cidade. Desde a sua adolescência ia para a escola, no bairro vizinho, pedalando. Hoje, por uma questão política, usa a bicicleta como principal meio de locomoção. Ele adora pedalar, apesar dos problemas enfrentados nas ruas. “Nós ainda não temos uma estrutura tão eficiente, principalmente pra quem mora na zona norte, onde o fluxo de ciclistas é maior. Trabalhadores, estudantes e pessoas comuns escolhem a bike porque o custo é mais barato. Já a zona sul tem uma maior quantidade de ciclovias e é melhor para passear nos finais de semana. Mas, as pessoas que mais usam a bicicleta são as que moram na zona norte, onde temos mais problemas e menos estrutura”, relata.
Grupo Bike Mania se preparando para sair do mirante;
Bike Mania saindo do ponto de encontro no bairro Santo Antonio;
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The Bikers em parada na Orla de Atalaia;
Pedais em Grupo Aqueles que precisam de um estímulo a mais para começar, aí vai a dica: nada melhor do que pedalar e fazer novos amigos. Em Aracaju há dezenas de grupos de pedal para se juntar e rodar a cidade. Os mais antigos e conhecidos dos ciclistas são o Pedal Suado e o Aracaju Pedal Livre (APL) que completaram 10 anos de existência neste ano, mas outros grupos como o Vida de Bike, Bike Mania, Amigos do Pedal e The Bikers também podem ser vistos na noite aracajuana. A prática saudável destes grupos que promovem pedais noturnos tem se popularizado na capital, agregando pessoas de todas as idades. O principal ponto de encontro é o mirante no calçadão da Treze de Julho. São diversos grupos que pedalam em dias e horários diferentes, o que facilita para que todos possam pedalar. Alguns fazem passeios às terças e quintas e outros às segundas, quartas e sábados. Se dividem por níveis, modalidade e graus de experiência e fazem diferentes percursos, circulando por diversos bairros da cidade. Uma ótima forma de conhecer novos lugares e pessoas. Para participar é necessário ter uma bike em boas condições, além de utilizar equipamentos de segurança específicos como: faróis, piscas de sinalização, capacete e luvas. O grupo Bike Mania faz passeios de 25 a 30 km, com paradas para descanso na metade dos percursos. Às vezes o pedal é mais curto, ou seja, 15 km. Cerca de 60 ciclistas de idades variadas compõem esse grupo, guiados por monitores que auxiliam durante o pedal, alguns à frente para conduzir e sinalizar e outros atrás para acompanhar possíveis retardatários. Eles têm um ponto de encontro no bairro Santo Antônio, em frente à igreja Presbiteriana, onde moram a maior parte dos ciclistas, mas de lá vão até o mirante da Treze, onde acontece o grande encontro. Sempre pedalam no mesmo ritmo, esperando alguém se necessário, saindo juntos e voltando para o mesmo lugar. Por questão de segurança, os percursos são divulgados pouco antes de se encontrarem. Pedalam para Nossa Senhora do Socorro, Barra dos Coqueiros, Conjunto Eduardo Gomes, Jatobá, Orla de Atalaia, entre outros destinos, nos dias de segunda e quarta saindo às 19:30 horas e nos sábados às 16 horas. De acordo com um dos monitores do grupo, Eduardo Santos, pedalar em grupo gera mais segurança. “Há também a questão do apoio. É importante ter um apoio psicológico, alguém que chame e que diga “vamos seguir”, além do apoio para fazer reparos na rua. A questão social também é importante, conhecer pessoas, fazer novas amizades, formar experiências pra vida e tudo mais”, acrescenta o monitor. Paulo César dos Santos, fundador do Bike Mania que acaba de completar 7 meses, explica que o foco do grupo são os ciclistas iniciantes. “Começamos com o intuito de tirar as pessoas de casa, incentivar quem é sedentário. Quem antes não pedalava do mirante até o shopping hoje faz 25 km e temos pessoas de todas as idades. Aqui é só chegar e se divertir, somos todos amigos. O iniciante de hoje é o ciclista de amanhã”, brinca. Um dos grupos mais novos, o The Bikers, começou como vários outros, com pessoas comuns que já se conheciam e se juntaram por afinidade, mas novas pessoas são sempre bem-vindas. A energia boa, a possibilidade de fazer amigos, além de melhorar o físico e a mente são motivações para os ciclistas do grupo. Marcelo Fontes, de 40 anos, é quem guia o The Bikers
nas ruas. “Há um mês nos organizamos, mas já pedalávamos antes disso. Somos em média 30 pessoas e saímos da Alameda das Árvores, nos dias de segunda, quarta e sábado, mas a depender da vontade, pedalamos em outros dias da semana também. Saímos sempre às 20 horas. Gostamos de ir a Orla do Pôr-do-Sol, AABB, Jatobá... e o grupo é aberto pra quem quiser entrar nesse vício”, comunica.
O ciclismo de Estrada Indo além dos passeios urbanos, o ciclismo de estrada é um esporte em equipe que agrupa aqueles que gostam de um “longão” e treinam para competição, embora nem todos que participam tenham este objetivo. Os Zuadentos pedalam juntos há aproximadamente seis anos, nas segundas, quartas e sábados e competem pela Federação Sergipana de Ciclismo (FSC). Os passeios são de no mínimo 60 km, mas chegam a 200km! Eles também se encontram no calçadão da Treze e gostam de pedalar até o povoado Touro, próximo a Pirambu, mas também vão para Laranjeiras, Estância ou Canindé, e em alta velocidade. Suas bicicletas de “speed” têm o quadro feito em materiais leves e pneus finos para que o peso não ultrapasse 7 kg. O Daniel 45 Boy, participante do grupo, ganhou o apelido porque já começou a pedalar a 45km/h. “Comecei no pedal de Araújo, o antigo Pedal Suado, um dos melhores até hoje. Foi quando tudo começou aqui, a origem desse movimento de pedal surgiu com esse grupo há 10 anos atrás e eu já fazia parte. Agora somos os Zuadentos. Nosso objetivo é treino, alta performance. Nosso grupo é aberto, mas ter condicionamento físico e bom equipamento é necessário para acompanhar”, disse. Opções não faltam para quem quer usufruir dos benefícios de pedalar em bandos na cidade. Os grupos podem ser encontrados em redes sociais e nos pontos de encontro. É só chegar!
