Revista Movimento Médico - Ano XI - Nº27

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Revista das entidades médicas de Pernambuco – Ano XI – Nº 27 – Ago/Set/Out 2014

A violência que ronda os médicos Cremepe e Simepe intensificam as fiscalizações

Entrevista com o vice-presidente do Cremepe

A beleza sonora do Museu do Cais do Sertão


PR NTU RI MÉ IC Viu como é difícil entender uma informação quando ela está incompleta? O correto preenchimento do prontuário médico é muito importante para o médico e para o paciente. Nesse documento devem estar registrados todos os cuidados profissionais prestados ao paciente, de forma completa, clara e precisa. O prontuário médico corretamente preenchido é obrigação do médico e, eventualmente, pode ser a sua defesa.


Nº 27 • Ano XII • Ago/Set/Out 2014

Editorial

N

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esta edição de número 27 da revista Movimento Médico, a violência que aflige o médico em seu ambiente de trabalho, e tem se tornado um dos temas mais presentes no dia a dia da categoria, é o foco de uma reportagem especial de capa. A reportagem é assinada pela jornalista Mariana Oliveira, com fotos de Hans Manteuffel. Durante mais de vinte dias, eles percorreram as emergências e urgências de unidades de saúde do Estado. Há relatos de todo tipo de agressão, tanto do ponto de vista verbal como físico. As entidades médicas estão preocupadas com a questão. O assunto tem sido discutido constantemente pelo Conselho Regional de Medicina e pelo Sindicato dos Médicos de Pernambuco. O problema já foi levado às autoridades policiais e às Secretarias de Saúde estadual e municipais. Ainda sobre o tema, Sílvio Rodrigues, presidente do Cremepe, André Dubeux, vice-presidente, e Tadeu Calheiros, vice-presidente do Simepe, falam sobre a angústia dos médicos que se sentem inseguros em seus ambientes de trabalho. Há outros assuntos de interesse dos médicos e da população também nesta edição, como o trabalho de fiscalização do Cremepe em unidades de saúde, com a divulgação do resultado quase de imediato. Do ponto de vista cultural, Movimento Médico fez uma incursão pelo Museu Cais do Sertão (foto), que está instalado no Bairro do Recife, desde abril deste ano. É um programa imperdível para quem consegue uma folga no trabalho durante os fins de semana. No Museu, o visitante tem acesso ao conhecimento dos costumes do homem do Sertão, à obra de Luiz Gonzaga e à cultura sertaneja de um modo geral. Tudo isso com o uso de recursos tecnológicos.

Capa: Ilustração Luiz Arrais/Zenival

EXPEDIENTE Cremepe presidente: Sílvio rodrigues Vice-presidente: André Dubeux Assessoria de Comunicação: mayra rossiter - DrT/pe 4081 e Joelli Azevedo - DrT/pe 5401 estagiária: priscilla Fernandes Simepe presidente: mário Jorge Lobo Vice: Tadeu Calheiros Assessoria de imprensa: Chico Carlos - DrT/pe 1268 Natalia Gadelha - DrT/pe 4947 estagiária: Thaís Arruda Ampe presidente: Silvia da Costa Carvalho Vice: Anacleto Carvalho Coordenação editorial: Sirleide Lira Assessoria de imprensa: Tallita marques - DrT/pe 3419 FeCem presidente: Aspásia pires Coordenação editorial: Sirleide Lira Assessoria de imprensa: Tallita marques - DrT/pe 3419 Apmr Coordenação: Carlos Tadeu Apm edmundo Ferraz redação, publicidade, administração e correspondência: rua Conselheiro portela, 203, espinheiro, Cep 52.020-030 - recife, pe – Fone: 81 2123 5777 www.cremepe.org.br projeto Gráfico/Arte Final: Luiz Arrais - DrT/pe 3054 Tiragem: 15.000 exemplares impressão: CCS Gráfica e editora Coordenação editorial: Sílvio rodrigues Conselho editorial: Sílvio rodrigues, André Dubeux, José Carlos Alencar e ricardo paiva. Todos os direitos reservados. Copyright © 2012 - Conselho regional de medicina Seção pernambuco

Todos os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.

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sumário

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Entrevista

dIvuLgAção

o vice- Presidente do Cremepe fala sobre violência contra médicos

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Capa

Insegurança na saúde deixa profissionais vulneráveis

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Opinião

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Entrevista

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Notícias do CFM

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Capa

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Patrimônio

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Cremepe

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Simepe

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Ampe

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Fecem

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Academia

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Patrimônio tecnologia e criatividade transportam o público ao sertão

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Editorial

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seções

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Cremepe As fiscalizações estão mais agéis na divulgação dos relatórios

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diVulgação

Opinião Tadeu Calheiros*

Violência: o médico também é vítima

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amentavelmente, os profissionais da saúde estão sujeitos, em seus locais de trabalho, a algumas formas de violência. Uma delas é referente à violência que todos os cidadãos estão expostos, também conhecida como violência urbana, onde estamos vulneráveis a roubos, assaltos, invasões entre outras situações. Outra forma são as agressões ao profissional pelos próprios usuários da saúde. Em relação à violência urbana, apesar do risco ser igual para toda a população há algumas medidas que podem ser feitas para minimizá-las como uma vigilância mais ostensiva dos postos de trabalho, principalmente, nos prontos atendimentos 24h e investimento no policiamento militar junto à guarda municipal. Além dos aspectos físicos da unidade com iluminação, desde a entrada e saída dos profissionais, passando pelos estacionamentos, no controle de acessibilidade e monitoramento com câmeras de segurança. Outro tipo de violência é resultante diretamente da falta de uma política pública estruturada e verdadeiramente voltada para uma boa assistência à população. Portanto, há uma transferência de responsabilização por parte do usuário. Este por sua vez, sofrendo um agravo a sua saúde ou acompanhando um ente, se depara, quase na totalidade das vezes, com urgências superlotadas, longo tempo de espera para atendimento e dificuldade ainda maior quando da necessidade de uma avaliação por algum tipo de especialidade fazendo com que acabe se rebelando contra os profissionais que estão na ponta da rede, ao invés dos verdadeiros responsáveis. Porém, o que torna este tipo de agressão ainda mais

perversa para o profissional médico é o fato de serem tão vítimas quanto os próprios usuários por trabalharem em ambientes extremamente insalubres, com excessiva sobrecarga de trabalho, escalas de plantão subdimensionadas para a demanda e constantemente desfalcadas, além do déficit de leitos e frequente falta de insumos, motivos corriqueiros de adoecimento da categoria. É importante citar ainda outra forma de violência, não restrita aos locais de trabalho do médico, mas contra toda a categoria. Aquela que vem incomodando bastante os médicos brasileiros devido a sua origem e ao tamanho de sua injustiça, ou seja, a violência moral praticada pelo próprio Governo Federal que tenta por interesses político-eleitoreiros macular a imagem dos profissionais médicos. Essa violência vem ludibriando, sobretudo, a parte mais carente da população gerando a falsa sensação de mais saúde para o povo brasileiro. A ideia do governo é tentar encobrir sua deficiência na gestão da saúde que sofre por uma falta de estruturação, com a não criação de uma carreira nacional que verdadeiramente fixaria os profissionais nos quatro cantos do Brasil aos moldes do poder judiciário e, principalmente, com o sucateamento da saúde por um subfinanciamento. Porém, se enganou quem pensou que uma categoria de vital credibilidade e importância social em qualquer civilização se deixaria abater, pelo contrário, isto servirá de mola propulsora para a união ainda maior da nossa categoria com o objetivo de promover as mudanças necessárias e melhorar ainda mais a medicina que tanto nos orgulhamos. *Vice-presidente do Simepe

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enTreVISTa andré dubeux Vice-Presidente do Conselho Regional de Medicina

“É direito do médico trabalhar em ambientes salubres e seguros” HANS MANTEUFFEL

A violência física e as agressões verbais a médicos durante o exercício da profissão têm chamado a atenção das instituições médicas, especialmente do Cremepe e do Simepe. Nesta entrevista, André Dubeux, vicepresidente do Conselho, urologista e cirurgião geral do Hospital Getúlio Vargas (HGV), aponta alguns dos fatores que podem provocar essas situações e pontua de que forma as entidades estão agindo para garantir um ambiente de trabalho adequado para todos os profissionais da saúde.

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Como o senhor vê a violência contra o médico hoje?

Por que a maioria dos casos sempre acontece nas urgências/emergências? As urgências e emergências estão funcionando hoje como filtro, não só em Pernambuco, mas fora do Estado. A ausência de Unidades de Saúde da Família, que deveriam estar cumprindo o seu papel constitucional, provoca essa

urgências, que se tornam verdadeiros barris de pólvora. O paciente não entende isso, ele quer ser atendido porque isso é um direito constitucional, um direito do cidadão que é dever do Estado fornecer. Você está com seu filho doente e passa duas, três, quatro horas esperando pelo atendimento, não tem como não se criar um desconforto que pode levar à violência mais extrema. Toda essa questão não se restringe à Região Metropolitana do Recife, cidades do interior também sofrem. Garanhuns, por exemplo, tem um número muito pequeno de pediatras para atender a uma demanda enorme.

Quais as medidas preventivas o Cremepe recomenda para os gestores da saúde? De fato, nós tentamos pensar na so-

PoRTal.SaudE.PE.gov.bR

O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco tem uma preocupação especial com essa questão, haja vista que a integridade física não só do médico, mas de todos os profissionais da área de saúde, precisa ser preservada no ambiente de trabalho. Entendemos que a demanda excessiva de pacientes para um número reduzido de profissionais pode ser um dos motivos principais. Claro que precisamos elencar outras causas que possam estar gerando essa situação, inclusive a própria violência urbana. A última greve dos policiais militares teve um impacto grande, aflorou demais essa situação, porque a maioria das unidades hospitalares não tem uma vigilância armada. Ficam dependendo da Patrulha do Bairro e,

aparelho de choque. O motivo foi a demora no atendimento. Era o plantão de um domingo, no qual havia acontecido um jogo entre Santa Cruz e Sport, e a emergência estava ainda mais tumultuada. Sinceramente, eu nem sei se esse soldado poderia estar portando uma arma desse tipo fora do trabalho, mas o fato é que isso aconteceu num hospital que tem vigilância armada e um posto da Polícia Militar.

Recentemente, no Hospital Getúlio Vargas (foto), um cirurgião foi agredido por um acompanhante, que era soldado dos Bombeiros, com um aparelho que dava choque” quando ela não está circulando, a situação se agrava. Temos várias unidades e postos de saúde situados em locais reconhecidamente de grande violência, como o Ibura, Barra de Jangada. Tudo isso passa também por uma politica de melhor distribuição de renda e avanço em vários indicadores.

em algum dos serviços onde o senhor trabalha houve algum caso de agressão? Nós tivemos recentemente, no Hospital Getúlio Vargas, um cirurgião que foi agredido por um acompanhante, que era soldado dos Bombeiros, com um

situação. Doenças como hipertensão diabetes melitus impactam na emergência porque não têm o suporte que precisam fora dela. Então um dos caminhos a ser seguido seria investimento nas unidades básicas e primárias, solidificando-as, fortificando a base da pirâmide. As Upas estão fugindo da sua principal função. Com os hospitais lotados, estão se tornando enfermarias, atendendo a casos que vão além da complexidade para as quais estão preparadas. Na pediatria a falta de acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento da criança, faz com que ela fique mais doente, lotando as

lução do problema de forma macro, passando por um forte investimento e atenção ao nosso modelo de sistema de saúde para que ele funcione como deveria. Porém, em paralelo, temos lutado junto a algumas prefeituras para viabilizar ações que possam colaborar. Discutimos, recentemente, com as prefeituras de Olinda, Petrolina, Cabo de Santo Agostinho, a contratação de vigilância armada para as instalações do SAMU. Temos muitos registros de populares que invadem as sedes do SAMU quando julgam que o atendimento está demorando. Recentemente, no Cabo, tivemos um colega que se

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ponsáveis. O diretor técnico da instituição tem responsabilidade. O Código de Ética Médica diz que é direito do médico trabalhar em condições ambientas salubres e seguras. Se isso não ocorre, os dirigentes estão infligindo o Código e podem ser punidos.

alguns profissionais que foram vítimas fazem um boletim de ocorrência, mas têm medo de dar seguimento ao processo. Como o Cremepe vê essa situação? O ideal seria que fosse dado seguimento, mas eu não vou recriminar ninguém, talvez eu tivesse a mesma conduta. No auge da confusão da greve dos policiais militares, o pai de uma jovem médica

genciais, como a greve da PM, haja alguma forma do Estado garantir a integridade física dos profissionais tanto para sair como para chegar, mas principalmente nas dependências das unidades. Nós estamos tendo muito cuidado nessa questão para ver de fato o que é constitucional para lutarmos por isso. Mantivemos contato com os secretários de saúde de Pernambuco e de diversos municípios. Eles são muito receptivos a nossas solicitações. A Prefeitura de Caruaru, por exemplo, realmente contratou a vigilância terceirizada. Na medida do possível, os gestores também têm medo que algum profissional da saúde sofra alguma agressão devido a uma inércia da sua parte.

divulgação

sentiu ameaçado e veio até nós para ver o que poderia ser feito. Nas grandes emergências existem os postos da Polícia Militar. Mas nas unidades menores é a Guarda Municipal, a qual não tem autorização para estar armada, quem faz a segurança. Por isso é interessante a presença de profissionais terceirizados. De todo modo essas equipes precisam estar integradas com a PM, que pode através do seu mapeamento, ter dados interessantes sobre as regiões com mais problemas de violência. As próprias comunidades podem ajudar. Até hoje nós não tivemos nenhum caso muito grande de violência, já que boa parte da população sabe que o médico está lá para ajudar. Entretanto, ele se

As instalações do SAMU precisam de segurança. Temos muitos registros de populares que invadem as sedes quando julgam que o atendimento está demorando” sente muito inseguro, especialmente, na entrada e na saída dessas unidades em áreas com muita violência urbana. Recentemente, numa caravana, nós visitamos uma comunidade e o líder comunitário nos disse que só poderíamos permanecer no local até as 16h, depois já não teríamos segurança. Isso é uma lástima.

