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Visconde Juromenha
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Fim de 40 anos de escola provisória Concelho, 6
Eleições Renhidas
Extensão de Negrais
Homicídio em Queluz
Política. Sondagens dão ligeira vantagem a Basílio Horta, mas Marco Almeida e Pedro Pinto estão próximos.
Saúde. O equipamento de saúde da freguesia de Almargem do Bispo vai permanecer em funcionamento às terças-feiras. Concelho, 5
Crime. Julgamento do suspeito do triplo homicídio num elevador arranca este mês. Queluz, 14
Concelho, 4
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2 Correio de Sintra
17 de setembro de 2013
A abrir
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unca a expressão “Só neste país” fez tanto sentido num artigo. Só neste país é que a 24 dias de eleições se decide se os candidatos podem, ou não, concorrer a um determinado órgão autárquico. Só neste país é que as leis são produzidas e aprovadas de uma forma, e mais tarde publicadas de outra, onde o “da Câmara” e o “de Câmara” têm o poder de suscitar dúvidas e incertezas a um processo eleitoral que deveria ser digno e respeitado por todos. Portanto, esta lei de limitação de mandatos, que na altura significava uma nova forma de se encarar a política – representava o afastamento dos denominados “dinossauros” que governavam câmaras municipais e juntas de freguesia há muitos anos – na prática não passou de mais do que um atirar areia para os olhos dos portugueses, que pôs em pé de desigualdade várias candidaturas em todo o país. E a culpa é exclusiva dos partidos, que tiveram oportunidade de aclarar a lei, mas não o quiseram fazer. Porque não dava jeito. Ao PSD, CDS, e PCP não dava jeito porque tinham intenções de candidatar vários dos “dinossauros” políticos. Ao PS também não era indiferente a possibilidade de fazer política com esta indefinição, apresentando-se como o partido predisposto à renovação dos autarcas, mas que nada fez para aclarar a situação. Menos mal, os socialistas acabaram por impedir que os seus dinossauros se candidatassem. Mais um triste espetáculo desta democracia portuguesa. O Tribunal Constitucional entendeu que a lei limita
apenas os mandatos no mesmo território onde os autarcas cumpriram três mandatos consecutivos. Na prática, os dinossauros só mudam de Parque Jurássico, numa viagem que pode ser de um mandato sabático noutro lado, para mais tarde voltarem às câmaras e freguesias onde anteriormente desempenhavam funções. O Constitucional acabou por esvaziar a eficácia da lei, o objetivo pelo qual ela tinha sido criada. E os dinossauros ficam, para já, a salvo. Só mesmo neste país é que, com milhares de professores no desemprego, alguns estabelecimentos de ensino não deram inicio ao periodo de aulas porque o Ministério da Educação ainda não colocou os docentes necessários. De acordo com a Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas, estavam por preencher, a 16 de setembro, 1991 horários, o que representa um défice de mil professores. É triste e é lamentável que Portugal em pleno século XXI, naquilo que deveria ser os tempos de educação, de aprendizagem, de esclarecimento como nunca houve, desinvista desta forma nesta área. Um país sem educação, é um pais mais pobre, com menos futuro, com menor desenvolvimento económico. Só mesmo neste país…
JOAQUIM JOSÉ REIS
Salta à vista...
U
m aparatoso acidente na Praia das Maçãs a 5 de setembro vitimou um homem da terra. De acordo com o blogue ‘noticias de Colares’, um veiculo que circulava em direção às Azenhas do Mar, ao deparar-se com outro veiculo que saia do estacionamento, tentou passar pela direita, mas acabou por embater na viatura. De seguida, o automobilista perdeu o controlo do carro e embateu num veiculo motorizado que estava estacionado junto ao local, onde se encontrava o seu condutor, que acabou por ser cuspido do motociclo e teve morte imediata. Sintra em ruínas
Só neste país…
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editorial
http://www.sintraemruinas.blogspot.com/
LOCALIZAÇÃO Algueirão-Mem Martins NOTAS Vivenda abandonada na Rua das Mercês. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Reabilitação das fachadas e da cobertura da moradia. Limpeza e conservação do logradouro.
