Tipos de Capa: Análise tipográfica das capas selecionadas pelo ABCD 2016

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TIPOS D E C A PA

Análise tipográfica das capas selecionadas pelo Academy of British Cover Design Awards-2016

CRISTIANE LISBOA VIANA PÓS GRÁDUAÇÃO EM TIPOGRAFIA | SENAC SÃO PAULO 2016


Elaborada pelo sistema de geração automática de ficha catalográfica do Centro Universitário Senac São Paulo com dados fornecidos pelo autor(a).

Viana, Cristiane Lisboa Tipos de Capa: Análise tipográfica das capas selecionadas pelo Academy of British Cover Design Awards - 2016 / Cristiane Lisboa Viana - São Paulo (SP), 2016. 120 f.: il. color. Orientador(a): Leopoldo Leal Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-Graduação em Tipografia) Centro Universitário Senac, São Paulo, 2016. Tipografia, Capa, Editorial, Livro I. Leal, Leopoldo (Orient.) II. Título


C R I ST I A N E L I S B OA V I A N A

TIPOS D E C A PA

Análise tipográfica das capas selecionadas pelo Academy of British Cover Design Awards-2016

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Senac Lapa Scipião, como exigência parcial para obtenção do grau de Especialista em Tipografia.

SENAC SÃO PAULO 2016


Este projeto foi composto nas tipografias Corporative (LatinoType) para os textos, Hanson FY (Black Foundry) para os tĂ­tulos e Open Sans (Ascender Fonts) para as legendas. Impresso em papel Opalina Diamond 120gr, pela grĂĄfica digital AroPrint.


C R I ST I AN E LI SBOA VI A NA

tipográfica das capas selecionadas pelo TIPOS [Análise Academy of British Cover Design Awards-2016

D E C A PA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Senac Lapa Scipião, como exigência parcial para obtenção do grau de Especialista em Tipografia.

ORIENTADOR PROF. LEOPOLDO LEAL

A banca examinadora dos Trabalhos de Conclusão, em sessão pública realizada em ___________________ /_________/_____________ , considerou a candidata: _____________________________________________________________________________________

1 Examinador(a) _______________________________________________________________

2 Examinador(a) ______________________________________________________________

3 Presidente _____________________________________________________________________



Agradecimentos Gostaria de expressar minha gratidão para todos aqueles que de alguma forma contribuiram para a conclusão deste curso e a realização deste projeto. Inicialmente, agradecer a minha família, em especial meu padrinho Mário Viana, por todo o apoio nos meus estudos, aos meus pais Moacir e Fátima por sempre estarem ao meu lado, mesmo que distantes. A todos os meus colegas de turma: vocês são ótimos, cada um acrescentou muito durante o curso, e perder praticamente todos os sábados durante um ano e meio não foi um grande sacrifício graças à compania de todos vocês. Agradecimentos especiais à Alexandra, Fabricia, Milena e Kenya por todo o apoio durante essa fase, dividindo preocupações, dando apoio, dividindo informações e por estarem sempre dispostas a ajudar independente do problema ser pessoal, profissional ou sentimental. Aos professores Henrique Nardi, Maria Helena Bomeny, Rafael Neder, Márcio Freitas, Gustavo Lassala, e em especial ao professor Leopoldo Leal, pela orientação durante esse trabalho de conclusão de curso. Muito obrigada a todos vocês por compartilhar seus conhecimentos. A todos os meus amigos de quem eu precisei me distanciar durante os meses de desenvolvimento do TCC, obrigada pelas boas vibrações e pela compreensão, em especial a Ana Fiori, que além de tudo revisou este trabalho. E por último, à pessoa que esteve ao meu lado todos os dias me ajudando no que foi possível, aguentando meus momentos de nevorsismo, minhas bagunças com livros espalhados, minhas conversas com o computador, e que também ajudou a revisar e traduzir, meu namorado Leandro Fiori, obrigada por tudo. Sou muito grata por ter trilhado esse caminho com todos vocês ao meu lado, muito obrigada.



RESUMO O presente trabalho de conclusão de curso tem como proposta uma análise tipográfica em capas de livros. Para isso, são análisadas capas que concorreram ao Prêmio da Academia Britânica de Design de Capa (Academy of British Cover Design Awards - ABCD) em 2016, separando-as em categorias definidas por sua forma e uso nas capas, pesquisando suas origens históricas, capacidades técnicas e conceituais, além de suas relações com os demais elementos gráficos que compõem a capa. Após estas análises são realizados exercícios práticos de experimentações em conjunto com a matéria Type Design I: harmonia e experimentação, com a criação de capas para cada uma das categorias estudadas. Palavras-chave: Tipografia, editorial, capa, livro

ABSTRACT This post-graduated thesis has as objective a typography analysis on book covers. For that, it is analyzed book covers that compete for the Academy of British Cover Design Awards (ABCD) in 2016, separating them into categories defined by their format and cover uses, researching their historical origins, technical and conceptual capacities, besides their relation with the other graphic elements that composes the book cover. After these analyzes, practical experimentation exercises are carried out in conjunction with the Type Design I: Harmony and experimentation class subject, with the creation of book cover for each of the studied categories. Key-Words: Typography, publishing, cover, book



SUMÁRIO

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INTRODUÇÃO 16 Objeto de Estudo

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EXPERIMENTAÇÕES 90 Escriturais 92 Manuais 94 Serifadas 96 Lineais 98 Lineais de Impacto 100 Ornamentais 102 Ilustradas 104 Capitulares 106 Emulativas

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CLASSIFICAÇÃO 29 Escriturais 37 Manuais 43 Serifadas 51 Lineais 57 Lineais de Impacto 65 Ornamentais 71 Ilustradas 77 Capitulares 83 Emulativas

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CONCLUSÃO 119 Bibliografia



INTRODUÇÃO O presente trabalho de conclusão de curso tem como objetivo a análise das tipografias utilizadas nas capas indicadas ao Prêmio da Academia Britânica de Design de Capa (Academy of British Cover Design Awards - ABCD) em 2016. Como ponto de partida para essa análise, faz-se necessária uma pequena introdução sobre o suporte em que essas letras estão sendo aplicadas, e sobre o papel da tipografia como ferramenta de comunicação. No decorrer dos séculos, as capas de livros vêm evoluindo e mudando de função, forma e material. No início, com os livros manuscritos, a capa era feita em couro e servia especialmente para proteger aquele conteúdo e objeto valioso. Com a invenção da imprensa e um público cada vez mais alfabetizado, a capa começa a ser utilizada para identificar o seu conteúdo. Hoje a capa tem papel fundamental na venda do livro nas livrarias e até mesmo na internet. Ela é um veículo de comunicação não apenas de informações factíveis, como nome do livro ou quem o escreveu, mas também é imbuída de significados simbólicos.[FIG.1] (LYONS, 2011; POWERS, 2001)

Mendelsund (2014) lista de forma bastante espirituosa que as capas de livros possuem diversas funções:

• Pele  Seja em forma de sobrecapa, protegendo a capa, ou • • ↑ [FIG.1] Capas de livro produzidas respectivamente (de cima para baixo) nos séculos 15, 19 e 21. Primeira edição do Nuremberg Chronicle, Eighteen Stories For Girls e The Flame Alphabet. [historical.ha.com; nancyrivers.tumblr.com ; benmarcus.com]

em outros formatos, a capa protege o conteúdo do livro e cria uma identidade para o texto. Moldura  Ela é intermediária entre o texto e o mundo, um caminho de entrada, uma introdução do que está por vir. Lembrete  Ao buscar um livro na prateleira, o leitor procura pelos aspectos visuais da capa. Ao apanhar um livro, a capa lhe recorda o conteúdo. Souvenir/talismã  Pensando na leitura como transporte para uma outra realidade/universo, a capa se torna um globo de neve, camiseta ou chaveiro, um objeto simbólico que você adquire para guardar a lembrança desse local.[FIG.2] Balcão de Informações  A capa informa sobre o que é o livro, a qual gênero ele pertence, quem é o autor, impressões

Introdução

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• • •

de leitores. A capa possui informações úteis e acessórias, e como um balcão de informações ele localiza o leitor, como quando as orelhas da capa são usadas como marcadores de página. Placa de comunicação/ um aperto de mão secreto  Livros, assim como roupas, carros etc, comunicam quem você é, pessoas se identificam ao ver desconhecidos lendo livros que os agradaram, assim sendo, capas de livro são uma propaganda de quem você é. Teaser  O livro funciona como um teaser de filme, deve ter informação suficiente apenas para “fisgar”o leitor. Troféu  A capa é uma forma de exibir os títulos que você leu em suas prateleiras. Vendedor ambulante/ propaganda/ outdoor  É esperado que as capas ajudem a vender os livros, para isso eles devem adular, gritar, fazer piadas, flertar, enfim, tudo o que for possível para que o consumidor levar o texto. Tradução  A capa do livro será uma leitura/ interpretação daquele conteúdo.

Para atingir essas funções, o capista tem a sua disposição uma gama infinita de elementos para composição; fotos, ilustrações, texturas, cores e tipografias; atingindo o públicoalvo, comunicando e despertando o desejo do leitor. De todos esses elementos, analisaremos especificamente as tipografias. Entretanto, não faria sentido um estudo ignorando todos os demais componentes, logo também são analisadas as relações da tipografia com esses elementos.

Ao criar o design de uma publicação, um dos maiores focos é a tipografia. Em um nível essencialmente funcional, o designer precisa lidar com questões de legibilidade, hierarquia e clareza para apresentar informações verbais. Mas a tipografia trás também mensagens não verbais. Ao selecionar fontes e integrar a tipografia às imagens, o designer pode influenciar profundamente o caráter geral de uma publicação em de fato, produzir outro tipo de conteúdo. A escolha especifica mediante significados que o público pode associar à própria fonte.” (SAMARA,2011, P.30 )

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TIPOS DE CAPA: Análise tipográfica das capas selecionadas pelo ABCD 2016

↑ [FIG.2] Postcards from Penguin: one hundresd postcards in one box. Muitas capas de livros criam imagens tão iconicas e afetivas que acabam se tornando postais ou posters, confirmando função de souvenir dos “mundos” que o leitor visitou.


Projetar capas de livros engloba a definição e manipulação de diversos atributos intrínsecos e extrínsecos das letras, a fim de transmitir uma mensagem original a seu público. A comunicação, com o uso da tipografia, vai além do significado textual das palavras, pois sua forma e aplicação também comunicam significados que transformam a peça em um representante da experiência do leitor com o conteúdo, assemelhando-se a um projeto de branding. (SAMARA,2011) Em busca de um aprofundamento do uso de tipos na composição de capas de livros, iniciou-se a análise categorizando os tipos utilizados de acordo com sua forma (e em alguns casos forma e função), e a partir dai pesquisou-se a origem dessas formas e quais objetivos conceituais e técnicos para o uso de cada categoria de letra. Para certificar que o objeto de estudo possua uma qualidade e relevância para este trabalho acadêmico, a amostragem pesquisada contempla uma seleção feita para o Prêmio da Academia Britânica de Design de Capas, uma premiação com curadoria de capistas renomados do mercado Britânico. Após esta fase de análise, foram propostos exercícios práticos de composição. Utilizando o título Dom Casmurro, foram produzidas capas para cada categoria de letra identificada, assim, aplicando e testando na prática os conhecimentos adquiridos na análise das capas e suas tipografias. Para finalizar o estudo, no capítulo de conclusão, foram expostas outras análises e reflexões sobre o tema, comparações das relações de igualdade e disparidade entre as categorias, e outros assuntos relativos a produção de capas no geral.

