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Quinta-feira, 9 de agosto de 2012. extra.globo.com INFORMAÇÃO

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PRIMEIRA EDIÇÃO RIO DE JANEIRO QUINTA-FEIRA, 9 DE AGOSTO DE 2012 ANO XV NÚMERO 5.828

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Famílias da serra estão há quase dois anos à espera de ajuda Página 3

Entulho acumulado na Estrada Velha de Maricá Página 2

NO ESTILO HOLLYHOOD

Preços sobem, e ONU alerta para risco de crise alimentar Há o potencial para que se desenvolva uma situação como a que tivemos em 2007/08”, disse à Reuters Abdolreza Abbassian, economista-chefe e analista de grãos da FAO. Página 4

Caso Thor: apesar de ter pedido negado, defesa se diz satisfeita com decisão da Justiça sobre perícia. Novamente com o uniforme do Vasco, Juninho pisou no gramado da Ilha do Retiro - onde foi criado para o futebol - para uma partida oficial após nada menos do que 13 temporadas. A data esperada veio recheada de expectativa pelo reencontro com família e antigos amigos. Mal sabia o meia, no entanto, que a recepção da torcida do Sport, seu primeiro clube, não seria nada positiva e que o cenário guardaria um script improvável de se prever, ao melhor estilo filme de Hollywood. Página 2

UPP NOVA BRASÍLIA R E ALVEJADA D Í L Líder no Brasil em números de leitores. Fonte: IBOPE Target Group Index (Fev 11 - Fev 12)

Embora em menor intensidade, os ataques do tráfico às forças de pacificação, como o que matou a policial militar Fabiana Aparecida de Souza, não são novidade nos complexos do Alemão e da Penha. As tropas do Exército sofreram muitos atentados a tiros no período em que ficaram na região, entre dezembro de 2010 e o último dia 9. Página 4

O processo que Thor, filho do empresário Eike Batista, responde pelo atropelamento de um ciclista na BR-040 (Rio-Petrópolis) pode sofrer uma reviravolta. Pelo menos é o que espera a defesa, já que um novo exame sobre a dinâmica do acidente será feito. Um pedido para a realização da análise que ateste a distância entre o local do acidente e a Serra, feito pela defesa, foi negado, mas o relatório da perícia já feita será analisado por novos assistentes técnicos, que apresentarão um parecer sobre o caso. Página 4

Estoque de etanol não permite aumento na mistura com gasolina, diz ANP Página 2


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Juninho volta a terra natal com hostilidade rival, cobrança de falta decisiva e beijinhos Primeiro elemento: a chuva. Para um jogador de toque de bola como o Reizinho, o campo encharcado não facilitou em nada. Por essa razão, as vaias e os xingamentos crescentes que o perseguiram durante os 82 minutos em que correu não foram tão recorrentes. O desempenho era discreto. Um passe de calcanhar para Auremir, alguns escanteios batidos e só. Assim como a equipe cruz-maltina, Juninho foi para o intervalo preocupado com o rumo do jogo. Trocou de camisa com o volante rival Tobi e seguiu contrariado, porém tranquilo. - Não sou o primeiro a sofrer com esse comportamento. Torcedor tem memória curta, por mais que você tenha feito algo pelo clube. Entendo e respeito - disse Juninho, sem entrar em polêmica. Com Tenorio na vaga de Eder Luis, o Vasco ganhou um brigador a mais no ataque. O equatoriano se aproveitou dos vacilos da defesa, foi demolindo o que via pela frente e carregou os companheiros consigo. Aos seis minutos, o camisa 8 teve sua primeira chance de falta, quesito que fora “proibido” de executar por uma de suas irmãs, fã do Sport. A bola passou longe. Na sequência, a confiança começou a crescer, e Juninho se tornou ainda mais participativo. Nova oportunidade, desta vez mais perto e do lado direito. Arremate no ângulo esquerdo de Magrão e euforia do time inteiro. Ciente da importância do gol e do recalque que causaria, Juninho saiu correndo e mandou beijinhos em direção às sociais do estádio. Por ali, entre cadeiras e um camarote, estava sua família, com mais de dez integrantes. Aos desavisados, poderia soar como pura provocação a quem o hostilizou apenas por ter preferido retornar ao clube carioca antes de encerrar sua trajetória. Ao notarem o alvo, contudo, torcedores, de cabeça quente, atiraram latas em direção ao grupo. Sem ferir ninguém, por sorte. Antes de a história chegar a seu final, ainda houve tempo para um passe açu-

carado para Tenorio desperdiçar - o que, mais tarde, não se repetiria. Aos 37, Cristóvão Borges o tirou de campo, para fortalecer a marcação.

