(-% (%ɠ3ɡ Dia da(o) Psicóloga(o) 2019 47-' 03+%ɠ3ɡ 2019
Apoio financeiro a eventos promove crescimento e fortalecimento da Psicologia
06 Redução de Danos
VII Congresso Internacional ABRAMD: A história, os desafios e o futuro da Redução de Danos
SUMÁRIO
05 Administração e Finanças
08 Controle Social
Políticas Públicas de saúde indígenas: contextos e desafios
11 Eleições CRPs e CFP 2019
Conheça as chapas que concorrem às eleições para o CRP-PR e suas propostas
16 Direitos Trabalhistas
Como a reforma da previdência vai mudar nossa relação com o trabalho e como a Psicologia pode nos ajudar?
20 Dia da(o) Psicóloga(o)
“A Psicologia da gente” é mote de campanha do Dia da(o) Psicóloga(o) 2019
21 Capa
A Psicologia transforma pessoas e as pessoas transformam o mundo
27 Percepção de Realidade Um olhar sob lentes distorcidas
31 Áreas de Atuação
Quando a gravidez não vem, a Psicologia precisa estar presente
33 Orientação e Fiscalização
O Guia de Orientação da COF e a autonomia e responsabilidade profissional
35 Coluna Ética
A ética desde a formação da(o) Psicóloga(o)
Conselho Regional de Psicologia - 8ª Região (CRP-PR) Produção: Revista Contato: Informativo Bimestral do Conselho Regional de Psicologia 8º Região (ISSN – 1808-2645) • Site: www.crppr.org.br Endereço (sede): Avenida São José, 699, Cristo Rei, Curitiba-PR | CEP 80050-350 • Contatos: (41) 3013-5766 | comunicacao08@crppr.org.br Tiragem: 20 mil exemplares • Impressão: Lunagraf • Jornalista responsável: Ellen Nemitz (17.589/RS) • Estagiária de jornalismo: Jessica Brasil Skroch • Redação: Ellen Nemitz e Karla Losse Mendes • Coordenadora da Comissão de Comunicação Social: Sandra Mosello • Revisão: Ellen Nemitz e Angelo Horst Diagramação: Josiane Tochetto • Ilustrações: Josiane Tochetto, Depositphotos (depositphotos.com) e Vecteezy (www.vecteezy.com) • Projeto gráfico: Agência Cupola Preço da assinatura anual (6 edições): R$ 30,00 OS ARTIGOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES, NÃO EXPRESSANDO NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DO CRP-PR
Diretoria: Psic. Ludiana Cardozo Rodrigues (CRP-08/14941) - Conselheira Presidente • Psic. Mariana de Oliveira Prochet (CRP-08/19198) - Conselheira Vice-presidente • Psic. Francisco Mario Pereira Mendes (CRP-08/01774) - Conselheiro-Teroureiro • Psic. Sandra Cristine Machado Mosello (CRP-08/18391) - Conselheira-Secretária.
Conselheiras e conselheiros: Adriane Wollmann, Angela Sanson Zewe, Camila Maia de Oliveira Borges Paraná, Celia Regina Cortellete, Debora Cruz Marinho, Deisy Maria Rodrigues Joppert, Elisa Mara Ribeiro da Silva, Erica Antunes Carlos, Frank da Silva Veiga, Gilberto Gaertner, Iara Lais Raittz Baratieri, Jane Biscaia Hartmann, Jane Margareth Moreira de Carvalho, Luciano Bugalski, Ludiana Cardozo Rodrigues, Mari Angela Calderari Oliveira, Maria Cristina Neiva de Carvalho, Maria Sezineide Cavalcante de Melo, Mariana de Oliveira Prochet, Nelson Fernandes Junior, Sandra Cristine Machado Mosello, Sandra Regina Fergutz dos Santos Batista, Semiramis Maria Amorim Vedovatto, Silvio Araujo Vailões, Suzana Maria Borges.
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EDITORIAL O que a preparação de viagens espaciais, o desenvolvimento de assistentes virtuais, o estudo dos hábitos de consumo e a compreensão da sexualidade humana têm em comum? A Psicologia. A matéria de capa desta edição faz um apanhado de possibilidades de atuação para mostrar que a Psicologia muda as pessoas, e as pessoas mudam o mundo. O texto faz parte da campanha “A Psicologia da Gente”, que marca o Dia da(o) Psicóloga(o) 2019. Fazemos também um convite: que tal repensarmos nossas certezas? Uma pesquisa do Instituto Ipsos procurou saber como está a nossa percepção de realidade diante de temas como migrações, violência e aquecimento global. O resultado indicou que muitas vezes sabemos muito pouco e vemos o mundo sob lentes distorcidas. A realidade parece muito incerta também quando o assunto é previdência. Uma reforma está para vir, mas com o vai e vem do jogo político é difícil prever quais exatamente serão as mudanças. Mas, para pensar nos impactos das transformações que vão acontecer – ou já estão acontecendo –, conversamos com três Psicólogas e descobrimos como a Psicologia pode nos ajudar a repensar o mundo do trabalho. A edição traz ainda informações da Comissão de Orientação e Fiscalização e da Comissão de Ética, além de uma importante reflexão sobre a população indígena e seus desafios. O CRP-PR esteve, pela primeira vez, no Acampamento Terra Livre, o maior fórum de discussão sobre direitos sociais e políticas públicas dos povos indígenas no Brasil, e a partir desta experiência faz uma retomada sobre as principais demandas destes povos, como demarcação de terras e atenção em saúde com um olhar voltado às especificidades étnicas.
Boa leitura!
APOIO FINANCEIRO A EVENTOS PROMOVE CRESCIMENTO E FORTALECIMENTO DA PSICOLOGIA
D
esde 2017, o Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRPPR) disponibiliza semestralmente editais de apoio a eventos técnicos ou científicos que favoreçam o crescimento e o fortalecimento da Psicologia como ciência e profissão. Mais de 160 mil reais já foram disponibilizados para compra de passagens aéreas ou terrestres, hospedagens ou impressão de material gráfico. Foram 13 eventos categorizados de acordo com a antiguidade – as primeiras edições recebem maior apoio. O objetivo do CRP-PR com esta iniciativa é fomentar a realização de atividades que desenvolvam, consolidem e valorizem a Psicologia, mostrando para a sociedade a relevância de suas atividades técnico-profissionais. Além disso, estes eventos são importantes espaços de troca de conhecimento e integração entre as(os) profissionais. O Psicólogo e Professor Fábio José Orsini Lopes (CRP-08/09877) promoveu, em março de 2019, um evento na Universidade Estadual de Maringá (UEM) que contou com o apoio do CRP-PR. Ele destaca a importância dos recursos, sem os quais o simpósio “A Atenção Psicossocial e a lógica da Redução de Danos: desafios e perspectivas em tempos de retrocessos” não teria acontecido. “Foi imprescindível a participação e o apoio do Conselho Regional de Psicologia para viabilizar um evento que tratou da atenção ao
usuário de álcool e outras drogas, especialmente num momento em que políticas públicas estão sendo desmontadas e atacadas”, avalia. Fábio pontua ainda que as parcerias com as universidades são de extrema importância: “Essas chamadas públicas são fundamentais e cada vez mais importantes para os eventos de natureza acadêmica e científica”. Com a contrapartida da divulgação da logomarca do CRP-PR nos materiais do evento, também a instituição se torna mais presente e reconhecida na sociedade, ampliando o conhecimento geral sobre suas ações. E, ao disponibilizar recursos de forma aberta, com isonomia de condições a qualquer pessoa interessada que cumpra determinados critérios, estabelece-se uma relação de transparência com a categoria e com a sociedade – os dados das Chamadas Públicas são disponibilizados pelo CRP-PR em seu Portal da Transparência.
Em 2017
UMA proposta
disponibilizados
repassados
R$ 21.000,00
Em 2018
R$ 4.000,00
R$ 24.000,00
Em 2019
DEZ propostas
R$ 70.000,00
disponibilizados
bit.ly/2MbYmfY
SEIS propostas
R$ 70.000,00
disponibilizados
ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS
Por Departamento Administrativo-Financeiro
repassados
R$ 38.000,00 repassados
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A história, os desafios e o REDUÇÃO DE DANOS
futuro da Redução de Danos
E
ntre 05 e 08 de junho, Curitiba foi palco do debate sobre a Redução de Danos, estratégia de cuidado que deixou de ser parte da Política de Drogas no Brasil e que foca na autonomia e cuidado dos sujeitos. O VII Congresso Internacional Abramd, realizado com o apoio do Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR), reuniu pesquisadores e especialistas, além de redutores de danos, pessoas em situação de rua, jovens negras e negros, usuárias(os), entre outros protagonistas deste debate. Carl Hart, professor de neuropsicofarmacologia da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, fez a conferência de abertura e defendeu que a proibição do uso e da venda de drogas criminaliza a população negra, gerando encarceramento e mortes. Os dados brasileiros corroboram: enquanto
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53% da população é negra, a população carcerária é 67% composta por pessoas negras, de acordo com o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen) de 2016. Além disso, mais de 75% das vidas perdidas de forma violenta são negras, segundo o Atlas da Violência, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Hart, que desenvolveu diversas pesquisas sobre o uso e o efeito das drogas, afirma que as evidências científicas indicam que drogas como cocaína e maconha trazem riscos para a saúde muito inferiores que os apontados pela propaganda antidrogas. Um dos mitos está relacionado ao vício: apenas 25% dos usuários possuem uma relação problemática, ou seja, têm suas relações sociais e de trabalho prejudicadas, por exemplo.
A propagação destes mitos, segundo ele, encontra guarida nos interesses políticos – Hart citou a censura à pesquisa que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) realizou em 2016 e que indica não haver no país uma “epidemia de drogas”: menos de 10% da população usou drogas ilícitas em algum momento da vida, sendo que o crack foi consumido por menos de 1% das pessoas. Já o álcool, uma droga lícita, foi experimentado pelo menos uma vez por 66,4% dos brasileiros, segundo dados da pesquisa divulgados pelo portal The Intercept Brasil. “As razões para o racismo e os problemas que temos na sociedade são maiores que as drogas. O racismo não vai desaparecer ao legalizar as drogas, mas será uma ferramenta a menos para a discriminação”, afirmou em entrevista exclusiva concedida à Revista Contato. Legalizar permite a regulamentação das substâncias e de sua qualidade. Ao regular locais de produção, venda e consumo, os riscos à saúde diminuem e o acesso a tratamentos, quando necessário, aumenta. A legalização também reduz a violência e o encarceramento e aumenta a arrecadação de impostos. Além disso, países com legislações mais progressistas registraram diminuição no consumo, segundo o conferencista. "A ideia de que vamos ter índices de uso fora do controle devido à legalização não é baseada em evidências”, afirmou. O pesquisador lembra que o uso de drogas em si não é um problema, e que a educação na mídia e nas escolas é o caminho para evitar usos problemáticos: “O ideal é promover a mesma educação que se faz com o álcool, por exemplo. Quando você vê alguém bebendo em um programa de televisão, é em condições específi cas. [Nas escolas] precisamos fazer um melhor trabalho com quem está ensinando sobre drogas. Policiais não podem mais ensinar sobre drogas, mas sim aqueles que possuem conhecimento sobre Farmacologia ou Psicologia, por exemplo”.
