GRETA Luz. Câmera. Inspiração.
Conheça Greta Gerwig, a diretora que abre caminhos para a visibilidade das mulheres em uma indústria de predominância masculina
Geração de Super-Heroínas
Uma análise das maiores super-heroínas da cultura Pop e suas semelhanças com mulheres reais
Miss Representa Monalysa Alcântara mostra que o concurso Miss Brasil deve ser palco para representatividade negra
Mulheres no treino Mulheres buscam academias femininas para não passarem por nenhum constrangimento
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Editorial Seja bem-vinda à revista Greta!
Equipe EDITORES Brenda Vieira Daiana Rodrigues Izabel Rodrigues Pietra Mesquita REDAÇÃO Brenda Vieira Daiana Rodrigues Izabel Rodrigues Pietra Mesquita DIAGRAMAÇÃO Brenda Vieira Daiana Rodrigues Izabel Rodrigues Pietra Mesquita FOTO DE CAPA Divulgação AGRADECIMENTO Fernando Pereira Entrevistados Impresso na gráfica InPrima
Somos mulheres que acreditam em um mundo mais justo para todas, que nos veja através de uma lente autêntica e não distorcida. Por isso, entendemos a importância da união feminina quando o assunto é dizer quem nós somos em nossa diversidade e representatividade. Nosso objetivo é dar voz à mulheres extraordinárias como você. Como Capa e inspiração da revista tem os Greta Gerwig, a cineasta que deu espaço para as mulheres no cinema atualmente e uma grande representante do feminismo. Na editoria Comportamento, trouxemos depoimentos sobre o impacto do feminismo na vida de garotas. Em Elas Empreendem, mostramos a independência de mulheres que decidiram seguir o sonho do negócio próprio. Na editoria Exclusividade, apresentamos uma nova opção para você que se identifica no nosso Em Alta. E para a inspiração continuar, contamos a história da Miss Brasil, Monalysa Alcântara, no Perfil. Saindo do Brasil, você encontrará detalhes sobre o movimento “Time’s Up”, que tem mudado Hollywood na editoria Internacional. E, para fechar esta edição, a história de alguém que ganhou voz perante uma sociedade preconceituodo é mostrada por meio de uma crônica no Nossa Vez. Ao abrir a revista, você mergulha em um mar de causas que valem a pena serem lidas. Esperamos que você se identifique e a cada edição se encontre em nossas páginas. Aproveite a leitura e saia dela dando voz a todos.
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GRETA Junho 2018
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Capa Greta Gerwig Wins p. 12
Comportamento Olha o que ele fez comigo p. 8
Mulheres que sonham alto p. 10 Elas empreendem
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Só mulheres no treino p.14 Exclusividade
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8 Olha o que ele fez comigo
Como o feminismo mudou minha vida 10 Mulheres que sonham alto Empreendedoras ganham o mundo 12 Greta Wins O caminho de uma diretora 14 Só mulheres no treino Elas tem garra e coragem
16 Vozes para o silêncio
Atrizes dâo voz à mulheres 18 Miss representa A trajetória de Monalysa Alcântara 20 Geração de Super-heroínas Heroínas que se parecem conosco 22 Eu escolhi palavras Sonhar para poder falar
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Em Alta Geração de Super-heroínas p. 20
Internacional Vozes para o silêncio p.16
Miss Representa p. 18 Perfil
Eu escolhi palavras p. 22 Nossa vez
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COMPORTAMENTO
OLHA O QUE ELE FEZ COMIGO Meninas relatam a influência do feminismo em suas vidas e tudo o que mudou desde que se descobriram feministas Texto por Izabel Rodrigues
Se tratando de um movimento de militância, lutas e conquistas, ao longo da história, o feminismo obteve pautas que foram se organizando e diversificando dentro de grupos específicos, são as chamadas vertentes do feminismo, e nelas econtram-se: Feminismo Liberal: defende que a mulher é um ser plenamente capaz de expressar suas escolhas e capacidades; Feminismo Radical: ao contrário do que muitos pensam, radical é um adjetivo que tem como significado a origem, a raiz, o início, essa vertente realiza pesquisas históricas, culturais,
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geográficas, religiosas, econômicas, etc. para procurar entender a desigualdade entre os gêneros, o feminismo radical depende a libertação das mulheres e a abolição do genero. Feminismo Interseccional: defende o recorte de gênero, de condição de gênero, de etnia, classe e orientação sexual, pois visa que existem outros sistemas de opressão que envolvem etnia, classe, etc. Feminismo Negro: é protagonizado por mulheres negras com objetivo de trazer visibilidade a essa minoria, a luta das mulheres negras é uma batalha contínua para nivelar seu lugar ao lugar das mulheres brancas. Isso, por si, levanta a importante reflexão sobre a representação feminina na mídia, seu espaço no mercado de trabalho, o lugar de vítima da violência sexual, o protagonismo da maternidade, entre outros temas. Feminismo Marxista: O feminismo marxista defende a centralidade do trabalho na explicação de tod a s Foto:Divulgação
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Feminismo é um movimento que visa a participação da mulher na sociedade e a igualdade entre os gêneros nos âmbitos políticos, econômicos e sociais. O movimento trás consigo a liberdade da mulher, de poder ir e vir, ser o que quiser, onde quiser e quando quiser.
