6 minute read

Aposta em frota (cada vez) mais amiga do ambiente

O sector da mobilidade e transportes é dos que mais sofre pressão para adoptar práticas sustentáveis, em especial no que diz respeito à redução das emissões poluentes. A STCP caminha a passos largos para reduzir cada vez mais a sua pegada carbónica, renovando parte da frota de cerca de 400 veículos. Mas dentro de “casa” também se pensa no ambiente.

Apreocupação com a sustentabilidade é uma constante, há vários anos, na Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP). A transição para uma frota mais amiga do ambiente, com a substituição progressiva de veículos a gasóleo por gás natural e, mais recentemente, o lançamento de um concurso para a aquisição de 48 autocarros eléctricos, são as faces mais visíveis deste esforço, por parte de uma empresa que opera num sector onde a descarbonização é, hoje, a grande meta.

DENTRO DE “CASA” TAMBÉM SE PENSA NO AMBIENTE

Apostada em promover as melhores práticas sustentáveis junto dos Colaboradores, a STCP lançou, em Novembro de 2022, a campanha interna “Poupar o Futuro - o meu, o teu, o nosso”, que serviu de mote à urgente necessidade de actuação no combate às alterações climáticas e promoção da sustentabilidade.

Inspirada na crise energética, no âmbito deste programa, a STCP tem vindo a implementar uma série de acções internas que visam sensibilizar colaboradores a, de forma totalmente voluntária, agirem em conformidade com a poupança de água, energética, redução da utilização de consumíveis e adopção de práticas de mobilidade.

A empresa de transportes públicos do Porto foi a primeira em Portugal, em 2008, a possuir um Sistema Integrado de Gestão certificado em termos de Gestão da Qualidade, Gestão Ambiental e Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho. Dois anos mais tarde, a companhia aderiu à Carta de Desenvolvimento Sustentável da UITP (União Internacional dos Transporte Públicos), assumindo um maior nível de responsabilidade e de exigência. Entretanto, desde 2016 que a STCP tem vindo a consolidar a sua comunicação com as entidades reguladoras, de acordo com o normativo legal que regula a sua actividade em termos de impacto ambiental, nomeadamente através da monitorização das fontes de emissão, do controlo da utilização de gases fluorados com efeito de estufa e empobrecedores da camada de ozono, da análise e controlo dos efluentes e da gestão dos resíduos produzidos.

Rumo a Paris Focada no cumprimento das metas do Acordo de Paris, num dos sectores onde é maior a pressão para reduzir as emissões poluentes (a mobilidade e transportes são responsáveis por cerca de 30% das emissões em Portugal), a STCP tem investido numa frota mais amiga do ambiente.

Entre 2018 e 2021, fruto de um investimento global de cerca de 70 milhões de euros, a frota da STCP passou a contar com 274 viaturas mais limpas, mais eficientes energética e economicamente (254 movidas a gás natural e 20 autocarros 100% eléctricos).

Contas feitas, neste período, 65% da frota da STCP foi alvo de substituição, permitindo prestar às populações dos seis concelhos onde opera um serviço de maior eficiência, em termos económicos e ambientais, e, sobretudo, reduzir significativamente as emissões de carbono.

Este projecto de renovação da frota da STCP foi cofinanciado pelos Aviso I e Aviso II do PO SEUR Portugal 2020Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos, que permitiu a substituição de veículos em fim de vida.

No ano passado um novo passo foi dado pela STCP, com o lançamento de um concurso público internacional para a aquisição de 48 viaturas de transporte de passageiros 100% eléctricas e uma estação de carregamento eléctrica, constituída por 24 carregadores duplos.

2023 é um ano chave

A empresa estima que a introdução na frota destes 48 autocarros eléctricos - com autonomia de cerca de 320 kmvenha a ocorrer no último quadrimestre de 2023, altura em que, desta forma, a STCP verá a sua frota 100% livre de emissões aumentar dos actuais 20 veículos para 68.

Este passo, que foi pensado antes do início da guerra na Ucrânia, contribuirá para uma redução de emissões de CO2 de cerca de 4.000 ton/ano, permitindo substituir 24 viaturas ‘standard’ em fim de vida e reforçar a frota da empresa com mais 24 novas viaturas energeticamente limpas.

“A STCP tem a oportunidade de avançar, a modo rápido, em direcção à descarbonização da operação e de desagravar, assim, as alterações climáticas”, defendeu a PCA da empresa, Cristina Pimentel, no anúncio do concurso público.

Também no ano passado, em Abril, a STCP subscreveu o Pacto do Porto para o Clima, uma iniciativa da Câmara Municipal do Porto que visa atingir a neutralidade carbónica da cidade em 2030, através do envolvimento activo dos diferentes actores da sociedade. E, em Novembro, a companhia aderiu ao Insure Hub, uma iniciativa que resulta da mobilização da Universidade Católica Portuguesa, no Porto, através das suas Faculdades, Católica Porto Business School e Escola Superior de Biotecnologia, em conjunto com a Planetiers New Generation, e que tem como áreas prioritárias contribuir para a Sustentabilidade e para a Regeneração, de acordo com o European Green Deal.

