6 minute read
Roupas Sustentáveis que estão na moda
Omercado da moda tem sido caracterizado ao longo dos tempos pelo curto ciclo de vida dos seus produtos, pois na mudança de cada estação novas peças são apresentadas, fazendo com que os produtos das colecções anteriores, estando ou não bem conservados, sejam descartados por não estarem mais “na moda”.
Segundo dados recentes da Organização Mundial das Nações Unidas, a indústria têxtil é a segunda mais poluente do mundo, responsável por 20% das águas residuais e 10% das emissões de gases de efeito de estufa a nível mundial.
O consumo excessivo na indústria da moda é efectivamente um problema, afinal todos temos mais peças de roupa do que aquilo que realmente precisamos, incentivados pelos preços baixos e pelo lançamento de novas colecções várias vezes no ano, levando a um consumo desenfreado, descartando mais facilmente aquilo que temos e, consequentemente, levando as marcas a produzir muito mais do que o nosso planeta consegue suportar. No entanto, esta tendência tem vindo a mudar nos últimos tempos e promete uma verdadeira revolução nos próximos anos. Muitas marcas estão a redefinir as suas estratégias e a adoptar alguns princípios para um desenvolvimento mais sustentável. Novos materiais, terminologias e conceitos estão a surgir todos os dias. A palavra “Reciclar” está a assumir primordial importância também no mundo da moda e a trilogia comprar “menos”, “melhor” e “mais duradouro” é premissa fundamental.
Não existe uma forma única de definir uma marca como “sustentável”. Antes de mais, a sustentabilidade pode ter várias vertentes: ambiental, social, económica e, claro, financeira.
Por definição todas as empresas procuram ser sustentáveis financeiramente. Já em relação aos aspectos ambientais, a história é bastante diferente. Isto apesar das preocupações ambientais e sociais das empresas estarem, cada vez mais, na ordem do dia.
A moda sustentável baseia-se na preservação do meio ambiente em todas as suas etapas de produção, procurando reduzir a quantidade de poluentes usados na fabricação dos produtos e minimizando a utilização de matérias-primas da natureza. Mas não só. Algumas marcas aliam as preocupações ambientais, a preocupações sociais e económicas na sua actividade. Nestas vertentes são desenvolvidas estratégias que potenciem a economia local, as condições e remuneração das pessoas envolvidas nas várias fases do ciclo produtivo e é dada atenção não só à faturação da empresa, mas também ao valor e riqueza que essa faturação cria naqueles que estão fora da empresa, mas que acabam por ter uma ligação, directa ou indirectamente, à sua actividade.
Para que possa fazer escolhas informadas quando fizer as suas compras, existem alguns conceitos e palavras que fazem parte de uma terminologia ecológica utilizada pelas marcas e que deve sempre ter presente.
Conceitos A Reter Para Uma Compra Informada
> Compensação de Carbono: É necessário reduzir as emissões dos gases com efeito de estufa (GEE) e, por essa razão, muitas marcas estão a repensar as suas cadeias de valor e a investir em projectos que não emitem CO2, como forma de compensar as emissões que produzem, por exemplo, investindo na reflorestação.
> Greenwashing: Define-se pela utilização de ‘marketing’ verde de forma enganosa, com o intuito de promover uma percepção errada de que as políticas ou produtos das empresas são mais sustentáveis do que aquilo que efectivamente são. É importante ir mais além do que aquilo que nos é dito nos rótulos das embalagens, porque termos como “natural”, “orgânico”, entre outros, são abrangentes, o que significa que a regulamentação, nestes casos, nem sempre é específica ou pode ser facilmente contornada. Uma forma de combater o Greenwashing é a atenção dada pelos consumidores, reguladores e outras partes interessadas à forma como as marcas comunicam as suas credenciais de sustentabilidade. Se as marcas quiserem evitar o Greenwashing devem mostrar que estão a fazer mudanças significativas e confiáveis, respeitando os requisitos regulatórios emergentes.
> Upcycling : As marcas que estão a ficar mais conscientes valorizam cada vez mais as matérias-primas dos seus produtos. O Upcycling é uma tendência crescente que consiste em transformar e reutilizar matérias-primas que seriam consideradas desperdício.
> Transparência: Um dos factores cada vez mais exigido às marcas é que sejam capazes de rastrear os seus produtos e comunicarem com transparência. Isto significa que as empresas devem ser capazes de divulgar informações sobre toda a cadeia de valor e ao nível de políticas de sustentabilidade.
> Materiais Biodegradáveis: Esta tipologia de materiais são os que se decompõem naturalmente através de microorganismos sob condições adequadas de temperatura, humidade, luz, oxigênio e nutrientes.