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4 Correio de Sintra
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Autarquicas Concelho
Eleições em Sintra estão renhidas
POLÍTICA As quatro sondagens conhecidas até ao momento demonstram que estas serão umas eleições renhidas, colocando Basílio Horta (PS), Marco Almeida (vice-presidente da câmara e candidato independente) e Pedro Pinto (PSD/ CDS-PP) muito próximos. No entanto, de acordo com a maior parte das sondagens, o socialista parte em vantagem.
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e as eleições autárquicas que se realizam a 29 de setembro fossem hoje, quando ainda faltam duas semanas, o candidato do Partido Socialista seria o vencedor, pondo fim a doze anos de governação de PSD e CDS-PP. Na última sondagem realizada para a SIC/Expresso, o socialista Basílio Horta surge à frente nas intenções de voto, com 25%, seguido do candidato do movimento Sintrenses com Marco Almeida (24,2%) e do social-democrata Pedro Pinto (21%). Pedro Ventura, da CDU (12,4%), Luís Fazenda, do BE (6,2%), Nuno da Câmara Pub
Pereira, do PND (3,8%), o independente Barbosa de Oliveira (1,4%), Nuno Azevedo, do PAN (1%), António Laires, PCTP/MRPP (0,6%), José Lucena Pinto, do PNR (0,4%), são os restantes candidatos. A sondagem aponta que PS e Marco Almeida podem atingir entre 3 e 4 vereadores, a coligação PSD/CDS-PP 2 a 3 vereadores, a CDU 1 a 2, e o BE também poderá atingir 1. Esta sondagem foi realizada pela Eurosondagem para o Expresso e SIC, nos dias 1 e 2 de setembro de 2013. O erro máximo da amostra é de 3,96%, para um grau de probabilidade de 95%. Numa sondagem realizada entre 21 e 29 de agosto, pela Pitagórica - Investigação e Estudos de Mercado SA, para a Coligação Sintra Pode Mais (PSD, CDS-PP e MPT), e publicada a 10 de setembro no Correio da Manhã, Basílio Horta liderava também as intenções de voto. Em relação à sondagem mais recente, há uma inversão de posições entre Pedro Pinto e Marco Almeida, mas também entre o candidato do
Bloco e o da CDU. Os resultados são os seguintes: Basílio Horta (26,3%), Pedro Pinto (23,5%), Marco Almeida (23,3%), Luís Fazenda (7,5%), Pedro Ventura (6,8%). Barbosa de Oliveira não atinge os 1% de intenções, assim como António Laires, Nuno da Câmara Pereira, Nuno Azevedo e José Lucena Pinto. De acordo com esta sondagem, o número de indecisos é ainda de 27,4%. A 18 de julho, o Jornal de Notícias publicou uma sondagem realizada pela Eurosondagem a 14 e 15 de julho, que colocava o atual vice-presidente da Câmara, Marco Almeida, na frente das intenções de votos, com mais 0,9% que o socialista Basílio Horta (26%). Pedro Pinto surgia em terceiro lugar (19,2%), seguido de Pedro Ventura (10,6%) e de Luís Fazenda (7,4%). Nuno da Câmara Pereira (3,4%), Nuno Azevedo (1,7%), e Barbosa de Oliveira (1,6) completavam as intenções de votos, cuja sondagem tem um erro máximo da amostra de 3,42%.
A primeira sondagem a ser efetuada pertenceu à Aximage, com entrevistas telefónicas realizadas entre 29 de junho e 4 de julho, que colocava também Basílio Horta à frente das intenções de voto, com 28,4%. O independente Marco Almeida vinha em segundo, com 21,9%, seguido de Pedro Pinto, com 14,8%. Pedro Ventura (8,6%), Luís Fazenda (7,8%), Nuno da Câmara Pereira (6,7%) e o independente Barbosa de Oliveira (0,4%) compunham o rol de candidatos conhecidos naquela altura do ano. O número de incedisos era de 6,7%, enquanto que a margem de erro era de 4,3%. De referir que algumas das sondagens ainda constavam intenções de voto em João Massena, candidato do Partido Trabalhista Português, que viu a sua candidatura chumbada inicialmente pelo Tribunal de Sintra e mais tarde pelo Tribunal Constitucional por ter entregue documentação fora de prazo. Joaquim José Reis
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SAÚDE A extensão de saúde de
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Extensão de saúde de Negrais não vai encerrar Negrais, em Almargem do Bispo, não vai encerrar, anunciou a Administração Regional de Saúde e Vale do Tejo (ARSLVT) a 10 de setembro, depois sete dezenas de pessoas terem protestado em frente àquele equipamento por temerem o seu encerramento.