Zuadentos;
Glauco Moura
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CIDADE
RIO 2016: SAUDA
Alice Santos alicejor@outlook.com Flavio Ferreira flaviously@gmail.com
O
s Jogos Olímpicos Rio 2016 se firmaram como o maior acontecimento esportivo da história brasileira. Rodeado de dúvidas sobre a viabilidade de sua realização, o evento encheu os 465 atletas da delegação brasileira de pressão e responsabilidade. As expectativas foram recompensadas com sete medalhas de ouro, seis de prata e seis de bronze ao longo dos 16 dias de competição, além de momentos memoráveis que ficarão para sempre na memória dos amantes do esporte nacional. Além dos atletas, profissionais para preparação técnica dos competidores, segurança, árbitros, auxiliares e voluntários brasileiros desfrutaram da experiência de viver uma Olimpíada no Brasil. A equipe do Jornal Contexto conversou com alguns dos sergipanos que contribuíram com o maior evento esportivo do planeta. Luciano Vieira é presidente da Federação Sergipana de Luta Olímpica e Associadas (FSLOA) e participou da Rio 2016 como voluntário na luta olímpica. O instrutor de luta olímpica começou no esporte aos seis anos de idade e, em 1996, conquistou sua primeira faixa preta em judô. Em 2001, conseguiu a faixa preta em jiu-jitsu e não demorou para começar a Luciano Vieira, praticar a luta olímpica. Em presidente da Federa2013, assumiu a presidência ção Sergipana de Luta da recém-criada Federação Olímpica e Associadas Sergipana e já se preparava (FSLOA), participou para os jogos do Rio há um da Rio 2016 como ano e meio quando realizou voluntário na luta inscrição para voluntário. olímpica. A rotina de Luciano como voluntário começou no dia 15 e foi até o dia 20 de agosto, onde trabalhou dando suporte técnico ao treino dos atletas da luta olímpica. Na Vila Olímpica cuidava da água, gelo e suplementação disponibilizados pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), além da limpeza da Arena Carioca II. Costumava nem aproveitar os 15 minutos de descanso a cada duas horas de trabalho “porque estava na folia” com os outros voluntários. Luciano voltou com as marcas da Rio 2016 no corpo. Fez uma tatuagem no braço para marcar uma das experiências mais marcantes de sua trajetória como atleta e admirador do esporte. “Existem três coisas boas na minha vida: o nascimento do meu primeiro filho; do meu segundo filho e ter colaborado com as Olimpíadas mesmo sendo como voluntário, mas foi uma coisa única que ficou marcadapara o resto da minha vida”, diz orgulhoso. “E já estou me preparando para Tokyo 2020”, finaliza. Alisson Barbosa é estudante de educação física na Universidade Federal de Sergipe e viajou ao Rio para desenvolver atividades de auxiliar de arbitragem no atletismo, esporte que pratica desde 2009. Sua trajetória até o Rio se iniciou em 2014 após o campeonato sul-americano realizado em Sergipe, quando o diretor de arbitragem do campeonato elogiou seu trabalho e encaminhou seu nome para o Comitê Olímpico Internacional. Em dezembro de 2015 ele recebeu a carta-convite. O “Queniano sergipano”, como é apelidado, viajou na madrugada do dia 5 de agosto e chegou antes da grande ab-
ertura da Olimpíada. Ele ficou em um hotel perto do estádio onde trabalhou, o Engenhão, e como as provas do atletismo só começavam uma semana depois de sua chegada na cidade, o jovem conta que deu tempo de curtir muito. “Eu recebia diversos ingressos no meu e-mail. Tinha dias que eu chegava cansado de tanto jogo”. Quando as competições começaram, ele teve menos tempo livre, mas continuava se divertindo “porque eu via os atletas que conhecia e estava no esporte que amo”, afirma. Apesar de muito jovem, apenas 22 anos de idade, Alisson tem vasta experiência competindo e arbitrando campeonatos. Já participou de competições locais, regionais, nacionais e a sul-americana. A Olimpíada foi seu primeiro evento internacional, mas certamente não será o último. O atleta sonha em competir em Tokyo nos próximos jogos olímpicos, mas caso não dê certo ele vai continuar se especializando para repetir a dose como árbitro auxiliar, exatamente como recomendaram seus colegas da Confederação Brasileira de Atletismo. Alisson voltou do Rio dois dias depois do encerramento dos jogos, pois ainda tinha pontos turísticos da cidade para Alisson Barbosa, conhecer. Na mala trouxe estudante de educação lembrancinhas para os amifísica na Universidade gos sergipanos, esperanças Federal de Sergipe, para o futuro no esporte e participou da Rio uma lembrança emociona2016 como auxiliar de nte: “O que mais me marcou arbitragem no atlefoi quando eu entrei no estátismo. dio. Eu olhei para cima e vi aquelas luzes, vi aquelas pessoas e lembrei de toda a trajetória da minha vida. Como pessoa, como atleta, como árbitro, vi que era um sonho estar lá nas Olimpíadas e conquistei esse sonho”, declara. Tendo atuado como atleta por vários anos, Elisangêla Silva é
ADES E HISTÓRIAS
após as entrevistas e a acompanhei em todos os procedimentos. Aproveitei para tirar fotos, dar um forte abraço e os parabéns pela sua gloriosa conquista”, comenta. Antes de Tokyo, Elisangela quer vivenciar as emoções dos Jogos Paraolímpicos, onde também vai atuar como oficial técnico. “Espero desenvolver minhas atribuições com a mesma excelência que realizei nos Jogos Olímpicos e, dessa vez, com toque mais que especial, pois ficarei hospedada dentro da Vila Olímpica dos Atletas e vou poder conhecer o espaço construído para as estrelas da festa”, finaliza.
