PRÉMIO | MAIO 2019

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AS TENDÊNCIAS NO SECTOR ENERGÉTICO ENT REVIST A

E LE IÇÕE S E UR OPE IAS

E N TR EV ISTA

M IGUEL ALBUQUERQUE

O FUTURO DA EUROPA

ALEX AN DR E FONS ECA

O QUE DEFENDEM OS CABEÇAS DE LISTA DOS PRINCIPAIS PARTIDOS

“ Co mu n icar be m , c o municar o qu e d e b em se f az e o q ue de be m se é ”

PRESI D EN T E D O G OV ER N O REG I O N A L DA M A D EI R A

“ S ó p r o m et em o s po r q u e s a b em o s que v a m o s c u m p r i r ”

CE O ALT I CE P ORTUG A L

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SINTRA LARGO AFONSO DE ALBUQUERQUE, 7 T. 219105508 • WWW.RELOJOARIAFARIA.PT 2


DIRECTOR Sofia Arnaud DIRECTOR DE ARTE Miguel Mascarenhas REDACÇÃO David Rodrigues; Francisco Salgueiro; Miguel Morgado; Salvador Pacheco e Vítor Silva

SUMÁRIO

COL ABORAM NESTA EDIÇÃO Alberto Ramos; Artur Trindade; Diogo Queiroz de Andrade; Dionísio Santos; Filipe Alves; Francisco de Lacerda; Hélder Amaral; Hugo Costa; João Ferreira; José Luís Moreira da Silva; José Pedro Luís; Miguel Setas; Nuno Melo; Pedro Marques; Nuno Pinto de Magalhães; Paulo Rangel; Pedro Pais de Almeida; Rafael Ascenso; Ricardo Arroja; Rui Patrício e Vítor Ribeirinho TRADUÇÃO Outernational, Unipessoal Lda. PUBLICIDADE Telf.: 210 120 600 IMPRESSÃO Soartes Artes Gráficas, Lda. Rua A. Cavaco - Carregado Park, Fracção J Lugar da Torre, 2580-512 Carregado PROPRIETÁRIO E EDITOR Cunha Vaz & Associados – Consultores em Comunicação, SA NIF 506 567 559 DETENTORES DE 5% OU MAIS DO CAPITAL DA EMPRESA António Cunha Vaz SEDE Av. dos Combatentes, n.º 43, 12.º 1600-042 Lisboa CRC LISBOA 13538-01 REGISTO ERC 124 353 DEPÓSITO LEGAL 320943/10 PERIODICIDADE Trimestral

6 ENTREVISTA Miguel Albuquerque, Presidente do Governo Regional da Madeira 14 OPINIÃO Francisco de Lacerda, Vice-Presidente e CEO dos CTT 16 EUROPA Eleições Europeias 30 EUROPA Liga das Nações 38 À CONVERSA COM… Alexandre Fonseca, CEO Altice Portugal 44 REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA Estarão os gestores portugueses preparados para o futuro que já começou? 48 ADVOCACIA OPINIÕES José Luís Moreira da Silva, SRS ADVOGADOS

Pedro Pais de Almeida, ABREU ADVOGADOS e Presidente Cessante DA UIA Rui Patrício, MORAIS LEITÃO GALVÃO TELES, SOARES DA SILVA & ASSOCIADOS 53 JORNALISMO OPINIÃO Filipe Alves, Director do Jornal Económico 54 DOSSIÊ ENERGIA&AMBIENTE As Tendências no Sector Energético 70 REAL ESTATE As Novas Cidades de Lisboa 80 INTERNACIONAL ANGOLA SONANGOL: Do Poço ao Posto 86 INTERNACIONAL MOÇAMBIQUE HCB: Uma das chaves para o futuro de Moçambique 90 INTERNACIONAL Peru: Um destino que está na moda

TIRAGEM 5000 Exemplares

ESTATUTO EDITORIAL

R EV I ST A C O R P O R AT IV A D A CV & A

www.revistapremio.pt/estatuto

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EDITORIAL

ANTÓNIO CUNHA VAZ, PRESIDENTE DA CV&A

RAZÕES QUE A RAZÃO DEVERIA CONHECER!

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futuro do Planeta e futuro da democracia ocidental, como a vivemos na Europa da União estão na ordem do dia. Uma revista trimestral não consegue ser de actualidade. Não pode prever ou estar a par de crises, muitas vezes quando vai para impressão sucedem-se episódios que levariam a mudar textos mas … Diremos que é uma revista que tem informação verdadeira, isenta, factualmente correcta. Este número da Prémio vai, pela primeira vez, ser também distribuído com os jornais diários da Madeira (Diário de Notícias e Jornal da Madeira). Mais tarde faremos uma incursão na Região Autónoma dos Açores e, quem sabe, noutras regiões do País. Os temas que decidimos tratar são relevantes. O futuro do Planeta, por um lado, as eleições europeias, por outro. Apresentamos aos leitores duas entrevistas de fundo: com o Presidente do Governo Regional da Madeira e com o Presidente da Comissão Executiva da Altice Portugal. Iniciámos, também, uma rubrica que tem por título “fala quem sabe” e que em cada número trará um ou dois jornalistas de relevo a falar dos media de hoje e do futuro. Os advogados estão também presentes na nossa revista de Maio e teremos novas presenças em Setembro. Os deputados e ou ex-governantes especialistas em sectores determinados terão sempre lugar

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entre nós, pois sabem levar ao leitor a profundidade do seu saber e o peso da sua posição política. A revista vai, cada vez mais, ser interventiva. Foca-se nos temas do mundo, nos temas que constroem o país e deixa para outros as tricas e quezílias diversas que alimentam os mexericos dos corredores. A presença na internet é, também, obrigatória. Aliás, a ideia da direcção da revista Prémio é a de que ela passe a ser impressa uma vez por ano e se torne num órgão de comunicação social activo, diário, portanto, com ‘newsletters’ mais alargadas mensalmente. A data desta mudança do papel para o digital e da maior proximidade com o leitor está prevista para o segundo semestre do ano de 2020. Já podem ler a Prémio online em www.revistapremio.pt. Os leitores que tiverem sugestões devem contactar-nos através da editora da Revista cujo email é sa@cunhavaz.com. As razões que a razão devia conhecer e que dão o título a este editorial são várias. Comecemos pelo Planeta e pela obrigação de todos e cada um de nós lutar para que ele seja cada vez melhor. Para que haja futuro. Continuemos pela necessidade absoluta de haver uma entidade que

controle as ‘fake news’, os perfis falsos, as maledicências e insinuações que circulam pelas várias redes sociais. Também estas formas de terrorismo deveriam ser combatidas. Destroem os valores mais essenciais à construção de uma humanidade decente. Como acima se disse, a notícia do dia não pode ser o forte desta revista. Quando esta edição foi para impressão estava no ar a possibilidade da demissão do primeiro ministro, depois de uma brincadeira parlamentar levada a cabo, ao jeito de traição, por alguns, e ao jeito de “chico-espertice” política, por outros, que revela não só insensatez como, também, irresponsabilidade. Onerar as contas do Estado apenas por eleitoralismo é mais que feio. E, se depois dos professores, vierem os enfermeiros, os militares, incluindo GNR, a PSP…? Enfim, ainda não chegámos ao Verão e a estação política já se tornou patética. Esperemos que se fique por aqui. E, por favor, vão votar, dia 26 de Maio próximo. l


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E N T R E V I S TA

“SÓ PROMETEMO S P ORQUE

O QUE PENSAM OS LÍDERES SABEMOS

QUE VAMOS CUMPRIR”

MIGUEL

ALBUQUERQUE,

PRESIDENTE DO GOVERNO REGIONAL DA MADEIRA

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SOFIA ARNAUD

O P R E S I D E N T E D O G O V E R N O R E G I O N A L DA M A D E I R A FA LO U À P R É M I O D O B A L A N ÇO P O S I T I V O D E M A I S D E Q UAT R O D É C A DA S D E P O D E R D O P S D N A M A D E I R A , DA S UA R E L A Ç Ã O C O M O G O V E R N O DA R E P Ú B L I C A E L E VA N T O U U M P O U C O D O V É U N O Q U E D I Z R E S P E I TO AO S E U P R O G R A M A E L E I TO R A L PA R A A S P R Ó X I M A S E L E I Ç Õ E S L E G I S L AT I VA S R E G I O N A I S .

42 anos de PSD no poder têm um balanço positivo para a Região Autónoma da Madeira? Está à vista de todos. Ou, melhor, de quase todos. Porque há quem insista numa cegueira selectiva, com objectivos eleitoralistas, em que o mote é dizer mal de tudo o que se faz. Tentam passar um pano na memória colectiva dos Madeirenses e dos Porto-santenses. Mas, os Madeirenses e os Porto-santenses não se deixam enganar. Sabem o que era a Madeira antes da Autonomia e sabem o que é a Madeira hoje em dia. Não há qualquer comparação possível. O desenvolvimento económico, social, infraestrutural e cultural que alcançamos foi fantástico e isso foi consequência do trabalho de sucessivos Governos e Autarquias Social Democratas em comunhão com os Madeirenses e os Porto-santenses. Não tenhamos dúvidas de que a batalha do desenvolvimento foi ganha devido a essa empatia, a essa ligação perene entre o PSD e a população. Fizemo-lo em duas gerações. Mas, o trabalho do PSD não foi só obra física, foi também revolução de mentalidade, de hábitos de atitude de abertura ao Mundo. Hoje somos uma sociedade cosmopolita com empresas internacionais e novos valores individuais que se projectam na Europa e no Mundo. Recebemos dois milhões de turistas por ano. Temos uma Diáspora pluricontinental. Temos uma Universidade e empresas

tecnológicas de vanguarda que actuam a nível Global. Mas o que aconteceu foi, sobretudo, uma revolução política que nos trouxe a Autonomia. Autonomia que nos permitiu decidir o destino colectivo, melhorando em três décadas todos os índices de bem-estar que nos alcandorou a níveis de desenvolvimento que possibilitaram a todos os madeirenses o acesso à Educação, à Saúde, ao Trabalho, às Acessibilidades e à Cultura. Portanto, respondendo à sua pergunta, digo que sim. Um inquestionável sim, comungado, tenho a certeza, por todos os Madeirenses e os Porto-santenses. E para o PSD? Há desgaste? O Partido soube renovar-se? Está em Paz com o passado? A ambição de querer fazer sempre mais e melhor pela nossa terra permite-nos uma renovação contínua. A renovação que nos tem feito ganhar todas as eleições. Por isso somos um partido com património de luta inigualável. Discutimos, falámos, debatemos, até podemos, por vezes, não concordar uns com os outros, mas, na hora da verdade, falamos a uma voz só, em prol

da defesa da Madeira e da nossa Autonomia Política. Depois de tudo o que em 42 anos se fez, o que pode prometer aos madeirenses para os próximos quatro anos de mandato? Estamos a auscultar as forças vivas e o povo da Região. A partir destes encontros, que já estão a decorrer em todos os concelhos, será elaborado um programa eleitoral que vai refletir as aspirações e os desejos da população. Como sempre, será este documento eleitoral que se converterá em programa e que será cumprido pelo futuro Governo do PPD/PSD da Madeira. É assim que mantemos um pacto de confiança com os Madeirenses e Portossantenses. Prometemos o que podemos prometer e cumprimos o que prometemos! Não há teatros, nem simulacros, nem mentiras, nem exibicionismos bacocos. Connosco o cidadão sabe, como sempre soube, com o que pode contar. 7


E N T R E V I S TA É evidente que é imprescindível manter esta política de boas contas públicas, de contínuo crescimento económico - há 67 meses que crescemos - aumento do investimento público e privado, de internacionalização da nossa economia, de baixa contínua de desemprego, devolução de rendimentos aos nossos cidadãos, de continuidade das políticas de redução dos impostos para os cidadãos e empresas e de reforço das políticas sociais.

Quer comentar as sondagens que têm vindo a público e que dizem haver um empate técnico entre o PSD e o PS? Nunca fomos bons a lutar por vitórias em sondagens. O PSD Madeira sempre foi bom a ganhar eleições. Eis a diferença. E nós, mais uma vez, vamos ganhar as eleições, porque cumprimos o que prometemos e somos a única esperança para garantir no futuro uma Região com autonomia, prosperidade e justiça para todos.

Se lhe pedíssemos que indicasse três pontos positivos do seu mandato e outros três negativos o que destacaria? O ponto mais positivo passa pelo cumprimento integral do programa que apresentámos – uma marca do PSD da Madeira. O segundo ponto é que conseguimos ir ainda mais além, apresentando ainda mais obras, mais iniciativas, sobretudo em áreas que muito me dizem, como o Social, a Educação e a Saúde. O terceiro ponto foi a capacidade de continuarmos a saber ouvir o povo. Quanto a pontos negativos com certeza que os há. Há sempre coisas que gostaríamos de fazer mais e melhor. E há muitas coisas que não conseguimos fazer porque o governo socialista de Lisboa não deixou ou tentou emperrar: veja-se o caso da revisão do subsídio de mobilidade, por forma a impedir que os residentes tenham de adiantar valores astronómicos para circular (viajar) dentro do território nacional. Isso e os preços altíssimos da TAP entre o Continente e a Madeira são um verdadeiro escândalo nacional e uma vergonha!

Nas eleições Europeias o PSD apresenta uma candidata com experiência e o PS opta por uma cara nova. Qual a razão da vossa opção? Nós, privilegiamos sempre a qualidade. A Cláudia Monteiro de Aguiar estava a fazer um bom trabalho, a defender, e bem, a Madeira, os Madeirenses e os Porto-santenses, porquê mudar? Só porque sim?! Como outros o fizeram, esquecendo o que as pessoas fizeram de bom?! O momento complexo que a União Europeia atravessa exige candidatos com experiência e uma rede de relações consolidada na defesa dos interesses da Madeira e do País no Parlamento Europeu. Não é tempo de experimentalismos, mas de aproveitar o saber, a maturidade e a experiência de pessoas habilitadas, que conhecem a realidade e o perigo das disfuncionalidades que a União enfrente. É tempo de cerrar fileiras na defesa das regiões ultraperiféricas e da concretização de princípios essenciais da coesão económica e social, como alicerce da construção política de uma Europa mais unida e mais solidária.

Tem noção que a popularidade dos membros do seu Governo e a sua própria não está no melhor momento? A que se deve essa situação? Não tenho essa percepção. Nos múltiplos contactos que tenho, todos os dias, recebo sempre manifestações de cordialidade e simpatia por parte das pessoas. Aliás, na política, o melhor barómetro é sempre a relação pessoal com os cidadãos. E isto apesar da campanha negra de desinformação que a oposição lançou nas redes sociais contra a minha pessoa e o meu Governo. Mas uma coisa são as redes sociais, outra, completamente diferente, é a vivência e o contacto directo com a população.

Ainda sobre a Europa, peço que comente a polémica à volta da zona franca da Madeira. É privada, é pública, a região beneficia com a existência da Zona Franca? Claro que sim. Basta ver o que arrecadamos anualmente em receita fiscal. São mais de 100 milhões de euros! E são ainda empregos criados, mais de 3000. O Centro Internacional de Negócios da Madeira CINM, infelizmente, nunca foi reconhecido como um projecto nacional, que é bom para Portugal, que nos proporciona uma fatia expressiva de Investimento Direto Estrangeiro (IDE). A ousadia que, em 1986, a Região Autónoma da Madeira teve em criar um centro de negócios com estas caraterísticas nunca

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foi bem “digerida” por uma certa visão centralista, que é predominante em algumas cabeças. O projecto é tão mau que, há poucos anos, já havia quem se propusesse a criar um projecto idêntico, mas no continente. A ideia que fica, é a de que o seu único defeito é estar localizado na Madeira! O centro tem gestão privada, numa sociedade em que o Governo Regional aumentou a sua participação para 48%. A gestão exclusivamente pública mataria a agilidade que um instrumento como este necessita para poder ser competitivo. E o registo de navios continua a ser relevante do ponto de vista económico? Sem qualquer dúvida. Basta ver as últimas notícias, que o colocam como um dos melhores registos do mundo e um dos que mais está a crescer. Porque é que o nosso Registo Internacional de Navios, integrado no CINM é o terceiro maior da União? Porque somos competitivos, credíveis e respeitados. Isso constrói-se com trabalho, fiabilidade e transparência. Aquilo que os investidores procuram! A gestão exclusivamente pública estaria amarrada por uma burocracia que mataria esta capacidade de competir a nível global com os melhores e ter sucesso. A oposição tem-lhe movido um forte ataque nesta matéria. Os madeirenses são mesmo os beneficiários finais deste regime de excepção ou é o grupo Pestana? A S.D.M. Sociedade de Desenvolvimento da Madeira foi criada em 1984 como sociedade por quotas e de economia mista a quem está adjudicada a concessão de exploração da Zona Franca da Madeira, ou Centro Internacional de Negócios da Madeira, em regime de serviço público. O Governo Regional detém 48% desta sociedade. Não existem dúvidas quanto aos benefícios que a Madeira e os Madeirenses têm tido com a sua existência. As receitas ao longo dos anos falam por si e estão reflectidas em diversas aplicações, como o sistema regional de saúde ou a educação, que são responsabilidades exclusivas do Governo Regional da Madeira e do seu orçamento.


Estas eleições europeias são as menos importantes, a seguir vêm as legislativas nacionais e as principais, para o PSD, são as Regionais. Esta afirmação é correcta? Não há eleições menos importantes. Todas são importantes. Secundarizar as eleições europeias seria desvalorizar o apoio ao projecto mais bem-sucedido do pós-guerra de paz, desenvolvimento e criação de bem-estar. A Madeira e o país devem muito do seu crescimento, modernização e desenvolvimento ao facto de integrarem este projecto supranacional. Para além disso, não fora a solidariedade da União Europeia para regiões como a Madeira e – fazendo parte do país mais centralista da Europa – estaríamos atrasados e esquecidos no meio do Atlântico! Naturalmente que, sendo uma região com Órgãos de Governo Próprio, as eleições Regionais assumem um papel especial, pois é por via dessas que se escolhe o futuro da governação Regional. Mas sem deputados eleitos ao Parlamento Europeu, como desde sempre o PSD Madeira tem tido, a afirmação da Madeira estaria enfraquecida. Sente que pode salvar Rui Rio se ganhar as Regionais e o líder nacional perder as europeias e as legislativas nacionais? O que está em jogo é salvar Portugal de uma combinação de esquerdas de que o PS é refém! Na Madeira será a escolha entre aqueles que colocam a Região à frente dos interesses do Partido - como a história do PSD demonstra – ou os que vivem felizes com um telecomando a partir do Largo do Rato. Quem é o seu opositor na corrida à Presidência do Governo Regional? António Costa! Não haja dúvidas. Nenhum Madeirense ou Porto-santense tenha dúvidas de que o candidato apontado pelo PS está na corrida para entregar um troféu ao secretário geral socialista.

ao apresentar um candidato à presidência do Governo que não é o presidente do PS Madeira? Está a enganar os eleitores e está a enganar os socialistas. Mas é também uma demonstração de como uma liderança se considera incapaz de governar a Madeira e por isso não vai a eleições. Consideram-se sem força, sem projecto e sem ideias para se apresentarem aos eleitores. E por isso claudicam perante o PS nacional. Em troca de cadeiras…o costume.

“NUNCA SE INVESTIU TA N T O N O S E C T O R [ DA SAÚDE ]. E SE DÚVIDAS HOUVESSE, VERIFICAMOS QUE A MADEIRA INVESTE 9,1% DO SEU PIB, OS AÇO R E S 6 , 5 % E O CONTINENTE 4,5. OU SEJA, INVESTIMOS O DOBRO!”

“NUNC A SE INVIRTIÓ TA N T O E N E L S E C T O R ( D E L A S A LU D ) . Y PA R A Q U E N O H AY A D U D A S , CERTIFIC AMOS QUE MADEIR A INVIERTE EL 9,1% DE SU PIB, LAS AZORES EL 6,5% Y EL CONTINENTE 4,5%. ¡O SEA, INVERTIMOS EL DOBLE!”

Em todos estes anos de Autonomia, nunca nenhum partido esteve tão subjugado ao centralismo como os socialistas estão hoje. Mas penso serem sinais dos tempos. É aqui que tudo se jogará. Ou a Autonomia continua a fortalecerse ou regride como nunca aconteceu. Acha que o PS está a enganar os eleitores

Nos bastidores comenta-se que se sente muito incomodado com a visível onda de perfis falsos, de pseudo-jornais ‘online’, entre outros meios de comunicação, com que a oposição o ataca nas redes sociais. Isso é verdade? Acha que podem ter influência na escolha dos eleitores? “Quem não sente não é filho de boa gente”, um ditado popular que espelha uma verdade. Ninguém gosta de ser vilipendiado ou difamado. Todos temos família, filhos, amigos e conhecidos e o enxovalho sem sentido, despeitado e que diz mal por dizer não faz parte da minha educação. Não pensem que me abatem por isso. Mas tenho o direito de dizer basta. Todos temos direito ao bom nome e a andar de cara levantada. Como eu faço todos os dias. Se vai ter influência nos eleitores? Tenho a certeza que não! Os Madeirenses e os Porto-santenses são inteligentes e não costumam embarcar em tudo o que lhes dizem. Suspeita de quem possa estar por detrás dessa onda de ataques? Não suspeito, sei! E os Madeirenses e os Porto-santenses também sabem. E não gostam de quem anda por aí a dizer mal dos outros, gratuitamente. Não precisamos de difamar ninguém, para disputar (e vencer) eleições… Admite que o PSD possa vir a ripostar ao mesmo nível revelando as histórias menos boas dos adversários à corrida eleitoral? 9


E N T R E V I S TA Não! Não entramos nesse jogo. Não vale tudo na política. Como está a sua relação com o Governo da República? Nem sequer sei o que lhe diga…. Tratamos com um Governo da República que quer parecer o campeão do diálogo, mas que depois mantem assuntos essenciais para o futuro dos madeirenses, do seu dia-a-dia, em “águas de bacalhau”. Nada acontece. Não apresentam soluções para problemas concretos, dos quais temos à cabeça o ‘dossier’ dos transportes (aéreos e marítimos), mas também não respondem às nossas propostas de solução. Estão claramente a empurrar tudo com a barriga, para tentarem tirar proveitos eleitorais. Isso é deplorável em política. Nós nunca nos calaremos, nem deixaremos de denunciar tais situações. Outro exemplo? O ‘dossier’ do novo Hospital e a vergonha que tem sido todo o processo, tudo a ser tentado para emperrar esse projecto. Mas acha que têm prejudicado a Madeira? Têm, e muito! Está à vista! E as pessoas sabem-no. Sentem na pele! Quer dizer alguns exemplos em que a Madeira e os Madeirenses se sintam discriminados pelo Governo PS do Continente? Exemplos?! Esta revista não daria para falarmos disso, tantos são... Para além dos que referi anteriormente, como a revisão sempre adiada do subsídio de mobilidade, temos o passe sub-23 para os estudantes Universitários. Chegaram

ao desplante de mudar a lei para que os estudantes universitários da Madeira e dos Açores fossem excluídos. O Governo da República perdeu a vergonha na cara! Outro? A ausência de apoios ao helicóptero de combate aos incêndios… Ou ainda os juros da dívida que Lisboa cobra à Madeira! Pura agiotagem! Alguém compreende que o Estado cobre mais do dobro pelos juros de um empréstimo que fez à Região? Se tivesse feito algo de elementar justiça – reduzir esse juro para o valor a que se financia nos mercados internacionais, para a sua própria dívida, a Madeira pagaria menos 12 milhões de euros por ano. Já la vão 48 milhões de euros de lucro para os cofres do Estado. Isto faz algum sentido? Só na visão distorcida de quem tem a máquina do Estado ao serviço de interesses partidários e eleitoralistas. E a TAP, o que dizer de uma empresa em que o Estado tem metade do capital, no dizer do primeiro ministro, para poder assegurar os interesses estratégicos do país? Com os preços escandalosos que os madeirenses pagam, 500, 600 e até 700 euros para uma viagem de hora e meia, fica claro que a Região Autónoma é tudo menos estratégica para o PS. Enfim. Parece valer tudo. Mas não vão ganhar nada com isso. As pessoas não são tontas! Conseguiu proteger os estudantes do problema de terem de adiantar o dinheiro das viagens antes de serem reembolsados. Pode prometer o mesmo aos madeirenses em geral? Posso prometer, como já afirmei recentemente, que estamos seriamente a trabalhar nessa questão. O que eu quero é resolver este assunto antes do Verão!

Mesmo sem a ajuda de Lisboa. Mesmo que a República não queira ajudar. A sua política de saúde tem sido muito criticada. Não tem investido o suficiente? Não tem feito os investimentos certos? Fala-se muito na área da Saúde. Houve até quem elegesse como objectivo que o sector, na Madeira, fosse igual ao de Portugal Continental e dos Açores. Estávamos, em bom português, tramados. Basta ver o estado da Saúde no Continente ou nos Açores. Em quase todos os índices estão muito piores do que os da Região. São equipamentos que não funcionam, demissões atrás de demissões, hospitais parados. Nunca se investiu tanto no sector. E se dúvidas houvesse, verificamos que a Madeira investe 9,1% do seu PIB, os Açores 6,5% e o Continente 4,5. Ou seja, investimos o dobro. O que se passa aqui, na Saúde, passa-se em todo o lado. Os nossos médicos, os nossos enfermeiros, os nossos profissionais de Saúde são do melhor. Claro que precisamos de contratar mais médicos, claro que precisamos de comprar mais equipamentos e de melhorarmos algumas instalações. Precisamos diminuir as listas de espera. E estamos a fazê-lo. Mas as dinâmicas da Saúde hoje são diferentes e temos de responder com qualidade, segurança e responsabilidade. Mas por isso é que vamos construir um novo Hospital, por isso é que contratámos quase 900 funcionários, a grande maioria médicos e enfermeiros, por isso é que renovámos 13 centros de saúde, ampliámos dois e construímos dois novos. As políticas ambiental e social do seu Governo são as mais elogiadas. Há

Q UA N TO AOS P R O F E S S O R E S : “ É U M AC T O D E J U S T I Ç A PA R A U M A C L A S S E A Q U E E S T E PA Í S M U I T O D E V E E É TÃO M A LT R A T A D A . É U M A Q U E S T Ã O D E R E P O R A J U S T I Ç A . E O ACO R D O N ÃO É S Ó CO M OS PROFESSORES. OUTRAS CLASSES PROFISSIONAIS S E R Ã O A B R A N G I D A S .”

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algum segredo ou é só uma questão de percepção? São duas áreas (a Social e a Ambiental) que muito nos dizem. Porque, de um lado, está a defesa de uma população, sobretudo dos mais carenciados, dos mais vulneráveis. Se for ver os dados, melhorámos em todos os sectores. E estamos melhores do que o resto do País, em termos de ajuda, de investimentos, de inovação. Por exemplo, quando ainda se fala em entregar manuais escolares, nós já estamos a ir mais longe e a investir nas novas tecnologias, na implementação dos manuais digitais. Vamos fazer experiência-piloto ainda este trimestre e a ideia é atingir toda a escolaridade ao longo do próximo mandato. Mas também inovamos nos apoios à família, como a introdução do Kit Bebé, de apoio à natalidade, e a redução das mensalidades das creches e dos jardins-de infância e dos passes sociais. Só na redução dos passes sociais, permitimos às famílias pouparem mais de duzentos euros anuais. E na redução das creches a poupança atinge os 40%, em cada mês. Ou seja, estamos a falar de milhares de euros, no final do ano, em rendimentos devolvidos às famílias madeirenses e porto-santenses. Quanto ao Ambiente, é uma área onde investimos desde sempre. Não descobrimos a conservação ambiental ontem. Preocupa-me, sobretudo, a questão das alterações climáticas. Temos de fazer todo o possível, hoje, para não comprometermos o futuro dos nossos filhos e netos. Aqui está uma área onde temos investido imenso, ao nível sobretudo da limpeza de florestas e da criação de tampões verdes, que promovam a segurança das populações e a conservação da paisagem. Algo essencial a uma terra onde o Turismo tem a importância que tem. O turismo continua a ser crucial para a Região. Quais os novos desafios para o próximo quadriénio? É, continua a ser. É a nossa actividade mais importante, se bem que os outros sectores estejam a crescer muito e a diminuir a dependência de que temos desta área económica. A Agricultura tem crescido de tal forma que as exportações são agora maiores do que as importações, permitindo à Madeira ter uma balança comercial historicamente positiva. Ou seja, já exportamos mais do que importamos. A área das Novas Tecnologia

é outra onde estamos muito bem. E estamos a crescer também no Comércio e na Construção Civil, potenciado muitos empregos. De tal forma, que a Taxa de Desemprego recuou já para valores de antes da crise. O IRC na Madeira passou a 13%, enquanto no Continente é de 23%. Tem conseguido atrair empresas para a Madeira? A redução de IRC é para as Pequenas e Médias Empresas da Madeira. Para os nossos empresários. É uma forma de os ajudarmos, de lhes melhorarmos os rendimentos, potenciando ainda a criação de empregos e o surgimento de novos negócios. Em Portugal Continental, não houve este cuidado. Aliás, como também não o houve em relação à redução do IRS. Nós reduzimos os impostos para todos nos seis escalões. Conseguiu fechar um acordo com os professores enquanto o Governo PS, apoiado pelo Bloco e pelo PCP, que prometeram esse acordo não o fizeram. Acha que isso é uma medida eleitoralista? Eleitoralista? Não! É um acto de justiça para uma classe a que este País muito deve e tão maltrata. É uma questão de repor a justiça. A economia madeirense está a crescer, aliás fá-lo há 67 meses consecutivos e a um ritmo (2,3%) superior ao País, temos ‘superavit’ nas nossas contas, pelo que estamos em condições de aliviar as cargas fiscais, de devolver o que tinha sido tirado aquando do Programa de Ajustamento Económico e Financeiro que foi imposto à Madeira. Fazemo-lo agora porque só agora é que conseguimos ter condições para devolver regalias. Porque as nossas políticas permitiram este crescimento, este maior desafogo, que não é ainda o ideal, mas que já nos permite respirar melhor e ajudar melhor as pessoas. E não é só com os professores. É também com outras classes profissionais. Recentemente anunciou também o acordo com os enfermeiros. O Presidente da Câmara do Funchal, também presente na cerimónia em causa, critica a sua política de Saúde. Acha que vai ter dinheiro para cumprir estas medidas que agora anunciou?

Sim, os enfermeiros são outra classe com a qual chegámos a acordo, ao contrário do que acontece em Lisboa. Mas também fizemos um excelente acordo com os médicos. E temos outros acordos para firmar, na área da Saúde, mas também com outras classes profissionais. Precisamente por aquilo que venho dizendo: a nossa política permitiu um crescimento económico tal que agora podemos tomar estas medidas de reposição de direitos, de apoios sociais, de investimento público. E só prometemos porque sabemos que vamos cumprir. Não prometo aquilo que não posso cumprir. Para mim, é um princípio sagrado! O regresso dos Madeirenses residentes na Venezuela ou dos seus descendentes é um problema para si? Não. Receber de volta um madeirense nunca é problema. Somos uma família gigantesca, solidária, que nunca abandona os seus. Como está a conseguir integrá-los profissional e socialmente na Região? Com a ajuda de todos. Claro que isso pode ter consequências em alguns indicadores. Por exemplo, a taxa de desemprego poderia ser ainda menor. Mas, sinceramente, não é isso que me interessa. O que me importa é devolver a esperança, a tranquilidade, a segurança a esta gente. Temos feito um esforço extra para dar resposta a este aumento de população (são mais de sete mil pessoas), mas fazemo-lo de boa vontade. Porque, para nós, não há Madeirenses e Porto-santenses de segunda. São todos iguais! Paulo Cafôfo anunciou há dias, num jornal regional, as suas 33 queixas do Governo Regional. Não lhe pedimos 33 queixas, mas quer comentar o mandato do presidente da Câmara do Funchal? 33 não chegariam, de certeza. Mas, não quero estar aqui a falar disso. Os funchalenses sabem bem o trabalho que fiz e o trabalho que é feito agora. Veem as diferenças na recolha do lixo, na limpeza dos jardins e das ruas, no desperdício de água, na ausência de investimento público. À exceção do Cais do Carvão, tudo o resto ou foi iniciado no meu tempo 11


E N T R E V I S TA

N O Q U E D I Z R E S P E I TO À I N T E G R AÇ ÃO P R O F I S S I O N A L E S O C I A L N A R E G I ÃO D OS MADEIRENSES QUE REGRESSAM DA VENEZUEL A: “ T E M O S F E I T O U M E S F O R Ç O E X T R A PA R A DA R R E S P O S TA A E S T E AU M E N T O D E P O P U L AÇ ÃO ( S ÃO M A I S D E S E T E M I L P E S S OA S ) , M A S FA Z E M O - LO D E B OA V O N TA D E . P O R Q U E , PA R A N Ó S , N ÃO H Á M A D E I R E N S E S E P O RT O S A N T E N S E S D E S E G U N DA . S ÃO TO D OS I G UA I S ! ” EN LO QUE SE REFIERE A L A INTEGR ACIÓN PROFESIONAL Y SOCIAL EN L A REGIÓN DE LOS MADEIRENSES QUE REGRESAN DE VENEZUEL A: “ H E M O S H E C H O U N E S F U E R Z O E X T R A PA R A DA R U N A R E S P U E S TA A E S T E AUMENTO DE L A P OBL ACIÓN (SON MÁS DE SIETE MIL PERSONAS), PERO LO H AC E M O S D E B U E N A V O LU N TA D . P O R Q U E , PA R A N O S OT R O S , N O H AY M A D E I R E N S E S P O R T O S A N T E N S E S D E S E G U N D A . T O D O S S O N I G U A L E S .”

ou não passou de promessas feitas, mas nunca concretizadas. Como Funchalense, acha que a cidade está melhor? Não. Está muito pior, infelizmente. Para quando a resolução do caso da árvore do Monte? Nunca falei desse caso. Não é agora que o vou fazer! Está nas mãos da justiça. Quer deixar uma mensagem aos madeirenses? Confiança, Esperança, Combate, Desenvolvimento e Solidariedade.