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protesto ocorreu numa terça-feira (o único dia da semana em que a extensão de saúde está aberta para consultas) depois de, uma semana antes, os utentes se terem deparado com um papel na porta que dava conta do seu encerramento no mês de setembro. No dia do protesto, Manuela Cassona, da Comissão de Utentes da Extensão de Saúde de Negrais, disse ao Correio de Sintra que “a população está revoltada” com a possibilidade de encerramento da unidade de saúde. “Chegámos aqui e deparámo-nos com um papel na porta a referir que está encerrada. Somos obrigados a ir ao centro de saúde de Almargem do Bispo, que funciona num primeiro andar, sem elevador, o que dificulta o acesso aos idosos”, disse. Esta utente adiantou que a maior parte dos moradores desta localidade são idosos que não possuem viatura
Cerca de 70 pessoas protestaram em frente à unidade de saúde de Negrais.
própria e que, face à escassez de transportes públicos, serão obrigados a deslocar-se de táxi, o que representa um aumento de gastos com a saúde. Estêvão Marcelino, antigo imigrante na Alemanha, lamentou que “no século XXI ainda se obriguem as pessoas a utilizar um centro de saúde onde, se estiverem de cadeiras de rodas, não conseguem entrar”. “Estamos revoltados com isto tudo. A médica só vinha cá uma vez por semana e agora deixou de vir. Somos obrigados a ir ao centro de saúde mais próximo e alguns de nós não conseguem aceder ao piso porque não há
elevador”, disse o morador da localidade, taxista de profissão. Dezenas de pessoas protestavam em frente à extensão de saúde, empunhando cartazes com as inscrições “Negrais quer a extensão” e “Temos direito à saúde”. Presente na iniciativa, Pedro Ventura, vereador da Câmara de Sintra, disse aos jornalistas que o encerramento deste equipamento que foi construído pela população iria contribuir para a desertificação e isolamento destas áreas rurais. “Com a reformulação do parque escolar, que levou ao encerramento
de várias escolas da freguesia, com o encerramento desta extensão de saúde e com a situação de encerramento das empresas e aumento do desemprego, a tendência é para a desertificação destas áreas rurais”, afirmou o autarca. Horas após o protesto, a Administração Regional de Saúde e Vale do Tejo informou que o Agrupamento de Centros de Saúde de Sintra (ACES) pretende mobilizar médicos de outras unidades de forma a colocar um deles na extensão de Negrais e que nenhum dos equipamentos de saúde da freguesia irá encerrar. A ARSLVT justifica o encerramento durante o mês de setembro pela falta de médicos, adiantando que está a procurar soluções para que o mesmo não volte a acontecer. Segundo a ARSLVT, a extensão de Negrais está integrada num grupo de quatro polos de saúde (juntamente com Almargem do Bispo, Sabugo e D. Maria) e “tem apenas consultas às terças-feiras, asseguradas por um médico em prestação de serviços com oito horas para um total de 1.060 utentes”. “A gestão de recursos humanos destas unidades é diária. A falta de um dos profissionais implica frequentemente afetar profissionais de outras unidades deste ACES a estes pólos”, refere a administrativo de saúde.. JJR PUB
6 Correio de Sintra
Conselho
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EDUCAÇÃO. A nova Escola Básica 2,3 Visconde de Juromenha, na Tapada das Mercês recebe os alunos a 24 de setembro e põe fim a quase 40 anos de instalações provisórias no mesmo local. As antigas instalações estavam bastante degradadas e sem condições para os cerca de mil alunos que ali estudam.
