1
2
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO CCT- CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS ARQUITETURA E URBANISMO
DANIELA DE OLIVEIRA BACELAR
MERCADO GASTRONÔMICO DE BOA VIAGEMTIME OUT MARKET RECIFE UM ELEMENTO REQUALIFICADOR DO ESPAÇO URBANO
Recife 2019 3
4
DANIELA DE OLIVEIRA BACELAR
MERCADO GASTRONÔMICO DE BOA VIAGEMTIME OUT MARKET RECIFE UM ELEMENTO REQUALIFICADOR DO ESPAÇO URBANO
Trabalho Final de Graduação desenvolvido pela aluna Daniela de Oliveira Bacelar, orientado pelo professor Albérico Paes Barreto e apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pernambuco como requisito para obtenção do grau de Arquitetura e Urbanismo. Recife 2019
5
6
<
Figura 01: Mercado Público de Pybus FONTE: Pybus Market
“Eu acredito que boa arquitetura não é apenas forma, porque isso é escultura. Boa arquitetura é a interação entre forma e vida.”
Jan Gehl.
7
8
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO_________________________ 13 1.1. Narrativa 1.2. Justificativa 1.3. Objetivos 1.3.1. Objetivo geral 1.3.2. Objetivos específicos
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS___29 3. REFERENCIAL TEÓRICO________________ 31 4. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA`_____ 37 4.1. A origem e a contextualização dos mercados públicos 4.2. O surgimento dos mercados públicos no Brasil 4.2.1. A ascensão dos mercados públicos no Brasil decorrente da arquitetura em ferro.
5. CONCEITUAÇÃO TEMÁTICA____________51 5.1. A forma arquitetônica do varejo 5.2. O comportamento do setor varejista de gêneros alimentícios na atualidade. 5.2.1. Os supermercados e os Shopping Centers como opção no setor comercial de alimentos no Brasil 5.2.2. A crescente tendência da gastronomia 5.2.3. O processo de propagação dos mercados gastronômicos 5.2.3.1. Requalificação arquitetônica do mercado municipal- de São Paulo 5.2.3.2. O cenário dos mercados públicos do Recife na atualidade
9
6. ESTUDOS DE CASO____________________98 6.1. Mercado da Ribeira 6.2. Eataly São Paulo 6.3. Mercado de Santa Caterina 6.4. Markthal Rotterdam 7. O TERRITÓRIO________________________130 7.1. A escolha do bairro 7.2. O bairro de Boa Viagem 7.3. O terreno 7.4. Área de estudo 8. A PROPOSTA _________________________ 158 8.1. Diretrizes projetuais 8.2. O programa 9. O PROJETO___________________________164 9.1. Conceito 9.2. Zoneamento
9.2.1. Fluxograma do mercado 9.2.2. Faces do terreno 9.2.3. Orientação solar 9.2.4. Relação lote x volume
9.3. Partido estrutural 9.4. Memorial descritivo 9.5. O projeto 10.CONSIDERAÇÕES FINAIS_____________192 LISTA DE FIGURAS_______________________193 LISTA DE QUADROS______________________201 REFERÊNCIAS___________________________203
10
11
1.INTRODUÇÃO
12 12
Figura 02: Oleoginosas, Mercado Central Valencia. FONTE: Fotografia autoral, 2017
>
INTRODUÇÃO O comércio é um participante fundamental na formação do espaço urbano. Desde as antigas civilizações, este tem uma relação de interação com a cidade, uma vez que ambos são causa e efeito da mesma centralidade, que pressupõe o fluxo de pessoas e de mercadorias. Os mercados públicos, logo, assumem funções primordiais no impulsionamento da urbanidade nas cidades, uma vez que o comércio tem o poder de deliberar, de certo modo, a forma e o funcionamento das cidades. Eles são equipamentos democráticos, um espaço onde se misturam as relações sociais, culturais, econômicas e religiosas em um mesmo ambiente. Dessa forma, entende-se que em um Mercado Público não se desenvolvem apenas troca de mercadorias, mas sim troca de relações, experiências e sensações, tornando este ambiente em um espaço de alto caráter social. Assim, como defende a autora Heliana Comin Vargas, no seu livro Espaço Terciário, um mercado é um espaço público por excelência, e dessa forma, deve ser acessível a todos. No entanto, devido, principalmente, ao processo de desenvolvimento social, tecnológico e econômico, mudanças ocorreram 13 13
no modo de vida da sociedade, o que fez com que novas formas de comércio fossem surgindo ao longo das décadas, como o comércio baseado no autosserviço e o comércio descentralizado e posicionado em inúmeros pontos pelas cidades. Este fato se reflete na vitalidade dos Mercados Públicos tradicionais, os quais vão perdendo a sua força e o seu protagonismo. Com a carência de uma certa urbanidade em algumas cidades modernas, a escolha do tema abrange a necessidade de buscar espaços públicos mais saudáveis por meio de um equipamento urbano que promova o convívio social e dessa forma alcançar o ideal das cidades paras pessoas. O equipamento urbano a ser proposto, então, tem como base o entendimento e a lógica dos Mercados Públicos e ao mesmo tempo traz a relação da sociedade com as demandas da atualidade. Assim, o projeto tem como base a criação de uma integração da cultura dos antigos mercados com a cultura atual por meio do projeto de um Mercado Gastronômico no bairro de Boa Viagem, um bairro nobre, extenso, populoso, litorâneo, e de certa forma, recente, quando comparado com os demais bairros da cidade do Recife. Esse bairro, no entanto, excetuando a praia, tem poucas opções de espaços públicos. Um Mercado Gastronômico, tem como fundamentação a busca pelo resgate à cultura do equipamento urbano que possua uma relação muito próxima com a cidade e que seja palco para garantir uma interação social entre as pessoas, ou seja, a relação que existia com os Mercados Públicos há tempos atrás. Ao mesmo tempo, este Mercado Gastronômico busca trazer a relação da demanda quando se refere ao comércio de alimentos da sociedade atual, o qual se configura em buscar praticidade e funcionalidade. Assim, o presente estudo, busca incluir essas demandas da sociedade por meio da sua logística de apresentar opções de locais de produção e consumo de alimentos e dessa maneira, se caracterizam como espaços de transformação, de turismo e de entretenimento. Esse novo conceito de Mercado, portanto, une o fator de propiciar um espaço de convívio que busque se relacionar com a cidade, conjuntamente com o fator de atender as demandas da população quando se refere a buscar alternativas para realizar suas compras e suas refeições. Logo, é um conceito comum em diversas cidades do mundo, as quais prezam pela integração do espaço urbano com o espaço construído e defendem, também, a inclusão desse tipo de equipamento no cotidiano da sociedade. 14
15
1.1.
NARRATIVA
16
O mercado público, é um lugar que, para a realização de troca, faz-se necessário o encontro, e desse encontro não se trocará apenas mercadorias, mas também ideias, palavras, experiências e vivências. Um lugar sobretudo humano, em que o relacionamento entre as pessoas ultrapassa suas diferenças sociais, culturais e religiosas, fazendo com que as distinções passem despercebidas. O mercado público se caracteriza como um participante fundamental na formação do espaço urbano. Desde o surgimento das primeiras civilizações, o comércio tem uma relação de simbiose com a cidade, uma vez que para a realização dele faz-se necessário o encontro de fluxos, bens materiais, mercadorias, homens e de ideias em determinado espaço físico, o qual segundo a autora Vargas (2001) recebe a denominação de mercado. De acordo com as formas e funções predominantes Vargas (2001) classifica, também, a história do varejo, tendo a sua primeira etapa nas antigas civilizações através do Bazaar (no oriente médio), da Ágora (na Grécia), dos Fóruns (na Itália), das feiras e dos mercados referentes. Um ponto em comum entre estes era que todos tinham destaque em relação a sua posição geográfica no espaço urbano, eles eram posicionados nos espaços mais centrais das cidades. Palco para diversas manifestações socioculturais, os mercados públicos, assumem, assim, um papel significativo no que se refere a impulsionar a urbanidade nas cidades, uma vez que era o local de distração e divertimento com papel não apenas na atividade econômica, mas principalmente na vida social, já que o varejo adota uma condição de troca com as atividades sociais (VARGAS, 2001, p.96). É, portanto, um equipamento democrático, um cenário onde se misturam, em um mesmo espaço, tradição, comércio e relações humanas. (Figura 03, 03 e 05) Figura 03: Mercado de São José final do século XIX. FONTE: Francisco Miranda
17
O mercado público, então, torna-se um equipamento de grande relevância para as cidades. Durante o início da Idade Média, por exemplo, diferente de como acontecia nas antigas civilizações, a atividade mercantil ficava localizada na periferia, nas muralhas das cidades, no entanto, com o crescimento demográfico e espacial delas e com a percepção da influência do mercado no cotidiano da população, este passa a ocupar um lugar central no tecido urbano. O que antes era apenas um espaço de abastecimento, passou a ser local de referência, de lazer, tanto que muitos incorporaram novas funções e papeis em meados aos séculos XIX e XX, adaptando às novas demandas. Assim, ao longo do tempo as transformações advindas da industrialização, do capitalismo e posteriormente da globalização demandaram mudanças no comportamento do comércio e do consumo. A cultura moderna foi capaz de introduzir o consumo em massa e a industrialização propiciou a produção de bens de consumo de uma maneira tão veloz que introduziu também novas necessidades. Desse modo, o espaço do terciário também sofre mutações: o grande magazine do início da modernidade se transforma na loja de departamentos que evoluiu para o Shopping Center e continua em mudança.
Figura 04: Mercado de Casa Amarela em meados de 1960. FONTE: Recife de antigamente
> 18
Figura 05: Mercado Público de Florianópolis em meados de 1910. FONTE: Unopar Virtual
O espaço urbano onde ocorre o comércio, então, se transformou, procurando atender às exigências colocadas pelas metamorfoses do modo de produção: o comércio urbano centralizado se pulveriza, as formas antigas cedem lugar aos novos usos e funções e se adaptam continuamente seguindo o movimento do tempo. Quando não acompanha esse movimento, o comércio se desloca, produz novas centralidades, abandona os sítios originais e provoca mais transformações no velho e no novo lugar. Logo, essa descentralização fez com que os mercados públicos perdessem uma grande parte do seu público e, por consequência, ficassem em segundo plano, perdendo sua representatividade para os supermercados (Figura 06), para as lojas de departamentos e as suas sessões de food hall, sessão onde a comida é vendida dentro dessas grandes lojas. Os shoppings centers também foram responsáveis por esse movimento de “perda da cultura” do mercado, uma vez que esses agrupam uma imensa variedade de opções de varejo e de alimentação como é o caso das praças de alimentação que vem tomando força frente a sociedade atual (Figura 07). Figura 06: Vista aérea de Hipermercado. Sua inserção no ambiente urbano é marcada pelo isolamento do estabelecimento do meio externo. Um grande pátio de estacionamento permite este distanciamento na maioria dos casos FONTE: Reprodução EPTV Figura 07: Shopping Rio Mar- Recife. Os shoppings centers em sua maioria não criam uma relação urbana com a cidade, perdendo então a relação entre a cidade e o edifício. FONTE: Divulgação JCPM
19
> >
>
Diante do estilo de vida desta sociedade, a busca pela praticidade é ponto chave. As pessoas deixam de comprar os insumos para preparar refeições nas suas casas e preferem comprar o alimento já pronto ou frequentar restaurantes e espaços voltados para a área da gastronomia rápida e fácil (Figura 08). Conforme dados do IBGE (2015), foi diagnosticado que o brasileiro gasta cerca de 25% da sua renda com alimentação fora do lar, ou seja, buscam pela forma mais rápida e prática de se alimentar. Por esse motivo, o mercado da gastronomia tem sido apontado como um mercado promissor para se investir no futuro. A facilidade ao acesso a esse ramo da gastronomia teve um aumento considerável e consequentemente houve um crescimento nos empreendimentos voltadas para esse público. Tal questão pode ser percebida através da pesquisa realizada pela associação de Bares e Restaurantes (ABRASEL), a qual estima que o setor represente hoje 2,7% do PIB brasileiro. Já a associação Brasileira das indústrias da alimentação (ABIA) destaca que o setor tem crescido a uma média anual de 14,2%. Isso, reafirma a posição que o mercado da gastronomia vem alcançando no cotidiano dos brasileiros (Figura 09).
Figura 08: Vista interior de um Hipermercado. Espaço físico prático, setorizado, organizado e higiênico. O autosserviço, embora cômodo, não produz relacionamento social. FONTE: Vivago
20
Diante desse cenário, é fundamental entender que o equipamento mercado público deve buscar a logíca da sociedade contemporânea para que não se transforme apenas em uma memória para cidade e para a sociedade.
Figura 09: O mercado da gastronomia em alta no pais. FONTE: Forbes. Disponível em: < https://forbes.uol.com.br/ negocios/2015/06/mesmo-com-crise-setor-de-alimentacao-continua-a-crescer-no-brasil/>. OPOVO online. Disponível em: < https://www.opovo.com.br/jornal/ economia/2017/12/bares-e-restaurantes-devem-crescer-4-5-no-brasil.html> Sebrae. Disponível em: < http://www. sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/bares-e-restaurantes-um-setor-em- expansao,1038d53342603410VgnVCM100000b272010aRCRD>
21
Figura 10: Mercado Santa Caterina – Barcelona. O mercado volta a ganhar o seu destque na cidade. FONTE:Disponível em <www.barcelona.com>
Figura 11: Mercado San Miguel– Madrid. Realação edifício e cidade. O mercado como parte integrante da cidade FONTE: Disponível em: <www.ttmadrid.com>
22
23
1.2.
JUSTIFICATIVA
24
A importância dos mercados públicos no processo de formação da cidade e da sociedade é notória. Os mercados fazem parte da cultura de cada sociedade e, portanto, são espaços onde as raízes populares e regionais são facilmente encontradas. A perda do protagonismo dos mercados públicos é um problema a ser enfrentado de uma forma geral. Quando se trata no âmbito da cidade do Recife, é perceptível que houve uma queda por essa procura aos mercados. Pode-se listar como uma das causas primordiais o surgimento dos grandes equipamentos urbanos ligados ao varejo, que ganham protagonismo frente aos mercados públicos tradicionais devido a sua praticidade, sua facilidade de acesso e seu discurso de segurança, uma vez que estão pulverizados por toda a cidade. Assim, o que vem acontecendo em boa parte dos mercados públicos espalhados pelo mundo é uma reinvenção, uma releitura, uma reinterpretação conceitual. Antes eram lugares de abastecimento de gêneros alimentícios, hoje eles vêm se transformando em lugares de encontro, polos de lazer e de turismo através de estratégias elaboradas para trazer à tona, novamente, o mercado como elemento significativo e atrativo na cidade (Figura 10 e 11- página anterior). Essas estratégias, por sua vez, buscam trazer aos mercados uma nova roupagem em termos de infraestrutura e novas propostas quanto à oferta de produtos e comida pronta, transformaram-se em novos e atrativos “points” de alimentação. Se tornam descontraídos e se transformam em sua maioria nos chamados mercados gourmets (Figura 12). Um modelo atual direcionado pelas novas necessidades de consumo da população e que se alinha ao crescimento da gastronomia como mercado empreendedor. Portanto, levantar esse tema é de grande relevância atualmente na cidade do Recife, hoje bastante carente destes equipamentos caracterizados por oferecer entretenimento em pontos estratégicos da cidade, e que busquem ofereçer uma relação de público/ privado e de espaço urbano/espaço construído. O presente estudo visa, então, devolver à cidade do Recife essa cultura de mercado, trazendo à tona uma releitura dele, por meio da proposta de um mercado gastronômico para o bairro de Boa Viagem integrando, assim, o bairro a esse equipamento arquitetônico.
<
Figura 12: Time Out Market, Lisboa, Portugal. Mercado gastronômico. FONTE: Autoral, 2019.
25
1.3. OBJETIVOS
OBJETIVO
GERAL
Propor um estudo arquitetônico de um mercado com ênfase na gastronomia, no bairro de Boa Viagem, de forma a se integrar com o espaço urbano. OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
1. Compreender como este equipamento tem papel fundamental na transformação do espaço urbano. 2. Propor um projeto arquitetônico que se adeque as necessidades do bairro e da sua população, ao mesmo tempo que se interligue com o entorno e garanta um espaço público satisfatório. 3. Entender mecanismo do equipamento mercado: forma, funcionamento e abastecimento. 4. Projetar um edifício com uma escala adequada, garantindo uma sensação de conforto e sendo esteticamente agradável.
Figura 13: As cores da feira. Disponível em: < https://www.tankjuice.co.nz/>.
26
<
27
28
2.
PROCEDIMENTOS
METODOLÃ&#x201C;GICOS
Para atingir os objetivos propostos, este projeto utiliza como base para o seu desenvolvimento as seguintes etapas de pesquisa: 1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Por meio desse procedimento pode-se apreender e confrontar os principais conceitos abordados por diversos autores, de forma que se realize uma reflexão crítica sobre os conteúdos estudados e um posicionamento teórico de diálogo com os autores referente a temática em questão. As bibliografias usadas para o desenvolvimento da pesquisa podem ser classificadas em duas etapas distintas: o estudo sobre o espaço urbano e o estudo sobre o espaço terciário referente ao contexto e as intervenções nos mercados públicos, estes formaram a base de conhecimento para as diretrizes do mercado gastronômico. 1.1. Acerca do estudo com base no espaço terciário destaca-se a bibliografia “Espaço Terciário – O lugar, a arquitetura e a imagem do comércio” de HELIANA COMIN VARGAS (2001). Também ganham relevância referente ao tema o autor OLIVEIRA JUNIOR (2006) e a autora NÓBREGA (2008) por tratarem de temas referentes a questão do comércio varejista e de mercados públicos no âmbito da cidade; 1.2. Acerca do estudo com base no espaço urbano destaca-se o autor DOUGLAS FARR com o tema “Urbanismo sustentáveldesenho urbano com a natureza”. 2. ESTUDOS DE CASO 2.1. Análise crítica a partir de projetos de referência em diversas cidades. 3. ESTUDO DO TERRITÓRIO 3.1. Análise do território através da elaboração de mapas que auxiliem para uma melhor compreenção do espaço; 3.2. Levantamento e entendimento da legislação vigente no local do projeto; 3.3. Reconhecimento da área, levantamento fotográfico, medições esquemáticas, observação in loco; 3.4. Análise específica do contexto construído no território em questão; 3.5. Estudo com base nas condicionantes naturais do terrirório a fim de obter diretrizes projetuais. 4. ELABORAÇÃO DE DIRETRIZES PROJETUAIS 4.1. Estruturação dos dados das etapas res para estabelecer critérios de elaboração do
anterioprojeto. 29
30
3.REFERENCIAL
TEÃ&#x201C;RICO
Para garantir um conhecimento mais profundo sobre as práticas do comércio ao longo dos anos, se faz necessário um estudo referente a temas abordados pelos seguintes autores: Heliana Comin Vargas, Maria de Lourdes Nóbrega e José Vanildo Oliveira Júnior, sendo estes essenciais para o embasamento teórico do estudo apresentado. Vargas, em seu livro “Espaço terciário: O lugar, a arquitetura e a Imagem do Comércio” (2001) busca retratar o cenário do comércio desde as primeiras civilizações até como o comércio passou a se comportar nos dias atuais, abordando também o comércio enquanto atividade de desenvolvimento econômico e social, as teorias que equacionam sua localização espacial, a evolução dos diferentes formatos comerciais, dentre outros fatores. Logo, a autora faz um panorama geral do espaço terciário, retratando de qual forma, deve-se pensar em projetar novos espaços terciário para a sociedade. Vargas (2001), inicialmente traz à tona o comércio enquanto atividade social, a troca como atividade pouco nobre e especulativa e o modo como o pensamento econômico retratou as atividades terciárias, desde os pensamentos mais remotos da sociedade, até os dias atuais. Nesta sua abordagem, então, a autora se depara com as mudanças do cenário do espaço terciário, saindo desde o Baazar, no Oriente Médio, até os Mercados Públicos advindo da arquitetura do ferro espalhados em especial pela Europa. Dessa forma, ao analisar as diversas formas de manifestações mercantis, a autora demostra que o espaço caracterizado por comportar os mercados e realizar essas trocas comercias também eram espaços urbanos com uma importância sociocultural altíssima e que mesmo com a diversidade cultural, com o surgimento de novas atividades e com a questão da morfologia de cada local, a relação do espaço de comércio com espaço social permaneceu independente do período ou da região. No entanto, a autora retrata as mudanças da forma de agir e de pensar da sociedade ao longo dos anos, demostrando, então, como a mudanças na forma arquitetônica do espaço terciário começaram a se manifestar. Depois de retratar todo o cenário do período neolítico, a Idade Média e o Renascimento, Vargas, passa a demostrar a nova forma de como acontece o relacionamento da atividade comercial varejista e o espaço físico urbano nas últimas décadas do século XVIII, ela destaca de modo geral que: 31
A sua forte função social ligada a questões de abastecimento da população e, portanto, das necessidades básicas de sobrevivência que crescem em diversidade quando excedentes de produção começam a surgir. A necessidade de troca induz ao encontro. E o encontro acontece onde existe o fluxo de pessoas que, por sua vez, cria o lugar do mercado. No entanto, esse fluxo pode ser estabelecido por razões outras que não a simples necessidade de abastecimento como na entrada das cidades, nos pontos de passagem obrigatória, locais de acontecimentos políticos ou religiosos, eventos esportivos e artísticos, etc. (VARGAS, 2001, p. 155-156)
No final do século XVIII para o início do século XX, o mercado como equipamento urbano perde, em parte, a característica de ser um palco para discursões sociais, políticas, religiosas e culturais como eram os espaços conhecidos como as praças de mercados (Figura 14). Segundo Vargas (2001, p.159) eles apresentam uma atividade comercial não apenas como uma atividade voltada para o abastecimento da população, mas também como “uma atividade econômica fortemente especulativa, lançando mão de todas as estratégias para melhor acumular”. Ainda segundo a autora, o comércio nesse período apresenta “novas estratégias de venda, com melhorias de suas técnicas e formas de organização do negócio e que usa o espaço físico do próprio estabelecimento como um elemento a mais para a otimização dos seus negócios” (VARGAS, 2001, p.159). A partir daí, houve, uma centralização do mercado em ponto específico, fato que não gerou uma alteração no cotidiano da sociedade quando se refere a organização urbana. O mercado mesmo pontual ainda era um gerador de atividades na cidade, isto porque diversos equipamentos de serviços começam a surgir no seu entorno o que garantiu que o fluxo de pessoas continuasse intensificado. Ou seja, o movimento de organização no entorno dos mercados foram surgindo espontaneamente, sem um planejamento sistemático de varejo, correspondendo apenas as manifestações da sociedade. (Figura 15) Assim, observa-se que ao longo da história, o mercado público 32
Figura 14: Plaza Mayor, Madri- Espanha. Caracterizada por receber grande eventos e ser palco para as praças de mercado durante muitas décadas. Disponível em: <https://pt.wikipedia. org/wiki/Ficheiro:Plaza_Mayor_de_ Madrid_06.jpg>. Figura 15: Mercado de San Miguel MadriEspanha. Os mercados ganham um espaço fechado e destinado para a venda de insumos. Disponível em:< https://www.flickr. com/photos/dleiva/16424016099>.
evoluiu de forma natural e orgânica. As necessidades mudam, a sociedade muda e, assim, a logística da cidade muda. Os mercados deixam de ser uma organização espontânea e passam a fazer parte do contexto e da história da cidade, adquirem uma arquitetura própria, que se adapta a partir da demanda da sociedade de cada período. A partir dos movimentos da Revolução Industrial e, consequentemente, do sistema de produção em série, o setor varejista de alimentos sofre mudanças bruscas na sua forma de organização. A agricultura familiar cede espaço para as máquinas e as industrias passam a possuir capacidade de produzir uma nova gama de alimentos. Dessa forma, possuir apenas pontos específicos de vendas passou a ser insuficiente, e logo, acontece a descentralização do comércio no mercado. Novos equipamentos urbanos, responsáveis pelo comércio de alimentos surgem e, como Vargas deixa claro, o Mercado perde, de certa forma o seu protagonismo. 33
A localização estratégica não é mais um fator essencial parar a viabilização das atividades de comércio e serviço varejistas. Essa localização estratégica vem perdendo progressivamente a sua importância, cedendo espaço cada vez maior para as estratégias de negócios. (VARGAS, 2001, p 168)
Os novos equipamentos urbanos, baseados no autosserviço, surgem no século XX como alternativa para esse setor varejista. Dentre eles estão os Supermercados os Hipermercados, as Lojas de Departamento e os Shoppings Centers. Todos estes novos equipamentos, ganham força pela sua praticidade, segurança, comodidade facilidade e por consequência ganham o público que antes usufruíam dos Mercados Públicos. Dessa forma, Vargas, aponta o período de ascensão dessa nova forma de comercio como fator decisivo na formação e organização urbana. A facilidade de encontrar pequenas lojas e padarias pelas cidades, era muito fácil, fazendo com que as pessoas não precisassem mais ir ao mercado para comprar suas mercadorias. Logo, Vargas faz um panorama do espaço terciário, desde as suas civilizações até os dias atuais e retrata de forma clara e objetiva como esse setor se desenvolveu e vem se desenvolvendo, apontando, assim, os seus pontos positivos e negativos. Oliveira Júnior, por sua vez, também busca retratar todo um embasamento teórico referente ao cenário do comércio desde as primeiras civilizações até como o comércio passou a se comportar nos dias atuais, abordando, inclusive, os estudos e as reflexões de Vargas e utilizando a autora como referencial teórico. Entretanto, Oliveira Junior (2006) em sua tese “Fluxograma de processo de planejamento arquitetônico aplicado a mercados públicos” retrata além de uma abordagem histórica, um embasamento referente a gestão desses equipamentos arquitetônicos, demonstrando a partir de fluxogramas, aspectos projetuais importantes para o entendimento da logísitica de funcionamento de mercados públicos. Portanto o autor tem bastante relevância para o estudo tendo em vista o desenvolvimento do seu estudo do posto de vista de gestão de projetos para mercados. 34
Outra autora que também possuiu bastante destaque para o estudo foi Nóbrega (2008) com o seu tema “Todo caminho dá na feira: a influência do comércio de varejo nas transformações físicas do espaço urbano. Os bairros do Recife, Santo Amaro e São José. 1970-2006.” Nóbrega também faz referência a evolução histórica dos mercados públicos restrigindo-se mais ao cenário de Pernambuco e mais precisamente da cidade do Recife. Os estudos voltados para a cidade do Recife são essenciais para entender a importância do setor varejista nela, entendendo que este setor deve dialogar com a cidade de forma sadia, sendo um equipamento vivo para a cidade e garantindo a sua importância em diversos pontos pela cidade. Nóbrega foca o seu estudo nos bairros mais históricos da cidade do Recifie, e, portanto, apresenta a evolução do varejo com o bairro no qual está implantado (Figura 16). Esta estratégia se mostra bastante pertinente para o trabalho em questão tendo em vista que o bairro de Boa Viagem, apesar de ser um bairro mais recente, apresenta um histórico com o setor varejista, pricipalmente o varejo do século XX, sendo, portanto, de grande importância dar enfâse à história do bairro para analisar a implantação de uma nova proposta de equipamento, um mercado gastronômico.
Figura 16: Mercado de São José. O surgimento dos mercados fechados na cidade do Recife. Disponível em: < http://www. overmundo. com.br/guia/ mercado-de-sao-jose-e-unico>.
35
36
4.CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA
4.1. A ORIGEM E A CONTEXTUALIZAÇÃO DOS MERCADOS PÚBLICOS Alimentar-se sempre foi e sempre será um ato banal na vida de qualquer ser humano. Este feito, no entanto, para chegar no que se tem nos dias atuais, foi resultado de muitas técnicas e de muito conhecimento adquirido pela humanidade. Segundo Oliveira Júnior (2006), foi com o surgimento da agricultura no período Neolítico que o homem aprofundou seus conhecimentos e técnicas acerca do cultivo de plantas e a criação de animais. No início, a produção era apenas para consumo próprio, porém, com o passar do tempo, surgem novas técnicas de cultivo, as quais foram responsáveis por um crescimento significativo na produção agrícola e que consequentemente geravam excedentes. Estes excedentes, por sua vez, passaram a ser utilizados como moeda de troca para a aquisição de bens, prática que deu origem, portanto, ao comércio na sua forma mais primitiva e rudimentar As aldeias logo foram se transformando em cidades devido à complexidade que vinham adquirindo com as práticas do comércio. Essas cidades, por sua vez, de preferência estavam localizadas próximas a grande meio fluviais, fato que possibilitou o transporte marítimo e consequentemente estimulou o comércio marítimo a partir da troca de mercadorias entre as cidades. Por meio desses acontecimentos, dessa troca intensa de mercadorias, fez-se necessário um espaço para armazenamento, fornecimento e distribuição dos produtos, um espaço caracterizado por ser um regulador de trocas locais e um ponto de apoio para o comércio local. Surgem então os mercados. Assim, o mercado passou a se tornar um equipamento indispensável nas cidades desde as antigas civilizações. No oriente médio, por exemplo, em meados do século VII a.C., devido a sua privilegiada posição geográfica, foi desenvolvido um importante centro comercial mundial. O bazaar, conforme Vargas (2001) era um lugar neutro onde a diversidade de opiniões era tolerada e grupos opostos se encontravam. Segunda a autora, “não apenas mercadorias são negociadas no bazaar, as opiniões também”. Portanto, eram pontos de grande destaque nas cidades naquele período. (Figura 17) .
37
Figura 17: A localização dos bazaars, cidades e rotas de comércio no mundo árabe. FONTE: Vargas, 2001. Espaço terciário
A sua organização espacial era caracterizada pelo comportamento de ruas estreitas repletas de lojas abrindo para a via e cobertas por toldos de proteção formando uma arquitetura orgânica. No térreo ficavam localizadas as a atividade de venda e nos pavimentos acima estavam os depósitos e os escritórios. A Grécia também desenvolveu a sua forma de comércio na ágora, espaço de aglomeração urbana, onde habitualmente a comunidade se reunia para trocar ideias e discutir assuntos de interesse coletivo. Esse espaço, logo, passa a se tornar um local de realizações de negócios e de trocas comerciais. Inicialmente, a ágora adotava uma forma irregular e muitas vezes isoladas pelos edifícios monumentais que o rodeavam. Já no séc. V ela adota maior visibilidade e veracidade e passa a ter um formato em U rodeadas de colunas e lojas em seus três lados, se tornando mais permeável. O império romano também ganha destaque através dos fóruns, edificações monumentais que comportavam atividades sociais, comerciais, religiosas e políticas. Eram espaços públicos descobertos, ladeado pelo edifício do Senado e da Justiça, o mercado era um espaço aberto dentro dos fóruns, caracterizado por possuir um cenário confuso e colorido devido as barracas dos comerciantes e dos camponeses nele presente. O Fórum de Trajano é o mais majestoso dos forúns. Vargas (2001) caracteriza o espaço como sendo composto por duas estrutu38
ras semi- circulares e um enorme salão chamado “aula”, espaço dividido em uma enorme quantidade de espaços menores interligados pelos corredores, que por sua vez eram uma espécie de labirinto e supostamente comportavam o comércio de mercadorias. (Figura 18 e 19)
<
Figura 18: Mercado no fórum de trajano, Roma. FONTE: Wikimedia
<
Figura 19: Mercado público no Império Romano. FONTE: Vargas, 2001. Espaço terciário.
