Há bem: soou

Page 1

José Luiz Marcelino Júnior


Curupira Cartonera 2021 Produção editorial: Curupira Cartonera ____________________________________________________________

Estamos Curupira Cartonera porque nos identificamos com os significados trazidos por estes significantes: é neste projeto que encontramos acolhida e papel em branco para podermos ser crianças e, neste espaço que consideramos de ludicidade, damos um passo (os passos do Curupira são para trás ou para frente?) que consideramos político. Talvez nossos passos sejam para trás. Ou para lá e para cá. Não nos interessa muito chegar a nenhum lugar, nos interessa brincar com as categorias pré-estabelecidas: fabricamos livro a partir do lixo porque vemos beleza no refugo. Há muita beleza bruta no descarte. Nesta atual Pindorama que insiste em barrar e apagar a potência da diversidade, consideramos que ver e dar visibilidade às belezas brutais seja um ato de resistência.


“Há bem: soou” é nossa primeira aposta que entende a poesia como voz religiosa, voz que religa nossa vivência cotidiana a algo mais elevado. É uma mensagem positiva feita a partir do que ainda existe de bonito nas palavras: uma espécie de verdade que faz ventilar um pouco estes dias tão sem ar em que vivemos. É uma anunciação performática: anuncia o bem e, concomitantemente, é o próprio bem que anuncia.



MINHA HISTÓRIA DE VIDA

Em uma noite solitária eu me vejo na solidão do momento junto com o meu desalento pensando na vida, tudo parece sereno ao não ser, o meu coração que sofre sentindo saudade do meu outro eu. Um outro eu que guardo em minha memória e no mais profundo de minha alma que transpira em meus olhos mostrando minha fraqueza, fraqueza essa que surge quando lembro do meu passado. Um passado de muita tristeza e fracasso, eu via minha mãe com o coração em pedaços por me ver na lama, nas ruas, bêbado caído nas calçadas jogado às traças, desvalido da vida de tanto beber. Eu bebia, eu usava drogas, para mim, dava no mesmo viver ou morrer. Eu já estava vendo a morte porque a própria sorte já tinha me abandonado para eu morrer por causa das dividas, drogas, álcool, brigas e disputa de território. Então, em um ultimo desespero para tentar me salvar onde todos já não acreditam em mim, minha mãe arrumou dinheiro e me mandou para bem longe na esperança de não me ver morrendo e que eu pudesse mudar chorando no ponto de ônibus ela me disse, meu filho, dos cinco filhos que eu tenho, é em você que tenho esperança e acredito em Deus que você vai mudar, vai estudar, vai se formar trabalhar e se tornar um homem de bem para a sua mãe ajudar. Sim, onze anos se passaram e hoje aqui estou, lembrando o que passou, com uma imensa tristeza em meu coração e o que mais me conforta é saber que à seis anos atrás eu voltei para minha terra e à ela eu pedi perdão. Hoje, nesse exato momento eu sou um acadêmico e estou fazendo curso superior, eu lembro quando minha mãe dizia que o sonho que ela tinha era me ver formado em professor. Sim minha mãe, eu já me sinto um vencedor, pois o filho que você sempre sonhou hoje aqui está, eu te agradeço por não desistir de mim e é graças a você que eu cheguei aqui e se Deus quiser eu vou me formar


SOU NEGRO

Sou filho da terra sou filho do mar Sou negro da guerra sou negro sarará Sou negro bandela sou negro bandú A vitória me espera sou apenas mais um Eu sou negro na raça sou negro na cor Tenho olhos de brasa tenho força no amor Enfrento o que vinher estou pronto para lutar Porque foi o pai Tomé quem me ensinou a brigar Eu sou negro sou negro sou negro de Angola Eu sou brasileiro eu tenho ginga e jogo bola Eu sou negro sou negro filho de pai Nagô Eu sou negro de capoeira foi Sua Suna quem me ensinou


