Livro Minas Gerais e suas riquezas

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Minas Gerais e suas riquezas

Há várias maneiras de se medir a grandeza de um estado e dimensionar suas riquezas. Uma é a dimensão territorial, outra é a dimensão demográfica, outra é constituída pelos pilares da sua economia e a arrecadação de tributos. Em qualquer delas, Minas é destaque nacional. Tem 21 milhões de habitantes, distribuídos por 580 mil km2. É o berço das principais bacias hidrográficas do país, com exceção da amazônica. Tem de tudo em seu território: jazidas de dezenas de minerais, amplas pastagens, reflorestamentos infinitos, montanhas, planícies, cachoeiras, cidades históricas, grandes siderurgias, uma diversidade de atrativos que não se reúne em nenhum outro estado.

e suas riquezas

Minas Gerais

mil metros ofundidAde, trAmos petróleo, Ação e respeito.

Minas Gerais

e suas riquezas

Minas Gerais and its riches There are several ways to measure the greatness of a state and dimensionate its wealth. The most notable is the territorial dimension, there is the demographic dimension and the last dimension consists in the pillars of its economy and the tax collection. In any of them, Minas is a national highlight. It Somos líderes mundiaishas na exploração e produção de petróleo em águas 21 million inhabitants spread over 580,000 km². It is the birthplace of the main river basins of the profundas e ultraprofundas, sendo responsáveis pela operação do pré-sal, country, except the Amazon basin. It has everything in its territory: many kinds of mineral deposits, que nos posicionou estrategicamente frente à grande demanda mundial large pastures, infinite reforestations, mountains, plains, waterfalls, historical cities, large steel mills. de energia. Investimos também na diversificação da matriz energética a partir de matérias-primas renováveis. Além disso, seguimos os princípios do There is a diversity of attractions that you cannot meet in other state.

mineração • indústria • agropecuária siderurgia • ENERGIA • automotivo CULTURA • turismo • ARTESANATO

Pacto Global da ONU e integramos o índice Dow Jones de Sustentabilidade pelo oitavo ano consecutivo. Tão importante quanto crescer é ter responsabilidade social e ambiental. Gente. É o que inspira a gente.

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Minas Gerais and its riches

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sete mil metros profundidAde, contrAmos petróleo, spirAção e respeito.

Somos líderes mundiais na exploração e produção de petróleo em águas profundas e ultraprofundas, sendo responsáveis pela operação do pré-sal, que nos posicionou estrategicamente frente à grande demanda mundial de energia. Investimos também na diversificação da matriz energética a partir de matérias-primas renováveis. Além disso, seguimos os princípios do Pacto Global da ONU e integramos o índice Dow Jones de Sustentabilidade pelo oitavo ano consecutivo. Tão importante quanto crescer é ter responsabilidade social e ambiental. Gente. É o que inspira a gente.

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4/9/14 3:29 PM

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Minas Gerais e suas riquezas Minas Gerais and its riches

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Índice | Index

Minas Gerais: honrando o passado, garimpando o futuro

Honoring the past, sifting the future..........................................................................................................................................9

Energia - Petrobras | Energy - Petrobras............................................................................................................. 16 Energia - Cemig | Energy - Cemig......................................................................................................................................... 30 Mineração | Mining......................................................................................................................................................................................... 40 Siderurgia | Steel Industry................................................................................................................................................................ 92 Indústria | Industry.................................................................................................................................................................................. 102 Automotivo | Automotive........................................................................................................................................................ 128 Aeroespacial | Aerospace.......................................................................................................................................................... 150 Agropecuária | Agriculture....................................................................................................................................................... 156 Turismo | Tourism............................................................................................................................................................................................ 202 Cultura | Culture........................................................................................................................................................................................... 220 Artesanato | Handicraft................................................................................................................................................................. 224


tina Coelho / Terra Imagem

Terra das Vertentes - José Ernesto Bologna

Pensam-na lá. Incrustada em ouro, pousada sobre as cordilheiras, ao regadio dos campos de altitude, fundeada nas águas São Franciscas, fumaçando fábricas, fundindo e lapidando preciarias. Enganam-se. Minas itinera. Tecida a tempo e gente, a ouro e água, Minas viaja na memória dos falares, e produz futuro. Quem a vê, a leva. Quem ficar, alia-se. Letras, sons, imagens, mas também aromas, fatos para o olfato, gosto que dá gosto, e tato. Tato liso, d’água e limo. Tato áspero, rugas da rocha e da montanha. Luzindo azeite, lavrada a braço e açoite, Minas velha. Luzindo elétrons e noite, Forjada em aço e louça, Minas moça.

Cativante em tudo, luta e ludo. Contemporânea velha, fumarenta e ecológica, suarenta Minas, sua. Urbe e roça. Minas ouro. Minas, nossa. Minas, d’água tanta, sem o mar - tão longe o mar! Minas que bafeja e recebe o vento que a ciranda, mesma Minas, berço de águas generosas que, jamais viciosa, vão e vão, pelos vãos dos irmãos: a norte, a oeste, a leste... Em seus ares, Minas é. As suas águas, Minas dá. Eis porque itinera de nascença. Minas realista, Minas do milagre, Minas santa, atenta, e vasta, Minas onde Deus trouxe o Chicão, numa Canastra.


de energia. Investimos também na diversificação da matriz energética a partir de matérias-primas renováveis. Além disso, seguimos os princípios do Pacto Global da ONU e integramos o índice Dow Jones de Sustentabilidade pelo oitavo ano consecutivo. Tão importante quanto crescer é ter responsabilidade social e ambiental. Gente. É o que inspira a gente.

4/9/14 3:29 PM

A Petrobras é marcada por uma trajetória de superação de desafios que conduz a companhia a avanços tecnológicos significativos. Nossa história é construída dia a dia pelo empenho de nossa força de trabalho. Essa constante dedicação tem impulsionado o crescimento do país por seis décadas, colocando nossa empresa entre as maiores do mundo. A construção da Refinaria Gabriel Passos, em Betim, a partir de 1962, estreitou nossos laços com Minas Gerais. Aqui, fomos acolhidos pelos mineiros, que nos emprestaram sua casa e sua energia para o trabalho e construíram conosco umas das mais modernas refinarias da Petrobras. Em meio às montanhas que fazem das paisagens de Minas umas das mais belas do Brasil, nasceu uma fonte de possibilidades novas, regada pelo sonho de impulsionar as terras mineiras cada vez mais para frente. Hoje, o sonho é realidade. A presença da Petrobras em Minas Gerais marcou a história do estado e contribuiu para o seu desenvolvimento socioeconômico, colocando-o em posição de destaque no cenário nacional. E isso é algo de que nos orgulhamos muito. Afinal, um lugar tão especial como Minas, com sua gente acolhedora, cidades históricas, gastronomia típica do fogão a lenha e imensa diversidade cultural, merece crescer sempre mais e expandir seu potencial humano e suas riquezas naturais e culturais para além das fronteiras. Acreditamos que nossas atividades além de beneficiar a economia, contribuem para a ampliação da qualidade de vida de toda a sociedade. Por isso, fazemos investimentos sociais que refletem nosso compromisso com a história e o futuro dos países onde atuamos. Em Minas e em todo o Brasil, patrocinamos projetos sociais, ambientais, culturais e esportivos em sinergia com políticas públicas. Buscamos iniciativas que aliem diversidade, consistência e ações sustentáveis. Por tudo que Minas Gerais representa para o Brasil, nos sentimos honrados em contribuir para esta obra, que apresenta um panorama atual da economia mineira e que serve de base para a construção de uma nova etapa de desenvolvimento com o aproveitamento das potencialidades do estado. Que os textos e imagens registrados aqui sirvam de inspiração para continuarmos investindo e valorizando o solo e o povo mineiro, o coração do nosso país. William França da Silva Gerente-geral da Refinaria Gabriel Passos

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Steferson faria / agência Petrobras

Petrobras is known by a track record of cultivate the overcoming of challenges, leading the company to significant technological advances. Our history is built daily by the commitment of our workforce. This constant dedication has driven the growth of the country for six decades, placing our company among the largest in the world. The construction of the Gabriel Passos Refinery in Betim in 1962 was decisive to make closer relations with Minas Gerais. Here, we were welcomed by Minas’ people, who lent us his house and his energy for the work and built with us one of the most modern refineries of Petrobras. Amid the mountains that make of Minas’ landscapes one of the most beautiful in Brazil, was born a source of new possibilities, watered by the dream of boosting Minas Gerais’ lands increasingly to the advance. Today, the dream is a reality. The presence of Petrobras in Minas Gerais marked the history of the state and contributed to its social and economic development, placing it in a prominent position on the national scene. And this is something that we are very proud of. After all, a too special place such as Minas Gerais, with lovely people, historic towns, typical gastronomy of wood stove and huge cultural diversity, deserves to grow ever more, expanding its human potential and its natural and cultural wealth far beyond borders. We believe that our activities besides benefiting the economy, they contribute to the expansion of the quality of life of the whole society. Therefore, we make social investments that reflect our commitment to the history and the future of the countries where we operate. In Minas and across Brazil, we sponsored social, environmental, cultural and sports projects in synergy with public policies. We seek initiatives that combine diversity, consistency and sustainable actions. For all that Minas Gerais represents to Brazil, we feel honored to contribute to this work, which presents a current overview of Minas’ economy and can be used as a basis for the construction of a new stage of development with the use of the potential of the state. I hope the texts and images recorded here inspire us to continue investing and valuing the soil and the people from Minas, the heart of our country. William França da Silva General Manager of Gabriel Passos Refinery

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Minas Gerais nos brinda, permanentemente, com suas infinitas riquezas. Para os amantes do campo, como nós, o Estado é um inigualável viveiro de prazer, com sua natureza exuberante, suas montanhas, matas, cachoeiras e lindas fazendas. A culinária, a cultura, o patrimônio artístico e histórico, e sua gente! Este sim, seu grande tesouro. Conheci Minas Gerais há 40 anos. Foi paixão à primeira vista. Aqui finquei raízes. Aqui investi meu trabalho e busquei a realização dos meus sonhos. Sou mineiro. Melhor ainda: sinto-me absolutamente mineiro! Daqueles que não abrem mão da boa prosa, do café adoçado com rapadura formando par com o queijo. Do pão de queijo, nem me fale. Sou desses que, só de sentir o cheiro, recrio, na mente, meu cenário predileto: a cozinha da minha fazenda. É de lá que saem, como magia, pratos típicos da culinária mineira, como o caldo de feijão e o feijão tropeiro, a farofa de ovo caipira, arroz de forno e frango ao molho pardo. Para a sobremesa, goiabada cascão com queijo, pudim ou doce de leite! Um arrebatador de paladares, em qualquer lugar do mundo. Falar das coisas de Minas, de suas riquezas naturais, minerais, suas águas, culinária... “é bom demais da conta”. Melhor mesmo é “viver” as coisas de Minas. Tive a felicidade de cruzar, no meu caminho rumo a Minas Gerais, o melhor parceiro para conhecer de perto todas essas riquezas: o cavalo Mangalarga Marchador. A este parceiro, que é uma paixão antiga, atribuo o título de riqueza número um. Venho de uma família de criadores de cavalos de sangue árabe. Não poderia jamais imaginar encontrar um cavalo tão absolutamente completo como o mineiríssimo Mangalarga Marchador, quando primeiro cheguei a essas terras. Foi ele quem me conduziu por todo o Estado e para além dessas fronteiras, e me permitiu conhecer com profundidade a família mineira, os costumes dessa gente fantástica e acolhedora. Quis o destino que eu tivesse a honra de presidir a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador e a responsabilidade de representar este grande patrimônio dos mineiros e dos brasileiros em geral. Sou muito grato a Deus por ter colocado Minas e o cavalo Mangalarga Marchador no meu caminho. Digo, então, com muito orgulho: Sou do Mundo, sou Minas Gerais! Magdi Shaat Presidente ABBCCMM

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Minas Gerais offers us permanently, its endless wealth. For countryside lovers, like us, the state is an unparalleled hotbed of pleasure with its breathtaking nature, its mountains, forests, waterfalls and beautiful farms. The cuisine, the culture, the artistic and historical heritage, and its people! The last one is, in the truth, its great treasure. I met Minas Gerais forty years ago. It was really love at first sight. I definitely rooted here, investing my work and seeking the realization of my dreams. Now, I feel absolutely from Minas, I can be called “mineiro” too! I am of those “mineiros” who do not live without a good prose, a coffee sweetened with rapadura, a kind of solid molasses, forming pair with the cheese. About the Brazilian cheese bread, just with its smelling I am capable of recreate on the mind my favorite scenario: the kitchen of my farm. From my kitchen, like magic, come out typical dishes from Minas’ cuisine. The goodies are: the bean soup; the feijão tropeiro, composed by beans combined with toasted cassava flour; the farofa de ovo caipira, composed by toasted cassava flour with small pieces of meat and fried eggs; the chicken in brown sauce, made with a fresh chicken blood and the oven rice. For the dessert, it is common in Minas: goiabada cascão with cheese, pudim and doce de leite! They can win any palate in the world. It is too much good to talk about of things from Minas, of its natural and mineral resources, its water and cuisine. And the really best is to live the things from Minas. I was fortunate to find in my path to Minas Gerais the best partner to help to know better all these wealth: the Mangalarga Marchador horse. I give to this partner the title of the best wealth in reason that is an old passion. I come from a family of breeders of Arabian blood horses. I could never imagine to find an absolutely complete horse as the absolutely “mineiro” Mangalarga Marchador when I arrived to these lands. It was it which led me across the state and beyond these borders, and enabled me to meet deeply the Minas’ family, knowing the customs of this fantastic and welcoming people. The destiny wanted that I had the honor of presiding the Brazilian Mangalarga Marchador Breeders Association ( Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador, ABCCMM ) and the responsibility of representing this enormous heritage of the “mineiros” and of the Brazilians in general. I am very grateful to God for having placed Minas and the Mangalarga Marchador in my way. In the end, I say with great pride, just

June Sabino

like a famous music here says, I am from the world, I am from Minas Gerais! Magdi Shaat ABCCMM President

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Minas Gerais Honrando o passado, garimpando o futuro

Há várias maneiras de se medir a grandeza de um estado e dimensionar suas riquezas. Uma é a dimensão territorial, outra é a dimensão demográfica, outra é constituída pelos pilares da sua economia e a arrecadação de tributos. Em qualquer delas, Minas é destaque nacional. Tem 21 milhões de habitantes, distribuídos por 580 mil km2. É o berço das principais bacias hidrográficas do país, com exceção da amazônica. Tem de tudo em seu território: jazidas de dezenas de minerais, amplas pastagens, reflorestamentos infinitos, montanhas, planícies, cachoeiras, cidades históricas, grandes siderurgias, uma diversidade de atrativos que não se reúne em nenhum outro estado. Neste livro, apresentamos as riquezas econômicas, através das empresas líderes no ranking de cada segmento, e também dos empreendimentos tradicionais representativos da economia mineira. Abordamos também as riquezas imensuráveis, mas vitais para a formação da personalidade mineira, como o patrimônio histórico, as tradições e as extraordinárias manifestações da nossa cultura. Não temos a intenção de esgotar o tema, porque as mil fontes de Minas são inesgotáveis, mas apenas garimpar aqui e ali as preciosidades mais óbvias dentre as que brilham no estado. Antes da descoberta do ouro, no final do século 17, o território mineiro tinha sido palmilhado apenas por bandeirantes paulistas e criadores de gado baianos em busca de pastos para expandir seus rebanhos. O ouro foi o grande motor do povoamento de Minas e o responsável pela fama do estado como terra de oportunidades. Durante o século 18, a população cresceu vertiginosamente. Vila Rica sozinha extraía 10 mil quilos de ouro por ano. Nesse século, foram embarcadas oficialmente para Portugal 618 toneladas de ouro extraídas de Minas Gerais, correspondentes ao quinto, ou seja, aos impostos devidos à Coroa. A preços de 2014, esse tesouro corresponde a R$ 58 bilhões. Na época, as remessas de Minas abarrotaram os cofres dos reis de Portugal e pagaram vultosas dívidas da Coroa com a Inglaterra. Ainda na primeira metade do século 18, uma fortuna estimada em três milhões de quilates de diamantes foi descoberta ao norte das minas de ouro e também enviada para a Europa. No século 19, foram encontradas jazidas de esmeraldas, topázios, águas-marinhas, berilos, ametistas e toda sorte de pedras preciosas. As jazidas de ouro, diamantes e pedras preciosas continuam produzindo, mas perderam importância no século 20 diante de outros minerais requeridos pelo desenvolvimento, principalmente os minérios de ferro, manganês, nióbio, alumínio e zinco. Nas últimas décadas, para apoiar a produção de alimentos, cresceu a importância das jazidas de fosfato e calcário de Minas Gerais.

O ouro e o couro Os ciclos do Ouro e do Diamante – que provocaram o rápido povoamento de Minas e criaram um novo modelo de civilização, distante do litoral e da influência da Corte – também inspiraram nos brasileiros ideais de liberdade e sentimentos patrióticos que ajudaram a configurar nossa nacionalidade. O personagem emblemático desses sentimentos foi o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que pagou com a vida pelos ideais libertários dos inconfidentes.

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O esplendor do século 18 redesenhou o mapa econômico e político da Colônia, deixou testemunhos inegáveis nas cidades históricas de Minas, seja na arquitetura barroca ou na riquíssima arte sacra das inúmeras igrejas. Mas também deixou nos habitantes de Minas uma sensação hereditária de povo saqueado continuamente em suas riquezas. Todavia, a fixação da população se deveu mais ao couro do que ao ouro, ou seja, mais ao gado do que aos metais preciosos, mais aos gerais do que às minas. A demanda por alimentos e suprimentos dos garimpeiros estimulou a expansão da pecuária no Médio São Francisco e nas regiões de pastagens entre a província de São Paulo e o centro de Minas. A pecuária tornou-se o ouro do Triângulo, ao ponto de Uberaba ser considerada a Capital Mundial do Zebu. Para lidar com 24 milhões de bois, desenvolveu-se uma raça de cavalos genuinamente mineira, os mangalargas marchadores. Imensas sesmarias deram origem a poderosas fazendas, as quais, por sua vez, foram o nascedouro de dezenas de cidades ao longo da Estrada Real. É emocionante conhecer a História de Minas, o relato das lutas de nossos heróis e desbravadores, a crônica do espírito inovador de nossos visionários. É deslumbrante vivenciar nossa cultura, incluindo a arte, a música e a literatura, sem as quais nem mesmo a história seria conhecida. É inestimável nosso patrimônio arquitetônico e paisagístico. É proverbial nossa hospitalidade e irresistível nossa culinária. Temos o artesanato mais diversificado do país. Geramos escritores e poetas entre os mais inspirados do país, e políticos que merecem figurar eternamente no panteão dos formadores da pátria. Sob todos os aspectos, parecemos estar vivendo o auge da história, mas é preciso concentrar a inteligência e a sabedoria dos mineiros para prolongar esse auge em benefício das gerações vindouras. Grandes esforços precisam ser feitos para a diversificação da economia, hoje baseada principalmente na mineração e na transformação de produtos siderúrgicos, e também na exportação de carne bovina e de grãos, com destaque para o café. No passado, Minas foi um importante centro bancário. Hoje não é mais. Dentro de algumas décadas, os minérios vão rarear e a economia mineira precisa encontrar alternativas. Como se verá neste livro, os caminhos mais promissores são os da indústria de transformação, dos polos de alta tecnologia e do turismo.

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Emerton eleutério

Minas Gerais

Honoring the past, sifting the future There are several ways to measure the greatness of a state and dimensionate its wealth. The most notable is the territorial dimension, there is the demographic dimension and the last dimension consists in the pillars of its economy and the tax collection. In any of them, Minas is a national highlight. It has 21 million inhabitants spread over 580,000 km². It is the birthplace of the main river basins of the country, except the Amazon basin. It has everything in its territory: many kinds of mineral deposits, large pastures, infinite reforestations, mountains, plains, waterfalls, historical cities, large steel mills. There is a diversity of attractions that you cannot meet in other state. In this book, we present the economic wealth through the leading companies in the ranking of each segment and also the traditional representative enterprises of Minas’ economy. We also analyze the immeasurable wealth, vital for the formation of Minas’ identity, as the historical heritage, the traditions and the extraordinary manifestations of our culture. We do not intend to exhaust the theme, because the sources are inexhaustible, but just show the most obvious preciosities among the many others that shine in the state. Before the discovery of gold, in the late 17th century, the state’s territory had been explored only by São Paulo’s ‘’bandeirantes’’ and Bahia’s cattle breeders in search of pasture for expand their flocks. The gold was the great engine of settlement of the state and responsible for the fame as a land of opportunities. During the 18th century, the population grew dizzily. Only in Vila Rica was normally extracted 10,000 kg of gold per year. In that century were officially sent to Portugal 618 tons of gold extracted from Minas Gerais, corresponding to the fifth, that is the tax owed to the Crown. At prices in 2014, this treasure corresponds to R$ 58 billion. At the time, the gold remittances from Minas filled the coffers of the Portugal’s kings and paid enormous debts of the Crown with England. Still in the first half of the 18th century, a fortune estimated at three million carats of diamonds was discovered in the north of the state and also was sent to Europe. In the 19th century were found also deposits of emeralds, topaz, aquamarine, beryl, amethysts and other kinds of precious stones

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The deposits of gold, diamonds and precious stones are still producing, but lost importance in the 20th century, compared to other minerals required to the development, particularly iron ore, manganese, niobium, aluminum and zinc. In recent decades, to support food production, increased the importance of the phosphate and limestone deposits of Minas Gerais. Gold and leather

The cycles of the Gold and Diamond caused the rapid settlement of Minas and created a new model of civilization, far from the coast and of the influence of the Court. They also inspired in Brazilians the ideal of freedom and the patriotic feelings which helped to configure our nationality. The emblematic character of these feelings was Joaquim José da Silva Xavier, the famous ‘’Tiradentes’’, who paid with his life for libertarian ideals of the ‘’inconfidentes’’, a revolutionary group from Minas Gerais. The splendor of the 18th century redesigned the economic and political map of the Colony, left many undeniable testimonies in Minas’ historical cities, as the baroque architecture and the rich sacred art of the numerous churches. But it also left in the inhabitants a hereditary feeling of a people that is still ransacked of their wealth. However, the setting of population in the region was due more to leather than gold, more to livestock than the precious metals, more to general than the mines, considering the name of the state, General Mines. The miners demand for food and supplies stimulated the expansion of bovine livestock in Medium São Francisco region and in the pastures areas between the São Paulo’s province and Minas’ center. The livestock became the gold of Triangle region, Uberaba was considered the World Capital of Zebu. To handle 24 million cattle was developed a horse breed genuinely from Minas, the Mangalarga Marchador. Huge land grants gave rise to important farms, which were the birthplace of dozens of towns along the Royal Road. It is exciting to know the history of the state, the history of the struggles of our heroes and pathfinders, the chronicle of the innovative spirit of our visionaries. It is fascinating living our culture, including art, music and literature, so important to the history be known. It is invaluable our architectural and landscape heritage. Our hospitality is notorious, our culinary is irresistible and our handicraft is too diversified, the most diversified in the country. Minas generated important writers and poets, and politicians who deserve eternally figure in the pantheon of formers of the Homeland. In all respects, we seem to be living the summit of History, but it is necessary to concentrate the intelligence and the wisdom of the Minas’ citizens to prolong this summit for the benefit of future generations. Great efforts need to be made to the economic diversification. Today the economy is based mainly in mining and in the steel products transformation, and also in the export of bovine meat and grain, especially coffee. In the past, Minas was an important banking center, today is no more. In a few decades, the ores will scarce and because of that the state need to find alternatives. As you will see in this book, the most promising ways are: the transformation industry, the high technology centers and the tourism. tina Coelho / Terra Imagem

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Geidy Romeiro / Top 2000

Rodrigo Azevedo


Eduardo Venturoli

Minas, mais valor! Olavo Machado* Minas Gerais e Suas Riquezas apresenta uma visão a um só tempo abrangente e minuciosa da economia mineira. É abrangente em razão dos temas abordados, que vão do agronegócio à tecnologia da informação, do turismo na Estrada Real à indústria automobilística, destacando sempre as posições de liderança conquistadas pelo estado ao longo do tempo. E é minuciosa pela riqueza de detalhes sobre – entre inúmeros outros indicadores – investimentos, empregos gerados e capacidade de produção. Como verá o leitor nas páginas seguintes, a indústria mineira se destaca na mineração, siderurgia, celulose e também como um dos mais importantes polos da indústria automobilística do país. Quando analisamos os setores onde se registram os principais investimentos no Brasil, na atualidade, observa-se significativo predomínio das inversões realizadas no setor industrial e em segmentos nos quais a indústria mineira se destaca. São atividades nas quais nosso estado conta com expressivas vantagens competitivas e que resultam em números expressivos: 44% da produção brasileira de minério de ferro; 40% do aço produzido no Brasil; 27% da fundição e 28% da produção nacional de cimento.

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Minas, more value!

Olavo Machado*

São, de fato, números que traduzem reais oportunidades de investimento no estado – afinal, temos a maior concentração e variedade da riqueza mineral do mundo, destacando-se, entre elas, as reservas de ferro, ouro, zinco, nióbio, calcário, bauxita e os chamados metais de terras-raras utilizados na produção de tablets, carros elétricos, celulares, televisores e computadores. As mesmas vantagens comparativas de Minas Gerais estão presentes também na agroindústria e no setor de serviços. Esta é a história que é contada nas páginas seguintes de Minas Gerais e Suas Riquezas. A leitura atenta deste livro, no entanto, nos convida a perscrutar o futuro. Afinal, é importante registrar que a plena transformação destas vantagens comparativas em realidade está condicionada ao desenvolvimento de estratégias que nos conduzam à inovação e ao desenvolvimento de tecnologia, de forma a agregar valor aos nossos produtos. Em essência, precisamos manter o foco na preservação de nossa liderança em setores estratégicos e, simultaneamente, mobilizar nossa energia para enobrecer o produto mineiro pela via da inovação e da tecnologia. Nesta caminhada, devemos buscar, sempre, um permanente processo de transformação da atividade produtiva na direção de maior agregação de valor ao produto mineiro. A todos, boa leitura! (*) Olavo Machado é presidente

Minas Gerais and its Wealth introduces a vision that is simultaneously comprehensive and thorough about the Minas’ economy. It is comprehensive in reason of the topics covered, ranging from agribusiness to the information technology, from tourism in Royal Road to the automotive industry, always emphasizing the leadership positions conquered by the state over the time. And it is thorough in the reason of the very detailed information about - among numerous other indicators - investments, jobs created and production capacity. As the reader will see in the following pages, the Minas’ industry stands out in the mining, steel, cellulose and also as one of the most important centers of the automotive industry of the country. Analyzing the sectors in which the main investments are recorded in Brazil, nowadays, we can note a significant predominance of investments made in the industrial sector and in sectors which the Minas’ industry stands out. In these sectors, our state has significant competitive advantages that result in expressive numbers: 44% of the Brazilian production of iron ore; 40% of the steel produced in Brazil; 27% of the smelter and 28% of the national production of cement. This numbers demonstrate real opportunities of investments in the state - after all, we have the largest concentration and the largest variety of mineral wealth of the world. Among them, stands out, the reserves of iron, gold, zinc, niobium, limestone, bauxite and the so-called rare earth metals, used in the production of tablets, electric cars, mobile phones, televisions and computers. The same comparative advantages of Minas Gerais are also present in agribusiness and in the service sector. This is the story that is told in the following pages of Minas Gerais and its wealth. A careful reading of this book, however, invites us to peer into the future. After all, it is important to record that the full transformation into reality of these comparative advantages is dependent on the development of strategies that lead us to innovation and technological progress, in order to add value to our products. Essentially, we need to maintain focus on preserving our leadership in strategic sectors, and simultaneously mobilize our energy to ennoble the products from Minas through the way of innovation and of technology. On this walk, we must seek, always, a permanent process of transformation of productive activity toward higher adding value to product from Minas Gerais.

da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg)

I wish all a good read! (*) Olavo Machado is the chairman of Federation of Minas Gerais’ Industries (Fiemg, in Portuguese abbreviation)

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Energia

Petrobras um gigante verde-amarelo

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Acervo REGAP

Tudo na Petrobras é superlativo. Sua eficiência é mundialmente celebrada. Seus êxitos enchem os brasileiros de orgulho. É a número 1 do Brasil em múltiplos aspectos, e assim também em Minas Gerais, onde é a campeã em recolhimento de impostos. De acordo com o Plano de Negócios e Gestão (PNG 2014-2018), vai investir US$ 220,6 bilhões.

