MÉTODO PAULO FREIRE Texto
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Luis Felipe Costa
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O que é, como surgiu e quais ideias sustentam o polêmico método desenvolvido pelo brasileiro mais homenageado da história
O
educador e filósofo pernambucano Paulo Reglus Neves Freire (1921 - 1997) é considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo recebido pelo menos 35 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades da Europa e América, além de diversos galardões, como o prêmio da UNESCO de Educação para a Paz, em 1986. Freire é mais conhecido por seu ataque sobre o que chamou de conceito bancário da educação, caracterizado como tecnicista e alienante, em que o aluno é visto como uma conta vazia a ser preenchida pelo professor. Ele observou que transformar os alunos em objetos receptores é uma tentativa de controlar o pensamento e a ação, levando homens e mulheres a ajustarem-se ao mundo e a inibir o seu poder criativo. A prática didática de Freire fundamentava-se na
crença de que o educando assimilaria o objeto de estudo dialogando com a realidade, criando sua própria educação e fazendo o seu próprio caminho, ao invés de seguir algum caminho previamente construído. Ele defendia que, quando o educando se liberta de chavões alienantes, se torna capaz de seguir e criar o rumo do seu aprendizado. Autor de Pedagogia do Oprimido, livro que propõe esse método de alfabetização dialético, se diferenciou do “vanguardismo” dos intelectuais de esquerda tradicionais e sempre defendeu o diálogo com as pessoas simples, não só como método, mas como um modo de ser realmente democrático. Trata-se da terceira obra mais citada em trabalhos acadêmicos da área de humanas em todo o mundo, à frente de clássicos como Vigiar e Punir, de Michel Foucault, e O Capital, de Karl Marx. O trabalho de Freire estabeleceu as bases para o que hoje é chamado Pedagogia Crítica, filosofia educacional descrita por Henry Giroux como um “movimento educacional, guiado por paixão e princípio, para ajudar estudantes a desenvolverem consciência de liberdade, reconhecer tendências autoritárias, e conectar o conhecimento ao poder e à habilidade de tomar atitudes construtivas". Em 13 de abril de 2012 foi sancionada a Lei no 12.612, que declara Paulo Freire Patro no da Educação Brasileira. Método Paulo Freire | 03
Freire propõe a aplicação de seu método nas cinco fases seguintes:
1a fase
2a fase
Levantamento do universo vocabular do grupo. Nessa fase, ocorrem as interações de aproximação e conhecimento mútuo, bem como a anotação das palavras da linguagem dos membros do grupo, respeitando seu linguajar típico.
Escolha das palavras selecionadas, seguindo os critérios de riqueza fonética, dif iculdades fonéticas (numa sequência gradativa das mais simples para as mais complexas), do comprometimento pragmático da palavra na realidade social, cultural, política do grupo e/ou sua comunidade.
car ti lha Livro didático dedicado à alfabetização de crianças. Paulo Freire criticava o sistema tradicional de alfabetização, que utilizava a cartilha como ferramenta central da didática para o ensino da leitura e da escrita. As cartilhas ensinavam pelo método da repetição de palavras soltas ou de frases criadas de forma forçosa, como Eva viu a uva, o boi baba e a ave voa.
O Método Paulo Freire consiste numa proposta para a alfabetização de adultos, desenvolvida enquanto Freire era diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife, em 1961. As primeiras experiências de alfabetização popular que levariam à constituição do Método ocorreram na cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte, e foram responsáveis pela alfabetização de um grupo de 300 cortadores de cana em 45 dias. Esse processo aconte04 | Método Paulo Freire
ceu em apenas 40 horas de aula e não utilizou a tradicional cartilha. O processo proposto por Freire inicia-se pelo levantamento do universo vocabular dos alunos. Através de conversas informais, o educador observa os vocábulos mais usados por eles e pelas suas comunidades e, assim, seleciona as palavras que servirão de base para as lições (palavras geradoras). A quantidade de palavras geradoras pode variar entre 18 a 23 palavras, aproximadamente. Depois de composto
ti-jo-lo
o universo das palavras geradoras, elas são apresentadas em cartazes com imagens. Então, nos círculos de cultura, inicia-se uma discussão para dar-lhes significado dentro da realidade daquela turma. Uma vez identificadas, cada palavra geradora passa a ser estudada através da divisão silábica (silabação), semelhantemente ao método tradicional. Cada sílaba se desdobra em sua respectiva família silábica, com a mudança da vogal. Por exemplo: BA-BE-BI-BO-BU. O passo
3a fase
4a fase
Criação de situações existenciais características do grupo. Trata-se de situações inseridas na realidade local, que devem ser discutidas com o intuito de abrir perspectivas para a análise crítica consciente de problemas locais, regionais e nacionais.