Como deveria proceder o médico que foi vítima de alguma agressão? A primeira coisa é registrar no livro de plantão, dando ciência ao seu diretor médico, e também informar ao Cremepe e ao Simepe para que, numa ação conjunta, tendo como base questões trabalhistas e éticas, nós possamos ajudar e cobrar alguma atitude dos res-

nos telefonou, preocupado porque a filha tinha um plantão numa comunidade afastada naquele dia. Ele falou que se responsabilizaria, mas que a filha dele não sairia de casa para dar o plantão. Ele trouxe a responsabilidade para ele, caso houvesse alguma sanção ou penalidade a ela por ter faltado. Ele me disse que não deixaria seu maior bem numa situação tão vulnerável. Eu tenho duas filhas e entendi sua atitude. Não cabe ao Cremepe garantir a segurança do médico, porém temos que lutar para consegui-la.

O que o Cremepe e o Simepe têm feito na busca de melhoras? Nós estamos, junto com o sindicato, estudando a viabilidade de criar uma resolução para que em situações emer-

e os médicos peritos, por que eles sofrem tanto com esse tipo de problema? Eles são muito pressionados, principalmente aqueles do INSS. Na maior parte das vezes, não temos agressões físicas, mas muitas ameaças. A previdência social é uma instituição muito complexa, porque muitas vezes é ali que é gerada a principal renda de uma família. O perito, com base na lei e no exame clínico, pode ficar contrário à concessão do benéfico ou a sua continuidade. A instituição deve dar segurança a esses profissionais com a presença de seguranças integrados com a polícia. De todo modo, acho difícil uma solução total nessa área, pois o clima sempre será tenso.

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CFM Conselho Federal de Medicina

Notícias do CFM Gasto com saúde por habitantes é insuficiente Um gasto de R$ 3,05 ao dia em saúde. Este é o valor que os governos federal, estaduais e municipais aplicaram em 2013 para cobrir as despesas dos mais de 200 milhões de brasileiros usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Ao todo, o gasto per capita em saúde naquele ano foi de R$ 1.098,75. O valor, segundo análise do Conselho Federal de Medicina (CFM), está abaixo dos parâmetros internacionais e representa apenas metade do que gastaram os beneficiários de planos de saúde do Brasil no mesmo período. O estudo do CFM pode ser acessado no site da entidade: www.portalmedico. org.br.

Nova lei garante reajuste na saúde suplementar A lei que obriga os planos de saúde a substituir imediatamente médicos, laboratórios e hospitais que se descredenciarem e que também garante reajustes anuais aos profissionais que prestam serviços às operadoras foi publicada sem vetos. A Lei 13.003/2014 garante a conquista de uma das reivindicações mais antigas da categoria e, a partir de dezembro, trará mudanças profundas no setor.

Retirado PL sobre atraso de consultas Após reunião com representantes do CFM, o senador Cidinho Santos (PRMT) comunicou sua decisão formal de retirada do Projeto de Lei do Senado

179/2014, que criava multas para atrasos em consultas. Para a entidade, a proposta colocaria o processo do atendimento no escopo das relações de consumo.

Decisão legitima resolução do CFM Uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal (MPF) contra a Resolução CFM 1.995/12 resultou em uma decisão favorável ao CFM, reforçando a legitimidade da diretriz, que rege o princípio da autonomia da vontade para decidir sobre recursos terapêuticos. O MPF requereu o reconhecimento da inconstitucionalidade e da ilegalidade da resolução e suspensão de sua aplicação em todo o território nacional. No entanto, o juiz federal substituto Eduardo Pereira da Silva entendeu que “a resolução do CFM é compatível com a autonomia da vontade, o princípio da dignidade humana, e a proibição de submissão de quem quer que seja a tratamento desumano e degradante”.

“dissimulação de relação de trabalho” no programa federal.

Recomendação aos médicos O CFM quer estimular médicos a trabalharem em busca de crianças desaparecidas. A Recomendação CFM 4/2014, aprovada na sessão Plenária do mês de junho, adverte que profissionais médicos e instituições de tratamento médico, clínico, ambulatorial ou hospitalar, fiquem atentos a procedimentos que auxiliem na busca por crianças desaparecidas.

Nova edição da Revista de Humanidades Está disponível na plataforma online de publicações do Conselho Federal a quarta edição de “Medicina CFM – Revista de humanidades médicas”. Em destaque, a reportagem “O paciente, o médico e o espelho” traz uma reflexão sobre o conceito de autoimagem e as repercussões que as alterações do corpo provocam sobre o paciente e o processo de cura.

Denúncias no Provab são apuradas O Ministério Público do Trabalho (MPT) instaurou inquérito civil para apurar “possíveis violações a direitos coletivos” no Programa de Valorização da Atenção Básica (Provab), desenvolvido pelos ministérios da Saúde e Educação. A partir de denúncias de bolsistas do programa e do CFM, o procurador do trabalho, Sebastião Caixeta, pretende investigar se há limitação de acesso ao Provab e

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O caos do sistema de saúde brasileiro tem tornado cada vez mais comum o registro de agressões verbais e físicas contra os profissionais da área de saúde, especialmente em urgências e emergências Texto: Mariana Oliveira | Fotos: Hans Manteuffel

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ra um plantão normal na Maternidade Bandeira Filho, no bairro de Afogados, no dia 17 de maio. Como sempre, na emergência da unidade algumas grávidas aguardavam atendimento. A ginecologista e obstetra Betânia Seabra estava no plantão e atendeu uma paciente com 37 semanas de gestação que se queixava de dor. Após examinar e constatar que a mulher não estava em trabalho de parto, a médica solicitou alguns exames laboratoriais, receitou medicação e liberou a paciente para ir para casa. Mas a gestante queria ser internada, queria ter seu bebê naquele momento. A médica explicou que não havia necessidade, que o bebê estava bem e era possível esperar até 41 semanas. Essa negativa ao internamento levou o acompanhante da gestante a quebrar o vidro da recepção da maternidade. Poucas semanas depois, uma auxiliar de enfermagem estava prestando atendimento a outra paciente que, irri-

tada pelo longo tempo de espera, partiu para cima da funcionária e a agrediu verbalmente passando depois a desferir arranhões e puxões de cabelo na auxiliar. Em ambos os casos, a Polícia Militar foi chamada e todos os envolvidos foram parar na delegacia para prestar depoimento e fazer um boletim de ocorrência. Essas situações que aconteceram nos últimos meses são mais comuns do que se imagina. Nos últimos anos, a violência sofrida pelos médicos e profissionais da saúde tem chamado atenção e, ao que parece, se tornado mais corriqueira. A tese de mestrado da pesquisadora Eliene Simões Cezar, da Universidade Norte do Paraná, comprova essa crescente. Ela ouviu 14 médicos e 33 funcionários da emergência de um hospital de Londrina e chegou aos seguintes números: 86% dos médicos, 100% dos enfermeiros, 89% dos técnicos e 88% dos auxiliares de enfermagem haviam sido vítimas de algum tipo de violência no ambiente de trabalho. O Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro acredita que seis em cada dez médicos do Estado já foram vítimas de algum tipo de agressão. Números como esses explicam porque é cada vez mais frequente seguirem médicos e outros profissionais da saúde para seus trabalhos com receio, sentindo-se coagidos e pressionados por seus pacientes. Em Pernambuco, não é diferente. Tanto o Sindicato dos Médicos de Pernambuco como o Cremepe têm registrado um grande número de casos de violência contra médicos, principalmente nas unidades de urgência, emergência e pronto-atendimento. Mas o que estaria provocando essa situação? Segundo o diretor do Simepe Tadeu Calheiros, o caos na saúde pública do Brasil é um dos principais fatores para desencadear a violência. A superlotação, a ausência de escalas completas e a falta de estrutura criam um ambiente de estresse muito elevado, tanto para os profissionais, como para os pacientes e familiares. “A espera para atendimento é muito grande. Isso termina sendo descontado no médico, já que o paciente não tem a quem reclamar. O profissional termina duplamente penalizado, é muito complicado, porque ele está na linha de frente”, diz Tadeu Calheiros. “Os médicos vivem com medo da agressão verbal e também da física”, reforça Cláudia Beatriz, também diretora do Simepe.

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CAPA Na Maternidade Bandeira Filho, onde aconteceram os casos relatados no início desta reportagem, muitas vezes, nos plantões da emergência, só atuam dois obstetras. Segundo o diretor, Eud Joanson, montar as escalas dessa especialidade é o ponto crítico. Seriam necessários pelo menos três profissionais, pois, caso surja a necessidade de uma cesariana (procedimento que requer a presença de dois obstetras), o atendimento da emergência fica parado, sem médico, até o final da cirurgia. “É difícil trabalhar com a dor dos pacientes, mesurá-la. Eles colocam a dor deles em primeiro lugar e, num momento tenso e de sofrimento, ficam estressados e partem para a agressão. Isso se dá por uma soma de fatores. Para resolver essa questão seria necessário um avanço na melhoria do sistema”, reforça o diretor da maternidade, que tenta manter a segurança dos seus colaboradores com a presença de dois guardas municipais e dois seguranças privados, cujo principal foco é cuidar do patrimônio público. Para a obstetra Betânia Seabra, é necessário investir na base da pirâmide do SUS, ou seja, nos Postos de Saúde da Família e no atendimento ambulatorial. “No meu caso, preciso que a gestante faça um pré-natal completo, e seja acompanhada até o fim, de preferência semanalmente entre 36 e 40 semanas de gestação, um momento de mais risco. Emergência não é lugar de consulta”, afirma a médica, lembrando que recebe na urgência mulheres que acham que estão grávidas ou que tem um corrimento vaginal. Segundo ela, é preciso esclarecer a própria população de que certas situações devem ser resolvidas em consultas ambulatoriais. “É preciso investir em PSF, em policlínicas para que só cheguem à emergência os casos realmente de emergência. Tem que ter gestão”, complementa Tadeu Calheiros. Além disso, a obstetra destaca que nos últimos tempos a mídia e o próprio governo criaram a imagem do médico como um profissional preguiçoso, mercenário, sem compromisso com o paciente e que trabalha pouco. A população, de modo geral, comprou essa ideia. “Isso tem feito o paciente chegar aqui, tendo consciência do direito que tem ao atendimento, mas com a ideia errada em relação ao médico. Se eu estou numa cesariana e o atendimento na urgência está parado, ele acha que eu estou lá dentro conversando, fazendo

corpo mole, de pernas para o ar”, pontua a obstetra. As Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) criadas com o intuito de desafogar as grandes emergências também viraram unidades críticas, onde há longa espera e, consequentemente, pacientes estressados. A médica Andréa Cristiana Souza Pereira viveu uma situação difícil na UPA de Barra de Jangada. Um paciente chegou necessitando do atendimento de um ortopedista e ela, que é clínica médica, avisou que não havia profissional dessa especialidade no momento e que teria que transferi-lo para outra unidade. Isso foi o suficiente para ser iniciada uma série de agressões verbais que culminou com um empurrão. Andréa prestou queixa na delegacia, foi feito um boletim de ocorrência, mas ela optou por não dar seguimento ao processo. “Eu sou natural do Rio de Janeiro, moro aqui há quatro anos, sozinha, tenho uma rotina muito regrada entre as UPAs de Barra de Jangada e da Caxangá. Tive medo de dar

“A situação nas urgências está bastante complicada, com agressões verbais diárias” diz a médica Andréa Cristiana Souza Pereira seguimento ao caso, não tem ninguém por mim”, diz. Segundo ela, é difícil conter a revolta da população com as falhas do sistema de saúde. “A situação nas urgências está bastante complicada, com agressões verbais diárias. Se fôssemos registrar esse tipo de coisa, estaríamos na delegacia todo dia”, afirma. A médica Andréa Endriss, que hoje faz residência em Psiquiatria em São

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ao lado, a espera na emergência da Maternidade bandeira Filho. acima, o vidro do local quebrado por um acompanhante, no mês de maio. Segundo eud Joanson, diretor da unidade, a maior dificuldade é ter uma escala completa de obstetras

Paulo, trabalhou em plantões clínicos nos primeiros anos após a sua graduação, entre 2008 e 2013. Segundo ela, por maior que fosse o cuidado e o respeito com os pacientes, tanto no sistema público como no privado, sempre presenciou agressões verbais e físicas contra profissionais da saúde. Além dos já mencionados problemas, ela aponta que a cultura brasileira não ajuda. “Estagiei na Alemanha, durante a faculdade, e percebi o quão diferente culturalmente somos. Lá é inaceitável, furar fila, dar as costas aos idosos, falar alto com os mais velhos e não escutar o médico”, compara. Tanto é assim que, segundo ela, os problemas de violência também acontecem em hospitais particulares. A proliferação de planos de saúde e a dificuldade de marcar consultas têm deixado as emergências lotadas. A hoje residente viveu momentos críticos quando, no Hospital Memorial São José, um grupo de familiares se exaltou e agrediu verbalmente os médicos. “O

pior foi presenciar uma excelente colega ser agredida fisicamente pela mãe de uma paciente, que não era dela, que não queria esperar abrir o sistema de prontuário eletrônico”, lembra.

eSTruTura Outro ponto que colabora com uma maior exposição do médico a situações de violência é a falta de estrutura adequada das unidades. Segundo Tadeu Calheiros, em muitas delas os profissionais precisam circular pela sala de espera durante o atendimento, o que pode deixá-los mais expostos. A sede do Samu de Jaboatão dos Guararapes, por exemplo, não dá aos profissionais a sensação de segurança necessária para trabalhar. O local é totalmente vulnerável, os portões são trancados pelos próprios funcionários e o portão da entrada e saída das ambulâncias não tem nem um simples cadeado. Não há nem guarda municipal nem vigilante terceirizado. Depois de muita mobilização, os funcionários consegui-

ram que fosse iniciada uma reforma na casa, que possa dar a estrutura necessária para o trabalho, armazenamento de materiais hospitalares, higienização das ambulâncias e outras atividades que hoje são feitas de modo improvisado colocando em risco os profissionais. “Já sofremos várias invasões da base por populares para atendimento, inclusive entrando no estacionamento com carro. Além de várias vezes sermos agredidos verbalmente e quase fisicamente por residentes em áreas distantes de Piedade, como Jaboatão Velho e Curado, pois por termos só uma UTI para atender toda extensão de Jaboatão, por mais que corramos, demoramos cerca de 40 minutos para chegar nessas áreas em horas de maior trânsito”, revela a médica Maria Helena de Oliveira Pereira Duarte. Em Caruaru, no Agreste do Estado, a situação do Samu também é complicada. Faltam equipamentos básicos para seu funcionamento e por isso algumas resoluções do Conselho Federal de Me-

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CAPA ENTREviSTa silvio rodrigues

nistério Público e secretarias de saúde, mostrando os problemas estruturais, de segurança e que o médico enfrenta. São as instituições federais, estaduais e municipais, responsáveis por essas unidades, que têm obrigação de dar uma segurança a todos os cidadãos.