Introdução

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Objeto de Estudo Para o estudo das tipografias em capas de livros foi feita a análise tipográfica das capas indicadas e vencedoras do Prêmio da Academia Britânica de Design de Capas (Academy of British Cover Design Awards - ABCD) no ano de 2016[FIG.3]. Criada em 2013, a ABCD foi lançada pelos dois principais designers de livros do mercado Britânico, Jon Gray e Jamie Keenan, com o objetivo de criar uma premiação na qual as capas de livros pudessem ser avaliadas por profissionais que entendem das peculiaridades de técnicas e mercado. (SINCLAIR, 2013) A premiação está em seu terceiro ano e aceita trabalhos feitos para o mercado britânico ou peças feitas por britânicos para o exterior. O júri é composto exclusivamente por uma banca de 10 designer de livros, alguns de editoras renomadas como a Pan Macmillan e Penguin Books, assim como designers freelancers, todos desenvolvem trabalhos como capistas. (THE ACADEMY OF BRITISH COVER DESIGN, 2016)

Para a premiação são selecionadas capas em 10 segmentos de mercado:

• Infantil (Children's) • Jovem Adulto (Young Adult) • Ficção Científica e Fantasia (SciFi/Fantasy) • Mercado de Massa (Mass Market) • Ficção (Literary Fiction) • Policial (Crime/Thriller) • Não Ficção (Non-fiction)

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• Design de Colecão (Series Design) • Classicos/ Reedições (Classic/Reissue) • Ficção por Mulheres (Women's Fiction) Na edição de 2016 foram analisadas mais de 900 inscrições, em cada segmento foram escolhidas seis1 capas finalistas e delas um ganhador é selecionado. Então, ao todo temos 110 livros participantes da premiação. (THE ACADEMY OF BRITISH COVER DESIGN, 2016)

Visto que são trabalhos selecionados por um júri especializado, os critérios de avaliação estão de acordo com os métodos de produção, especificações e restrições relativas ao design de capas de livros e seus respectivos mercados. (THE ACADEMY OF BRITISH COVER DESIGN, 2016)

Com este objeto de estudo foi possível analisar minuciosamente os elementos tipográficos das peças selecionadas, identificando técnicas e elementos, sua relevância e significado, além de diferenças e tendências entre as categorias e estilos. Assim explorando e aprofundando o conhecimentos do papel da tipografia nas capas de livros, além do estudo e experimentação de técnicas e abordagens variadas baseadas nas análises das capas.

1 Com exceção de Não-ficção que

devido ao número de inscritos foram selecionadas 12 obras, e das obras de coleção que abrangem todas as capas da mesma coleção.

← [FIG.3] Ganhadores dos prêmios de melhores capas pelo Academy of British Cover Design Awards em 2016, na ordem listada no texto.

Objeto de Estudo

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CLASSIFICAÇÃO De acordo com Harris (2011) “Tipos e famílias de tipos podem ser classificadas de acordo com suas características intrínsecas.”, ou seja, suas características anatômicas. Mas, devido a este ser um estudo tipográfico com um suporte especifico, foram criadas classificações que também englobam a forma e/ou o uso dessas letras nas capas. Essa categorização em relação ao uso foi apontada no caso das Lineais e Lineais de Impacto, pois é possível identificar que apesar da mesma forma das letras, a abordagem e resultado visual seguem linhas muito distintas; nas Ilustradas, em que o tipo é utilizado de forma que ocorra a identificação de uma imagem/ilustração; e nas Capitulares, que diz respeito ao destaque e ornamentação de uma única letra. Das 110 capas participantes do Prêmio da Academia Britânica de Design de Capas, 10 não possuem tipografia em sua composição, sendo assim, elas foram retiradas dessa análise. As categorias foram definidas dentro do universo das 100 capas selecionadas, utilizando como base categorizações tipogáficas definidas pela Vox-AtipI, BS 2961 (British Standards) e a proposta feita por Catherine Dixon em 1995 para o Central Lettering Record. Outras foram criadas de acordo com as especificidades do uso do tipo nos projetos de capa como já explicado. As categorias foram definidas em:

• Escriturais

• Manuais

• Serifadas

• lineais

• Lineais de Impacto

• Ornamentais

• Ilustrada

• Capitular

• Emuladas

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Escriturais Letras que em sua forma possuem uma construção caligráfica ou cursiva, em sua maioria com letras minúsculas interligadas, podendo ser clássicas ou expressivas.

LINEAIS Neste grupo encontram-se as tipografias que utilizem formatos de letra sem serifa que buscam uma neutralidade em seu uso.

manuais As manuais são letras baseadas em traço feito a mão, construídas com qualquer instrumento de escrita. Essas tipografias geralmente não representam a escrita em si.

LINEAIS DE

IMPACTO

Neste grupo encontram-se as tipografias que utilizem formatos de letra sem serifa que buscam uma neutralidade em seu uso.

SERIFADAS Participam desta categoria todas as tipográficas com serifas, sejam elas clássicas ou modernas.

Orna mentais

São letras que possuem ornamentos na sua composição, como sombreados, serifas diferenciadas, texturas etc

emulativas Entram nessa categoria letras que estejam participando de forma essencial na composição da ilustração/imagem de capa.

Capitulares se caracterizam por utilizar apenas uma letra como elemento principal .

Participam desta categoria letras que em sua forma querem emular um tipo especifico de impressão.

Classificação

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INFANTIL (CHILDREN’S)

JOVEM ADULTO (YOUNG ADULT)

FICÇÃO CIENTÍFICA E FANTASIA (SCIFI/FANTASY)

MERCADO DE MASSA (MASS MARKET)


SEGMENTOS

FICÇÃO (LITERARY FICTION)

do abcd awards

FICÇÃO PARA MULHERES (WOMEN’S FICTION)

POLICIAL (CRIME/THRILLER)

NÃO FICÇÃO (NON-FICTION)

DESIGN DE COLECÃO (SERIES DESIGN)*

CLÁSSICOS/ REEDIÇÕES (CLASSIC/REISSUE) * Coleções representadas por apenas uma de suas capas. As demais capas serão expostas ao decorrer do projeto. Capas premiadas.




CATEGORIAS da pesquisa ESCRITURAIS

MANUSCRITA

SERIFADAS

LINEAIS

LINEAIS DE IMPACTO

ORNAMENTADAS


ILUSTRADAS

EMULATIVAS

CAPITULARES


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Categorias

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Escriturais No grupo das Escriturais se encontram as letras com uma estrutura cursiva, e em sua maioria com letras unidas entre si ou derivadas desse traço contínuo, como é possível identificar na capa Help. É uma letra que tem sua origem na escrita cursiva, em que, de acordo Henestrosa (2014, APUD SMEIJERS,1996), “ a escrita tem a ver com o movimento da mão (ou do pé, da boca, ou de qualquer outra parte do corpo usada para criar letras) e com a geração do traço com um único gesto ou movimento, de modo que as partes fundamentais de cada letra sejam geradas por um único traço.” A história da escrita e da caligrafia é bastante rica e antiga, o primeiro alfabeto ocidental produzido data de aproximadamente 1200 a.C., e ao decorrer dos séculos vem se transformando e se reinventando às novas ferramentas e suportes. As caligrafias utilizadas nas capas analisadas são, em sua maioria, baseadas na estrutura da Copperplate[FIG.4], uma letra criada no início do século XVI, em que pela primeira vez que todas as letras de uma palavra estão conectadas. Por sua rapidez, ela começa a ser adotada como escrita do comércio substituindo as bastardas. Nos séculos XVII e XVIII, essa letra ganha status de arte e o conhecimento dessa escrita era sinal de status entre os mais abastados. Até que, no século XIX, a Copperplate já é escrita escolar padrão na Europa e Estados unidos. (HARRIS, 2009)

↑ [FIG.4] Amostra de copperplate para gravação feita porGeorge Bickham's English Roundhand lettering and engraving ability. [wikimediacommons]

Essa bagagem histórica e cultural é bastante explorada no design gráfico para transmitir conceitos como tradição e elegância.

Escriturais

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Temos como exemplo as capas da coleção de clássicos da Penguin, Puffin Classics[FIG.5], em que de dezoito livros da coleção seis estão na categoria Escriturais.

→ [FIG.5] Uso de letras Escriturais nos livros da Coleção Puffin Classics, Penguin.

Outra característica das letras Escriturais é a relação direta com o traço manual. Em alguns dos exemplos citados até mesmo o acabamento dado a elas reforça esse aspecto feito a mão, o que pode parecer contraditório, visto que o livro é um produto de processo industrial. É possível identificar na história da arte que todo movimento de revolução tecnológica é acompanhado por um movimento oposto. Um exemplo marcante destes movimentos pode ser analizado ao final do século XIX. A automatização e o imediatismo de produção advindo s da revolução industrial afetaram bastante a produção editorial. A velocidade de produção e a busca por um baixo custo fez com que a qualidade dos produtos editorias decaíssem bastante, isso também ocorre em outras áreas do mercado. (MEGGS, PHILIP B.; PURVIS, ALSTON W., 2009)

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Em resposta a esse cenário surge o movimento de arts and crafts:

[...] movimento arts and crafts (artes e ofícios), que floresceu na Inglaterra durante as últimas décadas do século XIX como reação a confusão social, moral e artística da Revolução Industrial. Advogavam-se o design e um retorno dos ofícios manuais e abominavam-se os bens “baratos e vis” da produção em massa da era vitoriana. O líder do movimento, William Morris (1834-1896), clamava por clareza de propósito, fidelidade à natureza dos materiais e métodos de produção e expressão tanto por parte do designer como do trabalhador.” (MEGGS, PHILIP B.; PURVIS, ALSTON W., 2009)

William Morris, com o movimento arts and crafts, buscou através dos métodos de produção artesanal, melhorar a qualidade dos produtos fabricados no século XIX, não apenas no quesito visual, mas também social.[FIG.6] Atualmente, podemos observar um cenário similar. O mercado pede produtos com uma rapidez enorme. Boa parte dos serviços editoriais são feitos por meio dos computadores e finalizados por processos mecânicos e industriais, ambos são ferramentas que, se não forem utilizadas com criatividade, acabam gerando resultados similares, criando produtos que não terão destaque no mercado.

← [FIG.6] Folha de rosto do livro The story of the Glittering Plain impresso pela Kelmscott Press em 1894 [wikimediacommons]

Escriturais

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O uso de uma linguagem visual mais próxima ao manual/ artesanal dá uma personalidade ao projeto, assim como retira um pouco da imagem de um produto de massa. Já é possível identificar uma tendência pelos processos criativos manuais, pois além de obter resultados diferentes e originais, também existe um sentimento nostálgico que atrai o público. (BERTONI, 2015) Muitos designers buscam inspiração em elementos da cultura Hand-made (feito a mão)[FIG.7]. Produtos que seguem essa tendência buscam trabalhar com matérias-primas simples (tinta, papelão, madeira crua etc) para atingir a memória afetiva dos clientes, e a utilização desses materiais aparentemente não industrializados ou métodos manuais de produção, transmitem confiança de um trabalho feito especialmente para o cliente, além de atenção e cuidado investidos para produzir aquele produto. (MESCLADA, 2015) Apesar desse apelo afetivo, a utilização de tipos Escriturais perde um pouco no quesito da legibilidade. Muitos dos seus desenhos possuem altura de x pequena, ou traços muito finos, atributos que dificultam a identificação dos caracteres (HENESTROSA, 2014), e isso pode se tornar um fator prejudicial na venda em livraria. Em exposição, a capa de um livro funciona como um cartaz de venda daquele produto; e o título pode despertar a curiosidade do leitor, assim como cores e imagens que podem estar compondo essa capa. Visando melhoras nessa legibilidade reduzida, é possível identificar que a aplicação de letras Escriturais é sempre feita sobre fundos chapados, sem textura e a cor da letra e do fundo são bastante contrastantes.[FIG.8]

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↑ [FIG.7] Exemplos de letterings das capas analizadas e o traçado manual, buscando características da cultura hand-made.

