Santo Antônio da Platina - PR – ano VI – nº 12 –Dezembro de 2014
entrevista
Especial
Natal de Luz Época de comunhão
Paulo Buso Jr Cooperativismo: bom para a sociedade e para o Brasil
responsabilidade social
Ética nas Organizações Educacionais:
O diferencial competitivo na Sociedade do Conhecimento
Recicle. Separe o papel corretamente.
Notícias Odiosas
N
ão bastassem as notas expressas diariamente, na nossa imprensa, sobre corrupção, violência, inflação, etc., deparamo-nos agora, frequentemente, com outros tipos de notícias odiosas, detestáveis, chocantes e ofensivas. Que lamentavelmente aprofundam cada vez mais a nossa descrença e falta de confiança na grande maioria dos governantes do nosso País. Enquanto os assalariados e os camponeses angustiam-se pelas dificuldades de toda a ordem, salários humilhantes, assistência social precária e desumana, falta de teto, pão, escola, saúde... Enquanto funcionários e profissionais liberais enfrentam as pressões, os arrochos, a falta de oportunidades para o exercício de suas profissões e de ganhos compatíveis com os seus conhecimentos e capacidades... Enquanto agricultores pequenos, médios e grandes, sem distinção, amargam a falta de uma política agrícola séria, eficiente e honesta, que lhes assegure uma garantia real de preço, de mercado, de armazenamento, de financiamento... Enquanto muitos empresários, honestos e patriotas, pequenos, médios e grandes, tentam a duras penas suportar, como outras classes, a pesadíssima carga dos juros escorchantes e indecentes (Enquanto a ganância do Estado Ihes suga os minguados lucros através de elevados e abomináveis impostos de toda a espécie, para serem aplicados nas famosas mordomias)... Enquanto os homens de bem do nosso País vão suportando e enfrentando com admirável coragem e
www.copadesc.com.br
valentia todos os entraves e castigos que o Estado, hoje transformado em poderoso intervencionista, autoritário e absoluto, lhes impõem. Enquanto, as forças do trabalho e da produção, procuram resistir patrioticamente a tantos desmandos e injustiças, vamos assistindo, perplexos, às constantes publicações de novos tipos de repugnantes, odiosas e detestáveis noticias, como esta, da qual, transcrevo parte: O Governo federal pega uma verba de bilhões de reais, dinheiro que daria para construir casas, hospitais, escolas, estradas, e gasta em campanhas publicitárias só para dizer ao povo que vai tudo bem. Isto sem falarmos de governos estaduais e municipais, que a exemplo do Governo maior, se esmeram, Igualmente, nos projetos de campanhas milionárias de propaganda de suas realizações, como se o povo ignorasse que governar não fosse exatamente aquilo que todos nós sabemos: Construir estradas, escolas, hospitais, usinas, creches e, acima de tudo, utilizar com extrema honestidade e decência o dinheiro arrecadado e gerado pelo suor e sacrifício dos trabalhadores, das classes produtoras e do povo em geral. O que se pretende através dessas escandalosas e bilionárias campanhas publicitárias, sabemo-lo nós, sabe-o o povo brasileiro, outra coisa não é senão a vaidosa e condenável promoção pessoal com o objetivo de alcançar a realização de certos projetos políticos pessoais, eleitoreiros, dos promotores de tais abusos. O resto é descarada tapeação.
ESPAÇO DO CIDADÃO
O povo de cada município, de cada estado, o povo brasileiro, enfim, sabe muito bem quem realiza, o que realiza, quem trabalha e luta por ele. Não são, pois, necessárias, mas sim repugnantes, essas escandalosas campanhas promocionais, pois inteligentemente já afirmou um cidadão brasileiro: “Pouco ou nada adianta a tentativa de promoção e propaganda de um produto quando se sabe que ele é de qualidade inferior”. O que precisamos realmente é que o dinheiro arrecadado, que representa o suor e o sacrifício do povo brasileiro, seja corretamente aplicado, com escrúpulo, honestidade e justiça. O povo precisa de melhores salários, de mais pão na mesa, de teto para se abrigar, de escola para os filhos, de segurança e assistência social mais humana e eficiente, de garantia de preço, mercado, armazenamento e financiamento para os bens que produz. Enfim, o Brasil precisa que os administradores eliminem certas atitudes de conduta e passividade diante dos graves problemas que nos afligem e se comportem de tal modo que a nossa imprensa não tenha mais necessidade de incluir em seus periódicos, vocábulos desprezíveis e indesejáveis, como corrupção, inflação, malversação e outras mazelas que compõem as notícias odiosas a que de inicio me referi, e que diariamente nos atormentam e entristecem. Jorge da Silva Pimenta Platinense – Artigo retirado do livro Retrato de um Emigrante
Dezembro de 2014 Espaço Cidadão
3
ENTREVISTA
Cooperativismo: bom para a sociedade e para o Brasil Presidente da Sicredi Norte Sul PR/SP fala sobre as principais diferenças entre o sistema cooperativo e o modelo bancário tradicional
O
presidente da Sicredi Norte Sul PR/ SP, Paulo Buso Júnior, é um expert no universo das cooperativas. Desde 1985 nesse ambiente, o executivo acumula experiências em vários cargos da base das associações, como tesoureiro, secretário, até atingir a presidência da cooperativa de crédito e investimento, em 1999. Nesse período de 15 anos, ele viu de perto as mudanças do setor no país, incluindo a Resolução do Conselho Monetário Nacional que instituiu a Livre Admissão – um marco para o cooperativismo de crédito no País. A partir dessa promulgação, houve aumento do acesso da sociedade às cooperativas de crédito, que deixaram de exigir vínculo a um ramo da atividade econômica específico, facilitando o ingresso de associados. Com a difusão desse modelo de negócios, as sociedades cooperativas aumentaram participação de mercado e, em muitas cidades, apresentam-se como principal instituição financeira, gerando benefícios sociais e econômicos. Nesta entrevista, Buso fala sobre as principais diferenças entre as cooperativas e os bancos e aprofunda aspectos importantes, como a geração e manutenção de renda nas cidades.
Revista Quais as principais diferenças do sistema cooperativo para um banco tradicional? Paulo Buso Jr Uma cooperativa de crédito e inves-
timento é uma sociedade de pessoas, enquanto um banco é uma sociedade de capital. As cooperativas de crédito e investimento oferecem os mesmos serviços e soluções financeiras de um banco tradicional, mas são de propriedade conjunta, destinadas à captação de recursos para financiar as atividades dos associa-
4
Espaço Cidadão Dezembro de 2014
Paulo Buso Júnior, presidente da Sicredi Norte Sul PR/SP
dos, administração de suas poupanças e prestação de serviços próprios de uma instituição financeira. Enquanto isso, os bancos são de propriedade de investidores para atuar no segmento de intermediação financeira e prestação de serviços bancários. Em resumo, os bancos visam obter lucro e as cooperativas prestam serviços com a finalidade de atender às demandas dos associados e agregar renda às atividades deles e nas comunidades em que estão inseridas. Numa cooperativa de crédito e investimento, o www.copadesc.com.br
resultado é chamado de sobras, enquanto que num banco é chamado de lucro. Mas a grande diferença é que nas cooperativas as sobras são proporcionalmente distribuídas, levando em conta o volume de operações que cada associado realizou durante o ano. Já nos bancos, o lucro é distribuído aos sócios/acionistas na proporção do capital investido. Numa cooperativa de crédito e investimento, as decisões são compartilhadas e o que a maioria decide pelo voto durante as assembleias é realizado pela sociedade. Um sócio é igual a um voto, todos têm os mesmos direitos e obrigações.
Numa cooperativa de crédito e investimento, as decisões são compartilhadas e o que a maioria decide pelo voto durante as assembleias é realizado pela sociedade. Um sócio é igual a um voto, todos têm os mesmos direitos e obrigações
Revista Um associado tem a mesma garantia que um cliente de banco tradicional?
di Norte Sul PR/SP, têm como objetivo manter os recursos nas próprias regiões, o que beneficia o crescimento pessoal de cada associado e da sociedade como um todo. O dinheiro investido pela sociedade na cooperativa gera renda, fomenta programas sociais (como A União Faz a Vida) e crédito para inúmeras atividades, o que se reverte em geração de empregos, continuidade do trabalho dos agricultores e outras atividades em prol da região. Além disso, a distribuição das sobras é mais uma forma de aumentar a circulação de dinheiro nas cidades, beneficiando a todos.
Paulo Buso Jr O Sicredi adota um mo-
delo de governança e gestão de riscos alinhado às boas práticas do mercado. O modelo de organização sistêmica e uso de marca única por várias cooperativas e entidades é referência internacional. A atuação em sistema permite ganhos de escala e aumenta o potencial das cooperativas de crédito e investimento. Essas entidades estão organizadas em rede e contam com o suporte de empresas especializadas, como centrais, banco cooperativo, administradora de cartões, de consórcios, de bens, entre outras. Em permanente evolução, a governança do Sicredi está em linha com as principais diretrizes do Banco Central e busca criar uma cultura organizacional e societária de forma que o desenvolvimento, desempenho e solidez possam ser auferidos pela sociedade de forma transparente. Além disso, o Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop) foi uma forma de prestar garantia de créditos aos associados e à sociedade.
Revista Como a cooperativa consegue auxiliar no crescimento de sua região? Paulo Buso Jr O Sicredi está comprometido com o desenvolvimento econômico e social das comunidades nas quais está inserido. As cooperativas, como a Sicrewww.copadesc.com.br
Revista Além da questão financeira, o Sicredi investe em programas sociais? Como funcionam esses programas? Paulo Buso Jr Na região de Santo Antô-
nio da Platina, gerenciada pela Sicredi Norte Sul PR/SP, desenvolvemos o programa “A União Faz a Vida”. Ao todo, atendemos 1,8 mil alunos, de nove escolas municipais, envolvendo 220 professores e educadores. Na Central Sicredi PR/SP/RJ, a iniciativa está presente em 22 cooperativas, somando 80 municípios e 315 escolas. Ao todo, são mais de 3.751 educadores envolvidos e cerca de 43,5 mil crianças atendidas nos três estados. Com quase 20 anos, o projeto transforma as crianças em protagonistas do processo de aprendizagem em vez de meros receptores de conhecimento, difundindo os ideais cooperativistas
para toda a comunidade. O Programa “A União Faz a Vida” é a principal iniciativa de responsabilidade social do Sicredi e tem como objetivo fazer com que crianças e adolescentes possam construir e vivenciar atitudes e valores de cooperação e cidadania. Desta maneira, podem contribuir para a educação integral, por meio de projetos educacionais cooperativos, desenvolvidos em âmbito nacional. Revista Quais são os próximos desafios da Sicredi Norte Sul PR/SP? Paulo Buso Jr Prestes a completar 30
anos de existência, com mais de 29 mil associados, e administrando aproximadamente 250 milhões de reais em recursos, a cooperativa tem como principal desafio se tornar a principal instituição financeira de seus sócios, uma vez que hoje, aproximadamente 60% de sua base não têm o Sicredi como instituição primária. Buso sabe do quão grande é este desafio, uma vez que hoje juntas as cooperativas detém aproximadamente 5% de todo o recurso que transita no sistema financeiro nacional, mas segundo ele com ações bem planejadas e alinhadas com os objetivos das cooperativas e dos associados chegarão lá. Entre as iniciativas planejadas para 2015 estão: ampliação da base de associados com a inserção de mais mulheres e jovens, que hoje representam um percentual pequeno de participação, adequação da estrutura física e tecnológica das unidades de atendimento, consolidar e ampliar o desenvolvimento dos programas sociais que objetivam maior conhecimento e participação do associado e das comunidades nas sociedades cooperativas.
Dezembro de 2014 Espaço Cidadão
5
ÍNDICE
d e z e m br o / 201 4
03 Espaço do Cidadão Notícias odiosas
04 Entrevista
Cooperativismo: bom para a sociedade e para o Brasil
07 Espaço dos 3 Poderes Quem deseja ser Juiz?
10 Meio Ambiente
A legislação ambiental no Brasil e a importância da mata ciliar
12 Família
O Casamento: Mundo de Mel ou de Fel?
14 Instituições Sociais
Associação Francisco Pró-Vida
15 Cidadania
Geração Atitude: O que é?
