Ano 21 | Edição 122 | Março/Abril 2019 | Conselho Regional de Psicologia do Paraná
Mulheres Psicólogas Psicólogas são 90% da categoria, mas elas têm menor remuneração e trabalham mais horas
Mais participação, mais Psicologia Um guia com as principais informações para participar das eleições do CRP-PR em 2019
Autonomia profissional Textos mostram possibilidades para Psicólogas(os) assumirem autonomia na atuação
Falta Como me falta Falta isso, falta aquilo Quase me falta tudo Pois até a falta me faz falta Falta nome para aquilo que me habita Faltam contornos para aquilo que me circula Sincera existência em falta E não pode ser suprida pelo livre engano de não estar em falta Faltando para mim Faltando contigo Faltando com a própria vida Que pelo simples fato de não ser infinita Me deixa em falta.
Autoria: Psic. Cairu Vieira Corrêa (CRP-PR-08/17764)
SUMÁRIO
05 Curtas
Informação organizada para facilitar o acesso CRP-PR com você
06 Resenha
“Amor e outras drogas” e os receios de estar numa relação
07 Políticas Públicas
Mulheres Psicólogas: trabalham mais, ganham menos
09 Literatura infantil
Um universo inteiro ao alcance das mãos
11 Nota Técnica
Autonomia profissional: Psicologia é com a(o) Psicóloga(o)
15 Nota Técnica
Vários caminhos: o mesmo ponto de chegada!
17 Eleições 2019
Mais participação, mais Psicologia
21 Capa
Sororidade: o que está por trás do conceito que convoca as mulheres a serem unidas e solidárias entre si e o que a Psicologia tem a ver com isso?
25 Psicologia Jurídica
A criança é o pai do homem
27 Coluna Ética
Psicologia nas redes
29 Orientação e Fiscalização
Violência contra a mulher: Nota Técnica do CFP orienta quanto à notificação obrigatória e quebra do sigilo profissional
31 Nota Técnica
Aborto: Uma questão de saúde pública
33 Administração e Finanças
Transparência nas informações e nos investimentos
Conselho Regional de Psicologia - 8ª Região (CRP-PR) Produção: Revista Contato: Informativo Bimestral do Conselho Regional de Psicologia 8º Região (ISSN – 1808-2645) • Site: www.crppr.org.br Endereço (sede): Avenida São José, 699, Cristo Rei, Curitiba-PR | CEP 80050-350 • Contatos: (41) 3013-5766 | comunicacao08@crppr.org.br Tiragem: 18.500 mil exemplares • Impressão: Lunagraf • Jornalista responsável: Ellen Nemitz (17.589/RS) • Estagiária de jornalismo: Jessica Brasil Skroch • Redação: Ellen Nemitz e Karla Losse Mendes • Coordenadora da Comissão de Comunicação Social: Sandra Mosello • Revisão: Ellen Nemitz e Jessica Brasil Skroch • Diagramação: Josiane Tochetto • Ilustrações: Josiane Tochetto e Vecteezy (www.vecteezy.com) • Projeto gráfico: Agência Cupola Preço da assinatura anual (6 edições): R$ 30,00 OS ARTIGOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES, NÃO EXPRESSANDO NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DO CRP-PR
Diretoria: Psic. João Baptista Fortes de Oliveira (CRP-08/00173) - Conselheiro Presidente • Psic. Rosangela Lopes de Camargo Cardoso (CRP-08/01520) - Conselheira Vice-presidente • Psic. Francisco Mario Pereira Mendes (CRP-08/01774) - Conselheiro-Teroureiro • Psic. Carolina de Souza Walger (CRP-08/11381) - Conselheira-Secretária
Conselheiras e conselheiros: Adriane Wollmann, Angela Sanson Zewe, Camila Maia de Oliveira Borges Paraná, Celia Regina Cortellete, Debora Cruz Marinho, Deisy Maria Rodrigues Joppert, Elisa Mara Ribeiro da Silva, Erica Antunes Carlos, Frank da Silva Veiga, Gilberto Gaertner, Iara Lais Raittz Baratieri, Jane Biscaia Hartmann, Jane Margareth Moreira de Carvalho, Luciano Bugalski, Ludiana Cardozo Rodrigues, Mari Angela Calderari Oliveira, Maria Cristina Neiva de Carvalho, Maria Sezineide Cavalcante de Melo, Mariana de Oliveira Prochet, Nelson Fernandes Junior, Sandra Cristine Machado Mosello, Sandra Regina Fergutz dos Santos Batista, Semiramis Maria Amorim Vedovatto, Silvio Araujo Vailões, Suzana Maria Borges.
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EDITORIAL Março é um dos meses mais esperados pela equipe de profissionais que fazem a Revista Contato, composta por mulheres. Foi assim em 2017, quando falamos das diferentes faces de ser mulher e do envelhecimento em nossa sociedade. Em 2018, falamos de desafios como violências, cobrança por padrões de beleza, maternidade e mercado de trabalho, etc. para entender o papel da sociedade e da Psicologia neste cenário. Em 2019, trazemos uma discussão muito atual: a sororidade, ou solidariedade entre mulheres. A partir de entrevistas e dados, debatemos este conceito para entender como ele se aplica na prática, inclusive na clínica psicológica, e como isso está relacionado aos cuidados com a saúde mental das mulheres. O debate sobre a situação da mulher Psicóloga no mercado de trabalho ficou por conta da coluna da Assessoria Técnica de Políticas Públicas, a qual revela que elas ganham menos e trabalham mais. A Comissão de Orientação e Fiscalização traz, ainda, orientações sobre o atendimento, notificação e comunicação externa dos casos envolvendo violência contra a mulher. A edição também inclui textos sobre a autonomia das(os) Psicólogas(os), especialmente em áreas multiprofissionais, além de informações sobre as eleições para os Conselhos Regionais e Federal de Psicologia e reflexões sobre a divulgação profissional e o uso das redes sociais. E, no meio de tudo isso, que tal dar um espaço para o faz de conta? A literatura infantil e sua importância no desenvolvimento da criança é tema de uma reportagem que mostra como, por meio de obras lúdicas, é possível até mesmo acessar as emoções de crianças de maneira mais fácil.
Boa leitura!
O
Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR) reorganizou as informações disponíveis para as(os) Psicólogas(os), que orientam a atuação profissional. O resultado, cujo conteúdo foi elaborado pela Comissão de Orientação e Fiscalização (COF), pode ser conferido no Guia de Orientação, disponível no site do Conselho. No espaço estão organizadas por tema as principais necessidades das(os) profissionais. É possível acessar rapidamente o Código de Ética Profissional do Psicólogo, Documentos e Notas Técnicas, a Legislação Federal pertinente à profissão, as Resoluções do CFP e as Resoluções do próprio regional. A página oferece ainda informações sobre as diferenças entre a “orientação” e a “fiscalização” realizadas pelo CRP-PR.
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ue o CRP-PR é um espaço para troca entre as(os) Psicólogas(os) paranaenses, todo mundo já sabe. Mas, agora com uma novidade. Este espaço está disponível também online e pode ser acessado por qualquer profissional de todo o Estado.
CURTAS
Informação organizada para facilitar o acesso Orientação é sempre baseada nas leis e resoluções relacionadas à profissão de Psicóloga(o), com destaque para o Código de Ética. Já a fiscalização diz respeito ao trabalho realizado para fortalecer e garantir a prestação de serviços adequados à população. Essa é uma das funções legais – além de orientar e disciplinar – exercidas pela autarquia. Além de legislações, resoluções e documentos, o Guia apresenta as respostas às dúvidas frequentes relatadas por profissionais e um guia de contato no qual é possível realizar o download do caderno de orientações, enviar questões por formulário, ou identifi car imediatamente qual a orientadora fiscal da sua região para atendimento telefônico ou, então, para agendar um atendimento presencial.
Participe, crie um tópico de seu interesse e venha conversar conosco. comvoce.crppr.org.br
O CRP com Você comporta informações técnicas e um fórum de discussão no qual profissionais podem trocar experiências e discutir temas importantes para a categoria. Para participar do Fórum é obrigatório o cadastro com a inclusão do número do registro. As discussões estão abertas para leitura de todos, mas somente profissionais podem propor tópicos ou responder aos já existentes. CONTATO 122 | 5
20th Century Fox
“Amor e outras drogas” e os receios de estar numa relação
RESENHA
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Para assistir e indicar Amor e Outras Drogas (Love and Other Drugs, no título original), EUA, 2011, dirigido por Edward Zwick, 112 minutos, Comédia Romântica. bit.ly/2TOBnqj
ntrar num relacionamento pode trazer medos e apreensões. Diversos motivos podem significar um futuro sofrimento e uma vulnerabilidade exposta. Esse é tema principal do filme “Amor e Outras Drogas” (Love and other Drugs, EUA, 2010), uma comédia romântica de Edward Zwick baseada no livro “ Hard Sell: The Evolution of a Viagra Salesman”, que conta a história do próprio autor, Jamie Reidy, que trabalhou no início da comercialização do medicamento Viagra. Em adaptação do livro, a trama narra sobre Jamie Randall, um homem carismático e galanteador que procura sucesso em sua carreira de representante de medicamentos da Pfizer. Todo o seu charme servirá para convencer os médicos a receitarem os seus produtos. Em uma visita a uma clínica, Jamie conhece Maggie Murdock, uma jovem artista que sofre de Mal de Parkinson, uma doença degenerativa, progressiva e que não tem cura. Aos 26 anos de idade, Maggie é diagnosticada com uma doença que normalmente se manifesta em pessoas com mais de 50 anos. Independente e voluntariosa, a jovem não quer ser cuidada por alguém e por isso evita entrar num relacionamento sério, resumindo suas relações ao sexo. Porém, ao conhecer e estreitar laços com Jamie, fica cada vez mais difícil seguir seu plano. Apesar de apresentar críticas ao mercado farmacêutico, o destaque do longa-metragem está nos receios de assumir um rela-
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cionamento, seja por um passado marcado por pouco afeto, no caso de Jamie, seja por medo de se tornar um fardo, no caso de Maggie. Em estágio inicial do Mal de Parkinson, ela precisa lidar com a falta de precisão nos seus movimentos devido aos tremores. Pequenas ações como beber água, abotoar camisa e recortar tornam-se pesadelos para ela. A narrativa consegue mostrar bem a angústia de ter uma relação afetada por medos: o medo de não ser mais atraente, o medo de sobrecarregar o parceiro, o medo de ser trocada por alguém saudável e cheia de vida. O Mal de Parkinson significava para ela uma perda de vitalidade, uma limitação para realizar seus sonhos, agir, aprender e conhecer lugares. Contudo, ao participar de grupos com outras pessoas que têm a mesma doença e com o suporte de Jamie, ela percebe que ainda poderia fazer muito do que desejava, mesmo com as limitações. Afinal, sua vida não se resumia ao Parkinson. No Brasil, existem cerca de 200 mil pessoas com a doença, de acordo com o Ministério da Saúde. O filme “Amor e outras drogas” ilustra não só as consequências físicas do estágio inicial pelo qual elas passam, mas também as implicações nas relações sociais, na autoestima e na saúde mental. É uma obra interessante que aborda a importância do apoio das pessoas próximas, a necessidade de se aprimorar o conhecimento sobre a doença e, o mais importante, a possibilidade de conviver com o Mal de Parkinson e ainda assim sonhar, amar e ser amado.
