Portfólio IZABEL GOUDART

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CARLA CABANAS PORTFÓLIO (SELECÇÃO)

IZABEL GOUDART PORTFÓLIO


Delicadeza

Uma pesquisa sobre o tempo como tecido da vida, revelado pelo que deixamos escapar, revelado nos pormenores. Uma pesquisa sobre o que é efêmero, frágil e transitório. Sobre travessias: o encontro com o inesperado, a singularidade, o espanto, o encantamento com pequenas delicadezas, que relegamos de lado no atropelamento diário da velocidade normal da vida contemporânea. “Corremos na intenção de não perder nada e perdemos o essencial: o desfrute do próprio caminho.” A delicadeza não é uma condição natural, precisa ser cultivada no plano individual e coletivo, principalmente, em um tempo onde somos atropelados por uma avalanche de acontecimentos que reforçam o medo e a violência como um estado de vida e condição do homem. A fotografia como testemunho da vulnerabilidade, da delicada trama do tecido da vida, de sua poética, de sua gramática. Do erotismo, impulso que se interpõe à descontinuidade e quer permanecer na busca da coesão, “o erotismo é a aprovação da vida até na morte”. A pétala seca é lembrança, guardada entre folhas de livro, remete, busca a permanência. Desbotadas as cores, fragrância de flor capturada.

* Delicadeza diárias: o estranho familiar, cor que imprime experiência, figura e fundo que se fundem, desvelando aquilo que nenhuma palavra traduz. Narram uma cadência, a cadência da vida conectada ao destino de cada ser.





EU GOSTARIA DE INQUIETAR O TEMPO TORNAR-ME ESCRITA SUBJETIVA LINGUAGEM DE EXPERIÊNCIA



CONDUZIR TRAZER PARA CÁ O QUE AQUI NÃO ESTAVA AQUILO QUE NÃO ESTÁ NO TEMPO PRÓPRIO AQUILO QUE NÃO SE DÁ NO TEMPO DEVIDO





* Erotismo: objeto construído, objeto perfurado, ligado, atado, - transgride, aflige, perturba; aquilo que se opõe ao útil. Toda operação do erotismo tem por fim atingir o ser no mais íntimo, no ponto em que o coração desfalece.







É INCAPAZ DA EXPERIÊNCIA AQUELE QUE SE PÕE, OU SE OPÕE, OU SE IMPÕE, OU SE PROPÕE, MAS NÃO SE “EX-PÕE”.



Flores que representam o tecido delicado da vida. A delicadeza não é algo inato ao homem, ela precisa ser cultivada. É urgente preservar na vida social, a condição de alguma delicadeza. O ato de semear/plantar/cultivar tem uma ação mobilizadora, gratificante e também efêmera do intervalo de tempo entre a semente e a flor. Flor que brota, desabrocha e das pétalas que murcham e caem. Duração. Mutação do que brota, cresce, floresce, degenera e perece. Consciência da transitoriedade, do valor e da delicadeza de tudo o que existe.

* Bordados em azul: pano que lançado perde goma, desfaz-se no azul que o invade, transformar-se, torna-se bordado .





SILENCIAR DAR-ME TEMPO E ESPAÇO DEMORAR-ME

* Paisagens em trânsito: relógio marca o tempo presente, registra o instante, marca o tempo que virá a ser e que foi; cadência e ritmo; há tempo, houve tempo, haverá tempo.





HABITAR TORNAR-ME PRESENÇA CULTIVAR DELICADEZAS

* Gelatina: Exposição coletiva cujo tema condutor foi a cozinha. Um lugar íntimo, úmido e pleno de cheiros. Alquimicamente na cozinha do laboratório em meio aos ácidos e químicos, a gelatina de prata se transforma em imagem e espelha o mundo.




O roçar das louça nas mãos, o escorrer das águas pelos dedos. Ensaboa, lava, escorre, guarda. Tempo, silêncio. A louça limpa guarda a manhã, esperando o almoço. Cala a atividade que desfaz-se na rotina diária dos afazeres domésticos. Doméstica, doma a si em busca das brechas. Realiza o que está a espera; não há mais o que inventar, além do que já esta posto e é suficiente.

* Recordar: o cotidiano, a simplicidade, o silêncio entre…


A transitoriedade dialoga com o fluxo da duração. Experiência que confere valor à nossa breve passagem no mundo. O endereço é demora no lugar que é seu, permanência, representado por uma morada, uma casa.

* Penetrável: habitação em que o sujeito se fecha em cor, invade-se de cor, toca, pisa, respira cor, invade-se por suas paixões.







A ARTE DO ENCONTRO É UM GESTO DE INTERRUPÇÃO, PARAR PARA ((SENTIR, PENSAR, ESCUTAR, CALAR, TER PACIÊNCIA)), ABRIR OS OLHOS E OS OUVIDOS.

* O poema-corpo: a pele que habito; fragmentos reinseridos como colagens de um estado permanente de reconfiguração; 8 séries de 9 cartões: jogo-oráculo baseado no I CHING.





* Recortes: pesquisa de texturas e padr천es para corte em tecido e bordaduras.



* Papel para carta: das delicadezas, textos tecidos em imagens.




INVENTAR UMA POÉTICA DO TEMPO ENCONTRAR UMA OUTRA LÓGICA ABRIR MÃO DA LÓGICA


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