RELATO DE UM PRETO VELHO

Agente vivia feliz, mesmo sem muitos recursos e pouca comida, mas agente era uma família, cantava, dançava, e rezava nas colônias africanas que era o nosso lar. Até que um dia, invadiram o nosso lar com força bruta e violência, nos rederam, nos acorrentaram, nos trancaram e nos colocaram em porões e calabouços de grandes navios negreiros. Tiraram tudo que a gente tinha, casa, família, cultura, língua, religião, crença, sonhos, e o direito de ser feliz, nos obrigaram a deixar tudo para trás por causa de dinheiro, terras e poder, nos trouxeram para esse lugar aonde eles invadiram e fizeram o mesmo com os nossos irmãos indígenas que já moravam aqui. Comemos pão e água enquanto na mesa do barão tinha comida boa, tiraram as nossas mulheres de nós, e as venderam para os senhores para servirem de concubinas e mocambas, tiraram os nossos filhos e os venderam no mercado de escravos para trabalharem forçado como nós. Os pretos velhos que não aguentavam mais trabalhar, por causa da idade, muitas das vezes eram jogados no mar com uma tranca no pescoço ou deixavam eles morrerem com fome nos porões e senzalas. E eu, eu apanhei, fui silenciado no chicote feitor enquanto o sangue que saía das minhas costas e escorria pelos fios daquele chicote malvado, sugaram todas minhas energias e quando eu estava cansado e não podia mais trabalhar, eu fui abandonado a minha própria sorte nas senzalas, então eu pedi forças a Deus e aos orixás para me ajudarem e ajudar também os meus irmãos de fé, eles ouviram minhas preces e me deram o dom da reza, da cura, e da esperança para ajudar os meus irmãos


UMBANDA

Deus salve a umbanda, salve os filhos de fé, salve o centro espírita salve o candomblé. Salve os Orixás e toda força do espaço salve Maria Padilha com o seu peito de aço. Orixá regente do fundo do mar, é uma linda sereia minha mãe Iemanjá , mãe iluminada abençoada por Deus cuida de mim mamãe sereia com muito orgulho sou filho teu. Orixá Ogum, justiceiro e patriarca vence o inimigo com sua espada, sempre pronto para pelos seus filhos, admirado por muitos, companheiro de São Jorge, salve meu pai Ogum. Orixá Oxum, a deusa do amor e da sexualidade, entre todos ela é a mais bela e sensual, orixá da fertilidade que ajuda as mulheres a engravidar, salve mamãe Oxum. Eparrê senhora Iansã, Orixá guerreira senhora dos ventos e dos trovões, sempre pronta para lutar em uma batalha pelos seus filhos, Eparrê. Orixá Oxoce, o senhor das matas cuida da natureza e cuida também dos filhos, com seu arco e flecha ele protege a todos que clama por ajuda. Orixá Xangô, senhor das pedreiras com eu machado forte e afiado corta as demandas dos inimigos para defender os seus filhos. Salve todos os Orixás.


A FORÇA DA PALAVRA

Pelos verbos aqui falados tudo que foi feito contra mim seja logo desmanchado Meu Deus eu te peço me livra do invejoso e der um nó na língua maldita Me faz ser corajoso e respeitar a doutrina espírita Pelo poder d palavra santa e a força da oração Contra mim não haverá vingança muito menos traição Na hora do desespero eu clamo aquele a quem sou fiel Que ampare com seus guerreiros que são os anjos que estão no céu Dos anjos, os arcanjos, os serafins e os querubins Me proteja até em meu sonho, que nem pesadelo encoste em mim Pelo brilho que tem a lua e as estrelas que tem no céu Que a minha supere a sua e eu te rasgue como papel Pelos 13 raios do sol que se une aos 13 raios da lua Eu te pertubo sob o lençol de tanto medo correrá para rua Pela fé de Salomão e a obediência do ervo Jó Eu abrando o teu coração e na tua língua eu dou um nó Nunca tente contra a minha vida nunca quera ver o meu mal As tuas pernas serão partidas e tua vida se tornará um caos Pelo gemido que a lua deu e pelo ronco dos sete mares Tu perderá tudo que é teu se o mal tu me desejares Se tentar me prejudicar com feitiço, macumba ou magia As tuas pernas eu irei quebrar, seja noite, tarde ou dia