Parecia mesmo (roteiro de filme). E com final feliz para a gente” Cristóvão Borges, sobre a noite de Juninho

Embora tenha ido assistir o restante da partida para o vestiário, o meia fez questão de reverenciar a torcida do Vasco, em seu canto.Ele estava muito contente, sorridente demais, falante. Sabia das visitas, do dia especial que seria, as reportagens lembrando seu passado com a família... Ficou encantado com tudo. Pena que tiveram as vaias, mas são coisas que acontecem no futebol. Tem quem goste de você, tem quem fique chateado. Por isso, é

Estoque de etanol não permite aumento na mistura com gasolina, diz ANP O diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Alan Kardec, afirmou hoje não haver estoque para aumentar a mistura do etanol na gasolina, atualmente em 20%, antes de abril de 2013. Depois desse período, começará nova safra de cana-deaçúcar, lembrou ele. O diretor afirmou ainda que hoje haverá uma reunião de diretoria para aprovar a regulamentação da

assim apaixonante. O importante é que o Juninho foi decisivo para nós de novo - conclamou o treinador, alegre por mais uma prova de resistência e qualidade do pupilo.

produção de etanol. Kardec explicou que será aprovada uma resolução para regulamentar a produção do produto e que, neste ano, já foi aprovada uma outra resolução que dizia respeito a estoques do item. Kardec participa da 3ª edição do Enagás - Encontro Nacional de Gás Liquefeito de Petróleo, organizado pelo Sindigás no Rio de Janeiro. (Marta Nogueira e Rodrigo Polito | Valor)

Apesar do desfecho, do clímax imponente, os números do meia foram realmente pouco expressivos.Recebeu uma falta, errou três passes, finalizou a gol só nas duas vezes relatadas acima e roubou duas bolas, em auxílio à dupla de volantes. Nada que importasse mais do que levar o Vasco à liderança provisória novamente e a quebrar um incômodo tabu: em quatro confrontos, entre 1996 e 1999, jamais havia saído vitorioso frente ao Leão.

Na saída do vestiário, Juninho tirou fotos com muitas pessoas, mas tinha pressa para ir embora e jantar com a família, para matar um pouco mais de saudade antes de recomeçar a rotina de trabalho no Rio de Janeiro, já de olho no jogo contra o Atlético-MG, domingo, no Independência. Entrou no carro e saiu da Ilha do Retiro às 22h05, quatro horas após sua “sessão” começar. - Parecia mesmo (roteiro de filme). E com final feliz para a gente - confessou Cristóvão, quando questionado sobre os ingredientes da mágica noite. Pelo Gigante da Colina, o Reizinho, que vive provavelmente seu melhor momento desde que retornou, marcou o 71º gol em 354 jogos. Foram 17 de falta - três só neste Brasileirão. Na competição, ainda anotou mais um. Na temporada, são dez em 32 compromissos. A idade avançada não impede que seja o quarto com mais tempo em campo do elenco - só atrás do goleiro Fernando Prass, com 42, do atacante Alecsandro, com 41, e do volante Nilton, com 35.

Entulho acumulado na Estrada Velha de Maricá Uma grande quantidade de entulho se acumula na lateral da Estrada Velha de Maricá, próximo ao Trevo de Maria Paula, em Niterói. O lixo foi despejado na margem de um córrego, próximo ao número 2.845 da via. Lixo despejado às margens de um córrego no Trevo de Maria Paula Foto: Gabriel Cariello


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Famílias da serra estão há quase dois anos à espera de ajuda

Felipe Maciel no local onde tinha uma casa que foi arrastada pela chuva em Teresópolis. Na tragédia, ele perdeu uma filha e um enteado. Foto: Bruno Gonzalez / Extra

