MERCADO GASTRONÔMICO DE BOA VIAGEM- TIME OUT MARKET RECIFE

Page 1

1


2


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO CCT- CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS ARQUITETURA E URBANISMO

DANIELA DE OLIVEIRA BACELAR

MERCADO GASTRONÔMICO DE BOA VIAGEMTIME OUT MARKET RECIFE UM ELEMENTO REQUALIFICADOR DO ESPAÇO URBANO

Recife 2019 3


4


DANIELA DE OLIVEIRA BACELAR

MERCADO GASTRONÔMICO DE BOA VIAGEMTIME OUT MARKET RECIFE UM ELEMENTO REQUALIFICADOR DO ESPAÇO URBANO

Trabalho Final de Graduação desenvolvido pela aluna Daniela de Oliveira Bacelar, orientado pelo professor Albérico Paes Barreto e apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pernambuco como requisito para obtenção do grau de Arquitetura e Urbanismo. Recife 2019

5


6


<

Figura 01: Mercado Público de Pybus FONTE: Pybus Market

“Eu acredito que boa arquitetura não é apenas forma, porque isso é escultura. Boa arquitetura é a interação entre forma e vida.”

Jan Gehl.

7


8


SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO_________________________ 13 1.1. Narrativa 1.2. Justificativa 1.3. Objetivos 1.3.1. Objetivo geral 1.3.2. Objetivos específicos

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS___29 3. REFERENCIAL TEÓRICO________________ 31 4. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA`_____ 37 4.1. A origem e a contextualização dos mercados públicos 4.2. O surgimento dos mercados públicos no Brasil 4.2.1. A ascensão dos mercados públicos no Brasil decorrente da arquitetura em ferro.

5. CONCEITUAÇÃO TEMÁTICA____________51 5.1. A forma arquitetônica do varejo 5.2. O comportamento do setor varejista de gêneros alimentícios na atualidade. 5.2.1. Os supermercados e os Shopping Centers como opção no setor comercial de alimentos no Brasil 5.2.2. A crescente tendência da gastronomia 5.2.3. O processo de propagação dos mercados gastronômicos 5.2.3.1. Requalificação arquitetônica do mercado municipal- de São Paulo 5.2.3.2. O cenário dos mercados públicos do Recife na atualidade

9


6. ESTUDOS DE CASO____________________98 6.1. Mercado da Ribeira 6.2. Eataly São Paulo 6.3. Mercado de Santa Caterina 6.4. Markthal Rotterdam 7. O TERRITÓRIO________________________130 7.1. A escolha do bairro 7.2. O bairro de Boa Viagem 7.3. O terreno 7.4. Área de estudo 8. A PROPOSTA _________________________ 158 8.1. Diretrizes projetuais 8.2. O programa 9. O PROJETO___________________________164 9.1. Conceito 9.2. Zoneamento

9.2.1. Fluxograma do mercado 9.2.2. Faces do terreno 9.2.3. Orientação solar 9.2.4. Relação lote x volume

9.3. Partido estrutural 9.4. Memorial descritivo 9.5. O projeto 10.CONSIDERAÇÕES FINAIS_____________192 LISTA DE FIGURAS_______________________193 LISTA DE QUADROS______________________201 REFERÊNCIAS___________________________203

10


11

1.INTRODUÇÃO


12 12


Figura 02: Oleoginosas, Mercado Central Valencia. FONTE: Fotografia autoral, 2017

>

INTRODUÇÃO O comércio é um participante fundamental na formação do espaço urbano. Desde as antigas civilizações, este tem uma relação de interação com a cidade, uma vez que ambos são causa e efeito da mesma centralidade, que pressupõe o fluxo de pessoas e de mercadorias. Os mercados públicos, logo, assumem funções primordiais no impulsionamento da urbanidade nas cidades, uma vez que o comércio tem o poder de deliberar, de certo modo, a forma e o funcionamento das cidades. Eles são equipamentos democráticos, um espaço onde se misturam as relações sociais, culturais, econômicas e religiosas em um mesmo ambiente. Dessa forma, entende-se que em um Mercado Público não se desenvolvem apenas troca de mercadorias, mas sim troca de relações, experiências e sensações, tornando este ambiente em um espaço de alto caráter social. Assim, como defende a autora Heliana Comin Vargas, no seu livro Espaço Terciário, um mercado é um espaço público por excelência, e dessa forma, deve ser acessível a todos. No entanto, devido, principalmente, ao processo de desenvolvimento social, tecnológico e econômico, mudanças ocorreram 13 13


no modo de vida da sociedade, o que fez com que novas formas de comércio fossem surgindo ao longo das décadas, como o comércio baseado no autosserviço e o comércio descentralizado e posicionado em inúmeros pontos pelas cidades. Este fato se reflete na vitalidade dos Mercados Públicos tradicionais, os quais vão perdendo a sua força e o seu protagonismo. Com a carência de uma certa urbanidade em algumas cidades modernas, a escolha do tema abrange a necessidade de buscar espaços públicos mais saudáveis por meio de um equipamento urbano que promova o convívio social e dessa forma alcançar o ideal das cidades paras pessoas. O equipamento urbano a ser proposto, então, tem como base o entendimento e a lógica dos Mercados Públicos e ao mesmo tempo traz a relação da sociedade com as demandas da atualidade. Assim, o projeto tem como base a criação de uma integração da cultura dos antigos mercados com a cultura atual por meio do projeto de um Mercado Gastronômico no bairro de Boa Viagem, um bairro nobre, extenso, populoso, litorâneo, e de certa forma, recente, quando comparado com os demais bairros da cidade do Recife. Esse bairro, no entanto, excetuando a praia, tem poucas opções de espaços públicos. Um Mercado Gastronômico, tem como fundamentação a busca pelo resgate à cultura do equipamento urbano que possua uma relação muito próxima com a cidade e que seja palco para garantir uma interação social entre as pessoas, ou seja, a relação que existia com os Mercados Públicos há tempos atrás. Ao mesmo tempo, este Mercado Gastronômico busca trazer a relação da demanda quando se refere ao comércio de alimentos da sociedade atual, o qual se configura em buscar praticidade e funcionalidade. Assim, o presente estudo, busca incluir essas demandas da sociedade por meio da sua logística de apresentar opções de locais de produção e consumo de alimentos e dessa maneira, se caracterizam como espaços de transformação, de turismo e de entretenimento. Esse novo conceito de Mercado, portanto, une o fator de propiciar um espaço de convívio que busque se relacionar com a cidade, conjuntamente com o fator de atender as demandas da população quando se refere a buscar alternativas para realizar suas compras e suas refeições. Logo, é um conceito comum em diversas cidades do mundo, as quais prezam pela integração do espaço urbano com o espaço construído e defendem, também, a inclusão desse tipo de equipamento no cotidiano da sociedade. 14


15

1.1.

NARRATIVA


16


O mercado público, é um lugar que, para a realização de troca, faz-se necessário o encontro, e desse encontro não se trocará apenas mercadorias, mas também ideias, palavras, experiências e vivências. Um lugar sobretudo humano, em que o relacionamento entre as pessoas ultrapassa suas diferenças sociais, culturais e religiosas, fazendo com que as distinções passem despercebidas. O mercado público se caracteriza como um participante fundamental na formação do espaço urbano. Desde o surgimento das primeiras civilizações, o comércio tem uma relação de simbiose com a cidade, uma vez que para a realização dele faz-se necessário o encontro de fluxos, bens materiais, mercadorias, homens e de ideias em determinado espaço físico, o qual segundo a autora Vargas (2001) recebe a denominação de mercado. De acordo com as formas e funções predominantes Vargas (2001) classifica, também, a história do varejo, tendo a sua primeira etapa nas antigas civilizações através do Bazaar (no oriente médio), da Ágora (na Grécia), dos Fóruns (na Itália), das feiras e dos mercados referentes. Um ponto em comum entre estes era que todos tinham destaque em relação a sua posição geográfica no espaço urbano, eles eram posicionados nos espaços mais centrais das cidades. Palco para diversas manifestações socioculturais, os mercados públicos, assumem, assim, um papel significativo no que se refere a impulsionar a urbanidade nas cidades, uma vez que era o local de distração e divertimento com papel não apenas na atividade econômica, mas principalmente na vida social, já que o varejo adota uma condição de troca com as atividades sociais (VARGAS, 2001, p.96). É, portanto, um equipamento democrático, um cenário onde se misturam, em um mesmo espaço, tradição, comércio e relações humanas. (Figura 03, 03 e 05) Figura 03: Mercado de São José final do século XIX. FONTE: Francisco Miranda

17


O mercado público, então, torna-se um equipamento de grande relevância para as cidades. Durante o início da Idade Média, por exemplo, diferente de como acontecia nas antigas civilizações, a atividade mercantil ficava localizada na periferia, nas muralhas das cidades, no entanto, com o crescimento demográfico e espacial delas e com a percepção da influência do mercado no cotidiano da população, este passa a ocupar um lugar central no tecido urbano. O que antes era apenas um espaço de abastecimento, passou a ser local de referência, de lazer, tanto que muitos incorporaram novas funções e papeis em meados aos séculos XIX e XX, adaptando às novas demandas. Assim, ao longo do tempo as transformações advindas da industrialização, do capitalismo e posteriormente da globalização demandaram mudanças no comportamento do comércio e do consumo. A cultura moderna foi capaz de introduzir o consumo em massa e a industrialização propiciou a produção de bens de consumo de uma maneira tão veloz que introduziu também novas necessidades. Desse modo, o espaço do terciário também sofre mutações: o grande magazine do início da modernidade se transforma na loja de departamentos que evoluiu para o Shopping Center e continua em mudança.

Figura 04: Mercado de Casa Amarela em meados de 1960. FONTE: Recife de antigamente

> 18

Figura 05: Mercado Público de Florianópolis em meados de 1910. FONTE: Unopar Virtual


O espaço urbano onde ocorre o comércio, então, se transformou, procurando atender às exigências colocadas pelas metamorfoses do modo de produção: o comércio urbano centralizado se pulveriza, as formas antigas cedem lugar aos novos usos e funções e se adaptam continuamente seguindo o movimento do tempo. Quando não acompanha esse movimento, o comércio se desloca, produz novas centralidades, abandona os sítios originais e provoca mais transformações no velho e no novo lugar. Logo, essa descentralização fez com que os mercados públicos perdessem uma grande parte do seu público e, por consequência, ficassem em segundo plano, perdendo sua representatividade para os supermercados (Figura 06), para as lojas de departamentos e as suas sessões de food hall, sessão onde a comida é vendida dentro dessas grandes lojas. Os shoppings centers também foram responsáveis por esse movimento de “perda da cultura” do mercado, uma vez que esses agrupam uma imensa variedade de opções de varejo e de alimentação como é o caso das praças de alimentação que vem tomando força frente a sociedade atual (Figura 07). Figura 06: Vista aérea de Hipermercado. Sua inserção no ambiente urbano é marcada pelo isolamento do estabelecimento do meio externo. Um grande pátio de estacionamento permite este distanciamento na maioria dos casos FONTE: Reprodução EPTV Figura 07: Shopping Rio Mar- Recife. Os shoppings centers em sua maioria não criam uma relação urbana com a cidade, perdendo então a relação entre a cidade e o edifício. FONTE: Divulgação JCPM

19

> >

>


Diante do estilo de vida desta sociedade, a busca pela praticidade é ponto chave. As pessoas deixam de comprar os insumos para preparar refeições nas suas casas e preferem comprar o alimento já pronto ou frequentar restaurantes e espaços voltados para a área da gastronomia rápida e fácil (Figura 08). Conforme dados do IBGE (2015), foi diagnosticado que o brasileiro gasta cerca de 25% da sua renda com alimentação fora do lar, ou seja, buscam pela forma mais rápida e prática de se alimentar. Por esse motivo, o mercado da gastronomia tem sido apontado como um mercado promissor para se investir no futuro. A facilidade ao acesso a esse ramo da gastronomia teve um aumento considerável e consequentemente houve um crescimento nos empreendimentos voltadas para esse público. Tal questão pode ser percebida através da pesquisa realizada pela associação de Bares e Restaurantes (ABRASEL), a qual estima que o setor represente hoje 2,7% do PIB brasileiro. Já a associação Brasileira das indústrias da alimentação (ABIA) destaca que o setor tem crescido a uma média anual de 14,2%. Isso, reafirma a posição que o mercado da gastronomia vem alcançando no cotidiano dos brasileiros (Figura 09).

Figura 08: Vista interior de um Hipermercado. Espaço físico prático, setorizado, organizado e higiênico. O autosserviço, embora cômodo, não produz relacionamento social. FONTE: Vivago

20


Diante desse cenário, é fundamental entender que o equipamento mercado público deve buscar a logíca da sociedade contemporânea para que não se transforme apenas em uma memória para cidade e para a sociedade.

Figura 09: O mercado da gastronomia em alta no pais. FONTE: Forbes. Disponível em: < https://forbes.uol.com.br/ negocios/2015/06/mesmo-com-crise-setor-de-alimentacao-continua-a-crescer-no-brasil/>. OPOVO online. Disponível em: < https://www.opovo.com.br/jornal/ economia/2017/12/bares-e-restaurantes-devem-crescer-4-5-no-brasil.html> Sebrae. Disponível em: < http://www. sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/bares-e-restaurantes-um-setor-em- expansao,1038d53342603410VgnVCM100000b272010aRCRD>

21


Figura 10: Mercado Santa Caterina – Barcelona. O mercado volta a ganhar o seu destque na cidade. FONTE:Disponível em <www.barcelona.com>

Figura 11: Mercado San Miguel– Madrid. Realação edifício e cidade. O mercado como parte integrante da cidade FONTE: Disponível em: <www.ttmadrid.com>

22


23

1.2.

JUSTIFICATIVA


24


A importância dos mercados públicos no processo de formação da cidade e da sociedade é notória. Os mercados fazem parte da cultura de cada sociedade e, portanto, são espaços onde as raízes populares e regionais são facilmente encontradas. A perda do protagonismo dos mercados públicos é um problema a ser enfrentado de uma forma geral. Quando se trata no âmbito da cidade do Recife, é perceptível que houve uma queda por essa procura aos mercados. Pode-se listar como uma das causas primordiais o surgimento dos grandes equipamentos urbanos ligados ao varejo, que ganham protagonismo frente aos mercados públicos tradicionais devido a sua praticidade, sua facilidade de acesso e seu discurso de segurança, uma vez que estão pulverizados por toda a cidade. Assim, o que vem acontecendo em boa parte dos mercados públicos espalhados pelo mundo é uma reinvenção, uma releitura, uma reinterpretação conceitual. Antes eram lugares de abastecimento de gêneros alimentícios, hoje eles vêm se transformando em lugares de encontro, polos de lazer e de turismo através de estratégias elaboradas para trazer à tona, novamente, o mercado como elemento significativo e atrativo na cidade (Figura 10 e 11- página anterior). Essas estratégias, por sua vez, buscam trazer aos mercados uma nova roupagem em termos de infraestrutura e novas propostas quanto à oferta de produtos e comida pronta, transformaram-se em novos e atrativos “points” de alimentação. Se tornam descontraídos e se transformam em sua maioria nos chamados mercados gourmets (Figura 12). Um modelo atual direcionado pelas novas necessidades de consumo da população e que se alinha ao crescimento da gastronomia como mercado empreendedor. Portanto, levantar esse tema é de grande relevância atualmente na cidade do Recife, hoje bastante carente destes equipamentos caracterizados por oferecer entretenimento em pontos estratégicos da cidade, e que busquem ofereçer uma relação de público/ privado e de espaço urbano/espaço construído. O presente estudo visa, então, devolver à cidade do Recife essa cultura de mercado, trazendo à tona uma releitura dele, por meio da proposta de um mercado gastronômico para o bairro de Boa Viagem integrando, assim, o bairro a esse equipamento arquitetônico.

<

Figura 12: Time Out Market, Lisboa, Portugal. Mercado gastronômico. FONTE: Autoral, 2019.

25


1.3. OBJETIVOS

OBJETIVO

GERAL

Propor um estudo arquitetônico de um mercado com ênfase na gastronomia, no bairro de Boa Viagem, de forma a se integrar com o espaço urbano. OBJETIVOS

ESPECÍFICOS

1. Compreender como este equipamento tem papel fundamental na transformação do espaço urbano. 2. Propor um projeto arquitetônico que se adeque as necessidades do bairro e da sua população, ao mesmo tempo que se interligue com o entorno e garanta um espaço público satisfatório. 3. Entender mecanismo do equipamento mercado: forma, funcionamento e abastecimento. 4. Projetar um edifício com uma escala adequada, garantindo uma sensação de conforto e sendo esteticamente agradável.

Figura 13: As cores da feira. Disponível em: < https://www.tankjuice.co.nz/>.

26

<


27


28

2.

PROCEDIMENTOS

METODOLÓGICOS


Para atingir os objetivos propostos, este projeto utiliza como base para o seu desenvolvimento as seguintes etapas de pesquisa: 1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Por meio desse procedimento pode-se apreender e confrontar os principais conceitos abordados por diversos autores, de forma que se realize uma reflexão crítica sobre os conteúdos estudados e um posicionamento teórico de diálogo com os autores referente a temática em questão. As bibliografias usadas para o desenvolvimento da pesquisa podem ser classificadas em duas etapas distintas: o estudo sobre o espaço urbano e o estudo sobre o espaço terciário referente ao contexto e as intervenções nos mercados públicos, estes formaram a base de conhecimento para as diretrizes do mercado gastronômico. 1.1. Acerca do estudo com base no espaço terciário destaca-se a bibliografia “Espaço Terciário – O lugar, a arquitetura e a imagem do comércio” de HELIANA COMIN VARGAS (2001). Também ganham relevância referente ao tema o autor OLIVEIRA JUNIOR (2006) e a autora NÓBREGA (2008) por tratarem de temas referentes a questão do comércio varejista e de mercados públicos no âmbito da cidade; 1.2. Acerca do estudo com base no espaço urbano destaca-se o autor DOUGLAS FARR com o tema “Urbanismo sustentáveldesenho urbano com a natureza”. 2. ESTUDOS DE CASO 2.1. Análise crítica a partir de projetos de referência em diversas cidades. 3. ESTUDO DO TERRITÓRIO 3.1. Análise do território através da elaboração de mapas que auxiliem para uma melhor compreenção do espaço; 3.2. Levantamento e entendimento da legislação vigente no local do projeto; 3.3. Reconhecimento da área, levantamento fotográfico, medições esquemáticas, observação in loco; 3.4. Análise específica do contexto construído no território em questão; 3.5. Estudo com base nas condicionantes naturais do terrirório a fim de obter diretrizes projetuais. 4. ELABORAÇÃO DE DIRETRIZES PROJETUAIS 4.1. Estruturação dos dados das etapas res para estabelecer critérios de elaboração do

anterioprojeto. 29


30

3.REFERENCIAL

TEÓRICO


Para garantir um conhecimento mais profundo sobre as práticas do comércio ao longo dos anos, se faz necessário um estudo referente a temas abordados pelos seguintes autores: Heliana Comin Vargas, Maria de Lourdes Nóbrega e José Vanildo Oliveira Júnior, sendo estes essenciais para o embasamento teórico do estudo apresentado. Vargas, em seu livro “Espaço terciário: O lugar, a arquitetura e a Imagem do Comércio” (2001) busca retratar o cenário do comércio desde as primeiras civilizações até como o comércio passou a se comportar nos dias atuais, abordando também o comércio enquanto atividade de desenvolvimento econômico e social, as teorias que equacionam sua localização espacial, a evolução dos diferentes formatos comerciais, dentre outros fatores. Logo, a autora faz um panorama geral do espaço terciário, retratando de qual forma, deve-se pensar em projetar novos espaços terciário para a sociedade. Vargas (2001), inicialmente traz à tona o comércio enquanto atividade social, a troca como atividade pouco nobre e especulativa e o modo como o pensamento econômico retratou as atividades terciárias, desde os pensamentos mais remotos da sociedade, até os dias atuais. Nesta sua abordagem, então, a autora se depara com as mudanças do cenário do espaço terciário, saindo desde o Baazar, no Oriente Médio, até os Mercados Públicos advindo da arquitetura do ferro espalhados em especial pela Europa. Dessa forma, ao analisar as diversas formas de manifestações mercantis, a autora demostra que o espaço caracterizado por comportar os mercados e realizar essas trocas comercias também eram espaços urbanos com uma importância sociocultural altíssima e que mesmo com a diversidade cultural, com o surgimento de novas atividades e com a questão da morfologia de cada local, a relação do espaço de comércio com espaço social permaneceu independente do período ou da região. No entanto, a autora retrata as mudanças da forma de agir e de pensar da sociedade ao longo dos anos, demostrando, então, como a mudanças na forma arquitetônica do espaço terciário começaram a se manifestar. Depois de retratar todo o cenário do período neolítico, a Idade Média e o Renascimento, Vargas, passa a demostrar a nova forma de como acontece o relacionamento da atividade comercial varejista e o espaço físico urbano nas últimas décadas do século XVIII, ela destaca de modo geral que: 31


A sua forte função social ligada a questões de abastecimento da população e, portanto, das necessidades básicas de sobrevivência que crescem em diversidade quando excedentes de produção começam a surgir. A necessidade de troca induz ao encontro. E o encontro acontece onde existe o fluxo de pessoas que, por sua vez, cria o lugar do mercado. No entanto, esse fluxo pode ser estabelecido por razões outras que não a simples necessidade de abastecimento como na entrada das cidades, nos pontos de passagem obrigatória, locais de acontecimentos políticos ou religiosos, eventos esportivos e artísticos, etc. (VARGAS, 2001, p. 155-156)

No final do século XVIII para o início do século XX, o mercado como equipamento urbano perde, em parte, a característica de ser um palco para discursões sociais, políticas, religiosas e culturais como eram os espaços conhecidos como as praças de mercados (Figura 14). Segundo Vargas (2001, p.159) eles apresentam uma atividade comercial não apenas como uma atividade voltada para o abastecimento da população, mas também como “uma atividade econômica fortemente especulativa, lançando mão de todas as estratégias para melhor acumular”. Ainda segundo a autora, o comércio nesse período apresenta “novas estratégias de venda, com melhorias de suas técnicas e formas de organização do negócio e que usa o espaço físico do próprio estabelecimento como um elemento a mais para a otimização dos seus negócios” (VARGAS, 2001, p.159). A partir daí, houve, uma centralização do mercado em ponto específico, fato que não gerou uma alteração no cotidiano da sociedade quando se refere a organização urbana. O mercado mesmo pontual ainda era um gerador de atividades na cidade, isto porque diversos equipamentos de serviços começam a surgir no seu entorno o que garantiu que o fluxo de pessoas continuasse intensificado. Ou seja, o movimento de organização no entorno dos mercados foram surgindo espontaneamente, sem um planejamento sistemático de varejo, correspondendo apenas as manifestações da sociedade. (Figura 15) Assim, observa-se que ao longo da história, o mercado público 32


Figura 14: Plaza Mayor, Madri- Espanha. Caracterizada por receber grande eventos e ser palco para as praças de mercado durante muitas décadas. Disponível em: <https://pt.wikipedia. org/wiki/Ficheiro:Plaza_Mayor_de_ Madrid_06.jpg>. Figura 15: Mercado de San Miguel MadriEspanha. Os mercados ganham um espaço fechado e destinado para a venda de insumos. Disponível em:< https://www.flickr. com/photos/dleiva/16424016099>.

evoluiu de forma natural e orgânica. As necessidades mudam, a sociedade muda e, assim, a logística da cidade muda. Os mercados deixam de ser uma organização espontânea e passam a fazer parte do contexto e da história da cidade, adquirem uma arquitetura própria, que se adapta a partir da demanda da sociedade de cada período. A partir dos movimentos da Revolução Industrial e, consequentemente, do sistema de produção em série, o setor varejista de alimentos sofre mudanças bruscas na sua forma de organização. A agricultura familiar cede espaço para as máquinas e as industrias passam a possuir capacidade de produzir uma nova gama de alimentos. Dessa forma, possuir apenas pontos específicos de vendas passou a ser insuficiente, e logo, acontece a descentralização do comércio no mercado. Novos equipamentos urbanos, responsáveis pelo comércio de alimentos surgem e, como Vargas deixa claro, o Mercado perde, de certa forma o seu protagonismo. 33


A localização estratégica não é mais um fator essencial parar a viabilização das atividades de comércio e serviço varejistas. Essa localização estratégica vem perdendo progressivamente a sua importância, cedendo espaço cada vez maior para as estratégias de negócios. (VARGAS, 2001, p 168)

Os novos equipamentos urbanos, baseados no autosserviço, surgem no século XX como alternativa para esse setor varejista. Dentre eles estão os Supermercados os Hipermercados, as Lojas de Departamento e os Shoppings Centers. Todos estes novos equipamentos, ganham força pela sua praticidade, segurança, comodidade facilidade e por consequência ganham o público que antes usufruíam dos Mercados Públicos. Dessa forma, Vargas, aponta o período de ascensão dessa nova forma de comercio como fator decisivo na formação e organização urbana. A facilidade de encontrar pequenas lojas e padarias pelas cidades, era muito fácil, fazendo com que as pessoas não precisassem mais ir ao mercado para comprar suas mercadorias. Logo, Vargas faz um panorama do espaço terciário, desde as suas civilizações até os dias atuais e retrata de forma clara e objetiva como esse setor se desenvolveu e vem se desenvolvendo, apontando, assim, os seus pontos positivos e negativos. Oliveira Júnior, por sua vez, também busca retratar todo um embasamento teórico referente ao cenário do comércio desde as primeiras civilizações até como o comércio passou a se comportar nos dias atuais, abordando, inclusive, os estudos e as reflexões de Vargas e utilizando a autora como referencial teórico. Entretanto, Oliveira Junior (2006) em sua tese “Fluxograma de processo de planejamento arquitetônico aplicado a mercados públicos” retrata além de uma abordagem histórica, um embasamento referente a gestão desses equipamentos arquitetônicos, demonstrando a partir de fluxogramas, aspectos projetuais importantes para o entendimento da logísitica de funcionamento de mercados públicos. Portanto o autor tem bastante relevância para o estudo tendo em vista o desenvolvimento do seu estudo do posto de vista de gestão de projetos para mercados. 34


Outra autora que também possuiu bastante destaque para o estudo foi Nóbrega (2008) com o seu tema “Todo caminho dá na feira: a influência do comércio de varejo nas transformações físicas do espaço urbano. Os bairros do Recife, Santo Amaro e São José. 1970-2006.” Nóbrega também faz referência a evolução histórica dos mercados públicos restrigindo-se mais ao cenário de Pernambuco e mais precisamente da cidade do Recife. Os estudos voltados para a cidade do Recife são essenciais para entender a importância do setor varejista nela, entendendo que este setor deve dialogar com a cidade de forma sadia, sendo um equipamento vivo para a cidade e garantindo a sua importância em diversos pontos pela cidade. Nóbrega foca o seu estudo nos bairros mais históricos da cidade do Recifie, e, portanto, apresenta a evolução do varejo com o bairro no qual está implantado (Figura 16). Esta estratégia se mostra bastante pertinente para o trabalho em questão tendo em vista que o bairro de Boa Viagem, apesar de ser um bairro mais recente, apresenta um histórico com o setor varejista, pricipalmente o varejo do século XX, sendo, portanto, de grande importância dar enfâse à história do bairro para analisar a implantação de uma nova proposta de equipamento, um mercado gastronômico.

Figura 16: Mercado de São José. O surgimento dos mercados fechados na cidade do Recife. Disponível em: < http://www. overmundo. com.br/guia/ mercado-de-sao-jose-e-unico>.

35


36

4.CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA


4.1. A ORIGEM E A CONTEXTUALIZAÇÃO DOS MERCADOS PÚBLICOS Alimentar-se sempre foi e sempre será um ato banal na vida de qualquer ser humano. Este feito, no entanto, para chegar no que se tem nos dias atuais, foi resultado de muitas técnicas e de muito conhecimento adquirido pela humanidade. Segundo Oliveira Júnior (2006), foi com o surgimento da agricultura no período Neolítico que o homem aprofundou seus conhecimentos e técnicas acerca do cultivo de plantas e a criação de animais. No início, a produção era apenas para consumo próprio, porém, com o passar do tempo, surgem novas técnicas de cultivo, as quais foram responsáveis por um crescimento significativo na produção agrícola e que consequentemente geravam excedentes. Estes excedentes, por sua vez, passaram a ser utilizados como moeda de troca para a aquisição de bens, prática que deu origem, portanto, ao comércio na sua forma mais primitiva e rudimentar As aldeias logo foram se transformando em cidades devido à complexidade que vinham adquirindo com as práticas do comércio. Essas cidades, por sua vez, de preferência estavam localizadas próximas a grande meio fluviais, fato que possibilitou o transporte marítimo e consequentemente estimulou o comércio marítimo a partir da troca de mercadorias entre as cidades. Por meio desses acontecimentos, dessa troca intensa de mercadorias, fez-se necessário um espaço para armazenamento, fornecimento e distribuição dos produtos, um espaço caracterizado por ser um regulador de trocas locais e um ponto de apoio para o comércio local. Surgem então os mercados. Assim, o mercado passou a se tornar um equipamento indispensável nas cidades desde as antigas civilizações. No oriente médio, por exemplo, em meados do século VII a.C., devido a sua privilegiada posição geográfica, foi desenvolvido um importante centro comercial mundial. O bazaar, conforme Vargas (2001) era um lugar neutro onde a diversidade de opiniões era tolerada e grupos opostos se encontravam. Segunda a autora, “não apenas mercadorias são negociadas no bazaar, as opiniões também”. Portanto, eram pontos de grande destaque nas cidades naquele período. (Figura 17) .

37


Figura 17: A localização dos bazaars, cidades e rotas de comércio no mundo árabe. FONTE: Vargas, 2001. Espaço terciário

A sua organização espacial era caracterizada pelo comportamento de ruas estreitas repletas de lojas abrindo para a via e cobertas por toldos de proteção formando uma arquitetura orgânica. No térreo ficavam localizadas as a atividade de venda e nos pavimentos acima estavam os depósitos e os escritórios. A Grécia também desenvolveu a sua forma de comércio na ágora, espaço de aglomeração urbana, onde habitualmente a comunidade se reunia para trocar ideias e discutir assuntos de interesse coletivo. Esse espaço, logo, passa a se tornar um local de realizações de negócios e de trocas comerciais. Inicialmente, a ágora adotava uma forma irregular e muitas vezes isoladas pelos edifícios monumentais que o rodeavam. Já no séc. V ela adota maior visibilidade e veracidade e passa a ter um formato em U rodeadas de colunas e lojas em seus três lados, se tornando mais permeável. O império romano também ganha destaque através dos fóruns, edificações monumentais que comportavam atividades sociais, comerciais, religiosas e políticas. Eram espaços públicos descobertos, ladeado pelo edifício do Senado e da Justiça, o mercado era um espaço aberto dentro dos fóruns, caracterizado por possuir um cenário confuso e colorido devido as barracas dos comerciantes e dos camponeses nele presente. O Fórum de Trajano é o mais majestoso dos forúns. Vargas (2001) caracteriza o espaço como sendo composto por duas estrutu38


ras semi- circulares e um enorme salão chamado “aula”, espaço dividido em uma enorme quantidade de espaços menores interligados pelos corredores, que por sua vez eram uma espécie de labirinto e supostamente comportavam o comércio de mercadorias. (Figura 18 e 19)

<

Figura 18: Mercado no fórum de trajano, Roma. FONTE: Wikimedia

<

Figura 19: Mercado público no Império Romano. FONTE: Vargas, 2001. Espaço terciário.