Criação das f ichas - roteiro: nelas havia indicações de possíveis subtemas ligados às palavras geradoras e sugestões de encaminhamentos para análise dos temas selecionados, que funcionariam apenas como sugestões de roteiro para os debates. Esses roteiros eram de grande valia, principalmente no início do trabalho, quando o alfabetizador era também iniciante.
5a fase Criação de f ichas de palavras para a decomposição das famílias fonéticas correspondentes às palavras geradoras.
ta . te . ti . to . tu
seguinte é a formação de palavras novas, usando as famílias silábicas agora conhecidas. Um ponto fundamental do método é a discussão sobre os diversos temas surgidos a partir das palavras geradoras, uma vez que, para Freire, alfabetizar não pode se restringir aos processos de codificação e decodificação. Dessa forma, o objetivo da alfabetização de adultos é promover a conscientização acerca dos problemas cotidianos, a compreensão do mundo e o conhecimento da realida-
ja . je . ji . jo . ju
de social - o professor desafia e inspira o aluno a superar a visão mágica e acrítica do mundo, e adotar uma postura conscientizada. Em resposta aos eficazes resultados de Angicos, o presidente do Brasil na época, João Goulart (que se empenhava na realização das reformas de base), chamou Paulo Freire para organizar o Plano Nacional de Alfabetização. Este plano, iniciado em janeiro de 1964, previa a formação de educadores em massa e tinha como objetivo alfabetizar 2 milhões de pessoas em
la . le . li . lo . lu
20000 círculos de cultura – contando com a participação da comunidade, teve, só no estado da Guanabara, 6000 inscritos. Mas, com o Golpe de Estado no Brasil em abril de 1964, esse projeto foi abortado. Freire foi encarcerado como traidor por 70 dias e depois seguiu para o exílio, primeiramente na Bolívia, e em seguida, no Chile. No lugar do projeto inicial, surgiu o Movimento Brasileiro de Alfabetização, igualmente uma iniciativa para a alfabetização, porém distinta do método freiriano. Método Paulo Freire | 05
A criação do MOBRAL durante o Regime Militar, ocorrido em substituição ao método de alfabetização de adultos preconizado por Paulo Freire, tinha como principal objetivo promover a alfabetização funcional e educação continuada para os analfabetos de 15 anos ou mais, através de cursos especiais que tinham a duração prevista de nove meses. Formalmente criado em 1968, só foi efetivamente implementado a partir de 1971. Embora divergisse ideologicamente do método de Freire, foi
fortemente influenciado por ele, utilizando, por exemplo, o conceito de “palavra geradora”, e ainda, o aproveitamento das experiências significativas dos alunos. A diferença é que o Método freiriano utilizava palavras tiradas do cotidiano dos educandos, enquanto, no MOBRAL as palavras eram definidas por uma equipe técnica (de acordo com as normas padrões da língua culta), a partir do estudo das necessidades humanas básicas. Assim, havia uma uniformização do material utilizado em todo o território nacional, não
traduzindo a linguagem e as necessidades do povo de cada região - principal característica da metodologia de Freire. Durante mais de uma década, jovens e adultos frequentaram as aulas do MOBRAL, porém, a recessão econômica iniciada nos anos 80 inviabilizou a continuidade do programa. Na cultura popular, o nome do projeto adquiriu conotação negativa, tornando-se um adjetivo, sinônimo de indivíduo com pouca instrução formal, “semianalfabeto” ou “analfabeto funcional”.
Quer saber mais sobre a criação desse projeto e conhecer as fontes que foram utilizadas durante a produção? Acesse esse link!
www.encurtador.com.br/ghxCO
06 | Método Paulo Freire