De Confiança no trabalho que juntos temos vindo a desenvolver e cujos frutos já beneficiam as famílias madeirenses e porto-santenses. De Esperança no futuro, de que vamos poder continuar a trilhar o nosso caminho, no objectivo de uma vida melhor. De combate pela Autonomia, pelo nosso direito a decidir o nosso destino, sem senhorios de Lisboa. De Desenvolvimento da Madeira, que permita continuar a crescer a economia e a descer o desemprego, a melhorar os rendimentos das famílias e a crescer as exportações. A que nos permitiu reduzir tarifas das creches ou dos passes, reduzir os

impostos, oferecer incentivos à natalidade. A que nos vai permitir continuarmos a melhorar os rendimentos dos Madeirenses e dos Porto-santenses, criar mais emprego, diminuirmos os impostos, apoiarmos ainda mais e melhor os mais vulneráveis, sobretudo, mas todos os Madeirenses e Porto-santenses sem excepção. De Solidariedade, a que nos permite apoiar os madeirenses em áreas como a Educação, a Saúde e o Social. A que fazemos todos os dias, apoiando as instituições e a população em geral. A que querermos melhorar, chegando ainda a mais gente. Mas, sobretudo, alargando o leque de apoios, na Saúde, na Educação e no Social. l

R E L AT I VA M E N T E AO R E G R E S S O D O S M A D E I R E N S E S RESIDENTES NA VENEZUELA: “ R E C E B E R D E V O LT A U M M A D E I R E N S E N U N C A É PROBLEMA. SOMOS UMA FAMÍLIA GIGANTESC A, S O L I D Á R I A , Q U E N U N C A A B A N D O N A O S S E U S .”

EN CUANTO AL REGRESO DE LOS MADEIRENSES RESIDENTES EN VENEZUELA: “ R E C I B I R D E V U E LTA A U N M A D E I R E N S E NUNCA ES UN PROBLEMA. SOMOS UNA GRAN FAMILIA SOLIDARIA, QUE NUNC A ABAND ONA A L O S S U Y O S .”

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OPINIÃO

FRANCISCO DE LACERDA, VICE-PRESIDENTE & CEO DOS CTT

CTT: FUTURO COM HISTÓRIA

A

celebrar cinco séculos de história já no próximo ano, os CTT olham para os desafios do futuro como uma enorme oportunidade: de diversificação de negócio, de reinvenção de atividade, de inovação de sistemas e processos, de implementação de novas tecnologias. A digitalização é um fenómeno global e transversal a todos os setores de atividade, sendo o setor postal um dos mais expostos a esta gigante mudança. Os CTT, cientes de que o mundo está a mudar e que o novo normal é digital, começaram desde há vários anos a implementar uma estratégia de diversificação do negócio, apostando em duas alavancas de crescimento: o Expresso & Encomendas e Banco CTT. No Expresso & Encomendas, onde a empresa é líder de mercado, têm sido lançados vários serviços inovadores e produtos disruptivos, a pensar nos novos hábitos de consumo e exigências do cliente digital. Já no Banco CTT tem-se verificado a consolidação nos últimos três anos, com ofertas competitivas no crédito à habitação e automóvel e ferramentas digitais criadas para o benefício dos clientes, cerca de 40% dos quais são millennials. Estas apostas são feitas sem esquecer a rede base, onde assenta o negócio tradicional dos CTT e onde vamos investir 40 milhões

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de euros nos próximos dois anos na modernização da operação postal e logística. Este é um investimento na rede base, onde asseguramos o Serviço Postal Universal num quadro de quebra forte e continuada dos volumes de correspondência. É um investimento numa nova vaga de mecanização e reorganização da rede, a aposta em ferramentas avançadas e em novas tecnologias do ponto de vista dos equipamentos e do ‘software’, preparando os CTT para a nova realidade do tráfego de correio, com o forte peso das encomendas, mas sem esquecer o nosso papel de proximidade às populações e a importância da capilaridade da nossa rede. Em 2018 concluímos a reorganização da nossa rede de retalho, com algumas substituições de Lojas CTT por Postos de Correio e temos atualmente uma rede com mais Pontos CTT do que tínhamos no final de 2017 e no final de 2014, ano de privatização. 2019 é ano de investimento e de inovação, de dotar os CTT das ferramentas que nos vão permitir reforçar a nossa atividade e crescer. No Centro de produção e Logística Sul, em Cabo Ruivo, temos um braço robótico para alimentação de uma máquina de separação automática de pequenas encomendas, com capacidade para processar 140 mil objetos por dia. E este braço robótico, o primeiro do género a surgir na Europa, é alimentado por três pequenos ‘robots’, veículos autónomos desenvolvidos em parceria com a ‘startup’ Robosavvy – um investimento crucial para responder às exigências do comércio eletrónico, que está a crescer dois dígitos por ano e que obriga a alterações profundas às infraestruturas e processos.

Além da inovação já implementada os CTT têm estado ativamente a procurar novas soluções, como o CTTads.pt, o Express2Me, os Cacifos CTT 24H, o lançamento de um ‘marketplace’ nacional, o Dott, em parceria com a Sonae, a aposta na sustentabilidade, com uma das maiores frotas elétricas do país no setor logístico e o desenvolvimento do VEDUR, um triciclo motorizado 100% elétrico, em parceria com a ‘startup’ UOU Mobility. Além da identificação de um conjunto de tendências e da aposta na inovação os CTT não são alheios ao desenvolvimento do ecossistema empreendedor português, cada vez mais relevante. Por isso, foi lançada em outubro uma nova marca para o programa da empresa de interação com ‘startups’, procurando projetos que se enquadrem no negócio do setor postal, potenciando áreas de colaboração conjunta e disponibilizando possíveis benefícios para as ‘startups’. O CTT 1520 StartupProgram já mapeou mais de 1000 ‘startups’, com cerca de 100 empresas identificadas como tendo potencial para trabalhar com a empresa. Vinte destas empresas estão em avaliação detalhada, cinco em piloto técnico e uma em piloto comercial. Além disso, sete destas empresas estão em parceria comercial com os CTT, nomeadamente a Pudo.pt para os Cacifos Automáticos, a Shopkit para a integração com a oferta ‘e-commerce’, a Robosavvy para os Veículos Autónomos de suporte às operações ou a UOU Mobility para o VEDUR. Com o investimento na infraestrutura base, a aposta em tecnologia de ponta e na melhoria das condições de trabalho dos carteiros, o constante espírito de inovação e uma forte preocupação com a sustentabilidade acreditamos que os CTT estão cada vez mais preparados para ter sucesso em todas as oportunidades que o futuro digital trouxer. l (Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)


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EUROPA ELEIÇÕES EUROPEIAS

DIOGO QUEIROZ DE ANDRADE

OS DESAFIOS DOS PRÓXIMOS

LÍDERES EUROPEUS

N U M P R A Z O D E S E I S M E S E S , A C O M P O S I Ç Ã O D O PA R L A M E N T O E U R O P E U E D A C O M I S S Ã O E U R O P E I A S E R Ã O R E N O VA D A S . É U M B O M M O M E N T O PA R A M E D I R O P U L S O À E U R O PA E PERCEBER OS MAIORES DESAFIOS QUE SE COLOCAM NOS PRÓXIMOS ANOS. DE F O R A D E S TA A N Á L I S E F I C A O C O M B AT E À S A LT E R A Ç Õ E S C L I M ÁT I C A S , V I S T O Q U E O A M B I E N T E T E M D I R E I T O A T E X T O P R Ó P R I O ( V E R PÁ G . 5 4 ) .

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A

s ameaças internas A curto prazo, a maior ameaça é a do populismo – os partidos desse espectro são invariavelmente eurocéticos ou anti-europeus e podem ganhar até 30% dos lugares no próximo Parlamento Europeu. Tão grave como isso é o aumento do número de governos nacionais com uma postura hostil a Bruxelas. Se esta tendência se mantiver, será difícil ou mesmo impossível fazer a União atingir os seus objetivos de maior. A deriva da política para os extremos é uma realidade em muitos países, com consequências preocupantes: mesmo nos partidos que não se assumem como eurocéticos, o discurso resvala facilmente para ataques velados à UE. Para combater isso, é fundamental ir à raiz do problema. E ela está na questão da desigualdade. A última década teve consequências dramáticas no agravamento do fosso entre o sul e o centro/norte da Europa e a inflexibilidade de Bruxelas ajudou muito a aumento deste ressentimento. Embora os dados do World Economic Forum apontem para uma redução da desigualdade a partir de 2016, ela não ocorreu em todos os países e foi tão suave que não terá chegado à maioria da população visada. E isso tem consequências – o facto de a Itália ser um dos países onde a desigualdade aumentou ajuda a explicar o crescimento do populismo nas últimas eleições. A verdade é que a recuperação financeira ainda não ocorreu e os salários continuam em níveis pré-crise, o que aumenta os problemas de quem é menos qualificado e dos países com populações envelhecidas, como aponta o estudo sobre desigualdade apresentado pela OCDE em 2017. Este é um desafio que não se resolve depressa e que exige duas coisas: por um lado uma política fiscal de ataque aos paraísos fiscais e a imposição de maiores taxas sobre os mais ricos; por outro, uma solidariedade inter-estados que será difícil de atingir na atual União Europeia. Para isso muito teria de mudar e o comprometimento dos países ricos teria de aumentar – algo que é impensável num momento em que já é preciso

tapar o buraco provocado pela saída dos britânicos. As ameaças externas Por falar na saída dos britânicos, o Brexit é sintoma de um dos maiores problemas geopolíticos atuais: a desglobalização. Esta onda tem encontrado expressão no Brexit, nas guerras comerciais provocadas pela Casa Branca de Trump e nos tratados sem representação de instituições internacionais (como o acordo EUA/Coreia do Norte ou a aliança Síria/Rússia). Estas abordagens políticas tentam limitar o mercado que, esse sim, é cada vez mais global. A verdade é que o fracasso conhecido do Brexit acaba por confirmar a União como uma força estabilizadora e proveitosa para os seus membros, o que lhe confere estatuto internacional. Mas, ao mesmo tempo, projeta fraqueza estrutural que dificulta a sua afirmação no mundo – especialmente com os Estados Unidos tão pouco interessados em manter as alianças tradicionais. E aqui entra em jogo a outra força dominante no século XXI: a China. Num mundo globalizado, a questão não se coloca em ter ou não relação com a superpotência asiática. Coloca-se apenas se essa relação deve ser dominada pela União ou dispersa pelos vários países. A última cimeira UE/China terminou de forma demasiado vaga para dar grandes esperanças aos defensores de um movimento encabeçado por Bruxelas – o que dá força à diplomacia chinesa que se especializa cada vez mais numa política de atração país a país, como bem conta Bruno Maçães no seu último livro (Belt and Road). Salvo qualquer conflito internacional de monta, o papel da União Europeia a nível global vai jogar-se na relação com estas potências. Não se tratará tanto de trocar um aliado histórico (os EUA) por um parceiro comercial mais vantajoso (a China), mas sim de ver até que ponto é que o processo consegue ser liderado por Bruxelas e não pelas capitais nacionais. O desígnio da década A Comissão europeia elegeu como desígnio da próxima década o investimento em ciência e em tecnologia,

consagrando no orçamento para 20212027 uma alínea de 100 mil milhões de euros para a inovação, investigação e ciência. Há razões fortes para isso: a Europa não é dominante nas tecnologias que estão a marcar a revolução digital e precisa de reforçar o investimento e a determinação para recuperar o tempo perdido. Para isso há uma estratégia tripartida que tem de ser continuada: garantir a coesão do mercado único digital, o que vai implicar com a adoção do 5G e com a definição de regras claras; a criação de padrões claros para as várias indústrias digitais (internet das coisas, blockchain, inteligência artificial, etc.); e a aposta em poder computacional capaz de processar toda a informação necessária aos mega-projetos científicos, que vão da exploração espacial à biotecnologia e passam ainda pela física fundamental. Mas há outra face que importa destacar. Foi objetivamente a Europa que inaugurou a era de controlo dos gigantes tecnológicos, com a introdução do GDPR, da diretiva sobre os direitos de autor e com multas às práticas monopolistas. Esta tendência deverá continuar e alastrar a outras áreas científicas e tecnológicas. Até porque é importante fazer notar que a regulação é também uma forma de estimular a inovação: ao definir barreiras à forma como os gigantes tecnológicos podem atuar, está a criar dificuldades no acesso ao mercado europeu a quem vem de fora (dos EUA e da China) e ao mesmo tempo a estimular o aparecimento de empresas que incluam os princípios regulatórios desde a sua génese. Isto será muito claro na inteligência artificial: os princípios éticos definidos vão passar a lei e só quem os cumprir terá acesso ao mercado único europeu, o que se pode revelar determinante para as empresas tecnológicas europeias. l Nas próximas páginas da Prémio, fique a conhecer os principais candidatos portugueses às eleições europeias e as suas ideias para o futuro da Europa, que irão influenciar não só o futuro do nosso continente, mas também o nosso papel no mundo durante os próximos anos.

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EUROPA ELEIÇÕES EUROPEIAS

OPINIÃO

UM CASO DE PUBLICIDADE ENGANOSA

Num governo que é um caso de publicidade enganosa, a suposta devolução de rendimentos às famílias tem sido politicamente vendida e aceite por muitos, sem que se questionem todas as evidências de sentido contrário. Ao menos em ano eleitoral, seria suposto que se tentasse o balanço verdadeiro. Feitas as contas, são muitas as marcas de uma governação que sacrificou o país inteiro às metas do défice, enquanto todos os serviços públicos gerem o caos, submetidos a cativações impostas pelo ministro das Finanças, Mário Centeno, sem exemplo mesmo em tempos da mais implacável intervenção externa da Troika. Estranhamente, poucos se questionam. Factos, são factos. Aqui chegados, Portugal é confrontado com uma dívida pública em valor recorde, a maior carga fiscal desde que há registos, o rendimento per capita a diminuir desde 2015 em relação à média europeia, um crescimento no fundo da tabela da zona Euro e o mais criminoso desperdício de fundos comunitários, pela mão do ministro Pedro Marques que, não obstante, os socialistas escolheram 18

NUNO MELO, C A N D I D AT O D O C D S

para cabeça de lista às eleições europeias. Depois de entre 2005 e 2011, grande parte dos actuais ministros e secretários de Estado, com José Sócrates a primeiro ministro, terem duplicado a dívida pública, que receberam próxima de 60% do PIB, mas entregaram irresponsavelmente acima de 110% do PIB, António Costa alcançou novo recorde absoluto de 251,48 mil milhões de euros. Em 2017, a carga fiscal foi de 34,4% do PIB e em 2018 subiu para 35,4% PIB, outro recorde, no mais alto valor alcançado, desde que há registos. No argumento falso, o Governo sustenta que a carga fiscal aumentou, porque a economia cresceu. Acontece que, na verdade, a carga fiscal tem aumentado acima do crescimento da economia. Significa que o Estado reforçou a voracidade fiscal, muito para lá da riqueza gerada, conver-

tendo justiça tributária, em esbulho fiscal. Nada tem escapado a um brutal aumento de impostos indirectos. Combustíveis, portagens, rendas, IMI, electricidade; IUC, transportes públicos, selo … naquilo que dia-a-dia são encargos das famílias, os portugueses pagam hoje muito mais. Como não bastasse, a par dos impostos gerados em Portugal, PS e PSD celebraram um pacto para a criação de novos impostos europeus. Impostos, impostos, impostos. Em certa política, não se inova para além deles. Em relação à média europeia, o rendi-


CDS

mento ‘per capita’ dos portugueses diminuiu todos os anos desde 2015, ultrapassado pela Estónia, Lituânia, Eslováquia, Eslovénia, República Checa e Malta. Para que se perceba, depois de um rendimento per capita de 84% da média europeia em 2000, atingimos um valor 74% em 2018. E quando António Costa invoca o mérito do crescimento da economia, só oculta o que todos devem perceber. Em primeiro lugar, a conjuntura absolutamente excepcional, com a melhoria das condições de mercado e de concessão de crédito. Depois, que apesar disso, Portugal se encontra no fundo da tabela dos países que crescem na zona euro. Em 2018 Portugal cresceu 2,1% acima da média da Zona Euro. Acontece que em 19 países, 13 cresceram mais do que Portugal. E fora da Zona Euro, Portugal foi superado por outros do mesmo “campeonato”, exemplos da República Checa (+3%), Hungria (+4,9%), Suécia (+ 2,3%). Convirá também recordar, que a previsão de crescimento da economia portuguesa para 2019, feita pela Comissão Europeia, é de modestos 1,7%. Em 2015, com o PSD e o CDS no Governo, o crescimento foi de 1,8%, apesar do programa de ajustamento e da Troika. Voltando ao PS e ao Governo, dificilmente se conseguiria pior, em conjuntura tão favorável. Igualmente inqualificável, tem sido o desperdício diário de milhões de euros de fundos comunitários, vitais para a dinami-

zação da nossa economia. Cinicamente, Pedro Marques: Governo iniciou a pré-campanha para as eleições europeias com “fake news”. Supostamente, Portugal estaria na liderança de execução de fundos comunitários. A falsidade não resistiu ao primeiro “fact-check”. E no dia seguinte, a constatação desapareceu dos sites do Largo do Rato. Na verdade, foi assim em 2014 e 2015, com o CDS e o PSD no Governo. Deixou de ser em 2016. Actualmente, na execução de fundos comunitários, Portugal está em 7.º lugar. Executaram-nos melhor a Finlândia (52%), a Irlanda (45 %), o Luxemburgo (44%), a Áustria (42%), a Suécia (35%), Chipre (35 %) e estamos iguais à Estónia (34%). Sublinhem-se até alguns exemplos impressionantes, de programas operacionais que têm um período de execução entre os anos 2014 e 2020: - A poucos meses do seu termo corrente, o programa Ferrovia 2020 está executado em perto de 9% apenas, apesar do estado decrépito da ferrovia portuguesa, com material circulante obsoleto, estações abandonadas e motores que caiem de locomotivas em andamento. - Apesar de Portugal ter a maior extensão de mar na UE, num desígnio estratégico em que poderia levar vantagem em relação a todos os outros, o programa MAR

2020 só está executado em cerca de 17%. - E na PAC, sabendo-se como a agricultura nacional tem sido essencial no aumento das exportações, há ajudas ao investimento que só estão executadas em perto de 30%. - Num último caso absurdo, sabendo-se que os fundos de coesão existem para aproximar os países mais pobres dos ricos, Portugal perderá 7% destes fundos, enquanto o Luxemburgo, com um rendimento per capita de 200% da média europeia não perderá um cêntimo, países muito mais ricos como a Espanha e Itália crescerão 5% e outros em situação equivalente à de Portugal, como a Roménia, crescerão 8%. Como bem se vê, o Governo socialista, suportado pelo BE e o PCP, não devolveu rendimentos às famílias. Apropria-se deles todos os dias, mas tem uma máquina de comunicação notável, que premeditadamente engana, a pensar nos votos que realmente não merece. Evidentemente, quem assim procede não deveria vencer eleições europeias, nem eleições legislativas. 19


EUROPA ELEIÇÕES EUROPEIAS

OPINIÃO

UMA EUROPA COM F U T U RO E S TÁ N A S MÃOS DO POVO E DA S UA LU TA !

Debater o futuro da Europa obriga, desde logo, a reconhecer que a União Europeia não é a Europa. Pretender estabelecer algum tipo de equivalência entre ambas resulta num engodo ideológico. A União Europeia é um processo de integração, económica e política, de estados. Não é o primeiro que ocorre na Europa. Provavelmente não será o último. O desenvolvimento científico e tecnológico, o correspondente desenvolvimento das forças produtivas, o entrosamento das atividades económicas, a crescente divisão internacional do trabalho, são dinâmicas reais que, historicamente, deixaram de ser contidas nas fronteiras dos estados-nação. A UE foi a resposta encontrada pelo grande capital europeu para moldar estas dinâmicas no sentido de favorecer os seus interesses. Outras respostas poderão haver: a internacionalização dos processos produtivos tem uma base objetiva que reclama uma integração. A grande questão é qual o conteúdo de classe da integração. Qual a sua orientação política. Quais os interesses que defende. 20

JOÃO FERREIRA, C A N D I D AT O D A C D U

Numa sociedade percorrida por antagonismos sociais, entre capital e trabalho, entre os grandes grupos económico-financeiros e a massa de trabalhadores, entre as grandes empresas transnacionais e os povos, a UE constituiu um instrumento do grande capital para salvaguardar e sustentar os seus interesses de classe. Em pleno século XXI, a UE está associada à pressão para o aumento da idade de reforma, à desregulação dos mercados de trabalho, ou seja, ao aumento da precariedade no trabalho e na vida. Está associada à destruição de serviços públicos. Está associada à pressão para a degradação dos salários. Estes aspectos são bem visíveis no nosso País. Foi a União Europeia que deu suporte a décadas de política de direita protagonizada por sucessivos governos nacionais de PS, PSD e CDS, que impulsionou a

privatização de empresas e setores estratégicos, debilitou a produção nacional e fixou a economia nacional num perfil de especialização assente em baixos salários e em segmentos do processo produtivo com fraca incorporação de conhecimento científico e tecnológico. Aumentaram défices produtivos, dependências várias e um perigoso endividamento. Portugal precisa de uma política alternativa, de carácter progressista e soberano, e se esta se confronta no seu desenvolvimento e implementação com obstáculos e constrangimentos impostos pela União


CDU

Europeia, a conclusão a tirar é a de que esses obstáculos e constrangimentos deverão ser removidos. A solução não é, não pode ser, vergar aos constrangimentos. Por outro lado, o debate entre “euroceticismo” e “europeísmo” ofusca a realidade da integração. A tentativa de confinar a discussão sobre o futuro da Europa ao falso dilema – ou os nacionalismos e a extrema-direita ou o aprofundamento da integração capitalista – é uma manobra de diversão ideológica em que não devemos cair. A verdade é que ambos os polos destas falsas dicotomias defendem, ainda que por vias presentemente diversas, os mesmos interesses. Daí a CDU defender a luta por uma Europa de cooperação entre Estados soberanos e iguais em direitos. Uma Europa dos direitos sociais que promova o emprego com direitos e salários dignos; que defenda e promova os serviços públicos; que garanta a igualdade entre homens e mulheres. Uma Europa de progresso económico e (Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)

social, ecologicamente sustentável; que valorize o investimento público; que promova o potencial produtivo de cada país; que respeite a Natureza e cuide dos seus recursos, que enfrente as alterações climáticas sem recurso a expedientes como o mercado do carbono, que não resolvem, pelo contrário, só pioram o problema. Uma Europa de paz e cooperação com todos os povos do mundo. Uma Europa que defenda as liberdades democráticas, os direitos cívicos e sociais, a diversidade cultural e o direito à criação e fruição culturais; que rejeite mecanismos repressivos, de controlo e vigilância (incluindo no mundo digital). Uma Europa em que o poder económico se subordina ao poder político e em que os Estados se afirmam como estrutura determinante e referencial na economia.

U M A E U R O PA Q U E DEFENDA AS LIBERDADES D E M O C R ÁT I C A S , O S DIREITOS CÍVICOS E SOCIAIS, A DIVERSIDADE C U LT U R A L E O D I R E I T O À C R I AÇ ÃO E F R U I Ç ÃO C U LT U R A I S ; Q U E REJEITE MECANISMOS REPRESSIVOS, DE CONTROLO E VIGIL ÂNCIA (INCLUIND O NO MUND O D I G I TA L ) .

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EUROPA ELEIÇÕES EUROPEIAS

OPINIÃO

UM NOVO CO N T R ATO S O C I A L PAR A A EUROPA

As eleições europeias do próximo dia 26 serão determinantes para a Europa, pois estão em confronto visões e posições políticas absolutamente díspares para o futuro da União Europeia. Por um lado, enfrentam-se os que estão contra a União – ou, pelo menos, querem ter um pé fora dela –, contra aqueles que são europeístas e são a favor da integração europeia. Por outro lado, de entre aqueles que são a favor da integração europeia, confrontam-se as propostas daqueles que têm uma visão restritiva dos tratados europeus, e que em nome deles exigiram sanções para Portugal e para os outros países que apresentavam maiores fragilidades, em contraponto com quem tem uma visão mais flexível dos tratados e defende que, além dos critérios orçamentais, é necessário considerar a dimensão económica e social das políticas europeias. Para o Partido Socialista, que sempre se posicionou como o partido mais europeísta de Portugal, a opção é clara: queremos mais integração europeia, 22

PEDRO MARQUES, C A N D I D AT O D O P S

com políticas que sejam promotoras do crescimento, da convergência e do emprego, e respondam aos grandes desafios do futuro: a digitalização, a demografia e as alterações climáticas. Para o concretizar, propomos um Novo Contrato Social para a Europa, que concretize na Europa as políticas que demonstraram o seu sucesso em Portugal. O Partido Socialista provou que havia uma alternativa à política que dizia “There Is No Alternative”. Demonstrou que era possível conciliar o “virar da página da austeridade” com uma gestão responsável das contas públicas. Em três anos de Governo ficou demonstrado que a redução progressiva do défice e da dívida pública pode ser feita com melhoria do nível de rendimentos das famílias, gerando

crescimento económico e promovendo a criação de emprego. Impõe-se agora que, tal como sucedeu em Portugal, a política económica e orçamental da União Europeia se torne mais amiga do crescimento e do emprego. Para tal, é necessário eliminar o défice de investimento que ainda persiste na economia europeia, pelo que propomos um Plano de Investimento para a Europa, que reforce os instrumentos existentes, como o Plano Juncker e o Quadro Financeiro Plurianual, mas


PS

que vá além deles, tanto no seu âmbito como na sua ambição. Defendemos um Quadro Financeiro Plurianual que valorize as políticas de coesão, a política agrícola comum e de pescas, simplificando e tornando mais acessíveis estas políticas para as empresas e os cidadãos. É indispensável, também, completar a União Económica e Monetária e a União Bancária, designadamente através da criação de uma capacidade orçamental própria para a Zona Euro, que apoie as reformas favoráveis à competitividade e à convergência e assegure a função de estabilização das economias face a eventuais choques. A imperfeita arquitetura do euro conduziu a desequilíbrios macroeconómicos que é necessário corrigir, sob pena de toda a Europa arduamente sofrer com crises cíclicas, mas com mais severidade para os países mais vulneráveis. Nesse sentido, não aceitamos a passividade de quem recusa a ambição (Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)

de resolver os problemas centrais que limitam a convergência e se alia a visões neoliberais que, verdadeiramente, só servem os países mais fortes ou, melhor dizendo, só servem as empresas e bancos mais fortes dentro dos países mais fortes. Uma Europa para todos, que não deixe ninguém para trás, é a melhor vacina contra os populismos que hoje ameaçam a democracia e a União Europeia. Os portugueses têm de se posicionar perante estas escolhas. Escolher um Novo Contrato Social para a Europa ou escolher outra proposta política. Porque o futuro da Europa, de Portugal e dos portugueses está, sem dúvida, em jogo nestas eleições.

EM TRÊS ANOS DE GOVERNO FICOU DEMONSTRADO QUE A R E D U Ç ÃO P R O G R E S S I VA D O DÉFICE E DA DÍVIDA P ÚBLIC A P O D E S E R F E I TA C O M MELHORIA DO NÍVEL DE RENDIMENTOS DAS FAMÍLIAS, GER AND O CRESCIMENTO ECONÓMICO E PROMOVENDO A C R I AÇ ÃO D E E M P R E G O.

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EUROPA ELEIÇÕES EUROPEIAS

OPINIÃO

PSD: MAIS PORTUGAL, MELHOR EUROPA

1. A hora da Europa é de grande instabilidade e volatilidade. Nas alturas de incerteza, não podemos iludir nem enganar. Quando é fácil agitar o “papão europeu”, o PSD assume sem complexos, mas sem idealismos, a raiz pró-europeia. Nunca umas eleições europeias foram tão decisivas. Apresentamo-nos como sempre fomos: um partido “europeísta e realista”. Muito diferente, pois, do PS que cultiva a utopia, que inquina a construção europeia e não traz resultados. Queremos reforçar o peso de Portugal na Europa. Se houver mais Portugal, é possível Melhor Europa. 2. As prioridades são claras e concretas. Na área mais social, lançaremos um Programa Europeu de Luta contra o Cancro, com aposta maciça na investigação e tratamento. Defenderemos uma Estratégia Comum de Natalidade, com uma rede de apoio às famílias e às crianças. Na juventude, insistimos no reforço enorme do primeiro emprego (programa Eures), 24

PA U L O R A N G E L , C A N D I D AT O D O P S D

do voluntariado (CES), da formação (Erasmus+). Na segurança, queremos passar do Mecanismo Europeu para uma autêntica Força de Protecção Civil. 3. Nas políticas de coesão e de agricultura, a grande meta é impedir o corte de cerca de 10% dos fundos, já aceite pelo Governo PS (os países mais ricos vêem subir os seus níveis). No apoio ao crescimento e às exportações, usaremos o reforço do programa de investimento InvestEU (700.000 milhões de euros). Na zona euro, visamos a conclusão da união bancária (com a adopção do seguro de depósitos) e a criação de “capacidade orçamental”. Quanto ao orçamento, recusamos qualquer forma de “imposto europeu” e só aceitamos novos recursos próprios (transacções financeiras, plataformas

digitais) que não afectem a soberania fiscal. Nas áreas digital e energética, é crucial aprofundar o mercado único e, no ambiente, prosseguir a liderança global da agenda climática. 4. Na política externa, recusamos o fim da unanimidade e, na área da defesa – que terá desenvolvimentos e deve articular-se com a Nato e o Reino Unido –, rejeitamos a ideia do “exército único”. Quanto aos valores do Estado de Direito, o PSD condena os desvios na Roménia, Malta, Eslováquia, Hungria e Polónia.


PSD

Distingue-se bem do PS, que abusa de ambiguidade, em especial nos três casos de governos socialistas. 5. Para cumprir metas europeias, o Governo PS teve de fazer escolhas. Optou por subir os impostos, atingindo o recorde de carga fiscal. Fez cortes inéditos no investimento público e nos serviços essenciais. Nunca o Serviço Nacional de Saúde esteve tão mal. Nunca a protecção civil foi tão descuidada, pondo em risco pessoas e bens. Nunca os transportes públicos foram tão esquecidos. Eis o resultado das opções do Governo e de uma equipa sem méritos. Mas há políticas realmente alternativas. Cumprir a Europa não implica degradar os serviços essenciais. O PSD é a única alternativa ao Governo PS que garante o cumprimento das metas europeias sem a alienação dos serviços públicos essenciais.

6. Finalmente, o PSD tem também a melhor lista: experiente, inovadora e conhecedora. Representa todo o território do país, as várias gerações, tem mais mulheres do que homens (mesmo em posição elegível). Os candidatos mostram-se capazes de lidar com todos os assuntos europeus. Pelos cargos que exerce nas instituições, o PSD é já o partido com mais peso na Europa. Mas nesta hora decisiva, pode marcar ainda mais a diferença em Portugal e na Europa. Como a única alternativa moderada, credível e responsável ao Governo PS e aos seus parceiros radicais.

O PSD É A ÚNICA A LT E R N AT I V A AO G OV E R N O P S QUE GARANTE O CUMPRIMENTO DAS M E TA S E U R O P E I A S S E M A A L I E N AÇ ÃO D OS SERVIÇOS PÚBLICOS ESSENCIAIS.

