PRIMAVER A DE 2016 • ANO XIII
PRIMAVER A DE 2016 • ANO XIII • 0,01 EUROS • TRIMESTR AL • DIRECTOR SOFIA ARNAUD
PRÉMIO
R E V I S T A
DE
N E G Ó C I O S, E C O N O M I A, M A R K E T I N G
E
L I F E S T Y L E
PAULO VERÍSSIMO
RUI GOMES
OFIR HASON
ANTÓNIO MEXIA
Director do CritiX group na
Partner de IT Advisory
CEO e Co-founder
CEO da EDP e Chairman
Universidade de Luxemburgo
da KPMG Portugal
da CyberGym
da EURELECTRIC
O ‘ B O O M ’ T E C N O L Ó G I C O D O S Ú LT I M O S 2 0 A N O S T R O U X E G R A N D E S VA N TA G E N S A O M U N D O E A T O D O S O S S E C T O R E S D A E C O N O M I A , M A S C O M O “ N Ã O H Á B E L A S E M S E N Ã O ”, TROUXE UM GR ANDE RISCO ADJACENTE.
PORTUGAL CAMPEONATO DA EUROPA 2016 HÁ 13 ANOS A COMUNICAR BEM E DIFERENTE
E SE AS SUAS “COISAS” GANHAREM VIDA PRÓPRIA?
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Todos os dias mais de um milhão de registos de informação são comprometidos em ciber-ataques um pouco por todo o mundo. Incidentes como estes causam impactos severos nas organizações, ao nível financeiro, operacional e reputacional. Descubra como tornar o seu negócio mais seguro. Contacte-nos. ptkpmg@kpmg.com
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© 2016 KPMG Advisory - Consultores de Gestão, S.A., a firma portuguesa membro da rede KPMG, composta por firmas independentes afiliadas da KPMG International Cooperative (“KPMG International”), uma entidade suíça. Todos os direitos reservados.
Tão forte quanto o seu elo mais fraco
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SUMÁRIO
DIRECTOR Sofia Arnaud DIRECTOR DE ARTE Pedro Góis DESIGNER Joana Cruz Martins REDACÇÃO Carlos Teixeira, Catarina da Ponte e Miguel Morgado COLABORAM NESTA EDIÇÃO António Cunha Vaz, Daniel Caçador, David Seromenho, Fernando Maia Cerqueira, Miguel Salema Garção, Paulo Veríssimo, Ramiro Martins, Ricardo Salvo e Tiago Antunes PUBLICIDADE Tel.:+351 21 012 06 00 IMPRESSÃO Jorge Fernandes PROPRIEDADE Cunha Vaz & Associados – Consultores em Comunicação, SA SEDE Av. dos Combatentes, n.º 43, 12.º 1600-042 Lisboa CRC LISBOA 13538-01 REGISTO ERC 124 353 DEPÓSITO LEGAL 320943/10 TIRAGEM 3000 Exemplares
R EV I ST A C O R P O R AT IV A D A CV & A
4 EDITORIAL 6 A ABRIR O Mundo está a mudar 8 ESPECIAL ANIVERSÁRIO CV&A: há 13 anos a comunicar bem e diferente 14 DOSSIER CONFERÊNCIA Cybersecurity: The State of the Art
30 SEGURANÇA Leaks: 13 Anos, 13 Fugas 34 DESPORTO Campeonato da Europa 2016 38 DESPORTO Jogos Olímpicos Rio de Janeiro 2016 40 – NEGÓCIOS IoT: a revolução tecnológica 44 – SMART GADGETS Objectos que comunicam entre si
46- CULTURA ARCOLisboa 2016 48– CULTURA Sequeira no “Lugar Certo” 50– LAZER Tesla: um carro eléctrico desejado por todos 54 – OPINIÃO David Seromenho, CEO CV&A Brasil
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EDITORIAL
ANTÓNIO CUNHA VAZ
ALGUNS ANOS DEPOIS
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aleu a pena! Valeu a pena pelos clientes, pelos colaboradores que cá estão e pela grande maioria dos que sairam, por aqueles que foram colaboradores e, ganhando asas, criaram novas empresas, sendo hoje concorrência competente – a BAN e a ALL –, valeu a pena pelos fornecedores que nos ajudam, sofrendo, por vezes, connosco os problemas que a crise trouxe a todos, pelos parceiros da banca, que têm sido sempre parceiros – e se os tempos têm sido difíceis –, valeu a pena por quem comigo dirige a CV&A – o David Seromenho, o Francisco Mendia, do lado executivo, e o António Estrela Ribeiro e o José Pina, do lado não executivo, bem como o Ricardo Salvo que tem a coordenação geral a seu cargo. Valeu a pena internacionalizar, aprender com os erros nascidos do entusiasmo e do acreditar que outras culturas têm os mesmos princípios de funcionamento que a nossa, valeu a pena apostar na formação das pessoas, na humanização da relação laboral, valeu a pena sentir a solidariedade dos trabalhadores quando a empresa tem dificuldades, valeu a pena não atrasar nunca um salário ou um subsídio – sei, às vezes, com que sacrifício –, valeu a pena construir uma rede de amigos assente na lealdade das relações, tanto mais quanto ela foi reforçada na comparação com outros que se faziam amigos apenas por interesse e que na primeira oportunidade trairam, valeu a pena não ter relações demasiado próximas com poderes potencialmente conflituantes. Valeu a pena apostar no futuro, preparar sucessores, capazes de mostrar que as empresas, se bem construídas, são mais do que as pessoas que circunstancialmente as dirigem – isto sem tirar qualquer valor a quem as funda e as faz tornar adultas –, valeu a pena poder ver o David Seromenho começar com receio, chegar a accionista e, de há cinco anos a esta parte, dirigir a CV&A Brasil, que é uma das top 3 estrangeiras – no nosso sector, claro – naquele país que é um continente, valeu a pena ver o Francisco Mendia e o Ricardo Salvo decidirem ser accionistas, valeram a pena os prémios ganhos, nacional e internacionalmente, pois são estímulo forte para as equipas, valeu a pena a mudança para as novas instalações, modernas, funcionais, tecnologicamente perfeitas para a nova era da comunicação digital a que oportunamente aderimos.
VA L E U A P E N A A P O S TA R N O F U T U R O, P R E PA R A R S U C E S S O R E S , C A PA Z E S D E MOSTRAR QUE AS EMPRESAS, SE BEM CONSTRUIDAS, SÃO MAIS DO QUE AS PESSOAS Q U E C I R C U N S TA N C I A L M E N T E AS DIRIGEM.
Os clientes e os colaboradores são o garante do futuro da CV&A. Precisam da ajuda de todos os restantes parceiros, sejam fornecedores permanentes, sejam aqueles que pontualemente connosco interagem. As áreas de intervenção continuarão a ser as mesmas, embora os métodos vão evoluindo. A comunicação institucional e de produto, a financeira, a política, a desportiva, enfim, os vários interesses que a actividade de todos, enquanto humanos, desperta em terceiros será sempre a nossa preocupação. Se comunicamos ou não digitalmente, se usamos aquelas expressões inglesas que todos usam para dizer como comunicamos ou se mantemos alguns métodos tradicionais de fazer chegar a mensagem, isso são apenas métodos, formas. O que conta é o conteúdo, mesmo que por vezes a forma pareça a opção mais importante. E quem se preocupa com o conteúdo e com a seriedade de procedimentos é parte da solução. Alguns anos, treze, depois, os outros – e são a maioria – é que continuam a ser parte do problema. Só há que escolher o lado em que se quer estar. Obrigado a todos. l
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A ABRIR
O MUNDO ESTÁ A MUDAR EUA As próximas eleições nos EUA, marcadas para dia 8 de Novembro, estão a marcar a América e, como já vem sendo hábito, o mundo. Depois de dois mandatos de Barack Obama, o primeiro presidente negro da história dos EUA, o partido Democrata e o partido Republicano têm vindo a discutir quem será o candidato que vão levar a votos. Do lado do Partido Democrático, Hillary Clinton é, desde a primeira hora, a grande favorita, tendo apenas como concorrente o senador do Vermont, Bernie Sanders, que apesar de ter ganho algumas votações em Estados importantes, não tem o apoio da maioria dos super delegados e dificilmente conseguirá o apoio do partido. Do lado dos Republicanos e depois de uma corrida com muitos nomes, o fenómeno Trump ganhou vantagem a toda a concorrência, sendo que só um volte face tremendo no congresso impedirá que seja ele a disputar as eleições à cabeça dos republicanos. Assim, ao que tudo indica, a escolha dos eleitores será feita entre Hillary Clinton e Donald Trump, sendo que todos os analistas reconhecem que haverá franjas significativas do eleitorado republicano que não votarão em Donald Trump, um candidato polémico cujas declarações têm gerado uma onda de indignação não só nos EUA como no resto do mundo que acompanha com apreensão esta disputa. Duas curiosidades: por um lado, um republicano com tiques de xenofobia, cuja estratégia de atacar eleitores hispânicos não parece afectar muito a sua votação para a nomeação; por outro, e depois de um afro-americano na presidência parece ser a vez de a porta se abrir ao “sexo-fraco”. A mulher de um ex-presidente chegará à presidência do país mais poderoso do mundo ocidental? Se sim, não deixa de ser curioso. A suceder em África diriam que algo não estaria bem....
BRASIL Desde a reeleição de Dilma, em 2014, depois de ter sucedido a Lula, em 2011, que o Brasil tem estado em pé de guerra. Às dificuldades económicas, que apanharam de surpresa um país que vinha crescendo de forma consolidada na primeira década do milénio, somou-se a instabilidade política e um conjunto de escândalos de corrupção que afectam praticamente todos os sectores da sociedade. A oposição ao PT venceu o primeiro braço de ferro, através de uma votação esmagadora a favor do ‘impeachment’, mas o processo de destituição não resolveu o antagonismo que se vive em todos os estados do Brasil, muito menos mudou o ciclo económico. Poucos dias depois, Eduardo Cunha foi destituído de Presidente da Câmara dos Deputados, antes mesmo do Vice-Presidente Michel Temer, do PMDB, formar novo governo. Face à crispação instalada, nas ruas, ora a direita, ora a esquerda, protestam, e face à urgência de aplicar um plano económico sustentado para inverter a quebra da economia brasileira, são cada vez mais os analistas que entendem que só a antecipação das eleições poderá colocar um ponto final nos sucessivos sobressaltos que têm abalado o país. Quando a Prémio vir a luz do dia já terá havido mais uma votação no Congresso e, segundo tudo indica, a Câmara Alta já estará a começar a apreciar a destituição (por suspensão). O Brasil é um grande país e precisa estabilizar. Portugal e o Brasil têm muito em comum. E não é só o passado. Construir o futuro juntos é a única opção. Força Brasil.
ANGOLA O país atravessa hoje dias difíceis quer a nível económico quer político. Alvo de críticas dos EUA, que apontam o dedo ao governo de José Eduardo dos Santos por alegadas violações dos direitos democráticos dos cidadãos, Angola soma ainda um problema grave de liquidez, de dólares e kwanzas. Há trabalhadores com salários em atraso, muitos deles são portugueses, e várias empresas que se queixam de falta de pagamentos e cumprimento por parte do Estado. A grande dependência das importações, mais a progressiva e dramática desvalorização do petróleo, motor da economia angolana, tem deixado os cofres angolanos limitados para fazer face às necessidades. O plano para diversificar a economia não avançou à velocidade esperada e tudo está bastante dependente da recuperação do preço do petróleo. As relações entre Portugal e Angola tem vivido momentos diplomaticamente sensíveis com os media de Angola a fazerem diversas acusações a Portugal. A oposição ao MPLA continua sem grande credibilidade e o anúncio de José Eduardo dos Santos de que iria abandonar, em breve, a vida política, deixou alguma esperança para aqueles que aplaudem uma renovação do figurino governativo.
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ESPANHA Depois de uma década difícil, onde esteve sempre no limiar da intervenção dos organismos financeiros internacionais, a economia espanhola teve mais argumentos para resistir à austeridade do que países como a Grécia ou Portugal e cresce a bom ritmo. Mas a verdade é que tal não evitou uma profunda crise política, cujo reflexo se percebe bem pelo resultado das eleições e a incapacidade de os partidos mais votados obterem uma maioria capaz de governar. O PP venceu as eleições, mas não conseguiu acordo com o PSOE. O Podemos e
um impacto humanitário que vai bem além das fronteiras da Síria e que, entre outros aspectos, é uma das principais razões para a vaga de refugiados que se tem dirigido para a Europa, a situação Síria pode ter tido origem na invasão do Iraque que começou nas Lages. Com uma liderança fragilizada e que conta apenas com o apoio da Rússia, Assad parece resistir a uma oposição que é um mosaico que inclui rebeldes com aspirações legítimas, mas também grupos terroristas como o Estado Islâmico, realidade que tem deixado o Ocidente sem saber qual dos campos deve apoiar. Se Assad para derrotar o Estado Islâmico, se os grupos de oposição para combater Assad, arriscando com essa via a reforçar o poder do Estado Islâmico. Enquanto a diplomacia tenta desfazer este complexo novelo, a realidade mostra-nos um país completamente à deriva, com algumas cidades que são Património da Humanidade praticamente destruídas, como Alepo ou Palmira. Os planos de Paz celebrados no papel continuam por concretizar, os russos e os americanos negoceiam nos bastidores e Assad continua a manter-se firme. Havia quem lhe anunciasse o fim já há três anos. Uma conclusão: primaveras árabes ou imposições de modelos de democracia ocidental em terras de outras culturas dão sempre nisto.
CABO VERDE
os Cidadãos, novas formações políticas que obterem resultados muito expressivos, não foram capazes de se alinhar, seja com o PP seja com o PSOE para a obtenção da maioria. A Espanha enfrenta um problema de desemprego significativo superior a 20% e a sua economia, muito ancorada nas exportações e no turismo, começa agora a recuperar. Com a dissolução do parlamento e convocação de novas eleições em Julho os eleitores vão voltar a baralhar as cartas sendo que todas as sondagens continuam a dar cenários onde nenhuma força política terá maioria absoluta, o que deve prolongar a indefinição até pelo menos à segunda metade do ano. Em todo o caso é praticamente certa a mudança de cenário, posto que qualquer solução de governo, à esquerda ou à direita, será sempre inédita em Espanha. Da crise política resultou uma conclusão: acaba ou a ilusão de que o “Podemos” possa ser parte da solução. Um partido extremista, com um líder politicamente pouco sério não pode fazer parte das soluções de que a democracia precisa. Mas uma coisa é certa: o “Podemos” e a sua liderança folclórica serão sempre parte do problema.
SÍRIA É um dos berços da civilização mas tornou-se, nos últimos anos, num dos seus maiores atoleiros. Mergulhada numa guerra civil sem precedentes e com
Depois de 15 anos no poder, o PAICV perdeu as eleições para o MPD, abrindo em Cabo Verde um novo e inédito ciclo político. Virada a página da liderança de José Maria Neves, Ulisses Correia e Silva é o rosto de uma nova geração de políticos que está apostada em modernizar Cabo Verde e relançar o país do ponto de vista económico. Tem toda a expectativa e toda a responsabilidade, uma vez que ganhou as eleições com maioria absoluta, tendo mesmo ganho em bastiões do PAICV, como é o caso da ilha do Fogo. Com mais dois ciclos eleitorais no horizonte, autárquicas e presidenciais, onde o presidente Jorge Carlos Fonseca é por agora o único candidato, parece claro que o MPD terá todas as condições políticas para levar a cabo as propostas com que conseguiu o entusiasmo do eleitorado. Sobram desafios, é certo, mas também há oportunidades para aproveitar. Cabo Verde é vista como a democracia mais madura no seu contexto continental, com condições para a indústria do turismo como poucos países no mundo, pelo que se lograrem a captação do investimento estrangeiro que ambicionam, Cabo Verde e o seu novo governo poderão catapultar o arquipélago para um ciclo de crescimento consolidado. Mas o caminho é árduo, até porque a situação herdada pelo MPD coloca desafios de elevado grau de dificuldade.
INGLATERRA A cidade de Londres entrou para a história, mais precisamente os seus eleitores, por terem escolhido o primeiro muçulmano para Mayor da cidade. Sadiq Khan, filho de emigrantes indo-paquistaneses, teve como pai um condutor de autocarros e como mãe uma costureira, foi eleito como candidato do Labour, seu partido de sempre e no qual faz parte da ala social-democrata no partido, tida como moderada, desde os seus 15 anos de idade. À sua precoce militância política Sadiq Khan não descurou os estudos e licenciou-se em Direito na Universidade de Londres. O feito de Sadiq Khan é inédito, não só em Londres, mas em todo mundo ocidental, onde até aqui nunca um líder muçulmano havia sido eleito. A condição excepcional da sua candidatura deu-se com naturalidade em Londres, provavelmente a mais multicultural das cidades do mundo e com uma presença indo-paquistanesa muito significativa. Tido como uma figura com grande capacidade, entrou para a Câmara dos Comuns e em 2005, depois de uma carreira como solicitador, e antes de chegar a Mayor de Londres teve como principais cargos políticos as tutelas do Ministério das Comunidades e depois do Ministério dos Transportes, ambos nos anos de governo do primeiro-ministro Gordon Brown. 7
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ESPECIAL ANIVERSÁRIO
HÁ 13 ANOS A COMUNICAR BEM E DIFERENTE E M M A I O , A C V & A C E L E B R A O S E U 1 3 . º A N I V E R S Á R I O , PA S S A N D O A ‘ T E E N A G E R ’ E C O N T I N U A N D O A E D I TA R A R E V I S TA P R É M I O . D E I X A M O S A O L E I T O R U M A I D E I A D O Q U E A D I S T I N G U E D E T O D A S A S O U T R A S C O N S U LT O R A S /A G Ê N C I A S D E C O M U N I C A Ç Ã O .