A queda gradativa do Império Romano do Ocidente cedeu espaço para o que se conhece como Idade Média. Oliveira Júnior (2006) afirma que esse período foi marcado por um desaceleramento do comércio internacional e consequentemente uma intensificação no comércio local, principalmente no tocante a distribuição de alimentos, os artigos caros deram espaço para os artigos local. Durante o período da Idade Média, o mercado ganha muita notoriedade. Inicialmente as trocas de mercadorias eram temporárias e ficavam localizadas do lado de fora das muralhas. Com o tempo, a percepção da necessidade dessa pratica mercantil fez com que o espaço do mercado ganhasse destaque e se concentrasse no centro das cidades, muitas vezes em praças, as quais, assim como os Forúns, a ágora e o bazaar, eram espaços de convivência e discursões para a cidade. Portanto, ao analisar as diversas formas de manifestações mercantis, observa-se que o espaço caracterizado por comportar os mercados e realizar essas trocas comercias também eram espaços urba39
nos com uma importância sociocultural altíssima e que mesmo com a diversidade cultural, com o surgimento de novas atividades e com a questão da morfologia de cada local, a relação do espaço de comércio com espaço social permaneceu independente do período ou da região. Segundo Vargas (2001), dentre os séculos XI e XIII, o comércio marítimo volta a se aquecer em decorrência das cruzadas, as quais voltaram a interligar o mercado Ocidental do mercado Oriental. Diversas rotas surgiram e em seus pontos de encontro aconteciam feiras nas quais se vendiam mercadorias vindas de vários lugares do mundo. O comércio, logo, volta a adquirir uma função não apenas local, mas novamente uma função ampla, no período conhecido como o Renascimento (séc. XIV). Vargas (2001) afirma, ainda, que dentre o final do século XVIII e o início do século XIX, período no qual as cidades já estavam estabelecidas e com as suas atividades consolidadas, as feiras e as praças de mercado cedem espaço para edificações próprias, para espaços fechados, surgindo assim o mercado na forma de equipamento urbano. Um dos fatores dessa demanda foi a necessidade que o governo e a população tinha em possuir um espaço mais higiênico e sanitário para comportar os alimentos que supririam as cidades, uma vez que as praças de mercado eram localizadas em espaços de grande fluxo de pessoas, não havendo muitas vezes uma organização ou uma delimitação. Deve ser destacada a sua forte função social ligada às questões de abastecimento da população e, portanto, das necessidades básicas de sobrevivência que crescem em diversidade quando excedentes de produção começam a surgir. A necessidade de troca induz ao encontro. E o encontro acontece onde existe o fluxo de pessoas que, por sua vez, cria o lugar do mercado. No entanto, esse fluxo pode ser estabelecido por razões outras que não a simples necessidade de abastecimento como na entrada das cidades, nos pontos de passagem obrigatória, locais de acontecimentos políticos ou religiosos, eventos esportivos e artísticos, etc. (VARGAS, 2001, p. 155-156)
No final do século XVIII para o início do século XX, o mercado como equipamento urbano perde, em parte, a característica de ser um palco para discursões sociais, políticas, religiosas e culturais como 40
eram os espaços conhecidos como as praças de mercados. Segundo Vargas (2001) eles apresentam uma atividade comercial não apenas como uma atividade voltada para o abastecimento da população, mas também como “uma atividade econômica fortemente especulativa, lançando mão de todas as estratégias para melhor acumular”. Ainda segundo a autora, o comércio nesse período apresenta “novas estratégias de venda, com melhorias de suas técnicas e formas de organização do negócio e que usa o espaço físico do próprio estabelecimento como um elemento a mais para a otimização dos seus negócios” (VARGAS, 2001, p.159). A centralização do mercado em ponto específico não gerou uma alteração no cotidiano da sociedade quando se refere a organização urbana. O mercado mesmo pontual ainda era um gerador de atividades na cidade, isto porque diversos equipamentos de serviços começam a surgir no seu entorno o que garantiu que o fluxo de pessoas continuasse intensificado. Ou seja, o movimento de organização no entorno dos mercados foram surgindo espontaneamente, sem um planejamento sistemático de varejo, correspondendo apenas as manifestações da sociedade. Portanto, desde as antigas civilizações até as cidades contemporâneas, o mercado público é presente como um equipamento valoroso no espaço urbano independente de qual seja o seu foco de mercadoria. Ele é um equipamento catalizador, um espaço de referência, um local de convivência e de troca de aprendizado, é um equipamento urbano indispensável para a cidade e consequentemente para a sociedade. A França e a Inglaterra, foram países que sentiram em peso esse processo do mercado como um equipamento urbano. Na França diversos mercados surgem dentre o a primeira metade do século XIX, dentre estes pode-se citar St. Germain (1813-1816) um dos maiores exemplares para a época. Dentre 1511 a 1762, ali funcionou um mercado sem estrutura física definida ainda, de forma que o comércio ficasse espalhado entre as colunas no térreo e os comerciantes habitavam no andar superior. Posteriormente, com o advento do mercado como edifício sólido se dá a construção do mercado em si. De inspiração italiana, o novo mercado tem uma praça central grande circundada por uma colunata dupla e coberta. No entanto, apenas durante a metade do século XIX, com o advento da arquitetura do ferro que os mercados ganham uma forma mais definida. O Les Halles (1852-1870), localizado no centro de Paris, foi 41
elaborado pelo arquiteto Victor Baltard como sendo um edifício referência na utilização do ferro e do vidro. O mercado era dividido em 14 pavilhões com vãos generosos, ou seja, um equipamento de grande porte para a região. Porém, mesmo assim, o arquiteto ao utilizar desses materiais conseguiu trazer uma leveza ao edifício. (Figura 20 e 21)
<
Figura 20: Les Halles Centrales, Paris, 1853. FONTE: Wikimedia
<
Figura 21: Les Halles Centrales, Paris, 1853. FONTE: Vargas, 2001. Espaço terciário
Ao entrar no século XX o cenário dos mercaods públicos ate então adotados muda. É a partir de meados do século XX com a tecnologia passando a fazer parte do cotidiano da população, que a logística dos mercados começam a sofrer modificações. 42
“Novos aperfeiçoamentos tecnológicos, envolvendo a conservação de produtos alimentícios, aumento da produção, sua diversificação e controle de qualidade, bem como o aumento da velocidade de deslocamento mecânico, se promoveu uma aceleração constante na circulação de mercadorias , o que tornou a forma mercado obsoleta pela sua inadequação aos novos parâmetros de qualidade oferecidos para os consumidores por equipamentos mais novos, como os supermercados e hipermercados já concebidos para atender os novos tempos do capital com o conforto e rapidez e sem a mediação dos vendedores” (PINTAUDI, 2006)
O século XX para os mercados públicos é um período de transformação. Os mercados devido ao advento das novas técnicas de varejo e do capitalismo flúido busca se reinventar e se adequar a uma nova realidade, uma vez que perde o se protagonismo. Eles, assim, em grande maioria dos casos na cidade do Recife, por exemplo, passam a se destinar a um público menor, passam a ser mercados focados para os respectivos bairro, devido principalmente a logística de abastecimento e de fluxos quando comparados aos supermercados que começam a surgir. Portanto, observa-se que ao longo da história, o mercado público evoluiu de forma natural e orgânica. As necessidades mudam, a sociedade muda e, assim, a logística da cidade muda. Os mercados deixam de ser uma organização espontânea e passam a fazer parte do contexto e da história da cidade, adquirem uma arquitetura própria, que se adapta a partir da demanda da sociedade de cada período.
4.2. O SURGIMENTO DOS MERCADOS PÚBLICOS NO BRASIL 4.2.1. A ascensão dos mercados públicos no Brasil decorrente da arquitetura em ferro. Os mercados e as feiras livres foram introduzidos no Brasil a partir do período da colonização. Os colonizadores, como retrata Mott (2000), implantavam de acordo com os moldes de Portugal estes equipamentos no centro urbano das cidades, e ao redor deles, começavam a surgir as feiras livres. Não se sabe exatamente em que período o comércio informal teve 43
início no Brasil, no entanto, o que se sabe é que desde o início do período colonial essas feiras se organizavam em praças e em regiões portuárias e eram abastecidos pelas embarcações que supriam as necessidades da cidade. Foi apenas e 1904, na cidade do Rio de Janeiro, que o prefeito Pereira Passos, reconhece essas feiras formalmente. De acordo com Oliveira Júnior (2006) essa iniciativa foi desencadeada com o objetivo de redefinir a paisagem da cidade através da organização de espaços definidos para a cidade. Não se permitiam mais um comércio sem uma ordem definida, como os velhos quiosques e a as populares quitandas, desejava-se que esse setor varejista se organizasse em um único espaço, surgindo assim os mercados cobertos, com uma maior higiene, os quais foram iniciados nas últimas décadas do século XIX. A partir disso, o governo começa a estimular a multiplicação desses mercados através da doação de terrenos públicos para serem explorados pela iniciativa privada para a elaboração de projetos de mercados. Sendo o Mercado da Candelária, inaugurado em 1834, o primeiro mercado público na cidade do Rio de Janeiro, considerado o exemplar mais antigo de mercado público fechado com pátio interno aberto no Brasil. Alguns outros poucos exemplares de mercados seguindo essa lógica de equipamento fechado com pátio interno aberto surgiram logo após o Mercado da Candelária, no entanto, foi apenas com a construção do Mercado de São José, na cidade do Recife em 1875, que a tipologia dos mercados públicos tem de fato início no Brasil. Por estar implantada próxima a um porto marítimo, a cidade do Recife, caracterizou-se por ser um entreposto comercial desde a sua colonização. Assim, possui uma relação muito intima com as atividades comerciais e de serviço e consequentemente com a relação do desenvolvimento da cidade frente a estas atividades. Segundo Gomes (1985) o Mercado de São José é o mais antigo edifício em ferro existente no Brasil e também, provavelmente o que primeiro se montou no país. É um monumento nacional e integra não somente o patrimônio cultural do Brasil, como também de toda a humanidade, pois se constitui num já raro exemplar da arquitetura típica do ferro no século XIX. (Figura 22 e 23) 44
O projeto foi elaborado pelo arquiteto e engenheiro J. L. Victor Lienthier e segundo Esteves (2005) teve inspiração nos mercados públicos franceses, principalmente, o Mercado de Grenelle e o Mercado Central de Paris. A arquitetura do mercado é um elemento representativo de transformações decorrentes da Revolução Industrial no mundo, e testemunho histórico de algumas das influências culturais que contribuíram para a formação do Brasil. (ESTEVES, 2005, p.15)
Em 1911, o Mercado de São José, como ressalta Nascimento (2005) representou o Brasil e conquistou na Europa o diploma de melhor mercado do mundo. Em 1973 ele passa a ser Patrimônio Histórico Nacio-
<
Figura 22: Mercado de São José, 1875, Recife. FONTE: Nathalia Verony Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/ Mercado_de_S%C3%A3o_Jos%C3%A9> Acesso em: 25 março. 2019.
<
Figura 23: Mercado de São José, 1875, Recife. Disponível em: < http://falhistoria.blogspot. com/2010/11/mercado-de-sao-jose. html > Acesso em: 25 março. 2019.
45
nal. É notável que o mercado tem um passado de glória, uma vez que, foi o único que conquistou um diploma metálico internacional para o Brasil. Seguindo a tendência mundial, depois do Mercado de São José outros mercados de ferro foram surgindo em várias cidades no país, dentre o final do século XIX e a primeira década do século XX, como o Mercado de Carne em Belém do Pará (1867-1908) (Figura 24) e o Mercado de Fortaleza (1897). Isto aconteceu porque nenhum outro edifício pré-fabricado em ferro possuiu uma aceitação tão grande como os mercados públicos. O Mercado de Casa Amarela, é outro exemplar da arquitetura do ferro na cidade do Recife. Assim como o Mercado de São José, o Mercado de Casa Amarela possui bastante relevância para a cidade e em especial para o seu bairro Casa Amerela. (Figura 25) Segundo Lins (2007) o mercado foi inagurado no ano de 1930 e foi construído em estrututura de ferro, com cobertura de telhas francesas. O material para sua construção foi remanescente do Mercado da Caxangá, que havia sido desmontado em 1928, fato que reforça a viabilidade das estruturas em ferro. Segundo Romano (2004), mercados em alvenaria também foram construídos neste período, como é o caso do Mercado Municipal de São Paulo (1933). É no século XX que acontece um apogeu quando se refere à mercados públicos no Brasil. No entanto, Oliveira Júnior (2006) co-
Figura 24: Mercado da Carne, Belém, Pará. FONTE: Casablanca.
46
loca que esse apogeu foi ofuscado quando o sistema varejista toma novas formas com o surgimento do autosserviço, por meio dos supermercados. Os mercados, então, entram em segundo plano, passando, na maioria dos casos, a sofrer com a falta de interesse público. Em grande maioria, quando acontece essa ruptura na forma de comprar, os mercados se apegam a memória afetiva e cultural e, portanto, passam a ser vistos como equipamentos onde se compram artigos tradicionais. Assim, os mercados ainda têm papel característico na cidade, sendo esse o de pertencimento e identificação com o local onde se vive. Por meio do entendimento exposto, certifica-se que os mercados públicos e as feiras livres, assim como na Europa, conseguiram gerar espaços urbanos que reuniam o espaço de compra e venda com o espaço de troca de ideias e conhecimento. Logo, os mercados proporcionaram, dentre outras coisas, o surgimento de núcleos urbanos, conciliando o espaço de valores comerciais e socioculturais em um mesmo lugar.
Figura 25: Mercado de Casa Amarela, 1930 Disponível em: < https://visit.recife.br/o-que-fazer/atracoes/mercados/mercado-de-casa-amarela> Acesso em: 01 de maio. 2019
47
48
<
Figura 26: A gastronomia presente nos mercados públicos.Mercado de San Miguel FONTE: Fotografia autoral, 2018.
“Toda grande arquitetura é o projeto do espaço que contém, exalta, abraça ou estimula as pessoas naquele espaço.” Phlip Johnson 49
50
5.
CONCEITUAÇÃO
TEMÁTICA
5.1. A FORMA ARQUITETÔNICA DO VAREJO Para uma compreensão mais aprofundada sobre o setor terciário, é indispensável analisar a forma como este se desenvolve e se organiza. Portanto, apreender a arquitetura comercial de cada época é fundamental para um entendimento de como e por que este se desenvolve da forma que está na atualidade e, assim, buscar compreender quais as mudanças ou as manutenções que devem ser realizadas. Vargas (2001) divide a arquitetura em três grandes períodos históricos: antes do século XIX, o século XIX e o século XX. Assim é possível perceber as transformações sofridas pelo comércio ao longo do tempo. O desenvolvimento varejista antes do século XIX, pode ser compreendido como os bazaars árabes, a ágora grega, os mercados, os fóruns romanos, as praças medievais, as feiras e os edifícios de mercados.
<
Figura 27: Planta do Grande Bazaar coberto, Kapali Carsi, Istambul. Disponível em: < https://www.business-with-turkey.com/guia-turismo/bazar.shtml> Acesso: 19 abril. 2019
51
Vargas (2001) define o bazaar como um espaço público predominantemente comercial, localizado no coração da cidade islâmica. É um local de uma atmosfera sensorial, em sentidos são assaltados por milhares de odores, cores, sons e gostos. Condiz com ruas estreitas, com as lojas abrindo para a rua. Atrás delas, ou no andar superior ficavam localizados os escritórios e os depósitos. Havia, também, toldos para a proteção do consumidor e do vendedor. Ou seja, milhares de lojas enfileiradas, nas principais artérias do tráfego, são a típica feição dos baazars. (Figura 27) A ágora, na Grécia antiga, ainda segundo Vargas (2001), surge, inicialmente, como um espaço plano com funções comerciais e de encontro público adotando gradualmente a condição de espaço fechado por edifícios. Quando mais monumentais eram esses edifícios, mais esse espaço que essencialmente era aberto, passa a se isolar do entorno urbano. A ágora se manteve numa forma irregular até o século V a.c. onde em seguida passou a obedecer uma forma retangular, a qual, também, evoluiu e se transforma na forma em U. Essa nova forma era rodeada de colunatas com lojas em três dos seus lados, conforme mostra a planta de Prienne (Figura 28). Assim, tornava-se mais permeável ao entorno. No Império Romano, as atividades comerciais aconteciam nos fóruns, como já dito anteriormente. Segundo Romano (2004), o mais espe
< Legenda: 1. Stoa Sagrada 2. Templo de Asclepius 3. Ecclesiasterion 4. Templo de Athena 5. Ágora Figura 28: Planta da ágora de Prienne. FONTE: Biblioteca da Universidade de Washington
52
tacular dos fóruns era o Fórum de Trajano (Figura 29). O mercado se instalava dentro do fórun e possuía uma forma circular que se adapta ao terreno inclinado por meio dos seus seis níveis. As lojas do térreo abriam diretamente para a rua e as do primeiro andar para um corredor. Ainda acima desse complexo existia um sistema de ruas e escadas com mais lojas e um espaço de mercado com cúpulas. (Figura 30 e 31) Figura 29: Planta do Fórum de Trajano, Roma FONTE: Wikiarquitectura. Disponível em: < https://en.wikiarquitectura.com/ building/trajans -forum/ > Acesso em 19 abril. 2019. Figura 30: Mercado no Fórum de Trajano, Roma. FONTE: Wikimedia Disponível em: <https://commons. wikimedia.org/ w i k i / Fi l e : M e r c a do_de_Trajano_en_ siglo_II_(planta_ aprox).jpg> Acesso 19 abril. 2019. Figura 31: Mercado no Fórum de Trajano, Roma. FONTE: Scaliger D i s p o n í v e l em:< https:// br.depositphotos. com/14835537/ stock-photo-the-forum-of-trajan-in. html> Acesso em; 19 abril. 2019.
53
Já na Idade Média, como pontua Vargas (2001), as praças de mercados eram espaços externos e essencialmente públicos, um espaço que de fato pertence ao tecido urbano e é um elemento de sociabilização. Essas praças, então, se estabeleciam próximo a edificações que norteavam o fluxo das pessoas, como as igrejas e os edifícios municipais. (Figura 32 e 33) Assim, após o entendimento de como o setor varejista se deu antes do século XIX, pode-se ponderar que o mesmo, possuiu uma forte função social ligada às questões de abastecimento da população, além de que neste período o comércio possuía uma relação muito forte com a cidade e as questões sensórias da população.
< Figura 32: Planta da Piazza San Marco, Veneza. Disponível em: < https://www.lifeo fanarchitect.com/ sketchbooks/> Acesso: 19 abril. 2019.
< Figura 33: Planta da Piazza San Marco, Veneza. Disponível em: < https://www.lifeo fanarchitect.com/ sketchbooks/> Acesso: 19 abril. 2019.
54
A situação socioeconômica do final do século XVIII vai acarretar em transformações no desenvolvimento da atividade comercial e, consequentemente, no seu relacionamento com o espaço físico, tanto em relação a inserção urbana, quanto em relação ao edifício. Com o advento da industrialização e, assim, com o surgimento de novas tecnologias, começaram a surgir os mercados cobertos grandiosos, as grandes lojas e as arcadas. Esses equipamentos, começam a surgir na França e na Inglaterra como o St. Martin e o Convent Gaarden, respectivamente. Segundo Vargas (2001), a forma original desses mercados foi, na maioria dos casos, um perímetro sólido fechado por lojas faceando um espaço central, coberto com um forro leve e sustentado por uma grande estrutura de ferro, elemento atual e marcante para a época. Dentro desses espaços, as mercadorias eram vendidas em barracas, sem coberturas individuais ou divisões. O Les Halles Centrales é um típico exemplo desses mercados cobertos. Localizado em Paris, na França, e inaugurado no ano de 1851, o mercado foi um marco histórico para a arquitetura. Projetado pelo arquiteto Vitor Baltard, o mercado possuía ferros e vidros como elementos construtivos essenciais, evidenciando, assim a força do uso desses elementos para a época. (Figura 34 e 35) O Les Halles foi um marco mundial como referência desse novo modelo de comércio que começava a surgir. Foi com base nele que surgiram mercados na Europa, américa latina e até mesmo no Brasil, como o Mercado de São José. Disseminaram-se, portanto, estudos e conceitos da forma, composição e funcionamento desses espaços comerciais. Assim, entende-se que um projeto arquitetônico de um mercado público precisa incentivar a compra e possibilitar que as relações sociais aconteçam. Também precisa levar em consideração a lógica do funcionamento adequado para que permita um espaço confortável. Oliveira Júnior (2006) defende que a composição básica de um mercado é formada por uma área de comercialização de mercadorias e uma área de apoio, sendo este o espaço para carga e descarga, sanitários, administração, entre outros. Já a dimensão de cada um vai depender da demanda, da cidade, a estrutura escolhida e do partido arquitetônico A acessibilidade é ponto chave para o bom funcionamento dos mercados públicos, as circulações devem ser livres e fluidas, 55
Figura 34: Visão interna do Mercado de Les Halles Centrales. Disponível em: < http://blog.apahau.org/journee-detudes-canopees-urbaines-halles-et-marches-couverts-des-xixe-et-xxe-siecles-nouvelles-approches-et-enjeux-actuels-paris-31-mai-2013/> Acesso em: 19 abril. 2019.
<
Figura 35: Les Halles Centrales, por Vitor Baltard, Paris, 1853. Disponível em: <https:// fr.m.wikipedia.org/wiki/Fichie r:Halles_de_Paris,_1863.jpg> Acesso em: 19 abril.2019.
de forma que alcancem todos os ambientes facilmente. Oliveira Júnior (2006), define, ainda, que as estruturas devem viabilizar grande vãos e permitir um aproveitamento de iluminação e ventilação natural. Portanto, ao longo da história, o mercado público evoluiu de uma forma espontânea, deixando de ser um espaço orgânico e se transformando em um espaço coberto, planejado e com certa infraestrutura, de forma que se alinhasse com a demanda da sociedade naquela época. Ao mesmo tempo que o setor público assumia as características do espaço públicos através desses novos equipamentos comerciais, o setor privado desenvolveu novos espaços para o comércio varejista, como é o caso das galerias e arcadas comerciais. 56
As arcadas podem ser definidas como uma passagem de pedestre coberta, formada por uma sequência de arcos, os quais assestam-se em colunas. Em algumas ocasiões essas passagens possuíam coberturas de vidro contínuo. O pedestre entra num mundo à parte. Envolvido pela luz natural que penetra pela cobertura envidraçada ou por muitos postes com iluminação a gás, protegido do rumor infernal da rua, o pedestre pode-se deixar flâner. Deslizar de uma loja à outra, parar para um café ou ler um jornal nos vários espaços literários para isso destinados. As passagens eram os únicos lugares realmente iluminados durante a noite, e suas lâmpadas a gás refletiam-se ao infinito nos espelhos das lojas: essas galerias ofereciam o espetáculo perpétuo. (VARGAS, 2001, p.178)
De maneira geral, nessas galerias a organização espacial se dava de forma em que o térreo era composto por lojas e as suas fachadas eram de vitrines; também possuíam o andar superior, a sobreloja. Dentro dessas arcadas o térreo, então, chama mais atenção. O artifício de usar vitrines brilhosas e coloridas é um toque de modernidade para o comércio e uma estratégia chave para o setor varejista, recurso usado até os dias atuais. (Figura 36 e 37)
Figura 36: Galeries Royales Saint- Hubert, a construção data de 1847. O uso da cobertura de vidro e das vitrines. FONTE: Wikimedia. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Galeries_royales_Saint-Hubert_Bruxelles.JPG> Acesso em: 19 abril. 2019.
57
Figura 37: Entrada da Galeries Royales Saint-Hubert, a construção data de 1847. FONTE: Daniel Blumenthal.Disponível em: <https://www.rtbf.be/culture/ dossier/a-vous-de-voir/ detail_les-galeries-royales-st-hubert-en-lumiere?id=9590640> Acesso em: 19 abril. 2019.
A fase monumental das arcadas foi marcada pela Galerie Vittorio Emanuele, inaugurada em 1867 em Milão na Itália (Figura 38). Esse projeto foi concebido através de um concurso de arquitetura, o que possibilitou entender e revelar quais são os ideais e as ambições das novas gerações. Esse equipamento passava a ser símbolo de progresso da civilização, servindo aos desejos das novas nações em busca de legitimação. Já na metade do século XIX, começa uma fase de amadurecimento e consolidação desse formato das arcadas, o que fez com que embriões de novos formatos varejistas começassem a surgir, como os grands magasins na França e as lojas de departamento nos EUA. É o princípio do declínio das arcadas, que passam a adotar, cada vez mais, o formato de grandes estabelecimentos multifuncionais. O foco dei-
Figura 38: Galerie Vittorio Emanuele, Milão, 1867. Disponível em: < https://labs.mil.up.pt/blogs/mariiteixeira1/2017/11/12/7-galleria-vittorio-emanuele-ii-milao/> Acesso em 19 abril. 2019.
58
xava, de certa forma, de ser na qualidade do espaço construído e passava a se voltar para as técnicas de venda, as quais, se concentravam em um só empreendimento imobiliário focado na atividade comercial e de serviços. Neste período de tempo, quando as galerias começam a perder volume, a América recebe a sua mais fina galeria, em Cleveland, Ohio. Segundo Vargas (2001) essa arcada tem uma forma diferente, uma vez que já estava em processo de transformação e adaptação as novas demandas. Ela possuía a cobertura de vidro no hall central com três andares de galerias, alcançadas por escadas de ferro. (Figura 39 e 40)
< Figura 39: Cleveland Arcade, 1890. FONTE: William Henry Jackson. Disponível em: < https://www.etsy.com/ listing/478161189/ william-henry-jackson-photo-the> Acesso em: 19 abril.2019.
<
Figura 40: Cleveland Arcade, construção de 1890. O edifício se mante nos dias atuais. Disponível em: < h t t p s : / / w w w. t h i siscleveland.com/ locations/1890-at-the-arcade>. Acesso 19 abril.2019.
59
Já em Paris, a Galerie des Champs-Élysées Lido, de 1926, retrata esse desaparecimento do conceito arcada como se tinha anteriormente (Figura 41). Esses novos complexos passaram a ser novas cidades dentro das cidades, uma vez que a luz natural já não aparecia, as alturas eram diminuídas coma instalações de forros de gesso e as lojas admitem uma certa individualização e, portanto, perdem a sua coerência formal e o seu ordenamento. Nesse período, ainda, nascem as chamadas “grandes lojas”. Essas lojas, chamadas de department store pelos americanos e ingleses e de grand magasin para os franceses, são lojas que possuem várias seções e vários departamentos, vendendo de tudo o que se pode imaginar.
Figura 41: Galerie des Champs-Élysées Lido, 1926. Disponível em: < h t t p : / / j e a n p i e r r e k o s i n s k i . o v e r- b l o g. n e t / 2 0 1 7 / 0 2 / l e s - a r c a d e s - d u - l i d o - a -paris-viiieme-visite-en-fevrier-2017.html> Acesso em 19 abril. 2019.
A primeira foi a Bon Marché, que teve a sua formação arquitetônica voltada para receber esse grand magasin em 1869 (Figura 42). Esses grands magasins podiam ser considerados as catedrais do consumo, um lugar onde se consegue resolver vários tipos de necessidade sem precisar sair de lá, ou seja, cria um afastamento das pessoas e do comércio com o espaço urbano. 60
Os grands magasins, segundo Renoy, apresentavam-se como estação envolvida por rampas de dois andares cortadas por escadas suspensas, atravessadas por pontes volantes. Escadas metálicas com uma dupla revolução desenvolviam curvas audaciosas multiplicando os patamares. As passarelas, também metálicas, projetavam-se no vazio. Todo esse metal, sob a luz branca dos vitrais, uma arquitetura leve, era a realização moderna de um palácio dos sonhos. Toda uma decoração sofisticada, colorida e brilhante, condizente com uma catedral do comércio, aliás, no melhor de sua mitologia. E acrescentaríamos, para nenhum shopping center colocar defeito. (VARGAS, 2001, p. 231)
Vargas (2001) aponta, portanto, que esses últimos modelos que começam a surgir no século final do século XIX são considerados os primeiros representantes dos futuros shoppings centers, formatos característicos da segunda metade do século XX. O século XX foi marcado pelo processo de crescimento demográfico e industrialização. Esses dois fenômenos juntos interferiram, diretamente, no desenvolvimento varejista, uma vez que provocaram um forte processo de urbanização e congestionamento das cidades, as quais, em seguida, devido a superlotação, começaram a se descentralizar criando o processo de periferização urbana. Assim, esse período provocou mudanças no comportamento do consumidor, devido ao aumento do uso do automóvel e à conservação dos alimentos, o que, consequentemente, provocou mudanças no sistema de distribuição das mercadorias. Logo, o produto passava a estar mais Figura 42: Bon Marché, 1869. FONTE: API. Disponível em: <https:// www.gettyimages.ae/detail/news-photo/ hall-du-grand-magasin-le-bon-march%C3%A9-%C3%A0-paris-france-news-photo/840484152> Acesso em: 19 abril. 2019.
61
próximo do consumidor, situação que instigava ainda mais o consumo. É neste período, então, que surgem os super e hipermercados. Estes, são considerados os desenvolvimentos varejistas mais radicais até então. Aparecem em 1930, após a grande depressão que aconteceu em 1929. São um modelo revolucionário em relação ao processo de vender e não no produto, portanto, é uma oferta muito impactante. Vargas (2001) define os grandes projetos comerciais desses estabelecimentos como uma arquitetura de grande decepção. Isto porque estes estabelecimentos são imensos pavilhões, fechados sobre si mesmos, sem nenhum interesse arquitetônico. O foco nesses espaços é fazer com que os olhares dos consumidores não sejam desviados para fora do ato do consumo. O supermercado pode ser definido como um método operacional, com ênfase sobre o faturamento de mercadorias de baixo valor unitário, a preços baixos, exposição maciça de produtos, com lay out para facilitar o movimento rápido de uma grande quantidade de consumidores e atendimento ao cliente realizado pela técnica de self- service (autosserviço). (VARGAS, 2001, p. 242)
Outro equipamento que surge no século XX são os shopping centers (centro de compras planejados). A princípio, Vargas (2001) classificou esses centros de compras de acordo com o tamanho da sua área de influência. Sendo os centros locais aqueles com mais de 10mil pessoas e mercadorias de convivência, os distritais que possuíam em torno de 40 mil pessoas e uma maior variedade de mercadorias e por fim os regionais com mais de 100 mil pessoas e todos os tipos de mercadorias com competição por preço. Eles se classificavam, também, com relação ao contato que mantêm com o espaço urbano, sendo eles os: out of town (periféricos), os downtown (centrais) e os inner-town (fora do centro, mas dentro da mancha urbana), este último representa a grande maioria dos shoppings brasileiros. Os shopping centers out of town começam nos EUA na década de 1930, sendo constatado 49 shoppings em 1949. O que acontece é que esses estabelecimentos imprimiram uma mudança no modelo existente até então, de forma que retirou o elemento varejista do centro da cidade e recolocou-o isolado de outras atividades, nas periferias das cidades. Portanto, eram equipamentos que demandavam da sociedade o uso de 62
veículos motorizados para que se fosse possível chegar até estes locais. Vargas (2001) define estes estabelecimentos como edifícios isolados compreendidos por lojas de departamentos, unidos por uma via e ladeada por pequenas lojas. Possuía uma vasta área de estacionamento e estava localizado próximo a interseções de rodovias, no limite da área urbanizada. (Figura 43) Já os downtown possuem uma formulação diferente. Pela falta de terreno e pelo preço deste nas cidades, estes shopping centers optaram pela verticalidade, de forma que os estacionemos passassem para o subsolo concentrando, portanto, um grande espaço em uma área menor. Depois da atração, o layout interno dos estabelecimentos pode contribuir para: facilitar o acesso às mercadorias desejadas pelo consumidor, utilizar estratégias para tirar partido das compras por impulso, criar pontos de atração e direcionar fluxos, facilitar a reposição de mercadorias, aumentar o tempo de permanência na loja. Tudo isso pode traduzir-se em aumento do consumo. (VARGAS, 2001, p. 268)
Assim, após entender como funciona o varejo no século XX, é possível classifica-lo como uma ciência a parte, uma vez que o comportamento do consumidor muda, a administração dos negócios varia e a localização sofre bruscas alterações, passando dos pontos centrais das cidades para as periferias. Com isso, em meio a tantos novos fatos, a arquitetura desse período, quando comparada com as demais, torna-se pobre, monótona e sem expressão, principalmente quando se fala das grandes lojas e dos super e hipermercados. Já os shopping centers nascem independentes e ignoram o lugar no qual está inserido, mesmo estes sendo equipamentos de grande porte e responsáveis por definir a paisagem do lugar. Vargas (2001), logo, pontua que as arcadas comerciais emprestam a ideia do negócio, mas não a arte de edificar. O século XXI, por sua vez, continua adotando os estabelecimentos definidos durante o século XX, com os shopping centers, os supermercados, os hipermercados e as lojas de departamento. Todos ainda continuam muito presentes na atualidade e fazem parte do cotidiano da sociedade. Entretanto, o que acontece é que grande parte desses estabeleci 63
mentos adotaram o quesito de implementar espaços para refeições dentro desses equipamentos, sendo esses as praças de alimentação e os food halls.
LEGENDA: 1. Centro Automotivo Ward’s (T.B.A.) 2. Lojas de Departamentos 3. Lojas 4. Mall Aberto 5. Banco 6. Estacionamento 7. Escritórios Figura 43: Planta esquemática de um shopping center regional de primeira geração. FONTE: Vargas, 2001.
Os food halls, como já citado anteriormente, são os espaços destinados a alimentação dentro das lojas de departamento. Eles, logo, dão origem ao que se conhece como praça de alimentação, um espaço muito frequentado nos shopping centers espalhados pelo mundo. Esses ambientes podem ser descritos como um grande vão, de forma que em toda a borda do perímetro ficam localizados quiosques e restaurantes, os quais oferecem a comida de forma rápida. No centro do espaço fica o local para a refeição com mesas posicionadas de forma monótona e repetitiva. Esses espaços, possuem uma demanda enorme de pessoas buscando espaços para realizar as suas refeições de forma prática e rápida. Portanto, a oferta também é muito grande, o que faz com que esses espaços tomem proporções enormes dentro desses estabelecimentos, o que faz com que estes ambientes atraiam uma quantidade ainda maior de pessoas e, consequentemente, as afastem do espaço urbano. Assim, mediante a esse cenário, o que vem acontecendo é o surgimento de espaços, classificados, muitas vezes, como mercados gastronômicos, os quais, dependendo do caso, buscam criar um espaço com uma configuração semelhante a esses food halls. No entanto, buscam, diferentemente deles, acrescentar mais vida ao ambiente, de forma a criar mais interação do espaço edificado com o espaço urbano e com a escala humana. Além disso, buscam proporcionar novas experiências ao consumidor, como um espaço mais amplo, onde os sentidos ficam aguçados e o encanto enaltecido. 64
5.2. O COMPORTAMENTO DO SETOR VAREJISTA DE GÊNEROS ALIMENTÍCIOS NA ATUALIDADE Após o estudo do funcionamento e da forma do setor varejista nos séculos passados, faz-se necessário o entendimento de como o comércio passou a se comportar de algumas décadas passadas para a atualidade. Compreendendo, assim, quais as novas características do espaço do comércio no contexto da sociedade e como este, continua em crescente transformação. Logo, esse trecho da pesquisa visa retratar as mudanças do cenário do setor varejista e analisar de que maneira o comércio de alimentos deve ser visto e posicionado na sociedade atual. O crescimento demográfico e a industrialização foram dois fatores intrinsicamente ligados às transformações que regem o comércio varejista no século XX (VARGAS, 2001). A industrialização, iniciada no século XIX, acarretou o consumo em massa de mercadorias no século seguinte devido ao sistema de produção em série e a flexibilização da produção oferecida pelas indústrias. Assim, a capacidade de suprir o comércio de varejo com uma quantidade elevada de produtos se torna uma característica marcante do século XX. Mediante a essa grande oferta de trabalho nas indústrias, um número significativo de pessoas imigrou do campo para a cidade, quebrando os seus vínculos com as atividades agrícolas e, assim, se tornaram reféns do comércio como forma de obtenção de alimento. Este fato, segundo Peak & Peak (1977) citado por Nobre (2001 apud TEXEIRA, 2004), despertou a especialização do varejo através do surgimento de estabelecimentos como as mercearias, os açougues, as padarias, dentre outros modais de comércio no setor alimentício. Segundo Nóbrega (2008), o processo da industrialização, o adensamento populacional das áreas urbanas e as novas tecnologias da época no âmbito de transporte e comunicação, beneficiaram o comércio com novos instrumentos que fortaleceram o consumo em massa. A autora afirma ainda que essas mesmas tecnologias, aliadas as técnicas de conservação de alimentos e padronização de pesos e medidas, contribuíram nas alterações no sistema de distribuição de mercadorias e nas técnicas de venda e administração varejista. Frente a essas mudanças decorrentes da industrialização, sur65
ge, então, o que se chama de autosserviço, método no qual o consumidor passa a ter acesso direto aos produtos sem precisar mais de um vendedor para intermediar as compras. Ou seja, o espaço de comercialização de produtos deixa de ser um ambiente de convivência e de entretenimento e passa a ser um espaço de passagem. O autosserviço passou a permitir ao consumidor o contato direto com o produto, que começou a ter rótulo e ser reconhecido pela sua característica visual (Figura 44). A livre circulação pelo interior da loja, aliado a praticidade e a diversificação de produtos em um mesmo espaço conquistou a preferência da população. O representante dessa nova modalidade no setor varejista são os supermercados, que desde a primeira metade do século XX se tornaram aliados da população no âmbito comercial.