Que medidas são fundamentais para evitar que esse tipo de situação aconteça? O Cremepe entende que para resolver essas questões tem que haver aumento de unidades de saúde, número adequado de profissionais médicos nas unidades para o atendimento, estrutura digna para os procedimentos. Além disso, as unidades devem ter a capacidade e agilidade na definição de diagnósticos para que o tratamento seja mais eficaz e rápido – laboratório eficiente – e precisa garantir segurança preventiva para os usuários e profissionais e não só para o patrimônio.

recentemente, a greve da Polícia Militar causou uma forte sensação de insegurança na população do estado. Como tal fato influenciou na rotina dos médicos?

“É preciso garantir segurança preventiva para os usuários e profissionais” o presidente do Cremepe, Silvio Rodrigues, reforça a premissa de que é a situação precária do sistema de saúde que impulsiona a violência contra os médicos. Na opinião do Cremepe, que fatores deixam o médico vulnerável à violência no seu ambiente de trabalho? Estrutura precária, condições de trabalho inadequadas e segurança defasada são os principais fatores que causam a violência nas unidades. Porém, estes fatores desencadeiam uma série

de aspectos no dia a dia do médico como a sobrecarga de pacientes e falta de resolutividade. Já em relação à segurança, na grande maioria das unidades só existe patrimonial. Não há uma segurança preventiva para os profissionais de saúde que estão no serviço, nem para população usuária.

Qual a posição do Conselho sobre o problema? O Conselho tem a obrigação de fiscalizar estas unidades e enviar os relatórios para as instituições responsáveis, como tem feito. Nós visitamos as unidades e enviamos um documento detalhado de cada unidade para o Mi-

Naqueles dias, existiram várias situações de risco: arrastões nas rotas de chegada às unidades de saúde, pedágios e ameaças. O Cremepe recebeu inúmeras denúncias de médicos referentes à insegurança nas unidades e também nas vias de acessos a elas. O que se viu foi um total esquecimento das prioridades da população, como a saúde. O exército e a guarda nacional só priorizaram instituições privadas como supermercados, lojas de eletrodomésticos em detrimento de hospitais e unidades de saúde. A grande maioria só ficou com a segurança privada, apenas para resguardar o patrimônio. Naquele momento de urgência, o Cremepe convocou uma plenária extraordinária. A situação foi discutida e criada uma resolução que garante aos médicos, em situações como aquelas, só exercerem as atividades de atendimento nas unidades quando a sua segurança e a segurança do paciente forem resguardadas. É importante esclarecer que o governo só fala de atividade essencial, como saúde e segurança, nos momentos de mobilização. Porém, não há prioridades na oferta de um salário digno e na melhoria das condições em que o profissional médico trabalha.

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Nas uPas a longa espera pelo atendimento tem deixado o ambiente de trabalho tenso

dicina, referentes ao atendimento por telefone, por exemplo, não estão sendo devidamente cumpridos. “Precisamos de novo servidor, novos aparelhos de telefones, novo sistema de rádio e uma boa antena de radioamador que funcione adequadamente. Tenho reclamado e alertado sobre esses problemas já há anos e talvez eles venham a ser resolvidos este ano em decorrência de denúncias do Simepe e do Cremepe em defesa dos médicos e da população vulnerável”, comenta o médico Paulo Maciel. Segundo ele, as bases do Samu já foram invadidas por pessoas armadas e/ ou embriagadas e após a solicitação de mais segurança o pedido foi atendido em uma das sedes do Samu Caruaru, permanecendo a outra ainda desprotegida. “Todo médico, principalmente aqueles que fazem a urgência médica, sempre corre o risco de adquirir doenças infectocontagiosas por contaminação em acidentes de procedimentos invasivos ao corpo. Além de que, diante da violência hoje, corremos o risco até de atos praticados por acompanhantes de pacientes que culpam o médico pela extrema falta de estrutura na saúde pública, a qual vem sendo sistematicamente sucateada pelo governo federal e com a má distribuição de verbas para a saúde. Os serviços foram descentralizados para estados e municípios, mas os recursos financeiros centralizados e dependentes de política e politicagem para que essa verba chegue aos municípios”, destaca o médico do Samu Caruaru.

Outra preocupação do Sindicato dos Médicos de Pernambuco no interior é a falta de peritos legistas. Em cidades onde não existe esse profissional habilitado, o poder policial tem chamado médicos para realizar o procedimento. O fato de um profissional ser obrigado a realizar essa perícia sem ter escolha poderia ser caracterizado como uma forma de violência. “Muitos não se sentem habilitados a exercer essa função e, portanto, não deveriam ser obrigados a isso, eles não podem ser pressionados a dar laudos periciais”, diz Tadeu Calheiros.

PerÍCIaS e aTeSTadOS Esse tipo de pressão sofrida pelo médico também se manifesta em situações corriqueiras da prática clínica. Para perceber isso, basta visitar uma UPA numa segunda-feira pela manhã. Os profissionais de plantão recebem uma grande quantidade de pacientes em busca de um atestado médico. Claro que muitos têm procedência e são justificados, mas há também aqueles pedidos que não se justificam. Alguns desses pacientes ameaçam e coagem os médicos a fazerem os atestados. “É complicado. Essa situação existe, mas, nesse caso, é um problema que perpassa pela educação da própria população. O que precisamos de modo geral é criar uma ambiência que preserve os profissionais e garanta um bom atendimento à população”, diz Cláudia Beatriz. A médica Alexina de Paula Witt atua há muitos anos em Postos de Saúde da

Família e já viveu situações de pressão por conta de receitas. Quando trabalhava em Camaragibe, ela sofreu ameaça por parte de um usuário de droga. “Ele queria uma receita. Como eu disse que não poderia lhe fornecer ele ameaçou me matar. Mesmo tendo uma boa relação com a família dele, fui prestar queixa”, relata. O paciente foi chamado à delegacia e se desculpou, alegando que estava sob efeito de drogas. Depois, segundo a médica, o convívio se normalizou. No caso dos peritos do INSS e de outros órgãos, a situação é ainda mais complicada. Para perceber isso, basta estar atento à mídia, que recorrentemente noticia casos de médico peritos vítimas de violência, inclusive de assassinatos. O clima de insegurança é evidente na rotina da perícia do INSS há décadas e foi agravado com a transição de modelo terceirizado para aquele feito por quadro próprio, já dentro de outra política. A população brasileira tinha uma cultura arraigada de receber benefícios prolongados, muitas vezes concedidos em situações bastante questionáveis. Atualmente, as exigências para uma invalidez são maiores do que há alguns anos, gerando desconforto no segurado que faz comparações com outros cidadãos que num outro momento receberam o benefício. Segundo o médico perito Adilson Morato, as pressões são diversas: da população com suas expectativas geradas equivocadamente sobre o direito ao benefício pleiteado, e da própria autarquia em não prover excelência dos sistemas informatizados, evitando momentos de inoperância e eventuais remarcações de atendimento, prejudicando as metas estabelecidas. “Já fui vítima de algumas agressões verbais e até de denúncias de mau atendimento por frustração à decisão contrária ao pleito concessório pelo segurado, apesar das circunstâncias favoráveis ao bom trabalho. Por vezes, houve necessidade de chamar o vigilante para convencimento e até mesmo retirada por contenção do segurado agressor”, revela o médico, lembrando que dentre as soluções discutidas no meio médico pericial, há uma ideia de centralização dos serviços periciais num prédio para melhor configurar a

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CAPA FoToS: divulgação

impessoalidade e aperfeiçoar a segurança dos profissionais.

VIOLÊNCIa urbaNa Além do ambiente crítico gerado pelas falhas no sistema de saúde, há o fator da violência urbana que afeta a toda a população, inclusive médicos durante o exercício da profissão. Algumas unidades situadas em comunidades consideradas mais vulneráveis têm dificuldade para fechar seus quadros, devido ao medo dos profissionais de atuar nessas áreas. “Não podemos deixar de lado a violência urbana. Vivemos numa cidade muito violenta e os médicos muitas vezes têm medo do entorno de suas unidades”, salienta Tadeu Calheiros. Os profissionais também precisam administrar os possíveis roubos e furtos do patrimônio, algo comum. Uma alternativa para tentar vencer essa barreira da violência urbana é tentar se integrar à comunidade. Foi isso que fez a médica Alexina de Paula Witt, que trabalhava numa região que sofria com o tráfico e com conflitos entre os “donos de duas bocas de droga”. A zona era perigosa, havia confrontos frequentes entre os próprios bandidos e a polícia que interferiam nas visitas domiciliares da sua equipe. “Tive a ideia de

Segundo a médica Alexina de Paula Witt, uma alternativa para tentar vencer a barreira da violência urbana é se integrar à comunidade falar com esses ‘donos’, separadamente, para dizer e eles tivessem a certeza de que, para mim e para a minha equipe, o que importava era poder realizar as visitas. Acertamos que eles nos alertariam sobre os possíveis confrontos para que nesses dias nós não saíssemos do posto. Dessa forma, consegui fazer o meu trabalho sem maiores problemas. Trabalhei nessa comunidade de Camaragibe por 13 anos”, lembra. Algum tempo depois ela começou a atuar na Unidade de Saúde da Família

do Ibura, uma das áreas mais violentas do Recife. Assim que chegou, decidiu dar uma volta pela comunidade junto com as assistentes de saúde para tornar-se conhecida no bairro, depois recebeu as lideranças e as chamadas “celebridades” do local se apresentando, falando do trabalho que pretendia desenvolver. “Não sei se dei sorte ou se essa forma de fazer as coisas me ajudou a evitar ameaças. Eu, particularmente, penso que falar honestamente e olho no olho ajuda muito. Pactuar a forma de trabalhar, tratar a todos igualmente no sentido de não discriminar ninguém é uma maneira de evitar confrontos. Mesmo não concordando com o tráfico, não cabia a mim resolver esse problema. Eu só pensava em poder trabalhar em paz”, diz. Essa aproximação com a comunidade funcionou tanto, que a médica foi procurada por um ex-traficante, muito respeitado e conhecido por todos, que se ofereceu para levá-la à micro área 10, local onde funcionava o tráfico pesado (uma invasão, sem nenhuma estrutura, só com barracos de material reaproveitado). Essa área nunca tinha sido cadastrada e nem visitada regularmente nem pelas assistentes de saúde. “Nós conseguimos cadastrar todas as famílias

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Segundo o médico perito adilson Morato, as pressões são diversas no atendimento aos segurados do INSS (foto à esquerda)

dali, com esse comunitário sempre nos acompanhando”, conta.

MedIdaS de SeGuraNÇa Além de receber as denúncias e fazer as fiscalizações, as instituições médicas têm se esforçado para apresentar ações mais imediatas que possam melhorar a segurança no ambiente de trabalho. Um dos fatores que poderia ser bem importante era uma maior presença da Polícia Militar. “Já fizemos algumas solicitações, porém a corporação afirma que não tem efetivo suficiente para deixar alguns soldados em determinadas unidades”, conta Tadeu Calheiros. Atualmente, as principais emergências do Estado contam com postos policiais avançados. Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Militar, na região metropolitana do Recife são 28 hospitais e UPAs que contam com posto de policiamento 24 horas. Como a corporação não pode estar em todas as unidades, especialmente as gerenciadas pelos municípios, algumas ações como a instalação de câmeras de segurança e a presença de vigilantes terceirizados têm ajudado a coibir algumas atitudes mais violentas. Recentemente, o secretário de saúde do Cabo de Santo Agostinho, Valter Kizner, procurou

rio, alegando que todos esses fatores aumentam a demanda pelos serviços, tornando-os mais lentos. Para ele, a presença de seguranças terceirizados armados inibe posturas mais violentas contra os profissionais e também contra o patrimônio público. Além disso, a Secretaria de Saúde do Cabo pretende iniciar uma série e ações de capacitação para deixar os funcionários mais preparados para o atendimento e para lidar com situações de risco. Nas unidades vinculadas à Prefeitura do Recife as policlínicas, Upinhas e maternidades contam com segurança 24 horas de empresas privadas, enquanto os Postos de Saúde da Família contam com esse tipo de proteção apenas durante o seu período de funcionamento. Segundo a Secretaria Executiva de Gestão da Saúde, nas áreas consideradas mais violentas geralmente acontece uma grande rotatividade de profissionais. Atualmente, as vagas em algumas dessas comunidades antes desocupadas passaram a ser preenchidas com profissionais do programa Mais Médicos. Outra medida de segurança em pontos de maior risco é a abertura dos postos uma hora mais cedo, às 7h, e o fechamento também mais cedo, às 16h, facilitando a o Cremepe para discutir justamente a entrada e saída dos médicos. contratação de seguranças privados para Segundo a Secretaria de Defesa Soas unidades que pertencem ao municícial, não é possível buscar estatísticas pio. Hoje a segurança é feita por guardas específicas sobre agressões a médicos, municipais que trabalham sem armas. uma vez que, em sua base de dados, a Foi no Hospital Mendo Sampaio, o mais classificação é feita com base na tipiimportante do município, que a médica ficação do crime e não por profissão. Andréa Endriss presenciou ameaças de Os números encontrados que mais agressões físicas contra os funcionários dialogam com essa questão são os de feitas por traficantes, em 2011. crimes violentos contra o patrimônio “No Cabo, nós estamos numa situ(CVP), que contabiliza roubos a estaação muito específica, numa localizabelecimentos hospitalares. Os númeção importante numa rodovia nacional, ros repassados pela SDS atestam um ponto de passagem para vários lugares, aumento sensível no número de casos. muitas praias que atraem um fluxo esEntre janeiro e maio deste ano, foram pecífico no fim de semana. Cerca de registrados 30 ocorrências em hospi30% dos nossos atendimentos são de tais públicos, contra 17 em igual perípessoas de fora”, comenta o secretáodo de 2013. Os casos mais CVP - Crime Violento contra o Patrimônio - roubo que dobraram. No caso dos a estabelecimentos hospitalares em Pernambuco estabelecimentos particulaComparativo Janeiro a Maio 2014/2013 res há a mesma tendência. Apesar de não haver estaHospital Público 47 tísticas específicas sobre as Hospital Particular 18 agressões aos médicos, os Total 65 dados disponibilizados pela SDS reforçam o sentimento ano 2013 2014 Total dos profissionais: as unidades de saúde, sejam elas na Hospital Público 17 30 47 cidade ou no interior, públiHospital Particular 5 13 18 cas ou privadas, estão cada Total geral 65 vez mais inseguras.

