Guia ENEM - degustação

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Ciências Humanas

Matemática

Ciências da Natureza

Linguagens e Códigos

Mateus Prado

&

Paulo Jubilut


ORIENTAÇÕES DE ESTUDO

O que é o ENEM? O ENEM é hoje muito diferente de quando nasceu, em 1998. Pouco mais de cem mil pessoas realizaram a primeira prova, que tinha como principal função avaliar o Ensino Médio no Brasil. Agora, além dessa função, ele incorporou várias outras, como ajudar o aluno a conquistar uma vaga em uma Universidade Pública, uma bolsa em uma Universidade Privada, o certificado de conclusão do Ensino Médio e até mesmo uma bolsa para cursar parte de seus estudos no exterior. Hoje são mais de oito milhões de pessoas que realizam a prova do ENEM, todo ano. Em boa parte das Universidades do país, ele passou a ser a única nota avaliada na seleção para as vagas. Já são cerca de 200 mil vagas distribuídas em Universidades Públicas, anualmente, só com a nota do ENEM, além de aproximadamente 200 mil bolsas do PROUNI. O Guia ENEM tem a função de orientar os estudos para o ENEM, para o ENEM no nde Alunos se preparam G que atua na gra ON l, nfi He que passou a ser o maior vestibular o nh rsi Cu São Paulo. do país; porém, um vestibular diferente dos demais. Saber por que ele é diferente, conhecer bem este modelo de exame e pensar uma estratégia para enfrentar os dias de prova ajudará você a conquistar uma das vagas em universidades que têm como critério as notas no ENEM ou a conquistar seu certificado de conclusão do Ensino Médio.

ENEM, a lógica da diferença Sim, o ENEM também é um vestibular. Porém, ao contrário dos vestibulares convencionais, que apresentam um conteúdo programático para estudarmos, o ENEM conta com uma matriz de competências e habilidades que precisam ser respeitadas pelas pessoas que elaboram as questões das provas. Acontece que os conteúdos programáticos dos vestibulares são extensos demais e “o céu é o limite” na hora em que o examinador elabora uma questão. Já a matriz de competências e habilidades do ENEM, apesar de também apresentar alguns dos conteúdos de sala de aula, é bem menor do que o conjunto de conteúdos exigido pelos editais dos vestibulares e que está listado nos índices dos livros didáticos de Ensino Médio brasileiros. Guia ENEM

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Com uma matriz de 30 competências e 120 habilidades, o que é bem menos do que é cobrado no Ensino Médio tradicional, a prova do ENEM é muito mais simples de ser resolvida do que as provas da maioria dos vestibulares brasileiros. A prova segue uma tendência mundial, já que, em outros países do mundo (em lugares onde há vestibular), o conteúdo cobrado é menor. Além disso, a cobrança de uma matriz de conteúdos reduzida, e inovadora, pelo ENEM, que é o maior Exame Nacional, ajuda as escolas de Ensino Médio a reformarem seus currículos. Funciona assim: na busca de prepararem seus alunos para a prova, as escolas terão de adaptar a grade de conteúdos ensinada nas salas de aula. Para isso, precisarão de materiais didáticos adequados, e então irão comprá-los de editoras que tiverem se adaptado também. Dessa forma, as editoras deverão reformar seus materiais para adequar-se ao novo modelo. A tendência é que, com o tempo, as propostas pedagógicas que focam no desenvolvimento das competências e habilidades, através de uma grade reduzida de conteúdos, ganhem espaço na educação brasileira, em detrimento do ensino conteudista que predomina hoje.

Há estratégias de estudo para o ENEM? Sim. Com uma estratégia bem feita, o aluno terá uma nota maior no ENEM. É preciso estar claro que estudar conteúdo demais não é a melhor opção do ponto de vista do custo/ benefício, ou melhor, do ponto de vista do tempo de estudo/questões acertadas. Os alunos tendem a estudar mais o que sabem muito bem ou o que não sabem nada. Só dá para saber se essa é a melhor opção depois de estarem claros os seus objetivos. Para garantir sua vaga nos cursos mais concorridos de Universidades Públicas, como Medicina e Direito, o aluno realmente precisa saber quase todo o conteúdo cobrado pelo ENEM. Mas também há outros cursos que podem dar ao aluno uma boa carreira, como Biologia, Enfermagem, Psicologia, Pedagogia, entre outros, que exigem uma nota bem menor nas provas. Para esses cursos, é necessário que o aluno saiba bastante para passar, mas não que saiba tudo.

A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Jan eiro) e a UFRRJ (Universidade Federa l Rural do Rio de Jan eiro), entre muitas outras, utilizam o ENEM como forma úni ca de seleção.

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Orientações de Estudo


Então nossa primeira lição deste guia é que nem tudo que está nos livros didáticos e nas apostilas de cursinhos aparece na prova do ENEM. É preciso descobrir o que é cobrado e o que não é cobrado, e isso é bastante simples. O primeiro passo para quem vai estudar para o ENEM é resolver as questões das provas dos anos anteriores, a partir de 2009 (quando o ENEM começou a cobrar a nova matriz de competências e habilidades e passou a selecionar candidatos para universidades públicas). Do ano de 2009, temos a prova que “vazou” e foi cancelada, temos a prova aplicada e também um conjunto de questões, liberado pelo INEP, que serviu como modelo para quem fosse estudar para a nova prova. De 2010 para cá, temos 2 versões por ano: a versão aplicada nacionalmente e por isso mais conhecida, e a segunda versão, aplicada em instituições prisionais e para pessoas, ou cidades, que tiveram algum problema na realização da primeira prova. Todas essas provas têm o mesmo modelo (afinal, são elaboradas a partir da mesma matriz e pelas mesmas pessoas) e podem ser utilizadas para estudo. Mas como vou conseguir todas essas provas, já que nem todas elas foram disponibilizadas pelo INEP para a população? O Guia ENEM resolveu esse problema para você. Conseguimos todas as provas, selecionamos as questões mais típicas e mais importantes, dentre todas elas, e colocamos nesse Guia. E já dividimos as questões conforme a matriz de competências e habilidades cobrada. Ou seja, você encontrará, nas páginas seguintes, 30 capítulos: cada um deles explica e traz os exercícios relacionados a cada uma das 30 competências exigidas por essa matriz. Resolver essas questões é como se preparar para uma prova esportiva, como MotoCross, no qual você precisa saber anteriormente os detalhes do percurso para se sair bem. No ENEM também é assim. Como as questões são muito parecidas de um ano para o outro, se você souber os detalhes do percurso, vai realizar material com mais Se você quiser um a prova muito melhor do que quem nunca teve conleção Guia co a os questões, tem tato com ela. Mãos à obra. Sem a ajuda de livros e traz todas as qu , ENEM - Atividades e/ou computadores, amigos e professores, tente nas provas do m íra ca já e qu s questõe re em nossa cu resolver todas essas questões. Ao resolvê-las, Pro 9. ENEM desde 200 ne iae m.org.br você já começará a se acostumar com o “jeitão” loja virtual: www.gu do ENEM.

