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Quase virgens Eles querem muito experimentar, mas param no ‘quaaase’... e você? +14

VAM GONÇALVES/DIVULGAÇÃO

Diário Jovem

TERÇA-FEIRA BELÉM-PA, 06/03/2012


Diårio do Parå TERÇA-FEIRA BELÉM-PA, 06/03/2012

Ă?NDICE

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DiĂĄrio Jovem

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TEMPO DE APRENDER Laços de amizade

ivar CULT ura Tribos juvenis

TRAMPO Jovem aprendiz

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(DES) COMPORTAMENTO

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Quase virgem

ESTILO

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METENDO FICHA

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:: QUEM FAZ :. DiĂĄrio Jovem ĂŠ uma publicação da Escola DiĂĄrio de Jornalismo Diretor de Redação: Gerson Nogueira • Coordenação da EDJ: LĂĄzaro MagalhĂŁes e Carla Azevedo (secretaria) • Editores ResponsĂĄveis: Lais Azevedo, CecĂ­lia Amorim, Eraldo Paulino e Thamires Figueiredo • RepĂłrteres: Antonio Giordano, CecĂ­lia Amorim, Eraldo Paulino, Lais Azevedo e Thamires Figueiredo • Editor Executivo de Arte: ATorres • Editores de Fotografia: Alberto Bitar, Marcelo Lelis, Octavio Cardoso • Foto de Capa: Vam Gonçalves • Infografia: Ă?talo Gadelha • Diagramação e Arte: D’Angelo Valente


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METENDO FICHA

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VIDA

O QUE QUERO da

M

uitos adolescentes cultivam sonhos para o seu futuro, mas quantos podem realiza-los? Eu sou mais uma das que sonham muito. É duro só sonhar e ter expectativas e às vezes ter a sensação de que são só ilusões . Um estudo, uma faculdade, um emprego ‘digno’, um carro, uma casa e viajar. Poder ajudar a família e principalmente, ter uma velhice sossegada e digna. Quem já escutou aquela música? ‘Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones’. Essa música me faz refletir na vida dos adolescentes, são todos muitos parecidos, cheios de sonhos e expectativas. Queremos correr o mundo e abraça-lo. Vivemos em uma época que não sobra tempo nem espaço para sonhos. Todos vivem suas vidas como se fosse uma constante competição para serem os melhores no menor espaço de tempo. Eu estudo em um colégio público, penso sempre no quanto isto é importante para mim. Às vezes é difícil estudar e trabalhar, mas sei que se não perseverar não vou entrar em uma faculdade. Essa é a primeira barreira que encontro diante dos meus objetivos: o vestibular. Sei que muitos se abalam quando não conseguem passar na primeira tentativa e acabam desistindo pelo caminho. Para a pessoa ser feliz, ela tem que ter sonhos e acreditar em um futuro melhor. Quantos adolescentes desejam alcançar algo, mas não perseveram. Muitos querem ser músicos, dançarinos, médicos, modelos, atrizes, mas acabam desistindo diante das dificuldades. É importante que os pais nos apóiem para termos forças para continuar. Alguns pais cobram demais e isso é ruim, outros querem impor seus próprios desejos não percebendo que temos vontades,

desejos e sonhos. Se não somos apoiados pelos pais nos sentimos frustrados. Amigos também são importantes. Quando temos bons amigos tudo fica melhor. Os meus sonhos são simples e se resumem em uma palavra: estudo. Quero fazer um curso universitário e me formar. Depois quero trabalhar e comprar uma casa só minha. Quando isso acontecer, vou saber que sou realizada e estabilizada financeiramente. Vejo jovens ao meu lado que querem ter carro, moto, roupas de ‘marca’. Eu sei que se estudar bastante tudo isso pode vir um dia para mim. Mas sei que os sonhos não param. Quando realizar este que hoje é o meu maior sonho, sei que vou ter outros, pois são eles que nos mantém vivos. Pode até ser que eu não venha realizar tudo que desejo, porém, não será por desistir. As minhas expectativas são sempre as melhores, e por isso me esforço bastante. Tenho fé que vou conseguir realizar um por um dos meus sonhos.

“Para a pessoa ser feliz, ela tem que ter sonhos e acreditar em um futuro melhor”

FOTO: NEY MARCONDES / ARTE: D’ANGELO VALENTE

MILLA MARÍLIA MODESTO 18 anos, estudante do 3° ano do Ensino Médio


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TEMPO DE APRENDER

LAÇOS DE

AMIZADE Eles ultrapassam os muros das escolas, vencem as distâncias e duram por toda nossa vida CECÍLIA AMORIM E THAMIRES FIGUEIREDO

