Revista Fertilitat - Ciência & Atualidade - 2016

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ESPECIAL

E N T R E V I S TA

ARTIGOS

Maternidade Empreendedora negócios que nasceram com a chegada do primeiro filho. Pág 22

Amora Xavier conta detalhes de suas Cartinhas para a Cegonha. Pág 12

O envelhecimento masculino e a paternidade. Pág 34

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Centro de Medicina Reprodutiva | Nº 10 - Setembro 2016 | www.fertilitat.com.br

A CAMINHO DOS 30 ANOS ISSN: 2178-3837

Em 2017, o Fertilitat comemora 30 anos. Preparando essa data, a clínica resgata o trabalho dos primeiros quatro anos, que foram fundamentais para sua trajetória. Essa história começa em 1987, quando o Grupo de Reprodução Assistida iniciou o projeto de um laboratório de fertilização in vitro.


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sumário “Não preciso da FIV, mas quero potencializar a chance de gravidez. O que faço?” João Michelon, Ginecologista 11 “Congelamento de óvulos: é possível prolongar a fertilidade?” Ana Luiza Berwanger, Ginecologista 14 Vida Acadêmica 15

Especial

Fertilitat - A caminho dos 30 anos

Especial

06 22

Maternidade Empreendedora

Perfil – Rosane Coimbra 17 Fazendo Ciência 18 “O controle de qualidade laboratorial aliado à segurança nos procedimentos” Lilian Okada, Embriologista 25 Notícia 28 “A epidemia de zika e a microcefalia” Maria Tereza Sanseverino, Geneticista 29 Fertilitat na Mídia 30

Entrevista

Amora Xavier

12

“O envelhecimento masculino e a paternidade” - Claudio Telöken, Urologista 34 Gastronomia 35

Redes Sociais

26

Dicas de Viagem 36 Dica de Livro 37 Crônica 38

Expediente Fertilitat Centro de Medicina Reprodutiva Av. Ipiranga, 6690, conj. 801, Porto Alegre – RS | Fone: 51 3339-1142 | www.fertilitat.com.br | ISSN: 21783837 Conselho Editorial: Mariangela Badalotti e Alvaro Petracco | Jornalista Responsável: Soraia Hanna (Mtb 9038) | Edição: Janaína Casanova Capa: Ilustração de Luisa Simão | Projeto Gráfico e Editoração: Luciano Maciel | Colaboradores: Antonio Felipe Purcino e Cláudia Paes Reportagens: Janaína Casanova | Fotos: Jefferson Bernardes, Walcir Mattoso e Andréa Graiz (Gastronomia) | Divulgação e Arquivo Fertilitat Revista do Fertilitat • Centro de Medicina Reprodutiva

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editorial

Chegamos a mais uma edição da “Revista Fertilitat - Ciência e Atualidade”. É uma edição especial, pois iniciamos aqui a comemoração dos nossos 30 anos de atividade, e por isso, um momento ímpar para resgatar a história de um trabalho pioneiro no tratamento da infertilidade conjugal no Rio Grande do Sul e, por que não dizer, no Brasil. Nossa trajetória em reprodução assistida começa nos anos 80 e foi construída sobre três pilares: cientificidade, ética e assistência. Alicerçada por uma equipe multidisciplinar com dedicação exclusiva, ajudou a dar luz a mais de 4 mil bebês. Nesta caminhada, buscamos sempre o aperfeiçoamento e inovação não somente na área clínica, através de pesquisas de novas drogas, mas também na embriologia e genética. E assim incorporamos o que há de mais moderno e high tech no nosso arsenal terapêutico, que pode ser visto em publicações e apresentações em congressos. Vivemos até ontem um período em que a evidência ditava as regras a serem seguidas em toda a ciência médica e hoje se constata a importância do que sempre preconizamos — a medicina personalizada. Esta medicina é baseada em evidência, na experiência médica e na individualização, consolidando o que para nós é princípio: cada paciente é única. Não temos dúvida de que o presente e o futuro requerem mais que o aprimoramento da ciência. Precisamos alimentar constantemente nossa paixão pela vida — que nos move desde as primeiras pesquisas nessa área, estando atentos ao desafio de sempre inovar, mantendo uma relação solidária de afeto e acolhimento a todos que buscam a essência da vida, que é a perpetuação da espécie. Queremos aproveitar esta oportunidade para homenagear e agradecer nossas clientes pela oportunidade de participar deste momento tão especial; nossos colegas, pela confiança no nosso trabalho e, muito especialmente, a cada componente da Equipe Fertilitat, que fizeram com que o nosso sonho se tornasse realidade.

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linha do tempo

Fertilitat 1990

1987

1989

1988

Criação do laboratório de reprodução assistida

Nascimento do primeiro bebê, Álvaro Santos. Ele nasceu no dia 23 de fevereiro de 1989

Primeira gravidez de reprodução assistida do RS e Sul do País

Criação do Instituto Assistireh, braço social do Fertilitat

1999

Nascimento do primeiro bebê de congelamento de óvulos por técnica lenta do Brasil

2007

Primeiro congelamento de tecido ovariano

2009

Inauguração do novo laboratório de reprodução assistida, um dos primeiros do Brasil, totalmente adequado às normas da Anvisa

1994 Primeira gravidez por espermatozoide extraído do epidídimo da América Latina

1996

2002 2006

Nascimento dos primeiros bebês gêmeos de fertilização in vitro do RS

Fertilitat recebe o prêmio de responsabilidade social ADVB

Fertilitat registra o nascimento de mais de 4 mil bebês

Acreditação pela Red Latinoamericana de Reproducción Asistida

Primeiro nascimento através de espermatozoide extraído do testículo

2010

2011

Fertilitat recebe o Prêmio Top Cidadania da ABRH, por sua atuação social junto ao Instituto Assistireh

O Fertilitat comemora o primeiro autotransplante de ovário criopreservado por câncer

2012 2013

2015

1997

É membro fundador da Rede Brasileira de Oncofertilidade, ReBOC e entra no Oncofertility Consortium

Primeiro transplante ortotópico de ovário. Neste ano, o Centro de Medicina Reprodutiva comemora o nascimento de mais de 3 mil bebês ao longo de sua trajetória

2016 Ampliação das instalações e nova identidade visual

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Fertilitat

A caminho dos 30 anos

Em 2017, o Fertilitat - Centro de Medicina Reprodutiva comemora 30 anos. Preparando essa data, a clínica resgata o trabalho dos primeiros quatro anos, que foram fundamentais para a consolidação de sua trajetória. Essa história começa em 1987, quando o Grupo de Reprodução Assistida iniciou o projeto de um laboratório de fertilização in vitro. Mariangela Badalotti e Alvaro Petracco tinham a firme convicção de que precisavam passar por um período experimental, especialmente sobre a cultura de células. Em abril de 1988, ocorreu o primeiro caso. Em junho, a primeira gravidez e logo o nascimento do primeiro bebê desenvolvido com reprodução assistida. “Tínhamos a certeza viva de que o caminho trilhado até então estava certo e, em 1991, criamos o Fertilitat – Centro de Medicina Reprodutiva”, lembra Alvaro Petracco, diretor do Fertilitat. Até a abertura da clínica, em 1991, foram quatro anos de pesquisas e resultados de pioneirismo que – até agora – não eram contabilizados nos anos de história do Fertilitat. Antes da inauguração da clínica, a mesma equipe já trabalhava nas pesquisas e procedimentos. No começo, o laboratório ficava dentro do bloco cirúrgico do Hospital São Lucas da PUCRS. “Naquela época, a medicação não permitia o controle que se consegue

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hoje. As pacientes precisavam ser monitoradas com exame de sangue três vezes ao dia e o procedimento ocorria conforme a variação de sangue, em qualquer horário. Aspirávamos óvulos de madrugada”, conta Mariangela Badalotti, diretora do Fertilitat. No início da década de 90, nasceram, através do trabalho do Fertilitat, os primeiros gêmeos de fertilização in vitro do Rio Grande do Sul. Quatro anos depois, a clínica foi responsável pelo primeiro relato de gravidez com uso de espermatozoide retirado do epidídimo da América Latina. O Fertilitat é responsável, ainda, pelo primeiro nascimento através de congelamento de óvulos por técnica lenta do Brasil, em 2002.

Fertilitat. Um trabalho vitorioso. O texto de abertura do primeiro jornal do Fertilitat foi escrito em 1991 por Gustavo Py Gomes da Silveira, doutor em medicina, na época professor de Ginecologia e chefe do Serviço de Ginecologia do Hospital São Lucas da PUCRS.

“Um grupo com boa origem, fundamentado em trabalho sério, treinando em grandes centros de

“Com as conquistas e experiências vividas com o passar dos anos, fomos crescendo e formamos uma equipe do mais alto gabarito científico, alinhados com as mais modernas práticas de reprodução assistida em nível mundial”, reitera Petracco, salientando que a tecnologia e o conhecimento de ponta sempre nortearam o trabalho da clínica.

reprodução assistida, está fadado ao sucesso.

O diretor credita o sucesso, nestes 30 anos de experiência, ao investimento constante em pesquisas na área. “As grandes conquistas do nosso time foram alcançadas graças à obstinação de nossos profissionais por especializações e novos desafios, unindo inovação científica, sensibilidade e ética na realização do sonho de milhares de casais”, conclui.

que associar talento com seriedade é fundamental.

E assim foi com o Fertilitat. Começando as pesquisas em 1987, já em 1988 nascia o primeiro bebê de proveta do Rio Grande do Sul. Comprovava-se, então, Sobretudo quando se lida com procedimentos sofisticados, que exigem perícia e competência.” Gustavo Py Gomes da Silveira

Em 2016, equipe inicia preparação para a comemoração dos 30 anos do Fertilitat.

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especial

O começo A história desse grupo é antiga. Em 1976, Alvaro Petracco, graduado pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande, decidiu ir para o Serviço de Ginecologia da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, então dirigido pelo professor João Gomes da Silveira, para iniciar sua formação específica. Completado um ano de residência, partiu para Madri. Depois para Barcelona, Florença e Califórnia. Em 1979, ingressou como bolsista no Serviço de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da PUCRS. Mariangela Badalotti formou-se pela faculdade de Medicina da PUCRS, fazendo residência em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital São Lucas da PUCRS. Sempre em busca de aperfeiçoamento, concluiu mestrado em Clínica Médica e doutorado em Patologia. Com passagem pela Europa, formou-se especialista em Reprodução Humana pelas Universidades La Sapienza, de Roma, e Degli Studi, de Bolonha (Itália). Sua trajetória acadêmica teve destaque, e desde 1998 é professora de Ginecologia da Faculdade de Medicina da PUCRS. Também atua como chefe do Serviço de Ginecologia do Hospital São Lucas da PUCRS e é Diretora Científica da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, com atuação reconhecida na área.