A queda gradativa do Império Romano do Ocidente cedeu espaço para o que se conhece como Idade Média. Oliveira Júnior (2006) afirma que esse período foi marcado por um desaceleramento do comércio internacional e consequentemente uma intensificação no comércio local, principalmente no tocante a distribuição de alimentos, os artigos caros deram espaço para os artigos local. Durante o período da Idade Média, o mercado ganha muita notoriedade. Inicialmente as trocas de mercadorias eram temporárias e ficavam localizadas do lado de fora das muralhas. Com o tempo, a percepção da necessidade dessa pratica mercantil fez com que o espaço do mercado ganhasse destaque e se concentrasse no centro das cidades, muitas vezes em praças, as quais, assim como os Forúns, a ágora e o bazaar, eram espaços de convivência e discursões para a cidade. Portanto, ao analisar as diversas formas de manifestações mercantis, observa-se que o espaço caracterizado por comportar os mercados e realizar essas trocas comercias também eram espaços urba39


nos com uma importância sociocultural altíssima e que mesmo com a diversidade cultural, com o surgimento de novas atividades e com a questão da morfologia de cada local, a relação do espaço de comércio com espaço social permaneceu independente do período ou da região. Segundo Vargas (2001), dentre os séculos XI e XIII, o comércio marítimo volta a se aquecer em decorrência das cruzadas, as quais voltaram a interligar o mercado Ocidental do mercado Oriental. Diversas rotas surgiram e em seus pontos de encontro aconteciam feiras nas quais se vendiam mercadorias vindas de vários lugares do mundo. O comércio, logo, volta a adquirir uma função não apenas local, mas novamente uma função ampla, no período conhecido como o Renascimento (séc. XIV). Vargas (2001) afirma, ainda, que dentre o final do século XVIII e o início do século XIX, período no qual as cidades já estavam estabelecidas e com as suas atividades consolidadas, as feiras e as praças de mercado cedem espaço para edificações próprias, para espaços fechados, surgindo assim o mercado na forma de equipamento urbano. Um dos fatores dessa demanda foi a necessidade que o governo e a população tinha em possuir um espaço mais higiênico e sanitário para comportar os alimentos que supririam as cidades, uma vez que as praças de mercado eram localizadas em espaços de grande fluxo de pessoas, não havendo muitas vezes uma organização ou uma delimitação. Deve ser destacada a sua forte função social ligada às questões de abastecimento da população e, portanto, das necessidades básicas de sobrevivência que crescem em diversidade quando excedentes de produção começam a surgir. A necessidade de troca induz ao encontro. E o encontro acontece onde existe o fluxo de pessoas que, por sua vez, cria o lugar do mercado. No entanto, esse fluxo pode ser estabelecido por razões outras que não a simples necessidade de abastecimento como na entrada das cidades, nos pontos de passagem obrigatória, locais de acontecimentos políticos ou religiosos, eventos esportivos e artísticos, etc. (VARGAS, 2001, p. 155-156)

No final do século XVIII para o início do século XX, o mercado como equipamento urbano perde, em parte, a característica de ser um palco para discursões sociais, políticas, religiosas e culturais como 40


eram os espaços conhecidos como as praças de mercados. Segundo Vargas (2001) eles apresentam uma atividade comercial não apenas como uma atividade voltada para o abastecimento da população, mas também como “uma atividade econômica fortemente especulativa, lançando mão de todas as estratégias para melhor acumular”. Ainda segundo a autora, o comércio nesse período apresenta “novas estratégias de venda, com melhorias de suas técnicas e formas de organização do negócio e que usa o espaço físico do próprio estabelecimento como um elemento a mais para a otimização dos seus negócios” (VARGAS, 2001, p.159). A centralização do mercado em ponto específico não gerou uma alteração no cotidiano da sociedade quando se refere a organização urbana. O mercado mesmo pontual ainda era um gerador de atividades na cidade, isto porque diversos equipamentos de serviços começam a surgir no seu entorno o que garantiu que o fluxo de pessoas continuasse intensificado. Ou seja, o movimento de organização no entorno dos mercados foram surgindo espontaneamente, sem um planejamento sistemático de varejo, correspondendo apenas as manifestações da sociedade. Portanto, desde as antigas civilizações até as cidades contemporâneas, o mercado público é presente como um equipamento valoroso no espaço urbano independente de qual seja o seu foco de mercadoria. Ele é um equipamento catalizador, um espaço de referência, um local de convivência e de troca de aprendizado, é um equipamento urbano indispensável para a cidade e consequentemente para a sociedade. A França e a Inglaterra, foram países que sentiram em peso esse processo do mercado como um equipamento urbano. Na França diversos mercados surgem dentre o a primeira metade do século XIX, dentre estes pode-se citar St. Germain (1813-1816) um dos maiores exemplares para a época. Dentre 1511 a 1762, ali funcionou um mercado sem estrutura física definida ainda, de forma que o comércio ficasse espalhado entre as colunas no térreo e os comerciantes habitavam no andar superior. Posteriormente, com o advento do mercado como edifício sólido se dá a construção do mercado em si. De inspiração italiana, o novo mercado tem uma praça central grande circundada por uma colunata dupla e coberta. No entanto, apenas durante a metade do século XIX, com o advento da arquitetura do ferro que os mercados ganham uma forma mais definida. O Les Halles (1852-1870), localizado no centro de Paris, foi 41


elaborado pelo arquiteto Victor Baltard como sendo um edifício referência na utilização do ferro e do vidro. O mercado era dividido em 14 pavilhões com vãos generosos, ou seja, um equipamento de grande porte para a região. Porém, mesmo assim, o arquiteto ao utilizar desses materiais conseguiu trazer uma leveza ao edifício. (Figura 20 e 21)

<

Figura 20: Les Halles Centrales, Paris, 1853. FONTE: Wikimedia

<

Figura 21: Les Halles Centrales, Paris, 1853. FONTE: Vargas, 2001. Espaço terciário

Ao entrar no século XX o cenário dos mercaods públicos ate então adotados muda. É a partir de meados do século XX com a tecnologia passando a fazer parte do cotidiano da população, que a logística dos mercados começam a sofrer modificações. 42


“Novos aperfeiçoamentos tecnológicos, envolvendo a conservação de produtos alimentícios, aumento da produção, sua diversificação e controle de qualidade, bem como o aumento da velocidade de deslocamento mecânico, se promoveu uma aceleração constante na circulação de mercadorias , o que tornou a forma mercado obsoleta pela sua inadequação aos novos parâmetros de qualidade oferecidos para os consumidores por equipamentos mais novos, como os supermercados e hipermercados já concebidos para atender os novos tempos do capital com o conforto e rapidez e sem a mediação dos vendedores” (PINTAUDI, 2006)

O século XX para os mercados públicos é um período de transformação. Os mercados devido ao advento das novas técnicas de varejo e do capitalismo flúido busca se reinventar e se adequar a uma nova realidade, uma vez que perde o se protagonismo. Eles, assim, em grande maioria dos casos na cidade do Recife, por exemplo, passam a se destinar a um público menor, passam a ser mercados focados para os respectivos bairro, devido principalmente a logística de abastecimento e de fluxos quando comparados aos supermercados que começam a surgir. Portanto, observa-se que ao longo da história, o mercado público evoluiu de forma natural e orgânica. As necessidades mudam, a sociedade muda e, assim, a logística da cidade muda. Os mercados deixam de ser uma organização espontânea e passam a fazer parte do contexto e da história da cidade, adquirem uma arquitetura própria, que se adapta a partir da demanda da sociedade de cada período.

4.2. O SURGIMENTO DOS MERCADOS PÚBLICOS NO BRASIL 4.2.1. A ascensão dos mercados públicos no Brasil decorrente da arquitetura em ferro. Os mercados e as feiras livres foram introduzidos no Brasil a partir do período da colonização. Os colonizadores, como retrata Mott (2000), implantavam de acordo com os moldes de Portugal estes equipamentos no centro urbano das cidades, e ao redor deles, começavam a surgir as feiras livres. Não se sabe exatamente em que período o comércio informal teve 43


início no Brasil, no entanto, o que se sabe é que desde o início do período colonial essas feiras se organizavam em praças e em regiões portuárias e eram abastecidos pelas embarcações que supriam as necessidades da cidade. Foi apenas e 1904, na cidade do Rio de Janeiro, que o prefeito Pereira Passos, reconhece essas feiras formalmente. De acordo com Oliveira Júnior (2006) essa iniciativa foi desencadeada com o objetivo de redefinir a paisagem da cidade através da organização de espaços definidos para a cidade. Não se permitiam mais um comércio sem uma ordem definida, como os velhos quiosques e a as populares quitandas, desejava-se que esse setor varejista se organizasse em um único espaço, surgindo assim os mercados cobertos, com uma maior higiene, os quais foram iniciados nas últimas décadas do século XIX. A partir disso, o governo começa a estimular a multiplicação desses mercados através da doação de terrenos públicos para serem explorados pela iniciativa privada para a elaboração de projetos de mercados. Sendo o Mercado da Candelária, inaugurado em 1834, o primeiro mercado público na cidade do Rio de Janeiro, considerado o exemplar mais antigo de mercado público fechado com pátio interno aberto no Brasil. Alguns outros poucos exemplares de mercados seguindo essa lógica de equipamento fechado com pátio interno aberto surgiram logo após o Mercado da Candelária, no entanto, foi apenas com a construção do Mercado de São José, na cidade do Recife em 1875, que a tipologia dos mercados públicos tem de fato início no Brasil. Por estar implantada próxima a um porto marítimo, a cidade do Recife, caracterizou-se por ser um entreposto comercial desde a sua colonização. Assim, possui uma relação muito intima com as atividades comerciais e de serviço e consequentemente com a relação do desenvolvimento da cidade frente a estas atividades. Segundo Gomes (1985) o Mercado de São José é o mais antigo edifício em ferro existente no Brasil e também, provavelmente o que primeiro se montou no país. É um monumento nacional e integra não somente o patrimônio cultural do Brasil, como também de toda a humanidade, pois se constitui num já raro exemplar da arquitetura típica do ferro no século XIX. (Figura 22 e 23) 44


O projeto foi elaborado pelo arquiteto e engenheiro J. L. Victor Lienthier e segundo Esteves (2005) teve inspiração nos mercados públicos franceses, principalmente, o Mercado de Grenelle e o Mercado Central de Paris. A arquitetura do mercado é um elemento representativo de transformações decorrentes da Revolução Industrial no mundo, e testemunho histórico de algumas das influências culturais que contribuíram para a formação do Brasil. (ESTEVES, 2005, p.15)

Em 1911, o Mercado de São José, como ressalta Nascimento (2005) representou o Brasil e conquistou na Europa o diploma de melhor mercado do mundo. Em 1973 ele passa a ser Patrimônio Histórico Nacio-

<

Figura 22: Mercado de São José, 1875, Recife. FONTE: Nathalia Verony Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/ Mercado_de_S%C3%A3o_Jos%C3%A9> Acesso em: 25 março. 2019.

<

Figura 23: Mercado de São José, 1875, Recife. Disponível em: < http://falhistoria.blogspot. com/2010/11/mercado-de-sao-jose. html > Acesso em: 25 março. 2019.

45


nal. É notável que o mercado tem um passado de glória, uma vez que, foi o único que conquistou um diploma metálico internacional para o Brasil. Seguindo a tendência mundial, depois do Mercado de São José outros mercados de ferro foram surgindo em várias cidades no país, dentre o final do século XIX e a primeira década do século XX, como o Mercado de Carne em Belém do Pará (1867-1908) (Figura 24) e o Mercado de Fortaleza (1897). Isto aconteceu porque nenhum outro edifício pré-fabricado em ferro possuiu uma aceitação tão grande como os mercados públicos. O Mercado de Casa Amarela, é outro exemplar da arquitetura do ferro na cidade do Recife. Assim como o Mercado de São José, o Mercado de Casa Amarela possui bastante relevância para a cidade e em especial para o seu bairro Casa Amerela. (Figura 25) Segundo Lins (2007) o mercado foi inagurado no ano de 1930 e foi construído em estrututura de ferro, com cobertura de telhas francesas. O material para sua construção foi remanescente do Mercado da Caxangá, que havia sido desmontado em 1928, fato que reforça a viabilidade das estruturas em ferro. Segundo Romano (2004), mercados em alvenaria também foram construídos neste período, como é o caso do Mercado Municipal de São Paulo (1933). É no século XX que acontece um apogeu quando se refere à mercados públicos no Brasil. No entanto, Oliveira Júnior (2006) co-

Figura 24: Mercado da Carne, Belém, Pará. FONTE: Casablanca.

46


loca que esse apogeu foi ofuscado quando o sistema varejista toma novas formas com o surgimento do autosserviço, por meio dos supermercados. Os mercados, então, entram em segundo plano, passando, na maioria dos casos, a sofrer com a falta de interesse público. Em grande maioria, quando acontece essa ruptura na forma de comprar, os mercados se apegam a memória afetiva e cultural e, portanto, passam a ser vistos como equipamentos onde se compram artigos tradicionais. Assim, os mercados ainda têm papel característico na cidade, sendo esse o de pertencimento e identificação com o local onde se vive. Por meio do entendimento exposto, certifica-se que os mercados públicos e as feiras livres, assim como na Europa, conseguiram gerar espaços urbanos que reuniam o espaço de compra e venda com o espaço de troca de ideias e conhecimento. Logo, os mercados proporcionaram, dentre outras coisas, o surgimento de núcleos urbanos, conciliando o espaço de valores comerciais e socioculturais em um mesmo lugar.

Figura 25: Mercado de Casa Amarela, 1930 Disponível em: < https://visit.recife.br/o-que-fazer/atracoes/mercados/mercado-de-casa-amarela> Acesso em: 01 de maio. 2019

47


48


<

Figura 26: A gastronomia presente nos mercados públicos.Mercado de San Miguel FONTE: Fotografia autoral, 2018.

“Toda grande arquitetura é o projeto do espaço que contém, exalta, abraça ou estimula as pessoas naquele espaço.” Phlip Johnson 49


50

5.

CONCEITUAÇÃO

TEMÁTICA


5.1. A FORMA ARQUITETÔNICA DO VAREJO Para uma compreensão mais aprofundada sobre o setor terciário, é indispensável analisar a forma como este se desenvolve e se organiza. Portanto, apreender a arquitetura comercial de cada época é fundamental para um entendimento de como e por que este se desenvolve da forma que está na atualidade e, assim, buscar compreender quais as mudanças ou as manutenções que devem ser realizadas. Vargas (2001) divide a arquitetura em três grandes períodos históricos: antes do século XIX, o século XIX e o século XX. Assim é possível perceber as transformações sofridas pelo comércio ao longo do tempo. O desenvolvimento varejista antes do século XIX, pode ser compreendido como os bazaars árabes, a ágora grega, os mercados, os fóruns romanos, as praças medievais, as feiras e os edifícios de mercados.

<

Figura 27: Planta do Grande Bazaar coberto, Kapali Carsi, Istambul. Disponível em: < https://www.business-with-turkey.com/guia-turismo/bazar.shtml> Acesso: 19 abril. 2019

51


Vargas (2001) define o bazaar como um espaço público predominantemente comercial, localizado no coração da cidade islâmica. É um local de uma atmosfera sensorial, em sentidos são assaltados por milhares de odores, cores, sons e gostos. Condiz com ruas estreitas, com as lojas abrindo para a rua. Atrás delas, ou no andar superior ficavam localizados os escritórios e os depósitos. Havia, também, toldos para a proteção do consumidor e do vendedor. Ou seja, milhares de lojas enfileiradas, nas principais artérias do tráfego, são a típica feição dos baazars. (Figura 27) A ágora, na Grécia antiga, ainda segundo Vargas (2001), surge, inicialmente, como um espaço plano com funções comerciais e de encontro público adotando gradualmente a condição de espaço fechado por edifícios. Quando mais monumentais eram esses edifícios, mais esse espaço que essencialmente era aberto, passa a se isolar do entorno urbano. A ágora se manteve numa forma irregular até o século V a.c. onde em seguida passou a obedecer uma forma retangular, a qual, também, evoluiu e se transforma na forma em U. Essa nova forma era rodeada de colunatas com lojas em três dos seus lados, conforme mostra a planta de Prienne (Figura 28). Assim, tornava-se mais permeável ao entorno. No Império Romano, as atividades comerciais aconteciam nos fóruns, como já dito anteriormente. Segundo Romano (2004), o mais espe

< Legenda: 1. Stoa Sagrada 2. Templo de Asclepius 3. Ecclesiasterion 4. Templo de Athena 5. Ágora Figura 28: Planta da ágora de Prienne. FONTE: Biblioteca da Universidade de Washington

52


tacular dos fóruns era o Fórum de Trajano (Figura 29). O mercado se instalava dentro do fórun e possuía uma forma circular que se adapta ao terreno inclinado por meio dos seus seis níveis. As lojas do térreo abriam diretamente para a rua e as do primeiro andar para um corredor. Ainda acima desse complexo existia um sistema de ruas e escadas com mais lojas e um espaço de mercado com cúpulas. (Figura 30 e 31) Figura 29: Planta do Fórum de Trajano, Roma FONTE: Wikiarquitectura. Disponível em: < https://en.wikiarquitectura.com/ building/trajans -forum/ > Acesso em 19 abril. 2019. Figura 30: Mercado no Fórum de Trajano, Roma. FONTE: Wikimedia Disponível em: <https://commons. wikimedia.org/ w i k i / Fi l e : M e r c a do_de_Trajano_en_ siglo_II_(planta_ aprox).jpg> Acesso 19 abril. 2019. Figura 31: Mercado no Fórum de Trajano, Roma. FONTE: Scaliger D i s p o n í v e l em:< https:// br.depositphotos. com/14835537/ stock-photo-the-forum-of-trajan-in. html> Acesso em; 19 abril. 2019.

53


Já na Idade Média, como pontua Vargas (2001), as praças de mercados eram espaços externos e essencialmente públicos, um espaço que de fato pertence ao tecido urbano e é um elemento de sociabilização. Essas praças, então, se estabeleciam próximo a edificações que norteavam o fluxo das pessoas, como as igrejas e os edifícios municipais. (Figura 32 e 33) Assim, após o entendimento de como o setor varejista se deu antes do século XIX, pode-se ponderar que o mesmo, possuiu uma forte função social ligada às questões de abastecimento da população, além de que neste período o comércio possuía uma relação muito forte com a cidade e as questões sensórias da população.

< Figura 32: Planta da Piazza San Marco, Veneza. Disponível em: < https://www.lifeo fanarchitect.com/ sketchbooks/> Acesso: 19 abril. 2019.

< Figura 33: Planta da Piazza San Marco, Veneza. Disponível em: < https://www.lifeo fanarchitect.com/ sketchbooks/> Acesso: 19 abril. 2019.

54


A situação socioeconômica do final do século XVIII vai acarretar em transformações no desenvolvimento da atividade comercial e, consequentemente, no seu relacionamento com o espaço físico, tanto em relação a inserção urbana, quanto em relação ao edifício. Com o advento da industrialização e, assim, com o surgimento de novas tecnologias, começaram a surgir os mercados cobertos grandiosos, as grandes lojas e as arcadas. Esses equipamentos, começam a surgir na França e na Inglaterra como o St. Martin e o Convent Gaarden, respectivamente. Segundo Vargas (2001), a forma original desses mercados foi, na maioria dos casos, um perímetro sólido fechado por lojas faceando um espaço central, coberto com um forro leve e sustentado por uma grande estrutura de ferro, elemento atual e marcante para a época. Dentro desses espaços, as mercadorias eram vendidas em barracas, sem coberturas individuais ou divisões. O Les Halles Centrales é um típico exemplo desses mercados cobertos. Localizado em Paris, na França, e inaugurado no ano de 1851, o mercado foi um marco histórico para a arquitetura. Projetado pelo arquiteto Vitor Baltard, o mercado possuía ferros e vidros como elementos construtivos essenciais, evidenciando, assim a força do uso desses elementos para a época. (Figura 34 e 35) O Les Halles foi um marco mundial como referência desse novo modelo de comércio que começava a surgir. Foi com base nele que surgiram mercados na Europa, américa latina e até mesmo no Brasil, como o Mercado de São José. Disseminaram-se, portanto, estudos e conceitos da forma, composição e funcionamento desses espaços comerciais. Assim, entende-se que um projeto arquitetônico de um mercado público precisa incentivar a compra e possibilitar que as relações sociais aconteçam. Também precisa levar em consideração a lógica do funcionamento adequado para que permita um espaço confortável. Oliveira Júnior (2006) defende que a composição básica de um mercado é formada por uma área de comercialização de mercadorias e uma área de apoio, sendo este o espaço para carga e descarga, sanitários, administração, entre outros. Já a dimensão de cada um vai depender da demanda, da cidade, a estrutura escolhida e do partido arquitetônico A acessibilidade é ponto chave para o bom funcionamento dos mercados públicos, as circulações devem ser livres e fluidas, 55


Figura 34: Visão interna do Mercado de Les Halles Centrales. Disponível em: < http://blog.apahau.org/journee-detudes-canopees-urbaines-halles-et-marches-couverts-des-xixe-et-xxe-siecles-nouvelles-approches-et-enjeux-actuels-paris-31-mai-2013/> Acesso em: 19 abril. 2019.

<

Figura 35: Les Halles Centrales, por Vitor Baltard, Paris, 1853. Disponível em: <https:// fr.m.wikipedia.org/wiki/Fichie r:Halles_de_Paris,_1863.jpg> Acesso em: 19 abril.2019.

de forma que alcancem todos os ambientes facilmente. Oliveira Júnior (2006), define, ainda, que as estruturas devem viabilizar grande vãos e permitir um aproveitamento de iluminação e ventilação natural. Portanto, ao longo da história, o mercado público evoluiu de uma forma espontânea, deixando de ser um espaço orgânico e se transformando em um espaço coberto, planejado e com certa infraestrutura, de forma que se alinhasse com a demanda da sociedade naquela época. Ao mesmo tempo que o setor público assumia as características do espaço públicos através desses novos equipamentos comerciais, o setor privado desenvolveu novos espaços para o comércio varejista, como é o caso das galerias e arcadas comerciais. 56


As arcadas podem ser definidas como uma passagem de pedestre coberta, formada por uma sequência de arcos, os quais assestam-se em colunas. Em algumas ocasiões essas passagens possuíam coberturas de vidro contínuo. O pedestre entra num mundo à parte. Envolvido pela luz natural que penetra pela cobertura envidraçada ou por muitos postes com iluminação a gás, protegido do rumor infernal da rua, o pedestre pode-se deixar flâner. Deslizar de uma loja à outra, parar para um café ou ler um jornal nos vários espaços literários para isso destinados. As passagens eram os únicos lugares realmente iluminados durante a noite, e suas lâmpadas a gás refletiam-se ao infinito nos espelhos das lojas: essas galerias ofereciam o espetáculo perpétuo. (VARGAS, 2001, p.178)

De maneira geral, nessas galerias a organização espacial se dava de forma em que o térreo era composto por lojas e as suas fachadas eram de vitrines; também possuíam o andar superior, a sobreloja. Dentro dessas arcadas o térreo, então, chama mais atenção. O artifício de usar vitrines brilhosas e coloridas é um toque de modernidade para o comércio e uma estratégia chave para o setor varejista, recurso usado até os dias atuais. (Figura 36 e 37)

Figura 36: Galeries Royales Saint- Hubert, a construção data de 1847. O uso da cobertura de vidro e das vitrines. FONTE: Wikimedia. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Galeries_royales_Saint-Hubert_Bruxelles.JPG> Acesso em: 19 abril. 2019.

57


Figura 37: Entrada da Galeries Royales Saint-Hubert, a construção data de 1847. FONTE: Daniel Blumenthal.Disponível em: <https://www.rtbf.be/culture/ dossier/a-vous-de-voir/ detail_les-galeries-royales-st-hubert-en-lumiere?id=9590640> Acesso em: 19 abril. 2019.

A fase monumental das arcadas foi marcada pela Galerie Vittorio Emanuele, inaugurada em 1867 em Milão na Itália (Figura 38). Esse projeto foi concebido através de um concurso de arquitetura, o que possibilitou entender e revelar quais são os ideais e as ambições das novas gerações. Esse equipamento passava a ser símbolo de progresso da civilização, servindo aos desejos das novas nações em busca de legitimação. Já na metade do século XIX, começa uma fase de amadurecimento e consolidação desse formato das arcadas, o que fez com que embriões de novos formatos varejistas começassem a surgir, como os grands magasins na França e as lojas de departamento nos EUA. É o princípio do declínio das arcadas, que passam a adotar, cada vez mais, o formato de grandes estabelecimentos multifuncionais. O foco dei-

Figura 38: Galerie Vittorio Emanuele, Milão, 1867. Disponível em: < https://labs.mil.up.pt/blogs/mariiteixeira1/2017/11/12/7-galleria-vittorio-emanuele-ii-milao/> Acesso em 19 abril. 2019.

58


xava, de certa forma, de ser na qualidade do espaço construído e passava a se voltar para as técnicas de venda, as quais, se concentravam em um só empreendimento imobiliário focado na atividade comercial e de serviços. Neste período de tempo, quando as galerias começam a perder volume, a América recebe a sua mais fina galeria, em Cleveland, Ohio. Segundo Vargas (2001) essa arcada tem uma forma diferente, uma vez que já estava em processo de transformação e adaptação as novas demandas. Ela possuía a cobertura de vidro no hall central com três andares de galerias, alcançadas por escadas de ferro. (Figura 39 e 40)

< Figura 39: Cleveland Arcade, 1890. FONTE: William Henry Jackson. Disponível em: < https://www.etsy.com/ listing/478161189/ william-henry-jackson-photo-the> Acesso em: 19 abril.2019.

<

Figura 40: Cleveland Arcade, construção de 1890. O edifício se mante nos dias atuais. Disponível em: < h t t p s : / / w w w. t h i siscleveland.com/ locations/1890-at-the-arcade>. Acesso 19 abril.2019.

59


Já em Paris, a Galerie des Champs-Élysées Lido, de 1926, retrata esse desaparecimento do conceito arcada como se tinha anteriormente (Figura 41). Esses novos complexos passaram a ser novas cidades dentro das cidades, uma vez que a luz natural já não aparecia, as alturas eram diminuídas coma instalações de forros de gesso e as lojas admitem uma certa individualização e, portanto, perdem a sua coerência formal e o seu ordenamento. Nesse período, ainda, nascem as chamadas “grandes lojas”. Essas lojas, chamadas de department store pelos americanos e ingleses e de grand magasin para os franceses, são lojas que possuem várias seções e vários departamentos, vendendo de tudo o que se pode imaginar.

Figura 41: Galerie des Champs-Élysées Lido, 1926. Disponível em: < h t t p : / / j e a n p i e r r e k o s i n s k i . o v e r- b l o g. n e t / 2 0 1 7 / 0 2 / l e s - a r c a d e s - d u - l i d o - a -paris-viiieme-visite-en-fevrier-2017.html> Acesso em 19 abril. 2019.

A primeira foi a Bon Marché, que teve a sua formação arquitetônica voltada para receber esse grand magasin em 1869 (Figura 42). Esses grands magasins podiam ser considerados as catedrais do consumo, um lugar onde se consegue resolver vários tipos de necessidade sem precisar sair de lá, ou seja, cria um afastamento das pessoas e do comércio com o espaço urbano. 60


Os grands magasins, segundo Renoy, apresentavam-se como estação envolvida por rampas de dois andares cortadas por escadas suspensas, atravessadas por pontes volantes. Escadas metálicas com uma dupla revolução desenvolviam curvas audaciosas multiplicando os patamares. As passarelas, também metálicas, projetavam-se no vazio. Todo esse metal, sob a luz branca dos vitrais, uma arquitetura leve, era a realização moderna de um palácio dos sonhos. Toda uma decoração sofisticada, colorida e brilhante, condizente com uma catedral do comércio, aliás, no melhor de sua mitologia. E acrescentaríamos, para nenhum shopping center colocar defeito. (VARGAS, 2001, p. 231)

Vargas (2001) aponta, portanto, que esses últimos modelos que começam a surgir no século final do século XIX são considerados os primeiros representantes dos futuros shoppings centers, formatos característicos da segunda metade do século XX. O século XX foi marcado pelo processo de crescimento demográfico e industrialização. Esses dois fenômenos juntos interferiram, diretamente, no desenvolvimento varejista, uma vez que provocaram um forte processo de urbanização e congestionamento das cidades, as quais, em seguida, devido a superlotação, começaram a se descentralizar criando o processo de periferização urbana. Assim, esse período provocou mudanças no comportamento do consumidor, devido ao aumento do uso do automóvel e à conservação dos alimentos, o que, consequentemente, provocou mudanças no sistema de distribuição das mercadorias. Logo, o produto passava a estar mais Figura 42: Bon Marché, 1869. FONTE: API. Disponível em: <https:// www.gettyimages.ae/detail/news-photo/ hall-du-grand-magasin-le-bon-march%C3%A9-%C3%A0-paris-france-news-photo/840484152> Acesso em: 19 abril. 2019.

61


próximo do consumidor, situação que instigava ainda mais o consumo. É neste período, então, que surgem os super e hipermercados. Estes, são considerados os desenvolvimentos varejistas mais radicais até então. Aparecem em 1930, após a grande depressão que aconteceu em 1929. São um modelo revolucionário em relação ao processo de vender e não no produto, portanto, é uma oferta muito impactante. Vargas (2001) define os grandes projetos comerciais desses estabelecimentos como uma arquitetura de grande decepção. Isto porque estes estabelecimentos são imensos pavilhões, fechados sobre si mesmos, sem nenhum interesse arquitetônico. O foco nesses espaços é fazer com que os olhares dos consumidores não sejam desviados para fora do ato do consumo. O supermercado pode ser definido como um método operacional, com ênfase sobre o faturamento de mercadorias de baixo valor unitário, a preços baixos, exposição maciça de produtos, com lay out para facilitar o movimento rápido de uma grande quantidade de consumidores e atendimento ao cliente realizado pela técnica de self- service (autosserviço). (VARGAS, 2001, p. 242)

Outro equipamento que surge no século XX são os shopping centers (centro de compras planejados). A princípio, Vargas (2001) classificou esses centros de compras de acordo com o tamanho da sua área de influência. Sendo os centros locais aqueles com mais de 10mil pessoas e mercadorias de convivência, os distritais que possuíam em torno de 40 mil pessoas e uma maior variedade de mercadorias e por fim os regionais com mais de 100 mil pessoas e todos os tipos de mercadorias com competição por preço. Eles se classificavam, também, com relação ao contato que mantêm com o espaço urbano, sendo eles os: out of town (periféricos), os downtown (centrais) e os inner-town (fora do centro, mas dentro da mancha urbana), este último representa a grande maioria dos shoppings brasileiros. Os shopping centers out of town começam nos EUA na década de 1930, sendo constatado 49 shoppings em 1949. O que acontece é que esses estabelecimentos imprimiram uma mudança no modelo existente até então, de forma que retirou o elemento varejista do centro da cidade e recolocou-o isolado de outras atividades, nas periferias das cidades. Portanto, eram equipamentos que demandavam da sociedade o uso de 62


veículos motorizados para que se fosse possível chegar até estes locais. Vargas (2001) define estes estabelecimentos como edifícios isolados compreendidos por lojas de departamentos, unidos por uma via e ladeada por pequenas lojas. Possuía uma vasta área de estacionamento e estava localizado próximo a interseções de rodovias, no limite da área urbanizada. (Figura 43) Já os downtown possuem uma formulação diferente. Pela falta de terreno e pelo preço deste nas cidades, estes shopping centers optaram pela verticalidade, de forma que os estacionemos passassem para o subsolo concentrando, portanto, um grande espaço em uma área menor. Depois da atração, o layout interno dos estabelecimentos pode contribuir para: facilitar o acesso às mercadorias desejadas pelo consumidor, utilizar estratégias para tirar partido das compras por impulso, criar pontos de atração e direcionar fluxos, facilitar a reposição de mercadorias, aumentar o tempo de permanência na loja. Tudo isso pode traduzir-se em aumento do consumo. (VARGAS, 2001, p. 268)

Assim, após entender como funciona o varejo no século XX, é possível classifica-lo como uma ciência a parte, uma vez que o comportamento do consumidor muda, a administração dos negócios varia e a localização sofre bruscas alterações, passando dos pontos centrais das cidades para as periferias. Com isso, em meio a tantos novos fatos, a arquitetura desse período, quando comparada com as demais, torna-se pobre, monótona e sem expressão, principalmente quando se fala das grandes lojas e dos super e hipermercados. Já os shopping centers nascem independentes e ignoram o lugar no qual está inserido, mesmo estes sendo equipamentos de grande porte e responsáveis por definir a paisagem do lugar. Vargas (2001), logo, pontua que as arcadas comerciais emprestam a ideia do negócio, mas não a arte de edificar. O século XXI, por sua vez, continua adotando os estabelecimentos definidos durante o século XX, com os shopping centers, os supermercados, os hipermercados e as lojas de departamento. Todos ainda continuam muito presentes na atualidade e fazem parte do cotidiano da sociedade. Entretanto, o que acontece é que grande parte desses estabeleci 63


mentos adotaram o quesito de implementar espaços para refeições dentro desses equipamentos, sendo esses as praças de alimentação e os food halls.

LEGENDA: 1. Centro Automotivo Ward’s (T.B.A.) 2. Lojas de Departamentos 3. Lojas 4. Mall Aberto 5. Banco 6. Estacionamento 7. Escritórios Figura 43: Planta esquemática de um shopping center regional de primeira geração. FONTE: Vargas, 2001.

Os food halls, como já citado anteriormente, são os espaços destinados a alimentação dentro das lojas de departamento. Eles, logo, dão origem ao que se conhece como praça de alimentação, um espaço muito frequentado nos shopping centers espalhados pelo mundo. Esses ambientes podem ser descritos como um grande vão, de forma que em toda a borda do perímetro ficam localizados quiosques e restaurantes, os quais oferecem a comida de forma rápida. No centro do espaço fica o local para a refeição com mesas posicionadas de forma monótona e repetitiva. Esses espaços, possuem uma demanda enorme de pessoas buscando espaços para realizar as suas refeições de forma prática e rápida. Portanto, a oferta também é muito grande, o que faz com que esses espaços tomem proporções enormes dentro desses estabelecimentos, o que faz com que estes ambientes atraiam uma quantidade ainda maior de pessoas e, consequentemente, as afastem do espaço urbano. Assim, mediante a esse cenário, o que vem acontecendo é o surgimento de espaços, classificados, muitas vezes, como mercados gastronômicos, os quais, dependendo do caso, buscam criar um espaço com uma configuração semelhante a esses food halls. No entanto, buscam, diferentemente deles, acrescentar mais vida ao ambiente, de forma a criar mais interação do espaço edificado com o espaço urbano e com a escala humana. Além disso, buscam proporcionar novas experiências ao consumidor, como um espaço mais amplo, onde os sentidos ficam aguçados e o encanto enaltecido. 64


5.2. O COMPORTAMENTO DO SETOR VAREJISTA DE GÊNEROS ALIMENTÍCIOS NA ATUALIDADE Após o estudo do funcionamento e da forma do setor varejista nos séculos passados, faz-se necessário o entendimento de como o comércio passou a se comportar de algumas décadas passadas para a atualidade. Compreendendo, assim, quais as novas características do espaço do comércio no contexto da sociedade e como este, continua em crescente transformação. Logo, esse trecho da pesquisa visa retratar as mudanças do cenário do setor varejista e analisar de que maneira o comércio de alimentos deve ser visto e posicionado na sociedade atual. O crescimento demográfico e a industrialização foram dois fatores intrinsicamente ligados às transformações que regem o comércio varejista no século XX (VARGAS, 2001). A industrialização, iniciada no século XIX, acarretou o consumo em massa de mercadorias no século seguinte devido ao sistema de produção em série e a flexibilização da produção oferecida pelas indústrias. Assim, a capacidade de suprir o comércio de varejo com uma quantidade elevada de produtos se torna uma característica marcante do século XX. Mediante a essa grande oferta de trabalho nas indústrias, um número significativo de pessoas imigrou do campo para a cidade, quebrando os seus vínculos com as atividades agrícolas e, assim, se tornaram reféns do comércio como forma de obtenção de alimento. Este fato, segundo Peak & Peak (1977) citado por Nobre (2001 apud TEXEIRA, 2004), despertou a especialização do varejo através do surgimento de estabelecimentos como as mercearias, os açougues, as padarias, dentre outros modais de comércio no setor alimentício. Segundo Nóbrega (2008), o processo da industrialização, o adensamento populacional das áreas urbanas e as novas tecnologias da época no âmbito de transporte e comunicação, beneficiaram o comércio com novos instrumentos que fortaleceram o consumo em massa. A autora afirma ainda que essas mesmas tecnologias, aliadas as técnicas de conservação de alimentos e padronização de pesos e medidas, contribuíram nas alterações no sistema de distribuição de mercadorias e nas técnicas de venda e administração varejista. Frente a essas mudanças decorrentes da industrialização, sur65


ge, então, o que se chama de autosserviço, método no qual o consumidor passa a ter acesso direto aos produtos sem precisar mais de um vendedor para intermediar as compras. Ou seja, o espaço de comercialização de produtos deixa de ser um ambiente de convivência e de entretenimento e passa a ser um espaço de passagem. O autosserviço passou a permitir ao consumidor o contato direto com o produto, que começou a ter rótulo e ser reconhecido pela sua característica visual (Figura 44). A livre circulação pelo interior da loja, aliado a praticidade e a diversificação de produtos em um mesmo espaço conquistou a preferência da população. O representante dessa nova modalidade no setor varejista são os supermercados, que desde a primeira metade do século XX se tornaram aliados da população no âmbito comercial.