MULHERES PSICÓLOGAS: TRABALHAM MAIS, GANHAM MENOS
U
ma pesquisa do DIEESE, realizada em 2016, buscou compreender como, por exemplo, o gênero impacta a situação de Psicólogas brasileiras em suas ocupações. Os dados são expressivos com relação à quantidade de mulheres Psicólogas na categoria: elas eram aproximadamente 132 mil em todo o país, o que representou 90% do total de profissionais de Psicologia ocupadas(os) no Brasil. Em uma categoria composta por uma maioria de mulheres, o próprio exercício profissional ganha contornos e singularidades com relação a outras profissões. O trabalho, intimamente relacionado ao contexto das relações sociais e profundamente constituinte da subjetividade humana, está imbuído de uma dimensão subjetiva e emocional e as pessoas, quando trabalham, expressam e autogerenciam seus estados afetivos. Uma das referências da área é a Psicóloga norte-americana Carol Gilligan a partir do estudo da categoria “cuidado” no trabalho. Este conceito sintetiza dimensões práticas de solicitude, atenção, assistência e conservação, participando diretamente da manu-
tenção ou preservação da vida do outro, como ajudar nas necessidade primordiais (comer, limpar-se, descansar, dormir, sentir segurança, dedicar-se aos próprios interesses). A atividade engloba uma constelação de estados físicos ou mentais e de atividades laborais na relação com a maternidade, a educação de crianças, a manutenção da saúde, o cuidado de pessoas mais idosas e o trabalho doméstico, sem dissociar as tarefas materiais do trabalho emocional que elas implicam. Todas estas tarefas são historicamente, na cultura ocidental, relacionada às mulheres.
POLÍTICAS PÚBLICAS
Por Assessoria Técnica de Políticas Públicas
Por esta razão, o estudo busca salientar veementemente que o "cuidado" é uma forma de trabalho exigente como qualquer outra. Esta perspectiva compreende também as atividades realizadas por mulheres fora do mercado formal de trabalho e a estreita relação entre a circunscrição da mulher ao âmbito doméstico. Para Gisela Lobo Tartuce, socióloga da Fundação Carlos Chagas, as práticas de cuidado são objetivadas em trabalhos que englobam uma forte dimensão emocional na medida em que pressupõe a relação entre pessoas, sempre bastante complexa. Em decorrência disso, CONTATO 122 | 7
as atividades de cuidado são majoritariamente desenvolvidas por mulheres (tanto no interior das famílias quanto em instituições privadas e públicas), já que essas "qualidades" requeridas para o cuidado são tidas como “naturais” ou “inatas” delas. Para a Psicologia a gestão das emoções tem um peso maior, pois este tipo de trabalho envolve o manejo dos afetos e sentimentos tanto de pacientes/usuários quanto das(os) próprias(os) Psicólogas(os). A multiplicidade e a interação dos fatores de complexidade constatados a cada atendimento aumentam, sobretudo, as exigências cognitivas e especialmente afetivas da atividade da(o) Psicóloga(o). A prática psicológica configura-se como um trabalho de cuidado na medida em que é caracterizado pelo fornecimento de amparo e busca de resolução das demandas e necessidades daqueles que são atendidos. Neste contexto, a situação emocional das(os) profissionais pode influenciar as emoções dos clientes/usuários, de forma a favorecer ou não o alcance das objetivos daquela intervenção. No entanto, retomamos a pesquisa sobre o perfil da(o) Psicóloga(o) para compreendermos melhor em que condições o trabalho de cuidado é exercido através da Psicologia, no Brasil. O DIEESE (2016) aponta que a hora de trabalho das mulheres custa 36% menos que a de homens. Em 2016, mulheres Psicólogas recebiam em média R$ 27,76 por hora enquanto homens recebiam em torno de R$ 37,78. Ainda que a pesquisa aponte que o rendimento médio mensal de Psicólogas(os) fosse maior para as mulheres (R$ 3.497,00 para elas e R$ 2.676,00 para eles), isto se dá simplesmente porque mulheres Psicólogas trabalham em torno de 30% horas a mais do que homens Psicólogos. Neste sentido, as obras da socióloga Heleieth Saffioti são fundamentais para compreendermos o impacto do trabalho de reprodução da vida doméstica não remunerado (cuidados com a casa, com os filhos e cônjuge, com a alimentação da fa8 | CONTATO 122
mília, manutenção e limpeza da casa, por exemplo), na vida das mulheres. Segundo dados da pesquisa do DIEESE, quase a totalidade de Psicólogas brasileiras exercem pelo menos dois turnos de trabalho formal (exercendo trabalho de cuidado) e é fundamental levar em conta que milhares delas ainda têm que desempenhar um conjunto elevado de tarefas de cuidado em suas famílias e lares. É compreensível, portanto, que nas condições de precarização do trabalho e de naturalização dos trabalhos de cuidado para mulheres muitas Psicólogas experimentem uma dissociação emocional, ou seja, um choque entre as emoções sentidas e expressadas, com efeitos negativos sobre seu bem-estar psicológico, esgotamento emocional e sentido decrescente de realização pessoal. Este processo pode acentuar-se sobretudo em ambientes privados de trabalho, nos quais a Psicóloga deve subordinar-se a uma gestão hierárquica que espera que ela se expresse de determinada forma apenas pelo fato de ser mulher, mesmo que em condições adversas de trabalho. A relação entre gênero e trabalho permite que compreendamos as condições a que Psicólogas mulheres estão expostas. A gestão do trabalho de cuidado no ambiente profissional, mas também no doméstico, é tão custosa quanto qualquer outro tipo de atividade e explicita as desigualdades de gênero entre homens e mulheres. Certamente, não há resposta óbvia para a superação das condições de precarização de trabalho e de vida das mulheres Psicólogas, mas medidas em diversas esferas (públicas, organizacionais e domésticas), como a redução de jornada de trabalho, melhores condições de infraestrutura e prestação de serviços, podem contribuir para a reversão deste quadro. Além disso, a coletivização do trabalho doméstico com todos os que vivem juntos, com uma postura igualitária, cooperativa, responsável e pró-ativa pela manutenção de seu lar e de suas próprias vidas, permite uma nova cultura social certamente menos custosa para mulheres.
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leitura pode transformar em muitos sentidos. É lendo que se pode ter novas percepções, compreensões, ideias, conceitos, emoções. O vocabulário, a criatividade, a reflexão e o conhecimento são enriquecidos com histórias que o leitor pode até esquecer, mas que permanecem em sua vida de diversas formas. Começar a ler desde criança promove o gosto pela leitura, principal motivação para a atividade apontada pela pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, desenvolvida em 2016 pelo Instituto Pró-Livro. Por outro lado, o estudo também revela que, para 67% da população, não houve alguém que incentivasse a leitura em sua trajetória.
Ler é, muitas vezes, uma atividade entendida como uma obrigação para as crianças, ligada ao desempenho escolar e desatrelada do prazer. Além disso, vivemos num mundo permeado por diversos estímulos que, num primeiro momento, podem ser mais interessantes para as crianças, como a utilização de tablets, celulares e videogames. Para a Psicóloga Clínica que trabalha com livros Patrícia Guillon Ribeiro (CRP-08/07833), o hábito da leitura para as crianças depende de estímulos adequados e exemplos de outras pessoas a sua volta que leem, trocam informações sobre o que estão lendo e convidam as crianças para acompanhar na compra de livros. Ela também destaca que é impor-
LITERATURA INFANTIL
UM UNIVERSO INTEIRO AO ALCANCE DAS MÃOS
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tante estimular o contato da criança com a leitura de temas que sejam de seu interesse. “Toda criança tem em si a curiosidade de descobrir o mundo e isso pode ser estimulado pelos pais no contato com o mundo dos livros”, comenta a Psicóloga. Para auxiliar nesse processo, a mediação de um adulto é fundamental. Patrícia aponta que, seja lendo para a criança ou acompanhando sua leitura, permitir que ela conte sobre o que está lendo abre espaço para que ela se expresse a respeito do que está conhecendo, estimulando a curiosidade pela leitura e pela busca de novos materiais. O acompanhamento de um adulto na leitura da criança também colabora para que ela tenha ajuda na interpretação de questões para as quais não consegue construir explicações próprias. “Além de explicar, o adulto estimula a comunicação e a elaboração da criança, o que é muito importante para o desenvolvimento infantil”, explica Patrícia. É o caso do livro “Peixe nada na terra do tudo”, de autoria de Everton Adriano de Morais (CRP-08/19778), que trata sobre as neurociências de uma forma interativa e divertida, abordando as várias funções do cérebro humano. A história, que se divide pelo lado esquerdo e direito, assim como o cérebro, traz de maneira lúdica um conhecimento que pode requerer o apoio de um adulto para ser melhor compreendido. O que é isso que eu estou sentindo?
