Contra Barreira Nº 40

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Barreira Contra

Revista de Equitação e Tauromaquia Edição Nº 40 - Revista de Equitação e Tauromaquia - outubro 2013 - Portugal 4,00€ (Cont.) - Espanha 4,50€

MARCOS TENÓRIO

Grande Entrevista

AZAMBUJA

Festas da Freguesia

EREIRA

Foto Pedro Cardoso

Festa de Campo

I.S.AGRONOMIA Garraiada

Reportagens: ELVAS • LISBOA • MOITA • VILA FRANCA


CB

 Propriedade Pedro Miguel Cordeiro Cardoso Edição BlueKangaroo, Unipessoal Lda. geral.bluekangaroo@gmail.com Diretor Sandra Batalha sandrabatalha.contrabarreira@gmail.com Foto de Capa Pedro Cardoso Colaboradores Paula Batalha Rute Mourão Sílvia del Quema António Lúcio Bernardo Cid Carlos M. Pedroso Nuno Soares Dias Vítor Besugo Fotografia António Santos Edgar Vieira Emílio de Jesus (CP Nº 4095) Fernando Clemente Pedro Batalha Pedro Cardoso Correspondente Espanha Ricardo Relvas Correspondente no México Edgar Mendoza Departamento Jurídico Drª Ana Sofia Simões Design Gráfico / Paginação BlueKangaroo, Unipessoal Lda. Impressão Soartes, Lda. Distribuição LOGISTA Portugal - Dist.Pub., S.A. Correspondência Rua Engº Moniz da Maia, 114 2050-356 Azambuja * Portugal Tel: (+351) 910 531 472 contrabarreira@gmail.com www.contrabarreira.com Depósito Legal Nº 299462/09 Registo de Título / ERC Nº 125743 ISSN 1647-3906 Marca Nacional Nº 454320

o século XIX aqui tão perto...

Sandra Batalha Diretora

I

ndagar sobre o estado atual da tauromaquia, nunca deixará de ser, analisando as circunstâncias de hoje em dia, uma tarefa árdua e difícil e, nem sempre a inspiração nos chega para escrever algumas linhas sobre este tema. No entanto, não estarei correta ao afirmar que este é um problema com que nos debatemos atualmente, que seja fruto das circunstâncias de hoje em dia, como acima mencionei, pois é muito fácil constatar que as críticas que são tecidas à tauromaquia do século XXI, são praticamente as mesmas que lhe eram feitas no século passado. Ou seja, basta que nos dediquemos um pouco à leitura de alguns livros, de leitura obrigatória para todos os aficionados, escritos por exemplo por D. Bernardo da Costa Mesquitella, Pepe Luiz, Saraiva Lima, etc… para nos apercebermos que tudo permanece igual. Até, por mais estranho que pareça, as alusões que já naquela época se faziam aos antitaurinos de então, o que torna estes livros perfeitamente atuais. E, leva-nos então a acreditar que afinal a Festa Brava não está pior, nem melhor… está igual! É assim mesmo, como diz o ditado “não é defeito, é feitio”! Por isso mesmo, aproveitemos o que de bom a Festa nos dá, pois não sabemos por quanto tempo mais poderemos usufruir desta manifestação da nossa cultura. Tauromaquias à parte e agora com a época taurina mesmo na reta final, as atenções concentram-se na Feira Nacional do Cavalo na bonita e carismática vila da Golegã que constitui sem dúvida, a maior manifestação nacional no panorama equestre e um local privilegiado para os criadores mostrarem os seus cavalos. A Feira Nacional do Cavalo decorrerá este ano entre os dias 1 e 11 de Novembro e nós, revista Contra Barreira, contamos na próxima edição fazer chegar até si um pouco de tudo aquilo que se passou na capital do cavalo durante estes dias. Até lá, desejamos a todos os aficionados uma boa feira e um bom final de temporada! 2


Destaques

CB

Feira Taurina da Moita 2013

Garraiada do Inst. Sup. de Agronomia

Grande Entrevista Marcos Bastinhas, Indiscutivelmente um Grande Toureiro! 18 a 25 Artigo de Opinião Segurança nas arenas 26 Reportagem Elvas Elvas comemorou o 30º aniversário da alternativa de Joaquim Bastinhas com corrida de homenagem ao cavaleiro 27 Garraiada do Instituto Superior de Agronomia 28 a 29 Encerrou a temporada em Lisboa 30 a 31 Reportagem Ereira IV edição da Festa Ribatejana 32 a 33 Jornada sobre tauromaquia popular no Castelo de S. Jorge 33 Reportagem Vila Franca de Xira Toureiros por cima dos toiros em corrida que não deixou grandes recordações 34 a 35 Data histórica para António Ribeiro Telles em Vila Franca 35 Reportagem Azambuja Festas de Nª Srª da Assunção 36 a 37

Editorial 2 Cultura Taurina Compreender o passado, aprender com a história, potenciar o futuro 6 Atualidade Taurina Mestre David Ribeiro Telles Homenageado em Vila Franca 6 Joaquim Bastinhas - Capa da próxima revista Moto Magazine 7 Triunfadores 2013 da Tertúlia da Alagoa 7 Espaço Rural 7 Reportagem Sobral de Monte Agraço Afinal, foi possível. Êxito total na “Entrada de toiros à antiga” na Vila do Sobral 9 Reportagem Moita E quando sai o bravo... O público aplaude. Emoção e ferros de arrepiar na primeira da Moita 10 a 11 Toiros condicionaram êxito artistic. Boa presença de público na corrida de matadores 12 a 13 Joaquim Bastinhas recebe Medalha de Ouro da Cidade de Elvas 13 Grande noite de toureio na Moita com Ventura a vencer a disputa 14 a 15 Vítor Ribeiro e Tomás Pinto fecharam com chave de ouro a Feira da Moita 16 a 17

Proíbida a reprodução de quaisquer conteúdos integrais e/ou parciais desta Revista Todos os artigos publicados nesta edição estão devidamente identificados e são da inteira responsabilidade dos seus autores

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Foto: Pedro Cardoso

Marcos Bastinhas Indiscutivelmente um Grande Toureiro


Compreender o passado, aprender com a história, potenciar o futuro

É

essencial conhecer História, o passado, para que se entenda o presente e se possa perspetivar o futuro. A História, o nosso passado comum, seja em que vertente for, é aquilo que permite percebermos quem somos, o que fazemos, para onde queremos seguir. Posso não saber muito bem para onde quero ir mas sei perfeitamente por onde não

quero ir. Em tauromaquia também não é diferente. E mesmo que não seja uma prioridade na vida de muito do público minimamente aficionado, tem de ser de conhecimento obrigatório daqueles que se movimentam no Mundo taurino. Só assim podem aspirar a perceber o que foi o passado, o que foram e são os gostos das pessoas e não deixar que essa tradição e esse gosto das pessoas pela tauromaquia nas duas diversas vertentes se perca, se transforme apenas em crítica e na ausência na praça de toiros. Quem está no meio, que patrocina, quem organiza e promove corridas de toiros, tem de perceber quais são os anseios, as vontades das pessoas que por aí ainda reservam uma parte importante do seu parco dinheiro para se deslocarem às bilheteiras de uma qualquer praça de toiros e adquirirem o retângulo mágico que dá acesso à bancada... E a sua persistência tem de ter algum prémio, quanto mais não seja o respeito por aquilo que foi a tradição e desde sempre o fez passar pela bilheteira. Ainda que os tempos tenham mudado, que se tenham mudado datas... A persistência dá os seus frutos e nas datas em que era tradição haver toureio a pé, sempre que os empresários apostaram a sério nessa vertente, as praças registaram grandes enchentes. Exemplos claros nos últimos anos, as Caldas da Rainha no 15 de Agosto, a corrida de matadores na Moita ou as mistas de Vila Franca. Ao longo das décadas – e não

CB podemos esquecer que foi no final da década de 40 do século passado que Portugal teve o seu primeiro matador de toiros – a predominância do toureio a cavalo foi patente e notória apesar da grande competição entre Diamantino Vizeu e Manuel dos Santos. A existência da corrida mista, que esta dupla de matadores valorizou, é essencial à revitalização do espetáculo tauromáquico em Portugal, quase estagnado em termos de qualidade e de competição e sem grandes atrativos para cativar novos públicos para a Festa Brava e, em especial, para a corrida de toiros. É essencial criar um compromisso que envolva todos os estamentos da Festa Brava, por forma a criar e manter um ciclo anual de espetáculos de promoção de novos valores quer no toureio a cavalo quer no toureio a pé, seja na modalidade 3/3 ou 2/4, com vacas de tenta/retenta em vez de erales ou novilhos, com o estatuto de aula de toureio ou demonstração de toureio, sem necessidades de licenciamento pelo IGAC, etc etc etc. E a corrida mista, com cavaleiros, forcados e matadores de toiros ou novilheiros, é aguardada com expectativa pelo grande público que tem mais uma oferta para desfrutar do seu espetáculo preferido. A combinação de artistas por categoria pouco importa porque a realidade mostra-nos que importa, isso sim, revitalizar a corrida mista e dessa forma a própria Festa Brava em Portugal. Por: António Lúcio

Figuras incontornáveis do Toureio a Cavalo em Portugal e no Mundo, Homem altamente respeitável e acarinhado por todos, nasceu em Almeirim a 11-11-1927 e viria a tomar a alternativa de cavaleiro profissional na praça de toiros do Campo Pequeno, em Lisboa, no dia 18 de maio de 1958. Do seu casamento com Maria Isabel de Castro Palha Van Zeller nasceram 11 filhos, entre os quais João e António Ribeiro Telles, que também enveredaram pela carreira de cavaleiros tauromáquicos, prosseguindo assim a paixão de seu pai pela arte de marialva.

Mestre David Ribeiro Telles Homenageado em Vila Franca

P

or ocasião da Feira de Outubro em Vila Franca de Xira, o Clube Taurino Vilafranquense prestou homenagem a uma das mais carismáticas figuras da tauromaquia, Mestre David Ribeiro Telles, que comemora neste ano 55 anos passados desde a data da sua alternativa e a quem foi entregue o galardão Maestro José Falcão. Mestre David Ribeiro Telles, uma das 6

Joaquim Bastinhas

Capa da próxima revista Moto Magazine Outubro " Outubro nublado, Janeiro molhado"  Iniciar a colheita da azeitona e combater a gafa. Semear cereais praganosos e, em viveiro, amendoeiras, pessegueiros e, nos lugares mais secos e abrigados, as oliveiras. Estercar no Minguante as covas para árvores a transplantar na Primavera. Plantar árvores de fruto. Podar as árvores resistentes ao frio. No fim do mês, plantar morangueiros, alhos e cebolinhas. Colocar em local definitivo as couves de Primavera e as alfaces de Inverno; transplantar alfaces, cebolas e salsa. Colher a castanha, noz e avelã e, para guardar em local seco, abóboras e melões de Inverno. Horta: Há que preparar a horta para a produção de hortaliças de Inverno e resguardar as plantas dos gelos e os canteiros para a sementeira das favas, rabanetes, alfaces, etc. Sementeira ao ar livre e em local definitivo agriões, alfaces (de cortar, de Inverno e de Primavera), cebola, cenouras, ervilhas, favas, rabanetes. Colher feijões. Jardim: Estrumar, semear as mesmas espécies do mês anterior e plantar roseiras, crisântemos, jacintos, tulipas, assim como, as flores da Primavera. Colher as flores do Outono: dálias, rosas, etc.