A despeito de todas as discussões, o que vemos no Brasil – e nos Estados Unidos, país de Carl Hart – são retrocessos. “Estamos voltando ao passado em parte por conta do medo que as pessoas brancas têm de perder algo para pessoas que não se parecem com elas. Os governos dos nossos países tranquilizam a população de que as coisas não vão mudar”, analisou. E, nestes tempos de guerra às drogas cada vez mais intensas, Carl Hart deixa um conselho às(aos) Psicólogas(os) paranaenses: “Ajam como Psicólogos, focando em comportamento [dos sujeitos] e não em drogas”. Pesquisas viram caso de polícia? O fechamento do Congresso fi cou a cargo de um dos maiores pesquisadores na área de drogas na atualidade: Elisaldo Carlini, diretor do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que também falou com exclusividade com a Revista Contato. Carlini, aos 89 anos, ainda se mantém ativo na vida acadêmica e se orgulha de ter publicado cerca de 50 trabalhos no exterior e de ser citado em mais de 10 mil referências bibliográfi cas. Seus estudos trouxeram avanços no entendimento sobre os princípios ativos e os benefícios medicinais da maconha: “Nossos trabalhos não demonstraram um efeito tóxico, causador de mortes, perda de memória, esquizofrenia, entre outros, como se diz”. O pesquisador alerta que as políticas de drogas são retrógradas e não incentivam as pesquisas, citando o caso de um pesquisador que foi preso por fazer estudos com a maconha no Paraná e a sua própria condução a depoimento policial em 2018 – pela promoção do “5º Simpósio Internacional Maconha - Outros Saberes”, em maio daquele ano, as autoridades brasileiras entenderam que havia indícios de “apologia ao crime”, mas o inquérito segue aberto sem conclusão.
Por Ellen Nemitz
Para saber mais Confira a cobertura do evento e as imagens no site do CRP-PR:
www.crppr.org.br/abramd
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Políticas Públicas de saúde indígenas: contextos e desafios CONTROLE SOCIAL
Por Assessoria Técnica em Políticas Públicas
O
s desafios enfrentados pelos povos tradicionais do Brasil são enormes. No caso das comunidades indígenas, são consequência direta da história de exploração colonial do país. Desde o início deste processo até a década de 1970 houve um processo de extermínio da população indígena brasileira, que passou de um número estimado de 5 milhões de pessoas para menos de um milhão nos dias de hoje, conforme dados do Relatório Especial da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas, de 2016. Este processo etnocida está intimamente ligado à histórica perda de territórios em conflitos fundiários com proprietários rurais, madeireiros, garimpeiros e latifundiários. Segundo o Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 900 mil pessoas se autoidentificam indígenas no país. Existem aproximadamente 305 etnias, falando cerca de 274 línguas diferentes. Há grupos populosos, como os Guarani (Mbyá, Ñandeva, Kaiowá), Ticuna, Yanomami, Mundurucu, Xavante, Guajajara e Kaingang, vivendo em diferentes regiões do Brasil, assim como há etnias indígenas em vias de extinção, com poucos representantes, além de alguns grupos indígenas isolados ou de contato recente. Esta população, em
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sua grande maioria, vem enfrentando uma acelerada e complexa transformação social, necessitando buscar novas respostas para a sua sobrevivência física e cultural. Esta diversidade cultural consiste em uma das maiores riquezas do país, e é um grande desafio para a elaboração e implementação de políticas públicas específicas e diferenciadas. A posse permanente das terras indígenas é garantida pela Constituição Brasileira de 1988, que reconhece as especificidades étnicas e culturais dos povos indígenas, bem como estabelece seus direitos sociais. Ao reconhecer a cidadania e autonomia dos povos da floresta, a Constituição rompe com a tutela e a perspectiva integracionista que caracterizava o contexto jurídico-político do Estado até o fim da década de 80. Substitui, assim, o modelo político pautado nas noções assistencialistas por um modelo que afirma a pluralidade étnica como direito e estabelece relações protetoras e promotoras de direitos entre o Estado e comunidades indígenas brasileiras. Nesse contexto, inaugurou-se um novo marco constitucional que impôs ao Estado o dever de demarcar as terras indígenas, ou seja, garantir a estas comunidades o direito
de autogestão de suas vidas nos seus territórios. Dessa forma, são garantidos o respeito à sua organização social, costumes, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, protegê-las e fazer respeitar todos os seus bens. Atualmente, compete à FUNAI (Fundação Nacional do Índio) a proteção de 645 terras indígenas distribuídas por todo o território brasileiro. O órgão deve coordenar a política indigenista do Estado brasileiro, bem como proteger e promover os direitos, em especial à terra, à preservação do meio ambiente e à promoção do desenvolvimento sustentável, que impactam nos determinantes do processo saúde-doença e na qualidade de vida desses povos. Saúde e território Nas culturas indígenas, a terra não pertence aos homens e mulheres: eles é que pertencem à terra. A partir dessa compreensão de território, a impossibilidade de ter o pleno domínio de suas terras – fruto da não demarcação de territórios indígenas por parte do Governo Federal – conduz à destruição dos afetos e sentimentos de pertença, levando
a um possível colapso ecológico, espiritual e identitário das comunidades indígenas. A preservação da natureza é, portanto, fator constitutivo da subjetividade e das condições de saúde mental do povo indígena. Essa mesma Constituição define, ainda, a saúde como direito de todos e dever do Estado, consolidando os princípios para a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), vinculada ao Ministério da Saúde, é responsável por coordenar e executar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas no Sistema Único de Saúde (SUS). Possui como competência a promoção da saúde dos povos indígenas, considerando as especificidades culturais, o perfil epidemiológico e a condição sanitária de cada comunidade. A Saúde Indígena propõe a estruturação de um modelo diferenciado de atenção à saúde, baseado na estratégia de execução pelos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), que se configuram em uma rede de serviços presente nestes territórios. Esta forma de organização não necessariamente se vincula às territorializações de serviços municipais de saúde e expressam o compromisso do Estado em garantir aos povos inCONTATO 124 | 9
dígenas os direitos preconizados pelo SUS, como o acesso universal e integral à saúde. Além disso, prevê mecanismos de participação das populações indígenas em todas as etapas do processo de planejamento, execução e avaliação das ações em saúde, como uma forma de reforçar a autodeterminação desses povos. Também prevê a contratação de técnicos de saúde, preferencialmente indígenas, para que as comunidades se identifiquem e vinculem aos serviços de saúde oferecidos. A Psicologia e a Saúde Mental indígena No contexto da Saúde Indígena, a Psicologia tem um importante papel na construção de tecnologias críticas de cuidado e assistência em saúde, em conjunto com os saberes tradicionais deste segmento social. A partir da construção de uma plataforma de escuta que leve em consideração os modos de vida e produção social, as tradições, as crenças e concepções de mundo, a Psicologia pode ser um instrumento que auxilia na autodeterminação dos povos indígenas e não no aprofundamento de sua colonização. Ao promover espaços de circulação de afetos e expressão de subjetividades, de afirmação de identidades e de rompimento com estigmatizações e lugares sociais historicamente atribuídos a estas comunidades, a Psicologia atende aos Princípios Fundamentais do Código de Ética Profissional do Psicólogo e constrói uma prática democrática, pluricultural e multiétnica. Acampamento Terra Livre 2019 Mais de 4 mil lideranças de povos e organizações indígenas de todas as regiões do Brasil reuniram-se em Brasília de 24 a 26 de abril deste ano. Representantes de 305 etnias encontraram-se durante o XV Acampamento Terra Livre (ATL), o maior fórum de discussão sobre direitos sociais e políticas públicas dos povos indígenas no Brasil, denunciando propostas de retrocesso na política indígena brasileira. Entre as principais reivindicações eestava a revogação da Medida Provisória nº 870/2019 e de qualquer outra iniciativa que retire a FUNAI do Ministério da Justiça para 10 | CONTATO 124
integrá-la ao Ministério da Agricultura, o que prejudica a demarcação de terras indígenas, uma vez que os principais responsáveis pelos conflitos fundiários encontram guarida justamente neste Ministério. Outra preocupação apresentada pelo movimento é a tentativa de municipalização da Saúde Indígena, já que o processo pode resultar na desresponsabilização de garantia de políticas públicas tanto pelo Ministério da Saúde quanto pelos municípios. Além disso, a política pública indígena pode ser descaracterizada nas especificidades de cada etnia. Esses povos reivindicam, ainda, a demarcação de todas as terras indígenas conforme determina a Constituição brasileira. A demarcação dos territórios é fundamental para garantir a reprodução física e cultural dos povos indígenas, além de sua saúde física e mental, ao mesmo tempo que é estratégica para a conservação do meio ambiente e da biodiversidade. Ainda, lutam para que a FUNAI e todas as suas atribuições sejam vinculadas ao Ministério da Justiça, com a dotação orçamentária e equipe necessárias para o cumprimento de sua missão institucional de demarcar e proteger as terras indígenas e assegurar a promoção dos direitos desse povo. O CRP-PR participou pela primeira vez do Acampamento Terra Livre, através da representação de sua Assessoria Técnica em Políticas Públicas. Ao participar de rodas de conversa, audiências públicas e atividades culturais, aprofundou-se a compreensão sobre as contribuições dos povos indígenas no processo de descolonização da própria ciência e prática psicológicas. Neste sentido, se a saúde – especialmente as condições de saúde mental – nas comunidades indígenas é determinada diretamente pelas suas condições de vida e acesso ao território, parece evidente que a Psicologia deva posicionar-se pela demarcação destas terras e autodeterminação de suas comunidades. É, sem sombra de dúvidas, um passo adiante na garantia de direitos sociais e humanos para os povos originários – fundamento de nossa história e de quem somos.
E
stá aberto desde abril o processo eleitoral para a escolha da gestão que conduzirá as ações do Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRPPR) entre setembro de 2019 e agosto de 2022. Há duas chapas concorrendo aos votos das(os) Psicólogas(os) em agosto: “Diálogo: em Defesa da Psicologia (11)” e “Força e Inovação (12)”. Na última edição da Revista Contato (maio/ junho) você já conheceu a composição das duas chapas. Agora, nas próximas páginas poderá saber mais sobre as propostas que cada grupo tem para a Psicologia paranaense. Não deixe de ler este material e também os informativos eletrônicos que estão sendo enviados mensalmente por e-mail com informações fornecidas pelas próprias chapas para ajudar você a decidir seu voto. Caso queira ver todo o conteúdo, acesse www.crppr.org.br/eleicoes-2019. O debate presencial, com transmissão online, será realizado na Sede do CRP-PR, em Curitiba, no dia 24 de julho, a partir das 19h. O que você precisa saber para votar? Após analisar as propostas de cada chapa, todas(os) as(os) Psicólogas(os) podem votar, desde que estejam adimplentes com a tesouraria em relação aos exercícios anteriores, até a data das eleições, ainda que tenham parcelado débitos anteriores. O voto é secreto, pessoal, intransferível e obrigatório e será realizado exclusivamente via web, mesmo que nos postos de votação.
