Credit Performance - Setembro 2012

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A DOR DE CABEÇA DO BRASILEIRO FAMÍLIAS AUMENTAM O CONSUMO DEVIDO À

MAIOR OFERTA DE CRÉDITO E O ENDIVIDAMENTO BATE À PORTA. MAS SERÁ QUE PODEMOS FALAR

CONSUMIDOR Descubra seu perfil e do que ele gosta para montar sua estratégia CASA NOVA Mais tempo e menos juros são apostas do crédito imobiliário CIFRAS PROTEGIDAS A tecnologia em segurança bancária fecha o cerco contra fraudadores

Credit Performance

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SETEMBRO 2012 . ANO 3 N º 13 . WWW . CREDITPERFORMANCE . COM . BR

EM SUPERENDIVIDAMENTO?


Encantar o Cliente, Negociar com Qualidade e Conquistar Resultados, tudo em dobro na maior empresa de cobrança do país.

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N 13 º

A Credit Performance é a primeira e única revista especializada na indústria brasileira de crédito e cobrança. A publicação é idealizada pela CMS Credit Management Solutions, a organização líder em interação e conteúdos da indústria latina de crédito com atuação em 14 países da América e Europa, e conta com o apoio do Instituto GEOC e Serasa Experian. Com periodicidade trimestral e tiragem de 5 mil exemplares, a revista oferece conteúdo especialmente desenvolvido para executivos líderes de grandes corporações e empresas da área. Distribuição exclusiva e gratuita. Conselho Editorial: Anna Zappa, Carlos Zanchi, Cláudio Kawasaki, Elane Cortez, Eldi Willms, Jair Lantaller, José Augusto de Rezende Junior, Luciana Dinis, Luciana Felletti, Luis Barbuda, Manuel Magno Alves, Maristella Moraes, Pablo Salamone, Paulo Busch, Silvina Virga, Tariana Machado, Victoria Iturrieta. Redação e produção: REDAÇÃO: Christiane Moraes Camila Balthazar Editora e jornalista responsável: Elane Cortez REVISÃO E COLABORAÇÃO: Luciana Dinis E-mail da redação: creditperformance@cmspeople.com Diagramação: HE | HoffmannEstudio.com FOTOS: Paulo Bau Comercial: Madleine Rose M. Sprocatti madi@cmspeople.com Tel. (11) 3868-2883/ 3865-7013 Credit Performance, a revista da indústria de crédito e cobrança. www.creditperformance.com.br Credit Performance é uma publicação da CMS – Credit Management Solutions. Todos os direitos reservados, proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização.

Sumário

setembr0 2012

P10

P05

CAPA

Editorial

O brasileiro está superendividado?

P24

DESTAQUES

Último trimestre: reservado para discutir crédito e cobrança.

P32

OPINIÃO

A importância de estabelecer parcerias duradouras com os fornecedores

P06

ENTREVISTA

Denise Hills

Superintendente de Sustentabilidade do Itaú Unibanco conta como a Educação Financeira pode gerar consumo consciente ACONTECEU NO MERCADO e a realização de sonhos.

P33

Foco na inovação para reduzir inadimplência

P35

P18

ANÁLISE SETORIAL

SEGMENTO E GLOBALIZAÇÃO

Crédito imobiliário: mais tempo para pagar o imóvel

Desvendando o consumidor 2012

P37

Um novo perfil de consumidor chega às lojas. As empresas precisam se preparar para atender suas demandas.

IDEIA E TENDÊNCIAS

Certificação digital, desmaterialização e sustentabilidade

P38

SOFISTICAÇÃO & LUXO Muito trânsito? Vai de helicóptero!

P40

NOVIDADES E AGENDA Confira as principais notícias rápidas da indústria de crédito e cobrança, além de se programar para os próximos eventos da CMS em todo o mundo.

P43

PELO MUNDO Caribe venezuelano: Aproveitar a ida ao Congresso de Caracas para viver uma aventura no Arquipélago de Los Roques é unir o útil ao mais que agradável

P50

PONTO DE VISTA

Crédito acelerado e inadimplência baixa: um casamento fadado ao divórcio

P20

TENDÊNCIAS

Crédito educativo: um passo para o ensino superior no Brasil

P44

PROGRESSO E DESENVOLVIMENTO

A segurança das cifras eletrônicas

Crescem os investimentos em TI voltados para a proteção de usuários.

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Editorial Chegou o momento de discutir os caminhos da indústria na era do crédito responsável A estabilidade maior da economia e a tranquilidade trazida por estratégias assertivas na iniciativa pública e privada dos últimos anos afastaram, por um longo período, assuntos como a inadimplência e o endividamento das capas dos jornais. Enquanto o tempo passava, entretanto, já nos deparávamos com uma interessante realidade: a ascensão de uma nova classe de consumidores, a redução consecutiva dos índices de desemprego e de taxas de juros e o incentivo crescente ao consumo e à oferta de crédito. Todos esses fatores combinados não seriam um problema se não fosse por um “porém”: uma grande deficiência em planejamento financeiro familiar, fruto de anos de atraso histórico quanto ao assunto no país. O resultado não poderia ser outro: o gigante adormecido despertou e o que vemos hoje estampados nos noticiários – ou seja, o perigoso aumento nos níveis de inadimplência da população - alerta para a necessidade de mobilização maior da indústria do crédito. Vale lembrar que a diferença entre o veneno e a cura está apenas na dose. Portanto, o 8º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança, que acontece nos dias 9 e 10 de outubro, em São Paulo, será o fórum ideal para enfrentar o assunto, traçar rumos e conhecer melhores práticas. O tema dessa edição “Novo Consumidor, Grandes Oportunidades – A indústria se redefine na era do crédito responsável” reflete o centro dessa discussão: em um contexto em que novos perfis de consumidores aparecem, temos que saber reconstruir parâmetros de nossa indústria para o melhor entendimento do mercado. Adaptação rápida e certeira pode significar não somente sobrevivência, mas, em uma perspectiva mais positiva, a chance de ser pioneiro e inovador e – por que não? – oportunidades para crescer. Com tantos assuntos importantes em voga, aproveitamos essa edição da Credit Performance para levantar os pontos de maior repercussão do Congresso que virá, para ouvir especialistas e promover um debate inicial que terá seu ápice no evento. Nossa matéria de capa, inclusive, fala justamente sobre o endividamento da população. Ao mesmo tempo, temos na seção Segmento e Globalização um olhar mais direcionado aos novos perfis de consumidores, desvendados e traduzidos em estatísticas por grandes institutos de pesquisas, que nos ajudarão a perceber que entender esse público é fundamental para planejar modos cada vez mais eficientes de atingi-lo. Mostramos também o outro lado da moeda: a importante questão da Educação Financeira. As empresas estão percebendo que é preciso investir nesse quesito para conferir sustentabilidade aos negócios. Nossa seção Entrevista traz um desses exemplos, com a executiva Denise Hills, superintendente de Sustentabilidade do Banco Itaú, que nos contou sobre os programas do banco para promover o consumo consciente. Do mesmo modo, vamos abordar aqui alguns outros temas que vêm movimentando a indústria nos últimos tempos e que também serão aprofundados no Congresso, como o Crédito Imobiliário (seção Análise Setorial) e Crédito Educativo (Tendências).

Pablo Salamone Presidente CMS

Com todos esses e outros assuntos em foco, esperamos que a edição 13 da Credit Performance incite em você, leitor, a perspectiva de estar pessoalmente no Congresso e dar a sua contribuição para a análise e discussão das temáticas que certamente contribuirão para o fomento da indústria de crédito e cobrança. Esperamos você lá! Boa Leitura!

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Entrevista

Denise Hills Educação financeira gera consumo consciente e realização de sonhos “É importante que as pessoas percebam que dedicamos várias horas de nossas vidas a ganhar dinheiro, porém poucas consideram importante dedicar algum tempo à organização e escolha da melhor forma de usar o resultado de tanta dedicação.” 6

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As manchetes dos jornais mostram que, se de um lado, temos o crescimento econômico, a expansão do crédito e as perspectivas de redução gradativa ainda maior dos juros no longo prazo, do outro, temos o endividamento das famílias e a consequente inadimplência pelo comprometimento de renda. Diante desse cenário, a educação financeira ganha ainda mais destaque para que o crédito seja bem utilizado e possibilite a inclusão social das famílias. Para Denise Hills, superintendente de Sustentabilidade do Itaú Unibanco, é necessário aproximar o tema do dia a dia das pessoas. “Da mesma forma que um país precisa se preocupar com suas finanças, as pessoas também precisam cuidar do seu dinheiro”, alerta Denise em entrevista exclusiva à Credit Performance. A executiva iniciou sua carreira em 1988, no Citibank, atuou no BankBoston durante 12 anos e chegou ao Itaú em 2007, como superintendente de Investimentos Private e Empresas. Formou-se em Gestão de Sustentabilidade pela Fundação Dom Cabral em 2010 e desde este ano lidera a área de sustentabilidade do Itaú Unibanco. Nas próximas páginas, Denise conta as estratégias do banco aliadas à educação financeira e mostra a importância de oferecer conhecimento para as pessoas usarem melhor o dinheiro. Por Camila Balthazar

Credit Performance – O Itaú foi um dos bancos pioneiros na criação de programas de educação financeira e consumo consciente. Essa é uma área estratégica para vocês? Denise Hills – A educação financeira é um dos três pilares estratégicos de sustentabilidade no Itaú. Iniciamos a discussão sobre o uso consciente do dinheiro no país há oito anos. Hoje, esta iniciativa permeia toda a instituição e buscamos, através de uma série de ações ligadas ao tema, orientar clientes, colaboradores e a sociedade. Dentro da Superintendência de Sustentabilidade, existe uma equipe dedicada ao assunto, que trabalha o tema de maneira transversal em toda a organização, que tem como principal objetivo entender as necessidades das pessoas para oferecer conhecimento e soluções financeiras adequadas, contribuindo para que indivíduos e empresas tenham uma relação saudável com o dinheiro. CP – O país passou por épocas de hiperinflação muito complicadas, onde as pessoas tinham que gastar hoje o salário para não perder seu poder de compra no dia seguinte. Isso nos acarretou um atraso histórico em educação financeira. Em sua opinião, é possível reverter esse atraso? Como inserir essa nova cultura? DH – De fato, reverter esse atraso é um grande desafio. A cultura financeira no Brasil não é de investimento. Além disso, existe

a percepção de que o dinheiro que não é resultado direto do trabalho é “menos nobre”, e nesse contexto, se dedicar a cuidar do dinheiro e principalmente investir também parece algo “menos nobre”. Mas o cenário melhorará com esforços dos indivíduos, empresas, bancos, governos e sociedade em geral. Enquanto banco, nosso exercício diário é trazer o conhecimento financeiro numa linguagem simples e didática, de uma maneira que faça sentido para as pessoas. Nosso objetivo é contribuir para o amadurecimento da cultura financeira por meio de práticas e ferramentas que disseminem esse tipo de conhecimento, já que o papel de um banco não é apenas o de oferecer produtos e serviços, mas de disponibilizar conhecimento para que as pessoas usem melhor o seu dinheiro, com escolhas conscientes. CP – Como o Itaú tem ensinado seus clientes a não se perderem em meio ao crescimento da oferta de crédito no país nos últimos anos? DH – A instituição financeira tem papel fundamental nesse cenário, já que o conhecimento financeiro compartilhado gera valor para todas as partes envolvidas. Os clientes são beneficiados por fazer melhores escolhas e utilizarem o crédito a seu favor e nós ganhamos ao fidelizá-los e reduzir a inadimplência da nossa carteira. Com este objetivo, buscamos, por meio de uma série de ações ligadas ao tema, orientar clientes, Credit Performance

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Entrevista colaboradores e sociedade. Entre essas ações estão a Campanha de Uso Consciente do Crédito com o ator Marco Luque, que já atingiu mais de 9 milhões de views no Youtube e ensina de modo divertido como usar o crédito de forma consciente; a terceira edição dos Guias do Uso Consciente do Dinheiro: Consumir e Poupar, Use bem o seu dinheiro, O melhor crédito para você e Saia do vermelho; e o site do Uso Consciente do Dinheiro, que já alcançou mais de 2 milhões de views entre dezembro de 2011 e agosto de 2012.

“Se você perguntasse, há 10 anos, o que era um bom banco, as vantagens tecnológicas, por exemplo, não fariam parte da resposta. Hoje é fundamental. Daqui a uma década, as decisões passarão a ser tomadas também com base na sustentabilidade”.

