Revista MBA Agosto 2014

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dia dos pais está chegando e nessa edição aproveitamos para conhecer melhor o universo da paternidade. Para isso conversamos com 5 papais. Homens brasileiros que encararam o desafio de criar seus filhos na Nova Zelândia. Eles contaram pra nós como é a experiência de ser pai estando tão longe da família no Brasil. Para comemorar essa data tão especial, indicamos uma série de bons restaurantes para ir com as crianças e eventos pela cidade. Já para aqueles que preferem comemorar o dia dos pais em casa, ensinamos uma gostosa receita de boeuf bourguignon. Também recebemos uma incentivadora mensagem do nosso Embaixador, o Excelentíssimo Senhor Eduardo Gradilone parabenizando-nos pelo nosso trabalho e mandando um recado a todos os brasileiros da Aotearoa. Ainda nesta edição falamos sobre o dia do folclore, que será comemorado em 22 de agosto, e iniciamos uma pequena série de cinco capítulos intitulada “Nos caminhos do bilinguísmo”, que ajudará nossas famílias a compreenderem melhor esse tema que sempre gera tantas dúvidas. Entrevistamos o escritor brasileiro Diego Albuquerque, que esteve na Nova Zelândia em junho para lançar a versão em inglês de seu livro infantil Branquinho: O Dognauta; e para “arrematar” abordamos o mundo do craft, a brincadeira de “fazer”, como uma forma maravilhosa de desenvolver a criatividade e emoções das nossas crianças. Deliciem-se! Cristiane Diogo

MBA Agosto 2014 – Edição 02

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02 Editorial 03 A Voz Do Leitor 04 Mensagem do Embaixador 05 Folclore 06 Pais Brasileiros na Nova Zelândia 12 Craft: “fazer” com as crianças 16 Entrevista: Diego Albuquerque 18: Nos Caminhos do Bilinguismo – Parte I 22: Receita do mês Edição: Cristiane Diogo Redação: Aline Nunes Fotografia: Rafael Bonatto Colaboração: Catherine Nogueira, Monique Derbyshire, Rosa Maria Souza, Luana Karina, Soledad Hubbarb. Agradecimentos: Exmo Sr. Embaixador Eduardo Gradilone, Cleber Fisher, Mani Fagundes, Rafael Bonatto, Thyago Ponzoni, Wagner Silveira e Diego Albuquerque. Apoio: Embaixada do Brasil em Wellington

www.mamaebrasileiraaotearoa.co.nz


A voz do leitor

Ficamos muito felizes com a repercussão da primeira revista. Muitos comentários posi8vos, muitas ideias aparecendo, muitas pessoas querendo contribuir e par8cipar. O futuro da revista é promissor e excitante e nos enche a mente com novas perspec8vas e possibilidades. Abaixo estão alguns comentários dos nossos leitores: “Parabéns pelo trabalho!!

Gostei das informações, de saber o que vem pela frente com as aulas de português com a professora Aline e saber sobre a midwife brasileira Carolina. Well done! Xx “Ingrit Barbosa “Já li amei!!!

Olha aí gente que maravilha! Aproveitem e curtam uma boa leitura! Lena Nascimento Parabéns a todas que se esforçam para manter um círculo de troca “Muito massa! Parabéns de experiência, ajuda, cultura e muito mais!!! pelo trabalho”. Tive a maior sorte do mundo de ter a Carol como minha midwife . Ela foi mais Goreth Diogenes que isso. Foi uma amiga me dando suporte e carinho em momentos difíceis que tive na gravidez. Era um prazer ir para “Perfeito!” minhas consultas!!! Parabéns meninas. Lourdinha Muito legal a revista! Beijo“ Ferreira Carina Fisher Meninas, adorei o trabalho! Ficou super “ Viva, viva! Adorei este primeiro número! Muito legal, tanto o site quanto a revista. Gostei sucesso e podem contar muito da leitura! Mal posso esperar meu com todo apoio meu e do baby chegar e então participar dos Girassol!!!! “ Rosa Maria" playgroups e de todas as outras atividades.