Tecnologia A tecnologia e o conhecimento de ponta sempre foram a base do trabalho da Clínica, postura a qual se deve muito de seu pioneirismo. O laboratório de reprodução assistida do Fertilitat, inaugurado em 2007, foi um dos primeiros do Brasil totalmente adequado às normas da Anvisa.

4 mil bebês Ao todo, mais de 4 mil bebês já vieram ao mundo através do trabalho do Fertilitat.

Também integravam o grupo Marcelo Moretto, formado em Medicina pela PUCRS, com residência médica na área de Ginecologia e Obstetrícia, e a bióloga do grupo, Maria Izabel Lopes, com formação específica na University os Southern California, em Los Angeles.

A clínica Atuando com ética e seriedade, o centro dedica-se à investigação e ao tratamento da infertilidade, bem como à preservação da fertilidade. A quem procura, o Fertilitat oferece uma acolhida carinhosa, dedicação individual, os melhores tratamentos e todo o apoio emocional necessário. Para isso, conta com o empenho de uma equipe de especialistas, muitos professores renomados e com vasta produção na área da pesquisa científica. Soma-se a isso um laboratório moderno, equipamentos de alta tecnologia e as técnicas mais atuais e confiáveis, muitas vezes trazidas ao Brasil em primeira mão pelo Fertilitat. No início dos anos 1990, Jornal do Fertilitat relata o começo da trajetória

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Nascimento de primeiro bebê por meio de reprodução assistida mereceu manchete e foto de capa de jornal

Nascimento de gêmeos a partir de reprodução assistida também mereceu destaque de capa de jornal

Primeiro informativo da clínica

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especial

Novo posicionamento e nova identidade visual Para marcar sua trajetória como um dos centros de reprodução humana assistida pioneiro e inovador no país, o Fertilitat decidiu investir em um novo ciclo de revitalização e afirmação do seu posicionamento de marca. A partir de um processo de planejamento estratégico de branding e comunicação realizado pela Plann Inteligência, Estratégia e Branding, o Fertilitat redefiniu a expressão do seu posicionamento com a intenção de ampliar a visibilidade de suas dimensões humana e afetiva — DNA de sua marca. Para contar sua história ao longo de 30 anos de pesquisa e inovação médico-científica, foi criado o slogan: “Sua nova vida começa aqui.”; uma nova identidade visual e um projeto de comunicação para os 30 anos que será lançado ainda este ano e irá até 2017 contando a trajetória da clínica.

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Segundo a sócia-diretora da Plann, Patrícia Carneiro, “o projeto dos 30 anos do Fertilitat começa com a revitalização da identidade visual do Centro, que precisava expressar sua consistência e alinhamento entre aspectos emocionais e racionais”. O diretor de Estratégia Criativa, Deivid Peixoto, explica: “preservamos a identidade base de cor e formas, mas evoluímos em um rebranding para dar conta da dimensão e reputação internacional e da excelência científica e humana do Fertilitat”. Para o diretor de criação da Plann, Renan Andrade, “a nova identidade visual buscou expressar de forma mais moderna o casamento entre ciência e afeto.” O conteúdo e assessoria de imprensa estratégica é feito pela Critério Inteligência em Conteúdo, que coordena o relacionamento com a imprensa, a divulgação de pautas relevantes e a gestão das redes sociais.


artigo

João Michelon, Ginecologista

Não preciso da FIV, mas quero potencializar a chance de gravidez. O que faço? Há condições que fazem da fertilização in vitro (FIV) a primeira opção para conquistar a gravidez. Outras, mais simples, dependem de otimização das chances, através de pequenos procedimentos. Independente da necessidade de fertilização, é importante que as mulheres tenham hábitos saudáveis — que vão desde cuidados alimentares, atividade física, uso do ácido fólico e visitas médicas periódicas, além de evitar fumo, álcool e medicamentos desnecessários. Também é preciso preparo emocional para enfrentar possíveis dificuldades de conceber. A chance que um casal tem de obter gravidez quando a mulher tem menos de 35 anos de idade e apresenta ciclos regulares é de 16,8% a 20% ao mês; aos 40 anos, essa chance está ao redor de 7% e cai progressivamente. Quando o homem tem idade superior a 50 anos, a fertilidade é consideravelmente menor. A princípio, 80% dos casais conseguem sucesso de gravidez ao final de um ano de tentativas naturais, chegando a 90% no final do segundo ano. A frequência das relações sexuais é um fator importante ao sucesso. Dificuldade no encontro dos casais no período fértil, por motivos diversos, é um complicador para o êxito. Para aquelas mulheres com ciclos regulares, as relações devem acontecer diariamente no período fértil, no máximo em dias alternados. Bons espermatozoides podem durar até mais de dois dias no aparelho reprodutor feminino, mas isso é a exceção; o melhor período ocorre nas primeiras 24 horas. Em uma mulher com ciclos regulares, a ovulação ocorre, em média, 13 dias antes do fluxo menstrual, e as relações precisam ocorrer por volta deste período — preferencialmente dois dias antes e depois. Há sinais que permitem identificar o período fértil, como a produção do muco cervical (conhecida como “clara de ovo”, que ocorre com intensidade em torno de dois a três dias antes da ovulação). Também é possível perceber a melhora da libido e, em algumas mulheres, a dor ovulatória, no dia da ovulação. Há testes urinários que medem o nível de LH e que dão importante

auxilio àquelas que têm dificuldade de reconhecimento deste período. O pico do hormônio na circulação correlaciona-se com a ovulação iminente. Não há manobras, posições ou atitudes que possam acrescentar grande vantagem à cultura tradicional das relações sexuais. Logo após a ejaculação, milhares de espermatozoides atingem as trompas em poucos minutos; o muco cervical capacita o espermatozoide para esse trajeto e a fecundação. O uso de lubrificantes no ato sexual pode prejudicar a motilidade espermática; alguns podem ter ação espermaticida. A lubrificação íntima, conquistada pela excitação, é o desejável. O uso de anti-inflamatórios, frequentemente usados para dores em geral, no período fértil, pode inibir a ovulação e funcionar como um contraceptivo. O uso, algumas vezes, de um único comprimido pode impedir a ovulação e condicionar a formação de cistos nos ovários. A indução da ovulação não se mostra eficiente em mulheres sem distúrbios ovulatórios. Induzir a ovulação em mulheres ovuladoras se torna um certo contrassenso, principalmente quando os ciclos são bem regulares. A fertilidade é comprometida em mulheres obesas e naquelas muito magras, devido a distúrbios endócrinos. Devem-se evitar dietas extremas sem controle médico, assim como o vício do fumo (vale para o fumante passivo, também) e do álcool — fatores que, comprovadamente, diminuem a fertilidade, sem contar o efeito deletério sobre a reserva ovariana. A expectativa da concepção pode gerar efeitos psicológicos que comprometem o desempenho reprodutivo, sem que se possa afirmar o real mecanismo de ação. O autocontrole e a ajuda profissional podem minimizar esse efeito. O caminho da concepção natural ou assistida, quando a gestação não acontece, é melhor orientado pelo médico especialista. Também, quando o bebê apenas é um “projeto”, busque a opinião presencial de um especialista.

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entrevista Amora, como e quando começou sua “amizade” com a Cegonha? Na verdade, eu sempre fui uma grande admiradora da Cegonha, mas era uma relação platônica. Nos últimos quatro anos, tentei fazer contato com ela, através de cartas, telefonemas, telegramas, mensagens, enfim, utilizei de toda e qualquer forma de comunicação buscando alguma resposta. Ela me ignorou esse tempo todo. Há um ano, decidi criar uma conta no Instagram, depositando, mais uma vez, grandes esperanças. Você acredita que ela me respondeu? Confirmou que tinha recebido minha cartinha e, num dia muito especial, veio me visitar e me entregou o mais lindo de todos os presentes.

Como foi expressar abertamente suas dúvidas e angústias sobre as tentativas de gravidez?

Cartas para a Cegonha Amora Xavier, 37 anos, é jornalista e escreveu o livro Cartinhas para a Cegonha, em parceria com o Fertilitat. A dificuldade para engravidar foi amenizada com as perguntas, cobranças e questionamentos postados no perfil @cartinhasparaacegonha. As histórias conquistaram muitas seguidoras que se identificavam com Amora. Conheça um pouco dessa história.

Falar de sentimentos tão íntimos sempre exige coragem. Mas é extremamente libertador. Uma vez escrevi uma cartinha falando sobre uma corrida com obstáculos. E é desta forma que eu enxergo essa luta de quem quer engravidar. A impressão que dá é que você junta todas as suas forças para saltar um obstáculo, corre, faz a curva e, quando acha que vai ver a linha de chegada, que nada, mais um obstáculo para superar... Falar abertamente sobre isso me fez enxergar os obstáculos de outra forma. Porque, se eu superasse, poderia ajudar outra pessoa a ultrapassá-lo também. Algumas vezes, eu começava a escrever a cartinha com lágrimas nos olhos e terminava sorrindo por me permitir colocar para fora minha angústia. Era como se cada cartinha me tornasse mais leve e mais próxima da Cegonha.

E por que achas importante levar isso para os leitores, por meio do livro Cartinhas para a Cegonha? Passei a pensar na publicação porque muitas pessoas começaram a pedir um livro pelo Instagram. Acredito que muitas, muitas mulheres passem por esta mesma situação e lutem por este sonho de ser mãe. Quando criei minha conta no Instagram, não imaginava que existia esse tipo de perfil. Então, o livro seria uma possibilidade de atingir outras mulheres que vivem este sonho, em silêncio na maioria das vezes. Mulheres que aprenderam a não ter coragem de conversar sobre isso ou que, de alguma forma, infelizmente, ainda sofrem algum tipo de preconceito por não ter conseguido ser mãe. Por estar atualmente inserida neste universo, me choco ao ver como ele ainda é silencioso e obscuro. Um tema que não é falado nos jornais, revistas e muito menos na mesa de bar. Um assunto não discutido acaba sendo vivido solitariamente. E isso pode ser bem doloroso. Se eu conseguir com o livro abrir um pouco o diálogo sobre esse assunto ou, ao menos, arrancar um sorriso de alguma leitora, já valeu.

