Revista CREA Bahia Edição 43

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cr a Revista do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia

B A H I A

Nยบ 43 > abr.mai.jun > 2013

Em Sintonia com o social Presente na vida do Estado, Crea fortalece seus laรงos com os baianos por meio de diversos projetos


anĂşncio


fotos joão alvarez

sumário

Capa

As ações sociais do Crea-BA complementam a missão técnica da instituição Página 26

37 Entrevista

40 Helicoverpa

Armigera devasta

Adenilson Nunes /AGECOM

plantações e mobiliza órgãos oficiais e produtores

O secretário municipal de Urbanismo e Transporte, José Carlos Aleluia, e os desafios da mobilidade urbana

8 Finanças Especialistas dão dicas

para controlar o orçamento e conseguir sair do vermelho

16 Fiol Eventos estimulam a

retomada das obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste

32 CEP Congresso Estadual de

Profissionais reúne cerca de duas mil pessoas e recolhe 140 propostas

veja edição online no site www.creaba.org.br


>correio

Gostaria de saber como posso conseguir o visto do Crea-BA por e-mail? Ginaldo Macedo, técnico agrícola Resposta: Sua solicitação de visto pode ser feita pelo e-mail visto@creaba.org.br. Lembre-se de anexar uma cópia da Carteira Nacional e o comprovante de pagamento da anuidade de 2013. Atribuições

Gostaria de saber se um engenheiro agrônomo pode assinar plantas baixas, “desenho técnico” de residências em zona urbana. Não encontrei a legislação específica que possa tirar essa dúvida. Adler Tamay, engenheiro agrônomo Resposta: O engenheiro agrônomo não possui atribuições para assinar planta, somente para edificações rurais que não envolvam problemas estruturais.

para o Ensino e a Aprendizagem. Lamentavelmente, o mercado ainda não está tão aquecido como propalado por aí. Muitos engenheiros estão desempregados. Várias são as razões para isso. Uma, que o Crea ataca de frente, é a educação continuada, a falta de capacitação dos profissionais. A outra é a "invasão" da profissão por "práticos", feitas por empresas que usam o engenheiro somente para assinar a ART. Williams Diaz, engenheiro eletricista Ciclovias

Caros assessores, segundo fotos e reportagem publicada às páginas 26 e 27 da conceituada Revista do Crea, compreendendo os meses de janeiro, fevereiro e março, de número 42, me

deparo com a não citação de ciclovias, ciclofaixas e acesso a cadeirantes (pessoas que se locomovem por meio de cadeiras de rodas), que me parece não é a leitura de projeto com padrões internacionais. Que país é este? Um cicloabraço. Arygil, compositor e ciclista Resposta: O projeto inclui ciclovias, ciclofaixas e acesso para cadeirantes.

Erramos

Na matéria Novos Rumos para o Ensino e a Aprendizagem, da edição 42, foi publicada uma média de seis profissionais para atender a 100 pessoas no Brasil. Na proporção do número de engenheiros e de habitantes, o correto são seis para cada 1000 pessoas. joão alvarez

E-mail

Piso salarial

Moro em Ilhéus, onde não existe um sindicato de classe. Na edição de nº 30 da Revista do Crea, pude observar, em uma matéria, que está em tramitação na Câmara Federal um projeto que prevê a definição de um piso salarial para os técnicos. Como anda esse processo? Já existe piso? Lorena Rapôso, técnica em segurança do trabalho Resposta: Não há ainda piso salarial para técnicos de nível médio em todas as modalidades. Mas há o Projeto de Lei nº 2.861/2008, no Congresso Nacional, que conta com o apoio e acompanhamento do Sistema Confea/Creas e Mútua. O plenário do Confea constituiu um grupo de trabalho para debater questões relacionadas ao tema. Mercado de trabalho

Parabéns pela revista e especialmente pela matéria Novos Rumos 4

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Porto de Salvador terá ciclovias, ciclofaixas e acesso a cadeirantes

Fale conosco Envie a sua mensagem, contendo nome completo, e-mail e telefone, para o endereço eletrônico: revista@creaba.org.br. Reservamo-nos o direito de, sem alterar o conteúdo, resumir e adaptar os textos publicados. Siga o Crea-BA nas redes sociais: www.facebook.com/CreaBa. @CreaBahia. twitter.com/CreaBahia. PARA ANUNCIAR: revista@creaba.org.br. Tel.: (71) 3453-8912/3453-8929. Edição online no site www.creaba.org.br


João Alvarez

Presidente Marco Amigo Diretoria 2013 1º vice-presidente Leandro de Aragão Correia Fonsêca 2º vice-presidente José B. de Oliveira Júnior 1º diretor administrativo Joseval C. Carqueija 2ª diretor administrativo Antônio Arêas Sobrinho 1° diretor financeiro Jefté Nascimento da Silva 2ª diretora financeira Silvana Marília Ventura 3º diretor financeiro Otoniel Magalhães Morais CÂMARAS ESPECIALIZADAS/ COORDENADORES Agronomia Nonmnino Mionmnino Engenharia Civil Nonmnino Mionmnino Engenharia Elétrica Sérvulo de Oliveira Ramos Engenharia de Agrimensura Juci Conceição Pita Engenharia Mecânica Jair Carlos Bertoldi Engenharia Química Paulo Gilberto Silva Geologia e Eng. de Minas Nonmnino Mionmnino Npononm

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Assessora de Comunicação e Marketing Luciana Kroger Editora/Jornalista responsável Kátia Borges (DRT 5276) Colaboradores Cíntia Ribeiro, Nadja Pacheco, Marcos Fonseca, Ronaldo Brito e Gentil Revisão Marcos Navarro Projeto gráfico e diagramação Ana Clélia Rebouças Fotos João Alvarez (DRT 1912) Impressão Gráfica Ediouro Tiragem 45 mil exemplares nosso endereço Rua Prof. Aloísio de Carvalho Filho, 402, Engenho Velho de Brotas CEP 40243-620 – Salvador-BA Fone: (71) 3453-8989 Telecrea: (71) 3453-8990 Fax: (71) 3453-8963 e-mail: revista@creaba.org.br www.creaba.org.br *As opiniões emitidas nas matérias e artigos veiculados nesta publicação são de total responsabilidade de seus autores Revista CREA-BA/Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia. - Nº 43 (Abril/Maio/Junho 2013). Salvador: CREA-BA, 2006 - ISSN 16792866 Trimestral 1. Arquitetura. 2. Engenharia. I. Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia

CDU 72:63 (813.8) CDD 720

>editorial

Solidariedade é ação Sempre afirmo que solidariedade não é apenas virtude, mas necessidade social. Esta palavra, que tem sua origem no latim solidare, em sua etimologia representa solidez, construção. Se sairmos da etimologia para uma definição mais sociológica, encontraremos nos dicionários a confirmação desta representação. Enquanto o Michaelis refere-se à solidariedade como “condição grupal resultante da comunhão de atitudes e sentimentos", o Aurélio a define como “vínculo recíproco”. É a solidariedade que tem norteado nossa gestão à frente do Crea, traduzindo-se em ações práticas, colaborativas, que consolidam a relação da instituição com a comunidade, por meio de projetos e parcerias que visam a redução das desigualdades, tendo por base o respeito ao ser humano e a natureza. É na interação, no olhar atento às lacunas sociais, que reside seu substrato. Mais que virtude, solidariedade é ação. Imbuído deste espírito, o Crea-BA vem realizando ações efetivas em prol da comunidade. Seja por meio de fiscalizações preventivas (FPIs), em parceria com outros órgãos, contribuindo com a gestão municipal. Seja na atenção às comunidades carentes, que põem suas vidas em risco em construções irregulares, com a implantação de escritórios de engenharia pública, na capital e no interior do Estado, auxiliando na redução da distância entre ricos e pobres. Nesse sentido, também estamos fortemente presentes em entidades dedicadas a pensar Salvador, bem como em ações educativas e em grupos de trabalho e de debates, a exemplo do “Fórum a cidade também é nossa”, no qual atuamos decisivamente nas polêmicas que envolveram o Plano A atenção às comunidades Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) e a Lei de ordenamento do Uso e ocupação do Solo. Engana-se quem pensa carentes é que a solidariedade baseia-se no puro e simples apoio pateruma das nalista. Ainda etimologicamente falando, solidariedade é a prioridades orientação que conduz à autonomia. do Crea-BA Marco Amigo

Engenheiro mecânico e presidente do Crea-BA V.4, n. 43, p. 5 - abr/mai/jun.2013 - Bahia

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Planos de saneamento Representantes de diversos órgãos e instituições de ensino reuniram-se entre os dias 13 e 15 de julho, no auditório do CreaBA, para participar da I Oficina de Discussão e Validação de uma Proposta de Metodologia para Elaboração de Planos Municipais de Saneamento, elaborada pelo conselho, com apoio da Suest-BA. O objetivo deste encontro foi capacitar e assessorar 50 municípios baianos na elaboração de seus Planos Municipais, para uma efetiva aplicação da Lei Federal 11.445/2007.

fotos João Alvarez

>curtas

Modernização da legislação

Demandas administrativas do Crea-Ba em debate

Encontro de inspetores Os inspetores do Crea-BA se reuniram no dia 10 de julho, em Salvador, para discutir as demandas administrativas e políticas das inspetorias regionais. Contratação de um maior número de fiscais, renovação da frota de veículos e equipamentos, além da desburocratização dos serviços foram debatidos no evento. O coordenador do colégio de inspetores, engenheiro civil Dermivan Barbosa, destacou a importância da participação dos profissionais. “Se desejamos ver o Crea funcionando, precisamos nos organizar, defender e fortalecer a instituição”.

A modernização da legislação ambiental, a reformulação e integração do banco georreferenciado de informações entre as instituições foram alguns dos pontos abordados em reunião entre a presidência do Crea-BA e a Secretaria de Meio Ambiente da Bahia, no dia 20 de maio. O encontro teve como objetivo alinhar procedimentos entre os órgãos para otimizar a fiscalização. De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Eugênio Spengler, a revisão da legislação ambiental é urgente.

Desvalorização profissional

Fundamentação técnica

A valorização profissional dos quadros técnicos da Prefeitura de Salvador foi tema do encontro entre representantes do Crea-BA, Sindicato dos Engenheiros (Senge-BA) e Associação Municipal de Engenheiros e Arquitetos de Salvador (Asmea) no dia 19 de junho. Para o presidente da Asmea, Ronald Silva, a “terceirização descontrolada” promove a desvalorização dos quadros técnicos. "Os terceirizados são contratados como encarregados, mas, na prática, exercem, a função de engenheiros”. O presidente do Crea, Marco Amigo, confirmou apoio à Asmea.

Garantir que projetos de interesse social como o Minha Casa, Minha Vida tenham acompanhamento de profissionais habilitados foi o objetivo da reunião, realizada no dia 6 de maio, entre o defensor público federal Átila Ribeiro Dias e a Coordenação de Fiscalização do Crea-BA. De acordo com o engenheiro agrônomo João Falcão, coordenador da Fiscalização, a descaracterização profissional é comum em obras realizadas por bancos ou outras instituições, sem a apresentação de comprovantes como ART e acervo técnico.

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Marco Amigo, do Crea-BA: participação popular

A cidade que queremos Mediado pelo Crea-BA, foi realizado no dia 20 de maio o debate "A cidade que queremos". Promovido pelo Movimento Desocupa, com apoio do Fórum A cidade também é nossa, o evento abordou reforma urbana, estatuto das cidades e o georreferenciamento como instrumento de planejamento participativo. Ampliar o ciclo de participação popular nas deliberações referentes às cidades foi o ponto destacado pelo presidente do Crea, Marco Amigo.


Sistema institucional

Representantes de entidades do Oeste baiano reuniram-se com a presidência do CreaBA em 24 de abril para alinhar ações e garantir maior representatividade regional na instituição. Participaram integrantes da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA), Associação dos Engenheiros Agrônomos de Barreiras (AEAB) e Associação do Comércio de Insumos Agrícolas (Aciagri). Professores da Uneb e da Fasb também estiveram presentes. As associações desejam, entre outras coisas, reformulação da fiscalização nas fazendas.

Os Creas da Bahia e de Sergipe estão alinhados para a implantação de um sistema institucional nacional, visando a melhoria da situação corporativa dos conselhos regionais. O dirigente do Crea-SE, engenheiro civil Jorge Roberto Silveira, que também coordena o Colégio de Presidentes, esteve no dia 3 de maio em Salvador e demonstrou interesse na unificação. Entre as vantagens estão a uniformidade de procedimentos e a redução dos custos operacionais.

fotos João Alvarez

Recomendações do Oeste

Inspetoria do Crea-BA é inaugurada em Camaçari

Inauguração em Camaçari Foi inaugurada no dia 25 de julho a nova sede da inspetoria do Crea-BA no município de Camaçari. A solenidade contou com a participação do presidente do Conselho, engenheiro mecânico Marco Amigo; do prefeito Ademar Delgado (PT); do vereador Dilson Magalhães (PSC); do presidente do Sindicato dos Técnicos Industriais da Bahia, Sérgio Souza, e dos secretários municipais e da sociedade camaçariense. Na ocasião, Amigo adiantou que, até o final da sua gestão, pretende ampliar as instalações do Crea na cidade. Ainda na oportunidade, foi assinado um termo de mútua cooperação técnica entre a instituição e o poder público municipal.

Ponte Salvador-Itaparica

Treinamento: aulas teóricas e práticas sobre as atividades das Brigadas de Incêndio

Brigada de emergência O Crea-BA promoveu em de abril o "3º Treinamento de Brigada de Emergência". A iniciativa, em parceria com a Assistência Militar, MPE-BA e Mútua-BA, atende às exigências da Norma Brasileira 14276, que estabelece a obrigatoriedade de reciclagem e formação anual de novos brigadistas. Durante três dias, representantes de diversos órgãos reuniram-se no Crea e no 10º Grupamento de Bombeiro Militar, em Simões Filho, para assistir aulas teóricas e práticas, sobre a padronização das atividades das Brigadas de Incêndio e procedimentos básicos de emergência.

A convite do Fórum "A cidade também é nossa", o secretário de Planejamento do Estado da Bahia, José Sérgio Gabrielli, apresentou no dia 29 de maio o projeto da Ponte Salvador-Itaparica, no auditório do Crea-BA. Segundo ele, os estudos sobre os impactos da construção da obra devem ser concluídos ainda este ano. A previsão é que a obra seja contratada em 2014 e operacionalizada em meados de 2020. Para Gabrielli, a ponte resolverá os problemas de logística para mercadorias, pessoas e serviços.

