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ENTREVISTA ALEJANDRA BRAVO - ELEIÇÕES FEDERAIS 2021

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NUNO ADÃES

ENTREVISTA ELEIÇÕES 2021

“No Canadá precisamos de um programa de saúde similar ao português”

Quem o diz é Alejandra Bravo, que espera que o mesmo sistema seja implementado no Canadá. Alejandra Bravo é a candidata do NDP em Davenport e a convidada do Correio da Manhã Canadá para mais uma entrevista alusiva às eleições federais 2021

Alejandra Bravo é uma organizadora comunitária experiente que dedicou a sua carreira a tornar a vida melhor em Davenport. Fala espanhol, inglês, francês e português para representar a comunidade. Alejandra Bravo promete tomar medidas contra a crise climática, fará esforços para fortalecer os serviços públicos, como a saúde, e trabalhará para construir moradias mais acessíveis para todos. A candidata do NDP falou em bom português ao Correio da Manhã Canadá.

Correio da Manhã Canadá: Quando falamos de ação climática falamos do quê? Quais são as propostas de Alejandra Bravo?

Alejandra Bravo: Neste momento, no Canadá temos o pior recorde de todos os países do G7. As emissões de carbono estão a aumentar. Não é nada bom. Estamos no meio da crise de incêndios em British Columbia; existe a crise na agricultura; a seca. Nós sabemos de antemão que vamos pagar o preço. Há maneiras bem melhores de fazermos as coisas. Não dar biliões de dólares às companhias que fazem a maior produção. Por que não, destinar esse apoio a uma economia verde, justa, com boas oportunidades, para a construção e para os jovens? É possível fazermos isso. Há uma conexão que temos entre moradia acessível e uma agenda verde que permitirá evitar a

Alejandra Bravo, candidata do NDP em Davenport, falou sobre as suas propostas para as próximas eleições

catástrofe.

CMC: O NDP tem batalhado muito para habitação a preços acessíveis, como acabou por referir. Quais são os objetivos de Alejandra para Davenport?

AB: Todos os dias falo com pessoas da comunidade, com medo dos seus filhos não ficarem em Toronto. Comprar uma casa é um sonho para a próxima geração. Os preços de habitação crescem de maneira artificial, porque a habitação é um mercado para os grandes capitais. O NDP vai fechar a porta para os capitais estrangeiros que chegam a comprar moradia aqui com um imposto de apenas 20%. Há uma companhia dos Estados Unidos que com biliões de dólares vai comprar casas canadianas. Temos um problema enorme. Também existe o problema das pessoas que compram e vendem muito rápido. Por isso, queremos aumentar o imposto e queremos construir 500 mil novas habitações que vão permitir dar alojamento a pessoas de risco. Ou seja, investimos em habitação social, cooperativas. Temos de inverter a situação para termos a renda mais barata, para que ninguém corra o risco de perder a moradia. Ninguém ganha com pessoas a dormir nos parques, porque os alugueres também estão caros. Pagamos por um aluguer como se estivéssemos a pagar por uma casa. Os meus dois filhos saíram de Toronto, por exemplo. E eram uns privilegiados. E os imigrantes que contribuem e que querem

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formar família como o podem fazer? Há uma crise de desigualdade que deve ser evitada.

CMC: Avançamos para o tema da saúde. Quais são os objetivos para o pós-pandemia?

AB: O projeto da saúde universal ainda não foi terminado. Precisamos que os medicamentos façam parte do sistema de saúde. Os serviços dentais básicos. Todos os dias falo com trabalhadores do setor que precisam de tratamento dental e que não têm. Não é bom para a sociedade. Seria tão bom que o contrário acontecesse. Tão bom para os empreendedores, para os trabalhadores, tão bom para o estado. O preço seria menor. Compramos massivamente documentos. Eu diria que uma economia forte não existe se as pessoas não tiverem alojamento, educação e saúde. Tudo isto é importante para nós. Tudo é possível. Até aos anos 60 não existia serviço de saúde pública. Foi o NDP que o exigiu, com minoria minoritária. Até aos anos 70, não havia pensões e agora existem, graças ao NDP. O grande projeto é fazer uma fiscalização mais justa. Neste país, as grandes empresas aproveitaram a pandemia. O NDP quer que elas ajudem na melhoria da economia, da saúde e da educação para que o povo canadiano possa prosperar.