Petrobras, a green-yellow giant Everything in Petrobras is superlative. Its efficiency is celebrated worldwide. Its successes fill Brazilians with pride. It is the number 1 of Brazil in many aspects, and especially in Minas Gerais, where it is the champion in collecting taxes. According with its 2014-2018 Business and Management Plan (BMP 2014-2018), the company will invest US$ 220.6 billion.

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Criada em 3 de outubro de 1953 pelo então presidente Getúlio Vargas, a Petrobras nasceu do clamor popular provocado pela campanha “O Petróleo é Nosso”. A intensa mobilização nacional deu força ao governo para enfrentar os interesses poderosos das grandes petrolíferas internacionais. Não é exagero dizer que a criação da estatal teve influência no processo de superação do sentimento de inferioridade e submissão cultivados até então no Brasil e contribuiu para o desenvolvimento de valores nacionalistas. Surgiu um sentimento de orgulho que – aliado às vitórias esportivas e à expansão da música – só veio melhorando a imagem internacional do país e a autoestima dos brasileiros a partir da década de 1950.

Created in October 3, 1953 by the president of that time, Getúlio Vargas, Petrobras was born from the popular clamor provoked by the campaign “The oil is ours”. The intense national mobilization gave strength to the government to confront the powerful interests of the major international oil companies. It is no exaggeration to say that the creation of the state company influenced in the process of overcoming feelings of inferiority and submission so far cultivated in Brazil and contributed to the development of nationalist values. Also, came a sense of pride that - combined with the sports victories and expansion of music - only improved the country’s international image and self-esteem of Brazilians of the 1950s.

Caprino Boer

Caprino Boer

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Over the past 60 years, Petrobras has faced setbacks of all kinds and technological challenges to ensure the selfsufficiency of the country in the production of oil and its derivatives, and achieve the current level, which is positioned as one of the world’s largest corporations. The big company reaped remarkable victories, such as the conquest of leadership in exploration and production of oil in deep waters and the discovery of oil and gas in pre-salt layer. The history of Petrobras is written every day inspired by the commitment of its workforce, which is accustomed to overcome challenges, and that matches, from the beginning, with the country´s and Brazilian´s history. The joint-stock company in which the majority shareholder is the government of Brazil, Petrobras´s mission is provide enough energy to boost development and ensure the future of society working ethically, safely and profitably, with social and environmental responsibility. Today the company has traded on major stock exchanges worldwide and is present in 18 countries, working with integrated operations in exploration, production, refining, marketing, transportation, petrochemicals, and the distribution of oil, natural gas, biofuels and electric energy. Integrated energy company, Petrobras operates profitably with social and environmental responsibility, seeking ecoefficiency in processes and products.

Acervo REGAP

Ao longo dos últimos 60 anos, a Petrobras enfrentou revezes de toda natureza e desafios tecnológicos para assegurar a autossuficiência do país na produção de petróleo e seus derivados, e alcançar o patamar atual, em que se posiciona como uma das maiores corporações do mundo. Colheu vitórias marcantes, como a conquista da liderança em exploração e produção de petróleo em águas profundas e a descoberta de óleo e gás na camada pré-sal. A história da Petrobras é escrita dia a dia pelo empenho de sua força de trabalho, habituada a superar desafios, e que se confunde, desde o início, com a história do país e dos brasileiros. Sociedade anônima de capital aberto que tem como acionista majoritário o governo do Brasil, a Petrobras tem como missão prover a energia capaz de impulsionar o desenvolvimento e garantir o futuro da sociedade de forma ética, segura e rentável, com responsabilidade social e ambiental. Hoje a companhia tem ações negociadas nas principais bolsas de valores do mundo e está presente em 18 países, atuando de forma integrada nas atividades de exploração e produção, refino, comercialização, transporte e petroquímica, distribuição de derivados, gás natural, biocombustíveis e energia elétrica. Empresa integrada de energia, a Petrobras atua de forma rentável com responsabilidade social e ambiental, buscando a ecoeficiência nos processos e produtos.

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A Petrobras em Minas Gerais A Refinaria Gabriel Passos (Regap) está localizada em Betim (MG) e foi inaugurada em 30 de março de 1968. A refinaria recebeu o nome do engenheiro e político mineiro Gabriel de Resende Passos, que foi ministro das Minas e Energia, em reconhecimento a sua luta pela instalação da unidade em Minas Gerais. Pouco depois de sua morte, em 1962, começaram as obras de construção da Regap e já em 1970 ela se tornou uma refinaria completa, com unidades de destilação atmosférica e a vácuo, craqueamento catalítico, tratamento de derivados, utilidades e um parque de tanques adequado à sua produção. Em 1982, grandes obras de ampliação aumentaram em mais de 100% a capacidade de processamento da unidade. Em 1994, a Regap tornou-se a segunda refinaria da Petrobras a receber uma unidade de coque. Em permanente processo de modernização, as últimas unidades que entraram em operação foram: 2004 – no mês de agosto, a Unidade de Hidrotratamento (HDT) de diesel; 2008 – investimentos da ordem de US$ 1 bilhão em novas unidades: co-geração, HDT de nafta de coque, HDS de nafta craqueada, Unidade Geradora de Hidrogênio; 2011 – no mês de julho, a unidade de protótipo de reuso de efluentes hídricos; 2012 – em março entrou em operação a Unidade de HDT de nafta de coque; em junho, a Unidade de HDS de nafta craqueada, que integram o empreendimento da carteira de gasolina (produção de gasolina com baixo teor de enxofre). A Regap é a primeira refinaria brasileira a produzir gasolina com a tecnologia Prime G+; 2013 – no mês de dezembro, início de operação da nova HDT, produção de diesel com baixo teor de enxofre. Atualmente a Regap processa 26.400 m3/ dia. Seus principais produtos são: óleo diesel S10 e S500, com baixos teores de enxofre; gasolina A (sem aditivos) e com baixo teor de enxofre;

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A Petrobras em Minas Gerais Betim - Refinaria Gabriel Passos (Regap) - Centro Operativo da Liquigás Ibirité - Usina Termelétrica Aureliano Chaves Montes Claros - Usina de Biodiesel Darcy Ribeiro, da Petrobras Biocombustível - Depósito da Liquigás Juiz de Fora - Usina Termelétrica Juiz de Fora Uberaba - Terminal Terrestre Uberaba, da Transpetro Uberlândia - Terminal Terrestre Uberlândia, da Transpetro; - Centro Operativo da Liquigás Governador Valadares - Depósito da Liquigás

Petrobras Distribuidora Instalações no Estado Belo Horizonte - Escritório Central Uberlândia - Escritório da Gerência da Rede de Postos 3 - Gerência de Vendas a Consumidores Betim - Terminal de Combustíveis - Fábrica de Emulsões Asfálticas Confins - Gerência de Abastecimento de Aeronaves


Juarez cavalcanti/BANCO DE IMAGENS PETROBRAS

querosene de aviação; asfaltos; coque verde de petróleo (utilizado pela indústria siderúrgica); óleo combustível (usado para aquecimento de caldeiras, fornos industriais ou geração de calor em motores industriais); aguarrás (matéria-prima para produção de solventes, principalmente na indústria de tintas); gás liquefeito de petróleo (GLP), que é o gás de cozinha e enxofre (utilizado na produção de fertilizantes). A Regap responde pelo atendimento a cerca de 80% do mercado mineiro de derivados de petróleo. Seus clientes são as empresas distribuidoras (Petrobras Distribuidora, Shell, ALE, FIC, Rede Brasil, Super, SAT, dentre outras).

Responsabilidade Socioambiental Em seus quase 46 anos de atuação, a Regap consolidou uma atuação compromissada com o meio ambiente e as pessoas. Com a utilização racional de água e energia e a menor geração de efluentes, resíduos e emissões em todas as unidades, o impacto no meio ambiente é reduzido. O relacionamento com as comunidades do entorno da refinaria é caracterizado pela implementação de projetos relacionados com a defesa dos direitos da criança e do adolescente, geração de emprego e renda, capacitação e iniciação profissional.

Petrobras in Minas Gerais

The Gabriel Passos Refinery (Regap) is located in Betim (MG) and was inaugurated on March 30, 1968. The refinery was baptized with the name of engineer and politician Gabriel Passos de Resende, who was Minister of Mines and Energy, in recognition of his struggle for installation the unit in Minas Gerais. Shortly after his death, in 1962, began the construction of Regap and in 1970 it became a complete refinery, with atmospheric and vacuum distillation units, catalytic cracking, treatment of derivatives, utilities and a park of suitable tanks for its productions. In 1982, major expansion works raised by more than 100% the processing power of the unit. In 1994, Regap became the second refinery of Petrobras to receive a coking unit. In the ongoing process of modernization, the last units that were put into operation: • 2004 - In August, the unit Hydro treating (HDT) of diesel; • 2008 - Investments of US$1 billion in new units: cogeneration, HDT coke naphtha, HDS of cracked naphtha, Hydrogen Generating Unit;

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• 2011 - In July, the prototype unit of reuse of water; • 2012 - In March the unit HDT of naphtha coke came into operation; in June, the HDS unit of cracked naphtha, comprising the development of gas (gasoline production with low sulfur) portfolio. The Regap is the first Brazilian refinery to produce gasoline with Prime G+ technology; • 2013 - In December, was the beginning of operation of the new HDT, production of diesel with low sulfur content. Regap currently processes 26,400 m3 per day. Its main products are: S10 and S500 diesel oil with low sulfur content; A gasoline (without additives) with low sulfur content; aviation kerosene; asphalts; green petroleum coke (used by the steel industry); fuel oil (used for heating boilers, industrial furnaces or heat generation in industrial motors); turpentine (raw material for production of solvents, particularly in the coatings industry); liquefied petroleum gas (LPG), which is the cooking gas and sulfur (used in the fertilizer production). The Regap supllies about 80% of the oil derivatives local market of Minas Gerais. Its customers are the distribution companies (Petrobras Distribuidora, Shell, ALE, FIC, Brazil Network, Super, SAT, among others). Environmental Responsibility

In its nearly 46 years of experience, Regap consolidated an action committed to the environment and people. The rational use of water and energy, and the less generation of wastewater, wastes and emissions in all units, contributes with the reduction of environmental impacts. The relationship with the communities surrounding the refinery is characterized by the implementation of projects such as defense of rights of the child and teenager, generation of income and employment and professional training projects.

Gabriel Passos Refinery - Regap Total area - 12.8 million m² Industrial area - 2.3 million m² Ecological reserve – 50,000 m² Processing capacity: 26.400 m³ per day (26.4 million liters per day). Supplies much of the local market oil derivatives and, eventually, supplies the market of Espírito Santo too. Direct employment: 2,200 State taxes collected in 2013: R$ 3.6 billion

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Petrobras in Minas Gerais Betim • Gabriel Passos Refinery (Regap) • Operating Center of Liquigás Ibirité • Thermoelectric Power Plant (TPP) Aureliano Chaves Montes Claros • Darcy Ribeiro Biodiesel Power Plant of Petrobras Biofuel • Deposit of Liquigás Juiz de Fora • TPP Juiz de Fora Uberaba • Terminal Road Uberaba of Transpetro UberlÂndia • Terminal Road Uberlândia of Transpetro • Operating Center of Liquigás Governador Valadares • Deposit of Liquigás • Distributor of Petrobras

Petrobras Distribuidora Facilities in the State Belo Horizonte • Central Office Uberlândia • Office of Management Network of 3 Posts • Sales Management to Consumers Betim • Fuel Terminal • Factory of asphaltic emulsions Confins • Management of Aircraft Refueling

The Regap is linked to the following ducts:

Orbel I - went into operation in 1967 and now sends products towards Betim-Rio de Janeiro. Its extension is 363.9 km, with a nominal diameter of 18”; Orbel II - went into operation in 1982. It is a pipeline that supplies the refinery with crude oil, with an extension of 358.4 km and a nominal diameter of 24”; Gasbel - went into operation in 1994. It is a pipeline with an extension of 357 km and a nominal diameter of 16”.


Acervo REGAP

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Refinaria Gabriel Passos – Regap

Área total – 12,8 milhões de m2 Área industrial – 2,3 milhões de m2 Reserva ecológica – 50 mil m2 Capacidade de processamento: 26.400 m3/dia (26,4 milhões de litros/dia). Abastece grande parte do mercado mineiro de derivados de petróleo e, eventualmente, o mercado do Espírito Santo. Empregos diretos: 2,2 mil Impostos estaduais recolhidos em 2013: R$ 3,6 bilhões

A Regap está interligada aos seguintes dutos: Orbel I – entrou em operação em 1967 e hoje envia produtos no sentido Betim–Rio de Janeiro. Sua extensão é de 363,9 km, com diâmetro nominal de 18”; Orbel II – entrou em operação em 1982. Oleoduto que abastece a refinaria com petróleo bruto, com uma extensão de 358,4 km e diâmetro nominal de 24”; Gasbel – entrou em operação em 1994. Gasoduto com uma extensão de 357 km e diâmetro nominal de 16”.

Petrobras Distribuidora - MG A Petrobras Distribuidora é a maior empresa na área de postos de combustíveis em Minas Gerais, onde detém 31,4% de participação do mercado. São 1.005 postos com sua bandeira, distribuídos por todos os pontos cardeais do estado, de Extrema até Serra dos Aimorés, e de Carneirinho a Manga. Além da área automotiva, a Petrobras Distribuidora atende mais de 600 grandes consumidores nos segmentos de Transportes, Mineração, Siderurgia, Governo, Setor Químico, empreiteiras, entre outros. No município de Betim, a companhia possui uma fábrica com capacidade nominal de produção de 4 mil toneladas/mês de emulsões asfálticas e 2 mil toneladas/mês de asfaltos modificados. Tem como clientes as concessionárias e construtoras de rodovias, governos federal, estadual e prefeituras. Identificada no mercado de aviação como BR Aviation, a Petrobras Distribuidora também é líder do mercado de combustíveis para aviação. Está presente em sete aeroportos de Minas Gerais (Pampulha, em BH; Tancredo Neves, em Confins; e nas cidades de Juiz de Fora, Goianá, Montes Claros, Uberaba e Uberlândia) atendendo a Acervo REGAP aviação executiva e comercial (companhias aéreas nacionais e internacionais) e a chamada aviação aeroagrícola. A BR Aviation comercializa querosene de aviação (JET A-1), gasolina de aviação (AVGAS 100), BR Jet Plus e uma linha de lubrificantes de aviação para motores a pistão, chamada Lubrax Aviação. Para abastecer de combustíveis todo o estado, a BR opera um terminal em Betim, uma base em Uberlândia e Armazenagens Conjuntas em Governador Valadares e Montes Claros.

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Petrobras Distribuidora - MG

Petrobras Distribuidora, the distributor of Petrobras, is the largest company in the field of gas stations in Minas Gerais, which holds 31.4% of market share. There are 1,005 stations with its flag, spread over all the cardinal points of the state, from Extrema to Serra dos Aimorés, and from Carneirinho to Manga. Besides the automotive field, Petrobras Distribuidora serves more than 600 major customers in the segments of transportation, mining, steel, government, chemical industry, contractors, among others. In the city of Betim, the company has an industry with a nominal capacity of 4,000 tons/month of asphalt emulsions and 2,000 tons per month of modified asphalts. It has clients such as concessionaires and contractors of highways, federal, state and cities governments. Identified in the aviation market as BR Aviation, Petrobras Distribuidora is also a leader in the aviation fuels market. It is present in seven airports in Minas Gerais (Pampulha in Belo Horizonte, Tancredo Neves, in Confins, and in the cities of Juiz de Fora, Goianá, Montes Claros, Uberaba and Uberlândia) serving commercial and executive aviation (domestic and international airlines) and the called agricultural aviation. The BR Aviation sells aviation kerosene (JET A-1), aviation gasoline (AVGAS 100), BR Jet Plus and a line of lubricants for aviation piston and engines, called Lubrax Aviation. To supply fuel throughout the state, BR operates a terminal in Betim, a base in Uberlândia and a Warehousing Joint in Governador Valadares and Montes Claros. Liquigás Distribuidora - MG

Liquigás Distribuidora is a company of Petrobras System, is a leader in the 13kg cylinders of gas market and one of the largest distributors of liquefied petroleum gas (LPG) in Brazil. This company provides gas for domestic use in packs of 5, 8, 13 and 45 kg, and also the bulk segment, offering products and services for various industries such as Retail, Industry, Agribusiness and condominiums. Constantly invests in technology and seek innovations to ensure to the consumer a quality product, with social and environmental responsibility. It has a network of over 4,800 resellers, reaching approximately 8.5 million households and over 35,000 customers in the bulk segment. The company currently has 3,250 employees.

Liquigás Distribuidora - MG A Liquigás Distribuidora, uma empresa do Sistema Petrobras, é líder no mercado de botijões de gás de até 13 kg e uma das maiores distribuidoras de gás liquefeito de petróleo (GLP) do Brasil. Fornece gás para uso doméstico em embalagens de 5, 8, 13 e 45 kg e, no segmento granel, oferece produtos e serviços para diversos setores, como comércio, indústria, agronegócio e condomínios. Investe constantemente em tecnologia e busca inovações para garantir ao consumidor final um produto de qualidade, com responsabilidade social e ambiental. Possui uma rede com mais de 4,8 mil revendedores, atingindo aproximadamente 8,5 milhões de residências e mais de 35 mil clientes no segmento granel. A empresa conta atualmente com 3.250 empregados.

Liquigás em Minas Para atender aos consumidores do Estado de Minas Gerais, a Liquigás conta com aproximadamente 500 revendedores. Já o segmento granel atende a 1.910 clientes no estado. A Liquigás possui 230 empregados em Minas Gerais. Os Centros Operativos da Liquigás são unidades de envasamento, armazenamento e distribuição, enquanto os depósitos apenas armazenam e distribuem GLP.

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Vendas em Minas e no Brasil Indicador (2013)

Unidade

Faturamento Bruto R$ Volume de Vendas Liquigás

toneladas

Market Share GLP Total

-

Total Brasil Minas Gerais 4.012.489.252

394.440.040

9,8%

1.661.787

155.395

9,4%

22,67%

20,64%

-

Em Minas, a Liquigás mantém dois centros operativos, localizadas em Betim e Uberlândia, e dois depósitos, em Montes Claros e Governador Valadares. O segmento granel da Liquigás vendeu 41 mil toneladas em 2013 para seus 1.910 clientes do Estado, com um market share de 20,8%. O Centro Operativo de Betim está entre os maiores da Liquigás em termos de volume de envase e comercialização de GLP, com capacidade produtiva de mais de 8.400 toneladas de recipientes de 13 kg por mês ou 26.000 P-13 por dia, e possui 12 tanques de armazenamento com capacidade total de 720 toneladas, utilizados para GLP e propano. Este centro operativo está estrategicamente localizado próximo à Refinaria Gabriel Passos (Regap), de onde recebe o GLP através de gasoduto, além de possuir instalações para recebimento rodoviário. Já o centro operativo de Uberlândia, localizado no Distrito Industrial, produz mais de 2.150 toneladas de recipientes de 13 kg por mês ou 8.000 P-13 por dia, recebe GLP por modal rodoviário e possui três tanques de armazenamento de GLP com capacidade total de 180 toneladas. Ambos os centros operativos ainda atendem a centenas de consumidores a granel através de uma moderna frota de caminhões-tanques. Já os depósitos de Governador Valadares e de Montes Claros são abastecidos pelo Centro Operativo de Betim para atender ao mercado da região, operando exclusivamente com GLP envasado.

Entre as melhores do país A Liquigás Distribuidora foi classificada em 3º lugar no segmento ‘Combustíveis, Óleo e Gás’ no ranking das Melhores da Revista Dinheiro 2012, edição especial da revista IstoÉ Dinheiro, que reúne as mil maiores empresas do país. Na sua nona edição, o ranking listou as melhores empresas do Brasil em 29 segmentos e avaliou as participantes também por critérios de gestão nas áreas de sustentabilidade financeira, gestão de recursos humanos, inovação e qualidade, responsabilidade social e ambiental e governança corporativa.

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% Minas Gerais

Liquigás in Minas Gerais

To attend consumers in Minas Gerais, Liquigás has approximately 500 resellers. The bulk segment serves 1,910 customers in the state. The Liquigás has 230 employees in Minas Gerais. The Operating Centers of Liquigás are filling units, storage and distribution, while deposits only store and distribute LPG. In Minas Gerais, the Liquigás maintains two operating centers, located in Betim and Uberlândia, and two deposits in Montes Claros and Governador Valadares. The bulk segment of Liquigás sold 41,000 tons in 2013 to its 1,910 customers in the state with a market share of 20.8%. The operating center of Betim is among the largest of Liquigás in terms of bottling volume and LPG sale, with a production capacity of over 8,400 tons of containers of 13 kg per month or 26,000 P-13 per day, and has 12 storage tanks with a total capacity of 720 tons, used for LPG and Propane. This operating center is strategically located near the Gabriel Passos Refinery (Regap), from which it receives LPG through pipeline, and has facilities to receive also from the road. The operating center of Uberlândia, located in the industrial district, produces more than 2,150 tons of containers of 13 kg per month or 8,000 P-13 per day, and receives LPG by road transport and has three LPG storage tanks with total capacity of 180 tons.


Sales in Minas and in Brazil

Indicator (2013)

Unit

Gross sales

R$

Liquigás Sales Volume

tons

Total Market Share GLP

-

Total in Brasil

Minas Gerais

% Minas Gerais

4,012,489,252

394,440,040

9.8%

1,661,787

155,395

9.4%

22.67%

20.64%

-

Both operating centers also serve hundreds of customers in the bulk market via a modern fleet of tank trucks. The deposits of Governador Valadares and Montes Claros are supplied by the Operating Center of Betim to attend the region’s market, operating exclusively with bottled LPG. Among the best in the country

The Distributor of Liquigás was ranked the 3rd in the segment ‘Fuel, Oil and Gas’ in the Ranking of the Best of 2012, special edition of “IstoÉ Dinheiro” magazine, which brings together the thousand largest companies in Brazil. In its 9th edition, the ranking listed the best companies in Brazil in 29 segments and evaluated the participants also by management criteria in the areas of financial sustainability, human resource management, innovation and quality, social and environmental responsibility and corporate governance. TPP Aureliano Chaves

Located in the city Ibirité (MG), the TPP Aureliano Chaves is part of Petrobras Thermoelectric Park, which composes the Gas and Energy business within the Sistema Petrobras. With facilities occupying a total area of 3,500 square meters, the UTE-ACH is able to generate up to 226 MW of electricity per hour, which is enough to supply a city of about one million inhabitants. Currently, this unit of Petrobras has 48 permanent employees. The operation of the power plant began in July of 2002 and the energy production occurs in a combined cycle using natural gas as fuel. To operate at full capacity, the UTE-ACH consumes approximately one million of cubic meters of natural gas per day, which is derived from the Bacia de Campos, transported through the pipeline Rio de Janeiro - Belo Horizonte (Gasbel). The power plant is composed by a GE 7FA gas turbine, industrial model with power generation of 150 MW, a boiler heat recovery STF and a steam turbine Franco Tosi in combined cycle, supplementing the power generation with 76 MW. In this process, the heat of the exhaust gases emitted by the gas turbine is passed on producing the necessary steam to drive the steam turbine. Thus, the reuse of energy from exhaust gases of the gas turbine considerably increases the thermal efficiency of the combined cycle, which provides high efficiency for the production of electricity and minimizes atmospheric emissions. With the process of generating electricity, the UTE Aureliano Chaves stands out among the plants of its kind, as the most efficient in the Petrobras Thermoelectric Park, reaching 52% of efficiency. All its ballast associated with the current availability of 212 MW, is sold on the spot market, having no energy sales at auction or commitment of inflexibility with Electrical System. The TPP Aureliano Chaves is connected to the National Interconnected System (SIN) through the distribution network of Cemig, in the Ibirité substation at 138 kV. Therefore, it contributes to supply our country. It is noteworthy that the Petrobras Thermoelectric Park is the seventh generator in the country and produces energy to complement the SIN both, in dry periods where there is low hydroelectric generation, as in times of high energy demand, attending the Brazilian population and meeting one of the requirements for the growth of the national economy. Besides contributing to the generation of energy for the country´s development, the UTE Aureliano Chaves has its importance to the State of Minas Gerais for contributing to various environmental and social projects, which demonstrates Petrobras’ commitment to social and environmental responsibility. Such projects are conducted in partnership with the Gabriel Passos Refinery (Regap).

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Usina Termelétrica Aureliano Chaves Localizada no município de Ibirité (MG), a Usina Termelétrica Aureliano Chaves faz parte do Parque Termelétrico da Petrobras, que compõe a área de negócio de Gás e Energia, dentro do Sistema Petrobras. Com instalações que ocupam uma área total de 3,5 mil metros quadrados, a UTE-ACH é capaz de gerar até 226 MW de eletricidade por hora, sendo esta energia suficiente para abastecer um município de cerca de um milhão de habitantes. Atualmente, esta unidade da Petrobras possui 48 empregados próprios. A operação da usina teve início em julho de 2002 e a produção de energia ocorre em ciclo combinado utilizando gás natural como combustível. Para operar com sua capacidade total, a UTE-ACH consome aproximadamente um milhão de metros cúbicos de gás natural por dia, sendo este proveniente da Bacia de Campos, transportado por meio do gasoduto Rio de Janeiro-Belo Horizonte (Gasbel). A usina é constituída de uma turbina a gás GE 7FA, modelo industrial com potência de geração de 150 MW, uma caldeira de recuperação de calor STF e uma turbina a vapor Franco Tosi em ciclo combinado, que complementa a geração de energia com 76 MW. Nesse processo, o calor dos gases de exaustão liberados pela turbina a gás é aproveitado na produção do vapor necessário para acionar a turbina a vapor. Assim, o reaproveitamento da energia dos gases exaustos da turbina a gás aumenta consideravelmente o rendimento térmico do ciclo combinado, o que proporciona a produção de energia elétrica com altíssima eficiência e minimiza as emissões atmosféricas. Com seu processo de geração de energia elétrica, a UTE Aureliano Chaves se destaca, dentre as usinas de sua categoria, como a mais eficiente do Parque Termelétrico da Petrobras, alcançando 52% de eficiência. Todo seu lastro, associado à atual disponibilidade de 212 MW, é comercializado no mercado de curto prazo, não possuindo venda de energia em leilão nem compromisso de inflexibilidade com o Sistema Elétrico. A Usina Termelétrica Aureliano Chaves está conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) por meio da rede de distribuição da CEMIG, na subestação Ibirité, em 138 kV. Desta forma, contribui para mover e abastecer nosso país. Vale ressaltar que o Parque Termelétrico da Petrobras é o sétimo gerador do país e produz energia para complementar o SIN tanto nos períodos secos onde há baixa geração hidrelétrica, como nos momentos de alta demanda instantânea de energia, atendendo à população brasileira e satisfazendo uma das exigências para o crescimento da economia nacional. Além de contribuir para a geração de energia para o desenvolvimento do país, a UTE Aureliano Chaves tem sua importância para o Estado de Minas Gerais por contribuir com diversos projetos ambientais e sociais, o que demonstra o comprometimento da Petrobras com a responsabilidade socioambiental. Tais projetos são realizados em parceria com a Refinaria Gabriel Passos (Regap).

Petrobras Biofuels

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Located in Montes Claros, in the North of Minas Gerais, Darcy Ribeiro Biodiesel Power Plant has a production capacity of about 150 million liters of biodiesel/ year to attend the local markets, South of Bahia and Espírito Santo. The unit has about 170 employees. In 2013, the refinery Montes Claros collected US$ 3,26 million in ICMS to the State Treasury. The plant Darcy Ribeiro was inaugurated in April of 2009. Approximately four thousand family farmers, producers of soybean, sunflower and castor in the states of Minas Gerais and Rio Grande do Sul, are linked to the program of agricultural supply to the plant.

Through the Integration Communities Petrobras program, the biodiesel plant sponsors two social projects. The Fruits ARCA Uniting the Extractive Youth is geared towards income generation and job opportunities through the production and marketing of frozen fruit pulps from a typical biome of Brazil, called “cerrado”. The other program is Making Art (Part IV) aims to promote the social inclusion of young people with art education activities. Both serve the surrounding communities of the unit and will receive about US$ 260,000 until 2016.