A FORÇA QUE TREME A TERRA

A força que treme a terra é a mesma força que te deixa manso Com 7 baques você perde a guerra e com 7 quedas eu te vejo aos prantos Sua vida será devastada como um regaço de um furacão Não terás vontade de fazer mais nada apenas dor em seu coração São 7 as linhas que tem na umbanda 7 exus tu verás todos os dias São 7 os dias que tem na semana por 7 anos você terá agonia Você terá as pragas do Egito com 7 dores você há de sofrer Você não parar de ficar dando gritos de tanta dor você há de gemer Todos os 7 pecados do mundo você há de obter ainda em vida Viverás num alento profundo no escuro não verás uma saída Eu te parto te quebro e te amarro sem ninguém você há de ficar Eu te rebento te prendo e te retalho embaixo do meu pé esquerdo você estará Eu te domino para não falar mal de mim e seu anjo da guarda vou agora prender Se tentares fazer mal contra mim o seu sangue eu irei de beber


A liberdade chegou

Às vezes eu fico chorando me lembrando da desigualdade Os negros eram injustiçados excluídos da sociedade Os portugueses chegaram aqui não sabiam o que iam encontrar Mas acharam a nossa riqueza e trouxeram os negros para trabalhar Chegaram ao cais da Bahia encalharam os navios negreiros Aqui já habitavam os índios ainda dizem que foram os primeiros Ei! A liberdade chegou Vamos! Nós precisamos lutar Já se passaram quinhentos anos em pleno o século XXI O negro já tem o deu direito ele é igual a qualquer um Hoje temos liberdade o direito de trabalhar Graças a Deus e a democracia o negro é aceito em qualquer lugar Ei! A liberdade chegou Vamos! Nós precisamos lutar


APENAS MAIS UM

Eu sou apenas mais um, descriminado por ter a pele um pouco mais escura, muitos não me valorizam e me excluem da sociedade por não acharem que eu sou ser humano como qualquer outra pessoa aqui na terra. Muitas vezes eu me deparo com racistas tentando se esconder do seu próprio preconceito, com medo da opressão e justiça da lei que de alguma forma me ampara nessa luta contra esses racistas imbecis e ignorantes que já dura a mais de 500 anos. É preciso quebrar as correntes do preconceito, abrir as trancas da ignorância e lutar pelos nossos direitos porque somos seres humanos como qualquer outro


CHEGA

Não! Chega violência, chega de tanta maldade. Chega de preconceito, chega de desigualdade. Nós temos de quebrar o preconceito, rebentar as correntes. Queremos os nossos direitos, nós também somos gente. Gente como, o rico, o pobre, o pardo, o branco ou qualquer outro no mundo.


Eu sou negro de angola Eu sou negro de guiné Eu tenho ginga e jogo bola Eu tenho o samba no meu pé Eu sou negro na consciência Eu sou negro na minha cor Eu sou a força da experiência Eu sou a lembrança do que passou Negro, negro, sim eu sou Respeite minha história Respeite quem eu sou Eu sou negro de angola Eu sou filha do pai nagô Eu sou negro da dança da ginga da capoeira e do candomblé Eu sou negro da raça da senzala eu sou filho de pai Tomé Respeite quem eu sou Que eu respeito que você é Eu tenho orgulho da minha cor Com muita força e muito axé Axé, axé, axé meu pai xangô. Olorum e mãe Iemanjá Axé mãe Iansã, pai ogum e oxalá Axé todos os orixás