E a parceria com o Fertilitat? Como surgiu? Depois de alguns anos, inúmeras consultas, médicos e exames, eu e meu marido decidimos procurar uma clínica especializada em reprodução humana. Sabíamos que o Fertilitat

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é referência e marcamos uma consulta. Durante alguns meses, refizemos exames e descobri ser portadora de endometriose. Foi aí que, tentando entender mais sobre esta doença, passei a fazer inúmeras perguntas para o Dr. Alvaro Petracco. Questões estas que surgiam em conversas com as minhas amigas e seguidoras do Instagram. Foi então que contei para ele sobre a minha relação com a cegonha e enviei algumas cartinhas. Ele me ligou uma hora depois, encantado. Neste dia, por telefone, nasceu essa parceria. Tempos depois, durante o meu processo de fertilização in vitro, descobri que ele esconde a identidade verdadeira e secreta de Sr. Cegonho.

O Instagram @cartinhasparaacegonha tem mais de 15 mil seguidores e muitos comentários carinhosos e de apoio. Como é a relação com o público que segue o perfil? Essa foi uma questão que, desde o início, me impressionou. Tenho uma relação muito próxima com várias seguidoras. Tento responder a cada comentário. Já conheci algumas pessoalmente, com outras falo diariamente por telefone ou outras nas redes sociais. Realmente minhas cartinhas têm uma grande interação e muitos comentários. Meu objetivo nunca foi ter um número X de seguidores e sim, colocar para fora meus sentimentos. Não vejo esse número como seguidoras e sim como mulheres que sonham com a visita da Cegonha e que, para minha sorte, muitas delas se tornaram grandes amigas.

A proposta do livro vai trazer algo de diferente das publicações no Instagram? Muitas surpresas, rsrsrsrs! Algumas cartinhas foram reescritas e mais desenvolvidas. Quando criei o Instagram, não pensava no livro. Então, refiz algumas, acrescentei coisas. Além disso, no livro teremos as tão esperadas respostas da Cegonha e de sua equipe de funcionárias. Várias dúvidas e questões que passam pela cabeça e pela rotina de pessoas que querem engravidar são esclarecidas pelos profissionais do

Fertilitat. E o livro foi desenhado por um designer e ilustrado de forma muito lúdica através das poéticas aquarelas da Lu Simão (@eusouabe), que conheci pelo Instagram. Aiii ficou lindo demais!

Agora que estás grávida (parabéns!), sente que a experiência com as cartinhas pode inspirar outras mulheres que querem ser mães? Parece que estou vivendo um sonho. Me emociono vendo minha barriga crescer. Muitas vezes penso no tempo e em tudo que passei para chegar até aqui. Em todos os planos que fiz para encontrar com a Cegonha. Parece mentira que hoje em dia ela é minha grande amiga! Não sei dizer se minhas cartinhas vão inspirar outras mulheres. O que espero é que elas nunca desistam. O escritório da Cegonha é um pouco desorganizado e a sua ficha pode estar perdida como estava a minha. Mas pode ter certeza ela vai encontrar a sua cartinha e responder. Você vai ver ela chegando, carregando no bico aquela trouxinha com o mais preciso de todos os presentes. A partir deste momento, você terá certeza de que tudo valeu a pena!

Como foi sua experiência no Fertilitat? O Fertilitat estará para sempre presente na minha vida e na minha história. Vejo a clínica como se fosse a fábrica da Cegonha mesmo (um dia ainda quero conhecer o laboratório), tento ver sempre pelo lado lúdico. Acho que, para esse tipo de procedimento, como no meu caso, o de fertilização, é essencial confiar nos profissionais. Todos eles me passaram muita segurança, desde o primeiro momento. Sempre me fizeram acreditar que eu conseguiria engravidar. Sem dúvida, toda equipe da Cegonha está na clínica. Desde a Rosane, secretária da Cegonha, os cegonhos cientistas, os cegonhos embriologias, as assistentes da Cegonha e o Dr. Petracco, excelentíssimo, Sr. Cegonho. Não sei se eu poderia ter revelado esse segredo. Revista do Fertilitat • Centro de Medicina Reprodutiva

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artigo

A n a L u i z a B e r w a n g e r, G i n e c o l o g i s t a

Congelamento de óvulos: é possível prolongar a fertilidade? Nos dias de hoje, a procura pelo congelamento de óvulos no intuito de preservar a fertilidade feminina é crescente. Antes indicado apenas para pacientes que apresentam alguma doença que pode comprometer a vida reprodutiva (câncer, por exemplo), atualmente cada vez mais mulheres procuram informações sobre como “prolongar” o tempo de vida fértil junto ao seu ginecologista ou às clínicas de reprodução humana. Com as técnicas de congelamento modernas, os resultados reprodutivos após o procedimento são animadores: estimase que haja mais de duas mil crianças nascidas por meio de criopreservação de óvulos¹. É essencial, porém, que a paciente que procura essa técnica entenda o que ela realmente representa, assim como as perspectivas que traz para o futuro. O primeiro conceito importante é o de que o congelamento de óvulos não garante em absoluto que a paciente venha a engravidar um dia. A fertilização dos óvulos congelados pode ou não trazer um resultado positivo, sendo que nem todo embrião implantado no útero gera uma gestação — ou seja, um bebê. Isso depende de vários fatores pessoais da paciente e também de seu parceiro, como o número de óvulos congelados, a qualidade desses óvulos, a idade da paciente no momento do congelamento, a qualidade do esperma, entre outros. O que o congelamento dos óvulos permite é a preservação dos potenciais quantitativo e qualitativo dos ovários. Ou seja: quanto mais jovem é a mulher, mais óvulos ela possui, e melhor é a qualidade desses óvulos. A qualidade dos óvulos é responsável por vários aspectos gestacionais, dentre eles a facilidade em engravidar, a chance de ter alguma doença na gestação e o risco de o bebê possuir alguma síndrome genética, por exemplo. Nesse sentido, pacientes que não desejam ou não podem engravidar antes dos 35 anos (idade a partir da qual a quantidade e a qualidade dos óvulos começam a diminuir mais rapidamente) conseguem preservar “óvulos jovens” através do congelamento, sendo que não há tempo limite para que essas células permaneçam congeladas. Essa constitui a grande vantagem do congelamento. Apesar de a sociedade moderna estimular a maternidade cada vez mais tarde, a natureza feminina permanece a mesma: o pico da fertilidade se dá por volta dos 20 anos, ocorrendo uma diminuição progressiva do potencial reprodutivo com o passar do tempo, a qual se acentua ao redor dos 35 anos, aumentando consideravelmente após os 40 anos, na maioria das mulheres² ³. 14

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A ideia de que as técnicas de reprodução humana amenizam e solucionam qualquer problema não é verdadeira. Qualquer tratamento ficará sempre condicionado ao potencial dos óvulos e espermatozoides do casal. Assim, quanto mais jovem for a paciente no momento do congelamento, melhores serão os resultados gerados pelo mesmo¹. Por outro lado, esse processo pode ser feito em qualquer momento antes da menopausa (que se dá em idades diferentes para cada mulher, e o que determina isso são principalmente fatores genéticos²), desde que a paciente entenda que as taxas de gestação são menores quando os óvulos são congelados próximo aos 40 anos. Já o útero não sofre o mesmo processo de envelhecimento, e sua habilidade reprodutiva é mantida apesar da passagem do tempo³. Do ponto de vista técnico, o processo necessário para o congelamento dos óvulos é exatamente o mesmo realizado para a fertilização in vitro até o momento de sua coleta. A paciente é submetida a um estímulo ovariano através de hormônios, assim como a um controle ecográfico seriado, com o intuito de produzir mais de um óvulo maduro por ciclo³. Todos os óvulos produzidos naquele ciclo serão coletados e congelados, e o tratamento completo dura em torno de duas semanas. Quando a quantidade de óvulos adquiridos após um ciclo é considerada insuficiente de acordo com o potencial de cada paciente, podemse realizar outros ciclos de estimulação, visando “acumular” uma quantidade maior de óvulos. Não há número mínimo estipulado. Cada mulher apresenta uma quantidade de óvulos característica, que será estimada por seu médico no início do tratamento. O congelamento de óvulos constitui, atualmente, em um método eficaz para prolongar a fertilidade de mulheres que desejam preservar os potenciais quantitativo e qualitativo de seus ovários. Para tal, é essencial que a paciente esteja em acompanhamento em uma clínica de reprodução humana de sua confiança, sendo adequadamente esclarecida sobre as perspectivas futuras de gestação, assim como a legislação que regulamenta esse procedimento médico. Bibliografia 1. Preservação de Oócitos e Embriões – Estado Atual. Badalotti M, Petracco A, Okada L, Azambuja R. In: Preservação de Fertilidade – Uma Nova Fronteira e Medicina Reprodutiva e Oncologia. Marinho RM et al. Medbook – Editora Científica Ltda. 2015. 2. Effect of advanced age on fertility and pregnancy in women. Fretts RC, Wilkins-Haug L, Eckler K. Up To Date, 2016. 3. Fertility preserving options for women od advanced age. Chung K, Barbieri RL, Eckler K, Paulson R. Up To Date, 2016.


vida acadêmica

O estágio e a residência são etapas fundamentais para a formação profissional. Quem passa pelo Fertilitat valoriza cada momento desse aprendizado. Confira nos depoimentos: Estagiar na clínica Fertilitat foi uma experiência de grande valia para mim, tanto em âmbito profissional quanto pessoal. Como futura biomédica e tendo por Reprodução Humana uma de minhas opções de habilitação, o período de aprendizado me possibilitou alicerçar conhecimentos prévios e certificar minha escolha pela área.

Bibiana Cunegatto

Graduanda em Biomedicina pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).

O local, que é referência não somente em qualidade, mas também em ética profissional, mantém uma equipe de embriologistas muito receptiva e atenciosa, sempre disposta a ajudar e ensinar da melhor forma possível. Apesar do

Escolhi a área da Fertilização Assistida por considerá-la linda e sem igual. Estagiar no Fertilitat, além de ter me proporcionado a apreciação de toda beleza que essa área oferece, trouxe a consolidação de conhecimentos teóricos que haviam sido adquiridos em sala de aula.