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>economia doméstica

Como engordar o seu porquinho Dados do Serasa Experian indicam que a inadimplência no Brasil cresceu 3,6% somente no primeiro semestre deste ano Por Ronaldo Brito Ilustração gentil

a comédia brasileira Até que a sorte nos separe, do diretor Roberto Santucci, o casal Tino (Leandro Hassum), um ex-professor de ginástica, e Jane (Danielle Winits), pais de Teté e Juninho, ganharam R$ 100 milhões na loteria há 15 anos. Milionária, a família passou os anos seguintes gastando sem pensar. Viagens internacionais, hospedagens em hotéis estrelados, carros de luxo e outras extravagâncias faziam parte da dolce vita dos nossos heróis. Jane virou uma mulher fútil, que torrava dinheiro com joias caríssimas, roupas de grife e clínicas de estética, entre outros excessos. Você, caro leitor (ou espectador) atento, já deve imaginar o final da história. Até porque casos como esses não se limitam a ficção. Mas, vamos lá. Como os protagonistas dessa hilária comédia nunca planejaram nada, o marido se vê, da noite para o dia, com a conta bancária no vermelho. Desesperado, já que a mulher está grávida e não pode sofrer nenhum trauma, o personagem de Hassum mantém a falência em segredo e pede ajuda ao vizinho Amauri (Kiko Mascarenhas) para ensiná-lo a poupar e a se planejar financeiramen-

8 crea V.4, n. 43, p. 8 - abr/mai/jun.2013 - Bahia

te com a ínfima parcela que restou da fortuna. O enredo, inspirado no livro Casais inteligentes enriquecem juntos, do consultor financeiro Gustavo Cerbasi, é mais comum do que se pensa. Especialmente na rotina de quem, como o autor, enricou com o descontrole alheio. Guardadas as devidas distâncias, entre o exagero da ficção e a dureza da vida real, há muitos Titos e Janes esbanjando descontroladamente por aí. E talvez bem mais perto do que você imagina. Quer ver? Que atire a primeira moeda quem nunca gastou mais do que ganhou ou recebeu uma grana extra e saiu por aí torrando tudo e arrotando riqueza. Ok. Exagerei. Então vamos ajustar as nossas contas. Qual o mortal que, num momento de... desespero, vá lá, jamais se rendeu a uma compra assim, digamos, maior do que o seu padrão permitia? Seja um produto que sempre cobiçara, uma viagem de lazer não planejada ou mesmo uma daquelas bugigangas quaisquer que não terá nunca a menor utilidade? Como a esteira que seria inaugurada na segunda-feira seguinte, mas que, por completa falta de tempo (creia!) está lá no quarto, servindo de cabide para roupas usadas.


Ainda que poucos admitam ter cometidos excessos financeiros, as estatísticas não deixam dúvidas. Para uma considerável parcela da população, comprar é o que importa. Seja lá o que for. Como vai pagar, são outros quinhentos. Então, atenção redobrada! O que não falta aos consumidores são estímulos ao consumo. Quem ainda não caiu nessa armadilha, portanto, que resista bravamente. Ou endivide-se para sempre e ajude a engordar ainda mais as fileiras dos serviços de proteção ao crédito. Nos últimos anos, o acesso fácil ao crédito tem ajudado os brasileiros a gastarem mais. Muito mais. No entanto, aquilo que, no momento do impulso de consumo, deixa o cidadão feliz, se não houver um planejamento anterior no orçamento, pode fa-

zer a "pechincha" sair muito mais cara do que se imagina. O descontrole no orçamento doméstico tem levado um número cada vez maior de pessoas a entrarem, mês após mês, ano após ano, no vermelho. Dados do Serasa Experian revelam que, somente nos três primeiros meses do semestre passado, a inadimplência no Brasil cresceu 3,6%. personal money

E não se engane. Às custas do caos financeiro de uns, muitos têm enriquecido. A dificuldade em honrar os compromissos tem crescido tanto que impulsionou o mercado a criar profissões, digamos, inusitadas, como o personal money ou coach financeiro, como têm sido chamados os consultores de finanças contratados por pessoas "já" endividadas para ajudá-las a se livrar das contas pendentes e traçar um planejamento para equilibrar receita e despesa. Alguém como Amauri, aquele vizinho do ex-milionário Tino. Ancorados na chamada educação financeira, esses profissionais engordam as suas contas com cursos, consultorias, livros e sites que ensinam o passo a passo da economia doméstica, em troca

de muitos reais. O assunto é sério. Para a maioria dos especialistas, a educação financeira deveria começar ainda na escola. É o que recomenda o consultor Gustavo Cerbasi, que admite, conquistou sua independência econômica aos 31 anos, ajudando os brasileiros a encontrarem o equilíbrio entre os gastos e os ganhos. Autor de diversos livros sobre o tema, inclusive daquele que inspirou a história de Tino e Jane, Cerbasi é hoje uma lenda na área. "Se uma sociedade se educa financeiramente, dá maior produtividade aos recursos que ela gera", costuma aconselhar aos clientes e leitores. Para o especialista, a educação financeira é importante para que a pessoa aprenda a lidar com o dinheiro. O que, V.4, n. 43, p. 9 - abr/mai/jun.2013 - Bahia

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>economia doméstica ressalta ele, não significa a condenação do consumo e a doutrinação para a poupança, mas, sim, o estimulo às pessoas, para que elas tenham organização pessoal e seus desejos de consumo não extrapolem os limites. "É exercitar a disciplina, com o objetivo de ter qualidade de consumo por toda a vida." Educação é o segredo

A questão tem ganho espaço nos meios acadêmicos e, até mesmo, em instituições poderosas como o Banco Central do Brasil, que criou um programa de educação financeira para a população em geral e estudantes de diversas idades, interessados em aprender a administrar seus recursos. A proposta do Bacen é tentar se aproximar mais dos clientes, e não clientes, e disseminar conhecimentos sobre economia e finanças. No programa institucional estão previstas ações de curto, médio e longo prazo, que incluem desde o planejamento financeiro até conhecimentos básicos de variação cambial, inflação, taxas de juros e indicadores econômicos. Numa simples consulta nos sites de busca, pipocam especialistas

e escritórios especializados em auxiliar pessoas a administrarem bem seus ganhos. Não por acaso, o filme inspirado na obra de Cerbasi alcançou o topo das bilheterias nacionais em 2012 e já está na continuação. O paulista Evandro Silva largou a carreira no sistema financeiro tradicional para se dedicar às finanças pessoais alheias. Numa comparação rasa com outra profissão, podemos dizer que o moço virou uma espécie de “médico da economia”, com a missão de auxiliar as pessoas a alcançarem seus objetivos e metas. Ele é um coach financeiro. “O meu trabalho é ajudar as pessoas a viverem bem com o seu orçamento, equilibrando receitas e despesas.” Brincadeiras a parte, controlar as próprias finanças, independentemente de quanto se ganha, ainda mais com o fantasma da inflação rondando, não é uma tarefa fácil. Mas Silva desmistifica isso e dá alguns conselhos para uma vida financeira equilibrada. No quadro a seguir, o consultor dá dicas do que fazer para que, no futuro, não venhamos a inspirar os cineastas a ganharem dinheiro com histórias como a Tino e Jane.

anúncio 10 crea V.3, n. 42, p. 10 - jan/fev/mar.2013 - Bahia

EQUILIBRIO FINANCEIRO Erros >Gastar mais do que ganha >Comprar sem planejar >Se render ao crédito fácil >Não manter reservas, ainda que pequenas, para despesas extras >Achar que o cartão de crédito não tem fatura a pagar >Se endividar por intermináveis anos >Recorrer sempre ao cheque especial, acreditando que aquele valor lhe pertence >Pensar que as parcelas das compras anteriores, no carnê ou no cartão de crédito, são ínfimas e que, portanto, pode fazer mais algumas no mês Acertos >Manter uma planilha com receitas e despesas mensais >Usar o cartão de crédito de forma planejada >Evitar o uso do cheque especial, se não for absolutamente necessário >Planejar viagens de lazer com antecedência >Reduzir despesas desnecessárias, as chamadas compras conscientes >Evitar os shoppings em momentos de crise existencial >Não abrir e-mails de ofertas >Não se render aos limites estratosféricos oferecidos pelo seu gerente >Manter toda a família a par das finanças


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>telefonia

Evolução em dados Quarta geração da internet móvel chega à Bahia dez vezes mais veloz Por Felipe Fonseca > foto joão alvarez

apear informações geográficas, realizar levantamento de dados, interpretar imagens de satélites e enviar arquivos em tempo real. Estas são apenas algumas ações que podem ser realizadas hoje, com maior agilidade e sem necessidade de conexões fixas, por meio de smartphones e tablets. Com a crescente adesão à internet pelos usuários de dispositivos móveis, o setor de telecomunicações vem investindo cada vez mais em tecnologia de ponta. O objetivo é garantir a velocidade e o alcance das redes aos consumidores. Desde abril, seis capitais brasileiras entraram na 14 crea V.3, n. 43, p. 14 - abr/mai/jun.2013 - Bahia

quarta geração (4G) desses aparelhos. Esta evolução foi alavancada em grande parte pela realização de eventos mundiais no País, a exemplo da Copa das Confederações, ocorrida em junho deste ano, e da Copa do Mundo de 2014. As seis cidades-sede da Copa das Confederações (Brasília, Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Fortaleza e Belo Horizonte) foram as primeiras a receber a rede 4G. As outras seis capitais que irão sediar a Copa do Mundo de 2014 (São Paulo, Porto Alegre, Cuiabá, Curitiba, Manaus e Natal) devem contar com a mesma cobertura até o final deste ano.

Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a inserção desta tecnologia será feita de forma gradativa e só estará concluída em 2017. A regra estabelecida pela autarquia, responsável pela fiscalização dos serviços de telecomunicações no País, prevê que as operadoras de telefonia móvel atuantes em território nacional (Claro, Vivo, Tim e Oi!) terão até 31 de dezembro de 2014 para fornecer a nova geração de internet a todas as capitais com mais de 500 mil habitantes. Já para as cidades com mais de 30 mil habitantes, o prazo é 31 de dezembro de 2017. Em uma avaliação realizada pela


TECNOLOGIA 4G no mercado Operadoras têm até 2017 para implantar sistema em todo o País Claro 2 GB R$ 138

Oi 5 GB R$ 139

Tim Vivo 300 MB 2 GB R$ 70 R$ 149

Fontes: Anatel, Telebrasil e Operadoras

Anatel, em maio deste ano, a rede 3G foi considerada apenas razoável, enquanto a 4G ainda estaria “em evolução”. Foi constatado, ainda de acordo com os dados divulgados pela empresa, que entre as quatro empresas de telefonia móvel que atuam hoje no Brasil, na maioria dos municípios, a Claro e a Vivo possuem cobertura consideradas regulares*, enquanto a Tim e Oi teriam uma atuação considerada deficiente*. Progresso

Diferentemente das gerações anteriores, a 4G utiliza um padrão tecnicamente chamado Long Term Evolution (LTE), que prioriza o tráfego de dados e não a voz. Esta tecnologia é a evolução da rede de dados móvel mais comum no País, a 3G, e, na teoria, permite a transmissão de até 100 Megabit por segundo (Mbps) de velocidade em download. Enquanto, no Brasil, a 3G opera com frequência entre 1,9 e 2,1 Giga Hertz (GHz) e permite velocidade de até 1Mbps para download, a 4G atua na frequência de 2,5 GHz e tem alcance entre 5Mbps e 12Mbps de velocidade para download. Para o mestre em telecomunicações e conselheiro do Crea-BA, engenheiro eletricista Roberto Costa e Silva, a tecnologia 4G ainda sofrerá algumas alterações na frequência e no alcance, tornando necessário novas adaptações nos aparelhos.

“O País está tirando as estações de TV que ocupam a faixa de 700 MHz para utilizar nela a 4G, porém, os aparelhos telefônicos que estão sendo comercializados hoje não operam nessa frequência. Logo, haverá a necessidade de mudanças de aparelhos. Mas, no futuro, é provável que existam telefones operando em ambas as faixas”. Ainda de acordo com Costa e Silva, a ausência de cobertura, certamente, será o maior problema da nova tecnologia, especialmente durante a primeira fase de implantação no País. “A verdade é que hoje só temos internet 3G em alguns bairros das grandes cidades. Assim, mesmo com a vantagem da maior velocidade, acredito que os usuários da rede 4G não terão cobertura satisfatória e ainda encontrarão problemas de tráfego, por não existirem atualmente canais suficientes para atender a demanda dos consumidores”. Mas se no Brasil e na Bahia a implantação da quarta geração progride lentamente, na Ásia a empresa sul-coreana Samsung já começa a realiza testes para viabilizar a tecnologia 5G. Prevista para chegar ao mercado mundial em 2020, promete revolucionar ainda mais a comunicação móvel, ao conseguir atingir velocidades tão altas, de 1 Gigabit por segundo, que permitirão baixar um filme em longa-metragem em menos de 1 segundo. Enquanto a 5ª geração não chega, resta aos usuários sonhar e cobrar, das operadoras, investimentos tecnológicos capazes de garantir maior qualidade ao sistema brasileiro de telecomunicações. *Os testes foram realizados em estádios e centro de treinamento, hotéis, áreas de transporte, instalações de apoio e hospitais de referência. A cobertura é considerada regular se tiver entre 60% e 80% dos pontos bons e deficiente quando estiver abaixo dos 60%.

V.4, n. 42, p. 15 - jan/fev/mar.2013 - Bahia

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>potencial agrícola

Nos trilhos da logística nacional Ferrovia de Integração Oeste-Leste viabilizará desenvolvimento da Bahia Por Nadja pacheco

nosso Estado vem provando a cada ano ser um dos maiores potenciais agrícolas do País. De acordo com dados da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), em 2012 foram produzidos 7,3 milhões de toneladas (milho, soja e algodão, entre outras culturas), plantadas em 2 milhões de hectares, o que representa um ganho anual de R$ 6 bilhões. Na área da mineração, a expectativa é produzir 20 milhões de toneladas de ferro por ano. Mas, para viabilizar este cenário, fundamental para a economia baiana, é necessário investir em uma obra que viabilize, a um custo acessível, a logística de distribuição das matérias-primas. A Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), pensada na década de 50, pelo engenheiro civil Vasco Neto, que morreu em outubro de 2010, tem sido apontada como a so-

lução para este e outros problemas que travam o desenvolvimento da Bahia. Apostando nos benefícios da malha ferroviária, que percorrerá 49 municípios baianos, o Crea-BA e outras organizações (ver lista abaixo) promoveram, em abril deste ano, no município de Barreiras, a 883 quilômentros de Salvador, além de uma reunião técnica, o seminário “Fiol: a Bahia quer, o Brasil precisa!”. Os eventos propuseram a retomada das obras da ferrovia, paralisadas devido a vários mo-tivos, entre eles, as exigências impostas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), relacionadas à compra de equipamentos e emissão de licenças ambientais, respectivamente. Um dos desdobramentos dos eventos foi a liberação, pelo Ibama, da Licença de Instalação 750/2010 (LI)

16 crea V.3, n. 43, p. 16 - abr/mai/jun.2013 - Bahia

para os lotes 5 e 5 A da Fiol, entre Caetité e Bom Jesus da Lapa. No local, será construída a maior ponte ferroviária do País, em extensão (2,9 Km). As soluções implementadas para minimizar os impactos ambientais não foram esclarecidas, nem pelo Ibama e nem pela Valec, mas entre as condicionantes estão a comprovação da contratação de equipes responsáveis pela supervisão ambiental das obras e execução do Plano Básico Ambiental. Estão também proibidas obras no entorno do reservatório de Ceraíma, em Guanambi, e a instalação de passagens de fauna em vários trechos. Incluída entre as prioridades do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Ferrovia de Integração Oeste-Leste terá 1.527 km de extensão e envolverá investimentos estimados na ordem de R$ 7,43 bilhões até 2014. A malha viária dinamizará o escoa-

mento da produção baiana e servirá de elo entre o Estado e os outros polos do País, por meio da conexão que terá com a Ferrovia Norte-Sul, em Figueirópolis (TO), e com a nova opção comercial que se agregará ao projeto, com a reestruturação do sistema portuário de Ilhéus. Porém, três anos após o lançamento do edital de licitação da Fiol, apenas 7% do projeto foi executado. capacitação