Em causa está o compromisso de contribuir para o desenvolvimento de actividades conjuntas para a promoção do Conhecimento, da Inovação e de Empreendedorismo Sustentável, na persecução dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável 2030 das Nações Unidas (ONU), da Estratégia do Pacto Ecológico Europeu e as metas definidas para a Europa 2030 e 2050.

Valorpneu

O contributo da Valorpneu para a economia circular

A Valorpneu nasceu há 20 anos, para dar resposta a um problema ambiental: os pneus em fim de vida. Ao longo deste tempo, a entidade gestora portuguesa tem dado passos significativos no caminho para a economia circular e para a sustentabilidade do planeta.

No sector automóvel e dos pneus usados, não podemos falar em economia circular e sustentabilidade sem destacarmos a actividade da Valorpneu. O propósito da Valorpneu é organizar e gerir o sistema de recolha e encaminhamento dos pneus usados em Portugal, sendo hoje responsável pela recolha e valorização de 100% dos pneus anualmente gerados. Desde o início da sua actividade, esta entidade já tratou cerca de 157 milhões de pneus, o que em termos de responsabilidade ambiental representa uma poupança de mais de 2 700 000 toneladas de emissões de CO2 e mais de 82 milhões de GJ evitados.

Ao longo dos seus 20 anos de actividade, a Valorpneu tem dado passos importantes no caminho para uma economia circular. Os pneus em fim de vida têm um enquadramento legislativo já desde 2001 que estabelece a responsabilidade alargada do produtor e existe um sistema integrado gerido pela Valorpneu que procede à sua recolha, transporte e encaminhamento para destino final de valorização, sendo que mais de 50% dos pneus são reciclados e incorporados em novos produtos e os restantes recauchutados ou valorizados energeticamente. Portugal foi dos primeiros países da Europa a legislar nesse sentido. É exemplo mais recente o Fim de Estatuto de Resíduo, estabelecido na Directiva Europeia relativa ao Regime Geral de Gestão de Resíduos, mecanismo que permite que certos materiais, em circunstâncias específicas, possam ser utilizados como produtos, sem que os trâmites administrativos associados à gestão de resíduos lhes sejam aplicáveis. Poucos países o fizeram, não mais que dois ou três para além de Portugal. O Estado português adoptou este mecanismo para os materiais derivados de pneus em fim de vida através de Portaria publicada no início de 2018 simplificando alguns procedimentos e potenciando uma maior implementação no mercado dos produtos reciclados de pneus.

A reciclagem de pneus usados tem como produtos finais o pó e o granulado de borracha, o aço e o têxtil. O granulado de borracha tem muitas aplicações, tais como relvados sintéticos, pavimentos diversos, nas indústrias de isolamentos e da borracha e nas misturas betuminosas com borracha. O aço é vendido a empresas que reciclam metais e o têxtil é passível de valorização energética. Existem anualmente mais de 30 milhões de toneladas de pneus em fim de vida no mundo que são descartados, sendo que na Europa são gerados cerca de 3,4 milhões de toneladas todos os anos. “Os produtos reciclados de pneus estão fortemente dependentes do mercado dos relvados sintéticos e dos pavimentos. Importa diversificar e ampliar os mercados alternativos. Os pneus em fim de vida para além de terem potencial para substituir matérias-primas e recursos naturais em inúmeras soluções, preservando o ambiente, voltam a ser por essa via reintroduzidos na economia e a gerar valor”, explica Climénia Silva, directora-geral da Valorpneu. Em termos ambientais por cada tonelada de pneu recolhido em Portugal e valorizado são evitadas 1,5 toneladas de emissões de gases com efeito estufa, o equivalente às emissões produzidas por um veículo de passageiros a percorrer 6.300 km. No âmbito da sua actividade, a Valorpneu promove ainda a sensibilização e comunicação para incentivar as boas práticas e fomentar a utilização dos materiais reciclados de pneu, bem como o financiamento de actividades de I&D que contribuam para atingir os seus objectivos. Neste ponto é possível destacar o NextLap, um programa internacional de inovação no domínio dos produtos derivados da reciclagem de pneus, promovido pela Valorpneu e pela recicladora multinacional Genan, com o apoio da consultora em inovação Beta-i. Um projecto que procura soluções em larga escala provenientes da reciclagem de pneus, prontas para o mercado, e coloca face a face inovadores, a indústria que se constitui como parceiros de piloto dos projetos e ‘experts’. Contudo, e apesar dos esforços da Valorpneu, “não basta falar em economia circular e em sustentabilidade para que isso só por si se torne uma realidade. É imperativo uma mudança de atitude e os líderes políticos têm um papel determinante nessa matéria: é necessário consciencializar, desenvolver enquadramento legal e criar políticas de financiamento, aposta na inovação, reestruturar sectores de actividade e incentivar o desenvolvimento da reciclagem e o consumo de materiais reciclados, através de uma discriminação positiva destes produtos e de novos modelos de negócio”, conclui Climénia Silva.

This article is from: