Coluna semanal

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Dácio Fernandes

dacio.fernandes@gazetaoeste.com.br

VENTOS DE AGOSTO Agosto chegou trazendo os ventos da estação e o início da campanha eleitoral no rádio e televisão, marcado para 21 deste mês. Pelo que se tem visto até agora, o movimento não trará novidade alguma com os partidos se limitando ao chamado mais do mesmo. Continuará portanto o marasmo de se mostrar obras e realizações que quase nunca saem do papel. Em plena segunda década do século XXI e com ferramentas tão poderosas quanto a internet, nada de novo consegue ser criado. A propaganda política nada mais é do que um espaço para demonstrar quem é mais poderoso em angariar preciosos segundos, quem utiliza o espaço apenas para críticas vazias desperdiçando estes mesmos preciosos segundos e talvez os únicos que consigam atrair a atenção do público: os folclóricos candidatos que se satisfazem apenas com esse ínfimo tempo de aparição. PROPAGANDA POLÍTICA E OPINIÃO PÚBLICA A arte de convencer pela palavra é muito antiga. Em sua forma moderna (?), a propaganda política foi inaugurada pelo bolchevismo e especialmente por Lênin e Trotsky. Outros líderes políticos também souberam reconhecer essa importância. Napoleão foi um desses líderes: “Para ser justo, não é suficiente fazer o bem, é igualmente necessário que os administrados estejam convencidos. A força fundamenta-se na opinião. Que é o governo? Nada, se não dispuser da opinião pública.” Mas infelizmente foram Hitler e Goebbels que utilizaram com maior sucesso as técnicas de controle à opinião pública e, assim, acabaram dando enorme contribuição à propaganda moderna. MAS O QUE É PROPAGANDA? “A propaganda é uma tentativa de influenciar a opinião e a conduta da sociedade, de tal modo que as pessoas adotem uma conduta determinada”, escreveu o especialista Bartlett. Qual a diferença, então, entre propaganda e publicidade? A publicidade desperta necessidades ou preferências visando um determinado produto particular, enquanto a propaganda sugere ou impõe crenças e reflexos que, quase sempre modificam o comportamento, e até mesmo convicções religiosas ou filosóficas. FERRAMENTA DE MANIPULAÇÃO Pesquisa de opinião pública encomendada pelo Ministério da Justiça e pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) ao Ibope mostrou que, para 30% dos pesquisados, a televisão é o principal veículo informativo e, para muitos, 28%, formativo. A TV é avaliada como uma importante fonte de atualização de conhecimentos e de entretenimento. No entanto, a maioria dos entrevistados, 57%, afirmou não se preocupar com o conteúdo da programação televisiva. Esse poder de influenciar somado ao desinteresse pelo conteúdo dos programas gera a fórmula ideal para o controle da opinião pública. A partir do momento que se percebeu que o homem médio é essencialmente influenciável, e que é possível mudar-lhe as opiniões e as ideias, os especialistas passaram a utilizar em matéria política o que já se verificara viável do ponto de

vista comercial. LEIS DA PROPAGANDA ELEITORAL *LEI DA SIMPLIFICAÇÃO E DO INIMIGO ÚNICO Concentrar sobre uma única pessoa as expectativas do campo a que se pertence ou o ódio pelo campo adversário. Reduzir a luta política, por exemplo, à rivalidade entre pessoas é substituir a difícil confrontação de teses. No caso do nazismo, os judeus acabaram eleitos como o “inimigo único”. *LEI DA AMPLIAÇÃO E DESFIGURAÇÃO A ampliação exagerada das notícias é um processo jornalístico empregado correntemente pela imprensa, que coloca em evidência todas as informações favoráveis aos seus objetivos. *LEI DA ORQUESTRAÇÃO A primeira condição para uma boa propaganda é a infatigável repetição dos temas principais. Adolf Hitler escreveu: “A propaganda deve limitar-se a pequeno número de ideas e repeti-las incansavelmente. As massas não se lembrarão das ideias mais simples a menos que sejam repetidas centenas de vezes. As alterações nela introduzidas não devem jamais prejudicar o fundo dos ensinamentos a cuja difusão nos propomos, mas apenas a forma. A palavra de ordem deve ser apresentada sob diferentes aspectos, embora sempre figurando, condensada, numa fórmula invariável, à maneira de conclusão.” *LEI DA TRANSFUSÃO A propaganda não se faz do nada e se impõe às massas. Ela sempre age, em geral, sobre algo preexistente, seja uma mitologia nacional, seja o simples complexo de ódios e de preconceitos tradicionais. É o que os oradores fazem quando querem amoldar uma multidão ao seu objetivo: jamais contradizem as pessoas frontalmente, mas de início declararam-se de acordo com ela. *LEI DA UNANIMIDADE Baseia-se no fato de que inúmeras opiniões não passam, na realidade, de uma soma de conformismo, e se mantêm apenas por ter o indivíduo a impressão de que a sua opinião é compartilhada unanimemente por todos no seu meio. É tarefa da propaganda reforçar essa unanimidade e mesmo criá-la artificialmente.


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