Revista Movimento Médico - N 06

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N° 06 • Ano 02 •jan/Fev/Mar 2006

Editorial

A

sexta edição da revista Movimento Médico traz uma entrevista com o presidente do Cremepe,

Capa: Foto de Hans Manteuffel

Ricardo Paiva, com um balanço dos dois anos e

EXPEDIENTE

meio de sua gestão à frente do Conselho.

Conselho Editorial

Cremepe

Presidente: Ricardo Paiva

Vice-presidente: Carlos Vital

Assessoria de Imprensa: Joane Ferreira· DRT/PE 2699

Na entrevista, Ricardo Paiva destaca algumas realizações

desse período, como a criação da Movimento Médico, a instalação da Ouvidoria do Cremepe, a implantação do Centro de Estudos Avançados - Ceac - e a expansão das atividades do Conselho para o interior do Estado. Um dos aspectos positivos dessa expansão foi a Caravana do Cremepe, que percorreu 60 municípios pernambucanos e fez um diagnóstico sobre a situação dos hospitais públicos e postos de saúde de cada cidade visitada. Um relatório foi entregue às autoridades estaduais para que as providências fossem adotadas. Ainda na entrevista, Ricardo Paiva destaca, como conseqüência da Caravana, a campanha de combate à exploração sexual infantil que o Conselho encampou. Movimento Médico traz também outras notícias do Cremepe, do Sindicato dos Médicos, da Sociedade de Medicina e um artigo enviado do Canadá pelo médico Fernando Spencer, que está fazendo pós-graduação naquele país. Spencer faz uma comparação inteligente entre o sistema de saúde canadense e o brasileiro. A revista brinda ainda o leitor com uma reportagem especial de capa sobre o Espaço Ciência, que está localizado numa área de preservação ambiental entre o Recife e Olinda. A matéria mostra que no local as pessoas se divertem e

Simepe

Presidente: André Longo

Vice: Mário Fernando Lins

Assessoria. de Imprensa: Chico Carlos · DRT/PE 1268

Amepe

Presidente: Jane Lemos

Vice: Bento Bezerra

Assessoria de Imprensa: Elisabeth Porto - DRT/PE 1068

Fecem

Presidente: Eduardo Montezuma

Assessoria de Imprensa: Mônica Holanda

APMR

Presidente: Adriana Marques

Vice: Marizon Armstrong

Trauma

Coordenação: João Veiga e Fernando Spencer

Damuc/UFPE

Coordenação: Berta Maria Brunet e Maria Pirauá A.

Gonçalves

DNUPE

Coordenação: Renan Eboli Lopes

e Carlos Tadeu Leonidio

Redação, publicidade, adm inistração e correspondência:

Rua Conselheiro Portela, 203, Espinheiro,

CEP 52.020-030 - Recife, PE

Fone: 813241.5744

Edição Geral: VERBO Assessoria de Comunicação.

Fone 81 3221.0786. - verbo@Verbo.com.br.

Jornalistas responsáveis: Beto Rezende e Lula Portela

Projeto Gráfico/Arte Final: Luiz Arrais - DRT/PE 3054

Reportagem : Nathalia Duprat, Etiene Bahé e Carla Leão

Tiragem: 15.000 exemplares

Impressão: Intergraf

aprendem ao mesmo tempo. Movimento Médico deseja a

Coordenador Editorial: José Brasiliense Holanda

Cavalcanti Filho

todos um feliz e próspero 2006.

Todos os direitos reservados.

Copyright © 2006 - Conselho Regional de Medicina

Seção Pernambuco


Sumário

4 Entrevista Ricardo Paiva faz um balanço de sua gestão no Cremepe

6

capa Espaço Ciência ensina como aprender se divertindo

Seções

10

Editorial

01

História

Opinião

03

A tradição secular do Gabinete Português de Leitura

Entrevista

04

Capa

06

12

História

10

Científica

Científica

14

Países mais pobres sofrem com o Mal de Hansen

Cremepe

16

Simepe

22

22

Amepe

26

Sindicato Q

"O

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Fecem

31 ~ - -

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Médico Mário Femando Uns fala sobre desafios da profissão

Trauma

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Diretórios

34

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Cultura em Foco

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TRAUMA

Última página

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o modelo do sistema de saúde pública do Canadá

35 Cultura em foco Roda Mundo: o teatro para combater abuso sexual infantil


Opinião Gilson Edmar Gonçalves e Silva*

Abertura de novas

escolas médicas

crescente ex.pansão ~as vagas no ensino supenor do Brasil, benéfica por um lado, vem trazendo grandes distorções na criação desor­ denada de escolas médicas. Isto se reflete na formação do médico e é ne­ cessário fazer algumas reflexões, com o objetivo de ser estabelecida uma po­ litica que defina os critérios de aber­ tura de novos cursos de medicina. A primeira dificuldade encon­ trada para o estabelecimento de uma normatização única é a diversidade do ensino superior no Brasil . As insti­ tuições federais, estaduais, privadas e filantrópicas diferem entre si nas regras estabelecidas pelo Governo para abertura de novos cursos. O ín­ dice de crescimento de médicos no país é superior ao índice de cresci­ mento populacional e, associado a ou­ tros indicadores, reforçam o argu­ mento de que não há mais necessidade de escolas médicas no país. Entretanto, o que vemos é uma má distribuição dos cursos de medicina e também do domicílio dos médicos, com uma concentração exagerada no Sul e Sudeste, sobre­ tudo nas capitais. Por outro lado, a elevada e crescente procura de candidatos nos vestibulares de medi­ cina nas instituições públicas, con­ trastando com um número pequeno na relação vaga/candidato nas pri­ vadas, vem confirmar a baixa situação sócio-econômica da nossa população.

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É necessário um estudo regional, especialmente sobre o impacto social que a abertura de uma escola médica possa ter na sociedade local, criando também dispositivos que façam ou obriguem o recém-formado a se fixar naquela região, ainda que tempo­ rariamente, pois mesmo o caráter rotativo permitirá a sua permanência em regiões sem assistência médica. A Organização Mundial da Saúde preconiza como padrão acei­ tável um médico para cada 1000 habitantes, baixando para 700 em regiões mais necessitadas. O Brasil tem, como média, um para cada 500 habitantes. Ainda existem outros indicadores, resultantes de estudo sobre o assunto encomendado pelas Entidades Médicas e pela Associação Brasileira de Educação Médica, que reforçam o argumento de que não há mais necessidades de Escolas Mé­ dicas no país. O papel a ser desempenhado pelas universidades públicas, e gratuitas, nestas ações, é de fundamental impor­ tância, pois a sua iniciativa de preen­ cher possíveis lacunas poderá vir a ini­ bir ou diminuir a participação de insti­ tuições particulares. Enfim, cremos que não cabe um posicionamento sim­ plista de ser somente contrário à aber­ tura de novas escolas médicas, pois o assunto é extremamente complexo. Precisamos exigir uma rigorosa avaliação da qualidade do ensino ministrado pelos diversos cursos de

medicina. Isto tem como objetivo melhorar, cada vez mais, a com­ petência dos nossos médicos e o ní­ vel de excelência da nossa medicina. Reiteramos então, que não se deve ter um posicionamento simplista de ser contrário à abertura de novas escolas médicas, pelos motivos aCIma expostas, que são extremamente complexos. Precisamos, todos nós, estarmos sempre atentos para a qualidade do ensino a ser ministrada pelos diversos cursos de Medicina, tanto os que já estão em funcionamento , mas especialmente os que pretendem iniciar. Isto tem como objetivo futuro melhorar cada vez mais a competência dos nossos mé­ dicos e o nível de excelência da nos­ sa Medicina. Melhor temos con­ trole sobre as nossas escolas, antigas e novas, que receber médicos brasi­ leiros, formados por diversas facul­ dades da América Latina,por vezes de qualidade duvidosa, que fugiram do processo seletivo das nossas e que pretendem exercer a profissão entre nós, em número incontrolável e com sugestões governamentais de revalidarmos automaticamente os seus diplomas.

* Vice-Reitor da Universidade Pemambuco

Federal de


ENTREVISTA

RICARDO PAIVA

Cremepe: preocupação constante com o médico e a população umento da fisca lização do exercício legal da medicina, expansão das atividades para o interior, criação e aprovação de leis de impacto para os médicos, aproximação com a população de uma forma geral. Nos últimos dois anos e meio, o Conselho Regional de Medicina realizou ações de diversas ordens. À frente do Cremepe desde out ubro de 2003, o presidente Ricardo Paiva conversou com a revista Movimento Médico e comentou sobre os aspectos que tiveram mais destaques nesses dois anos e meio.

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Nathalia Duprat* ''Antes de tudo, precisamos dife­ renciar dois lados distintos das ati­ vidades do Conselho. O primeiro diz respeito às suas atividades institucio­ nais - como órgão cartorial, somos responsáveis pelo cadastro dos médi­ cos, pela fiscalização do exercício ético da profissão e pelo recebimento de de­ núncias; o segundo lida com as ques­ tões sociais, já que somos uma entida­ de da sociedade civil", explicou Ri­ cardo Paiva. De acordo com ele, dentro do ca­ ráter institucional do Cremepe, um dos maiores esforços em sua gestão tem sido aumentar a fiscalização na capital e no interior. "Em termos de judicância, por exemplo, quase tripli­ camos o número de julgamentos; atualmente temos 190 processos para serem julgados e cerca de 600 sindi­ câncias em andamento", disse. Outro aspecto apontado por Ricar­ do Paiva foi o empenho em relação à função reguladora do Conselho, que criou quatro resoluções de impacto nesse período: a primeira determinou o limite da quantidade de trabalho da profissão; a segu nda deu direito à gestante plantonista de optar por dar ou não plantões; a terceira garantiu aos 4 MovlmerJco Médico

plantonistas a desobrigação de dobrar turnos caso não haja rendeiros determinados; e a quarta foi a poisição do Cremepe pela aprovação do ato médico contra a realização do exame de ordem e a aprovação da lei de regularização entre planos de saúde e os médicos. "Procuramos o deputado Sebas­ tião Oliveira (PL) e, após reuniões com diverS:lS entidades, criamos lei de regularização dos planos de saúde, que foi aprovada em tempo recorde, sancionada pelo governador Jarbas Vasconcelos e regulamentada em trinta dias", detalhou Paiva. De acordo com ele, o modelo da lei foi utilizado pelo deputado Inocêncio Oliveira (PL) e levado para a Câmara Federal, onde aguarda votação; se aprovado, vai determinar os parâmetros para que seja criado um sistema de negociação padronizado e com mais arbítrio.

ASPECTOS SOCIAlS - No que diz respeito às ações sociais realizadas nesta gestão, Ricardo Paiva destacou a criação da Cartilha de Hu­ manização, da Feira do Bem e de di­ versos eventos de interesse da po­ pulação, como o Seminário de Ética

Social, o Congresso Pernambucano de Humanização e o Seminário de Di­ reitos Sexuais da Mulher, além do apoio ao Seminário Nordestino de Drogas. Outra ação ressaltada foi a Cara­ vana do Cremepe, que percorreu 60 cidades do interior pernambucano com o objetivo de mapear os principais problemas de saúde pública da região. 'A. Caravana era um débito que tí­ nhamos com o interior, onde está con­ centrada 30% da população do E s­ tado. Foi através dela que desco-bri­ mos a questão alarmante da explo­ ração sexual infantil, que eu vejo como uma matriz dos problemas éticos da nossa sociedade; é um subproduto da exclusão da sociedade competitiva e consumista da atualidade", desabafou Paiva. Segundo ele, o projeto deve continuar visitando cerca de 60 cidades por ano; em três anos, todo O Estado terá sido visitado. Um dos principais frutos da Caravana foi a criação do grupo de teatro Roda Mundo (ve r matéria na pág. 35) . Formado por profissionais de diversas áreas, O gru po desen­ volveu O espetáculo de rua Menina Abusada (assista o vídeo no si te


inicio a um processo de humanização com os hospitais agregados. "É uma experiência pioneira", ressaltou. De acordo com ele, a questão ética também tem sido muito discutida nesses dois anos e meio de gestão. Para isso, foi criada a Escola Superior de Ética Médica, presidida pelo vice­ presidente do Conselho, Carlos Vital. "Sua função será promover não apenas estudos, palestras e cursos, mas amplos debates sobre a ética na medicina. Queremos envolver profissionais, estudantes e a população de uma forma geral", comentou Paiva.

COMUNICAÇÃO - Tentando

www.cremepe.org.br) e tem percor­ rido diversas cidades da região me­ tropolitana e do interior alertando a população sobre a prostituição in­ fantil. O projeto chamou a atenção do Governo do Estado, que resolveu j untar forças com o Conselho e lançou a Campanha de Enfrentamento ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, cujo objetivo é sensibilizar a população sobre o tema e estimular o combate a esse tipo de crime. Segundo Ricardo Paiva, as pessoas portadoras de deficiêcia física também mereceram atenção especial do Cremepe durante esta gestão. "Procuramos o governador e levamos a necessidade de abrir um

instrumento de estágio para as pessoas com deficiência, que hoje representam 13% da população de Pernambuco", explicou. A partir daí, foi criado o Programa de Apoio aos Deficientes, que garante de 5% a 10% de vagas especiais nas empresas que prestam serviço ao Estado. De imediato, foram geradas 600 vagas de emprego. A previsão é de que em três ou quatro anos, três mil postos sejam abertos. Outra ação destacada por Ricardo Paiva foi a criação do CEAC - Centro de Estudos Avançados. Coordenado pelo ex-presidente do Cremepe, Jurandir Brayner, sua principal meta é promover estudos e ações voltados para as questões sociais. Um dos primeiros trabalhos do Centro foi dar

chegar mais junto da sociedade, a atual gestão criou ainda a Ouvidoria um canal de do Cremepe, comunicação aberto para receber críticas, sugestões e denúncias sobre as atividades do Conselho. Além do serviço, também foi disponibilizado um portal na internet. "Nosso site é apontado hoje como um dos melhores nesse segmento. Qualquer pessoa pode entrar e acessar a biblioteca, por exemplo, e estabelecer um link direto com uma bibliotecária profissional", enfatizou Paiva. Através do portal, também é possível acompanhar todas as prestações de contas da instituição. Outra ação desenvolvida na área de comunicação foi a criação da revista Movimento Médico. "Fizemos uma pesquisa qualitativa com os médicos e obtivemos índices superiores a 95% de aprovação da nova publicação", comemorou Ricardo Paiva. O programa de televisão do Conselho também foi reformulado e ganhou um novo nome. "O atual Cremepe no Ar é mais factual e informativo; nossa meta é trazer assuntos novos e temas interessantes e atuais", finalizou Paiva.

* Nathalia Duprat é jornalista

Movimento MédiCO 5


spaço Ciência

Um gar para aprender se divertindo Maior museu interativo a céu aberto do País oferece uma viagem pelo terrlpo Etiene Bahé*

arque de dinossauros, si­ mulador de vulcão e ter­ remoto, réplica de foguete e até um giroscópio es­ pacial, simulador de gravidade que é utilizado nos treinamentos dos astro­ nautas. Uma verdadeira viagem no tempo e na ciência. Tudo no meio do agito da cidade grande. Que lugar é esse? Estamos falando do maior mu­ seu interativo a céu aberto do Brasil, o Espaço Ciência, localizado em uma privilegiada área, dentro do Parque Memorial Arcoverde, entre Recife e Olinda. São 120 mil m2 de divertidos experimentos voltados ao estudo científico. Este ano foi transformado num centro com múltiplas facilidades educacionais e uma ampla área de vi­ sitação, com mais de 100 experi­ mentos interativos, modernas expo­ sições e novas instalações para labora­ tórios de ensino (matemática, nsica, química, biologia e informática/ro­ bótica/mecatrônica). Um investimen­ to de R$13 milhões. A obra teve inicio há dois anos e foi patrocinada pela Vitae, Ministério de Ciência e Tec­ nologia, Governo do Estado de Per­ nambuco e outros parceiros.