Questões resolvidas. E agora, o que eu faço? Agora que você resolveu as questões relacionadas a cada uma das 30 competências, será necessário um pouco de trabalho para você ter a clareza do quanto já está preparado para a prova e o que precisa estudar. Confira o gabarito e anote quantas questões, de cada capítulo, você acertou. Leve em consideração a quantidade de questões de cada capítulo, ou seja, se você acertou 8 questões em 2 capítulos diferentes, mas um tem 12 e outro tem 16 questões, você errou proporcionalmente bem mais no segundo capítulo. Ou seja, você tem que calcular a porcentagem de questões acertadas no montante de questões de cada capítulo. Por exemplo, 8 questões corretas, num total de 12, é igual a 66%. E 8 corretas, num total de 16, é igual a 50%. Faça as contas e anote seus resultados nas tabelas a seguir.

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Competência 1 - Cultura e Identidade 2 - Geopolítica e Território 3 - O Estado e o Direito 4 - Evolução Tecnológica e Revolução Comportamental 5 - Cidadania a Democracia 6 - Sociedade e Natureza

QUESTÕES Total

MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS Competência 1 - A Matemática na Vida dos Povos 2 - A Geometria da Vida 3 - Medidas da Realidade 4 - Variação de Grandeza, Porcentagem e Juros 5 - Álgebra 6 - Gráficos e Tabelas 7 - Estatística e Probabilidade

1 - Ondas e Fenômenos da Natureza 2 - Energia, Circuitos Elétricos e Consumo Racional 3 - Ciclos Biogeoquímicos, Degradação e Conservação Ambiental 4 - Genética e Saúde Pública 5 - As Ciências em nosso Cotidiano 6 - Fenômenos Físicos 7 - Fenômenos Químicos 8 - Biodiversidade, Bioética e Saúde Pública

1 - Palavras, Imagens e Vida Social 2 - Língua Estrangeira: as Línguas do Mundo 3 - A Linguagem do Corpo 4 - Arte: Expressão das Ideias e Emoções 5 - Literatura: Sociedade, Criação e Imaginação 6 - Texto: Contexto e Função 7 - Opiniões e Pontos de Vista 8 - Diversidade Linguística: do Global ao Local 9 - Tecnologias da Comunicação

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Corretas

Porcentagem

16 16 20 18 16 11 16 QUESTÕES Total

Corretas

Porcentagem

17 16 15 19 15 15 15 16

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Competência

Porcentagem

QUESTÕES Total

CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS Competência

Corretas

18 14 17 19 17 18

QUESTÕES Total

Corretas

Porcentagem

12 14 16 13 12 14 12 14 12

Orientações de Estudo


Opa! Agora já sei meus erros e acertos no ENEM. Agora, certamente, você já está acostumado com o tipo de questão que cai na prova. Se prestar atenção, vai ver que a maioria dos conteúdos, como, por exemplo, média, moda, mediana, metro cúbico, eletricidade básica, radiação, ciclos biogeoquímicos, geração de energia, evolução industrial, uso de mapas, modernismo, entre outros, são os que mais aparecem. Também vai notar que muito do que está nos livros de Ensino Médio e nas apostilas de cursinho não aparece em nenhuma das questões, ou aparece muito pouco. O mesmo acontece com a avaliação de suas capacidades cognitivas e de sua visão ética da sociedade. Reparando bem, você verá que a valorização do meio ambiente sustentável, da democracia, da diversidade cultural e linguística, das conquistas sociais, do uso da ciência em prol da melhoria da qualidade de vida, da defesa do consumidor, das novas tecnologias da informação, da análise de gráfico e tabelas, do entendimento de que mudanças econômicas trazem mudanças comportamentais, do respeito à diversidade linguística, da compreensão que as várias formas de expressão artísticas são representações da identidade dos povos e de que sofrem influências de seu tempo e espaço, entre outras questões, são muito consideradas. Com a tabela preenchida, você já pode perceber quais são as competências (e, por consequência, quais são os conteúdos) com que você já tem mais afinidade. Mas será que você deve focar seus estudos simplesmente nas competências em que teve menor desempenho? Não é simples assim. Você precisará elaborar uma estratégia para seus estudos.

Como faço a minha estratégia?

Primeiramente, um guia não é um manual. Em um manual, há somente uma forma de alcançar o objetivo. Por exemplo, para montar um guarda-roupa, você recebe um manual que indica a única forma de fazer com que ele fique em pé. Em um guia, devemos imaginar que as pessoas preferem, ou sentem-se melhores, seguindo caminhos diferentes para chegar a seus objetivos, considerando até mesmo diferentes objetivos. Se, por exemplo, para o aluno que quer cursar Medicina não há outro caminho além de dominar toda a matriz de competências do ENEM, para quem quer um curso cuja nota cobrada não é tão alta, este caminho pode ser mais leve, curto e tranquilo. Se você é um desses alunos, é hora de fazer as contas e selecionar, entre as competências que não domina, quais você elegerá para estudar (incluindo as competências em que você tem domínio razoável). Porém, para qualquer aluno, seja aquele que vai prestar um curso concorrido ou aquele que deseja um curso de menor nota de corte, é necessário que não se peguem atalhos que os façam sair do caminho. Estudar o que o ENEM não irá cobrar é realmente desperdício de tempo para quem tem como objetivo conseguir, com pouco prazo, uma boa nota no exame. Nisso consiste a sua estratégia de estudos: escolha os conteúdos que você consegue aprender no tempo de que você dispõe e que podem lhe conferir uma maior pontuação. Naquelas competências em que você acertou tudo, ou quase tudo, sua capacidade de resolução das questões que estarão na prova já é alta. Cada hora dedicada ao estudo delas trará um acréscimo menor ao número de questões que você acertará.