Ursula Daitx

Graduanda em Biomedicina pela Uniritter

O Fertilitat é um laboratório referência na sua área de atuação, de postura ética e respeitosa com seus pacientes. A equipe me recebeu de braços abertos e sempre estava

Seis anos de faculdade. Três anos de residência médica em Ginecologia e Obstetrícia. Entretanto, nenhuma experiência foi mais decisiva e gratificante do que minha especialização em Reprodução Humana no Fertilitat.

Ariane Frare Kira Ginecologista

Sempre admirei a medicina reprodutiva, por ser capaz de superar obstáculos, realizar sonhos e construir famílias, mas estar e aprender com os melhores, certamente foi um divisor de águas em minha trajetória profissional. Fui recebida nesta casa com todo o carinho pela Drª Mariangela e pelo Dr. Petracco, assim como por toda essa maravilhosa equipe.

pouco tempo que passei estagiando na clínica, pude perceber o engajamento com o melhor atendimento possível aos pacientes e toda a preocupação e comprometimento de todos os profissionais em realizar o sonho dos muitos casais atendidos. A grande quantidade de procedimentos e demanda laboratorial fazem do Fertilitat um ótimo local para se estagiar, assim como a equipe que, como falado anteriormente, é muito qualificada e preocupada em fazer um trabalho ímpar com seus pacientes. Só tenho a agradecer pela oportunidade.

disposta a sanar minhas dúvidas. Como futura biomédica, a vivência com os casos diários e com a equipe Fertilitat proporcionou a mim desenvolvimento pessoal e profissional. O estágio foi ótimo, de conhecimentos diários e de grande casuística. Recomendo aos colegas que estejam em dúvida a respeito de sua habilitação. Eu realmente gostei muito de estagiar no Fertilitat. Foi uma honra ter feito parte desse time!

Recebi constantemente todo o incentivo e espaço para desenvolver minhas habilidades técnicas, mas, sobretudo humanas, como jamais poderia ter adquirido em outro ambiente. Pude me desenvolver com pesquisas, cirurgias, imagem, na vivência com laboratório, mas principalmente na construção do senso crítico e ético. Foi um ano de trabalho e de aprendizado imensuráveis, talvez o mais importante da minha vida, pois vivenciei dia a dia que o caminho para o sucesso e a excelência não tem linha de chegada. À equipe Fertilitat, meu profundo respeito e admiração. Revista do Fertilitat • Centro de Medicina Reprodutiva

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notícias

Homenagem especial no Dia das Mães Para homenagear as mães, o Fertilitat realizou uma ação especial dia 6 de maio. As mamães registraram o momento de carinho com seus filhos e ganharam uma foto como lembrança. A atividade atraiu quem passava no saguão do Centro Clínico da PUCRS. Confira os registros:

Norma do CNJ facilita registro do nascimento a partir de gravidez de substituição Desde o dia 14 de março, os casais que têm filhos a partir da gravidez de substituição podem registrar os bebês diretamente no cartório, sem necessidade de decisão judicial. A medida é um dos benefícios do Provimento nº 52 do Conselho Nacional de Justiça, assinado pela Corregedora Nacional de Justiça, ministra Nancy Andrighi. A norma vem para preencher a falta de regras específicas para alguns casos de nascimentos por reprodução assistida. Uma dessas situações é a gravidez por substituição, popularmente chamada de “barriga de aluguel”, quando a gestação é realizada no útero de outra mulher que não o da mãe. Para que o procedimento ocorra, é necessário seguir alguns critérios exigidos pelo Conselho Federal de Medicina, segundo explica a diretora do Fertilitat Centro de Medicina Reprodutiva e diretora científica da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, Mariangela Badalotti. “Essa técnica é feita quando a mulher nasce sem útero, ou esse útero é retirado ao longo da vida por algum problema de saúde. Também quando a mulher tem alguma malformação uterina que inviabilize gravidez ou quando, por algum problema de saúde, a gravidez colocaria sua vida em risco. E nos casos de casais homoafetivos masculinos”, afirma. Para evitar o comércio da “barriga de aluguel”, a gestante substituta deve ser uma familiar de até quarto grau de qualquer um dos membros do casal, como mãe, irmã, tia e prima. “Se a mulher não tiver essa relação de parentesco, a clínica deve ter a aprovação do Conselho Regional de Medicina para executar o procedimento”, ressalta Mariangela. Com a nova regra, não é mais necessário processo judicial para o registro da criança, no caso da gravidez da substituição. Os pais deverão fornecer termos de consentimento e aprovação prévia do procedimento de reprodução assistida, além de autorização da gestante para que a certidão seja emitida em nome do casal. O texto define ainda que o oficial do cartório não poderá recusar a emissão da certidão, sob pena de providências disciplinares, como repreensão, multa, suspensão ou perda da delegação.

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perfil

Rosane Coimbra Rosane Coimbra ama cinema, a família, viagens, o Fertilitat e o Jason Statham, astro de filmes de ação. Mas, acima de tudo, ama as pessoas. A maneira como tratava o público no atendimento do ambulatório de ginecologia do Hospital da PUCRS, há 22 anos, chamou a atenção da Dra. Mariangela Badalotti e do Dr. Alvaro Petracco. Então, veio o convite, que foi decisivo em sua vida: desde 6 de junho de 1994 ela é a primeira pessoa que recebe os pacientes que chegam ao Fertilitat.

“Uma das coisas que a Dra. Mariangela fala é que não entendia como eu ganhava muitos presentes (mais do que muitos médicos dos pacientes do SUS). Ela dizia: preciso saber o que ela tem”. E Rosane logo responde: “eu gosto de trabalhar com as pessoas. Eu estava ali pra resolver problemas. A forma das pessoas agradecerem era com presentes”. E elas traziam o que podiam, até cestas com cenoura, ovos e mel. Era a forma de agradecimento — simples e com muita gratidão. O que combina com o modo de viver da secretária da clínica. O dia é focado no trabalho, sempre com a leveza necessária para realizar o melhor atendimento. Colocar-se no lugar das pessoas. É uma das coisas que Rosane, com o sorriso inconfundível, sempre diz — e faz muito bem. “Procure pensar como gostaria de ser atendido”. Essa empatia faz com que elas saiam satisfeitas. A experiência prática foi aperfeiçoada com a teoria acadêmica. Estudou e formou-se em Relações Públicas na PUCRS. “Queria aprender mais para fazer melhor. Mas percebi que, acima de tudo, tu tens que ter jeito para trabalhar com as pessoas — o que não se ensina. Já nasceu com cada um”. A formatura foi a primeira grande conquista. Nestes 22 anos, Rosane criou o filho Bernardo (32) e adquiriu o imóvel. “Tudo graças ao Fertilitat”, faz questão de agradecer. Uma vida de sonhos realizados e outros sendo planejados — sempre com foco e alegria. As viagens são outro item na lista de realizações. O roteiro mais marcante? Portugal e Espanha em 2015. Mas também tem Chile, Uruguai, Argentina, Rio de

Janeiro, Florianópolis, Minas Gerais... O próximo já está na lista: é a Patagônia. “Penso e vou fazer com que aconteça”. Ah, mas lembremos do amor pelo cinema. “Amo, amo, amo. Tem companhia? Ótimo. Se não tem, vou igual”. Os primeiros filmes da lista são os de ação (todos do Jason Statham), mas animação também está entre os preferidos. Só não convide para ver filmes de terror ou ficção científica. Rosane é natural de Porto Alegre. A mãe é de Santa Catarina, o pai de Jaguarão, o avô uruguaio e o bisavô indígena. A família é base de carinho e afeto, com o filho, a mãe e os netos Agatha (12) e Leonardo (9). “Eu vivo a família. E passo isso para o meu filho, que deve levar para os netos”. Esse amor ela carrega no atendimento às famílias que atende na clínica. “Todo dia é um aprendizado, porque as pessoas são diferentes. Com o tempo, acabamos aprendendo isso”. Se for parar para pensar, é quase impossível eleger uma história mais marcante em 22 anos de atendimento no Fertilitat. Mas logo uma coisa faz brilhar os olhos de Rosane: “Quando trazem os bebês e os filhos para conhecer a clínica e os doutores!” “Lembro de um casal da Angola, que quando voltou para o país enviou um presente para mim. Já trouxeram o menino para conhecer a clínica. Eles atravessaram o oceano para fazer o procedimento aqui, assim como muitos outros”, recorda. Costumam dizer que ela é inteligente, mas Rosane diz que é apenas curiosa. Alguém tem dúvida que é as duas coisas?

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fazendo ciência

A equipe do Fertilitat busca sempre se manter alinhada com as mais modernas práticas de reprodução assistida em nível mundial. A atualização científica é uma das características da clínica – seus integrantes investem constantemente em pesquisas na área, são autores de artigos de referência e participam dos principais congressos da especialidade.

Congressos e aperfeiçoamento

Fertilitat presente em Congresso Europeu de Reprodução Humana

João Michelon participa de debate sobre fertilização in vitro em São Paulo

O Fertilitat, representado pela diretora Mariangela Badalotti, participou do encontro anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE), em Helsinki, na Finlândia, entre 3 e 6 de julho. Especialistas internacionais debateram os riscos da obesidade na gravidez para a mãe e o bebê e a personalização do tratamento de reprodução assistida. “Buscamos o que há de mais avançado para nossos pacientes e, para isso, procuramos sempre promover inovações sem perder nossa responsabilidade e senso ético. É o sentimento de toda equipe, que trabalha com paixão e dedicação para contribuir com a geração de novas famílias”, afirma a ginecologista.

O ginecologista João Michelon, do Fertilitat - Centro de Medicina Reprodutiva, participou no dia 21 de maio do Summit Fertilidade, em São Paulo (SP). O evento reuniu especialistas de todo o Brasil para discutir modalidades de indução da ovulação para fertilização in vitro (FIV). O debate contou com a participação do médico George Griesinger, da Luebeck University (Alemanha). A reunião teve ainda como pauta o zika vírus e seus danos sobre o sistema nervoso central fetal, além da necessidade de pesquisa do vírus em todas as pacientes submetidas à FIV.

Fernando Badalotti na XIII Jornada de Ginecologia e Obstetrícia Fernando Badalotti representou o Fertilitat na XIII Jornada de Ginecologia e Obstetrícia em Ribeirão Preto (SP). O ginecologista participou do evento de atualização em reprodução assistida, com debate sobre fertilização in vitro.

