REVISTA POVO . NOV 2014

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PROGRAMA

POVO

NOV . 2014 NESTA EDIÇÃO NOITES DO SIDÓNIO . MEXILHÃO À MARINHEIRO . POETAS DO POVO EM NOVEMBRO .

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ÍN DI CE


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06 . POESIA E MALDIÇÃO

32 . REPORTAGEM LANÇAMENTO DISCO

08 . POESIA E PINTURA

DO POVO #16: MIGUEL CAMÕES

09 . POESIA E CLASSICISMO

34 . NOITE SIDÓNIO PEREIRA

10 . POESIA DANDY

36 . NOITE DE FADODO BRASIL: VÍDEOS

POETAS DO POVO

12 . “ARROJOS” DE CESÁRIO VERDE

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DJS DO POVO

19 . AGENDA DO MÊS

EVENTOS

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GASTRONOMIA

44 . O CHEF RECOMENDA COM FÁBIO PAIXÃO DA SILVA 46 . PETISCO DO MÊS: MEXILHÕES À MARINHEIRO

20 FADISTA RESIDENTE 22 . SOFIA RAMOS: O BALANÇO 24 . SOFIA RAMOS CONVIDA ALEXANDRE CORTEZ

48 . RECEITA: IRISH COFFEE 50 . RECEITA:BOCHECHA DE PORCO ESTUFADA

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AGENDA

26 . RESIDÊNCAIS DE FADO DO POVO 27 . CASTING FADISTAS 30 . SILÊNCIO 22 . APESAR DE VOCÊ

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POE DO POV


ETAS

VO

A Lisboa de sempre, que reúne na mesma equação os poetas de antigamente e uma nova geração, novas culturas, novas linguagens, num espaço inesperado . É este o espírito que marca as noites de segundafeira no Povo, num reencontro entre a cidade, os seus habitantes e as suas palavras. Poesia do dia-a-dia. Poesia de proximidade. Um encontro informal entre escritores, músicos, actores, cineastas e outros artistas, porque o poema é uma porta escancarada. Façam o favor de entrar.

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POESIA E MALDIÇÃO SEG 3 NOV

Com Paula Guedes, Filipe Homem Fonseca, Alexandre Sarrazola, Pedro Malaquias e a música de Filipe Valentim Quem escolhe o ofício de poeta escolhe sempre estar de fora. Observar, questionar os outros e a alma. Mas muitos foram o que por opção ou condenação social levaram essa marginalidade até ao fim. Alguns fizeram do seu estilo de vida a matéria-prima dos seus versos, como um protesto solitário. Outros foram ostracizados pelas suas ideias, pouco populares no tempo em que viveram. Outros ainda preconizavam uma nova forma de viver contrária à moral dos dias apenas porque estariam certos de que essa seria a verdade apetecível. Nesta noite – a noite, terra de todas as liberdades e maldições – celebramos a poesia de quem quis viver e escrever apesar dos outros. E muitas vezes apesar de si.

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À Noite Vou Cantar à Namorada À noite vou cantar à namorada canções que a Lua canta na altura de namorar ela acha ela acha muita piada quando eu à noite as vou cantar Canções que a Lua canta na altura de namorar à noite eu vou cantar à namorada ela assoma ela assoma com a continuação era notada quando eu à noite as vou as vou cantar E ela acha ela acha a isso muita piada e eu lá as vou eu lá as vou cantar que ela à noite ela assoma com a continuação era notada e a continuação era notada não é para desperdiçar Assim quando alta noite a Lua é já luar e ela aparece toda amarrotada eu imagino-a nua a se deitar a das canções à noite namorada.