↓ [FIG.8] Algumas das capas escriturais com a separação de cores de fundo e tipografia, é possível identificar contrastes que colaboram na legibilidade do tipo.


Outro ponto interessante de se observar é a utilização das letras Escriturais para representação e comunicação com o público feminino. Das seis capas do segmento Ficção por Mulheres, quatro estão presentes no grupo das Escriturais[FIG.9].

← [FIG.9] Capas do segmento Ficção por Mulheres, que estão na categoria Escritural.

Victoria Rushton (2015), em um texto publicado no Alphabettes1, faz criticas sobre a forma de descrever tipos como masculino ou feminino reforça estereótipos de gênero.

[1] Alphabettes é um site que publica

textos sobre tipografia e design gráfico, produzido em conjunto por profissionais da area, todas mulheres.

Isso é pouco legal por duas razões. A primeira é que eles são apresentados a nós como opostos, o que reforça a ideia falsa e restritiva de que um gênero binário existe. A segunda é que a maioria dos adjetivos que associamos à feminilidade pintam suas subjetividades como ineficazes ou frágeis, e a maioria dos adjetivos que associamos à masculinidade são poderosos e favoráveis. A sociedade tem o desagradável hábito de usar “feminino” de forma pejorativa e destacar “masculino” como um cumprimento. Usar a palavra “feminino” enquanto e ela conota impotência ou usar “masculino” enquanto esta conota importância contribui para propender contra mulheres, e define padrões arbitrários que pessoas de todos os gêneros não deveriam se sentir pressionadas a se conformar. (RUSHTON, 2015, TRADUÇÃO NOSSA)2

Assim sendo, essa discussão também pode ter um outro caminho. A massiva utilização de fontes descritas como delicadas, curvilíneas, elegantes, fofas etc, para produtos direcionados ao público feminino (muitas delas Escriturais), também reforçam estereótipos de gênero. Eles são bastante prejudiciais para a sociedade e para o trabalho do designer, que fica preso a ter de repetir esses estereótipos para obter aprovação dos projetos.

[2] This is pretty uncool for two reasons. The first is that they’re presented to us as opposites, which enforces the restrictive and false idea that a gender binary exists. The second is that the majority of the adjectives we associate with femininity paint their subject as ineffective or frail, and the majority of the adjectives we associate with masculinity are powerful and favorable. Society has a nasty habit of using “feminine” as a pejorative and touting “masculine” as a compliment. Using the word “feminine” while it connotes powerlessness or using “masculine” while it connotes importance contributes to bias against women, and sets up arbitrary standards that people of every gender should not have to feel pressured to conform to.”

Escriturais

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Escriturais

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Manuais As letras Manuais3 diferem das Escriturais devido a uma estrutura menos atrelada à letra cursiva, de acordo com a VoxAtypI ela não tem a finalidade de se assimilar a uma letra feita a mão, a letra que as pessoas usam no seu dia-a-dia. (WIKIPEDIA, 2016)

3 Nomeclatura definida pela Vox-atipl,

também chamada de Gráfica pela classificação BS 2961.

As Manuais possuem características muito similares às Escriturais, ambas querem humanizar o traço, criar um produto seguindo uma tendência Hand-made, buscam transparecer alguma personalidade através da expressividade, mas foram identificadas algumas peculiaridades. Podemos deduzir que através da análise histórica e anatômica das letras Manuais, elas tem sua origem nas capitulares gregas[FIG.10] e romanas, em que as letras são feitas por partes e não a partir de um único traço, ou seja, para se desenhar um “A” é necessário fazer minimamente dois traços, então podemos concluir que as Escriturais derivam das estruturas de letras minusculas/cursivas enquanto as Manuais derivam das capitulares. (MEGGS, PHILIP B.; PURVIS, ALSTON W., 2009)

↓ [FIG.10] alfabeto grego Iônico, adotado ofocialmente pelos Atenienses em 403 D.C. [www.designingwithtype. com]

Manuais

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Também foi identificado que as letras Manuais tem um uso eficiente em contextos lúdicos, como é o caso do livro infantil. Temos capas integrantes do segmento infantil inseridas em diversas categorias, mas a Manual foi a única a ter dois títulos. Em Hoot Owl foi utilizada uma letra Manual para se adequar ao estilo da imagem, com traços irregulares que parecem desenhados sobre uma superfície porosa, enquanto o Livro Oi Frog!, utiliza a letra Manual como referência aos balões de fala. Além deles temos também o livro A Little Princess, (que faz parte do segmento de Coleções, mas seu conteúdo é direcionado ao público infantil), nele foram usadas letras Manuais com formatos variantes, como alguém que escreve sem conseguir manter uma modulação dos caracteres, uma característica de letras feitas por crianças.[FIG.11] Esse aspecto formal da letra infantil é outro ponto interessante a se analisar. A criança inicia seu processo de aprendizado na escrita utilizando letras Manuais, ou como comumente é chamada no Brasil “letras de forma”. Isso acontece por que durante o processo inicial de alfabetização a criança vai pensar em quais e quantas letras são necessárias para fazer a palavra em questão, logo as escritas cursivas dificultariam essa visualização e pensamento das letras como unidades. Assim, o uso de letras Manuais em materiais para crianças cria uma aproximação com esse público. (VICHESSI; PELISSARI, 2008) Um potencial interessante explorado nesse tipo de letra é o uso de diferentes suportes para obter variações no traço, assim modificando a mensagem transmitida ao leitor.

A manipulação de imagens acrescenta comunicação ao que já esta prontamente aparente a partir do sujeito retratado. Em um nível mais abstrato, tanto a cor quanto a forma e o tratamento ilustrativo contribuem para a mensagem geral de uma publicação, e devem também ser vistos como conteúdo. Do mesmo modo, o tratamento tipográfico – em sua seleção de fontes, tamanhos e qualidades visual e de textura – também acrescenta mensagens aos layouts, para além do que está literalmente expresso pela escrita em si.” (SAMARA, 2011)

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↑ [FIG.11] Uso das Manuais para comunicação e identificação com o público infantil.


Podemos observar por exemplo que na capa Night Owls as letras parecem ser desenhada utilizando um pincel redondo, as pontas das letras adquirem uma espessura mais fina que o meio das hastes, a Under Ground parece ser construída com um objeto pontiagudo arranhando uma superfície, e em Life on a Refrigerator Door já temos a impressão de ter sido desenhado com um lápis grosso sobre um suporte poroso dando bastante textura á letra[FIG.12]. Estas características acabam acrescentando significados simbólicos às capas. ← [FIG.12] Exemplos de utilizações de materiais e suportes diferentes para variação das letras manuais.

Manuais

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Manuais

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Serifadas Nesta categoria estão representadas todas as capas compostas por letras que tenham serifas, sejam elas de origem clássica ou moderna. É necessário identificar que nas origens históricas do alfabeto ocidental as letras serifadas são compostas por dois alfabetos de origens distintas. Segundo Robert Bringhust (2005):

As mais antigas letras europeias que chegaram até os nossos dias são as maiúsculas gregas gravadas em pedra FIG.13]. Os traços são finos e esqueléticos, quase etéreos – o oposto da substância pesada em que eram esculpidos. [...] Com o tempo, seus traços engrossam, a abertura [das curvas] diminuiu, as serifas aparecem. As novas formas, utilizadas em inscrições ao longo do império grego, serviam de modelo para as escrituras formais da Roma imperial.” (BRINGHURST,2005)

Já as minúsculas surgiram de uma necessidade que as Capitulares não atendiam, a da produção de documentos comerciais e legais, cartas, Literatura etc, cada vez mais corriqueiros e necessários nas grandes cidades. De acordo com Perrota (2005), “Do século I ao IX deu-se então, o desenvolvimento das escritas cursivas, sendo que

Serifadas

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no primeiro século surge o traçado das letras minúsculas, no estilo conhecido como semi-uncial [...]”. [FIG.14]

↓ [FIG.13] Detalhe da incrição da coluna de Trajano. 114 a.C. [ilovetypography.com]

Até esse período, cada monastério adotava um estilo próprio de escrita, até que o o Imperador Carlos Magno padronizou a escrita para o sistema escolar e cópia das bíblias, desenvolvendo a escrita Carolíngea e estabelecendo o uso diferenciado das maiúsculas e minúsculas. (PERROTTA, 2005)

As letras minúsculas originam-se de um desenvolvimento da escrita cursiva para uma escrita continuada, enquanto as letras maiúsculas derivam de um estilo de escrita meticuloso e muito mais lento herdado de inscrições Romanas. Essa importante diferença nas suas origens resultou em em dois alfabetos que diferem em diversos níveis, tanto nas suas estruturas quanto nos seus esqueletos. (BEIER, 2012)

O uso das capitulares e minúsculas tem suas particularidades. Enquanto as minúsculas tem uma grande responsabilidade em exibir um conteúdo textual de forma clara e orgânica, as capitulares funcionam como destaque, dando enfase em títulos ou indicando inícios de frases. (BEIER, 2012) De acordo com Bringhurst, 2005: ↑ [FIG.14] The Lindisfarne Gospel half uncials, c. 715 [designhistory.org]

Os escribas monásticos – que também eram desenhistas, copistas e arquivistas – mantiveram vivas muitas letras antigas. Eles as utilizavam nos títulos, subtítulos e iniciais, mas optavam por escritas mais

[3] The lower case letters originate from a script development for continuous wrinting, while the uppercase letters derive from a much slower, meticulous writing style handed down from Roman inscriptions. This importante difference in their origin has resulted in two alphabets difering on several levels, both in theis structure and in their skeletons.

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novas e mais compactas nos textos corridos. Uma dicotomia básica originou-se dessa rica multiplicidade de letras: a das maiúsculas - letras grandes, solenes e formais – e das minúsculas – letras menores, mais informais, ou ainda a da caixa-alta e da caixa baixa, como a chamamos hoje. (BRINGHURST, 2005, P.134)

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O que indica que muito do que utilizamos hoje como regras de diagramação são convenções originadas da época dos monges copistas. Metade das capas analisadas nesta categoria utilizam as letras serifadas todas em caixa alta, é possível observar que este uso busca agregar ao layout essas características histórias e de uso das capitulares, além de dar destaque à composição. A utilização das letras capitulares serifadas como uma busca a referências históricas fica bem evidente na capa ganhadora da categoria infantil, The Fox and The Star[FIG.15], em que o layout da capa tem referências fortes aos designs do William Morris[FIG.16] na Kelmscott Press, este que durante em seus trabalhos editoriais buscava resgatar a beleza dos livros incunabulares. (MEGGS, PHILIP B.; PURVIS, ALSTON W., 2009) ↓ [FIG.15] Capa ganhadora do segmento infantil, criada pela própria autora, Carolie Bickford-Smith, 2015.

↑ [FIG.16] Página do livro Poems by the Way, um dos trabalhos de William Morris para a Kelmscott Press, 1981. [heritagebookshop.com]

Serifadas

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Podemos observar também o uso dessas letras para transmitir uma formalidade, muitos desses títulos são clássicos da literatura[FIG.17]. Charlotte Bronté foi uma escritora do século XIX bastante conhecida pelo seu livro Jane Eyre, e os outros três titulos são da coleção Puffing Classics, bastante renomados publicados pela primeira vez no século XIX e inicio do século XX.

← [FIG.17] Utilização de letras serifadas para obter uma formalidade clássica.

Ou, no caso da coleção Vintage Classics[FIG.19], os livros usam uma estética vintage, com ilustrações utilizando uma paleta cromática reduzida[FIG.18], tipica das primeiras capas do século XX. (POWERS, 2001)

↑ [FIG.18] Primeira Edição de 1900 do livro O Mágico de Oz, feita pelo capista George M. Hill. [fonte: wikimediacommons] ← [FIG.19] Coleção de livros Vintage Clássics, vencedora nop seu segmento. Uso de paleta cromática reduzida típica do século XIX e XX.