Figura 44: O autosserviço como forma atuante no setor terciário. FONTE: Adriana Oliveira. Disponível em: <http://maringamanchete.com.br/supermercado-agora-so-um-domingo-por-mes-aberto/> Acesso 15 abril.2019
Mediante essa situação, quando analisada a localização das atividades de varejo em áreas urbanas ao longo dos anos, Vargas (1992, p.1) pontua: “a localização estratégica não é mais um fator essencial para a viabilização das atividades de comércio e serviços varejistas. Essa localização estratégica vem perdendo progressivamente a sua importância, cedendo espaço cada vez maior para as estratégias de negócios”. 66
Sendo assim, com o advento da industrialização e com a organização dos subúrbios nas cidades, decorrentes das imigrações da população, os estabelecimentos comerciais que antes do século XX localizavam-se em áreas, em sua maioria, de grandes fluxos de pessoas, passam a se dissipar pelo espaço urbano, uma vez que, a localização desses estabelecimentos condiciona-se à fatores que não mais dependem exclusivamente do fluxo, mas sim da capacidade de gerar negócios. Os supermercados, por exemplo, foram os primeiros a abrir lojas nas áreas suburbanas, fortalecendo ainda mais esse movimento de descentralização do espaço terciário de forma que este se dissipasse nos bairros, sendo mais cômodo e mais prático para a sociedade fazer suas compras em locais mais próximos das suas residências. Portanto, o entendimento das transformações ocorridas no espaço urbano através das transições do comércio desde o século XVII no Recife até o século XXI, devem ser compreendidas, uma vez que o comércio, seja ele representado pelas praças de mercado ou pelos supermercados e shoppings centers, são equipamentos norteadores do desenvolvimento urbano. Sendo assim, é de fundamental importância entender as novas demandas da sociedade atual no âmbito do comércio e ao mesmo tempo buscar retomar o conceito dos mercados públicos, do comércio como forma de entretenimento para a população. 5.2.1. OS SUPERMERCADOS E OS SHOPPING CENTERS COMO OPÇÃO NO SETOR COMERCIAL DE ALIMENTOS NO BRASIL. Segundo Cyrillo (1987), os supermercados surgiram no Brasil no final da década de 40, como uma nova opção de equipamento para atender ao grande volume a ser comercializado, exigido pela demanda e oferta de alimentos em crescimento. Eles passaram a ocupar áreas centrais das grandes cidades de forma a atender consumidores localizados em regiões densamente povoadas e de maior poder aquisitivo. Esses novos equipamentos do varejo, possuíam as novidades em relação as tecnologias da época e consequentemente provocaram muita curiosidade da população. Essa curiosidade, aliada ao fato das novas modalidades no transporte e na comunicação, coincidiram com o período de enfraquecimento da cultura existente até então nos mercados públicos. 67
Neste período percebia-se um afastamento gradual dos cuidados do governo com as instalações físicas dos mercados, o que ocasionou o fato de que os edifícios que até então eram sinônimos de higiene, seguridade, luxuosidade e utilidade entraram num intenso processo de desvalorização. Segundo Nóbrega (2008) os supermercados do Recife só surgiram no final da década de 1960. A localização do primeiro supermercado recifense, o Bompreço, projeto dos arquitetos Delfim Amorim e Heitor Maia Neto se deu no Bairro de Casa Amarela, nos centros secundários de comércio; local onde se predominava o uso residencial. Amorim, no seu período tardio em 1963, faz uma parceria com Heitor Maia Neto, arquiteto que se formou no curso de Arquitetura da Escola de Belas Artes do Recife em 1952 (NASLAVSKY, 2004). Maia Neto, inclusive, posteriormente elaborou sozinho diversos projetos para a rede, tornando-se parte integrante da equipe dessa empresa. Essa parceria, entre os arquitetos modernistas resultou, portanto, em diversos projetos para a cidade do Recife no âmbito da arquitetura do varejo e do autosserviço. É em 1965 que uma série de supermercados da rede Bompreço, começam a tomar forma (Figura 45 e 46). Pode-se listar o Bompreço de Casa Amarela (1965) e Bompreço da Madalena, que resume bem a concepção dos arquitetos em relação a um edifício para supermercados: estrutura em concreto armado, da flexibilidade do salão de vendas e da localização em lotes de esquinas. Segundo Spinelli (2010) antes dos anos 80, começa uma segunda fase dos supermercados, com edifícios mais complexos, que agregam lojas e lanchonetes, vindos com o surgimento dos hipermercados. A arquitetura então, começa a se transformar, em vez dos blocos compactos de concreto e tijolo aparentes, surgem os galpões
<
Figura 45: Supermercado Bompreço na Av. Domingos Ferreira, Boa Viagem. F O N T E : Modulação
68
Figura 46: Supermercado Bompreço na Av. Conselheiro Aguiar, Boa Viagem. FONTE: Luciana Ourique/JC Imagem
em estrutura leve pré-fabricada. Assim,esta fase,passa a ter uma participação menor do arquiteto modernista Heitor Maia Neto. Os supermercados despontaram tanto a ponto de no ano de 1966 esse setor varejista já contabilizar 992 estabelecimentos no Brasil. Este crescimento teve como base o fato de que neste período, eles já eram responsáveis pelos abastecimentos alimentar da sociedade, pela mudança nos hábitos de consumo dos mesmos e pelo aumento das expectativas em relação à qualidade dos serviços, como a questão da acessibilidade, conforto, praticidade e comodidade na realização das compras. Diante desse crescimento no ramo do varejo do autosserviço, na década de 70 foram elaborados os primeiros Hipermercados, os quais apresentavam ainda mais variedades e quantidades de
Figura 47: Participação dos supermercados na distribuição de alimentos no Brasil (1970 a 1996) FONTE: Nielsen (1997 apaud VALENTE, 2001)
69
produtos, e tecnologias mais avançadas, fazendo com que o tempo gasto para realizar as compras ficasse cada vez menor. (Figura 47) Esses estabelecimentos, também, conseguiam reunir uma gama de atividades do setor de serviços no seu espaço, fazendo com que o consumidor conseguisse em um único ambiente, resolver suas necessidades. Essa prática de aglomerar vários setores em um mesmo ambiente, começa a ser deficitária para a questão da convivência da sociedade com o meio urbano, ou seja, além da sociedade, em parte, ter migrado dos mercados públicos para os equipamentos de autosserviço, ela começa, também, a se desvincular da cidade de forma que passam a resolver suas necessidades em um mesmo ambiente, os quais usufruem de estacionamento e, consequentemente, estimulam o uso de automóveis. Segundo Nóbrega (2008) o comércio praticado a partir do final do século XX, aquele dirigido para o consumidor motorizado, não precisava de uma localização em espaços de passagens como eram antes os antigos mercados públicos, o que eles precisavam mesmo eram espaços para estacionamentos. (Figura 48) Ainda neste contexto do surgimento de novos modais de comércio encontram-se as lojas de departamentos, as quais, passam a existir, também, com o advento da Revolução Industrial, do Capitalismo e da Arquitetura de Ferro. Estas lojas de departamentos, inicialmente, se configuravam como galerias que vendiam mercadorias diversas, sendo estas, em sua maioria, artigos mais luxuosos. As galerias, logo passaram, então, a ser
Figura 48: Proposta comum dos super e hipermercados espalhados pelo mundo. FONTE: Mirian Gaspari Disponível: <https://miriangasparin. com.br/2019/03/ assai-atacadista-se-consolida-no-atacado - de -autosservico/> Acesso em: 15 abril. 2019
70
ponto de encontro da sociedade burguesa, uma vez que foram cenário das primeiras iluminações a gás, o que permitiam seu funcionamento durante a noite. Além disso, o uso de novas tecnologias como o vidro e a sua organização espacial, considerada até então, como sofisticada, foram fatores determinantes para o sucesso desse novo setor terciário. Com os avanços nessas galerias, sendo estes as demandas por novas mercadorias ou até mesmo os surgimentos de outras galerias em lugares diferentes, fez com que este novo modelo de comprar se desenvolvesse no que hoje se conhece como lojas de departamento. Os avanços técnicos influenciaram grandes lojas de departamento, tanto nos Estados Unidos como na Europa, no fim século XIX e início do século XX. Passaram a ser usadas estruturas de ferro, alumínio e bronze e as janelas foram sendo substituídas por vidros temperados e vitrines. Elevadores e escadas rolantes foram tornando interessante o crescimento vertical destas lojas e a combinação de ar condicionado com moderna iluminação possibilitou separar o mundo exterior e suas intempéries, do mundo interno e aconchegante destes centros comercias. (PADILHA, 2003, p. 68)
Uma loja de departamento ou um grande armazém é uma forma de comércio que apresenta nos seus locais de venda uma larga variedade de produtos de grande consumo, tais como vestuário, mobiliário, decoração, produtos eletrônicos, cosméticos, brinquedos, entre outros.(Figura 49, 50 e 51) Figura 49: Macys, loja de departamentos FONTE: Lia Eustachewich. Disponível em: <https://nypost. com/2016/11/25/ thanksgiving- day-sales-lure-shoppers-afraid-of-crowds/> Acesso em: 15 abril. 2019.
71
Figura 50: El Corte Inglés, um exemplo de loja de departamento do século XXI na Espanha. FONTE: Marta Carvalho. Disponível em: < https://www.maxima.pt/moda/detalhe/ el-corte-ingles-lanca-marca-de-roupa-mais-barata > Acesso em: 16 abril. 2019
Figura 51: Espaço de Food Hall na Galeries Lafayette, uma rede de loja de departamento na França. Food Hall pode ser classificado como uma parte das lojas de departamento onde a comida é vendida, logo, é uma espécie de praça de alimentação. Disponível em:<https://news.italianfood.net/2018/04/03/eataly-open-galeries-lafayette/>. Acesso em: 16 abril. 2019.
72
Portanto, assim como os supermercados e os hipermercados foram equipamentos que marcaram uma revolução no modo da sociedade adquirir o seu alimento, as lojas de departamentos foram decisivas no âmbito do comércio como venda de mercadorias gerais. Essas novas formas de desfrutar do espaço terciário foram gradativamente causando grandes transformações e redefinições do espaço público da cidade. Oriundo dos moldes das lojas de departamentos, outro equipamento responsável por esse processo de transformação na logística das cidades surgiram, os Shopping Centers. Eles podem ser caracterizados como espaços de centros de compras que reúne vários estabelecimentos comerciais de diversos segmentos, desde lojas de roupas, calçados, restaurantes, lanchonetes fast food, cinema e parques.(Figura 52 e 53) Os primeiros Shopping Centers, nesta configuração conhecida até os dias atuais, surgiram nos Estados Unidos a partir do processo de suburbanização, na década de 1950. Eles eram localizados em áreas periféricas às cidades, sendo o seu público alvo, portanto, os consumidores motorizados. A princípio, a sua lógica de organização e funcionamento se baseavam na lógica espacial das ruas de compras tradicionais, em que se tinha lojas nos dois lados da rua, diferenciando-se pelo fato de ser um ambiente coberto e fechado e também pela clara separação entre o pedestre e o veículo. Pintaudi (apud BIENENSTEIN, 2001) delimita três elementos chaves que constituem a base da existência de um Shopping Center. São eles: a iniciativa do empreendimento que, no Brasil, tem sido de responsabilidade do setor privado; o aluguel das lojas e a existência de áreas de estacionamento. A partir da combinação de conforto e consumo, os Shopping Centers se espalham pelas cidades do Brasil, passando a se localizar em áreas mais centrais, ocasionando uma crescente transformação em seus hábitos de consumo. O primeiro Shopping Center no Brasil, inaugurado em 1966, foi o Iguatemi, projeto dos arquitetos Gian Carlo Gasperini e Roberto Aflalo, responsáveis pelo escritório Aflalo e Gasperini (Figura 54). Na época da inauguração, o principal ponto de atração comercial para os consumidores paulistanos era a então badalada rua Augusta, recheada de butiques de luxo. A novidade foi recebida com incerteza pela população, que passou a disputar os espaços mais próximos da porta de entrada, 73
para vender as suas mercadorias, uma vez que não confiaram que a clientela trocaria o espaço público para caminhar dentro de um prédio fechado. Logo, ao perceber que este modelo de comércio estava dando retorno, houve um crescimento significativo na quantidade de Shopping Centers surgindo pelo país. (Figura 55) A praticidade de poder comprar ou adquirir a maior parte dos artigos de que se necessita em um único espaço, numa localização central, foi um dos primeiros e mais diretos meios pelo qual se procurou simplificar a vida que estava se tornando
Figura 52: Formato, organização e logística da grande maioria dos shopping centers da atualidade. Disponível em: <https://www.globaltec.com.br/2015/11/10/demonstrativos-de-boas-praticas-de-gestao-de-shopping-center/> Acesso em: 15 abril. 2019
Figura 53: Exemplo da praça de alimentação, presente em boa parte dos shoppings centers. Disponível em: <https://www.globaltec.com.br/2015/11/10/demonstrativos-de-boas-praticas-de-gestao-de-shopping-center/> Acesso em: 15 abril. 2019
74
<
Figura 54: Shopping Igua-
temi nos anos 70: mudanças nos hábitos de consumo. Projeto do escritório Aflalo e Gasperini. FONTE: Veja São Paulo
<
Figura 55: Crescimento em número de shoppings Centers no Brasil no período entre 1972 a 2012. FONTE: ABRASCE (Associação Brasileira de Shopping Centers)
cada vez mais complexa. Essa lógica perdura até hoje, e é a chave fundamental para o desenvolvimento da indústria de Shopping Centers. Os shoppings são, agora, lugares onde cada vez mais se busca o consumo, o lazer e os contatos, com conforto e segurança. O contraponto da rua. Espaços criados e recriados, a todo instante, como símbolos maiores do avanço do privado sobre o público (do avanço da lógica capitalista que ao mesmo tempo incentiva a todos ao consumo e seletiva aqueles que podem realizar compras, lazer nestes espaços privados criados para atender ao consumo, lazer e serviços diversos) (FERREIRA, 2002, p.43)
75
Portanto, os Shopping Centers transformaram o ritmo de vida tradicional. Aos poucos se apresentaram como forma moderna de lazer e consumo, seguro, sem violência e, assim, atraiu as pessoas a frequentarem seus espaços privados (fechados). Desse modo, as atividades como caminhar nas calçadas, ruas, praças (espaços públicos) e o acompanhamento das coisas simples do mundo vivido, deixaram, aos poucos, de fazer parte do cotidiano. Tem- -se percebido que esses equipamentos com incentivo de capital comercial imobiliário e do Estado tem gerado consequências no urbano, quanto ao modo de viver. Com essa relação homem e cidade, cada vez mais deficitária, o comércio, se moldou as novas demandas, e assim, como visto, os mercados públicos, cedem lugar para estes novos equipamentos capitalistas. No entanto, resgatar esse valor cultural e social dos mercados públicos deve ser considerado, uma vez que trazer à tona a relação da sociedade com a cidade é o principal fator de promoção de um ambiente urbano saudável.
5.2.2. A CRESCENTE TENDÊNCIA DA GASTRONOMIA A gastronomia, de acordo com Gimenes (2010), pode ser compreendida como o estudo das relações entre a cultura e a alimentação, incluindo os conhecimentos das técnicas culinárias, do preparo, da combinação e da degustação de alimentos e bebidas, e ainda dos aspectos simbólicos e subjetivos que influenciam e orientam a alimentação humana. Dessa maneira, definir a gastronomia é um papel complexo, uma vez que este setor vem assumindo papeis diferentes ao longo do tempo. A gastronomia surge como uma área de conhecimento e se relaciona com a cultura e a sociedade local, sendo uma maneira de demostrar por meio do alimento um pouco da história de cada lugar. Com o passar dos anos, a gastronomia perde, em parte, esse posto de ser apenas uma área de conhecimento e se transforma em um novo modelo de mercado econômico que está em crescente desenvolvimento. Esse mercado, logo, envolve o surgimento de novos estabelecimentos dedicados para a alimentação fora do lar, em suas inúmeras segmentações. 76
A gastronomia sempre fez parte do cotidiano de qualquer sociedade e de qualquer época. O ato de comprar o alimento, prepara-lo e vende-lo existe há muitos séculos, e é elemento de grande magnitude quando se refere à definição da cultura do local, uma vez que, o comércio é elemento norteador da organização da cidade e da sociedade. Após o processo de Industrialização e, consequentemente, da produção em série, inicia-se uma transformação no ramo da gastronomia, de forma que esse setor deixe de ser uma atividade corriqueira da sociedade e passe a se tornar um mercado econômico de força. Assim, a sociedade começa a entender que é possível empreender no ramo da gastronomia, uma vez que, este setor está em constante ascensão. A sociedade contemporânea cada vez mais busca por soluções práticas, rápidas e funcionais para a sua rotina. Dessa forma, o ato de se alimentar se alinha com esses novos costumes, o que faz com que os serviços de restaurantes, padarias, cafés e mercearias se intensifiquem e se dissipem por todos os lados das cidades, tornando-se parte integrante da paisagem local. Procurar um espaço para se alimentar, de forma mais rápida e prática, onde não se perca tempo de deslocamento e não seja necessário fazer as atividades domésticas é o que a sociedade contemporânea vem demandando. Por esse motivo, é possível nos dias atuais, em diversas cidades espalhadas pelo mundo, encontrar inúmeros estabelecimentos voltados unicamente para o comércio de alimentos. Ainda devido as mudanças de costumes da sociedade, a Globalização foi um fator que contribuiu muito para a disseminação da gastronomia pelo mundo. A sociedade, de certa forma, busca entender e conhecer a cultura culinária de outros países, o que faz com que a gastronomia passe a ser global e não mais pontual em cada região. Logo, esse mercado começa a se transformar, também, em um produto turístico. É comum encontrar em uma única cidade, inúmeras opções de estabelecimentos voltados a serviços de gastronomia, como bares e restaurantes, e é ainda mais comum visualizar a diversidade de opções no estilo desses estabelecimentos. A globalização contribuiu para que a cultura do alimento fosse disseminada em qualquer lugar do mundo. Nas capitais do Brasil, por exemplo, estabelecimentos com o foco em comida 77
78
italiana, francesa, árabe, espanhola, japonesa, dentre outras, é extremamente normal, sendo esse fato uma realidade da sociedade. Alimentar-se bem, compartilhar de experiências, conhecer culturas diversas, reunir amigos, apreciar experiências culinárias, contemplar restaurantes e bares, tudo isto se reflete em momentos prazerosos e agradáveis, elevando a gastronomia à um segmento do setor comercial que se expressa como um equipamento de lazer e de entretenimento. Assim, convertidos em espaços de lazer, estes empreendimentos terminam por propiciar o contato e o encontro entre pessoas de forma espontânea, possibilitando a vivência da sociabilidade em várias configurações. A gastronomia, portanto, vem ganhando muita força no mercado econômico, uma vez que estabelecimentos destinados ao setor alimentício estão em foco na nossa sociedade. Isto acontece tendo em vista que em um mesmo equipamento é possível reunir entretenimento, lazer, turismo e fonte de renda, ou seja, esta nova forma de empreender se disseminou pelo Brasil e continua em um ritmo de crescimento constante. Para se ter ideia do crescimento do food service (mercado de alimentação fora do lar), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) por meio de uma pesquisa realizada em 2015, constatou que o brasileiro gasta cerca de 25% da sua alimentação fora do lar. A ABRASEL (Associação de Bares e Restaurantes) estima que o setor representa 2.7% do PIB brasileiro. Ainda retratando dados para demostrar o crescimento deste setor no Brasil, a ABIA (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação), estimou que o faturamento da indústria de alimentos no País registrou alta de 85,8% entre os anos de 2010 e 2016. Considerando esse crescimento, a média do setor de alimentação fora do lar é de 12,3%, o que reforça que o hábito de se alimentar na rua está cada vez mais presente no cotidiano de quem vive no Brasil.
<
Figura 56: A gastronomia é global e reflete diretamente no turismo. Disponível em: <http://nicolestewart.com/londonclinic/uncategorised/truths-about-natural-skincare/>. Acesso em: 18 abril. 2019.
79
De acordo com dados da FoodTrendsBrasil 2020, os locais de preferência dos brasileiros quando o assunto é alimentação fora do lar são: 27% restaurantes a quilo; 19% lanchonetes ou redes de fast food; 18% restaurantes à la carte; 18% padarias; 11% bares e, 6% ambulantes. Dessa forma, por meio dos dados apresentados, fica evidente a demanda que a sociedade tem por estabelecimentos voltados para a alimentação na atualidade. Sendo assim, percebe-se como a gastronomia já faz parte do cotidiano da população. A cidade do Recife, então, se enquadra nesse cenário e já possui centenas de restaurantes, bares, padarias, lanchonetes, dentre outros, espalhados pela cidade. As opções são muitas, os estilos são diversos e as ofertas são bem diversificadas. Esses restaurantes espalhados pela cidade do Recife, então, são opções de entretenimento e de distração da sociedade, a qual busca frequenta-los não apenas para se alimentar, mas também para relaxar, conviver e se divertir. Dessa forma, um estabelecimento com esse foco é de grande relevância para a cidade e deve, assim, estar em crescente transformação e atualização, para que as pessoas continuem frequentando estes espaços e, consequentemente, se relacionando com a cidade.
5.2.3. O PROCESSO DE PROPAGAÇÃO DOS MERCADOS GASTRONÔMICOS Mais que pontos de troca ou de abastecimento, as feiras e mercados tornaram-se parte da identidade das cidades, registrando nos espaços urbanos traços do que os formaram (ZAKHIA, 2015). Os mercados públicos se traduzem em sentimentos de nostalgia, cordialidade, convivialidade, de singularidades transmitidos por meio dos seus barulhos, dos cheiros, dos movimentos, dos ritmos, das tradições, dos símbolos, sendo todos estes valores capazes de humanizar o cotidiano da metrópole e romper com o dia-a-dia pesado da cidade. Entretanto, como foi visto, os mercados públicos perdem, de certa forma, a sua força como equipamentos urbanos de grande porte para a cidade quando novos estabelecimentos voltados para o setor terciário começam a aparecer. 80
As cidades expandem, criam pontos atrativos para a localização de novos tipos de estabelecimentos comerciais, os quais tendem a concentrar e centralizar o capital. Desse processo resulta o surgimento de outros equipamentos comerciais que, por concentrarem e centralizarem o comércio e o serviço em um mesmo ambiente, passam a obter mais facilidades, as quais resultam em maiores lucros, como por exemplo as cadeias de lojas, setores do comércio distribuídos pelos bairros, os supermercados, os hipermercados e os shopping centers. Com isso, os mercados públicos, equipamentos que sempre tiveram papel de muita significância para a cidade, que participaram no processo de desenvolvimento delas, começam a perder o seu público, que, em sua maioria, migra para esses novos estabelecimentos comerciais. No entanto, tendo em vista, a magnitude dos mercados públicos, as suas histórias e trajetórias, as suas dimensões, as suas relações com a cultura e a sociedade, é de fundamental relevância buscar meios de devolver a cidade os costumes de frequentar estes ambientes, de entender o quão eles devem continuar sendo importantes para o desenvolvimento do setor do comercio e da cidade como um todo. Por isso, o que vem acontecendo em vários mercados públicos espalhados pelo mundo é modernização da sua logística, da sua forma, da sua estrutura. No Brasil, especialmente nas grandes cidades, são vários os exemplos de antigos mercados que, com uma nova roupagem em termos de infraestrutura e novas propostas quanto à oferta de produtos e de alimentos prontos, transformaram-se em novos e atrativos points de alimentação. E, consequentemente, passam, também, a serem classificados como lugares de encontro, polos de lazer e de turismo. Esse processo revela a importância desses lugares na reprodução do espaço urbano e do capital. No caso dos mercados públicos, são várias as cidades que inovaram ao transformar esses espaços em atrativos local, nacional e internacionalmente a partir de projetos de renovação/ requalificação. Percebe-se, por meio de exemplos nacionais e internacionais, que esse é um dos argumentos para evitar a degradação e o total abandono de tradicionais equipamentos varejistas. É assim, no contexto das tendências no comércio varejis81
ta de alimentos, que os mercados públicos, segundo Pintaudi (2011), muitas vezes quase abandonados, e servindo a um público diminuto da cidade, passam das mãos do estado para as mãos de investidores privados, perdendo de modo significativo a outrora função principal que era abastecer a cidade e ganhando a função de equipamento de entretenimento e convivência social nas cidades. Mais recentemente, para atender nichos de mercado de consumo seletivos, muitos destes tradicionais equipamentos modernizados passam a ser denominados gourmet e, juntamente com novos e pequenos mercadinhos, chamados de lojas de bairro, lojas de conveniência, delicatesens e outros equipamentos, multiplicaram-se como uma tendência nas grandes cidades (Pintaudi, 2006; 2009; 2011). Portanto, os “novos mercados” visam aliar a crescente tendência do capital advindo da gastronomia com a cultura e os costumes dos antigos mercados públicos. Assim, esses mercados que sofreram a intervenção arquitetônica, em sua maioria, apresentam restaurantes em seu interior, quiosque para vender comidas já prontas e espaços para sentar e fazer a refeição. Ou seja, os mercados do século XXI buscam atender a demanda da sociedade atual agregando em seu ambiente vários serviços e várias atividades comerciais. 5.2.3.1. REQUALIFICAÇÃO ARQUITETÔNICA DO MERCADO MUNICIPAL DE SÃO PAULO Um exemplo de mercado de grande magnitude no Brasil que precisou passar pelo processo de modernização e de requalificação, foi o Mercado Municipal de São Paulo. Em 1924, a municipalidade resolveu edificar um mercado público que refletisse a envergadura da cidade. Para que esta tarefa de grande magnitude fosse realizada, uma equipe formada pelo escritório Ramos de Azevedo e o arquiteto italiano Felisberto Ranzini, foi convocada. As obras duraram de 1925 a 1932, no entanto, no final da construção que era para suportar um mercado, foi tomado como um edifício de munições durante a revolução constituciona82
lista, sendo o mercado mesmo inaugurado em 1933. (RUBIES, 2005) O mercado municipal de São Paulo possui uma área construída de 12.600m² e ocupa uma quadra com 22.300m². Ele foi implantado numa área estratégia, uma vez que se insere no eixo viário que conecta a Zona Norte ao ABC e Santos e situa-se as margens do Tamanduateí. O prédio é construído em concreto armado e apresenta um pé direito que chega a atingir 16 metros de altura, fato que possibilita a sua expansão Com o passar dos anos a sua estrutura física não conseguiu acompanhar o crescimento da metrópole e o mercado também se perde o posto de o principal centro de abastecimento de alimentos com o surgimento da CEASA (Centrais Estaduais de Abastecimentos) na década de 60. Em 1973 após sofrer uma inundação em 1966, o mercado municipal de São Paulo quase é demolido, no entanto, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico –CONDEPHAAT conseguiu incluir o mercado na sua lista e assim, não chegou a ter um fim trágico. Em meados de 1980 e 1990 algumas reformas foram feitas, mas foi apenas em 2004 que o mesmo sofre uma grande intervenção e qualificação arquitetônica. (RUBIES, 2005) Em 2004, sobre a governança da prefeita Marta Suplicy, o arquiteto Pedro Paulo de Melo Saraiva, focou em tornar a infraestrutura da edificação mais eficiente, adaptando as suas instalações físicas para a inserção de novos usos. Com isso busca garantir um novo centro varejista e gastronômico na cidade de São Paulo.(Figura 57 e 58)
< Figura 57: O mercado municipal após a sua requalificação. Disponível em:< www.mercadomunicipalsp. com>. Acesso em: 18 abril. 2019.
83
Para tanto, foram propostas as seguintes intervenções: • Conservação e Restauro do bem tombado; • Recuperação da coberta do edifício, incluindo captação das águas pluviais; • Implementação de sistema de infraestrutura capaz de adequar todas as instalações necessárias ao funcionamento atual e futuro do Mercado; • Iluminação interna ambiental e externa monumental; • Substituição do piso interno das circulações se usuários pedestres; • Proposta de acessibilidade local incluindo urbanização e sistemas viários; • Estacionamento operacional/ Doca de carga e descarga com plataforma elevada; • Estacionamento para clientes; • Modernização de toda a infraestrutura (água, esgoto, drenagem de águas pluviais, elétricas, telefonia, logica, proteção à incêndio); • Reformulação física e programática do edifício, incluindo:
Figura 58: Corredor interno com espaço adequado e suficiente para pedestre. Disponível em: <www.mercadomunicipalsp.com>. Acesso em: 18 abril. 2019
84
______ Novas circulações e acessos de carga e descarga, serviço e público; ______Subsolo abrigando novos itens do programa (sanitários públicos, vestiários de funcionários, refeitório, enfermaria, postos de segurança, acondicionamento de lixo, escritórios de agronegócios, central de informática, administração, fraldário); _____Mezanino articulando às torres A e B, constituindo uma “Varanda de Alimentação”, abrigando restaurantes, lojas gastronômicas, escola de culinária, quiosques para cafés e flores, sanitários. _____Reformulação das torres do Mercado, abrigando, então, restaurantes típicos, padaria, choperia e piano bar. (SARAIVA, 2005)
Ao entender um pouco do que foi proposto para esta intervenção, fica claro o impacto que este equipamento passou a fazer naquela região onde está implantado, portanto, o tecido urbano daquele setor da cidade, que antes se encontrava em degradação, se transformou, uma vez que o Mercado impactou diretamente no desenvolvimento econômico daquele entorno. Ou seja, o mercado volta a ter a força de um equipamento público requalificador do espaço urbano, além de devolver a dignidade do patrimônio arquitetônico, resgatando- o como um marco referencial histórico e turístico. Além dos fatores citados acima, a questão de abrigar o uso gastronômico no mercado é um fator de alta relevância para devolver ao mercado o seu protagonismo. Oferecer ao público a opção de fazer a sua refeição no local e não apenas comprar insumos para produzir o seu alimento em casa, é uma demanda atual e indispensável da sociedade. Esse fato consolidou-se em forma de um mezanino, considerado de ”Varanda Gourmet” com 2.000m², lá ficam localizados os restaurantes, lanchonetes, cafés e escola de gastronomia. (Figura 59, 60, 61 e 62) As medidas adotadas são reflexo da experiência histórica aliada à evolução do varejo de alimentos no Brasil e no Mundo. Os resultados alcançados foram bem sucedidos e deve ser base para projetos futuros de requalificação dos Mercados Públicos no Brasil. 85
Figura 59: Corredores internos com opção de espaço de convivência e alimentação. FONTE: Roberto Dig .Disponível em: < https://www.localguidesconnect.com/t5/Let-s-Meet-Up/Passeio-no-Mercad%C3%A3o-de-SP/td-p/194064> acesso: 15 de abril. 2019
Figura 60: Mercado público de São Paulo- Vista do mezanino. FONTE: Pedro Paulo de Melo Saraiva. Disponível em: < http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/03.036/2259> Acesso em: 20 abril. 2019.
86
< Figura 61: Mezanino que abriga a “Varanda Gastronômica” FONTE: Marcelo Scandarolli. Disponível em: <https:// blogdaarquitetura. com/a-historia-e-a-arquitetura-do-mercado-municipal-paulistano/> Acesso em: 15 de abril.2019
Figura 62: Vista do mezanino do Mercado Municipal de São Paulo. FONTE: Rogério Santos. Disponível em: < https://www.revistamenu.com.br/2019/02/28/mercado-municipal-de-sao-paulo-ganha-novas-opcoes-gastronomicas/. Acesso em: 18 abril. 2019.
87
5.2.3.2. O CENÁRIO DOS MERCADOS PÚBLICOS DO RECIFE NA ATUALIDADE A cidade do Recife, possui tradições culturais muito fortes, as quais estão refletidas na culinária, no artesanato, na música, na dança, e etc. Com isso, a arquitetura também acaba sendo um retrato da história e da cultura do povo recifense, com os seus edifícios bem característicos e com equipamentos públicos bem presentes, como é o caso dos mercados públicos da cidade.
Figura 63: Mercado da Encruzilhada em 1941. FONTE: Acervo da Fundaj. Disponível em: < http://revista.algomais.com/exclusivas/6-mercados-publicos-do-recife-de-antigamente> Acesso em: 16 abril. 2019.
Figura 64: Mercado da Madalena em 1940. FONTE: Acervo da Fundaj.Disponível em: < http://revista.algomais.com/exclusivas/6-mercados-publicos-do-recife-de-antigamente> Acesso em: 16 abril. 2019.