16 Opinião
Coró na Cabeça - por Ilmar Brum
18 Saúde
Consciência e qualidade de vida emocional
20 Especial 22 Criança
Prevenção e combate ao abuso sexual infantil
25 Economia
Poupar é possível
26 Educação
Ventos da mudança - A escola empenha-se para acompanhar um mundo em alucinada transformação
28 Responsabilidade Social
Ética nas Organizações Educacionais: O diferencial competitivo na Sociedade do Conhecimento
32 Educação no Trânsito
Novas punições de trânsitos mexem no bolso dos infratores
34 Cidadania
Calendário e Ações de Graças!
6
Espaço Cidadão Outubro de 2014
Expediente
Natal e Final de Ano iluminados
revista
espaço
cidadão PRODUÇÃO:
COPADESC - Consórcio Para Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável e Sociocultural da Bacia Hidrográfica do Rio das Cinzas CNPJ 05.947.410/0001-68 CREDINORTE - Sociedade de Microcrédito, Pesquisa, Empreendedorismo e Desenvolvimento Sustentável do Norte Pioneiro CNPJ 06.145.187/0001-06 PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Alessandro Mendes Dutra, João Geraldo Frose ImpressãO: Hellograf Artes Gráficas Ltda CNPJ 85.057.529/0001-02 CONSELHOS: COPADESC - Alessandro M. Dutra, João Geraldo Frose CREDINORTE - João Geraldo Frose Contato: (43) 3558-1937 joaogfrose@gmail.com copadesc@copadesc.com.br www.copadesc.com.br www.copadesc.com.br
ESPAÇO DOS 3 PODERES
Quem deseja ser Juiz? O bom juiz põe o mesmo escrúpulo no julgamento de todas as causas, mesmo as mais humildes. Ele sabe que não existem grandes causas e pequenas causas, porque a injustiça não é como aqueles venenos acerca dos quais se afirma que tomados em grandes doses matam, mas em pequenas doses curam. A injustiça envenena até mesmo em doses homeopáticas.
D
entre as muitas carreiras que o Direito proporciona a seus Bacharéis, a da Magistratura é seguramente uma das que mais desperta interesse, ora pelo bom salário, ora pelo prestígio. Entretanto, os que sonham com essas características positivas seguidamente dão pouca importância ao fato de que a carreira também ostenta aspectos negativos, como excesso de trabalho, resultados pouco eficazes, risco à segurança e um processo de seleção extremamente difícil. A formação
www.copadesc.com.br
técnica precária e a preocupação restrita das instituições de ensino superior com o embasamento humano do Direito contribuem para que os recém-formados tenham crescentes dificuldades para ingressarem na referida carreira, o que, por sua vez, gera como consequência a carência de profissionais habilitados para suprir a demanda mínima necessária à adequada administração da Justiça brasileira. E, dentre os que logram sucesso no processo seletivo, poucos têm a sensibilidade necessária para prestarem
Dezembro de 2014 Espaço Cidadão
7
ESPAÇO DOS 3 PODERES um serviço que reúna as capacidades técnica e humana esperadas, nem sempre produzindo efetivamente Justiça. Diante de um cenário complicado como esse e com tantos desafios e responsabilidades, faz-se então a pergunta: quem deseja ser juiz?
Começo: o desejo de justiça
O ato de julgar faz parte do dia-a-dia de todas as pessoas, indistintamente. É aquela velha mania (ou, quem sabe, necessidade) de emitir opinião sobre os mais diversos assuntos, mas, em especial, sobre a vida alheia. Via de regra, esse julgar mostra-se inofensivo, visto que está enraizada na cultura social a predileção por palpitar sobre a conduta do semelhante. Entretanto, algumas vezes os limites do bom senso são ultrapassados e surgem consequências graves e ofensivas aos indivíduos, iniciando assim o conflito, o qual, por sua vez, demanda uma solução. Alguém precisará resolvê-lo. Na célula familiar, os pais exercem o papel de julgadores quando da existência de conflitos entre os filhos. Têm o poder de avaliar o atrito e estabelecerem a pena corretiva que, nesse caso, é mundialmente conhecida como castigo, cujo grau de punição pode aumentar fantasticamente em casos de reincidência. Já na escola, primeira experiência social do indivíduo fora do círculo familiar, o poder julgador
8
Espaço Cidadão Dezembro de 2014
é exercido pelos professores ou administradores da instituição, mais imparciais do que os pais em seus julgamentos pelo fato de não terem vínculo afetivo incondicional ou parentesco com os desentendidos (há exceções, obviamente). Entretanto, as pessoas crescem, amadurecem e libertam-se do poder corretivo de pais e professores, sendo necessário obterem o respaldo de um terceiro que tenha legitimidade e autoridade suficiente para reprimir injustiças entre os homens, salvaguardar direitos. Esse poder, pois, foi abraçado pelo Estado, que por sua vez o exerce por meio de representante, temido por alguns, criticado por outros, mas respeitado por todos: o juiz. Aos olhos da sociedade, não é uma pessoa qualquer. O cargo de juiz impõe ao indivíduo uma carga diferenciada de valores, muitas vezes bastante pesada, uma rigidez de conduta que, em última análise, sirva de exemplo e, ao mesmo tempo, seja suficiente para impor respeito perante os que esperam uma decisão do Estado. Uma missão incomum. Este texto visa, pois, analisar o papel que o juiz desempenha no complexo universo do relacionamento humano, estendendo-se desde suas origens até as expectativas que a sociedade deposita sobre o seu trabalho, muitas vezes frustradas por conta de indivíduos que se aproveitam do poder para lograrem unicamente benefício próprio.
De um lado, uma estrutura de trabalho arcaica, somada a uma infinidade de processos à espera de julgamento (temperados por infindáveis recursos) e possíveis riscos à própria integridade física; de outro, boas possibilidades de remuneração e prestígio. Diante desses primeiros pontos expostos, quem quer ser juiz?
A formação e seleção do juiz
A seleção e preparação de um juiz constituem um grande desafio. Afinal, espera-se que ingressem na magistratura pessoas tecnicamente bem capacitadas e que, além disso, também possuam fartos conhecimentos e sensibilidade para poderem analisar com a atenção devida o comportamento humano, aliados ainda a uma grande dose de equilíbrio psicológico e firmeza ética. Existem, de imediato, duas necessidades importantes que precisam ser consideradas nesse ingresso: a seleção dos juízes, que precisa garantir (ao máximo possível, obviamente) a escolha de candidatos detentores das aptidões necessárias, e a preparação dos potenciais juízes, de forma a desenvolverem a formação adequada para o desempenho consciente e competente de suas atribuições. Com uma bagagem mais sólida acerca do que é o homem e do ambiente em que (con)vive, a chance dos indivíduos estarem preparados para atuação em
www.copadesc.com.br
qualquer área cresce exponencialmente. O comportamento humano deveria ser estudado com profundidade, incentivando, assim, a atenção para disciplinas como sociologia, psicologia e até mesmo antropologia. Dessa forma, independentemente do conflito que surgisse, o profissional do direito teria condições de se preparar para identificar as causas e procurar soluções. Um bom curso de Direito precisa estimular a leitura, a discussão e, principalmente, a análise de todo o conteúdo teórico em paralelo à realidade social do aluno. Dessa forma, vivenciando o conteúdo, a apreensão da informação é muito mais fácil e o conhecimento adquire bases mais sólidas, proporcionando uma melhor formação ao futuro profissional do Direito. Igualmente importante precisa ser o incentivo à pesquisa e ao estágio no ambiente acadêmico. Assim, de forma prática, o estudante passa a ter oportunidade de vivenciar diferentes áreas do Direito, incentivando-o a tomar uma decisão mais madura acerca do que venha a ser seu caminho futuro. Existem ainda alguns tabus em relação ao ensino do Direito que merecem atenção, principalmente pela dificuldade que a sociedade tem em rompê-los. Um dos principais é a ideia de que bom juiz é aquele que conhece “de cor e salteado” a área processual. Tudo o que diga respeito a processo deve ser o foco do magistrado. Mas só? Não que o conteúdo seja simples, muito pelo contrário, é complexo. Entretanto, o processo não permite ao magistrado entender essencialmente a condição humana. Para enxergar a verdade, o juiz precisa extrapolar o processo, obviamente respeitando os princípios processuais, mas aproximar-se do humano, relegando o papel a um segundo plano, não menos importante, mas menos prioritário.
www.copadesc.com.br
Afinal, a vida vem antes.
O desafio
Não constitui absolutamente nenhuma novidade dizer-se que o Poder Judiciário é lento além da medida. Chove-se no molhado. Novidade, sim, seria ouvir o oposto. Essa lentidão, por sua vez, constitui algo extremamente preocupante, visto que interesses de pessoas aguardam por uma decisão que demora, em não raros casos, até uma década. Leis não aplicadas, número de recursos infindáveis, processos em quantidades astronômicas, reformas que não saem do papel, pessoas mal intencionadas, enfim, um inesgotável número de problemas contribui tristemente para uma situação que, se não pode ser descrita como o caos jurídico, aproxima-se muito dela. E o juiz encontra-se justamente no centro do problema, ora como causador, ora como vítima. Em meio a toda essa situação, felizmente, ainda existem pessoas dispostas a enfrentar as deficiências estruturais e problemas de ordem pública em benefício da paz social. Obviamente, tal motivação não é gratuita. A remuneração de um juiz é bastante instigante e os benefícios do cargo são extremamente atrativos. Entretanto, o processo seletivo é bastante rigoroso e as deficiências do sistema de ensino não colaboram para que as vagas oferecidas sejam ocupadas na sua totalidade; seguidamente, sobram vagas por falta de candidatos à altura. Ainda assim, a esperança de se obter êxito na resolução de todos os problemas que assolam o Judiciário é o que serve de mola propulsora para aqueles que acreditam ser possível fazê-lo.
Considerações finais
Em uma sociedade cujo poder econômico determina as regras do jogo,
fazer-se justiça tem sido uma missão crescentemente difícil, senão arriscada. Há juízes ameaçados de morte, há juízes aposentados compulsoriamente por fraudes, há juízes doentes por estafa. Enquanto isso, a população espera por decisões que, de uma ou de outra forma, trarão mudanças para suas vidas. Difícil ver solução para tal impasse, pelo menos a olho nu. Em passos muito lentos, as reformas legais estão sendo feitas e o Judiciário pode ver uma luz no fim do túnel. O desenvolvimento da Justiça no Brasil envolve muitas coisas além da reforma do Judiciário, dentre elas a modernização do ensino do Direito. Preocupadas em formar indivíduos tecnicamente competentes e tendo como foco principal a aprovação dos egressos no Exame de Ordem, as instituições deixaram de lado a formação humanística dos futuros bacharéis, o que é refletido pela falta de tato de muitos advogados ao lidarem com seu trabalho. E, diante de um quadro complexo como esse, pergunta-se: quem quer ser juiz? A resposta é simples e complicada ao mesmo tempo: quer ser juiz aquele que está disposto a enfrentar inúmeras horas de estudo e etapas de um concurso extremamente difícil, aquele que quer efetivamente ajudar seus semelhantes a viver melhor, aquele que vê na aplicação da Justiça um caminho para a pacificação social. Enfim, aquele que sonha. Se esse for o seu sonho, busque-o com o sentimento de querer servir ao próximo e com a convicção de que o esforço valerá a pena. Christovam Castilho Júnior
Advogado; mestre em Direito pelo Centro Universitário Eurípides de Marília/SP, da Fundação de Ensino Eurípides Soares da Rocha - UNIVEM; Professor do Curso de Direito da Faculdade do Norte Pioneiro FANORPI; e do Curso de Direito da Faculdade Estácio de Sá de Ourinhos/SP - FAESO
Dezembro de 2014 Espaço Cidadão
9
MEIO AMBIENTE
A legislação ambiental no Brasil e a importância da mata ciliar A Lei nº 12.651/12 institui as normas gerais sobre onde e de qual forma as regiões brasileiras podem ser exploradas e quais áreas devem ser preservadas
P Rio Jacaré, entre Barra do Jacaré e Santo Antônio da Platina apresentando a mata ciliar.
Rio das Cinzas, em Santo Antônio da Platina, apresentando a mata ao longo das suas margens.