A

ssistir aula não seria a mesma coisa sem a companhia dos amigos. Aliás, os grupinhos que se formam nos colégios são importantes para o desempenho educacional e pessoal dos jovens. Eles passam cola nas provas difíceis, ficam juntos todo o tempo e quando são liberados cedo, quem disse que vão para casa? Fazem questão de continuar na escola batendo papo e podem ser encontrados nas escadas, pátios, lanchonetes ou na quadra de futebol. Nesses momentos fazem o que mais gostam: conversam, avacalham um com o outro e no fim, todos riem. Muitas dessas amizades ultrapassam os espaços físicos do colégio. Qualquer motivo vira desculpa para estar junto; qualquer coisa se transforma em festa e comemoração da amizade que os une. Quem se encaixa perfeitamente neste perfil é um grupo de amigos da Escola Estadual Ulysses Guimarães, em Nazaré. São oito meninas e apenas dois meninos. Todos cursam o terceiro ano do Ensino Médio. Alguns já haviam estudado juntos, outros se conheceram

esse ano e foram bem aceitos no grupo. Aos risos, as meninas lembram- se de quando foram assaltadas na praça do CAN, em Belém. “Um rapaz chegou perto e disse que queria nos conhecer. Uma amiga disse que não, e ele anunciou o assalto”, conta Renata da Cunha, 17. Celulares, anel, relógio e dinheiro foram levados pelo ladrão que por pouco não roubou também os únicos R$ 2 de Renata. “Falei que só tinha aquele dinheiro pra voltar para casa e ele ficou com pena”, narra a menina às gargalhadas. Em outra ocasião, ao visitar Renata no bairro da Condor, mais uma vez, o grupo foi

vítima de assalto. Hoje eles riem desses momentos, que consideram até cômicos. Mas é como dizem: “a gente conhece um amigo na dificuldade”. Há um olhar de cumplicidade ao recordarem o chá de bebê que organizaram para uma amiga que estava grávida. Cumplicidade presente também ao lembrar de como foi difícil para Romário Almeida, 18, aceitar a morte do pai. “Quando meu pai morreu, o apoio delas foi superimportante. Senti todos perto de mim. Não importa a quantidade. O bom é ter amigos para contar”, afirma Romário com expressão de gratidão. AMIGOS SEMPRE

“Quando meu pai morreu, o apoio delas foi super importante. Senti todos perto de mim. Não importa a quantidade, o bom é ter amigos para contar” Romário Almeida

O sorriso volta logo ao rosto dos jovens quando eles começam a falar dos passeios que fizeram e dos shows que foram - quando tiveram que dormir nas casas uns dos outros. Cada momento desses é guardado com carinho na memória, e a união deles faz com que não queiram sair do colégio. Afirmam que já brigaram para permanecer estudando na mesma sala. Quando o assunto é estudo o grupo fica divido. Mas dividido para fazer os trabalhos em conjunto, já que nem sempre o professor permite nove alunos no mesmo time de trabalho. “Mesmo em grupos diferentes, cada um estuda a parte do outro e a gente troca conhecimentos. Assim até aprendemos mais”, pontua Romário.


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FOTOS: ALEX RIBEIRO

Amigos da escola Ulysses Guimarães: na escola, no cinema, nas praças ou na web, sempre juntos

CONTINUA...


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TEMPO DE APRENDER

... Enquanto isso no Deodoro

FOTOS: ALEX RIERIRO

Milhas e milhas para ficarem juntos Um dos principais fatores a estimular a maioria dos alunos a permanecer na escola é a relação com os amigos. É o que afirmam as psicólogas Renata Vale Assunção e Joelma Tose Oliosia, em pesquisa sobre amizades na escola. Segundo elas, isso pode ser notado na felicidade que eles sentem em estar juntos ou na satisfação de ficar após as aulas. Em uma tarde sem aula, forma-se uma roda de amigos que se reúne em torno da mesa do professor para jogar dominó na Escola Estadual Deodoro de Mendonça, em Nazaré. O grupo não é pequeno, e diferente da maioria, é formado por meninos e meninas, de idades e séries variadas. Eles têm de onze a 18 anos e estudam entre a 5º série e o 2º ano do Ensino Médio. A turma convive mais tempo na escola do que com suas próprias famílias. O colégio fica localizado no

centro e os alunos vêm de lugares longínquos. Há quem more no bairro de Águas Lindas, Tenoné, Icoaraci e Aurá. Eles preferem encarar a distância a mudar de escola. Distância que não impede o comparecimento às aulas. O estudante Hélio Reis, 16, conta que por coincidência, encontrou um amigo próximo a um shopping na saída da cidade. “Ele saiu andando da escola e quando me viu perto do shopping perguntou se eu podia emprestar R$2 pra que pudesse pegar ônibus. Eu emprestei”. O amigo de Hélio estava só na metade do caminho, seu destino final era o bairro Júlia Sefer, onde mora em Ananindeua. Mesmo com as adversidades, eles respondem, em coro, que não pensam em trocar de escola. O grupo estuda no horário da tarde, mas é possível encontrar os garotos e garotas no

colégio ainda pela manhã. Eles participam do projeto ‘Mais Educação Segundo Tempo’. De acordo com eles, só para ficar mais tempo juntos. E o que eles tanto fazem juntos? “Jogamos futebol descalços na quadra ao meio dia. Também jogamos vôlei e dominó e apanhamos manga. No projeto temos oficinas de dança e aulas de reforço”, listam. Com a greve dos professores de 2011 os encontros ficaram mais raros. Mesmo assim, eles continuaram se comunicando, seja por telefone ou pela internet. “Sentimos muita falta um do outro. Como moramos muito longe ficava complicado fazer visitas. Neste momento as mensagens ilimitadas salvam tudo”, diz a estudante Hewerlen Souza, 16. A troca de mensagens é algo compulsório para eles. “Às vezes na madruga chega uma mensagem engraçada” afirma Hewerlen.