Petrobras Biocombustíveis

Agência petrobras

Localizada em Montes Claros, no Norte de Minas Gerais, a Usina de Biodiesel Darcy Ribeiro tem capacidade de produção de cerca de 150 milhões de litros de biodiesel/ano e atende aos mercados local, do Sul da Bahia e do Espírito Santo. A unidade emprega cerca de 170 funcionários. Em 2013, a refinaria de Montes Claros recolheu R$ 7,5 milhões em ICMS aos cofres do estado. A usina Darcy Ribeiro foi inaugurada em abril de 2009. Cerca de quatro mil agricultores familiares, produtores de soja, girassol e mamona, nos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, estão vinculados ao programa de suprimento agrícola da usina. Por meio do programa Integração Petrobras Comunidades, a usina de biodiesel patrocina dois projetos sociais. O Frutos ARCA Unindo a Juventude Extrativista é voltado para a geração de renda e de oportunidade de trabalho através da produção e comercialização de polpas congeladas de frutas do cerrado. Já o Fazendo Arte (Parte IV) visa promover a inclusão social de jovens com atividades de arte-educação. Ambos atendem a comunidades do entorno da unidade e receberão cerca de R$ 600 mil até 2016. •

Steferson faria/agência Petrobras

Usina Darcy Ribeiro / Darcy Ribeiro Power Plant

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Energia

Cemig,

a maior do Brasil

Há 62 anos a Cemig vem iluminando a vida dos mineiros, energizando a economia e garantindo recursos para o funcionamento do Governo de Minas. __

CEMIG, the Brazil’s biggest electric company Cemig has been illuminating lives of Minas Gerais’ citizens for 62 years, empowering the economy and ensuring resources for the operation of Minas’ government.

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Usina S達o Sim達o

S達o Sim達o Power Plant

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Um político de extraordinária capacidade empreendedora, acostumado a enxergar longe desde sua infância na amplidão dos planaltos de Diamantina, assumiu o Governo de Minas acreditando na importância da energia e dos transportes como insumos indispensáveis para o desenvolvimento. Era Juscelino Kubitschek, que muito cedo compreendeu que não haveria como arrancar o estado do secular marasmo agropastoril sem investimentos de vulto em eletricidade e estradas. Criou, há mais de 60 anos, um lema para seu governo: o binômio Energia e Transportes. Começou a rasgar estradas e, no segundo ano de sua gestão, criou a Cemig. Até hoje a energia e os transportes são o motor do desenvolvimento de Minas. A Cemig, que oferece energia elétrica para as empresas e para o conforto das famílias, é um poderoso gerador de tributos e dividendos para sustentar a estrutura do estado. Prova de que o governo pode ser bom administrador é a sua solidez e sua competência técnica. A Cemig está há seis décadas prestando serviços cada vez maiores e melhores ao estado. Mais que uma empresa, é uma tradição, parte da história e do desenvolvimento de Minas.

130 empresas e consórcios A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) é a maior empresa integrada de energia elétrica do Brasil, com faturamento anual de R$ 18 bilhões e controle acionário pertencente ao Governo de Minas. Somando seus consumidores e os da Light, que controla, tem 12 milhões de clientes, correspondendo a 35 milhões de pessoas. A empresa opera 66 usinas hidrelétricas e emprega diretamente 8 mil pessoas. Gerou R$ 2,7 bilhões em ICMS para os cofres públicos em 2013 e pagou dividendos no valor de R$ 2,8 bilhões, sendo que R$ 1,5 bilhão foram para o Tesouro do Estado, que é o maior acionista. A capacidade geradora de suas 68 unidades somadas é de 7,2 gigawatts.

Subestação Cláudio

Cláudio city distribution plant

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A politician of extraordinary enterprising ability, who used to be a visionary since his childhood in the vastness of Diamantina’s plateaus, took charge of Minas Government believing in the importance of power and transportation as indispensable resources for the development. He was Juscelino Kubitschek, who understood early that it wouldn’t be possible to rescue the state out of the secular agropastoral stagnation without huge investments in electricity and roads. He created, more than 60 years ago, a motto for his government: the binomial power and transportation. He started building roads and, in his second year as Governor, he created Cemig. Cemigmeans Energy Company of Minas Gerais. Nowadays, the energy and the transportation remain Minas’ engine of development. Cemig, that offers electrical energy for companies and for the comfort of families, is a powerful tax payer and profit generator to sustain the state’s structure. Its solidity and technical ability proves the government can be a good manager. Cemig has been providing better and bigger services for the state for six decades. More than a company, it’s a tradition, part of Minas’ history and development. 130 enterprises and business consortiums

Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) is the biggest Brazilian electrical power utility, with a annual income, bigger than US$ 7,8 billion. Its controlling interest belongs to Minas Gerais’ government. With the purchase of the company Light, Cemig added more than 12 million customers and has now in total 35 million plus customers. The company operates 66 hydroelectric power plants and directly employs 8,000 people. It paid US$ 1,2 billion as ICMS tax, in 2013 and paid the value of US$ 1,2 billion in dividends, which US$ 652 million were for the state treasury, the biggest stockholder. The total generation capability of its 68 units is 7.2 gigawatts.


Usina Hidrelétrica Irapé, no Rio Jequitinhonha Irapé plant, on Jequitinhonha River

A Cemig foi fundada em maio de 1952 por Juscelino Kubitschek, quando governador de Minas Gerais. Teve como seu primeiro presidente o engenheiro Lucas Lopes, que havia chefiado a elaboração de um plano de aproveitamento energético do rio São Francisco. A primeira grande usina que construiu foi exatamente Três Marias, que deu suporte energético à construção de Brasília quando JK se tornou presidente da República. Antes, a Cemig participou da implantação das usinas de Salto Grande e Gafanhoto, essa última responsável pela viabilização do Centro Industrial de Contagem. Antigamente se chamava Centrais Elétricas de Minas Gerais e, em 1970, encampou a antiga Companhia Força e Luz, responsável pelo atendimento a Belo Horizonte. Companhia de capital aberto controlada pelo Governo de Minas Gerais, a Cemig é hoje um gigantesco grupo constituído por mais de 130 empresas e consórcios. Tem negócios em 21 estados e no Distrito Federal. Está há 14 anos consecutivos no índice Dow Jones de Sustentabilidade da Bolsa de Nova York. Possui cerca de 10 mil acionistas de 40 países. Suas ações são negociadas nas bolsas de Valores de São Paulo, Nova York e Madri. Por duas vezes foi eleita líder mundial em sustentabilidade.

Cemig was founded in May 1952 by Juscelino Kubitschek, when he was the governor of Minas Gerais. Its first president was the engineer Lucas Lopes, who had headed the elaboration of the energy use plan of São Franciso River. The first big power plant Cemig built was Três Marias, which gave energy supply for Brasília construction, when JK became the President of the Republic. Before, Cemig had participated in the implantation of Salto Grande and Gafanhoto power plants, the last one was responsible for the viability of Contagem Industrial Center. Formerly Cemig was called Centrais Elétricas de Minas Gerais and, in 1970 it was merged with the former Companhia Força e Luz, which was responsible for supplying Belo Horizonte.

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The joint-stock company controlled by Minas Gerais’ Government, Cemig is today an enormous group formed by more than 130 companies and business consortiums. It has business in 21 states and in the federal district. It has been for 14 consecutive years in Dow Jones Sustainability Index of New York Stock Exchange. It has around 10 thousand stockholders in 40 countries. Its shares are negotiated in the stock exchanges of São Paulo, New York and Madrid. For two times it was placed as the most sustainable company in the world. Gerador em Peti

Generator in Peti hydroelectric plant

Subestação Betim

Betim city distribution plant

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Energia eólica e gás natural A Cemig foi a pioneira no país em exploração comercial de energia eólica, com um projeto experimental de 1 megawatt, financiado a fundo perdido pela Alemanha. Os grandes cataventos foram instalados em 1994 no morro do Camelinho, um planalto do município de Gouveia. Hoje esses geradores estão obsoletos e foram paralisados, mas a empresa adquiriu um parque eólico no Ceará para gerar 99,6 megawatts. Além disso, mapeou todas as oportunidades de instalação de plantas eólicas e de energia solar no Estado de Minas Gerais. Também planeja expandir sua participação na geração térmica, usando campos de gás natural em território mineiro, especialmente os afloramentos de Buritizeiro e Morada Nova de Minas, no Vale do São Francisco. Eletricistas trabalham em segurança Parque Eólico Parajuru

Eletricians work in safety

Wind energy plant on Ceará State

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Wind Energy and natural gas

Cemig was the pioneer of wind energy exploration in the country, with an experimental project of 1 megawatt, which was funded with a nonrepayable loan by Germany. The big windmills were installed in 1994 in Camelinho hill, a plateau near the town of Gouveia. The generators are now obsolete and were stopped, but the company acquired a wind farm in Ceará to generate 99,6 megawatts. Moreover, it mapped all the wind and solar power plants installation opportunities in the state of Minas Gerais. It also plans to expand its participation in thermal generation, using natural gas fields in Minas’ territory, especially the outcrops of Buritizeiro and Morada Nova de Minas, in São Francisco River Vale. Political short circuit: Cemig loses Três Marias

Despite its technical competence, innovative attitudes and social and cultural commitment, Cemig has not always navigated in its reservoirs’ tranquil waters. In the turn of the century, the governor Itamar Franco had to undertake an arduous legal fight to regain the control on the company, irregularly ceded to the American group Southern Electric, which had acquired 33% of the stock shares and reached an agreement to occupy management positions and have interdiction power. Itamar Franco also fought to prevent the slicing of Cemig in six parts: generation, transmission and distribution companies, according to decision of the National Agency of Electrical Energy (ANEEL). The governor’s argument was that each of these companies would pay new taxes, which would be good for the state finances, but it would result in a raise of energy prices for the population. Years later, ANEEL imposed its decision, but Cemig divided itself only into three companies: one for generation, one for transmission and one for distribution. In the transmission business, Cemig and Taesa, which is also controlled by Cemig, represent the second biggest national group. The latest impact on Cemig’s integrity as an electricity generator company was a political short circuit. The Interim Measure 579, transformed into the law 12.783/13, establish new rules to renew the lease for hydroelectric power plants. For 18 of its 66 power plants, which make for a total of 600 megawatts, Cemig decided not to adhere to the new conditions, understanding that it would be possible to achieve later in court the maintenance of the concessions. The argument against the imposition of the Ministry of Mines and Energy is based on the article 175 of the Brazilian Federal Constitution. Three major Cemig hydroelectric – Jaguara, São Simão e Miranda – are being defended in court, based on the principle which rules can’t be retroactive to the detriment of previous situations. However, it is regrettable that Cemig is forced to return to the Union, from 2014, the emblematic Três Marias, as well as other important hydroelectric power plants, like Volta Grande, Itutinga and Camargos. To make up for this generation capacity loss, the company plans to acquire small hydroelectric power plants (PCH) and increase its participation in big projects, which is the case of Santo Antônio Hydroelectric, in deployment in Rondônia. Recently, Cemig bought Petrobras’ share in Brasil PCH, with a generation capacity of 300 megawatts.

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Parque Eólico Parajuru

Parajuru Wind Plant

Geradores na Usina Miranda

Generators at Miranda Power Plant


Curto-circuito político: Cemig perde Três Marias Apesar de toda a sua competência técnica, atitudes inovadoras e compromissos sociais e culturais, a Cemig nem sempre navegou tranquilamente nas águas de seus reservatórios. Na virada do século, o governador Itamar Franco teve que empreender árdua luta jurídica para recuperar o comando da empresa, cedido irregularmente ao grupo americano Southern Electric, que adquirira 33% das ações e tinha conseguido um acordo para exercer cargos de direção e direito de veto. Itamar Franco também lutou para evitar o fatiamento da Cemig em seis empresas de geração, transmissão e distribuição, conforme decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). O argumento do governador era de que cada uma dessas empresas geraria novos impostos, o que seria bom para as finanças do estado, mas resultaria em aumento do preço da energia para a população. Anos depois, a Aneel impôs sua decisão, mas a Cemig se dividiu em apenas três empresas: uma de geração, uma de transmissão e uma de distribuição. No negócio Transmissão, a Cemig e a Taesa, também controlada pela Cemig, representam o segundo maior grupo nacional. O mais recente impacto sobre a integridade da Cemig como geradora de energia elétrica foi um curto-circuito político. A Medida Provisória 579, transformada na Lei 12.783/13, estabelece novas regras para renovar a concessão de hidrelétricas. Para 18 das suas 66 usinas, que totalizam 600 megawatts, a Cemig decidiu não aderir às novas condições, entendendo que poderia conseguir posteriormente na Justiça a manutenção das concessões. O argumento contra a imposição do Ministério das Minas e Energia está baseado no artigo 175 da Constituição Federal(*). Usina Três Marias permitiu a construção de Brasília

Três Marias plant helped government to built Brasília

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(*) Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Parágrafo único. A lei disporá sobre: I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão; II - os direitos dos usuários; III - política tarifária; IV - a obrigação de manter serviço adequado.

Três das principais hidrelétricas da Cemig - Jaguara, São Simão e Miranda - estão sendo defendidas na Justiça, com base no princípio de que as normas não podem retroagir em prejuízo de situações anteriores. Entretanto, é lamentável que a Cemig seja obrigada a devolver à União, a partir de 2014, a emblemática Três Marias, assim como outras importantes hidrelétricas, como Volta Grande, Itutinga e Camargos. Para compensar essa perda de capacidade de geração, a empresa planeja aquisições de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e aumentar sua participação em grandes projetos, como é caso da Hidrelétrica de Santo Antônio, em implantação em Rondônia. Recentemente, a Cemig comprou a participação da Petrobras na Brasil PCH, com capacidade de geração de 300 MW.

Support to culture

Cemig is the company that most invests in culture in Minas, distributing resources with Rouanet Law. In the last year, these investments totaled US$ 7,4 million. The performance line is to prefer continued projects or the ones that bring some kind of benefit to the population. Along this line, it sponsors all winter festivals in Minas, like Ouro Preto, Diamantina, São João del-Rei and Entre Rios de Minas. There is the Film in Minas Program, focused exclusively in audiovisual projects and which has been contributing to the development of Minas’ film industry. It also maintains many museums like Inhotim, Arts and Crafts, of Toys, of Reductions, Oratory, Folk Art Center Praça da Liberdade and others.

Apoio à cultura A Cemig é a empresa que mais investe em cultura em Minas, distribuindo recursos pela Lei Rouanet. No ano passado esses investimentos somaram R$ 17 milhões. A linha de atuação é preferir projetos continuados ou que tragam algum tipo de contrapartida para a população. Nessa linha, patrocina todos os festivais de inverno de Minas, como Ouro Preto, Diamantina, São João del-Rei e Entre Rios de Minas. Tem o programa “Filme em Minas”, dirigido exclusivamente para projetos audiovisuais e que tem contribuído para o crescimento da indústria cinematográfica de Minas. Mantém também vários museus, como Inhotim, Artes e Ofícios, dos Brinquedos, das Reduções, Oratório, o Centro de Arte Popular da Praça da Liberdade e outros.

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Edifício-sede em Belo Horizonte

Cemig’s headquarters at Belo Horizonte


O presidente da Cemig

CEMIG’s CEO

Djalma Bastos de Morais nasceu em Maceió (AL), em 1937. Estudou na Academia Militar de Agulhas Negras (RJ), graduou-se em engenharia no Instituto Militar de Engenharia do Rio de Janeiro, em 1966. Ingressou na Telebras, onde chegou a chefe de deDjalma Bastos partamento de 1974 a 1990, foi presidente da Telemig de 1990 a 1993. A partir de janeiro de 1994, foi ministro das Telecomunicações, e em 1995 vice-presidente da Petrobras Distribuidora. Em 1999, Djalma Morais assumiu a presidência da Cemig. Sua gestão de 15 anos é a mais longa já exercida na empresa. Sob seu comando, foi construído o maior número de usinas desde 1952, e a Cemig expandiu sua presença em diversas regiões do Brasil, adquirindo participação em empresas como a Light, Taesa e Renova. •

Djalma Bastos de Morais was born in Maceió (AL), in 1937. He studied in the Military Academy of Agulhas Negras (RJ), graduated in Engineering in the Military Institute of Engineering in Rio de Janeiro, in 1966. He joined Telebras, where he became head of department from 1974 to 1990, and was the CEO in Telemig from 1990 to 1993. From January 1994, he was the minister of telecommunications, and in 1995, vice-president of Petrobras Distribuidora. In 1999, Djalma Morais assumed the chair of Cemig. His 15 years employment is the longest one ever undertaken in the company. Under his command, it was built the biggest number of power plants since 1952, and Cemig expanded its presence in many regions of Brazil, acquiring shares in companies like Light, Taesa and Renova. •

Maiores hidrelétricas da Cemig Potência Usina Localização da Rio Início de Área do Declarada (MW) Casa de Força Operação Reservatório (km2) Installed Power Plant Powerhouse Location River Start of Power Operations

Reservoir area (km2)

1,710 São Simão São Simão (GO)

Paranaíba

1978

722.3

1510 Santo Antônio

Porto Velho (RO)

Madeira

2012

1,192 Emborcação

Araguari (MG)

Paranaíba

1982

485.0

510 Nova Ponte Nova Ponte (MG)

Araguari

1994

446.6

424

Jaguara

Rifaina (SP)

Grande

1971

36.8

408

Miranda

Indianópolis (MG)

Araguari

1998

50.6

399

Irapé

Grão Mogol (MG)

Jequitinhonha

2006

137.2

396 Três Marias Três Marias (MG) São Francisco

1962

1,155.0

380

Volta Grande

Miguelópolis (SP)

1974

221.7

330

Aimorés

Aimorés (MG) Doce

2005

36.8

240

Amador Aguiar I Araguari (MG)

Araguari

2006

18.7

Araguari

2007

45.1

Grande

(Capim Branco I)

210

Amador Aguiar II Araguari (MG)

(Capim Branco II )

210

Igarapava

Igarapava (SP)

Grande

1999

40.9

180

Funil

Perdões (MG)

Grande

2002

42.8

140

Baguari

Governador Valadares (MG) Doce

2009

16.1

112

Porto Estrela

Joanésia (MG) Santo Antônio

2001

3.8

Queimado Cabeceira Grande (MG)

105

102 Salto Grande

2004

36.3

Braúnas (MG) Sto Antônio/ Guanhães

Preto

1956

6.0

78 Sá Carvalho

55

Rosal São José dos Calçados (ES)

Antônio Dias (MG)

Piracicaba

1951

1.5

Itabapoana

1999

1.3

52

Itutinga

Itutinga (MG)

Grande

1955

1.6

46 Camargos

Itutinga (MG)

Grande

1960

77.4

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Mineração

A História da

Mineração A economia de Minas é a segunda do país. Sem nossas empresas de mineração, cairia para o 14º lugar.

The history of mining The economy of Minas is the second largest in the country. Without the mining companies, it would fall to 14th.

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Ferrous Resources

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Minas Gerais dedica-se à atividade de mineração desde os tempos do Brasil Colônia. Mais exatamente desde 1696, quando foram encontradas pepitas de ouro 24 quilates rolando no limo escuro entre o cascalho do Ribeirão do Carmo, ao pé do Pico do Itacolomi, na localidade que passou a se chamar Vila Rica e depois Ouro Preto. O ouro foi o grande motor do povoamento de Minas e o responsável pela fama do estado como terra de oportunidades. Durante o século 18, a população cresceu vertiginosamente. Vila Rica sozinha extraía 10 mil quilos de ouro por ano. Para se comparar essa abundância, durante o primeiro ano da corrida do ouro de Serra Pelada, no Pará, em 1981, foram extraídos 6 mil quilos de ouro. No século 18 foram embarcadas oficialmente para Portugal 618 toneladas de ouro extraídas de Minas Gerais, correspondentes ao quinto, ou seja, aos impostos devidos à Coroa. A preços de 2014, esse tesouro corresponde a R$ 58 bilhões. Na época, as remessas de Minas abarrotaram os cofres dos reis de Portugal e pagaram vultosas dívidas da Coroa com a Inglaterra. Na segunda metade do mesmo século, uma fortuna estimada em três milhões de quilates de diamantes foi descoberta nos arredores de Diamantina e também enviada para a Europa. No século 19, foram encontradas no território de Minas jazidas de esmeraldas, topázios, águas-marinhas, berilos, ametistas e toda sorte de pedras preciosas. Atualmente, as jazidas de ouro, diamantes e pedras preciosas continuam produzindo, com novas técnicas, persistência e trabalho. A mina de Morro Velho, em Nova Lima, chegou a ser a mais profunda do mundo na década de 1970. Durante dois séculos, sustentou o luxo e o ócio de centenas de famílias britânicas que tinham ações da Saint John d’El Rey Mining Company. Com o declínio da produção, passou às mãos da Hanna Corporation no século 20 e depois à AngloGold. Mesmo assim, Minas ainda produz muito ouro. Em 2012, o estado contribuiu com 66,3% das exportações de ouro brasileiras, que foram de US$ 1,55 bilhão. Só a Vale S.A. extraiu 9,2 toneladas, incluindo o que foi extraído no Pará.

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Minas Gerais dedicates itself to mining activity since the time of colonization of Brazil. More exactly since 1696, when 24 karats gold nuggets were found rolling in the dark loam in the gravel of the Ribeirao do Carmo, at the foot of the Itacolomi peak, in the locality that became called Vila Rica and later Ouro Preto. The gold was the great driving force of Minas´ settlement and is the main responsible for the state’s reputation as land of opportunities. During the 18th century, population grew dramatically. Only in Vila Rica at that time was extracted 10 thousand kilos of gold per year. To compare the amount of abundance, during the first year of the Serra Pelada gold rush in Pará, was extracted 6 thousand kilos of gold. In the 18th century 618 tons of gold extracted in Minas was shipped to Portugal, corresponding to the quinto, the tax that had to be paid the Portuguese crown. In 2014 prices, this treasury would worth US$ 25 billion. At that time, the shipments from Minas filled the safes of the king of Portugal and paid huge debits with England. In the second half of the same century, a fortune estimated in 3 million karats of diamond was discovered in the outskirts of Diamantina and also shipped to Europe. In the 19th century, deposits of emeralds, topaz, Aquamarines, beryls, amethysts and multiple kinds of precious stones where found in Minas territory. Nowadays, the deposits of gold, diamond and precious stones continues to produce, using new techniques, persistence and hard work. The Morro Velho mine, in Nova Lima, was even the deepest mine in the world in the 1970’s decade. For 2 centuries, it provided the luxury and leisure of thousands of British families that had shares of the Saint John d’El Rey Mining Company. With the decline in the production, it went to the hands of Hanna Corporation in the 20th century and later to AngloGold. Even so, Minas still produce a lot of gold. In 2012, the state contributed with 66.3% of Brazil’s gold exports, that were of US$ 1.55 billion. Only Vale S.A. extracted 9.2 tons, including what was extracted in Pará. Even without reaching the exhaustion, precious metals and gems mines have lost the importance comparing now to other minerals required to development; specially iron ore, manganese, niobium, aluminium and zinc.


Mesmo sem chegar à exaustão, as minas de metais preciosos e gemas perderam importância diante de outros minerais requeridos pelo desenvolvimento, principalmente os minérios de ferro, manganês, nióbio, alumínio e zinco. As exportações de minério de ferro extraído em Minas em 2012 alcançaram US$ 15 bilhões. O nióbio de Araxá superou o montante do ouro, com US$ 1,6 bilhão. Nas últimas décadas, para apoiar a produção de alimentos, cresceu a importância das jazidas de fosfato e calcário de Minas Gerais. Atualmente, os principais bens minerais produzidos comercialmente no Estado de Minas Gerais são 21, o que dá a dimensão correta do nome do estado. A lista abaixo está em ordem alfabética, e não de valor ou de importância. As pedras preciosas não constam porque são extraídas e negociadas à revelia do controle do estado.

The export of the iron ore extracted in Minas reached US$ 15 billion in 2012. The niobium from Araxá has overpassed the amount of gold with US$ 1.6 billion. In the last decades, to support food production, has increase the importance of Minas Gerais’s phosphate and calcarium reserves. Nowadays, there are 21 main mineral goods produced commercially in the state of Minas Gerais, which indicates the correct meaning of the state’s name. The list bellow is alphabetic order, not in order of value or importance. The precious stones are not included because are extracted and negotiated out of the control of the state.

• barita • bauxita • calcário • chumbo • cobalto • dolomito • enxofre

• baryta

• feldspar

níquel

• bauxite

• iron

• gold

• limestone

• phyllite

• palladium

• lead

• phosphate

• silver

• cobalt

• granite

• quartz

• dolomite

• manganese

• zinc

• sulfur

• niobium

• zirconium

• feldspato • ferro • filito • fosfato • granito • manganês • nióbio

• níquel • ouro • paládio • prata • quartzo • zinco • zircônio

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Estatísticas Minerais sobre MG • Minas Gerais é o mais importante estado minerador do país; • Minas Gerais extrai mais de 160 milhões de toneladas/ano de minério de ferro; • O estado é responsável por aproximadamente 53% da produção brasileira de minerais metálicos e 29% de minérios em geral; • As reservas mineiras de nióbio são para mais de 400 anos. Existem somente três minas em todo o mundo; • A atividade de mineração está presente em mais de 250 municípios mineiros; • Dos dez maiores municípios mineradores, sete estão em Minas, sendo Itabira o maior do país; • Mais de 300 minas estão em operação. Das 100 maiores do Brasil, 40 estão localizadas no estado. Das minas que produzem acima de três milhões de toneladas por ano, 67% estão em Minas. ________ Fonte: IBRAM

Balança mineral do Estado de MG A balança mineral de Minas Gerais resultou em 2011 um total de US$ 21,4 bilhões. Em 2012, esse valor foi de US$ 16,7 bilhões, queda justificada pela crise econômica mundial. As exportações de bens minerais têm uma representação muito significativa no estado, representando 54,26% do total exportado em Minas Gerais em 2012. Balança mineral MG (Valores em milhões de dólares)

Balança comercial MG (Valores em milhões de dólares)

Ano

Exportação de bens minerais

Importação de bens minerais

Saldo

Ano

Exportação Total

Importação Total

Saldo

2011

23.414

1.984

21.430

2011

41.393

13.028

28.365

2012

18.385

1.650

16.745

2012

33.429

12.054

21.376

Fonte: MDIC - AliceWeb

Produção de bens minerais Dentre os estados brasileiros, Minas Gerais possui: • A maior produção de minério de ferro, ouro, zinco, fosfato e nióbio, sendo este último também a maior do mundo (92%); • A 2ª maior produção de bauxita; • A 3ª maior produção de níquel; • A maior reserva de manganês.

Reservas de minério de ferro O Brasil é o segundo maior produtor de minério de ferro do mundo, atrás apenas da Austrália. Em 2011, a Austrália produziu 480 milhões de toneladas e o Brasil 390 milhões. A China também extrai muito minério, mas de baixa densidade, e a um custo operacional muito elevado. Por isso é o principal comprador do minério brasileiro, com 45,8% das compras, enquanto o Japão compra 9,7% e a Alemanha apenas 3%.

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A maior parte do minério de ferro brasileiro é extraído de Minas Gerais (67%), enquanto o Pará, com Carajás, responde por 29%. A maior mineradora de ferro de Minas, do Brasil e do mundo é a Vale S.A., que produz 84,5%. Em segundo vem a Samarco, com 6,2% e a CSN com 5,4%. Dos 390 milhões de toneladas produzidos em 2011, foram 332 milhões destinados a exportação, e apenas 58 milhões para abastecer a indústria siderúrgica e metalúrgica nacional. A Vale projeta extrair 425 milhões de toneladas em 2015, a CSN 89 milhões, a MMX 42,5 milhões, a Anglo American 35 milhões, a Samarco 30,5 milhões, a Usiminas 29 milhões, a Ferrous Resources 23 milhões e a Arcelor Mittal 15 milhões. Todas elas operam em Minas.

Aspectos negativos e positivos da mineração As atividades de mineração têm um lado negativo muito visível. Ninguém pode negar que são agressivas ao meio ambiente, que exigem a remoção de extensas áreas de vegetação, que modificam ecossistemas de modo irrecuperável, que deixam crateras na paisagem. Também inquietam as populações vizinhas com explosões, emissões de poeira e geram insegurança nas rodovias com o tráfego de veículos pesados. Estão entre as atividades que mais causam acidentes, mutilações e doenças profissionais em seus operários.

