Parques São Paulo

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TEXTO CASSIANO JOSÉ PIMENTEL FOTOS LUCIANO CANDISANI

UMA JORNADA PELA BIODIVERSIDADE PAULISTA

PARQUES

SÃO PAULO



Sapo-pingo-de-ouro, pรกgina 154.


TEXTO CASSIANO JOSÉ PIMENTEL FOTOS LUCIANO CANDISANI

PARQUES

SÃO PAULO UMA JORNADA PELA BIODIVERSIDADE PAULISTA

1ª EDIÇÃO

SÃO PAULO

DEZEMBRO : 2013


Foto da capa: Parque Estadual Ilha do Cardoso, página 28.

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

CONCEPÇÃO E COORDENAÇÃO EDITORIAL

GERALDO ALCKMIN

PROSPERIDADE

Governador

ANA LUCIA MENDONÇA

SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE BRUNO COVAS Secretário

Fundação Florestal OLAVO REINO FRANCISCO Diretoria executiva

FELIPE DE ANDRÉA GOMES Diretoria administrativo financeiro

RODRIGO VICTOR Diretoria Litoral Norte

CESALTINO SILVA JR. Diretoria Litoral Sul

ANITA CORREIA MARTINS

Produtora executiva

ADALBERTO NASCIMENTO CIBELE MOLINA MONIQUE NASCIMENTO TORRES Pesquisa

PROF. DR. SIDNEI RAIMUNDO (EACH USP) Consultor técnico

EDUARDO CATHARINO (Instituto de Botânica) FERNANDO GIBRAN (Universidade Federal do ABC) LUCIANO ZANDONÁ (Instituto de Botânica) MARIANA TARGINO (Instituto de Biociências – USP) NATALIA GHILARDI LOPES (Universidade Federal do ABC) PAULO MARTUSCELLI RENATO OLIVEIRA (Museu de Zoologia) RICARDO PINTO DA ROCHA (Instituto de Biociências –­USP) Consultores de fauna e flora

Núcleo Metropolitana e Interior

MARCIA ROCHA BARROS Coordenação técnica da Fundação Florestal

MÁRCIO PORT CARVALHO FREDERICO ARZOLLA ALEXSANDER ANTUNES Consultores (Instituto Florestal)

PROJETO EDITORIAL E DIREÇÃO DE ARTE TAOCRIATIVO ANDRÉ SALERNO JORGE MONGE Direção de arte

MARINA VERGUEIRO LEME Gerente de projetos

THIAGO CUNHA MEIRA Produtor executivo

MARCELO SALVADOR Coordenador de arte

CAMILA CALIGARI JULIANA MARTINS KAFEJA CAVALCANTE Design

MARINA NEDER / ESTÚDIO 321 Preparação de imagens

LUCIANA MARIA SANCHES Revisão

PARQUES

SÃO PAULO Recursos provenientes da compensação ambiental da Lei nº 9.985, de 2000 – Lei do Snuc / Processo nº 0023390-88.2010.8.26.0053/SP.


O AUMENTO DA COBERTURA VEGETAL EM SÃO PAULO NAS ÚLTIMAS DÉCADAS ATESTA QUE O ESTADO SEGUE FIRME NA TRAJETÓRIA DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO AMBIENTAL. Há pouco mais de 20 anos, quando se realizava no Brasil a histórica Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), a cobertura vegetal era de 13,5%. Em 2012, passou a 17,5%. A expectativa da Secretaria do Meio Ambiente é alcançar 20% até 2020. Os parques estaduais, abordados neste livro, têm papel fundamental nesse processo, como áreas de proteção integral. As unidades, administradas pela Secretaria do Meio Ambiente, são espaços abertos à visitação pública que aliam ecoturismo, lazer, educação ambiental e pesquisa científica. Ecoturismo e educação ambiental, a propósito, são elementos indispensáveis para o futuro das florestas estaduais − além, claro, da criação e manutenção de áreas protegidas. Apoiar práticas econômicas sustentáveis e formar cidadãos que desejem e saibam como viver em harmonia com o meio ambiente são responsabilidades de todos os governos. O livro Parques São Paulo – Uma Jornada pela Biodiversidade Paulista foi concebido para ser mais um instrumento a serviço desse amplo trabalho de mobilização social. Deve ser levado às escolas estaduais das regiões abrangidas pelas unidades de conservação para sensibilizar professores, alunos e famílias, informar as pessoas, estimular o debate, trazer a questão da conservação ambiental para a sala de aula, de modo que os jovens entendam que é da vida deles que se trata. De um cotidiano próximo. De uma realidade tangível. E para que se sintam impelidos a visitar os parques naturais, a percorrer suas trilhas, a participar das atividades oferecidas. A viver, enfim, em plenitude, a biodiversidade paulista. ◘

BRUNO COVAS SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO


3 APRESENTAÇÃO

CACHOEIRAS

CAVERNAS

ESTACIONAMENTO

CIRCULAÇÃO DE BICICLETAS

ÁREA PARA PIQUENIQUE

REFERÊNCIA NA PRÁTICA

DA CAPITAL PAULISTA,

DE ECOSSISTEMAS E

CONSERVA FONTES

PAISAGENS ENCONTRADA

DE ÁGUA DAS QUAIS

AS CENTENAS DE

AO LONGO DE TODA A

DEPENDEM MILHÕES

CAVERNAS SÃO UM

COSTA BRASILEIRA. COM

DE PESSOAS. PERMITE

CONVITE A DESCOBRIR O

MAIS DE 90% DE SEU

UMA VISÃO SINGULAR

UNIVERSO SUBTERRÂNEO

TERRITÓRIO COBERTO

DA METRÓPOLE:

DA SERRA DE

PELA MATA ATLÂNTICA, O

O CONTRASTE ENTRE

PARANAPIACABA. É OBJETO

PARQUE É UM MODELO DE

O CENÁRIO URBANO E

DE INÚMERAS PESQUISAS

PRESERVAÇÃO AMBIENTAL.

A FLORESTA EXUBERANTE

ESPELEOLÓGICAS

DA SERRA DA CANTAREIRA.

E FUNDAMENTAL PARA

PARQUE ESTADUAL TURÍSTICO DO ALTO RIBEIRA (PETAR)

INCRUSTADO NO NORTE

SÍNTESE DA RIQUEZA

O ESTUDO DA FAUNA

É CARACTERIZADO POR

CAVERNÍCOLA NO BRASIL.

BAIXAS TEMPERATURAS, FLORESTAS MISTAS DE ARAUCÁRIA, CAMPOS DE ALTITUDE E AS MONTANHAS DA SERRA DA MANTIQUEIRA. UM AMBIENTE

DAS MATAS TROPICAIS.

DEPOIMENTO DO FOTÓGRAFO

UMA PEQUENA

DO TURISMO SUSTENTÁVEL,

RESTAURANTE HOSPEDAGEM

PARQUE ESTADUAL CANTAREIRA

TRILHAS

PARQUE ESTADUAL ILHA DO CARDOSO

6 INTRODUÇÃO

12 UMA JORNADA POR 10 PARQUES ESTADUAIS PARQUE ESTADUAL CAMPOS DO JORDÃO (HORTO FLORESTAL)

SUMÁRIO

SINGULAR NO MUNDO

16

28

42

54


PARQUE ESTADUAL CARLOS BOTELHO

COMPREENDENDO,

AMEAÇADO DE EXTINÇÃO.

AO SUL, VALES

ARQUIPÉLAGO NO QUAL

É A MAIOR ÁREA DE

LOCALIZA-SE NO PONTAL

PERTENCENTES À BACIA

SE ENCONTRAM AS

PROTEÇÃO INTEGRAL DE

DO PARANAPANEMA,

DO RIO RIBEIRA DE IGUAPE

MAIORES MONTANHAS

TODA A COSTA BRASILEIRA.

REGIÃO OESTE DO

E PROTEGENDO, AO NORTE,

DO LITORAL PAULISTA.

ABRANGE PARTES DE 24

ESTADO, DE CLIMA SECO,

AS CABECEIRAS DO RIO

ALGUMAS ILHAS E ILHOTAS

MUNICÍPIOS. O LITORAL

HABITAT DE ALGUMAS

PARANAPANEMA. GUARDA

ABRIGAM COLÔNIAS DE

PAULISTA, EM ESPECIAL

ESPÉCIES AMEAÇADAS.

SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS

SEIS ESPÉCIES DE AVES

A BAIXADA SANTISTA,

QUE APONTAM A

MARINHAS INSULARES.

DEPENDE DAS NASCENTES

EXISTÊNCIA DE INDÍGENAS

AS ILHAS VITÓRIA,

NA MATA ATLÂNTICA

PESCADORES E BÚZIOS

HÁ 12 MIL ANOS.

POSSUEM COMUNIDADES DE PESCADORES CAIÇARAS.

PARQUE ESTADUAL SERRA DO MAR

SERRA DE PARANAPIACABA,

AINDA CONSIDERADO

PARQUE ESTADUAL ILHA ANCHIETA

PARQUE ESTADUAL INTERVALES SITUA-SE NA VERTENTE DA

PRETO, PRIMATA

PARQUE ESTADUAL ILHABELA

PARQUE ESTADUAL MORRO DO DIABO ABRIGA O MICO-LEÃO-

PROTEGIDAS PELO PARQUE. MORADA DO MONO-

ESTE PARQUE INSULAR

CARVOEIRO, O MAIOR

EM UBATUBA ESTÁ

PRIMATA DAS AMÉRICAS.

ENTRE AS UNIDADES

LOCALIZA-SE NO VALE DO

DE CONSERVAÇÃO

RIBEIRA, COM A SEDE

MAIS VISITADAS DO

PRINCIPAL SITUADA NA

ESTADO. OFERECE

FEIÇÃO DE PLANALTO, E

TRILHA SUBAQUÁTICA

É MARCADO POR RELEVO

PLANEJADA, AO LONGO

ACIDENTADO, MATA

DO COSTÃO ROCHOSO, E

DENSA, CHUVA E NEBLINA.

CAMINHADAS NAS MATAS E EM BELAS PRAIAS.

66

80

92

108

120

132

152 UMA VIAGEM DE DESCOBERTAS / LUCIANO CANDISANI, FOTÓGRAFO 154 FAUNA E FLORA EM DESTAQUE / INFORMAÇÕES CIENTÍFICAS E CURIOSIDADES


INTRODUÇÃO

6|

A contemplação da natureza é um dos pilares do ecoturismo. A observação de pássaros ao longo das trilhas, um dos muitos atrativos oferecidos pelos parques.

A MATA ATLÂNTICA E OS PARQUES ESTADUAIS DE SÃO PAULO


MAIS DA METADE DO TERRITÓRIO BRASILEIRO É COBERTO POR FLORESTAS. OS 516 MILHÕES DE HECTARES DE MATAS NATIVAS E PLANTADAS FAZEM DO PAÍS A SEGUNDA MAIOR ÁREA DE FLORESTAS DO PLANETA, ATRÁS APENAS DA RÚSSIA. NO QUE DIZ RESPEITO À BIODIVERSIDADE E À VARIEDADE DA FLORA, NENHUMA NAÇÃO POSSUI MAIOR RIQUEZA DO QUE O BRASIL. Dos biomas nacionais, dois são encontrados no Estado de São Paulo: o Cerrado e a Mata Atlântica. O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, menor apenas que a Amazônia. Apesar disso, é considerado, atualmente, o mais ameaçado do País, onde predomina na Região Centro-Oeste. Em São Paulo, ocupa uma porção menor e central do território. A Mata Atlântica cobre grandes extensões do Estado. É em São Paulo, inclusive, que estão as maiores áreas de remanescentes do bioma. Assim como o Cerrado, é considerada hotspot, ou seja, região de grande diversidade biológica, de importância mundial, mas com forte risco de supressão e deterioração. A Mata Atlântica é a própria expressão dessa dicotomia. Tem cerca de 20 mil espécies de plantas vasculares (pelo menos 6 mil delas endêmicas), mais de mil espécies de aves e aproximadamente 250 de mamíferos, compreendendo 70% da fauna em situação de risco do País. Conserva apenas 7% de sua extensão original. É um dos biomas mais ameaçados do planeta.

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Embora hoje reduzida a fragmentos descontínuos, ainda se estende do Piauí ao Rio Grande do Sul e abarca porções de 17 Estados. Nas áreas abrangidas pela Mata Atlântica, encontram-se milhares de cidades e vivem mais de 120 milhões de pessoas. A floresta possui enorme potencial turístico e é fundamental também para a produção de água e a regulação do clima das cidades, a provisão de alimentos e matérias-primas, a descoberta de medicamentos, a proteção do solo contra a erosão, o armazenamento e a fixação de carbono, a conservação da herança cultural de populações rurais, caiçaras, indígenas e quilombolas. A grande extensão da Mata Atlântica, entre outros fatores, faz com que o bioma, embora caracterizado por tipos semelhantes de vegetação, do ponto de vista fisionômico, apresente distintos ecossistemas a depender do relevo, do solo e das condições climáticas dos locais em que se encontra. Nos pontos mais elevados das serras, por exemplo, é marcado por campos de altitude ou campos rupestres. No interior do Estado, possui florestas estacionais 8|

− deciduais e semideciduais. Nos planaltos, vales e encostas, predominam as florestas ombrófilas − densas e mistas. Na planície costeira, prevalecem as formações de restinga. E, no litoral, nas desembocaduras dos rios, por fim, formam-se os manguezais. Em São Paulo, os principais remanescentes se situam nas serras do Mar, de Paranapiacaba e da Mantiqueira, no Vale do Ribeira e no entorno da capital. Compõem 17,29% do território estadual. A maior parte desse patrimônio natural do Brasil e de todo o mundo se encontra, hoje, protegida no Estado, sob o abrigo de unidades de conservação da natureza (UCs) federais, estaduais, municipais e particulares, que são objeto de estudos de pesquisadores de diferentes áreas. Muitas delas podem – e devem – receber visitantes. Prestam inestimável serviço de sensibilização da sociedade para a importância e a urgência da conservação ambiental como um todo e da Mata Atlântica em especial. Além, é claro, de propiciar descanso e lazer para a população urbana que anseia por oportunidades de contato com a natureza.


UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

GESTÃO AMBIENTAL

Desde a criação do Parque Nacional de Yellowstone, nos

Os parques estaduais de São Paulo são administrados pela

Estados Unidos, em 1872, a conservação de áreas naturais

Secretaria do Meio Ambiente, a primeira criada no País para

e a possibilidade de as pessoas conhecerem a natureza em

tratar especificamente do tema, no ano de 1986. As diretrizes

ambientes controlados e seguros são temas que os poderes

para a gestão de unidades de conservação no Brasil foram

públicos, no mundo todo, cada vez mais têm de enfrentar.

instituídas no ano 2000, com a criação do Sistema Nacional

No Brasil, o estabelecimento de unidades de conservação é

de Unidades de Conservação da Natureza (Snuc). Entretanto,

o instrumento de que os governos dispõem para a proteção da

cada UC, de acordo com suas características e necessidades,

flora, da fauna, dos recursos hídricos, do solo, das comunidades

possui seus próprios mecanismos de gestão, firmados nos

tradicionais e do patrimônio cultural guardados pela natureza.

seus planos de manejo, documentos elaborados pioneiramente

Mais ainda do que proteger ecossistemas e habitats, elas permitem o planejamento do uso dos espaços e recursos naturais nas regiões em que se encontram. O entorno de uma

em São Paulo pelo Instituto Florestal e que subsidiam hoje o trabalho de gestão realizado pela Fundação Florestal. O plano de manejo é um documento técnico, fundamentado

unidade de conservação é compreendido como sua zona de

em estudos de pesquisadores de diferentes áreas que,

amortecimento, isto é, um local que pode impactar a UC e, em

a partir do entendimento profundo dos ecossistemas

contrapartida, é afetado por ela diretamente. Está sujeito, por

existentes na unidade, dos processos naturais e das

isso, a normas e restrições que minimizem os efeitos negativos

interferências antrópicas, regulamenta o uso da UC, levando

sobre a unidade e tornem viável o aproveitamento econômico

em consideração as características ambientais, históricas,

de seus recursos pela população e sua perpetuação para

socioeconômicas e culturais da unidade. É responsabilidade

benefício das gerações futuras.

também do plano de manejo a delimitação da zona de

A UC mais antiga do Brasil fica no Estado de São Paulo: é o Parque Estadual Alberto Löfgren, o Horto Florestal, criado, em

amortecimento de uma UC e a organização de seu espaço de acordo com os diferentes graus de proteção.

1896, na Zona Norte da capital e hoje contíguo a outra área de

Porém, bem mais do que um documento técnico, o plano é

proteção − o Parque Estadual Cantareira. No entanto, à época,

um instrumento de gestão contínuo. Implica diálogo constante

o País ainda não tinha um projeto de ordenamento e proteção

com a sociedade e a busca de aperfeiçoamentos. É como

do meio ambiente, muito menos uma legislação para isso, o

um pacto firmado entre o governo e a população diretamente

que só foi começar a tomar forma décadas depois, a partir da

afetada pelas florestas de modo a conservar os bens

criação dos parques nacionais de Itatiaia, da Serra dos Órgãos

naturais que são importantes para ela mesma e, no caso da

e do Iguaçu. Os parques são, portanto, a primeira categoria

Mata Atlântica do Estado de São Paulo, para o mundo todo.

de área de proteção integral instituída no território brasileiro.

No que diz respeito aos parques estaduais, abertos à

A partir deles é que se definiram as bases conceituais e legais

visitação e ao ecoturismo, fica patente a importância de

para a criação das demais categorias: estações ecológicas,

análises consistentes, reavaliação constante e fiscalização,

reservas biológicas, monumentos naturais e refúgios da vida

para que os planos de manejo elaborados sejam efetiva e

silvestre, entre outras. Os parques, nacionais ou estaduais,

gradativamente implementados, processo bastante complexo

têm a especificidade de poder ser utilizados para fins

e que demanda anos de trabalho.

turísticos e recreativos, além de proteger ecossistemas de grande importância ecológica e beleza cênica e ainda permitir pesquisas científicas e atividades educativas. A Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo (Fundação Florestal), órgão vinculado à Secretaria do Meio Ambiente (SMA), é responsável, hoje, por 30 parques estaduais, dos quais dez são abordados neste livro.