Um profundo suspiro foi a resposta do vendedor Felipe Maciel, de 30 anos, morador de Teresópolis, ao saber, ontem, do trabalho que vai unir os governos estadual e federal na Região Serrana. — São quase dois anos à espera de alguma ajuda. É como uma luz no fim do túnel — desabafou Felipe, após alguns minutos de silêncio. Na época da tragédia, Felipe e a família moravam em Fazenda da Paz. Foi lá que ele perdeu a filha Maria Eduarda, de 1 ano e 11 meses, e o enteado Mayron, de 5, en-

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quanto tentavam se salvar de uma avalanche que destruiu nove das dez casas do vilarejo de Teresópolis, incluindo a da família. As crianças não foram localizadas até hoje. Felipe ainda aguarda ser chamado para fazer o exame de DNA que, depois, será comparado com o material genético colhido dos corpos encontrados, sem identificação, em Teresópolis. — Cheguei a ir ao Ministério Público no Rio de Janeiro. Queria saber o que era preciso para pedirem a exumação dos corpos de crianças

encontradas sem identificação. Disseram que mandariam uma equipe a Teresópolis para colher meu sangue e o da minha mulher. Mas nunca vieram, e a gente espera até hoje — contou Felipe. Para tentar esquecer a noite da tragédia, o vendedor e a mulher se mudaram para a localidade de Albuquerque, a 20 quilômetros de Fazenda da Paz. O casal tem uma nova menina, de 5 meses. Demonstrando alívio com a notícia vinda de Brasília — sobre as novas buscas na Serra —, Felipe acredita que a chegada da forçatarefa poderá acabar com a dor da espera por uma resposta. — Só quero dar um enterro digno à minha filha, e ter essa paz — disse Felipe, enquanto olhava as fotos das duas crianças nos cartazes distribuídos pelas ruas de Teresópolis depois da catástrofe.

População fica aliviada Assim como Felipe, outros moradores da Região Serrana comemoraram a decisão da ministra Maria do Rosário Nunes, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. A dona de casa Amanda Caetano Ferreira, de 24 anos, de Campo

Grande, Teresópolis, torce para que a força-tarefa consiga ajudála a encontrar o corpo do marido Flávio da Silva, de 28, e de outros nove parentes jamais localizados: — Parece que, finalmente, resolveram olhar por nós. Agora, estarei pronta para ajudar a força-tarefa no que estiver ao meu alcance. Em Nova Friburgo, o agricultor José Daniel Macário, de 32 anos, irmão de José Márcio Macário, de 31, morto na tragédia e que jamais entrou na lista oficial de vítimas, chegou a esboçar um sorriso ao saber da notícia: — Ainda não consegui a pensão para os dois filhos dele porque não tenho o comprovante de endereço de onde ele morava. Sumiu tudo na terra. Quem sabe, agora, resolvo o problema e o nome dele vá para a Praça do Suspiro (onde foi feita uma homenagem às vítimas). Para Areta Angotte Martins, líder dos ex-moradores do Condomínio do Lago, em Nova Friburgo, a força-tarefa poderá auxiliar os proprietários que tiveram as casas soterradas e ainda aguardam por indenização.

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Caso Thor : Decisão da Justiça sobre perícia do acidente. Isto pode ser feito com outras ferramentas. O próprio Google é capaz de medir esta distância. O pedido foi indeferido, mas não estou impedido de adicionar este dado aos autos, então estou satisfeito com a decisão — garantiu Vilardi. Thor Batista se sentará pela primeira vez no banco dos réus no dia 12 de setembro. A data da audiência de instrução e julga-

mento do caso foi marcada pela Justiça. Enquanto não é julgado, o filho do empresário recuperou o direito de dirigir, em uma decisão da Justiça, em segunda instância, que atendeu ao pedido dos advogados. Thor foi obrigado a passar por aulas de reciclagem, precisou fazer uma nova prova e foi multado.

Leia na íntegra o despacho da juíza:

A participação dos novos assistentes técnicos está no despacho publicado no dia 1º de agosto pela juíza Daniela Barbosa Assumpção de Souza, da 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias. A juíza argumentou, para negar a realização da medição, que o dado não tem importância para a solução do caso. “Não se mostra plausível a realização de nova perícia, uma vez que,

na forma da promoção do Ministério Público, os dados indicados são vagos e a prova técnica, pelo menos em princípio, não guarda relevância para o deslinde da causa”, escreveu no despacho. Para o advogado Celso Vilardi, que defende Thor, no entanto, a medição tem relevância. — A perícia que eu pedi era apenas para verificar a medição da distância entre a serra e o local