António Gancho, in “O Ar da Manhã [Semblance]”


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POESIA E PINTURA SEG 10 NOV

Com Isabel Nogueira, Miguel Loureiro e mais convidados a anunciar em breve Parece haver um especial fascínio dos poetas pelas artes que dispensam a palavra. Não será de espantar: quem trabalha o verso sabe que sempre ficará algo para dizer, distante do que se escreve. A pintura permite essa viagem ao que não se diz e mais directamente ao que se sente e tem urgência de se dizer. Esta inspiração tem guiado poetas desde o princípio dos tempos, quer em simples reverência diante de um quadro quer partindo de uma pintura para destinos longínquos e íntimos. Esta noite pinta-se poesia.

se repentinamente
 a infância me doesse a meio da oceânica noite
 no espelho de rubra água cercada pela treva
 onde nenhum rosto ousa reflectir-se brilharia
 o minúsculo peixe de lume e na obscuridade púrpura sua cabeça de ouro
 incendiaria o transparente interior das anémonas as escamas em jade fulgurando
 simulam um sol em cada sonho
 vibra um búzio triste uma alga ou um peixe como este
 cresce a partir do centro rubro da tela
 acende e apaga o distante pulsar da infância acordo em sobressalto
 deparo com a subtil inteligência do peixe
 imobilizado na magia barata dum bilhete postal
 sei que está numa galeria de arte em Hamburgo
 deixa-se consumir pelo tempo 
e pelo olhar dalgum visitante furtivo sonhador Al Berto in «A Secreta Vida Das Imagens II», 1984/85

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POESIA & CLASSICISMO SEG 17 NOV

Com Fernando Pinto do Amaral e mais convidados a anunciar em breve Na maré do tempo existe sempre algo que fica. Na poesia a erosão dos dias permite percebermos um canone, que os poetas seguem ou recusam conforme a sua alma. No fundo, o que é clássico torna-se um ponto de partida ou de regresso para nos entendermos como seres humanos. De Homero aos nossos dias, viajamos por poetas e poesias que sempre serão os nossos alicerces invisíveis.

Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança: Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança: Do mal ficam as mágoas na lembrança, E do bem (se algum houve) as saudades. O tempo cobre o chão de verde manto, Que já coberto foi de neve fria, E em mim converte em choro o doce canto. E afora este mudar-se cada dia, Outra mudança faz de mor espanto, Que não se muda já como soía.

Luís Vaz de Camões, in “Sonetos”

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POESIA DANDY SEG 24 NOV

Convidados a anunciar em breve O que é um Dandy? A expressão tem origem obscura, mas julga-se que a palavra terá aparecido na fronteira entre a Inglaterra e a Escócia, referindo os jovens que se vestiam de modo excêntrico que se importavam com a aparência, valorizavam o lazer e o uso da linguagem de uma forma correta. Seriam considerados diletantes pois a sociedade achava que escolhiam viver a sua vida de forma leviana. Seria portanto óbvia a sua relação com a Poesia. Ao longo da história foram vários os poetas e escritores considerados dandy, sendo exemplo Baudelaire, Allan Poe ou Novalis. Nesta noite a poesia quer-se boémia e diletante, excêntrica e vaidosa.

Loucos e Santos

Escolho os meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
 Tem que ter um brilho questionador e tonalidade inquietante.
 A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
 Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
 Deles não quero resposta, quero meu avesso.
 Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
 Para isso, só sendo louco.
 Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
 Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
 Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
 Amigo que não ri comigo, não sabe sofrer comigo.
 Meus amigos são todos assim: metade disparate, metade seriedade.
 Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
 Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade a sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
 Não quero amigos adultos nem chatos.
 Quero-os metade infância e outra metade velhice!
 Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
 Tenho amigos para saber quem eu sou.
 Pois os vendo loucos e santos, parvos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que “normalidade” é uma ilusão imbecil e estéril.
 Oscar Wilde