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CATARINA DA PONTE
A
introdução dos ‘public affairs’ como prática, a apetência pela comunicação financeira, um histórico firme na internacionalização, o foco na consultoria de alto perfil e a concepção de conferências com chancela própria são as principais valências que conferem à CV&A um posicionamento único no mercado. Apenas com 13 anos, a consultora já deu origem a grandes referências no mercado da comunicação como a BAN, dirigida por Armandino Geraldes, e a ALL comunicação, dirigida por José Aguiar e Luís Lemos. “Outros profissionais passaram pelos nossos quadros e vimo-los crescer e ganhar asas. É para isso que cá estamos. Servir bem os clientes mas, também, os colaboradores. Servi-los também compreende ensiná-los a crescer”, refere António Cunha Vaz, CEO da consultora, à Prémio. A CV&A está no mercado com competências especiais na comunicação financeira e esteve envolvida nos processos de privatização, IPO, M&A e similares mais relevantes do mercado português. A empresa nasceu, aliás, nesse meio. O próprio fundador, António Cunha Vaz, quando abriu a empresa era o director de comunicação do BCP, que acabou por ser um dos seus primeiros clientes. Ao longo de 13 anos, já passaram pela agência praticamente todas as empresas do PSI-20. Actualmente, a CV&A trabalha com quase
metade das empresas cotadas e integrantes do PSI 20 – EDP, REN, CTT, Mota-Engil, Montepio e Corticeira Amorim – ,mas, antes disso, já trabalhou com as empresas do grupo Sonae, Cofina, a Altri, o BCP, entre outras, e também com as grandes empresas da área financeira que não são cotadas em Portugal, como a Caixa Geral de Depósitos (CGD), o Barclays, o Popular, o Bankinter, o Crédit Suisse, a Black Rock, a Pimco, a Visabeira, a KPMG, a PT, a Fidelidade, a TAP, o Grupo Angeles, a Amil, a Groundforce, a, então, F&C, o Banif, a Açoreana, entre outras. No campo das privatizações, acompanhou, no ‘buy side’ ou no ‘sell side’, os processos da PT, da Fidelidade, da Caixa Saúde, da EGF, da TAP, da EDP, da Semapa, da REN, dos CTT, da Fosun, do grupo Mota-Engil, da Altice, da Avanza, da Aspro Parks, da Patris, entre outras. De acordo com António Cunha Vaz: “a relação com o Estado continua a ser de independência, os negócios da CV&A com entidades públicas representam menos de 0,5% do volume de facturação da companhia”. Mas nem só da alta finança viveu o berço da consultora. Um dos seus primeiros clientes, a par do Millennium bcp, foi a operadora de telecomunicações Optimus (que integra a actual NOS) e, apenas um ano depois de iniciar a actividade, a CV&A foi a consultora escolhida para fazer o acompanhamento do Euro 2004. A partir daí o desporto passou a ser um campo de actuação relevante, onde percorreu um 9
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ESPECIAL ANIVERSÁRIO
PORTUGAL | ESPANHA | MOÇAMBIQUE | ALEMANHA | BRASIL | ANGOLA | FRANÇA | COLÔMBIA | ITÁLIA | REINO UNIDO | HOLANDA
caminho de sucesso desde o Sport Lisboa e Benfica, ao Sporting Clube de Portugal e à Federação Portuguesa de Futebol. Em 2014, mais um grande evento internacional esteve nas mãos da CV&A: o ‘PR’ e parte do marketing fora do estádio da final da Liga dos Campeões europeus em Lisboa. “Não é estranha aqui a nossa ligação a uma grande empresa, primeiro portuguesa e agora multinacional que dá pelo nome de Central de Cervejas ou Grupo Heineken, como se queira. A ligação à “Sagres” e à
“Luso”, os dois porta-aviões nacionais do grupo vem de longe e a confiança entre as nossas equipas e as dos clientes é de há muito a chave do sucesso da relação”, refere o responsável. António Cunha Vaz destaca, ainda, a Lactogal como uma das referências da consultora fora do mercado financeiro. “Juntamente com os profissionais daquela empresa temos colaborado na dinamização do negócio relacionado com os vários produtos que são, em muitos casos, líderes no mercado nacional”, acrescenta.
13 DICAS DE UMA
COMUNICAÇÃO EFICIENTE Nunca minta ao seu público Nunca forneça informação errada a ninguém. Sempre que o fizer, saiba que basta um ponto de inconsistência futura para que a verdade venha ao de cima. E inclui-se neste ponto outra dica: não prometa o que não pode cumprir.
Pense sempre como os seus públicos / /consumidores Pode ser gestor na sua empresa, mas fora dela é, garantidamente, consumidor ou público de outras organizações. Pense sempre como estando do lado de quem vai receber a sua mensagem para melhor a delinear.
Aprenda com os outros Siga de perto a sua concorrência. Veja o que tem impacto positivo e impacto negativo. Faça uma triagem e evite cair nos erros dos outros.
Prepare o que vai dizer publicamente A sua comunicação tem obviamente mensagens muito específicas para passar. Escolha-as bem, sintetize-as, não as complique e seja claro. Seja num comunicado por escrito ou num discurso.
Interaja com os seus clientes Regra base de qualquer negócio. As empresas estão sujeitas tanto a elogios como a críticas. Oiça o que os clientes têm a dizer e nunca os deixe sem resposta.
Prepare-se para os seus oponentes Ponha-se no papel de quem o pode atacar. Que argumentos usaria para atacar a sua própria organização? Prepare as suas respostas todas para usar em caso de necessidade imprevista.
Prepare-se para gerir uma crise Pode achar que há coisas que só acontecem aos outros. Mas a qualquer momento pode acontecer algo fora do controlo da sua empresa que pode provocar danos de reputação. É preciso prever antecipadamente tudo o que possa acontecer e que estratégia seguir em cada situação.
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Actualmente, a CV&A é responsável pela reputação de empresas de praticamente todos os sectores de actividade, desde a Indústria/ Infra-estruturas, Ambiente e Energia, Media, Telecomunicações, TI’s e Electrónica, Saúde e Indústria Farmacêutica, Assuntos Sociais e ONG’s, Transportes/Logística, Distribuição, Bens de Consumo, Desporto, Turismo e Lazer, Política, Ensino Superior e Media Digital. A empresa desenvolve, ainda, uma forte actividade no âmbito das entidades ligadas à economia social. “Cliente de sempre, a União das Misericórdias Portuguesas não precisa de apresentações no que respeita à sua relevância, os Jogos Santa Casa também são contribuintes muito relevantes para aqueles que mais precisam de apoio e os trabalhos pro-bono para a Associação Salvador, para a Raríssimas, entre outras. São orgulhos que não divulgamos mas que temos sempre presentes”, confessa o CEO. Por outro lado, a diversidade de ‘background´ dos seus recursos humanos tem permitido um tratamento “holístico” da comunicação dos seus clientes, que passa também pela diversificação da sua actuação em áreas conexas com o seu ‘core business’. A consultora presta também serviços nas áreas de Design, Marketing e Estudos da Marca, Custom Publishing e Eventos. “Grandes eventos nacionais e internacionais têm sido concebidos nas nossas salas de reunião e nos nossos computadores. Depois, bem, depois é só chamar parceiros de projecto que connosco os executem e começar a pensar nos próximos”, explica.
Depois da aposta no Brasil, a CV&A arrancou com a operação na Colômbia, através da sua associada em Espanha, a Ibecom, que foi criada pela CV&A e pelo grupo Albión para implementar estratégias de comunicação corporativa na Península Ibérica e na América Latina. “A multigeografia tem-se revelado uma boa opção e a não concentração de actividades em um só país estrangeiro também”, afirmava António Cunha Vaz num artigo que escreveu na revista Prémio, em 2013, a propósito da primeira década da empresa. O valor total do investimento aplicado nos escritórios internacionais é de cerca de 2 milhões de euros. “Não há perspectivas de abrir novos escritórios, mas há ambições de fazer crescer os escritórios que temos, nomeadamente o do Brasil, o de Cabo Verde e alguns da Europa. Há que redimensionar o de Angola e o de Moçambique, dadas as realidades locais”, refere António Cunha Vaz. Além dos escritórios, a CV&A juntou-se, em 2011, à Worldcom, a principal rede mundial de empresas de consultoria em relações públicas, com escritórios em 95 cidades do mundo. Em Portugal, a consultora está bem e recomenda-se. Se há 13 anos eram apenas cinco os colaboradores da empresa, actualmente são mais de 50 em Portugal e um total de 80 profissionais do quadro em todos os escritórios. A aposta na Europa iniciou-se no momento certo e o crescimento no Brasil solidificou-se com a abertura do capital da empresa a sócios locais.
De olhos postos no mercado internacional Depois de ter aberto os primeiros escritórios em Lisboa, rapidamente a CV&A se expandiu para outras geografias. Hoje está presente em 11 países: Alemanha, Angola, Brasil, Colômbia, Espanha, França, Holanda, Itália, Moçambique, Portugal e Reino Unido. Dúvidas houvesse relativamente a credenciais na arte de bem comunicar além-fronteiras e a “prova dos nove” teria sido tirada, em 2013, quando a Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) seleccionou a Cunha Vaz Brasil para gerir a comunicação dos seus escritórios na Europa.
Conferências CV&A marcam agenda de decisores nacionais e internacionais Além do histórico de sucesso na internacionalização, a Cunha Vaz & Associados tem-se destacado no mercado das consultoras/agências de comunicação pela capacidade de conceber e realizar conferências com algumas das mais importantes figuras da economia e da política mundial. Nos últimos 11 anos, a consultora realizou cerca de 20 conferências onde se discutiram os temas mais prementes da actualidade. A CV&A
Nunca esqueça os seus colaboradores Os seus colaboradores são os principais embaixadores da sua organização. Mantenha-os a par de tudo o que se passa, motive-os, fale com eles e ouçaos. É para isso que servem os planos de comunicação interna.
Mantenha-se informado sobre tudo Uma pessoa que se revela informada transmite muito mais confiança junto dos seus públicos e os seus comentários serão garantidamente sempre mais oportunos.
Aprenda a distinguir entre objectivos, estratégia e táctica Objectivos são o que a sua empresa quer alcançar. A estratégia define um programa para os alcançar. A táctica é o conjunto de acções com as quais conduz a sua estratégia. Parece óbvio? Muitas empresas já se perderam por não distinguir bem estes pontos.
Recorra a um profissional de Relações Públicas Finalmente, rodeie-se de quem tem experiência em comunicação. Escolha bem o profissional (ou a equipa) que vai tomar conta da sua comunicação. Nunca se esqueça de que comunicar é uma ciência e requer ‘know-how’ e experiência.
Saiba o que se diz de si e da sua organização Monitorize tudo o que se diz. Procure nos jornais, veja o que os seus clientes dizem nas redes sociais e blogues e tenha atenção às opiniões de pessoas que têm poder para influenciar outras. Mesmo que não concorde com o que dizem, é importante ter em conta a sua visão.
Considere todos os canais de comunicação Os seus públicos não se limitam a ler jornais. Passam o dia nas redes sociais, lêem blogues, são influenciados por personalidades públicas... Considere todas as formas de comunicar.
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ESPECIAL ANIVERSÁRIO trouxe a Portugal nomes como: José Maria Aznar (antigo presidente do governo espanhol), Colin Powell (Ex-Secretário de Estado dos Estados Unidos), George Bush (ex-presidente dos Estados Unidos), John Snow (antigo Secretário do Tesouro dos Estados Unidos), Al Gore (vice-presidente dos Estados Unidos), Tony Blair (ex-primeiro-ministro britânico), Bill Clinton (ex-presidente dos Estados Unidos), Muhammad Yunus (economista, Nobel da Paz de 2006), David Plouffe (director da campanha de Barack Obama à Presidência dos Estados Unidos), Álvaro Uribe (ex-Presidente da Colômbia), Gerhard Schröder (antigo chanceler alemão), John Bruton (ex-primeiro-ministro irlandês), Mario Monti (ex-primeiro-ministro da Itália), entre outros. A Cunha Vaz promoveu, ainda, entre 2009 e 2012, o ciclo “Conferências do Palácio”, reunindo no Palácio da Bolsa (no Porto) alguns dos principais parceiros externos de Portugal, relevantes individualidades do tecido empresarial português, presidentes dos conselhos das mais importantes empresas nacionais e reputados economistas portugueses. As conferências com chancela Cunha Vaz & Associados fazem parte do ADN da consultora e além de já terem um público fidelizado, têm também patrocinadores fiéis, interessados em promover a sua marca nestes eventos. Cada conferência tem uma “taxa de ocupação” na ordem das 300 participantes e a cobertura dos órgãos de comunicação social é garantida, dado o relevo dos seus oradores. Além das conferências, a CV&A tem concebido e realizado importantes eventos, como a visita apostólica do Papa Bento XVI a Angola, o acompanhamento da visita de José Eduardo dos Santos a Portugal, as cerimónias do Campeonato Africano das Nações, entre outros. Foi também a Consultora responsável pela comunicação e assessoria mediática da viagem do Papa Bento XVI a Portugal.
EUROPA E ÁSIA DOIS NOVOS DESTINOS A EXPLORAR.
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Os desafios dos próximos tempos Mas em 13 anos muito acontece: “depois de anos excelentes, a empresa sofreu com a excessiva exposição a um ou dois mercados muito voláteis, sendo que só a determinação e o sacrifício de todos puderam permitir que chegássemos até aqui como uma das líderes de mercado. Cabe aqui um agradecimento aos clientes, aos colaboradores, às instituições financeiras que connosco colaboram e que souberam entender que a nossa postura de mercado é séria”, confessa o CEO. Depois de três anos menos bons, o ano 2015 foi já um ano de recuperação. Os dois melhores mercados da agência foram Portugal e Brasil, que apresentaram resultados de 3,8 milhões de euros e 1,7 milhões de euros (este último valor reflecte a queda do Real de 1€/2,2 Reais, em 2013, para 1€/3,2 Reais, em 2015), respectivamente. Em relação a 2016, António Cunha Vaz refere ser “um ano para continuar a trabalhar muito na contenção de custos e a focar a actividade na consultoria de alto perfil, nomeadamente naquilo a que se chama ‘public affairs’. Insistir na relação com os mercados europeus e não deixar de ajudar os mercados que estão agora a atravessar uma fase menos positiva, como o de Angola e o de Moçambique, embora por razões diversas”. Para daqui a 13 anos, o fundador da CV&A já tem planos: “quero ser um accionista e saber que a Cunha Vaz tem bons profissionais à sua frente, para que o negócio possa continuar depois de eu não estar cá”. l
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DOSSIER CIBERSEGURANÇA
ESPECIAL CONFERÊNCIA
CARLOS TEIXEIRA, MIGUEL MORGADO, SOFIA ARNAUD
O ‘ B O O M ’ T E C N O L Ó G I C O D O S Ú LT I M O S 2 0 A N O S T R O U X E G R A N D E S VA N TA G E N S A O M U N D O E A TO D O S O S S E C TO R E S DA E CO N O M I A , M A S CO M O “ N ÃO H Á B E L A S E M S E N ÃO ”, T RO U X E UM GRANDE RISCO ADJACENTE.