“Trata-se de requerimento do réu para que seja deferida a assistência técnica, bem como de realização de nova perícia que deveria atestar a distância existente entre o final da Serra de Petrópolis e o local estimado do acidente. O Ministério Público manifestou-se sobre o pedido em fls. 304 verso. Defiro a admissão dos assistentes técnicos indicados, bem como o prazo único de 20 dias para apresentação de parecer sobre o acidente. Por outro lado,

não se mostra plausível a realização de nova perícia, uma vez que, na forma da promoção do Ministério Público, os dados indicados são vagos e a prova técnica, pelo menos em princípio, não guarda relevância para o deslinde da causa. Nesse sentido, indefiro a diligencia pleiteada, não havendo óbice, porém, quanto à nova formulação do pedido se, da prova carreada aos autos durante a instrução,

extrair-se a necessidade da sua produção, o que se vislumbra por ora. Entrementes, defiro o requerimento do Ministério Público (fls.305), uma vez que se trata de perito que assinou o laudo técnico de fls.117/118. Intimese para a audiência já designada. Anotemse, onde couberem, os nomes dos assistentes técnicos admitidos. Intimem-se as partes.”

Ataques do tráfico às forças de pacificação O BOPE acupa o local reforçando o policiamento em busca dos criminosos.

Criminosos atacaram as forcas policiais da UPP Nova Brasilia na na noite desta segunda-feira (dia 6). A sede administrativa e o conteiner de apoio foram alvejados. Um policial foi morto. A identidade do policial só será divulgada após a família ser comunicada.

Alerta para risco de crise alimentar Por Catherine Hornby ROMA, 9 Ago (Reuters) - O mundo pode enfrentar uma nova crise alimentar, semelhante à que aconteceu em 2007/08, se os países restringirem exportações para tentarem proteger seus estoques, alertou na quinta-feira a FAO (órgão da ONU para alimentação e agricultura), após relatar uma alta nos preços dos alimentos em decorrência da seca nos EUA. O milho e a soja bateram preços recordes no mês passado por causa das condições climáticas nos EUA, puxando para cima a cotação de outros produtos, e obrigando a FAO a reduzir suas previsões de declínio nos preços neste ano. Em 2007 e 2008, a conjunção de preço elevado do petróleo, maior demanda por biocombustíveis obtidos de produtos comestíveis,

clima adverso, políticas restritivas para as exportações e especulações nos mercados futuros causaram uma disparada nos preços dos alimentos, provocando protestos em países como Egito, Camarões e Haiti. “Há o potencial para que se desenvolva uma situação como a que tivemos em 2007/08”, disse à Reuters Abdolreza Abbassian, economista-chefe e analista de grãos da FAO. “Há uma expectativa de que desta vez não adotaremos políticas ruins nem interviremos no mercado por meio de restrições, e se isso não acontecer não iremos ver uma situação séria como a de 2007/08. Mas se essas políticas se repetirem, tudo é possível.” Os mercados graneleiros foram atingidos por especulações de

que produtores de grãos do mar Negro, especialmente a Rússia, poderiam impor restrições às exportações por também terem sofrido com uma seca. Na quarta-feira, a Rússia disse não ter motivos para restringir exportações neste ano, mas que tarifas punitivas aos exportadores não estão descartadas para o ano que vem. O Índice de Preços Alimentícios da FAO, que mede oscilações mensais para uma cesta de cereais, oleaginosas, laticínios, carne e açúcar, subiu de uma média de 201 pontos em junho para 213 em julho. A alta reverte três meses de declínio. O índice está abaixo do recorde de 238 pontos em fevereiro de 2011, quando a alta dos alimentos ajudou a estimular as revoltas

da Primavera Árabe, mas acima do índice registrado durante a crise alimentar de 2007/08. A ONG Oxfam disse que a alta no preço dos grãos pode causar fome e desnutrição para milhões de pessoas, que se somariam às quase 1 bilhão que já não têm condições de se alimentar adequadamente. Abbassian disse que a situação ainda é muito diferente da de 2007/08, quando o preço do petróleo estava em níveis recordes, o que também eleva os custos dos produtores agrícolas. A abundante oferta de arroz e o fraco crescimento econômico mundial também devem aliviar a pressão sobre os preços, e muita coisa vai depender das condições climáticas nos EUA.


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