EUA X RÚSSIA Folha de S. Paulo, 2011
Juliana Garuba Rahhal Maria Victória Nogueira Duarte Oliveira
Europeus buscam parceria com Brasil para o seu ‘GPS’
O artigo do dia 18 de maio de 2011 apresentado pela Folha de São Paulo retrata basicamente os conflitos de uma antiga disputa: EUA x Rússia (antiga URSS). Nele, está retratado como os russos se organizaram para ultrapassar o sistema norte americano de GPS, construindo assim o Galileo (Sistema Global de Navegação por Satélite), semelhante ao GPS americano existente hoje, porém muito mais preciso segundo participantes desse projeto. O nome foi dado em homenagem ao astrônomo italiano Galileu Galilei o qual proporcionou muitos avanços para o mundo, objetivo dos criadores do Galileo, desenvolvido pela União Européia e pela Agência Espacial Européia (ESA). Além disso, o projeto poderá ainda ter participação brasileira, graças à ideia da comissão da UE de convidar o país. Porém, a questão ainda está em discussão, pois o Brasil só será aceito se tiver uma base de monitoramento européia instalada em território nacional. Se o Brasil for aceito e sua base for construída e ativada, ela fará parte de uma rede de 20 outras instaladas ao redor do mundo, usadas no controle de satélites e na troca de dados e informações, tendo conexão direta com as três centrais de comando, distribuídas pela Europa.
Como participante do projeto, o Brasil só poderá fazer o uso do sistema em aplicações civis, como controle de tráfego aéreo, gestão de linhas ferroviárias e transporte marítimo, além do uso na agricultura, na proteção ambiental e uso doméstico, como é o caso do sistema de navegação em carros (GPS). No caso de operações militares, o país ainda seria dependente de tecnologias externas, pois o sistema seria bloqueado. Ou seja, nosso país teria influência externa em território nacional e teria o uso do sistema aqui implantado limitado. O Galileo possui algumas particularidades que, segundo pesquisadores, serão cruciais no avanço em relação ao GPS americano. Dentre as diversas diferenças entre eles, a mais marcante é a questão da precisão, pois o projeto russo terá mais satélites em órbita. Enquanto o GPS normal tem 27 satélites funcionando, o Galileo terá 30, sendo 27 em órbita, a 23 mil km de altitude e 3 na reserva, no caso de alguma falha. A inclinação e a altitude dos mesmos também serão pontos diferenciados, pois trarão informações mais exatas em um período de tempo menor.
Fig. 1 Esquema representando localização de bases e satélites do projeto europeu Galileo.
Outra grande diferença é que o Galileo além de servir como GPS, poderá operar também como guia turístico, controlador de velocidade, controlador de fronteiras, indicador de obras públicas e desvios, além de ter um sistema especial para portadores de deficiência.
Uma curiosidade interessante desse GPS russo é que ele fornecerá 4 opções de planos ao consumidor: o simples e gratuito (OS - Open Service), um pouco mais sofisticado (CS - Commercial Service), um destinado a órgãos públicos e empresas privadas (PRS - Public Regulated Service) e um outro voltado para empresas de segurança (SoL - Sofety of Life Service). Todo esse projeto requer uma grande atenção financeira: cerca de 5 bilhões de euros é o gasto estimado até 2020. A previsão é que o Galileo esteja em total funcionamento em 2013, devido ao sucesso de alguns testes. Dois satélites experimentais já foram lançados e até o final deste ano (2011), dois funcionais já devem entrar em órbita. O financiamento será feito pela Galileo Industries, criada da fusão de quatro outras empresas, como a EADS Space (grande corporação aeroespacial européia), e a ESA (Agência Espacial Européia). O Galileo deve ficar sob a inteira responsabilidade da EADS Space Service nos primeiros 20 anos do projeto. Passado este tempo, uma votação deverá ser realizada, contando com a participação de todos os países envolvidos, para decidir quem será o próximo “guardião” responsável pela integridade e manutenção dos satélites. Os Estados Unidos foi o único país que ficou contra o projeto do sistema de localização europeu. As tentativas de impedir a concretização do projeto ficaram ainda mais fortes depois dos atentados que o país sofreu em Setembro de 2001. O principal argumento utilizado pelo país da América do Norte foi que o sistema europeu poderia ser utilizado com propósitos terroristas. Que o Galileo, quando pronto, trará benefícios enormes para toda a comunidade científica internacional é fato. A questão é: será que o Brasil poderá realmente ser beneficiado com essa base instalada em território nacional? Ou será que mais uma vez, os brasileiros serão apenas marionetes nas mãos das grandes potências mundiais? Por essas e outras razões, nosso governo deve ficar de olhos bem abertos em relação ao envolvimento no projeto, pois pode perder importantes alianças realizadas com os EUA devido ao fato de passarmos a ter uma base russa em nosso território.
Referências Bibliográficas • MARTINS, Elaine. “Vem aí o Galileo, sucessor do famoso GPS!” TecMundo, São Paulo, outubro de 2009, disponível em <
http://www.tecmundo.com.br/2846-vem-ai-o-galileo-sucessor-do-famoso-
gps-.htm> • KAWAGUTI, Luis. “Europeus querem Brasil como parceiro do programa Galileo”.
SECT,
Amazonas,
2009,
disponível
em
<http://www.sect.am.gov.br/noticia.php?cod=4666> • “Tudo
sobre
o
projeto
Galileu”,
disponível
em
<http://www.hispasat.com/Detail.aspx?sectionsId=22&lang=pt> • “El sistema Galileo prioritario para la Unión Europea”, Infoespacial.com, maio de 2011, disponível em <http://www.infoespacial.com/?noticia=el-sistemagalileo-prioritario-para-la-union-europea>