Para saber mais Conheça os livros citados na reportagem em:
bit.ly/2FvVsPe
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Os livros infantis podem ser um portal para acessar emoções e ajudar a criança na identificação de seus próprios sentimentos, explica Patrícia. Para os adultos, inclusive, é um desafio significar com facilidade o que são as emoções e quais são as estratégias para lidar com elas. Por isso, “os livros infantis que trazem a identificação das emoções em suas histórias e personagens podem ser um importante auxílio no desenvolvimento emocional da criança, que aprende também a partir dos modelos que são apresentados a ela”, coloca Patrícia. Na clínica, a(o) Psicóloga(o) que atua com crianças pode uti-
lizar os livros infantis como uma ferramenta para identificar sentimentos que a criança às vezes não consegue expressar. Além de compreender suas próprias emoções, a leitura das crianças pode ajudar a entender o que o outro sente. A criança se aproxima das dores e felicidades de personagens em histórias diferentes da de quem está lendo. Por exemplo, o livro “Layla, a menina síria”, das autoras Rima Awada Zahra (CRP-08/17102), Cassiana Pizaia e Rosi Vilas Boas, narra a trajetória de uma menina que foi obrigada a deixar sua casa, seus amigos e o seu país por causa dos conflitos da extensa guerra na Síria. Um reflexo da história de tantas crianças refugiadas, a ficção se baseia em caminhos reais percorridos pelas meninas e pelos meninos sírios. Layla conta em primeira pessoa e descreve como era a sua rotina e cidade antes e depois do conflito, os momentos de medo e perigo, a impossibilidade de ir à escola, a dificuldade de comprar comida e sair de casa e a urgência de escapar daquelas horríveis condições. O pequeno leitor poderá entender mais sobre a realidade do refúgio e se colocar no lugar de uma criança igual a ele, mas que viveu adversidades que violaram seus direitos, como um espaço seguro para morar e brincar, poder estudar e alimentar-se. Um faz de conta de verdade Para a Psicóloga Patrícia, um mundo sem fronteiras se abre através da leitura. A criança tem contato com outros mundos e outras vivências. É pela fantasia que a criança tem contato com experiências e emoções de uma forma próxima da linguagem dela, “o que permite a compreensão de temas muitas vezes difíceis de serem entendidos ao longo dos desafios que ela enfrenta no seu dia a dia”, conclui. Os livros podem ter histórias inventadas, mágicas e fantásticas. Porém, ainda que seja um “faz de conta”, todo esse imaginário criado pela leitura será transposto para a realidade da criança, aprimorando sua criatividade, comunicação e pensamento crítico, além de desenvoltura frente aos desafios da sua própria vida e do mundo a sua volta.
Por Jessica Brasil Skroch com supervisão de Karla Losse Mendes
AUTONOMIA PROFISSIONAL: A
Psicologia é uma ciência baseada em um conhecimento científico específico e pressupostos teóricos peculiares à profissão, que é reconhecida pela legislação. Um dos pilares do exercício profissional, a autonomia, tem proporcionado desafios às(aos) profissionais em várias áreas de atuação, uma vez que a atuação multiprofissional ou mesmo em organizações coloca em questão os limites da interferência de outros profissionais nas escolhas e nas definições da atuação da(o) Psicóloga(o). Para auxiliar as(os) profissionais e reforçar a importância da autonomia profissional, o Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR) publicou em dezembro de 2018 a Nota Técnica nº 005/2018, produzida com contribuições da Comissão de Orientação e Fiscalização da autarquia. “A definição da abordagem teórica e manejo decorrente da análise é da decisão da(o) Psicóloga(o). A seleção de técnicas, instrumentos, métodos e a identificação do tempo de atendimento e demais características do trabalho ficam também a cargo da(o) profissional, tendo em vista que so-
mente as(os) Psicólogas(os) são dotadas(os) de capacidade teórica e técnica em matéria de Psicologia, conforme o Decreto nº 53.464/64, que dispõe sobre a profissão de Psicóloga(o)”, explica o documento. De acordo com a conselheira-secretária do CRP-PR, Carolina de Souza Walger (CRP08/11381), é essencial respeitar a autonomia da(o) profissional, uma vez que ela(e) é responsável pelas consequências do exercício profissional. “A nota técnica orienta as(os) profissionais e também serve como um instrumento para que elas(es) possam argumentar nas organizações onde atuam quando sua autonomia não estiver sendo plenamente respeitada”, defende a Psicóloga.
NOTA TÉCNICA
PSICOLOGIA É COM A(O) PSICÓLOGA(O)
A conselheira explica também que há, nas diversas abordagens, métodos e técnicas que respondem à mesma demanda com igual resultado e qualidade. Portanto, cabe à(ao) profissional decidir qual técnica utilizará na sua prática profissional. “Lembrando que o Código de Ética Profissional determina que a Psicóloga e o Psicólogo utilizem apenas métodos e técnicas para os quais estão capacitadas(os) técnica, teórica e pessoalmente”, afirma. CONTATO 122 | 11
O lugar de Psicóloga(o) A conselheira Iara Lais Raittz Baratieri (CRP-08/18399) conta que por trás de muitas demandas recebidas pela Comissão de Orientação e Fiscalização (COF), da qual faz parte, está uma desapropriação das(os) Psicólogas(os) acerca da sua autonomia profissional. “Notamos nas demandas que chegam até nós que não é evidente para alguns profissionais a importância do seu olhar e sua atuação enquanto Psicóloga(o), sua autonomia sobre sua demanda e consequente responsabilidade. Desta forma, nosso intuito ao elaborar essa nota foi também possibilitar uma reflexão e uma apropriação pela(o) Psicóloga(o) em relação ao seu lugar e sua autonomia profissional”, conta.
Para saber mais Acesse a nota técnica na íntegra pelo link: bit.ly/2FvVsPe
Autonomia, aliás, que está presente no cotidiano das orientações prestadas pela COF, como comenta Iara. “Muitas vezes a(o) profissional nos procura esperando uma resposta objetiva para questões que demandam uma posição reflexiva por parte dela(e) mesma(o). O papel da COF é, inclusive, o de auxiliar a(o) profissional a refletir para que ela(e) possa tomar a decisão, certamente oferecendo informações acerca das questões legais e éticas envolvidas”, explicou.
Esse é um reconhecimento que deve ser garantido às(aos) profissionais, acrescenta a Psicóloga. “Entendemos que a nossa formação como profissionais da Psicologia nos possibilita o conhecimento teórico e técnico que nos capacita a reflexões e decisões, sendo somente a(o) Psicóloga(o) aquela(e) que tem condição de realizar a avaliação técnica da situação em que se encontra e escolher o método e a forma de atuação mais adequados. Nenhum outro profissional, de nenhuma outra área, tem esse mesmo conhecimento”, complementa Iara. De acordo com a Psicóloga, os debates da COF e do Plenário do CRP-PR também compreendem que é importante que as(os) Psicólogas(os) possam refletir sobre a necessidade de apropriar-se cada vez mais de sua autonomia e de poder encontrar o lugar de protagonista em situações que envolvam a Psicologia. “Essa tomada de atitude e apropriação de seu lugar são importantes para o estabelecimento de limites que garantam a autonomia profissional e do reconhecimento deste espaço e do valor dessa atuação, que é o espaço da Psicologia, o que irá favorecer, inclusive, a ampliação do reconhecimento social da categoria”, alerta.
7,8,9 Junho 2019
30,31Agosto 2019
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29,30 Novembro 2019
CURSO MINISTRADO PELA EMPRESA PIONEIRA NA FORMAÇÃO EM TERAPIA EMDR NO BRASIL.
AUTONOMIA PROFISSIONAL NA ATUAÇÃO DA(O) PSICÓLOGA(O) JURÍDICA(O) Por Psicóloga Daisy Cristina Dias (CRP-08/07524) Servidora Pública da Prefeitura de Fazenda Rio Grande, atua junto à Delegacia Cidadã lotada no Núcleo da Infância e Psicólogo Sergio Artur Morgenstern Ferreira Filho (CRP-08/09308) Servidor Público do estado lotado no NUCRIA Curitiba desde 2008
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dados relativos a certa área de conhecimento (Psicologia, Engenharia, Medicina, etc.), com os quais o magistrado e os demais operadores não se encontram afetos.
Importante notar que o adequado funcionamento do Poder Judiciário não depende apenas de magistrados, defensores e fiscais da lei, exigindo ainda a existência de outras pessoas com especificidades diversas na sua atuação. Os auxiliares da Justiça são então todos aqueles que atuam no processo para implementar a prestação jurisdicional como, por exemplo, escrivão, oficial de justiça, peritos, entre outros.
Incumbe reconhecer desde logo que, mesmo diante do laudo técnico pericial, pode o magistrado decidir de forma contrária ao posicionamento do expert (princípio da livre apreciação da prova). Por certo, qualquer das partes não está adstrita ao laudo técnico, podendo também se insurgir contra o mesmo. Neste sentido, pode, por exemplo, o promotor de justiça insurgir-se contra o primeiro laudo técnico apresentado e requisitar novo laudo, e assim tantas quantas vezes entender necessárias.
