Distribuição Gratuita
Venda Proibida Revista de circulação trimestral
Santo Antônio da Platina - PR – ano III – nº 5 – Agosto de 2009
Cidadania
Terapia Comunitária:
Solução brasileira
A Terapia Comunitária já se consolida como solução brasileira exportada para o mundo
FA M Í L i a
Responsabilidade Educação
O encontro da família com a escola
Recicle. Separe o papel corretamente.
O papel da autoridade dos pais para com seus filhos está sendo cumprido?
Obrigado às empresas parceiras do Copadesc e do Credinorte que contribuíram para que chegássemos mais perto do objetivo de melhorar a qualidade de vida do nosso próximo e do nosso meio ambiente. 2000 Veículos • 2L Auto Peças • Ana Cláudia Mendes Dutra Frose • Andreia e Adriano • Agile• Agronorpi • Alfa Transportes • Angelsat • Aramon • Armazém do Parafuso • Arte e Magia • Auto Padrão Funilaria • Bayuka Pizzaria • Beira Rio Auto Peças • Bella Center Cosméticos • Belladona Farmácia de Manipulação • Bio Analise Laboratório • Borberg Imobiliária • Bordignon Construcasa • BoyLanches • Brandão Materiais de Construção • Cafezão • Capricho • Carlão Consórcios • Carpathya Assessoria Empresarial • Casa do Doce • Casa São Fernandes • Chaveiro Biro • Cheiro Verde • Chico da Princesa Deputado Federal • Chico´s Restaurante • Chiken Restaurante • Cia do Sorriso • Claudinho Veículos • Clínica do Celular • Clínica de Olhos Santa Rita de Cássia • Clínica Movimentto • Clínica Vida Viva • Clinicor • Contatos Despachante • Controle Contabilidade • Cosmético Carvalho • Denorpi • Diagson Centro Médico • Discaluz • Discovery • Dissão Vereador • Dr. Adriano Carvalho Guimarães • Dr. Anderson Baesso • Dr. Claudinei de Oliveira • Dr. Gerson Lavoratto • Dr. Jorge Garrido • Dr. Júlio Arruda • Dr. Marcelo S. Machado • Dr. Mario Gândara • Dr. Mario Pombo • Dr. Sergio Leopolski • Dra. Ana Carolina Schiabel Schmidt • Dra. Glair Laboratório • Dr. Úrsula Raphaela Vieira Lourenço • Empório Romano • Extinpel • Fabiano Baesso Constutora e Arquitetura • Fabinho Funilaria e Pintura • Fanorpi • Farmácia Santa Terezinha • Fazenda Santa Clara • ForteFarma • Fort Som • Francine Boutique • Frangos Pioneiro • Freepan • Gás 2 irmãos • Gasosa Paranaense • Gleide Presentes • Gesso Prolar • Grupo Junior Pucci • Guilherme Estefanuto • Hotel Kanoa • HRS Baião • Igreja Metodista • Imobiliária Portal do Sol • Instituto Musical • Ipiranga Calçados • Jaime F. Mendes • JL Diesel • Jóia Motores • Ki Antenas • LigFarma • Luciana Ribeiro Arquitetura • Luiza Village Hotel • Madeiras Ramos • Malharia Pura Manha • Mario Gândara • Mario Negresoli • Menino da Porteira • Motocar • Moveis Adelino • Nêgo Baterias • Néia Roupas • Nelson Luiz • Odontologia Clinica Geral • On-Line • Óptica Platinense • Óptica São José • Panificadora Santa Terezinha • Paraná Assessoria • Parseg Corretora de Seguros • Pedrão Grill Buffet • Peixe Antenas • People Language School • Petrolub Lubrificantes • Pilotte Pneus • Platiaço • Platiferro Materiais de Cosntrução • Platina Truck Center • Platipeças Som • PlatTurbo • Posto Caçula • Quatro Rodas • Refrigeração Central • Registro de Imóveis • Rota Pneus • Roupa da Casa • Sabor de Festa • Samp Fiat • Sancar • Saúde Alternativa • S.O.S Cerveja • Schmidt Honda • SP Informática • Studio Corpus Pilates • Super Festa • Toldos Platina • Valter Cabeleireiro • Vereador Chiquinho Net • Zanin Auto Peças
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ESPAÇO DO CIDADÃO
Irmãos Indesejáveis N a festa escolar de 1º ano primário, pais, alunos, autoridades e professores lotavam a grande sala de aula. Diante de todos, em pé sobre uma cadeira, um menino de 7 anos, representando a classe, recitou com sua ingênua ternura e emoção “O Crucifixo”, poesia religiosa, que exprime o imortal ensinamento de Cristo: “Que todos somos irmãos e devemos dar as mãos, uns aos outros, irmãmente”. Hoje, o menino se fez homem e admite, angustiado, que a vontade do Divino Mestre não foi cumprida. Que muitos homens ignoram e desprezam os ensinamentos. Colocam o mal acima do bem. Basta ter a curiosidade de pesquisar o comportamento humano no decorrer dos séculos que se constatará que o mundo ainda continua povoado por numerosas e hediondas figuras de comportamento diabólico, transformadas em agentes brutais de toda a espécie de crimes praticados contra a humanidade. Excluídos os efeitos dolorosos provocados pela ocorrência de fenômenos da natureza, que fogem ao domínio dos mortais, o homem tem sido, e continuará sendo, o principal e único agente causador das dores, angústias e desesperos que o mundo tem vivido desde as origens até nossos dias. A força dos tiranos continua a sobrepor-se e a dificultar a ação dos humanitários. Quem é, senão o homem, o grande culpado e único
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responsável pelas mazelas que envergonham o nosso planeta? Por certo a grande maioria continua buscando o caminho da perfeição moral, colocando o amor cristão na realização de seus atos. Entretanto, outros se negam a fazer uso de seu poder e entendimento para que se obtenha e se fortifique uma verdadeira, justa e fraterna irmandade, alicerçada nos sábios princípios da lição do Filho de Deus, antes anunciada. Os reflexos da desumanidade destes últimos estão presentes,
em maior ou menor intensidade, em todos os continentes, Biafras, Somálias ou nas grandes e pequenas metrópoles, nos bairros
periféricos, no interior dos estados e províncias, nas zonas rurais etc. Desconheço país que possa anunciar ao mundo, que em seu território não existe fome miséria ou desemprego. Que nele não existem criaturas famintas, maltrapilhas doentes desamparadas. Tudo isto por culpa daquele, que em vez de se alegrar com a graça divina e benfazeja da luz, prefere permanecer na tenebrosa sombra das trevas, indiferente ao sofrimento de seus irmãos. Daquele que não admite sepultar suas debilidades perversas e lutar por seu aperfeiçoamento moral pelo bem da humanidade. Por isso, para o menino de ontem, deixaram de ser cépticas as palavras de alguns homens célebres como, Camilo
Castelo Branco quando disse: “O homem é a desonra do Criador”. Como Mahatmam Gandhi, que ao ver seus irmãos indianos obrigados a andar pela sarjeta, afim de que os brancos pudessem passar pela calçada, afirmou: “Sempre foi um mistério para mim como os homens podem se sentir honrados e felizes pela humilhação de seus semelhantes”. Que, ao saber que milhões de indianos tinham que se satisfazer com uma refeição por dia, sem qualquer gordura e com apenas uma pitada de sal, advertiu: “Nós não temos o direito a qualquer das coisas que possuímos enquanto esses milhões de indianos não estejam vestidos e bem alimentados”. Vale ressaltar, que sua sábia advertência é válida para o resto do mundo. Diante do que foi dito, para o menino de ontem, que guarda na alma a lição cristã do Filho de Deus, uma verdade permanece... Não há destino mais horrível e chocante para um ser humano do que morrer na miséria sob o olhar frio e indiferente dos que possuem grande riqueza, que ele, com o suor de seu rosto e suas mãos calejadas, ajudou a construir. E de morrer rodeado pela cruel e insaciável ganância desses desumanos opulentos, que outra qualificação não merecem senão a de irmãos indesejáveis. Jorge da Silva Pimenta Platinense
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Família Escola N
& É comum verificar, não apenas no discurso de alguns professores como em outros setores da sociedade, o argumento da “família desestruturada”
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ão há como negar que estamos todos debaixo de leis, regras, deveres, satisfação de contas, seja na área econômica, financeira, política, educacional, religiosa, familiar, policial. Em nosso país, muito se tem dito da falência de algumas destas áreas, ou de sua decadência, que não praticam suas funções conforme determina a lei à qual prestam contas. Neste desvio funcional criou-se uma discussão sobre de quem é a responsabilidade no educar: da família ou da escola. Sabemos que a educação é um processo longo e demorado, e seu resultado, seja ele positivo ou negativo, também demora um bom tempo para aparecer. Infelizmente constatamos, mediante os resultados que temos claramente obtidos no dia a dia, que a educação não está acontecendo de forma correta seja ela dentro de casa no convívio com a família, seja na escola. Como vivemos no tempo do imediatismo, percebemos que a educação, por ser um processo longo, está perdendo as suas características principais e tudo está sendo feito de qualquer jeito Para complicar ainda mais, há o jogo do empurra, onde a família diz que a educação é responsabilidade da escola e a escola diz que os pais não estão cumprindo com o seu papel de educar. Com esta discussão para saber a quem
cabe o papel de educar, as crianças estão crescendo sem qualquer orientação, fazendo tudo o que querem e achando que são os donos do mundo. O egocentrismo nunca esteve tão evidenciado nas atitudes das crianças, jovens e adultos como nos dias atuais e temos que ter a consciência de que para modificar esta realidade vamos levar algum tempo. É comum verificar, não apenas no discurso de alguns professores como em outros setores da sociedade, o argumento da “família desestruturada”. Ele parece se remeter a uma noção tradicional de “família” (pai trabalhador, mãe dona de casa, avós-educadores, filhos obedientes e felizes, etc.) para, por oposição, mostrar a “desagregação” que atinge as famílias hoje: pai desempregado ou ausente, mãe trabalhando o dia inteiro, diversos parentes obrigados a morar juntos em espaço reduzido, problemas com drogas e álcool, adolescentes trabalhando. Tais argumentos, via de regra, trazem um tom preconceituoso, pois transformam problemas cujas raízes são sociais e históricas em um juízo de valor, condenando moralmente as famílias “desestruturadas”. Nem sempre se nota um esforço no sentido de compreender o contexto familiar, social e comunitário em que vivem os alunos, e as especificidades de cada um, de
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modo a poder dedicar-lhes uma formação adequada. Dizer que a família não tem culpa e colocá-la num pedestal é ignorância. Agora, pior é dizer que a escola é que não soube assumir os erros de uma família completamente desestruturada. Hoje a escola é mais um hospital do que um lugar de informação acadêmica, de preparo tanto teórico quanto para a vida. A escola é o lugar para formar cidadãos conscientes e não ensinar que ao acordar deve-se dizer bom dia. Em muitos casos a ausência do pai e/ ou da mãe trouxe este problema, porém em muitos casos os pais estão presentes, mas longe de cumprir com um dos seus papeis que é a educação dos filhos. Não é o professor que deve fazê-lo. Infelizmente, este é o seu papel. O professor tem que se virar de enfermeiro, médico, psicólogo, e por fim tem que ser o professor. Longe da responsabilidade, muitos pais começam a perder a noção da responsabilidade paternal. Imperceptivelmente, começam a desconhecer a função social da família, a socialização básica do código de comunicação (a língua materna) e dos valores sociais. O sentido das palavras se dilui e são substituídas por convenções sem significado. É comum, presenciar pais que priorizam o lazer pessoal em detrimento da conversa com o filho, em virtude do excesso de obrigações profissionais ao longo da semana. O filho perde a imagem do papel social do pai. Nos dias de hoje uma pessoa que age com educação e aguarda a sua vez para ser atendido é rotulado como “tonto”, ou seja, ser educado hoje é ser boboca ou babaca?!, é pedir para ser passado para trás. Jovens e adultos frutos da revolução na educação que passou de autoritária para condescendente onde ninguém mais toma “BOMBA” de forma radical, não sabem transmitir conceitos de gentileza, de solidariedade, de respeito, de amor. Vivem
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o dia a dia exercitando o “eu quero”, “eu tenho”, “eu peguei”, “eu...”, “eu...’. e o “nós” onde está? Saiu do dicionário? ... E como os pais não têm “tempo” para educar seus filhos e os professores não têm “tempo” para orientar seus alunos, eles vão passando por cima das pessoas como um rolo compressor, sem enxergá-las. E o pior de tudo é que nunca estão satisfeitos. É preciso com muita urgência que se reestruture os conceitos de formação de cidadãos no qual fique bem definido qual é o papel da família e qual é o papel da escola, embora sabemos claro e evidente que os dois têm que educar, porém cada um na sua área. Quando se fala que família e escola têm que caminhar juntas não se quer dizer que uma vai desempenhar o papel da outra e sim que uma vai auxiliar e completar a outra. A escola ao ocupar o lugar da família tentará transmitir valores e conceitos de uma maneira coletiva. Ocorre que o aluno ao agir em casa em conformidade com o que foi ensinado na escola poderá entrar em conflito com os conceitos e hábitos da sua família. Esta realidade acabará por confundir ainda mais a criança que dependendo do lugar que esteja escuta ordens diferenciadas para uma mesma situação. A família não cumpre com a sua responsabilidade de educar e na maioria das vezes não acata as regras quando estas vão de encontro com a sua maneira de agir criando um choque na criança por não encontrar no seu lar o mesmo respaldo. A criança em formação não sabe distinguir qual é a maneira certa e sim qual é a maneira mais fácil. Se em casa tudo é permitido ele avança; se na escola existem regras e estas são praticadas ele as cumpre. Como ele não saberá quais valores são os corretos, criam-se oportunistas e não cidadãos. O certo e o errado não existem para ele e sim o aproveitar a oportunidade. Se na minha casa eu posso fazer o que na escola
é proibido, eu vou aproveitar a minha casa e agir como eu quero. Será que é este tipo de pessoa que queremos formar? É normal nos dias de hoje ouvir professor dizer que: não adianta insistir, pois a criança passa alguns anos na escola e o resto da vida com a família, então é melhor deixá-lo agir como ele quer. E a polêmica continua sem se saber a quem pertence à responsabilidade do ato de educar. A família abdicou desta função, mas não se preocupa se a escola irá suprir esta lacuna. Ao procurar uma escola para matricular seu filho não faz perguntas sobre qual o método utilizado, como agem diante de determinadas situações, quais valores são trabalhados e outros itens pertinentes visando o desenvolvimento total da criança. A real preocupação da família às vezes passa longe do que é realmente é importante: a formação do cidadão. E as escolas por saberem da importância do “aparentar” investem no que os pais dão maior importância, deixando o principal objetivo, que é o de educar e formar cidadãos em segundo plano. Tanto a escola quanto a família precisa hoje, mais do que nunca, exercitar valores nas suas ações diárias. Somente assim ensinaremos moral, ética e cidadania para nossas crianças. Eles têm que vivenciar, principalmente através dos exemplos das atitudes praticadas pelos que os cercam. Para viver em sociedade é preciso cumprir regras. Elas existem justamente para serem cumpridas e não para serem violadas. A época do jeitinho brasileiro tem que acabar definitivamente. Somente criando indivíduos com fortes conceitos de honra, moral e ética é que poderemos vislumbrar uma mudança radical no nosso país. Este processo é demorado, mas temos que dar o primeiro passo o quanto antes.