O presidente do Crea, engenheiro mecânico Marco Amigo, acredita que a importância da Fiol vai além da melhoria da logística e do crescimento da economia baiana. Segundo ele, a ferrovia oferece um motivo a mais para que as escolas de engenharia formem profissionais capacitados para contribuir com a manutenção da malha viária, que já é uma realidade para o Estado. “Nós já temos excelen-


fotos Luciana kroger

O seminário “Fiol: a Bahia quer, o Brasil precisa!”, promovido na cidade de Barreiras, foi mais uma iniciativa do Crea-BA, que, ao lado de outras instituições, questiona a paralisação das obras

tes engenheiros ferroviários na Bahia, que inclusive estão contribuindo com a implantação da Oeste-Leste, mas é necessário pensar na preparação dos futuros engenheiros, preparados para a construção de outras grandes obras”, ressalta. O gestor lembra a dedicação de Vasco Neto em estudar uma solução ferroviária que cortasse todo o continente (de Leste a Oeste). “Naquela época (década de 50), ele já pensava nesta solução logística e V.4, n. 43, p. 17 - abr/mai/jun.2013 - Bahia

crea 17


>potencial agrícola >POTENCIAL AGRÍCOLA >POTENCIAL AGRÍCOLA

Detalhando as obrasDetalhando da Fiol as obras Detalhando Detalhando as obras da Fiol Detalhando as obras da Fiol as obras da Fiol Lote 1 da Fiol

Lote 4

Lote 4 178,28 Km 125 km Lote 1 R$ 575 mi aplicados 178,28 R$ Km740 mi 125 km 12% executado 8% executado R$ 740 68,5% mi sondagem geotécnica R$ 575 mi aplicados Piores pontos de sondagem 8% executadodevido ao difícil acesso 12% executado Lote 5 68,5% sondagem geotécnica Piores pontos de sondagem

162,04 Km R$ 720 mi 117,89 Km Lote 5 0,5% executado R$ 650 mi aplicados 162,04 Km sondagem geotécnica 9,2% Lote 2 12% executado R$ 720 mi 117,89 Km 43,7% sondagem geotécnica Lote 5A 0,5% executado R$ 650 mi aplicados 2,9 Km 9,2% sondagem geotécnica Lote 3 12% executado R$ 135 mi 115,36 Km 43,7% sondagem geotécnica 1,5% executado R$ 403 mil EXPECTATIVA DE TRANSPORTE Lote 5APrimeira ponte ferroviária do 29% executado EM RELAÇÃO À PRODUÇÃO 2,9 Km país, sobre o rio São Francisco . Lote 3 20,5% sondagem geotécnica Lote acesso 2 devido ao difícil

115,36 Minérios Km De Caetité ao R$ 403sul mil da Bahia EXPECTATIVA DE TRANSPORTE 29% executado EM RELAÇÃO À PRODUÇÃO 20,5% sondagem geotécnica

Grãos R$ 135 mi Do Oeste da executado Bahia 1,5% ao Sudeste do Primeira ponte Tocantins

ferroviária do país, sobre o rio São Francisco .

Lote 6 159,316Km Lote R$ 576 mi 159,31 Km 0% executado R$ 576 mi 7% de sondagem geotécnica 0% Nãoexecutado tem nem canteiro construído – área degeotécnica 7% de sondagem cavernas Não tem nem canteiro construído – área de Lote 7 cavernas 161,12 Km R$ 536 mi 0% executado Lote 7 32,4% sondagem geotécnica 161,12 Km R$ 536 mi 0% executado Fonte: Valec 32,4% sondagem geotécnica

Fonte: Valec

Ilhéus - Caetité (537 km) - Lotes 1 a 4

Grãos Minérios Caetité ao - Barreiras (485 km) - Do Lotes 5 a 7da Bahia Oeste De Caetité ao Sudeste do sul da Bahia Tocantins

Ilhéus - Caetité (537 km) - Lotes 1 a 4 Caetité - Barreiras (485 km) - Lotes 5 a 7

numa maior integração do Brasil com os outros países da América do Sul. Com certeza, foi o precursor de tudo”. Amigo destaca ainda o compromisso do Crea-BA no debate em favor da retomada das obras da Fiol, justificando o papel social da instituição, que é estar inserido em projetos que sinalizem desenvolvimento para o Estado e, consequentemente, melhorias das condições de vida da população. “Não defendemos apenas a questão profissional, embutida no projeto da ferrovia, também reivindicamos a obra por acreditar que ela fará da

Luciana kroger

Deputado João Leão (PP): “Esta é a maior obra da Bahia, desde o descobrimento"

Bahia uma grande potência nacional”. Na mesma perspectiva, o superintendente de obras da Fiol pela Valec

18 crea V.4, n. 42, p. 18 - jan/fev/mar.2013 - Bahia

(Engenharia Construções e ferrovias S/A), engenheiro civil Alderney Fausto Silva, afirma que, atualmente, quatro mil colaboradores

e duas mil máquinas estão trabalhando na execução do projeto. Otimista, ele acredita que o empreendimento será entregue ainda


LOTE 1

LOTE 2

Terminal Ilhéus - Rio da Preguiça 125 km R$ 575 mi aplicados 8% executado Piores pontos de sondagem devido ao difícil acesso

LOTE 5

LOTE 4 Rio de Contas - Riacho Barrocas 178,28 Km R$ 740 mi 12% executado 68,5% sondagem geotécnica

LOTE 6

Rio da Preguiça - Riacho do Jacaré 117,89 Km R$ 650 mi aplicados 12% executado 43,7% sondagem geotécnica

Riacho Barrocas - Fim da ponta do Rio São Francisco 162,04 Km R$ 720 mi 0,5% executado 9,2% sondagem geotécnica

33 x 13

Início da ponte sobre o rio São Francisco - Estrada Vicinal acesso a BR 135/BA 159,31 Km R$ 576 mi 0% executado 7% de sondagem geotécnica Não tem nem canteiro construído – área de cavernas

LOTE 3

Carta de Barreiras

Riacho do Jacaré - Rio de Contas 115,36 Km R$ 403 mil 29% executado 20,5% sondagem geotécnica

O documento ressalta os entraves às obras da ferrovia e solicita as seguintes providências:

LOTE 5A Ponte sobre o Rio São Francisco 2,9 Km R$ 135 mi 1,5% executado Primeira ponte ferroviária do país, sobre o rio São Francisco

>Desapropriação das moradias da área das obras da Fiol e do Porto Sul;

LOTE 7

>Contratação para execução das obras do Lote 1;

Estrada vicinal de acesso a BR 135/BA - Rio das Fêmeas 161,12 Km R$ 536 mi 0% executado 32,4% sondagem geotécnica

>Inclusão nos estudos e projetos de pátios em Jequié, Guanambi e Bom Jesus da Lapa; >Ação para liberação das obras dos Lotes 5 e 5A; >Agilização de licenças ambientais dos lotes 6 e 7; >Licitação e aquisição dos trilhos;

na administração da presidente Dilma Rousseff (PT). “Os trilhos partirão da serra para o litoral. As empreiteiras acreditam na obra e a nossa expectativa é entregar a estrutura viária até 2014”, observa, destacando que a previsão é que 35% da obra seja concluída ainda este ano. Críticas e soluções

Mas nem tudo é otimismo em relação à ferrovia. O limite de vazão da Fiol tem sido um dos pontos criticados do projeto. Segundo o engenheiro ferroviário Neville Barbosa, a Oeste-Leste já nascerá com a

capacidade comprometida. “Nós estamos lutando pela retomada das obras de um equipamento que já será inaugurado operando com a previsão de 45 milhões de toneladas. Somente a Bamin usará 20 milhões de toneladas”, observa, sugerindo que a Valec aproveite o tempo de paralisação das obras para estudar o problema. Outro aspecto, questionado pelo engenheiro ferroviário Rafael Vasconcelos, está relacionado à geometria e ao custo da obra. De acordo com o especialista, se for mantido o traçado proposto pela Valec, o em-

preendimento ficará mais caro. “Temos que pensar em uma ferrovia otimizada, com rampas menores e raios de curva que tornem a malha ferroviária mais eficiente”. Para Vasconcelos, além do aspecto geométrico, é necessária a revisão da localização (origem-destino) da malha ferroviária. Para Vasconcelos, a conexão da Fiol com a Ferrovia Centro-Oeste poderia ser feita em Campinorte (GO) e não em Figueirópolis (TO), como propõe o projeto original. “Esta alteração pode representar uma redução de 300 km da origem da produção até os portos, e

>Promoção de estudos de alteração do traçado do lote 6 para Campinorte (GO); >Restabelecimento do cronograma dos lotes 5 a 7; >Liberação das concessões dos pedidos de lavra para Bahia Mineração.

não isolaria a Bahia”. Defendendo a mesma linha de pensamento, o vice-governador e secretário de Infraestrutura da Bahia, Otto Alencar, aproveitou a página de opinião do jornal A TARDE de 24 de abril deste ano para reforçar o coro contra o traçado original. “Da forma que está hoje, o projeto compro-

V.4, n. 42, p. 19 - jan/fev/mar.2013 - Bahia

crea 19


>potencial agrícola meterá o sistema logístico brasileiro, pois reforçará a solução Sul/Sudeste, onde a concentração das infraestruturas já concorre para congestionamentos relacionados à exportação, gerando atrasos no embarque/desembarque de produtos e o consequente aumento do frete”. Alencar vai além e, no mesmo artigo, afirma que a proposta da Valec também prejudica o setor portuário baiano, pois o traçado estabelecido até o momento formará um cordão de isolamento entre os portos baianos e o interior do País. “O trecho Fiol-Fico poderá escoar grande parte das cargas do Centro-Oeste Brasileiro até Ilhéus (BA), onde o Porto Sul estará apto a atender a demanda”, sugere. pátios modais

O deputado federal João Leão (PP) considera os chamados portos secos, ou pátios modais (em Bom Jesus da Lapa, Guanambi e Jequié), fundamentais para o desenvolvimento

Organizações promotoras >Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (CREA-BA) >União dos Municípios da Bahia (UPB) >União dos Municípios do Oeste da Bahia (Umob) >Associação dos Municípios do Sul, Extremo Sul e Sudoeste da Bahia (Amurc) >Prefeituras de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães >Associação dos Engenheiros e Técnicos Ferroviários da Bahia e Sergipe (Aelb) >Assembleia Legislativa da Bahia >Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) >Associação Comercial e Empresarial de Luís Eduardo Magalhães >Associação Baiana dos Produtores de Algoodão >Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb)

econômico e a geração de empregos. “Esta é a maior obra da Bahia, desde o descobrimento do Brasil”. O parlamentar chama a atenção para os entraves criados pelo Governo Federal, como a demora na concessão de lavra da mina para a Bahia Mineração (Bamin), e sugere a aceleração do processo. “Resolvendo este imbróglio e viabilizando a Fiol, bem como o Porto Sul, empresas como a Bamin

deixarão de exportar sua produção em Tubarão (ES) e passarão a usar o nosso Porto de Aratu”, explica. Para o ministro dos Transportes, César Borges, que recebeu a carta de Barreiras – documento elaborado pelos órgãos que promoveram os encontros sobre a Fiol (ver abaixo) – a conclusão desta obra será o grande desafio da sua gestão. “Vejo a Fiol pronta em 2014, mas, para tanto, peço

anúncio 20 crea V.4, n. 42, p. 20 - jan/fev/mar.2013 - Bahia

a compreensão do TCU e do Ibama. Em agosto deste ano, iniciaremos o trecho Caetité-Barreiras”. Borges garante a implantação das plataformas em Caetité, Guanambi e Bom Jesus da Lapa, e ressalta a importância da conexão do empreendimento com o Porto Sul. “É preciso fazer o casamento de prazos entre o Porto e a ferrovia. Este é um momento de grande responsabilidade, pois tenho que fazer o melhor para o Brasil e também para a Bahia”. Segundo informações divulgadas pela Valec, sobre o recebimento da Carta de Barreiras pelo presidente Josias Sampaio Cavalcante Júnior, os detalhes técnicos abordados no evento foram importantes para subsidiar as decisões da empresa, que estará “aberta à contribuição dos múltiplos atores envolvidos na construção da Fiol. Porém, até o fechamento desta edição, não foram informados quais os reflexos imediatos dos eventos realizados em Barreiras para as obras.


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>Logística reversa

De volta ao começo Embora ainda desconhecido da maioria, descarte responsável de materiais ganha força no País Por Ronaldo Brito Foto João alvarez

Brasil tem hoje mais de 250 milhões de linhas de telefones celulares ativas. Nada menos que 50 milhões a mais do que o número de habitantes. Pelas vias urbanas e rodovias do País circulam, em média, mais de 80 milhões de veículos. Considerando que cada carro tem – na sua maioria, porque os caminhões têm mais – quatro rodas, e mais um estepe, são mais de 320 milhões de pneus girando por aí. Se juntarmos tudo isso às milhares de toneladas de embalagens de produtos químicos, além de pilhas, lâmpadas, baterias, embalagens de alumínio, isopor e papelão e os tantos metais pesados presentes em produtos eletrônicos, eletroeletrônicos e afins, nos vem à mente sempre aquela pergunta que não quer calar: para onde vai tudo isso na hora em que é preciso descartá-los?

Que atire a primeira peça quem já não bateu a “cachola” na hora de jogar um desses produtos fora? Você aí vai dizer: o celular obsoleto pode ser depositado nos postos de coleta espalhados por shoppings centers. Está certo. Mas e aquele aparelho eletrônico que, apesar de ainda funcionar, você prefere substituir por outro, de última geração? No geral, não nos contentamos com o descarte, como fazemos com a embalagem do leite ou do pão consumidos. A dúvida sobre a destinação sempre vai pairar. Por essas e outras – muito mais por outras – é que foi criada, a partir da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), através da Lei 12.303/2010, a logística reversa. Que nada mais é, segundo o engenheiro agronômico e especialista no assunto, Marcelo Quintiere, do que o descarte responsável dos produtos usa-

22 crea V.4, n. 43, p. 22 - abr/mai/jun.2013 - Bahia

dos. “A logística reversa é um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”, explica. Desta forma, completa o especialista, o produto nocivo retorna dos consumidores aos fabricantes utilizando-se de uma cadeia de logística própria que deverá ser desenvolvida caso a caso, minimizando riscos e possibilitando que grandes volumes de resíduos sejam reciclados ou novamente reutilizados nos processos produtivos. Passo lento

Embora ainda desconhecida da maioria da população e, porque não dizer,

pela própria indústria, esse mecanismo começa, timidamente, a ganhar força no País. “Se de um lado o avanço tecnológico garante o desenvolvimento socioeconômico, por outro ajuda a gerar um gigantesco passivo ambiental”, observa Quintiere. O passivo a que Quintiere se refere diz respeito ao descarte inadequado de produtos que mantêm na sua composição metais pesados que, além de contaminantes, agridem o meio-ambiente. “A PNRS prevê a


criação de logística reversa para alguns produtos. Essa lei ainda é desconhecida da população, e pouco respeitada pela indústria e fabricantes”, complementa. Embora ainda incipiente, já podemos, adianta o professor Salomão Santana – da Unijorge – contabilizar alguns avanços no Brasil, a partir da responsabilidade compartilhada entre governo, indústria e a população. As ações preveem o incentivo à não geração, redução, reutilização e reciclagem; gestão integrada dos

resíduos sólidos; estímulo à implantação da coleta seletiva; estímulo à formação de consórcios municipais e planos de gestão de resíduos nas esferas administrativas, dentre outras. O caminho é longo. A falta de campanhas educativas de esclarecimento e orientação à toda a cadeia produtiva, incluindo aí a população – os consumidores finais – é um dos principais entraves para a implantação definitiva desta ferramenta nos diversos setores. “A PNRS procura estimular

a participação de todos os atores (Governos federal, estadual e municipal, indústrias, cooperativas de catadores, famílias, etc.) no que chamamos de responsabilidade compartilhada”. Otimista, o especialista diz que a participação efetiva virá com o tempo, sendo necessário investir em duas ações básicas: educação ambiental (para que todos os atores possam entender o processo e as vantagens obtidas se todos trabalharem em conjunto) e campanhas de divulgação. De

Produtos descartados devem ser vistos sob a lógica da lucratividade e competitividade

V.4, n. 43, p. 23 - abr/mai/jun.2013 - Bahia

crea 23


>Logística reversa acordo com Santana, a questão da logística reversa não pode ser vista apenas pela ótica ambiental. “Esta sim é muito importante, mas é preciso agregar valor ao produto que será reconduzido à indústria”. Trocando em miúdos, esses produtos descartados precisam ser vistos sob a lógica da lucratividade e da competitividade. O professor Santana recorre a um produto bem conhecido dos brasileiros para ilustrar seu raciocínio: as latinhas de alumínio. Segundo ele, hoje é raro encontrá-las jogadas por aí. “Praticamente tudo retorna à indústria, que dá um novo uso para elas”, diz. Segundo ele, essas mesmas latinhas são responsáveis pela redução de 75% da energia consumida nas próprias indústrias”. Com isso, ganha toda a cadeia produtiva.