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O Sertão na beira do mar inaugurado em abril, o Cais do Sertão traz para o bairro do Recife a riqueza dessa região num equipamento cultural dinâmico e tecnológico Mariana Oliveira* | Fotos: Hans Manteuffel

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Sertão vai virar mar e o mar vai virar Sertão”. Essa espécie de profecia dita no século 19 por Antônio Conselheiro, líder da comunidade de Canudos, no Sertão baiano, já foi reproduzida e repetida em letras de música, serviu de inspiração para obras cinematográficas antigas, como Deus e o Diabo na Terra do Sol, e atuais, como próximo longa de Paulo Caldas, que a utiliza como título. Desde o mês de abril, quando foi inaugurado no Recife o Museu Cais do Sertão, podemos afirmar que pelo menos a primeira parte da profecia está se confirmando: o Sertão virou mar, chegou até ele, tornou-se um cais. Agora, quem está na costa pernambucana, não precisa percorrer os cerca de 250 quilômetros até a cidade de Arcoverde, para chegar ao início da área sertaneja. A sua paisagem foi transportada simbolicamente para a beira do mar, no Bairro do Recife. O equipamento ocupou o antigo Armazém 10, numa área construída de 7.500 m2, com um investimento de R$ 97 milhões provenientes do Ministério da Cultura e do Governo de Pernambuco. Ele foi construído dentro do Projeto Porto Novo, que está restaurando antigos armazéns para transformá-los em espaços culturais, a exemplo do Centro de Artesanato de Pernambuco. Agora, a expectativa é pela inauguração da segunda etapa do Cais do Sertão que deve ser entregue no final deste ano. A ideia inicial do espaço era prestar uma grande homenagem a Luiz Gonzaga, no ano em que se comemoravam os seus 100 anos, em 2012. Porém, a ideia foi sendo expandida e terminou se imaginando uma proposta mais ampla, um ambiente no qual o visitante fizesse uma imersão no universo sertanejo. A obra do Rei do Baião seria condutora nesse processo de descoberta do Sertão. “Nosso objetivo é que a pessoa entre de um jeito e saia diferente. Que ela tenha uma relação sinestésica com o ambiente sertanejo”, afirma Gilberto Freyre Neto, coordenador de projetos da Fundação Gilberto Freyre – instituição que foi responsável pela produção executiva do espaço. O cuidado na concepção do espaço teve início ainda durante o arrojado projeto, que foi minuciosamente pensado para abrigar o Cais do Sertão. O edifício tem estrutura diferenciada, com grande marquise em concreto que forma um vão com abertura circular, no qual foi plantado um juazeiro. Internamente, no primeiro módulo, fez-se o uso de chapas

a mostra mescla exibição de objetos e grande conteúdo em estações multimídia. abaixo, no segundo andar acontecem atividades educativas

O projeto curatorial do Cais do Sertão criou um espaço de convivência, diversão e conhecimento, com o uso de recursos tecnológicos, baseado no modelo do Museu da Língua Portuguesa

de aço e de concreto pigmentado dialogando com os tons ocres do sertão. No segundo, há um vão livre que permite a vista para o mar e o uso de combogó feito para o projeto, que remete à terra rachada pela falta d’água, aos galhos secos das árvores e às rendas produzidas na região. “Existem projetos que são criados para desaparecer na paisagem. O Cais do Sertão, ao contrário, foi desenhado para ser referência e, acima de tudo, uma construção a serviço do seu conteúdo”, pontua o arquiteto Marcelo Ferraz, um dos autores do projeto arquitetônico. “Toda a arquitetura dialoga com os conteúdos, trazendo soluções e concepções singulares para a adaptação do antigo armazém do Cais. O combogó, elemento da arquitetura de origem pernambucana, ganhou destaque no pro-

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jeto, e se transformou na logomarca do Cais”, complementa Leda Dias, Gerente de Conteúdo do Museu Cais do Sertão. Para gestar um projeto tão grandioso foram chamados especialistas de diversas áreas. A concepção museográfica ficou a cargo da pernambucana Isa Grinspum Ferraz, que teve como base ideia do antropólogo Antonio Risério e do ex-presidente Lula. Participaram como consultores José Miguel Winsnik e Frederico Pernambucano de Melo, além de uma gama de artistas que produziram conteúdo para o museu, tais como Tom Zé, Kleber Mendonça Filho, Lírio Ferreira, Paulo Caldas, Marcelo Gomes e Camilo Cavalcanti, além do xilogravurista e cordelista J. Borges. Quem já visitou o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, vai perceber as semelhanças. A curadora participou da concepção do museu paulista e adotou no Cais do Sertão a mesma proposta de um espaço de convivência, diversão e conhecimento, com o uso de recursos tecnológicos. A segunda etapa, com 5.500 m2, vai abrigar o centro cultural, com auditório, salas para oficinas, café, restaurante-escola e área de convivência. Haverá um espaço com 600 m2 exclusivo para exposições temporárias. Essa área promete ocupar a lacuna existente no Recife de um espaço com condições de receber uma grande exposição internacional. A ideia é que esse novo equipamento siga os principais requisitos de segurança, permitindo que a cidade se inscreva na rota das grandes mostras internacionais. Esse módulo também pretende se firmar como um centro de economia criativa, interagindo com o entorno.

exPLOraNdO A visita ao primeiro módulo, instalado numa área de 2.500 m2, tem início na praça situada na entrada. Nesse espaço, criado em 2012, foi plantado um grande Juazeiro, árvore típica da caatinga, com o objetivo de compor uma área de acolhimento e convivência. Porém, a combinação da maresia e do clima úmido da capital pernambucana parece não ter sido ideal para a espécie sertaneja, que aparenta não ter se adaptado a esse clima. Segundo Leda Dias, a pretensão é trabalhar essa situação do Juazeiro de forma mais ampla, propondo uma discussão sobre ecologia e ecossistema do semiárido, criando um espaço para reflexão e recriação do espaço. Adentrando no museu, o visitante é recebido por uma grande vitrine com

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PATriMÔNio uma representação do rio São Francisco organiza o espaço em sete territórios. Na entrada, uma grande vitrine expõe artigos de Luiz Gonzaga

objetos do Rei do Baião, como sanfonas e trajes (chapéus, perneiras, gibões) com os quais ele se apresentou ao longo da carreira. Chamado de A coroa é o chapéu, o centro é a sanfona, é um dos espaços voltados para homenagear o pernambucano de Exu, dando o tom e prepararando o público para o que ele vai encontrar. No vidro, junto com esses ícones que representam não só Gonzaga, mas o Sertão, há um texto de Luís Câmara Cascudo que mostra bem a relação do músico com a sub-região. “Ele próprio, Luiz Gonzaga, é a fonte, cabeceira e nascente de sua criação. O Sertão é ele. A paisagem pernambucana, águas, matos, caminhos, silêncio, gente viva e morta. Tempos idos nas povoações sentimentais voltam a viver, cantar e sofrer quando ele põe os dedos no teclado da sanfona do feitiço e da recordação”. Transpondo a vitrine, chega-se a uma estrutura metálica de forma elíptica, cujo interior é tomado por um cinema de 220 graus. Em Útero – nome de batismo do lugar – é exibido o filme

Um dia no Sertão produzido por Marcelo Gomes, numa experiência audiovisual de 16 minutos que expressa poeticamente a paisagem física e cultural sertaneja. Segundo a equipe do museu, a proposta é que, ao entrar nesse espaço, o público seja, através da imagem, transportado para esse universo. Depois ele sairá por uma porta que o levará a O mundo do Sertão – onde serão apresentadas as principais dimensões da vida na região em áreas temáticas, cada uma batizada com o nome de um verbo. “Uma representação do Rio São Francisco passa no centro da exposição e estabelece um zoneamento que organiza o espaço em sete territórios, que dialogam entre si. Os objetos, as estações multimídia, as fotografias e os textos distribuídos pelo equipamento interagem com um universo que não se limita ao que está exposto e despertam a sensibilidade dos visitantes para o tema do Sertão e suas múltiplas interpretações”, detalha Leda Dias. A primeira estação é a Ocupar. Lá se

encontra uma grande maquete reproduzindo a caatinga em seus mais diversos aspectos, incluindo detalhes históricos sobre a ocupação da região. Muitas das informações mais detalhadas estão nos diversos pontos interativos espalhados pelo local. Sentando-se e dedicando um pouco de tempo é possível entender de que forma se deu a tomada do Sertão e o papel, por exemplo, que a criação de gado teve nesse processo. Projeções e animações revelam ainda aspectos da Geografia e da História, passando pela Paleontologia, Arqueologia, Ecologia, Colonização e Urbanização. Nessa primeira etapa se apresenta o “lugar”, a “terra”, para depois seguir para o Viver, a segunda estação do roteiro. Quem conhece uma casa do interior nordestino vai se impressionar. Uma residência típica foi instalada no Cais do Sertão. Todos os detalhes foram lembrados, das foto-pinturas na parede com entes da família à velha máquina de costura e o ferro de passar que funcionava com o uso de brasa. Os utensílios da cozinha estão todos lá: um antigo fogão a lenha, disposto no lado de fora da casa, mostra muito do que era a organização de uma casa sertaneja. Apesar da perfeição e do cuidado com o qual a casa foi montada, ela talvez não mais represente a realidade do sertanejo hoje. Sabe-se que atualmente algumas novas tecnologias estão acessíveis a boa parte da população. Por isso, essa estação deveria incluir novos objetos, que fossem além das ideias já cristalizadas. Na sequencia, Trabalhar. Chega o momento de conhecer a labuta diária do sertanejo, num ambiente sem água, permeada pelos sons e barulhos das típicas feiras de interior. O destaque fica com todo o instrumental do vaqueiro, que lida com o gado e com outros animais num ambiente um tanto quanto hostil. Há um interessante vídeo mostrando o relevante papel das feiras nas cidades, trazendo imagens de sertanejos, numa dinâmica bem interessante, dessa vez apresentando um Sertão mais “moderno”, que dialoga com o século 21. Na estação Cantar (que traz diversas referências sobre essa região na mú-

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sica e no cinema), Luiz Gonzaga volta a aparecer de modo mais explícito. O visitante poderá conhecer a história do baião, através de objetos raros e iconografia, e buscar referências do Sertão na tela do cinema, através da exibição, por exemplo, de roteiros originais do programa No mundo do Baião, criado e estrelado por Luiz Gonzaga e Zé Dantas na Rádio Nacional. Chama a atenção, ainda, o chamado Túnel das Origens, onde é possível acompanhar a projeção de imagem/som de dez artistas e músicos tradicionais nordestinos, mostrando as sonoridades tradicionais que inspiraram a invenção do baião. Na sala Os novos baiões um vídeo mostra dez artistas e músicos contemporâneos, os quais beberam na fonte de Luiz Gonzaga, dando suas versões do baião. A inventividade e o talento do povo sertanejo não foram esquecidos. A estação Criar traz diversas referências à cultura material sertaneja, popular e erudita. Há uma série de vitrines com exposição de objetos criados por artesãos sertanejos, a exemplo do Mestre Vitalino. Para se aprofundar ainda mais, o visitante poderá navegar virtualmente por outras obras, feitas tanto por artistas da região, como por outros que lançam seu olhar estrangeiro sobre temas como paisagens naturais, cangaço, amor e festa,

“O museu desperta a sensibilidade dos visitantes para o tema do Sertão e múltiplas interpretações possíveis”, detalha Leda Dias cotidiano, trabalho, crenças, etc. Há fotos de Pierre Verger, xilogravuras de J. Borges e esculturas de Efrain Almeida. Outro aspecto importante é a religiosidade. Em Crer, é possível investigar o fervor religioso do Sertão, entender os elementos simbólicos que fazem parte dessa fé, além de sua origem medieval. Nessa estação, os mitos e as lendas sertanejas também se manifestam, dando ao visitante a possibilidade de compreender todo o misticismo que envolve as crenças locais. Fechando o percurso, discute-se e o processo (bastante comum no passado) de partida para a cidade grande. Em Migrar, a base são os depoimentos de diversos sertanejos, famosos ou não, que deixaram sua terra para buscar uma vida melhor.

Eles contam suas memórias em vídeos que estão disponíveis em dez monitores. Depois de percorrer esse trajeto – que é entrecortado por um córrego que simboliza o Rio São Francisco, e que pode ser percorrido livremente – o visitante pode subir para o segundo andar e ter acesso a mais conteúdos, num espaço interativo que reúne livros, computadores conectados à internet e softwares específicos para atividades diversas, como compor um baião. Há material sobre a vida e a obra de Luiz Gonzaga, investigações a cerca do falar e escrever do sertanejo, material sobre a literatura de cordel. Durante os três meses de funcionamento, o Cais do Sertão já recebeu 14.000 pessoas. Segundo Leda Dias, o público se surpreende com as instalações do Museu e com as inúmeras possibilidades de leituras do Sertão que ele apresenta. Foi o que aconteceu com a carioca Angélica Mendonça, que visitou o museu durante o mês de junho com a mãe e sua filha pequena. “Achei lindo. Na verdade pensei que seria tudo mais simples. Adorei. Foi um ótimo programa para nós, inclusive para se trazer crianças”, disse a turista. A equipe do museu destaca ainda que a grande quantidade de informações nos espaços interativos tem estimulado as pessoas a retornarem ao Cais com mais tempo para as suas experimentações.

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CreMePe Conselho regional de Medicina/Pe ação CoNJuNTa

Cremepe e CFM fiscalizam unidades de saúde do Recife Fiscalizações conjuntas foram realizadas em diversos locais como upinhas e o Procape

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Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) deram início a fiscalizações conjuntas em unidades do Recife. A vistoria foi baseada na resolução 2.056/2013, que estabelece a relação de equipamentos e de infraestrutura mínimos para o funcionamento de consultórios, ambulatórios e postos de saúde. A equipe de fiscais, juntamente com o presidente do Cremepe Sílvio Rodrigues, esteve na Upinha Hélio Mendonça, no Córrego do Jenipapo, Zona Norte do Recife e no Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) da João de Barros. Ao final das fiscalizações, os relatórios já foram entregues. “Esse é o grande diferencial da nova ferramenta. O que antes demorava cerca de 30 dias, agora sai de imediato”, explicou o integrante da Comissão de Fiscalização do CFM, Eurípedes Souza. Para isso, eles contam com uma impressora com “wifi”, o que possibilita acesso à internet nos lugares mais remotos. A mesma equipe também esteve no Pronto Socorro Cardiológico de Per-

nambuco (Procape), após denúncias de superlotação na unidade. Haviam pacientes nos corredores e internamentos improvisados em poltronas. A emergência tem a capacidade para 33 leitos e haviam 118 pacientes internados. Para Eurípedes Souza, a situação no Procape era perigosa para os médicos, mas principalmente para os pacientes. “Foi verificado um caos, com superlotação de pacientes, improvisações, médicos estressados, pacientes sem macas e em condições desumanas, além de poucos banheiros paras os pacientes internados”, afirmou.