X Baseado no texto de Cybele Meyer
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ÍNDICE
A g o st o / 2 009
04 Espaço dos 3 Poderes
É comum verificar, não apenas no discurso de alguns professores como em outros setores da sociedade, o argumento da “família desestruturada”
07 Economia I
Dicas para que a construção da casa própria não se transforme numa armadilha
10 Economia II
Consórcio, financiamento ou leasing - Descubra qual o modelo mais adequado à sua necessidade
12 Meio Ambiente
A importância e necessidade de reciclar
16 Saúde
O tabagismo também agride sua pele
18 Cidadania I
A Terapia Comunitária já se consolida como solução brasileira exportada para o mundo
20 Legislação
As medidas sócio-educativas impostas ao adolescente infrator pelo ECA
22 Adolescente I
Como é vista a relação de obediência dos filhos para com seus pais em várias passagem do texto bíblico
24 Adolescente II
Menarca - No limite entre a infância da menina para a vida adulta, é o momento em que a menina começa a exercer seu ciclo reprodutivo
26 Família I
Na perspectiva da fé cristã, pode-se dizer que a responsabilidade não possui um significado completamente diferente de seu uso comum Pelo código Civil, os pais são sempre responsáveis pelos atos praticados pelos seus filhos?
30 Educação
A família, antes responsável pela orientação ético/moral, vista como um porto seguro, passou a transferir este papel a quem estiver disponível
33 Responsabilidade Social
De todos os recursos disponíveis para a organização de uma empresa, as pessoas tornaram-se os mais importantes
36 Inclusão Social
Como o conhecimento dos transtornos de aprendizagem vem provocando mudanças no método de aprendizado das escolas
38 Criança
Exploração Sexual Infantil é Crime
40 Instituições
Projeto Bóia-Fria e Guarda Mirim de Santo Antônio da Platina Projeto educacional e de assistência social resgata a sociabilização e o sentimento de cidadania.
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Espaço Cidadão Agosto de 2009
Expediente
28 Família II
revista
espaço
cidadão PRODUÇÃO:
COPADESC - Consórcio para Proteção e Desenvolvimento Sustentável e Sociocultural da Bacia Hidrográfica do Rio das Cinzas CNPJ 05.947.410/0001-68 CREDINORTE - Sociedade de Microcrédito, Pesquisa, Empreendedorismo e Desenvolvimento Sustentável do Norte Pioneiro CNPJ 06.145.187/0001-06 PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Alessandro Mendes Dutra, João Geraldo Frose CONSELHOS: COPADESC - Alessandro Mendes Dutra, Ieda Maria da Veiga Franco Reis, João Geraldo Frose, Maria das Graças Ferreira de Campos Zurlo, Tarcísio Boiko CREDINORTE - João Geraldo Frose Jornalista Responsável: Kátia Kertzman MTb nº 2247/09/27 PR Contato: (43) 3558-1937 joaogfrose@uol.com.br copadesc@copadesc.org.br www.copadesc.org.br www.copadesc.org.br
Lar, doce lar. Dicas para que a construção da casa própria não se transforme numa armadilha
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C
ontinuar inquilino ou ficar devendo para ter a casa própria? Para quem não tem uma poupança nem o FGTS, essa decisão precisa ser bem pensada. Muita gente acha que pagar aluguel equivale a jogar dinheiro fora. Conclusão: melhor usar o recurso “desperdiçado” na forma de parcelas para pagamento de um teto próprio. O raciocínio, que parece lógico, na verdade não é tão simples caso você não tenha dinheiro para adquirir um imóvel à vista. Antes de pegar um empréstimo bancário, calcule se os juros irão comprometer boa parte do seu orçamento. Há taxas variáveis entre 6% até 13% de juros ao ano, dependendo da política de cada banco. O empréstimo também dependerá de alguns critérios de avaliação do banco, como idade e renda do tomador, e o de encontrar um imóvel no
ECONOMIA
valor ideal que caiba no seu bolso. Escolha o financiamento que melhor se encaixa no seu orçamento. Sabemos que no Brasil são poucos os felizardos que podem comprar um imóvel à vista. A grande maioria dos cidadãos do mundo rala muito para juntar uma entrada em dinheiro e depois recorre aos bancos para financiar o restante. É o seu caso?
Pesquisa e muita atenção
No entanto, como com tudo o que envolve dinheiro (e muito!), é preciso ter cuidado para não se precipitar e transformar o sonho em pesadelo. O primeiro passo para conseguir um bom financiamento é ir até um banco e conversar com o gerente. Ele vai lhe fazer uma série de perguntas para definir qual linha de crédito se adapta ao seu perfil. Repita este
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ECONOMIA mesmo processo com o maior número de bancos que conseguir. Não é necessário ser correntista de um banco para fazer a pesquisa, caso você encontre o banco com a melhor proposta e não seja correntista deste banco, será necessário abrir uma conta, que com certeza o gerente não irá negar em fazê-lo. Lembrando que é preciso pesquisar bastante, pois as taxas costumam variar, e só economiza quem procura. Procuramos dar algumas dicas para ajudar a realizar este maravilhoso sonho, que é a Casa dos “seus” Sonhos. A vida a dois não é fácil, e mesmo em família. O ser humano não nasceu para ficar isolado numa ilha, precisamos aprender a conviver com harmonia e isso é em relação a tudo que envolve nossas vidas. Mas existem momentos críticos que precisamos estar atentos. As pessoas são diferentes em muitos aspectos: gostos pessoais, opiniões e hábitos. Mas temos que conviver com isso, afinal, todos nós queremos a mesma coisa: ser feliz, ter uma família, uma casa, enfim o lar doce lar!
Dicas: 1. Procure bem um profissional com-
petente para fazer a reforma, projeto ou construir sua casa, pegue referência de seus trabalhos, converse com aqueles que ele já atendeu, pergunte como foi o processo desde o primeiro contato, até a entrega final da obra, e também dê preferência à um profissional que esteja habituado a ajudar famílias e casais a não deixar que o estresse emocional tire o brilho desse
passo tão importante que afinal é a “Casa dos Sonhos”. A finalidade de procurar um bom profissional é que ele servirá de mediador entre as pessoas da família, ou entre as partes interessadas, além de logicamente saber interpretar o que realmente desejam de uma forma racional, econômica e esteticamente desejável pela família ou pelo casal.
2. Existem casos onde o casal está enfrentando momentos difíceis no casamento, se este for o seu caso, é melhor consertar primeiro o seu casamento ou seu relacionamento, para depois decidir fazer a determinada obra, porém pode acontecer em que a construção deste sonho possa fortalecer a união do casal e melhor o relacionamento familiar, fazendo da obra numa “terapia”. 3. Para que seu sonho não vire num pesadelo, ou que não fique conforme você sonhou, é necessário que você se organize, e tenha metas para serem cumpridas. Isso evitará muitas discussões e gastos além da conta, que aliás é um dos motivos preferidos para se ter uma discussão. 4. É bom sempre pensar antes de falar, o que se não for feito com cuidado poderá trazer discussões desnecessárias, então pense antes de dar uma opinião. Porque podemos começar uma discussão de uma hora para a outra sem mesmo saber como começou. É preciso tomar muito cuidado quando formos dizer o que não gostamos, por que não sabemos se o nosso com-
panheiro ache aquilo que você deteste maravilhoso, e se por acaso você fizer um comentário do tipo: Nossa que coisa mais brega, olha que ridículo! A pessoa poderá se sentir mal com isso, portanto diga o que você acha, mas com cuidado! Troque a frase por: Existe uma outra opção além dessa? E não fique chateado se vocês não combinarem em tudo, afinal, se for tudo igual fica monótono, a diferença pode ser um elemento enriquecedor, uma nova forma de ver as coisas, por que não?
5. Evite discutir pontos muitos importantes sem a presença do profissional (mediador). Por que evitar quando sozinhos? Porque quando estamos na presença de outra pessoa nos controlamos mais, ficamos mais “civilizados” e assim evitamos desgastes emocionais que não levam a nada ou melhor levam você justamente aonde não quer ir. 6. Não dê ouvidos à histórias escabrosas e horripilantes! Histórias ruins não vão ajudá-lo em nada, só vão deixá-lo preocupado antes mesmo de começar algo. Pense positivo sempre, pense que essa casa ou reforma é um sonho a se realizar e isso é uma coisa maravilhosa e que nada e ninguém vão tirar esse estado de graça e satisfação de você, além do mais você vai seguir as cinco outras dicas anteriores não é mesmo? Então você não tem com o que se preocupar, já está meio caminho andado! Parabéns e seja feliz no seu novo lar doce lar!
Procure bem um profissional competente para fazer a reforma, projeto ou construir sua casa, pegue referência de seus trabalhos
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Dica Emp da Par resa ceir a: Por Dentro Do Assunto
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Revista Espaço Cidadão conta com uma nova seção, a de Economia, onde diversos assuntos serão abordados, de forma que possa melhorar o entendimento das pessoas relevantes ao dia-a-dia. O assuntos de inauguração é sobre construção, ampliação e reforma de casas. Para tanto o Copadesc contatou uma de suas empresas parceiras a loja de materiais de construção Bordignon Construcasa, onde pôde ter maiores informações sobre as formas de financiamento vigentes junto aos bancos. Consideramos nesta seção somente o banco oficial do Governo Federal, que mantém disponível no site www.caixa. gov.br.
Documentação necessária: Somente RG, CPF, 1 comprovante de residência e 6 últimos comprovantes de renda. Se não utilizar todo crédito do cartão ele cancela automaticamente e você só paga o que consumiu. Vantagens: • Aprovação rápida e sem burocracia; • Juros baixo de 1,59% a.m (dados de maio/09); • Não possui despesas, somente da conta corrente; • Não precisa esperar o cartão magnético chegar, após 48 horas assinado o contrato, você consegue comprar via telefone na loja; • Descontado direto na conta corrente, você escolhe a melhor data.
Construcard É um cartão de débito personalizado que você utiliza para comprar o material de construção de que precisa. Com ele, você pode construir reformar ou ampliar a sua casa, pagando o financiamento em prestações mensais, sucessivas e debitadas em conta. E tem até 58 meses para quitar a sua dívida.
Limite de crédito: De R$ 1.000,00 a R$ 180.000,00, de acordo com a capacidade de pagamento do cliente, (o banco considera 30% do valor da renda, exemplo: renda de 900,00 cliente pode financiar até 270,00 por mês). Nesta modalidade o Construcard não permite junção de renda. Até o valor de R$ 30.000,00 não precisa de fiador. Prazo de utilização: O tomador tem até 2 meses para comprar pagando apenas os juros sobre os valores utilizados. A aprovação é rápida e sem burocracia. Todo o processo poderá se encaminhado através da Bordignon Construcasa à agência do banco.
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Crédito Construfácil Bordignon Outra forma de construir, reformar ou ampliar a sua casa é com o Crédito Construfácil Bordignon, com as melhores condições do mercado. Um convênio com a Caixa onde você parcela tudo. Com o Crédito Construfácil Bordignon financiar até o valor de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) e ainda tem até 120 meses para pagar (10 anos), é destinado às pessoas físicas para famílias com renda máxima de até R$ 1.800,00. Optando por até 15% do dinheiro para mão de obra e não precisa de fiador. Crédito Fácil Bordignon facilita a compra do material de que você precisa com muita facilidade, utilizando apenas um cartão magnético. Com ele, você ganha mais rapidez e segurança na hora de pagar pelo que precisa. Da mesma forma com o Construcard o banco considera 30% da renda. Pode ser para aposentados e pensionistas.
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ECONOMIA
Consórcio, Financiamento ou Leasing P Descubra qual o modelo que mais se encaixa à sua necessidade
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esquisar modelo e cor são meros detalhes na hora de adquirir um carro. A compra a prazo, responsável por 71% das vendas de automóveis no Brasil, esconde armadilhas que vão além dos juros, exigindo atenção redobrada do consumidor. As lojas oferecem financiamento por dois sistemas: crédito direto ao consumidor (CDC), modalidade mais difundida no país, e leasing, ou arrendamento mercantil, que tem crescido com vigor nos últimos anos e cujos juros são menores. Pelo leasing, o custo final pode ser menor. Mas há diferenças na quitação antecipada, sendo preciso avaliar o modelo mais adequado a cada situação. No leasing, o carro permanece em nome da instituição financeira que concedeu o empréstimo até a quitação do débi-
to. No CDC, fica no nome do proprietário, mas o bem é colocado como garantia da dívida. Segundo especialistas, os clientes não devem esquecer de calcular gastos extras – como impostos e tarifas –, já que são embutidos no valor das parcelas. O cliente deve analisar os custos financeiros e escolher o prazo ideal de financiamento. No leasing, é cobrado o Imposto Sobre Serviços (ISS), que varia entre 0,25% e 2% sobre cada mensalidade. No CDC, há o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 1,5%. Em ambos há a Taxa de Abertura de Crédito (TAC), cujo valor varia de acordo com a instituição. A TAC costuma ser de 1,5% do valor do carro no leasing e de 2%, no CDC. O leasing representa 24% do mercado. Como as instituições têm mais garantias
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na hora de retomar o veículo em caso de calote, vêm promovendo uma guerra de tarifas, com promoções que chegam a 0,99% de juros ao mês. O cliente deve pesquisar as taxas e o modelo de financiamento mais adequado. No leasing não há como antecipar o pagamento antes de 24 meses, pois descaracterizaria a operação. Já no CDC é possível antecipar o pagamento das prestações, com abatimento nas taxas de juros. As vendas de automóveis estão em alta, como um dos fatores é a baixa na taxa básica de juros, a Selic, hoje em 8,75% ao ano (dados Julho/2009), e está em trajetória de queda, onde é prevista uma taxa em torno de 9% ao ano até o final de 2009. O prazo também aumentou: podendo de ser de 60, 72 e até 84 meses, na modalidade do CDC e de até 72 prestações este ano para o Leasing. A disparidade nas taxas em geral reflete a parcela que é dada de entrada; quanto maior ela for, menor tende ser a taxa de juro, e vice-versa. Assim, quem financia apenas 50% do veículo pode conseguir taxas mais baixas, mas para quem dá uma entrada de apenas 20%, a taxa tende a ser mais alta. Outra forma de adquirir um bem é o consórcio, onde é recomendado para quem não tem pressa, ou seja, já tem um carro e está planejando a sua troca. No consórcio o consumidor pode se programar, começar a pagar as prestações e, quando for contemplado, trocar o veículo. O grande apelo dos consórcios é de que não são cobrados juros. No entanto, é preciso considerar as taxas de administração cobradas. Mas, e no consórcio, como funciona? A
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primeira coisa que se deve esclarecer é que, ao contrário do que muitos imaginam, existem outros custos além da taxa de administração (em média, de 12,37% para veículos novos nacionais). É preciso, por exemplo, reservar uma quantia todos os meses para a compra do bem, que é destinada ao chamado fundo comum. Além disso, algumas administradoras exigem uma contribuição extra a um fundo de emergência, equivalente a algo como 5-10% do valor do fundo comum. Contudo, não se pode esquecer que, enquanto no financiamento a prestação é função da evolução do saldo devedor, no consórcio ela é função do valor do bem, que tende a crescer a uma taxa bem menos acentuada.
Enquanto no financiamento a prestação é função da evolução do saldo devedor, no consórcio ela é função do valor do bem, que tende a crescer a uma taxa bem menos acentuada
Dicas
O financiamento não deve comprometer mais de 30% do orçamento mensal da família. Uma coisa é certa: os endividamentos muito longos (via leasing ou CDC) de mais de 60 meses, não são recomendados. Além de comprometerem a renda por um período maior, significam que o comprador estará pagando ao final de seis ou sete anos, um carro que poderá ter sido reestilizado diversas vezes no período, dificultando a troca. Esta desvantagem desaparece no consórcio, que garante ao consumidor o recebimento do último modelo disponível. Como se percebe, todos os mecanismos apresentam vantagens e desvantagens. Sabendo quais são, fica mais fácil decidir qual é a melhor opção para o seu caso; ou para o seu bolso.