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outras categorias comumente utilizadas ao se tratar de relações de opressão. Essa vertente argumenta que o capitalismo, apesar de não inventar a opressão de gênero, apropriou-se dela a seu favor. Feminismo Lésbico/ L esb ofem in ism o: Uma pequena pesquisa com algumas mulheres da Universidade Presbiteriana Mackenzie, mostrou o que o feminismo representa na vida de cada uma delas .Bárbara Martins, estudante do 1º semestre de Direito Eu sempre tive alguns ideais feministas na minha cabeça, meus pais sempre me falavam sobre mas eu nunca soube a definição dos ideais. Depois descobri que o nome disso era Feminismo. Após isso, passei a estudar mais e me aprofundar no assunto e aprendi muito mais do que o termo “ser feminista” e para mim isso foi algo transformador na minha vida. É uma luta que iremos carregar para sempre, e você não luta somente por você mas por um conjunto. Nós não queremos ser feministas, nós precisamos ser feministas, é essencial para que a gente mude o mundo. Foi no feminismo que eu encontrei forças para a minha vida e conheci pessoas maravilhosas através dele. Eu preciso do feminismo em todas as situações. Um grupo de meninos da minha sala fizeram
uma aposta para ver qual menina desistiria mais cedo do curso, aquilo me indignou e eu me uni com as demais meninas para buscar por justiça, para que algo seja feito com esses meninos, mexeu com todas nós e isso é uma luta muito nossa, nós somos iguais da mesma forma, o homem não é melhor que a mulher, a mulher não pode estar em um ambiente acadêmico, ela tem que estar em casa, cuidando da casa, não na universidade. Eu faço algo melhor pelo mundo por ser feminista. Vitória Kanaan, 19 anos, estudante do 4º semestre de Publicidade e Propaganda Tudo começou mais ou menos em 2014. Tenho 3 irmãs mais velhas, e a com a idade mais próxima da minha, Julia, sempre foi ligada ao Movimento Feminista. Não me lembro exatamente de onde/quando o assunto surgiu entre eu e ela, mas sei que comecei a me interessar e pesquisar mais sobre. Numa dessas pesquisas acabei caindo no site Lugar de Mulher, em que encontrei uma base de textos incríveis, em que me identificava mais e mais a cada linha. Textos que me fizeram rir, chorar, questionar e principalmente me identificar. Me sentir acolhida, e perceber que diversas coisas no mundo eram muito mais complicadas para as mulheres, simplesmen-
te por sermos mulheres. De lá para cá li muito material teórico sobre o assunto, fiz um “TCC” no final do Ensino Médio sobre mitos do Movimento Feminista (detalhe que o colégio era adventista, houve grande oposição por parte de professores, fui perseguida por um professor, etc), e busco cada vez mais entender e, principalmente, aplicar o que aprendi. Me tornar feminista fez com que questionasse amizades, livros, piadas, familiares e diversas representações femininas - objetificadas e padronizadas. Mas também me trouxe muitas mudanças positivas. A partir do Feminismo passei a questionar os padrões de beleza que sempre me excluíram, o que resultou num processo de amor próprio e empoderamento fundamentais na minha história. Além de diversas amizades, trocas de experiências e participação de projetos fotográficos. No mais, minha vida acadêmica continua ligada ao assunto: estou realizando uma Iniciação Cientifica que pesquisa os reflexos de mudanças culturais e movimentos sociais nas campanhas de cerveja. O Feminismo trouxe mudanças principalmente na minha maneira de pensar e me comportar diante de determinadas situações. Foi algo que entrou na minha vida para nunca mais sair.
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ELAS EMPREENDEM
Mulheres que s Texto por Daiana Rodrigues sabella e Stella Marcolino são duas irmãs que se entregaram ao empreendedorismo e a moda. Seus sobrenomes que originaram o nome da loja, Mundomarcolina. Tudo começou em 2011, por meio de um câncer de mama que Stella teve. Sua vida se dificultou por conta do tratamento e por erros médicos. A família então sempre ficava ao seu lado acompanhando e dando forças. Porém, o período de recuperação já a cansava muito, até que bella teve a ideia de começar a vender roupas para se distrair e pediu para um tio abrir um CNPJ. Muitas pessoas desacreditavam da situação, até mesmo os pais que achavam que tudo não se passava de uma brincadeira. Porém se enganaram.
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Com o tempo as duas perceberam que havia roupas específicas que não encontravam nas lojas, ou não se ajustavam em todos os tipos de corpos. Foi aí que tiveram a brilhante ideia de confeccionar as roupas para a loja. Elas tem como objetivo fazer roupas que sejam confortáveis para as mulheres e não apenas bonita como algo usado em um desfile de moda. Segundo Stella, o diferencial da loja delas e a produção de roupas desde o tamanho PP ao GG, o que é desprezado por muitas lojas. Além de usarem tecidos diferentes, que ajudam na circulação e propõem mais conforto. Tudo é pensado e testado. Ela diz que ama essa área da moda e que presta muita atenção em revistas, roupas que as famosas usam e opinião de clientes para montar o look ideal.
Suas carreiras de vendedoras começou como Após um ano e meio sacoleiras, tendo 26 peças para vender. de vendas, as meninas conseUma com 18 e a outra com 21 anos, venO principal diam para as colegas de faculdade e amigas motivo é: sen- guiram juntar dinheiro para montar um site. Diferenteda cidade de Campinas, onde moravam na tirmos que mente de outros sites de venépoca. Mesmo cursando Engenharia e Difazemos a difdas, o site delas conta com reito em tempo integral, as duas se dedimini editoriais, que é basierença no mundo. cavam a loja. As irmãs se formaram e até camente uma galeria de fotos chegaram a fazer estágio. Stella diz que as que as meninas publicam usando os looks confeccioduas sempre se deram muito bem, apesar das diferennados. Recentemente foram postados estilos usados ças. Para ela, Bella é a durona da relação e isso transpor elas na última viagem que fizeram, na Itália. Além mite segurança para a loja, pois passa credibilidade e disso, há vídeos explicativos que ajudam responsabilidade para as clientes. clientes a escolherem a roupa O apartamento que moraideal com dicas e acesso ao vam com o tempo passou a ser um blog. lugar de encontro com as clientes, Em maio deste ano que visitavam para experimentar de 2018, as irmãs conseas roupas e ver os looks que as irguiram chegar aos 50 mãs montavam. Porém, esse ammil seguidores no biente logo não podia mais instagram. As duas ser usado para atender pretendem expandir clientes devido a uma a loja, porém acham quantidade muito granque devem esperar o de de meninas que iam tempo certo, pois sevisitar. Seis meses após gundo elas “precisamos o início de sacoleiras, as ter pé no chão e não perirmãs conseguiram abrir der a essência”. Mesmo a primeira loja física, em jovens, sabem administrar Campinas. Mais seis meses os seus negócios com carisdepois, abriram a segunda ma e amor. loja em Bragança, interior de São Paulo e onde moram atualmente
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e sonham alto
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Tudo iniciou quando Josi tinha apenas 8 anos de idade, ao ter se decidido junto com a sua família em sair de casa com a irmã para começar a estudar. Josi então estava atrasada nos estudos, mas isso não a impediu em nada no futuro. Sua irmã mais velha já tinha um pequeno salão de beleza. Josi ajudou-a fazendo pequenos serviços, porém, não gostava desse ambiente. Para ela era um trabalho forçado. Só não imaginava que futuramente esse seria ser o seu grande objetivo: ter o salão próprio.