RUI GOMES
PAULO VERÍSSIMO
OFIR HASON
ANTÓNIO MEXIA
Partner de IT Advisory
Director do CritiX group na
CEO e Co-founder
CEO da EDP e Chairman
da KPMG Portugal
Universidade de Luxemburgo
da CyberGym
da EURELECTRIC
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NEGÓCIOS
E
sta Revolução da Informação ou Terceira Revolução Industrial, onde se observa a presença das tecnologias da informação e comunicação em larga escala em vários aspectos da actividade humana, priorizou um tema muito em voga nos nossos dias: a Cibersegurança. A segurança na internet tornou-se um tema prioritário, quer a nível dos Estados, dos empresários ou mesmo dos cidadãos comuns. A criação de incentivos para motivar todas as partes a fazer investimentos apropriados em segurança requer medidas técnicas e políticas públicas cuidadosamente equilibradas para aumentar a segurança sem criar barreiras à inovação, ao crescimento económico e ao fluxo livre de informação. Hoje em dia, cidadãos, empresas e órgãos estatais comunicam via internet a um nível sem precedentes, trocando uma quantidade gigantesca de informação confidencial que se não for devidamente protegida poderá parar nas “mãos erradas”, sendo uma “presa” fácil para os ataques dos chamados piratas informáticos (‘hackers’). Em todos os sectores, milhares de empresas, organizações internacionais e organismos estatais têm trabalhado durante vários anos com vista a assegurar que a globalização não se torne um obstáculo, criando condições para proteger as suas informações de ataques cibernéticos. As ‘utilities’, o sector bancário, as plataformas de comércio electrónico ou companhias aéreas são apenas alguns exemplos destes sectores. Por outro lado, os cidadãos cada vez mais estão a tomar as medidas necessárias para garantir a privacidade dos seus dados, evitando serem alvos fáceis de ‘hackers’, impedindo a propagação dos seus dados por exemplo no que diz respeito ao ‘homebanking’ ou planeamento de férias. O número de empresas que estão a criar os seus próprios departamentos de segurança cibernética,
onde ‘hackers’ põem à prova os seus sistemas tentando invadi-los, estão a aumentar consideravelmente. Isto é um sinal muito positivo, e mostra que o assunto da segurança está mesmo a ser levado a sério. Num mundo onde o terrorismo, nas suas diferentes faces, é uma das maiores ameaças que enfrentamos, torna-se imperativo pensar em novas realidades e soluções em termos de segurança. Para debater algumas destas questões, a CV&A e a Enxertia promovem uma Conferência, intitulada “Cybersecurity: The State of the Art” , no dia 18 de Maio, no auditório da EDP, em Lisboa. O objectivo deste encontro é lançar a discussão para temas fundamentais sobre segurança cibernética. Estão as empresas, organismos públicos e cidadãos protegidos contra ataques cibernéticos? Quem é que as protege e como é protegida toda a informação? Onde essa informação é utilizada? Quais as agências responsáveis por garantir a transparência e privacidade dessas informações? Estas são algumas das questões em discussão, onde reputados especialistas nacionais e internacionais vão relatar os seus ‘cases’ e apresentar soluções. O israelita Ofir Hason, CEO e co-fundador da CyberGym, é o convidado especial desta conferência, deixando o seu testemunho enquanto CEO de uma agência líder global em soluções de defesa cibernética e formação para organizações financeiras. A este, juntam-se Paulo Veríssimo, director do Interdisciplinary Centre for Security, Reliability and Trust (SnT), na Universidade do Luxemburgo; Rui Gomes, Partner de IT Advisory da KPMG Portugal, e António Mexia, presidente executivo da EDP e chairman da Eurelectric. A EDP, a KPMG, os CTT, o Montepio e a Fidelidade associam-se a esta conferência como patrocinadores. l
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CEO E CO-FUNDAD OR DA C YBERGYM
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E M E N T R E V I S TA À P R É M I O , O F I R H A S O N , CEO E CO-FUNDAD OR DA C YBERGYM, EMPRESA LÍDER GLOBAL EM SOLUÇÕES DE CIBERSEGUR ANÇA E FORMAÇÃO PA R A O R G A N I Z A Ç Õ E S F I N A N C E I R A S , G O V E R N A M E N TA I S E D E I N F R A -ESTRUTUR AS, DÁ A CONHECER O EXEMPLO DE ISRAEL COMO UM CASO A SEGUIR AO NÍVEL DA SEGU R ANÇA CIBERNÉTICA.
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lei que define que a infra-estrutura é crucial. As experiências operacionais de Israel, em conjunto com os seus investimentos em formação e em inovação constantes, colocam este país como pioneiro na segurança cibernética.
O cibercrime tornou-se quotidiano ou é ainda marginal face ao universo do crime?
O cibercrime está, neste momento, no seu período inicial. Acredito que se vai intensificar e tornar-se ainda mais diverso. No futuro, o cibercrime será responsável pela maior parte do crime internacional, dando ao crime organizado mais opções para aumentar as suas receitas.
No que diz respeito às redes sociais, quais delas estão mais expostas?
A rede social é um terreno extremamente fértil para actividades cibernéticas, tais como ‘bullying’ e recolha de informação pessoal e corporativa. Quanto mais popular é a rede social, com maior audiência de utilizadores e capacidades mais alargadas, mais será um alvo fácil para os agressores.
Qual a dimensão do cibercrime nos dias de hoje? Qual a escala e a natureza dos prejuízos causados por estes “ataques cibernéticos”?
O cibercrime está muito na moda e há um claro aumento dos registos destes “ataques” nos dias de hoje. Este facto permite aos agressores aumentar os seus lucros e a capacidade de gerar ataques adicionais noutras áreas. As receitas de cibercrime podem acumular centenas de milhões de dólares em vários campos, como por exemplo, ataques de resgate, espionagem industrial, etc. Em que áreas o cibercrime se torna mais pernicioso?
Acredito que nos próximos anos continuaremos a ver mais ataques a nível nacional e estatal de infra-estruturas críticas e serviços aos cidadãos, semelhantes ao ataque à central ucraniana. Que ferramentas têm o Estado, as empresas e as instituições para se defenderem?
A maior parte dos países têm tremendas capacidades e recursos. É necessário que compreendam as ameaças e lhes dêem a devida prioridade. Estados, empresas e instituições precisam de investir mais na formação de todo o pessoal, nas variadas profissões e disciplinas. E os cidadãos comuns, que riscos correm?
Os dois maiores riscos que os indivíduos podem correr actualmente são a invasão de privacidade e perseguição pela internet (‘ciberbullying’). No entanto, é importante referir que a vida dos cidadãos comuns será também afectada indirectamente por outro tipo de ataques e ameaças, como por exemplo, ataques às infra-estruturas estatais (serviços, tais com electricidade, água e comunicações). Como se podem prevenir?
Os cidadãos comuns têm que aprender a ter
mais consciência das ameaças da internet, para se posicionarem da maneira mais correcta e usarem as ferramentas e potenciais da internet de uma maneira inteligente, eficiente e segura. Quem está mais exposto ao cibercrime? Que estratégias podem ser implementadas para aumentar a segurança digital dos estados e das empresas?
Quem não está protegido, nem preparado. Há muitas razões para a guerra entre países, sejam razões políticas, financeiras, etc. Relativamente a estratégias, é fundamental criar um programa de defesa a nível do Estado e implementá-lo a curto prazo, incluindo formação do pessoal a vários níveis e em profissões que estão posicionadas em locais chave para reconhecer e conter provas. A comunidade internacional está articulada, ou cada um tem tratado sozinho da sua própria segurança?
Há países que gerem a sua própria infra-estrutura de segurança cibernética e há outros países que se consultam e ajudam-se entre si através de vários fóruns e projectos internacionais. Israel há muito que é pioneiro na tecnologia de segurança. Que exemplos pode o mundo colher dessa experiência?
Israel investe tremendamente na formação de pessoal, tanto militar como nas infra-estruturas das empresas do sector privado, assim como na publicação de leis, regulamentos e procedimentos que facilitam o reforço legal para que as agências continuem o seu trabalho. Israel foi o primeiro país que publicou uma
Como aumentar a prevenção contra os ataques e qual a melhor forma de lidar com aqueles que não conseguem ser evitados?
Conhecimento, conhecimento, conhecimento. Formando e construindo humanos e talentosos “escudos de defesa” ao nível estatal, organizacional e do cidadão individual. Isto permitirá uma resposta mais rápida aos ataques cibernéticos e ameaças ao sistema crítico. Com formação e divulgação será possível conter os incidentes e lidar com eles dentro dos parâmetros das tecnologias e soluções normativas. Também no mundo digital “a melhor defesa é o ataque”, conforme se ouve na reportagem da CNN em que o entrevistaram?
Sim, acredito que especialmente no domínio da cibernética é importante ter conhecimento do mundo ofensivo e das várias maneiras de actuar para ter uma melhor defesa e proteger as organizações. Sem ter conhecimento de como os opositores irão actuar e que métodos usarão, será muito difícil prevenir ou conter os ataques complexos. A Europa e os Estados Unidos da América estão particularmente expostos, o que recomendaria?
Formação, formação, formação. Proteger os países das ameaças cibernéticas é um processo longo e compreensivo. Acho convictamente que existe uma obrigação de partilhar informação entre países para continuar formações e exercícios, implementação de sistemas tecnológicos para monitorização e protecção e estabelecimento de uma conjuntura legal para reforço das agências juntamente com equipas de resposta. l 17
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ENTR E V I S TA A NTÓNI O
MARTI NS
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A ameaça ou mesmo a concretização de ataques a que as ‘Utilities’ estão sujeitas mostram que a linha entre cibersegurança e segurança física dos activos das empresas é cada vez mais ténue. O que tem sido feito na EDP na área do combate, da inovação e da prevenção?
O Grupo EDP entende de forma muito clara a responsabilidade que tem nos activos físicos que gere, considerados infra-estruturas críticas nas geografias onde tem presença, garantindo a sua segurança física. Esta segurança está claramente dependente dos sistemas de cibersegurança. Para fazer face e esta responsabilidade, o Grupo EDP estabeleceu, do ponto de vista estratégico, uma visão E2E Security (Segurança end-to-end). Esta visão significa pensar a segurança de forma holística. Entendemos que os eventos de segurança são transversais a todo o Grupo, o que implica que um ataque a uma infra-estrutura física em Portugal pode ter como origem a exploração de uma vulnerabilidade lógica numa outra geografia onde temos presença. Ou seja, nos dias de hoje, numa sociedade interligada e complexa que pretende oferecer cada vez melhores serviços aos cidadãos, não é possível encarar a cibersegurança em silos e com responsabilidades separadas. E2E Security significa também que a segurança deve ser integrada desde que se concebem os serviços e processos de negócio até à sua implementação e operação tecnológica. A que instrumentos recorre a EDP para evitar ataques? Que meios de prevenção usam?
Estamos actualmente a desenvolver sessões de ‘awareness’ em cibersegurança aos colaboradores e suas famílias (iniciaram-se em Espanha), para os familiarizar com os temas de segurança de informação e incorporarem comportamentos adequados nesta área na organização. Não obstante esta iniciativa, entre outras onde utilizamos os meios de comunicação do Grupo, estamos muito focados na proteção de infra-estruturas críticas, pelo que criámos recentemente o CyberRange EDP, que é um ecossistema para formação e testes em cibersegurança para os colaboradores que operam diariamente os sistemas que gerem essas infra-estruturas. No plano da prevenção têm também sido muito relevantes os testes de intrusão que efetuamos continuamente às nossas infra-estruturas tecnológicas. Estes testes são realizados por recursos muito compe-
relevância deverá ter o papel do Estado e dos Reguladores sobre legislação a implementar no que toca a segurança cibernética?
tentes e especializados que desafiam os mecanismos de defesa instalados (como exemplo fazemos testes antes das aplicações entrarem em produção). O resultado destes testes é a identificação e correcção atempada de vulnerabilidades que poderiam vir a ser exploradas por agentes criminosos. Temos ainda instalado um sistema de gestão de identidades e acessos para as aplicações do Grupo, soluções tecnológicas de defesa de perímetro (anti-malware; Firewalls; IPS) e o SOC EDP (Security Operation Center) que é o elemento agregador da visão global da segurança da organização. É nesta valência que concentramos e recolhemos evidências de eventos de segurança de todas as soluções de segurança instaladas e outros recursos de TI, de modo a poder detectar, registar e analisar os incidentes de cibersegurança. No entanto, como a experiência indica, existem sempre ataques que não podem ser evitados, pelo que temos implementado um processo de gestão de incidentes de segurança e uma equipa transversal com as competências para poder reagir aos mesmos. Estas equipas representam a EDP nas redes nacionais de CSIRT (Computer Security Incident Response Team) em Portugal (CERT.PT) e Espanha (CNPIC). No âmbito de exercícios de cibersegurança de cariz nacional e internacional são treinadas as respostas a ciberataques que testam não só procedimentos internos, mas também a colaboração com outras entidades. No limite, na eventualidade de um evento disruptivo de grande impacto poderão ser accionados os planos de Disaster Recover (recuperação das aplicações em outro Datacenter) e Continuidade de Negócio. O activo Energia é um bem público, sendo que o serviço tem sido prestado por um privado. Que
No ciberespaço, ao contrário do que acontece no espaço convencional, as empresas do sector privado que operam infra-estruturas críticas têm um papel fundamental na defesa da soberania das nações e na segurança das nossas sociedades. Não obstante estas empresas terem o dever de defender a infra-estrura que gerem contra ciberataques, é fundamental garantir ao cidadão que esses mecanismos de defesa existem, estão implementados e são adequados. Assim, torna-se imprescindível existir regulação e legislação que assegure esse desiderato. Importa referir que é também muito importante que essa legislação seja uniforme e coerente nas diferentes geografias, caso contrário conduzirá a uma situação onde empresas como o Grupo EDP, com operação em vários continentes onde actua de forma alinhada com as melhores práticas de segurança, acabem por ter que implementar soluções com maior custo e menor eficiência em termos de segurança. Sendo as instituições financeiras e políticas alvos predilectos dos ataques cibernéticos, consegue quantificar a percentagem que o sector da empresa representa? E a percentagem dos ataques evitados?
Não é possível quantificar pelo simples facto de que não existe um conhecimento formal ou consensual dos números de ataques cibernéticos às instituições e empresas no espaço Europeu, em particular em Portugal. Ao contrário dos Estados Unidos, onde existe uma prática mais institucionalizada de divulgação e partilha desta informação, na Europa não existe, actualmente, uma divulgação oficial destes números ou legislação que obrigue as organizações a comunicá-los. No Grupo registamos as tentativas de ataque e os incidentes, pelo que podemos indicar uma percentagem superior a 99% no que diz respeito a ataques evitados. A Cibersegurança é mesmo um assunto para levar a sério?
Sim, é sem a mínima dúvida um assunto para levar a sério, basta para isso evocar os acontecimentos na Estónia (2007), Irão (2012) e Ucrânia (2015) que mostram os efeitos devastadores que um ciberataque pode ter em infra-estruturas críticas. l 19
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NO D EG SÓ S ICEIRO SC I B E R S E G U R A N Ç A
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PA R T N E R D E I T A D V I S O R Y DA KPMG P ORT U GAL
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DE ACORD O COM A E XPERIÊNCIA DA KPMG, O SECTOR FINANCEIRO É UM DOS M A I S S U S C E P T Í V E I S A C I B E R ATA Q U E S , M A S E S TÁ L O N G E D E T E R O E X C L U S I V O . 20
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Apesar do crescente investimento em sistemas de segurança, existem ainda muitos incidentes. As organizações estão preparadas para um potencial ciberataque?
talização da economia global, a crescente complexidade dos sistemas de informação e a crescente erosão das fronteiras entre as organizações e o mundo exterior são factores que aumentam o risco. A cibersegurança é apenas uma forma de proteger a informação ou será também uma ferramenta para potenciar o negócio das empresas? Na edição de 2015 do Global Audit Committee Survey patrocinado pela KPMG, é visível uma grande preocupação a nível global relativamente à cibersegurança. Como é que a KPMG justifica esta preocupação?
O World Economic Fórum posiciona o cibercrime como um dos cinco riscos globais mais importantes, ao lado de riscos como as mudanças climáticas ou os conflitos entre Estados. As estatísticas mostram que todos os dias ocorrem milhares de ataques e são comprometidos mais de um milhão de registos de informação: estamos a falar, entre outros, de dados pessoais de clientes, dados e movimentos de cartões de crédito, ou a propriedade intelectual das organizações. Estes incidentes têm, frequentemente, impactos severos diversos ao nível financeiro, operacional e reputacional: um relatório recente do think-tank The Centre for Strategic and International Studies estima perdas de 375 a 575 mil milhões de USD directamente relacionadas com o cibercrime e sugere que a fraude e a espionagem podem subtrair até 20% do valor económico gerado pela Internet. Estes números são muito expressivos. E nada aponta para uma diminuição deste fenómeno, pelo contrário: a crescente digi-
A cibersegurança é importante, não apenas para proteger valor das organizações, mas também para suportar iniciativas estratégicas de negócio. Veja-se, por exemplo, a criação generalizada de soluções de Internet/Mobile Banking pelos bancos nacionais e internacionais, com o objectivo de criar canais alternativos para melhorar a acessibilidade e a qualidade do serviço aos clientes. No entanto, estas soluções são, elas próprias, vectores sérios de ataque que exigem a implementação de estratégias de cibersegurança adequadas. Na sua opinião, as empresas de serviços financeiros são as mais susceptíveis de sofrer ataques à sua segurança?
O sector financeiro é certamente um dos mais susceptíveis, como mostram os inúmeros incidentes tornados públicos nos últimos anos: por exemplo, em 2014 o JPMorgan Chase foi objecto de um ciberataque que comprometeu dados de 83 milhões de clientes. No entanto, o sector financeiro está longe de ter o exclusivo nesta matéria. Existem evidências objectivas de preocupação noutros sectores, nomeadamente as Telecomunicações, Energia, Governo, Retalho e Saúde.
A nossa percepção é que existe uma consciência crescente para os riscos de cibersegurança e um esforço concreto de muitas organizações em Portugal para aumentar o seu nível de maturidade. No entanto, este é um processo complexo, que envolve múltiplos domínios e áreas das organizações; e como todos os processos críticos, exige gestão e melhoria contínua. Em termos gerais, penso que há um espaço significativo de melhoria nos mecanismos de protecção. Por outro lado, e porque a segurança a 100% é um mito, é fundamental que as organizações invistam no aumento da sua capacidade para detectar e responder a ciberataques, para minimizar os impactos resultantes. O que é que a KPMG pode fazer para ajudar os seus clientes em matéria de cibersegurança?