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MEIO AMBIENTE
A Importância e Necessidade de Segundo Leonardo Boff, passamos pelo momento de cuidar do planeta Terra, sendo ele nossa verdadeira morada e também um complexo sistema de organismos em equilíbrio ao longo de milhões de anos
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ransformar objetos e materiais usados em novos produtos para o consumo significa RECICLAR. Esta necessidade foi percebida pelos seres humanos, quando se verificou os benefícios que este procedimento trás para o a durabilidade e qualidade dos recursos naturais do planeta Terra. Nós, seres humanos, somos conhecidos como a sociedade do conhecimento e da comunicação, e para esta referência ter continuidade devemos repensar na valorização do conhecimento e dos saberes voltados às riquezas naturais existentes em nosso planeta. Estamos vivenciando o aquecimento global, a crise econômica, a extinção das espécies (fauna e flora), entre muitos outros fatores degradantes ocorridos em nosso planeta devido à falta do conhecimento ambiental e da valorização, conservação e preservação de nossas florestas, corredores de biodiversidade, bacias hidrográficas; como também da importância de economizar, reutilizar, reciclar os produtos naturais, assim como os industrializados.
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Foi na década de 80 que a produção de embalagens e produtos descartáveis aumentou significativamente, devida a grande explosão da industrialização, assim contribuindo para o aumento da produção de lixo, principalmente nos países desenvolvidos. Sabe-se que muitos governos e Organizações Não Governamentais – ONGs – estão cobrando de empresas posturas responsáveis, como o crescimento econômico atrelado à preservação do meio ambiente, desencadeando nas campanhas de coleta seletiva e reciclagem de resíduos domésticos e industriais. Reciclar vai além de preservar o meio ambiente, pois gera riquezas. Os materiais mais reciclados são o vidro, o alumínio, o papel e o plástico. E esta reciclagem contribui para a diminuição significativa da poluição do solo, da água e do ar. Reciclar materiais é uma forma de reduzir os custos de produção. É um ciclo rico e infinito beneficiando todos os recursos naturais, bem como nos faz perceber como estamos utilizando errado nosso bem mais preciso.
O que é reciclagem?
Reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por finalidade aproveitar os detritos e reutilizá-los no ciclo de produção de que saíram. Sendo o resultado de uma série de atividades, pela qual materiais que se tornariam lixo, ou estão no lixo, vão ser coletados, separados e processados para serem usados como matéria-prima na manufatura de novos produtos.
toneladas de lixo por dia. E o aumento excessivo da quantidade de lixo se deve ao aumento do poder aquisitivo e pelo perfil de consumo de uma população. Além disso, quanto mais produtos industrializados, mais lixo é produzido, como embalagens, garrafas pet, etc.
Conhecendo os tipos de lixo:
• Doméstico (alimentos) • Industrial (carvão mineral, lixo químico, fumaças) • Agrícola (esterco, fertilizantes) • Hospitalar, farmacêutico • Materiais Radioativos (indústria, medicina, etc) • Tecnológico (TV, rádios, computadores, etc)
Em média 88% do lixo doméstico vai para o aterro sanitário, e a fermentação produz dois produtos: o chorume e o gás metano, resíduos altamente poluidores. Menos de 3% do lixo vai para as usinas de compostagem (adubo). O lixo hospitalar, por exemplo, deve ir para os incineradores. Apenas 2% do lixo de todo o Brasil é reciclado! Nos países desenvolvidos como a França e Alemanha, a iniciativa privada é encarregada do lixo. Fabricantes de embalagens são considerados responsáveis pelo destino do lixo e o consumidor também tem que fazer sua parte. Por exemplo, quando uma pessoa vai comprar uma pilha nova, é preciso entregar a usada.
Em média o Brasil economiza cerca de 1.800 GWh/ano na reciclagem de latas de alumínio. O suficiente para abastecer uma cidade de 1 milhão de habitantes ao ano.
Por que reciclar?
A quantidade de lixo produzida diariamente por um ser humano é de aproximadamente 5 kg. Na soma total da produção mundial, os números são assustadores. O Brasil, neste contexto, produz 240 mil
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MEIO AMBIENTE Uma garrafa plástica ou de vidro pode levar 1 milhão de anos para decompor-se. Uma lata de alumínio, de 80 a 100 anos. Separando todo o lixo produzido em residências, estaremos evitando a poluição e impedindo que a sucata se misture aos restos de alimentos, facilitando assim seu reaproveitamento pelas indústrias. Além disso, estaremos poupando o meio ambiente e contribuindo para o nosso bem estar no futuro, ou você quer ter sua água racionada, seus filhos com sede, com problemas respiratórios? É urgente alertamos à todos a necessidade, a importância e a viabilidade de uma gestão socioambiental desenvolvendo a reciclagem. Pois os descartáveis, jogados em lugares inadequados, são grandes vilões na natureza porque, em geral, não se degradam. Alguns autores citam a teoria dos 3 R’s quando tratam do assunto de resíduos. Vamos, resumidamente, conhecer de que se trata.
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O primeiro R significa Reduzir a geração de resíduos. O segundo R significa Reutilizar o resíduo. O terceiro R significa Reciclar o resíduo. A Natureza agradeceria aos homens se a ordem de prioridade fosse a citada acima, começando com Reduzir. Pense! Reduzir é a forma mais interessante para a preservação ambiental ou a preservação dos recursos naturais. No nosso dia-a-dia significa, “não deixar nada no prato que comemos”, ou preparar uma refeição no limite das nossas necessidades e ainda aproveitando as cascas. Isso é sáude também! Para a produção industrial, as tecnologias passam a ficar um tanto mais complexa. Mas há exemplos já postos em prática, como exemplo, a recirculação total das águas de um processo industrial, que reduz o consumo de água. O segundo R, que significa Reutili-
zar, vem tratar dos resíduos pensando nas mudanças e forma de uso, a reutilização para outra finalidade do resíduo, que pode ser uma embalagem, como exemplo, aquela do filme fotográfico, que poderá servir para guardar comprimidos a granel ou pequenas amostras, ao invés de jogá-la fora. O terceiro R que significa Reciclar, ou seja, aproveitar a matéria prima embutida no resíduo para fabricar o mesmo ou outro tipo de produto, como exemplos, os pneus, utilizados em asfaltos ecológicos. Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Cabe à todos nós essa tarefa. Reflita, quantos são os benefícios para toda a geração atual e futura. Daniela Janaína. P. Miranda Especialista em metodologia superior, Especialista em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Especialista e Gestão e Auditoria ambiental. Mestranda em Geografia Dinâmica e Espaço Ambiental.
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CIDADANIA
Informática X Idoso Informática e idoso não combina? É aí que você se engana!
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informática veio para ficar na vida do idoso. Para aqueles que ainda têm muito a aprender, apesar da experiência, a informática é ideal. O computador, antes um bicho-de-sete-cabeças, hoje faz parte do cotidiano do idoso ativo, que ali navega. “...Navegar é preciso.” Já afirmava o grande poeta luzitano Fernando Pessoa. O idoso navega com a calma que os anos lhe ensinou, singrando mares “nunca dantes navegados...” Na tela mágica, ele vê notícias, recebe e encaminha e-mails, consulta o google, a wikipedia, o dicionário eletrônico, acessa e alimenta blogs, comunica-se a viva voz pelo skipe, entra em sites de relacionamentos, assiste filmes, joga paciência, ouve as músicas preferidas da sua juventude e ainda é orkuteiro. Que máquina incrível! Ela tráz o mundo até sua casa, fazendo o idoso esquecer a sua idade, os problemas, as diferenças sociais, financeiras e raciais... Ele é um internauta que seleciona o que quer e deleta o que não quer. E as fotos? Passa da máquina fotográfica digital ou do celular para o computador e as publica no orkut. E tudo isso com simples toques no teclado, numa rapidez inimaginável. Também pode digitar textos, como há muito tempo fazia na sua velha “Olivetti”, isto é, na “Olivetti” ele datilografava, agora, ele “digita”! O vocabulário do idoso aumentou. Ouvir idosos, é ouvir papos inteligentes.
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Ali, ele comenta sobre o novo computador adquirido, as últimas travessuras dos políticos, as notícias quentíssimas... Mas, infelizmente, quando o idoso não tem controle próprio ele ao usar o computador, afasta-se da família, isola-se. Isto já não acontece se todos os membros da família falarem a mesma linguagem eletrônica. Para os mais novos, os avós são para contar histórias, fazer guloseimas, ou crochê, ou ficar sentados numa cadeira de balanço. Aliás, a vovó, agora, está cheia de novidades na cozinha. Leva seu notebook mais perto da pia, acessa uma receita e lá está a tecnologia fazendo parte do fogão. E, não é que ela faz até comentários no “blog” de onde tirou a receita!!! A tecnologia aliada ao idoso torna-se muito útil. Agora no celular dos vovôs e vovós, não tem só o número do telefone dos amigos, também tem o endereço dos seus e-mails. Quem diria heim!? Vovô e vovó usufruindo da tecnologia de ponta! Isso é muito bom! Idoso, só porque tem um dia especial de “contar o tempo”, porque, hoje, ele disputa com filhos e netos a sua hora de “navegar”... Se você ainda não descobriu o mundo maravilhoso da informática, corra! O tempo é inimigo dos que se acomodam!!! Maria de Lurdes Ribeiro de Oliveira tem sessenta e dois anos. É professora aposentada e estudante de Informática, Inglês, Francês. malurioliveira@hotmail.com
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SAÚDE
O TABAGISMO TAMBÉM AGRIDE SUA PELE!
Devido à importância que o corpo e a beleza desempenham em nossa sociedade, o fato de a pele ser profundamente lesada pela nicotina é mais uma razão para se evitar o cigarro
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oje em dia existem várias campanhas contra o tabagismo, mas é ainda muito importante informar as pessoas sobre o real risco do tabaco, e seus vários malefícios, para se criar uma consciência coletiva evitando desde cedo esse hábito. Hoje venho tentar esclarecer a população sobre o fumo e suas conseqüências na pele. Além de estar relacionado a doenças pulmonares e cardiovasculares crônicas, o tabagismo é responsável por muitas alterações na pele. Estudos mostram que as fibras elásticas da pele são afetadas em 100%
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dos pacientes fumantes. De acordo com pesquisa, os fumantes têm rugas mais pronunciadas do que as dos não fumantes, 90% e 52%, respectivamente. A pele de quem fuma fica mais envelhecida porque a nicotina chega à pele por via sistêmica e lesa diretamente as fibras de colágeno, que dão sustentação a pele, causando verdadeiros vincos cutâneos. O cigarro também deixa a pele com irrigação sanguínea deficiente, prejudicando a oxigenação, o que prejudica a formação de novas fibras de colágeno. Com todo este processo há uma deterioração progressiva das fibras e acentuação das lesões. A expressão clínica das alterações cutâneas causadas pelo tabagismo gera: aparência acinzentada da pele, com rugas, vincos, linhas nos cantos dos olhos, ao redor dos lábios, numerosas linhas superficiais nas bochechas e região mandibular, proeminência óssea, aprofundamento das bochechas e atrofia da pele. Podendo até causar mais alterações na face do que o sol excessivo. Em outro estudo realizado pela Santa Casa de São Paulo, procurou-se testar a hipótese de uma associação temporal entre o grau de alterações da pele, “faces de tabagismo”, e a intensidade da doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema).
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De acordo com os resultados, houve correlação direta entre o grau de obstrução pulmonar e as alterações na pele, pois as fibras alteradas pela nicotina tanto no pulmão quanto na pele são as mesmas (fibras de colágeno). Atualmente, com a importância cada vez maior que o corpo e a beleza exercem sobre a sociedade, o fato de a pele ser profundamente lesada pela nicotina pode contribuir na luta mundial de combate ao tabagismo. Como recuperar a pele! Parando de fumar! Quem decidir parar de fumar deve saber que a melhoria da pele não será imediata. Com cerca de 30 dias o paciente já notará os efeitos de melhoria e recuperação da pele, porém os traços mais profundos podem levar anos dependendo do tratamento que este paciente fará. Para recuperar a pele é importante ingerir antioxidantes, como vitamina C, lavar o rosto com água gelada e evitar o sol em excesso. Os tratamentos dermatológicos com ácidos e antioxidantes tópicos são também opção para melhorar a pele dos ex-fumantes.
Houve, através de estudos, correlação direta entre o grau de obstrução pulmonar e as alterações na pele, pois as fibras alteradas pela nicotina tanto no pulmão quanto na pele são as mesmas (fibras de colágeno)
Dr. Marcelo S. Machado Dermatologista
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CIDADANIA
Terapia Comunitária:
Solução brasileira A Terapia Comunitária já se consolida como solução brasileira exportada para o mundo
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rata-se de uma prática com o objetivo de reunir pessoas, para troca de experiências e ajuda mútua. Funciona da seguinte forma: cada participante tem oportunidade de apresentar uma problemática, dentre todas se escolhe através de votação uma para ser o tema do dia, que será discutido no grupo, ao final o terapeuta realiza um fechamento a respeito do que foi aprendido na sessão. A Terapia Comunitária nasceu em Fortaleza, na favela do Pirambu, com o objetivo de atender uma comunidade carente. Pode-se pensar que este modelo genuinamente brasileiro, criado e desenvolvido pelo Doutor Adalberto Barreto é aplicável tão somente em comunidades com este perfil. Entretanto, a Terapia Comunitária já se consolida como solução brasileira exportada para o mundo, posto que o Doutor Adalberto Barreto ministra cursos e forma terapeutas comunitários na Europa em países como França e Suíça. No Brasil existem terapeutas comunitários atuando em todos os estados, tendo pólos formadores de terapeutas espalhados por todo o país. É um trabalho socializado, com raízes na cultura popular, que vem de encontro a necessidade da participação da família, amigos e vizinhos, enfim, da comunidade em geral na busca por soluções viáveis, uma vez que se utiliza da experiência de cada participante. No entendimento da Terapia Comunitária, cada indivíduo tem contribuição real no processo de cura do próximo, não apenas com sua experiência de vida mas também através do sentimento de pertencer a um grupo, já ha algum tempo esquecido por nossa sociedade cada vez mais individualista e materialista. Hoje, a Terapia Comunitária se faz presente e é aplicável em todas as situações onde exista sofrimento humano. Tem sido utilizada com êxito no atendimento à família de usuários de drogas, de ado-
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lescentes contraventores, em grupos de terceira idade e em comunidades escolares, atendendo dificuldades comportamentais e de aprendizagem. A Terapia Comunitária cabe tanto no bairro quanto na universidade, no hospital, nas instituições públicas e nas entidades não governamentais, desde que neste processo se privilegie o respeito às características da comunidade na qual estiver inserida. No grupo de Terapia Comunitária recupera-se o valor muitas vezes perdido do ser humano, a partir do momento que determinado indivíduo sente-se pertencendo a um grupo e este grupo o acolhe, naturalmente o indivíduo em questão passa a ser mais forte no enfrentamento de suas questões particulares. O grupo injeta em cada participante auto-estima, autoconfiança, determinação e por que não, amor. É importante salientar que o terapeuta atua como mediador e na organização das ações durante a sessão, mas a verdadeira terapia ocorre do grupo para o próprio grupo. Cada participante é terapeuta dos companheiros e de si mesmo, dessa forma a terapia não gera dependência, ao contrário, gera competência, entendendo que as soluções para as crises surgem dentro do grupo e não de um estranho, um especialista que vem de fora com solução para o sofrimento. Podemos afirmar que a Terapia Comunitária é o mais democrático dos trabalhos terapêuticos pois, em todas as situações, cumpre o seu objetivo de reforçar os vínculos saudáveis, carência tão grande atualmente, e promover a saúde mental comunitária independente da idade, formação e condição social dos membros do grupo.