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Nova Visconde de Juromenha
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DR
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13 de setembro, o município de Sintra inaugurou a primeira fase da obra que custará 6 milhões de euros. Esta iniciativa foi marcada pela última iniciativa pública efetuada por Fernando Seara enquanto presidente da Câmara. “Esta obra é vossa, não é minha, é do executivo de Sintra, de todas as forças políticas e também da Junta de Algueirão-Mem Martins. Fico contente e sensibilizado por termos conseguido. Fiz questão que fosse hoje a inauguração, porque a partir da próxima semana é a campanha eleitoral e cada um estará envolvido nos diferentes processos eleitorais”, disse o social-democrata no final da cerimónia de inauguração. Para a diretora do Agrupamento de Escolas Visconde de Juromenha, Maria Teresa Andrade, esta obra representa “um sonho de muitos anos”, que foi “uma grande espera para esta comunidade educativa” mas que agora se concretiza. De acordo com a diretora, o estabelecimento escolar fará “a receção de encarregados de educação a 23 de setembro, para iniciar o ano letivo com horário normal a dia 24”. Com a primeira fase da obra já terminada, falta concluir a requalificação do pavilhão desportivos e dos campos (um coberto e outro descoberto), bem como do centro de recursos onde vai funcionar a biblioteca escolar, que apenas estará concluída no final do ano letivo. Como ainda não há pavi-
Esta foi a última iniciativa pública de Fernando Seara enquanto presidente da Câmara.
lhão, as aulas de educação física vão decorrer num espaço provisório até dezembro. No total, a obra custará cerca de
6,3 milhões de euros, valor que a Câmara Municipal adiantou e que espera recuperar mais tarde ao Ministério da Educação, conforme
o protocolo estabelecido, disse o vereador do pelouro das Obras Municipais, Luís Duque. “A câmara substituiu o poder central e avançou com a obra porque tinha de ser feita. Esta primeira fase tem a parte mais importante como as salas de aulas e o refeitório, num investimento de cerca de 4,5 milhões”, disse o vereador durante a inauguração, adiantando que a cobrança dos valores da obra será “um problema” do futuro executivo municipal. Com um custo total de 6 milhões de euros, este projeto abrangeu uma área de vinte mil metros quadrados e visou a construção de um novo edifício escolar instalado no terreno da Escola EB/2,3 de modo a constituir um centro escolar integrado. Para tal, foi demolida grande parte dos edifícios existentes em pré-fabricação pesada, sendo mantidos o edifício do Centro de Recursos e o ginásio, que serão requalificados. O novo edifício foi implantado na mesma área dos anteriores e tem dois pisos em forma de “L” com 2.860 metros quadrados, integrando 26 salas, laboratórios, salas T.I.C., música e educação visual e está ligado ao edifício do refeitório por uma passagem elevada. A entrada principal no extremo do edifício tem acesso direto às áreas administrativas e de administração da escola. Em ligação com esta entrada, foi criada uma passagem coberta que encaminha os alunos para outra entrada mais central, para que possam aceder rapidamente às salas de aulas. O edifício do refeitório com aproximadamente 1.340 metros quadrados fica estrategicamente instalado de forma a poder servir a escola do 2º e 3º ciclos. É composto por bar, cozinha central e tem duas linhas de self-service. O acesso ao refeitório é feito por ponte, a partir do piso superior do edifício principal. JJR
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Guardas da Carregueira em greve Os guardas prisionais da Prisão da Carregueira vão avançar até dezembro com dois períodos de greve em protesto contra as alterações de turnos impostas pela direção do Estabelecimento Prisional. SOCIEDADE
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e acordo com o presidente do Sindicato Independente do Corpo da Guarda Prisional (SICGP), Júlio Rebelo, os guardas prisionais foram confrontados com “alterações aos tempos de trabalho” que passam por “obrigar” o efetivo a fazer horários mais prolongados, chegando, nalguns casos, a trabalhar 18 horas seguidas. “No total, um guarda prisional recebe 170 horas mensais, mas um elemento do corpo de guardas chega a trabalhar 240 horas por mês. Já não recebemos essas horas e agora querem aumentar o horário de trabalho, o que poderá fazer com que um guarda trabalhe 18 horas seguidas”, disse o sindicalista. Assim, de acordo com Júlio Rebelo os guardas prisionais vão avançar com dois períodos de greve de vinte
Dois periodos de greve anunciados para o periodo entre 10 de outubro e 31 de dezembro.