Figura 44: O autosserviço como forma atuante no setor terciário. FONTE: Adriana Oliveira. Disponível em: <http://maringamanchete.com.br/supermercado-agora-so-um-domingo-por-mes-aberto/> Acesso 15 abril.2019

Mediante essa situação, quando analisada a localização das atividades de varejo em áreas urbanas ao longo dos anos, Vargas (1992, p.1) pontua: “a localização estratégica não é mais um fator essencial para a viabilização das atividades de comércio e serviços varejistas. Essa localização estratégica vem perdendo progressivamente a sua importância, cedendo espaço cada vez maior para as estratégias de negócios”. 66


Sendo assim, com o advento da industrialização e com a organização dos subúrbios nas cidades, decorrentes das imigrações da população, os estabelecimentos comerciais que antes do século XX localizavam-se em áreas, em sua maioria, de grandes fluxos de pessoas, passam a se dissipar pelo espaço urbano, uma vez que, a localização desses estabelecimentos condiciona-se à fatores que não mais dependem exclusivamente do fluxo, mas sim da capacidade de gerar negócios. Os supermercados, por exemplo, foram os primeiros a abrir lojas nas áreas suburbanas, fortalecendo ainda mais esse movimento de descentralização do espaço terciário de forma que este se dissipasse nos bairros, sendo mais cômodo e mais prático para a sociedade fazer suas compras em locais mais próximos das suas residências. Portanto, o entendimento das transformações ocorridas no espaço urbano através das transições do comércio desde o século XVII no Recife até o século XXI, devem ser compreendidas, uma vez que o comércio, seja ele representado pelas praças de mercado ou pelos supermercados e shoppings centers, são equipamentos norteadores do desenvolvimento urbano. Sendo assim, é de fundamental importância entender as novas demandas da sociedade atual no âmbito do comércio e ao mesmo tempo buscar retomar o conceito dos mercados públicos, do comércio como forma de entretenimento para a população. 5.2.1. OS SUPERMERCADOS E OS SHOPPING CENTERS COMO OPÇÃO NO SETOR COMERCIAL DE ALIMENTOS NO BRASIL. Segundo Cyrillo (1987), os supermercados surgiram no Brasil no final da década de 40, como uma nova opção de equipamento para atender ao grande volume a ser comercializado, exigido pela demanda e oferta de alimentos em crescimento. Eles passaram a ocupar áreas centrais das grandes cidades de forma a atender consumidores localizados em regiões densamente povoadas e de maior poder aquisitivo. Esses novos equipamentos do varejo, possuíam as novidades em relação as tecnologias da época e consequentemente provocaram muita curiosidade da população. Essa curiosidade, aliada ao fato das novas modalidades no transporte e na comunicação, coincidiram com o período de enfraquecimento da cultura existente até então nos mercados públicos. 67


Neste período percebia-se um afastamento gradual dos cuidados do governo com as instalações físicas dos mercados, o que ocasionou o fato de que os edifícios que até então eram sinônimos de higiene, seguridade, luxuosidade e utilidade entraram num intenso processo de desvalorização. Segundo Nóbrega (2008) os supermercados do Recife só surgiram no final da década de 1960. A localização do primeiro supermercado recifense, o Bompreço, projeto dos arquitetos Delfim Amorim e Heitor Maia Neto se deu no Bairro de Casa Amarela, nos centros secundários de comércio; local onde se predominava o uso residencial. Amorim, no seu período tardio em 1963, faz uma parceria com Heitor Maia Neto, arquiteto que se formou no curso de Arquitetura da Escola de Belas Artes do Recife em 1952 (NASLAVSKY, 2004). Maia Neto, inclusive, posteriormente elaborou sozinho diversos projetos para a rede, tornando-se parte integrante da equipe dessa empresa. Essa parceria, entre os arquitetos modernistas resultou, portanto, em diversos projetos para a cidade do Recife no âmbito da arquitetura do varejo e do autosserviço. É em 1965 que uma série de supermercados da rede Bompreço, começam a tomar forma (Figura 45 e 46). Pode-se listar o Bompreço de Casa Amarela (1965) e Bompreço da Madalena, que resume bem a concepção dos arquitetos em relação a um edifício para supermercados: estrutura em concreto armado, da flexibilidade do salão de vendas e da localização em lotes de esquinas. Segundo Spinelli (2010) antes dos anos 80, começa uma segunda fase dos supermercados, com edifícios mais complexos, que agregam lojas e lanchonetes, vindos com o surgimento dos hipermercados. A arquitetura então, começa a se transformar, em vez dos blocos compactos de concreto e tijolo aparentes, surgem os galpões

<

Figura 45: Supermercado Bompreço na Av. Domingos Ferreira, Boa Viagem. F O N T E : Modulação

68


Figura 46: Supermercado Bompreço na Av. Conselheiro Aguiar, Boa Viagem. FONTE: Luciana Ourique/JC Imagem

em estrutura leve pré-fabricada. Assim,esta fase,passa a ter uma participação menor do arquiteto modernista Heitor Maia Neto. Os supermercados despontaram tanto a ponto de no ano de 1966 esse setor varejista já contabilizar 992 estabelecimentos no Brasil. Este crescimento teve como base o fato de que neste período, eles já eram responsáveis pelos abastecimentos alimentar da sociedade, pela mudança nos hábitos de consumo dos mesmos e pelo aumento das expectativas em relação à qualidade dos serviços, como a questão da acessibilidade, conforto, praticidade e comodidade na realização das compras. Diante desse crescimento no ramo do varejo do autosserviço, na década de 70 foram elaborados os primeiros Hipermercados, os quais apresentavam ainda mais variedades e quantidades de

Figura 47: Participação dos supermercados na distribuição de alimentos no Brasil (1970 a 1996) FONTE: Nielsen (1997 apaud VALENTE, 2001)

69


produtos, e tecnologias mais avançadas, fazendo com que o tempo gasto para realizar as compras ficasse cada vez menor. (Figura 47) Esses estabelecimentos, também, conseguiam reunir uma gama de atividades do setor de serviços no seu espaço, fazendo com que o consumidor conseguisse em um único ambiente, resolver suas necessidades. Essa prática de aglomerar vários setores em um mesmo ambiente, começa a ser deficitária para a questão da convivência da sociedade com o meio urbano, ou seja, além da sociedade, em parte, ter migrado dos mercados públicos para os equipamentos de autosserviço, ela começa, também, a se desvincular da cidade de forma que passam a resolver suas necessidades em um mesmo ambiente, os quais usufruem de estacionamento e, consequentemente, estimulam o uso de automóveis. Segundo Nóbrega (2008) o comércio praticado a partir do final do século XX, aquele dirigido para o consumidor motorizado, não precisava de uma localização em espaços de passagens como eram antes os antigos mercados públicos, o que eles precisavam mesmo eram espaços para estacionamentos. (Figura 48) Ainda neste contexto do surgimento de novos modais de comércio encontram-se as lojas de departamentos, as quais, passam a existir, também, com o advento da Revolução Industrial, do Capitalismo e da Arquitetura de Ferro. Estas lojas de departamentos, inicialmente, se configuravam como galerias que vendiam mercadorias diversas, sendo estas, em sua maioria, artigos mais luxuosos. As galerias, logo passaram, então, a ser

Figura 48: Proposta comum dos super e hipermercados espalhados pelo mundo. FONTE: Mirian Gaspari Disponível: <https://miriangasparin. com.br/2019/03/ assai-atacadista-se-consolida-no-atacado - de -autosservico/> Acesso em: 15 abril. 2019

70


ponto de encontro da sociedade burguesa, uma vez que foram cenário das primeiras iluminações a gás, o que permitiam seu funcionamento durante a noite. Além disso, o uso de novas tecnologias como o vidro e a sua organização espacial, considerada até então, como sofisticada, foram fatores determinantes para o sucesso desse novo setor terciário. Com os avanços nessas galerias, sendo estes as demandas por novas mercadorias ou até mesmo os surgimentos de outras galerias em lugares diferentes, fez com que este novo modelo de comprar se desenvolvesse no que hoje se conhece como lojas de departamento. Os avanços técnicos influenciaram grandes lojas de departamento, tanto nos Estados Unidos como na Europa, no fim século XIX e início do século XX. Passaram a ser usadas estruturas de ferro, alumínio e bronze e as janelas foram sendo substituídas por vidros temperados e vitrines. Elevadores e escadas rolantes foram tornando interessante o crescimento vertical destas lojas e a combinação de ar condicionado com moderna iluminação possibilitou separar o mundo exterior e suas intempéries, do mundo interno e aconchegante destes centros comercias. (PADILHA, 2003, p. 68)

Uma loja de departamento ou um grande armazém é uma forma de comércio que apresenta nos seus locais de venda uma larga variedade de produtos de grande consumo, tais como vestuário, mobiliário, decoração, produtos eletrônicos, cosméticos, brinquedos, entre outros.(Figura 49, 50 e 51) Figura 49: Macys, loja de departamentos FONTE: Lia Eustachewich. Disponível em: <https://nypost. com/2016/11/25/ thanksgiving- day-sales-lure-shoppers-afraid-of-crowds/> Acesso em: 15 abril. 2019.

71


Figura 50: El Corte Inglés, um exemplo de loja de departamento do século XXI na Espanha. FONTE: Marta Carvalho. Disponível em: < https://www.maxima.pt/moda/detalhe/ el-corte-ingles-lanca-marca-de-roupa-mais-barata > Acesso em: 16 abril. 2019

Figura 51: Espaço de Food Hall na Galeries Lafayette, uma rede de loja de departamento na França. Food Hall pode ser classificado como uma parte das lojas de departamento onde a comida é vendida, logo, é uma espécie de praça de alimentação. Disponível em:<https://news.italianfood.net/2018/04/03/eataly-open-galeries-lafayette/>. Acesso em: 16 abril. 2019.

72


Portanto, assim como os supermercados e os hipermercados foram equipamentos que marcaram uma revolução no modo da sociedade adquirir o seu alimento, as lojas de departamentos foram decisivas no âmbito do comércio como venda de mercadorias gerais. Essas novas formas de desfrutar do espaço terciário foram gradativamente causando grandes transformações e redefinições do espaço público da cidade. Oriundo dos moldes das lojas de departamentos, outro equipamento responsável por esse processo de transformação na logística das cidades surgiram, os Shopping Centers. Eles podem ser caracterizados como espaços de centros de compras que reúne vários estabelecimentos comerciais de diversos segmentos, desde lojas de roupas, calçados, restaurantes, lanchonetes fast food, cinema e parques.(Figura 52 e 53) Os primeiros Shopping Centers, nesta configuração conhecida até os dias atuais, surgiram nos Estados Unidos a partir do processo de suburbanização, na década de 1950. Eles eram localizados em áreas periféricas às cidades, sendo o seu público alvo, portanto, os consumidores motorizados. A princípio, a sua lógica de organização e funcionamento se baseavam na lógica espacial das ruas de compras tradicionais, em que se tinha lojas nos dois lados da rua, diferenciando-se pelo fato de ser um ambiente coberto e fechado e também pela clara separação entre o pedestre e o veículo. Pintaudi (apud BIENENSTEIN, 2001) delimita três elementos chaves que constituem a base da existência de um Shopping Center. São eles: a iniciativa do empreendimento que, no Brasil, tem sido de responsabilidade do setor privado; o aluguel das lojas e a existência de áreas de estacionamento. A partir da combinação de conforto e consumo, os Shopping Centers se espalham pelas cidades do Brasil, passando a se localizar em áreas mais centrais, ocasionando uma crescente transformação em seus hábitos de consumo. O primeiro Shopping Center no Brasil, inaugurado em 1966, foi o Iguatemi, projeto dos arquitetos Gian Carlo Gasperini e Roberto Aflalo, responsáveis pelo escritório Aflalo e Gasperini (Figura 54). Na época da inauguração, o principal ponto de atração comercial para os consumidores paulistanos era a então badalada rua Augusta, recheada de butiques de luxo. A novidade foi recebida com incerteza pela população, que passou a disputar os espaços mais próximos da porta de entrada, 73


para vender as suas mercadorias, uma vez que não confiaram que a clientela trocaria o espaço público para caminhar dentro de um prédio fechado. Logo, ao perceber que este modelo de comércio estava dando retorno, houve um crescimento significativo na quantidade de Shopping Centers surgindo pelo país. (Figura 55) A praticidade de poder comprar ou adquirir a maior parte dos artigos de que se necessita em um único espaço, numa localização central, foi um dos primeiros e mais diretos meios pelo qual se procurou simplificar a vida que estava se tornando

Figura 52: Formato, organização e logística da grande maioria dos shopping centers da atualidade. Disponível em: <https://www.globaltec.com.br/2015/11/10/demonstrativos-de-boas-praticas-de-gestao-de-shopping-center/> Acesso em: 15 abril. 2019

Figura 53: Exemplo da praça de alimentação, presente em boa parte dos shoppings centers. Disponível em: <https://www.globaltec.com.br/2015/11/10/demonstrativos-de-boas-praticas-de-gestao-de-shopping-center/> Acesso em: 15 abril. 2019

74


<

Figura 54: Shopping Igua-

temi nos anos 70: mudanças nos hábitos de consumo. Projeto do escritório Aflalo e Gasperini. FONTE: Veja São Paulo

<

Figura 55: Crescimento em número de shoppings Centers no Brasil no período entre 1972 a 2012. FONTE: ABRASCE (Associação Brasileira de Shopping Centers)

cada vez mais complexa. Essa lógica perdura até hoje, e é a chave fundamental para o desenvolvimento da indústria de Shopping Centers. Os shoppings são, agora, lugares onde cada vez mais se busca o consumo, o lazer e os contatos, com conforto e segurança. O contraponto da rua. Espaços criados e recriados, a todo instante, como símbolos maiores do avanço do privado sobre o público (do avanço da lógica capitalista que ao mesmo tempo incentiva a todos ao consumo e seletiva aqueles que podem realizar compras, lazer nestes espaços privados criados para atender ao consumo, lazer e serviços diversos) (FERREIRA, 2002, p.43)

75


Portanto, os Shopping Centers transformaram o ritmo de vida tradicional. Aos poucos se apresentaram como forma moderna de lazer e consumo, seguro, sem violência e, assim, atraiu as pessoas a frequentarem seus espaços privados (fechados). Desse modo, as atividades como caminhar nas calçadas, ruas, praças (espaços públicos) e o acompanhamento das coisas simples do mundo vivido, deixaram, aos poucos, de fazer parte do cotidiano. Tem- -se percebido que esses equipamentos com incentivo de capital comercial imobiliário e do Estado tem gerado consequências no urbano, quanto ao modo de viver. Com essa relação homem e cidade, cada vez mais deficitária, o comércio, se moldou as novas demandas, e assim, como visto, os mercados públicos, cedem lugar para estes novos equipamentos capitalistas. No entanto, resgatar esse valor cultural e social dos mercados públicos deve ser considerado, uma vez que trazer à tona a relação da sociedade com a cidade é o principal fator de promoção de um ambiente urbano saudável.

5.2.2. A CRESCENTE TENDÊNCIA DA GASTRONOMIA A gastronomia, de acordo com Gimenes (2010), pode ser compreendida como o estudo das relações entre a cultura e a alimentação, incluindo os conhecimentos das técnicas culinárias, do preparo, da combinação e da degustação de alimentos e bebidas, e ainda dos aspectos simbólicos e subjetivos que influenciam e orientam a alimentação humana. Dessa maneira, definir a gastronomia é um papel complexo, uma vez que este setor vem assumindo papeis diferentes ao longo do tempo. A gastronomia surge como uma área de conhecimento e se relaciona com a cultura e a sociedade local, sendo uma maneira de demostrar por meio do alimento um pouco da história de cada lugar. Com o passar dos anos, a gastronomia perde, em parte, esse posto de ser apenas uma área de conhecimento e se transforma em um novo modelo de mercado econômico que está em crescente desenvolvimento. Esse mercado, logo, envolve o surgimento de novos estabelecimentos dedicados para a alimentação fora do lar, em suas inúmeras segmentações. 76


A gastronomia sempre fez parte do cotidiano de qualquer sociedade e de qualquer época. O ato de comprar o alimento, prepara-lo e vende-lo existe há muitos séculos, e é elemento de grande magnitude quando se refere à definição da cultura do local, uma vez que, o comércio é elemento norteador da organização da cidade e da sociedade. Após o processo de Industrialização e, consequentemente, da produção em série, inicia-se uma transformação no ramo da gastronomia, de forma que esse setor deixe de ser uma atividade corriqueira da sociedade e passe a se tornar um mercado econômico de força. Assim, a sociedade começa a entender que é possível empreender no ramo da gastronomia, uma vez que, este setor está em constante ascensão. A sociedade contemporânea cada vez mais busca por soluções práticas, rápidas e funcionais para a sua rotina. Dessa forma, o ato de se alimentar se alinha com esses novos costumes, o que faz com que os serviços de restaurantes, padarias, cafés e mercearias se intensifiquem e se dissipem por todos os lados das cidades, tornando-se parte integrante da paisagem local. Procurar um espaço para se alimentar, de forma mais rápida e prática, onde não se perca tempo de deslocamento e não seja necessário fazer as atividades domésticas é o que a sociedade contemporânea vem demandando. Por esse motivo, é possível nos dias atuais, em diversas cidades espalhadas pelo mundo, encontrar inúmeros estabelecimentos voltados unicamente para o comércio de alimentos. Ainda devido as mudanças de costumes da sociedade, a Globalização foi um fator que contribuiu muito para a disseminação da gastronomia pelo mundo. A sociedade, de certa forma, busca entender e conhecer a cultura culinária de outros países, o que faz com que a gastronomia passe a ser global e não mais pontual em cada região. Logo, esse mercado começa a se transformar, também, em um produto turístico. É comum encontrar em uma única cidade, inúmeras opções de estabelecimentos voltados a serviços de gastronomia, como bares e restaurantes, e é ainda mais comum visualizar a diversidade de opções no estilo desses estabelecimentos. A globalização contribuiu para que a cultura do alimento fosse disseminada em qualquer lugar do mundo. Nas capitais do Brasil, por exemplo, estabelecimentos com o foco em comida 77


78


italiana, francesa, árabe, espanhola, japonesa, dentre outras, é extremamente normal, sendo esse fato uma realidade da sociedade. Alimentar-se bem, compartilhar de experiências, conhecer culturas diversas, reunir amigos, apreciar experiências culinárias, contemplar restaurantes e bares, tudo isto se reflete em momentos prazerosos e agradáveis, elevando a gastronomia à um segmento do setor comercial que se expressa como um equipamento de lazer e de entretenimento. Assim, convertidos em espaços de lazer, estes empreendimentos terminam por propiciar o contato e o encontro entre pessoas de forma espontânea, possibilitando a vivência da sociabilidade em várias configurações. A gastronomia, portanto, vem ganhando muita força no mercado econômico, uma vez que estabelecimentos destinados ao setor alimentício estão em foco na nossa sociedade. Isto acontece tendo em vista que em um mesmo equipamento é possível reunir entretenimento, lazer, turismo e fonte de renda, ou seja, esta nova forma de empreender se disseminou pelo Brasil e continua em um ritmo de crescimento constante. Para se ter ideia do crescimento do food service (mercado de alimentação fora do lar), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) por meio de uma pesquisa realizada em 2015, constatou que o brasileiro gasta cerca de 25% da sua alimentação fora do lar. A ABRASEL (Associação de Bares e Restaurantes) estima que o setor representa 2.7% do PIB brasileiro. Ainda retratando dados para demostrar o crescimento deste setor no Brasil, a ABIA (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação), estimou que o faturamento da indústria de alimentos no País registrou alta de 85,8% entre os anos de 2010 e 2016. Considerando esse crescimento, a média do setor de alimentação fora do lar é de 12,3%, o que reforça que o hábito de se alimentar na rua está cada vez mais presente no cotidiano de quem vive no Brasil.

<

Figura 56: A gastronomia é global e reflete diretamente no turismo. Disponível em: <http://nicolestewart.com/londonclinic/uncategorised/truths-about-natural-skincare/>. Acesso em: 18 abril. 2019.

79


De acordo com dados da FoodTrendsBrasil 2020, os locais de preferência dos brasileiros quando o assunto é alimentação fora do lar são: 27% restaurantes a quilo; 19% lanchonetes ou redes de fast food; 18% restaurantes à la carte; 18% padarias; 11% bares e, 6% ambulantes. Dessa forma, por meio dos dados apresentados, fica evidente a demanda que a sociedade tem por estabelecimentos voltados para a alimentação na atualidade. Sendo assim, percebe-se como a gastronomia já faz parte do cotidiano da população. A cidade do Recife, então, se enquadra nesse cenário e já possui centenas de restaurantes, bares, padarias, lanchonetes, dentre outros, espalhados pela cidade. As opções são muitas, os estilos são diversos e as ofertas são bem diversificadas. Esses restaurantes espalhados pela cidade do Recife, então, são opções de entretenimento e de distração da sociedade, a qual busca frequenta-los não apenas para se alimentar, mas também para relaxar, conviver e se divertir. Dessa forma, um estabelecimento com esse foco é de grande relevância para a cidade e deve, assim, estar em crescente transformação e atualização, para que as pessoas continuem frequentando estes espaços e, consequentemente, se relacionando com a cidade.

5.2.3. O PROCESSO DE PROPAGAÇÃO DOS MERCADOS GASTRONÔMICOS Mais que pontos de troca ou de abastecimento, as feiras e mercados tornaram-se parte da identidade das cidades, registrando nos espaços urbanos traços do que os formaram (ZAKHIA, 2015). Os mercados públicos se traduzem em sentimentos de nostalgia, cordialidade, convivialidade, de singularidades transmitidos por meio dos seus barulhos, dos cheiros, dos movimentos, dos ritmos, das tradições, dos símbolos, sendo todos estes valores capazes de humanizar o cotidiano da metrópole e romper com o dia-a-dia pesado da cidade. Entretanto, como foi visto, os mercados públicos perdem, de certa forma, a sua força como equipamentos urbanos de grande porte para a cidade quando novos estabelecimentos voltados para o setor terciário começam a aparecer. 80


As cidades expandem, criam pontos atrativos para a localização de novos tipos de estabelecimentos comerciais, os quais tendem a concentrar e centralizar o capital. Desse processo resulta o surgimento de outros equipamentos comerciais que, por concentrarem e centralizarem o comércio e o serviço em um mesmo ambiente, passam a obter mais facilidades, as quais resultam em maiores lucros, como por exemplo as cadeias de lojas, setores do comércio distribuídos pelos bairros, os supermercados, os hipermercados e os shopping centers. Com isso, os mercados públicos, equipamentos que sempre tiveram papel de muita significância para a cidade, que participaram no processo de desenvolvimento delas, começam a perder o seu público, que, em sua maioria, migra para esses novos estabelecimentos comerciais. No entanto, tendo em vista, a magnitude dos mercados públicos, as suas histórias e trajetórias, as suas dimensões, as suas relações com a cultura e a sociedade, é de fundamental relevância buscar meios de devolver a cidade os costumes de frequentar estes ambientes, de entender o quão eles devem continuar sendo importantes para o desenvolvimento do setor do comercio e da cidade como um todo. Por isso, o que vem acontecendo em vários mercados públicos espalhados pelo mundo é modernização da sua logística, da sua forma, da sua estrutura. No Brasil, especialmente nas grandes cidades, são vários os exemplos de antigos mercados que, com uma nova roupagem em termos de infraestrutura e novas propostas quanto à oferta de produtos e de alimentos prontos, transformaram-se em novos e atrativos points de alimentação. E, consequentemente, passam, também, a serem classificados como lugares de encontro, polos de lazer e de turismo. Esse processo revela a importância desses lugares na reprodução do espaço urbano e do capital. No caso dos mercados públicos, são várias as cidades que inovaram ao transformar esses espaços em atrativos local, nacional e internacionalmente a partir de projetos de renovação/ requalificação. Percebe-se, por meio de exemplos nacionais e internacionais, que esse é um dos argumentos para evitar a degradação e o total abandono de tradicionais equipamentos varejistas. É assim, no contexto das tendências no comércio varejis81


ta de alimentos, que os mercados públicos, segundo Pintaudi (2011), muitas vezes quase abandonados, e servindo a um público diminuto da cidade, passam das mãos do estado para as mãos de investidores privados, perdendo de modo significativo a outrora função principal que era abastecer a cidade e ganhando a função de equipamento de entretenimento e convivência social nas cidades. Mais recentemente, para atender nichos de mercado de consumo seletivos, muitos destes tradicionais equipamentos modernizados passam a ser denominados gourmet e, juntamente com novos e pequenos mercadinhos, chamados de lojas de bairro, lojas de conveniência, delicatesens e outros equipamentos, multiplicaram-se como uma tendência nas grandes cidades (Pintaudi, 2006; 2009; 2011). Portanto, os “novos mercados” visam aliar a crescente tendência do capital advindo da gastronomia com a cultura e os costumes dos antigos mercados públicos. Assim, esses mercados que sofreram a intervenção arquitetônica, em sua maioria, apresentam restaurantes em seu interior, quiosque para vender comidas já prontas e espaços para sentar e fazer a refeição. Ou seja, os mercados do século XXI buscam atender a demanda da sociedade atual agregando em seu ambiente vários serviços e várias atividades comerciais. 5.2.3.1. REQUALIFICAÇÃO ARQUITETÔNICA DO MERCADO MUNICIPAL DE SÃO PAULO Um exemplo de mercado de grande magnitude no Brasil que precisou passar pelo processo de modernização e de requalificação, foi o Mercado Municipal de São Paulo. Em 1924, a municipalidade resolveu edificar um mercado público que refletisse a envergadura da cidade. Para que esta tarefa de grande magnitude fosse realizada, uma equipe formada pelo escritório Ramos de Azevedo e o arquiteto italiano Felisberto Ranzini, foi convocada. As obras duraram de 1925 a 1932, no entanto, no final da construção que era para suportar um mercado, foi tomado como um edifício de munições durante a revolução constituciona82


lista, sendo o mercado mesmo inaugurado em 1933. (RUBIES, 2005) O mercado municipal de São Paulo possui uma área construída de 12.600m² e ocupa uma quadra com 22.300m². Ele foi implantado numa área estratégia, uma vez que se insere no eixo viário que conecta a Zona Norte ao ABC e Santos e situa-se as margens do Tamanduateí. O prédio é construído em concreto armado e apresenta um pé direito que chega a atingir 16 metros de altura, fato que possibilita a sua expansão Com o passar dos anos a sua estrutura física não conseguiu acompanhar o crescimento da metrópole e o mercado também se perde o posto de o principal centro de abastecimento de alimentos com o surgimento da CEASA (Centrais Estaduais de Abastecimentos) na década de 60. Em 1973 após sofrer uma inundação em 1966, o mercado municipal de São Paulo quase é demolido, no entanto, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico –CONDEPHAAT conseguiu incluir o mercado na sua lista e assim, não chegou a ter um fim trágico. Em meados de 1980 e 1990 algumas reformas foram feitas, mas foi apenas em 2004 que o mesmo sofre uma grande intervenção e qualificação arquitetônica. (RUBIES, 2005) Em 2004, sobre a governança da prefeita Marta Suplicy, o arquiteto Pedro Paulo de Melo Saraiva, focou em tornar a infraestrutura da edificação mais eficiente, adaptando as suas instalações físicas para a inserção de novos usos. Com isso busca garantir um novo centro varejista e gastronômico na cidade de São Paulo.(Figura 57 e 58)

< Figura 57: O mercado municipal após a sua requalificação. Disponível em:< www.mercadomunicipalsp. com>. Acesso em: 18 abril. 2019.

83


Para tanto, foram propostas as seguintes intervenções: • Conservação e Restauro do bem tombado; • Recuperação da coberta do edifício, incluindo captação das águas pluviais; • Implementação de sistema de infraestrutura capaz de adequar todas as instalações necessárias ao funcionamento atual e futuro do Mercado; • Iluminação interna ambiental e externa monumental; • Substituição do piso interno das circulações se usuários pedestres; • Proposta de acessibilidade local incluindo urbanização e sistemas viários; • Estacionamento operacional/ Doca de carga e descarga com plataforma elevada; • Estacionamento para clientes; • Modernização de toda a infraestrutura (água, esgoto, drenagem de águas pluviais, elétricas, telefonia, logica, proteção à incêndio); • Reformulação física e programática do edifício, incluindo:

Figura 58: Corredor interno com espaço adequado e suficiente para pedestre. Disponível em: <www.mercadomunicipalsp.com>. Acesso em: 18 abril. 2019

84


______ Novas circulações e acessos de carga e descarga, serviço e público; ______Subsolo abrigando novos itens do programa (sanitários públicos, vestiários de funcionários, refeitório, enfermaria, postos de segurança, acondicionamento de lixo, escritórios de agronegócios, central de informática, administração, fraldário); _____Mezanino articulando às torres A e B, constituindo uma “Varanda de Alimentação”, abrigando restaurantes, lojas gastronômicas, escola de culinária, quiosques para cafés e flores, sanitários. _____Reformulação das torres do Mercado, abrigando, então, restaurantes típicos, padaria, choperia e piano bar. (SARAIVA, 2005)

Ao entender um pouco do que foi proposto para esta intervenção, fica claro o impacto que este equipamento passou a fazer naquela região onde está implantado, portanto, o tecido urbano daquele setor da cidade, que antes se encontrava em degradação, se transformou, uma vez que o Mercado impactou diretamente no desenvolvimento econômico daquele entorno. Ou seja, o mercado volta a ter a força de um equipamento público requalificador do espaço urbano, além de devolver a dignidade do patrimônio arquitetônico, resgatando- o como um marco referencial histórico e turístico. Além dos fatores citados acima, a questão de abrigar o uso gastronômico no mercado é um fator de alta relevância para devolver ao mercado o seu protagonismo. Oferecer ao público a opção de fazer a sua refeição no local e não apenas comprar insumos para produzir o seu alimento em casa, é uma demanda atual e indispensável da sociedade. Esse fato consolidou-se em forma de um mezanino, considerado de ”Varanda Gourmet” com 2.000m², lá ficam localizados os restaurantes, lanchonetes, cafés e escola de gastronomia. (Figura 59, 60, 61 e 62) As medidas adotadas são reflexo da experiência histórica aliada à evolução do varejo de alimentos no Brasil e no Mundo. Os resultados alcançados foram bem sucedidos e deve ser base para projetos futuros de requalificação dos Mercados Públicos no Brasil. 85


Figura 59: Corredores internos com opção de espaço de convivência e alimentação. FONTE: Roberto Dig .Disponível em: < https://www.localguidesconnect.com/t5/Let-s-Meet-Up/Passeio-no-Mercad%C3%A3o-de-SP/td-p/194064> acesso: 15 de abril. 2019

Figura 60: Mercado público de São Paulo- Vista do mezanino. FONTE: Pedro Paulo de Melo Saraiva. Disponível em: < http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/03.036/2259> Acesso em: 20 abril. 2019.

86


< Figura 61: Mezanino que abriga a “Varanda Gastronômica” FONTE: Marcelo Scandarolli. Disponível em: <https:// blogdaarquitetura. com/a-historia-e-a-arquitetura-do-mercado-municipal-paulistano/> Acesso em: 15 de abril.2019

Figura 62: Vista do mezanino do Mercado Municipal de São Paulo. FONTE: Rogério Santos. Disponível em: < https://www.revistamenu.com.br/2019/02/28/mercado-municipal-de-sao-paulo-ganha-novas-opcoes-gastronomicas/. Acesso em: 18 abril. 2019.

87


5.2.3.2. O CENÁRIO DOS MERCADOS PÚBLICOS DO RECIFE NA ATUALIDADE A cidade do Recife, possui tradições culturais muito fortes, as quais estão refletidas na culinária, no artesanato, na música, na dança, e etc. Com isso, a arquitetura também acaba sendo um retrato da história e da cultura do povo recifense, com os seus edifícios bem característicos e com equipamentos públicos bem presentes, como é o caso dos mercados públicos da cidade.

Figura 63: Mercado da Encruzilhada em 1941. FONTE: Acervo da Fundaj. Disponível em: < http://revista.algomais.com/exclusivas/6-mercados-publicos-do-recife-de-antigamente> Acesso em: 16 abril. 2019.

Figura 64: Mercado da Madalena em 1940. FONTE: Acervo da Fundaj.Disponível em: < http://revista.algomais.com/exclusivas/6-mercados-publicos-do-recife-de-antigamente> Acesso em: 16 abril. 2019.