Peça de divulgação da campanha digital Dupla Consciência.

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CP – Além do “Uso Consciente do Dinheiro”, podemos acompanhar que o Itaú vem investindo em outras práticas de educação financeira, como o “Prêmio Itaú de Finanças Sustentáveis”. O que motivou a criação dessas campanhas? DH – O Prêmio Itaú de Finanças Sustentáveis chegou a 3ª edição agora em 2012, com quase 300 trabalhos acadêmicos e jornalísticos inscritos. Isso representa um aumento de 95% em relação à 2ª edição, o que mostra o crescimento do debate sobre finanças sustentáveis na sociedade. Essas campanhas foram criadas para ajudar o cliente a se planejar e a estabelecer metas para seus objetivos financeiros. Há ainda uma preocupação em sermos os mais claros e transparentes possíveis nas comunicações com os diversos públicos de interesse. Os textos são desenvolvidos para levar a informação de forma simples e objetiva, com conceitos de educação financeira de maneira inovadora. CP – A entrada das classes C e D no setor bancário aumenta o interesse dos bancos pelo crédito consciente? O que pode ser feito para conscientizar essa parcela da população que ainda desconhece o sistema? DH – A entrada das classes C e D aumenta a necessidade da conscientização a

Imagem do Prêmio Finanças Sustentáveis, que está em sua terceira edição.

respeito da utilização do crédito. Sabemos, por exemplo, que cerca de 25% dos consumidores da nova classe média têm o hábito de emprestar o cartão de crédito e que a reserva de emergência para estes consumidores muitas vezes é um cartão de crédito com limite disponível. Esse cenário mostra um pouco do enorme desafio de levar conhecimento financeiro para estes consumidores. É importante que as pessoas percebam que dedicamos várias horas de nossas vidas a ganhar dinheiro, porém poucas consideram importante dedicar algum tempo à organização e escolha da melhor forma de usar o resultado de tanta dedicação. Os novos guias do uso consciente do dinheiro, por exemplo, foram testados com consumidores da classe C e D para garantir que estavam claros e adequados para este público, uma vez que há dissonância em relação a alguns termos correntes no mundo financeiro (endividamento e inadimplência, por exemplo). CP – Você acredita que os clientes já estão utilizando o critério da sustentabilidade na hora de escolher um banco? DH – Acreditamos que esse critério de escolha é crescente. Ao longo dos anos, percebemos que os clientes têm feito cada vez mais escolhas conscientes e que existe uma valorização das empresas que se preocupam com seus colaboradores, clientes e sociedade. Se você perguntasse, há 10 anos, o que era um bom banco, as vantagens tecnológicas, por exemplo, não fariam parte da resposta. Hoje são fundamentais. Daqui a uma década, as decisões passarão a ser tomadas também com base na sustentabilidade. Por isso, para os bancos, incorporar a sustentabilidade nos negócios é uma mudança cultural que leva algum tempo. Mas não é opcional. Estamos trabalhando a velocidade desta mudança, mas a tendência já está dada. •


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CAPA

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Crédito facilitado, incentivo ao consumo e falta de educação financeira resultam no endividamento da população, principalmente de baixa renda. Ainda que dados mostrem que 42% da renda das famílias brasileiras estão comprometidos com dívidas e que a inadimplência tem sofrido recuos, não existe um índice geral capaz de medir o nível de endividamento da população brasileira. Por Cristiane Moraes

O Brasil viveu um período de forte crescimento do crédito para pessoa física entre 2005 e 2010, que antes estava mais voltado para o cartão de crédito e o cheque especial. Muitas famílias tiveram a oportunidade de adquirir bens que tanto almejavam. Se por um lado foi possível comprar a geladeira, a televisão e até o carro, as contas que vinham junto com a realização do sonho começaram a chegar e, com os imprevistos, muitos brasileiros acabaram não conseguindo arcar com os compromissos e se viram ameaçados com a bola de neve das dívidas crescendo rapidamente com os juros. Atualmente, as famílias brasileiras comprometem 42% da renda com dívidas. Em países de primeiro mundo, como os Estados Unidos, o percentual gira em torno de 100% e no Chile 60%. A grande diferença é que o Brasil ainda tem as maiores taxas de juros. Na opinião de especialistas, o governo percebeu que não adianta ficar só estimulando o consumo. A iniciativa de redução da Taxa Selic e o alargamento dos prazos mostra que estamos em um caminho mais seguro e que, com medidas qualitativas e saudáveis, será possível pensar em aumentar o crédito e o comprometimento de renda do brasileiro. O cenário, segundo analistas, é positivo para o mercado daqui para frente, principalmente com as iniciativas públicas e privadas e o crédito deve continuar crescendo, porém a passos mais curtos. Credit Performance

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CAPA De acordo com os dados do Indicador Serasa Experian, a inadimplência do consumidor de julho deste ano apresentou alta de 10,5% em relação ao mesmo mês de 2011. Mesmo assim, especialistas preveem uma recuperação do cenário, já que o número de inadimplentes de julho registrou uma queda de 1,5% em relação ao mês anterior. A verdade é que o governo e o segmento de crédito têm apostado no contínuo crescimento do mercado, baseados principalmente na queda das taxas de desemprego do país e no fortalecimento da renda. Segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desempregados no Brasil caiu para 5,8% em maio. Trata-se do menor índice para meses de maio desde 2002. O SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) também registrou queda na inadimplência do consumidor de 0,27% em junho 2012, na comparação com o mesmo mês de 2011. Como resultado, no acumulado do ano entre janeiro e junho, em comparação ao mesmo período do ano anterior, as inclusões de registros apresentaram quase estabilidade, com queda de 0,09%.

> Inadimplência x endividamento Mesmo que os índices mostrem que a maior parte das famílias está conseguindo pagar em dia suas contas, é preciso ter cuidado para tomar crédito de forma consciente. Atualmente cada setor levanta seus números, mas não existe um índice geral ou dados concretos que mensurem o nível de endividamento dos brasileiros, e muito menos que indiquem que as famílias estão no caminho do superendividamento. O diretor de Relações com o Mercado do Instituto GEOC, Manuel Magno Alves, diz que ainda é cedo para comemorar. “Falar hoje que os índices de inadimplência estão em redução, com essas pequenas alterações, é se precipitar, mas acredito que estamos migrando para uma recuperação das famílias endividadas e os efeitos serão sentidos um pouco mais na frente”, prevê. Na opinião dele, nunca o Brasil teve uma situação de pleno emprego, e ao mesmo tempo de tanto endividamento. “Essa nova classe que emergiu às compras e ao poder do crédito não tinha prática e conhecimento para usá-lo com consciência”, acrescenta. Outro aspecto importante é distinguir taxa de inadimplência e superendividamento. No primeiro caso, há referência a contas vencidas e não pagas. Já o superendividamento diz respeito a um percentual muito menor do universo de inadimplência, no qual, caso a caso, devem ser identificados os fatores que colocam um indivíduo ou núcleo familiar em situação de descontrole e perda da capacidade de honrar suas dívidas, seja por razões alheias a sua vontade ou simplesmente pela falta de planejamento financeiro. 12

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“Falar hoje que os índices de inadimplência estão em redução, com essas pequenas alterações, é se precipitar, mas acredito que estamos migrando para uma recuperação das famílias endividadas e os efeitos serão sentidos um pouco mais na frente” Manuel Magno Alves, Diretor de Relações com o Mercado do Instituto GEOC

Na opinião do promotor público, Leonardo Bessa, o crédito é positivo porque permite acesso a produtos, mas todo exagero é negativo. “O brasileiro não tem educação financeira para controlar as contas e compras”, argumenta Bessa, que integrou a Comissão do Senado Federal, responsável pelo anteprojeto que prevê a atualização do Código do Consumidor. O vice-presidente do Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor (BrasilCon), Walter Moura,


“O consumidor foi muito estimulado para manter a economia aquecida, mas essa iniciativa se estendeu mais do que devia. Os três atores: governo, consumidor e bancos se animaram demais”

defende que o descontrole no pagamento das dívidas não está necessariamente atrelado às taxas de emprego. “Existem outros fatos imprevisíveis da vida, como morte de familiar, doenças, filhos, separação e inclusive alguns possíveis de previsão, como tomada de crédito em excesso e perda do controle dos pagamentos, que também contribuem para o superendividamento”, aponta. Para Luiz Rabi, gerente de indicadores de mercado da Serasa Experian, o grande crescimento de crédito em 2010 foi reflexo de diversas iniciativas do governo para sair da recessão vivida depois da crise mundial de 2008. “O consumidor foi muito estimulado para manter a economia aquecida, mas essa iniciativa se estendeu mais do que devia. Os três atores: governo, consumidor e bancos se animaram demais”, explica. Segundo ele, esse excesso cobrou a fatura em 2011 e no primeiro semestre deste ano. Por conta disso, tivemos um desequilíbrio nas contas do consumidor, que resultou em 18 meses de crescimento nas taxas de inadimplência no Brasil e que agora começa a mostrar uma recuperação.

> Na luta por um consumidor mais consciente Especialistas defendem que a população só estará preparada para se valer conscientemente de crédito depois de passar por um processo formal de educação financeira, que ainda é um tema pouco conhecido no país. “O caminho para minimizar as ‘falências’ pessoais ou familiares deve ser sempre o da educação do consumidor, tanto por campanhas abertas, públicas e claras, quanto nos bancos das escolas, desde criança”, defende Moura. Mesmo assim, ele diz que enquanto a educação não surte seus efeitos, é preciso que o Estado intervenha em favor do superendividado para auxiliar, seja por intermédio do Judiciário e Executivo, todos envolvidos com a minimização dos efeitos prejudiciais das dívidas excessivas ao cidadão comum.

Luiz Rabi, Gerente de indicadores de mercado da Serasa Experian

O governo brasileiro percebeu que com a nova economia o tema deveria ter mais atenção. Por conta disso, em 2009, lançou a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF) para ampliar e disseminar os conceitos para a população brasileira. Entre os principais objetivos estão o desenvolvimento de habilidades financeiras pessoais e o estímulo ao comportamento responsável em relação às finanças, buscando uma melhoria do bem-estar financeiro do indivíduo. Segundo pesquisa realizada pelo Banco Mundial, o programa piloto de educação financeira nas escolas de Ensino Médio no Brasil apresentou resultados animadores. Os alunos que participaram das aulas exibiram melhores hábitos de poupança e comportamento de consumo em relação aos que não tiveram este conteúdo. Credit Performance

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CAPA O legislativo também está trabalhando no tema, com o Projeto de Lei do Senado 283 de 2012, que altera a Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor), para aperfeiçoar a disciplina do crédito ao consumidor e dispor sobre a prevenção do superendividamento. “Com esse projeto o Brasil vai ficar lado a lado com países da Europa. Se as empresas em falência têm uma chance, por que a pessoa física também não pode ter?”, questiona o promotor Bessa. Segundo ele, se não aprovado o projeto, que prevê o tratamento e prevenção do superendividamento, vão continuar ações isoladas, que são positivas, mas que acontecem a duras penas.

> UTI dos Superendividados

Linha de apoio: Procon-SP conta com programa permanente para ajudar famílias a sair das dívidas O fenômeno do superendividamento vem mobilizando a Fundação PROCON desde 2006, quando foi criado o “Núcleo de Tratamento do Superendividamento”, com o objetivo de promover o atendimento individual de consumidores insolventes, além de oferecer medidas corretivas e preventivas. Com a grande procura e excelentes resultados, o Procon firmou, em 2010, convênio com o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo para colocar em prática o projeto piloto.

Na mesma esteira estão entidades e empresas privadas, que perceberam a importância da educação para sustentabilidade do crédito. “Alguns bancos também estão investindo em programas de educação financeira, que terão efeito no médio e longo prazo. Acredito que os novos consumidores que virão dessa crise serão mais conscientes. Foi uma fase de deslumbramento, mas que dificilmente se repetirá porque não temos, a médio prazo, uma nova classe para emergir”, declara o diretor do IGEOC. “Além de educar e alertar sobre os riscos e cautelas necessárias para contratar seus produtos e serviços, é fundamental que as instituições concedentes de crédito sejam mais responsáveis ao avaliar a capacidade de endividamento do consumidor”, finaliza Moura. • O Tratamento do Superendividamento começou em dezembro de 2010, teve cinco meses de duração e atendeu 300 consumidores. Segundo a assessora executiva do Procon-SP, Vera Remedi, 278 consumidores foram até o final do projeto. Os participantes ganhavam em média até dois salários mínimos e acabaram adquirindo produtos e bens que não tinham condições de honrar. “Essas pessoas foram excluídas da sociedade do consumo e muitos não tiravam férias há anos para pagar as dívidas”, conta Vera, que atendeu pessoas deprimidas. Durante o projeto, os organizadores perceberam que os consumidores estavam dispostos a pagar suas dívidas, que zelavam pelo seu nome, mas não encontravam uma saída. Por conta disso, o trabalho focou em três pontas: orientação, prevenção e tratamento, através da conciliação e negociação. “Nossa esperança é que as pessoas que passaram por aqui aprendam a controlar os gastos e que a educação financeira seja dada para quem toma e para quem dá o credito. Só assim teremos menos famílias endividadas”, defende. O programa virou um case e se tornou permanente, atendendo dentro da capacidade do Procon e com triagem através do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidade da Capital.