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EUROPA ELEIÇÕES EUROPEIAS

OPINIÃO

EMPOSSAR OS CIDADÃOS EM PORTUGAL E NA EUROPA

O debate político costuma apresentar a esquerda e a direita como alternativas de governação. É uma forma de encaixar os políticos em rótulos mediáticos. Mas é também uma caracterização ultrapassada da política, que não responde aos anseios de uma proporção cada vez maior do eleitorado. Cada vez mais, há franjas da população, como os mais jovens ou aqueles que rejeitam a clubite partidária, que, alienadas de um debate que nada lhes diz, se afastam da participação democrática, retirando-lhe representatividade e pluralidade. Está, pois, na altura de rejeitar a bipolarização política entre esquerda e direita, devolvendo a governação a quem verdadeiramente a legitima: aos cidadãos. A política tem de estar centrada no cidadão e ser liberal significa saber interpretar a razão de existência do Estado. Na língua portuguesa, escrevemos Estado com letra maiúscula e cidadão com minúscula. É o reflexo de séculos de História passados sob o absolutismo e o autoritarismo. É precisamente esta visão da política que eu refuto, contrapropondo uma outra perspectiva, ou seja, a ideia da política focada 26

RICARDO ARROJA, C A N D I D AT O D A I N I C I AT I VA LIBERAL

nas pessoas e de um Estado ao serviço dos cidadãos. Porque, para um liberal, o Estado não é mais do que um veículo, não exclusivo, de agregação comum dos cidadãos, sendo que a pessoalidade do cidadão só existe no respeito da sua individualidade. Em Portugal, temos hoje a mais alta carga fiscal de que há memória. Por outro lado, temos um Estado cada vez mais distante das pessoas. Há um fracasso generalizado de governo, mas, paradoxalmente, nunca os recursos públicos foram tão elevados. Da endogamia político-partidária à justiça que não funciona, passando ainda pelo sacrifício do investimento público em benefício da despesa corrente, o Estado serve apenas as clientelas que o capturaram e o burocratizaram, afastando-o das pessoas despartidarizadas. É, pois, tempo de fazer com que os recursos beneficiem aqueles

que para eles contribuem e não aqueles que deles se servem. O cidadão comum não quer saber se a solução para determinado problema é pública ou privada; quer é que funcione de forma eficiente, eficaz e transparente face às alternativas. A União Europeia que eu defendo assenta na diversidade cultural, na legitimidade democrática e na livre circulação de pessoas, bens, serviços e capitais. É uma Europa de países soberanos e de integração voluntária, de países que aderem a princípios comuns. É uma Europa que promove o livre comércio e a concorrência


I N I C I AT I VA LIBERAL

entre privados, mas também entre o público e o privado. Que rejeita a politização da economia, a dos campeões por decreto, e que aprofunda o mercado comum. Que aceita a diferenciação fiscal como instrumento de convergência económica e que reforça a transparência na prestação de contas. É uma Europa menos burocrática e com regras claras. Uma Europa humanista, mas realista. Uma Europa de liberdade, segurança e justiça. A minha proposta consiste na defesa da liberdade de escolha, em Portugal e na União Europeia, na descentralização, na concorrência, e na premissa de que a representação e a legitimidade democráticas são inalienáveis. Significa distinguir entre as questões de princípio, que os países subscrevem com a adesão à União Europeia, e as matérias nas quais a legiti-

A U N I ÃO E U R O P E I A Q U E E U D E F E N D O A S S E N TA NA DIVERSIDADE C U LT U R A L , N A LEGITIMIDADE D E M O C R ÁT I C A E N A L I V R E C I R C U L AÇ ÃO D E P E S S OAS , B E N S , S E RV I Ç O S E C A P I TA I S .

midade depende de deliberação nacional. A fronteira é por vezes ténue, mas, ao mesmo tempo, é suficientemente grande para fazer a diferença entre uma Europa que compreende a diversidade, dentro dos princípios comummente subscritos, e uma outra que impõe um rumo à conveniência dos países maiores. A União Europeia não se pretende imperial, mas sim subsidiária e descentralizada. 27


EUROPA ELEIÇÕES EUROPEIAS

A PRÉMIO, numa tentativa de bem servir os leitores convidou, também, o Bloco de Esquerda (BE) para escrever um artigo, mas não obteve resposta. Ainda assim, decidiu-se colocar em página o cartaz daquele partido. O Bloco de Esquerda entendeu não esclarecer os leitores. Terá as suas razões. l

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EUROPA LIGA DAS NAÇÕES

A TAÇA DOS POVOS UNIDOS

UEFA

THE UNITED PEOPLES CUP

UMA, LUDE, CERTA E VINCE* * U M A ( U N A M - S E ) , L U D E ( J O G U E M ) , C E R TA ( L U T E M ) E V I N C E ( G A N H E M ) . * O N E ( U N I T E ) , L U D E ( P L AY ) , C E R T A ( F I G H T ) A N D V I N C E ( W I N ) .

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MIGUEL MORGADO

UMA COMPETIÇÃO NOVA, LIGA DAS NAÇÕES, QUATRO SELECÇÕES, PORTUGAL, SUÍÇA, INGLATERRA E HOLANDA, DOIS ESTÁDIOS, DRAGÃO E AFONSO HENRIQUES, DUAS CIDADES QUE DISTAM MENOS DE 150 KM ENTRE SI, PORTO E GUIMARÃES, E UM TROFÉU DE 71 CM E 7,5 KG COM CRIATIVIDADE PORTUGUESA. CRIADA SEM TER POR BASE UM CRITÉRIO MONETÁRIO, UMA VITÓRIA VALE 10,5 MILHÕES DE EUROS E VIA VERDE PARA O ‘PLAY-OFF’ PARA O EURO 2020. PARA ALÉM DO PRESTÍGIO E ORGULHO DE SER A PRIMEIRA NAÇÃO A ERGUER A (NOVA) TAÇA DOS POVOS UNIDOS.

O

P

rgulho, prestígio, um troféu, participação garantida no ‘play-off’ de acesso ao Campeonato da Europa 2020 e prémios. Assim se pode caraterizar o que resultará da primeira edição da final da Liga da Nações (UEFA Nations League). Uma prova que ainda não entrou nas rotinas dos adeptos europeus e que tem estreia marcada para 5, 6 e 9 de Junho de 2019 em Portugal, a norte, no Porto (Estádio do Dragão) e Guimarães (Estádio Afonso Henriques), cidades cujos centros históricos estão classificados como Património Mundial pela UNESCO. Juntará quatro países que disputam dois jogos: Portugal-Suíça e Inglaterra-Holanda, nas meias-finais a que se seguirá o jogo para definir o 3º lugar e a esperada final. 15 anos depois de ter acolhido o Euro 2004, Portugal volta a ser palco de uma competição de futebol entre países europeus. Depois de ter apresentado a candidatura juntamente com a Polónia e Itália (curiosamente adversários no Grupo 3 da Liga A) a atribuição foi oficializada pela UEFA no final do ano passado, com uma exigência prévia: as cidades tinham que distar 150 quilómetros entre si e os estádios – Dragão e Afonso Henriques – tinham que ter uma lotação mínima para 30 mil espetadores.

ride, prestige, a trophy, participation guaranteed in the play-offs granting access to the 2020 European Championship and awards. We could put it this way when referring to the first edition of the final of the UEFA League of Nations. A competition that hasn’t entered yet in the routines of European supporters and is scheduled to debut on June 5, 6 and 9, 2019 in Portugal, in the northern part of the country, e-g. in Oporto (Dragão Stadium) and Guimarães (Afonso Henriques Stadium), cities whose centers were classified World Heritage sites by UNESCO. It will bring together four countries playing two matches: Portugal-Switzerland and England-Holland, in the semi-finals after which a match will take place to decide the 3rd place and the expected final match. 15 years after having hosted Euro 2004, Portugal hosts once again a football competition between European countries. After having submitted the application together with Poland and Italy (opponents in Group 3 of League A, by the way) this award was granted official status by UEFA at the end of last year, with a prior requirement: cities had to lie within a distance of 150 kilometers and the stadiums - Dragão and Afonso Henriques had to have a minimum capacity of 30,000 seats.

75 milhões de euros para distribuir por 55 nações. Vencedor recebe 10,5 € e isenções fiscais para os finalistas Dinheiro, não era, nem é, a razão de ser da prova que recupera o espírito da “velhinha” Taça a Nações, que antecedeu o actual Campeonato da Europa. Convém, no entanto, referir que a competição que arrancou com uma fase de quatro grupos que albergaram as 55

75 million euros to distribute by 55 nations. The winner receives € 10.5 and tax exemptions for those in the final Money was not, and is not, the reason behind the event that recovers the spirit of the “old” Cup of Nations which preceded the current European Championship. It is worth mentioning however that the competition that started with a four-group qualifying competition and which 31


EUROPA LIGA DAS NAÇÕES

A PROVA DESENHADA NOS CORREDORES DA UEFA QUE PASSOU POR TRÊS PRESIDENTES: PLATINI, INFANTINO E ČEFERIN A Liga das Nações é uma prova que entrou com “pezinhos de lã” na família do futebol europeu. Apresentada ao mundo aprovada por unanimidade no 38º Congresso Ordinário da UEFA, em Astana, a 27 de Março de 2014, pelo então secretário-geral da UEFA, Giovanni Infantino (actual presidente da FIFA), a prova em si mesmo, essa, começou, no entanto, a ganhar forma anos antes nos corredores da estrutura máxima do futebol europeu, no então reinado de Michele Platini. Depois de amplas consultas e debates iniciados em 2011 na Reunião Estratégica da UEFA, no Chipre, seguiram-se uma série de encontros do Programa Top Executive (TEP). Com a Europa mergulhada a nível competitivo entre os Europeus e os Mundiais, a ideia de Yngve Hallén, presidente da Federação Norueguesa de Futebol começa a ganhar vida em Setembro de 2013 durante o Comité Executivo que teve lugar na cidade de Dubrovnik, Croácia. Apontava para criação de uma prova bianual entre as selecções europeias que surgisse para, de um lado, substituir os “amigáveis”, e, por outro, dar mais competitividade aos emblemas nacionais. Os jogos que envolveram os 55 países, de Setembro a Novembro, a decisão sobre que país seria o anfitrião da primeira prova e o sorteio decorreu já sob a égide de Aleksander Čeferin, eleito em Setembro de 2016.

nações europeias do mundo da bola, teve os mesmos direitos centralizados de transmissão televisiva recentemente introduzidos para todos os jogos da qualificação europeia. Isso significa, obviamente, mais receita para as federações com as 55 bandeiras nacionais a receberem uma fatia do bolo de 76 milhões de euros. O vencedor do primeiro troféu da Liga das Nações receberá 10,5 milhões de euros, valor a que se chega após somada a participação na fase de grupos, prémios a atribuir aos vencedores de cada uma das Ligas e na fase final da competição principal, designada Liga A, onde estas quatro equipas se integraram previamente. Para os quatro finalistas, haverá um regime fiscal favorável aprovado em Conselho de Ministros (em relação aos prémios) que impedirá dupla tributação. Excepção feita a quem resida em Portugal. Como termo de comparação, a França, campeã do mundo, recebeu 32 milhões de euros pelo título obtido na Rússia, em 2018.

E S TÁ D I O D O D R A G Ã O , N O P O R T O

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covered the 55 European nations in the world of Football will enjoy the same centralized television broadcast rights recently introduced for all the European qualification matches. This means obviously more revenue for the federations as the 55 national flags will get a slice of the €76 million euro pie. The winner of the first trophy of the League of Nations will receive €10.5 million, an amount ascertained after adding participation in the groups’ qualification competition, prizes will be awarded to the winners of each of the Leagues and in the final phase of the main competition, designated League A, where these four teams will play. For the four finalists, there will be a favorable tax regime approved by the Council of Ministers (on the awards) in order to prevent double taxation. Exception to those residing in Portugal. See for example the case of France, world champion, which received €32 million for the title obtained in Russia in 2018.

E S TÁ D I O D . A F O N S O H E N R I Q U E S , E M G U I M A R Ã E S


PAÍSES: A primeira edição da fase final da UEFA Nations League conta com os quatro vencedores dos grupos da Liga A: Portugal (anfitrião do evento), a Inglaterra, a Suíça e a Holanda. PRÉMIOS: Um troféu em prata esterlina de 71cm de altura e 7,5 kg. €10,5 milhões para o vencedor
 €9 milhões para o finalista vencido
 €8 milhões para o terceiro classificado
 €7 milhões para o quarto classificado Estes montantes incluem 4,5 milhões de euros garantidos pelos quatro finalistas, que resultam de um valor de solidariedade de 2,5 milhões para todas as equipas da Liga A, e de 2,5 milhões como bónus pela vitória num grupo da Liga A. Estão reservados um total de 76,25 milhões de euros em montantes de solidariedade e bónus para as 55 federações nacionais participante.

UEFA

Uma bandeira de 71 cm e 7,5 kg com mão portuguesa Competição entrelaçada no meio da corrida ao Euro2020, aos quatro finalistas está, à partida, garantida, caso não o consigam através da fase de qualificação, acesso a um ‘play-off’ para estar entre as 24 seleções. Uma via verde que se manterá doravante. Com o estádio do Dragão com capacidade para 50 mil pessoas e a “casa” do Vitória de Guimarães capaz de albergar 30 mil, estão disponíveis cerca de 160 mil bilhetes para o torneio. Desses, 75% estão reservados a adeptos em geral. Cada seleção terá acesso a 10 mil, 42 mil serão disponibilizados ao público em geral e 38 mil papéis mágicos vão parar às mãos dos operadores televisivos, UEFA e comité organizativo e patrocinadores. Os preços começam nos 25 euros nos jogos das meias-finais e sobem até ao valor máximo de 150, na final. E há poupanças de 30 euros para quem comprar duas entradas, de uma vez só. Entrada que pode ser descarregada em ‘smartphones’, ou seja, sem recurso ao tradicional papel. Inovação com o selo UEFA.

A 71 cm flag and 7.5 kg with Portuguese hand This competition takes place between the race to the Euro2020 and the four finalists, should they fail to be granted access through qualification, will be granted access to a play-off in order to be among the 24 national teams. A green light which will be on fron now on. The Dragão stadium has 50 thousand seats and the “home” of Vitória de Guimarães team has 30 thousand seats. 160 thousand tickets are available for this tournament. Of these, 75% are for general supporters. Each national team will have access to 10 thousand tickets, 42 thousand will be made available to the general public and 38 thousand magical papers will go to the television operators, UEFA and the organising committee and sponsors. Prices start at €25 for the semi-finals and will be available at a maximum price of €150 for the final. And there are savings of €30 for those who buy two tickets. This ticket can be downloaded onto a smartphone, that is, no traditional paper involved. Innovation with the UEFA seal.

P O RT U G A L AO V E N C E R O G R U P O A 3 DA FA S E D E G R U P O S DA L I G A D A S N A Ç Õ E S , S A G R A - S E TA M B É M O E S C O L H I D O PA R A A N F I T R I Ã O D A F A S E F I N A L D A P R O VA , A R E A L I Z A R - S E E M 2 CIDADES P ORTUGUESAS

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EUROPA LIGA DAS NAÇÕES CALENDÁRIO

Para além de receber a prova, há mão portuguesa no troféu que será levantado na noite de 9 de Junho. Integralmente feito em prata esterlina, com 7,5 kg e 71 centímetros de altura, 10 pessoas da Young & Rubicam Branding, empresa com sede em Nova Iorque e com uma delegação em Portugal, desenvolveram o conceito. Inspirado no logótipo da prova, o que acontece pela primeira vez numa competição da UEFA, a “Taça” configura a imagem de uma bandeira que representa as 55 federações nacionais membros da UEFA.

In addition to hosting this competition, there is a Portuguese touch in the trophy that will be lifted on the night of June 9. Completely made of sterling silver, 7.5 kg and 71 cm tall, the concept was developed by 10 people from Young & Rubicam Branding, a company based in New York and with a delegation in Portugal. Inspired on the competition logo, the first time it happens in a UEFA competition, the “Cup” contains the image of a flag representing the 55 national federations member of UEFA.

Um hino de união à volta do futebol E como qualquer competição, não poderia faltar um hino. Foi composto por Giorgio Tuinfort e Franck van der Heijden e gravado com a ajuda do Coro da Rádio da Holanda e da Orquestra Filarmónica da Rádio, sedeada na cidade holandesa de Hilversum. Uma (Unam-se), Lude (Joguem), Certa (Lutem) e Vince (Ganhem). O som escutado em Latim apela à união dos povos pelo futebol, apesar de em campo as nações se “digladiarem”. Persistirá a dúvida de quem atingirá a glória (O, cui aeterna gloria?). E no campo, Portugal terá um primeiro adversário do qual não guarda as melhores memórias frescas. A Suíça, de Haris Seferovic e Xherdan Shaqiri, impôs a primeira derrota ao então campeão europeu na caminhada para o Mundial da Rússia 2018. Dos outros dois adversários, se recuarmos 15 anos e

A hymn to the union around football And like any competition, the anthem could not be missing. It was composed by Giorgio Tuinfort and Franck van der Heijden and recorded with the help of the Dutch Radio Choir and the Radio Philharmonic Orchestra, based in the Dutch city of Hilversum. One (Unite), Lude (Play), Certa (Fight) and Vince (Win). The sound we hear in Latin appeals to the union of the peoples through football despite the fact that the nations “diglatiate” themselves on the field. The doubt will remain as to who will achive glory (O, cui aeterna glory?). And on the field, Portugal will have a first opponent of which does not keep the best recent memories. Switzerland, of Haris Seferovic and Xherdan Shaqiri, imposed the first defeat to the then European champion on the road to the 2018 Russia World Cup. Regarding the other two teams, if we go back 15 years and to

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B O L A DA C O M P E T I Ç ÃO L I G A DA S N AÇ Õ E S DA U E FA

regressarmos à prova que deixou the match that filled the nation with pride, the Euro2004, everyone will uma nação orgulhosa, Euro2004, remember the match with England (the todos se lembrar-se-ão do jogo com a Inglaterra (o famoso penálti famous penalty defended by Ricardo, without gloves, and the successful defendido por Ricardo, sem luvas, e UMA (UNAM-SE), penalty, 6-5) in the Luz Stadium and a marcação da penalidade decisiva, the semi-final with the Dutch in 6-5), na Luz e a meia-final com os LUDE ( JOGUEM), Alvalade, a Portuguese victory of 2-1. holandeses, em Alvalade, uma vitória C E RTA ( LU T E M ) E However times are different nowadays. lusa por 2-1. VINCE (GANHEM). The land of Brexit returned to the No entanto, hoje, os tempos são European “shark” status after the semioutros. O país do “Brexit”, regressou O S O M E S C U TA D O finals at the World Cup in Russia and ao estatuto de “tubarão” europeu E M L AT I M A P E L A after knocking out Spain and Croatia, depois das meias-finais no Mundial world vice-champion before reaching da Rússia e de ter afastado a Espanha À U N I ÃO D OS the final. e a Croácia, vice-campeã mundial P OV OS PELO And the Country of Tulips seems to be antes de chegar à final. FUTEBOL, APESAR back after the crisis that led it to fail the E o País das Tulipas parece estar de final stages of Euro2016 and the World regresso depois da crise que o levou DE EM CAMPO Cup 2018. The “Clockword Orange,” a falhar as fases finais do Euro2016 A S N AÇÕ E S S E version 4.0, led by Ronald Koeman, e do Mundial2018. A “Laranja won over France and Germany, Mecânica”, versão 4.0, liderada por “ D I G L A D I A R E M ”. current and former world champion, Ronald Koeman, afastou França e Alemanha, actual e antigo campeão respectively. mundial, respectivamente. Veremos, pois, quem será a primeira We will see, therefore, who will be the Nação a entrar para a história como a primeira a levantar first Nation to go down in history as the first to lift the trophy o troféu da nova competição que apela à união dos povos of the new competition that calls for the union of European europeus à volta do futebol. l peoples around football. l 35


EUROPA LIGA DAS NAÇÕES

OPINIÃO

A M A R C A S E L E C Ç Ã O “A O S O L H O S ” D O SEU PATROCINAD OR MAIS ANTIGO, A SAGRES

T HE N ATI O NA L F O OT BALL T EAM “IN T HE E YES” OF ITS OLDEST SPONSOR, SAGRES

A

marca seleção está intimamente associada à Seleção Nacional de Futebol, representando esta um dos mais altos ícones da Portugalidade, exaltando a identidade nacional em cada um de nós e cuja “cereja em cima do bolo” após a classificação, no 3.º lugar, dos Magriços no Mundial de 1966, em Inglaterra, foi termos sido Campeões da Europa em 2016, em França. A seleção transporta para o futebol, os mais altos valores da nossa nação. As cores nacionais e a simbologia estampada nos seus equipamentos, o espírito guerreiro e mentalidade vencedora demostrados em cada jogo e a entoação emocionada do Hino Nacional “A Portuguesa”, que precede cada disputa, são disso um grande exemplo. É infelizmente um dos poucos momentos em que todo o “mundo” Português se congrega à volta de um mesmo propósito. A proliferação das bandeiras

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T

he national team brand is closely linked with the National Football Team, one of biggest icons of the Portuguese spirit given its capacity to reinforce the national identity in each and every one. The “cherry on top of the cake”, after the Magriços 3rd position in the 1966 World Championships in England, was there were when the country won the title of 2016 European Champion in France. The national team conveys through football the highest values of our nation. The national colors and the symbolism printed on their equipment, the warrior spirit and winning mentality which are clearly there in each match and the emotional intonation of the National Anthem “A Portuguesa” that precedes each match are a great example of this. This is unfortunately one of the few moments when the Portuguese “world” congregates around the same purpose. The proliferation of national flags flying from


NUNO PINTO DE MAGALHÃES, DIRECTOR DE COMUNICAÇÃO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA SOCIEDADE CENTRAL DE CERVEJAS E BEBIDAS

nacionais nas janelas dos Portugueses, espalhados pelo Mundo, aquando do Europeu 2004, foi disso uma evidência! Também a marca Sagres tem no seu ADN a Portugalidade, evidenciada no seu nome, intimamente relacionado com o local onde se situava a escola de navegação, a Ponta de Sagres, que preparou e fomentou os nossos navegadores para a epopeia dos Descobrimentos Portugueses, bem como a sua cromática (encarnado e verde) e iconografia (o escudo e as quinas) que acompanham a marca desde o seu lançamento, em 1940, aquando da Exposição do Mundo Português. Estrategicamente alicerçada nestes fortes atributos, a marca Sagres associa-se aos mais altos valores da Portugalidade, destacando-se o apoio, em todos os seus momentos, à Seleção Nacional de Futebol, iniciado em 1993 e renovado em 2018, por mais 6 anos, naquele que é o apoio mais antigo da Seleção e agora alargado à Taça de Portugal, à Supertaça Cândido de Oliveira e à Seleção Nacional Feminina. Este reforço da ligação às Seleções Nacionais é uma grande conquista e um marco para a Sagres, que assim estende uma ligação de mais de 25 anos em que a marca tudo tem feito para apoiar sempre a nossa Seleção, aquele que é o activo de excelência da marca Sagres. O futebol, com particular destaque para a Seleção, é um tema que assume uma relevância muito grande no dia-a-dia dos nossos consumidores, tal como a nossa Cerveja Sagres. Ambas as marcas partilham com todos os Portugueses a emoção e a vivência dos pequenos prazeres da vida e o apoio à Seleção de Portugal é isso mesmo, um enorme conjunto de experiências e emoções agregador do interesse da população portuguesa em geral, de forma inclusiva e socialmente transversal. Mas a nossa ligação vai mais longe. Queremos ter um papel interventivo no “Futebol positivo” e continuar a desenvolver activações que aproximem os adeptos à marca e que enalteçam os valores associados ao Futebol e que são comuns à Sagres: a convivialidade, o espírito de equipa, a Portugalidade. l

the windows of the Portuguese in all corners of the world during the European Championship in 2004, was a clear proof of this! The Sagres brand has the Portuguese spirit in its DNA too and in its name, a reminder of the place where the navigation school was located, at the tip of Sagres and where the navigators were prepared and encouraged to join the epopee of the Portuguese Discoveries. It is also there in its colours (red and green) and in its iconography (the coat of arms and the corners) featured in the brand since it was launched in 1940 at the Portuguese World Exhibition. The Sagres brand rests strategically on these strong attributes and relates to the highest values of Portugal, with special emphasis on the continued support to the National Football Team after 1993 and renovated in 2018 for another 6 years, the oldest support to the Portuguese National Team and now extended to the Portuguese Cup, the Supercup Cândido de Oliveira and the National Women’s Team. The reinforcement of this link with the National Teams is a great achievement and a milestone for Sagres, which thus extends this connection of more than 25 years during which the brand has done everything to support our National Team, the asset of excellence of the Sagres brand. Football, and the National Team in particular, is highly relevant in the day to day of our consumers, just like our beer Sagres. Both brands share with the Portuguese the emotion and the experience of the small pleasures of life. And supporting the National Team offers precisely that, a huge set of experiences and emotions that aggregate the interest of the Portuguese population in general in an inclusive and socially transversal manner. But our connection goes further. We want to play an active role in “positive Football” and continue to develop brand activations that bring the fans closer to the brand and enhance Football-related values and shared also by Sagres: conviviality, team spirit and Portuguese spirit. l

SAGRES REFORÇA O APOIO À SELEÇÃO NACIONAL

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À CONVERSA COM...

O QUE PENSAM OS LÍDERES “COMUNIC A R BEM, O

COMUN IC AR

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A L E X A N DR E C E O A LT I C E P O R T U G A L

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BEM

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F O N S E C A


SOFIA ARNAUD

A COMUNICAÇÃO, ESPECIALMENTE A COMUNICAÇÃO INTERNA, É O SEGREDO DE A L E X A N D R E F O N S E C A PA R A U M A B O A G E S TÃ O . O C E O D A A LT I C E P O R T U G A L C O N S I D E R A Q U E A C O M U N I C A Ç Ã O É U M P I L A R F U N D A M E N TA L E M Q U A L Q U E R L I D E R A N Ç A . E M E N T R E V I S TA À P R É M I O FA L O U - N O S D A I M P O R TÂ N C I A D O C A P I TA L H U M A N O , D O S R E S U LTA D O S Q U E A P Ó S S E T E A N O S D E P E R D A D E R E C E I TA V O LTA R A M A C R E S C E R E D A S F O R T E S A P O S TA S N O I N V E S T I M E N T O , N A I N O VA Ç Ã O , N A Q U A L I D A D E D E S E R V I Ç O , N A P R O X I M I D A D E E N A I N T E R V E N Ç Ã O S O C I A L D A A LT I C E P O R T U G A L .

D

esde 2015, altura em que o Grupo Altice adquiriu a Portugal Telecom (PT), muita coisa mudou na empresa e no próprio sector das telecomunicações. Qual a estratégia da Altice Portugal para enfrentar os novos desafios tecnológicos que o mercado exige? A Altice Portugal é uma empresa absolutamente focada no cliente, no investimento em infraestruturas e no desenvolvimento da tecnologia de última geração, procurando inovar sistematicamente e ir ao encontro das necessidades dos clientes. A forte aposta nesta estratégia tem permitido à Altice Portugal reforçar a sua presença no mercado empresarial e de consumo e, ao mesmo tempo, apresentar-se como um forte parceiro tecnológico, uma vez que tem a infraestrutura, a inovação e a reconhecida capacidade tecnológica. Para além disso, fazemos do conceito de proximidade, um dos maiores eixos de atuação, pois quando falamos de cobertura tecnológica, investimento e emprego fazemo-lo de forma transversal a todo o País. Fazer chegar novas tecnologias a todo o território é para nós fundamental para aumentar a inclusão digital, o acesso a serviços avançados e o desenvolvimento social e este tem sido um caminho que continuaremos a seguir. E não nos podemos esquecer que a Altice é

a única empresa de telecomunicações em Portugal a fazer este tipo de investimento, que normalmente não tem retorno automático. Olhamos para os territórios do interior do mesmo modo que olhamos os grandes centros urbanos, como Lisboa e Porto, tendo já chegado às regiões mais remotas, a 27.000 lugares em 308 concelhos, com mais de 3 milhões de kms de cabo de fibra, estando prevista a infraestruturação em fibra ótica de última geração de 5,3 milhões até 2020. Mas não falamos só de fibra, falamos de rede 4G+, rede rádio, rede móvel, Banda Larga Móvel. A fórmula da nossa estratégia é simples: não queremos apenas ser uma operadora tradicional de telecomunicações, mas queremos ajudar os nossos clientes a reinventar o modelo de negócio, deixando para trás as preocupações associadas à tecnologia e aos processos, passando a empresa a assumir essas funções, surgindo como um ‘player’ digital global. Somos um operador de telecomunicações com a oferta mais abrangente do mercado. Qual o valor de investimento realizado pela empresa no ano de 2018 e qual o seu destino? Nos últimos quatro anos, a Altice Portugal já investiu cerca de dois mil milhões de euros, dos quais, cerca de 1/3 foram afetos à modernização, expansão e fortalecimento da resiliência de infraestruturas fixas e móveis de nova geração, num contributo sério e sólido

para o desenvolvimento de Portugal em várias vertentes. Este ‘track record’ da Altice Portugal posiciona-nos como o maior operador de comunicações do país, como o parceiro tecnológico de referência e o ‘player’ que mais investe em inovação em Portugal, com diferentes projetos multidisciplinares. Aliás, recentemente a Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência indicou a Altice Portugal como o Grupo que mais investe em Investigação, Desenvolvimento e Inovação em Portugal, num total de 86 milhões de euros em atividades ligadas à inovação. Na realidade, esta não é a primeira vez que figuramos em primeiro lugar, sendo que o segundo maior investidor investiu apenas metade do valor obtido pela Altice. Desde que a Altice entrou em Portugal, o Grupo não só manteve a posição, como ainda reforçou esse investimento. Sabemos que grande parte deste investimento recai em inovação, investigação e desenvolvimento, sendo o grupo privado que mais investe nestas áreas em Portugal, tanto financeiramente como ao nível dos recursos humanos alocados. O que está a ser feito a este nível? A inovação, o investimento e a proximidade são vetores chave que conduzem a atividade e o investimento da Altice Portugal. O Grupo Altice tem no seu ADN e na sua história a marca da inovação, com resultados visíveis e concretos, com a 39


À CONVERSA COM... Altice Labs como o centro nevrálgico da inovação para todo o mundo. Investimos na modernização, na tecnologia e na melhoria da qualidade de vida dos portugueses. Investimos no desenvolvimento de Portugal. Por outro lado, uma das grandes apostas da Altice Portugal é a esfera da Academia, através do estabelecimento de parcerias com Universidades e Politécnicos, instalando em muitas destas estruturas, laboratórios colaborativos, nomeadamente da Altice Labs. Esta ligação é fundamental não apenas para recrutar recursos humanos com uma vertente mais ambiciosa no campo de projetos inovadores, mas também para possibilitar o início da sua vida profissional numa empresa com a melhor tecnologia em telecomunicações. Outra das nossas grandes apostas é levar a nova geração de fibra ótica a 5,3 milhões de casas até 2020, tendo alcançado já um total de 4,6 milhões de casas e empresas, contribuindo para fazer chegar a maior inovação tecnológica a todo o país, de norte a sul e do litoral ao interior. Este posicionamento permite à Altice Portugal ser um dos maiores agentes da inovação em Portugal, com uma capacidade de investimento inequívoca que garante aos seus clientes a entrega das melhores soluções, adaptadas a cada caso. Em 2015, a Altice estabeleceu em Portugal as suas instalações de investigação e desenvolvimento para todo o Grupo, a denominada Altice Lab, localizada na cidade de Aveiro. Porquê a escolha desta cidade e qual o balanço que faz deste “laboratório”? A Altice Labs é o centro de inovação, investigação e desenvolvimento do Grupo Altice, e é, desde sempre, parte ativa do Ecossistema de Inovação do nosso país. Trabalhando em parceria com universidades, instituições de I&D, parceiros, fornecedores e clientes, envolvese continuamente em projetos colaborativos de investigação, desenvolvimento e inovação numa estratégia sustentada de liderança tecnológica. Com presença nos Estados Unidos, França, Israel, República Dominicana, Martinica, Ilha da Reunião, Mayote e Guadalupe, encontra-se sediada em Aveiro, cidade a partir da qual trabalham atualmente cerca de 750 engenheiros e 40

investigadores. Destaque, neste centro de inovação do Grupo Altice, para o foco no desenvolvimento de tecnologia “made by Altice Labs” que é exportada não só para todas as operações da Altice, como também para clientes em 35 países em todo o mundo, beneficiando mais de 250 milhões de pessoas. A Altice Labs conta já no seu portefólio com três laboratórios: Viseu, Ribeira Brava, na Região Autónoma da Madeira, e Algarve. Estas são as três primeiras regiões do país que são alvo de investimento e de criação também de projetos de investigação científica e tecnológica, mas não serão as três únicas. Este processo de levarmos a inovação até ao território nacional é algo que vamos continuar a fazer, porque continuamos a valorizar não só o investimento e a inovação mas também o que é a proximidade ao território e às pessoas. O ano passado, na sede da Altice Portugal, foi criada uma outra incubadora de novos projetos de IT – o IoT Labs -, esta aberta à comunidade, onde parceiros, empresas ou estudantes podem desenvolver o seu projeto com a utilização de tecnologia de ponta. Esta iniciativa faz parte da política de responsabilidade social da empresa? A Altice Portugal vem há muito a explorar as oportunidades da Internet of Things (IoT), ancorada no seu ecossistema de parceiros, infraestruturas fixas e móveis, plataformas e serviços. Nesse sentido, inaugurámos em 2018 um laboratório de IoT, o Golabs.IoT, visando promover sinergias entre ‘developers’, academia, ‘startups’ e indústria, que são integrados numa agenda de acolhimento laboratorial de soluções, suporte na sua evolução até ao mercado e lançamento de serviços inovadores e competitivos, num contributo estruturado para a geração de emprego qualificado e a promoção de novos segmentos de negócio. Que outras preocupações a Altice Portugal tem para com a sociedade? Quais os principais pilares em que assenta a estratégia de responsabilidade social da Altice Portugal? Investimento, inovação, qualidade de serviço, proximidade e intervenção social, são os cinco pilares estratégicos da empresa e que marcam igualmente um

compromisso que a Altice tem com o país. Temo-lo feito através da descentralização da nossa atuação, com os périplos que têm passado um pouco por todo o território português. Esta proximidade e o facto de levarmos investimento e inovação a todos os cantos do país faz com que novas empresas nasçam por terem já as mesmas oportunidades das empresas do resto do país, em particular dos grandes centros populacionais, onde o investimento e a inovação chegam de uma forma mais rápida. Faz com que as empresas possam ser competitivas, gerando emprego e atraindo as pessoas de volta para estas zonas, o que contribui diretamente para o crescimento das economias locais e afasta o cenário de desertificação do interior. De um percurso repleto de marcos históricos responsáveis pela evolução de áreas fundamentais na sociedade portuguesa, ao nível da educação, do empreendedorismo, do bem-estar das comunidades mais desfavorecidas ou em situação de vulnerabilidade, da cultura e do acesso às comunicações, a Fundação Altice orgulha-se também de contribuir ativamente, em benefício da inclusão social, escolar e profissional da população mais carenciada, e em particular, dos cidadãos portadores de necessidades especiais. A proximidade ao cliente, particular ou empresarial, é uma preocupação da empresa. Como está a ser feita esta aproximação? Vamos ser claros, o foco no cliente, seja ele particular ou empresarial, mais do que uma preocupação é uma verdadeira prioridade da Altice Portugal. Alcançamos essa proximidade e esse foco através da personalização dos nossos serviços, dos nossos conhecimentos e da adaptação da nossa oferta às reais necessidades de cada cliente. A Altice Portugal tem vindo a reconhecer a importância da aplicação do conhecimento de forma personalizada e pessoal. Isto quer dizer soluções “tailor made” para empresas, por exemplo, mas também para o cliente particular, através de soluções como o MEO By que permite ao cliente ajustar a oferta às suas necessidades. Por outro lado, a personalização no


atendimento e na procura de soluções gera confiança do cliente em nós. Isto traduz-se na nossa preocupação com a qualidade do atendimento, desde a loja que tem um novo conceito que promove a proximidade, através do espaço amplo e sem barreiras, aos nossos ‘chatbots’ inovadores que pretendem otimizar a resposta, até aos nossos próprios colaboradores que são verdadeiros embaixadores das nossas marcas. Ainda no que diz respeito a esta proximidade gostaria de referir um posicionamento que temos e que assumimos, mais uma vez, recentemente: o MEO quer afirmar-se como uma marca de causas, dando ainda uma maior vida à assinatura “Humaniza-te”. Ora, no seguimento desta sua estratégia de proximidade com os seus clientes e com os portugueses, a Altice Portugal e o MEO juntaram-se ao debate público e, na sua primeira iniciativa, associaram-se à APAV, através da promoção de uma ação contra a violência doméstica com o objetivo de consciencializar os portugueses para esta forma de abuso. A diversificação do portefólio de serviços é também um dos objetivos da Altice Portugal, numa lógica de disrupção. Numa entrevista à agência Reuters no final de 2018, disse estar a “’discutir ativamente’” com dois bancos nacionais no sentido de alargar a sua oferta a serviços financeiros digitais de nova geração já em 2019”. Em que fase está esse processo? Hoje a Altice Portugal é mais do que uma Telco, é um ‘player’ verdadeiramente digital! Continuamos a diversificar o nosso portefólio e a trabalhar na lógica de melhorarmos os nossos serviços e sermos disruptivos, não apenas naquilo que oferecemos na área tradicional, mas também noutras áreas. Dito isto, confirmo que continuamos a analisar a possibilidade de expandir a nossa oferta para a área de serviços financeiros. Os contactos estão a ser mantidos, não com a banca de retalho tradicional, mas com os seus canais digitais de serviços de nova geração na área financeira, que em Portugal ainda estão pouco evoluídos e podem ser exponenciados com sinergias com uma entidade como uma Telco.