88


Recife, possui dezessete mercados públicos, sendo seis mais significativos para a cidade. Dentre estes estão o Mercado da Boa Vista, o Mercado de Casa Amarela, o Mercado da Encruzilhada, o Mercado de São José, o Mercado da Madalena e o Mercado de Afogados. Estes mercados estão espalhados pela cidade e datam de períodos diferentes e, consequentemente, de estilos arquitetônicos.(Figura 63 e 64) O que todos têm em comum é a sua força, a sua carga cultural e histórica, a sua imponência e a sua importância para a cidade. Os mercados públicos, como já retratado, são equipamentos urbanos fundamentais para o desenvolvimento da cidade. Eles são responsáveis pelo surgimento do fluxo do comércio, pela formação das áreas e a possível definição dos seus respectivos usos, tendo em vista que o setor terciário é, de fato, norteador para a urbanização da cidade. Conhecer os mercados públicos da cidade do Recife é uma atração turística à parte. É conhecer um pouco da história da cidade, pelo seu passado, bem como ter a oportunidade de conviver com o povo da cidade, saborear as comidas regionais e comprar os produtos artesanais produzidos e vendidos. Todos os mercados públicos da cidade são, essencialmente, um retrato da cultura pernambucana e assim possuem tradições bem refletidas no seu modo de organização. A regra é a mesma para todos os mercados públicos de Recife. Abrir as portas às 6h, fechar às 18h. São portões de ferro robustos, como as sólidas estruturas das paredes. Mas cada um tem história, arquitetura e freguesia próprias. Afora os mercados centrais, São José e Boa Vista, que recebem público variado, de todas as camadas sociais e cantos da capital pernambucana, e também gente de fora, de outros estados e países, os mercados de bairro possuem suas próprias confrarias. (MACIEL, 2015)

Entretanto, o que vem acontecendo com os mercados públicos, é a perda de uma parcela do deu público, o qual passou a migrar para outros equipamentos comerciais, como os supermercados, os shopping centers, bares e restaurantes. Esse fato acontece tendo em vista o maior conforto oferecido por estes novos equipamentos, os quais surgem como uma opção mais moderna e mais 89


cômoda, uma vez que, possuem elementos e uma infraestrutura mais atual, possibilitando, de certa forma, um espaço mais convidativo. Essa realidade, também se alinha com o fato de alguns mercados públicos de Recife, estarem precisando de algumas melhorias em sua logística e em sua infraestrutura. Tendo em vista que os mercados datam de séculos passados e de que, alguns, são considerados patrimônio histórico da cidade, sendo, então, fundamental propor melhorias, através de intervenções arquitetônicas e urbanísticas. Se o Mercado Municipal de São Paulo, um equipamento tão importante para a cidade, passou em 2004 por intervenções, as quais trouxeram novamente vitalidade para o mesmo, algumas medidas devem ser tomadas para garantir o mesmo resultado nos mercados do Recife. Iniciativas já começaram a ser tomadas, como é o caso do programa “Viva o Mercado”. Este programa é uma ação da Autarquia de Serviços Urbanos do Recife (Csurb) em parceria com a Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer de Pernambuco e prevê a implantação de uma agenda de eventos e shows com artistas locais nos mercados públicos da cidade. Ou seja, é um programa que visa levar entretenimento aos mercados, tornando-os mais atrativos e mais vivos. Outro programa é o “Parceiros dos Mercados”, este, assim como o “Viva o Mercado”, visa contribuir para que a história dos mercados não seja esquecida. O projeto se define como um programa que irá levantar a autoestima dos mercados, esquecidas por outras gerações, ao longo dos anos carentes das políticas públicas, destacando, assim, as belezas dos mercados, e promovendo a melhoria deles. Além dos programas que visam alternativas de entretenimento de lazer para os mercados, algumas medidas de intervenções começam a ser pensadas para, de fato, enaltecer a importância e a beleza desses mercados públicos e, assim, torna-los novamente atrativos a todos os tipos de públicos. O Mercado da Encruzilhada, por exemplo, vem recebendo investimentos visando a melhoria da sua infraestrutura. No ano de 2017 o mercado ganhou uma nova área destinada à gastronomia com perfil gourmet, onde passou a contar com restaurante, padaria, pizzaria e uma cervejaria (Figura 65). Boxes de carnes e peixes deram espaço a esses novos estabelecimentos, como parte de uma reestruturação física do mercado. Um novo espaço com cadeiras e mesas, tam90


Figura 65: Área gourmet do Mercado da Encruzilhada após a reforma. FONTE: Andréa Regô Barros/ Prefeitura do Recife; Disponível em: < http://www2.recife.pe.gov.br/noticias/25/11/2017/mercado-da-encruzilhada-com-mais-opcoes-gastronomicas-e-de-lazer> Acesso em: 18 abril. 2019.

bém foi acrescentado ao projeto, a ideia foi de criar um espaço de permanência e convivência, sendo um apoio para o espaço gourmet. O mercado de São José, também, pretende passar por requalificações nesse mesmo âmbito gastronômico. Sua última intervenção foi realizada em 1994, cinco anos após um trágico incêndio que destruiu boa parte da estrutura. O processo de licitação foi aberto a partir de janeiro de 2019 e as obras devem começar no segundo semestre do mesmo ano, de acordo com a URB. O espaço abriga 590 boxes - no projeto esse número será mantido e o espaço padronizado em uma área de 1.868 m², e acumula uma série de problemas, como esquadrias quebradas, estruturas de ferro danificadas, pisos inadequados que dificultam a limpeza, cobertura com vazamentos, entre outros. Ainda sobre a proposta, pretende-se criar um mezanino para um espaço de bares e restaurantes. A diretora de Planejamentos e Projetos da URB, Rúbia Campelo, em entrevista ao jornal Folha de Pernambuco, demonstra como este novo modelo irá proporcionar muitos ganhos, em todos os sentidos para o mercado. “É normal que as pessoas resistam no primeiro momento, mas temos o caso do Mercado Público 91


< Figura 66: Mercado da Madalena. FONTE: Prefeitura do Recife. Disponível em: < http://www2.recife. pe.gov.br/servico/mercado-da-madalena> Acesso em: 03 maio. 2019.

de São Paulo. Um modelo que funciona hoje não só como mercado de abastecimento, mas é um grande atrativo cultural para a cidade”. Outro mercado que visa por melhorias, é o Mercado da Madelena (Figura 66). O mercado data de 1925 e faz parte da história do bairro desde então. Segundo Lins (2007) a arquitetura lembra um edifício do período colonial, com quatro fachadas. Originalmente possuia 72 com-

Figura 67: Mercado da Madelena atualmente. Disponível em: < https://visit.recife.br/en/o-que-fazer/madalena-market/o-que-fazer-mercado-da-madalena-02/>. Acesso em: 02 maio. 2019.

92


partimentos cobertos que ocupavam a parte periférica, já no centro do pátio, havia quatro setorores não cobertos e o prédio da administração. Lins (2007) afirma, ainda, que a construção do mercado e da praça ao lado demonstra a preocupação das autoridades com o embelezamento da área. No entanto, após quase dez décadas da sua construção, o mercado encontra-se em uma situção não muito favorável, sendo importante realizar medidas de requalificação urbana e arquitetônica no mesmo (Figura 67). Por isso, no ano de 2018 foi realizado um projeto de reforma para mercado visando torná-lo novamente atraente, confortável, agradável e acessível a todos os públicos.

Figura 68: Mercado da Torre. Área gastronomica. FONTE: Autora, 2019.

O projeto, assim, consistia em incluir melhorias no piso e na iluminação, colocação de coberta, adequação dos banheiros, pinturas, dentre outras ações. Essas atitudes, portanto, objetivam devolver ao mercado o seu potencial de sociabilização e a sua característica de equipamento público presente no cotidiano da sociedade, além de devolver ao mesmo o seu potencial de ser um espaço de atração turística. Dessa maneira, o que vem acontecen93


do nos mercados públicos do Recife, é uma adaptação da sua logística de forma a oferecer ambientes mais agradáveis e, também, incrementar a questão da demanda da sociedade atual no quesito da gastronomia, de incluir espaços voltados para essa vertente nos mercados da cidade. Essa demanda se caracteriza de maneira tão forte e tão presente na atualidade que recentemente, no ano de 2019, um novo mercado focado na gastronomia surge na zona norte da cidade do Recife, o Mercado da Torre (Figura 68). A edificação onde se situa o mercado já era existente e se tratava de uma construção elaborada para abrigar o antigo SESI- Serviço Social da Indústria (Figura 69 e 70). Figura 69: Mercado da Torre. Visão geral do complexo. Aproveitamento da edificação já existente com novas propostas de organização espacial. FONTE: Eduarda Barbosa. Disponível em: < https://www.folhape.com. br/economia/economia/ economia/2018/03/14/ NWS,61868,10,550,E C O N O M I A , 2 3 7 3 -TO RRE-GANHARA-CENTRO - GASTRONOMICO. aspx>. Acesso em: 02 de maio. 2019. Figura 70: Planta de Implantação do complexo que recebe o Mercado da Torre. FONTE: Patrícia Monteiro. Disponível em : < https:// www.diariodepernambuco. com.br/app/noticia/economia/2018/10/26/internas_economia,766508/ mercado-se-apronta-para-chegar-ao-bairro-da-torre.shtml>. Acesso em: 02 de maio. 2019.

94


O projeto do mercado, que fica localizado nesse complexo onde se ofereçem serviços de delicatessen e laboratório médico, por exemplo, é caracterizado por ter nas laterais da edificação espaços para os boxes dos restaurantes e na área central espaços para convivência. Portanto, apesar de possuir uma área pequena, apresenta um bom potencial como espaço para entretenimento e lazer da população Entretanto, o que acontece é que no bairro de Boa Viagem essa cultura de frequentar os mercados pouco existe. Como os mercados do Recife estão espalhados em vários bairros, estes ganham vitalidade, muitas vezes, pelo fato de que a população de cada bairro o frequentam bastante. No entanto, Boa Viagem por ser um bairro “novo”, não aderiu, de certa forma, a essa cultura. O mercado de Boa Viagem existe há mais de 40 anos e fica localizado em um ponto central do bairro. Entretanto, o mercado, que é de iniciativa privada, não passa por melhorias e requalificações há muitos

Figura 71: Mercado de Boa viagem. Fachada para a Av. Domingos Ferreira. Disponível em: <https://poraqui.com/boa-viagem/operacao-apreende-500-kg-de-produtos-no-mercado-de-boa-viagem/> Acesso: 18 abril. 2019.

95


anos e, portanto, como não pode sofrer intervenção da Prefeitura do Recife, encontra-se em uma situação desfavorável.(Figura 71, 72 e 73) O mercado é formado apenas por boxes que possuem uma grande variedade de produtos. No entanto, o seu foco é vender insumos, como carnes, peixes e frutas, não sendo, assim, um espaço, para usufruir de uma gastronomia ou de um espaço de convivência. É um local para comprar o que se precisa e sair. Portanto, o que se percebe é uma procura da população por mais espaços que ofereçam áreas de convivência, de lazer, de entretenimento, aliado a um bom espaço para fazer refeições, conhecer sobre culinária e apreciar um bom prato.

Figura 72: Mercado de Boa viagem. Fachada para a Av. Conselheiro Aguiar. Disponível em: < https://poraqui.com/ boa-viagem/mercado-de-boa-viagem-de-conserto-de-sapatos-a-pet-shop-aqui-tem-de-tudo/> Acesso: 18 abril. 2019. Figura 73: Área interna do Mercado de Boa Viagem atualmente. Disponivel em: < https://poraqui. com/boa-viagem/ mercado-de-boa-viagem-passa-por-repaginada-para-reconquistar-clientela/>Acesso em: 03 maio. 2019.

96


97

6 . ES T U D O S

D E

C A S O


Figura 74: Mercado da Ribeira. Time Out Market DisponĂ­vel em: <https://www.timeout.com/lisbon/restaurants/time-out-market-lisbon.> Acesso em: 15 maio. 2019

98


MERCADO DA RIBEIRA 99


1. MERCADO DA RIBEIRA

O Mercado da Ribeira na forma como se conhece nos dias atuais foi inaugurado no primeiro dia do ano de 1882. No entanto, a ideia do espaço terciário, mercantil, começou a surgir na cidade de Lisboa, em Portugal, em meados de 1100. Nesta época, se formula a primeira versão do Mercado da Ribeira Velha, que ficava na antiga Praça do Pelourinho na cidade de Lisboa. Depois de muitos séculos, em 1600 o Mercado da Ribeira ganha fama por toda a Europa. Entretanto, em 1755 Lisboa passa por um grande terremoto responsável por destruir a zona da Ribeira Velha e, consequentemente, o Mercado da Ribeira, mas foi apenas em 1771 que o Marquês de Pombal cria uma nova rede de mercados da qual surge reformulado o Mercado da Ribeira, em uma localização próxima do qual está até os dias atuais. Em 1882, com o projeto de Frederico Ressano Garcia, foi inaugurada uma parte do mercado original (Figura 75). Onze anos depois, em 1893, um grande incêndio destruiu toda a parte nascente do edifício do mercado, o que fez com que em 1902 o mercado recebesse um projeto de ampliação, elaborado por João Piloto. O projeto de ampliação foi finalizado apenas em 1930, devido à grande complexidade arquitetônica e da área do mercado com 10 mil metros quadrados de área coberta. Após o termino da ampliação, foi necessário em 1940 elaborar uma remodelação do espaço do mercado, dividindo os espaços das lojas e bancas. A partir da década de 40, o mercado, então, retorna ao seu perfeito funcionamento, incluindo espaços para matadouros de aves, o qual foi extinto em 1980. O mercado nesse período, também era responsável por ser o centro de abastecimento de alimentos para toda a região, sendo, portanto, um espaço de grande relevância para a área. (Figura 76) No ano de 2000, o Mercado da Ribeira, começa a perder a sua capacidade de ser o principal centro de abastecimento de alimentos com o surgimento da MARL (Mercado Abastecedor da Região de Lisboa). Com isso, em 2001, pensando de forma a retomar o público o qual havia perdido, elaborou-se um projeto de requalificação do 1º piso do mercado com a proposta de incluir espaços para restaurantes e salas de eventos. 100


Figura 75: Mercado da Ribeira em 1882. FONTE: Time Out Market Lisboa Disponível em: < https://www.timeoutmarket.com/lisboa/ conceito/> Acesso em: 07 maio. 2019.

Figura 76: Fachada do Mercado da Ribeira atualmente. Disponível em: < http://vistosedicasdeviagem.com/ timeout-mercado-da-ribeira-lisboa/> Acesso em: 07 maio. 2019.

No ano de 2010 a equipe fundadora da revista Time Out ganha o concurso para explorar a parte central térrea e o 1º piso do mercado. A revista Time Out está presente nas principais metrópoles mundiais e tem como objetivo fornecer conhecimento do que se pode fazer em cada cidade, dando dicas de gastronomia, compras, parques e etc. Assim, em novembro de 2013 começam as obras do então Time Out Market, o qual tem a sua inauguração em maio de 2014 e vem sendo um sucesso absoluto em Portugal e no mundo, sendo em 2016 elaborado planos para abrir novos mercados da rede em mais 7 metrópoles espalhadas pelo mundo (Figura 77) O Time Out Market, trouxe um novo conceito de Mercado Gastronômico, uma nova proposta para o espaço. Se an101


tes o mercado se baseava em vender insumos, hoje ele se baseia em vender produtos prontos e elaborados. (Figura 78) O novo modelo do Mercado da Ribeira, visou, portanto, elaborar um espaço onde antes de reuniam os melhores comerciantes da cidade, atualmente se reúnem os melhores restaurantes e artistas. Logo, a oferta é outra, mas o princípio é o mesmo: ter o melhor da cidade debaixo do mesmo teto.

Figura 77: Obras se iniciam em 2013 no mercado da Ribeira para receber o Time Out Market. FONTE: Time Out Market Lisboa Disponível em: < https:// www.timeoutmarket.com/ lisboa/conceito/> Acesso em: 07 maio. 2019.

Figura 78: Time Out Market. FONTE: Fotografia autoral, 2019.

102


A proposta do Time Out Market, não ocupou todo o espaço do Mercado da Ribeira, sendo em média 40% do total da área do mercado voltado para esse novo modelo de mercado gastronômico, enquanto que o restante do espaço ainda é ocupado pelo mercado público tradicional, voltado para o abastecimento de alimentos. (Figura 79, 80, 81 e 82) Após o surgimento do Time Out Market no Mercado da Ribeira, o mercado passou a ganhar protagonismo como ponto turístico, de lazer, entretenimento e convívio social. Ele foi considerado o 2º lugar como espaço de atração turística em Lisboa em apenas 8 meses após a inauguração.

Figura 79: O espaço no Mercado da Ribeira destinado a parte da feira e compra de insumos. FONTE: Lisboa convida. Disponível em: < http:// lisboa.convida.pt/poi/ comer-beber/mercado -da-ribeira-8985>. Acesso em: 07 maio. 2019.

Figura 80 e 81: Área lateral de acesso ao mercado tradicional. FONTE: Fotografia autoral, 2019.

Figura 82: Fachada posterior que dá acesso a área de carga e descarga de produtos na área lateral do Mercado da Ribeira onde fica localizado o mercado tradicional. FONTE: Fotografia autoral, 2019.

103


Esse fato foi de grande relevância para a cidade de Lisboa, a qual atingiu um número de 13 milhões de turistas no ano de 2018 segundo VARZIM (2019). Esse número, por sua vez, nunca atingiu valores tão altos como vem atingindo recentemente, logo, percebe-se que esses novos equipamentos urbanos que vem surgindo na região são um dos grandes responsáveis por tal crescimento. Assim, consegue-se ter uma noção da importância desses equipamentos como elementos requalificadores do espaço urbano, sendo de extrema importância, elaborar propostas responsáveis por atrair novamente o foco do turismo para as cidades. (Figura 83) Figura 83: O Time Out Market possibilitou ao mercado da Ribeira se relacionar com o espaço urbano através de quiosques e restaurantes voltados para o exterior do mercado. Disponível em: < https://www.viajenaviagem. com/2014/11/mercado- da-ribeira- o -novo - es paco-gastronomico-moderninho-de-lisboa/>. Acesso em: 07 maio. 2019. Me animo ao ver o Cais do Sodré de há cinco, seis anos e saber que fui um dos agentes a mudar aquilo, ajudar a fazer a diferença. Uma coisa boa para uma cidade, quando conseguimos ajudar numa altura em que ela quer, isso é extraordinário, e a cidade querer mudar, é coisa muito importante. Lisboa queria mudar, Lisboa sabia que era ótima, a maior parte das pessoas andavam distraídas com a nossa qualidade e, de repente, tivemos a atenção e mudou. (CEPEDA, 2018)

O Time Out Market além de trazer um novo conceito de espaço urbano e espaço edificado para o centro de Lisboa, ainda foi reconhecido por ter projeto que conquistou o Hamburg Food Service Award em 2018 sendo considerado como o projeto com o conceito mais visionário na Europa. Este prêmio é um dos mais respeitados e desejados prêmios europeus na indústria da gastronomia e restauração, considerado, principalmente na Alemanha, como o “Óscar” do setor. 104


O Time Out Market, foi idealizado e projetado de arquiteto português João Cepeda. Ele organizou o ambiente de forma que nas partes laterais ficassem dispostos 24 restaurantes famosos e reconhecidos no pais. Já na parte central do espaço foram dispostos 8 bares, 4 quiosques de vendas de produtos para decoração, utensílio, dentre outros, além de dispor 800 lugares para os visitantes se sentarem num espaço de mesas compartilhadas (Figura 84 e 85). Já no 1º andar, foi disposto um espaço para um grande restaurante e um espaço considerável para realização de eventos. (Figura 86)

Figura 85: Disposição do espaço. FONTE: Marco Verch. Disponível em: < h t t p s : / / g e r a d o r. e u / x m a s - t i m e - e -tempo - de -natal-no -mercado -time -out/>. Acesso em: 07 maio. 2019

Figura 84: Quiosque voltado para venda de produtos e utensílios localizado no térreo. FONTE: Fotografia autoral, 2019.

Figura 86: Preservação de azulejos e da arquitetura histórica no 1º pavimento. FONTE: Fotografia autoral, 2019.

105


Com relação ao funcionamento e ao programa do Time Out Market, além de dispor da área de convivência, o mercado ainda conta com o espaço para limpeza das louças e materias e banheiros nas duas extremidades do térreo. Com relação a parte de carga e descarga de alimentos e produtos, boa parte dos insumos utilizados pelos restaurantes do Time Out, são advindos do próprio Mercado da Ribeira, tendo em vista que a ala lateral do mercado, ainda funciona como um mercado tradicional de venda de insumos. Assim, uma parte significativa das mercadorias usadas nas preparações do Time Out Market são provenientes do próprio Mercado da Ribeira. (Figura 87). Com relação aos restaurantes, bares e quiosques, todos seguem a mesma linha de espacialidade e layout (Figura 88). No entanto,

Figura 87: Disposição esquemática da logística do Time Out Market. Disponível em: < https://www.lisbonlux. com/lisbon-shops/ mercado-da-ribeira.html>.Acesso em: 07 maio. 2019.

106


cada projeto interno tem a sua personalidade. Como cada restaurante já é consolidado e reconhecido na cidade, este possui o seu estilo arquitetônico e a sua organização espacial da cozinha de acordo com cada demanda. Logo, o projeto oferece o espaço e cada cozinha dos restaurantes e bares é projeto de arquitetos diversos. Portanto, o Time Out Market faz parte de um novo modelo de mercado, os mercados gastronômicos, os quais, cada vez mais vem ganhando força no cenário mundial. Esta proposta esta ganhando forma, também, nas cidades de Boston, Chicago, Londres, Miami, Montréal, Nova Iorque e Praha. (Figura 89 e 90)

Figura 88: Proporção e layout dos ambientes seguem um padrão. Disponível em: < https://www.viajecomigo. com/2014/05/21/time-out-mercado-da-ribeira/> Acesso em: 07 maio. 2019.

Figura 89: Proposta para o Time Out Market New York. A ideia é seguir a mesma organização e aparência do Time Out Market Lisboa, porém em outra proporção FONTE: Time Out Market. Disponível em: < https://www.timeoutmarket.com/ newyork/> Acesso em: 07 maio. 2019.

Figura 90: Proposta para o Time Out Market Boston. A ideia é seguir a mesma organização e aparência do Time Out Market Lisboa. FONTE: Time Out Market. Disponível em: < https://www.timeoutmarket.com/boston/> Acesso em: 07 maio. 2019.

107


Figura 91: Eataly SĂŁo Paulo. DisponĂ­vel em: <https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/espaconovo-arquitetura_/eataly-sao-paulo/2933>. Acesso em 07 maio. 2019

108


EATALY

SÃO

PAULO 109


2. EATALY SÃO PAULO O Eataly é uma rede italiana de centros gastronômicos espalhados pelo mundo, reconhecida por concentrar, em um único lugar, diversos tipos de ambientes, pontos de alimentação e mercado de produtos. Tem seu início marcado em 2007, com a abertura do primeiro Eataly em Turim, na Itália. De lá para os dias atuais, a proposta de criar esse centro gastronômico deu tão certo que o Eataly hoje está espalhado em diversos países com as suas 38 lojas. Dentre essas lojas, o Eataly está presente no Brasil apenas na cidade de São Paulo. A escolha da cidade se deu devido ao seu exacerbado número de descendentes de italianos. Esta loja foi inaugurada em 2015 e foi a primeira na América Latina. (Figura 92 e 93) Figura 92: Fachada do Eataly São Paulo. FONTE: Ana Marquez. Disponível em: <https://www. g a l e r i a d a a rquitetura.com. br/projeto/espaconovo-arquitetura_/eataly-sao-paulo/2933>. Acesso em 07 maio. 2019

Figura 93: Implantação em perspectiva do Eataly São Paulo. FONTE: Ana Marquez.

110


Essa rede de centros gastronômicos, como o Eataly se define, pode ser entendida como espaços onde se misturam todas as práticas relacionadas a culinária e a gastronomia. É um espaço onde se encontra a área do mercado com produtos à venda e a área com restaurantes, bares, quiosques, aulas de culinária, dentre outras atividades. O Eataly São Paulo possui 4.500m², sendo 3 pavimentos e 2 subsolos para estacionamento. O espaço reúne mais de 8 mil produtos e 6 restaurantes além dos serviços de cafeteria, bar, sorveteria e confeitaria, todos com ênfase na gastronomia italiana. O edifício que abriga o empreendimento foi elaborado pela equipe da Espaçonovo Projetos de Arquitetura, comandada pela arquiteta Jovita Torrano, diretora e sócia fundadora do escritório. O conceito padrão aplicado em todas as lojas foi desenvolvido pela equipe interna de arquitetos do Eataly, liderada pelo arquiteto Carlos Piglione. A disposição do ambiente se dá de forma padronizada em grande maioria das lojas da rede. A proposta é criar um grande salão no térreo onde ficam dispostos os produtos e nos pavimentos superiores ficam localizados os restaurantes. O Eataly São Paulo possui a seguinte configuração espacial: no térreo encontram-se os quiosques de sorvetes e chocolates, uma confeitaria, uma cafeteria e um bar dedicado a doces. Neste nível ficam localizados, também, toda a área do mercado, da seção de frutas e verduras, e produtos à venda nas estantes, além de encontra alguns restaurantes que somam o total de 255 lugares para comer e beber. (Figura 94 e 95)

Figura 94: Visão do térreo do Eataly. Ênfase para a estrutura e telhas metálicas. FONTE: Ana Marquez. Disponível em: <https://www. galeriadaarquitetura.com.br/ projeto/espaconovo -arquitetur a _ / e a t a l y- s a o - p a u l o / 2 9 3 3 > . Acesso em 07 maio. 2019

111


Figura 95: Planta esquemática do térreo. FONTE: Arnaldo Lorençato. Disponível em: <https://vejasp.abril.com.br/blog/arnaldo-lorencato/mapa-da-mina-saiba-o-que-encontrar-no-shopping-gastronomico-eataly/> Acesso em: 07 maio. 2019.

Já no segundo pavimento encontra-se a grande maioria dos restaurantes, todos voltados para a gastronomia italiana (Figura 96, 97 e 98). Ainda há um espaço para realização de aulas práticas de culinária e uma adega. Neste piso são contabilizados 315 espaços para comer e beber segundo as informações fornecidas pelo Veja São Paulo (ver referências). O terceiro pavimento, por sua vez, possui um espaço dedicado exclusivamente para um restaurante que comporta 180 lugares. Este andar possui uma cobertura de vidro retrátil que possibilita mesas a céu aberto no principal bar e restaurante. (Figura 99)

Figura 96: Proposta dos restaurantes. FONTE: Ana Marquez. Disponível em: <https://www.galeriadaarquitetura.com. br/projeto/espaconovo-arquitetura_/eataly-sao-paulo/2933>. Acesso em 07 de maio. 2019

112

Figura 97: Proposta dos restaurantes. FONTE: Ana Marquez. Disponível em: <https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/espaconovo-arquitetura_/eataly-sao-paulo/2933>. Acesso em 07 maio. 2013


Figura 98: Planta esquemática do 2º pavimento. FONTE: Arnaldo Lorençato. Disponível em: < https://vejasp.abril.com.br/blog/arnaldo-lorencato/mapa-da-mina-saiba-o-que-encontrar-no-shopping-gastronomico-eataly/> Acesso em: 07 maio. 2019.

Figura 99: Planta esquemática do 3º pavimento. FONTE: Arnaldo Lorençato. Disponível em: < https://vejasp.abril.com.br/blog/arnaldo-lorencato/mapa-da-mina-saiba-o-que-encontrar-no-shopping-gastronomico-eataly/> Acesso em: 07 maio. 2019.

113


O grande vazio central criado no edifício integra os três pavimentos, de forma que garanta a visualização dos diversos restaurantes, convidando ao passeio e, assim, promovendo o encontro e o convívio. O acesso entre os pisos é feito pelas escadas rolantes e por dois elevadores panorâmicos. (Figura 100)

Figura 100: Corte esquemático do projeto arquitetônico do Eataly São Paulo. Foco nas aberturas em sheds na cobertura, possibilitando a entrada de luz natural no ambiente. FONTE: Ana Marquez. Disponível em: <https://www.galeriadaarquitetura.com.br/ projeto/espaconovo-arquitetura_/eataly-sao-paulo/2933>. Acesso em 07 maio. 2019

Segundo Marquez (2015) a construção do edifício teve inspiração nos antigos mercados públicos italianos construídos a partir da segunda metade do século XIX e início do XX. Optou-se pelo uso de estrutura metálica para possibilitar prazos mais curtos na execução da obra (Figura 101 e 102). Para tanto, os perfis usados foram trazidos prontos e montados, e, ainda, o uso das lajes steel deck dispensaram escoramento, diminuindo o desperdício de materiais. Para garantir conforto térmico, optou-se pelo uso de telhas metálicas termoacústicas com enchimento de poliuretano. A proposta arquitetônica é criar um espaço que remeta, de certa forma, a um galpão. Portanto, opta-se pela ausência de forro e, consequentemente, opta-se por deixar as instalações aparentes. A sua fachada, logo, reforça essa linguagem contemporânea industrial de forma que a estrutura metálica é mantida aparente e os panos de vidro definem os volumes cheios e vazios. 114


A proposta do Eataly de reproduzir esse mercado gastronômico, é outro modelo de espaços onde se reúnem a pratica de convívio e compras de produtos alimentícios em um único local, confirmando, assim, como esse modelo vem dando certo e vem ganhando forma em diversos países.

Figura 101: Fachada com estrutura metálica aparente e uso do vidro. FONTE: Veja São Paulo. Disponível em: < https://vejasp.abril.com. br/estabelecimento/eataly-sao-paulo/> Acesso em: 15 maio. 2019

Figura 102: Fachada com estrutura metálica aparente e uso do vidro. FONTE: Ana Marquez. Disponível em: <https:// www.galeriadaarquite tura.com.br/projeto/espaconovo-arquitetura_/ eataly-sao-paulo/2933>. Acesso em 07 maio. 2019

115


Figura 103: Mercado de Santa Caterina. DisponĂ­vel em: < https://www.barcelonacheckin.com/en/r/barcelona_tourism_guide/markets/santa-caterina-market.php>. Acesso em: 15 maio. 2019

116


MERCADO SANTA CATERINA 117


3. MERCADO DE SANTA CATERINA O mercado de Santa Caterina está localizado em Barcelona na Espanha e esta disposto sobre as ruínas do antigo convento de Santa Caterina. O convento foi fundado em 1243 e possuía uma arquitetura gótica com seus arcos rebuscados e em grande quantidade. (Figura 104) No entanto, após o processo histórico e econômico de desamortização na Espanha entre os séculos XVIII e XX, responsável por colocar em leilão público as terras e os bens não produtivos, quase sempre os de ordens religiosas. Por este motivo, em 1836 o convento foi desativado e em seguida passou a funcionar como um mercado, porém sem estrutura alguma para tal uso. Apenas em 1997 foi realizado um concurso elaborado pela prefeitura de Barcelona com a finalidade de remodelar aquele espaço. E assim, surge a proposta do então Mercado de Santa Caterina. O concurso foi vencido pelos arquitetos Enric Miralles e Benedetta Tagliabue do escritório de arquitetura EMBT Associados. O espaço no qual foi projetado o mercado possui 7.000m² de área construída, um único piso de altura considerável. O conceito dos arquitetos para realizar este projeto de tamanha proporção e importância histórica foi intervir de forma cautelosa na fachada gótica tão imponente do antigo convento de Santa Caterina e ao mesmo tempo trazer uma característica inovadora e contemporânea, a qual foi muito bem retratada através da coberta colorida e com angulações distintas. (Figura 105) Assim, a concepção do projeto visa sobrepor a nova arquitetura a velho, busca a mistura, e vem com um conglomerado, um hí-

Figura 104: Fachada do antigo Convento de Santa Caterina. Disponível em: <https://es.wikipedia.org/wiki/Convento_de_Santa_Catalina_(Barcelona)#/media/File:Ala_meridional_del_claustre_de_Santa_Caterina.jpg>. Acesso em: 08 maio. 2019.

118


Figura 105: Implantação do mercado no entorno. Foco para o detalhe da coberta. Disponível em: <https:// pt.wikiarquitectura.com/ constru%C3%A7%C3%A3o/ mercado-santa-catarina/#mercado - santa- catarina-miralles-tagliabue-barcelona-wikiarquitectura-002> Acesso em: 08 maio. 2019.

brido que acentua a utilidade e contemporâneidade. Essa renovação do mercado teve como uma das suas diretrizes, também, a redistribuição do espaço coletivo, de forma que o pedestre fosse valorizado. Com relação ao espaço urbano, o projeto concebeu na parte posterior do mercado duas praças que surgem com a intenção de conectar o edifício com a área do entorno, a qual possuí uma predominância de uso habitacional. Essa elaboração da praça reafirma a proposta do projeto de criar um edifício de grande força para a cidade e que se relacione diretamente com a mesma e com o seu público de maneira sadia e agradável. O mercado possui quatro entradas, a entrada principal, as laterais e a posterior onde fica localizada a praça, fato que ratifica o seu partido de ser um edifício com uma relação muito íntima com o espaço urbano. Na área interna o layout do ambiente foi refeito para se adequar ao modelo de um mercado. São dispostos no ambiente 70 boxes de venda que com forma e disposição irregular, formando um espaço mais dinâmico. Nas laterais fica a parte administrativa e os serviços, enquanto que nos dois subsolos existentes há espaço para estacionamento e coleta do lixo. (Figura 106 e 107) 119


Figura 106: Planta baixa do Mercado de Santa Caterina. Destaque para as formas irregulares dos boxes. FONTE: Paul Gomez. DisponĂ­vel em: <https://www. behance.net/gallery/8818759/ Santa-Caterina- M a r k e t- B u i l d i n g-Analysis>.Acesso 08 maio. 2019

Figura 107: O mercado internamente. DisponĂ­vel em: <https://www.barcelonaturisme.com/wv3/ en/page/508/santa-caterina-market. html> Acesso em: 08 maio. 2019.

120


No entanto, o que recebe mais destaque no mercado e o que o torna atração turística e protagonista na cidade, é solução de sua coberta. A coberta sugere uma espécie de tampa ao edifício, garante uma leveza ao espaço e traz a contemporaneidade ao projeto. A estrutura da coberta é principalmente formada por arcos de madeira ligados por vigas metálicas que ora aparecem para o exterior, ora aparecem para o interior. O plano ondulado conforma os belos arcos de madeira, remetendo a cultura da cidade ao serem revestidos com cerâmicas hexagonais que possuem 67 cores distintas. A diversidade de cores busca retratar as frutas e verduras, produtos encontrados no mercado. (Figura 108 e 109) O Mercado de Santa Caterina, é caracterizado pelo seu viés de ser um mercado tradicional, com a venda dos insumos e não com o viés de ser um mercado gastronômico. No entanto, a sua imponência e importância para a cidade, e, em especial, a sua relação sadia com o espaço urbano, torna o mercado um elemento de grande relevância e apropriação, sendo um modelo de concepção de projeto muito conveniente.