INTRODUÇÃO

|9


AMEAÇA E CONSCIENTIZAÇÃO

ECOLOGIA, TURISMO, EDUCAÇÃO

Um parque estadual, como qualquer unidade de conservação,

É patente o potencial turístico dos parques estaduais.

está sujeito a um conjunto de ameaças. No entanto,

À possibilidade de imersão na natureza e contemplação de

independentemente das condições específicas em que se

paisagens extraordinárias as UCs acrescentam uma variada

encontra e dos fatores de pressão, o grande risco que corre

oferta de atividades esportivas e educativas. Do mergulho em

é sempre o mesmo: a perda e a fragmentação dos habitats.

Ilhabela à exploração espeleológica no Petar, passando pelo

Na origem desse perigo se encontra quase sempre a ação

arborismo em Campos do Jordão, as unidades de conservação

humana. O crescimento urbano desordenado é, historicamente, o

paulistas oferecem inúmeras experiências agradáveis e

principal responsável pela destruição e deterioração dos biomas.

significativas para as pessoas. São caminhadas na mata,

A Mata Atlântica de São Paulo foi notoriamente impactada pelo

passeios de barco, observação de animais, um conjunto de

desenvolvimento vertiginoso do Estado, com a criação de grandes

atividades, muitas delas com acompanhamento de guias e

cidades, a abertura de estradas e a exploração econômica de

educadores, que atestam a importância da conservação dessas

bens naturais. Para os remanescentes de florestas, o convívio

áreas onde os homens podem mais diretamente desfrutar

com o entorno, a delicada relação com os conglomerados

da Mata Atlântica e conhecer a riqueza que ela contém.

urbanos, continua a ser uma ameaça. Embora, como áreas de proteção integral, com uso regulamentado

O ecoturismo que os parques incentivam é um meio de gestão que atrai recursos financeiros, beneficia as comunidades do

por planos de manejo, os parques tenham condições privilegiadas

entorno das UCs, informa a população e educa as pessoas,

de preservação, não estão imunes aos riscos que são comuns a

minimizando inclusive o impacto decorrente da própria

todas as florestas. A presença humana deixa marcas para sempre.

visitação das unidades. Nos parques, diversão e respeito são

Cria obstáculos permanentes. As vias que separam as matas,

indissociáveis. O comportamento responsável do visitante faz

por exemplo, obviamente necessárias à sociedade, constituem

parte da experiência de estar na Mata Atlântica e contribuir

barreiras ecológicas, dificultando a troca genética entre espécies

para sua conservação. Um hábito que ele desenvolve e leva

animais, muitas delas em risco de extinção.

consigo aonde for. Os parques, desse ponto de vista, recebem

O estabelecimento desregrado de moradias em meio à vegetação,

visitantes e devolvem à sociedade cidadãos mais conscientes,

seja na forma de condomínios de alto padrão ou de habitações

disseminadores de condutas e percepções carregadas de

precárias, é sempre uma interferência prejudicial à floresta.

valores humanos, que reconhecem a evidente, mas tantas

Frequentemente impacta cursos d'água que são fonte de vida para

vezes esquecida, interdependência de meio ambiente e

plantas, animais e pessoas. Muitas vezes acumula o lixo que é

sociedade no mundo de hoje.

origem de contaminações. Não raro ocasiona terríveis incêndios, pondo a perder preciosos hectares da natureza primitiva do Estado. Para além dos notórios danos causados por séculos de

Não é por acaso que escolas e grupos de estudantes estejam entre os frequentadores habituais dos parques de São Paulo. As unidades de conservação são por excelência espaços de

desmatamentos, extrações, caça, pesca, queimadas agrícolas

aprendizado. Com adaptações e melhorias implementadas ao

e contaminações industriais, as áreas dos parques são ainda

longo dos anos (o que, mais uma vez, não seria possível sem

ameaçadas, mesmo em tempos de maior conscientização ambiental

o norteamento dos planos de manejo), vão se tornando locais

e adoção de práticas econômicas sustentáveis. Sua conservação

atrativos também para idosos, pessoas com deficiência e

depende não só de planos de manejo que norteiem a utilização,

outros públicos. Para todos os públicos. ◘

mas também do comportamento responsável dos visitantes. Os parques podem e devem ser visitados. Mas necessitam de visitantes sensíveis às exigências da natureza, para que as trilhas que viram caminhar os primeiros brasileiros possam chegar a conhecer as gerações que ainda estão por vir.


O guará ressurgiu no litoral paulista, depois de anos desaparecido.

INTRODUÇÃO


12 |

UMA

PARQUES E


A JORNADA POR 10 ESTADUAIS


UMA JORNADA POR 10 PARQUES ESTADUAIS

COORDENADAS GEOGRÁFICAS [1]

PARQUE ESTADUAL CAMPOS DO JORDÃO (HORTO FLORESTAL) 22° 40’ 57” SUL 45° 27’ 11” OESTE

[2]

PARQUE ESTADUAL ILHA DO CARDOSO 25° 3’ 05” – 25° 18’ 18” SUL 48° 5’ 42” – 48° 53’ 48” OESTE

[3]

PARQUE ESTADUAL CANTAREIRA 23° 35’ – 23° 45’ SUL 46° 70’ – 46° 48’ OESTE

[4]

PARQUE ESTADUAL TURÍSTICO DO ALTO RIBEIRA (PETAR) 24° 31’ – 24° 34’ SUL 48° 40’ – 48° 44’ OESTE

[5]

PARQUE ESTADUAL MORRO DO DIABO 22° 27’ – 22° 40’ SUL 52° 10’ – 52° 22’ OESTE

[6]

PARQUE ESTADUAL INTERVALES 24° 31’ 3” – 24° 11’ 36” SUL 48° 31’ 22” – 48° 3’ 13” OESTE

[7]

PARQUE ESTADUAL ILHABELA 23° 43’ 23” – 23° 57’ 59” SUL 45° 0’ 28” – 45° 27’ 44” OESTE

[8]

PARQUE ESTADUAL CARLOS BOTELHO 24° 6’ 55” – 24° 14’ 41” SUL 47° 47’ 18” – 48° 7’ 17” OESTE

[9]

PARQUE ESTADUAL ILHA ANCHIETA 23° 31’ – 23° 34’ SUL 45° 02’ – 45° 05’ OESTE

[ 10 ]

PARQUE ESTADUAL SERRA DO MAR NORTE: 23° 11’ 52” SUL / 44° 54’ 56” OESTE NOROESTE: 23° 22’ 6” SUL / 44° 43’ 25” OESTE SUDOESTE: 24° 11’ 39” SUL / 47° 18’ 28” OESTE SUL: 24° 16’ 9” SUL / 47° 13’ 8” OESTE

[5]


[1]

[3] [ 10 ]

[ Sテグ PAULO ]

[9]

[7] [8]

[6] [4]

[2]

0

50 KM

100 KM


PARQUE ESTADUAL CAMPOS DO JORDÃO (HORTO FLORESTAL)

LOCALIZAÇÃO

Campos do Jordão SEDE

Avenida Pedro Paulo, s/n (12) 3663 3762, (12) 3663 1977 VISITAÇÃO

todos os dias, das 9h às 17h, exceto às quar tas; período de férias e feriados, aber to todos os dias ACESSO

pela rodovia Ayr ton Senna/ Car valho Pinto SP-070 ou Presidente Dutra BR-116 DISTÂNCIA DE SÃO PAULO

184 km ÁREA

8.341 hectares HOSPEDAGEM

no entorno ALIMENTAÇÃO

há restaurante e áreas de piquenique ESTACIONAMENTO

sim, pago BICICLETAS

permitidas em algumas trilhas TRILHAS

4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

mediante agendamento


UM SOPRO FRIO NAS MONTANHAS | 17

Hoje, as florestas de araucárias estão reduzidas a 2% de sua extensão original no País.


PARQUE ESTADUAL CAMPOS DO JORDÃO (HORTO FLORESTAL)

CAMPOS DO JORDÃO É UM DOS MAIS IMPORTANTES ROTEIROS TURÍSTICOS DO ESTADO DE SÃO PAULO. A REGIÃO TEM NO TURISMO, ALIÁS, SUA PRINCIPAL ATIVIDADE ECONÔMICA, COM A ALTA TEMPORADA NO INVERNO. 18 |

O frio que atrai os visitantes é típico de clima subtropical de altitude. Em Campos do Jordão, a Mata Atlântica assumiu feições peculiares, que a distinguem de outras áreas onde o bioma é encontrado, como florestas ombrófilas mistas e florestas nebulares. Esses aspectos podem ser bem observados e compreendidos no Parque Estadual Campos do Jordão, popularmente conhecido como Horto Florestal, situado no norte do município. Nele, diferentes ecossistemas, como os campos de altitude, as florestas de araucárias e as florestas nebulares se estabeleceram em terrenos montanhosos da Serra da Mantiqueira, dando origem a um ambiente singular, em que névoas cobrem vales ao longo do ano todo e rios nascidos a 1.700 metros de altitude despencam em corredeiras, com seus leitos pedregosos e pouco profundos, de águas frias. Um ambiente convidativo para o ecoturismo, com uma paisagem belíssima, de morros e montanhas, desenhada pelos cursos d’água da bacia do Rio Sapucaí-Guaçu. A mesma condição ambiental que garante temperaturas adequadas para o homem é responsável pela conservação de inúmeras espécies animais e vegetais, muitas delas ameaçadas de extinção, com destaque para as aves, os mamíferos e as samambaias arbóreas. Em Campos do Jordão, a natureza é singular no mundo tropical, e o homem, com o tempo, aprendeu a valorizá-la, criando ali uma unidade de conservação que é considerada uma das mais bem estruturadas do País. Um lugar onde as premissas do turismo sustentável se aliam à presença serena e altiva de árvores centenárias.


Algumas araucárias de Campos do Jordão têm mais de 100 anos. O contato direto com as árvores é um dos destaques do parque.

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20 |

NO REINO DAS AVES, OUTROS BICHOS SÃO BEM-VINDOS A JAGUATIRICA, ENTRE OUTROS MAMÍFEROS, ABRIGA-SE NO PARQUE Em Campos do Jordão, há aves que se escondem nas florestas de araucária, como o papagaio-depeito-roxo, que tem o pinhão entre seus alimentos prediletos. Outras andam livremente nos campos de altitude, como a codorna. Algumas preferem os brejos, tal qual o azulão e a saracura. E há as que, mais adaptáveis, vivem bem tanto na floresta quanto no campo, como é o caso da gralha. O fato é que a Serra da Mantiqueira parece especialmente convidativa para os pássaros: mais de 186 espécies de aves já foram catalogadas no parque, que é um ponto consagrado de observação desses animais. Mas nele há lugar de destaque também para os mamíferos, seja na floresta (onça suçuarana), nos campos (veadocatingueiro), nos dois ambientes (paca) ou nos brejos (ariranha). É onde busca refúgio, ameaçada de extinção, a jaguatirica, cuja pele é cobiçada por caçadores em diversas partes do continente americano.


ANIMAIS DE CAMPOS DO JORDÃO AVES, MAMÍFEROS, ABELHAS, VESPAS E SERPENTES, COMO A JARARACA

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Acima, uma das espécies de líquen, vegetal que cresce sobre pedras e troncos de árvore, adaptável aos mais diversos ambientes. À direita, visitantes praticam arborismo, atividade muito procurada em Campos do Jordão. Na outra página, uma gralha à beira da floresta de araucárias.

ANDAR SOBRE OS RIOS

VISITANTES PRATICAM ARBORISMO NA TRILHA DO RIO SAPUCAÍ

Observar a transição das florestas de araucárias para os campos de altitude é um grande atrativo do Parque Estadual Campos do Jordão. A Trilha do Rio Sapucaí, entre coníferas e corredeiras, permite desfrutar essa experiência. E é um convite à prática esportiva: as araucárias possibilitam a prática do arborismo e o rio pode ser cruzado por uma tirolesa de mais de 70 metros de comprimento. O Rio Sapucaí é o curso d’água mais importante da região. A existência do parque é fundamental para a preservação das matas ciliares de Campos do Jordão e das espécies ribeirinhas. A presença de liquens nas árvores da trilha é um indicativo da boa qualidade do ar e da vitalidade local, uma vez que essas espécies de fungos associados a algas desaparecem rapidamente em ambientes poluídos e, às vezes, chegam a levar 70 anos para se recompor totalmente. PARQUE ESTADUAL CAMPOS DO JORDÃO (HORTO FLORESTAL)


A excelente qualidade da madeira da araucรกria fez com que a planta se tornasse uma das mais exploradas e, consequentemente, ameaรงadas no Brasil.

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NOS BRAÇOS DAS ARAUCÁRIAS A floresta mista de araucária, a floresta nebular e os campos de altitude caracterizam o Parque Estadual Campos do Jordão, na Serra da Mantiqueira. Uma paisagem bastante diferente da encontrada nos demais remanescentes de Mata Atlântica do Estado. A araucária é uma conífera, assim como o pinheiro, ou seja, uma árvore cuja semente nua (o pinhão) tem forma de cone e está num fruto, necessitando da interação com a fauna para a sua dispersão. A copa em forma de taça confere aspecto singular à planta, árvoresímbolo do Paraná e uma das duas espécies de pinheiros nativas do Brasil (a outra é o pinheiro-bravo ou podocarpo, também encontrado em Campos do Jordão). O ambiente criado pela floresta de araucárias no Planalto de Campos de Jordão é uma exceção na Mata Atlântica, predominantemente tropical. A temperatura média anual é de 14°C, com mínimas abaixo de 0°C. O Parque Estadual Campos do Jordão conserva, entre exemplares mais jovens, araucárias enormes e centenárias. Elas propiciam a prática do arborismo, oferecida por empresas especializadas, e permitem ao visitante uma visão diferenciada do parque, estimulando a realização de atividades de educação ambiental.

SABEDORIA POPULAR Acredita-se que a macela, planta típica da flora brasileira, tenha propriedades curativas para uma série de problemas de saúde. Ela, de fato, incorporou-se à medicina popular, fitoterápica, sendo consumida na forma de chá para emagrecimento, controle da ansiedade e diversas outras necessidades. A espécie é encontrada nos campos de altitude do Parque Estadual Campos do Jordão, tanto nas partes mais elevadas, em meio à vegetação campestre, quanto nas regiões de transição, onde convive com as araucárias. PARQUE ESTADUAL CAMPOS DO JORDÃO (HORTO FLORESTAL)

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SEMENTE DE ALEGRIA Na Serra da Mantiqueira, o pinhão é semente não só da araucária, mas da prosperidade dos habitantes da região. Colhido no início do inverno, é fonte de renda para milhares de pequenos agricultores. Consumido puro ou como base de diversas receitas, o alimento é costumeiramente encontrado nas festas juninas e faz parte da tradição culinária brasileira. Mais ainda: deu origem a comemorações específicas e se incorporou à agenda cultural de Campos do Jordão, com a Festa do Pinhão, realizada há mais de 50 anos. Outras cidades da região da Mantiqueira realizam celebrações semelhantes, e o pinhão também é o protagonista de diversas festividades no Sul do País.

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À esquerda, o estróbilo (estrutura reprodutiva) da araucária feminina, chamado de pinha, muito usado como ornamento em árvores de Natal. Ao lado, campos de altitude, compostos de capins, bambuzinhos, bromélias, orquídeas, sempre-vivas, liquens e musgos, entre outras espécies.


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OS MAIS ALTOS CAMPOS Os campos de altitude são típicos do Planalto de Campos do Jordão. Áreas situadas entre 1.030 metros e 2.007 metros de altitude, eles permitem uma visão panorâmica da imponência da Serra da Mantiqueira e apresentam uma vegetação campestre que contrasta com a paisagem das florestas de araucária. No Parque Estadual Campos do Jordão, a Estrada São José dos Alpes dá acesso a um dos pontos mais elevados da unidade de conservação, o Mirante do Pau Arcado, a 1.800 metros de altitude. Ela começa na entrada do parque e vai revelando diferentes cenários e ecossistemas, com flora e fauna características de cada um desses ambientes. É um autêntico passeio pela biodiversidade local. PARQUE ESTADUAL CAMPOS DO JORDÃO (HORTO FLORESTAL)


DE VOLTA PARA CASA O XAXIM TEM NAS FLORESTAS OMBRÓFILAS O SEU AMBIENTE NATURAL

Na natureza, cada ser tem seu lugar próprio. A samambaia arbórea, conhecida como xaxim (ou xaxim vermelho), 26 |

encontra condições perfeitas de desenvolvimento nas florestas ombrófilas, ou seja, em áreas sombreadas e de intensa umidade (a palavra ombrófila significa, literalmente, amigo da sombra e da chuva). Também nos sub-bosques das florestas de araucárias e nas margens dos cursos d’água do interior da floresta a espécie tem um habitat ideal. A extração dessa samambaia para uso doméstico como planta ornamental ou de partes de seu caule como xaxim, apesar de proibida em todo o Brasil, ainda é uma grave ameaça à sua conservação. Testemunha das florestas primitivas, a espécie é importante biologicamente para o equilíbrio ambiental da Mata Atlântica. Nela se fixa, por exemplo, uma espécie de orquídea ameaçada, a Zygopetalum maxillare. Daí a oportunidade especial de observar a samambaia viva e se recuperando no Parque Estadual Campos do Jordão.


Espécie típica de samambaia avistada na Trilha do Rio Sapucaí. Na página anterior, a samambaiaçu, existente desde o Cretáceo e hoje ameaçada de extinção. PARQUE ESTADUAL CAMPOS DO JORDÃO (HORTO FLORESTAL)


PARQUE ESTADUAL ILHA DO CARDOSO LOCALIZAÇÃO

Cananeia SEDE

Av. Prof. Wladimir Besnard, s/n Morro São João (13) 3851 1163, (13) 3851 1108 VISITAÇÃO

Praia do Pereirinha e outras praias são aber tas ao público; trilhas de interpretação: monitoria obrigatória mediante agendamento ou disponibilidade de monitor local autônomo ACESSO

terrestre, pelas rodovias Régis Bit tencour t (km 465) e SP-226; marítimo, a par tir de Cananeia DISTÂNCIA DE SÃO PAULO

270 km ÁREA

22.500 hectares HOSPEDAGEM

no entorno ALIMENTAÇÃO

há restaurante ESTACIONAMENTO

no continente, fora do parque BICICLETAS

permitidas apenas na par te sul do parque TRILHAS

4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

mediante agendamento


O imponente Morro dos Três Irmãos, coberto pela Mata Atlântica, abriga várias espécies, como as onças.