“Nossa esperança é que as pessoas que passaram por aqui aprendam a controlar os gastos e que a educação financeira seja dada para quem toma e para quem dá o credito. Só assim teremos menos famílias endividadas” Vera Remedi, Assessora executiva do Procon-SP

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PONTO FINAL NO

ENDIVIDA MENTO Iniciativa do Serasa Consumidor em parceria com oito instituições financeiras, Feirão Limpa Nome beneficiou milhares de famílias, que puderam renegociar suas dívidas com descontos e parcelamentos personalizados. O evento ainda contou com palestras gratuitas sobre educação financeira para que o crédito possa ser aliado do consumidor, em vez de gerar inadimplência e nome sujo na praça.

Desde o ano de 2010, o consumidor experimenta o crescimento do crédito, que trouxe como fator negativo o crescimento do endividamento. Esse cenário não é favorável a nenhuma das partes: consumidor, credor e a própria sociedade. Com o objetivo de minimizar a inadimplência e reverter essa situação, o Serasa Consumidor, em parceria com oito instituições financeiras – Banco Santander, Santander Financeira, Caixa Econômica, Casas Bahia, Banco PanAmericano, Banco HSBC, Losango Financeira e AES Eletropaulo – realizou o Feirão Limpa Nome entre os dias 25 e 28 de julho, possibilitando a negociação de contas vencidas. Durante quatro dias, cerca de 40 mil pessoas compareceram ao evento, renegociaram seus débitos e ganharam descontos e parcelamentos personalizados de acordo com o valor e o tempo de atraso. Para Augusto Cesar de Farias Mello, superintendente executivo de Cobrança do Banco HSBC / Losango Financeira, essa iniciativa aproxima o cliente do

banco. “Além disso, quem foi ao Feirão já estava mais aberto para negociar, fatorchave na hora de fechar a proposta com sucesso”, afirma Mello, acrescentando que mesmo os clientes que não saíram com a dívida negociada puderam avaliar com calma e utilizar a mesma oferta depois. O diretor executivo de Riscos da Caixa, Rauélison da Silva Muniz dos Santos, compartilha dessa opinião. “O cliente foi até o Feirão e conversou com a nossa atendente. Mesmo que não tenha fechado a proposta na hora, oferecemos 30 dias para tomar a decisão de quitar os débitos. Alguns descontos chegaram a 80% nos casos de dívidas antigas”, expõe. Esta foi a primeira iniciativa deste porte da Caixa Econômica. “Estamos iniciando o processo. Esse tipo de ação coloca os bancos e os parceiros em um patamar socialmente responsável. Nós nos preocupamos de fato em atender toda a população, não apenas vendendo produtos e ofertando crédito, mas também entendendo sua necessidade

para propor a recuperação e negociação das dívidas”, explica. Apesar de estar mais facilitado, o crédito também deve seguir a linha sustentável, o que garante níveis adequados de inadimplência e maior acesso ao crédito para alavancar o desenvolvimento econômico do país. Na opinião do presidente da Serasa Experian, Ricardo Loureiro, poucas pessoas conseguem investir, adquirir bens e patrimônios com o dinheiro que está no bolso. “Crédito é fundamental para 99% das famílias e empresas, mas a educação financeira e o crédito positivo são os pilares para que não haja descontrole no endividamento”, diz Loureiro, que está empenhado não só em medidas que refletem no curto prazo, como o Feirão Limpa Nome, mas também em ações preventivas focadas na educação e na implantação do cadastro positivo. Durante o evento, os participantes puderam assistir a palestras gratuitas de educação financeira, ministradas por especialistas em consumo consciente. Credit Performance

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CAPA

PARTICIPANTES VOLTAM A DORMIR TRANQUILOS Michelle da Silva

Renegociou sua dívida com a Caixa Econômica Federal (desconto de 40% e parcelamento em duas vezes). “Estava com uma dívida há dois anos com a Caixa Econômica e consegui exatamente o que queria aqui no Feirão. Eles me deram um desconto de 40% e o parcelamento em duas vezes, o que me deixou bastante satisfeita. Essa era minha única dívida e consegui resolver na hora. O atendimento foi ótimo e minha irmã menor, de dois anos, recebeu toda a atenção na área para as crianças enquanto resolvia minhas questões”.

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Credit Performance Imagens do Feirão Limpa Nome, prestigiado pelo presidente da Serasa Experian, ricardo loureiro.

Renato Roberto Seixas

Renegociou uma dívida com a Caixa Econômica Federal (desconto de 50% e parcelamento em 10 vezes) e outra com o HSBC (desconto de R$ 1.300,00 e parcelamento em 24 vezes). “Negociei duas dívidas. Estava em débito na Caixa Econômica há seis meses e consegui 50% de desconto, além de parcelar em 10 vezes de R$ 73,00. A segunda dívida era com o HSBC e foi decorrência de um empréstimo que peguei para comprar um terreno. Nesse caso, consegui um desconto de R$ 1.300,00 para pagar em 24 vezes de R$ 200,00. Se pagar em dia ainda ganho mais desconto”.


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Segmento e Globalização

Desvendando o consumidor de 2012 Entender os novos hábitos de consumo é uma premissa para alinhar as estratégias de negócios e posicionar uma marca no mercado. Estudos apontam o que mudou nos últimos anos e quais são as tendências para as diferentes classes socioeconômicas brasileiras. Por Camila Balthazar

Shopping JK, novo símbolo do consumo de luxo em São Paulo.

Entre 2010 e 2011, 2 milhões e 700 mil brasileiros deixaram as classes D e E e mais de 230 mil entraram nas classes A e B. Em 2011, a renda média disponível também aumentou 20% em relação a 2010, sendo que na classe C o crescimento da renda foi de 50%. Vale ressaltar que esta é a maior do país, representando 54% da população. Esses são alguns dos insights apresentados no estudo “Observador Brasil 2012”, desenvolvido pela Cetelem BGN em parceria com a IPSOS-Public Affairs, e que pode ser caracterizado como uma das “radiografias” do consumidor brasileiro. Essas mudanças refletem em 2012, demandando novas estratégias de negócios. Por esse motivo, a compreensão dessa evolução e o acompanhamento das tendências que surgem são fundamentais para 18

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posicionar-se no mercado. Se, por um lado, a classe C soma mais da metade da população brasileira, por outro, estão as classes A e B absorvendo acima de 50% do consumo na maior parte dos produtos pesquisados pelo Pyxis Consumo 2012, uma ferramenta de dimensionamento de mercado do IBOPE Inteligência. Ou seja, a dinâmica do novo consumidor mudou e vários fatores ajudam na escolha do caminho que uma empresa deve seguir. Os novos padrões comportamentais já podem ser vistos no varejo. A Casas Bahia, por exemplo, que está no mercado há quase 60 anos com foco nas classes populares, já mudou sua estratégia em função do aumento de poder de compra da classe C. O presidente do Conselho de Administração da Viavarejo (holding que abriga as marcas Casas Bahia e

Casas Bahia, uma das maiores redes de varejo no País.

Pontofrio), Michael Klein, conta que a lógica das prateleiras foi invertida, aumentando o volume de marcas reconhecidas, empregando tecnologia italiana de última geração na produção dos móveis, com a adoção de rigorosos critérios de qualidade. Além disso, o grupo percebeu a maior procura por produtos de qualidade, o que refletiu em mais vendas de fogões seis bocas, TV’s de LCD ou LED, camas box, armários modulados, geladeiras side by side, celulares com tecnologia de ponta e microcomputadores. “A classe C tem mais acesso à informação, ao crédito, à educação, à tecnologia e está muito mais exigente. Para esse público, o ato de comprar é a realização de um sonho. O produto torna-se um troféu que traz orgulho e aumenta a autoestima”, descreve Klein.


> Mapa do consumidor

Laure Castelnau, Diretora executiva de Marketing e Desenvolvimento de Negócios do IBOPE Inteligência

consumidor estão mais conveniência, autenticidade e experiência. Ainda de acordo com o estudo, os clientes estão mais exigentes e ligados à responsabilidade social e sustentabilidade. Essas questões, somadas a outros critérios como transparência e saudabilidade, impulsionarão as marcas a mudarem de postura no mercado de acordo com o desejo dos consumidores.

A diretora executiva de Marketing e Desenvolvimento de Negócios do IBOPE Inteligência, Laure Castelnau, enfatiza que há, sim, um novo consumidor tanto como decorrência de alterações demográficas na população brasileira quanto em relação às mudanças econômicas e sociais. Demograficamente, a população está mais feminina – 52% são mulheres –, mais idosa, solitária, instruída e mais assumida em termos de raça e religião. “A pirâmide etária está se invertendo em função da expectativa de vida e da queda na taxa de fecundidade. Ao mesmo tempo, acompanhamos mais pessoas morando sozinhas e menos filhos por família”, explica Laure.

Além dos fatores que ajudam na decisão de compra, a ferramenta Pyxis Consumo 2012, do IBOPE Inteligência, mapeia quais são os principais grupos de produtos consumidos por cada classe e qual é o percentual de brasileiros que integra cada uma delas. Veja no Box dessa matéria o resultado da análise por classes.

Essas transformações exigem modificações na forma de comunicação e no tipo de produtos e serviços que as empresas ofertam. “O fato de termos uma população mais instruída mostra o cuidado que a marca deve ter com a sua imagem, pois essas pessoas procuram o Procon, interagem pelas mídias sociais e apreciam responsabilidade social, ainda que esse não seja um driver de compra”, esclarece a diretora. > Tendências de consumo A pesquisa internacional Retail Trend 2012, realizada pelo The Future Laboratory, analisou as tendências do varejo global para este ano. Entre as principais reinvindicações do novo

> Superluxo no Brasil Se há alguns anos determinadas grifes de luxo eram acessíveis apenas durante uma viagem ao exterior, atualmente muitas delas já abriram suas portas no país. É o caso da Coach, Jaeger-LeCoultre, MiuMiu e Tory Burch – todas inéditas e exclusivas no Shopping JK Iguatemi, inaugurado em junho em São Paulo. O empreendimento ilustra os dados apresentados nas últimas pesquisas. Em cinco anos, o mercado de luxo no Brasil cresceu 60%, segundo estudo desenvolvido pela GfK Consultoria. No entanto, atualmente apenas 2,6% da população desfrutam desse segmento, o que equivale a quase cinco milhões de pessoas. Uma pesquisa da MCF Consultoria mostrou que, somente ano passado, esse mercado movimentou R$ 18,8 bilhões e a expectativa para 2012 é de 20% de crescimento – índice que deve manter-se nos próximos anos. Outro dado importante do estudo é a tendência de descentralização, fazendo com que as marcas de luxo já estejam de olho em outras cidades brasileiras – fora do eixo Rio-São Paulo –, como Brasília, Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte.