Congrats!! Dani Makeown

“Lindo. Leitura gostosa. Feliz por esse trabalho!” Viviane Almeida

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Com a palavra, nosso Embaixador:! Desde a minha chegada a este belo país há dois anos, 6ve oportunidade de conhecer diversos compatriotas. Em poucos meses, pude constatar que nossa comunidade é muito a6va, diversa e talentosa, gerando importante contribuição para a sociedade e a economia locais. Após ter sido responsável, por cinco anos, pela área consular do Ministério das Relações Exteriores, que cuida de assuntos ligados à diáspora brasileira, fiquei surpreso ao encontrar na Nova Zelândia uma comunidade brasileira muito mais visível e vibrante do que imaginava. Com o crescimento do número de brasileiros em solo neozelandês desde 2004 -­‐ quando entrou em vigor o acordo de isenção parcial de vistos entre o Brasil e a Nova Zelândia – naturalmente foi aumentando a demanda por serviços prestados pela Embaixada e também por inicia6vas da própria comunidade voltadas para a manutenção de nossa cultura e herança. A par6r de 2009, uma nova geração de “brasileirinhos” na Nova Zelândia culminou na fundação de grupos de mães e crianças como o Mamãe Brasileira Aotearoa (Auckland) e o Girassol (Wellington). E é com grande prazer que venho acompanhando a série de a6vidades recrea6vas e de ensino da língua portuguesa desenvolvidas semanalmente pelas coordenadoras, professoras, mães e crianças. Além do contato com compatriotas, venho desenvolvendo uma extensa agenda de encontros oficiais e de negócios voltados ao incremento das relações bilaterais entre o Brasil e a Nova Zelândia. Constato com sa6sfação que os neozelandeses têm pelos brasileiros grande carinho e respeito, sen6mentos que devemos preservar e trabalhar juntos para reforçar, pois o elo humano pode ser um dos fatores mais importantes para o estreitamento das relações entre os países. Com a recente realização da Copa do Mundo no Brasil, o neozelandês, que sempre se mostrou curioso, despertou ainda mais seu interesse pelo nosso país. A Embaixada recebeu diversas chamadas telefônicas e emails de admiradores do futebol, de escolas interessadas na história do país, de empresas requisitando material para torcer por nosso 6me. No ano que vem, será a vez da Nova Zelândia sediar a Copa Sub-­‐20 FIFA 2015. Espero que possamos ter a oportunidade de torcer por nosso 6me e também de contribuir para um campeonato alegre e de sucesso, como foi no Brasil. Aproveito ainda para anunciar que a 13ª edição do Fes6val de Cinema da América La6na e Espanha (LASFF) – an6go Fes6val de Cinema La6no-­‐Americano (LAFF) – terá início em 28 de agosto em Wellington e será exibido em outras 7 cidades: Auckland, Christchurch, Dunedin, Hamilton, New Plymouth, Palmerston North e Wanganui. O fes6val também será apresentado pela primeira vez em Samoa. O Brasil par6cipará com o documentário Simonal -­‐ Ninguém sabe o duro que dei. Acompanhe as informações pela página Facebook (hops://www.facebook.com/LAFFNZ) e em breve também pelo site www.lasffnz.co.nz. Ao finalizar, gostaria de parabenizar o grupo Mamãe Brasileira Aotearoa pela criação desta revista digital, que além de facilitar a comunicação entre a comunidade, muito contribuirá para refle6r o perfil do brasileiro que escolheu a Nova Zelândia para viver. Eduardo Gradilone Embaixador do Brasil na Nova Zelândia Imagem: Embaixada do Brasil em Wellington


22 DE AGOSTO. DIA DO FOLCLORE BRASILEIRO Por que e como transmitir nossas tradições para os nossos filhos estando tão longe do Brasil? O termo folk-lore foi criado no século XIX pelo antiquário inglês William John Thoms e

significa sabedoria do povo. Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, folclore seria o “Estudo e conhecimento das tradições de um povo, expressas nas suas lendas, crenças e canções”. Há quem diga que folclore e cultura popular brasileira são coisas diferentes, pois folclore seria algo estático. Uma coisa que ficou lá no passado e que não se modifica, sendo hoje um mero alvo de nossa apreciação e curiosidade. Já a cultura popular teria um movimento totalmente dinâmico na sociedade, passando por mudanças ao longo dos anos, porém sempre presentes em nossas vidas. Como é o caso das cantigas de roda, brincadeiras de criança, algumas danças populares, do carnaval e das festas juninas por exemplo. Discussões a parte, no dia 22 de agosto vale mesmo é celebrar o Brasil, mantendo vivos nossos costumes e tradições, preservando e nutrindo as raízes que nos alimentam e que fazem de nós brasileiros. Mas como fazer isso estando tão longe do nosso país? Como transmitir nossas tradições para nossos filhos? A resposta é mais fácil do que parece. Tradição é herança. Para transmití-la, basta vivenciá-la. Assim aprendemos os costumes dos nossos pais, que aprenderam com os pais deles e por aí vai. Quer coisa melhor do que lembrar da voz da nossa mãe cantando aquela canção de ninar? E aquela comida gostosa então que só a vovó sabia fazer? O jeito que se dança aquela música. E as histórias e as lendas? As conhecemos porque alguém as contou não foi? Aliás, que tal lembrar de alguma coisa legal dos tempos de infância e ensinar para a sua criança hoje? Se você ainda não fez isso, nunca é tarde para começar.

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Pais Brasileiros N

ão me cabe conceber nenhuma necessidade tão importante durante a infância de uma pessoa que a necessidade de sentir-se protegido por um pai.” Sigmund Freud

O Dia dos Pais é comemorado em datas diferentes ao redor do mundo, no segundo domingo de agosto no Brasil, no primeiro domingo de setembro na Nova Zelândia. Entretanto, não importa quando a data é comemorada, a figura do pai na vida dos filhos é muito importante no dia a dia e ajudará na formação da sua personalidade e desenvolvimento emocional. O primeiro registro do Dia dos Pais data de 4mil anos atrás, na Babilônia, mas no mundo contemporâneo foi em 1910 que a data foi oficializada. Em ambas situações, a razão de se celebrar os pais foi motivada pelo amor dos seus filhos. E assim, nesse mês dos pais, decidimos conversar e conhecer um pouco mais a respeito de alguns pais brasileiros que moram na Nova Zelândia, saber como eles vivem a paternidade aqui desse lado do globo e de suas vitórias e dificuldades. Conversamos com 5 pais, homens de diferentes histórias e vivências mas que têm algo em comum, todos estão tentando ser o melhor pai que podem ser para seus filhos. E estão conseguindo... Conheça os entrevistados: Cleber Fisher Mora na Nova Zelândia há 14 anos. É chef num restaurante, casado com Carina, brasileira, e pai de um menino de 1 ano e 5 meses.

Mani Fagundes dos Santos Mora na Nova Zelândia há 19 anos. Agente de viagens e músico, casado com Mirta, croata, e pai de três meninos de 5, 3 e 1 anos. Rafael Bonatto Mora na Nova Zelândia há 5 anos. Fotógrafo e professor de computação gráfica, efeitos visuais e fotografia, casado com Bianca, brasileira, pai de uma menina de 6 anos e esperando mais um bebê nas próximas semanas. Thyago Ponzoni Mora na Nova Zelândia há 6 anos. Engenheiro de Sistemas (TI) e músico nas horas vagas, casado com Vanessa, brasileira, e pai de duas meninas de 12 e 9 anos e um menino de 4 anos.