AS DIFERENTES FACES DA VIDA

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PARQUE ESTADUAL ILHA DO CARDOSO

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TODOS OS TIPOS DE VEGETAÇÃO EXISTENTES NA COSTA BRASILEIRA SÃO ENCONTRADOS NO PARQUE ESTADUAL ILHA DO CARDOSO, NO LITORAL SUL DE SÃO PAULO. SÃO DUNAS, RESTINGAS, MANGUEZAIS, COSTÕES ROCHOSOS, FLORESTAS MONTANAS, CAMPOS DE ALTITUDE, A EXPRESSIVA DIVERSIDADE DE ECOSSISTEMAS, ENFIM, QUE TORNA A COSTA DO PAÍS EXCEPCIONALMENTE RICA EM ESPÉCIES VEGETAIS E BELEZA. A ilha é como uma síntese ambiental da costa brasileira. Ela espelha e explica muito do que o Brasil é e representa para o planeta em termos ambientais. De seus mais de 22 mil hectares de área tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), 90% são cobertos por Mata Atlântica. O parque está na região central do Complexo Estuarino Lagunar de Iguape-Cananeia-Paranaguá, um corredor ecológico banhado pelo Oceano Atlântico, por rios, baías e lagunas. Morada de centenas de animais da Mata Atlântica e pousada para outras tantas espécies migratórias. A presença marcante de comunidades caiçaras faz com que o visitante da Ilha do Cardoso tenha a experiência inigualável de passear num ambiente insular com natureza exuberante e hábitos culturais que vêm se perdendo na costa brasileira. A topografia montanhosa do lugar muitas vezes exige esforço de quem se aventura pelas trilhas. Mas a conquista do paraíso compensa e deixa lições para uma vida.


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Manguezal no Canal de Ararapira. Na ilha predominam o mangue-vermelho, cujas sementes germinam presas à planta de origem, e o mangue-preto, com folhas em forma de lança e caule escuro.

AS RAÍZES DA ILHA

Um pântano de água salobra, pobre em oxigênio e rico em matéria orgânica. Assim é o manguezal, um dos ecossistemas presentes na Ilha do Cardoso. Nesses substratos lodosos cobertos por águas doces e salgadas é preciso grande capacidade de adaptação para viver. Poucas espécies vegetais são capazes disso. Nos manguezais de todo o litoral brasileiro, e mesmo do planeta, são sempre as mesmas que prosperam e com as mesmas estratégias, o que faz com que esses ambientes tenham aspecto semelhante independentemente do lugar: plantas com raízes que afloram à superfície para respirar ou caules de suporte aparentes, em forma de arco, um meio encontrado pelos vegetais para se sustentar e crescer sobre terreno movediço. As plantas também têm órgãos especiais para excretar o sal e sementes que germinam no nível da superfície, na qual encontram oxigênio, para só depois lançar raízes ao fundo enlameado. Na Ilha do Cardoso predominam duas espécies: o mangue-vermelho e o mangue-preto. O lugar conserva alguns dos manguezais mais vigorosos do Brasil, que resistiram quase ilesos à ocupação humana e, hoje protegidos, são parte do sustento das comunidades locais. PARQUE ESTADUAL ILHA DO CARDOSO


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VISTA PARA O MAR AS RESTINGAS DA ILHA PERMANECEM BEM PRESERVADAS

Se o manguezal apresenta traços similares independentemente de onde se encontra, com a restinga, ecossistema também existente na Ilha do Cardoso, acontece o contrário: a flora varia muito de um lugar para outro em função dos níveis de nutriente do solo, da hidrografia local, da topografia e da influência marinha. Ela se situa nas planícies costeiras e,


Na Ilha do Cardoso foram catalogadas, até o momento, 41 espécies de bromélias.

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na Ilha do Cardoso, especificamente,

a construção de moradias, mas o processo

para a sobrevivência de diversos anfíbios,

foi preservada da devastação que atingiu

de degradação pôde ser contido a tempo

entre outras espécies. É dentro dessas plantas

o ecossistema em diversos pontos do litoral

de preservar a riqueza ambiental que o

que eles se escondem dos predadores.

paulista. Pela proximidade com o mar,

ecossistema apresenta. Ali foram conservadas

É nelas que se reproduzem. A restinga cumpre

a restinga é normalmente eliminada para

espécies de orquídeas que não existem em

o seu papel para o equilíbrio ecológico. Na

dar lugar a loteamentos à beira da praia.

nenhum outro ambiente. Ali, entre arbustos,

Ilha do Cardoso, ela é respeitada, como são os

Na Ilha do Cardoso, parte da biodiversidade

liquens e samambaias, vivem as bromélias,

manguezais e as grandes florestas. Diferentes

da restinga chegou a ser sacrificada para

que armazenam água e são fundamentais

feições do chamado domínio Mata Atlântica.

PARQUE ESTADUAL ILHA DO CARDOSO


Cerco e despesca: técnicas utilizadas no Canal de Ararapira. Na página seguinte, marco do Tratado de Tordesilhas.

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O ESTREITO DOS PESCADORES Navegar pelos manguezais do Canal do Ararapira é trabalho para quem é capaz de conduzir a canoa em águas rasas, sacudido por ventos que vêm do oceano. Tarefa na qual os pescadores locais se tornaram mestres. A pesca artesanal a que se dedicam é feita com o uso do cerco, armadilha circular de madeira, taquara e rede, montada no canal. O tipo de malha utilizado na rede é mudado de acordo com a época do ano e a espécie de peixe mais abundante no período. Por exemplo, o fim do outono e início do inverno é a época da pesca da tainha. Empregam-se malhas mais largas, para que apenas os animais maiores sejam presos, preservando os mais jovens e, por consequência, a sobrevivência da espécie. As canoas utilizadas atestam que as práticas sustentáveis fazem parte da vida caiçara local: elas são feitas de fibra, e não mais de madeira. O Canal de Ararapira é utilizado pelos barqueiros também para passeios noturnos com os visitantes, uma das atrações do parque.


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NOVAS DESCOBERTAS A caminho da Praia do Cambriú, situada na face da ilha voltada para o mar aberto, o visitante se depara com a história do Brasil. A trilha que leva a Cambriú passa pela Praia de Itacuruçá, em cujo pontal está uma réplica do marco do Tratado de Tordesilhas, no lugar em que o original foi erguido, no início do século 16. A ilha é pródiga em registros históricos e pré-históricos, com vestígios do período colonial e sambaquis. O local dá guarida a caiçaras, abriga a Praia do Cambriú e um belíssimo rio de mesmo nome que, depois de correr à margem de montanhas, repousa finalmente no oceano, como o viajante ao término da jornada. PARQUE ESTADUAL ILHA DO CARDOSO


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“OS GUARÁS ERAM PRIORIDADE NA MINHA LISTA DE FOTOS. VÊ-LOS RENOVOU MINHAS ESPERANÇAS NA CONSERVAÇÃO DA NOSSA BIODIVERSIDADE.”

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PARQUE ESTADUAL ILHA DO CARDOSO


Boto-cinza, encontrado com facilidade na Ilha do Cardoso. Na outra pรกgina, caranguejo mariafarinha, presente em praias bem conservadas, e um bando de guarรกs, hoje abundantes nos manguezais do parque.

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ANIMAIS DA ILHA DO CARDOSO AVES, MAMÍFEROS, COMO MORCEGOS, E ESPÉCIES DE TARTARUGAS MARINHAS

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BEM-VINDOS DE VOLTA BANDOS DE GUARÁS REAPARECEM NOS MANGUEZAIS

Hans Staden, navegante e mercenário alemão

Nos anos 1990, comprovou-se a existência

A espécie se alimenta dos peixes do Canal de

do século 16, capturado em terras brasileiras

de uma colônia com 600 indivíduos.

Ararapira e dos arredores.

pelos índios tupinambás, relata no livro

Na Ilha do Cardoso, uma das áreas com

Viagem ao Brasil a existência de aves de

maior concentração de aves raras ou

em rios que atravessam a floresta, restinga

penas vermelhas, brilhantes, no litoral paulista,

ameaçadas no litoral brasileiro, um grupo

e manguezais, pode-se encontrar o raro e

em 1557. Alguns autores acreditam que a

com seis adultos foi visto em 1985.

ameaçado jacaré-do-papo-amarelo, vitimado

espécie mencionada era o guará-vermelho,

O guará depende de manguezais bem

À noite, em outros pontos do parque,

pela caça e hoje protegido na Ilha do Cardoso. Para a alegria dos visitantes, um animal

considerado extinto na região no início

preservados e de bancos lodosos. O alimento

do século 20. Somente nos anos 1980 uma

preferido da ave são pequenos caranguejos

emblemático da fauna local, o boto-cinza, um

colônia ativa foi localizada, no manguezal de

que vivem nos mangues. O ambiente do

golfinho de pequeno porte, é abundante na

Santos-Cubatão. Em seguida, novos registros

lagamar também oferece um banquete

região e tem o costume de se alimentar e nadar

foram feitos e estudos implementados.

para outra ave abundante na Ilha, o biguá.

próximo às praias, bem perto das pessoas. PARQUE ESTADUAL ILHA DO CARDOSO


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“O JACARÉ-DO-PAPO-AMARELO PRECISA DE MANGUES INTACTOS E MUITOS PEIXES. CHEGUEI ATÉ ESTE ANIMAL CONVERSANDO COM OS PESCADORES.”


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PARQUE ESTADUAL ILHA DO CARDOSO


PARQUE ESTADUAL CANTAREIRA

LOCALIZAÇÃO

Serra da Cantareira – São Paulo, Guarulhos, Mairiporã e Caieiras SEDE

Rua do Hor to, 1.799 Hor to Florestal – São Paulo (11) 2203 3266 VISITAÇÃO

sábados, domingos e feriados, das 8h às 17h; de terça a sex ta, somente com agendamento ACESSO NÚCLEO PEDRA GRANDE :

pela Rua do Hor to – São Paulo; NÚCLEO ENGORDADOR : pela Rodovia Fernão Dias, km 80, ou Av. Cel. Sezefredo Fagundes, 19.100 – Mairiporã; NÚCLEO ÁGUAS CLARAS : Av. Senador José Ermírio de Moraes, s/n – divisa de São Paulo com Mairiporã; NÚCLEO CABUÇU : Av. Pedro de Souza Lopes, 7.903 – Guarulhos ÁREA

7.916 hectares HOSPEDAGEM

no entorno ALIMENTAÇÃO

no entorno; o parque dispõe de áreas para piquenique ESTACIONAMENTO

sim e pago nos núcleos Cabuçu e Engordador; nos núcleos Pedra Grande e Águas Claras, somente no entorno, gratuito BICICLETAS

permitidas somente na trilha de mountain bike (Núcleo Engordador) TRILHAS

14 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

mediante agendamento


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FLORESTA DAS ÁGUAS A floresta ombrófila densa montana, em diversos estágios de regeneração, predomina na Serra da Cantareira.


PARQUE ESTADUAL CANTAREIRA

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UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO EMINENTEMENTE URBANA, QUE ABARCA ÁREAS DOS MUNICÍPIOS DE MAIRIPORÃ, GUARULHOS E CAIEIRAS E ABRANGE PARTE DA ZONA NORTE DE SÃO PAULO. UM GRANDE FRAGMENTO DA MATA ATLÂNTICA, EM MEIO À CIDADE GRANDE. ESSA É A REALIDADE DO PARQUE ESTADUAL CANTAREIRA. O parque, em meio às montanhas da Serra da Cantareira, é um importante corredor ecológico, fundamental para o deslocamento de animais entre os maciços florestais da Mantiqueira e para a sobrevivência de espécies, como a onça-parda. Forma um contínuo ecológico com os parques estaduais Itaberaba e Itapetinga e o Monumento Estadual da Pedra Grande. Ele também zela pela vida de milhões de habitantes. Seus mananciais abastecem parte dos seis reservatórios do Sistema Cantareira de Águas (um dos maiores do mundo), localizados entre o sul de Minas Gerais e o norte do Estado de São Paulo. São fontes das quais depende 46% da região metropolitana, localizadas num parque cujas árvores e águas contribuem para amenizar a temperatura da capital e melhoram a qualidade do ar. Vem de longe a importância das águas da Cantareira para São Paulo. A Casa da Bomba, localizada no Núcleo Engordador, construída no início do século 20 e hoje desativada, é patrimônio histórico da cidade. As riquezas naturais preservadas na região são importantes para todo o planeta. Em 1994, o Parque Estadual Cantareira foi declarado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) zona núcleo da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo. A entrada do parque pelo Núcleo Pedra Grande fica a apenas 800 metros do portão de entrada do Parque Estadual Alberto Löfgren, conhecido como Horto Florestal de São Paulo, mais frequentado pelo público que busca prioritariamente atividades de lazer e esportivas.


“UMA PEGADA FRESCA DE ONÇA-PARDA EM PLENA CIDADE DE SÃO PAULO. PELO TAMANHO, É DE UM ANIMAL ADULTO E GRANDE.”

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PARQUE ESTADUAL CANTAREIRA


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A FLORESTA DA CAPITAL

Se, antigamente, as cidades eram cercadas

nas altitudes do planalto paulistano, de 700

por matas, hoje partes preciosas das matas

metros a 1.200 metros acima do nível do mar.

são cercadas por cidades. É exatamente essa a

Um ecossistema que produz chuvas ao longo do

situação da Serra da Cantareira, na região norte

ano todo, com um máximo de 60 dias secos e

de São Paulo, onde a Mata Atlântica conserva

temperatura média acima de 25°C. Condições

sua vitalidade e exuberância. A vegetação

propícias para a preservação de diversas

típica desse refúgio tropical urbano é a floresta

espécies de plantas e animais, algumas há

ombrófila densa montana, presente também

pouco tempo desconhecidas, descobertas nas

na Serra do Mar e em Ilhabela, no litoral. No

formações rochosas elevadas, entre 950 metros

Parque Estadual Cantareira ela se encontra

e 1.100 metros de altitude.


Visão da capital a partir do mirante da Pedra Grande. O parque foi criado para proteger os mananciais que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo.

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UMA VISTA DIFERENTE Do mirante do Núcleo Pedra Grande, a 1.010

para piquenique, trilhas de interpretação da

metros de altitude, é possível ter uma ampla

natureza, museu e anfiteatro. Tem atividades

visão de São Paulo, com seus prédios e

tanto para grupos de estudantes quanto para o

veículos pequenos diante da grandeza da

público em geral. A Pedra Grande é a formação

Serra da Cantareira. Talvez por isso seja, dos

rochosa da qual se tem uma vista especial

quatro núcleos que compõem o parque, o

da capital. O Núcleo Pedra Grande tem uma

mais procurado por visitantes. Foi também

trilha que dá acesso ao Núcleo Águas Claras,

o primeiro aberto ao público e oferece áreas

no município de Mairiporã. PARQUE ESTADUAL CANTAREIRA


O quati é uma das espécies nativas da Mata Atlântica. Tem hábitos diurnos e percorre grandes extensões em busca de alimento.

QUANDO O PEQUENO AMIGO É INCOMODADO O quati é um mamífero pequeno, carnívoro, presente no Parque Estadual Cantareira. Com seu habitat preservado, ele encontra na natureza tudo do que precisa para sobreviver, sem interferência humana. Assim como outros pequenos animais da Cantareira, como o esquilo (chamado caxinguelê), por exemplo, está acostumado à presença de pessoas nas trilhas do Bugio, das Figueiras e da Bica, as mais próximas à portaria do Núcleo Pedra Grande, uma das principais entradas do parque. A proximidade entre o homem e o quati, entretanto, às vezes não é boa para nenhum dos dois. É comum os visitantes alimentarem os bichos, oferecendo alimentos que não fazem parte da dieta natural da espécie e que podem causar dano à saúde dos animais ou provocar neles reações de ataque. Uma mordida de quati pode transmitir doenças. A excessiva proximidade prejudica a convivência que poderia ser perfeitamente pacífica.

AO PÉ DA SERRA São 60 mil visitantes por ano. Metade deles só no Núcleo Pedra Grande. É o resultado da facilidade de conhecer a Mata Atlântica sem sair de São Paulo. Como não há moradores dentro do parque, a presença humana marcante na Cantareira é mesmo a dos visitantes e de pesquisadores, além, claro, dos profissionais da unidade de conservação. É um local dedicado exclusivamente à apreciação e ao estudo, estratégico para a realização de atividades de educação ambiental. Sem desconsiderar as relações com as pessoas do entorno. Como em outros parques, o comportamento humano inadequado é uma ameaça à conservação da biodiversidade. A área do Pinheirinho é afetada, por exemplo, pelo uso irregular de bicicletas, que provocam danos ao solo, à vegetação e à vida animal.


ANIMAIS DA CANTAREIRA ESPÉCIES DE ARACNÍDEOS, AVES, COMO O TUCANO, MAMÍFEROS, COMO O QUATI, ANFÍBIOS, RÉPTEIS, PEIXES E INSETOS COMO ABELHAS, VESPAS E CULICÍDEOS (MOSQUITOS) PARQUE ESTADUAL CANTAREIRA


PREOCUPAÇÃO MUNDIAL O Brasil tem 814 espécies de anfíbios. Só na Mata Atlântica se encontram 374. Destas, 90 são endêmicas do bioma. Hoje, há no mundo uma preocupação com a diversidade de sapos, rãs e pererecas, cada vez mais ameaçados. Acredita-se que alterações climáticas, desflorestamento e a poluição de lagos e rios vêm colocando em risco esses animais. Daí a importância, para a biodiversidade do planeta, das 28 espécies que habitam o Parque Estadual Cantareira.

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PARQUE ESTADUAL CANTAREIRA


SERRA DOS MACACOS O Parque Estadual Cantareira é fundamental para a conservação de uma ordem que é sempre ameaçada pela fragmentação do bioma: a dos primatas. Das 11 espécies presentes nas florestas de São Paulo, quatro habitam a Cantareira, onde provavelmente já viveu o mono-carvoeiro. Três estão ameaçadas: o sagui-da-serra-escuro, o sauá e o bugio-ruivo, que resiste nas árvores da Serra da Cantareira como um ícone da fauna local.

Sauá no Núcleo Engordador. Arredio, o macaco, embora se deixe ouvir, dificilmente é avistado. Na página seguinte, orquídea muito pequena e rara, redescoberta pelo biólogo Luciano Zandoná, depois de ser considerada extinta.