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Especialistas do Fertilitat participam de conferência na Itália A geneticista Maria Teresa Sanseverino e a embriologista Lilian Okada, do Fertilitat, participaram do 15º International Conference on Preimplantation Genetic Diagnosis (PGD), em Bolonha (Itália). Além de acompanhar a programação científica do encontro, as especialistas apresentaram no evento o estudo “Rastreamento genético pré-implantacional: importância para o aconselhamento genético reprodutivo”, produzido por profissionais da clínica.

Laboratório de Fertilização do Fertilitat participa da revisão do Consenso Brasileiro de Embriologia Ricardo Azambuja (à direita, na foto abaixo), diretor do laboratório de fertilização do Fertilitat e também diretorpresidente do Pronúcleo - Núcleo Brasileiro de Embriologistas em Medicina Reprodutiva está organizando uma revisão do Consenso Brasileiro de Embriologia. O Consenso é uma publicação importante na área que visa unificar todas as técnicas utilizadas nas clínicas de reprodução no Brasil. O Fertilitat está colaborando com a produção desta publicação. As embriologistas Virginia Reig e Shana Flach são responsáveis pelo capítulo sobre o congelamento de óvulos e o embriologista David Kvitko é encarregado do capítulo de processamento seminal.

Psicóloga do Fertilitat participa de livro de Psicologia em Reprodução Humana Assistida A psicóloga do Fertilitat Débora Farinati participou da elaboração de capítulos da obra “Temas Contemporâneos de Psicologia em Reprodução Humana Assistida”, organizado por Kátia M. Straube e Rose M. Melamed. Os capítulos com assinatura da especialista são “Aspectos Emocionais da Vivência Masculina da Infertilidade” e “Parentalidade e Filiação na Era da Reprodução Assistida: a doação de gametas como recurso”.

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fazendo ciência

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Congressos e atividades 1 A psicóloga do Fertilitat Debora Farinati participou da X Jornada de Psicologia em Reprodução Humana Assistida, em São Paulo 2 O andrologista Claudio Telöken foi um dos participantes de encontro internacional de infertilidade masculina. Realizada em maio na cidade americana de San Diego, a atividade ocorreu durante o Congresso Americano de Urologia, maior evento global da especialidade. “A qualidade da prole dos homens acima de 45 anos está em estudo, pois filhos de homens acima dessa idade parecem

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desenvolver maior possibilidade de depressão e outras doenças psicológicas”, explica Telöken, que também é membro do Conselho da Canadian Urological Association. 3 Diretor do Fertilitat, Alvaro Petracco, participou da 1ª Conferência Mundial sobre Hormônio Luteinizante em Tecnologia de Reprodução Assistida, em Nápoles, Itália. 4 A geneticista Maria Teresa Sanseverino compareceu ao XXVIII Congresso Brasileiro de Genética Médica, em Belém (PA).


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5 Shana Flach e Virgínia Reig, embriologistas do Fertilitat, estiveram no Curso de Sequenciamento de Nova Geração em Doenças Genéticas Através da Análise de Painéis, na UFRGS, em março.

7 Mariangela Badalotti, diretora do Fertilitat, ministrou aula no curso de extensão sobre Direito em Família, com o tema Filiação por Reprodução Assistida, na Faculdade de Direito da PUCRS.

6 O Fertilitat recebeu a visita do Dr. Carlo Alviggi, professor de Ginecologia e Obstetrícia na Universidade Federico II, de Nápoles (Itália), e referência internacional em pesquisas sobre reprodução humana. Ele compartilhou trabalhos científicos na área, como os estudos com o hormônio luteinizante (LH).

8 Em Gramado, Débora Farinati, psicóloga da clínica, ministrou aula do XII Congresso Brasileiro de Terapia Familiar, em junho. 9 A diretora do Fertilitat Mariangela Badalotti palestrou sobre Reserva Ovariana no XIX Congresso Gaúcho de Obstetrícia e Ginecologia, em agosto. Logo após, ministrou aula durante a 11ª edição do Câncer de Mama, em Gramado. Revista do Fertilitat • Centro de Medicina Reprodutiva

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especial

Maternidade Empreendedora Ser mãe ou pai transforma em diversos sentidos. Nesta edição, conheça histórias de empresas que nasceram com a chegada do primeiro filho ou filha.

Papinhas da Mah – Porque comida de criança é comida de verdade! Marcela Maggioni ficou grávida e tomou uma decisão: não queria colocar o primeiro filho, Lucas, na escola muito cedo. Para ficar mais tempo com ele em casa, deixou o antigo emprego. Mas precisava resolver uma questão: como aliar cuidado e ocupação com uma atividade que trouxesse renda? Aí despertou sua preocupação com o Lucas e com as outras crianças. Muitas tinham uma alimentação desregrada. Para ajudar a melhorar a alimentação do filho em casa e também para auxiliar outras mães que não têm tempo de preparar comidas saudáveis, ela criou as Papinhas da Mah. O negócio iniciou de forma despretensiosa, os primeiros clientes eram amigos e vizinhos. Então começaram os pedidos 22

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de novos clientes. Em julho, ela completou cinco meses do empreendimento. “Estou muito satisfeita com o resultado financeiro e com o retorno positivo das mães”, conta Marcela. O ramo da alimentação é uma novidade. Antes atuava na área financeira de uma empresa. Agora, a cozinha é seu novo “escritório”. “Sempre gostei muito de cozinhar, mas não tenho formação. A vida de chef de cozinha não tem descanso, é o contrário do que eu buscava. Agora, com o negócio em casa, consigo aliar prazer ao trabalho”. A rotina de quem cuida dos filhos é corrida. Preparar as refeições todos os dias, toda semana, pode consumir muito tempo. As opções mais fáceis podem não ser tão saudáveis. Para ajudar nessa rotina, Marcela busca constantemente dicas e incorpora pedidos e necessidades dos clientes nas receitas. As receitas vão das tradicionais papinhas com legumes a comidinhas como panquecas coloridas, hambúrgueres e yakissoba baby. “A comida é bem saborosa e leve, até os adultos gostam e pedem. Só uso produtos orgânicos e temperos naturais nas receitas, sempre unindo facilidade e valor acessível”.


Por semana, ela atende em média de 20 a 30 clientes e já investiu em equipamentos para ampliar a produção das papinhas. Todas as receitas envolvem pesquisas e têm base científica para a boa nutrição. “Quero que outras crianças possam se alimentar bem sem perder a praticidade e dar oportunidade das mães e pais passarem mais tempo com seus filhos. É uma alegria ver outras crianças com potinhos de comidas boas e saudáveis. A alimentação é importante para garantir a saúde dos filhos no futuro”.

Pezinhos de ouro: lembrança de um momento único Os pequenos pés de um bebê são uma imagem muito significativa. No negócio das irmãs Marília Toson Bühler (à esquerda na foto ao lado) e Juliana Toson Segalla, eles são moldados, emoldurados e se tornam uma lembrança do bebê que chegou à família. Um trabalho cheio de amor. Quando Marília tornou-se mãe da Maria (1 ano), após 3 anos de tratamento para conseguir engravidar, ela decidiu ser exclusivamente mãe. Deixou a estética para dedicar-se ao momento tão esperado da maternidade. “Foi uma decisão difícil, pois sempre gostei de trabalhar”, conta. Aí ela conheceu os pezinhos de ouro através da cunhada, que trouxe da Nova Zelândia. A irmã Juliana, que tem dois filhos, o Pedro (3 anos) e a Laura (1 anos e sete meses), fez para guardar a recordação dos filhos. Então elas descobriram uma oportunidade de conciliar o trabalho com a maternidade. Criaram a Pezinhos de Ouro, em outubro de 2015. O atendimento é sempre exclusivo (em Porto Alegre e Região Metropolitana). Ela vai à casa do bebê moldar os pés, para não precisar movimentar a mamãe. O mais novo tinha 11 dias. “É rápido, o pé fica 15 segundos na massa para fazer o molde. Alguns até dormem na hora”, afirma Marília. Depois, a família decide se quer o pezinho dourado ou prateado.

Doçura eternizada “Conforme as crianças vão crescendo, a lembrança vai trazendo mais emoção. Fica para sempre uma peça amorosa de um momento especial, que é o início da vida de um filho. Para muitos homens e mulheres, a gravidez é uma batalha, uma luta, e quando o filho chega é a coisa mais maravilhosa”, afirma Marília. Revista do Fertilitat • Centro de Medicina Reprodutiva

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especial

Empório do Bem: colaborando para um mundo melhor “Olhe cada caminho com cuidado e atenção. Tente-o quantas vezes julgar necessário. Então, faça apenas a si mesmo uma pergunta: possui esse caminho um coração? Em caso afirmativo, o caminho é bom. Caso contrário, ele não tem a menor importância.” A frase do escritor Carlos Castañeda apresenta o Empório do Bem, um negócio nascido da preocupação com a boa alimentação na família. Paulo e a cunhada Luciane têm planos de criar parceria com escolas

Tudo começou com Rogério Adriano de Oliveira e Paula Defaveri. Com o nascimento do filho do casal, ficou difícil ir à feira. Assim surgiu o delivery de produtos orgânicos, investindo no potencial de consumidores que não têm tempo para buscar alimentos saudáveis e sem agrotóxicos. Paula, idealizadora do Empório do Bem, faleceu em 2015, mas deixou para a família a inspiração de trabalhar colaborando para um mundo melhor. Assim, a irmã Luciane Defaveri entrou no negócio, pensando também na primeira filha. “A maternidade faz criar uma consciência melhor, desperta o cuidado”, lembra Luciane. O Empório do Bem já vem há dois anos entregando em muitos lares de Porto Alegre comidinhas orgânicas e cestas de verduras, frutas legumes e diversos alimentos orgânicos, sempre de produtores certificados. A busca por produtos orgânicos tem crescido. E a conscientização é importante. “A tendência é essa, mas podia ser mais forte”, afirma Luciane.

Presente e futuro O cuidado com a saúde das crianças continua sendo uma das metas da empresa. A ideia é criar uma parceria com escolas de educação infantil para garantir uma boa alimentação para os pequenos e deixar os pais tranquilos ao saberem que o cardápio é saudável. “Queremos plantar essa sementinha nas escolas”, adianta Luciane.