conseguiu. Seu primeiro curso fora do Brasil foi nos EUA. Ela voltou renovada e ansiosa para resolver todas as suas questões com o salão, já que o espaço era insuficiente e a clientela aumentava cada vez mais. Foi então que buscou a ajuda do banco para fazer um empréstimo altíssimo para construir seu segundo salão em um lugar mais confortável para suas clientes, no Campo Limpo. Todo arquitetado e estruturado, foi então que sua vida progrediu rapidamente. Fez outros cursos em Los Angeles, Orlando e Miami. Se casou e teve a tão sonhada filha. Ficou 7 anos estabelecida lá e mudou para o atual salão no Morumbi, local que concentra bairros nobres de São Paulo, onde já está há um ano e meio. Atualmente realizada, Josi administra o salão com a ajuda das sobrinhas, faz parte do corpo docente da Faculdade Uniítalo, dando aulas de Tricologia e Visagismo e é dona de uma microempresa de venda de coisas para festas.
Foto: Daiana Rodrigues
osiene Matos Park é uma mulher empreendedora de 39 anos, Visagista, Terapeuta capilar e dona do salão Bella Estética localizado na região do Morumbi, São Paulo. O qual possui uma estrutura impecável e repleto de clientes fiéis, que estão contigo desde o seu início nessa batalha.
Quando estava com 15 anos de idade, sua irmã resolveu ir embora para a Bahia. Josi não quis ir junto e por isso acabou ficando com o salão da irmã. Um salão vazio, pois sua irmã levou tudo junto consigo. Recado para as leitoras A jovem então descobriu que gostava Não é fácil, nunca foi fácil. empreendedodessa área, e que Eu já chorei muito e dei muita risarismo é isso, um o principal obstáda também. Hoje para nós é muito equilíbrio da sua mais difícil do que para um homem, culo era sua irmã. Ela continuou com vida pessoal com porque além de nós termos que ado espaço e com o a sua vida profissional. ministrar toda uma estrutura de tempo foi se acerfamília, filhos, maritando junto com as do, ter um lar, eu administro isso clientes, as quais a ajudaram doando coisas para o sacom equilíbrio, porque se você lão como lavatório e secador. Uma cliente em especial não consegue ter um equilíbrio a apresentou ao curso Teruya, escola de cabelereiros. na sua casa, com sua família, Sua idade a barrou logo de inicio. Não podia cursar na seu marido, uma vida espiritual, Teruya pois não tinha acabado a escola. Sua cliente se um estilo de vida em Deus você responsabilizou por ela e garantiu que ela concluiria. não consegue ficar bem para adOs estudos não eram um problema. ministrar todo o resto. Enfim, após a conclusão do curso, Josi morava com outra irmã e decidiram inovar, comprando o seu salão próprio na região do Parque Araribá. Junto com Josi, suas sobrinhas a ajudavam com os serviços no salão. A jovem conseguiu iniciar os estudos na faculdade Anhembi Morumbi no curso de Visagismo e Terapia Capilar e então seu mundo mudou. Na faculdade ela viu que estava bem atrasada em relação aos colegas, que faziam cursos fora do Brasil. Corajosa como sempre, resolveu que queria viajar para fazer cursos fora também a todo custo. Enfrentou as dificuldades de pagamento e até mesmo um visto negado, mas ela
Não dê ouvidos, foque no que você quer, porque você se sentir útil é muito melhor do que se sentir importante, então não importa o que os outros falam. Sempre dará certo dependendo da sua força de vontade.
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CAPA
GRETA GERWIG WINS
Aos 34 anos, Greta Celeste Gerwig tem feito história na indústria cinematográfica e mostrado que mulheres são capazes de ocupar lugares de predominancia masculina Texto por Izabel Rodrigues
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reta Gerwig, nascida em Sacramento - California, aos 34 anos é foi a quinta mulher na história a ser indicada ao Oscar 2018 de direção. A indicação foi graças ao seu filme “Lady Bird” escrito e dirigido por Greta, o filme ganhou 5 indicações no Oscar nas categorias de melhor filme, melhor atriz, melhor atriz coadjuvante, melhor roteiro original e melhor direção. Em 90 anos de Oscar, Greta foi a única mulher na disputa pelo Oscar 2018 de direção. Atriz, roteirista e diretora americana, Greta tinha o sonho de se tornar dramaturga mas a vida a levou para a atuação. Seu primeiro papel foi em 2006 no filme “LOL” mas “Frances Ha” foi o filme responsável por dar mais visibilidade ao seu trabalho como atriz e roteirista, o filme foescrito por Greta e Noah Baumbach e filmado em preto e bra nco, Greta interpretou Fra nces, uma mul h er perdida que enfrentava conflitos de “quem eu quero ser?”. O papel de Greta no filme foi indicado ao Globo de Ouro.
“MAS EU
˜ NAO
reúne avaliações de críticos de cinema. ‘Lady Bird’ foi a estreia solo de Greta como diretora e , logo de cara, lhe rendeu cinco indicações ao Oscar, tendo uma protagonista chata que passa pela adolescência. Acreditamos que Greta tenha pensado na protagonista com o objetivo de gerar indentificação. Greta é cineasta e foi um dos principais rostos da mumblecore, movimento de filmes independentes com baixos orçamentos guiados pelos personagens e pelos diálogos. As pessoas costumam achar que Greta escreve sobre si mesmo pois por vezes ela interpretou a protagonista do que escreveu, mas Greta afirma, “Eu levo como um elogio, porque significa que as pessoas se sentem assistindo a uma pessoa de verdade”. Greta chegou a ser protagonista de alguns filmes escritos por seu na morado Noah Baumbach e era conhecida c o m o “na m or a d a do roteirista”, como se o papel fosse dela apenas por conta da relação com Noah, em uma entrevista à Vulture, Greta declarou: “Eu tenho sorte de encontrar colaboradores e pessoas gentis. Mas eu não preciso de um homem, eu teria feito de qualquer jeito.”