Sergipanos participam dos Jogos Olímpicos Rio 2016.
integrante da Confederação Brasileira de Judô (CBJ) onde atua como árbitra profissional. Ela se dedica ao esporte desde os 12 anos de idade e acumula títulos ao longo de sua trajetória em campeonatos aqui em Sergipe, pelo Brasil e nos EUA. Foi convidada para trabalhar nos Jogos em maio de 2015 pelo Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpico. Elisângela trabalhou como oficial técnico e ficou responsável pela pesagem das atletas femininas, controle de filmagens para retirar dúvidas da arbitragem; recepcionar as atletas medalhistas para levá-las ao vestiário (troca do kimono para o agasalho), setor Antidoping e direcioná-las até o local para aguardar o recebimento das medalhas. A sergipana destaca que a preparação para um evento desse porte vem em grande parte da experiência adquirida na vida, mas que também participou de treinamentos específícicos como o Evento Teste (Aquece Rio 2016), que ocorreu em março de 2016, na Arena onde foi realizada a modalidade do Judô nas olimpíadas. A profissional confessa que burlou um pouco a regra que sua função exigia. Ao mesmo tempo que precisava segurar a emoção no momento das competições, ver o primeiro ouro para o Brasil sair justamente em seu esporte do coração, pelas mãos de sua admirada judoca Elisangêla Rafaela Silva (ouro no judô na Silva é integrante categoria peso leve) tornou a da Confederação discrição uma tarefa impossível. Brasileira de Judô “Vivenciar aquele momento, en(CBJ), participou da ergia e toda vibração na Arena é Rio 2016 como algo que não consigo descrever, oficial técnico. pois só consegue viver aquela emoção quem está ali presente. Aguardei para recepcioná-la
Flávio Vasconcelos é agente e chefe de comunicação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Sergipe e viajou ao Rio de Janeiro para compor a equipe de comunicação social responsável pela divulgação das ações da PRF. A equipe era composta por 11 profissionais de comunicação que coordenavam os mais de 2000 agentes rodoviários federais durante o período que passaram por lá. “Foram 41 dias bem intensos, afinal de contas a rotina da cidade foi modificada por causa dos jogos. A mobilidade da cidade foi alterada e as pessoas entenderam isso. Tinha gente de todo o mundo presente, diferentes culturas para celebrar o espírito olímpico”, conta. O agente já tinha participado de outros megaeventos como o Pan de 2007, a Conferência Rio +20, em 2012, e a Jornada Mundial da Juventude, em 2013. Apesar do trabalho ostensivo que seu cargo de chefia exigia, Flávio conseguiu acompanhar as competições em dois momentos. Presenciou o recorde mundial da etíope AlmazAyana nos 10.000 metros e assistiu à partida de vôlei entre Estados Unidos e Itália realizada no Maracanãzinho. “Muitas vezes aquele que está coordenando, cuidando e participando do evento não tem noção enquanto cidadão, mas aí quando na posição de cidadão eu fui a um estádio, eu pude perceber a Flávio Vasconcelos, grandiosidade do agente e chefe de comuevento e a forma nicação da Polícia Rodoviária como ele foi bem Federal (PRF) em Sergipe, trabalho, bem estruparticipou da Rio 2016 como turado”. membro da equipe de comunicação social responsável pela Flávio conta divulgação das ações da que o momento PRF. mais especial de sua participação na Olimpíada aconteceu justamente em seu horário de trabalho. Responsável pela segurança da cerimônia de abertura, o profissional assistiu a todo o show diretamente do helicóptero do grupamento tático aéreo naquela noite de “céu de brigadeiro”. “É um privilégio para poucos e eu guardarei essa imagem. É algo que está muito forte ainda e acredito que vai ficar mesmo. Eu lembro muito bem da queima de fogos no Estádio. Eu estava assistindo aquilo do alto e a poucos metros de distância numa aeronave. São lembranças que ficarão para sempre”, finaliza.
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CIDADE OCUPANDO OS ESPAÇOS PÚBLICOS Mais do que um convite à prática esportiva, investir em recursos urbanos de lazer, nas mais diversas regiões, é garantir aos cidadãos o direito à cidade Por Alisson Castro alisson.ufs@gmail.com
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s realizações de grandes eventos esportivos sempre trazem consigo questionamentos em relação à aplicação do dinheiro público. Entretanto, o erário é investido nos espaços públicos durante todos os anos, tendo eles eventos ou não. A questão é observar onde esses investimentos são feitos e a quem eles favorecem. As obras que se propõem a disponibilizar áreas de esporte e lazer nas cidades precisam ser analisadas com o mesmo rigor que aquelas acusadas de serem “elefantes brancos” nos grandes eventos. O direito de utilização das qualidades e benefícios urbanos devem ser garantidos a toda a sociedade. A população tem direito ao lazer. Contudo, apenas uma parcela dela possui os meios necessários para usufruir plenamente desse direito. Um exemplo é a orla da Atalaia que apesar de ficar afastada de bairros mais populosos da capital, dispõe de uma boa aparelhagem para o esporte e lazer. “Observamos uma grande contradição no tocante à falácia da democratização dos espaços públicos, pois, nem todos podem visitar a orla. Nos demais bairros de Aracaju e cidades vizinhas como Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão, poucos são os investimentos feitos para tornar esses espaços dignos à prática esportiva e ao lazer”, afirma Sérgio Dorenski, professor da Universidade Federal de Sergipe e especialista em Espaço Público e Esporte.