TERRA DE COLOMBO

CRIAÇÃO E SELECÇÃO DE BEAGLES

Afixo reconhecido pelo FCI e CPC desde 2003

Quinta da Várzea, Vale do Paraíso Azambuja (junto à saída da A1 em Aveiras de Cima)

Telefones: (+351) 910 531 472 ou (+351) 913 207 673 Email: terradecolombo@gmail.com

J

oaquim Bastinhas é o novo rosto da marca bávara BMW, tendo decorrido a sessão fotográfica para apresentação da agora 1600 GT, nova versão de estrada e que será comercializada a partir do mês de Novembro em Portugal, tendo como preço base 22000€. A sessão fotográfica decorreu em Lisboa na praça de toiros do Campo Pequeno. Associado á BMW, Joaquim Bastinhas será capa da edição de Novembro da conceituada revista Moto Magazine.

Triunfadores 2013 Tertúlia da Alagoa

A Tertúlia Tauromáquica da Alagoa, inserido no seu 4º aniversário de existência, vai levar a cabo no dia 7 de Dezembro em local a designar, a sua 2ª entrega de Trofeus respeitantes à temporada 2013. Assim, os vencedores deste ano foram: Cavaleiro triunfador: João Moura Caetano • Cavaleiro praticante: Miguel Moura • Cavaleiro amador: Luís Rouxinol Jr. • Cavaleiro revelação: Filipe Gonçalves • Premio consagração: Luís Rouxinol Bandarilheiro: Cláudio Miguel • Peão de brega: Duarte Alegrete Matador: António João Ferreira • Novilheiro: Manuel Dias Gomes Novilheiro amador: Diogo Peseiro • Bezerrista: João Silva “El Juanito” • Ganadaria: Palha (Dr. João Folque) • Apoderado: António Morgado • Director de corrida: Rogério Jóia • Grupo de forcados: Amadores de Vila Franca de Xira • Grupo de forcados revelação: Amadores do Ribatejo • Forcado do ano: João Caldeira (GFA de Montemor Novo) • Comunicação social: Tauródromo, Diário Taurino, Sara Teles, Marco Gomes • Empresa: Sociedade Campo Pequeno • Premio afición: Tertúlia de Estremoz, Beja Brava, Município de Fronteira • Prémio carreira: José Bartissol, David Antunes • Prémio prestígio: Associação Nacional de Toureiros, Victor Mendes • Menção Honrosa: António José Moga 7

Atualidade x Taurina

Cultura x Taurina

CB


Nuno Casquinha mantém o ritmo triunfal

O matador de toiros Nuno Casquinha continua a somar triunfos após triunfos em cada arena que pisa, desta vez as praças de toiros de Contumaza, Chuquizongo e Asillo, foram os cenários que mesmo sem sorte nos toiros, puderam comprovar o momento que atualmente atravessa o toureiro português. Contumaza (Cajamarca) - 1 Orelha e 1 Orelha - Casquinha saiu em ombros pela porta grande e conquistou o Escapulário de Ouro. Chuquizongo (La Libertad) - 1 Orelha. Asillo (Puno) - 2 Orelhas e 1 Orelha Casquinha saiu em ombros pela porta grande.

atuou num mano-a-mano com o espanhol Paco Aguado. Peseiro cortou as orelhas do seu primeiro novilho e foi aplaudido após matar o seu segundo, ao passo que Paco Aguado cortou quatro orelhas e rabo. No final, saíram ambos em ombros. O sobressaliente desta novilhada sem picadores foi Sérgio Nunes que brilhou num quite a um novilho de Peseiro e participou, com relevo, no tércio de bandarilhas. Peseiro e Aguado saíram em ombros. Em Talaveruela de la Vera, novo triunfo com saída em ombros de Peseiro e Sérgio Nunes que assim debutou oficialmente em Espanha. Peseiro (orelhas e rabo) e Sérgio Nunes (orelhas), alternaram com o espanhol Samuel Ortiza (orelhas e rabo), que os acompanhou na saída em ombros. Academia do Campo Pequeno encerra temporada com chave de ouro

Alunos da Academia de Toureio do Campo Pequeno triunfam em Espanha

Os bezerristas Diogo Peseiro e Sérgio Nunes, alunos da Academia de Toureio do campo Pequeno, triunfaram nas suas apresentações nas localidades espanholas de San Juan de la Nave (Ávila) e Talaveruela de la Vera (Placência). Em San Juan de la Nave, Peseiro

CB academia, Vasco Gonzaga e João Alexandrino. Beja Brava recebeu Provas Morfofuncionais de Aptidão de Toureio A APCCPSL - Associação Portuguesa de Criadores de Cavalos Puro Sangue Lusitano associou-se à edição de 2013 da Beja Brava através da realização de Provas Morfo Funcionais de Aptidão de Toureio, realizadas durante o certame, no picadeiro grande do parque de feiras e exposições. Durante aproximadamente seis horas, cavalos de todas as raças que nunca tinham entrado em praça disputaram quatro etapas: avaliação morfológica, equitação tauromáquica, prova da tourinha e prova da bezerra. Em prova estiveram presentes dois escalões: escalão jovem (cavalos até 5 anos) e escalão adulto (cavalos de 6 anos ou mais), cuja avaliação foi efetuada por um conjunto de juízes de renome nomeado pela APCCPSL para o efeito.

INSTRUTÉCNICA Máquinas e Técnica Industrial, Lda. Equipamentos para a indústria alimentar A Academia de Toureio do Campo Pequeno encerrou sábado, dia 12 de outubro, em Vila Boim a temporada de 2013, com a apresentação e triunfo do mais novo dos seus alunos, Vasco Ortigão Costa, que se exibiu perante um novilho da ganadaria Ortigão Costa, demonstrando arte, valentia e domínio. Deu uma volta à arena muito aplaudida e saiu em ombros com António Lupi que se apresentou como cavaleiro. Na sua quadrilha figuraram também dois dos alunos mais novos da

TOBRANTES.BLOGSPOT.PT Fotografia Taurina por António Santos

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Rua Mariano Pina, 3-C 1500-442 LISBOA Telefones (+351) 217 787 773 (+351) 217 788 292 Fax (+351) 217 740 321 E-mail instrutecnica.lda@hotmail.com

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AFINAL, FOI POSSÍVEL ÊXITO TOTAL NA “ENTRADA DE TOIROS À ANTIGA” NA VILA DO SOBRAL

O

Por: António Lúcio

epílogo das comemorações do 1º Centenário das Festas e Feira de Verão de Sobral de Monte Agraço foi uma «entrada de toiros à moda antiga», num largo percurso (cerca de mil metros) que, iniciado junto ao antigo Campo da Feira (entrada Sul de Sobral) e que conduziria os toiros e cabrestos até à praça de toiros sita ao cimo da Rua João Luis de Moura. Foram vários milhares de pessoas que preencheram todos os espaços disponíveis (janelas, varandas, reboques de tratores e camiões, tronqueiras do espaço da Praça Dr. Eugénio Dias, coreto, muros...) para assistir ao reviver de uma tradição que se havia perdido e deixado de realizar havia 70 anos (segundo contam os mais idosos). Do antigo Campo da Feira até à Praça de Toiros não havia um espaço onde coubesse um alfinete, como se diz na gíria, tal o número de aficionados e curiosos. Um êxito total a provar que, afinal, sempre era possível fazer uma entrada com campinos, cabrestos e toiros pelas ruas de Sobral. Faltavam quinze minutos para a hora marcada (16h) para o arranque da «entrada de toiros» quando o grupo de cavaleiros e campinos, encabeçado pelo ganadeiro Nuno Casquinha (um olé pela sua afición e por ter oferecido gratuitamente este espetáculos aos sobralenses) e pelo veterano campino Orlando Vicente, uma das grandes varas deste nosso

Ribatejo, e ainda o Paulo Lúcio (que com o Júlio Costa da 13 de Setembro tanto se empenharam nesta entrada), o Ricardo, o grande aficionado Chia e outros cavaleiros inspecionaram todo o percurso para garantir a segurança necessária para que o espetáculo decorresse sem incidentes. Os membros da Associação 13 de Setembro, responsáveis pela organização das Festas, encerravam todas as passagens e tudo estava a postos. Ao ribombar do foguete a emoção subiu ao rubro com a abertura dos portões do curral onde estava toiros e cabrestos. Milhares de aficionados acotovelavam-se nos espaços, procuravam subir às árvores ou correr rua abaixo, como em Pamplona, na frente de toiros e de cabrestos entre essa saída e a esquina do Ginja e a Praça Dr. Eugénio Dias. E com os toiros bem arroupados pelos cabrestos, a louca correria foi espetacular, não faltando a queda de um campino na curva da igreja, e até aí foi genuíno ao recordar as passagens do livro de Carlos Morais “Em Louvor do Sobral”. Vinte e cinco minutos depois das 16h, os milhares de presentes nesta recriação histórica parabenizavam os organizadores por lhes terem oferecido estes momentos únicos que devem de encher de orgulho todos os sobralenses e todos quantos apostaram neste feliz epílogo do 9

1º Centenário das Festas e Feira de Verão.

O CORTEJO HISTÓRICO-ETNOGRÁFICO

DO CENTENÁRIO

No primeiro domingo das Festas e Feira de Verão houve lugar ao Cortejo Histórico-Etnográfico que, em diversos quadros, abordou os 100 anos das Festas e que foi, também ele, um êxito com milhares de forasteiros a assistir. Deixamos algumas fotos que retratam bem o ambiente que se viveu nesta recriação da história de Sobral de Monte Agraço desde os seus primórdios a até aos dias de hoje.