Mining statistics in Minas Gerais • Minas Gerais is the most important mining state in Brazil. • Minas Gerais extracts more than 160 million tons per year of iron ore. • The state is responsible for about 53% of the Brazilian production of metallic minerals and for about 29% of minerals of all types. • The niobium minerals deposits can last for more than 400 years. There are only 3 niobium mines in the world. • Mining activity is present in more than 250 cities of Minas. • From the 10 biggest mining cities, 7 of them are in Minas like Itabira, the biggest in the country. • More than 300 mines are operating. From the 100 biggest mines in Brazil, 40 are located in Minas. From the mines that produces more than 3 million tons per year, 67% are in Minas. _____________ Source: IBRAM

Mineral balance of the state of Minas Gerais

The mineral balance of Minas Gerais in 2011 resulted in a total amount of US$ 21.4 billion. In 2012, amount was US$ 16.7 billion, fall that could be explained by the world economic crisis. The exports of mineral goods have a very significant role in the state, representing 54.26% of the total exports of Minas Gerais in 2012. Mineral balance in Minas Gerais (MG) (Amounts US$ millions) Year

Export of Mineral Goods

Import of Mineral Goods

Trade Balance

2011 ........................23,414 ........................ 1,984 ................21,430 2012 ........................18,385 ........................ 1,650 ................16,745

Mineral balance MG (Amounts US$ millions) Year

Total Export

Total Import

Trade Balance

2011 .......................... 41,393........................... 13,028 ........................... 28,365 2012 .......................... 33,429 .......................... 12,054 ........................... 21,376 ___________________

Source: MDIC - AliceWeb

Mineral goods production

Among the brazilian states, Minas has: • The biggest output of iron ore, gold, zinc, phosphate and niobium, the output of the last one also is the biggest in the world (92%) • The second largest output of bauxite, • The third largest output of nickel, • The largest deposit of manganese

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No entanto, é exagero afirmar que as mineradoras estão desertificando o estado. As áreas de exploração, todas somadas, afetam apenas 0,5% do território mineiro (2,9 milhões de hectares). Estão na base da economia de Minas, gerando empregos e impostos sem os quais o estado não sobreviveria. A mineração de ferro, a mais volumosa, extrai 300 milhões de toneladas e fatura US$ 30 bilhões por ano. Em seu conjunto, a mineração no estado gera 230 mil empregos diretos e distribui R$ 550 milhões da Contribuição Financeira sobre a Exploração Mineral (CFEM) para 329 municípios. As reservas brasileiras de minério de ferro são calculadas em 29 bilhões de toneladas. Ou seja, ao ritmo atual de exploração, sem considerar os projetos de expansão, o minério de ferro se esgotaria em 45 anos. Esta constatação deve ser colocada em lugar de destaque entre as preocupações dos homens públicos mineiros com o futuro. Se a economia mineira é hoje a 2ª do país, cairia para o 14º lugar sem seus recursos minerais. Para um estado que tem sua história intrinsecamente relacionada à mineração, com sua economia, população e cultura gestadas em torno das minas de ouro e pedras preciosas, Minas Gerais não tem um retrato fiel de seu potencial mineral, além de não contar com marcos regulatórios capazes de expressar a grandeza de sua produção. Campeão nacional de produção de vários bens minerais, como ferro, ouro, diamante, gemas, fosfato, calcário, nióbio e zinco, o estado tem aspectos peculiares de cada região mineradora, tais como os impactos ambientais, a saúde dos trabalhadores, a compensação financeira, a preservação de nascentes.

Ferrous fez trabalhos premiados de preservação ambiental na Serrinha Ferrous did an awarded work of environment preservation in Serrinha mine

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Iron ore reserves

Brazil is the second biggest producer of iron ore in the world, losing only to Australia. In 2011, Australia produced 480 million tons, as long as Brazil produced 390 millions. China also extracts a lot of ore, but at low-density, and with very high operational costs. Because of this, China is the main buyer of Brazilian ore, corresponding to 45.8% of Brazil’s iron ore exports, while Japan buys 9.7% and Germany just 3%. Most of the Brazilian iron ore is extracted in Minas Gerais (67%), while Pará, including Carajás, makes 29%. The biggest iron mining company in Brazil and in the world is Vale S.A., which produces 84.5%. The second is Samarco with 6.2% and CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), with 5.4%. From 390 millions of tons produced in 2011, 332 millions where destined to exportation, and only 58 millions destined to supply the national steel and metal industries. Vale plans to extract 425 millions in 2015, CSN 89, MMX 42.5 million, Anglo American 35 million, Samarco 30.5 million, Usiminas 29 million, Ferrous Resources 23 million and Arcelor Mittal 15 million. All of them operate in Minas. Negative and positive aspects of mining

Mining activity has a very visible negative side. No one can deny that it is aggressive to the environment, as far as it demands the removal of large vegetation areas, modifying the ecosystem in an unrecoverable way, leaving craters in the landscape. They also disturb the local population with explosions, dust emissions and creating insecurity in the highways with the heavy traffic of trucks. The mining is one of the activities that cause more accidents, mutilations and professional diseases in its workers. Nevertheless, is an overstatement to affirm that the mining companies are transforming the state in a desert. All the exploration areas combined comprises only 0.5% of Minas’ territory (7.1 million of acres).


Mina de Brucutu em São Gonçalo do Rio Abaixo Brucutu mine

They are the basis of Minas’ economy, creating jobs and taxes which without them the state couldn’t survive. The iron mining, the most voluminous, extracts 300 million tons and earns US$ 30 billion per year. As a whole, mining in Minas creates 230 thousand direct jobs and pay US$ 240 million in CFEM tax, a Financial Contribution over Mineral Exploration, to 329 cities. The Brazilian reserves of iron ore are calculated as 29 billions of tons. So, by the current pace of exploration, without considering expansion projects, iron ore would exhausts in 45 years. This statement must be highlighted as one of the major concerns about the future for Minas’ government and political thinkers. If nowadays Minas’ economy is the second of the country, it would fall to 14th without the mineral resources.

Brucutu, maior do que Carajás Cada região de Minas tem suas peculiaridades. Itabira é o maior município minerador do Brasil, mas é na vizinha São Gonçalo do Rio Abaixo que a Vale S.A. explora a maior unidade de produção de minério de ferro do mundo, a de Brucutu. Dos 105 mil habitantes de Itabira, cerca de quatro mil trabalham, de forma direta ou indireta, no setor de mineração. O município também abriga a maior jazida de esmeraldas do Brasil. Além do minério de ferro, a região Central conta com jazidas de mármore, dolomita, granito, gnaisse, quartzito e topázio, entre outras. Em Poços de Caldas, pólo turístico e hidromineral e importante produtor de bauxita e rochas ornamentais, a preocupação é com a superexploração dos aqüíferos e a preservação das águas minerais. A extração de urânio e sua transformação em yellowcake já não é mais economicamente viável e foi desativada, mas sempre resta a preocupação com os resíduos radioativos.

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Já os ambientalistas mostram preocupação com a exploração de granito em toda a região e de calcário nas áreas cársticas de Pains e Arcos, que abrigam importantes acervos espeleológicos e arqueológicos. Arrepiam-se também com as colossais montanhas de detritos geradas pela exploração de ardósia em Papagaios, e pela extração de quartzitos em São Thomé das Letras e Luminárias. Muitos empreendimentos fazem uso de explosivos e alguns funcionam clandestinamente.

Rompimento de barragens Todos concordam com a necessidade de elaboração de planos de fechamento de minas e com a exigência de contratação de seguro para as barragens que provocam tantos danos quando se rompem. Nos últimos anos, desastres ambientais de graves consequências aconteceram em São Sebastião das Águas Claras, Miraí e Muriaé. A produção mineral no Triângulo e Alto Paranaíba está centrada nas jazidas de fosfato e nióbio, o primeiro produzido em Tapira, Araxá e Patos de Minas; e o segundo, em Araxá. Em Tapira, está o maior complexo de mineração de fosfato da América Latina. Em Araxá, encontra-se uma das maiores jazidas de minério de nióbio do mundo, que permite a Minas Gerais deter 75% da produção mundial. Ao ritmo atual de exploração, há nióbio para mais 400 anos.

For a state with a history closely linked with mining, with its economy, population and culture brewed around the gold and precious stones mines, Minas Gerais doesn’t have a reliable picture of its mining potential. Besides that there is the fact that it doesn’t have reliable regulatory framework capable of express the grandiosity of its production. The national champion in the production of several mineral goods as iron, gold, diamond, gems, phosphate, limestone, niobium and zinc, the state has peculiar aspects in each mining region, such as environmental impacts, worker’s health, financial compensation and springs preservation. Brucutu, bigger than Carajás

Each region of Minas has its own peculiarities. Itabira is the biggest mining city in Brazil, but it is in neighboring São Gonçalo do Rio Abaixo that Vale S.A. explores the largest unity of iron ore production in the world, Brucutu. From Itabira’s 105 thousand habitants, around four thousand work, direct or indirectly, in the mining sector. The city also hosts the largest emerald deposit in Brazil. Besides the iron ore, the central region also has marble, dolomite, granite, gneiss, quartzite, topaz, and others deposits.

Ferrous Resources

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In Poços de Caldas, a tourist and hidromineral center, and an important producer of bauxite and ornamental rocks, the concern is about over exploration of the aquifers and the preservation of mineral waters. The uranium extraction and its transformation in yellowcake is not economic viable anymore and was deactivated, but the concern with radioactive wastes always remain. The environmentalists shows concerns about the exploration of granite all around the region and of limestone in the carstic areas of Pains and Arcos, which hosts main speleological and archeological acquiesces. They are also worried about the huge mountains of waste generated by the slate exploration in Papagaios and by the quartzite extraction in São Thomé das Letras and Luminárias. Several enterprises use explosives and some of them work illegally. Dam ruptures

Everybody agrees about the necessity of mine-closure planning and insurance hiring for the dams, which causes so much damage when they break. In the last years, environmental disasters with severe consequences took place in São Sebastião das Águas Claras, Miraí and Muriaé. The mineral production in the regions of Triângulo and Alto Paranaíba, in the west of state, is based in the phosphate and niobium deposits. The first one is produced in Tapira, Araxá and Patos de Minas and the second in Araxá. In Tapira is based the biggest phosphate mining complex in Latin America. In Araxá, there is one of the biggest niobium deposits in the world, which allowed Minas to hold 75% of the world production. By the current exploration pace, there will be niobium for more than 400 years. In Paracatu, the second biggest of the state gold producer, there is some concern about the impacts of this activity in the city, like the mercury concentration in the waters of Kinross Paracatu’s waste dam. The population fears new impacts, since the mine is located in an urban area and this enterprise is growing. One of the proposals is create a miningclosure fund, put in a judicial account, as a precaution for each mining project. Paracatu and Vazante are the main mining cities in Minas’s Northwest.

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Em Paracatu, segundo maior produtor de ouro do estado, a preocupação é com os impactos que a atividade traz para a cidade, como a concentração de mercúrio na água da barragem de rejeitos da Kinross Paracatu. A população teme novos impactos, já que a mina está localizada na área urbana e o empreendimento se expande. Entre as propostas está a de se criar um fundo de fechamento de mina, depositado em conta judicial, como caução de cada projeto de mineração. Paracatu e Vazante são os dois principais municípios mineradores do Noroeste mineiro.

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Contrabando Há também o grave problema da sonegação e do contrabando. Desde a década de 60, o Japão consta na lista dos países produtores de ouro, e jamais produziu um grama desse metal. Recebeu toneladas de ouro gratuitamente junto com o minério de ferro extraído da mina do Cauê, em Itabira. Ao fundir o minério em suas siderúrgicas, o ouro líquido era separado nas caldeiras. Quando Carlos Drummond de Andrade escreveu que Minas tinha “um coração de ouro num peito de ferro”, pôs um dedo poético nessa ferida em nosso orgulho. Por outro lado, o Brasil não aparece no mapa mundial da produção de diamantes, já que as pedras encontradas nos garimpos ainda ativos do Jequitinhonha e de Carmo do Paranaíba são vergonhosamente contrabandeadas para países que as lapidam, como a Alemanha, a Bélgica e a Holanda. A mesma coisa acontece com as alexandritas de Antônio Dias e as esmeraldas de Capoeirama.

Contraband

There are also the serious problems of tax evasion and contraband. Since the 60’s, Japan is on the list of gold producing countries, but have never product 1 gram of it. Japan received tons of gold for free along with the iron ore extracted in the Cauê mine, in Itabira. While merging the ore at the steelyard, the liquid gold was separated at the boilers. When Carlos Drummond de Andrade wrote that Minas has “a heart of gold in a iron chest”, he used a poet prism to look at this wound in our pride. On the other side, Brazil doesn’t appears on the world map of diamond producers, since the stones found at the still actives mines of Jequitinhonha and Carmo do Paranaíba are outrageously smuggled to the countries that lapidary them, like Germany, Belgium and Netherlands. The same happens with the alexandrites of Antônio Dias and the emeralds of Capoeirama.

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As maiores mineradoras que atuam em Minas Gerais

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marcelo coelho

Vale S.A. A maior produtora de minério de ferro do mundo nasceu em Minas. Consome 5% de toda a energia produzida no país e 3% de todo o óleo diesel. Faturou US$ 50 bilhões em 2013.

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A Vale S.A. é a maior produtora de minério de ferro do mundo. Opera em 15 estados brasileiros e nos cinco continentes. Suas maiores jazidas estão em Minas e no Pará. Possui mais de dez mil quilômetros de ferrovias, centenas de navios e nove terminais portuários próprios. Consome 5% de toda a energia produzida no Brasil. Seu faturamento em 2013 alcançou a cifra astronômica de US$ 49,6 bilhões. No final de 2013, a empresa somava 82 mil empregados próprios em 29 países e falando nove línguas diferentes. Somados aos prestadores de serviços em atividades permanentes e em projetos, o total dos recursos humanos chegou a 213 mil. Trabalhando no Brasil, principalmente em Minas Gerais e no Pará, são 159 mil. A empresa também registrou recorde de volume de vendas de minério de ferro e de pelotas, com 305,6 milhões de toneladas métricas, além de cobre (353.000 toneladas), ouro (9,2 toneladas, equivalentes a R$ 900 milhões) e carvão (8,1 milhões de toneladas).

The biggest mining companies operating in Minas Gerais

Vale S.A. The biggest producer of iron ore in the world was born in Minas. It consumes 5% of all the energy produced in the country and 3% of all diesel oil. It earned US$ 50 billion in 2013.

Vale S.A. is the biggest producer of iron ore in the world. It operates in 15 Brazilian states and in the five continents. Its largest deposits are in Minas and Pará. Vale has more than 10 thousand kilometers of railways, hundreds of ships and nine own port terminals. It consumes 5% of all the energy produced in Brazil. Vale’s income in 2013 reached the astronomic mark of US$ 49.6 billion. By the end of 2013, the company had 82 mil own employees in 29 countries and speaking nine different languages. Including service providers working in permanent activities or projects, the total number of human resources reached 213 thousand. Working in Brazil, especially in Minas Gerais and Pará, they are 159 thousand. The company also reached the record volume of sales of iron ore and pellets with 305.6 million metric tons, besides cooper (353,000 tons), gold (9.2 tons, equivalent to US$ 390 million) and coal (8.1 million tons).

Correias transportadoras levam minério aos trens da Vale Belt conveyors leads iron ore to the trains

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Beto Felício


História Empresa de capital misto criada através de decreto-lei pelo presidente Getúlio Vargas em junho de 1942, com controle acionário do governo federal, a Companhia Vale do Rio Doce foi organizada para impulsionar a exploração das riquezas minerais do subsolo brasileiro. O minério extraído da mina Cauê, em Itabira, era transportado por ferrovia para abastecer a Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda (RJ). Vargas negociou com os Estados Unidos e a Inglaterra a incorporação do patrimônio da empresa britânica Itabira Iron Ore e deu início a um dos maiores conglomerados empresariais do país. Após sua fundação, a Vale conseguiu ir, pouco a pouco, expandindo sua produção de minério de ferro, mas de forma ainda muito lenta. O Brasil tinha grandes reservas do mineral, mas a demanda era reduzida. Em dezembro de 1952, Francisco de Sá Lessa, engenheiro civil de formação, assumiu a presidência da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), permanecendo no cargo até 1960. Neste período, a companhia modernizou seus postos e conquistou novos mercados. Sá Lessa inaugurou os primeiros escritórios da empresa no exterior. Em 1961, nomeado por Jânio Quadros, entra em cena um novo presidente, Eliezer Batista, engenheiro ferroviário nascido em Nova Era. Percebendo a necessidade dos japoneses de recuperar e expandir seu parque siderúrgico danificado na segunda guerra, criou o conceito de distância econômica, o que permitiu à Vale entregar minério de ferro ao Japão - antípoda do Brasil - a preços competitivos com o das minas da Austrália, através do Porto de Tubarão.

Líder mundial em 1974 Foram assinados, em 1962, contratos de exportação com onze siderúrgicas japonesas, num total de 5 milhões de toneladas por ano, dobrando a produção da Vale, que produziu, naquele ano, cerca de 8 milhões de toneladas de minério de ferro. Batista criou a frota da Docenave e inaugurou o Porto de Tubarão em 1966, provocando uma fase de crescimento vertiginoso. A produção passou de 10 milhões naquele ano para 18 milhões de toneladas em 1970, e atingiu a incrível marca de 56 milhões de toneladas por ano em 1974. Nessa época, a estatal assumiu a liderança mundial na exportação de minério de ferro, posição que nunca mais perdeu.

History

A mixed capital company created by the President Getúlio Vargas in June 1942, with federal government stock control, Companhia Vale do Rio Doce was organized to boost the exploration of mineral resources from the Brazilian underground. The ore extracted at the Cauê mine in Itabira was transported by railway to supply the Companhia Siderúrgica Nacional at Volta Redonda (RJ). Vargas negotiated with USA and England the incorporation of the patrimony of the English company Itabira Iron Ore, beginning one of the biggest corporate conglomerates in the country. After its foundation, Vale managed to, little by little, expands its iron ore production, even it still in a slow pace. Brazil had huge mineral reserves, but the demand was small. In December 1952, Francisco de Sá Lessa, a civil engineer, assumes the chair of Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), remaining in Office until 1960. At this time, the company modernized its stations and conquered new markets. Sá Lessa opened the first Vale’s offices in foreign countries. In 1961, nominated by Jânio Quadros, comes in another chairman, Eliezer Batista, a railway engineer born in Nova Era. Realizing the necessity of Japanese to recover and expand their steelmaking park, damaged during World War II, he created the concept of Economic Distance, allowing Vale to deliver iron ore to Japan – Brazil’s antipode – with prices as competitive as the price of the iron from Australian mines, through the Port of Tubarão. World Leader in 1974

It signed in 1962, many exportation contracts with eleven Japanese steelmakers, totalizing 5 million tons per year, duplicating Vale’s production, which produced in that year about 8 million tons of iron ore. Batista created the Docenave ships and opened the Port of Tubarão in 1966, causing a period of vertiginous growth. Production went from 10 million tons in that year to 18 million tons in 1970, reaching the incredible mark of 56 million tons per year in 1974. At that time, the state-owned company took the global lead in iron ore exportation, position that it has never lost again.

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Daniel Mansur

Em 1979, quando tomou posse como presidente da República, o general João Batista Figueiredo reconduziu Eliezer Batista à presidência da Vale. Após duras e complexas negociações, Eliezer conseguiu tornar a Vale sócia majoritária do complexo Carajás, operado na década de 1960 pela U.S. Steel. O Projeto Grande Carajás é uma imensa província mineralógica que contém a maior reserva mundial de minério de ferro de alto teor, além de grandes reservas de manganês, cobre, ouro e minérios raros. Para a realização desse projeto, foi criada uma grande infraestrutura, que inclui a Usina Hidrelétrica de Tucuruí, uma das maiores do mundo, a Estrada de Ferro Carajás-Itaqui e o Porto de Ponta da Madeira, localizado no Maranhão. O projeto Grande Carajás entrou em operação em 1985, o que permitiu à Vale bater novo recorde na extração de minério de ferro, em 1989, com 108 milhões de toneladas métricas. Tudo isso sendo uma empresa estatal, o que demonstra, como na Petrobras e no Banco do Brasil, que o Estado não é mau gestor.

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In 1979, when took place as President of the republic, General João Batista Figueiredo replace Eliezer Batista as president of Vale. After long and difficult negotiations, Eliézer managed to turn Vale in a major partner of the Carajas complex, operated in the decade of 1960 by U.S. Steel. The Big Carajas Project was a huge mineralogical province which contain the world biggest high-grade iron ore deposits, besides huge reserves of manganese, cooper, gold and rare minerals. For the realization of this project, a huge infrastructure was created, that include the Tucuruí Hidroeletric Plant, one of the biggest in the world, the Carajas-Itaqui railway and the harbor of Porto de Ponta da Madeira, located in Maranhão. The Big Carajas Project began operating in 1985, allowing Vale to break a new record of iron ore extraction in 1989, with 108 million metric tons. All of this been a stateowned company, which alongside with Petrobras and Banco do Brasil, proves that the state is not a bad manager.


Privatização e incorporações Quando foi privatizada, em 1997, a Vale produzia 114 milhões de toneladas/ano, nível que se manteve praticamente estável nos dois anos subsequentes à privatização, para subir acentuadamente em 2000, ano em que a Vale incorporou a Samitri, a Socoimex e comprou participação na GICC. Devido a essas aquisições, torna-se mais difícil a comparação direta dos números de produção, de 2000 em diante, com os anteriores. Logo após a privatização, entretanto, os lucros da empresa aumentaram consideravelmente. Em 2002, a Vale adquiriu a Ferteco e, em 2003, a Caemi. Em 2005, sua produção de minério de ferro - que engloba a produção da Samitri e de todas as suas incorporadas a partir de 2000 se elevou a 255 milhões de toneladas, sendo 58 milhões destinadas às siderúrgicas brasileiras e 197 milhões destinadas à exportação. Em 2006, depois de comprar a canadense Inco, a Vale S.A. tornou-se o segundo conglomerado minerador do planeta, atrás apenas da anglo-australiana BHP Billiton. A Inco tem as maiores reservas mundiais de níquel. A Vale desembolsou US$ 18 bilhões de dólares por 76% das ações da empresa, naquele que foi o maior negócio já realizado por uma empresa brasileira na história. A privatização da Vale, decidida em 1997 no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, foi um excelente negócio para o capital privado. A empresa foi vendida por apenas US$ 3,2 bilhões, para Benjamin Steinbruch, da CSN, com financiamento subsidiado pelo BNDES. Teve um extraordinário crescimento na primeira década do século 21, durante a gestão de Roger Agnelli. Em 2008, a empresa foi avaliada em US$ 196 bilhões e alcançou o 12º lugar entre as maiores empresas do mundo, à frente de gigantes como a IBM, o Google e a Coca-Cola. Em 2012, o Financial Times Global a avaliou em US$ 188 bilhões.

Privatizations and acquisitions

When was privatized in 1997, Vale was producing 114 million tons per year, a level that was kept practically stable for the next two years, rising markedly in 2000, when Vale acquired Samitri, Socoimex and bought shares in GICC. Because of that acquisitions, became harder to compare directly the productions numbers before 2000 with the numbers after 2000. Soon after the privatization, however, the company’s profits raised substantially. In 2002, Vale acquired Ferteco and in 2003, Caemi. In 2005, Vale’s iron ore production –which comprises Samitri’s and all the acquired companies after 2000 production – raised to 255 million tons, been 58 million tons designated to Brazilian steelmakers and 197 million tons to exportation. In 2006, after buying the Canadian Inco, Vale became the world’s second biggest mining conglomerate, only behind the English-Australian BHP Billiton. Inco has the largest nickel deposits in the world. Vale spent US$ 18 billion for 76% of the company’s shares, the biggest acquisition made by a Brazilian company in history. The privatization of Vale, decided in 1997, during the govern of President Fernando Henrique Cardoso, was a excellent deal for the private capital. The company was sold for just US$ 3.2 billion to Benjamin Steinbruch, from CSN, using subsidized financing from BNDES. The company had an extraordinary growth in the first decade of the 21th century, during Roger Agnelli’s management. In 2008, the company was evaluated in US$ 196 billion, reaching the place of 12th biggest company in the world, ahead of giants like IBM, Google and Coca-Cola. In 2012, Financial Times Global evaluated Vale at US$ 188 billion. Enormous in the world, omnipresent in Minas

Vale operates many mining complexes and develops a lot of projects in Minas Gerais. The iron ore and pellets production encompasses the Southeastern and Southern Systems of Iron Quadrangle and Samarco’s mines, a company in which Vale has 50% of ownership composition. The Southeastern System is composed by open pit mines: Itabira (two mines and two processing plants, located in Itabira); Central Mines (three mines and four processing plants, located in Barão de Cocais, Santa Bárbara, São Gonçalo do Rio Abaixo and Rio Piracicaba) and Mariana (three mines and four processing plants in Mariana). The Southern System encompasses operations in Itabirito (four mines and five plants), Vargem Grande (three mines and a plant, located in Nova Lima) and Paraopeba (four mines and four plants, located in Nova Lima and in Brumadinho).

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Gigante no mundo, onipresente em Minas A Vale opera vários complexos mineradores e desenvolve diversos projetos em Minas Gerais. A produção de minério de ferro e pelotas engloba os Sistemas Sul e Sudeste do Quadrilátero Ferrífero e as minas da Samarco, empresa da qual a Vale detém 50% da composição acionária. O Sistema Sudeste é composto por minas a céu aberto: Itabira (duas minas e duas usinas de beneficiamento, localizadas no município de Itabira); Minas Centrais (três minas e quatro usinas de beneficiamento, localizadas nos municípios de Barão de Cocais, Santa Bárbara, São Gonçalo do Rio Abaixo e Rio Piracicaba) e Mariana (três minas e quatro usinas de beneficiamento, localizadas em Mariana). O Sistema Sul engloba as operações de Itabirito (quatro minas e cinco usinas, localizadas no município de Itabirito), Vargem Grande (três minas e uma usina, localizadas em Nova Lima) e Paraopeba (quatro minas e quatro usinas, localizadas em Nova Lima e Brumadinho).

Terras-raras Há operações de manganês em Conselheiro Lafaiete, ferroligas em Barbacena e Ouro Preto, e fertilizantes (Tapira, Patos de Minas e Araxá). A Vale está empenhada também em explorar as jazidas de terras-raras que encontrou em Patrocínio, ao lado das minas de rochas fosfáticas que vem operando. As chamadas terras-raras, também conhecidas como metais de terras raras, são um grupo de 17 elementos químicos utilizados pela indústria de alta tecnologia na fabricação de TVs digitais, telas de celulares, discos rígidos de computador, turbinas de energia eólica, catalisadores para refino de petróleo e aparelhos de ressonância magnética, entre outros. A Vale identificou promissoras jazidas de terras-raras em Patrocínio, mas também existem em Araxá e Tapira, e podem valer US$ 150 mil a tonelada. Esses metais estão associados à produção de tecnologias “verdes”, como catalisadores e peças para turbinas eólicas. Paradoxalmente, sua extração pode gerar material radioativo e tem sido alvo de protestos de ambientalistas pelo mundo. Além disso, boa parte dos depósitos do Brasil está em áreas de preservação e reservas indígenas, o que não é o caso das jazidas de Minas Gerais.

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Rare earths

There are manganese operations in Conselheiro Lafaiete, ferro-alloys in Barbacena and in Ouro Preto, and fertilizers (Tapira, Patos de Minas and Araxá). Vale is also committed to explore the deposits of rare earths that found in Patrocínio, alongside the phosphate mine which it has been operating.


The lands that are called rare earths, also known as rare earths minerals, are a group of 17 chemical elements used by the high-tech industry in the manufacture of digital TVs, mobile phone screens, computer hard drives, wind turbines, catalysts for refining oil and MRI (Magnetic Resonance Imaging) devices, among others. Vale has identified promising deposits of rare earths in Patrocínio, but they are also present in Araxá and Tapira, and may value US$ 150 000 a ton. These metals are associated with the production of “green” technologies such as catalysts and parts for wind turbines. However, this extraction can generate radioactive material and has been target of protests by environmentalists worldwide. Furthermore, most of the deposits in Brazil are present inside conservation areas and indigenous reserves, which is not the case of deposits in Minas Gerais.