Gerenciamento de resíduos Principais produtos sujeitos à logística reversa, definidos no artigo 33 da PNRS (Lei n.º 12.305/2010)

também estão

>Agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, assim como outros produtos, cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso, observadas as regras de gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou regulamento, em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, ou em normas técnicas;

sujeitas à

>Pilhas e baterias;

logística reversa

>Pneus;

Embalagens de lubrificantes

Custos

Mas não é só isso. A implantação de um sistema de logística reversa implica em custos financeiros elevados. “Principalmente nas suas fases iniciais, embora seja de se esperar que a evolução do processo permita a criação de empregos, renda e tributos associados à indústria de reciclagem, bem como a redução dos custos das industriais em decorrência da substituição de matéria prima virgem por produtos reciclados”, explica Quintiere. Na opinião do especialista, em face da necessidade de aportes financeiros elevados, não seria justo obrigar um grande número de indústrias implantar um sistema oneroso cujos resultados benéficos 24 crea V.4, n. 43, p. 3 - ABR/MAI/JUN.2013 - Bahia

>Óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; >Lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; >Produtos eletroeletrônicos e seus componentes

demandariam alguns anos. “A solução encontrada pelo legislador foi o estabelecimento de um conjunto inicial de produtos que, em razão de seu maior grau de periculosidade para os ecossistemas e saúde humana, deveria ser submetido ao sistema de logística reversa, conforme previsto no inciso I a VI do art. 33 da PNRS”. Na Bahia, algumas empresas vêm adotando aos poucos a logística reversa. A rede Casas Bahia, por exemplo, adotou um programa de logística reversa de embalagens, retirando-as e dando um destino correto a materiais como isopor, plásticos e papelão que embalam suas mercadorias. O processo ainda é lento, mas torna-se cada vez mais urgente. “Por incrível que pareça, a logística reversa de produtos tóxicos, por exemplo, está bem mais evoluída do que os demais no Brasil. As lâmpadas, baterias e afins ainda têm um longo caminho a percorrer”, diz Santana. Até 2014, todos os municípios brasileiros deverão estar adequados ao PNRS. Em agosto último, o professor ministrou um curso no Crea-Ba, para discutir a questão e atentar aos diversos atores da cadeia produtiva da necessidade de se adequar á nova legislação. “A Bahia ainda não avançou muito, mas a ideia é que até o próximo ano, a coisa tenha um desempenho bem mais satisfatório. Até lá, a gente pode ir fazendo a nossa parte. O primeiro passo é atentar para a necessidade da coleta seletiva. E fique esperto, ainda que o fabricante seja o alvo principal desse processo, o cidadão também sua responsabilidade prevista na lei.

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V.4, n. 43, p. 3 - abr/mai/jun.2013 - Bahia

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Ação social e rigor técnico Sem descuidar de sua missão técnica, o Crea-BA investe cada vez mais em projetos capazes de transformar a sociedade por ronaldo brito Fotos João alvarez

s mais de 700 m2 do muro que circunda a sede do Crea-BA, no Vale do Ogunjá, ganharam vida. A frieza do concreto deu lugar às cores fortes e alegres dos grafites criados pelo artista visual Marcos Silva Costa, da ONG Spray Cabuloso. A iniciativa da instituição, de dialogar com a cidade por meio da arte, reforça uma posição: estabelecer uma relação ainda mais próxima com a sociedade. Seja por meio de ações educativas, fóruns de debates ou medidas práticas, como a que vem desenvolvendo em parceria com a Escola Politécnica da Ufba, a determinação do conselho é ancorada no princípio de que nenhuma

26 crea V.4, n. 43, p. 26 - abr/mai/jun.2013 - Bahia


O muro que circunda a sede do Crea: arte e mais seguranรงa para a comunidade do Ogunjรก

V.4, n. 41, p. 27 - out/nov/dez.2012 - Bahia

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empresa, entidade ou instituição, pública ou privada, deve prescindir de sua função social. “E estamos sempre buscando ampliar o leque de ações. Defendemos que todas as instituições, sejam elas públicas ou privadas, são criadas para atender aos interesses da sociedade. Por essa razão é importante reduzir as diferenças, diminuir as distâncias sociais”, explica o presidente do Crea-BA, engenheiro mecânico Marco Amigo. O projeto artístico é apenas uma das muitas iniciativas que a atual gestão vem implementando na área social. Outro exemplo é o apoio ao fórum “A Cidade também é nossa”, criado em parceria com outras 25 entidades, que vem garantindo à sociedade civil o direito ao debate sobre questões fundamentais para Salvador, como o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) e a Lei de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo (LOUOS), que foram parar na justiça após denúncia de inconstitucionalidade feita pelo colegiado. Em sete anos de trabalho, uma das grandes conquistas do fórum foi a suspensão dos efeitos da nova Louos e do PDDU de Salvador, pelo pleno do Tribunal de Justiça da Bahia, no dia 24 de julho. O TJ se posicionou unanimemente contra as alterações das regulamentações porque estas foram feitas sem estudos técnicos e, principalmente, sem participação popular. Membro do “A cidade também é nossa”, como representante do grupo “Vozes de Salvador”, o antropólogo e professor Ordep Serra, da Ufba, destaca a importância do envolvimento do Crea. “A instituição tem tido participação efetiva na defesa dos interesses sociais. No caso do Fórum, do qual é coordenador-geral, os resultados têm sido extraordinários. Haja vista a atuação decisiva para barrar a Louos. Foi o Fórum que acionou o Ministério Público. Embora o que pareça hoje é que esta questão está restrita a uma negociação entre o MP e a 28 crea V.4, n. 43, p. 28 - abr/mai/jun.2013 - Bahia

Prefeitura, não fosse o Fórum, Salvador teria perdido muito”, ressalta o professor. Para Serra, o colegiado é essencial na discussão com a sociedade. “O impacto dessas ações é o que gente vê nas manifestações de milhares de brasileiros indo às ruas”. Habitação

Fazer valer o direito de contribuir positivamente na melhoria da qualidade de vida das pessoas é o que defende o diretor da Escola Politécnica da Ufba, engenheiro civil Luís Edmundo Campos. A escola de engenharia mais tradicional da Bahia, em conjunto com o Grupo de Trabalho (GT) de Assistência Técnica do Crea-Ba, que atualmente é coordenado pelo chefe de gabinete, Eng. Químico Herbert Oliveira, vem trabalhando para fomentar a implantação de escritórios de engenharia pública por meio da sensibilização dos gestores públicos e das classes política e empresarial para o problema do déficit habitacional e das construções irregulares. A proposta, segundo Campos, é promover uma aproximação dos estudantes de engenharia com as comunidades, especialmente as mais carentes, através de escritórios que garantam a assistência técnica gratuita em projetos de construção, reforma e ampliação, visando também à formação de mão de obra para a construção civil nos canteiros de obras nas comunidades. “Os escritórios vão atender não apenas a realização de projetos de moradias, mas também a formação profissional nas comunidades locais, capacitando pedreiros, carpinteiros, eletricistas etc. Não apenas na capital, mas em outras cidades onde existam cursos de engenharia”. A iniciativa já está sendo executada em Barreiras, no Oeste da Bahia, primeira cidade do interior a ganhar um escritório de engenharia pública destinado ao atendimento da comunidade carente. “Ainda neste semestre, estare-

O Crea-Ba tem feito parcerias e atuado na fiscalização de eventos, como o Carnaval e o GP Bahia Stock Car


Déficit habitacional e construções irregulares são o alvo do GT de Assistência Técnica do Crea-BA

mos implantando o escritório de Salvador, com a participação de escolas públicas e privadas”, garante Campos. A estrutura do projeto inclui o conselho, as instituições de ensino de engenharia e as prefeituras locais. São estas últimas que definirão as áreas da ação comunitária. “Não vamos ficar só no projeto, vamos garantir todo o suporte. Da elaboração à execução, com apoio também de técnicos dessas prefeituras”, complementa o presidente do Crea-BA, Marco Amigo.

Paulo Macedo

Interação

Nos últimos anos, a questão da responsabilidade social bateu à porta das grandes organizações mundiais. São raras as empresas hoje, em qualquer parte do mundo, que não possuem um programa voltado para a comunidade. “Qualquer técnico pode e deve dedicar seu conhecimento profissional às atividades de interesse social em que estão envolvidas questões como saneamento básico, supervisão de edificações, projetos de instalações, estudos de estabilidade de encostas e execução de instalações elétricas domiciliares, dentre outras”, defende Amigo. A instituição vem cumprindo sua parte, ampliando a função fiscalizadora. Há mais de dez anos, o órgão introduziu na Bahia as fiscalizações preventivas integradas (FPI’s) que se constituem num dos mais importantes mecanismos de controle, numa ação conjunta com diversos órgãos fiscalizadores. O Crea desenvolve ações educativas e preventivas, o que não exclui a emissão de autos de infração quando os problemas detectados não são corrigidos adequadamente. As ações desenvolvidas, que excedem a função do Crea, vão desde a análise do plano de segurança para a recém-inaugurada Arena Fonte Nova até a fiscalização conjunta em locais com grande concentração de pessoas, como o GP V.4, n. 43, p. 29 - abr/mai/jun.2013 - Bahia

crea 29


Capa

«

“A atual gestão estabeleceu que, além das atividades inerentes a sua missão, dedicará especial atenção às ações de interesse da sociedade. Principalmente, aquelas em que possua competência para contribuir de forma propositiva e proativa" Herbert Oliveira, chefe de gabinte do Crea-BA

Bahia de Stock Car, o carnaval de rua na capital e interior do Estado, casas de shows e comércio de agrotóxicos, entre outras. “Independentemente de ser, ou não, nossa obrigação institucional, não há como fechar os olhos para situações que podem comprometer a segurança das pessoas”, destaca Amigo, lembrando que na maioria das vezes, o trabalho realizado durante as FPI’s resultam em termos de cooperação técnica com outros órgãos.

Oliveira, muitos GT's já existiam, mas foram potencializados. “Formamos novas equipes e estabelecemos novos programas de trabalho, alinhados ao Plano de Gestão”, lembra. Exemplo da valorosa contribuição dos GT's é o grupo de acessibilidade, que apresentou conquistas relevantes desde a sua criação, como a implantação da Comissão Permanente de Acessibilidade de Salvador, a revisão do PDDU, em questões ligadas à mobilidade, e a realização de seminários na capital e interior. Ainda segundo Oliveira, existem outras iniciativas do Crea que visam a utilização da competência técnica do órgão em favor do benefício coletivo e da valorização profissional. Enquadra-se nesta proposta o Programa de Educação Continuada (PEC), criado para fomentar atividades de aperfeiçoamento presenciais e à distância para profissionais e estudantes da área tecnológica.

Modelo

Em se tratando de FPI´s, uma merece especial destaque. A FPI do São Francisco. Há mais de uma década, 18 instituições reúnem-se periodicamente para fiscalizar os 115 municípios que compõem a Bacia. O trabalho tem conseguido resultados concretos como a recomposição da mata ciliar, obras do sistema de esgotamento sanitário, recuperação de nascente, implantação do sistema de informação geográfica, práticas de gestão hídricas, entre outros. Por seu êxito nas atividades de revitalização do rio, esta ação obteve reconhecimento por diversas entidades, a exemplo do Tribunal de Contas da união (TCU). O órgão federal recomendou ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) a adoção da metodologia da FPI. Além disso, outros Estados, a exemplo de Pernambuco, Sergipe e Alagoas, demonstraram interesse em implantar o modelo de operação. “É um trabalho louvável que presta um grande serviço à sociedade”, enfatiza o promotor do Ministério Público do Trabalho (MPT), Pedro Luiz Serafim. Outro mecanismo utilizado pelo Crea-BA para fomentar questões de interesse da sociedade como a acessibilidade e assuntos ligados à preservação do meio ambiente são os Grupos de Trabalho (GT’s) – espaços multidisciplinar criados com o objetivo de contribuir com as políticas públicas voltadas para Salvador e para a Bahia. Segundo o chefe de gabinete do órgão, engenheiro químico Herbert 30 crea V.4, n. 43, p. 30 - abr/mai/jun.2013 - Bahia

Contribuição política

No âmbito político o Crea também avançou com a realização do Programa “Diálogos com os Candidatos”, visando embutir a contribuição dos profissionais da área tecnológica nos planos de governo dos então candidatos a cargos eletivos de vários municípios baianos. Nesse sentido, vários debates foram realizados, contando sempre com a participação dos técnicos e representantes da sociedade civil. Mesmo que as iniciativas propostas com foco na melhoria da qualidade de vida das pessoas não tenham partido diretamente do Crea, a instituição não tem cruzado os braços quando percebe que pode unir forças. É o caso da parceria proposta pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), para a elaboração dos planos municipais de gerenciamento de resíduos sólidos. O objetivo do projeto, segundo Herbert Oliveira, é capacitar e assessorar 50 municípios na elaboração dos planos municipais


Gilson Pereira

de saneamento básico conforme obriga a Lei 11445/2007. “Este projeto que deve beneficiar cerca de 2 milhões de pessoas e tem a parceria de outras instituições – a exemplo do Ministério Público – vai dotar essas cidades de condições técnicas para que elas possam ter um plano de gestão de resíduos. No final, vamos qualificar pessoas com a ajuda dos especialistas dos diversos órgãos envolvidos”, conta Marco Amigo. A iniciativa tem conclusão prevista para o final de 2014. Convênios

O chefe de gabinete destaca ainda outros projetos, nesse sentido, que tem sido pensados pelo Crea. Ele ressalta a ampliação das ações de apoio aos governos estadual e municipal, em políticas públicas de interesse da sociedade, nas quais a instituição possua competência. Um dos exemplos, segundo ele, é a participação em conselhos municipais e câmaras temáticas nas áreas de competência, além do envolvimento dos técnicos da autarquia federal em audiências públicas. O resgate do orgulho dos profissionais é

para o presidente Marco Amigo a principal de todas as conquistas. “No inicio da gestão, ouvíamos muitas reclamações sobre as razões de existência do Crea, o que ele fazia, que era apenas mais um órgão arrecadador...”. Estas insatisfações, segundo lembra o atual presidente do órgão, se deviam, principalmente, à falta de ações de valorização e capacitação, que não chegavam até às inspetorias do interior do Estado. “Esse foi um dos motivos pelo qual a atual gestão expandiu suar ações, como a realização de eventos e cursos no interior, implantação de novas sedes para as inspetorias e celebração de convênios com prefeituras, universidades e entidades profissionais de todo o Estado” Estas ações, avalia o presidente, trazem maior visibilidade, ao tempo em que demonstram, aos profissionais e a toda sociedade, a importância da atuação do Crea, como órgão apoiador e de suporte na validação de políticas publicas governamentais, carentes de fiscalização e controle. Visibilidade alcançada por ações que beneficiam à sociedade de forma concreta e visibilidade a partir das cores fortes dos grafites que passaram a dar mais vida ao concreto que protege a sede da instituição em Salvador.