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PARQUE ESTADUAL CANTAREIRA


PARQUE ESTADUAL TURÍSTICO DO ALTO RIBEIRA (PETAR) LOCALIZAÇÃO

Apiaí e Iporanga SEDE

Av. Isidoro Alpheu Santiago, 364 Fepasa – Apiaí (15) 3552 1875 VISITAÇÃO

terça a domingo, das 8h às 17h ACESSO

à sede, em Apiaí, Núcleo Caboclos e Núcleo Santana: rodovias Castelo Branco, SP-127 e SP-250; Núcleo Santana e Núcleo Ouro Grosso, por Iporanga: rodovias Régis Bit tencour t BR-116 e SP-165 DISTÂNCIA DE SÃO PAULO

340 km ÁREA

35.712 hectares HOSPEDAGEM

no entorno; há camping no Núcleo Caboclos ALIMENTAÇÃO

no entorno ESTACIONAMENTO

no Núcleo Santana, pago; nos demais núcleos, gratuito BICICLETAS

permitidas, exceto nas trilhas TRILHAS

7; 12 cavernas aber tas à visitação; trilhas e cavernas com monitoria obrigatória EDUCAÇÃO AMBIENTAL

mediante agendamento com empresas ou disponibilidade de monitores autônomos locais


Claraboia na Caverna Temimina. A formação é chamada dolina, criada pelo desmoronamento da abóbada. A dificuldade de acesso contribuiu para que ela se mantivesse bem preservada.

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PARAÍSO SUBTERRÂNEO


PARQUE ESTADUAL TURÍSTICO DO ALTO RIBEIRA (PETAR)

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FORAM ENCONTRADAS, ATÉ HOJE, CERCA DE 400 CAVERNAS NO PARQUE ESTADUAL TURÍSTICO DO ALTO RIBEIRA, O PETAR. A INVESTIGAÇÃO DESSE UNIVERSO SUBTERRÂNEO DE, APROXIMADAMENTE, 80 KM LEVOU A DESCOBERTAS EXTRAORDINÁRIAS, COMO A DO MAIOR PÓRTICO DE CAVERNA DO PLANETA, O DA CAVERNA CASA DE PEDRA, COM 215 METROS DE ALTURA. MUDOU A HISTÓRIA DA ESPELEOLOGIA NO BRASIL E FEZ DO PAÍS REFERÊNCIA NO ESTUDO DA FAUNA CAVERNÍCOLA. O Petar compõe, com os parques estaduais Carlos Botelho, Intervales, Nascentes do Paranapanema, a Estação Ecológica Xitué e as áreas de proteção ambiental da Serra do Mar e Quilombos do Médio Ribeira, o contínuo ecológico de Paranapiacaba, região de enorme importância ambiental, cultural e turística, que é objeto de inúmeras pesquisas. Situado na Serra de Paranapiacaba, no sudoeste do Estado, na região do Alto Paranapanema e do Vale do Ribeira, o Petar se insere nas bacias dos rios Betari, Iporanga e Pilões, que desenharam no parque inúmeras cascatas e corredeiras, cujas águas, por vezes, terminam por escoar pelas grutas e traçar novos caminhos sob a terra. A abundância de recursos hídricos e o potencial turístico das cavernas atestam de maneira inequívoca a relevância do Petar para o patrimônio ambiental brasileiro e da humanidade. Mas, como um lugar de abrigos bem escondidos, o parque guarda em seus recônditos inúmeras outras belezas para quem sabe observar.


A OBRA-PRIMA DA ÁGUA Há muito que se ver no mundo subterrâneo da Caverna Temimina, no Núcleo Caboclos, do Petar. O chamado “chuveiro”, conhecido dos visitantes, fala por si da relação íntima existente entre as águas e a rocha calcária na formação das cavernas. A água da chuva, acidulada pelo gás carbônico encontrado tanto na atmosfera quanto no solo, penetra nas fendas originais, dissolve o carbonato de cálcio e abre espaço, formando lentamente as cavernas. Em contrapartida, penetra pelo teto das grutas e pelos poros das paredes, acumula sedimentos e inventa novas formações minerais, de diferentes tipos: os espeleotemas. São, entre outras, as estalactites, presas no teto das cavernas; as estalagmites, que sobem a partir do chão; os travertinos, testemunhos de antigos represamentos de água, ou tufos calcários, rochas que apresentam pequenas cavidades. A água trata os minerais como esculturas eternamente inacabadas, desfazendo e refazendo incessantemente suas obras. Visitar a Caverna Temimina é observar a exposição de arte da natureza na presença da artista. É ver o Rio Temimina, depois de percorrer com vigor 2 km entre vales, recolher-se discretamente num sumidouro, na caverna que leva seu nome. PARQUE ESTADUAL TURÍSTICO DO ALTO RIBEIRA (PETAR)

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“ERAM SEIS HORAS DA MANHÃ QUANDO, NUMA CURVA A CAMINHO DO NÚCLEO CABOCLOS, APARECEU ESTA VISÃO DO VALE. PAREI PARA VER.”


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Vale do Betari. Debaixo da floresta se esconde um dos maiores sítios cársticos do Brasil. PARQUE ESTADUAL TURÍSTICO DO ALTO RIBEIRA (PETAR)


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ATRAÇÃO PRINCIPAL

A CAVERNA SANTANA É UMA DAS MAIORES DO ESTADO

Uma rara formação encontrada no teto é uma

importante para a região. O desaparecimento

das surpresas da Caverna Santana. Por causa

do pitu, camarão de água doce anteriormente

de seu aspecto, relacionado à inclinação na

encontrado na caverna, indica perda de

parte superior das passagens, a formação

qualidade da água, possivelmente em

é popularmente chamada de bacon. Ela surge

consequência da intensa visitação ao local.

do mesmo modo que as estalactites, ou seja,

Um passeio pela Caverna Santana, a mais

com o gotejamento de água.

procurada do parque, revela a diversidade

A Caverna Santana é uma das maiores do

e beleza das formações minerais: colunas,

Estado. Tem 6.300 metros de extensão (800

cortinas, velas, travertinos, helictites, patas-

metros incluídos no roteiro turístico), o maior

de-elefante e chão de estrelas – um universo

desenvolvimento planimétrico entre todas as

muito mais rico do que o turista costuma

grutas do Petar. É atravessada pelo Ribeirão

imaginar. Para conhecer e nunca mais esquecer

Roncador, que desemboca no Rio Betari,

a verdadeira beleza de uma caverna.


Gotejamento na Caverna Água Suja mostra a ação da água nas formações calcárias. À direita, guia local no interior da caverna. Na página anterior, formação incomum no teto da Caverna Santana.

NAS PROFUNDEZAS

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Com seus salões e amplas passagens, a Caverna Água Suja, no Núcleo Santana, do Petar, é um espetáculo de formações minerais que atrai muitos visitantes. Entre as 400 grutas, aproximadamente, do parque e do entorno, é a que tem o maior desnível: 297 metros entre o ponto mais alto e o mais baixo. Nela se encontram, além de estalactites e estalagmites, 70 espécies de invertebrados. Os cursos d’água da caverna, infelizmente, estão bastante alterados, em parte por consequência da visitação descontrolada ocorrida durante longo tempo. Um trecho do percurso tem de ser feito dentro do rio, o que impacta os sedimentos do fundo e das margens. A ausência de cascudos, espécie indicadora de boa qualidade da água, é um sinal preocupante e um alerta para a necessidade da prática do turismo responsável, que não comprometa a biodiversidade dos ambientes. PARQUE ESTADUAL TURÍSTICO DO ALTO RIBEIRA (PETAR)


ÉPOCAS DE HOMENS NAS CAVERNAS

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Homens já moraram em cavernas na Mata

harmonia de diferentes instrumentos musicais.

Atlântica. Os sambaquis encontrados na Caverna

Sítios arqueológicos propiciam isso: o encontro

Morro Preto, localizada no Núcleo Santana,

simbólico de civilizações separadas por milênios

apontam para a presença de vida humana no

de história. É possível imaginar que, na Caverna

local em tempos muito antigos. A gruta é lugar de

Morro Preto, a experiência continuará a se repetir

passeio para os habitantes dos tempos de hoje e

no futuro. Espécies encontradas no lugar apontam

já teve a oportunidade de abrigar apresentações

que a qualidade da água presente na gruta é boa.

musicais em comemoração ao aniversário do

A caverna que já viu gente de diferentes épocas e

parque, situação em que aos ecos do passado

costumes dá sinais de que tem forças para esperar

perdidos nas paredes rochosas se juntou a

pacientemente pelos visitantes de amanhã.


CACHOEIRAS, GRUTAS, PEIXES, PLANTAS E HISTÓRIA: A INESGOTÁVEL TRILHA DO BETARI A Trilha do Betari é uma das grandes atrações do Petar. Não é para menos: ela segue o curso do Rio Betari, em meio a trechos exuberantes de floresta ombrófila densa submontana bem preservada, típica da Mata Atlântica, e passa por piscinas naturais, cachoeiras e várias cavernas. Um espetáculo e um deleite para os visitantes. Uma das quedas d’água, a Cachoeira das Arapongas, marca o início do Vale do Betari. Outra, a Cachoeira do Beija-Flor, o fim da trilha. O Rio Betari e seus afluentes são fundamentais para a preservação do ecossistema local e de inúmeras espécies da fauna, como o bagre-cego, ameaçado em todo o contínuo ecológico de Paranapiacaba, e da flora, como a samambaia gigante, emblemática da Mata Atlântica. Na sub-bacia do Betari, existem 30 espécies de peixes, seis delas endêmicas. O bagre-cego vive numa área restrita: o sistema de cavernas Areias. Nela, alguns rios penetraram na rocha calcária, dissolvendo-a e formando uma rede subterrânea de rios que deságua no Betari. Qualquer alteração nesse ambiente compromete sua sobrevivência. A presença humana no entorno exige sempre cuidado. O bairro Betari, por exemplo, fica às margens do rio e é corredor de passagem para os visitantes. Na região do Núcleo Ouro Grosso, o Betari é impactado pelas atividades realizadas no Bairro da Serra, com risco de contaminação das águas, proliferação de doenças e zoonoses. Ali, a mata ciliar foi parcialmente retirada, provocando erosões nas margens e assoreamento do leito do rio. Em outros pontos, entretanto, como no Núcleo Santana, o Betari, caudaloso, apresenta toda sua vitalidade e beleza, com trechos de corredeira sobre terreno rochoso. Ele ganha corpo com a água que recebe de diversos riachos e ribeirões, entre os quais se destaca o Ribeirão Roncador, que atravessa a Caverna Santana. Há evidências arqueológicas de que o rio foi rota de comunicação entre a Baixada do Ribeira e o Planalto Atlântico em tempos pré-coloniais e serviu, na época da colonização, aos primeiros exploradores do Vale do Ribeira, que desbravavam as matas em busca de riquezas minerais. Uma rota preciosa que, por diferentes razões, jamais cessou de atrair o interesse do homem.

PARQUE ESTADUAL TURÍSTICO DO ALTO RIBEIRA (PETAR)

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64 |


Aranha no teto da Caverna Água Suja. Na outra página, Cachoeira do Beija-Flor, ao fim da Trilha do Betari.

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A TRANSPARÊNCIA DOS RIACHOS E A ESCURIDÃO DA NOITE A FAUNA QUE VIVE NAS ÁGUAS E NAS CAVERNAS

Troglóbios, troglófilos e trogloxenos.

para o controle populacional de insetos e

Palavras estranhas e pouco conhecidas, que

outros invertebrados e têm papel fundamental

descrevem três comportamentos diferentes

na polinização e dispersão de plantas, com

de espécies encontradas em cavernas.

grande capacidade de locomoção, buscando

Os animais troglóbios são aqueles que vivem

alimento frequentemente no interior das

exclusivamente nas grutas, como o bagre-cego,

matas. Os morcegos contribuem, como se

endêmico das cavernas do Petar. Os troglófilos

pode ver, para a regeneração das florestas

são os habitantes temporários, que passam

e a conservação da biodiversidade do parque.

parte de sua vida no local, dos quais certos

Beneficiam as plantas, os animais e o próprio

tipos de grilos encontrados no Petar são bom

homem. Conhecimentos que se devem ao fato

exemplo. Finalmente, os trogloxenos visitam

de a fauna cavernícola da Mata Atlântica ser

as cavernas eventualmente ou usam-nas

a mais bem estudada da América do Sul.

como abrigo, caso das mais de 50 espécies

ANIMAIS DO PETAR AVES, MAMÍFEROS, COMO OS MORCEGOS, PEIXES, ANFÍBIOS, COMO O SAPOANDARILHO, E RÉPTEIS

O Petar também é um local estratégico

de morcegos do parque. Assim como são

para a preservação de aves. Cerca de

muitos, diversos também são os hábitos

63% das espécies ameaçadas da Serra de

alimentares desses mamíferos voadores

Paranapiacaba são encontradas no parque;

de vida noturna. Há os que se alimentam

40% das espécies existentes no Estado podem

de insetos, há os que preferem frutos, há

ser vistas ali. Além disso, o Petar é repleto de

os que comem sementes, os que consomem

riachos de cabeceira, nos quais vivem peixes

folhas, os que procuram o néctar das flores,

de pequeno porte. A proteção dos ambientes

os que são atraídos pelo pólen, alguns que

aquáticos é imprescindível para evitar o

ingerem pequenos vertebrados e outros,

desaparecimento de espécies de peixes da

carnívoros, que se alimentam de peixes ou

região sul de São Paulo que têm distribuição

se nutrem de sangue. São importantíssimos

geográfica muito restrita. PARQUE ESTADUAL TURÍSTICO DO ALTO RIBEIRA (PETAR)


PARQUE ESTADUAL MORRO DO DIABO LOCALIZAÇÃO

Teodoro Sampaio SEDE

SPV-28, km 11 Morro do Diabo (18) 3282 1599 VISITAÇÃO

de terça a domingo, das 8h às 17h ACESSO

rodovias Castelo Branco, SP-280, SP-243, SP-534 e SPV-28 DISTÂNCIA DE SÃO PAULO

687 km ÁREA

33.845 hectares HOSPEDAGEM

há 41 leitos ALIMENTAÇÃO

no entorno ESTACIONAMENTO

sim, gratuito BICICLETAS

não permitidas TRILHAS

7 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

mediante agendamento

Morro do Diabo, um dos sete monumentos geológicos do Estado de São Paulo.


NOVOS TEMPOS NO OESTE DISTANTE | 67


PARQUE ESTADUAL MORRO DO DIABO

68 |

A OCUPAÇÃO DO PONTAL DO PARANAPANEMA NO SÉCULO 17 SE DEU DE MODO BASTANTE DESORDENADO E CONFLITUOSO. NO DISTANTE OESTE PAULISTA SUCUMBIRAM INDÍGENAS E COLONIZADORES. POSTERIORMENTE, TEVE INÍCIO UMA GRANDE E VIOLENTA DISPUTA POR TERRAS, COM GRANDE PREJUÍZO PARA OS TRABALHADORES RURAIS. A REGIÃO, EMBORA SEJA A ÁREA DO ESTADO COM MAIOR NÚMERO DE ASSENTAMENTOS, É ATÉ HOJE FOCO DE DISPUTAS E DISCUSSÕES, INCLUSIVE, COMO NÃO PODERIA DEIXAR DE SER, SOBRE O IMPACTO AMBIENTAL DE SUA OCUPAÇÃO. No Pontal, a Mata Atlântica e seus animais característicos, em especial o mico-leão-preto, pagaram caro pelas contendas humanas. Incêndios acidentais e propositais devastaram áreas inteiras. A inundação de extensas áreas para instalação de barragens ao longo dos rios Paraná e Paranapanema e a extração de espécies de alto valor econômico, como a peroba, o ipê, o jatobá e o angico, fragmentaram enormemente as florestas. Restou apenas 5% da vegetação original. O Parque Estadual Morro do Diabo protege a mata nativa e permite a realização do delicado trabalho de reflorestamento. Ele fica no município de Teodoro Sampaio, na região que tem Presidente Prudente como cidade-polo. A vegetação característica do Parque Estadual Morro do Diabo é a floresta estacional semidecidual, marcada pela pouca quantidade de epífitas, ausência de coníferas e perda parcial de folhas durante o inverno, em decorrência do clima seco. Um ecossistema singular, de transição da Mata Atlântica para outros biomas, como o Cerrado. A despeito das dificuldades enfrentadas no curso do tempo, o Morro do Diabo atrai cada vez mais visitantes e pesquisadores. Sua beleza se impõe e desperta nas pessoas a consciência da necessidade de preservar a natureza local e lhe dar condições de se recuperar.


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A floresta estacional semidecidual é conhecida como mata seca. Ocorre em ambientes de transição entre a umidade litorânea e o interior semiárido.

ATÉ ONDE A VISTA ALCANÇAR

Se a primeira visão do visitante no Parque Estadual Morro do Diabo é a do monte observado desde a planície, a trilha que leva ao alto da colina oferece a imagem oposta: a Mata Atlântica enxergada de cima. O trajeto de 2,5 km e de média dificuldade começa na Estrada Parque. Ao fim, no topo do morro, permite ao visitante contemplar a vastidão da unidade de conservação, com a natureza preservada, o Rio Paranapanema, as pastagens e os assentamentos que caracterizam a região. Um olhar mais atento pode notar a presença de cactos, planta típica de ambientes secos como a Caatinga, bioma do Nordeste brasileiro com aspectos absolutamente distintos das áreas de florestas, herança de quando a região era mais quente e seca. PARQUE ESTADUAL MORRO DO DIABO


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“INCLUÍ UM CACTO NA VISTA DO PARQUE PORQUE ELE DIZ MUITO SOBRE A NATUREZA LOCAL, QUE INCLUI ELEMENTOS DO CERRADO E ATÉ DA CAATINGA.”