10
Espaço Cidadão Dezembro de 2014
or muito tempo o meio ambiente foi concebido como uma fonte inesgotável de recursos, pensamento reforçado pelas ações de desenvolvimento tecnológico e econômico, tendo como ponto principal a busca do lucro advindo da exploração capitalista cada vez mais acentuada. Ao longo das últimas décadas do século passado, acentuadamente dos anos 1970 em diante, o meio ambiente sofreu com especulações e degradações, sendo que o crescente aumento do desmatamento tem sido considerado o principal causador da deterioração ambiental. Tomando como base o Paraná, o panorama é aterrador: em estudo realizado em 1990 por Gubert Filho, 92% das áreas florestadas originais foram destruídas, restando apenas 8% de cobertura vegetal no território paranaense. No Brasil, desde o período colonial, a exploração predatória da terra, feita do litoral para o interior, arrasou a Mata Atlântica, o bioma mais extenso do país, deixando intactos hoje em dia somente 7% da vegetação original. Até o fim da República Velha, em 1930, a legislação brasileira era liberal e garantia aos proprietários rurais autonomia e poder ilimitado sobre a propriedade; no entanto, pelo Decreto Federal 23.793, de 21 de março de 1935, assinado pelo Presidente Getúlio Vargas, nascia o primeiro Código Florestal do Brasil, no qual surge a obrigatoriedade da preservação de 25% da propriedade rural com cobertura de mata original. Mesmo com uma legislação ambiental inédita, a devastação das florestas persistiu nas décadas seguintes. Diante da ineficiência do Código de 1935, surge a proposta de elaborar um novo Código Florestal, o segundo no País, promulgado pela Lei n° 4.771/65, em 15 de setembro de 1965. Ainda assim, o desmatamento no Brasil continuou fora de controle, sempre sob a argumentação de que a produção de alimentos era mais importante do que www.copadesc.com.br
qualquer proteção ambiental. Com o passar do tempo, percebeu-se que outra normatização ambiental era necessária e, após anos de discussões entre ambientalistas e ruralistas, representantes do agronegócio, o Novo Código Florestal foi sancionado em 25 de maio de 2012, sob Lei n° 12.651/12, que institui as normas gerais sobre onde e de qual forma as regiões brasileiras podem ser exploradas e quais áreas devem ser preservadas. Para tanto, o Código distingue dois tipos de áreas de preservação: a Reserva Legal (RL) e a Área de Preservação Permanente (APP). A Reserva Legal é a porcentagem de cada propriedade rural que deve ser preservada, variando de acordo com a região e o bioma, sendo 80% em áreas de florestas da Amazônia Legal, 35% no cerrado, 20% em campos gerais, e 20% em todos os biomas das demais regiões do país, como é o caso do Paraná. As APP’s são áreas frágeis que devem ser protegidas, como beiras de rios, topos de morros, encostas, nascentes e olhos d´água. A vegetação ao longo dos rios ou córregos, que é denominada de mata ciliar ou mata de galeria, cuja área a ser preservada depende da largura do rio, possuiu muitas funções ambientais. Ela impede, por exemplo, o assoreamento dos rios, pois sem ela a erosão das margens acrescenta terra ao rio, alterando a qualidade da água, prejudicando a vida aquática e dificultando o seu tratamento para o abastecimento da população. Por outro lado, a redução da mata ciliar pode provocar o aparecimento de pragas e doenças, acarretando prejuízos às lavouras. Estas áreas naturais são ambientes necessários para garantir a biodiversidade (flora e fauna) local. A falta de mata ciliar diminui a infiltração no solo da água da chuva, reduzindo o volume de água armazenada no lençol freático, acarretando a escassez de água. Também, a vegetação ciliar, além de servir como refúgio de animais e fonte de alimento e água para eles, serve como corredor ecológico natural. Em inúmeras propriedades rurais, por conta das atividades agropecuárias, não há preocupação em manter intactas www.copadesc.com.br
A vegetação ciliar, além de servir como refúgio de animais e fonte de alimento e água para eles, serve como corredor ecológico natural estas áreas ribeirinhas e até de nascentes. Na visão de muitos proprietários, a preservação deste espaço é uma perda de área que poderia ser explorada lucrativamente. Faltam ações educativas mais efetivas que conscientizem estas pessoas para que elas entendam que o ganho ambiental da preservação é da sociedade como um todo e não uma simples determinação legal. Nos grandes centros urbanos os rios sofreram uma série de modificações, descaracterizando-os por completo. Alguns até deixaram de ser vistos, pois foram canalizados. Aqueles que ainda se mantém a céu aberto, foram retificados e se constata, para todos eles, a completa ausência da mata ciliar, tornando-os depósitos de lixo e de entulhos e, para serem limpos, são gastas quantidades imensas de verba pública. Estas alterações, produzidas pelo homem, vêm se somar às incontáveis ações antrópicas de degradação da natureza, que ocorrem desde os primórdios das civilizações. Tudo isto tem um preço: a falta de chuva, os invernos menos ou mais rigorosos, furacões mais freqüentes e intensos, desertificação de extensas áreas, constituem alguns dos efeitos desta indiferença histórica quanto ao meio ambiente. As atividades humanas desenfreadas estão levando o nosso planeta a mudanças climáticas irreversíveis, conforme demonstram os diversos relatórios do IPCC (sigla em inglês para o Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas), organis-
mo da ONU encarregado destes estudos. Os alertas da comunidade científica, quanto às consequências do aquecimento global, não podem deixar de ser ouvidos. Os órgãos públicos devem ser os protagonistas da mudança de mentalidade da exploração ambiental; no entanto, todos os cidadãos têm a sua contribuição a dar. Todos somos responsáveis para impedir que a continuidade das nossas ações violentas ao meio ambiente comprometam o futuro das próximas gerações. Mauro Januário Professor da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)/ Campus Luiz Meneghel
Dezembro de 2014 Espaço Cidadão
11
FAMÍLIA
O Casamento:
Mundo de Mel ou de Fel?
C
asar é desencadear um processo de crise; não casar também. Lembro-me com nítida clareza dos sentimentos em minha adolescência a respeito da felicidade que imaginava experimentar no meu futuro casamento. Havia algo de definitivo nesta imaginação. Nunca mais eu seria infeliz. A ideia era de que o casamento teria algo mágico, que curaria todas as dores, todo o vazio, toda a solidão. Casar seria um ponto na história onde haveria um nítido antes e um definitivo depois. Era como expressar os desejos ao gênio da lâmpada mágica onde tudo se realizaria. Desejos, ilusões, expectativas, idealizações e romantismos se concentram na mente do jovem que casa pela primeira vez. Mas o tempo é um de nossos professores de vida, sábio e realista. Ele logo evidencia que nada está pronto, tudo precisa ser construído, elaborado, buscado, desenvolvido. E se alguém busca com as suas próprias forças, sem ajuda de Deus, sem o apoio de sua família, da igreja, de amigos e, quem sabe, de conselheiros pastorais e/ou profissionais, certamente terá de se andar muito mais com o professor tempo. Diferentemente do idealizado, o casamento desencadeia uma crise (ou muitas?). Não poderia ser diferente. Reflitamos um pouco! Duas pessoas que receberam sua formação educacional, emocional, relacional e espiritual em ambientes diferentes, com valores, conceitos e afetos diferentes, não formarão automaticamente um par como duas partes de uma e mesma laranja. São duas laranjas inteiras, uma mais azeda que a outra! Quem as suportará? A jovem esposa em sua casa de origem não podia deixar as suas roupas usadas em nenhum lugar, exceto no cesto de roupas sujas. A mãe dele (o jovem marido) era uma formiga saúva, que juntava tudo, de qualquer lugar e fielmente
12
Espaço Cidadão Dezembro de 2014
colocava na máquina de lavar. A roupa aparecia limpa, passada, dobrada e no mesmo lugar de sempre, como num toque de mágica. O jovem esposo nunca acompanhou o processo completo de uma peça de roupa desde a separação criteriosa, da quantia e qualidade de sabão em pó, da máquina de lavar e suas etapas, da duração do tempo para lavar, do varal, do jeito de pendurar uma roupa para que ela não deforme ao secar, do recolhimento, do ferro de passar, da intensidade do calor do ferro, e se usa vapor ou não, da divisão das roupas de toda família e da colocação carinhosa no armário. Eu não sou especialista em lavar roupas, mas tenho quase certeza que desconheço todos os passos importantes neste processo que coloca a minha roupa limpa e cheirosa de volta para o uso. Conseguimos imaginar a frustração, a tristeza e a raiva da recém-casada, quando seu marido larga a roupa numa trilha desde a porta de casa, pela sala, cozinha, quarto e banheiro? É muito compreensível que a conflitos sejam desencadeados! E assim, acontecerá com muitos outros itens que fazem parte de um relacionamento matrimonial. Casais frustrados da atualidade resolvem esses impasses absolutamente comuns e recorrentes do início dos casamentos morando cada um em seu próprio espaço físico (ou quartos separados; ou mesmo apartamentos diferentes). Outros apostam que não casar é a melhor solução para os conflitos básicos resultantes da convivência. Mas mesmo assim se relacionam com pessoas do sexo oposto, seja para passear, trocar ideias, nutrir uma amizade ou ter um parceiro sexual. Essas novas formas contemporâneas de interação não deixam de ser matrimoniais, com expectativas, compromissos e possibilidades de frustrações e crises. Não são formas planejadas por Deus, que segundo o Cristianismo é o autor da Bíblia, e também não são
www.copadesc.com.br
modelos de interação que geram saúde e felicidade permanente com confiança. Mesmo os novos modelos de interação desafiam o ser humano, produzem conflitos e crises. Quando vamos nos conformar com o fato de que o ser humano é caído e sofre as consequências da Queda? “No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” afirmou Jesus Cristo aos seus discípulos (Jo 16:33b). Entre outras mensagens, esse texto afirma que as aflições, os conflitos e as crises fazem parte da vida humana. O que esquecemos muitas vezes neste texto é a sua introdução: “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim”. A expectativa é lançada sobre Jesus, não sobre o cônjuge, nem sobre uma linda casa, nem sobre um casamento muito feliz. A paz ansiada e o vazio existencial humano são supridos somente em Jesus! Você quer saber se eu mesmo sei exatamente o que é isso? Pela fé lanço todo dia novamente minha ansiedade sobre Ele e procuro descansar Nele. Mas, de fato, tenho dificuldades em entender o que é exatamente lançar sobre Jesus. Oro, entregando. Decido deixar as coisas que me machucam com Ele. Repito a mim mesmo, sem cessar, que é isso: minha angústia agora está aos pés da cruz, meu desejo não realizado está esperando a vontade de Deus, minha raiva será acolhida pela justiça de Deus e Ele me fará justiça. Mas, as emoções não acompanham tais atitudes de espírito e decisões racionais
www.copadesc.com.br
e mentais. O conflito entre o desejo e o realizado, ou entre o desejo e o tempo de espera continua torturando meu espírito. E a paciência também esgota: com minha esposa, mesmo com Deus e os seus desígnios. Conheço pelo menos tantas pessoas querendo sair de seus casamentos frustrados quanto conheço pessoas almejando avidamente casar, dividir a vida com alguém, diminuir a solidão e buscar a felicidade imaginada em um casamento. Em todas as formas de viver existem conflitos, vazios, carências e crises. Somente nos resta entrar no plano de Deus e crescer por intermédio do amor, da santificação de nossas vidas e da obediência à Sua Palavra. Somente nos resta crescer. Se não houver crescimento e desenvolvimento, se não houver santificação e auto superação, então, de que valeu a vida? Simplesmente existir? Os animais, os vegetais e as pedras também existem! Há milhões de pessoas que simplesmente existem! Eu quero mais! Em Gênesis 2:24, a Bíblia afirma: “Por isso, deixa um homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”. De tão importante que é este texto, ele foi repetido por inspiração divina mais quatro vezes na Bíblia. O verbo principal desse versículo é “deixar”. A consequência dessa ação gera outras duas ações: “unir-se”; “tornar-se”. Somente quem deixa, quem rompe, quem se afasta poderá unir-se, tornar-se, ser. O “ser”