Wagner Silveira Mora na Nova Zelândia há 12 anos. Arquiteto de Software (TI), casado com Mônica, brasileira, e pai de dois meninos de 6 e 3 anos.

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Seus filhos nasceram na Nova Zelândia? Como foi a experiência do nascimento, do sistema de saúde e do apoio que receberam sob a perspectiva do pai? Mani: Meus 3 filhos nasceram no Auckland Hospital e tive o prazer de estar presente durante as três maravilhosas experiências. Cada parto foi bem diferente, mas sempre recebemos o maior apoio do governo; antes, nas aulas pré-natal, durante o nascimento, e depois, através do Plunket também. Wagner: Tanto Caio quanto Eric nasceram na Nova Zelândia. Algumas coisas que eu achei interessante, não só com o nascimento, mas com todo o processo antes e depois da gravidez foram: - O fato de Mônica ser acompanhada durante toda a gravidez por uma obstetriz (midwife) foi muito interessante, porque ela teve uma pessoa para quem podia ligar a qualquer hora do dia pra tirar dúvidas. Para pais de primeira viagem como nós isso foi muito importante. - O curso pré-natal, que além de dar um monte de informações importantes pros papais de primeira viagem, também nos colocou em contato com um monte de outros casais na mesma situação, o que criou um vínculo interessante. Hoje, nós ainda mantemos contato com alguns desses casais. - Tanto o acompanhamento da obstetriz quanto o parto (que acabou sendo uma cesariana), foram feitos em hospitais públicos com equipamentos e profissionais de alta qualidade. - No pós parto de Caio, ainda durante os primeiros dias, ele não estava conseguindo mamar direito, e eu conseguia ver como isso estava afetando Mônica, mas o hospital tinha uma enfermeira especializada em lactação. Em duas sessões com Mônica, ela e Caio se transformaram em especialistas em mamar. - O acompanhamento da obstetriz nos primeiros dias após o nascimento, e do Plunket, em casa, foi outra coisa que nos ajudou bastante. A obstetriz identificou logo na primeira visita, que Caio tinha refluxo, e isso ajudou bastante a nossa rotina. Wagner com Caio e Eric - O Health Line - um número gratuito que disponibiliza

Para

compreender

os pais é preciso ter filhos

Cleber com Caio

Thyago com Mel, Bia e Anthony


uma enfermeira pra falar com você sobre qualquer dúvida que você tenha sobre o bebê - foi também muito utilizado, evitando visitas desnecessárias ao hospital ou confirmando se deveríamos ir à emergência para saber o que estava acontecendo o mais rápido possível. - Finalmente o Bellyful, uma organização de caridade que tem como objetivo ajudar pais nos primeiros meses de vida do bebê, quando esses não tem tempo nem de dormir direito, nos auxiliou com algumas refeições muito bem vindas.

Mani com Mateo, Marco e Mario

Cleber: Sim! Não temos palavras para agradecer a NZ pelo fato do Caio ter sido IVF. Tivemos um suporte maravilhoso. Tudo gratuito com qualidade de atendimento particular. O nascimento em si foi meio estressante por causa dessa maneira deles esperarem demais até chegar numa cesárea de emergência, mas o suporte sempre muito bom, até porque tivemos a sorte de ter a Carolina (Carolina Duff - obstetriz) junto de nós.

Qual a maior dificuldade em ser um pai estrangeiro na Nova Zelândia?

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Thyago: Sinceramente, nenhuma. Tudo na Nova Zelândia funciona. Não é perfeito, mas aqui é muito fácil viver uma vida normal mesmo tendo filhos. Além disso as crianças de hoje estão tão avançadas que elas viram independentes Rafael com Clara rapidamente sem muita dependência dos pais. Wagner: Pra mim, o maior desafio de ser pai em uma terra onde eu não fui criança é ter que descobrir aos poucos coisas que parecem naturais no Brasil por ter crescido lá (como escola, atividades extra curriculares etc.). Rafael: Pra ser sincero, nenhuma… por favor não me entendam mal (risos). De verdade não encontrei dificuldade alguma, pelo contrário, na minha opinião é extremamente mais fácil. Espero que continue assim. É possível ter espaço depois da paternidade? Mani: Quando tomamos a decisão de ser pai, acredito que toda a prioridade tem que mudar. Primeiro a família, esposa e filhos e depois as outras coisas se encaixam ao redor. É claro que a preservação da sua individualidade através da prática de esportes, um hobby e especialmente a atenção na vida a dois com a esposa são importantes, mas tudo isso passa a ser referência para os seus filhos, pois eles aprenderão muito mais com o que fazemos do que com o que falamos para eles. Rafael: É possível sim. Exige uma certa organização da família, alguma das partes vai ter que ceder, mas se cada um ceder um pouco, todo mundo aproveita. Eu tenho meu espaço, faço meus esportes, faço meus trabalhos extras, mas só consigo esse espaço por causa da minha esposa, que toma conta da nossa filha para que eu possa fazer isso. E, claro, quando a esposa precisa do tempo, sou eu quem cuido da Clara para que ela faça 9 suas atividades.