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Terceira onda da mineração A maior produtora de minério de ferro do mundo tem se beneficiado por preços firmes do seu principal produto em meio à recomposição de estoques do principal país consumidor, a China. Esse país paga US$ 105 por tonelada do minério de ferro. Na década de 1970, a hematita extraída em Itabira era exportada por apenas US$ 8 a tonelada. Com investimentos de aproximadamente US$ 6 bilhões, a Vale está implementando uma nova tecnologia para o aproveitamento de minérios até então não utilizados por causa do baixo teor de ferro – os itabiritos compactos, cujo teor de ferro é de até 40%. Com a iniciativa, a empresa inicia a sua “terceira onda de mineração”, que possibilitará o aproveitamento dos minérios de baixo teor. Os recursos são aplicados na construção de uma nova instalação de tratamento de minério, em Itabira, na adaptação das duas usinas existentes no município, Cauê e Conceição, e ainda na implantação de uma nova usina, em Vargem Grande, no município de Itabirito. Além da tecnologia já tradicionalmente utilizada para a concentração do minério de ferro, o novo processo introduz uma nova etapa de moagem, aliada a outras inovações no controle tecnológico das operações. Esse modelo de processamento aumentará o atual volume de produção e estenderá a vida útil das atividades de ambos os complexos, Itabira e Vargem Grande.

No final de 2013, entrou em operação a nova usina instalada na Mina Conceição, que deverá alcançar a marca de 12 milhões de toneladas por ano quando a planta atingir sua capacidade total. Em 2014, entrou em operação a nova Usina Vargem Grande, com capacidade de 11,4 milhões de toneladas. A adaptação das usinas existentes deverá ser concluída em 2015. Entre abril de 2010 e dezembro de 2013, apenas na região de Itabira, foram fechados contratos diretos no valor de aproximadamente US$ 140 milhões em bens e serviços, beneficiando a indústria, o comércio e o setor de serviços do município. Cerca de 45 mil pessoas já passaram pelas obras nos dois municípios, trabalhando para dezenas de empresas contratadas.

Aproveitamento de escória de manganês O projeto de aproveitamento da escória, subproduto da produção de ferroligas de manganês, pela indústria de cimento, para substituição de matérias-primas não renováveis, é uma das iniciativas desenvolvidas pela Vale na recuperação e no reaproveitamento de resíduos minerais, como a sua utilização em outros processos industriais. Esse projeto contribui para a eliminação de riscos operacionais associados ao armazenamento temporário da escória e também para a redução das emissões de CO2, em função da menor produção da matéria-prima do cimento, o clínquer 12.

Mina da Conceição, em Itabira / Conceição mine, at Itabira

Os números da Vale antes e depois da privatização Pré-privatização Pós-privatização 1943-1997 1998-2009 Produção minério ferro (ton.) 35 193 Dividendos (US$ milhões) 59 1.347 Investimentos (US$ milhões) 481 6.125 Receita (US$ milhões) 1.410 15.292 Exportações (US$ milhões) 1.195 7.796 Impostos (US$ milhões) 31 1.093

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Variação 451% 2.183% 1.173% 985% 552% 3.426%


Third wave of mining

The world’s biggest producer of iron ore has beneficiated from steady prices of its main product during inventory building of its main consumer, China. This country pays US$ 105 for each ton of iron ore. In the 70’s the hematite extracted in Itabira was exported for just US$ 8 each ton. With investments of about US$ 6 billion, Vale is implementing a new technology for the use of the ore that’s wasn’t been used because of its low iron content – the compact itabirites, whose iron content is under 40%. With this initiative, the company is began its “third wave of mining”, enabling the use of low iron content ore. The resources were applied in a new ore treatment plant at Itabira, in the adaptation of two plants actives in the town, Cauê and Conceição, and also in the implementation of a new plant at Vargem Grande, municipality of Itabirito. Besides the technology traditionally used for the concentration of the iron ore, the new process introduces a new milling stage, combined with other innovations in the technological control of operations. This new processing model is going to increase the current production volume and will increase the lifetime of the activities in both sites, Itabira and Vargem Grande.

In the end of 2013, a new plant at Conceição mine began to operate, which may reach the mark of 12 million tons per year when the plant began to operate in full capacity. In 2014, the new Vargem Grande Plant began to operate, with a capacity of 11.4 million. Between April 2010 and December 2013, only in Itabira’s region, where signed direct contracts of about US$ 140 million for goods and services, beneficiating the industry, the trade and the service sector of the city. About 45 thousand people have already been in the works in these two cities, working for tens of contracted companies. Using the manganese slag

The project for use the slag, subproduct of the production of manganese ferroalloys by the cement industry, to substitute non-renewable raw resources, is one of the initiatives developed by Vale to recover and reuse mineral waste, like using it in other industrial processes. This project contributes to eliminate the operational risk associate with the temporary storage of this slag and also to reduce the CO2 emissions, producing less of the cement base material, clinker 12.

The numbers of Vale before and after privatization Pre-privatization Post-privatization 1943-1997 1998-2009 Production of iron ore (ton.) 35 193 Dividends (US$ million) 59 1,347 Investments (US$ million) 481 6,125 Revenue (US$ million) 1,410 15,292 Exports (US$ million) 1,195 7,796 Imports (US$ million) 31 1,093

Variation 451% 2,183% 1,173% 985% 552% 3,426%

Vantoen pereira Junior

Presidência - Murilo Pinto de Oliveira Ferreira é graduado em Administração de Empresas pela FGV de São Paulo e pós-graduado em Administração e Finanças pela FGV do Rio de Janeiro. Tem especialização Senior Executive pela IMD Business School de Lausanne, na Suíça. Sua carreira na Vale começou em 1977, como analista financeiro e econômico. Ingressou na Diretoria Executiva em 2005, à frente da área de Participações e Novos Negócios. Depois se tornou presidente da Vale Inco, a subsidiária que cuida dos negócios no Canadá. Substituiu Roger Agnelli na presidência em maio de 2011 e foi reconduzido em 2013. The Chief Executive Officer - Murilo Pinto de Oliveira Ferreira is graduated in Business Management at the FGV São Paulo and is pos-graduated in management and finance at the FGV Rio de Janeiro. He has a Senior Executive specialization at IMD Business School in Lausanne, Switzerland. His career in Vale started in 1977, as an economic and financial analyst. He joined the Executive Board in 2005, heading the sector of Participations and new business. Later, he became CEO of Vale Inco, the subsidiary that manages the business in Canada. He replaced Roger Agnelli as president in May 2011 and was renewed in 2013.

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Samarco Mineração A segunda colocada entre as mineradoras brasileiras é a Samarco Mineração, que faturou US$ 6,6 bilhões em 2012, e tem sua principal jazida em Mariana (MG), de onde parte um mineroduto de 396 km até o porto de Ubu, em Anchieta (ES). Fundada em 1977, a Samarco é uma empresa de capital fechado, controlada em partes iguais por dois acionistas: BHP Billiton Brasil Ltda e Vale S.A. Seu principal produto são pelotas de minério de ferro, produzidas a partir da transformação de minerais de baixo teor em um produto nobre, de alto valor agregado, e comercializado para a indústria siderúrgica mundial. Em 2012, a Samarco teve como principais clientes siderúrgicas de 25 países das Américas, Ásia, África, Europa e Oriente Médio. A capacidade nominal produtiva da Samarco é de 22,2 milhões de toneladas anuais, gerando mais de 2,5 mil empregos diretos e 3,4 mil empregos indiretos. Presidência - O presidente da Samarco é Ricardo Vescovi de Aragão, que substituiu José Tadeu de Moraes a partir de 1º de janeiro de 2012. Graduado em engenharia metalúrgica pela Universidade Federal de Ouro Preto (MG), pós-graduado em engenharia de produção pela Universidade Federal do Espírito Santo, com especializações internacionais pela Fundação Dom Cabral na Kellogg (EUA), no Insead (França) e IMD (Suíça), Ricardo Vescovi ingressou na Samarco em janeiro de 1993, como engenheiro de processo.

Namisa A Nacional Minérios S.A. (Namisa) é uma empresa controlada pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que tem 60% de seu capital. Extrai minério de ferro nos arredores de Congonhas (MG). Entre seus ativos encontram-se as minas de Engenho, Fernandinho e Casa de Pedra. Utiliza serviços portuários no terminal de Itaguaí (RJ) para suas exportações. Em novembro de 2008, 40% do capital da Namisa foi adquirido pela Big Jump Energy Participações, formada pela trading japonesa Itochu e pelas siderúrgicas japonesas Nippon Steel, JFE Steel, Sumitomo Metal Industries, Kobe Steel e Nisshin Steel, a taiwanesa China Steel Corp. e a sul-coreana Posco, por US$ 3,12 bilhões de dólares. A Itochu, com 22% das ações, é a líder do consórcio asiático.

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Samarco Mineração

The second biggest Brazilian mining company is Samarco Mineração, who earned US$ 6.6 billion in 2012 and has its principal deposit in Mariana (MG), from where begins a 247 miles iron ore pipeline that goes to the Port of Ubu, in Anchieta (ES). Founded in 1977, Samarco is a privately held company, controlled equally by two shareholders: BHP Billiton Brasil Ltda and Vale S.A. Its main product is iron ore pellets, produced from the transformation of low-grade minerals in a much noble product, with more aggregated value, and sold to the world’s steel making industry. In 2012, Samarco had as main costumers steel makers from 25 countries from the Americas, Asia, Africa, Europe and Middle East. The nominal productive capacity of Samarco is 22.2 million tons, creating more than 2.5 thousand direct jobs and 3.4 thousand indirect jobs. The Chief Executive Officer – Samarco’s CEO is Ricardo Vescovi de Aragão, who replaced José Tadeu de Moraes in January first 2012. He is graduated in Metallurgic Engineering from the Federal University of Ouro Preto (MG), pos-graduated in Industrial Engineering from the Federal University of Espirito Santo, with international specializations by the Dom Cabral Foundation in Kellog (USA), Insead (France) e IMD (Switzerland), Ricardo Vescovi joined Samarco in 1993, as a process engineer. Namisa

Nacional Minérios S.A. (Namisa) is a company controlled by Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), which holds 60% of the company. Namisa extracts iron ore around Congonhas (MG). The Company’s assets today include the mines of Engenho, Fernandinho and Casa de Pedra. The exports are shipped by the port of Itaguaí (RJ). In November 2008, 40% of Namisa’s capital was purchased by Big Jump Energy Participations, formed by the Japanese trading Itochu and the Japanese steel makers Nippon Steel, JFE Steel, Sumitomo Metal Industries, Kobe Steel and Nisshin Steel, the Taiwanese China Steel Corp and


the South Korean Posco, by US$ 3.12 billion. Itochu, with 22% of the shares is the head of this Asian consortium. In 2011, the company sold US$ 1.32 billion, value that dropped to US$ 984.3 million in 2012, because of the world crisis. In 2013, the company goal was export 39 million tons. Namisa’s own mine of Casa de Pedra, whose reserves are calculated to be more than 1.6 billion tons, is located in the city of Congonhas (MG), supplies CSN with high quality iron ore. From 2007, CSN, through Namisa, began to commercialize iron ore in the transoceanic market. CSN also manages two port terminals in Itaguaí (RJ), the Tecar, where the iron ore is shipped to the transoceanic market and the container terminal, Sepetiba Tecon. With the expansion of the Casa de Pedra mine, CSN has been consolidating its position as an important player in the global iron ore market, been alongside Namisa, Brazil’s second bigger producer. CSN has been implementing projects of expansion of the Casa de Pedra mine and Namisa, so that the total yearly capacity could reach 89 million tons of iron ore. The capacity of the Casa de Pedra mine will reach 50 million tons yearly, while at Namisa, the projects of concentration and pelletisation are going to fullfill the total capacity. CSN also explores in Minas Gerais a calcarium mine in Arcos. It’s the Bocaina mining, responsible for supplying the CSN with calcitic lime and dolomitic lime, flux materials used to produce iron at the Volta Redonda (RJ) plant. The mine also began to supply, since 2011, supplying no-steel limestone for the production of clinker, an important input for the cement produced in Volta Redonda. Namisa’s controller is Benjamin Steinbruch, the president of CSN.

Em 2011, a mineradora realizou vendas de US$ 1,32 bilhão, valor que caiu para US$ 984,3 milhões em 2012, devido à crise mundial. Em 2013, a meta da empresa foi de exportar 39 milhões de toneladas. A mina própria de Casa de Pedra, com reservas calculadas em mais de 1,6 bilhão de toneladas, fica localizada no município de Congonhas, em Minas Gerais e abastece a CSN com minério de ferro de alta qualidade. A partir de 2007, a CSN, através da Namisa, passou a comercializar minério de ferro no mercado transoceânico. A CSN administra ainda dois terminais portuários em Itaguaí (RJ), o Tecar, por onde é embarcado o minério de ferro para o mercado transoceânico e o terminal de containers, o Sepetiba Tecon. Com a expansão da mina de Casa de Pedra, a CSN vem firmando sua posição como um importante player no mercado de minério de ferro sendo, em conjunto com a Namisa, o segundo maior produtor nacional. A CSN vem implementando os projetos de expansão na mina de Casa de Pedra e na Namisa, de modo a atingir uma capacidade total anual de 89 milhões de toneladas de minério de ferro. A capacidade de produção da mina de Casa de Pedra atingirá 50 milhões de toneladas anuais, enquanto na Namisa os projetos de concentração e pelotização completarão a capacidade total. A CSN também explora em Minas Gerais uma mina de calcário localizada em Arcos. É a mineração da Bocaina, responsável pelo suprimento de calcário calcítico e calcário dolomítico, fundentes consumidos pela CSN para a produção de aço na Usina de Volta Redonda (RJ). A mina passou a fornecer, a partir de 2011, calcário não siderúrgico para produção de clínquer, uma das principais matérias-primas utilizadas na fabricação de cimento em Volta Redonda. O presidente da Namisa é Benjamin Steinbruch.

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Kinross Paracatu Kinross Paracatu

A Kinross Paracatu extrai ouro no Noroeste de Minas, especificamente em Paracatu. Em 2011, suas vendas representaram US$ 637 milhões, enquanto no ano seguinte o valor aumentou para US$ 780 milhões. As operações de extração de ouro em Paracatu começaram em 1987, quando a empresa ainda se chamava Rio Paracatu Mineração. Adquirida pela canadense Kinross Gold Corporation em 1993, já em 2011 a empresa beneficiou 16,2 toneladas de ouro, ultrapassando sua rival sul-africana AngloGold Ashanti. A empresa tem 565 empregados. História - A história de Paracatu começou com a corrida do ouro no início do século 18. Os bandeirantes encontraram o metal precioso no leito do Córrego Rico, onde havia um pequeno povoado de religiosos no Noroeste de Minas. Em 1798, o arraial foi elevado à condição de vila, com o nome de Villa de Paracatu do Príncipe. A palavra indígena “para-catu” significa rio bom. Depois, em 1849, a vila tornou-se cidade. Hoje tem 85 mil habitantes. Com a queda na produção do ouro de aluvião em meados do século 18, as riquezas da região começaram a diminuir e foi preciso buscar outras fontes de renda. A pecuária desempenhou um papel fundamental na retomada do crescimento local. Posteriormente, em meados do século 20, a construção de Brasília, a 240 km de Paracatu, também estimulou o desenvolvimento da região. Na década de 1970, houve novo ciclo de progresso com as tecnologias de ocupação agrícola do cerrado para a produção de grãos.

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Kinross Paracatu extracts gold in Minas’s Northwest, specifically in Paracatu. In 2011, its sales represented US$ 637 million, and in the following year it increased to US$ 780 million. The gold extraction operations in Paracatu began in 1987, when the company was called Rio Paracatu Mineração, acquired by the Canadian Kinross Gold Corporation in 1993. In 2011 the company beneficiated 16.2 tons of gold, more than its South African rival, AngloGold Ashanti. The company has 565 employees. History - The history of Paracatu began with the gold rush in the beginning of the 18th century. The bandeirantes, men that sought gold and gems within the country, found gold in the banks of Córrego Rico, where was a small hamlet of religious people. In 1798, the camp was elevated the condition of village, holding the name of Villa de Paracatu do Príncipe. The Indian word “para-catu” means good river. Latter, in 1849, the village became city. Nowadays, it has 85 thousand inhabitants. With the fall of alluvial gold production in the middle of the 18th century, the wealth of the region began to disappear, and search for new sources of income became necessary. The livestock played a major role for resuming local growth. Subsequently, in the middle of the 20th century, the construction of Brasilia, 150 miles far of Paracatu, also stimulated the development of the region. In the 1970´s, there was a new cicle of progress, with new technologies allowing the agricultural occupation of the region of “cerrado”, a Brazilian biome, for grain production. Environmental Risk – In 1987, the beginning of industrial operations of Morro do Ouro mine boosted the mineral production at the region and that activity came back to have a relevant place in the economy of the city. In 2005, Kinross Gold Corporation took charge of the operations in that mine. In 2003, it had already paid US$ 260 million for 51% of the shares owned by English-Australian Rio Tinto in Rio Paracatu Mineração.


Risco ambiental - Em 1987, o início das operações industriais da mina Morro do Ouro impulsionou a produção mineral na região e a atividade voltou a ocupar lugar de destaque na economia do município. Em 2005, a Kinross Gold Corporation assumiu o controle das operações da mina. Em 2003, já havia pago US$ 260 milhões pelos 51% de participação que a anglo-australiana Rio Tinto possuía na empresa Rio Paracatu Mineração. A preocupação da população com a expansão da empresa é que se localiza a menos de dois quilômetros da cidade. Além das detonações, existe também o receio de contaminação dos cursos d’água com o arsênio, que é muito abundante no minério extraído. Apesar de ter o menor teor aurífero do mundo, de apenas 0,40 gramas de ouro por tonelada de minério extraído, a produção da mina Morro do Ouro, localizada em Paracatu, respondeu por 10,6% de tudo que foi produzido pela canadense Kinross Gold Corporation no mundo em 2011. Em 2012, foram extraídas 453,3 mil onças na jazida, equivalentes a 14 toneladas. A boa produtividade é garantida por investimentos pesados. A companhia mantém um plano de aportes da ordem de US$ 1,5 bilhão nesta operação. Entre as jazidas da Kinross, a mina Morro do Ouro perde somente para o projeto Kupol, na Rússia, onde foram produzidas 20,2 toneladas de ouro no ano passado. Apesar de verificar alta produtividade, o volume alcançado em Paracatu ficou 6% abaixo do registrado no exercício anterior. A razão foi a paralisação temporária de um dos moinhos em Paracatu. Presidência – O presidente da Kinross Paracatu é Antônio Carlos Marinho.

Imagem de satélite mostra o avanço da mineração nos quintais de Paracatu Satellite photo shows the menace of mining over the yards of the town

The population is concerned about the expansion of the enterprise, which is located just 1 mile from the city. Besides detonations, there are also the fear of water contamination with arsenic, very abundant in the mineral that is been extracted. Besides having the lowest gold grade in the world, only 0.4 grams of gold for each ton of ore extracted, the production of Morro do Ouro mine, located in Paracatu, is responsible for 10.6% of everything that was produced by the Canadian Kinross Gold Corporation all around the world in 2011. In 2012, 453.3 thousand ounces, equivalent to 14 tons, were extracted from that deposit. The good productivity is assured by heavy investments. The company is planning to make a capital injecting of US$ 1.5 billion in this operation. Considering only Kinross’s deposits, the Morro do Ouro mine is smaller only to the project Kupol, in Russia, where 20.2 tons of gold were produced last year. Besides the high productivity, the volume reached in Paracatu was 6% less than the volume of the previous year. The reason for that was the temporary paralyzation of one of mills in Paracatu. The Chief Executive Officer – The CEO of Kinross Paracatu is Antônio Carlos Marinho.

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Nióbio de Araxá A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) é o mais importante fornecedor mundial de nióbio e da tecnologia do nióbio. A jazida que explora em Araxá corresponde a 92% da produção nacional e tem reservas para durar por 400 anos. A CBMM fixou meta para ampliar a capacidade de produção de ferronióbio para 150 mil toneladas até 2016. A empresa tem controle acionário brasileiro e sua matriz fica em Araxá. Mantém uma subsidiária de tecnologia na Suíça, outras três subsidiárias comerciais na Europa, Ásia e América do Norte, bem como uma extensa rede mundial de depósitos estrategicamente localizados. Alcançou em 2013 o 4º lugar no ranking de produtividade da revista Exame, ao gerar riqueza de US$ 865 mil por empregado. Recolheu R$ 9,5 milhões de ICMS para o estado em 2013. Sua produção é inteiramente integrada, desde a mina até os produtos finais, destinados aos mais sofisticados segmentos da siderurgia e tecnologia em todo o mundo.

Mineral versátil Os efeitos benéficos do uso do nióbio estão diretamente relacionados a suas próprias características e àquelas que ele confere a outros materiais. Quando quantidades mínimas de nióbio (variando de 200 g a 1 kg por tonelada) são adicionadas na forma de elemento de liga a uma composição, ele se configura como o mais eficiente refinador de grãos de aço. O refino de grãos é o único mecanismo que aumenta simultaneamente a resistência e a tenacidade do aço. As estruturas que empregam aço que contêm nióbio são mais leves e, portanto, apresentam maior eficiência energética e adequação ambiental. Além do seu uso na siderurgia, as características exclusivas do nióbio o tornam útil numa ampla gama de aplicações. É o mais leve metal refratário e apresenta uma elevada temperatura de fusão (2.468°C). Graças a esta propriedade, as ligas de nió­bio se apresentam como soluções estruturais para aplicações a altas temperaturas: acima de 600°C em ligas à base de níquel e até 1.300°C em ligas à base de nióbio. A temperaturas inferiores a -264°C, o nióbio possui propriedades supercondutoras. Conduz corrente elétrica livre de resistência em grandes densidades, favorecendo campos e forças magnéticas que viabilizam aplicações práticas nas áreas de diagnósticos médicos, pesquisa de materiais e em transportes.

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Niobium from Araxá

Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) is the world’s most important supplier of niobium and its technologies. The deposit explored in Araxá corresponds to 92% of the national production and has reserves that can last for 400 years. CBMM set as target the raise its ferroniobium productive capacity to 150 mil tons until 2016. The company has Brazillian stock control and its headquarter is in Araxá. It keeps a technologic subsidiary in Switzerland and other three commercial subsidiaries in Europe, Asia and North America, as well a large network of strategically located storehouses. It reached in 2014 the fourth place in the Exame’s magazine ranking of productivity, when it generated US$ 865,000 per each employer. It also paid US$ 4.1 million in taxes for the state in 2013. The production is completely integrated, from the mine to the final products, which are destined to the most sophisticated steelmaking and technological segments around the world. Versatile mineral

The beneficial effects of using the niobium are directly related with its own characteristics and the ones it gives to other materials. When minimum quantities of niobium (ranging from 200g to 1kg per ton) are added as an alloy element to one composition, it is set up as the most efficient steel grain refiner. The refining of grains is the unique mechanism that simultaneously increases the resistance and the toughness of the steel. Structures using steel with niobium are lighter, and therefore, present more energetic efficiency and environmental compliance.


Beneficiamento de nióbio em Araxá Niobium plant around Araxá

Besides its use in steelmaking, the exclusive characteristics of niobium makes it useful for a wide variety of applications. It is the lightest refractory metal and has an elevated fusion point (2,468°C). Thanks to this skill, niobium alloys can be used as structural solutions to high temperatures applications: Over 600°C for nickel-based alloys and over 1300°C for niobium based alloys. At temperatures below -264°C, niobium has superconductive properties. It conducts resistance-free electric currents at high density, fostering magnetic fields and forces that provide practical applications in the field of medical diagnosis, material research and transportation. Application in automobile industry

The steel containing niobium technology enables the future concept of light cars. Lighter vehicles consume less fuel and emit less CO2. Niobium also increases steel toughness, making the vehicles safer to passengers in case of collision. These are the main reasons for the application of niobium in the production of laminated steel. An amount of 300g of niobium in a medium size car is enough to provide a reduction of 200kg in its weight, enabling the saving of 1 liter of fuel for each 200km, with less gas emission. Stainless steel with niobium gets more versatility and ducts used for the transportation of oil and gas has the potential to work under more pressure.

Aplicação na indústria automobilística A tecnologia do aço contendo nióbio viabiliza o conceito de carros leves do futuro. Veículos mais leves consomem menos combustível e emitem menos gás carbônico. O nió­ bio também aumenta a tenacidade do aço, tornando os veículos mais seguros para os passageiros em caso de colisão. Essas são as principais razões para aplicação na fabricação de laminados de aço. Uma quantidade de 300 g de nióbio em um carro médio é capaz de propiciar uma redução de 200 kg em seu peso, possibilitando economia de um litro de combustível a cada 200 km, com menor emissão de gases. Os aços inoxidáveis com nióbio ganham maior versatilidade e os dutos para transporte de petróleo e gás podem trabalhar sob maior pressão.

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Votorantim Zinco A Votorantim Metais Zinco é a 7ª dentre as maiores mineradoras brasileiras, com US$ 616,1 milhões de faturamento. A história da Votorantim Metais com o zinco começou em 1956, em Três Marias (MG), com a criação da Companhia Mineira de Metais (CMM). Em 2002, a empresa assumiu a Companhia Paraibuna de Metais e, com a operação, reforçou a participação no segmento. Visando amplificar sua capacidade e consolidar uma estratégia global, a Votorantim Metais adquiriu, em 2004, a Refineria Cajamarquilla, no Peru, que em 2010 foi expandida, dobrando a sua capacidade de produção para 320 mil toneladas anuais, o que levou a VM a se colocar entre as cinco maiores produtoras de zinco no mundo. De olho no futuro e nas necessidades do mercado, a Votorantim Metais procura sua autossuficiência em concentrado de zinco, contando atualmente com uma capacidade produtiva de 730 mil toneladas por ano. Em 2011, a VM inaugurou a primeira fábrica de polimetálicos do Brasil. Alinhada com a estratégia de sustentabilidade da empresa, a fábrica opera com a mais alta tecnologia que processa o pó de aciara, um dos resíduos gerados no processo de reciclagem do aço, e retira dele zinco e sais mistos que serão utilizados na indústria de reciclagem de alumínio. A escória de ferro é destinada à pavimentação de estradas. A planta de Polimetálicos foi projetada para produzir cerca de 75 mil toneladas de chumbo metálico por ano - o equivalente a 50% do consumo doméstico do país, 91 toneladas de liga de prata com ouro, 45 mil toneladas de ácido sulfúrico e 6 mil toneladas de polipropileno. Além disso, o Projeto Resíduo Zero da mina de Morro Agudo da Votorantim Metais, que fica em Paracatu (MG), foi reconhecido como exemplo de prática sustentável. Em 2012 recebeu mais um prêmio, conquistou o primeiro lugar no Prêmio Mineiro de Gestão Ambiental realizado pela União Brasileira para a Qualidade (UBQ).

Destaques 4 Capacidade de produção: 730 mil toneladas por ano 4 5ª maior produtora global de zinco, com expansões anunciadas, sendo a líder mundial em óxido de zinco e segunda na fabricação de pó de zinco. 4 10 unidades de produção distribuídas em quatro países: Brasil, China, Estados Unidos e Peru. 4 3.500 colaboradores

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Votorantim Zinco

Votorantim Metais Zinco is the 7th biggest Brazilian mining company, with earnings of US$ 616.1 million. The relation between Votorantim Metals and zinc began in 1956 at Três Marias (MG) with the foundation of Companhia Mineira de Metais (CMM). In 2002, the company took charge of Companhia Paraibuna de Metais, reinforcing its participation in that segment. Wishing to increase its capacity and consolidated a global strategy, Votorantim Metais acquired in 2004 the Cajamarquilla Refineria, in Peru, which was expanded in 2010, doubling its productive capacity to 320 thousand tons per year, what place VM as one of the five biggest zinc producers in the world. Looking for the future and at the market needs, Votorantim Metais pursues its self-sufficiency in zinc concentrate, having currently a productive capacity of 730 thousand tons per year. In 2011, VM (Votorantim Metais) opened the first polymetallic factory in Brazil. Aligned with the company’s sustainability strategy, the factory operates with the highest technology, that processes the steel dust, one of the residues from the steel recycling process, and takes from it the zinc and mixed salts that will be used in the aluminum recycling industry. The iron slag is destined to road pavement. The polymetallic plant was projected to produce around 75 thousand tons of metallic lead per year – equivalent to 50% of Brazil’s domestic consumption, 91 tons of gold and silver alloy, 45 thousand sulfuric acid and 6 thousand tons of polypropylene.