No entendimento da Terapia Comunitária, cada indivíduo tem contribuição real no processo de cura do próximo, não apenas com sua experiência de vida mas também através do sentimento de pertençer a um grupo
Áurea Maria Ribeiro Chagas CRP 08-0262 Lucas Renato Ribeiro Chagas CRP 08-12003
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LEGISLAÇÃO
Adolescência Transviada As medidas socioeducativas impostas ao adolescente infrator segundo o ECA
As formas de responsabilização aplicáveis a crianças e adolescentes, que cometem delito, vêm sofrendo alterações, ao longo dos tempos, em busca da realização de medidas que proporcionem resultados mais efetivos para toda a sociedade
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s medidas socioeducativas, impostas ao adolescente, são meios de responsabilização aplicáveis aos que cometem ato infracional, estando elencados no Estatuto da Criança e do Adolescente. O presente texto trata do exercício dos ditames preconizados pela Política de Proteção Integral, que veio extinguir preceitos anteriores destinados a crianças e adolescentes. A nova política de atendimento considera a infância e juventude como sendo indivíduos em condição peculiar, merecedoras de prioridade na efetividade de seus direitos, prega o desenvolvimento de ações pedagógicas, ressocializadoras no sistema socioeducativo, a aplicação de meios que observem a sua condição de desenvolvimento, bem como a determinação de medidas de punição diferenciadas dos adultos. “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”, de acordo com as diretrizes estabelecidas pela Proteção Integral, fundamentada no art. 227 da Constituição Federal. Os regimes socioeducativos, em meio fechado e aberto, produzem ações punitivas, educativas e fortalecem vínculos sociais de forma diferenciada. As formas de responsabilização aplicáveis a crianças e adolescentes, que cometem delito, vêm sofrendo alterações, ao longo dos tempos, em busca da realização de medidas
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que proporcionem resultados mais efetivos para toda a sociedade; e essas transformações aspiraram por reformas na política de atendimento à infância e juventude. Os regimes socioeducativos, elencados no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), são meios de responsabilização, que podem ser imputados ao adolescente que praticou ato infracional, de acordo com critérios e condições. No Brasil, pode-se dizer que várias foram as legislações que regeram a responsabilização de crianças e adolescentes infratores, leis que primaram por medidas de cunho essencialmente punitivo, bem como executaram formas de violação à infância e juventude. Em meio a políticas negativas impostas à criança e ao adolescente, a Constituição Federal de 1988, com seu art. 227, possibilitou o surgimento de uma nova política de atendimento aos direitos da infância e juventude: a Proteção Integral. A nova doutrina vem estabelecer direitos às crianças e adolescentes, passando a considerá-los indivíduos em condição peculiar, merecedoras de prioridade absoluta na efetividade de suas garantias, determinando a responsabilidade do Estado, sociedade e família, como sendo entes que devem assegurar o cumprimento dos ditames que beneficiam à infância e juventude. O sistema socioeducatico, nesse sentido, vem também evidenciar os direitos estabelecidos pelo novo paradigma, possibilitando a realização de medidas que propiciem a ressocialização do adolescente infrator, por meio de ações pedagógicas, de cunho também punitivo, em conjunto com ações beneficiárias. Assim, evidencia-se a evolução histórica das políticas de atendimento à infância e juventude, pois estas sofreram mudanças importantes, a fim de proteger com maior intensidade os interesses das crianças e dos adolescentes. A justificativa para este estudo está em que, apesar dos vários preceitos que norteiam a nova política de atendimento da infância e juventude, a realidade das crianças e adolescentes no país demonstra um descaso com suas necessidades e direitos, sendo muitos os problemas e situações indignas enfrentadas pela infância e juventude. O meio socioeducativo, nessa mesma perspectiva, não vem assegurando, muitas vezes, garantias inerentes ao infrator. Assim sendo, é fundamental o estudo dos aspectos normativos e efetivos, como os negativos e positivos das medidas socioeducativas, sua sistematização ideal, o modo de dinamização que confirme as suas finalidades. Tem-se, então, como objetivo geral analisar as medidas socioeducativas, diante de seus aspectos promissores e retrocedentes perante o www.copadesc.org.br
adolescente infrator, com base nos fundamentos doutrinários, jurisprudenciais, legislativos e estatísticos, procurando ainda salientar o que vem sendo feito pelo Estado, sociedade e família no que tange à infância e juventude brasileira. Diversas são as medidas que podem ser concedidas e aplicadas ao adolescente, de 12 a 18 anos de idade, que comete ato infracional (crime ou contravenção penal), sendo todas elas originadas por intermédio do que apregoa a Proteção Integral e as leis de atendimento à infância e juventude. Um destes meios é a remissão, que é utilizada em alguns tipos de delitos, sendo uma forma de permitir ao adolescente infrator não passar pelas situações vexatórias de um processo judicial. Outras medidas dirigidas ao adolescente são as de proteção, que possibilitam ações sociais, como tratamento médico, psicológico, educativo, em prol do menor e de sua família. São procedimentos destinados a crianças e adolescentes, que tiveram suas garantias ameaçadas ou violadas. Os meios socioeducativos são formas de responsabilização aplicáveis ao adolescente infrator. Para a imposição destas medidas, é imprescindível que se leve em consideração a idade do jovem à data do delito praticado, sendo meios que podem ser concedidos isolados ou cumulativamente, podendo ser substituídos a qualquer tempo. Tais regimes devem realizar-se em conjunto com políticas públicas, respeitando os direitos da infância e juventude e sua condição de cidadão. O sistema socioeducativo visa ao resgate, à reintegração do adolescente infrator à sociedade, mediante procedimentos pedagógicos que desenvolvam a sua capacidade intelectual, profissional e o seu retorno ao convívio familiar. Além da qualidade pedagógica, as medidas possuem um caráter punitivo. A responsabilização do jovem, que comete ato infracional, também se opera por meio da imposição de uma sanção. A coerção é mais sentida e vivenciada nos meios que restringem o direito de ir e vir do infrator, ou seja, nas medidas de internação. A imposição das medidas socioeducativas deve considerar as características da infração, a situação em que o delito foi praticado, a capacidade do adolescente em cumprir a medida, pressupondo a sua aplicação por anterior verificação da autoria e da materialidade da infração, isso como forma de reverenciar o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório.
Em meio a políticas negativas impostas à criança e ao adolescente, a Constituição Federal de 1988, com seu art. 227, possibilitou o surgimento de uma nova política de atendimento aos direitos da infância e juventude: a Proteção Integral
Patrícia Marques Cavalcante Parte integrante da monografia As Medidas Socioeducativas Impostas ao Adolescente Infrator Segundo o Eca: Verso e Anverso, disponível na íntegra em http://www.copadesc.org.br/images/ admin/publicacoes/public_1215197952.pdf Agosto de 2009 Espaço Cidadão
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ADOLESCÊNCIA
A autoridade dos pais e os seus Filhos A relação de obediência dos filhos para com seus pais é vista com bastante ênfase em várias passagem do texto bíblico
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ós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor.” (Cl. 3.20) Como consta no Antigo Testamento, Deus estabeleceu os pais como uma das Suas autoridades controladoras na terra. Aos pais Deus delegou tanto o direito a controlar os filhos, como também ser a autoridade necessária para que os pais e os filhos tenham as bênçãos de Deus. Tudo isso se os pais treinarem os filhos a serem controlados pelos pais. Aqueles, a quem Deus coloca na posição de serem os pais, respondam diretamente a Deus. Os pais, ou os responsáveis pelos filhos, respondam a Deus se controlaram ou não os filhos. A autoridade que Deus dá aos pais é o tipo que faz com que eles tenham o direito de colocarem as suas vontades sobre a vontade de seus filhos e mandá-los seguirem a sua liderança. Os pais também têm o direito de Deus de administrar justiça tanto para punir a desobediência quanto abençoar o comportamento correto. Os filhos devem obedecer tanto pai quanto mãe. A palavra obedecer, como usada em Cl. 3.20, é um mandamento e significa “ouvir e obedecer, conformar-se à autoridade”. Em outras palavras, essa passagem instrui que os filhos devem fazer o que os pais lhes dizem. Isso significa que a palavra dos pais é lei. Quando o filho é desobediente à palavra dos pais, ele quebra tanto a lei de Deus quanto a lei dos pais. Esse mandamento não é complexo. Dita que os filhos devem fazer o que os pais instruem. Mesmo que este mandamento seja endereçado aos filhos, os pais, por ter a autoridade, respondem a Deus pelo seu cumprimento pelos filhos enquanto os filhos estejam na sua responsabilidade (I Sm 3.11-14). Deus sempre responsabiliza aqueles em autoridade pelas ações daqueles que estão sob a sua autoridade. Os pais são responsáveis a Deus pela obediência dos seus filhos. Deus tem dado aos pais o poder de forçar a obediência dos filhos em tudo – vestimenta, alimentação, escolaridade, amizades, uso do tempo, adoração, comportamento, etc. A autoridade dos pais abrange muito mais do que qualquer outra instituição que Deus tenha estabelecido. Os pais têm o direito de forçar obediência dos seus filhos em tudo. Os sujeitos de outras instituições devem submeter as suas autoridades. Mas o filho é mandado a obedecer a seus pais. A diferença entre submeter e obedecer é que a submissão envolve a atitude de aceitação voluntária de autoridade, mas a obediência é para ser exercitada para com a autoridade se querendo ou não. A sociedade, a escola, os vizinhos, ou qualquer outra instituição
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não têm tanta autoridade sobre os filhos quanto têm os pais. A autoridade dos pais é responsável ao governo só nos casos de incesto, mal-trato, e homicídio. Os pais respondem diretamente à Deus se não cumprem com a responsabilidade de sua autoridade constituída por Deus.
A Palavra de Deus não sanciona direitos para as crianças?
Os filhos têm somente o direito de Deus a serem criados pelos seus pais sem a intervenção de qualquer outra instituição. Deus honra o valor de autoridade dos pais tanto que na Lei
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de Moisés Ele instituiu Seus princípios nas leis para o governo proteger a autoridade dos pais para com os seus filhos. Biblicamente, o governo deve sustentar a posição dos pais. Aos filhos não devem ser permitidos se rebelar contra os pais (Mt. 15.4; Ex. 21.15, 17; Dt. 27.16; Pv. 30.17). Três princípios são revelados nesses versículos: 1. Tanto o pai quanto a mãe são considerados iguais como pais. 2. Deus não tolerará o desrespeito aberto dos filhos para com a sua responsabilidade para com os pais. A pena da morte devia ser administrada a qualquer que tem o hábito de desrespeitar, bater ou amaldiçoar seus pais. É claro que os pais não têm o direito de aplicar a pena da morte, pois a instituição do governo tem esta autoridade somente. Porém os pais pela Lei foram obrigados a testificar publicamente contra tal filho (Dt. 21.18-21). Como se pode ver, Deus é sério quando manda que os filhos devam ser obedientes aos pais. Estes versículos foram dados a Israel como nação, mas o princípio, ensinado às igrejas no Novo Testamento, se aplica a nós hoje. Deus não tolera filhos desrespeitosos ou desobedientes. 3. Se um filho desobediente escapa da pena da morte pela falha dos pais ou do governo, Deus julgará tanto o filho quanto o pai e a nação por tal desobediência (I Sm. 3.13; 4.10-18; Pv. 30.11-17).
A promessa de benção para os filhos
(Ef. 6.2,3; Ex. 20.12) A promessa de longa vida significava muitas bênçãos naqueles dias que Deus deu estas palavras ao ho-
mem. “Dias prolongados” significava nenhuma morte pela guerra, doença, fome, ou por animal selvagem. Ter “dias prolongados” era uma promessa de uma morte natural. Também foi uma promessa de prosperidade física, pois longos dias dariam mais tempo para acumular riquezas em gado, terra, e filhos. O filho que honra o seu pai e a sua mãe seria protegido na sua vida adulta pela promessa de Deus. Podemos entender que os pais que amarem seus filhos verdadeiramente desejarão o melhor para eles e exigirão obediência dos filhos. Estes pais farão tudo para que os seus filhos lhes honrem, para que tenham as bênçãos prometidas por Deus. Deus julgará cada filho numa maneira que é consistente com Seu caráter. É verdade que existem indivíduos maus que acabam sendo pais com autoridade sobre os seus filhos na mesma medida que existem lideres maus no governo. Tais pais que usem mal a sua autoridade responderão ao julgamento direto de Deus. Quando observamos um filho receber mau tratos dos seus pais, devemos lembrar que Deus ainda está no controle e foi Ele que colocou tal filho em tal lar para Seus próprios desígnios. Deus controla cada vida e o Seu plano eterno inclui a falta de justiça neste mundo. Pode ser que o filho que é maltratado pelos seus pais necessite tais pressões para aprender a submeter a sua vontade a Deus. Talvez Deus esteja preparando tal filho para O glorificar melhor pelo sofrimento como Ele fez no caso de Jó. Nós vemos um filho inocente enquanto Deus vê uma alma pelo qual a Ele interessa. Deus não erra, portanto devemos deixar Ele cuidar dos pais rebeldes. Como uma autoridade humana, você, como pai ou como mãe vai errar mesmo que deseje fazer tudo correto. Uma autoridade não tem que ser perfeito para poder exercer a sua posição. Obediência e respeito pela autoridade podem ser aprendidos daquilo que aparenta ser injusto ou incompetente. Pais, vocês são a autoridade maior sobre seus filhos. Não permitam que sua fraqueza como homem os impeçam de cumprir as suas responsabilidades. Deus sabia que vocês eram imperfeitos quando Ele lhe deu o filho. Os filhos precisam do exemplo de autoridade sobre eles. Se os pais não dão à liderança necessária, os filhos a acharão em outro lugar ou em outra pessoa. Os filhos buscam desesperadamente um líder a qual possam seguir e a quem podem dar sua admiração. Deus criou os filhos de modo a necessitarem e responderem à autoridade dos pais. Portanto acharão um substituto se os pais não preencherem sua posição (astros do esporte, estrelas do cinema, líder de um clube, etc.). Contrário ao ensino de psicologia, seu filho necessita um pai que é líder, não um colega. Os pais têm o lugar de autoridade e portanto não podem ser “o amigão” mas o líder ao qual o filho deve respeitar e ser obediente. Se os pais mostram bem a sua autoridade enquanto o filho está em fase de desenvolvimento (até os 13 anos), depois terá uma vida de amizade entre ele e o filho adulto. Os pais são os símbolos representativos da autoridade de Deus. A maneira que os pais exercitam sua autoridade determina em muito a maneira que os filhos pensam sobre Deus. Como pai você tem a oportunidade de moldar as opiniões dos filhos sobre Deus, o governo, e até como comportar-se quando casado. Ao filho que é exigido obedecer a seus pais respeitará a sua autoridade e será preparado a submeter-se às outras autoridades que existem, incluindo a própria Palavra de Deus (Pv 23.13, 14.) Autor: Pr Calvin Gardner Fonte: www.PalavraPrudente.com.br
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ADOLESCÊNCIA
Menarca: a gente nunca esquece No limite entre a infância para a vida adulta, é o momento em que a menina começa a exercer seu ciclo reprodutivo
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primeira menstruação da mulher, chamada de Menarca, acontece durante a adolescência, caracterizada como a etapa do desenvolvimento humano caracterizada por alterações físicas, psíquicas e sociais, sendo que estas duas últimas recebem interpretações e significados diferentes dependendo da época e da cultura na qual está inserida. Segundo a Organização Mundial da Saúde, adolescente é o indivíduo que se encontra entre os dez e vinte anos de idade. No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece outra faixa etária: dos doze aos dezoito anos. Daniel Sampaio define adolescência como sendo uma etapa do desenvolvimento, que ocorre desde a puberdade à idade adulta, ou seja, desde quando as alterações psicobiológicas iniciam a maturação sexual até à idade em que um sistema de valores e crenças se enquadra numa identidade estabelecida. Ainda com os dados da Organização Mundial de Saúde, OMS, 25% da população brasileira é constituída por adolescentes, ou seja, a faixa etária compreendida entre 10 anos e aproximadamente 20 anos. Ao componente biológico das transformações características da adolescência (crescimento, maturação sexual) dá-se o nome de puberdade. A puberdade não é sinônimo de adolescência, mas uma parte desta, compreendendo o período desde o aparecimento dos caracteres sexuais secundários (broto mamário, aumento dos testículos e/ou desenvolvimento de pêlos
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pubianos), até o completo desenvolvimento físico e parada de crescimento. Ocorre no sexo feminino mais freqüentemente entre 10 e 13 anos e no sexo masculino entre 12 e 14 anos de idade. O processo de crescimento e desenvolvimento da adolescência ocorre em diversos setores do organismo, porém as manifestações mais evidentes e marcantes relacionam-se ao aumento de altura e peso e à maturação sexual. Estas características biológicas são universais e ocorrem de forma semelhante em todos os seres humanos. Elas podem ser quantificadas e classificadas através de avaliação clínica (tabelas de crescimento, critérios de Tanner), exames laboratoriais (dosagem de hormônios, radiografias) e, nas meninas, data da primeira menstruação. Entretanto, estas características não são imutáveis, pois podem ser modificadas ou interrompidas por fatores ambientais, incluindo situações de estresse (medo, ansiedade, depressão, perdas afetivas), atividade física intensa, desnutrição ou uso de substâncias químicas, lícitas ou não. Grande parte dessas características poderão ser percebidas antes que a menina tenha tido seu primeiro período menstrual. A idade em que estas mudanças se iniciam varia bastante de uma pessoa à outra. Fatores como o ambiente e a dieta são importantes tanto na antecipação como no atraso do desenvolvimento do ciclo menstrual. Observa-se nos últimos anos uma antecipação dessa idade, a cada geração.