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6 Movimento Médico

Com a conclusão das obras do Plano de Expansão, o lugar tem agora capacidade de atender anualmente cerca de 300 mil visitantes, cinco vezes mais que o de costume. O novo ce­ nário é composto pelo Pavilhão de Exposições, porta de entrada aos visitantes, a Trilha da Descoberta ­ organizada em cinco áreas temáticas que tratam a ciência de forma inter­ disciplinar: Água, Movimento, Per­ cepção, Terra e E spaço - a Trilha Ecológica (incluindo o Manguezal Chico Science) e o Centro Educa­ cional. Além disso, o museu ganhou um estacionamento com capacidade para 20 ônibus e 200 carros, além de uma loja onde são vendidos produtos cien tíficos. O Centro Educacional conta com cinco laboratórios (física, química, biologia, matemática e informá­ tica/mecatrônica/robótica) e um Audi­ tório com capacidade para 175 pessoas, onde acontecem freqüentemente palestras e exibição de peças teatrais. A Trilha Ecológica pode ser feita a bordo de um pequeno barco através do Manguezal Chico Science, que existe dentro do Espaço Ciência, cujo formato é similar ao mapa do Brasil.

"Esse é sem dúvida um diferencial do museu. Em meio à agitação da ave­ nida Agamenon Magalhães existe esse paraíso ecológico em excelente estado de conservação", disse orgulhoso O diretor do Espaço Ciência, Antônio Carlos Pavão. O passeio de barco é acompa­ nhado por monitores treinados para explicar tudo sobre o ambiente. O percurso dura 30 minutos. O Manguezal Chico Science é utilizado como laboratório didático para atividades de pesquisa e cons­


cientização ambiental. Já na Trilha da Descoberta, os visitantes podem aprender tudo sobre o funcionamento de uma hidroelétrica, conhecer um modelo gigante de molécula de água, andar de bicicleta numa corda bamba, usar balanços, gangorras e carrossel para entender as forças da natureza, crescer, emagTecer ou até se ver de pernas pro ar em espelhos especiais. Há ainda sessões periódicas no Pla­ netário, equipado com um projetor, onde o visitante pode conhecer melhor sobre planetas, estrelas, galáxias.

No Pavilhão de Exposições intera­ tivas, a área de alta voltagem e o cara­ col de ótica são as grandes atrações. Ainda fazem parte da estrutura do Espaço Ciência os Observatórios Astronômicos da Torre Malakoff, no Recife Antigo, e do Alto da Sé, em Olinda - este restaurado recentemente - onde é possível, com a utilização de modernos telescópios, realizar pesqui­ sas e observações astronômicas.

SOCIAL - Com a intenção de di­ vulgar a produção científica nas es­

colas, capacitar professores e envolver comunidades, tratando de temas atua­ lizados em ciências, tecnologia e meio ambiente, o Espaço promove eventos, cursos, oficinas, feiras e encontros de Clencias em escolas, shoppings, universidades, parques, hospitais e até nas ruas. Com o Ciência Móvel, um ônibus equipado com experimentos interativos, telescópios e um planetário inflável, tornou-se possível levar o Espaço Ciência para incrementar os tradicionais encontros científicos reali­ zados no interior do Estado. Movimento Médico 7


Os projetos sociais Clicidadão Informática, Meio Ambiente e Ci­ dadania oferecem cursos profissio­ nalizantes e ações de preservação ambiental; Mundo Mangue capacita adolescentes para atuarem como sensibilizadores e multiplicadores das questões sobre a importância da con­ servação ambiental; Jardim da Ciência oferece ações em jardinagem e botâ­ nica para capacitação de jovens de comunidades e da rede pública de en­ sino; e a Ciência Jovem, feira estadual de ciências, são algumas das ativjdades desenvolvjdas. "O objetivo do Espaço Ciência é contribuir para o fortalecimento do saber científico, histórico e univer­ salmente acumulado, através do estí­ mulo à curiosidade científica - dar resposta e gerar indagação, da popu­ larização de informações significativas de ciência e tecnologia, do destaque à cultura e do respeito à natureza. Oferecer um espaço prazeroso de aquisição de conhecimentos é o nosso lema", e>..'"j)lica Pavão.

Histórico idéia do Espaço Ciência surgiu há 12 anos, através de profes­ sores que defendiam a universidade dentro de um contexto social, comu­ nitário e coletivo. Assim que o pro­ jeto foi aprovado, passou a pertencer a então Secretaria de Ciência Tecno­ logia (atual Sectma), em convênio com as Secretarias de Educação, Cultura e Esportes e a Secretaria de Indústria Comércio e Turismo. Só em 2004, tornou-se um museu interativo de ciências. Localizado no bairro das Graças, o museu ocupava uma área de 2.500m 2 que abrigava um núcleo principal, com aproxima­ damente 700m2 , e vários anexos, pro­ jetados para abrigar os diferentes

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Antônio Carlos Pavão, diretor do Espaço Ciência

O Espaço Ciência é vinculado à Se­ cretaria de Ciências, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco (Sectma) e mantido pelo Governo do Estado. Outra fonte de renda está na realização de projetos destinados a vários órgãos, além da arrecadação de ingressos e do

aluguel de peças teatrais, do auditório, e do próprio parque para a realização de eventos. O museu está aberto de segunda à sexta, das 8h às 17h e aos sábados e domingos, das 14h às 17h.

programas previstos, tais como expo­ sições e feiras de ciências. O Espaço Ciência foi idealizado para abrigar uma área para crianças, brinquedo­ teca, oficinas de eletricidade, eletrô­ nica e mecânica, uma central de equi­ pamentos, um auditório e um espaço verde. A partir de 1995, o lugar trans­ formou-se numa Diretoria Executiva da Secretaria de Ciência Tecnologia e Meio Ambiente (SECTMA) do Governo Estadual. Desde então, o museu ocupa uma área privilegiada entre as cidades de Recife e Olinda. Em 2005, foi totalmente reformado e ampliado. Reabriu suas portas no mês de outubro com capacidade instalada para receber 300 mil pessoas por ano.

SERViÇO:

• Etiene Bahé é jornalista

Espaço Ciência

Aberto de segundo o sexto, dos 8h às I 7h e aos sóbados e domingos, dos 14h às 17h. Ingresso: R$5,00 - inteira e R$2,50 - meia R$2,50 para família (cada) Entrado franco poro professores de escola público Passeio de borco: R$ 2,00 Planetório: R$ 2,00 Giroscópio: R$ 2,00 Endereço: Complexo Salgadinho s/n - Porque 2 - CEP 531 I 1-970 Olinda-PE Endereço eletrônico: www.espacociencio.pe.gov.br


XI Feira de Ciência Jovem atrai 5 mil visitantes erca de cinco mil pessoas visi­ taram a XI Feira Estadual de Ciência Jovem realizada pelo Espaço Ciência, em parceria com a SECTMA (Secretaria de Ciência Tecnologia e Meio Ambiente), MEC (Ministério da Educação), Facepe (Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambu­ co) e Chesf (Companhia Hidro Elé­ trica do São Francisco), entre outras tantas instituições, nos dias 24 e 25 de novembro, de 2005. A Ciência Jovem destaca-se como uma importante estratégia de valoriza­ ção e estímulo à educação científica nas escolas, bem como na identificação de talentos. Para a coordenadora, pro­ fessora Madalena Duarte, o principal objetivo da feira é "contribuir para a melhoria do processo de ensino­ aprendizagem em ciências, estimulan­ do nos alunos e professores das redes de ensino particular, municipal e esta­ dual, o interesse pela pesquisa cientí­ fica". Segundo ela, este é o primeiro ano que a feira é regional. ''A vantagem em ser regional é que os seus vencedores poderão participar de feiras nacionais e até internacionais a exemplo da ISEF (Feira Interna­ cional de Ciências e Engenharia), pro­ movida pela Intel, em abril deste ano, caso nossos meninos vençam também a Mostratec ou a Febrace", explicou. A professora diz ainda que a Ciência Jovem, além de ser considerada a maior feira de ciências de Pernam­ buco, é a única do Brasil, na classe, que tem a categoria Iniciação à Pes­ quisa para alunos de educação infantil e de 1a à 4a séries do ensino fill1­ damental.

nhece1; Conhecer para ValOriza1' exibido pelos professores da escola Pe. Ma­ noel de Paiva Melo, venceu a cate­ goria Educação Científica. Os campe­ ões foram recompensados com R$l

mil.

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No evento, 120 trabalhos foram ex­ postos por alunos de 109 escolas da rede pública e particular, e professores de 23 escolas. Na categoria Iniciação à Pesquisa para alunos de educação in­ fantil, o Colégio Apoio saiu vencedor com o projeto Com a Palma da Mão, recebendo como prêmio material didático. A Babymel Escola Ltda. rece­ beu menção honrosa com o seu projeto Animais Marinhos. A escola Arco-Íris, com o projeto De Virose a Pandemia: Uma Questão Social?, venceu a categoria Divulgação Científica para ensino hmdamental, sendo contemplada com passagens para representar o nordeste na 58 a Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), que acontece em Florianópolis, no mês de julho. O encontro terá como tema SBPC&T Semeando Interdisciplinaridade. Já os alunos de ensi.no médio do Colégio Estadual Governador Walde­ mar Alcântara e do Colégio Pio XII foram os campeões das categorias: Desenvolvimento Tecnológico e In­ centivo à Pesquisa. O primeiro, com o trabalho Pn!iel.o G3, faturou passagens para Mostratec, Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia, em Porto Alegre, em novembro. E o segundo, com o projeto Biodiesel - Energia do Futuro, foi contemplado com passagens para Febrace, Feira Bra­ sileira de Ciência e Engenharia, que acontece em março deste ano. O projeto Caatinga, Estudar para Co­

O público também saiu premiado do evento. Jadson José de Andrade, estudante da 4a série primária, do Educandário Paraíso, escola localiza­ da no bairro Dois Unidos, no Recife, visitou a feira acompanhado pela pro­ fessora Denise Rodrigues, que co­ mandou um grupo de 110 alunos du­ rante a excursão pela Ciência Jovem. "O que eu mais gostei na feira foi da bola que toquei e meu cabelo ficou em pé", disse emocionado. A bola a que J adson se refere é o gerador eletros­ tático Van der GraafE Outro momento de emoção para Jadson durante sua estada no Espaço Ciência foi assistir ao lançamento de um foguete e ser o primeiro aluno a encontrá-lo no pátio, após sua queda. "O foguete voou para o céu na minha frente. Depois vi quando co­ meçou a descer. Saí correndo até con­ seguir pegá-lo. Eu fui o primeiro alu­ no a chegar perti.nho dele", come­ mora. O foguete lançado ao ar no parque do Espaço Ciência é uma réplica de 30 centímetros do modelo Sonda II, segundo seu fabricante Roberto de Andrade. Os visitantes da Ciência Jovem também puderam participar de oficinas de biologia, matemática, fisica, química e infor­ mática. Além de várias atividades culturais no hall do Centro Educacio­ nal e ao longo de todo o parque do Espaço Ciência (incluindo a peça Odeio htsel.os, dos alunos do Projeto Mundo Mangue, e a peça Olhando as estrelas do grupo teatral de monitores do Espaço Ciência). Os interessados em confeccionar foguetes podem se inscrever nas oficinas. As inscrições custam R$10,OO. Informações no Espaço Ciências.(EB) Movimento Médico 9


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''A Fachada do prédio localizado numa área de grande valor histórico e arquitetônico

Gabinete ortuguês de Leitu a A imponência de um lugar onde Brasil e Portugal fazem história 10 Movimento Médico

verdade é que, naque­ le tempo, meados do século XIX, a maioria dos jovens portu­ gueses que vinham ao Recife era ori­ ginária das aldeias; muitos chegavam aqui analfabetos e desinformados, em busca de melhores condições de vida. Os que já haviam conseguido urna boa posição, sentindo-se responsáveis pelos outros, tiveram então a idéia de criar um local onde todos pudessem se encontrar para trocar informações sobre as famílias que haviam ficado em Portugal, receber cartas e ler jornais e livros portugueses" . Foi assim que, segundo seu atual presidente, Dr. Antônio da Costa Martins, nasceu o Gabinete Portu­ guês de Leitura, apontado como a primeira biblioteca pública da cidade e um dos centros culturais mais im­ portantes do Recife. Desde sua fun­ dação até os dias atuais, a credibi­ lidade e imponência da instituição continuam atraindo dezenas de visi­ tantes interessados na herança cul­


Biblioteca do Gabinete conta com mais de 80 mil exemplares, entre eles, livros e publicações raras Or. Augusto da Costa Martins, atual presidente do Gabinete

tural que permanece viva em todos os espaços do imenso casarão da Rua do Imperador. Idealizado inicialmente por Mi­ guel José Alves, o Gabinete Por­ tuguês de Leitura foi fundado pelo médico e jornalista João Vicente Martins (seu primeiro presidente), no dia 3 de novembro de 1850, ainda em sua primitiva sede na Rua da Cadeia Velha (atual Marqu ês de Olinda), no Recife Antigo. De lá, a instituição - que oficialmente só pas­ sou a funcionar em 15 de agosto de 1851 - mudou-se para a Rua do Imperador, onde hoje está instalada a Secretaria da Fazenda. Em 1909, com a aquisição de um terreno na mesma rua, na esquina com a Si­ queira de Campos, teve iIÚcio a cons­ trução do majestoso prédio que, por conta de um incêndio sofrido ainda no início das obras, só abriu as portas em 1927 e permanece em funcio­ namento até hoje. A história do Gabinete é marcada pela importância que sempre exerceu

no circuito cultural da cidade. "Du­ rante muitos anos, foi ponto de visita obrigatória de todas as autoridades que vinham ao Recife. Por lá, passa­ ram personalidades como os escritores Feliciano Castilho, Camilo Castelo Branco, Machado de Assis e Antero Quental; o ex-presidente de Portugal Craveiro Lopes e o ex-presidente do Brasil, Juscelino Kubtischek", contou Dr. Martins. Foi lá também onde o ilustre pernambucano Gilberto Frey­ re, au tor de Casa-Grande & Senzala, defendeu sua tese. Jordão Emeren­ ciano, jornalista e escritor membro da Academia Pernambucana de Letras, também faz parte da tradição do Gabinete: quando morreu, deixou to­ da a sua biblioteca à instituição, que nomeou uma sala com seu nome.

ACERVO - Quando o Gabinete Português de Leitura foi fundado, to­ do seu acervo literário cabia em uma pequena estante de madeira. Em 1880, já existiam 11.622 exemplares catalogados. Hoje a instituição possui

mais de 80 mil livros, em sua maioria voltados à literatura, aos estudos da raiz da lingua portuguesa e à história do país, além de jornais e revistas dis­ pOIÚveis à pesquisa dos visitantes ­ principalmente alunos do 2° grau. Entre os livros mais raros do acer­ vo, estão as coleções antigas referentes às épocas do descobrimento e da inde­ pendência, além de diversos exempla­ res dos séculos XVII, XVIII e XIX. Há ainda produções de valor inesti­ mável como uma edição de Os Lusía­ das de Camões datada de 1850 e 20 páginas manuscritas de A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, doadas por seu filho.

SERViÇOS - Atualmente a insti­ tuição está envolvida em diversas ati­ vidades; além de abrir regularmente para visitas de estudantes (Escola no Gabinete), edita livros (o último, O Brasil Restaurado, foi lançado recente­ mente; trata-se de uma coletânea com todo o material publicado na imprensa local sobre a Restauração PernamMovimento Médico I I


bucana) e a revista cultural Encontro ­ publicada anualmente e distribuída em universidades, bibliotecas e centros culturais de todo o mundo. O Gabinete Português de Leitura também realiza o Festival de Corais, o Encontro dos Poetas (duas vezes por mês há uma reunião para recitar e debater poesia), a comemoração do Dia de Camões e eventuais con­ cursos literários. Dentro de sua proposta cultural, ainda disponibiliza uma sala de cine-teatro para 122 pessoas onde são exibidos filmes educativos e documentários e uma sala de exposições de artes plásticas. Todas as atividades são gratuitas.