“Sentimos muita falta um do outro [na greve dos professores] . Moramos muito longe e ficava complicado fazer visitas. As mensagens ilimitadas salvam tudo” Hewerlen Souza

A turma é muito grande, capaz de formar dois times de futebol, com direito a reservas. Eles praticam esporte antes e depois das aulas. Ao encerrar o horário escolar, continuam conversando, brincando e rindo até às 20h, quando retornam as casas e aguardam ansiosos mais um dia de aula.


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Quase irmãs, feito amigas siamesas... Foi em uma turma composta só por novatos que Larissa Brito, 18, e Cássia Pereira,17, se conheceram. Era o primeiro dia de aula da 8ª série. A impressão inicial não foi das melhores. Uma foi taxada de patricinha. A outra, considerada CDF. Porém, nesse mesmo dia as duas começaram a andar juntas. Ainda no último ano do ensino fundamental, surgiu o apelido “gêmeas”, dado por um professor que as confundiu como irmãs. O apelido pegou tanto que os pais de Lary só chamam a amiga da filha de Gêmea. O termo foi estampado em um presente recebido por Larissa, com os

dizeres: ”Minha melhor, minha gêmea”. “Morro de ciúmes dessa almofada. Tanto que ela fica protegida por um plástico”, diz. “Se ela pudesse, colocaria formol para conservar”, entrega a amiga. No Ensino Médio Cássia teve que pedir para trocar de sala para poder estudarem juntas. E mesmo hoje não estudando mais lado a lado, as duas não se largam. “No final do ano foi um drama. Pensamos que não íamos mais nos ver, que íamos nos afastar. Doce ilusão”, brinca Cássia. “O meu irmão diz que nós somos piores do que gêmeas siamesas”, completa. Seja no Natal ou no Círio, elas estão

unidas. “A família dela vai lá pra casa”, diz Cássia. “A avó da Gêmea me chama de neta”, diz Lary que completa afirmando ser a neta preferida. “Segunda neta preferida”, intervém Cássia. Uma tem escova de dente na casa da outra. A família delas faz questão de sempre levar as duas nos passeios familiares. “Fomos juntas pra Salinas, Marudá, Algodoal e São Luís”, lista a universitária Larissa Brito. As meninas têm tatuagens com as iniciais dos pais. “Fizemos no mesmo lugar e na mesma semana”, conta Lary. No pulso de Cássia, as inicias C e L, de Cássio e Liliane, são confundidas com

as inicias dos nomes delas. “Todo mundo avacalha dizendo que é Cássia e Lary. Ah, não é pra tanto, né?”, diverte-se.

“O meu irmão diz que nós somos piores do que gêmeas siamesas” Cássia Pereira

FOTOS: CEZAR MAGALHÃES


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CULT

TRIBOS

JUVENIS Nas praças, igrejas ou salas de estar, elas ainda moldam você e o mundo, mas estão cada vez mais híbridas ERALDO PAULINO

P

ara uns a juventude é uma etapa da vida, uma criação simbólica de comportamentos e atitudes, uma fase de transição. Para outros, remete a guerrilheiros da década de 60 a lutar contra a ditadura, ou a caras pintadas na campanha “Fora Collor”, ou simplesmente uma banda numa propaganda de celular. O fato é que existe uma tendência geral para enquadrar os jovens em moldes. Mas a juventude não está “nem vendo”, e, normalmente reunida em tribos, experimenta e transforma o presente da forma como acha mais interessante. Como uma espécie de “sacramento da novidade”, nos grupos e subgrupos espalhados em Belém, a juventude vem vivenciando experiências trazidas do passado e fazendo o novo sob olhares de desconfiança, reprovação e até mesmo de admiração por parte dos adultos. “Eles às vezes esquecem que um dia foram jovens e que nós temos diversas maneiras de manifestar

opiniões, de viver a vida”, afirma o estudante Demmes Almeida, de 22. Viver sob a pressão de escolher a carreira certa, de ter as amizades certas, de namorar da maneira certa, e até de ser revolucionário o tempo todo, é algo que também contribui para que os adolescentes busquem a compreensão que algumas vezes não recebem de outros jovens. “O ideário presente na sociedade é que o jovem é futuro. Querem sempre que façamos o mundo de forma diferente, mas esquecem de perguntar o que queremos de fato fazer, não para o futuro, mas para o aqui e agora”, lamenta o estudante Leon Patrick, 20. Então nos grupos, nas trupes, nos crios (subgrupos de B.Boys), enfim, nas mais diversas tribos juvenis os jovens vão agindo, interagindo, se encontrando e encontrando coisas e gente com quem tem afinidade. A moçada vai derrubando rótulos, experimentando tudo o que consegue, transformando naturalmente tudo o que toca. TRIBOS HÍBRIDAS

Entretanto, fica cada vez mais complicado rotular a juventude: o punk é coroinha na missa, o skatista joga RPG, a bailarina joga futebol e por aí vai. “Eu gosto de jogar bola, dormir, militar no movimento estudantil, beijar

na boca, ouvir música, ter dinheiro, viajar, sei lá..., gosto de muita coisa”, se empolga a estudante Cristiane Oliveira, 23. A Cris participa da Pastoral da Juventude e também é coordenadora do Centro Acadêmico do curso de letras da UFPA, é da turma da capoeira, e, além disso, ajuda a organizar campeonatos de futebol feminino. Típico da geração que abraça o mundo aos cliques. Por mais que haja um trânsito cada vez maior de pessoas de diferentes classes sociais pelos grupos, ainda é possível ver certa demarcação social entre eles. As tribos são os sintomas mais interessantes para quem quer entender como pensam e como agem as diversas juventudes.