> Microplásticos: Tal como o nome indica é plástico em pequenas partículas, podem nem sempre ser visíveis, sendo que os materiais sintéticos são os principais responsáveis. Este é um problema crescente que contribui muito para a poluição do mar. No entanto, há coisas simples que cada um de nós pode usar para diminuir esta poluição, começando pelos filtros de microplásticos para lavagem da roupa.
Marcas Que Apostam Na Sustentabilidade
O capitalismo trouxe-nos hábitos de consumo e produção que agora precisamos de contrariar e repensar, por isso cada vez mais marcas estão a adaptar-se ou já nascem com um propósito consciente. Fique a conhecer alguns exemplos a nível nacional e internacional.
Jacarandá
A Jacarandá produz peças femininas originais de edição limitada, com grande atenção aos pormenores. O catálogo da marca inclui vestidos, ‘tops’, casacos ou camisolas. As peças têm muita cor e primam pela diferença. O processo de produção é sustentável e transparente. Os tecidos são na sua grande maioria portugueses (em ‘dead stock’ ou reciclados) e toda a produção é feita em Portugal.
ISTO
A marca ISTO é sinónimo de transparência e compromisso com a sustentabilidade. As peças são produzidas em Portugal, sendo que a grande maioria utiliza materiais orgânicos certificados. O que distingue realmente esta marca de outras é a sua transparência na comunicação da cadeia de valor, pois é possível ver para cada peça quais os gastos de produção, desde os botões à mão de obra, e também pormenores como o cálculo real gasto na produção, o valor de venda ao público e o preço a que normalmente uma peça idêntica é vendida.
Sienna Inspo
Esta marca com um carácter próprio encontrou uma solução nas sobras de tecidos que se foram acumulando ao longo dos tempos. Nesta acumulação, Marisa Matos, fundadora da marca, viu a oportunidade de criar uma linha ‘Zero Waste’ que não só a ajudava a combater os excedentes, mas também a criar peças únicas e exclusivas.
Captain Tom
A Captain Tom foca-se nos biquínis e fatos de banho, feitos à mão pela sua fundadora Raquel Tomaz. O tecido primordial das suas peças é o ECONYL®, produzido a partir de lixo sintético recolhido nos oceanos. O desperdício das peças dá origem a novas peças, para que nada fique por aproveitar e o planeta não seja prejudicado.
Light Years Away
Sustentabilidade, Autenticidade e Empoderamento. Seja com o planeta, consigo ou com a comunidade global. Assim nasceu a Light Years Away, utilizando ECONYL®, um tecido feito de nylon regenerado. Através do tratamento e regeneração de fontes como resíduos plásticos industriais, redes de pesca e restos de tecidos, o nylon volta à sua forma natural e pode, assim, ser trabalhado para diversos fins - nesse caso, ‘super slick & strong activewear’. As suas embalagens são compostáveis e os rótulos são feitos de papel semente, para os plantar e ver a sua contribuição para o meu ambiente florescer.
Stella McCartney
Nasceu em Londres e é vegetariana. Nunca usou couro, penas, pele ou pêlo em nenhuma das suas criações. A marca tem vindo a aumentar a sua liderança em pensamento de sustentabilidade por meio da inovação de materiais e da cadeia de suprimentos, parcerias e muito mais.
Manui
A marca criada pela ‘designer’ brasileira Juliana Bastos surgiu em Novembro de 2016 para semear uma moda brasileira, consciente e sustentável. Com o objectivo de criar uma alternativa de moda mais responsável que impacte positivamente o planeta, tendo como base os três pilares da sustentabilidade: social, económico e ambiental. A produzir roupas com modelos intemporais, segundo o conceito ‘slow fashion’ de produção em pequena escala, procura enaltecer a cultura e a diversidade brasileira, utilizando fontes renováveis nas suas criações. Aposta na qualidade das peças e acabamentos, conferindo-lhes o máximo de durabilidade. Todas as peças são de tecidos naturais como linho e algodão. As cores e estampagens são feitas de forma artesanal, com técnicas de tingimento natural, extraindo cores de cascas, sementes, folhas e flores.
Lush
Também a cosmética pode ser sustentável e cada marca tem a sua própria abordagem, seja nas embalagens feitas de material reciclado, matérias-primas consideradas sustentáveis ou fórmulas mais amigas do ambiente. A Lush, por exemplo, desde a sua fundação definiu como princípio ter produtos sem embalagens e apostar na venda a granel.
Haute Parfumerie vistaalegre.com
Desperte os seus sentidos para Pouvoir, Innocence e Mystère da nova linha Home Cosmetics Vista Alegre. Três fragrâncias exclusivas nascidas da união harmoniosa entre alta perfumaria e decoração para criar ambientes únicos e personalizados em sua casa.