No acervo hã coleções antigas referentes às épocas do descobrimento e da independência

12 Movimento Médico

REFORMAS - Administrado pelo Dr. Antônio da Costa Martins desde 2001, o Gabinete Português de Lei­ tura passa hoje por diversas modifi­ cações. A mais importante delas foi a aquisição do prédio vizinho, onde funcionava o Hotel Recife. Lá serão instaladas as salas de pesquisa e

consulta, a sala de cursos, o salão de eventos e a administração. O antigo prédio também está sen­ do reformado. As obras devem ser concluídas em dois anos. Quando o novo Gabinete estiver pronto, será re­ incluído definitivamente no roteiro tu­ rístico pernambucano. "A idéia é trans­ formar o local em uma grande sala de histórias, quase um museu. Queremos funcionar como um pólo de cultura; mostrar o Recife aos visitantes e contar a contribuição da comunidade por­ tuguesa no desenvolvimento da cidade e do pais", explicou Dr. Martins. Há planos ainda para informati­ zação do acervo e criação de um banco de dados para ser disponibilizado na internet. A instituição merecia essa re­ novação. Há mais de cem anos forta­ lecendo a cultura luso-brasileira no Estado, o Gabinete Português de Lei­ tura precisava de um novo gás para se manter firme em sua missão cultural. A população agradece. (ND)


Além de Pernambuco, o Gabinete Português de Leitura também estó presente na Bahia e no Rio de Janeiro. As três unidades são independentes e não possuem vínculos formais entre si. Entretanto, por iniciativa do Dr. Antônio da Costa Martins, os três presidentes promoveram um encontro, em 2002, no Rio de Janeiro. Desde entõo, mantêm contoto regular e estabeleceram algumas metas no sentido de unificar as decisões dos gabinetes; uma delas foi incentivar a aproximaçõo com as universidades e oferecer cursos voltados para a raiz da língua portuguesa. "Esperamos que assim os estudantes do nível superior passem também a se

interessar por nossas atividades e ajudem na solidificação da nossa cultura", finalizou Martins. SERViÇO:

Gabinete Português de Leitura Rua do Imperador, 290, Santo Antônio - Recife Fone: (81) 3224.2593 De segunda a sexta-feira, das 8h-12h/ 13h-1 7h Entrada Gratuita

Movimento Médico 13


I

CIENTÍFICA

I

Cerimônia

de cremação,

às margens

do rio Ganges,

na índia

Sobre o Mal de Hansen

Doença milenar continua a atingir países que sofrem de altos índices de pobreza, a exernplo da índia e do Brasil Mecciene Mendes*

14 Movimento Médico

Hanseníase ou Mal de Hansen (MH), doença milenar, a primeira a qual atribuiu-se um agente infeccioso como causador, adentrou o novo milênio como uma das principais preocupações e desa­ fios do governo que finalmente tem sinalizado para uma priorização, de fato, do problema. No Continente Asiático, Africano e Sul-americano, persiste como uma mazela, que po­ de representar a situação de extrema pobreza, miséria e descaso ao qual pode ser submetid a uma popu lação. Caracteriza-se por apresentar com­ portamento crônico e tem cura . Não leva à morte, podendo resultar, po­

A

rém, em seqüelas físicas incapa­ citantes principalmente em decor­ rência do diagnóstico tardio, tendo em vista o tropismo do bacilo, o Mycobacterium leprae, por nervos perifé ricos, bem como por pele. De igual relevância e, irreparáveis, são as cicatrizes geradas pelo estigma e preconceito decorrentes da desin­ forma ção, percebida em todos os níveis SOCIaiS. Ainda no que diz respeito à mag­ nitude do problema, podemos ob­ servar que países com maiores ín­ dices de prevalência destacam -se também por altos índices de pobre­ za, e são eles: Índia, Brasil, Moçam­ bique, Myanmar, Nepal e Mada­


"Nosso país de proporções gigantescas acord a lentamente para o problema e percebe que em áreas onde se tra balha em regime de maior alerta os números da doença são cada vez maiores, a exemplo da cidade do Recife"

gascar. Eles detêm mais que 80% da incidência e prevalência da MH no mundo. A doença comumente ma­ nifesta-se em número menor do que 10% de uma população em decor­ rência de fator de resistência natural, geneticamente determinado. Porém, fatores nutricionais e a exposição em ambientes de grandes aglomerados, onde se encontra o maior número de casos (situação comum na periferia dos grandes centros urbanos) constitui-se em determinantes sociais da doença. Motivo de indignação diz respeito à problemática da MH na infância, significando exposição precocemente na vida, com manifestação clínica em menores de 15 anos (em áreas com altos índices de infectiv:idade, em decorrência da prevalência oculta). No que diz respeito à repre­ sentação social e desinformação, ob­ serva-se comumente pessoas diag­ nosticadas tardiamente, por não te­ rem sido oportunamente esclare­ cidas sobre manchas suspeitas, apontadas como outras doenças, como a Pitiríase Versicolor, manchas secundárias à exposição solar, resi­ duais, eczemátides ou outras.

No Brasil, anualmente são regis­ trados números maiores que 40.000 novos casos. Regiões com situação considerada já controlada do ponto de vista da saúde pública, como o Rio Grande do Sul, voltam a ser motivo de preocupação por parte das autoridades. Nosso país de proporções gigantescas acorda len­ tamente para o problema e percebe que em áreas onde se trabalha em regime de maior alerta os números são cada vez maiores, a exemplo do Município do Recife, um dos 740 Municípios brasileiros prioritários, ou hiperendêmicos (acima de 4,5 pessoas atingidas /1 O.OOOhab), que devem atuar com diagnóstico ativo ou busca ativa de pessoas por­ tadoras da doença (MH). Esta foi a cidade com maior número de casos diagnosticados no País no ano de 2004, como resul­ tado do trabalho de busca ativa de pessoas com sinais e sintomas da doença no intervalo entre 2002 e 2005, quando se conseguiu atingir número maior que 1.100 casos diagnosticados, cerca de 15 % em menores de 15 anos. O resultado deixa bastante clara a necessidade

de maior empenho, objetivando O diagnóstico precoce, com redução das chances de seqüela e da pre­ valência oculta da doença. O suprimento de medicações é fornecido pela Organização Pan­ americana da Saúde (OPAS) e Organização Mundial de Saúde (OMS). A necessidade de atenção integral, princípio do Sistema Ú ni­ co de Saúde (SUS), é de fundamen­ tal importância na humanização do tratamento, assim como a imple­ mentação de políticas públicas no setor saúde que considerem o comportamento epidemiológico nas diferentes regiões do País e uma mobilização social. O envolvi­ mento do Movimento de Rein­ tegração das pessoas atingidas pela Hanseníase (MORHAN) e de todas as categorias profissionais nos diferentes setores, especialmente da saúde e educação, também são de fundamental importância na con­ quista dos direitos de cidadania e na formação de rede de solidariedade para enfrentamento do agravo.

'*'

Mecciene Mendes é dermatologista

Movimento Médico IS


, ,

CREMEPE

Durante a cerimônia, Ricardo Paiva falou sobre as desigualdades sociais

Presidente do Cremepe recebe

título de Cidadão Pernambucano

presidente do Conselho Regional de Medicina, Ricardo Paiva, recebeu o título de cidadão per­ nambucano na Assembléia Legisla­ tiva, em outubro do ano passado. A iniciativa foi do deputado Sebastião Oliveira (PL). Ele ressaltou que o médico Ricardo Paiva, cearense de Fortaleza, sempre se destacou por sua dedicação aos pacientes e por sua atuação nas causas sociais. Após passar um período em São Paulo, em 1970, Paiva veio para o Re­ cife, onde se estabeleceu com a família. Além disso, foi médico residente do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HOUC) e se especializou em car­ diologia e clínica médica. Entre os anos 1987 e 1990, tor­ nou-se diretor do HOUC na gestão

O

16 Movimento Médico

do reitor Othon Bastos, durante o 2° governo Miguel Arraes. Na área cardiológica, foi Fundador da Coope­ rativa dos Cardiologistas de Pernam­ buco, reconhecida pela SBC ­ Sociedade Brasileira de Cardiologia. Também atuou como membro da co­ missão de Defesa Profissional e Legislação da SBC, entre 1991 e 1999, como diretor do IMIP - onde atualmente faz parte do conselho. Além disso, o homenageado presidiu o Sindicato dos Médicos de Pernam buco (por dois mandatos), a Federação N orte/ Nordeste dos Médicos e a Confederação dos Médicos do Brasil. Em 2003, foi eleito presidente do Cremepe. Em seu discurso, Ricardo Paiva salientou o orgulho em ter oficiali­ zado a cidadania pernambucana, já

que são 34 anos morando no Estado. Ele disse ainda que o mundo deve unir forças para enfrentar as difi­ culdades do dia-a-dia. E citou fatos inaceitáveis como pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza; outras vivendo com menos de um salário mínimo; cerca de 80% da população dependendo do Sistema Único de Saúde (SUS); e, o mais assustador de todos, um total de 50.000.000 de pessoas com fome. Entre os dados relatados pelo homenageado, constou ainda a prosti­ tuição infantil. "Em mil dos cinco mil municípios brasileiros há pontos de prostitução infantil". Após o recebimento do título, Paiva participou de um coquetel no Médicos de Sindicato dos Pernambuco.


A c:.yberfobia e suas implicações no mundo real ,

Patrícia Silva*

bastante oportuno fãlarmos de cybertobia no mundo moderno e real em que vivemos, em plena socie­ dade conectada a informações e sem fronteiras.

E

A palavra cybertobia vem de duas expressões familiares ao nosso dia a dia: cyber, adjetivo em inglês, vem de cibernética, ciência que estuda as co­ municações entre seres vivos e as má­ quinas; fobia é a aversão, medo a algu­ ma coisa. A cybertobia é então a aversão que o indivíduo tem com relação ao manuseio de computa­ dores, seja essa interação de maneira profissional (no consultório médico), ou até mesmo social (utilização de e­ mails e salas de bate-papo). A cybertobia é uma dificuldade que deve, e já o é objeto de maiores estudos na área de saúde, pois provoca sofrimento e sentimento de incapa­ cidade em quem o experimenta. Não pensem que esse é um mal que assola os países de terceiro mundo, pelo contrálio, BilJ Cates (1995), em seu livro A estrada do futuro, já fazia menção que as escolas primárias e secundárias amencanas estavam muito abaLxo no que concerne ao acesso às novas tecnologias de informação. Em uma pesquisa realizada pela Dell Computer, empresa americana de computadores, em 1994, mostrou que 55% das pessoas entrevistadas possuíam algum medo a COIsas relacionadas à tecnologia. Não se pode negar que os com­ putadores trouxeram inúmeros bene­ ficios para o homem, dos quais o prin­ cipal foi tornar o trabalho mais fácil e

mais produtivo. A área de saúde foi beneficiada em investimentos de tecnologia de informação, através dos sites de internet, mas de nada adianta se o principal favorecido não usufruir desses recursos. Mencionam-se em estudos que a forma correta de tratar tal fobia seria expor o paciente gradativamente ao objeto de aversão, fazê-lo entender que, na interação homem-máq uina, não é necessano conhecimento aprofundado em computadores. Os profissionais da informação devem ser mediadores entre o mundo digital e a capacidade real de entendimento do receptor da informação, garantindo a efetiva comunicação e a satisfação da necessidade informacional do usuá rio dessa tecnologia. A biblioteca pode e deve ter sua função e espaço ampliado pelo dinamismo do proftssional bibliotecário, seja como orientador no uso da tecnologia de informação, seja como executor da pesquisa. • Bibliotecária do Conselho Regional de Me­

didna de Pemambuco - Cremepe.

Especialista em Gestão de Sistemas de In­ formação pela UFRN

Cremepe com novo portal na Web

O

Cremepe lançou em outubro sua nova página na web. Desen­ volvido pela 2DVirtual, o portal traz informações e serviços inéditos entre os conselhos de medicina do país. No canal de comunicação, o médi ·0 pode ter acesso à biblioteca, tirar dúvidas on-line dentro dos servi.ços oferecidos pela entidade e pesquisar assuntos na área médica. O profissional, além de poder im­ primir 2a via de boleto da anuidade e atualizar cadastro, também pode soli­ citar legislações do Conselho Federal, Regional e lVlinistério da Saúde. Está sendo finalizado um sistema de pes­ quisa pública que contenha todo o acervo de livros, vídeos, pareceres e resoluções. A Revista Movimento Médico, que reúne notícais das entidades mé­ dicas de Pernambuco, também pode ser vista na versão on line. O site tam­ bém oferece, no link Institucional, informações sobre a entidade, como diretolia, agenda, uvidoria, Centro de Estudos, delegacias, convênio" comissões e câmaras técnicas. No link Ctipping, a assessoria de imprensa do Cremepe divuló-a notí­ cias de saúde, agenda de eventos e lança diariamente a c1ipagem eletrô­ nica das notícias na área de saúde d s jornais locais e da NJllza de S. Paulo. Na seção de -'ulturd e Diversão, o visitante pode ver as programações de shows, cinema, teatro, bares e restaurantes. A página do Cremepe também oferece à população um serviço onde pode ser feita busca para localizar médicos e ofertas de empregos. Con­ fira todas essas novidades acessando \NWvv.cremepe. r r.!Jr. • Da $sessoria de Irnl'rcn~a do Crcmtpt:

Movimento Médico 17


I

Etica social

é tema de seminário

Evento contou com a participação de diversas entidades,

como o Simepe, a Amepe e o MST

Carla Leão*

O

Conselho Regional de Mecina de Pernambuco realizou, em novembro do ano passado, a I Jornada de Ética Social, no auditório da Asso­ ciação Médica de Pernambuco (Ame­ pe). O evento, que aconteceu durante todo o dia, tratou de ética social nos âmbitos econômicos, políticos, religio­ sos, direitos humanos e reforma agrá­ ria. Pela manhã, o presidente do Sin­ dicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), André Longo, presidiu a mesa de debate, que foi composta pela professora e economista Tânia Ba­ celar, pelo cientista politico, Michel Zaidan, e pelo coordenador geral da Superintendência Estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência, Manoel Aguiar. Tânia Bacellar defendeu o combate a desigualdade através das políticas públicas do Estado e do investimento das empresas privadas em responsabi­ lidade social. Para ela a, sociedade civil deve lutar pelos seus direitos. A eco­ nomista também mostrou que o Brasil sofre com a desigualdade devido a algumas heranças trazidas da escra­ vidão e das restrições para políticas 18 Movimento MédiCO

SOCIaIS. Michel Zaidan deu liúcio ao seu debate conceituando o que vem a ser Ética. uÉ a ciência da moral", expli­ cou. Zaidan também fez fortes críticas ao governo federal que, segundo ele, não consegue sustentar uma política justa para os mais necessitados, por pura falta de organização. No intervalo foram exibidos os videos Violênáa e Estratégias de Paz, da Ação Comunitária Caranguejo Uçá, em parceria com o Centro Josué de Castro, mostrando a realidade das pe­ riferias do Recife e M enina Abusada, do gTUpO Roda Mundo, contra o abu­ so e a exploração sexual de crianças e adolescentes. Na parte da tarde, os debates foram coordenados pelo presidente do Cremepe, Ricardo Paiva. O primeiro palestrante foi Lama Padma Santem, que abordou o tema Ética Social e transformação interior. Em sua palestra, Santem salientou que as pessoas estão completamente dependentes de tecnologias. Para o budista, para que haja transformação interior é preciso que o homem tenha a sua liberdade respeitada. Em se­

guida, o coordenador do Movi­ mento dos Sem Terra (MST), Jaime Amorim, falou sobre a perda das características camponesas. Segundo ele, existe a necessidade de uma re­ construção da cultura. Amorim tam­ bém defendeu a importância da reforma agrária para os camponeses. O ator e presidente do Movimento Humanos Direitos (MHUD), Mar­ cos \iVinter, deu início ao seu ponto de vista sobre direitos humanos e ética social de forma irônica, perguntando se havia algum represe nte do estado assistindo àJornada. Segundo Winter, os governantes (Pernambuco, Recife e Região Metropolitana) que foram convidados mas não compareceram, nem mandaram representação, deve­ riam ser mais participativos em dis­ cussões sociais e acompanhar de perto todas as dificuldades por que passam as pessoas carentes. () encerramento foi feito por Ricardo Paiva, que disse que o ser humano deve ser menos vaidoso e mais solidário. *Da Assessoria de Imprensa do Cremepe