Eleições CRPs e CFP 2019
CONHEÇA AS CHAPAS QUE CONCORREM ÀS ELEIÇÕES PARA O CRP-PR E SUAS PROPOSTAS Se você optar por registrar seu voto de qualquer computador, deve se certificar de que seus dados cadastrais estão atualizados, já que receberá uma senha para acessar o sistema entre 8 horas do dia 23 de agosto de 2019 até as 17 horas do dia 27 de agosto de 2019. Já se você preferir votar nos postos de votação deve se dirigir a um dos endereços abaixo entre 8 e 17 horas do dia 27 de agosto de 2019. - Sede do CRP-PR: Av. São José, 699, Cristo Rei, Curitiba-PR; - Subsede de Londrina: Av. Ayrton Senna da Silva, 550, sala 1101, Torre Montello, Gleba Fazenda Palhano, Londrina-PR; - Subsede de Maringá: Av. Duque de Caxias, 882 ou 856, Torre II, sala 905, Ed. New Tower Plaza, Zona 01, Maringá-PR; - Subsede de Cascavel: Rua Visconde do Rio Branco, 2532, Cascavel-PR; - Subsede de Foz do Iguaçu: Av. Pedro Basso, 472, sala 103, Edifício Caesar Tower, Polo Centro, Foz do Iguaçu-PR. É possível justificar? As(Os) Psicólogas(os) que não votarem devem apresentar justificativa no prazo de 60 (sessenta) dias do dia da votação, sob pena de aplicação de multa no valor definido pela Assembleia das Políticas, da Administração e das Finanças (APAF).
Para saber mais O Regimento Eleitoral (Resolução CFP nº 016/2018) encontra-se à disposição dos interessados no site do Conselho Federal de Psicologia (www.cfp.org. br), no site do Conselho Regional de Psicologia do Paraná (www.crppr.org.br) ou pelo e-mail eleitoral@ crppr.org.br. CHAPAS CFP As(Os) Psicólogas(os) também devem escolher, em agosto, a próxima gestão do Conselho Federal de Psicologia. Cinco chapas concorrem: Frente em Defesa da Psicologia Brasileira (21); Fortalecer a Profissão (22); Renovação da Psicologia (23); Movimento Psicólogos em Ação (24); e Avançar a Profissão no Brasil (25). Conheças as composições e as propostas em www. eleicoespsicologia.org.br.
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䐀䤀섀䰀伀䜀伀㨀 攀洀 搀攀昀攀猀愀 搀愀 倀猀椀挀漀氀漀最椀愀
CHAPA 11
昀愀挀攀戀漀漀欀⸀挀漀洀⼀琀攀洀瀀漀搀攀搀椀愀氀漀最漀 椀渀猀琀愀最爀愀洀⸀挀漀洀⼀搀椀愀氀漀最漀瀀猀椀
PRECISAMOS DEFENDER A PSICOLOGIA, E O DIÁLOGO É O CAMINHO! A
história da Psicologia demonstra significativos avanços da profissão, especialmente em seu comprometimento com as transformações sociais num país tão desigual.
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Nas últimas décadas, vimos a consolidação de um campo científico-profissional voltado às questões sociais. Avançamos nas Políticas Públicas (Saúde, Assistência Social, Habitação e outras), no Trabalho,
na Educação, na Mobilidade Urbana, no Trânsito, no Meio Ambiente, no Esporte, na Justiça, na Diversidade e na Clínica, em suas várias possibilidades, com práticas de defesa e de promoção de direitos. Apesar das conquistas, ainda são grandes os desafios da profissão e da formação. Mesmo na conjuntura atual definida pelo retrocesso, responsável por tanto adoecimento e que faz emergir um campo conservador que coloca em xeque o seu papel revolucionário, seguimos seguras/os de que a Psicologia tem muito a contribuir para a transformação social. Hoje, há grupos (dentro e fora de nossa profissão) expressando propostas que isentam o Estado de responsabilidade na superação das desigualdades sociais, culpabilizando famílias e indivíduos por sua condição; que invertem a lógica do Estado laico e subvertem a compreensão da liberdade de crença, tentando confundir Psicologia com religião; que defendem um campo estritamente tecnicista e desconsideram que somos seres políticos, ou seja, não reconhecem os sujeitos em sua integralidade. Grupos com caráter fundamentalista e óbvios interesses econômicos vêm se articulando no congresso federal para minar conquistas históricas, como a luta antimanicomial. Além de corrermos o risco do retorno dos hospitais psiquiátricos; o aumento de investimento nas comunidades terapêuticas, o atual governo coloca em risco avanços alcançados via SUS e RAPS (Rede de Atenção Psicossocial). Ainda sob a mira da ganância, nossa profissão foi recentemente violada pela arbitrariedade de uma judicialização que ansiava lucrar com “terapias de reversão sexual”, na contramão da ciência mundial e do Código de Ética da Psicologia no Brasil. Felizmente, tal retrocesso foi derrubado pelo STF. Mas até quando? Quantas artimanhas ainda estão a caminho, para se faturar e se travestir de ciência a opressão sobre a diversidade humana?
Este movimento neoconservador, permeado por valores retrógrados, orienta ações de controle e dominação dos sujeitos. Sob esta perspectiva, a atuação profissional, descolada da realidade social, promove a naturalização das desigualdades. O exercício profissional pautado pelo método autoritário, promove a intensificação das violências sociais. Não é possível negar que projetos distintos disputam os espaços de representação da Psicologia. Assim, cabe dizer que para nós é imprescindível defender uma Psicologia transformadora, tanto quanto reafirmar sua importância frente às demandas sociais. Ainda mais, nos implicarmos na defesa intransigente dos direitos humanos, denunciando o caráter opressor das relações desiguais a partir de uma análise crítica da realidade. Para que a Psicologia seja, de fato, transformadora, é preciso uma práxis profissional pautada pelo compromisso ético-político, compreendendo e enfrentando as estruturas sociais que tecem ações repressivas e discriminatórias. Para encarar esse desafio, compusemos a chapa Diálogo: em Defesa da Psicologia, buscando abarcar a pluralidade de referenciais epistemológicos, a diversidade entre as/os componentes e os campos profissionais e a representatividade nas regiões do Paraná, respeitando as construções dos grupos locais. Estamos pautadas/os por princípios democráticos, participativos, laicos e de diversidade, demarcando a Psicologia que defendemos. Para que possamos juntas/os defender a Psicologia e avançar na transformação social, venha dialogar com a gente! Saiba mais sobre o movimento e entre em contato conosco pelo email 11@dialogopsi.org ou pelas redes sociais facebook.com/tempodedialogo e instagram.com/dialogopsi11.
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CHAPA 12
Chapa Força e InovAção 12 Somos nós, somos você, somos + Psicologia
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Grupo Força e InovAção apresenta sua candidatura para a eleição do Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRPPR) por acreditar que é preciso dar continuidade a um efetivo trabalho inicia-
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do pela atual gestão, fortalecendo ações que já estão em curso. Mas, também, é preciso ampliar e avançar, buscando novas atuações e realizações, de forma comprometida com as demandas atuais da profissão e da sociedade.
A candidatura do grupo pauta-se em alguns princípios basilares: i) o Conselho deve integrar todo o estado do Paraná, por meio de ações articuladas em todas as regiões; ii) o Conselho deve construir espaços democráticos que garantam a representação da diversidade e pluralidade dos distintos campos de atuação e áreas da Psicologia; iii) o Conselho deve trabalhar em prol da valorização do exercício profissional da(o) psicóloga(o); iv) o conselho deve agir com sustentação no compromisso social da Psicologia, atuando para a garantia dos Direitos Humanos e das Políticas Públicas Sociais. O Grupo Força e InovAção é formado por profi ssionais de diversas gerações, por meio dessa composição plural, pretende-se unir a força da história e a inovação necessária para atender às demandas contemporâneas da categoria, da profi ssão e da sociedade. Compõem o grupo psicólogas(os) de diferentes áreas de atuação, como: Jurídica, Assistência Social, Clínica, Direitos Humanos, Esporte, Orientação Profi ssional, Trânsito, Educação, Organizacional e Trabalho, Saúde, Neuropsicologia, Políticas Públicas, Avaliação Psicológica. Essa diversidade de composição visa à representação efetiva das(os) profi ssionais que atuam nas diversas áreas da Psicologia, respeitando a pluralidade e diversidade da ciência e da profi ssão. Para isso, apresenta-se o compromisso de manutenção das comissões temáticas para cada área, realização de eventos que atendam a essa diversidade, busca pela valorização da atuação da Psicologia nos mais diversos contextos e abertura para discussão das áreas emergentes. Fazem parte do grupo psicólogas(os) de diversas regiões do estado, portanto busca-se que as ações do Conselho sejam integradas, mas também regionalizadas, compreendendo que cada região tem suas demandas específicas. A gestão do CRPPR deve assumir compromisso com todas(os) as(os) psicólogas(os) do estado, levando
em conta a singularidade de sua atuação e realidade. Dessa forma, propõe-se a criação de uma comissão de integração, para que, junto com as subsedes, representações setoriais e núcleos de descentralização, as ações possam ser mais efetivas em todas as regiões. O grupo é comprometido com o desenvolvimento da Psicologia enquanto profissão e ciência, por isso defende a aproximação entre o CRPPR e as instituições de ensino superior, professoras(es) e estudantes de Psicologia. Para o grupo, a valorização do exercício profissional deve ser uma pauta prioritária, para tanto é preciso: realizar ações de orientação da categoria; debater questões técnicas e éticas da prática profissional; defender melhores condições de trabalho para as(os) profissionais; e trabalhar para que as relações de trabalho respeitem a autonomia profissional. Outro eixo orientador do trabalho do Grupo Força e InovAção é o compromisso social da Psicologia, o que signifi ca dizer que a atuação da(o) psicóloga(o) deve ser pautado em um agir técnico, científi co e ético, conectado com as demandas sociais. O compromisso social da Psicologia está relacionado à garantia, defesa e proteção de direitos humanos, independentemente das agendas político-partidárias e de crenças pessoais. Está relacionado a promover saúde e qualidade de vida para todas as pessoas, somando forças para um mundo sem sofrimento e sem violação de direitos humanos.
VAMOS JUNTAS(OS)!? Conheça mais sobre o grupo, acompanhe os posicionamentos e as propostas: Facebook e Instagram: forcaeinovacao12 www.forcaeinovacaocrp.com.br
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DIREITOS TRABALHISTAS
COMO A REFORMA DA PREVIDÊNCIA VAI MUDAR A NOSSA RELAÇÃO COM O TRABALHO E COMO A PSICOLOGIA PODE NOS AJUDAR?