PRECISO DE UM HOMEM, EU TERIA FEITO DE QUALQUER JEITO”
“Lady Bird” foi escrito em 2017, uma comédia dramática estadunidense onde Greta se baseou em suas próprias histórias e uma relação de amor “pouco retratada no cinema“ entre filha e mãe para a reprodução do filme. Apesar de se tratar da chegada da maturidade e os conflitos que ela traz, Greta o fez com muito requinte, tornando o comum algo atraente e cativante. O filme foi o mais bem cotado de todos os tempos no Rotten Tomatoes – site que
Greta Gerwig fez história no Oscar, e, se tivesse vencido, seria a 2º mulher a vencer na categoria, é insensato reconhecer Gre-
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ta apenas como uma musa, apenas como a namorada de alguém que atuou no protagonismo de filmes feitos pelo seu namorado. Greta é atriz, roteirista, quinta mulher na história indicada na categoria de direção, única mulher na disputa pelo Oscar 2018, grande representante da indústria cinematográfica. A beleza de Greta é apenas um detalhe diante da especificidade que traz como mulher, atriz, roteirista e diretora. Além de fazer história na indústria cinematográfica, Greta tem se mostrado insatisfeita com a atual situação no mundo dos filmes. “Isso me deia louca. Você vê atrizes de ponta, que foram indicadas ao Oscar, fazendo a mocinha em filmes de super-herói. Se grandes atrizes estão pegando esses papéis, quer dizer que não têm mais nada. O que é deprimente.”
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EXCLUSIVIDADE
Texto por Daiana Rodrigues
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uitas mulheres dizem não gostar de musculação, pois os treinos são pesados e cansativos. Por esse motivo, elas buscam outros esportes como natação, aulas de dança ou simplesmente deixam de praticar exercícios físicos. Porém, a musculação nem sempre é a principal causa para essa desistência, e sim a presença de homens , pessoas saradas, ser uma mulher obesa, pelo fato dos pais não quererem que a filha adolescente treine em um local que pessoas fiquem olhando para ela ou porque os maridos se sentem mais confortáveis com a mulher ou namorada treinando em uma academia só para mulheres.
cia. Por esse motivo, a academia propõe um atendimento personalizado, ou seja, nenhuma aluna treina sozinha. Há sempre um acompanhamento. •
As academias também não tem espelhos. O motivo é claro, sem espelhos não tem como a aluna ficar se olhando ou olhando o corpo de outra aluna enquanto treina. O objetivo de estarem ali é a saúde e quem irá avaliar se está treinando corretamente é a professora. Nada de tirar fotos também, assim o não perde o foco.
Diferentemente das academias convencionais como Smart fit ou academias de bairro, é muito comum encontrar superlotações. Diante dessa fator, ou A academia Contours, exclusivamente feminivocê terá que revezar com alguém ou desistir de na, foi criada com o objetivo de atender a essas mulhealgum aparelho. Esse incomodo res. Tudo surgiu a partir de dois irmãos Daren Carter e Charlie Em pesquisa feita 10 mulheres pelas re- não existe na Contours. Lá você Woodward, donos de uma des sociais como Facebook, Instagram e irá treinar em um circuito, ou academia convencional desde Whatsapp, com mulheres que treinam seja, as alunas possuem um trei1984 nos EUA. Eles receberem em academias, 55,6% delas dizem não no rotativo, assim ninguém pera opinião da mãe, que dizia o conhecer alguma academia feminina. Ou de tempo. Além desse aspecto, quão desconfortável era trei- seja, as academias para mulheres ainda as mulheres revezam entre musnar lá, pois havia muitas pes- não são muito conhecidas. 77,8% dizem culação e atividades aeróbicas. soas com os corpos atléticos que treinariam em academias como essa, Você pode escolher fazer apenas e homens. A partir disso, os apenas 22,2% descartam essa ideia. Me- o circuito ou circuito mais ouirmãos pensaram em quantas tade delas já foram assediadas durante o tra atividade, como step, jump, mulheres deviam passar pela treino e que concordam com a criação de yoga, pilates e zumba. mesma situação e como isso poderia ser uma grande oportunidade para iniciar um novo negócio.
academias femininas, assim elas podem se sentir mais confortável em relação aos exercícios e as roupas.
Enfim, a Contours chegou ao Brasil em 2004 através do investido Cassiano Ximenes, que adaptou a academia para a mulher brasileira. Segundo Elaine Pereira, gerente da Contours, “a criação da Contours no Brasil foi ótimo pois temos mulheres saindo do sofá e indo à academia. Para a população, é mais uma forma de se cuidar e poder se sentir a vontade, pois o espaço é preparado para elas e especializado no corpo feminino.”
6 motivos que a diferencia das academias convencionais •
•
A Contours recebem muitas mulheres de idade entre 30 anos à 60 anos. Mulheres que estão mais preocupadas com a saúde à estética. O resultado em relação a aparência é apenas uma consequên-
• Pela academia ser apenas para mulheres, não há presença nem de professores homens, quanto de recepcionistas homens. Assim nenhuma mulher fica envergonhada pela presença masculina.
•
Toda a academia é pintada na cor rosa. Os banheiros são totalmente ESTILIZADOS para elas, possui chapinha, secador, escova de cabelo, e até mesmo uma frase motivadora “ Você e essa sua mania de ser linda”. E como se não fosse o suficiente, tem massagem e depilação. Quer mais o que?
•
Para aquelas que não gostam de passar muito tempo na academia, os circuitos duram apenas 30 minutos.
