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Senhor Ventura O vendedor de banha de cobra Os voluntários que nas frias madrugadas se sacrificam pelos sem-abrigo

sempre ocupadas por sem-abrigos quando cai a noite em Lisboa.

O senhor Paulo não se importava.

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Uns sem esperança, outros com um fio de luz que os guia.

tem permitido a conquista de um terreno fértil por parte de novos fascismos. Existe uma espécie de policiamento de costumes que está a transformar vários combates justos em novas inquisições morais e moralistas que oferecem de borla oxigénio aos populismos (sobre isto escreverei num destes dias).

5.

V Lu S Os Rio

Não se deve falar do Chega ou de André Ventura. Grosso modo é o que tenho lido e ouvido nos últimos dias, a generalidade dos comentadores acredita que quanto mais se disser, quanto mais indignação pública for exposta, mais o movimento populista de extrema-direita crescerá.

2.

Posto isto, vamos então ao Chega do senhor André Ventura. O país tem de estar ciente de que se trata de uma erva daninha, um partido que defende valores fascistas. Apesar da normalização são movidos pelo ressentimento, pela indignação contra um sistema que eles culpam pela sua infelicidade, pela vontade de ajustarem contas com os “maus” – e nos “maus” cabem políticos (chulos), homossexuais (paneleiros e fufas), esquerda (comunas de merda), pessoas de outras cores e culturas (pretos e ciganada) e todos os que, de uma maneira ou de outra, são democratas.

6.

Infelizmente tinham razão. O problema das ervas daninhas é a estranha particularidade de crescerem ao dobro da velocidade das outras plantas, se regarmos ao mesmo tempo uma erva daninha e outra qualquer planta menos nociva, sabemos o que nos espera: ao fim de algum tempo a erva daninha come tudo à volta.

3.

A partir de agora, à direita e à esquerda, temos de estar bem cientes de que eles podem lá chegar.

Quem é conivente?

Somos os que estamos (e não falo apenas para a esquerda), no lado justo da barricada ou os outros, os que querem rebentar com “esta merda toda”?

1.

Afinal, o que lhe poderia acontecer de pior? Morrer nunca lhe pareceu um castigo demasiadamente severo em comparação com o que fora a sua vida, com o que fizera da sua vida.

V Lu S Os Rio

Tenho dois casacos postos e continuo gelado.

Está tanto frio.

Há alertas para os mais vulneráveis – os que têm a sorte de ter uma casa, mas que não a conseguem aquecer, os que vivem em lugares sem condições, os mais velhos de entre nós, os que não têm dinheiro para deixar de estar gelados.

E há alertas também para os que vivem na rua.

Para os que vivem numa situação de sem-abrigo.

Há avisos de lugares para onde se podem dirigir, a onde podem ir buscar mais mantas, casacos quentes, apoios.

2.

Mas o senhor André Ventura já está para lá disso. Este fim-de-semana, num congresso em Santarém, a malta do Chega parece estar a vestir a pele de cordeiro para disfarçar a sua essência de lobo. O cheiro do poder, da possibilidade de lá chegar, tornou-se uma evidência. Passou-me pela cabeça que podem mesmo lá chegar.

4.

É que no dia em que se concretizasse essa revolução justiceira, o que só poderia acontecer à escala global, veriam os seus filhos e netos de botas cardadas a marchar para o abismo.

Estou a exagerar?

Estou.

Vivemos um tempo de relativismo. E a esquerda tem perdido várias batalhas por um excesso de “politicamente correto” que

Na verdade, estou a exagerar muito. Acredito que esse movimento internacional/populista não irá vingar. Mas também é verdade que já esteve mais longe. E o dinheiro está aí disponível para que eles o usem. E com isso cresçam. Veremos no futuro.

Está tanto frio.

Um frio que nos congela as mãos e nos greta os lábios. Mas isso não é nada, não nos podemos queixar.