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A menarca pode ser esperada para aproximadamente de um a dois anos após o aparecimento dos seios. Já o desenvolvimento desses antes dos 8 anos de idade, sugere uma antecipação (puberdade precoce) e depois dos 14 anos, um atraso no desenvolvimento (puberdade atrasada). Em média, ocorre um crescimento entre 5 a 7,5cm nos dois anos subseqüentes a menarca.
Fluxo menstrual
O nível crescente de hormônios, no sangue, produz o desenvolvimento do óvulo e o desenvolvimento de uma formação vascular esponjosa dentro do útero. O derramamento desta formação quando o óvulo não for fecundado é o fluxo menstrual. A menstruação deverá ocorrer todos os meses, até o advento da menopausa. Às vezes, os ciclos menstruais podem ocorrer com freqüência mais espaçada, não sendo incomum que algumas meninas não ovulem com regularidade até dois anos após a menarca.
Ovulação e ciclo menstrual
A partir da puberdade, a hipófise, glândula situada no cérebro, secreta o hormônio folículo estimulante. Mensalmente, este hormônio prepara alguns óvulos para o amadurecimento. O estrogênio, outro hormônio produzido pelos folículos, ativa o desenvolvimento de uma camada espessa do útero (endométrio). Depois de duas
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semanas, a hipófise secreta o hormônio luteinizante, fazendo que o óvulo mais maduro se desprenda do folículo. Este, que continha o óvulo maduro, se desenvolve em uma massa de tecido chamada de corpo lúteo. O corpo lúteo começa a produzir progesterona e estrogênio. Ambos os hormônios garantem o crescimento da camada espessa no útero para alimentar o embrião, que caso não exista, é expelida em forma de menstruação. Menstruação é o fenômeno fisiológico do período fértil da mulher, que ocorre caso não se dê a fecundação do óvulo, permitindo a eliminação periódica através do canal da vagina, do endométrio uterino (ou mucosa uterina). Neste processo dá-se o rompimento de alguns vasos sanguíneos o que leva que ocorra também uma “pequena” hemorragia, originado a menstruação. Em condições normais e não havendo nada que impeça os ciclos femininos, este fenómeno ocorre em média de 28 em 28 dias e tem uma duração de entre 3 a 5 dias. Quando essas características se fazem presentes, a menina estará ovulando. Há pessoas que não apresentam o sangramento e mesmo, as cólicas. Há perturbações emocionais e físicas que podem anteceder a menstruação, tais como: um leve acréscimo de peso, mudanças comportamentais, aumento do tamanho dos seios, dores de cabeça, dores nas costas, cansaço, etc... Qualquer comportamento exagerado dias antes do
período menstrual pode indicar a Síndrome Pré-Menstrual, ou seja, mudanças no temperamento, irritabilidade, entre outros. A consulta de um ginecologista, nestes casos, é indicada. O médico pode oferecer medicações que reduzem a dor, adequadas à idade e peso da adolescente.
Risco de gravidez
Um dos aspectos que deve ser abordado quando se fala de menarca, é que a menina, a partir de sua primeira menstruação, já está biologicamente apta para engravidar. Há, portanto, a necessidade de esclarecer para a adolescente que precisa tomar cuidados contraceptivos caso pretenda ter relações sexuais e não deseje engravidar. A explicação técnica disso é que o óvulo liberado pela sua trompa vai para o útero, e caso encontre com um espermatozóide dentro de 24 horas depois da ovulação e antes de atingir o útero, ele poderá ser fertilizado. Então, ele se dirige ao útero, onde começa a se desenvolver o embrião. Neste caso, mais progesterona é produzida para a manutenção da camada espessa do útero. Embora um óvulo sobreviva por um dia, o espermatozóide pode ficar ativo de dois a cinco dias, por isso que se pode engravidar tendo relação sexual uns dias antes ou depois da ovulação. http://www.boasaude.com http://pt.wikipedia.org/
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FAMÍLIA
O cristão e o senso de responsabilidade Na perspectiva da fé cristã, a responsabilidade não possui um significado completamente diferente de seu uso comum
O
termo “responsabilidade” traz uma sugestão de seu significado em si mesmo. Ser “responsável” é responder adequadamente por algo ou alguém, diante de uma instância superior. Comumente, o termo é empregado para descrever pessoas que cumprem suas obrigações, respeitam prazos, desempenham satisfatoriamente suas funções, etc. Entretanto, o termo adquire uma nova ênfase a partir da observação da vida e ministério de Jesus Cristo. Ser “responsável”, neste sentido, é situar-se entre as pessoas e o próprio Deus. Na verdade, somente Jesus Cristo desempenhou esta função de modo pleno e perfeito. Contudo, sua conduta serve de inspiração e paradigma àqueles que desejam segui-lo. Assim sendo, o propósito deste artigo é destacar alguns contornos que o termo “responsabilidade” possui para a fé cristã, especialmente no que diz respeito à sua exigência – por que o cristão deve ser responsável?; seu objeto – por quem o cristão deve se responsabilizar?; e seu tribunal – diante de quem o cristão é chamado a responder.
“Não é bom que o homem esteja só”
O livro de Gênesis contém as narrativas sobre a ação de Deus na formação do mundo. A descrição desses atos revela um propósito excelente para tudo que Deus fez. Cada coisa está perfeitamente em seu lugar e desempenha adequadamente sua função. No entanto, há uma lacuna no projeto divino. A criação ainda não reflete satisfatoriamente o Criador. “Façamos, pois, o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”, diz Deus (Gên 1.26). Em seguida, Deus cria o ser humano “à sua imagem” e como “homem e mulher” (Gên 1.27). O primeiro capítulo da Bíblia se encerra com uma avaliação de toda obra divina: tudo era “muito bom” (Gên 1.31). Estes relatos são muito conhecidos por todos. Porém, apenas no segundo capítulo o texto bíblico nos revela
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os detalhes do processo que levou à criação do homem e as considerações do próprio Deus neste processo. Diz o texto bíblico que após ter criado o homem, Deus faz uma constatação importante: sua obra ainda não está completa. Isto porque “não é bom que o homem esteja só” (Gên 2.18). A afirmação de Deus sobre o ser humano foi posteriormente confirmada pela antropologia, sociologia e psicologia. A saber: o ser humano é um ser social, que não sobrevive fora do relacionamento com seu semelhante. Os relatos bíblicos de Gênesis 1.26,27 e 2.18 encontram-se na origem da exigência da responsabilidade. No tocante ao relacionamento do ser humano com a criação o verbo mencionado é “dominar”, cuja tradução mais adequada é “cuidar”. No que diz respeito ao relacionamento entre os seres humanos, aqui descritos como “homem” e “mulher”, o verbo é “auxiliar”. O próprio Deus estabelece desta forma o equilíbrio de sua criação. A manutenção de seu projeto exige a responsabilidade humana no sentido de auxílio e cuidado. Infelizmente, o equilíbrio seria desestabilizado um tempo depois pela falha humana. Contudo, a responsabilidade permanece exigida das pessoas.
“Acaso sou eu tutor de meu irmão”
A narrativa sobre Caim e Abel também é bastante conhecida. Literariamente falando, seus atos são descritos após a desobediência de Adão e Eva sendo, portanto, praticados sob os efeitos do pecado (Gên 4). É possível observar neste relato que tanto Caim quanto Abel lidam com a criação. Caim era agricultor. Abel, pastor de ovelhas. De certa forma, ambos estão “cuidando” para que a criação seja preservada. Por isso, pode-se concluir deste relato que a exigência da responsabilidade para com a criação está ainda vigente e minimamente cumprida. O problema se mostra na outra dimensão da responsabilida-
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de, talvez a mais importante. Depois que sua oferta foi rejeitada por causa de seu rito, Caim volta-se contra seu irmão Abel. Primeiro, inveja-lhe. Depois, dissimula, engana e mata (Gên 4.1,8). Após o ocorrido, Deus se dirige a Caim, perguntando: “Onde está seu irmão Abel?”. A resposta de Caim revela sua irresponsabilidade. “Acaso sou eu tutor de meu irmão?” (Gên 4.9). A expressão empregada por Caim é oriunda de seu contexto agrícola. O “tutor” é a haste que sustentava plantas frágeis para que atingissem a maturidade e produzissem frutos. Hoje em dia, é possível observar estas hastes, sobretudo, em plantações de tomate. O “tutor” auxilia a planta. Oferece-lhe sustento durante seu desenvolvimento. Caim sabe muito bem realizar isto com suas plantas. Mas não admite fazer o mesmo por seu irmão. Ao contrário, sua atitude é um esforço extremo para libertar-se de sua responsabilidade por Abel. Ele deseja lidar com as coisas, ser responsável por elas apenas. Estar entre Deus e seu irmão é algo que não suporta. Por isso, elimina a vida de Abel. Torna-se irresponsável, culpado pelo primeiro homicídio relatado no texto bíblico. Desde Caim, a fuga da responsabilidade continuou a permear o comportamento humano. Muitas vezes, somos excelentes no cuidado com as coisas que estão sob nossa supervisão. Não nos importamos muito com o trabalho e atenção que tais coisas exigem de nós. Contudo, a mesma responsabilidade não se vê em relação ao próximo. Estar entre ele e Deus, no sentido
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de auxiliá-lo para que cumpra a vontade de Deus é tarefa que desprezamos e, repetidas vezes, rejeitamos. Mas esta responsabilidade é irrevogável. A pergunta de Deus continua pairando em nossas mentes e corações: “Onde está o teu irmão?”. As pessoas são o objeto de nossa responsabilidade. É por elas que Deus nos questiona. É sobre elas que Ele quer ouvir.
“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”
O fato de Jesus Cristo ter vivido entre nós indica o profundo amor que Deus sente pelo mundo (João 3.16). Este fato seria motivo suficiente para se rejeitar qualquer desprezo no tocante à criação e aos seres humanos. Jesus Cristo veio ao mundo enquanto este ainda estava perdido em seus delitos e pecados. Por meio de sua morte e ressurreição, o mundo foi reconciliado com Deus. Mas, o que este fato tem a ver com responsabilidade? Na verdade, a vida de Jesus Cristo revela seu amor e compromisso com as pessoas com quem ele se encontrou. Não apenas com aquelas consideradas “puras”, “santas”, “aceitáveis”, mas especialmente com aquelas que não possuíam estes adjetivos. Pessoas que eram consideradas “impuras”, “desprezíveis” e, desta forma, não merecedoras de atenção, nem de auxílio ou suporte. Em seus diálogos com os fariseus – homens altamente especializados em cuidar de si mesmos – Jesus ensina que toda vez que antecipamos o valor de nossas ações antes de agir, agimos confiados
em nossa própria justiça que, para Deus, não passa de “trapos de imundícia”. Pelo contrário, quando agimos em obediência à vontade de Deus, preocupados não com nossa própria justificação, mas com o auxílio e a salvação de outras pessoas, mesmo sem saber antecipadamente se o que fizemos foi justo e bom, então, Deus nos abençoa e justifica. Ser responsável não significa ter consciência tranqüila. A consciência é um tribunal importante para a conduta humana, mas toda vez que ela tem a última palavra, corre-se o risco de agir confiando em justiça própria, ou melhor, na capacidade de se saber antecipadamente o que é justo. Ser responsável, na perspectiva da fé cristã, é agir em favor dos outros, confiando em Deus para a própria justificação. É interceder inclusive por aqueles que ainda não se converteram à responsabilidade pelas pessoas. Que ainda valorizam apenas coisas. Neste sentido, uma das últimas frases de Jesus, no momento em que era crucificado, demonstra diante de quem somos chamados a responder pelas pessoas. Mesmo sendo insultado e estando ferido, Jesus não está preocupado com sua própria vida. Interessa-lhe, sobretudo, os outros. Não que recebam o castigo que merecem por causa de sua injustiça, mas que sejam perdoados (Lucas 23.33). Afinal, não era diante de sua consciência que ele devia prestar contas, mas perante Deus. Rev. Martin Barcala pastor metodista em São Paulo e mestre em Ciências da Religião
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FAMÍLIA
A culpa do filho e a assunção da responsabilidade pelos pais Pelo código Civil, os pais são sempre responsáveis pelos atos praticados pelos seus filhos?