completo é alcançado apenas onde sucede esta alternância entre “deixar” e “unir”, aproximar e distanciar, tomar posse para depois entregar. Receber é agradável. Mas, soltar muitas vezes se constitui em perda e sofrimento. Mas, é assim o processo da vida que se completa. Recebemos e entregamos. Nos aproximamos e nos distanciamos. O dia é seguido da noite, o verão substituído pelo inverno. A vida nada tem de mais certo do que a morte. Há algo de importante, fundamental e essencial na decisão: a vida não acontece simplesmente. Ela precisa ser escolhida, pensada, buscada, trabalhada, e decidida. O risco e a angústia da incerteza fazem parte do desenvolvimento e do crescimento humano. Isso é especialmente verdadeiro na vida, no casamento e na família. Somente quem se reconcilia com as limitações inerentes à vida, à existência, estará livre para viver tão intensamente quanto possível todas as coisas que a vida oferece. Descobrir, compreender e aceitar este segredo, adaptando-o ao casamento, se transforma em crescimento e libertação quando frustrações e ilusões no relacionamento matrimonial se impõem. Casar parece ser tanto mel, quanto fel. Mas, isso não depende das abelhas. Depende da disposição de crescimento de cada cônjuge. Dr. Prof. Albert Friesen CRP 08/02921
Dezembro de 2014 Espaço Cidadão
13
Instituições Sociais
Associação Francisco Pró-Vida A Pró-Vida procura amenizar a dor de pessoas e seus familiares que sofrem com a doença do alcoolismo
A
Associação Francisco Pró-Vida foi fundada em 16 de Junho de 2005 como Pessoa Jurídica pelo Frei Franciscano Capuchinho Vanderlei Aparecido Sanches, porém o início de suas atividades data o ano 2001 quando o então prefeito Flávio Luis Maiorky já em final de gestão, ofereceu o trabalho a Frei Vanderlei que assumiu com muito carinho. São Francisco de Assis abraçou, beijou e acolheu o leproso de seu tempo, a PróVida carinhosamente assim chamada, vem ser os braços que acolhe o irmão “alcoolista” que tanto sorre pelos males causados pela dependência e pelo vício que cronicamente os adoece, estigmatiza e causa todo um desarranjo na vida familiar, espiritual e social. A forma mais fácil e simples de lidar com o problema é criticar, xingar e falar do caráter da pessoa que está doente. O grande desafio é o abraço, o beijo, o acolhimento do ser humano que ali está, muitas vezes sem nome, sem voz e sem vez precisando de ajuda. Ajudar é comprometer-se com a causa, é estar junto, é ser presente nas dificuldades e tristezas mas também nas alegrias que com certeza virão, pois onde a justiça é feita e a partilha acontece, diz Jesus: “Hoje a Salvação entrou nesta casa (Lc 19:9)”. Carecemos de ser salvos de nós mesmos, dos nossos egoísmos que nos fecha em nosso mundo, nos tomando incapazes de ver as necessidades dos outros. Só conseguiremos ajudar alguém se formos capazes de nos preocuparmos com a dor do outro, daqueles que encontramos à beira do caminho a exemplo do bom samaritano. A Pró-Vida procura amenizar a dor de pessoas
14
Espaço Cidadão Dezembro de 2014
e seus familiares que sofrem com a doença do alcoolismo, atualmente acolhemos até 10 homens de 18 anos até 60 anos, para tratamento em regime de internato por um período de no mínimo 9 meses e no máximo de 1 ano, tempo proposto pelo Programa Terapêutico da Pró-Vida que também contempla atendimento em psicologia, reunião em grupo e espiritualidade. Conta como parceiros a rede de saúde no atendimento em psiquiatria, realizando exames laboratoriais e outros atendimentos médicos e odontológicos caso seja necessário. Quanto às famílias dos recuperandos que precisam de apoio, procuramos integrá-los à rede socio-assistencial do município, procurando trazer uma resposta neste momento em que estão precisando. Para a manutenção financeira temos como parceiros a Prefeitura Municipal, a Paróquia Santo Antônio de Pádua e um grupo de sócio contribuintes que colaboram com um valor mensal, escolhido pelo próprio sócio, através de um carnê bancário, onde este recebimento vai direto para a conta da Pró-Vida. Venha você também fazer parte deste grupo. Estamos de braços abertos Aqueles que queiram nos visitar para conhecer o trabalho, abaixo está disponibilizado o telefone e endereço para possíveis contato e agendamento. A todos a nossa saudação rraterna de Paz e Bem. Serviço: Associação Francisco Pró-Vida. Centro de Apoio ao Alcoolista. BR 153 km44, Bairro Águas das Bicas. Santo Antônio da Platina - Paraná. Telefone (043)3534-0472 (043) 9127-7662 E-mail: franciscoprovida@hotmail.com
www.copadesc.com.br
Cidadania
O
“Geração Atitude” é um projeto ligado ao Movimento Paraná Sem Corrupção que tem o objetivo de apoiar a formação cidadã de estudantes paranaenses, promovendo a cidadania, a participação social e o protagonismo juvenil. Em primeiro momento o Geração Atitude será desenvolvido em 160 escolas públicas de ensino médio, localizadas nas áreas de atuação dos 32 Núcleos Regionais de Educação. O projeto permite a participação de todas as escolas interessadas, uma vez que a metodologia e os materiais de apoio podem ser utilizados de forma aberta e irrestrita.
Metodologia
Todas as ações do projeto buscam disseminar informações e despertar o interesse dos jovens para temas como: Cidadania, Democracia, Política, Eleições, Voto Consciente, funcionamento do Ministério Público, dos Poderes Judiciário, Executivo e Legislativo, entre outros. Espera-se que os estudantes, compreendendo melhor esses assuntos, possam tornar-se agentes transformadores da realidade, participando de discussões importantes envolvendo a escola, o bairro, a cidade, o Estado e o país, passando a atuar como protagonistas de suas próprias histórias.
Geração na Escola
As atividades nas escolas se darão de forma semelhante às realizadas pelo Movimento Paraná Sem Corrupção. Promotores de Justiça, em conjunto com as equipes pedagógicas das
www.copadesc.com.br
O que é? escolas, desenvolverão iniciativas como palestras, encontros com a comunidade, concursos culturais, debates, passeatas, entre outras ações. A diferença, desta vez, é que as atividades terão como foco a formação para a cidadania. Os promotores de Justiça farão intervenção presencial na escola. As atividades devem ser elaboradas de forma plural, com a união de esforços e a criatividade tanto dos integrantes do MP-PR, como dos educadores. Em cada um dos 32 Núcleos Regionais de Educação do Paraná existe um profissional responsável pelas orientações e articulações do Geração Atitude. Para os alunos do Ensino Médio de escolas públicas devem procurar orientações junto aos professores e à direção da escola. Também podem sugerir que a escola desenvolva as atividades do projeto, caso a instituição de ensino ainda não esteja participando. Importante: os grêmios estudantis podem realizar ações do projeto.
As ações do projeto buscam disseminar informações e despertar o interesse dos jovens para temas como: Cidadania, Democracia, Política, entre outros
Parceiros
O Geração Atitude é realizado pelo Ministério Público do Paraná, por meio do Movimento Paraná Sem Corrupção, em parceria com a Secretaria de Estado da Educação e com a Assembleia Legislativa do Paraná. Os parceiros do Movimento também apoiam a iniciativa. Emissora de rádio; jornais; Associações Comerciais, de Moradores e de Serviços; Sindicatos; ONGs; Escolas particulares, Secretarias Municipais de Educação, Empresas, Câmaras de Vereadores, entre outros, podem firmar parceria e contribuir com as ações do Movimento e do Geração Atitude.
Dezembro de 2014 Espaço Cidadão
15
O p i n i ão
Coró na Cabeça Qual é a discussão, o concílio, a convenção realizada pelos representantes legítimos de algum segmento da sociedade, que legitime os conceitos apresentados pelas emissoras de TV?
U
m jovem vai a um hospital, tratar de um grande esfolado. Um dia antes, ele estava pilotando uma moto, voltando de um trabalho voluntário em um orfanato, quando uma bicicleta de carga, daquelas de entregar compras, virou a alguns metros à sua frente. Para não bater, ele freou a moto que derrapou e ambos deslizaram pelo asfalto até quase atingir a bicicleta. O motociclista dispensou o ciclista, a despeito do que sugeriu uma das testemunhas. Ele foi para casa e se automedicou passando álcool na ferida. No dia seguinte, já com febre, vai ao hospital, pois as feridas estavam inflamando. Chegando, apresenta-se na portaria e fica esperando sua vez. De repente ouve gritos, não de pacientes nem de parentes, mas de um médico inconformado com a situação a que uma criança chegara. O médico esbravejava com a senhora que a trouxe. O jovem protagonista fitou o médico que andava de um lado para o outro. O normal é que os médicos ajam com frieza em qualquer situação, geralmente já viram de tudo. Surpreendentemente
16
Espaço Cidadão Dezembro de 2014
o médico convida o jovem a observar o que se passava. O jovem entra, assim meio que sem pensar no que estaria por ver, enquanto o médico andava de lá pra cá, tentando se acalmar e questionando como é que podem os pais ou responsáveis deixar a situação chegar àquele ponto. O jovem pôde, então, observar duas enfermeiras ao lado de uma maca, onde estava a criança. Uma delas chegava uma bandeja anatômica ao encontro da cabeça da criança, enquanto que a outra esguichava um líquido dentro da cabeça da criança. O leitor pode perguntar... “ Mas como dentro da cabeça?” É que na cabeça da criança havia dois furos, do diâmetro de uma boca de garrafa de refrigerante. Quando o líquido atingia estes orifícios, saia dali aquilo que popularmente chamamos de coró de varejeira. Olhando para aquela cena surrealista, o jovem desliga-se, e quando recobra a consciência se vê andando em frente ao hospital, gesticulando e falando consigo: “Não posso crer no que vi”. Resolveu então voltar lá para dentro; curiosamente ninguém se opõe, e ele
www.copadesc.com.br
pôde ver o restante dos bichinhos sendo cuidadosamente retirados, enquanto o médico dizia: - Se demora mais um pouco, atingem o cérebro e podem até paralisar a criança. Esta era a dor do médico... - Como é que os responsáveis permitem... O jovem protagonista foi atendido logo a seguir, por outro médico. Tomou uns antiinflamatórios dos mais comuns e logo sarou. Porém permaneceu indagando a Deus: “Senhor, estava na obra – por que cair, adoecer e ir parar lá? Por que ver aquilo?”. Então lhe ocorreram pensamentos, que ele creu ser a resposta de Deus: As mães e demais responsáveis estão vendo as varejeiras eletrônicas botarem corós nas cabeças das crianças e estão inertes, sem saberem como impedir. “Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há, e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento” (Filipenses 4:8). O nosso problema não está no televisor, nem na antena receptora. Há momentos em que a televisão é como abelha que traz mel, e não como a varejeira que coloca larvas. O problema é a programação. Os bons programas passam em horários que a maioria das pessoas não assistem. Os programas apresentados em horários “nobres” visam audiência, pois esta gera bons con-
www.copadesc.com.br
tratos publicitários. Porque o AMOR AO DINHEIRO é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça “alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (I Tm 6:10). A palavra de Deus autoriza homens a falar o que é e o que não é verdade: moral, espiritual etc. O estado e a ciência autorizam as escolas a ensinarem as verdades sobre a natureza, sobre a matéria, sobre economia etc. A grande dúvida que me intriga é a seguinte: Quem, ou o que, autoriza a televisão a determinar o que é ou o que deve ser, na política e no comportamento humano em geral? As igrejas de hoje, são resultado de convívio humano dirigido pelo Espírito Santo, creio eu e tantos outros. Estudos e discussões são realizados em concílios que seguem uma diretriz bíblica. As escolas seguem programas de conteúdos autorizados pelo governo que representa o povo, estes conteúdos são avaliados em congressos de cientistas, pedagogos e outros representantes legítimos de autoridades constituídas. Até os acordos de trabalhos são convencionados através de assembleias realizadas pelas categorias profissionais e classes econômicas, representadas pelas entidades sindicais e reconhecidas pelo Ministério do Trabalho. Então qual é a discussão, o concílio, a convenção realizada pelos representantes legítimos de algum segmento da sociedade, que legitime os conceitos apresentados pelas