Besides this, the Zero Residue Project from Vorantim Metals’s Morro Agudo mine in Paracatu was recognized as a sustainable practice example. In 2012, it received another award, the first place of the Award of Environmental Management of Minas Gerais, by the Brazilian Union for Quality (UBQ). Destaques

4 Production Capacity: 730 thousand tons per year 4 5th global producer of zinc, with expansions announced, been the world leader in zinc oxide and the second in the production of zinc dust.

4 10 productive units in four countries: Brazil, China, USA and Peru. 4 3500 employees. The Chief Executive Officer – The group Votorantim´s owner was the engineer and industrial Antônio Ermírio de Moraes, whose personal fortune was estimated by Forbes Magazine to be US$ 25 billion. In January 2014, he transferred the Administrative Council presidency to Raul Calfat, who was Votorantim Industrial´s CEO. Moraes died August 2014.

Antônio Ermírio de Moraes

Presidência - O proprietário do grupo Votorantim era o engenheiro e industrial Antônio Ermírio de Moraes, cuja fortuna pessoal foi estimada pela revista Forbes em US$ 25 bilhões. Em janeiro de 2014, ele transferiu a presidência do Conselho de Administração a Raul Calfat, que antes presidia a Votorantim Industrial. Moraes faleceu em agosto de 2014.

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MMX Sudeste A MMX Sudeste ficou em 14º lugar entre as mineradoras, faturando US$ 315,1 milhões em 2013. Essa empresa opera na Serra Azul, próximo a Belo Horizonte, extraindo 6 milhões de toneladas de minério de ferro por ano das minas Tico-Tico e Ipê, abrangendo partes dos municípios de Igarapé, Brumadinho e São Joaquim de Bicas. A outra unidade da MMX fica em Bom Sucesso. Para escoar a produção do Sistema Sudeste, a MMX utiliza a ferrovia da MRS para transportar o minério de ferro até o Porto da CSN, em Itaguaí (RJ). A partir de 2014, a companhia passará a utilizar o Porto Sudeste do Brasil, Terminal Portuário Privativo de Uso Misto, em Itaguaí. A Unidade Serra Azul beneficia minério de ferro extraído do itabirito friável. Os produtos finais são o lump (minério granulado, pronto para ser transformado em aço) e o sinter feed (minério fino). O minério de ferro da Unidade Serra Azul é destinado a consumidores internos, como grandes mineradoras e siderúrgicas e produtores de gusa, e a consumidores externos, principalmente do mercado asiático. A capacidade de produção da Unidade Serra Azul poderá chegar a 15 milhões de toneladas anuais de minério de ferro. Para expandir a planta, a companhia já possui Licença de Instalação do órgão ambiental, terraplenagem concluída e parte dos equipamentos de grande porte já adquiridos. Naquele local, a MMX conta com cerca de um bilhão de toneladas de reservas de minério de ferro. Em fevereiro de 2011, a MMX adquiriu o direito de explorar por 30 anos a Mina Pau de Vinho da Mineração Usiminas, localizada em área vizinha à Unidade Serra Azul. Essa parceria permitirá que a MMX opere a área de maneira sinérgica, aproveitando maquinário e estruturas da Unidade Serra Azul. Presidência - O presidente da EBX, holding controladora da MMX Mineração, é o empresário Eike Fuhrken Batista da Silva, nascido em 1956 em Governador Valadares (MG). Filho do engenheiro Eliezer Batista, que foi ministro das Minas e Energia e presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Eike Batista chegou a ser o 7º homem mais rico do Mundo, segundo a revista Forbes, com uma fortuna pessoal estimada em US$ 30 bilhões. É formado pela Universidade Técnica da Renânia do Norte, na Alemanha. Seus negócios abrangem petróleo, logística, energia, mineração, indústria naval e carvão mineral.

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MMX Sudeste

The MMX Southeast gets the 14th place with US$ 315.1 million. This company operates at Serra Azul, near Belo Horizonte, extracting 6 million tons of iron ore each year from the TicoTico and Ipê mines, covering the cities of Igarapé, Brumadinho and São Joaquim de Bicas. The other MMX unity is located at Bom Sucesso. To transport the production of the Southeast system, MMX uses the MRS railway to take the iron ore to the CSN port at Itaguaí (RJ). In 2014, the company begun to use the Southeast Brazil port, mixed use privative port terminal, at Itaguaí. The Serra Azul unit processes iron ore extracted from friable itabirite. The final product are the lump (Lump ore, ready to be transformed in steel) and sinter feed (fine ore). The Serra Azul unity’s iron ore is destined to domestic consumers, like the big mining and steelmaking companies and pig iron producers, and to external consumers, especially to the Asian market. The production capacity of Serra Azul unit could reach 15 million tons per year of iron ore. To expand the plant, the company already has an installation license from an environmental agency, ground leveling done and some of the heavy equipments already acquired. In that place, MMX has one billion tons of iron ore reservations. In February 2011, MMX acquired from Mineração Usiminas the right to explore for 30 years Pau de Vinho mine, located in a neighboring area of Serra Azul unit. This partnership will allowed MMX to operate in a synergistic way in that area, using machinery and structures of the Serra Azul unit. The Chief Executive Officer – The CEO of EBX, the holding of MMX Mineração, is Eike Fuhrken Batista da Silva, born in 1956, in Governador Valadares (MG). He is son of the engineer Eliezer Batista, who was Minister of Mines and Energy and the CEO of the Companhia Vale do Rio Doce, Eike Batista was the 7th richest man in the world according to Forbes Magazine, having a personal fortune calculated in US$ 30 billion. He is graduated at the Technical University of Northern Rhineland, Germany. His business includes oil, logistics, energy, mining, naval industry and mineral coal.


Mannesmann is Vallourec now

V&M Mineração (Vallourec & Mannesmann), a Brazilian company of French capital, extracts and processes iron ore at the boundary of the cities of Brumadinho and Nova Lima, where is located the Serra da Moeda. It used to be called Mannesmann Mineração, created in 1955 to supply the old steel company Mannesmann. The steel industry, located in the neighborhood of Barreiro, in Belo Horizonte, was founded during President Juscelino Kubitschek government, with the purpose of produce tubes for the new born oil industry. Since 2000, the mining company is part of the Vallourec & Mannesmann Tubes group. It generates about 750 direct and indirect jobs and has a yearly production capacity of 4 million tons. The Chief Executive Officer – The Vallourec group, presided by the Frenchman Philippe Crouzet, is present in 25 countries. Who is in charge of Vallourec’s management council is the Brazilian Flávio Azevedo, from Porto Alegre, a metallurgic engineer graduated at Federal University of Rio Grande do Sul. He is also pos-graduated in metallurgic engineering, he got his doctorate from the Technical University of Aachen, Germany. His career at Mannesmann S.A. began in 1987, as assistant of the industrial board, been promoted in 1989 to head of the quality engineering department. In 1996, was promoted to superintendent of development and quality, taking subsequently the Superintendence of automotive tubes. Nowadays he is superintendent of general production of Vallourec in Brazil.

Philippe Crouzet e Flávio Azevedo

Mannesmann agora é Vallourec A V&M Mineração (Vallourec & Mannesmann), empresa brasileira de capital francês, extrai e beneficia minério de ferro na divisa dos municípios de Brumadinho e Nova Lima, onde fica a Serra da Moeda. Chamava-se Mannesmann Mineração, criada em 1955 para abastecer a antiga Companhia Siderúrgica Mannesmann. A siderúrgica, localizada no Barreiro, em Belo Horizonte, foi fundada durante o governo Juscelino Kubitschek, com a finalidade de produzir tubos para a nascente indústria do petróleo. Desde 2000, a mineradora faz parte do grupo Vallourec & Mannesmann Tubes. Gera cerca de 750 empregos diretos e indiretos e tem uma capacidade anual de produção de 4 milhões de toneladas. Presidência - O grupo Vallourec, presidido pelo francês Philippe Crouzet, está presente em 25 países. Quem preside o Conselho de Administração da Vallourec Mineração é o brasileiro Flávio Azevedo, natural de Porto Alegre, engenheiro metalúrgico pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pós-graduado em engenharia metalúrgica, obteve seu doutorado pela Universidade Técnica de Aachen, na Alemanha. Sua carreira na Mannesmann S.A. teve início em 1987, como assistente da diretoria industrial, passando em 1989 à chefia do Departamento de Engenharia de Qualidade. Em 1996, foi promovido a superintendente de Desenvolvimento e Qualidade, assumindo posteriormente a Superintendência de Tubos Automotivos. Hoje é o superintendente-geral de Produção da Vallourec no Brasil.

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Anglo American Anglo American is a recently arrived company in Minas. It bought the Eike Batista’s Rio-Minas project and plans to export 26 million tons of iron ore per year.

Anglo American A Anglo American é recém-chegada em Minas. Comprou o projeto Minas-Rio de Eike Batista e vai exportar 26 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. A Anglo American PLC é uma das maiores companhias de mineração do mundo, com sede no Reino Unido e ações negociadas nas bolsas de valores de Londres e de Joannesburg. É líder mundial na extração de platina e diamantes, mas seus negócios envolvem também minério de ferro e manganês, carvão metalúrgico e carvão mineral, cobre, níquel, nióbio e fosfatos. Começou a operar com diamantes na África do Sul em 1917, onde ficava sua sede. Em 1999, após a fusão da Anglo American Corporation da África do Sul com a Minorco de Luxemburgo, transferiu-se para Londres. O lucro operacional do conglomerado em 2009 foi de US$ 5 bilhões. A empresa atua no Brasil desde 1973 e gera mais de 4 mil empregos diretos e 10 mil indiretos, para a extração e beneficiamento de quatro produtos: minério de ferro, com o Minas-Rio, o maior projeto de exploração de minério de ferro em desenvolvimento no mundo; níquel, com ope­ rações nos municípios de Barro Alto e Niquelândia, em Goiás; fosfato, com operações nos municípios de Ouvidor (GO), Catalão (GO) e Cubatão (SP), e nióbio, presente nos municípios de Catalão e Ouvidor, em Goiás.

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Anglo American PLC is one of the biggest mining companies in the world. Its headquarters is in the UK and it has stocks traded in the London and Johannesburg stock exchange. It is the world leader in diamond and platinum extraction, but its business also includes manganese and iron ore, metallurgic and mineral coal, cooper, nickel, niobium and phosphate. Anglo American PLC began operations with diamonds in South Africa in 1917, where it had its headquarter. In 1999 after the merger of South Africa’s Anglo American Corporation and Luxembourg’s Minorco, moved to London. The conglomerate’s operating profit in 2009 was US$ 5 billion. The company is in Brazil since 1973 and generates more than 4 thousand direct jobs and 10 thousand indirect jobs, to extract and process four products: iron ore, with the Minas-Rio, the biggest iron ore exploration project been developed in the world; nickel, operating in the cities of Barro Alto and Niquelândia, in Goiás; phosphate; operating in the cities of Ouvidor (GO), Catalão (GO) and Cubatão (SP); and niobium, present in the cities of Catalão e Ouvidor, in Goiás. Minas-Rio project

From 2007 to 2014, the company invested US$ 17 billion in Brazil. Just in the Minas-Rio project, US$ 8.8 billion are been invested, some of it are company’s own money and some are get from financial institutions like BNDES, the national bank of development. Even before the beginning of operations, Anglo American iron ore exploration already provided US$ 17 million as ICMS tax for Minas’ government in 2013. The governor Antonio Anastasia received the main executives of Anglo American, accompanied by the UK ambassador in Brazil, Alan Charlton, in July 2013.


Projeto Minas-Rio

Anastasia, John Parker e Cynthia Carrol Anastasia, John Parker ant Cynthia Carrol

John Parker, president of the administration board and Cynthia Carrol, global chairman, stayed in Minas for three days to talk with the governor and visit the works of the Minas-Rio project. The creation of the Iron Ore Brazil business unit was conclude in August 2008, with the purchase of the Minas-Rio project from Eike Batista’s MMX in a US$ 5 billion operation. The MinasRio project is composed of three steps: iron ore exploration at the deposits in Conceição do Mato Dentro; its milling and processing in a plant located in Alvorada de Minas; and its bombing through the world’s biggest ore pipeline, 328 miles long, going to the port of Açu, in São João da Barra (RJ), crossing 32 cities in Minas and Rio de Janeiro. In São João da Barra, the iron ore will be filtered and shipped to export. The ore pipeline is regarded as a high reliability logistic hub, with low operational costs and environmental impact. An evidence of this is the years of success of this kind of transportation in Samarco operations from the Germano mine in Mariana to Anchieta, Espírito Santo.

De 2007 a 2014, a empresa investiu cerca de R$ 40 bilhões no Brasil. Só no projeto Minas-Rio estão sendo investidos US$ 8,8 bilhões, parte deles de recursos próprios da multinacional e outra parte captada em instituições financeiras como o BNDES. Antes mesmo de entrar em operação, a exploração de minério de ferro da Anglo American já rendeu R$ 40,2 milhões em ICMS para o Governo de Minas em 2013. Os principais executivos da Anglo American, acompanhados pelo embaixador do Reino Unido no Brasil, Alan Charlton, foram recebidos pelo governador Antonio Anastasia no Palácio da Liberdade em julho de 2013. John Parker, presidente do Conselho de Administração, e Cynthia Carrol, presidente mundial, ficaram em Minas por três dias para falar com o governador e visitar as obras do projeto Minas-Rio. A criação da Unidade de Negócio Minério de Ferro Brasil foi concluída em agosto de 2008, com a compra do projeto Minas-Rio, pertencente à MMX de Eike Batista, numa operação de mais de US$ 5 bilhões. O Projeto Minas-Rio é composto de três fases: a exploração de minério nas jazidas localizadas em Conceição do Mato Dentro, sua moagem e beneficiamento numa planta localizada em Alvorada de Minas, e o bombeamento pelo maior mineroduto do mundo, com 525 km de extensão, até o porto de Açu, em São João da Barra (RJ), atravessando 32 municípios mineiros e fluminenses. Em São João da Barra se realiza a filtragem do minério e o embarque para exportação. O mineroduto é considerado um modal logístico de alta confiabilidade, baixo custo operacional e menor impacto ambiental. Prova disso é o sucesso desse tipo de transporte operado há anos pela Samarco a partir da mina Germano, em Mariana, até Anchieta, no Espírito Santo.

Política de boa vizinhança Foi decisão estratégica da empresa adquirir o máximo possível de serviços, materiais e equipamentos de fornecedores mineiros para o mineroduto. Ao todo, foram envolvidos mais de 1,2 mil fornecedores, que faturaram R$ 850 milhões em 2012. Está previsto um gasto anual de R$ 360 milhões até 2017, em serviços e equipamentos contratados no Brasil. Essa política de boa vizinhança não só conquistou apoios importantes para a Anglo American como provou a capacidade industrial instalada em Minas para equipar empreendimentos minerários e oferecer serviços. Outros R$ 100 milhões foram gastos em medidas compensatórias, apoio às prefeituras, atividades sociais, habitacionais e melhoria de instalações de saúde nos municípios afetados pelo empreendimento.

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Good Neighborhood policy

O projeto Minas-Rio entra em operação com uma capacidade inicial de exportação de 26,5 milhões de toneladas anuais, que pode ser muito ampliada em fases subsequentes. O transporte do minério através de 525 km levará aproximadamente três dias, impulsionado por meio de bombas de pistão de alta pressão, e com o auxílio de duas estações de bombas e uma de válvulas ao longo do trajeto. É uma tecnologia de alto consumo de eletricidade, demandando a instalação de uma linha de transmissão de 230 quilovolts.

O presidente Paulo Castellari Porchia assumiu a presidência da Unidade de Negócio Minério de Ferro Brasil, da Anglo American, em 2012. Graduado em administração pela FGV, com MBA em planejamento estratégico pela London Business School, iniciou sua carreira na Anglo American em 1996 como executivo da área financeira.

It was a strategic decision of the company to acquire for the ore pipeline the maximum of services, materials and equipment from suppliers from Minas. Overall, 1.2 thousand supplier were involved, which earned US$ 370 million in 2012. It is foreseen a yearly expenditure of US$ 156 million until 2017 in services and equipment contracted in Brazil. This Good Neighbor policy not only gained support to Anglo American but also proved Minas industrial capacity to equip mining enterprises and offer services. Another US$ 44 million were spent in compensatory measures, support to municipal administrations, social projects, housing and health installations improvement in the towns affected by the enterprise. The Minas-Rio project began operating with an initial exportation capacity of 26.5 million tons per year, having the possibility of this capacity been expanded in the following stages. It will take approximately three days to transport the iron ore 328 miles, spurred by high-pressure piston bombs and the assistance of two bombing stations and one valve station along the route. It is a high electrical consume technology, demanding the installation of a 230 kilovolts transmission line. The Chief Executive Officer

Paulo Castellari Porchia is the CEO of Anglo American Brazil Iron Ore Business Unity in 2012. He is graduated in Business Administration for the FGV, with a MBA in strategic planning for the London Business School, he began his career in Anglo American in 1996 as an executive in the financial area.

Paulo Castellari Porchia

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Três séculos de ouro em Morro Velho A Mina de Morro Velho, em Nova Lima, foi explorada durante 278 anos, atingiu 2.700 metros de profundidade, produziu 570 toneladas de ouro, chegou a ter 3 mil operários – a maior parte deles escravos – e sustentou o luxo de inúmeras gerações de famílias de acionistas ingleses.

A província de Minas Gerais, o maior centro de exploração aurífera do Brasil, começou a ser ocupada no final do século 17, quando em 1696, nas regiões de Sabará e de Ouro Preto, foram feitas as primeiras descobertas de ouro de aluvião e iniciada a escavação em busca dos filões. Por volta de 1725, começou a exploração de ouro na Mina de Morro Velho, situada no Arraial de Congonhas do Sabará, hoje Nova Lima, utilizando processos primitivos. Até as primeiras décadas do século 19, a mina pertenceu à família do Padre Antônio de Freitas. Em 1830, a propriedade foi vendida ao inglês capitão George Francis Lyon, que a repassou, quatro anos mais tarde, à Saint John d’El Rey Mining Company. Esta foi a mais destacada entre as companhias estrangeiras de exploração aurífera que se instalaram em Minas Gerais entre 1824 e 1898. Em seu conjunto, elas investiram 2,2 milhões de libras e extraíram 102 toneladas de ouro. A exploração da Mina de Morro Velho foi o mais duradouro e lucrativo dos empreendimentos ingleses na América Latina. Em 1850, tinha 2,5 mil trabalhadores entre escravos e homens livres. Em 1917, atingiu o recorde de 3 mil operários. Entre 1860 e 1893, extraiu 30,8 mil kg de ouro, correspondendo a 80,3% da produção em Minas no período.

Grandes tragédias Em 1867, as instalações da companhia foram visitadas pelo naturalista inglês Sir Richard Francis Burton, que escreveu relatos minuciosos da vida na região. O superintendente da época era o irlandês James Newell Gordon, que dirigiu a Saint John por 19 anos (1857-76). Burton relata que os escravos – insumo indispensável à produção – eram bem tratados, tinham acesso ao melhor hospital da província, e que recebiam algum dinheiro nos sábados à tarde

para se divertirem. Os capatazes ingleses também tinham uma diversão: treinavam escravos como pugilistas para lutarem em ringues montados na praça de Nova Lima. Dois grandes acidentes aconteceram no século 19. Depois da visita de Burton, no final de 1867, um incêndio consumiu a Mina da Cachoeira, matando um inglês e 24 escravos, e destruindo completamente as lavras. Sob pressão dos acionistas e aporte de capital, a mina foi reaberta muito tempo depois. Durante a paralisação, 20 técnicos ingleses foram devolvidos à Europa e centenas de escravos foram alugados ao governo da província para trabalharem na construção de uma estrada ligando Queluz (hoje Conselheiro Lafaiete) a Sabará.

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Operários europeus trouxeram sindicalismo Outro acidente grave, com vítimas fatais, foi o deslocamento de uma imensa rocha em 1882, que obstruiu várias galerias. A recuperação foi conduzida pelo engenheiro recém-formado George Chalmers, que assumiu a administração da mina em 1824, quando tinha apenas 28 anos. Chalmers realizou uma gestão modernizante com a reestruturação dos serviços, aquisição de novo maquinário, aprofundamento dos shafts, represamento do rio do Peixe para geração de energia elétrica, construção de linha para o trem elétrico e sistema de refrigeração. Ficou durante 40 anos à frente da empresa. Após a Abolição da Escravatura em 1888, chegaram novos trabalhadores para a Morro Velho, principalmente espanhóis e italianos e espanhóis, que plantaram a semente do sindicalismo. Décadas mais tarde, a luta sindical resultaria em conquistas trabalhistas, melhoria nas condições de insalubridade do trabalho e melhoria geral das condições de vida da população de Nova Lima.

Three centuries of gold in Morro Velho The Morro Velho mine in Nova Lima, was explored for 278 years, reaching 2,700 meters deep, producing 570 tons of gold having once 3 thousand works - most of it slaves – and sustained the luxury of a countless generations English stockholders families.

Hanna, Minorco e AngloGold Ashanti

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Durante a Segunda Guerra Mundial, muitos ingleses retornaram para a Europa para se alistarem no exército britânico. Em 1954 é extinta a Saint John d’El Rey Mining Company e constituída em seu lugar a Mineração Morro Velho S.A., que passa a ser a nova proprietária das minas de ouro da companhia inglesa. A Hanna Corporation participa com 25% das ações, sendo o restante repartido entre os sócios brasileiros Walter Moreira Salles, Horácio de Carvalho e Fernando de Souza Mello Vianna. Em 1960, os ingleses transferem o controle acionário para o grupo brasileiro liderado por Moreira Salles e Horácio de Carvalho. Em 1975, ocorre a associação com a Anglo American Corporation, a maior empresa de mineração de ouro do mundo. Em 1980, o grupo Bozano Simonsen adquiriu a participação nacional da Morro Velho. Nesta ocasião, ocorreu a transferência das ações do Unibanco para o grupo Bozano Simonsen. Em 1993, como parte da reestruturação da Anglo American Corporation, o grupo transferiu os ativos brasileiros para o seu braço europeu, a Minorco. Em 1999, todos os ativos da Minorco foram adquiridos pela AngloGold. Em 2004, houve a fusão entre a AngloGold e a Ashanti Goldfiels. Desde então, a companhia passou a ser reconhecida como AngloGold Ashanti. A mina do Morro Velho, conhecida como Mina Velha, funcionou por 278 anos, produziu mais de 570 toneladas de ouro e encerrou suas atividades no dia 31 de outubro de 2003. A chamada Mina Grande, que chegou a atingir 2.700 metros de profundidade, já havia encerrado as atividades em 1995. Apesar do encerramento das atividades das minas, a sede da AngloGold Ashanti na América do Sul fica em Nova Lima, de onde controla três das principais minas produtoras do país: Cuiabá e Córrego do Sítio (MG) e Serra Grande (GO).

The Minas Gerais province, the center of Brazil gold exploration, started to be occupied by the end of the 17th century, when in 1696, in the regions of Sabará and Ouro Preto, the first discoveries of alluvial gold where made and the excavations began. Around 1725, the gold exploration in Morro Velho mine, located in the Village of Congonhas do Sabará, nowadays Nova Lima, began, using primitive processes. Until the first decades of the 19th century, the mine belonged to the family of Priest Antônio de Freitas. In 1830, the property was sold to the English Captain George Francis Lyon, who passed, four years later, to the Saint John d’ El Rey Mining Company. This was the most significant of the gold mining foreign companies that installed in Minas between 1824 and 1898. As a whole, they invested 2.2 million pounds and extracted 102 tons of gold. The Morro Velho mine exploration was the most lasting and profitable of the English enterprise in Latin America. In 1850,


it had 2.5 thousand workers, slaves as well free men. In 1917, it reached the record of 3 thousand workers. Between 1860 and 1893 30.8 thousand kilos of gold were extracted, corresponding to 80.3% of Minas’ production in that period. Huge tragedies

In 1867, the company’s installations were visited by the English naturalist Sir Richard Francis Burton, who wrote detailed reports about the life in that region. The superintendent at that time was the Irish James Newell Gordon, who managed Saint John for 19 years (1857-76). Burton reports that the slaves – the essential input of the production – were well treated, had access to the best hospital of the province, and received some money in the Saturdays to have some fun. The English foreman also had an entertainment: they trained slaves to fight as pugilists in a ring in the square of Nova Lima. Two major accidents happened in the 19th centuries. After Burton’s visit, in the end of 1867, a fire consumed the Cachoeira mine, killing one English and 24 slaves, destroying the galleries. Under the pressure of shareholders, the mine was reopened some time after. During the closing, 20 English technicians went back to Europe and hundreds of slaves were lend to the provincial government to work in construction of a road linking Queluz (nowadays Conselheiro Lafaiete) and Sabará. Europeans workers brought syndicalism

A serious accident, with fatal victims, was the displacement of a huge rock in 1882, what obstructed several galleries. The recuperation was conducted by the recently-graduated engineer George Chalmers, who took the mine administration in 1824, when he was only 28 years old. Chalmers made a modernizing management, reconstructing the services, acquiring new equipment, deepening the shafts, damming the Peixe River for generated electrical energy, constructing the electrical train line and a refrigeration system. He headed the company for 40 years.

Mina / Mine

After the Abolition of Slavery in 1888, new workers for Morro Velho arrived, especially Spanish and Italian, who planted the seed of syndicalism. Decades later, the syndical struggle resulted in working conquests, improvements in the healthy condition of work and general improvement of the life conditions of Nova Lima’s population.

Hanna, Minorco and AngloGold Ashanti

During World War II, many Englishmen returned to Europe to join the British army. In 1954, Saint John d’El Rey Mining Company was extinct and replaced by Mineração Morro Velho S.A., which became the new owner of the mines of the English company. Hanna Corporation participates with 25% of the shares, and the rest is divided between the Brazilian partners Walter Moreira Salles, Horácio de Carvalho and Fernando de Souza Mello Vianna. In 1960, the English transferred the stock control to the Brazillian group controlled by Salles and Horácio de Carvalho. In 1975, occurs the association with Anglo American Corporation, the biggest gold mining corporation in the world. In 1980, the Bozano Simonsen group acquires national participation in Morro Velho. In this occasion, Unibanco transferred the stocks to the Bozano Simonsen group. In 1993, as part of the Anglo American Corporation restructuration, the group transferred Brazilian assets to its European arm, Minoco. In 1999, all Minoco assets were acquired by AngloGold. In 2004, AngloGold and Ashanti Goldfiels merged. Since them, the company is known as AngloGold Ashanti. The Morro Velho mine, known as old mine, functioned for 278 years, producing more than 570 tons of gold, finishing its activities in October 31, 2003. The so called Big Mine, which reached 2.700 meters deep, had already closed its activities in 1995. Besides the closing of the mine, AngloGold Ashanti’s South America headquarters is located in Nova Lima, from where it controls 3 of the main productive mines in the country: Cuiabá and Córrego do Sítio (MG) and Serra Grande (GO).