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ARROJOS CESÁRIO VERDE

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Se a minha amada um longo olhar me desse Dos seus olhos que ferem como espadas, Eu domaria o mar que se enfurece E escalaria as nuvens rendilhadas. Se ela deixasse, extático e suspenso Tomar-lhe as mãos “mignonnes” (1) e aquecê-las, Eu com um sopro enorme, um sopro imenso Apagaria o lume das estrelas. Se aquela que amo mais que a luz do dia, Me aniquilasse os males taciturnos, O brilho dos meus olhos venceria O clarão dos relâmpagos nocturnos. Se ela quisesse amar, no azul do espaço, Casando as suas penas com as minhas, Eu desfaria o Sol como desfaço As bolas de sabão das criancinhas. Se a Laura dos meus loucos desvarios Fosse menos soberba e menos fria, Eu pararia o curso aos grandes rios E a terra sob os pés abalaria. Se aquela por quem já não tenho risos Me concedesse apenas dois abraços, Eu subiria aos róseos paraísos E a Lua afogaria nos meus braços. Se ela ouvisse os meus cantos moribundos E os lamentos das cítaras estranhas, Eu ergueria os vales mais profundos E abateria as sólidas montanhas. E se aquela visão da fantasia Me estreitasse ao peito alvo como arminho, Eu nunca, nunca mais me sentaria Às mesas espelhentas do Martinho.

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TODA A PROGRAMAÇÃO EM: https://www.facebook.com/POETASDOPOVO

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ACOMPANHEM AS SESSÕES SEMA

POETAS DO P 16


ANAIS DO POETAS DO POVO NOS CANAIS YOUTUBE:

POVO: http://www.youtube.com/channel/UCh0G0Kv8ogfcnxjBDX_UNwQ 17


DJ’S DO POVO 18


AGENDA SEX. 07 NOV . 00H00 . DJ VÉSTIA SÁB. 08 NOV . 00H00 . DJ VÉSTIA SEX. 14 NOV . 00H00 . DJ DE REFERÊNCIA

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SOFIA RAMOS FADISTA RESIDENTE SET A NOV 2014

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SOFIA RAMOS: O BALANÇO Olhando para trás fico bastante grata por estes meses. Ser fadista residente no Povo é, acima de tudo, uma oportunidade espectacular. Antes de começar a minha residência a minha cultura de fado era mínima. Lembro-me de sentir que levei uma bofetada de informação sem saber muito bem como a gerir. É necessário ter noção de que há muito para aprender e para isso é preciso humildade e uma grande capacidade para aceitar as críticas. Tive oportunidade de ouvir outros fadistas e de aprender com eles, de tocar com músicos de outras áreas com quem partilhei ideias. Quando um dia me perguntaram quem gostaria de convidar para ir ao Povo, disse “O JP Simões”. Nunca achei que isso fosse acontecer, mas aconteceu e foi um privilégio. Tive a liberdade de trabalhar com outras linguagens músicais tendo explorado a música brasileira, cubana e o cante alentejano. Sinto que cresci como fadista e que me estenderam um tapete para que agora possa seguir o meu caminho, que ainda é bastante longo. O Povo permitiu-me olhar para o futuro com mais clareza. Perceber aquilo de que eu gosto mais no fado e como as coisas devem ser feitas. Acima de tudo aprendi a gostar realmente de fado e a senti-lo na sua plenitude, ainda que tenha muito para aprender, sinto que estou no caminho certo para crescer como fadista.

ACOMPANHEM AS SESSÕES DIÁRIAS DO POVO NOS CANAIS YOUTUBE: RESIDÊNCIAS DE FADO: http://www.youtube.com/channel/UCkoNjki7uotfHF0ydFkxKng

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SOFIA RAMOS CONVIDA: ALEXANDRE CORTEZ Na entrada da recta final do período de residência artística no Povo, Sofia Ramos convida para uma actuação de encontros, Alexandre Cortez. Músico, empresário e produtor, Alex Cortez notabilizou-se enquanto baixista dos Rádio Macau. Desde então, tem integrado imensos projectos musicais, assim como sido criador e parceiro num conjunto de iniciativas e projectos culturais que marcaram a actualidade das artes no Portugal da última década.

QUA . 12 NOV . 21H30 Residência Artística de Fado

Nesta noite, aos músicos residentes Domingos Mirra e João Penedo, teram como companhia o baixo eléctrico, para mais um momento de experimentação e partilha no Fado do Povo.