Numa entrevista recente ao Jornal Económico referiu que “2018 foi o ano de viragem para a Altice Portugal”, que após sete anos de perda de receita voltou a crescer. Quer falar-nos destes resultados? É verdade. Esta inflexão ao fim de sete anos, os elevados níveis de investimento e a produção de ‘cash flow’ ímpar, ao nível dos melhores europeus e muito pouco acompanhado pelos outros operadores em Portugal, são fortes indicadores de que a nossa estratégia está correta e de que a Altice Portugal está a conseguir produzir e entregar resultados. Após 7 anos de quebras de receitas, ou seja, depois de 28 trimestres, a Altice Portugal voltou a crescer no 4.º trimestre de 2018, após três trimestres de crescimento sequencial (2.º T 2018, +2,3 %; 3.º T 2018, +1,9 %; e 4.º T 2018, +0,2 %). A inversão do ritmo de queda tem sido uma constante e resulta da conjugação de vários fatores, designadamente o crescimento operacional registado nos últimos cinco trimestres consecutivos nos segmentos de consumo (B2C) e empresarial (B2B). No mercado de TV, capturámos 55 % do crescimento de mercado em Portugal, bem como 40 % do crescimento de banda larga fixa. Além disso, atingimos 44,5 mil adesões líquidas de clientes em fibra no 4º trimestre 2018. Tudo isto, mantendo o mesmo nível de investimento no nosso país. Só em 2018, investimos 430 milhões de euros, o que corresponde a metade do investimento do setor em Portugal. Destes,

122 milhões foram investidos só no 4.º trimestre de 2018. É ainda importante sublinhar que o ‘cash flow’ operacional da nossa empresa atingiu os 344 milhões de euros durante 2018, fazendo da Altice Portugal o “best performer” do setor neste importante indicador. Apesar de não fazermos ‘outlook’ para 2019, estou convicto de que 2019 será um ano histórico. Acredito que a Empresa voltará a crescer em receitas e a liderar o crescimento no seu mercado, e temos neste caminho a confiança plena dos nossos acionistas. A nossa estratégia vai continuar focada na estabilidade social interna e na melhoria dos procedimentos que reforcem a qualidade de serviço, para que possamos reforçar a liderança de mercado em todos os segmentos e áreas de negócio. Em que é que a nova Lei das Comunicações Eletrónicas veio influenciar os resultados da Altice Portugal? Quanto se perdeu ou quanto se deixou de ganhar? Como sabe a nova Lei das Comunicações Eletrónicas ainda não foi aprovada e, tendo em conta as considerações das diversas audiências que solicitámos ao Governo, Grupos Parlamentares, ANMP, ANAFRE, CIP, constatamos uma grande preocupação destes perante a exposição feita pelos operadores o que é demonstrativo da inoportunidade desta iniciativa da ANACOM. Esta vontade do regulador na alteração à Lei das Comunicações 41


À CONVERSA COM...

“A A LT I C E L A B S É O C E N T R O D E I N OVAÇ ÃO , I N V E S T I G AÇ ÃO E D E S E N V O LV I M E N T O D O G R U P O A LT I C E , E É , D E S D E S E M P R E , PA RT E AT I VA D O E C O S S I S T E M A D E I N OVAÇ ÃO D O N O S S O P A Í S .” Eletrónicas revela uma postura totalmente desconhecedora do setor das comunicações, irrealista e oportunista, pois não contempla qualquer fundamento nem estudo de impactos regulatórios, que reforça o risco que tem vindo a ser criado por este, relativamente ao futuro deste setor em Portugal. A Altice é a operadora que mais investe em Portugal, com 120 milhões de euros no último trimestre de 2018, e quase 500 milhões de euros se olharmos para todo o ano de 2018, mas a atual estratégia de investimento poderá ter de ser revista se o Regulador mantiver a atual linha de atuação. Vamos continuar a investir em inovação no nosso país, mas os valores dependem dos ciclos económicos que se vivem e, neste momento, estamos a começar a atravessar um ciclo económico que a mim, particularmente, me preocupa pelas questões que têm sido públicas do ponto de vista regulatório. Eu diria, portanto, que a capacidade de continuarmos a investir em inovação e não só, investirmos no país, vai depender muito ambiente regulatório que atravessamos. A questão da revisão da estratégia de investimento não é uma ameaça, tem de facto que ver com o atual rumo de atuação da ANACOM, cujos impactos das suas medidas e decisões deverão penalizar as receitas do grupo em 39 milhões de euros, nos exercícios de 2018 e 2019. Só em 2018, as medidas da ANACOM penalizaram as receitas em 17 milhões de euros em 2018, e prevemos um impacto de 22 milhões de euros este ano. 42

Apesar dos resultados que apresentámos e da paz social que vivemos na empresa, temos uma ameaça. Pela primeira vez na história do setor, os quatro presidentes executivos das principais operadoras portuguesas manifestaram ao ministro das Infraestruturas o seu protesto unânime contra a atuação do regulador, e isto só revela o desconhecimento que ele tem deste setor, que é um dos que mais contribui para a economia do país, com 5 mil milhões de euros anuais. Confirmam que não vão avançar no novo concurso para a TDT? Se a decisão do regulador relativamente à TDT se mantiver, a Altice Portugal não vai a concurso em 2023, e aí veremos quantas operadoras vão entrar na corrida. Vamos ver quem é que vai fornecer os serviços de TDT deste país, fazer investimentos com este regulador e vamos ver quem é que está disponível para ser complacente com esta postura regulatória. A decisão do Regulador de obrigar a MEO a reduzir em 15% o preço da TDT, é uma verdadeira alteração das regras no intervalo do jogo, e por isso avançámos com um pedido de impugnação desta decisão. No entanto, eu não escondo que estamos também, além de impugnar esta decisão da redução de custos, a equacionar outras medidas. Não nos podemos esquecer de toda a reengenharia que foi feita pela Altice Portugal, sem qualquer obrigação contratual, para que na TDT pudessem entrar dois canais da RTP e possam vir a entrar mais dois canais privados,

cujo concurso deverá ser lançado ainda durante este ano. Vamos ter que equacionar se faz sentido continuar com ela ou se temos que reverter e se a tivermos que reverter temos que saber quais são os impactos, nomeadamente, para os canais que já estão disponíveis e para os que vêm em concurso. Neste momento está tudo em cima da mesa. A Altice Portugal não só sempre cumpriu com o contrato da TDT, como, de forma totalmente “pro bono” procedeu ao alargamento da oferta de canais na TDT, lado a lado com o Governo, numa lógica de parceria e sem custos. Portanto, neste momento a nossa decisão está tomada. Não vamos concorrer à nova licença se a decisão da ANACOM se fizer valer. O Governo prorrogou o contrato de serviço universal de Postos Públicos, não acatando os princípios propostos pela ANACOM. Consideram isso uma vitória? A Altice Portugal felicita o Governo pela decisão tomada relativamente aos Postos Públicos, porque esta decisão, acima de tudo, repõe a igualdade do território e dos cidadãos. Sempre defendemos o interesse público deste serviço, porque conhecemos a realidade e as necessidades de todos os cidadãos. Trata-se de um serviço crucial sobretudo em territórios de mais baixa densidade populacional e manter o serviço de Postos Públicos nos moldes até agora definidos, garante a todos os portugueses tratamento igual. A decisão da ANACOM que recomendava


a extinção dos postos públicos, era uma decisão que revelava uma completa insensibilidade, imponderação e injustiça para os cidadãos e para o país, por ignorar particularidades sociais relevantes que merecem proteção. O elevado número de chamadas registadas, nomeadamente de emergência, assim como a dispersão geográfica destes Postos Públicos e a sua instalação em locais de grande importância social (Tribunais, Escolas, Estabelecimentos Prisionais, Hospitais, Aeroportos, etc) foram os argumentos apontados pelo Governo para não terminar a prestação deste serviço, exatamente os mesmos argumentos apresentados pela Altice Portugal para a sua continuidade. Por isso congratulamos esta decisão do Governo, que vem provar a real necessidade deste serviço no país e evidenciar a falta de conhecimento real da ANACOM em relação ao território nacional, tendo tal decisão salvaguardado o interesse público e a igualdade de acesso às comunicações. A 16 de Janeiro desde ano foi lançado o “Programa Pessoa”, um programa de saídas voluntárias, lançado pela empresa junto dos seus trabalhadores. Quer explicar em que consiste este programa? Que balanço faz desta reestruturação que ainda está em curso? O Programa Pessoa consistiu num programa totalmente voluntário, que permitiu a colaboradores com mais de 50 anos de idade optar por trocar a vida laboral ativa por outros interesses ou ambições pessoais. Uma das razões que levou ao anúncio do programa Pessoa foi a necessidade de captação de talento e do rejuvenescimento de competências de forma a anteciparmos os desafios futuros que o negócio e as condições de mercado vão determinar. Realizando um balanço do Programa, a Altice Portugal registou um número expressivo de manifestações de interesse, tendo superado a sua expetativa, o que apenas revela que as condições deste programa eram muito positivas para os colaboradores, confirmando a aposta da Empresa nos trabalhadores e o compromisso com a gestão responsável de Recursos Humanos. (Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)

Para a Altice Portugal, é clara e inequívoca a aposta nos trabalhadores e no compromisso com a empregabilidade, a gestão responsável de Recursos Humanos e a visão estratégica para o negócio em que opera. Neste sentido, o permanente investimento em recursos humanos de qualidade, cada vez mais capazes de dar respostas às exigências do mercado, é algo fulcral para que a Altice Portugal se continue a impor como a maior e mais capaz empresa de telecomunicações nacional. É por isso que, neste âmbito, vamos incorporar mais de duas centenas de colaboradores até ao final de 2019. Foi criado também um Conselho Consultivo para as relações laborais… O Conselho Consultivo para o desenvolvimento dos recursos humanos e das relações laborais da Altice Portugal é um mecanismo único em Portugal, tendo um papel consultivo ativo nas relações entre a empresa, os seus colaboradores e as estruturas que os representam. É um órgão verdadeiramente inovador, com um papel muito relevante e que está, sem dúvida, a cumprir o seu objetivo: reforçar uma política de recursos humanos que se apoia no diálogo e na valorização dos trabalhadores. Este Conselho conta com dois Presidentes Conselheiros amplamente reconhecidos nesta área dos Recursos Humanos e que assumem a presidência em regime de rotatividade, João Proença e José Silva Peneda, que integram este órgão num mandato com a duração de três anos. Com a criação deste órgão, demos um passo inédito nas relações laborais, de modo a aumentar a eficiência nas relações entre os trabalhadores e a empresa, promover uma maior capacidade de alcançar paz social e estabelecer pontes e geração de consensos. Qual o segredo para serenar os ânimos na Altice Portugal quando assumiu a presidência executiva? Não diria que dei os passos que dei para “serenar” ânimos, antes faz muito parte daquilo que considero ser a boa gestão e a gestão de pessoas. O segredo é ter o foco nas pessoas, já que nunca podemos esquecer que as relações humanas são essenciais para a política de Recursos Humanos na Altice Portugal, sendo assim possível

prosseguir estratégias assentes numa política de talento e de rejuvenescimento da empresa, por um lado, e de motivação dos que fazem parte da família Altice Portugal, por outro. Parece uma frase feita mas o maior ativo de qualquer empresa são realmente as pessoas. Os resultados dependem, em tudo, do capital humano, que assume cada vez mais uma maior importância estratégica nas empresas. Por isso mesmo, quando tomei posse como CEO da Altice Portugal elegi a comunicação como uma das prioridades. Considero que comunicar, e especialmente comunicar internamente, é um pilar fundamental em qualquer liderança, por isso privilegiei a comunicação e o contacto com os colaboradores, fazendo questão que sejam eles os primeiros a ter conhecimento dos temas relevantes e estratégicos para a Empresa, antes de serem conhecidos pelo público em geral. Comunicar bem, comunicar o que de bem se faz e o que de bem se é. Fazer com que as pessoas voltassem a sentir orgulho em trabalhar na Altice Portugal. Que conselhos daria a um jovem gestor à frente de uma empresa como a Altice Portugal? Humanizar a gestão, confiar em si, tomar decisões, mesmo que mais tarde se revelem erradas. Corrigir a trajetória faz parte do trabalho de um gestor, mas não pode ser uma pessoa que não decide. Em relação ao primeiro ponto, saber de facto que os Recursos Humanos são o maior ativo de uma empresa. Incentivar os colaboradores a fazer mais e melhor é o ponto de partida para dotá-los de orgulho de fazer parte de um projeto ambicioso e que seja uma referência de desenvolvimento económico e social de qualquer país. Acredito e defendo que o exercício da liderança não deve ser num só sentido. Acredito realmente que vetores como a proximidade e a motivação dos colaboradores são essenciais. A visão de um gestor deverá ser partilhada pela empresa e pelos seus colaboradores, no meu caso, proximidade, intensidade e confiança na relação com a equipa, mas sempre com o foco na satisfação do cliente e na qualidade do serviço. l 43


REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA

FRANCISCO SALGUEIRO

ESTÃO OS GESTORES PORTUGUESES PREPARADOS PARA O FUTURO QUE JÁ COMEÇOU? A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL TERÁ UM IMPACTO POSITIVO NO NÍVEL DAS RECEITAS E CRIARÁ MAIS EMPREGOS DO QUE AQUELES QUE DESAPARECERÃO; A DISRUPÇÃO TECNOLÓGICA É UMA OPORTUNIDADE E NÃO UMA AMEAÇA; SER VÍTIMA DE UM CIBERATAQUE É UMA CERTEZA ACTUALMENTE, SENDO APENAS UMA QUESTÃO DE “QUANDO”.

O

s CEOs portugueses estão, na sua maioria, optimistas em relação às mudanças relacionadas com a transformação digital. No cenário nacional, esta é encarada de forma positiva e muitos gestores estão mesmo determinados em aproveitar as suas vantagens competitivas. Só mesmo a questão da segurança cibernética é mais preocupante: poucos CEOs portugueses estão preparados para enfrentar um ciberataque. Estas conclusões constam do estudo Global CEO Outlook da KPMG publicado, em 2018 e em que Portugal participou pela primeira vez com uma edição própria, tendo sido inquiridos 25 CEOs das principais empresas nacionais. O estudo, a nível mundial, envolveu 1300 gestores

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das principais economias mundiais. A KPMG Portugal auscultou um conjunto de gestores portugueses de referência de entidades financeiras e não financeiras, cruzando as suas opiniões com as respostas dos CEOs mundiais. De entre os gestores inquiridos, destaque para António Rios Amorim, CEO da Corticeira Amorim; João Manso Neto, CEO da EDP Renováveis; Miguel Maya, CEO do Millennium BCP e Paulo Macedo, CEO da Caixa Geral de Depósitos, a que se juntou, para este artigo, a opinião e visão de Alberto Ramos, Country Manager do Bankinter Portugal e Dionísio Santos, Director Coordenador de IT do Lidl Portugal. Na perspectiva dos CEOs portugueses, o recurso a uma das maiores revoluções tecnológicas actuais, a Inteligência Artificial, terá implicações positivas. Os CEOs afirmam que os avanços na área

da Inteligência Artificial criarão mais empregos do que aqueles que destruirão. Há mesmo 84% dos CEOs portugueses consultados no Survey da KPMG que têm esta visão optimista. Sikander Sattar, Senior Partner, Presidente do Conselho de Administração – KPMG Portugal e Chairman, Europe, Middle East & Africa – KPMG, explica esta tendência: “numa era em que a disrupção introduzida, por exemplo, pelos avanços na área da robotização e da análise de dados, nos aproxima de capacidades que não antecipávamos há alguns anos, acredito que serão cada vez mais as características individuais dos gestores – as suas experiências e a sua visão – a marcar a diferença.” Mas estarão mesmo os gestores portugueses preparados para a actual revolução tecnológica? A maioria dos


CEOs nacionais afirmam que as empresas que lideram estão já a adaptar-se às novas tendências tecnológicas e que os desenvolvimentos tecnológicos são inevitáveis. Alberto Ramos, Country Manager do Bankinter Portugal afirma: “O Bankinter vê a Revolução Digital e, especificamente, a Inteligência Artificial e a Robótica como oportunidades para optimizar os processos internos da Banca e tornar mais eficiente a relação com os clientes, criando oportunidades para os servir ainda melhor. A Inteligência Artificial e a Robótica fazem parte de um conjunto de evoluções essenciais para responder às exigências do mercado, dos clientes bancários e das próprias organizações. Aportam naturalmente novos desafios e um longo caminho para percorrer. Por exemplo, a crescente capacidade de aprendizagem e adaptação dos colaboradores da Banca terá que ser uma realidade a curto prazo, bem como a atracção de novos talentos especializados”. Alberto Ramos explica à PRÉMIO que o Bankinter está já a optimizar os seus processos internos, integrando as novas ferramentas digitais. “Com equipas ágeis, eficientes e competitivas, conseguiremos estar preparados para adoptar tecnologias como a Inteligência Artificial, a Robótica ou o Big Data. As fintech que agora operam no segmento financeiro são outro desafio para o sector bancário. Um exemplo disso é a implementação da directiva PSD2, que abriu o negócio de pagamentos a outros operadores”, explica o Country Manager do Bankinter Portugal, concluindo: “Sabemos que a revolução digital traz importantes desafios, nomeadamente em temas como a regulação, os recursos humanos e a segurança informática”. As declarações de outros banqueiros, publicadas no estudo da KPMG, vão no mesmo sentido da opinião do Country Manager do Bankinter Portugal e reforçam, inclusive, a ideia de que a banca se tem de adaptar aos novos clientes, como por exemplo, a geração Millennial. O CEO da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, afirma: “a Inteligência Artificial, a par com as demais tecnologias potenciadoras do trabalho digital (mobile, cloud processing, big data analytics, internet of things, social media), já está a transformar estruturalmente a economia

e o mercado de trabalho. A Caixa está a adaptar a sua estratégia para incluir os clientes millennials e garantir uma maior adequação dos seus produtos e serviços às suas expectativas”. Já o CEO do Millennium BCP, Miguel Maya explica: “Estamos convictos de que o mercado irá exigir mais inovação para permitir experiências com um grau de personalização ainda maior e antecipação de expectativas de clientes, apenas possível com uma nova abordagem de fazer banca, recorrendo a tecnologia de última geração e incorporando ferramentas de data analytics e automação”. Também no caso do sector da distribuição as empresas mostram-se preparadas para a actual revolução tecnológica. É o caso do Lidl Portugal. “Acreditamos que o investimento no desenvolvimento tecnológico potenciará um conjunto de melhorias não só na experiência dos nossos clientes e qualidade de trabalho dos nossos colaboradores, em linha com o que estes valorizam, mas também na satisfação das necessidades dos fornecedores”, explica à PRÉMIO Dionísio Santos, Director Coordenador de IT do Lidl Portugal. Conquistar as novas gerações para manter os negócios em crescimento Cerca de 29% dos CEOs em Portugal, de acordo com o estudo da KPMG, consideram necessário reposicionar os seus negócios para responder às necessidades das novas gerações. Questionados sobre como responder às expectativas dos millennials, cerca de metade dos CEOs revela que a sua organização tem realizado esforços para compreender em que medida as necessidades desta geração diferem das gerações anteriores. A maioria dos CEOs indica estar preparada para liderar uma transformação organizacional radical. No entanto, entre os CEOs portugueses, um terço tem dúvidas quanto à capacidade da sua equipa de gestão coordenar a transformação digital exigida. Vitor Ribeirinho, Deputy Chairman da KPMG Portugal, refere: “O risco de disrupção e obsolescência é hoje incomparavelmente maior, independentemente da indústria. Por isso, os CEOs estão a repensar as suas ofertas, canais de distribuição e modelos de negócio, tentando perceber como podem

tirar partido da inovação tecnológica, para transformar os seus negócios e aumentar a rentabilidade.” A par com as alterações geracionais, o territorialismo, o terrorismo e as alterações climáticas, as questões da inovação tecnológica e da cibersegurança são grandes desafios que se colocam às empresas. Mas, de acordo com o Global CEO Outlook da KPMG, todos os CEOs portugueses inquiridos encaram a disrupção tecnológica como uma oportunidade e não como uma ameaça. “Consideramos que esta Revolução Digital apresenta também inúmeras oportunidades, pelo que trabalhamos diariamente no sentido de termos prontas as soluções que proporcionem uma experiência de utilização diferenciadora e que vá ao encontro das novas e crescentes necessidades dos nossos clientes”, afirma Alberto Ramos, Country Manager do Bankinter Portugal. Gestores portugueses estão optimistas quanto à Inteligência Artificial A Inteligência Artificial é um dos temas na ordem do dia quando se fala de inovação. Para a maioria dos CEOs portugueses, os avanços ao nível desta nova área de desenvolvimento terão implicações positivas ao nível do emprego: 84% dos líderes empresariais nacionais ouvidos no estudo da KPMG, acredita mesmo que a Inteligência Artificial criará mais empregos do que os que destruirá. Além de impulsionarem a transformação digital e protegerem os dados dos clientes, os CEOs estão, pois, a reconfigurar a sua força de trabalho para um futuro em que as máquinas inteligentes trabalham em conjunto com pessoas talentosas. “Pode haver, numa primeira fase, alguma deterioração da qualidade do emprego, mas será temporário. As necessidades vão-se criando”, explica João Manso Neto, CEO da EDP Renováveis, que completa a ideia com uma visão histórica: “a Revolução Industrial começou a substituir homens por máquinas, mas depois a economia foi desenvolvendo outro tipo de competências”. Tal como refere a KPMG no CEO Outlook 2018, à medida que a automação e a Inteligência Artificial reconfiguram a força de trabalho, “os CEOs estão a preparar as suas pessoas para a era das máquinas inteligentes”. 45


REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA ANTÓNIO RIOS AMORIM CEO CORTICEIRA AMORIM

ALBERTO R AMOS

PA U L O M A C E D O

COUNTRY MANAGER B A N K I N T E R PO R T U G A L

CEO CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS

“A I N T E L I G Ê N C I A A RT I F I C I A L , A PAR CO M AS D E M A I S T EC N O LO G I AS P OT E N C I A D O R AS D O T R A B A L HO D I G I TA L , JÁ E STÁ A T R A N S F O R MAR E ST RU T U R A L M E N T E A ECO N O MIA E O M E RC A D O D E T R A B A L H O.”

“A AUTOMAÇ ÃO E A IN T E LI GÊNCI A A RTI FI CI AL SÃO R EA LI DA DES QUE N OS E N T R AM PEL A P ORTA D E N TRO E Q UE TÊM TI D O UM IM PAC TO SIG N IFI C ATI VO NA NOSSA ORG A NI ZAÇ ÃO.”

“O BANKINTER VÊ A REVOLUÇÃO DIGITAL E, ESPECIFICAMENTE, A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E A ROBÓTICA COMO OPORTUNIDADES PARA OPTIMIZAR OS PROCESSOS INTERNOS DA BANCA E TORNAR MAIS EFICIENTE A RELAÇÃO COM OS CLIENTES.”

António Rios Amorim, CEO da Corticeira Amorim, explica que a automação e a Inteligência Artificial “são realidades que nos entram pela porta dentro e que têm tido um impacto significativo na nossa organização”. E prossegue: “a Corticeira Amorim está a percorrer um caminho em que os níveis de robotização, de recolha de informação no chão de fábrica, de análise de informação preditiva, são cada vez mais elevados. As maiores dificuldades e riscos com que nos deparamos são a procura de competências e soluções para uma indústria com muitas especificidades, nomeadamente ao nível da matéria prima”. António Rios Amorim explica como a sua equipa evoluiu para dar resposta a estes desafios: “A integração dos novos colaboradores na equipa de gestão, em complemento com formação aos que já estavam na organização, teve em atenção as valências da transformação digital”. No sector financeiro, a Caixa Geral de Depósitos afirma que mais de 80% dos seus colaboradores são ‘early adopters’ de novas tecnologias ou adoptam novas tecnologias quando demonstrada a sua utilidade. Já no Millennium BCP “a recente composição da Comissão Executiva, que iniciou um novo ciclo do banco, integrou

um novo membro que veio reforçar significativamente as competências na área de inovação e tecnologia”, revela Miguel Maya, CEO do Banco. O Lidl Portugal está já a preparar a nova era da automação com a construção de um entreposto moderno, inovador, com tecnologia de ponta, num modelo de indústria 4.0, “em que exploramos a automação para um edifício inteligente”, explica Dionísio Santos. O novo entreposto do Lidl, em Santo Tirso, é semi-robotizado, já que parte do armazenamento é feito de modo automático/automatizado, mediante a instalação de uma tecnologia de topo encarregue deste processo. O sistema robotizado servirá para ter uma maior capacidade de armazenamento e organização, sem com isso afectar que o trabalho e funcionamento do edifício continue a ser efectuado de forma convencional. O Director Coordenador de IT do Lidl Portugal explica que “no Lidl, entendemos que a tecnologia e a dimensão humana andam lado a lado e não se substituem. O aproveitamento dos recursos humanos é garantido a 100% nesta mudança de entreposto”.

M I G U E L M AYA

JOÃO MANSO NETO

DIONÍSIO SANTOS

CEO MILLENNIUM BCP

C E O E D P R E N O VÁV E I S

DIRECTOR COORDENADOR DE IT DO LIDL PORTUGAL

“A RECENTE COMP OSIÇ ÃO DA COM I SS ÃO EXECUTI VA (D O MILLENNI UM BCP), QU E I N I C I O U UM N OVO CI CLO D O BA NCO, I N TEG RO U U M N OVO MEMBRO QUE VE I O RE F ORÇ A R S I GNI FI C ATI VAM E N TE AS CO MPETÊNCI AS NA ÁR E A D E IN OVAÇ ÃO E TECNOLO G I A.”

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CEOs estão pouco preparados para um ciberataque A opinião dos CEOs portugueses reflecte optimismo e preparação para as novas inovações digitais,mas já a perspectiva em relação à cibersegurança é bem diferente. De acordo com o estudo da KPMG, metade dos CEOs a nível global acredita que ser vítima de um ciberataque é hoje uma inevitabilidade, uma questão de “quando”, em vez de “se”. Já os CEOs portugueses mostram-se mais optimistas, com apenas 28% a concordar com essa ideia de inevitabilidade. Nasser Sattar, Head of Advisory da KPMG Portugal, confirma que a cibersegurança ganhou importância nas agendas dos líderes: “Independentemente do sector, assistimos a um crescente despertar para a importância do valor dos dados e as organizações estão a fazer da cibersegurança uma prioridade, investindo nos seus sistemas e aumentando a sua resiliência.” Os gestores preocupam-se, pois, com a robustez das suas defesas, mas em Portugal apenas 32% dos CEOs se consideram preparados para um ataque cibernético. l

“ P O D E HAV E R , N U M A P R I M E I R A FASE , ALG U M A D E T E R I O R AÇ ÃO DA QUALI DA D E D O E M P R EG O, M AS SE R Á T E M P O R Á R I O. AS N EC E SSIDA D E S VÃO -S E C RI AN D O.”

“ACREDITAMOS QUE O INVESTIMENTO NO DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO POTENCIARÁ UM CONJUNTO DE MELHORIAS NÃO SÓ NA EXPERIÊNCIA DOS NOSSOS CLIENTES E QUALIDADE DE TRABALHO DOS NOSSOS COLABORADORES, EM LINHA COM O QUE ESTES VALORIZAM, MAS TAMBÉM NA SATISFAÇÃO DAS NECESSIDADES DOS FORNECEDORES.”


OPINIÃO

VITOR RIBEIRINHO, VICE-PRESIDENTE E HEAD OF AUDIT & ASSURANCE DA KPMG PORTUGAL

O QUE PENSAM OS LÍDERES

A

edição portuguesa do Global CEO Outlook da KPMG permite comparar as perspectivas dos gestores nacionais com as dos gestores das maiores economias globais. Sem prejuízo de uma análise mais fina, deixo aqui um conjunto de tópicos que me parecem importantes para a reflexão dos líderes. As conclusões revelam um equilíbrio entre optimismo e prudência, assente nos sinais positivos que a economia apresenta, mas que não esquece um conjunto relevante de incertezas. Vivemos num mundo conectado, onde os eventos ganham escala rapidamente e onde a agenda de riscos muda de forma imprevisível. Desta forma, uma gestão assente na expectativa e no “esperar para ver” não é mais opção. Cada vez mais, espera-se que sejam os gestores a assumir a liderança em áreas como cibersegurança ou geopolítica, compreendendo as suas implicações e riscos para o negócio. Por outro lado, maximizar as oportunidades implica estar alinhado com as mudanças geracionais. Os consumidores de amanhã esperam que as organizações entendam as suas prioridades e valores. • Ciber-riscos: 49% dos inquiridos consideram que sofrer um ciberataque é inevitável (28% em Portugal). Mudanças geracionais: 38% dos inquiridos indicam que • será necessário reposicionar o negócio para responder às necessidades dos millennials (28% em Portugal). Geopolítica no Board: o proteccionismo é apontado como • principal ameaça ao crescimento, quer em Portugal quer a nível global. Uma visão pragmática Os CEOs reconhecem que as organizações ainda dependem das fontes de receita tradicionais, mas estão conscientes da necessidade de encontrar alternativas na era digital. Cabe aos executivos um papel fundamental na promoção da inovação nas suas organizações. • Perspectivas optimistas: 90% estão confiantes quanto às perspectivas de crescimento da sua empresa (84% em Portugal) e 67% confiam no crescimento da economia global (92% em Portugal). • Uma dose de pragmatismo: 55% prevêem um crescimento de receitas inferior a 2% (64% em Portugal) e 52% referem que só depois de atingirem as suas metas de crescimento é que contratarão novas competências (Portugal: 48%).