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Diamantes e Pedras Preciosas As pedras preciosas não têm mais o esplendor que tinham no passado, mas ainda geram fortunas e grandes negócios sobre os quais o governo não tem controle e não arrecada impostos. Em 1727, foi anunciada aos governantes portugueses a descoberta de vultosas jazidas de diamantes no leito do Córrego Tejuco, bem ao norte das minas de ouro de Ouro Preto. A Corte não sabia avaliá-los, nem como taxar a produção. Para evitar as perdas causadas por milhares de aventureiros que se dirigiam para a região, resolveu simplesmente declarar a área propriedade da Coroa e controlar as estradas e picadas que levavam ao Distrito Diamantino. Surgiu nas margens do Tejuco a cidade de Diamantina, que nas décadas seguintes enviou para os cofres de Lisboa uma fortuna estimada em três milhões de quilates. O mais famoso dos contratadores de diamantes, João Fernandes, marido da ex-escrava Chica da Silva, era considerado o súdito mais rico do rei de Portugal. Durante dois séculos e meio, a região de Diamantina continuou produzindo diamantes, embora sem o esplendor dos primeiros anos. Até recentemente, poderosas dragas de alcatruzes revolviam o leito e as margens do Jequitinhonha, extraindo o ouro e as pedras que haviam sobrado das bateias e garimpos manuais. Já no século 20, novas descobertas pipocaram em outras regiões de Minas, atraindo legiões de aventureiros. Vargas - O maior diamante encontrado no Brasil e, provavelmente, o oitavo maior jamais descoberto no mundo, é o denominado Presidente Vargas, que originalmente pesava 726,60 quilates. Foi achado em 1938 no leito do Rio Santo Antônio do Bonito, em Coromandel, região do Alto Paranaíba, e vendido no ano seguinte para o joalheiro novaiorquino Harry Winston, por US$ 600 mil. Essa pedra foi lapidada em 23 gemas. A maior delas, pesando 48,26 quilates, foi mais tarde relapidada para 44,17 quilates e adotou o nome de Vargas, o mesmo da gema bruta. Além do Presidente Vargas, a região de Coromandel produziu, entre 1935 e 1965, mais oito diamantes com mais de 200 quilates, cada, e outros 16 com mais de 100 quilates.

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Diamonds and precious stones Precious stones don’t have the splendor they had in the past, but still makes great fortunes and big deals that the government can’t control and can’t tax.

In 1727, the Portuguese rulers annunciated the discovery of huge diamond deposits in the banks of Tejuco stream, in the north from the mines of Ouro Preto. The Court did not know how to evaluate it or to tax it. To avoid the losses caused by the many adventurers that went to the region, the Portuguese crown simply declared the region its property, and controlled the roads that led to the Diamantino District. Emerged in the banks of the Tejuco the city of Diamantina, which had in the following decades shipped to Lisbon a fortune of 3 million karats. The most famous diamond contractor, João Fernandes, husband of the ex-slave Chica da Silva, was considered the richest vassal of the king of Portugal. For two and a half centuries, the Diamantina region kept producing diamonds, even though without the bonanza of the first years. Until recently, powerful dredges alcatruz moved the banks of the Jequitinhonha River, mining the gold and stones left from the washtubs and manual mining. In the 20th century, new discovers appear in Minas, attracting legions of adventurers. Vargas – The biggest diamond found in Brazil, and probably the 8th in the world, is called President Vargas, which weighted 726.60 karats. It was found in 1939 in the banks of the Santo Antônio do Bonito River, in Coromandel, Alto Paranaíba region, and was sold to the New Yorker jewel maker Harry Winston for US$ 600 thousand. This stone was cut in 23 gems.


The biggest one, weighting 48.26 karats, was later cut again to 44.17 karats and adopted the name of Vargas, the same of the raw gem. Besides President Vargas, the Coromandel region also produced between 1935 and 1965, eight diamonds weighting more than 200 karats each and other 16 weighting more than 100 karats. Estrela do Sul – In July 1853, a slave that was washing clothes in the Bagagem river found a diamond weighting impressive 52,276 grams or 261.38 karats. This big diamond gained international notoriety because of its high gemological quality. The anonymous slave gave it to her owner and received her freedom and also lifetime alimony. The diamond was sold in 1855 for 35 thousand pounds and displayed to the public at the Paris International Festival. The new owners of the stone were the Halfen brothers, which called it “L’Étoile du Sud”. Following, the diamond was cut for three months in Amsterdam by Voorzanger, from Coster Company, and sold to the governor of the Indian kingdom of Baroda for 80 thousand pounds (about US$ 400 thousand). This famous diamond had the power to change the name of the city from Bagagem to Estrela do Sul. In Grão Mogol, the opposite happened. The village of Serra de Santo Antônio do Itacambiruçu, in the Jequinhonha, changed name in honor to a big diamond found in India. The prospectors turned over the banks of the Itacambiruçu creek, extracting many diamonds, but none as valuable as that. Fernão Dias and the dream of emeralds

In 1774, the bandeirante Fernão Dias Paes Leme left São Paulo to his last expedition, searching for emeralds deposits. He spent 7 years through Minas’ territory, especially in the banks of the Velhas and São Francisco rivers, founding villages in the places he stayed some time. One of them was Santa Quitéria, near where nowadays is Belo Horizonte, and later became called as Esmeraldas, in honor of the bandeirante. When he died, in 1781, at the mouth of the Velhas River, he had discovered only tourmalines, in ebb of the São Francisco River in the north of Itacambira. Years before, he crossed the Serra do Espinhaço near Capoeirama, without knowing he was stepping above emeralds 100 meters deep in the underground. Emeralds deposits in Minas stretches from the north of Rio Casca to the south of Guanhães, going through Ferros, Nova Era, Antônio Dias, Itabira and Santa Maria de Itabira. The gem occurs in the folds of hard rock called biotitic, a schist cut by quartz veins, from which is possible also extract gold. The Belmont mines, the biggest in Brazil, and the Capoeirama, are underground. The vertical pits up 150 meters deep takes to galleries where the more promising material is extracted to be disassembled at the surface. Belmont and Piteiras are explored by organized companies, with environmental responsibility. Capoeirama is a cooperative surrounded by miserable shacks and waste accumulation, making a worrying environmental passive. The poverty of the prospectors contrasts with the stone value. A top grade emerald can cost US$ 9 thousand per karat.

Estrela do Sul - Em julho de 1853, uma escrava que lavava roupa no rio Bagagem encontrou um diamante que pesou impressionantes 52,276 gramas ou 261,38 quilates. Esse grande diamante ganhou notoriedade internacional pela alta qualidade gemológica. A escrava anônima o entregou ao seu senhor e ganhou sua liberdade e ainda uma pensão alimentícia para o resto da vida. O diamante foi vendido em 1855 por 35 mil libras e exibido ao público na Mostra Industrial de Paris. Os novos donos da pedra eram os irmãos Halfen, que o batizaram “L’Étoile du Sud”. Em seguida, o diamante foi lapidado durante três meses em Amsterdã, por Voorzanger, da firma Coster, e vendido ao governador do reino indiano de Baroda por 80 mil libras (cerca de US$ 400 mil). Esse diamante famoso teve o poder de mudar o nome da cidade de Bagagem para Estrela do Sul. Em Grão Mogol aconteceu o contrário: o povoado de Serra de Santo Antônio do Itacambiruçu, no Jequinhonha, mudou de nome em homenagem a um grande diamante encontrado na Índia. Os garimpeiros reviraram o leito do ribeirão Itacambiruçu extraindo muitos diamantes, embora nenhum tão valioso.

Diamante verde

Green diamond

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Fernão Dias e o sonho das esmeraldas Em 1774, o bandeirante Fernão Dias Paes Leme partiu de São Paulo para sua última expedição, em busca de jazidas de esmeraldas. Passou sete anos percorrendo o território mineiro, especialmente as margens dos rios das Velhas e São Francisco, fundando vários povoados nos locais onde permanecia por mais tempo. Um deles foi Santa Quitéria, perto de onde hoje fica Belo Horizonte, e que mais tarde ganharia o nome de Esmeraldas, em homenagem ao bandeirante. Ao morrer, em 1781, na foz do Rio das Velhas, tinha descoberto apenas turmalinas, numa vazante do São Francisco que ficava ao norte de Itacambira. Anos atrás, ele havia cruzado a Serra do Espinhaço perto de Capoeirama, sem saber que estava pisando em esmeraldas no subsolo a cem metros de profundidade.

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As jazidas de esmeraldas em Minas se estendem desde o norte do município de Rio Casca até o sul de Guanhães, passando por Ferros, Nova Era, Antônio Dias, Itabira e Santa Maria de Itabira. A gema ocorre nas dobras de rochas duras chamadas biotita, um xisto cortado por veios de quartzo, dos quais também se pode extrair ouro. As minas de Belmont, a maior do Brasil, e de Capoeirama, são subterrâneas. Poços verticais com até 150 metros de profundidade levam a galerias onde o material mais promissor é extraído para desmonte na superfície. Belmont e Piteiras são exploradas por empresas organizadas, com responsabilidade ambiental. Capoeirama é uma cooperativa cercada de barracos miseráveis e acúmulo de montes de rejeitos que formam um preocupante passivo ambiental. A pobreza dos garimpeiros contrasta com a valorização da pedra. Uma esmeralda de primeira qualidade chega a valer US$ 9 mil o quilate.

Alexandritas Uma pedra preciosa descoberta na Rússia, durante o século 19, recebeu o nome de alexandrita em homenagem ao Czar Alexandre II. Durante o dia, com luz natural, tem uma cor azul-esverdea­ da. À noite, sob luz incandescente, torna-se vermelho-arroxeada. As jazidas da Rússia e da Tanzânia hoje estão esgotadas, o que eleva a cotação das pedras encontradas no Brasil. As mais perfeitas podem chegar a US$ 6 mil o quilate. A primeira descoberta em Minas aconteceu em 1975, no Córrego do Fogo, município de Malacacheta, e em 1986 foi descoberta aquela que seria a maior jazida já registrada na história, no distrito de Hematita, município de Antônio Dias. Estima-se ali uma reserva de 60 kg de alexandritas. Logo após a descoberta, cinco mil garimpeiros independentes foram lavar cascalho no local, mas logo foram expulsos. A área foi reivindicada por uma empresa com dois sócios brasileiros, um grego e um chinês, que se registrou como Alexandrita Mineração, Comércio e Exportação Ltda. A empresa cercou todo o perímetro, instalou guaritas com guardas armados e iniciou a mineração com equipamentos pesados. O material escavado no sopé da montanha é transportado de caminhão para as instalações de desmonte hidráulico que descartam a terra. O cascalho é peneirado e vai para as mesas de cata intensamente iluminadas, onde funcionários com uniformes sem bolsos, sob vigilância de guardas e câmeras, recolhem as pedras e as lançam em um cofre com quatro cadeados, um de cada sócio. Periodicamente eles chegam de helicóptero, abrem o cofre, repartem a produção e voam para Governador Valadares e dali para aeroportos internacionais, viajando para a Ásia, onde mandam lapidar e vender as joias.

Alexandrites

A precious stone discovered in Russia, during the 19th century, received the name of alexandrite, in honor of the Czar Alexandre II. During the day, under natural light, it has a blue-greenish color. At night, under incandescent lighting, it became purplish-red. The Russian and Tanzanian deposits are nowadays exhausted, what increases the prices of the stones found in Brazil. The most perfects can cost US$ 6 thousand per karat. The first discover in Minas happened in 1975, in Fogo Creek in the area of the city of Malacacheta. And in 1986 was discovered the one that would be the largest deposit ever registered in history in Hematita District in the city of Antônio Dias. It is estimated that there are a reserve of 60 kg of alexandrite. Soon after the discovery, five thousand independent prospectors went wash gravel in that place, but were quickly expelled. A company with two brasilian partners, a Greek and a Chinese more, claimed the area and registered it as Alexandrita Mineração, Comércio e Exportação Ltda. The company enclosed the entire perimeter, installed guardhouses with armed guards and began the mining with heavy equipment. The material excavated in the foot of the mountain is transported by truck to the hydraulic dismantling facilities that disposes the land. The gravel is shifted and goes to highly illuminated pick-up tables, where employees wearing uniforms without pockets, under the vigilance of guards and cameras, picks the stones and throw them in a safe with four locks, one for each partner. Periodically, they came by helicopter, open the safe, share the production and fly to Governador Valadares, from where they go to international airports, and travels to Asia, where the stones are polished and the jewelry sold.

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Uma tonelada de águas-marinhas Muitas cidades de Minas ganharam seus nomes por causa do garimpo de pedras preciosas, como Berilo, Topázio, Rubelita, Turmalina e Pedra Azul. Esta última começou a ficar conhecida quando, em 1927, o garimpeiro Lourenço da Santa Rosa encontrou um “bamburro” de águas-marinhas na Fazenda Laranjeiras. O dono da propriedade, João de Almeida, tornou-se uma das maiores fortunas do Brasil, empregando até 300 homens para trabalhar em suas lavras. Nos cinco primeiros anos, extraiu uma tonelada de águas-marinhas, vendidas a um preço equivalente a R$ 80 milhões nos dias atuais. Quando a rainha Elizabeth II foi coroada na Inglaterra, em 1957, o jornalista Assis Chateaubriand, nomeado embaixador especialmente para a solenidade, presenteou-a com um colar de águas-marinhas que mandara comprar em Pedra Azul e entregara aos melhores ourives do Rio de Janeiro para lapidar e engastar. O colar foi estimado em US$ 200 mil. Em Salinas, o jovem Geraldo Paulino Santanna começou a fazer política na década de 1950, enfrentando o mandatário local, Coronel Idalino Ribeiro. Para afastá-lo da cidade e impedir que fosse morto, seu avô Basílio Santanna lhe deu parte de uma fazenda, com a condição de que fizesse a cerca. Nos trabalhos de perfuração de uma área rochosa, Geraldo deu com a picareta numa grande “panela” de águas-marinhas. Enriqueceu e voltou a Salinas para derrotar o coronel e substituí-lo como liderança local. Foi prefeito, chegou a deputado, secretário de Estado e presidente da Cemig.

O maior cristal do mundo Teófilo Otoni é a cidade que ostenta o merecido título de Capital Mundial das Pedras Preciosas, porque nos seus arredores são extraídos quase todos os tipos de gemas, com exceção de diamantes, alexandritas e esmeraldas. Já teve cinco mil lapidários trabalhando em grandes ou pequenas ourivesarias, número que está muito reduzido por causa da repressão ao trabalho de menores e pela fiscalização ambiental nos garimpos. Nas terras da Fazenda Praia Grande, situadas no distrito de Topázio e distante 50 km de Teófilo Otoni, no final de março de 1955, um punhado de homens trabalhava em catas para os sócios Lindolfo Capivara e Irineu de Oliveira. Encontraram um veio de cristal debaixo das raízes de uma árvore, e dali extraíram uma magnífica água-marinha, que ganhou o nome de Martha Rocha, em homenagem à famosa Miss Brasil 1954. Na época, a pedra foi avaliada em Cr$ 260 milhões, quantia equivalente à destinada no Orçamento daquele ano para a manutenção da Câmara dos Deputados. Uma semana depois, havia 13.500 garimpeiros esburacando os arredores. Perto dali, em Mayrink, vale do Mucuri, foi encontrado o maior cristal do mundo, na Fazenda de José Tomich, nos idos de 1930. A pedra, que pesava 220 quilos, foi levada em carreta puxada por juntas de bois até a estação ferroviária da Bahia-Minas, onde foi transferida para um vagão aberto e levada para Teófilo Otoni.

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One ton of aquamarine

Many cities in Minas got their names from precious stones mining, like Berilo (beryl), Topázio (topaz), Rubelita (rubelite), Turmalina (Tourmaline) and Pedra Azul (aquamarine). The last one began to become famous when, in 1927, the prospector Lourenço da Santa Rosa found an aquamarine “bamburro” in the Laranjeiras Farm. The owner of the property, João de Almeida became one of the richest men in Brazil, employing over 300 men to work on his mining. In the five first years, he extracted one ton of aquamarines, sold for a price equivalent to US$ 35 million nowadays. When Elizabeth II was crowned queen of England in 1957, the journalist Assis Chateaubriand, nominated ambassador especially to the ceremony, presented her with an aquamarine necklace that he bought in Pedra Azul and gave to the best goldsmiths in Rio to cut and set. The necklace worth was estimated in US$ 200 thousand. In Salinas, the young Geraldo Paulino Santanna began doing politics in decade of 1950, facing the local ruler, Colonel Idalino Ribeiro. To moving him away from the city and avoid him to be killed, his grandfather Basílio Santanna gave him a part of a farm, with a requirement that he fence it. In the drilling works in a rocky area, Geraldo hit with a pickaxe a large bowl of aquamarines. He enriched and came back to Salinas to defeat the coronel and replace him as the local leadership. He was mayor, deputy, secretary of state and president of Cemig.

The world’s biggest crystal

Teófilo Otoni is the city that holds the title of world’s precious stones capital, because in its outskirts, almost all types of precious gems are extracted, except diamonds, alexandrites and emeralds. It had five thousand lapidaries working in big and small jewelries, a number that has reduced because of the repression against child labor and by the environmental regulation in the mining. On the lands of the Praia Grande farm, located in the Topázio district, 35 miles from Teófilo Otoni, in the end of March 1955, a bunch of men were working collecting for the partners Lindolfo Capivara and Irineu de Oliveira. They found a crystal vey under the roots of a tree, and from there they extracted the gorgeous aquamarine, which received the name Martha Rocha, because of the famous Miss Brazil of 1954. In that time, the stone was evaluated in Cr$ 260 million, an amount equivalent to the Deputy Chambers budget. One weak latter, there was 13,500 prospectors digging holes around the area. Nearby, in Mayrink, in the Mucuri Valley, was found the biggest crystal in the world, at José Tomich’s farm, by 1930. The stone, that weighted 220 kg, was taken by truck pulled by a yoke of oxen until the Bahia-Minas railway station, where it was transferred to an open wagon and took to Teófilo Otoni.

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Rochas Ornamentais Um aspecto menos divulgado das riquezas minerais de Minas Gerais é a grande variedade de rochas ornamentais que ocorrem em nosso território, como o granito, o mármore, a pedra são-tomé, a pedra-sabão e a ardósia. O mercado nacional de rochas ornamentais movimenta US$ 2,1 bilhões ao ano e emprega cerca de 100 mil trabalhadores. A produção superou, em 2012, os 5,2 milhões de toneladas, sendo três milhões em granitos, um milhão em mármore, e o restante em ardósias, quartzitos e outros. A China é o maior produtor mundial de rochas ornamentais. Em 2007, produziu 26,5 milhões de toneladas. O segundo maior produtor mundial foi a Índia, com 13,0 milhões de toneladas. Brasil, Turquia e Itália também são importantes, com uma produção próxima de 6 milhões de toneladas. Quanto às exportações, a China liderou em 2007, com 25% do total do volume físico. Na sequência, a Índia (12,1%), Turquia (10,2%), Itália (7,2%), Espanha (5,7%) e Brasil (5,4%).

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Ornamental Rocks As rochas comercialmente classificadas como granitos correspondem a quase 50% do total produzido no Brasil. Espírito Santo e Minas Gerais são os principais polos de lavra. A produção do Espírito Santo se resume a mármores e granitos, enquanto a de Minas Gerais abrange granitos, mármores, ardósias, quartzitos, pedra-sabão, pedra-talco, serpentinito e itabirito, dentre os principais.

A least disseminated fact of the mineral wealth of Minas Gerais is the great variety of ornamental rocks that occur in our territory, as granite, marble, são-tomé stone, soapstone and slate. The national market of ornamental stone moves US$ 2.1 billion per year and employs around 100 thousand workers. The production exceeded, in 2012, 5.2 million tons, being three million tons of granite, one million of marble and the rest of slate, quartzite and others. China is the world’s biggest producer of ornamental rocks. In 2007, they produced 26.5 million tons. The second biggest producer was India, with 13 million tons. Brazil, Turkey and Italy are also important, with a production of approximately 6 million tons. In exportations, China leads the ranking in 2007, with 25% of the total of the physical volume. Following, there is India (12.1%), Turkey (10.2%), Italy (7.2%), Spain (5.7%) e Brazil (5.4%). The rock commercially labeled as granite makes almost 50% of Brazil’s total production. Espírito Santo and Minas Gerais are the main mining centers. Espirito Santo’s production boils down to marble and granite, while Minas’ comprises granite, marble, slate, quartzite, soapstone, steatite, serpentinite and itabirite, among others. Granite

The peak of the Brazilian exports was in 2006, when 2.3 million tons of granite left the country and US$ 1 billion entered as currency. The main destination was USA. However, the subprime crises took place and hitting in first place the civil construction sector, affecting the exports. In terms of production, between the main kinds of rocks used in the ornamental and lining sector, stands out in Minas Gerais the countless and large occurrence of massive granitoids, with great diversity of kinds. With the main occurrence areas in the Northeast, Southeast and Southwest regions, the state is the biggest producer of non-benefitted granite in the country.

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Granito O auge das exportações brasileiras foi em 2006, quando saíram do país 2,3 milhões de toneladas de granito, com a entrada de US$ 1 bilhão em divisas. O principal destino foram os EUA. No entanto, sobreveio a crise do subprime que atingiu em primeiro lugar a construção civil, prejudicando as exportações. Em termos de produção, dentre os principais tipos de rochas com aproveitamento no setor de rochas ornamentais e de revestimento, destacam-se em Minas Gerais as inúmeras e volumosas ocorrências de maciços granitoides, com grande diversidade de tipos. Com suas principais áreas de ocorrência localizadas nas regiões Nordeste, Sudeste e Sudoeste, o estado detém a posição de maior produtor de granito não beneficiado do país. Os granitos mineiros são divididos em várias categorias geológicas, de acordo com a granulometria e a resistência, mas são conhecidos principalmente pelas cores. Ocorrem em nosso território o Ruby Red, chamado granito verdadeiro; o Verde Lavras, o Verde Prata, que são gnaisses; e também os feldspáticos Ás de Paus e Azul da Noruega. Tem muito bom mercado o Negro Absoluto, de grão fino. Nos tons de amarelo, ocorrem o Fiorito, Giallo Califórnia e o Juparaná. Nos tons de branco, o Branco Nepal e o Cotton White. O cinza mais apreciado é o Andorinha. O Rosa Raíssa, o Rosa Íris, o Porto Rosa e o Jacarandá têm tons de vermelho ou rosa. Os verdes mais procurados são o Ubatuba, Van Vogh, Eucalipto, Pavão e São Francisco. Existem ainda o Asa de Borboleta e o Marrom Café. Há alguns quartzitos com propriedades semelhantes às dos granitos, que são descritos comercialmente como tais: o Quartzito Azul Imperial, o Quartzito Azul e o Rosinha do Serro.

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The granites from Minas are divided in two geological categories, according to its granulometry and resistance, but are more known by its color. In our territory occurs the Ruby Red, called true granite, the Green Lavras, the Silver Green, that are also gnaisses; and also the feldspathics Ás de Paus and Norway Blue. The Absolute Black, fine-grained, has good demand. In yellow shade, occur Fiorito, Giallo Califórnia and Juparaná. In white shade, the Nepal White and the Cotton White. The most appreciate in grey is the Andorinha. The Raíssa Pink, the Íris Pink, the Porto Pink and the Jacarandá have red or pink shades. The most wanted in green are the Ubatuba, Van Vogh, Eucalipto, Pavão and São Francisco. There is also the Asa de Borboleta and the Marrom Café. There is also some quartzite with similar properties with the granite, which are commercially described as Imperial Blue Quartzite, the Blue Quartzite and the Rosinha do Serro. A survey about the granitic rock massif of Minas showed the viability of exploration in the regions of São Francisco de Paula (Green São Francisco Granite), Piracema (White Piracema Granite, Grey Piracema Granite e White Nepal Granite), Cláudio (Kinawa Tog Granite e Kinawa Light Granite), Marilândia (Pink Raíssa Granite), Dores de Guanhães (Giallo Califórnia Granite), Candeias (Green Candeias Granite), Passa Tempo (Green Savana Granite, Green Atlantic Granite e Silver Green Granite) e Morro do Ferro/Oliveira (Green Van Gogh Granite), Itapecerica (Red Cobra Granite). There are outcrops of easy access in Itaobim e Comercinho, in the Jequitinhonha Valley, and others already explored in Pavão, in the Mucuri Valley. São-tomé Stone

The quartzites with high content of micaceous minerals are known as são-tomé stones, used for outside walls lining and especially in the floor around pools for been anti-abrasive and anti-slippery. Its exploration employs thousands of people in southern Minas, especially in São Thomé das Letras and Luminárias, even though it also occurs in Carrancas and its surroundings. In this area, some of the production also reaches the European and American markets. In the regions of Ouro Preto, Mariana and Diamantina there is an irregular production focused to meet the demands of the domestic market.


The “capistranas” of famous historic cities including São João del-Rei and Tiradentes, are irregulars quartzite plates, extracted to pave the streets around 1870 and received this name because the provinces president, the counselor João Capistrano Bandeira de Melo. Can be found in the market metasandstones (Pink Aurora Quartzite). And also the ones with high feldspar content (Pink Quartzite). The most common colors range from shades of white (São Tomé Bianco) and yellow (Amarillo São Tomé), but also can be found pink quartzite (Rosinha do Serro), brown and blue (Blue Macaúbas). The exploration of São Tomé Stone, when made with rudimentary manual methods, labor intensive, generates a volume of waste three times bigger, with the aggravating that they accumulate in higher places, from where they are moved by the rain, blocking waterways. This makes huge troubles to the environmental authorities. The appropriate disposal requirements are presented little by little to don’t suffocate the work source of thousands of people.

Pedra são-tomé

Marble and soapstone

The marbles can show a great variety of colors with different shades ranging from yellow, pink, salmon, brown and others. In the State of Minas Gerais stands out, nowadays, the marble production in the region of Cachoeira do Campo (Aurora Pérola Marble, Jacarandá) and Campos Altos (Black Flower Marble and Jaspe Green), but also occurs the Bahia Bege. Besides the marble, in the outskirts of Cachoeira do Campo, is also extracted soapstone, used in several handcrafted pieces, from chess boards to big fountains.

Um levantamento sobre esses maciços de rocha granítica existentes em Minas mostrou viabilidade de exploração nas regiões de São Francisco de Paula (Granito Verde São Francisco), Piracema (Granito Branco Piracema, Granito Cinza Piracema e Granito Branco Nepal), Cláudio (Granito Kinawa Tog e Granito Kinawa Light), Marilândia (Granito Rosa Raíssa), Dores de Guanhães (Granito Giallo Califórnia), Candeias (Granito Verde Candeias), Passa Tempo (Granito Verde Savana, Granito Verde Atlântico e Granito Verde Prata) e Morro do Ferro/Oliveira (Granito Verde Van Gogh), Itapecerica (Granito Vermelho Cobra). Há afloramentos de fácil acesso em Itaobim e Comercinho, no Vale do Jequitinhonha, e outros que já vêm sendo explorados em Pavão, no Vale do Mucuri.

Pedra de são-tomé Os quartzitos com alto conteúdo de minerais micáceos são conhecidos como pedras são-tomé, utilizadas em revestimento de paredes externas e principalmente nos pisos ao redor de piscinas, por serem antiderrapantes e anti-abrasivas. Sua exploração emprega milhares de pessoas no Sul de Minas, principalmente em São Thomé das Letras e Luminárias, embora ocorra também em Carrancas e cidades vizinhas. Nestas áreas, parte da produção já alcança os mercados europeu e americano. Nas regiões de Ouro Preto, Mariana e Diamantina, verifica-se uma produção irregular e voltada para atender as demandas do mercado interno. As famosas capistranas das cidades históricas, incluindo São João del-Rei e Tiradentes, são placas irregulares de quartzito extraídas para pavimentar as ruas por volta de 1870, e ganharam esse nome em homenagem ao presidente da província, o conselheiro João Capistrano Bandeira de Melo. No mercado, encontram-se ainda meta-arenitos (Quartzito Rosa Aurora) e ainda aqueles com alto conteúdo de feldspatos (Quartzito Pink). As cores mais comuns variam entre os tons de branco (São-Tomé Bianco) e amarelo (Amarílio São-Tomé), mas também se encontram quartzitos rosados (Rosinha do Serro), marrons e azuis (Azul Macaúbas). A exploração de pedra são-tomé, quando feita com métodos manuais rudimentares, que são intensivos em mão de obra, gera um volume três vezes maior de detritos, com o agravante de se acumularem esses rejeitos em locais altos, de onde podem se deslocar pela chuva e entupir cursos d’água. Isto constitui um pesado tormento para as autoridades ambientais. As exigências de disposição adequada são apresentadas aos poucos, para não estrangular a fonte de trabalho de milhares de pessoas.