Novo espaço no mercado de trabalho Governador assinou decreto junto a representantes de entidades

s pessoas portadoras de deficiência terão mais opor­ twudade de trabalho. Em setembro passado, o Governador de Pernam­ buco, Jarbas Vasconcelos, assinou um decreto pioneiro no Brasil. O decreto nO 28.379 determina que os órgãos pú­ blicos devem disponibilizar 10% de va­ gas de estágios para portadores de deficiência. Para Ricardo Paiva, a iniciativa do governador eleva a auto-estima das pessoas devido à oportunidade profissional que está sendo dada a elas. "É necessário que haja o esforço de toda a sociedade e da imprensa para que as prefeituras pernambucanas e os

A

outros tomem a mesma iniciativa", ressaltou. Segundo Manoel Aguiar, os deficientes que querem ter espaço no mercado de trabalho já são tachados de incapazes pela empresa. As quotas de oferta de empregos nas empresas contratadas pelo Go­ verno para prestar serviço de mão-de­ obra terceirizada está sendo feita de forma crescente: em setembro de 2005, foram dispcHubilizadas 3% das vagas para os deficientes; em 21 de setembro de 2006, serão mais 6%; e em 2007, o percentual será de 10%. Hoje há uma legislação federal se­ melhante em vigor, dirigida para a ini­ ciativa privada. A lei prevê que as em-

Parecer jurídi Os prontuários só poderão ser entregues obedecidos determinados cautelas que, resumidamente, enumeramos o seguir:

I) Paciente plenamente capaz, que posso exprimir o suo vontade - só o este poderão ser fornecidos os dados constantes dos ficheiros clínicos ou o pessoo devidamente autorizado. 2) PaCientes incapazes - só poderão ser fornecidos os dados às pessoos que exerçam o poder familiar. tutores e/ou curadores, desde que comprovem esta condiçõo através de provo documental.

presas que empre­ garem de 100 a 200 pessoas devem ter pelo menos 2% de funcionários com de­ ficiência em seu quadro. No ato que legi­ timou o decreto, reali­ zado no Palácio do Campo das Prince­ sas, também esteve presente a secretária

de Cidadania e Direitos Humanos, Lígia Leite, que salientou a importância da medida e confirmou que, este ano, a Conferencia Nacional da Pessoa com Deficiência Física acontecerá no Recife. Na ocasião, também estiveram pre­ sentes o vice-governador de Pernam­ buco, Mendonça Frlho, o secretário estadual de Saúde, Gentil Porto, a chefe do Gabinete Civil, Lúcia Pontes, o delegado regional do Trabalho Jorge Perez, o secretário de Justiça e Cidadania, Elias Gomes, e o secretário de Administração, Maurício Romão. O SEAD fica na Rua Siqueira Campos, 304, bairro de Santo Antônio, no centro do Recife. (CL )

Prontuário médico

3) Pacientes falecidos - por analogia, deverá ser aplicado a regra constante do parágrafo único, art 12 do Código Civil Brasileiro, e unicamente possa-das informações ao cônjuge sobre-vivente ou qualquer parente em linho reto ou colateral até o quarto grau. 4) Autoridades judiciários ou policiais - o princípio, somente poderão ser atendidos quando nõo violarem o segredo médico (doto de internação, etc). Coso contrário, o médico, o fúncionário ou o dirigente hospitalar acusoró o recebimento do pedido, mos declinará de

fornecer qualquer dado, alegando impedimento legol e ético. No entanto, coso reste imprescindível à informação constante do ficheiro para o realização do direito, deverá ser aplicada a regra constante do Resolução CFM n. o 1605, de 15 de setembro de 2000. É o parecer. s.m). Roberto lv1elo Fernandes Assessoro Jurídica

Movimento Médico 19


CREMEPE

Entidades criam - st-tuto

para combater a violência

Instituto Antônio Carlos Escobar vai exigir do governo . ­ mais açoes no combate à violência no Recife

A

violência cresce a cada dia em

Pe rnambuco. U m exemplo disso foi o assassinato do psicanalista A ntônio Carlos E scohar que, em um

37 entidades da sociedade civil como

morte do médico está descartada pela

C rea, Cremepe, Simepe, Aduseps,

mobilização, uma vez que cabe à

C lube dos engen heiros, O AB/PE entre outras, criaram um instituto que tem por objetivo mobilizar a

família ingressar na justiça. Ricardo Paiva, presidente do Cre­

população contra a violência, exigir d o Poder )':xecutivo Estadual uma

mepe, propôs ao novo órgão realizar programas na área social e na ed ucação como uma forma de minizar a questão

aconteceu em dezembro passado em

postura mais atuante e apresentar

da violência. lá a coordenadora da

um semáforo no cruzamento da

proposta s de políticas d as ações voltadas para a segura nça. O In stll uto A ntônio C arlos Escobar (IAC E), como foi nomeado, é formado por um fórum que visa cobrar providências do Poder Exe­ cutivo E stad ual para que a violência seja con ti da, além d e denunciar e

Planos c Sistema." de Saúde (Aduseps), Renê Patriota, propôs visitas a comunidades carentes para conhecer de perto a realidade. N o site do C remepe (wvvw.crem 'pc.org.br) estão sendo disponibilizados diversos links para acesso a e tudos realizados sohre a

esclarecer à opinião pública sobre a

violência.

ato de solidariedade, tentou evitar um assalto a duas mulheres que estavam em um carro à frente do seu. O crime

avenida D omingos Ferreira com a rua Pereira da Costa, em Boa Vlagem. O médico encostou com o próprio carro na parte t ira do outro veículo com a intenção de cessar a ação dos bandidos. M 3.s não conseguiu; foi atingido por um únlco tiro que o levou à morte. Antônio C3.rlos Escobar era urna referência na psicanálise. N ascido em São Paulo e criado no Recife, foi

responsabi.lidade das políticas no que

Prêmio - A Diretoria do Conselho

diz respeito à segurança. A iniciativa realizará intervenções,

nivcrsidade h:deral de

como a colocação de oll/doors, que

Pernambuco. Flmdou a Sociedade dos

contenham dados sohre os índices de

formado pela

P sicanalistas do Recife e participou da

violência. "I~lmb~m será feito um

criação da entidade em I<ortaleza e

acompanham.ento

Ar3.caju. à mbérn fazia parte da Sociedade I nternacional de I)sicanálise.

orçamen to

Por causa d esse fa to estarre edor,

20 MOVImento MédiCO

Associação d Defesa dos Usuários de

do

permanente G overn o

para

do a

seguran ça. A possihilid ade de uma ação j ud icial contra

O

E stado pela

Regional de M ed icina aprovou a cna­ ção do prêm io Antônio Carlos Esco­ bar à Solidariedade J·lumana. O prê­ mio vai ser conferido a entidades ou pt:ssoas que se destaquem por atitudes solidárias e será entrgue todos os dias J7 de d zembro, data da trágilil morte do médico e psica nalís a Antônio C arlo. Escohar. (Cf .)


à classe médica e à Notas do Cremepe dos população, agenda médica, entrevistas e notícias. O cenário foi

C__.....,.~

produzido pela produtora Ti'és aras. A produção do progTama está a cargo da IlufTÚara Produções e da Verbo Comu­ nicação. Joane Ferreira é a apresenta­ dora do programa.

Mercado de São José ganha livro histórico

Cremepe realiza a V Feira do Bem

o livro l'vlercado São José - Hisl6ria e

Cultura Popular, de Sinésio Robelto, faz uma homenagem aos 130 anos de vida o Cremepe realizou, nos dias 11 e 12 do Mercado. A obra conta com O de dezembro, no Clube Português, a V patrocínio da Prefeitura e da Fundação Feira do Bem. A feira tem por objetivo de Cultura do Recife. Sinésio Roberto ajudar entidades sociais. No evento nasceu dia 4 de maio de 1935, em foram vendidos produtos de artesanato, Nazaré da Mata. Aos 15 anos veio para roupas, bijuterias, bolsas, velas, per­ o Recife onde começou a trabalhar. Em fumes, entre outros. Além disso, foi 55 anos no comércio, o autor trata montada no local uma praça de ali­ diversas histórias do mercado de São mentação, onde houve apresentação de José. Além disso, a obra busca valorizar cantores locais, grupos de dança, o lado humano em prol do âmbito arqui­ diversas outras atrações e sorteio de tetônico, turistico e comercial da cidade brindes. As instituições que foram do Recife. Sinésio ressalta na obra o beneficiadas: APDCIM - Associação apoio do Cremepe, já que foi o primeiro dos Portadores de Doenças de Chagas; órgão a divulgar os 13 O anos do APEAPE - Associação Pernambucana mercado na edição da revista Amigos do Peito; CACC - Casa de Movimento Médico de maio de 2005 . Apoio à Criança Cardiopata; ClACC ­ A publicação do livro está prevista para Centro Interdisciplinar de Apoio à este semestre. Criança Cardiopata; APAF - Associa­ ção Pernambucana de Apoio aos Doen­ Morre um dos pioneiros tes de Fígado; GAC - Grupo de Ajuda em cirurgia pediátrica no à Criança Carente com Câncer; Progra­ Brasil ma ''Arte na Medicina"; Programa de o médico Frederico Cavalcanti Humanização dus DA's de Medicina. Pinto da Carvalheira morreu no último 3 de agosto. Frederico se formou em Cremepe tem novo medicina pela Faculdade de . (ledicina programa de TV de Pernambuco em 08/ 12/ 1938. o programa de D l do Cremepe Frederico em vida recebeu várias voltou de cara nova pela TV homenagens pelos serviços que prcitlva Universitária. O Cremepe no Ar, que à saúde. Entre eles estão a aposição de antes era chamado de ComJet:çando ((Im o seu nome no bloco cirúrgico do O r:mepe, tem duração de 30 minutos. A Hospital Infantil, Título de AfTÚgo da exibição é feita todas as tl:rças-feiras. Na Criança, conferido pela Sociedade de sua programação, estão assuntos volta­ Cirurgia Pediátrica de Pernambuco, a

ledalha do Recife e a Medalha Jairo ariano, que é uma comenda da Associação Médica Brasileira ( . ME), entidade que foi presidente. CarvaUleira deixa sua esposa Terezinha de J e.sus e mais 8 filhos além dos 19 netos e 17 bisnetos.

Projeto Médico Cultural valoriza a arte

o Projeto Médico Culhlral - Cremepl: 2005 -- realizou no dia 11 de dezembro, um v\brk­ shop com o tema "É Hevo". O evento aconteceu no auditório da Academia Pernambucana de Letrds. Esta foi a última edição do evento em 2005. Os convi­ dados para debater o assunto fo­ ram o maestro Spok (foto) e os médicos e músicos José Maria Pimentel, Fernando Azevedo e Paulo Barreto Campello. O Projeto, que contou com o patrocúlÍo da Caixa Econômica Federal, tem como o~ietivo con­ tribuir para a formação huma­ nística e cultural de médicos, es­ tudantes, fdmiliares e pacientes. O Projeto Médico Cultural do Cremepe é realizado pelo Ceac, o Centro de Estudos Avançados Movimento Médico 21


possível, corrigir distorções e cláusulas leoninas que possam prejudicar os médicos, bem como viabilizar a implantação da Classificação Brasileira de Honorários Médicos - CBHPM, a qual já está com a sua quarta edição no prelo.

E a implantação da CBHPM será concretizada?

ENTREVISTA

Dr. Mário Fernando Lins

A implantação da CBHPM é urna realidade no grupo das empresas da auto-gestão, o grupo Unidas. Es­ tamos envidando esforços no sentido de implantar a CBHPM com outras operadoras, a exemplo da U nimed Recife, haja vista que essa cooperativa já está praticando a CBHPM com um redutor de 20% para consultas médicas, havendo a possibilidade de implantação do mesmo percentual para os honorários em dezembro ou janeiro do próximo ano, conforme foi­ nos comunicado recentemente. Exis­ tem negociações com a GEAP, que também já pratica a consulta pelos valores da CBHPM na sua banda mínima, para ô-..1:ensão do percentual para os procedimentos. Nossa maior dificuldade tem sido a negociação com a medicina de grupo - a ABRAMGE - fato que tem eco em nível nacional. No entanto continua­ mos trabalhando com a premissa de fecharmos acordos que atendam às expectativas dos principais atores envolvidos: usuários, planos de saúde e prestadores. Nacionalmente a Co­ missão Nacional para Implantação da CBHPM - (CNI) está negociando com a FENASEG, que representa as seguradoras - Sul América, Saúde Bradesco, Itaú, Unibanco e AG. Pelo que nos foi repassado, espera-se boas notícias para breve. Em reunião no dia 09/09/05, na cidade de Belém do Pará, com representantes das Comissões Estaduais de Honorários Médicos e membros da Comissão Nacional, ficou acertado um calen­ dário de luta pela implantação da CBHPM em todo o País.

"Nossa profissão necessita

de lei específica"

Chico Carlos* rabalho, compromisso e transparência. Esse é o tri­ nômio que move, no dia­ a-dia, o médico cardiolo­ gista, Mário Fernando Lins, vice-pre­ sidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco e presidente da Comis­ são Estadual de Honorários Médicos. Ele avalia que os desafios são perma­ nentes, todavia, com a conscientização da categoria e a unidade das entidades médicas, os objetivos serão conquis­ tados, principalmente, com a implan­ tação da CBHPM - Classificação Brasileira Hierarquizada de Proce­ dimentos Médicos.

T

Em nível estadual, como está o Movimento pela Dignidade Médica ­ MDM? O MDM em Pernambuco está muito bem. Obteve resultados expres­ 22 MOVimento Médico

sivos como, por exemplo: a contratua­ lização anual com o aval da ANS; o Projeto de Lei 3.466/04 - baseado em Lei Estadual - que tramita no Con­ gresso Nacional em regime de urgên­ cia; a Lei Estadual 12.562/04; o acor­ do com o grupo Unidas; e a conscien­ tização da classe médica no sentido da necessidade de permanecer unida na luta pela recomposição dos seus honorários.

Quais foram OS principais avanços da Comissão Estadual nas negociações com as empresas de Planos e Seguros­ Saúde? No nosso entender, a Comissão Estadual de Honorários Médicos ­ CEHM - vem trabalhando e anali­ sando os contratos a serem assinados pelos médicos com as operadoras de planos de saúde, visando, na medida do


A Lei do Ato Médico é uma necessidade imperiosa para o exercício profissional da categoria? Sem dúvida, a nossa profissão necessita de uma lei específica, a exemplo dos outros profissionais de saúde que já têm suas profissões devidamente regulamentadas . O Projeto de Lei 25/02 está trami­ tando no Congresso Nacional e es peramos para breve a promul­ gação da nossa lei. O Exame de Ordem é uma alternativa viável, ou imposição do Governo Federal, para avaliar os

médicos recém-formados? A nosso ver, o exame de ordem carece de uma melhor avaliação por pal1e das entidades médicas nacionais - Federação Nacional dos M édicos ­ FENAM; Conselho Federal de M edicina - CFM e Associação M é­ dica Brasileira - AMB, das Escolas Médicas, bem como a participação da Associação Nacional do Médicos Residentes - ANMR. Não nos parece ser a melhor alternativa o que está contido no desenho atual. É preciso um debate mais amplo para que a sociedade possa ter acesso aos préstimos de bons profissionais. Talvez esse processo tenha respaldo no movimento pela não abertura de novas escolas médicas e fechamento daquelas instituições que não atendam aos requisitos necessários para a prá­ tica de uma medicina de qualidade. Qual sua opinião sobre a proposta

da FENAM em unificar as lutas dos médicos em nível naáonal? Em nossa visão, é uma proposta interessante. Respeitando-se, é claro, as características e necessidades re­ gionais. Aquilo que for consenso nacional deve, sem dúvida, ser encam­ pado pela FENAM como bandeira de luta em prol dos médicos. * Chico Carlos é jornalista.