Reportagem x Sobral de Monte Agraço

Atualidade x Taurina

CB


CB

Reportagem x Moita

CB

António Telles

Vítor Ribeiro

GFA Moita

GFA Montijo

Aposento Barrete Verde de Alcochete

Despedida de José Carlos Nicolau

O corte da coleta

A volta da despedida

E quando sai o bravo... O público aplaude Emoção e ferros de arrepiar na primeira da Moita Textos: António Lúcio

O

toiro nº 156, de 530 kg, e com ferro e divisa de Rio Frio, saiu dos curros e desde logo impressionou pelo seu tipo e pela codícia revelada nas investidas ao capote, a que se seguiram as que emprestou para as sortes de praça a praça nos segundo e terceiro compridos, com alegria a suavidade. Seguiu assim, disponível, arrancando de largo sempre que solicitado, até final da lide. Merecida a ovação dos aficionados e a chamada do ganadeiro à praça, situação que se repetiria após a lide do quinto, mais enraçado e agressivo nas suas investidas e também ele um grande toiro. E se prestamos honras aos toiros, nomeadamente a estes dois, justiça seja também feita aos três cavaleiros que atuaram nesta corrida e souberam manter elevado nível de competição e emoções a transbordar durante as 2h45 do espetáculo nesta tarde/noite de excelente temperatura e perante agradável moldura humana. António Telles lidou bem o seu primeiro, dentro do seu estilo, com boa brega e após deixar três compridos à tira, viu-se com agrado na série de curtos ante um toiro sério. Primeiro e terceiro ferros são de boa nota em

Fotos: Pedro Batalha

sortes bem executadas, terminando com um outro curto em terrenos de dentro aproveitando essa querença do toiro para tábuas. No bravo quarto da ordem foram muitas as passagens em falso, é verdade, mas António assinou dois magníficos compridos, de praça a praça e com primazia na investida ao toiro. E se a brega foi de boa nota, o que dizer dos dois últimos curtos em sortes frontais entrando em terrenos do toiro? De muito valor apesar de que esse toiro permitia ainda muito muito mais. Rui Fernandes assinou duas grandes lides e é, sem dúvida, triunfador nesta corrida. Não deu facilidades o seu primeiro mas Fernandes meteuse com ele, pisou terrenos de peso e de compromisso e com batidas ao pitón contrário deixou-lhe 4 ferros de muito boa nota, para rematar com um de palmo. No que foi quinto, e bravo encastado e enraçado, a partir para o MOITA 10 de setembro de 2013  Cavaleiros: António Telles, Rui Fernandes e Vitor Ribeiro Forcados: Moita, Montijo e Ap. B. V. Alcochete Ganadaria: Rio Frio 10

toiro em viagens de largo ou mais em curto consoante os terrenos eleitos, a marcar o quiebro, entrando bem nos terrenos do toiro, concretizou cinco ferros que fizeram soar fortes aplausos. Rematou com um par de bandarilhas. Vítor Ribeiro voltou às arenas e parece muito moralizado. O seu primeiro permitiu o toureio de ataque que Ribeiro sente profundamente e executou muito bem. Cravou dois ferros de arrepiar: o terceiro em que parte para o toiro, provoca a sua investida com uma leve paradinha na viagem, suficiente para marcar um ligeiro quiebro e cravar um ferro de excelente nota que viria a repetir na cravagem do quinto da ordem. Momentos de grande emoção e para recordar. No que encerrou praça não conseguiu manter o nível pois o toiro não transmitia e não se meteu tanto na lide. Ainda assim, Vítor Ribeiro bregou bem e deixou ferros de boa nota. Boa nota também para os três Grupos de Forcados em competição nesta primeira corrida: Moita, Montijo e ABV Alcochete. Pelos Amadores da Moita foram caras Fernando Grilo muito bem à primeira e Pedro

Raposo à segunda; pelos Amadores do Montijo, Cláudio Bernardino só consumou à terceira e a sesgo e Élio Lopes executou uma duríssima pega de caras à primeira: e pelos do Aposento do Barrete Verde de Alcochete Marcelo Lóia com muita

Rui Fernandes

decisão à primeira e Diogo Amaro numa duríssima cara à segunda tentativa, concretizaram as seis pegas da noite. Os toiros de Rio Frio, bem apresentados e com 4 anos de idade, tiveram no quarto e quinto da ordem

os mais destacados dos seis que, com matizes diversos, muito tinham que tourear. Direção de Manuel Gama, com pouco critério e sensibilidade na concessão de música, assessorado pelo veterinário João Nobre.

ALCOCHETE Sábado – 19 de outubro – 15h30 Festival dos Bandarilheiros Homenagem a Ernesto Manuel, José C. Nicolau, Luis Peixinho e Manuel Filipe ÉVORA Domingo – 20 de outubro – 17h30 Corrida à portuguesa Cavaleiros: António Ribeiro Telles, João Salgueiro, Vitor Ribeiro, Rui Fernandes, Gilberto Filipe e João R. Telles Forcados: Évora e Alcochete Ganadaria: José Luis Pereda e La Dehesilla ESTREMOZ Sábado – 26 de outubro - 17h Corrida à portuguesa Cavaleiros: Rui Salvador, Vitor Ribeiro, Sónia Matias, Gilberto Filipe, Tiago Carreiras e Jacobo Botero Forcados: Évora e Aposento da Moita Ganadaria: José Luis Pereda e La Dehesilla AZAMBUJA Domingo – 27 de outubro - 16h Festival dos Bandarilheiros Homenagem a Ricardo Chibanga MONTIJO Domingo – 27 de outubro – 16h30 Corrida à portuguesa Cavaleiros: António Ribeiro Telles, Rui Fernandes e Gilberto Filipe

Roteiro Taurino 2013 

VILA BOIM Sábado - 12 de outubro – 15h30 Festival taurino Cavaleiros: Manuel Lupi, João Soller Garcia, David Gomes e Álvaro San Emetério Espadas: João Augusto Moura, Ginés Marín e João Silva “El Juanito” Forcados: Montemor, Évora, Apos. Moita, Monforte e A. Elvas Ganadarias: Várias S. MANÇOS Sábado - 12 de outubro – 16h00 Festival taurino Cavaleiros: Francisco Núncio, Marco José, Paulo Jorge Santos, Mateus Prieto, Manuel Vacas de Carvalho e Luis Rouxinol Jr. Forcados: S. Manços, Moura e Póvoa de S. Miguel Ganadarias: Várias SANTARÉM Domingo – 13 de outubro - 16h Corrida à portuguesa Cavaleiros: António Ribeiro Telles, João Salgueiro e Vitor Ribeiro Forcados: Santarém e Alcochete Ganadarias: Veiga Teixeira, Samuel Lupi, Vale Sorraia, Passanha, Paulo Caetano e José Luis Pereda TERRUGEM Domingo – 13 de outubro - 16h Festival Taurino Cavaleiros: Rui Salvador, Francisco Cortes, Paulo Jorge Santos, Rui Guerra, Luis Rouxinol Jr. e Parreirita Cigano Forcados: Ribatejo, S. Manços, Aposento da Chamusca, Arronches, Académicos de Elvas e Redondo Ganadaria: António Lampreia

Forcados: Montijo e Alcochete Ganadaria: Engº Luis Rocha

www.naturales-tauromaquia.com 11


CB

Reportagem x Moita

CB

António João Ferreira "Tojó"

El Fandi

António João Ferreira "Tojó"

El Fandi

Vítor Mendes

El Fandi

Toiros condicionaram êxito artístico Boa presença de público na corrida de matadores Textos: António Lúcio

Q

uando se anuncia uma corrida só com toureio a pé, em Portugal e face a todos os condicionalismos legais e de mentalidade, só por puro acaso o sucesso artístico acontece e, ao mesmo tempo, o sucesso de bilheteira. A verdade é que na noite de quarta-feira, 11 de Setembro, o público compareceu em número que ultrapassou as nossas expectativas e os toureiros tiveram de se arrimar se quiseram tirar partido dos toiros. Exceção feita à lide do quarto da noite, onde Mendes escutou protestos durante a sua atuação, o público aplaudiu as cinco lides. Podíamos referir, e quanto a condicionalismos ao bom desenrolar do espetáculo, a ausência das varas, termómetro de bravura e que serve também para retirar algum do ímpeto e da violência de algumas investidas. Mas a verdade é que toiros inteiros, com 4 anos de idade, com presença e trapio como foram os de São Torcato, com raça e com casta, por vezes violentos nas investidas, precisavam desse momento, desse teste nas varas. E as faenas poderiam ter beneficiado com isso: os mansos destapar-seiam mais e os bravos e encastados mostrariam a diferença. Houve toiros

Fotos: Pedro Batalha

de todas as condições e emoção e sentido de perigo também não faltou. Vítor Mendes esteve bem de capote no seu primeiro lanceando por verónicas e paróns e repartindo o tércio de bandarilhas com os seus dois alternantes, o que sucederia na primeira lide de cada matador. A faena de muleta teve interesse, iniciada que foi com muletazos por baixo, umas séries de derechazos e de naturais correndo bem a mão apesar de, por vezes, o toiro derrotar na muleta na fase final do passe. Não faltaram aos adornos como os molinetes e finalizou com passes por ambos os pitóns. Não deu volta. Saiu o quarto da ordem, que se revelou mansote, tardo, com poucas ganas de investir e Mendes recebeu-o com lances a fixar e procurar o seu melhor pitón, estalando a bronca ao não bandarilhar e também porque a quadrilha não acertou uma. A faena de muleta foi de alinho, sacando alguns muletazos MOITA 11 de setembro de 2013  Matadores: Vítor Mendes, El Fandi e António João Ferreira Ganadaria: São Torcato 12

mas... David Fandila “El Fandi” recebeu o segundo da noite com uma larga cambiada de joelhos e verónicas mais um quite por navarras. A faena de muleta foi baseada na mão direita, aguentando a violência de algumas das investidas do toiro, e procurando embebê-lo nos voos da muleta, o que por vezes conseguiu ligando vários muletazos. Cumpriu com mérito nesta sua primeira prestação. No que foi quinto, recebido por verónicas e presenteado com 4 bons pares de bandarilhas a tentar sangrar o toiro para atemperar a sua violência, iniciou a faena de muleta por baixo, tentando submeter as suas investidas e sacar-lhe o máximo partido o que conseguiu dado o seu pundonor e profissionalismo. Arriscou, meteu o toiro na muleta, sacou-lhe os passes e o público aplaudiu com força premiando-o com volta à arena no final. António João Ferreira lanceou à verónica o terceiro da noite, seguindo-se um arrimado e arriscado quite por chicuelinas. Com a muleta, iniciou com passes a dobrar por baixo e com alguns interessantes momentos em especial pelo lado direito. Soube

Joaquim Bastinhas recebe Medalha de Ouro da Cidade de Elvas

J

Fotos: Pedro Cardoso

oaquim Manuel Tenório, sobejamente conhecido por Joaquim Bastinhas, foi distinguido pela Câmara Municipal de Elvas, com a medalha de Ouro da cidade que o viu nascer, pelo reconhecimento de todo o percurso do cavaleiro, que levou a todos os cantos do mundo o nome de Elvas enquanto cavaleiro. A cerimónia decorreu perante uma sala cheia, onde foram tecidos inúmeros elogios de amizade e agradecimento por tudo aquilo que Joaquim Bastinhas tem dado de si a Elvas. Foram também distinguidos com a medalha de Ouro, os Bombeiros de Elvas e a APPACDM. 13

colocar-se para sacar partido do toiro, que não foi nada fácil, e conquistar o reconhecimento dos espectadores, situação que viria a repetir no sexto da ordem em que teve um bom desempenho no tércio de bandarilhas. Com s muleta desenhou uma faena interessante, iniciada junto a tábuas e sacando passes por ambos os pitóns sem se emendar. Bons derechazos foram a base desta segunda faena em que o matador português se arrimou e o público respondeu com aplausos. Na direção da corrida esteve Pedro Reinhardt, assessorado pelo veterinário Jorge Moreira da Silva e a corrida durou cerca de 2 horas e 10 minutos.