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→ [FIG.20] Exemplos demonstrando a composição toda em caixa alta e em caixa alta e baixa na capa The Jungle Book. ↓[FIG.21] Livros que utilizam letras serifadas em caixa alta e baixa, tipografia utilizada como detalhe.

As letras em caixa alta também atuam como um facilitador na composição do layout. O uso das palavras todas em capitular formam blocos retangulares de texto, gerando linhas de apoio ao layout, enquanto que o uso de caixa baixa acarretaria em desníveis na parte superior e inferior das letras devido às ascendentes e descendentes, podendo criar espaços muito vazios entre as palavas.[FIG.20]

.

.

THE

The

Jungle Book

Em algumas capas desta categoria existe uma utilização das letras serifadas em caixa alta e baixa, a tipografia é aplicada como detalhe da capa, o texto é diagramado com parcimônia a fim de dar destaque a outros elementos[FIG.21]. Uma dessas capas, a Far From the Madding Crow, foi a única a utilizar separação hierárquica de informações a partir do uso diferenciado de capitulares, para o nome do autor, e texto em caixa alta e baixa no título. A maioria das capas acaba fazendo essa separação ou por distanciamento espacial ou utilizando uma fonte lineal.

↓[FIG.22] Unica capa a utilizar apenas serifadas minúsculas na sua composição, com um tipo moderno Didone.

A capa The Marble Collector[FIG.22] também possui uma abordagem particular, ela foi composta com as letras totalmente em caixa baixa e com muito destaque. Foi utilizada uma tipografia Didoni para compor o nome da autora. Esse tipo de letra tem como característica principal um altíssimo contraste e pouca diferenciação entre os caracteres, o que é apontado como um dificultador da leitura de textos, por outro lado, as capas dos livros dificilmente trabalham com leiturabilidade, mas sim com legibilidade. As formas de alto contraste das Didoni proporcionam um desenho de apelo visual muito forte, característica muito bem vinda para a composição de capas. (BEIER, 2012)

Serifadas

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Serifadas

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Lineais As Lineais são as tipografias sem serifas. As obras desta categoria se diferenciam das Lineais de Impacto, pois em sua forma e uso buscam uma neutralidade tipográfica, ou seja, existe uma intenção de que a tipografia não chame atenção na peça, deixando outros elementos como protagonistas. Segundo Dondis (1997), neutralidade, apesar de ser um conceito contraditório, pode ser obtido, através de uma configuração gráfica menos provocadora. Nas capas desta categoria, a busca pela neutralidade é perceptível pela tipografia utilizada, mas também pelos layouts centralizados e simétricos[FIG.23]. Além disso, quatro capas dessa categoria utilizam fundos em tons bege e branco.

↓[FIG.23] Busca pela neutralidade, na tipografia lineal, fundos neutros e layouts centralizados.

Lineais

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Dondis (1997) ainda complementa, explicando que esse recurso pode ser utilizado para atingir uma audiência muito resistente e extremista, um layout mais neutro não corre o risco de afastálos. Já Scaclione (2014, P.26 ) comenta sobre fatores negativos dessa abordagem, “Sempre é possível optar por um alfabeto suficientemente neutro, mas essa é uma saída fácil, que, embora evite fracassos espetaculares, dificilmente resultará em peças gráficas geniais.” A neutralidade na tipografia é bastante discutida no meio do design gráfico, e o assunto é abordado por diversos teóricos. No texto mais memorável sobre o tema, A taça de Cristal, Beatrice Warde cria uma metáfora em que a taça de cristal é para o vinho o que a tipografia deve ser para o livro, um objeto transparente, que não irá interferir no sabor, odor ou coloração do vinho. Ela reforça dizendo que a tarefa do diagramador é pôr uma janela entre o leitor e uma paisagem, e essa janela deve interferir o minimo possível nessa paisagem. (ARMSTRONG, 2015) Esse conceito é também abordado pelo Estilo Internacional[FIG.24], movimento que surgiu em 1950 na Suíça e Alemanha e visava um design mais objetivo e funcional. (MEGGS, PHILIP B.; PURVIS, ALSTON W., 2009)

As características visuais desse estilo incluem uma unidade obtida por meio da organização assimétrica dos elementos do projeto em um grid matematicamente construído; fotografia objetiva e texto que apresentam informações visuais e verbais de maneira clara e factual, livre de apelos exagerados da propaganda e publicidade comercial; e o uso de tipografia sem serifa alinhada pela margem esquerda, não justificada.” (MEGGS, PHILIP B.; PURVIS, ALSTON W., 2009)

↑ [FIG.24] Exemplo de peça gráfica do Estilo Internacional. Projeto de capa do livro Berlin-layout, Anton Stankowski, 1971. [MEGGS, Philip B.; PURVIS, Alston W., 2009]

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A busca por um design universalizado deixava de lado as expressões pessoais e soluções inovadoras, o Estilo Internacional prezava por um design científico e funcional, segundo Meggs (2009) “Clareza e ordem eram as palavras-chave”.

TIPOS DE CAPA: Análise tipográfica das capas selecionadas pelo ABCD 2016


Existem alguns obstáculos nessa busca pela neutralidade. Richard Hendel (2003) lembra-nos que a tipografia considerada neutra na década de 60, hoje já nos parece típica daquela época, e cita uma frase que Michael Rock, “as fontes são ricas do gesto e do espírito de sua época – até mesmo a Helvetica e a Univers podem parecer francamente evocativas”, ou seja, os tipos neutros escolhidos hoje, em alguns anos provavelmente serão característica da nossa época. O tipo cumpre sua função de neutralidade, mas a denominação de neutro é efémero[FIG.25 e 26].

← [FIG.25] Especiments da Univers e da Helvetica, fontes “neutras” da década de 60. [fonte: wikimediacommons] ↑ [FIG.26] Capa com uso da Helvetica, hoje em dia, icone da tipografia suiça.

Lineais

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Lineais

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Lineais de Impacto Segundo a Vox-AtypI e a British Standards, são denominadas como Lineais as tipografias que não possuem serifas. Assim sendo, neste grupo teremos os subgrupos definidos por estes modelos de categorização: Grotescas, Neo-Grotescas, Geométricas e Humanistas (DEVROYE, 2011). Para especificar melhor sua forma e uso, atribuímos a essa categoria o termo “de Impacto”, visto que o uso deste tipo de letra busca chamar atenção do leitor. Apesar das primeiras letras sem serifa terem uma origem tão antiga quanto as serifadas, os tipos lineais só começaram a ganhar destaque no século XIX como derivações das serifadas egípcias[FIG.27]. Essas letras começam a ganhar popularidade com os impressores Alemães, e na metade do século seu uso ja é bastante difundido, pois na época existia uma necessidade por tipos que chamassem atenção por seu tamanho e estilo para impressão de panfletos e cartazes. (MEGGS, PHILIP B.; PURVIS, ALSTON W., 2009)

← [FIG.27] Amostra da Tipografia Great Primer, Vicent Figgins, 1832.

Lineais de Impacto

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Logo podemos observar que o uso dos tipos lineais surge da necessidade de comunicar e chamar a atenção do observador[FIG.28], intenção presente em designs de capa de livros diante da concorrência no mercado de varejo. Isso é reforçado ao constatar que os segmentos Policial, Mercado de Massa e Ficção têm boa parte de seus indicados inseridos nessa categoria, com respectivamente, cinco, quatro e quatro livros com tipos lineais. É possível identificar nas capas abordagens advindas do pós-modernismo, que foi um movimento iniciado por volta da década de 80, trazendo diversos questionamentos sobre as regras no design. Foi um período estimulante, de discussões de alto nível e muita experimentação, “Basta olhar as capas de livros sobre pós-modernismo[FIG.29] para ver como, desde a metade de 1990, a página liberta seu espaço nebuloso e associativo e tornam-se lugar comum na representação do assunto.” (POYNOR, 2010)

↑ [FIG.28] Panfleto de um trem de excursões, 1876. [MEGGS, Philip B.; PURVIS, Alston W., 2009] ← [FIG.29] Livros sobre pós modernismo, publicados entre 1976 e 2001. [POYNOR, 2010]

De acordo com Poynor (2010):

[...] designers em sintonia com a teoria pós-moderna e suas expressões populares muitas vezes evocavam o leitor ou espectador usando ideias e termos semelhantes. Eles diziam que seu objetivo não era impor uma única leitura, fechada e restritiva, mas oferecer estruturas abertas que incentivassem a interpretação do público.”(POYNOR, 2010, P.119)

Ou seja, o designer começa a se utilizar da materialidade dos elementos de capa, para comunicar além do explicito, gerando possibilidades de interpretações em uma mesma peça. Isso é fundamental quando falamos de um produto como um livro, cujo conteúdo está a merce da interpretação do leitor, assim como é

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um produto muitas vezes complexo, e restringir seu conteúdo na capa de forma simplória não é o ideal. A maior parte das capas analisadas buscou unir a grande legibilidade desses tipos com colagens, fotos, ilustrações, texturas etc, assim a mensagem textual é transmitida com clareza, e elementos que interagem com essas letras agregam apelo visual, personalidade e conceitos ao design da capa. É possível identificar que muitas dessas interações tem abordagens pós-modernas, como desconstrução[FIG.31], apropriação[FIG.32], techno[FIG.30], autoria e oposição. (POYNOR, 2010) nas capas desta categoria. ← [FIG.30] Efeitos 3D aplicados as letras, remetendo as influências tecnológicas em peças analógicas.

← [FIG.31] The Invisible Man From Salem e na Purity, ocorre uma desconstrução das regras de legibilidade, e essas abordagens, são possíveis em peças comerciais devido a alta legibilidade do desenho das letras Lineais. Essa mesma quebra das regras de legibilidade acontece na capa The Killing of Bobby Lomax, em que o olho das letras é retirado, elemento considerado fundamental para a legibilidade do tipo.

← [FIG.32] Também podemos observar, nas capas a direita, em que os designers utilizaram apropriações de elementos ou estilos de épocas específicas para comunicação.

Lineais de Impacto

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↓ [FIG.33] Alguns letering da categoria lineal agregam pequenas informações secundárias em sua estrutura.

Já outras capas Lineais de Impacto parecem se aproveitar da alta legibilidade da forma das letras para inserir detalhes simbólicos diretamente nas letras[FIG.33]. Na capa The Heart Goes Last, o bloco de texto mais importante é o nome da autora Margareth Atwood, e o capista utilizou as duas letras O entrelaçadas como duas alianças. Na capa Wiskey, Tango, Foxtrot foi utilizada uma cor diferente nas iniciais do título formando WTF (What the Fuck), e na capa I Love Dick, foi aplicada à palavra “love” a cor rosa, enquanto “ I” e “Dick” estão em branco o que acaba criando uma referência entre a forma fálica do “I” com o significado pejorativo de “Dick” (Pênis). Especialmente no caso da capa I Love Dick, a forma como o a tipografia foi utilizada acaba agregando um tom de humor. Essa abordagem é explorada no livro Smile in the Mind, em que o termo é cunhado para definir peças gráficas que possuam perspicácia, equilibrando “familiaridade” e “brincadeira” o que cria um momento de revelação e surpresa no espectador. Essa abordagem é bastante poderosa.

[3]

“Wit first etices the reader to spend time on the communication, and then helps the message linger in the memory. These are often problems for the busy people designer usually address.”