Figura 108: Os arcos da coberta. Disponível em: < https:// fr.wikiarquitectura.com/b%C3%A2timent/marche-santa-catarina/>.Acesso em: 15 maio. 2019

Figura 109: Estrutura de madeira com vigas metálicas para a solução da coberta. Disponível em: <https:// pt.wikiarquitectura.com/ constru%C3%A7%C3%A3o/ mercado-santa-catarina/#mercado - santa- catarina-miralles-tagliabue-barcelona-wikiarquitectura-002> Acesso em: 08 maio. 2019.

121


Figura 110: Markthal Rotterdam DisponĂ­vel em: < https://www.youtube.com/watch?v=hosPbNwnVd0>. Acesso em: 16 maio. 2019

122


MARKTHAL

ROTTERDAM 123


4. MARKTHAL ROTTERDAM A cidade de Rotterdam, localizada na Holanda, foi alvo de muita destruição durante a Segunda Guerra Mundial. Por isso, ao longo dos anos, a cidade sofreu para se reerguer e criar novos cenários para o espaço urbano. Foi neste sentido que projetos inovadores e marcantes começam a surgir na cidade como é o caso do Markthal. O Markthal Roteterdam é o maior mercado da Holanda e foi elaborado por meio de um concurso vencido pelo escritório MVRDV, em 2014. Ele fica localizado em uma área histórica, muito próximo ao local onde há a maior feira ao ar livre do país, próximo ainda da igreja medieval Laurenskerk e também de uma estação de metrô, a qual facilita o acesso ao mercado. (Figura 111) A proposta do mercado se baseia na ideia de cidades compactas. Assim, optou-se por mesclar mais de um uso no terreno escolhido para a elaboração do projeto e não propor apenas uma ocupação pública como praças e parques, tendo em vista que estes espaços não garantiriam a vida local da mesma maneira que um equipamento responsável por agregar diversos usos iria garantir. Os usos escolhidos para ocupar tal área é uma combinação de habitação com equipamento público. Dessa forma o projeto é formado por um enorme espaço fechado no nível da rua, rodeado por um edifício residencial em forma de arco. Na parte central do edifício fica o espaço do mercado, o qual é considerado como um grande espetáculo devido a sua forma, o seu interior colorido e a sua altura monumental. Já no subsolo fica o espaço para estacionamento. (Figura 112) Figura 111: Relação do Markthal com o entorno Disponível em: <https://viewcushwake.nl/ideas/ d e - k r a c h t- a c h t e r-het-prijswinnende-concept-de-markthal-rotterdam/>. Acesso em 08 maio. 2019.

124


Figura 112: Monumentalidade do edifício. FONTE: MVRDV. Disponível em: <https://www.mvrdv. n l / p r o j e c t s / 1 1 5 / m a r kthal?photo=15139>. Acesso em: 08 maio. 2019.

Essa combinação de espaços torna o projeto único e representa o seu diferencial. Ter um prédio de 228 apartamentos residenciais envolvendo um mercado de grande porte com 100 lojas, uma praça de alimentação, um supermercado e um estacionamento com 1.200 vagas, não é uma proposta arquitetônica usual, tornando o Markthal Rotterdam um edifício único. (Figura 113, 114 e 115)

Figura 113: Planta baixa do pavimento térreo. Disposição dos boxes na parte central do espaço, sendo uns com teto verde e outros com espaços de convivência no teto dos boxes. Diversos espaços para serviços diversos nas laterais, em especial espaços para restaurantes. FONTE: Design boom. Disponível em: < https://www.designboom.com/architecture/mvrdv-markthal-rotterdam-opens-10-01-2014/gallery/image/mvrdv-markthal-rotterdam-complete-designboom-19/> Acesso em: 08 maio. 2019.

125


Figura 114: Espaço dedicado ao mercado. FONTE: Boon Edam Global. Disponível em: < https://www.boonedam.com/portfolio/rotterdam-market-hall>. Acesso em: 08 maio. 2019

Figura 115: Corte do edifício demostrando a relação entre os ambientes. FONTE: Archdaily. Disponível em: < https://www.archdaily.com.br/ br/758495/markthal-rotterdam-mvrdv/5431b184c07a80548f0005c5-markthal-rotterdam-mvrdv-section>. Acesso em: 08 maio. 2019

A forma inusitada do edifício é concebida através de uma desconstrução e inversão da lógica tradicional, o qual é concebido de maneira que ao colocar o programa de habitação, comércio e estacionamento rapidamente se imagina duas torres e um embasamento. Essa inversão da forma tem como objetivo, ainda, retomar a tipologia dos mercados, os quais, em sua grande maioria se apresentam em forma de galpões com grandes vãos. 126


Com esta inversão da forma, tornou-se possível trazer o espaço urbano para dentro do edifício, criando uma relação direta dele com o entorno imediato, onde há a feira ao ar livre de Binnenrotte que acontece duas vezes por semana. Esse fato, faz com que o edifício do Markthal, embora privado, venha se tornando notoriamente um espaço edificado em simbiose com o espaço urbano, possibilitando, assim, a apropriação do lugar. (Figura 116) O Markthal abriga um equipamento que mescla as características de um mercado tradicional com um gastronômico, através dos seus boxes, os quais muitas vezes possuem um espaço com mesas e cadeiras na coberta dos boxes, criando um ambiente de convívio. Também há espaços destinados para restaurantes no espaço, sendo, portanto, um mercado que possui uma grande capacidade de criar uma área de convivência como os mercados gastronômicos atualmente vem sugerindo. (Figura 117)

Figura 116: Relação do edifício com o espaço destinado para a feira livre. FONTE: MVRDV. Disponível em: < https://www. m v r d v. n l / p r o j e c t s / 1 1 5 / markthal?photo=15062>. Acesso em: 08 maio. 2019.

Figura 117: Um dos restaurantes presentes no edifício, conferindo-lhe característica de mercado gastronômico, de certa forma. FONTE: MVRDV. Disponível em: < https://www. m v r d v. n l / p r o j e c t s / 1 1 5 / markthal?photo=15055>. Acesso em: 08 maio. 2019.

127


CONCLUSÃO: A RESPEITO DOS ESTUDOS DE CASO A partir do estudo e da observação de equipamentos de mercados espalhados pelo mundo, fica claro a imponência de um mercado no seu entorno, as suas características marcantes do ponto de vista arquitetônico e a sua relevância para o desenvolvimento da cidade. Os estudos de caso, apontam que mesmo em países completamente distintos culturalmente, socialmente e economicamente, o mercado é um elemento agregador dentro das respectivas cidades. Ele é um elemento que em qualquer espaço que esteja implantado é responsável por mudar a lógica do entorno, ele agrega valor ao espaço, agrega movimentação e, consequentemente, agrega vitalidade urbana, fator chave do Urbanismo Sustentável (FARR, 2013). Os mercados apresentados como referências projetuais, além de dotarem dessa importância para a cultura, a sociedade e a economia do local, possuem coerências nas suas questões arquitetônicas. Mesmo os mercados saindo de propostas de intervenções arquitetônicas ou de projetos elaborados do zero, estes apresentam semelhanças, as quais foram importantíssimas para a elaboração de diretrizes projetuais e até mesmo do programa do Mercado Gastronômico de Boa Viagem. Dentre as referências apresentadas há diferenças com relação ao tipo do mercado, sendo um definido estritamente como mercado público tradicional, dois que mesclam o tradicional com o gastronômico e um apenas voltado para o viés de mercado gastronômico, este, então, será mais representado no desenvolvimento do Mercado Gastronômico de Boa Viagem. A percepção da sua relação com o entorno também foi fundamental para a escolha do território dentro da malha da cidade do Recife, uma vez que se percebeu por meio dos estudos que os mercados referenciados trouxeram alterações na lógica urbana. Portanto, estudar e entender a logística dos mercados é fundamental para o possível desenvolvimento projetual de um. É importante perceber sua relevância, suas caraterísticas, suas formas e sua funcionalidade. MERCADOS

PÚBLICO TRADICIONAL

TRADICIONAL + GASTRONÔMICO

INTERVEÇÃO MERCADO DE ARQUITETÔNICA SANTA CATERINA NOVO PROJETO

128

GASTRONÔMICO

TIME OUT MARKET MARKTHAL ROTTERDAM

EATALY SÃO PAULO

Quadro 01: comparativo entre os estudos de caso. FONTE: Autoral.


129

7.

TERRITÓRIO


7.1. A ESCOLHA DO BAIRRO

A partir da percepção do impacto que os mercados têm nos seus respectivos entornos, é de grande relevância estudar os bairros da cidade do Recife a fim de optar pela implantação do mercado gastronômico em um bairro adequado para receber tal equipamento urbano. É fundamental dar início a pesquisa dos bairros apontando em qual deles já existem mercados públicos, de forma a observar a interação com a população residente no bairro e de forma a analisar a sua harmonia e importância para o local. Segundo dados da CSURB (Companhia de Serviços Urbanos do Recife) a cidade do Recife possui ao todo dezessete mercados. Os mais conhecidos estão dispostos nos bairros: Encruzilhada, Casa Amarela, Boa Vista, São José, Madalena e Cordeiro. Os mercados, são equipamentos geradores de encontro, de fluxo e de entretenimento, eles proporcionam mais vida ao local onde estão situados e conferem movimentação no entorno, sendo equipamentos bastante imponentes para os seus bairros. Dessa maneira, a estratégia para a escolha do local foi dar enfoque nos bairros que ainda não possuem esse equipamento urbano, que possuem uma boa dimensão urbana e que tenha uma população suficiente para usufruir do mercado gastronômico que será proposto. Partindo dessa lógica, outra forma de seleção do bairro foi observar em qual zona da cidade eles estão em menor quantidade, fato que levou a uma análise de que a região conhecida como Zona Sul da cidade do Recife é carente de equipamentos como os mercados públicos. ( Figura 118) Nesta Zona que compreende os bairros do Pina, Boa Viagem, Brasília Teimosa, Imbiribeira, Setúbal, dentre outros, há uma predominância de super e hipermercados, os quais vão na vertente contrária do que se busca propor com os mercados públicos e com o mercado gastronômico. Assim, levando em consideração os bairros da Zona Sul, a qual foi escolhida devido a sua falta de equipamentos como este, percebeu-se que o bairro de Boa Viagem é o mais interessante para a implantação do novo Mercado Gastronômico. 130


< Figura 118: Mapeamento dos bairros da Zona Sul próximos ao bairro de Boa Viagem. FONTE: Prefeitura do Recife. Disponível em: < https://www.recife.pe.gov. br/pr/secplanejamento/ pnud2005/mapas.html>. Acesso em: 08 julho. 2019.

7.2. O BAIRRO DE BOA VIAGEM O bairro de Boa Viagem é um extenso e populoso bairro na Zona Sul da cidade do Recife (Figura 119). Ele tem a sua formação recente quando comparado com os demais bairros da cidade, tendo em vista que era um bairro de veraneio ainda nas décadas de 1940, 1950 e 1960 , um espaço onde as pessoas iam para se divertir e curtir a praia, fato que fez com que a população não se interessasse por uma apropriação no bairro. A urbanização de Boa Viagem só se dá de fato em 1925 com a criação da avenida que margeia a orla, a qual, pode-se dizer, que foi responsável por trazer o mar como espaço de lazer até a cidade do Recife. A partir disso foi que os recifenses ganharam interes131


IPSEP

IMBIRIBEIRA

BOA VIAGEM

Mapa do Recife

JABOATÃO DOS GUARARAPES 132


se em conhecer melhor o bairro e, consequentemente, dá-se início ao processo de especulação imobiliária. Segundo Pontual (2018) a população de Boa Viagem passou de 27.862 pessoas em 1950 para 75.600 em 1960, configurando, assim, um acréscimo de 171,36%. Com esse crescimento contínuo, a predominância que em 1970 era de casas e prédios com até 4 pavimentos, em 1990 passou para edifícios com mais de 10 pavimentos, de forma que comportasse a quantidade de pessoas que estavam indo morar em Boa Viagem. Esse ritmo acelerado de mudanças continuou agitado no bairro e em específico na orla, formando a Boa Viagem que se tem atualmente. A orla hoje em dia encontra-se tomada por uma faixa de prédios muito altos com suas fachadas predominantemente modernistas e com pouca relação com a rua. (Figura 120 e 121) Essa configuração de edifícios muito altos e com uma relação não satisfatória com o espaço urbano passou a se repetir por quase todo o bairro. A orla começou a ficar extremamente disputada e a especulação imobiliária, logo, se expande para outras áreas causando, como consequência, o aumento da população. Entretanto, a grande contrariedade nisso tudo é a estrutura do bairro com relação à diversidade dos usos. No bairro de Boa Viagem, pode-se dizer que a especulação imobiliária foi tão forte e representativa que o bairro possui uma quantidade de habitações discrepante quando comparada a usos relacionados a entretenimento e lazer, por exemplo. Esse fato, reflete diretamente na qualidade do bairro e consequentemente na qualidade de vida da população. Segundo Douglas Farr (2013) em sua teoria do Urbanismo Sustentável, um bairro é considerado excelente apenas quando possui uma mistura de usos de solo e tipos de habitação, fato que, de certa forma não se repete de forma coerente no bairro então estudado. Uma variedade de usos permite que os moradores morem, trabalhem, se divirtam, se exercitem, façam compras e satisfaçam suas necessidades diárias a pé. Uma variedade de tipos de edificações permite que as pessoas com diferentes rendas e estilos de vida vivam no mesmo bairro sem prejuízo para o seu caráter ou qualidade. (DOUGLAS FARR, 2013, p. 122)

<

Figura 119: Mapa bairro de Boa Viagem. Disponível em: Google Earth PRO

133


A teoria do Urbanismo Sustentável, defende, ainda, que um bairro deve ser compacto, completo, integrado, sustentável e deve possuir uma relação íntima com a natureza. No entanto, o bairro de Boa Viagem, de certo modo, não atende satisfatoriamente a essas características, tendo em vista a sua carência de espaços edificados que se relacionem de forma saudável com o espaço urbano. De maneira geral, a grande problemática do bairro é a busca por mais relação dos edifícios com o espaço público, a grande maioria dos espaços edificados são fechados e não se agregam a rua, fato resultante em um bairro com poucos empreendimentos urbanos. Esse situação pode ser observada quando se trata dos Shoppings Centers. O bairro de Boa Viagem comporta o primeiro e um dos maiores shoppings da cidade, o Shopping Center Recife, que fica no coração do bairro. Pode-se dizer, ainda, que Boa Viagem comporta um segundo shopping center, o Rio Mar Shopping, que apesar de não ficar propriamente no bairro, é bem próximo, a ponto de ser considerado parte integrante deste. Esses dois equipamentos não urbanos, ganham, devido a sua oferta, um protagonismo no bairro, sendo um dos principais pontos de encontro e convívio para os moradores. Mesmo Boa Viagem sendo um bairro de praia e possuindo uma orla agradável e confortável do ponto de vista urbano, os shoppings centers ainda são um dos principais focos de comércio e lazer. São diversos os números de pessoas que optam por frequentar este ambiente para resolver pendências ou para realizar as refeições do dia a dia, enquanto que as mesmas pessoas poderiam estar vivenciando o próprio bairro. Esse fato, contribui nessa característica de possuir espaços não urbanos no bairro, situação desfavorável para a aplicação do Urbanismo Sustentável. Entretanto, apesar deste cenário, o bairro possui, ainda, equipamentos urbanos importantes e com uma maior relação com a rua como as edificações destinadas a serviços e comércios presentes na grande extensão das vias Av. Eng. Domingos Ferreira e na Av. Conselheiro Aguiar. Estes equipamentos, que se configuram em grandes lojas, restaurantes, escritórios, bares, clínicas, dentre outros, equilibram, muitas vezes, essa mistura de usos importante para se atingir um Urbanismo Sustentável e, oferecem, ainda, espaços mais urbanos e com maior relação com o pedestre. 134


Com relação a equipamentos destinados para a gastronomia, o bairro oferece uma diversidade de bares e restaurantes ao longo da sua extensão. No entanto, estes equipamentos estão distribuídos em pontos distintos do bairro, fato que leva a população escolher, muitas vezes, um ambiente que agregue diversas opções de restaurantes em um mesmo local, como é o caso das praças de alimentação dos Shoppings Centers. Dessa maneira, tendo em vista a proporção que os Shoppings Centers têm no bairro de Boa Viagem, uma gama considerável de pessoas opta por frequentar estes espaços, situação desfavorável para a vivência urbana. Sendo, portanto, de extrema importância criar estratégias de reproduzir espaços como estes dentro da cidade, propondo, assim, um mercado gastronômico que se relacione diretamente com o meio urbano.

Figura 120: Orla de Boa Viagem com a sua predominancia de ediíficos de grande porte. FONTE: Trip Advisor

Figura 121: Orla de Boa Viagem. FONTE: Autoral, 2019.

135


7.3. O TERRRENO A partir do entendimento sobre Boa Viagem, é necessário apontar em qual trecho do bairro o projeto deve ser implantado. Para isso, é necessário avaliar possíveis terrenos para a proposta do Mercado Gastronômico de Boa Viagem. Para comportar um equipamento de grande porte como o mercado, é necessário escolher um terreno com uma grande área, que possua uma boa relação com o entorno, que possua um fluxo interessante de pessoas e de veículos e que seja um terreno relevante para a área, de forma que com a implantação do mercado, esse espaço ganhe mais vitalidade urbana. Para isso, foram selecionados três terrenos a fim de analisar quais desses têm capacidade de comportar o Mercado Gastronômico de Boa Viagem. TERRENO 01: Este terreno, que fica localizado entre a Av. Domingos Ferreira e a Rua Aderval Chaves, possui uma área em torno de 2.500m² a 3.000m² e encontra-se atualmente desativado. O último uso do terreno foi como um espaço de estacionamento para a casa de festas que está situado ao lado. Esta, também, se encontra desativada e poderia ser incluída ao terreno aumentando a área para aproximadamente 4.500m² segundo dados do Google Earth PRO. (Figura 122) O terreno fica localizado entre uma via arterial principal e uma via coletora, que são paralelas ao terreno, ou seja, não há esquina de quadra nele. A quadra em que o terreno está situado é toda ocupada por serviços e comércios, porém, no seu entorno imediato é possível encontrar diversos pontos de usos habitacionais. O terreno está localizado a três quadras de distância da praia de Boa Viagem e de grandes equipamentos de serviço (Figura 123), situação desfavorável para o desenvolvimento do mercado gastronômico, uma vez que a intenção do mercado é sugerir um apoio tanto para o público que frequenta a praia quanto para o público que trabalha e mora no entorno. Outra questão é o fato de que como a Av. Domingos Ferreira é uma via arterial principal, a quantidade pessoas que frequentariam 136


o mercado por meio de veículos, provavelmente, seria maior do que o público que iria caminhando ou usando transportes alternativos. Assim, o terreno 01 apesar de possuir uma área adequada para receber o mercado gastronômico, apresenta essas situações não tão favoráveis para o tipo do projeto que se deseja desenvolver, sendo interessante pesquisar outros possíveis terrenos para avaliar suas potencialidades.

Figura 122: Terreno 01 FONTE: Google Earth PRO.

Figura 123: Localização do Terreno 01 FONTE: Google Earth PRO.

137


TERRENO 02: Este terreno, que fica localizado entre Rua Francisco da Cunha e a Rua Prof. Rui Batista, possui uma área em torno de 3.000m² segundo dados do Google Earth PRO. O terreno atualmente está desativado, o seu último uso foi como estacionamento para uma academia de ginástica localizada ao lado. (Figura 124) O lote fica situado entre duas vias que possuem um fluxo baixo de veículos e de pessoas, situação desfavorável para o desenvolvimento do mercado. Já com relação a quadra em que o terreno está localizado, esta não possui tantos atrativos, apenas pequenos equipamentos de comércio e serviço e um edifício habitacional. O terreno está localizado a três quadras de distância da praia de Boa Viagem, de grandes equipamentos de serviço e de habitações de grande porte, tendo em vista que em sua face norte há uma predominância de habitações de pequeno porte (Figura 125). Essa situação é desfavorável para o desenvolvimento do mercado gastronômico, uma vez que a intenção do mercado é sugerir um apoio tanto para o público que frequenta a praia quanto para o público que trabalha e mora no entorno. O terreno 02, assim como o terreno 01, apesar de possuir uma área adequada para receber o mercado gastronômico, apresenta essas situações não tão favoráveis para o tipo do projeto que se deseja desenvolver, sendo interessante pesquisar outros possíveis terrenos para avaliar suas potencialidades.

Figura 124: Terreno 02 FONTE: G o o g l e Earth PRO.

138


Figura 125: Localização do terreno 02. FONTE: G o o g l e Earth PRO.

TERRENO 03: O terreno 03 fica localizado entre a Av. Conselheiro Aguiar, a Rua Padre Carapuceiro e a Rua dos Navegantes, possui uma área em torno de 5.000m² e atualmente encontra-se sem uso, sendo o último uso de um dos lotes do terreno uma galeria, a Alameda Center, enquanto que o outro lote do terreno está sem uso há um bom tempo. O terreno fica localizado entre uma via arterial principal e duas vias coletoras, criando duas esquinas de quadras, um fator de grande importância para a questão da visibilidade e do acesso ao mercado gastronômico. A quadra em que o terreno está situado possui tanto edifícios habitacionais quanto comerciais e de serviço. Entretanto, o que ganha mais destaque nessa quadra é a sua proximidade com a praia 139


de Boa Viagem, a qual fica a apenas uma quadra de distância. O terreno, está localizado na lateral da quadra e, logo, possui um acesso que dá direto na praia de Boa Viagem através da Rua Padre Carapuceiro, que está paralela ao terreno e vai até a Orla. Essa situação é extremamente relevante para a escolha do terreno, uma vez que uma das intenções do mercado é ser um apoio para o público que frequenta a praia. O terreno, também, está localizado próximo a muitos edifícios habitacionais de grande porte, fato que garante um público significativo na área do entorno. Essa realidade justifica bem a implantação do mercado nessa área, uma vez que atingiria também esse público que mora perto e, consequentemente, a probabilidade dessas pessoas utilizarem de transportes alternativos ou de ir até o mercado caminhando seria grande, situação favorável na ótica do Urbanismo Sustentável.(Figura 126 e 127) O terreno 03, então, dentro das opções apresentadas no bairro, é uma opção excelente para a implantação do mercado gastronômico tendo em vista as suas condições urbanas, as quais foram levadas em consideração para a escolha do terreno. Além disso, a questão da dimensão do terreno foi determinante, já que este possui uma boa capacidade para suportar o equipamento que será proposto. Assim, para compreender melhor sobre o entorno do terreno escolhido a fim de elaborar diretrizes para o projeto do mercado, foram elaboras análises e estudos.

Figura 126: Localização do Terreno 03 FONTE: Google Earth PRO.

140


Figura 127: Imagem aérea da localização do terreno. Foco para a proximidade do terreno com a praia de Boa Viagem e a proximidade com edifícios. FONTE: Google Earth PRO.

CONCLUSÃO: ESCOLHA DO TERRENO

TERRENO 01 ÁREA (m²) ESQUINAS DE QUADRA DISTÂNCIA ATÉ A ORLA

TERRENO 02

TERRENO 03

2.500/3.000

3.000

5.000

NENHUMA

01

02

03 QUADRAS

03 QUADRAS

01 QUADRAS

Quadro 02: Elaboração de tabela com alguns dos requisitos usados para a escolha do terreno, justificando a escolha pelo terreno 03. FONTE: Autoral, 2019.

PERMEABILIDADE

VISIBILIDADE

PROXIMIDADE

FÍSICA

VISUAL

COM A RUA

COM A RUA

ALTA

ALTA

ALTA

ALTA

Quadro 03: Elaboração de tabela com alguns dos pontos positivos do terreno escolhido, o terreno 03. FONTE: Autoral, 2019.

141


< Figura 128: Vista aérea do terreno FONTE: G o o g l e Earth PRO

Av. Conselheiro Agui

ar 35

Rua Padre Car

apuceiro

53

35

95

ÁREA TOTAL DO TERRENO (m²)

5.039,04

TAXA DE SOLO NATURAL (25%) (m²)

1.259,76

TOTAL POTENCIAL CONSTR. (COEF. 2) (m²)

10.078,08

87

17

14

13

75

63

13

13

AFASTAMENTOS (m) Valores mínimos

Rua dos Navegantes

0 1

5

Figura 129: Lotes a serem remembrados.

142

Af= Afi+(n-4)0,25; Al=Ali+(n-4)0,25; Afu=Al Afi= 7,00m Ali=3,00m Afu=Al

10 Quadro 04: Potencial construtivo e parâmetros urbanísticos de acordo com a legislação viagente. FONTE: Lei de uso e ocupação do solo da cidade do Recife. Lei nº 17.511/2008.


10 12.00

2.50

RUA PADR

'56 "

9

°5

3.00

15.00

94 4.00

63.65

47.75

272°34'33"

1

5'1 °1

6"

7'3

°3

84

93

3.46

4''

45.26

3595

0

47.38

1363 RUA DOS NAVEGANTES

RUA WALFRID

7"

0'1

°5

89

CALÇADA

AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR

CALÇADA

20.00

5

°5 5

'26

"

84

CALÇADA CEIRO E CARAPU

92.70

RUSSEL SHORTO

Figura 130: Planta de situação com cotas e angulações do terreno.

143


Figura 131: Lotes do terreno voltados para a Rua dos Navegantes. FONTE: Autoral, 2019.

Figura 132: Esquina do terreno entre a Rua dos Navegantes e a Rua Padre Carapuceiro. FONTE: Autoral, 2019.

Figura 133: Relação tes a serem FONTE: Autoral, 2019.

entre os loremembrados.

Figura 134: Lateral da antiga galeria alameda center na Rua Padre Carapuceiro. FONTE: Autoral, 2019.

Figura 135: Fachada da antiga galeria alameda center na Rua Conselheiro Aguiar. FONTE: Autoral, 2019.

Figura 136-: Lote do terreno voltado para a Rua Conselheiro Aguiar. FONTE: Autoral, 2019.