A KPMG tem uma longa tradição ao nível a cibersegurança. Recentemente, a KPMG nomeou a cibersegurança como uma das suas seis iniciativas de crescimento estratégico. Aumentámos e aprofundámos os nossos serviços e temos investido fortemente em investigação e desenvolvimento e na aquisição de empresas especializadas nesta área. Actualmente, possuímos mais de 3.000 profissionais dedicados exclusivamente à cibersegurança. Os nossos clientes apreciam a nossa visão holística sobre a cibersegurança, a nossa flexibilidade, a nossa capacidade articular os aspectos de negócio e técnicos da cibersegurança, e o nosso compromisso em “fazer acontecer”. Como reconhecimento deste investimento, a KPMG foi nomeada pela Forester o líder nos Serviços de Consultoria de Segurança de Informação (Q1 2016). Em Portugal, temos tido o privilégio de colaborar com muitas das principais empresas dos sectores financeiro, telecomunicações, energia e retalho. l 21
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O PI N I ÃO
PAULO ESTEVES VERÍSSIMO Director do CritiX group
OS GRANDES DESAFIOS PARA A CIBERSEGURANÇA DA INFORMAÇÃO E DAS INFRA-ESTRUTURAS
N
um minuto na Internet são transferidos no mundo quase 1 milhão de giga-octetos, feitas mais de 2 milhões de pesquisas, enviados mais de 200 milhões de e-correios. A dependência das sociedades modernas em relação às tecnologias de informação e de comunicação tornou-se tão avassaladora nos últimos anos que ainda não é correctamente apercebida por muitas organizações, e muito menos pelo público em geral. Os pilares deste novo ambiente são as infra-estruturas de informação críticas (IIC), e a enorme mole de dados, big data, que aquelas albergam e transaccionam continuamente. Mas quando se fala de IIC, temos de pensar não só nas infra-estruturas clássicas (ex. energia, telecomunicações, água, ou redes de tráfego) mas também nas infra-estruturas de informação emergentes que dependem do complexo Internet-Cloud (ex. sistemas financeiro e de administração pública, redes sociais e, crescentemente, os sistemas de informação biomédica). Falando de dados, é necessário compreender o volume e o nível a que está hoje exposta a informação pessoal e a informação operacional das organizações, muita dela crítica do ponto de vista da privacidade, confidencialidade e integridade. Definindo o risco de modo simplista, ele deriva do impacto de uma possível falha, do nível de ameaça a que os sistemas estão sujeitos e do grau de vulnerabilidade dos mesmos. O impacto é proporcional ao valor dos activos representados por estas infra-estruturas e à dependência que deles se gerou, mesmo à escala de organizações ou grupos empresariais de dimensão considerável. Neste contexto, requer-se uma análise de ameaças muito para além do ‘hacker’ esporádico, a qual compreenda a conjugação com ameaças acidentais, e esteja virada para ataques direcionados sofisticados ou ameaças persistentes avançadas (APT), por exemplo de crime organizado. Por outro lado, a análise de vulnerabilidades não se compadece com o tradicional ciclo de varrimento e remoção pontual por componente, ou testes de penetração avulso, antes necessitando de uma visão arquitectural que permita a compreensão das fragilidades trazidas pela complexidade e descentralização dos
sistemas interligados, educada pela análise de ameaças. A percepção corrente é de que o conceito de análise de risco de segurança e confiabilidade de muitas organizações não terá acompanhado a evolução que acabámos de descrever, levando muitas vezes a soluções em que praticamente todos os factores de risco são majorados. Tal deriva não forçosamente de uma análise ou concretização errada, mas muito provavelmente de uma metodologia menos adequada, isto é, da falta de uma visão holística e abrangente na análise dos problemas de cibersegurança dos sistemas (overarching analysis), tornando difícil que os mesmos atinjam uma maturidade elevada em cibersegurança e suficiente capacidade operacional efectiva. No entanto, o mundo mudou mesmo e não se compadece com soluções sub-óptimas. É hoje tecnicamente possível um smart phone ligado à Internet fazer danos físicos numa central de energia; podem efectuar-se correlações em dados operacionais de uma empresa, capturados dos seus sistemas e/ou de sistemas terceiros, que permitam criar vantagens competitivas a adversários. l
O MUNDO MUDOU MESMO E NÃO SE COMPADECE COM SOLUÇÕES SUB-ÓPTIMAS. É HOJE TECNICAMENTE POSSÍVEL UM SMART PHONE LIGADO À INTERNET FAZER DANOS FÍSICOS NUMA CENTRAL DE ENERGIA.
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DOSSIER CIBERSEGURANÇA
OPI N I ÃO
MIGUEL SALEMA GARÇÃO Director de marca e comunicação dos CTT
O COMPROMISSO E RESPEITO PELAS REGRAS DE PROTECÇÃO
C
om uma história de quase 500 anos, os CTT são a empresa líder do mercado de comunicações físicas em Portugal, reconhecida internacionalmente pela sua qualidade de serviço e pelo seu carácter inovador. Uma das marcas mais emblemáticas de Portugal, com um vasto património que tem vindo a acompanhar a evolução dos tempos. Tem como missão continuar a ser um operador postal de referência mundial, orientado para o crescimento sustentável, centrado nos ideais de excelência e de proximidade e focado na inovação. Os CTT centram a sua actuação em três eixos: preservar o valor do Correio, potenciar o crescimento do Expresso e Encomendas e expandir os Serviços Financeiros. Enquanto no Correio, a acção passa muito por iniciativas de eficiência e promoção de um enquadramento regulatório justo, no Expresso e Encomendas, o foco está no comércio electrónico, tendo em conta a posição ímpar que os CTT desempenham neste mercado. No sentido de proteger a privacidade dos Clientes e Utilizadores do seu ‘website’ e
aplicações, bem como dos seus produtos e serviços, os CTT definiram e adoptaram uma Política de Privacidade com o propósito de demonstrar o seu compromisso e respeito pelas regras de protecção de dados pessoais que se destinam a utilização dos CTT, acautelando a protecção dos dados pessoais que são disponibilizados pelos seus Clientes e/ou Utilizadores, contra a sua eventual utilização abusiva ou contra o acesso não autorizado. l
OS CTT CENTRAM A SUA ACTUAÇÃO EM TRÊS EIXOS: PRESERVAR O VALOR DO CORREIO, POTENCIAR O CRESCIMENTO DO EXPRESSO E ENCOMENDAS E EXPANDIR OS SERVIÇOS FINANCEIROS.
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Y
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CY
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DOSSIER CIBERSEGURANÇA
O PI N I ÃO
DANIEL CAÇADOR Information Security Manager do Montepio
CIBERSEGURANÇA NUMA CULTURA DE GESTÃO DE RISCO
A
utilização da internet como plataforma de suporte a transações financeiras é cada vez mais generalizada. O crescimento exponencial da utilização das plataformas digitais aporta um número cada vez maior de utilizadores, a par com uma maior oferta de serviços, que se traduz num aumento de operações e fluxos financeiros. Este crescimento não tem tido paralelo com uma adequada percepção dos riscos por parte dos utilizadores, revelando-se, por outro lado, atractivo para a prática de atividades fraudulentas. Os reguladores do sector, entre os quais se contam o European Bank Authority (EBA), Banco de Portugal, Comissão e Parlamento Europeu, são sensíveis a esta realidade e desenvolveram recomendações destinadas a melhorar a segurança e confiança dos consumidores, potenciando a criação de um ambiente mais seguro para a utilização de serviços de pagamento através da internet, como as ‘guidelines’ EBA, PSD-2 e, recentemente, a “GDPR”, emitidas pela União Europeia. A Caixa Económica Montepio Geral encara a Segurança de Informação como uma competência nuclear, focada nas principais áreas de risco da organização, capaz de suportar a estratégia de negócio e de se adaptar em função dos requisitos legais e regulamentares, e, para isso, desenvolveu e mantém um Programa de Segurança de Informação que lhe permite endereçar os desafios da Cibersegurança. A Cibersegurança baseada numa cultura de gestão de risco contribui de forma activa para o desenvolvimento dos produtos e
serviços a prestar aos clientes e tem de constituir uma prioridade da gestão de topo das organizações. A realização de Análises de Riscos de Segurança de Informação que visam identificar e avaliar os (ciber) riscos a que a instituição está exposta, e que possam afetar a integridade, confidencialidade ou disponibilidade dos activos, prejudicando a operação corrente e impedindo a continuidade de negócio dos serviços de bancários através da Internet, permite uma clara percepção do grau de exposição aos riscos, bem como a estimativa dos benefícios da implementação das iniciativas propostas para a redução do risco para níveis aceitáveis. l
CIBERSEGURANÇA BASEADA NUMA CULTURA DE GESTÃO DE RISCO CONTRIBUI DE FORMA ACTIVA PARA O DESENVOLVIMENTO DOS PRODUTOS E SERVIÇOS A PRESTAR AOS CLIENTES.
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OPI N I ÃO
RAMIRO MARTINS Administrador Safemode da Fidelidade
SAFEMODE CYBER RISK ASSESSMENT
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ambiente digital em que vivem as organizações, repleto de novos meios como o cloud computing, social media, políticas de Bring Your Own Device, big data, entre outros, despertou-as para novas temáticas relacionadas com a protecção de dados e ativos críticos. As empresas de forma avisada desenvolvem estratégias internas para responder a uma inevitabilidade: os seus dados podem ser comprometidos seja por ataques maliciosos externos ou por políticas de segurança internas insuficientes. As consequências dum ataque malicioso ultrapassam na maioria das vezes as piores expectativas duma organização, quer em termos de recuperação e retoma das operações, quer em termos de reputação. Mas por cada passo em frente dado pelas organizações há inúmeras e poderosas tentativas de o fazer fracassar. Saber quanto se está à frente nessa corrida, saber se somos o ‘player’ mais frágil entre os concorrentes, saber se estamos à frente ou atrás do grau de performance dos concorrentes ou quão afastados estamos das melhores práticas do
mercado, é o que a Análise de Risco Cyber da Safemode permite avaliar. A Safemode, especialista em avaliação de risco e definição de estratégias de mitigação, desenvolveu uma metodologia proprietária que conjuga as diferentes dimensões para a compreensão dos problemas das organizações – negócio, processos, contexto técnico, entre outros – e que pelo seu carácter abrangente medem de forma efectiva o nível de risco Cyber das organizações, contribuindo para uma correcta tomada de decisão e implementação de acções eficazes. l
AS EMPRESAS DE FORMA AVISADA DESENVOLVEM ESTRATÉGIAS INTERNAS PARA RESPONDER A UMA INEVITABILIDADE: OS SEUS DADOS PODEM SER COMPROMETIDOS.
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DOSSIER CIBERSEGURANÇA
O PI N I ÃO
FERNANDO MAIA CERQUEIRA CEO Enxertia Business Consulting
OS DESAFIOS DA CIBERSEGURANÇA
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o ano em que celebra quarenta anos existência, a EDP assume o desafio de investir no seu futuro, reforçando a capacidade de proteger os seus activos físicos e digitais perante as complexas e crescentes ameaças globais à cibersegurança. A EDP criou em Lisboa um “CiberGym”, uma solução inovadora de origem israelita, cuja experiência permitiu desenvolver as melhores práticas para a ciberdefesa de dispositivos de produção e distribuição, face a potenciais ameaças à sua integridade. A segurança das redes e da informação de Companhias de infra-estruturas e produção e de outras Instituições e Organizações estratégicas é uma prioridade global no paradigma tecnológico do terceiro milénio. Tomando como referência o “CiberGym” da EDP, a Conferência “Cybersecurity, State of the Art” abre espaço para a visão de entidades que têm uma abordagem global da Cibersegurança. O sucesso da Conferência está já assegurado pela elevada qualidade dos
oradores participantes, a quem agradecemos terem aceite partilhar a sua visão e experiência sobre os desafios da cibersegurança. À EDP, juntaram-se ao evento empresas de referência no mercado português - a KPMG, os CTT, a Fidelidade e o Montepio que agregam, como parceiros, um enorme prestígio à Conferência. A concepção e execução desta Conferência foi executada em pareceria entre a Enxertia Business Consulting e a CV&A Consultores. À equipa de António Cunha Vaz cabe o agradecimento pela competência com que o projecto foi executado. l
À EDP, JUNTARAM-SE AO EVENTO COMPANHIAS DE REFERÊNCIA NO MERCADO PORTUGUÊS - A KPMG, OS CTT, A FIDELIDADE E O MONTEPIO - QUE AGREGAM, COMO PARCEIROS, UM ENORME PRESTÍGIO À CONFERÊNCIA.
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Solidez, confiança e dedicação As organizações precisam de parceiros robustos, que as ajudem a chegar mais alto e mais longe, aproveitando as oportunidades e mitigando os riscos. As equipas da KPMG estão preparadas para trabalhar consigo nos campos mais exigentes e competitivos. Comprove a nossa ambição por resultados:
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SEGURANÇA
LEAKS
13 ANOS, 13 FUGAS S Ã O M U I TA S A S F U G A S D E I N F O R M A Ç Ã O Q U E S E T Ê M R E G I S TA D O C O M A E X P L O S Ã O D A I N T E R N E T. S E N D O I M P O S S Í V E L E N U M E R A R T O D A S , A P R É M I O S E L E C C I O N O U 1 3 ‘ L E A K S ’ , E M VÁ R I O S S E C T O R E S D E A C T I V I D A D E , Q U E M A R C A R A M A A C T U A L I D A D E D O S Ú LT I M O S A N O S .