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Ilustração: Alessandro Dutra
A
o abordar o tema temos que fazer menção à família. Conforme ensinamentos de Aristóteles a família sempre deveria possuir um “líder”, assim, a mulher deveria obediência ao marido e os filhos ao pai. Na sociedade contemporânea esse modo de estrutura familiar não corresponde mais com a realidade, uma vez que existem vários tipos de família. Contudo, na questão dos filhos, principalmente os menores, que hoje pela vigência do Novo Código Civil passou a ser de até 16 anos, essa questão, mesmo retrograda, ainda prevalece. Mesmo que não de uma forma tão ampla como no período clássico, mas na questão da dependência isso ainda tem fundamento. É justamente em relação a essa dependência que entramos na Responsabilidade Civil dos Pais Pelos Atos Praticados Pelos Seus Filhos. E a pergunta que se faz: Os pais são sempre responsáveis? Quando? A questão de responsabilizar os pais pelos atos praticados por seus descendentes é um tema extremamente polêmico. Quando analisamos a responsabilidade civil em um primeiro momento nos demonstra que o ressarcimento da vítima se daria de uma forma direta, ou seja, de modo que a própria pessoa que causou o dano teria que reparar. Entretanto, parece claro, que se assim fosse, muitas das vítimas ficariam injustiçadas uma vez que não teriam como apontar diretamente o causador do dano. Neste sentido nos ensina Rui Stoco, (ob. cit. pág 341). “... muitas vezes ocorre a existência de um dano, sem que o demandado seja diretamente apontado como causador do prejuízo, embora a análise acurada da situação conduza a concluir que a vítima ficará injustiçada, se ativer à comprovação do proclamado nexo causal entre o dano e a pessoa indigitada como o causador do dano”. Um dos temas muito abordado no Direito de Família é a
questão do “pátrio poder”, ou seja, aquela autoridade que os pais exercem sobre os filhos até estes atingirem a maioridade. Porém na sociedade atual, nem sempre o “pátrio poder” se encerra na maioridade, pois os filhos mesmo com essa maioridade ainda são estritamente dependentes de seus pais, não apenas na forma afetiva, como também na econômica. Para muitos autores como Marcos Alves da Silva, fala-se que o “pátrio poder” não é uma questão natural, aquela que surge com o próprio nascimento dos filhos, mas sim de uma forma cultural e histórica. O mesmo autor demonstra como a responsabilidade civil pode ser justificada justamente abordando o “pátrio poder”, pois como dito anteriormente ele é o poder que os pais
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exercem sobre os filhos. Entretanto, não podemos encarar esse poder como sendo tirano e extremamente autoritário como se verificava nas sociedades patriarcais, mas como uma forma de educar, de fornecer diretrizes éticas, filosóficas e religiosas e administrar a vida de seus filhos até a idade em que eles possam caminhar com suas “próprias pernas”. Por essas e outras razões é que devem os pais em certos casos ser responsabilizados. Justamente, quando interpretamos em específico o artigo 932, I do Código Civil, é verificado que a responsabilidade daí decorrente é específica do dever de educar e de vigiar seus atos, pois afinal de contas, enquanto menores eles devem o mínimo de obediência a seus pais. Não podemos encarar a responsabilidade como um fato natural da relação paterno-filial, apenas. Ouvimos falar que nessa questão a responsabilidade civil é objetiva, nesta corrente vemos inúmeros doutrinadores como Caio Mário da Silva Pereira apoiar tal corrente. Na responsabilidade objetiva o pai simplesmente seria obrigado a ressarcir o dano independentemente de culpa, ou seja, mesmo utilizando-se de todos os meios cabíveis de procurar evitar o dano, ele seria responsabilizado. Justamente neste ponto é que vem sendo discutido na doutrina, tanto na brasileira, como também, pelos doutrinadores do direito estrangeiro. Para o autor supracitado a responsabilidade objetiva vigora quando os pais estiverem com a guarda ou o poder dos filhos. A própria jurisprudência pátria tem entendido que é esse tipo de responsabilidade que vigora no Brasil. Vejamos decisões de alguns tribunais: “São responsáveis os pais pela reparação dos danos causados pelos filhos menores sob sua GUARDA, por lhes caber precipuamente os deveres de disciplina e vigilância, de acordo com a sua idade”. (TJSP, 3ª C. AP – J. 14/11/1998 – RT 394/223) No mesmo sentido a autora Maria Helena Diniz, também reconhece que
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Para que o dano seja ressarcido, a vítima não precisa se preocupar em comprovar que a agente do ato foi negligente, imprudente ou imperito... a responsabilidade dos pais é objetiva, mas para ela a responsabilidade não recai apenas para aqueles que possuem a guarda ou o poder, mas também, sobre aqueles que possuem o poder de vigilância, e daí poderá ser um terceiro ao qual o poder de cuidar tenha sido transferido temporariamente pelos pais. Diz a autora: “Para que se configure tal responsabilidade será mister que: (...) o filho esteja sob a autoridade e em companhia de seus pais, pois, se estiverem em companhia de outrem será daquele a quem incumbe o dever de vigilância (...)” Antes de entrar em vigor no dia 11 de janeiro de 2003 o novo Código Civil, existia uma certa polêmica na jurisprudência pátria, quanto a ser a responsabilidade dos pais subjetiva ou objetiva, porém tal controvérsia teve fim, pois o artigo 933 do Novo Código Civil diz expressamente que a responsabilidade é objetiva. O ilustre doutrinador João Luis Alves em seu Código Cível Comentado nos ensina que pela interpretação dos artigos 932, I e 933 existe a exclusão dessa culpa presumida e há necessidade de se provar a culpa dos pais. Entretanto, deve-se primeiramente analisar o caso concreto para só após verificar efetivamente se os pais serão responsáveis ou se é o próprio autor do ato ofensivo que deverá ressarcir a vítima, ou seja, analisar o nexo causal com o dano cometido. Na verdade, o que vem caracterizar a responsabilidade objetiva dos pais é a combinação de determinados pressupostos inerentes à responsabilidade. É que haja nexo causal entre o ato contrário ao direito e o dano causado a vítima.
Como se tem ensinado acerca da responsabilidade objetiva como sendo aquela que desvincula o dever da vítima em se provar a culpa, baseando-se na teoria do risco proporcionando ao lesado uma forma de ressarcimento sem que precise provar a culpa diante da dificuldade de arcar como ônus propandi. Para que o dano seja ressarcido, como foi dito anteriormente, a vítima não precisa se preocupar em comprovar que a agente do ato foi negligente, imprudente ou imperito a única coisa necessária que deve ser provada é a autoria do ato. A ilustre doutrinadora Maria Helena Diniz, ob. cit. pág 50, nos ensina que o ordenamento jurídico determina que em determinadas hipóteses o legislador determinou que a responsabilidade será objetiva, como é o caso aqui narrado. Todavia, isso não exclui o princípio da imputabilidade do fato lesivo, que tem como fundamento à culpa. Isto posto, temos de um lado a teoria de risco e do outro a culpa. Como a responsabilidade é objetiva o pai não tem como se eximir alegando o caso fortuito como excludente da responsabilidade, pois aqui vale apenas demonstração do nexo causal com o dano e ação do lesante. Diante disto, para que os pais sejam responsáveis civilmente é necessário que a vítima comprove a culpa do filho, e não diretamente demonstre que os pais foram culpados. Afinal, somente poderá os genitores serem cometidos do dever de ressarcir o dano, quando for provado que seu descente não respeitou as normas cogentes de direito e cometeu um ilícito. Em resumo, quando ocorrer o entendimento que a responsabilidade dos pais é objetiva a exclusão desta responsabilidade dar-se-á quando provar que não agiu com culpa. Há neste caso a inversão do ônus propandi. Fernanda Costa Prevedello, estudante do 5º ano da Faculdade de Direito de Curitiba
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EDUCAÇÃO
Educação um ato de responsabilidade:
O encontro da família com a escola.
A família antes responsável pela orientação ético/moral, vista como um porto seguro, passou a transferir este papel para quem estiver disponível
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processo de desenvolvimento humano é continuo e se processa de diversas maneiras durante a vida de um indivíduo, para torná-lo apto ou capaz para alguma coisa por meio de estudo, observação, treino, experiência, imitação ou qualquer outra forma de aprendizagem. No princípio das relações humanas este aprendizado estava intimamente relacionado às questões de sobrevivência e a imitação era a forma de educação dos grupos para garantir a continuidade da espécie, num ambiente hostil onde se começava a dar importância ao grupo e suas manifestações culturais. Com o desenvolvimento da linguagem as tradições orais passaram a ocupar papel relevante na educação dos jovens através do ensino espontâneo dos mitos, dos rituais mágicos, das artes e das práticas diárias. Esta forma de transmissão espontânea de conhecimento perdurou por muito tempo na humanidade até os gregos introduzirem uma forma mais organizada e sistematizada de educação através das discussões filosóficas, que ocorriam ao ar livre. Os primeiros espaços organizados para a prática de aulas aconteceram durante o avanço do Império Romano, preocupado em disseminar seus valores e costumes entre os povos conquistados. Algumas outras civilizações também já apresentaram um modelo primitivo da escola como as escolas de escribas no Egito, e a civilização amorita promoveu a padronização do ensino levando a Babilônia a notável surto de desenvolvimento. Durante o período medieval a educação estava restrita ao clero e aos privilegiados ligados às casas nobres. De
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modo geral, os meninos eram encaminhados a uma profissão e as meninas retidas em casa para o aprendizado das tarefas domésticas. A partir de 1600 as escolas começaram a se consolidar, os conhecimentos humanos se expandiram e ganharam complexidade e as escolas se multiplicaram entre as classes mais elitizadas. A escola como um prédio dividido em classes só apareceu de fato no século XVIII e a Áustria e a Prússia foram os primeiros países a investir na Escola Estatal. Em contrapartida, a idéia da criança como um ser diferenciado só apareceria no final da Idade Média e mais especificamente entre as classes mais privilegiadas, passando a representar a continuidade das dinastias e sendo valorizada pelo meio social. O espaço garantido a infância gerou expectativas para seu desenvolvimento pessoal e os meninos que aos onze anos já entravam para os exércitos passaram a receber alguma instrução básica para exercer papéis mais relevantes. As meninas foram excluídas do convívio escolar sendo tratadas como adultas e recebendo formação familiar a partir dos doze anos. O sentimento familiar como preservação de espaço privado apareceria em torno do século XV, antes disso as relações sociais e a vida pública se misturavam ao ambiente familiar. Durante todo o caminho percorrido pela humanidade em seu processo evolutivo, à medida que as pessoas construíam sua individualidade, a preocupação com a educação ia ganhando importância. As famílias passaram a almejar a educação como forma de diferenciação e melhoria pessoal.
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A educação adquiriu o status de qualidade que permite a ascensão social. A escola é comparada a um santuário e passou a ser vista com respeito, como um privilégio, os mestres são respeitados e admirados, possuidores de toda sabedoria e verdade. A família depositou então, sua esperança na escola, mas reconhecia seu papel na educação dos filhos e contribuía com a formação de um ambiente saudável e seguro. Enquanto espaço cultural e científico a escola evoluiu entre teorias de aprendizagem e experiências educativas, mas foi assumindo através dos tempos outras funções. Também a família sofreu mudanças importantes e a formação familiar tradicional hoje divide espaço com novas formas de organização social, tentando ajustar os filhos a situações antes imprevistas. Hoje, porém, a escola e a família passam por momentos de indefinição de papéis e inúmeras preocupações com relação à melhor forma de orientar e formar a nova geração de crianças e adolescentes. A escola se defronta com o desafio de acompanhar novas tecnologias, informações em tempo real e conhecimentos em expansão numa velocidade alucinante, mas acima de tudo o desafio de gerar interesse, motivação e bons resultados num universo de opções muito mais convidativas e fáceis de acessar. A família por sua vez se vê pressionada por um mundo profissionalmente mais competitivo e exigente, que vai destruindo as regras e normas conhecidas, criando necessidades novas, retirando a posição de prioridade dos filhos uma vez que eles
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agora não pertencem mais a uma família de estrutura convencional. Sendo assim estão a procura de estruturas que possam suprir o papel de cuidadores, de preferência que se encarreguem de todas as situações necessárias ao desenvolvimento da prole, se ocupando da educação formal e da formação global. A família antes responsável pela orientação ético/moral, porto seguro com normas e regras claras, que norteavam as buscas e caminhos das novas gerações passou a transferir este papel para quem estiver disponível, sejam outros membros da constelação familiar, sejam as instituições sócio educativas, quando não se transfere esta incumbência a funcionários sem qualificação para tal. A escola, buscando ampliar suas ações acaba recebendo também esta incumbência da família e sente-se acuada quando, na tentativa de restituir normas e regras necessárias à boa condução de sua função, é questionada pelos pais. As regras são boas quando se aplicam aos outros, mas seus filhos são habitualmente injustiçados pelas mesmas. O próprio Ministério Público tem, algumas vezes, tomado atitudes que deveriam ser estipuladas pelos pais, numa tentativa de preservar a segurança e ordenar as atividades e limites de seus filhos. Estas ações foram aplaudidas pelos próprios pais que já não conseguem definir o que é melhor para seus filhos e acabam esperando que outros tomem as atitudes que lhes faltam. É a família pedindo ajuda, mais que isto, é a própria sociedade buscando se ajustar as mudanças rápidas e continuas
destes tempos que são os nossos. Afinal, de quem é a responsabilidade de educar? Se voltarmos ao início deste artigo onde descrevemos o processo de desenvolvimento humano como uma tentativa de torná-lo apto ou eficiente para alguma coisa, poderíamos dizer que a educação é este processo complexo, que ocorre durante toda a vida do indivíduo, mas que se processa de diversas formas em diferentes espaços. Sendo assim, a responsabilidade não fica limitada a um grupo social, mas existe um compartilhamento de responsabilidades que precisam ser discutidas e definidas com cumplicidade por todos os envolvidos. A família (seja em que conformação se apresente), a escola (independente da metodologia utilizada), as outras instituições freqüentadas pelas crianças e jovens, precisam estar em harmonia, esclarecer seus papéis e os limites de cada grupo, priorizar as ações mais importantes e então traçar seus objetivos em relação a educação que desejam desenvolver. Remar seu barco, sentindo-se seguro de possuir bons timoneiros, bom mapa e porto seguro sempre que uma tempestade se apresentar deveria ser uma promessa. Nossas responsabilidades, enquanto pais ou instituição de ensino devem estar entrelaçadas, ter metas comuns para enfrentar os novos desafios que se apresentam a cada dia, mas que podem, com certeza, ser vencidos neste encontro entre a família e a escola. Ieda Maria Franco Reis Professora e Psicóloga
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EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO
Atenção: crianças a bordo
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odos os condutores de veículos automotores são responsáveis pela vida dos passageiros além dele mesmo, para tanto vale lembrar algumas dicas que devem ser cumpridas pelo condutor, bem como pelos passageiros, independentemente da idade, sexo ou outras condições que se apresentam. Você sabia que as cadeiras de segurança, quando instaladas e usadas corretamente, diminuem os riscos de morte e lesões graves em até 71%. Elas também reduzem em 69% a necessidade de hospitalização de crianças até 4 anos. Veja mais algumas orientações para quando transportar crianças no carro: • Ajuste as tiras da cadeirinha de segurança ao tamanho da criança e Bebês com
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até 1 ano ou 9 kg devem ser transportadas em cadeirinhas colocadas no meio do banco de trás do carro, de costas para o motorista. A cadeirinha deve ainda ser presa com o cinto de segurança do veículo. • Crianças maiores de 1 ano e que pesem entre 9 e 18kg podem ser transportadas em cadeirinhas colocadas de frente para o movimento. A cadeirinha deve ser colocada na posição vertical. Crianças entre 18 e 36 kg devem usar assento de elevação, para ajustar criança ao cinto de segurança do veículo. O cinto deve passar pelo meio do ombro da criança e no quadril, caso contrário ela corre o risco de ser sufocada em uma colisão. • A partir dos 11 anos e com mais de 36 kg, a criança já pode ser transportada no banco da frente e usar cinto do veículo sem suporte de segurança. Nunca leve uma criança no colo usando cinto. A criança pode ser esmagada em caso de acidente. • Usar travas bloqueando a abertura interna das portas traseiras. • O local mais seguro dentro de um veículo é o centro do banco traseiro. O cinto será tanto mais seguro quanto em mais pontos ele se fixar. Os de três pontos ou mais são os melhores. Os sub-abdominais ou os diagonais oferecem proteção, porém apresentam mais riscos e problemas. Sempre usar cinto de segurança mesmo o mais simples pois é melhor do que ser projetado contra obstáculos, onde o risco é muito maior. Nunca colocar mais de uma criança em um único cinto. Não usar cinto de
adulto em crianças pequenas. • O embarque e desembarque da criança deverão ser feitos sempre pelo lado da calçada. • Os vidros traseiros devem estar abaixados (travados) apenas o suficiente para permitir a ventilação. Não permitir nunca que as crianças ponham as mãos, braços ou a cabeça para fora. Algumas crianças sofrem facilmente de enjôo, especialmente em caminhos que tem muitas curvas, portanto evite alimentos de digestão difícil antes de sair. Tenha sempre biscoitos, frutas, água e sucos para oferecer às crianças, quando viajar. Leve-as em embalagens plásticas, evitando vidros e metais. • Nunca dirigir com uma criança no colo. É um risco inconcebível. • Se estiver com crianças no carro, redobre a atenção ao ser fechada a porta. Muitas vezes as crianças deixam os pés e as mãos do lado de fora, sofrendo acidentes. • Adesivos no vidro traseiro, como “Bebê a bordo” e “Criança a bordo”, podem ser usados e são úteis para informar aos outros o motivo da cautela, ajudando a diminuir eventuais atitudes agressivas de outros motoristas.