LENDAS DO MORRO

UM NOME QUE INSPIRA MUITAS HISTÓRIAS O Morro do Diabo dá nome ao parque estadual onde se encontra. Essa elevação, que alcança 600 metros acima do nível do mar, destaca-se em meio ao planalto de terras baixas recoberto pela Mata Atlântica de interior. Diferentes topografias e cores também diversas. A primeira impressão de quem chega ao parque é o contraste entre o verde mais intenso do monte e o mais suave da vegetação ao seu redor, principalmente no inverno, a estação mais seca. Não existe uma explicação oficial para o nome dado à colina. Lendas, no entanto, não faltam. Todas relacionadas a mortes e conflitos. Uma, por exemplo, conta que nele existe um cemitério de índios. Dizem alguns que fica no topo do morro. Outros, que está nas encostas. Expedições realizadas nunca confirmaram a existência de um cemitério no local. Mais assustadora é a versão segundo a qual o monte ganhou seu nome porque no alto dele foi exposto, para amedrontar novos invasores, o corpo de colonizadores assassinados em retaliação a um ataque feito por bandeirantes a uma aldeia indígena. Não há fontes históricas que sustentem essa história. O fato é que hoje, além de não afugentar os que chegam, o Morro do Diabo é um convite aos visitantes para subir e avistar, do alto dele, as paisagens do parque. PARQUE ESTADUAL MORRO DO DIABO


ANIMAIS DO MORRO DO DIABO INSETOS, COMO BORBOLETAS, AVES, COMO O GAVIÃOCARAMUJEIRO, PEIXES, SAPOS, LAGARTOS E MAMÍFEROS

VIVEIRO NATURAL A caminho do Rio Paranapanema é possível encontrar o gaviãocaramujeiro, típico de regiões pantanosas, voando em busca de refeição. Ele se alimenta quase que exclusivamente de caramujos, moluscos comuns em lugares de água doce. Igualmente extraordinário é contemplar o tucanuçu, espécie frequente nos ambientes secos do interior paulista de floresta semidecidual e Cerrado. A presença do tucanuçu no Parque Estadual Morro do Diabo atesta a biodiversidade da unidade de conservação. As características climáticas singulares geram condições de vida mesmo para animais e plantas mais típicos de outros biomas.

Gavião-caramujeiro na Trilha do Paranapanema voando em direção ao rio, onde a lontra (acima), rara na Mata Atlântica de hoje, procura por peixes. Na página seguinte, o mico-leão-preto, espécie em perigo, endêmica da Mata Atlântica, representativa da fauna do Morro do Diabo.


OS MACACOS DO PONTAL Poucas histórias de sobrevivência são tão emblemáticas e inspiradoras

descobertos foram objeto de cuidadosas ações que resultaram num

quanto a do mico-leão-preto, endêmico da Mata Atlântica. No início do

aumento significativo da população de micos. O primata, protegido no

século 20, a espécie foi considerada extinta. À época, seu desaparecimento

Parque Estadual Morro do Diabo, na Reserva Estadual de Caetetus e na

indicava a gravidade da devastação das florestas paulistas e conclamava

Estação Ecológica Federal Mico-Leão-Preto, ainda se encontra criticamente

a sociedade a unir esforços com urgência para preservar a biodiversidade

em perigo, mas os avanços obtidos já permitem imaginar um futuro em

do Estado e do País e evitar a perda de outros animais. Mas, ao longo de

que a espécie esteja muito mais segura, como está, por exemplo, o macaco-

mais de 50 anos, enquanto os homens se empenhavam em criar áreas

prego, encontrado com facilidade no parque e que pode ser visto, entre

de conservação e estudo e sensibilizar a população para a importância do

outros locais, nas árvores que circundam a Trilha Barreiro da Anta. No

tema, o pequeno macaco, sem que ninguém soubesse, continuava a existir

barreiro, que o visitante alcança por palafita, é possível, por sinal, ver pegadas

e lutava sozinho pela vida. O reencontro com o homem só aconteceu nos

de diversos animais. E a trilha passa por ambientes díspares, de vegetação

anos 1970, na região do Pontal do Paranapanema. Os poucos animais

densa e fechada a áreas totalmente abertas, de brejos a terra firme.

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PARQUE ESTADUAL MORRO DO DIABO


NADA SE PERDE O EQUILÍBRIO DE UM ECOSSISTEMA CONSERVADO

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Florestas tropicais bem preservadas são um paraíso e um banquete para os insetos. No Parque Estadual Morro do Diabo eles são abundantes. Mais de 8 mil espécies. São avistadas, particularmente, as borboletas, coloridas, grandes: 426 espécies, que dão ao lugar uma beleza especial. E alguns de seus hábitos alimentares ensinam um pouco sobre o equilíbrio de um ecossistema e a relação de interdependência entre as diferentes espécies. Os cursos d’água bem preservados, por exemplo, saciam a sede dos mamíferos de hábitos noturnos, como as onças-pardas e onças-pintadas existentes no parque, enquanto a borboleta se recolhe na floresta igualmente conservada; no dia seguinte, a urina do mamífero deixada no solo fornece à borboleta os sais minerais de que ela necessita. Na Mata Atlântica, quando bem cuidada, nada se perde.


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Pesquisa procura levantar a população de morcegos existentes nas cavernas do parque. Na página anterior, exemplo de dependência entre espécies: borboletas se alimentam de sais minerais excretados por mamíferos.

QUANDO CAIR NA ARMADILHA É VANTAJOSO

ANIMAIS SÃO CAPTURADOS PARA SEREM ESTUDADOS Quantificar a fauna das florestas estaduais

por estudiosos, que verificam a pele do animal

e compreender os hábitos dos bichos

em busca de marcas de predadores e coletam

(bioecologia) é um benefício direto da existência

sangue para análises parasitológicas. Esse

dos parques estaduais. No Parque Estadual

mamífero voador é bastante encontrado em

Morro do Diabo, diferentes pesquisas são

várias outras unidades, como o Parque Estadual

realizadas atualmente para conhecer melhor

Turístico do Alto Ribeira (Petar) e Intervales,

a população de morcegos existente no parque.

cujas cavernas, continuamente observadas,

Os animais são capturados por redes, à noite,

fizeram do Brasil referência internacional na

e posteriormente examinados cuidadosamente

pesquisa de fauna cavernícola. PARQUE ESTADUAL MORRO DO DIABO


76 |

RIO LIMPO, GRANDE E ÚNICO EM SÃO PAULO PARANAPANEMA PODE SER ALCANÇADO POR DUAS TRILHAS


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Na Serra de Paranapiacaba nasce o Rio

Bill permite ao visitante caminhar à beira

Paranapanema, que passa por 18 cidades

das águas, seguindo seu curso, e conhecer

antes de desembocar na bacia do Alto Paraná.

a fauna da vegetação aquática e da área

É considerado um dos mais conservados de

de transição para a floresta atlântica de

São Paulo e separa o território paulista do

interior, que abriga espécies costumeiramente

Estado do Paraná. Seus afluentes banham

encontradas no Cerrado e na Caatinga, em

o Parque Estadual Morro do Diabo, e duas

função do clima seco do parque, quando

trilhas permitem chegar até ele, ambas de

comparado às matas litorâneas do Estado.

baixa dificuldade. A Trilha de Paranapanema

A região, com sua mata seca e menos

atravessa uma área em recuperação e

densa, é indicada para a observação de

conduz às margens do rio. Já a Trilha Pedro

aves, presentes em número considerável.

Rio Paranapanema. À esquerda vê-se a transição da vegetação das margens para a floresta atlântica de interior.

PARQUE ESTADUAL MORRO DO DIABO


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“NA ESTRADA, BEM NA ENTRADA DO PARQUE, UMA POÇA ATRAÍA AS BORBOLETAS. DEITEI NO CHÃO, NO MEIO DA ESTRADA, PARA TIRAR ESTA FOTO.”

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PARQUE ESTADUAL MORRO DO DIABO


PARQUE ESTADUAL INTERVALES

LOCALIZAÇÃO

Ribeirão Grande, Sete Barras, Iporanga, Eldorado e Guapiara SEDE

Estrada Municipal, km 25 Ribeirão Grande (15) 3542 1511, (15) 3542 1245 VISITAÇÃO

todos os dias, das 8h às 20h ACESSO

rodovias pavimentadas e não pavimentadas – Castelo Branco, SP-280, SP-127, SP-181 e Estrada Municipal de Ribeirão Grande DISTÂNCIA DE SÃO PAULO

270 km ÁREA

41.704 hectares HOSPEDAGEM

há três pousadas ALIMENTAÇÃO

equipamentos de cozinha para utilização dos hóspedes no restaurante e seis quiosques para piquenique ESTACIONAMENTO

sim, gratuito BICICLETAS

permitidas, exceto nas trilhas TRILHAS

21; 9 cavernas aber tas ao público com monitoria obrigatória EDUCAÇÃO AMBIENTAL

mediante agendamento ou disponibilidade de monitor

Rio Quilombo, na divisa com o Parque Estadual Carlos Botelho.


ONDE OS RIOS CONDUZEM A VIDA

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PARQUE ESTADUAL INTERVALES

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ENTRE VALES. A CONSTITUIÇÃO DO PARQUE ESTADUAL INTERVALES JÁ ESTÁ EXPRESSA NO SEU NOME. É NA REGIÃO DOS DIVISORES DOS VALES FORMADOS PELOS RIOS PARANAPANEMA E RIBEIRA DE IGUAPE QUE ELE SE ENCONTRA, FORMANDO COM O PARQUE ESTADUAL E TURÍSTICO DO ALTO RIBEIRA (PETAR) OS PARQUES ESTADUAIS CARLOS BOTELHO E NASCENTES DO PARANAPANEMA, A ESTAÇÃO ECOLÓGICA XITUÉ E AS ÁREAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DA SERRA DO MAR E QUILOMBOS DO MÉDIO RIBEIRA, UM CORREDOR IMPORTANTÍSSIMO PARA A CONSERVAÇÃO DE ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO: O CONTÍNUO ECOLÓGICO DE PARANAPIACABA. As bacias hidrográficas dos rios Paranapanema e Ribeira de Iguape se espalham pelo parque em rios e riachos de águas cristalinas que são sustento para a flora e a fauna locais, importantíssimos para a qualidade do ar na região, decisivos para a conservação da Mata Atlântica e, claro, um deleite para os visitantes, com suas correntezas e cachoeiras exuberantes. Aproximadamente, 9 mil pessoas por ano vão ao Intervales. O parque abrange cinco municípios: Ribeirão Grande, onde fica a sede da unidade de conservação, Sete Barras, Iporanga, Eldorado e Guapiara. Contribui decisivamente para a qualidade de vida da população do entorno, oferece áreas para lazer e recreação da comunidade e apoia práticas como o manejo do palmito-juçara e plantas ornamentais, entre outras atividades. Com o Petar e o Carlos Botelho, compõe uma das zonas-núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, reconhecida pela Unesco. Integra também o sítio Mata Atlântica – Reservas do Sudeste SP/PR, patrimônio mundial que engloba, no Estado de São Paulo, o Parque Carlos Botelho, a Ilha do Cardoso, o Mosaico de Unidades de Conservação da Jureia-Itatins, parte do Mosaico de Unidades de Conservação do Jacupiranga e as Áreas de Preservação Permanente de Manguezais, e no Paraná envolve o Parque Nacional do Superagui, as Estações Ecológicas de Guaraqueçaba e da Ilha do Mel e a Reserva Particular do Patrimônio Natural de Salto Morato. Mais que isso, com o Parque Estadual da Serra do Mar, Nascentes do Paranapanema e a Estação Ecológica Xitué, forma o maior remanescente contínuo de floresta atlântica do Brasil. Intervales, na posição central desse grande remanescente, guarda ainda dezenas de sítios arqueológicos, um tesouro cultural do Brasil, fonte de revelações sobre a história e a pré-história do País.


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A FORÇA DOS RIOS Na divisa dos parques Intervales e Carlos Botelho corre, por encostas acentuadas e pequenas planícies encaixadas, um curso d’água caudaloso, de enorme beleza. É o Rio Quilombo, de mata ciliar bem preservada, que integra a bacia hidrográfica do Rio Ribeira de Iguape. Na parte superior, proporciona um espetáculo de corredeiras e cachoeiras impactantes, intercaladas por remansos que banham blocos e matacões. A preservação das nascentes das bacias hidrográficas é um dos grandes bens que a Mata Atlântica faz à vida no Estado de São Paulo. O mesmo vigor exibido pelo Rio Quilombo pode também ser observado no Rio Água Comprida, cristalino, mais um exemplo da importância da boa conservação da vegetação do Parque Estadual Intervales. PARQUE ESTADUAL INTERVALES


Cachoeira Saibadela, ainda não liberada para visitação. O Rio Saibadela é um afluente do Rio Quilombo (ver página 80).


EM QUEDA LIVRE SUBIDAS, DESCIDAS E MUITAS CACHOEIRAS

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As águas do Intervales se derramam em inúmeras cachoeiras. Algumas de fácil acesso, outras bem escondidas. A trilha para a Cachoeira das Pedrinhas, por exemplo, é difícil, com planícies alagadas, aclives e declives. Em compensação, é repleta de orquídeas e bromélias e passa por cascatas e piscinas naturais. À Cachoeira da Água Comprida, diferentemente, o visitante é guiado com facilidade por seu próprio ouvido. Desde o início do trajeto, uma descida acentuada de 75 metros, com cordas para ajudar, já se pode escutar o barulho da água caindo no lugar onde forma uma piscina natural. Desse ponto é possível acessar, andando em meio à água, outra cachoeira: a do Mirante, a qual se alcança também por uma trilha de 800 metros, com vegetação primária (original) e secundária (surgida naturalmente no lugar de uma floresta primária destruída). Outro lugar extraordinário do parque, ainda não liberado para visitação, é a Cachoeira Saibadela, ao fim de uma trilha de uma hora, a partir da Base Saibadela. As areias e seixos que rolam do leito do Rio Saibadela formam belíssimas praias fluviais. A mata ciliar é rica em samambaias gigantes. Paisagens que mostram o potencial que Intervales tem, bem cuidado, de oferecer novas experiências no futuro. PARQUE ESTADUAL INTERVALES


INCRUSTADAS NA TERRA O Intervales tem um relevo cárstico (caracterizado pela dissolução das rochas impactadas pela água da chuva) repleto de cavernas. As formações subterrâneas do parque são ricas em calcário (carbonato de cálcio), magnesita (carbonato de magnésio) e dolomita (carbonato duplo, de cálcio e magnésio), minérios bastante explorados na região do Vale do Ribeira. Mas a atração que as grutas exercem sobre as pessoas passa ao largo de questões econômicas. Tem relação muito mais profunda com o mistério de amplos salões escuros e estreitas passagens escondidos sob a terra, onde a água modelou, em segredo e sem pressa, algumas maravilhas, tendo por testemunha apenas os animais que ousam viver longe da luz. A Gruta Jane Mansfield, a Colorida e a do Minotauro são só alguns exemplos desses lugares que, em Intervales, instigam o homem a perscrutar o desconhecido.

PRIMEIROS HABITANTES Vem de longe a presença humana na Mata Atlântica, na região do Parque Estadual Intervales. Nos municípios abrangidos pela unidade de conservação existem registros de 61 sítios arqueológicos, que revelam um pouco da vida dos grupamentos humanos que ali viveram há milhares de anos. O Sítio Pedrinhas, por exemplo, foi habitado por tribos caçadoras e coletoras de 12 mil a mil anos atrás. Fragmentos de objetos usados no cotidiano permitem aos estudiosos de hoje reconstituir os hábitos dessas antigas sociedades, diferentes das que ocuparam há um milênio o Sítio Carmo – outro local de grande valor histórico e pré-histórico – que cultivavam a terra. Acredita-se que os habitantes do Sítio Carmo travaram contato com os colonizadores portugueses nos séculos 16 e 17. O Intervales guarda, portanto, parte valiosa, ainda a ser compreendida, da história dos povos no Brasil.


PARQUE ESTADUAL INTERVALES


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A FIGUEIRA GIGANTE E O MAIOR MACACO DAS AMÉRICAS

ATRAÇÕES DA TRILHA DO MIRANTE DA ANTA De um dos cumes do Intervales, uma figueira enorme e majestosa se destaca na paisagem do parque, a 1.100 metros de altitude. Dali, no fim da Trilha do Mirante da Anta, de 2 km, contando | 89

ida e volta, é possível avistar a região do Alto do Paranapanema e o vale onde se encontra a sede do parque. A caminhada pode oferecer boas surpresas. Além da beleza da floresta, pela qual se sobe serpenteando a montanha, é possível, com sorte, encontrar um bando de mono-carvoeiros, a maior espécie de macaco das Américas.

O mono-carvoeiro é uma espécie estritamente arborícola. Na página anterior, figueira gigante, cujo fruto alimenta aves e morcegos. A árvore atrai espécies dispersoras de sementes, contribuindo para a regeneração das florestas. PARQUE ESTADUAL INTERVALES


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DO CÉU ÀS CAVERNAS ESPÉCIES RARAS NA MATA ATLÂNTICA HABITAM O INTERVALES


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Com quase 400 espécies de aves nativas

animais típicos das cavernas e outros tantos

ANIMAIS DO INTERVALES

ou migratórias, o Parque Estadual

cada vez mais raros em outras regiões da

Intervales é um local especial para observá-

Mata Atlântica têm no Intervales hoje o seu

las. É o habitat natural da saíra-sete-cores,

refúgio e procuram se proteger do impacto

ESPÉCIES DE INVERTEBRADOS, AVES, MAMÍFEROS, COMO O MONO-CARVOEIRO, ANFÍBIOS, PEIXES E RÉPTEIS

sempre procurada pelos admiradores das

negativo das atividades de mineração

aves da Mata Atlântica. É o lugar onde os

desenvolvidas no entorno do parque e das

gaviões sobrevoam os vales.

indústrias de cal e cimento.

O parque é fundamental também para a

O contato com o rato-doméstico em

conservação de espécies ameaçadas, como

Ribeirão Grande também é uma ameaça

a onça-pintada, que transita pelo corredor

aos bichos do parque. Além de competir

ecológico no encontro do Intervales com o

diretamente com os roedores nativos por

Parque Estadual Carlos Botelho. Além do

alimentos, o rato é um potencial transmissor

felino, o sapo-de-chifre, a jacutinga, diversos

de doenças para as outras espécies.