emissoras de TV? Não proponho censura, mas prudência (como a da serpente) para relacionarmo-nos com este sistema. Os pais estão interessados nas consequências dos atos dos filhos; os dirigentes das comunidades de fé, também querem ver bons frutos de seus membros; não seria justo deixarmos de citar os professores, que também aguardam resultados positivos de seus alunos; todos eles têm interesse no bem estar da comunidade. E as emissoras de TV e seus contratados? Qual o relacionamento deles conosco? O quanto eles se interessam por nós, pelas nossas conquistas, pelas nossas vitórias? Será que isso interessa mais a eles do que contratos milionários, obtidos por bons índices de audiência? O que é que valida suas manifestações de opiniões? Tudo bem que os jornalistas devam nos informar dos fatos, mas deduzir e chegar a conclusões, não cabe aos mantenedores do sistema? Não somos nós, que gastamos nas empresas que sustentam a televisão, os mantenedores desse sistema? Devemos nós aceitar tudo o que nos mostram como verdade, sem questionar se não estamos sendo persuadidos em massa? “E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada” (Tiago 1:5). Ilmar da Silveira Brum – Só um cidadão brasileiro trocando ideias
Dezembro de 2014 Espaço Cidadão
17
SAÚDE
Consciência e qualidade de vida emocional Ao desenvolver consciência do que pensa, o ser humano torna-se capaz de ter foco no momento presente e percebe o quanto é responsável por sua vida emocional
O
sentido de consciência nesse texto é o da consciência que gera responsabilidade e mudança. Para que um indivíduo tenha sucesso no campo das emoções, ele necessita saber de onde vêm seus sentimentos e quais suas consequências. Há muito tempo se diz que qualidade de vida e qualidade de pensamentos estão intimamente relacionados, afirmação que apresentam-se em consonância com recentes descobertas neurocientíficas. Descobriu-se que o cérebro produz cortisol, substância relacionada ao estresse, quer o indivíduo esteja vivenciando uma situação real e do momento, revivendo mentalmente uma situação estressante ou projetando/imaginando situações de ordem negativa. Assim, o estresse não precisa ser palpável, real, e na maioria das vezes não é. É muito comum ao ser humano passar mais
18
Espaço Cidadão Dezembro de 2014
tempo pensando no passado e no futuro do que no momento presente, comportamento que certamente é prejudicial, pois passado e futuro são incontroláveis e tudo que não se pode controlar gera estresse e ansiedade. Obviamente, nossos pensamentos vão ao passado e ao futuro com frequência, o prejuízo ocorre no excesso, quando o presente fica diminuído, quando sempre que se está num lugar pensa-se em outro, no caso da pessoa ansiosa, ela sempre está no momento seguinte, no lazer pensa nas obrigações e vice versa, as consequências negativas desse comportamento são: enxaqueca, síndrome do pânico, transtorno obsessivo compulsivo, crises alérgicas, só para citar algumas, pois a lista é realmente enorme. Quando um indivíduo desenvolve a capacidade de ter consciência do que pensa,
www.copadesc.com.br
torna-se capaz de ter foco no momento presente, assim, percebe o quanto é responsável por sua vida emocional, aprende a separar o imaginário do real e uma grande quantidade de problemas e angústias simplesmente deixa de existir. Esse gerenciamento de emoções resulta em atitudes proativa consequência da percepção da inutilidade dos pensamentos negativos e de como eles minam o bem estar emocional e físico, desta forma a consciência elevada gera autoconhecimento, fundamental para que exista qualidade de vida. O gerenciamento de emoções citado, não pode ser confundido com negação de sentimentos, quando alguém sente raiva, deve aceitá-la, procurar saber de onde ela vem e se pertence aquele momento, caso a resposta seja positiva, lida-se com uma emoção ou sentimento que surgiu por um motivo real, em seu tamanho real, sem que essa emoção seja multiplicada por raivas anteriores; no caso da resposta negativa, tal emoção ou sentimento tende a diminuir de intensidade .ou desaparecer. O não gerenciamento de emoções, na prática, ocorre quando o sujeito teve um dia ruim no trabalho e explode em casa, com os familiares, o que desencadeia o processo pode ser algo pequeno, mas a desatenção, a falta de consciência ao fato atual, produz na pessoa uma reação inadequada, desproporcional, pois a reação é referente a tudo que deu errado no dia, no mês, no ano, na vida. As possibilidades e capacidades descritas acima tornam o sujeito senhor de si, não mais guiado em sua vida apenas por conteúdos inconscientes, trata-se de um “assumir as rédeas” da própria vida. Responsabilidade que traz benefícios como aceitação de falhas, erros e limitações: só é possível superar um problema ou dificuldade de qualquer ordem a partir da aceitação do mesmo. Noção de sempre ter escolha: situações ruins vão acontecer, mas a forma de reagir é sim uma escolha. O sofrimento é uma escolha. Culpar os pais, cônjuge ou a sociedade ou quem quer que seja, é atitude evasiva e irresponsável, que mantém e multiplica o ciclo de insalubridade, tal fuga através da vitimização
www.copadesc.com.br
transforma a infelicidade numa condição, aquele que se acha vítima nunca buscará mudança, pois não entende que coisas boas, primeiro partem de si, que o mundo e a vida que se enxerga são a vida e o mundo que se tem. Os autores da própria vida e da própria sorte, os conscientes, resilientes, atentos, se aceitam como são, mas buscam a melhora, o desenvolvimento, a evolução, sem esperar que isso tudo venha de fora, dos outros, do mundo. Para ter uma ideia do quanto a mente “viaja”, procure comer pensamento exclusivamente no ato de comer, observando cada etapa, o mesmo pode ser feito durante o banho, verá que uma infinidade de pensamentos virão atrapalhar sua tentativa de estar totalmente presente no momento. Tal exercício ilustra como a esmagadora maioria das pessoas age mecanicamente em seus trabalhos e em suas relações, sempre esperando dias melhores, numa espera que se torna um ciclo vicioso, ainda que se alcance uma meta, logo outra surge para substituí-Ia, o que não é necessariamente ruim, é importante que tenhamos metas, de todo tipo, mas é fundamental que estas não ocupem a mente o tempo todo, pois paradoxalmente impedem que se faça o que tem que se fazer agora para a concretização da mesma meta. Fundamental também, que expectativas de um futuro melhor materialmente (tudo bem querer melhorar nesse aspecto), não transformem o indivíduo num eterno insatisfeito, incapaz de ver beleza e alegria naquilo que tem, pois tal atitude é uma forma de ver a si e ao mundo e não muda independente do que se tenha conseguido e alcançado. Enfim, a vida acontece hoje, mais especificamente agora, planeja-se o futuro para que se tenha um bom agora e isso se faz com consciência desse agora, e melhor forma de se ter qualidade de vida emocional no futuro começa tendo essa qualidade hoje, pois o futuro nunca chega, ou dizendo de outra forma, chega, mas no momento em que chega transforma-se em agora, o único momento da vida possível de se viver.
Culpar os pais, cônjuge ou a sociedade ou quem quer que seja, é atitude evasiva e irresponsável, que mantém e multiplica o ciclo de insalubridade
Lucas Renato R. Chagas Psicólogo CRP 08-12003
Dezembro de 2014 Espaço Cidadão
19
ESPECIAL
Final de Ano Iluminado! Natal de Luz 2014 apresentará diferentes celebrações numa volta aos continentes
Ilustração: Alessandro Dutra
A
presentação já tradicional em Santo Antônio da Platina reúne milhares de pessoas em uma organização da Paróquia Santo Antônio de Pádua, com apoio do Sicredi, Extimpel, Bordignon, Samp Fiat Motos Honda, Prefeitura Municipal de Santo Antônio da Platina e Comissão do Centenário. O tradicional “Natal de Luz” de Santo Antônio da Platina chega à décima terceira edição em 2014. Neste ano, a temática do evento será “Uma volta pelos continentes”, mostrando a celebração do Natal sob a ótica de diferentes culturas do mundo. As apresentações do coral são consideradas os eventos mais importantes do município paranaense e estão marcadas para os dias 12, 14, 17, 20 e 21 de dezembro no Centro Pastoral Frei Clemente Vendramim. Organizado pela Igreja Católica, o evento costuma reunir milhares de pessoas. Nos bastidores desse espetáculo, mais de 300 pessoas se mobilizam para confeccionar as roupas e construir a decoração temática das apresentações. Nesse verdadeiro exército de voluntários, encontram-se os familiares dos cantores que participam do coral, colaboradores das empresas patrocinadoras, da igreja católica e a população de Santo Antônio da Platina. Neste ano, a apresentação vai contar com mais de 100 crianças do grupo de canto Sementinha, e alunos da escola Spaço Art e Música que estão ensaiando desde o mês de julho.
História
A iniciativa de se realizar o Auto de Natal no município se deu por um grupo de pessoas
20
Espaço Cidadão Dezembro de 2014
da comunidade capitaneado pela professora Marly Prado Papi Crespo e de seu marido, César Crespo (in memorian), sob influência das tradicionais apresentações realizadas no Palácio Avenida, em Curitiba. O pároco Frei Clemente Vendramin acolheu o projeto com entusiasmo desde o seu início, e através da aprovação pelo conselho paroquial da época o sonho tornou-se uma realidade. A primeira apresentação ocorreu em 2002, ainda com o edifício em construção, e segue até hoje com grande sucesso de público e crítica. Além de Marly Papi, que faz um trabalho musical e artístico na escola Spaço e Art, o evento também conta com a coordenação da professora Neuzeli França R. Cesar, do coral Sementinha, que juntas desenvolvem trabalho voluntário para as apresentações desde sua concepção. Segundo Neuzeli França, o objetivo do projeto é conscientizar as crianças e adolescentes da importância do Natal e a presença de Jesus Cristo na vida de cada participante, além de repassar esses conceitos para os expectadores e suas famílias através das músicas e atividades que são realizadas. Para Marly Papi, em alusão ao tema deste ano, mesmo com as diferentes maneiras de se comemorar o natal nos continentes, é notório que todos os povos manifestam de forma autêntica sua fé e religiosidade. Serviço Natal de Luz - “Uma volta pelos continentes” Dias 12, 14, 17, 20 e 21 de dezembro, às 22h. no Centro Pastoral Frei Clemente Vendramim. Mais Informações no escritório paroquial pelo tel.: 43 3534-3363.
www.copadesc.com.br
Um Sonho de Cinderella A clássica história da Gata Borralheira chega aos palcos num espetáculo de dança e magia em Santo Antônio da Platina
A
compania Studio Arte em Dança encerra seu ano letivo com o grande espetáculo “Um Sonho de Cinderella”remontagem de Iris Mantovani. O Musical apresentado pelos alunos da escola contará a dura vida de Cinderella que após a morte de seu pai vira escrava de sua madrasta, após o rei realizar um baile real para seu filho na procura de uma esposa o príncipe acaba conhecendo Cinderella onde se apaixona a primeira vista, depois de muitos desencontros o Príncipe se casa com Cinderella e vivem felizes para sempre. O espetáculo acontecerá no dia 11 de dezembro de 2014 as 20h no Luz de Lua Espaço Musical, com direção e coreografias de Iris Mantovani e Patrícia Couto, o espetáculo terá grandes novidades este ano, uma delas é a projeção do filme durante o espetáculo, deixando o musical ainda mais real. A escola vem realizando vários
www.copadesc.com.br
trabalhos desde que abriu na cidade de Santo Antônio da Platina no Ano de 2012, atualmente a escola vêm ganhando vários prêmios em festivais renomados, no mês de novembro os alunos do curso de Jazz estará participando da Noite de Gala de Barra Bonita com a coreografia Krygirs de Iris Mantovanionde estará concorrendo a uma vaga para os festivais de Viena e Barcelona em 2015. Recentemente as alunas da Studio Arte em Dança participaram da gravação do curta-metragem Santo Antônio da Platina – 100 anos, na Direção Geral de Nelson Mascaro Junior e Direção Artística de Iris Mantovani. Iris Mantovani, formada em Educação Física pela Estácio de Sá de Ourinhos, e Pós Graduada em Personal Training pela Uemp de Jacarezinho, Bailarina Clássica a 20 anos pela escola municipal de bailado de Ourinhos.