CARLOS TEIXEIRA
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NEGÓCIOS
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om a explosão da internet, no virar do milénio, o número de fugas de informação tem vindo a aumentar exponencialmente, realidade que tem afectado o sector público e o privado, multinacionais e cidadãos em particular, organizações militares e governos. Em década e meia desde a massificação do uso da rede, não sobra praticamente nenhum sector imune aos ataques, variando na dimensão e na tipologia, com um impacto político e económico indiscutível e em alguns casos avassaladores. Banca, sistema financeiro, governos, instituições do Estado, empresas da rede e dedicadas às novas tecnologias, retalho, aviação, energia, saúde, sistema jurídico, serviços, infra-estrutura militar, transportes e empresas de comunicação, todos têm mostrado fragilidades ao nível da sua segurança informática, que com maior ou menor dificuldade é superada pelos ‘hackers’ que se mostram capazes de contornar as barreiras de segurança existentes e de se ir adaptando aos novos protocolos adoptados pelas empresas. As motivações de quem se dedica a furar a segurança e a divulgar os dados são muito diversificadas. Alguns ‘hackers’ move-os apenas o desafio técnico, outros o ideológico, outros, claro, o dinheiro. Jason Smathers, Antoine Deltour, Edouard Perrin são alguns dos nomes que se celebrizaram. Como canais das fontes, como jornalistas, ou simplesmente como traficantes de dados, a verdade é que se desenvolveu uma rede capaz de dar cobertura e muitas vezes protecção àqueles que se dispuseram a tornar públicos documentos classificados, bem como disseminar a informação para os quatro cantos do mundo. Com a publicação dos Panamá Pappers e, já depois disso, dos TTIP Leaks ou do ataque à Anthem, o mundo voltou a dar atenção à urgência de se operar uma verdadeira revolução ao nível da segurança informática, compreendendo melhor a realidade que todos estão hoje sujeitos. Entre 2003 e 2016, a escala dos ataques aumentou e diversificou-se, quase sempre um passo à frente da capacidade das empresas e dos estados serem capazes de blindar a sua informação digital. Por isso mesmo e em sintonia com os 13 anos de vida da CV&A, fazemos um mergulho num mosaico de 13 das fugas que marcaram a história recente e que mudaram, inelutavelmente, a perspectiva sobre a segurança informática nos nossos dias. l
AMÉRICA ONLINE (AOL) - As empresas que operam na rede foram, paradoxalmente, o primeiro alvo das fugas. A América Online (AOL) foi a primeira grande vítima, corria o ano de 2004, empresa que viria a ver dados violados novamente em 2005. No somatório das duas fugas foram mais de 100 milhões de registos divulgados, que afectaram 30 milhões de clientes. Jason Smathers foi o engenheiro informático acusado dos ataques, e acabaria condenado a um ano e meio de prisão pelas práticas das quais se viria a arrepender: “Eu sei que fiz algo de muito errado”, afirmou Smathers em Tribunal, à margem do seu pedido de clemência. Smathers foi aliciado a divulgar os dados dos clientes, por um valor de trinta mil dólares, a par da condenação que o obrigou ao pagamento de três vezes o valor angariado na venda dos dados. l
2005 CITIGOUP - A segunda grande fuga foi no sistema financeiro, no Citigoup, em 2005, mais precisamente na CitiFinancial, uma subsidiária da multinacional. É ainda hoje uma das violações com maior escala e maiores consequências financeiras, cujo impacto atingiu 4 milhões de clientes. Nomes, mails, números de segurança social, números de contas, histórico de pagamento e outros detalhes sobre empréstimos pessoais foram divulgados num processo que fez tremer o grupo e a sua credibilidade, que se deu em cima de uma conjuntura dramática para a banca dos EUA. l
2006 HEWLETT PACKARD (HP) - Foi o primeiro caso relacionado com empresas de tecnologia, e aconteceu na Hewlett Packard, através do roubo de um computador da Fidelity Investments, uma fornecedora de serviços da HP, que detinha dados de 200 mil funcionários. Apesar do elevado número de funcionários a informação roubada não tinha dados sobre a sua tecnologia, pelo que não teve grande impacto ao nível financeiro. Em todo o caso o sucedido levou a que quer a HP quer a Fidelity tenham identificado e reforçado a segurança nas suas contas. l
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2007 DEUTSHE TELECOM (DT) - É o segundo grande ataque ao sector financeiro, depois do Citigroup. Uma operadora da DT, a T-Mobile, perdeu dados pessoais de 17 milhões de assinantes. Os ‘hackers’ ficaram na posse de um dispositivo de armazenamento com dados que incluem os nomes, endereços, números de telefone celular e algumas datas de nascimento e endereços de e-mail de um grupo de cidadãos alemães. A empresa disse que os registros não continham detalhes bancários, como números de cartão de crédito, mas o sucedido levou a T-Mobile a reforçar a sua segurança, definindo um protocolo mais rígidas sobre quem tem acesso à informação, senhas mais complexas e uma maior monitorização dos sistemas de segurança. l
2011 NHS - Um ataque à NHS (Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido), que expôs 8,3 milhões de documentos, foi levado a cabo através do roubo de um computador que tinha registos de oito milhões de pacientes. De acordo com o relatório da NHS o computador foi roubado da Autoridade de Saúde Estratégica de North Central London, numa sala que estava dedicada à pesquisa e investigação médica. Os registos não criptografados, além dos 8,63 milhões de doentes, tinha ainda o registo de 18 milhões de visitas hospitalares, procedimentos e operações. l
2011 NY STATE ELECTRIC AND GAS - Quase 2 milhões de clientes das duas empresas de serviços de Nova York tiveram os seus dados pessoais comprometidos pela violação de dados. A Comissão de Serviço Público do Estado de Nova York, explicou que um consultor instalou sem autorização ‘software’ malicioso, tendo por esse intermédio acedido aos bancos de dados dos clientes das empresas de eletricidade e gás de Nova Iorque. Em carta aos seus clientes a empresa avisou do ataque, assumindo que levariam a cabo a sua própria investigação sobre o assunto apelando, no entanto, para que os seus clientes passem a monitorar suas contas de crédito bancários com vista a detectar eventuais sinais de fraude. l
2009 a 2015 GOVERNO E EXÉRCITO DOS EUA - Da Síria ao Chile, da Austrália à Alemanha, das Filipinas à Turquia, não deve haver país onde, em maior ou menor escala, os seus governos e instituições já não tenham sido alvo de ataques. Os EUA, pela sua dimensão, tem estado debaixo de fogo e só entre 2009 e 2015 fez com que milhões de norte-americanos vissem os seus dados pessoais violados, a par de um grande volume de informação confidencial divulgada. Governo e exército dos EUA viram documentos estratégicos sobre a política externa do país expostos, sendo que só sobre a guerra no Iraque foram revelados 392 mil documentos. Noutro ataque, 70 milhões de militares, no activo e na reserva, viram os seus dados de saúde roubados. Outro dos ataques ficou célebre pelo nome de “Kissinger Cables”, em 2013, com a divulgação de 1,7 milhões de documentos sobre a administração americana no poder entre 1973 e 1976. l
2012 LUXLEAKS - As Luxemburgo Leaks, que ficaram conhecidas por LuxLeaks, foi uma fuga massiva de informação que desencadeou um escândalo financeiro sem precedentes. Divulgado por uma investigação jornalística realizada por um consórcio internacional de jornalistas de investigação, a informação confidencial sobre as decisões fiscais do Luxemburgo, expôs trezentas empresas multinacionais com sede no Luxemburgo com a intenção de fugir ao pagamento de impostos nos países onde desenvolvem actividade. A dimensão do escândalo foi de tal ordem que abriu caminho à implementação de medidas destinadas a reduzir o ‘dumping’ fiscal e regulamentar esquemas de evasão fiscal benéficos para empresas multinacionais. l
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2013 STAPLES - A retalhista Staples viu mais de mil milhões de cartões de pagamento afectados pela fuga e foi outra das empresas que imediatamente assumiu a urgência de reforçar os seus sistemas de segurança, prometendo em comunicado “medidas para aumentar a segurança de seus sistemas de pontode-venda, incluindo o uso de novas ferramentas de criptografia”. A empresa ofereceu ainda serviços de protecção de identidade, tais como monitoramento de crédito, seguro de roubo de identidade e um relatório de crédito livre para todos os clientes que faziam compras nas cerca de 100 lojas afectadas durante os períodos em que o ‘software’ malicioso esteve activo. l
2014 2012 NASDAQ - Começou em 2007, data em que o ‘software’ malicioso foi colocado na rede de computadores da NASDAQ, e ao longo do tempo em que esteve activo foi capaz de roubar as credenciais de ‘log-in’ a 160 milhões de cartões de crédito e débito, ainda que os promotores tenham garantido que a sua plataforma de negociação não foi afetada. Durante seis anos, cinco russos e um ucraniano usaram técnicas de invasão que tinham como alvo mais de 800 mil contas bancárias, o que lhes permitia penetrar nos servidores usados pela bolsa de valores Nasdaq. O resultado teve perdas financeiras estimadas em 300 milhões de dólares, distribuídos entre empresas e indivíduos em nome individual. l
JP MORGAN CHASE - A segurança do maior banco da américa foi comprometida por um grupo de ‘hackers’, que roubaram nomes, números de telefone, mails e dados bancários de milhões de clientes. O ataque durou perto de dois meses, só tendo sido detectado quando os ‘hackers’ já tinham em sua mão uma quantidade de informação avassaladora, que atingiu números inéditos: 76 milhões de lares e sete milhões de pequenas e médias empresas. Os ‘hackers’ obtiveram uma lista dos aplicativos e dos programas que são executados em computadores da JPMorgan, tendo posteriormente cruzado a informação disponível por essa via com as vulnerabilidades conhecidas no sistema. A operação foi levada a cabo fora dos EUA, alegadamente sem recorrer a ninguém em território americano. l
2016 2013 ADOBE - A Adobe sofreu um ataque que se materializou através do roubo de dados bancários relativos a 38 milhões de utilizadores. Parte do roubo incluiu o código-fonte para o Adobe Acrobat e para o Reader, bem como a sua plataforma de aplicações Web, ColdFusion. O porta-voz da Adobe, Heather Edell, esclareceu que a empresa iria entrar em contacto com usuários afectados, incitando os usuários a redefinir suas senhas, esclarecendo que a Adobe não teve indicação de que tenha havido qualquer actividade não autorizada em qualquer Adobe ID envolvido no incidente. l
MOSSACK FONSECA - Este ano abriu com o furor dos autodesignados Panamá Papers, baptismo que foi o resultado de uma investigação jornalística a um lote de dados roubados à Mossack Fonseca, uma empresa de serviços jurídicos sediada no Panamá e especializada no investimento em ‘off-shores’. Os compradores, constituídos num consórcio que envolveu, entre outros, o Rockefeller Family Fund, o empresário George Soros e vários parceiros mediáticos internacionais, assumiram que dada a dimensão da fuga (mais de 11 mil documentos) e o risco sistémico que ela poderia provocar (o PM da Islândia e o Ministro da Indústria de Espanha demitiram-se aos primeiros dias da fuga) essa informação não seria publicada em bruto e a sua edição seria da responsabilidade do consórcio, que os publicaria editados por si sem mais intermediários. l
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DESPORTO C A M P E O N AT O DA EUROPA 2016
DA “PRISÃO” DO RÂGUEBI RUMO AO ARCO DO TRIUNFO
MIGUEL MORGADO
JOGOS: Fase de Grupos: 10 a 22 de Junho Oitavos de Final: 25 a 27 de Junho Quartos de Final: 30 de Junho a 3 de Julho Meias-Finais: 6 e 7 de Julho Final: 10 de Julho
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N A T E R R A D A “ G A I O L A D O U R A D A” , F E R N A N D O S A N T O S P R E PA R A , E M C L A U S U R A , N A C A S A G A U L E S A D A B O L A O VA L , O C A M I N H O PA R A A V I T Ó R I A . À G E R A Ç Ã O D A S A U D A D E E R G U E M - S E A S V O Z E S D A S N O VA S G E R A Ç Õ E S . À S A R M A S Q U E O E U R O 2 0 1 6 E S TÁ A Í E J U N T O S VA M O S M A R C H A R , M A R C H A R AT É PA R I S .
A
s competições de futebol no Continente Europeu estão, por esta altura, a chegar ao seu fim. Entre campeões anunciados, uns mais prováveis que outros, o foco vira-se agora para um país, a França, e mais concretamente para dez cidades francesas que acolhem, de 10 de Junho a 10 de Julho, o Campeonato Europeu de Futebol – Euro 2016. Mas antes de entrarmos nos preparativos e antevisões desta competição europeia de cobertura mundial, antes de pormos olhos e ouvidos nas televisões, rádios, jornais e online, antes de nos ligarmos a várias plataformas – computadores, tablets ou smartphones -, ou ainda antes de nos perdemos nas incidências e relatos dos acontecimentos via blogs e redes sociais – seja no Facebook, Instagram, Twitter, Snapchat ou Periscope -, recuemos, em jeito de aperitivo vintage, a 1984. A França acolhia então a 7ª edição do Europeu de Futebol. Portugal marcava presença, pela primeira vez na prova, 18 anos depois dos “Magriços” terem espantado o mundo no Campeonato Mundial de 1966. Os “Patrícios” aterravam em solo gaulês com quatro treinadores ao leme (uma particularidade portuguesa que se viria a repetir dois anos depois no Mundial disputado no México), uma selecção “dividida” entre Porto e Benfica, construída para agradar a ambos os poderes então instalados, uma equipa sem estrangeiros e com o bigode farfalhudo e a cabeleira farta a decorar quase metade dos rostos de uma equipa onde constavam nomes como Bento, Carlos Manuel, Chalana, Nené, Jordão, Damas, Fernando Gomes, João Pinto, Frasco, Sousa, Vermelhinho entre outros. Outras modas, outros tempos, os craques de então. Com um povo no burgo na época pouco habituado a estas andan-
ças da alta-roda futebolística a nível de seleções, agarrados à televisão e à rádio, o outro “povo”, o tal da Linda de Suza e da “geração da Saudade” faziam das tripas-coração apoiando, em língua portuguesa, os ”nossos” jogadores, fazendo com que estes em cada estádio se sentissem em casa. Passo a passo, Portugal foi até às meias-finais, disputada em Marselha, caindo aos pés da França e de um tal de Michele Platini. Provavelmente nasceu nesse dia a nossa “malapata” com a selecção gaulesa e a nossa relação de pura desconfiança com o tal mago da bola que viria a transformar-se no todo poderoso da UEFA e de quem muitos dizem, abertamente, que não é amigo dos portugueses nem de Portugal. Bom, teorias à parte, essa prova já lá vai. A partir de então, Portugal inscreveu o nome em diversas competições, entre europeus e mundiais. Entre recurso a desculpas de uma “Tragédia Grega” e de “tivemos Galo”, entre uma “mão invisível” que nos impediu de ir mais longe ou por culpa própria, fomos a uma final de má memória (Euro 2004), perdemos em meias-finais (Euro 2000, Mundial 2006 e Euro 2012) e fomos afastados precocemente (Mundiais 1986, 2002, 2010 e 2014). Da “Gaiola Dourada” à clausura na “prisão” Nesta caminhada desportiva e cronológica aterramos então em 2016. Em França, Fernando Santos é o líder de uma equipa de milhões, “internacional” mas que na qual a grande maioria dos 23 selecionados nasceu na formação do Sporting Clube de Portugal, continuamos a ter o Ronaldo, o tal, e outros “next big things” que prometem fazer correr muita tinta, já não há bigodes nem pelos no peito e os novos equipamentos exaltam o patriotismo ao mesmo tempo que representam um salto tecnológico que não deixa vestígios de qualquer pinga de suor . Se em 1984 o apoio local veio, em grande parte, pela voz dos portugueses de 1ª geração retratados em “A Gaiola Dourada”, hoje o filme será seguramente outro. Haverá com certeza ao lado destes
OS SEIS GRUPOS NA LUTA PELO TROFÉU
Naquele que será o primeiro Campeonato Europeu com 24 equipas, os dois primeiros de cada um dos seis grupos garantem um lugar nos oitavos de final, em que terão a companhia dos melhores quatro terceiros classificados. Conheça os grupos. GRUPO
A
GRUPO
França Roménia Albânia Suíça
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GRUPO
Inglaterra País de Gales Rússia Eslováquia
C
Alemanha Polónia Ucrânia Irlanda do Norte
GRUPO
D
Croácia Espanha República Checa Turquia
GRUPO
E
GRUPO
Bélgica Itália Suécia República da Irlanda
F
Portugal Islândia Hungria Áustria
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DESPORTO
aqueles luso-descendentes de 2ª e 3ª geração que conhecem Portugal através de uma espécie de “Aquele querido mês de Agosto”, oriundos não só de França mas também, por exemplo, do Luxemburgo ou Alemanha, e haverá (muitos) portugueses que farão ponte aérea nos dias de jogo e muito outras formas de apoio vindos das mais diversas geografias tendo em comum a língua portuguesa e o apoio aos nossos heróis da bola. Na véspera do 10 de Junho, “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas”, a raça lusitana mostra-se em solo francês. A casa escolhida para ensaiar o caminho até Saint Denis (perto de Paris) e ao Stade de France onde se disputará a final do Campeonato da Europa, é Domaine de Bellejame, complexo de treinos da Federação Francesa de Râguebi, situado em Marcoussis, nos arredores da capital de França. O local de estágio está reservado até ao dia 10 de Julho (confiança bem patente) e tem inscrito o lema “Ganhar, Formar e Acolher”. Ali, no Centre National de Rugby, coração da seleção de XV da bola oval dos ‘bleus’, infra-estrutura inaugurada em 2002 por Jacques Chirac, num terreno que data a sua existência desde há 900 anos, enquadrado numa zona de bosques e de árvores centenárias, estará resguardado o laboratório onde Fernando Santos reunirá as suas tropas, formará o tal e tão falado espírito de equipa e às tácticas soma a técnica dos artistas da redondinha, numa fórmula que permita chegar ao triunfo na competição, um objectivo por si já traçado e ambicionado. Apelidado de Marcatraz (alcunha numa alusão à famosa prisão americana de Alcatraz, em São Francisco) face ao regime de clausura que propicia à selecção francesa de râguebi aproveitando as condições do espaço e de isolamento, pouco amigo de curiosos e para lá do alcance dos olhares dos jornalistas estão 42 hectares, pelos quais se dis-
tribuem os cinco campos, entre eles um com bancada, dois sintéticos e um campo coberto, ginásios, pista de atletismo e de ‘jogging’, piscina coberta com sauna e ‘jacuzzi’, ‘courts’ de ténis, sala de reuniões, anfiteatro com capacidade de 250 pessoas, sala de imprensa, sala de convívio, com um bar e diversas mesas de estar, tudo decorado com diversos símbolos ligados à modalidade, quartos que embora sem grandes luxos, quer no equipamento quer no tamanho, servem na plenitude para o conforto e privacidade dos craques, sendo que todos eles têm uma varanda protegida do relvado circundante por uma vedação de tiras de madeira. Da cama para a mesa, porque descanso e barriga cheia também fazem parte do menu dos atletas de alta competição, os quartos tem acesso exclusivo à cozinha, ligação feita através de um corredor envidraçado, fechado. Apesar de todas as naturais reservas será natural o convívio com todo o ‘staff’ da Federação Nacional de Râguebi e inevitável a partilha de espaço no Centro de Treinos com outras equipas e selecções de râguebi que ali estejam a trabalhar. E no meio de todo o recato desejado há um pequeno pormenor que se tornará, de certo, algo de maior dificuldade para contornar. Ronaldo e a lusofonia. É que a seleção portuguesa e a nossa estrela planetária estão em França, a 30 quilómetros de Paris. E todos querem matar saudades da pátria e ver de perto o seu maior símbolo, gritando o nome de ambos (com sotaque francês terá graça acrescida). Para além de todas as incidências e detalhes tratados e analisados pelos media e pela panóplia de redes sociais existentes, umas mais oficiais que outras, os Instagrams, Twitters e Facebooks dos jogadores que, de certo, farão a ponte com o espaço exterior, a Federação Portuguesa de Futebol enviará dois assessores, um fotógrafo e um editor de vídeo. Dali para o mundo darão conta do dia-a-dia dos nossos homens da bola.