INOVaÇÃO Em 2014, O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) também implantou uma nova estratégia de fiscalizações dos serviços médicos do Estado. A partir deste ano os médicos fiscais irão vistoriar as unidades de saúde e darão “notas” em forma de conceitos para cada local. O objetivo da ferramenta é obter os dados estatísticos sobre cada unidade, além de poder mostrar e comparar com relatórios

anteriores do mesmo local. Os arquivos serão postados no portal do Cremepe. Os principais critérios utilizados para definir o conceito final são: resolutividade do serviço (encaminhamento e fluxos assistenciais), o cumprimento dos normativos e as escalas das equipes adequadas a sua estrutura física e, principalmente, a demanda de pacientes. De acordo com os critérios, o conceito é classificado em A, B, C, D e E, onde o A é a nota máxima e o E a pior classificação. Baseado no conceito, alguns encaminhamentos são definidos. Para os conceitos A, B e C os relatórios são enviados para o portal do Conselho (www.cremepe.org.br), já os que receberem os conceitos D e E serão encaminhados para reunião de diretoria, para o Ministério Público pertinente à unidade e para a corregedoria para análise de sindicância e abertura de Processo Ético Profissional (PEP). Para o coordenador do setor de fiscalização do Cremepe, Sylvio Vasconcellos, o sistema vai agilizar a elaboração dos relatórios. “Com os conceitos, os documentos serão finalizados mais rapidamente e são encaminhados direto para o órgão ou setor responsável para dar seguimento ao processo”, concluiu Vasconcellos.

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gaRaNHuNS

Cremepe e Simepe participam de audiência sobre o Dom Moura objetivo do debate foi para resolver os problemas de saúde na região

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Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) e o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) se posicionaram contra a implantação de ponto eletrônico no Hospital Dom Moura, em audiência Pública, na sede do Ministério Público de Garanhuns. O encontro aconteceu no dia 5 de junho e contou com a presença da Secretária Municipal de Saúde, Ricarda Bezerra, o diretor do Hospital Dom Moura, Luís Melo, a presidente do Coren, Simoni Diniz, o vice-presidente da UPE, Fábio Formiga, além dos promotores Mariana Cândido e Alexandre Bezerra. O objetivo do encontro foi democratizar o debate para resolver os problemas da saúde pública na região e detalhar os déficits do Hospital Regional Dom Moura. Na ocasião, o diretor do hospital explicou que o fluxo de atendimento da unidade vem aumentando e precisava pactuar com as equipes de plantão. “Os profissionais do Programa de Estratégia da Família não têm condições de atender os pacientes e encaminham para o Dom Moura” disse Luiz. Segundo o gestor, a partir do momento que a assistência básica repassa

a demanda para o regional, sobrecarrega a unidade e os profissionais de plantão não conseguem dar conta de todos os pacientes. A situação foi reafirmada pelo presidente do Cremepe, Sílvio Rodrigues, que detalhou a última fiscalização realizada no Dom Moura, em 04/06. “Havia pacientes internados na sala vermelha, a UTI estava com a escala de plantão desfalcada e os profissionais não têm carteira assinadas, deixando assim, os vínculos precários” acrescentou. Na oportunidade, o vice-presidente do Simepe, Tadeu Calheiros, disse que o problema de Garanhuns está na estruturação da rede de saúde. “Falta uma estruturação na rede de referência e contra referência, além disso há 10 anos que não tem concurso público para médicos”, defendeu o sindicalista. Por fim, alguns profissionais de saúde deram seus depoimentos, a enfermagem se fez presente na discussão e o promotor seguiu para os encaminhamentos. A proposta mais debatida era relacionada à instalação de ponto eletrônico para os médicos. As entidades de classe foram totalmente contrárias. O Conselho e Sindicato questionaram a promotoria sobre a discriminação do ponto apenas para os

médicos e ratificaram o código de ética médica que determina no art 9º que o médico não pode, em nenhuma circunstância ou sob nenhum pretexto, renunciar à sua liberdade profissional, nem permitir quaisquer restrições ou imposições que possam prejudicar a eficiência e a correção de seu trabalho. Também ficou acordado que o Ministério Público irá oficializar a secretaria estadual e municipal de saúde: •Para redimensionar e regularizar a escala de plantão, readequando os profissionais em virtude da demanda de pacientes. •Para substituir a contratação temporária por concursados. •Para que o município faça um acordo com entidades filantrópicas, hospitais e outras unidades para auxiliar nos atendimentos de urgência nas áreas básicas. •Sobre o cumprimento dos acordos da CIR •Sobre a criação de um fórum regional permanente para discutir saúde pública com a sociedade civil. •Ampliação do serviço do IML. •Que sejam adotadas as indicações técnicas de infecção hospitalar e a classificação de ricos e acolhimento. •Também ficou acordado que as entidades representativas, Cremepe e Coren, farão fiscalizações na unidade. da assessoria de Comunicação do Cremepe.

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CreMePe Conselho regional de Medicina/Pe CaRuaRu

Garantido fim da reforma do SAMU após negociação com o Cremepe

o MS se comprometeu em repassar 990 mil para o SaMu Caruaru, porém só repassou 175 mil e as obras tiveram que ser paralisadas

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epresentantes do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) se reuniram com a secretária de Saúde de Caruaru, Maria Aparecida de Souza, a executiva de atenção à saúde da secretaria de Saúde do Estado, Ivete Buril, e com os profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Caruaru. O encontro ocorreu na sede do Cremepe, no Espinheiro, e foi motivado pela possível interdição ética da unidade. Há meses que a reforma do SAMU foi interrompida e os médicos estão trabalhando de maneira precária e sem segurança. O objetivo era escutar da secretaria as soluções. A secretária informou que não recebeu o ofício do Conselho solicitando uma reunião urgente – que foi enviado no dia 9 de abril e comprovado com o AR -, mas que sabia dos déficits do SAMU. Ela explicou que se reuniu com o Ministério da Saúde e com a SES para traçar as soluções. Entre os problemas estavam a falta de um software para a gravação e arquivamento das chamadas, os equipamentos obsoletos e sucateados, a falta de profissionais, uma vez que a demanda de pacientes aumentou e o número de médicos não, e a falta de segurança. Um dos plantonistas da unidade informou que eles correm risco de vida. “Nós temos medo de perder a vida porque inúmeras vezes o paciente liga, quando dizemos que não temos condições de ir ao encontro dele, recebemos ameaças e já teve gente que foi até a unidade.” Como não tem segurança, as pessoas entram e os profissionais são obrigados a realizar os procedimentos na sede da regulação. Na oportunidade, o presidente do Cremepe, Sílvio Rodrigues, explicou as providencias que a entidade tem tomado. “O Conselho levou a demanda para a plenária com uma possível interdição ética, porém, como a secretaria se comprometeu a cumprir alguns prazos de resolutividade, va-

O encontro ocorreu na sede do Conselho, e foi motivado pela possível interdição ética na unidade mos monitorar os acordos através de fiscalizações”, indicou Rodrigues.

PrOPOSTaS A gestora informou que vai solicitar a implantação do software piloto que está sendo desenvolvido pelo Ministério da Saúde para a unidade e que o definitivo deve ser implantado até julho. Também disse que será feita uma nova licitação para contratação de seguranças 24h. Enquanto não forem contratados esses profissionais, a secretaria se comprometeu em pedir o apoio da polícia e da Autarquia

Municipal de Defesa Social, Trânsito e Transportes (Destra). Sobre a questão das escalas de plantão e recursos humanos, a secretária explicou que como a população da região aumentou de 1,5 mil habitantes para 1,7 mil pessoas, será contratado mais um médico para o plantão diurno. Esse profissional será chamado do último concurso, mas enquanto não se apresenta, ela se comprometeu a pagar plantões extras. Já a reforma, com as verbas da SES e do MS deverão ser concluídas em agosto de 2014.

reSuLTadOS O Conselheiro do Cremepe, Giovani Souza, participou das fiscalizações na unidade. Na última vistoria realizada em 11 de julho verificou-se que a primeira parte foi entregue, embora com atraso. “As acomodações da sala de regulação foram entregues com a estrutura física satisfatória, mas ainda falta o software para regular os atendimentos” lembrou. da assessoria de Comunicação do Cremepe.

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MaTERNidadES

Diretores técnicos terão que seguir determinação do Cremepe

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iretores técnicos terão que seguir determinação do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), que resolveu intimar os diretores técnicos das maternidades de alto risco, em reunião conjunta com o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), para determinar a proibição da internação de pacientes dentro dos blocos cirúrgicos, sendo de responsabilidade dos diretores o cumprimento desta medida. A determinação foi estabelecida em 16 de abril. Estavam presentes o presidente e vice-presidente do Cremepe, Sílvio Rodrigues e André Dubeux, os diretores do Simepe, Tadeu

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Calheiros e Cláudia Beatriz e os diretores técnicos das maternidades: Barão de Lucena, IMIP, Dom Malan e Hospital Regional de Palmares. Já os representantes do Hospital das Clínicas, Agamenon Magalhães e Cisam foram convidados mas não compareceram. Para a diretora do Sindicato, Cláudia Beatriz, a reunião foi muito importante. “A reunião foi o início de várias estratégias que estão sendo montadas com o intuito de minimizar os problemas de assistência ao parto. Estamos chamando os diretores técnicos para avaliarmos a responsabilidade da superlotação e escalas incompletas”, afirmou Cláudia.

Entidades discutem assistência materno-infantil

diretoria do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) e representantes do Sindicato dos Médicos se reuniram, no dia 9 de abril, com o vice-reitor da UPE e diretoria técnica do Cisam, no Espinheiro. A reunião foi proposta para discutir a assistência materno infantil no Estado. Na ocasião, foi discutido o déficit na escala de plantão dos anestesistas e obstetras, além da gratificação retroativa dos concursados do último concurso do Cisam. Atualmente, o Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam),

reaberto em dezembro do ano passado, conta com a escala de 12 anestesistas concursados, ficando dois em cada plantão. Onde o ideal seriam quatro profissionais desta especialidade. O representante da diretoria técnica do Cisam, Luis Lippo, informou que já solicitou à reitoria os outros aprovados no concurso, mas devido a demora na apresentação, foi sugerido a contratação de profissionais das cooperativas. Em relação aos atrasos, o vice-reitor da Universidade de Pernambuco, Rivaldo Mendes, informou que a partir de abril

já estará no contracheque a gratificação dos plantões e posteriormente o pagamento do valor retroativo dos meses em aberto. Na oportunidade, o presidente do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Sílvio Rodrigues, indicou que a entidade irá propor uma minuta de resolução referente ao número mínimo de anestesistas nos plantões e que o Cremepe vai enviar um ofício solicitando reunião com a Secretaria Estadual de Saúde para tentar sanar o déficit na escala.

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CreMePe Conselho regional de Medicina/Pe FoToS: divulgação

Assessoria de Comunicação do Cremepe

discutir a assistência as parturientes do Estado, a humanização dos partos e as deficiências do serviço, tanto público quanto privado. “O ambiente do parto deve ser humanizado para o paciente e para o médico” afirmou Cláudia Beatriz. Ainda na oportunidade, eles discutiram sobre a autonomia da gestante na escolha do procedimento na hora do parto.

VII Fórum Ibero-Americano de Entidades Médicas

Cremepe reúne 500 residentes para discutir ética e bioética Nos dias 20 e 21 de maio, o Cremepe realizou o V Curso de Ética e Bioética, no Mar Hotel, em Boa Viagem. Cerca de 500 residentes lotaram o auditório nos dois dias do evento. A solenidade de abertura contou com a participação do presidente do Cremepe, Sílvio Rodrigues; do vicepresidente do CFM, Carlos Vital; do secretário de Saúde do Recife, Jaílson Correia, e da secretária estadual de Saúde, Ana Maria Albuquerque. O encontro foi realizado pela Escola Superior de Ética (Esem) do Cremepe, com o apoio da Secretaria de Saúde do Estado (SES), da Comissão Estadual de Residência Médica (CEREM) e do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe). No início do curso, Rodrigues fez questão de ressaltar que “o conselho está de portas abertas para todos os residentes tirarem dúvidas e buscarem auxílio no que desejarem”.

Cremepe e PCR discutem assistência básica de saúde

No dia 24 de abril, o presidente e o secretário-geral do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), Sílvio Rodrigues e José Carlos Alencar, estiverem reunidos na sede da Prefeitura do Recife (PCR), com o secretário de Saúde, Jailson Correia. Os tópicos da discussão foram: os relatórios de fiscalização das Unidades Básicas de Saúde (USFs) e das maternidades. Além disso, ficaram decididas a recomposição de escalas e a retomada das reuniões mensais com a Secretaria para resolução dos problemas discutidos nas oportunidades.

Cremepe discute assistência ao parto

O 2º secretário do Cremepe, Ricardo Paiva, participou nos dias 14 e 15 de maio do VII fórum Ibero-americano de Entidades médicas, realizado na Costa Rica. Na oportunidade, o conselheiro apresentou o portal de Crianças desaparecidas, desenvolvido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

MPPE e Conselho estabelecem prazos para a situação do HJAL

Representantes do Cremepe e da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) estiveram reunidos, em 15/05, com a promotora de Justiça, Ana Clézia Ferreira Nunes, para assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta Hospital Regional Júlio Alves de Lira (HJAL), em Belo Jardim, no Agreste do Estado. Após detectar diversas irregularidades no hospital, o Ministério Público de Pernambuco expediu recomendações ao prefeito, João Mendonça. O Cremepe e a Apevisa, por sua vez, realizaram várias visitas de inspeção e emitiram relatórios que indicam poucas ações para a melhoria das condições do hospital.