Acima, à direita, beija-florrubi, polinizador, importante para a regeneração natural da flora. Ao lado, gaviãocarrapateiro, que tem esse nome por pousar sobre outros animais para pegar parasitas. Na outra página, saíra-setecores, pássaro frugívoro. PARQUE ESTADUAL INTERVALES


PARQUE ESTADUAL ILHABELA

LOCALIZAÇÃO

Ilhabela SEDE

Praça Coronel Julião de Moura Negrão, 115 – Vila Centro (12) 3896 2585, (12) 3896 1646 VISITAÇÃO

nas áreas de uso restrito, de segunda a sex ta, das 8h às 17h ACESSO

rodovias dos Tamoios SP-99 e Rio-Santos BR-101 e travessia de balsa DISTÂNCIA DE SÃO PAULO

210 km ÁREA

27.025 hectares HOSPEDAGEM

no entorno ALIMENTAÇÃO

no entorno ESTACIONAMENTO

no entorno BICICLETAS

permitidas na Estrada Parque dos Castelhanos TRILHAS

9 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

mediante agendamento

ENTRE VOOS E REPOUSOS


Saíra-de-lenço: alimenta-se de frutas e insetos, larvas e nÊctar de flores.

| 93


PARQUE ESTADUAL ILHABELA

94 |

AMBIENTES INSULARES PRECISAM DE ATENÇÃO ESPECIAL. COMO TÊM UMA COMPOSIÇÃO NATURALMENTE ISOLADA, TENDEM A SE DESENVOLVER DE MANEIRA DIFERENCIADA E SÃO UM PERMANENTE CONVITE À EXPLORAÇÃO HUMANA, HISTORICAMENTE PREDATÓRIA, DEGRADANTE PARA O MEIO AMBIENTE. Os ambientes insulares respondem por apenas 5% da superfície do planeta, mas 25% das plantas conhecidas são endêmicas de ilhas. São regiões fundamentais para as pesquisas de biólogos, geógrafos e arqueólogos, entre outros estudiosos. O Parque Estadual Ilhabela (PEIb), especificamente, destaca-se tanto pela extensão geográfica remanescente de Mata Atlântica quanto pela riqueza dos ecossistemas que abriga. A contínua urbanização do litoral norte paulista, uma das regiões mais atrativas do Estado, gera, como não poderia deixar de ser, enorme impacto no bioma local, a Mata Atlântica, nos diversos ecossistemas encontrados nas ilhas (floresta ombrófila densa montana, submontana e de terras baixas, entre outras) e na vida das comunidades caiçaras que se encontram em Ilhabela e no litoral sudeste. O Parque Estadual Ilhabela é um arquipélago que compreende todas as formas insulares. Ele engloba parte da Ilha de São Sebastião, sede do município de Ilhabela. Abarca completamente todas as demais ilhas: dos Búzios, da Vitória (ou Cagadinha), dos Pescadores, das Cabras, da Serraria, do Ribeirão (ou Castelhanos), da Lagoa, da Prainha, das Galhetas de Dentro e de Fora e a Ilha Sumítica. Também compõem o parque as ilhotas do Codó, da Figueira e das Cabras, além das lajes do Carvão, da Garoupa e da Fome. Ilhabela está na lista da Aliança para a Extinção Zero (AZE), em função das espécies animais que protege, algumas delas endêmicas. É considerada também Área Importante para a Conservação das Aves (IBA), reconhecida internacionalmente.


| 95

A preservação do volume e das características físico-químicas dos riachos, afetados pelo aumento populacional no entorno, é uma das funções do parque.

A ILHA QUE ATRAI OS OLHOS DO MUNDO

Andar pela Trilha da Água Branca, com suas

lugar do mundo onde se pode encontrar na

inúmeras cachoeiras, é descobrir a essência

natureza o rato-cururuá, espécie endêmica

das riquezas conservadas no parque.

de Ilhabela, e abriga 66 espécies de aves

Ela fica na Ilha de São Sebastião, a maior e

restritas ao bioma Mata Atlântica, além de

mais importante do arquipélago de Ilhabela,

proteger cinco espécies animais ameaçadas

do ponto de vista da biodiversidade, separada

de extinção no planeta. O parque ainda tem

do continente por um canal que é atravessado

17 sítios arqueológicos. Percorrer a Trilha

por balsas. O parque é reconhecido pela

da Água Branca, muito mais do que uma

Unesco como reserva da biosfera, ou seja,

atividade prazerosa de lazer, é uma imersão

uma região de importância global, que deve

na grandeza da Mata Atlântica, com as

ser preservada, destinada a pesquisas e

diversas formas de vida que ela conserva e

atividades de educação ambiental. É o único

das quais ali o homem pode se aproximar. PARQUE ESTADUAL ILHABELA


96 |

A CAMINHO DAS NUVENS

PICOS DE MAIS DE 1.300 METROS


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Ilhabela é o lugar perfeito para ver as matas e as

mais altas que as do continente. Além da visão

águas do litoral de São Paulo de um ponto privilegiado:

que propiciam ao visitante e da diversidade de vida

do alto. As maiores montanhas do litoral do Estado

que abrigam, essas elevações funcionam como

se encontram ali. O Pico do Baepi, por exemplo, tem

barreiras às correntes atmosféricas. A umidade que

1.048 metros de altitude. O do Papagaio, 1.302.

vem do oceano é obrigada a escalar as montanhas.

E o de São Sebastião é um maciço rochoso de 1.375

Quanto mais sobe, mais se resfria e condensa,

metros. Para se ter uma comparação, a Serra do

formando as nuvens ou neblinas comuns no parque.

Mar, no continente, apresenta cerca de 800 metros

A altitude do relevo se deve às rochas alcalinas

de altitude, em média. Assim, pode-se dizer que as

que compõem as montanhas, mais resistentes que

montanhas de Ilhabela são pelo menos 200 metros

outros tipos de rochas.

Parque visto do fim da Trilha do Baepi. Nele estão as maiores montanhas do litoral paulista. PARQUE ESTADUAL ILHABELA


OS DOIS LADOS DA ESTRADA 98 |

CAMINHO PARA CARROS E BICICLETAS

A Estrada Parque dos Castelhanos é a grande via de acesso às áreas centrais do parque. Tem 22 km de extensão, sendo 17 km dentro da área protegida. É o único lugar do parque onde é permitida a circulação de carros e bicicletas. Por isso, é estratégica para os visitantes. Se, por um lado, a Estrada Parque dos Castelhanos possibilita uma experiência extraordinária às pessoas, que hoje não seria possível sem sua existência, por outro, representa uma ameaça aos ecossistemas locais. O tráfego de veículos e pessoas na natureza é sempre uma interferência num ambiente que luta para se defender da ação humana. Além da poluição trazida pelos automóveis, comportamentos inadequados podem fragilizar os animais ou mesmo prejudicar os cursos d’água dos quais depende a vida não só das espécies aquáticas, mas de muitas outras.

Acima, Estrada Parque dos Castelhanos, praia localizada no entorno do parque. Na página ao lado, Praia da Figueira, a única dentro da unidade de conservação.


| 99

PASSADO NA MATA Dentro do Parque Estadual Ilhabela há

arqueológicos no local. Objetos resultantes

apenas uma praia: a da Figueira, cujo

do polimento de lâminas de machado são

acesso principal é pelo mar. Com pouco mais

vestígios de antiga presença indígena.

de 300 metros de extensão e areias finas,

Já a coluna e as marcas de alicerce no solo

revela muito do que foi a vida do homem

remontam ao período colonial. Pertencem

no litoral de São Paulo, em meio à natureza,

ao que foi a grande casa da Fazenda

em diferentes momentos. Há dois sítios

da Figueira, dedicada ao cultivo de café. PARQUE ESTADUAL ILHABELA


100 |

ÁGUA SOBRE AS PEDRAS A Cachoeira do Gato é uma das grandes visões de Ilhabela. O acesso se dá pela Estrada Parque dos Castelhanos, e a trilha, entre figueiras e outras espécies, permite ao visitante se ambientar, antes da recompensa final: a queda d’água de 60 metros, uma das maiores do parque, límpida sobre as rochas.


| 101

“ESTA QUEDA D’ÁGUA TRAZ LEMBRANÇAS AFETIVAS PARA MIM, MORADOR LOCAL. ESTÁ NO MEU IMAGINÁRIO COMO PROLONGAMENTO DO QUINTAL DE CASA.”

PARQUE ESTADUAL ILHABELA


102 |

A VIDA QUE NAVEGA PESCA ARTESANAL SUSTENTA COMUNIDADES CAIÇARAS


| 103

Para conservar os recursos locais e garantir condições de subsistência para a população caiçara, a pesca artesanal e amadora é permitida no entorno das ilhas, dentro de limites bem estabelecidos. Nas lajes e ilhotas, por exemplo, num raio de 50 metros. Nas ilhas maiores, como da Vitória ou dos Búzios, o limite é de 200 metros. As normas, além de beneficiar as pessoas, impedindo o esgotamento dos recursos, protegem os ambientes marinhos mais frágeis, em muitos dos quais diversas espécies de aves fazem seus ninhos. Cada canoa que navega próximo a um costão embala a vida das pessoas e dos animais, no parque e fora dele. Num parque como o de Ilhabela, além das belezas exuberantes, há valores culturais que se conservam. Uma riqueza que

Caiçaras usam estivas para subir as canoas pelo costão. Na outra página, uma das inúmeras ilhas abrangidas pelo parque, que protege 84% do arquipélago de Ilhabela.

ultrapassa aquilo que os olhos, num primeiro momento, conseguem enxergar. PARQUE ESTADUAL ILHABELA


104 |

UM BOM LUGAR PARA FICAR ARQUIPÉLAGO É ESTRATÉGICO PARA MUITAS ESPÉCIES DE AVES


ANIMAIS DE ILHABELA ESPÉCIES DE MAMÍFEROS, COMO O RATO-CURURUÁ, ANFÍBIOS, RÉPTEIS, COMO A JARARACA, E PEIXES Abaixo, à direita, papagaio tiriba-de-testa-vermelha, que consome, prioritariamente, frutas pequenas, sementes e castanhas. Ao lado, jararaca, comum em Ilhabela, encontrada na Trilha da Cachoeira da Laje. Na página anterior, saí-azul, que se alimenta de néctar e insetos.

| 105

Há 31 espécies de aves em risco de extinção entre as mais de duas centenas que habitam o arquipélago. Dezenas delas são viajantes. Aves migratórias que, às vezes vindas de muito longe – como os maçaricos e batuíras, denominadas aves neárticas, provenientes do Alasca, nos Estados Unidos, e do Canadá − fazem pausa no parque para se alimentar e descansar, antes de seguir para o sul. Algumas aves insulares encontram nas ilhas da região o lugar ideal para fazer seus ninhos e se reproduzir. Ilhabela, como se vê, é lugar de renovação. Nela, os ameaçados se protegem e os cansados descansam. Daí a enorme importância que o parque tem para a preservação da biodiversidade do planeta.

PARQUE ESTADUAL ILHABELA


“AS ILHAS CALHETAS REMETEM AOS TEMPOS EM QUE A BAÍA DE CASTELHANOS RECEBIA PIRATAS E CORSÁRIOS EM LONGAS VIAGENS PELO MUNDO.”

106 |


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PARQUE ESTADUAL ILHABELA


PARQUE ESTADUAL CARLOS BOTELHO LOCALIZAÇÃO

São Miguel Arcanjo, Capão Bonito, Sete Barras e Tapiraí SEDE

Rodovia SP-139, km 78,5 Bairro Abaitinga – São Miguel Arcanjo (15) 3379 1477, (15) 3379 6031 NÚCLEO SETE BARRAS

Rodovia SP-139, km 45 Bairro Mamparra – Sete Barras (13) 3872 6138 VISITAÇÃO

todos os dias, das 8h às 17h ACESSO

rodovia Castelo Branco SP-280 e Rod SP-139; NÚCLEO SETE BARRAS: Régis Bit tencour t BR-116 SEDE:

DISTÂNCIA DE SÃO PAULO

250 km ÁREA

37.644 hectares HOSPEDAGEM

no entorno ALIMENTAÇÃO

no entorno ESTACIONAMENTO

sim, gratuito BICICLETAS

permitidas na Estrada Parque rodovia SP-139 TRILHAS

10 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

mediante agendamento e/ou disponibilidade de monitores

COM A BÊNÇÃO DAS CHUVAS


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Rio Quilombo. Divisa natural dos parques Carlos Botelho e Intervales.


PARQUE ESTADUAL CARLOS BOTELHO

110 |

MAIOR PRIMATA DAS AMÉRICAS, ANIMAL ENDÊMICO DA MATA ATLÂNTICA, SÍMBOLO DE CONVIVÊNCIA PACÍFICA, O MONO-CARVOEIRO (OU MURIQUI-DO-SUL) ENCONTROU NAS FLORESTAS PRESERVADAS DO PARQUE ESTADUAL CARLOS BOTELHO SEU REFÚGIO E SUA ESPERANÇA. A UNIDADE DE CONSERVAÇÃO LEVA O NOME DO MÉDICO, POLÍTICO E FAZENDEIRO QUE CRIOU O PRIMEIRO ZOOLÓGICO DA CAPITAL PAULISTA. Integra, com o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (Petar), o Intervales, o Nascentes de Paranapanema, a Estação Ecológica de Xitué e as áreas de proteção ambiental da Serra do Mar e Quilombos do Médio Ribeira, o contínuo ecológico de Paranapiacaba. A natureza no Parque Estadual Carlos Botelho, que preserva o monocarvoeiro e outros animais ameaçados de extinção, é composta por mais de 1.100 espécies vegetais. Mais de 100 em situação de risco. O fato de o parque ser basicamente um doador de águas, banhado por chuvas e com pouca entrada de cursos d’água de fora, torna mais difícil que Carlos Botelho venha a sofrer contaminações de origem externa. Com visitação controlada, suas extensas áreas de floresta ombrófila, bem como as manchas de Cerrado, mais restritas, continuarão contribuindo para a qualidade de vida nas cidades de São Miguel Arcanjo, Capão Bonito, Sete Barras, Tapiraí e toda a região. E guardando preciosidades como o mono-carvoeiro, cujo valor ultrapassa limites de cidade, estado e país: é um símbolo da Mata Atlântica e, por extensão, da biodiversidade do planeta e dos esforços para a sua conservação.


| 111

FORTALEZA NATURAL Neblina e chuva é uma combinação comum no Parque Estadual Carlos Botelho. Uma característica que, associada à mata densa e ao relevo acidentado, dificultou a ocupação humana da região do Vale do Ribeira e permitiu que a vegetação local resistisse a ela por mais tempo. As precipitações são mais frequentes ao sul do parque, onde os ventos úmidos vindos do oceano são barrados pelas escarpas da serra e formam chuva e neblina. Essas condições regulam o clima, com temperatura média entre 18°C e 20°C, e, consequentemente, o modo de vida para plantas, animais e homens.

PARQUE ESTADUAL CARLOS BOTELHO


112 |


INTOCÁVEL A Trilha do Rio Taquaral, afluente do Paranapanema, é uma das mais visitadas do Parque Estadual Carlos Botelho. Autoguiada, passa por vastas áreas de floresta primária, praticamente inalteradas pela ação humana, que mostram a Mata Atlântica tal como ela é em sua origem. O parque tem muitos trechos de floresta nativa, especialmente nas regiões íngremes, de acesso mais difícil, e vegetação ciliar preservada às margens do Taquaral, que pode ser observada ao longo da trilha.

O CICLO DA EXTINÇÃO

PALMEIRA-JUÇARA É CADA VEZ MAIS ESCASSA NO ESTADO Muito consumido pela população, o palmito é um alimento extraído da palmeira-juçara, espécie representativa da Mata Atlântica e cada vez mais rara no Estado de São Paulo. A planta desempenha um papel de mutualista-chave, ou seja, dela depende uma gama considerável de espécies, desde insetos até grandes mamíferos. Por isso, sua exploração, feita muitas vezes de forma ilegal, ameaça uma variedade de aves e mamíferos que se alimentam de seus frutos e folhas. E ameaça a própria planta, pois, quanto menos animais, menos palmeiras, uma vez que são justamente eles que espalham pela mata a semente do vegetal, fazendo com que o ciclo da vida se perpetue. Na Mata Atlântica, como em qualquer bioma, há uma intrincada cooperação e dependência entre espécies. A palmeira-juçara ainda é encontrada na Serra do Mar, no Parque Estadual Cantareira, no Vale do Ribeira e nas unidades de conservação que compõem os mosaicos de Jacupiranga, Jureia-Itatins e Paranapiacaba. As matas de Carlos Botelho, em particular, são ricas em palmeiras-juçaras. No entorno de algumas unidades, existem projetos de exploração sustentável da espécie, com a utilização dos frutos, como é feito com o açaí das palmeiras amazônicas.

O fruto da palmeirajuçara é alimento para mais de 70 espécies da fauna da Mata Atlântica, entre aves e mamíferos.

No Parque Estadual Carlos Botelho, a Trilha da Represa permite que o visitante conheça a planta, participe de atividades de educação ambiental, acompanhado por monitor, e entenda melhor a importância da espécie para o equilíbrio ambiental na floresta atlântica. PARQUE ESTADUAL CARLOS BOTELHO

| 113


114 | Antigo forno de carvão abandonado, na Trilha da Represa. No trajeto, monitores explicam aos visitantes o impacto do extrativismo na região. Na página seguinte, uma seriema, espécie mais comum no Cerrado.

CALOR, FUMAÇA E DESTRUIÇÃO A ÉPOCA DOS PRODUTORES DE CARVÃO

No início do século 20, antes que o Parque

podem ser vistas durante a Trilha da Represa

Estadual Carlos Botelho fosse criado,

(também chamada Trilha dos Fornos), feita

produtores de carvão vegetal (carvoeiros)

com acompanhamento de monitores que

causavam enorme prejuízo ambiental,

explicam aos visitantes os danos causados pelo

destruindo a floresta e caçando os muriquis.

extrativismo na região. O muriqui-do-sul tem a

Os sinais da presença de carvoeiros ainda

cara preta, o que levou as pessoas a compará-

estão no parque: ruínas dos antigos fornos,

lo a um produtor de carvão com o rosto sujo de

hoje abandonados, que forneceram carvão

fuligem, depois de um dia de trabalho. Vítima

para as locomotivas da época e para as

dos carvoeiros, ficou conhecido, por ironia do

primeiras fornalhas industriais. As ruínas

destino, pelo nome de mono-carvoeiro.


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A VOZ DO CERRADO NA MATA

Com sua plumagem cinza característica e porte

E bem perto. Se a cidade de São Miguel Arcanjo,

alongado, a seriema é uma ave típica do Cerrado

onde fica o parque, é marcada pela Mata

brasileiro. No entanto, seu canto estridente, no

Atlântica, a vizinha Itapetininga já é um pedaço

qual o sertanejo vê muitas vezes um lamento de

do Cerrado em território paulista. Como a Mata

saudade, pode ser escutado na Mata Atlântica de

Atlântica, o Cerrado também foi devastado.

Carlos Botelho. Ali, além de atrair a atenção das

A seriema que caminha pelos campos do Parque

pessoas, ele lembra ao visitante que o Cerrado,

Estadual Carlos Botelho canta a luta de uma

habitualmente associado à Região Centro-Oeste,

espécie que, quando preciso, muda de casa e

também está presente no Estado de São Paulo.

de ambiente para sobreviver.