A pretensão de compra foi outro tipo de padrão de consumo analisado pelo estudo “Observador Brasil 2012” e que também ajuda na composição do perfil do novo consumidor. A Cetelem BGN e a IPSOS-Public Affairs relataram que 41% das pessoas das classes A e B pretendem gastar com lazer e viagem, item que ficou em primeiro lugar na lista. Na classe C, os móveis mostraram ser a principal intenção de consumo, com 34%, mesma opção das classes D e E, porém novamente com percentual mais baixo: 20%. De acordo com os analistas do estudo, os resultados indicaram que o consumidor está mais cauteloso. Em todas as classes econômicas, a intenção de compra e a redução de gastos diminuíram em relação a 2011. •

DESVENDANDO O CONSUMO

Esses são os padrões de consumo da população brasileira, segundo a ferramenta Pyxis Consumo 2012, do IBOPE Inteligência:

CLASSE a

2,6% da população O que consome:

CD’s e DVD’s 27,3% PRODUTOS FINANCEIROS 25,7% ARTIGOS DE DECORAÇÃO 25,3% VEÍCULOS 25%

CLASSE C

52% O que consome:

TABACO E ACESSÓRIOS

50,3%

CARNES, AVES E DERIVADOS 48,5% MERCEARIA 48,2% E MATINAIS 48%

CLASSE B

24,4% das famílias O que consome:

COMBUSTÍVEL E SERVIÇOS AUTOMOTIVOS

58,3% e 53,8% ENSINO 58,3% CINEMA 54,6%

CLASSE d-e

21% das famílias O que consome:

PRODUTOS DE ALIMENTAÇÃO

13%

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tendências

Crédito educativo:

uma escada para o ensino superior no Brasil

O empréstimo estudantil foi o último a firmar-se no país entre as opções de crédito, mas está inserido em um mercado em ampla ascensão e ganhando cada vez mais destaque entre universitários que sonham em ter uma profissão. Por Camila Balthazar

O Censo da Educação 2010 aponta que o Brasil tem mais de seis milhões de universitários matriculados. Desses, um milhão e seiscentos mil estudam em uma instituição pública e quatro milhões e setecentos mil, ou seja, quase 80%, frequentam a rede privada. A pesquisa ainda revela dois comportamentos educacionais importantes: 2010 contou com um crescimento de 110,1% em relação ao número de matrículas registradas em 2001, fechando a década com o dobro de universitários, além de deixar claro que a maior parte destes estudantes está no ensino privado. O crescimento econômico alcançado no Brasil tem demandado mão de obra mais especializada, o que aumenta a busca pelo ensino superior. Por outro lado, o acesso à educação está mais democratizado e há mais oferta, inclusive com a expansão dos cursos de ensino à distância. Essa realidade tem motivado o desenvolvimento de opções de financiamento, que muitas vezes são a melhor saída para quem não consegue entrar em uma universidade federal ou estadual e não tem renda suficiente para custear a graduação. O cenário otimista deve se manter e a meta do governo para os próximos 10 anos é alcançar a marca de 10 milhões de matrículas no ensino superior. Para Daniel Silva Mitraud, superintendente Santander Universidades, esse crescimento será viabilizado com a expansão do crédito educativo. “Esse é um caminho sem volta. Ser formado é um diferencial competitivo importante. Os jovens já compreenderam isso e começam a olhar as linhas de financiamento como um caminho para obter o tão sonhado diploma”, afirma Mitraud. As mensalidades de muitos cursos de graduação e pós-graduação em instituições renomadas podem ultrapassar os quatro dígitos, mas financiamentos do governo, bancos e empresas privadas facilitam a concretização do sonho. Na maioria dos casos, as linhas de crédito permitem o financiamento de até 100% do valor da faculdade e estendem o prazo de pagamento das mensalidades por anos após a conclusão do curso, quando o estudante já está empregado. O modelo, que iniciou em 1965 nos Estados Unidos, ainda é embrionário no Brasil. Entre as principais linhas de crédito, o educativo foi a última modalidade a “virar moda” no país. A iniciativa tornou-se conhecida apenas no fim dos anos de 1990, quando o governo lançou o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), forma de empréstimo para a educação mais procurada por apresentar a menor taxa de juros: 3,4% ao ano. Atualmente, o Fies é operado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Entre 1999 e 2010, a iniciativa beneficiou mais de 560 mil estudantes, liberando cerca de R$ 6 bilhões. 20

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Marcela Honório recorreu ao FIES para poder estudar na ESPM.


Essa foi a escolha de Marcela Suelen Honório de Oliveira, de 20 anos, que iniciou o curso de Relações Internacionais na Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM em 2010. “Prestei vestibular para todas as universidades que tinham algum tipo de bolsa, pois a maioria era particular. Passei na prova que eu mais queria, a ESPM, e descobri que a instituição havia recémadotado o Fies. Apesar de minha primeira escolha ser cara, era o foco que buscava. Sem o Fies eu precisaria gastar mais tempo e dinheiro em cursinho para passar em uma universidade pública, ou escolheria uma opção privada mais econômica”, conta Marcela. A estudante já traçou a estratégia para amortizar o financiamento estudantil. Este semestre começa o estágio e vai destinar parte do salário para uma poupança – rotina que se seguirá durante os próximos dois anos até a conclusão da graduação. “Depois de efetivada e com o salário maior, continuo com a poupança por mais dois anos e então começo a pagar o Fies parcelado. Mas tudo vai depender de mim e do esforço que eu gerar para me colocar bem no mercado. Sonho em poder pagar tudo à vista. Quem sabe?”, planeja Marcela. Enquanto o desafio da estudante é viabilizar seu futuro, o crédito educativo tem o desafio de financiar valores elevados a longo prazo para um cliente que geralmente não tem renda e, muitas vezes, não consegue apresentar um avalista. Afinal, financiamento estudantil não é bolsa

> Fies

de estudo, mas sim um empréstimo como outro qualquer. E pode ter como consequência a inadimplência. Inclusive, o exemplo já consagrado nos Estados Unidos é um alerta para os demais países. Foi divulgado recentemente que a dívida pendente com crédito estudantil está em US$ 1 trilhão e ultrapassa os valores com cartão de crédito e financiamento de automóveis.

Daniel Silva Mitraud, Superintendente Santander Universidades

Com o mercado de trabalho fraco, os estadunidenses têm cada vez mais dificuldade para quitar sua dívida. Essa inadimplência tem gerado aumento nas mensalidades das faculdades dos Estados Unidos, além do aumento nas taxas de juros dos financiamentos. O cenário americano é crítico, mas mostra ao governo brasileiro, bancos e empresas privadas os cuidados que devem ser tomados com esse tipo de empréstimo, que ainda tem muito espaço para crescer. •

>> Entenda as principais formas de financiamento

Este programa do Governo Federal financia até 100% da mensalidade de cursos presenciais a uma taxa de juros de 3,4% ao ano. Entre os pré-requisitos estão a obtenção de nota igual ou maior que 3 no Enade e a apresentação de garantias (fiador ou fiança solidária, em que estudantes beneficiários do Fies da mesma instituição formam um grupo). O Ministério da Educação seleciona os estudantes com base no perfil socioeconômico. A amortização começa 18 meses após a conclusão do curso, sendo que o saldo devedor e os juros restantes são parcelados em até três vezes o período financiado acrescido de 12 meses. Ou seja, um curso de quatro anos terá uma fase amortização de 13 anos.

> Bancos privados

O setor privado começa a entrar no crédito educacional, mas as taxas de juros são maiores que as do programa do governo. É uma alternativa para quem não se encaixa nos critérios do Fies. Atualmente, Itaú Unibanco e Bradesco oferecem essas linhas de crédito. Já o Santander possui uma linha de financiamento para cursos de MBA nacionais e pós-graduação, mas garante que já avalia sua entrada no financiamento da graduação. Em todos os casos, o proponente deve ser correntista, passar por uma análise de crédito e estar matriculado em uma instituição conveniada ao banco escolhido. As taxas de juros variam entre as instituições.

> Empresas

A maior empresa que atua no segmento de crédito educacional é a Ideal Invest, correspondente do Banco ABC Brasil e do Banco Sofisa, que desde 2006 oferece a linha PRAVALER. É possível custear parcial ou integralmente cursos de graduação e pós em mais de 260 instituições parceiras. A quitação da dívida é feita no dobro do tempo de duração do financiamento com taxas de juros de 12% ao ano. Como qualquer outro empréstimo, a liberação está sujeita à análise de crédito. Entre as vantagens estão não precisar ter conta bancária, nem ter feito o ENEM. Em junho deste ano, o Itaú Unibanco adquiriu de 20% a 30% do capital da Ideal Invest. No futuro, o projeto é que a carteira de crédito universitário do Itaú Unibanco seja integrada à Ideal. Somando as duas instituições, atualmente são 30 mil alunos com financiamento.

>> Talentos estudantis fomentam indústria do crédito Estudantes de diversas instituições de ensino superior já estão se preparando para a 2ª edição do Concurso Cultural Luzes do Crédito, que premiará as melhores ideias voltadas ao mercado de crédito e cobrança durante o 8º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança da CMS. O objetivo da iniciativa é simples: apostar em talentos e dar luz aos projetos acadêmicos que contribuam para profissionalizar e desenvolver a indústria. Desta forma, o concurso agrega valor à comunidade educacional e ao mercado de crédito. Três equipes serão vencedoras e receberão prêmios de até R$ 5 mil.

> Para mais informações acesse www.cmseventos.com/brasil_2012/ concurso

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DESTAQUE

Eventos da CMS discutem melhores práticas

O mês de outubro reserva importantes debates para a indústria de crédito e cobrança com a realização do Congresso Nacional, em São Paulo, e do Fórum Mundial, na Espanha. Em novembro, será a edição Latino-Americana. Líderes do setor discutirão as causas da crise mundial vigente e analisarão o perfil do novo consumidor aliado ao crédito consciente. Por Camila Balthazar

O cenário atual da economia brasileira mostra a importância de entender o perfil do novo consumidor, que conta com maior oferta de crédito enquanto enfrenta altos índices de inadimplência. Esse momento coloca a indústria de crédito e cobrança no centro das relações entre empresas e consumidores, enfatizando ainda mais a importância de reunir os players do setor para discutir as causas dos temas vigentes e buscar as melhores práticas. Com o tema central “Novo Consumidor, Grandes Oportunidades – A indústria se redefine na era do crédito responsável”, a CMS reunirá os grandes experts da indústria no 8º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança, que acontecerá entre nos dias 9 e 10 de outubro em São Paulo. O maior evento da América Latina voltado para essa indústria trará palestras, debates e fóruns de soluções para abordar temas como a nova lógica econômica global, o crédito responsável, o desafio da concessão do crédito e a consequente inadimplência, o perfil do novo consumidor, a educação financeira, o crédito educativo, entre outros. Segundo Jair Lantaller, presidente do Instituto GEOC, as questões que serão

discutidas marcarão um momento histórico em que novas práticas assumirão um papel importante nas empresas. “Estamos atravessando um período de mudanças com o aumento significativo das carteiras de crédito, a transformação de status dos consumidores das classes C e D, os novos players no mercado, entre outros fatores. Não podemos repetir as ações passadas. Novos desafios estão por vir e, por esse motivo, entender os anseios dos consumidores passa a ser um componente fundamental para o sucesso”, afirma Lantaller. O congresso é validado e apoiado por grandes empresas e instituições do setor, entre bancos, empresas de varejo, financeiras, bens e serviços. É o caso da Serasa Experian e do Instituto GEOC, parceiros locais do congresso desde sua primeira edição. Para Ricardo Loureiro, presidente da Serasa Experian e chairman da Experian América Latina, as empresas precisam reciclar suas estratégias e rever sua forma de atuação. “Nesse sentido, o congresso é uma grande oportunidade para as empresas conhecerem as práticas mais inovadoras do mercado, que trarão novos inputs para a otimização dos resultados em operações de crédito e cobrança”, enfatiza Loureiro, lembrando

que a parceria com a CMS resulta em uma indústria que se renova a cada ano e ajuda no desenvolvimento do país. Já está confirmada a presença de alguns dos principais líderes da indústria para compor o rol de especialistas e palestrantes. Nomes como Carlos Zanchi e Jair Lantaller (Instituto GEOC), Ricardo Loureiro e Laércio de Oliveira Pinto (Serasa Experian) , Alexandre Boechat (NCO Group EUA), Victor Loyola (Citibank), José Renato Simão Borges (CREDZ Administradora de Cartões), Guilherme Puppi (Cyrela Brazil Realty), Adriano Meira Ricci (Banco do Brasil), Antonio Pardo (Santander), Marco Vanderlei Bellini Ferreira (Itaú Unibanco), Issaia Abud (Volkswagen Financial Services) farão parte deste cenário. O encontro também trará à discussão nacional do crédito figuras de expressividade internacional, como o estadunidense Al Zezulinsky (ex-vice-presidente do NCO Group, maior empresa de cobrança do mundo) e David Pérez-Iturralde (diretor-geral Lindorff, Espanha). A abertura do evento ficará por conta de Arnaldo Jabor, acompanhado de importantes debatedores com foco em economia. Continua na página 29

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NOVO CONSUMIDOR, GRANDES OPORTUNIDADES A indústria se redefine na era do crédito responsável

O mundo mudou, a economia mudou, o consumidor mudou.