88
Recife, possui dezessete mercados públicos, sendo seis mais significativos para a cidade. Dentre estes estão o Mercado da Boa Vista, o Mercado de Casa Amarela, o Mercado da Encruzilhada, o Mercado de São José, o Mercado da Madalena e o Mercado de Afogados. Estes mercados estão espalhados pela cidade e datam de períodos diferentes e, consequentemente, de estilos arquitetônicos.(Figura 63 e 64) O que todos têm em comum é a sua força, a sua carga cultural e histórica, a sua imponência e a sua importância para a cidade. Os mercados públicos, como já retratado, são equipamentos urbanos fundamentais para o desenvolvimento da cidade. Eles são responsáveis pelo surgimento do fluxo do comércio, pela formação das áreas e a possível definição dos seus respectivos usos, tendo em vista que o setor terciário é, de fato, norteador para a urbanização da cidade. Conhecer os mercados públicos da cidade do Recife é uma atração turística à parte. É conhecer um pouco da história da cidade, pelo seu passado, bem como ter a oportunidade de conviver com o povo da cidade, saborear as comidas regionais e comprar os produtos artesanais produzidos e vendidos. Todos os mercados públicos da cidade são, essencialmente, um retrato da cultura pernambucana e assim possuem tradições bem refletidas no seu modo de organização. A regra é a mesma para todos os mercados públicos de Recife. Abrir as portas às 6h, fechar às 18h. São portões de ferro robustos, como as sólidas estruturas das paredes. Mas cada um tem história, arquitetura e freguesia próprias. Afora os mercados centrais, São José e Boa Vista, que recebem público variado, de todas as camadas sociais e cantos da capital pernambucana, e também gente de fora, de outros estados e países, os mercados de bairro possuem suas próprias confrarias. (MACIEL, 2015)
Entretanto, o que vem acontecendo com os mercados públicos, é a perda de uma parcela do deu público, o qual passou a migrar para outros equipamentos comerciais, como os supermercados, os shopping centers, bares e restaurantes. Esse fato acontece tendo em vista o maior conforto oferecido por estes novos equipamentos, os quais surgem como uma opção mais moderna e mais 89
cômoda, uma vez que, possuem elementos e uma infraestrutura mais atual, possibilitando, de certa forma, um espaço mais convidativo. Essa realidade, também se alinha com o fato de alguns mercados públicos de Recife, estarem precisando de algumas melhorias em sua logística e em sua infraestrutura. Tendo em vista que os mercados datam de séculos passados e de que, alguns, são considerados patrimônio histórico da cidade, sendo, então, fundamental propor melhorias, através de intervenções arquitetônicas e urbanísticas. Se o Mercado Municipal de São Paulo, um equipamento tão importante para a cidade, passou em 2004 por intervenções, as quais trouxeram novamente vitalidade para o mesmo, algumas medidas devem ser tomadas para garantir o mesmo resultado nos mercados do Recife. Iniciativas já começaram a ser tomadas, como é o caso do programa “Viva o Mercado”. Este programa é uma ação da Autarquia de Serviços Urbanos do Recife (Csurb) em parceria com a Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer de Pernambuco e prevê a implantação de uma agenda de eventos e shows com artistas locais nos mercados públicos da cidade. Ou seja, é um programa que visa levar entretenimento aos mercados, tornando-os mais atrativos e mais vivos. Outro programa é o “Parceiros dos Mercados”, este, assim como o “Viva o Mercado”, visa contribuir para que a história dos mercados não seja esquecida. O projeto se define como um programa que irá levantar a autoestima dos mercados, esquecidas por outras gerações, ao longo dos anos carentes das políticas públicas, destacando, assim, as belezas dos mercados, e promovendo a melhoria deles. Além dos programas que visam alternativas de entretenimento de lazer para os mercados, algumas medidas de intervenções começam a ser pensadas para, de fato, enaltecer a importância e a beleza desses mercados públicos e, assim, torna-los novamente atrativos a todos os tipos de públicos. O Mercado da Encruzilhada, por exemplo, vem recebendo investimentos visando a melhoria da sua infraestrutura. No ano de 2017 o mercado ganhou uma nova área destinada à gastronomia com perfil gourmet, onde passou a contar com restaurante, padaria, pizzaria e uma cervejaria (Figura 65). Boxes de carnes e peixes deram espaço a esses novos estabelecimentos, como parte de uma reestruturação física do mercado. Um novo espaço com cadeiras e mesas, tam90
Figura 65: Área gourmet do Mercado da Encruzilhada após a reforma. FONTE: Andréa Regô Barros/ Prefeitura do Recife; Disponível em: < http://www2.recife.pe.gov.br/noticias/25/11/2017/mercado-da-encruzilhada-com-mais-opcoes-gastronomicas-e-de-lazer> Acesso em: 18 abril. 2019.
bém foi acrescentado ao projeto, a ideia foi de criar um espaço de permanência e convivência, sendo um apoio para o espaço gourmet. O mercado de São José, também, pretende passar por requalificações nesse mesmo âmbito gastronômico. Sua última intervenção foi realizada em 1994, cinco anos após um trágico incêndio que destruiu boa parte da estrutura. O processo de licitação foi aberto a partir de janeiro de 2019 e as obras devem começar no segundo semestre do mesmo ano, de acordo com a URB. O espaço abriga 590 boxes - no projeto esse número será mantido e o espaço padronizado em uma área de 1.868 m², e acumula uma série de problemas, como esquadrias quebradas, estruturas de ferro danificadas, pisos inadequados que dificultam a limpeza, cobertura com vazamentos, entre outros. Ainda sobre a proposta, pretende-se criar um mezanino para um espaço de bares e restaurantes. A diretora de Planejamentos e Projetos da URB, Rúbia Campelo, em entrevista ao jornal Folha de Pernambuco, demonstra como este novo modelo irá proporcionar muitos ganhos, em todos os sentidos para o mercado. “É normal que as pessoas resistam no primeiro momento, mas temos o caso do Mercado Público 91
< Figura 66: Mercado da Madalena. FONTE: Prefeitura do Recife. Disponível em: < http://www2.recife. pe.gov.br/servico/mercado-da-madalena> Acesso em: 03 maio. 2019.
de São Paulo. Um modelo que funciona hoje não só como mercado de abastecimento, mas é um grande atrativo cultural para a cidade”. Outro mercado que visa por melhorias, é o Mercado da Madelena (Figura 66). O mercado data de 1925 e faz parte da história do bairro desde então. Segundo Lins (2007) a arquitetura lembra um edifício do período colonial, com quatro fachadas. Originalmente possuia 72 com-
Figura 67: Mercado da Madelena atualmente. Disponível em: < https://visit.recife.br/en/o-que-fazer/madalena-market/o-que-fazer-mercado-da-madalena-02/>. Acesso em: 02 maio. 2019.
92
partimentos cobertos que ocupavam a parte periférica, já no centro do pátio, havia quatro setorores não cobertos e o prédio da administração. Lins (2007) afirma, ainda, que a construção do mercado e da praça ao lado demonstra a preocupação das autoridades com o embelezamento da área. No entanto, após quase dez décadas da sua construção, o mercado encontra-se em uma situção não muito favorável, sendo importante realizar medidas de requalificação urbana e arquitetônica no mesmo (Figura 67). Por isso, no ano de 2018 foi realizado um projeto de reforma para mercado visando torná-lo novamente atraente, confortável, agradável e acessível a todos os públicos.
Figura 68: Mercado da Torre. Área gastronomica. FONTE: Autora, 2019.
O projeto, assim, consistia em incluir melhorias no piso e na iluminação, colocação de coberta, adequação dos banheiros, pinturas, dentre outras ações. Essas atitudes, portanto, objetivam devolver ao mercado o seu potencial de sociabilização e a sua característica de equipamento público presente no cotidiano da sociedade, além de devolver ao mesmo o seu potencial de ser um espaço de atração turística. Dessa maneira, o que vem acontecen93
do nos mercados públicos do Recife, é uma adaptação da sua logística de forma a oferecer ambientes mais agradáveis e, também, incrementar a questão da demanda da sociedade atual no quesito da gastronomia, de incluir espaços voltados para essa vertente nos mercados da cidade. Essa demanda se caracteriza de maneira tão forte e tão presente na atualidade que recentemente, no ano de 2019, um novo mercado focado na gastronomia surge na zona norte da cidade do Recife, o Mercado da Torre (Figura 68). A edificação onde se situa o mercado já era existente e se tratava de uma construção elaborada para abrigar o antigo SESI- Serviço Social da Indústria (Figura 69 e 70). Figura 69: Mercado da Torre. Visão geral do complexo. Aproveitamento da edificação já existente com novas propostas de organização espacial. FONTE: Eduarda Barbosa. Disponível em: < https://www.folhape.com. br/economia/economia/ economia/2018/03/14/ NWS,61868,10,550,E C O N O M I A , 2 3 7 3 -TO RRE-GANHARA-CENTRO - GASTRONOMICO. aspx>. Acesso em: 02 de maio. 2019. Figura 70: Planta de Implantação do complexo que recebe o Mercado da Torre. FONTE: Patrícia Monteiro. Disponível em : < https:// www.diariodepernambuco. com.br/app/noticia/economia/2018/10/26/internas_economia,766508/ mercado-se-apronta-para-chegar-ao-bairro-da-torre.shtml>. Acesso em: 02 de maio. 2019.
94
O projeto do mercado, que fica localizado nesse complexo onde se ofereçem serviços de delicatessen e laboratório médico, por exemplo, é caracterizado por ter nas laterais da edificação espaços para os boxes dos restaurantes e na área central espaços para convivência. Portanto, apesar de possuir uma área pequena, apresenta um bom potencial como espaço para entretenimento e lazer da população Entretanto, o que acontece é que no bairro de Boa Viagem essa cultura de frequentar os mercados pouco existe. Como os mercados do Recife estão espalhados em vários bairros, estes ganham vitalidade, muitas vezes, pelo fato de que a população de cada bairro o frequentam bastante. No entanto, Boa Viagem por ser um bairro “novo”, não aderiu, de certa forma, a essa cultura. O mercado de Boa Viagem existe há mais de 40 anos e fica localizado em um ponto central do bairro. Entretanto, o mercado, que é de iniciativa privada, não passa por melhorias e requalificações há muitos
Figura 71: Mercado de Boa viagem. Fachada para a Av. Domingos Ferreira. Disponível em: <https://poraqui.com/boa-viagem/operacao-apreende-500-kg-de-produtos-no-mercado-de-boa-viagem/> Acesso: 18 abril. 2019.
95
anos e, portanto, como não pode sofrer intervenção da Prefeitura do Recife, encontra-se em uma situação desfavorável.(Figura 71, 72 e 73) O mercado é formado apenas por boxes que possuem uma grande variedade de produtos. No entanto, o seu foco é vender insumos, como carnes, peixes e frutas, não sendo, assim, um espaço, para usufruir de uma gastronomia ou de um espaço de convivência. É um local para comprar o que se precisa e sair. Portanto, o que se percebe é uma procura da população por mais espaços que ofereçam áreas de convivência, de lazer, de entretenimento, aliado a um bom espaço para fazer refeições, conhecer sobre culinária e apreciar um bom prato.
Figura 72: Mercado de Boa viagem. Fachada para a Av. Conselheiro Aguiar. Disponível em: < https://poraqui.com/ boa-viagem/mercado-de-boa-viagem-de-conserto-de-sapatos-a-pet-shop-aqui-tem-de-tudo/> Acesso: 18 abril. 2019. Figura 73: Área interna do Mercado de Boa Viagem atualmente. Disponivel em: < https://poraqui. com/boa-viagem/ mercado-de-boa-viagem-passa-por-repaginada-para-reconquistar-clientela/>Acesso em: 03 maio. 2019.
96
97
6 . ES T U D O S
D E
C A S O
Figura 74: Mercado da Ribeira. Time Out Market DisponĂvel em: <https://www.timeout.com/lisbon/restaurants/time-out-market-lisbon.> Acesso em: 15 maio. 2019
98
MERCADO DA RIBEIRA 99
1. MERCADO DA RIBEIRA
O Mercado da Ribeira na forma como se conhece nos dias atuais foi inaugurado no primeiro dia do ano de 1882. No entanto, a ideia do espaço terciário, mercantil, começou a surgir na cidade de Lisboa, em Portugal, em meados de 1100. Nesta época, se formula a primeira versão do Mercado da Ribeira Velha, que ficava na antiga Praça do Pelourinho na cidade de Lisboa. Depois de muitos séculos, em 1600 o Mercado da Ribeira ganha fama por toda a Europa. Entretanto, em 1755 Lisboa passa por um grande terremoto responsável por destruir a zona da Ribeira Velha e, consequentemente, o Mercado da Ribeira, mas foi apenas em 1771 que o Marquês de Pombal cria uma nova rede de mercados da qual surge reformulado o Mercado da Ribeira, em uma localização próxima do qual está até os dias atuais. Em 1882, com o projeto de Frederico Ressano Garcia, foi inaugurada uma parte do mercado original (Figura 75). Onze anos depois, em 1893, um grande incêndio destruiu toda a parte nascente do edifício do mercado, o que fez com que em 1902 o mercado recebesse um projeto de ampliação, elaborado por João Piloto. O projeto de ampliação foi finalizado apenas em 1930, devido à grande complexidade arquitetônica e da área do mercado com 10 mil metros quadrados de área coberta. Após o termino da ampliação, foi necessário em 1940 elaborar uma remodelação do espaço do mercado, dividindo os espaços das lojas e bancas. A partir da década de 40, o mercado, então, retorna ao seu perfeito funcionamento, incluindo espaços para matadouros de aves, o qual foi extinto em 1980. O mercado nesse período, também era responsável por ser o centro de abastecimento de alimentos para toda a região, sendo, portanto, um espaço de grande relevância para a área. (Figura 76) No ano de 2000, o Mercado da Ribeira, começa a perder a sua capacidade de ser o principal centro de abastecimento de alimentos com o surgimento da MARL (Mercado Abastecedor da Região de Lisboa). Com isso, em 2001, pensando de forma a retomar o público o qual havia perdido, elaborou-se um projeto de requalificação do 1º piso do mercado com a proposta de incluir espaços para restaurantes e salas de eventos. 100
Figura 75: Mercado da Ribeira em 1882. FONTE: Time Out Market Lisboa Disponível em: < https://www.timeoutmarket.com/lisboa/ conceito/> Acesso em: 07 maio. 2019.
Figura 76: Fachada do Mercado da Ribeira atualmente. Disponível em: < http://vistosedicasdeviagem.com/ timeout-mercado-da-ribeira-lisboa/> Acesso em: 07 maio. 2019.
No ano de 2010 a equipe fundadora da revista Time Out ganha o concurso para explorar a parte central térrea e o 1º piso do mercado. A revista Time Out está presente nas principais metrópoles mundiais e tem como objetivo fornecer conhecimento do que se pode fazer em cada cidade, dando dicas de gastronomia, compras, parques e etc. Assim, em novembro de 2013 começam as obras do então Time Out Market, o qual tem a sua inauguração em maio de 2014 e vem sendo um sucesso absoluto em Portugal e no mundo, sendo em 2016 elaborado planos para abrir novos mercados da rede em mais 7 metrópoles espalhadas pelo mundo (Figura 77) O Time Out Market, trouxe um novo conceito de Mercado Gastronômico, uma nova proposta para o espaço. Se an101
tes o mercado se baseava em vender insumos, hoje ele se baseia em vender produtos prontos e elaborados. (Figura 78) O novo modelo do Mercado da Ribeira, visou, portanto, elaborar um espaço onde antes de reuniam os melhores comerciantes da cidade, atualmente se reúnem os melhores restaurantes e artistas. Logo, a oferta é outra, mas o princípio é o mesmo: ter o melhor da cidade debaixo do mesmo teto.
Figura 77: Obras se iniciam em 2013 no mercado da Ribeira para receber o Time Out Market. FONTE: Time Out Market Lisboa Disponível em: < https:// www.timeoutmarket.com/ lisboa/conceito/> Acesso em: 07 maio. 2019.
Figura 78: Time Out Market. FONTE: Fotografia autoral, 2019.
102
A proposta do Time Out Market, não ocupou todo o espaço do Mercado da Ribeira, sendo em média 40% do total da área do mercado voltado para esse novo modelo de mercado gastronômico, enquanto que o restante do espaço ainda é ocupado pelo mercado público tradicional, voltado para o abastecimento de alimentos. (Figura 79, 80, 81 e 82) Após o surgimento do Time Out Market no Mercado da Ribeira, o mercado passou a ganhar protagonismo como ponto turístico, de lazer, entretenimento e convívio social. Ele foi considerado o 2º lugar como espaço de atração turística em Lisboa em apenas 8 meses após a inauguração.
Figura 79: O espaço no Mercado da Ribeira destinado a parte da feira e compra de insumos. FONTE: Lisboa convida. Disponível em: < http:// lisboa.convida.pt/poi/ comer-beber/mercado -da-ribeira-8985>. Acesso em: 07 maio. 2019.
Figura 80 e 81: Área lateral de acesso ao mercado tradicional. FONTE: Fotografia autoral, 2019.
Figura 82: Fachada posterior que dá acesso a área de carga e descarga de produtos na área lateral do Mercado da Ribeira onde fica localizado o mercado tradicional. FONTE: Fotografia autoral, 2019.
103
Esse fato foi de grande relevância para a cidade de Lisboa, a qual atingiu um número de 13 milhões de turistas no ano de 2018 segundo VARZIM (2019). Esse número, por sua vez, nunca atingiu valores tão altos como vem atingindo recentemente, logo, percebe-se que esses novos equipamentos urbanos que vem surgindo na região são um dos grandes responsáveis por tal crescimento. Assim, consegue-se ter uma noção da importância desses equipamentos como elementos requalificadores do espaço urbano, sendo de extrema importância, elaborar propostas responsáveis por atrair novamente o foco do turismo para as cidades. (Figura 83) Figura 83: O Time Out Market possibilitou ao mercado da Ribeira se relacionar com o espaço urbano através de quiosques e restaurantes voltados para o exterior do mercado. Disponível em: < https://www.viajenaviagem. com/2014/11/mercado- da-ribeira- o -novo - es paco-gastronomico-moderninho-de-lisboa/>. Acesso em: 07 maio. 2019. Me animo ao ver o Cais do Sodré de há cinco, seis anos e saber que fui um dos agentes a mudar aquilo, ajudar a fazer a diferença. Uma coisa boa para uma cidade, quando conseguimos ajudar numa altura em que ela quer, isso é extraordinário, e a cidade querer mudar, é coisa muito importante. Lisboa queria mudar, Lisboa sabia que era ótima, a maior parte das pessoas andavam distraídas com a nossa qualidade e, de repente, tivemos a atenção e mudou. (CEPEDA, 2018)
O Time Out Market além de trazer um novo conceito de espaço urbano e espaço edificado para o centro de Lisboa, ainda foi reconhecido por ter projeto que conquistou o Hamburg Food Service Award em 2018 sendo considerado como o projeto com o conceito mais visionário na Europa. Este prêmio é um dos mais respeitados e desejados prêmios europeus na indústria da gastronomia e restauração, considerado, principalmente na Alemanha, como o “Óscar” do setor. 104
O Time Out Market, foi idealizado e projetado de arquiteto português João Cepeda. Ele organizou o ambiente de forma que nas partes laterais ficassem dispostos 24 restaurantes famosos e reconhecidos no pais. Já na parte central do espaço foram dispostos 8 bares, 4 quiosques de vendas de produtos para decoração, utensílio, dentre outros, além de dispor 800 lugares para os visitantes se sentarem num espaço de mesas compartilhadas (Figura 84 e 85). Já no 1º andar, foi disposto um espaço para um grande restaurante e um espaço considerável para realização de eventos. (Figura 86)
Figura 85: Disposição do espaço. FONTE: Marco Verch. Disponível em: < h t t p s : / / g e r a d o r. e u / x m a s - t i m e - e -tempo - de -natal-no -mercado -time -out/>. Acesso em: 07 maio. 2019
Figura 84: Quiosque voltado para venda de produtos e utensílios localizado no térreo. FONTE: Fotografia autoral, 2019.
Figura 86: Preservação de azulejos e da arquitetura histórica no 1º pavimento. FONTE: Fotografia autoral, 2019.
105
Com relação ao funcionamento e ao programa do Time Out Market, além de dispor da área de convivência, o mercado ainda conta com o espaço para limpeza das louças e materias e banheiros nas duas extremidades do térreo. Com relação a parte de carga e descarga de alimentos e produtos, boa parte dos insumos utilizados pelos restaurantes do Time Out, são advindos do próprio Mercado da Ribeira, tendo em vista que a ala lateral do mercado, ainda funciona como um mercado tradicional de venda de insumos. Assim, uma parte significativa das mercadorias usadas nas preparações do Time Out Market são provenientes do próprio Mercado da Ribeira. (Figura 87). Com relação aos restaurantes, bares e quiosques, todos seguem a mesma linha de espacialidade e layout (Figura 88). No entanto,
Figura 87: Disposição esquemática da logística do Time Out Market. Disponível em: < https://www.lisbonlux. com/lisbon-shops/ mercado-da-ribeira.html>.Acesso em: 07 maio. 2019.
106
cada projeto interno tem a sua personalidade. Como cada restaurante já é consolidado e reconhecido na cidade, este possui o seu estilo arquitetônico e a sua organização espacial da cozinha de acordo com cada demanda. Logo, o projeto oferece o espaço e cada cozinha dos restaurantes e bares é projeto de arquitetos diversos. Portanto, o Time Out Market faz parte de um novo modelo de mercado, os mercados gastronômicos, os quais, cada vez mais vem ganhando força no cenário mundial. Esta proposta esta ganhando forma, também, nas cidades de Boston, Chicago, Londres, Miami, Montréal, Nova Iorque e Praha. (Figura 89 e 90)
Figura 88: Proporção e layout dos ambientes seguem um padrão. Disponível em: < https://www.viajecomigo. com/2014/05/21/time-out-mercado-da-ribeira/> Acesso em: 07 maio. 2019.
Figura 89: Proposta para o Time Out Market New York. A ideia é seguir a mesma organização e aparência do Time Out Market Lisboa, porém em outra proporção FONTE: Time Out Market. Disponível em: < https://www.timeoutmarket.com/ newyork/> Acesso em: 07 maio. 2019.
Figura 90: Proposta para o Time Out Market Boston. A ideia é seguir a mesma organização e aparência do Time Out Market Lisboa. FONTE: Time Out Market. Disponível em: < https://www.timeoutmarket.com/boston/> Acesso em: 07 maio. 2019.
107
Figura 91: Eataly SĂŁo Paulo. DisponĂvel em: <https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/espaconovo-arquitetura_/eataly-sao-paulo/2933>. Acesso em 07 maio. 2019
108
EATALY
SÃO
PAULO 109
2. EATALY SÃO PAULO O Eataly é uma rede italiana de centros gastronômicos espalhados pelo mundo, reconhecida por concentrar, em um único lugar, diversos tipos de ambientes, pontos de alimentação e mercado de produtos. Tem seu início marcado em 2007, com a abertura do primeiro Eataly em Turim, na Itália. De lá para os dias atuais, a proposta de criar esse centro gastronômico deu tão certo que o Eataly hoje está espalhado em diversos países com as suas 38 lojas. Dentre essas lojas, o Eataly está presente no Brasil apenas na cidade de São Paulo. A escolha da cidade se deu devido ao seu exacerbado número de descendentes de italianos. Esta loja foi inaugurada em 2015 e foi a primeira na América Latina. (Figura 92 e 93) Figura 92: Fachada do Eataly São Paulo. FONTE: Ana Marquez. Disponível em: <https://www. g a l e r i a d a a rquitetura.com. br/projeto/espaconovo-arquitetura_/eataly-sao-paulo/2933>. Acesso em 07 maio. 2019
Figura 93: Implantação em perspectiva do Eataly São Paulo. FONTE: Ana Marquez.
110
Essa rede de centros gastronômicos, como o Eataly se define, pode ser entendida como espaços onde se misturam todas as práticas relacionadas a culinária e a gastronomia. É um espaço onde se encontra a área do mercado com produtos à venda e a área com restaurantes, bares, quiosques, aulas de culinária, dentre outras atividades. O Eataly São Paulo possui 4.500m², sendo 3 pavimentos e 2 subsolos para estacionamento. O espaço reúne mais de 8 mil produtos e 6 restaurantes além dos serviços de cafeteria, bar, sorveteria e confeitaria, todos com ênfase na gastronomia italiana. O edifício que abriga o empreendimento foi elaborado pela equipe da Espaçonovo Projetos de Arquitetura, comandada pela arquiteta Jovita Torrano, diretora e sócia fundadora do escritório. O conceito padrão aplicado em todas as lojas foi desenvolvido pela equipe interna de arquitetos do Eataly, liderada pelo arquiteto Carlos Piglione. A disposição do ambiente se dá de forma padronizada em grande maioria das lojas da rede. A proposta é criar um grande salão no térreo onde ficam dispostos os produtos e nos pavimentos superiores ficam localizados os restaurantes. O Eataly São Paulo possui a seguinte configuração espacial: no térreo encontram-se os quiosques de sorvetes e chocolates, uma confeitaria, uma cafeteria e um bar dedicado a doces. Neste nível ficam localizados, também, toda a área do mercado, da seção de frutas e verduras, e produtos à venda nas estantes, além de encontra alguns restaurantes que somam o total de 255 lugares para comer e beber. (Figura 94 e 95)
Figura 94: Visão do térreo do Eataly. Ênfase para a estrutura e telhas metálicas. FONTE: Ana Marquez. Disponível em: <https://www. galeriadaarquitetura.com.br/ projeto/espaconovo -arquitetur a _ / e a t a l y- s a o - p a u l o / 2 9 3 3 > . Acesso em 07 maio. 2019
111
Figura 95: Planta esquemática do térreo. FONTE: Arnaldo Lorençato. Disponível em: <https://vejasp.abril.com.br/blog/arnaldo-lorencato/mapa-da-mina-saiba-o-que-encontrar-no-shopping-gastronomico-eataly/> Acesso em: 07 maio. 2019.
Já no segundo pavimento encontra-se a grande maioria dos restaurantes, todos voltados para a gastronomia italiana (Figura 96, 97 e 98). Ainda há um espaço para realização de aulas práticas de culinária e uma adega. Neste piso são contabilizados 315 espaços para comer e beber segundo as informações fornecidas pelo Veja São Paulo (ver referências). O terceiro pavimento, por sua vez, possui um espaço dedicado exclusivamente para um restaurante que comporta 180 lugares. Este andar possui uma cobertura de vidro retrátil que possibilita mesas a céu aberto no principal bar e restaurante. (Figura 99)
Figura 96: Proposta dos restaurantes. FONTE: Ana Marquez. Disponível em: <https://www.galeriadaarquitetura.com. br/projeto/espaconovo-arquitetura_/eataly-sao-paulo/2933>. Acesso em 07 de maio. 2019
112
Figura 97: Proposta dos restaurantes. FONTE: Ana Marquez. Disponível em: <https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/espaconovo-arquitetura_/eataly-sao-paulo/2933>. Acesso em 07 maio. 2013
Figura 98: Planta esquemática do 2º pavimento. FONTE: Arnaldo Lorençato. Disponível em: < https://vejasp.abril.com.br/blog/arnaldo-lorencato/mapa-da-mina-saiba-o-que-encontrar-no-shopping-gastronomico-eataly/> Acesso em: 07 maio. 2019.
Figura 99: Planta esquemática do 3º pavimento. FONTE: Arnaldo Lorençato. Disponível em: < https://vejasp.abril.com.br/blog/arnaldo-lorencato/mapa-da-mina-saiba-o-que-encontrar-no-shopping-gastronomico-eataly/> Acesso em: 07 maio. 2019.
113
O grande vazio central criado no edifício integra os três pavimentos, de forma que garanta a visualização dos diversos restaurantes, convidando ao passeio e, assim, promovendo o encontro e o convívio. O acesso entre os pisos é feito pelas escadas rolantes e por dois elevadores panorâmicos. (Figura 100)
Figura 100: Corte esquemático do projeto arquitetônico do Eataly São Paulo. Foco nas aberturas em sheds na cobertura, possibilitando a entrada de luz natural no ambiente. FONTE: Ana Marquez. Disponível em: <https://www.galeriadaarquitetura.com.br/ projeto/espaconovo-arquitetura_/eataly-sao-paulo/2933>. Acesso em 07 maio. 2019
Segundo Marquez (2015) a construção do edifício teve inspiração nos antigos mercados públicos italianos construídos a partir da segunda metade do século XIX e início do XX. Optou-se pelo uso de estrutura metálica para possibilitar prazos mais curtos na execução da obra (Figura 101 e 102). Para tanto, os perfis usados foram trazidos prontos e montados, e, ainda, o uso das lajes steel deck dispensaram escoramento, diminuindo o desperdício de materiais. Para garantir conforto térmico, optou-se pelo uso de telhas metálicas termoacústicas com enchimento de poliuretano. A proposta arquitetônica é criar um espaço que remeta, de certa forma, a um galpão. Portanto, opta-se pela ausência de forro e, consequentemente, opta-se por deixar as instalações aparentes. A sua fachada, logo, reforça essa linguagem contemporânea industrial de forma que a estrutura metálica é mantida aparente e os panos de vidro definem os volumes cheios e vazios. 114
A proposta do Eataly de reproduzir esse mercado gastronômico, é outro modelo de espaços onde se reúnem a pratica de convívio e compras de produtos alimentícios em um único local, confirmando, assim, como esse modelo vem dando certo e vem ganhando forma em diversos países.
Figura 101: Fachada com estrutura metálica aparente e uso do vidro. FONTE: Veja São Paulo. Disponível em: < https://vejasp.abril.com. br/estabelecimento/eataly-sao-paulo/> Acesso em: 15 maio. 2019
Figura 102: Fachada com estrutura metálica aparente e uso do vidro. FONTE: Ana Marquez. Disponível em: <https:// www.galeriadaarquite tura.com.br/projeto/espaconovo-arquitetura_/ eataly-sao-paulo/2933>. Acesso em 07 maio. 2019
115
Figura 103: Mercado de Santa Caterina. DisponĂvel em: < https://www.barcelonacheckin.com/en/r/barcelona_tourism_guide/markets/santa-caterina-market.php>. Acesso em: 15 maio. 2019
116
MERCADO SANTA CATERINA 117
3. MERCADO DE SANTA CATERINA O mercado de Santa Caterina está localizado em Barcelona na Espanha e esta disposto sobre as ruínas do antigo convento de Santa Caterina. O convento foi fundado em 1243 e possuía uma arquitetura gótica com seus arcos rebuscados e em grande quantidade. (Figura 104) No entanto, após o processo histórico e econômico de desamortização na Espanha entre os séculos XVIII e XX, responsável por colocar em leilão público as terras e os bens não produtivos, quase sempre os de ordens religiosas. Por este motivo, em 1836 o convento foi desativado e em seguida passou a funcionar como um mercado, porém sem estrutura alguma para tal uso. Apenas em 1997 foi realizado um concurso elaborado pela prefeitura de Barcelona com a finalidade de remodelar aquele espaço. E assim, surge a proposta do então Mercado de Santa Caterina. O concurso foi vencido pelos arquitetos Enric Miralles e Benedetta Tagliabue do escritório de arquitetura EMBT Associados. O espaço no qual foi projetado o mercado possui 7.000m² de área construída, um único piso de altura considerável. O conceito dos arquitetos para realizar este projeto de tamanha proporção e importância histórica foi intervir de forma cautelosa na fachada gótica tão imponente do antigo convento de Santa Caterina e ao mesmo tempo trazer uma característica inovadora e contemporânea, a qual foi muito bem retratada através da coberta colorida e com angulações distintas. (Figura 105) Assim, a concepção do projeto visa sobrepor a nova arquitetura a velho, busca a mistura, e vem com um conglomerado, um hí-
Figura 104: Fachada do antigo Convento de Santa Caterina. Disponível em: <https://es.wikipedia.org/wiki/Convento_de_Santa_Catalina_(Barcelona)#/media/File:Ala_meridional_del_claustre_de_Santa_Caterina.jpg>. Acesso em: 08 maio. 2019.
118
Figura 105: Implantação do mercado no entorno. Foco para o detalhe da coberta. Disponível em: <https:// pt.wikiarquitectura.com/ constru%C3%A7%C3%A3o/ mercado-santa-catarina/#mercado - santa- catarina-miralles-tagliabue-barcelona-wikiarquitectura-002> Acesso em: 08 maio. 2019.
brido que acentua a utilidade e contemporâneidade. Essa renovação do mercado teve como uma das suas diretrizes, também, a redistribuição do espaço coletivo, de forma que o pedestre fosse valorizado. Com relação ao espaço urbano, o projeto concebeu na parte posterior do mercado duas praças que surgem com a intenção de conectar o edifício com a área do entorno, a qual possuí uma predominância de uso habitacional. Essa elaboração da praça reafirma a proposta do projeto de criar um edifício de grande força para a cidade e que se relacione diretamente com a mesma e com o seu público de maneira sadia e agradável. O mercado possui quatro entradas, a entrada principal, as laterais e a posterior onde fica localizada a praça, fato que ratifica o seu partido de ser um edifício com uma relação muito íntima com o espaço urbano. Na área interna o layout do ambiente foi refeito para se adequar ao modelo de um mercado. São dispostos no ambiente 70 boxes de venda que com forma e disposição irregular, formando um espaço mais dinâmico. Nas laterais fica a parte administrativa e os serviços, enquanto que nos dois subsolos existentes há espaço para estacionamento e coleta do lixo. (Figura 106 e 107) 119
Figura 106: Planta baixa do Mercado de Santa Caterina. Destaque para as formas irregulares dos boxes. FONTE: Paul Gomez. DisponĂvel em: <https://www. behance.net/gallery/8818759/ Santa-Caterina- M a r k e t- B u i l d i n g-Analysis>.Acesso 08 maio. 2019
Figura 107: O mercado internamente. DisponĂvel em: <https://www.barcelonaturisme.com/wv3/ en/page/508/santa-caterina-market. html> Acesso em: 08 maio. 2019.
120
No entanto, o que recebe mais destaque no mercado e o que o torna atração turística e protagonista na cidade, é solução de sua coberta. A coberta sugere uma espécie de tampa ao edifício, garante uma leveza ao espaço e traz a contemporaneidade ao projeto. A estrutura da coberta é principalmente formada por arcos de madeira ligados por vigas metálicas que ora aparecem para o exterior, ora aparecem para o interior. O plano ondulado conforma os belos arcos de madeira, remetendo a cultura da cidade ao serem revestidos com cerâmicas hexagonais que possuem 67 cores distintas. A diversidade de cores busca retratar as frutas e verduras, produtos encontrados no mercado. (Figura 108 e 109) O Mercado de Santa Caterina, é caracterizado pelo seu viés de ser um mercado tradicional, com a venda dos insumos e não com o viés de ser um mercado gastronômico. No entanto, a sua imponência e importância para a cidade, e, em especial, a sua relação sadia com o espaço urbano, torna o mercado um elemento de grande relevância e apropriação, sendo um modelo de concepção de projeto muito conveniente.