Ainda há uns dias o senhor Paulo, apenas com 54 anos, pouco tempo depois de ter celebrado o seu aniversário com uma equipa de rua, o senhor Paulo com os seus problemas recorrentes nos pulmões, não aguentou a chegada do Inverno.

Encontraram-no já cadáver numas arcadas primento vão além de regulamentos e certificações eficazes. A utilização do software dá aos participantes no mercado a maior certeza possível de que irão satisfazer os futuros requisitos de qualidade e informação da FOPH, ajudando a criar confiança para a legalização futura da canábis.

Talvez por isso, apesar dos pulmões, fumava e bebia o máximo que podia, pelo menos que não lhe tirassem esse prazer que se transformou numa necessidade.

3.

Mas sempre com apoio. É preciso que se diga e se fale nas centenas de voluntários que não desistem. Que todos os dias estão na rua. Que levam sopa e comida. Que os ouvem.

Até que os abraçam, os encaminham, os tentam afastar do abismo.

Costumava dizer às equipas que as coisas lhe aconteceram sempre assim, por muito que tivesse bons pensamentos os maus encarregavam-se de ocupar todo o espaço. Tudo se foi desmoronando na sua vida.

A família.

Os amigos. O futuro.

A dignidade.

Ficou com as beatas mais o vinho de pacote e o que arranjava para destruir o resto.

Quando aparecia alguma solução de alojamento dizia que não, nada lhe interessava, preferia assim, beber o veneno até ao último dia, despachar o assunto.

E se as brigadas insistiam num quartinho, num albergue, o senhor Paulo retirava-se de cena ou fazia por ser desagradável, que o deixassem na sua ilusão de liberdade.

O senhor Paulo rebentou com o resto. Deixou-se ir debaixo de umas arcadas.

4.

Estive com muitos desses voluntários em Leiria, ouvi Henrique Joaquim, ex-presidente da Comunidade Vida e Paz e atual responsável pela estratégia nacional para a integração de pessoas em situação de sem-abrigo.

Emocionei-me muito com a generosidade de toda esta gente que não espera nada em troca.

Basta-lhes dar o que têm, contribuir para que o mundo possa ficar um bocadinho melhor. E quando tiram uma pessoa da rua, quando tiram uma pessoa da rua os seus olhos brilham numa recompensa que não precisa de ser mediática.

Só na Comunidade Vida e Paz são 500 voluntários.

De esquerda e de direita ou sem ideologia. Uns acreditam em Deus, outros acreditam no ser humano e há também os que não acreditam numa coisa ou na outra, apenas numa ideia de Bem.

Está um gelo lá fora e há mais homens assim.

E mulheres também.

Pessoas em situação de sem-abrigo que todos os dias sobrevivem como podem.

Está muito frio, hoje particularmente. Mas enquanto a maioria de nós está segura em casas aquecidas, eles e elas têm malgas de sopa na mão e um sorriso que oferecem nas madrugadas aos que se perderam. E no final da noite estendem-lhes a mão para que regressem à vida… se o quiserem.

A fim de assegurar a execução e a transparência deste projecto e de quaisquer outros no futuro, foi essencial implementar um sistema de rastreio fiável, e para o conseguir, a empresa suíça Vigia AG, empresa responsável pela criação do software Cannavigia, desenvolveu o Cannabis Dispensary System (Sistema de Dispensários de Canábis) em parceria com o Gabinete Federal de Saúde Pública (FOPH). Esta solução de software proporciona uma forma de rastrear os produtos de canábis de forma transparente, documentando a distribuição dos produtos e permitindo a investigação científica.

Philipp Hagenbach, COO da Vigia AG, explicou que “a Suíça está a dar o exemplo com o seu processo de legalização estruturado, conformidade máxima e transparência. Com o nosso software Cannavigia existente e o Cannabis Dispensary System, fornecemos as ferramentas necessárias para seguir e documentar cada passo ao longo da cadeia de fornecimento”.

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