PARQUE ESTADUAL CARLOS BOTELHO


116 |

“O QUE ME CHAMOU A ATENÇÃO NESTA BROMÉLIA FOI A SENSAÇÃO DO VERMELHO VIVO EM CONTRASTE COM O VERDE, ALÉM DAS GOTAS DE CHUVA RECENTE.”


| 117

PARQUE ESTADUAL CARLOS BOTELHO


SER GRANDE NEM SEMPRE É VANTAGEM

118 | Animais de grande e médio porte são

preservação já depende de inúmeros fatores, os

especialmente assombrados pela ameaça de

mais visados pelos caçadores. Não é fácil a vida para

extinção. Para essas espécies − grandes roedores,

o mono-carvoeiro, o maior macaco das Américas,

como a paca e a cotia; ungulados (mamíferos

nessas circunstâncias. Um dos 25 primatas mais

que têm cascos), tal qual a anta e o veado;

ameaçados do mundo, tornou-se verdadeira raridade.

primatas maiores, como o bugio e o mono-

No Parque Estadual Carlos Botelho, resistindo

carvoeiro − a batalha cotidiana pela sobrevivência

à pressão do meio, ele vive e é um símbolo do

é frequentemente mais custosa. Antes de tudo,

parque. Uma espécie endêmica da Mata Atlântica.

a vida deles depende da existência de florestas

Sua presença atesta por si a vitalidade da

primárias ou em estágio avançado de sucessão.

vegetação, uma vez que a espécie precisa de um

A destruição das matas é a ruína desses bichos.

dossel contínuo, de matas maduras. Florestas que,

As condições em que se reproduzem também

em contrapartida, ele mesmo ajuda a conservar

não são favoráveis. Passam-se anos até que o

ao dispersar por meio das fezes as sementes que

animal adulto possa procriar. Em seguida, meses

ingere. Ação que beneficia outros animais em

de gestação, para a fêmea ter sua ninhada,

situação de risco no parque, como a onça-pintada,

constituída apenas de uns poucos filhotes, que

o cachorro-vinagre e a jacutinga.

passarão longo período sob os cuidados dos

O mono-carvoeiro (página ao lado) precisa de um dossel contínuo para viver. Sua presença indica a existência de florestas maduras.

Em Carlos Botelho, uma pesquisa de longo

pais. Tempo suficiente para que algum evento

prazo vem sendo realizada sobre o mono-carvoeiro,

ANIMAIS DE CARLOS BOTELHO

venha interromper o delicado ciclo da espécie.

que vive sempre em grupos e impressiona pelo

AVES, COMO A JACUTINGA, ANFÍBIOS, PEIXES, PEQUENOS, MÉDIOS E GRANDES MAMÍFEROS, COMO A ONÇA-PINTADA, E RÉPTEIS

A caça, por exemplo, mata, mais do que um

comportamento pacífico, sem a agressividade

animal isolado, as possibilidades de perpetuação da

comum em outras espécies de macacos que quase

espécie. E são justamente os bichos maiores, cuja

sempre resulta em violentas disputas no bando.


PARQUE ESTADUAL CARLOS BOTELHO


PARQUE ESTADUAL ILHA ANCHIETA LOCALIZAÇÃO

Ubatuba SEDE

Avenida Plínio de França, 85 Píer Marina do Saco do Ribeira – Ubatuba (12) 3842 2811, (12) 3832 9059 VISITAÇÃO

todos os dias, das 9h às 16h, exceto às quar tas ACESSO

marítimo, a par tir da Praia da Enseada e do Saco do Ribeira, em Ubatuba DISTÂNCIA DE SÃO PAULO

240 km ÁREA

828 hectares HOSPEDAGEM

no entorno ALIMENTAÇÃO

no entorno ESTACIONAMENTO

no continente, fora do parque BICICLETAS

não permitidas TRILHAS

5 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

mediante agendamento ou disponibilidade de monitor local autônomo


A Enseada das Palmas e o antigo presĂ­dio vistos a partir da Trilha da Represa.

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LIBERDADE E RENASCIMENTO


PARQUE ESTADUAL ILHA ANCHIETA

AINDA HÁ QUEM SE REFIRA À ILHA ANCHIETA COMO ILHA DOS PORCOS, DENOMINAÇÃO QUE O LUGAR RECEBEU ANTES DE SE CONSTRUIR NELE O PRESÍDIO QUE MARCOU A HISTÓRIA LOCAL. UM LUGAR EM QUE OS CONFLITOS DOS HOMENS QUASE PUSERAM A PERDER A RIQUEZA DA MATA ATLÂNTICA INSULAR. 122 |

Uma terra de clima tropical úmido, sem estação seca, desbravada pelos índios tamoios e tupinambás, de quem os artefatos de cerâmica e pedra que resistiram ao tempo nos dão notícias ainda hoje. Um atracadouro estratégico para navegantes no Brasil colonial e no Império. Anchieta é uma das ilhas de Ubatuba, município com um dos maiores remanescentes de cobertura vegetal do Estado de São Paulo, e exibe a beleza tão característica do litoral norte paulista, o mais recortado do País. Transformada no Parque Estadual da Ilha Anchieta, em 1977, é separada do continente por um pequeno canal chamado Boqueirão e pode ser alcançada a partir do Píer Marina do Saco do Ribeira, num trajeto de 8 km de barco. Ela atrai todos os anos dezenas de milhares de turistas, principalmente no verão. É um dos parques estaduais mais visitados em São Paulo, com temperaturas médias de 24°C. Para além da beleza natural e do valor histórico, o parque de morros, planície costeira incipiente e costa predominantemente caracterizada por costões rochosos, oferece atrativos para quem procura realizar trilhas e mergulhar. Em processo de recuperação, tem sido objeto de estudos que permitem um diagnóstico do comportamento da fauna e da flora locais, bem como das mudanças no ecossistema causadas pela introdução de diversas espécies exóticas no parque. A ilha, sem apagar as marcas da vida carcerária, busca hoje se libertar dos danos ecológicos do passado para realizar sua vocação de ser um lugar especial, onde história e natureza juntas permitem ao visitante se reconhecer e compreender melhor seu papel para a conservação do equilíbrio ambiental.


BOA PARA TODOS Atração preferida pelos visitantes do parque, a Trilha do Saco Grande é um exemplo de intervenção na natureza para minimizar o impacto da presença de pessoas. Seus degraus e pontes de madeira resguardam a vegetação ao redor, ao mesmo tempo que – sem artificializar a paisagem – facilitam a chegada ao mirante, de onde é possível ver outras ilhas de Ubatuba e contemplar o mar aberto. A caminhada começa na Praia do Presídio, considerada o portal do parque.

A Trilha do Saco Grande leva ao mirante da ilha. Em dias claros, é possível avistar tartarugas marinhas ao redor do parque. PARQUE ESTADUAL ILHA ANCHIETA

| 123


DEBAIXO D’ÁGUA

Os 350 metros da trilha subaquática oferecem excelente visibilidade para o mergulhador apreciar variadas formas de vida marinha. Na outra página, costão rochoso, um dos pontos mais preservados da ilha, onde o mar e as pedras não deixam embarcações atracarem.

A TRILHA DOS MERGULHADORES Além dos caminhos que passam pelas belezas selvagens da floresta atlântica, o Parque Estadual Ilha Anchieta oferece uma visão privilegiada da vida marinha na região, com a trilha subaquática, um trajeto orientado ao

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longo do costão rochoso do parque. A visibilidade excelente permite ao mergulhador observar uma variedade de pequenos peixes, corais, algas, estrelas-do-mar, arraias, anêmonas, esponjas, tartarugas e outras espécies. Uma experiência extraordinária para todos os visitantes e preciosa para os estudiosos da fauna marinha no litoral de São Paulo.


PARQUE ESTADUAL ILHA ANCHIETA


“A SARACURA FOI INTRODUZIDA NA ILHA COM UMA LEVA DE OUTRAS ESPÉCIES. É UMA AVE ARISCA, MAS ALI SE MOSTRA COM FACILIDADE.”

126 |


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PARQUE ESTADUAL ILHA ANCHIETA


ANIMAIS DA ILHA ANCHIETA HÁ ESTUDOS EM ANDAMENTO, MAS AINDA NÃO EXISTEM NÚMEROS OFICIAIS. PESQUISAS REALIZADAS PELO LABORATÓRIO DE BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO DA UNESP DE RIO CLARO, PUBLICADAS NA REVISTA BIOLOGICAL INVASIONS, APONTAM QUE O PARQUE TEM A MAIOR DENSIDADE POPULACIONAL DE MAMÍFEROS DE TODA A MATA ATLÂNTICA.

RESISTENTES COMO AS PEDRAS O costão rochoso na região do Saco Grande não sofreu a mesma degradação que afetou o restante da ilha. Indócil, o lugar nunca se prestou a embarques e desembarques, repelindo os homens pela força intimidadora do mar bravo que rebenta nas pedras enormes. Nele, as bromélias, entretanto, puderam prosperar. Embora ameaçadas pelas capivaras, que as têm como alimento predileto, essas plantas são encontradas em bom número na ilha e constituem exemplo característico da vegetação do parque.

EM BUSCA DE HARMONIA INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES E EQUILÍBRIO ECOLÓGICO

Na Praia do Presídio há sempre companhia pelas manhãs. As capivaras do parque surgem de dentro das matas e, uma a uma, vão para a beira do mar. Dezenas delas. O maior roedor do planeta, afeito aos rios e lagos, adquiriu na ilha o hábito insólito de descansar na areia e nadar nas águas oceânicas. A cena atrai os olhares dos visitantes, que não imaginam que por trás dela há uma história delicada de introdução de espécies na natureza sem o devido estudo. Algumas, como a preguiça e o veado-catingueiro, não se adaptaram e desapareceram rapidamente. Outras, como as capivaras, os saguis e as cutias, estabeleceram-se e se reproduziram. Talvez, pela falta de predadores, mais do que se imaginava. As fezes deixadas pelas capivaras diariamente na Praia do Presídio despertam a atenção de estudiosos para a possível poluição dos pequenos riachos do parque. O hábito dos roedores de se alimentar das bromélias também pode desequilibrar a flora da ilha. Os saguis, em número excessivo, predadores dos ninhos de pássaros, são uma ameaça às aves do parque. Aves que são fundamentais para a dispersão de sementes e a consequente regeneração natural da vegetação. A conservação da biodiversidade exige sempre equilíbrio. Hoje, após a grande devastação do século passado, o desafio para os biólogos e ambientalistas é garantir que as diferentes formas de vida do parque possam conviver em harmonia, sem comprometer o ecossistema.


Espécies introduzidas na ilha, como o sagui-detufos-pretos e a capivara (página anterior, abaixo), proliferaram-se, na ausência de predadores. A bromélia (página anterior, acima), alimento preferido da capivara, é bastante encontrada no parque sobre costões rochosos, colonizando um ambiente em estágio sucessional primário.

PARQUE ESTADUAL ILHA ANCHIETA


130 |

ISOLADOS

O ANTIGO PRESÍDIO E A GRANDE REBELIÃO

Na primeira metade do século passado,

ao mesmo tempo que conta um pouco da

o que hoje é uma unidade de conservação

história do País, da perseguição política

ambiental era um lugar habitado pelos

na época do Estado Novo. História que

nativos da ilha, por presos, soldados e

continua viva na lembrança dos voluntários

familiares dos que trabalhavam no Instituto

do Programa Filhos da Ilha, ex-moradores do

Correcional da Ilha Anchieta. Daquele período

local que eram crianças no ano da grande

tenso, que culminou numa violenta rebelião,

revolta dos detentos e ainda se recordam

em 1952, na qual morreram militares e civis,

dos homens se lançando ao mar em barcos

no meio do mar e dentro da mata, restaram

e canoas. Uns conseguindo escapar, outros

as ruínas da prisão, desativada em 1955.

sendo recapturados, alguns perdidos para

A penitenciária atrai a atenção dos turistas,

sempre no fundo do mar.


| 131 Acima e na página ao lado, ruínas do antigo presídio da ilha, projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo.

O VERDE ESTÁ DE VOLTA

Praticamente não há lugar na Ilha Anchieta

difícil acesso. Hoje, no entanto, mais protegido,

que não tenha tido a vegetação degradada

o ecossistema dá sinais de recuperação.

de alguma maneira pelo homem. Em especial

Lenta, mas progressivamente, a ilha ganha

entre 1907 e 1955, quando a vida local girava

uma paisagem em que novos bosques

em torno ao presídio, a devastação se fez

convivem com antigas árvores sobreviventes,

mais intensa. A floresta atlântica foi pilhada,

quadro de sucessão ecológica típico de matas

com a extração de madeira para as casas dos

em processo de regeneração Sem atividades

moradores e a penitenciária, e agredida pela

humanas mais intensas, os processos

introdução de plantas e animais exóticos.

ecológicos criam condições necessárias para

A cobertura vegetal diminuiu enormemente,

a presença de novas espécies, resgatando

restando intactas algumas poucas áreas de

aos poucos a biodiversidade perdida. PARQUE ESTADUAL ILHA ANCHIETA


PARQUE ESTADUAL SERRA DO MAR NÚCLEOS ITARIRU CARAGUATATUBA PICINGUABA ITUTINGA-PILÕES CURUCUTU SÃO SEBASTIÃO SANTA VIRGÍNIA CUNHA BERTIOGA

Visão panorâmica do amanhecer na Serra do Mar, observado do Pico do Corcovado, no Núcleo Santa Virgínia.


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VASTO REINO DE MONTANHAS


PARQUE ESTADUAL SERRA DO MAR

MAIOR ÁREA DE PROTEÇÃO INTEGRAL DO LITORAL BRASILEIRO, O PARQUE ESTADUAL SERRA DO MAR (PESM) É UM GIGANTE DE MAIS DE 320 MIL HECTARES, QUE ABRANGE PARTE DE 24 MUNICÍPIOS PAULISTAS. AS SEIS MAIORES ÁREAS URBANAS DO BRASIL EM EXTENSÃO TERRITORIAL (SÃO PAULO, BRASÍLIA, RIO DE JANEIRO, CURITIBA, BELO HORIZONTE E GOIÂNIA), SOMADAS, AINDA SÃO MENORES DO QUE O PESM. E isso é só uma fração do que a Serra do Mar, devastada e fragmentada pela ação humana na região mais populosa e de maior desenvolvimento econômico do País, foi no passado. Hoje, a Mata Atlântica da Serra do Mar é cortada por rodovias estaduais, estradas municipais, ferrovias, linhas de transmissão, hidrelétricas, dutos de água, gás e petróleo e estações de bombeamento. O parque sustenta a vida, pela produção de água em suas florestas bem preservadas, de enormes conglomerados urbanos, comunidades tradicionais e aldeias indígenas. É continuamente afetado pelo avanço da urbanização e pelo extrativismo predatório. Para a biodiversidade, os efeitos deletérios do retalhamento da vegetação nativa são muitos e graves. Praticamente condena à extinção espécies de flora e fauna já por si pouco numerosas. Restringe a movimentação de animais que necessitam de terrenos mais amplos para se

134 |

proteger, alimentar e reproduzir. Impacta os recursos hídricos dos quais depende a vida dentro das matas e fora delas. O litoral do Estado, em especial, da Baixada Santista à divisa com o Rio de Janeiro, tem nos rios que descem da serra para o mar, cujas nascentes são protegidas pelo Pesm, sua principal fonte de água potável. Cidades como Ubatuba e Caraguatatuba chegam a ter quase 80% do território abrangido pelo parque. Não é sem razão que ele se tornou foco da atenção de pesquisadores, de ONGs, de empresas e do poder público. A gestão, porém, de uma unidade de conservação como o Parque Estadual Serra do Mar, fundamental para a vida de milhões de pessoas, é extremamente complexa. O Pesm é dividido em nove núcleos administrativos: Itariru (antigo Núcleo Pedro de Toledo), Caraguatatuba, Picinguaba, Itutinga-Pilões (antigo Núcleo Cubatão), Curucutu, São Sebastião, Santa Virgínia, Cunha e Bertioga, o mais novo de todos, ainda em fase de estruturação. Itariru, com 55 mil hectares, é o maior de todos. Itutinga-Pilões, o que abarca maior números de cidades, oito no total: Cubatão, onde fica a sede, Praia Grande, Santos, São Vicente, Mogi das Cruzes, Santo André, São Bernardo do Campo e São Paulo. Na capital paulista, por sinal, fica uma das bases do Núcleo Curucutu, que abrange Itanhaém, Mongaguá e Juquitiba. Ao sul, o Pesm está muito próximo à Estação Ecológica de Jureia-Itatins e do Parque Estadual do Jurupará. Ao norte, dos maciços florestais do Parque Nacional da Bocaina, também próximo do Estado do Rio de Janeiro. Essas características tornam o Parque Estadual Serra do Mar um contínuo florestal que constitui um dos mais importantes corredores ecológicos de remanescentes de Mata Atlântica do País. Preserva ainda, mais do que a diversidade ambiental, a própria história do Brasil, pois seus rios e montanhas testemunharam a árdua abertura de caminhos na mata, a colonização portuguesa, as peregrinações dos jesuítas, o transporte de riquezas, a formação de cidades, o nascimento efetivo de uma sociedade, de uma cultura, de um país.


PARQUE ESTADUAL SERRA DO MAR


NÚCLEO ITARIRU LOCALIZAÇÃO

Pedro de Toledo, Peruíbe e Juquitiba SEDE

Estrada do Caracol, 410 Pedro de Toledo (13) 3419 2792, (13) 3419 2631 VISITAÇÃO

de segunda a sex ta, das 8h às 17h (somente com agendamento) ACESSO

rodovias Anchieta SP-150 ou Imigrantes SP-160 e Padre Manoel da Nóbrega SP-55; ou Régis Bit tencour t BR-116 e Padre Manoel da Nóbrega SP-55 DISTÂNCIA DE SÃO PAULO ÁREA

140 km

55 mil hectares

HOSPEDAGEM

no entorno

ALIMENTAÇÃO

no entorno

ESTACIONAMENTO BICICLETAS

sim, gratuito

não permitidas TRILHAS

136 |

3

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

mediante agendamento

BELEZA ESCONDIDA A Trilha da Usina é atualmente o principal atrativo para os visitantes do Núcleo Itariru (antigo Núcleo Pedro de Toledo), o maior entre os nove que compõem o Parque Estadual Serra do Mar e que, por isso mesmo, exige ações bem coordenadas de fiscalização, para evitar danos ambientais. O isolamento de Itariru, em contrapartida, contribui para a conservação da floresta primária. O núcleo é atravessado pelo Rio São Lourencinho, com suas cachoeiras e piscinas naturais, e abriga as ruínas de uma hidrelétrica construída por imigrantes suíços na primeira metade do século 20.