UM OLHAR SOBRE... Alex é um co -fundador da CTL, onde se especializou em direção de programação e eventos. É músico, empresário e produtor artístico . Ele co-fundou alguns dos projetos musicais Português mais originais das últimas duas décadas e tem sido convidado para programar e produzir dezenas de shows em alguns dos maiores locais em Portugal. De entre os inúmeros grupos musicais que integrou destaque para o colectivo Rádio Macau, o projecto wordsong e, mais recentemente, a dupla Murmur. 25


AS RESIDÊNCIAS DE FADO DO POVO Inspirado por uma reinterpretação do conceito de tasca moderna, o Povo é também um espaço de programação e de produção de conteúdos culturais. Assim, as Residências Artísticas do Povo nascem com o objectivo de descobrir novas vozes do Fado e com elas desenvolver um trabalho que possa ser enriquecedor e potenciador de uma carreira profissional. Prevendo oito edições anuais, cada residência tem uma duração de seis semanas. Durante este período, o Povo convida um jovem intérprete a apresentar o seu trabalho e a desenvolver um repertório artístico original. Durante o período de residência, os jovens fadistas fazem um trabalho exploratório, que promove a revelação de novos letristas, e que cruza e dialoga com outros instrumentos e influências musicais. Este trabalho fica, posteriormente, registado na gravação e edição de um “Disco do Povo”. Assim, mais do que um registo de Fado, a colecção “Discos do Povo” é um testemunho de um projecto único de programação cultural e uma “carta de apresentação” para estes jovens talentos, potenciando a médio prazo um importante acervo de um renovado repertório fadista. 26


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CASTING FADISTAS DO POVO Candidaturas abertas em permanência O Povo está à procura de jovens e talentosos fadistas, não editados, que procurem uma oportunidade para desenvolver as suas capacidades performativas. O Fado no Povo, tem por base o conceito de residência artística: ao longo de um período de dois meses, num processo “work in progress”, os fadistas residentes desenvolvem o seu talento, aperfeiçoam o seu repertório e contactam com músicos de outros géneros musicais. Esse processo exploratório resulta na gravação de um CD, que é um reflexo de todo o trabalho efetuado durante este período.

Enviem os vossos vídeos e contacto para castingsfado.povo@gmail.com. Mais informações em: https://www.facebook.com/povolisboa 29


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SILÊNCIO Duermen en mi jardin Las blancas azucenas, los nardos y las rosas, Mi alma muuuuy triste y pesarosa A las flores quiere ocultar su amargo dolor. Yo no quiero que las flores sepan Los tormentos que me da la vida. Si supieran lo que estoy sufriendo Por mis penas llorarian tambien. Silencio, que estan durmiendo Los nardos y las azucenas. No quiero que sepan mis penas Porque si me ven llorando moriran.

“Silêncio” é um Bolero composto riginalmente pelo portoriquenho Rafael Fernandez, tendo sido imortalizado internacionalmente pelas vozes de Ibrahim Ferrer e Omara Portuondo, em conjunto com o colectivo de músicos Buena Vista Social Club. A colaboração havia de ficar registada em câmara no documentário “Buena Vista Social Club” da autoria de Wim Wenders. A forma como o realizador incorpora a gravação em estúdio com a performance ao vivo é conhecida por ser um momento de rara emoção e beleza. A música será parte integrante do repertório do disco do Povo #18: Sofia Ramos. O vídeo pode ser visto aqui: http://youtu.be/0mStndtGGOE 31


APESAR DE VOCÊ Escrita e composta originalmente por Chico Buarque, “Apesar de Você” é um dos temas que marca o tropicalismo brasileiro, sendo apontada como um dos hinos de protesto contra a ditadura militar que se instalou no país entre 1964 e 1985. Tendo como tema central implícito a falta de liberdade, a canção foi alvo de censura pelo governo do general Amílio Garratazu Médici. A música será um dos temas a incluir no próximo disco do Povo, que apresentará a actual fadista residente Sofia Ramos. A gravação contará com a participação especial de Luanda Cozetti.