Estado Brasileiro, desde a Carta Magna, expressamente concede ao cidadão o direito de acesso à Justiça. A partir disso, consiste em dever do Estado prestar a tutela jurisdicional.
Os peritos são auxiliares eventuais, ou seja, atuam apenas em certos processos que demandam sua intervenção. Cabe ao perito o papel de auxiliar técnico fornecendo ao magistrado e aos demais operadores do direito
Para melhor ilustrar, cito como exemplo a avaliação psicológica solicitada no caso Alexandre Nardoni, preso há 10 anos no presídio de Tremembé, no interior de São CONTATO 122 | 13
Paulo, pelo assassinato da filha Isabella. No segundo semestre do ano passado, a defesa de Alexandre pediu à Justiça paulista que o preso fosse beneficiado com a progressão para o regime semiaberto, e foi solicitado uma avaliação psicológica, que teve resultado favorável. A questão em comento está relacionada com o complemento do pedido. O representante do Ministério Público solicitou novo laudo técnico de Alexandre Nardoni; mais que isto, demandou que se utilizasse especificamente o teste de Rorschach. Eis o motivo de redigir o presente artigo, qual seja, expor a impertinência do pleito do parquet quanto à técnica a ser utilizada. A escolha do método adequado diz respeito à autonomia intrínseca à profissão da(o) Psicóloga(o), ainda e principalmente quando atuando como perita(o). É direito e dever do expert conceber o protocolo que julgar pertinente à demanda. Aceitar que o Ministério Público opte pelo instrumento técnico a ser utilizado pela(o) perita(o) Psicóloga(o) seria o mesmo que dar àquele o direito de dizer ao perito médico quais exames realizar, ou ao perito engenheiro que meios deve utilizar para conferir se uma obra foi realizada corretamente ou se há risco de queda, por exemplo. A autonomia profissional é pedra de toque da atuação dos mais diversos ramos da ciência. Neste aspecto, a ciência psicológica traz em seu bojo uma série de especificidades e bases para uma atuação ética e científica, sendo para esta necessária intensa dedicação, estudos e aprofundamento constante. Sabe-se que os testes psicológicos são instrumentos reconhecidos no sentido de trazer à baila dados quantitativos e qualitativos do sujeito avaliado. Entrementes, é comezinho da ciência psicológica que os 14 | CONTATO 122
dados levantados por um teste não devem em nenhuma hipótese ser considerados isoladamente. Em outras palavras, um teste psicológico é parte de um processo de avaliação composto por outros instrumentais. É dever da(o) perita(o) Psicóloga(o) definir todas as etapas de um processo de avaliação psicológica: inclusive de quais testes fará uso em cada caso. Essa definição depende de diversas variáveis, tais como: as características pessoais do sujeito avaliado, o objetivo da avaliação, as circunstâncias em que poderá ser realizada, o conhecimento do perito, o domínio da técnica por parte do expert, dentre outras. Assim, não resta bruma qualquer sobre um fato irrefutável: a(o) profissional habilitada(o) para delinear e realizar um processo de avaliação psicológica é a(o) Psicóloga(o), pois esta(e), enquanto perita(o), assume o encargo de realizar o exame técnico e apresentar laudo. No exercício de tal tarefa a(o) profissional utiliza-se de todo conhecimento adquirido ao longo de anos de estudos e prática, e escolhendo livremente o protocolo a ser adotado terá a segurança necessária para garantir o resultado mais fidedigno possível. Certamente o Ministério Público pode se manifestar sobre o laudo pericial, desde que o faça por meio de assistente técnico ou requisitando nova perícia. Mas, também é certo que não tem competência técnica o representante do Ministério Público para requisitar a técnica a ser utilizada. Diante do fato (progressão de regime de Alexandre Nardoni) o presente artigo traz à luz um debate acerca da autonomia profissional da(o) Psicóloga(o). Com a presente reflexão espera-se que cada profissional e a classe como um todo mantenha-se vigilante na garantia do mais amplo exercício da autonomia profissional.
VÁRIOS CAMINHOS:
A
Psicologia abarca muita diversidade. Não apenas por suas várias áreas de atuação, mas também pelas diferentes abordagens que a compõem e as mais variadas técnicas e ferramentas que estão ao alcance da(o) Psicóloga(o) para responder a uma determinada demanda. Escolher a ferramenta mais adequada e para a qual a(o) profissional está capacitada(o) é parte da autonomia profissional e deve ser uma decisão da(o) Psicóloga(o), uma vez que ela(e) responde também pelas consequências do exercício profissional. Além disto, podem existir questões intrínsecas ao caso atendido para as quais uma ou outra técnica ou abordagem possa se mostrar mais adequada, sem que isso signifique que uma é mais ou menos eficiente do que a outra. Ocorre também que algumas técnicas – seja pela divulgação constante na mídia ou seja por casos representativos de sucesso – acabam sendo incorporadas ao vocabulário leigo ou de outros profissionais de saúde e se tornam “sinônimos” de um atendimento de qualidade. Cabe divulgar, no entanto, que há muitas técnicas capazes de responder às demandas apresentadas em Psicologia, cada uma com seu método e com sua eficá-
cia, desde que a prática esteja regulamentada ou reconhecida pela profissão. Conheça a seguir algumas das técnicas e terapias utilizadas nas condutas para o tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA) relacionadas ao atendimento psicológico. As técnicas constam no material orientativo desenvolvido em 2018 pelo Comitê de Saúde Suplementar do Tribunal de Justiça do Paraná chamado Transtorno do Espectro Autista – Orientação Técnica para Terapias. Durante o desenvolvimento, Angela Sanson Zewe (CRP-08/06216), à época conselheira do Conselho Regional de Psicologia do Paraná, foi convidada e contribuiu com as reflexões acerca da importância do respeito à autonomia profissional.
NOTA TÉCNICA
O MESMO PONTO DE CHEGADA!
bit.ly/2RY8QBx
ABA
Aplied Behavior Analysis no inglês ou simplesmente Análise Aplicada do Comportamento é uma técnica aplicada por Psicólogas(os), geralmente aquelas(es) que têm como abordagem ou orientação teórica as Terapias Comportamentais ou Cognitivo-Comportamentais. É necessário também ter formação em ABA e realizar supervisão direcionada à técnica. CONTATO 122 | 15
PAD – Programa de Aprendizagem e Desenvolvimento O Programa de Aprendizagem e Desenvolvimento (PAD) foi desenvolvido pela equipe da Clínica Self em 2006, em parceria com o neuropediatra Dr. Sérgio Antoniuk. O processo envolve o atendimento inicial de 20 horas semanais, com equipe multidisciplinar, determinada conforme a necessidade da criança. O tempo de aplicação dos Programas é de uma hora diária, cinco dias por semana. Este tempo é dividido em 30 minutos de PAD e 30 minutos de estimulação. É importante que os atendimentos sejam realizados por uma Psicóloga ou um Psicólogo com formação na técnica. ESDM – Modelo Denver de Intervenção Precoce O Modelo Denver de Intervenção Precoce (ESDM) foi desenvolvido para oferecer resposta intensiva de intervenção precoce completa a crianças com Transtorno do Espectro Autista que tenham até 48 meses de idade. Este modelo tem como objetivo reduzir a severidade dos sintomas do autismo e acelerar o desenvolvimento em todos os domínios, em especial cognitivo, social, emocional e linguístico. O modelo também é baseado na Análise do Comportamento Aplicada (ABA) e deve sempre ser aplicado por profissionais Psicólogas(os) com formação na técnica. Ainda, é importante que a aplicação seja feita por terapeuta certificada(o) ou com a supervisão de profissional com esta qualificação.
Para saber mais
Terapia Cognitivo-Comportamental
Como não é possível esgotar todas as possibilidades de abordagens e técnicas em uma única reportagem, gostaríamos de perguntar: você, Psicóloga(o) que atua com o TEA, usa uma abordagem ou técnica diferente? Conte para a gente e ajude a ampliar futuras reportagens!
Essa é uma abordagem bastante difundida no atendimento ao TEA, que se baseia na identificação de pensamentos disfuncionais que eliciam comportamentos disfuncionais. Ela trabalha questões cognitivas (atenção, concentração, memória de trabalho, etc.) combinada com técnicas comportamentais (condicionamento, uso de reforçadores, extinção, modelagem, etc.). A intervenção para o TEA é contínua e adequada aos diferentes níveis de autismo no espectro, o que pode significar que seja diária por toda a vida.
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Teacch O método foi criado nos Estados Unidos com base teórica comportamental, com um método de ensino estruturado com base nas características de aprendizagem dos indivíduos com autismo, com o propósito de desenvolver a autonomia. Metodologia DIR/Floortime DIR é o modelo de Desenvolvimento, Diferenças Individuais e Relacionamento. Ele destaca o poder das relações e conexões emocionais para impulsionar o desenvolvimento. Já o Floortime é uma intervenção usada para promover esse desenvolvimento, usando os relacionamentos e as conexões para promover o engajamento, comunicação, comportamentos e pensamentos. Conheça também outra abordagens e técnicas que oferecem compreensões diferentes acerca do autismo: Psicanálise A psicanálise, abordagem fundada por Freud, tem uma compreensão própria acerca das questões relacionadas ao autismo. Nos últimos anos, muitos textos e conferências versaram sobre as possibilidades e resultados da análise ou da terapia de orientação psicanalítica para crianças e adolescentes. O atendimento, geralmente, é realizado em conjunto com intervenção multidisciplinar. A técnica parte do conceito de que o sintoma não é algo a ser combatido, mas sim uma linguagem do paciente que deve ser compreendida. Pré-terapia A Pré-terapia tem suas bases ligadas à Psicoterapia Centrada na Pessoa. Essa é uma teoria e metodologia que busca desenvolver e restaurar as funções da realidade, afetivas e de comunicação. Na base da terapia está a busca por restaurar o que Carl Rogers denominou como “contato psicológico”, possibilitando desenvolver “comportamentos de contato”.