Virando o mun ponta a cabeça do break para inv ordem que cerca de periferia


ndo de a: passos verter a os jovens

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ES IGU DR O OR LS CE

CHAT COM ALESSANDRA MIRANDA DE SOUZA ESPECIALISTA EM JUVENTUDE

B. Boys e B. Girls A noite e a arquitetura neoclássica do Mercado de São Brás são o cenário. De repente tudo começa a girar de cabeça para baixo. A charmosa caixa d’água enfeita de luz azul e pichações; os veículos na avenida José Bonifácio; a estátua de Magalhães Barata; pessoas bebendo no bar; meninos e meninas vestidos com calças largas. Provavelmente essa é a perspectiva do estudante Rogério da Silva, 17, ao girar apoiado apenas sobre a própria cabeça, num típico passo de break, chamado “head spin”. A dança nasceu nos Estados Unidos há 25 anos é uma espécie de conexão entre os subúrbios ocidentais. Em Belém, a praça Floriano Peixoto abriga dançarinos que manifestam através da arte o desejo de superar as dificuldades encontradas nas periferias de onde vem, especialmente Guamá, Terra Firme e Jurunas. São os B.Boys e as B.Girls – garotos e garotas do break. “No tempo que a gente passa aqui deixamos de estar a mercê da criminalidade”, avalia Rogério. O grupo se reúne no local diariamente, de segunda a sábado e mesmo tendo autorização da prefeitura, sentem-se apreensivos de estarem ali, por conta do perigo. “A gente costuma chegar as 19h e sair 23h. Não temos proteção policial, as vezes as luzes falham e passam muito tempo sem consertar”, denuncia o jovem artista, referência local no estilo “triks”. Segundo ele, parece que a

polícia está no local para averiguar se estão com drogas, e não, para protegê-los. Há dois anos sendo uma das poucas B.Girls, a estudante Mayara Silva, 17, explica que eles não possuem um líder. Ali todos são tratados da mesma forma. Existe uma subdivisão entre eles, uma espécie de equipe chamada de “crios”, que serve para que um cuide do outro. Uns três ou quatro crios ensaiam na praça com a finalidade de participar de campeonatos promovidos pelos próprios B.Boys. “Nós mesmos produzimos panfletos, pregamos em locais estratégicos e realizamos os torneios”, comenta. Segundo a rapaziada, muita gente ainda não consegue ver o movimento como uma expressão artística, o que dificulta conseguir apoio para torneios que ocorrem em outros estados. A noite e a vida seguem, assim como os carros, ônibus e transeuntes a percorrer a avenida José Bonifácio rumo as avenidas Almirante Barroso ou a José Malcher. Muitos olham e poucos os veem como de fato são.

“No tempo que a gen gente passa aqui dei deixamos de estar am mercê da cri criminalidade” Rogério da Silva

Eraldo Paulino diz: Eaí, mulher Alessandra Miranda de Souza diz: Oi!!! E ai? Eraldo Paulino diz: Posso te fazer umas perguntas sobre tribos juvenis? Alessandra Miranda de Souza diz: Claro q sim! Eraldo Paulino diz: \o/ Eu queria saber de ti o que leva a juventude a se juntar nessas tribos ? Alessandra Miranda de Souza diz: Na adolescência a referência de grupo é a família, mas isso começa a não responder mais às necessidades e expectativas deles. Então procuram outros agrupamentos com os quais se identificam. Eraldo Paulino diz: Isso interfere na personalidade deles? Alessandra Miranda diz: Na relação com o grupo, visão de mundo, ideologias... os jovens querem constituir um olhar sobre as coisas, seja ele qual for. Querem emitir pensamentos. Caso identificam-se com algo desses grupos, então as escolhas serão direcionadas para as perspectivas do grupo. Eraldo Paulino diz: Eles entram nesses grupos para transgredir? Alessandra Miranda diz: Se vc pergunta se é transgressão para eles, irão dizer que não é isso. Mas para os adultos é transgressão, pq são ações ou pensamentos diferentes dos que os adultos emitem. É importante perguntar sempre: eles transgridem quem? Eles mesmos, os adultos? Faz parte, pq pressupõe mudança do estabelecido pelos adultos. Eraldo Paulino diz: Obrigado, querida. Ajudou muuuuito! Alessandra Miranda diz: Por nada. Vamos nos falando ok? Bjsssssss!

CONTINUA...