A sagacidade primeiro atrai o leitor a gastar um tempo na comunicação, e então ajuda a mensagem a perdurar na memória. Esses frequentemente sãos problemas de pessoas ocupadas que designers normalmente abordam.” (MCALHONE; STUART, 2000, TRADUÇÃO NOSSA)3

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Lineais de Impacto

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Lineais de Impacto

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Ornamentais Entram nessa categoria desenhos de letras que em sua composição possuam ornamentos e decorações, como aplicação em 3D, swashes, hachuras, texturas, terminais ou serifas adornadas etc. Essa abordagem encontrada nos tipos Ornamentais tem uma referência muito forte da publicidade na Revolução Industrial, do uso da cromolitografia no design da Era Vitoriana[FIG.34]. Diferente dos tipos móveis, esse método de impressão utilizava uma matriz feita em pedra, o artista era responsável por toda a imagem, inclusive a tipografia. Foi uma época de grande variedade de estilos de tipos Ornamentais. (MEGGS, PHILIP B.; PURVIS, ALSTON W., 2009)

Impressores tipográficos e admiradores da boa tradição e impressão ficaram espantados com o fato de o projeto ser feito na prancheta de desenho do artista em lugar da chapa de metal da prensa do gráfico. Sem tradição e carecendo das restrições

↑[FIG.34] Cartaz para a Cincinati Industrial Exposition, 1883. [MEGGS, Philip B.; PURVIS, Alston W., 2009]

da impressão tipográfica, os designers podiam inventar qualquer letra que satisfizesse sua imaginação e explorar uma paleta ilimitada de cores vivas e brilhantes, até então não disponível para a comunicação impressa.” (MEGGS, PHILIP B.; PURVIS, ALSTON W., 2009)

Ornamentais

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No cartaz para a gráfica Hoe[FIG.35], é possível ver demonstrações das capacidades da cromolitografia. O cartaz é compostos por letras que se curvam formando ondas e arcos, interagindo com a imagem e, bem abaixo da peça, foi aplicada uma rica paleta de cores disponíveis, recursos impossíveis de se conseguir com a impressão em tipos móveis. (MEGGS, PHILIP B.; PURVIS, ALSTON W., 2009)

→ [FIG.35] Cartaz para a gráfica Hoe, ilustrando a impressora Litográfica. [MEGGS, Philip B.; PURVIS, Alston W., 2009]

↓ [FIG.36] Letterings adornados. vizualização simples P&B, separadas de seus layouts.

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Podemos ver claramente a referência a esse design Inglês na capa The Strings of Murder, com suas letras em diagonal e aplicação de efeitos de 3D, sombreados e texturas. Características similares são encontradas em outros letterings como o Peter Pan e o The Wizard of OZ.[FIG.36]

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As capas desta categoria se aproveitam desses adornos como referência ou conceito. No Caso do The Bees, o capista se utiliza de um desenho remetendo a tipográfica da banda The Beetles. Na Treasure Island, é utilizado um tipo adornado bem específicos da temática de piratas. Em The Tried and True Tales of Phineas Ichabod, os desenhos das letras remetem a uma superfície liquida e disforme.[FIG.37]

← [FIG.37] Capas e seus adornos representacionais.

É notável também que, por ter sido muito utilizada no século XIX, esse tipo de letra possui uma bagagem histórica forte, e muitos livros da coleção Puffin Classics (6 capas de 18), encontram-se na categoria das Ornamentais, mesma quantidade encontrada na categoria Escritural. É possível também notar a utilização de uma paleta reduzida, que como ja foi explicado, é uma característica das primeiras capas do século XX.[FIG.38]

↓ [FIG.38] Capas da coleção Puffing Classics.

A utilização de letras Ornamentais está cada vez mais em voga com a prática do Lettering manual, que tem sido uma tendência dos últimos anos. O Lettering manual, assim como as Escrituais e Manuais, resgata para os produtos industriais um aspecto de produto feito a mão, tais como a aplicação de adornos e a criação de letras especificas para a composição, imbuindo a sensação de bastante tempo e esmero aplicada a aquela peça. Outro aspecto do Hand-made explorado nessa categoria é a originalidade. Iniciar o desenho de um lettering vai chegar a um resultado particular, mesmo que as letras sejam inspiradas em tipografias existentes. A composição e estrutura são todas definidas pelo designer, e suscetíveis a detalhes de estilo, desenhos diferenciados de acordo com a composição das letras e “defeitos” que por muitas vezes acabam agregando significado.

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Ornamentais

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Ilustradas Nas capas com letras ilustradas temos tipografias que participam da composição como parte essencial da ilustração, e retirá-las da peça faz com que os outros componentes da capa percam seu sentido. Nas capas dessa categoria, observamos que a tipografia participa da ilustração de formas bastante diferentes[FIG.39]. Em Little Bit as letras atuam como o cenário da ilustração, na Killing the dead temos uma composição com letras serifadas simples, substituindo as pessoas de mãos dadas completando a espiral, em A Moral Defense of Recreational Drug Use as palavras são compostas de forma a referenciar uma trilha de cocaína.

↓ [FIG.39] Exemplos de utilizações de materiais e suportes diferentes para variação das letras manuais.

Ilustradas

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Em Birdy e em Syriza: inside the labirynth as informações textuais da capa induzem o leitor a atribuir significado às formas. Sem a palavra Birdy o observador não vê o pássaro na mancha, assim como na Syriza, sem o subtítulo inside the labirynth o padrão de linhas pode ser interpretado apenas como uma textura de formas geométricas, e sem o título, perde-se a complexidade dos labirintos[FIG.40].

← [FIG.40] A informação textual induz a visualização do labirinto e do pássaro.

Em alguns casos, não são as características da forma do tipo em si que as definem como ilustradas ou agregam significado a elas, mas o layout em que estão aplicadas. Isso quer dizer que se por exemplo trocarmos a tipografia serifada do Killing the Dead por uma lineal, ela continuaria cumprindo com sua função, assim como a troca do tipo lineal em A Moral Defense of Recreational Drug Use por uma Manual, também não modificará a mensagem[FIG.41].

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↓ [FIG.41] Não é o tipo de letra, mas o layout onde ele é composto que cria uma imagem.


De acordo com Samara (2011), existem algumas formas de transformar a tipografia em imagem, uma delas é a pictorialização.

Quando a tipografia se torna uma representação de um objeto do mundo real, ou assume as qualidades de algo tirado da experiência de realidade, ela foi pictorizada. Na pictorização ilustrativa, as formas são desenhadas para parecerem feitas de um material reconhecível ou para formarem parte de um objeto reconhecível.”(SAMARA, 2011, P. 32)

É perceptível que os elementos que interegem com essas letras também são bem simples, uso de cores chapadas no fundo, simplicidade na paleta, quase nenhuma textura, tudo isso dando destaque a forma da ilustração e evitando ruídos de interpretação da imagem[FIG.42].

↓ [FIG.42] Paleta cromática das capas ilustradas tendem a ser bem enxutas.

Ilustradas

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Ilustradas

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Ornamentais As capas pertencentes a esse grupo se utilizam apenas de uma letra como elemento principal do seu layout. Essa é uma abordagem que tem suas raízes históricas nas capitulares utilizadas em livros medievais, e que vem sendo aplicada de diversas formas nas publicações atuais. O uso de letras capitulares sinaliza o início de algo, ou indica importância. Existem dois tipos de capitulares utilizadas em livros medievais e incunabulares, cada uma delas com sua respectiva função. Temos as capitulares que são utilizadas como inicio de capítulo, ricas em detalhes ilustrativos se diferenciando bastante da masa de texto, servindo como uma pausa entre um assunto e outro, e as capitulares ou versais, utilizadas para indicar o inicio de parágrafos[FIG.43]. (DAY, 1902)

← [FIG.43] Página completa e detalhes de manuscrito do século XV utilizando capitulares iluminadas e versais. [antiquesandartireland.com]

Ornamentais

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Os exemplos encontrados nas capas aqui representadas se assemelham na função das capitulares de abertura de capítulo. Dentro dessa função elas se dividem em dois segmentos, as capitulares ornamentadas e as capitulares pictoriais. Nas capitulares ornamentadas[FIG.44] temos a aplicação intrincada de adornos entre as letras, com padronagens de folhas e arabescos, enquanto que as pictoriais[FIG.46] inserem ilustrações entre a capitular, essas ilustrações geralmente não tinham relação com o texto. (DAY, 1902)

← [FIG.44] Exemplos de capitulares ornamentadas. [DAY, 1902] ↓ [FIG.45] Detalhe. Capa da categoria Capitular, utilizando mesmo recurso das capítulares ornamentadas.

Curiosamente, cada capa desta categoria acabou representando um tipo de capitular. Na Quicksand[FIG.47], a letra engloba uma ilustração, assemelhando-se ao uso das Capitulares pictoriais; a capa G[FIG.45], por sua vez, é envolta por adornos - além de pequenas imagens - que criam o mosaico de um vitral, compondo assim uma abordagem similar à das capitulares ornamentais.

Temos dois exemplos atuais no design gráfico com o uso de capitulares como elemento principal no projeto editorial. O projeto Drop Caps[FIG.48], da Penguin Books, uma coleção de 26 livros produzidos pelo diretor de arte Paul Buckley em parceria com a designer de tipos Jessica Hische. Nesse projeto, cada capa é ilustrada por uma capitular referente ao sobrenome do autor, todos autores clássicos renomados. O apelo visual dos livros acabava atraindo o público a comprar os títulos que combinassem com suas próprias iniciais e a

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← [FIG.46] Exemplos de capitulares pictoriais. [DAY, 1902] ↑ [FIG.47] Detalhe. Capa da categoria Capitular, utilizando mesmo recurso das capítulares pictoriais.


editora estimulou esse consumo em suas campanhas de Marketing. (PENGUIN GROUP USA LLC, 2016)

← [FIG.48] Imagem de divulgação da coleção Drop Caps, da Penguin Books. [PENGUIN GROUP USA LLC, 2016]

No Brasil, em 2014, o designer Gustavo Piqueira fez uma releitura de iniciais medievais presentes nas iluminuras para o livro Marcus, Matheus, Lucas e João[FIG.49]. Ele se utilizou da mesma estrutura, em que temos uma letra como base e nela são adicionadas adornos e “narrativas visuais” ou ilustrações pictográficas. Neste caso ele une as capitulares adornadas e as pictoriais em um único resultado.(CASA REX, 2014)

↓ [FIG.49] Explicação do processo de criação e os resultados obtidos no projeto de capitulares para o livro Marcus, Matheus, Lucas e João. [CASA REX, 2014]

Ornamentais

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Ornamentais

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Emulativas As letras pertencentes a essa categoria são uma simulação da de uma técnica de impressão, termo foi criado pela Catherine Dixon (1995 APUD SILVA E FARIAS, 2005, P.76) em sua reclassificação tipográfica. A principal característica das letras Emulativas é a adição de deformidades na anatomia das letras de acordo com o tipo de impressão simulado[FIG.50], e não texturas e efeitos aplicados para que um determinado tipo de letra simule um tipo de impressão.

Essa é a categoria de origem mais recente, pois tem seu início nas desconstruções e apropriações do movimento pós-moderno, associado as novas tecnologias digitais e a possibilidade de qualquer designer criar suas próprias tipografias. Todas as fontes Emulativas são em sua essência apropriação de resultados de impressão. (FARIAS, 2005)

↑ [FIG.50] A direita, tipografia Typewriter Revo inspirada em formas de maquina de datilografar, a esquerda Tipografia Montada, inspirada em composições de tipos móveis de madeira. [myfonts. com]

Emulativas

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Na coleção da Pushkyn Vertigo, o tipo utilizado simula uma impressão xilográfica[FIG.51] com letras desenhadas de forma rudimentar, como se tivessem uma raiz vernacular. São utilizadas cores bastante saturadas e textos em transparência, sempre com o título em cor (na maioria das vezes contrastado com o fundo), e o nome do autor em branco. Além disso, para criar zonas de cor mais pesadas com as letras, os olhos das letras foram retirados. Os elementos de capa criam uma textura tipográfica que funciona muito bem, pois cria uma identidade para a coleção.