CB

Reportagem x Moita

CB

José Broega

Nuno Inácio

José Maria Águas

João Salgueiro

José Maria Bettencourt

Grande noite de toureio na Moita com Ventura a vencer a disputa Textos: Sandra Batalha

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uase esgotou a praça de toiros Daniel do Nascimento na Moita do Ribatejo na mais esperada corrida da feira de 2013. Corrida que decorreu no dia 12 e que tinha como grande atrativo a disputa na arena de três “leões” do toureio a cavalo: Salgueiro, Ventura e Telles Jr. A expetativa de assistir a uma corrida em que João Salgueiro e Diego Ventura partilhassem cortesias era sobejamente grande, e, tornou-se maior ainda quando a empresa juntos ao cartel João Telles Jr, cavaleiro que tem nesta temporada liderado o pelotão da frente no que ao toureio a cavalo concerne. Assistiram-se a grandes momentos de toureio protagonizados por todos os artistas, cada um fiel ao seu estilo de tourear e à forma como sentem o toureio, levando por diversas vezes o público a erguer-se dos seus assentos, vibrando com o que na arena se ía passando. Como se estes ingredientes não fossem bastos de interesse, o Aposento da Moita pegou em solitário os seis Passanhas da corrida, consumando grandes pegas e contribuindo assim de modo inequivoco para a grande noite de toiros a que assistimos esta noite na Moita.

Fotos: Pedro Cardoso

O curro de Passanha deixou-se lidar, apesar de não serem bravos, colaboraram com os artístas, exceção ao primeiro da corrida, um manso sem investida que poucas hipóteses deu a João Salgueiro para mostrar o seu toureio. Da lide que abriu a corrida pouco houve a destacar, apesar da labuta do cavaleiro de Valada, o toiro em nada colaborou. Foi de longe o pior dos exemplares desta corrida. O segundo do seu lote teve melhores condições de lide e Salgueiro soube aproveitar para construir uma atuação bastante correta e consistente, com classe, entrando de frente para cravar. Uma lide muito bem conseguida, apesar do público não o ter reconhecido, regateando os aplausos no final. A meu ver, Salgueiro teve uma lide bastante sólida, em que fez tudo bem feitro, como ditam os cânones do toureio à portuguesa… faltou-lhe apenas mostrar um pouco de “alma” para que chegasse com Moita 12 de setembro de 2013  Cavaleiros: João Salgueiro, Diego Ventura e João Telles Jr Forcados: Aposento da Moita Ganadaria: Passanha 14

mais força às bancadas. Diego Ventura foi o máximo triunfador desta corrida! Aproveitou tudo o que o segundo toiro da corrida lhe ofereceu, recebendo bem, bregando melhor, cravando em reuniões justas e deixando grandes ferros. Não existem tempos mortos nas atuações de Ventura, sempre com muito ritmo e com sabedoria, conseguindo conquistar o público com a sua arte, aliando o ritmo do rejoneio à verdade do toureio a cavalo à portuguesa. O segundo toiro do seu lote não mostrou tanta codícia, ainda assim Ventura deu-lhe a lide adequada, agradando como habitualmente ao público que ficou em verdadeiro extase quando o cavaleiro sacou do “Morante” no final da sua atuação. Já em outras ocasiões tive oportunidade de afirmar que João Telles Jr tem tido este ano a sua temporada de ouro, destacando-se no pelotão da frente e triunfando em cada atuação. E, esta noite na Moita, o jovem cavaleiro da Torrinha mão deixou os seus créditos por mãos alheias. Se tivessemos que atribuir classificações, Telles Jr teria conquistado claramente o segundo lugar nesta corrida. O que é um feito de se lhe tirar o chapéu, tendo em conta os companheiros de cartel.

Leonardo Mathias

Francisco Baltazar

Em ambos os toiros do seu lote mostrou muito critério nas abordagens, na escolha dos terrenos mais adequados para que as sortes resultassem justas e bem desenhadas. Está confiante e isso transparece para as bancadas em cada atuação, pisando terrenos de compromisso para cravar e bregando como os eleitos. Telles Jr conseguiu uma atuação mais séria frente ao primeiro do seu lote, já que no segundo, apesar de ter alcançado uma boa lide, o toiro foi menos colaborante e transmitia menos emoção. Noite rija no que às pegas concerne, com os forcados do Aposento da Moita a vencerem com galhardia as dificuldades impostas pelos Passanhas desta noite, que pouco facilitaram aos moços das jaquetas das ramagens. Não descrevendo em pormenor cada pega, a realidade é que todas elas tiveram pela frente forcados à altura, tal como os toiros violentos e cheios de força o exigiam. Foram caras José Broega e Nuno Inácio muito bem a concretizarem à primeira, seguindo-se José Maria Águas à segunda, José Maria Bettencourt à terceira, Leonardo Mathias e Francisco Baltazar ambos também à primeira. Dirigiu a corrida que decorreu sem incidentes Ricardo Pereira assessorado pelo médico veterinário Dr. José Manuel Lourenço.

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Diego Ventura

Reportagem x Moita

Diego Ventura conquista o público da Moita

João Ribeiro Telles Jr


CB

Reportagem x Moita

CB

António Telles

Vítor Ribeiro

Sónia Matias

Gilberto Filipe

Jacobo Botero

Tomás Pinto

Vítor Ribeiro e Tomás Pinto fecharam com chave de ouro a Feira da Moita GFA Santarém

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ouco público naquela que foi a corrida de encerramento da Feira da Moita 2013, preenchendo talvez um pouco menos de metade das bancadas da Daniel do Nascimento. Seis cavaleiros integraram este cartel que se lidaram bons toiros de D. José Luís Pereda e La Dehesilla e cujas pegas foram brilhantemente executadas pelos forcados amadores de Santarém e de Alcochete, capitaneados respetivamente por Diogo Sepúlveda e Vasco Pinto. A noite abriu da melhor forma com uma importante atuação de António Ribeiro Telles, impondo-se ao primeiro toiro da corrida, que não lhe deu facilidades e exigiu cavaleiro à altura do compromisso. Vítor Ribeiro tem assinado lides muito sérias nesta temporada, mantendoMoita 13 de setembro de 2013  Cavaleiros: António Telles, Vítor Ribeiro, Sónia Matias, Gilberto Filipe, Tomás Pinto e Jacobo Botero Forcados: Santarém e Alcochete Ganadaria: J. L. Pereda e Dehesilla

Fotos: Pedro Cardoso

se fiél ao estilo a que sempre nos habituou, protagonizando um toureio frontal e verdadeiro. E desta vez não houve exceção, sendo Vítor Ribeiro protagonista de uma das melhores atuações da noite, aproveitando a bravura do seu oponente, citando de frente e entrando pelos terrenos do toiro dentro para cravar ferros de levantar o público das bancadas. O toiro que coiube a Sónia Matias não tinha lide fácil, ainda assim a cavaleiro exibiu mais uma vez a sua garra e a vontade de nunca virar a cara à luita, dando-lhe a lide adequada e sobrepondo-se claramente ao toiro que teve pela frente. Também Gilberto Filipe esteve em bom plano, com uma atuação que agradou ao público presente, aproveitando o toiro para construir uma lide ligada e com bom ritmo. Histórico foi a sorte de gaiola com que Tomás Pinto abriu a sua lide, seguida de mais um comprido excelente e que fez soar a banda logo desde a ferragem comprido, fato quase inédito e muito pouco usual nos dias que correm, não só por culpa dos cavaleiros, mas muito também pela falta de critério de muitos dos diretores de corrida que preferem utilizar uma “bitola” em vez 16

Jacobo Botero veio disposto a triunfar e exibiu-se em boa forma na Moita, conseguindo chegar facilmente às GFA Alcochete

bancadas, protagonizando uma lide com ritmo, com garra e com bons momentos. A lamentar apenas a colhida aparatosa que sofreu aquando de cravar o segundo curto, mas que felizmente não trouxe consequências. Em muito bom plano, aliás como é habitual nestes grupos, estiveram os forcados amadores de Santarém e Alcochete, abraçando com valentia os compromissos e resolvendo as dificuldades impostas pelos toiros. Por Santarém foram para a cara dos toiros os forcados João Brito à primeira, João Freire a consumar à segunda uma pega muito dura e António Imaginário depois da primeira tentativa saiu inanimado da arena, sendo dobrado por Ruben Geoveti que pegou na sua segunda tentativa.

Gilberto Filipe com os seus apoderados

do bom senso. Um grande “Olé” para Rogério Jóia que dirigiu esta corrida pelo extremo critério! E daí para a frente sucederam-se os bons ferros, a boa brega, numa atuação toda ela muito vibrante, emotiva e que foi sem dúvida alguma, uma das melhores desta corrida.

Pelos Amadores de Alcochete pegaram Fernando Quintela com uma grande pega à primeira tentativa, Nuno Santana à quarta e Pedro Viegas também à primeira.

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Reportagem x Moita

Textos: Sandra Batalha


Foto: Pedro Batalha

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Marcos Bastinhas

Indiscutivelmente um Grande Toureiro!

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Por: Pedro Cardoso

igura da temporada que agora finda, Marcos Bastinhas voltou uma vez mais a ser tema de conversa, face às excelentes lides que rubricou esta época, plenas de valor, entrega e acima de tudo muito personalizadas, em que a raça e arte se fundem, numa plena simbiose de puro toureio. Um toureiro de verdade, que pratica o toureia a cavalo á portuguesa! Puro e genuíno, sem qualquer tipo de mestiçagem com o rejoneio e o mono encaste “Murubenho”, daí que Marcos Bastinhas, tenha lidado toiros de diferentes encastes e procedências, caso das divisas “Guardiola”, “Passanha”, “Vinhas”, “Aguirre”, “Prudêncio”, “Pégoras”, “Vale Sorraia”, “Varela Crujo”, “Charrua”, “Pontes Dias”, “Ortigão Costa”, entre muitas outras, terminando a temporada 2013 com 45 contractos cumpridos, entre corridas de toiros e festivais. E como caminhamos a passos largos para o defeso, a pergunta já tradicional, em todas as entrevistas é:

Contra Barreira: Que balanço faz da temporada que agora finda? Marcos Bastinhas- Foi uma temporada na linha das anteriores épocas, em que tudo praticamente correu bem e digo praticamente, não fosse o caso da lesão que um dos meus cavalos de confiança sofreu na Nazaré, o único facto menos positivo da minha temporada. No entanto isso fez com que outros cavalos se revelassem, em especial o caso do “Bombom”, que já tendo dado provas anteriormente, acabou por confirmar

todas as suas capacidades, o que me deixou bastante contente. Foi uma temporada de corridas importantes, caso da corrida dos “Guardiolas”, em Portalegre, logo no início da época (1 de Junho), seguida de outras onde a quadra correspondeu e me senti a gosto, confiado e muito moralizado. Foi uma temporada muito boa, no seguimento das anteriores como já disse… CB - No entanto a lesão do “Palmela” é sempre… MB- Esse tipo de percalços, obrigam18

nos a procurar imediatamente novas soluções, passando a utilizar cavalos, que muitas vezes são menos sacados e por isso estão tapados pelas “vedetas”. No meu caso o “Bombom”, foi o cavalo que destapou todas as suas ótimas qualidades toureiras. Depois também outros, como os de saída, que são cavalos também eles importantíssimos, já que permitemnos agarrar os toiros logo de inicio e construir as lides, para que os que vêm a seguir “possam permitir-nos estar á vontade com os toiros” e agarrarmos

o êxito. No meu caso o “Conde” e o “Capa-Negra” foram peças fundamentais, para o que acabo de dizer e contribuíram muito, para que a temporada tenha corrido de feição. Depois o “Cartier”, apesar de ser novo, adquiriu já muita experiência, o ano passado foi o cavalo da minha quadra que mais toureou…toureou 54 toiros, este ano foi na mesma linha (é o cavalo dos pares de bandarilhas) e neste englobar de factos foi uma temporada ótima! CB – Revendo então as últimas temporadas e a presente, o Marcos Bastinhas… MB – Eu não olho já para o passado. Quando se tem ambição, não nos podemos quedar pelo passado ou pelo presente! Penso sim já na próxima temporada, de forma a limar algumas arestas, de forma a estar ainda melhor e obter um nível de toureio mais elevado. Só assim se pode pensar e agir, se queremos efetivamente marcar e definir a nossa posição como toureiros, perante o público, aficionados e empresas, chegar ao

top e impor-me como figura. Sempre assim foi e continuará a ser! CB – Vou voltar um pouco atrás. O Marcos dá assim tanta importância ao cavalo de saída? MB – Evidentemente que sim. Todos os cavalos são importantes, mas numa lide se não agarrarmos o toiro logo de princípio, tudo se poderá vir Portugal?