Dezembro de 2014 Espaço Cidadão
21
CRIAN ÇA
Pedofili
Prevenção e Combate ao
Abuso Sexual Infantil
Ilustração: Alessandro Dutra
Acontece um caso de pedofilia a cada 8 minutos no nosso País, e isso é apenas 20% dos casos que chegam até a as autoridades
22
Espaço Cidadão Dezembro de 2014
A
pedofilia, segundo a Organização Mundial de Saúde, “é o abuso sexual do agressor maior de 16 anos, contra a vítima menor de 13 anos”, e também segundo a OMS, “é considerado uma perversão sexual”. Existem vários tipos de pedófilos, sendo 90% homens e 10% mulheres. A pedofilia é o crime mais organizado do mundo, apenas 1% dos pedófilos são pegos em flagrante, existe entre ele um vocabulário próprio, e silencioso, através de símbolos, todos os pedófilos culpam suas vitimas. Existem, pelo menos, sete tipos de pedófilos; cada um deles age de forma diferente. No Brasil, segundo dados da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, 67% dos menores abusados são vítimas de padrastos e 20% dos próprios pais. Portanto, 87% dos casos de pedofilia, a grande maioria, ocorre no ambiente familiar, sendo o maior agente violador o padrasto, seguido do pai biológico. Avôs, tios, padrinhos, primos, irmãos mais velhos também aparecem com frequência como agressores, porém, não foram somados a esta estatística. A violência sexual extra familiar é
aquela praticada por pessoas alheias ao convívio da família e que não exercem a responsabilidade de cuidar ou de educar a criança ou adolescente. Pode ser cometida por pessoas conhecidas da família, com aproximação da família e que não exercem a responsabilidade de cuidar ou de educar a criança ou o adolescente. Uma das pessoas que entram neste “rol” de agressores dentro de casa são aquelas visitas que a família recebe normalmente, que tem um vinculo forte de ligação, sendo parente ou amigo muito próximo; este tipo de pessoa tem de ser colocado no quarto de hospedes, e mesmo assim a criança deverá fechar a porta do quarto dela com chave por dentro; nunca no mesmo quarto das crianças, mesmo que a visita seja avô, tio, tia, padrinho, primos. Caso não haja como acomodar a visita sozinha num quarto só pra ela, coloque teu filho pra dormir no seu quarto com você, pai e mãe, durante o tempo que esta visita permanecer em sua casa. Temos um caso de pedofilia a cada 8 minutos no nosso País, e isso é apenas 20% dos casos que chegam até a as autoridades. No mundo, 150 milhões de meninas e 70 milhões de meninos foram
www.copadesc.com.br
abusados (fonte: Rafe, Abuse & incest Nacional Net Work Rainn). Profissionais de todas as áreas estão envolvidos na prática da pedofilia, por isso todo cuidado é pouco.
Como denunciar casos de violência sexual
É preciso romper com o pacto de silêncio que encobre as situações de abuso e exploração contra crianças e adolescentes. Não se pode ter medo de denunciar. Essa é a única forma de ajudar esses meninos e meninas. Saiba a quem recorrer em caso de suspeita de violência sexual infanto-juvenil: Conselhos Tutelares – Os Conselhos Tutelares foram criados para zelar pelo cumprimento dos direitos das crianças e adolescentes. A eles cabe receber a notificação e analisar a procedência de cada caso, visitando as famílias. Se for confirmado o fato, o Conselho deve levar a situação ao conhecimento do Ministério Público. Varas da Infância e da Juventude – Em município onde não há Conselhos Tutelares, as Varas da Infância e da Juventude podem receber as denúncias. Outros órgãos que também estão preparados para ajudar são as Delegacias de Proteção à Criança e ao Adolescente e as Delegacias da Mulher. Ou DISQUE 100. O serviço do Disque Denúncia
www.copadesc.com.br
Segundo a Secretaria Especial de Direitos Humanos, 67% dos menores abusados são vítimas de padrastos e 20% dos próprios pais. Portanto, 87% dos casos de pedofilia, a grande maioria, ocorre no ambiente familiar Nacional de Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes é coordenado e executado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. Por meio do 100, o usuário pode denunciar violências contra crianças e adolescentes, colher informações acerca do paradeiro de crianças e adolescentes desaparecidos, tráfico de pessoas – independentemente da idade da vítima – e obter informações sobre os Conselhos Tutelares. O serviço funciona diariamente de 8h às 22h, inclusive nos finais de semana e feriados. As denúncias recebidas são analisadas e encaminhadas aos órgãos de defesa e responsabilização, conforme a competência, num prazo de 24h. A identidade do denunciante é mantida em absoluto sigilo.
O que diz a lei, estabelecida na Constituição Federal
Art. 227 - É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. § 4.º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente. Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei 8.069/1990 Art. 5° - Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. Art. 241 – É crime apresentar, produzir, vender, fornecer, divulgar ou publicar, por qualquer meio de comunicação, inclusive rede mundial de computadores ou internet, fotografias ou imagens com pornografia ou cenas de sexo explícito envolvendo criança ou adolescente. Pena: reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
Dezembro de 2014 Espaço Cidadão
23
CRIAN ÇA
Pedofili
Por dentro do assunto
24
Espaço Cidadão Dezembro de 2014
CAMPANHA PÚBLICA CONTRA A PORNOGRAFIA INFANTIL NA INTERNET Quem insere fotos de conteúdo sexual envolvendo crianças ou adolescentes na Internet, segundo o artigo 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente, está cometendo um crime. A pessoa que fizer essa publicação está sujeita às penalidades do artigo acima citado. É bom ressaltar que somente a publicação de fotos envolvendo crianças e adolescente constitui crime. Publicar fotos de adultos não é crime. Se você encontrou alguma página na Internet com imagens de crianças e/ou adolescentes submetidos a situações constrangedoras, poses sensuais ou atos sexuais, denuncie! Copie o endereço da página e envie para o e-mail webmasterbrazil@unicef.org. Importante: Não envie fotos, pois você poderá ser acusado de repassar material pornográfico infantil.
§ 1º Incorre na mesma pena quem: I - agencia, autoriza, facilita ou, de qualquer modo, intermedia a participação de criança ou adolescente em produção referida neste artigo; II - assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou imagens produzidas na forma do caput deste artigo; III - assegura, por qualquer meio, o acesso, na rede mundial de computadores ou internet, das fotografias, cenas ou imagens produzidas na forma do
caput deste artigo. § 2º A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos: I - se o agente comete o crime prevalecendo-se do exercício de cargo ou função; II - se o agente comete o crime com o fim de obter para si ou para outrem vantagem patrimonial. Sargento Tânia Guerreiro Pedagoga pela Universidade Castelo Branco. Pós-Graduada em metodologia de enfrentamento à violência contra a criança e o adolescente pela PUC/PR. Possui 33 anos de Serviço, sendo 30 anos de experiência em Abuso Sexual Infantil – Com Pedofilia.
www.copadesc.com.br
Poupar é possível
ECONOMIA
O ato de poupar não se restringe apenas em “sacrificar consumos”, mais do que isso é a consciência de economia ligada diretamente ao futuro
0
ato de poupar ainda não é um hábito para maioria dos brasileiros. A maior parte das pessoas apresenta um comportamento impulsivo ou imediatista, ou seja, diante de um sonho ou desejo de consumo prefere utilizar soluções rápidas, independente da distância entre o valor do bem e das parcelas. Com isso a preocupação em ter uma reserva financeira acaba ficando cada vez mais distante, tornando essa prática um ciclo vicioso. Sabe-se que 68% da população brasileira não reserva dinheiro para projetos pessoais ou situações de emergência, segundo pesquisa da Federação Nacional da Previdência e Vida (FenaPrevi), o que mostra um amplo espaço para ampliação do ato de poupar. O ato de poupar não se restringe apenas em “sacrificar consumos”, mais do que isso é a consciência de economia ligada diretamente ao futuro, capaz de gerar uma sensação de segurança e independência financeira. Pequenas quantias economizadas mensalmente podem representar muito dinheiro ao longo do
www.copadesc.com.br
tempo. É possível realizar vários sonhos de consumo e ainda contar com uma reserva que permitirá viver com mais tranquilidade e sem sobressaltos. Formada essa consciência, as pessoas passam a se planejar melhor para alcançar seus objetivos e fazer perguntas como: Quais sonhos quero realizar? Quanto dinheiro preciso para atingir cada um deles? Como pretendo obter estes recursos? Em quanto tempo você gostaria de realizá-los (curto, médio ou longo prazo)? Informações essências para nortear suas decisões de investimentos. Ter metas é o começo para aprender a fazer escolhas mais racionais e inteligentes com o dinheiro. É fundamental pensar, sonhar, projetar, antes de começar a poupar. Se a meta for pagar integralmente uma boa faculdade para seu filho, que acabou de nascer é possível abrir uma conta em nome dele. Quando ele tiver 17 anos, supondo que queira cursar uma universidade que custe R$ 1.000,00 por mês, você precisará ter poupado cerca de R$ 50 mil neste período.
Caso você deposite, mensalmente, R$ 200,00 você terá cerca de R$ 70 mil*, valor suficiente para arcar com o curso, além de conseguir custear o material didático que ele vai utilizar, por exemplo. Ações como, construir uma planilha de gastos e despesas, gerenciar a utilização do cartão de crédito, destinar cerca de 10% do seu salário em investimentos conservadores com boa rentabilidade e estudar sobre investimentos pode ser um bom início para se ter uma boa reserva financeira no futuro. O Sicredi oferece um portfólio completo de investimento, com soluções adequadas ao perfil dos associados, que além de ganharem com a rentabilidade das aplicações, ganham investindo em uma instituição financeira cooperativa. Os recursos aplicados ficam na região da cooperativa e contribuem com o desenvolvimento econômico local. Roberto Durscki é superintendente de produtos e serviços financeiros do Banco Cooperativo Sicredi (*) apenas para efeito de simulação, baseado na remuneração da poupança.
Dezembro de 2014 Espaço Cidadão
25
EDUCAÇÃO
Ventos da mudança
A escola empenha-se para acompanhar um mundo em alucinada transformação
A Ilustração: Alessandro Dutra
s transformações pelas quais nosso mundo vem passando nas últimas décadas tem sido intensas e velozes. A tecnologia envolvem-nos por novas ideias, conceitos e equipamentos, novidades incessantes que geram pressões e novas demandas a cada dia. As mudanças ambientais causam mudanças climáticas e desequilíbrios nunca vistos, obrigando-nos a rever nossa postura e cobrando novas atitudes e valores. As mídias incluem-nos nas questões sociais internacionais, que nos atingem em tempo real. As redes de comunicação nos afetam e modificam nossa relação com o mundo. Esta reflexão pode ser trazida também para a área de educação onde convivemos com uma realidade muito influen-
26
Espaço Cidadão Dezembro de 2014
ciada por todos estes acontecimentos e ao mesmo tempo paralisada em alguns segmentos, ignorando as necessidades de mudança. Todos os dias, lemos artigos instigantes sobre comunidades ao redor do mundo que passaram por verdadeiras revoluções, atingindo altos índices de desenvolvimento, utilizando como instrumento de mudança a educação básica. Muito se fala das mudanças necessárias em nosso país e os debates acontecem em todos os âmbitos, educacionais ou não, mas, poucas ações estão de fato focadas no processo de mudança. A maioria das questões apontam para necessidade de recursos, de valorização do professor, de melhoria de índices. Pouco se fala da reforma curricular, do apoio às instituições de ensino, da obri-
www.copadesc.com.br
gatoriedade do envolvimento familiar no processo de educação. A educação é um processo dinâmico e como tal, precisa acompanhar as mudanças que ocorrem na sociedade. A escolas precisam atender situações novas a todo momento, com acontecimentos e mudanças de ordem mundial. A História precisa ser reconstruída todos os dias, a cada nova revelação, a cada descoberta. A Geografia precisa de revisão constante, pois o desenho de nosso velho mundo não se manteve, os mapas precisam agora ser virtuais já que àqueles de papel sofreram mudanças em seus limites. Nossa língua, identidade sagrada de um povo, perdeu acentos, hifens e se estuda modificá-la ainda mais. E, embora exista um currículo nacional a ser seguido, a escola passou a acumular inúmeras outras funções adicionadas a este currículo para poder se inserir no contexto atual. Não bastassem as questões pedagógicas, as mudanças necessárias de estratégia num mundo que oferece opções muito mais palatáveis aos alunos, a escola ainda precisa responder pela formação de seus docentes, que se apresentam cada vez menos preparados para a função. E se faz necessário mencionar as novas questões familiares, que refletem de forma importante nesse processo. São as configurações familiares resultantes de mudanças sociais significativas e que trazem novos desafios às relações e às
www.copadesc.com.br
Não bastassem as questões pedagógicas, as mudanças necessárias de estratégia num mundo que oferece opções muito mais palatáveis aos alunos, a escola ainda precisa responder pela formação de seus docentes, que se apresentam cada vez menos preparados para a função regras de convivência. Neste turbilhão de novidades a educação se faz refém de fatos alheios a sua função. Pais imersos neste universo mutante perderam parâmetros de educação e procuram na escola a solução para a educação de seus filhos. O conteúdo pedagógico deixa de ser prioritário para que se atendam questões de convivência e de disciplina pessoal. E as avaliações nacionais apontam para o fracasso da educação básica, cada vez menos eficiente, impedindo que este país cresça e se aprimore em sua maior riqueza, seu capital social. Precisamos repensar este modelo. Escolas precisam ser espaços democráticos
de aprendizagem, que gerem oportunidades para o desenvolvimento do potencial humano que carregamos. Junto com o pedagógico a escola em sua essência precisa ser formadora de valores, mas valores que nos ofereçam a liberdade do livre pensar, sem doutrinação, apenas permitindo que se aflore aquilo que precisa ser muito bem construído na família. Emprestando a poesia filosófica de Rubens Alves podemos concluir dizendo: “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.” Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.” Ieda Maria Franco Reis Psicóloga CRP 08/10104 - Clínica Harmônica - one: 3558-1181
Dezembro de 2014 Espaço Cidadão
27
Responsabilidade Social
Ética nas Organizações Educacionais:
O diferencial competitivo na Sociedade do Conhecimento Os clamores para se resgatar a ética na sociedade não ocorrem de hoje, isto sempre foi uma imposição para se conseguir um mínimo de condições para o convívio social
N
uma sociedade onde o conhecimento é tido como a maior riqueza de uma nação, a utilização da ética nas organizações educacionais se faz cada vez mais necessária e urgente no sentido de levar os educandos a reavaliarem os costumes impostos pela sociedade ou por grupos sociais e suas próprias atitudes.