dias cada, entre 10 de outubro e 31 de dezembro. O dirigente sindical referiu ainda que os guardas contestam ainda outras questões como “a falta de condições de segurança no trabalho, a falta de uma messe ou o facto de estarem impedidos de con-
tactar via telemóvel com o exterior quando se encontram ao serviço na zona prisional”. Júlio Rebelo contestou ainda o facto de “os guardas não terem uma zona para estacionar as suas viaturas”, adiantando que vários veículos já foram alvo de furtos por
se encontrarem no exterior do estabelecimento prisional. Ainda fora do período de greve, a 14 de setembro, cerca de 50 guardas acamparam em frente ao Estabelecimento Prisional da Carregueira, numa vigília em protesto pelas questões atrás indicadas. Neste estabelecimento encontram-se detidos o ex-autarca de Oeiras, Isaltino Morais, o ex-presidente do Benfica, Vale e Azevedo, e os quatro arguidos do processo Casa Pia: o apresentador Carlos Cruz, o ex-embaixador Jorge Ritto, o médico Ferreira Diniz, e os ex funcionários da instituição, Manuel Abrantes e Carlos Silvíno. À semelhança da anterior greve dos guardas prisionais, que terminou a 11 de agosto, os reclusos do estabelecimento podem-se ver impedidos da realização de telefonemas ou do acesso a bens como tabaco ou às máquinas de comida e bebida. Esta greve provocou um mal-estar entre os reclusos e impediu o acesso de advogados aos seus clientes, como foi o caso de Isaltino Morais que ainda tinha recursos judiciais a correr nos tribunais. Joaquim José Reis PUB
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Agualva - Cacém SOCIEDADE. A assembleia de freguesia de Agualva aprovou uma moção “Pela democracia e pela liberdade e contra o saudosismo fascista”, que se traduz num protesto contra a tentativa de atribuição do nome Marcelo Caetano a uma rua no Alto de Colaride.
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Agualva contra Rua Marcelo Caetano
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proposta de atribuição do nome chegou à Câmara em agosto, mas Fernando Seara acabaria por retirar a proposta, impedindo a votação do executivo. A moção submetida pela CDU na sessão de 13 de setembro foi aprovada com os votos da coligação de esquerda, do PS, do Bloco de Esquerda e do vogal independente Luís Roberto. Durante a sessão, o vogal da CDU, Rui Ramos, afirmou que “recentemente o executivo da Câmara de Sintra foi confrontado com a proposta do Executivo da Junta de Freguesia para a atribuição de uma rua em Colaride com o nome do fascista Marcelo Caetano”. “Esta proposta não surgiu do nada. Na verdade, ela constitui uma velha pretensão do PSD de Agualva”, referiu Rui Ramos, sublinhando, de seguida que já quando a freguesia foi constituída, o presidente da junta submeteu a aprovação do executivo da Junta a proposta para atribuir o nome de Marcelo Caetano àquela Rua. No entanto, a câmara de Sintra acabou por impedir que esse nome figurasse na toponímia do município, referiu. O vogal da CDU adiantou que no anterior mandato de Rui Castelhano (PSD/ CDS-PP), o executivo da junta voltou a submeter uma proposta idêntica, que acabou por ser chumbada em assembleia de freguesia. “Tal persistência em levar por diante tal proposta só me permite concluir que temos um executivo da Junta saudoso dos tempos em que reinava a opressão, o atraso do país, a censura, o analfabetismo, a miséria, a tortura a quem tinha coragem de dizer não, a subjugação dos povos das colónias e a guerra colonial”, disse.
Apesar de o nome não ser oficial, os moradores reconhecem-na como rua Marcelo Caetano.
Assembleia de Freguesia de Agualva aprovou moção pela democracia e pela liberdade.
Rui Ramos acrescentou considerar uma “afronta vergonhosa que este executivo tenha defendido e enviado para o executivo da Câmara de Sintra a dita proposta. Uma proposta que ofende todos aqueles que lutaram contra a miserável ditadura fascista de Salazar e Marcelo Caetano”.