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artigo

Lilian Okada, Embriologista

O controle de qualidade laboratorial aliado à segurança nos procedimentos Casais que recorrem à reprodução assistida para concretizar o desejo da maternidade e da paternidade, embora confiantes no seu médico e sua equipe, não raro passam pela insegurança da troca de materiais. Talvez por toda especulação da mídia, algumas vezes de forma errônea, medos são criados a respeito do que pode ocorrer com o material biológico do casal. O controle de qualidade e a busca incessante de resultados satisfatórios são uma constante dentro de um laboratório de reprodução assistida. Não somente os melhores equipamentos, a melhor estrutura física e as técnicas mais aprimoradas são necessárias para garantir o bom funcionamento. Uma equipe competente, uma boa liderança e uma rotina bem estabelecida são vitais para que haja controle de qualidade em qualquer serviço oferecido. A rotina do laboratório de reprodução assistida deve ser seguida de forma estrita. O monitoramento de todos os passos, desde que o material biológico chega ao laboratório até que tenha seu destino final, é constante e rigoroso. Materiais plásticos e descartáveis, bem como todo meio de cultura utilizado, são testados para averiguar se estão livres de qualquer toxicidade e se a qualidade está assegurada. Os materiais biológicos que entram no laboratório são processados, armazenados e cultivados em recipientes apropriados para todas as etapas dos procedimentos, devidamente identificados com o nome, código da paciente e data, e alocados cada um em lugar específico, também

com a identificação do casal. Para ter o controle do andamento e resultados dentro do laboratório, é importante a rastreabilidade de qualquer procedimento realizado. A manipulação do material biológico e os procedimentos são duplamente checados pela equipe. Todo funcionamento de um laboratório deve ser regido pela Resolução RDC nº 23, de 27 de maio de 2011, emitida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que regulamenta os Bancos de Células e Tecidos Germinativos. Com os cuidados que o laboratório segue em todos os seus procedimentos, podemos assegurar uma boa qualidade nos nossos serviços com a certeza de estarmos oferecendo o melhor para o casal. Assim, desejamos que os medos pertinentes se transformem apenas em medos comuns à vida de quem tem filhos: medo de segurar o bebê, de dar o primeiro banho ou das suas cólicas rotineiras.

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redes sociais

Fertilitat no Facebook Confira os conteúdos mais visualizados em nossa página nos últimos meses!

Homenagem ao Dia das Mães Em campanha especial, o Fertilitat destacou o nascimento, com o apoio da clínica, de mais de 3 mil futuras mamães.

35.168 visualizações

Técnica inédita de validação embrionária gera primeira gravidez no RS O Fertilitat comemorou mais uma conquista em sua história de pioneirismo. Na clínica, foi gerada a primeira gravidez do Rio Grande do Sul utilizando uma técnica inédita de validação embrionária, o MitoScore.

66.755 visualizações

Homenagem ao Dia Internacional da Mulher Em campanha pelo dia 8 de março, o Fertilitat ressaltou a liberdade da mulher para fazer e buscar as suas escolhas.

50.233 visualizações

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Fertilitat assina dois capítulos em livro inédito sobre preservação da fertilidade A equipe do Fertilitat assina dois capítulos em obra inédita na América Latina sobre fertilidade. O livro “Preservação da Fertilidade - Uma Nova Fronteira em Medicina Reprodutiva e Oncologia” busca preencher uma lacuna na literatura médica nacional no tema da oncofertilidade.

49.024 visualizações

Reconhecimento Qual é o momento de procurar um especialista quando não consigo engravidar? A ginecologista Rafaella Petracco responde.

Nas redes sociais, mães e pais que realizaram seu sonho com o Fertilitat expressam seu reconhecimento e gratidão. Confira algumas mensagens!

12.224 visualizações.

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notícia

Grupo formado por 19 profissionais é parte essencial no atendimento da clínica

Bloco cirúrgico tem equipe engajada nos procedimentos Para que os procedimentos ocorram com sucesso, a atuação do Bloco Cirúrgico Ambulatorial é fundamental. A equipe é formada por três funcionárias do administrativo, duas de higienização, 11 técnicas de enfermagem/instrumentadoras, um técnico em enfermagem e duas enfermeiras. A relação com a clínica é de respeito, comunicação, interação e contiguidade. “Essa proximidade se faz importante para que o trabalho transcorra e flua de forma positiva, mantendo o bom relacionamento entre os profissionais e o bom funcionamento do serviço”, afirma a enfermeira Tatiana Godinho, responsável pelo turno da manhã. À tarde, a enfermeira responsável é Leticia Raugust. Tatiana trabalhou no Fertilitat como técnica na área de 2002 a 2005 — ano em que saiu da clínica para fazer a faculdade de enfermagem. “O que mais me marcou nessa experiência foi o

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“O que mais me marcou nessa experiência foi o modo como fui acolhida pelos profissionais” modo como fui acolhida pelos profissionais, pois, como eu não tinha experiência na área, me deram tempo, oportunidade e ensinamentos para poder realizar um trabalho de qualidade. Continuar atuando nessa área é muito gratificante, porque antes eu vivenciava um lado (coletas de sangue, ecografias de controle, medicações...) e agora eu vivencio o outro lado que são coletas de óvulos e transferências de embriões”.


artigo

M a r i a Te r e z a S a n s e v e r i n o , G e n e t i c i s t a

A epidemia de zika e a microcefalia Nos últimos meses, o Brasil testemunhou um aumento na prevalência de microcefalia em recém-nascidos. Em setembro de 2015, neuropediatras e pediatras de Pernambuco relataram ao Ministério da Saúde a ocorrência de um número acima do esperado de crianças com essa doença e com sinais neurorradiológicos sugestivos de infecção congênita. Na investigação que se seguiu, foi constatado que muitas das mães dessas crianças relatavam ter tido uma doença exantemática durante a gestação. Rapidamente, foi sugerida a possível associação entre a epidemia de zika e a infecção materna por vírus zika (ZIKV) durante a gravidez com a presença das alterações de sistema nervoso central nos bebês. Houve uma mobilização sem precedentes para a abordagem desta grave situação de saúde pública, com o envolvimento das autoridades de saúde e das sociedades médicas, especialistas, pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Em 11 de novembro de 2015, através da Portaria GM nº 1.813, o Ministério da Saúde declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) por alteração do padrão de ocorrência de microcefalias no Brasil. Em 1º de fevereiro de 2016, a Organização Mundial da Saúde declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). Atualmente, a relação entre a infecção por ZIKV e a microcefalia está demonstrada através de numerosas evidências clínicas, epidemiológicas e experimentais. Existe a clara associação temporal entre os surtos de zika e de microcefalia no Nordeste, no Centro-Oeste e no Sudeste. Após o alerta no Brasil, outros países também descreveram casos de microcefalia associados ao zika. Os achados neurorradiológicos da infecção congênita por zika são bastante característicos: o vírus foi isolado nos tecidos de bebês que evoluíram ao óbito intraútero, e os estudos sorológicos evidenciam a presença de anticorpos IgM específicos contra o ZIKV no líquor dos bebês afetados. Além disso, experimentos de laboratório demonstraram a lesão de células nervosas em cultura e a ocorrência de microcefalia na prole de animais de laboratório infectados durante a gravidez.

A infecção por zika é transmitida principalmente através do vetor Aedes aegypt, o mesmo que transmite a dengue e a febre amarela. No adulto e na criança maior, é uma infecção relativamente benigna. Por outro lado, o fenótipo apresentado pelos recém-nascidos afetados intraútero é grave, está bem caracterizado e vai além da microcefalia. A embriopatia por zika vírus pode incluir a microcefalia, calcificações intracerebrais, anormalidades oculares, anormalidades articulares e sinais neurológicos de irritabilidade e hipertonia. A gravidade do quadro está relacionada com o período gestacional da infecção materna, sendo mais grave quanto mais precoce for a infecção. Ainda restam muitas questões pendentes a respeito da embriopatia por zika, como o percentual de bebês afetados em mães infectadas, as alternativas terapêuticas para redução do risco de acometimento embrio-fetal, a duração da imunidade adquirida pela infecção e os riscos para uma futura gestação. Também pouco se sabe sobre o prognóstico em médio e longo prazo das crianças infectadas nos diferentes períodos da gestação. Deposita-se uma grande esperança no desenvolvimento de uma vacina efetiva contra o zika, mas ainda não há previsão de quando estará disponível. No momento, as formas de prevenção disponíveis são as medidas individuais de proteção contra a picada do mosquito, que incluem o uso de repelentes indicados para o período de gestação e de roupas de manga comprida, além de evitar a viagem para áreas de risco. Além da transmissão, já foi descrita a contaminação através do sêmen. Portanto as medidas de proteção no período periconcepcional devem ser tomadas pelo casal. A medida mais efetiva será a eliminação do vetor que também transmite outras doenças infecciosas. Além das medidas de saúde pública coordenadas pelas autoridades de saúde, é fundamental o envolvimento de todos os cidadãos para eliminação dos mosquitos nas suas residências, locais de trabalho e de lazer. Finalmente, é importante manter esforços em torno da compreensão dos diversos aspectos dessa epidemia, assim como no auxílio das crianças e das famílias atingidas por essa grave situação.

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na mídia

Fertilitat é fonte de informação

13.05.2016

Justiça Gaúcha na TV A diretora do Fertilitat, Mariangela Badalotti, participou de reportagem do programa Justiça Gaúcha na TV, produzido pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. A ginecologista comentou a resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que regula o registro de nascimento em caso de gravidez por substituição.

29.05.2016

Correio Braziliense O jornal Correio Braziliense, do Distrito Federal, publicou uma reportagem sobre infertilidade. O urologista Claudio Telöken, do Fertilitat, foi uma das fontes da matéria, falando sobre como essa condição afeta o homem.

25.05.2016 A reportagem do Fertilitat sobre a preservação da fertilidade de pacientes com câncer foi destaque em diversos sites. O texto foi publicado pelo portal SisSaúde, pela Rádio Princesa, de Selbach, pelo jornal O Triunfense, de Triunfo, e pela Revista Expansão RS.

Revista Expansão RS

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O Triunfense


20.05.2016

17.05.2016

Portal SIS Saúde

Jornal Correio de Notícias

A notícia da primeira gravidez do Rio Grande do Sul gerada no Fertilitat, utilizando uma técnica inédita de validação embrionária, foi destaque no site SisSaúde.

Dra. Mariangela Badalotti esclareceu para o Blog Fralda Cheia e Jornal Correio de Notícais a nova norma do Conselho Nacional de Justiça sobre o registro de récem nascidos a partir de gravidez de substituição.

06.08.2016

25.05.2016

Blog Fralda Cheia

Pauta Social

25.06.2016

Jornal O Sul Dr. Claudio Telöken participa de encontro na Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina.