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OS CROMO DO EURO EM PAPEL, DIGITAL E EM JOGO QUASE REAL Ronaldo, já se disse, é um dos cromos da bola mais procurados, seja dentro ou fora de campo. Se não conseguir um autógrafo ou uma ‘selfie’ com o craque português, descanse caro leitor, poderá sempre optar por coleccionar os tradicionais cromos em papel ou, sinais dos tempos, preencher a caderneta digital (virtual). A décima caderneta oficial de cromos Panini dedicada a um Euro constituirá um guia precioso para coleccionadores e adeptos. Ao todo 96 páginas onde cabem 680 cromos, entre os quais um de corpo inteiro dos melhores jogadores e outros especiais como o logótipo (desenhado pela
agência portuguesa Brandia Central), o troféu e a bola de jogo e especificidades próprias de cada uma das selecções. Começar uma caderneta juntará, seguramente, durante o próximo par de meses várias gerações, de pais a filhos. Acabar, bom, isso são outros quinhentos, um feito que pode ser ultrapassado com pedidos e trocas, físicas ou online, estratégias que de certo darão um valente empurrão no propósito. Mas, na era das novas tecnologias e dos amantes dos ‘gadgets’, para quem não queria “sujar” as mãos com a cola, há uma alternativa válida desde o Mundial de 2010: o Álbum de Cromos Virtuais Panini
Rumo ao Stade de France: vencer o Império austro húngaro, Trolls e Elfos Portugal ficou integrado no grupo F, juntamente com Islândia, Hungria e Áustria. A bola começa a rolar no dia 14 de junho às 21h00, no estádio Geoffroy-Guichard, em Saint-Ettiénne diante da Islândia, a tal equipa que atirou a Holanda para fora do Euro. Quatro dias depois e à mesma hora a comitiva terá uma viagem curta: Parc des Princes, em Paris, como destino e a Áustria como adversário. Por último, no dia 22 de Junho às 18h00, em Lyon, no State de Lumiére, Portugal defrontará a Hungria. À primeira vista, e olhando para o histórico, o eixo austro-húngaro e os homens da terra de Trolls e de Elfos e das auroras boreais não deverão parar o onze nacional na primeira fase de uma caminhada que Santos impôs a si mesmo e a todos os portugueses e que terá como esplendor máximo a ida à final e, porque não, conquista do troféu. A campeã em título, a Espanha, a anfitriã França e a campeã do mundo, a Alemanha, são os naturais favoritos. A Bélgica e a nova geração de Diabos Vermelhos poderá ter uma palavra final. O pontapé de saída é dado pela anfitriã contra a Roménia, a 10 de Julho no Stade de France. Seguem-se um sem fim de
(http://pt.stickeralbum.fifa. com) que permite celebrar de forma virtual do Euro 2016. A caderneta está oficialmente associada com a marca Coca-Cola e para a ter basta criar um perfil, usando o Twitter ou o Facebook, e descarregar a App nas lojas virtuais da Google Play e Apple iTunes. Com os cromos na mão ou no seu computador, tablet ou smartphone, pode igual e literalmente vestir a pele dos astros da bola e da selecção nacional. Para tal agarre nos comandos da Playstation 3 e Playstation 4, entre no maravilhoso mundo real do PES 2016 e ajude o Ronaldo e companhia a erguer a taça Henri Delaunay. l
jogos entre as 24 selecções, divididas por seis grupos. Na casa das apostas, Portugal terá o seu quinhão. Na terra onde a palavra Saudade não tem tradução, esperemos que o Fado não se repita. Pelo menos, para descanso de algumas das nossas almas, Platini já não está nem no campo, nem fora dele, e, diga-se em abono da verdade, já não manda em lado nenhum. Para completar a superstição basta não apanhar a França nas meias-finais. E sinal que os tempos podem ser outros, até os franceses, tão fiéis à sua língua e a patriotismos, já não cantam de galo. Vergaram-se ao anglicismo com a Federação Francesa de Futebol a optar por uma música cantada em inglês para hino oficial da seleção gaulesa no Europeu de 2016: “I Was Made for Lovin’ You, My Team”, uma adaptação de “I Was Made for Lovin’ You”, da banda norte-americana Kiss, interpretada pelos ‘Skip The Use’, um grupo francês. Para o fim, esperemos que a participação de Portugal seja um hino ao futebol e que a Portuguesa seja tocada a fechar o pano do Euro 2016. Com as mãos ao peito, junto do coração e do símbolo das Quinas, erguemos a voz: “Heróis do Mar, Nobre Povo, Nação Valente e Imortal, Levantai hoje de novo, O esplendor de Portugal!... l
EXALTAÇÃO DE PATRIOTISMO NUMA CAMISOLA QUE LEVE MAIS LEVE NÃO HÁ Camisola vermelha, tons mais escuros na zona dos ombros, calções da mesma cor e meias verdes, um verde que também está presente, ao de leve e em risca, na gola e nas laterais. Assim se apresenta o equipamento principal da equipa das Quinas. O outro, o alternativo, surge com duas tonalidades de verde, mais futurístico e ousado nas palavras de Scott Munson, director da Nike, ao P3 do site do “Público”. Com maior intensidade nas cores que no passado recente, a novidade do novo equipamento da Nike que veste a selecção nacional não é cromática. É antes tecnológica. E de exaltação patriótica. Portugal parte para esta competição, sendo a primeira equipa a utilizar, com a nova tecnologia da marca norte-americana – Aeroswift Vapor. Assim dito em seco pouco dirá a quem não está por
dentro da matéria. Sabe-se que são mais leves e dão mais elasticidade e, explicam os responsáveis, “absorve o suor da pele 20% mais rapidamente” e o tecido seca “25% mais rápido”. Os calções perderam o tradicional elástico, considerado uma “distracção” pelos atletas, e, por isso, tornaram-se igualmente mais leve. Pequenos grandes detalhes na era da obsessão pela melhoria de performance dentro de campo. Para ajudar a vencer as batalhas que se avizinham, nada melhor que uma inscrição motivacional. Na parte traseira da gola está escrita a palavra “Portugal” e nas mangas pode ler-se “Nação” e “Valente”. l
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DESPORTO
D O B R A S I L S Ó S E FA L A D E Z I C A , D I L M A , ‘ I M P E AC H M E N T ’ E L AVA- J ATO. M A S H Á TA M B É M O R I O 2 0 1 6 . P O RT U G A L P O D E E N V I A R AT É 9 0 AT L E TA S Q U E T E R ÃO O N AV I O E S C O L A S AG R E S C O M O E M B A I X A DA . O C R I S TO - R E I D E U - L H E S A B E N Ç ÃO. E S P E R E M O S Q U E N O R E G R E S S O D O C R I S TO R E D E N TO R O TO R N A V I AG E M S E J A R E G A D O A O U R O.
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rasil. Ano de 2016 DC se olharmos só para o calendário Gregoriano. Temos a Zica. A Dilma. Há um ‘impeachment’. E ouve-se, há muito, falar do Lava-Jato. Dito assim, a seco, e em vésperas dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro poderíamos ser levados a pensar que estaríamos, por esta ordem, na presença de um novo esteróide anabolizante descoberto pela Agência Mundial de Dopagem, de uma atleta olímpica que fará de Michael Phelps um aprendiz na conquistas de medalhas, uma banda nascida na terra do Samba com inscrição anglo-saxónica e que cantaria na Cerimónia de Abertura dos JO Rio 2016 ou mesmo de uma modalidade entretanto introduzida nas Olimpíadas e cuja primeira
UMA CHAMA OLÍMPICA PARA APAGAR UM L AVA-JATO
MIGUEL MORGADO
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aparição teria o Brasil como palco de estreia. Mas não. Do Programa Olímpico nada consta sobre lavagens a jacto como modalidade, quando a chama Olímpica iluminar o Mundo a partir do Rio de Janeiro a música será outra e contará, entre muitas, com a voz de Kátia Aveiro, a irmã de Cristiano Ronaldo, o atleta mais medalhado do Mundo pode dormir descansado com as medalhas ao peito e a Zica, bom a Zica não é uma droga mas pode matar. É um vírus, que preocupa atletas, autoridades sanitárias e organizações desportivas. Repetimos então as quatro palavras que atingem elevados índices de “popularidade” no Google quando se busca Brasil. São elas: Lava-Jato, ‘impeachment’, Dilma e Zica. Se juntarmos as três primeiras construiremos uma frase que resume quase tudo o que está a acontecer e sobre quase tudo de que se fala de e no Brasil, de Brasília à Cidade Maravilhosa. É assim: a operação Lava-Jato, a maior investigação levada a cabo pela Policia Federal brasileira, mega-escândalo de corrupção, originou um processo de ‘impeachment’ que poderá levar à destituição de Dilma Roussef, a presidente do Brasil. A esta “Tempestade Perfeita”, verdadeiro vendaval político que só encontra paralelo com o fim da Ditadura Militar de 1985, misturado com uma recessão económica quase sem precedentes, soma-se a quarta palavra, a Zica, uma ameaça à saúde pública e ao evento. Ou seja, os JO do Rio de Janeiro, de 5 a 21 de Agosto, parecem ficar em segundo plano desde que o Lava-Jato colocou no Olho do Furação a sobrevivência política da própria presidente. Só mesmo os tão falados atrasos em relação à construção de infra-estruturas, a (ausência de) despoluição da baía de Guanabara e da Lagoa Rodrigo de Freitas, ou mesmo os perigos do vírus parecem colocar os XXXI Jogos Olímpicos de Verão da Era Moderna no mapa mundo do
WWW. A essas três (más) razões acrescenta-se uma enorme dúvida: quem irá marcar presença na Cerimónia de Abertura, a 5 de Agosto, para declarar aberto os Jogos e assistir ao acender da Chama Olímpica no Estádio do Maracaná. Resposta ainda não há. No entanto, Thomas Bach, presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), antecipou, para já, a bonança para depois da tempestade em que o país vive. “Estes Jogos Olímpicos serão uma mensagem de esperança em tempos difíceis”, disse, uma frase que se escuda, de certo, nos mais de 85.000 mil profissionais, divididos entre agentes, forças de segurança pública e soldados que terão à sua guarda os 10.500 atletas em representação de 206 países. A benção do Cristo-Rei para o Torna Viagem a partir do Cristo Redentor Depois de acessa no passado dia 21 de Abril no Estádio do Panathinaiko, Grécia, como é tradição há 120 anos, a tocha atravessou o Atlântico, já está no imenso território brasileiro, percorrendo, pela mão de 12 mil pessoas, mais de 300 cidades. Coube a Dilma, no Palácio do Planalto, a honra de receber a primeira chama no primeiro país da América Latina a sediar os Jogos Olímpicos, embora ainda não se saiba se será ela que os abrirá. No Rio, ao todo, serão 17 dias na luta por 306 provas com medalhas, sendo que 161 são provas masculinas, 136 femininas e 9 são mistas. 42 desportos, sendo que há duas novidades: o golfe e o râguebi. Na bola oval, Portugal pode colocar no Brasil a selecção nacional de sevens de râguebi feminina, estando dependente de repescagem, em Julho. As Lobas
podem, assim, juntar-se a uma comitiva que andará pelos 90 atletas conforme confiança demonstrada por José Garcia, Chefe de missão de Portugal nos Jogos Rio 2016. Certezas só lá mais para frente, mas se recuarmos um pouco (27 de Abril), dia em que se assinalou os “100 dias do início dos Jogos Olímpicos”, cerimónia que decorreu no Cristo Rei, em Almada, estavam já qualificados 64 atletas espalhados pela Canoagem, Ciclismo, Equestre, Ginástica, Taekwondo, Ténis de Mesa, Natação, Vela, Atletismo e Futebol, selecção sub-23 que regressa ao palco olímpico depois de Atenas 2004. O Navio Escola Sagres (NRP Sagres) será a embaixada nacional itinerante de Portugal durante o maior acontecimento desportivo a nível mundial e que será a primeira edição de sempre de uns Jogos Olímpicos numa nação de língua oficial portuguesa. A Sagres içará as velas rumo ao Rio de Janeiro a 24 de Junho, no mesmo dia em que será anunciado o Porta-Estandarte de Portugal na Cerimónia de Abertura. Dará assistência a toda a comitiva hospedada na Aldeia Olímpica que, segundo números do Comité Olímpico Português (COP), rondará as 180 pessoas, entre atletas, treinadores, ‘staff’ COP, equipa médica e fisioterapeutas, chefes de equipa por modalidade. Somam-se ainda 45 profissionais de media de 19 órgãos de comunicação social, acompanhados pelo departamento de comunicação do COP (duas pessoas). Medalhas? Quantas vamos conquistar? Bom, essa é sempre a pergunta demasiado cara para ser feita e à qual ninguém avança com números. Ouro? Prata? Bronze? À partida há favoritos. O remo, o judo, o ténis de mesa, atletismo...mas isso é à partida. Porque à saída das Terras de Vera Cruz, quando a popa do Navio Escola Sagres apontar ao Cristo Redentor, esperemos que, no Torna Viagem, esta traga o porão carregado de metal precioso. Aguardaremos então pelo desfile de encerramento dos Jogos Olímpicos Rio 2016. l
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IOT: A REVOLUÇÃO E SE AS SUAS “COISAS” GANHAREM VIDA PRÓPRIA?
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A I N T E R N E T O F T H I N G S I D E N T I F I C A E I N T E R L I G A O B J E C T O S O U A PA R E L H O S D O D I A - A - D I A À I N T E R N E T. É U M A R E V O L U Ç Ã O T E C N O L Ó G I C A Q U E R E P R E S E N TA O F U T U R O D A C O M P U TA Ç Ã O E DA COMUNICAÇÃO A NÍVEL GLOBAL. UMA MUDANÇA NA REL AÇÃO COM OS OBJECTOS QUE UTILIZAMOS DIARIAMENTE.
SOFIA ARNAUD
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a tendência que está na “berra” em termos de tecnologias. Chama-se Internet-of-things (IoT) e vai transformar a vida de pessoas e organizações nos próximos anos. Este novo conceito tem como principal objectivo criar uma rede global de “smart objects” integrados que comunicam e interagem entre si e com o meio ambiente com o intuito de disponibilizar novos serviços e melhorar processos de negócio das organizações a nível mundial. Como? Identificando e interligando ob-
jectos ou aparelhos do dia-a-dia à Internet. É uma revolução tecnológica do futuro da computação e da comunicação e cujo desenvolvimento depende da inovação técnica em campos como os sensores ‘wireless’ e a nanotecnologia. Isto obriga à existência de um sistema de identificação crítico que associado ao uso de tecnologia sensorial permite “dar vida” a objectos. É esta inteligência induzida ao meio ambiente que permite o desenvolvimento de produtos inovadores e de novos serviços com grande impacto e importância sócio-económica num mundo globalizado. Basta pensarmos no caso das
O QUE ESPERAMOS DA IOT EM
medições e envio das leituras de electricidade, que hoje em dia dispensam a presença humana para serem efectuadas, aumentando a produtividade desta actividade. Actualmente, a IoT já está presente em muito aspectos das nossas vidas e impacta a maioria das indústrias. Por exemplo, qualquer pessoa que disponha de um smartphone (com inúmeros sensores) já faz parte desta realidade. Mas os próximos anos vão ser importantes pelos desenvolvimentos tecnológicos esperados. A IoT abrange desde as pequenas aplicações de consumo de massas, como
2020 4 MIL MILHÕES DE PESSOAS ONLINE
4 BILIÕES DE DÓLARES INVESTIDOS
25 MILHÕES DE APLICAÇÕES
25 MIL MILÕES DE SISTEMAS EMBEBIDOS
50 BILIÕES GBS DE DADOS 41
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NEGÓCIOS
é o caso de dispositivos ‘wearables’ que monitorizam sinais vitais do corpo humano ou frigoríficos que identificam quando esgotamos o ‘stock’ de leite, até implementações urbanas com milhares de sensores para ajudar os cidadãos a encontrar um lugar de estacionamento ou o planeamento de futuras infra-estruturas pelos governos. Em Portugal, de acordo com um estudo da International Data Corporation (IDC), empresa especializada na área de Market Intelligence, em 2020 poderão existir mais de 68,1 milhões de equipamentos conectados à Internet, representando uma enorme oportunidade de negócio. Esta nova realida-
de vai criar inúmeras oportunidades ao nível de monitorização ambiental, telemetria, segurança (de instalações e pessoal), saúde e bem-estar, tracking & tracing, metering, inventário em tempo real e domótica. O auge desta tecnologia será alcançado num futuro onde uma multiplicidade de “coisas” estarão ligadas à internet e, deste modo, estimularão o comportamento dos seus utilizadores e o aparecimento de soluções sectoriais inteligentes. Os avanços ao nível da miniaturização e da nanotecnologia permitem que cada vez mais pequenos objectos tenham a capacidade de interagir e conectar-se.
Perspectiva-se um futuro em que poderemos usar roupa inteligente que se adapta às características da temperatura ambiente, onde a passagem por um sensor poderá indicar-nos qual a manutenção que o nosso carro necessita, poderemos usar óculos de sol para receber uma chamada vídeo e os cuidados médicos poderão ser prestados antecipadamente, graças a diagnósticos mais eficientes e rápidos. A redução de custos, a melhoria do serviço a clientes, a melhoria de processos de decisão e a criação de novos modelos de negócio são, de acordo com os especialistas, algumas das vantagens da implemen-
O QUE ESTÁ A PROVOCAR ESTE ‘BOOM’ DA IOT No mundo da tecnologia ninguém quer ficar para trás.