Por Karla Losse Mendes
N
este ano, o Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR) passará por mais uma eleição para escolher as(os) profissionais que estarão à frente da instituição nos próximos três anos. Todas(os) as(os) Psicólogas(os) inscritas(os) na autarquia podem e devem participar da escolha das(os) conselheiras(os) que irão compor o próximo plenário. E não apenas dos gestores, mas também das diretrizes que irão orientar essa administração. O CRP-PR, como outros conselhos profissionais, tem a função de orientar, fiscalizar e disciplinar a categoria, como forma de proteger a sociedade garantindo serviços
de qualidade e de ampliar o reconhecimento social da profissão. Essas funções, no entanto, só podem ser realizadas pelas(os) próprias(os) Psicólogas(os). Por isso a participação é tão importante. Participação essa que não tem sido intensa. Nas eleições realizadas em 2013, por exemplo, de 12.965 eleitoras(es) apenas 3.942 votaram, o que representa cerca de 30% da categoria. No último pleito, o número de votantes avançou, mas ainda bem abaixo do esperado. Em 2016, foram contabilizados 6.606 votos válidos, 318 votos nulos e 224 votos em branco. O número representa a participação de 53% do total de 13.402
ELEIÇÕES 2019
MAIS PARTICIPAÇÃO, MAIS PSICOLOGIA
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profissionais ativas(os) à época. O voto é obrigatório, mas, mais que isso, a participação das(os) profissionais ajuda a tornar o CRP-PR cada vez mais plural e assertivo. Há também outros meios de participar do CRP-PR. As(Os) Psicólogas(os) podem comparecer às reuniões plenárias, podem participar das Comissões Temáticas (Especiais), como representantes de instâncias de Controle Social e nas assembleias e eventos convocados pelo CRP-PR. Há, também, um momento muito especial para a participação no processo que define as diretrizes para a Psicologia, tanto no Estado quanto nacionalmente. Este processo abrange reuniões locais chamadas de Pré-COREPs, uma reunião estadual – o COREP (Congresso Regional da Psicologia) – e, em nível nacional, o Congresso Nacional da Psicologia (CNP). Neste ano, o COREP
ocorre entre os dias 06 e 07 de abril em Curitiba e o CNP entre os dias 30 de maio e 02 de junho em Brasília-DF. Durante os Pré-COREPs as(os) profissionais fazem propostas acerca de ações que gostariam de ver realizadas pelos próximos gestores do Conselho, além de se elegerem delegadas(os) para a etapa estadual, na qual as propostas são analisadas e votadas para servirem de guia acerca das questões regionais e também enviadas ao CNP. Nesta etapa também são escolhidas(os) delegadas(os) para representar a categoria no Congresso realizado em Brasília. No CNP, as propostas de todo o país são reunidas e votadas, dando origem a um documento que irá nortear a próxima administração dos Conselhos Regionais e Federal de Psicologia. Veja a seguir os principais fatos das eleições 2019 no CRP-PR:
CRE A Comissão Regional Eleitoral foi determinada por assembleia extraordinária aberta a toda a categoria, realizada no dia 18 de janeiro na sede do CRP-PR em Curitiba. A Comissão será responsável por conduzir o processo eleitoral e será composta pelos seguintes membros Efetivos Rubens Marcondes Weber – presidente (CRP-08/04009) Carla do Socorro Rocha Natel (CRP-08/06793)
Para saber mais
Allef Degam Furtado (CRP-08/25975) Suplentes
Leia a íntegra do Edital da Comissão Regional Eleitoral publicado no site do CRP-PR. bit.ly/2BLS53e
Maria Helena Ventura Viggiano (CRP-08/24156) Eugênio Pereira de Paula Júnior(CRP-08/06099) Vanelise Masquetti Valerio Antoniassi (CRP-08/25684)
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Data das eleições Fique atenta(o)! As eleições ocorrerão entre os dias 23 e 27 de agosto. O voto é secreto, pessoal, intransferível e obrigatório.
Quem deve votar? São eleitoras e eleitores as Psicólogas e Psicólogos que estejam adimplentes com a tesouraria em relação aos exercícios anteriores, até a data das eleições, ainda que tenham parcelado débitos anteriores, bem como em pleno gozo de seus direitos.
Como votar? Os votos serão online, do dia 23 a 27 de agosto de 2019, por meio de dispositivo eletrônico de escolha da(o) Psicóloga(o), e no dia 27 de agosto de 2019, por meio de votação online nos locais de votação (Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel e Foz do Iguaçu).
É possível justificar?
Quem concorre?
As(Os) Psicólogas(os) que não votarem devem apresentar justificativa no prazo de 60 (sessenta) dias do dia da votação, sob pena de aplicação de multa no valor definido pela Assembleia das Políticas, da Administração e das Finanças (APAF).
Concorrem chapas completas compostas cada uma por 30 Psicólogas(os) – sendo 15 titulares e 15 suplentes –, inscritas(os) e habilitadas(os) ao pleito.
Até quando é possível inscrever a chapa? Como inscrever uma chapa? O pedido de inscrição será feito pela encabeçadora ou pelo encabeçador da chapa, representante do grupo, que anexará ao requerimento declaração, de cada candidata e candidato, de concordância da candidatura e de elegibilidade, conforme estabelecido pelos artigos 8° e 9° do Regimento Eleitoral.
A Comissão Regional Eleitoral (CRE) receberá os pedidos de inscrição de chapas a partir da data de publicação do edital até às 17h do dia 07 de abril de 2019, durante a realização do Congresso Regional de Psicologia, no próprio local do evento. Até o dia 05 de abril de 2019, as inscrições deverão ser entregues na secretaria do Conselho Regional de Psicologia do Paraná, de segunda a sexta-feira, no horário das 9h às 17h.
CONTATO 122 | 19
Caminhos da Psicologia no Brasil As chapas que desejam concorrer ao Conselho Federal de Psicologia devem ser compostas por 11 membros efetivas(os) e 11 suplentes, sendo 9 candidatas e candidatos aos cargos de conselheiras e conselheiros efetivas(os) e 9 candidatas e candidatos aos cargos de conselheiras e conselheiros suplentes, como disposto no Art. 3º da Lei nº 5.766/71; 2 candidatas e candidatos aos cargos de conselheiras e conselheiros convidadas(os) efetivas(os) e 2 candidatas
e candidatos aos cargos de conselheiras e conselheiros convidadas(os) suplentes do Conselho Federal de Psicologia. As candidatas e os candidatos não podem concorrer simultaneamente a cargo do Conselho Regional de Psicologia e do Conselho Federal de Psicologia, nem fi gurar em chapa regional como candidata e candidato ao Conselho Federal de Psicologia.