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fique por dentro

Unidades do Fertilitat Ferti Andro Unidade de Andrologia

Unidade focada na investigação e no tratamento da infertilidade masculina. A infertilidade por fator masculino está presente em até 50% dos casais inférteis de forma isolada ou associada a fatores femininos. O Fertilitat conta com unidade de excelência, com tecnologia de ponta e profissionais altamente qualificados para tratar estas alterações.

“A Andrologia participa do aconselhamento aos casais inférteis. A conveniência terapêutica masculina resulta de decisão multidisciplinar considerando o tratamento mais eficiente, menos invasivo, menos oneroso e de acordo com a expectativa e faixa etária do casal.” Claudio Telöken, andrologista e coordenador do Ferti Andro

Ferti

Crio

Unidade de Criopreservação

A criopreservação permite armazenar materiais biológicos, como óvulos, espermatozoides, embriões e tecidos ovariano e testicular, para que sejam utilizados posteriormente, sem que percam suas propriedades. É uma técnica segura e o material não tem um prazo de validade, podendo ser utilizado muito tempo após o congelamento.

“É de suma importância uma clínica como o Fertilitat dominar e oferecer aos seus pacientes a criopreservação. Através dela, pacientes podem se beneficiar com a preservação da fertilidade, evitar uma nova estimulação ovariana e novas intervenções, e até mesmo aumentar as chances de sucesso gestacional.” Lilian Okada, embriologista e coordenadora do Ferti Crio

Ferti Ciência Unidade de Pesquisa

Ferti Endo Unidade de Endometriose

A endometriose afeta 10% das mulheres em idade reprodutiva, e de 30% a 50% delas terão dificuldade de conceber. Por esse motivo, há no Fertilitat uma unidade voltada exclusivamente para diagnóstico e tratamento das pacientes com essa doença.

“Com o Ferti Endo, visamos o controle da dor e a busca da gestação, otimizando este processo com uma visão focada nesta complexa patologia.” Rafaella Petracco, ginecologista e coordenadora do Ferti Endo

Ferti

Fiv

Unidade de Fertilização in vitro

A fertilização in vitro (FIV) é uma técnica de reprodução assistida em que a fertilização ocorre em laboratório. A inseminação do óvulo pode ser feita com a colocação de um grande número de espermatozoides (50 mil a 100 mil) em torno do óvulo, ou pela introdução de um único espermatozoide no interior do óvulo, técnica conhecida como ICSI.

“A utilização de equipamentos modernos e revisados com um rígido controle de qualidade possibilitam que o laboratório maximize as chances de gravidez das pacientes.” Ricardo Azambuja, embriologista e coordenador do Ferti FIV

Ferti Scope Unidade de Endoscopia

A equipe do Fertilitat executa procedimentos investigatórios e terapêuticos clássicos na avaliação das pacientes inférteis. A unidade de endoscopia está voltada ao diagnóstico e tratamento das afecções do sistema reprodutor feminino que necessitam da investigação cirúrgica, incluindo a Videolaparoscopia e Videohisteroscopia.

“A pesquisa foi o pilar para o início da trajetória da clínica.”

“Grandes benefícios foram obtidos na área da reprodução com a introdução desses procedimentos. Por serem minimamente invasivos, evitam as clássicas cirurgias abertas e risco de mutilações reprodutivas, aspectos de suma importância no manejo das pacientes inférteis.”

Alvaro Petracco, ginecologista e coordenador do Ferti Ciência

João Michelon, ginecologista e coordenador do Ferti Scope

Seguindo a evolução da ciência e o pioneirismo sempre marcante na trajetória do Fertilitat, a clínica desenvolve importantes pesquisas e produção científica em diversos segmentos da reprodução assistida.

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Ferti

Gen

Unidade de Genética

O aconselhamento genético reprodutivo contribui para oportunizar escolhas mais adequadas a casais com risco aumentado de anormalidades para a prole. O diagnóstico préimplantacional executado pela equipe do Fertilitat consiste na identificação de anormalidades genéticas de embriões antes de sua transferência para o útero, ou seja, antes do estabelecimento da gravidez.

“Com a crescente evolução da genética clínica e das novas técnicas de sequenciamento para estudo molecular, o potencial de interação da genética médica com a reprodução aumenta significativamente, beneficiando os casais e oportunizando melhores resultados em relação aos bebês gerados por reprodução assistida.”

Ferti Psico Unidade de Psicologia

A infertilidade é um acontecimento na vida que, na maioria das vezes, gera um profundo sofrimento emocional, em diferentes níveis e formas de expressão. Por isso, merece atenção e apoio. O Ferti Psico é a área integrante do tratamento da infertilidade que proporciona segurança e equilíbrio nas diferentes etapas do processo de reprodução assistida.

“É possível enfrentar essa jornada e o sofrimento por ela gerado. É elaborando e identificando os múltiplos sentidos dessa experiência, significando-os dentro da história de cada um, que se abre a possibilidade de buscar a realização da gestação, ou até mesmo, de ampliar os horizontes de nossos sonhos.” Débora Farinati, psicóloga e coordenadora do Ferti Psico

Maria Teresa Sanseverino, geneticista e coordenadora do Ferti Gen

Ferti Onco

Unidade de Oncofertilidade

A realização do sonho de ter filhos pode ser uma realidade até mesmo para pacientes oncológicos, cujo tratamento leva à perda da função gonadal (dos ovários ou dos testículos). Por meio do congelamento de óvulos ou espermatozoides, este sonho pode tornar-se realidade após o tratamento contra o câncer. Oncofertilidade é o termo que tem sido utilizado para designar as ações de preservação de fertilidade em pacientes oncológicos.

“Por meio do congelamento de óvulos ou espermatozoides, o sonho de ter filhos pode tornarse realidade após o tratamento oncológico. A interação entre a Oncologia e a Medicina Reprodutiva pode levar ao equilíbrio entre a preservação da vida e a preservação da fertilidade.”

Ferti Sperm Unidade de Espermiologia

A análise do sêmen é a base da avaliação do fator masculino na infertilidade conjugal. A unidade se dedica a estudos como o espermograma e fragmentação do DNA espermático, além de atuar com o congelamento de espermatozoides. O setor é responsável ainda pelo preparo do sêmen que será utilizado nos processos de inseminação artificial ou para a fertilização in vitro.

“Temos uma experiência de muitos anos em criopreservação e armazenamento de sêmen. As técnicas e valores de referência que utilizamos são os preconizados pela OMS. Atualmente, mais de 500 pacientes que realizaram autocriopreservação (para uso próprio) têm sêmen congelado em nosso laboratório.” David Kvitko, embriologista e coordenador do Ferti Sperm

Fernando Badalotti, ginecologista e coordenador do Ferti Onco

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artigo

C l a u d i o Te l ö k e n , U r o l o g i s t a

O envelhecimento masculino e a paternidade O mundo moderno exibe uma tendência de casais decidirem por prole mais tardiamente. Até 1970, menos de 15% dos homens acima de 35 anos tinham filhos; atualmente, o percentual é de aproximadamente 30%. Muitos homens estão elegendo a faixa de 50 a 54 anos para garantir sua prole. Múltiplos fatores são responsáveis por essa mudança comportamental. O destaque incontestável é a priorização da formação acadêmica mais longa para assumir uma posição profissional destacada em ambiente acirradamente competitivo. Ao contrário da mulher, que nasce com uma quantidade predeterminada de óvulos, a paternidade poderá ocorrer de forma perene, independente da faixa etária, pois a espermatogênese não é finita. Entretanto, o envelhecimento masculino exibe progressivamente alterações na competência reprodutiva – que serão tanto mais retumbantes quanto maior o comprometimento no estilo de vida, principalmente obesidade, sedentarismo, estresse, consumo de bebidas alcoólicas, tabagismo, drogas recreativas etc.

se concentração e motilidade espermáticas. O índice de fragmentação do DNA espermático é também estatisticamente maior em homens mais velhos. Essas alterações repercutem no tempo demandado para gravidez: um homem com menos de 25 anos (e com esposa jovem) necessita, em média, de somente quatro meses e meio; acima de 40 anos, esse período sobe para quase dois anos. E assim ocorre progressivamente. Homens acima de 45 anos também podem ser responsáveis por maior chance de interrupção espontânea da gravidez – embora isso seja um caso raro. A diminuição progressiva da concentração de espermatozoides com o passar dos anos pode culminar com a ausência total de células reprodutivas no ejaculado (azoospermia). Especificamente, essa entidade nosológica é mais frequente em homens após os 60 anos de idade. Presume-se que não se deva somente ao fator etário e, sim, pelo maior tempo exposto a fatores de risco.

A máxima de que somente a esposa envelhecendo comprometeria a fertilidade do casal é incorreta e está suficientemente esclarecida. O tempo determina modificações estruturais e funcionais no homem (níveis hormonais, calvície, alteração de pele, força física, ereção, memória etc) e é óbvio e ululante que a função testicular também é contemplada com alterações.

Excetuando-se as dificuldades descritas na obtenção da gravidez em homens acima de 45 anos, há necessidade de se considerar as raras alterações na prole. A mutação autossômica dominante em homens acima de 45 anos é quase quatro vezes maior do que em homens entre 30 e 34 anos. A herança na prole de homens idosos está merecendo uma atenção muito especial, especialmente considerando aprendizado e eventuais alterações comportamentais.

Quanto mais idade, especialmente acima de 40 anos, mais alterações seminais serão observadas, destacando-

A sugestão da comunidade científica preconiza paternidade antes dos 45 anos, o que nem sempre é possível.

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gastronomia

Chef Felippe de Sica apresenta quiche de charque com alho-poró As origens italianas fizeram com que o chef Felippe de Sica tomasse gosto pela cozinha desde cedo. Quando pequeno, ajudava a avó paterna a formatar o fettuccine do almoço e a sovar as balas de coco. O prazer de deslizar sobre as ondas, outra paixão do chef, fez com que viajasse mundo afora. Nessas andanças conheceu a cultura e a gastronomia de diversos países na Europa, além de Estados Unidos, México e Costa Rica. O surf foi a mola propulsora da verdadeira vocação: a cozinha. De volta ao Brasil após três anos no exterior resolveu que o caminho era esse e profissionalizou-se no Senac. Teve um aprendizado nas melhores cozinhas de Porto Alegre, entre os quais, Chez Philippe, Constantino Café e Koh Pee Pee. Em 2009, o chef deu início à carreira solo fazendo eventos particulares e empresariais. A Cozinha de Autor e o Slow Food são duas referências fortes no DNA de Sica. Desde 2007, faz consultorias e dá aulas para amantes da gastronomia. Do básico feijão com arroz ao avançado confit de pato, passando pelos sabores tailandeses, as aulas são um sucesso. Sempre em companhia de bons vinhos e espumantes. Além disso, é professor convidado do Senac-RS, e de universidades como Unisinos, UFCSPA, Univille e Unijuí. Nesta edição ele nos dá a receita do seu quiche de charque com alho-poró. Separe os ingredientes e se inspire com o chef Felippe de Sica.

