Coleção Festejo Maior - volume 04

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Cris Nery Lucas Magalhรฃes

Irmandade de Moรงambique de Nossa Senhora do Rosรกrio da Nova Gameleira





Irmandade de Moรงambique de Nossa Senhora do Rosรกrio da Nova Gameleira


UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS Reitor: Dijon Moraes Júnior Vice-Reitor: José Eustáquio Brito Chefe de Gabinete: Eduardo Andrade Santa Cecília Pró-Reitor de Planejamento, Gestão e Finanças: Adailton Vieira Pereira Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação: Terezinha Abreu Gontijo Pró-Reitora de Ensino: Renata Nunes Vasconcelos Pró-Reitora de Extensão: Vânia Aparecida Costa Diretor Campus-BH: Roberto Werneck Resende Alves

ESCOLA DE DESIGN Direção Escola de Design: Simone Maria Brandão Marques de Abreu/ Cristina Abjaode Coordenação de Extensão Escola de Design: Giselle Hissa Safar Coordenação do Núcleo de Design e Cultura: Mário Santiago Coordenação do Centro de Pesquisa em Design e Ergonomia: Jairo José Drummond Câmara Coordenação do Centro de Estudos em Design da Imagem: Rose Portugal Fomento: PAEx - Programa Institucional de Apoio à Extensão – UEMG

EQUIPE Coordenação Geral: Cristiane Gusmão Nery Pesquisa, Texto e Organização de Conteúdo: Cristiane Gusmão Nery Fotografia, Projeto Gráfico, Tratamento de Imagens e Ilustração: Lucas Augusto Campos Magalhães Curadoria de imagens: Cristiane Gusmão Nery e Lucas Augusto Campos Magalhães

N456i

Nery, Cristiane Gusmão Irmandade de Moçambique de Nossa Senhora do Rosário da Nova Gameleira./ Cris Nery ; [fotografia: Lucas Augusto Campos Magalhães].- 1. ed. - Belo Horizonte, 2015. 54 p. ; principalmente il. color. fots. (Série Festejo maior ; v. 4) ISBN: 978-85-913821-6-3 Disponível em PDF em:<http://www.ed.uemg.br/publicacoes> 1. Congadas – Minas Gerais. 2- Minas Gerais - Danças Folclóricas. 2. Minas Gerais – Folclore - Ritos e cerimônias. I. Magalhães, Lucas Augusto Campos. II. Universidade do Estado de Minas Gerais. III. Título. CDU: 398(815.1) Ficha Catalográfica: Cileia Gomes Faleiro Ferreira CRB 236/6


Cris Nery Lucas Magalhães

Irmandade de Moçambique de Nossa Senhora do Rosário da Nova Gameleira Coleção Festejo Maior Volume 4 1ª Edição Belo Horizonte Cristiane Gusmão Nery 2015


Prefácio à coleção Festejo Maior

Seguindo o chamado Rita A. C. Ribeiro dos tambores O design, como disciplina, perpassa os diversos processos sociais. Sua característica multidisciplinar possibilita as mais diversas interações com os variados campos do conhecimento, deles se aproveitando e com eles contribuindo ao mesmo tempo. Assim, entendo que o melhor ativo dos designers, atualmente, reside na sua percepção para ver a interconexão do mundo de um modo humanista. A função social do design transcende a forma e passa a pensar no projeto como parte de uma cadeia de valores sociais, que privilegia o humano. Diversos pesquisadores, atualmente, reafirmam uma preocupação com a cidade que é pensada apenas nos aspectos físicos ou como meio ambiente urbano, ignorando a prática sócio espacial que dá forma e conteúdo. Seguindo essa linha deve-se pensar em uma cidade que extrapola os sentidos geográficos e físicos de um espaço. Ruas, praças, edifícios, monumentos são agregados de sentidos, a partir do momento em que as pessoas interagem e fazem uma leitura de seus atributos de acordo com a sua vivência e valores pessoais. Criam-se, reinventam-se seus espaços e códigos a cada momento, construindo assim, a sua identidade.