No período destinado ao PS, o vogal João Castanho afirmou que já em 2009 se tinha votado contra uma proposta do executivo que visava a atribuição do nome àquela rua, adiantando desconhecer se, desta vez, ocorreu qualquer votação do executivo sobre esta matéria. “Não vi nas atas se houve uma pro-
posta [votada pelo executivo da junta] para atribuição do nome Marcelo Caetano. Em 2009, aprovámos aqui uma moção contra esta placa”, disse. Já o independente Luís Roberto votou favoravelmente a moção da CDU “por uma questão de coerência”. “Sou coerente e há doze anos votei na Junta contra uma rua com o nome Marcelo Caetano”, afirmou. Para o bloquista Teodósio Alcobia, que afirmou não ter encontrado uma decisão sobre esta matéria por parte da junta, importa “saber se esta foi uma proposta enviada pelo executivo à Câmara e se houve deliberação”. “Trata-se de propaganda fascista e isto é crime”, adiantou. Naquela que foi a última reunião de assembleia municipal da junta presidida por Rui Castelhano, o vogal da coligação PSD/CDS-PP, Pedro Castanheira, disse que “não houve qualquer deliberação ou envio” à câmara de uma proposta por parte do executivo da junta”. “Desde 2009 que não há nada de novo sobre este assunto. A moção não traz nada de novo porque isto já tinha sido debatido”, disse. Na moção aprovada, a CDU recomenda à junta de freguesia para que desenvolva todos os esforços necessários para que seja atribuido pelos serviços de toponímia da Câmara de Sintra o nome do compositor e musicólogo português, Fernando Lopes Graça, à rua em que se “pretendia afixar o nome de um ditador”. A moção pede ainda à Câmara para que reponha a legalidade ao retirar as placas com o nome de Marcelo Caetano que foram intaladas nesta rua, referindo que “é da exclusiva responsabilidade das autoridades municipais a definição e a aplicação de placas toponímicas”. Para o também deputado e vice-presidente do PSD, caso o Governo não chegasse a acordo com as empresas, a solução deveria passar por encontrar transportadoras que fizessem o mesmo serviço. Redação Pub
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Opinião
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SOCIEDADE. Um incêndio deflagrou a 9 de setembro no perímetro das instalações do Regimento de Comandos do Exército, na Serra da Carregueira, em Belas, e obrigou à mobilização de 164 bombeiros, apoiados por 47 viaturas e um helicóptero.
DR
Queluz - Belas Incêndio no Regimento de Comandos
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s chamas apenas consumiram mato mas, de acordo com o presidente da Câmara de Sintra, Fernando Seara, responsável máximo da Proteção Civil Municipal, a principal preocupação dos bombeiros passava por impedir o acesso do fogo a um paiol de armas e munições, que se encontrava a cerca de 250 metros do local. Segundo o autarca, as instalações nunca chegaram a estar em risco devido à pronta intervenção dos bombeiros. O incêndio começou às 12:05 e chegou a ter três frentes activa. Meia hora depois foi acionado um helicóptero bombardeiro que só chegou ao local perto das 14:00, quando o incêndio já tinha sido dominado. No entanto, o helicóptero ainda efetuou várias descargas. JJR
Incêndio consumiu mato dentro do perimetro militar, próximo de um paiol de armas.
CRIME. O julgamento do suspeito que confessou a autoria de um triplo homicídio num elevador em Queluz, em 2012, acusado pelo Ministério Público de três crimes de homicídio qualificado e um crime de incêndio, tem inicio a 19 de setembro no Tribunal de Sintra.
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detido, de 58 anos, entregou-se às autoridades a 13 de agosto, momentos após ter incendiado com álcool um elevador onde estavam duas mulheres e um homem. Nesse dia, confessou à polícia que “apenas pretendia provocar um susto às vítimas” e encontraPub
-se em prisão preventiva desde 30 de agosto de 2012. O crime, que provocou a morte ao homem e às duas mulheres, mãe e filha, de 70 e 34 anos, ocorreu no elevador de um prédio na Rua de Timor, em Queluz, e a terceira vítima mortal foi um segurança de 24 anos, contratado por uma das mulheres, que alegadamente já tinha sido ameaçada de morte pelo suspeito. Os motivos estarão relacionados com “problemas de negócios” de duas clínicas onde o homem seria sócio da vítima mais velha. O suspeito sofreu queimaduras na cara, nos dedos das mãos e nos joelhos. Inicialmente foi assistido no