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á pouco mais de um ano, em maio de 2018, a Revista Contato trazia na capa uma afirmação contundente: vivemos uma época de incertezas. Naquela ocasião, discutiam-se os impactos da reforma trabalhista na vida de milhares de pessoas regidas pela CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), e os especialistas não eram unânimes ao avaliar os pontos negativos ou positivos de tais mudanças. Agora, em 2019, ouvimos três Psicólogas para falar sobre a reforma da previdência, tão iminente e, ao mesmo tempo, tão incerta. Das mudanças que realmente serão efetivadas – se vão, uma vez que o Governo Federal precisa de apoio do Congresso para a aprovação e esse jogo político costuma levar meses para se desenrolar – pouco se sabe. Algumas coisas parecem imutáveis no vai e vem das discussões: vamos preci-
sar trabalhar mais anos para receber um valor de aposentadoria integral e, mesmo ao cumprir o tempo de contribuição, será preciso ter uma idade mínima. Segundo a Psicóloga Carolina de Souza Walger (CRP-08/11381), especialista em gestão estratégica de pessoas e doutora em administração pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), a fragilização das relações de trabalho que já vem acontecendo desde a reforma trabalhista e o aumento da expectativa de tempo a ser trabalhado ao longo da vida, aliado a uma possível redução nos valores a serem recebidos na aposentadoria, potencializam os fatores que naturalmente o trabalho e a aposentadoria oferecem para o adoecimento. “O trabalho tem uma centralidade na nossa vida, e no momento em que o indivíduo se aposenta é como se ele perdesse tudo que tem, o que
* Até o fechamento desta edição, a redução do Benefício de Prestação Continuada havia sido retirada pelo relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) na Câmara dos Deputados, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP).
vem junto com uma dificuldade de reorganizar a vida financeira. Então é comum a depressão e a piora dos vínculos sociais, o que tende a se agravar com a redução dos valores recebidos ainda maior do que já vinha acontecendo nas últimas décadas com outras reformas”, avalia. A Psicóloga Deisy Maria Rodrigues Joppert (CRP-08/01803), que também é Advogada e especialista em Direito Previdenciário, explica que as mudanças anunciadas devem impactar de forma mais expressiva as pessoas de menor renda. “Há pessoas que precisam de um Benefício de Prestação Continuada, como uma criança que nasce com doença grave e a família não tem como manter os custos ou idosos muito pobres que não contribuíram pelos critérios mínimos e precisam de condições para se manterem vivos e com dignidade. Ainda que este benefício onere o Estado por não ter contrapartida, ele não pode ser reduzido pela metade como foi proposto*”. A Psicóloga Carolina Walger, que atua com Psicologia Organizacional e do Trabalho, acrescenta que estes problemas já estão acontecendo atualmente. "Hoje já vemos muitas pessoas trabalhando doentes por medo de perder os seus empregos e não conseguirem outro. E isso é ainda mais grave quando falamos do adoecimento mental. As empresas estão abarrotadas de pessoas com depressão, e esse é um sofrimento invisibilizado”, afirma. Esta relação com o emprego não como fonte de realização, mas como unicamente fonte de renda, muda a cultura que as pessoas têm em relação ao trabalho. “Aí a gente entra no conceito de ‘normas sociais’, ou seja, aquilo que o sujeito entende que é papel dele dar e receber das empresas e da sociedade. Quando você aumenta o tempo de trabalho você está prolongando o que a pessoa tem que dar e, ao mesmo tempo, reduzindo o que ela vai receber, tornando o significado do trabalho cada vez mais
negativo”, explica a Psicóloga. “Além disso, por mais que a gente trabalhe com a ideia de que as pessoas precisam fazer o que gostam ao longo da vida, ao adiar a aposentadoria você vai protelando sonhos”, complementa Carolina. E aí os problemas que já estão acontecendo no mundo do trabalho, como ansiedade, depressão e burnout, podem ficar ainda mais frequentes, assim como os preconceitos que atingem pessoas mais velhas, com alguma deficiência, mulheres (especialmente as mães), entre outras. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA UM BRASIL MAIS VELHO O envelhecimento da população brasileira é uma realidade que já está acontecendo: em 2010, pouco mais de 10% das(os) brasileiras(os) tinham mais de 60 anos; esse percentual já aumentou para 13,44% em 2018 e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que em 2030 as pessoas idosas serão mais de 18% – em 2060, representarão 32,17% da população. Em contrapartida, o número de jovens de até 24 anos deve decrescer dos cerca de 82 milhões em 2010 para 57 milhões em 2060. O número de pessoas que ultrapassam os 80 anos de idade também aumenta significativamente nas projeções: já são mais de 4 milhões em 2018 e devem chegar a 19 milhões em 2060.
Para tornar esta nova sociedade viável, com idosos trabalhando e contribuindo para a previdência, o governo precisa investir em capacitação para que eles sejam competitivos no mercado de trabalho.
DEISY MARIA RODRIGUES JOPPERT, Psicóloga (CRP-08/01803) e Advogada
Estes dados, certamente, exigem uma reflexão sobre a necessidade de mudarmos as políticas públicas, de forma a possibilitar um envelhecimento saudável, ativo e produtivo. “Ainda que alguns direitos sejam tirados agora, as mudanças já estão sendo pensadas para um futuro em que teremos um grande número de idosos, e as pessoas vivem a velhice de forma diferente hoje em dia. Os 80 são os novos 60”, avalia a Psicóloga e Professora Regina Celebrone (CRP-08/06176), autora do livro Linguagem e Velhice, doutora em distúrbios da comunicação e coordenadora de grupos de idosos. CONTATO 124 | 17
Quando você aumenta o tempo de trabalho você está prolongando o que a pessoa tem que dar e, ao mesmo tempo, reduzindo o que ela vai receber, tornando o significado do trabalho cada vez mais negativo.”
CAROLINA DE SOUZA WALGER, Psicóloga (CRP-08/11381)
No entanto, esses mesmos dados estão sendo utilizados para justificar uma reforma da previdência que não leva em consideração um contexto em que o sistema público de ensino não tem qualidade suficiente para formar pessoas capacitadas para os novos cenários do mercado de trabalho, as desigualdades sociais muitas vezes impedem o acesso à educação e à saúde, os altos índices de desemprego e informalidade dificultam as contribuições para o INSS e as diferenças regionais fazem com que tanto a expectativa de vida como a qualidade com que se vive a velhice sejam muito diferentes em cada Estado brasileiro. A expressão “trabalhar até morrer”, que ficou bem conhecida com a proposta de aumentar para 65 anos a idade mínima para aposentadoria, independentemente do tempo de contribuição – isso é especialmente ruim para pessoas que começam a trabalhar ainda na adolescência, realidade comum em algumas regiões – pode ser verdadeira em alguns casos. Dados do IBGE mostram que apenas 5,38% da população do norte do país tem mais de 65 anos. Em contrapartida, na região sul, 10,67% alcançam ou ultrapassam esta idade (o sudeste tem percentual semelhante, enquanto no nordeste e no centro-oeste os maiores de 65 anos representam 8,42 e 7,47% respectivamente). Somado a isso, outro problema deve ser levado em consideração: alguns trabalhos, como os intelectuais ou criativos, são mais fáceis de serem executados em idades avançadas (e até mesmo benéficos, já que
a inatividade cerebral pode aumentar as chances do desenvolvimento de doenças); outros, no entanto, mais braçais, não podem ser feitos por pessoas que geralmente possuem menor capacidade física. “Uma pessoa de 50 ou 60 anos ou desenvolveu uma carreira, uma profissão, ou capengou em diversos trabalhos e pode ter uma dificuldade para encontrar uma nova colocação, especialmente em um mercado que ainda tem preconceito com pessoas mais velhas. Para tornar esta nova sociedade viável, com idosos trabalhando e contribuindo para a previdência, o governo precisa investir em capacitação para que eles sejam competitivos no mercado de trabalho”, destaca a Psicóloga e advogada Deisy Joppert. Assim, ainda que uma reforma na previdência seja necessária, ao menos a longo prazo, a forma como ela está sendo feita pode agravar problemas relacionados à saúde das(os) trabalhadoras(es), além de aprofundar desigualdade sociais já muito graves. “O problema é que quando existe uma instabilidade política é perigoso mexer em legislação, porque não vai se fazer o que é necessário, mas o que algumas lideranças políticas desejam”, afirma Deisy. E a necessidade da reforma também pode ser questionada com base em dados financeiros – que atualmente são alvo de diversas análises feitas por especialistas: “A previdência se alimenta com diversas fontes. A fonte trabalhadora é uma grande parte, a fonte empresa é outra e há uma parte fonte governo, que não tem sido alimentada da forma correta há muito tempo, pois há muitas isenções, muitas grandes empresas devedoras. Aí é lógico que não aguenta”, finaliza Deisy Joppert. PSICOLOGIA PARA (SE) REINVENTAR Se a tendência de nos tornarmos uma sociedade mais velha parece inevitável, precisamos nos preparar para este novo
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cenário. Isso já está, de certa forma, acontecendo, especialmente com os jovens. “Os mais jovens teriam uma suposta oportunidade de tentar se reinventar neste novo cenário. Já vemos isso acontecendo com o empreendedorismo, a economia solidária, etc. Emprego formal não é mais o único caminho para os jovens, que querem fazer algo de impacto social e que faça sentido para eles. Por um lado isso é bom, mas por outro eles acabam indo para a informalidade e abrindo mão de direitos historicamente conquistados, como carteira assinada, salário fixo, férias, entre outros”, pondera a Psicóloga Organizacional e do Trabalho Carolina de Souza Walger (CRP-08/1381). Já os mais velhos podem ter um pouco mais de dificuldade para se adaptar a este cenário, e aí a Psicologia pode exercer um papel importante. Deisy Joppert (CRP-08/01803) vê um campo de trabalho que pode se abrir para os idosos à medida que a sociedade olhar com mais atenção para eles. “Existem funções para as quais os idosos estão totalmente capacitados. Talvez não seja na tecnologia, mas em funções como contação de histórias ou mesmo cuidando de pessoas ainda mais velhas”, exemplifica. “Tarefas que envolvem o cuidado podem ser muito bem executadas por aqueles que já passaram dos 60 ou 65 anos”, completa. Regina Celebrone concorda com esta análise: “diante de mudanças tão iminentes, a palavra da hora é criatividade, a criação de modelos que não existiam. As duas coisas de maior sucesso vão ser criar aplicativos e cuidar de pessoas”. Até porque, segundo ela, nem sempre o ideal é que as pessoas se retirem do mercado, então a ressignificação do trabalho pode ser um caminho. “Se aposentar é se recolher aos aposentos, ninguém quer sair de cena pública, porque isso é envelhecer antes da hora. Hoje os projetos são redesenhados e as pessoas não vão ter apenas uma profissão a vida
toda”, complementa, citando o documentário Envelhescência, que traz histórias de pessoas que começaram novas profissões ou hobbies depois dos 60 anos. As(Os) Psicólogas(os) também precisam estar atentas(os) para um novo mercado que se abre com o envelhecimento da população. “A Psicologia da velhice, por exemplo. As pessoas hoje morrem lentamente, com doenças crônico-degenerativas, e precisam de um cuidado de fim de vida, que é diferente da psicoterapia”, exemplifica Deisy Joppert. Regina Celebrone também faz reflexões sobre este papel da Psicologia, especialmente para dar maior qualidade de vida à população como um todo. “as Psicólogas e os Psicólogos precisam ter práticas sociais que fomentem o pensamento crítico, a autoconfiança, a autoestima, para que as pessoas sejam seres pensantes, porque a gente sabe que é interessante que não se pense, que se obedeça como cordeirinho. Empoderar é dar voz e vez em um mundo em que somos número, estamos adoecidos”. Mesma opinião tem a Psicóloga Carolina Walger, que destaca o papel da Psicologia Organizacional e do Trabalho no empoderamento e conscientização das(os) trabalhadoras(es), apoiando-as(os) na busca por seus direitos e por formas de garantir a saúde e a qualidade de vida. “Precisamos atuar para o aumento da consciência crítica da classe trabalhadora”, resume, acrescentando que, dentro das organizações ou outros espaços de trabalho, as(os) Psicólogas(os) vão precisar olhar com mais cuidado para o equilíbrio entre a produtividade da empresa e a saúde das(os) trabalhadoras(es). “Alguns exemplos que já começaram a ser realidade em alguns espaços são os programas de preparação para aposentadoria, já que este momento envolve muitas mudanças, e de promoção e prevenção em saúde, que quando bem executados podem reduzir o sofrimento e aumentar a satisfação do trabalho”, finaliza.