O digital torna-se pessoal Os CEOs tentam liderar a agenda da transformação. Mas, para garantir que a estratégia digital não é prejudicada pela pressão por resultados imediatos, há que gerir as expectativas dos ‘stakeholders’. Trabalhando em conjunto com os ‘boards’ e outros actores, é possível mapear diferentes cenários para o futuro do negócio e definir novos KPIs. Por exemplo, capitalizar os dados dos clientes deve ser um elemento crítico das estratégias de crescimento, sem perder de vista a gestão reputacional, numa era em que a protecção de dados está na ordem do dia. É para os seus líderes que os colaboradores olham à procura de orientação, à medida que a inovação em áreas como a Inteligência Artificial e a automação tornam mais próxima a substituição de funções e a necessidade de gerir a transição da força de trabalho. Liderar a transformação: 71% dos CEOs estão • preparados para liderar uma transformação organizacional radical (Portugal: 64%). O CEO como data protector: para 59% a protecção dos • dados dos clientes é uma responsabilidade pessoal e crítica (Portugal: 48%). Robôs geradores de emprego: 62% acreditam que a • Inteligência Artificial criará mais emprego do que destruirá (Portugal: 84%). Intuição vs dados Num mundo onde as exigências dos clientes, as tendências tecnológicas e as ameaças mudam constantemente, actuar com agilidade está a tornar-se a nota dominante do negócio. Nesse sentido, muitas organizações já apostam em redes de inovação e na colaboração com ‘startups’, mas nem sempre materializam os resultados desse investimento. Os CEOs devem focar-se em gerar valor a partir dessas redes de colaboração e em superar barreiras críticas, como os desafios culturais. Agilidade significa ainda ser capaz de identificar novas oportunidades e a utilização de ferramentas de análise de dados será essencial. Os CEOs de alto desempenho serão aqueles que conseguirem combinar experiência e intuição com ‘insights’ baseados em dados. • Para 59% dos líderes, a agilidade é a nova moeda dos negócios (Portugal: 64%). • Nos últimos três anos, 67% colocaram a sua intuição acima de ‘insights’ baseados em dados (Portugal: 80%). l

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ADVOCACIA

OPINIÃO

JOSÉ LUÍS MOREIR A DA SILVA, SÓCIO DA SRS ADVOGADOS

TRANSPORTES PÚBLICOS COM FALTA DE COMBUSTÍVEL POLÍTICO! Batiam os idos de junho de 2015 quando se tornou pública a Lei 52/2015, tão ansiosamente aguardada, e o histórico Regulamento do Transporte em Automóvel (RTA, para os entendidos) chegava ao seu fim, sessenta e sete anos depois! As festas não se fizeram apenas por não ser comum uma lei durar tantos anos, devendo ser das poucas (se ainda alguma) que ainda permaneciam em vigor com origem nos anos quarenta do século XX (1948). Mas também por a nova lei de 2015 pretender anunciar uma nova era para o transporte público coletivo de passageiros, dando finalmente seguimento ao Regulamento 1370/2007, da União Europeia, que obrigava os Estados membros a regulamentarem esse tipo de transporte, de forma a que um novo regime pudesse entrar em vigor em toda a Europa, no final de 2019. Mais uma vez o Governo português resolveu ir para além do que a Europa obrigava, e entendeu de também aproveitar para dar um passo decisivo na descentralização da gestão do transporte coletivo de passageiros, transferindo para as Autarquias Locais a quase totalidade das competências na matéria. O que no vetusto RTA se encontrava centralizado no Governo, passou a estar agora nas mãos dos 48

Municípios e das Comunidades Intermunicipais. São estas - quase por completo, com poucas exceções que o Governo ainda manteve – que passam a ser as novas Autoridades de Transporte em Portugal! O Governo também voltou atrás na privatização de vários operadores públicos de transporte, em Lisboa e no Porto, como a CARRIS, o METRO e os STCP, que havia sido iniciada pelo Governo anterior, que já não fazia sentido face à nova estratégia descentralizadora em curso. Também, resolveu atribuir a concessão do operador CARRIS ao Município de Lisboa, para que este pudesse ter um ainda maior controlo sobre os transportes na Cidade. Não só acabava assim o RTA, como acabavam também as inúmeras tentativas de levar por diante Autoridades Metropolitanas de Transporte, dirigidas centralmente pelo Governo, como se previa ainda na Lei de Bases dos Transportes, manifestamente desatualizada. Criou-se igualmente um novo regulador: a Autoridade de Mobilidade e Transportes, com a missão de regular o setor, harmonizando praticas e intervindo sobre as contratualizações e sobre o tarifário. Quatro anos passados, porém, é ainda

assim e só assim que estamos! Isto é, com um novo quadro institucional criado, uma nova estratégia para o transporte coletivo de passageiros, com as responsabilidades devidamente transferidas do Governo para cada um dos Municípios e algumas Comunidades Intermunicipais. Mas nada mais! Ou pouco mais! Quatro anos passados e a poucos meses da entrada em vigor do novo regime de contratualização europeu, ainda pouco ou nada se vê no terreno em Portugal. Sucedem-se escassas tentativas de lançamento de concursos públicos, alguns prontamente anulados para serem refeitos e repensados, iniciam-se alguns projetos pilotos… A preocupação perpassa por todo o setor! Que se vai passar em dezembro de 2019? Mais uma vez fez-se o mais fácil: o quadro legislativo. Ficou por fazer o mais difícil: vencer as dificuldades de mudar de sistema. Alguém se esqueceu que as Autarquias nunca tinham gerido os transportes, ainda para mais quando se quer algo novo e nunca até agora feito. Manifestamente, alguém julgou que bastava publicar uma lei para que tudo acontecesse… Mas os autocarros não andam sem combustível, e as reformas não andam sem combustível político para fazer acontecer! l (Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)


ADVOCACIA

OPINIÃO

PEDRO PAIS DE ALMEIDA, ADVOGADO, SÓCIO NA ABREU ADVOGADOS E PRESIDENTE CESSANTE DA UNION INTERNATIONALE DES AVOCATS (UIA)

BIG BROTHER IS WATCHING YOU!...

C

omo certamente sabem, atualmente, os cidadãos são obrigados a comunicar na sua declaração de IRS quadro 11, do Anexo J, da declaração Modelo 3 do IRS - a existência e a identificação de contas de depósitos ou de títulos abertas em instituições financeiras no estrangeiro, de que sejam titulares, beneficiários ou que estejam autorizados a movimentar. Na mesma linha, já havia quem defendesse que as contas Revolut também tinham de ser objeto de comunicação ao fisco. Prontamente o fisco veio através do Ofício Circulado n.º 20.211, de 2019-04-18, esclarecer que a Revolut são meras contas de pagamento e nessa medida os contribuintes detentores das mesmas não estarão obrigados a declará-las ao fisco. Mas nem tudo são boas notícias... A Lei n.º 17/2019, de 14 de fevereiro, veio estabelecer um novo regime de comunicação obrigatória ao fisco de informações financeiras dos cidadãos residentes em Portugal. Estou certo que este novo regime passou despercebido para a grande maioria dos cidadãos. Tentou ser subtil a forma de criar esta nova obrigação para as instituições financeiras. Uma Lei que adita o artigo 10.º-A, ao Decreto(Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)

Lei n.º 64/2016, de 11 de outubro com a epígrafe “Regime de comunicação obrigatória de informações relativas a contas financeiras cujos titulares ou beneficiários sejam residentes em território nacional”. Assim, as instituições financeiras passam a ter o dever de comunicar ao fisco, por via e em formato eletrónico, até ao dia 31 de julho de cada ano as informações relativas ao ano anterior, respeitantes às contas financeiras existentes nas respetivas instituições, cujo saldo ou valor agregado no final do ano civil, exceda cinquenta mil euros e de cujos titulares ou beneficiários sejam residentes em território nacional. Esta lei entrou em vigor no dia 15 de fevereiro de 2019 e é aplicável às informações abrangidas pelo novo regime que respeitem ao ano de 2018 e aos anos seguintes. Há quem defenda esta nova medida como “Os dados servem como desincentivo à ocultação e têm importante função preventiva”. Em vez de partir do princípio que os cidadãos são pessoas de bem, o legislador (ou melhor dizendo, os deputados do PS, BE e PCP, que aprovaram a nova lei, com a abstenção do CDS-PP e o voto contra do PSD), partem da premissa que é preciso vigiar permanentemente os cidadãos

residentes em Portugal, pois são todos potenciais suspeitos de evasão e fraude fiscais. É caso para perguntar para que servem as normas do Regime Geral das Infrações Tributárias? Para quem não saiba, constitui contraordenação fiscal, as omissões ou inexatidões nas declarações ou noutros documentos fiscalmente relevantes, punido com coima entre 375 EUR e 22.500 EUR, para pessoas singulares ou entre 750 EUR e 45.000 EUR para pessoas coletivas. E quando o imposto em falta for igual ou superior a 15.000 EUR por declaração, é considerado crime de fraude fiscal, punido com pena de prisão até três anos ou multa até 360 dias. Para além de outros tipos de crime fiscal existentes no Regime Geral das Infrações Tributárias (Burla tributária, Abuso de confiança, etc.) a fraude fiscal qualificada é punível com pena de prisão de dois a oito anos para as pessoas singulares e multa de 480 a 1920 dias para as pessoas coletivas, quando a vantagem patrimonial for de valor superior a 200.000 EUR. Assim, impõe-se a pergunta! Porque não se punem os infratores em vez de se vigiarem todos os cidadãos? Muito triste este estado de coisas, mas infelizmente a devassa da vida privada dos cidadãos veio para ficar... l 49


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ADVOCACIA

OPINIÃO

RUI PATRÍCIO, ADVOGADO E SÓCIO DA MOR AIS LEITÃO GALVÃO TELES, SOARES DA SILVA & ASSOCIADOS

OS DADOS SÃO O NOVO PETRÓLEO, PORÉM DIFERENTE

O

uve-se e lê-se cada vez mais a frase que constitui a primeira parte do título deste texto, e num duplo sentido. Por um lado, os dados são - sobretudo num mundo, numa economia e num modo de vida onde a informação, o consumo, a tecnologia, a inteligência artificial, et cetera, assumem um papel preponderante - uma matéria prima essencial, à semelhança do que o combustível fóssil foi e ainda é no nosso tempo industrial. E, por outro lado, se assim é, se a quantidade e a qualidade dos dados que formos capazes de recolher, analisar, tratar, armazenar, produzir e utilizar é (e será) assim tão importante, então trata-se de uma matéria prima valiosa, e esse é o segundo sentido da analogia com o petróleo. É indiscutivelmente verdade, e num tempo onde tudo muda, e rapidamente, a mudança e a sua gestão (incluindo a geoestratégica) também passam muito por aqui. Embora, na verdade, estejamos ainda bem longe de dispensar o petróleo, pelo que talvez melhor fora dizer que os dados são, não o novo, mas um outro petróleo. Ora, sendo tão importantes e valiosos, e como aconteceu com o petróleo (porventura, tarde), temos que prestar muita atenção à sua recolha, produção e utilização, e aos impactos que tudo isso tem e pode ter, ou seja, temos - como todos sabemos, mas nem todos praticamos, coletiva e/ ou individualmente - de apostar

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fortemente na atenção, na regulação e na fiscalização. Nesta linha de raciocínio, mantém-se válida a analogia com o petróleo, na medida em que o perigo vai de par com a importância e com o valor, e a chave não está em meter a cabeça na areia ou em querer negar a evidência, e a evidência é a importância crescente dos dados no nosso presente e no nosso futuro. A chave não é o se, é o como. Mas as necessidades de atenção e de regulação fortes acentuam-se muito se pensarmos que se trata de matéria prima que tem pelo menos duas grandes diferenças relativamente ao petróleo, as quais redobram os perigos e a necessidade de cuidado. Por um lado, os dados não se esgotam ao ser utilizados, não são finitos, são passíveis de uma, duas, muitas utilizações. Cada barril de petróleo usa-se e desaparece, esgota-se, mas cada “barril” de dados dá para quantas vezes quisermos. E dá para o que quisermos, isto é, são múltiplas, ao sabor da imaginação / ou da necessidade, as suas possíveis utilizações. O que nos leva à segunda diferença, que se prende com os desafios éticos que os dados levantam

(bem maiores do que os suscitados pelo petróleo), pois os mesmos radicam e atingem questões essenciais do nosso modo de vida, da nossa - em sentido verdadeiro e próprio - humanidade. E isso faz uma enorme diferença. E um grande, e justificado, receio. Se a pegada ecológica também é ética, a pegada que é ética em primeira linha é um desafio novo, quase radical, em relação ao qual devemos começar por perguntar se estamos conscientes e preparados. Estaremos? Ou vamos navegando à bolina, ao sabor dos ventos de ocasião e encandeados pela força da realidade e apenas reagindo, sem agir por antecipação e sem usar, reciclando com inteligência, as lições da História? Talvez nunca o desafio tenha sido tão grande e tenha exigido tanta capacidade de previsão e de planeamento. O mesmo é dizer, de ver bem longe e bem antes. l


JORNALISMO

OPINIÃO

FILIPE ALVES, DIRECTOR DO JORNAL ECONÓMICO

REIVENTAR A IMPRENSA ECONÓMIC A

A

o longo das últimas décadas, o sector da comunicação social tem passado por um difícil processo de transformação, que pôs o nosso mundo de pernas para o ar. As audiências mudaram os hábitos de consumo de informação, os anunciantes desviaram o investimento para outros suportes e o modelo de negócio tradicional, que em tempos permitiu a “industrialização” dos media, praticamente colapsou. Tudo isto obrigou as empresas do sector a tentarem encontrar novas fontes de receita na era digital, a par de um perpétuo esforço de racionalização e corte de custos. O jornalismo económico não escapou a esta tendência e o que sucedeu em Portugal nos últimos anos – com o desaparecimento do líder histórico e o surgimento de novos ‘players’ – foi em parte consequência desta conjuntura. Confrontado com a falência do modelo que vigorou durante um quarto de século, o sector foi obrigado a reinventar-se, reduzindo estruturas, procurando novas fontes de receita, fidelizando os “velhos públicos” e indo ao encontro de novos. É um processo muito duro, com custos

humanos e sociais muito significativos. Não obstante estas dificuldades, existem razões para considerarmos que o pior já passou e a estarmos optimistas em relação ao futuro. Em primeiro lugar, porque a necessidade aguça o engenho e todos os dias testamos novas soluções tecnológicas para melhor servirmos os nossos leitores. O objectivo é tornar a experiência de consumo de informação o mais simples, rápida e intuitiva possível, adaptando-a aos diferentes públicos. Por outro lado, a imprensa económica está permanentemente a tentar encontrar novas formas de monetizar os conteúdos que produz, encontrando-se na dianteira nesta área. A tendência será, cada vez mais, no sentido de uma importância cada vez maior das subscrições digitais, com as vendas em banca a perderem relevância. Vejamos, a título de exemplo, o caso do Jornal Económico. No final de abril, o nosso jornal tinha uma circulação total na casa dos nove mil exemplares por semana (em papel e digital). Deste total, as vendas em banca representaram cerca de 10%. Já as subscrições digitais representaram cerca de metade da circulação total, enquanto as assinaturas em papel e as vendas em bloco (a empresas e instituições) foram responsáveis pela maior parte da restante circulação. Isto é apenas o início e estimamos que, nos próximos três anos, o canal digital passe a representar mais de 70% da circulação do

nosso jornal, graças às novas soluções tecnológicas que facilitam a monetização dos conteúdos. Num futuro próximo, soluções como os micropagamentos vão mudar a forma como os leitores consomem informação, com uma crescente diferenciação, em termos qualitativos, entre os conteúdos que são de acesso gratuito e aqueles que são de acesso condicionado. Quer isto dizer que o papel está condenado? Ao contrário de outros ‘players’ do sector, acreditamos que vamos continuar a ter jornais e outras publicações em papel. Ter uma edição impressa é uma vantagem competitiva e um instrumento de marketing que credibiliza as publicações. Por residual que seja, a presença em banca e a distribuição por assinatura vão continuar a existir, porque haverá sempre quem prefira o papel. Mas estas edições serão, cada vez, uma linha no orçamento de marketing das empresas de media. Mas há ainda outra razão para que quem acredita no jornalismo possa estar optimista em relação ao futuro. Mais do que nunca, os cidadãos sentem a falta de jornalismo de qualidade. Perante o atual oceano de “fake news”, os meios de comunicação social que souberem regressar às origens e aos velhos valores do jornalismo – de independência, rigor e isenção – continuarão a ter um lugar no mercado. Estes valores são, cada vez mais, percebidos como decisivos para a afirmação e credibilidade das marcas de informação. Sem credibilidade, as marcas não têm valor. E, não tendo valor, não terão futuro. credibilidade, que se conquista com seriedade, honestidade e independência, é a chave do futuro. l 53


DOSSIÊ ENERGIA&AMBIENTE

AS TENDÊNCIAS NO SECTOR ENERGÉTICO TRENDS IN THE ENERGY SECTOR

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DIOGO QUEIROZ DE ANDRADE

APESAR DE O INVESTIMENTO PRIVADO NAS RENOVÁVEIS PARECER ESTAR A ACONTECER NA EUROPA NOS ÚLTIMOS ANOS, COM O CONTRIBUTO DA ABERTURA DE OPORTUNIDADES NOS PAÍSES EMERGENTES, SÓ UMA RENOVAÇÃO GERACIONAL DOS LÍDERES DEVERÁ TRAZER CONSIGO UMA FRESCURA DE IDEIAS QUE CONDUZA A APOSTAS MAIS DECISIVAS NAS RENOVÁVEIS E NA CONSEQUENTE PENALIZAÇÃO DOS COMBUSTÍVEIS TRADICIONAIS.

A

Europa é o grande mercado global para as renováveis. O objectivo para o ano que vem continua a ser atingir os 20% da energia total consumida graças a renováveis, com o seu crescimento a acelerar na próxima década. As estimativas mais conservadoras apontam para uma penetração de mercado a atingir os 32% em 2030, mas esse valor deverá andar mais próximo dos 40%. Isso torna o mercado das renováveis ainda mais interessante e interessa perceber porquê. A primeira grande tendência, como em todos os mercados, é o custo. A evolução tecnológica parcialmente sustentada por subsídios públicos está finalmente a produzir os resultados desejados e os custos já competem com os fósseis. Dados avançados pelo estudo “Bloomberg New Energy Finance” confirmam que a eólica e a solar já estão a par das tradicionais, pelo menos na Alemanha, o mercado que lidera o continente. Ainda assim o copo está meio vazio: demorou-se demasiado tempo a chegar até aqui e as expectativas para novas fontes energéticas, como as geotermais, estão longe de se concretizar. A expectativa é que a solidez de algumas renováveis permita o desvio de investigação científica fundamental para sectores inovadores, algo que já foi assumido pela União como prioridade para o próximo ciclo orçamental 2021-27. Mas a grande alteração terá de ser política e social. E isto verifica-se a vários níveis: como se viu nos últimos meses, a causa ambiental é não só partilhada por uma geração como parece ser a única causa capaz de mobilizar milhões de jovens para a acção política. Isto será, mais cedo ou mais tarde, explorado pelos partidos que deverão começar a competir por esta fatia inexplorada do eleitorado. Ao mesmo tempo, a renovação geracional dos líderes deverá trazer consigo uma frescura de ideias que conduza a apostas mais decisivas nas renováveis e na consequente penalização dos combustíveis tradicionais. A Agência Internacional de Energia estima que a Europa tenha gasto perto de 112 mil milhões de euros em cada um dos últimos anos só para subsidiar combustíveis fósseis, algo que se vai inverter rapidamente. Mas com custos: o aumento dos preços dos combustíveis tradicionais vai levar a maior descontentamento das camadas menos favorecidas e protestos como o dos coletes amarelos irão pôr à prova a resiliência das democracias ocidentais.

E

urope is the biggest global market as regards renewables. The target for next year is to reach 20% of the total energy consumed by renewables and to allow this to grow further in the next decade. The most conservative estimations point to a market penetration of 32% by 2030, but this figure should be closer to 40%. This makes the renewables market even more interesting and it is important to understand why. The first major trend, as in all markets, is cost. Technological developments partially supported by public subsidies are finally producing the desired results and costs are already competing with those of fossil fuels. Data from the “Bloomberg New Energy Finance” study confirm that wind and solar are already on par with traditional energy sources, at least in Germany, the leading market in the European continent. Still the glass is half empty: it took too long to get here and expectations as regards new energy sources, such as geothermal, are far from being met. The importance of some renewables is expected to lead to the diversion of fundamental scientific research into innovative sectors, something which has already been stated by the European Union as a priority for the next budget cycle 2021-27. But the major change will have to be political and social. And this happens at several levels: as we have seen in recent months, the environmental cause is shared not only by a generation but seems to be the only cause capable of mobilizing millions of young people for political action. This will be sooner or later explored by the parties as they are expected to start competing for this unexplored share of the voters. At the same time, the generational renewal of leaders should bring with it new ideas leading to more decisive bets on renewables and the respective penalization of traditional fuels. The International Energy Agency estimates that Europe has spent close to € 112 billion in each of the last few years just to subsidize fossil fuels, something that will be reversed rapidly. But at a cost: raising fuel prices will lead to greater discontent among the less advantaged sectors of society and protests such as the yellow jackets will test the resilience of Western democracies. 55


DOSSIÊ ENERGIA&AMBIENTE

Até porque a transição digital para energias limpas vai fazer evaporar mais empregos tradicionais do que aqueles que serão criados, o que cria maior pressão sobre os Estados. Claro que nada disto se passa sem a mudança de hábitos de consumo, e está por provar que a mudança geracional seja suficiente para implicar mudanças a curto prazo. A transformação que tem de ocorrer é estrutural e implica alterações de fundo. Até a alimentação terá de mudar de forma sustentada, como demonstrou o último estudo das Nações Unidas que garante que se o gado fosse um país, seria o terceiro maior produtor de gases para o efeito de estufa, a par dos Estados Unidos e com o dobro das emissões da Índia. Ainda assim, há sectores que deverão crescer depressa: a Comissão Europeia estima que o número de “casas inteligentes” aumente 1000% entre 2016 e 2021, conduzindo a uma maior eficiência energética. Outro factor determinante será o maior aproveitamento de matériasprimas, graças ao crescimento da indústria de reciclagem. Uma das frases-chave dos próximos anos será “economia circular”, um movimento que começa a mostrar sinais interessantes ao nível da sociedade civil nas sociedades mais desenvolvidas. Para os próximos anos há a esperar desenvolvimentos que permitirão um retorno ainda maior nos investimentos. Avanços decisivos na tecnologia de armazenamento desta energia são absolutamente estruturais e é aí que se centra a maioria da I&D a nível europeu. E se, até meio desta década, o investimento privado nas renováveis continuava a desiludir, a inversão parece finalmente ter acontecido. A abertura de oportunidades nos países emergentes deverá continuar a contribuir para maiores investimentos, embora ainda seja preciso que se verifique uma geracional no topo das grandes corporações para que isso ocorra em definitivo. O factor geopolítico não é de somenos: a China domina hoje um terço dos mercados energéticos da União Europeia, o que vai aumentar de forma decisiva com a consolidação da sua estratégia “Belt and Road”. Isso permitirá eficiências cruzadas a nível do continente, mas poderá surgir um contraciclo estrutural caso a crescente globalização seja perturbada (por um conflito militar ou outra alteração profunda dos eixos de poder). Uma última nota que, sendo ainda especulativa, demonstra o real poder da tecnologia para mudar hábitos de produção e consumo. Face a uma lentidão estrutural dos reguladores que continuam a limitar a produção e distribuição no novo paradigma energético, há grande esperança na tecnologia “blockchain”. Esta poderá permitir um ambiente seguro para transacções que levem à criação de um mercado sólido de transação energética – e será garantidamente uma área onde se verão investimentos na década que se segue. l

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Furthermore, the digital transition to clean energy will lead to the evaporation of more traditional jobs more than those that will be created, thus generating more pressure on the Governments. But in order for such a changes to occur we need to change our consumption habits and it’s yet unproven that a generational change will be enough to generate changes in the short term. We need structural transformation and this involves fundamental changes. And the way we eat will have to change in a sustained way. See for example the latest United Nations study showing that if cattle were a country it would be the third largest producer of greenhouse gases, along with the United States and with double of India’s emissions. Nevertheless, there are sectors that are expected to grow rapidly: the European Commission estimates that the number of “smart houses” will increase by 1000% between 2016 and 2021, leading to greater energy efficiency. Another key factor will be the greater use of raw materials, thanks to the growth of the recycling industry. One of the key words of the coming years will be “circular economy,” a movement showing interesting signs at the level of civil society in more developed societies. The next few years will bring developments that will allow even greater returns on investment. The decisive breakthroughs in the storage technology for this type of energy are absolutely structural and that is where most R & D at European level is concentrated. And if, until the middle of this decade, private investment in renewables continued to disappoint, things seem to be changing finally. New opportunities in emerging countries should continue to contribute to greater investment, although a generational change at the top of large corporations has to occur to make it happen. The geopolitical factor is not insignificant: China now dominates one third of the European Union’s energy markets and which will clearly increase with the consolidation of its “Belt and Road” strategy. This will allow cross-efficiencies across the continent, but a structural counter-cyclical case may arise if the growing globalization is disturbed (by military conflict or other profound change in power axes). One last note that, albeit speculative, shows the real power of technology to change production and consumption habits. In light of the structural slow pace as regards the work of regulators who continue to limit production and distribution in the new energy paradigm, there is great hope in blockchain technology. This could allow a safe environment for transactions leading to the creation of a solid energy transaction market - an area where investments are due to increase in the next decade. l


PORTUGAL TEM OPORTUNIDADE ÚNICA DURANTE A TRANSIÇÃO ENERGÉTICA MUNDIAL A UNIQUE OPPORTUNITY FOR PORTUGAL DURING THE GLOBAL ENERGY TRANSITION

SALVADOR PACHECO

A NEUTRALIDADE CARBÓNICA É UM DOS GRANDES OBJECTIVOS DO EXECUTIVO PORTUGUÊS PARA AS PRÓXIMAS DÉCADAS. ESTA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA DE PORTUGAL LEVARÁ À REDUÇÃO DA EMISSÃO DE GASES COM EFEITO DE ESTUFA E TRARÁ UMA OPORTUNIDADE ECONÓMICA ÚNICA PARA O PAÍS.

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Governo português apresentou, no final de 2018, o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 (RNC50), documento que integra os objectivos expressos no Acordo de Paris e que traça um caminho para Portugal atingir a neutralidade carbónica nos próximos 30 anos. Este documento, bem como todas as apresentações e declarações que se seguiram, demonstram o compromisso do Governo com este tema, sendo de esperar que muitas das decisões futuras tomadas por Executivos e Instituições Públicas, nas áreas da energia e ambiente, tenham em consideração o roteiro traçado. Na apresentação do RNC50, o Ministro do Ambiente e Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, sob o qual recai o pelouro deste documento, sintetizou da seguinte forma os objectivos deste trabalho: “Para Portugal ser neutro em carbono em 2050 significa reduzir, a partir de 2017, de 68 para 12 megatoneladas as emissões de CO2” e “aumentar de 9 para 12 a capacidade de sequestro florestal de que o nosso País dispõe”. Ou seja, reduzir e compensar. Para atingir estes objectivos, o Ministro identificou os três eixos

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t the end of 2018, the Portuguese Government presented the Roadmap for Carbon Neutrality 2050 (RNC50), a document that includes the goals expressed in the Paris Agreement and outlining the path Portugal should follow to achieve carbon neutrality over the next 30 years. This document and the presentations and statements that followed show the Government’s commitment and most of the future decisions made by the Government and Public Institutions in the areas of energy and the environment are expected to take the established roadmap into account. In the presentation of the RNC50 roadmap, the Minister of the Environment and Energy Transition, João Pedro Matos Fernandes, in charge of drawing this document, summarized the objectives of this work as follows: “In order for Portugal to be carbon neutral in 2050 it will have to move, as of 2017, from 68 to 12 megatons of CO2 emissions “and” to increase the capacity of forest capture capacity available in our country from 9 to 12 megatons.” This means reducing and compensating. 57


DOSSIÊ ENERGIA&AMBIENTE da actuação para conseguir a neutralidade carbónica: a valorização do território, a economia circular e a descarbonização da sociedade. A implementação eficaz deste Roteiro cria oportunidades únicas para o País: contribuir decisivamente para o combate às alterações climáticas que assolam o Planeta Terra, dando o exemplo a outros países na redução das emissões poluentes e na inovação; e definir e potenciar um caminho de crescimento contínuo e sustentável da economia nacional, algo que pode advir das oportunidades económicas que esta transição energética mundial pode trazer. Uma transformação com resultados quase constantes Uma das principais conclusões que se pode retirar do Roteiro, é que para alcançar a neutralidade carbónica, o meio é tão essencial como o fim, existindo várias metas intermédias que é necessário atingir antes do objetivo final de 100% da energia consumida em Portugal ser de fontes renováveis. O documento defende a substituição paulatina das fontes de produção energética mais poluentes por outras garantindo, acima de tudo, a “segurança do abastecimento”, como referiu Nuno Lacasta, Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, numa apresentação sobre o tema. O anúncio recente de que as Centrais Termoelétricas, como as de Pego e Sines, deverão abandonar o carvão nos próximos 10 anos, substituindo esta matéria prima por algo menos poluente como biomassa ou gás natural, são disso um exemplo. O Gás Natural irá mesmo, de acordo com o Roteiro, continuar a ganhar peso na produção e consumo energético nacional, antes de começar a perder importância dentro de 20 anos. Apesar de ser uma energia fóssil, o Gás Natural é consideravelmente menos poluente que o carvão, petróleo e seus derivados líquidos, pelo que tem papel central neste Roteiro. Inovação precisa-se Outro dos motivos pelos quais não é possível uma mudança imediata do estado actual para as energias renováveis é a má relação qualidadepreço da tecnologia existente. É necessária a optimização da tecnologia para produção de electricidade a custos acessíveis através de fontes renováveis, como é o exemplo dos painéis solares; há o desafio de ter fontes de armazenamento de electricidade com boa relação custocapacidade; e potenciais novas fontes de energia revolucionárias, como o hidrogénio, ainda estão longe da sua implementação total. As empresas do sector energético, automóvel, construção, ambiente, entre outros, estão há vários anos a trabalhar para garantir a sustentabilidade do seu negócio, e isso envolve a preparação para investir em R&D e a preparação para actualizar ou descontinuar equipamento ou técnicas actualmente em funcionamento. As pessoas, por sua vez, irão adaptar-se e dentro de poucas décadas, o Roteiro prevê que muitos consumidores, famílias ou empresas, produzam e armazenem a sua própria energia eléctrica. Até lá, o futuro passa por uma produção em grandes centrais ou parques energéticos. O potencial económico desta transformação Toda esta dinâmica de transformação vai criar oportunidades de negócio e de crescimento económico para o País. Numa apresentação do Diretor-geral da Direcção-Geral de Energia e Geologia, João Bernardo, este afirmava que o investimento estimado previsto no sector da energia até 2030 será de 22 a 24 mil milhões de Euros, contribuindo isto não só para redução em cerca de 50% da 58

In order to meet these goals, the Minister identified the three main actions to achieve carbon neutrality: the development of the territory, the circular economy and the decarbonisation of society. Effective implementation of this Roadmap creates unique opportunities for the country: making a clear contribution to fight climate changes that devastate Planet Earth, setting the example for other countries as regards reducing polluting emissions and innovation; and defining and fostering a path of continuous and sustainable growth of the national economy as the result of economic opportunities this global energy transition may bring with it. A transformation with almost constant results One of the main conclusions that can be drawn from this Roadmap is that in order to achieve carbon neutrality the environment has to be as essential as the goals themselves. There are several intermediate goals that need to be achieved before the final objective of 100% of energy consumed in Portugal through renewable sources. The document advocates the gradual replacement of the most polluting sources of energy production with others and ensuring, above all, “security of supply”, as Nuno Lacasta, President of the Portuguese Environment Agency, said during a presentation on this issue. The recent announcement that Thermoelectric Power Plants such as those Pego and Sines should abandon coal in the next 10 years, replacing this raw material with something less polluting like biomass or natural gas are a good example of this Natural Gas will, according to the Roadmap, continue to have a major role in national energy production and consumption and is due to start decreasing in 20 years. Despite being a fossil energy, Natural Gas is considerably less polluting than coal, oil and its liquid derivatives and has a central role in this Roadmap. Innovation needed Another reason for the failure to operate immediate changes in the current state of renewable energy is the poor value for money of existing technologies. We need to optimize the technology for the production of electricity at affordable costs through renewable sources, as is the case with solar panels; there is the challenge of good cost-capacity sources of electricity storage; and potential new sources of revolutionary energy, such as hydrogen, are still far from being fully implemented. Companies in the energy, automotive, construction, environmental and other sectors have been working for several years in order to ensure the sustainability of their business and this involves preparing to invest in R & D and to upgrade or discontinue equipment or techniques currently in operation. People, in turn, will adapt and within a few decades, the Roadmap predicts that many consumers, households or companies will produce and store their own electricity. Until then, the future involves production in large power plants or energy farms. The economic potential of this transformation This transformation will create business opportunities and economic growth for the country. In a presentation by the Director General of the Directorate-


CONJUGAND O A REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE CO2 E O SEQUESTRO D O M E S M O AT R AV É S D A P R O M O Ç Ã O D A F L O R E S TA , M A I S P R O T E G I D A E R E S I S T E N T E A I N C Ê N D I O S , E M 2 0 5 0 P O R T U G A L D E V E R Á AT I N G I R A NEUTR ALIDADE CARBÓNICA

emissão de Gases com Efeito de Estufa, face a 2005, mas também para a criação de emprego, a riqueza e o bem-estar no País. Exemplo disto é o potencial económico que a indústria do lítio, peça fundamental para que se concretize este Roteiro, tem para Portugal. O RNC50 é claro a referir que o que se pretende nos próximos 30 anos é que haja uma “electrificação” da economia, sendo quase todas as formas de energia que chega ao consumidor substituídas por esta, produzida através de fontes renováveis. O lítio é, para já, a única fonte de qualidade no armazenamento de electricidade e será ainda mais essencial na economia mundial, quando a investigação permitir desenvolver baterias mais pequenas, baratas, eficazes e duradouras, com capacidade suficiente para que uma casa produza e armazene a sua energia. E Portugal é o País da Europa com mais minério de lítio, o qual precisa de ser refinado para depois poder vir a ser utilizado no fabrico das referidas baterias. Por essa razão, o Governo criou o Grupo de Trabalho “Lítio” e está a organizar um concurso internacional de atribuição de novas concessões, as quais, juntamente com uma refinaria que produzirá cloreto ou hidróxido de lítio. Por si só, esta indústria tem potencial para ser transformadora do País e atrair fabricantes de baterias e componentes automóveis, indústria na qual Portugal já tem tradição. O mesmo sucede com as potenciais reservas de gás natural existentes no nosso País, e que, a confirmar-se a viabilidade da exploração comercial do mesmo, poderão ter um papel preponderante nesta transição energética de Portugal. Com o consumo de gás natural a aumentar, tal como prevê o RNC50, Portugal terá de importar cada vez mais LNG, o qual tem um impacto ambiental consideravelmente mais elevado que o gás local ou importando por gasodutos. Assim, a potencial existência de gás natural em território nacional, que a empresa que detém as concessões, a Australis Oil & Gas, já comunicou poder ser em quantidade equivalente a duas vezes e meia o consumo nacional de gás natural em 2017, poderá ter uma forte contribuição nas metas para a neutralidade carbónica, mas também um significativo impacto positivo na balança comercial. O gás natural e o minério de lítio são exemplos concretos de como Portugal tem uma oportunidade de conjugar a redução da emissão de gases com efeito de estufa com uma oportunidade económica para o País, que pode assim assumir um papel de relevo a nível internacional. Juntamente com a investigação e inovação que muitas empresas nacionais estão a desenvolver, o RNC50 pode tão simplesmente ser o mapa que identifica o ‘cluster’ energético como o futuro da economia nacional. l