Hospital Amadora-Sintra, mas por não dispor de unidade de queimados, aquela unidade hospitalar ordenou a transferência para o Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa. Posteriormente foi transferido para a unidade de queimados do Hospital de São José, onde esteve internado durante algumas semanas e onde foi submetido a várias intervenções cirúrgicas. A 13 de agosto de 2012, fonte da PSP disse ao Correio de Sintra que uma das vítimas do triplo homicídio já tinha sido ameaçada de morte pelo suspeito do crime, sendo esse o motivo por que andava há cerca de um ano com um segurança privado. JJR
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Arranca julgamento de triplo homicida de Queluz
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Tribuna
Olhar a cultura em Sintra Num Estado em subsistência, onde nas opções estratégicas com vista a uma aposta na inovação e criatividade, umas das medidas tomadas passou pela supressão do Ministério da Cultura… Se este é o indicador macro a nível micro muito há por fazer. Em Sintra apesar do temido epíteto suburbano existem muitos indivíduos e colectivos que acreditam que é através da cultura e das artes que poderão fazer o seu contributivo de forma decisiva. Este é um concelho de grandes contrastes, onde a malha urbana e a ruralidade se encontram no dia a dia. Em 2006, Augusto Mateus levou a cabo um estudo do impacto económico do sector cultural no PIB, que levou à conclusão que o mesmo tinha um impacto na ordem dos 3%, ultrapassando o peso do sector têxtil. ‘Economês’ à parte, é certo que o trabalho continuado dos vários agentes tem um papel decisivo na economia local. Senão vejamos, os recursos humanos contratados, as matérias primas utilizadas, os serviços solicitados a empresas locais, nas alturas de apresentações, o impacto na restauração e demais serviços, será fácil perceber que a cultura em Sintra tem um peso na economia local. Após um período de alguma agitação, e forte aparecimento de inúmeros colectivos, nos últimos dez anos houve um abrandar no aparecimento de novos colectivos. Durante muito tempo, apesar da proclamada importância das sinergias, pouco se fez nesse campo. A importância de aproveitar os agentes locais para em conjunto com a sociedade civil, as instituições e a edilidade aproveitando o conhecimento profundo da zona e, um interesse comum
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no vivenciar da sua comunidade, foi-se perdendo. Aos agentes culturais e à edilidade, tem de se juntar a população pois sem que esta se mostre interessada, sem que ocorra às iniciativas, a base infra-estrutural para um crescimento consolidado do peso do sector cultural no concelho não se dará. O trabalho associativo em Sintra tem vindo a trazer à luz a importância da educação cívica e da educação não formal, e a relevar o papel da Cultura como uma parte integrante e complementar da educação do individuo, que nos poderá levar a cidadãos mais activos e conscientes, e dotados de uma maior sensibilidade, de capacidade reflexiva e de auto critica que poderão contribuir de forma a uma sociedade mais próspera, mais igualitária, mais desenvolvida. Temos no Centro Cultural Olga de Cadaval um exemplo, apesar da sua capacidade de produção ao não ter como um dos eixos centrais a articulação com os agentes locais, poderia desaparecer de um dia para outro sem que tivesse criado raízes que perdurarão para
além de si. Ou seja, a ligação à comunidade faz-se através da criação de públicos mas não só, é preciso que exista uma politica de programação que tenha um foco. Nestes tempos perigosos, onde a crise se tornou também ela – para além da sua realidade - uma fachada para muitas acções imponderáveis corre-se o risco de muitos dos que durante décadas aqui desenvolveram o seu trabalho - acreditando que em Sintra poderiam ser criadores e que nesse fito desenvolviam uma relação de ganhos iguais para si e para a comunidade, possam estar na eminência de desaparecer. É certo que o mesmo sucede em outras áreas, que não tem suportado a austeridade imposta, mas no caso das artes nunca se trabalhou sem ser em crise. Apesar de algum pessimismo, talvez inspirado pelos tempos, a verdade é que os agentes culturais Sintrenses sempre souberam ultrapassar as limitações e tem de forma notável encontrado novas vias para chegarem ao público. Neste caminho muitas coisas boas têm acontecido, como a utilização dos magníficos espaços patrimoniais do concelho, mas é preciso ter cuidado com alguns facilitismos programáticos, o público é atento e o ultimo juiz. A educação pelas artes tem um papel decisivo, acho que por esta altura já é notório que um ensino assente na capacidade de repetição não é o caminho. Como diria António Sérgio: “Homem culto (…) significará um indivíduo de juízo crítico, afinado, objectivo, universalista, liberto das limitações de nacionalidade e de classe (…) Dias Martin - Ator/Realizador Teatro Tapafuros
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