Por Ellen Nemitz
As Psicólogas e os Psicólogos precisam ter práticas sociais que fomentem o pensamento crítico, a autoconfiança, a autoestima, para que as pessoas sejam seres pensantes, porque a gente sabe que é interessante que não se pense, que se obedeça como cordeirinho. Empoderar é dar voz e vez em um mundo em que somos número, estamos adoecidos.
REGINA CELEBRONE, Psicóloga (CRP-08/06176) e Professora
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“A PSICOLOGIA DA GENTE” DIA DA(O) PSICÓLOGA(O)
É MOTE DE CAMPANHA DO DIA DA(O) PSICÓLOGA(O) 2019
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Com a campanha “Psicologia da gente”, o Conselho Regional de Psicologia do Paraná (CRP-PR) pretende dar visibilidade aos diversos aspectos e esferas sociais nas quais a Psicologia está presente: está nos direitos humanos, na escola, no ambiente de trabalho, na atuação clínica, no sistema judiciário e legislativo, na política, no meio ambiente, na ética, enfim, em todas as relações humanas. “Psicologia da gente” fala da minha, da tua e da nossa Psicologia. Ela é minha enquanto profissional, tua enquanto usuário dos serviços e é da sociedade que busca promoção de saúde e qualidade de vida. É a Psicologia em todas as relações, presente na diversidade humana e na subjetividade pessoal e coletiva. Dessa maneira, o objetivo da campanha é fortalecer a relação da comunidade, a aproximação e o reconhecimento da importância da área no cotidiano da população. A importância da campanha é de promover a compreensão dos valores humano e social associados ao fortalecimento da saúde mental nos objetivos da Psicologia para o ser humano nos diferentes ambientes, segundo Sandra Cristine Machado Mosello (CRP-08/18391), coordenadora da Comissão de Comunicação Social do CRP-PR. Sandra, que participou de todo o desenvolvimento da proposta, destaca que a campanha procura o reconhecimento do valor da identidade profissional da(o) Psicóloga(o).
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Três anos, um caminho de valorização da Psicologia No histórico das campanhas do Dia da(o) Psicóloga(o) do XIII Plenário do CRP-PR, muitos temas já foram trabalhados no sentido de promoção da Psicologia. No primeiro ano, a campanha buscou combater a banalização que muitos discursos cometem quando confundem uma simples conversa com a técnica psicológica. Utilizase a expressão “meio Psicóloga(o)” para descrever profissionais de outras áreas que realizam a escuta de seus clientes. Porém, enfatizou-se que a(o) Psicóloga(o) profissional atua com uma escuta ativa e um conhecimento do psiquismo humano. Já na segunda campanha, em 2018, foi abordada a diversidade da Psicologia em todas as suas possibilidades, fortalecendo a identidade da categoria e a representação social da profissão, especialmente de maneira a reconhecer sua presença em outras áreas do desenvolvimento humano. Foi a campanha “Mais Psi”, que mostrou os diversos benefícios da Psicologia e fez um convite para colocar mais Psicologia na vida. Agora, em 2019, chegou o momento de concluir este caminho com uma campanha do Dia da(o) Psicóloga(o) que evidencie a Psicologia como um valor social. Afinal, a Psicologia é da gente!
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Psicologia está em todos os lugares. Afinal, onde tem gente, tem Psicologia. A ciência e a profissão abrangem atuação nas diversas áreas do comportamento humano. Está na prática clínica – cuidando de pessoas em sofrimento mental, auxiliando no desenvolvimento pessoal e na melhoria das relações –; mas, vai muito além: está no Sistema de Saúde, na educação, no esporte, no trabalho, no Sistema Judiciário, nos hospitais, na Assistência Social, no desenvolvimento de comunidades, na cultura e, base de sua atuação, na defesa dos Direitos Humanos, como em muitos outros lugares.
Com o avanço do reconhecimento social, já é bastante fácil reconhecer onde a Psicologia está; no entanto, muitas vezes não conseguimos perceber a importância da atuação destas(es) profissionais. Afinal, como seria o mundo sem a Psicologia?
CAPA
A Psicologia transforma pessoas e as pessoas transformam o mundo
Um pequeno passo para um homem... O universo conhecido, por exemplo, seria bem menor. As expedições espaciais são possíveis graças ao trabalho de Psicólogas e Psicólogos que preparam astronautas para longos períodos de confinamento e para condições extremas. A constatação não é CONTATO 124 | 21
exagero, quem afirma é a própria Agência Espacial norte-americana, a NASA. Atualmente, profissionais de Psicologia trabalham com a preparação de uma possível expedição à Marte, aprofundando o estudo sobre os efeitos do isolamento e das incertezas sobre o ser humano. "Trabalho em equipe e colaboração são componentes críticos de todas as viagens espaciais e serão ainda mais importantes para astronautas durante missões de longa duração como a para Marte. Os astronautas permanecerão meses longe de casa, confinados em um espaço que não é maior do que o de um veículo de médio porte por dois ou três anos e estarão em um tempo de 45 minutos de atraso de qualquer comunicação com a Terra”, comenta Lauren Blackwell Landon, líder da equipe que elaborou o documento “Trabalho em Equipe e Colaboração em Missões Espaciais de Longa Duração”, publicado pela Associação Americana de Psicologia (APA). Mas, além das formas de interagir e trabalhar juntos, os sentimentos subjetivos também estão sob análise. É exatamente por isso que estratégias como a chamada “Crew care package” (em tradução livre “Caixa de cuidados da tripulação”) contam com elementos como, por exemplo, desenhos dos filhos de astronautas ou uma comida favorita. Certamente, não é barato enviar esses
em 2019 coloque sua
materiais a milhares e milhares de quilômetros de casa no espaço, mas é essencial. “Não importa o item, esses toques extras significam muito quando estamos isolados de casa”, comenta o site da NASA dedicado à saúde mental. Mas, não precisamos ir tão longe. A aeronáutica brasileira conta, por exemplo, com o Instituto de Psicologia da Aeronáutica (IPA). Recentemente, membros do instituto colaboraram para a escolha dos pilotos que irão formar a famosa “Esquadrilha da Fumaça.” Essa é uma etapa essencial na qual é realizado um processo de avaliação psicológica destinado a identificar os profissionais mais adequados ao perfil de quem passará a realizar manobras ainda mais arriscadas do que as já corriqueiras. Pilotos e comissários de bordo também passam por uma avaliação psicológica e ela é essencial para a segurança no voo e ainda mais premente na possibilidade de uma emergência. Inteligência artificial No futuro, estima-se que a inteligência artificial esteja implicada na maior parte das atividades humanas. No entanto, à medida que o mundo se torna cada vez mais tecnológico, aumenta também a necessidade humana por contato e conexão. Embora não saibamos como será o futuro, uma coisa é certa: a Psicologia estará presente e fará toda a diferença.
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O próprio desenvolvimento dessas tecnologias conta com o apoio da Psicologia para torná-las mais próximas e capazes de “falar” a língua dos seres humanos, não só no aprendizado de expressões idiomáticas e na transmissão de sentimentos, mas também na leitura de linguagem corporal.
gonismo do movimento feminista e de movimentos de jovens, foram acolhidas pela Psicologia. Não apenas ao explicar com naturalidade essa questão da vivência humana – antes cercada ainda mais por tabus – mas também por reforçar a importância da satisfação e do prazer para a saúde.
Esta é uma contribuição tão relevante que a gigante Apple abriu, no final de 2017, contratação para Psicólogas(os) atuarem no aprimoramento de sua assistente virtual presente nos aparelhos como Ipad e Iphones, a Siri. O conteúdo do anúncio não deixa dúvidas dessa realidade – ao mesmo tempo um registro um pouco assustador – de que mudanças importantes estão pela frente:
A sexualidade humana continua uma questão no centro das discussões sobre costumes e até com papel de destaque quando o tema é o embate entre posições políticas conservadoras e progressistas. Diante das dúvidas e questionamentos, profissionais são procuradas(os) e questionadas(os) acerca do conhecimento científico da Psicologia para contribuir com vivências mais livres e saudáveis da sexualidade e também atuam proativamente para levar informações de qualidade para as pessoas. Um exemplo é o canal no Instagram @Prazeremsaber, conduzido pela Psicóloga Fernanda Cabral Bonatto (CRP-08/10734). Lá, a profissional oferece informações sobre questões relacionadas aos gêneros e sexualidades e também acolhe dúvidas da sociedade.
“As pessoas estão tendo conversas profundas com a Siri. Elas falam para a Siri sobre todos os tipos de coisas, incluindo quando elas estão tendo um dia estressante ou quando têm algo sério em suas mentes. Elas buscam a Siri em emergências ou quando querem conselhos para viver uma vida mais saudável. Ajudar a melhorar Siri nestas áreas é de seu interesse? Venha trabalhar como parte da equipe Siri Domains e faça a diferença.” Teríamos outra visão de uniões e sexo? Independentemente da abordagem escolhida, há consenso: não é possível desprezar a contribuição da Psicologia para a compreensão da sexualidade humana. Desde as manifestações de Freud que, de certa forma, nos apresentou aos nossos próprios desejos, de Willheim Reich, que ressaltou a relação corpo e psiquê, passando por Maslow, que localizou a atividade sexual na base da pirâmide das necessidades humanas junto à comida e ar, até os estudos recentes que mostraram que a homoafetividade e a transexualidade são apenas formas de vivenciar desejos e identidades de gênero, a Psicologia mudou a forma como a sociedade e o mundo encaram a sexualidade e a diversidade de relações humanas. As revoluções neste aspecto da compreensão humana, que contaram com o prota-
Relações de trabalho Outra área na qual o impacto da Psicologia é reconhecido mundialmente são as relações de trabalho. Durante o desenvolvimento de seus saberes, nos séculos XIX e XX, parte da Psicologia se ocupou em estudar o comportamento humano e como adequar pessoas aos sistemas produtivos. Impulsionados pela Revolução Industrial e intensificados no período pós-guerra, os estudos receberam a colaboração destas(es) profissionais para compreender quais os aspectos implicados na produtividade, no desempenho, nos riscos, nas organizações e nas relações existentes dentro das empresas. O sociólogo Nikolas Rose, no artigo “Psicologia como uma ciência social”, publicado pela revista Psicologia & Sociedade, defende, inclusive, que este interesse esteve no centro do desenvolvimento da própria ciência: “a Psicologia, inicialmente, tomou forma não como uma disciplina ou uma área profissional, mas como uma cadeia de CONTATO 124 | 23
pretensões de conhecimento sobre pessoas, individual e coletivamente, que permitiria que elas fossem melhor administradas”, afirma o pesquisador. Bem, é inegável que estes estudos – alguns questionados e outros aclamados – tiveram impactos sobre a compreensão e mudaram as formas de organização das empresas. Hoje, quando a depressão já é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a segunda doença mais incapacitante para o trabalho, a Psicologia ganha ainda mais relevância nestes ambientes. Afinal, como construir ambientes mais acolhedores e nos quais as pessoas não adoeçam? Como aliar ambientes produtivos com relações humanas saudáveis em ambientes altamente competitivos e frente a crises da economia
e revoluções produtivas? Se as respostas ainda são incertas, há uma certeza: quem ajudará a encontrá-las é Psicologia. Consumo Com toda a certeza a história da publicidade e propaganda também seria outra sem a contribuição da Psicologia. Essas colaborações abrangem aspectos mais objetivos como o estudo de cores e formas e subjetivos como, por exemplo, pesquisas sobre como as informações não conscientes impactam nas decisões de compra. O brasileiro Eduardo Andrade, que foi professor na Universidade de Berckeley, nos Estados Unidos, é um exemplo do alcance da Psicologia. Seus artigos publicados vão desde como as “Emoções influenciam as
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sídios da Psicologia. E não só antes da veiculação. Campanhas com maior poder financeiro contratam profissionais também para avaliar como as pessoas recebem os conteúdos, entendendo como realizar ajustes na comunicação e agradar ao público. Discutem-se ainda os impactos dessa compreensão na publicidade para públicos mais vulneráveis como as crianças e adolescentes. Por isso mesmo, é essencial que as(os) Psicólogas(os) reflitam e discutam sobre os impactos da sua atuação na vida das pessoas e na sociedade, mantendo-se atentas(os) ao Código de Ética.