A minha paixão e meu orgulho Família?

Amor e suporte de vida

O que é que mais o irrita?

A mentira

Aquilo que mais aprecia?

Amizade e sinceridade

No feminino: loiras ou morenas?

A minha.

Marcos?

Jovem, trabalhador, ambicioso, feliz Futuro?

A Deus pertence. 19

a tornar mais difícil depois para os outros cavalos. Em minha opinião todas as fases da lide são importantes, apesar de nem sempre se dar o devido valor ou reparar nos cavalos dos ferros compridos O espectador por norma repara é nos cavalos dos ferros curtos, porque são mais vibrantes, porque chegam mais perto do toiro, consentem mais; mas se de fato não tivermos um cavalo de saída que mande imediatamente no toiro, que nos deixe meter o toiro “em su sitio”, que nos deixe dobrar bem o toiro para quebrar esse ímpeto, com que normalmente saem, a nossa atuação pode tornar-se mais complicada. Para mim, considero ser fundamental ter um, melhor se tivermos dois ou três, bons cavalos que parem os toiros, consoante a ganadaria, que os deixem ficar mais cómodos, mais medidos, ficando os dos curtos mais há vontade para mostrarem todo o seu esplendor. CB – Esta temporada confirmaram dois, diria mesmo três dos chamados toureiros mais novos, ou da nova geração, como se queira chamar,


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que se afirmaram regularmente, perante as figuras e em certos espetáculos, chegou a comentar-se mesmo, em gíria taurina (no bom sentido), que se montaram nos… MB – Atenção: por muito bem que estejamos ou que o publico nos queira, “não poderemos nunca esquecer o valor e o mérito de todos aqueles que conseguiram e são figuras á 25, 30 ou mais anos”! Se o são é porque tiveram e têm saber, capacidade, valor e arte para tal.” È com eles e com todo o seu saber e experiência adquirido ao longo das temporadas que aprendemos… e até muitas vezes após as lides ouvimo-los. Aliás ainda bem que os podemos escutar! Os cavaleiros mais antigos terão sempre o seu lugar, até quererem tourear. Sempre foi assim. È normal que os mais jovens queiram romper. È o ciclo natural da vida. Eles também já foram jovens e singraram, construindo as suas trajetórias. Devemos-lhes no mínimo respeito, por tudo o que deram e ainda dão á tauromaquia. Tem a resposta á sua pergunta! CB – Qual é o fator mais importante para si, para um cavaleiro mais

jovem de alternativa se poder impor ou afirmar? MB – Tem que estar mentalizado e preparado para as dificuldades que os toiros lhe irão impor. Mas não só! É preciso também estar preparado para os percalços, que muitas vezes a própria temporada coloca e que não têm só a ver com os toiros. Depois temos que progredir regularmente e não estarmos muito bem em cinco corridas e de seguida deixarmos que a situação se ponha completamente ao contrário. A progressão tem que ser contínua e na base de uma regularidade que não nos faça nunca andar para trás. Todos os toureiros para se afirmarem têm que saber defender a sua posição 20

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e lutar para chegar sempre mais há frente. Isto implica muito trabalho. Uma procura constante de novos cavalos, de pormos a quadra mais forte, aperfeiçoar o nosso toureio sempre mais (apesar da perfeição não existir, porque queremos sempre um pouco mais, mais perfeito…melhor), evoluir não só artisticamente, mas também tecnicamente. Há que manter o nível e subir de tom regularmente e daí, temporada após temporada, poder afirmar que estamos cada vez mais á vontade, que estamos cada vez melhor. CB – O fato de o Marcos e alguns dos seus colegas, serem apelidados como “toureiros de dinastia”, pelo facto de os pais terem sido, ou são

toureiros, cria mais pressão no momento em que pisam a arena? O público exige-vos mais? MB – Bem eu sinto uma grande felicidade por ter o apelido Bastinhas! Tenho uma pessoa ao meu lado que já passou pelo que estou a passar e que a qualquer momento, que eu possa cometer algum erro, ou que aconteça estar menos bem, dar-me uma palavra. È confortante saber que tenho alguém ao meu lado que me pode ajudar, apoiar, explicar, porque sabe perfeitamente do que está a falar. Por outro lado é um orgulho ter o apelido Bastinhas e poder defender e lutar por ele. Sou a terceira geração de toureiros com o nome Bastinhas. O meu avô com a sua enorme aficion transmitiu tudo o que sabia e apoiou o meu pai sempre. O meu pai tem feito o mesmo desde a primeira hora. Se tenho feito boas temporadas, é porque tive e tenho um excelente professor. Quanto há pressão, penso que é igual para todos. Quando nos deixamos anunciar num cartel, ao pisarmos a arena, todos temos a responsabilidade, aliás temos a obrigação, de dar o nosso melhor ao público. O nome é uma responsabilidade, mas uma responsabilidade saudável… e ao mesmo tempo até, uma motivação extra para estar realmente bem. CB – Sendo o seu pai uma figura do toureio e que este ano comemorou 30 anos de alternativa, com o publico por todas as praças onde

atuou a demonstrar muito apreço e consideração, foi complicado alternar com o Joaquim Bastinhas? MB – Não. Alternar com ele é para mim sempre um motivo de satisfação. Por exemplo na corrida de Gala cá em Elvas tivemos uma lide a duo francamente boa. Quanto a mim, foi inclusivamente a melhor

da temporada… talvez até da minha carreira. Quando estamos lá dentro, estamos tão interiorizados na lide, que sinceramente não pensamos no que de bonito está a acontecer naquele momento, mas sim em tourear bem, a gosto…recriarmo-nos dentro do nosso próprio toureio e só mesmo depois da atuação terminar, é que 21

muitas vezes, damos conta de que não poderia ter sido melhor. È um orgulho tremendo, passados 30 anos da alternativa do meu pai, poder tourear com ele e aqui em Elvas, perante o nosso público, conseguirmos uma lide tão perfeita, tão bem concebida, como essa. CB – A poucos dias de terminar a época 2013 e a fechá-la com 45 espetáculos feitos, como é que sente o toureiro fisicamente e psicologicamente? Preparado se fosse caso disso para uma campanha de Inverno? MB – Para mim não é novidade tourear 40 corridas numa temporada. Esta vem na linha das anteriores. A preparação deve toda ela ser feita durante os meses de Inverno, no defeso, para depois podermos desfrutar das corridas durante o verão. Todo o trabalho de casa tem de ser feito durante o defeso, para que os cavalos estejam prontos e no ponto, para enfrentar a temporada e não nos obrigarem a ir para dentro da arena, a pensar na incerteza do que poderá acontecer perante os toiros… mas sim para entrarmos em praça com a garantia, ou alguma segurança, que temos cavalos á altura das complicações que os toiros possam dar -- ou não; mas acima de tudo, sentir-mos o prazer de tourear e desfrutar disso mesmo. Assim como é também muito importante, que o publico ao pagar o seu bilhete, fique satisfeito e tenha vontade de regressar á praça, ou a outras praças, para nos rever. Tudo isto é consequência da nossa preparação durante os defesos face às temporadas. Aliás no meu entender a nossa profissão tem muito trabalho de bastidores, mais do que se possa imaginar. São muitos meses (anos mesmo) de trabalho, postos á prova durante alguns minutos e em que o público dará o seu veredicto: assobia ou aplaude! Esta é a minha preparação. O montar todos dias 7 ou 8 cavalos (por vezes mais, quando necessário), fisicamente mantém-me bem, acompanhado por vezes ao final do dia, com um desafio de futebol entre amigos ali no campo do Elvas. Penso que por agora basta!


E sobre toureio demos por concluída a nossa conversa. Porém a entrevista não estava concluída. Muito há por descobrir sobre o dia-a-dia “normal” dos toureiros, após as temporadas terminarem. Ao longo do defeso surgem aqui e ali, em revistas alheias ao meio tauromáquicas, reportagens que na maioria das vezes “tratam o todo pela rama”. Colocámos o desafio a Marcos Bastinhas, que nos falasse do seu quotidiano fora das arenas. Aceitou e simpaticamente abriu-nos as portas da sua casa. A conversa foi agradável e simples. No entanto medida, através de um discurso objetivo e de poucos rodeios, respondendo á nossa “cusquisse” o suficiente qb. Afinal estávamos a tentar entrar na sua privacidade.” O meu dia a dia após a temporada, quer queiramos ou não, acaba por estar sempre ligado aos cavalos. Deixo de ter aquela pressão das corridas, das datas importantes, dos cartéis com quem vou alternar e acabo por estar um pouco mais relaxado, mais tranquilo. No entanto se este tempo nos permite estar mais descontraídos, é também o tempo de agarrarmo-nos aos cavalos novos,

os poldros, para tentar pôr mais um cavalinho para a época seguinte…e por vezes até temos boas surpresas. Mesmo sendo tempo de descanso, nunca consigo estar desligado do mundo do cavalo. No entanto vou tirando algum tempo para mim e nesta altura do ano é a época dos galgos aos quais sou muito aficionado. È um desporto que me permite andar mais um pouco no campo, “espairecer um pouco” e ganhar ideias que possam ser úteis para a próximo ano. CB – Os galgos são uma tradição familiar? MB – Sim, sim! Desde sempre tivemos galgos. O meu avô era apaixonadíssimo pelos galgos e transmitiu-nos esse gosto, quer a mim, quer ao meu pai e ao meu irmão. Acompanhei-o desde muito pequeno e tanto eu como o Ivan, ficávamos entusiasmadíssimos ao ver os cães, correrem as lebres. È muito bonito. Para além disso, cada um tens os seus galgos e gera-se ali uma competição que dá sempre boas histórias ao almoço. Este é também um convívio sempre muito divertido. Oiço muitas histórias dos mais velhos, algumas

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até sobre o meu avô Sebastião. São momentos agradáveis em que falamos dos cães, das peripécias da manhã… este ou aquele cão é melhor que o teu… tenho lá um que vai ser um campeão… enfim, estou com os amigos e são momentos, em que me divirto imenso. CB - É difícil pôr um cão para as lebres? MB - Bem… penso que é um pouco como pôr um cavalo para os toiros.