FPI do São Francisco, modelo criado pelo Crea-BA ganhou aprovação nacional e foi considerado modelo pelo Ministério Público

V.4, n. 43, p. 31 - abr/mai/jun.2013 - Bahia

crea 31


>REPRESENTATIVIDADE

Reivindicando necessidades Crea-BA realiza maratona para assegurar participação do interior no CNP

Na abertura do evento, Marco Amigo falou sobre a importância de fortalecer as entidades de classe

32 crea V.4, n. 43, p. 32 - abr/mai/jun.2013 - Bahia

Por Nadja Pacheco Fotos João Alvarez

stradas esburacadas e perigosas, intempéries, alimentação irregular e saudades, muitas saudade, de casa. Esses foram apenas alguns dos desafios enfrentados pelos integrantes da Comissão Organizadora Regional (COR) do Congresso Estadual de Profissionais (CEP), para realizar encontros em cada município que dispõe de inspetoria do Crea-BA. Entre dois meses (maio e junho), a comissão percorreu mais de 10 mil km, colheu 140 propostas e contou com a participação de aproximadamente dois mil técnicos, tecnólogos, engenheiros e estudantes. Feito inédito na Bahia, os eventos


ENTENDA O PROCESSO Encontros microrregionais (reuniões nas cidades que possuem inspetorias do Crea)

De 06/05 a 05/07 Mudanças na legislação vigente

Encontros regionais com entidades de 2ª Fase do CNP

classe

28/06

De 11/11 a 13/11

Congresso Nacional de Profissionais

De 12/09 a 14/09

Congresso Estadual de Profissionais

11 e 12/07

microrregionais, além de levantarem sugestões para a melhoria do Sistema Confea/Crea e Mútua, despertaram nos profissionais a necessidade de mergulhar na política institucional como forma de assegurar a valorização. Na versão estadual do evento, foram compiladas e aprovadas 20 propostas e uma moção a serem discutidas no Congresso Nacional de Profissionais (CNP), que ocorrerá em setembro em Gramado (RS) e prevê a mobilização de 1 milhão de profissionais, além de cerca de 50 mil lideranças em todo o Brasil. Marco Legal – Competência profissional para o desenvolvimento nacional foi

o tema dos encontros que debateu cinco eixos: formação profissional, exercício profissional, organização do sistema, integração profissional e social e inserção internacional. Lembrando a luta recente dos médicos brasileiros contra a entrada de profissionais de outros países no Brasil, o presidente do Crea-BA, engenheiro mecânico Marco Amigo, afirmou que a mesma postura deve ser

assumida pelos representantes da área tecnológica para assegurar direitos como respeito ao salário mínimo profissional, implementação da Lei de Assistência Técnica Pública, em favor das famílias com baixo poder aquisitivo e maior valorização profissional. “Precisamos agir com uma capacidade mínima de articulação e, para tanto, é necessário envolver também quem está no interior com sua experiência de campo e sugestões para que os profissionais do Estado tenha uma boa representatividade no CNP ”. legislação

O presidente destacou ainda o fortalecimento das entidades de classe como fundamental para a austeridade do Sistema. Amigo salientou também a necessidade de adequação da legislação profissional às demandas do mundo atual, que segundo ele, é o maior entrave. “A tecnologia evolui vertiginosamente. As necessidades profissionais, sociais e as relações trabalhistas se modificaram. A legislação deve traduzir o momento que vivemos”. De acordo com Amigo, além da Lei 5194/66, considerada um marco, outros dispositivos legais interferem direta ou indiretamente no trabalho dos profissionais do Sistema, e precisam ser atualizados, a exemplo da Lei 6496/77, que instituiu a ART e a Mútua. O sombreamento profissional e as ameaças da Resolução 21, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), também emprestaram um tom crítico ao Congresso Estadual. Para a V.4, n. 43, p. 33 - abr/mai/jun.2013 - Bahia

crea 33


>REPRESENTATIVIDADE conselheira federal, engenheira eletricista Ana Constantina Sarmento, a engenharia não pode ficar na periferia dessas discussões. “As ameaças se traduzem em oportunidade. Somos responsáveis pelo desenvolvimento do país e chegou a hora de o sistema se reinventar”. O coordenador do 8º CEP, engenheiro agrimensor Joseval Carqueija, conduziu todos os encontros microrregionais e revelou que a presença maciça dos estudantes nas discussões foi a grande surpresa do evento. “Ficamos sensibilizados com o apoio recebido dos alunos de diversos cursos e sugerimos aos profissionais que se organizem, criem entidades de classe e ajudem as inspetorias e o interior”. A obrigatoriedade da ética e da legislação profissional nos cursos das instituições de ensino e o acobertamento profissional também foram destacados por Carqueija. “É importante reiterar que o sistema é feito por todos os profissionais. Esse é um momento em que todos – da capital e do interior – podem e devem participar de maneira igualitária e democrática”. Engajamento

Contagiado pelo movimento que ganhou as ruas do Brasil, o presidente do Confea, engenheiro civil José Tadeu da Silva, lembrou de conquistas históricas do sistema, como a implantação das eleições e a criação do congresso nacional. Ambas fazem valer o direito democrático dos profissionais e foram resultados de mobilizações. “É preciso aproveitar as manifestações que estão nas ruas para 34 crea V.4, n. 42, p. 34 - jan/fev/mar.2013 - Bahia

Propostas da Bahia >Revisão das exigências nos editais de concursos para contratação de professores, incluindo a obrigatoriedade da comprovação de experiência prática profissional. >Obrigatoriedade de fiscalização das instituições de ensino para exercer de forma rigorosa a exigência de corpo docente especializado. >Fazer constar nos projetos pedagógicos e grades curriculares dos cursos a disciplina Ética e Legislação Profissional, ministrada por profissional habilitado e reconhecido pelo sistema. >Estruturar a fiscalização dos Creas para ações de fiscalização com levantamento das grades curriculares dos cursos. >Exigir dos professores comprovação da habilitação profissional, através do competente registro nos Creas. >Implementar a matriz de conhecimento, possibilitando definição e reconhecimento das atribuições profissionais. >Estabelecer um Programa de Capacitação e de Estágio Prático, fomentando posteriormente a contratação do aluno em projeto Integrado Instituição de Ensino x Empresas.

denúncia junto ao Ministério Público Federal e Polícia Federal. >Revisar a atual norma de limitação de 250 receituários/ mês, observando as características da região, implementando limitações diferenciadas por tipo de empreendimento e região. >Deixar de exigir a entrega na sede ou inspetorias das vias impressas de receituário agronômico. >Elaborar resolução determinando início de diligências para caracterização de acobertamento profissional, quando for detectado em obras de edificação uma ART constando diversos projetos. >Exigir dos profissionais estrangeiros certificado de fluência na língua portuguesa, apresentação de todos os documentos traduzidos na língua oficial portuguesa e o registro no Sistema para obtenção visto. >Criar o sócio mutualista com duas modalidades: contribuinte e institucional. >Alterar o artigo 5º da Lei 6.496/77, possibilitando aos profissionais mutualistas a votação direta para composição das diretorias executiva e regionais.

>Articular junto aos Deputados Federais e Senadores a aprovação de emenda da lei 4.950-A em tramitação na Câmara Federal.

>Alterar o artigo 29 da Lei 5.194/66 com implementação de representantes de cada estado da federação, uma das instituições de nível médio e uma das instituições de nível superior em eleições diretas.

>Elaborar resolução deliberando os cargos e funções dos serviços estatais, paraestatais, autárquicos e de economia mista, para cujo exercício seja necessário o título relativo às profissões.

>Tornar penalidades mais rigorosas, enquadrando os seguintes itens: advertência reservada, censura pública, suspensão temporária do registro com serviços comunitários e cancelamento do registro.

>Exigir a comprovação de capacitação e habilitação profissional emitidos pelo Sistema Confea/Crea nos concursos públicos.

>Estabelecer um sistema de comunicação institucional com ênfase nas interações Sistema/Profissional, Profissional/Sociedade e Profissional/ Cidadania.

>Tipificar como crime contra a saúde pública o exercício ilegal das profissões devidamente formuladas, processadas, comprovadas, transitadas e julgadas com a formalização de processo de

Moção nº 1: Revisão e formulação de proposta de Projeto de Lei de alteração da Lei 5.194/66


Participação por inspetoria Itaberaba e Teixeira de Freitas apresentaram maior número de propostas, enquanto Camaçari liderou em participação Participantes Proposta

Teixeira de Freitas

37

Eunápolis

78

6

Ilhéus

28

8

Itabuna L. E. Magalhães

A Palestra > Aspectos que precisam ser mantidos e alterados, bem como inovações para a Lei 5.194/66, foram apresentados pelo engenheiro eletricista e procurador jurídico do Crea de Santa Catarina, Claude Pasteur de Andrade Faria

apresentar a engenharia e a sua importância para a sociedade”, enfatiza. José Tadeu reforçou ainda a ideia de fortalecimento das 615 entidades de classe registradas no Conselho Federal e afirmou que, devido à falta de atualização da lei, muitas resoluções passam por cima da regulamentação e, portanto, precisam ser revogadas.“Existe ilegalidade concedida, trazendo inseguran-

ça jurídica. Somos o sistema e devemos aproveitar a oportunidade para melhorá-lo”. A vinda de profissionais estrangeiros para o Brasil foi criticada pelo presidente do Confea. Para ele, as vagas precisam ser ocupadas pelos brasileiros. “A maior parte daqueles que fazem o sistema pensa desta forma. O CEP é o momento de externar insatisfação em relação a este eixo. Acredito que a Bahia

11

45

5

147

5

Barreiras

59

8

Seabra

20

4

Itaberaba

40

11

Feira de Santana

82

8

Jequié

60

5

Cruz das Almas

39

6

Santo A. de Jesus

46

6

Valença

43

7

Irecê

142

5

59

3

Santa Mª da Vitória

37

6

Bom Jesus da Lapa

32

3

Guanambí

54

2

Jacobina

Brumado

88

2

138

4

Juazeiro

89

6

Paulo Afonso

70

9

100

2

V. da Conquista

Ribeira do Pombal Alagoinhas Camaçari Lauro de Freitas

93

2

240

4

38

5

Cerca de dois mil técnicos, tecnólogos, engenheiros e estudantes participaram do evento, feito inédito no País

V.4, n. 42, p. 35 - jan/fev/mar.2013 - Bahia

Paulo Macedo

Regional

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>REPRESENTATIVIDADE fotos Paulo Macedo

Delegados eleitos

Marinheiros de primeira viagem

Com mandato

Embarcando pela primeira vez nesta viagem rumo à valorização profissional, o inspetor regional de Itaberaba, engenheiro agrônomo Clênio Monteiro, avaliou positivamente o CEP. "Houve interação democrática entre as formações acadêmicas". Porém, chamou a atenção do participante a ausência das mulheres na luta em favor de melhorias para o sistema. O inspetor regional de Camaçari, técnico eletromecânico Fabiano Ribeiro, acredita que a participação maciça dos estudantes e a valorização dos técnicos foram importantes para o sucesso do congresso. "Foi fundamental presenciar essa ação do conselho em reagir contra a precariedade da lei, que rege o sistema". Já o inspetor regional de Seabra, engenheiro agrônomo Danilo Miranda, classificou o encontro como produtivo. “O Crea precisa realizar mais eventos regionais, principalmente relacionados à resolução 1010 e à Lei 5.194/66, para sensibilizar um maior número de profissionais quanto a importância de contribuir para o fortalecimento do sistema.

vai trazer grandes contribuições e colocar a lei em consonância com o Brasil de hoje, e consequentemente, responder as demandas do País”. Informação

A divulgação das atividades desenvolvidas pela Mútua foi uma das conquistas do 8º CEP para a diretora da Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea-BA, engenheira de produção Ineivea Farias. Segundo ela, os encontros microrregionais foram úteis também para apresentar os benefícios oferecidos pelo braço 36 crea V.4, n. 43, p. 36 - ABR/MAI/JUN.2013 - Bahia

>Eng. Agrôn. Luiz Claudio Ramos Cardoso – Região Norte - Alagoinhas >Eng. Agrôn. Nailton Sousa Almeida - Região Oeste - Barreiras >Eng. Civil José Marcelo Leôncio - Região Extremo Sul – Teixeira de Freitas >Eng. Agr. Emanuel Alves Batista - Região Sudoeste – Vitória da Conquista >Tec. Edf. Mateus de Oliveira Mônaco Viana Região do Recôncavo – Feira de Santana

Inspetores Clênio Monteiro (Itaberaba), Danilo Miranda

>Eng. Civil Dermivan Barbosa dos Santos Região Sul - Itabuna >Eng. Agrôn. Marcelo Dourado Loula - Região Chapada - Irecê >Eng. Civil Gilvam Coelho Porto Júnior - Região Sul – Ilhéus

(Seabra) e

>Eng. Elét. Agnaldo Conceição G. Alves Teixeira de Freitas

Fabiano

>Eng.Civil André Luis Dias Cardoso – Brumado

Ribeiro

>Eng.Civil Dinálio Marques Dourado - Irecê

(Camaçari)

>Téc. Agrop. Marcos de Souza Dantas - Paulo Afonso

assistencial do sistema e se aproximar ainda mais do interior. A diretora aproveitou a ocasião para reivindicar a atenção dos delegados para propostas que fortaleçam a entidade. “A Mútua-BA vem aumentando, cada vez mais, o número de sócios, por meio de ações em parceria com o Crea-BA. Hoje, estamos entre as primeiras Caixas em associatividade no Brasil. Precisamos garantir o repasse de parte da ART para a Mútua, pois é fundamental para sua manutenção, sustentabilidade e equilíbrio financeiro”.