O uso dos recursos esportivos contidos na orla de Aracaju fica quase que restrita aos moradores e turistas que frequentam aquele bairro da zona sul. Lucas Silveira, estudante, 19 anos, é um dos exemplos. Joga futebol nas quadras da orla nas terças e quintas-feiras, além de andar de skate ou bicicleta nos demais dias da semana. “Tenho sorte de morar aqui por perto, então, posso vir quase todos os dias”, comenta. No entanto, o privilégio não é compartilhado pela grande maioria da população aracajuana. Lígia dos Santos, 42 anos, é vendedora ambulante e mãe de três filhos. “Venho à orla nos dias de maior movimento. Acordo cedo, pois saio do Bugio (zona norte). Deixo os meus meninos mais novos com a irmã mais velha e venho trabalhar”. A comerciante diz que o local onde mora não chega, nem de perto, a ter a mesma estrutura para esporte e lazer que ela vê na orla. Além disso, não gosta que seus filhos utilizem a quadra próxima a sua casa por considerar o lugar perigoso. Ela também não costuma utilizar os espaços públicos de lazer. “Quase não tenho tempo, já faço muito exercício trabalhando”, brinca. Associar a prática esportiva somente ao exercício físico é um sintoma de quem não percebe que estão sendo subtraídas de si as opções de lazer. Parece uma realidade distante e realmente
é. Desta maneira, os equipamentos utilizados para o lazer devem ultrapassar a lógica mercadológica e estar associada ao direito do cidadão de usufruir da cidade. “Deve existir uma ação efetiva da gestão pública em devolver à sociedade aquilo que o capital tem apropriado do trabalhador e, com isso, democratizar efetivamente os espaços públicos para a prática esportiva”, explica Sérgio. O processo de democratização do espaço público e, consequentemente, do esporte na cidade é um processo fundamental para o surgimento do interesse esportivo e no futuro, quem sabe, de atletas que disputarão nos grandes eventos. Para que isso aconteça é preciso um planejamento de longo prazo para a alocação de recursos na área de esporte e lazer. “O primeiro passo é a criação de um plano administrativo para o desenvolvimento, reforma e criação de espaços públicos no Estado e em Aracaju. Este plano deve contar com a participação efetiva da comunidade para que ela se sinta beneficiada, mas também responsável pelas mudanças”, reitera. Desta maneira, os espaços públicos poderão ser utilizados pelos vários jovens como Lucas, mas também pelos filhos de Lígia que não precisarão deslocar-se de onde vivem para ter acesso a uma localidade esportiva de qualidade.
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POLÍTICA
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A falta de incentivo à Lei que devia incentivar o esporte Políticas públicas voltadas para o esporte são inexistentes no estado e atletas perdem oportunidades de crescimento Por: Ellen Cristina Moreira ellencristina.2@hotmail.com
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uem acha que ser atleta é fácil, esquece as horas diárias de treino, a força de vontade para ter uma alimentação balanceada e saudável, o transporte para chegar no local de treinamento, equipamentos do esporte e aquela boa descansada entre trabalhos e estudos. Isso tudo é feito, na maioria das vezes, sem um patrocínio ou algum incentivo externo ao esporte. A Secretaria Estadual de Turismo, do Esporte e do Lazer (Setesp) trabalha, com o apoio das federações olímpicas, paraolímpicas e não-olímpicas, com três Escolas de Esportes, em Aracaju, e uma no município de Malhador. As escolas, localizadas nos bairros Santa Maria, Santos Dumond e Industrial, possuem como modalidades, o futsal, o futebol de campo, muay thai, taekwondo e judô.
De acordo com o diretor geral da Setesp, Gilson Dória, as crianças entre 7 a 17 anos, recebem todo o apoio necessário para participar das atividades, desde que estejam matriculadas regularmente em alguma escola pública municipal ou estadual. Junto com a Secretaria da Educação, o estado disponibiliza instalações para eventos esportivos de forma gratuita, além da ajuda de custo que as seleções sergipanas recebem com ônibus e passagens áereas para eventos e campeonatos. A Setesp também possui campanhas contra a obesidade infantil, além de campanhas para a prática de esportes com um instrutor capacitado, junto ao conselho de Educação Física. Ministério do Esporte
los Rafael, de 18 anos. A base do boxe veio do projeto, o que deu a oportunidade de se tornar tricampeão brasileiro e campeão sul-americano. Classificou-se para a pré-seleção das Olímpiadas de 2016, contudo, por estar com problemas pessoais não pode participar da seleção. Atualmente, reside no Rio de Janeiro, pois as chances de patrocínios são melhores. Aqui no estado não conseguiu o bolsa atleta, mesmo com vitórias em 23 competições em países diferentes, pois não participou dos jogos que a prefeitura oferece. Todos os dias o presidente da federação dá aula na comunidade, e caso fique doente, não há ninguém para substituí-lo. O apoio que recebe do governo com o projeto é pouco. “Os dirigentes são “exterminadores do futuro”, de sonhos de crianças, pois oferecemos a base e, mesmo assim, não há o incentivo que eles merecem. O esporte sergipano é muito maltratado, principalmente o de alto rendimento”, declara. O treinador passou um ano afastado da federação e do projeto, chateado com a situação, mas retorna novamente à direção, além de organizador e coordenador. Ressalta que qualquer pessoa pode entrar no programa. Acha um absurdo a criança que quer aprender um esporte e não poder porque não está matriculado na escola. Eles recebem o aluno nos treinos, mas também convocam os pais e o conselho tutelar para juntos matricular a criança em um colégio. “O esporte é ferramenta de inclusão social, então não podemos e nem devemos afastar ninguém, ele transforma vidas”, instrui Valter.
Quando questionado sobre políticas de incentivo, o diretor geral esclarece que a secretaria ampara-se na Lei Federal de Incentivo ao Esporte - Lei 11.438/2006, através do Ministério do Esporte, e que o estado não possui políticas públicas de incentivo diretas.