Figura 108: Os arcos da coberta. Disponível em: < https:// fr.wikiarquitectura.com/b%C3%A2timent/marche-santa-catarina/>.Acesso em: 15 maio. 2019
Figura 109: Estrutura de madeira com vigas metálicas para a solução da coberta. Disponível em: <https:// pt.wikiarquitectura.com/ constru%C3%A7%C3%A3o/ mercado-santa-catarina/#mercado - santa- catarina-miralles-tagliabue-barcelona-wikiarquitectura-002> Acesso em: 08 maio. 2019.
121
Figura 110: Markthal Rotterdam DisponĂvel em: < https://www.youtube.com/watch?v=hosPbNwnVd0>. Acesso em: 16 maio. 2019
122
MARKTHAL
ROTTERDAM 123
4. MARKTHAL ROTTERDAM A cidade de Rotterdam, localizada na Holanda, foi alvo de muita destruição durante a Segunda Guerra Mundial. Por isso, ao longo dos anos, a cidade sofreu para se reerguer e criar novos cenários para o espaço urbano. Foi neste sentido que projetos inovadores e marcantes começam a surgir na cidade como é o caso do Markthal. O Markthal Roteterdam é o maior mercado da Holanda e foi elaborado por meio de um concurso vencido pelo escritório MVRDV, em 2014. Ele fica localizado em uma área histórica, muito próximo ao local onde há a maior feira ao ar livre do país, próximo ainda da igreja medieval Laurenskerk e também de uma estação de metrô, a qual facilita o acesso ao mercado. (Figura 111) A proposta do mercado se baseia na ideia de cidades compactas. Assim, optou-se por mesclar mais de um uso no terreno escolhido para a elaboração do projeto e não propor apenas uma ocupação pública como praças e parques, tendo em vista que estes espaços não garantiriam a vida local da mesma maneira que um equipamento responsável por agregar diversos usos iria garantir. Os usos escolhidos para ocupar tal área é uma combinação de habitação com equipamento público. Dessa forma o projeto é formado por um enorme espaço fechado no nível da rua, rodeado por um edifício residencial em forma de arco. Na parte central do edifício fica o espaço do mercado, o qual é considerado como um grande espetáculo devido a sua forma, o seu interior colorido e a sua altura monumental. Já no subsolo fica o espaço para estacionamento. (Figura 112) Figura 111: Relação do Markthal com o entorno Disponível em: <https://viewcushwake.nl/ideas/ d e - k r a c h t- a c h t e r-het-prijswinnende-concept-de-markthal-rotterdam/>. Acesso em 08 maio. 2019.
124
Figura 112: Monumentalidade do edifício. FONTE: MVRDV. Disponível em: <https://www.mvrdv. n l / p r o j e c t s / 1 1 5 / m a r kthal?photo=15139>. Acesso em: 08 maio. 2019.
Essa combinação de espaços torna o projeto único e representa o seu diferencial. Ter um prédio de 228 apartamentos residenciais envolvendo um mercado de grande porte com 100 lojas, uma praça de alimentação, um supermercado e um estacionamento com 1.200 vagas, não é uma proposta arquitetônica usual, tornando o Markthal Rotterdam um edifício único. (Figura 113, 114 e 115)
Figura 113: Planta baixa do pavimento térreo. Disposição dos boxes na parte central do espaço, sendo uns com teto verde e outros com espaços de convivência no teto dos boxes. Diversos espaços para serviços diversos nas laterais, em especial espaços para restaurantes. FONTE: Design boom. Disponível em: < https://www.designboom.com/architecture/mvrdv-markthal-rotterdam-opens-10-01-2014/gallery/image/mvrdv-markthal-rotterdam-complete-designboom-19/> Acesso em: 08 maio. 2019.
125
Figura 114: Espaço dedicado ao mercado. FONTE: Boon Edam Global. Disponível em: < https://www.boonedam.com/portfolio/rotterdam-market-hall>. Acesso em: 08 maio. 2019
Figura 115: Corte do edifício demostrando a relação entre os ambientes. FONTE: Archdaily. Disponível em: < https://www.archdaily.com.br/ br/758495/markthal-rotterdam-mvrdv/5431b184c07a80548f0005c5-markthal-rotterdam-mvrdv-section>. Acesso em: 08 maio. 2019
A forma inusitada do edifício é concebida através de uma desconstrução e inversão da lógica tradicional, o qual é concebido de maneira que ao colocar o programa de habitação, comércio e estacionamento rapidamente se imagina duas torres e um embasamento. Essa inversão da forma tem como objetivo, ainda, retomar a tipologia dos mercados, os quais, em sua grande maioria se apresentam em forma de galpões com grandes vãos. 126
Com esta inversão da forma, tornou-se possível trazer o espaço urbano para dentro do edifício, criando uma relação direta dele com o entorno imediato, onde há a feira ao ar livre de Binnenrotte que acontece duas vezes por semana. Esse fato, faz com que o edifício do Markthal, embora privado, venha se tornando notoriamente um espaço edificado em simbiose com o espaço urbano, possibilitando, assim, a apropriação do lugar. (Figura 116) O Markthal abriga um equipamento que mescla as características de um mercado tradicional com um gastronômico, através dos seus boxes, os quais muitas vezes possuem um espaço com mesas e cadeiras na coberta dos boxes, criando um ambiente de convívio. Também há espaços destinados para restaurantes no espaço, sendo, portanto, um mercado que possui uma grande capacidade de criar uma área de convivência como os mercados gastronômicos atualmente vem sugerindo. (Figura 117)
Figura 116: Relação do edifício com o espaço destinado para a feira livre. FONTE: MVRDV. Disponível em: < https://www. m v r d v. n l / p r o j e c t s / 1 1 5 / markthal?photo=15062>. Acesso em: 08 maio. 2019.
Figura 117: Um dos restaurantes presentes no edifício, conferindo-lhe característica de mercado gastronômico, de certa forma. FONTE: MVRDV. Disponível em: < https://www. m v r d v. n l / p r o j e c t s / 1 1 5 / markthal?photo=15055>. Acesso em: 08 maio. 2019.
127
CONCLUSÃO: A RESPEITO DOS ESTUDOS DE CASO A partir do estudo e da observação de equipamentos de mercados espalhados pelo mundo, fica claro a imponência de um mercado no seu entorno, as suas características marcantes do ponto de vista arquitetônico e a sua relevância para o desenvolvimento da cidade. Os estudos de caso, apontam que mesmo em países completamente distintos culturalmente, socialmente e economicamente, o mercado é um elemento agregador dentro das respectivas cidades. Ele é um elemento que em qualquer espaço que esteja implantado é responsável por mudar a lógica do entorno, ele agrega valor ao espaço, agrega movimentação e, consequentemente, agrega vitalidade urbana, fator chave do Urbanismo Sustentável (FARR, 2013). Os mercados apresentados como referências projetuais, além de dotarem dessa importância para a cultura, a sociedade e a economia do local, possuem coerências nas suas questões arquitetônicas. Mesmo os mercados saindo de propostas de intervenções arquitetônicas ou de projetos elaborados do zero, estes apresentam semelhanças, as quais foram importantíssimas para a elaboração de diretrizes projetuais e até mesmo do programa do Mercado Gastronômico de Boa Viagem. Dentre as referências apresentadas há diferenças com relação ao tipo do mercado, sendo um definido estritamente como mercado público tradicional, dois que mesclam o tradicional com o gastronômico e um apenas voltado para o viés de mercado gastronômico, este, então, será mais representado no desenvolvimento do Mercado Gastronômico de Boa Viagem. A percepção da sua relação com o entorno também foi fundamental para a escolha do território dentro da malha da cidade do Recife, uma vez que se percebeu por meio dos estudos que os mercados referenciados trouxeram alterações na lógica urbana. Portanto, estudar e entender a logística dos mercados é fundamental para o possível desenvolvimento projetual de um. É importante perceber sua relevância, suas caraterísticas, suas formas e sua funcionalidade. MERCADOS
PÚBLICO TRADICIONAL
TRADICIONAL + GASTRONÔMICO
INTERVEÇÃO MERCADO DE ARQUITETÔNICA SANTA CATERINA NOVO PROJETO
128
GASTRONÔMICO
TIME OUT MARKET MARKTHAL ROTTERDAM
EATALY SÃO PAULO
Quadro 01: comparativo entre os estudos de caso. FONTE: Autoral.
129
7.
TERRITÃ&#x201C;RIO
7.1. A ESCOLHA DO BAIRRO
A partir da percepção do impacto que os mercados têm nos seus respectivos entornos, é de grande relevância estudar os bairros da cidade do Recife a fim de optar pela implantação do mercado gastronômico em um bairro adequado para receber tal equipamento urbano. É fundamental dar início a pesquisa dos bairros apontando em qual deles já existem mercados públicos, de forma a observar a interação com a população residente no bairro e de forma a analisar a sua harmonia e importância para o local. Segundo dados da CSURB (Companhia de Serviços Urbanos do Recife) a cidade do Recife possui ao todo dezessete mercados. Os mais conhecidos estão dispostos nos bairros: Encruzilhada, Casa Amarela, Boa Vista, São José, Madalena e Cordeiro. Os mercados, são equipamentos geradores de encontro, de fluxo e de entretenimento, eles proporcionam mais vida ao local onde estão situados e conferem movimentação no entorno, sendo equipamentos bastante imponentes para os seus bairros. Dessa maneira, a estratégia para a escolha do local foi dar enfoque nos bairros que ainda não possuem esse equipamento urbano, que possuem uma boa dimensão urbana e que tenha uma população suficiente para usufruir do mercado gastronômico que será proposto. Partindo dessa lógica, outra forma de seleção do bairro foi observar em qual zona da cidade eles estão em menor quantidade, fato que levou a uma análise de que a região conhecida como Zona Sul da cidade do Recife é carente de equipamentos como os mercados públicos. ( Figura 118) Nesta Zona que compreende os bairros do Pina, Boa Viagem, Brasília Teimosa, Imbiribeira, Setúbal, dentre outros, há uma predominância de super e hipermercados, os quais vão na vertente contrária do que se busca propor com os mercados públicos e com o mercado gastronômico. Assim, levando em consideração os bairros da Zona Sul, a qual foi escolhida devido a sua falta de equipamentos como este, percebeu-se que o bairro de Boa Viagem é o mais interessante para a implantação do novo Mercado Gastronômico. 130
< Figura 118: Mapeamento dos bairros da Zona Sul próximos ao bairro de Boa Viagem. FONTE: Prefeitura do Recife. Disponível em: < https://www.recife.pe.gov. br/pr/secplanejamento/ pnud2005/mapas.html>. Acesso em: 08 julho. 2019.
7.2. O BAIRRO DE BOA VIAGEM O bairro de Boa Viagem é um extenso e populoso bairro na Zona Sul da cidade do Recife (Figura 119). Ele tem a sua formação recente quando comparado com os demais bairros da cidade, tendo em vista que era um bairro de veraneio ainda nas décadas de 1940, 1950 e 1960 , um espaço onde as pessoas iam para se divertir e curtir a praia, fato que fez com que a população não se interessasse por uma apropriação no bairro. A urbanização de Boa Viagem só se dá de fato em 1925 com a criação da avenida que margeia a orla, a qual, pode-se dizer, que foi responsável por trazer o mar como espaço de lazer até a cidade do Recife. A partir disso foi que os recifenses ganharam interes131
IPSEP
IMBIRIBEIRA
BOA VIAGEM
Mapa do Recife
JABOATÃ&#x192;O DOS GUARARAPES 132
se em conhecer melhor o bairro e, consequentemente, dá-se início ao processo de especulação imobiliária. Segundo Pontual (2018) a população de Boa Viagem passou de 27.862 pessoas em 1950 para 75.600 em 1960, configurando, assim, um acréscimo de 171,36%. Com esse crescimento contínuo, a predominância que em 1970 era de casas e prédios com até 4 pavimentos, em 1990 passou para edifícios com mais de 10 pavimentos, de forma que comportasse a quantidade de pessoas que estavam indo morar em Boa Viagem. Esse ritmo acelerado de mudanças continuou agitado no bairro e em específico na orla, formando a Boa Viagem que se tem atualmente. A orla hoje em dia encontra-se tomada por uma faixa de prédios muito altos com suas fachadas predominantemente modernistas e com pouca relação com a rua. (Figura 120 e 121) Essa configuração de edifícios muito altos e com uma relação não satisfatória com o espaço urbano passou a se repetir por quase todo o bairro. A orla começou a ficar extremamente disputada e a especulação imobiliária, logo, se expande para outras áreas causando, como consequência, o aumento da população. Entretanto, a grande contrariedade nisso tudo é a estrutura do bairro com relação à diversidade dos usos. No bairro de Boa Viagem, pode-se dizer que a especulação imobiliária foi tão forte e representativa que o bairro possui uma quantidade de habitações discrepante quando comparada a usos relacionados a entretenimento e lazer, por exemplo. Esse fato, reflete diretamente na qualidade do bairro e consequentemente na qualidade de vida da população. Segundo Douglas Farr (2013) em sua teoria do Urbanismo Sustentável, um bairro é considerado excelente apenas quando possui uma mistura de usos de solo e tipos de habitação, fato que, de certa forma não se repete de forma coerente no bairro então estudado. Uma variedade de usos permite que os moradores morem, trabalhem, se divirtam, se exercitem, façam compras e satisfaçam suas necessidades diárias a pé. Uma variedade de tipos de edificações permite que as pessoas com diferentes rendas e estilos de vida vivam no mesmo bairro sem prejuízo para o seu caráter ou qualidade. (DOUGLAS FARR, 2013, p. 122)
<
Figura 119: Mapa bairro de Boa Viagem. Disponível em: Google Earth PRO
133
A teoria do Urbanismo Sustentável, defende, ainda, que um bairro deve ser compacto, completo, integrado, sustentável e deve possuir uma relação íntima com a natureza. No entanto, o bairro de Boa Viagem, de certo modo, não atende satisfatoriamente a essas características, tendo em vista a sua carência de espaços edificados que se relacionem de forma saudável com o espaço urbano. De maneira geral, a grande problemática do bairro é a busca por mais relação dos edifícios com o espaço público, a grande maioria dos espaços edificados são fechados e não se agregam a rua, fato resultante em um bairro com poucos empreendimentos urbanos. Esse situação pode ser observada quando se trata dos Shoppings Centers. O bairro de Boa Viagem comporta o primeiro e um dos maiores shoppings da cidade, o Shopping Center Recife, que fica no coração do bairro. Pode-se dizer, ainda, que Boa Viagem comporta um segundo shopping center, o Rio Mar Shopping, que apesar de não ficar propriamente no bairro, é bem próximo, a ponto de ser considerado parte integrante deste. Esses dois equipamentos não urbanos, ganham, devido a sua oferta, um protagonismo no bairro, sendo um dos principais pontos de encontro e convívio para os moradores. Mesmo Boa Viagem sendo um bairro de praia e possuindo uma orla agradável e confortável do ponto de vista urbano, os shoppings centers ainda são um dos principais focos de comércio e lazer. São diversos os números de pessoas que optam por frequentar este ambiente para resolver pendências ou para realizar as refeições do dia a dia, enquanto que as mesmas pessoas poderiam estar vivenciando o próprio bairro. Esse fato, contribui nessa característica de possuir espaços não urbanos no bairro, situação desfavorável para a aplicação do Urbanismo Sustentável. Entretanto, apesar deste cenário, o bairro possui, ainda, equipamentos urbanos importantes e com uma maior relação com a rua como as edificações destinadas a serviços e comércios presentes na grande extensão das vias Av. Eng. Domingos Ferreira e na Av. Conselheiro Aguiar. Estes equipamentos, que se configuram em grandes lojas, restaurantes, escritórios, bares, clínicas, dentre outros, equilibram, muitas vezes, essa mistura de usos importante para se atingir um Urbanismo Sustentável e, oferecem, ainda, espaços mais urbanos e com maior relação com o pedestre. 134
Com relação a equipamentos destinados para a gastronomia, o bairro oferece uma diversidade de bares e restaurantes ao longo da sua extensão. No entanto, estes equipamentos estão distribuídos em pontos distintos do bairro, fato que leva a população escolher, muitas vezes, um ambiente que agregue diversas opções de restaurantes em um mesmo local, como é o caso das praças de alimentação dos Shoppings Centers. Dessa maneira, tendo em vista a proporção que os Shoppings Centers têm no bairro de Boa Viagem, uma gama considerável de pessoas opta por frequentar estes espaços, situação desfavorável para a vivência urbana. Sendo, portanto, de extrema importância criar estratégias de reproduzir espaços como estes dentro da cidade, propondo, assim, um mercado gastronômico que se relacione diretamente com o meio urbano.
Figura 120: Orla de Boa Viagem com a sua predominancia de ediíficos de grande porte. FONTE: Trip Advisor
Figura 121: Orla de Boa Viagem. FONTE: Autoral, 2019.
135
7.3. O TERRRENO A partir do entendimento sobre Boa Viagem, é necessário apontar em qual trecho do bairro o projeto deve ser implantado. Para isso, é necessário avaliar possíveis terrenos para a proposta do Mercado Gastronômico de Boa Viagem. Para comportar um equipamento de grande porte como o mercado, é necessário escolher um terreno com uma grande área, que possua uma boa relação com o entorno, que possua um fluxo interessante de pessoas e de veículos e que seja um terreno relevante para a área, de forma que com a implantação do mercado, esse espaço ganhe mais vitalidade urbana. Para isso, foram selecionados três terrenos a fim de analisar quais desses têm capacidade de comportar o Mercado Gastronômico de Boa Viagem. TERRENO 01: Este terreno, que fica localizado entre a Av. Domingos Ferreira e a Rua Aderval Chaves, possui uma área em torno de 2.500m² a 3.000m² e encontra-se atualmente desativado. O último uso do terreno foi como um espaço de estacionamento para a casa de festas que está situado ao lado. Esta, também, se encontra desativada e poderia ser incluída ao terreno aumentando a área para aproximadamente 4.500m² segundo dados do Google Earth PRO. (Figura 122) O terreno fica localizado entre uma via arterial principal e uma via coletora, que são paralelas ao terreno, ou seja, não há esquina de quadra nele. A quadra em que o terreno está situado é toda ocupada por serviços e comércios, porém, no seu entorno imediato é possível encontrar diversos pontos de usos habitacionais. O terreno está localizado a três quadras de distância da praia de Boa Viagem e de grandes equipamentos de serviço (Figura 123), situação desfavorável para o desenvolvimento do mercado gastronômico, uma vez que a intenção do mercado é sugerir um apoio tanto para o público que frequenta a praia quanto para o público que trabalha e mora no entorno. Outra questão é o fato de que como a Av. Domingos Ferreira é uma via arterial principal, a quantidade pessoas que frequentariam 136
o mercado por meio de veículos, provavelmente, seria maior do que o público que iria caminhando ou usando transportes alternativos. Assim, o terreno 01 apesar de possuir uma área adequada para receber o mercado gastronômico, apresenta essas situações não tão favoráveis para o tipo do projeto que se deseja desenvolver, sendo interessante pesquisar outros possíveis terrenos para avaliar suas potencialidades.
Figura 122: Terreno 01 FONTE: Google Earth PRO.
Figura 123: Localização do Terreno 01 FONTE: Google Earth PRO.
137
TERRENO 02: Este terreno, que fica localizado entre Rua Francisco da Cunha e a Rua Prof. Rui Batista, possui uma área em torno de 3.000m² segundo dados do Google Earth PRO. O terreno atualmente está desativado, o seu último uso foi como estacionamento para uma academia de ginástica localizada ao lado. (Figura 124) O lote fica situado entre duas vias que possuem um fluxo baixo de veículos e de pessoas, situação desfavorável para o desenvolvimento do mercado. Já com relação a quadra em que o terreno está localizado, esta não possui tantos atrativos, apenas pequenos equipamentos de comércio e serviço e um edifício habitacional. O terreno está localizado a três quadras de distância da praia de Boa Viagem, de grandes equipamentos de serviço e de habitações de grande porte, tendo em vista que em sua face norte há uma predominância de habitações de pequeno porte (Figura 125). Essa situação é desfavorável para o desenvolvimento do mercado gastronômico, uma vez que a intenção do mercado é sugerir um apoio tanto para o público que frequenta a praia quanto para o público que trabalha e mora no entorno. O terreno 02, assim como o terreno 01, apesar de possuir uma área adequada para receber o mercado gastronômico, apresenta essas situações não tão favoráveis para o tipo do projeto que se deseja desenvolver, sendo interessante pesquisar outros possíveis terrenos para avaliar suas potencialidades.
Figura 124: Terreno 02 FONTE: G o o g l e Earth PRO.
138
Figura 125: Localização do terreno 02. FONTE: G o o g l e Earth PRO.
TERRENO 03: O terreno 03 fica localizado entre a Av. Conselheiro Aguiar, a Rua Padre Carapuceiro e a Rua dos Navegantes, possui uma área em torno de 5.000m² e atualmente encontra-se sem uso, sendo o último uso de um dos lotes do terreno uma galeria, a Alameda Center, enquanto que o outro lote do terreno está sem uso há um bom tempo. O terreno fica localizado entre uma via arterial principal e duas vias coletoras, criando duas esquinas de quadras, um fator de grande importância para a questão da visibilidade e do acesso ao mercado gastronômico. A quadra em que o terreno está situado possui tanto edifícios habitacionais quanto comerciais e de serviço. Entretanto, o que ganha mais destaque nessa quadra é a sua proximidade com a praia 139
de Boa Viagem, a qual fica a apenas uma quadra de distância. O terreno, está localizado na lateral da quadra e, logo, possui um acesso que dá direto na praia de Boa Viagem através da Rua Padre Carapuceiro, que está paralela ao terreno e vai até a Orla. Essa situação é extremamente relevante para a escolha do terreno, uma vez que uma das intenções do mercado é ser um apoio para o público que frequenta a praia. O terreno, também, está localizado próximo a muitos edifícios habitacionais de grande porte, fato que garante um público significativo na área do entorno. Essa realidade justifica bem a implantação do mercado nessa área, uma vez que atingiria também esse público que mora perto e, consequentemente, a probabilidade dessas pessoas utilizarem de transportes alternativos ou de ir até o mercado caminhando seria grande, situação favorável na ótica do Urbanismo Sustentável.(Figura 126 e 127) O terreno 03, então, dentro das opções apresentadas no bairro, é uma opção excelente para a implantação do mercado gastronômico tendo em vista as suas condições urbanas, as quais foram levadas em consideração para a escolha do terreno. Além disso, a questão da dimensão do terreno foi determinante, já que este possui uma boa capacidade para suportar o equipamento que será proposto. Assim, para compreender melhor sobre o entorno do terreno escolhido a fim de elaborar diretrizes para o projeto do mercado, foram elaboras análises e estudos.
Figura 126: Localização do Terreno 03 FONTE: Google Earth PRO.
140
Figura 127: Imagem aérea da localização do terreno. Foco para a proximidade do terreno com a praia de Boa Viagem e a proximidade com edifícios. FONTE: Google Earth PRO.
CONCLUSÃO: ESCOLHA DO TERRENO
TERRENO 01 ÁREA (m²) ESQUINAS DE QUADRA DISTÂNCIA ATÉ A ORLA
TERRENO 02
TERRENO 03
2.500/3.000
3.000
5.000
NENHUMA
01
02
03 QUADRAS
03 QUADRAS
01 QUADRAS
Quadro 02: Elaboração de tabela com alguns dos requisitos usados para a escolha do terreno, justificando a escolha pelo terreno 03. FONTE: Autoral, 2019.
PERMEABILIDADE
VISIBILIDADE
PROXIMIDADE
FÍSICA
VISUAL
COM A RUA
COM A RUA
ALTA
ALTA
ALTA
ALTA
Quadro 03: Elaboração de tabela com alguns dos pontos positivos do terreno escolhido, o terreno 03. FONTE: Autoral, 2019.
141
< Figura 128: Vista aérea do terreno FONTE: G o o g l e Earth PRO
Av. Conselheiro Agui
ar 35
Rua Padre Car
apuceiro
53
35
95
ÁREA TOTAL DO TERRENO (m²)
5.039,04
TAXA DE SOLO NATURAL (25%) (m²)
1.259,76
TOTAL POTENCIAL CONSTR. (COEF. 2) (m²)
10.078,08
87
17
14
13
75
63
13
13
AFASTAMENTOS (m) Valores mínimos
Rua dos Navegantes
0 1
5
Figura 129: Lotes a serem remembrados.
142
Af= Afi+(n-4)0,25; Al=Ali+(n-4)0,25; Afu=Al Afi= 7,00m Ali=3,00m Afu=Al
10 Quadro 04: Potencial construtivo e parâmetros urbanísticos de acordo com a legislação viagente. FONTE: Lei de uso e ocupação do solo da cidade do Recife. Lei nº 17.511/2008.
10 12.00
2.50
RUA PADR
'56 "
9
°5
3.00
15.00
94 4.00
63.65
47.75
272°34'33"
1
5'1 °1
6"
7'3
°3
84
93
3.46
4''
45.26
3595
0
47.38
1363 RUA DOS NAVEGANTES
RUA WALFRID
7"
0'1
°5
89
CALÇADA
AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR
CALÇADA
20.00
5
°5 5
'26
"
84
CALÇADA CEIRO E CARAPU
92.70
RUSSEL SHORTO
Figura 130: Planta de situação com cotas e angulações do terreno.
143
Figura 131: Lotes do terreno voltados para a Rua dos Navegantes. FONTE: Autoral, 2019.
Figura 132: Esquina do terreno entre a Rua dos Navegantes e a Rua Padre Carapuceiro. FONTE: Autoral, 2019.
Figura 133: Relação tes a serem FONTE: Autoral, 2019.
entre os loremembrados.
Figura 134: Lateral da antiga galeria alameda center na Rua Padre Carapuceiro. FONTE: Autoral, 2019.
Figura 135: Fachada da antiga galeria alameda center na Rua Conselheiro Aguiar. FONTE: Autoral, 2019.
Figura 136-: Lote do terreno voltado para a Rua Conselheiro Aguiar. FONTE: Autoral, 2019.