Os códigos espaciais, assim entendidos como formas simbólicas, permitirão que se vivencie, se compreenda e se produza o espaço. Não a partir de um simples processo de leitura. Os códigos reúnem os signos verbais - palavras e frases e o sentido que resulta de um processo de significação e os signos não verbais - música, sons, chamados, construções arquitetônicas. E é nesse sentido que o pesquisador ligado ao design deve atuar, entendendo a cidade e os processos sociais como um corpo vivo, interligado. Por que nos transformamos em pesquisadores? Essa é uma pergunta que eu sempre me faço e também aos meus alunos. Com o passar dos anos, comecei a acreditar que pesquisar é seguir os chamados dos nossos instintos, de nossas inquietações. Porque alguns pesquisadores entendem a pesquisa como parte fundamental de suas vidas. E seguem seu chamado. Ao olhar o trabalho de Cris Nery conseguimos perceber a dimensão social do design, seu poder de registrar e manter vivas essas imagens. Seu encontro com o Congado, algo que, a princípio, parece ser um encontro casual, mas que aos poucos foi tomando espaço em sua vida e se transformando em fotos que revelam a essência da fé, a paixão daqueles que fazem parte e o amor da pesquisadora pelo tema. Isso revela que Cris seguiu o chamado da pesquisa. Se já não tivesse em seu íntimo uma centelha de curiosidade e interesse, esse olhar jamais teria sido despertado. O encontro da pesquisadora com o Congado me faz

lembrar uma das histórias contadas sobre seu surgimento. Segundo reza a lenda, uma imagem de Nossa Senhora apareceu flutuando nas águas. Os homens brancos quiseram trazê-la para terra, mas a imagem se recusava a permanecer e sempre voltava para a água. Somente quando os escravos, a partir de seus cantos e sua fé, se mostraram dignos de recebê-la, a imagem os acompanhou. Não sei se esta é a única lenda acerca do surgimento do Congado e das suas diversas tradições, mas ela me atrai, porque é uma demonstração da fé e da humildade das pessoas frente aos poderes que são maiores, frente à tradição. Tradição que sobrevive apesar dos diversos preconceitos sofridos pelos devotos ao longo dos anos e que é passada de pai para filhos, netos, bisnetos. Os primeiros registros sobre o Congado em Minas Gerais datam de 1711, o estado é considerado o que tem maior número de Guardas, cerca de 4000. No entanto, por ser uma tradição típica da cultura negra, é cercada por preconceito ainda hoje. Ou seja, como na lenda, os fiéis permanecem lutando para que sua fé seja respeitada. Os instrumentos maiores de todo congadeiro costumam ser o terço e o rosário cruzado no peito. O instrumento da Cris Nery é a fotografia. Com ela a autora mostra que é possível unir tradição, fé e design. Nas fotos que se seguem nos deparamos com todo esse universo que ela seguiu ao ouvir o chamado dos tambores.


Sumário 08 Apresentação da 10 18 24 34 44

coleção Festejo Maior A Guarda O Reino Trono Coroado Bandeira e Andores Festejo Maior



Apresentação da coleção Festejo Maior Abramos os olhos para experimentar o que não vemos

Sérgio Antônio Silva

Viva Nossa Senhora do Rosário! Viva São Benedito! Viva Santa Efigênia! Viva o Rei e viva a Rainha! Viva o Capitão da Guarda! Viva o Reinado! Viva todos os dançantes e festeiros! Gostaria de começar com vivas, pois o que vejo neste livro de fotos é um festejo. Uma coroação. Reis e rainhas, príncipes e princesas festeiros revezam-se na cerimônia de entrega e recebimento das coroas. E rezam, em louvor a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Efigênia e outros santos de devoção. Viva! O tom do cortejo é dado pelos cantos acompanhados de caixas, patangomes, e no Moçambique, ainda temos a campanha. O apito do


Capitão comanda todos os movimentos. O ritmo, nem é preciso dizer, vem da África. A festa fundamenta-se na ancestralidade, algo muito antigo o canto evoca, o tambor toca. Algo muito de dentro, íntimo, mas que, paradoxalmente, está no mundo exterior, na natureza. Extimidades. No cortejo, velhos homens e sábias mulheres continuam a tradição, enquanto crianças os observam. É preciso respeito à hierarquia, é preciso aprender, por vias furtivas, os sinais. É preciso, sobretudo, que os jovens se mantenham fiéis à Guarda e vistam a sua farda. A festa não pode acabar. As ameaças são muitas, sempre foram. Toda a história do Congado e do Moçambique começa na porta da igreja fechada aos africanos feitos escravos no Brasil, a igreja restrita aos senhores e às senhoras brancos. Mas, a teimosia dos negros em adorar Nossa Senhora do Rosário, da maneira deles, com tambores, cantos e sincretismos, fez com que as portas da igreja, malgré elle-même, se abrissem. Fundam-se, assim, as irmandades, para perpetuar essa adoração. Eis aqui, portanto, mais um movimento de resistência: um livro de imagens, fotografias que nos dão a ver “alguma outra coisa além do que se vê”. Pois