Em 2014, foram deduzidos R$ 254,75 milhões em benefício do esporte, por meio da LIE e, aproximadamente, 515 mil pessoas foram beneficiadas de forma direta, segundo o Relatório de Gestão. Apenas 34% dos projetos apresentados foram rejeitados, pela falta da documentação mínima obrigatória. A metade dos projetos aceitos são destinados aos esportes de alto rendimento, com uma concentração nas regiões Sul e Sudeste. O valor autorizado pela Lei em Sergipe foi de R$ 33.160.646, porém somente R$ 8.974.400 foram captados. Campeã sem patrocínio A carateca Isabelle da Cunha Aragão, de 22 anos, suspira e sorri de canto quando pensa sobre o seu esporte. Entrou no karatê aos 11 anos de idade e ganhou sua primeira medalha, de prata, na faixa amarela, o que a animou e fez ter certeza que estava no esporte certo. No início era fácil, pois estudava no Colégio do Serviço Social da Indústria (Sesi) e todos os campeonatos que queria participar, a escola patrocinava. Mas aos 13 anos, quando saiu do Sesi, passou a não ter mais essa ajuda. Lesionou o joelho na faixa verde, o que a levou a ficar mais de um ano sem treinar. Quando voltou, mudou o estilo de treinamento, de Shotokan para ShorinRyu, ambas são estilos de luta que o karatê possui. Com só três meses de treino, desde o seu retorno ao tatame, foi vicecampeã no 20º Campeonato Nacional de Karatê Interestilos. O último campeonato em que participou, o Campeonato Norte/Nordeste de Karatê Interestilos, na faixa roxa, também foi medalhista, com mais um prata. Das 23 medalhas que ganhou nas competições, nenhuma possuiu patrocínio ou incentivo do governo. Tentou o bolsa atleta, porém deveria possuir um número mínimo de medalhas de bronze para poder entrar em pelo menos uma categoria do projeto. “Recebi muitos ‘não’ das empresas em que pedi patrocínio. Desanima, porque tudo vem do nosso bolso, do ‘mãetrocínio’, e os campeonatos são caros”, desabafa Isabelle. Punhos de Ouro Se para a carateca o que dificulta o patrocínio no esporte de alto rendimento é o fato de ele ser individual, para o presidente da Federação de Boxe de Sergipe e presidente do Projeto Punhos de Ouro, Valter Duarte, a conversa é outra. “É esporte de pobre, e não querem que o pobre cresça, quer que ele fique no seu cantinho”, acusa o treinador. O projeto Punhos de Ouro oferece aulas de boxe, basquete, capoeira, caratê, futsal e skate para crianças, jovens e adultos com vulnerabilidade social e em situação de risco. A maioria das pessoas que participam do projeto mora no Bairro Industrial, onde a sede está localizada. Porém, nada impede que outros participem, como a Adriana dos Santos, de 38 anos, que anda 3km, três vezes na semana, com seus três filhos para receber as aulas de boxe. Do Punhos de Ouro saíram vários campeões internacionais e pan-americanos, como o Car-
Gráfico: Clara Dias
A Lei de Incentivo ao Esporte (LIE) começou a valer em agosto de 2006, e permite “que empresas e pessoas físicas invistam parte do que pagariam de Imposto de Renda em projetos esportivos aprovados pelo Ministério do Esporte. As empresas podem investir até 1% desse valor e, as pessoas físicas, até 6% do imposto devido”; informa o site institucional do Ministério Público.
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Futsal: O esporte que luta para ser olímpico ainda sofre com a falta de investimento Yago de Andrade yagusandrade@gmail.com
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Brasil é conhecido por possuir a marca de ser o “país do futebol”, mas um esporte bem semelhante a ele e tão popular quanto, o futsal, ainda carrega o peso de ser uma modalidade considerada amadora. Embora muito parecidas, algumas características diferem uma da outra, seja o local onde são realizadas as disputas, o peso da bola ou as regras que as envolvem, a principal diferença está presente fora das quatro linhas, a falta de incentivo. Ronaldinho Gaúcho, Neymar, Messi, Marta, Kaká e Robinho são alguns dos nomes conhecidos pela maioria dos brasileiros, que hoje são considerados astros no futebol mundial, mas que tiveram suas trajetórias iniciadas dentro das quadras. Eles, assim como muitos, trocaram a quadra pelo campo, provavelmente pelo retorno financeiro e visibilidade que a segunda opção lhes oferecia em detrimento à outra. Só para se ter ideia dessa invisibilidade, enquanto uma foi responsável por trazer a medalha de ouro nas Olimpíadas do Rio deste ano, o outro sequer teve a oportunidade de participar dela, o que caso viesse a acontecer, poderia elevar o futsal a outro patamar, diferente deste do amadorismo no qual ainda se encontra.
E é neste ponto que iniciamos a nossa discussão. O futsal teria mais visibilidade se fosse um esporte olímpico? Muitos técnicos e jogadores afirmam que sim. Segundo eles, o esporte que já está espalhado mundo a fora teria a sua realidade totalmente modificada caso fosse incluído dentro dos Jogos Olímpicos. Para eles, a tendência é que questões como a falta incentivo, popularização sem qualidade e a invisibilidade se tornariam problemas menores a partir disto. Só que esta inclusão independe do desejo dos praticantes, a decisão de torná-lo uma modalidade olímpica está nas mãos do Comitê Olímpico Internacional (COI) e entidade responsável por discutir questões relacionadas ao Esporte, a Federação Internacional de Futebol (FIFA). O problema disso tudo é que existe uma disputa de interesses internos entre as duas instituições, algo que está inviabilizando essa inserção. A FIFA entende que, para fazer parte das olimpíadas, o futsal deve, assim como o futebol de campo, se enquadrar em uma série de normas, sendo uma delas o limite de idade. Atualmente, no futebol masculino, cada país pode contar com apenas três jogadores acima dos 23 anos. Este
limite é estabelecido, pois segundo a FIFA, a não-existência desta regra ofuscaria a Copa do Mundo da modalidade e seria o mesmo que ter um mundial a cada dois anos. Outro empecilho é justamente na realização dos Mundiais. O Comitê pede que o Mundial de Futsal não aconteça em anos olímpicos, enquanto a FIFA discorda veementemente da solicitação, e a disputa neste “cabo de guerra” entre as duas instituições parece nunca ter um fim. Para complicar ainda mais a situação, no último dia 3 de agosto, o Comitê Olímpico Internacional (COI) aprovou a inclusão de cinco novos esportes para os Jogos Olímpicos que acontecem daqui a quatro anos na capital do Japão, Tóquio. Beisebol/softbol, surfe, skate, caratê e escalada irão compor agora o seleto grupo de 33 modalidades esportivas nos Jogos de 2020. Resultado: O futsal ficará de fora de mais uma olimpíada. Olimpíadas do Rio Segundo dados do Governo Federal, a Rio 2016 demandou um orçamento superior a R$ 4 bilhões voltados para a infraestrutura esportiva em todo país. Com recursos destinados à construção
isso dentro das nossas escolas. Só nos Jogos da Primavera (competição promovida pelo Governo do Estado de Sergipe, que é voltada para jovens de 12 a 17 anos), foram cerca de 200 equipes inscritas, esse número é quase dez vezes maior do que o de outras modalidades. Temos a prática do esporte aqui no Brasil, só falta investimento, e esse embate entre a FIFA e o Comitê só prejudica ainda mais a nossa situação”, pensa.