Já na capa Breakfast[FIG.54], foi adotado um estilo vintage utilizando letras bastão características da impressão de cartazes em tipos móveis de madeira[FIG.53]. As letras demonstram falhas na impressão com as áreas externas mais escuras que as internas, com pequenas falhas.

↑ [FIG.51] Ex Libris Jordi Gelabert por Antoni Galabert. Exemplo de letras entalhadas para xilogravura. [art-exlibris.net] ← [FIG.52] Capas da Oushkyn Vertigo e o uso de uma unidade gráfica para identificação de coleção.

↑ [FIG.53] Comparação entre o tipo de madeira e o impresso. [lestaret. wordpress.com] ← [FIG.54] Detalhe do lettering da capa Breakfast e os defeitos de impressão aplicados a fonte.

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Emulativas

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EXPERIMENTAÇÕES Como parte de um exercício interdisciplinar entre a produção deste trabalho de conclusão de curso e a matéria de Type Design I: Harmonia e Experimentação, foi proposta a criação de capas abordando todas as categorias de letras estudadas, assim, pondo em práticas as observações teóricas, buscando comunicar informações simbólicas do livro de acordo com as possibilidades de cada uma das letras.

A personalidade da tipografia deve coincidir com os conteúdos transmitidos. Seria pouco adequado compor uma manchete que trata de um catástrofe ambiental em Comics Sans ou usar uma complexa letra de chancelaria para o projeto de sinalização de um hospital. Esses exemplos extremos permitem visualizar questões relacionadas à parte mais subjetiva da tipografia, mas o importante é entender que a aparência das letras transfere propriedades para as peças gráficas, propriedades essas inerentes a própria cultura visual do individuo e de toda uma sociedade.” (HENESTROSA, 2014, P. 26)

Assim sendo, para cada abordagem tipográfica, também teremos uma abordagem conceitual diferente. O livro escolhido para esse estudo prático foi o Dom Casmurro, de Machado de Assis, um título clássico da literatura brasileira com diversas reedições e publicações no exterior. Vale lembrar que esse livro está em domínio público e seu texto foi utilizado como literatura para as provas do vestibular, de modo que em muitas edições as editoras buscam reduzir os custos com a produção, e essa economia é percebida tanto nos materiais de impressão quanto na qualidade do design das capas. Para inicio desse estudo foram pesquisadas as capas das edições anteriores, dentre elas temos peças pertencentes às categorias Escriturais, Manuais, Serifadas, Adornadas e Lineais (as duas categorias lineais ficaram agrupadas nessa seleção, pois as diferenças entre as capas são mínimas). Observando

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Experimentações

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ORNAMENTADAS

SERIFADAS

ESCRITURAIS

MANUAIS

LINEAIS*


seus elementos muitas delas possuem imagens que retratam mulheres simbolizando Capítu, imagens do autor, imagens do Rio de Janeiro, e algumas poucas com imagens de Bento ou do casal. Algumas delas são tão ilustrativas que acabam estragando um pouco a percepção do leitor sobre o conteúdo, ou possuem imagem que nada tem a ver com o conteúdo do livro, como pode ser observado nos exemplos a seguir: 1

2

3

1 A capa em questão utilizou a foto de uma jovem com uma rosa, talvez buscando uma imagem representando um possível público alvo, mas não comunica nada sobre o livro e não cria nenhum apelo visual. 2 A ilustração de Capitu nessa capa deixou-a com uma expressão malvada, o grande ponto do livro é que a história é toda sobre a visão de Bentinho sobre Capitu, essa imagem induz o leitor a achar que ela tem uma má índole. 3 Essa imagem deixa muito óbvia as semelhanças entre o filho de Capitu e Bento com Escobar, o suposto amante, o que também colabora pra achar que Capitu traiu. A semelhança poderia ser apenas fruto da mente do personagem principal depois de um comentário. 4 Essa capa claramente quer confundir o comprador vendendo uma história com conteúdo erótico, e não é o caso. 5 A imagem dessa capa não comunica nada sobre o conteúdo, as roupas não condizem com a época, a luz no rosto não consegue transmitir nenhum conceito.

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TIPOS DE CAPA: Análise tipográfica das capas selecionadas pelo ABCD 2016

4

5

↑ [FIG.55] Edições com problemas de comunicação sobre o conteúdo ou prejudicando a experiência do leitor.


Algumas poucas capas se destacaram em sua abordagem, é possível identificar algumas referências históricas já exploradas nas analises de cada categoria, outras utilizaram linguagens que fogem do padrão, algumas delas são edições para o exterior. 1

2

3

1 Apesar dos olhos de Capitú serem bastante famosos pela sua descrição, poucas capas utilizaram essa imagem. A ilustração do protagonista narrador segurando papeis mostra seu estado de espírito. Ao fundo, a água remetendo “ao olhar de ressaca” de Capitu. 2 Essa é uma edição para o exterior, utilizando uma estética bastante diferente das demais, com uma inspiração de lettering vitoriano. A ilustração é interessante, apesar de que o uso da cruz na lagrima pode causar problemas na interpretação, visto que a cruz pode simbolizar morte ou religião. 3 A tentativa de criar um lettering baseado nos cartazes de tipos móveis de madeira é interessante, mas a execução não foi muito boa, a adição da imagem também não adicionou muito. 4 Essa proposta é na mesma linha da capa 3, mas executada um pouco melhor. Falta um pouco de contraste entre as tipografias. 5 Essa última também é uma edição para o exterior, a imagem é interessante por ser bastante simbólica, bento se afogando no oceano, também remetendo ao “olhar de ressaca” de Capitu.

4

5

↑ [FIG.56] Edições com abordagens que se destacam das demais edições do livro Dom Casmurro.

As experimentações a seguir são testes iniciais com cada uma das categorias encontradas no desenvolvimento deste trabalho, assim sendo muitas delas precisariam de mais testes e ajustes para finalização.

Experimentações

89


rascunho

1

2

Para a capa Escritural, foi feita uma referência à Cooperplate, tanto na forma como na aplicação da letra, visto que é um livro que se passa entre 1857 e 1875, uma referência histórica é cabível.

3

Inicialmente o conceito era escrever o título, que é o apelido do personagem principal sobre uma placa ou area em cobre se decompondo nas extremidades, representando Bento, e flores nas diagonais esquerda e direita representando Capitu. O uso da Escritural sobre a textura de cobre[1] não deu muita leitura, e para ficar minimamente legível a textura acabou muito artificial[2], então voltou-se para a ideia da placa de cobre gravada com o nome do livro, mas ela simples não criava nenhum atrativo[3]. Foram feitos alguns testes interagindo com uma imagem de Capitú ao fundo[4], depois adicionando efeitos deixando a peça mais gráfica [5].

4

A ideia da placa foi abandonada simplificando o elemento para uma tarja sobre a boca, visto que a personagem foi julgada por Bento sem a possibilidade de se defender das acusações. e a utilização do amarelo, normalmente uma cor relacionada ao ciúme e que se destaca no ambiente[6]. Sob orientações do professor, partiu-se para propostas mais material, foram feitas diversas experimentações com colagens, pinturas e ilustrações, até chegar na proposta [7] e [8]. O layout final é uma página do livro que fala um sobre o olhar de Capítu a página de texto foi colada sobre a foto e rasgada apenas a area do olhar da personagem, depois foi editada e o lettering adicionado, dessa vez, optou-se por uma Escritura menos tradicional com um traço mais rústico.

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TIPOS DE CAPA: Análise tipográfica das capas selecionadas pelo ABCD 2016

5


EXPERIMENTAÇÕES

Escritural

6

7

8

experimentações

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rascunho

1

2

Para a capa Manual, foi proposto um conceito que trabalhasse com a expressividade desse traço. No romance, o personagem principal alimenta um ciúme de sua mulher, a ponto de mandar a esposa e o filho para o exterior. Um ponto bastante marcante do livro é o olhar de Capitu, então a capa retratou esse ciúme e ódio da suposta traição riscando o olhar da personagem e com o título também rabiscado sobre a foto. No primeiro resultado foi identificado que as letras estavam pouco destacadas quando vistas a distância[1], foi testado um novo desenho mais marcado [2], mas esse novo desenho transpareceu esse cuidado com a legibilidade, diminuindo a expressividade da raiva no traçado, então optou-se por manter a primeira proposta.

3

Sob orientação foram procurados replicar alguns detalhes de textura e acabamento do tipo de foto, defeitos na foto com interações físicas[3], ajustar cor do lettering e rabiscado para não ficar tão branco, fazer a assinatura do autor com uma letra feita a mão [4]. Os detalhes deram mais realismo a composição[5], próxima etapa para esse desenvolvimento seria a impresão de algumas fotografias com a imagem e testar fazer o lettering diretamente sobre ela e obter efeitos mais fidedignos. 4

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TIPOS DE CAPA: Análise tipográfica das capas selecionadas pelo ABCD 2016


EXPERIMENTAÇÕES

Manual

5

experimentações

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rascunho

1

2

Na capa Serifada, visto que esta é uma tipografia bastante utilizada nas edições do Don Casmurro, buscou-se trabalhar um conceito clássico com acabamentos diferentes na imagem, adicionando alguns elementos mais modernos. Primeiro foi experimentada uma diagramação na diagonal[1], mas a composição não estava harmonizando, então voltamos à ideia do rascunho. A imagem escolhida é bastante bucólica, mas com a fragmentação geométrica a abordagem foi diferenciada, dando a ideia de algo partido que esta se fragmentando ou juntando, visto que o livro trata da recapitulação de um relacionamento que acabou. Além disso deixamos de lado as serifadas clássicas e optou-se pelo uso da Bodoni se diferenciando mais das tipográfias utilizadas em outras edições. Foram feitos testes com o fundo colorido[2], mas a ideia de um espaço vazio foi alcançado melhor com o fundo branco [3]. Apesar do resultado gráfico interessante o conceito da capa estava um pouco raso, então optou-se por criar uma imagem que retratasse os “olhos de ressaca” de Capitu. Foi montada uma composição com ondas em espirais e uma delas da voltas em torno do olho direito, esse mesmo olho é utilizado para completar a palavra Dom, substituindo o O, criando essa imagem de um olhar que traga o expectador[4].

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TIPOS DE CAPA: Análise tipográfica das capas selecionadas pelo ABCD 2016

3


EXPERIMENTAÇÕES

Serifada

4

experimentações

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rascunho

1

2

Para lineal buscou-se abordar a capacidade de neutralidade, foi utilizada uma imagem simbólica com um leterring simples, porém adornado, num layout centralizado, mas a imagem apesar de bonita, não expressava o tema do livro[1]. Com mais pesquisas foi selecionada uma nova imagem de uma joia chamada Lover’s Eyes, adereço que virou moda no final século XVII como presente trocado entre amantes e namorados. A caracteristica dessa joia é retrarar o olhar da pessoa amada, e a imagem do olhar de Capitu é bastante explorada no livro. Joias também tem uma característica de serem objetos “eternos”, o que atuar de forma simbólica de que apesar do relacionamento ter acabado, o olhar de Capitu é eterno na memória de Bento. Foram testados layouts assimétrico[2] e simétrico[3], o primeiro provou representar melhor a categoria. Apesar do lauout 3 ser mais representativo na categoria pesquisada, a composição 2 tem mais movimento e tensão chamando mais a atenção do olhar. Para finalizar a proposta, a imagem da jóia foi reduzida para deixar o objeto mais próximo do seu tamanho real e a composição da tipográfia atrai o olhar do leitor àquele ponto[4].