Diretoria do Cremepe se reúne com secretário de Saúde do Cabo de Santo Agostinho Diante da crise materno-infantil que o Estado enfrenta, os conselheiros e obstetras Luiza Menezes, Olímpio Medeiros e Cláudia Beatriz, que também representava o Sindicato dos Médicos, se reuniram com o presidente do Cremepe, Sílvio Rodrigues, no dia 23/04. O objetivo do encontro foi

Ainda no dia 18/06 a diretoria do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) se reuniu com o secretário de saúde do Cabo de Santo Agostinho, Valter Kirzner, na sede do conselho, no Espinheiro. O encontro foi motivado pelas últimas fiscalizações do Hospital Mendo Sampaio e SPA Gaibu. Os documentos produzidos pela equipe de fiscalização do Cremepe

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indicam a deficiência nas escalas de plantão e precariedade nas unidades, com infiltrações e falta de segurança. Sobre este último ponto, o gestor informou que já contratou segurança privada para atuar junto à Guarda Municipal nas unidades. O secretário disse estar à disposição do conselho e se comprometeu em atualizar a escala de plantão. Também afirmou que dará prazos para a resolutividade dos problemas listados nos relatórios.

ESEM promove primeiro Curso de Deliberação Moral

CFM pede apoio da CNBB na prevenção de desaparecimento de crianças Um dos objetivos da Escola Superior de Ética Médica (Esem) do Cremepe é incentivar a educação continuada. Portanto, além do curso de ética e bioética realizou em 25/05 o 1º Curso de Deliberação Moral para preceptores de residência médica, na sede do Cremepe, no Espinheiro. Estiverem presentes o presidente e o vice-presidente do Cremepe, Sílvio Rodrigues e André Dubeux, respectivamente. O professor José Dimas D´Ávila Monteiro ministrou a palestra “Excelência Moral em Aristóteles e Bioética do Século XXI”. Ele abordou a importância da deliberação na vida, como escolher a agir em diversos contextos. “Todo efeito tem uma causa, sem escolha não há deliberação” explicou.

Cremepe e Simepe planejam seminário para discutir cardiologia no Estado

O Conselho Federal de Medicina (CFM) estará junto com a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) na prevenção de desaparecimento de crianças. A Comissão de Ações Sociais do CFM propõe que o tema seja também abordado pela igreja católica, a fim de esclarecer a população sobre como evitar o sumiço de crianças. Em reunião em Brasília, o integrante da Comissão de Ações Sociais do CFM, Ricardo Paiva, apresentou ao Dom Leonardo Steine, secretário-geral da CNBB, a campanha já desenvolvida pelo CFM que propõe divulgar 10 medidas que previnem o desaparecimento de crianças e de duas medidas de como proceder caso ocorra a fatalidade.

Albuquerque, e representantes do Pronto Socorro cardiológico Universitário de Pernambuco (Procape) para discutir a emergência cardiológica da unidade. O presidente do Cremepe, Sílvio Rodrigues, o 1º tesoureiro, Mário Fernando Lins, e o conselheiro Orlando Medeiros deram o direcionamento da reunião. Na ocasião, foram pautados vários problemas, desde equipamentos, desfalque nas escalas de plantão, falta de leitos de retaguarda e sobrecarga de pacientes. Por fim, ficou combinado que será realizado um seminário envolvendo todos os serviços públicos de cardiologia para tirar diretrizes referentes ao atendimento cardiológico no Estado.

Cremepe sedia reunião do Comitê Estadual de Combate e Prevenção à Tortura No dia 18/06, a diretoria do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) se reuniu com a secretária de saúde do Estado, Ana Maria

Em março, o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) sediou mais uma reunião do Comitê Estadual de Combate e Prevenção à Tortura. O presidente da entidade,

Sílvio Rodrigues, participou do encontro. O Comitê possui a finalidade de erradicar e prevenir a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanas ou degradantes. De acordo com a Lei 14.863 de 07 de dezembro de 2012, além de instituir o Mecanismo, redefine o Comitê de Combate à Tortura, com a premissa de respeito integral aos direitos humanos, em especial, das pessoas privadas de liberdade mediante qualquer forma de detenção.

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SIMePe Sindicato dos Médicos de Pernambuco

Ação Civil contra descaso nas maternidades públicas MiCHEl FiliPE

deficit de plantonistas, superlotação e sobrecarga de trabalho aos profissionais de saúde são as mazelas de sempre| Texto e fotos Chico Carlos

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epresentantes do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) ingressaram com uma Ação Civil Pública, no dia 29 de maio, no Ministério Público do Trabalho (MPT), bairro do Espinheiro/Recife, para denunciar a situação em que se encontram as maternidades do Estado. Segundo o presidente do Simepe, Mário Jorge Lobo (foto), a crise nas maternidades de alto risco do serviço público estadual não é nova, ou seja, com déficit de plantonistas para suprir as escalas de plantão, serviços de saúde superlotados, profissionais sobrecarregados em seus locais de trabalho, gestantes internadas de forma improvisada (cadeiras e leitos sucateados em blocos cirúrgicos), risco aumentado de infecção e outras complicações maternas e neonatais.

CaOS NO SISTeMa é aNTIGO Ele afirmou que há mais de três anos, o Sindicato denuncia o caos do sistema materno infantil junto aos Conselhos de Saúde, Cremepe, gestores da saúde e MPPE, o que resultou em audiências públicas e encaminhamentos à SES e ao COSEMS. “A falta de uma politica de Recursos Humanos, por parte dos gestores, que contemple concursos públicos, melhores condições de trabalho, equipes médicas bem dimensionadas, carreira, salários compatíveis com a responsabilidade do profissional, provocaram a situação caótica a que os profissionais destes serviços estão submetidos”, afirmou Mário Jorge. Ao documento, foram anexadas fotografias da situação e um pedido de medidas emergenciais para a rede materno-infantil ante a legitimidade do MPT para atuar na proteção dos direitos trabalhistas (interesses ou direitos difusos ou coletivos). De acordo com o sindicato, a denúncia também, será enviada ao Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público de Pernambuco (MPPE)

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Médicos da rede municipal de Olinda cobram melhorias Condições de trabalho, ponto eletrônico e reajuste salarial foram os principais itens das discussões | Texto/fotos Chico Carlos

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édicos vinculados à Prefeitura de Olinda estiveram reunidos no dia 21 de maio, em Assembleia Geral Extraordinária (AGE), no Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe). Condições de trabalho, ponto eletrônico e reajuste salarial foram os temas principais da pauta de discussão. O diretor do Simepe, Fernando Cabral, relatou sobre as reivindicações apresentadas em reunião à secretária de Saúde de Olinda, Tereza Miranda. Segundo ele, a situação na Marim dos Caetés é complexa diante dos vários problemas encontrados nas unidades de saúde da rede municipal. “Hoje, os problemas mais acentuados estão no SPA II em Peixinhos e no Samu, base de apoio no Varadouro. Os médicos reclamam da falta de equipamentos, medicamentos e insumos básicos, além da insegurança, das ambulâncias su-

cateadas e da falta de controle das macas”, pontuou. O Samu Olinda atende, também, municípios circunvizinhos, o que acarreta dificuldades no trabalho da equipe. Os médicos relataram que, por exemplo, o Samu apresenta precariedades em sua estrutura física, com gambiarras nas instalações elétricas, estar médico coletivo, como também falta de pagamentos da gratificação de risco e do adicional noturno. Outro problema é que a base de apoio, fica num local considerado “vulnerável” pelos profissionais de saúde. O Simepe já enviou ofício elencando os principais pleitos da categoria à secretária de Saúde, Teresa Miranda, e aguarda resposta da gestão a fim de solucionar os problemas que afetam o atendimento da população e o trabalho dos médicos.

Denúncia de crime digital por incitação à violência Em 15 de maio, o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), representado pelo vice-presidente, Tadeu Calheiros, e pelo advogado integrante da Defensória Médica, Diego Galdino, protocolaram na Delegacia de Polícia e Repressão aos Crimes Cibernéticos, a denúncia de um crime digital por incitação à violência e apologia ao crime contra a categoria

médica, em respeito à memória do médico Arthur Azevedo. O crime foi registrado numa publicação do Facebook do Simepe e gerou comoção e indignação dos seguidores e profissionais da categoria. ”Não podemos tolerar atitudes contra a integridade física e moral a qualquer cidadão, tampouco contra toda uma categoria”, ponderou Calheiros.

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SIMePe Sindicato dos Médicos de Pernambuco

São João dos Médicos contagia todo mundo

Mesmo com a chuva que caiu por toda a noite, o espaço ficou pequeno com a presença maciça dos médicos e familiares| Joelli azevedo

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Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) realizou com absoluto sucesso, em 14 de junho, a festa “São João dos Médicos – Arrasta o Fole Sanfoneiro” na Blue Angel/Madalena. Mesmo com as chuvas que caíram durante quase toda noite no Recife, o espaço ficou superlotado, com a presença maciça dos médicos/associados e familiares. A Blue Angel foi devidamente enfeitada para o evento, com inúmeras bandeirinhas, balões, correntes de papel, em clima de Copa do Mundo. Além disso, as barracas de comidas típicas deram um colorido especial à festança que teve ainda brincadeiras (adivinhação com Santo Antônio), espaço temático infantil com brinquedos, entre outras novidades.

O presidente do Simepe disse que a festa era de confraternização e mobilização da classe médica O show de abertura, com a banda de forró pé de serra, Os Tangarás, foi o começo de uma festa autêntica para manter viva a cultura e a arte nordestinas. Em seguida, a dupla sertaneja Felipe e Gabriel brilhou no palco, apresentando uma série de sucessos do cenário musical da atualidade e ainda fez uma releitura de músicas já consagradas dos

anos 80 e 90. Para finalizar, a banda Fim de Feira entrou em cena marcada por sonoridade, harmonia e ritmos que levaram o público ao delírio.

MaTeuS e CaTIrINa Outro destaque foi a dupla Mateus e Catirina, casal da cultura popular que este ano comemora 25 anos de convivência, com muito humor, improviso e alegria. Os atores Ivan Leite e José Brito são colecionadores de histórias que alegraram o público. Tanto tempo depois, os dois provaram juntos que a relação de marido e mulher raramente se desgasta para o teatro. O presidente do Simepe, Mário Jorge Lobo, disse que a festa era de confraternização e mobilização da classe médica, e apresentou um teaser (trecho)

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Médicos e gestores do Hemope discutem problemas diretores do Sindicato discutiram pontos encaminhados por médicos que trabalham na instituição | Texto /foto Chico Carlos

da campanha de desgaste do Governo Federal, por conta das decisões tomadas pela presidenta Dilma Rousseff que não cumpriu a palavra com a categoria e quebrou o acordo junto ao Congresso Nacional. “Mantemos nossa luta e disposição em contribuir com o melhor da nossa capacidade para a saúde pública, mas sem compactuar com propostas demagógicas e eleitoreiras que não solucionarão os graves problemas do SUS, conquista maior da sociedade brasileira”, assinalou. As entidades médicas defendem a criação da carreira de estado para o médico, ponto essencial à interiorização permanente da assistência, com a fixação do profissional e a melhoria das infraestruturas de atendimento em toda rede pública de saúde. Enfim, uma das melhores juninas realizadas pela atual gestão do Simepe em total clima de participação, entusiasmo e cores.

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s diretores do Simepe – Cláudia Beatriz e Fernando Cabral – estiveram reunidos no dia 16 de junho, com gestores do Hemope (Miriam Silveira e Simone Sgotti), para discutirem pontos encaminhados pelos médicos, sobretudo, os que trabalham no plantão da Emergência Clínica, com relação ao déficit da escala de plantão, bem como a insuficiência de profissionais para atendimento de pacientes no ambulatório e aqueles que ficam internados do Serviço de Pronto Atendimento (SPA). Além disso, foi abordado, também, a falta de medicações essenciais ao acompanhamento e tratamento de pacientes com leucemia e outras patologias específicas que estavam em falta há três meses. Segundo informações, existe um déficit de 18 profissionais médicos, com a perspectiva de crescimento devido a aposentadorias e finalização de contratos temporários. Diante dos questionamentos e propostas discutidas em quase duas horas de reunião, o Simepe vai se reunir com as secretarias estaduais de Saúde e Administração, para tratar dos problemas apresentados pelos médicos, uma vez que o Hospital do Hemope, uma das poucas referências hematológicas do Estado atualmente se encontra com porta fechada para novos pacientes.

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SIMePe Sindicato dos Médicos de Pernambuco

Serviços da Rede MaternoInfantil do Recife em pauta além de reajuste, itens negociados incluem PCCv e concurso público | Texto /fotos Natália Gadelha

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m Assembleia Geral realizada na noite da quarta-feira, 11 de junho, no Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), médicos da rede materno-infantil do Recife se reuniram para discutir os problemas das maternidades. Estiveram presentes, sobretudo, neonatologistas da Maternidade Barros Lima, que na ocasião, relataram que o serviço só conta com um plantonista nos finais de semana, seja para sala de parto, alojamento conjunto, berçário e transferência. Diante da situação, o Simepe encaminhou oficio à Secretaria de Saúde solicitando reposição imediata destes profissionais, uma vez que há especialistas do último concurso vigente. Além disso, enviou ao Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe), oficio relatando a situação e notificando a respeito do número insuficiente para suprir a demanda. De acordo com a Secretária Geral do Simepe, Claudia Beatriz, os profissionais estão submetidos às condições precárias.

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Simepe e Otorrinos buscam soluções efetivas para o HAM

Em mais de duas horas de discussões, profissionais voltaram a comentar as dificuldades da Emergência, entre outros assuntos importantes | Texto /fotos Chico Carlos

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vice-presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco, Tadeu Calheiros, um grupo de médicos otorrinolaringologistas do Hospital Agamenon Magalhães (HAM) e o diretor do Hospital, Antônio Trindade, estiveram reunidos no dia 06 de maio. Foram quase duas horas de discussões sobre as atuais condições de trabalho e apresentações de propostas de melhorias do serviço. Os médicos voltaram a comentar as dificuldades corriqueiras na Emergência, da necessidade de ampliação do número de plantonistas, da descentralização na rede e regulação do serviço. De acordo com Tadeu Calheiros, o Simepe acompanha o movimento dos otorrinos do HAM junto à Secretaria Estadual de Saúde (SES), desde o ano passado,

e já conseguiu avançar em algumas questões pontuais. Outras ficaram sob a responsabilidade da SES, no entanto, com a mudança de gestão ficaram pendentes. Calheiros defendeu a contratação do terceiro plantonista otorrino, aprovado em concurso público e com vínculo estatutário. “Precisamos melhorar o serviço de assistência à população e reduzir a sobrecarga de trabalho dos médicos. O terceiro plantonista vai ser fundamental importância para minimizarmos alguns problemas na emergência”, assinalou. De acordo com ele, o Sindicato enviará novo oficio à SES, solicitando medidas efetivas e de valorização do trabalho dos otorrinos naquela unidade de saúde.