De olho na notícia Mais Saúde O Sindicato dos Médicos de Pernambuco, o Sindicato dos Hospitais de Pernambuco, médicos caruaruenses e representantes do Hospital Santa Efigênia participaram de audiência, com a promotora de Justiça de Caruaru, Gilka Miranda. Ela se comprometeu a oficiar a Agência Nacional de Saúde sobre possíveis irregularidades do Plano de Saúde Mais Saúde, atuante naquela cidade. O objetivo foi o de resguardar interesses dos usuários, médicos e prestadores de serviços da área. Acategoria e os representantes do Hospital Santa Efigênia garantiram manter os atendimentos de emergência aos usuários do Mais Saúde, até a solução do problema. Plano de Previdência Firmado convênio com um dos maiores fundos de pensão do País, que paga benefícios pontualmente há mais de 35 anos - a Fundação Petrobrás de Seguridade Social (Petros), para poder oterecer aos médicos sindicalizados uma excelente opção de aposentadoria, a exemplo dos sindicatos dos médicos de São Paulo, Rio Grande do Norte, Paraná e Pará. Os médicos que fazem parte do Simepe já receberam correspondência da Petros com os esclarecimentos necessários para a filiação ao Plano de Previdência Privada. Mais esclarecimentos pelos sites www.simepe.org.br ou www.petros.com.br ou pelo fone: 0800 253545 das 8h às 18h. Produtividade em Jaboatão O presidente do Sindicato dos Médicos, André Longo, esteve reunido com o secretário de Saúde de Jaboatão dos Guararapes, Ulisses Tenório, e os médicos prestadores de serviço a hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Em pauta, a discussão do repasse da produtividade tipo 7, hoje paga indiretamente aos médicos, através dos hospitais. Houve um entendimento no sentido de retornar este pagamento diretamente aos médicos que trabalham nesta modalidade em Jaboatão. A Secretaria de Saúde de Jaboatão vai tomar como referência outros municípios que em gestão plena continuam a repassar os recursos diretamente aos médicos. Médicos peritos empossados A Defensoria Médica do Sindicato dos Médicos de Pernambuco interpôs duas ações judiciais em face de ato ilegal praticado pelo INSS, ao negar posse aos médicos Felipe Coelho Leite e Thyago Correia da Silva, tendo em vista que os mesmos preencheram todos os requisitos legais e formais para a investidura no cargo de perito médico legal. Os pedidos foram deferidos pelos juizes César Arthur Cavalcanti de Carvalho e Nilcéa Maria Barbosa Maggi, da 16" e SaVara Federal, respectivamente. Vale ressaltar que a Lei do Concurso não exigia residência ou título de especialização, mas o Edital, contrariando a Lei, exigiu estes requisitos. Assim, a exigência ilegal foi derrubada e os médicos foram empossados judicialmente. Indenização por dano moral O IV Juizado Especial Cível da Capital em Casa Amarela julgou procedente a ação movida, através da Defensoria Médica/Simepe, em favor do médico José Tenório de Cerqueira Filho contra a Aplub Previdência. A empresa tinha recusado a reno­ vação do plano para recebimento de indenização de renda mensal temporária por invalidez. O juiz Carlos Antônio Alves da Silva julgou procedente o pedido, tendo em vista a abusividade da recisão contratual unilateral e violação do artigo 54 do Código de Defesa do Consumidor (CDC).Além disso, arbitrou uma indenização pelo dano moral no valor de R$ 5 mil. Vale salientar que segurado mantinha uma relação contratual com a Aplub Previdência por mais de nove anos.


SIMEPE

o site que faz sucesso

Portal do Sindicato dos Médicos é referência no Estado e no país

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dos Médicos de Pemambuco

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BOLETIM MÉDICO

Cadastre seu e-ma;1 e Receba nossos Boletins informatillo:

caminho, os ~édicos já conhe­ cem: W\vw.slmepe.org.br. O Portal do Sindicato dos Médicos constitui hoje uma das principais refe­ rências sindicais de Pernambuco e, por que não dizer?, do Pais. Desponta como um dos melhores, destacando­ se não só pelo conteúdo de infor­ mações em defesa da categoria médica, mas pela abrangência de sefVlços. Nos últimos seis anos de Internet, o Portal Simepe adquiriu experiência, conquistou a confiança dos médicos, estudantes de medicina e visitantes, bem como desenvolveu know-how próprio no campo da

O

comunicação digital. Além de ter manutenç ão diária de notícias, os médicos e usuários do Portal Simepe também recebem quatro Boletins Médicos informativos por mês (por e­ mail exclusivo/ pessoal dos usuários cadastrados). Os boletins são remetidos a 2.800 usuários cadastra­ dos; dependendo do mês até, soma-se mais dois ou três publicações especiais. Vale fi-isar que o custo benefício da publicidade on-line sai bem mais em conta que o de outras núdias tradicio­ nais. "Na verdade, a Internet é um importante canal de comunicação, in­ formação, pesquisas e compras para

um universo globalizado de quase 600 milhões de pessoas; um público com alto grau de instrução e elevado poder aquisitivo", frisou o webmaster da Conteúdo Interativo, Milson Marins. Ele acentuou que o volume de ne­ gócios na rede está crescendo e indica que o valor das transações deverá atin­ gir US$ 12,9 trilhões em 2006. No Brasil, o comércio eletrônico deve movimentar US$ 6,5 bilhões. Em outras palavras, a publicidade na internet é eficiente, ativa e interativa, permitindo o acompanhamento estatístico de seu desempenho pelo próprio cliente.

Os números do site

dia a dia e constatamos matematicamente uma média de 8,36 visitas diárias.Não esquecendo que os momentos de maior acesso, são os meses onde era publicado on-line o Jornal do Médico.

principalmente para a classe médica, além de ter sofrido mais uma mudança radical em seu lay-out, tornando-<J mais agradável, intuitivo e facilmente navegável.

2001 - Total de 7.117 visitas. Duplicamos o número de visitas, atingindo uma média diária de 19,5 visitas.

2004 -Total de 21.600 visitantes. OPortal acumulou uma média mensal de 1.800 visitantes por mês, consolidando sua posição como um dos sites mais visitantes pela classe médica no País, tornando-se um sucesso.

1999 -Total de 221 visitas, em apenas quatro meses

de criação. Foi o ano de estréia do site e também o período onde começaram a surgir mais empresas e mais visitas de internautas (de conexões por residências e empresas). A internet só tinha quatro anos - apesar de existir desde 1969, ela não era usada nos padrões técnicos, visuais e tecnológicos que dispomos hoje; só em 1995 é que houve um interesse maior pela internet por vários setores. O Portal do Sirnepe chegou no momento certo, e começava ai a caminhada em busca de um padrão. Era asemente plantada.. 2000 - Total de 3.052 visitas. Em um ano de transformações na Internet, aferimos o site do Simepe

2002 - Total de 9.100 visitas. As mudanças no site foram valiosas. No segundo semestre, assumiu a forma de um Portal. conseguindo um aumento de 27,89% em relação ao ano anterior, atingindo um média de 24,93 visitas diárias. 2003 - Total de 18.460 visitas/o Neste ano, o Portal Simepe assumiu uma forma mais informativa e dinâmica, disponibilizando notícias diversas,

2005 - Total de 24.840 visitantes. Foram acumu­ lados média de 69 visitantes por dia e 2.070 visitas ao mês. A média supera em 15,2% em relação a 2004. Além disso, houve aumento no tempo dos visitantes as páginas do Portal Simepe.


Segundo lVIilson lVIarins, todas as empresas de pequeno, médio e grande portes que já contam com publicações na rede, mas prin­ cipalmente aquelas que trabalham com alta tecnologia ou produtos e serviços de aceitação regional , nacional e internacional. O primeiro retorno de um anúncio on-Iine é a possibilidade de ser visto e acessado na supervia da informação por um número crescente de internautas. Quem não é visto não é lembrado. Ele ressaltou que a visualização esti­ mula a troca de informação entre Funcionários, clientes e empresas com interesses comuns sobre determinado ramo de atividade ; permite ainda a concretização de negócios e o oferec imento de suporte eficiente e barato a clientes e fornecedores. N a opinião do webmaster, a publicidade na internet é por demais ativa. Ao ver um selo ou ba:nner de uma marca, produto ou mensagem de seu interesse o usuário clica no Iin.k para busca de inform ações mais detalhadas. « Trata-se de um anúncio bem mais eficiente que placas e outdoors de rodovias, pois se trata de banner com animação, que realmente chamam a atenção. Funciona como porta de entrada para h~ag~ e websites corporativos, permitind o a clientes potenciais o conhecimento da especialidade de empresas, bem como as especificações téc nicas de seus pro­ dutos ou serviços" finalizou. Algumas vezes estes detalhes são decisivos para fechamento de um bom negócio e jamais podem ser transmitidos através de mídias passi­ vas, como rádio, tevê, jornais e revis­ tas. Para anunciar no portal, ligue: 322 1.2455 ou 3222.2404 e procure a Assessoria de Imprensa do Simepe­ Chico Carlos/Débora Lobo - ou pelo e-mail : imprensa@simepe.org.br. Eis um bom lug ar para você anunciar. Faça bons negócios!(CC)

Em debate o uso racional de medicamentos oi realizado em Salvador (BA), nos últimos dias 9 e 10 de dezembro, o Seminário sobre Propaganda e Uso Racional de Medicamentos, uma parceria entre a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) e a Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar). O presidente do Sindicato dos Médicos de Pernam­ buco,André Longo, coordenou mesa sobre Reação adversa dos medicamentos e a importância da notificação compulsória destas reações. Segundo Longo, a situação é preocupante. "Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que uma grande fatia dos gastos de saúde (25% a 70%) nos países subdesenvolvidos é destinada à compra de medicamentos. Porém, isto não garante um acesso adequado, pois segundo a OMS, 15% da população mundial consome mais de 90% da produção farmacêutica" destacou. Os dados ainda são alarmantes, isto é, 50% de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou usados inadequadamente, e de todos os pacientes que dão entrada em pronto-socorro com intoxicação, 40% são vítimas dos medicamentos. O presidente do Simepe destacou a importância da parceria com a Anvisa e a Federação dos Farmacêuticos para ampliar o debate sobre o tema e levar uma maior reflexão dos profissionais e da so iedade sobre a necessidade do uso racional dos medicamentos.

F

Saúde Recife e Lei Orçamentária em debate

presidente do Simepe, André Longo, participou de mais duas Audiências Públicas na Câmara Municipal do Recife, realizadas pela Comissão de Higiene, Saúde e Bem Estar Social da Câmara de Vereadores do Recife, presidida pelo vereador Mozart Sales (PT). A primeira sobre o Saúde Recife (Serviço de Assistência Médica dos Servidores da Prefeitura do Recife), cujo objetivo foi intermediar o processo de discussão entre gestores e servidores da Prefeitura do Recife. A outra esteve relacionada à Lei Orçamentária do Mwlicípio/2006 - Orçamento da Saúde,com a participação dos segmentos dos usuários, trabalhadores e gestores públicos. André Longo classificou as Audiências Públicas como positivas, uma vez que os participantes manifestaram suas opiniões e propostas de torma clara e objetiva aos gestores públicos.

O

Movrmenw MédIco 25


AMEPE

o cineasta Marcílio Brandão, em plena ação, nas filmagens do documentário Tejucupapo, um Filme sobre Mulheres Guerreiras

Cinema no Brasil:

concentração no Sudeste

Cineasta pemambucano Marcílio Brandão falou sobre as dificuldades e conquistas do cinema nordestino Elizabeth Porto* cinema brasileiro evo­ luiu. Para o cineasta e jornalista Marcilio Bran­ dão, há mais de 10 anos o Brasil mantêm uma constante pro­ dução cinematográfica e de boa qua­ lidade e em 2005 não foi diferente. "Tanto que nos últimos anos, o país sempre tem realizações indicadas para o Oscar, embora eu não considere essa premiação ou reconhecimento, meta ou objetivo para o cinema nacional. Melhor é surpreender o mundo cult como fez o filme Cinema, Aspirina e Urubus, do pernambucano Marcelo Gomes, que conquistou um prêmio numa competição no Festival de Cannes", afirma Marcílio. Cineasta há mais de 20 anos, Marcílio Brandão, pernambucano, se especializou em documentários como roteirista e diretor. Tem vários trabalhos premiados, entre eles Teju­

O

26 Movimento Médico

cupapo, um Filme sobre Mulheres Guerreiras, que recebeu o Prêmio Especial do Júri, melhor curta­ metragem; Prêmios ABD-PE, me­ lhor curta pernambucano e Josué de Castro, melhor abordagem social, todos no Festival de Cinema do Recife 2002. Esse mesmo filme foi premiado também em Florianópolis, São Luís e no Festival de Cinema do Ceará, e indicado entre os cinco melhores documentários em curta­ metragem de 2002 pela Academia Brasileira de Cinema. Numa conversa informal, Mar­ cílio fàlou para revista Movimento Médico sobre o cinema brasileiro e

podem liberar parte de seus impostos, através das leis de incentivo, para a produção de filmes. E lá também es­ tão as condições para filmar, produto­ ras bem equipadas, laboratórios, edi­ toras de som digital etc. É preciso que haja uma política cultural que demo­ cratize mais a distribuição de recursos para a produção cinematográfica no país. Aí sim teremos uma produção com a cara do país inteiro. O ministério da Cultura, no atual gover­ no, já tomou iniciativas neste sentido, mas ainda é insuficiente.

sobre seus projetos para 2006.

Qual é o maior problema da

Não gostaria de citar filmes porque não vi todos e poderia cometer alguma injustiça.

produção cinematográfica no Brasil? É a concentração no sudeste. Lá estão as empresas de maior porte que

Você destaca algum cineasta no momento atual?

Quais os filmes nacionais deste ano que você considera ótimos?


o

que eu destaco no momento

praticamente desaparece porque o

atual do cinema brasileiro é a evolução

Sistema de Incentivo Estadual fica

Poderia fàIar sobre documentário?

O

seu novo

do trabalho de Eduardo Coutinho. Se

sem dinheiro. Foi o que aconteceu este

Sim . Finalizamos no meio do ano

Cabra Marcado para Morrer é um marco para o documentarismo e para

ano: dois filmes em long-a-metragem

PaixiúJ de cinema, também com re­

receberam, cada um , R$ 149 mil reais,

cursos do Sistema de Incentivo Esta­

É um documentário sobre a

o cinema nacional propriamente dito,

e a produção de cUlta-metragem ficou

dual.

as últimas produções dele Uá são nove

inviabilizada. Só quatro projetos, in­

trajetória do cineasta pernambucano

documentários em longa-metragem)

cluindo produção em vídeo, recebe­

Fernando Spencer, o mais produtivo

são de um requinte encantador. Ele

ram recursos, via Funcultura. Outras

da história do estado. Para fazer o

chega a inverter a lógica de uma pro­

produções certamente captaram via

filme, tivemos que telecinar 29 obras

dução de cinema ao partir para realizar

Ministério e programas culturais,

dele, a maioria sobre a cultura de

um filme sem roteiro algum, apenas

como Petrobrás, Itaú Cultural ou

Pernambuco e do Nordeste. O resul­

uma câmara na mão e nada de idéia na

BNB, em concursos dificílimos.

tado disso: fizemos um outro projeto, o PaixiúJ de cinema e mais 15 curtas de

rodado no Sítio Araçás no sertão da

A realização de Tejuc#fX1PO, um fil­ me sobre mulheres guetTCiras foi diflci1?

Paraíba. Os personagens de Coutinho

A realização de Tejucupapo foi um

topou patrocinar. Então, lá para março

são gente simples, gente comum. Os

sonho que levou oito anos, a partir das

ou abril de 2006, estaremos lançando

cabeça.

É formidável. Isso ele fez no

mais novo filme, O fim e o princípio,

a edição de um DVD duplo contendo Spencer, e apresentamos à Chesf, que

filmes dele mostram o Brasil e des­

primeiras visitas à comunidade para co­

o DVD. Antes disso, a TV Cultura e

mantela o preconceito de que docu­

nhecer o teatro das mulheres até o lan­

a TV Sesc vão exibir o PaixiúJ, em

mentário não tem público. Coutinho

çamento do documentário na própria

circuito nacional.

emociona grandes platéias.

É genial.

comunidade. O filme só foi possível

Quais os projetos para 2006?

porque o roteiro ganhou o prêmio Ary

O cinema em Pernambuco vai bem? Há espaço para produção em todas bitolas e todos gêneros?

Severo, em 2001, fato determinante pa­

Estou com três roteiros prontos,

ra que o projeto fosse aprovado pelo

dois documentários e um de ficção,

Sistema de Incentivo à Cultura do Es­

todos em curta-metragem.