LEMBRE-SE: A segurança da criança depende dos adultos, e a melhor educação vem do exemplo de como o adulto dirige, da sua paciência em ajustá-la aos equipamentos, explicando-lhe as razões das medidas de segurança e praticando a direção defensiva.
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RESPONSABILIDADE SOCIAL
A perfeita reciprocidade gera resultados De todos os recursos disponíveis para a organização de uma empresa, as pessoas tornaram-se os mais importantes, pois são elas que manipulam os demais recursos para que a empresa cumpra sua missão
Ilustração: Alessandro Dutra
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s empresas desconhecem o impacto que causam na sociedade onde estão inseridas e o quanto são responsáveis na maneira de atuar sobre as partes envolvidas. Entre os envolvidos com a organização está a sua força de trabalho, comumente chamada de funcionários, empregados ou colaboradores. São eles que, com seus conhecimentos e habilidades, fazem acontecer o produto da empresa. Para muitas organizações são apenas recursos utilizados na produção, para outras são à força de desenvolvimento e competitividade da empresa. Convém reforçar que os resultados colhidos pela empresa dependem de como a organização interage com os seus funcionários ou colaboradores. Cumpre-se assinalar que o trabalho ou o emprego onde as pessoas estão inseridas possui uma dimensão do desenvolvimento social através do exercício e o aperfeiçoamento de uma profissão, do
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RESPONSABILIDADE SOCIAL fator econômico, da possibilidade de estabelecer vínculos sociais e auto-realização. As organizações são formadas pela integração de diferentes recursos, sendo eles: equipamentos, matéria prima, as instalações físicas, recursos financeiros, procedimentos, o meio ambiente e as pessoas. Vale dizer que, de todos os recursos disponíveis para a organização, as pessoas tornaram-se os mais importantes, pois são elas que manipulam os demais recursos para que a empresa cumpra sua missão. Diante dessa observação, pode-se afirmar que a principal responsabilidade da organização por meios de seus gestores (gerentes) é interagir de maneira adequada com seus colaboradores. No que tange a relação entre a organização e colaboradores, ambos tem expectativas distintas e cabe às duas partes empenharem-se em atendê-las. O escritor e conferencista Idalberto Chiavenato, em seu livro sobre comportamento organizacional lista as expectativas das duas partes. A seguir apresentamos algumas:
Expectativas das Pessoas nas organizações • Um excelente lugar para trabalhar; • Reconhecimento e recompensas; • Oportunidades de crescimento; • Carreira profissional; • Participação nas decisões; • Liberdade e autonomia; • Empregabilidade; • Camaradagem e coleguismo; • Qualidade de vida no trabalho; • Divertimento e satisfação.
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Expectativas das organizações com as pessoas • Foco na missão organizacional; • Foco na visão de futuro; • Foco no cliente; • Foco em metas e resultados; • Desenvolvimento e melhoria contínua; • Trabalho participativo em equipe; • Comprometimento e dedicação; • Aprendizado e crescimento profissional; • Talento, habilidades e competência; • Ética e responsabilidade. Registre-se ainda que nenhum contrato formal é estabelecido entre a empresa (organização) e funcionário onde se apresenta a lista de expectativas citadas, porém elas existem e o não atendimento pode gerar conflitos e insatisfações que comprometem a eficiência e eficácia da organização. Em virtude dessas considerações, cabe aos proprietários ou gestores atentar para a maneira como estão atendendo as expectativas dos seus empregados. Muitas empresas sequer respeitam os mínimos direitos dos seus funcionários e desejam que trabalhem satisfatoriamente e tragam bons resultados. Em síntese os funcionários e as empresas ganham quando ocorre a perfeita reciprocidade em relação as expectativas de cada um. Referência Bibliografia: Comportamento Organizacional – Idalberto Chiavenato, 2006. Tarcisio Boiko – Graduado em Administração de Empresas pela Fanorpi. Especialista em Gestão de Pessoas. Professor da Fanorpi nas disciplinas de Comportamento Organizacional, Desenvolvimento Gerencial e Instrutor do IDEPE.
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A Empresa e seu Papel Social A responsabilidade social das empresas aproxima as pessoas dos problemas sociais e os tornam mais reais do que pareciam quando só o Estado participava
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desafio do cenário econômico atual já não é mais o mesmo. Empresas que buscam a lucratividade a qualquer custo, e que consideram a sociedade e os empregados meras unidades econômicas de produção, estão perdendo a credibilidade. Além de atingir seu principal objetivo, o lucro, as instituições estão cada vez mais condicionadas a promover o desenvolvimento de forma sustentável, investindo nas pessoas e na sociedade que está inserida. E o resultado disso é o reconhecimento no mercado. Empresas que investem em responsabilidade social, conquistam cada vez mais credibilidade e maior poder de competição agregando valor aos seus produtos e serviços, além de se tornarem referência perante a sociedade. Apesar de todas as dificuldades que enfrenta no seu dia-a-dia, convidamos o empresariado a participar como protagonista no contexto das mudanças sociais. O Estado não tem condições de oferecer respostas tão ágeis e rápidas aos problemas da população como as empresas, que em tempos de alta competitividade, estão acostumadas a atuar com mais eficiência no seu dia-a-dia. Assim, o setor privado tomou consciência de que precisa ter uma participação maciça no ambiente social e comunitário porque é parte integrante dele, e portanto depende de seu correto funcionamento. O COPADESC se insere neste contexto para intermediar o estudo e propostas para os problemas sociais e a empresa que tem interesse em fazer parte desta mudança. Os resultados obtidos por diversas empresas no âmbito social indicam que o empresariado é também parte modificadora desse ambiente. Pode-se dizer também que quem investe em empresas que respeitam o meio ambiente e a comunidade, recebe um maior retorno. A sociedade civil vem assumindo uma clara posição ao enfrentar os problemas sociais ao invés de deixá-Ios para o Estado. Assim, impõe-se às empresas uma mudança no processo de condução desses
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assuntos, que assumem uma posição mais estratégica na medida em que afetam a imagem corporativa. Vale lembrar que os brasileiros estão cada vez mais predispostos a punirem empresas que não sejam socialmente responsáveis. A responsabilidade social das empresas aproxima as pessoas dos problemas sociais e os tornam mais reais do que pareciam quando só o Estado participava. Nesse novo contexto, as questões sociais ganham um caráter prático porque colocam as pessoas, e não as instituições estatais, em contato direto com a problemática social dos nossos tempos. Os Programas e Projetos do COPADESC, bem como o Projeto Espaço Cidadão, tem como premissa procurar soluções para os problemas sociais, tais como: Acabar com a fome; educação básica de qualidade para todos; buscar igualdade entre sexos e valorização da mulher; reduzir a mortalidade infantil; melhorar a saúde das gestantes; combater a AIDS, a malária e outras doenças endêmicas; unir qualidade de vida com respeito ao meio ambiente; enfim todos trabalhando pelo desenvolvimento global.
Empresas
No atual contexto econômico, não pensando somente na lucratividade e sim aumentando a preocupação das pessoas com o bem estar pessoal e da coletividade, as empresas tem o desafio de estarem atentas e prontas para acompanharem e até se anteciparem às mudanças sociais e produzirem diferenciais que as garantam uma vantagem competitiva e sustentável a longo prazo. Algumas pensam em buscar qualidade, outras já buscam antecipar o futuro e apresentarem produtos diferenciados mas, diferenciais como gestão ambiental, produzir sem agredir o ambiente, respeitar a coletividade e os consumidores e terem responsabilidades sociais tornam-se os verdadeiros diferenciadores no mercado, diante da relevância de assuntos como consciência e cidadania. Responsabilidade social hoje, pode ser a diferença entre sobreviver no mercado
ou não. É, portanto, conceito estratégico e quem não estiver atento a esse diferencial, vai deixar o convívio social e, conseqüentemente, sairá do mercado. “A responsabilidade social exige da empresa uma gestão efetiva da sua força de trabalho, do ambiente de trabalho, da qualidade de vida da sociedade e dos trabalhadores. O uso da responsabilidade social é forma de se obter benefícios, mas ao mesmo tempo, é uma oportunidade de agir de acordo com os ditames constitucionais, recebendo as benesses e garantias estatais e ainda promover o bem estar da sociedade e agregar valor à empresa, melhorando assim, a vida da coletividade, da empresa e sua imagem no mercado, o que trata, com certeza, maior desenvolvimento econômico” (Lídio Val Júnior, 2005) Portanto, instituições com responsabilidade social são aquelas que, com criatividade, gerencia e contribui com projetos sociais bem administrados, atuando ao lado de entidades da sociedade civil e do poder público, na busca de alternativas para a melhoria da qualidade de vida. E, por isso, ela é duplamente beneficiada: primeiro porque consolida sua imagem como uma empresa moderna e, segundo, porque produtividade e competitividade estão diretamente relacionadas à qualidade de vida da comunidade na qual a organização está inserida. Seguindo esse conceito, desenvolve projetos voltados à educação empresarial e à interação da sociedade, formação de pessoas e de empresas sólidas e competitivas, porém socialmente responsáveis e assim promove sustentabilidade econômica. Referências: http://www.filantropia.org/artigos/ antoninho_marmo_trevisan.htm Acesso em 28 abril 2009. http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto. asp?id=5612 Acesso em 28 abril 2009. http://www.iea.org.br/webteca/ Responsabilidade_Social_I.doc Acesso em 28 abril 2009.
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INCLUSÃO SOCIAL
Professor ideal? Escola ideal? Existe?
Como o conhecimento dos Transtornos de Aprendizagem vem provocando mudanças no método de aprendizado das escolas
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á pouco tempo atrás não era tarefa difícil escolher uma escola, basicamente elas trabalhavam com as mesmas propostas pedagógicas, o diferencial entre as escolas eram o regime disciplinar e a exigência do corpo discente. A avaliação e acompanhamento da aprendizagem do aluno era feito através de notas, no qual quem tirava notas 8,0, 9,0 e 10,0 eram alunos muito inteligentes, agora aqueles que não conseguiam, começavam todo ritual, ou seja, suas famílias começavam com punições até chegar às promessas de dar a crianças qualquer coisa que quisessem para passarem de série. Mas nada era
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Conhecendo os Transtornos de Por dentro do assunto Aprendizagens e as Características Diagnósticas étnica ou cultural do indivíduo. Em presentécnicas de manejo em Os transtornos da aprendizagem são ça de um déficit sensorial, as dificuldades diagnosticados quando os resultados de aprendizagem podem exceder aquelas sala de aula, o professor indivíduo em testes padronizados e habitualmente associadas com o déficit. é capaz de provocar do individualmente administrados de leitura, Os Transtornos da Aprendizagem podem mudanças significativas matemática ou expressão escrita estão persistir até a idade adulta. na relação do aluno com a substancialmente abaixo do esperado sua idade, escolarização e nível de Características e aprendizagem para inteligência. Os problemas de aprendi- Transtornos Associados
feito para saber o porquê aqueles alunos não tiravam notas. Atualmente tem mudado a ação educativa nas escolas, o conteúdo começa a deixar de ser a única preocupação de quem ensina; amplia-se a ação educativa, para dar conta da formação do aluno e não apenas para o mercado de trabalho, mas também para a vida. Desta maneira a escola tem refletido e conseguido ver os alunos por uma nova ótica, a escola passou a ter um grande desafio pela frente, que é perceber os alunos com dificuldades específicas de aprendizagem, sem antes rotula-las de “aluno fraco”. Pois conhecendo as dificuldades de aprendizagem os professores têm condições de avaliar, ou seja, dar as notas da prova, sabendo que essa avaliação será diferenciada, e seu critério para avaliá-la também. Conhecendo os Transtornos de Aprendizagens e as técnicas de manejo em sala de aula, o professor é capaz de provocar mudanças significativas na relação do
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zagem interferem significativamente no rendimento escolar ou nas atividades da vida diária que exigem habilidades de leitura, matemática ou escrita. Variados enfoques estatísticos podem ser usados para estabelecer que uma discrepância é significativa. Substancialmente abaixo da média em geral define uma discrepância de mais de 2 desvios-padrão entre rendimento e QI. Uma discrepância menor entre rendimento e QI (isto é, entre 1 e 2 desvios-padrão) ocasionalmente é usada, especialmente em casos onde o desempenho de um indivíduo em um teste de QI foi comprometido por um transtorno associado no processamento cognitivo, por um transtorno mental comórbido ou condição médica geral, ou pela bagagem
Desmoralização, baixa auto-estima e déficits nas habilidades sociais podem estar associados com os transtornos da aprendizagem. A taxa de evasão escolar para crianças ou adolescentes com Transtornos da Aprendizagem é de aproximadamente 40% (cerca de 1,5 vezes a média). Os adultos com Transtornos da Aprendizagem podem ter dificuldades significativas no emprego ou no ajustamento social. Muitos indivíduos (10-25%) com Transtorno da Conduta, Transtorno Desafiador Opositivo, Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade, Transtorno Depressivo Maior ou Transtorno Distímico também têm Transtornos da Aprendizagem.