144
145
a Silva
1229
1064
Lobato
Rua
Baltazar
1070
1212
Pereira
1205
130
114
70
32
100
1140
1350 1350
1350 1350 1275
INDUSTRIAL MIGUEL SANTOS
1174
l Miguel
Santos
1350
1350 1350
Industria
109 1350
Praça
1273
JULES RIMET/1º JARDIM DE BOA VIAGEM 1196
1350
Rua
1350
252
Raul
28
Azedo
1350
Rua 70
1313
Rangel
Jornalista Adeth
Americo Galvão
1350
Rua
Pedro
Rua
Domicio
1230
Leite
205 1252 1360
1365
70
Rua
Jornal
1272
118
Vanguar
1292
da
1385
Rua 139
50
Frei
Leandro
1320
1415
1472 53
27
94
67
Rua
40
16
1338
Phaelante
64
da Câmara
1537
1552 54 1560
1416 1448
1478
1576
236 224
1555
212
1500
1540
1516 130 231
Rua
223
Artur
Muniz
82
1650 1653 1818 1761
1670 147
1771 1684
Domingo
Machado
1700 1797
1590
1675
LA CORUNÃ / 2ª JARDIM DE BOA VIAGEM
iro
1740
1616
1729 1628
Avenida
es
1687
1712
1726
Avenida
Guimara
Aguiar
Engenhe
Gilson
iro
Dr
Conselhe
7.4. ÁREA DE ESTUDO
s Ferreira
1785
Rua
1910
1733 1642 1835 214
26
Rua
206
Rua
Helio
38
Coutinho
Rua
1688
1716
Jornalista Francisco
1920
48
93
90
Almeida
1734
1901 CIDADE DO PORTO
1851
1756
1950
78
63
Marinho
Leite
137 1896 1921
Solidôn
Arruda
1970
1875
Pereira
1922 200 105
Chaves Aderval José Rua
1850
1980
71
Professo r Osias
100
2004 1991
Ribeiro
71
186 2041
193 198
2084
2034
Rua Zeferino Galvão
1929
230
180
1945
194
2052 PARQUE INFANTIL WALT DISNEY
251
91
2070
Infantil
263
de
Filho erley
2029
Camelo
da
106 2154
2113
Rua
Ana
2025 2180
Rua
2961
56
Rua
Parque
2990 59
2160
312
315
3º JARDIM DE BOA VIAGEM 1998
2122 2001
310
Silva
Wand Eduar
do
tel
ssor
Pimen
Profe ssa
Albino
263
o
Trave
2065 1989
296 287
314
Amar
61
2088 2142
275
219
Miranda
177
1958
Walt
264
Disney
105
256 206
226 Maria
1906
Filho
Rua 174
175 192 212
168
Gondim
1998
163 168
Deleg
José
1870
Professor
1991
2050
162
Rua
Rua
104
1800
161
222
1951 2030
248 168
105
200
TERRENO ESCOLHIDO: CONTEXTO EXISTENTE
240
1950
2010
144
Rua
ado
1934
1990
108
127 154
114
Franca
1935
104
138 73
100
Aquin
Rua
Rua
115 1914
79
io
1930 57
74
João
120
de
Pires
62 136 146
31
50
Rua
74
102
o s Soare Tércio
Júlio
42 CIDADE DO PORTO
Senador
CIDADE DO PORTO
277
Laete
Lemos
85
2045
2054
Lins
2178 469
289
r Severia
no
Luiz Profe
Farias a de Benvid
s Muniz
Dona sa Traves 1ª
320
Rua
Dona da
507
de
178
Cahu Melo de
Leitão
Pedro
Sá
Rua
Dr
de Antônio
2363
638
490
360
602
486
2584
2537
2480
359
2366
2502
2493
2424
Profe
2412
ssor
2455
Edua rdo
2445
2589
Wand
374
Filho
2574 336
2454 2588
Neves Poeta Rua
Carolina a Maria
Hungria
Travess
370
Nelson Ministro Rua
Rua Gener
269
714
815
Rua
2574 2287
186
646
775
162
Rua Professor
Rua
de Ferreira Júlio Profess
Padre
289
47
356
ino
2764
384
2966
Cunha
54
da Rua
2938
77
2996
63
234
55 1943
3012
383 455
2958
3005 433
3028
970
411
1929
3067
2978 1907 133
235
956
658 858
Rua 735
de
Brito
3114
976
640
Félix
715
277
161 255
3160
3040 145
158
3150
142
135 3056
3133
1847
506
554 605
382
3143
171
3190 372
63
3175
370
1823
80
55
159
3098
288
ping
425
1809
48
3190
3181
346
3114
421
808
3136
413
3197
282 395
ntes
59
268 258
3256 246
e Mont do ck Luma io
150
1717
221
245
140
Travessa Padre Ca rapuceiro
1706
3340
151
3309
478 80
Rua
225 468 197
617
Rua
Padre
3420
65
51
3312
304
3336
399
1541
270
373
357
343
228 222
198
289
1515
3493
3524
3452
3402
3465
180
1336
3376
3487
3436
303
168 273
Rua
198
150
259
3416 1475
Dhália
1747
3572
3482
210 211
176
182
3356
3423
3500
240
315
3399
3426
3433
385
323
1575
3440
427
353
288 888
3296
3355 3406
3405
170 756
3278
1617
1607 368
501
770
143
3321
97
3400 384
eiro
324
139
3232 155
3350
3384 398
Carapuc
140
777
1701 3303
66
412
537 475
3332
3333
Porto
3380
428
503
Faustino
3360
444 110
3196
168
273
3322 488
de
dos Rua
1733
255 3296
265
Rua
Antôn
285
200 498
Rezen
3178
3231
3286
214
275 590
50
203
Nilson
1755
3217
3274 230
96
Cientis
777
3160
Navega
3254
380
1095
Viagem
1065
1454
289
a Boa
Rua
320
295
22
Avenid
Cente
r
384 590
733
128
ta
3020
3105
3121 267
572
657
537
813
Shop
136
3095 1325
Melo 995
489
3000
3068 3081
303
835
Rua
2910
1997
1979 2983
254
475
700 676
815
2840 2846
2876
68 2994
2980 3023
936 485
728
821
40
2037
2019
80 185
2965
co
Francis
2957
88
205
3042
155
916
50
2977
2964
2966
2990 320
418
2804
2820 68 2055
380
896 216
497
2083
133
402
260
272
uape
355
381
474
490
825
2784
130
2941 151
2976 418
467
483
Mamang
340
358
2746
2135
2111 148
2940
2970 150
2907
2986
245 430
Rua 555
782
2151
2861
2891
221
243
2869
2881
259
506 561
890
720
47 2878
2892
267
2902
240
287 273
499 486 583
87 238
2843 2886
264
299
165
518
141
854
2712
2724
2860 252
276
315
153
Antônio
190
912
2223
111 266
2842
298
331
1038
Rua
551
Falcao
181
2682
48
2846 282
316
992
482 565
665
946
2652
2814
2832
2800
Pessoa
247 336
387
240
68
165
800
77
2225
2755 2769
Bernard
277
61
2632 2241 2233
2775
175
2784
66
376
417
504
635
58 2257
2735
189
303
390
441
546
655 562
590
2610
135
131
145
552 643 724
2594
2277
147
2756 2770
148 205
161
Rua
721
or
Leao
620 729
623
Carolina
483
136 634
735
36
46 678
Avenida
687
2707 163
170
2718
2742 248 2766
Melo
795
Arnaldo Carneiro
Maria
668
805 63
75
2350 2313
166
2738
202
2700
285
270
317 505
49
2554
180 2696
2655 258
301
380
654 422
159
2530
2347 268
325
410
395
ça
2371
2627
300
333 657 356
415
2514
2401
2640
314
345
660 392 429
45
Mendon
2585
2664
2600
326
334 618
281
16
32
46
525
2492
2409
636
591
474
Paes
2478
2573
603
560
500
Pedro
2417 2610
346
415 605
574
553 821
2450
56
Brandão
2620
411 633
586
798
José
331
881
647
407
415
ancio Ram alho
or
377
801
784
2439 2565
Profess
389 796
Zezito
Cícero
663
713
636
al Edson A m
Rua
409
João 512
2434
2525
2574
erley
440
71
Tenente
392
2388
2475
2540
Rua
161 410 38
Rua
715
414
80
2495
2391
187 392 492 712
690
2550
141 2377
187
376
748
757
2334
175
2420
200 156
719 736
2294
2316 2419 2420
2466
229
Rua
769
2599
2575 2563
2321
2343 2422
794
778
2234
2272
2375
2410
2420 255
2352
242
777
o
75
2666
2258 2394
2279
2340
Batista
Capitulin
2621
2360 2380
2265
2300
Profess Rui
2691
2675 2661
2333
2245
351
Rua
80
539
293
793
796
137
2338
2350
2284
435
206
or
784
2258 2270
449
161
120
139
130
74
Henrique
2198
424
465
479
2316
2246
446
Farias
477
223
336
2170
Rua
434
Benvin
123 455
395
310
324
168
380
2144
2862
2840
2215 2238
287
301
317
254
2831 2255
2286
2222
118
366
111 300
334
787
2128
2188
Aristide
89
401 301
321
402
712 807
2886
2851
Rua
2229
2252
70 121
129 142
772
819
2110
2217
2240 96
140
530 422
341 274
364
297
800
833
58
2869
2230
216
98 562 394
2080
2911
2205 2222
83 619
41
63
266
99
2927 2210 2117
70
665
159
200
201
271
287
2939
2159
2200
23
189
131
Rua
185
175
Aviado
arães
344
119
ssor
de Luis Rua
180
120
1564
150
306
842
622
A
Faria
622
Rua
Gond
720
s
180 110
im
Barbo
sa
Guim
85
171
109
3440
1455
168 191
266
3456
3510 844
233
3600 62
3626 52
54
3553
74
3472
3638
50
858
261
1246
1417 95
Rua
316
878
3652
Jack
3595
79
Ayres
67
871 73
3500
1387
53
3609 1375
55
3621
39
1810
1363
915
916
348
3635
3704
1846
3670
3647 186
3520
1353 3645
3686 170 90
Travessa Coro nel Filipe Coel ho
64 374
1ª Travessa Jonhathas
603
509
393
451
325
3855
80
3722 3738
da Silva 70
590
Rua
965
125
1059
Rua Tenente Domingos de Brito
Cavalcanti
Rua Braúlio
Simões Barbosa
550
421
Rua Ribeiro
405
397
280
Rua Pedro 29
278
os Travessa Ernes to de Paula San t
887
246
396
4215 4214
368
3984
4252
360
4080 865
561
264
Rua Carlos
Pereira
451
4270
433
417
4265
860
186
168
391
405
835 130
367
550
Falcão
4040
4140 116
315
500
464
Rua Ernesto
4310
901
743
Rua Dr João Sobrinho
Rua Amália Bernardino de Souza
756
727 136
124 112
214
204
186
77
4500
4483
4510
1000
392
4200
4224
125
4480
4300 396
82 691
4468
224
299 686
416
100
4432
4452 121
696
840
4160
168
232
621
498
640
618
4268
611 4333
1007
573
1021
292
312 302
322
332
342
352
106 96 100 86
96
710
90 423
76 66
70
Costa
788
60
736
35
18
8
109 101 93
137
75
85
72
227
4308 4324
87
4582
4565
51
541
4338
4577
225
4430
632
525 4364
88
4599
177
66
513
165
501 4398
40
159
175
155 348
260
96
4298
595
571
186
1080 730
4620
195
203
86 310
300
42
123
4371
332
735
53
2300
36
62
Rua Dom Estevão Brioso
66 76
75
66
4552
415
715
41
59
67
98
114
130
56
55 65
95
16
146
2425
46
45
85
26 370
30
28
187
36
40
151
38
644 78
169 200
203 85
73
26
200 188
4635
29
Coronel
447
4670
Chaves 40
254
48
4424
75
Benedito
4440
4367
2465 250
492
182
Rua
37
140
2466
784
592
201
161
48
26 36
46
50 385
213
666
171
58
197
4403
435
2269
50 16 2285
191
181
141
201
68
72
1030 487
28 26 17
196
206
211
283
273
263
25
56
60
395 177
180
694
80
169
160 680
710
2237
600
782
727
216
16 15
Gondim
141
Regueira
150 43 119
331
Gomes
Rua Dr Gaspar
Paulo
110
226
Luis Mallet
Rua General
449
Rua Raymundo
131 750
695
236
246
256
266
2301
151 461
683
759
140
161 447
671
129
Rua Pinhal
955 659
99
115 130
747
763
763
757
798 839
851
871
127
91 149 87
102
Avenida Hélio Falcão
60
57
1047 1077
50
635
665
43
José Lopes
1099
80
Rua Francisco de Barros Barreto
36
1088 1136
561
Rua Monsenhor
4138 741
4405
184
4267
4280 357 421
158
847
194
191
4255
302 447
750
4100
4120
4387
200
217
4264 527
730
744
200
4242
414
565
609 626 604
737
João Paes
856
75 767
s
de Pontes
380
218
4236 311
Rua Professor
Guilherme
446
4406
218
João Medeiro
896
575
510
575
529
606
126
175
4388
591
1900
657
742
1200
750
523
1890
640
656
576 655
730 729
999
4368
4173 4190
465
577
4189
590
697 696
778
912 566
742
Rua Desembargador
4161 310
874
1880 505
536
681 680
138
796 561 562
558
4070
Santos
783
187
334 322
509 516
883
893
279
561
546
4172
372 560
1866 831
851 867 903
267
528 527 532
1509
de Paula
4145
811
508
473
1000 1004 1044
819
275 830
478
457
1136
533
4000
4264
284 525
530 455
760
470
826
445
512
1145
103
911 4221
109 390
4241 607
410
198 208
196
212
870
1846
454
Rua Dom
3962
4036 4062
398
520
448
178
424 900
500
1234
1101
4189
36 273
454
551
835
245
4200
272
Bergamo
305
542
420
907
375
393 399
405
Freire
436
170
383
408
185
Americano
430
461
480
913
927
Rua General
447
464
427
3906
213
300
720
450
383
395
460
3892 992
972 241
320
867 775
925
290
442
403
Barros Gondim
Rua Alzira do Couto
404
37
412
162
162
73
Santos
1235
394
465 264
73
Paula
1030
993
de Brito
4060 324
Avenida Fernand o
340
355
441
ro
566 624
326
1277
1289
1301
1327
1355
355
153
de
3854
1044
1033
3870
Salguei
231
485
992
1114
1172
1038
940
960
326 1260
1272
1300 1368
457
1017
Rua
Rua Agenor Lopes
Rua Jonathas de Vasconcelos
175
81
636
1474
334
1064
1054 78
62
73 4074
465
668
323
495
4023
573
505
652 316
848
3804
149
4040
646
597
500 279
640
363
1077
3939 3945
3965
4000 352
515
622 340
350
364
404
707
287
328
269
281
293
305
314
3778
3924
de Oliveira
65 112
554
580
901
933
243
280
300
1145
1097
105
3920
Rua Professor Valdemar
675
3972
1009
262 265
314
93
Serinh
602
640
1017
1027
1037
126
292 287
123
136
3900
59
Rua Pastor José Amar o
70
572
584 630 616
3901
146
720
618
aem
3904 74
165
734
209
928
189
700
Ernesto
90
98
3754
159
59
743 1097
100
1ª Travessa
99
118108
191
603
617
830 277
1111
1133
272
254 55
181
257
3856
Lafayette
113
1034
1147
1159
275
55
286
Rua Bruno Veloso
247
122
Rua Dr Raul 512
139
70
1002
1084
1197
1201
1197
Cavalcanti
3672 60
3838
152
90
660
176
490
505 275
1361
Braulio
1235
1213
1203
333
450
478
498
Eiras
200 140
403
533
52
50 da Costa
1223
250 3810
450
54
Couceiro
355
164
169
185
192
1240
1272
17
José Neves
Travessa
268
70 789
Rua Jorge
1037
147 499
1223
1257
186
Desembargador
3650
3763
3800
284
300
272
97
100
504
595
168
3610
3743
3786
3814
160
80
97
90
534
650
207
Shorto
45 3735
3766
3782 392
60
63 80
de Holanda
74
Rua Arnaud
92
de Vasconcelos
1380
1322
Russel
61
65 81
422
1295
Wilfrid
81
27 93
3739 490
1318
Travessa
107
3746
68
Travessa Jonathas
de Brito
60
Rua 3687
179
528
42
Rua Coronel Anizio Rodrigues Coelho
de Vasconcelos
92
Travessa Ribeiro
3574
74
Trajano
3742
1910 970
805 102
3686
3696
Rua José
960
25
44
351
406
24
50
3722
944
373
430
38
4667
25
4470
64
1222
58
435
Rua Padre Giordano
13
4395
14 1020 227
237
75
213
238
228
218
57 45
170
162
91
Rua
178
Rua Marques
150
1274 181
192
de Valenca
82
300
255
30
Rua Padre Luiz Marques Teixeira
Tijolos 1ª Travessa
281
Rua Givaldo
271
Mota
177
4741 363
125
141
4793
97
85 41
37
176
281
180 187 176
José Neves Desembargador Avenida
956
100
402
332
342
334 380
336 438
340
426
231
459
6133
41
51
67
77
Cruzeiro
do Forte
470
276
522
443
233
de Palmares Rua Baronesa 180
67
295
269
151
141
131
373
184
1260
Monteiro Carneiro
279
313
286
146
74
158
Rua Izabel
363
195
131
313
251 34
159
127
396
390
384
378
184
Cardoso Hipólito José Rua
Cavalcan
1140 1154 504
302
314
567
Mello Souza de
Assis 6114
Professor
1214
1228
6166 1240
Traves José
Jequitinh
267
824
430
848
835
26
60
310
584
1289
6292 861
1351
119
226 333
6308
1346
2690
586
260
1235
317
301
41
1347
1360
1245
680 6340 1378
1259 290
953
6370
1400
1277 976 285
1379
592 275
320
1430
293
303 864
618 54
2902
331
1462 345
Fernando
César
1048
de Andrade
637 53
894
1060
1492
2938
666
6464
678
2946 3061
1510
6470
1495
700
460
Almirante
6478 1548
Saldanha Gama
2954
282
6496 6500
Machado
976
1600
Armando
988
Rua
José
1010
1630
Setubal
56 44 34
Rua
1662 1826
1663 6576
Rua
1700
6592
Padre
Leandro Camelo
1726
Visconde de Cabo
6636
Frio
1770
1725
Ramos
6666
Pessoa
1765
Cosmoram
a
Roberto
6688
Aviador
Rua
6732
Rua
Brigadeir o Cyro
Rua
Senador
José
Ermirio
de Morais
6756
6800
6814
6820
Rua
SD
6836 1096
6838
6916
Avenida Armindo
6930
Moura
1095
6944
Rua
SD
6958
6972
Rua
6986
SD
1094 7000
Rua
20
Capitão Danilo
19
Paladini
Bragança
21 7
Filho
27
Júnior
23
BRIGADEIRO IVO BORGES/ SELEÇÃO 70
24
Rua Ministro
12
Coimbra
Rua
29 30
de Gaulle
Eugênio
28
Salgado
11 Rua
17
Rua
10
68
26
Capitão
146
22
9
Lopes
8
32 25
General
7074 27 31
Rua
38
32
Júnior
37
39
Aragarcas
26
Charles
13
14
15
35
40
3715
Araujo
36
16
46
de Albuquerq
47
Moser
100
48
7142
Lins
Herbert
Dr Ulisses
José Doutor Rua
45
Jornalista
51
50
132
Rua
Pacífico
96
Rua 52
58
ue
Pereira
44
43
Rua
33 42
Rodolfo
de
34
41
114
63 59 64
65
Rua
Travess
60
66
or Muniz
61 3732
Falcão
67
85
Montarr
49
62
Governad
87
Rua Leblon
a Ulisses olhos
77
88
69
86 78 89
70 90
79 71 80 72 81
84
Conjunto o Fay
Beira
elli
Rua
Professor
José
Joaquim
Viagem
Fontin
de Almeida
Boa
io
Avenida
l Beníc
76
de Andrade
Mar
Arpoador
Ulisses
Manoe
rolhos Montar
Dinaméric
Rua
Rua
74
75
Gutemberg
82
83
Rua
Campelo
73
Rua
410
nga
Jacareaca
Rua Tijuca
Rua
Rua
Rua
Coronel
da
Rua
Rua
6274
2660
861
220
600
6234
6246
1314
332
65
89
Mermoz
47 1245
1226
Rua
239
1340 12 441
1270
de
323 570
Visconde
o
o Cardos
Hipólit
440 479
31
34
Pereira
Jean
1256
305
400 515
Rua
270
327
sa
58
54
Barroso
50
2616
407
434
55
64
Capitão
60
761
Rua
421
1213
1216
Cabral
83 70
Rua
69
110
Rua
Castro
1204
Augusto
325 435
500
587
Álvares
93
75 185
710
1244
Rua Libia
Rua
Armando Major
95
Lins
430
365
520
611
Pedro
107
100
187
120
1242
2544
365 365 365 365
566
Baltazar Passos
Rua 130
217
Jordao
1307
592
50
668
303 310
584
Rua 999
1011
Avenida Lino
655
82 179
420 469
346
1100
1062
1003
1320
1319
2522 626 235
302
501
596
989
1088 1163
1334
1432
1236
1234 1231
621
419
1165
438
295 142
Jordão
586
423
1178 545 450
328
1041
1843
1970
1453
427
1135
480 555
275 285
548
1151
1103
Rua Remígio
1166
579
Leão
290
Cavalcan
Batista
Castro
Almirante
de
Rua
de Janeiro Vinte Avenida
595
278
Aurélio
ti
984
54
67
660
435 431
Ponte
1139 27
2498 25
560
647
955
ti
Távora
21
DONA LINDU 308 207
1122 216
Castro
Juarez
Marech Avenida
onha
de
79
al
56
1031 529 535
574
r Aurelio
446
do
Rua
554
196
225
Professo
97
305 6393
591
108
155
600 543
Rua 181
2390
497 558
580
2432
de
Rua Antônio
156
866
965
977
Canal
Maior
176
595
440
967
941
953 990
1029
6997
Souto
979
511
546
964
976
988
992 1019
994
Mário
265
1020 619
169
e Silva
727
1000
1080
5868
481 536 116
Rua
600
649
823
1041
Rua
5858 1058
17
976
1000
Aires
835
Praia
Luiz Soares
Rua Camboim
958
129
32
5840
145
488
845
964 17
Cardoso
813
129
9998
1007
81
116 99 130
João
857
220
10006
5822
72
90
380
394
Rua
869
789
129
129
Diogenes
5790
5802 984
42
53
81
100
807
875
733
745
765
794
6369
217
964
1386
1400
878
820
Salgado
823
700
780 770
782
6345
5740
943 1370
454
330
76
6351
5710
Engenheiro
1352
420
342
Pessoa de Melo
826
General
929
444
6383
Rua
1340 948
51
276 418
91
Figura 137: Mapa geral do bairro de Boa Viagem com a delimitação da área definida para estudo FONTE: Unibase modificado, 2019
993
832
Rua 795 717
888
943
339
954
914
1294
1310
95
725
86
889
895 939
264
370 20
1280
345
356
34
383
145
783 350
11
34
320 628 628
971
922
354
2660
1030
871
530
217
56
Magalhães
173
742
462 440
604
1005
870
886
900 523
539
909
5576
5600 777
211
742
145
197 387
592 970
1019
649 651
355
5554
764
812 1874
199
65
Zael
249
8
840
741
610
1125
147
196
228
127
721 726 265
295
803
615 182
28
187 61
161
840
212
36
159
189
43 110
275
46
753
626
130
129
129
129
220
54
77
150
860
201
153
130
533
687
755
129
202
76
97
76
50
213 703
512
7935
7935
7955
6347
100
109
168
Romeu
687 692
Rua Dr Luiz Inácio
600
112
121
1118
Rua Conego
699
578 736
7935
135
124
175 161
668
601
120
183
111
123
728
257
314
350
396
140
187
129
141
669
55
5476
902
123
1076 257
167
374 164
665
Nery
698
320 414
67
121
133
746 152
285
325 37
68
114
194
170
676
289
Silveira
Rua Waldemar
Porto
691
5450
682
700
675
720 1035
638 850
872
143
Rua Luiz Pimentel 311
85 186
330
210
Rua Sideral
366
a Alfredo 407
423
5426 23
80
62
134
155
254 284
43
56
818
84
220
523
532
546 372
Jornalist
194
692
350
175
1576
46 230
201
138 285
704
1042
22
44
325 868
200
de Lima
207
124
1060
1033
295
315 52
201
276
205
238
615
623
Rua 188
517
519
531
305
295
108
268
365
617
620 413
413
505
518
596
321 20
21
43
220
Rua João Eugênio
235
176
245
596
56 185
559
500
520
5366
192 280 54
Helmer
236
244
241
398
1105
222
365
66
334
126
1119
566
168
734
242
1420 408
1800
5354
1503 1656
232
79 35
211
677 665
689
1802
562 55
284
52
6333
211
89
298
389
479
64
77
55
1575
Mares
34
Leal
320
de Castro
381
282
270 294
580
371
121
80
80
Rua Leon
34
232
311
268
Moreira
71
93 55
621
320
290
589
510
54 42
José
97 120
Verdes
107
224
Professor Mário
619
321
209
6211
96
101
56
132
258
329
531
180 571
Rua
361
108
113
68
Rua
119
370
185 244
420
185
488
500 568
559
251
1275
253
322
415
507
430
382
Rua 425
408
129
320
235
486
492 418 442
114
Correia
149
5274 133
135
126
233
1777 1867
531
571
556
585
587 312
6333
1809
Copacabana
310
312
270
425 451
562
398
580
515
455
506 560
536
548 680 670
Waldir
151
1801
412
303 386
476
420
462
489 499
513 695
179
422
215
200
224
1793
Rua 388
475
479
496
680
223
175
185
378
451
474
645
469 686
225
167
480
195
444
409
127
90
Rua Sargento
265
172
286
395 450
464
698
285
68
250
284
443
574
Rua
125
<
482
25
78
207
401
569
451 89
464
45
94
605
99
26
65 112
Capitão
577
585
113
108
295
375
66
426
488
423
640 620
696
319
269
391
373
409
419 660
669
58
Paraíso
130
590
525
117
257
158
446
70
José
69
508
257
181
284
392
364
450
420
491 1911
416
65
52
256
416
150
377 391
410
414 81 75
264
484
355
363
387
53 70
85
280
257
50
404
828
1715
95
Lauro
319
358
376
18
380
840
8555
6057
105
335
327
5212
82
Rua
103
132
213
5
400
Silverio
337
Borba
307
Vila Flor
240
324
Rua Conde
425
309
580
22 725
565
336
308 247
301
232
595
320 293
314
326
Rua
40
271
2465
Rua Dom
281 306
287
295
333
231
5164
422
47 94
119 190
85
373 374
336
57
108
135
202
281 350
Zuzinha
288
425
393
Nunes
65
120
146 214
295
256
419
293
350
Rua Engenheiro
292 Sampaio
333
318
299
426 306
537
66
Uzinha
91
51
189
240
303
259
41
391
Passos
e Tres Vinte Avenida Aurélio
434 430
290
549
285 Rua Tenente
313
442 438
263 273 275
ré
446
261 270
282
63
330
265
464
260
74
53
Dona
129
64
164
207
290
257
Horizon
46
190
182
215
381
249
Rua
200 211
374
5130
88
115 198
223
203
284
243
363
te
248
5072
5090
5110 70
300
5152
Rua 52 210
237 351 361 223
18
42 190
220
392
20
56
292
1418
237
231
310
258
213
222
24 11
25
461
Gomes
254
278 518 33
59
73
92 298
238
286
215
209
210
285
105
296
389
Vicente
203
1360
59
25
245
205
244
348
313
235
333 322 314 306
de Julho
Almeida
230
205
301 265
330
Rua Dez 401 399
Rua Dr
76 88 100
52
76
112
Tamanda
62
43
190
215
Almirante
210
165
334
394
400
316
160
156
199
211 218
415
192
304
195
208
417
270
50
35
8295
180 57 69 75
155
275
de Beberibe
207
196
429
Rua
38
8273 8283 5875
Assis
Francisc
87 257
275
232
Rua Barão
190 202
431
urt
Rua
268
267
180
414
115
5030
22
48
105
112 124
129
126 152
280
161
Bittenco
o de
219
166
255
263 260 165
223
171
139
139
210
481
250
4988
Kabbaz
136
234 248 252 270 274
219
153
220
Sylo
Melo Júnior
172
159
160
180
184
491
505
532
Jorge
148 160 170 178 184
192
45 55 63
205
218 141
Rua
106
Rua Sargento
126 297
506
519
55
Gemba
185
da Costa
Azul
108
280
120
520
221
233 237
Rua Heiji
169
195
15 35
Cabral
218
210
222
191 184 196
Comendado r Elias
180
34
25
Padre
Rua 199
172
205
75
Rua
62
Rua Aldemar
Rio
103
143
155 159
205
38
8261
162
60
233 162
181
170
103
196
212 180
228
HEIJI GEMBA
143
140
19 147
177
149 148
151 148
42 56 76
221
1145
420
45
63
81
131 145
130
20
113
86
138
39
64
83
4864
12
NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM
180
392
40 90 110 152
133 111
116
122
Rua Belmonte
154
122
Correia
71
110
96
36
5855
e Souza
Rua
Viriato
132
130
118 117
113
5777
111
128
196
210
220
17
137
Rua
95
90
71
111
121
75
Rua Sá
106
148
196 107
112
86
126
157
5803
27
94
193
257
553
413
114
423
427
101 76
111
90
110
131 141
120
68
78
122
130
129 135 155
169
563
581
597
431
62
75
94
285 84
402 400
Rua da Confraternização
52
61
95
258
530
101
422
424
426 37
48
45
218
78 284
544 546
564
570
580
590
610
220
72 35 38
43 44
70
15
da Silva
de Outubro
48 34
1131
1153
36 1395 1437 1457
83
91
63
Domingues
1071
1083
1139
1169 1169 1241
1259
1279
1279
1301
1341
1093
1103
1125
1470
Vicente
16
153
182
92 121
Rua José
1478
119
124
156 195
374
26 115
Rua Antônio
Dornelas Câmara
212
243
451
66
49 80
45
42
120
134
146
158
190
Dr Nylo
226
378
44 51
43 44
789
168
55 40
72
36
723
767 791
1488
1496
Rua
240 335
367
25
s
1508
Dornelas
34
9
34 14
691
707
Leão
801 831
849 939 965 1045
1065
385
336
de Souza
1000
1595
345
401
545 565
Rua Barão
623
631
653
50
1035
1470
4772
116
577
611
420
62
1066
1074
1080
1092
1108
648
678
72
55
51
73
1120
1332
1354 1344
640
698
94
Rua Cosmópolis
1170
309
311 325 323
42
Rua Tenente
4752
157
115
5025
5001
Aquidaba
110
82
77
82
Casanova
349
1388
Lusiânia
4744 29
150
50 1144
51
946
118
40 97
226 250 244 234
258
92
99
Rua Frei
373
Rua
169
164
Cardim
5000
Rua Feliciano José de Farias
111
153
102
105
358
103
91
110
117
318
328
338
348
364
376
79
74
111
1647
Henrique
200
4798
34
5653
4955 Sérgio
19
70
5027
Antônio
Araná
131
111
97 87 83
257
259 277 265 297 289 285
120
137
365
375
385
395
113
100 90 84
61
4935
178
43
96
400
406
90
1546 1528
4903
87
Darwin
128
418
70
Fernande
Rua
93
103
115
127
139
130
433
125 110
93
81
67
43
35
1544
93
51
138
440
460
470
626
Nelson
Borrazópolis
376
143 441
321
7915 7917 7927 7929 7939 7945 7951
7994 1604
105
Rua Charles
Rua Coronel
72
46
Almirante
7905
15 14
7957
1620
141
168
490 514
4824
7984 1632
4930
147
200
232
198
376
77
65
85
119
7903
16
7938 339 538
1648
159
184
110
73 103
17
29
39
49
155
452
341 333 335 331 447 325
477 7901
30
345 331
371
186 190
353
1654
24
32
117 365
188
196
1662
14
34
33
136
352 354
1672
183
170
115
118 121
28
Rua Santa Leonor
342
147 12
130
da Linha
137 347
411
1609
191
195
152
140
132
152
185
50
60
169
358
Rua
138 346
359
1661
157
168 146
155 203
56
68
90
102
114
126
136
150
162 164
176
4632
4660
4700
215
173
145
370
265
237 105
81
4887
170
Ribeiro
59
67
99
131
518
155
149
198
186
172
161
138
Rua
138
130
116
1668
193 185
167
182 464
Rua
142
153 145
349
143
114
100
1674
215
478
de Tefé
Rua
de Miranda Maria
José Rua
Rua Cordisburgo
210
5303
Rua Barão
173
190
28 152
4610
151
127
4845
4880
138
179
196 496
56
157
175
163
221 234
218
204
7341
75
167
225
Rua Sansão
244
146
208
170
da Linha
11 347
342
22
172
109 180
2ª Travessa175
66
346
Leal
20 261
208
111
44
384
54
120
246 231
45
Carneiro
7341 207
372 158 204
363
4834
JORNALISTA ANTÔNIO TEIXEIRA JUNIOR
106
28
32
103
6420
6396
<
217
142 140
70
113
Rua Dr Zamenhof
5297
Rua Adauto 149
150
551 544 535 74
374
374
68
80
261 462
266 43
145 470
27 60
28
371
76
57
4869
234
214 278 315
311
114
91
149
307 61
34
89
52
147
252
331
179
314 304
331 8042
538 165
73
5293
140
Rua Olavo
64
371 Rua João Dias Martins
355
8040 333
5193
Bilac
251
126 150
Rua Dona Magina Pontual
215 271
8075
5199
4594
4817
43
252
174
4574
342 4811
293
50
239 193
109
384
Lemos
Pery de
195
5209
4777
4650
66 240
82
224
242
25
227
230 177
70
256
260
255
370
Rua Carlos
16
4558
4790
280
277
238
229
52
60
70
90
21
Triângulo
Araujo
4719 215
152
299 276
250
257
241
Fragatas
Rua
Rua do
de
20
223
42
Meio
do
Pessoa
269
213
243
Aloisio
70
299 63
5089
Rua
Professor
285
94
50
5109
4520
4659
33
171
399
210 234
5137
401
4734 4770
80 90
250
Petrolina
249
260
Rua
259 350
387
Figura 138: Mapa do entorno próximo da área que será estudada. Foram delimitados os pontos principais dos equipamentos: mercados, supermercados, hipermercados e shopping centers. Demonstrando, assim, a localização destes em relação à área de estudo. FONTE: Unibase modificado, 2019.
1
1
Ed rd
2589
o
374
an W
690
ho Fil
o Cíc
ia
801
ngr n Hu lso o Ne istr a Min Ru
415
Ramalho
268
636
345
660
657
166
2574
2738
202 186
301
380 395
ria
775
136
dino
282
Rua Professor
111
266
2860
238
47
2878
2151
2861
2892
2746
264
2135 2764
2843
2891
2886
331
504
635
2724 87
252
2842
992
546
655
2712
2846
Pes
247
298 276
562
2652
2682 2223
316
417 387
643
77
2225 48
2800
336
145
552 724
2775 2814
2832
2769 nar
277
61
441
Ru a Pro fes sor
721
Ber
soa
Júl
Leao
620 729
Pad
re
131
io
735
623
356
Fer reir a de
634
36
46 678
175 161
Rua
289
47
2632
2233
189
2755
2784
66
376
Me lo
63
olin
2241
205
2766
303
390
Car
a
75
Arnaldo Carneiro
Ma
2257 2735
2742 248
317
Rua
483
58
2770
148
270 654
505
646
2610 147 135
422 525
668
2594
2277 163
2756
162
2718
474
553
714
2707
170
2700
285 410
795
2313
2287
325
356
415
821
2350
258
333
429
45
2514
2530
2554
180
2655
392
Rua General
269 2696
32
574
46
805
2401
2371
2347
281
560
815
2585
2627 2640
314 300
591
2492
2409 2620
2664
2600
326
618
603
500
49
2478
2573
331
334 415
605
586
2610
346 411 633
2450 2417
é Bra
377
881
647
798
2439 2565
56
Jos
o
784
Ru a Po eta
a olin ia Car Mar sa ves Tra
or
ndã
370
663
407
16
Edson Amancio
Zez ito
ero
512
414
636
fess
2454
2588
Pro
796
Ne ves
e Joã
2434
y
Ten
ent
713
Rua 389
71
Rua
2525
rle
2574 336 409
757
392
2574
de
440
777
715
2445
ua
38
793
796
2111
267
148 221
243
2902
2784
130
315
687
1038
Rua
551
68
ônio
Fal
430
133
Ma
260
nha 916
2980
254
1979
2938
77
2996
234
485
63 55
475
381
1943
3012
383 455
2958
3005 433
474
3028
970
411
1929
3067
2978
728 700
133
235
956 3081
303
658
3114
976
640
277
1325
Brit
o Mel
3121
161 255
995
3160
3150
142
382
3190
288
425
pin
413
3190
1809
48
268 258
59
3256
nte Mo do ck ma An
tôn
Travessa Padre Carapuceiro
ntis
ta
203
Nil
son
Re
zen
de
225
3309
Rua
468
444
re Car
apu
777
368 3420
3355
51 65
323
1541
270
373 756
357
343
228
198
289
1515 3402
3465
168 273
888
Rua
198
150
259
Dhá
1747 210
3416 1475
lia
3572
3482
211
176
182
3493
3524
3452 180
1336
3376
3487
3436
303
3440
1455
168 191
266
3456
3510 233
3600
844
62
3638
50
878
3652
Jack
67
871
53
55
3621
39
1810
3647
3670
186
64
3574
74
44 3696
Rua José
960
1910
406
60
Trajano
Rua
107
frid
sel
3782
3814
160
3650
284
300
268
1223
250 3810
70 450 Holanda
789
Rua Jorge
393
451
da Costa
325
3838 3855
Eiras
Rua Bruno Veloso
247
122 80
181
257
3856
498
99 3722
90
Rua Dr Raul
Lafayette
3738
512 355
3672 60
1203
333
152
50 Couceiro
1213
200 140
403
533
450
478
1037
147
509
52
Rua Arnaud de
54
97
1235
3763
3800
272
80
3610
rto
3743
3786
392
97
Sho
45 3735
3766
3739 422
Rus
61
65 81
3746 490
1322
81
27
93 528
603
1295
Wil
3687
3742
179
970
102
90
3686
50
3722
3520
1353 3645
3686
170
351
42
1363
3635
3704
1846
944
373
3500
1387
3609 1375
915
916
348
60
TERRENO PROPOSTO
3595
79
Ayres
73
805
3472
1417 95
Rua
374
54
3553
74
3626 52
858
261
316
25
3356
3423
3500
240 222
315
288
gem
3399
3426
3433
385 170
a Boa
3336
399
770
1575
3405 3440
427
SHOPPING CENTER RECIFE
3312 3406
501
353
777
3296
1607
o
324
304
3278
3321
97
384
ceir
140
139
3232
143
1617
3400
398
Pad
155 3350
3384
412
Rua
475
1701 3303
66
o Por to
3360
3380
428
503
3332
3333
Fau
stin
197
617
537
63
1717 140 1706
478 80
110
Ave
150 221
245
a Ru
a Cie
3196
168
273
3322
3340
151
3178
1733
255
3296
Lu io
285
200 265
488
Ru
1755
3231
3286
214
498
Via
Na 3217
3274 230
275 590
a dos
1095
289
Ru
22
50
3160
ant
3254
380
246
96
3114
3136
3197
282 395
1065
1454 295
veg
op Sh a Ru
3098
3181
346
55
421
808
320
1823
80
159
g
Ce
nte
r
590
63
3175
370
733
3056 1847
3143
171
372
384
128
135 3133
506
554 605
813
815
3040 145
158
572
657
537
3020
3105
267
o
715 835
489
136
3095
Fél
ix de
3000
3068
676
Rua 735
es
490
821
CARREFOUR
1907
858
825
2910
2983
936 358
782
WALMART
2840 2846
2876
1997
2965
Ru
497 720
54
3023
a Fra
355 854
40
2037
2019 68
2994
155
418
890
2055
2957
80 185
3042
896
216
50
2977
88
205
2990 320
ngu
ape
2964
2966
380
ma
340 800
384
467
483
272
Rua 555
2966
2976 402
418
499
486 506 561
68
150
2907
2986
245
518
583
912
2820
151
259
665
181
141
2804
2941
2970
273
190
946
2083
2881
287
165
cao
2940
299
153
Ant
165
nça
Cu
ndo
nid
s Me
da
Pae
sco
ro
2869
240
482 565
Ped
nci
nida
240
590
159 Ave
118108
90
98
660
3754 113
165
70
572 734
209
70
720
584 630 700
618
616
590
59
743
243
78
62
640
363
364
668
323
495 636
316
848
1038
940
231
485 566
340
355
550
457
441
421
Rua Ribeiro
405
397
887
246
399
972
4200 278
272
Bergamo
4215
196
Rua Carlos
Pereira
4214 3962
4036 911 4062
4221
109
398
390
368
4080
561
525
451
4265
417
860
186
835
168
391
130
367
405
4040
4140 116
315
500
464
275
Rua Ernesto
4310
901
830
819
de Paula
1846
1866
4161
322 509
516
4368
310
175 75
874
1880
767 4388
577 4189
1900
510
575
de Pontes
446 380
194
4138 741
184 168
727
Sobrinho
136
124
609 606
626
696
730
232
214
204
4300 396
SUPERMERCADO EXTRA
77
4483
4510
1000
392
4224
125
4480
186
299
416
4200
691
4468
224
4500
686
750
82
121
421
621
498
100
4452
604
640
112
4432
191
4255 4267
4280 357
158
4160
4405
4242
4264 302 447
742
744
200
311
527
729
847
200
414
565
529
756
218
217 575 657
576 655
730
4120
4387 4406
218 4236
Rua Professor João
896
Guilherme
696
778
591 Medeiros
Rua Dr João
590
697
138
796
523
1890
640
656
4100
4173
4190
465
505
536
681 680
783
187
334
560
831
851
867 883
4172
372
811
893
4070 Santos
4145
478
743
4000
264 4270
433
865
4264
284
530
550
Falcão
SUPERMERCADO SOBERANO
3984
4252
360
4241
455
760
470
826
212
870
4189
36 273
454
607
410
198 208
405
3906
213 280
551
835
520
448
178
396
245
393
de Brito
300
Rua Pedro
542
775
925 420
907
375
3892 992
241
320
305
720
170
993
4060 324
29
867
913
1030
1017
3870
eiro
73 4074 465
624
383
4023
573
505
652
927
3854
1044
1033
4000
4040
lgu
Rua Tenente Domingos de Brito
404
646
597
500
279
350
293
305
960
992
1064
1054
a Sa
300
112
352
515
622
340
314
1114
1077
149
707
287
328
269
281
3804
1097
125 3939 3945
3965
Ru
280
3778
3924
Valdemar de Oliveira
65
554
580
901
933
965
262
Simões Barbosa
1009
1017
1145
1059
Avenida Fernando
1027
93
105
3920
Rua Professor
675
3972
265
a Se
Ru
3900
602
640
1037
em
ha
rin
136
3901
146
617
830 928
189
3904
59
da Silva
1002
277
159
74
603
70
505 275
191
139
176
490
Rua Pastor José Amaro
164
169
185
4268
611 4333
2237
236
216
226
206
201
191
181
171
161
151
78
68
58
48
38
28
18
141
137
109 101
8
146
130
85
93
75
59
67
41
735
53
4582
36
541
66
513
165 501
2425 4620
Rua Dom Estevão Brioso
155 169
348
200
203 73
85
200 188
249
237
260
250
238
227
dito
48
2466
447
4667
210
178
Rua
401 4520
94
Prof
esso
1274 181
192
de Valenca
r Alois
io Pess
285
82
oa de
70
Arau
jo
50 30
20
215
177
125
141
4793
97 37
176
85
41
227
230
240
293
50
239
4594
4817
43
252 64
140
150
52
76
57
4834
JORNALISTA ANTÔNIO TEIXEIRA JUNIOR
4610
151
lina
251
126 174
Bilac
193
109
32
28
4574
342
4811
66
Rua Olavo
70
82
4777
4650
25
177
224
242
4558
4790
280
256
363 4719
223 152
260
4741
269
213
243
435
58
4734 4770
80
4659
33
150
234
255
4470
64
4395
45 171
399
Rua Marques
300
4440
ves
25
57
170
162
91
4424
75 4670
Cha
1222
90 218
Bene
40
254
250
75
213
228
Coro
nel
140
492
182
Rua
4367
2465
Rua Padre Giordano
259
4635
29
26 37
127
4845
106
Rua Dona Magina Pontual
Petro
260
96
4398
40
159
175
195
86
Rua Pinhal
203
227
Rua Francisco de Barros Barreto
66 76
265
MERCADO DE BOA VIAGEM
4632
Rua
46
4338
4364
88
4599
177
36
56
310
4324
51
525 187
62
4565
4577
225
4430
644 72
4298
4308
87
186
1080
632
26 98
595
571
730
2300
283
114
42
123
4371
332
2285
196
211
66
4552
415
715
2301
16
72
197 4403
435
2269
50 16
Avenida Hélio Falcão
246
1030 487
28 26 17
140
256
573
600
635
665 782
727
759
747
763
763
237
4880
4660
105 4869 195
Rua João Dias Martins
103
183
159
147
170
105
93
4903
61
4935
178
WALMART
Rua Coronel 168
138
110
a
169 43
200
232
Lus
iâni
51
132
Rua
87
Rua Charles Darwin
184
198
4700
81
4887
4930
141
140
115
138
191
195
152
215
147
252
331
157
128
96
4955
Sérgio
4744
164
29
150
Henriqu
e Cardim
4752
157
19
70
200 4772
5000 4798
490
440
460
470
514
376
406
418
50
400 1144
115
5025
5001
116 60 4824 70
5027
626
90 51 345
Rua
240 335
385
401
72
4864
Câm
ara
119
336 545
565
9
Dorn
elas
212
16
12
124
25
378
577
611 631
Dr Nylo
226
367
NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM
243
623
34 14
36 156
44 51
451 374
66
153
195
115 92 121 63
122
110
131 141
Rua Feliciano José de Farias
182
80
180
392
111
40
221
1145
Rua
Com
152
133
45
63
81
enda
dor
Elias
Jorge
4988
Kabb
az
212
420
180
111 131
20
75
110 121
130
113
103
196
90
130
145
HEIJI GEMBA
143
140
228
Rua Heiji
Gemba
55
5030
22
75 169
162
105
48
Rua Dr
62 76
185
da Costa Alme
60
Rua Aldemar
19 147
34
180
100
148
136
Vicente
Gomes
203
88
254 20
112 124 195
1360
5072
147
Para garantir uma análise precisa foi realizado um recorte na área mais próxima do terreno escolhido, para que, assim, fosse observado condicionantes relevantes para a desenvolvimento do projeto naquela região (Figura 139). Para isto, foi analisado este entorno com relação as suas questões viárias, incluindo a hierarquia, os fluxos e os modais de transporte nas respectivas vias. Foi explorado, ainda, a questão dos usos das edificações do entorno, de forma a compreender as predominâncias e, assim, enfatizar a importância de ter escolhido este terreno para propor um equipamento urbano que visa o comércio e o serviço. Para um estudo sobre o entorno é fundamental realizar análises com ênfase no sistema viário. Este sistema é caracterizado como sendo um espaço público por onde as pessoas transitam, sendo responsável, assim, por articular, as atividades diárias do funcionamento da cidade.