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Escolas de base Mas esta falta de investimento não está atrelada somente às questões que envolvem a FIFA ou o COI. O problema vem da base, literalmente. Apesar de estar presente em praticamente todas as escolas do país, na maioria das vezes incluída na disciplina de Educação Física, o futsal é visto principalmente nas escolas públicas como um hobby para as crianças e adolescentes, sendo pouquíssimas vezes tratado como algo mais sério. A falta de incentivo é o principal responsável pela incvisibilidade do futsal | Foto: Yago de Andrade
Pelas faltas de opções oferecidas de forma pública, tanto pelo Governo Federal, quanto nos âmbitos estaduais e municipais, resta para aqueles que sonham em seguir profissionalmente no esporte a procura por alguma instituição privada, o que acaba excluindo na maioria das vezes os jovens de baixa renda, que residem principalmente nas periferias do país. Para os pais que querem e têm condições financeiras de investir no talento dos seus filhos, a saída é procurar uma escola de base que ofereça uma estrutura que muitas vezes promete formar o “novo Falcão”. Em Aracaju, uma das mais tradicionais é a Baden Powell, que com quase 30 anos de existência, atende atualmente cerca de 100 crianças e jovens dos sete aos quinze anos. Acompanhada por uma equipe de três professores/ técnicos, a Baden é considerada uma potência sergipana nas competições de base, com títulos tanto locais, quanto regionais. Um dos responsáveis pela manutenção desse status de clube campeão é o ex-jogador Luís Fábio dos Santos, o professor Fabinho. Segundo ele, o investimento no futsal em Sergipe é praticamente todo vindo de iniciativas particulares e, mesmo assim, ainda são poucos. “Nós quase não temos incentivo das instituições governamentais, a maioria vem de empresas particulares que apostam no talento dos meninos”, pensa. Por ter atuado durante 15 anos como jogador profissional, Fabinho acredita que essa falta de incentivo continua, assim como em sua época, afetando muitos daqueles que sonham em seguir uma carreira dentro do esporte. “Muitos meninos não têm condições de se manter no futsal sem um apoio externo, por isso acabam se desmotivando e desistindo de jogar, e nós a cada dia perdemos mais talentos por conta disto”. O sonho que deu certo Em contramão à história de tantas crianças que desistiram da carreira, Alexandro Ribeiro conseguiu se estabelecer enquanto jogador durante a época que atuava profissionalmente, e foi nas ruas do Bairro Industrial, em Aracaju, que seu sonho de menino começou a se tornar realidade. Através de um amigo do Bairro que o levou para conhecer o projeto de uma escolinha de base, Alexandro começou a participar de forma mais intensa dos treinamentos, já que ali possuía instrumentos necessários para se tornar o “novo Bebeto”, como foi apelidado por lá. A Baden Powell, escolinha que “Bebeto” treinava, não cobrava mensalidades na época e isso foi fundamental para que ele continuasse seu sonho. Os dois anos que passou por lá, segundo ele, foram cruciais para sua formação enquanto jogador. Seu currículo hoje serve de referência para muitos meninos sergipanos, e foi conquistado com muita dificuldade e persistência.
de centros de treinamento de diversas modalidades, sendo 249 Centros de Iniciação ao Esporte (CIEs), 47 pistas oficias de atletismo e dez instalações olímpicas no Rio de Janeiro (RJ), somente o investimento na estrutura física ultrapassou a casa dos R$ 3 bilhões. Como ainda não estava incluído no pacote de modalidades disputadas nesta olimpíada, o futsal praticamente não teve investimento governamental nos últimos anos, é o que explica o presidente da Federação Sergipana de Futsal, Vanilson Rezende. “O futsal foi bastante prejudicado nos últimos seis anos. O Governo Federal priorizou os investimentos naqueles esportes que foram disputados nas olimpíadas deste ano e acabou deixando de lado outras modalidades como a nossa”, acredita. Vanilson ainda reafirma a visão de que, caso o esporte estivesse incluído dentro do pacote de modalidades olímpicas, principalmente para a Rio 2016, a realidade do esporte hoje seria totalmente diferente. “O futsal é o esporte mais praticado dentro do nosso país, seja de forma amadora ou profissional, ele supera até o futebol de campo nesse quesito, é só observar
Aos 22 anos, quando começou a atuar profissionalmente pelo Confiança, naquela época ainda sem receber salário fixo, o atleta ganhou visibilidade e logo foi convocado para a seleção brasileira. Após a convocação, o assédio de clubes do Brasil e da Europa começou a aumentar, e um dos seus objetivos foi alcançado: jogar fora do Estado. Passando por clubes do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, ele conseguiu títulos importantes, tanto nacionais quanto internacionais, sendo detentor de recordes que se mantém até hoje, como a de maior artilheiro em uma só partida, com 12 gols marcados. Hoje, além de conciliar a prática do esporte com a faculdade de Educação Física, “Bebeto” mantém em Aracaju uma unidade do Projeto CT Falcão 12, um sistema idealizado pelo multicampeão Falcão, presente em mais de 30 cidades brasileiras e que além de formar novos craques, busca inserir as crianças na sociedade. “Muitos meninos não tem a chance que eu tive, e isso é triste. O investimento quase não existe, e se não há um projeto social ou algo do tipo, as crianças de renda mais baixa provavelmente nunca terão uma oportunidade”, afirma. Ele segue a teoria de tantos outros jogadores e afirma que o entrave que entre a FIFA e o Comitê Olímpico só prejudica os praticantes do esporte, mas enfatiza que é necessário que haja uma mobilização para que isso ocorra. “Acho que falta mobilização por parte dos atletas também, não adianta só o Falcão ir à mídia para discutir essas questões, é necessário que as representações de cada país se juntem e pressione a FIFA e o COI para que a gente consiga isso. E nós jogadores nunca perdemos a fé, temos sempre a esperança de ver um dia o nosso esporte dentro das Olimpíadas”.