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aMPe associação Médica de Pernambuco FoToS: www.SiMEPE.oRg.bR

Comissão de honorários médicos avança nas negociações

emílio Zilli, diretor de defesa Profissional da aMb

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odos os anos, a Comissão Estadual de Honorários Médicos (CEHM-PE) faz contato com as operadoras de planos de saúde que atuam no estado com a finalidade de negociar os reajustes dos honorários médicos. A Comissão Estadual de Honorários médicos é comissão permanente com previsão legal no Estatuto da Associação Médica de Pernambuco e em sua composição inclui membros representantes da Associação Médica de Pernambuco, do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco, órgão que fiscaliza e regulamenta a profissão médica, do Sindicato dos Médicos de Pernambuco, entidade corporativa que legitima a atuação da Comissão, e da Associação Médica Brasileira. Na atualidade membros representantes de especialidades médicas e cooperativas de especialidades participam ativamente, com valiosa colaboração. Assim como ocorre em Pernambuco, existe a necessidade de negociações em nível nacional, sob a coordenação da Comissão Nacional de Honorários Médicos (CNHM) da Associação Médica Brasileira (AMB), através das comissões estaduais. Um grande avanço este ano, foi a sanção presidencial da Lei 13.003/2014 em 24 de junho, tornando-se definitiva e obrigatória a celebração de contratos entre prestadores e operadoras de planos de saúde, bem como o reajuste anual dos honorários médicos. “Esse era um plei-

to antigo da categoria médica. Há quase uma década lutávamos por isso. A partir de agora, vamos ver se essa defasagem absurda adquirida ao longo dos anos é reduzida”, afirmou o Diretor de Defesa Profissional da AMB e presidente da CNHM, Emílio Zilli. A Lei em questão entrará em vigor após o prazo regulamentar de 180 dias. “Enquanto isso não ocorre e, nos casos em que persistirem o impasse, os médicos adotarão as medidas pertinentes emanadas de assembleias, em conformidade com os dispositivos éticos e legais vigentes. É um grande avanço no cenário atual”, complementou o presidente da CEHM-PE, Mário Fernando Lins. De acordo com ele, de 2000 a 2009 as operadoras de medicina de grupo obtiveram mais de 136% de reajuste nos valores nos planos de saúde autorizado

Mário Fernando Lins, presidente da CeHM-Pe

pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), porém, nenhum reajuste real foi repassado aos médicos da rede credenciada. “Nesse mesmo período a inflação somou 116%, ou seja, o reajuste concedido às empresas foi cerca de 20% acima da inflação, o que gerou um brutal desequilíbrio econômico-financeiro”, disse Mário Lins. Segundo levantamento da CEHM-PE, nos últimos três anos, dezessete serviços de Colposcopia e Citopatologia no Recife fecharam as portas por dificuldades financeiras. Em alguns casos, o custo com a manutenção do consultório era maior do que o valor que o profissional recebia dos PLANOS DE SAÚDE pelo pagamento do serviço. “O objetivo da comissão é restabelecer o que está desequilibrado em desfavor do médico sem, no entanto, inviabilizar o sistema. Por isso, lutamos para que os procedimentos contemplados na Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) sejam respeitados”, reforçou. Em 2014, Mário Lins foi convidado para coordenar as comissões dos outros estados, bem como a CNHM da Sociedade Brasileira de Cardiologia. “Pernambuco é um exemplo pelas lideranças médicas que possui e não foi á toa que eu escolhi Mário para esta função”, enfatizou Emílio Zilli.

NÚMerOS Dados informados pela ANS dão conta de que no Brasil, cerca de 50 milhões de pessoas pagam plano de saúde, movimentando algo como R$ 95 bilhões por ano para as operadoras. Só a título de comparação, o Sistema Único de Saúde (SUS) recebe cerca de R$ 68 bilhões por ano para atender a 80% da população brasileira. E, nos casos de transplantes de órgãos sólidos (rins – fígado – coração pulmões), o SUS brasileiro atende a 100% desses pacientes, com os parcos recursos repassados pelo Governo Federal. Durante as negociações deste ano, alguns reajustes expressivos foram conquistados, como por exemplo, o valor pago pelas 22 empresas do sistema Unidas, que pertencem ao segmento de autogestão, aos especialistas com área de atuação em pediatria. A consulta passou de R$ 70 para R$ 180. Também o valor pago à puericultura passa de R$ 70 para R$ 95,92. Os valores de um Teste Ergométrico (teste de esforço) também foram reajustados de R$ 54 para R$ 116, graças à participação e união das entidades médicas e o apoio da categoria.

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Eleições na AMPE Por Sílvia Carvalho Presidente da AMPE

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o próximo mês de agosto ocorrerão eleições para a Associação Médica Brasileira, suas Federadas e regionais. É importante a participação dos médicos associados no pleito, referendando a representação de sua entidade de classe, que congrega médicos de todo o país. Em Pernambuco, as eleições serão realizadas no dia 28 de agosto, na sede da Associação Médica de Pernambuco, no horário das 8h às 18h. O atual cenário da saúde, seja pública ou privada no Brasil, não contempla as necessidades mínimas, afrontando direitos constitucionais, a dignidade humana e contraria preceitos éticos e técnicos para o desempenho do bom exercício profissional. Junto às demais entidades de classe, a AMB e suas federadas têm atuado de maneira firme e constante, no enfrentamento às medidas adotadas pelo atual governo, que tem agredido frontalmente a classe médica, atingindo em consequência, a população, tirando desta o direito garantido constitucionalmente, de receber assistência adequada e condigna, para preservar seu bem mais precioso, qual seja, a saúde.

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Faz-se necessário número crescente de médicos engajados em movimentos associativos para incrementar as ações de fortalecimento, credibilidade e respeito à classe médica. Contando atualmente com 2517 sócios, a Associação Médica de Pernambuco busca incrementar seu quadro associativo e adicionar especialmente a garra e determinação do jovem médico em suas múltiplas atividades. Em final de seu mandato, a atual gestão tem certeza de ter cumprido seu compromisso com a Instituição, satisfazendo o preceituado em seus objetivos. Conclamamos todos os associados a participarem do pleito eleitoral, participando efetivamente da escolha dos nossos representantes.

69°Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia, sediado na capital pernambucana em setembro próximo, aguarda 5.500 dermatologistas de todo o Brasil e estrangeiros. O projeto traz na sua fórmula um programa científico com dinâmica moderna, favorecendo aprendizado e uma vasta troca de experiências. Aplicativo interativo lançado com um ano de antecedência, game científico, estações de atualização, WhatsApp comunicando palestrante à plateia,credenciamento na sala de desembarque do aeroporto são alguns dos destaques desse congresso que promete ser um divisor de águas na história da Dermatologia. A cultura pernambucana também será exaltada com Alceu Valença, Elba Ramalho e Maestro Spok, além de uma comunicação visual pela artista plástica Joana Lira e materializada por Carlos Augusto Lira.

Eventos das sociedades

9º GaSTrOreCIFe

de 7 a 9 de agosto, o instituto gastro Recife realiza o 9º gastroRecife, no JCPM Trade Center. o evento vai reunir profissionais de saúde que trabalham na área e apresentará o que há de mais atual no tratamento de doenças ligadas ao sistema digestivo. o evento é promovido também pela Sociedade Pernambucana de gastroenterologia, Sociedade brasileira de Endoscopia digestiva – Capítulo Pernambuco, pelo Colégio brasileiro de Cirurgiões – Pernambuco e Sociedade Pernambucana de Coloproctologia. informações e inscrições pelo número (81) 3423 1300. xxxI JOrNada de PSIQuIaTrIa Nos dias 14, 15 e 16 de agosto, está confirmada a XXXi Jornada da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria no Recife. o evento será realizado no golden Tulip Recife Palace, em boa viagem. Nas últimas edições, a Jornada Pernambucana de Psiquiatria tem se consolidado como o maior

encontro de profissionais da área em Pernambuco, atraindo, inclusive, a atenção de psiquiatras de estados vizinhos como Paraíba, Sergipe e até Rio grande do Norte. Já está confirmada a participação do psiquiatra português Carlos braz Saraiva na abertura da jornada. a conferência tem como tema “van gogh e Picasso: morrer por fora e morrer por dentro”. durante os três dias do evento vão ser discutidos temas como Políticas de Saúde Mental, internet e Psiquiatria, Esquizofrenia, dependência Química, Espectro autista, Efetividade Terapêutica em depressões e muito outros. Também no primeiro dia do evento, será realizado o i Encontro Estadual de Médicos Residentes em Psiquiatria. as mesas redondas vão ser coordenadas pelos preceptores dos hospitais das Clínicas, ulisses Pernambucano, iMiP e PCR. Para participar, basta acessar o site da SPP (www. psiquiatriape.org.br) e fazer o download da Ficha de inscrição. dúvidas e outras informações podem ser obtidas pelo (81) 3231-0767 / 9907-4013 ou pelo e-mail sociedadedepsiquiatria.jornada@gmail.com.

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FoToS: divulgação

aMPe associação Médica de Pernambuco

AMPE comemora 173 anos com homenagens a Medalha Maciel Monteiro homenageou três renomados médicos e o Prêmio diva Montenegro foi entregue | Tallita Marques

O

s 173 anos da Associação Médica de Pernambuco (AMPE) foram comemorados com a entrega da Medalha Maciel Monteiro e do Prêmio Diva Montenegro. O evento aconteceu no dia 3 de abril na sede da instituição, na Praça Oswaldo Cruz, e contou com a participação de autoridades e de representantes de entidades médicas locais e nacionais. No 32º ano da Medalha Maciel Monteiro os homenageados foram o ginecologista e obstetra José Remígio Neto, o cardiologista Henrique Joaquim Ferreira Cruz e a anestesiologista Teresa Cristina Rocha Barros Coelho. Os agraciados foram escolhidos por terem se destacado na cultura, respeito à ética e exercício exemplar profissional e social. “É uma satisfação ver o nosso trabalho sendo reconhecido pelos colegas mé-

dicos”, disse emocionado José Remígio durante a cerimônia. A Medalha Maciel Monteiro leva o nome do fundador e primeiro presidente da AMPE. Desde 1973, quando foi entregue a primeira comenda, a medalha tornou-se um símbolo respeitado entre os profissionais médicos. Os homenageados passam a ser exemplo para as novas gerações. Ao todo, 131 médicos foram contemplados desde a criação da medalha. Mas a noite também foi de incentivo à nova geração de profissionais com a entrega do Prêmio Diva Montenegro. Os homenageados deste ano foram os estudantes Adriana Serpa Brandão de Andrade (Faculdade Pernambucana de Saúde - FPS), Ivnny Caroline França de Oliveira (Universidade Federal de Pernambuco – UFPE) e José Otamir

de Andrade Júnior (Universidade de Pernambuco – UPE). Os três obtiveram destaque na área com o desenvolvimento de pesquisas científicas. O Prêmio Diva Montenegro de Incentivo à Pesquisa Científica foi criado em 2007. São homenageados estudantes de Medicina do quinto e sexto ano das escolas médicas de Pernambuco. O nome da premiação foi escolhido em homenagem à médica pernambucana, Diva Montenegro, que atuou como Professora Assistente na Faculdade de Medicina da UFPE. Ela foi pioneira na área de microbiologia e análises clínicas. A festa contou ainda com as apresentações do grupo Flor de Muçambê, que tocou clássicos dos Beatles e músicas regionais, e do músico Gilvan Lucas, que embalou o coquetel que encerrou o evento.

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Incentivo à produção científica

José Remígio Neto – Ginecologista e Obstetra. Foi preceptor da Residência Médica de Obstetrícia por 20 anos e coordenador administrativo do Hospital das Clínicas -UFPE, dedicando sua carreira ao ensino e à pesquisa.

Desde o dia 9 de junho, a AMPE abriu as portas da instituição para que os médicos e estudantes de medicina possam divulgar pesquisas científicas e trabalhos acadêmicos. O programa AMPE CONECTA tem como objetivo facilitar o acesso da população e de profissionais de saúde ao conteúdo científico produzido em Pernambuco. “Nosso intuito é divulgar a nossa produção científica e promover a interação entre os pesquisadores, possibilitando, inclusive, que os colegas recrutem voluntários para as pesquisas em andamento”, explicou a diretora da AMPE e coordenadora do programa, Nair Cristina. O material encaminhado à instituição será divulgado no site da AMPE e no Jornal de Medicina de Pernambuco, após criteriosa análise do resumo da pesquisa pelo Comitê Científico da associação. São critérios para participar do programa que os autores da pesquisa sejam pernambucanos e que o material tenha a aprovação

de um Comitê de Ética em pesquisa. O estudo pode estar em andamento. No site da AMPE, os médicos já se posicionaram a favor da iniciativa. “Nós, médicos pernambucanos, nos sentimos prestigiados com mais este espaço que nossa Associação abre para divulgação dos trabalhos científicos, frutos de pesquisa em nosso Estado”, registrou a médica Julieta Guedes Monteiro. O médico Emanuel Sarinho foi um dos primeiros a encaminhar material para o programa. “Achei a ideia excelente e memorável. Nós temos de valorizar e estimular os médicos que atendem pacientes e ao mesmo tempo produzem conhecimentos”, disse ele. As informações das pesquisas publicadas no AMPE CONECTA ficam no banco de dados da associação para consulta posterior. Para envio de resumos, mais esclarecimentos ou sugestões, enviar pelo e-mail para o endereço comunica@ ampe-med.com.

AMPE realiza cursos diversos Henrique Joaquim Ferreira Cruz – Cardiologista. Cursou pós-graduação em Residência Médica no Hospital Mount Sinai dos Estados Unidos (1967-1968) e foi um dos pioneiros no uso de equipamento de monitoração cardíaca em 1969.

Teresa Cristina Rocha Barros Coelho – Anestesiologista. Já foi diretora do Centro de Ensino e Anestesiologia (CET) em Pernambuco e presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado de Pernambuco (SAEPE), de 1995 a 1996, além de ter publicado vários artigos científicos.