Qual a influência da cultura Neozelandesa na sua vida como pai? Wagner: Acho que o que a cultura Neozelandesa mais influencia na forma de como eu tento tratar a educação dos meus filhos, é que ela me ajuda quando tento ensinar pontos como honestidade, cidadania e amor ao próximo. No Brasil, infelizmente, nós tentamos passar esses valores, mas ou temos que brigar contra o sistema a todo momento - "seu amiguinho, e todo mundo faz, mas está errado" - ou em outros casos, acabamos tendo que usar o velho "faça o que eu digo, não faça o que eu faço" - o que é horrível. Aqui o errado, felizmente, é a exceção, e nós podemos honestamente dizer "papai fez isso e está errado, desculpe. Não vou fazer mais.” Thyago: A cultura da NZ me ensinou a ser mais relaxado (no bom sentido). Sem muito estresse e sem muita preocupação, pois aqui tudo é mais tranquilo. Uma das coisas que mais mudou na minha vida é o fato de eu esquecer que o meu carro tem buzina (risos). Além disso eu uso as setas para virar o tempo todo. Rafael: Acho que os valores das pessoas aqui são muito diferentes dos valores das pessoas no Brasil. As pessoas são mais simples, não dão tanta importância para marcas, dinheiro e aparência. Todos querem tranquilidade e qualidade de vida. A educação, o respeito com a cidade e com o meio ambiente também são bem notáveis. Fica mais fácil para transmitir essa educação para os filhos quando eles tem esse exemplo diariamente, na escolar, com os amigos, na rua... Isso só complementa a educação que tentamos ensinar em casa. Na sua opinião quão difícil é não confundir atenção afetiva com atenção material? Rafael: Na nossa família a atenção afetiva e material é muito distinta. Não acho que seja difícil diferenciá-las. Claro, o lado material sempre tem, mas quando tem é apenas uma ferramenta para aumentar ainda mais a atenção afetiva. Mani: Apesar de vivermos numa sociedade altamente consumista, é muito importante prestar atenção nas necessidades afetivas de cada um dos filhos para preenchê-las de maneira que todos recebam tanto quanto necessitam e se desenvolvam da melhor forma possível. Wagner: Talvez pela forma como eu e Mônica fomos educados – Mônica vem de uma família grande, e eu, apesar de ser o mais velho de três filhos, tenho pais com famílias grandes –atenção material, no sentido de substituir o afeto dos pais com presentes, ou ceder a todas as vontades dos filhos, nunca foi uma opção. De certa forma essa foi uma das razões de imigrar: ter certeza de que quando nós estivéssemos prontos pra iniciar nossa na Nova família, ela seria a prioridade – o que Mani, Wagner e Thyago: o pai brasileiro não tem medo de assumir significa encontrar tempo pra dividir as coisas Zelândia suas importantes com eles. responsabilidades e ajudar em casa. Imagem: Rafael Bonatto

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Quais seriam as desvantagens e vantagens em ser pai na NZ mesmo longe da família e dos amigos brasileiros? Rafael: O lado ruim é ficar longe da família. Ter o suporte da família é muito bom, mas infelizmente isso raramente acontece quando você sai do Brasil. Como tudo na vida, sempre há um lado positivo. Acho que a gente fortalece os laços de nucleo familiar (pais e filhos) e como estamos “sozinhos” a gente depende muito um do outro. Só podemos contar conosco e temos que aprender a nos virar vivendo como um time. Wagner: A principal desvantagem é estar longe da família e de vários amigos, e por isso não criar laços de amizades com eles, especialmente com os primos. Com relação às vantagens, a segurança, a certeza de que a sociedade e os amigos que você escolheu em transformar na sua "família longe da família" compartilham dos seus valores de honestidade, justiça e cidadania, mais do que paga as desvantagens. Cleber: Não vejo desvantagens. Claro que se tivesse familiares aqui seria muito bom, mas tirando isso só vejo vantagens. Aqui meu filho terá uma boa educação, médicos, e dentistas gratuitamente e com boa qualidade. Para Rafael, ser pai é voltar a ser criança, “se jogar no chão, ler histórias antes de dormir” e estar preparado para descobrir e viver o que Thyago chama de “um amor incondicional por outros seres”, porém dando carinho e sendo “duro quando precisar ser” como disse Cleber. “Ser pai é uma responsabilidade única, é ajudar um ser humano a ser o melhor que ele possa ser”, disse Wagner no final da sua entrevista, endossado pelas palavras de Mani que vê a paternidade como “uma grande missão, pois através dela temos a oportunidade de oferecer um caminho para que um individuo possa alcançar seu potencial”. Os pais brasileiros na Nova Zelândia são pais atuantes, que arregaçam as mangas e dividem tarefas e prazeres. Conhecer esses homens e conversar sobre seus desafios, medos e interesses foi muito gratificante. É animador ver que essa nova geração de William Shakespeare brasileirinhos vai crescer com valores e ideais fortificados em raízes de igualdade, liberdade e compreensão. Feliz Dia dos Pais! Feliz Mês dos Pais! Muito amor para os pais, avós, padrastos, pais postiços, “pães” (pai + mãe) e a todos os homens que fazem parte dessa trajetória.

"Sábio é o pai que conhece seu próprio filho.”

MBA


PassEando com a familia Sempre temos dias frios e molhados, mas a Nova Zelândia continua sendo um imenso playground para os que gostam de comer “al fresco” . Amanheceu um dia bonito? Faz uma cesta com alguns sanduíches e frutas, pega um tapetão de praia e faz um picnic. Uma maneira deliciosa de aproveitar o dia e a companhia da família. Wynyard Quarter no waterfront de Auckland é um lugar fácil para as famílias com crianças de todas as idades. Deixar as crianças brincarem no playground ou andar de patinete antes de escolher um dos muitos restaurantes disponíveis para almoçar, é uma boa pedida para qualquer fim de semana. No mês de agosto, o centro de Auckland se transforma numa Meca culinária com vários eventos acontecendo. Nós recomendamos o Street Eats no dia 23 de agosto. 100 restaurantes diferentes servindo um menu variado com sabores do mundo inteiro, música ao vivo, entretenimento para as crianças em lugar coberto e de graça!! Das 10am às 8pm no Shed 10 (do lado do prédio do Ferry no centro de Auckland) Informações: www.heartofthecity.co.nz Em Wellington, o Southern Cross na 39, Abel Smith Street, Te Aro é uma ótimo lugar para o brunch ou almoço do Dia dos Pais. Bom para toda a família, com um menu infantil gostoso, jogos, brinquedos e muito espaço. www.thecross.co.nz Em Christchurch, a sugestão é uma pizza bem gostosa no Winnie Bagoes na 2 Waterman Place, Ferrymead. Um ambiente relaxado para a família com crianças de qualquer idade.