“O NDP vai fechar a porta para os capitais estrangeiros que chegam a comprar moradia aqui com um imposto de apenas 20% (...) Por isso, queremos aumentar o imposto e queremos construir 500 mil novas habitações que vão permitir dar alojamento a pessoas de risco”

Alejandra Bravo Candidata do NDP em Davenport

CMC: Ainda existem alguns indocumentados. O que é que a Alejandra Bravo e o NDP

A candidata do NDP falou, em bom português, com o Correio da Manhã Canadá

pretendem fazer para mudar a situação dos imigrantes ilegais?

AB: Uma em cada vinte pessoas não têm vias para chegar a uma residência permanente. Admiro muito o sistema de saúde português porque no princípio da pandemia fizeram um programa de regularização. Significa que pessoas indocumentadas tiveram oportunidade de terem os seus papéis e que, com isso, ficariam no país, porque estavam a fazer os trabalhos mais difíceis: cuidar dos doentes, trabalhar nos hospitais. No Canadá precisamos de um programa de saúde similar ao português. Tem sido durante décadas uma das minhas preocupações. O NDP tem propostas para conseguir residência permanente neste país. Sejam estudantes, trabalhadores estrangeiros, estão todos a ser explorados por um sistema que precisa deles, mas que não os coloca dentro da sociedade. Queremos que eles expressem as suas necessidades. Temos de reconhecer a contribuição que eles fazem.

CMC: O que é preciso fazer mais para revitalizar o comércio na Little Portugal, que foi afetado pela pandemia?

AB: A ajuda que o Governo federal deu para manter os pequenos comércios foi um exemplo perfeito daquilo que faz o NDP. Foi o NDP que exigiu isso. Inicialmente o Governo queria ajudar 10% e nós falamos que teria de ser 75%. A economia local é a verdadeira economia. Sem esses pequenos comércios, uma cidade como Toronto não pode funcionar. Esses comércios estão mais perto de nós. A solidariedade viu-se durante a pandemia. Quando falamos em aumentar impostos falamos apenas das grandes corporações: como na Amazon. A Amazon não paga imposto neste país. Há uma desigualdade. Nós temos planos para equilibrar a balança, porque reconhecemos o que os pequenos negócios fazem pela comunidade.

CMC: Tendo Davenport uma comunidade portuguesa muito forte no Canadá, vai haver uma aposta maior da candidata do NDP na língua portuguesa dentro do bairro?

AB: Eu falo português por interesse em comunicar-me com a comunidade portuguesa. Estudei na universidade. É importante conhecer a realidade, expressar as necessidades.

Se ganhar, vou priorizar uma relação mais profunda com a comunidade portuguesa que ajudou muito a economia para que as pessoas mais vulneráveis tivessem apoio. Eu espero melhorar ainda mais o meu português. As famílias portuguesas com quem falo têm preocupações no que toca à economia. Perguntam-me como vamos pagar os custos da pandemia. Têm inquietude por desigualdade social, vêm os ricos cada vez mais ricos. O nosso projeto é que as corporações mais ricas contribuam de maneira justa. Os jovens precisam de oportunidades de emprego, de moradia. Muitas pessoas portuguesas têm pensões, numa altura em que o valor das coisas aumenta. A comunidade e a saúde são fundamentais. O projeto de proteger o que temos como comunidade é um projeto de constante diálogo, de constante relação. Queremos um futuro melhor para todos. Evidentemente que teremos um parlamento minoritário, mas nós queremos ser uma voz importante do povo.

“O projeto da saúde universal ainda não foi terminado. Precisamos que os medicamentos façam parte do sistema de saúde. Os serviços dentais básicos. Todos os dias falo com trabalhadores do setor que precisam de tratamento dental e que não têm”

Alejandra Bravo Candidata do NDP em Davenport

CMC: Qual é a mensagem final que quer deixar à comunidade luso-canadiana?

AB: Espero que considerem que como pessoa de luta desta comunidade, serei uma defensora dos direitos da comunidade. No momento de crise e desigualdade vou lutar pela igualdade e pelos seus interesses. Votem no NDP, votem por Davenport. l

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