Ficou com dúvida? As questões relativas ao processo eleitoral podem ser enviadas pelo email eleitoral@crppr.org.br
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Todos cursos são destinados a Psicólogos. Todos os os cursos são destinados a Psicólogos. CRP 08-PJ/00215 CRP 08-PJ/00215
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CAPA
M
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exeu com uma, mexeu com todas”, frase que estampa camisetas e posts na internet, representa um movimento que vem crescendo muito nos últimos anos: a solidariedade entre mulheres. A criação
de uma comunidade em que as mulheres sejam unidas em prol de um objetivo em comum tem um nome que nem todo mundo conhece: sororidade, palavra de origem latina que vem de “soror” (irmã) e carrega em si o chamado por uma empatia feminina. CONTATO 122 | 21
Ser empática nesse contexto não significa gostar ou ser amiga, mas respeitar, sem julgar, e ajudar. É o que defende o livro “Vamos Juntas? O guia da sororidade para todas”, de Babi Souza, que incentiva mulheres sozinhas na rua a olharem para o lado e, quem sabe, seguir o caminho com outra mulher na mesma situação. O prefácio da obra, assinado pela filósofa e artista plástica Marcia Tiburi, diz que “todas as vezes na história em que as mulheres se uniram, o mundo mudou” e que a “conquista de si mesmas, da autonomia, da soberania é algo que se pode fazer com as outras”. Exercitar a sororidade pode ser algo simples, no dia a dia, ou mais complexo, como na escuta psicológica. Para a Psicóloga Gisele Aparecida de Araújo Meter (CRP08/18389), que faz aconselhamento psicológico para mulheres, a sororidade é essencial neste trabalho. “Acreditar nas mulheres é uma forma de ajudar. A sororidade é isso, é empoderar mulheres”, define. E empoderar mulheres é uma meta de vida para Gisele. Desde pequena, já ajudava sua irmã mais nova, e hoje se dedica a ensinar liderança e finanças para que elas possam chegar aonde quiserem em suas carreiras e possam ter independência. Gisele também conheceu por experiência própria a necessidade de pertencimento. Ela é mochileira, casada e mãe de dois filhos. Na última viagem, que durou 42 dias, foi criticada por outras mulheres por deixar as crianças 22 | CONTATO 122
com o marido, e encontrou em grupos a segurança para seguir seus planos. “É preciso buscar apoio em mulheres parecidas para se conhecer”, avalia. E ainda complementa: com uma categoria formada por maioria feminina, as Psicólogas estão começando a entender a importância de se unirem, e que isso é fundamental para o fortalecimento da profissão. Somos todas irmãs? A discussão sobre a sororidade ganha contornos mais complexos quando trazemos o debate sobre a intersecionalidade. A professora universitária norte-americana Kimberlé Crenshaw, defensora dos direitos civis, explica que cada mulher enfrenta múltiplos obstáculos em sua trajetória de vida e cunha o termo interseccionalidade. Problemas de justiça social como racismo, homofobia, transfobia, xenofobia, discriminação por deficiência, diferenças de classe e machismo se sobrepõem. Para trazer este conceito para o Brasil, podemos usar o exemplo da violência obstétrica, a que uma mulher negra é muito mais vulnerável. Segundo o Ministério da Saúde, na campanha “SUS sem Racismo” em 2014, 60% das vítimas de mortalidade materna no país são negras, e apenas 27% das mulheres negras tiveram acompanhamento durante o parto; entre mulheres brancas a porcentagem é de 46,2%. Deste conceito de Kimberlé saem diversas ideias debatidas por feministas que colocam em xeque a possibilidade de uma cumplicidade universal. Gênero, etnia e classe social se inter-relacionam gerando conflitos entre mulheres. Assim, uma mulher branca vai se unir a uma mulher negra da mesma forma que se uniria a uma branca? Uma mulher rica vai proteger uma pobre da mesma forma que protegeria uma igualmente rica? Uma mulher negra precisa ser empática com uma mulher branca racista? Um homem negro usufrui do patriarcado da mesma forma que um homem branco? Todos estes questionamentos, certamente, não possuem uma única resposta, uma vez
que diversos fatores perpassam as situações e mudam o resultado das ações. Mas, são importantes para pensarmos. Refletir sobre o quanto o conceito de sororidade e mesmo de feminismo podem estar excluindo qualquer mulher que não seja branca, heterossexual, cisgênero, de classes média ou alta, alinhadas aos padrões estéticos e sem deficiências. Podem estar, em última instância, apenas segregando ainda mais estas mulheres negras, lésbicas, pobres, deficientes, transgênero. A Psicologia escuta a sua dor Viver um relacionamento abusivo, sofrer assédio sexual no trabalho, pensar em ou fazer um aborto. Estes são alguns exemplos de questões levadas por mulheres aos consultórios psicológicos. No entanto, muitas mulheres ouvem, nos consultórios, críticas e julgamentos das(os) profissionais quanto aos seus comportamentos. Frases como “você está destruindo seu casamento” foram relatadas por pessoas que aqui não são identificadas para preservar o sigilo. Por isso mesmo, é importante ressaltar que não cabe à(ao) profissional de Psicologia julgar ou emitir qualquer tipo de opinião em relação às questões trazidas pela paciente, mas sim ouvir e auxiliar, de acordo com as técnicas e teorias de cada abordagem, para que ela elabore e construa um caminho para si própria. Lembrando que o Código de Ética Profissional do Psicólogo afirma, na alínea “b” do artigo 2º, que a(o) Psicóloga(o) não deve “induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais”, sendo que qualquer comportamento neste sentido deve ser denunciado ao Conselho Regional de Psicologia. A empatia entre mulheres tem aparecido mais nas falas dentro do atendimento psicológico clínico, tornando-se uma questão de trabalho no campo da terapia individual, segundo a Psicóloga Clínica Luzia Carmen de Oliveira (CRP-08/15038), que é mestre
em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná. O exemplo que ela dá são de mulheres que se sentem agredidas pessoalmente quando uma outra mulher sofre violência, principalmente quando se trata de alguém muito próximo. Porém, Luzia explica que é comum não saber exatamente como ajudar essa mulher que foi vítima. De um outro lado, a Psicóloga comenta que a mudança da subjetividade pode ser dificultada quando o sofrimento aflige o outro, porque, ainda que seja possível colocar-se no lugar do outro em várias situações, “também somos seres de disputa, competitivos e temos ainda uma cultura capitalista que estimula isso através do consumo, da estética, e em corporações que promovem a disputa entre colegas ao invés da cooperação”, argumenta. No contexto da terapia individual, questões relacionadas ao machismo enraizado na sociedade aparecem nas falas das pacientes. Nesses casos, Luzia busca seguir uma trajetória de desenvolvimento de uma percepção crítica da paciente em relação ao que lhe ocorre “de modo que ao conseguir se apropriar de seu sofrimento ela possa fazer outras escolhas ou assumir um posicionamento mais ativo diante dos atores de sua vida, visto que uma mulher que vive um contexto de abusos, gerado inclusive pela nossa cultura machista, pode ficar passiva e com medo de reagir ou se expor”. Para além do trabalho na clínica, a Psicóloga ressalta a importância de trabalhar o tema em diversos contextos, como familiar, escolar e organizacional, promovendo não só que a mulher se aproprie da liberdade de circular por onde queira, mas também que os demais possam respeitar isso e que mulheres possam ser mais ativas e solidárias umas com as outras, descontruindo o machismo presente na formação dos sujeitos. CONTATO 122 | 23
Projetos que unem mulheres Conhecer mulheres de outra cidade, Estado ou até país, unidas por objetivos comuns, ficou mais fácil com a internet. Os coletivos femininos ganharam mais fôlego com as redes sociais e hoje há diversos projetos que incentivam questões como a leitura de autoras, o combate à violência, o auxílio mútuo para reduzir riscos nas ruas e o empreendedorismo, entre muitos outros exemplos. Conheça alguns:
Leia Mulheres Projeto que começou em 2014, quando a escritora Joanna Walsh propôs a #readwomen2014 (leia mulheres 2014) e ganhou espaço a partir de 2015, quando as amigas Juliana Gomes, Juliana Leuenroth e Michelle Henriques começaram a fazer parcerias com editoras, livrarias e instituições para incentivar a leitura de autoras.
☛ www.leiamulheres.com.br Rede Mulher Empreendedora Com mais de 300 mil empreendedoras cadastradas, a Rede Mulher Empreendedora promove eventos de networking e cursos, disponibiliza espaço publicitário no site, faz indicações para fomentar o comércio entre mulheres donas de pequenos negócios e mantém um grupo de apoio com mais de 45 mil membros para promover a sororidade por meio de discussões e ajuda mútua.
☛ www.rme.net.br Mete a colher Contar que está em relacionamento abusivo e violento e sair desta situação pode ficar mais fácil com o apoio
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de outras mulheres. Esta é a ideia deste aplicativo, que conecta mulheres para ouvir e relatar situações de violência.
☛ www.meteacolher.org Vamos juntas? Além do livro, o “Vamos Juntas?” também convida mulheres pela internet a olhar para o lado e ir junto com outra mulher. A página no Facebook, que conta com mais de 300 mil curtidas, reúne relatos de mulheres que se sentiram mais seguras quando foram juntas. AzMina O portal AzMina traz diversas reportagens sobre questões ligadas ao feminismo em diferentes abordagens, como política, saúde, violência contra a mulher, finanças, esporte e maternidade, com o objetivo de "usar a informação para combater os diversos tipos de violência que atingem mulheres brasileiras". Além do jornalismo, o instituto realiza "consultorias, palestras e debates para aprofundar a discussão sobre os direitos da mulher".
☛ www.azmina.com.br
Por Ellen Nemitz e Jessica Brasil Skroch
PSICOLOGIA JURÍDICA
A CRIANÇA É O PAI DO HOMEM Por Sidney Shine (CRP-06/18950), Psicanalista e Psicólogo Judiciário no Tribunal de Justiça de São Paulo *Texto produzido por Sidney Shine a partir de sua fala no evento “Os filhos de Medeia - Interfaces da Psicologia e do Direito sobre alienação parental e guarda compartilhada”, realizado pela Comissão de Psicologia Jurídica do CRP-PR, OAB Londrina e IBDFAM em Londrina-PR no dia 07 de março de 2018.
A
s mudanças na lei sobre guarda de filhos têm sido uma fonte de demanda para as(os) Psicólogas(os) que atuam na interface da Psicologia com o Direito. O Código Civil de 2002 determinou que a guarda fosse atribuída àquele que apresentasse melhores condições para exercê-la, levando em consideração o grau
de parentesco e afetividade entre criança e guardião (Lei nº 10.406/2002). Ora, quem melhor que a(o) Psicóloga(o) para explicar ao Juiz de Família acerca dos afetos na família? Os pais normalmente não param para pensar sobre guarda de filhos; somente na iminência de se separarem ou quando isto CONTATO 122 | 25
causa problemas. Se a família mora sob o mesmo teto, a decisão de quem leva os filhos à escola, ao médico ou a atividades de lazer é tomada conjuntamente. Isto se chama, para o Direito, guarda compartilhada: os pais exercem seu poder familiar (dever dos pais de sustento, guarda e educação dos filhos menores) de forma colaborativa para o bem da família. Mas o que acontece quando os pais se separam? Segundo o IBGE (2012), predominou a guarda unilateral materna em 87,1% dos casos no Brasil. Em apenas 5,4% dos processos a guarda compartilhada foi determinada. Mas daí houve outra mudança na lei. A partir de 2014, se ambos os genitores estiverem aptos a exercê-la, será aplicada a guarda compartilhada, exceto se um dos pais declarar judicialmente que não pretende exercê-la (Lei nº13.058/2014). Portanto, independentemente de onde é a residência dos filhos (a casa em que passam a maior parte do tempo), o exercício dos deveres e responsabilidades deve continuar assunto de ambos os pais quando possuem a guarda compartilhada. O diferente disto é a guarda unilateral – apenas um dos genitores tem a prerrogativa de decidir sobre o que a criança deve fazer, cabendo ao outro genitor a visita e a supervisão. É claro que, na teoria, a guarda compartilhada seria o arranjo mais lógico e sensato, levando em conta que os cônjuges se separam, mas pais não se separam de seus filhos. Para os pais mais recalcitrantes que atendo, utilizo o “argumento hardcore”: "Você só vai se livrar de seu 'ex' se alguém morrer: ele, seu filho ou você!" Se, antes da separação, a mãe era quem levava ao médico, participava da reunião de pais e mestres e cuidava dos detalhes dos filhos, por que deveria “dividir” com o pai? “Ah! Não quer deixar o menino vir para minha casa? Não me deixa falar ao celular com ele? Proíbe de passear com ele nas férias e feriados? Isto é alienação parental, segundo meu advogado! Vou 26 | CONTATO 122
buscar meus direitos!” É desta forma que o conflito familiar pode se tornar um litígio processual nas Varas de Família e Sucessões. É atuando como Psicólogo Judiciário com tais famílias que realizo meu trabalho. Acolher, escutar as queixas, descobrir onde dói, compreender as mágoas, reconhecer os sentimentos de ser injustiçado, humilhado, provocado, controlado, odiado, rejeitado... e ao final, produzir um laudo psicológico que será usado pelo Juiz para dar sua sentença. Neste jogo de forças, novas armas são buscadas. A lei afirma que a guarda compartilhada será determinada se “ambos os genitores estiverem aptos a exercer a guarda”; mas, e se não for o caso? O que desqualificaria um pai ou uma mãe? Estar acometido de uma doença mental? Ser dependente químico? Ser negligente? Ser violento e abusivo? Enquanto Psicanalista e Psicólogo Judiciário a quem tais dúvidas são dirigidas, existe algo mais básico e importante a ser buscado. É comum que pais e profissionais justifiquem o que fazem em nome do amor às crianças: “para o melhor interesse do menor”. Sigmund Freud, ao inaugurar a prática psicanalítica, legou-nos um ensinamento básico: a infância está sempre presente no ser humano. Se no inconsciente não existe o “não”, e muito menos o limite do tempo, qual é a criança cujo melhor interesse cumpre resguardar? Para mim, é o infantil de cada um e de todos que está em jogo. O pai ressentido, a mãe magoada, o filho enciumado são todos membros da mesma família, nesta ciranda em que personagens e afetos circulam. Mas, todo cuidado é pouco. Contribuir para a distribuição da justiça, influindo na decisão judicial, é ser corresponsável pela sentença que muda vidas, pois altera residência, escola, tempo de convivência com entes queridos e, no limite, até a família a que se pertence!