Já em Queenstown, um pacote incluindo passeio de barco, almoço e tour na fazenda no Walter Peak é uma opção interessante para um dia muito agradável.


Brincar de fazer: o maravilhoso mundo do craft com as criancas Se você, como eu, adora se perder pelo Pinterest* já deve ter se deparado com uma infinidade de dicas sobre aprendizagem, educação de filhos e infância em geral. Gazilhões de receitas, idéias, conselhos pra todos os gostos, e, vira-­‐e-­‐mexe envolvem o tal mundo do “crau”! Bem que poderia escrever artesanato (como desejaria minha mãe, uma excelente professora de português), mas a palavra e o significado mais tradicional que damos a ela não descreve o universo imenso que a palavra inglesa abrange. Para além da língua portuguesa e da nossa geração de brasileiros, o faça-­‐você-­‐mesmo e o artesanal é parte muito importante no dia-­‐a-­‐dia de quase todo mundo em muitos outros países (inclusive a Nova Zelândia) e é habilidade aprendida na escola e que serve pra vida toda, a tão famosa “skill for life”. Mas o que isso tem mesmo a ver com maternidade e criação de filhos? Bom...tudo! Mesmo que você jamais tenha se imaginado “fazendo algo” que poderia ser comprado pronto ou encomendado, desde o dia em que pegou aquele avião pra bem longe do arroz com feijão diário (que você, muitas vezes, nunca cozinhou), via de regra, já teve que fazer muita coisa ro6neira e domés6ca com suas próprias mãos, concorda? E, ao preparar o seu próprio pão-­‐de-­‐queijo pra não morrer de vontade, algo começa a mudar na sua forma de ver o mundo, a sua casa e a sua família! Daí pra preparar uma geleia ou costurar uma capa de almofada é um pulo, e aí, o vírus já a pegou de jeito. Ainda se perguntando o que isso tem a ver com criar crianças? E que coisa mais estúpida achar que no meio dessa loucura absurda que é criar filhos longe da família e sem muita ajuda, alguém acha tempo e energia pra sentar com suas crias e costurar saias coloridas pro ursinho, ou uma calça de pijama ou uma capa roxa como a da Elsa (Sim, Frozen!!!). E pra quê? É agora que eu digo: porque isso é criar, nutrir, educar crianças pro mundo! Como? Sim! Nada subs6tui o “fazer”, principalmente quando se está descobrindo o mundo. Usar os sen6dos, esmiuçar os objetos e inventar “coisas” com eles ainda é a melhor maneira de experimentar a vida e crescer! Assim, um tablet pode ter mil aplica6vos educa6vos lindos pra pintar ou montar quebra-­‐cabeças, mas o cérebro das crianças vão fazer muito mais sinapses se elas usarem um crayon entre os dedinhos ou pegarem as peças do quebra-­‐cabeças com as mãozinhas (e, claro, dar uma mordidinha). Peraí! Não se irrite e pare de ler! Não disse que faço parte do grupo que quer banir essas ferramentas da vida das crianças, pelo menos não das maiores de dois anos, só estou dizendo que uma coisa não subs6tui a outra, por mais bem intencionados os pais que achem “tecnologia digital” indispensável no mundo de hoje. Mas então porque achamos tão dizcil “fazer” com as crianças? Listei aqui as principais razões que mais ouvi nos grupos de pais, playgroups e pré-­‐escolas pra não embarcar com prazer nesta brincadeira. E junto adicionei umas sugestões pra superar essas dificuldades. Não sou do 8po “cria8va”! Essa foi a mais ouvida. E é a mais simples de superar. Imagem: Arquivo pessoal Rosa Maria


Claro que o Pinterest e os blogs de “mães cria6vas” nos deixam bem acanhados, afinal tanta coisa “cria6va” e maravilhosa e que estão a anos luz dos nossos rabiscos com casinhas e árvores! Mas aí é que está! Não precisa de nada disso! Seus filhos já acham você o máximo (pelo menos até a adolescência...), então o vento está a seu favor. O resultado não importa, mas sim o tempo gasto se diver6ndo e aprendendo junto com eles. E hoje em dia o que não faltam são kits de crau (a francesa Djeco tem coisas fantás6cas e a kiwi “Seedlings” cria kits excelentes pras mais variadas idades), tutoriais no YouTube e Imagem: Arquivo pessoal Rosa Maria websites só com ideias maravilhosas, simples e de graça pra “brincar de fazer”. E, o mais importante: reescreva sua própria história! Comece a dizer pra si mesma que você é cria6va e 6re uns minutos todos os dias (ou a cada semana, pra ser mais realista) pra fazer algo que lhe dê prazer em criar, como tentar uma receita nova de biscoito, “inaugurar” aquela agenda/diário lindo que lhe deram no Natal de dois anos atrás em vez de pegar seu telefone e sair clicando por aí. Não tenho tempo! Eu sei bem o que é isso! A maternidade toma tudo. E se temos ainda outras a6vidades, como um emprego remunerado, carreira, empresa, fica tudo ainda mais dizcil, mas não impossível! Tempo se inventa! No meu caso, aboli a TV pra ter tempo de “fazer”, com ou sem as crianças. Há mil outras maneiras de driblar a correria, como por exemplo escolher a6vidades simples e fáceis, usando materiais que você já tem em casa, como fazer massinha ou biscoito. Muita bagunça e sujeira pra limpar depois! É verdade! Sempre tem alguma sujeira no meio dessa brincadeira, mas nada que um pouco de organização não resolva, como forrar aquela cor6na de banheiro velha no chão antes de abrir a caixa de cane6nhas laváveis ou pôr a massinha de modelar na mesa . Ou que tal escolher a6vidades que não exijam uma super faxina toda vez que terminam como costurar ou fazer colares com macarrão? Meu filho se cansa logo e não quer mais! As crianças menores ou as mais agitadas podem se concentrar em uma a6vidade por muito pouco tempo, isso é comum, mas não pode estragar sua vontade de “fazer”. O bom de tudo é que se pode sempre tentar várias vezes, com materiais diferentes e atra6vos, como 6nta comes~vel pra pintar com os dedinhos. Só não se esqueça: a chance de sucesso é muito maior se você se sentar com eles e fizer junto! Seu prazer contagia! Aqui vai uma lis6nha de websites lindos e com dicas pra lá de úteis e que vão dar água na boca! 14