Hoje você é quem manda Falou, tá falado Não tem discussão A minha gente hoje anda Falando de lado E olhando pro chão, viu Você que inventou esse estado E inventou de inventar Toda a escuridão Você que inventou o pecado Esqueceu-se de inventar O perdão Apesar de você Amanhã há de ser Outro dia Eu pergunto a você Onde vai se esconder Da enorme euforia Como vai proibir Quando o galo insistir Em cantar Água nova brotando E a gente se amando 32

Sem parar Quando chegar o momento Esse meu sofrimento Vou cobrar com juros, juro Todo esse amor reprimido Esse grito contido Este samba no escuro Você que inventou a tristeza Ora, tenha a fineza De desinventar Você vai pagar e é dobrado Cada lágrima rolada Nesse meu penar Apesar de você Amanhã há de ser Outro dia Inda pago pra ver O jardim florescer Qual você não queria Você vai se amargar Vendo o dia raiar Sem lhe pedir licença

E eu vou morrer de rir Que esse dia há de vir Antes do que você pensa Apesar de você Amanhã há de ser Outro dia Você vai ter que ver A manhã renascer E esbanjar poesia Como vai se explicar Vendo o céu clarear De repente, impunemente Como vai abafar Nosso coro a cantar Na sua frente Apesar de você Amanhã há de ser Outro dia Você vai se dar mal Etc. e tal

CHICO BUARQUE


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EVEN


NTOS

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LANÇAMENTO DISCO DO A colaboração entre Miguel Camões e João 36


POVO: MIGUEL CAMÕES Cabrita para ouvir aqui: http://www.youtube.com/watch?v=tno5q5Ygrnw 37


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NOITE SIDÓNIO PEREIRA QUA . 5 NOV . 21H30 Há cerca de três anos, quando Inês Pereira, a primeira fadista residente, entrava no Povo, inaugurava-se um projecto que previa a criação de um espaço onde jovens vozes pudessem experimentar-se enquanto artistas, músicos e fadistas. A ideia, nascida no seio da CTL - Cultural Trand Lisbon cedo seria abraçada pelo virtuoso guitarrista Sidónio Pereira que, desde o dia 1, assumia as despesas de ser um dos timoneiros do período formativo. Centenas de noites depois, são já dezasseis as edições que nasceram destas noites de Fado do Resaturante do Cais do Sodré, em número igaul de vozes. Hoje, o desafio tornou-se numa “brincadeira” séria e o Povo conquistou espaço entre os lugares que se querem de preservação da música Património Mundial. Uma preservação que ser quer actual, em constante diálogo com o Portugal de hoje. É esta a memória que queremos manter viva nas Noites Sidónio Pereira,onde reunimos fadistas ex-residentes em torno de uma mesa, promovendo a troca de ideias, experiências e conhecimento.

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NOITE FADOS DO BRASIL 40


SOFIA RAMOS: http://youtu.be/PPk9z1UbSZU SOFIA RAMOS & LUANDA COZETTI: http://youtu.be/Zem2ptMG1Wk 41


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GAS TRO NO MIA


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Outono, São Martinho.. Castanhas e vinho... COM FÁBIO PAIXÃO DA SILVA O Outono sempre foi a minha estação favorita, a melancolia pósverão, os dias quentes e as noites frias, a magia do S.Martinho e o cheiro a castanha assada no ar. Na pequena aldeia do concelho de Rio Maior onde cresci, havia uma tradição no dia de todos os santos, celebrado a 1 de Novembro. Nesse dia todas as casas da aldeia tinham porta aberta e a mesa posta - e diga-se bem composta: regada da primeira água pé e de vinho abafado (uma fermentação de vinho e aguardente). Depois de iniciado o repasto, a aldeia dividiase em 3 grupos, crianças, jovens e adultos. As crianças eram as primeiras a visitar as casas, comiam e pediam o famoso pão-por-Deus, ao início da tarde começavam os jovens e, por fim, os adultos. No caso destes últimos, mandava a tradição que o percurso por entre as casas fosse feito para comer e beber à vontade, mas, caso os excessos os fizessem cair