PSICOLOGIA
NAS REDES
O
lá, leitor(a). Hoje a Comissão de Ética (COE) gostaria de conversar com você a respeito de “mídias sociais” e ética! As(Os) Psicólogas(os) têm usufruído das mídias e redes sociais para a divulgação do seu trabalho. Entendemos que esta ação contribui para a promoção da universalização do acesso da população às informações, ao conhecimento da ciência psicológica e aos serviços da profissão, conforme preconiza o Princípio Fundamental V do Código de Ética Profissional do Psicólogo (CEPP). A criatividade e inovação são aliadas importantes na elaboração de uma publicação de qualidade sobre os serviços e possibilidades de trabalho na Psicologia! É também por meio destas produções que levamos ao conhecimento da população a Psicologia como ciência e profissão. Mas, como tudo
na vida, também o uso desta criatividade e inovação tem limites que estão estabelecidos pelas normativas da nossa profissão. Nesse contexto, ressaltamos que, para a efetividade desta função de extrema importância que as redes sociais oferecem, é necessário que a(o) profissional tome alguns cuidados, tais como: divulgar seu nome completo e número de registro, fazer referências somente a títulos que possua, divulgar somente qualificações e atividades relativas a técnicas e práticas que estejam reconhecidas e regulamentadas pela profissão e não utilizar o preço do serviço como forma de propaganda. É preciso também ter atenção para que sua divulgação não seja entendida como previsão taxativa de resultados e/ou divulgação sensacionalista das atividades profissionais (itens que contrariam o artigo 20 do CEPP).
COLUNA ÉTICA
Por Comissão de Ética
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Na efetivação destas ações é importante também que a(o) Psicóloga(o) esteja atenta(o) para que a promoção da Psicologia e/ou de seu exercício profissional não seja realizada de forma a induzir pessoas e/ou organizações a recorrerem a seus serviços. Lembramos que todos estes pontos valem também para as manifestações realizadas por pessoas jurídicas nas mídias sociais! (artigo 57 da Resolução CFP nº 003/2007). A Psicologia é uma ciência de explícita e íntima conexão com a sociedade, na medida em que tem condições e instrumentos que possibilitam trabalhar e desenvolver as relações humanas. Neste sentido toda publicidade ou publicação em mídias sociais que possibilite a reflexão ou a ampliação de visões a respeito do ser humano e da vida contribui para a promoção de uma Psicologia mais crítica e efetiva naquilo a que se propõe.
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Um por todos e todos por um Há possibilidades de divulgarmos nossa profissão e contribuirmos para o desenvolvimento e reconhecimento social da Psicologia a partir da promoção de informações, técnicas e serviços sob uma perspectiva ética e coerente com as normativas da nossa profissão! Vale ressaltar que, embora muitas mídias sejam de uso pessoal, não podemos nos esquecer que a sociedade pode reconhecer tais manifestações como de cunho profissional. Isso quer dizer que, quando nos posicionamos em nossas redes pessoais, podemos ser reconhecidos como Psicólogas(os), e por isso este espaço também merece uma atenção especial! Esta reflexão diz também do nosso comprometimento com a categoria e nossas(os) colegas de profissão.
VIOLÊNCIA
CONTRA A
MULHER: Nota técnica do CFP pauta orientações quanto à notificação obrigatória e quebra do sigilo profissional
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Conselho Federal de Psicologia (CFP) no compromisso com a construção de uma sociedade brasileira marcada por maior equidade e menor violência para as mulheres publicou, em 2016, uma nota técnica com o objetivo de pautar orientações quanto à atuação profissional em casos de violência contra a mulher. A violência contra as mulheres é considerada pela Organização Mundial da Saúde como uma questão de saúde pública (OMS, 2005) e é definida como “qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como privado” (Convenção de Belém do Pará, 1994, artigo 1º). A notificação de todos os casos de violência contra a mulher atendidos pelos profissionais de saúde, Psicólogas(os) e outros, é obrigatória em território nacional, segundo a Lei Federal nº 10.778 de 24 de no-
ORIENTAÇÃO E FISCALIZAÇÃO
Por Comissão de Orientação e Fiscalização
vembro 2003, tanto em serviços de saúde públicos quanto privados. Para orientar as(os) Psicólogas(os) quanto às possíveis condutas nesses casos, é fundamental destacar as diferenças entre a notifi cação compulsória e a comunicação externa: NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA A notificação tem fins epidemiológicos e segue um processo interno dentro da saúde pública, servindo para a construção de perfis pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), os quais serão utilizados na construção de políticas públicas mais eficazes.
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Como a(o) profi ssional pode realizá-la? A ficha de notificação está disponível em todos os serviços de saúde pública e, no caso de atendimento particular, pode ser baixada do site do Ministério da Saúde e CONTATO 122 | 29
encaminhada para a vigilância epidemiológica de seu município. Devem ser notificadas todas as violências cometidas contra as mulheres: psicológica, física, sexual, moral e patrimonial. COMUNICAÇÃO EXTERNA A comunicação externa se constitui como denúncia e, diferentemente da notificação, é enviada para o exterior dos serviços de saúde e aciona a Polícia, a Justiça e o Ministério Público. A comunicação externa pode ocorrer com ou sem o consentimento da mulher vítima de violência. Com o consentimento é quando a mulher está impossibilitada de fazer a denúncia e assina um termo de autorização para que a(o) Psicóloga(o) faça a comunicação. A comunicação externa sem o consentimento da paciente configura quebra de sigilo profissional.
Para saber mais Os fatores indicativos de risco de feminicídio podem ser encontrados na nota técnica, no seguinte link:
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A nota técnica orienta que a comunicação externa deve ser feita em situações em que a vida da mulher corra sério risco ou ainda a de seus filhos ou de pessoas próximas. Nos demais casos, a(o) Psicóloga(o) deve trabalhar com a mulher, fortalecendo o seu protagonismo e oferecendo ferramentas para que ela tome decisões (CREPOP, 2013). O papel da(o) Psicóloga(o) deve se concentrar, assim, no acolhimento, orientação e fortalecimento da autonomia dessas mulheres, e somente em situações de extrema vulnerabilidade e risco de vida deve-se fazer a comunicação externa. Na rede pública, a comunicação poderá ser realizada pela instituição superior ou de referência (por exemplo, se a(o) Psicóloga(o) trabalha em um posto de saúde, a comunicação poderá ser realizada pelo hospital de referência). Tal conduta visa à proteção da(o) profissional. Orientamos que a(o) profissional se articule com os órgãos do Sistema de Justiça para que sua identificação não seja juntada ao procedimento, mas
arquivada em pasta sigilosa para não ser exposta(o) desnecessariamente a eventuais retaliações por parte do suposto agressor. A comunicação externa deve ser encaminhada para os órgãos da rede de proteção à mulher, como a Delegacia de Polícia, Ministério Público ou Poder Judiciário. Caso a vítima seja criança ou adolescente, também pode ser encaminhada ao Conselho Tutelar. Caso eventualmente algum órgão da rede se recuse a receber a comunicação externa, o fato deve ser comunicado ao Ministério Público Estadual (Constituição Federal, art. 129, inciso VII e Lei nº 11.340/2006, art. 26, inciso II). Caso o Ministério Público se recuse a receber a comunicação, o fato poderá ser levado ao conhecimento da Corregedoria deste órgão. A Comissão de Orientação e Fiscalização (COF) do CRP-PR destaca que a quebra de sigilo profissional é prevista no Código de Ética Profissional do Psicólogo, instituído pela Resolução CFP nº 10/2005, em seu artigo 10, que ampara a(o) profissional da Psicologia que porventura trabalhe ou venha a trabalhar em situações-limite de violência contra a mulher. Ressaltamos que não se trata de incorporar uma lógica policialesca, mas de reafirmar o compromisso social e ético da categoria na erradicação dos feminicídios no Brasil. Diante de casos de sério risco de feminicídio, a Nota do CFP reassegura a prerrogativa da quebra de sigilo profissional e realização de comunicação externa, bem como o acesso da(o) profissional aos serviços disponíveis na rede para dar suporte a esta mulher, tendo como propósito preservar e proteger sua vida. Nas demais situações de violência contra a mulher, poderá ser mantido o sigilo profissional, realizando-se somente a notificação compulsória, de caráter interno ao sistema de saúde e obrigatória em todo o país.