Imagem: Arquivo pessoal Rosa Maria Websites em português: www.estefimachado.com.br www.superziper.com Websites em inglês: www.madebyjoel.com www.redtedart.com/2012/01/20/how-­‐to-­‐finger-­‐paint-­‐recipe www.teach-­‐me-­‐mommy.com/2014/05/no-­‐mess-­‐busy-­‐bag-­‐ideas-­‐for-­‐2-­‐year-­‐olds.html www.kiwicrate.com www.innerchildfun.com/2012/01/10-­‐simple-­‐no-­‐mess-­‐craus-­‐for-­‐tots.html www.djeco.com www.seedling.co.nz www.pinterest.com *O Pinterest é uma rede social de compar6lhamento de fotos que permite trabalhar com imagens agregando fotografias, imagens ou links da web para postar no seu mural. Então, porque você não aproveita a próxima “vol6nha” pela internet e ache um projeto pequenininho e simples pra fazer com os seus pequenos? Garanto que vai ser tão gostoso que você não vai parar mais! Rosa Maria Souza vive na Nova Zelândia há quase dez e só depois que virou mãe em tempo integral da Clarice (7 anos) e do Dominic (5 ) foi que descobriu os prazeres do "brincar de fazer". Mesmo tendo voltado recentemente ao trabalho remunerado (com portadores de necessidades especiais), essa ex-advogada estressadíssima e agora crafteira convicta e feliz ainda arruma tempo pra fazer calças de pijamas, capa de Elsa (sim, do tal Frozen!!!), bonecas de chita, vestido de aniversário...


Ideia de Craft para o Dia dos Pais

Imagem: MarthaStewart.com

Essa é uma ideia simples e divertida que pode ser feita por crianças de qualquer idade. Que tal preparar vouchers para o papai junto com um café da manhã bem gostoso? Os vouchers podem ser escrito a mão ou impressos. Prenda com durex, grampeador ou cola e ofereça ao papai várias surpresinhas como: Uma massagem; Uma lavagem de carro; Uma hora de silêncio; Um café da manhã na cama; Um quarto aspirado; Uma cortada na grama; Ou o que sua imaginação (ou a das crianças) permitir. Tenho certeza de que ele vai ficar muito feliz com os “presentes”. Feliz Dia dos Pais!

Vagas Abertas para educadores! EDUCAÇÃO E ARTES NO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA Se você gosta de crianças e sempre sonhou em fazer parte de um projeto inovador que envolva educação e artes, junte-se a nossa equipe. Para mais informações envie um email para portuguese.language@bol.com.br www.portuguesparacriancas.webs.com


Literatura Infantil

Em Junho desse ano Diego Albuquerque viajou para Nova Zelândia a pedido da sua editora para divulgar a versão em inglês do seu livro “Branquinho: O dognauta”. A comunidade brasileira o recebeu de braços abertos e ele participou de diversos eventos em Wellington e Auckland, inclusive a festa Junina do Brasileirinho: Músicas e Brincadeiras a pedido do grupo Mamãe Brasileira Aotearoa. Conheça um pouco mais de Diego:

MBA: Como surgiu a ideia de escrever Branquinho: O Dognauta e qual seria a principal mensagem do livro? D.A Esse livro nasceu praticamente como uma brincadeira. Não foi planejado. Eu era apenas uma criança brincando de contar histórias, com lápis e papéis. Um dia resolvi inventar essa história, pois eu realmente tinha um adorável cachorrinho, o Pretinho, mas não sabia como ele tinha aparecido lá em casa. A principal mensagem do livro sem dúvida é sobre respeito às diferenças. Todo mundo tem um lado meio Dognauta, ou seja, alguma característica ou comportamento que não é facilmente aceito pela sociedade. Esse é um livro que toca de alguma forma em pontos como adaptação, individualidade, tolerância, transformações, limites das ciências e do uso da tecnologia. MBA Como aconteceu o convite para o lançamento da versão em inglês do livro (Snowy: The Dognaut) na Nova Zelândia? Seu livro pode ser encontrado em outros países? D.A. O Convite veio através dos meus editores no Brasil, Gisela Zincone da editora Gryphus, e da Nova Zelândia, Peter Dowling da Libro International. Foram eles que Photography viabilizaram este projeto e eu só Imagem: Natural Moments tenho a agradecer a ambos. O livro pode sim ser comprado em outros países na língua inglesa através de sites de compra como Amazon.com MBA Você tinha conhecimento da existência da comunidade brasileira na NZ e de um público infantil que pudesse ser beneficiado com o seu trabalho em português? D.A. Imaginava que havia uma comunidade brasileira na NZ mas não tinha ideia do tamanho e da organização dessa comunidade. Foi muito gratificante ver que pude levar um pouco do Brasil pra esse público infantil.