Vai da nossa intuição, do nosso trabalho, tal como com os cavalos. São todos atletas e como tal, têm que ser treinados todos dias. No caso dos galgos, todos dias têm uma determinada distância para percorrer. Esses quilómetros vão aumentando, consoante o cão e a sua forma física. Necessitam também de um período de repouso. São atletas que precisam de estar fisicamente bem preparadas e penso que isso é também uma arte e um desafio para nós. CB – Afirma-se que para alguém ser toureiro, a juventude é sacrificada. Há que prescindir de… MB – Não. Há tempo para tudo. Temos é que saber organizá-lo de forma a não colidir com a profissão. Estabelecer prioridades na nossa vida, é importantíssimo, para alcançar o sucesso. Nada acontece por acaso… CB – Mas certamente para além do toureio e dos galgos, haverá outras coisas que gosta de fazer? MB – Sem dúvida. Na vida há tempo para tudo, se tudo for bem medido e bem detalhado! Eu como qualquer jovem gosto de estar com os meus amigos. Gosto de passar alguns momentos com a minha família… gosto de tirar uma semaninha para ir para a neve e fazer snowbord. São pequenos espaços de tempo que quebram a rotina normal do resto do ano. Aproveito esse tempo para “recarregar as baterias”, ganhar novo ânimo e força de vontade para o resto do ano. Apesar, desde já lhe digo, que passados 2 ou 3 dias de estar fora daqui do Monte, começo a sentir-me fora do meu “habitat” e a vontade de regressar desperta… CB – Segue as notícias e está a par do que se passa no mundo diariamente? MB – Mantenho-me informado, não mais que isso. Até porque atualmente ligamos a televisão ou o rádio e as noticias, são na sua maioria dos dias pouco agradáveis. Nos jornais? Dou uma vista de olhos rápida, normalmente nos desportivos. È que para além de gostar muito do snowbord, penso que tal como a generalidade dos portugueses, aprecio bastante o futebol e sou do

Foto: Pedro Batalha

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Benfica, como toda a gente sabe… apesar de este ano não estar muito bem, continua a ser um grande clube. È como em tudo na vida: há dias melhores e outros piores! Aliás gosto de ver um bom jogo e estar com os amigos, para comentarmos as peripécias do mesmo. São estes pequenos momentos de convívio que tornam a vida agradável e não é preciso muito mais para ser feliz. CB – O snowboard não é um desporto com muitos praticantes em Portugal, digo eu, até porque digamos, a “neve não abunda” no nosso País. Como é que surge a praticar e com tanto gosto, essa modalidade desportiva? MB – Porque bastante cedo comecei a acompanhar os meus pais nas férias, as quais por razões óbvias, normalmente eram (e ainda hoje na maioria das vezes) no Inverno. 23

Comecei bastante cedo a pratica-lo. È um desporto que nos dá uma grande sensação de liberdade mas ao mesmo tempo exigente. Tudo se passa muito rapidamente obrigando a reagirmos em frações de segundos. Não permite demasiados erros e obriga a uma grande concentração, o que até é bastante bom, já que por estar interligado com a minha profissão. No entanto a montanha dá-nos uma boa sensação de espaço, liberdade… o que muitas vezes permite que façamos uma introspeção de nós próprios. CB - Com tempo livre agora, levanta-se mais tarde? Permite-se sair á noite? Ir a uma discoteca…. MB – Não, não. Mantenho praticamente os mesmos horários. Tenho responsabilidades no Monte e os cavalos, agora com menos intensidade, continuam a ser mexidos. Saídas á noite? Prefiro estar com 2


CB ou 3 amigos, conversarmos, ver um bom filme ou um jogo de futebol. Há muitas formas de passar momentos agradáveis sem ser necessário sair de casa. Discoteca? Hoje pouco. Muita gente, muitos encontrões, quase gritamos para falar… tudo tem o seu tempo. Sou capaz de sair uma vez por outra, mas como já disse, sinto-me mais a gosto se puder juntar alguns amigos em casa. CB – Gosta de ler? MB - Se quer que eu seja sincero consigo, digo-lhe que leio muito pouco. Não que não aprecie a leitura, mas tenho pouco tempo disponível. E para poder dar atenção a tudo o que me rodeia, por vezes é complicado arranjar tempo disponível para nós. No entanto, mesmo assim, dou uma vista de olhos rápida, sobretudo pela informação desportiva. CB – Musica? È apreciador de algum tipo de musica em especial? MB – Não sou um “expert” na matéria, mas gosto de escutar todo o tipo de música portuguesa. Por exemplo gosto de ouvir fado. Se houver ambiente, escutar um fado é sempre agradável. CB - Musica portuguesa, entre a qual o fado. Mas outro tipo de musica… MB – Se vai perguntar sobre concertos? Digo-lhe que vi 2 ou 3 dessas bandas estrangeiras mais badaladas. Oiço musica tanto no carro como em casa mais por companhia, do que propriamente por ser fã de alguma banda em especial. Estavame a esquecer, gosto, porque está ligado ao cavalo e ao toiro, de escutar um bom flamenco. CB – E quanto á gastronomia? O Marcos sabe-se que gosta de viajar, daí que possa fazer algumas comparações neste tema. Os nossos pratos são melhor ou pior? MB – È um facto que gosto de viajar para conhecer outro tipo de culturas e tradições diferentes das nossas. Mas primeiro quis conhecer o meu País. E desde já digo e aconselho porque vale a pena. No tocante a comida, para mim a portuguesa é a melhor. Mesmo havendo outras também com qualidade a nossa variedade de

pratos é muito grande e com muita qualidade… CB – Sabe cozinhar? MB - Se necessário sim! CB – Por exemplo, já surpreendeu a sua namorada com um jantar feito por si? MB – E porque não o haveria de ter feito? Talvez não tantas vezes como gostaria, mas já o fiz. CB – Por exemplo? MB – Coisas simples: umas amêijoas. Umas gambas. Nada muito complicado. CB – Que tipo de comida (prato) mais aprecia? MB – Para mim a cozinha alentejana é a melhor do mundo. Tem variadíssimos pratos bons: arroz de lebre, bacalhau dourado, arroz de pato. Não tenho um prato específico. Gosto da comida bem temperada, bem-feita…gosto de variar conforme a minha disposição, o ambiente, a companhia. Nada em especial. CB – Em relação a conhecer outros Países. Qual aquele que mais o impressionou pela positiva ou até por razões contrárias? MB – O que mais me impressionou? A Venezuela! Se por um lado é lindo e se muitos portugueses vissem o que se passa lá e tivessem a noção das dificuldades das pessoas, talvez entendessem melhor como aqui a vida é boa. Talvez não pensassem da mesma forma que o fazem aqui. O México outro país bonito e com 24

CB muita tradição turística e taurina; se por um lado é rico em cultura, tem também muitas dificuldades; aliás digo-lhe que tem uma miséria grande. Passam mal, têm baixos ordenados, mas estão sempre com um sorriso na cara e fazendo sempre tudo com uma alegria tremenda. Isto impressionoume! Acredito de certa forma, quando chegamos dessas viagens estamos mais sensibilizados, mais crescidos como pessoas perante os outros. Essas viagens enriquecem-nos culturalmente, mas ao mesmo tempo sensibilizam-nos… vivemos num pequeno paraíso e apesar da atual situação não ser boa, suplanta muito as condições, com que as pessoas de outros Países vivem. CB – Marcos como artista, está sempre exposto onde quer que esteja, perante a opinião pública. È importante manter uma determinada imagem, tanto no vestir, como no carro, etc. etc. O Marco dá atenção a essa “obrigação” que os artistas têm que manter perante os seus admiradores? Marcas de … MB – É evidente que temos que cuidar da nossa imagem ou apresentação, conforme queiram chamar. Eu sou uma pessoa prática. Não ando obrigatoriamente pendente desta ou daquela marca de sapatos, calça ou mesmo carro. No vestir gosto de me sentir confortável. Compro o que gosto e onde calhar. Não tenho lojas específicas. Quanto aos carros? Como qualquer pessoa, tenho este ou aquele modelo de que gosto e se for possível adquiri-lo melhor, mas não ando sempre a trocar de carro. Acho que devemos ser equilibrados nos gastos. E na época que atravessamos, muito menos ceder a caprichos! CB – Qual a importância da família, assim como da religião, para si e para a sociedade? MB – Quanto há religião respeito todos os credos. Não aceito muito bem é que em nome da religião, possam instaurar-se guerras… enfim isto é a minha forma de encarar certos “pontos” ou acontecimentos da atualidade dos tempos que correm. Eu tenho os meus valores religiosos.

Por vezes necessito de estar só, meditar, diria mesmo fazer uma certa introspeção. Isso fortalece-me e diria mesmo que me ajuda a enfrentar com outra clareza a vida, o quotidiano. Por vezes até a compreender os outros. Quanto há família? É o pilar da nossa formação. Uma segurança. Daí advêm os melhores conselhos. Felizmente tenho uma família ótima, muito unida e com um ambiente fantástico. Isto é bom a todos os níveis, para a nossa própria estabilidade, deixame encarar os problemas com outra clareza e faz-nos… muito felizes. CB – O Marcos, tal como o seu pai é agricultor por opção própria. Esta complicada a agricultura em Portugal? MB – Penso que como em todas as áreas temos que nos empenhar e estar atentos. A qualidade dos nossos produtos é boa e não fica nada a dever a tudo o que importamos. Claro que é uma área de risco porque está muito pendente dos fatores climatéricos, que no nosso caso, até não são dos piores. Fundamentalmente hoje um agricultor tem que estar muito atualizado. A tecnologia ao nosso dispor, pode melhorar não só a produtividade, como a qualidade e competitividade. È importante que o País seja autossuficiente, ou pelo menos esteja cada vez menos dependente do estrangeiro. CB – Por exemplo, o Marcos como analisa o sector vinícola? É complicado entrar nos mercados? MB – Desde que tenhamos qualidade tudo é um pouco mais fácil. Repare na quantidade de prémios que os

vinhos portugueses todos os anos conquistam. Há vinhos muito bons no nosso País, que se presta muito á cultura da vinha, não só pelos solos, mas também pelos microclimas existentes em determinadas zonas do País. Depois existem outros fatores como: se apostamos na quantidade nunca se perder de vista a qualidade. Se vamos exportar, deveremos estar preparados para o mercado para onde o produto vai. Não basta só vender. È precisa também repor. Só assim é que uma marca pode ganhar implantação de modo a fidelizar o cliente. Ou então crio um produto de excelência para um determinado nicho de mercado e é aí que tenho que estar preparado para atuar. Temos muitos bons vinhos, assim como muitas outras coisas. Os portugueses têm que acreditar “que o que é nosso bom”. Só assim se pode ir por diante. CB – A casa Bastinhas tem também uma coudelaria. Como é que ela surgiu? MB – Olhe pela paixão da minha mãe ao cavalo. Sobretudo ao cavalo lusitano. Para além do meu pai ser toureiro, durante alguns anos a minha mãe participou em muitos raids hípicos. Era um dos seus desportos de eleição. Depois numa casa de toureiros, penso que a coudelaria encaixa perfeitamente. A coudelaria “Helena Tenório”, que ostenta o ferro do meu avô Sebastião, é levada em conjunto por todos nós. Criamos o lusitano preferencialmente para o toureio como não poderia deixar de ser e já temos um cavalo com