ad
eM
elo
Figura 139: Mapa de identificação das vias do entorno imediato. FONTE: Unibase modificado, 2019.
Fel ix
de
Rua
R.
Fau s
tino
Por t
o
eir os
aC
ing
od
om
tes em Av.
Bo
Ru a
res
aV iag
ie Ay
an
Co nse lhe iro
Ag
g. D En Av. alia
Av.
Jack
Dh
do sN av eg
cisc R. F ran Rua
Rua
r
eiro
uia
puc
o
Fer r
ara
a
eC
unh
Pad r
R. Prof. João Medeiros
Rua
Brit
a
Pro f. J ú
lio
Fer r
eir
Rua
Rua José Tr
ajano
Rua Bruno
Veloso
Terreno proposto 0
148
50
100
200
Rua Sho Wilf rto rid R
uss
el
Dessa maneira, estudar o seu desempenho, os seus modais de transporte e os seus fluxos são características determinantes para estabelecer critérios projetuais. Portanto, a partir dos dados fornecidos pelo Plano de Mobilidade Urbana do Recife*, foram obtidas informações importantes para fundamentar a pesquisa e elaborar os mapas. O Plano de Mobilidade do Recife, por sua vez, classifica que as vias podem ser definidas de acordo com a sua hierarquia, com a sua função urbana na cidade. Esta classificação se divide em quatro sistemas, sendo estes o sistema expresso, o sistema arterial, o sistema coletor e o sistema local. (Figura 140) As vias arteriais primárias, segundo o Plano de Mobilidade do Recife, são aquelas que possuem uma capacidade e uma velocidade menor que as vias expressas e possuem um traçado sensivelmente contínuo. Essas vias são caracterizadas por redistribuírem o tráfego das vias expressas para os seus destinos até o nível das artérias secundárias, que, por sua vez, são denominadas como vias que possuem um menor grau de continuidade, com níveis de serviço inferiores e com maior ênfase na função de distribuir o tráfego e dar acesso às propriedades adjacentes. Já as vias coletoras são definidas pelo Plano de Mobilidade do Recife como as vias onde se há uma necessidade de prever certa continuidade entre as vias coletoras para que as áreas vizinhas não fiquem isoladas. No entorno definido apenas esses três tipos de vias são existentes, sendo um exemplo da via arterial primária a Av. Engenheiro Domingos Ferreira e a Av. Boa Viagem, vias que ligam um bairro ao outro. Ainda como via arterial primária encontra-se a Rua João Professor Medeiros, a qual exerce um papel importante atualmente uma vez que se conecta com a via mangue, uma via expressa. Como vias arteriais secundárias, são classificadas as vias Av. Conselheiro Aguiar e a Rua dos Navegante, as quais exercem papel fundamental no funcionamento do bairro de Boa Viagem. (Figura 141 e 142) Sendo assim, o fluxo de veículos segue, de certa forma, esta mesma lógica, sendo as vias arteriais primárias caracterizadas por possuir um fluxo de veículos intenso, as vias arteriais secundárias, um fluxo de veículos intenso para moderado e as vias coletoras, um fluxo de veículos leve. (Figura 143) ______________________________ * O plano de mobilidade do Recife é uma iniciativa da Prefeitura da Cidade do Recife por meio do Instituto da Cidade Pelópidas Silveira (ICPS). O MobilidadeRECIFE está sendo desenvolvido em oito etapas, das quais apenas quatro já foram finalizadas.
149
Já o fluxo de pessoas segue tanto a lógica da questão viária quanto a questão da distribuição dos usos na região. No entorno, por exemplo, percebe-se que as vias que possuem o maior fluxo de pedestres são: a Av. Boa Viagem devido à Orla, a Rua dos Navegantes, a qual dá acesso as inúmeras habitações presentes nessa rua, a Av. Conselheiro Aguiar e a Av. Domingos Ferreira devido à presença de edificações comerciais e de serviço, além do fato de serem rotas de transporte público. (Figura 144) Outras ruas como a Padre Carapuceiro, a Félix de Brito e a Bruno Veloso, também têm um fluxo significativo de pessoas, possuindo, apenas, uma proporção menor.
Figura 140: Mapa de Hierarquia das Vias. FONTE: Unibase modificado, 2019.
Rua
Fau s
a unh
r Ag iro
tes
lhe
an eg av
50
Rua Sho Wilfr rto id R u
Av.
Bo
ajano
0
iag
Ru a
Av.
Rua José Tr
Rua Bruno
em
sN do
ing om
res
nse
alia
Co
eir
a
eiro
Dh
ie Ay
o
Av.
Jack
Por t
puc
os
Rua
ara
o
aV
eC
Fer r
aC od cisc
Pad r
Brit
En g. D
Rua
Rua
R. F ran
R. Prof. João Medeiros
R. Prof. Júlio Ferreira de Melo
tino
de
uia
Rua
Fel ix
sse
l
Veloso
100
200
Via arterial principal Via arterial secundária Via coletora
150
Figura 141: Fluxo intenso na Av. Conselheiro Aguiar em frente ao terreno em questão. FONTE: Autoral, 2019
Figura 142: Fluxo intenso na Rua Padre Carapuceiro ao lado do terreno em questão. FONTE: Autoral, 2019. Figura 143: Mapa Fluxo de Veículos FONTE: Unibase modificado, 2019.
Rua
Rua
Fau s
Brit
o
Por t
o
eC
ara
puc
eiro
tes an Na
veg
Co n
Rua José Tr
ajano
Rua Sho Wilfr rto id R u
Av. B
Av. E
oa
Via
ge m
ad os Ru
res
he
iro om ing
ie Ay
Av.
Fer re
alia
sel
ira
Dh
os
Rua
Jack
iar
od cisc
Pad r
Ag u
aC
unh
a
de
ng .D
Rua
Rua
R. F ran
R. Prof. João Medeiros
R. Prof. Júlio Ferreira de Melo
tino
Fel ix
sse
l
Rua Bruno Ve
loso
0
50
100
200
Fluxo intenso Fluxo moderado Fluxo leve
151
Seguindo esta lógica, o transporte público coletivo no entorno fica localizado em pontos estratégicos, em vias onde o fluxo de veículos e pessoas são consideráveis, como por exemplo na Av. Domingos Ferreira e na Av. Conselheiro Aguiar. Estas avenidas são fundamentais para a rota do transporte público coletivo, fato evidenciado ao serem selecionadas para receber a faixa exclusiva para ônibus, alternativa que visa facilitar e acelerar a logística desse meio de transporte, ajudando a estimular o uso deste modal. (Figura 144, 145 e 146) Já com relação aos ciclistas, a área de estudo não comporta uma malha cicloviária generosa, possuindo apenas uma ciclovia localizada na Av. Boa Viagem, onde nessa há pontos de estação de bicicletas compartilhadas, sendo um dos pontos muito próximo ao terreno. Esse fato estimula o uso desse modal de transporte no mercado gastronômico de Boa Viagem. (Figura 147, 148 e 149) Figura 144: Mapa Transporte Público Coletivo FONTE: Unibase modificado, 2019.
Rua
Rua
o
Por t
o
ara
oA gu
eC
eiro
Av.
tes em iag aV Av.
En
Bo
g. D
Ru
om
res
an os
ie Ay
ad
ing
Jack
veg Na
alia
Av. C
a Fer rei r
Dh
os
Rua
on
sel
od
puc
cisc R. F ran
Rua
Brit
he ir
a
Pad r
aC
unh
Rua
de
iar
tino
R. Prof. Júlio Ferreira de Melo
R. Prof. João Medeiros
Fau s
Fel ix
Rua José Tr
ajano
Rua Sho Wilfr rto id R u
sse
Rua Bruno
0
152
50
100
l
Veloso
200
Rota de ônibus Faixa exclusiva de ônibus Parada de ônibus
Figura 145: Parada de ônibus na Av. Conselheiro Aguiar próximo ao terreno em questão. FONTE: Autoral, 2019
Figura 146: Parada de ônibus na Av. Conselheiro Aguiar. FONTE: Autoral, 2019.
Figura 147: Mapa da malha cicloviária FONTE: Unibase modificado, 2019. Rua
a unh
o
Por t
o
r
100
oA
an tes
he ir
av eg sN
Rua Sho Wilfr rto id R u
em Av.
Bo a
Via g
Ru a
Av.
res
Rua Bruno
do
alia
nse l
Dh
Co
eir
a
eiro
En g. Do mi
ie Ay
puc
ng os Fer r
Jack
ara
gu ia
eC
ajano
50
Brit
Av.
Pad r
Rua José Tr
0
de
aC od cisc
Rua
Rua
Rua
Fau s
tino
R. F ran
R. Prof. João Medeiros
R. Prof. Júlio Ferreira de Melo
Rua
Fel ix
sse
l
Veloso 200
Ciclovia Estação de bicicleta compartilhada
153
Figura 148: Cliclovia na Av. Boa Viagem. FONTE: Autoral, 2019.
Figura 149: Estação de bicicleta próxima ao terreno na Av. Boa Viagem. FONTE: Autoral, 2019 Figura FONTE:
Rua
de
Brit
o
Por t
o
puc
eiro
154
50
Bo Av.
Veloso
100
an te veg Na os ad Ru
En g. D Av.
ajano
Rua Bruno
s
iro lhe
om
res
Av.
ie Ay
Co
alia
nse
a eir Fer r
Dh
ing os
Jack
r
ara
aV iag em
eC
uia
Pad r
Ag
da anc isco
Rua
Rua José Tr
0
Usos. 2019
Cu
nha
tino
Rua
Rua
Fau s
R. F r
R. Prof. João Medeiros
R. Prof. Júlio Ferreira de Melo
Rua
Fel ix
150: Mapa de Unibase modificado,
200
Rua Sho Wilfr rto id R u
sse
l
Habitação Serviço Comércio Educacional Religioso
A partir da análise dos usos dos equipamentos do entorno, percebe-se uma predominância, significativa, de uso habitacional. Essas habitações, predominam nas extremidades do mapa (Figura 150), ou seja, há uma presença de uma faixa de habitações na quadra entre a Av. Boa Viagem com a Rua Navegantes e uma presença dessas nas quadras entre a Rua Prof. João Medeiros e a Rua Prof. Júlio Ferreira de Melo, essas quadras muitas vezes são ocupadas apenas com equipamentos habitacionais. Este fato, é desfavorável na ótica do Urbanismo Sustentável em que Farr (2013) aponta que os bairros precisam incluir uma grande variedade de usos do solo, tipos de edificação e tipos de moradia.(Figura 151) No entanto, apesar da quantidade exacerbada de habitações, o bairro apresenta faixas importantes de comércio e serviço, como é o caso da Av. Engenheiro Domingos Ferreira e a Av. Conselheiro Aguiar. Estas avenidas possuem em sua grande extensão uma variedade de equipamentos que favorecem uma vida mais ativa no bairro. No mapa ilustrado (Figura 152), é possível perceber que a grande maioria destes equipamentos estão próximos dessas duas avenidas, sendo estas fundamentais para a relação da compacidade e da completude do bairro. Esses comércios e serviços, por sua vez, não possuem, em sua maioria, um foco destinado a equipamentos com ênfase na gastronomia ou até mesmo não são equipamentos que promovam um espaço de convivência e de lazer, sendo esse recorte da área de estudo, portanto, carente em equipamentos desse gênero. Logo, a proposta da implantação do Mercado Gastronômico de Boa Viagem será muito interessante para a área .
< Figura 151: Ausência de espaços urbanos (lazer, convivência) no entorno do terreno em questão. Predominância de edificios habitacionais na Orla de Boa Viagem. FONTE: Autoral, 2019.
155
Figura FONTE:
152: Mapa de Legislação. Unibase modificado, 2019.
Rua
a unh
o
puc
eiro
veg Na os
50
100
aV Bo Av.
ajano
0
iag
ad Ru
g. D En Av. Rua José Tr
Rua Bruno
an
lhe
om
res
tes
iro
ie Ay
Co Av.
os
alia
nse
a eir Fer r
Dh
ing
Jack
Por t
r
ara
o
em
eC
Brit
uia
Pad r
de
Ag
aC od cisc
Rua
Rua
Rua
Fau s
tino
R. F ran
R. Prof. João Medeiros
R. Prof. Júlio Ferreira de Melo
Rua
Fel ix
Rua Sho Wilfr rto id R u
sse
l
Veloso
200
ZAC CONTROLADA I ZAC RESTRITA
A Prefeitura da Cidade do Recife, através da Lei nª 17511/ 2008, promove a revisão do Plano Diretor do Município do Recife. Esta lei compreende os parâmetros urbanísticos a serem utilizados mediante a zona especifica a ser trabalhada. No caso de trechos do bairro de Boa Viagem, Pina e Brasília Teimosa a legislação adotada é a Zona de Ambiente Construído de Ocupação Controlada I (ZAC Controlada I) (Figura 149). Esta zona é subdividida em ZAC Controlada I e ZAC Controlada II e é caracterizada pela ocupação intensiva, pelo comprometimento da infra-estrutura existente, objetivando controlar o seu adensamento. 156
157
8.
A
PROPOSTA
8. A PROPOSTA Após a realização das análises apresentadas, é possível progredir para estudos iniciais com relação ao produto que será proposto. Para isso, faz-se um estudo por meio de diretrizes projetuais e de um programa inicial.
8.1. DIRETRIZES PROJETUAIS As intenções projetuais para o Mercado Gastronômico de Boa Viagem, visam integrar os objetivos citados, compreender a contextualização histórica, a conceituação temática e propor soluções próximas as encontradas nos estudos de caso. As diretrizes, ainda, refletem a questão da localização do terreno, buscando valorizá-la.
1. Foram realizadas pesquisas com base em possívies materiais a serem utilizados na questão estrutural do mercado gastronômico. VANTAGENS: •Entender melhor das soluções estruturais , de forma a propor a opção mais adequada para o tipo de projeto que será realizado.
2. Foi
proposto um espaço destinado a área verde, dentro de pontos protagonistas no terreno. Essa sugestão tem como intenção criar um espaço público que integre o edifício construído à cidade. VANTAGENS: •Acrescentar área verde no entorno, o qual possui poucas praças, sendo o maior espaço urbano a própria praia de Boa Viagem.
158
3.Foi
implantado um estacionamento rotativo no subsolo, o qual servirá tanto para quem irá usufruir do mercado, quanto para quem quer usufruir do entorno. VANTAGENS: •Minimizar a quantidade de veículos que estacionam no entorno; •Não definir uma quantidade de vagas especifica para o equipamento do mercado; •Tornar o estacionamento independente do mercado.
4.O projeto prevê estações para diversos modais de transporte. VANTAGENS: •Incentivar vos como
o é
uso sugerido
de pelo
transportes alternatiUrbanismo Sustentável.
5.A
volumetria única proposta se relaciona de forma sadia com o espaço urbano, através de soluções estratégicas de fachadas. VANTAGENS: •Fazer bogós
6. Os
uso de vidro, venezianas, brises ou copara garantir uma permeabilidade visual.
restaurantes se posicionam voltados para a área externa. VANTAGENS: • Criar uma interação ainda maior do equipamento com o meio externo, formando, um ambiente agradável que serve de refúgio, como sendo um espaço complementar para as pessoas que estão de saida da praia de Boa Viagem, por exemplo. • “Cidades para pessoas”. 159
7. Foi
proposto o uso de mesas coletivas no espaço destinado para as refeições na parte interna do mercado. VANTAGENS: •Proporcionar um convívio e uma interação ,ainda maior, entre o público que irá frequentar o mercado.
8. Utilizou-se
como estratégia uma rede administrativa no mercado de forma que mesmo cada restaurante, bares e quiosques sendo independentes, eles estejam interligados na questão do abastecimento e limpeza, tendo em vista que foi proposto uma grande área especifica para cada um desses setores. VANTAGENS: •Os boxes destinados para os restaurantes terão dimensões variadas, tendo em vista que cada cozinha não irá ter espaços destinados exclusivamente para limpeza e nem espaço para estoque de grande porte; •Garantir uma maior organização interna e, consequentemente, um maior controle de qualidade.
9.No primeiro pavimento foi proposto um espaço destinado para um salão de eventos. VANTAGENS: •Acrescentar ao mercado outra proposta distinta da proposta gastronômica, misturando, assim, o uso interno.
160
8.2. O PROGRAMA Para a realização do programa inicial, tomou-se como base, principalmente, os estudos de caso apontados durante a elaboração da pesquisa. Com base em projetos similares e a partir de experiências com equipamentos semelhantes, é possível definir um programa que atenda os princípios comuns dos equipamentos mercados, e que também atenda as necessidades do local e se adeque a real situação de onde será implantado.
BOXES DOS RESTAURANTES EQUIPADOS COM AS SUAS RESPECTIVAS COZINHAS
SALÃO ESPAÇO PARA LOJAS PRINCIPAL DO MERCADO ESPAÇO CENTRAL PARA MESAS QUIOSQUE COM BARES CENTRAIS
TÉRREO
WC SOCIAL COM ACESSIBILIDADE DECKS DE APOIO AOS RESTAURANTES QUE TEM INTEGRAÇÃO COM A ÁREA EXTERNA
ZONA SOCIAL
ÁREA EXTERNA AO MERCADO PLAYGROUND BICICLETÁRIO VARANDA COM APOIO DE BARES
1º PAV.
SALÃO PARA REALIZAÇÃO DE EVENTOS DIVERSOS WC SOCIAL
Quadro 05: Programa da Zona Social do Mercado Gatronômico de Boa Viagem. FONTE: Bacelar, 2019.
161
RECEPÇÃO
ZONA APOIO AO ADMINIS- TÉRREO MERCADO TRATIVA
SALA PARA A EQUIPE ADMINISTRATIVA EM GERAL SALA PARA ADMINISTRAÇÃO PRINCIPAL SALA DE REUNIÃO
Quadro 06: Programa da Zona administrativa do Mercado Gastronômico de Boa Viagem. FONTE: Bacelar, 2019.
DOCA ESTOQUE PRÓXIMO A ÁREA DE CARGA E DESCARGA ÁREA DESTINADA PARA A LIMPEZA DAS LOUÇAS
ZONA DE SERVIÇO
APOIO TÉRREO AO SETOR MER- SERVIÇO CADO
VESTIÁRIO ACESSÍVEL PARA FUNCIONÁRIOS APOIO PARA FUNCIONÁRIOS COM ÁREA DE COZINHA DESPENSA PARA AS UTENSÍLIOS DEPÓSITOS (DML) CIRCULAÇÃO VERTICAL DE SERVIÇO LIXO GÁS
1º PAV.
APOIO AO SALÃO DE EVENTOS E A VARANDA
WC FUNCIONÁRIOS COZINHA SALÃO
DE
APOIO
PARA
O
BARES DE APOIO PARA A VARANDA CIRCULAÇÃO VERTICAL DE SERVIÇO
Quadro 07: Programa da Zona de Serviço do Mercado Gatronômico de Boa Viagem. FONTE: Bacelar, 2019.
162
163
9.O
PROJETO
9.1. CONCEITO A intenção do projeto é que o equipamento de mercado atue como um catalisador do espaço público, proporcionando diversas atividades tanto em seu interior como no seu exterior e, consequentemente, garantindo para o entorno o conceito de cidades para pessoas. Dessa maneira, este foi o partido adotado para dar início a elaboração do projeto, a interação do equipamento com o meio interno e externo. Esta proposta aparece em todas as etapas do desenvolvimento do projeto, na elaboração da planta baixa, na escolha dos materiais para a fachada e na relação da calçada e equipamento estudada por meio do corte. Essa linha de raciocínio se fortalece ainda mais pelo fato do terreno possuir três frentes, já que o terreno é margeado por três vias de grande importância para o bairro. (Figura 153)
AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR
E CARAPU
CALÇADA
RUA WALFRID
RUA PADR
RUSSEL SHORTO
CEIRO
CALÇADA
CALÇADA
RUA DOS NAVEGANTES
Figura 153: Mapa de implantação do lote na quadra. Observar a relação do terreno com as vias que o margeiam FONTE:Bacelar, 2019.
164
9.2. ZONEAMENTO Após a definição do programa e do conceito do projeto é fundamental dar início a etapa de zoneamento. Essa etapa busca setorizar as três principais zonas apontadas no programa, de forma a posiciona-las no terreno de acordo, principalmente, com as questões de orientação solar, fluxos das vias que o cercam e a busca pela integração com a rua. Um ponto fundamental para dar início a esse processo de zoneamento é o entendimento do fluxo de pessoas e de veículos no projeto, por isso, antes de dar início ao zoneamento foi elaborado um fluxograma para compreender os fluxos principais do Mercado Gastronômico de Boa Viagem. 9.2.1. Fluxograma do mercado Restaurantes Trabalho
Vestiário
Refeitório
Refeitório
Estoque
HALL
Doca
Acesso funcionários (Serviço e adm.)
Acesso mercadoria
Quadro 08: Fluxograma FONTE: Bacelar, 2019.
Salão principal
do
Mercado
Estacionamento
Rua
Acesso Público
Gastronômico
de
Boa
Viagem
165
9.2.2. Faces do terreno
AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR
CALÇADA
E RUA PADR
MURO
Figura 155: Mapa de implantação do lote na quadra. Observar a orientação solar FONTE: Bacelar, 2019.
AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR
E CARAPU
CEIRO
CALÇADA
RUA WALFRID
CALÇADA
RUSSEL SHORTO
A orietação solar também foi parte fundamental para dar início a etapa de zoneamente. Tendo em mente as dimensões do terreno, optou-se por localizar a zona de serviço na parte nascente do lote, uma vez que esta face possui uma maior dimensão na largura, o que se tornou importante, devido ao vasto programa definido para esta zona. Outro motivo que levou a escolha da zona de serviço na fachada nascente foi o fato de esta estar localizada em uma via com um menor fluxo como determina a legislação vigente. 166
CALÇADA
RUA DOS NAVEGANTES
CALÇADA
RUA DOS NAVEGANTES
RUA PADR
9.2.3. Orientação solar
MURO
RUA WALFRID
Figura 154: Mapa de implantação do lote na quadra. Observar a relação das quatro faces do terreno FONTE: Bacelar, 2019.
IRO CARAPUCE
CALÇADA
RUSSEL SHORTO
A partir do entendimento de que o terreno tem três faces voltadas para a rua e uma face voltada para o muro do lote vizinho, optou-se por no zoneamaneto posicionar toda a zona de serviço nessa face lateral voltada para o lote vizinho. Dessa maneira todas as outras frentes se tornam fachadas de grande importancia para as vias, criando, dessa forma, mais de um acesso principal.
9.2.4. Relação LOTE x VOLUME A proposta é que o volume mantenha uma relação sadia com o meio externo, atenda as normas de afastamento especifico para esta zona e atenda, ainda, a taxa de solo natural determinada pela lei. Por isso, foi proposto um único volume, que ficasse posicionado rente a face do muro, como comentado no tópico 9.2.2. Dessa forma toda as outras laterais se doam para a calçada, proporcionando uma maior área de convivência pública, importante para o local devido aos pontos levantados anteriormente referente a falta de espaços públicos efetivos no bairro de Boa Viagem. Essa proposta ainda atenderá a taxa de solo natural e os afastamentos necessários. 20.00
AVENIDA CONSELHEIRO
AGUIAR
CALÇADA
95
°
90
°
10.30
4.00
47.75
5.57
93
°1 5
'1
4''
92.70
CEIRO E CARAPU RUA PADR
CALÇADA
45.26
3.46
47.38
5.66
12.00
85
°
19.73
2.50
3.00
CALÇADA
°
15.00
RUA DOS NAVEGANTES
85
63.65
Figura 156: Mapa de implantação do volume na lote. Observar a relação das calçadas com o lote. FONTE: Bacelar, 2019.
167
WC
ÃO
COZINHA/ WC
CIRC. VERT
SAL
DE
BAR
S NTO EVE
PASS A
RELA
S
BAR
1º PAV.
BAR
A ND
A
R VA
. C IR T. C ER V
WC
I
O LÃ
PR
L PA
I NC
TÉRREO
SA O LIXGAS E
TO EN
SUBSOLO
M
NA
O CI TA
ES
Figura 157: Diagrama para ilustrar o zoneamento proposto para o mercado. FONTE: Bacelar, 2019.
168
TERRENO
ZONA SOCIAL ZONA DE SERVIÇO ZONA ADMINISTRATIVA
RUA PADR
LOTE VIZINHO
IRO E CARAPUCE
AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR
Figura 158: Zoneamento planta baixa térreo. FONTE: Bacelar, 2019.
N RUA DOS NAVEGANTES
RUA PADR
LOTE VIZINHO
IRO E CARAPUCE
AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR
N RUA DOS NAVEGANTES
Figura 159: Zoneamento planta baixa 1º pavimento. FONTE: Bacelar, 2019.
169
9.3.PARTIDO ESTRUTURAL Optou-se por utilizar a estrutura metálica no Mercado Gastronômico de Boa Viagem, tendo em vista os estudos de casos apontados durante todo o desenvolvimento do trabalho. A arquitetura do ferro foi muito repercutida nos mercados nacionais e internacionais, por isso a proposta foi seguir esta lógica como partido arquitetônico inserido em uma malha regular, fator que corrobora a decisão do sistema estrutural adotado. Na proposta, a escolha dessa estrutura também se deu pelo fato de que com ela é possível alcançar vão maiores e, ainda, proporcionar certa leveza a este ambiente, dando o devido destaque para os boxes dos restaurantes. Assim, a partir da concepção inicial do zoneamento e da definição da estrutura, foi proposta uma malha estrutural de 10mx10m de maneira que todo o programa fosse disposto seguindo essa lógica estrutural, tomando forma com coerência.
9.4. MEMORIAL DESCRITIVO Após analisar alguns estudos de casos referentes à mercados gastronômicos e após definir os conceitos e diretrizes para a elaboração do projeto do Mercado Gastronômico de Boa Viagem, optou-se por tomar como partido os modelos adotados pela franquia Time Out, especificamente no caso de Lisboa, elaborando, portanto, o Time Out Market Recife. O terreno escolhido possui 5.039,04m² de área total, sendo sua taxa de ocupação máxima de 3.779,28, proporção ideal para criar um ambiente de grande escala horizontal, e de pequena escala vertical. Logo, o projeto está dividido em apenas três níveis. O subsolo comporta toda a parte de estacionamento do mercado, o qual possui 80 vagas. O acesso a este estacionamento se dá por duas entradas, uma localizada na Rua dos Navegantes e uma localizada na Av. Conselheiro Aguiar. A ideia de criar duas entradas e duas saídas se deu por meio da necessidade de diminuir este fluxo evitando congestionamento 170
nas vias. Outro ponto que minimiza este congestionamento é a faixa de desaceleração posicionada antes da rampa da Rua dos Navegantes. Este subsolo possui, ainda, iluminação e ventilação natural proveniente de uma abertura zenital na lateral do estacionamento através de um jardim. O térreo, por sua vez, comporta as três zonas definidas no zoneamento. A zona administrativa e de serviço estão localizadas próximas ao limite do lote vizinho, deixando toda a área social se debruçar nas duas esquinas do terreno e, consequentemente, em todas as suas três frentes, criando uma grande interação entre o meio interno e externo. O ponto chave que deu início ao processo de desenvolvimento da planta baixa foi entender os fluxos das três zonas (Figura 160). O acesso das mercadorias foi norteador para delimitar a zona de serviço, uma vez que foi necessário levar em consideração a entrada de caminhões no terreno para descarregar os produtos. Este acesso ficou ao lado do acesso de veículos na Rua dos Navegantes, por ser a via de menor fluxo de veículos, sendo uma grande área destinada à manobra dos caminhões e uma outra área destinada de fato à carga e descarga de produtos. Estes produtos passam para a doca e em seguida vão para o estoque que fica logo à frente. Já o acesso de funcionários que fica ao lado do setor de carga e descarga, está bem próximo aos vestiários e ao refeitório, uma vez que se entende que este será o fluxo feito pelos funcionários antes de começarem a trabalhar. Portanto, a zona de serviço ficou toda Restaurantes Trabalho
Vestiário
Refeitório
HALL
Acesso funcionários (Serviço e adm.)
Refeitório
Estoque
Doca
Acesso mercadoria
Salão principal
Estacionamento
Rua
Acesso Público
Figura 160: Fluxograma Time Out Market Recife. FONTE: Bacelar, 2019.