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MBA Como foi a experiência de fazer a leitura para as nossas crianças? D.A. Essa é a parte que mais gosto nesse trabalho! As crianças são sempre fantásticos interlocutores, sinceros, curiosos. Tanto as crianças brasileiras como as Neozelandesas foram espetaculares e me deixaram muito feliz por se interessarem por essa história e pelo Dognauta. Foi muito legal ver o livro sendo lido em dois idiomas, muitas vezes pelas próprias crianças e ao mesmo tempo.

Comer para sobreviver; Comer para aproximar;" Comer para conversar. Assim nascem amizades…"

O último almoço das mães sem os filhos, no dia 19 de Julho, no restaurante Merchants of Venice, foi um sucesso! 20 mamães brasileiras compareceram para compartilhar agradáveis momentos e dar boas risadas acompanhadas de um bom prato e um bocado de alegria. Fique de olho nos nossos próximos eventos e encontros.


Parte 1: Cultura e Identidade Aqui começa uma despretensiosa e pequenina série dividida em gotinhas de 5 capítulos que ajudará você leitor na jornada em direção a um melhor entendimento sobre a transmissão da língua portuguesa como língua de herança, para que possamos ajudar nossas crianças bilíngues nos caminhos e descaminhos desse processo. Primeiro vamos esclarecer o que é língua de herança – Língua de herança é aquela que aprendemos em casa com a nossa família, mas que não é a língua dominante do lugar onde vivemos. O português falado na Nova Zelândia que é um país de língua inglesa, por exemplo. No capítulo I falaremos sobre cultura e identidade. Segundo Tomaz Tadeu da Silva em seu livro Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais, a definição de identidade é uma coisa muito simples: identidade é aquilo que o sujeito é. No entanto, partindo deste princípio, o que você diria se eu declarasse que a minha identidade é a aquilo que eu sou juntamente com aquilo que você é? Pois é. O contato com o outro resulta em identificação ou até mesmo em rejeição; o que na verdade não é novidade pra ninguém. O que muitas vezes não paramos para pensar é que quando eu encontro alguém que seja igual ou “diferente de mim”, eu passo a ter um parâmetro ou referência que irá influenciar as minhas atitudes e consequentemente a construção do meu caráter e da minha personalidade. Isso significa que o “outro” me influência tanto que faz de mim o resultado daquilo que ele é. Seja para o bem ou para o

Foto: Daniel Pinto Fotografo

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mau. Portanto, este outro também está em mim. Entrando na questão da cultura, faz tempo que esta vem sendo definida por muitos como sendo a soma de conhecimentos e tudo o que um povo produz. Mas o que isto tem a ver com bilinguismo, língua de herança ou educação infantil? Bem, quando eu digo que sou brasileira, o que na verdade quero dizer é que além de ter uma cultura que chamo de brasileira, ou seja, pertenço a um grupo de pessoas iguais a mim, eu também quero dizer que não sou argentina ou chinesa por exemplo. Sou brasileira. Sou diferente deles. Acontece que independentemente do local ou registro de nascimento, podemos dizer que ninguém nasce brasileiro, neozelandês, fijiano ou japonês. Isso é algo que aprendemos a ser. A nossa ou qualquer outra nacionalidade é um conjunto de referências de absolutamente tudo o que está ao nosso redor no país e no mundo. Eu sou o resultado do reflexo das igualdades e das diferenças que me cercam. O mundo e a existência de tantas outras nacionalidades contribuíram para a formação daquilo que eu sou. É desta maneira que a identidade se insere no círculo da cultura. Os índios, portugueses, africanos e outros estrangeiros que foram para o Brasil tinham as suas culturas nascidas de várias outras referências e que criou a cultura brasileira; que é uma instituição social construída, ou seja, que não nasceu por si mesma e que depende de pessoas para a sobrevivência da sua existência. Mas por que isso é tão importante quando tratamos do tema infância, filhos e herança cultural? Conhecer e reconhecer nossa herança cultural é ter o entendimento de nós mesmos. O que nos torna mais fortes. Pesquisas americanas comprovaram que crianças com forte senso de identidade e boa aceitação de suas origens têm maior habilidade para enfrentar desafios e e um melhor desempenho não somente na escola, mas na vida. A formação da identidade cultural de uma criança deve partir do bom desenvolvimento da sua autoestima, autoconfiança e aceitação daquilo que ela é, e isso só acontece quando ela passa a ter o entendimento de si mesma como um ser herdeiro de uma cultura que ela conhece e da qual se orgulha. Isso faz com que transmitir a nossa herança cultural aos nossos filhos passe a ser mais do que um dever ou simples costume. É um ato de amor. Nossa, parece tudo tão filosófico...mas há quem diga que a vida é uma questão de filosofia ;) Até o próximo capítulo! Na próxima edição falaremos sobre língua e língua de herança. Fique de olho!