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CULT

STEPHANIE FERNANDES/ DIVULGAÇÃO

LILIAN CAMPELO/ DIVULGAÇÃO

RPG + rave Do coração para as mãos. As mãos comandam a digitalização de sons. O som eletrônico pulsa na pista e nos corações de muitos jovens que curtem a “liga” da rave, que são, “tipo assim”, festas realizadas normalmente em sítios com instrumentos tocados por bytes e megabytes e regidos por um HD, ao comando de um DJ. Celebrações juvenis que carregam o estigma de festival das drogas. Muitos comparam esses eventos com Woodstock (célebre encontro musical realizado na década de 1960), festivais que provavelmente habitam as prateleiras de pais, que “na maior cara de pau” barram os filhos para esse tipo de evento. Contudo, ao contrário do que reza o senso comum, “dizer que todo

mundo que frequenta usa drogas é uma deturpação de conceitos, uma vez que há, sim, quem use drogas, mas há muita gente, como eu, que não”, conta a estudante Monique Martins, 20. “O som acende os teus sentidos, o ambiente, na maioria das vezes, bucólico, as companhias extraordinárias, tudo isso colabora para o teu crescimento”. Muito do que ela é hoje, segundo ela mesma, se deve ao que vivenciou na cena da música eletrônica. Para ela, as vozes que achincalham essas festas são dos que enxergam as coisas de fora. Como hippies modernos, a tribo das raves vai habitar os sítios, mas sabe que depois dali, qualquer caminho a seguir será de volta pra casa.

RPG

Ele cavalga um cavalo alado num dia, no outro se defende de um dragão desferindo magias, ou simplesmente se teletransporta para longe do perigo. Não é um sonho. Não é filme ou videogame. O estudante Danyllo Pena, de 21 anos, faz tudo isso e muito mais quando joga Role Playng Game, ou simplesmente RPG de mesa. Para jogar, um narrador cria mundos e estabelece regras. Formam personagens com características físicas e psicológicas definidas, e daí em diante, a medida de imaginar é imaginar sem medida, com criatividade máxima permitida. “As histórias nunca têm fim, porque criamos outras realidades, e essas realidades não acabam quando encerramos uma

aventura”, define o estudante. Membro de outro grupo, que sempre participa das sessões mensais promovidas pelo RPG Pará, na livraria Saraiva, o estudante Raoni Aguiar, 21, reclama do preconceito contra os praticantes. “Muita gente tem a ideia de que quem joga mata pessoas”, protesta. Alheios a isso, das mais variadas formas, entre mapas e dados, a garotada continua inventando e desbravando mundos diferentes do real, mas sempre mais divertidos.

CONTINUA NA WEB BLOG RPG PARÁ http://rpgpara.blogspot.com/


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Pastoral + militância

mais necessitam de nossa ação evangélica”, esclarece Edu. MILITÂNCIA ESTUDANTIL

EVERALDO NASCIMENTO

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo eles buscam a Civilização do Amor, ou seja, a implantação do Reino de Deus aqui, para merecerem vivê-lo no céu. A Pastoral da Juventude, ou PJ, como é mais conhecida entre os jovens militantes, é uma experiência de fé que bebe na fonte sagrada da Ação Católica da década de 1960, que por seu caráter combativo foi desmantelada pela ditadura. Os jovens da PJ “buscam encontrar outros que se identifiquem ou vivam com uma proposta eclesial e social, onde a vivência da espiritualidade é inclusiva e libertadora, de linguagem acessível”, afirma o coordenador arquidiocesano Eduardo

Soares, 25. “Na verdade, eu não escolhi. Me encontrei PJ quando comecei a me identificar com um espaço acolhedor que valorizou minha juventude”. Segundo o cordenador, a PJ é a maior organização em rede organizada por jovens em todo o Brasil. São mais de 100.000 grupos espalhados por todas as regiões. “A PJ historicamente tem uma proposta de formação que leva em consideração o processo de amadurecimento do jovem. É a organização eclesial juvenil que mais se envolve nas questões dos direitos sociais, por entender que são espaços que

Alguns anos antes de 2011 se ouvia que a juventude perdera o caráter de reivindicação presente nas gerações dos anos 1960 aos 1990. Mas, na Primavera Árabe, no Verão Europeu, na insurgência estudantil chilena, no “Occupy Wall Street”, percebe-se que os jovens continuam recusando modelos ideológicos prémoldados. Há quem considere o ano passado mais efervescente, do ponto de vista das reivindicações, que o emblemático 1968 – ano que até hoje não terminou para muitos. Segundo Leonardo Reis, 19, membro do coletivo estudantil Contraponto, os “Na verdade, eu não escolhi, estudantes brasileiros precisam inspirar-se eu me encontrei PJ quando nas experiências comecei a me identificar emanadas do exterior para com um espaço acolhedor e romper com velhos que valorizou a minha paradigmas. “Hoje a juventude” UNE [União Nacional Eduardo Soares dos Estudantes] é mais uma ferramenta do

Estado, e não representa os estudantes.”, analisa. “Nós [da oposição de esquerda da UNE] temos um lema: dentro ou fora da ordem, sempre contra a ordem”, aponta Leonardo. Para ele, a maioria das grandes manifestações espalhadas pelo mundo ano passado não tiveram um caráter ideológico. O desafio da atual militância é convencer corações e mentes que o marxismo não é coisa do passado, a leitura descontextualizada dele sim.