Novo Projeto O mais recente projeto do chef é o livro de receitas da raça angus, que ensina a preparar 14 pratos com os melhores cortes de gado bovino.

Quiche de charque com alho-poró (para 6 pessoas) Para a massa brisée: • Farinha de trigo (400g) • Manteiga (200g) • Sal (1 pitada) • Ovo (2 unidades) • Água (1 colher de sopa) Preparação: 1. Fazer uma cova na farinha e colocar no centro a manteiga amolecida, os ovos, água e sal. 2. Usando as pontas dos dedos, trabalhe os ingredientes até ficarem com migalhas e incorporar a farinha. 3. Comprimir com firmeza para formar uma bola de massa. 4. Reserve na geladeira por 30 minutos. 5. Abra a massa e forre uma forma redonda individual ou várias pequenas. 6. Aqueça o forno a 200º e leve a massa para que ela fique pré-assada (de 5 a 8 minutos). 7. Reserve. Para o recheio: • Charque desfiado (200 g) • Alho-poró (2 unid. grandes ou 4 pequenas) • Queijo coalho picado (2 unidades) • Ovos (4 unidades) • Nata ou creme de leite (300 g) • Sal, pimenta e noz moscada (a gosto) Preparação: 1. Aquecer bem uma frigideira e com um fio de azeite de oliva refogar o alho-poró, misturar o charque e temperar com pimenta do reino moída na hora. 2. Bater os ovos e acrescentar a nata. Temperar com sal e pimenta do reino moída na hora e a noz moscada. 3. Colocar o recheio na massa pré-assada junto com o queijo coalho, após a mistura de ovos e nata. 4. Levar ao forno. Está pronto quando a quiche ficar dourada.

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dicas de viagem

Finlândia A Finlândia sediou entre os dias 3 e 6 de julho o Congresso da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE), um dos eventos mais importantes da área. Especialistas do mundo inteiro estiveram em Helsinque para acompanhar a programação científica. Entre eles, a equipe do Fertilitat, presente mais uma vez no encontro para apresentar trabalhos desenvolvidos na clínica. Referência em qualidade de vida, educação, paz e bem-estar, o país é considerado um dos melhores do globo para se viver. Localizado na Escandinávia, região ao Norte da Europa, a Finlândia pode ser considerada um verdadeiro paraíso para quem busca boas opções de turismo, seja por atrações históricas, urbanas ou naturais. Conhecida por sua impecável organização, a capital Helsinque é um convite para longos passeios a pé em seus amplos espaços públicos e parques. O grande ícone da cidade é o Tuomiokirkko, igreja luterana localizada na Praça do Senado. Ali perto, está a Catedral Ortodoxa Uspensky, marcada por suas paredes de tijolos vermelhos. O centro da cidade oferece inúmeras atrações, como o Museu de Arte Moderna Kiasma, o Museu Nacional Kansallismuseo, a casa de concertos Finlandia Hall e a sede do Parlamento, todos localizados na Avenida Mannerheimintie. Ao final, é possível ainda conferir o Estádio Olímpico, que sediou as competições de atletismo nos Jogos Olímpicos de 1952. Outras visitas indispensáveis são o Parque Sibelius, grande área 36

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verde no Centro, e a ilha-cidadela de Suomenlinna, Patrimônio da Humanidade da Unesco. Quando a fome bater, não deixe de passar no mercado Kauppatori, que oferece ótimas opções da culinária local, como sopa de salmão e bolinhos de bacalhau. Se o tempo estiver frio, vale visitar bons restaurantes e cafés como o Kappeli, Café Esplanad e Juttuppa. O país é conhecido por dois fenômenos que acontecem ao Norte, perto do Círculo Polar Ártico: a aurora boreal, que oferece um verdadeiro show de luzes no céu finlandês. As melhores épocas para observá-la são os meses de fevereiro/março e setembro/outubro. Já entre junho e julho, durante o verão, ocorre o sol da meia-noite. Nessa época, o Sol não se põe durante 73 dias. Ainda ao Norte, a Lapônia é uma das regiões mais interessantes, oferecendo enorme riqueza de paisagens naturais como montanhas, florestas, lagos e rios. Em Rovaniemi, é possível visitar a Casa do Papai Noel e a Estação de Correios, que recebe cartas de crianças do mundo inteiro. Aproveite ainda para conhecer a região das Ilhas Åland, um conjunto de mais de 6.700 ilhas que reúne algumas das mais antigas igrejas e mansões do país, que datam do século XII. Para a visita ficar completa, passe também pelas cidades de Turku, Porvoo, Rauma, Savonlinna e Kuopio. Em cada lugar, a experiência é de paz e tranquilidade. Como não há voos diretos para a Finlândia, é possível fazer conexões a partir de Londres, Frankfurt, Madri e Amsterdam.


dica de livro

As Passeadeiras em: Um Feriado na Serra Gaúcha Autora: Claudia Bins Editora: Buqui Preço sugerido: R$ 35 Saiba mais: aspasseadeiras.com.br

Coleção une poesia e viagens para encantar as crianças A coleção As Passeadeiras nasceu da paixão de uma família por conhecer novos lugares em companhia das filhas pequenas. É o primeiro livro da blogueira de viagem Claudia Bins (autora da crônica desta edição, na próxima página). Ela descreve, em forma de poema, uma viagem à Serra gaúcha, passando por lugares como Bento Gonçalves, São Francisco de Paula e Cambará do Sul. A viagem termina em Torres, no litoral, onde a família assiste ao Festival de Balonismo. Um roteiro repleto de história, cultura, natureza e encantamento, descrito através do olhar das meninas Joaninha e sua irmãzinha Berê. No livro, páginas coloridas com um pouco da cultura local, história e gastronomia da região. É um guia lúdico para quem pretende conhecer esses lugares e, ao mesmo tempo, oferece

diversão interativa às crianças com brincadeiras variadas que estimulam a curiosidade. A descrição das cidades e paisagens proporciona uma verdadeira viagem através da literatura. O prefácio é da professora e doutora em literatura infantil Solange Ketzer, que entre outros comentários, diz o seguinte: “Situações familiares triviais entre pais e filhos são abordadas, sempre permeadas pela curiosidade própria das crianças. Assim, afeto é o que não falta nessas linhas, em contraponto ao mundo real, tão carente dessa manifestação amorosa… A forma poética constitui excelente suporte para desenvolver as potencialidades linguísticas dos infantes… Em outras palavras, a exposição frequente da criança à poesia ajuda a desenvolver suas potencialidades linguísticas”. Revista do Fertilitat • Centro de Medicina Reprodutiva

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crônica

Memórias da infância Por Claudia Bins, editora do blog As Passeadeiras e mãe de duas meninas

Cresci cercada de crianças e natureza. Tive uma infância rica de experiências ao ar livre, por conta das pescarias com meu pai e da chácara da vó. Nossas viagens se resumiam às idas para lá e, vez que outra, um veraneio no litoral. Muito pisei em formigueiro, tirei sanguessuga das pernas e comi fruta colhida na hora. Hoje olho para trás e vejo que essa infância cheia de liberdade me trouxe uma visão, no mínimo, peculiar para nossos dias. Nos parâmetros de hoje, sou muito “desencanada” com minhas filhas. Deixo as meninas soltas, descalças, ensino a pegar bichinhos no jardim. Deixo se sujarem com terra. Brincamos que às vezes são princesas e outras, ogrinhas, como as filhas do Shrek e da Fiona. Ainda assim, elas têm uma infância bem diferente da que eu tive. Certa vez fui pescar com meu pai no açude da chácara, usando um espinhel, um fio comprido e grosso com anzóis pendurados de tanto em tanto. Em cada um deles colocamos os sapos que pegamos na noite anterior. Quando raiou o dia levamos tudo até o açude, ajudei meu pai a montar a pescaria e fomos tomar café. No final da manhã voltamos para conferir o resultado. Entramos no açude, eu logo atrás dele. Aos poucos, meu pai levantava o espinhel e víamos os peixes nos anzóis. Todos pela metade. Comidos. Havia algo grande por ali. Quando meu pai baixou o espinhel um rabo de jacaré balançou no ar. Ele olha para mim e grita para eu sair da água. Vai agora, ele disse. Busca ajuda e não olha para trás! Eu não queria ir, mas tinha medo de ficar. Saí meio cambaleante, com a água na altura do peito era difícil correr. Antes de ir olhei para trás e vi meu pai erguendo o facão. Nos meus olhos de criança havia um monstro dentro da água e meu pai ia me salvar. Em nenhum momento fiquei com medo de que o “monstro” o machucaria. Meu pai era invencível. Quando voltei com a família toda lá estava ele, ofegante, com o jacaré morto na beira do açude. O bicho havia ficado preso pela pata traseira, em um dos anzóis do espinhel e meu pai conseguiu atordoá-lo com golpes de facão. A aventura virou assunto por muitos anos e o pobre bicho virou enfeite, empalhado, na parede do sítio. Hoje vejo pais e mães correndo para limpar as mãos de seus filhos com álcool gel. Não vai se sujar! Não coloca isso na boca! Cuidado com o inseto! Crianças criadas em bolhas, sem germes, sem aventuras, sem anticorpos, sem histórias para contar. Minhas meninas não pescaram jacarés, mas já viram muitas coisas por esse mundo. Andaram de navio, de jangada, de trem, submarino e de avião. Colheram maçãs no pé, passearam entre os vinhedos. Tomaram banho de cachoeira, subiram montanhas e brincaram na neve. Fazem piquenique no chão com a mesma alegria que entram em um castelo. Não é o preço da experiência que as encanta. São as memórias que têm das aventuras que viveram. Com pés descalços ou sapatinhos de cristal, elas vivem suas próprias histórias e já entenderam que o mundo é maior e mais divertido do que um tablet. O mundo todo é o seu quintal.

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