GRITO DE LIBERDADE

Negro aonde você foi, negro onde você estar. Negro eu quero te ver, já é hora de lutar. Vamos lutar pela nossa paz e nos unir aos nossos irmãos A capoeira nós vamos jogar com muita fé no coração Eu sei que nós vamos vencer, eu sei que vamos ganhar. Pois eu tenho esperança, a liberdade alcançar. Negro aonde você anda, precisamos de você aqui. Decidimos que vamos lutar, não precisa mais você fugir. Estamos cansados de tanto sofrer, nós queremos conhecer o amor. As correntes nós vamos quebrar e derrotar o grande feitor Vamos embora para Palmares, em busca de uma união. Encontrar o nosso pai Zumbi, e pedir a sua proteção. A esperança é quem nos move, é quem nos faz viver. Eu sei que vamos ganhar, mas precisamos de você. Negro aonde você foi, negro onde você estar.


GUERREIROS DO BRASIL

Eu sou filho da terra, sou fruto do amor. Eu não quero uma guerra, eu só quero valor. Me arrancaram da África para ser explorado. Eu fui socado em navio para, como, muitos aqui ser escravizado. Nos privaram da nossa língua, proibiram nossa cultura. Nos colocaram em uma guerra, nos levaram à sepultura. Nos roubaram a liberdade, em correntes nos prenderam. Da nossa família nos tiraram e como produtos nos venderam. Nos enganaram com falsas promessas, em nome da religião. E hoje querem tirar o que nos resta, por causa da ambição. Há algum tempo, disseram que estávamos libertos, mas não tivemos os nossos direitos. Ainda falta nos libertar das correntes do preconceito Até hoje não somos vistos, nem considerados como brasileiros. Muitos se esquecem, ou até mesmo nem sabem, que nessa terra estamos entre os primeiros.


IDENTIDADE NORDESTINA

O chero da terra moiada Ur minino brincando discalso Sem camisa na bera da istrada O cuscui com mantega no café da notche O pão solitário no café da manhã O fejão com arroi misturado com oxi O alimento de rico chamava maçã Como esquecer do meu nordeste O jogo de chimbra de manhã bem sedinho O pião na pontera não pudia faltar Na casa malassombrada não durmia sozinho Todo dia rezava antes de detchar Etcha! Não posso misquecer as reza de todo dia Cada dia im uma rua diferente Tinha missa no domingo procissão em dezembro E nas rua piquena todo mundo é parente Brincadera de pega pega isconde isconde E quando todo mundo cansava começava a mangá Tinha os banho di rio qui num era tão longe Agente ia pra praia tumar banho no mar Ai! Qui saudade do meu Nordeste!


Tinha as festcha junina no tempo de sam juão Coco de roda quadrilha cavaiada e baião Quando manhia falava comigo Ela mandava eu me quetar Mainha ficava com a japonesa na mão E eu ficava com medo de apanhar Falar do meu Nordeste não dexa eu isquecer minha raiz Puriço eu ti peço meu Deus se im otra vida eu for nacer di novo Si for no Nordeste eu ficarei muntcho filiz


INVAZÃO

Invadiram nossas terras nos iludiram com objetos e falsas promessas tomaram-nos o direito de viver em paz e harmonia com o nosso povo em nossas tribos, nos prenderam e nos fizeram refém das ambições dos colonos. Obrigaram-nos a travar uma guerra que não era nossa, a matar e morrer por ideais ambiciosos dos colonos invasores, nós lutamos contra a nossa própria raça, contra nossos irmãos indígenas para favorecer interesses políticos, econômicos e religiosos. Nós fomos enganados por lideres religiosos que alegavam nos catequizar e nos domesticar como se nós fossemos animais sem alma e ignoraram nossa crença e religião, a igreja, coroa e o governo disputavam poderes e terras, a parte mais frágil era a gente que pagava com nossa vida ou nossa liberdade com a escravidão.