A ética, surgimento e aplicabilidade
Ilustração: Alessandro Dutra
A ética, como parte da filosofia que estuda a moral ou as características e transformações ocorridas nos costumes socialmente aceitos, surgiu das reflexões do filósofo grego Sócrates que indagava seus conterrâneos sobre o porquê da obediência aos costumes estabelecidos e do sentido das tradições. Assim, Sócrates indagava qual o sentido dos costumes e quais as disposições de caráter que levavam alguém a transgredir os valores da sociedade. Com suas indagações irritava profundamente os atenienses mais conservadores, pois os levava a verificar que muitos costumes eram seguidos unicamente pela tradição e não por uma crença do próprio indivíduo; para isto, o homem deveria ter a possibilidade de escolha a partir do conhe-
28
Espaço Cidadão Dezembro de 2014
www.copadesc.com.br
cimento. Segundo Sócrates, somente o ignorante é incapaz de ser ético, pois, para este filósofo, quem sabe o que é o bem é incapaz de agir de forma antiética. Assim, a busca por uma conduta ética por parte dos indivíduos assumiria uma característica da própria prática do bem. Aristóteles, por sua vez, estudou a ética dividindo o conhecimento em dois campos: o saber teorético ou técnico e o saber prático, assim, segundo ele, na técnica, o agente, a ação e a finalidade da ação estão separados, sendo independentes uns dos outros. Buscando exemplos na sociedade contemporânea teríamos o caso dos operários numa linha de montagem, não lhes interessa qual será a utilização da peça que estão ajudando a fabricar e nem a finalidade de seu trabalho. Da montagem de componentes eletrônicos, por exemplo, pode-se ter peças a serem utilizadas em equipamentos hospitalares, que salvarão a vida de centenas de pessoas, ou de armas de destruição em massa. Na prática, o agente, a ação e a finalidade do agir são inseparáveis, assim, pode-se dizer que a verdade é uma virtude do agente, inseparável de sua fala verdadeira e sua finalidade, que é proferir uma verdade. Na prática somos aquilo que fazemos e isto é sermos éticos ou não. É o caso do professor que reclama de seus alunos não se interessarem pela pesquisa, mas, ele próprio não a pratica. Os clamores para se resgatar a ética na sociedade não ocorrem de hoje, isto sempre foi uma imposição para se conseguir um mínimo de condições para o convívio social, assim, podemos citar o filósofo grego Diógenes que procurava com uma lanterna em plena luz do dia um único homem honesto em Atenas. Atualmente, atribui-se à globalização o motivo pela decadência nas atitudes éticas em todo o
www.copadesc.com.br
mundo, no entanto, a globalização não é um fenômeno atual, o mundo já conheceu várias tentativas de globalização desde a antiguidade, com a formação de grandes impérios como o macedônico, o romano, a dominação da Europa pela Igreja Católica, dentre outros.
A necessidade de se desenvolver a ética no mundo atual
No atual processo de globalização, como nos anteriores, podemos perceber uma imposição de novos valores e costumes para a sociedade e, sem dúvida alguma, isto traz uma crise nos valores tradicionais. Este processo de globalização se difere muito dos anteriores nos seguintes aspectos: No interesse das grandes organizações em expandir suas atividades e ampliar seus lucros. Este interesse se coloca acima dos interesses nacionais. O incrível progresso tecnológico em todos os setores, mas principalmente no setor de informações (informática, telecomunicações). No atual estágio em que a humanidade se encontra, o homem pode ser o responsável pela destruição de seu próprio mundo no espaço de poucas décadas; este fato nunca ocorreu antes e, talvez, seja este o motivo de se clamar cada vez mais pelo resgate da ética. Segundo alguns de seus críticos, a globalização atual traz consigo uma ânsia desenfreada pelo lucro a todo custo fazendo com que o capitalismo perverta todas as pessoas com seu apelo consumista e sua faceta predatória. No entanto, a atual fase do capitalismo mostra que as teorias marxistas para sua superação não podem mais ser aplicadas ou seja, a luta de classes encontra cada vez mais limites uma vez que não mais
a terra ou a indústria são os principais geradores de riqueza das nações, tampouco os recursos naturais disponíveis; hoje, o principal gerador de riquezas é o conhecimento, mostra disso é que as corporações que mais lucram no mundo o fazem explorando o conhecimento de seus colaboradores. Esta nova realidade que se apresenta nos traz a idéia de que o capital neste século XXI não se restringe apenas a aspectos materiais, mas, também ao aspecto intelectual ou cultural, portanto, quando se fala de educação no sentido de instrumento capaz de levar à superação das desigualdades sociais devemos observar estes dois fatores: de um lado, a crise nos paradigmas marxistas causada pela própria conjuntura econômica mundial que torna sua aplicação inviável, de outro, a possibilidade de se conseguir melhorias substanciais nas condições de vida de parte da população através de uma educação que leve em conta seu papel neste contexto. Neste sentido, a educação deveria se adequar ao desafio de levar o educando a desenvolver seu capital cultural e intelectual e não perder tempo e focar em conteúdos que tem como finalidade atender muito mais interesses políticos transitórios do que realmente formar um indivíduo capaz de “encontrar seu lugar ao Sol”; ou seja, entender os atuais desafios impostos pela globalização e estar apto a enfrentá-los. Diante desse contexto educacional desolador como se encaixaria a ética? Qual seu papel na formação do indivíduo e do cidadão? Como sua aplicação poderia contribuir para a diminuição das desigualdades sociais?
Saber teorético x prática
Diante do desinteresse dos alunos pela educação e o aumento da violência
Dezembro de 2014 Espaço Cidadão
29
Responsabilidade Social nas escolas, dizer que a utilização da ética seria uma alternativa viável parece loucura, mas, se buscarmos perceber a origem dessa violência podemos encontrar a resposta para nossas aflições. Alunos em geral mal nutridos, com ambientes familiares completamente destruídos, vivendo em comunidades onde o Estado é totalmente ausente e o tráfico de drogas é o único poder reconhecido pela população, a escola para alguém que vive num ambiente com estas características acaba sendo vista como uma reprodutora das diferenças sociais e das injustiças, o professor, ao invés de amigo, de parceiro, de alguém que se importa com o progresso de seus alunos, é visto como alguém que ganha acima da média (pelo menos daquela comunidade) que está se lixando para os problemas enfrentados por eles e que não tem qualquer legitimidade para dar conselhos pois vive muito distante de sua realidade. Este mesmo professor, mal compreendido pelos seus alunos, insiste em lhes transmitir a mensagem de que estes são cidadãos e por isso devem lutar por seus ”direitos”. No Brasil o cidadão tem o “direito” do voto obrigatório, o direito de trabalhar 150 dias no ano para conseguir pagar mais de 50 tributos e taxas cobrados do contribuinte direta ou indiretamente, além de ter o “direito” mais importante: o de recolher a contribuição previdenciária oficial sem ter a certeza de quanto irá
30
Espaço Cidadão Dezembro de 2014
A maioria dos professores prega cidadania como a própria disciplina que leciona – algo muito distante da realidade (não do aluno mas da própria vida) receber quando for se aposentar ou se o sistema público de saúde lhe permitirá viver até lá. A maioria dos professores prega cidadania como a própria disciplina que leciona - algo muito distante da realidade (não do aluno mas da própria vida); assim, como diria Snyders (1988), que os exercícios matemáticos não teriam valor algum sem que soubéssemos onde aplicá-los, assim é a cidadania, que da maneira como é colocada por alguns deveria se chamar “estadania” ou seja, você tem deveres para com o Estado e este por sua vez nos dá em troca aquilo que “pode” e não o que necessitamos. Desde os primeiros anos da República isto ocorre no Brasil. Voltando ao início do texto, na visão socrática de ética, esta é racionalidade, inteligência, ação, ciência e não sentimento, rotina, costume, tradição, lei positiva, opinião comum. Era a não aceitação dos valores impostos pela sociedade da época sem questionamento, mas sobretudo, era a busca do bem.
Transferindo isto para o contexto escolar, antes de se discutir diretrizes pedagógicas governamentais e quantas horas poderiam ser dedicadas pelos educadores em sua aplicação (como funcionários do Estado ou, se possível, como voluntário!), se deveria discutir qual o nível de satisfação dos colaboradores da escola (professores, funcionários, pais, alunos) com tal sistema, o que a comunidade realmente necessita, para então, se poder “buscar o bem”, ou seja, encontrar um caminho a seguir que mostre que a escola é uma instituição social que não reproduz modismos ou políticas governamentais sem questioná-las mas, antes, as discute e busca o melhor para as partes envolvidas. É necessário que tomemos cuidado com a convicção de que cumprindo regulamentos e leis estaremos sendo justos e éticos; assim pensavam alguns carrascos nazistas julgados no Tribunal de Nuremberg por crimes contra a humanidade. Diziam eles que não entendiam por que eram condenados pelo fato de estarem fazendo apenas o que aprenderam na família, nas forças armadas e na escola. Quantas vezes em conselhos de classe alunos de cursos noturnos que são também trabalhadores com bom aproveitamento escolar são reprovados em determinadas disciplinas ministradas sempre nos primeiros horários pelo fato de chegarem atrasados na escola em virtude do seu trabalho, enquanto que péssimos alunos que faltaram muito mais ao
www.copadesc.com.br
longo do ano inclusive na totalidade das disciplinas do currículo são aprovados “por que a lei permite”; é fácil cometer injustiças respaldados em lei. Além de “injustiças legais”, como a citada acima, podemos indagar também a quem devemos “vigiar e punir”, pois é evidente que a indisciplina escolar é algo cada vez mais alarmante, mas, as causas dessa indisciplina seriam apenas externas à escola? (problemas familiares, econômicos, drogas, etc.) ou também internos? Alguns alunos são punidos exemplarmente enquanto outros tudo podem. Alguns professores obtêm privilégios da direção enquanto para outros só resta a aplicação da lei. Daí a necessidade de se resgatar a ética nas instituições escolares como parte de um debate mais amplo sobre o papel da escola e da própria cidadania, no entanto, é indubitável que tal debate deva abordar a questão da ética enquanto prática, algo concreto que deva ser vivenciado no dia-a-dia. Isto, ao contrário do que alguns educadores possam pensar, não é mais uma utopia intelectual; é algo que já é aplicado em várias organizações com fins lucrativos (empresas) há pelo menos três décadas, particularmente em países desenvolvidos. Assim, temas como qualidade de vida no trabalho, satisfação dos
www.copadesc.com.br
colaboradores da empresa, atendimento de pós venda aos clientes, responsabilidade social e ambiental, são tratados diariamente como grandes diferenciais num mundo cada vez mais competitivo; no entanto, ao longo do tempo, as organizações educacionais resistem a qualquer clamor por mudança.