Vou

O cinema pernambucano se man­

tado, que na época não era o Funcul­

apresentá-los a todos os instru­

tém. Tem gente boa fazendo filmes no

tura, era como o Sistema Nacional em

mentos possíveis de captação de

Estado. Sempre há um filme pernam­

que o produtor é quem levanta os recur­

recursos no sentido de viabilizá-Ios.

bucano sendo premiado em festivais .

sos junto às empresas incentivadoras.

No momento, trabalho em cima de um roteiro de um longa-metragem ,

Este ano, por exemplo, Camilo Caval­ cante ganhou o prêmio de melhor di­

ficção, que espero terminar a tempo

retor de curta-metragem no Festival

de inscrevê-lo no concurso do

de Brasília, um dos mais importantes,

Ministério da Cultura para produ­

com o filme Rapsódia para um homem

ções de baixo custo. Vamos ver o

wmutn. E relembro o longa Cinema, aspirina e urubus de Marcelo Gomes, que vem conquistando prêmios em festivais internacionais.

que darão esses projetos.

Trabalhos premiados - Marcí­ lio Brandão, além de receber prêmios por Tejueupapo, um Filme

Qual é o maior problema para se realizar um longa em Pernambuco? A questão do longa é que para ser

sobre Mulheres Guerreiras, também foi premiado pelos seguintes tra­ balhos: Carnavais (diretor e

realizado o cineasta tem que deixar

roteirista), melhor vídeo de cultura

Peranambuco e ir para o sudeste.

popular do Garnicê de Cinema e

Então numa produtora de porte

Vídeo de São Luis, no Maranhão

daquela

região

ele

filma

em 1999 e a série para televisão Doe

com

21

profissionais de lá. E quando um filme de longa-metragem recebe incentivo do Estado, a produção de curtas

Cineasta premiado é especialista em documentários como roteirista e diretor

(diretor), Prêmio ABD-PE,

pelo conjunto da obra, no Festival de Vídeo do Recife, em 2003.

Movimento Médico 27


AMEPE

Associação Mécrca de Pernambuco:

passado, presente e futuro

Jane Lemos * Associação Médica de Pernam­ buco, fundada em 4 de abril de 184 1 como Sociedade de Medicina de Pernambuco por Antonio Peregrino Maciel Monteiro, é uma entidade científica, federada da Associação Mé­ dica Brasileira, que tem entre suas finalidades: promover o aperfeiçoa­ mento da cultura médico-científica, congregar médicos e suas entidades representativas na defesa geral da categoria no terreno científico, ético, econômico e cultural além de contri­ buir com a politica de saúde e a qua­ üdade do sistema médico assistencial do Estado. Em seus 164 anos de existência es­ ta entidade tem sua história alicerçada nos mais elevados preceitos da ética e da ciência, foi berço de importantes entidades médicas (Sindicato, Coope­ rativas etc.) tendo sido palco de memo­ ráveis eventos científico-culturais além de relevantes contribuições à comu­ nidade e à medicina de Pernambuco. Todos que conhecem a história da Sociedade de Medicina de Pernam­ buco sabem da sua pujança, da sua ca­ pacidade de enfrentar mudanças e obs­ táculos. Logo no inicio teve grande dificuldade de ter sede fixa, mudando­ se várias vezes de endereço chegando a ficar de 1896 a 1900 alojada nas depen­ dências da Inspetoria Geral de Higiene cedida pelo Governador do Estado. Ficando sem espaço e sem estímulo para desenvolver suas atividades reduziu seu quadro de sócios pela me­ tade, nesta ocasião José Otávio de Freitas - grande expoente da medicina - recolheu a biblioteca e o arquivo para sua própria casa, onde funcionava, sob

A

28 /1/1ovimento lv1édico

sua gestão, o antigo Instituto Pasteur. Em 1928 instalou-se no Departamento de Assistência à Saúde. Em 1941, no seu centenário, foi lançada a pedra nln­ damental para construção de sua sede própria em terreno doado pelo Gover­ no do Estado, na Rua Oswaldo Cruz. Em 10 de agosto de 1944 finalmente foi inaugurada sua sede própria onde se encontra instalada até hoje. Ainda neste breve histórico, deve ser ressaltado que ao longo de sua exis­ tência, por razões diversas, esta enti­ dade teve várias mudanças de nome: Sociedade de Medicina de Pernambu­ co ( 184 1); Instituto Médico Pernam­ bucano ( 1874); Associação Médica Farmacêutica Pernambucana (1887) e Sociedade de Medicina de Per­ nambuco ( 1897). De acordo com o Código Civil Brasileiro no seu Título lI, Capitulo I, Artigo 44 "São pessoas jurídicas de direito privado: 1. as associações; lI. as sociedades; IlI. as fundações"; Dis­ põe, ainda, no Capitulo II o que são Associações. Reza o Artigo 53 que "Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizam pa­ ra fins não econômicos". Nos artigos seguintes disciplinam todas as normas concernentes as associações. E ntre elas estabelece que, sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá a de­ nominação, os fins e a sede da aSSOCIação. Desta forma, em 2005) para aten­ der o Código Civil Brasileiro a Sociedade de Medicina de Pernam­ buco muda novamente seu nome para Associação Médica de Pernambuco conforme aprovação unânime da As­

sembléia de Delegados convocada es­ pecificamente para mudança do estatuto. Cabe-nos então discordar veemen­ temente do Mestre Othon Bastos, quando em seu artigo "Antiga Socie­ dade de Medicina de Pernambuco" publicado no Diario Pernambuw em 9 de novembro de 2005, quando afir­ mou que "tomamos conhecimento da próxima troca de nome da veneranda sociedade, por força de uma decisão da federada nacional, Associação Médica Brasileira..." e "O desaparecimento do nome da Sociedade de Medicina de Pernambuco atinge em cheio toda a história que nele está contida". A própria história da nossa enti­ dade contesta cOm esta afirmação. A atual Diretoria da Associação Médica de Pernambuco, antiga Sociedade de Medicina de Pernambuco, certamente manterá viva esta entidade e exercerá, com muita garra, o papel de guardiã mantendo os compromissos do passado, enfrentando os obstáculos do presente e com o olhar voltado para o futuro no contexto dos avanços tec­ nológicos aliados à uma visão integral e singular do ser humano. Finalizando, conclamamos todos os médicos para participarem efeti­ vamente do processo de revitalização da Associação Médica de Pernam­ buco, na certeza de que a Sociedade de Medicina não desaparecerá. Afinal, esta associação é um patrimônio de Pernambuco e a Juta é de todos e de cada um numa construção coletiva. *Psiquiatra, Presidente da Associação Médica de Pernambuco e Conselheira do Cremepe.


G -pe aviária

Uma grande discussão toma conta da imprensa: o mundo estaria próximo de uma pandemia de influenza? Nathalia Duprat*

D

esde 2003, quando os primeiros casos de humanos infectados pela

influenza aviária foram detectados no

ou, mais popularmente, gripe do fran­

Seres humanos adquirem a doença

go - é uma doença contagiosa, cau­

quando têm contato direto com fezes, sangue ou excrementos respiratórios

Vietnã pela Organização Mundial de Saúde (OMS), uma grande discussão

sada pelo vírus H5N 1, que normal­ mente infecta apenas aves e, em casos mais raros, porcos. Entretanto, devido

tomou conta da imprensa: estaria o

ao seu grande poder de mutação, o

de aves infectadas. A maior parte dos casos registrados ocorreu no sudeste da Ásia, em áreas rurais, onde mora­

mundo prestes a viver uma nova pan­ demia como a gripe espanhola, que diz imou milhares de pessoas no início do século passado? A questão vem sendo pesquisa da a fundo por cientistas de diversos países e há inúmeras opiniões sobre o assunto. O que já se definiu, porém, é que o fato merece atenção especial das

vírus tem se modificado geneti­ camente e já existem diversos casos de humanos contaminados pela doença. Diferentemente da gripe normal, que provoca infecções no aparelho res­ piratório, a gripe aviária segue um cur­ so clínico que se caracteriza por uma pneumonia vira! e falência múltipla dos

dores mantêm pequenas granjas e não tratam as aves com a higiene neces­ sária. Já foi comprovado, entretanto, que o consumo da carne e dos ovos de animais doentes, desde que estejam adequadamente cozidos, não provo­ cam o contágio pelo vírus H5N 1. Quando contaminados pela doen­

órgãos, levando à morte na maioria dos

ça, os seres humanos apresentam um

aut'oridades governamentais e que me­

casos. Segundo a O M S, desde a

didas preventivas serão essenciais para

primeira aparição até agora, foram confirmadas 139 pessoas infectadas no

quadro de febre, tosse, dor de gar­ ganta e muscular (que também apa­

evitar

um

mal

maior,

caso ele

Camboja, China, Indonésia, Taillândia

realmente venha.

e Vietnã, totalizando 71 mortes. A

DOENÇA -

A influenza aviária ­

também conhecida como gripe aviária

maioria das pessoas contaminadas foi de crianças e jovens saudáveis.

recem em gripes normais), conjun­ tivite, pneumonia, dificuldade de res­ piração, pneumonia viral e outras complicações severas que podem levar rapidamente à morte. Movimento l'v1édico 29


AMEPE

Segundo alguns especialistas, a doença afetaria um em cada três habitantes do planeta e mataria mais que a AIDS

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Desde 2003. quando surgiu pela segunda vez. o H5N1 já fez com que mais de 150 milhões de frangus. patos e gansos fossem sacrificados em 14 países

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PANDEMIA - Mas se os números de pessoas infectadas pela glipe aviária ainda não parecem alarmantes, porque uma ameaça da pandemia de influenza tem sido levantada? Por que se fala em uma pestilência tão grave que, segundo alguns epidemiologistas, infectaria um em cada três habitantes do planeta e provocaria mais mortes em 12 meses do que a AIDS em 25 anos? De acordo com a OMS, a hipótese tem sido discutida pelo fato do vírus H5N 1 ter estabelecido boas condições de sobre\~vência entre as aves terrestres e aquáticas do sudeste asiático, pro­ piciando que a transmissão ani­ mais/homens começasse a ocorrer, mesmo que de forma ainda circunscrita àquela região. No entanto, através da migração de aves infectadas (como os patos, por exemplo), tem ocorrido uma expansão de focos da influenza aviá ria para outros continentes. O risco é que aumente conside­ ravelmente os casos de pessoas infec­ tadas pela doença, dando condições para que o vírus H5N 1 sofra uma mutação genética, torne-se ainda mais virulento e passe a ser transmitido de homem para homem - o que, fatal­ mente, acabaria contaminando grande parte da população mundial. A esti­ mativa é de que, ocorrendo a pan­ de mia , haja de 2 a 7,4 milhões de mortes em todos o mundo (O MS). No entanto, de acordo com o infectologista e vice-diretor do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), M árcio Gueiros, ainda não há moti­ vos para o alarde que tem sido 30 Movimento Médico

......... 0

H5Nl_ou

veiculado na impre nsa. "Precisamos nos desarmar em relação a essa super­ valorização de uma pandemia de in­ fluenza, principalmente no Brasil, onde as criações de aves são protegidas por um alto grau de controle de hi­ giene e qualidade", disse Gueiros. A opinião foi defendida pelo Ministro da Saúde Saraiva Felipe, em artigo na Fàlha de S. Paulo ( 15/ 11/05): "Nossa condição de exportador, e não impor­ tador de aves, já atenua a possibilidade de introdução do vírus, que pode ocorrer, por exemplo, por aves selva­ gens migratórias", aFIrmou. Ainda segundo Gueiros, para que uma pandemia ocorra entre os huma­ nos é preciso, antes de tudo, que haja uma epidemia generalizada entre os

animais. "Só assim o H5N I encon­ traria as condições que precisa para sofrer uma mutação genética e se dis­ seminar globalmente. Mas isso ainda está no nivel da possibilidade, pois a OMS tem agido fIrmemente para de­ tectar precocemente os focos de in­ fluenza aviária e impedir a propagação da doença, seja em animais ou pes­ soas", explicou.

ECONOMIA - Um dos motivos apontados pelo infectologista para o alerta da imprensa em relação ao as­ sunto é estritamente econômico. De acordo com ele, a possibilidade de uma epidemia da doença em países com grande volume de produção de aves e derivados geraria uma grande quebra econômica nesse setor. "Uma vez que, detectado um foco de vú'us H5N I toda a criação precisa ser mor­ ta, criadores e fornecedores desse setor teriam seus negócios comprometidos; haveria uma quebra de empresas e exportações. Isso, inclusive, já está acontecendo em âmbito menor em re­ lação à febre aftosa", enfatizou Guei­ ros. Até então, cerca de 120 milhões de aves já foram mortas (OMS). Outro fator apontado pelo infec­ tologista Márcio Gueiros é a questão da indústria farmacêutica já que, atualmente, só existe um medicamento que tem dado provas de efIcácia no co mbate ao vírus: o antiviral


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Oseltamivir, comercializado sob o nome de Tamiflu pela Roche. ''A empresa está vendendo como nunca. Os estoques do medicamento somem das prateleiras e governos de todo o mundo já estão providenciado suas reservas. Tem Tamiflu sendo vendido inclusive no mercado negro. Para a Roche, essa ameaça de pandemia tem gerado lucros", disse Gueiros .

DEFESA - Além do estoque de medicamentos para uma possível pandemia, a OMS tem orientado os governos a se preparar para uma fatalidade: aumentar a vigilância nas áreas de criações de aves para detectar focos de vírus e prod uzir uma grande quantidade de vacinas.

Esta medida, no entanto, não garante que, caso haja o pior, seja de fato eficiente, pois até que os cientistas isolem o vírus já modificado e ini­ ciem o processo de produção, não haveria doses suficientes para imu­ nizar toda a população mundial. Não há nada que possa ser feito desde já para prever o desenvolvimento do H5N 1. Agora, só resta mesmo esperar. "O Brasil está tomando todas as medidas sanitárias que os países mais desenvolvidos do mundo têm toma­ do. O ministério tem orçamento e não será por falta de recursos que nós deixaremos de fazer a detecção ou de tratar doentes", declarou o Ministro da Saúde, Saraiva Felipe.

Segundo ele, desde 2003, o país vem se preparando para a pos­ sibilidade de uma pandemia de influenza. Para isso já foram tomadas diversas medidas: criação do Comitê Técnico para Elaboração do Plano de Preparação para uma Pandemia de Gripe; restrição da entrada de produtos avícolas e importação de aves exóticas; intensificação de inquéritos sorológicos em aves migratórias e barreiras que impeçam o contato entre as aves selvagens e os frangos de criação; fortalecimento da vigilância epidemiológica, que conta atualmente com 46 centros inte­ grantes; elaboração de protocolos para treinamento de médicos e outros profissionais de saúde e aquisição de uma reserva de nove milhões de tra­ tamentos completos do antiviral Tamiflu. Outra medida que deve trazer mais segurança à população brasileira é a instalação da planta para fabricação nacional da vacina contra gripe; fruto de parceria com o governo de São Paulo e investimentos de mais de R$ 30 milhões, o Instituto Butantan está construindo uma fábrica moderna para a vacina utilizada nas campanhas anuais. A unidade estará pronta no final de 2006 e capacitada, se houver uma emergência, para a fabricação da vacina contra o vírus da pandernia já no início do ano.

Um histórico da Influenza

O mundo já assistiu a quatro pandernias de influenza: a Gápe Espanhola de 1918; a Gripe Asiática de 1957; a Gripe de Hong Kong de 1968; e a Gripe Russa de 1977. De todas, a que causou mais mortes foi a primeira, quando o vírus HIN 1, um dos muitos va­

riantes da influenza, levou à morte mais de 40 milhões de pessoas em todo o mundo. As outras três tiveram um impacto maior na morbidade do que na mortalidade, sendo a última considerada uma pandemia benigna, pelo baixo impacto na saúde das populações.

Em 1919, convalescente da gripe espanhola, o pintor Munch decide registrar aquele momento pintando o Auto­ Retrato Depois da

Gripe Espanhola.