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O futsal é o esporte mais praticado dentro do nosso país, seja de forma amadora ou profissional, ele supera até o futebol de campo nesse quesito, é só observar isso dentro das nossas escolas. O futsal é o esporte mais praticado dentro do nosso país, seja de forma amadora ou profissional, ele supera até o futebol de campo nesse quesito, é só observar isso dentro das nossas escolas”- presidente da Federação Sergipana de Futsal, Vanilson Rezende
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Projetos de Extensãofísico-esportivos: um ma e a soci Por Denner Perazzo dennermauricio@hotmail.com
Projeto Novos Horizontes: Judô para Todos.
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Universidade tem um papel para além dos muros que a cerca. Sendo parte da sociedade, além de formar profissionais qualificados, a população que a rodeia também se beneficia a partir de Projetos desenvolvidos por alunos e professores da instituição. A integração das duas comunidades, a acadêmica e das redondezas, infelizmente, não se dá de forma natural. Muitas vezes pordesinformação ou por simples falta de entendimento do que é a sociedade como um todo. Então, estes variados projetos de extensão vêm para tentar saciar de alguma maneira e, principalmente, prestarum serviço social a alunos e moradores, promovendo esta troca, como forma de objeto de estudo e de sociabilização. E uma das formas de integração das comunidades acadêmicas e das redondezas da universidade é através do esporte. Utilizado como forma de lazer e socialização, a integralizaçãodos participantes do projeto, a partir dos treinos, esportes coletivos e individuais ou uma simples atividade física, contribui para a utilização do tempo livre em algo produtivo e saudável, além de incentivar a participação em eventos esportivos. Exemplo disso nos da oprofessor Dr. Felipe José Aidar Martins,do Departamento de Educação Física (DEF), na Universidade Federal de Sergipe (UFS) e idealizador do Projeto Novos Horizontes: Judô para Todos, pois acredita que esse tipo de ação promove oportunidade e inclusão parte da sociedade: “Tem muitas pessoas que moram aqui ao redor da UFS que não têm condição de pagar uma iniciação esportiva. E, assim como eu, se não tivesse a oportunidade de ter acesso a um projeto como esse, com certeza hoje não estaria aqui, nem como atleta, muito menos como professor. Então, esses projetos sociais abriram
Foto: Denner Perazzo
muitas portas para mim. Em termos de inclusão, para essas pessoas, com ou sem deficiência, maior ainda. Sendo assim, conseguimos fazer duas coisas: não só ter uma interação social com essas pessoas, mas, principalmente, convencê-las a participar, fazendo com que elas façam e exerçam a cidadania delas de forma plena”,nos conta o professor Felipe Martins.
PROJETOS NA UFS Na Universidade Federal de Sergipe (UFS), o setor responsável pelo planejamento, coordenação e supervisão da atividade de extensão acadêmica é a Pró-Reitoria de Extensão(PROEX). O Professor Dr. Roberto Jerônimo dos Santos Silva, Coordenador de Atividades de Extensão, além de coordenador do projeto “UFS em Movimento”, nos explica que “os pré-requisitos para que possa solicitar a abertura de um Projeto de Extensão é que a pessoa seja professor efetivo ou técnico superior, via Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA), assim passando por edital”. Trabalham nos projetoscomo monitores, estudantes universitários, na licenciatura e no bacharelado. Além desses monitores, os participantes são acompanhados por professores do curso que se encarregam da coordenação dos projetos. Os alunos que desejam ser monitores participam de forma voluntária ou por meio de seleção de bolsistas. “Nós temos aqui um limite de 230 bolsas para os estudantes que participam dos projetos. Então, a bolsa não pode ser menor que R$ 400,00, totalizando uma verba de R$ 92,000 disponíveis. O número de bolsas só não é maior por conta da conjuntura atual do nosso país, não somos nós
quem determinamos isso”, afirma o Prof. Roberto Jerômimo. O responsável pela grande maioria dos projetos físico-esportivos na UFS é o Departamento de Educação Física (DEF). Atualmente, encontram-se registrados no Proex e no SIGAA 131 projetos e ações de extensão.Várias são as opções, sejam elas desportivas ou paradesportivas e a maioria proveniente do projeto “UFS em Movimento”: Badminton, Voleibol, Basquetebol, Ginástica, Halterofilismo, musculação, Judô, Natação, Ginástica, Corrida, Cross Training, Handebol, etc.