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Aquelas competências em que você acerta boa parte das questões, uma porcentagem próxima ou um pouco acima de 50%, são competências que você tem mais facilidade de aprender e que a probabilidade de acertar mais questões, se você estudá-las, é muito maior. Vale a pena dedicar vras), La seus estudos a elas. Mas cuidado para não de l ra acesso. ade Fede rma única de A (Universid fo FL emperrar os estudos em um único conteúU o m da co s no EM Alu EN que utiliza o do/competência. instituição Já as competências em que você acerta menos de 50%, ou mesmo não acerta nada, estas são as que você tem mais dificuldades de aprender. Se o seu curso não tem uma nota de corte muito alta e se seu rendimento é muito ruim apenas em uma ou duas competências, não tem problema deixá-las de lado. Afinal de contas, você não precisará acertar toda a prova para ter a nota que precisa no ENEM e cada hora estudada nessas competências também trará pouco retorno na relação custo/benefício. Por exemplo, se você teve um baixo desempenho em geometria e em álgebra (competências 02 e 05 de Matemática), e só tem tempo para estudar um dos temas, escolha aquele que você consegue aprender com maior facilidade. Outro exemplo: se você já tem uma pontuação de 90% na competência 04 de ciências da natureza, dedique seu tempo às outras, mesmo que não tenha total domínio dos conteúdos cobrados na competência 04. Ou seja, você deverá escolher os conteúdos para estudar considerando o tempo investido em estudo e a quantidade de questões que poderá acertar a mais se dominar esse conteúdo. Portanto, vimos que a melhor estratégia de estudos é diferente para cada um dos participantes do ENEM, pois depende dos seus objetivos e considera o desempenho que o aluno já tem, sua facilidade para aprender e o tempo de que dispõe. Agora que você já tem os instrumentos, construa a sua estratégia. Escolha as competências que irá estudar e procure aprender mais sobre os conteúdos indicados pelos textos e dicas de cada capítulo desse Guia.

ENEM, uma prova

de resistência

Quer garantir o acerto de algumas questões a mais no Exame Nacional do Ensino Médio? Então, além do estudo dos conteúdos mínimos e do desenvolvimento das competências e habilidades propostas pela prova, faça exercícios físicos nos dias anteriores ao exame. Quem já fez o ENEM sabe muito bem que ele é, além de uma prova que avalia capacidades e alguns conteúdos, uma avaliação de resistência, quase uma maratona. Em geral, a cada dia, a maioria dos alunos se sente cansada ao chegar entre as questões 65 e 70 (são 90 por dia). Exauridos, não conseguem manter o desempenho no resto da prova, mesmo quando sabem responder as demais questões.

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Orientações de Estudo


Se fosse possível analisar dois alunos com exatamente o mesmo acúmulo de conteúdos e mesmo desenvolvimento das competências e habilidades cobradas pelo ENEM e um deles fizesse um pouco mais que uma hora de caminhada por dia, enquanto o outro se mantivesse sedentário, o número de questões acertadas pelos dois seria diferente. Certamente, o candidato que se prepara fisicamente consegue chegar a um resultado mais condizente com a preparação que fez em toda a vida, dentro da escola e fora dela. Mesmo que mais fáceis que as dos vestibulares convencionais, as 90 questões do primeiro dia do ENEM exigem grande resistência e capacidade de concentração. Elas apresentam textos longos e cobram a utilização de capacidades cognitivas para interpretação, interpolação e extrapolação de suas propostas. Já no segundo dia, quando o candidato chega mais cansado, sem saber o que significa o resultado que teve no dia anterior, é exposto a uma situação pior. No domingo, as questões de linguagens são as que possuem os textos mais extensos e as de matemática exigem que o candidato faça vários cálculos, mesmo sendo a maioria deles muito simples. São simples, mas, no seu conjunto, dão muito trabalho, levam muito tempo e exigem bastante concentração do aluno. Demora muito mais fazer a prova do segundo dia que a do primeiro. Além disso, é neste dia que está a redação, e o estudante só tem uma hora a mais de prova, tempo insuficiente para fazer tudo bem feito. Para os candidatos sabatistas, como é o caso dos adventistas, a maratona fica ainda mais cansativa. Eles precisam chegar ao local de prova, no sábado, no mesmo horário dos demais, mas esperam até o começo da noite para iniciarem a prova e chegam em casa já na madrugada de domingo, dia em que terão de fazer uma nova prova. Além de a prática de exercícios físicos ajudar o aluno no preparo para uma prova que também é de resistência, a caminhada, por exemplo, pode ajudar a manter a atenção, o que só melhora o desempenho.

s de de Illinois, entre ele adores da Universida de os an ve no de Um grupo de pesquis s com aluno nvolveu um trabalho as de 20 Charles Hillman, dese uns dias, a caminhad alg em s, da eti bm su m era s Testes ça m. an va cri sa idade. As apenas descan torizadas. Em outros, mo avam ras fic tei a, es ad nh em mi tos minu faziam ca s mostram que, quando entando res ap s, en ag im aplicados nesses aluno e tos reendiam melhor os tex s promais atentos e comp e melhor resultado na es lar co es es ad vid ati s na ce. ho en ien sc mp se uro de Ne r melho o de 159 da cado em 2009, na ediçã vas. O estudo foi publi

Guia ENEM

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ENTENDA A NOTA

A prova tem divisão entre questões fáceis, médias e difíceis? Sim e não. É evidente que algumas questões são mais difíceis que outras, mas não existe, até hoje, uma proporção claramente definida por quem organiza a prova. O motivo mais evidente disso é que não são todas as questões que estão no ENEM que são previamente testadas, informação que consta na resposta do INEP/MEC no processo em que o Ministério Público do Ceará questiona o ENEM pelo vazamento das questões de 2011. Lá está escrito que não necessariamente todas as questões do ENEM foram previamente testadas. Isso fica evidente ao verificarmos que várias questões são feitas de fragmentos de textos publicados na imprensa poucos dias antes da aplicação das respectivas provas. Não daria tempo de testá-las. É o caso, por exemplo, da própria proposta de redação do ano de 2011. Esse documento resultante do processo do Ceará também diz que o método de TRI (Teoria de Resposta ao Item) utilizado é o método Bayesiano Expected a Posteriori (EPA), o que significa que a definição de uma questão como fácil ou difícil acontece só depois que o INEP corrige a prova de todos os alunos concluintes do Ensino Médio e que, provavelmente, até as questões testadas ganham peso só depois dessa correção. Se acerto uma questão difícil e erro uma fácil, o método ‘anti-chute’ cancela meu acerto? Apesar de o MEC e quase toda a imprensa afirmar que sim, a questão é um pouco mais complicada. Na verdade, a nota do ENEM não é dada pela soma de questões vezes o peso de cada questão. E nem o erro de uma questão cancela o acerto de outra. A nota do ENEM é dada, em cada uma das quatro provas objetivas, pelo caminho que cada aluno percorreu. Sendo assim, dois alunos, por exemplo, com 30 acertos em matemática, terão notas diferentes se não tiverem acertado as mesmas 30 questões. Um aluno com 29 ou 28 acertos pode ter uma nota maior do que aquele que acertou 30. Como é feito esse cálculo? Simples. Em tese (porque o MEC se nega a abrir os dados para que A nota do ENEM é dada, pesquisemos mais sobre o ENEM), se um aluno acerem cada uma das quatro tou 30 questões e foram as mesmas 30 que milhares provas objetivas, pelo de outros alunos, a TRI (Teoria de Resposta ao Item) “caminho” que cada entende que ele teve um caminho mais consistente aluno percorreu. do que um aluno que acertou sozinho um conjunto de 30 questões. Milhares de alunos com 29 acertos terão uma nota maior do que o aluno que acertou sozinho um conjunto de 30 questões. O que o INEP/ MEC chama de método ‘anti-chute’ está relacionado 20