Considerações Finais
É possível para o indivíduo mudar de vida sendo ético? Cada vez mais, devido à globalização da economia temos, de um lado, aqueles que buscam o lucro a todo o custo e, de outro, empresas que buscam conciliar o lucro com responsabilidade para com a sociedade e o meio ambiente. Esta tendência vem se confirmando em todo o mundo como demonstram os tratados internacionais, como o protocolo de Kyoto. Os consumidores estão cada vez mais exigentes em relação à conduta das empresas e cobram mudanças de atitudes, seja através de boicotes, seja por via judicial. Se por um lado o processo de globalização é visto como perverso por acarretar a ruína de várias empresas e/ ou levar à extinção de outras tantas profissões, também é um processo que faz com que todos (pessoas e organizações) repensem seu próprio papel perante a
sociedade e busquem novas alternativas de vida; assim, passa a ter um papel fundamental para aqueles que percebem e antecipam a necessidade de mudanças e passam a se adaptar a elas. A crise de valores, bem como a crise econômica pelo qual passa a humanidade – sobretudo as populações dos países em desenvolvimento – encontra sua origem nessa nova conjuntura, que necessita ser compreendida e, através de condutas eticamente responsáveis, superada. Nesse sentido, rever o papel das organizações educacionais é fundamental. Uma escola que seja repensada e volte às suas origens mais remotas quando a primeira coisa que se ensinava aos alunos era a ler e escrever e nadar, na época, o que mais necessitavam para sobreviver e conviver em sociedade. O próprio termo escola vem do latim schola originalmente um local de diversão onde se aprenderia brincando como viver, talvez seja o momento para buscarmos uma escola para o “reaprender a viver”. Alfredo Moreira da Silva Júnior
Professor Adjunto do Centro de Ciências Humanas da Universidade Estadual do Norte do Paraná, Doutor em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Coordenador do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio (MEC/SEED/UENP).
Dezembro de 2014 Espaço Cidadão
31
EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO
Novas punições de trânsitos mexem no bolso dos infratores
E
ntrou em vigor no dia 1º de novembro deste ano a Lei 12.971, a mudança mais significativa da legislação brasileira de trânsito desde a adoção da Lei Seca, em 2008. Das onze alterações feitas pelo Congresso e sancionadas pela presidente Dilma Rousseff neste ano, seis se referem à mudança no valor das multas - quatro delas envolvendo ultrapassagens perigosas, pelo acostamento, entre veículos, invadindo outro sentido ou pela direita. Essas infrações respondem por 11% (exatos 359.431) das mais de 3 milhões de multas aplicadas em 2013 pela Polícia Rodoviária Federal em todo o país. Para se ter ideia, a cada hora 41 pessoas são flagradas em uma dessas situações nas rodovias federais do país, conforme a Polícia Rodoviária. Somente em São Paulo, houve 91.825 notificações do gênero em
32
Espaço Cidadão Dezembro de 2014
estradas estaduais, entre janeiro e setembro deste ano. Tudo indica que o número está em crescimento: foram 97.961 no ano passado - onze por hora. A ultrapassagem em local proibido é responsável em grande parte pelos acidentes frontais mais graves que resultam em vítimas. Dados do Mapa da Violência de 2014 apontam que mais de 46.000 pessoas morreram em decorrência de acidentes nas estradas do Brasil, registrados em 2012. O número é 38,3% maior do que há dez anos. Não há dúvida, o que mais pesa para o condutor é o bolso. Os valores das multas precisavam ser atualizados, e a medida terá efeito na quantidade de acidentes registrados. Espera-se que com esse tipo de multa, certamente haja uma redução da infração, que leva aos acidentes graves. Acidentes de trânsito são tratados de uma maneira muitas vezes pontual, como
www.copadesc.com.br
uma vacina ou uma microcirurgia; no entanto essa é uma questão estrutural, que envolve “várias frentes do governo”. No ano passado, mais de 50.000 pessoas morreram e são, em sua maioria, jovens entre 18 e 34 anos. Racha - Houve alteração nas multas para quem se envolver em racha ou promover disputas, passando de R$ 547,62 e R$ 957,70, respectivamente, para R$ 1.915,40. O valor ainda dobra em caso de reincidência em 12 meses. Em caso de lesão corporal grave durante essa infração, passa-se a prever reclusão de 3 a 6 anos; em caso de morte, a punição mínima será de 5 anos e a máxima, de 10 anos. Para o condutor que for flagrado em racha, a pena passa de seis meses a dois anos de detenção para seis meses a três anos. Lei Seca - Há na nova legislação um complemento à Lei Seca. A jurisprudência nos tribunais já permitia a condenação de quem fosse flagrado dirigindo sob efeito de álcool com pena de 6 meses a 3 anos. Mas a forma de comprovação passa a incluir agora, textualmente, exames toxicológicos. Anteriormente, a lei já havia sido alterada para permitir o uso de testemunhos e vídeos. Forçar Passagem - Segundo o artigo 191 do Código de Trânsito Brasileiro, o condutor que “forçar passagem entre veículos que, transitando em sentidos opostos, estejam na iminência de passar
www.copadesc.com.br
Caso as mudanças sejam bem-sucedidas, elas podem reduzir quase pela metade o número de mortes no trânsito um pelo outro ao realizar operação de ultrapassagem”, terá o valor da multa aumentada em dez vezes, além da suspensão do direito de dirigir. Como a infração é gravíssima, o valor passa de R$ 191,54 para R$ 1.915,40. Nesse caso, a passagem é permitida, mas o condutor força, mesmo vendo que vem veículo no sentido contrário. “Essa medida foi tomada porque a ultrapassagem é responsável por grande parte dos acidentes com vítimas graves e gravíssimas. Ao atender a ocorrência de colisão frontal, 90% é por causa da ultrapassagem proibida ou forçada. O impacto é muito forte pois soma as velocidades dos veículos, e o impacto é violento, geralmente resultando em óbito”. A PRF mantêm fiscalização em pontos críticos, onde se registram maior número de acidentes. Ultrapassar pelo Acostamento - Ultrapassar outro veículo pelo acostamento, em interseções e passagens de nível - artigo 202 - teve a multa aumentada em cinco vezes. Desta forma, passa para R$ 957,70. A multa também foi aumentada em cinco vezes na infração do artigo
203 do CTB. Nos casos de ultrapassar pela contramão outro veículo: nas curvas, aclives e declives, sem visibilidade suficiente; nas faixas de pedestre; nas pontes, viadutos ou túneis; parado em fila junto a sinais luminosos, porteiras, cancelas, cruzamentos ou qualquer outro impedimento à livre circulação; onde houver marcação viária longitudinal de divisão de fluxos opostos do tipo linha dupla contínua ou simples contínua amarela. O valor também será de R$ 957,70. Conforme a nova legislação, aplica-se em dobro a multa prevista em caso de reincidência no período de até doze meses da infração anterior. Caso as mudanças sejam bem-sucedidas, elas podem reduzir quase pela metade o número de mortes no trânsito brasileiro, o que seria um avanço e tanto para o País, que tem um dos maiores índices do mundo. Resta saber se as mudanças vão gerar mais fiscalização como aconteceu com a Lei Seca, ou se as infrações continuarão ocorrendo longe dos olhos da lei, como acontece hoje. Conforme relatório da Global Status Report on Road Safety 2013, que mostra o número de mortes de 183 países, o Brasil é, em termos absolutos, o 4º país do mundo com maior número de mortes no trânsito, ficando atrás somente da China, Índia e Nigéria. Ivonei Clauer Bozi Gestor em Trânsito
Dezembro de 2014 Espaço Cidadão
33
Cidadania
Calendário e Ações de Graças!
N
o final de cada ano é comum ganhar um novo calendário. Este companheiro que esteve conosco para nossa consulta durante todo o ano, que nos ajuda na organização de nossos compromissos, que auxilia a enxergar o futuro e a programar nossa vida como um todo. O calendário tem sido muito bem utilizado como apelo mercadológico para divulgar e imprimir a marca de um produto nas mentes, movendo assim o mundo dos negócios. O Calendário tem seu espaço garantido na vida de cada pessoa, por que ele marca a história e muitas ações acontecem de forma individual ou comunitária. Ao longo das civilizações, cada povo desejava obter seu calendário, que contava sua identidade através dos anos pela sua subsistência. Era através do calendário que se demonstrava a força de uma civilização, que sempre desejou ser eterna e não morrer jamais. Pelo calendário, muitos povos sobressaiam dos demais em função da sua idade que gerava respeito e poder. Como muitas coisas que utilizamos e nem sequer sabemos como chegaram até nós, o calendário está aí e precisamos saber o quanto é importante em nossas vidas. De origem astronômica, o calendário possui unidade de dias, meses, anos e séculos que se agrupam em milênios. Os calendários são de inspiração religiosa e todos se referem a uma cosmologia. O primeiro dia de um calendário geralmente recai sobre a origem do universo ou o nascimento de um agente divino. Sua elaboração sempre foi uma tarefa religiosa. Os sacerdotes sempre foram os guardiões do tempo. O homem, quando assume uma situação sedentária, conhece a lei do ciclo da natureza (hora de plantar e colher, chuva, frio, calor) pelo calendário, pois percebe
34
Espaço Cidadão Maio de 2014
que responde de forma perfeita a todo este sistema que gira ordenadamente. A forma com que a natureza se comporta, lua, sol, mar, ar e o universo como um todo, marcam a origem dos meses e, consequentemente, os anos são determinados pela alternância das estações, que chamamos de verão, outono, inverno e primavera. Muitas foram as civilizações que tiveram calendários próprios, dentre eles os maias, hebraicos, egípcios, babilônicos, o romano, o chinês, o juliano e o gregoriano. O calendário gregoriano, que também é chamado calendário cristão, por considerar a data do nascimento de Cristo, como início, foi o último calendário apresentando; com muitos avanços, demorou a ser aceito por povos não cristãos, como é o caso da China, que passou a utilizar este calendário, instituído pelos jesuítas em 158, mas só empregado pelos chineses após 1911, muito embora ainda mantenham seus primeiros calendários, utilizando-os para fins de rituais e festividades.
Datas Comemorativas Grandes realizações, que culminam em fatos históricos, são de grande valor na humanidade. E esta é mais uma faceta que dispomos através do calendário: o registro comemorativo, onde muitos povos têm firmado suas tradições, costumes e cultura, para não deixarem morrer suas raízes. E assim, a fixação de datas comemorativas são favoráveis no sentido de chamar a atenção ao que se quer destacar como marco (histórico ou social). Estamos num período apropriado para poder olhar e agradecer por tudo que nos tem chegado às mãos, que não dispomos de esforços para obter. Quando olhamos a história do calendário, podemos também
perceber os fatos que nos transportam à criação. O nosso universo foi criado de forma especial para funcionar com majestade e perfeição. Há no calendário comemorativo, uma data que não pode passar despercebida, que é o Dia de Ação de Graças, que teve seu início no estado de Massachusetts, nos Estados Unidos da América, nos anos de 1620, depois de um longo e rigoroso inverso, com colheitas insatisfatórias. Após colheita farta, em 1621, aprenderam a agradecer em meio à dificuldade. Esta data é celebrada por todo o mundo, na última quinta-feira de novembro e não somente no mundo religioso, mas também no mundo dos negócios, onde se precisa contar com a ação sustentadora daquele que agiu com graça, de graça a favor daqueles que criou, por todas as nações. Vivemos dias sombrios, de crise em todos os setores, nas finanças, na saúde e na família. Temos sentido falta de muita coisa, de água cristalina, do verde abundante, do ar puro, dos recursos naturais. A riqueza de um abraço, de um sorriso, de um aperto de mão, de uma palavra amiga. Essa aridez tem sido contínua, a frieza tem tomado conta de nossa existência e temos colhido muito pouco, quase nada. É hora de nos voltarmos aos bons exemplos que recebemos lá no primeiro Dia de Ação de Graças, onde o povo se voltou para Deus e as bênçãos foram transbordantes. Há muito que agradecer, principalmente por que há vida em você e sem a mesma você não poderia estar lendo este artigo. Sandra Regina Del Colle Silveira Bacharel em Letras e tradutora interprete pela Faculdade Ibero Americana
www.copadesc.com.br