144


145


a Silva

1229

1064

Lobato

Rua

Baltazar

1070

1212

Pereira

1205

130

114

70

32

100

1140

1350 1350

1350 1350 1275

INDUSTRIAL MIGUEL SANTOS

1174

l Miguel

Santos

1350

1350 1350

Industria

109 1350

Praça

1273

JULES RIMET/1º JARDIM DE BOA VIAGEM 1196

1350

Rua

1350

252

Raul

28

Azedo

1350

Rua 70

1313

Rangel

Jornalista Adeth

Americo Galvão

1350

Rua

Pedro

Rua

Domicio

1230

Leite

205 1252 1360

1365

70

Rua

Jornal

1272

118

Vanguar

1292

da

1385

Rua 139

50

Frei

Leandro

1320

1415

1472 53

27

94

67

Rua

40

16

1338

Phaelante

64

da Câmara

1537

1552 54 1560

1416 1448

1478

1576

236 224

1555

212

1500

1540

1516 130 231

Rua

223

Artur

Muniz

82

1650 1653 1818 1761

1670 147

1771 1684

Domingo

Machado

1700 1797

1590

1675

LA CORUNÃ / 2ª JARDIM DE BOA VIAGEM

iro

1740

1616

1729 1628

Avenida

es

1687

1712

1726

Avenida

Guimara

Aguiar

Engenhe

Gilson

iro

Dr

Conselhe

7.4. ÁREA DE ESTUDO

s Ferreira

1785

Rua

1910

1733 1642 1835 214

26

Rua

206

Rua

Helio

38

Coutinho

Rua

1688

1716

Jornalista Francisco

1920

48

93

90

Almeida

1734

1901 CIDADE DO PORTO

1851

1756

1950

78

63

Marinho

Leite

137 1896 1921

Solidôn

Arruda

1970

1875

Pereira

1922 200 105

Chaves Aderval José Rua

1850

1980

71

Professo r Osias

100

2004 1991

Ribeiro

71

186 2041

193 198

2084

2034

Rua Zeferino Galvão

1929

230

180

1945

194

2052 PARQUE INFANTIL WALT DISNEY

251

91

2070

Infantil

263

de

Filho erley

2029

Camelo

da

106 2154

2113

Rua

Ana

2025 2180

Rua

2961

56

Rua

Parque

2990 59

2160

312

315

3º JARDIM DE BOA VIAGEM 1998

2122 2001

310

Silva

Wand Eduar

do

tel

ssor

Pimen

Profe ssa

Albino

263

o

Trave

2065 1989

296 287

314

Amar

61

2088 2142

275

219

Miranda

177

1958

Walt

264

Disney

105

256 206

226 Maria

1906

Filho

Rua 174

175 192 212

168

Gondim

1998

163 168

Deleg

José

1870

Professor

1991

2050

162

Rua

Rua

104

1800

161

222

1951 2030

248 168

105

200

TERRENO ESCOLHIDO: CONTEXTO EXISTENTE

240

1950

2010

144

Rua

ado

1934

1990

108

127 154

114

Franca

1935

104

138 73

100

Aquin

Rua

Rua

115 1914

79

io

1930 57

74

João

120

de

Pires

62 136 146

31

50

Rua

74

102

o s Soare Tércio

Júlio

42 CIDADE DO PORTO

Senador

CIDADE DO PORTO

277

Laete

Lemos

85

2045

2054

Lins

2178 469

289

r Severia

no

Luiz Profe

Farias a de Benvid

s Muniz

Dona sa Traves 1ª

320

Rua

Dona da

507

de

178

Cahu Melo de

Leitão

Pedro

Rua

Dr

de Antônio

2363

638

490

360

602

486

2584

2537

2480

359

2366

2502

2493

2424

Profe

2412

ssor

2455

Edua rdo

2445

2589

Wand

374

Filho

2574 336

2454 2588

Neves Poeta Rua

Carolina a Maria

Hungria

Travess

370

Nelson Ministro Rua

Rua Gener

269

714

815

Rua

2574 2287

186

646

775

162

Rua Professor

Rua

de Ferreira Júlio Profess

Padre

289

47

356

ino

2764

384

2966

Cunha

54

da Rua

2938

77

2996

63

234

55 1943

3012

383 455

2958

3005 433

3028

970

411

1929

3067

2978 1907 133

235

956

658 858

Rua 735

de

Brito

3114

976

640

Félix

715

277

161 255

3160

3040 145

158

3150

142

135 3056

3133

1847

506

554 605

382

3143

171

3190 372

63

3175

370

1823

80

55

159

3098

288

ping

425

1809

48

3190

3181

346

3114

421

808

3136

413

3197

282 395

ntes

59

268 258

3256 246

e Mont do ck Luma io

150

1717

221

245

140

Travessa Padre Ca rapuceiro

1706

3340

151

3309

478 80

Rua

225 468 197

617

Rua

Padre

3420

65

51

3312

304

3336

399

1541

270

373

357

343

228 222

198

289

1515

3493

3524

3452

3402

3465

180

1336

3376

3487

3436

303

168 273

Rua

198

150

259

3416 1475

Dhália

1747

3572

3482

210 211

176

182

3356

3423

3500

240

315

3399

3426

3433

385

323

1575

3440

427

353

288 888

3296

3355 3406

3405

170 756

3278

1617

1607 368

501

770

143

3321

97

3400 384

eiro

324

139

3232 155

3350

3384 398

Carapuc

140

777

1701 3303

66

412

537 475

3332

3333

Porto

3380

428

503

Faustino

3360

444 110

3196

168

273

3322 488

de

dos Rua

1733

255 3296

265

Rua

Antôn

285

200 498

Rezen

3178

3231

3286

214

275 590

50

203

Nilson

1755

3217

3274 230

96

Cientis

777

3160

Navega

3254

380

1095

Viagem

1065

1454

289

a Boa

Rua

320

295

22

Avenid

Cente

r

384 590

733

128

ta

3020

3105

3121 267

572

657

537

813

Shop

136

3095 1325

Melo 995

489

3000

3068 3081

303

835

Rua

2910

1997

1979 2983

254

475

700 676

815

2840 2846

2876

68 2994

2980 3023

936 485

728

821

40

2037

2019

80 185

2965

co

Francis

2957

88

205

3042

155

916

50

2977

2964

2966

2990 320

418

2804

2820 68 2055

380

896 216

497

2083

133

402

260

272

uape

355

381

474

490

825

2784

130

2941 151

2976 418

467

483

Mamang

340

358

2746

2135

2111 148

2940

2970 150

2907

2986

245 430

Rua 555

782

2151

2861

2891

221

243

2869

2881

259

506 561

890

720

47 2878

2892

267

2902

240

287 273

499 486 583

87 238

2843 2886

264

299

165

518

141

854

2712

2724

2860 252

276

315

153

Antônio

190

912

2223

111 266

2842

298

331

1038

Rua

551

Falcao

181

2682

48

2846 282

316

992

482 565

665

946

2652

2814

2832

2800

Pessoa

247 336

387

240

68

165

800

77

2225

2755 2769

Bernard

277

61

2632 2241 2233

2775

175

2784

66

376

417

504

635

58 2257

2735

189

303

390

441

546

655 562

590

2610

135

131

145

552 643 724

2594

2277

147

2756 2770

148 205

161

Rua

721

or

Leao

620 729

623

Carolina

483

136 634

735

36

46 678

Avenida

687

2707 163

170

2718

2742 248 2766

Melo

795

Arnaldo Carneiro

Maria

668

805 63

75

2350 2313

166

2738

202

2700

285

270

317 505

49

2554

180 2696

2655 258

301

380

654 422

159

2530

2347 268

325

410

395

ça

2371

2627

300

333 657 356

415

2514

2401

2640

314

345

660 392 429

45

Mendon

2585

2664

2600

326

334 618

281

16

32

46

525

2492

2409

636

591

474

Paes

2478

2573

603

560

500

Pedro

2417 2610

346

415 605

574

553 821

2450

56

Brandão

2620

411 633

586

798

José

331

881

647

407

415

ancio Ram alho

or

377

801

784

2439 2565

Profess

389 796

Zezito

Cícero

663

713

636

al Edson A m

Rua

409

João 512

2434

2525

2574

erley

440

71

Tenente

392

2388

2475

2540

Rua

161 410 38

Rua

715

414

80

2495

2391

187 392 492 712

690

2550

141 2377

187

376

748

757

2334

175

2420

200 156

719 736

2294

2316 2419 2420

2466

229

Rua

769

2599

2575 2563

2321

2343 2422

794

778

2234

2272

2375

2410

2420 255

2352

242

777

o

75

2666

2258 2394

2279

2340

Batista

Capitulin

2621

2360 2380

2265

2300

Profess Rui

2691

2675 2661

2333

2245

351

Rua

80

539

293

793

796

137

2338

2350

2284

435

206

or

784

2258 2270

449

161

120

139

130

74

Henrique

2198

424

465

479

2316

2246

446

Farias

477

223

336

2170

Rua

434

Benvin

123 455

395

310

324

168

380

2144

2862

2840

2215 2238

287

301

317

254

2831 2255

2286

2222

118

366

111 300

334

787

2128

2188

Aristide

89

401 301

321

402

712 807

2886

2851

Rua

2229

2252

70 121

129 142

772

819

2110

2217

2240 96

140

530 422

341 274

364

297

800

833

58

2869

2230

216

98 562 394

2080

2911

2205 2222

83 619

41

63

266

99

2927 2210 2117

70

665

159

200

201

271

287

2939

2159

2200

23

189

131

Rua

185

175

Aviado

arães

344

119

ssor

de Luis Rua

180

120

1564

150

306

842

622

A

Faria

622

Rua

Gond

720

s

180 110

im

Barbo

sa

Guim

85

171

109

3440

1455

168 191

266

3456

3510 844

233

3600 62

3626 52

54

3553

74

3472

3638

50

858

261

1246

1417 95

Rua

316

878

3652

Jack

3595

79

Ayres

67

871 73

3500

1387

53

3609 1375

55

3621

39

1810

1363

915

916

348

3635

3704

1846

3670

3647 186

3520

1353 3645

3686 170 90

Travessa Coro nel Filipe Coel ho

64 374

1ª Travessa Jonhathas

603

509

393

451

325

3855

80

3722 3738

da Silva 70

590

Rua

965

125

1059

Rua Tenente Domingos de Brito

Cavalcanti

Rua Braúlio

Simões Barbosa

550

421

Rua Ribeiro

405

397

280

Rua Pedro 29

278

os Travessa Ernes to de Paula San t

887

246

396

4215 4214

368

3984

4252

360

4080 865

561

264

Rua Carlos

Pereira

451

4270

433

417

4265

860

186

168

391

405

835 130

367

550

Falcão

4040

4140 116

315

500

464

Rua Ernesto

4310

901

743

Rua Dr João Sobrinho

Rua Amália Bernardino de Souza

756

727 136

124 112

214

204

186

77

4500

4483

4510

1000

392

4200

4224

125

4480

4300 396

82 691

4468

224

299 686

416

100

4432

4452 121

696

840

4160

168

232

621

498

640

618

4268

611 4333

1007

573

1021

292

312 302

322

332

342

352

106 96 100 86

96

710

90 423

76 66

70

Costa

788

60

736

35

18

8

109 101 93

137

75

85

72

227

4308 4324

87

4582

4565

51

541

4338

4577

225

4430

632

525 4364

88

4599

177

66

513

165

501 4398

40

159

175

155 348

260

96

4298

595

571

186

1080 730

4620

195

203

86 310

300

42

123

4371

332

735

53

2300

36

62

Rua Dom Estevão Brioso

66 76

75

66

4552

415

715

41

59

67

98

114

130

56

55 65

95

16

146

2425

46

45

85

26 370

30

28

187

36

40

151

38

644 78

169 200

203 85

73

26

200 188

4635

29

Coronel

447

4670

Chaves 40

254

48

4424

75

Benedito

4440

4367

2465 250

492

182

Rua

37

140

2466

784

592

201

161

48

26 36

46

50 385

213

666

171

58

197

4403

435

2269

50 16 2285

191

181

141

201

68

72

1030 487

28 26 17

196

206

211

283

273

263

25

56

60

395 177

180

694

80

169

160 680

710

2237

600

782

727

216

16 15

Gondim

141

Regueira

150 43 119

331

Gomes

Rua Dr Gaspar

Paulo

110

226

Luis Mallet

Rua General

449

Rua Raymundo

131 750

695

236

246

256

266

2301

151 461

683

759

140

161 447

671

129

Rua Pinhal

955 659

99

115 130

747

763

763

757

798 839

851

871

127

91 149 87

102

Avenida Hélio Falcão

60

57

1047 1077

50

635

665

43

José Lopes

1099

80

Rua Francisco de Barros Barreto

36

1088 1136

561

Rua Monsenhor

4138 741

4405

184

4267

4280 357 421

158

847

194

191

4255

302 447

750

4100

4120

4387

200

217

4264 527

730

744

200

4242

414

565

609 626 604

737

João Paes

856

75 767

s

de Pontes

380

218

4236 311

Rua Professor

Guilherme

446

4406

218

João Medeiro

896

575

510

575

529

606

126

175

4388

591

1900

657

742

1200

750

523

1890

640

656

576 655

730 729

999

4368

4173 4190

465

577

4189

590

697 696

778

912 566

742

Rua Desembargador

4161 310

874

1880 505

536

681 680

138

796 561 562

558

4070

Santos

783

187

334 322

509 516

883

893

279

561

546

4172

372 560

1866 831

851 867 903

267

528 527 532

1509

de Paula

4145

811

508

473

1000 1004 1044

819

275 830

478

457

1136

533

4000

4264

284 525

530 455

760

470

826

445

512

1145

103

911 4221

109 390

4241 607

410

198 208

196

212

870

1846

454

Rua Dom

3962

4036 4062

398

520

448

178

424 900

500

1234

1101

4189

36 273

454

551

835

245

4200

272

Bergamo

305

542

420

907

375

393 399

405

Freire

436

170

383

408

185

Americano

430

461

480

913

927

Rua General

447

464

427

3906

213

300

720

450

383

395

460

3892 992

972 241

320

867 775

925

290

442

403

Barros Gondim

Rua Alzira do Couto

404

37

412

162

162

73

Santos

1235

394

465 264

73

Paula

1030

993

de Brito

4060 324

Avenida Fernand o

340

355

441

ro

566 624

326

1277

1289

1301

1327

1355

355

153

de

3854

1044

1033

3870

Salguei

231

485

992

1114

1172

1038

940

960

326 1260

1272

1300 1368

457

1017

Rua

Rua Agenor Lopes

Rua Jonathas de Vasconcelos

175

81

636

1474

334

1064

1054 78

62

73 4074

465

668

323

495

4023

573

505

652 316

848

3804

149

4040

646

597

500 279

640

363

1077

3939 3945

3965

4000 352

515

622 340

350

364

404

707

287

328

269

281

293

305

314

3778

3924

de Oliveira

65 112

554

580

901

933

243

280

300

1145

1097

105

3920

Rua Professor Valdemar

675

3972

1009

262 265

314

93

Serinh

602

640

1017

1027

1037

126

292 287

123

136

3900

59

Rua Pastor José Amar o

70

572

584 630 616

3901

146

720

618

aem

3904 74

165

734

209

928

189

700

Ernesto

90

98

3754

159

59

743 1097

100

1ª Travessa

99

118108

191

603

617

830 277

1111

1133

272

254 55

181

257

3856

Lafayette

113

1034

1147

1159

275

55

286

Rua Bruno Veloso

247

122

Rua Dr Raul 512

139

70

1002

1084

1197

1201

1197

Cavalcanti

3672 60

3838

152

90

660

176

490

505 275

1361

Braulio

1235

1213

1203

333

450

478

498

Eiras

200 140

403

533

52

50 da Costa

1223

250 3810

450

54

Couceiro

355

164

169

185

192

1240

1272

17

José Neves

Travessa

268

70 789

Rua Jorge

1037

147 499

1223

1257

186

Desembargador

3650

3763

3800

284

300

272

97

100

504

595

168

3610

3743

3786

3814

160

80

97

90

534

650

207

Shorto

45 3735

3766

3782 392

60

63 80

de Holanda

74

Rua Arnaud

92

de Vasconcelos

1380

1322

Russel

61

65 81

422

1295

Wilfrid

81

27 93

3739 490

1318

Travessa

107

3746

68

Travessa Jonathas

de Brito

60

Rua 3687

179

528

42

Rua Coronel Anizio Rodrigues Coelho

de Vasconcelos

92

Travessa Ribeiro

3574

74

Trajano

3742

1910 970

805 102

3686

3696

Rua José

960

25

44

351

406

24

50

3722

944

373

430

38

4667

25

4470

64

1222

58

435

Rua Padre Giordano

13

4395

14 1020 227

237

75

213

238

228

218

57 45

170

162

91

Rua

178

Rua Marques

150

1274 181

192

de Valenca

82

300

255

30

Rua Padre Luiz Marques Teixeira

Tijolos 1ª Travessa

281

Rua Givaldo

271

Mota

177

4741 363

125

141

4793

97

85 41

37

176

281

180 187 176

José Neves Desembargador Avenida

956

100

402

332

342

334 380

336 438

340

426

231

459

6133

41

51

67

77

Cruzeiro

do Forte

470

276

522

443

233

de Palmares Rua Baronesa 180

67

295

269

151

141

131

373

184

1260

Monteiro Carneiro

279

313

286

146

74

158

Rua Izabel

363

195

131

313

251 34

159

127

396

390

384

378

184

Cardoso Hipólito José Rua

Cavalcan

1140 1154 504

302

314

567

Mello Souza de

Assis 6114

Professor

1214

1228

6166 1240

Traves José

Jequitinh

267

824

430

848

835

26

60

310

584

1289

6292 861

1351

119

226 333

6308

1346

2690

586

260

1235

317

301

41

1347

1360

1245

680 6340 1378

1259 290

953

6370

1400

1277 976 285

1379

592 275

320

1430

293

303 864

618 54

2902

331

1462 345

Fernando

César

1048

de Andrade

637 53

894

1060

1492

2938

666

6464

678

2946 3061

1510

6470

1495

700

460

Almirante

6478 1548

Saldanha Gama

2954

282

6496 6500

Machado

976

1600

Armando

988

Rua

José

1010

1630

Setubal

56 44 34

Rua

1662 1826

1663 6576

Rua

1700

6592

Padre

Leandro Camelo

1726

Visconde de Cabo

6636

Frio

1770

1725

Ramos

6666

Pessoa

1765

Cosmoram

a

Roberto

6688

Aviador

Rua

6732

Rua

Brigadeir o Cyro

Rua

Senador

José

Ermirio

de Morais

6756

6800

6814

6820

Rua

SD

6836 1096

6838

6916

Avenida Armindo

6930

Moura

1095

6944

Rua

SD

6958

6972

Rua

6986

SD

1094 7000

Rua

20

Capitão Danilo

19

Paladini

Bragança

21 7

Filho

27

Júnior

23

BRIGADEIRO IVO BORGES/ SELEÇÃO 70

24

Rua Ministro

12

Coimbra

Rua

29 30

de Gaulle

Eugênio

28

Salgado

11 Rua

17

Rua

10

68

26

Capitão

146

22

9

Lopes

8

32 25

General

7074 27 31

Rua

38

32

Júnior

37

39

Aragarcas

26

Charles

13

14

15

35

40

3715

Araujo

36

16

46

de Albuquerq

47

Moser

100

48

7142

Lins

Herbert

Dr Ulisses

José Doutor Rua

45

Jornalista

51

50

132

Rua

Pacífico

96

Rua 52

58

ue

Pereira

44

43

Rua

33 42

Rodolfo

de

34

41

114

63 59 64

65

Rua

Travess

60

66

or Muniz

61 3732

Falcão

67

85

Montarr

49

62

Governad

87

Rua Leblon

a Ulisses olhos

77

88

69

86 78 89

70 90

79 71 80 72 81

84

Conjunto o Fay

Beira

elli

Rua

Professor

José

Joaquim

Viagem

Fontin

de Almeida

Boa

io

Avenida

l Beníc

76

de Andrade

Mar

Arpoador

Ulisses

Manoe

rolhos Montar

Dinaméric

Rua

Rua

74

75

Gutemberg

82

83

Rua

Campelo

73

Rua

410

nga

Jacareaca

Rua Tijuca

Rua

Rua

Rua

Coronel

da

Rua

Rua

6274

2660

861

220

600

6234

6246

1314

332

65

89

Mermoz

47 1245

1226

Rua

239

1340 12 441

1270

de

323 570

Visconde

o

o Cardos

Hipólit

440 479

31

34

Pereira

Jean

1256

305

400 515

Rua

270

327

sa

58

54

Barroso

50

2616

407

434

55

64

Capitão

60

761

Rua

421

1213

1216

Cabral

83 70

Rua

69

110

Rua

Castro

1204

Augusto

325 435

500

587

Álvares

93

75 185

710

1244

Rua Libia

Rua

Armando Major

95

Lins

430

365

520

611

Pedro

107

100

187

120

1242

2544

365 365 365 365

566

Baltazar Passos

Rua 130

217

Jordao

1307

592

50

668

303 310

584

Rua 999

1011

Avenida Lino

655

82 179

420 469

346

1100

1062

1003

1320

1319

2522 626 235

302

501

596

989

1088 1163

1334

1432

1236

1234 1231

621

419

1165

438

295 142

Jordão

586

423

1178 545 450

328

1041

1843

1970

1453

427

1135

480 555

275 285

548

1151

1103

Rua Remígio

1166

579

Leão

290

Cavalcan

Batista

Castro

Almirante

de

Rua

de Janeiro Vinte Avenida

595

278

Aurélio

ti

984

54

67

660

435 431

Ponte

1139 27

2498 25

560

647

955

ti

Távora

21

DONA LINDU 308 207

1122 216

Castro

Juarez

Marech Avenida

onha

de

79

al

56

1031 529 535

574

r Aurelio

446

do

Rua

554

196

225

Professo

97

305 6393

591

108

155

600 543

Rua 181

2390

497 558

580

2432

de

Rua Antônio

156

866

965

977

Canal

Maior

176

595

440

967

941

953 990

1029

6997

Souto

979

511

546

964

976

988

992 1019

994

Mário

265

1020 619

169

e Silva

727

1000

1080

5868

481 536 116

Rua

600

649

823

1041

Rua

5858 1058

17

976

1000

Aires

835

Praia

Luiz Soares

Rua Camboim

958

129

32

5840

145

488

845

964 17

Cardoso

813

129

9998

1007

81

116 99 130

João

857

220

10006

5822

72

90

380

394

Rua

869

789

129

129

Diogenes

5790

5802 984

42

53

81

100

807

875

733

745

765

794

6369

217

964

1386

1400

878

820

Salgado

823

700

780 770

782

6345

5740

943 1370

454

330

76

6351

5710

Engenheiro

1352

420

342

Pessoa de Melo

826

General

929

444

6383

Rua

1340 948

51

276 418

91

Figura 137: Mapa geral do bairro de Boa Viagem com a delimitação da área definida para estudo FONTE: Unibase modificado, 2019

993

832

Rua 795 717

888

943

339

954

914

1294

1310

95

725

86

889

895 939

264

370 20

1280

345

356

34

383

145

783 350

11

34

320 628 628

971

922

354

2660

1030

871

530

217

56

Magalhães

173

742

462 440

604

1005

870

886

900 523

539

909

5576

5600 777

211

742

145

197 387

592 970

1019

649 651

355

5554

764

812 1874

199

65

Zael

249

8

840

741

610

1125

147

196

228

127

721 726 265

295

803

615 182

28

187 61

161

840

212

36

159

189

43 110

275

46

753

626

130

129

129

129

220

54

77

150

860

201

153

130

533

687

755

129

202

76

97

76

50

213 703

512

7935

7935

7955

6347

100

109

168

Romeu

687 692

Rua Dr Luiz Inácio

600

112

121

1118

Rua Conego

699

578 736

7935

135

124

175 161

668

601

120

183

111

123

728

257

314

350

396

140

187

129

141

669

55

5476

902

123

1076 257

167

374 164

665

Nery

698

320 414

67

121

133

746 152

285

325 37

68

114

194

170

676

289

Silveira

Rua Waldemar

Porto

691

5450

682

700

675

720 1035

638 850

872

143

Rua Luiz Pimentel 311

85 186

330

210

Rua Sideral

366

a Alfredo 407

423

5426 23

80

62

134

155

254 284

43

56

818

84

220

523

532

546 372

Jornalist

194

692

350

175

1576

46 230

201

138 285

704

1042

22

44

325 868

200

de Lima

207

124

1060

1033

295

315 52

201

276

205

238

615

623

Rua 188

517

519

531

305

295

108

268

365

617

620 413

413

505

518

596

321 20

21

43

220

Rua João Eugênio

235

176

245

596

56 185

559

500

520

5366

192 280 54

Helmer

236

244

241

398

1105

222

365

66

334

126

1119

566

168

734

242

1420 408

1800

5354

1503 1656

232

79 35

211

677 665

689

1802

562 55

284

52

6333

211

89

298

389

479

64

77

55

1575

Mares

34

Leal

320

de Castro

381

282

270 294

580

371

121

80

80

Rua Leon

34

232

311

268

Moreira

71

93 55

621

320

290

589

510

54 42

José

97 120

Verdes

107

224

Professor Mário

619

321

209

6211

96

101

56

132

258

329

531

180 571

Rua

361

108

113

68

Rua

119

370

185 244

420

185

488

500 568

559

251

1275

253

322

415

507

430

382

Rua 425

408

129

320

235

486

492 418 442

114

Correia

149

5274 133

135

126

233

1777 1867

531

571

556

585

587 312

6333

1809

Copacabana

310

312

270

425 451

562

398

580

515

455

506 560

536

548 680 670

Waldir

151

1801

412

303 386

476

420

462

489 499

513 695

179

422

215

200

224

1793

Rua 388

475

479

496

680

223

175

185

378

451

474

645

469 686

225

167

480

195

444

409

127

90

Rua Sargento

265

172

286

395 450

464

698

285

68

250

284

443

574

Rua

125

<

482

25

78

207

401

569

451 89

464

45

94

605

99

26

65 112

Capitão

577

585

113

108

295

375

66

426

488

423

640 620

696

319

269

391

373

409

419 660

669

58

Paraíso

130

590

525

117

257

158

446

70

José

69

508

257

181

284

392

364

450

420

491 1911

416

65

52

256

416

150

377 391

410

414 81 75

264

484

355

363

387

53 70

85

280

257

50

404

828

1715

95

Lauro

319

358

376

18

380

840

8555

6057

105

335

327

5212

82

Rua

103

132

213

5

400

Silverio

337

Borba

307

Vila Flor

240

324

Rua Conde

425

309

580

22 725

565

336

308 247

301

232

595

320 293

314

326

Rua

40

271

2465

Rua Dom

281 306

287

295

333

231

5164

422

47 94

119 190

85

373 374

336

57

108

135

202

281 350

Zuzinha

288

425

393

Nunes

65

120

146 214

295

256

419

293

350

Rua Engenheiro

292 Sampaio

333

318

299

426 306

537

66

Uzinha

91

51

189

240

303

259

41

391

Passos

e Tres Vinte Avenida Aurélio

434 430

290

549

285 Rua Tenente

313

442 438

263 273 275

446

261 270

282

63

330

265

464

260

74

53

Dona

129

64

164

207

290

257

Horizon

46

190

182

215

381

249

Rua

200 211

374

5130

88

115 198

223

203

284

243

363

te

248

5072

5090

5110 70

300

5152

Rua 52 210

237 351 361 223

18

42 190

220

392

20

56

292

1418

237

231

310

258

213

222

24 11

25

461

Gomes

254

278 518 33

59

73

92 298

238

286

215

209

210

285

105

296

389

Vicente

203

1360

59

25

245

205

244

348

313

235

333 322 314 306

de Julho

Almeida

230

205

301 265

330

Rua Dez 401 399

Rua Dr

76 88 100

52

76

112

Tamanda

62

43

190

215

Almirante

210

165

334

394

400

316

160

156

199

211 218

415

192

304

195

208

417

270

50

35

8295

180 57 69 75

155

275

de Beberibe

207

196

429

Rua

38

8273 8283 5875

Assis

Francisc

87 257

275

232

Rua Barão

190 202

431

urt

Rua

268

267

180

414

115

5030

22

48

105

112 124

129

126 152

280

161

Bittenco

o de

219

166

255

263 260 165

223

171

139

139

210

481

250

4988

Kabbaz

136

234 248 252 270 274

219

153

220

Sylo

Melo Júnior

172

159

160

180

184

491

505

532

Jorge

148 160 170 178 184

192

45 55 63

205

218 141

Rua

106

Rua Sargento

126 297

506

519

55

Gemba

185

da Costa

Azul

108

280

120

520

221

233 237

Rua Heiji

169

195

15 35

Cabral

218

210

222

191 184 196

Comendado r Elias

180

34

25

Padre

Rua 199

172

205

75

Rua

62

Rua Aldemar

Rio

103

143

155 159

205

38

8261

162

60

233 162

181

170

103

196

212 180

228

HEIJI GEMBA

143

140

19 147

177

149 148

151 148

42 56 76

221

1145

420

45

63

81

131 145

130

20

113

86

138

39

64

83

4864

12

NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM

180

392

40 90 110 152

133 111

116

122

Rua Belmonte

154

122

Correia

71

110

96

36

5855

e Souza

Rua

Viriato

132

130

118 117

113

5777

111

128

196

210

220

17

137

Rua

95

90

71

111

121

75

Rua Sá

106

148

196 107

112

86

126

157

5803

27

94

193

257

553

413

114

423

427

101 76

111

90

110

131 141

120

68

78

122

130

129 135 155

169

563

581

597

431

62

75

94

285 84

402 400

Rua da Confraternização

52

61

95

258

530

101

422

424

426 37

48

45

218

78 284

544 546

564

570

580

590

610

220

72 35 38

43 44

70

15

da Silva

de Outubro

48 34

1131

1153

36 1395 1437 1457

83

91

63

Domingues

1071

1083

1139

1169 1169 1241

1259

1279

1279

1301

1341

1093

1103

1125

1470

Vicente

16

153

182

92 121

Rua José

1478

119

124

156 195

374

26 115

Rua Antônio

Dornelas Câmara

212

243

451

66

49 80

45

42

120

134

146

158

190

Dr Nylo

226

378

44 51

43 44

789

168

55 40

72

36

723

767 791

1488

1496

Rua

240 335

367

25

s

1508

Dornelas

34

9

34 14

691

707

Leão

801 831

849 939 965 1045

1065

385

336

de Souza

1000

1595

345

401

545 565

Rua Barão

623

631

653

50

1035

1470

4772

116

577

611

420

62

1066

1074

1080

1092

1108

648

678

72

55

51

73

1120

1332

1354 1344

640

698

94

Rua Cosmópolis

1170

309

311 325 323

42

Rua Tenente

4752

157

115

5025

5001

Aquidaba

110

82

77

82

Casanova

349

1388

Lusiânia

4744 29

150

50 1144

51

946

118

40 97

226 250 244 234

258

92

99

Rua Frei

373

Rua

169

164

Cardim

5000

Rua Feliciano José de Farias

111

153

102

105

358

103

91

110

117

318

328

338

348

364

376

79

74

111

1647

Henrique

200

4798

34

5653

4955 Sérgio

19

70

5027

Antônio

Araná

131

111

97 87 83

257

259 277 265 297 289 285

120

137

365

375

385

395

113

100 90 84

61

4935

178

43

96

400

406

90

1546 1528

4903

87

Darwin

128

418

70

Fernande

Rua

93

103

115

127

139

130

433

125 110

93

81

67

43

35

1544

93

51

138

440

460

470

626

Nelson

Borrazópolis

376

143 441

321

7915 7917 7927 7929 7939 7945 7951

7994 1604

105

Rua Charles

Rua Coronel

72

46

Almirante

7905

15 14

7957

1620

141

168

490 514

4824

7984 1632

4930

147

200

232

198

376

77

65

85

119

7903

16

7938 339 538

1648

159

184

110

73 103

17

29

39

49

155

452

341 333 335 331 447 325

477 7901

30

345 331

371

186 190

353

1654

24

32

117 365

188

196

1662

14

34

33

136

352 354

1672

183

170

115

118 121

28

Rua Santa Leonor

342

147 12

130

da Linha

137 347

411

1609

191

195

152

140

132

152

185

50

60

169

358

Rua

138 346

359

1661

157

168 146

155 203

56

68

90

102

114

126

136

150

162 164

176

4632

4660

4700

215

173

145

370

265

237 105

81

4887

170

Ribeiro

59

67

99

131

518

155

149

198

186

172

161

138

Rua

138

130

116

1668

193 185

167

182 464

Rua

142

153 145

349

143

114

100

1674

215

478

de Tefé

Rua

de Miranda Maria

José Rua

Rua Cordisburgo

210

5303

Rua Barão

173

190

28 152

4610

151

127

4845

4880

138

179

196 496

56

157

175

163

221 234

218

204

7341

75

167

225

Rua Sansão

244

146

208

170

da Linha

11 347

342

22

172

109 180

2ª Travessa175

66

346

Leal

20 261

208

111

44

384

54

120

246 231

45

Carneiro

7341 207

372 158 204

363

4834

JORNALISTA ANTÔNIO TEIXEIRA JUNIOR

106

28

32

103

6420

6396

<

217

142 140

70

113

Rua Dr Zamenhof

5297

Rua Adauto 149

150

551 544 535 74

374

374

68

80

261 462

266 43

145 470

27 60

28

371

76

57

4869

234

214 278 315

311

114

91

149

307 61

34

89

52

147

252

331

179

314 304

331 8042

538 165

73

5293

140

Rua Olavo

64

371 Rua João Dias Martins

355

8040 333

5193

Bilac

251

126 150

Rua Dona Magina Pontual

215 271

8075

5199

4594

4817

43

252

174

4574

342 4811

293

50

239 193

109

384

Lemos

Pery de

195

5209

4777

4650

66 240

82

224

242

25

227

230 177

70

256

260

255

370

Rua Carlos

16

4558

4790

280

277

238

229

52

60

70

90

21

Triângulo

Araujo

4719 215

152

299 276

250

257

241

Fragatas

Rua

Rua do

de

20

223

42

Meio

do

Pessoa

269

213

243

Aloisio

70

299 63

5089

Rua

Professor

285

94

50

5109

4520

4659

33

171

399

210 234

5137

401

4734 4770

80 90

250

Petrolina

249

260

Rua

259 350

387

Figura 138: Mapa do entorno próximo da área que será estudada. Foram delimitados os pontos principais dos equipamentos: mercados, supermercados, hipermercados e shopping centers. Demonstrando, assim, a localização destes em relação à área de estudo. FONTE: Unibase modificado, 2019.