Tudo o que você conhecia está agora em constante alteração. Nesse novo cenário, surge um consumo cada vez mais consciente que demanda uma indústria de crédito igualmente responsável. É em momentos como esse que encontramos dois perfis de empresas e profissionais: os que se retraem e esperam aparecer uma zona de conforto e os que aproveitam o contexto para descobrir caminhos, criar oportunidades e crescer. Se você faz parte do segundo grupo, estamos lhe esperando no 8º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança, em São Paulo, dias 9 e 10 de outubro. Cresça com a coragem dos inovadores e a expertise dos melhores.

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AGENDA PRELIMINAR 9 DE OUTUBRO 08h45 09h00

ABERTURA

Arnaldo Jabor Escritor, Cineasta e Comentarista e debatedores economistas

09h00 10h30 10h30 11h30

15h00 16h30

DEBATE:

17h30 19h00

ALMOÇO E NETWORKING CONSUMIDORES NO VERMELHO: » O NÚMERO OFICIAL DE SUPERENDIVIDADOS É SÓ A PONTA DO ICEBERG? VEJA COMO A EDUCAÇÃO FINANCEIRA PODE AJUDAR A REVERTER ESSE PROBLEMA.

MARKETING: » PARA O NOVO CONSUMIDOR, UM NOVO CRÉDITO:

- Ações inovadoras ajudam a adaptar a indústria do crédito à pluralidade de seus clientes.

COFFEE BREAK E NETWORKING DESAFIO: CRÉDITO x INADIMPLÊNCIA: » COMO CONSEGUIR O EQUILÍBRIO ENTRE O INCREMENTO DA OFERTA DE CRÉDITO FRENTE AO CRESCIMENTO DOS ÍNDICES DE INADIMPLÊNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO SETOR

PATROCINADORES DIAMOND

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Entender as novas regras do jogo é primordial para inovar e crescer.

» CRÉDITO RESPONSÁVEL: Como mantê-lo da concessão à cobrança?

- O brasileiro é um povo endividado? - Consumir menos ou consumir melhor? - Boas práticas: o que os setores público e privado estão fazendo para educar financeiramente a sociedade.

16h30 17h30

» O BRASIL E A NOVA LÓGICA ECÔNOMICA GLOBAL NA ERA DO CRÉDITO RESPONSÁVEL.

COFFEE BREAK E NETWORKING

11h30 13h00 13h00 15h00

» CORAL DA GENTE Apoio especial VW | Palavra de boas-vindas.

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CONCURSO CULTURAL LUZES DO CRÉDITO: » APOSTAR NA CRIAÇÃO DE TALENTOS EM NOSSA SOCIEDADE É UM FATOR CHAVE PARA O CRESCIMENTO DAS ORGANIZAÇÕES


PARCEIROS LOCAIS

10 DE OUTUBRO 09h00 10h30

PESQUISA EXCLUSIVA: » O CONSUMIDOR DE CRÉDITO MUDOU. NÓS AJUDAMOS A ENTENDÊ-LO.

A Serasa Experian e Instituto GEOC divulgam os dados do segundo ano da pesquisa exclusiva Voz do Consumidor, realizada pelo IBOPE. Descubra qual o perfil do consumidor que paga suas dívidas e quais são as novas características comportamentais desses públicos das classes A à D. Afinal, quais os motivos que levam à inadimplência? Garanta sua presença e receba uma cópia da pesquisa completa.

10h30 11h30 11h30 13h00

13h00 15h00 15h00 16h30

Como fraudadores atuam; Vítimas; Consequências para o sistema financeiro; Como as empresas podem se proteger; E-commerce.

COFFEE BREAK E NETWORKING COMPRA E VENDA DE CARTEIRAS: » COMO A COMPRA E VENDA PODE MUDAR TOTALMENTE O ROL DAS EMPRESAS DE RECUPERAÇÃO? OPORTUNIDADES E DESAFIOS DO BRASIL EM UTILIZAR ESTA FERRAMENTA, QUE PODE REPRESENTAR UM MARCO NO DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA DO CRÉDITO.

MARKETING EM EDUCAÇÃO FINANCEIRA: » O PRIMEIRO PASSO PARA EDUCAR É COMUNICAR BEM

Bancos e grandes entidades de crédito fazem uso das técnicas de marketing e publicidade para ensinar o brasileiro a usar corretamente seu salário, pagar dívidas e economizar para realizar sonhos. Afinal, como reverter o atraso histórico em educação financeira e aproveitar o momento econômico do país para consumir melhor? Quais são as principais campanhas de marketing do setor?

ALMOÇO E NETWORKING TENDÊNCIAS: » YES, WE CAN

Inédito: oportunidades para empresas de cobrança do Brasil nos EUA. A possível interação de mão-dupla entre empresas americanas e brasileiras na indústria de cobrança.

16h30 17h30

FRAUDES: » ROUBO DE IDENTIDADE – ONDE TUDO COMEÇA

DEBATE JURÍDICO: » OS DESAFIOS DA COBRANÇA JUDICIAL COM O AUMENTO DO VOLUME DE CRÉDITO E DA INADIMPLÊNCIA.

CRÉDITO EDUCATIVO: » CRESCIMENTO PROFISSIONAL AO ALCANCE DE TODOS

Como o crédito estudantil pode ajudar a democratizar o acesso ao ensino universitário e melhorar a qualificação profissional do brasileiro. Onde e como ele está disponível? Quais são os números desse mercado?

COFFEE BREAK E NETWORKING

17h30 19h00

Jussier Ramalho, Empresário e palestrante

» MUDANÇA: OU MUDA OU DANÇA!

» GRAACC | Entrega de doações » CONCURSO CULTURAL LUZES DO CRÉDITO Entrega de Prêmios » IGEOC | Cerimônia de novos associados

ENCERRAMENTO Acesse a programação completa em: www.cmseventos.com/brasil_2012/agenda

Agenda sujeita a alterações

PATROCINADORES PLATINUM

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PARCEIROS LOCAIS

PATROCINADORES DIAMOND

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APOIO ESPECIAL

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COM O APOIO DE

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brasil@cmspeople.com (11) 3159-1261 www.CMSeventos.com


DESTAQUE Continuação da página 25

CMS Mundial e Latino-americano Uma semana após o Congresso Nacional, acontecerá o Fórum Mundial, influente encontro que congrega mais de 800 líderes de 30 nacionalidades nos dias 16 e 17 de outubro, em Madri, na Espanha. Assim como o Brasil apresenta seus desafios ligados à indústria do crédito, o panorama mundial enfrenta os problemas decorridos da crise europeia, que afeta cada país em diferentes níveis. O encontro também reunirá importantes especialistas, como Pablo Salamone (CMS), Mike Gingsberg (Kaulklin Gingsber), Piotr Badowski (Polish Debt Collection Association), Raquel Serradilla (Altitude España), Artur Aleksandrowicz (National Recovery Service), entre outros. Alinhada com o momento atual, a conferência de abertura será com Manuel Conthe, presidente da CNMV e vice-ministro de Economia da Espanha, e abordará a mudança na economia mundial, mostrando quais são as diferenças dessa crise em relação à passada e quais são seus ensinamentos.

No mês de novembro será a vez de Punta del Este, no Uruguai, receber o 10o Congresso Latino-americano. Durante o dia 22 deste mês, serão trazidos à tona temas como o processo de sensibilização e interiorização da necessidade de cobrança, além da importância, objetivos, novas ferramentas, erros mais comuns e indicadores chave no processo de cobrança.

Programe-se 8º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança e > Data: 9 e 10 de outubro de 2012 > Local: Teatro Alfa – Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722 – Santo Amaro e Hotel Transamérica – Av. das Nações Unidas, 18.591 – Santo Amaro – SP > Informações: www.cmseventos.com/brasil_2012/agenda

CMS World Forum e FENCA World Congress

10º Congresso Latinoamericano

Data: 16 e 17 de outubro de 2012 Local: NH Neurobuilding – Padre Demián, 23 – Madri – Espanha > Informações: www.cmseventos.com/espana_2012/agenda

Data: 22 de novembro de 2012 Local: Hotel Conrad Resort & Casino – Punta del Este - Uruguai > Informações: www.cmseventos.com/uruguay_2012/agenda

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OpiniÃo

A importância de estabelecer parcerias duradouras com os fornecedores

José Augusto Rezende Júnior Diretor Administrativo-Financeiro do Instituto GEOC e Sócio-Diretor da J.A Rezende

dade em serviços, maior a confiabilidade e melhor serão os relacionamentos.

Atualmente as organizações estão inseridas num ambiente globalizado e de competição cada vez mais acirrada. Como em outros segmentos da economia brasileira, a indústria de crédito e cobrança tem enfrentado, recentemente, grandes desafios e as oportunidades para o crescimento sustentável estão, justamente, na adoção de uma estratégia que visa a construção de relações duradouras entre cliente e fornecedor, baseada em confiança, colaboração, compromisso, parceria, investimentos e benefícios mútuos, resultando assim na otimização do retorno para a empresa e seus clientes. Nessa ótica, o relacionamento torna-se o fator-chave de sucesso para a diferenciação do serviço no mercado, uma vez que a oferta de valor só é possível por meio do conhecimento adquirido. É de vital importância para a empresa estabelecer relações estreitas e duradouras com os seus fornecedores. Uma relação de confiança é construída com o passar do tempo, através da convivência e do compartilhamento de experiências. A confiança mútua é um dos requisitos essenciais da parce32

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ria e está fortemente condicionada às relações de longo prazo. Desse modo, existe a necessidade de fornecedores confiáveis, para que o fornecimento seja realizado conforme condições previamente estabelecidas. A relação entre empresas e fornecedores deve ser construída de acordo com regras claras e de forma que prevaleçam o entendimento e os objetivos comuns, para que haja sucesso na relação. Para que a qualidade percebida seja positiva, devemos direcionar as expectativas. As empresas devem estabelecer de forma clara as condições mínimas que o fornecedor deve atender, bem como, estar disposta a pagar um preço justo. Somente desta forma será estabelecida uma relação perene e saudável. Os determinantes da qualidade em serviços são a confiabilidade, a prontidão, os elementos tangíveis, a segurança/ garantia e a empatia. Já a base dos relacionamentos é a confiança. A qualidade em serviços, a partir desses determinantes (sendo que um deles é a própria confiabilidade), impacta diretamente nos relacionamentos, porque ela gera confiança. Assim, quanto maior a quali-

Nesse pensamento, podemos destacar o trabalho do Instituto Geoc na construção de parcerias duradoras no mercado de recuperação de crédito, como Cliente e Fornecedor. O Igeoc tem desempenhado papel essencial na aproximação entre associadas, clientes e fornecedores, através da participação e promoção de uma série de eventos ao longo do ano e na organização do Fórum de Inovações que, em 2012, teve a sua segunda edição. O Fórum, além de ser um espaço para apresentações de soluções para o mercado de cobrança, é também o ambiente propício para o networking e contato direto com executivos de inúmeras áreas de prestadores de serviço. A realização do MBA em Crédito e Cobrança dentro do Instituto permite que executivos das empresas associadas troquem informações sobre o trabalho e eficiência dos fornecedores atuais. A finalidade do Igeoc é propiciar esses ambientes, assim como a participação e organização de eventos internacionais, como o Intercâmbio do LatinCob, que trazem um debate maduro sobre o setor. Podemos verificar, também, a participação cada vez mais ativa das empresas de recuperação de créditos no negócio final de seus Clientes. Essa realidade demonstra, claramente, a mudança de paradigma no conceito de parceria duradoura, com as instituições compartilhando com as empresas do nosso setor seus objetivos institucionais: qualidade do atendimento, comunicação com os clientes, resultados, campanhas internas, entre outros. Se mostra claro, portanto, que todas as partes ganham ao se estabelecer uma relação duradoura e saudável entre cliente-fornecedor, pautada na qualidade, compromisso, confiança e, sobretudo, respeito, propiciando a geração de valor na organizações e sociedade, desde o mais humilde colaborador, até o executivo da empresa cliente, onde todos ganham e crescem, atingindo seus objetivos. •


Aconteceu no Mercado

Foco na inovação para reduzir inadimplência

O II Fórum de Inovação do IGEOC, realizado no dia 26 de junho de 2012, em São Paulo, reuniu mais de 400 pessoas que acompanharam atentas aos conhecimentos e cases de grandes especialistas. O diferencial desse ano foram os workshops, que possibilitaram maior troca de experiências entre os profissionais de cobrança e discussão sobre soluções inteligentes para o mercado.