Além da Contours, existe outras academias femininas como a Charme e a Curves. Além disso, uma parte das mulheres pesquisadas dizem que não se importam com a presen-
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“ Eu acho ridículo a divisão de gêneros, a sociedade não saber se comportar ao ponto de chegar nesse nível, mas talvez seja necessário mesmo”
o Só t n e m m ulh i g n e a r r e t s s n no o c t o r r ein e Z o
Há também mulheres que se incomodam com essa divisão entre mulheres e homens. Como o caso de Maria do Carmo Lombardi, produtora de moda e aluna da academia Foxx em Santo Amaro, São Paulo. Ela escolheu a Foxx por ser uma academia de bairro, o que se caracteriza por ser mais familiar, as pessoas conversam mais, diferentemente de academias grandes como Smart Fit. Segundo ela, se tivesse uma academia feminina perto de sua casa, escolheria com certeza a academia mista. Maria não gosta da divisão entre gêneros e por isso ensina sua filha que não existe roupas e coisas especificas para mulheres e especificas para homens. Em relação ao assedio, ela diz que homens olham bastante para ela e se incomoda um pouco, mas não deixa de ir à academia ou usar certa roupa por causa deles.
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ça de homens, porém as vezes se sentem desconfortáveis e que é desanimador ter que criar uma academia feminina pelo fato de homens não respeitarem o espaço delas.
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INTERNACIONAL
Vozes para o
Silêncio Depois de décadas de silêncio, mulheres em Hollywood decidem contar suas histórias sobre assédio e, em uma onda de denúncias, dão voz à mulheres ao redor do mundo. Texto por Brenda Vieira
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em mais segredos. Falaremos agora. “Acabou o tempo” de ficarmos caladas. Essa é a proposta e tradução literal do movimento “Time’s Up”, uma iniciativa em mulheres e Hollywood para lutar contra abusos contra mulheres. Ao contrário do que muitas de nós pensamos a iniciativa não é apenas sobre mulheres que estão em Hollywood, mas sim sobre qualquer mulher que tenha sofrido ou ainda passe por formas de abuso. A indústria cinematográfica estadunidense sempre guardou muitos segredos sobre casos de assédio sexual contra atrizes, diretoras, produtoras, roteirista e mulheres que estivessem em qualquer tipo de cargo no mundo do cinema. Isso porque a dominação masculina deste meio criou um ambiente perfeito para que a violência se mantivesse em baixo dos panos e crescesse dias após dia, perpetuando a dor de mulheres durante muito tempo, e para muitas, até o fim de sua vida. Desde a Era de Ouro do cinema americano, quebrar o silêncio nunca foi uma atitude comum. Muito longe disso, os abusos eram mantidos em silêncio ao passo que levavam atrizes à ruína psicológica. Maureen O’Hara, estrela de filmes como “Depois do Vendaval” (1952) e “O Grande Amor de Nossas Vidas” (1961), foi vítima de abusos durante muito tempo e revelou isso à imprensa, o que a rendeu uma reputação destruída pelos homens que a abusavam. Em entrevista ao Daily Telegraph, ela estava sendo massacrada por não ceder aos desejos do diretor John Ford no set de “Depois do Vendaval”. Ford a humilhava publicamente e se aproveitava das cenas para denegrir a imagem de Maureen, fazendo-a lan-
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“ çar-se sobre esterco (sem metáforas) e filmando-a de forma que pudesse extravasar sua insatisfação.. Outra atriz que passou por problemas durante gravações de um filme foi Judy Garland, a Dorothy de “O Mágico de Oz” (1939). Seu ex-marido revelou que Judy, que tinha apenas 16 anos na época, era molestada pelos atores que interpretavam os munchkins. Os homens que tinham 40 anos ou mais, colocam a mão por baixo da saia da garota e saíam impunes dos assédios. Infelizmente, depois de quase setenta anos de história, Hollywood não extinguiu por completo a objetificação da mulher dentro desse universo tão glamouroso e ao mesmo tempo maléfico. Prova disso são as denúncias ao produtor Havey Weinstein. Atrizes como Angelina Jolie, Lupita Nyong’o, Lena Headey, Ashley Judd, Asia Argento, Gwyneth Paltrow, Cara Delevigne e Eva Green são algumas da lista que denunciaram Weinstein por assédio. Sobre casos como esse, Resee Witherspoon disse em um discurso no evento Elle Women: “Eu sinto muito nojo do diretor que me assediou quando eu tinha 16 anos e raiva dos agentes e produtores que me fizeram acreditar que o silêncio era a condição para conseguir um trabalho. E eu queria dizer que esse foi um incidente isolado na minha carreira, mas, infelizmente, não foi. Eu tive muitas experiências de assédio e abuso sexual e não falo sobre isso com muita frequência. Porém, ouvir tantas histórias nos últimos dias, e ouvir essas mulheres corajosas falarem sobre coisas que somos ensinadas a varrer para debaixo do tapete, me fez querer falar e falar muito alto porque eu realmente me sinto menos sozinha nesta semana do que eu me senti em toda a minha carreira”.
” tantos anos. Elas agora buscam arrecadar fundos para conseguirem levar a diante todas as denúncias que fizeram e as que estão por vir. O Time’s Up, no entanto, não se trata apenas de denuncias, mas a luta pela conscientização da igualdade de gênero em qualquer indústria, para qualquer mulher do mundo. Um dos atos que trouxe visibilidade à iniciativa foi o Globo de Ouro de 2018 em que todos os presentes vestiram preto. Além disso, a cada prêmio anunciado, uma problemática era levantada. O discurso de Oprah, sobre igualdade e sobre a conquista feminina através da luta repercutiu de maneira estridente assim como as provocações de atrizes sobre o sistema de cinema norte-americano. Uma delas foi Natalie Portman, ativista e embaixadora do movimento que questionou o fato de todos os indicados ao prêmio de melhor direção serem homens. Com uma luta unificadora, a atriz Shailene Woodley diz por todas as outras que “o movimendo é sobre empoderar mulheres em todas as industrias, não somente Hollywood”. Elas têm buscado dar voz à mulheres que por elas mesmas não conseguirão ter justiça feita. E, pela primeira vez, vemos o poder da sororidade ter um efeito tão rápido, e ser tão consciente: mulheres que tem poder de falar, dando voz àquelas que são silenciadas. E, pela primeira vez, vemos o poder da sororidade ter um efeito tão rápido, e ser tão consciente.