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de bêbados, tinham de pagar tudo o que comeram nas casas anteriores… O conjunto destas pequenas histórias e tradições que cada aldeia tem fazem um legado intemporal que nos marca enquanto Povo e que é importante preservar. A minha sugestão este mês é que desfrute um pouco deste espírito, compre umas castanhas e asseas, regue-se com um bom vinho abafado e passe um serão caseiro na companhia de quem mais gosta, Coma e seja Feliz! Fábio Paixão Silva


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PETISCO DO MÊS

MEXILHÕES À MARINHEIRO Petisco para 4 pessoas: 1kg de mexilhão 2 cebolas em meias luas 2 dentes de alho picados 1 copo de vinho branco 1 fio de azeite 1 colher de sopa de salsa picada Sumo de meio limão

NOTA: Os mexilhões são o marisco mais sustentável do planeta, à em abundancia um pouco por todo lado, escolha os médios e pesados. . Lave e raspe as algas da casca com uma faca; . Refogue a cebola e o alho em azeite, refresque com vinho branco e deixe cozinhar a cebola; . Adicione os mexilhões, tape e deixe cozinhar até estarem todos abertos. Tempere com umas gotas de sumo de limão. Coma e seja feliz!

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BEBIDA

IRISH COFFEE 40 ml de Whiskey 75 ml de café amargo 30 ml de creme de leite fresco 1 colher de chá de açúcar mascavado

O Irish coffee é um cocktail que é muito fácil de ser preparado. Basta misturar o Whiskey com o café e o açúcar e depois acrescentar o creme de leite sobre a bebida.

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RECEITA

BOCHECHA DE PORCO ESTUFADA Preparação:

Petisco para 4 pessoas: 8 bochechas de Porco 2 cebolas em meias luas 2 dentes de alho picados 1 cenoura ás rodelas 1 molho de tomilho pequeno 4 tomates em quartos 1 fio de azeite 2 copos de vinho do porto 2 copos de vinho tinto 1 copo de brandy Sal e pimenta

. Tempere as bochechas com sal e pimenta; . Coloque um tacho ao lume com azeite bem quente e marque as bochechas muito bem de um lado e de outro, retire as bochechas e na mesma gordura refogue muito bem os legumes; . Volte a colocar a bochecha no tacho, adicione o brandy e flambeie, adicione os outros vinhos e o tomilho. Deixe cozinhar em lume brando tapado cerca de 3 horas, ou até se estar a desfazer, retire as bochechas, coe o molho e sirva com o mesmo. Coma e seja feliz!

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AGENDA POVO LISBOA . NOV . 2014

WEEK 1

WEEK 3

01 . SAB . 00H00

09 . DOM . 21H30 . 22H30 . 23H30

DJ FRANCISCO VÉSTIA . DJSET

SOFIA RAMOS . FADO

WEEK 2

10 . SEG. 22H00

02 . DOM . 21H30 . 22H30 . 23H30

11 . TER . 21H30 . 22H30

SOFIA RAMOS . FADO 03 . SEG . 22H00

POETAS DO POVO: POESIA E MALDIÇÃO 04 . TER . 21H30 . 22H30

SOFIA RAMOS. FADO

POETAS DO POVO: POESIA E PINTURA

SOFIA RAMOS . FADO 12 . QUA . 21H30 . 22H30

SOFIA RAMOS . FADO 13 . QUI . 21H30 . 22H30

MARTA ROSA . FADO

05 . QUA . 21H30 . 22H30

NOITE SIDÓNIO PEREIRA 06 . QUI . 21H30 . 22H30

MARTA ROSA . FADO 07 . SEX . 00H00

FRANCISCO VÉSTIA . DJSET 08 . SAB . 00H00

FRANCISCO VÉSTIA . DJSET 52

NOVA EDIÇÃO REVISTA DO POVO A SER LANÇADA A 15 DE NOVEMBRO


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