também Aconteceu, mas não nos orgulhamos A Psicologia é mesmo incrível, mas não é possível deixar de lado que houve pesquisas e compreensões que trouxeram sofrimento humano e prejuízos, como se registra na história de outras ciências. É o caso, por exemplo, de experimentos destinados a “ampliar a produtividade” de trabalhadoras(es), que levaram pessoas à exaustação, ou “técnicas” destinadas a supostamente obter a reorientação do desejo sexual para pessoas que não se encaixam nos padrões heterossexuais, práticas que infelizmente podem ser notadas em atuações à revelia do Código de Ética. No Brasil, a criação dos Conselhos Federal e Regionais de Psicologia vieram exatamente para orientar e disciplinar o exercício profissional. Foi exatamente o conjunto das(os) profissionais que estabeleceram padrões de atuação, tendo como como base as pesquisas científicas e técnicas referendadas que se orientam pelo
respeito aos Direitos Humanos e garantias constitucionais. Por isso mesmo, práticas que não estão dentro dos parâmetros éticos não podem prosperar e nem servir de justificativa para pesquisas de assuntos exaustivamente estudados quando podem causar sofrimento humano. Afinal, se a Psicologia pode transformar o mundo para melhor, é preciso que as(os) Psicólogas(os) tenham em mente que uma atuação não ética pode custar não só a saúde mental, mas vida a das pessoas, repercutindo ainda em organizações, instituições e na comunidade.
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A Psicologia para um futuro positivo Se os avanços que trouxeram as sociedades até aqui tiveram a contribuição imprescindível da Psicologia, no futuro precisaremos ainda mais dela para superar aspectos como o individualismo e para nos adaptar às relações cada vez mais virtuais e fluidas. Constituir um perfil que esteja adequado às novas realidades produtivas e econômicas também passará pela Psicologia, seja na educação e formação profissional, seja no desenvolvimento de maturidade emocional. Originalidade, iniciativa e pensamento crítico, por exemplo, já são algumas das características mais buscadas pelos empregadores na rede social LinkedIn. As chamadas soft skills, que são habilidades comportamentais e emocionais, deverão ser cada vez mais valorizadas à medida que a Inteligência Artificial avançar e fechar postos de trabalho automatizáveis, com funções que podem ser feitas por robôs. Ser mais humano será a chave para se manter no mercado de trabalho. No entanto, estamos sendo cada vez mais digitais, esquecendo o tal olho no olho e a empatia – e isso não é nenhuma novidade. Já em 2016 ultrapassamos a marca de 116 milhões de brasileiras(os) com acesso à internet, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São milhões de mensagens, notícias, vídeos, fotos e uma infinidade de conteúdos que chegam por meio das telas. De carona com estes avanços, no entanto, vêm as ameaças, como as notícias falsas (ou fake news, em inglês, como ficaram conhecidas na internet), além de ameaças como o cyberbullying e os desafios que levam crianças e jovens à autolesão e até mesmo ao suicídio – problema que representa
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a segunda principal causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos no mundo (no Brasil ocupa a quarta posição). Há muito tempo especialistas vêm alertando sobre estes riscos e sobre a solidão paradoxal que advém da comunicação digital, sem “olho no olho”. “A ciência já começa a identificar algumas doenças cognitivas potencializadas pela falta de contato pessoal, como o autismo e alguns tipos de Alzheimer. Além disso, o imediatismo da internet faz com que muitas pessoas tenham dificuldade de lidar com a frustração”, analisa a Psicóloga Maria Thereza de Oliveira Bond (CRP-08/03457). Por serem questões ainda muito recentes, a sociedade está aprendendo a lidar com elas. Maria Thereza, que também é professora, está se dedicando aos estudos de uma área relativamente nova: a Psicologia Positiva. Assim como outras abordagens, a Psicologia Positiva trabalha para que as pessoas busquem o autoconhecimento, de modo que possam encontrar uma forma mais significativa de viver e de se relacionar. “Por exemplo, podemos questionar o significado do trabalho. O porquê você gosta do seu trabalho é o seu propósito para ele”, explica. De acordo com ela, algumas ferramentas que esta área traz podem ajudar no processo de fazer com que a felicidade venha antes do sucesso, ou seja, esteja desatrelada de bens materiais ou outras conquistas. “A gratidão, a descoberta de forças pessoais, a empatia e o reconhecimento dos antepassados são alguns exemplos de ferramentas que a Psicologia Positiva utiliza para auxiliar as pessoas a terem mais conexões umas com as outras”, diz. Ela complementa: “O foco deste trabalho está na saúde, na força, na prevenção, e não na doença”.
Por Karla Losse Mendes com colaboração de Ellen Nemitz
e antigamente era popular o ditado de que notícia ruim chega rápido, hoje ela está a um “Whats” de distância ou a um clique do televisor. Afinal, na maioria das vezes, basta ligar a televisão para assistir ao menos um exemplo de como o mundo estaria perigoso e as pessoas com condutas indevidas ou más; além disso, é pela mídia que percebemos os padrões de sucesso, de masculinidade e feminilidade e os ideais de beleza e juventude que supostamente precisamos atender.
Muitas dessas percepções são reforçadas pelas redes sociais, nas denominadas “bolhas” – que restringem o acesso a informações diferentes daquelas que já acessamos –, e nos fenômenos virais, que nem sempre trazem informações que correspondem à realidade. Selecionadas por algoritmos e reforçadas milhares de vezes, algumas ameaças podem não corresponder ao real. Seria o mundo realmente um lugar mau e perigoso ou estamos observando com lentes distorcidas?
Nesse contexto, vivemos um período marcado pelo medo, pelos preconceitos trazidos à tona, pelo ódio que se espalha, voltado sobretudo contra populações vulneráveis, e pelo sofrimento mental indiscutível que atinge milhares de pessoas.
A resposta a essa pergunta foi apresentada por uma pesquisa realizada em 27 países pelo Instituto Ipsos, chamada “Os perigos da percepção” que entrevistou cerca de 19 mil pessoas para descobrir como as notícias falsas, bolhas e a pós-verdade nos afetam.
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PERCEPÇÃO DA REALIDADE
UM OLHAR SOB LENTES DISTORCIDAS
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Protegidos ou cercados pela bolha? Uma das conclusões do estudo é que as pessoas compreendem que há uma bolha nas redes sociais, mas não acreditam que estão cercadas – ou, seria melhor, presas? – dentro delas. De acordo com o estudo “Os perigos da percepção”, 65% das pessoas nos países avaliados pensam que os outros vivem em uma bolha na internet, mas apenas 34% dos entrevistados acreditam que estão eles mesmos em uma bolha. Entre os brasileiros, 60% das pessoas que responderam acreditam que a internet aproxima as pessoas “parecidas e aproximam a opiniões com as quais elas já concordam”, mas apenas 38% acreditam que isso também ocorre com elas. Da mesma forma, 63% dos entrevistados afirmaram que acreditam poder diferenciar notícias falsas das verdadeiras, mas apenas 41% entendem que qualquer pessoa poderia fazer isso. Já 68% das pessoas brasileiras acreditam que podem diferenciar notícias falsas de reais. Mas, as pessoas também estão confusas acerca do que seria realmente fake news. O termo tem sido aplicado a informações infundadas escritas no formato jornalístico para confundir ou enganar pessoas com diversos objetivos. Os resultados da pesquisa mostraram que quase metade dos entrevistados (48%) afirmaram já ter acreditado em uma notícia que depois descobriram ser falsa. Por outro lado, 36% acreditam que o termo fake news tem sido aplicado a informações verdadeiras, apenas porque certos políticos ou a mídia não gostam delas. Que país é este? De cada 100 pessoas vivendo no Brasil, quantas você acha que seriam, por exemplo, migrantes não nascidos no país? Em média, os brasileiros responderam 30. Noticiários dão conta das emergências humanitárias em países vizinhos ou em função de guerras e retratam filas para a entrada de pessoas no território brasileiro em busca 28 | CONTATO 124
de melhores condições de vida. Diante da crise econômica e política vivida pelo país, não é incomum encontrar na internet relatos de pessoas que acreditam que a migração teria impacto negativo, como a menor oferta de emprego. Mas, essa é uma leitura distorcida e muito longe do real, uma vez que apenas 0,3% da população nasceu fora do território nacional e que estudos mostram que a presença de migrantes favorece a economia, e não o contrário. O número de pessoas muçulmanas também é superestimado. Entrevistados brasileiros acreditam que cerca de 16% da população professaria essa religião, mas o volume de pessoas islâmicas no Brasil é inferior a 1%. Outro mal compreendido pelo público é o Sistema Público de Saúde (SUS). O sistema governamental atende quase a totalidade da população quando o tema é vacinação, alcançando 92% das crianças de todas as classes e faixas de renda. No entanto, quando perguntadas, as pessoas entrevistadas pela pesquisa acreditavam que apenas 69% das crianças recebiam as imunizações recomendadas pelo Organização Mundial de Saúde. Essa distorção na imagem e compreensão do sistema – que abriga aspectos essenciais como hospitais de ponta, quase a totalidade de cirurgias de transplantes e a atenção em HIV, por exemplo –, acaba resumindo-o a enormes filas e a uma imagem de ineficácia, que favorece reduções contínuas em seu orçamento. Quando se trata também de avaliar o meio ambiente, nós brasileiros erramos feio e, muitas vezes, acreditamos que as coisas estão piores do que são. Quando perguntados acerca de quanto da nossa energia provém de fontes renováveis, os brasileiros responderam 34%, quando na verdade temos 44%. Erramos também quando a pergunta é aquecimento global, mas, neste caso, fomos muito otimistas. Após uma breve explicação acerca da coleta de temperaturas, os pesquisadores questionam: dos últimos 18 anos, quantos foram os mais quentes desde 1961? Pessoas brasileiras disseram 12, mas
foram 17. Mesmo assim, outros países apontaram estimativas ainda mais positivas: cidadãos dos Estados Unidos afirmaram 10, Japão 8 e Holanda 7, por exemplo. Economia e acesso à informação Também somos mais ricos do que acreditamos. Quando questionados acerca do ranking do Brasil entre as 200 maiores economias do mundo, a posição 100ª esteve na média. No entanto, no momento da pesquisa, erámos a 9ª maior economia do mundo. Apesar da aparente fartura econômica, a distribuição de renda e acesso à informação não são tão reais quanto os brasileiros acreditam. A pesquisa perguntou em 2017, por exemplo, quantas de cada 100 pessoas no Brasil possuíam um smartphone. A resposta média foi de 84%, quando na realidade apenas 35% dos brasileiros possuíam, na época, o aparelho. A presença na rede social Facebook também é menor que a imaginada. Segundo o resultado da pesquisa, a ideia é de que 83% da população estaria na plataforma, mas esse número é próximo a 47%. No mesmo sentido, a crença dos brasileiros é de que 68% dos conterrâneos possuem um veículo automotor. Mas o número real é de 40%. Sexualidade superestimada Outro assunto que é superestimado é a sexualidade, tema que tem baseado cada vez mais perspectivas moralizantes. Mas, será que estão baseadas em informações corretas? O resultado da pesquisa mostrou que as pessoas acreditam em uma vida sexual dos jovens bem mais ativa do que a realmente vivida. Perguntados sobre o número de relações sexuais mantidas por mulheres com idades entre 18 e 29 anos no último mês, brasileiras(os) responderam 29 relações. A realidade, segundo os pesquisadores, é de que não passam de cinco, em média. O mesmo número foi descrito como a quantidade de atividades sexuais mantidas por homens de igual faixa etária. A realidade fica bem aquém, com média de sete relações.