LAMENTAÇÃO

Me prenderam, me amarraram me trancaram e me tiraram o direito de viver. Eu fui escravizado e forçado ao trabalho pesado sem direito a viver como gente Como um ser humano igual a todos aqui na terra Todos os dias eu trabalhava junto com os meus irmãos para enricar o homem que se dizia meu senhor, meu dono, como se eu fosse um objeto qualquer, pois era assim que eles nos tratavam. Muitas das vezes anoitecia e eu cansado junto com os meus irmãos, as lágrimas caíam dos meus olhos, eu sonhava com o dia da nossa libertação. Quanto mais eu trabalhava, mais eu apanhava no tronco sem ter o direito de me defender, nem mesmo o direito de ficar triste e me acalentar com minha cultura, música, dança, crença, religião... Hoje eu estou livre, livre? Não existe mais as correntes e trancas de ferro, mas ainda existem as correntes e trancas psicológicas e moral que são o preconceito racial e o racismo como forma de exclusão social que tenta nos aprisionar, mas a prisão está na ignorância dos preconceituosos que não enxergam a igualdade e o direito de todos.


Negro axé

Eu sou negro de angola eu sou negro de guiné Eu tenho ginga e jogo bola eu tenho o samba no meu pé Eu sou negro na consciência eu sou negro na minha cor Eu a força da experiência eu sou a lembrança do que passou Negro, negro, sim eu sou negro Respeite a minha historia respeite quem eu sou Eu sou negro de Angola eu sou filho de pai Nagô Eu sou da dança, da ginga, da capoeira e do candomblé Eu sou da raça, da senzala, eu sou filho de pai Tomé Respeite quem eu sou que eu respeito quem você é Eu tenho orgulho da minha cor com muita força e muito axé Axé, axé, axé meu pai Xangô, olorum e mãe Iemanjá Axé mãe Iansã, pai Ogum e Oxalá Axé todos os Orixás


NEGRO DA COR PRETINHA

Negro da cor pretinha negro dos olhos meus Negro dos pés descalço negro você é como eu Eu sou negro com orgulho sou negro de coração Porque se não tivesse negro não existia nação Quem quiser gostar de mim tem que gostar como eu sou Sou do mato e do terreiro eu toco pandeiro e tambor Quem quiser me ver feliz é só lembrar quem eu sou Lembra que eu venho dos negros e me trate com amor Se eu fosse dono do mundo não tinha um só cristão Que fosse discriminado pela cor de seu irmão Eu sou negro como negro eu sou negro como sou Agradeço a Deus por isso por Deus me abençoou Se você é um homem branco não maltrate o seu irmão Porque depois que você morrer vai para debaixo do chão Eu termino essa mensagem com um conselho a te dar Não jugues para não ser jugado quando o juízo chegar


NEGRO

Sou filho da terra sou filho do mar Sou negro de guerra negro sarará Sou negro bandela sou negro bandú A vitória me espera sou apenas mais um Eu sou negro da raça sou negro na cor Tenho olhos de brasa tenho força no amor Enfrento tudo que vinher estou pronto para lutar Porque foi o pai Tomé quem me ensinou a lutar Eu sou negro sou negro sou negro de Angola Eu sou negro brasileiro tenho ginga e jogo bola Eu sou negro sou negro sou filho de pai Nagô Eu sou negro de capoeira foi Sua Suna quem me ensinou


RAINHA DO MAR

O bem ti vi te viu na beira da lagoa O sabiá sabia que você ia mergulhar A maré subiu e cobriu a sua coroa Mas você foi salvo pela rainha do mar Levado para a praia deitado na areia Salve mamãe sereia ela veio te salvar Ela vive no fundo do mar E nos braços te acolheu Está sempre com os filhos seus Salve minha mãe Iemanjá Odociar minha mãe sereia Eu te amarei a minha vida inteira Com muita fé e muito amor Você é rainha no fundo do mar Você é meu guia meu Orixá E trabalha na fé para o criador


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.