Sensores de baixo custo
Conectividade facilitada
A tecnologia de sensores desenvolveu-se muito, sendo possível adquiri-los a preços bastante acessíveis e num formato suficientemente pequeno para serem incorporados em praticamente qualquer dispositivo, abrindo muitas novas oportunidades à IoT. l
Para além das comunicações móveis tradicionais, existem novas tecnologias de comunicação de baixo consumo de energia, estendendo a vida das baterias, e com a vantagem adicional de serem mais baratas. l
Maiores potencialidades de análise de dados Obter informação útil a partir de dados em bruto é essencial em qualquer iniciativa de IoT. Existem novas ferramentas que conseguem agregar e analisar grandes volumes de dados e produzir informação a partir destes. l
Smartphones e tablets
Cloud computing
Os smartphones e tablets vêm equipados de fábrica com um conjunto vasto de sensores, o que aliado à sua capacidade de processamento faz destes equipamentos dispositivos de eleição à integração em ecossistemas de IoT. l
Este novo conceito, e a tendência de migração de equipamentos físicos das organizações para ambientes cloud, reduz muito o custo e risco de prototipagem e de arranque de novos sistemas de IoT, bem como facilita o processo de escalar a solução à medida das necessidades. l
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tação de soluções de IoT. É um dos pilares da chamada transformação digital a que as empresas têm de se adaptar. A par da cloud, da big data, da mobilidade ou do social business, a IoT poderá ser a grande disrupção de 2016. A IoT é uma realidade. Mas será que as empresas estão preparadas para o negócio das coisas? Os riscos de segurança da IoT Mais uma vez o tema da segurança na internet. Apesar da IoT ser o “último grito” a nível tecnológico, é importante referir as potenciais implicações que esta plataforma tem ao nível quer da privacidade quer
da protecção de dados pessoais. O ambiente IoT, com dispositivos e sensores com potencial para recolher uma multiplicidade de dados de objectos e de pessoas com eles relacionadas, pode revelar informações sobre os seus hábitos, localização, interesses e outras informações, bem como preferências pessoais. Alguns dos riscos da IoT a nível de segurança podem passar pela criação de perfis, tratamento ilícito de dados e ainda roubo de identidade e perda de privacidade. O sucesso desta tecnologia depende, entre outros, da adopção de alguns princípios essenciais, que assumem crucial impor-
tância no mundo digital onde se geram e tratam grandes quantidades de dados, nomeadamente a minimização e adequação da recolha e tratamento de dados, a limitação do tratamento para a finalidade para o qual são recolhidos, a privacidade na concepção, a resistência a ataques, a autenticação de dados e o controle de acessos. Na IoT é fundamental ter especial atenção às “interfaces” do utilizador e às ferramentas que permitem gerir as opções de segurança, de protecção de dados e privacidade, já que a confiança no ambiente online é a chave para o seu desenvolvimento e sucesso. l
VANTAGENS DA IMPLEMENTAÇÃO DA IOT Melhoria da qualidade de vida de consumidores e organizações.
Dia-a-dia vivido de forma mais inteligente Carros que andam sozinhos, embalagens que dão informações sobre o estado do produto e electrodomésticos que podem ser controlados com o smartphone, são alguns dos muitos exemplos.l
Redução de custos Melhoria no acesso a dados em tempo-real, eliminando desperdícios e utilização de activos de forma mais eficiente. l
Melhoria do conhecimento e gestão do risco
Melhoria da agilidade do negócio
Geração de novas fontes de negócio
Monitorização remota do comportamento de consumidores, ajudando a identificar momentos críticos e a automatizar procedimentos reactivos. l
Rápida reacção a eventos e alteração de processos, mitigando riscos e respondendo proactivamente a novas oportunidades de negócio. l
A ligação directa a clientes permite a criação de novos serviços e novas formas de apresentar os mesmos. l
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TECNOLOGIA
SMART GADGET UMA NOVA ERA DE EQUIPAMENTOS INTELIGENTES CONECTADOS À INTERNET E DE EQUIPAMENTOS ‘WEARABLES’ PARA MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA DOS SEUS UTILIZADORES, QUER A NÍVEL DA SAÚDE E BEM-ESTAR, DA GESTÃO DE TEMPO, QUER AO NÍVEL DA FACILIDADE DE AUTOMATIZAR PROCEDIMENTOS.
FRIGORÍFICO INTELIGENTE DA SAMSUNG Durante a CES 2016, no início do ano, a Samsung Electronics Co., Ltd. referiu a importância das inovações e das suas aplicações no quotidiano das pessoas, e deu conta da atenção que dedica à Internet das Coisas (Internet of Things - IoT) como uma plataforma aberta, com tecnologia SmartThings.
SMARTWATCH TAG HEUER A fabricante de relógios suíça TAG Heuer e as empresas de tecnologia norte-americanas Google e a Intel juntaram-se para lançar um relógio inteligente com a última tecnologia inserida num modelo clássico da marca suíça. O ‘design’ e fabrico do smartwatch ficou a cargo da Tag Heuer, a Intel disponibilizou a tecnologia para as funções digitais do dispositivo e a Google entrou no projecto com a sua plataforma Android Wear e ajudou a desenvolver o ‘software’. O smartwatch tem uma estrutura em titânio, bracelete de borracha em sete cores diferentes e um mostrador digital, sendo que o ‘design’ do relógio se assemelha aos clássicos modelos da Tag Heuer. O Connected tem um processador Intel Atom debaixo do ecrã táctil que permite ao utilizador aceder à Internet, ao ‘streaming’ de música e a 4000 aplicações disponíveis no Google Play para dispositivos Android. Além de ser compatível com o sistema Android, é possível usar o relógio com o iOS. Apesar de já existirem outros modelos “inteligentes” no mercado, o novo relógio da Tag Heuer é o primeiro que permite instalar aplicações (APP’s), à semelhança do que fazem os telemóveis e tablets, e os relógios lançados por empresas como a Apple e a Samsung. l
Entre outros produtos preparados para a IoT, a Samsumg apresentou o novo frigorífico Family Hub, uma nova categoria de eletrodomésticos com tecnologia IoT que ajuda as famílias a ligarem-se à redes, e que faculta novas formas de gerir e comprar alimentos e bebidas e de preparar pratos. Conta com um ecrã tátil LCD Full HD (ultra alta definição) de 21,5” que se assume como um ponto central de comando e que combina um poderoso desempenho com tecnologia inovadora num frigorífico. Entre as principais funcionalidades no Family Hub da Samsumg, destaque para gestão dos alimentos, para o centro de comunicações da família, o suporte para tecnologia IoT e para o entretenimento conectado. l
EXPERIÊNCIA VISUAL COM OS ÓCULOS GOOGLE Os óculos da Google permitem a incorporação de um dispositivo nuns óculos desenhados para esta utilização específica, controlado a partir de um ‘touchpad’ adaptado na haste lateral. Este ‘gadget’ oferece uma experiência digital capaz de não lhe desviar totalmente a atenção de tudo o resto que se passa na realidade, combinando áudio e imagem, mas também notificações adaptadas por WiFi, permitindo, por exemplo, lembretes com informações sobre o voo que vai apanhar quando chega ao aeroporto ou a sua agenda do dia-a-dia. O dispositivo dispõe também de comandos de voz. O sistema operativo do Google Glass é baseado no Android e além do Wi-Fi estão
também equipados com Bluetooth, uma câmara para gravar fotografias e vídeos. O Project Glass foi anunciado em 2012 e desenvolvido até meados de 2013. Apesar do entusiasmo inicial não se massificou e o desenvolvimento da tecnologia 3D parece ter retirado a margem de crescimento desta tecnologia. l
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ão quase dois mil metros quadrados, 45 galerias e todo um programa paralelo de actividades na cidade de Lisboa dedicado à Arte Contemporânea. A ARCO-Lisboa chega à capital portuguesa pelas mãos da IFEMA, a organizadora da ARCOMadrid, com o objectivo de transformá-la numa plataforma de contactos profissionais entre coleccionadores, curadores, galerias e responsáveis de instituições ligadas à Arte Contemporânea do circuito internacional. Porquê começar a internacionalização por Portugal? “Porque é um dos focos culturais mais atractivos e um mercado de crescente dinamismo, merecedor de um evento artístico relevante e estável dentro do circuito das feiras de Arte Contemporânea”, explicou a organização em comunicado. Em cima da mesa estiveram também países como o Dubai ou a China, mas a escolha final acabou por recair em Lisboa, até porque “a cidade tem atraído muito investimento estrangeiro, nomeadamente investidores brasileiros e chineses, importantes geografias no sector do coleccionismo de arte”, explicou Luís Cortés, presidente do comité executivo da IFEMA, em conferência de imprensa. O director da ARCOMadrid, Carlos Urroz, é também o homem que comanda a ARCOLisboa, concebida num formato de “feira-boutique”, com um número de galerias muito mais reduzido que a congénere espanhola e pensada numa lógica de “artista destacado”. À semelhança do que acontece em Madrid, as galerias que participam na feira foram submetidas a uma criteriosa avaliação, levada a cabo por um comité composto por representantes de duas galerias nacionais - a Cristina Guerra e a Galeria Múrias Centeno - e três estrangeiras Juana de Aizpuru (Madrid), Jaqueline Martins (São Paulo) e Giorgio Persano (Turim). As galerias estão divididas por três grandes espaços geográficos: o maior para as galerias nacionais e os restantes para as de Espanha e do resto do mundo, repectivamente. Além da mostra, estão previstos vários fóruns dedicados ao coleccionismo e a instituições artísticas, bem como vários debates com comissários e críticos de arte de todo o mundo. Haverá, ainda, uma mesa redonda destinada a propostas dos espaços independentes portugueses e também à apresentação de vários outros projectos relevantes e publicações.
EM CIMA: GALERIA BELO-GALSTERER;MÁRIO MACIL AU; SEM TÍTULO À ESQUERDA: GALERIA MARIO SEQUEIR A; JULIAN OPIE; “ WOMAN IN BL ACK SUIT AND TIGHTS WITH BAG” À D I R E I TA : G A L E R I A F E R N A N D O S A N T O S ; B O S C O S O D I ; S E M T Í T U L O
LISBOA JÁ TEM UMA ARCO
CATARINA DA PONTE
A P Ó S 3 5 A N O S , A M A I S C O N H E C I DA F E I R A D E A RT E C O N T E M P O R Â N E A D E E S PA N H A , A A R C O M A D R I D, E S C O L H E A C A P I TA L P O RT U G U E S A C O M O P R I M E I R O D E S T I N O DA S UA I N T E R N AC I O N A L I Z AÇ ÃO. A C O R D OA R I A N AC I O N A L VA I AC O L H E R , D E 2 5 A 2 9 D E M A I O, A P R I M E I R A E D I Ç ÃO DA A R C O L I S B OA , R E U N I N D O 4 5 G A L E R I A S D E O I TO PA Í S E S .
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Durante estes cinco dias, a IFEMA espera que rumem à Cordoaria Nacional cerca de 15 mil visitantes, um número aquém dos cerca de 100 mil que, anualmente, visitam a ARCOMadrid. Mas a ARCOLisboa não se resume apenas a este espaço. Está previsto um vasto plano de iniciativas “além-Cordoaria” que envolvem os principais museus, instituições e colecções da cidade, calendarizadas especificamente para esta altura. A Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, por exemplo, vai inaugurar a 24 de Maio a exposição “Backstories” de Pedro Calapez, Mitso Miura e Rui Sanches, artistas representados na feira. A ideia é que os coleccionadores estrangeiros possam usufruir do “pacote completo”, com uma agenda cultural da cidade desenhada em articulação com a ARCOLisboa. Da ARCOMadrid a Lisboa, foram 12 as galerias espanholas que se aventuraram a atravessar a fronteira. A galeria madrilena F2 é uma das duas galerias espanholas repetentes em Portugal. Em 2014, tinha estado na Est Art Fair, em Cascais, e agora volta para a ARCOLisboa, numa presença que lhe vai custar aproximadamente 10 mil euros, revela Paloma Gonzalez, directora da galeria. Com este investimento, a galerista espera “reforçar a suas ligações com o sector artístico luso e beneficiar da posição geográfica de Lisboa para captar novos coleccionadores no mercado sul-americano e europeu”. Por outro lado, também fez questão de acompanhar a equipa da ARCO nesta nova aposta fora de Espanha. José Martínez Calvo, da galeria Espacío Mínimo, em Madrid, optou por participar no certame por considerar que o “formato da ARCOLisboa, sendo diferente do de Madrid, vai mais ao encontro dos actuais interesses da galeria”. O galerista pretende ter uma maior presença e visibilidade em Portugal e fazer novos contactos para introduzir os seus artistas num novo mercado. Anteriormente, Lisboa já foi palco de outros eventos de Arte Contemporânea, nomeadamente a Arte Lisboa, organizada durante vários anos pela FIL, e a East Art Fair, que se realizou, em 2014, no Estoril, dirigida por Luís Mergulhão. Mas é com a ARCOLisboa que a capital portuguesa entra, definitivamente, para o circuito do coleccionismo internacional de Arte Contemporânea. O objectivo é perpetuar o certame num regime de periodicidade anual, garante Carlos Urroz. l
GALERIAS PRESENTES NA ARCOLISBOA: 3+1 ARTE CONTEMPORÂNEA Lisboa • ÁNGELES BAÑOS Badajoz • ANNE BARRAULT Paris • BAGINSKI, GALERIA / PROYECTOS Lisboa • BARÓ São Paulo • BELO-GALSTERER Lisboa • CARLOS CARVALHO ARTE CONTEMPORÂNEA Lisboa • CAROLINE PAGÈS Lisboa • CHRISTOPHER GRIMES Santa Monica • CRISTINA GUERRA CONTEMPORARY ART Lisboa • ESPACIO MÍNIMO Madrid • F2 GALERÍA Madrid • FERNANDO SANTOS Porto • FILOMENA SOARES Lisboa • FONSECA MACEDO Ponta Delgada • GIORGIO PERSANO Turim • GRAÇA BRANDAO Lisboa • HORRACH MOYA Palma de Maiorca • JAQUELINE MARTINS São Paulo • JOÃO ESTEVES DE OLIVEIRA Lisboa • JOSÉ DE LA MANO Madrid • JUANA DE AIZPURU Madrid • KNOERLE & BAETTIG Winterthur • LEANDRO NAVARRO Madrid • LEON TOVAR G A L E R I A J AQ U E L I N E M A RT I N S ; M A R I O I S H I K AWA ; “ E S TO U P E L A S I N D I R E TA S ” GALERIA MÁRIO SEQUEIRA; PIEKE BERGMANS; “LIGHTBULB -CHAIR” G A L E R I A C A R O L I N E PA G È S ; I S A Q U E P I N H E I R O ; S E M TÍTULO
Nova Iorque • LEYENDECKER Santa Cruz de Tenerife • LUCIANA BRITO São Paulo • LUIS ADELANTADO Valencia • LUISA STRINA São Paulo • MAISTERRAVALBUENA Madrid • MARIO SEQUEIRA Braga • MIGUEL NABINHO Lisboa • MURIAS CENTENO Lisboa/Porto • NF Madrid • NUEVEOCHENTA Bogotá • PARRA & ROMERO Madrid • PEDRO CERA Lisboa • PEDRO OLIVEIRA Porto • PIETRO SPARTA Chagny • PRESENÇA Porto • QUADRADO AZUL Lisboa/ Porto • SLOWTRACK Madrid • UMBERTO DI MARINO Nápoles • VERA CORTÊS ART AGENCY Lisboa • VERMELHO São Paulo 47
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CAMPANHA DO MNAA
PORTUGAL MOBILIZOU-SE PARA “PÔR O SEQUEIRA NO LUGAR CERTO”
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E
stava previsto durar seis meses, mas não foi preciso esperar tanto tempo. Três dias antes de o prazo acabar, o Sequeira já era de todos os portugueses. A campanha de angariação de fundos “Vamos pôr o Sequeira no Lugar Certo”, teve como objectivo ajudar o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) a adquirir a tela “Adoração dos Magos”, do pintor português Domingos Sequeira (1768-1837), pelo preço de 600 mil euros. Inédita em Portugal, a iniciativa recebeu a contribuição de cerca de 15 mil particulares e de 175 empresas. À data de fecho desta edição, o MNAA continuava a receber contribuições: “ainda não conseguimos fechar a campanha porque não paramos de receber doações. Caso não conseguíssemos angariar os 600 mil euros, utilizaríamos o dinheiro para a aquisição de outra obra de valor inferior, mas nunca esperávamos exceder o valor da campanha”, explica Paula Brito Medori, responsável pela comunicação do museu. Os regulamentos ditam
que o valor remanescente seja utilizado na compra de outra obra para o acervo do museu, mas ainda não se sabe qual. A maior doação veio da parte da Fundação Aga Khan que contribuiu com 200 mil euros. Os restantes contributos vieram de milhares de cidadãos a título individual, instituições, empresas, fundações, escolas, juntas de freguesia e câmaras municipais. A CV&A não quis deixar de se associar a esta iniciativa fazendo uma doação para ajudar o Sequeira a instalar-se no “lugar certo”. O MNAA possuía no seu acervo cerca de 30 trabalhos de Domingos Sequeira, entre desenhos e pinturas, mas esta obra era essencial para ajudar a completar a leitura da série “Palmela”, da qual fazem parte mais três telas, cujos desenhos preparatórios de todas elas o MNAA já possuía. Quase dois séculos depois, a tela “Adoração dos Magos”, pintada em 1828, que estava até então fechada na casa de um privado passou a poder ser contemplado por todos nós no Museu Nacional de Arte Antiga. l
E M D I S C UR SO D I R E C TO COM A N TÓ N IO PIM E N TE L DIRECTOR DO MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA
O
director do MNAA conta à PRÉMIO como surgiu a ideia da campanha “Vamos pôr o Sequeira no lugar certo” e as suas repercussões. Como surgiu a ideia desta inédita campanha em Portugal? A ideia (de lançar uma subscrição nacional para aquisição de uma importante obra de arte para o MNAA, à semelhança da prática internacional ), vinha sendo amadurecida há um bom par de anos. Porém, tornava-se necessário reunir um conjunto de condições, essencialmente, uma obra facilmente comunicável (pelo autor e razão da aquisição), de valor médio (justificativo da subscrição pública, mas que não comportasse um risco demasiado elevado) e o momento adequado. A “Adoração dos Magos”, de Domingos Sequeira, obra central no contexto da sua produção, configurou-se rapidamente como a escolha certa. O “momento” é que foi tardando, pelos circunstancialismos nacionais que todos conhecemos. Até que chegou… Esta iniciativa é pioneira em Portugal. É muito comum noutros países? É razoavelmente comum, pelo menos em
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França, Reino Unido (pioneiro, onde a National Gallery de Londres lançou a primeira campanha em 1903, após o que se tornou um recurso ininterrupto, por cujo intermédio adquiriu um incrível conjunto de grandes obras de grandes mestres) e EUA. Pouco a pouco, a Itália e outros países vão-lhes seguindo as pisadas. Qual a importância desta obra para o acervo do museu? Digamos que é uma ambição que o MNAA acalenta desde a sua origem, em 1884, quando incorpora os quatro cartões correspondentes às quatro pinturas finais de Sequeira, de que a “Adoração” é a mais sedutora e a primeira que tem possibilidade de adquirir, acrescendo ainda que possui um avultado número de desenhos preparatórios da composição. Com ela, não somente completa a ilustração da obra de um dos grandes pintores nacionais, enriquecendo a oferta do renovado Piso 3 (Galeria de Pintura e Escultura Portuguesas), que muito em breve será inaugurado, como cria o necessário precedente para que – se e quando as restantes três vierem a ser disponibilizadas ao mercado
– sejam necessariamente integradas na sua colecção: doravante, inquestionavelmente, “O lugar Certo”. Esperava que o apoio privado tivesse tanto sucesso? Esperava, evidentemente, que tivesse sucesso, nem de outro modo poderia ser... Mas confesso a minha absoluta surpresa com a escala (e designadamente a extensão) da mobilização nacional. Para além dos agentes económicos, foi avassaladora a reacção da cidadania, das corporações, das escolas, mesmo de associações informais. Foi uma espécie de “movimento feliz”, que revelou um país diferente – optimista e pró-activo – do que os meios de comunicação insistem em retractar, sendo que foi igualmente tocante a mobilização da cidadania estrangeira, seja contribuindo directamente no Museu, seja divulgando em redes e fazendo donativos nas plataformas da rede digital, demonstrando, assim, que o património é um valor comum. Por intermédio desta acção o nome de um grande pintor, Sequeira, e a imagem de uma notável obra, a “A Adoração dos Magos”, tornaram-se familiares, além mesmo das fronteiras nacionais. E essa é a missão central do Museu:
exemplarmente cumprida, a 300%. Esta receita é para repetir no futuro? Já existem planos? Decerto que sim: conquistou-se um instrumento de envolvimento activo da cidadania que ficou ao dispor, não somente do MNAA, mas de outras instituições nacionais. Mas ainda não temos data nem objecto definidos. Tudo tem de ser feito, como sempre, com ponderação. Mas muito em breve o MNAA irá lançar outra campanha – mais directamente direccionada para as empresas (mesmo que aberta a subscrições individuais) – igualmente destinada à aquisição de uma obra fascinante, absolutamente única e imperdível, em relação à qual fácil será compreender ser o MNAA, obviamente, “O lugar certo”. Adquirida recentemente no mercado internacional, por um dos nossos melhores antiquários, que a fez regressar a Portugal, por onde passou no século XVI, está nas nossas mãos não deixá-la sair de novo e em definitivo, no momento em que grandes museus do mundo disputam já a sua posse. Mais uma boa causa para os portugueses, pelo que em breve haverá mais notícias. l 49
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UM EL É C T RI CO CH AMAD O D ES EJ O
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MIGUEL MORGADO
C R I A D A E M 2 0 0 3 , N O B E R Ç O D A S ‘ S TA R T U P S ’ C A L I F O R N I A N A S C O M O A G O O G L E , A T E S L A , V E Í C U L O S E L É C T R I C O S D E C L A S S E A LTA , Q U E R S E R U M O B J E C T O D E C U LT O D E S E J A D O P O R T O D O S . TA L C O M O A APPLE. HÁ TRÊS MODELOS: O X, O S E O 3. OS CARROS A PILHAS ANDAM NAS HOR AS, SOZINHOS, AS B AT E R I A S D U R A M E T U D O É H I -T E C E D E S I G N . E S TÁ P R E PA R A D O PA R A U M A V I A G E M A O M U N D O D A P O L U I Ç Ã O Z E R O ? E N TÃ O VA M O S , P R E G O A F U N D O , E M S I L Ê N C I O E S E M G A S TA R C O M B U S T Í V E L .