PRIMAVERA ÁRABE Movimento por democracia que iniciou na Tunísia e se espalhou por diversos países árabes; VERÃO EUROPEU Milhares foram às ruas de Grécia, Espanha e outros países, se opor à crise econômica na Europa. OCCUPY WALL STREET Multidões ocpuaram o símbolo financeiro de Nova York contra a crise no mercado financeiro.

SARA PORTAL/ DIVULGAÇÃO

Coletivo Contraponto: estudantes engajados


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TRAMPO

FOTOS: MARCO SANTOS

JOVEM APRENDIZ O primeiro passo para uma carreira pode vir bem mais cedo. Mas e você, está pronto para encarar essa? LAIS AZEVEDO

A

experiência do primeiro emprego ganhou uma nova cara. Hoje, os jovens e adolescentes podem optar por iniciar suas carreiras bem mais cedo – através dos programas de aprendizagem. E ao contrário de alguns anos atrás, para ser um jovem aprendiz, há vários

caminhos. “Entrei com 15 anos. Na época, era apenas para filhos de funcionários, e foi minha mãe quem me inscreveu. Quando eu soube que fui selecionado, aceitei”, explica Lucas Martins, agora com 21 anos e sendo funcionário efetivo. Com Irilene Batista, 18, a história foi um pouco diferente. “Comecei a trabalhar desde os 15 anos – vendia cartão de desconto, plano de saúde... E deixei

currículo no [escritório] central da empresa. O que eu queria era mesmo ser menor aprendiz”, conta a jovem. Para ser um aprendiz, também é preciso estar matriculado na escola regular ou na universidade. A faixa etária é bem abrangente, inclui jovens entre 14 e 24 anos, que, além da experiência de trabalho, passam a receber formação em cursos técnicos pagos pela própria

empresa onde foram selecionados. “Eu fiz um curso preparatório com vários módulos, e a escola onde eu fazia é que encaminhava a gente para entrevistas. E depois que você entra na empresa, ela paga outro curso pra você”, confirma Sérgio Ferreira, 17 anos, menor aprendiz. As áreas abrangidas por estes cursos são no setor de vendas, administração,


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comércio e serviços, além de ter módulos ligados à informática. As atividades são de meio período, alternando-se os dias de trabalho com os do curso, sendo exigido do aprendiz frequência e bom desenvolvimento em ambos. “Às vezes fica muito corrido nos dias que tenho aula do curso [profissionalizante], nem dá pra ir em casa por causa da distância. Mas é bom porque a gente aprende muita coisa interessante”, garante Jaqueline Silveira, 19 anos, jovem aprendiz em uma rede de farmácias. Sendo uma lei federal,o programa para jovens aprendizes já é realizado em muitas empresas,dando a oportunidade de atuar em vários ramos da indústria e comércio, passando pelos mais variados setores.

“O bom de ter sido aprendiz é que isso mostra como eu me saí bem. Isso pesa para crescer dentro da empresa e conseguir emprego em outra”. Lucas Martins

“Antes eu trabalhava no setor de RH [Recursos Humanos] da empresa, como auxiliar de pessoal. Estou há um ano no emprego e gostei de exercer a atividade porque tinha a ver com o meu perfil. Agora estou no departamento de transporte e ajudo na parte logística”, exemplifica Sérgio, aprendiz em uma grande empresa de comunicação. Outra evolução do programa é que os contratos podem durar de um a dois anos, e em muitos casos, o aprendiz é convidado a ser funcionário efetivo da empresa ao tornar-se maior de idade ou concluir o curso universitário, dando prosseguimento a uma carreira que tem tudo para dar certo.

E quando acaba? Muitas vezes você se encontra logo no primeiro emprego, outras, você ganha experiência para seguir por novos caminhos e encontrar aquilo que realmente procura - como no caso de Lucas Martins. Ele começou a atuar no grupo em que trabalha como menor aprendiz, e, aos 19 anos voltou a trabalhar na empresa, desta vez, como efetivo. “Deixei currículo e fui para a entrevista com a psicóloga, falei que queria voltar para a empresa. Não demorou muito e me chamaram. A vaga foi em ‘Movimentação’ – para fazer troca de preço. Logo depois, fui promovido a atendente”, conta. Agora, concluindo a faculdade, Lucas afirma que quer seguir um novo caminho. “Estou como efetivo há dois anos e três meses e já estou querendo

dar um finish, quero ir para algo melhor. Estou terminando a faculdade [de marketing] – relação com o trabalho até tem, mas não escolhi o curso para ficar aqui”, afirma. O que não acontece com Irilene Batista, que atualmente é operadora de computador e trabalha no Centro de Processamento de Dados (CDP) da empresa que a contratou como menor aprendiz. “Fui chamada para ser menor aprendiz. Na entrevista com a psicóloga ela até disse pra mim: ‘Já sei qual vai ser o teu cargo lá’. Sempre gostei de trabalhar com informática. Quando comecei, eu tinha 16 anos e agora que completei 18, pedi o rompimento do contrato como aprendiz para ser contratada como funcionária”, assinala Irilene.

PORQUE SIM!

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Você terá seu primeiro emprego conciliado a um curso profissionalizante, tendo o apoio da empresa onde trabalha; Começa desde cedo a pensar o que quer e a adquirir experiência; Aprende a ser responsável e a interagir com os colegas de trabalho, o que irá ajudá-lo em qualquer carreira que seguir; Terá seu próprio dinheiro para um cinema e aquele livro ou CD novo, além de ter a oportunidade de aprender a administrar tudo o que ganha.