TESTE SUA PERCEPÇÃO DA REALIDADE Como está sua percepção da realidade? Responda às perguntas abaixo e depois vire a página para comparar os resultados. 1 Qual o percentual de mulheres entre as(os) Psicólogas(os) com registro ativo no Brasil? 2 Qual o percentual dos 20.521 jovens apreendidos em São Paulo em 2018 que cometeu crimes como homicídios, latrocínio, extorsão mediante sequestro ou estupro? 3 O Sistema Único de Saúde passou a oferecer o processo cirúrgico para pessoas transexuais em 2008. Qual foi o número de procedimentos realizados até dezembro de 2017? 4 Quantas mulheres são vítimas de violência a cada dia? 5 Das cirurgias de transplante de órgãos, qual o percentual realizado pelo SUS? 6 Quantas pessoas solicitaram refúgio no território brasileiro em 2018? 7 Entre 2011 e 2017, foram registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, 184.524 casos de violência sexual contra crianças (31,5%) e adolescentes (45%). Destes, 74,2% foram contra pessoas do sexo feminino. Qual o percentual dos crimes sexuais que são cometidos contra meninas e adolescentes nas suas próprias residências? 8 Qual foi o investimento em Ciência e Tecnologia em 2017? Esse valor é maior ou menor do que o que havia sido investido na comparação com 2014? 9 Qual a renda per capita da maior parte dos alunos de graduação nas universidades públicas federais? 10 Todos os anos cerca de 23 mil pessoas jovens são assassinadas. Deste, qual o percentual de pessoas negras?
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RESPOSTAS: 1 De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (CFP), das(os) 342.879 profissionais ativas(os) no Brasil, 84,8% são mulheres, 12,9% são homens e outros 2,3% não tem o gênero declarado. 2 Segundo pesquisa do Instituto Sou da Paz, apenas 1,6% dos 20.521 jovens apreendidos em São Paulo no ano de 2018 cometeram qualquer um desses crimes. 3 O Ministério da Saúde informa que foram realizados em dez anos 450 procedimentos hospitalares para atenção a pessoas transexuais, incluindo cirurgias secundárias aos procedimentos principais. Em geral, as pessoas aguardam por pelo menos dez anos na fila para o procedimento. 4 Dados do Instituto Patrícia Galvão demonstram que uma mulher registra agressão sob a Lei Maria da Penha a cada dois minutos. Cerca de 720 mulheres por dia, um número ainda subestimado, uma vez que retrata apenas casos registrados. 5 De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 96% dos transplantes são realizados pela rede pública de saúde. 6 De acordo com a Agência da Organização
das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), até o final de 2018 cerca de 80 mil pessoas solicitaram asilo no Brasil, seja para o reconhecimento da condição de refugiado ou de residência. No mesmo período, mais de 152 mil pessoas de nacionalidades diferentes estavam esperando a resposta de suas solicitações. 7 Dados também apresentados pelo Instituto Patrícia Galvão com base em informações do Governo Federal apontam que 71,2% da violência sexual cometida contra crianças e 58,7% contra adolescentes do sexo feminino ocorreram nos lares. 8 Segundo matéria publicada pela Câmara dos Deputados, a comunidade científica afirma que o orçamento de investimentos do setor passou de R$ 8,4 bilhões em 2014 para R$ 3,2 bilhões em 2017. 9 A faixa de renda mensal familiar per capita de 70,2% dos alunos é de até um salário mínimo e meio, segundo dados da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). 10 Conforme retratou a CPI do Senado sobre o Assassinato de Jovens, realizada em 2016, dado corroborado pelo Atlas da Violência, mais de 75% dos jovens assassinados são negros.
Por Karla Losse Mendes
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Quando a gravidez não vem, a Psicologia precisa estar presente Redação da Psicóloga Kátia Maria Straube (CRP-08/00308) com contribuições de Rachel Meleipe Machado Tardin (CRP-08/11274) e Anielle Stipp Amador Travain (CRP-08/05820), ministrantes do evento "A Psicologia na Infertilidade e
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infertilidade afeta os indivíduos e também os casais e o ciclo de vida familiar, podendo colocar pressão sobre o equilíbrio psíquico e físico e sobre o vínculo conjugal. A ideia de que a fertilidade é natural e de que todos podem conceber naturalmente é amplamente divulgada, sendo estimulada desde a infância e adolescência no contexto familiar e social. Assim, quando se experimentam dificuldades ou a impossibilidade de conceber uma criança naturalmente, experimenta-se também mal-estar, desconforto profundo e sofrimento capazes de gerar uma crise vital importante, comparada a uma “montanha russa emocional”. As transformações sociais do século passado e o progresso no campo da reprodução humana redesenharam as fronteiras dos relacionamentos familiares, contribuindo para o aumento da discrepância entre o
tempo biológico do corpo e a escolha do "momento certo" para engravidar. A parentalidade está cada vez mais submetida à escolha dos indivíduos e do casal em função do desenvolvimento e avanço das técnicas de reprodução assistida desde 1978, quando a primeira fertilização in vitro foi bem-sucedida. Novas configurações familiares foram possíveis, originando novas formas de laços e demandas que desafiam sujeitos e profissionais da saúde nos diversos contextos.
ÁREAS DE ATUAÇÃO
Reprodução Assistida – avanços de uma nova/velha área", realizado no CRP-PR em 29 de maio de 2019.
Embora hoje se identifiquem causas masculinas e femininas para a infertilidade, sabe-se que ela é multifatorial. Esta concepção demanda das(os) profissionais de saúde uma visão integral do indivíduo, o entendimento de que os processos físicos estão intimamente relacionados a aspectos psicológicos e sociais. Assim, a atenção psicológica assume papel relevante no manejo dos problemas da procriação e exige que a(o) profissional CONTATO 124 | 31
esteja instrumentalizada(o) para olhar a infertilidade sob a ótica psicossocial. Os problemas de fertilidade estão crescendo e são também consequência do estilo de vida contemporâneo associado a características dos ambientes, atingindo cerca de 15 a 20% da população. Demandam uma atenção psicológica especializada que possa acolher, oferecer um espaço de escuta das dificuldades vivenciadas antes, durante e depois de um tratamento reprodutivo, quando necessário. FORMAÇÃO DA(O) PSICÓLOGA(O) No Brasil, há carência de formação específica para Psicólogas(os) nesta área. Em março de 2019 foi inagurado o primeiro curso de Pós-Gradução em Psicologia na Reprodução Humana, na cidade de Goiânia-GO, sendo pioneiro não só em nosso país mas também na América Latina.
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O Conselho Regional de Psicologia (CRP-PR), atento à necessidade de debater a questão, acolheu no dia 29 de maio – já com vistas ao mês de junho, considerado o mês internacional de conscientização da infertilidade – um evento que debateu as consequências psicoemocionais desta condição. A atividade trouxe aos participantes algumas informações sobre o desenvolvimento da atenção psicológica nesta área e sua importância como novo campo da Psicologia da Saúde, que vem crescendo e abrindo espaço no mercado de trabalho. A cidade de Curitiba ainda recebe em 2019 o XXIII Congresso Brasileiro de Reprodução Assistida, de 31 de julho a 03 de agosto na ExpoUnimed, com um espaço de apresentações em que a Psicologia na Reprodução Humana entra em debate. A programação desta edição do evento privilegia as diferentes contribuições teórico-práticas dos referenciais de conhecimentos psicológicos para a compreensão da infertilidade e os tratamentos reprodutivos.
POR COMISSÃO DE ORIENTAÇÃO E FISCALIZAÇÃO
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uitas vezes o contato da(o) profissional com a Comissão de Orientação e Fiscalização (COF) se inicia e se encerra em uma ligação, quando há uma dúvida em questões éticas. Contudo, as atividades da COF não se encerram aí. Você já se perguntou sobre o funcionamento da Comissão de Orientação e Fiscalização? A COF é uma comissão permanente do CRP-PR e as diretrizes e procedimentos para o desempenho das atividades dessa Comissão são estabelecidos pela Resolução CFP nº 010/2017, que institui a Política de Orientação e Fiscalização do Sistema Conselhos de Psicologia. Este documento define que a fiscalização e a orientação da profissão constituem fer-
ORIENTAÇÃO E FISCALIZAÇÃO
O Guia de Orientação da COF e a autonomia e responsabilidade profissional ramentas para a garantia e promoção de direitos humanos. Além disso, estabelece que no desenvolvimento dessas ações deve-se primar pelo diálogo com as(os) profissionais, de modo que os procedimentos possam contribuir com suas práticas, visando à reflexão sobre os aspectos éticos, técnicos e científicos da Psicologia. Além disso, a Resolução estabelece que devem ser priorizadas as ações coletivas, preventivas e planejadas. Pensando nisso e tendo em vistas o compromisso da COF do CRP-PR com as(os) mais de 20 mil Psicólogas(os) ativas(os) no Paraná, elaboramos e temos o prazer de apresentar à categoria o Guia de Orientação, disponível no portal do CRP-PR.
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Em consonância com o que estabelece a Resolução CFP nº 010/2017, a elaboração dessa ferramenta de orientação se deu a partir do diálogo com as(os) profissionais (durante as inspeções, orientações presenciais e por meio do contato telefônico e e-mail com a categoria). A partir desse diálogo, foi possível compilar as dúvidas mais frequentes que as(os) profissionais trazem à COF. A discussão, muitas vezes com as demais Comissões do CRP-PR, e a construção de orientações no que tange às principais dúvidas éticas culminaram neste Guia de Orientação. Buscouse considerar as peculiaridades das áreas de atuação da(o) Psicóloga(o) (Psicologia Clínica, Psicologia do Trânsito, interface da Psicologia com o Sistema de Justiça, etc.), no intuito de fortalecer a identidade profissional da(o) Psicóloga(o) nos diversos campos de atuação.