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O Rio São Lourencinho atravessa o Núcleo Itariru. Afluente do Rio São Lourenço, tem 38 km de extensão. PARQUE ESTADUAL SERRA DO MAR


NÚCLEO BERTIOGA É o mais novo núcleo criado no Pesm. Trilhas para aber tura ao público estão em estudo. LOCALIZAÇÃO

Ber tioga, Biritiba-Mirim e Salesópolis SEDE

Rua Gonçalo da Costa, 140 Vila Tamoios (Centro), Ber tioga (13) 3317 2094 VISITAÇÃO

em planejamento

DISTÂNCIA DE SÃO PAULO ÁREA

120 km

29.945 hectares

HOSPEDAGEM

no entorno

ALIMENTAÇÃO

no entorno

ESTACIONAMENTO TRILHAS

138 |

não há

em estudo


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MARÉ DE SORTE E BONS VENTOS O Núcleo Bertioga, o mais novo do Parque Estadual Serra do Mar, protege as cachoeiras e encostas da serra e é adjacente ao Parque Estadual Restinga de Bertioga, com o qual forma um corredor ecológico. De suas partes mais altas, é possível avistar toda a restinga, que resiste à enorme pressão exercida pela ocupação humana na região. Um plano emergencial está em elaboração para reconhecimento de trilhas e outros atrativos para uso público. PARQUE ESTADUAL SERRA DO MAR


NÚCLEO SÃO SEBASTIÃO LOCALIZAÇÃO

São Sebastião e Salesópolis Praça Simeão Faustino, 17 Juqueí – São Sebastião (12) 3863-1707, (12) 3863-1575 SEDE

somente com agendamento, todos os dias, das 8h às 17h

VISITAÇÃO

Rodovia Rio-Santos BR-101/ SP-55, km 175 (Praia Juqueí)

ACESSO

DISTÂNCIA DE SÃO PAULO ÁREA

175 km

34.615 hectares

HOSPEDAGEM

no entorno

ALIMENTAÇÃO

no entorno

ESTACIONAMENTO

no entorno, gratuito

BICICLETAS

não permitidas TRILHAS

8

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

mediante agendamento

EXPOSIÇÃO PERMANENTE Vestígios de aquedutos, terraços, fornos e oratórios são encontrados pelos cerca de 3.000 m² do sítio arqueológico São Francisco, o mais importante da Serra do Mar, objeto de importantes pesquisas. São mais de 200 anos de história. A antiga fazenda de cana-de-açúcar sustentada pelo trabalho escravo é hoje uma das grandes riquezas do Núcleo São Sebastião. Localizado numa das regiões mais importantes do litoral paulista, o núcleo é impactado pela presença humana na área, cuja qualidade de vida depende dos recursos naturais que ele conserva. Mais ao sul, próxima à praia de Boiçucanga, há a trilha mais importante do núcleo: a do Ribeirão do Itu. Ao longo dela os amantes da natureza podem desfrutar de banhos nas piscinas naturais do ribeirão.

Sítio arqueológico São Francisco, o mais importante da Serra do Mar.


NÚCLEO ITUTINGA-PILÕES Cubatão, Praia Grande, Santos, São Vicente, Mogi das Cruzes, Santo André, São Bernardo do Campo e São Paulo

LOCALIZAÇÃO

Estrada Elias Zarzur, km 8 – s/n – Cubatão (13) 3377 9154, (13) 3361 8250 SEDE

VISITAÇÃO somente com agendamento; de terça a sex ta, das 9h às 17h; sábado, das 9h às 12h ACESSO Rodovia Anchieta SP-150 até km 49 (Pista Sul) e Estrada Elias Zarzur DISTÂNCIA DE SÃO PAULO ÁREA

HOSPEDAGEM

no entorno

ALIMENTAÇÃO

no entorno

ESTACIONAMENTO BICICLETAS

60 km

43.258 hectares

sim, gratuito

mediante agendamento TRILHAS

9

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

mediante agendamento

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OS PRIMEIROS PASSOS DO BRASIL No dia 7 de setembro de 1822, a comitiva imperial subiu a Calçada do Lorena rumo à Colina do Ipiranga, onde, horas depois, próximo a um riacho, o príncipe Dom Pedro I selaria a independência do Brasil. O caminho percorrido foi o mesmo tantas vezes usado pelos tropeiros para transportar suas cargas entre Santos e São Paulo. Antes ainda, quando era só uma trilha de terra, serviu aos jesuítas em suas andanças pelo interior da Serra do Mar. A famosa via está hoje protegida no Núcleo Itutinga-Pilões, que abriga também a Estrada Velha de Santos, ao longo da qual se encontram monumentos históricos e pontos privilegiados para ver do alto a Baixada Santista. O núcleo abriga

Monumento histórico na Estrada Velha de Santos, principal atração turística do Núcleo Itutinga-Pilões.

ainda a maior cachoeira do parque. PARQUE ESTADUAL SERRA DO MAR


Os fungos, como o orelha-de-pau (ou urupê), já foram considerados vegetais, antes de serem classificados num reino próprio (fungi). Alguns deles são muito importantes para a produção de medicamentos e para a indústria alimentícia.


NÚCLEO CARAGUATATUBA LOCALIZAÇÃO Salesópolis, Paraibuna e Natividade da Serra SEDE

Rua do Hor to, 1.200 – Bairro Rio do Ouro – Caraguatatuba (12) 3882 3166, (12) 3882 5999 BASE GRAVI

Estrada do Pouso Alto, km 4, margem direita – Natividade da Serra segunda-feira, das 13h às 17h; terça a domingo, das 8h às 17h (somente com agendamento e monitorada) VISITAÇÃO

ACESSO pelas rodovias Presidente Dutra BR-116 e dos Tamoios SP-99 e estrada de terra local DISTÂNCIA DE SÃO PAULO ÁREA

180 km

50 mil hectares HOSPEDAGEM

ALIMENTAÇÃO

no entorno

ESTACIONAMENTO

gratuito na sede e na base Gravi BICICLETAS

não permitidas TRILHAS

3

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

mediante agendamento

A INFINDÁVEL JORNADA DO CONHECIMENTO Percorrer a Trilha do Poção é uma das melhores maneiras de conhecer o que a Serra do Mar tem a revelar no Núcleo Caraguatatuba. Rastros de felinos, por exemplo, apontam a presença da onça-parda no local. O fungo orelha-de-pau, visto em troncos caídos pela floresta, atesta a vitalidade da Mata Atlântica da região. A flora epífita (de plantas que vivem sobre outras plantas) indica boa penetração de luz e alta umidade do ar. As folhas parcialmente consumidas confirmam a existência de rica fauna herbívora. Antigos pilares de uma ponte destruída no Rio do Ouro recordam a tragédia de 1967, quando terríveis desabamentos aconteceram no período chuvoso de março, atingindo a cidade de Caraguatatuba. A cada passo, a natureza surpreende e dá novas lições. A riqueza da floresta é inesgotável. Nesse sentido, a Trilha do Poção nunca chega ao fim. PARQUE ESTADUAL SERRA DO MAR


ANIMAIS DA SERRA DO MAR AVES, ANFÍBIOS, MAMÍFEROS, COMO A ONÇA-PARDA, E RÉPTEIS, COMO A CANINANA

144 |

NÚCLEO SANTA VIRGÍNIA NADA PODE SER DESPERDIÇADO LOCALIZAÇÃO

São Luiz do Paraitinga e Natividade da Serra

Rodovia Oswaldo Cruz, km 78-b Ponte Alta – São Luiz do Paraitinga (12) 3671 9159, (12) 3671 9266

SEDE

VISITAÇÃO

todos os dias, das 8h às 17h

ACESSO AO NÚCLEO pelas rodovias Presidente Dutra BR-116 ou Ayr ton Senna e Car valho Pinto SP-70; a par tir de Taubaté, pela rodovia Oswaldo Cruz BR-125 até o km 78 DISTÂNCIA DE SÃO PAULO ÁREA

no entorno

ALIMENTAÇÃO há refeitório, mas não oferece refeição, somente no entorno

gratuito na sede e no refeitório

ESTACIONAMENTO

BICICLETAS

vegetais em decomposição, a chamada serrapilheira. Retida por ela, a água da chuva escorre devagar e nutre o solo. A natureza sabe, afinal, como regar seus próprios jardins. Em meio à serrapilheira, inúmeras espécies animais têm seu abrigo. Insetos se escondem, pássaros constroem seus ninhos e anfíbios se camuflam para enganar os predadores. O Núcleo Santa Virgínia é especialmente rico em anfíbios, como o sapo-pingode-ouro, por exemplo, endêmico do local e um dos menores do mundo, do tamanho da unha de uma pessoa.

190 km

17.500 hectares

HOSPEDAGEM

Sobre o chão da Mata Atlântica se estende um tapete de folhas caídas das árvores e restos

não permitidas TRILHAS

6

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

mediante agendamento

O MIRANTE Variadas espécies de aves podem ser vistas no Pico do Corcovado, de 1.180 metros, no Núcleo Santa Virgínia, do Parque Estadual Serra do Mar. Para elas, bem como para as plantas bem preservadas que compõem a floresta de altitude local, é natural estar ali. O homem, diferentemente, tem de percorrer um trajeto de 18 km, contando ida e volta, até poder descansar e contemplar de cima, mais perto do céu, a amplitude majestosa da Serra do Mar, com suas montanhas soberanas. O Corcovado, imponente, parece zelar em silêncio por elas e convidar os homens a fazer o mesmo.


Pico do Corcovado, de onde se vê (ao fundo) o Núcleo Picinguaba. Na outra página, o sapo-pingo-de-ouro sobre a serapilheira, camada de folhas caídas no solo.

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PARQUE ESTADUAL SERRA DO MAR


LOCALIZAÇÃO

Ubatuba

BR-101 (Rio-Santos), km 8 Picinguaba – Ubatuba (12) 3845 1155, (12) 3833 6552 SEDE

VISITAÇÃO

todos os dias, das 8h às 17h; trilhas só com agendamento rodovias Oswaldo Cruz SP-125, dos Tamoios SP-099 e Rio-Santos BR-101/SP-55

ACESSO

DISTÂNCIA DE SÃO PAULO ÁREA

270 km

47.500 hectares HOSPEDAGEM

ALIMENTAÇÃO

lanchonete aber ta na temporada ESTACIONAMENTO

sim

BICICLETAS circulação livre em locais de acesso público, como praias TRILHAS

11

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

mediante agendamento

NÚCLEO PICINGUABA


Vegetação rasteira típica de restingas, com arbustos de ramos retorcidos em solo arenoso, que deixam espaços abertos. Característica das planícies litorâneas.

DAS AREIAS AO TOPO DA SERRA Ecossistemas distintos compõem o cenário da Serra do Mar. Em alguns pontos do parque, é possível notar com clareza o contraste entre esses ambientes. Da preservada Praia da Fazenda, por exemplo, no Núcleo Picinguaba, avista-se em primeiro plano a vegetação mais baixa, perto do litoral, tendo ao fundo e acima a cadeia de montanhas coberta por floresta atlântica. Na região próxima à praia, na planície flúvio-marinha, ocorre o manguezal formado pelo encontro do Rio Fazenda com o mar. Uma área de transição entre a costa e a natureza terrestre. Picinguaba guarda um dos raros locais onde essa transição permanece com pouca alteração. | 147

DONOS DE SI Escravos fugidos e alforriados, sem trabalho, refugiaram-se nas matas do litoral norte paulista e nelas constituíram suas próprias comunidades, os quilombos. Muitas famílias estão há gerações no mesmo território. No Núcleo Picinguaba, uma visita à Casa da Farinha − antigo engenho utilizado para fabricação de açúcar e aguardente de cana e hoje uma das principais atrações do núcleo − propicia contato direto com essa tradição. O guia local, que trabalha como contador de histórias, é descendente direto de quilombolas e tem mais de 74 anos de vida ligada à Mata Atlântica. PARQUE ESTADUAL SERRA DO MAR


NÚCLEO CUNHA LOCALIZAÇÃO

Cunha SEDE

Estrada Municipal do Paraibuna, km 20 (12) 3111 1818, (12) 3111 2353 VISITAÇÃO

todos os dias, das 8h às 17h ACESSO rodovias asfaltadas (Cunha-Parat y) e não asfaltadas (estrada de terra da Paraibuna) DISTÂNCIA DE SÃO PAULO ÁREA

250 km

13.319 hectares

HOSPEDAGEM

no entorno

ALIMENTAÇÃO

no entorno

ESTACIONAMENTO

sim, gratuito

BICICLETAS

permitidas TRILHAS

3

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

mediante agendamento e nas visitas monitoradas

148 |


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Rio Ipiranga, na Trilha das Cachoeiras. Presença significativa de musgos nas margens.

PEQUENAS ESPÉCIES PODEM SER DE GRANDE AJUDA É próprio de matas bem conservadas a existência de flora epífita, da qual é exemplo o musgo, planta de poucos centímetros que se reproduz sem sementes e cresce sem raízes. Afeito a ambientes úmidos, ele ajuda a reter a água da chuva, evitando a erosão do solo e contribuindo para o equilíbrio ecológico. No Núcleo Cunha, do Parque Estadual Serra do Mar, é encontrado facilmente. Lugar que tem a Trilha das Cachoeiras, no Rio Ipiranga, como um de seus maiores atrativos. PARQUE ESTADUAL SERRA DO MAR


150 |


Cachoeira da Barragem, em São Paulo, no vale dos rios Capivari e Monos.

NÚCLEO CURUCUTU LOCALIZAÇÃO

Itanhaém, Mongaguá, Juquitiba e São Paulo SEDE

Estrada da Bela Vista, 7.090 Emburá do Alto – São Paulo (11) 5975 2000 BASE ITANHAÉM

Rua Dom Sebastião Leme, 135 Ivoti – Itanhaém (13) 3422 5657, (13) 3426 9223 VISITAÇÃO

de terça a domingo, das 8h às 17h ACESSO

para a sede de São Paulo, pela Estrada da Bela Vista, zona sul de São Paulo; para base de Itanhaém, rodovias dos Imigrantes SP-160 e Padre Manoel da Nóbrega SP-55 DISTÂNCIA DE SÃO PAULO

70 km (sede) 130 km (base Itanhaém) ÁREA

37.513 hectares

HOSPEDAGEM

no entorno

ALIMENTAÇÃO

no entorno

ESTACIONAMENTO BICICLETAS TRILHAS

sim, gratuito

não permitidas

2

EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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mediante agendamento

CONSTRUÍDA PELA NATUREZA Parte do Núcleo Curucutu fica dentro da cidade de São Paulo. E é na capital que dois rios, Capivari e Monos, formam um vale e unem suas águas. Juntas, elas caem por 60 metros, ao longo da Cachoeira da Barragem. O nome se deve ao projeto de uma usina que seria construída no lugar pelo Visconde de Mauá, importante industrial e político brasileiro do século 19. As obras nunca foram concluídas, mas delas restam degraus que facilitam o acesso do visitante a uma visão especial da cachoeira e do vale.

UMA NÉVOA FRIA E CONSTANTE Ecossistema pouco conhecido e de pequena extensão na Serra do Mar, a floresta de neblina (Floresta da Crista da Serra do Mar) tem sua maior área no Núcleo Curucutu. Encontra-se nos topos de morros e se caracteriza pela névoa que a envolve durante horas quase todos os dias do ano, mesmo nos períodos mais secos, além da presença significativa de bromélias, orquídeas, liquens e musgos, que encontram condições adequadas pelo excesso de umidade no ar. A vegetação, de modo geral, não atinge grandes alturas, sobre um solo raso com afloramentos rochosos. No Núcleo Curucutu, o curso d’água mais importante, o Rio Capivari, nasce em meio à floresta nebular. PARQUE ESTADUAL SERRA DO MAR


Orquídea-da-praia, Epidendrum fulgens. Presente no litoral brasileiro, em vegetação de restinga próxima à praia.



A MATA ATLÂNTICA É RESULTADO DE TRANSFORMAÇÕES DECORRENTES DE UMA VARIEDADE DE INTERAÇÕES AMBIENTAIS QUE ORIGINARAM SUA ENORME BIODIVERSIDADE. ESTE LIVRO É TAMBÉM RESULTADO DE INTERAÇÕES ESPECIAIS, SOBRETUDO DOS OLHARES DE SEUS AUTORES. A VISÃO ÍNTIMA DE SUA NATUREZA É A CONTRIBUIÇÃO QUE O FOTÓGRAFO E BIÓLOGO LUCIANO CANDISANI E QUE O ESCRITOR E JORNALISTA CASSIANO JOSÉ PIMENTEL NOS OFERECEM. A fotografia e o texto se completam num conjunto harmonioso como uma das fisionomias florestais presentes nos dez parques estaduais de São Paulo retratados. Compõem um universo de informações e visões sobre o patrimônio natural paulista, permitem a percepção de sua complexidade e suas especificidades, são um convite à reflexão sobre a importância da conservação. Funcionam como elemento de educação ambiental, instrumento para descobrir as belezas naturais do Estado. São acervo e repertório para uso em sala de aula, companheiro para professores das mais diversas cadeiras e seus alunos. O livro foi elaborado para cumprir essas múltiplas funções, fortalecendo a importância das áreas protegidas, pertencentes ao povo de São Paulo e do Brasil, ativos permanentes de cidadania, de relevância internacional. Os parques estaduais de São Paulo são bens de valor inestimável, que pertencem a todos e por todos devem ser cuidados e protegidos, hoje e sempre.

UMA JORNADA PELA BIODIVERSIDADE PAULISTA

Cassiano José Pimentel colaborou para livros didáticos da Editora Moderna, fez reportagens para a revista Viagem e Turismo, da Editora Abril, foi colunista da revista Educação e cronista do jornal A Gazeta Esportiva. Luciano Candisani trabalha para a edição brasileira da National Geographic, é autor de cinco livros fotográficos e recebeu por quatro vezes o Prêmio Abril de Jornalismo. Sua publicação mais recente é Pantanal, na Linha D’Água (National Geographic Brasil, 2013).


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