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m um ano, ao menos 65 mil mulheres morreram por complicações no parto, durante ou após a gestação ou em decorrência de abortos inseguros. O dado de 2013 é de um relatório do Governo Federal, corroborado por outros indicadores recentes. De acordo com o Ministério da Saúde, mais de um milhão de abortamentos induzidos ocorrem no Brasil por ano, tornando-se a quinta causa de morte materna no país (dados de 2011). Já a Pesquisa Nacional do Aborto, elaborada por alguns dos mais importantes pesquisadores do tema – Débora Diniz, Marcelo Medeiros e Alberto Madeiro – mostra que, aos 40 anos, quase uma em cada cinco mulheres realizou um aborto.
O volume de pessoas que perpassam esse tema é monumental e a atuação de Psicólogas(os) em várias frentes de trabalho irá, inevitavelmente, acolher mulheres que realizaram ou desejam realizar uma interrupção voluntária da gravidez. Diante disto, o plenário do Conselho Regional de Psicologia do Paraná produziu e aprovou, em dezembro de 2018, uma nota técnica de orientação às(aos) Psicólogas(os) acerca da atuação profissional ligada ao tema.
NOTA TÉCNICA
UMA QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA
Para saber mais Acesse a nota técnica na íntegra para saber mais sobre o tema.
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O documento, elaborado com colaboração do Assessor Técnico de Políticas Públicas do CRP-PR, César Rosario Fernandes (CRP08/16715), e da estagiária do setor, a estudanCONTATO 122 | 31
xas que integram o tema, com apresentação de dados e informações. Na segunda, uma pesquisa meticulosa apresenta as mais importantes leis, acordos internacionais, tratados e outros documentos legais que versam sobre a interrupção voluntária da gravidez. A nota técnica é finalizada com a orientação técnica para a categoria, com base no Código de Ética profissional.
te de Psicologia Gabriela Carvalho Teixeira, deixa nítida a importância de se abordar a questão como tema de saúde pública e a necessidade de qualificação para essa atuação. “Ainda que os direitos sexuais e reprodutivos sejam atravessados por questões religiosas e ideológicas, o CRP-PR leva em consideração os aspectos sociais, culturais, econômicos e jurídicos e sustenta suas orientações nos princípios da democracia, da laicidade, da promoção da igualdade de gênero e da dignidade da pessoa humana, bem como na Declaração Universal dos Direitos Humanos e nos Princípios Fundamentais do Código de Ética Profissional do Psicólogo (Resolução CFP nº 10/2005)”, explica o documento.
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“É fundamental que Psicólogas e Psicólogos possam contar com orientações acerca da intervenção profissional nos mais diversos contextos, por parte do Conselho profissional. A interrupção voluntária da gravidez é um fato e a Psicologia deve compreendê-la como um fenômeno de intervenção em saúde como qualquer outro, com atuação ética e tecnicamente responsável”, explica César Fernandes.
Por Departamento Administrativo-Financeiro
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a coluna passada, comentamos como o Portal da Transparência Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR) é considerado um dos mais completos do país. Nesta edição, gostaríamos de trazer mais algumas informações sobre os investimentos e ações do Conselho, possibilitadas pelo pagamento das anuidades realizado pelas(os) Psicólogas(os). Relembrando que o valor da anuidade paga pelas(os) profissionais é definido em conjunto com a categoria em assembleia. No CRP-PR, este não é o único momento no qual as(os) profissionais podem participar e decidir quais ações serão realizadas com os recursos pagos por todas(os) as(os) profissionais: ao longo de
ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS
TRANSPARÊNCIA NAS INFORMAÇÕES E NOS INVESTIMENTOS 2018, foi realizado um ciclo de reuniões chamado Planejamento Participativo. Os encontros para discutir o orçamento e ações percorreram o Estado para aproximar as(os) Psicólogas(os) do CRP-PR e possibilitar mais transparência e democracia para as atividades. Em outubro, a categoria profissional também acompanhou a prestação de contas do Conselho referente ao ano de 2017 e teve a oportunidade de discutir e estabelecer os valores da anuidade e das taxas para 2019. Conheça a seguir alguns dados apresentados durante a prestação de contas:
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Ações
Fiscalização
O CRP-PR conta atualmente com uma equipe técnica enxuta e adequada para executar com qualidade inúmeras iniciativas. A folha de pagamento e encargos representa cerca de 33% do total de despesas da instituição.
No ano de 2018 foram realizados 5500 atendimentos pela Comissão de Orientação e Fiscalização do CRP-PR. Os atendimentos abrangem não só orientações e convocações dos profissionais, mas o acolhimento de denúncias e a realização de inspeções. No ano, foram realizadas também 248 inspeções nos locais de atuação de profissionais de Psicologia.
Além disto, para cumprir suas funções, a autarquia conta com Psicólogas(os) que atuam de modo voluntário e sem receber salários: é o caso das(os) conselheiras(os), colaboradoras(es) das Comissões, representantes setoriais e representantes em instâncias de Controle Social, grupos que vêm crescendo. Ao todo, o número de Comissões Especiais (Temáticas) passou de 25 em 2016 para 51 em 2017 e 54 em 2018. O número de colaboradoras(es) aumentou 13% nos dois últimos anos. No Controle Social atuavam 89 colaboradores até o final de 2017, número que já subiu para 128 em 2018. As representações em atividades para as quais o CRP-PR é convidado também cresceu: de 107, em 2016, para 125 no ano posterior. A autarquia está também cada vez mais perto das(os) Psicólogas(os): agora são dez Representações Setoriais espalhadas pelo Paraná, com 26 representantes setoriais, que realizaram em 2017 89 atividades entre reuniões setoriais e outros eventos. Eventos e reuniões
Para saber mais Acompanhe as ações do CRP-PR no link:
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Em atenção ao Planejamento Estratégico da gestão, o CRP-PR também busca oferecer atividades com cunho de orientação às(aos) profissionais ou com foco em informar a sociedade acerca dos benefícios e importância da profissão. Em 2017 foram realizados 52 eventos, seis a mais que no ano anterior. O número de participantes nestes eventos, no entanto, cresceu signifi cativamente: saltou de 1.699 em 2016 para 3.696 pessoas em 2017. Foram realizadas também 30 reuniões plenárias, quatro delas contemplando as subsedes de Foz do Iguaçu, Maringá, Londrina e Cascavel, possibilitando acesso às reuniões a profissionais que residem longe da capital. No total, 942 pessoas estiveram presentes nas reuniões.
É importante ressaltar que o trabalho da COF é pautado prioritariamente pela orientação às(aos) profissionais e sua atuação tem foco em auxiliar as(aos) Psicólogas(os) a oferecer à sociedade serviços com qualidade e ética. Como participar das atividades promovidas pelo CRP-PR Apoiando e participando dos eventos organizados pela autarquia, colaborando com a fiscalização do CRP-PR, seja pela busca de orientação profissional ou pelo relato de ocorrências, colaborando com as Subsedes, Representações Setoriais e nos espaços de Controle Social, participando do planejamento orçamentário, do Congresso Regional da Psicologia e suas etapas preparatórias, das assembleias e das eleições. E, ainda: exercendo bem a profissão, com ética, competência técnica e responsabilidade social, independente da área de atuação. Acompanhe as ações Você sabia que também pode acompanhar as atividades do CRP-PR em notícias no site e nas redes sociais? As principais notícias são atualizadas em nossos perfis no Facebook, no Instagram (que também conta com lives sobre assuntos importantes relacionados à Psicologia) e no Twitter. Além disso, alguns eventos são transmitidos e disponibilizados posteriormente em nosso canal no Youtube. Todas as ações são relatadas no Portal da Transparência e anualmente a autarquia publica seu relatório de atividades, que concentra informações da área técnica e administrativo-financeira, no intuito de atender às normas e recomendações do Tribunal de Contas da União e dar visibilidade aos seus processos internos.
A tecnologia está revolucionando a saúde e o comportamento. Você está pronto?
A Universidade Positivo prepara você para um novo cenário. Cursos na área de Psicologia: CURITIBA: • Dependências Químicas: da Prevenção ao Tratamento • Psicanálise: uma Práxis Contemporânea • Psicologia do Esporte e da Atividade Física
Pós-Graduação
• Sexualidade Humana: Educação e Terapia LONDRINA: • Teoria da Psicanálise: Curso Fundamental de Freud a Lacan CONTATO 122 | 35
ELEIÇÕES 2019 Conselhos Regionais e Federal de Psicologia
2019 é ano de eleições no CRP-PR e no CFP. As ações para que os próximos três anos (2019 a 2021) sejam de crescimento para a Psicologia como ciência e profissão já começaram. Psicólogas(os) de todas as regiões do Paraná estão se reunindo nos Pré-COREPs para eleger diretrizes que nortearão as ações das chapas eleitas regional e nacionalmente. Participe deste processo. Exerça o seu direito democrático. Vote! Saiba mais sobre os Pré-COREPs, 10º COREP e 10º CNP, no link: crppr.org.br/corep-e-cnp