MAIS VIVER Idealizado e coordenado pelos professores Marzo Edir e Roberto Jerônimo, o projeto Mais Viver é realizado no âmbito do grupo de estudos e pesquisa Functional Training Groupby UFS. Ele é“um programa gratuito de exercício físico de condionamento geral, que proporciona a mais ampla adaptação fisiológica possível para o idoso entre 60 e 75 anos”,tendo como objetivos melhorar a força e a potência muscular, a resistência cardiorrespiratória, o equilíbrio, a cognição e outras variáveis que favorecem a saúde e a quantidade de vida do idoso. “O projeto vem sendo aplicado desde 2015.1, estando na sua quarta etapa e baseia-se na aplicação do treinamento funcional, treinamento tradicional e práticas de alongamento e relaxamento. A intervenção é aplicada segundas, quartas e sextas no ginásio poliesportivo, academia e salas de lutas do DEF”, explica Antônio Gomes de Resende Neto, mestrando em Educação Física na UFS, coordenador e ministrador do Mais Viver, que, inclusive, foipara obtenção de dados para dissertação de mestrado dele que o projeto foi criado. Se-
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mapeamento da integração entre universidade iedade gundo Antônio, em termos de produção científica, o projeto já gerou três artigos submetidos a revistas especializadas em envelhecimento, seis trabalhos de conclusão de curso em andamento e mais 30 resumos publicados em congressos. Sendo seus participantes a maioria das comunidades vizinhas a UFS, os critérios de inclusão são ter idade acima de 60 anos e não apresentar distúrbios musculoesqueléticos que dificultem a realização do treinamento proposto, além de passar por uma criteriosa avaliação física e nutricional. Buscando proporcionar amplas e positivas adaptações fisiológicas aos indivíduos da terceira idade, através da otimização de todas as qualidades físicas relacionadas a funcionalidade,o Mais Viver UFS é um programa de exercício físico sistematizados para promoção de saúde, contando com uma equipe multidisciplinar, de mais de 20 acadêmicos de diferentes cursos da área da saúde, envolvendo parcerias importantes com os cursos de Nutrição e Fisioterapia. “A importância do projeto para as participantes se dá com a seriedade do nosso trabalho. Comprovamos sua eficácia com relatórios semestrais, além de palestras mensais. Para os acadêmicos, realizamos minicursos, aulas de capacitação e apresentação de artigos para o aperfeiçoamento técnico e científico”, reitera Antônio. NOVOS HORIZONTES: JUDÔ PARA TODOS O esporte sempre foi uma porta aberta para novas perspectivas. E, continua assim, dando oportunidades e servindo para incluir todos nestes novos horizontes.Com um dos melhores resultados Olímpicos de todos os tempos, o Judô cresce e ganha praticantes em todo o Brasil, não somente pelos resultados do alto rendimento, mas pelo seu papel social. É com esse objetivo que o professor Dr. Felipe José Aidar Mar-
Projeto Mais Viver UFS. Foto: Página Mais Viver UFS
tins, idealizou o projeto Novos Horizontes: Judô para Todos. Com histórico em ações sociais voltadas para atividades físicas para grupos especiais, atividade motora adaptada e para crianças em risco social, o Sensei Felipe, como é chamado no dojô, a partir da equipe que compete em nível universitário, nos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) e nos Jogos Universitários de Sergipe, percebeu que existia um grande interesse das pessoas da comunidade acadêmica da UFS de iniciarem a prática do Judô, inclusive os com alguma deficiência, onde o professor tem vasta experiência. “Eu comecei há 14 anos atrás, e a gente tinha uma demanda de pessoas com deficiência física, que procuraram o lugar que eu trabalhava justamente para que a gente pudesse cada vez mais incluir essas pessoas e uma participação maior delas na sociedade. Dia após dia, percebemos a felicidade dessas pessoas, as melhorias em termos físico e psicossociais. Isso nos deu motivação para que hoje tivéssemos aqui também, tanto no Judô, quanto no halterofilismoparaolímpico, onde temos até atletas competindo em nível nacional. Então, aquela pessoa que estava totalmente fora do contexto social, hoje, não só participa, mas tem performance igual a de qualquer um”, explica o Sensei. Um dos seus alunos, Enaldo Boaventura Costa, 30, é um dos monitores da extensão. Deficiente visual, pratica o judô há 17 anos, sendo um dos cinco melhores do Brasil na sua categoria, para ele o projeto funciona de forma positiva “porque o acadêmico que as vezes pratica o esporte ou tenha vontade de praticar não tem o tempo necessário. Mas, com esse projeto, ele pode unir as duas coisas. Como também a comunidade que mora aqui ao redor, que tem a carência e a necessidade de ter um esporte e a Universidade fornece esse serviço
e esse trabalho em conjunto só gera ações favoráveis a todos”. O projetofoi iniciado em 2015, contando hoje comcerca de 50 alunos, que vão de segunda a sexta ao dojô praticar o esporte. “Começamos a acolhê-las e a ensinar o esporte, a maioria sendo estudantes daqui da Universidade ou outras que moram perto daqui. Essas pessoas têm participado de competições, de eventos de forma geral e, principalmente, no ponto de vista da saúde tem melhorado bastante. [...] Os alunos aqui têm acesso a um conhecimento novo, não só de aprendizado da luta, mas também cultural, o respeito ao próximo e, além disso, ganham saúde, condição física, evitando o sedentarismo”, afirma o Sensei Felipe. Como é o caso de Joedna Barreto, estudante de Química Licenciatura na UFS, que começou a treinar há quatro meses e já sente a melhora na saúde e no condicionamento físico, além de sempre querer competir. “Além de perda de peso, meu condicionamento físico e resistência melhoram e fora a vontade de praticar exercícios que aumentou. Pretendo dar continuidade a prática, sendo que já participei de competições, sendo medalhista e, graças ao projeto e incentivo dos senseis e dos meu colegas daqui, quero chegar até a faixa preta e ir mais longe”, comenta. O Judô é uma modalidade esportiva que utiliza princípios para a construção humana, baseado em valores, como respeito, disciplina e amor ao próximo. Então, antes de ser aula de artes marciais, o Projeto Novos Horizontes: Judô para Todos, assim como todos os projetos físico-esportivos de extensão da UFS, é um centro de formação de cidadãos.
INFOGRÁFICOS
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O QUE VOCÊ PRECISA PARA PARTICIPAR DO
BOLSA ATLETA
Ter
idade mínima de 12 anos e máxima de 29
Precisa residir, trabalhar ou estudar no município de Aracaju
Comprovar os resultados de competições do ano anterior ao pleito
Ser filiado a uma entidade esportiva reconhecida pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB)
Estar em plena atividade esportiva