General for Energy and Geology, João Bernardo, the latter stated that the estimated investment forecasted in the energy sector by 2030 will be between €22 and €24 billion, leading not only to a reduction of around 50% of greenhouse gas emissions compared to 2005, but also to job creation, wealth and well-being in the country. A clear example of this is the economic potential of the lithium industry, a key element for the realization of this Roadmap, for Portugal. The RNC50 is very clear, stating that the intention is to achieve “electrification” of the economy in the next 30 years, e.g. almost all forms of energy should be replaced by the latter and produced through renewable sources. Lithium is for now the only source of quality storage of electricity and will be far more essential for the world economy after the development of smaller, cheaper, effective and long lasting batteries with enough capacity to allow homes to produce and store their own energy. And Portugal is the country in Europe with more lithium ore, which needs to be refined before it can be used to manufacture these batteries. For this reason, the Government created the “Lithium” Working Group and is currently organizing an international tender to award new concessions and the building of a refinery to produce lithium chloride or hydroxide. This industry alone has the potential to transform the country and attract manufacturers of batteries and automotive components, an industry in which Portugal already has a tradition. The same happens with the potential reserves of natural gas available in our country, and which, should the feasibility of commercial operation prove right they may play a major role in this energy transition in Portugal. With the increase in natural gas consumption, as predicted in the RNC50 roadmap, Portugal will have to import more and more LNG, which has a considerably higher environmental impact than local gas or gas imported via pipelines. Thus, the existence of natural gas in the national territory, which the company that owns the concessions, Australis Oil & Gas, has already reported can be in the amount of two and a half times the national consumption of natural gas in 2017, may provide a strong contribution for carbon neutrality targets and will have also a significant positive impact on the trade balance. Natural gas and lithium ore are good examples of how Portugal has an opportunity to combine the reduction of greenhouse gas emissions with economic opportunities for the country and can therefore play an important role internationally. Together with the research and innovation many national companies are developing, RNC50 may become the right roadmap to single out the energy cluster as the future of the national economy. l 59


DOSSIÊ ENERGIA&AMBIENTE

OPINIÃO

HUGO COSTA, DEPUTADO DO PS

ENERGIA & AMBIENTE

O AMBIENTE E A SUSTENTABILIDADE NAS POLÍTICAS PÚBLICAS THE ENERGY & ENVIRONMENT ENVIRONMENT AND SUSTAINABILIT Y IN PUBLIC POLICIES

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s alterações climáticas a que assistimos são uma realidade incontornável que devemos enfrentar e que implicam que estejamos preparados para assumir novos e diferentes desafios. A introdução de novos hábitos e paradigmas representam os desafios dessa sustentabilidade. Desafios para os quais estamos todos intrinsecamente ligados. Cidadãos, empresas e decisores públicos, todos são parte da solução. O ambiente e a sustentabilidade ganham, deste modo, centralidade nas políticas públicas. Os dados são claros, preocupantes e desafiantes quando nos demonstram que a temperatura média da superfície da Terra aumentou 2,5ºC em 250 anos, levando, entre outros, aos problemas do degelo e ao consequente aumento do nível da água do mar, sendo que a denominada erosão costeira é apenas umas das faces mais visíveis. Mas existem outros sinais evidentes de que algo não está bem, nomeadamente, a desertificação de um conjunto significativo de territórios, as crises de falta de água ou simplesmente a mudança dos comportamentos na fileira agroflorestal, gerando mesmo a escassez de alguns alimentos. Portugal, pelas suas caraterísticas geográficas, é um território onde estas alterações obrigam a uma análise mais profunda e onde as incidências podem ser mais graves. Os aterradores incêndios florestais de 2017, trazendo atrás de si consequências imprevisíveis, são uma demonstração clara de como as alterações climáticas nos obrigam a mudar comportamentos. Por conseguinte, estes desafios das alterações climáticas determinam uma alteração de paradigma na energia, sendo que o objetivo de sermos neutrais em carbono em 2050 - um desígnio nacional - obriga à redução da emissão de 90% dos gases com efeitos de estufa, sendo 60

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limate changes currently witnessed are an inescapable reality that we must face, which means we should be prepared to take on new and different challenges. The introduction of new habits and paradigms represent the challenges of sustainability. Challenges for which we are all intrinsically linked. Citizens, businesses and public decision-makers are all part of the solution. Environment and sustainability thus takes on a central role in public policies. The data are clear, worrying and challenging as they show us that the average temperature of the Earth’s surface increased by 2.5ºC in 250 years, leading, among other things, to problems such as melting of ice caps and the resulting increase of the sea level. Coastal erosion is just one of the most visible faces of this problem. But there are other obvious signs that point to the fact that something is not right, namely, desertification of a significant number of territories, water shortage crises or simply changes in behaviour in agroforestry that generates even scarcity of some foodstuffs. Portugal, given its geographic characteristics, is a territory where such changes should be the focus of deeper analysis and where such incidences can be more serious. The terrifying forest fires of 2017, which brought along unpredictable consequences, are a clear proof of how climate changes is forcing us to change behaviours. Therefore, the challenges of climate changes lead to a paradigm shift in energy and the goal of becoming carbon neutral by 2050 - a national goal - is forcing us to reduce the emissions of 90% of greenhouse gases


que mais de metade desse esforço deve ser efetuado até 2030. Do ponto de vista económico, as externalidades negativas das ameaças ambientais determinam a eletrificação da sociedade e da economia e, simultaneamente, contribuem para a descarbonização através do recurso às energias renováveis. Portugal e bem – no tempo certo – abandonou a outra alternativa, a energia nuclear, que acarretava múltiplos riscos. Portugal apresenta atualmente uma incidência perto dos 30% nas renováveis, mas, para cumprir os objetivos do PNEC – Plano Nacional de Energia e Clima, terá de chegar aos 47%. Esta incidência deve refletir-se na eletricidade, nos transportes e no aquecimento e arrefecimento, bem acima dos 32% dos objetivos da União Europeia. Em relação à produção de eletricidade a partir de fonte renovável, Portugal é um exemplo. Pelas nossas caraterísticas naturais temos todos os recursos tais como o sol, vento, rios e mar. A produção das fontes de energia renovável situa-se, no primeiro trimestre de 2019, em 58,5% (6 954 GWh) no ‘mix’ de produção de eletricidade, segundo os dados existentes. Portugal é um dos líderes europeus nesta matéria, sendo por isso possível atingir o objetivo de 80% em 2030 de produção de energia elétrica através de fonte renovável. Deste modo, Portugal soube apostar nesta fileira e hoje é um exemplo a seguir, sendo que o negócio é por si rentável, independentemente dos apoios públicos existentes. Muitas vezes, quando referimos o setor das renováveis esquecemos as questões dos transportes e da mobilidade. Muitas das análises ficam-se pela eletricidade. Mas não deve ser assim. Parte do atual problema é, exatamente, o da mobilidade, assente em combustíveis fósseis. Este setor representa 37% do consumo de energia e 75% do consumo final de petróleo. A nível dos transportes continuamos com dados na casa 8%, de renováveis, sendo o nosso objetivo, ambicioso, de 20% em 2030. Neste aspecto particular dos transportes, Portugal deve apostar em políticas de apoio ao transporte público, que obviamente têm enorme impacto ambiental e de poupança nas famílias. Precisamos, por isso, de uma aposta continuada na massificação do uso do transporte público, seja através de políticas de redução de tarifa, seja através do alargamento da sua rede e melhoria da qualidade. Em relação ao transporte de mercadorias, devemos encontrar, juntamente com as empresas do setor, formas de transporte menos poluentes e ao mesmo tempo perceber como o fazer sem que os custos aumentem, retirando competitividade à nossa economia. Outro eixo que considero crucial é a eficiência energética. Portugal ao longo dos tempos não tem cumprido estes objetivos, seja no estado, no consumo doméstico ou nas empresas. A melhor poupança energética é a energia que não é gasta e o objetivo de 35% em 2030 presente no PNEC deve ser um desígnio nacional. Paralelamente, Portugal deve garantir segurança e escala e, dessa forma, deve estender o atual mercado com Espanha e a França, rasgando os Pirenéus, permitindo ganhar a escala necessária. É um objetivo nacional que deve ser cumprido. Uma estratégia de sustentabilidade na área energia vai garantir, dessa forma, os equilíbrios necessários e promover o emprego, o crescimento e uma Sociedade com futuro. Saibamos todos nós estar ao nível desta responsabilidade. l (Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)

and more than half of this effort has to occur until 2030. From the economic perspective, the negative externalities of environmental threats lead to the electrification of society and the economy and, at the same time, contribute to decarbonisation through the use of renewable energies. Portugal and rightly so - at the right time - abandoned the other alternative, that of nuclear energy, which posed multiple risks. Portugal currently has an incidence close to 30% in renewables, but in order to meet the objectives of PNEC - National Energy and Climate Plan, we will have to reach 47%. This incidence should be reflected in electricity, transportation and heating and cooling, well above 32% of the European Union’s goals. As regards production of electricity from renewable sources, Portugal is a good example. Given our natural characteristics we have all the resources such as sun, wind, rivers and sea. In the first quarter of 2019, the production of renewable energy sources was 58.5% (6.954 GWh) in the electricity generation mix, according to existing data. Portugal is one of the European leaders in this area, hence it’s possible to achieve the objective of 80% of electricity production in 2030 through renewable sources. Portugal was able to bet on this sector and is currently an example to follow, considering that this is in itself a profitable business, irrespective of the existing Government aid. Often, when we refer to the renewable sector we forget the issues of transportation and mobility. Many of the analyses focus on electricity alone. But it shouldn’t be so. Part of the current problem is precisely mobility based on fossil fuels. This sector represents 37% of energy consumption and 75% of final consumption of oil. As regards transportation, data point to 8% renewables only and our ambitious target is to reach 20% by 2030. In this particular aspect of transportation, Portugal must bet on policies to support public transportation, which have obviously a huge environmental impact and on household savings too. We therefore need a continued commitment in order to intensify the use of public transport, either through tariff reduction policies, through the extension of its network or quality improvements. Regarding freight transport, we must find, together with the companies in the sector, less polluting forms of transportation, and at the same time perceive how to achieve this without increasing costs and make sure our economy remains competitive. Another axis that I consider crucial is energy efficiency. Portugal has not, over time, met these objectives, be it in the State, in the domestic consumption or in companies. The best energy saving is the energy that is not spent and the 35% target by 2030 contained in the PNEC should be a national goal. At the same time, Portugal must guarantee security and scale and, therefore, should extend the current market with Spain and France, crossing the Pyrenees, allowing us to gain the necessary scale. It is a national goal that must be fulfilled. A sustainability strategy in the energy area will thus guarantee the necessary balances and promote employment, growth and a society with a future. We should all be up to the task and take on this responsibility. l 61


DOSSIÊ ENERGIA&AMBIENTE

OPINIÃO

HELDER AMARAL, DEPUTADO DO CDS-PP

ENERGIA & AMBIENTE

DESÍGNIO VERDE... GREEN GOAL...

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s mais recentes tragédias ambientais, como as recentes cheias vividas em Moçambique, convocam-nos para agir de forma reativa, mas ponderada e sustentada. Muitas ações de preservação do ambiente deveriam começar por cada um de nós. Contudo, é preocupante a mais recente revelação feita pelo Observatório do Consumo Consciente: “os Portugueses querem ser amigos do ambiente, mas não estão muito disponíveis para pagar por isso”. A economia verde, a economia circular, e a produção sustentável de energia têm de corresponder a uma prioridade das políticas públicas de todos os países, mas acima de tudo devem ser uma prioridade individual. A sustentabilidade ambiental deve ser hoje avaliada de forma permanente, pois grande parte da nossa economia depende ainda de recursos provenientes de fontes esgotáveis. Um exemplo disso são os combustíveis fósseis, que são esgotáveis, mas não quantificáveis, sendo impossível perceber quando será o seu fim e qual o verdadeiro efeito desse esgotamento. A “revolta do ambiente” tem-se manifestado por via dos fenómenos associados às alterações climáticas: os 20 anos mais quentes foram registados nos últimos 22 anos, e os anos de 2015 a 2018 ocupam os quatro primeiros lugares do ‘ranking’, diz a OMM (Organização Meteorológica Mundial). As consequências para várias regiões do Mundo são dramáticas, vendo aumentado o risco de incêndio, e posta em causa a biodiversidade e a atividade agrícola. Por isso, impõe-se pensar em alternativas. 62

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he most recent environmental tragedies, such as the recent floods in Mozambique, call us to act reactively, but in a weighted and sustained manner. Many actions to preserve the environment should begin with each and every one of us. The most recent data provided by the Conscious Consumption Observatory are worrying: “The Portuguese want to be environmentally friendly, but they are not very keen on paying for it.” The green economy, the circular economy, and the sustainable production of energy must be a priority as regards public policies in all countries but it must be, above all, an individual priority. Environmental sustainability must be assessed on a permanent basis, since much of our economy still depends on resources from exhaustible sources. An example of this is fossil fuels, which are exhaustible, but not quantifiable, and it’s impossible to see when they will end and what the true effect of this depletion will be. The “environment uprising” has manifested itself through phenomena associated with climate change: the 20 warmest years have been recorded in the last 22 years, and the years 2015 to 2018 take the first four places of this ranking, according to the WMO (World Meteorological Organization). The consequences for various regions of the world are dramatic, see the increasing risk of fire and threats to the biodiversity and agricultural activity. Therefore, it is necessary to consider alternatives.


Desde o início do milénio, Portugal conseguiu reduzir o impacto carbónico da sua produção de energia elétrica em 44%. Criou um ‘cluster’ industrial do sector eólico com milhares de empregos diretos, VAB nacional nos equipamentos eólicos com crescimento exponencial, aumento das exportações e redução do défice da balança de pagamentos por via da redução da importação de combustíveis fósseis para geração de eletricidade. Aposta semelhante está a ser feita na economia verde da Europa e do Mundo: estima-se na Europa investimentos de 1 bilião de € em infraestruturas até 2020 e 2,5 biliões até 2025, enquanto no Mundo serão 40 biliões de dólares para redes elétricas, 6 biliões para renováveis, e apenas 1 bilião de dólares para o nuclear. Ao mesmo tempo, o Conselho da Europa definiu como objetivo até 2050 uma redução de 80 a 95% de emissões de gás com efeito estufa. Uma meta ambiciosa, mas também um sinal claro do caminho a seguir para a indústria, em particular para o sector energético. Descarbonizar e apostar no ‘mix’ energético ajuda a definir os vencedores do futuro, induzindo a aceleração tecnológica, promovendo as interligações e captando investimentos. Por exemplo, os investimentos programados pela União Europeia aumentarão, até 2030, quer em capex (1597 biliões de €), quer em opex (1770 biliões de €). Este aumento do investimento nas renováveis deve permitir que entre os Governos e as entidades privadas haja um equilíbrio na partilha de riscos que não ponha em causa o acesso à energia a preços equilibrados. Os fenómenos extremos continuam a ser uma realidade, principalmente em regiões subdesenvolvidas, constituindo um encargo dos países responsáveis pelas maiores “pegadas” ambientais a promoção de mudanças positivas, através da aposta em cidades inteligentes que preservem o ambiente pela utilização da tecnologia e partilha de informação, e de medidas de maior eficiência em domínios como o da habitação, e principalmente mobilidade autónoma e elétrica. Portugal, como país de grande diversidade e abundância de recursos (o mais recente, o lítio), é já uma referência na produção e consumo de energias renováveis. Somos um dos países europeus mais ricos em biodiversidade: a Rede Natura e as áreas protegidas incidem sobre um quarto dos municípios e um terço da população. As infraestruturas da rede pública de água servem cerca de 95% da população, e o tratamento de águas residuais cobre 80% do país. Temos por isso a responsabilidade de apoiar a experimentação, o desenvolvimento e produção de novas tecnologias, em especial no que diz respeito à energia solar, ao armazenamento de energia e à mobilidade elétrica. Estamos numa excelente posição para tirar partido dos nossos recursos, liderando esta transformação económica e partilhando esse êxito com todo o território nacional e internacional. l (Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)

Since the beginning of the millennium, Portugal has been able to reduce the carbon footprint of its electricity production by 44%. It created an industrial cluster of the wind sector with thousands of direct jobs, national GAV in wind power equipment with exponential growth, increased exports and reduced the balance of payments deficit by reducing imports of fossil fuels for electricity generation. A similar bet is being made on the green economy of Europe and the World: in Europe investments of €1 billion in infrastructure by 2020 are estimated and 2.5 billion by 2025; and 40 billion dollars in electricity grids, 6 billion in renewables, and only 1 billion for nuclear in the world. At the same time, the Council of Europe set a target to reduce greenhouse gas emissions by 80-95% until 2050. An ambitious goal, but also a clear sign of the way forward for the industry, in particular for the energy sector. De-carbonizing and betting on the energy mix helps defining the winners of the future, inducing technological acceleration, promoting interconnections and capturing investments. For example, investments planned by the European Union will increase by 2030 both in terms of capex (€1597bn) and opex (€ 1770bn). This increase in investment in renewables should allow a balance between risk-sharing between governments and private entities that does not jeopardize access to energy at fair prices. Extreme phenomena continue to be a reality, especially in underdeveloped regions, and it’s the responsibility of the countries with the largest environmental “footprints” to promote positive change, by investing in smart cities that preserve the environment through the use of technology and information sharing, and more efficient measures in areas such as housing, and especially autonomous and electric mobility. Portugal, a country with of great diversity and abundance of resources (the most recent is lithium), is already a reference in the production and consumption of renewable energies. We are one of the richest European countries in biodiversity: the Natura Network and protected areas cover a quarter of the municipalities and a third of the population. Public water network infrastructure serves about 95% of the population, and wastewater treatment covers 80% of the country. We therefore have a responsibility to support experimentation, development and production of new technologies, especially with regard to solar energy, energy storage and electric mobility. We have the right conditions to use our resources, leading this economic transformation and sharing that success with the whole national and international territory. l 63


DOSSIÊ ENERGIA&AMBIENTE

OPINIÃO

ARTUR TRINDADE, PRESIDENTE DO OPERADOR DO MERCADO IBÉRICO DE ENERGIA (OMIP)

ENERGIA & AMBIENTE

OS MERCADOS A PRAZO E O FINANCIAMENTO DA TR ANSIÇÃO ENERGÉTICA NO MIBEL THE FORWARD MARKET AND THE FINANCING OF THE ENERGY TRANSITION IN IBERIAN ELECTRICITY MARKET (MIBEL)

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om a aprovação definitiva do novo pacote legislativo da União Europeia denominado “Energia limpa para todos os Europeus” iniciou-se uma nova e exigente etapa para a descarbonização do sector energético europeu, em particular o elétrico, para as próximas décadas. Portugal e Espanha, através dos seus Governos e sociedade civil, já deram nota de querer estar na liderança deste projeto de transição energética. Mostrando um forte compromisso com a necessidade de combater as alterações climáticas, respeitar os acordos de Paris e tirar partido das excecionais condições dos países ibéricos para poderem liderar, na europa e fora da europa, este processo de transição energética. Entre essas condições salientaria as seguintes: 1) Não partem atrasados: quer Portugal, quer Espanha estão entre os países Europeus com maior penetração de renováveis no seu ‘mix’ energético, e mesmo aqueles que criticaram esta opção, por eventualmente ter sido dispendiosa, não podem deixar de concordar com que se tire vantagem da mesma, isto é, se tivemos mais custos do que deveríamos ter tido (e eu não estou a conceder que assim seja!) ao menos que tiremos partido dessa circunstância e aproveitemos para liderar uma transição energética à escala Continental que se afigura inevitável e legalmente solidificada no referido “pacote”. 64

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fter the final approval of the new European Union legislative package under the motto “Clean Energy for All Europeans”, a new and demanding step was taken to decarbonise the European energy sector, in particular the electric power sector, in the coming decades. Portugal and Spain, through their governments and the civil society, have already stated their wish to take the lead in this energy transition project. Both countries are firmly committed to fight climate changes, respect the Paris agreements and take advantage of the exceptional conditions of the Iberian countries in order to be able to lead, both in Europe and outside Europe, this energy transition process. Among these conditions I would highlight the following: 1) These two countries are not lagging behind: both Portugal and Spain are among the European countries with the highest penetration of renewables in their energy mix. Even those who criticized this option, for having eventually been too expensive, cannot help but agree that we should take advantage of this, that is, if the costs incurred were higher than they should have been (and I am not conceding that this is the case!) let us take advantage of that circumstance now and use this to take the lead in a continent-wide energy transition that is unavoidable and legally established in said “package”.


TA B E L A 1

2) As fontes de energia: sol, vento e água são as origens, as fontes primárias, de energia renovável para uma transição energética custo eficiente e ambiciosa. Dentro destas destaca-se a energia solar fotovoltaica que atinge hoje valores de LCOE (custo nivelado de energia) impressionantes face ao passado e face às restantes tecnologias ora nenhum país na União Europeia tem melhores condições para o aproveitamento da energia solar do que têm Portugal e Espanha. 3) Temos as instituições: sim as instituições e a governança estabelecidas no Convénio Internacional entre Portugal e Espanha, ratificado em ambos os Parlamentos Nacionais e em vigor na ordem legal de ambos os países, é uma fortaleza, uma vantagem face a outras regiões da Europa. Temos regras, estruturas regulatórias e operadores de mercado que podem dar um apoio valioso para a implementação eficiente desta transição, possibilitando uma necessária coordenação entre os sistemas elétricos de Portugal e Espanha bem como um conjunto de ferramentas já disponíveis para complementar o financiamento dos investimentos em geração que se afiguram necessários. Para o financiamento de investimentos em tecnologias “capital intensiva”, como são as energias renováveis, a contratação a prazo é fundamental, pois dá ao investidor uma maior previsibilidade dos fluxos financeiros futuros, o que contribui para a diminuição do risco e, consequentemente para a diminuição do custo médio do capital exigido pelos financiadores do investimento. Como a tecnologia é “capital intensiva” a diminuição do custo do capital é um dos principais fatores a influenciar a descida do custo médio da energia e com isso potenciar a transmissão de benefícios adicionais aos consumidores de energia e associados à transição energética. Uma das formas de contratar a prazo é a contratação

2) The sources of energy: sun, wind and water are the origins, the primary sources, of renewable energy towards a cost-efficient and ambitious energy transition. Among these, solar photovoltaic energy stands out today, give the impressive LCOE values (levelled energy cost) compared to the past, and no other country in the European Union has better conditions regarding the use of solar energy than Portugal and Spain. 3) We have the institutions: yes, the institutions and governance established in the International Agreement between Portugal and Spain, ratified by the two National Parliaments and now in force in both countries, is a strength, an advantage compared to other regions of Europe. We have rules, regulatory structures and market operators that can provide valuable contribution to the efficient implementation of this transition, thereby enabling the necessary coordination between the electricity systems of Portugal and Spain, along with the set of tools already available and that are there to complement the necessary investments in power generation. In order to secure investments in “capital intensive” technologies, such as renewable energy, long contracting is essential as it allows the investor to better predict future financial flows, thereby contributing to reduce risk and, consequently, the average cost of capital required by those securing investment. As technology is “capital intensive”, lowering the cost of capital is one of the main factors influencing the reduction in the average cost of energy, and thereby enhancing the transmission of additional benefits to energy consumers and closely linked to energy transition. One of the best ways to engage in long term contracting is bilateral contracting between producer and marketer or between producer and consumer. Another is to use market platforms such as OMIP, duly and rightly established as 65


DOSSIÊ ENERGIA&AMBIENTE bilateral entre produtor e comercializador ou entre produtor e consumidor. Outra é recorrer a plataformas de mercado como o OMIP, em boa hora estabelecido como uma ferramenta do tratado do MIBEL entre Portugal e Espanha, e que hoje pode ter uma utilidade ainda maior. A negociação em mercado (OMIP) tem um conjunto de vantagens em termos de transparência, integridade, gestão do risco, promoção da concorrência e diminuição de custos gerais de transação todas muito relevantes, quando comparada com uma prática de negociação bilateral. (Tabela 1) A questão da transparência e integridade assume aqui especial relevância, dado que as metas ambiciosas estabelecidas em Portugal e Espanha para a produção renovável permitem prever uma atomização e redução do tamanho dos potenciais produtores. Neste contexto, o funcionamento “democrático” de um mercado como o OMIP, anónimo, em que todos os agentes têm acesso à mesma informação e são tratados de igual modo, independentemente do seu tamanho, capacidade ou de antecedentes históricos (incumbentes) assegura um efectivo “level playing field” para a adequada consecução dos objectivos de transição energética. Adicionalmente, mesmo para aqueles que continuem a optar por contratos bilaterais (vulgo PPA), é possível mitigar o risco de contraparte associado, desde que cumpram determinadas regras e condições pré-definidas, compensando esses contratos numa Câmara de Compensação (contraparte central) usando para o efeito a plataforma do OMIP e da OMICLEAR (www.omip.pt e www.omiclear.pt) tal como se procura ilustrar na figura abaixo. A transição energética está ai! Estas ferramentas podem ser um complemento importante. Vamos a isso! l

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a tool of the MIBEL treaty between Portugal and Spain, and which can be of even greater use today. Trading on the market (OMIP) has a number of advantages in terms of transparency, integrity, risk management, promotion of competition and reduction of overall transaction costs, all of them far more relevant when compared to the bilateral trading practice as summarized in the table below. The issue of transparency and integrity is of particular relevance here, given that the ambitious targets set in Portugal and Spain regarding renewable energy production make it possible to forecast and reduce the size of potential producers. In this context, the “democratic” functioning of a market like OMIP, anonymous and where all agents have access to the same information and are treated equally, regardless of their size, capacity or historical (incumbent) records ensures an effective level playing field for the proper achievement of energy transition objectives. In addition, even for those who continue to opt for bilateral contracts (PPA), it is possible to mitigate the associated counterparty risk, provided certain pre-defined rules and conditions are met, by clearing these contracts in a Clearing House (central counterparty) using to that end the OMIP and OMICLEAR platform (www.omip.pt and www. omiclear.pt) as shown in the figure below. The energy transition is here! These tools can be an important addition. Let’s go for it! l

(Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)


Cinco sÊculos a trabalhar para merecer a sua Confiança.

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DOSSIÊ ENERGIA&AMBIENTE

OPINIÃO

MIGUEL SETAS, CEO DA EDP NO BRASIL

ENERGIA & AMBIENTE

LUSO-BR ASILIDADE LUSO-BRASILIDADE

R

eza a história que há quase duzentos anos atrás, no dia 7 de Setembro de 1822, às margens do rio Ipiranga, D. Pedro proclamou a independência do Brasil, naquilo que ficou conhecido como o “Grito do Ipiranga”. Desde então, Portugal e Brasil tornaramse duas nações soberanas separadas pela história. No entanto, estudos da Universidade Federal de Minas Gerais mostram que cerca de 50% dos homens brasileiros são detentores de cromossoma Y português, numa clara evidência da miscigenação que ocorreu durante a colonização. Essa miscigenação também foi no sentido inverso, ainda que em menor proporção. O patologista Manuel Sobrinho Simões, num dos seus discursos evocativos do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, fez notar que nós portugueses também somos portadores de linhagens genéticas ameríndias. Ou seja, a história separou-nos, mas a genética já tinha entrelaçado portugueses e brasileiros. A outra dimensão que nos entrelaça é o idioma. Apesar de todas as nuances e sotaques da língua portuguesa falada em ambos os países, partilhamos, na essência, a mesma língua. Como se isso não bastasse, na formação do Brasil, portugueses e brasileiros lutaram juntos para defender o vasto 68

History tells us that almost two hundred years ago, on September 7, 1822, D. Pedro proclaimed the independence of Brazil on the banks of the Ipiranga River, an episode known also as “The Ipiranga Outrcry”). Since that day, Portugal and Brazil became two sovereign nations separated by history. However, studies from the Federal University of Minas Gerais show that about 50% of Brazilian men have the Portuguese Y chromosome, a clear sign of the miscegenation that occurred during colonization. This miscegenation occurred also conversely, albeit to a lesser extent. The pathologist Manuel Sobrinho Simões, in one of his evocative speeches for the occasion of Day of Portugal, Camões and Portuguese Communities, pointed out that the Portuguese are also have of Amerindian genetic lineages. That is, history separated us, but before that genetics had already intertwined Portuguese and Brazilians. oer dimension that interweaves us is language. Despite all the nuances and accents of the Portuguese language spoken in both countries, we share, in essence, the same language. Furthermore, in the formation of Brazil, the Portuguese and Brazilians fought together to defend the vast territory of the country.


território do país. É uma situação inédita na história mundial – colonizador e colónia lutando, lado a lado, pela mesma terra. Nos 11 anos de vivência que já levo no Brasil fui-me gradualmente apercebendo que, em grande medida, portugueses e brasileiros são dois povos com um tronco comum, com diferentes graus de miscigenação, naquilo que alguns intelectuais já chamam “nacionalidade luso-brasileira”. No entanto, se através da genética, do idioma e dos laços de afetividade formamos uma “nacionalidade supra-nacional”, no investimento e nas relações comerciais ainda temos chão pela frente. A presença de grandes empresas portuguesas tornouse cada vez mais rarefeita em solo brasileiro. Efetivamente, Portugal ainda não consta do topo da lista de parceiros comerciais do Brasil. Estamos hoje nas posições 34º como cliente e 37º como fornecedor. E, em 2018, apenas cerca de 5% do nosso investimento externo foi destinado ao Brasil. O caso da EDP tem contrariado esta tendência. À data de hoje, a EDP é o maior investidor Português no Brasil. Tornouse nos últimos anos uma das 50 maiores companhias no país, onde está presente há mais 20 anos, com atuação em toda a cadeia de valor do setor elétrico e empregando mais de 3000 colaboradores diretos. No ano de 2019 faremos o nosso maior investimento no Brasil, 3 mil milhões de Reais, que representa cerca do triplo da nossa média histórica. Para além desta dimensão económica, a EDP é também o maior investidor português na valorização do património cultural luso-brasileiro. Com este investimento queremos contribuir para uma ressignificação do legado históricocultural lusitano no Brasil, amiúde maltratado pela história. É essa consciência que nos tem estimulado a abraçar grandes causas relacionadas à nossa cultura comum. Alguns exemplos são o apoio à reconstrução do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, do qual somos o principal mecenas, e o recente anúncio de patrocínio à restauração do Museu da Independência do Brasil, que apesar de estar encerrado desde 2013 é o mais recordado pelos brasileiros. Sem dúvida que a luso-brasilidade constitui um vínculo estruturante que une inexoravelmente os dois países. Confere a Portugal um estatuto diferenciado, entre todos os investidores estrangeiros no Brasil, que não pode senão ser benéfico para o capital de origem portuguesa. l

It was an unprecedented situation in world history - colonizer and colony struggling, side by side, for the same land. I lived 11 years in Brazil and during that time I grew gradually aware of the fact that the Portuguese and Brazilians are, to a large extent, two peoples with a common trunk, with different degrees of miscegenation, e.g. what some intellectuals call “Portuguese-Brazilian nationality”. However, if through genetics, language and the bonds of affection we form a “supra-national nationality”, in investment and in commercial relations we still have a long way to go. The presence of large Portuguese companies has become increasingly rare in Brazilian soil. Indeed, Portugal is not among Brazil’s top trading partners. We are today in position 34 as customer and 37 as supplier. And in 2018, only about 5% of our foreign investment went to Brazil. The case of EDP has countered this trend. Nowadays, EDP is the largest Portuguese investor in Brazil. In recent years it became one of the 50 largest companies in the country and its presence dated back 20 years, operating in the whole value chain of the electricity sector and employing over 3000 direct employees. In the year 2019 we will make our biggest investment in Brazil, 3 billion Reais, about three times our historical average. In addition to this economic dimension, EDP is also the largest Portuguese investor when it comes to help preserving the Portuguese-Brazilian cultural heritage. With these investments we want to contribute to a re-signification of the Lusitanian historical-cultural legacy in Brazil, often ill-treated by history. This acknowledgement led us to embrace great causes related to our common culture. See for example support in the rebuilding of the Museum of Portuguese Language in São Paulo, of which we are the main maecenas, and the recent announcement of our sponsorship to the renovation of the Museum of Independence of Brazil, which despite being closed since 2013 is the museum Brazilians remember most. Portuguese-Brazilian relations are a pivotal link uniting inexorably both countries. It grants Portugal a differentiated status among all foreign investors in Brazil and this can only be beneficial to Portuguese capital. l 69


R E A L E S TAT E

A S N OVA S C I DA D E S DE LISBOA THE NEW LISBON CITIES

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VÍTOR SILVA

2

018 fica marcado por vários recordes do mercado imobiliário nacional. No ano passado, e de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), foram transaccionados 178 691 imóveis, um crescimento de 16,6% face a 2017. Este é o número mais alto desde que o INE começou a divulgar estes dados, em 2009, quando foram vendidas 120 431 casas. No total, o negócio atingiua um volume de 24,1 mil milhões de euros, uma subida de 24,4% em comparação com o ano transacto. Analisando os números na Área Metropolitana de Lisboa (AML), estes representaram 48% do valor total, atingindo os 11,5 mil milhões de euros. Na AML foram vendidos 62 489 imóveis (35% do total, uma subida face aos 31,3% registados no início desta série). Em 2009, recorde-se, os números eram de 37 679 imóveis vendidos na AML, com um volume de negócio de 5,6 mil milhões de euros.