Sem mandato >Eng. Agrim. Joseval Costa Carqueija - CREABA nº 53583 – Barreiras >Eng. Agron. Daniella Aparecida das V. Cantelli - Luis E. Magalhães >Tecnólogo Marinalva Everaldina dos Santos Juazeiro >Eng. Civil José Ruy Cortes Cezar - Itaberaba >Eng. Agron. José Henrique dos Santos Jr – T. Freitas >Tec. Eletrotec. Jose Roberto Bispo Barreto - R. do Pombal >Tec. Estradas Marcos Rogério Bezerra Souza - Sto. A. de Jesus >Eng. Agron. Paulo Afonso Leiro Baqueiro Barreiras >Tec. Seg. Trab. Fábio da Silva Ribeiro - Paulo Afonso >Tec em Eletrot. Sérgio Souza dos Santos Lauro de Freitas >Tec. Agrop. Antonio Carlos Nunes da Gama – Irecê >Eng. Agrim. Uallace Souza Xavier - Itabuna


>entrevista Entrevista José Carlos Aleluia Secretário de Transportes e Urbanismo

“A cidade nunca quis enfrentar os seus dilemas” O desafio de destravar o trânsito de Salvador e fazer a soterópolis andar Por Ronaldo Brito Fotos joão alvarez

ito meses depois de assumir a Secretaria de Transportes e Urbanismo, José Carlos Aleluia ainda não conseguiu manter uma agenda tranquila. Entre os muitos dilemas em que vive Salvador, a questão da mobilidade, ou melhor, da imobilidade, tem sido seu Calcanhar de Aquiles. Às voltas com projetos e ações para destravar a cidade, Aleluia acredita que conseguirá fazer a capital andar. “Esse é um compromisso do prefeito ACM Neto”, diz. Apesar de cantar vitórias de que o trânsito já está fluindo melhor, o que se tem assistido são apenas tentativas. Decidido a mudar esse quadro, ele defende que as pessoas deixem seus veículos em casa e andem de transporte coletivo. Para “forçar” as pessoas a adotarem esse comportamento, o engenheiro eletricista, que já foi deputado federal e presidente da Chesf, diz que está dificultando as áreas de estacionamento. Otimista, acredita que assim mudará essa cultura ainda nesta gestão. Como temos pouco mais de três anos pela frente, só o tempo dirá.

V.4, n. 42, p. 37 - jan/fev/mar.2013 - Bahia

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>entrevista Entrevista José Carlos Aleluia Secretário de Transportes e Urbanismo

Um dos mais graves problemas da cidade hoje é a mobilidade. Quando o senhor assumiu a pasta, afirmou que iria destravar o trânsito com uma operação simples, que o senhor chamou de operação correta. Oito meses depois, o que temos visto é uma situação cada vez pior. Que medidas podem minimizar o problema? Tivemos muitos avanços, mas eles ainda não foram percebidos. As pessoas que circulam no centro expandido sentem uma clara mudança. Quando não temos problemas, o trânsito flui bem no Comércio, no Terreiro de Jesus, do Campo Grande até Ondina... Aí você me pergunta: como o senhor fez esse milagre? Liberando as ruas para as pessoas e para os ônibus. Mas existem outros espaços da cidade que estão muito congestionados, que é do Acesso Norte até o Centro Administrativo, que vai até o Lucaia e, de lá, até a Pituba. Esses trechos formam o Triângulo das Bermudas da cidade. Isso vai mudar quando se mexer no transporte coletivo. O prefeito está tentando montar um sistema que dê mais fluidez. Desde a Estação da Lapa até a Ligação Iguatemi Aeroporto. Aí teremos uma mobilidade, em ônibus, muito boa, nessa área. Estamos esperando a evolução do metrô. Nos últimos anos, priorizou-se o transporte individual e se fez quase nada na melhoria ou expansão do transporte público. Tampouco foram realizadas obras para melhorar a mobilidade urbana. Obras demoram. Seria então o rodízio uma solução? Não. O rodízio só favorece à indústria automobilística, porque, quem pode, compra dois carros. Salvador está em um estágio em que é preciso mostrar aos usuários de carro que o estacionamento não é na rua e de graça. A melhora que temos sentido se deve

38 crea V.4, n. 43, p. 38 - abr/mai/jun.2013 - Bahia

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"Sempre que possível, ando de ônibus. A classe média precisa pressionar para melhorar o sistema. É muito cômodo dizer que se anda de carro porque não há outra solução. A solução não pode ser individual. Os números mostram isso"

à redução das áreas de estacionamento. As pessoas têm carro, mas não têm onde parar. Elas precisam aprender que a responsabilidade do estacionamento pertence a elas, e não à prefeitura.

co dizer que Salvador não tem ônibus. Os ônibus não circulam. Se você tem uma frota que anda numa velocidade média de 12, 13 km/hora, você tem é que oferecer condições de aumentar a velocidade dos ônibus.

Mas isso não gera uma insatisfação? Afinal, essa é uma das poucas alternativas que as pessoas têm, já que não temos um sistema de transporte público eficaz? Não é a única alternativa. Temos os taxis, os ônibus. Considerando que todas as pessoas são iguais, não vejo problema de as pessoas andarem de ônibus.

Então a solução é abrir corredores exclusivos para os ônibus? Abrir os corredores e fechar o convite aos carros, acabar com a ideia de que não há outra solução. As pesquisas mostram que o veículo individual é usado por uma quantidade muito pequena da população. É isso que causa todo o transtorno.

O senhor então anda de ônibus? Ando, ando muito de ônibus. Sempre que possível, ando de ônibus. A classe média precisa pressionar para melhorar o sistema. É muito cômodo dizer que se anda de carro porque não há outra solução. A solução não pode ser individual. Os números mostram isso. Na Paralela, por exemplo, na hora de pico, passam cerca de 200 ônibus e 7,5 mil carros. Não podemos esquecer também da péssima qualidade e da ínfima frota disponível na cidade, não é secretário? Não é verdade. Temos uma frota de ônibus congestionada. É um equívo-

De que forma o senhor acha que irá convencer as pessoas de que elas precisam trocar o seu veículo por esse transporte coletivo que temos hoje? O primeiro passo já foi dado. No momento em que você tem dificuldade de andar de carro, e as pessoas já estão tendo dificuldades de andar de carro, você começa a pensar em alternativas. Eu não conheço uma pessoa de Salvador que não esteja encontrando dificuldade de andar de carro com a nova postura da prefeitura. Quem tira o carro da garagem tem o dever de saber onde vai estacionar e quanto isso vai custar. É assim em todas as cidades do mundo. Porque aqui tem que ser diferente? A maioria dos


londrinos anda de transporte público, os nova-iorquinos também. Sim, secretário, o senhor está falando de cidades do primeiro mundo, onde o transporte público, incluindo o metrô, é eficiente... Em São Paulo, em Curitiba, as pessoas andam de ônibus. A gente precisa entender que o caminho é o transporte coletivo. Você não pode achar que carro é a solução. São Paulo, Curitiba, além de metrô, fizeram e fazem investimentos pesados no transporte público. Há quanto tempo estamos estagnados nessa área? Sim, têm metrô. Mas grande parte da população de São Paulo anda de ônibus. Salvador não tem salvação do que jeito que está, tem que fazer as melhorias, e rápido, e é isso o que estamos fazendo. Precisamos criar um sistema de transporte eficaz. Essa licitação para as empresas de transporte de ônibus, que o senhor anunciou que vai fazer, é para acelerar a criação desse sistema? É uma forma de acelerar e mudar a estrutura. Estamos aplicando a teoria do sistema. O que temos hoje é uma macarronada que nasceu de forma vegetativa. Uma linha, de Paripe a Itapuã, passa pelo centro, por um bocado de bairros, faz uma curva... Isso

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não pode ser assim. Essa semana, eu tive reuniões com especialistas para pedir que desenhem um sistema de transportes baseado em engenharia de sistema, no qual teremos troncos, onde haverá integração de linhas, com a mesma passagem. Vamos fazer a integração já durante o processo licitatório. Nós estamos trabalhando com o bilhete único para acabar com essas linhas quilométricas que precisam atravessar a cidade inteira para chegar ao destino final. Então será um novo sistema? Vamos destruir todo o sistema existente e criar um novo sistema de linhas de ônibus, trabalhando com linhas alimentadoras. Salvador é a terceira capital do Brasil e ainda muito provinciana em diversos aspectos. Como isso é possível diante dos avanços tecnológicos que temos hoje? A cidade nunca quis enfrentar os seus dilemas. Quando eu falo que a prioridade é o transporte público é porque eu entendo que a cidade precisa mudar os rumos do seu desenvolvimento. O PDDU continua sub judice. A Prefeitura tem buscado entendimento com o MP para resolver o impasse? O que vai acontecer daqui pra frente?

"Temos uma frota de ônibus congestionada. É um equívoco dizer que Salvador não tem ônibus. Os ônibus não circulam. Se você tem uma frota que anda numa velocidade média de 12, 13 km/hora, você tem é que oferecer condições de aumentar a velocidade dos ônibus"

Quase todos os projetos estão parados em função disso. O prefeito está fazendo um trabalho junto com o MP e, agora, com a Justiça para mostrar que a cidade precisa do plano-diretor. E esse plano será revisado? Constantemente, um plano não pode ser estático. A especulação imobiliária tem acabado com as poucas reservas de áreas verdes da cidade. O que a prefeitura planeja fazer para reduzir esses danos? Nós temos uma preocupação ambiental, mas a nossa visão de Meio Ambiente é de que a cidade não pode ficar refém. As pessoas precisam entender que não podem morar em bosques. A cidade tem que usar bem os seus espaços, ter áreas verdes respeitadas, bem delimitadas e bem usadas. Temos que preservar espaços verdes próximos às moradias, mantendo o cuidado com os parques e no entorno da cidade. A Paralela está estrangulada, qual seria o novo vetor de crescimento da cidade? Eu entendo que haverá uma inversão, ela precisa se voltar para si mesma, fazendo empreendimentos urbanos em espaços onde ainda cabem esses empreendimentos. O grande problema da cidade, nos últimos anos, foi a falta de planejamento. O que devemos esperar dessa gestão nessa área? Vamos ouvir as pessoas, os especialistas e planejar melhor a cidade, mas nunca impedindo que a cidade tenha seu desenvolvimento. Não se pode entender que todos os órgãos sejam gestores. Planejamento tem que ser um processo, não apenas uma lei.

V.3, n. 43, p. 39 - abri/mai/jun.2013 - Bahia

crea 39


>agricultura

invasão da Helicoverpa armigera, lagarta que vem devastando plantações de milho, soja e algodão no Oeste da Bahia, gerando prejuízos na ordem de R$ 2 bilhões – segundo estimativa feita pela Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) – abriu a discussão sobre a qualidade do trabalho de controle fitossanitário no 40 crea

Estado e no Brasil. O inseto, que pode ser combatido por meio do benzoato de emamectina – agrotóxico proibido em terras brasileiras – é considerado exótico e não havia registro em solo nacional até a confirmação neste ano, passando a ser tratado por Praga Quarentenária Ausente (A1). O produto ainda não foi aplicado na lavoura. Inicialmente, a Helicoverpa armigera esta-

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Helicoverpa armigera causou grandes perdas nas lavouras de algodão e de soja na região oeste da Bahia. A lagarta chega a medir 35 mm e possui coloração entre verde-claro, rosa, marrom ou quase preta, com partes mais claras

A mariposa é adulto desta lagarta, com cerca de 40 mm de envergadura. A fêmea fecundada põe o ovo de preferência nos estilosestigma. No verão, num período de três a quatro dias, dá-se a eclosão das lagartas que se alimentam do estilo-estigma e dos grãos em formação


Emergência fitossanitária

Parceria entre órgãos oficiais e produtores é essencial para o controle da praga Por Nadja Pacheco

Adenilson Nunes /AGECOM

va sendo confundida com a Helicoverpa zea, espécie de ocorrência secundária no milho, sem importância econômica. O caos agrícola causado pela lagarta colocou em alerta as 40 barreiras fixas e 23 móveis da Bahia, que estão localizadas em Estados vizinhos e em diversas regiões. De acordo com o diretor de Defesa Sanitária Vegetal da Agência Estadu-

al de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), engenheiro agrônomo Armando Sá Nascimento Filho, o controle é feito por meio de fiscalizações no trânsito de vegetais, principalmente os que possuem restrições para adentrar o Estado e circular internamente. “Nestas atividades de rotina, não foi detectada a presença da praga”. Vale considerar que existe a hipótese de que a

praga pode migrar através de correntes de vento. O diretor informou ainda que, ao confirmar a identificação da Helicoverpa armigera, foi deslocada uma equipe de emergência sanitária para a região Oeste, formada por 10 fiscais estaduais agropecuários, oito auxiliares de fiscalização, além do reforço de oito técnicos da Associação Baiana dos Produtores de Algodão

(Abapa). “A Adab, como órgão de defesa vegetal, cumpriu todas as etapas que requer um estado de emergência fitossanitária, sempre tendo como marco regulatório Portarias Estaduais, a Lei 10.434, o Decreto Estadual de Defesa Sanitária Vegetal, a Lei 6.455 de Agrotóxico e o Decreto Estadual 6.033”, defende. Segundo Armando Sá, a chegada da lagarta às

V.4, n. 43, p. 43 - abr/mai/jun.2013 - Bahia

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>agricultura plantações do Oeste Baiano mostrou a necessidade de total integração entre o setor produtivo e os órgãos oficiais, culminando com a criação de um Programa Nacional de Controle da Helicoverpa armigera. Já que a praga está presente em vários Estados do Brasil, a iniciativa deve contemplar o monitoramento do inseto nas lavouras, o manejo integrado, o estabelecimento e cumprimento do vazio sanitário para culturas hospedeiras, o controle biológico e a utilização de inseticidas, observando a alternância dos princípios ativos, de forma a evitar a resistência da praga aos poucos produtos que possuem eficiência no controle, a exemplo das diamidas”.

Valter Campanato/Agência Brasil

Chegada da lagarta colocou em alerta as 40 barreiras fixas, e 23 móveis, da Bahia

Produto proibido

O diretor explicou que a importação do benzoato de emamectina somente poderá ocorrer com autorização da Adab e supervisão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “O produto, quando importado, obedeceu às legislações vigentes, portando não é ilegal”, afirma. Questionado sobre a possibilidade de aumento do contrabando de agrotóxicos com a utilização do agroquímico, o agrônomo reforçou que o contrabando do benzoato ou de qualquer outro pesticida proibido no País constitui crime. “Ao ser identificado deve ser de imediato comu42 crea V.4, n. 43, p. 44 - abr/mai/jun.2013 - Bahia

nicado ao Serviço de Auxílio a Agrotóxicos Ilegais ou ao Disque-Denúncia da Adab (contatos abaixo)”. De acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Agrícola (Sindag), as vendas de praguicidas na Bahia cresceram 16,5% no ano passado. O Estado saltou de um volume de consumo de aproximadamente R$ 1,4 bilhão para R$ 1,63% bilhão, entre 2011 e 2012. No Brasil, o crescimento do mercado de agrotóxicos foi de 14,4%, alcançando o volume de R$ 19,5 bilhões movimentados em 2012. A cultura da soja foi a responsável por quase a metade das vendas dos pesticidas em 2012, com R$ 9,72 bilhões movimentados. O secretário de Meio Am-


Valter Campanato/Agência Brasil

A Helicoverpa vem devastando

Cronologia

plantações de milho,

30/01/13 >

soja e algodão no

Recebimento pela Adab de documento oficial das entidades do Oeste sobre os prejuízos causados pela lagarta

Oeste da Bahia

04/03/13 > Emissão do parecer técnico ao Ministério da Agricultura sobre a ocorrência da praga no Oeste da Bahia, declarando emergência fitossanitária 06/03/13 > A Secretaria de Agricultura do Estado publica a portaria nº 056/2013, que criao grupo operacional de emergência fitossanitária

23/03/13 > Alberto Coutinho/GovBA

biente de Barreiras e inspetor do Crea-BA, engenheiro agrônomo Nailton Almeida, lembrou da entrada no País da principal praga da soja, até então, a Ferrugem Asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, que devastou as lavouras no ano de 2002. Na ocasião, o poder público, através da Adab e Embrapa, com o apoio da Aiba criaram o Programa Estratégico de Manejo da Ferrugem Asiática do Oeste da Bahia que, mais tarde, foi difundido pelo Brasil através do Consórcio Antiferrugem. Segundo Almeida, o episódio da invasão da ferrugem no Oeste baiano se assemelha à situação vivenciada agora. “Não possuíamos

fungicidas registrados, não se sabia a eficiência dos princípios ativos para a praga. A pesquisa agropecuária local e nacional deu uma resposta rápida conseguindo combater eficientemente a praga”, lembra. Parceria

Almeida sugere que, da mesma forma que aconteceu contra a Ferrugem, seja desenvolvida uma ação integrada entre pesquisadores, defesa sanitária vegetal e produtores para controlar a incidência da lagarta. “Essa é a oportunidade da Bahia mais uma vez vir a ser referência para o Brasil e para o Mundo no controle de pragas”, salienta.