Entenda as Notas


ao caminho que o aluno escolheu, e não a cada questão respondida.

Por que a nota do ENEM nunca é zero e nem 1000? A nota que o ENEM divulga em cada uma das quatro provas objetivas é bem diferente das notas que estamos acostumados a ver no dia a dia porque não é divulgada em uma escala decimal (0 a 10, a 100, a 1000, etc.). É uma nota divulgada em uma escala diferente, chamada de desvio padrão. Essa escala de desvio padrão do ENEM tem como média 500 e 100 pontos a mais ou a menos a cada desvio padrão que o aluno tiver em relação à média dos alunos concluintes do Ensino Médio (quando o caminho do aluno não completa um desvio padrão inteiro, o ENEM coloca esse caminho na curva de desvio padrão dos alunos concluintes do Ensino Médio e atribui uma nota fracionada). É uma conta bastante difícil de se fazer, sobretudo para milhões de provas, e ela só é possível graças a modernos programas de computadores. Para tentar facilitar o entendimento, vamos imaginar que a nota não fosse dada ao caminho, e sim ao número de acertos de questões. Vamos usar como exemplo as provas de matemática do ENEM do ano de 2011. O caminho médio (e então a nota média) de matemática, naquele ano, foi recebido por alunos que acertaram algo entre 12 e 13 questões das 45. Isso dependia de quais foram essas 12 ou 13 questões acertadas. A esse aluno que representava exatamente a média, foi dada a nota 500. Vamos agora fazer de conta que nem as questões e nem o caminho tenha importância para a nota. Imagine que a média de acertos em matemática, dos alunos concluintes do Ensino Médio, tenha sido 13 acertos. E, para facilitar nossas contas, que, dos mais de quatro milhões de pessoas que fizeram a prova em 2011, exatamente um milhão eram concluintes do Ensino Médio. Para fazer o cálculo do desvio padrão, teríamos que somar os acertos desse grupo de um milhão de pessoas, resultando em 13 milhões. Como 13 milhões divididos por um milhão dá 13, quem acertasse 13 questões seria colocado no meio de um gráfico, que vamos chamar de ‘gráfico de desvio padrão’, e sua nota seria 500. Para definir o desvio padrão, o computador faz um cálculo que confere a diferença de acertos de cada aluno em relação a 13 (média de acertos do grupo considerado), soma todas as diferenças e divide pelo total da população considerada, que no nosso caso é 1 milhão. Quem acertou 30 questões manda 17 pontos para o cálculo, quem acertou 6 questões manda menos 7 (7 negativo), quem acertou 13 manda zero, quem acertou 15 manda 2, quem acertou 20 manda 7, e assim por diante. Vamos imaginar que a soma dessas diferenças teA nota no ENEM é nha dado 7 milhões. 0 valor “7” é o nosso desvio padrão. atribuída pela sua A cada 7 questões a mais que o aluno fizer, ele recebe 100 “distância da média”. pontos a mais que 500 (a média 500 e o desvio padrão 100 são estabelecidos pelo ENEM como padrão). Então, com 20 acertos, um aluno faria 600 pontos. Com 27 acertos, faria 700 pontos, com 34 acertos, 800 pontos, com 41 faria 900 pontos e, como a prova só tem 45 questões, ninguém consegue fazer 1000 pontos. Da mesma forma, mesmo errando todas as questões, ninguém faz zero ponto (a não ser que não tenha assinalado a cor da prova e/ou não tenha transcrito a frase da folha de provas para o cartão de respostas). Guia ENEM

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Para simplificar, a sua nota no ENEM é dada por sua distância em relação à média. É por isso que as maiores notas do ENEM, divulgadas pelo INEP/MEC, sempre estão em matemática. Como os alunos acertam em média menos questões dessa área, quem acerta tudo fica a uma distância maior da média do que quem acerta tudo em Linguagens, área em que a média da quantidade de acertos é bem maior. Devemos lembrar, como explicado antes, que essas notas são dadas considerando os caminhos dos alunos, e não pura e simplesmente pelo número de acertos totais.

Alguns dados que irão te ajudar a compreender a nota do ENEM Para te ajudar a entender melhor o cálculo da nota, e também para ter ideia de quantos pontos você precisa fazer para obter determinada nota, realizamos uma pesquisa e elaboramos um conjunto de dados que podem lhe servir como referência. É claro que, como já dissemos, essas notas mudam a cada ano, e se um aluno passou com determinada nota em um curso, isso pode não acontecer com você. Mas o contrário também pode acontecer, ou seja, se a nota média no ENEM ou a concorrência pelo curso desejado diminuir, a nota de corte pode cair. A pesquisa consistiu em comparar o número de questões acertadas e a nota final obtida por mais de 1200 alunos que fizeram a prova aplicada em 2013. Com isso, você poderá verificar quantas questões precisa acertar para ter a nota aproximada necessária para entrar no curso desejado. Além disso, você pode baixar a prova da internet, resolvê-la com o tempo marcado, somar sua pontuação e verificar qual nota conseguiria se tivesse feito o Exame pra valer.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Relação entre acertos na prova e nota obtida 1000 900 800 700

nota

600 500 400 300 200 100 0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

acertos

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Entenda as Notas


mas 30 questões que um conjunto de 100 outros candidatos. E uma outra pessoa acerta as mesmas 30 questões que um grupo de 2000 outros candidatos. Os alunos do segundo grupo (de 2001 candidatos) ficam com notas maiores que os do primeiro grupo porque o ‘caminho’, ou o ‘construto’, das questões que acertaram é mais sólido. Ou seja, há mais lógica nas alternativas que os alunos do segundo grupo marcaram, sendo menos provável que tenham acertado questões ao acaso.