2

018 is marked by a number of records reached in the national real estate market. Last year, according to data from the National Statistics Institute (INE), 178,691 properties were traded, a 16.6% increase over 2017. This is the highest number since INE began disclosing these data in 2009, when 120 431 houses were sold. In total, the business reached a volume of € 24.1 billion, up 24.4% compared to last year. Analyzing the numbers in the Lisbon Metropolitan Area (AML), these accounted for 48% of the total value, reaching €11.5 billion. At AML, 62 489 properties were sold (35% of the total, up from 31.3% at the beginning of this series). It is worth mentioning that In 2009 these figures were 37 679 properties sold in AML, with a turnover of € 5.6 billion.

HABITAÇÃO EM PORTUGAL - VALOR TOTAL DE VENDAS EM MIL MILHÕES DE EUROS

Norte 5,6 52 834

- NÚMERO DE CASAS VENDIDAS EM 2018

+2,2

+16 392

- DIFERENÇA FACE A 2009

centro 2,7 31 590 +0,6

A. M. LISBOA 11,5 62 489 +5,9

+24 810

( EM MIL MILHÕES € )

+8 507

alentejo 0,85 10 586 +2,2

EVOLUÇÃO DO VALOR TOTAL DE VENDAS 24,1 14,1 15,6 10,4

7,7 8,3 9,5

12,4

14,8

19,3

+2 498 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

2018

algarve 2,6 15 539 +2,6

+5 412

TOTAL

24,1 +10

178 691

Fonte: INE

+58 260

> 71


R E A L E S TAT E

Com uma cada vez maior escassez de casas novas, a grande parte dos imóveis transaccionados foram habitações já usadas. No total, foram vendidas 152 212 casas usadas, 85,2% do total. Ou seja, apenas 14,8% dos negócios disseram respeito à compra de casas novas, quando em 2009 a percentagem era de quase 36,9%. Na AML os números são ainda mais extremos. Se em 2009 a venda de casas novas representava 34,1% do total de imóveis transacionados, no ano passado este valor caiu para 10,8%, tendo sido vendidos apenas 67 59 imóveis acabados de construir, cerca de metade dos 12 834 registados em 2009. É neste cenário de escassez de novas construções, que duas novas cidades se vão erguer no coração de Lisboa. O projecto mais avançado é o Prata Riverside Village, em Marvila, e tem como responsável a VIC Properties. O outro situa-se nos terrenos da antiga Feira Popular, em Entrecampos, e tem a marca da Fidelidade.

Given the increasing scarcity of new homes, most of the properties traded were already used homes. In total, 152,212 homes were sold, 85.2% of the total. That is, only 14.8% of the businesses were related to the purchase of new homes, while in 2009 the percentage was almost 36.9%. At AML the numbers are even more extreme. If in 2009 the sale of new homes accounted for 34.1% of total real estate transactions, this figure dropped to 10.8% last year, with only 67,591 newly built properties being sold, about half of the 12,834 figures in 2009. And amidst this scenario of scarcity of new buildings that two new cities will rise in the heart of Lisbon. The project in a most advanced stage is Prata Riverside Village, in Marvila, and its responsible is VIC Properties. The other is located on the grounds of the former city’s amusement park, Feira Popular, in Entrecampos, and has the trademark of Fidelidade.

No coração de Marvila e com uma vista privilegiada sobre o rio Tejo, está a nascer o Prata Riverside Village, um projecto da VIC Properties. Este empreendimento, de 12 lotes e que prevê a construção de aproximadamente 700 apartamentos, é considerado o maior projecto residencial da capital e tem a chancela do galardoado arquitecto italiano Renzo Piano, autor de obras emblemáticas como o Centro Georges Pompidou, em Paris. O arranque deste empreendimento remonta a 1999, sendo que a autarquia lisboeta demorou 12 anos para o aprovar. Em Dezembro de 2010, decorreu a cerimónia de lançamento da primeira pedra com a presença de António Costa, à época presidente da Câmara de Lisboa.

DR

P R ATA R I V E R S I D E V I L L AG E

In the heart of Marvila and with a privileged view over the river Prata Riverside Village, a project of VIC Properties, now takes shape. This development formed by 12 allotments and which will accomodotate approximately 700 apartments, is considered the largest residential project in the capital and has the seal of the award-winning Italian architect Renzo Piano, author of emblematic works such as the Georges Pompidou Center in Paris. The start of this project dates back to 1999, and the municipality of Lisbon took 12 years to approve it. In December 2010, the ceremony for the launching of the first stone was held in the presence of António Costa, then mayor of Lisbon.

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DR

Quase 20 anos depois do início do projecto, a VIC Properties decidiu investir no potencial do Prata, tendo adquirido o mesmo ao Novo Banco e à CGD. Questionado se é desta que o projecto é concluído, Luís Gamboa, COO da VIC Properties, é peremptório: “Sem sombra para dúvidas. A nossa previsão é concluir o empreendimento em 3/4 anos no máximo”. Com um investimento global de 400 milhões de euros, a VIC diz que tem uma estratégia muito clara: “Construir em Portugal e para Portugueses”. “O nosso objectivo é ter apartamentos com dimensões razoáveis e que estejam ao alcance da classe média portuguesa.”, acrescenta Luís Gamboa. Com uma área de construção, acima do solo, de 128.501 m², num total de 8 hectares, o Prata terá uma forte componente residencial (102.588 m²), mas também terá espaços dedicados para o comércio e para escritórios. A construção do primeiro lote terminou o ano passado e os apartamentos já estão todos vendidos. Entre os compradores, e segundo dados da VIC, destacam-se os portugueses (71%), mas também existem novos inquilinos oriundos da China, Brasil, Inglaterra, Alemanha, Turquia e África. Nesta altura está concluída pouco mais de 5% da área de construção. Actualmente estão em fase de construção 40 apartamentos (dos quais mais de 40% já foram vendidos quando ainda faltam 15 meses para a sua conclusão) e a previsão da VIC é que até ao final do primeiro semestre de 2019 se inicie a construção de mais dois lotes, aumentando a oferta de apartamentos em mais 200 unidades. Apesar de estar concentrada no Prata Riverside Village, Luís Gamboa adianta que: “a VIC Properties tem vários projectos previstos para Portugal estando neste momento numa fase de ‘closing’ de uma outra grande operação na grande Lisboa”. Além da capital, a empresa está também atenta aos mercados do Porto e do Algarve.

Almost 20 years after the start of the project, VIC Properties decided to invest in the potential of Prata, having acquired it from Novo Banco and CGD. Asked if this project will finally be concluded, Luís Gamboa, COO of VIC Properties, is peremptory: “Without a shadow of doubt. Our forecast is to complete the project in 3/4 years maximum. “ With a global investment of €400 million euros, VIC says it has a very clear strategy: “To build in Portugal and for the Portuguese”. “Our objective is to have apartments with reasonable dimensions and affordable to the Portuguese middle class.”, added Luís Gamboa. With a building area, above ground, of 128.501 m², for a total of 8 hectares, Prata will have a strong residential component (102.588 m²), but will also have dedicated spaces for commerce and offices. Construction of the first allotment ended last year and the apartments are already sold out. Among the buyers, according to VIC data, the Portuguese stand out (71%), but there are also new tenants from China, Brazil, England, Germany, Turkey and Africa. At this point, just over 5% of the construction area is completed. 40 apartments are currently under construction (of which more than 40% have already been sold 15 months still to go until they are completed) and the VIC forecast is that during the first half of 2019 the construction of two more lots will begin, increasing the number of apartments by a a further 200 units. Despite being concentrated in the Prata Riverside Village, Luís Gamboa said that: “VIC Properties has several projects planned for Portugal and is currently in a phase of ‘closing’ another major operation in Greater Lisbon.” Besides the capital, the company has also an eye on the markets of Oporto and the Algarve.

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R E A L E S TAT E

DISCURSO DIRECTO: DIRECT SPEECH: LUÍS GAMBOA, COO DA VIC PROPERTIES

O que será o Prata Riverside Village? O Prata Riverside Village será seguramente um espaço ímpar de habitação, lazer, de serviços diversificados, de restauração assim como de alguns escritórios. Tal como o próprio nome indica, a proximidade com o rio (“Riverside”) e a componente integrada do projecto (“Village”), pretende oferecer a quem lá vive e trabalha uma total abrangência de experiências, que vão muito além da parte residencial. Com mais de 20 mil metros destinados ao comercio e serviços, o projecto prevê a criação de um “centro comercial” ao ar livre, onde não faltarão os cafés, o ginásio, a padaria, diversos restaurantes, galerias de arte, entre muitos outros serviços, assim como um mercado único com acesso directo aquele que será o maior jardim junto ao rio em Lisboa. Além disso, o projecto conta ainda com cerca de 8.500m² destinados unicamente a escritórios.

What will Prata Riverside Village be? Prata Riverside Village will surely be a unique space for housing, recreation, diversified services, restaurants as well as some offices. As the name suggests, the proximity to the river (“Riverside”) and the integrated component of the project (“Village”), intends to offer to those who live and work there a full range of experiences, which go beyond the residential aspect. With more than 20 thousand meters for commerce and services, the project includes the creation of an open air “shopping center” where cafés, gym, bakery, restaurants, art galleries, among many other services wont miss, as well as a single market with direct access to the largest garden by the river to be built in Lisbon. In addition, the project still has around 8.500m² for offices only.

Que espaços públicos estão planeados para este empreendimento imobiliário? O Grande Espaço Público do empreendimento será o Jardim da Frente Ribeirinha que se encontra já em construção e que ficará ligado aos jardins e parque infantil na zona da Praça 25 de Abril. Este Jardim permitirá, tal como já acontece no Parque das Nações, a fruição pela população de uma zona de grande qualidade em frente ao Rio Tejo.

What public spaces are planned for this real estate development? The Large Public Space of the development will be the Jardim da Frente Ribeirinha, a riverfront garden, which is already under construction and will be connected to the gardens and playground in the area of 25 de Abril Square. This Garden will allow, just like on Parque das Nações, the population to enjoy an area of great quality in front of the Tagus River.

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O que diferencia o Prata de outros projectos imobiliários? A qualidade arquitectónica dos edifícios, a sua localização ímpar que combina o centro de Lisboa com a privilegiada frente de rio, a diversa oferta de serviços assim como a elevada qualidade dos acabamentos. Não há em Lisboa nenhum projecto que consiga oferecer tamanha qualidade de vida a quem lá viva. O facto de ser um projecto da autoria de Renzo Piano pode significar que o Prata será um marco arquitetónico na cidade de Lisboa? Diria que será um marco arquitectónico na Europa e como tal seguramente em Lisboa. Trata-se de um arquitecto com presença em praticamente todo o Globo e o seu único projecto em Lisboa é o Prata Riverside Village.

What differentiates Prata from other real estate projects? The architectural quality of the buildings, its unique location that combines the center of Lisbon with the privileged river front, the diverse offer of services as well as the high quality of the finishes. There is no project in Lisbon that can offer such a quality of life to those who will live there. The fact that it is a project by Renzo Piano means that Prata will be an architectural landmark in the city of Lisbon? I would say that it will be an architectural landmark in Europe and as such certainly in Lisbon. He is an architect with presence in practically all the Globe and his only project in Lisbon is the Prata Riverside Village.

“A Q U A L I D A D E E E S T I L O D E V I D A Q U E O P R AT A R I V E R S I D E V I L L AG E O F E R E C E É I N C O M P A R ÁV E L C O M QUALQUER OUTRO PROJETO E M CO N S T R U Ç ÃO O U P L A N E A D O P A R A L I S B O A .”

RENZO PIANO: UM PROJECTO DO ‘NOBEL’ DA ARQUITECTURA Nascido em Génova, em 1937, Renzo Piano fez a sua formação universitária na Escola de Arquitectura do Instituto Politécnico de Milão. Desde cedo deixou o seu cunho em grandes projectos, como o Centro Georges Pompidou, em Paris, provavelmente a sua obra mais marcante. Entre os vários prémios que recebeu ao longo da sua carreira, destaque para o Pritzker, em 1998, conhecido como o Nobel da Arquitectura. Renzo Piano, que assina obras em todo o mundo, tem um único projecto em Portugal, o Prata Riverside Village. Obra que, de resto, integrou a exposição “Renzo Piano The Art of Making Buildings”, que esteve em exibição na Royal Academy of Arts, em Londres.

RENZO PIANO: A PROJECT BY THE ‘NOBEL’ OF ARCHITECTURE Born in Genoa in 1937, Renzo Piano graduated from the School of Architecture of the Polytechnic Institute of Milan. From early on he left his imprint on major projects such as the Georges Pompidou Center in Paris, probably his most remarkable work. Among the many awards he received throughout his career the Pritzker in 1998 stands out, also known as the Nobel of Architecture. Renzo Piano, who signs works all over the world, has a single project in Portugal, the Prata Riverside Village. In addition, he was part of the exhibition “Renzo Piano The Art of Making Buildings”, held at the Royal Academy of Arts in London.

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R E A L E S TAT E

A N O VA V I DA DA F E I R A P O P U L A R THE NEW LIFE OF THE FEIRA POPULAR GROUNDS It was by the end of last year that the group Fidelidade announced that it had won the public auction held by the Lisbon City Council, having guaranteed the award of the four lots that made up the former Popular Fair, for a total investment of €273.9 million. According to the company, this business “will not only boost the construction of the new headquarters of the Group in Lisbon, but also to participate in a real estate project that is truly innovative and transformative in the city, which will define a new centrality

CML

Foi já no final do ano passado que o grupo Fidelidade anunciou que venceu a hasta pública realizada pela Câmara Municipal de Lisboa, tendo garantido a adjudicação dos quatro lotes que compunham a antiga Feira Popular, num investimento total de 273,9 milhões de euros. Segundo a empresa, este negócio “permitirá não só impulsionar a construção da nova sede do Grupo em Lisboa, mas também participar num projecto imobiliário verdadeiramente inovador e transformador

para a cidade, que definirá uma nova centralidade, com alta criação de valor e visibilidade internacional.” “A dimensão e localização deste Empreendimento torna-o único em Lisboa e a nível nacional, e com características de se poder tornar um projecto de referência a nível Internacional. É um projecto de grande complexidade e impacto na cidade. Queremos fazer algo emblemático. Mais do que edifícios, queremos um local. Isso exige equipas multidisciplinares e muito profissionais que tenham experiência internacional de projectos desta magnitude. Trabalharemos muito de perto com a Câmara Municipal de Lisboa”, sublinha à PRÉMIO Jorge Magalhães Correia, Presidente do Conselho de Administração da Fidelidade. Será nos terrenos da antiga Feira Popular, que a maior seguradora do mercado português vai concentrar os vários serviços que actualmente estão dispersos por vários edifícios da cidade, conseguindo, desta forma, “não só proporcionar melhores condições de trabalho, mas também reforçar os seus rácios de eficiência”, explica a companhia. 76

with high value creation and international visibility. “ “The size and location of this development makes it unique in Lisbon and at national level, and with the characteristics of becoming a reference project at the international level. It is a project of great complexity and impact in the city. We want to do something emblematic. More than buildings, we want a place. This requires multidisciplinary and highly professional teams with international experience of projects of this size. We will work closely with the Lisbon City Council, “emphasizes Jorge Magalhães Correia, Chairman of the Board of Directors of Fidelidade. It will be in the grounds of the former amusement park Feira Popular that the largest insurance company in the Portuguese market will concentrate the various services currently scattered through various buildings in the city, thus ensuring “not only better working conditions, but also reinforce their ratios of efficiency, “the company explains.


But the Entrecampos project will not include only the new headquarters of Grupo Fidelidade. In addition to offices, commerce and services, there will also be a housing area. And the group headed by Jorge Magalhães Correia believes that this project “will certainly translate into the potential encounter with other investors and partners who, together with Fidelidade, will make this venture an icon of our city.” “This is a very stimulating challenge to create in this new place of the city, in a harmonious and integrated way, three distinct experiences - Offices, Commerce and Housing, combined with leisure solutions, conviviality and culture, in a place of excellent accessibility and very central. Ensuring that the balance of all these aspects can be achieved in this area is a central concern for us. At

equilíbrio de todas estas vertente é uma preocupação central que temos. Neste momento, ainda estamos a trabalhar e desenvolver todo o planeamento global do empreendimento e acreditamos que em 2020 já teremos obras a iniciarem-se no local”, adianta ainda a empresa. Presentemente, o grupo está a definir as equipas que colaboração no projecto, nomeadamente arquitectos, os gabinetes para a elaboração dos projectos de engenharia, assim como consultores de diversa natureza visando o adequado posicionamento do projecto. A Fidelidade adianta ainda que está a criar as equipas de acompanhamento com a CML, com definição de um contrato de urbanização que regule as responsabilidades do promotor e do município. Após a Fidelidade ter passado a ser adjudicatária definitiva destes terrenos e, de acordo com o regulamento do processo de hasta pública, o grupo assinará em breve a escritura de compra e venda destes quatro lotes de terreno, situados no coração de Entrecampos. A empresa acredita que no próximo ano irá dar início às obras no local. l

the moment, we are still working and developing all the global planning of the venture and we believe that by 2020 we will already have works starting at the site “, the company further pointed out. At present, the group is defining the teams that collaborate in the project, namely architects, offices for the design of engineering projects, as well as consultants of diverse nature aiming at the proper positioning of the project. Fidelidade also states that it is creating the follow-up teams with CML, with the definition of an urbanization contract that regulates the responsibilities of the promoter and the municipality. After Fidelidade has become the definitive tenderer of these lands and, according to the regulation of the auction process, the group will soon sign the deed of purchase and sale of these four plots of land, located in the heart of Entrecampos. The company believes that next year will start the works on site. l

CML

Mas o projecto de Entrecampos não vai compreender apenas a nova sede do Grupo Fidelidade. Além de escritórios, comércio e serviços, existirá também área para habitação. E o grupo liderado por Jorge Magalhães Correia acredita que este projecto “irá certamente traduzir-se no potencial encontro com outros investidores e parceiros que, conjuntamente com a Fidelidade, tornarão este empreendimento um ícone da nossa cidade”. “Trata-se de um desafio muito estimulante criando neste novo local da cidade, de forma harmoniosa e integrada, três vivências distintas – Escritórios, Comércio e Habitação, aliadas a soluções de lazer, convívio e cultura, num local de excelentes acessibilidades e muito central. Assegurar que nesta zona se possa encontrar o

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R E A L E S TAT E

OPINIÃO

RAFAEL ASCENSO, DIRECTOR-GERAL DA PORTA DA FRENTE/CHRISTIE’S INTERNATIONAL REAL ESTATE

O MERCADO IMOBILIÁRIO EM PORTUGAL THE REAL ESTATE MARKET IN P ORTUGAL 2018, um ano de posicionamento de mercado A Christie’s International Real Estate, no seu último relatório de 2018 da plataforma “Luxury Defined”, destaca Portugal como um dos 8 países com maiores compradores internacionais, em que Lisboa assume o protagonismo. Este relatório apresenta uma análise anual da dinâmica global de imóveis de luxo da rede Christie’s International Real Estate, especialista líder mundial em segmento médio-alto e alto. Após um ano de crescimento pouco acentuado em 2016, as vendas de casas de luxo internacionais recuperaram o fôlego em 2017 e continuaram em 2018. A crescente confiança do consumidor, as baixas taxas de juros, um mercado de ações robusto e uma economia global estável impulsionaram a procura por este segmento de imóveis. Em Portugal, os números reforçaram este interesse internacional, fruto do investimento da nossa empresa na captação de mercados estrangeiros através de mais de uma dezena de eventos no estrangeiro em 2018 e um forte investimento em marketing digital segmentado. Vendemos a 36 diferentes nacionalidades, entre elas brasileiros, franceses, suecos, chineses, americanos, entre outros. A Porta da Frente Christie’s fechou 362 negócios, sendo que o comprador português dominou com 155 vendas e um valor médio de compra a rondar os 800.000€, o brasileiro com 86 e um valor médio de 1.000.000€, e o francês com 17 negócios e um valor médio de 1.200.000€. O que procuram os clientes no segmento ‘premium’ Em primeira instância, o melhor serviço que o mercado lhes pode oferecer para comprar ou vender um imóvel. Procuram quem os possa aconselhar e orientar na melhor estratégia para a venda da sua propriedade, e, no caso dos compradores, quem melhor entenda as suas necessidades e possa apresentar o imóvel com as características pretendidas na localização que mais se ajusta ao seu perfil. O que procuram é um serviço de acompanhamento constante. O aconselhamento, o enquadramento de mercado, o apoio nos processos administrativos e o seguimento pós-venda são serviços que sempre nos distinguiram no mercado da mediação imobiliária. 78

2018, the year of market positioning Christie’s International Real Estate refers to Portugal as one of the 8 countries with the largest international buyers, particularly in Lisbon, in its last report of 2018 contained in the “Luxury Defined” platform. This report offers an annual review of the global dynamics of luxury real estate in the Christie’s International Real Estate network, the world’s leading specialist in the mid-high to high segment. After a year of sluggish growth in 2016, sales of international luxury homes were back in force in 2017 and continued into 2018. The growing consumer confidence, low interest rates, a robust stock market and a stable global economy boosted demand for this property segment. In Portugal, the figures reinforce this international interest, as a result of our company’s investment to attracting foreign markets in more than a dozen events abroad in 2018 and a strong investment in segmented digital marketing. We sell to 36 different nationalities particularly Brazilians, French, Swedes, Chinese and Americans, among others. Christie’s Porta da Frente closed 362 deals and Portuguese buyers were predominant with 155 sales and an average purchase value of around € 800,000, the Brazilian with 86 and an average value of € 1,000,000, and French with 17 deals and an average value of 1,200,000 €. What customers are looking for in the premium segment The best service the market can offer them is first and foremost buying or selling a property. They seek those people who can advise and guide them in devising the best strategy for the sale of their property, and in the case of buyers, people who understand their needs and can present them properties with the desired characteristics in the location that best fits their profile. They look for a constant monitoring service. Counselling, help in understanding the market framework, support in administrative processes and post-sale followup are some of the services that have always helped us make a difference in the real estate market.


Para além do sigilo e da descrição, os clientes compradores que chegam até nós, pretendem imóveis especiais. E claro que a localização é talvez o fator de escolha mais importante. Normalmente, um imóvel numa boa localização é também uma propriedade bem pensada e com excelentes acabamentos. Mas se esse não for o caso, muitos dos nossos clientes não se importam de fazer obras para adaptar ao seu gosto. Outros só procuram casas ou apartamentos prontos sem necessidade de obras ou em construção (é o caso da maior parte dos estrangeiros que nos procuram). Alguns dos fatores mais importantes para a escolha dos nossos clientes estrangeiros contemplam a segurança (somos o 4º país mais seguro do mundo), a hospitalidade com que recebem o próximo, a oferta de infraestruturas e um custo de vida muito abaixo da média europeia.

In addition to secrecy and discretion, buyers who come to us want special properties. And location seems to be obviously the most important choice factor. Typically, a property in a good location is also a well-designed property with excellent finishes. But when that’s not the case, many of our customers don’t mind making works to adapt them their taste. Others are only looking for ready houses or apartments without the need for works or under construction (that’s the case of most foreigners who come to us). Some of the most important factors for our foreign customers are security (we are the 4th safest country in the world), warm hospitality, the provision of infrastructure and a cost of living well below the European average.

2019, o ano de consolidação Tem-se especulado bastante a propósito do que acontecerá ao mercado imobiliário em 2019, especialmente sobre a sustentabilidade dos preços praticados nos últimos dois anos. Na nossa visão e análise do mercado imobiliário português, acreditamos que este ano haverá um equilíbrio natural entre a oferta e a procura, o que acabará por estabilizar os preços. O mercado imobiliári o sofreu quase uma década de desvalorização e estagnação, consequência da crise económica que Portugal atravessou, pelo que a sua recuperação e desenvolvimento foram essenciais nos últimos anos. Contudo, e apesar deste crescimento, Portugal continua a oferecer oportunidades de investimento imobiliário com preços por m2 bastante abaixo da média europeia, e com uma qualidade de construção muito superior.

2019, the year of consolidation There has been much speculation about what will happen in the real estate market in 2019, especially as regards the sustainability of prices in the last two years. In our view and based on our analysis of the Portuguese real estate market, we believe that this year will witness a natural balance between supply and demand and an eventually prices stabilisation. The real estate market suffered almost a decade of devaluation and stagnation, as a consequence of the economic crisis that Portugal went through, because its recovery and development were essential in recent years. However, despite this growth, Portugal continues to offer real estate investment opportunities with prices per m2 well below the European average and with a much higher building quality.

Uma empresa com mais de 20 anos de experiência no mercado imobiliário Somos uma empresa de mediação imobiliária fundada em 1995. Em 2012, depois de um rigoroso processo de seleção, fomos escolhidos pela Christie’s para representar a marca nas zonas de Lisboa, Cascais, Oeiras e Alentejo. Esta afiliação à Christie’s International Real Estate tem sido muito importante para a nossa internacionalização. O alcance internacional e as estratégias de marketing globais da rede Christie´s tem-nos permitido chegar a muitos clientes estrangeiros de grande poder aquisitivo, o que nos torna únicos e exclusivos no segmento médio-alto e alto. Iniciámos atividade com um escritório em Cascais, e em 2010 expandimo-nos para Lisboa com abertura de um espaço na Avenida da Liberdade. Este escritório teve um crescimento notável e hoje estamos no topo das mediadoras do nosso segmento. Mais recentemente, resolvemos apostar forte em Oeiras. Um mercado que se tem estado a desenvolver nos últimos anos, e que tem uma margem de progressão muito grande. Em 2016, abrimos uma loja no Fórum Oeiras, um dos espaços mais modernos do concelho. E nestes dois anos e meio conseguimos ganhar uma posição de destaque num mercado em que o segmento médio-alto e alto estava muito carente de serviços de mediação de qualidade. Integramos atualmente uma equipa com mais de 90 profissionais sediados nos escritórios de Lisboa, Cascais e Oeiras, especializados em prestar um serviço integral de apoio aos seus clientes, em todas as etapas do negócio. A principal missão da Porta da Frente Christie’s é privilegiar um serviço de excelência a todos os nossos clientes. l

A company with more than 20 years of experience in the real estate market We are a real estate agency formed in 1995. In 2012, after a thorough selection process, we were chosen by Christie’s to represent the brand in the areas of Lisbon, Cascais, Oeiras and Alentejo. This affiliation with Christie’s International Real Estate was very important for our internationalization. The international reach and global marketing strategies of the Christie’s network have allowed us to reach many foreign clients with high purchasing power, thus making us unique and exclusive in the medium-high and high segment. We started our activity with an office in Cascais, and in 2010 we expanded to Lisbon and opened an office on Avenida da Liberdade. This office witnessed a remarkable growth and today we are at the top of the mediators of our segment. More recently we decided to make a strong bet in Oeiras, a market where margins have been growing in recent years and which is progressing. In 2016, we opened a store at Oeiras Forum, one of the most commercial modern spaces in the county. And in these two and a half years we have been able to establish a prominent position in a market where the upper-middle-upper and upper-class segment lacked quality mediation services. We currently have a team of more than 90 professionals based in our Lisbon, Cascais and Oeiras offices, specialized in offering an integral service to support its clients, in all stages of the business. The main mission of Christie’s Porta da Frente is to offer high quality services to all our clients. l

(Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)

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INTERNACIONAL ANGOLA

DO POÇO AO POSTO: MUITO TRABALHO POR DETRÁS DE GESTOS SIMPLES FRO M TH E WE L L TO T HE PET RO L STAT IO N: S I M P L E AC T I O N S T H AT A R E T H E R E S U LT OF A LOT OF WORK

DAVID RODRIGUES

CRIADA EM 1976, A SONANGOL - SOCIEDADE NACIONAL DE COMBUSTÍVEIS DE ANGOLA - É A CONCESSIONÁRIA EXCLUSIVA PARA A EXPLORAÇÃO DE HIDROCARBONETOS LÍQUIDOS E GASOSOS NO SUBSOLO E NA PLATAFORMA CONTINENTAL DE ANGOLA. FIQUE A CONHECER A ACTIVIDADE DA EMPRESA E TODO O TRABALHO QUE ESTÁ POR DETRÁS DE UM GESTO SIMPLES, COMO POR EXEMPLO, ABASTECER UM VEÍCULO.

A

bastecer um carro ou um gerador com combustível, andar de comboio, de avião ou de barco, acelerar no asfalto ou mesmo guardar comida em caixas ou sacos de plástico são rotinas desde há muito. E, como é normal em tudo o que sejam rotinas, nem pensamos que possa haver algo em comum entre todos estes momentos. Mas há e tem um nome: hidrocarbonetos. Os hidrocarbonetos são o que move a Sonangol - e o mundo como o conhecemos. O petróleo é a face mais visível, ou omnipresente, destes compostos. O “ouro negro”, como é igualmente chamado,

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efuelling a car or a generator with fuel, riding a train, airplane or boat, speeding up on the asphalt or even storing food in boxes or plastic bags has long been routine. And, as is normal in everything that is routine, we often don’t realise what these action have something in common. But they do and they have a name: hydrocarbons. Hydrocarbons are what drives Sonangol - and the world as we know it. Oil is the most visible, or omnipresent, face of these compounds. “Black gold,” as it is also called,


pelo seu elevado valor – não apenas monetário, mas como base de tantos produtos do nosso dia-a-dia –, faz parte da nossa vida. É geralmente no posto que o vemos (ou melhor, usamos), na forma de gasolina ou gasóleo, mas há todo um percurso desde que é formado, até chegar a nós. É um percurso que vai do poço ao posto. E a Sonangol faz este percurso todos os dias, através das diferentes unidades da companhia que trabalham nas três principais actividades da indústria de petróleo: ‘upstream’, ‘midstream’ e ‘downstream’. De forma mais simplificada, estes segmentos traduzem-se em algumas etapas onde as palavras de ordem são conhecimento e profissionalismo: pesquisa, perfuração, desenvolvimento e produção, transporte, armazenamento, refinação e, por fim, distribuição (mais conhecida por comercialização). O início é a pesquisa Tudo começa com a pesquisa, na qual se procuram, no subsolo (em terra – ‘onshore’, ou no mar – ‘offshore’), acumulações de hidrocarbonetos (líquidos e gasosos, resultantes da decomposição de matéria orgânica, submetida a altas pressões e temperatura durante milhões de anos) em quantidades suficientes para que valha a pena extraí-los. Nesta fase, recolhemos dados geológicos e geofísicos das formações existentes no subsolo, ou reservatórios de petróleo e gás, geralmente em áreas a que se chama concessões, porque são concessionadas pelo Estado, por um determinado período de tempo, a alguma empresa ou grupo de empresas. Havendo evidências que existem hidrocarbonetos (petróleo ou gás), geralmente entre os 1.500 e os 4.000 metros abaixo do solo,

given its high value - not only monetary but as the basis of so many products in our daily life - is part of our life. We get to see this usually when we take to the petrol station in the form of gasoline or diesel but there is a whole journey from where it is formed until it reaches us. It’s a journey that takes us from the well to the petrol station. And Sonangol does this every day, through the different units of the company operating in the three main activities of the oil industry: ‘upstream’, ‘midstream’ and ‘downstream’. Putting it simply, these segments translate into steps where the buzzwords at play are knowledge and professionalism: research, drilling, development and production, shipment, storage, refining and, finally, distribution (better known as commercialization). In the beginning there is research It all starts with research whereby we look in the subsoil (onshore and offshore) for hydrocarbon accumulations (liquid and gaseous, resulting from the decomposition of organic matter, subjected to high pressure and temperature for millions of years) in sufficient quantities to be worth extracting. At this stage, we collect geological and geophysical data from underground formations, or oil and gas reservoirs, usually in areas called concessions, granted by the state for a certain period of time to a company or group of companies. If there is evidence that there are hydrocarbons (oil or gas), usually between 1,500 and 4,000 meters below the ground, 81


INTERNACIONAL ANGOLA partimos para a fase de perfuração, ou sondagem, recorrendo a tecnologia muito sofisticada para atingir as rochas onde estão estes produtos (as rochas-reservatório). As sondagens podem ser feitas no mar ou em terra, com plataformas de perfuração que, no caso do ‘offshore’, são instaladas sobre uma base flutuante, podendo, ou não, ter propulsão própria (geralmente são móveis, ainda que, na fase de laboração, fiquem, naturalmente, ancoradas ao leito marinho). Havendo hidrocarbonetos em quantidade comerciais serão feitos mais furos e poços (chamados produtores e injectores) para acelerar a sua extracção dos reservatórios. Na maior parte dos casos, o petróleo e o gás apresentam pressão suficiente para virem naturalmente à superfície. Não apresentando, recorremos a bombas ou outras técnicas que forçam a sua subida.