Movimento Médico 31


TRAUMA

Conhecendo , outro

Sistema Unico e

Público de Saúde

Sistema público de gestão privada: o modelo de saúde canadense preza pela qualidade Fernando Spencer e Carmem Kummerx*

32 Nlovrmel'to Médico

ma vez que estamos rea­ liza ndo pós-graduação na cidade de Toronto em Ontário, Canadá, fomos convidados pela revista Movimento Médico a dar lima visão ge ral sobre o sistema de saúde canadense. A pri meira característica interes­ sante é o tipo de gerenciamento do sis tema de saúde . É um sistema público de gestão privada. 1üdo cidadão canadense tem direito ao plano de saúde do estado. Este paga ao médico e hospitais de acordo com os procedimentos r 'alizados, de forma similar aos planos de saúde do Brasil (porém, sem as glosas, com melhor remuneração e recebimento em cerca de 15 dias). s hospitais têm compromisso com o ger 'nciamento do dinheiro e precisam puhlicar seus orçamentos e provar que preci 'am mais verhas

U

para este ou aquele programa com base científica e econômica. Vale salientar que mais de 95% dos serviços de saúde obedece m a este modelo. Não há grandes hospitais privados no país e os canadenses aprovam este sistema. N a últimà eleição, um dos grandes debates foi acerca do financiamento do sistema de saúde, que toma mais de 35% do orçamento (incluindo prevenção, tratamento domiciliar, extra-hospitalar, hospitalar e reabi­ litação). Foram eleitos os políticos qu e tinham propostas para aumentar ü financiamento, melhorar o sistema, mantendo-o público. A despeito do apo io da maioria lo ca nadenses para o sistema atual, este vem sofrendo incrível pressão por todos os lados. Há filas de meses para alg uns tipos de cirurgias eleti­ ~ ( r ~'. próteses de quadril e joelho,


Com relação às condições de trabalho, os médicos geralmente atuam em um só hospital ou consultório quase sempre bem remunerados oftálmicas) e consultas em especia­ lidades como oftalmologia, otorrino e dermatologia. É possível que o pa­ ciente tenha uma ressonância mag­ nética eletiva agendada para 3h da manhã, pela demanda dos serviços. Vez por outra, sai no jornal que alguém esperou 4h numa emer­ gência por uma sutura. Quando isso acontece, o diretor do hospital ou secretário de saúde tem de se explicar para a mídia. Principalmente para as clínicas especializadas como oftalmo­ logia e cirúrgia plástica, estão come­ çando a surgir clínicas privadas, uma vez que o sistema público não cobre todos os procedimentos, mas isso ainda é bastante incipiente. Entretanto, a qualidade do serviço prestado é muito boa. Instalações lim­ pas, com bons recursos tecnológicos e humanos são esperados nas institui­ ções. Esse padrão é mantido na maio­ ria das instituições, mesmo distante das capitais. Para qualquer procedimento (in­ clusive vacinação) o profissional de saúde precisa explicar ao paciente os riscos e complicações e ter um consentimento informado assinado. A autonomia do paciente é realmente priorizada. TIvemos a oportunidade de presenciar pacientes Testemunhas

de Jeová se recusarem a receber san­ gue e falecerem em decorrência desta decisão. Não há discussão: se o pa­ ciente recusa o tratamento, mesmo que venha a causar a morte, ele é res­ peitado. A única situação em que esse direito não prevalece é quando pode causar dano a outrem (ex: recu­ sa em tratar tuberculose, comunicar AIDS para parceiro). Como há muitas áreas inóspitas ao norte e escassez de profissionais especializados, o sistema de referên­ cia e contra-referência funciona bem. O transporte aéreo é usado rotineira­ mente e o pré-hospitalar é, em geral, muito bem treinado (há vários níveis de treinamento). Com relação às condições de tra­ balho, os médicos geralmente atuam em apenas um hospital ou consul­ tório e são bem remunerados. Em geral, a carga de trabalho não é leve, mas é menor em comparação aos médicos brasileiros. Para obterem sua licença médica, os canadenses têm de passar depois da universidade por residência, duas provas gerais de licenciatura e uma prova de espe­ cialidade. Para manterem a licença ao longo do tempo, têm de provar que periodicamente têm compare­ cido a eventos científicos na sua

especialidade. Cursos como ATLS e ACLS são requisitos para na maioria das emergências. Então, além de mais requerimentos para obter a li­ cença, eles são obrigados a mante­ rem-se atualizados. A aposentadoria é compulsória aos 65 anos para assis­ tência direta ao paciente. Finalizando esta sinopse das dife­ renças de sistema, poderíamos dizer que o resultado final em termos de qualidade de serviço oferecida no Ca­ nadá, excetuando-se as filas de espera e os problemas específicos das especia­ lidades, é bastante razoavel. Infeliz­ mente temos que admitir que o nosso SUS, excetuando-se certas ilhas de excelência, não pode ser comparado ao sistema público canadense. Entretanto, observando o modelo de saúde daqui, podemos dizer que não é impossível ter um sistema público de saúde de qualidade. Porém, para que isto aconteça no nosso país, uma boa dose de investimento em termos de trabalho e financiamento faz-se urgentemente necessária. • Fernando Spencer e Carmen Kummerx são médicos pernambucanos em pós-graduação em Cirúrgia do Trauma e Anestesia, respec­ tivamente, no Sunnybrook & Women's Hos­ pital, Universidade de Toronto, Ontario, Canadá.

Movimento MédiCO 33


DIRETÓRIOS ACADÊMICOS

A universidade pública

Greve de docentes: muita luta, poucos interessados, milllões de espectadores Edson Fred Rodrigues Veloso e Maria Pirauá Alves Gonçalves* or uma campanha salarial nacional e em busca de melhores condições de tra­ balho o Sindicato Nacional dos Docentes enviou a proposta de greve para os seus sindicatos em cada universidade do país. A greve na­ cional, deliberada em 30 de agosto passado, durou mais de 100 dias e foi considerada a quarta maior já realizada pelos docentes. Seu principal inimigo: o Governo Federal. Foi dentro desse bojo que, no dia 19 de setembro de 2005, os professores da UFPE decretaram o estado de greve. Antes de fazê-lo, o debate que ocorria dentro dos muros da universidade, e somente dentro deles, era a validade deste tipo de manifestação. Se a greve era uma forma que poderia trazer melhorias para o ensino superior brasileiro ou algo que já não sensibilizaria o governo a ponto de ceder a vontade da classe docente. Com a universidade parada, as conseqüências para o povo brasileiro são mais do que graves, porém, a população desconhece os t1.tos e não se agrega à luta pela universidade pública. O movimento de greve surgiu em Roma quando os plebeus se retiraram da cidade e ameaçaram fundar uma nova Roma em um local distante. Os patricios, cidadãos que dominavam aquela sociedade, recuaram e cederam a uma série de reivindicações da classe plebéia. É válido notar, então, que a greve moderna sugere o mesmo meio de luta: o cruzar de braços; o fim da produção de mais-valia para a burgue­ sia, a quebra do andamento normal do

P

sistema de acúmulo de capital. O que acontece, porém, é que nas universi­ dades públicas não se produz mais­ valia e nem o parar da carruagem significa a quebra do sistema vigente. Fazer greve no ensino superior gratLúto significa o fim de um processo de direito humano. É relevante dizermos que o direito à educação deveria significar um dever do estado, e que esse, como provedor, é responsável por oferecer condições às universidades de exercerem seu papel de construir cida-dania através do seu tripé indissociável: ensino, pesquisa e extensão. Por entender essa busca como algo nmdamental é que a classe docente utiliza-se da greve como instrumento. Analisando de maneira concreta, podemos ver que o Governo Lula pou­ co fez pela educação; editou medidas como o Prouni, que trabalha com uma demanda legítima (a falta de vagas no ensino público de 3° grau), para trans­ ferir o dinheiro público para o ensino privado. A reforma universitária é um ataque direto ao ensino superior brasileiro. Feita de manei.ra ambígua e sem diálogo entre os movimentos sociais, a reforma representa o que o MEC e o governo entendem como o futuro da universidade brasileira: o fechamento e privatização. É dentro dessa lógica, que o MEC negociou com os professores uma série de propostas que não representam nenhum avanço. Sugeriram um au­ mento de 9%, que deveria ser, no mínimo, 18%. A paridade entre ativos e inativos também não foi garantida, assim como outras propostas. As atitu­

des do Governo foram maIS uma tentativa de conter os ânimos do que um verdadeiro avanço nessa luta. E se por um lado a causa docente é justa, por outro é alarmante ver que poucos são os professores que lutam por ela. As assembléias da Associação dos Docentes da UFPE estiveram, em número de presentes, muito aquém do desejado. Alguns professo­ res que votaram a favor da interrupção das aulas acabaram por utilizar o tem­ po livre para se dedicar às pesquisas, que são priorizadas frente a seu papel docente na universidade. Os que vo­ taram contra a greve, e perderam, em geral também não compareceram aos espaços de reunião dos professores. Outros continuaram suas aulas, de­ monstrando descaso pela causa dos demais. Fato é que não se viu grande mobilização e que a classe docente deixou a responsabilidade às lide­ ranças da associação local e nacional. Apesar dos esforços do movi­ mento estudantil, boa parte dos dis­ centes entenderam a greve como um período de férias. Não perderam, con­ tudo, a chance de difamar os profes­ sores grevistas pela situação. Ao povo brasileiro cabe, com tristeza, observar o completo despre­ zo daqueles que deveriam zelar pelo direito humano à educação. Não há ninguém nas ruas fazendo passeatas pela greve e não se pode obrigar a fazê-las ou culpar os que lutam por melhores condições pela apatia da mesma. De um governo ligado aos interesses privados poderia se esperar esse tipo de ação, poderia se esperar, inclusive, sua indiferença para com o ensino brasileiro, mas daqueles que geram o conhecimento e dos que o recebem não podemos aceitar essa pOStLlra. Precisamos pedir perdão a todos nesse país que não têm direito à educação uruversitária gratuita e de qualidade. *00 Damuc/UFPE

34 MCNimento Médico


FECEM

Resgate da va orização

do trabalho

Cooperativas parceiras da Fecem são as maiores beneficiadas pelas conquistas obtidas em 2005

o

ano de 2005 foi marcado pela luta incessante das entidades médicas na con­ quista de melhor remuneração para o nosso trabalho, mas acima de tudo, resgatar a dignidade e valo­ rização deste trabalho. As nossas cooperativas que são parceiras e res­ ponsáveis pelo atendimento da grande maioria dos usuários do Gre­ mes/Unidas, especialmente as estatais, foram as maiores beneficiadas nessa luta, pois conseguimos implantar a referência do CBHPM, e exemplar­ mente, consultas tiveram um aumento de até 200 %. A luta apenas começou. As cooperativas médicas, ligadas à Fecem, que agregam mais de 1.500 médicos pernambucanos em todas as especialidades, e que atendem a um universo potencial de 100.000 usuários, despontam como um baluarte do co­ operativismo médico no nosso estado.

Renovação - É promissora a perspectiva para 2006. A Fecem e vá­ rias de suas cooperativas renovarão suas diretorias. Teremos o irúcio de obras de grande porte no nosso estado, que ge­ rarão empregos que, por sua vez, trarão assistência médica para os traba­ lhadores e suas fanúlias. A Coopeclin, a Copepe, a Coope­ cárdio a Coopecir, saúdam todos os colegas, médicos e médicas, confiantes no novo tempo que está chegando. Coopeclin A cooperativa dos médicos e mé­ dicas que atuam na área clínica em suas especialidades dispõe atualmente de

444 cooperados e tem como metas do biênio 2005/2007 captação de novos convênios e cooperados. A meta é for­ talecer cada vez mais o cooperativismo médico. Sua nova diretoria está formada pelos seguintes médicos: Diretor Presidente: Alexandre Jorge de Queiroz e Silva; Diretor Secretário: Amaro Gusmão Guedes e Diretora Tesoureira: Sirleide de Oliveira Costa Lira.

Médicos são homenageados com Medalha Paulo Moura

Pernambuco tem em seu quadro de cooperados 252 pediatras atuando em consultórios privados e serviços de ur­ gência pediátrica e neonatologia nos principais hospitais da cidade. Sua diretoria é formada pelos mé­ dicos Assuero Gomes, presidente; Walmir Pinheiro diretor administrativo e Luciano Cunha diretor financeiro. O Cooperativismo é a única forma justa e democrática de se partilhar o tra­ balho de cada um em proveito de to­ dos. É a realização concreta da igualda­ de com liberdade através da fraterni­ dade. Todas as cooperativas estão com suas sedes no empresarial Thomás Edison, na Av. Agamenon Magalhães, Ilha do Leite. Fone 21257466.

Coopecir - Eleições em 2006

A Coopeclin comemorou no dia 7 de outubro passado, a segunda versão da outorga Medalha Paulo Moura, agraciando três médicos que se desta­ caram no cooperativismo pernambu­ cano: Armando TeL,<eira, Stefano Ma­ lincônico e Mário Lins. Estiveram presentes nessa soleni­ dade os presidentes Maria de Lourdes, da U nimed Recife, André Longo, do Simepe, Flávio Pabst, da A.M.B, Jane Lemos, da Sociedade de Medicina e, também, Marcos Silveira, Sócio-funda­ dor da Coopanest, Carlos Vital, do Cremepe, cooperados e familiares, as­ sessores contábeis e assessores jurídicos.

Famnia COOpepe A Cooperativa dos pediatras de

Atualmente dirigida por um novo conselho administrativo formado pelos colegas Francisco Atanásio, Maurício Matos e Miguel Doherty, a Coopecir tem eleições gerais previstas para o primeiro trimestre de 2006. A cooperativa dos cirurgiões tem em seus quadros mais de 400 coope­ rados, atendendo as mais diversas especialidades da cirurgia. É impor­ tante que os colegas acessem a página eletrônica www.coopecir.com.br para obterem todas as informações sobre a cooperativa e suas informações particu­ lares, tais como produção, glosas, paga­ mentos etc. O primeiro acesso é con­ seguido com a senha cujo número é o mesmo do Cremepe. A partir daí você escolhe sua senha para os próximos acessos. Participe. Movimento Médico 35


o grupo não conta com atores profissionais. Ao todo, são 13 integrantes das mais diversas áreas representando os males da prostituição infantil

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Cremepe abusa da arte para

combater prostituição infantil

Grupo de teatro Roda Mundo alerta a população sobre este tipo de crime Carolina, Maria, Tere­ sa, Cleide, Fátima ou Ana. O nome não im­ porta. Quando come­ çam a se prostituir, muitas vezes com ape­ nas cinco anos de idade, em troca de um prato de comida ou alguns poucos reais, as meninas do sertão pernam­ bucano perdem suas identidades; vi­ ram adultas, mulheres da vida e do mundo. Uma realidade dura e cruel que tem arrastado milhares de crianças de 70 dos 184 municípios da região. Foi esse cenário que a Caravana do Cremepe - realizada em junho passado com o intuito de identificar os problemas de saúde do sertão - en­ controu pelo caminho. Segundo dados levantados, a maior parte do incentivo à prostituição infuntil surge dentro da própria familia. Vivendo em condições miseráveis, os pais enxergam nos filhos uma possibilidade de ganhar dinheiro: encaminham as crianças às rodovias para fazerem programas com cami­ nhoneiros, em troca de R$ 5 ou R$ 10. 36 t\~ovimento t\~édico

A questão foi apontada pelo presidente do Cremepe, Ricardo Paiva, como um problema gravissimo de saúde pública . ''Além de danos psicológicos, provoca doenças sexual­ mente transmissíveis e pode resultar em gravidez precoce", explicou. A partir de então, o Conselho resolveu pensar em alguma ação que minimi­

zasse OS casos de prostituição infantil e estimulasse as pessoas a denunciar o abuso se>,,'ual de crianças. "Foi quando surgiu a idéia de usar o teatro como uma forma de nos aproximarmos da população e passar o nosso recado", disse Paiva. Pouco tempo depois, estava criado o grupo de teatro Roda Mundo. O grupo não conta com atores profissionais. Ao total, são 13 inte­ grantes, das mais diversas áreas. "Nossa única preocupação era termos uma orientação especializada. Foi quando entramos em contato com os diretores Pedro Salustiano (Samba no Canavial) e Arnaldo Siqueira (Paixão de Cristo de NO'Va Jerusalém)", contou Paiva. A partir dai, surgiu o espetáculo de rua Menina Abusada. A atriz Letícia Sabatella, quando soube do projeto, veio gratui ­ tamente a Pernambuco; participou '~de oficina de expressão corporal, ] discutiu e orientou a concepção do ] caráter popular e o tem po do espe­ táculo, além de ter indicado Pedro