A partir dessas denúncias, vimos um novo momento e movimento nascer em Hollywood. Um movimento que busca trazer à tona as crueldades que por tanto tempo foram tidas como normais. Atrizes se uniram para falar sobre suas experiências e dar voz ao silencio que se manteve sobre Hollywood durante
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PERFIL
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Represe Monalysa Alcântara, a Miss Brasil que mostrou que a beleza vai além do físico. A representatividade em pessoa Texto por Pietra Mesquita O Miss Brasil é o maior concurso de beleza do país e visa, a cada ano, eleger entre as representantes de cada unidade federativa do país, uma representante nacional da beleza. Acontece que a palavra beleza está ligada ao significado fútil que lhe é imposta. Talvez um rosto bonito, um corpo escultural, um padrão que não ultrapassa barreiras e não dá oportunidades a diversidade possa defini-la, mas ela vai além. O grito agora é diferente. O Miss Brasil vem ganhando o verdadeiro significado, aquele que não é limitado a físico, mas se expande ao intelectual e busca uma representante que realmente saiba o que é ser mulher. Monalysa Alcântara chegou ao Miss Brasil para mostrar isso. “Se eu for eleita à miss Brasil Be emotion 2017, eu quero levar o poder para as mulheres, eu quero
dar voz para vocês, eu quero mostrar para todos que temos força de vontade, que temos coragem, inteligência e vamos passar por cima do preconceito e do machismo”. Essas foram palavras de Monalysa Alcântara, que diferente das outras candidatas, defendeu o verdadeiro papel de uma Miss Brasil. Monalysa seria uma inspiração e não um padrão. Nascida no Piauí, criada pela avó e com uma história cheia de desafios, a Miss conquistou todo o país com sua Brasilidade. Isso tudo começou lá em 2016, quando ainda tinha 17 anos e obteve sua primeira faixa de Miss, como Miss Piauí. O concurso a levou para o Miss Brasil 2017, lugar que deu um show de representatividade. Durante todo o concurso, Monalysa se deparava com perguntas que a fazia defender cada vez
mais o empoderamento feminino e o empoderamento negro também, afinal, depois de 63 anos de hiato, Raissa Santana quebraria o jejum e Monalysa, no ano seguinte, seria a terceira negra a receber a coroa de Miss Brasil. “A mulher negra tem um papel muito importante e eu, através da minha história, preciso e devo ajudá-las a se acharem mais bonitas, capazes e irem atrás dos seus sonhos“, declarou. Ela sabia pelo o que estava lutando, e mostrou isso quebrando o tabu do maior concurso de beleza do país: Negra, nordestina, empoderada, representativa! Acontece que para chegar até aqui, Monalysa trilhou caminhos conturbados, rodeados
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senta de preconceitos e racismo. Através dessas situações preconceituosas, a Miss amadureceu e enfrentou as dificuldades com determinação, criando cada vez mais a vontade de mostrar a brasilidade e o empoderamento: “Nosso país é cheio de diversidade e não existe uma região ou cor de pele que o represente melhor que outra. Somos todos uma mistura de raças e regiões e eu represento não só a mulher negra e nordestina; eu represento todas as mulheres brasileiras que lutam para vencer as adversidades com um gingado irreverente e sorridente, eu represento a resistência.” Ainda com o título de Miss Brasil, Monalysa Alcântara foi vítima de comentários maldosos na internet por ser negra, mas rebateu: “O racismo é crime e eu estou aqui para lutar e dar voz contra ele”. E foi o que ela fez
durante todo seu reinado, dando voz e empoderamento as minorias. “Consegui dar uma força para o movimento feminista. Isso foi bastante importante no meu reinado, porque acredito que a Miss tem que ter voz e consegui colocar isso em prática”, disse a Miss que realmente representou e inspirou. E ela não se limitou apenas ao Brasil, defendeu sua causa e deu um grito de igualdade no Miss Universo: “Uma das coisas que eu mais gosto de fazer é passar para as pessoas motivação, principalmente jovens e crianças negras a se aceitarem e respeitarem sua beleza. Ninguém é igual a ninguém e precisamos respeitar isso. Respeitarmos a diferença, porque eu sou diferente, você é diferente, todos nós somos diferentes.” A sua trajetória no Miss Universo a deixou no TOP 10, competindo com 92 misses e fazendo história. Aos 19 anos, Monalysa deixa sua coroa marcada no Miss Brasil e se despede transformando o conceito, ou preconceito que cai sobre as mulheres. “Ser mulher é ser guerreira para lutar contra o machismo, contra o assédio, e contra a violência que nós sofremos diariamente. Ser mulher é querer igualdade de salário e tratamento perante os homens. A única coisa que diferencia uma mulher de um homem no trabalho é a oportunidade. Ser mulher é ser deusa para espalhar nosso amor e poder. Ser mulher é ser mãe, é ser independente, ser política, ser médica, professora, filósofa e Miss. Não somos objetos e nem propriedade de ninguém. Nosso corpo, nossa alma, nossas regras! Ser mulher é ser você mesma e é por isso que eu digo que toda mulher é uma rainha”.
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EM ALTA
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Geração de Super-Heroínas
Texto por Brenda Vieira
A
lguma vez você já se imaginou tendo super-poderes? Já fantasiou que podia voar, ler mentes e salvar o mundo inteiro, ou quem sabe, o universo inteiro? Durante muitos anos, ilustradores imaginaram e criaram personagens de todos os tipos com características muito singulares que se tornaram símbolo da cultura nerd. Esses foram super-heróis e super-heroínas que vivem até hoje todos os tipos de história, lutando contra vilões para manter a ordem nas mais diversas dimensões de realidade. Um grande problema para as personagens femininas, no entanto, sempre foi a forma como eram representadas: colãs justos demais, decotes enormes e proporções extremamente irreais. Todo esse conjunto pretensioso deu às nossas super-heroínas um visual Femme Fatale que, combinado aos super-poderes, criaram mulheres verdadeiramente poderosas. Então, até que ponto conseguimos nos identificar com essas personagens? É claro que é difícil responder essa pergunta quando es-
tamos falando de pessoas que tem habilidades especiais. A princípio você pode achar que não existe semelhança nenhuma, mas se olhar com cuidado vai perceber que elas podem ser mais parecidas conosco do que nós imaginamos. Muitas das mulheres que encontramos no universo dos super-heróis são pessoas comuns, que vivem vidas comuns com seus empregos entediantes, problemas familiares e quem sabe um pouco de indignação para lutar por uma causa. Até mesmo aquelas que já nasceram predestinadas à salvarem pessoas, como Diana, têm características extremamente reais como a inconformidade com o machismo. Por isso, separamos algumas super-heroínas e encontramos nelas características que farão você ter certeza de que super-mulheres não são feitas apenas de super-poderes, mas de força, superação, amor e todos os adjetivos que você achar que fazem parte de você mesma. E claro, vamos falar de igual para igual, sem identidades secretas ou alteregos. Elas têm nomes reais, assim como nós.