A presença da Helicoverpa armigera na Austrália e Estados Unidos não é novidade. De acordo com o presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Barreiras, Adriano Lupinacci, nestes países a utilização do inseticida benzoato de emamectina é permitida, visto que o produto passou por todas as etapas necessárias para o registro, incluindo testes relativos ao ambiente e a saúde humana. Ele defendeu que não existe razão técnica que desqualifique a utilização assistida deste inseticida pela Adab na região Oeste da Bahia, de modo que seja avaliada a eficácia de mais uma ferra-

A Embrapa notifica o grupo de gerenciamento situacional sobre a identificação da Helicoverpa armigera, no Brasil

06/05/13 > A Adab edita a portaria nº 124, declarando como zona interditada os municípios de Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, São Desidério, Correntina, Baianópolis, Riachão das Neves, Formosa do Rio Preto, Jaboradi e Cocos. Além disso, define como será o arm azenamento do produto Fonte: Adab

denuncie > Auxílio a Agrotóxicos Ilegais 0800 – 940 7030 Disque denúncia da Adab 0800 – 2840 011

V.4, n. 43, p. 45 - abr/mai/jun.2013 - Bahia

crea 43


>agricultura João Alvarez

Armando Sá diz que Adab cumpriu todas as etapas da emergência fitossanitária

menta que pode ser utilizada no combate à praga. “Na Austrália, por exemplo, existe um programa fitossanitário sistêmico (envolve pragas, doenças, plantas daninhas, entre outros organismos), realizado e fundamentado na participação efetiva do produtor rural, que é devidamente assistido pela iniciativa pública, em primeiro lugar e, em seguida, pela iniciativa privada. Um programa que deu certo e serve de exemplo. No Brasil, por outro lado, percebemos que questões de interesse, de falta de liderança e coordenação e, também, àquelas de caráter burocrático, impedem que um programa sistêmico possa ser implementado para alcançar sucesso. Existem diversos impedimentos, inclusive culturais que limitam a efetividade das ações. Além disso, no Brasil

as pessoas preferem remediar aquilo que poderia ter sido prevenido”. estratégia

Lupinacci aponta que a liberação dos transgênicos de segunda geração pelo MAPA também se mostra como uma estratégia complementar. Essa questão, todavia, passa pelas mesmas dificuldades em termos de trâmites, tal como ocorre com os inseticidas (lembrando que vários desses cultivares são aplicados em escala comercial nos Es-

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tados Unidos e Austrália). “A Austrália enfrenta a Helicoverpa desde o final da década de 1990, tendo no manejo integrado de pragas (MIP) o alicerce para o sucesso do combate a praga. Fica claro na literatura que os australianos apontam a integração dos métodos de controle como a chave para a efetividade no combate. Estes indicam que qualquer programa que pretenda alcançar êxito deverá enfatizar o controle biológico e o manejo de resistência do inseto aos inseticidas”. Lu-

Essa é a oportunidade de a Bahia, mais uma vez, vir a ser uma referência para o Brasil e para o Mundo no controle de pragas, como aconteceu com a ferrugem asiática” Nailton Almeida, inspetor do Crea-BA

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pinacci alerta que a lagarta já foi observada em outros cultivos como laranja, café, hortaliças etc. “Se o produtor e a sociedade não entenderem que estamos lidando com uma praga complexa, que existe coordenação de ações e conhecimento para superá-la, poderá haver perda significativa de produtividade, associada ao aumento de custos de produção e perda de competitividade da agropecuária baiana”. Contrário ao manejo do benzoato de emamectina, o Fórum Baiano de Combate aos Efeitos dos Agrotóxicos (FBCA), composto por 33 entidades, manifestou-se por meio de uma nota pública. De acordo com o documento, assinado pela coordenadora em exercício do colegiado, promotora de Justiça Luciana Khoury, o produto pode ter efeitos (acumulativos) danosos à saúde humana. A nota pública ainda destaca o posicionamento do Ibama, que se manifestou contra o uso do agrotóxico, pois o produto não possui baixa toxidade que é o pré-requisito básico para a obtenção do registro emergencial. O colegiado sugeriu que sejam levantadas outras soluções e chama a atenção das responsabilidades por todo e qualquer dano, inclusive os que venham surgir a longo prazo, à saúde dos trabalhadores, a população e ao meio ambiente.


>nononono

anĂşncio

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crea 45


>Artigo Adriano Lupinacci

Helicoverpa: uma oportunidade para reflexão A Helicoverpa armigera, lagarta exótica, polífaga e voraz, foi identificada na região Oeste da Bahia, maior produtora de grãos e fibras do Nordeste brasileiro, no terço final da safra 2011/12 e durante toda a safra 2012/13, tendo trazido prejuízos diretos estimados em aproximadamente R$ 2 bilhões, resultantes da perda de produtividade associada ao gasto adicional com o uso de inseticidas nas culturas de soja e algodão. Não obstante, na safra 2012/13, a referida praga foi identificada em outros 9 Estados do país, promovendo danos, inclusive severos, em diversas culturas (soja, algodão, milho, feijão, café, laranja, hortaliças etc). Aventou-se, inclusive, a hipótese de bioterrorismo, a qual poderá ser comprovada ou não, a partir da conclusão do trabalho conjunto realizado entre órgãos de inteligência e pesquisa nacional. Nesse sentido, grandes esforços de órgãos governamentais e da iniciativa privada têm sido percebidos no relato das perdas e dos prejuízos e na proposição de possíveis soluções para o controle efetivo da praga num futuro próximo. O Programa Nacional de Controle da Helicoverpa, sob a coordenação do

MAPA, está em fase final de revisão e prestes a ser apresentado à sociedade. E, ainda que estes esforços sejam relevantes e necessários, muito pouco, por outro lado, tem-se laborado a respeito dos fatores condicionantes e predisponentes que determinaram o aparecimento, em alguns casos, devastador da praga no país. Muito pouco também se tem proposto em termos efetivos, visando à profissionalização do agricultor brasileiro no sentido de prever e mitigar riscos. A partir de uma análise sistêmica do problema exposto e da forma como as entidades competentes (públicas e privadas) têm se posicionado e atuado nestas circunstâncias, fica a impressão de que trabalhar sobre as consequências do problema (“apagar o fogo”) por alguma razão se mostra mais conveniente do que agir sobre as reais causas (“evitar que o fogo apareça”), comportamento esse que, apesar de fugir a lógica ortodoxa é corrente no Brasil, fato que merece uma reflexão mais aprofundada. Produção e Filosofia

A Helicoverpa spp. não foi a primeira e, seguramente, não será a última praga a

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"Muito pouco tem-se laborado a respeito dos fatores que determinaram o aparecimento, em alguns casos, devastador da praga no País. Muito pouco também se tem proposto em termos efetivos, visando à profissionalização do agricultor brasileiro"

acometer com severidade as lavouras de grãos e fibras que ocupam a região dos Cerrados da Bahia. Com pequeno esforço de raciocínio, pode-se prever que, em breve, a mídia estará alardeando a sociedade com notícias relacionadas aos prejuízos gerados por alguma peste, seja o bicudo (que voltou a causar prejuízos na safra 2012/13), a mosca branca, o mofo branco, os nematoides (diversos), os ácaros, entre outras. Seguindo essa linha de raciocínio, a análise do passado recente da agricultura do Oeste da Bahia revelou que problemas com pragas, doenças e nematoides são recorrentes. Em determinados momentos, os prejuízos também foram significativos e a continuidade do processo agrícola foi posta à prova. Os exemplos mais marcantes da história dizem respeito à Ferrugem

Asiática da Soja (causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizie), ao Cancro da Haste da Soja (causado por um fungo com duas fases de desenvolvimento – Phomopsis phaseoli (Cke. & EII.) Sacc. f.sp. meridionalis / Diaporthe phaseolorum (Cke. & EII.) Sacc. f.sp. meridionalis), ao Nematoide do Cisto (Heterodera glycines) e ao Bicudo do Algodoeiro (Anthonomus grandis). Trazendo para o foco de uma reflexão do atual contexto vivido por conta da Helicoverpa, percebe-se que o surgimento dessas pestes tem forte relação com o modelo de produção utilizado arraigado a filosofia do produtor. Esse modelo, introduzido desde os primórdios da exploração da região dos Cerrados, nas décadas de 1970/80, fundamentava-se no uso de monoculturas sucessivas, com predominância no cultivo


de soja. Investimentos de elevado porte foram destinados ao desenvolvimento de pesquisas para fomentar esse modelo de produção nas décadas de 1970 e 1980. E, particularmente, esse modelo foi importante para o desbravamento e ocupação do Brasil Central naquela oportunidade. Entretanto, passadas praticamente quatro décadas, a dinâmica da produção agrícola brasileira mudou consideravelmente, mais pela evolução considerável da tecnologia e do necessário aumento de escala do que propriamente pela filosofia de exploração e de gestão das organizações rurais. Dessa forma, no que tange à filosofia, o produtor é fruto de uma cultura com visão estreita, individualista, de curto prazo, que prefere gastar recursos para remediar os prejuízos a se antecipar, manter um comportamento proativo, pensar, interagir e prevenir ou mitigar os riscos potenciais. Dando seguimento à reflexão proposta, os programas de manejo integrado de pragas (MIP), que têm por objetivo dar subsídios visando à mitigação de riscos relativos à ocorrência e ação de pragas agrícolas e servem para minimizar os impactos da ocorrência de pra-

gas de alto poder destrutivo (como a Helicoverpa), pouco saíram das prateleiras de universidades e centros de pesquisa em direção às lavouras e têm sido utilizados de forma esporádica e pontual por apenas pequena parte dos produtores, dado o grau de conhecimento técnico, disciplina e esforço que exigem. Não se faz preciso conhecer profundamente a ciência agronômica para entender que a aplicação contínua de inseticidas como único método de controle de pragas é mais fácil e conveniente em comparação à implantação de um programa eficaz de MIP, que contemple medidas de controle cultural (rotação de culturas), uso de agentes de controle biológico, monitoramento periódico de pestes por pessoas qualificadas, a adoção de um sistema prático e rápido de processamento e interpretação das informações provenientes dos monitoramentos para nortear as ações subsequentes de controle, a calendarização do uso de inseticidas (conhecimento sobre os mecanismos de ação dos ingredientes ativos), os quais devem se configurar como última alternativa para o controle das pragas. Com a recente introdu-

ção dos cultivares Bt (Bacillus thuringiensis) para as culturas de algodão e milho (plantas com genes da bactéria Bacillus thuringiensis, os quais promovem a expressão de proteínas com ação inseticida sobre alguns tipos de insetos), o cenário se tornou ainda mais favorável ao surgimento de pragas. Isto porque, se antes o trabalho do produtor, no tocante ao controle, incluía quase que exclusivamente a aplicação de inseticidas, com a introdução destes cultivares, não haveria mais o que se fazer neste sentido. Muitos pensaram e agiram assim. E o resultado, bom, este já é de conhecimento público. Novamente faltou proatividade, sentido de prontidão e capacidade de analisar previamente os riscos. E, vale destacar que a tecnologia em si não tem qualquer responsabilidade sobre o mau uso que dela se fez. Isto por outro lado, não exime de responsabilidade os detentores da tecnologia. Assim, os prejuízos e a situação de incerteza presente são consequência direta do uso incorreto, simplista e estreito da tecnologia. Uma vez mais, à luz do conhecimento atual, pode-se concluir que os atores do processo se esqueceram de exercitar a

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"Ainda que a aplicação de inseticidas deva ser vista com parcimônia, em determinadas situações, Ela se fará necessária. Neste ponto, o Estado brasileiro também poderia agir de forma mais eficaz"

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>Artigo Adriano Lupinacci

lição de casa. Entende-se que o modelo praticado na maioria das áreas agrícolas é demasiado arriscado e encontra-se alicerçado sobre uma filosofia simplista, estreita e imediatista. O exemplo da Austrália

A Austrália passou por um problema semelhante ao vivenciado pelo Brasil, relativo à ocorrência de Helicoverpa armigera, espécie mais agressiva do gênero, no final da década de 1990, mais especificamente entre os anos 1997 e 1998, apesar de a praga já ter sido identificada naquele país desde os anos 1970. Os australianos aproveitaram a praga para se profissionalizarem, organizarem-se e tornarem-se ainda mais competitivos no que concerne à produção agrícola. Ações de sensibilização e capacitação do produtor alicerçaram todo o Programa Fitossanitário Australiano e as ações dele decorrentes. A adoção em escala nacional de programas de MIP ocorreu como consequência de um processo planejado e estruturado cujo suporte estava na formação de lideranças regionais, orientação do produtor rural e na geração permanente de informações visando subsidiar o produtor nas tomadas de decisão. Os pontos mais impor-

tantes do programa desenvolvido na Austrália podem ser assim relacionados: (a) comunicação eficaz com o produtor (capacitação e informação); (b) adoção das boas práticas agrícolas (BPA) nos sistemas de produção; (c) implantação de programas de MIP; (d) uso intensivo de agentes de controle biológico; (e) rotação de culturas e uso de culturas isca; (f) uso de refúgio estruturado (70% de cultivares convencionais durante o período em que se contava somente com cultivares com uma proteína Bt para a preservação das proteínas que apareceriam na segunda geração de cultivares Bt) para garantia do manejo de resistência das plantas ao inseto e (g) calendarização do uso de inseticidas, dando-se preferência por produtos seletivos e menor toxicidade. É importante considerar que o uso de inseticidas é feito sempre em último caso. Produtores, empresas e Governo, cada qual fazendo sua parte, tal como deve ser numa sociedade organizada. O resultado: eles alcançaram sucesso. Do exposto, percebe-se que ainda temos um longo caminho a trilhar. Desafios

Partindo para a realidade, dentro de uma visão pragmática, sabendo-se que no Brasil, não se pode contar