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provas dadas no toureio, o “Cartier”, havendo mais dois ou três numa fase adiantada. Aliás o “Eneias” poderia ter já saído em praça este ano. No entanto o meu pai decidiu adiar a sua estreia. Temos uma quadra forte e estável. O lusitano é um cavalo com boa cabeça… CB – Marcos diz-se muito, até entre os toureiros, que aos lusitanos o que lhes sobra em beleza falta depois em “chispa”… MB - Todos os cavalos têm a sua “chispa”. Em todas as raças existem cavalos bons e maus, com melhor ou pior amplitude de andamentos, mais velocidade. Também se diz que o lusitano é um cavalo barroco. Quanto a mim os lusitanos têm uma beleza harmoniosa, boa cabeça e quando são habilidosos no toureio são muito expressivos e com qualidade acima da média. Em praça o cavalo para além de ser toureiro, se tiver praça: isto é, se for bonito, agrada também ao público. Depois no momento de vender um animal, é sempre mais fácil vender… e rentável, vender um que seja bonito. A raça lusitana tem qualidade e muitas aptidões para o toureio. Isso é importante e uma mais-valia, acima de tudo, quando se é toureiro de profissão. CB – Marcos a conversa vai agradável e deu a conhecer um Marcos, que não é apenas e só toureiro. Marcos apenas e só uma palavra para os aficionados? MB - …. Para o ano irei fazer ainda melhor. Prometo!


Sérgio Nunes debutou em Espanha

O

episódio ocorrido no passado dia 3 de outubro na corrida de gala do Campo Pequeno, com os socorristas da Cruz Vermelha, que levavam o forcado inanimado e com colar cervical no plano rígido por dentro da arena e tudo largaram quando o toiro investiu na sua direcção, é um exemplo claro de como Por: António Lúcio as coisas funcionam mal em termos de assistência, socorro e segurança nas arenas. A RTP que transmitia a corrida «branqueou» a situação quase não dando imagens e o jornal «Correio da Manhã» que deu uma mínimo espaço ao colunista Joaquim Tapada para colocar a sua mini-crónica, soube aproveitar o facto de ter havido uma agressão de um antigo elemento dos forcados de Santarém a um dos socorristas para, com foto e tudo, e mais de um terço de página. A situação, contudo, foi bem ilustrada nos sites e blogues mas sem comentários de maior. Aliás, como é habitual sempre que as situações têm alguma gravidade e alguns têm medo de expressar a sua opinião. Pois bem, como quem não deve não teme, aqui vai a minha opinião. A ANGF, e bem, andou a batalhar contra uma série de situações que eram gravosas em termos de segurança, nomeadamente para os seus membros, os forcados, mas que se resumiram a alterar o tipo de ferros, para as chamadas bandarilhas de segurança. O piso das arenas, os estribos em cimento, tudo continua igual. E, pior ainda, não existem regras na forma de prestação de socorros a quem seja colhido e fique incapacitado de sair da arena pelo seu próprio pé. Há praças onde os Bombeiros saltam à arena, imobilizam o lesionado, o colocam no plano rígido e tiram da arena; outros há em que passam apenas o plano rígido para a arena e forcados e bandarilheiros fazem o papel de socorristas, há locais onde o médico e enfermeiro de serviço vão á arena e alguém – normalmente os forcados – retiram o lesionado da arena… e assim sucessivamente. A verdade é que em cada praça cada um faz o que quer. A integridade dos lesionados tem de ser salvaguardada tal como a dos socorristas. Não existem dúvidas sobre isto. Entrar na arena com o toiro lá dentro e sendo sempre imprevisível o seu comportamento implica cuidar e muito quer do lesionado quer dos socorristas. Provavelmente, e na maioria dos casos, a presença de um socorrista que imobilize o lesionado e ajude á sua correcta colocação no plano rígido será essencial para que não haja agravamento das lesões. Depois, entendo que quem os forcados ou bandarilheiros, bombeiros ou socorristas, devem, de imediato, passar o plano rígido por cima da trincheira e para o espaço entre barreiras e daí para a enfermaria ou ambulância, em vez de andarem por dentro da arena colocando-se desnecessariamente em perigo. Espero, sinceramente, que este triste episódio, motivado por um lance infeliz de um bandarilheiro que também já foi forcado, sirva para uma reflexão profunda sobre a forma como é prestada a assistência nas nossas arenas e que os profissionais se pronunciem seriamente sobre esta questão. A vida humana é um bem por demais precioso!

O Bezerrista Sérgio Nunes, aluno da Academia de Toureio do Campo Pequeno debutou em Espanha, na localidade de Pedrezuela (Madrid) numa aula prática promovida pela Escuela Taurina de Madrid.

Elvas comemorou o 30º aniversário da alternativa de Joaquim Bastinhas com corrida de homenagem ao cavaleiro

O Sérgio exibiu-se com garbo nos três tércios da lide, mostrandose desembaraçado com o capote, solvente com as bandarilhas e profundo com a muleta. À hora de matar pinchou em várias ocasiões, sendo ovacionado no final. Com novilhos de António Sanchez, com pouca força mas nobres, completaram o cartel Luis Pasero (Silêncio), David Adame (orelha), Juan Manjarrez (orelha), Jesus Mejias (orelha) e Carlos Ochoa (orelha).

Fotos: Emílio de Jesus

Coliseu Comendador Rondão Almeida abriu as suas portas no passado dia 21 de setembro para acolher a corrida de toiros comemorativa dos 30 anos de alternativa do cavaleiro elvense Joaquim Bastinhas. Casa cheia na homenagem a Bastinhas em que o cavaleiro repartiu cartel com Ana Batista, João Moura Caetano, João Moura Jr e o seu filho Marcos Tenório. Lidaram-se toiros com ferro Maria Guiomar Cortes Moura e as pegas estiveram a cargo dos forcados amadores de Évora e dos Académicos de Elvas. O evento serviu ainda para homenagear o Presidente da Câmara local, Comendador José Rondão de Almeida, numa organização da A.P.P.A.C.D.M. de Elvas.

VENDA DE MATERIAL

Agrícola e Apícola A mais preciosa informação taurina! 26

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Reportagem x Elvas

SEGURANÇA NAS ARENAS…

CB

Fotos: Ricardo Relvas

Atualidade x Taurina

CB


Garraiada do Instituto Superior de Agronomia

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Por: Bernardo Cid

o passado dia 26 de Setembro realizou-se a Garraiada do Instituto Superior de Agronomia. As rezes pertenciam á Ganadaria do Sr. Eng. Fernando Palha e para as tourear estavam anunciados três parelhas de cavaleiros: Carlos e Manuel Grave, Manuel Dias Gomes e José Goes e Luís Graciosa e Sebastião d`Orey Manoel. Para executar as pegas anunciavam-se os Grupos do ISA e da faculdade de Veterinária. Finda a corrida a festa continuou até altas horas da madrugada animada pelo grupo de flamenquito "Los Borracheros".

Reportagem x Garraiada ISA

Reportagem x Garraiada ISA

CB

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CB

Reportagem x Lisboa

CB

João Moura

Joaquim Bastinhas

Rui Salvador

Vítor Ribeiro

Marcos Bastinhas

GFA Santarém

GFA Montemor

Cortejo histórico em Lisboa

Encerrou a temporada em Lisboa GFA Santarém

O

Campo Pequeno encerrou as suas portas nesta temporada com a corrida do passado dia 3 de outubro, uma Gala à Antiga portuguesa, antecedida como é habitual pelo Cortejo histórico evocativo das touradas reais do século XVIII e que teve honras de transmissão televisiva pela RTP. Penso que não me deverei alongar em comentários às atuações dos artistas, já que todos tiveram oportunidade de assistir à corrida, logo, cada um por si tirará as suas próprias conclusões. Apenas algumas questões que me ficaram deste espetáculo e que desta forma irei partilhar com os leitores… Em primeiro lugar, lamentar que Lisboa tivesse encerrado com uma chave de outro metal menos precioso que não o ouro, já que esta corrida teve vários ingredientes do tipo “ácido”. Os artistas, cavaleiros e forcados, estiveram todos eles dignissimos, com boas atuações e de forma alguma poderiam ser alvo de críticas. Todos eles estiveram muito por cima dos toiros e por cima do próprio espetáculo em si. E, uma das questões que me ficou desta corrida foi o porquê de integrar um cavaleiro columbiano numa corrida de gala à antiga portuguesa?!?!?

Fotos: Pedro Cardoso

Desculpem-me mas não me parece coerente, ainda que lhe reconheça mérito, goste de ver o Jacobo Botero tourear e não tenho rigorosamente nada contra ele, apenas não me parece lógico a sua integração num cartel deste tipo. Não havia nenhum toureiro português disponível? Outra questão é a televisão… todos nós concordamos que os espetáculos tauromáquicos são na sua grande maioria demasiado longos. Ora, numa corrida antecedida por uma gala à antiga portuguesa, ainda mais tempo irá durar… pior do que isso é que o espetáculo decorre ao ritmo dos senhores da televisão, pois eles é que ditam os tempos. Será que não deveria ser a televisão a adaptar-se ao ritmo da corrida? Digo eu… é que assim, pelos tempos tempor mortos que eles nos impõe, garantidamente demorará mais perto de meia hora, o que a somar a tudo o resto é muito Lisboa 3 de outubro de 2013  Cavaleiros: João Moura, Joaquim Bastinhas, Rui Salvador, Vítor Ribeiro, Marcos Bastinhas e Jacobo Botero Forcados: Santarém e Montemor Ganadarias: Fernandes de Castro e Passanha 30

GFA Montemor

tempo. Depois podemos falar dos toiros. Estamos todos de acordo quando afirmamos que a primeira praça do país deveria ser a que maior cuidado tem na seleção dos toiros a lidar. Porquê então estar anunciado para esta corrida um curro de Fernandes de Castro e à última hora serem substituídos três toiros por outros três da divisa de Passanha. Se os Castros que foram lidados foram mansos, sem trapio e com falta de homogeneidade na sua morfologia, que dizer dos três que foram recusados? Talvez tivesse sido melhor assim…! Tecer comentários sobre a falta de critério dos diretores de corrida é algo que já me cansa, principalmente em espetáculos dirigidos por Pedro Reinhardt, mas o fato é que Rui Salvador lidou supeiromente um animal ao qual tenho dificuldade em chamar de toiro, conseguiu sacar-lhe uma lide como poucos o conseguiriam, esteve simplesmente

extraordinário! Mas… não escutou música. Pergunto… a música é para premiar o toiro ou o artista??? Sugeria que fizessem no defeso um workshop subordinado ao tema “CRITÉRIO E BOM SENSO” para que alguns diretores pudessem entender algo mais do que apreciar as pegas de caras. Sobre o incidente com a Cruz Vermelha e o grupo de Santarém... nem comento... já chega!