1

1


Ed rd

2589

o

374

an W

690

ho Fil

o Cíc

ia

801

ngr n Hu lso o Ne istr a Min Ru

415

Ramalho

268

636

345

660

657

166

2574

2738

202 186

301

380 395

ria

775

136

dino

282

Rua Professor

111

266

2860

238

47

2878

2151

2861

2892

2746

264

2135 2764

2843

2891

2886

331

504

635

2724 87

252

2842

992

546

655

2712

2846

Pes

247

298 276

562

2652

2682 2223

316

417 387

643

77

2225 48

2800

336

145

552 724

2775 2814

2832

2769 nar

277

61

441

Ru a Pro fes sor

721

Ber

soa

Júl

Leao

620 729

Pad

re

131

io

735

623

356

Fer reir a de

634

36

46 678

175 161

Rua

289

47

2632

2233

189

2755

2784

66

376

Me lo

63

olin

2241

205

2766

303

390

Car

a

75

Arnaldo Carneiro

Ma

2257 2735

2742 248

317

Rua

483

58

2770

148

270 654

505

646

2610 147 135

422 525

668

2594

2277 163

2756

162

2718

474

553

714

2707

170

2700

285 410

795

2313

2287

325

356

415

821

2350

258

333

429

45

2514

2530

2554

180

2655

392

Rua General

269 2696

32

574

46

805

2401

2371

2347

281

560

815

2585

2627 2640

314 300

591

2492

2409 2620

2664

2600

326

618

603

500

49

2478

2573

331

334 415

605

586

2610

346 411 633

2450 2417

é Bra

377

881

647

798

2439 2565

56

Jos

o

784

Ru a Po eta

a olin ia Car Mar sa ves Tra

or

ndã

370

663

407

16

Edson Amancio

Zez ito

ero

512

414

636

fess

2454

2588

Pro

796

Ne ves

e Joã

2434

y

Ten

ent

713

Rua 389

71

Rua

2525

rle

2574 336 409

757

392

2574

de

440

777

715

2445

ua

38

793

796

2111

267

148 221

243

2902

2784

130

315

687

1038

Rua

551

68

ônio

Fal

430

133

Ma

260

nha 916

2980

254

1979

2938

77

2996

234

485

63 55

475

381

1943

3012

383 455

2958

3005 433

474

3028

970

411

1929

3067

2978

728 700

133

235

956 3081

303

658

3114

976

640

277

1325

Brit

o Mel

3121

161 255

995

3160

3150

142

382

3190

288

425

pin

413

3190

1809

48

268 258

59

3256

nte Mo do ck ma An

tôn

Travessa Padre Carapuceiro

ntis

ta

203

Nil

son

Re

zen

de

225

3309

Rua

468

444

re Car

apu

777

368 3420

3355

51 65

323

1541

270

373 756

357

343

228

198

289

1515 3402

3465

168 273

888

Rua

198

150

259

Dhá

1747 210

3416 1475

lia

3572

3482

211

176

182

3493

3524

3452 180

1336

3376

3487

3436

303

3440

1455

168 191

266

3456

3510 233

3600

844

62

3638

50

878

3652

Jack

67

871

53

55

3621

39

1810

3647

3670

186

64

3574

74

44 3696

Rua José

960

1910

406

60

Trajano

Rua

107

frid

sel

3782

3814

160

3650

284

300

268

1223

250 3810

70 450 Holanda

789

Rua Jorge

393

451

da Costa

325

3838 3855

Eiras

Rua Bruno Veloso

247

122 80

181

257

3856

498

99 3722

90

Rua Dr Raul

Lafayette

3738

512 355

3672 60

1203

333

152

50 Couceiro

1213

200 140

403

533

450

478

1037

147

509

52

Rua Arnaud de

54

97

1235

3763

3800

272

80

3610

rto

3743

3786

392

97

Sho

45 3735

3766

3739 422

Rus

61

65 81

3746 490

1322

81

27

93 528

603

1295

Wil

3687

3742

179

970

102

90

3686

50

3722

3520

1353 3645

3686

170

351

42

1363

3635

3704

1846

944

373

3500

1387

3609 1375

915

916

348

60

TERRENO PROPOSTO

3595

79

Ayres

73

805

3472

1417 95

Rua

374

54

3553

74

3626 52

858

261

316

25

3356

3423

3500

240 222

315

288

gem

3399

3426

3433

385 170

a Boa

3336

399

770

1575

3405 3440

427

SHOPPING CENTER RECIFE

3312 3406

501

353

777

3296

1607

o

324

304

3278

3321

97

384

ceir

140

139

3232

143

1617

3400

398

Pad

155 3350

3384

412

Rua

475

1701 3303

66

o Por to

3360

3380

428

503

3332

3333

Fau

stin

197

617

537

63

1717 140 1706

478 80

110

Ave

150 221

245

a Ru

a Cie

3196

168

273

3322

3340

151

3178

1733

255

3296

Lu io

285

200 265

488

Ru

1755

3231

3286

214

498

Via

Na 3217

3274 230

275 590

a dos

1095

289

Ru

22

50

3160

ant

3254

380

246

96

3114

3136

3197

282 395

1065

1454 295

veg

op Sh a Ru

3098

3181

346

55

421

808

320

1823

80

159

g

Ce

nte

r

590

63

3175

370

733

3056 1847

3143

171

372

384

128

135 3133

506

554 605

813

815

3040 145

158

572

657

537

3020

3105

267

o

715 835

489

136

3095

Fél

ix de

3000

3068

676

Rua 735

es

490

821

CARREFOUR

1907

858

825

2910

2983

936 358

782

WALMART

2840 2846

2876

1997

2965

Ru

497 720

54

3023

a Fra

355 854

40

2037

2019 68

2994

155

418

890

2055

2957

80 185

3042

896

216

50

2977

88

205

2990 320

ngu

ape

2964

2966

380

ma

340 800

384

467

483

272

Rua 555

2966

2976 402

418

499

486 506 561

68

150

2907

2986

245

518

583

912

2820

151

259

665

181

141

2804

2941

2970

273

190

946

2083

2881

287

165

cao

2940

299

153

Ant

165

nça

Cu

ndo

nid

s Me

da

Pae

sco

ro

2869

240

482 565

Ped

nci

nida

240

590

159 Ave

118108

90

98

660

3754 113

165

70

572 734

209

70

720

584 630 700

618

616

590

59

743

243

78

62

640

363

364

668

323

495 636

316

848

1038

940

231

485 566

340

355

550

457

441

421

Rua Ribeiro

405

397

887

246

399

972

4200 278

272

Bergamo

4215

196

Rua Carlos

Pereira

4214 3962

4036 911 4062

4221

109

398

390

368

4080

561

525

451

4265

417

860

186

835

168

391

130

367

405

4040

4140 116

315

500

464

275

Rua Ernesto

4310

901

830

819

de Paula

1846

1866

4161

322 509

516

4368

310

175 75

874

1880

767 4388

577 4189

1900

510

575

de Pontes

446 380

194

4138 741

184 168

727

Sobrinho

136

124

609 606

626

696

730

232

214

204

4300 396

SUPERMERCADO EXTRA

77

4483

4510

1000

392

4224

125

4480

186

299

416

4200

691

4468

224

4500

686

750

82

121

421

621

498

100

4452

604

640

112

4432

191

4255 4267

4280 357

158

4160

4405

4242

4264 302 447

742

744

200

311

527

729

847

200

414

565

529

756

218

217 575 657

576 655

730

4120

4387 4406

218 4236

Rua Professor João

896

Guilherme

696

778

591 Medeiros

Rua Dr João

590

697

138

796

523

1890

640

656

4100

4173

4190

465

505

536

681 680

783

187

334

560

831

851

867 883

4172

372

811

893

4070 Santos

4145

478

743

4000

264 4270

433

865

4264

284

530

550

Falcão

SUPERMERCADO SOBERANO

3984

4252

360

4241

455

760

470

826

212

870

4189

36 273

454

607

410

198 208

405

3906

213 280

551

835

520

448

178

396

245

393

de Brito

300

Rua Pedro

542

775

925 420

907

375

3892 992

241

320

305

720

170

993

4060 324

29

867

913

1030

1017

3870

eiro

73 4074 465

624

383

4023

573

505

652

927

3854

1044

1033

4000

4040

lgu

Rua Tenente Domingos de Brito

404

646

597

500

279

350

293

305

960

992

1064

1054

a Sa

300

112

352

515

622

340

314

1114

1077

149

707

287

328

269

281

3804

1097

125 3939 3945

3965

Ru

280

3778

3924

Valdemar de Oliveira

65

554

580

901

933

965

262

Simões Barbosa

1009

1017

1145

1059

Avenida Fernando

1027

93

105

3920

Rua Professor

675

3972

265

a Se

Ru

3900

602

640

1037

em

ha

rin

136

3901

146

617

830 928

189

3904

59

da Silva

1002

277

159

74

603

70

505 275

191

139

176

490

Rua Pastor José Amaro

164

169

185

4268

611 4333

2237

236

216

226

206

201

191

181

171

161

151

78

68

58

48

38

28

18

141

137

109 101

8

146

130

85

93

75

59

67

41

735

53

4582

36

541

66

513

165 501

2425 4620

Rua Dom Estevão Brioso

155 169

348

200

203 73

85

200 188

249

237

260

250

238

227

dito

48

2466

447

4667

210

178

Rua

401 4520

94

Prof

esso

1274 181

192

de Valenca

r Alois

io Pess

285

82

oa de

70

Arau

jo

50 30

20

215

177

125

141

4793

97 37

176

85

41

227

230

240

293

50

239

4594

4817

43

252 64

140

150

52

76

57

4834

JORNALISTA ANTÔNIO TEIXEIRA JUNIOR

4610

151

lina

251

126 174

Bilac

193

109

32

28

4574

342

4811

66

Rua Olavo

70

82

4777

4650

25

177

224

242

4558

4790

280

256

363 4719

223 152

260

4741

269

213

243

435

58

4734 4770

80

4659

33

150

234

255

4470

64

4395

45 171

399

Rua Marques

300

4440

ves

25

57

170

162

91

4424

75 4670

Cha

1222

90 218

Bene

40

254

250

75

213

228

Coro

nel

140

492

182

Rua

4367

2465

Rua Padre Giordano

259

4635

29

26 37

127

4845

106

Rua Dona Magina Pontual

Petro

260

96

4398

40

159

175

195

86

Rua Pinhal

203

227

Rua Francisco de Barros Barreto

66 76

265

MERCADO DE BOA VIAGEM

4632

Rua

46

4338

4364

88

4599

177

36

56

310

4324

51

525 187

62

4565

4577

225

4430

644 72

4298

4308

87

186

1080

632

26 98

595

571

730

2300

283

114

42

123

4371

332

2285

196

211

66

4552

415

715

2301

16

72

197 4403

435

2269

50 16

Avenida Hélio Falcão

246

1030 487

28 26 17

140

256

573

600

635

665 782

727

759

747

763

763

237

4880

4660

105 4869 195

Rua João Dias Martins

103

183

159

147

170

105

93

4903

61

4935

178

WALMART

Rua Coronel 168

138

110

a

169 43

200

232

Lus

iâni

51

132

Rua

87

Rua Charles Darwin

184

198

4700

81

4887

4930

141

140

115

138

191

195

152

215

147

252

331

157

128

96

4955

Sérgio

4744

164

29

150

Henriqu

e Cardim

4752

157

19

70

200 4772

5000 4798

490

440

460

470

514

376

406

418

50

400 1144

115

5025

5001

116 60 4824 70

5027

626

90 51 345

Rua

240 335

385

401

72

4864

Câm

ara

119

336 545

565

9

Dorn

elas

212

16

12

124

25

378

577

611 631

Dr Nylo

226

367

NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM

243

623

34 14

36 156

44 51

451 374

66

153

195

115 92 121 63

122

110

131 141

Rua Feliciano José de Farias

182

80

180

392

111

40

221

1145

Rua

Com

152

133

45

63

81

enda

dor

Elias

Jorge

4988

Kabb

az

212

420

180

111 131

20

75

110 121

130

113

103

196

90

130

145

HEIJI GEMBA

143

140

228

Rua Heiji

Gemba

55

5030

22

75 169

162

105

48

Rua Dr

62 76

185

da Costa Alme

60

Rua Aldemar

19 147

34

180

100

148

136

Vicente

Gomes

203

88

254 20

112 124 195

1360

5072

147


Para garantir uma análise precisa foi realizado um recorte na área mais próxima do terreno escolhido, para que, assim, fosse observado condicionantes relevantes para a desenvolvimento do projeto naquela região (Figura 139). Para isto, foi analisado este entorno com relação as suas questões viárias, incluindo a hierarquia, os fluxos e os modais de transporte nas respectivas vias. Foi explorado, ainda, a questão dos usos das edificações do entorno, de forma a compreender as predominâncias e, assim, enfatizar a importância de ter escolhido este terreno para propor um equipamento urbano que visa o comércio e o serviço. Para um estudo sobre o entorno é fundamental realizar análises com ênfase no sistema viário. Este sistema é caracterizado como sendo um espaço público por onde as pessoas transitam, sendo responsável, assim, por articular, as atividades diárias do funcionamento da cidade.

ad

eM

elo

Figura 139: Mapa de identificação das vias do entorno imediato. FONTE: Unibase modificado, 2019.

Fel ix

de

Rua

R.

Fau s

tino

Por t

o

eir os

aC

ing

od

om

tes em Av.

Bo

Ru a

res

aV iag

ie Ay

an

Co nse lhe iro

Ag

g. D En Av. alia

Av.

Jack

Dh

do sN av eg

cisc R. F ran Rua

Rua

r

eiro

uia

puc

o

Fer r

ara

a

eC

unh

Pad r

R. Prof. João Medeiros

Rua

Brit

a

Pro f. J ú

lio

Fer r

eir

Rua

Rua José Tr

ajano

Rua Bruno

Veloso

Terreno proposto 0

148

50

100

200

Rua Sho Wilf rto rid R

uss

el


Dessa maneira, estudar o seu desempenho, os seus modais de transporte e os seus fluxos são características determinantes para estabelecer critérios projetuais. Portanto, a partir dos dados fornecidos pelo Plano de Mobilidade Urbana do Recife*, foram obtidas informações importantes para fundamentar a pesquisa e elaborar os mapas. O Plano de Mobilidade do Recife, por sua vez, classifica que as vias podem ser definidas de acordo com a sua hierarquia, com a sua função urbana na cidade. Esta classificação se divide em quatro sistemas, sendo estes o sistema expresso, o sistema arterial, o sistema coletor e o sistema local. (Figura 140) As vias arteriais primárias, segundo o Plano de Mobilidade do Recife, são aquelas que possuem uma capacidade e uma velocidade menor que as vias expressas e possuem um traçado sensivelmente contínuo. Essas vias são caracterizadas por redistribuírem o tráfego das vias expressas para os seus destinos até o nível das artérias secundárias, que, por sua vez, são denominadas como vias que possuem um menor grau de continuidade, com níveis de serviço inferiores e com maior ênfase na função de distribuir o tráfego e dar acesso às propriedades adjacentes. Já as vias coletoras são definidas pelo Plano de Mobilidade do Recife como as vias onde se há uma necessidade de prever certa continuidade entre as vias coletoras para que as áreas vizinhas não fiquem isoladas. No entorno definido apenas esses três tipos de vias são existentes, sendo um exemplo da via arterial primária a Av. Engenheiro Domingos Ferreira e a Av. Boa Viagem, vias que ligam um bairro ao outro. Ainda como via arterial primária encontra-se a Rua João Professor Medeiros, a qual exerce um papel importante atualmente uma vez que se conecta com a via mangue, uma via expressa. Como vias arteriais secundárias, são classificadas as vias Av. Conselheiro Aguiar e a Rua dos Navegante, as quais exercem papel fundamental no funcionamento do bairro de Boa Viagem. (Figura 141 e 142) Sendo assim, o fluxo de veículos segue, de certa forma, esta mesma lógica, sendo as vias arteriais primárias caracterizadas por possuir um fluxo de veículos intenso, as vias arteriais secundárias, um fluxo de veículos intenso para moderado e as vias coletoras, um fluxo de veículos leve. (Figura 143) ______________________________ * O plano de mobilidade do Recife é uma iniciativa da Prefeitura da Cidade do Recife por meio do Instituto da Cidade Pelópidas Silveira (ICPS). O MobilidadeRECIFE está sendo desenvolvido em oito etapas, das quais apenas quatro já foram finalizadas.

149


Já o fluxo de pessoas segue tanto a lógica da questão viária quanto a questão da distribuição dos usos na região. No entorno, por exemplo, percebe-se que as vias que possuem o maior fluxo de pedestres são: a Av. Boa Viagem devido à Orla, a Rua dos Navegantes, a qual dá acesso as inúmeras habitações presentes nessa rua, a Av. Conselheiro Aguiar e a Av. Domingos Ferreira devido à presença de edificações comerciais e de serviço, além do fato de serem rotas de transporte público. (Figura 144) Outras ruas como a Padre Carapuceiro, a Félix de Brito e a Bruno Veloso, também têm um fluxo significativo de pessoas, possuindo, apenas, uma proporção menor.

Figura 140: Mapa de Hierarquia das Vias. FONTE: Unibase modificado, 2019.

Rua

Fau s

a unh

r Ag iro

tes

lhe

an eg av

50

Rua Sho Wilfr rto id R u

Av.

Bo

ajano

0

iag

Ru a

Av.

Rua José Tr

Rua Bruno

em

sN do

ing om

res

nse

alia

Co

eir

a

eiro

Dh

ie Ay

o

Av.

Jack

Por t

puc

os

Rua

ara

o

aV

eC

Fer r

aC od cisc

Pad r

Brit

En g. D

Rua

Rua

R. F ran

R. Prof. João Medeiros

R. Prof. Júlio Ferreira de Melo

tino

de

uia

Rua

Fel ix

sse

l

Veloso

100

200

Via arterial principal Via arterial secundária Via coletora

150


Figura 141: Fluxo intenso na Av. Conselheiro Aguiar em frente ao terreno em questão. FONTE: Autoral, 2019

Figura 142: Fluxo intenso na Rua Padre Carapuceiro ao lado do terreno em questão. FONTE: Autoral, 2019. Figura 143: Mapa Fluxo de Veículos FONTE: Unibase modificado, 2019.

Rua

Rua

Fau s

Brit

o

Por t

o

eC

ara

puc

eiro

tes an Na

veg

Co n

Rua José Tr

ajano

Rua Sho Wilfr rto id R u

Av. B

Av. E

oa

Via

ge m

ad os Ru

res

he

iro om ing

ie Ay

Av.

Fer re

alia

sel

ira

Dh

os

Rua

Jack

iar

od cisc

Pad r

Ag u

aC

unh

a

de

ng .D

Rua

Rua

R. F ran

R. Prof. João Medeiros

R. Prof. Júlio Ferreira de Melo

tino

Fel ix

sse

l

Rua Bruno Ve

loso

0

50

100

200

Fluxo intenso Fluxo moderado Fluxo leve

151


Seguindo esta lógica, o transporte público coletivo no entorno fica localizado em pontos estratégicos, em vias onde o fluxo de veículos e pessoas são consideráveis, como por exemplo na Av. Domingos Ferreira e na Av. Conselheiro Aguiar. Estas avenidas são fundamentais para a rota do transporte público coletivo, fato evidenciado ao serem selecionadas para receber a faixa exclusiva para ônibus, alternativa que visa facilitar e acelerar a logística desse meio de transporte, ajudando a estimular o uso deste modal. (Figura 144, 145 e 146) Já com relação aos ciclistas, a área de estudo não comporta uma malha cicloviária generosa, possuindo apenas uma ciclovia localizada na Av. Boa Viagem, onde nessa há pontos de estação de bicicletas compartilhadas, sendo um dos pontos muito próximo ao terreno. Esse fato estimula o uso desse modal de transporte no mercado gastronômico de Boa Viagem. (Figura 147, 148 e 149) Figura 144: Mapa Transporte Público Coletivo FONTE: Unibase modificado, 2019.

Rua

Rua

o

Por t

o

ara

oA gu

eC

eiro

Av.

tes em iag aV Av.

En

Bo

g. D

Ru

om

res

an os

ie Ay

ad

ing

Jack

veg Na

alia

Av. C

a Fer rei r

Dh

os

Rua

on

sel

od

puc

cisc R. F ran

Rua

Brit

he ir

a

Pad r

aC

unh

Rua

de

iar

tino

R. Prof. Júlio Ferreira de Melo

R. Prof. João Medeiros

Fau s

Fel ix

Rua José Tr

ajano

Rua Sho Wilfr rto id R u

sse

Rua Bruno

0

152

50

100

l

Veloso

200

Rota de ônibus Faixa exclusiva de ônibus Parada de ônibus


Figura 145: Parada de ônibus na Av. Conselheiro Aguiar próximo ao terreno em questão. FONTE: Autoral, 2019

Figura 146: Parada de ônibus na Av. Conselheiro Aguiar. FONTE: Autoral, 2019.

Figura 147: Mapa da malha cicloviária FONTE: Unibase modificado, 2019. Rua

a unh

o

Por t

o

r

100

oA

an tes

he ir

av eg sN

Rua Sho Wilfr rto id R u

em Av.

Bo a

Via g

Ru a

Av.

res

Rua Bruno

do

alia

nse l

Dh

Co

eir

a

eiro

En g. Do mi

ie Ay

puc

ng os Fer r

Jack

ara

gu ia

eC

ajano

50

Brit

Av.

Pad r

Rua José Tr

0

de

aC od cisc

Rua

Rua

Rua

Fau s

tino

R. F ran

R. Prof. João Medeiros

R. Prof. Júlio Ferreira de Melo

Rua

Fel ix

sse

l

Veloso 200

Ciclovia Estação de bicicleta compartilhada

153


Figura 148: Cliclovia na Av. Boa Viagem. FONTE: Autoral, 2019.

Figura 149: Estação de bicicleta próxima ao terreno na Av. Boa Viagem. FONTE: Autoral, 2019 Figura FONTE:

Rua

de

Brit

o

Por t

o

puc

eiro

154

50

Bo Av.

Veloso

100

an te veg Na os ad Ru

En g. D Av.

ajano

Rua Bruno

s

iro lhe

om

res

Av.

ie Ay

Co

alia

nse

a eir Fer r

Dh

ing os

Jack

r

ara

aV iag em

eC

uia

Pad r

Ag

da anc isco

Rua

Rua José Tr

0

Usos. 2019

Cu

nha

tino

Rua

Rua

Fau s

R. F r

R. Prof. João Medeiros

R. Prof. Júlio Ferreira de Melo

Rua

Fel ix

150: Mapa de Unibase modificado,

200

Rua Sho Wilfr rto id R u

sse

l

Habitação Serviço Comércio Educacional Religioso


A partir da análise dos usos dos equipamentos do entorno, percebe-se uma predominância, significativa, de uso habitacional. Essas habitações, predominam nas extremidades do mapa (Figura 150), ou seja, há uma presença de uma faixa de habitações na quadra entre a Av. Boa Viagem com a Rua Navegantes e uma presença dessas nas quadras entre a Rua Prof. João Medeiros e a Rua Prof. Júlio Ferreira de Melo, essas quadras muitas vezes são ocupadas apenas com equipamentos habitacionais. Este fato, é desfavorável na ótica do Urbanismo Sustentável em que Farr (2013) aponta que os bairros precisam incluir uma grande variedade de usos do solo, tipos de edificação e tipos de moradia.(Figura 151) No entanto, apesar da quantidade exacerbada de habitações, o bairro apresenta faixas importantes de comércio e serviço, como é o caso da Av. Engenheiro Domingos Ferreira e a Av. Conselheiro Aguiar. Estas avenidas possuem em sua grande extensão uma variedade de equipamentos que favorecem uma vida mais ativa no bairro. No mapa ilustrado (Figura 152), é possível perceber que a grande maioria destes equipamentos estão próximos dessas duas avenidas, sendo estas fundamentais para a relação da compacidade e da completude do bairro. Esses comércios e serviços, por sua vez, não possuem, em sua maioria, um foco destinado a equipamentos com ênfase na gastronomia ou até mesmo não são equipamentos que promovam um espaço de convivência e de lazer, sendo esse recorte da área de estudo, portanto, carente em equipamentos desse gênero. Logo, a proposta da implantação do Mercado Gastronômico de Boa Viagem será muito interessante para a área .

< Figura 151: Ausência de espaços urbanos (lazer, convivência) no entorno do terreno em questão. Predominância de edificios habitacionais na Orla de Boa Viagem. FONTE: Autoral, 2019.

155


Figura FONTE:

152: Mapa de Legislação. Unibase modificado, 2019.

Rua

a unh

o

puc

eiro

veg Na os

50

100

aV Bo Av.

ajano

0

iag

ad Ru

g. D En Av. Rua José Tr

Rua Bruno

an

lhe

om

res

tes

iro

ie Ay

Co Av.

os

alia

nse

a eir Fer r

Dh

ing

Jack

Por t

r

ara

o

em

eC

Brit

uia

Pad r

de

Ag

aC od cisc

Rua

Rua

Rua

Fau s

tino

R. F ran

R. Prof. João Medeiros

R. Prof. Júlio Ferreira de Melo

Rua

Fel ix

Rua Sho Wilfr rto id R u

sse

l

Veloso

200

ZAC CONTROLADA I ZAC RESTRITA

A Prefeitura da Cidade do Recife, através da Lei nª 17511/ 2008, promove a revisão do Plano Diretor do Município do Recife. Esta lei compreende os parâmetros urbanísticos a serem utilizados mediante a zona especifica a ser trabalhada. No caso de trechos do bairro de Boa Viagem, Pina e Brasília Teimosa a legislação adotada é a Zona de Ambiente Construído de Ocupação Controlada I (ZAC Controlada I) (Figura 149). Esta zona é subdividida em ZAC Controlada I e ZAC Controlada II e é caracterizada pela ocupação intensiva, pelo comprometimento da infra-estrutura existente, objetivando controlar o seu adensamento. 156


157

8.

A

PROPOSTA


8. A PROPOSTA Após a realização das análises apresentadas, é possível progredir para estudos iniciais com relação ao produto que será proposto. Para isso, faz-se um estudo por meio de diretrizes projetuais e de um programa inicial.

8.1. DIRETRIZES PROJETUAIS As intenções projetuais para o Mercado Gastronômico de Boa Viagem, visam integrar os objetivos citados, compreender a contextualização histórica, a conceituação temática e propor soluções próximas as encontradas nos estudos de caso. As diretrizes, ainda, refletem a questão da localização do terreno, buscando valorizá-la.

1. Foram realizadas pesquisas com base em possívies materiais a serem utilizados na questão estrutural do mercado gastronômico. VANTAGENS: •Entender melhor das soluções estruturais , de forma a propor a opção mais adequada para o tipo de projeto que será realizado.

2. Foi

proposto um espaço destinado a área verde, dentro de pontos protagonistas no terreno. Essa sugestão tem como intenção criar um espaço público que integre o edifício construído à cidade. VANTAGENS: •Acrescentar área verde no entorno, o qual possui poucas praças, sendo o maior espaço urbano a própria praia de Boa Viagem.

158


3.Foi

implantado um estacionamento rotativo no subsolo, o qual servirá tanto para quem irá usufruir do mercado, quanto para quem quer usufruir do entorno. VANTAGENS: •Minimizar a quantidade de veículos que estacionam no entorno; •Não definir uma quantidade de vagas especifica para o equipamento do mercado; •Tornar o estacionamento independente do mercado.

4.O projeto prevê estações para diversos modais de transporte. VANTAGENS: •Incentivar vos como

o é

uso sugerido

de pelo

transportes alternatiUrbanismo Sustentável.

5.A

volumetria única proposta se relaciona de forma sadia com o espaço urbano, através de soluções estratégicas de fachadas. VANTAGENS: •Fazer bogós

6. Os

uso de vidro, venezianas, brises ou copara garantir uma permeabilidade visual.

restaurantes se posicionam voltados para a área externa. VANTAGENS: • Criar uma interação ainda maior do equipamento com o meio externo, formando, um ambiente agradável que serve de refúgio, como sendo um espaço complementar para as pessoas que estão de saida da praia de Boa Viagem, por exemplo. • “Cidades para pessoas”. 159


7. Foi

proposto o uso de mesas coletivas no espaço destinado para as refeições na parte interna do mercado. VANTAGENS: •Proporcionar um convívio e uma interação ,ainda maior, entre o público que irá frequentar o mercado.

8. Utilizou-se

como estratégia uma rede administrativa no mercado de forma que mesmo cada restaurante, bares e quiosques sendo independentes, eles estejam interligados na questão do abastecimento e limpeza, tendo em vista que foi proposto uma grande área especifica para cada um desses setores. VANTAGENS: •Os boxes destinados para os restaurantes terão dimensões variadas, tendo em vista que cada cozinha não irá ter espaços destinados exclusivamente para limpeza e nem espaço para estoque de grande porte; •Garantir uma maior organização interna e, consequentemente, um maior controle de qualidade.

9.No primeiro pavimento foi proposto um espaço destinado para um salão de eventos. VANTAGENS: •Acrescentar ao mercado outra proposta distinta da proposta gastronômica, misturando, assim, o uso interno.

160


8.2. O PROGRAMA Para a realização do programa inicial, tomou-se como base, principalmente, os estudos de caso apontados durante a elaboração da pesquisa. Com base em projetos similares e a partir de experiências com equipamentos semelhantes, é possível definir um programa que atenda os princípios comuns dos equipamentos mercados, e que também atenda as necessidades do local e se adeque a real situação de onde será implantado.

BOXES DOS RESTAURANTES EQUIPADOS COM AS SUAS RESPECTIVAS COZINHAS

SALÃO ESPAÇO PARA LOJAS PRINCIPAL DO MERCADO ESPAÇO CENTRAL PARA MESAS QUIOSQUE COM BARES CENTRAIS

TÉRREO

WC SOCIAL COM ACESSIBILIDADE DECKS DE APOIO AOS RESTAURANTES QUE TEM INTEGRAÇÃO COM A ÁREA EXTERNA

ZONA SOCIAL

ÁREA EXTERNA AO MERCADO PLAYGROUND BICICLETÁRIO VARANDA COM APOIO DE BARES

1º PAV.

SALÃO PARA REALIZAÇÃO DE EVENTOS DIVERSOS WC SOCIAL

Quadro 05: Programa da Zona Social do Mercado Gatronômico de Boa Viagem. FONTE: Bacelar, 2019.

161


RECEPÇÃO

ZONA APOIO AO ADMINIS- TÉRREO MERCADO TRATIVA

SALA PARA A EQUIPE ADMINISTRATIVA EM GERAL SALA PARA ADMINISTRAÇÃO PRINCIPAL SALA DE REUNIÃO

Quadro 06: Programa da Zona administrativa do Mercado Gastronômico de Boa Viagem. FONTE: Bacelar, 2019.

DOCA ESTOQUE PRÓXIMO A ÁREA DE CARGA E DESCARGA ÁREA DESTINADA PARA A LIMPEZA DAS LOUÇAS

ZONA DE SERVIÇO

APOIO TÉRREO AO SETOR MER- SERVIÇO CADO

VESTIÁRIO ACESSÍVEL PARA FUNCIONÁRIOS APOIO PARA FUNCIONÁRIOS COM ÁREA DE COZINHA DESPENSA PARA AS UTENSÍLIOS DEPÓSITOS (DML) CIRCULAÇÃO VERTICAL DE SERVIÇO LIXO GÁS

1º PAV.

APOIO AO SALÃO DE EVENTOS E A VARANDA

WC FUNCIONÁRIOS COZINHA SALÃO

DE

APOIO

PARA

O

BARES DE APOIO PARA A VARANDA CIRCULAÇÃO VERTICAL DE SERVIÇO

Quadro 07: Programa da Zona de Serviço do Mercado Gatronômico de Boa Viagem. FONTE: Bacelar, 2019.

162


163

9.O

PROJETO


9.1. CONCEITO A intenção do projeto é que o equipamento de mercado atue como um catalisador do espaço público, proporcionando diversas atividades tanto em seu interior como no seu exterior e, consequentemente, garantindo para o entorno o conceito de cidades para pessoas. Dessa maneira, este foi o partido adotado para dar início a elaboração do projeto, a interação do equipamento com o meio interno e externo. Esta proposta aparece em todas as etapas do desenvolvimento do projeto, na elaboração da planta baixa, na escolha dos materiais para a fachada e na relação da calçada e equipamento estudada por meio do corte. Essa linha de raciocínio se fortalece ainda mais pelo fato do terreno possuir três frentes, já que o terreno é margeado por três vias de grande importância para o bairro. (Figura 153)

AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR

E CARAPU

CALÇADA

RUA WALFRID

RUA PADR

RUSSEL SHORTO

CEIRO

CALÇADA

CALÇADA

RUA DOS NAVEGANTES

Figura 153: Mapa de implantação do lote na quadra. Observar a relação do terreno com as vias que o margeiam FONTE:Bacelar, 2019.

164


9.2. ZONEAMENTO Após a definição do programa e do conceito do projeto é fundamental dar início a etapa de zoneamento. Essa etapa busca setorizar as três principais zonas apontadas no programa, de forma a posiciona-las no terreno de acordo, principalmente, com as questões de orientação solar, fluxos das vias que o cercam e a busca pela integração com a rua. Um ponto fundamental para dar início a esse processo de zoneamento é o entendimento do fluxo de pessoas e de veículos no projeto, por isso, antes de dar início ao zoneamento foi elaborado um fluxograma para compreender os fluxos principais do Mercado Gastronômico de Boa Viagem. 9.2.1. Fluxograma do mercado Restaurantes Trabalho

Vestiário

Refeitório

Refeitório

Estoque

HALL

Doca

Acesso funcionários (Serviço e adm.)

Acesso mercadoria

Quadro 08: Fluxograma FONTE: Bacelar, 2019.

Salão principal

do

Mercado

Estacionamento

Rua

Acesso Público

Gastronômico

de

Boa

Viagem

165


9.2.2. Faces do terreno

AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR

CALÇADA

E RUA PADR

MURO

Figura 155: Mapa de implantação do lote na quadra. Observar a orientação solar FONTE: Bacelar, 2019.

AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR

E CARAPU

CEIRO

CALÇADA

RUA WALFRID

CALÇADA

RUSSEL SHORTO

A orietação solar também foi parte fundamental para dar início a etapa de zoneamente. Tendo em mente as dimensões do terreno, optou-se por localizar a zona de serviço na parte nascente do lote, uma vez que esta face possui uma maior dimensão na largura, o que se tornou importante, devido ao vasto programa definido para esta zona. Outro motivo que levou a escolha da zona de serviço na fachada nascente foi o fato de esta estar localizada em uma via com um menor fluxo como determina a legislação vigente. 166

CALÇADA

RUA DOS NAVEGANTES

CALÇADA

RUA DOS NAVEGANTES

RUA PADR

9.2.3. Orientação solar

MURO

RUA WALFRID

Figura 154: Mapa de implantação do lote na quadra. Observar a relação das quatro faces do terreno FONTE: Bacelar, 2019.

IRO CARAPUCE

CALÇADA

RUSSEL SHORTO

A partir do entendimento de que o terreno tem três faces voltadas para a rua e uma face voltada para o muro do lote vizinho, optou-se por no zoneamaneto posicionar toda a zona de serviço nessa face lateral voltada para o lote vizinho. Dessa maneira todas as outras frentes se tornam fachadas de grande importancia para as vias, criando, dessa forma, mais de um acesso principal.


9.2.4. Relação LOTE x VOLUME A proposta é que o volume mantenha uma relação sadia com o meio externo, atenda as normas de afastamento especifico para esta zona e atenda, ainda, a taxa de solo natural determinada pela lei. Por isso, foi proposto um único volume, que ficasse posicionado rente a face do muro, como comentado no tópico 9.2.2. Dessa forma toda as outras laterais se doam para a calçada, proporcionando uma maior área de convivência pública, importante para o local devido aos pontos levantados anteriormente referente a falta de espaços públicos efetivos no bairro de Boa Viagem. Essa proposta ainda atenderá a taxa de solo natural e os afastamentos necessários. 20.00

AVENIDA CONSELHEIRO

AGUIAR

CALÇADA

95

°

90

°

10.30

4.00

47.75

5.57

93

°1 5

'1

4''

92.70

CEIRO E CARAPU RUA PADR

CALÇADA

45.26

3.46

47.38

5.66

12.00

85

°

19.73

2.50

3.00

CALÇADA

°

15.00

RUA DOS NAVEGANTES

85

63.65

Figura 156: Mapa de implantação do volume na lote. Observar a relação das calçadas com o lote. FONTE: Bacelar, 2019.

167


WC

ÃO

COZINHA/ WC

CIRC. VERT

SAL

DE

BAR

S NTO EVE

PASS A

RELA

S

BAR

1º PAV.

BAR

A ND

A

R VA

. C IR T. C ER V

WC

I

O LÃ

PR

L PA

I NC

TÉRREO

SA O LIXGAS E

TO EN

SUBSOLO

M

NA

O CI TA

ES

Figura 157: Diagrama para ilustrar o zoneamento proposto para o mercado. FONTE: Bacelar, 2019.

168

TERRENO

ZONA SOCIAL ZONA DE SERVIÇO ZONA ADMINISTRATIVA


RUA PADR

LOTE VIZINHO

IRO E CARAPUCE

AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR

Figura 158: Zoneamento planta baixa térreo. FONTE: Bacelar, 2019.

N RUA DOS NAVEGANTES

RUA PADR

LOTE VIZINHO

IRO E CARAPUCE

AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR

N RUA DOS NAVEGANTES

Figura 159: Zoneamento planta baixa 1º pavimento. FONTE: Bacelar, 2019.

169


9.3.PARTIDO ESTRUTURAL Optou-se por utilizar a estrutura metálica no Mercado Gastronômico de Boa Viagem, tendo em vista os estudos de casos apontados durante todo o desenvolvimento do trabalho. A arquitetura do ferro foi muito repercutida nos mercados nacionais e internacionais, por isso a proposta foi seguir esta lógica como partido arquitetônico inserido em uma malha regular, fator que corrobora a decisão do sistema estrutural adotado. Na proposta, a escolha dessa estrutura também se deu pelo fato de que com ela é possível alcançar vão maiores e, ainda, proporcionar certa leveza a este ambiente, dando o devido destaque para os boxes dos restaurantes. Assim, a partir da concepção inicial do zoneamento e da definição da estrutura, foi proposta uma malha estrutural de 10mx10m de maneira que todo o programa fosse disposto seguindo essa lógica estrutural, tomando forma com coerência.

9.4. MEMORIAL DESCRITIVO Após analisar alguns estudos de casos referentes à mercados gastronômicos e após definir os conceitos e diretrizes para a elaboração do projeto do Mercado Gastronômico de Boa Viagem, optou-se por tomar como partido os modelos adotados pela franquia Time Out, especificamente no caso de Lisboa, elaborando, portanto, o Time Out Market Recife. O terreno escolhido possui 5.039,04m² de área total, sendo sua taxa de ocupação máxima de 3.779,28, proporção ideal para criar um ambiente de grande escala horizontal, e de pequena escala vertical. Logo, o projeto está dividido em apenas três níveis. O subsolo comporta toda a parte de estacionamento do mercado, o qual possui 80 vagas. O acesso a este estacionamento se dá por duas entradas, uma localizada na Rua dos Navegantes e uma localizada na Av. Conselheiro Aguiar. A ideia de criar duas entradas e duas saídas se deu por meio da necessidade de diminuir este fluxo evitando congestionamento 170


nas vias. Outro ponto que minimiza este congestionamento é a faixa de desaceleração posicionada antes da rampa da Rua dos Navegantes. Este subsolo possui, ainda, iluminação e ventilação natural proveniente de uma abertura zenital na lateral do estacionamento através de um jardim. O térreo, por sua vez, comporta as três zonas definidas no zoneamento. A zona administrativa e de serviço estão localizadas próximas ao limite do lote vizinho, deixando toda a área social se debruçar nas duas esquinas do terreno e, consequentemente, em todas as suas três frentes, criando uma grande interação entre o meio interno e externo. O ponto chave que deu início ao processo de desenvolvimento da planta baixa foi entender os fluxos das três zonas (Figura 160). O acesso das mercadorias foi norteador para delimitar a zona de serviço, uma vez que foi necessário levar em consideração a entrada de caminhões no terreno para descarregar os produtos. Este acesso ficou ao lado do acesso de veículos na Rua dos Navegantes, por ser a via de menor fluxo de veículos, sendo uma grande área destinada à manobra dos caminhões e uma outra área destinada de fato à carga e descarga de produtos. Estes produtos passam para a doca e em seguida vão para o estoque que fica logo à frente. Já o acesso de funcionários que fica ao lado do setor de carga e descarga, está bem próximo aos vestiários e ao refeitório, uma vez que se entende que este será o fluxo feito pelos funcionários antes de começarem a trabalhar. Portanto, a zona de serviço ficou toda Restaurantes Trabalho

Vestiário

Refeitório

HALL

Acesso funcionários (Serviço e adm.)

Refeitório

Estoque

Doca

Acesso mercadoria

Salão principal

Estacionamento

Rua

Acesso Público

Figura 160: Fluxograma Time Out Market Recife. FONTE: Bacelar, 2019.