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"A tecnologia em si não tem qualquer responsabilidade sobre o mau uso que Dela se fez. Isto por não exime de responsabilidade os detentores da tecnologia. os prejuízos são consequência direta do seu uso incorreto"

com um Estado proativo, eficiente, organizado e capaz de coordenar um processo dessa magnitude, que exige ações para o médio e o longo prazo, tal como o é o australiano, o produtor brasileiro deverá assumir essa batalha. A formação de lideranças imparciais, bem preparadas e articuladas, que sirvam para representar os interesses legítimos do produtor rural se configura como o primeiro passo. A análise crítica dos modelos de produção, passando por uma revisão da filosofia de exploração dos recursos produtivos vem em seguida. O entendimento de que sistemas baseados no uso de rotação de culturas, plantio direto com palha, integração lavoura-pecuária associados a programas eficazes de manejo integrado de pestes (pragas, doenças, plantas daninhas, nematoides e tecnologia de aplicação de defensivos agrícolas) é

essencial para que a agricultura brasileira atinja um novo patamar em termos de competitividade e sustentabilidade. Nesta etapa surge a necessidade de se desenvolverem ações visando à capacitação em larga escala do produtor, como pré-requisito básico para o sucesso do processo. Temas relativos à implantação do MIP nas fazendas, análise de estratégias alternativas ao controle de pestes (além do uso de inseticidas), planejamento estratégico da empresa rural (envolvendo ações de médio e longo prazo – rotação de culturas, plantio direto, ILP), uso de refúgio estruturado, manejo da resistência dos insetos em relação aos inseticidas, entre outros temas relevantes. A partir da conscientização, sensibilização e entendimento da gravidade da situação por parte do produtor, o passo seguinte envolve a capacitação das equipes, responsáveis pela


execução das estratégias e ações definidas previamente pelo produtor rural. Essa é uma etapa de multiplicação da informação e, só deverá ter algum sucesso, caso seja precedida pela sensibilização efetiva do produtor. O passo subsequente envolve a elaboração e divulgação permanente de material técnico informativo (atualizado e revisado anualmente) que servirá para nortear as tomadas de decisão do produtor e das respectivas equipes, neste momento, já conscientizadas e capacitadas. Nesta etapa seria oportuno haver o intercâmbio de informações com pesquisadores da Austrália e Estados Unidos para que se aplicassem no campo as melhores e mais eficazes tecnologias associadas aos programas de MIP. A partir deste ponto, os esforços precisam ser divididos com o Estado, que apesar de inoperante no mais das vezes, ainda é o responsável pelos processo de regulamentação e fiscalização no país. Neste sentido, ações coordenadas de orientação e conscientização do produtor, num primeiro momento, seguidas por atividades de monitoramento e fiscalização pela agência de defesa sanitária e outros órgãos passam a fazer sentido. A ação de fiscalização isoladamente

tem pequena efetividade, como é sabido (apesar de que muito pouco esforço é direcionado para mudar essa realidade) e não permitem que seja construído um novo patamar de competitividade para a agricultura. parcimônia

Ainda que a aplicação de inseticidas deva ser vista com parcimônia, em determinadas situações, a mesma se fará necessária. Neste ponto, o Estado brasileiro também poderia agir de forma mais eficaz e proativa. Remediar custa caro. Inoperância implica em perda de competitividade. Desta forma, profissionalizar a gestão pública no sentido de prover as ferramentas necessárias dentro dos prazos requeridos para se fazer um uso eficaz das mesmas parece ser o mínimo de uma máquina estatal que serve única e exclusivamente para essa finalidade. No Brasil, parece que alguns papéis estão invertidos e parcela significativa da população ainda não se deu conta disso. Por fim, não se poderia deixar de mencionar o papel e a relevância da pesquisa agropecuária. O processo de desbravamento, ocupação e desenvolvimento para ser efetivo no longo prazo deve vir acompanhado de pesquisas que permitam direcionar as

acervo pessoal

Adriano Lupinacci é engenheiro agrônomo e mestre em Agronomia pela USP/ESALQ. Pós-graduado em Estratégia Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Barreiras (AEAB). E-mail: presidente@ aeab.org.br

ações antrópicas. Aqui, uma vez mais, existe um importante desafio a ser vencido. Investimentos constantes, imparcialidade, busca por excelência, liderança, antevisão e capacidade crítica são requisitos necessários para que se produzam pesquisas com aplicação prática providas de qualidade. Ainda neste ponto, é necessária uma participação mais intensa e interativa do produtor rural. Como um dos mais importantes clientes da pesquisa, é oportuno que haja maior envolvimento e interesse. Os atores do processo deverão compreender que os frutos do amanhã serão semeados hoje. Educação, comunicação, participação, interesse, liderança, coordenação e sentido de prontidão, eis pontos que necessitam ser revistos, caso o produtor brasileiro pretenda atingir um novo patamar de competitividade e sustentabilidade. Caso contrário, as helicoverpa continuarão representando um enorme perigo.A reflexão sobre essas questões é salutar, devendo ser promovida com maior frequência, em ambiente civilizado, visto ser o exercício do raciocínio devidamente treinado educado o caminho mais sensato para garantir que as mudanças necessárias sejam devidamente postas em prática.

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>multimídia

livro • cinema • internet • agenda

>livros Estruturas Baseado nas análises de obras existentes no mercado, o livro "Projeto e Cálculo de Estruturas de Aço: Edifício Industrial" apresenta a teoria de estruturas de aço, partindo do exemplo prático de um edifício industrial. O volume apresenta aos estudantes de engenharia civil e profissionais da área aspectos básicos para o dimensionamento de estruturas de aço, além de disponibilizar um projeto completo e detalhado com os cálculos, esquemas e desenhos. Para ser usado como guia.

Projeto e Cálculo de Estruturas de Aço: Edifício Industrial Autores: Zacarias Martin Chamberlain Pravia, Ricardo Ficanha e Ricardo Fabeane Editora Elsevier 256 páginas / R$ 69,90 Segurança da informação O livro "Engenharia Social" aborda a questão da segurança da informação e, especificamente, os riscos associados à prática de “hackear”. A obra trata de técnicas de engenharia social (a arte de manipular pessoas a fim de contornar dispositivos de segurança) e como evitar as onerosas medidas defensivas de segurança em TI. O

>documentário fotos divulgação

trabalho foi originado a partir de uma série de seminários apresentados pelo autor.

Engenharia Social Autor: Ian Mann Editora Blucher 236 páginas / R$ 45 Belezas brasileiras "Cavernas no Brasil Beleza e Humanidade" une a geologia a valores artísticos, culturais e humanistas. São 160 imagens de mais de 50 cavernas brasileiras, em sete Estados – Bahia, São Paulo, Goiás, Minas, Piauí, Mato Grosso do Sul e Pará – além da Tailândia, Laos e EUA. A publicação foi concebida em 10 anos de trabalho e permite ao leitor explorar e vivenciar os mistérios e a beleza dos tesouros naturais. Além de ser fotógrafo profissional, Adriano Gambarini é geólogo, especializado em Espeleologia, formado pela Universidade de São Paulo em 1991.

Geologia e cultura Autor: Adriano Gambarini Editora Metalivros 284 páginas / R$ 130

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Cinco anos que mudaram tudo Produzido pela HOTWords, o documentário debate os efeitos da evolução tecnológica, que marcam o século 21. Dirigido por Marina Bastos, traz depoimentos do presidente Barack Obama e entrevistas com representantes de grandes empresas, como Romero Rodrigues, cofundador do site Buscapé, e Alex Banks, da ComScore Brasil. Mudanças provocadas pela internet e novos dispositivos tecnológicos, como iPads e smarthphones, além da importância das redes sociais, são focados no trabalho, idealizado por André Lefcadito e Gustavo Morale.

>internet

Aulas online Criado em 2009, com o objetivo de ajudar os estudantes das áreas tecnológica a compreender disciplinas como cálculo, física, álgebra linear, geometria e física quântica, o site português matmania. yolasite.com é um sucesso no Brasil. Várias vídeos-aulas das respectivas disciplinas estão disponíveis no portal, que é mais visto pelos brasileiros do que pelos estudantes lusitanos. Conteúdos completos Para pessoas que dominam o inglês e

>datas comemorativas Julho 10 > Dia do Engenheiro de Minas 12 > Dia do Engenheiro Florestal 13 > Dia do Engenheiro Sanitarista

desejam conhecer conteúdos completos de cálculo, álgebra, física e química, o site khanacademy.org é uma boa alternativa. A página, que segue o lema aula grátis para qualquer um e em qualquer lugar, disponibiliza um número razoável de vídeo-aulas, explicando de forma didática assuntos até então temidos por alunos das áreas tecnológicas.

Setembro 20 > Dia do Engenheiro Químico 23 > Dia do Técnico Industrial e do Técnico em Edificações 26 > Dia do Técnico Agropecuário 28 > Dia do Hidrógrafo 29 > Dia do Ferroviário Outubro 12 > Dia do Engenheiro Agrônomo 14 > Dia do Meteorologista 16 > Dia do Engenheiro de Alimentos 25 > Dia dos profissionais do Sistema Confea/ Crea e Mútua e da Construção Civil 27 > Dia do Engenheiro Agrícola


Inspetorias Alagoinhas Inspetor chefe: Eng. agrônomo Luiz Cláudio Ramos Cardoso Rua Dantas Bião, s/n, sala 52, Laguna Shopping, Centro. CEP: 48.030-030 Telefax: (75) 3421-5638 creaba.alag@redecreaba.org.br Barreiras Inspetor chefe: Eng. agrônomo Nailton Sousa Almeida Travessa 15 de Novembro, 21, Sandra Regina. CEP: 47.803-130 Tel: (77) 3612-3700 Telefax: (77) 3611-2720 creaba.barreiras@redecreaba.org.br Bom Jesus da Lapa Inspetor chefe: Eng. civil Fábio Lúcio Lustosa de Almeida Av. Duque de Caxias, Ed. Professor Antonio Ferreira Barbosa,493, Centro. CEP: 47.600-000 Tel: (77) 3481-0301 creaba.bjlapa@redecreaba.org.br Brumado Inspetor chefe: Eng. civil André Luís Dias Cardoso Av. Otávio Mangabeira, 210, Centro CEP: 46.100-000 Tel: (77) 3441-3326 creaba.brumado@redecreaba. org.br Camaçari Inspetor chefe: Téc. de Segurança do Trabalho e eletromecânico Fabiano Ribeiro Lopes Avenida Radial A, nº 67, Centro, Edifício Empresarial Pacific Center, salas Q e R, 1º andar. CEP: 42.807-000 Tel:(71) 3621 1456 creaba.camacari@redecreaba. org.br Cruz das Almas Inspetor chefe: Eng. civil Luís Carlos Mendes Santos Rua Januário Velame, 41, Assembleia. CEP: 44.380-970 Tel: (75) 3621-3324 creaba.cruz@redecreaba.org.br Eunápolis Inspetor chefe: Eng. civil Ezequiel

Eliahu Mizrahi Rua Castro Alves, 374, Salas 02 e 03, Centro. CEP: 45.820-350 Tel: (73) 3281-2806 creaba.eunapolis@redecreaba. org.br Feira de Santana Inspetor chefe: Eng. civil Diógenes Oliveira Senna Rua Prof. Geminiano Costa, 198, Centro. CEP: 44.001-120 Tel: (75) 3623-1524 creaba.fsa@redecreaba.org.br Guanambi Inspetor chefe: Eng. agrimensor Wellington Donato de Carvalho Rua Maria Quitéria, 35, Centro. CEP: 46.430-000 Tel: (77) 3451-1964 creaba.guanambi@redecreaba. org.br Ilhéus Inspetor chefe : Eng. civil Gilvam Coelho Porto Júnior Rua Conselheiro Dantas, 81, Centro. CEP: 45.653-360 Tel: (73) 3634-1158 creaba.ilheus@redecreaba.org.br Irecê Inspetor chefe: Eng. agrônomo Marcelo Dourado Loula Rua Antonio Carlos Magalhães, 59, Centro. CEP: 44.900-000 Tel: (74) 3641-3708 Telefax (74) 3641 - 1957 creaba.irece@redecreaba.org.br Itaberaba Inspetor chefe: Eng. agrônomo Valmir Macedo de Souza Praça Flávio Silvany, 130, sala 15, Edf. Empresarial João Almeida Mascarenhas, Centro. CEP: 46.880 - 000 Tel: (75) 3251-3213 creaba.itaberaba@redecreaba. org.br Itabuna Inspetor chefe: Eng. civil Dermivan Barbosa dos Santos Rua Nações Unidas,625, Térreo, Centro. CEP: 45.600-673 Tel: (73) 3211-9343

Fax: (73) 3211-9273 creaba.itabuna@redecreaba.org.br Jacobina Inspetor chefe: Eng. agrônomo Ernani Macedo Pedreira Rua Duque de Caxias, 400A – Estação CEP: 44.700-000 Tel: (74) 3621-5781 creaba.jacobina@redecreaba. org.br Jequié Inspetor chefe: Eng. civil Deusdete Souza Brito Rua Jornalista Fernando Barreto, 133, Centro. CEP: 45.200-000 Tel: (73) 3525-1293 creaba.jequie@redecreaba.org.br Juazeiro Inspetor chefe: Eng. agrônomo Luciano César Dias Miranda Rua XV de Novembro, 56, Centro CEP:48.905-090 Tel:(74) 3611-8186 Telefax: (74)3611-3303 creaba.juazeiro@redecreaba.org.br Lauro de Freitas Estrada do Coco, Shopping Ponto Verde, s/nº, loja 17 CEP: 42.700-000 Tel: (71) 3378-7216 Telefax: (71)3288-2012 creaba.lf@redecreaba.org.br Luís Eduardo Magalhães Inspetor chefe: Eng. agrônomo Paulo Roberto Gouveia Av. JK, Qd. 91, Lote 1, Salas 1 e 3, Centro. CEP: 47.850-000 Tel:(77) 3628-6755 creaba.lem@redecreaba.org.br Paulo Afonso Inspetor chefe: Técnico agropecuário Marcos de Souza Dantas Rua Carlos Berenhauser, 322, térreo, General Dutra. CEP: 48.607-130 Tel:(75) 3281-4887 creaba.pafonso@redecreaba.org.br Ribeira do Pombal Inspetor chefe: Eng. civil Jone Souza Santos

Av. Dep. Antônio Brito, 132, Centro. CEP: 48.400-000 Tel: (75) 3276-3896 creaba.rpombal@redecreaba.org.br Santa Maria da Vitória Inspetor chefe: Eng. civil José Oliveira Silveira Rua Ruy Barbosa, s/nº, Centro. CEP: 47.640-000 Tel: (77) 3483-1090 Telefax: (77) 3483-1110 creaba.smv@redecreaba.org.br Santo Antônio de Jesus Inspetor chefe: Eng. eletricista Leonel Pereira dos Reis Neto Av. Roberto Santos, 88, Ed.Cruzeiro do Sul, salas 103 e 104, Centro. CEP: 44.570-000 Tel: (75) 3631-4404 creaba.saj@redecreaba.org.br Seabra Inspetor chefe: Eng. civil Juracy de Souza Wanderley Rua Jacob Guanaes, 565. CEP: 46.900-000 Tel:(75) 3331-1327 creaba.seabra@redecreaba.org.br Teixeira de Freitas Inspetor chefe: Eng. civil Carlos Luís Rocha Júnior Av. Presidente Getúlio Vargas, 3421, Centro, Ed. Esmeralda - salas 203 a 205, Centro. CEP: 45.995-006 Tel: (73) 3291-3647 Telefax: (73) 3291-7444 creaba.tfreitas@redecreaba.org.br Valença Inspetora chefe: Engª. sanitarista e ambiental Márcia Cristina Alves do Lago Rua Dr. Heitor Guedes de Melo,111, Ed. Argeu Farias Passos, Centro CEP: 45.400-000 Tel: (75) 3641-3111 creaba.valenca@redecreaba.org.br Vitória da Conquista Inspetor chefe: Eng. civil Marcos Santana Leite Avenida Otávio Santos, 722,Recreio. CEP: 45.020-750 Tel: (77) 3422-1569 Telefax: (77) 3427-8843 creaba.conquista@redecreaba. org.br

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