171
próxima aos acessos das mercadorias e dos funcionários, melhorando a lógica de funcionamento do local. Assim, esta zona comporta no térreo os vestiários, o refeitório, o estoque, a lavagem, a despensa para utensílios, a DML e a circulação vertical de serviço. Já a zona administrativa que possui a sua lógica de fluxo semelhante à lógica de fluxo de funcionários da zona de serviço, comporta uma recepção, uma sala de reunião, uma sala de administração e uma sala geral para funções diversas. Toda a zona de serviço e a zona administrativa se conectam com a zona social por meio de dois acessos, os quais são essenciais para o mercado tendo em vista que o bom funcionamento vai depender da interação entre as zonas. A zona social no Térreo está dividida entre os boxes dos restaurantes e o salão principal onde ficam as mesas compartilhadas e os bares. A ideia foi posicionar os restaurantes por todo o perímetro do mercado, esta estratégia garante uma interação significativa do equipamento com a meio externo, uma vez que todos os restaurantes se abrem tanto para a parte interna do mercado por meio do balcão, como para a parte externa por meio de esquadrias, conectando-se diretamente com os decks. No total são 20 restaurantes que possuem uma dimensão variada de 22.5m² a 46 m². Os acessos do público podem se dar de duas formas: pela circulação vertical do edifício, que interliga o estacionamento, o térreo e o primeiro pavimento, ou pode ser feita pela rua, uma vez que possuem duas entradas para pedestres posicionadas nas duas esquinas do lote. No térreo ainda é possível encontrar um espaço destinado para loja e quiosque, além dos banheiros sociais. Os decks, também, são elementos importantes nesse pavimento, eles conectam o mercado com o espaço externo, tornando-o um equipamento urbano, e podem ser caracterizados como elementos de indução para as pessoas que caminham próximo ao mercado. Esses decks, tanto na fachada nascente quanto na poente recebem o sombreamento feito por pergolados de madeira, os quais ajudam no conforto térmico de quem opta por ficar na área externa do mercado em horários diferentes do dia. 172
Chegando no 1º pavimento há uma grande área destinada à um salão de eventos. Este possui uma área de serviço interna que se interliga com a área de serviço no térreo, além de comportar uma cozinha de apoio e banheiro para funcionários. Este pavimento, comporta, ainda, passarelas que levam até a varanda, uma grande área externa neste 1º pavimento. Essas passarelas criam um espaço de contemplação para o térreo e a partir delas é possível visualizar todo o mercado visto de cima. A grande varanda, proporciona outro espaço de convivência no mercado, uma vez que nele, existem apoio de bares e um suporte com mesas para as pessoas se acomodarem e assim, possam apreciar a vista do local. É possível, também dessa varanda ter uma visão do térreo do mercado, tendo em vista a existência de esquadrias possibilitando a visão de cima para baixo. A fachada também é outo ponto chave no projeto. Optou-se por uma pele de cobogó, o qual proporcionará ao mercado iluminação e ventilação natural. Esse cobogó ainda remete a uma sensação de leveza ao edifício, tendo em vista o fato do mercado possuir uma volumetria rígida e ser um equipamento de grande porte. A escolha pelo cobogó, não foi apenas uma questão funcional e estética, mas também uma questão cultural. A coberta também ganha destaque no projeto, uma vez que proporciona, também uma iluminação natural, por meio das suas aberturas zenitais, as quais ficam alinhadas com a laje Steel Deck. Essas aberturas zenitais são bem características de mercados e por isso optou-se por utiliza-la, unindo, assim, mais uma vez, a estética e a funcionalidade. Com relação aos coeficientes e parâmetros legais, o projeto seguiu as determinações da norma alcançando todos os resultados esperados. (Quadro 06)
<
Quadro 09: Relação das áreas exigidas pela lei e as áreas alcançadas no projeto. FONTE: Lei de uso e ocupação do solo da cidade do Recife. Lei nº 17.511/2008.
173
ÁREA TOTAL DO TERRENO (m²)
5.039,04
TAXA DE SOLO NATURAL NECESSÁRIA (25%) (m²)
1.259,76
TOTAL POTENCIAL CONSTR. POSSÍVEL (COEF. 2) (m²)
10.078,08
AFASTAMENTOS NECESSÁRIOS (m)
Frontal: 7,00 Lateral 0,00/ 3,00 Fundo: 0,00/ 3,00
TAXA DE SOLO NATURAL ALCANÇADA (m²)
1593,29 (31,5%)
TOTAL POTENCIAL CONSTR. ALCANÇADO(COEF.2) (m²)
3.472,90
AFASTAMENTOS APRESENTADOS (m)
Frente Conselheiro Aguiar: 9,25 Frente Padre Carapuceiro: 5,16 Frente Navegantes: 22,36 Fundo 4,45
Valores a partir do ponto médio
9.5. O PROJETO 20.00
AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR
4.00
CALÇADA
95
47.75
CALÇADA O CARAPUCEIR
RUA PADRE
272°34'33"
93
°1
5'1
4''
12.00
1363
LOTE
47.38
RUA WALFRID
3.46
92.70
RUSSEL SHORT
O
45.26
3595
°
90
°
2.50
°
85
63.65
°
85
3.00
CALÇADA
15.00
RUA DOS NAVEGANTES
Planta de situação. 0
1
2
5
10
Imagem ampliada na página 143
LEGENDA PLANTA BAIXA LOCAÇÃO E COBERTA: AC E SSO S : a- Acesso serviço lixo e gás b- Acesso serviço pedestre c- Acesso veículos serviço d- Acesso veículos social e- Acesso principal pedestre f- Acesso principal pedestre g- Acesso veículos social 174
123456789-
Deck Bicicletário Varanda Playground Pergolado Marquise Laje técnica Laje impermeabilizada Coberta em placa de vidro
01
47.75 A
AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR
11.11
02
10.00
03
10.00
10.00
04
7.33
15.83
14.40
g
1 3 6
05
05
f 10.00
10.00
9 45.23
06
06
10.00
6
B
9.94
8 8
B'
07
CEIRO E CARAPU
9
9
92.70
7
3.45
08
10.00
1
RUA PADR
10.06
LOTE VIZINHO
07
10.00
10.00
3
08
C
C'
09
10.00
10.00
09
e
8
10
10
47.38
6
3
8 1
28.04
26.77
5
4
b
2 c 10.01 01
RUA DOS NAVEGANTES
02
10.00 A'
16.67
d 62.65 10.00 03
15.97 04
175
PLANTA DE LOCAÇÃO E COBERTA 0
1
2
5
10
N
a
LEGENDA PLANTA BAIXA SUBSOLO 1- Estacionamento 2-Depรณsito geral 3- Gerador 4- Solo natural 5-Rampa sobe e desce 176
A
AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR
B
B'
08 07 06 05 04 03 02 01
09 10 11 12 13 14 15 16
5
CEIRO E CARAPU
LOTE VIZINHO
4
RUA PADR
1
C
C'
2
3
PLANTA BAIXA SUBSOLO
0
1
2
5
177 10
N
RUA DOS NAVEGANTES
A'
5
LEGENDA PLANTA BAIXA TÉRREO:
AC E SSO S : a- Acesso serviço lixo e gás b- Acesso serviço pedestre c- Acesso veículos serviço d- Acesso veículos social e- Acesso principal pedestre f- Acesso principal pedestre g- Acesso veículos social
AMBIENTES: 1- Salão principal 2- Bar 3- Restaurante 4- Loja 5-Quiosque 6- Deck 7- Bicicletário 8- Wc social 9- Acesso/ Circulação serviço 10- Sala de trabalho 11- Sala de reunião 12- Sala administração 13- Recepção administração 178
14151617181920212223242526-
Lavagem Estoque Despensa utensílios DML Circ. vertical serviço Doca Vestiário Apoio funcionários Refeitório Apoio cozinha Lixo Gás Playground
A
AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR
g 7
6 3
3
3
3
4 f
3
5
2 2
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
3
1
B
B'
10 09 08 07 06 05 04 03 02 01
3 8
3 CEIRO
8
LOTE VIZINHO
2
3
23
11
13
3 2
3
20
C'
3
9
15
e
16 17 3
18 20
3
3
22
21
1
RUA PADR
2
3
14
C
3
3
10 12 9
E CARAPU
TROCADOR DE FRALDA
3
3 6
19
PROJEÇÃO PERGOLADO
24
26
b
25 7 d A'
c RUA DOS NAVEGANTES
PLANTA BAIXA TÉRREO
0
1
2
5
N
a
10
179
LEGENDA PLANTA BAIXA 1º PAVIMENTO
1- Hall 2- Passarela 3- Wc social 4- Salão de evento 5- Varanda 6- Apoio bar 7- Horta/ teto jardim 8- Circulação serviço 9- Apoio cozinha 10- Wc serviço 180
10 7
6
9 8
RUA DOS NAVEGANTES
CEIRO E CARAPU RUA PADR
B'
10 09 08 07 06 05 04 03 02 01
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
7
A'
LOTE VIZINHO
B
3
C
0
PLANTA BAIXA 1ยบ PAV.
1
2
5
N
PERGOLADO EM MADEIRA
A
AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR
5 6
2
3
2
1
6
4 5 C'
7 5
181
10
5 4
6
7
6 3
2
VARANDA
4 1
1
1234-
5 3
CORTE AA'
5- Varanda 6- Apoio bar 7- Passarela
Estacionamento Salão principal Restaurante Deck
7
0
8
8
6 2 1
3
1
2
10
9 4
2
5
5
1
CORTE BB'
1- Estacionamento 2- Salão principal 3- Bar
6
4- Restaurante 5- Deck 6- Circulação vertical
8 11
5
7
1- Estacionamento 2- Salão principal 3- Bar 4- Restaurante 182
0
1
7- Hall 8- Apoio bar 9- Varanda
BAR
2
5
10
10
VIGA METÁLICA
4
2
3
2
4
9
1
5678-
CORTE CC' Lavagem 9Deck Apoio func. Depósito geral 10- Varanda Salão de evento 11- Circulação serviço 0
1
2
5
10
FACHADA CONSELHEIRO AGUIAR 0
1
2
5
10
FACHADA PADRE CARAPUCEIRO 0
1
2
5
10
FACHADA NAVEGANTES 0
1
2
5
10
183
184
Figura 161: Perspectiva fachada Rua dos Navegantes
185
Figura 162: Perspectiva fachada Rua Padre Carapuceiro
186
Figura 163: Perspectiva fachada Av. Conselheiro Aguiar
187
Figura 164: Perspectiva fachada Av. Conselheiro Aguiar
188
Figura 165: Perspectiva interna 01
189
Figura 166: Perspectiva interna 02
190
Figura 167: Perspectiva interna 03
191
10.CONSIDERAÇÕES
FINAIS
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dominar as demandas da contemporaneidade é fundamental para o entendimento da lógica do trabalho em questão. Compreender que as práticas, as vivências e os costumes mudam, é o elemento norteador para a formulação do que hoje pode-se chamar de Mercado Gastronômico. O estudo realizado apontou para os critérios que levaram a formulação do tema por meio da análise histórica e atual do cenário do setor varejista, apresentando, assim, motivos relevantes para apontar a real necessidade de um equipamento que comportasse um mercado gastronômico no bairro de Boa Viagem. Após uma primeira análise de conhecimento sobre o tema proposto, o estudo visou apresentar propostas semelhantes ao que se desejar realizar, sendo estes apresentados em diversos países espalhados pelo mundo, reafirmando, a imponência de um projeto com este. Outro fator chave foi o entendimento e a justificativa da escolha do bairro e do terreno, os quais se mostraram muito interessantes do ponto de vista da arquitetura sustentável para a realização de um projeto como este, sendo, portanto, apresentados dados os quais comprovaram esta condição. Ainda foram identificados conceitos norteadores para uma etapa propositiva, objetivando definir diretrizes arquitetônicas para realizar o projeto em questão. Um programa também foi apresentado, de forma a identificar a viabilidade do projeto e a sua realização. A partir disso, etapas que levaram a formulação do projeto foram apontadas a fim de se apropriar mais sobre os conceitos que norteariam o Time Out Market Recife, como zoneamentos, fluxos, análises da orientação solar, fluxos e etc. Por fim, o projeto é apresentado por meio de plantas baixas, cortes, fachadas e perspectivas detalhados e bem elaborados chegando ao resultado final de todo o trabalho e finalizando o projeto do Time Out Market Recife. 192
LISTA DE FIGURAS Figura 01: Mercado Público de Pybus.................................................05 Figura 02: Oleaginosas, Mercado Central Valencia....................12 e 13 Figura 03: Mercado de São José final do século XIX..........................17 Figura 04: Mercado de Casa Amarela em meados de 1960..............18 Figura 05: Mercado Público de Florianópolis em meados de 1910.........18 Figura 06: Vista aérea de Hipermercado. Sua inserção no ambiente urbano é marcada pelo isolamento do estabelecimento do meio externo. Um grande pátio de estacionamento permite este distanciamento na maioria dos casos............................................................................19 Figura 07: Shopping Rio Mar- Recife. Os shoppings centers em sua maioria não criam uma relação urbana com a cidade, perdendo então a relação entre a cidade e o edifício.....................................................19 Figura 08: Vista interior de um Hipermercado. Espaço físico prático, setorizado, organizado e higiênico. O autosserviço, embora cômodo, não produz relacionamento social...........................................................20 Figura 09: O mercado da gastronomia em alta no pais.....................21 Figura 10: Mercado Santa Caterina – Barcelona................................22 Figura 11: Mercado San Miguel– Madrid..........................................22 Figura 12:Time Out Market, Lisboa, Portugal. Mercado gastronômico...........................................................................................24 e 25 Figura 13: As cores da feira.............................................................27 Figura 14: Plaza Mayor, Madri- Espanha. Caracterizada por receber grande eventos e ser palco para as praças de mercado durante muitas décadas...........................................................................................33 Figura 15: Mercado de San Miguel Madri- Espanha. Os mercados ganham um espaço fechado e destinado para a venda de insumos........ 33 Figura 16: Mercado de São José. O surgimento dos mercados fechados na cidade do Recife...........................................................................35 Figura 17: A localização dos bazaars, cidades e rotas de comércio no mundo árabe..................................................................................38 193
Figura 18: Mercado no fórum de Trajano, Roma...............................39 Figura 19: Mercado público no Império Romano..................................39 Figura 20: Les Halles Centrales, Paris, 1853......................................42 Figura 21: Les Halles Centrales, Paris, 1853......................................42 Figura 22: Mercado de São José, 1875, Recife......................................45 Figura 23: Mercado de São José, 1875, Recife........................................45 Figura 24: Mercado da Carne, Belém, Pará.......................................46 Figura 25: Mercado de Casa Amarela, 1930.....................................47 Figura 26: A gastronomia presente nos mercados públicos. Mercado de San Miguel..............................................................................48 e 49 Figura 27: Planta do Grande Bazaar coberto, Kapali Carsi, Istambul.................................................................................................51 Figura 28: Planta da ágora de Prienne..............................................52 Figura 29: Planta do Fórum de Trajano, Roma...................................53 Figura 30: Mercado no Fórum de Trajano, Roma...............................53 Figura 31: Mercado no Fórum de Trajano, Roma...............................53 Figura 32: Planta da Piazza San Marco, Veneza.................................54 Figura 33: Planta da Piazza San Marco, Veneza.................................54 Figura 34: Visão interna do Mercado de Les Halles Centrales.............56 Figura 35: Les Halles Centrales, por Vitor Baltard, Paris, 1853...........56 Figura 36: Galeries Royales Saint- Hubert, a construção data de 1847. O uso da cobertura de vidro e das vitrines........................................57 Figura 37: Entrada da Galeries Royales Saint-Hubert, a construção data de 1847..........................................................................................58 Figura 38: Galerie Vittorio Emanuele, Milão, 1867............................58 Figura 39: Cleveland Arcade, 1890..................................................59 Figura 40: Cleveland Arcade, construção de 1890. O edifício se mante nos dias atuais.................................................................................59 Figura 41: Galerie des Champs-Élysées Lido, 1926............................60 Figura 42: Bon Marché, 1869...........................................................61 Figura 43: Planta esquemática de um shopping center regional de primeira geração.................................................................................64 194
Figura 44: O autosserviço como forma atuante no setor terciário........66 Figura 45: Supermercado Bompreço na Av. Domingos Ferreira, Boa Viagem...............................................................................................68 Figura 46: Supermercado Bompreço na Av. Conselheiro Aguiar, Boa Viagem...............................................................................................69 Figura 47: Participação dos supermercados na distribuição de alimentos no Brasil (1970 a 1996) ..................................................................69 Figura 48: Proposta comum dos super e hipermercados espalhados pelo mundo............................................................................................70 Figura 49: Macys, loja de departamentos..........................................71 Figura 50: El Corte Inglés, um exemplo de loja de departamento do século XXI na Espanha.........................................................................72 Figura 51: Espaço de Food Hall na Galeries Lafayette, uma rede de loja de departamento na França. Food Hall pode ser classificado como uma parte das lojas de departamento onde a comida é vendida, logo, é uma espécie de praça de alimentação......................................................72 Figura 52: Formato, organização e logística da grande maioria dos shopping centers da atualidade.............................................................74 Figura 53: Exemplo da praça de alimentação, presente em boa parte dos shoppings centers..............................................................................74 Figura 54 : Shopping Iguatemi nos anos 70: mudanças nos hábitos de consumo.........................................................................................75 Figura 55: Crescimento em número de shoppings Centers no Brasil no período entre 1972 a 2012.............................................................75 Figura 56: A gastronomia é global e reflete diretamente no turismo.........................................................................................78 e 79 Figura 57: O mercado municipal após a sua requalificação...............83 Figura 58: Corredor interno com espaço adequado e suficiente para pedestre.............................................................................................84 Figura 59: Corredores internos com opção de espaço de convivência e alimentação....................................................................................86 Figura 60: Mercado público de São Paulo- Vista do mezanino............86 Figura 61: Mezanino que abriga a “Varanda Gastronômica”.............87 195
Figura 62: Vista do mezanino do Mercado Municipal de São Paulo.......87 Figura 63: Mercado da Encruzilhada em 1941..................................88 Figura 64: Mercado da Madalena em 1940......................................88 Figura 65: Área gourmet do Mercado da Encruzilhada após a reforma.................................................................................................91 Figura 66: Mercado da Madalena...................................................92 Figura 67: Mercado da Madelena atualmente..................................92 Figura 68: Mercado da Torre. Área gastronômica.............................93 Figura 69: Mercado da Torre. Visão geral do complexo. Aproveitamento da edificação já existente com novas propostas de organização espacial.................................................................................................94 Figura 70: Planta de Implantação do complexo que recebe o Mercado da Torre..........................................................................................94 Figura 71: Mercado de Boa viagem. Fachada para a Av. Domingos Ferreira...............................................................................................95 Figura 72: Mercado de Boa Viagem. Fachada para a Av. Conselheiro Ag uiar................................................................................................96 Figura 73: Área interna do Mercado de Boa Viagem atualmente........96 Figura 74: Mercado da Ribeira. Time Out Market......................98 e 99 Figura 75: Mercado da Ribeira em 1882.........................................101 Figura 76: Fachada do Mercado da Ribeira atualmente....................101 Figura 77: Obras se iniciam em 2013 no mercado da Ribeira para receber o Time Out Market...............................................................102 Figura 78: Time Out Market...........................................................102 Figura 79: O espaço no Mercado da Ribeira destinado a parte da feira e compra de insumos.....................................................................103 Figura 80: Área lateral de acesso ao mercado tradicional................103 Figura 81: Área lateral de acesso ao mercado tradicional................103 Figura 82: Fachada posterior que dá acesso a área de carga e descarga de produtos na área lateral do Mercado da Ribeira onde fica localizado o mercado tradicional....................................................................103 Figura 83: O Time Out Market possibilitou ao mercado da Ribeira se 196
relacionar com o espaço urbano através de quiosques e restaurantes voltados para o exterior do mercado...............................................104 Figura 84: Quiosque voltado para venda de produtos e utensílios localizado no térreo...............................................................................105 Figura 85: Disposição do espaço....................................................105 Figura 86: Preservação de azulejos e da arquitetura histórica no 1º pavimento...........................................................................................105 Figura 87: Disposição esquemática da logística do Time Out Market....106 Figura 88: Proporção e layout dos ambientes seguem um padrão........107 Figura 89: Proposta para o Time Out Market New York. A ideia é seguir a mesma organização e aparência do Time Out Market Lisboa, porém em outra proporção............................................................................107 Figura 90: Proposta para o Time Out Market Boston. A ideia é seguir a mesma organização e aparência do Time Out Market Lisboa.................107 Figura 91: Eataly São Paulo.................................................. 108 e 109 Figura 92: Fachada do Eataly São Paulo.........................................110 Figura 93: Implantação em perspectiva do Eataly São Paulo.................110 Figura 94: Visão do térreo do Eataly. Ênfase para a estrutura e telhas metálicas...........................................................................................111 Figura 95: Planta esquemática do térreo........................................112 Figura 96: Proposta dos restaurantes.............................................112 Figura 97: Proposta dos restaurantes.............................................112 Figura 98: Planta esquemática do 2º pavimento..............................113 Figura 99: Planta esquemática do 3º pavimento...............................113 Figura 100: Corte esquemático do projeto arquitetônico do Eataly São Paulo. Foco nas aberturas em sheds na cobertura, possibilitando a entrada de luz natural no ambiente........................................................114 Figura 101: Fachada com estrutura metálica aparente e uso do vidro...............................................................................................115 Figura 102: Fachada com estrutura metálica aparente e uso do vidro...............................................................................................115 Figura 103: Mercado de Santa Caterina.................................116 e 117 197
Figura 104: Fachada do antigo Convento de Santa Caterina................118 Figura 105: Implantação do mercado no entorno. Foco para o detalhe da coberta.............................................................................................119 Figura 106: Planta baixa do Mercado de Santa Caterina. Destaque para as formas irregulares dos boxes......................................................120 Figura 107: O mercado internamente.............................................120 Figura 108: Os arcos da coberta....................................................121 Figura 109: Estrutura de madeira com vigas metálicas para a solução da coberta.............................................................................................121 Figura 110: Markthal Rotterdam...........................................122 e 123 Figura 111: Relação do Markthal com o entorno..............................124 Figura 112: Monumentalidade do edifício........................................125 Figura 113: Planta baixa do pavimento térreo. Disposição dos boxes na parte central do espaço, sendo uns com teto verde e outros com espaços de convivência no teto dos boxes. Diversos espaços para serviços diversos nas laterais, em especial espaços para restaurantes...........................125 Figura 114: Espaço dedicado ao mercado.......................................126 Figura 115: Corte do edifício demostrando a relação entre os ambientes................................................................................................126 Figura 116: Relação do edifício com o espaço destinado para a feira livre..............................................................................................127 Figura 117: Um dos restaurantes presentes no edifício, conferindo-lhe característica de mercado gastronômico, de certa forma..................127 Figura 118: Mapeamento dos bairros da Zona Sul próximos ao bairro de Boa Viagem...............................................................................131 Figura 119: Mapa bairro de Boa Viagem.........................................132 Figura 120: Orla de Boa Viagem com a sua predominância de edifícios de grande porte............................................................................135 Figura 121: Orla de Boa Viagem....................................................135 Figura 122: Terreno 01..................................................................137 Figura 123: Localização do Terreno 01...........................................137 Figura 124: Terreno 02..................................................................138 198
Figura 125: Localização do terreno 02............................................139 Figura 126: Localização do Terreno 03............................................140 Figura 127: Imagem aérea da localização do terreno. Foco para a proximidade do terreno com a praia de Boa Viagem e a proximidade com edifícios..............................................................................................141 Figura 128: Vista aérea do terreno.................................................142 Figura 129: Lotes a serem remembrados........................................142 Figura 130: Planta de situaçao com cotas e angulações do terreno...143 Figura 131: Lotes do terreno voltados para a Rua dos Navegantes......144 Figura 132: Esquina do terreno entre a Rua dos Navegantes e a Rua Padre Carapuceiro..................................................................................144 Figura 133: Relação entre os lotes a serem remembrados................144 Figura 134: Lateral da antiga galeria alameda center na Rua Padre Carapuceiro......................................................................................144 Figura 135: Fachada da antiga galeria alameda center na Rua Conselheiro Aguiar.................................................................................144 Figura 136: Lote do terreno voltado para a Rua Conselheiro Agui ar.................................................................................................144 Figura 137: Mapa geral do bairro de Boa Viagem com a delimitação da área definida para estudo...............................................................146 Figura 138: Mapa do entorno próximo da área que será estudada. Foram delimitados os pontos principais dos equipamentos: mercados, supermercados, hipermercados e shopping centers. Demonstrando, assim, a localização destes em relação à área de estudo....................................147 Figura 139: Mapa de identificação das vias do entorno imediato.........148 Figura 140: Mapa de Hierarquia das Vias......................................150 Figura 141: Fluxo intenso na Av. Conselheiro Aguiar em frente ao terreno em questão.........................................................................................151 Figura 142: Fluxo intenso na Rua Padre Carapuceiro ao lado do terreno em questão.........................................................................................151 Figura 143: Mapa Fluxo de Veículos................................................151 Figura 144: Mapa Transporte Público Coletivo................................152 199
Figura 145: Parada de ônibus na Av. Conselheiro Aguiar próximo ao terreno em questão........................................................................153 Figura 146: Parada de ônibus na Av. Conselheiro Aguiar.......................153 Figura 147: Mapa da malha cicloviária...........................................153 Figura 148: Cliclovia na Av. Boa Viagem.........................................154 Figura 149: Estação de bicicleta próxima ao terreno na Av. Boa Viagem.............................................................................................154 Figura 150: Mapa de Usos............................................................154 Figura 151: Ausência de espaços urbanos (lazer, convivência) no entorno do terreno em questão. Predominância de edificios habitacionais na Orla de Boa Viagem..............................................................................155 Figura 152: Mapa de Legislação....................................................156 Figura 153: Mapa de implantação do lote na quadra. Observar a relação do terreno com as vias que o margeiam...........................................164 Figura 154: Mapa de implantação do lote na quadra. Observar a relação das quatro faces do terreno.........................166 Figura 155: Mapa de implantação do lote na quadra. Observar a orientação solar.................................................166 Figura 156: Mapa de implantação do volume na lote. Observar a relação das calçadas com o lote..................................167 Figura 157: Diagrama para ilustrar o zoneamento proposto para o mercado..............................................168 Figura 158: Zoneamento planta baixa térreo.....................169 Figura 159: Zoneamento planta baixa 1º pavimento.....................169 Figura 160: Fluxograma Time Out Market Recife...........171 Figura 161: Perspectiva fachada Rua dos Navegantes..........184 Figura 162: Perspectiva fachada Rua Padre Carapuceiro...............185 Figura 163: Perspectiva fachada Av. Conselheiro Aguiar...................186 Figura 164: Perspectiva fachada Av. Conselheiro Aguiar....................187 Figura 165: Perspectiva interna 01...................................188 Figura 166: Perspectiva interna 02.........................................189 Figura 167: Perspectiva interna 03...............................................190 200
LISTA DE QUADROS Quadro 01: Comparativo entre os estudos de caso...........128 Quadro 02: Elaboração de tabela com alguns dos requisitos usados para a escolha do terreno, justificando a escolha pelo terreno 03..............141 Quadro 03: Elaboração de tabela com alguns dos pontos positivos do terreno escolhido, o terreno 03........................................................141 Quadro 04: Potencial construtivo e parâmetros urbanísticos de acordo com a legislação viagente...................142 Quadro 05: Programa da Zona Social do Mercado Gatronômico de Boa Viagem.................................161 Quadro 06: Programa da Zona administrativa do Mercado Gastronômico de Boa Viagem....................................162 Quadro 07: Programa da Zona de Serviço do Mercado Gatronômico de Boa Viagem....................................162 Quadro 08: Fluxograma do Mercado Gastronômico de Boa Viagem.......................................................................165 Quadro 09: Relação das áreas exigidas pela lei e as áreas alcançadas no projeto.......................173
201
202
10.REFERÃ&#x160;NCIAS
CYRILLO, Denise, Cavalini. O papel dos supermercados no varejo de alimentos. São Paulo: IPE- USP, 1987. ESTEVES, Leonardo Leal. Mercado de São José: as várias dimensões de um patrimônio. Recife: LivroRápido, 2005. FERREIRA, William Rodrigues. O espaço público nas áreas centrais: a rua como referência- um estudo de caso em Uberlândia-MG. 2002. 327 f. Tese (Doutorado em Geografia Humana) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002. FORMIGONI, Ivan. O Foodnews destaca alguns números do food service brasileiro que, aliás, não param de crescer. FOODNEWS. Disponível em: < http://www. foodnewsoficial.com.br/mercado/numeros-do-food-service-brasileiro/>. Acesso em: 14 de abril. 2019. GIMENES, M. H. S. G. Sentidos, sabores e cultura: a gastronomia como experiência sensorial e turística. In: GAETA, C.; PANOSSO NETTO, A. Turismo de experiência. São Paulo: SENAC, 2010. GOMES, Geraldo. O mercado de São José. Recife: Fundação da Cultura Cidade do Recife, 1985. Volume III. LINS, Marcelo. Mercados do fe. Recife: RECIFE NO BOLSO.
Reci2007.
LORENÇATO, Arnaldo. Mapa da mina: saiba o que encontrar no shopping gastronômico Eataly. VEJA SÃO PAULO. 2017. Disponível em: < https://vejasp.abril.com.br/blog/arnaldo-lorencato/mapa-da-mina-saiba-o-que-encontrar-no-shopping-gastronomico-eataly/>. Acesso em 07 maio. 2019. 203
MACIEL, Arthur. A força cultural nos mercados públicos de Recife. REDE BRASIL ATUAL. Disponível em: < https:// www.redebrasilatual.com.br/revistas/105/nos-mercados-publicos-de-recife-prevalecem-elementos-da-cultura-regional-8856.html> Acesso em: 16 abril. 2019. MARQUEZ, Ana. Complexo gastronômico. GALERIA DA ARQUITETURA. 2015. Disponível em: < https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/espaconovo-arquitetura_/eataly-sao-paulo/2933>. Acesso em: 07 maio. 2019. MOTT, Luiz. Feiras e mercados: pistas para pesquisa de campo. In: FERRETI, SERGIO. (Org). Reeducando o olhar: estudos sobre feiras e mercados. São Luís: Edições Universidade Federal do Maranhão, 2000. NASCIMENTO, Sinesio Roberto. Mercado de São José: história e cultura popular. Recife: Fundação de Cultua Cidade do Recife, 2005. NASLAVSKY, Guilah. Arquitetura moderna em Pernambuco, 1951-1972: as contribuições de Acácio Gil Borsoi e Delfim Fernandes Amorim. Tese de Doutorado. São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, 2004. NÓBREGA, Maria de Lourdes Carneiro da Cunha. Todo caminho dá na venda: A influência do comércio de varejo nas transformações físicas do espaço urbano. Os bairros do Recife, Santo Amaro e São José. 1970-2006. 2008. 329 f. Dissertação (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Federal de Pernambuco, Pernambuco, 2008. OLIVEIRA JÚNIOR, José Vanildo. Fluxograma do processo de planejamento arquitetônico apli204
cado a mercados públicos. 2006. 146 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2006. PADILHA, Valquiria. Shopping center: a catedral das mercadorias e do prazer reificado. 2003. 317 folhas. Dissertação (Doutorado em Ciências sociais) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003. PERNAMBUCO (ESTADO). Lei de uso e ocupação do solo da cidade do Recife nº 16.176, vide revisão de 2008. Leis Municipais, Recife, 2008. PINTAUDI, Silvana Maria. Os mercados públicos: metamorfose de um espaço na história urbana. Scripta Nova. Revista elect^ronica de geografia y ciencias sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, 2006, vol. X, núm. 218 (81). _____ Mercados Públicos: vestígios de um lugar. In: CARLOS, A. F. A.; SOUZA, M. L. de; SPOSITO, M . E. B. (Orgs.). A Produção do Espaço Urbano: agentes e processos, escalas e desafios. São Paulo: Contexto, 2011, pp. 167-176. PONTUAL, Virgínia. Boa Viagem: de área rural ao bairro mais verticalizado do Recife. RECIFE EM TRANSFORMAÇÃO. Disponível em: < http://especiais.jconline.ne10.uol.com.br/recifeemtransformacao/boa-viagem-de-area-rural-ao-bairro-mais-verticalizado-do-recife/>. Acesso em: 9 maio. 2019. ROMANO, Leonora. Edifícios de mercados gaúchos: Uma arquitetura dos sentidos. 2004. 178 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004. 205
RUBIES, J.E. Mercado Municipal de Cantareira. Portal Piratininga. Apresenta artigo sobre história, a arquitetura e a paisagem de São Paulo. Disponível em: http://www.piratininga.org/mercado_municipal/ mercado_municipal.htm. Acesso em 15 abril. 2019. SANTOS, Ruama Araújo. Mercado de alimentação fora do lar. SEBRAE. Disponível em: <http://www. sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ac/artigos/alimentacao-fora-do-lar,19cfb3656dc20610VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 14 de abril. 2019. SARAIVA, P. P. M. Requalificação do mercado municipal paulistano. PORTAL VITRUVIUS. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/institucional/inst68/inst68.asp> Acesso em: 15 abril. 2019. SERAPIÃO, F. Revitalização de mercado público. PORTAL ARCOWEB. Disponível em: <http:// w w w. a r c o w e b . c o m . b r / a r q u i t e t u r a / a r q u i t e tura539.asp>. Acesso em: 15 abril. 2019.
Heitor Maia Neto: SPINELLI, Leonardo. 12/10/1928 a 29/12/2014. JORNAL DO COMÉRCIO. Disponível em: < https://modulacao. w o r d p r e s s . c o m / 2 0 1 4 / 1 2 / 3 0 / h e i t o r- m a i a - n e t o -12101928-a-29122014/>. Acesso em: 17 junho. 2019. VARGAS, Heliana Comin. Espaço terciário: o lugar, a arquitetura e a imagem do comércio. São Paulo: Ed, SENAC, 2001. _____. Comércio: localização estratégica ou estratégia na localização? Dissertação (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de São Paulo. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, 1993. 206
VARZIM, Tiago. Portugal bate novo recorde com 12,76 milhões de turistas em 2018. ECONOMIA. Disponível em: < https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/turismo---lazer/ detalhe/portugal-bate-novo-recorde-com-1276-milhoes-de-turistas-em-2018>. Acesso em 05 maio. 2019. ZAKHIA, Elizabeth. Mercados e Feiras: outra viagem pelos cheiros e sabores do Brasil. São Paulo: SODEXO, 2015.
207
UNICAP 2019 208