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TIPOS DE CAPA: Análise tipográfica das capas selecionadas pelo ABCD 2016

3


EXPERIMENTAÇÕES

Lineal

4

experimentações

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rascunho

1

2

Para capa lineal o conceito escolhido buscou transparecer a narrativa do livro. Muito se discute sobre os fatos descritos na obra, pois todos eles são contados a partir de um narrador personagem, tudo o que acontece no livro é com base no que o personagem principal vivenciou ou sentiu, logo a Capitu retratada é da visão de Bento(Dom Casmurro) sobre ela. Primeiro teste foi feito com uma tipográfica Lineal com uma forma contrastada e curvilinea[1], mas ela não atendeu muito bem a proposta. Um tipo mais condensado e geométrico parecia seguir melhor as especificações desse essa capa. Nessa tipografia mais condensada foram testadas fundo branco com imagem escura[2] e fundo escuro com imagem clara[3]. A opção 2 parecia ser a mais acertada, mas sob orientação foi feita mais uma opção testando outros tipos de imagem mais artistica em vez de um retrato. Foi escolhida uma imagem do artista espanhol José Manuel Merello, com uma abordagem mais contemporânea. A rica paleta de cores deu um contraste interessante com o recorte das letras mostrando os olhos da personagem[4].

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TIPOS DE CAPA: Análise tipográfica das capas selecionadas pelo ABCD 2016

3


EXPERIMENTAÇÕES

Lineal de Impacto

4

experimentações

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rascunho

1

2

Para essa capa, utilizou-se as letras e composição típicas das publicidades vitorianas com lettering manual. A palavra “Dom” que denota status foi feita em capitulares ornamentadas altas e condensadas. A palavra “Casmurro”, que significa alguém fechado, teimoso, foi composta com uma tipografia mais quadrada e encorpada, adquirindo um certo peso.

3

4

Foram feitos alguns testes de cores, a magenta com turquesa apesar de mais chamativa desviava um pouco do tema do livro[2], então foi utilizada a paleta ocre e turquesa[3], ambas sobre fundos escuros. Foram feitos testes sobre superficies claras, utilizando uma textura de papel que lembram os impressos de época linhas pretas[4] e linhas coloridas[5], mas ao comparar com as opções de fundo escuro, as cores brilhantes pareciam dar a essas letras antigas um ar de novidade, a opção com fundo escuro necessitava de um pouco mais de brilho nas cores para fechar a opção final[6].

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5


EXPERIMENTAÇÕES

Ornamental

6

experimentações

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rascunho

1

2

Para a capa ilustrada, encenamos o inicio da história com uma imagem que também figura o personagem principal, uma casa grande e solitária. No inicio foram feitos testes adicionando letras a uma ilustração de um casarão, mas as letras não eram parte fundamental da imagem e a forma delas tinha uma leitura prejudicada[1], então a tipografia foi mudada para uma lineal com mais legibilidade e ela foi usada como estrutura para se desenhar a casa. Para finalizar adicionamos umas janelas e apenas uma delas com a luz acesa e a silhueta de um homem[2]. Sob orientação, foram feitas modificações para deixar a casa mais simples, tranformando-a na estrutura principal do desenho. Após essas modificações o desenho necessitava de algum atrativo visual, pois toda a composição estava muito quadrada e geométrica, o que deixava a composição muito estática[3].

3

Optou-se por aplicar um estilo de xilogravura para atribuir características visuais mais atrativas, criando formas mais livres e texturas na imagem, além de adicionar uma técnica popular brasileira. O nome do autor completa a ilustração, projetando uma sobra da casa no chão seguindo a diagonal criada pela àrea amarela[4]. O estilo de ilustração em Xilogravura é bastante significativa na cultura nordestina, então para finalizar foram adicionadas algumas características que identificam o Rio de Janeiro, local onde se passa a estória .

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TIPOS DE CAPA: Análise tipográfica das capas selecionadas pelo ABCD 2016

4


EXPERIMENTAÇÕES

Ilustrada

5

experimentações

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rascunho

O primeiro obstáculo para a composição desta capa foi decidir qual letra seria a capitular, visto que o título é composto por duas palavras, diferente da capa analisada Quicksand. Utilizar a propoista da Penguin na coleção Drop Caps, também não seria interessante, visto que não é uma coleção, a letra do nome do autor ficaria estranha. Então como o nome Dom é curto, iniciou-se a concepção de uma capitular que agregasse todo o nome, mantendo o coneito de ter uma letra principal na composição. Para a capitular foi aproveitada a forma do O extremamente contrastado na Bodoni para criar uma capitular utilizando como guia a motivação do personagem principal em escrever suas memórias, “unir as duas pontas da vida”, então o O foi separado com imagens dos personagens principais em cada pedaço e montou-se uma composição com a palavra DOM.

2

Inicialmente as letras eram da mesma cor dos adornos[2], mas isso não criava uma hierarquia de leitura, então modificou-se a cor das letras para o preto, cor predominante nos fundos das imagens do O[3]. Para destacar a capitular utilizou-se uma tipografia totalmente diferente para o “Casmurro”, da mesma forma que temos contraste de forma entre capitular e texto nos livros medievais e incunábulos. Para finalizar a proposta foi escolhida uma nova tipografia para o Casmurro e o nome do autor, seus tamanhos foram reduzidos e a cor alterada para dar ainda mais destaque a composição da capitular[4]. 3

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TIPOS DE CAPA: Análise tipográfica das capas selecionadas pelo ABCD 2016


EXPERIMENTAÇÕES

Capitular

4

experimentações

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rascunho

1

Para a capa Emulativa foi escolhido uma abordagem da capa do livro imitando um cartaz vitoriano, destacando que o livro são memórias e de que existe uma questão polêmica abordada. Foram feitas alternâncias entre preto e vermelho, visto que apenas o uso do preto deixou a capa um pouco monótona, assim destacando o nome do autor, nome do livro e a questão polemica do romance. Como a primeira proposta ficou muito artificial[1], a arte foi impressa e colada sobre uma superfice, adquirindo alguns defeitos do processo, depois foi digitalizada e ajustada ao formato da capa[2]. Esse processo adicionou muitos defeitos interessantes a peça e dialogaram muito bem com as falhas das letras Emulativas. Analisando o resultado, a abordagem do uso da letra foi modificado para um caminho que não precisasse simular ao pé da letra seu uso, então foi experimentada a forma da letra de maneira mais gráfica[3], sem muita preocupação com a leitura do título, e como o livro já é bastante conhecido, isso não seria um problema, pois referência do autor já identifica a obra.

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TIPOS DE CAPA: Análise tipográfica das capas selecionadas pelo ABCD 2016

2


EXPERIMENTAÇÕES

Emulativa

3

experimentações

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RESULTADOS

das experimentações



CONCLUSÃO O trabalho de observação e análise é sempre muito rico, elementos que poderiam passar despercebidos se revelam, guiando o pesquisador por linhas históricas e culturais. Existem diversos outros pontos de estudo mais amplos, que não dizem respeito apenas às categorias em si, mas à sua relação com outros elementos, segmentos ou categorias, que serão dissertados nesta última parte do projeto. Foi apontado no estudo das Escriturais que o uso massivo desse estilo de letra identificando e comunicando ao público feminino pode reforçar estereótipos de gênero. Pensando por esta perspectiva, as capas selecionadas no segmento Ficção por Mulheres podem reforçar esse estereótipo, mas por outro lado, a capa ganhadora do segmento (I Love Dick) não foi formulada com uma letra escritural. Isso pode ser apenas uma coincidência, mas também pode ser uma confirmação de que se distanciar desses estereótipos, destaca o produto final.

Foi possível identificar que algumas categorias abrem mão de legibilidade por uma maior expressividade e personalidade nas capas, em especial Escriturais e as Manuais, ambas com um número significativo de capas (22 capas no total). Nas primeiras páginas de seu livro, Hendel (2003) cita uma frase que sintetiza bastante essa escolha projetual.

Somente porque algo é legível, isso não quer dizer

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que comunica; pode ser que esteja comunicando a coisa errada. Alguns títulos tradicionais de livro, enci-

TIPOS DE CAPA: Análise tipográfica das capas selecionadas pelo ABCD 2016

↑ [FIG.57] Capas do segmento Ficção por Mulheres, em que a vencedora foi a capa I Love Dick.


clopédias, ou muitos livros que os jovens jamais apanhariam numa prateleira, poder-se-ia torná-los mais atraentes. Enviar a mensagem errada ou não enviar uma mensagem suficientemente forte é, no mais das vezes, um problema das publicações. Você pode ser legível, mas que emoção está contida na mensagem?” (DAVID CARSON APUD HENDEL, 2003, P.8)

Procurando por fundamentos de legibilidade na tipografia, foram encontradas relações interessantes entre neutralidade - legibilidade - expressividade. Segundo Beier (2012), apesar de muitas discussões e divergências sobre o assunto, a teoria mais aceitável é que os tipos mais legíveis são aqueles com os quais o leitor tem maior costume. Já Zuzana Licko (APUD FARIAS, 2013) reforça o discurso de Beatrice Ward e comenta que os tipos legíveis são aqueles imperceptíveis ao leitor, tornando-se invisíveis por sua familiaridade. Por outro lado Farias (2013) compara o discurso de vários teóricos sobre o assunto legibilidade e excentricidade tipográfica e conclui que “muitas das criticas feitas às fontes ditas pós-modernas basearam-se principalmente no argumento de Warde a respeito da invisibilidade. Assim, essas tipografias seriam ilegíveis por serem visíveis demais.” Logo, podemos supor que, no que se diz respeito a capas em uma livraria, de um lado extremo temos uma tipografia legível que pode não ser vista/notada – invísivel – e do outro extremo uma tipografia ilegível, mas que chama atenção do consumidor – visível –, e as decisões projetuais vão sendo guiadas por esse equilíbrio entre comunicar de forma objetiva e subjetiva. Estudando as capas selecionadas por essa análise, fica claro por que os elementos não tipográficos das capas Escriturais e Manuais são bem mais simples que os elementos das capas Lineais de Impacto. Dentro dessa lógica é possível também identificar que algumas categorias conseguem ser mais efetivas em atribuir um maior número de significados simbólicos apenas com a forma de suas letras. Categorias mais expressivas como as Escriturais,

↑ [FIG.58] Diferenças do uso de fontes Escriturais e Lineais. Por conta da legibilidade as Lineais conseguem interagir de forma mais integrada com outros elementos da capa.

Conclusão

111


Manuais, Ornamentadas e Ilustradas, devido a seu leque de possibilidades em relação a forma, ferramenta e suporte, têm a capacidade de agregar mais mensagem em suas características intrínsecas.[FIG.59]

↑ [FIG.59] Letras Escriturais, Manuais e Ornamentadas , vizualização sem cores e retiradas das suas composições.

Já as Lineais (tanto Lineais de Impacto e Lineais) e Serifadas possuem uma formalidade estrutural um pouco mais rígida, e seu uso bastante difundido faz com que aos olhos do leigo esses detalhes simbólicos não sejam tão claros.[FIG.60]

↑ [FIG.60] Letras Lineais de impacto e Serifadas , vizualização sem cores e retiradas das suas composições.