171


próxima aos acessos das mercadorias e dos funcionários, melhorando a lógica de funcionamento do local. Assim, esta zona comporta no térreo os vestiários, o refeitório, o estoque, a lavagem, a despensa para utensílios, a DML e a circulação vertical de serviço. Já a zona administrativa que possui a sua lógica de fluxo semelhante à lógica de fluxo de funcionários da zona de serviço, comporta uma recepção, uma sala de reunião, uma sala de administração e uma sala geral para funções diversas. Toda a zona de serviço e a zona administrativa se conectam com a zona social por meio de dois acessos, os quais são essenciais para o mercado tendo em vista que o bom funcionamento vai depender da interação entre as zonas. A zona social no Térreo está dividida entre os boxes dos restaurantes e o salão principal onde ficam as mesas compartilhadas e os bares. A ideia foi posicionar os restaurantes por todo o perímetro do mercado, esta estratégia garante uma interação significativa do equipamento com a meio externo, uma vez que todos os restaurantes se abrem tanto para a parte interna do mercado por meio do balcão, como para a parte externa por meio de esquadrias, conectando-se diretamente com os decks. No total são 20 restaurantes que possuem uma dimensão variada de 22.5m² a 46 m². Os acessos do público podem se dar de duas formas: pela circulação vertical do edifício, que interliga o estacionamento, o térreo e o primeiro pavimento, ou pode ser feita pela rua, uma vez que possuem duas entradas para pedestres posicionadas nas duas esquinas do lote. No térreo ainda é possível encontrar um espaço destinado para loja e quiosque, além dos banheiros sociais. Os decks, também, são elementos importantes nesse pavimento, eles conectam o mercado com o espaço externo, tornando-o um equipamento urbano, e podem ser caracterizados como elementos de indução para as pessoas que caminham próximo ao mercado. Esses decks, tanto na fachada nascente quanto na poente recebem o sombreamento feito por pergolados de madeira, os quais ajudam no conforto térmico de quem opta por ficar na área externa do mercado em horários diferentes do dia. 172


Chegando no 1º pavimento há uma grande área destinada à um salão de eventos. Este possui uma área de serviço interna que se interliga com a área de serviço no térreo, além de comportar uma cozinha de apoio e banheiro para funcionários. Este pavimento, comporta, ainda, passarelas que levam até a varanda, uma grande área externa neste 1º pavimento. Essas passarelas criam um espaço de contemplação para o térreo e a partir delas é possível visualizar todo o mercado visto de cima. A grande varanda, proporciona outro espaço de convivência no mercado, uma vez que nele, existem apoio de bares e um suporte com mesas para as pessoas se acomodarem e assim, possam apreciar a vista do local. É possível, também dessa varanda ter uma visão do térreo do mercado, tendo em vista a existência de esquadrias possibilitando a visão de cima para baixo. A fachada também é outo ponto chave no projeto. Optou-se por uma pele de cobogó, o qual proporcionará ao mercado iluminação e ventilação natural. Esse cobogó ainda remete a uma sensação de leveza ao edifício, tendo em vista o fato do mercado possuir uma volumetria rígida e ser um equipamento de grande porte. A escolha pelo cobogó, não foi apenas uma questão funcional e estética, mas também uma questão cultural. A coberta também ganha destaque no projeto, uma vez que proporciona, também uma iluminação natural, por meio das suas aberturas zenitais, as quais ficam alinhadas com a laje Steel Deck. Essas aberturas zenitais são bem características de mercados e por isso optou-se por utiliza-la, unindo, assim, mais uma vez, a estética e a funcionalidade. Com relação aos coeficientes e parâmetros legais, o projeto seguiu as determinações da norma alcançando todos os resultados esperados. (Quadro 06)

<

Quadro 09: Relação das áreas exigidas pela lei e as áreas alcançadas no projeto. FONTE: Lei de uso e ocupação do solo da cidade do Recife. Lei nº 17.511/2008.

173


ÁREA TOTAL DO TERRENO (m²)

5.039,04

TAXA DE SOLO NATURAL NECESSÁRIA (25%) (m²)

1.259,76

TOTAL POTENCIAL CONSTR. POSSÍVEL (COEF. 2) (m²)

10.078,08

AFASTAMENTOS NECESSÁRIOS (m)

Frontal: 7,00 Lateral 0,00/ 3,00 Fundo: 0,00/ 3,00

TAXA DE SOLO NATURAL ALCANÇADA (m²)

1593,29 (31,5%)

TOTAL POTENCIAL CONSTR. ALCANÇADO(COEF.2) (m²)

3.472,90

AFASTAMENTOS APRESENTADOS (m)

Frente Conselheiro Aguiar: 9,25 Frente Padre Carapuceiro: 5,16 Frente Navegantes: 22,36 Fundo 4,45

Valores a partir do ponto médio

9.5. O PROJETO 20.00

AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR

4.00

CALÇADA

95

47.75

CALÇADA O CARAPUCEIR

RUA PADRE

272°34'33"

93

°1

5'1

4''

12.00

1363

LOTE

47.38

RUA WALFRID

3.46

92.70

RUSSEL SHORT

O

45.26

3595

°

90

°

2.50

°

85

63.65

°

85

3.00

CALÇADA

15.00

RUA DOS NAVEGANTES

Planta de situação. 0

1

2

5

10

Imagem ampliada na página 143

LEGENDA PLANTA BAIXA LOCAÇÃO E COBERTA: AC E SSO S : a- Acesso serviço lixo e gás b- Acesso serviço pedestre c- Acesso veículos serviço d- Acesso veículos social e- Acesso principal pedestre f- Acesso principal pedestre g- Acesso veículos social 174

123456789-

Deck Bicicletário Varanda Playground Pergolado Marquise Laje técnica Laje impermeabilizada Coberta em placa de vidro


01

47.75 A

AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR

11.11

02

10.00

03

10.00

10.00

04

7.33

15.83

14.40

g

1 3 6

05

05

f 10.00

10.00

9 45.23

06

06

10.00

6

B

9.94

8 8

B'

07

CEIRO E CARAPU

9

9

92.70

7

3.45

08

10.00

1

RUA PADR

10.06

LOTE VIZINHO

07

10.00

10.00

3

08

C

C'

09

10.00

10.00

09

e

8

10

10

47.38

6

3

8 1

28.04

26.77

5

4

b

2 c 10.01 01

RUA DOS NAVEGANTES

02

10.00 A'

16.67

d 62.65 10.00 03

15.97 04

175

PLANTA DE LOCAÇÃO E COBERTA 0

1

2

5

10

N

a


LEGENDA PLANTA BAIXA SUBSOLO 1- Estacionamento 2-Depรณsito geral 3- Gerador 4- Solo natural 5-Rampa sobe e desce 176


A

AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR

B

B'

08 07 06 05 04 03 02 01

09 10 11 12 13 14 15 16

5

CEIRO E CARAPU

LOTE VIZINHO

4

RUA PADR

1

C

C'

2

3

PLANTA BAIXA SUBSOLO

0

1

2

5

177 10

N

RUA DOS NAVEGANTES

A'

5


LEGENDA PLANTA BAIXA TÉRREO:

AC E SSO S : a- Acesso serviço lixo e gás b- Acesso serviço pedestre c- Acesso veículos serviço d- Acesso veículos social e- Acesso principal pedestre f- Acesso principal pedestre g- Acesso veículos social

AMBIENTES: 1- Salão principal 2- Bar 3- Restaurante 4- Loja 5-Quiosque 6- Deck 7- Bicicletário 8- Wc social 9- Acesso/ Circulação serviço 10- Sala de trabalho 11- Sala de reunião 12- Sala administração 13- Recepção administração 178

14151617181920212223242526-

Lavagem Estoque Despensa utensílios DML Circ. vertical serviço Doca Vestiário Apoio funcionários Refeitório Apoio cozinha Lixo Gás Playground


A

AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR

g 7

6 3

3

3

3

4 f

3

5

2 2

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

3

1

B

B'

10 09 08 07 06 05 04 03 02 01

3 8

3 CEIRO

8

LOTE VIZINHO

2

3

23

11

13

3 2

3

20

C'

3

9

15

e

16 17 3

18 20

3

3

22

21

1

RUA PADR

2

3

14

C

3

3

10 12 9

E CARAPU

TROCADOR DE FRALDA

3

3 6

19

PROJEÇÃO PERGOLADO

24

26

b

25 7 d A'

c RUA DOS NAVEGANTES

PLANTA BAIXA TÉRREO

0

1

2

5

N

a

10

179


LEGENDA PLANTA BAIXA 1º PAVIMENTO

1- Hall 2- Passarela 3- Wc social 4- Salão de evento 5- Varanda 6- Apoio bar 7- Horta/ teto jardim 8- Circulação serviço 9- Apoio cozinha 10- Wc serviço 180


10 7

6

9 8

RUA DOS NAVEGANTES

CEIRO E CARAPU RUA PADR

B'

10 09 08 07 06 05 04 03 02 01

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

7

A'

LOTE VIZINHO

B

3

C

0

PLANTA BAIXA 1ยบ PAV.

1

2

5

N

PERGOLADO EM MADEIRA

A

AVENIDA CONSELHEIRO AGUIAR

5 6

2

3

2

1

6

4 5 C'

7 5

181

10


5 4

6

7

6 3

2

VARANDA

4 1

1

1234-

5 3

CORTE AA'

5- Varanda 6- Apoio bar 7- Passarela

Estacionamento Salão principal Restaurante Deck

7

0

8

8

6 2 1

3

1

2

10

9 4

2

5

5

1

CORTE BB'

1- Estacionamento 2- Salão principal 3- Bar

6

4- Restaurante 5- Deck 6- Circulação vertical

8 11

5

7

1- Estacionamento 2- Salão principal 3- Bar 4- Restaurante 182

0

1

7- Hall 8- Apoio bar 9- Varanda

BAR

2

5

10

10

VIGA METÁLICA

4

2

3

2

4

9

1

5678-

CORTE CC' Lavagem 9Deck Apoio func. Depósito geral 10- Varanda Salão de evento 11- Circulação serviço 0

1

2

5

10


FACHADA CONSELHEIRO AGUIAR 0

1

2

5

10

FACHADA PADRE CARAPUCEIRO 0

1

2

5

10

FACHADA NAVEGANTES 0

1

2

5

10

183


184

Figura 161: Perspectiva fachada Rua dos Navegantes


185

Figura 162: Perspectiva fachada Rua Padre Carapuceiro


186

Figura 163: Perspectiva fachada Av. Conselheiro Aguiar


187

Figura 164: Perspectiva fachada Av. Conselheiro Aguiar


188

Figura 165: Perspectiva interna 01


189

Figura 166: Perspectiva interna 02


190

Figura 167: Perspectiva interna 03


191

10.CONSIDERAÇÕES

FINAIS


10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dominar as demandas da contemporaneidade é fundamental para o entendimento da lógica do trabalho em questão. Compreender que as práticas, as vivências e os costumes mudam, é o elemento norteador para a formulação do que hoje pode-se chamar de Mercado Gastronômico. O estudo realizado apontou para os critérios que levaram a formulação do tema por meio da análise histórica e atual do cenário do setor varejista, apresentando, assim, motivos relevantes para apontar a real necessidade de um equipamento que comportasse um mercado gastronômico no bairro de Boa Viagem. Após uma primeira análise de conhecimento sobre o tema proposto, o estudo visou apresentar propostas semelhantes ao que se desejar realizar, sendo estes apresentados em diversos países espalhados pelo mundo, reafirmando, a imponência de um projeto com este. Outro fator chave foi o entendimento e a justificativa da escolha do bairro e do terreno, os quais se mostraram muito interessantes do ponto de vista da arquitetura sustentável para a realização de um projeto como este, sendo, portanto, apresentados dados os quais comprovaram esta condição. Ainda foram identificados conceitos norteadores para uma etapa propositiva, objetivando definir diretrizes arquitetônicas para realizar o projeto em questão. Um programa também foi apresentado, de forma a identificar a viabilidade do projeto e a sua realização. A partir disso, etapas que levaram a formulação do projeto foram apontadas a fim de se apropriar mais sobre os conceitos que norteariam o Time Out Market Recife, como zoneamentos, fluxos, análises da orientação solar, fluxos e etc. Por fim, o projeto é apresentado por meio de plantas baixas, cortes, fachadas e perspectivas detalhados e bem elaborados chegando ao resultado final de todo o trabalho e finalizando o projeto do Time Out Market Recife. 192


LISTA DE FIGURAS Figura 01: Mercado Público de Pybus.................................................05 Figura 02: Oleaginosas, Mercado Central Valencia....................12 e 13 Figura 03: Mercado de São José final do século XIX..........................17 Figura 04: Mercado de Casa Amarela em meados de 1960..............18 Figura 05: Mercado Público de Florianópolis em meados de 1910.........18 Figura 06: Vista aérea de Hipermercado. Sua inserção no ambiente urbano é marcada pelo isolamento do estabelecimento do meio externo. Um grande pátio de estacionamento permite este distanciamento na maioria dos casos............................................................................19 Figura 07: Shopping Rio Mar- Recife. Os shoppings centers em sua maioria não criam uma relação urbana com a cidade, perdendo então a relação entre a cidade e o edifício.....................................................19 Figura 08: Vista interior de um Hipermercado. Espaço físico prático, setorizado, organizado e higiênico. O autosserviço, embora cômodo, não produz relacionamento social...........................................................20 Figura 09: O mercado da gastronomia em alta no pais.....................21 Figura 10: Mercado Santa Caterina – Barcelona................................22 Figura 11: Mercado San Miguel– Madrid..........................................22 Figura 12:Time Out Market, Lisboa, Portugal. Mercado gastronômico...........................................................................................24 e 25 Figura 13: As cores da feira.............................................................27 Figura 14: Plaza Mayor, Madri- Espanha. Caracterizada por receber grande eventos e ser palco para as praças de mercado durante muitas décadas...........................................................................................33 Figura 15: Mercado de San Miguel Madri- Espanha. Os mercados ganham um espaço fechado e destinado para a venda de insumos........ 33 Figura 16: Mercado de São José. O surgimento dos mercados fechados na cidade do Recife...........................................................................35 Figura 17: A localização dos bazaars, cidades e rotas de comércio no mundo árabe..................................................................................38 193


Figura 18: Mercado no fórum de Trajano, Roma...............................39 Figura 19: Mercado público no Império Romano..................................39 Figura 20: Les Halles Centrales, Paris, 1853......................................42 Figura 21: Les Halles Centrales, Paris, 1853......................................42 Figura 22: Mercado de São José, 1875, Recife......................................45 Figura 23: Mercado de São José, 1875, Recife........................................45 Figura 24: Mercado da Carne, Belém, Pará.......................................46 Figura 25: Mercado de Casa Amarela, 1930.....................................47 Figura 26: A gastronomia presente nos mercados públicos. Mercado de San Miguel..............................................................................48 e 49 Figura 27: Planta do Grande Bazaar coberto, Kapali Carsi, Istambul.................................................................................................51 Figura 28: Planta da ágora de Prienne..............................................52 Figura 29: Planta do Fórum de Trajano, Roma...................................53 Figura 30: Mercado no Fórum de Trajano, Roma...............................53 Figura 31: Mercado no Fórum de Trajano, Roma...............................53 Figura 32: Planta da Piazza San Marco, Veneza.................................54 Figura 33: Planta da Piazza San Marco, Veneza.................................54 Figura 34: Visão interna do Mercado de Les Halles Centrales.............56 Figura 35: Les Halles Centrales, por Vitor Baltard, Paris, 1853...........56 Figura 36: Galeries Royales Saint- Hubert, a construção data de 1847. O uso da cobertura de vidro e das vitrines........................................57 Figura 37: Entrada da Galeries Royales Saint-Hubert, a construção data de 1847..........................................................................................58 Figura 38: Galerie Vittorio Emanuele, Milão, 1867............................58 Figura 39: Cleveland Arcade, 1890..................................................59 Figura 40: Cleveland Arcade, construção de 1890. O edifício se mante nos dias atuais.................................................................................59 Figura 41: Galerie des Champs-Élysées Lido, 1926............................60 Figura 42: Bon Marché, 1869...........................................................61 Figura 43: Planta esquemática de um shopping center regional de primeira geração.................................................................................64 194


Figura 44: O autosserviço como forma atuante no setor terciário........66 Figura 45: Supermercado Bompreço na Av. Domingos Ferreira, Boa Viagem...............................................................................................68 Figura 46: Supermercado Bompreço na Av. Conselheiro Aguiar, Boa Viagem...............................................................................................69 Figura 47: Participação dos supermercados na distribuição de alimentos no Brasil (1970 a 1996) ..................................................................69 Figura 48: Proposta comum dos super e hipermercados espalhados pelo mundo............................................................................................70 Figura 49: Macys, loja de departamentos..........................................71 Figura 50: El Corte Inglés, um exemplo de loja de departamento do século XXI na Espanha.........................................................................72 Figura 51: Espaço de Food Hall na Galeries Lafayette, uma rede de loja de departamento na França. Food Hall pode ser classificado como uma parte das lojas de departamento onde a comida é vendida, logo, é uma espécie de praça de alimentação......................................................72 Figura 52: Formato, organização e logística da grande maioria dos shopping centers da atualidade.............................................................74 Figura 53: Exemplo da praça de alimentação, presente em boa parte dos shoppings centers..............................................................................74 Figura 54 : Shopping Iguatemi nos anos 70: mudanças nos hábitos de consumo.........................................................................................75 Figura 55: Crescimento em número de shoppings Centers no Brasil no período entre 1972 a 2012.............................................................75 Figura 56: A gastronomia é global e reflete diretamente no turismo.........................................................................................78 e 79 Figura 57: O mercado municipal após a sua requalificação...............83 Figura 58: Corredor interno com espaço adequado e suficiente para pedestre.............................................................................................84 Figura 59: Corredores internos com opção de espaço de convivência e alimentação....................................................................................86 Figura 60: Mercado público de São Paulo- Vista do mezanino............86 Figura 61: Mezanino que abriga a “Varanda Gastronômica”.............87 195


Figura 62: Vista do mezanino do Mercado Municipal de São Paulo.......87 Figura 63: Mercado da Encruzilhada em 1941..................................88 Figura 64: Mercado da Madalena em 1940......................................88 Figura 65: Área gourmet do Mercado da Encruzilhada após a reforma.................................................................................................91 Figura 66: Mercado da Madalena...................................................92 Figura 67: Mercado da Madelena atualmente..................................92 Figura 68: Mercado da Torre. Área gastronômica.............................93 Figura 69: Mercado da Torre. Visão geral do complexo. Aproveitamento da edificação já existente com novas propostas de organização espacial.................................................................................................94 Figura 70: Planta de Implantação do complexo que recebe o Mercado da Torre..........................................................................................94 Figura 71: Mercado de Boa viagem. Fachada para a Av. Domingos Ferreira...............................................................................................95 Figura 72: Mercado de Boa Viagem. Fachada para a Av. Conselheiro Ag uiar................................................................................................96 Figura 73: Área interna do Mercado de Boa Viagem atualmente........96 Figura 74: Mercado da Ribeira. Time Out Market......................98 e 99 Figura 75: Mercado da Ribeira em 1882.........................................101 Figura 76: Fachada do Mercado da Ribeira atualmente....................101 Figura 77: Obras se iniciam em 2013 no mercado da Ribeira para receber o Time Out Market...............................................................102 Figura 78: Time Out Market...........................................................102 Figura 79: O espaço no Mercado da Ribeira destinado a parte da feira e compra de insumos.....................................................................103 Figura 80: Área lateral de acesso ao mercado tradicional................103 Figura 81: Área lateral de acesso ao mercado tradicional................103 Figura 82: Fachada posterior que dá acesso a área de carga e descarga de produtos na área lateral do Mercado da Ribeira onde fica localizado o mercado tradicional....................................................................103 Figura 83: O Time Out Market possibilitou ao mercado da Ribeira se 196


relacionar com o espaço urbano através de quiosques e restaurantes voltados para o exterior do mercado...............................................104 Figura 84: Quiosque voltado para venda de produtos e utensílios localizado no térreo...............................................................................105 Figura 85: Disposição do espaço....................................................105 Figura 86: Preservação de azulejos e da arquitetura histórica no 1º pavimento...........................................................................................105 Figura 87: Disposição esquemática da logística do Time Out Market....106 Figura 88: Proporção e layout dos ambientes seguem um padrão........107 Figura 89: Proposta para o Time Out Market New York. A ideia é seguir a mesma organização e aparência do Time Out Market Lisboa, porém em outra proporção............................................................................107 Figura 90: Proposta para o Time Out Market Boston. A ideia é seguir a mesma organização e aparência do Time Out Market Lisboa.................107 Figura 91: Eataly São Paulo.................................................. 108 e 109 Figura 92: Fachada do Eataly São Paulo.........................................110 Figura 93: Implantação em perspectiva do Eataly São Paulo.................110 Figura 94: Visão do térreo do Eataly. Ênfase para a estrutura e telhas metálicas...........................................................................................111 Figura 95: Planta esquemática do térreo........................................112 Figura 96: Proposta dos restaurantes.............................................112 Figura 97: Proposta dos restaurantes.............................................112 Figura 98: Planta esquemática do 2º pavimento..............................113 Figura 99: Planta esquemática do 3º pavimento...............................113 Figura 100: Corte esquemático do projeto arquitetônico do Eataly São Paulo. Foco nas aberturas em sheds na cobertura, possibilitando a entrada de luz natural no ambiente........................................................114 Figura 101: Fachada com estrutura metálica aparente e uso do vidro...............................................................................................115 Figura 102: Fachada com estrutura metálica aparente e uso do vidro...............................................................................................115 Figura 103: Mercado de Santa Caterina.................................116 e 117 197


Figura 104: Fachada do antigo Convento de Santa Caterina................118 Figura 105: Implantação do mercado no entorno. Foco para o detalhe da coberta.............................................................................................119 Figura 106: Planta baixa do Mercado de Santa Caterina. Destaque para as formas irregulares dos boxes......................................................120 Figura 107: O mercado internamente.............................................120 Figura 108: Os arcos da coberta....................................................121 Figura 109: Estrutura de madeira com vigas metálicas para a solução da coberta.............................................................................................121 Figura 110: Markthal Rotterdam...........................................122 e 123 Figura 111: Relação do Markthal com o entorno..............................124 Figura 112: Monumentalidade do edifício........................................125 Figura 113: Planta baixa do pavimento térreo. Disposição dos boxes na parte central do espaço, sendo uns com teto verde e outros com espaços de convivência no teto dos boxes. Diversos espaços para serviços diversos nas laterais, em especial espaços para restaurantes...........................125 Figura 114: Espaço dedicado ao mercado.......................................126 Figura 115: Corte do edifício demostrando a relação entre os ambientes................................................................................................126 Figura 116: Relação do edifício com o espaço destinado para a feira livre..............................................................................................127 Figura 117: Um dos restaurantes presentes no edifício, conferindo-lhe característica de mercado gastronômico, de certa forma..................127 Figura 118: Mapeamento dos bairros da Zona Sul próximos ao bairro de Boa Viagem...............................................................................131 Figura 119: Mapa bairro de Boa Viagem.........................................132 Figura 120: Orla de Boa Viagem com a sua predominância de edifícios de grande porte............................................................................135 Figura 121: Orla de Boa Viagem....................................................135 Figura 122: Terreno 01..................................................................137 Figura 123: Localização do Terreno 01...........................................137 Figura 124: Terreno 02..................................................................138 198


Figura 125: Localização do terreno 02............................................139 Figura 126: Localização do Terreno 03............................................140 Figura 127: Imagem aérea da localização do terreno. Foco para a proximidade do terreno com a praia de Boa Viagem e a proximidade com edifícios..............................................................................................141 Figura 128: Vista aérea do terreno.................................................142 Figura 129: Lotes a serem remembrados........................................142 Figura 130: Planta de situaçao com cotas e angulações do terreno...143 Figura 131: Lotes do terreno voltados para a Rua dos Navegantes......144 Figura 132: Esquina do terreno entre a Rua dos Navegantes e a Rua Padre Carapuceiro..................................................................................144 Figura 133: Relação entre os lotes a serem remembrados................144 Figura 134: Lateral da antiga galeria alameda center na Rua Padre Carapuceiro......................................................................................144 Figura 135: Fachada da antiga galeria alameda center na Rua Conselheiro Aguiar.................................................................................144 Figura 136: Lote do terreno voltado para a Rua Conselheiro Agui ar.................................................................................................144 Figura 137: Mapa geral do bairro de Boa Viagem com a delimitação da área definida para estudo...............................................................146 Figura 138: Mapa do entorno próximo da área que será estudada. Foram delimitados os pontos principais dos equipamentos: mercados, supermercados, hipermercados e shopping centers. Demonstrando, assim, a localização destes em relação à área de estudo....................................147 Figura 139: Mapa de identificação das vias do entorno imediato.........148 Figura 140: Mapa de Hierarquia das Vias......................................150 Figura 141: Fluxo intenso na Av. Conselheiro Aguiar em frente ao terreno em questão.........................................................................................151 Figura 142: Fluxo intenso na Rua Padre Carapuceiro ao lado do terreno em questão.........................................................................................151 Figura 143: Mapa Fluxo de Veículos................................................151 Figura 144: Mapa Transporte Público Coletivo................................152 199


Figura 145: Parada de ônibus na Av. Conselheiro Aguiar próximo ao terreno em questão........................................................................153 Figura 146: Parada de ônibus na Av. Conselheiro Aguiar.......................153 Figura 147: Mapa da malha cicloviária...........................................153 Figura 148: Cliclovia na Av. Boa Viagem.........................................154 Figura 149: Estação de bicicleta próxima ao terreno na Av. Boa Viagem.............................................................................................154 Figura 150: Mapa de Usos............................................................154 Figura 151: Ausência de espaços urbanos (lazer, convivência) no entorno do terreno em questão. Predominância de edificios habitacionais na Orla de Boa Viagem..............................................................................155 Figura 152: Mapa de Legislação....................................................156 Figura 153: Mapa de implantação do lote na quadra. Observar a relação do terreno com as vias que o margeiam...........................................164 Figura 154: Mapa de implantação do lote na quadra. Observar a relação das quatro faces do terreno.........................166 Figura 155: Mapa de implantação do lote na quadra. Observar a orientação solar.................................................166 Figura 156: Mapa de implantação do volume na lote. Observar a relação das calçadas com o lote..................................167 Figura 157: Diagrama para ilustrar o zoneamento proposto para o mercado..............................................168 Figura 158: Zoneamento planta baixa térreo.....................169 Figura 159: Zoneamento planta baixa 1º pavimento.....................169 Figura 160: Fluxograma Time Out Market Recife...........171 Figura 161: Perspectiva fachada Rua dos Navegantes..........184 Figura 162: Perspectiva fachada Rua Padre Carapuceiro...............185 Figura 163: Perspectiva fachada Av. Conselheiro Aguiar...................186 Figura 164: Perspectiva fachada Av. Conselheiro Aguiar....................187 Figura 165: Perspectiva interna 01...................................188 Figura 166: Perspectiva interna 02.........................................189 Figura 167: Perspectiva interna 03...............................................190 200


LISTA DE QUADROS Quadro 01: Comparativo entre os estudos de caso...........128 Quadro 02: Elaboração de tabela com alguns dos requisitos usados para a escolha do terreno, justificando a escolha pelo terreno 03..............141 Quadro 03: Elaboração de tabela com alguns dos pontos positivos do terreno escolhido, o terreno 03........................................................141 Quadro 04: Potencial construtivo e parâmetros urbanísticos de acordo com a legislação viagente...................142 Quadro 05: Programa da Zona Social do Mercado Gatronômico de Boa Viagem.................................161 Quadro 06: Programa da Zona administrativa do Mercado Gastronômico de Boa Viagem....................................162 Quadro 07: Programa da Zona de Serviço do Mercado Gatronômico de Boa Viagem....................................162 Quadro 08: Fluxograma do Mercado Gastronômico de Boa Viagem.......................................................................165 Quadro 09: Relação das áreas exigidas pela lei e as áreas alcançadas no projeto.......................173

201


202

10.REFERÊNCIAS


CYRILLO, Denise, Cavalini. O papel dos supermercados no varejo de alimentos. São Paulo: IPE- USP, 1987. ESTEVES, Leonardo Leal. Mercado de São José: as várias dimensões de um patrimônio. Recife: LivroRápido, 2005. FERREIRA, William Rodrigues. O espaço público nas áreas centrais: a rua como referência- um estudo de caso em Uberlândia-MG. 2002. 327 f. Tese (Doutorado em Geografia Humana) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002. FORMIGONI, Ivan. O Foodnews destaca alguns números do food service brasileiro que, aliás, não param de crescer. FOODNEWS. Disponível em: < http://www. foodnewsoficial.com.br/mercado/numeros-do-food-service-brasileiro/>. Acesso em: 14 de abril. 2019. GIMENES, M. H. S. G. Sentidos, sabores e cultura: a gastronomia como experiência sensorial e turística. In: GAETA, C.; PANOSSO NETTO, A. Turismo de experiência. São Paulo: SENAC, 2010. GOMES, Geraldo. O mercado de São José. Recife: Fundação da Cultura Cidade do Recife, 1985. Volume III. LINS, Marcelo. Mercados do fe. Recife: RECIFE NO BOLSO.

Reci2007.

LORENÇATO, Arnaldo. Mapa da mina: saiba o que encontrar no shopping gastronômico Eataly. VEJA SÃO PAULO. 2017. Disponível em: < https://vejasp.abril.com.br/blog/arnaldo-lorencato/mapa-da-mina-saiba-o-que-encontrar-no-shopping-gastronomico-eataly/>. Acesso em 07 maio. 2019. 203


MACIEL, Arthur. A força cultural nos mercados públicos de Recife. REDE BRASIL ATUAL. Disponível em: < https:// www.redebrasilatual.com.br/revistas/105/nos-mercados-publicos-de-recife-prevalecem-elementos-da-cultura-regional-8856.html> Acesso em: 16 abril. 2019. MARQUEZ, Ana. Complexo gastronômico. GALERIA DA ARQUITETURA. 2015. Disponível em: < https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/espaconovo-arquitetura_/eataly-sao-paulo/2933>. Acesso em: 07 maio. 2019. MOTT, Luiz. Feiras e mercados: pistas para pesquisa de campo. In: FERRETI, SERGIO. (Org). Reeducando o olhar: estudos sobre feiras e mercados. São Luís: Edições Universidade Federal do Maranhão, 2000. NASCIMENTO, Sinesio Roberto. Mercado de São José: história e cultura popular. Recife: Fundação de Cultua Cidade do Recife, 2005. NASLAVSKY, Guilah. Arquitetura moderna em Pernambuco, 1951-1972: as contribuições de Acácio Gil Borsoi e Delfim Fernandes Amorim. Tese de Doutorado. São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, 2004. NÓBREGA, Maria de Lourdes Carneiro da Cunha. Todo caminho dá na venda: A influência do comércio de varejo nas transformações físicas do espaço urbano. Os bairros do Recife, Santo Amaro e São José. 1970-2006. 2008. 329 f. Dissertação (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Federal de Pernambuco, Pernambuco, 2008. OLIVEIRA JÚNIOR, José Vanildo. Fluxograma do processo de planejamento arquitetônico apli204


cado a mercados públicos. 2006. 146 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2006. PADILHA, Valquiria. Shopping center: a catedral das mercadorias e do prazer reificado. 2003. 317 folhas. Dissertação (Doutorado em Ciências sociais) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2003. PERNAMBUCO (ESTADO). Lei de uso e ocupação do solo da cidade do Recife nº 16.176, vide revisão de 2008. Leis Municipais, Recife, 2008. PINTAUDI, Silvana Maria. Os mercados públicos: metamorfose de um espaço na história urbana. Scripta Nova. Revista elect^ronica de geografia y ciencias sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, 2006, vol. X, núm. 218 (81). _____ Mercados Públicos: vestígios de um lugar. In: CARLOS, A. F. A.; SOUZA, M. L. de; SPOSITO, M . E. B. (Orgs.). A Produção do Espaço Urbano: agentes e processos, escalas e desafios. São Paulo: Contexto, 2011, pp. 167-176. PONTUAL, Virgínia. Boa Viagem: de área rural ao bairro mais verticalizado do Recife. RECIFE EM TRANSFORMAÇÃO. Disponível em: < http://especiais.jconline.ne10.uol.com.br/recifeemtransformacao/boa-viagem-de-area-rural-ao-bairro-mais-verticalizado-do-recife/>. Acesso em: 9 maio. 2019. ROMANO, Leonora. Edifícios de mercados gaúchos: Uma arquitetura dos sentidos. 2004. 178 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004. 205


RUBIES, J.E. Mercado Municipal de Cantareira. Portal Piratininga. Apresenta artigo sobre história, a arquitetura e a paisagem de São Paulo. Disponível em: http://www.piratininga.org/mercado_municipal/ mercado_municipal.htm. Acesso em 15 abril. 2019. SANTOS, Ruama Araújo. Mercado de alimentação fora do lar. SEBRAE. Disponível em: <http://www. sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ac/artigos/alimentacao-fora-do-lar,19cfb3656dc20610VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 14 de abril. 2019. SARAIVA, P. P. M. Requalificação do mercado municipal paulistano. PORTAL VITRUVIUS. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/institucional/inst68/inst68.asp> Acesso em: 15 abril. 2019. SERAPIÃO, F. Revitalização de mercado público. PORTAL ARCOWEB. Disponível em: <http:// w w w. a r c o w e b . c o m . b r / a r q u i t e t u r a / a r q u i t e tura539.asp>. Acesso em: 15 abril. 2019.

Heitor Maia Neto: SPINELLI, Leonardo. 12/10/1928 a 29/12/2014. JORNAL DO COMÉRCIO. Disponível em: < https://modulacao. w o r d p r e s s . c o m / 2 0 1 4 / 1 2 / 3 0 / h e i t o r- m a i a - n e t o -12101928-a-29122014/>. Acesso em: 17 junho. 2019. VARGAS, Heliana Comin. Espaço terciário: o lugar, a arquitetura e a imagem do comércio. São Paulo: Ed, SENAC, 2001. _____. Comércio: localização estratégica ou estratégia na localização? Dissertação (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de São Paulo. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, 1993. 206


VARZIM, Tiago. Portugal bate novo recorde com 12,76 milhões de turistas em 2018. ECONOMIA. Disponível em: < https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/turismo---lazer/ detalhe/portugal-bate-novo-recorde-com-1276-milhoes-de-turistas-em-2018>. Acesso em 05 maio. 2019. ZAKHIA, Elizabeth. Mercados e Feiras: outra viagem pelos cheiros e sabores do Brasil. São Paulo: SODEXO, 2015.

207


UNICAP 2019 208


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.