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DIANA Prince
A primeira heroína criada não poderia ter surgido de uma forma melhor. O ano era 1941, e o psicólogo William Moulton Marston queria um herói diferente. Desejava uma personagem que não exaltasse apenas a violência e a guerra, mas carregasse outros valores como amor, bondade e a paz. Em Elizabeth Marston e Olive Byrne, suas parceiras, encontrou a inspiração para criar a Mulher-Maravilha. Diana foi esculpida do barro por Hipólita, líder das Amazonas, e abençoada pelos deuses do Olimpo com seus respectivos poderes. Sua terra de origem é Themyscira, uma ilha escondida de todos povoada apenas por amazonas. Lá as regras do machismo que permeiam nossa sociedade não se aplicam e, por isso, quando Diana sai em missão como Mulher-Maravilha pela primeira vez, não consegue compreender a lógica que limita mulheres simplesmente por serem mulheres. A personagem mostra sua determinação e humildade a todo momento, desde sua preparação tendo que passar por alguns obstáculos pacientemente, até o momento que enfrenta seus inimigos. Diana foi e é símbolo de força, amor, independência e justiça; características reveladas pelas mulheres ao longo da história, e por isso, nossa guerreira amazona inspira milhares de pessoas até hoje.
Kamala Khan
“Kamala” significa perfeição, mas essa é a última coisa que a super-heroína acha que é. Muito longe disso, ela pensa ser a personificação do sentimento “peixe fora d’água” que toda garota sente na adolescência. Kamala Khan vive com sua família paquistanesa nos Estados Unidos, e por achar que seus costumes a impedem de aproveitar a vida, começa a desejar que fosse loira, alta e popular. Então, um dia seu desejo se realiza; Capitã Marvel e outros Vingadores a concedem super-poderes e a identidade de Miss Marvel. Esses poderes, a principio, são extremamente alegóricos. Quando ela se sente intimidada, fica minúscula. Quando se sente insegura, toma a aparência da Miss Marvel (loira e alta). Quando precisa agir e impedir um crime, sua mão toma proporções gigantescas, ganhando super-força. Acompanhar essa heroína é como trilhar uma jornada divertida de aventuras, confusão e aceitação. Ao passo que ela entende quem é e ganha auto-confiança, deixa de se esconder atrás da aparência de Carol Danvers, aceitando sua identidade de super-heroína e entendendo que não precisa ser outra pessoa para salvar o mundo. A perfeição, afinal, não tem uma forma só; ela é diversa.
Carol Danvers Quem nunca sentiu a necessidade de provar que é capaz? O primeiro desafio de Carol Danvers não foi defender a Terra de uma invasão alienígena (embora ela o tenha feito mais tarde), mas sim seu pai. Ela cresceu em uma família tradicional americana com dois irmãos, que eram sempre favorecidos por conta da visão sexista de mundo que seu pai tinha. Carol alimentava o sonho de se tornar uma astronauta, mas nunca recebeu incentivo da família, por isso teve de conseguir o que queria com suas próprias mãos. Então, depois de fazer 18 anos, se alista para a Força Aérea Americana e depois de se destacar sendo a melhor aluna, é oficialmente recrutada. Algum tempo depois passa a trabalhar na NASA e é durante seu tempo lá que adquire seus poderes em um acidente com um artefato de origem alienígena Kree. Depois disso, a vida de Carol nunca mais foi a mesma. Ela se torna a mais forte dos super-heróis e se torna integrante de diversas equipes, sendo líder de muitas delas. Miss Marvel, Binária, Warbird ou Capitã Marvel. Cada uma dessas identidades fez parte de Danvers em sua jornada que nem sempre foi linear. Sua história é feita de lutas, sacrifícios, vícios, derrotas, e inúmeras vitórias. Não aconteceu de um jeito comum, mas ainda que não como ela imaginara, Carol Danvers se tornou aquilo que batalhou para ser.
Ororo MUnroe
Toda jóia em estado bruto precisa ser refinada e moldada antes de se tornar a versão mais bonita de si mesma. Antes de se tornar a Tempestade que conhecemos, Ororo passou por seu processo de amadurecimento, que definitivamente não foi fácil. Ela tem origens muito distintas: sua mãe, uma princesa no Quênia. Seu pai, um fotojornalista de Manhattan. Cinco anos depois de seu nascimento fica órfã e então inicia uma jornada solitária, tendo, a princípio, que sobreviver como ladra e então mais tarde, aprender a lidar com os poderes que começam a aflorar. Ororo ajuda tribos na África a terem boa colheita através de seus poderes de controlar o tempo, no entanto, isso desequilibra a natureza, o que faz outras regiões caírem em extrema seca. Aos poucos ela entende do que é capaz e mesmo que seu desejo seja ajudar seu povo com o que tem, precisa encontrar o equilíbrio entre ajudar e manter a ordem natural das coisas. Durante sua tragetória, teve lugar em posições honrosas como rainha de Wakanda, além de fazer parte dos X-Men. Ororo é um símbolo de representatividade negra e uma mulher extremamente forte. Ela mostra que as situações não fazem você, e nem mesmo os seus erros. As tentativas são apenas o caminho para acertar em cheio, e ser a mulher que você deseja ser.