Por Cristiane Moraes

A segunda edição do Fórum de Inovação do Instituto GEOC superou quatro vezes o número de participantes da primeira edição e trouxe um conceito diferenciado para troca de ideias, com a criação de workshops que aconteceram simultaneamente ao evento, com temas que envolviam inovações em cobrança para o segmento de veículos e consórcios; cobrança para o varejo, cartões e produtos financeiros; e tendências e oportunidades na cobrança contenciosa. As oficinas foram conduzidas por especialistas renomados da FIA-SUP (Fundação Instituto de Administração), IBMEC e Sturzenegger Advogados. A superintendente do Instituto GEOC, Anna Zappa, ficou animada com os resultados e interação dos participantes, principalmente nos workshops, que foram uma novidade dessa edição e tiveram grande aceitação por todos, gerando um documento de cada grupo. “Recebemos feedbacks positivos tanto dos convidados quanto dos patrocinadores e tivemos presença maciça de representantes das associadas e clientes. O desafio agora será realizarmos um III Fórum de Inovação ainda melhor para 2013”, adiantou Anna. Durante o evento, foram apresentados 13 cases de sucesso nas áreas de TI, Telecom, Recursos Humanos, Treinamento e Capacitação, Recrutamento e Seleção, Qualidade, Operações e Planejamento. Importantes players do mercado, clientes e profissionais de cobrança conferiram com atenção as apresentações que ilustraram as possibilidades tecnológicas disponíveis para as empresas de recuperação de crédito na busca da redução da inadimplência. A maioria das ferramentas apresentadas está relacionada a formas de otimização de desempenho da rentabilidade nas operações, ao apoio à gestão e à melhoria continua da qualidade dos serviços prestados. Para o economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Rubens Sardenberg, que palestrou sobre economia e mercado de crédito, será fundamental para essa indústria introduzir produtos inovadores que estejam direcionados tanto para a redução da inadimplência quanto para a promoção de novos mercados. “É preciso acessar cada vez mais as classes C e D, mas sempre atentos para o que fato de que, ao fazer isso, há necessidade de reduzir custos e manter os riscos controlados”. Na opinião dele, essa parcela da população está mais vulnerável a crises econômicas.

Rubens Sardenberg Economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban)

Sardenberg adotou um tom moderado ao abordar o que espera da sustentabilidade econômica do país nos próximos meses. Para ele, haverá um crescimento doméstico importante, mas que não será suficiente para deter os efeitos da crise europeia, apenas amenizá-la. “O Brasil enfrentará um cenário externo adverso. Essa crise não será de curto prazo”, adiantou. Para evitar crises no mercado de crédito, a sugestão do economista é a criação de instrumentos que contribuam para o financiamento privado de longo prazo. Essa, por sinal, é uma questão na qual a Febraban vem insistindo desde o início do ano. O próprio presidente da entidade, Murilo Portugal, em abordagens públicas sobre o tema, não esconde que essa é a área onde estão concentradas grandes expectativas dos setores de crédito bancário, que apostam especialmente em uma parceria mais forte com o BNDES. O financiamento privado de longo prazo é tido no mercado de crédito como evolução natural da economia brasileira. Isso porque, com o controle da inflação e com a redução da dívida pública – conquistada nos últimos oito anos –, os créditos foram realocados para o setor privado de 26% para 49% do PIB. Ainda assim, mais de 75% das operações de crédito bancário público e privado para empresas são de curto e médio prazo. •

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Análise Setorial

Crédito Imobiliário: está Mais fácil pagar o

imóvel

A iniciativa da Caixa Econômica Federal de reduzir as taxas de juros para 8,5% e aumentar o prazo de financiamento de 30 para 35 anos, despertou o interesse de bancos públicos e privados na ampliação na carteira de crédito imobiliário. Especialistas apostam no crescimento do setor e não veem ameaças de inadimplência com os maiores prazos.

Por Cristiane Moraes

O segundo semestre de 2012 começou bastante aquecido e otimista para o crédito imobiliário no Brasil. Em maio, a Caixa Econômica Federal anunciou uma redução na taxa de juros e apenas um mês depois resolveu ampliar o prazo de financiamento para 35 anos com mais uma redução de juros. A novidade mexeu com os humores do mercado e a estabilidade da economia brasileira, e os preços dos imóveis trouxe ainda mais oportunidades para o brasileiro comprar a tão sonhada casa própria. Ainda é cedo para medir os resultados dessa iniciativa, mas alguns bancos a viram com bons olhos e, inclusive, como oportunidade de mercado. O

Santander, por exemplo, foi o primeiro banco privado a adotar a medida de prazo estendido. Em paralelo, o Banco do Brasil anunciou cortes significativos nos juros para se igualar à Caixa, que é líder absoluta em habitação com 3/4 de participação no mercado. Os planos do Banco do Brasil são bastante audaciosos com a meta de ser o segundo maior banco no crédito imobiliário do Brasil até 2015. Nem o fato de a insituição ser novata nesse segmento, com apenas 4 anos de oferta do serviço, resultou em conservadorismo. “O BB tem todas as condições de incrementar sua operação de crédito imobiliário pelas suas características de tradição, porte, número e diversidade de agências”, acredita

João César Miranda, diretor do Secovi (Sindicato da Habitação), que afirma que é uma meta possível de ser alcançada. Segundo Guilherme Puppi, Chief Risk Officer da Cyrela Brazil, a estabilização da economia e a evolução do arcabouço jurídico com o advento do patrimônio de afetação e alienação fiduciária possibilitaram que os bancos reduzissem os juros e ampliassem o prazo de financiamento bancário. Em apenas uma década, o Brasil teve grandes mudanças no segmento, como as taxas de juros, que reduziram de 12% para 8,5% ao ano e os prazos aumentaram de 15 para 35 anos, mostrando o potencial de crescimento. continua Credit Performance

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Quem mais sai ganhando são os brasileiros, que terão taxas competitivas e também mais prazo para pagar seu imóvel. As classes C e D acabam sendo as mais beneficiadas, já que qualquer redução na parcela do financiamento afeta muito o dia a dia dessas famílias. Mesmo assim, especialistas defendem que o maior prazo não traz ameaças de inadimplência. “São raros os mutuários que levam o financiamento até o final. Na nossa carteira, em média, 50% amortiza a dívida em 15 anos”, aponta Teotônio Costa Rezende, diretor executivo de Habitação da Caixa, que diz que o alargamento do prazo não traz riscos ao banco. Mesmo assim, Puppi argumenta que o credor tem a responsabilidade social de orientar o devedor quanto aos efeitos colaterais da dívida assumida. “Na Cyrela, estamos implantando um programa de educação financeira com foco em dois públicos distintos: o novo cliente e aquele que atrasa pela primeira vez. Desta forma, esperamos colaborar para que mais e mais pessoas conquistem o sonho da casa própria”, conta.

“A família que consegue pagar o financiamento durante os primeiros anos, dificilmente terá problemas no futuro. O desafio é o primeiro ano, principalmente porque vem acompanhado de outras despesas da compra, como decoração e impostos”. Guilherme PuppI Chief Risk Officer Cyrela Brazil Reaty

prestação menor para pagar”. “Mesmo assim, acreditamos que 30 anos já atendem os entrantes no financiamento em todas as classes. Justamente porque percebemos que prazo médio utilizado pelos nossos clientes é de 21,8 anos”. O prazo não foi estendido, mas as projeções

O diretor do Secovi diz que, teoricamente, um período maior poderia aumentar o risco de inadimplência. “No entanto, os agentes financeiros têm hoje instrumentos e capacidade de alta qualidade na governança dos créditos. Portanto, acredito que os maiores prazos não deverão aumentar a inadimplência de cerca de 1,3%, que temos atualmente”, defende Miranda. Para ele, as mudanças, aliadas à melhoria de renda da população e baixos índices de desemprego, geraram melhores condições e principalmente segurança para os interessados na aquisição da casa própria. É apostando nesse crescimento que a Caixa reviu a meta para 2012, que era de R$ 90 bilhões para R$ 100 bilhões. Em 2011, foram R$ 80 bilhões e 53% das pessoas assumiram o financiamento em 30 anos. O executivo da Caixa diz que ainda é cedo para mensurar os clientes que já usufruíram do novo prazo, mas adianta que as regras para análise de crédito se mantém, ou seja, o brasileiro pode comprometer, no máximo, 30% da renda com a compra de um imóvel, mas a prática ideal é de até 20%. Para Claudio Borges, diretor de crédito imobiliário do Bradesco, taxas de juros menores e prazo alongado são fundamentais para atender a demanda do setor. “Esses fatores criam condições factíveis ao comprador com 36

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foram revisadas de R$ 10 bilhões para R$ 14 bilhões, mostrando que o banco também está otimista com o mercado imobiliário brasileiro. O alargamento do crédito pode favorecer o crescimento do mercado, mas é importante aprender com as crises imobiliárias dos Estados Unidos e da Espanha, onde o afrouxamento das políticas de crédito aumentam exponencialmente a probabilidade de problemas futuros. “Estamos começando a entender a dinâmica do crédito imobiliário no Brasil e devemos tratá-lo com respeito, para que seja saudável pelos próximos 50 ou 500 anos”, indica Puppi.

O diretor da Caixa diz que o Brasil está blindado para uma crise como a do subprime. “Temos uma boa regulamentação e quem faz a análise do pagamento é o próprio banco. Além disso, os bancos brasileiros são bastante conservadores e temos apenas 5% do PIB nesta modalidade”, esclarece. O executivo do Bradesco compartilha da mesma opinião e acrescenta. “No Brasil financiamos o primeiro imóvel,

“Os preços se estabilizaram e deverão manter seus valores sendo atualizados somente pela inflação”. João César Miranda Diretor SECOVI

diferentemente de outros mercados externos, onde a garantia é a hipoteca”. Rezende ainda acha positivo o interesse dos demais bancos de ampliar o prazo e reduzir taxas. “A concorrência é sadia para a sociedade. Nossa iniciativa acaba beneficiando o mercado com um todo”, encerra o executivo da Caixa. •


Ideias e Tendências

Certificação digital, desmaterialização e sustentabilidade

Igor Ramos Rocha Presidente de Negócios de Identidade Digital da Serasa Experian

Comemoramos este ano 10 anos de estreia da aplicação pioneira da certificação digital no Brasil, pelo Sistema de Pagamento Brasileiro (SPB). Esse aniversário nos convida a uma reflexão sobre essa tecnologia em relação aos negócios das empresas, do governo e ao cotidiano das pessoas, e sobre o quanto ela ainda pode fazer na era das interações eletrônicas. As fronteiras da identidade digital são as fronteiras do universo eletrônico. Há uma década entrou em funcionamento o Sistema de Transferência de Reservas (STR) do Sistema de Pagamento Brasileiro (SPB). Operado pelo Banco Central do Brasil, o País ingressou então, há 10 anos, no grupo de países em que transferências de fundos interbancárias passaram ser liquidadas em tempo real, em caráter irrevogável e incondicional. Essa instantaneidade só é possível porque ocorre eletronicamente, e é perfeitamente conciliável aos demais atributos – irrevogável e incondicional – com a segurança absolutamente necessária, graças à tecnologia da certificação digital. A “prova de fogo” que significou essa estreia certamente avalizou a certificação digital para qualquer outra aplicação que se quisesse. Afinal, são R$ 850 bilhões, em média, por dia, envolvidos no STR. Prover a segurança necessária para transações dessa monta no ambiente eletrônico foi comprovação inequívoca da viabilidade e eficiência desta tecnologia. Em sua busca permanente por inovação, eficiência, economia e agilidade, muitos negócios e processos, em âmbito público e privado, incorporaram a certificação digital. As experiências acumuladas em operações tão distintas como o SPB, a assinatura de um contrato de câmbio ou quaisquer outros contratos, uma

petição judicial, o acesso remoto a um prontuário médico ou a emissão de uma nota fiscal, por exemplo, demonstram pelo menos dois fatos. O primeiro deles é a versatilidade da certificação digital. O segundo é o quanto os processos estão se “desmaterializando” nas mais diferentes áreas e atividades e quão forte é esta tendência. O que chamo de “desmaterializar-se” não é desintegrar-se, como sugere o dicionário, mas é justamente se concretizar não tendo basicamente papel e tinta como material de suporte. É se concretizar no meio eletrônico, com a web como veículo. E um processo que ocorre em meio eletrônico e é autenticado com um certificado digital tem garantia não só de integridade,

como também de validade jurídica e não repúdio (as partes envolvidas não têm como negá-lo). Portanto, uma década após estrear como mecanismo de segurança em um sistema de infraestrutura financeira, “invisível” para a grande maioria – embora cotidianamente presente e de suma importância –, tornou-se autenticação indispensável no ambiente eletrônico. Hoje, pode-se contar com uma identidade digital para usufruir de todos os benefícios e vantagens que a internet proporciona, conjugando validade jurídica e requintes de segurança. Temos a certificação digital, provada e comprovada, funcionando perfeitamente para unir essas conveniências, a serviço da sustentabilidade dos negócios. • Credit Performance

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Sofisticação e Luxo

MUITO TRÂNSITO?