Desvendando a Teoria de Resposta ao Item (TRI)

Como já temos dito, o ENEM usa uma forma diferente de calcular a nota. Para explicar a você, que vai realizar o Exame, como funciona esse cálculo, o Guia ENEM proporcionou a um aluno, cujo nome real foi reservado e chamamos aqui de Lucas, a oportunidade de entrevistar Fred Vilela e Eduardo Quintanilha, especialistas em Teoria de Resposta ao Item. Provavelmente, suas dúvidas são as mesmas que as do aluno selecionado para realizar a entrevista. Portanto, acompanhe abaixo a entrevista de Lucas com Fred e Eduardo e entenda melhor como é calculada a nota do ENEM! Lucas: É verdade que quanto mais difícil a questão que um aluno acerta, maior será sua nota? Podemos dizer que algumas questões têm mais peso que outros? Eduardo: A ideia de peso não é muito adequada. Vemos muita gente, equivocadamente, dizer que acertar os itens (questões) mais difíceis é melhor que acertar os fáceis, o que não é verdade. Não podemos perder de vista que o objetivo do ENEM é medir a proficiência do aluno, o que é mais profundo do que simplesmente saber quais itens ele acertou. Nas provas que medem somente o índice de acerto, a nota do aluno está diretamente ligada ao nível de dificuldade da prova. No caso do ENEM, que utiliza a Teoria de Resposta ao Item (TRI), a nota será sempre a mesma, pois o que está sendo medido é o conjunto de habilidades do estudante. Lucas: Então o que determina o quanto o acerto de uma questão poderá influenciar na nota de um aluno? Fred: Cada item, segundo a metodologia de Teoria de Resposta ao Item adotada pelo Inep, possui três parâmetros: o grau de dificuldade, o índice de discriminação e um índice associado à probabilidade de acerto ao acaso (chute). Esses parâmetros são determinados pela aplicação prévia dos itens em um grupo de estudantes, por meio de um processo chamado calibração. Um conjunto de alunos resolve cada item e, por meio de uma análise estatística de suas respostas, são encontrados os três parâmetros para cada item em uma determinada régua que costumamos chamar Régua ENEM. Lucas: E como essa Régua ENEM é determinada? Fred: Como um padrão de medida, a Régua ENEM é determinada por convenção. Pense na criação do padrão “metro”: inicialmente, um grupo composto de físicos, astrônomos e agrimensores arbitrou que a unidade de comprimento metro deveria corresponder a uma determinada fração da circunferência da Terra. Hoje em dia, quando queremos determinar o comprimento de um objeto, poGuia ENEM

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demos comparar esse comprimento com a “unidade de medida” metro. Para criar a Régua ENEM, a equipe do Inep arbitrou o meio da escala como 500, e associou esse ponto ao desempenho médio dos alunos concluintes do Ensino Médio egressos de escola pública e que finalizaram o Ensino Médio em 2009. Podemos dizer grosseiramente que, ao comparar, quem tiver um desempenho melhor que 500, terá um desempenho superior à média desse grupo de estudantes. Lucas: Fala-se também sobre a coerência pedagógica dos acertos. O que isso significa? Fred: Imagine uma pessoa que tivesse, na régua do ENEM, uma nota 700: ela teria uma probabilidade alta de acertar os itens com dificuldade menor que 700 e uma probabilidade mais baixa de acertar os itens com dificuldade maior que 700. É claro que estamos falando de uma maneira geral, pois existem outros dois parâmetros além da dificuldade de um item que podem influenciar neste resultado. Mas podemos dizer que a coerência pedagógica é o comportamento esperado. Lucas: E o comportamento esperado é o que determina a nota do estudante? Fred: Exato. O exame serve apenas para quantificar uma característica que cada estudante já possui. Por exemplo, para determinar o quanto de domínio uma pessoa possui em matemática, poderíamos submetê-la a um conjunto de itens de dificuldades diferentes. Ela conseguiria resolver todos os itens abaixo de um determinado nível de dificuldade. Poderíamos então associar o quanto essa pessoa domina matemática como sendo o nível dos itens que ela consegue vencer. Lucas: Então acertar os itens difíceis e deixar de lado os itens fáceis não ajuda tanto na nota? Fred: Realmente não. Se o aluno só acerta os itens difíceis, sua nota será bem baixa. Esse comportamento é incoerente e a explicação mais provável para isso acontecer seria que o aluno acertou os itens difíceis no chute. Sendo assim, não podemos dizer que ele tem domínio do que está sendo cobrado na prova. Para exemplificar, fizemos a simulação que você poderá conferir no Raio-X ENEM (disponível na sequência do livro, após a entrevista). Um aluno que no ENEM 2012 acertasse na prova de Matemática os 20 itens mais fáceis teria uma nota de 615,8; enquanto um aluno que acertasse os 20 mais difíceis, pela falta de coerência, teria uma nota de apenas 301,5. Lucas: E o chute pode afetar a coerência pedagógica? É melhor chutar ou deixar em branco? Eduardo: A nota vai depender da coerência pedagógica do conjunto de respostas do estudante. Se ele acerta no chute um item que está significativamente acima de seu nível de proficiência, medido pelo conjunto das respostas dos demais itens, então esse acerto será interpretado como chute e será pouco valorizado. Embora a TRI reduza o valor do chute, ainda é sempre melhor (chutar) do que deixar em branco. Lucas: E qual é a vantagem de se utilizar a Teoria de Resposta ao Item para determinar a nota de um estudante no ENEM? Fred: Podemos dizer que a principal vantagem de se utilizar a TRI é a comparabilidade de resultados. Como foi determinada uma régua e, como falamos anteriormente, a determinação do resultado dos estudantes é feita em função dos itens que estão calibrados nesta régua, o resultado é comparável e independe da prova. Ao invés de levarmos em consideração quantos itens um estudante acerta para determinarmos sua performance, nos baseamos nos parâmetros (especialmente no nível de dificuldade) dos itens que ele consegue resolver. Sendo assim, podemos comparar os resultados de estudantes submetidos a versões diferentes do exame apenas observando quais os itens que ele