Aline Nunes tem formação em Letras e é professora de língua portuguesa para crianças e adultos, além de investigadora do bilinguismo na educação infantil e do ensino da língua de herança. Contato: portuguese.language@bol.com.br



CAP

CENTRAL DE APOIO AO PORTUGUÊS COMO LÍNGUA DE HERANÇA

UMA PARCERIA NOVA ZELÂNDIA / ALEMANHA (CAP/CIAEB)

O CPBC (Curso de Língua Portuguesa e Cultura Brasileira para Crianças) acaba de lançar a CAP. Uma Central de Apoio ao Português como Língua de herança. Através da CAP, famílias brasileiras da cidade de Auckland poderão fazer consultas, 6rar dúvidas e receber orientações profissionais sobre como educar seus filhos bilíngues. As orientações têm seus fundamentos em pesquisas cien~ficas e experiências educacionais do CPBC e das ins6tuições criadoras do CIAEB PLH (Centro de Informação e Apoio sobre Educação Bilíngue em Português como Língua de Herança): Mala de leitura de Munique e Linguarte, ambas da Alemanha. As consultas serão feitas através do e-­‐mail: cap.cpbc@gmail.com Perguntas mais frequentes: •  Ele/Ela entende tudo o que eu digo em português, mas não fala. Isso é normal? Será que a culpa é minha? •  Falo com meu filho em português e ele responde em inglês. O que faço? •  Obrigo minha filha a responder em português, mas vejo que ela fica irritada e cada vez mais prefere falar em inglês. Devo conMnuar obrigando-­‐a a falar português? •  Quando voltamos das férias no Brasil minha criança falava tudo, mas depois de alguns meses parece que a coisa desandou. Tem como recuperar? •  Da úlMma vez que tentamos conversar com a vovó pelo Skype, senM que ela ficou um pouco triste porque meu filho não fala português. Fiquei com vergonha e gostaria de poder voltar no tempo para solucionar isso... O que posso fazer? SE VOCÊ TEM DÚVIDAS QUANTO A EDUCAÇÃO BILÍNGUE DA SUA CRIANÇA OU ESTÁ TENDO DIFICULDADES EM TRANSMITIR O PORTUGUÊS EM CASA, ENTRE EM CONTATO CONOSCO. AS CONSULTAS SÃO GRATUITAS.

*Os emails serão enviados exclusivamente para o contactante, não sendo usados para outros fins, estando garan6do o sigilo das informações.

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RECEITA

Receitas de forno são ó6mas para os dias frios que estão por vir, e aqui em casa decidimos testar uma receita do tradicional prato francês Boeuf Bourguignon. Em bom português, o Boeuf Bourguignon nada mais é do que uma carne de panela com legumes feita no forno, ou ainda um ensopado de carne de gado. O melhor desta receita é que ela não tem a parte de marinar de um dia pro outro, como a maioria recomenda. Mas, vale lembrar que o prato ganha muito mais sabor se feito no dia anterior ao que será servido. Segue a receita aí: Boeuf Bourguignon: Serve: 6 pessoas -­‐ Tempo de Preparo: 3h 30min. Ingredientes: 1.5 Kg de carne sem osso, cortada em cubos grandes (pode ser pa6nho, coxão mole, lagarto ou músculo) 2 colheres de chá de sal; 1 colher de chá de pimenta preta; 3 colheres de sopa de azeite de oliva 2 cebolas medias, cortadas em pedaços grandes; 7 dentes de alho, sem casca e esmagados 2 colheres de sopa de vinagre balsâmico; 1 e ½ colher de sopa de pasta de tomate ¼ de xícara de farinha de trigo; 2 xícaras de vinho 6nto (qualquer um da sua preferencia) 2 xícaras de caldo de carne (usei liquido sem adição de sal e açúcar) 2 xícaras de água; 2 folhas de louro ½ colher de chá de tomilho (pode ser fresco ou seco); 2 ramos de alecrim fresco 1 e ½ colher de chá de açúcar; 4 cenouras grandes, sem casca e cortadas em rodelas grossas 800 gramas de batatas cortadas em pedaços grandes ou se preferir comprar as batatas pequenas e cortar pela metade tempero verde para finalizar (opcional)

Imagem: Pinterest

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Imagem: Pinterest

Modo de Fazer: 1.  Pré-­‐aqueça o forno a 160ºC. 2.  Tempere com sal e pimenta todos os cubos já cortados de carne. Em uma panela grande, que possa ir ao forno, aqueça 1 colher de azeite de oliva em fogo médio e frite a carne, dourando todos os lados. Depois de fritar a carne, coloque em um recipiente e reserve. Dica: O segredo para fritar bem a carne é fazer poucos pedaços por vez. Adicionando uma colher de azeite de oliva para cada leva de carne. 3.  Adicione a cebola, o alho e o vinagre balsâmico. Refogue tudo por 5 minutos, mexa um pouco com uma colher de pau para desgrudar o “fundo”, os pedaços de carne ajudam a realçar o sabor e engrossar o molho. Adicione a pasta de tomate e cozinhe por mais alguns minutos. Depois, adicione a carne. 4.  Polvilhe a farinha sobre a carne e mexa bem para dissolver. 5.  Adicione os demais ingredientes: caldo de carne, vinho, água, folhas de louro, o tomilho o alecrim e o açúcar. Mexa bem para não grudar nas laterais da panela e deixe ferver. Cubra a panela com a tampa e leve ao forno por 2 horas. 6.  Depois das 2 horas, remova a panela do forno e adicione as cenouras e as batatas. Tampe e coloque novamente no forno por mais 1 hora ou até que os legumes estejam bem cozidos e a carne bem macia. 7.  Prove e ajuste sal e pimenta se necessário e está pronto. 8.  Se fore servir no dia seguinte, deixe esfriar e guarde na geladeira. Não é necessário levar ao forno de novo, é só esquentar no fogão mesmo. Dicas: Em algumas receitas adiciona-­‐se cogumelos também. É opcional. -­‐  Já vi receitas que não adicionam a farinha. Dá para tentar, mas esta serve para dar uma engrossada no molho. Pode ser servido com massa, arroz ou pão fresco também fica uma delicia. Catherine Nogueira é formada em propaganda e marketing, mas abandonou a vida de agência em 2010 e mudou-se de mala e cuia para Cingapura,. Tudo para acompanhar o marido. Hoje vive em Auckland, Nova Zelândia, e dedica seu tempo a blogar (receita postada no www.aromaspicantes.com) e cuidar da pequena Alice.


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