Neste ano de 2014, a AMPE deu continuidade ao trabalho de educação continuada com a realização de vários cursos na área de saúde e de finanças pessoais. O próximo será uma palestra no dia 24 de julho, às 19h30, no auditório da instituição. O tema é “Organização Jurídica das Sociedades Médicas”, com palestrante do escritório de advocacia Queiroz Cavalcanti. A palestra é direcionada para profissionais de saúde em geral e gestores de instituições de saúde. Vão ser esclarecidas dúvidas sobre a diferença entre lucro e pró-labore, venda de cotas da sociedade, diminuição/eliminação dos riscos tributários, entre outros assuntos. As inscrições estão abertas e podem ser feitas pelos telefones (81) 3423 5473 e 3423 0805 ou pelo e-mail somepe.ampe@hotmail.com. Em fevereiro, numa parceria com a Unicred Recife, a instituição ofereceu o curso sobre imposto de renda. O professor foi Flávio Cesário esclareceu temas como planejamento tributário, regime de caixa e tributos. Os profissionais de diversas áreas que assistiram ao curso tomaram conhecimento de impostos que pagavam sem necessidade. Em abril, a AMPE promoveu a palestra “DIREITOS DO PACIENTE DE CÂN-

CER E DOENÇAS GRAVES: A importância do médico no processo de resgate da cidadania do paciente”, ministrada pela advogada Antonieta Barbosa, autora do livro CÂNCER: DIREITO E CIDADANIA, publicado em 2002. Foram quase duas horas de explicações sobre cada direito do paciente. Dúvidas sobre as obrigações dos planos de saúde na cobertura dos procedimentos médicos necessários ao tratamento da doença foram esclarecidas. Estima-se que este ano no país mais de 570 mil pessoas tenham o diagnóstico de câncer, porém, menos de 1% conhece de fato seus direitos. E nos dias 6 e 7 de junho, a Associação Médica de Pernambuco realizou o CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM SOLICITAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE EXAMES LABORATORIAIS, ministrado pelo médico e biomédico Carlos David Araújo Bichara. Cerca de 200 médicos e estudantes de medicina obtiveram orientação quanto à forma adequada para solicitar exames, evitando equívocos e conflitos entre profissionais e laboratórios de análises. No segundo semestre do ano estão previstos outros cursos a serem realizados pela AMPE. Fique atento à programação que será divulgada no nosso site no www.ampe-med.com.

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FeCeM Fed. Cooperativas especialidades Médicas/Pe

Integração e fomento

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Federação das Cooperativas de Especialidades Médicas de Pernambuco – FECEM, fundada em 01 de junho de 1996, promove a integração e o fomento do Cooperativismo Médico entre os mais de 1000 profissionais congregados em suas cinco cooperativas, Copepe, Copego, Coopecir, Coopeclin e Coopecárdio. Contato: email: fecem.pe@ig.com.br, fone: (81) 2125-7461. Diretoria Executiva FECEM: Presidente: Dr. Amaro Gusmão Guedes Diretora Administrativa: Dra. Analíria Moraes Pimentel Diretor Financeiro: Dr. Mauro Pedro Chaves Sefer A Cooperativa de Serviços Médicos Pediátrico de Pernambuco, COPEPE, foi fundada em 1995, e atualmente conta com 108 cooperados atendendo a mais de 25 convênios, e abrange as seguintes especialidades: Adolescente (Hebiatria), Alergologia e Imunologia, Cardiologia, Clínica, Endocrinologia, Infectologia, Neonatologia, Neuropediatria, Pediatria Clínica. Contato: email: copepe@uol.com.br, Fone: (81) 2125-7466. Diretoria COPEPE: Diretor Presidente: Dra. Analíria Maraes pimentel Diretor Administrativo: Dr. Walmir Leonardo Pinheiro da Silva Diretor Financeiro: Dr. Armando José Franco Teixeira Fundada em dezembro de 1993, a Cooperativa dos Médicos Cirurgiões de Pernambuco, COOPECIR, conta hoje com mais de 600 médicos cooperados, todos altamente especializados para que garantam a qualidade do serviço prestado pela cooperativa a usuários de mais de 20 convênios. Os profissionais antes de se associarem, são rigorosamente avaliados, e durante sua permanência na entidade são permanentemente acompanhados para que a excelência no serviço seja mantida. Contato: Email:coopecir@ coopecir.com.br, Fone: (81)3034-4074. Diretoria COOPECIR: Presidente: Dr. Antônio Marco de Albuquerque Tesoureiro: Dr. Antônio Barreto de Miranda Administrativo: Dr. Albérico Dornelas Câmara Junior

Cooperativa dos Médicos Ginecologistas e Obstetras de Pernambuco (COOPEGO) foi criada em 1993 e tem como objetivo incentivar a Ginecologia e Obstetrícia em Pernambuco. Seus mais de 200 cooperados prestam serviço a 34 convênios com qualidade garantida pela cooperativa que só aceita novos associados após criteriosa avaliação. Contato: email: copego@copego.com.br, Fone: (81) 2125-7481. Diretoria COPEGO: Presidente: Dr. Paulo Roberto de Andrade Secretário: Dr. Vamberto de Oliveira Maia Tesoureira: Dra. Aspásia Pires A COOPECLIN, Cooperativa de Trabalho dos Médicos de Especialidades Clínicas de Pernambuco fundada em 1996 tem atualmente mais de 250 cooperados que atendem a 30 convênios abrangendo 17 especialidades distribuídas em sete áreas de atuação. Contato: email: coopeclin@coopeclin.com.br, Fone: (81)2125-7419. Diretoria COOPECLIN: Presidente: Dra.Sirleide de Oliveira Costa Lira Diretor Secretário: Dr. Amaro Gusmão Guedes Diretor Tesoureiro: Dr. Alexandre Jorge de Queiroz e Silva COOPECÁRDIO- Cooperativa de Trabalho dos Médicos cardiologistas de Pernambuco fundada em 1995, tem hoje 227 cooperados entre médicos da especialidade de cardiologia, cirurgia cardiovascular e torácica atendendo a 27 convênios. Contato: email: coopecardio@coopecardio.com.br, Fone: (81) 3034-6085. Diretoria COOPECÁRDIO: Presidente: Dr. Carlos Japhet da Matta Albuquerque Diretora Financeira: Dra. Maria de Lourdes Carneiro David de Souza Diretora Administrativa: Dra. Maria de Fátima Monteiro Lobo de Araújo

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Violência obstétrica o CREMEPE se coloca frontalmente contra qualquer tipo de violência

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ssim considerada como quaisquer dos vários tipos de violência física ou verbal contra a mulher no período da gestação e do parto, um desrespeito aos Direitos Reprodutivos, direitos estes que garantem para toda gestante pré-natal e parto de boa qualidade. Assim como em todas as áreas da medicina, o CREMEPE tem o dever de defender as boas práticas na assistência ao parto, baseada nas evidências científicas e nos princípios da bioética. No entanto, não menos importante, e igualmente repudiada pelo CREMEPE, hoje frequentemente estampada na mídia, está a violência obstétrica institucional. Aquela praticada pelo próprio poder público quando não garante um pré-natal de boa qualidade; quando não oferece um sistema de referência com serviços para tratamento efetivo das complicações obstétricas; quando as gestantes peregrinam atrás

de uma vaga nas maternidades; quando há superlotação das maternidades sem um mínimo de conforto e privacidade, para a gestante, seu acompanhante, e o próprio médico para um adequado respeito ao sigilo profissional; quando não disponibiliza as condições de infraestrutura e de exames complementares, e quando não contrata médicos e outros profissionais de saúde, em número adequado ao perfil de atendimentos de cada maternidade e de forma a garantir o modelo assistencial multiprofissional, seja no Serviço, público ou privado. Não há dúvida que essas condições adversas de trabalho causam prejuízo na qualidade da assistência médica, colocando em risco a segurança da gestante, do feto, do recém-nascido e da própria equipe de saúde. E uma das funções do CREMEPE é lutar pela melhoria das condições de trabalho dos médicos obstetras.

Na busca de uma boa assistência obstétrica, os médicos devem observar a vulnerabilidade da gestante, solicitar expressamente sua escolha e respeitarsuas opiniões. Tratando a gestante com o adequado respeito à sua condição humana, o médico deve obter o seu consentimento, procurando, no diálogo, alternativas para solucionar ou aliviar o sofrimento. Deve-se tentar compreender as razões dos raros caos em que haja rejeição do ato médico, na procura da melhor opção que o satisfaça. O princípio da autonomia requer que as gestantes deliberarem sobre suas escolhas pessoais e devam ser tratadas com respeito pela sua capacidade de decisão. Excetuando situações de extrema necessidade com risco iminente de morte a autonomia do médico se sobrepõe a decisão do paciente. Conselho Regional de Medicina de Pernambuco – CREMEPE

Conselho Regional de Medicina – Cremepe PUBLICAÇÃO DE PENAS PÚBLICAS Ref. Processo Ético Profissional n.º 46/10 PENA DISCIPLINAR APLICADA A MÉDICA DRA. ELIETE FÉLIX MACIEL- CREMEPE 6.035

n.º 1.246/1988), cujo fato também está previsto no art. 10 do Código de Ética Médica (Resolução CFM n.º 1.931/2009). Recife, 18 de dezembro de 2013.

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE PERNAMBUCO - CREMEPE, no uso de suas atribuições que lhe confere a Lei n.º 3.268/57, regulamentada pelo Decreto n.º 44.045/58, e, em conformidade com o acórdão proferido na sessão de julgamento do processo ético-profissional n.º 46/10 perante o Conselho Federal de Medicina em 21.08.2013, vem aplicar a médica ELIETE FÉLIX MACIEL – CREMEPE 6.035, a pena de SUSPENSÃO DO EXERCICIO PROFISSIONAL POR 30 (TRINTA) DIAS, prevista na letra “d”, do art. 22, da Lei 3.268/57, por ter cometido infração ao art. 38 do Código de Ética Médica (Resolução CFM

Ref. Processo Ético Profissional n.º 16/08 PENA DISCIPLINAR APLICADA À MÉDICA DRA. DÊNIA WALQUIRIA SIQUEIRA DO NASCIMENTO – CREMEPE 10.347 CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE PERNAMBUCO - CREMEPE, no uso de suas atribuições que lhe confere a Lei n.º 3.268/57, regulamentada pelo Decreto n.º 44.045/58, e em conformidade com o acórdão proferido na sessão de julgamento do processo ético-profissional n.º 16/08 realizada no CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA,

em 27/11/2013, vem aplicar à médica DRA. DÊNIA WALQUIRIA SIQUEIRA DO NASCIMENTO – CREMEPE 10.347, a pena de CENSURA PÚBLICA EM PUBLICAÇÃO OFICIAL, prevista na alínea “c”, do art. 22, da Lei 3.268/57, por ter cometido infração aos artigos 1º e 32 do Código de Ética Médica (Resolução CFM nº 1.931/09). Recife, 22 de abril de 2014. Ref. Processo Ético Profissional n.º 70/10 PENA DISCIPLINAR APLICADA À MÉDICA DRA. CRISTIANE CARLOS DE ALBUQUERQUE VIEIRA SANTOS – CREMEPE 9.240 CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DE PERNAMBUCO - CREMEPE, no uso de suas atribuições que lhe confere a Lei n.º 3.268/57, regulamentada

pelo Decreto n.º 44.045/58, e, em conformidade com o acórdão proferido na sessão de julgamento do recurso em processo éticoprofissional tombado no CFM sob nº 9728/2012, realizada no CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, em 16/10/2013, referente ao processo de origem do CREMEPE sob n.º 70/10, vem aplicar à médica DRA. CRISTIANE CARLOS DE ALBUQUERQUE VIEIRA SANTOS – CREMEPE 9.240, a pena de CENSURA PÚBLICA EM PUBLICAÇÃO OFICIAL, prevista na alínea “c”, do art. 22, da Lei 3.268/57, por ter cometido infração aos artigos 1º, 15 e 35 do Código de Ética Médica (Resolução CFM nº 1.931/09). Recife, 23 de abril de 2014. Conselheiro Silvio Sandro Alves Rodrigues

Presidente do CREMEPE

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aPM academia Pernambucana de Medicina

Diálogo inter pares Luiz barreto*

H

oje, no Brasil, são 21 as Academias de Medicina vinculadas à Federação Brasileira de Academias de Medicina – FBAM. Ao longo dos últimos anos cresceu a cooperação entre estas instituições científicas, desde que foi lançada, há cerca de 20 anos, em Fortaleza, Ceará, a ideia de criação da Federação. Foi também um grande estímulo para a manutenção e constituição, nos demais estados da federação, de novas Academias de Medicina. Movimentos importantes passaram a acontecer, quais sejam: o inter-relacionamento, parcerias, e complementaridade de atividades entre as Academias, os Conselhos Regionais, Sindicatos e Associações de Medicina. No plano federal passou-se a registrar grandes parcerias entre a FBAM, o Conselho Federal de Medicina, a Associação Médica Brasileira e os correspondentes sindicatos médicos. As parcerias que acontecem no plano nacional, no Recife merecem a mesma atenção o frutífero diálogo entre a Academia Pernambucana de Medicina, o Conselho Regional de Medicina, Sindicato dos Médicos e a Associação Médica de Pernambuco. Recentemente, em João Pessoa, Paraíba, foi realizado o XV Conclave da FBAM, momento em que se reuniram todas as Academias vinculadas a essa instituição, para tratar de assuntos importantes para a política de saúde, mas tam-

bém, uma oportunidade em que aconteceu a posse da nova administração da FBAM, sendo empossado como presidente o prof. Antônio Carneiro Arnaud, eleito recentemente, substituindo o prof. José Leite Saraiva, vinculado à Academia Brasiliense de Medicina e seu ex-presidente. Dr. Carneiro Arnaud foi presidente da Academia Paraibana de Medicina, sendo formado pela Faculdade de Medicina do Recife, em 1958. Com grande atuação nos movimentos médicos na Paraíba, foi também deputado federal por aquele estado e prefeito da cidade de João Pessoa. Participando de todos os atos relacionados a estes eventos estavam presentes representante do Conselho Federal de Medicina, e também do Conselho Regional da Medicina, sindicato médico e de associações médicas paraibanas e de cursos de medicina. Integrando a equipe do Dr. Carneiro Arnaud tomaram posse também, naquela oportunidade, os acadêmicos Luiz Barreto como vice-presidente da Região Nordeste II e Dr. Claudio Renato Pina Moreira na Comissão de Ética e Bioética, vinculados ambos, a Academia Pernambucana de Medicina. Secretário geral da academia Pernambucana de Medicina e vice-presidente da Sobrames-PE

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AGORA VOCÊ TEM INFORMAÇÃO EM SAÚDE, NOTÍCIAS E ENTRETENIMENTO NA DOSE CERTA. Está no ar a Rádio Cremepe. O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco criou este novo veículo de comunicação para se aproximar ainda mais dos médicos e de toda a sociedade. A Rádio Cremepe tem transmissão via internet e uma programação diversificada que vai de debates e notícias a informes culturais e musicais. Acesse www.radiocremepe.com.br e tenha informações em saúde, notícias e entretenimento, diariamente.

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