Para saber mais Para conhecer as resoluções citadas acesse: Resolução CFP nº 010/2017
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Nota Técnica CRP-PR nº005-2018
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Novas legislações que se aplicam à profissão, publicidade, atendimentos online, sigilo profissional, avaliação psicológica, contratos de prestação de serviço, produção de documentos, etc. são assuntos de frequente demanda de orientação. Assim, o Guia de Orientação, com design intuitivo, foi desenvolvido com o objetivo de facilitar o acesso das(os) Psicólogas(os) e da população às orientações e materiais produzidos, legislações, notas técnicas, etc., funcionando também como um canal de comunicação com a COF e diálogo com a categoria. Convidamos as(os) profissionais a ler e auxiliar na construção desse espaço, para o contínuo aprimoramento dessa ferramenta (por meio do próprio Guia é possível entrar em contato com a Comissão). Afinal, é por meio da comunicação com a categoria que a COF consegue cumprir suas funções de forma satisfatória, visando à reflexão sobre os aspectos éticos da Psicologia, de forma a considerar a natureza e especificidade de cada serviço. Dessa forma, o CRP e as(os) profissionais se apoiam no cumprimento de suas funções, levando à sociedade as suas contribuições. A COF realiza orientações éticas quanto ao exercício profissional e, a partir des-
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sas orientações, cabe à(ao) própria(o) Psicóloga(a) tomar as decisões e posicionamentos frente a sua prática, tendo em vista o respeito à autonomia e à responsabilidade profissional. A Nota Técnica CRP-PR nº 005/2018, publicada em dezembro de 2018, orienta as(os) Psicólogas(os) sobre a autonomia profissional. O texto define que, em matéria de Psicologia, Psicólogas(os) são as(os) profissionais dotadas(os) de conhecimento teórico e técnico, sendo responsáveis pelo exercício de suas atividades, com direito à liberdade na escolha de métodos, instrumentos, abordagem teórica e manejo para intervenção, decidindo o que compete à sua atuação e se posicionando caso a solicitação esteja em confronto com a sua autonomia. No que se refere à capacitação teórica e técnica, a nota mencionada e o Código de Ética Profissional do Psicólogo (CEPP) deixam explícito que a capacitação contínua é um dever profissional, de modo que a(o) profissional deve conhecer os aspectos teóricos, técnicos, legais e éticos que perpassam seu campo de atuação. Faz parte da capacitação para a prestação de um serviço o conhecimento de orientações éticas para a execução daquela atividade profissional. Nesse sentido, é uma responsabilidade profissional o conhecimento acerca das resoluções sobre o exercício profissional. No que diz respeito à universalização das informações do exercício ético, os Conselhos Regionais de Psicologia e as(os) profissionais contam com o trabalho da COF, que tem como parte de suas funções orientar as(os) Psicólogas(os) e a sociedade sobre questões éticas, legislações profissionais e tudo aquilo que é pertinente ao exercício da Psicologia. É fundamental que em sua responsabilidade profissional a(o) Psicóloga(o) busque autonomamente as orientação coletivas prestadas pela COF, formalizadas agora no Guia de Orientação. Caso as dúvidas não tenham sido sanadas no Guia, a COF estará à disposição para orientações presenciais, via contato telefônico e via e-mail.
COLUNA ÉTICA
e d s e d a c i t é A ) o ( a d o ã ç a a form ) o ( a g o l Psicó POR COMISSÃO DE ÉTICA
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iferentes atividades foram realizadas pela Comissão de Ética (COE) junto às Instituições de Ensino Superior (IES) na gestão 2016-2019. Além de palestras e participação em mesas-redondas, a COE propôs inovações em tecnologia de ensino da ética profissional e entregou o Código de Ética Profissional do Psicólogo (CEPP) em Braille – destinado a pessoas com deficiência visual – para todas as IES de Psicologia do Paraná. INCLUSÃO Ainda que a tecnologia tenha trazido avanços, disponibilizar o CEPP em Braille a pessoas com limitações visuais cumpre a lei de acesso da pessoa com deficiência. A COE iniciou este projeto com a entrega de exemplares a dois estudantes, Psicólogas(os) em for-
mação, que comemoraram o feito. “Quando comecei o curso muitas vezes pensei que não iria conseguir, mas são iniciativas como esta que demonstram que estamos conseguindo dar conta”, contou à época Camila Jordânia Alves, da Universidade Tuiuti. Cópias do CEPP em Braille também foram enviadas a cada Instituição de Ensino do Estado do Paraná que conta com curso de Psicologia, para que fossem disponibilizadas nas bibliotecas. INOVAÇÃO NO ENSINO As “Oficinas da Comissão de Ética” representam um marco de inovação em tecnologia de ensino da ética profissional dessa gestão e levam às(aos) alunas(os) da disciplina de ética, após o estudo do CEPP, a vivência da CONTATO 124 | 35
tramitação de um processo ético conforme o Código de Processamento Disciplinar. bit.ly/2UTQQX3
As atividades contemplam a análise de uma denúncia ética fictícia e os esclarecimentos de uma personagem denunciada por suposta falta ética; elaboração do relatório preliminar, com indicação de artigos e princípios do CEPP supostamente violados, fundamentado nos fatos; e realização da oitiva (depoimento) das partes, na fase de instrução processual. As(Os) discentes participam ativamente da audiência de instrução e decidem pela penalidade a ser aplicada naquele caso, formulando um relatório de julgamento, para posterior simulação da Plenária de Julgamento. As oficinas possibilitam que as(os) estudantes de Psicologia exercitem a aplicação do Código de Ética, aprofundando seus conhecimentos sobre a deontologia, compreendendo o trâmite de um processo disciplinar ético e, por fim, experienciando as inquietações despertadas ao nos depararmos com as faltas éticas cometidas por nossos pares, bem como a singularidade de estar no lugar de quem julga um(a) colega. A vivência desse procedimento desmitifica o processo disciplinar ético como um procedimento persecutório e punitivo, pois possibilita as(os) estudantes a compreender a responsabilidade ética da atuação e as consequências do comportamento profissional inadequado para o exercício profissional, a sociedade e a ciência psicológica. Ou seja, é uma oportunidade de que todo este procedimento seja visualizado como uma ferramenta educativa, uma das importantes funções da COE.
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Segundo o Psicólogo Milton Magnabosco (CRP-08/06900), coordenador do curso de Psicologia da Universidade Tuiuti do Paraná, a proposta da disciplina Projeto Interdisciplinar da instituição é verificar as competências de alunas(os) de períodos específicos, sendo que um destes períodos trata da prática ética em diferentes campos de atuação da(o) Psicóloga(o). Milton conta
que como coordenador e colaborador da COE considerou a proposta da docente da disciplina, a conselheira do CRP e integrante da Comissão Sandra Cristine Machado Mosello (CRP-08/18391), excelente: “Hoje temos colhido acadêmicos mais atentos à ética e aos cuidados com pacientes, com a sociedade, com colegas de profissão e com esta ciência. A simulação tornou palpável e objetiva uma disciplina até então situada mais no campo das ideias. A reboque, estamos formando profissionais mais engajados com o CRP-PR e, talvez, futuros colaboradores da COE e da COF”. As(Os) estudantes costumam reagir com indignação frente ao caso fictício, levando, não raro, a propostas de penalidade bastante graves. Este é um aspecto que pode ser discutido quanto à função, abrangência e gravidade da penalidade a ser aplicada: advertência, multa, censura pública, suspensão do exercício profissional por até 30 dias ou cassação. Segundo a Psicóloga Thereza Cristina de Arruda D’Espíndula (CRP-08/04776), professora da disciplina de ética do curso de Psicologia das Faculdades Pequeno Príncipe, as(os) alunas(os) mostram surpresa pelos tipos de denúncia que podem surgir e depois se empenham em discutir as possíveis violações do CEPP de maneira participativa. “Quando ocorre o simulado da oitiva de instrução, em geral com a presença de alguém externo à faculdade no papel de denunciada, eles realmente compreendem a importância e a seriedade do trabalho realizado pela COE”, relata. Assim, é com muita satisfação que a COE conclui que, com estas ações inovadoras, contribuiu de forma efetiva para a discussão da ética profi ssional, superando a metodologia de ler e discutir artigo por artigo do CEPP – etapa importante para o estudo, mas limitado em termos de aprendizagem. Tais ações contribuíram para o cumprimento do Planejamento Estratégico do XIII Plenário e com as deliberações do 9º COREP.
EDITAL COE 003/2019 EDITAL DE ANULAÇÃO DE INSCRIÇÃO O Conselho Regional de Psicologia - 8a Região, em obediência ao disposto na Lei no 5.766/71, Decreto no 79.822/77 e Código de Processamento Disciplinar, pelo presente Edital torna pública a decisão do Conselho Regional de Psicologia – 08ª Região de ANULAR A INSCRIÇÃO PROFISSIONAL do SR. VALTER DE FARIA com fundamento no princípio da autotutela administrativa, previsto na Súmula 346 e 473 do Supremo Tribunal Federal, tendo em vista o trânsito em julgado do Processo Disciplinar Ordinário nº 002/2018.
Curitiba, 06 de maio de 2019
Psic. João Baptista Fortes de Oliveira (CRP-08/00173) Conselheiro Presidente do CRP-08
EDITAL COE 004/2019 EDITAL DE ANULAÇÃO DE INSCRIÇÃO O Conselho Regional de Psicologia - 8a Região, em obediência ao disposto na Lei no 5.766/71, Decreto no 79.822/77 e Código de Processamento Disciplinar, pelo presente Edital torna pública a decisão do Conselho Regional de Psicologia – 08ª Região de ANULAR A INSCRIÇÃO PROFISSIONAL da SRA. MARIA DE LOURDES RIBERIO DE FARIA com fundamento no princípio da autotutela administrativa, previsto na Súmula 346 e 473 do Supremo Tribunal Federal, tendo em vista o trânsito em julgado do Processo Disciplinar Ordinário nº 003/2018.
Curitiba, 06 de maio de 2019
Psic. João Baptista Fortes de Oliveira (CRP-08/00173) Conselheiro Presidente do CRP-08
EDITAL COE 002/2019 EDITAL DE CENSURA PÚBLICA O Conselho Regional de Psicologia - 8a Região, em obediência ao disposto na Lei no 5.766/71, Decreto no 79.822/77 e Código de Processamento Disciplinar, pelo presente Edital, torna pública a decisão do Conselho Federal de Psicologia, no Processo Ético Disciplinar no 027/2014, em aplicar a pena de CENSURA PÚBLICA a Psicóloga DEBORA GIMENEZ TIRADO DOS SANTOS, CRP-08/02782 - por infração aos artigos do Código de Ética Profissional dos Psicólogos:
Art. 1º – São deveres fundamentais dos psicólogos: c) Prestar serviços psicológicos de qualidade, em condições de trabalho dignas e apropriadas à natureza desses serviços, utilizando princípios, conhecimentos e técnicas reconhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na ética e na legislação profissional; f) Fornecer, a quem de direito na prestação de serviços psicológicos, informações concernentes ao trabalho a ser realizado e ao seu objetivo profissional. Art. 2º – Ao psicólogo é vedado: g) Emitir documentos sem fundamentação e qualidade técnico científica; h) Interferir na validade e fidedignidade de instrumentos e técnicas psicológicas, adulterar seus resultados ou fazer declarações falsas. Art. 18 – O psicólogo não divulgará, ensinará, cederá, emprestará ou venderá a leigos instrumentos e técnicas psicológicas que permitam ou facilitem exercício ilegal da profissão. Art. 20 – O psicólogo, ao promover publicamente seu serviço, por quaisquer meios, individual ou coletivamente: a) Informará o seu nome completo, o CRP e seu número de registro profissional.
Curitiba, 28 de março de 2019.
Psic. João Baptista Fortes de Oliveira (CRP-08/00173) Conselheiro Presidente do CRP-08