Jacobo Botero

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Reportagem x Lisboa

Textos: Sandra Batalha


CB

A

Por: Pedro Cardoso

freguesia da Ereira recebeu entre os dias 13 e 14 de setembro a IV edição da sua Festa Ribatejana, evento que, apesar de ser ainda recente, é já um marco no calendário das festas do concelho e dos aficionados ao toiro e ao cavalo. Pelo 4º ano consecutivo, João Mota, presidente da junta de Freguesia local, reuniu esforços no sentido de viabilizar mais uma vez este festejo que constitui um

ponto de encontro cultural e de afirmação das tradições ribatejanas e acaba também por ser mais um instrumento de dinamização económica da freguesia. O evento contou com inúmeras atividades, nomeadamente a procissão a cavalo em Honra de Nossa Senhora da Assunção, entrada de touros, desfile e condução de cabrestos, picaria, largada, demonstração de toureio a cavalo e treino de forcado, espetáculos musicais.

Jornada sobre tauromaquia popular no Castelo de S. Jorge

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ecorreu no Castelo de Jorge, mais uma interessante jornada sobre cultura e tradições da nossa cidade de Lisboa. Subordinado ao tema “Entradas e esperas de Toiros” na capital, usaram da palavra o Dr. Paulo Pereira, o cavaleiro Joaquim Bastinhas e a historiadora, Drª Gabriela Oliveira. Interessante colóquio que contou com diversas intervenções da assistência, caso de João Franco, uma das lendas do G. Forcados A. De Santarém. Falou-se da festa, do toureio, do cavalo, do forcado e do toiro. Entre os assuntos falados, o tema central eram as esperas de toiros. Junto transcrevemos alguns apontamentos, neste caso algumas opiniões do cavaleiro tauromáquico de Elvas, Joaquim Bastinhas , que falou sobre as “Entradas de Toiros

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em Lisboa” e o seu enquadramento histórico e cultural “As entradas de toiros, aconteciam durante a noite, primeiro porque os fortes calores dos meses de estio, obrigava o gado trazido das lezírias do Ribatejo, a durante o dia abrigar-se da inclemência dos raios solares e ao mesmo tempo descansar, poupando ainda os habitantes das aldeias e os viajantes desprevenidos a grandes sustos mas sobretudo a percalços de gravidade maiores. (…) As entradas de toiros aconteciam também, por força de que à época, não existiam ainda as jaulas de transporte, o que viria a suceder com a introdução do comboio. As entradas de toiros a caminho da praça de toiros do Campo de Santana, ou D. Miguel I, porque foi o rei toureiro, um dos seus principais obreiros, eram uma verdadeira festa para os aficionados e povo Lisboeta, vindo a sofrer até algumas mutações entre os anos de 1830 e 1835. (...) Com a multiplicação de incidentes, “tendo até um cavalo da guarda municipal sido corneado mortalmente”, em 1867, o Ministério 33

conduzido pelo Marquês de Loulé “proibiu” tais desmandos. No entanto o povo não deu importância á advertência do Marquês, tendo mais tarde o comandante da Guarda Municipal, António Cabral Sá Nogueira “ proibido de maneira absoluta” a participação de qualquer indivíduo estranho á condução do gado. Também é tomada a medida de que o ultimo ponto de paragem para o gado seja junto há ponte de Frielas e daí não possa voltar a ser acompanhado por estranhos.Com a introdução das jaulas e do transporte ferroviário, os toiros são transportados até á estação do Campo Grande de comboio, sendo as jaulas descarregadas para galeras rasas e puxados (normalmente) por muares. Começa assim a desvanecer-se nos costumes e tradições lisboetas as tradicionais e populares entradas de toiros na capital, resistindo esta tradição até metade do século XX, em algumas vilas do Ribatejo – V.F.Xira, Salvaterra de Magos, Alcochete, etc.”

Atualidade x Taurina

Reportagem x Ereira

Ereira IV edição da Festa Ribatejana


CB

Reportagem x Vila Franca

CB

Manuel Dias Gomes

O brinde de Vítor Mendes

António João Ferreira "Tojó"

alguns passes de trincheira de boa nota. Volta no final foi o prémio do público. Após o tradicional paseíllo houve uma tentativa de cante flamenco misturado com fado que teve o condão

de enfadar parte do pouco público e que não fazia qualquer sentido. Pior ainda quando uma artista tentou cantar “Estranha forma de vida” quando Vítor Mendes bandarilhava. Sem sentido algum e nas bancadas,

Manuel Dias Gomes

Manuel Dias Gomes

Toureiros por cima dos toiros em corrida que não deixou grandes recordações Textos: António Lúcio

O

anunciado confronto de ganadarias e a presença dos matadores de toiros Vítor Mendes, António João Ferreira e do novilheiro triunfador do ano passado em Vila Franca Manuel Dias Gomes, uma tarde de boa temperatura, sol e ausência de vento, não levaram mais de um milhar de aficionados às bancadas da “Palha Blanco”. E a corrida, em si, e a começar pelos toiros, não deixou grandes recordações. Estiveram os toureiros por cima das condições dos astados mas... A ausência de bravura pode, em muitas casos, ser compensada com a nobreza e com um comportamento menos agressivo quando o toiro é desafiado pelo homem na arena. E muitas das vezes, de toiros mansos se constroem grandes faenas. Agora quando estão emorrilhados como se tivessem uma bola de basquete; quando o pescoço é curto etc, menores são as hipóteses de investirem com a cara por baixo e seguir os voos da muleta. Mais ainda quando são bruscos e cheios de sentido, próprio dos 4 e 5 anos, e sem hipóteses de os picar. O anunciado confronto entre as ganadarias Assunção Coimbra e

Fotos: Pedro Batalha

Canas Vigouroux saldou-se por um resultado negativo pois os toiros não serviram no geral e apenas o quinto se deixou mais na muleta mas de forma mentirosa pois «fazia-se de desentendido» no final de alguns muletazos e buscava atingir o vulto, e o sexto que apesar de bruto transmitiu algo até meio da faena. O matador Vítor Mendes abriu praça com um bom quite à verónica e esteve muito bem nos três pares de bandarilhas, de muito mérito pela excecional reunião o primeiro. Cumpriu com a muleta em faena de razoável corte técnico-artístico, baseada na mão direita e o público ovacionou-o no final. O seu segundo era impossível. Lanceou a fixar e com duas verónicas de boa nota se ficou. Na muleta, com tarrascadas e meias investidas, Mendes suou em faena de alinho que o público soube VILA FRANCA DE XIRA 6 de outubro de 2013  Matadores: Vítor Mendes, António João Ferreira e Manuel Dias Gomes Ganadarias: Assunção Coimbra (1º, 3º, 5º) e Canas Vigouroux (2º, 4º, 6º) 34

reconhecer e aplaudir no final. António João Ferreira teve bons momentos de capote, com verónicas e meia de remate e com a muleta andou em plano aceitável no seu primeiro, com alguns bons muletazos pelo lado direito. Conseguiu entusiasmar o público e foi ovacionado. O seu segundo, mentiroso na forma como investia e depois de desentendia de tudo mas pronto para “trincar”, serviu para construir algumas séries de derechazos de muito boa execução mas quando mudou de mão e o toiro não quis investir e ficava cada vez mais curto, teve mais dificuldades para levantar a faena. O público premiou o seu esforço com volta à arena. Manuel Dias Gomes esteve muito bem ao lancear de capote ambos os toiros, por verónicas rematadas de meia. No seu primeiro toiro, exprimiuse nuns quantos muletazos pelo lado direito, nuns recortes e remates. Mas foi frente ao sexto que mais se expôs e dada a aspereza das investidas do toiro, os muletazos até meio da faena tiveram força e chegaram á bancada. Bons momentos, também com alguns bons naturais e onde e não faltaram

Data histórica para António Ribeiro Telles em Vila Franca

M

Fotos: Pedro Batalha

ais um acontecimento marcante nesta temporada foi a encerrona de António Ribeiro Telles no passado dia 8 de outubro na praça de toiros Palha Blanco em Vila Franca de Xira. Victorino Martin, Murteira Grave, Vale Sorraia, Pinto Barreiros, David Ribeiro Telles e Passanha foram as divisas eleitas para esta noite em que o Maestro da Torrinha brilhou, encantou e deu mais um enorme contributo para a verdade na festa. A Palha Blanco praticamente encheu para assistir a este evento único e marcante em que António Ribeiro Telles comemorou os seus 30 anos de alternativa, culminando com a triunfal saída aos ombros de seus irmãos João e Manuel.

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Vítor Mendes

muitas vezes se escutou «que toque a Banda». Dirigiu o espetáculo Ricardo Pereira assessorado pelo veterinário José Luis Cruz e o espetáculo, valha-nos isso, durou duas horas e cinco minutos.


CB

A

zambuja comemorou entre os dias 20 e 22 de setembro as Festas da freguesia em honra da sua padroeira, Nª Srª da Assunção. Por mais um ano consecutivo e vencendo a crise instalada, o Presidente da Junta de Freguesia, António Amaral, no seu último mandato, reuniu todos os esforços no sentido de cumprir esta tradição num evento que, como habitualmente conta com várias atividades, aliando a vertente taurina à religião. Os festejos tiveram o seu inicio com a inauguração oficial, ao som da fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Azambuja, em frente à Junta de

Por: Pedro Cardoso

Freguesia, contando para isso com a presença de diversas individualidades. Algumas das atividades que ali se realizaram durante etes dias foram as largadas de toiros, provas de condução de jogos de cabrestos e prova do boi da guia, burricada entre Tertúlias de Azambuja, cortejo de campinos com jogos de cabrestos, cavaleiros amadores, tertúlias e pescadores de Azambuja, pelas principais ruas da vila, prova de perícia de campinos e cavaleiros amadores, Mesa da Tortura na Praça de Toiros Dr. Ortigão Costa. Também os espetáculos músicais foram essenciais para animar estes dias, contando para isso com as

atuações da banda “Joker” e da cantora Romana, não esquecendo as participações das bandas do Centro Cultural Azambujense e Filarmónica da Liberdade do Cais do Pico, dos Açores. Foi ainda celebrada missa de homenagem a Nossa Senhora da Assunção na Igreja Matriz de Azambuja. De realçar também o lançamento de mais um livro assinado por um dos mais consagrados poetas da terra, Sebastião Mateus Arenque, "Recordar é viver... essências", uma edição conjunta da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia de Azambuja.

Reportagem x Azambuja

Reportagem x Azambuja

Festas de Nª Srª da Assunção na Freguesia de Azambuja

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CB

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Faenas Atl창nticas Fotografia Taurina

www.faenas-atlanticas.com 38

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Fotos: Pedro Cardoso

Diego Ventura

www.diegoventura.com


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