E mesmo para aqueles que seguem para novos ares, a bagagem vai cheia de experiência e conhecimento. “O bom de ter sido aprendiz é porque mostra que eu me saí bem. Isso pesa bastante para crescer dentro da empresa e para conseguir emprego em outra. E depois de ser aprendiz, eu fiquei mais responsável – coisa que eu não era. Antes de trabalhar, eu não me preocupava com nada”, conclui Lucas, que assim como muitos, ainda pode ver render bons frutos dessa experiência. Trabalhar na adolescência tem seus prós e contras. Conheça no quadro abaixo as vantagens e desvantagens do programa de menor aprendiz sob a perspectiva dos jovens que atuam ou já atuaram na função.

PORQUE NÃO!

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É preciso que você tenha certeza de que quer assumir esse compromisso. Se você não conseguir levar a sério, pode ser visto na empresa como alguém imaturo e irresponsável, perdendo uma chance futura de trabalhar ali; Se você já tem dificuldades na escola, e não tem intenções de melhorar, pode se enrolar ainda mais. Ser aprendiz vai ocupar quatro horas do seu dia. Sem organização, você pode ter perdas nos dois; Alguns jovens recaem no erro de achar que ter um emprego é o suficiente, deixam os estudos de lado, como se eles não tivessem um papel importante na construção de uma carreira.

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CORRA ATRÁS Alguns lugares onde você pode se informar: SENAC Avenida Serzedelo Corrêa, 279. Fone: 4009.6805 / 4009.6806 CIEE Rua dos Mundurucus, 2710. Fone: 3202.1456 IEL Travessa Quintino, 1588. Fone: 3222.3022

CASS O


Diário do Pará TERÇA-FEIRA BELÉM-PA, 06/03/2012

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(DES)COMPORTAMENTO

QUASE

VIRGENS Eles já experimentaram de tudo no sexo, menos... entenda porque muitos de nós ficamos só no quase CECÍLIA SILVA AMORIM

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urante toda a história da humanidade existiram apenas duas denominaçõesparadefinir o início da vida sexual. Ou a pessoa era virgem, ou não era. Há alguns anos surgiu outra classificação, a “quase virgem”, que já foi tema até de filme (“Quase virgem”, comédia, 2005). Mas o que será um quase virgem? Ninguém melhor para responder esta pergunta do que os criadores do novo termo, os adolescentes. Ser um quase virgem quer dizer que você já teve alguma experiência sexual, mas ainda não foi até o fim. “É quando uma garota já teve coragem de fazer quase tudo com o namorado, mas não chegou aos finalmentes”, conceitua a estudante Larissa Maia, 16. Há quem discorde, como o estudante Fabrício Silva, 15. ”Acho que ou a pessoa é virgem, ou não é. Não existe essa de ‘quase’”, acredita. Ainda tem quem confirme a existência e traça até o perfil dos adeptos. “Ser quase virgem acontece mais com as meninas, pois elas historicamente são mais tímidas”, afirma Neto Albuquerque, 17. Os motivos de ficar no “quase” são diferentes para cada pessoa. Algumas garotas optam por esperar o cara certo, o momento perfeito ou até mesmo, a permissão da família para dar este passo importante. A maioria quer que a primeira vez seja lembrada com carinho. Afinal, o início da atividade sexual marca a vida da maioria das pessoas, principalmente das meninas. Segundo a psicóloga Dayse Rhealle, este termo faz parte da nova realidade

sexual que a sociedade vive. O jovem se sente pressionado pelos amigos a ter uma iniciação sexual cada vez mais cedo. “Muitos deles ainda não estão preparados para isso. Possuem medos e inseguranças quanto ao sexo, ou querem esperar o momento que considere ideal. Mas, a pressão que sentem para começar a atividade sexual o quanto antes, faz com que eles tenham vergonha de se identificar como virgem, aquele que nunca fez sexo. Com isto cria-se a nova denominação o ‘quase’ virgem’, que para eles é a pessoa que possui alguma experiência só ainda não foi até o fim no ato”, afirma a psicóloga. Os medos - que envolvem desde a decepção ou até o pânico que os pais fiquem sabendo - levam muitos adolescentes a ficar no ‘quase’. “Temo fazer sexo e depois a minha mãe descobrir. Ela sempre me leva ao ginecologista. Imagina se em uma dessas ele diz pra ela que não tenho mais nada ali. Já faz um

ano que fico no ‘quase’”, revela Marieta Souza (nome fictício), 17 . Ela vai aguardar até fazer 18 anos pela primeira vez. “Assim minha mãe não vai brigar. Falta pouco tempo”, conta ansiosa. Marieta fala que dos namorados que teve, alguns ficaram chateados por ela não querer chegar lá. “Namorei quase dois anos com um menino e ele respeitava a minha decisão. Muitas vezes quase fazíamos, mas eu parava. As minhas amigas me zoam por eu ser uma quase virgem” afirma a jovem. A escolha do momento certo para se ter a primeira experiência deve ser tomada com cuidado, e ninguém deve interferir nas decisões dos outros. É preciso respeitar as escolhas. Sexualidade é complexa e simples ao mesmo tempo. Deve ser praticada com segurança e com a certeza de que é o momento certo. Nunca tome decisões por que os amigos dizem que é legal, nem aja sob pressão.