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NOSSA VEZ
Eu escolhi palavras Lucimiere, a mulher negra que escolheu palavras para dar voz a causas e ecoar mudanças Texto por Pietra Mesquita
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ra final dos anos 70. Grajaú. Distrito do município de São Paulo. O racismo já existia. O machismo também. Afinal, quando pararam? Lucimiere nascia. Mulher. Negra. Suburbana. A verdade é que um grito também nascia, aquele que ecoaria em suas palavras tempos depois. Os anos 80 começavam. O comportamento leitor aflorava. Sua infância o acompanhava. Sua mãe e seu pai, mesmo que formados até o quarto ano do antigo primário, liam diversos portadores. Eram seis crianças. Possuia cinco irmãos. Os livros lhe serviam de brinquedo. Uma grande brincadeira. A fogueira no quintal feita pelo pai dava lugar aos contos ligados a ancestralidade da família, e as rimas. As palavras tornavam-se membros da família. Cada
ida ao quintal para as reuniões era como uma chuva de histórias, aquelas que Lucimiere queria viver. O pai fazia música. Poeta. Escritor. A mãe, artista plástica. Cozinheira. Salvadora de livros. Trabalhava numa escola. Todo final de ano a escola fazia a seleção de alguns livros, que para eles não tinham mais importância, para se destinado à fogueira. A mãe, volta e meia, salvava alguns livros da fogueira e os levava para casa. E foi assim que e Lucimiere aprende a ler. Sozinha. Com os livros. Com as histórias. Com o incentivo que tinha em casa. Crescia brincando com as tintas. Com as massas. Com as palavras. A literatura rodeava sua família. A arte também. “No almoço, arroz, feijão e arte”. Era o que Luci-
miere costumava dizer que comia. E quando faltava arroz e feijão? Ela ficava com a arte e já estava satisfeita. Ou com laranja e literatura. Um dia de feira não a deixa mentir. Em frente sua casa tinha uma. Os feirantes costumavam dar frutas para sua mãe, já que ela era sempre cordial com eles. Aguardavam seu pai com o dinheiro para comprar alimento. Seu Pai veio, o dinheiro não. O quintal de casa, mais uma vez, era cenário de aprendizado. O carpete marrom estava lá. Os livros também. As laranjas dos feirantes chegaram pelas mãos de sua mãe e, naquele dia, almoçaram literatura e laranja. A gratidão ainda a inundava. A necessidade de vida daria lugar à leitura. A felicidade estava ali. A satisfação. O prazer. Mas aos 7 anos,
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uma contradição poderia surgir. Ao entrar na sala de aula, os livros não se pareciam com ela. Talvez por não obter o mesmo incentivo literário que obtinha dos pais, ou porque enfrentava o começo de um racismo e uma invisibilidade que estava sendo imposta. Lucimiere viveria como a “baixinha”, intitulada pela professora, e a “neguinha”, para o resto da escola. Seu nome? Mal sabiam. Ainda assim, continuava fascinada por livros. Queria viver suas histórias. Ser a personagem. Viver aquele cenário. Entendia que podia protagonizar, e não estava errada.
“Pé de Goiabeira” surgiu. Uma literatura infantil, que conta a história de uma menina, que do alto da goiabeira do quintal, observa o movimento da vizinhança. As percepções de mundo de uma menina são colocadas no papel. As percepções de mundo de Lucimiere. Um olhar para a identidade negra e, sobretudo, para a infância e o entender que a criança não nasce racista, a sociedade ensina o racismo. Lucimiere, então, torna-se referência e portadora de uma pluralidade cultural e étnica existente na sociedade. Talvez assim o racismo acabe. Talvez assim as crianças tenham uma nova percepção de mundo. Do alto do pé de Goiabeira, ou não. E ser escritora aconteceu. Sem meritocracia. Sem facilidade. Apenas com um abismo entre o desejo e o sonho: a oportunidade. Essa, que lhe propiciou o poder da fala. O registro de sua v i -
vência. Registro de seu chão. O registro da sua história. A baixinha, a neguinha agora é a dona de uma voz de coragem, empoderamento e reconhecimento para o povo negro. Uma mulher negra que plantou dentro de si a vontade de modificar uma sociedade totalmente movida pelo preconceito iniciada já na infância. Criou sua própria história, a protagonizou e deu-a uma continuidade, essa que permanecerá eternizada em suas palavras e no interior de muita criança. O livro “Pé de Goiabeira”, da editora FiloCzar, encontra-se disponível nas livrarias online e físicas com uma ilustração da capa feita pela própria Lucimiere e o artista Mut. Com ilustrações da história também feita por Mut e com uma participação da escritora e artista plástica, Jacira Roque, que traz um texto chamado “Contando infância”, onde ela traz um pedacinho da infância dela.
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Foi nos anos 90 que Lucimiere resolveu defender suas causas. Uma segunda escola lhe era apresentada, e, pela primeira vez, achava muito dela naquela escola: o hip hop. O primeiro grupo de hip hop feminino do Grajaú fez parte dela. E ela, parte dele. Filhas do futuro cantavam sobre a vida. O cotidiano da periferia. Sobre as dores. O poder da transformação a inundava. Cada vez mais acreditava que as palavras tinham esse poder, e às vezes era o poder de destruição, de invisibilidade. A sociedade eurocêntrica fez isso com a história do povo negro. Mas as palavras tinham o outro lado. O que incentivava. Encorajava. Mostrava caminhos. Lucimiere escolheu a palavra do bem para usá-las como sua arma. Lucimiere escolheu palavras.
ram escravizadas. Estava na hora de mostrar a história que não foi contada, que foi invisibilizada.
Então, o grito que nascia junto com Lucimiere estava na hora de ecoar. E ecoou ainda quando fazia seu magistério e ajudava um grupo de estudantes a organizar uma biblioteca. Encontrou um livro. “Um negro no Brasil hoje”, de Ana Lucia Valente. Aconteceu o stopin. O chamado para sua história se realizar, uma história que, até então, não conseguia encontrar nos livros oferecidos em escolas. Era preciso que as crianças não conhecessem o negro como inferior. Elas precisavam entender que a história do negro não teve início na escravização. Os negros não descendiam de escravos. Descendiam de pessoas que fo-
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