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Desvendando a TRI


acerta ou erra. Lucas: Dizem que o ENEM cobra conteúdos diferentes daqueles que aparecem no vestibular. O que é, afinal, cobrado pelo ENEM? Eduardo: O exame serve para medir o quanto o estudante está próximo de dominar um conjunto de competências, habilidades e objetos de conhecimento que o Ministério da Educação do Brasil julga ser necessário para o aluno que conclui o Ensino Médio. Outros países e órgãos usam avaliações por competências e habilidades e a TRI, mas compostas com base em matrizes diferentes. No ENEM, são duas matrizes. A primeira é a de competências e habilidades, que são ferramentas procedimentais ou capacidades de mobilizar conhecimentos para a interpretar uma informação, resolver uma situação problema ou elaborar uma proposta de intervenção. Outra matriz é a de objetos de conhecimento, que são os conteúdos programáticos pertencentes ao currículo do Ensino Básico (Fundamental ou Médio) e que são utilizados na elaboração dos itens. Mas esses conteúdos são cobrados de forma reduzida, em relação ao que é ensinado na escola, e normalmente se condensam em alguns tópicos da matriz (conforme esse Guia indica). Dessa forma, o item tem como tema um objeto de conhecimento que é usado como suporte para medir a proficiência de um aluno em uma habilidade, que pertence a uma competência. Lucas: Há pegadinhas no ENEM? Eduardo: Sendo sucinto a resposta é não. O que ocorre é que os itens estão calibrados para diferentes níveis de proficiência. Então há itens fáceis, ou seja, com grande chance de serem acertados por estudantes de baixa proficiência, itens médios e itens difíceis. Algumas vezes, a alternativa correta não é a mais assinalada. Segundo nossos levantamentos, isso acontece em 35% dos itens. Também levantamos que, para 25%, nenhum dos distratores (nome técnico das alternativas incorretas) alcança 20% de escolha e que em 48% apenas um distrator atinge 20%. Isso significa que raramente dois ou mais distratores conseguem atrair os estudantes, o que não é característico de uma prova que usa de “pegadinhas”. Esses dados envolvendo a distribuição percentual das respostas entre as alternativas podem ser conferidos na tabela Relatório pedagógico - ENEM 2012, disponível na sequência. Lucas: Qual a sua principal dica para quem vai fazer a prova do ENEM? Fred: É importantíssimo acertar os itens que estão no seu nível de conhecimento. Muita atenção nos itens fáceis, pois o modelo da Teoria de Resposta ao Item espera uma resposta correta para esses itens e o erro pode afetar significativamente seu desempenho. Sei que é difícil perceber claramente quais são os itens fáceis, mas se você estiver entendendo o que o enunciado trata, provavelmente a TRI já está esperando que você acerte esse item. Então, muito cuidado para não ter problemas com contas, interpretação de textos, entendimento dos comandos dos enunciados. E quanto mais você treinar a situação de prova (resolvendo simulados, reproduzindo o tempo de prova, mantendo o grau de concentração), mais natural será esta atenção aos detalhes. Tenha uma boa prova! Eduardo: Não chute tudo na letra C ou outra qualquer, pratique o “chute consciente”. Em 2012, apenas 27% dos itens possuíam 3 ou 4 distratores atraentes. Saiba que em 73% dos casos, a dúvida será entre resposta correta e apenas mais uma alternativa. Então, quando não tiver certeza da resposta, elimine as alternativas obviamente erradas antes de chutar, isso não é difícil e aumentará muito a sua chance de acertar o item. E não fique nervoso, a segurança é consequência de sua preparação. Se você se preparou, as coisas certamente darão certo.

Guia ENEM

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F red Vilela é engenheiro mecânico-aeronáutico formado pelo ITA, estudioso da Teoria de Resposta ao Item (TRI) e possui 13 anos de experiência em preparação para Vestibulares e ENEM. Eduardo Quintanilha é graduado em Editoração pela USP, com MBA em gerenciamento de projetos pela FGV, e há 10 anos atua no mercado editorial didático. Atualmente, ambos atuam na Evolucional, empresa que aplica diagnósticos com Teoria de Resposta ao Item para Escolas e Sistemas de Ensino.

Raio-X ENEM Confira abaixo o infográfico “Raio-X ENEM”. Ele apresenta a distribuição das questões do ENEM 2012 por Competência cobrada e por nível de dificuldade, conforme a régua (faixa de notas de 500 a 800) que pode ser observada ao final da tabela.

Raio-x enem

entenda como é calculada a nota

lc - C5

ch - C3

15,6% 01 06 09 30 31 33 39 20% 55 65 71 74 77 79 82 83 87

cn - C1 ch - C6

17,8% 04 13 14 21 25 26 34 45

cn - C7

17,8% 138 144 150 157 161 167 172 177 17,8% 136 142 145 147 154 158 159 171

MT - C1

+ -

lc - C8

ch - C2

cn - C6 lc - C2

11,1% 59 64 78 81 90

ch - C4

13,3% 03 07 17 36 37 42 13,3% 137 149 152 153 160 165 11,1% 156 164 170 173 180

cn - C3

dificuldade

média incidiência (de 10% a 14,9%) baixa incidiência (abaixo de 10%)

28

ch Ciências da Humanas e suas Tecnologias

lc - C1

13,3% 56 61 66 67 69 80

MT - C2 MT - C4

13,3% 11 20 23 40 41 44 13,3% 139 146 174 176 178 179

cn - C4

+ -

MT - C7

6,7% 10 28 32

cn - C2

6,7% 96 100 115

lc - C3

6,7% 97 111 125

lc - C9

8,9% 98 102 109 127

lc - C6

Questões da prova azul do enem 2012

Matemática e suas Tecnologias

CN Ciências da Natureza e suas Tecnologias

MT - C6 cn - C5

6,7% 12 18 35

mt

MT - C3

13,3% 02 08 15 19 22 24 13,3% 05 16 27 29 38 43 11,1% 91 92 93 94 95

8,9% 116 121 122 131

lc Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

ch - C5 ch - C1 mt - C5

17,8% 51 60 62 68 72 84 85 88

11,1% 103 104 114 118 120 11,1% 151 155 162 163 175 13,3% 99 105 108 110 123 128

Legenda

dificuldade

17,8% 101 112 113 117 124 126 134 135 17,8% 47 48 52 53 54 57 76 86 20% 46 49 50 58 63 70 73 75 89 15,6% 140 141 143 148 166 168 169

-

Dificuldade por Competência lc - C7

dificuldade

alta incidiência (acima de 15%)

Incidência 15,6% 106 107 119 129 130 132 133

lc - C4 cn - C8 500

600

700

800

+

Desvendando a TRI


173

26%

42%

12%

11%

8%

174

7%

12%

17%

46%

18%

175

11%

15%

20%

42%

11%

176

19%

25%

21%

20%

14%

177

34%

25%

18%

13%

9%

178

15%

20%

29%

23%

12%

179

18%

15%

18%

17%

32%

180

31%

16%

18%

14%

20%

*As alternativas em destaque correspondem ao gabarito da prova.