Guardar e transportar Depois de extraído o petróleo ou o gás passamos para a fase seguinte, o seu armazenamento e transporte – seguindo-se o seu processamento, para que possamos usá-los, sobretudo, o petróleo. É a fase de ‘midstream’. Os hidrocarbonetos retirados (e tratados - separados de água e outros componentes) dos poços e unidades de separação são reunidos num nó de distribuição através de uma rede de oleodutos ou gasodutos (‘pipelines’). Estes nós, por seu turno, são ligados a uma rede de ‘pipelines’ de maior diâmetro, que transportam os hidrocarbonetos para as refinarias ou terminais petrolíferos. Esta fase é crítica, pois o transporte deve ser feito sem que haja acidentes (derrames, por exemplo) e protegidos de eventuais acções criminosas, ou terroristas. O transporte também é feito por navios petroleiros. Nalguns casos, em águas profundas, utilizam-se as FPSO unidades estacionárias flutuantes (‘floating’) que processam o petróleo bruto (‘production’) e o armazenam (‘storage’), fazendo a sua transferência para o abastecimento de petroleiros (‘offloading’). Os FPSO permitem processar e armazenar petróleo em campos muito afastados da costa, onde a instalação de oleodutos para a terra seria demasiado dispendiosa.

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we move to the drilling phase using highly sophisticated technology to reach the rocks where these products are (reservoir rocks). Drilling can be done at sea or on land, with drilling rigs which, in the case of offshore, are installed on a floating base, and may or may not have their own propulsion (they are generally mobile, although when in operation they are naturally anchored to the seabed). With hydrocarbons in commercial quantities, more wells and drills (called producers and injectors) will be made to accelerate their extraction from the reservoirs. In most cases, oil and gas have enough pressure to come naturally to the surface. When they don’t have enough pressure pumps or other techniques are used to force them to come up.

Storage and shipment After extracting the oil or the gas we move on to the next stage, its storage and shipment - and processing follows so that we can use them, particularly oil. It’s the ‘midstream’ phase. The hydrocarbons collected (and treated - separated from water and other components) from the wells and separation units are pooled into a distribution node through a network of oil or gas pipelines. These nodes, in turn, are connected to a network of larger size pipelines, which carry the hydrocarbons to the refineries or oil terminals. This phase is critical as transportation must be done without accidents (spills, for example) and protected from possible criminal or terrorist actions. Transportation is also done using oil tankers. In some cases, in deep-sea, FPSOs are used - floating stationary units to process crude and store it, offloading it to oil tankers. FPSOs allow for the processing and storage of oil in fields far from the coast as the installation of pipelines to take oil onshore would be too costly.


Refinação: um mundo de produtos Mas o ciclo não termina aqui. O petróleo bruto, até chegar ao consumidor final, tem de passar por vários processos numa refinaria, onde as substâncias que o compõem são fraccionadas, para que se possam produzir, gasolina, gasóleo e centenas de produtos derivados. O processo de decomposição consiste na combinação de técnicas como destilação fraccionada, ‘cracking’ e ‘performing’. No primeiro caso, separam-se os componentes do petróleo em fracções, em função das suas diferentes densidades e pontos de ebulição. No fracionamento por craqueamento (‘cracking’), dividimos as fracções em produtos como a gasolina, utilizando o calor e a pressão a fim de separar as longas e pesadas moléculas de hidrocarbonetos em outras menores e mais leves. Já o processo de reformação (‘reforming’), consiste na conversão das naftas em gasolinas de boa qualidade e alto índice de octano. Inicialmente as refinarias não eram tão eficientes. Por exemplo, apenas permitiam aproveitar como gasolina cerca de um quarto de barril de petróleo (que leva cerca de 159 litros). Hoje já aproveitamos metade, e o resto é transformado em substâncias úteis. Por exemplo, um equipamento denominado ‘flexicoker’ converte resíduos anteriormente desperdiçados em produtos mais leves, como gasóleo. No fim, sobra um resíduo quase totalmente de carbono (coque), usado como combustível sólido. E assim chegamos à fase final, em que levamos os combustíveis ao posto de abastecimento – o ‘dowstream’, ou distribuição. Aqui, o desafio é assegurar que os produtos derivados do petróleo cheguem ao consumidor, sendo usados nos transportes, agropecuária, barragens termoeléctricas, construção, etc.

Refining: a world of products But the cycle does not end here. Crude oil, until reaching the end consumer, has to go through several processes in a refinery, where the substances that form it are fractionated, so that gasoline, diesel and hundreds of products can be produced. The decomposition process consists of the combination of techniques such as fractional distillation, cracking and performing. In the first case, the petroleum components are separated into fractions, depending on their different densities and boiling points. In cracking, we divide the fractions into products like gasoline, using heat and pressure to separate the long and heavy hydrocarbon molecules into smaller, lighter ones. As for the reforming process it consists in the conversion of naphtha into good quality and high octane petrol. In the beginning refineries were not that efficient. For example, they allowed only about a quarter of a barrel of oil (which takes about 159 litres) to be used as petrol. Today we use half of it, and the rest is turned into useful substances. For example, a device called flexicoker converts previously wasted waste into lighter products, such as diesel. In the end, there remains a residue almost entirely of carbon (coke), used as solid fuel. And so we get to the final stage, where we take the fuels to the petrol station - the downstream, or distribution. Here, the challenge is to ensure that petroleum products reach the consumer, being used in transportation, agriculture, thermoelectric dams, construction, etc.

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INTERNACIONAL ANGOLA

Até às nossas vidas De forma resumida, a distribuição é a actividade de comercialização, realizada por meio de uma rede de revendedores ou com grandes consumidores de combustíveis, lubrificantes, asfaltos e gás liquefeito, exercida por empresas especializadas. No caso da Sonangol, os combustíveis são armazenados em instalações e parques de combustíveis em todo o país, da Sonangol Logística. Já nos lubrificantes, o atendimento é feito nas instalações e armazéns da Sonangol Distribuidora. A empresa detém a sua rede de postos de abastecimento, que muitas vezes atende também os clientes em produtos ‘non oil’ (lojas de conveniências, restaurantes, etc.) A Sonangol também abastece clientes industriais e a aviação (JET A1), a par da marinha e da construção (asfalto, por exemplo). Tudo fruto de um esforço que envolve o trabalho de milhares de pessoas que, diariamente, trabalham para servir os clientes. Do poço ao posto.l 84

Assisting our lives In summary, distribution is the commercialization activity, carried out through a network of dealers or with large consumers of fuels, lubricants, asphalts and liquefied gas, carried out by specialized companies. In the case of Sonangol, the fuels are stored in facilities and fuel parks throughout the country, owned by Sonangol Logística. As for the lubricants, the service is done in the facilities and warehouses of Sonangol Distribuidora. The company owns its network of petrol stations, which often also offers customers with nonoil products (convenience stores, restaurants, etc.) Sonangol also caters to industrial customers and aviation (JET A1), alongside the navy and construction (asphalt, for example). This is the result of an effort that involves the work of thousands of people who work daily to serve customers. From the well to the petrol station. l

NO C ASO DA SONANGOL, OS CO M B U S T Í V E I S S ÃO ARMAZENADOS E M I N S TA L AÇ Õ E S E PA R Q U E S D E COMBUSTÍVEIS E M T O D O O PA Í S , DA SONANGOL LOGÍSTIC A.


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INTERNACIONAL MOÇAMBIQUE

OPINIÃO

JOSÉ PEDRO LUÍS, DIRETOR GERAL DA CV&A

H C B : U MA DAS CHAVE S PAR A O FUTURO DE MOÇAMBIQUE HCB: ONE OF THE KEYS TO THE FUTURE OF MOZAMBIQUE

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Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) terá, em 2019, um dos mais importantes anos da sua história. Depois do início do enchimento da barragem, em Dezembro de 1974, e da transferência de controlo da HCB de Portugal para Moçambique em Novembro de 2007, este ano a empresa irá abrir o seu capital a todos os cidadãos e empresas moçambicanas, ao entrar na Bolsa de Valores de Moçambique (BVM). Ao concretizar esta operação, a HCB, mais que materializar uma decisão governamental, anunciada pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, no final de 2017, cumpre um desígnio que se esperava desde que a mais icónica empresa moçambicana passou a ser detida por Moçambique: a possibilidade de todos os moçambicanos terem uma participação no capital da HCB e beneficiarem da riqueza produzida através da venda de energia essencial para três países da África Subsaariana – Moçambique, África do Sul e Zimbabué. A HCB assume assim uma responsabilidade acrescida na inclusão dos moçambicanos: para além de já ser essencial na geração da electricidade que depois é distribuída a casas e empresas em Moçambique, e ser um gerador de rendimento para o Estado, passa ainda a ser fonte de investimento e, espera-se, de rendimento adicional para milhares de investidores. A electricidade continuará, contudo, a ser a principal fonte de riqueza, inclusão social e desenvolvimento gerada pela HCB. O acesso a energia eléctrica de qualidade e acessível, de forma permanente, é um dos imperativos ao desenvolvimento económico e social, impactando decisivamente em todas as áreas da economia, sendo essencial para uma aceleração do crescimento de uma classe média no país e na região, bem como no fomento do desenvolvimento e da instalação de mais indústria no país. Isto ganha ainda mais relevância num país como Moçambique que continua a atrair cada vez mais projectos internacionais e onde o Governo, reiteradamente, tem afirmado que não querer ficar sentado à sombra da bananeira que será a exploração de umas das maiores reservas de gás natural do Mundo. Voltando à OPV, a entrada da HCB na BVM trará outros grandes benefícios para além da abertura de capital, propriamente dita, como será a maior exigência a que a empresa estará sujeita, principalmente com a integração de padrões internacionais de qualidade, governance e transparência, o que por sua vez irá facilitar o acesso a capital e crédito que permitirá à HCB modernizar a sua infraestrutura, evoluir e crescer, contribuindo ainda mais para a criação de riqueza.

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he Cahora Bassa Hydroelectric Power Plant (HCB) is going through one of the most important years of its history in 2019. After the dam filling in December 1974 and the transfer of HCB control from Portugal to Mozambique in November 2007, the company is to open its capital this year to all Mozambican citizens and companies upon entering the stock exchange of Mozambique (BVM). In doing so, HCB, more than materializing a governmental decision, announced at the end of 2017 by the President of the Republic, Filipe Nyusi, meets a goal that had been expected from the beginning and ever since the most iconic Mozambican company changed ownership and was owned by Mozambique: opportunity for all Mozambicans to hold a stake in HCB’s capital and to benefit from the wealth produced through the sale of essential energy to three Sub-Saharan African countries - Mozambique, South Africa and Zimbabwe. HCB thus takes on an increased responsibility for the inclusion of all Mozambicans: in addition to being essential for the generation of electricity distributed to both homes and companies in Mozambique, and for being an income generator for the State, it is also a source of investment and will hopefully become an additional source of income for thousands of investors. Electricity will continue, however, to be the main source of wealth, social inclusion and development generated by HCB. Access to quality, affordable and permanent electricity is one of the imperatives for economic and social development and has a decisive impact on all areas of the economy and is essential to accelerate growth of the middle class in the country and in the region and to foster the development and installation of more industry in the country. This is even more relevant in a country like Mozambique that continues to attract more and more international projects and where the Government has repeatedly stated that it doesn’t wish to sit under the shadow of the banana tree, referring to the exploitation of one of the largest reserves of natural gas in the world. Going back to the IPO, HCB’s entry in the Mozambique Stock Exchange will bring about other major benefits, considering the requirements the company will be subject to, particularly the integration of international standards of quality, governance and transparency, which in turn will make it easier for HCB to access capital and credit and modernize its infrastructure, evolve and grow, further contributing to wealth creation. 87


INTERNACIONAL MOÇAMBIQUE

M O Ç A M B I Q U E P O S S U I A 4 ª M A I O R R E S E R VA D E G Á S N AT U R A L D O M U N D O

Recorde-se que a HCB, juntamente com a Eletricidade de Moçambique (EDM), foi mandatada pelo Governo para a estudar a implementação da Hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa, um empreendimento no Rio Zambeze que não apenas irá aumentar consideravelmente a produção eléctrica na região, como irá acelerar a viabilização o desenvolvimento da Cahora Bassa Norte (a implementação de geradores na margem Norte do Zambeze). Tudo isto irá possibilitar o aumento considerável da capacidade instalada de produção de energia hidroeléctrica do país, o que por sua vez reforçará todos os benefícios atrás referidos. E para tudo isto, será necessário investimento, que poderá ser conseguido através da dispersão de mais capital ou de financiamento sustentável e responsável. Face a estes factos, é fácil concluir que esta OPV é mais que uma “simples” operação de mercado, sendo antes algo que abrirá portas para que Moçambique se desenvolva ainda mais e adquira importância acrescida na região da SADC, seja enquanto principal fornecedor de energia eléctrica, seja como polo agregador de indústrias que carecem de fornecimento intensivo e estável de energia, e que irão criar emprego para uma população jovem, ambiciosa e em franco crescimento. l

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It is worth recalling that HCB, together with Electricity of Mozambique (EDM), was mandated by the Government to study the implementation of the Mphanda Nkuwa Hydroelectric Power Plant, a project in the Zambezi River that will not only massively increase production but will accelerate the feasibility of the development Cahora Bassa North (the implementation of generators on the northern bank of the Zambezi river). All of this will enable a considerable increase in the country’s installed capacity for hydroelectric power generation, which in turn will reinforce all of the aforementioned benefits. And for that more investment will be needed which can be achieved floating more capital and through sustainable and responsible funding. In light of this, it’s easy to conclude that this IPO is more than a “simple” market operation, as it will open the door for Mozambique to develop further and acquire greater importance in the SADC region as the main supplier of energy and as aggregator of industries currently lacking intensive and stable energy supply thereby creating jobs for an ambitious and growing young population. l


– Committed to 100% Sustainable Viticulture –

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INTERNACIONAL PERU

U M PA Í S Q U E E S TÁ N A M O DA

FOTOS GENTILMENTE CEDIDAS PEL A EMBAIX ADA D O PERU

UN PAÍS DE MODA

C ATA R ATA D E A H U A S H I YA U . S A N M A R T Í N

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REPÚBLICA DO PERU SOFIA ARNAUD

PELO MENOS HÁ DEZ ANOS NA RIBALTA, A RIQUEZA CULTURAL DO PERU TRANSFORMOU-O NUM DOS DESTINOS TURÍSTICOS MAIS IMPORTANTES DO MERCADO EUROPEU NA AMÉRICA DO SUL, COM MACHU PICCHU À CABEÇA, ALIADA À GASTRONOMIA LOCAL BASTANTE PREMIADA. MAS ESTE PAÍS TEM MUITO MAIS PARA OFERECER, NOS ÚLTIMOS ANOS TEM SIDO O NOVO “ELDORADO” DE VÁRIOS GRUPOS EMPRESARIAIS PORTUGUESES.

O

Peru é o mais exótico país sulamericano, com mais de 10 mil anos de história. Tendo abrigado o Império Inca e outras civilizações pré-incas, uma das características que o torna tão especial, é um país repleto de cultura e história. Os monumentos arqueológicos e a gastronomia são dois dos seus ‘ex-libris’ do Peru. É um destino privilegiado para o turismo e para o investimento no sector. Com uma história e tradição ricas, o país alberga uma das maiores biodiversidades do planeta e reúne 84 das 1 117 zonas de vida identificadas no planeta. A maior parte dos turistas limita-se a visitar Lima, a capital, uma cidade de frente para o mar, com cerca de 12 milhões de habitantes e situada a 2 600 metros sobre o nível do mar, e Cusco, a antiga capital dos Incas e ponto de partida para todas as explorações ao Machu Picchu. No entanto,

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erú es el más exótico país de América del Sur, con más de 10 mil años de historia. Habiendo albergado el imperio Inca y otras civilizaciones pre incas, uno de los rasgos que lo hacen tan especial, es un país que rebosa cultura e historia. Los monumentos arqueológicos y la gastronomía son dos “ex libris” de Perú. El país andino un destino privilegiado para el turismo y para las inversiones en el sector. Con una enorme riqueza de historia y tradiciones, disfruta de una de las mayores biodiversidades del mundo y reúne 84 de las 1117 zonas de vida identificadas del planeta. La mayoría de los turistas se limita a visitar Lima, la capital, una ciudad a 2600 de altitud frente al mar, con cerca de 12 millones de habitantes, y Cusco, la antigua capital de los incas y punto de partida de todas las exploraciones al Machu Picchu. Pero la 91


INTERNACIONAL PERU a cidade colonial de Arequipa, com os seus museus sofisticados, arquitetura colonial e vida noturna não dispensa uma visita. Num roteiro turístico pelo Peru é obrigatório uma passagem por Písac, um povado que fica a 33km de Cusco a caminho do Vale Nevado, com uma arqueologia das mais importantes do Vale Sagrado dos Incas, onde também é possível encontrar muitos vestígios do que foi o Império dos Incas. Uma outra atracção é o lago Titicaca, o maior lago em volume de água da América do sul, situado na fronteira entre o Peru e a Bolívia. O Vale do Colca é também uma experiência imperdível. A profundidade do canhão é superior aos 4 000 metros, sendo duas vezes mais profundo que o Grand Canyon, nos Estados Unidos. Para os amantes da natureza, as Ilhas Ballestas são ideais para observar leões-marinhos, pinguins, pelicanos entre outros animais em estado selvagem. A UNESCO atribuiu a 12 lugares no Peru o estatuto de Património da Humanidade, onde se destacam, entre outros, a cidade de Cusco, o santuário de Machu Picchu, a zona arqueológica de Chan Chan e o centro histórico de Lima. A gastronomia peruana transformou-se no

ciudad colonial de Arequipa, con sus excelentes museos, su arquitectura colonial y su animada vida nocturna también merece una visita. En el viaje turístico a Perú es obligado pasar por Písac, un poblado a 33 km de Cusco camino del Valle Nevado con una arqueología de las más importantes del Valle Sagrado de los Incas, y donde también se encuentran muchos vestigios de lo que fue el Imperio Inca. Otra atracción de Perú es el lago Titicaca, el mayor en volumen de América del Sur, en la frontera con Bolivia. El Valle do Colca ofrece también una experiencia imprescindible. La profundidad del cañón es mayor de 4000 metros, dos veces más que el Gran Cañón de Estados Unidos. Para los amantes de la naturaleza, las Islas Ballestas son ideales para contemplar leones marinos, pingüinos y pelícanos, entre otros animales en estado salvaje. La UNESCO reconoció a 12 entornos de Perú el estatuto de Patrimonio de la Humanidad, entre los que destacan la ciudad de Cusco, el santuario de Machu Picchu, el yacimiento arqueológico de Chan Chan y el centro histórico de Lima.

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L A G U N A YA N G A N U C O , A N C A S H

F O R TA L E Z A D E S A C S AY H U A M Á N , C U S C O


PRAIA MÁNCORA. PIURA-PERU

principal “cartão de visita” do país, tanto para os residentes como para quem o visita, que não resiste em experimentar o “ceviche de pescado”, o “lomo saltado” e o famoso ‘cocktail’ “Pisco Sour”, preparado à base de pisco e limão. Prova disso foi a recente premiação do restaurante “Maido”, em Lima, dirigido pelo ‘chef’ Mitsuharu ‘Micha’ Tsumura, pela segunda vez consecutiva, com o primeiro lugar no pódio nos “50 Melhores Restaurantes da América Latina 2018”. Em anos anteriores, também o “Astrid y Gastón” e o “Central” pertenceram aos primeiros lugares desta lista. De destacar que a cidade de Lima foi escolhida em Outubro de 2013, pela primeira vez, para sediar os Jogos Pan-Americanos de 2019, que vão decorrer entre os dias 26 de Julho e 11 de Agosto.

S O PA C H U P E D E C A M A R Ã O E P R O D U T O S A G R Í C O L A S N AT I V O S

A CIDADE DE LIMA F OI ESCOLHIDA EM OUTUBRO DE 2 0 1 3 , P E L A P R I M E I R A V E Z , PA R A S E D I A R O S J O G O S PA N - A M E R I C A N O S D E 2 0 1 9 , Q U E VÃO DECORRER ENTRE OS DIAS 26 DE J U L H O E 1 1 D E AG OS TO.

La gastronomía peruana se convirtió en su principal tarjeta de visita, tanto para los residentes como para los visitantes, que no se resisten a probar el ceviche de pescado, el lomo saltado y su famoso coctel Pisco Sour, preparado a base de pisco y limón. Prueba de ello fue el reciente reconocimiento, por segunda vez consecutiva, al restaurante “Maido”, en Lima, dirigido por el chef Mitsuharu ‘Micha’ Tsumura, como el primero entre los “50 Mejores Restaurantes de América Latina 2018”. En pasadas ediciones, también ostentaron los primeros lugares de la lista el “Astrid y Gastón” y el “Central”. Es de destacar que la ciudad de Lima fue elegida en octubre de 2013, por primera vez, como sede de los Juegos Olímpicos Panamericanos de 2019, que tendrán lugar entre el 26 de julio y el 11 de agosto de este año.

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INTERNACIONAL PERU

Empresas portuguesas atentas ao Peru A economia peruana apresenta um crescimento sistemático há 18 anos, com uma média superior a 4%. Reflectindo a sua diversidade geográfica, uma região costeira árida, mas rica em recursos piscatórios, e uma zona central montanhosa fértil em importantes recursos minerais, é um dos mais importantes produtores mundiais de cobre, ferro, prata e ouro. No contexto da América Latina, o país posicionou-se, em 2016, como a 7ª maior economia e o 4º país em superfície e população, sendo assinalável a mudança estrutural que o país registou nas três últimas décadas. Actualmente, o sector dos serviços é o que mais pesa no PIB peruano (com cerca de 60%), com destaque para as telecomunicações e serviços financeiros, que contribuem para 40% do PIB, embora ainda haja um relativo caminho a fazer para melhorar a modernização e competitividade do sector. A indústria,

M Ú S I C O S A F R O P E R U A N O S M O TA - E N G I L N O P E R U

PROCISSÃO VIRGEM DEL CARMEN

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Empresas portuguesas atentas a Perú La economía peruana mantiene un crecimiento sostenido desde hace 18 años, con una media superior al 4%. Esto es un reflejo de su diversidad geográfica, una región costera árida, más rica en recursos pesqueros, y una central montañosa fértil en recursos minerales, especialmente cobre, plata, oro y minas de hierro y carbón. El país es uno de los más importantes productores mundiales de cobre, hierro, plata y oro. Dentro de los países de América Latina, Perú se posicionó, en 2016, como la séptima mayor economía y el cuarto país en superficie y población, un lugar que se puede atribuir a los cambios estructurales que registró en las tres últimas décadas. En la actualidad, el sector servicios es el de mayor peso en el PIB peruano (con cerca del 60%), especialmente en el campo de las telecomunicaciones y los servicios financieros, que suponen el 40% del PIB, aunque aún quede camino por hacer para mejorar la modernización y la competitividad del sector.


Produzindo um Mundo Melhor Brewing a Better World

Na Sociedade Central de Cervejas e Bebidas, a sustentabilidade está imbuída na forma como gerimos o negócio. Acreditamos que podemos fazer a diferença definindo compromissos de sustentabilidade ao longo de toda a cadeia de valor.

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INTERNACIONAL PERU

N A Ú LT I M A D É C A D A , A E C O N O M I A D O PERU F OI DAS QUE MAIS R APIDAMENTE C R E S C E U , A U M A TA X A M É D I A A N UA L D E 5 , 9 % , C O M TA X A S D E I N F L AÇ ÃO BA I X A S ( D E 2 , 9 % ) , G R AÇ A S A U M A M B I E N T E E X T E R N O F AV O R ÁV E L , P O L Í T I C A S M AC R O E CO N Ó M I C A S PRUDENTES E REFORMAS ESTRUTURAIS.

que representa cerca de 35% do PIB, tem vindo também a modernizar-se, o que se reflete num aumento do emprego nas indústrias de base nacionais. Na última década, a economia do Peru foi das que mais rapidamente cresceu, a uma taxa média anual de 5,9%, com taxas de inflação baixas (de 2,9%), graças a um ambiente externo favorável, políticas macroeconómicas prudentes e reformas estruturais. O forte crescimento do emprego e rendimento gerou uma rápida redução dos níveis de pobreza do país. Embora a procura interna, consumo e investimento, continue a ser o principal motor de crescimento do país, com uma inflação estável e apreciação relativa da moeda (Novo Sol), o desempenho do sector externo continua a ter uma importância crucial no crescimento da economia peruana. Das exportações do Peru, mais de 50% são de minérios e minerais vários, 21% de bens alimentares e 12% de combustíveis minerais. Segundo os dados da AICEP, em 2018 o Peru surgiu no lugar 68 na lista de clientes de Portugal, e na posição 72 enquanto fornecedor, representando 0,05% do total das aquisições portuguesas no estrangeiro. O regresso a uma balança comercial positiva, em 2016, contribuiu para reduzir o défice da balança corrente, que se situará no valor médio de 2,6% do PIB, entre 2017-21. As remessas dos emigrantes pesarão, também, positivamente na balança corrente. É por todo este contexto macroeconómico positivo, por ser o país da América Latina que mais cresceu nas últimas duas décadas, que mais reduziu a pobreza, com uma inflação controlada, uma dívida pública de 25% do PIB e bons recursos humanos, que o Peru tem estado nos últimos anos no foco das empresas portuguesas. Um exemplo recente, é do Grupo Fidelidade, que no início do ano comprou 51% da seguradora peruana La Positiva Seguros y Reaseguros por 93 milhões de euros. Esta compra

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La industria, que representa casi el 35% del PIB, también se ha modernizado, lo que se refleja en un aumento del empleo en las industrias de base nacionales. En la última década, la economía de Perú fue de las que más rápidamente creció, con una tasa media anual del 5,9% e índices de inflación más bajos (del 2,9%), gracias a un entorno exterior favorable, políticas macroeconómicas prudentes y reformas estructurales. El fuerte crecimiento del empleo y la productividad generó una rápida reducción de los índices de pobreza del país. Aunque la demanda interna, consumo e inversión, continúa siendo el principal motor del crecimiento del país, con una inflación estable y una apreciación relativa de la moneda (el Nuevo Sol), el rendimiento del sector exterior continúa teniendo una vital importancia en el crecimiento de la economía peruana. De las exportaciones de Perú, más del 50% son de minerales, el 21% del sector de la alimentación y el 12% de combustibles minerales. Según los datos de la AICEP, en 2018 Perú apareció en el 68º puesto del ranking de clientes de Portugal, y en el 72º de proveedores, representando el 0,05% del total de las compras portuguesas en el extranjero. El retorno a una balanza comercial positiva, en 2016, contribuye a reducir el déficit de la balanza corriente, que se situará en un valor medio de 2,6% del PIB entre 2017-21. Las remesas de los migrantes supondrán también un peso positivo en la balanza corriente. Por todo este contexto macroeconómico positivo, por ser el país de América Latina que más creció en las últimas dos décadas, el que más redujo la pobreza, con una inflación controlada y una deuda pública del 25% del PIB, Perú se ha situado en los últimos años en el foco de las empresas portuguesa. Un ejemplo reciente es Grupo Fidelidade, que a primeros de año adquirió el 51% de la aseguradora peruana La Positiva Seguros y Reaseguros por 93 millones de euros.


permitiu a entrada da companhia portuguesa no mercado Latino-Americano, permitindo à seguradora diversificar o seu âmbito de actuação, desenvolver novas oportunidades para o crescimento do negócio, consolidando assim a sua presença internacional que chega já a quatro continentes. A internacionalização da companhia, que é controlada pela chinesa Fosun e em que a Caixa Geral de Depósitos detém 15%, é um ponto importante nesta operação. Para Jorge Magalhães Correia, presidente do Grupo Fidelidade: “A conclusão deste processo de aquisição é mais um passo na consolidação da estratégia de internacionalização da Fidelidade, aproveitando o potencial de crescimento económico sustentado do mercado peruano, marcando, também, o início da nossa expansão na América Latina”. Mas este é apenas um dos grandes negócios recentes. O que se tem verificado é que quem tem apostado no Peru de forma séria e a longo prazo tem-se saído bem. Veja-se o exemplo da Mota-Engil, que começou há cerca de 20 anos a sua internacionalização no Peru. “É um mercado exigente, com elevados parâmetros de qualidade, mas a experiência e a competência têm-nos permitido estar entre as maiores construtoras do mercado. A nossa obra de maior relevância é o empreendimento mineiro de Las Bambas, uma das maiores minas de cobre do mundo”, destaca fonte oficial da Mota-Engil.

Esta compra permitió la entrada de la compañía portuguesa en el mercado latinoamericano, permitiendo a la aseguradora diversificar su ámbito de actuación y desarrollar nuevas oportunidades para el crecimiento del negocio, consolidando así una presencia internacional que abarca ya cuatro continentes. La internacionalización de la compañía, que está controlada por la empresa china Fosun y en la que la Caixa Geral de Depósitos tiene el 15%, es un punto importante en esta operación. Para Jorge Magalhães Correia, presidente del Grupo Fidelidade: “La finalización de este proceso de adquisición es un paso más en la consolidación de la estrategia de internacionalización de Fidelidade, aprovechando el potencial del crecimiento económico sostenido del mercado peruano, marcando, también, el inicio de nuestra expansión en América Latina”. Pero este es sólo uno de los grandes negocios recientes. Lo que se ha demostrado es que, a quienes han apostado por Perú de manera firme y a largo plazo, les ha salido bien. Valga el ejemplo de Mota-Engil, que comenzó hace cerca de 20 años su internacionalización en Perú. “Es un mercado exigente, con elevados parámetros de calidad, pero la experiencia y la competitividad nos ha permitido estar entre las mayores constructoras del mercado. Nuestra obra de mayor importancia es el proyecto minero de Las Bambas, una de las mayores minas de cobre del mundo”, destaca una fuente oficial de Mota-Engil.

A N D R E A S V O N W E D E M E Y E R , P R E S I D E N T E D A L A P O S I T I VA S E G U R O S Y R E A S E G U R O S , E J O R G E MAGALHÃES CORREIA, PRESIDENTE D O GRUP O FIDELIDADE

UM EXEMPLO RECENTE, É D O GRUP O FIDELIDADE, QUE NO INÍCIO D O ANO COMPROU 51% DA SEGUR AD OR A PERUANA L A P O S I T I VA S E G U R O S Y R E A S E G U R O S P O R 9 3 M I L H Õ E S D E E U R O S . E S TA C O M P R A P E R M I T I U A E N T R A DA DA C O M PA N H I A P O RT U G U E S A N O M E R C A D O L AT I N O - A M E R I C A N O . 97


INTERNACIONAL PERU

O E M P R E E N D I M E N T O M I N E I R O D E L A S B A M B A S É A O B R A D E M A I O R R E L E VÂ N C I A D O G R U P O M O TA - E N G I L N O P E R U

A M OTA- E N G I L E S TÁ I N T E G R A DA N O P E R U COMO EMPRESA LOC AL, PROMOVEND O PA R C E R I A S , C O N S Ó R C I O S E I N V E S T I N D O N O S COL ABOR AD ORES LOC AIS, PROMOVEND O O E N V O LV I M E N T O D A C O M U N I D A D E L O C A L . A Mota-Engil está integrada no Peru como empresa local, promovendo parcerias, consórcios e investindo nos colaboradores locais, promovendo o envolvimento da comunidade local. Mais recente é o investimento da EDP. No final de 2017, a eléctrica, em parceria com a China Three Gorges, investiu 430 milhões na construção de uma barragem no rio San Gaban, a sul do país, que deverá estar concluída em 2022. De acordo com a AICEP, estas empresas estão entre os dez maiores investidores nacionais no Peru, mas a estas juntam-se outras como, por exemplo, a PHC, uma empresa de ‘software’ de gestão que está no Peru desde 2015, e onde mantém uma forte aposta, ou a Teixeira Duarte, que começou a actuar no país através da sucursal da sua participada “E.P.O.S. – Empresa Portuguesa de Obras Subterrâneas, S.A.”, ali constituída em Outubro de 2016 e que em 2017 constituiu a sociedade “Teixeira Duarte Perú – Ingeniería y Construcciones, S.A.C.” com o intuito de começar a actuar nas áreas da Geotecnia e Fundações e nas Obras Marítimas. Mas existem muito mais empresas portuguesas interessadas em seguir o caminho da internacionalização para o Peru. Quem conhece bem o país sublinha que é na falta de infraestruturas que podem estar as maiores oportunidades para as empresas lusas. O investimento em infraestruturas impulsionará o sector da construção e o sector retalhista tornando-os dos mais dinâmicos da economia peruana. l

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Esta compañía está integrada en Perú como empresa local, promoviendo sociedades y consorcios, y contratando colaboradores de la zona, promoviendo así la implicación de la comunidad local. Más recientes son las inversiones de EDP. A finales de 2017, la eléctrica, en colaboración con la China Three Gorges, invirtió 430 millones en la construcción de una presa en el río San Gaban, al sur del país, que deberá estar terminada en 2022. Según AICEP, las empresas citadas están entre las diez mayores inversionistas nacionales en Perú, pero se están sumando otras, como por ejemplo PHC, una empresa de “software” de gestión que está en Perú desde 2015, y donde mantiene una fuerte apuesta; o la compañía Teixeira Duarte, que comenzó a operar en Perú a través de la sucursal de la empresa, participada por ella, “E.P.O.S. – Empresa Portuguesa de Obras Subterrâneas, S.A.”, creada allí en octubre de 2016 y que, en 2017, constituyó la sociedad “Teixeira Duarte Perú – Ingeniería y Construcciones, S.A.C.” con la intención de comenzar a actuar en el sector de la Geotecnia y Cimientos y en las Obras Marítimas. Pero existen muchas más empresas portuguesas interesadas en seguir el camino de la internacionalización en Perú. Quien conoce bien el país subraya que en el déficit de infraestructuras es donde pueden encontrarse las mejores oportunidades para las empresas lusas. La inversión en infraestructuras impulsará el sector de la construcción y el minorista, convertidos en los más dinámicos de la economía peruana. l


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