VAI DE HELICÓPTERO!

Se voar para chegar ao trabalho não é uma via disponível à grande maioria da população, tampouco é uma solução tão distante da realidade dos executivos brasileiros. Cada vez mais empresas investem – sozinhas ou de modo compartilhado - nesse artigo “de luxo” para fugir do caos em terra. Com mais de 7 milhões de veículos circulando na cidade de São Paulo e congestionamentos cada vez mais imprevisíveis em terra, executivos têm recorrido ao céu. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), atualmente são 1.754 helicópteros no Brasil, sendo que mais de 400 estão em São Paulo – cidade com a segunda maior frota do mundo. E se em outros países o helicóptero tem a função de entrar e sair de uma cidade, no Brasil, os donos de aeronaves querem estacionar na própria casa ou empresa. Não é à toa que São Paulo tem 400 helipontos – o dobro de Nova York. Para Jorge Bitar, comandante e proprietário da empresa de táxi aéreo Helimarte, alguns fatores contribuem para a expansão dos helicópteros no Brasil. “Nossa estabilidade econômica atrai muitos estrangeiros que vêm a negócios. Muitos deles, assim como os brasileiros, utilizam a aeronave para ficar menos tempo exposto nas ruas. O helicóptero

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também é a melhor ferramenta para não perder tempo dentro do carro”, afirma Bitar. É verdade que o mercado militar – a frota das Forças Armadas não entra nos cálculos da ANAC – e governamental ainda é responsável por grande parte das aquisições desse veículo, mas executivos e empresas de táxi aéreo estão ganhando cada vez mais espaço nesse universo. Prova disso foi a aquisição de 15 novas aeronaves pela Helimarte nos últimos nove anos. Do mesmo modo, a Helibras, única fabricante brasileira de helicópteros, comemora o aumento nas vendas a cada ano. Com capacidade de produção anual de 36 helicópteros, a empresa fechou 2011 com faturamento de R$ 288 milhões. •

Valor do investimento O empresário que compra um helicóptero geralmente começa alugando os serviços de uma empresa de táxi aéreo. Aos poucos ele percebe que a rotina de transporte pelos ares é frequente e considera a aquisição da sua própria aeronave. O custo de um helicóptero pode variar bastante de acordo com a categoria. Um modelo popular, como o Robinson 22, custa aproximadamente R$ 200 mil e transporta piloto mais passageiro. Já um sofisticado, capaz de transportar até oito pessoas pode custar cerca de R$ 20 milhões. Outra opção para quem quer sua aeronave, porém a um custo mais acessível, é a Propriedade Compartilhada, serviço oferecido por empresas como a Avantto. De acordo com o presidente Rogerio Andrade, nesse sistema, o interessado compra uma cota do helicóptero e recebe o direito de voar por um determinado número de horas por mês, reembolsando apenas o combustível e a manutenção referente ao período. “Os custos fixos relativos à gestão, como tripulação, hangaragem e seguro, são divididos entre os cotistas, o que reduz significativamente as despesas”, explica Andrade. Quando comparada a uma propriedade exclusiva, o presidente da Avantto afirma que a economia é de até 90% na aquisição da cota e 80% nas despesas mensais. “Se a frequência de voos aumentar, basta adquirir mais cotas”, esclarece Andrade, que só indica a compra de um helicóptero particular quando o proprietário voa mais de 40 horas mensais.


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Novidades

Segmento atacadista ganha solução para monitoramento de sócios A Serasa Experian lançou em agosto uma solução inédita para o monitoramento de sócios e administradores do pequeno varejo. A ferramenta permite a análise simultânea de empresas e sócios e torna ainda mais completa e eficiente a Solução Atacadista que a Serasa Experian já oferece ao mercado, responsável por monitorar a saúde financeira das empresas varejistas de pequeno porte. O lançamento foi durante a ABAD Rio 2012, o maior evento do segmento atacadista. Os distribuidores se relacionam com uma vasta carteira de pequenos varejistas, cuja pessoa jurídica se confunde com a pessoa física. O monitoramento desses sócios trará muito mais segurança para um volume grande de transações. E para o pequeno varejista, essa maior transparência resulta na melhora da qualidade do relacionamento com seu fornecedor, o que lhe proporcionará melhores negócios. “Acompanhar os CPFs dos sócios, responsáveis diretos pela situação financeira de seus negócios, é tão importante quanto à análise da pessoa jurídica”, afirma Nilson Gomes, diretor do segmento atacadista da Serasa Experian. “Com a junção da Solução Atacadista e da Solução Monitoramento de Sócios, os consultantes poderão fazer uma análise ainda mais confiável e abrangente, podendo ajustar com mais segurança e precisão os níveis de concessão de crédito e assim realizarem melhores negócios”, declara Nilson.

Hotsite para facilitaR reemissão do Certificado Digital A leva de aproximadamente 1,5 milhão de empresas que aderiu à Nota Fiscal Eletrônica em 2009 e comprou um certificado digital com validade de três anos, precisará renová-lo este ano. Na mesma condição estão todos os demais certificados válidos por um ou dois anos, adquiridos em 2010 ou 2011. Por isso, a Serasa Experian lançou um hotsite, para facilitar a renovação e reemissão com validação presencial dos certificados digitais em conformidade com a nova tecnologia implementada pelo Instituto Nacional da Tecnologia da Informação – ITI, em janeiro de 40

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2012 (a chamada Cadeia V2). O hotsite é acessível por meio do link http://serasa.certificadodigital.com.br/ renove/. Todos os certificados, independentemente da empresa que tenha emitido o certificado anterior, poderão ser renovados e/ou reemitidos de forma mais fácil e prática por meio do hotsite, que foi desenvolvido em linguagem direta e com recursos de inteligência digital. A Serasa Experian é pioneira na promoção da certificação digital como tecnologia efetiva para a desmaterialização dos processos, com atributos de validade jurídica, agilidade e praticidade, a serviço da sustentabilidade dos negócios.


LatinCob

reúne representantes de seis países Os países da América Latina devem crescer seis vezes mais do que a Europa, em 2013, prevê o FMI (Fundo Monetário Internacional). A previsão aponta crescimento de 3,4% para a América Latina em 2012 e a retração de 0,3% para a Europa. O cenário do próximo ano é ainda melhor para a América Latina, chegando em 4,2%, sendo que o Brasil ficará um pouco acima dessa média, com 4,6%. Os dados foram apresentados pelo professor e economista do IBMEC, João Alberto de Seixas, durante o 5º Intercâmbio das Associações de Crédito e Cobrança da América Latina, promovido pela LatinCob e pelo Instituto GEOC, em São Paulo, no último mês de agosto.

Executivos da Argentina, Paraguai, Peru, Colômbia e México ouviram com atenção as apresentações e os cases brasileiros, falaram sobre a experiência em seus países e promoveram uma troca importante com o objetivo de discutir a evolução do segmento na América Latina. “Os juros reais têm caído na América Latina, não há risco de bolha e existem mais pessoas consumindo. Em compensação, a região ainda sofre com a pouca educação financeira, por isso o risco da inadimplência é alto”, apontou o professor do IBMEC. O grande recado de Seixas para as empresas de recuperação de crédito foi a importância de investir em tecnologia para atender a crescente demanda, reduzindo assim o tempo de ociosidade dos operadores.

Portal de Documentos inicia nova fase

O Portal de Documentos, principal empresa do país na gestão de documentos digitais com valor jurídico, vai apresentar muitas novidades durante a CMS FORUM 2012, em São Paulo.

Além do lançamento de sua nova marca, os visitantes poderão conhecer sua plataforma de serviços de notificação e registro eletrônico, que oferece mais eficiência, segurança e simplicidade nas operações, integrando bancos, financeiras, consórcios, assessorias de cobrança, empresas de BPO e de custódia de

documentos, cartórios e judiciário. Consolidando sua posição no mercado, a empresa ganhou solidez financeira com investimentos realizados pela One Equity Partners, do grupo JPMorgan Chase & Co., um dos maiores bancos do mundo. O Portal de Documentos reforça sua liderança no segmento de crédito e cobrança, trazendo soluções inovadoras para o setor financeiro, incluindo novos serviços de protesto eletrônico e para o crescente mercado imobiliário.

Próximos Eventos 10º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança e 6º Congresso Nacional de Finanças de Consumo e Meios de Pagamento, Argentina 2012 12 Setembro 2012 | Buenos Aires 7º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança, Perú 2012 18 Setembro 2012 | Lima 9º Congresso Andino de Crédito e Cobrança, Colômbia 2012 19/20 Setembro 2012 | Bogotá 1º Congresso Internacional de

Crédito e Cobrança, Paraguai 2012 27 Setembro 2012 | Asunción 8º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança, Brasil 2012 9/10 Outubro 2012 | São Paulo CMS World Forum 4° Congresso Nacional de Crédito e Cobrança, Espanha 2012 16/17 Outubro 2012 | Madrid

4º Congresso Internacional de Crédito e Cobrança, Venezuela 2012 6 Novembro 2012 | Caracas 5º Congresso Nacional de Financiamento de Consumo, Pagamentos e Recuperações, Uruguai 2012 22 Novembro 2012 | Punta del Este

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Pelo mundo

4o Congresso Internacional de Crédito e Cobrança Data: 06.11.2012 Local: Caracas, Venezuela Hotel Tamanaco Informações: www.cmseventos.com/venezuela2012

Caribe Venezuelano

Aproveitar a ida ao Congresso de Caracas para viver uma aventura no Arquipélago de Los Roques é unir o útil ao mais que agradável.

Questões de cunho político tendem a ser o assunto central quando se pensa em Venezuela. No entanto, o país tropical de Hugo Chávez tem a geografia perfeita para o turismo – amplo litoral dividido entre o mar do Caribe e o Oceano Atlântico, além das planícies e a Cordilheira dos Andes. Mas não são somente suas praias que merecem toda a fama: os tesouros desse local podem estar até mais afastados do continente, como as suas ilhas. E, nesse quesito, o Arquipélago de Los Roques é o grande campeão. Aproveitando que o 4o Congresso Internacional de Crédito e Cobrança acontecerá em Caracas, no dia 6 de novembro, vale esticar a ida ao país e conhecer esse complexo de 42 ilhotas na costa caribenha com areias brancas e mar azul cristalino (com temperatura que varia entre 25 oC e 28oC), que está a cerca de 180 km ao norte da capital. Para completar, o mês de novembro marca o início da temporada da lagosta em Los Roques. Irresistível! Parque nacional desde 1972, Los Roques encanta desde famílias com crianças pequenas até mergulhadores profissionais. O des-

Como chegar Há voos diários saindo de Caracas em pequenos aviões de, no máximo, 14 passageiros. O tempo de viagem é de cerca de 40 minutos até o exótico aeroporto da ilha de Gran Roque – pista pequena e sala de embarque com vista para o mar. Fique atento: o limite de bagagem no voo de Caracas a Los Roques é de 10 kg por pessoa.

tino é um dos mais bonitos para o esporte. Peixes, tartarugas, moreias, caranguejos, arraias, barracudas e enormes barreiras de corais compõem o colorido do mundo aquático. Todos os viajantes hospedam-se na ilha de Gran Roque, único povoado com infraestrutura de pousadas. A maioria já inclui no pacote os passeios para as outras ilhas e essa é a única obrigação do turista durante a viagem: estar no píer de Gran Roque às 9h30 – ponto de partida dos barcos. As ilhas de Francisquí e Madrisquí têm águas rasas, bancos de areia e corais; vem Crasquí o mar é calmo; Dos Mosquises e Cayo D’Água são as mais distantes, porém as mais belas. Com tantas opções, para conhecer bem o arquipélago, o ideal é reservar no mínimo quatro noites para a viagem. •

Onde ficar As pousadas são rústicas, mas charmosas. Todas eram casas de antigos pescadores que foram reformadas, por isso têm poucos quartos. O clima é familiar e a maioria das pousadas oferece pacote com pensão completa, passeios para as ilhas próximas e empréstimo de cadeiras, guarda-sol e toalhas. Na hora de escolher certifique-se de que na sua pousada há ar-condicionado, água quente e barco próprio.