Salustiano, que também trabalhou na minissérie Hoje é Dia de Maria. O vídeo da peça, gravado pela Rede Globo, foi apresentado no Seminário da ONG Humanos Direitos, realizado em dezembro passado, do qual a atriz é coordenadora. Inspirada no filme (ainda iné­ dito) Os anjos do Sol, de Guel Ar­ raes, a peça M enina Abusada é re­ cheada de ritmos populares como xote, cavalo-marinho, coco e ciran­ da. Durante 20 minutos, os inte­ grantes representam e falam sobre os males da prostituição infantil. U ma das partes mais emocionantes é a encenação da música Geni, de Chico Buarque. No final da peça, o grupo distribui panfletos que divul­ gam a forma mais eficaz de combate à exploração sexual infantil: a de­ núncia através do 0800 99 0500 . ATUAÇÕES - Desde agosto pas­ sado, o Roda Mundo tem se apresen­ tado em diversos locais: de escolas, universidades e estações de metrô da região metropolitana do Recife até municípios do sertão pernambucano, como Arco-Verde, Serra Talhada, Trindade, Araripina, Outicuri, Ipubi, Mourelândia e Santa Cruz. O vídeo da peça também já foi exibido na Semana Acadêmica da PUC do Paranáj no Congresso de Se-çualidade Humana da Unicapj no Seminário de Ética Social, promovido pelo Cre­

o Roda Mundo

Joane Ferreira - Radialista Ricardo Paiva - Médico Rafaela Pacheco - Esrudante de Medicina Anderson Braz - Médico Túlio Araújo - Médico

mepej e no Movimento Direitos Humanos, do Rio de Janeiro. "Ninguém gan ha nada com as apresentações. Trabalhamos exclusiva­ mente pela causa", contou Joane Fer­ reira, uma das participantes. A ação é realizada pelo Cremepe, em parceria com o Sindicato dos Médicos, IMIP e Chesf, além do apoio da Raio Propaganda e RS Publicidade. "Nos­ sa idéia é ampliarmos o trabalho e multiplicá-lo em outros estados. Mas para isso é preciso investimento. J á enviamos o projeto para a U nesco e Petrobrás e aguardamos resposta", comentou Ricardo Paiva. O g rupo já conquistou uma par­ ceria de peso. Em outubro passado, o Governo do Estado de Pernambuco lançou a Campanha de Enfrenta­ mento ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. O progra­ ma vai percorrer as cidades do interior pernambucano com maior índice de prostituição infantil para visitar postos de gasolina e escolas públicas, realizar palestras e divulgar o disk-denúncia. O objetivo da Campanha é sensibi­ lizar a população sobre o tema e esti-

Miriam Andrade - Administradora Leonel Campos - Esrudante de Medicina Daniel Rebouças - Estudante de Medicina Acássia Araújo - Secretária Carla Bezerra - Médica Pedro Salustiano - Diretor de Teatro Arnaldo Siqueira - Diretor de Teatro Cláudio Santana - Músico

mular O combate a esse tipo de crime. Em alguns desses municípios, o Roda Mundo também se apresentará com o espetáculo M enina Abusada. Outras entidades também estão entrando nessa luta: a Rede Globo Norde ste, através da diretora Jô Mazzarolo, fez um Globo Comum'­ dade com o Roda Mundoj o Tribunal de Justiça de Pernambuco deve abrir, em breve, mais uma Vara de Proteção à Criançaj e, no início desse a no, será realizada , em Caruaru, uma Audiência Pública da Câmara Federal sobre abuso sexual, com a presença da senadora Patrícia Saboya (CE), autora da publicação

Esperança para as crianças do Brasil ­ A CPMf da Exploração Sexual apresenta seus resultados , resultado da coleta de dados da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre o assunto. Apesar de muitos frutos já terem sido colhidos, esse caminho ainda está longe de ser trilhado. Atualm ente existem pontos de prostituição infantil em mais de mil cidades brasileirasj cerca de cem crianças e adolescentes morrem por dia no Brasil, vítimas de abuso sexual e maus tra tos j em Per­ nambuco, dezenas de meninos e meninas fazem sexo oral em troca de dez centavos ou um pão. Os dados são alarmantes. É preciso que os governos e as populações, juntas, atuem no combate a essa questão. Denunciar o crime é o primeiro passo para que milhares de infâncias não se percam pela vida. O Roda Mundo tem acre­ ditado nisso para continuar abusando da arte do teatro e, de alguma forma, inventar uma nova realidade.(ND)

Movimento Médico 37


A doença na pintura de Mu ch

s doenças moldaram a maneira de Evard Munch (1863-1944) ver o mundo e, obviamente, influenciaram a evolução artística do pintor, nascido em Oslo, Noruega. São dele, entre outras, as obras Melancolia (1895) e O Leito da MOI1e (1895). Porém, de todas as doenças com as quais conviveu, nitidamente a que mais marcou Munch foi a tuberculose pulmonar que matou sua irmã Soprue, em 1877, quando ela tinha apenas 15 anos de idade e ele 14 . O fato em si já é dramático para qualquer pessoa, mas no caso de Munch havia um prece­ dente: sua mãe, Laura Cathrine, fora vítima da mesma doença quando ele ti­ nha cinco anos de idade. A expressão artistica do sofrimento de Munch diante do falecimento de Soprue deu-se por meio de uma tela intitulada A Criança Doente (1886). O travesseiro no quadro de Munch, pro­ positadamente branco, forma uma moldura em torno da cabeça de Sophie, lembrando um halo quadrilátero de pureza. O quadro suscitou debates e discussões inflamadas quando de sua apresentação na Exposição de Artes de Oslo, então chamada Christiania : o quadro mais parecia um esboço do que uma obra concluída. Isso porque

A

38 MOVimento Médico

Munch usou a tinta bastante diluída. Apesar - ou por causa - da polêmica, o quadro se tornou um sucesso, o que le­ vou Munch, a partir de 1901, a deli­ beradamente usar a tinta diluída como modo de se e.xpressar em pintura. Em 1889, convalescendo de uma debilitante enfermidade, ele pintou a te­ la Primavera, obra autobiográfica onde Munch recorda a doença da irmã. Em 1893, Munch pinta o quadro intitulado Madona e o exibe pela primeira vez ao público usando uma moldura decorada com espermatozóides e fetos abortados, pintados e entalhados, simbolizando a concepção e a morte. A moldura, cho­ cante e polêmica, foi retirada do quadro e até hoje não se sabe de seu paradeiro. Ainda em 1893, ele pinta seu mais fa­ moso quadro, O Grito. A obra reflete o sofrimento mental pelo qual estava pas­ sando Munch em conseqüência de sua vida marcada pelas doenças. Ainda traumatizado pela polêmica surtida com o episódio da moldura que enquadrava a .iVJadona, em 1895 Mun­ ch faz seu auto-retrato usando a técnica da litografia e o in ti tu.la Attto-Retrato com Esqueleto do Brm;o. Nele, os ossos do antebraço e ela mão são dispostos de modo a lembrar a parte inferior ela moldura censurada. Trinta e um anos depois do fale­ cimento da mãe, Munch pinta A Mãe Morta e a Criança (1899). De um lado da cama estão os membros adultos de sua família, impotentes em face da morte; no primeiro plano diante ela ca­ ma encontra-se Soprue, tapando os ouvidos com as mãos para não ouvir o grito silencioso da morte chamando-a. Internado por seis meses, em 1908, na clínica do Dr. Jacobson, em Cope­ nhagen, para se tratar de esgotamento nervoso, Munch pinta a enfermeira

À esquerda, A Criança Doente (1886). Acima, O Grito (1893), quadro mais famoso de Munch

que o assistiu, de maneira semelhante a van Gogh, que pintou o enfermeiro Tratuc (1889) quando de sua inter­ nação na clínica de Saint-Rémy-de­ Provence (França). Em 1919, convalescente da gripe espanhola, Munch decide registrar aquele momento pintando o Auto­

Retrato Depois da Gripe Espanhola. Neste auto-retrato é visível a seme­ lhança com a fisionomia retratada em O Grito. Cabe aqui uma curiosidade histórica: a vítima mais importante ela gripe espanhola no Brasil foi o presi­ dente da República Rodrigues Alves. Eleito para o cargo pela segunda vez, não pôde tomar posse e morreu no dia 16 de janeiro de 1919. Os médicos, não sabendo o que prescrever contra o vírus, receitavam canja de galinha. O resultado foram saques a feiras, granjas e mercados atrás de frangos. Cerca de 300 mil pessoas morreram no Brasil durante a epidemia. PeIto de morrer, Munch sentencia: "A vida representa uma vitória tem­ porária sobre a força da gravidade; mantemo-nos erguidos de pé, mas um dia temos de nos deitar para morrer." O grande pintor norueguês parou de pintar em 1936 por causa de uma grave enfermidade ocular. Extraído do site:www.portaJmedico.org.br


~UMOR

Apolo Albuquerque

U

m português preocupado com sua saúde procurou um médico urgente: - Doutor, pelo amor de

Deus, estou sentindo dores no corpo todo: - Dê exem pios, por favor... - Ah doutor, eu ponho o dedo no pé, dói, ponho o dedo no peito, dói, ponho o dedo na cabeça, dói, como pode ver, todo meu corpo dói. - Huuuum, acho que já sei ...

Este, depois de examiná-Ia com

empregado. - Eu nunca bebo no

cuidado, deu o diagnóstico. - Irmã, a senhora está grávida! Com cara de pânico, a religiosa sai correndo do consultório. Uma

serviço. Eu só bebo naquela barraca ali em frente.

hora depois, o médico recebe um telefonema da madre superiora do convento:

No dia do aniversário do Rei, os súditos encheram o castelo de

- Doutor, o que o senhor disse à irmã Maria?

- O que é doutor, pelo amor de Deus, é grave? -Não Manoel, não é grave, você apenas quebrou o dedo.

- Cara madre superiora, como ela tinha uma forte crise de soluço, eu disse que ela estava grávida. Mas foi só para assustá-la. Espero que com isso tenha parado de soluçar. - Sim, a irmã Maria parou de

'*'

soluçar, mas o sac ristão pulou do cam panário ...

Ajovem freira vinha sofrendo de contínuos ataques de soluço. Sua vida estava atrapalhada: não conseguia fazer nada, nem rezar, nem comer, nem dormir. Foi procurar um médico.

'*' O senhor está demitido por haver bebido no serviço - disse o chefe. É mentira disse o

liAB

'*'

presentes. Só que os presentes eram quase todos em frutas . O que irritou bastante o aniversariante. Num certo momento, ele tomou uma decisão: quem chegasse na portaria com frutas para lhe presentear, os guardas deveriam enfiá-Ias naquele "lugar". E o primeiro a ser punido foi um pobre coitado com uma carroça cheia de bananas . Mas quanto mais os guardas "enfiavam" banana nele, mais ele na . Intrigados, os algozes perguntaram por que ele estava achando tanta graça. E o súdito de pronto respondeu: "Estou preocupado mesmo é com um compadre meu que vem aí carregado de abacaxi".

'*' Uma mulher bem feia chegou na banca de jogo e perguntou: "Aqui passa bicho?". E o cambista respondeu: "Passa, passa, pode passar!". ~,

Apolo se despede desta vez narrando um diálogo entre Platão e Sócrates, que retrata a questão da modéstia : Platão: "Eu só sei que nada sei". Sócrates: "E eu nem isso!".

Ei, cara! Esse aqui é que é o modelo de bar ideal!

Movimento Médico 39


Antônio Maria

A consolação da doença

A ciência médica progrediu e já não se tomam tantos cuidados com quem tem doença "micha"

S

egunda -feira. Amanheço

banho e comer (torradas, maçãs

paletó e gravata - duas peças que

com uma pontinha de

descas cadas, sucos de fruta), na

nenhum doente, mesmo que seja um

febre. nada grave, mas o

cama. As pessoas da família devem

resfriado, deveria vestir. Depois de

homem, desde que sinta

estar por perto e, de vez em quando,

vestido, suarei na testa. Tomarei o

uma pontinha de febre, deveria ter

a mulher, se o doente for casado, deve

automóvel... E ninguém perguntará

direito a ficar na cama e não fazer

pôr-lhe a mão na testa e dizer coisas

se estou melhorzinho.

absolutamente nada que não fosse

que o envaideçam - por exemplo:

A ciência médi ca progrediu e já

vIver a sua febre. O ideal sena

- Eu gosto tanto q uando você está

não se tomam tantos cuidados com

recolher-se a uma Casa de Saúde,

doente. A gente fICa mais perto um

quem tem doença "micha". Para se

cercado de enfermeiras, de batas

do outro.

ser bem tratado é preciso que se tenha

Então, o doente abre os olhos (o

uma lesão cardíaca, um acidente de

bom doente é aquele que mantém os

circulação ou uma leucemia. Com

-Então, está melhorzinho?

olhos fechados), sorri e, tomando a

uma pontinha de febre não adianta

E,

perguntassem,

mão da esposa, aperta-a, docemente,

fazer ftta porque ninguém liga. Ah,

pulsações,

num gesto convencional, que quer

que saudade do impaludismo! Os

tomassem-lhe a pressão, pusessem­

dizer:

é

calome lanos, as gotas de acônito, o

lhe o termômetro ...

ridículo, mas necessário ao doente.

cruciftxo, com um laço de ftta

-Debaixo do braço, por favor!

Todos os doentes, quanto menos

vermelha, no espaldar da cama. Os

... e, sem nada dizer sobre o pulso,

grave for a doença, mais precisam de

lençóis muito brancos.

a tensão arterial e a febre, fizessem o

carinhos formais; exatamente, os

doente tomar, sem discu tir, um

ridículos.

alvíssimas,

que

lhe

ftzessem

perguntas ca rinhosas: enquanto

contassem-lhe

as

ete rnidade.

Tudo

isto

um estojinho de ouro. N o estojinho

comprimido branco (o comprimido

Cá estou, com uma pontinha de

viria numa colher), cUJO nome não

febre, que ninguém levou a sério.

revelaria.

Nem eu. Mas gostaria de ser tratado

Quando se está doente, mesmo

O médico tirava o termômetro de

que tudo não passe de uma pontinha

como doente e de não ter nada a ver com coluna de jornal, programas de

de febre, é preciso proceder como

rádio e televisão. À tarde, terei que

doente. Vestir um pijama claro, tomar

sair para fazer uma entrevista. Vestir

de ouro havia uma cobra, com uma esmeralda na cabeça. Extraída do livro Seja feliz e Faça os Outros Felizes - crônicas de Humor de Antônio Maria Organização: Joaquim Ferreira dos Santos Editora Civilização Brasileira

ANTÔNIO MARIA - quem diria, era exatamente o oposto do que sugerem suas canções de dor-de-cotovelo. Brincalhão, casado e feliz com a família que possuía. Nasceu no Recife, PE, em 17 de março de 1921 . Cronista, jornalista, radialista esportivo, Antônio Maria fez de tudo ­ e fez da alegria sua vida. Apaixonado pela boemia, virava noites rindo e brincando com Vinícius de Moraes, com Ismael Neto, com quem quisesse achar o prazer da vida. Quando enfartou, o médico lhe tirou tudo o que gostava: a costela, a feijoada . Seguiu adiante com bom humor e resignação. Um dia cansou, e ve io o segundo infarto. Foi em 15 de outubro de 1964. É sobre ele mesmo que escreveu a tão famosa frase: "Com vocês, por mais incrível que pareça, Antônio Maria, brasileiro, cansado , 43 anos, cardisplicente . Profissão: esperança."

40 /V\ovrmentD Médico


Quem se as soc la ao Clube ,t( f;

,.li ::c P I) d i~ g (.( r a n t i r um a

renda m ens al de até um ano em caso de a ci d ente,

<Xl

fazen do um Se guro com

Aux íl i o Doença *.

E d e quebra, só se

p r eocup ar com as COlsas

boas da vid a.

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