Mapa do ENEM - O que estudar?

Nessa parte, apresentamos a você um mapa das competências e habilidades presentes na matriz do ENEM e de seus conteúdos relacionados. Com essas informações, você terá mais subsídios para organizar seu plano de estudos e focar nos conteúdos que mais aparecem no exame. Nas páginas a seguir você encontra, para cada uma das trinta competências cobradas, os seguintes dados: • Incidência das competências na prova de cada área do conhecimento. A partir das provas do ENEM já aplicadas, nossa equipe analisou e determinou a competência em que cada questão se encontra na matriz e assim conseguiu apresentar a incidência de cada competência, em porcentagem, dentro de cada uma das quatro provas. • Distribuição do desempenho dos alunos em cada competência. Através de um teste de desempenho específico para as competências cobradas pelo ENEM (com 12 questões por competência), aplicado em um grupo de aproximadamente três mil alunos, foi possível elaborar os gráficos de distribuição que poderão ser observados. Com essas informações, você tem um panorama da dificuldade/facilidade dos outros alunos em cada competência e pode traçar melhor a sua estratégia. • Principais conteúdos associados às competências cobradas. Com base nas muitas questões que já caíram no ENEM, elencamos os conteúdos que mais aparecem na prova do ENEM. Normalmente as competências e habilidades, ou capacidades cognitivas, são cobradas através de alguns conteúdos mínimos: o pleno domínio desses conteúdos costuma facilitar a resolução das questões. Se você não tem tempo para estudar tudo o que sua apostila ou livro didático traz, dê prioridade aos conteúdos apontados nessa pesquisa.

Guia ENEM

35


Ciências Humanas e suas Tecnologias

Proporção de alunos

Competência 1 - Cultura e Identidade

Incidên c na prov ia dessa com p a de Ciê ncias H etência umanas :

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10 11

20%

12

Acertos Principais conteúdos associados: - Diversidade cultural brasileira (danças, esportes, festas, comidas, religiões e outros valores); - Herança cultural africana; - Herança cultural indígena.

petência sa com umanas: cia des Incidên de Ciências H a na prov

18%

Proporção de alunos

Competência 2 - Geopolítica e Território

0

1

2

3

4

5

6 7 Acertos

8

9

10 11

12

Principais conteúdos associados: - Formação territorial brasileira: o complexo açucareiro, a mineração, o café, o ciclo da borracha na Amazônia, etc.; - Conflitos do séc. XIX e XX: imperialismo, ocupação Ásia e África, Guerras Mundiais, Guerra Fria, cenário pós-Guerra Fria e organismos multilaterais dos séc. XX e XXI.

36

Mapa do ENEM - O que estudar?


Ciências Humanas e suas Tecnologias

COMPETÊNCIA

1

Cultura e identidade Idealizadores:

69 Mateus Prado e Paulo Jubilut


O QUE O MEC PENSA DESSA COMPETÊNCIA

Todos nós temos uma história e uma memória individual. Podemos até mesmo construir uma linha do tempo de nossa trajetória escolhendo marcos que consideramos mais importantes, ou seja, que tenham significado especial ou representem momentos de transformação em nossas vidas. Além da identidade pessoal, existe também a Identidade social. O que nos faz brasileiros, tão diferentes de japoneses, franceses ou norte- americanos? A cultura. Isso não significa dizer que todo o brasileiro seja da mesma forma, mas que reconhecemos que a identidade social do brasileiro se afirma por meio dos vários hábitos e costumes semelhantes. Mesmo que eu não goste de futebol, o Brasil continuará a ser reconhecido como o “país do futebol’’. Toda sociedade tem uma cultura. Os seres humanos da pré-história produziam seus instrumentos de trabalho, faziam pinturas em paredes de cavernas, tinham um modo de se vestir e criavam regras para a divisão do trabalho e organização da vida social. O mesmo ocorria com os seres humanos que viveram em outros períodos históricos e também co-

É bom s

aber...

Grande p art competê e das questões d ncia traz temas lig essa valorizaç ados à ão das h eranças africana culturais s no Bra sil.

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nosco, que vivemos no Brasil do século XXI. Estando sempre ligados à história passada e presente, constituímos nossa identidade individual e social, que se reafirma a todo tempo através da cultura. Alguns objetos são representativos dessas memórias. Guardamos uma fotografia de uma pessoa querida ou de um dia marcante. Da mesma forma que preservamos bens pessoais que têm significado para nós, existem outros bens, que podemos chamar de bens culturais, que têm significado para uma comunidade, para os habitantes de uma cidade, ou mesmo de um país. A história de uma comunidade, seus prédios, ruas, avenidas e tradições também retratam a memória e a identidade de um grupo, não são somente resquícios do passado, mas a memória viva do que os habitantes daquela comunidade são hoje. As tradições locais servem como referência para todos aqueles que ali nascem e crescem, são os laços e a identidade que se estabelecem entre as pessoas. É importante lembrar que “ter cultura” não significa apenas ler um grande número de livros, conhecer óperas e compositores eruditos, frequentar teatros e cinemas. O que denominamos por cultura nas ciências humanas está diretamente relacionado ao modo de vida de cada sociedade. Os textos dessa página foram selecionados de livros editados pelo INEP/MEC a respeito do exame que foi base para a matriz de competências e habilidades do Novo ENEM.

COMPETÊNCIA 1 | Cultura e Identidade


COMPETÊNCIA Cultura e Identidade

1

Competência exigida pelo ENEM Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.

Entenda a Competência Nesta competência, o ENEM espera que o aluno compreenda a formação da identidade e da cultura dos povos e consiga interpretar documentos relacionados a estes. Para isso, é preciso conhecer um pouco sobre as sociedades americanas pré-colombianas, os conflitos ocorridos no momento da chegada dos europeus e as relações de escravidão e resistência do período de colonização da América. Da mesma forma, é necessário valorizar a riqueza das culturas africanas e estudar o tráfico de escravos africanos para a América, a escravidão, as formas de resistência e luta pela abolição. Atente-se para a herança de costumes, religião e demais traços culturais desses povos, que contribuíram na composição do Brasil atual. É importante entender os conceitos dos dois tipos de Patrimônio Cultural: o material e o imaterial. Procure conhecer e reconhecer os regionalismos e a diversidade de culturas de que o Brasil é composto, pois o ENEM poderá apresentar danças, esportes, festas, comidas, religiões e valores diferentes de cada região ou grupo, e pedir que você os reconheça ou relacione. Lembre-se de que, conforme o quinto eixo cognitivo cobrado pelo ENEM (aquele que espera uma postura ética do aluno), as culturas precisam ser compreendidas em sua diversidade e riqueza, sem que haja qualquer sentimento de superioridade de uma em relação à outra.