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Progresso e Desenvolvimento

A segurança das cifras eletrônicas

Brasil investe forte em TI para garantir a segurança das operações eletrônicas, mas ainda pune pouco os fraudadores. Na outra ponta está o usuário, que deve manter sempre antivírus e sistema operacional atualizados e estar atento aos procedimentos fora do padrão para ficar longe de possíveis fraudes. Por Cristiane Moraes

O setor financeiro brasileiro é um dos que mais investe em Tecnologia da Informação no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, Europa e Japão. Segundo pesquisa da Ciab Febraban, o setor desembolsou R$ 18 bilhões nessa área no ano de 2011. Nos últimos três anos, os investimentos dos bancos em TI cresceram 27%, saltando de R$ 14 bilhões em 2009 para R$ 18 bilhões em 2011. Na opinião de Francimara Teixeira Garcia Viotti, Coordenadora da Subcomissão de Segurança da Informação da Febraban, esse grande volume de investimentos eleva a importância do mercado brasileiro na

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indústria mundial de tecnologia bancária. “Temos projeções de que os bancos brasileiros aumentarão o seu nível de despesas de investimentos em tecnologia em 42% até 2015, representando 2,5 vezes o ritmo de crescimento da média global, projetada em 18% no mesmo período”, destaca a coordenadora. Mesmo com esse cenário, o Brasil ainda sofre perdas significativas por fraudes bancárias. Gustavo Roxo, sócio da Prática de Telecomunicações e Tecnologia da Booz & Company para América do Sul, diz que o tema é uma grande preocupação dos bancos, que estão sempre

investindo e melhorando os sistemas para defender seus clientes desses ataques. “O problema é que a sofisticação dessas fraudes é enorme no nosso país porque a punição ainda é pequena. As perdas com fraudes bancárias realizadas por meio eletrônico giram em torno de R$ 1 bilhão ao ano no Brasil. Se comparadas a países como Estados Unidos, que são US$ 5 bilhões, são pequenas, mas os bancos brasileiros têm reagido e se preparado cada vez mais”, explica Roxo, que cita como exemplo o mecanismo de chip, amplamente adotado no Brasil e ainda pouco praticado no exterior.


As fraudes eletrônicas, principal alvo entre essa prática, têm crescido nos últimos anos. A Febraban contabilizou um crescimento de 36% em 2011 em relação ao ano anterior no Brasil. Para Francimara, esse aumento se deve ao uso crescente dos meios eletrônicos como forma de pagamento. “As principais causas são a falta de uma legislação que iniba o avanço da ação dos criminosos com punições efetivas e também o desconhecimento de alguns usuários em relação a procedimentos de segurança”, aponta.

rios da internet, os criminosos conseguem instalar programas clandestinos nos seus computadores. Os bancos conhecem os perigos da falta de informação e, por conta disso, procuram conscientizar seus clientes com dicas de segurança. “As instituições devem evitar ao máximo mudar o procedimento para que o cliente não se sinta inseguro. Já o usuário deve lembrar que os bancos utilizam um sistema padrão e que qualquer pedido fora desse modelo pode apresentar perigo, já que os fraudadores sugerem uma operação que não é normal, como pedir todos os códigos da tabela de senhas, por exemplo,” orienta Roxo, destacando que os bancos brasileiros utilizam as técnicas mais inovadoras de autenticação e autorização para seus clientes. Para ele, os principais investimentos em segurança bancária estão focados em biometria, certificação digital e business intelligence, que identifica possíveis fraudes através de análise do comportamento do cliente em tempo real. Na opinião dos especialistas, a maior fragilidade da segurança bancária brasileira é a inexistência de lei específica para os crimes de fraude eletrônica no país. A boa

Gustavo Roxo Sócio da Prática de Telecomunicações e Tecnologia da Booz & Company para América do Sul

Roxo também concorda que o grande problema ainda está na violência praticada pelo crime organizado, que financiam as fraudes eletrônicas. “Esqueça aquela imagem do jovem hacker tentando burlar o sistema para mostrar que é inteligente. Essas operações são realizadas por grandes quadrilhas, que participam de outros crimes e não se intimidam porque possuem um risco pequeno comparado ao retorno das operações fraudulentas que realizam”, aponta. Os grandes focos das fraudes no Brasil ainda são: a internet e o cartão de crédito e acontecem muitas vezes pela falta de conhecimento do usuário. “No caso da internet, é comum que só ocorra porque, ao ser iludido, o cliente informa os seus códigos e senhas para os estelionatários, além de não adotar as medidas recomendáveis de segurança nos seus equipamentos”, esclarece a coordenadora da Febraban. Normalmente, por meio da exploração da curiosidade ou da ingenuidade dos usuá-

notícia é que o Plenário da Câmara Federal dos Deputados aprovou, neste ano, o Projeto de Lei 2793/11 que tipifica crimes cibernéticos no Código Penal (Decreto-Lei 2.848/40), mas a matéria ainda está em análise pelo Senado. O texto prevê que é crime “devassar dispositivo informático alheio” com o objetivo de mudar ou destruir dados ou informações, instalar vulnerabilidades ou obter vantagem ilícita, com pena de três a um ano de detenção e multa. Será enquadrado no mesmo crime aquele que produzir, oferecer, distribuir, vender ou difundir programas de computador destinado a permitir o crime de invasão de computadores ou de dispositivos como smartphone e tablet. A Lei, se aprovada, não apenas determina as punições, como também agiliza os processos e investigações penais. “Para impedir a ação crescente dos criminosos, em especial nas fraudes pela internet, a Febraban defende que seja promulgada lei, pelo Congresso Nacional, com tipificação específica aos novos crimes, denominados “cibernéticos” ou de natureza eletrônica frente à realidade do mercado eletrônico nacional, a exemplo de outros países, em especial europeus que já se ajustaram diante desta nova situação”, conclui Francimara. •

Usuário de olho aberto Confira algumas dicas para ficar longe de golpes bancários.

> Não abra emails vindos de endereços que você não conhece. > Mantenha seu antivírus e sistema operacional atualizados. > Evite fazer transações em computadores compartilhados ou em locais públicos. > Desconfie quando pedirem sua senha por email ou em algum site que não seja do seu banco. > Confira sempre o certificado de segurança do banco: HTTPS no endereço e o “cadeadinho” na barra de status. > Não acredite em emails fora do padrão. Um suposto aviso do seu banco pode ser um golpista tentando rastrear seus dados. > Avise toda a família da importância da segurança com o computador. > Tenha cuidado com seu smartphone ou tablet e não deixe senhas ou informações pessoais que possam ser utilizadas por golpistas.

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Evolução que se nota.

A líder em gerenciamento de informação documental está de casa e cara nova. Há oito anos a Notarial atua em todo o Brasil, oferecendo serviços de consultoria, soluções integradas de gerenciamento de informação documental e assessoria de cobranças e recuperação de crédito. Ao longo da nossa história, sempre buscamos o desenvolvimento de soluções práticas e inovadoras, focadas nas reais necessidades de nossos clientes.

Uma empresa assim, que respira inovação e tecnologia, deve se empenhar na evolução constante. Desta forma, começamos o ano com investimentos na duplicação do nosso espaço físico e da nossa equipe. E para evidenciar esta nova fase, realizamos a modernização da nossa marca, o bem mais valioso e representativo que uma empresa pode ter.

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Ponto de Vista

Crédito acelerado e inadimplência baixa: um casamento fadado ao divórcio De um ano para cá, o problema de superendividamento da população é pauta de muitas publicações. No “front externo”, diários econômicos de renome especulam se não haveria uma bolha de crédito sendo alimentada na economia brasileira e, internamente, as matérias sobre a recente onda de inadimplência e o arrefecimento do crescimento do crédito ampliam a preocupação sobre potenciais solavancos na trajetória do modelo atual. Mas, afinal, seria o crescente endividamento uma ameaça ao equilíbrio do sistema? O crescimento do crédito foi a grande descoberta do governo Lula, que canalizou sua expansão para fomentar o consumo. É de conhecimento geral que a participação do crédito no PIB cresceu de pouco mais de 20% para 50% em menos de uma década. Desse volume, praticamente metade é crédito ao consumidor em suas diversas modalidades. Há cinco anos, ele representava somente 16% do PIB. Excluindo-se o crédito imobiliário (5% do PIB), temos uma penetração de crédito ao consumo similar à da economia americana. Infere-se dessa informação que não é possível manter o crescimento do crédito no mesmo ritmo. Quando comparamos o comprometimento da renda com o pagamento de dívidas, nos deparamos com uma diferença relevante: no Brasil, 22% da renda média das famílias estão comprometidos, contra 16% no caso americano, onde a grande participação do crédito imobiliário suaviza a carga mensal. A dívida do brasileiro é bem mais cara e de curto prazo, o que a torna mais ´pesada´ para carregar. Por outro lado, em caso de uma crise, nosso sistema também é saneado mais rapidamente, por conta dos prazos menores. É possível descrever a trajetória do crédito ao consumo no Brasil em duas fases: a que passou até o presente momento e a que está por vir. A fase passada foi extremamente importante para alavancar o crescimento da economia na última década, uma vez que o popularizou, proporcionando inclusive aos segmentos de mais baixa renda acesso a itens de consumo que antes não caberiam em seu apertado orçamento. O limiar desse modelo deu-se na resposta do

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governo à crise financeira de 2008/2009, cujos desdobramentos não se intensificaram mais por conta dos estímulos ao crédito. Em seu tempo, funcionou. Ocorre que na cartilha básica de qualquer financista está escrito que crescimento acelerado em crédito sempre cobra seu preço em inadimplência. Crédito acelerado e inadimplência baixa é um casamento com a certeza de divórcio por incompatibilidade de gênios. O cenário atual tem muito a ver com isso. Todas as instituições financeiras, sem exceção, observam que sua base de clientes está mais endividada do que há alguns anos. Isso somado ao susto com o aumento da inadimplência fez com que o sistema se tornasse mais cauteloso, evidenciando um natural instinto de autopreservação. A velocidade do crescimento caiu. E aqui começa a fase que ainda está por vir. Há uma grande pressão do governo para redução de spreads. Isso ocorre porque sua queda liberaria espaço no ´comprometimento da renda´ da população, o que proporcionaria condições para que o crédito retomasse o vigor do crescimento de outrora. Apesar de ser uma ação tecnicamente correta, essa é apenas uma das variáveis importantes. Cedo ou tarde, o crescimento da renda média da população, ainda visível em 2012, será impactado pelo ´Pibinho´ dos tempos recentes, fator que também pode começar a pressionar o índice de desemprego. Ou seja, nesse caso, as variáveis renda e emprego na melhor das hipóteses são neutras, com viés de baixa.

Victor Loyola Vice-Presidente de Gerenciamento de Risco do Citibank Brasil

Portanto, ao contrário de 2009, não encontramos mais no cenário macroeconômico o mesmo ´encaixe´ para os estímulos ao crédito. Isso obviamente não quer dizer que o mesmo não crescerá. Isso ocorrerá de forma mais gradual. A expectativa é de que o volume de crédito ainda cresça entre 10 e 15% ao ano por um tempo, isso é muito mais que o crescimento do PIB e fará com que os atuais 50% de representatividade aumentem. Mas não surpreenderia que em tempos não muito distantes, o ritmo de crescimento passe a ser inferior a 10%. Tanto os consumidores quanto a indústria sabem se preservar. Em geral, o consumidor desperta para o fato de que não pode suportar mais dívidas. Mais de 90% das pessoas pagam suas contas em dia. Os caloteiros são exceção, e não a regra. E as instituições financeiras têm ferramentas para identificar os clientes superendividados. Para eles, não é saudável obter mais crédito, e sim refinanciar a dívida. Por isso, por mais que o governo deseje que o crédito ao consumo continue sendo o remédio para todas as dores da economia, a realidade não permitirá que isso se repita. O tratamento deve ser outro. Não temos um problema de superendividamento, mas os indicadores atuais do sistema não permitem um relaxamento no controle da ´qualidade do crescimento´. Nessa fase que ´está por vir´, qualidade importa muito mais que quantidade. Quem não respeitar esse princípio, pagará uma conta salgada logo adiante.•


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