aluno com a aprendizagem. Portanto, é o professor que deve ser preparado para conhecer e atuar de forma mais eficiente. É nele que devem ser feitos os investimentos tanto por parte da família quanto da escola e dos especialistas. É aí que volto ao questionamento... Existe professor ideal? Existe escola ideal ? Não existe. O que realmente existe
são escolas sem professores preparados para crianças com Transtornos de Aprendizagem. E falta um maior incentivo do Estado para esse tipo de investimento nas escolas públicas. Cássia Peixe Pedagoga-Especialista em Dificuldades Específicas de Aprendizagem
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C R IANÇA
Exploração
Sexual Infantil
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xploração sexual é um termo empregado para nomear práticas sexuais pelas quais o indivíduo obtém lucros. Ocorre principalmente como conseqüência da pobreza e violência doméstica, que faz jovens, crianças e adolescentes fugirem de seus lares e se refugiarem em locais que os exploram em troca de moradia. Acontece em redes de prostituição, pornografia, tráfico e turismo sexual. “No Brasil, a exploração sexual de crianças e adolescentes é crime previsto no artigo 244 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Quem cometer o crime está sujeito a pena de 4 a 10 anos de reclusão, além da multa.” Isso é o que diz a lei, mas desde quando a obediência de leis é prioridade do brasileiro? Quando falamos em exploração sexual, logo vem a revolta. A sociedade se mantém firme em seu ponto de vista moralista a respeito do assunto. Ouviremos muitas pessoas falarem “Horrível! Absurdo!Uma afronta aos direitos humanos!”, mas quantos desses não participam do tráfico de pessoas, seja como vendedores, seja como compradores? A exploração sexual infantil é a mais
desleal, pois não estamos falando de seres humanos maduros, estamos tratando de crianças e adolescentes com o mínimo de conhecimento tanto sobre sexo quanto sobre vida. Criança, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é a pessoa com até doze anos de idade e adolescente é a pessoa entre doze e dezoito anos de idade. Mas qual a solução para o problema? Talvez políticas socio-educativas, talvez mais empregos, talvez buscar uma resposta dentro da nossa própria história. Na antiguidade, em muitas civilizações, a prostituição era praticada por meninas como uma espécie de ritual de iniciação quando atingiam a puberdade.No Egito antigo, na região da Mesopotâmia e na Grécia, via-se que a prática tinha uma ritualização. As prostitutas, consideradas grandes sacerdotisas (portanto sagradas), recebiam honras de verdadeiras divindades e presentes em troca de favores sexuais. E por que isso mudou? É simples, durante a Idade Média houve a grande tentativa de eliminar a prostituição, impulsionada em grande parte pela moral cristã, mas também pelo grande surto de DSTs, principalmente sífilis. Mas então por que
a prostituição não acabou? Neste período havia o culto ao casamento cortês, onde as uniões eram arranjadas somente por interesse. Casamento forçado? Interesses econômicos acima de tudo? Não seria esse um indicio de exploração sexual? A tentativa da igreja na Idade Média não só falhou, como ainda reforçou a prostituição. No Brasil, prostituição é contra a lei, mas você conhece alguma prostituta que foi presa? Exploração é sinônimo de injustiça. E é contra ela, a exploração, que a sociedade deve lutar. Mas, que não sejamos hipócritas ao denunciar a exploração sexual, levantando posturas sólidas de indignação, enquanto muitos de nós participam da prostituição virtual, a exploração globalizada. Quantas pessoas acessam site de fotos eróticas, alugam filme pornô, compram revistas e até mesmo acionou as webcam para conversas, conversas intimas, com outro internauta? É preciso pensar e discutir a prostituição e a exploração sexual infantil sem tabus, com fatos e idéias sinceras. http://www.brasilescola.com/sexualidade/ exploracao-sexual.htm
Exploração Sexual Infantil é crime! Denuncie! Disk Denúncia:
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ESPORTE
Pilates
Uma visão atual na área da saúde A partir de camas hospitalares, o alemão Joseph Pilates inventou equipamentos compostos por molas e cordas para a realização de seus mais de 500 exercícios
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Devido a expansão do método, pilates vêem sendo utilizados não só apenas como performance estética, devido a seus inúmeros adeptos de atrizes famosas, mas sim como mais um aliado em reabilitação de problemas na coluna, apresentando ótimos resultados, munidos muitas vezes de recomendação médica. Diante de tudo isso, pilates se tornou a paixão de milhares de brasileiros, que o praticam em lugares calmos e reservados, sem terem que enfrentar as aulas exaustas e lotadas de ginástica tradicional. Mas lembre-se: os exercícios, por mais benéficos que sejam, devem ser acompanhados por um profissional qualificado para que se tornem realizados corretamente e traga uma melhoria geral na qualidade de vida. Fabielly Denardi Cassiano Fisioterapeuta - Crefito: 53688-f Formação no método pilates
Ilustração: Alessandro Dutra
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nome está por toda parte e todo mundo quer tentar, mesmo sem saber realmente do que se trata. Uma técnica criada pelo Alemão Joseph Pilates, por volta de 1920, que só chegou ao Brasil nos anos 90 para famosos como atores da área artística, agora conquista os brasileiros em todo lugar. Mas do que realmente se trata? Um método de exercícios desenvolvido em proveito próprio pelo alemão mencionado acima, que era uma criança raquítica e asmática e mais tarde, como enfermeiro na I Guerra Mundial, o aplicou na reabilitação de soldados com problemas de mobilidade por causa dos ferimentos. A partir das camas hospitalares, Joseph inventou equipamentos compostos por molas e cordas para a realização de seus mais de 500 exercícios, além das adaptações realizadas em bolas e colchonetes anos mais tarde. Numa espécie de coreografia de ângulos exatos que, utliza-se de respiração especifica seguida de contração da região do abdômen, tem o objetivo de flexibilizar e rearranjar os músculos que sustentam a coluna e definem a postura. Tendo como vantagens coordenação, equilíbrio, concentração, tonicidade muscular, condicionamento físico e mental, por se tratar de um trabalho entre corpo e mente, aliviando tensões e o estresse, melhorando assim a alto-estima. Pode ser praticado por qualquer pessoa em qualquer idade (recomenda-se a partir dos 10 anos), sem contra-indicações, inclusive nos diagnósticos osteomusculares e degenerativos.
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INSTITUIÇÃO
Projeto Bóia-Fria
Projeto conta com ofertas de Igrejas Metodistas, de amigos e voluntários e com um convênio estabelecido entre a entidade e a Prefeitura Municipal local
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Projeto Bóia Fria surgiu em 1988 em parceria com a Assembléia Regional da Igreja Metodista, tendo em sua direção a pastora Yone Silva por mais de uma década. É a segunda instituição de promoção social da Igreja Metodista em Santo Antônio da Platina. O objetivo do Projeto Bóia Fria é oferecer apoio para promoção humana ao segmento social da população da cidade conhecidos como trabalhadores bóias-frias. Nos primeiros anos atuou como creche que acolhia os filhos e filhas dos trabalhadores rurais. Com o advento da Lei nº.8.069/1990 passou a atuar como centro comunitário, mantendo o alvo inicial, apoiar a família do trabalhador bóia-fria. Centralizou seu eixo de atuação num programa de apoio e reforço escolar para crianças de 1ª. à 8ª. Séries de 07 a 14 anos de idade. O projeto dá ênfase à pedagogia do evangelho e as recomendações da Pastoral da Criança, do Colégio Episcopal Metodista Brasileiro e da fundação Suíça Pestalozzi.
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Atualmente o Projeto Bóia Fria tem na direção o casal Pr Rubens e Maria Benedita Cardoso. Com um corpo de 7 funcionários atendem 120 crianças. As despesas com pessoal e alimentação das crianças são cobertas com recursos da Sexta Região Eclesiática, que engloba as igrejas dos estados do Paraná e Santa Catarina, também conta com ofertas de Igrejas Metodistas da Alemanha, Áustria e Estados Unidos, de amigos e voluntários e com um convênio estabelecido entre a entidade e a Prefeitura Municipal local. Todos os trabalhos da Igreja Metodista Central de Santo Antônio da Platina estão sob a liderança do pastor Fernando César Monteiro, que há 11 anos coordena a Igreja.
O Bóia-Fria
Eles acordam às 4 da manhã, preparam a marmita, saem de suas casas quando ainda é noite, deixam os filhos dormindo e quando retornam, muitas vezes também os encontram dormindo. A primeira, de três refeições diárias, é feita às 10 horas.
Mesmo com tantas dificuldades, são eles, os bóias-frias, que colhem os alimentos produzidos nas lavouras do País, garantindo a alimentação de milhões de pessoas. A cidade de Santo Antônio da Platina, fundada em 1866, foi inicialmente procurada por colonizadores interessados na riqueza de seu solo, próprio para o plantio da cana-de-açúcar, lavoura que predomina até hoje nos municípios da região. Tanto a cana-de-açúcar quanto o café para serem cultivados precisam da mão-de-obra do trabalhador bóia-fria, portanto o atrai. A população atual de Santo Antônio da Platina atinge cerca de 45 mil habitantes de acordo com o último censo do Instituto Brasileira de Geografia e Estatística – IBGE. Um quarto destes habitantes vivem como trabalhadores bóias-frias e se concentram na região da cidade conhecida como Vila Ribeiro, onde o Projeto Bóia Fria está instalado. Fonte: www.metodistasap.org.br
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A Guarda Mirim
de Santo Antônio da Platina Projeto educacional e de assistência social resgata a sociabilização e o sentimento de cidadania
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Escola de Formação de Guardas Mirins “Duque de Caxias”, de Santo Antonio da Platina, Paraná, foi fundada no ano de 1978. Teve a sua primeira turma, composta de 22 elementos, formada em janeiro de 1979 na sede do Tiro de Guerra nº 05-004. Reestruturada em 04 de janeiro de 1990, ampliou suas atividades priorizando a sua finalidade principal de Educar e Orientar crianças e adolescentes carentes e/ ou em situação de quase risco, promovendo de maneira conjunta com os poderes constituídos de natureza nacional e internacional, e a sociedade em seu todo, os direitos elementares de cidadania das crianças e adolescentes, propiciando seu crescimento pessoal e sua sociabilização através do trinômio: Educação, Profissionalização e Família.
População-alvo
As populações alvo são crianças e adolescentes carentes e/ou situação de quase risco, procedentes de diversas situações tais como: filhos de bóias-frias; crianças em situação de rua, de quase risco pessoal e social; prostituição; procedentes de famílias cuja renda seja igual ou inferior a 01 (um) salário mínimo; filhos de pais separados e que geralmente moram com parentes; órfão de pai e/ ou mãe; crianças e adolescentes oriundos da zona rural; famílias desestruturadas.
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Faixa Etária / Número de Beneficiados
Beneficiados atualmente hoje são 135 (cento e trinta e cinco) crianças e adolescentes na faixa etária de 09(nove) a 17 (dezessete) anos e 11(onze) meses.
Objetivo do Programa
Melhorar as condições de vida de crianças e adolescentes expostas à situação de quase risco pessoal e social, trabalhando os aspectos fundamentais para o desenvolvimento humano. O programa oferece atividades esportivas, artísticas, recreativas e de apoio à escolaridade, além de alimentação balanceada. O programa também visa fortalecer os vínculos afetivos da família junto à comunidade possibilitando o processo de cidadania como pessoas de direito. Oferecer atividades que enriqueçam o universo informacional e cultural de crianças e adolescentes, desenvolvendo suas potencialidades, facilitando o domínio do cotidiano. Garantir a participação de adolescente em programas sócio-educativos visando a iniciação profissional através de qualificação e colocação no mercado formal de trabalho em conformidade com os critérios e diretrizes adotadas pelo Ministério Público do Trabalho e Estatuto da Criança e Adolescente.
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INSTITUIÇÃO Atividades Realizadas
A entidade realiza diversas atividades nas áreas de educação e cultura; saúde, alimentação e higiene; crescimento espiritual e de identidade; família, comunidade e cidadania; esporte, lazer e entretenimento; capacitação para o trabalho. Na área de educação e cultura, tem o apoio ao processo de escolarização e inserção de atividades complementares ao programa da rede estadual e municipal de ensino, reforço e apoio a permanência escolar, além de segurança no trânsito, prevenção contra acidentes, e conta com a parceria da polícia rodoviária, polícia militar/corpo de bombeiros, do Tiro de Guerra e com o Detran/PR. Um dos principais objetivos é motivar os alunos através de palestras vocacionais para o seu ingresso ao ensino superior como meta de profissionalização e segurança futura. Na área de saúde, alimentação e higiene, cada aluno faz três refeições diárias: café da manhã, almoço e lanche da tarde. Têm acompanhamento psicológico, médico e odontológico realizado através de profissionais liberais (voluntários) e sistema municipal de saúde, sistemático, coletivo e individual. Outro ponto importante são as palestras sobre higiene pessoal, bucal e prevenções. Na área espiritual há palestras semanais, com diversos representantes dos segmentos religiosos, estimulando o jovem a adotar um credo religioso, respeitando seu livre arbítrio, e melhorando seu desempenho pessoal e social na comunidade, e dinâmicas referentes ao crescimento espiritual e consequentemente a evolução do ser com um todo. Na area de esporte, lazer e entretenimento, existe a realização sessões de educação física e alongamento.
Capacitação Profissional
A Guarda mirim conta com a capacitação para o trabalho/cursos profissionalizantes em parceria com o Senai, enfatizando a Lei do Aprendiz n° 10.097, cuja meta é a aprendizagem profissional básica para capacitarem adolescentes, com idade entre 14 e 18 anos incompletos, a ingressar no mercado de trabalho como aprendizes, na ocupação de auxiliar administrativo e de produção industrial. Assim propicia a educação ao jovem tanto para o mercado de trabalho quanto para o exercício da cidadania, procurando atender a demanda do mercado de trabalho atual. Proporciona,portanto, base teórica para 42
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que o aluno apresente um bom desempenho em sua formação profissional, e que se refletirá em sua vida escolar. A operacionalização acontece através do desenvolvimento do projeto pedagógico do curso de aprendizagem, auxiliar administrativo e de produção industrial (815 horas), sendo o seu atendimento de 35 alunos no período da tarde . Outra Parceria é com a Associação de Educação Familiar e Social do Paraná, que é uma entidade da sociedade civil de direito privado, sem fins lucrativos, de caráter assistencial, cultural, educativo e profissionalizante. Objetivando ao aluno se inserir no mercado de trabalho em “Aprendizes em Serviços Bancários e Administrativos”, mediante a participação do adolescente em atividade e cursos desenvolvidos e ministrados pela Caixa Econômica Federal, promover a inclusão de pessoas em situação de pobreza, vulnerabilidade e risco social, implantando, mantendo e administrando unidades operacionais para desenvolver projetos e programas que visem a valorização e formação integral do ser humano. Atualmente a entidade tem dois estagiários trabalhando no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal. Com a Justiça Federal Seção Judiciária do Paraná, os adolescentes aprendem formação profissional metódica, em serviços administrativos, conforme diretrizes do Programa de Aprendizagem Profissional. Há dois adolescentes menor aprendiz trabalhando como estagiário na Justiça Federal do Brasil em Jacarezinho, os menores aprendiz tem uma jornada de trabalho de 24 horas semanais de aprendizado prático na Justiça Federal e 4 horas semanais de
curso aprendizagem, cada adolescente ganha salário, vale transporte e todos os direitos previsto na Consolidação da Legislação Trabalhista – CLT. Na Prefeitura Municipal de Santo Antônio da Platina, recebe subvenção do município no valor de R$3.728,76, mensal, destinado a alimentação, matéria didático, produtos de higiene e limpeza, pagamento de uma coordenadora, além da cessão de duas funcionárias.
Parceria com Recursos da Iniciativa Privada
A Escola de Formação de Guardas Mirins é permissionária para exploração do estacionamento regulamentado - EstaR ou Zona Azul desde sua criação no ano de 1997, quando foi criada tinha função meramente social, hoje é diferente, tem a função também de ajudar na Organização da cidade. O estacionamento regulamento tem a finalidade de provocar a rotatividade de veículos estacionados na Zona Central de nossa cidade, outra finalidade é o investimento social, arrecadar fundos para sustentação e manutenção dos seus projetos. A Zona Azul é caracterizada como o primeiro emprego para nossos jovens, trabalho temporário, não é fixo, adquire experiência em trato ao público, até que se estabeleça em outra empresa, como geralmente muitos que se passaram pela Zona Azul, hoje estão trabalhando em outras empresas. Fonte: Escola de Formação de Guardas Mirins Duque de Caxias www.copadesc.org.br
Nossa sociedade clama pela renovação de princípios para uma convivência sadia e a proteção da família. Para isso os recursos adquiridos através da Revista Espaço Cidadão serão empregados na construção da Casa Espaço Cidadão, projeto que atenderá à comunidade carente da nossa cidade, provendo, entre outras coisas, às crianças aulas de reforço escolar, oficinas de teatro, dança, música, artes, e às mães atendimento social e trabalhos manuais para que possam melhorar o rendimento familiar. Junte-se a esta proposta.