uando pensamos na indústria automóvel, longe da nossa mente estará, por certo, o local onde nasceu a Tesla Motors. A pátria que viu nascer a Ford na tal Detroit dos nossos avós, deu literalmente à luz, em 2003, na Califórnia, aquele que é já hoje o carro de amanhã. A Tesla, marca de veículos eléctricos, ícone da tecnologia, nasce pela mão de Elon Musk, o homem que um ano antes esteve por detrás do projecto Space X, o tal que quer levar tudo e todos para Marte ou outros planetas à escolha. Com os pés bem assentes na Terra, aproveitando o sucesso da Google, Microsoft e de muitas outras empresas tecnológicas criadas nas garagens de Silicon Valey, Musk juntou as peças de um ‘business plan’ de sucesso. Investiu, e muito, em tecnologia e investigação no mundo das quatro rodas. As companhias automóveis não era suposto nascerem ali naquele vale que respira inovação e as ‘startups’ ali estacionadas não era suposto construírem carros. Mas, aproveitando os cérebros que por ali andavam nas dot.com, uns ‘gueeks’ mais dados às acelerações que outros, Elon Musk deu asas ao seu sonho, desenhou, fabricou e criou a Tesla que, tal como o iPhone, um ‘outsider’ que quando surgiu transformou na indústria dos telemóveis, procurou e procura estar 15 anos à frente do seu tempo. Musk recuperou um dos nomes mais respeitados da indústria automóvel norte-americana para inspiração: “(Henry) Ford era um tipo que quando algo se apresentava no caminho encontrava uma forma de contornar e fazê-lo. Ele estava muito focado no que o cliente precisava, mesmo quando o cliente não sabia o que precisavam”, disse. Ora é de carros elétricos que se trata esta necessidade. E de um estilo de vida elétrico. E é isso que Musk identificou. E para tal, para dar aquilo que o consumidor quer ainda antes de saber que quer, a Tesla começou por querer fazer aquilo que não era
tecnicamente possível no mundo actual dentro das limitações da indústria, e então, construíram o que necessitavam construir para alterar essas limitações. Confuso? Expliquemos então. Primeiro uma bateria, depois o carro ligado à ficha O que é a que Tesla tem feito nestes últimos 13 anos? Primeiro desenvolveu baterias de lítio para utilizar em carros eléctricos. São amigas do ambiente e dotadas de autonomia para 300, 400 e 500km, batendo toda a concorrência. O segundo passo, investimento a fundo no desenvolvimento dos veículos que não dependem das ‘commodities’ – petróleo – e que não utilizem motor de combustão. É a história dos carros e da energia, mais uma vez, a andar de braço dado. Há três modelos que saem da empresa com sede em Palo Alto, Califórnia. Todos com muita tecnologia, tudo hi-tec, muitos elementos ‘touch’, com ‘software’ e actualizações via ‘wi-fi’ à mistura, com muito design ‘sex appeal’, todos superdesportivos e aptos a fazer menos de 6 segundos dos 0-100km/h. Os modelo X (SUV) e S são destinados a carteiras mais recheadas. O outro, bom, o outro tem um preço bem mais democrático e já deixou a empresa e o seu criador de bolsos cheios. O Modelo 3 que representa o salto para a massificação dos veículos elétricos custa pouco mais de 34 mil dólares (mais imposto, menos imposto). Promete ser um objecto de culto e de desejo como um qualquer ‘gadget’ que a Apple lance. Dois meses desde a apresentação já tem quase 400 mil reservas (provavelmente enquanto viaja por estas linhas esse número já cresceu), cada qual a obrigar a um depósito, reembolsável, no valor de mil dólares (10 famosas notas verdinhas de cem com a cara de Benjamin Franklin), limitada a duas unidades por pessoa e, o mais surpreendente para o fim: só estará disponível lá para 2017 adentro. Feitas as contas, são muitos milhões a entrar e nenhum carro a sair do stand. Qual empréstimo obrigacionista qual aumento de capital, qual quê. 51
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LAZER É dinheiro em caixa que permitirá, de certo, à Tesla avançar em I&D (Investigação & Desenvolvimento). Tudo hi-tec. Do pedal à palma da mão Já se disse atrás. Há três modelos. Dois em que o valor de compra ultrapassa os limites da grande maioria da população, que começam, a preços europeus, nos 80 mil euros e vão até aos cento e muitos, e o outro que promete entrar pela casa dentro do grande público à velocidade de menos de 6 segundos aos 100km/h, com luxos dos grandes e um custo de utilitário Verde. Comecemos pelo Modelo S. Vamos ao topo de gama. À versão da sigla P90D que também está inscrita no X, o tal SUV. Parece um código mas não é. Descodifiquemos então. O “P” vem de performance. O “D” de Dual Motor, motor duplo (um à frente e outro atrás) que controla a tracção integral. O “90” é nem mais nem menos que a capacidade de autonomia da bateria. Uma só carga que permite andar quase 500km. Leu bem! Dá para ir de Lisboa a Badajoz e voltar. Mas isso à velocidade de um, digamos, condutor de domingo, coisa que não somos, nem queremos ser quando, depois de carregarmos esta máquina na ficha, clicamos no painel ‘touchscreen’ de 17’ num espécie de um percursor do Ipad (na altura do primeiro carro ainda não existiam pelo que a Tesla resolveu o problema, construindo um) e accionamos os comandos que controlam quase tudo, porque aqui não há botões. Zarpemos... Com os prometidos 3 segundos até atingir os 100 km/h possível graças ao extra “Ludicrous Mode”, pedal a fundo, voamos colados a um assento com fibras de carbono como se estivéssemos ao comando da nave do Star Wars. A velocidade alcançada é tanta, estupidamente tanta (atenção que tem limite imposto de 250 km/h) que ... descanse o leitor que não salta nenhum parafuso da bateria nem de lado nenhum. Não percamos tempo a explicar como se faz esta engenhoca, deixemos para aqueles que tem um curso de engenharia electrónica procurar nas inúmeras especificações do veiculo. O comum dos mortais fica-se pelo prazer da condução. Tudo é telecomandado. Tudo é programado. E com ‘updates’ de actualização do ‘software’ que é muito provável que um qualquer dono de um Tesla acorde de manhã com um carro diferente daquele que desligou no dia anterior. Ah! E há um ‘auto-pilot’, o que se traduz em piloto automático. Evita colisões e saídas de estrada, mede ultrapassagens, avisa o condutor mais cansado e modera a velocidade. Procura ainda lugar de estacionamento e estaciona por si. Já anda sozinho e muito em breve poderá aparecer-lhe à porta, com os bancos devidamente aquecidos ou com o ar bem fresquinho para enfrentar o calor do trânsito, dando-lhe música ou informando-o das últimas do dia. O SUV da marca, tem o tal factor X. É, provavelmente o ‘Sports Utility Veicule’ mais seguro, tecnológico, rápido e mais ‘hyped’ feito até à data. E silencioso acrescentamos. O Modelo X está pejado de sondas e radares, tem um filtro de ar que impede qualquer poluição de entrar, tem as tais portas ‘Falcon Wings’ e um tecto panorâmico, com tanto vidro, mas tanto vidro, e rola tão silenciosamente, mas tão silenciosamente que ao andarmos colados ao asfalto em noite de céu limpo podemos ouvir o som dos grilos à beira da estrada e, com sorte, mas muita sorte, ainda observamos um foguetão da Space X a caminho das estrelas.
COM OS PROMETIDOS 3 S E G U N D O S AT É AT I N G I R O S 100K M/H P OSSÍVEL GR AÇ AS AO EXTR A “LUDICROUS MODE ”, PEDAL A FUND O, VOAMOS COLADOS A UM ASSENTO COM FIBRAS DE CARBONO COMO SE ESTIVÉSSEMOS AO COMAND O D A N AV E D O S T A R W A R S .
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Modelo S P90D Uma rede de carregamentos até à sua garagem Com o que atrás foi descrito, não é difícil imaginar que muitos optem por comprar estas peças de arte em detrimento de um qualquer Ferrari ou Lamborghini. Dependerá, obviamente em quão comprometido estamos actualmente com o estilo de vida totalmente eléctrico. O Modelo 3 é a porta de entrada de um desígnio. A massificação de troca de um motor de combustão por um que se liga à ficha. O futuro do automóvel (eléctrico) passa por aqui. Um carro que é muito mais que uma pilha Duracell com rodas. Tem design que se quer e pede, que apela à emoção e à sua utilização, carregadinho de tecnologia, umas mais utilizáveis que outras, tem muitas “coisas” luxuosas e que “anda nas horas”. Mas para beneficiarmos de todo este prazer de condução em modo Verde, a Tesla antecipou-se a uma necessidade. Que sentido faria andar quase à velocidade do som se
tivéssemos que parar de x em x quilómetros para esperar umas valentes horas para dar gás à bateria. Nenhum. Por isso, a Tesla, sempre à frente, desenvolveu e está a desenvolver uma rede mundial de super abastecimentos (‘superchargers’), uma rede de estações de serviço, que permitirá aos donos alimentar o “pópó” em poucos minutos. Posto isto, com os três vértices do triângulo ligados, baterias, carros e rede de abastecimento, sobram poucas desculpas para não comprar um. Os Tesla, construído nos Estados Unidos da América, estacionam na Europa somente na Holanda, na fábrica em Tilburg. Uma vez encomendados, vá lá buscar um. Com a carga máxima viaje até Portugal, abasteça na rede enquanto toma um café, legalizo-o, e no regresso a casa, não se preocupe onde deixa o seu Tesla. Ele fará esse e outro serviço (o plug in). Pena é que não existam casas com vista para a garagem. Porque tal como um ‘gadget’ que desejamos, este ‘state of the art’ com rodas deveria andar ao nosso lado, ao alcance da nossa mão. l
PRECO: 123.500€ antes impostos e legalização Autonomia bateria: 509km velocidade máxima: 250km/h 3,3 segs. aos 100km/h 3,0 segs. aos 100km/h (com Ludicrous Speed Mode)
Modelo X P90D PREÇO: 110.300€ antes de impostos e legalização Autonomia bateria: 467km velocidade máxima: 250km/h 4 segs. aos 100km/h 3,4 segs. aos 100km/h (com Ludicrous Speed Mode)
Modelo 3 PREÇO: a partir dos 35 mil€ antes de impostos e legalização (preço em cada país a anunciar em 2017) Autonomia bateria: 345km velocidade máxima: 210km/h 6 segs. aos 100km/h 53
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OPINIÃO
DAVID SEROMENHO CEO CV&A Brasil
DE TERRAS DE VERA CRUZ
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á treze anos, recebi um convite muito especial para fazer parte de um projecto, que, por sua vez, se transformou numa das maiores agências de comunicação do país. Confesso que foi um período de nervosismo, pois estava a assumir uma grande responsabilidade e teria um desafio importante na minha carreira profissional. O fecho da minha contratação foi realizado num jantar com o presidente da empresa na Casa do Bacalhau, enquanto testávamos os pratos e vinhos que seriam servidos no lançamento da agência. Vivi a idealização, o crescimento, a maturidade e a expansão internacional da Cunha Vaz. Integrei projectos em diversas áreas e sectores, com projecções nacionais e internacionais, que qualquer profissional de comunicação gostaria de viver. Acima de tudo, conheci pessoas maravilhosas, talentosas e, principalmente, inspiradoras. O sucesso destes 13 anos advém dos grandes talentos humanos que passaram e, aos que, actualmente, permanecem em nossa empresa. Orgulho-me de ser liderado, mas, sobretudo, de ser grande amigo do António Cunha Vaz, que acreditou em mim para fazer parte da tripulação. Navegamos, navegamos e cheguei ao Brasil. A nossa história não pode ser ignorada. É preciso preservá-la, com os olhos postos no futuro e, sempre, com o objetivo de prestar o melhor serviço aos nossos clientes. Do país verde e amarelo, desejo muitos parabéns à minha empresa, ao António Cunha Vaz, a toda a equipa e um sincero muito obrigado a todos os clientes por acreditarem no nosso trabalho. l
NAVEGAMOS, NAVEGAMOS E CHEGUEI AO BRASIL.
A
NOSSA HISTÓRIA NÃO PODE SER IGNORADA. É PRECISO PRESERVÁ-LA, COM OS OLHOS POSTOS NO FUTURO E, SEMPRE, COM O OBJECTIVO DE PRESTAR O MELHOR SERVIÇO AOS NOSSOS CLIENTES.
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EDP 40 ANOS A HISTÓRIA RECOMEÇA. A ENERGIA RENOVA-SE.
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