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Gabriela Lopes

34 Revue Cultive - Genève

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Mulher Cultive

A mulher Cultive cultiva a educação, a poesia, a arte, a cultura, a juventude, o direito à cultura, a reinserção social, os cuidados com o jovem e à criança.

APRENDENDO COM AS AVES

Ela estava sentada na escadaria externa da Igreja São Francisco, alguns passarinhos pousavam no solo histórico. Na rua observada abaixo da muralha de pedra, passavam bicicletas, motos, carros. Os pássaros voaram com o barulho da moto. Ela os acompanhou com os olhos. As aves decolaram, os pensamentos dela também… Bichinhos tão frágeis, ariscos, porém belos e majestosos. Assustam-se fácil, cautelosos, afastam-se. Seu voo representa a defesa que possuem, em lugares altos se protegem. Lá, não os alcançamos. Interessante analogia se pode fazer… Andando pelo gramado em frente à igreja, famílias, crianças, casais, amigos, fotografias… Qual será a diferença da nossa ousadia ou temor se comparado às aves? Acho que estas têm um ensinamento a deixar. As pessoas avistadas, frágeis, por vezes ariscas à vida e ao novo. Medrosas, inseguras, cismadas; contudo belas e, Nesse conjunto, majestosas. Coragem… Será que esta é a resposta para o humano se resguardar em lugares altos? Coragem não representa a ausência do medo, Significa atitude mesmo temendo… Seres opostos: o corajoso e o covarde. As aves agiram, elas voaram. Com medo dos sons, das pessoas, do desconhecido. Pássaros, pessoas, vidas curtas e sensíveis. Despedia-se da arquitetura contemplada.

O escultor era, sem dúvida, dotado de coragem. Transformou-se em trechos da história através das ações e criações. Ela percebia que, ao longo dos dias, Tornara-se parte das aves daquele gramado. O ambiente se apresenta hostil? Retire-se, aja de longe, cante graciosamente a seu modo. Refugie-se alçando voos e assim pousará em lugares altos.

ESPERANÇA

Às vezes sufocada, mas nunca desfalecida. Ao longo dos anos lutei por essa relação. Carreguei-a como um diamante, mas também a tratei como uma pedra sem valor. Algumas vezes, adornei-a de belos sonhos, outras a perfurei com o real. Aprendi a ser sua amiga e também a virar-lhe as costas. Alimentei-a e deixei-a com fome. Por cada caminho desses enfim entendi… Tudo isso foi importante, passei a me pertencer. Descobri que sua presença é a vida em mim. Quando quis o silêncio, você me convidou para dançar. No meu âmago, um sinal germinou sendo estas as insígnias: “A valsa não acabou minha amada criança. Eis aqui a sua companheira de dança, muito prazer, a Esperança”. Gabriela Lopes

Revue Cultive - Genève35

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