o que é a fotografia senão a mágica de fazer da ausência presença? E, poderíamos pensar, fotografar o festejo é tornar presente algo que está no campo da invisibilidade do visível: a energia do congado. Sendo assim, “abramos os olhos para experimentar o que não vemos”: a força, o toque, a fé capturados pelas lentes do fotógrafo da coleção Festejo Maior. São seis volumes, seis guardas, seis festas: Guarda de Moçambique de São Benedito de Prudente de Morais/MG; Guarda de Congo Estrela do Oriente do bairro Tupi de Belo Horizonte; Guarda de Congo e Moçambique de São Bartolomeu do Reino de Nossa Senhora do Rosário do bairro Concórdia de Belo Horizonte; Irmandade de Moçambique de Nossa Senhora do Rosário do bairro Nova Gameleira de Belo Horizonte; Irmandade de Ibirité/MG; Banda de Congado Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora da Guia de Conselheiro Lafaiete/MG. Vivam todas as Guardas! Viva Cris Nery e sua equipe! Viva a beleza das bandeiras e dos andores, vivam os balões e os pirulitos coloridos de São Cosme e São Damião, viva a surpresa do olhar das crianças, viva a energia das mãos que se unem em benção, viva a serenidade da guarda, viva a alegria, esta força maior de todo congado!


A Guarda


Guarda de Moçambique de Nossa Senhora do Rosário da Nova Gameleira A Guarda de Moçambique de Nossa Senhora do Rosário da Nova Gameleira foi fundada no início da década de 1960 pela Rainha Maria de Lourdes dos Santos, falecida em julho de 1991. Sua filha, Rainha Maria Alice, herdou a então coroa, mas faleceu em dezembro de 2010. Atualmente, Silvia de Lourdes, filha de Maria Alice, assume o posto de Rainha Conga da Irmandade. O Capitão Mor da Irmandade é Jeremias Felippe Gomes. A sede da Guarda de Moçambique está localizada à Rua F, número 6, no Bairro Nova Gameleira em Belo Horizonte, Minas Gerais. A Festa de Reinado acontece no mês de setembro e os registros desse livro foram realizados em 14 de setembro de 2014, no dia do Festejo Maior, o qual coincide sempre com o segundo domingo do mês de setembro. Contato: (31) 9479-8558 Silvia de Lourdes


Coleção Festejo Maior • A Guarda • Pg. 12 | 13



Coleção Festejo Maior • A Guarda • Pg. 14 | 15



Coleção Festejo Maior • A Guarda • Pg. 16 | 17



O Reino



Coleção Festejo Maior • O Reino • Pg. 20 | 21



Coleção Festejo Maior • O Reino • Pg. 22 | 23



Trono Coroado



Coleção Festejo Maior • Trono Coroado • Pg. 26 | 27



Coleção Festejo Maior • Trono Coroado • Pg. 28 | 29



Coleção Festejo Maior • Trono Coroado • Pg. 30 | 31



Coleção Festejo Maior • Trono Coroado • Pg. 32 | 33



Bandeiras e Andores



Coleção Festejo Maior • Bandeiras e Andores • Pg. 36 | 37



Coleção Festejo Maior • Bandeiras e Andores • Pg. 38 | 39



Coleção Festejo Maior • Bandeiras e Andores • Pg. 40 | 41



Coleção Festejo Maior • Bandeiras e Andores • Pg. 42 | 43



Festejo Maior



Coleção Festejo Maior • Festejo Maior • Pg. 46 | 47



Coleção Festejo Maior • Festejo Maior • Pg. 48 | 49



Coleção Festejo Maior • Festejo Maior • Pg. 50 | 51



Coleção Festejo Maior • Festejo Maior • Pg. 52 | 53






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