Ciências Humanas e suas Tecnologias

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AS HABILIDADES Propondo essa competência, o ENEM quer saber se você é capaz de: • Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura. • Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas. • Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos. • Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura. • Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.

DICAS Desenvolvendo e aprimorando habilidades e competências 1. Assista ao documentário O Povo Brasileiro, baseado na obra de Darcy Ribeiro. Essa obra é uma importante análise sobre a formação étnica e cultural do brasileiro e identifica diferentes “Brasis”, ou seja, padrões regionais distintos dentro do território nacional. 2. Faça uma comparação entre a visão, com relação aos povos da América, presente nas Cartas do Padre Manuel da Nóbrega (que se referem aos índios como “seres bestiais”) e nas cartas e sermões de Padre Antônio Vieira (que já os colocam em outro patamar). Procure esses documentos na biblioteca digital da USP: www.brasiliana.usp.br 3. Ser Escravo no Brasil, de Kátia Mattoso, é um livro clássico e de fácil leitura, que trata desde a questão do tráfico de escravos enquanto mercado lucrativo, até a dura rotina de trabalho dessas pessoas no Brasil e, ainda, as possibilidades de liberdade nesse mundo. 4. O filme Central do Brasil, produzido em 1998, retrata um pouco da vida, cultura e valores das pessoas que migram pelo Brasil em busca de oportunidades. A questão da migração é importante pois é ela que propicia trocas e relações entre as especificidades regionais que compõem a nação. 5. O filme Hotel Ruanda é interessante para discussão do tema “identidades”, pois mostra a realidade de um país em um pesadíssimo conflito interno derivado dos desentendimentos entre as 2 etnias que compõem a população: tutsis e hutus.

72

COMPETÊNCIA 1 | Cultura e Identidade


PROPOSTA DE AULA Procure ter acesso ao texto “Matuto no Cinema”, do poeta paraibano Jessier Quirino. Se quiser o CD com o áudio, você pode encontrar no site www.poesiamatuta.com.br. O texto conta a história de um matuto que, mesmo não sabendo ler português, foi assistir a um filme legendado. Mesmo assim, na volta para o sertão, ele consegue contar a história do filme. Passe o texto ou o áudio aos alunos. Depois, organize a sala e proponha a discussão: o matuto entendeu ou não o filme? Como se manifestam as diferenças e igualdades entre as culturas do matuto e do homem da cidade?

Exercícios 1

A Unesco define como Patrimônio Cultural Imaterial “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas - junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados - que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. ”São exemplos de bens registrados como Patrimônio Imaterial no Brasil: o Círio de Nazaré no Pará, o Samba de Roda do Recôncavo Baiano, o Ofício das Baianas de Acarajé, o Jongo no Sudeste, entre outros. Disponível em: http://www.portal.iphan.gov.br. Acesso em: 29 jul. 2010 (adaptado).

É bastante recente no Brasil o registro de determinadas manifestações culturais como integrantes de seu Patrimônio Cultural Imaterial. O objetivo de se realizar e divulgar este tipo de registro é a) reconhecer o valor da cultura popular para torná-la equivalente à cultura erudita. b) recuperar as características originais das manifestações culturais dos povos nativos do Brasil. c) promover o respeito à diversidade cultural por meio da valorização das manifestações populares. d) possibilitar a absorção das manifestações culturais populares pela cultura nacional brasileira. e) inserir as manifestações populares no mercado, proporcionando retorno financeiro a seus produtores.

2

A Superintendência Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desenvolveu o projeto “Comunidades Negras de Santa Catarina”, que tem como objetivo preservar a memória do povo afrodescendente no sul do País. A ancestralidade negra é abordada em suas diversas dimensões: arqueológica, arquitetônica, paisagística e imaterial. Em regiões como a do Sertão de Valongo, na cidade de Porto Belo, a fixação dos primeiros habitantes ocorreu imediatamente após a abolição da escravidão no Brasil. O Iphan identificou Ciências Humanas e suas Tecnologias

73


nessa região um total de 19 referências culturais, como os conhecimentos tradicionais de ervas de chá, o plantio agroecológico de bananas e os cultos adventistas de adoração. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do?id=14256&sigla=Noticia&retorno=detalheNoticia. Acesso em: 1 jun. 2009. (com adaptações).

O texto acima permite analisar a relação entre cultura e memória, demonstrando que a) as referências culturais da população afrodescendente estiveram ausentes no sul do País, cuja composição étnica se restringe aos brancos. b) a preservação dos saberes das comunidades afrodescendentes constitui importante elemento na construção da identidade e da diversidade cultural do País. c) a sobrevivência da cultura negra está baseada no isolamento das comunidades tradicionais, com proibição de alterações em seus costumes. d) os contatos com a sociedade nacional têm impedido a conservação da memória e dos costumes dos quilombolas em regiões como a do Sertão de Valongo. e) a permanência de referenciais culturais que expressam a ancestralidade negra compromete o desenvolvimento econômico da região.

3

Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito. Eram pardos, todos nus. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros. Os cabelos seus são corredios. CAMINHA, P. V. Carta. RIBEIRO, D. et al. Viagem pela historia do Brasil: documentos. São Paulo: Companhia das Letras, 1997(adaptado).

O texto é parte da famosa Carta de Pero Vaz de Caminha, documento fundamental para a formação de identidade brasileira. Tratando da relação que, desde esse primeiro contato, se estabeleceu entre portugueses e indígenas, esse trecho da carta revela a a) preocupação em garantir a integridade do colonizador diante da resistência dos índios à ocupação da terra. b) postura etnocêntrica do europeu diante das características físicas e práticas culturais do indígena. c) orientação da política da Coroa Portuguesa quanto à utilização dos nativos como mão de obra para colonizar a nova terra. d) oposição de interesses entre portugueses e índios, que dificultava o trabalho catequético e exigia amplos recursos para a defesa da posse da nova terra. e) abundância da terra descoberta, que possibilitou a sua incorporação aos interesses mercantis portugueses, por meio da exploração econômica dos índios.

4

Distantes uma da outra quase 100 anos, as duas telas seguintes, que integram o patrimônio cultural brasileiro, valorizam a cena da primeira missa no Brasil, relatada na carta de Pero Vaz de 74 COMPETÊNCIA 1 | Cultura e Identidade


guiaenem.org.br

www.


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