As serifadas têm seu uso bastante difundido em textos longos, logo, são um tipo de letra mais “comum” e tradicional. Já as Lineais, devido a suas formas geométricas a seu uso bastante difundido pelos movimentos do Estilo Internacional, adquiram certa neutralidade simbólica (BEIER, 2012), e isso ocorre até mesmo em casos onde são utilizadas com impacto. Farias (2013) comenta sobre um experimento efetuado pelo semiologista R. Linkens, no qual através de pesquisas ele estabelece adjetivos convergentes em categorias tipográficas criadas por Maximilian Vox (garaldinas, Reais, Didônicas, Mecânicas e Lineais), “o estudo provou que mesmo leitores pouco familiarizados com convenções tipográficas,

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TIPOS DE CAPA: Análise tipográfica das capas selecionadas pelo ABCD 2016


são capazes de atribuir ‘significados verbais’ distintos e convergentes para fontes de grupos diferentes. (BLANCHARD APUD FARIAS, 2013)

Assim sendo, apesar de Lineais e Serifadas serem tipografias que o leitor está mais acostumado, elas comunicam sim, a diferença é que as letras menos formais e mais expressivas tem um maior “vocabulário” de significados intrínsecos a sua forma. Por outro lado, as Lineais e Serifadas conseguem uma melhor performance interagindo com os demais elementos de capa, como imagem, cor, textura etc. Isto é visível especialmente nas capas Lineais de Impacto, que produzem uma riqueza de significados quando unidas aos outros elementos, sua forma muito geométrica faz com que esta se torne um suporte limpo para interação com outros componentes da capa sem gerar ruídos, logo, estas categorias acabam gerando significado pelas suas características extrínsecas e interações.[FIG.61]

Sobre uso de imagem nas capas é interessante notar que o uso de fotografias é muito pequeno, de 110 capas, apenas 15 se utilizam de fotografia. Praticamente todas elas possuem efeitos gráficos pesados, o restante das capas utilizam ilustrações ou letterings. Podemos supor que talvez a fotografia seja um tanto literal demais para as capas, geralmente as imagens utilizadas deixam espaço para interpretação, lacunas para serem preenchidas pelo observador, logo a fotografia (exetuando-se casos de fotográfias artisticas) acaba sendo um elemento muito realista e factual.[FIG.62]

↑ [FIG.61] Serifadas e Lineais de impacto ganham significado interagindo com outros componentes da capa.

Conclusão

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Peter Mendelsund (APUD CARVALHO, 2008) em entrevista sobre seu trabalho comenta sobre o uso das ilustrações ou fotografias:

↑ [FIG.62] Algumas das capas que utilizam fotos, em sua maioria são aplicados efeitos, ou elas atuam de forma pictorica.

Eu definitivamente tendo mais ao uso de ilustração, no geral, mais que fotografias para as sobrecapas; e quanto mais abstrato, melhor. Eu penso que essa abordagem deixa mais para a imaginação do leitor. É mais fácil ser evocativo sem ser literal.”4 (MENDELSUND APUD CARVALHO, 2008, TRADUÇÃO NOSSA)

O uso das cores também é interessante, a paleta utilizada na sua maioria é extremamente saturada, provavelmente para chamar o olhar do possível comprador dentro das livrarias. Essa abordagem de uso das cores é apontada por Powers (2001), sobre as capas feitas no século XIX, e que foi retomada no pós-guerra, visto que durante a guerra o uso de cores era restrito, pois muitas delas utilizavam os mesmos elementos químicos para produção de explosivos. Foram encontrados durante as pesquisas questionamentos quanto o uso da tipografia e a legibilidade das capas em ambientes virtuais. Hoje, o ambiente das livraria é transportado para as páginas de lojas virtuais, vemos os livros em pequenos thumbnails. Será que o designer precisa desenhar as capas pensando neste ambiente? Será que a letra deve ser legível mesmo em thumbnail, ou uma composição forte já identifica a capa, visto que os títulos estão identificados dentro da loja? Para adicionar a essa discussão, podemos utilizar a abordagem de Samara (2011), sobre a produção editorial. Ele aborda a produção dos livros, revistas e jornais, como um projeto

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TIPOS DE CAPA: Análise tipográfica das capas selecionadas pelo ABCD 2016

[4] I definitely gravitate towards using illustration, in general, more than photography in book jackets; and the more abstract the better. I think this approach leaves more to the reader’s imagination. It’s easier to be evocative without being literal.


de branding. Logo, a forma do lettering, cores etc, são componentes de identificação da obra.

Branding pode ser definido como a experiência coletiva dos serviços, presença pública, representantes e identidade visual da empresa. Na maioria dos casos o Branding de uma empresa vem embalado em sua identidade corporativa – o logotipo, os materiais que a empresa utiliza para se identificar e se promover por meio de cores, tipografia, imagens e assim por diante. A influência dele é, portanto visual; o design editorial embora seja considerado individualmente por seu conteúdo e propósitos específicos, faz parte de um programa mais amplo de elementos visuais: a tipografia, a paleta de cores e a escolha de imagens refletem decisões que expressão a identidade corporativa, ou conjunto-imagem, da empresa.” (SAMARA,2011, P.30 )

Durante a pesquisa também foram notadas algumas diferenças de composição das capas no mercado Inglês e o Brasileiro, o mais significativo foi em relação ao uso de marcas. Com exceção do segmento de coleções, as capas analisadas não possuem as marcas de suas respectivas editoras na capa. Talvez no Reino Unido exista uma concepção mais clara de que a capa já é um projeto de marca em si, não sendo necessário que a marca da editora venha logo na primeira capa, ela é elemento secundário, podendo vir na lombada ou na quarta capa.[FIG.63]

↑ [FIG.63] Exemplos de aplicação das marcas das editoras nas edições do livro Dom Casmurro.

No Brasil, aos poucos é possível ver que algumas editoras estão deixando suas marcas cada vez mais discretas, dando mais espaço ao “Branding” da capa. Talvez muitos desses

Conclusão

115


casos sejam influenciados pelo reaproveitamento dos mesmos projetos de capa de livros estrangeiros em suas edições brasileiras. As capas de livro são um objeto de estudo muito rico, nesta análise abordamos a tipografia com algumas “pinceladas” nos elementos tangentes a ela, mas seria extremamente enriquecedor um estudo aprofundado dos elementos gráficos, uso de cores e especialmente todas as questões relativas a produção gráfica do uso de materiais, formatos diferentes, cores especiais, técnicas de impressão. Cada um desses componentes também transfere ao livro algum significado semântico e atribuem valor ao objeto livro. Esses elementos materiais que compõem o livro estão sendo bastante explorado aqui no Brasil pelas editoras independentes, eles possuem uma abordagem diferenciada, investindo em formatos inovadores com pequenas tiragens[FIG.64]. ← [FIG.64] Exploração do uso de materiasi e formatos em projetos da Editora independente Lote 42. Queria ter ficado mais, livros de contos em formato de cartas. Seu Azul, capa com aplicação de areia. Lululux, livro em formato de conjunto de jantar, texto impresso em jogo americano, porta copos e guardanapos. Indiscotíveis, textos sobre 14 discos brasileiros, cada um encadernado num formato de vinil. [bancatatui.com.br]

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TIPOS DE CAPA: Análise tipográfica das capas selecionadas pelo ABCD 2016


Com conhecimento de todos esses elementos; textuais, visuais e materiais podemos ter um maior domínio para atuar nas diversas camadas de comunicação das capas. Samara (2011), divide a comunicação em projetos editoriais em três funções/níveis: Primário, Secundário e Terciário. A função primária é o assunto em si, o conteúdo intrínseco que que deve ser exposto, a função secundária é criar uma mensagem que possa ser entendida pelo público, e a terciária que seria a função de transmitir uma interpretação emocional, associativa ou cultural que a diferencie de seus similares, como exemplo de função terciária seria Branding. Cada detalhe escolhido no projeto de capa, vai atuar dentro dessas três funções (ou algumas delas).

↓ [FIG.65] Alguns dos resultados obtidos nas experimentações.

As pesquisas histórica decorrente das análises das letras foram fundamentais para essa finalização da especialização em tipografia. Foi uma oportunidade para se pesquisar as regras e convenções de estilos, construções de letras e composições, e a partir dai foi possível entender como esses elementos podem ser manipulados sem perder sua essência, dando um controle ao designer de como quebrar as regras. Na área prática do design de capas, é fundamental entender esses padrões, eles ajudam nos processos de criação e fornecem ao profissional embasamento histórico, ampliando o leque de possibilidade de associações simbólicas para a transmissão de mensagens que serão interpretadas por esse público. As experimentações[FIG.65] em conjunto com a matéria Type Design 1: harmonia e experimentações também foram bastante interessantes. Muitas vezes o designer estuda um conteúdo de um livro e restringe a criação da capa ao uso de uma categoria tipográfica que acha mais adequada para aquele tema, mas na verdade qualquer categoria pode ser adequado a qualquer tema, talvez uns funcionem melhor que outros, tudo depende de como irá aplicá-lo e com quais elementos esse tipo vai interagir. Nas experimentações, para cada categoria foi criada uma abordagem interpretativa pra comunicar o conteúdo, e isso foi muito interessante, todas elas falam sobre um mesmo conteúdo, mas com interpretações levemente diferentes,

Conclusão

117


sem fugir do tema. Isso acabou gerando resultados que se destacam bastante do comum, que talvez venham a despertar o interesse do consumidor. Um dos desafios encontrados nesse exercício prático é como figurar o passado sem que ele pareça velho. Coisas velhas no geral tem uma mensagem de ser algo chato, então apelar para o clássico e antigo precisa ser reciclado com componentes que traduzam isso para nossa época. Essa dificuldade fica clara nos experimentos da capa Escritural.[FIG.66]

O processo de estudo e experimentação deste trabalho pode ser utilizado como método de criação, forçando o capista a sair da trilha aparentemente mais correta e explorar abordagens novas, especialmente quando se trata de um título de reedição, com diversas releituras já feitas desse conteúdo.

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TIPOS DE CAPA: Análise tipográfica das capas selecionadas pelo ABCD 2016

↓ [FIG.66] Etapas das experimentações da capa Escritural e a dificuldade de produzir um layout que remeta ao passado.


BIBLIOGRAFIA ARMSTRONG, Helen (Org.). Teoria do Design Gráfico. São Paulo: Cosac Naify, 2015. BEIER, Sofie. Reading Letters: Designing for Legibility. Amsterdam: Bis Publishers, 2012 BERTONI, Estevão. À mão: Caligrafia artesanal vira moda e dá toque vintage até a cartas de amor. Folha de São Paulo Online. São Paulo. 19 jul. 2015. Disponível em: <http://www1.folha.uol. com.br/cotidiano/2015/07/1657689-a-mao-contra-a-tecnologiacaligrafos-dao-toque-vintage-ate-a-cartas-de-amor.shtml>. Acesso em: 23 maio 2016. CARVALHO, Ana Isabel Silva. A capa de livro: o objecto, o contexto, o processo. 2008. 98 f. Dissertação (Mestrado) Curso de Design da Imagem, Universidade do Porto, Porto, 2008 CASA REX. Marcus, Matheus, Lucas e João por Gustavo Piqueira. 2014. Disponível em: <http://www.casarex.com/ mateusmarcoslucasejoao/>. Acesso em: 31 maio 2016. DAY, Lewis F.. Lettering in Ornament: an enquiry into the decorative use of lettering, past, present, and possible. Londres: B.t. Batsford, 1902. DONDIS, Donis A. Sintaxe da Linguagem Visual. São Paulo: Martins Fontes, 1997. HARRIS, David. A Arte da Caligrafia: um guia prático, histórico e técnico. São Paulo: Ambientes e Costumes Editora Ltda., 2009. HENDEL, Richard. O Design do Livro. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. HENESTROSA, Cristóbal; et al. Como criar tipos: do esboço à tela. Brasília: Estereográfica, 2014. LYONS, Martyn. Livro: Uma história Viva. São Paulo: Senac, 2011. MCALHONE, Beryl; STUART, David. A Smile in the Mind. London: Phaidon Press Limited, 2000.

Bibliografia

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TIPOS DE CAPA: Análise tipográfica das capas selecionadas pelo ABCD 2016


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