Cabritas presas, bodes soltos Se a virgindade é considerada hoje por muitos jovens um motivo de vergonha, nem sempre foi assim. No passado, era considerada a virtude de uma moça. Sem o “selo de qualidade” dificilmente casaria - e até poderia ser abandonada pela

própria família, por vergonha. Com os homens era diferente. Os paiscuidavamdaprimeiraexperiência sexual dos filhos - geralmente entre os 12 e 13 anos, com prostitutas. Veja como a virgindade é tratada hoje em outros locais do globo: ZIMBABUE ÁFRICA DO SUL O atestado de virgindade é pedido como prevenção do vírus HIV; ÍNDIA Mulheres são obrigadas a fazer o teste de virgindade para poder casar; EUA Estudante colocou sua virgindade a leilão. Até agora, já conseguiu lance de US$ 3,8 milhões


Diário do Pará

Diário Jovem

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TERÇA-FEIRA BELÉM-PA, 06/03/2012

FOTOS: VAM GONÇALVES/DIVULGAÇÃO

Os medos que envolvem desde a decepção ou até o pânico que os pais fiquem sabendo levam muitos adolescentes a ficar no ‘quase’.

Os estudantes Vitória Magno e Diogo Pires, em ensaio especial para o Diário Jovem


Diário Pará Diário do do Pará

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ESTILO

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LOLITAS

TERÇA-FEIRA TERÇA FEIRA TERÇA-FEIRA BELÉM-PA, BELÉMM--PA, PA BELÉM-PA, 06/03/2012 06 0 6/0 03 3/2 201 20 0112 0 06/03/2012

Elas expressam seus us sentimentos através vés das roupas retrô, criando do tendências

ÇÃO ULGA / DIV RGES IO BO INÁC

É um escapismo pismo para um universo rso em que se busca uma visão mais romântica ântica da vida. Um resgate esgate ao culto do belo. elo. Saori Tanno ANTONIO GIORDANO

B

abados, referência histórica, leitura e cultura são acessórios indispensáveis para uma lolita. Esqueçam a conotação sensual herdada de romances e perpetuada no fetiche masculino, a figura nada inocente da “menina-moça”, sexy e infantil ao mesmo tempo. As lolitas em questão são exatamente o oposto. Procuram expressar feminilidade e romantismo através das roupas. Ver uma lolita é ser conduzido visualmente por uma viagem atemporal, onde a elegância e bom gosto são imprescindíveis. “Acredito que a moda lolita seja uma busca pela beleza e feminilidade perdidas há algum tempo”, afirma Saori Tanno, 20. Formada em moda, ela é lolita há seis anos. “É um

escapismo para um universo em que se busca uma visão mais romântica da vida. Um resgate ao culto do belo. A mulher anseia transmitir seus valores e suas paixões pelo retrô e pelo vintage, através das roupas”, completa. Para ela, ser uma lolita não é imitar ou criar um personagem, e sim vestir-se dentro do estilo, preservando a personalidade e individualidade. Este estilo surgiu no Japão entre o final dos anos 70 e início dos anos 80. Depois espalhou-se pelo mundo, mantendo ainda suas principais características. Segundo a professora de design de moda e mestranda em artes Graziela Ribeiro, a moda lolita pode ser propagada facilmente pelas redes virtuais. “As lolitas, assim como o japonismo e outros movimentos, estão inseridas no comportamento do individuo contemporâneo, na medida em que é reflexo do mundo globalizado, onde as

fronteiras de espaço e tempo se atenuam e as informações transitam de forma igual para todos”, conceitua Graziela. SUSTO!

Já para a acadêmica em enfermagem, Daniella Bizigatth, 25, que levou um susto ao se dar conta que já é ‘adepta’ do estilo há nove anos, ser lolita é ter personalidade e autoconfiança para olhar para dentro de si mesma, se aceitar e ser feliz. “É como ser a donzela de seu próprio conto e não ter vergonha de se sentir bonita, nem de realizar os seus sonhos”, conclui. Em Belém, embora o cenário lolita ainda seja modesto, Daniella afirma que não deixa nada a desejar em relação aos grupos de outras regiões, como os do centro-sul, por exemplo. Portanto, não se surpreenda ao entrar em uma doceria e pensar por alguns segundos ter sido tele

transportado e levado direto para algum anime, jogo de RPG ou até mesmo para um filme de época. Provavelmente você só estará vendo um encontro ou “meetings” - reuniões realizadas para os adeptos do estilo. O grupo Lolitas Belém, composto por cerca de oito meninas, já existe há três anos e está sempre aberto a novos membros. É possível também conversar com lolitas do mundo todo através de comunidades e fóruns na internet. No grupo do Facebook “Moda Lolita BelémPA” você poderá interagir com as “lolis” da capital paraense - e, quem sabe participar do próximo encontro. Para isso, basta “costurar as franjas nas bordas de seu coração e pôr uma coroa no topo de sua alma”, ensina a lolita Daniella.


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