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The soapstone is historical and traditional. The best sculptor of Brazil’s history, Manuel Francisco Lisboa, the “Aleijadinho” (means crippled), worked with it. He sculpted the prophets in Congonhas do Campo and pieces and decorations to many churches in Ouro Preto and São João del-Rei. The main occurrence and extraction areas of this rock are located in the regions of Viriato, Santa Rita de Ouro Preto, Congonhas do Campo and outskirts of Ouro Branco. Slate

Inexhaustible reserves

Minas Gerais makes 95% of the slate production in Brazil. The slate extraction and processing areas in Minas Gerais are located mostly in Pirapora, Sete Lagoas, and in the towns of Papagaios, Pompéu, Leandro Ferreira, Martinho Campos, Paraopeba, Caetanópolis, Curvelo and Felixlândia. Brazil is world’s second biggest producer and consumer. The global slate production is 4 million tons per year, been 1.1 million tons traded in the international market. With the production of Minas, Brazil occupies the second place in terms of production (Spain is the first) and of consume (France is the first), besides being the second bigger exporter (behind Spain). This highlight position was conquered in just 25 years of mineral-industrial activities of Minas Gerais’s slate sector, which processes almost the entire Brazillian exports. The production of Minas is approximately 500 thousand tons per year, unfolding 18 million square meters of plates, tiles, billiard table tops and other products. In 2004, the marble exportations of Minas Gerais reached US$ 56.6 million, corresponding to 175.8 thousand tons. In currency, the export showed an increase of 45.1% since 2003 and already represents 47.6% of the total of rocks exported from Minas.

Cities with more CFEM tax collection - 2012 Position Collector (city) Nova Lima

188,475,017.42

2

Itabira

132,525,924.28

nd

3

Mariana

118,963,251.87

4th

São Gonçalo do Rio Abaixo

114,676,051.02

5th

Itabirito

75,930,760.09

th

6

Brumadinho

70,318,513.41

7

Congonhas

62,979,665.48

rd

th

8th Ouro Preto

37,397,577.13

9

Itatiaiuçu

19,300,835.05

10

Barão de Cocais

17,549,753.95

th

th

5

88

Amount collected (R$)

1 st

The slate sector in Minas Gerais involves about 400 mining and processing companies, creating from 6 to 7 thousand direct jobs. The “Slate Province of Minas Gerais”, with an area of approximately 7 thousand square kilometers, makes the world’s biggest geological reserve currently known and explored of high quality slate. At the current exploration rate, the slate reserve in Minas constitutes a practically inexhaustible reserve. Around 50 companies practice mining activities, in 28 active fronts. More than 300 companies, especially small size ones, engages in processing activities in the producing communities, making the slate sector one of the main socioeconomic segments of the region. The main extraction and processing focal point of the province is the town of Papagaios, who concentrates about 80% of the total production. The main variety produced is the grey slate, followed by the green, rusty, graphite, black and purple slates. The major commercial product, which embodies for at least 70% of the industrialization, is the standardized tile with natural face, used for floor lining. Besides the various color patterns provided either by polished or natural faces, the slate are detached as internal lining because of its esthetic affinity with wood, metal and tapestries. Add to this esthetic attributes the durability of the slate linings and the easiness of maintenance and cleaning, what ensures it great reliability for civil construction. It can least 75 years or more in outside areas. The external market demands well-elaborated products, milled and calibrated, in precise dimensions. The recent growth in the Brazilian exports, especially of floor tiles, billiard table tops, polished plates and tiles, represent the unfolding of the continuous technological equipping and the professionalization of Minas Gerais’ companies. However, the environmental passive accumulated especially in Papagaios demanded a solution, under the penalty of closing the activities. The solution found was transforming the waste in gravel and use it in the concrete production. •


Extração de mármore exige equipamento especializado Marble extraction demands specific machinery

Mármore e pedra-sabão Os mármores podem mostrar grande variedade de cores com diferentes tons variando entre o amarelo, o rosa, o salmão, o marrom e outros. No Estado de Minas Gerais, destaca-se, atualmente, a produção de mármores nas regiões de Cachoeira do Campo (mármore Aurora Pérola, Jacarandá) e de Campos Altos (mármore Preto Florido e Verde Jaspe), mas ocorre também o Bege Bahia. Além do mármore, nos arredores de Cachoeira do Campo também é extraída a pedra-sabão, utilizada em uma infinidade de peças artesanais, desde tabuleiros de xadrez até grandes chafarizes. A pedra-sabão é histórica e tradicional. Com elas trabalhava o maior escultor da História do Brasil, Manuel Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que esculpiu os profetas de Congonhas do Campo e peças e enfeites para muitas igrejas de Ouro Preto e São João del-Rei. As principais áreas de ocorrência e extração destas rochas encontram-se localizadas nas regiões de Viriato, Santa Rita de Ouro Preto, Congonhas do Campo e arredores de Ouro Branco.

589


Ardósia Minas Gerais responde por 95% da produção de ardósia do Brasil. As áreas de extração e beneficiamento de ardósia de Minas Gerais estão situadas sobretudo entre Pirapora e Sete Lagoas, nos municípios de Papagaios, Pompéu, Leandro Ferreira, Martinho Campos, Paraopeba, Caetanópolis, Curvelo e Felixlândia. O Brasil é o segundo maior produtor e consumidor mundial. A produção mundial de ardósia situa-se em 4 milhões de toneladas por ano, sendo de 1,1 milhão transacionadas no mercado internacional. Com a produção mineira, o Brasil já ocupa o segundo lugar em termos de produção (Espanha é o primeiro) e de consumo mundial de ardósia (França é o primeiro), além de ser o segundo maior exportador (atrás da Espanha). Esta posição de destaque foi conquistada em apenas 25 anos de atividades mínero-industriais do setor de ardósia de Minas Gerais, o qual processa a quase totalidade das exportações brasileiras. A produção mineira é de aproximadamente 500 mil toneladas/ano, desdobrando 18 milhões de m2 de chapas, ladrilhos, tampos de bilhar, telhas e outros produtos. Em 2004 as exportações de ardósia de Minas Gerais atingiram US$ 56,6 milhões, correspondentes a 175,8 mil toneladas. Em valor, essas exportações mostraram crescimento de 45,1% em relação a 2003 e já representam 47,6% das exportações totais de rochas de Minas Gerais.

Reservas inesgotáveis Ressalta-se que o setor de ardósia de Minas Gerais movimenta cerca de 400 empresas de lavra e de beneficiamento, gerando de 6 a 7 mil empregos diretos. A denominada “província de ardósia de Minas Gerais”, com área aproximada de 7 mil km2, constitui a maior reserva geológica mundial atualmente conhecida e explorada, de ardósia de alta qualidade. Ao ritmo de exploração atual, as reservas de ardósia mineiras constituem um recurso praticamente inesgotável.

Extração de ardósia / Slate extraction

5

90


Cerca de 50 empresas praticam atividades de lavra, em 28 frentes ativas de extração. Mais de 300 empresas, principalmente de pequeno porte, desenvolvem atividades de beneficiamento nos municípios produtores, tornando o setor de ardósia um dos principais segmentos socio-econômicos da região. O principal foco de extração e beneficiamento da província é o município de Papagaio, que concentra cerca de 80% do total da produção. A principal variedaTelhado de ardósia Roof made of slate plates de produzida é a ardósia cinza, seguida das ardósias verdes, ferrugem, grafite, pretas e roxas. O principal produto comercial, ao qual se remete pelo menos 70% da industrialização, é a lajota padronizada com face natural, utilizada sobretudo para revestimento de pisos. Além dos padrões cromáticos variados, proporcionados tanto por faces polidas quanto naturais, as ardósias se destacam em revestimentos internos pela grande afinidade estética com madeiras, metais e tapeçarias. Somam-se a tais atributos estéticos a durabilidade dos revestimentos de ardósia e a facilidade de sua manutenção e limpeza, o que lhes assegura grande confiabilidade na construção civil. Podem durar 75 anos ou mais em áreas externas. O mercado externo demanda produtos bem elaborados, esquadrejados e calibrados, em dimensões precisas. O aumento recente das exportações brasileiras, sobretudo de lajotas para pisos, tampos de bilhar, chapas polidas e telhas, constitui desdobramento do contínuo aparelhamento tecnológico e profissionalização das empresas de Minas Gerais. No entanto, o passivo ambiental que se acumulou principalmente em Papagaios exigia uma solução, sob pena de fechamento da atividade. A solução encontrada foi transformar em brita os rejeitos e destiná-los à fabricação de concreto. • Casa de pedra são-tomé / House made of são-tomé stone

Maiores arrecadadores CFEM - 2012 Posição Arrecadador (município)

Recolhimento CFEM (R$)

1

Nova Lima

188.475.017,42

2

Itabira

132.525.924,28

3

Mariana

118.963.251,87

4

São Gonçalo do Rio Abaixo

114.676.051,02

5

Itabirito

75.930.760,09

6

Brumadinho

70.318.513,41

7

Congonhas

62.979.665,48

8 Ouro Preto

37.397.577,13

9

Itatiaiuçu

19.300.835,05

10

Barão de Cocais

17.549.753,95

591


Siderurgia

Siderurgia A maior vocação industrial de um estado minerador Nos últimos anos, não é mais apropriado falar em Siderurgia Mineira, já que as grandes usinas montadas no estado durante o século 20 são hoje conglomerados nacionais ou estrangeiros, em busca da competição internacional. Nem mesmo os nomes tradicionais ostentados por décadas nas fachadas de suas instalações foram mantidos. A Mannesmann se tornou V&M, e agora foi rebatizada como Vallourec Tubos do Brasil. A Belgo-Mineira hoje é ArcelorMittal. A Acesita se tornou ArcelorMittal Inox do Brasil. A Usiminas incorporou a Cosipa e tem 90% de suas ações em mãos japonesas e argentinas, e a Açominas hoje se chama Gerdau Açominas. Apenas as fábricas de ferro-gusa e as metalúrgicas que usam processos rudimentares para fazer enxadas e chapas para churrasqueira são genuinamente mineiras. A história da siderurgia em Minas começou em 1825 com a primeira fundição do Brasil instalada pelo francês Jean Monlevade, sob encomenda do rei Dom João VI para produzir ferramentas agrícolas e peças para engenhos. Hoje, chega a dezenas de milhões de toneladas de aço bruto, aços longos, tubos e chapas para automóveis, gerando um faturamento anual de US$ 30 bilhões de dólares. 92

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No entanto, nenhuma siderúrgica de Minas ou do Brasil se compara às ciclópicas companhias internacionais da China, do Japão, dos Estados Unidos e da Europa. O maior conglomerado nacional, que é a Usiminas/Cosipa, sequer comparece no ranking das 10 maiores siderurgias do mundo, que são indianas, européias, japonesas, chinesas e coreanas. O parque siderúrgico nacional hoje está dividido em quatro grandes grupos: Usiminas/Cosipa; Cia. Siderúrgica Nacional; Gerdau/Açominas e Arcelor Mittal (controlador da Acesita, Belgo-Mineira e Companhia Siderúrgica Tubarão). A Arcelor é o maior conglomerado siderúrgico do mundo, resultante da união da Arbed (Luxemburgo), Usinor (França) e Aceralia (Espanha) e do capital indiano. Minas persegue o objetivo de, no futuro, não mais exportar minério bruto ou pelotizado, mas apenas o produto siderúrgico acabado. Quem primeiro poderá antecipar esse futuro é a Usiminas, cuja estratégia de concentração empresarial para obter escalas, condições estruturais e acesso a grandes mercados pode torná-la a primeira siderúrgica brasileira a competir globalmente. Sua produção atual alcança 12 milhões de toneladas por ano. É preciso chegar a 40 milhões de toneladas de aço por ano para se tornar uma empresa brasileira líder em seu setor.

Participação das Siderurgias Mineiras na produção total de aço bruto no Brasil

The steel industry in Minas Gerais The biggest industrial vocation of a mining state In the last years, it is not appropriate anymore to refer to steel industry as belong to Minas Gerais. It can be justified by the fact that the large steelworks build in the state during the 20th century are today national or foreign conglomerates searching for international markets. Even the traditional names sported for decades on the frontage of its facilities were changed. Mannesmann became V & M, and now has been renamed as Vallourec Tubos do Brasil. Nowadays Belgo-Mineira is Arcelor Mittal. Acesita became Arcelor Mittal Inox do Brasil. Cosipa was incorporated by Usiminas, that has 90% of its shares in hands of Japanese and Argentines, and Açominas now is called as Gerdau Açominas. Only the pig iron manufacturers and the metallurgical plants that use rudimentary processes to make hoes and grill plates are genuinely from the state. The history of steel industry in Minas Gerais began in 1825 with the first Brazilian foundry. This one was installed by the French Jean Monlevade by the order of King Dom João VI to produce agricultural tools and parts for mills. Actually, the production is tens of millions of tons of crude steel, long steels, tubes and plates for cars, generating a annual revenue of US$ 30 billion. However, none of the steelmakers from Minas Gerais or Brazilian can be compared to international cyclopean companies from China, Japan, the United States and Europe. The largest national conglomerate, Usiminas/Cosipa, is not present in the ranking of the 10 largest steelmakers in the world, which are Indian, European, Japanese, Chinese and Korean. The domestic steel industry is currently divided into four large groups: Usiminas/Cosipa; Companhia Siderúrgica Nacional (CSN); Gerdau/Açominas and Arcelor Mittal (controller of Acesita, Belgo-Mineira and Companhia Siderúrgica Tubarão). Arcelor is the largest steel conglomerate in the world, resulting from the union of Arbed (Luxembourg), Usinor (France), Aceralia (Spain) and Indian capital. Minas Gerais has the objective to, in the future, stop the export of crude or pelletized ore, exporting only the finished steel product. The first company that can anticipate this future is Usiminas, whose business concentration strategy to get scales, structural conditions and access to large markets may make it the first Brazilian steel company to compete globally. Its current production reaches 12 million tons per year. It needs to increase its output to 40 million tons of steel per year to become one Brazilian business leader in its field.

VENDAS EM 2012 DAS MAIORES SIDERÚRGICAS INSTALADAS EM MINAS GERAIS (identificadas pelo nome tradicional)

Mannesmann 2%

1º 2º 3º 4º 5º 6º

Acesita 2%

Fonte: Revista Exame

(identificadas pelo nome tradicional)

Usiminas 31% Açominas 9%

Usiminas..................................... Ipatinga.................................... US$ 11,1 bilhões Belgo-Mineira....................... João Monlevade............... US$ 10,6 bilhões Açominas................................. Ouro Branco............................. US$ 3,1 bilhões Acesita....................................... Timóteo......................................... US$ 2,1 bilhões Mannesmann....................... Belo Horizonte........................... US$ 1,7 bilhão Alcoa........................................... Poços de Caldas.................... US$ 1,6 bilhão

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Participation of Minas’ Steelmakers in Total Production of Crude Steel in Brazil (Identified by the traditional name)

SALES IN 2012 OF THE LARGEST STEEL INSTALLED IN MINAS GERAIS (Identified by the traditional name)

1st

Usiminas

Ipatinga

Usiminas........................................................................... 31%

2nd

Belgo-Mineira

João Monlevade

US$ 10.6 billion

Açominas.......................................................................... 9%

3rd

Açominas

Ouro Branco

US$

3.1 billion

Mannesmann.................................................................2%

4th

Acesita

Timóteo

US$

2.1 billion

Acesita..................................................................................2%

5th

Mannesmann

Belo Horizonte

US$

1.7 billion

6th

Alcoa

Poços de Caldas

US$

1.6 billion

Source: Revista Exame

US$ 11.1 billion

Usiminas

Usiminas (Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais) was established in 1957 as a state enterprise in association with Nippon Steel Corporation. The Japanese engineers and managers of Kassame-Suzuki´s mission choose the location in the Doce River Middle Valley, despite the pressures of São Paulo to construct that in Cubatão. The terrain in Minas was better, flatter, situated at the confluence of the rivers Doce and Piracicaba, and strategically close to the iron ore deposits of Itabira. In 1958, the President Juscelino Kubitschek spiked the first stake of Intendente Câmara Mill. The steelworks started operations just in 1962 oppened by the President João Goulart. In the following year, grew the union movement with the insatisfaction of the class of metallurgical workers with their salary expectations and welfare. A turmoil that emerged in late 1963 between the workers and the mill security led to the intervention of the military police, which used machine-guns to fire at the protesters, causing several deaths and injuries, including in bystanders. More than any accident in steel production, that one was the great tragedy of history of Ipatinga. The union movement took the metallurgical worker Chico Ferramenta to be the mayor for three times and to get a chair in Parliamento mandate for two times between 1986 and 2004. Privatization - Usiminas was the first steel company to be privatized in Brazil in 1991. It became leader in the Brazilian flat steel market of greater technological aggregation, like the consumed by automobiles manufacturers and household appliances. Since 2001, when it finished the first stage of restructuring of Cosipa - assumed subsidiary in 1994 - became to lead the biggest steelmaker group in the country, with a current installed capacity of 12 million tons per year. After being controlled for 18 years by the engineer

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Rinaldo Soares, the company had four Chief Executive Officers. The last of them was Wilson Brumer, who stayed in charge for two years, unable to stop the decline of 44% in the value of preferred shares, caused by the raise in the costs, low productivity, and lack of selfsufficiency in energy and supply of ore iron. Since January of 2012, the function of CEO is being undertaken by the Argentine Julián Eguren, graduated in the Massachusetts Institute of Technology. Sumitomo - Without losing its focus, Usiminas created a mining arm to attract a strategic partner with potential to have a relevant participation in the new company and could make investments for the success of the business. The success happened later with the entry of the Japanese company Sumitomo. In 2013, Usiminas announced investments of US$ 4 billion in its mining arm to reach a production of 29 million tons of iron ore until 2015. It sold 30% of its mining arm for US$ 1.9 billion to a Japanese company Sumitomo. Ternium - The relationship between Usiminas and Ternium is old. In the past, the Brazilian steel industry already had a relevant role in the Argentine company. Usiminas had nearly 15% stake in Ternium capital. In early 2011, Ternium repurchased its shares for US$ 1.03 billion. Recently, Ternium paid US$ 5 billion to buy 27.66% of the voting Usiminas capital in an operation associated with Votorantim and Camargo Corrêa to control 43.3% of the shares and appoint a new president, the Argentine Julián Eguren. Nippon Steel still owns 46.1% of the shares and the Savings of Usiminas Employees holds 10.6%. The Usiminas’ project consists today in creating a system prepared for the global competition, composed by several subsidiaries. Besides Cosipa, it has Usiminas Mecânica, Soluções Usiminas, Mineração Usiminas, International Usiminas, the Usifast (logistics) and Unigal Usiminas (galvanizing). The conglomerate has 17 companies, totaling 25 thousand employees.


Usiminas A Usiminas foi criada em 1957, como um empreendimento estatal em associação com a Nippon Steel Corporation. Engenheiros e dirigentes japoneses da missão Kassame-Suzuki escolheram o local no Vale do Rio Doce, contrariando as pressões paulistas para que se instalasse em Cubatão. O terreno em Minas era melhor, mais plano, situado na confluência dos rios Piracicaba e Doce, e estrategicamente próximo das jazidas de ferro de Itabira. Em 1958, o presidente Juscelino Kubitschek cravou a primeira estaca da Usina Intendente Câmara. A usina só seria inaugurada em 1962, pelo presidente João Goulart. No ano seguinte, cresceu o movimento sindical que canalizaria as insatisfações dos metalúrgicos com suas expectativas salariais e de bem-estar. Um tumulto surgido no final de 1963 entre os operários e a segurança da usina levou à intervenção da Polícia Militar, que disparou de metralhadora contra os manifestantes, provocando inúmeras mortes e ferimentos, inclusive em passantes. Mais do que qualquer acidente na produção de aço, essa foi a grande tragédia da história de Ipatinga. O movimento sindical levaria um metalúrgico, Chico Ferramenta, a três mandatos de prefeito e dois de parlamentar entre 1986 e 2004. Privatização - A Usiminas foi a primeira siderúrgica a ser privatizada no Brasil, em 1991. Tornou-se líder no mercado brasileiro de aços planos de maior agregação tecnológica, como os consumidos pelos fabricantes de automóveis e eletrodomésticos. Desde 2001, ao concluir a primeira etapa da reestruturação da Cosipa - subsidiária assumida em 1994 - passou a liderar o maior grupo fabricante de aço do país, com capacidade instalada atual de 12 milhões de toneladas anuais. Depois de ser comandada durante 18 anos pelo engenheiro Rinaldo Soares, a companhia teve quatro presidentes-executivos. O último deles foi Wilson Brumer, que ficou no cargo por dois anos, sem conseguir interromper a queda de 44% no valor das ações preferenciais, causada pela alta nos custos, baixa produtividade, falta de autossuficiência em energia e em suprimento de minério de ferro. Desde janeiro de 2012, a Presidência Executiva vem sendo exercida pelo argentino Julián Eguren, formado pelo Massachussets Institute of Technology. Sumitomo - Sem deixar de lado sua principal atividade, a ideia da Usiminas de criar um braço de mineração era baseada em atrair um sócio estratégico, que pudesse ter participação relevante na nova empresa e realizasse investimentos para que o negócio prosperasse. O que mais tarde de fato aconteceu com a entrada da companhia japonesa Sumitomo. Em 2013, a Usiminas anunciou investimentos na ordem de US$ 4 bilhões no seu braço de mineração a fim de atingir a produção de 29 milhões de toneladas de minério de ferro até 2015. Vendeu, por US$ 1,9 bilhão, 30% de seu braço de mineração à companhia japonesa Sumitomo. Ternium - A relação entre a Ternium e Usiminas é antiga. No passado, a siderúrgica brasileira já teve uma participação relevante na companhia argentina. A Usiminas possuía quase 15% do capital da Ternium. No começo de 2011, a Ternium recomprou suas ações, por US$ 1,03 bilhão. Recentemente, pagou R$ 5 bilhões para comprar 27,66% do capital votante da Usiminas, numa operação em que se associou à Votorantim e à Camargo Corrêa para controlar 43,3% das ações e indicar um novo presidente, o argentino Julián Eguren. A Nippon Steel continua possuindo 46,1% das ações e a Caixa dos Empregados da Usiminas detém 10,6%. O projeto da Usiminas consiste hoje na formatação de um sistema preparado para a competição global, composto por várias empresas controladas. Além da Cosipa, possui a Usiminas Mecânica, a Soluções Usiminas, a Mineração Usiminas, a Usiminas Internacional, a Usifast (logística) e a Unigal (galvanização). O conglomerado tem 17 empresas, totalizando 25 mil empregados.

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Belgo-Mineira é Arcelor Fundada em dezembro de 1921, a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira produz aços longos sob a forma de laminados e trefilados. Tem capacidade instalada para 4,2 milhões de toneladas/ano de laminados e 1,4 milhão de toneladas/ano de trefilados. Trefilados são vergalhões e arames. É a maior produtora brasileira de fio-máquina e de arames comerciais e industriais. A empresa é resultado de investimentos estrangeiros, originalmente da Arbed (Aciéries Réunies de Burbach-Eich-Dudelange), de Luxemburgo. Desde 2001, faz parte do maior grupo siderúrgico do mundo, a Arcelor, resultante da união da Arbed, Usinor (França) e Aceralia (Espanha). No setor de siderurgia, o grupo Arcelor conta com seis unidades no Brasil: em Monlevade, Sabará, Juiz de Fora e Itaúna, em Minas Gerais, em Piracicaba (SP) e Vitória (ES). Nessas unidades, produz fio-máquina, vergalhões, barras, perfis e arames para construção civil. A Belgo detém ainda participação acionária na Acindar, maior produtora de aços longos da Argentina. Até 2000, tinha o controle acionário das mineradoras Samitri e Samarco, vendidas para a Vale S.A. As siderúrgicas brasileiras controladas pelo grupo Arcelor, formado pela fusão das empresas europeias, devem integrar aos poucos suas operações. A Arcelor controla a Belgo-Mineira, a Acesita e a Cia. Siderúrgica Tubarão (ES), além da pelotizadora Hispanobrás, também no Espírito Santo. Jean-Antoine Félix Dissandes de Monlevade Jean Antoine Félix Dissandes de Monlevade nasceu em Guéret, França, em 1791. Era um especialista em minas e metalurgia que veio ao Brasil em 1817. Por encomenda do rei Dom João VI, importou uma forja catalã para fabricar ferramentas agrícolas e peças de engenho. Instalou-se na localidade de São Miguel do Rio Piracicaba, e em 1825 fundou a primeira usina siderúrgica do país, que utilizava mão de obra escrava. A cidade que surgiu em torno de sua usina recebeu o nome de João Monlevade após a sua morte, em 1872. Em 1922, essa usina passou a se chamar Companhia Siderúrgica Mineira e, em 1935, com aporte de capital europeu, passou a ser Belgo-Mineira. A usina evoluiu e se transformou numa das maiores usinas siderúrgicas do Brasil, como parte do grupo ArcelorMittal. ____ Fonte: Wikipedia e UEMG.

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Belgo-Mineira is Arcelor

Founded on December, 1921, Belgo-Mineira Steel Company produces long steel in the form of rolled and drawn. It has an installed capacity of 4.2 million tons per year of rolled products and 1.4 million tons per year of drawn steel. The drawn steel is composed by rebars and wires. It is the largest Brazilian producer of wire rod and commercial and industrial wires. The company is a result of foreign investments, originally from Arbed (Aciéries Réunies Burbach-Eich-Dudelange), from Luxembourg. Since 2001 it is part of the world’s biggest steelmaker group, Arcelor, resulting from the union of Arbed, Usinor (France) and Aceralia (Spain). In the steel industry, Arcelor group has six mills in Brazil: in Monlevade, Sabará, Juiz de Fora and Itaúna, in Minas Gerais; in Piracicaba (São Paulo) and Vitória (Espírito Santo). In these units are produced wire rod, rebars, bars, profiles and wire for constructions. Belgo still holds stake in Acindar, the largest producer of long steel in Argentina. Until 2000, it had the controlling interest of Samitri mining and Samarco mining, that were sold to Vale S.A. The Brazilian steelworks controlled by Arcelor group, which is composed by the fusion of European companies, should gradually integrate its operations. Arcelor controls Belgo-Mineira, Acesita and the Companhia Siderúrgica Tubarão (ES), besides the pelletizer Hispanobrás, also in Espírito Santo State.

Jean-Antoine Félix Dissandes de Monlevade Jean Antoine Félix Dissandes de Monlevade was born in Guéret, France, in 1791. He was a specialist in mines and metallurgy and came to Brazil in 1817. By the order of King Dom João VI, he imported a Catalan bloomery to manufacture agricultural tools and factory parts. He settled in the town of São Miguel do Rio Piracicaba, and in 1825 founded the first steelmaker in the country, which used slave labor. The town that emerged around its mill was named as João Monlevade after his death in 1872. In 1922, this mill was renamed as Companhia Siderúrgica Mineira and, in 1935, with an investment of European capital, became Belgo-Mineira. It evolved and with that became one of the largest steelworks in Brazil, as part of the Arcelor/Mittal group. Source: Wikipedia and UEMG (Universidade Estadual de Minas Gerais).

Gerdau/Açominas

Açominas was founded in 1924, when Arthur Bernardes was the President of Brazil and gave a permission to set up a steel factory in the Paraopeba Valley. In 1968, the company received the name of Açominas S/A - Açominas. In 1975, the government of Minas took the controlling interest of the company, and then transferred to the state holding Siderbrás. Only in 1976 it was defined the location of the steel mill. Ernesto Geisel spiked the symbolic initial spike of the plant around the city of Ouro Branco then the machines to start of earthwork began to arrive. In 1977 the works of civil engineering of the blast furnace were started and in the following year the first plant equipments arrived from England. At the peak of construction, it had 22,000 workers. In 1984, the Prince Charles of England came personally to Ouro Branco to visit the installation of coke machinery, supplied by his country. In the following year, the plant received the name of Presidente Arthur Bernardes. In 1986, the President José Sarney inaugurated the steel mill. In 1991, the President Fernando Collor launched the privatization of state steel plants. Açominas was privatized two years later, sold to a consortium formed by

a saving fund of employees, the construction company Mendes Júnior, by Companhia Vale do Rio Doce, by Aços Villares and three banks. The employees and Mendes Júnior had the controlling interest. Years later, Mendes Júnior left out and in 1997 Gerdau entered, commanding a new stage of modernization of the mill. In 1999, Jorge Gerdau Johannpeter was elected the president of the Board of Directors (administrative council). In 2007, Gerdau finished the acquisition of controlling interest of Açominas and achieves the goal of producing 4.5 million tons of steel. Its product mix consists in billets, plaques, blocks, structural rolled parallel steel flanges, wire rod, and carbochemical products. The unit exports around 70% of its production to more than 40 countries, establishing itself as one of the leading exporters of the country.

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Nowadays, Gerdau is the leader in the sector of long steel of Americas and one of the leading suppliers of long steel in the world. Recently it also has started to act in two new markets in Brazil, with the own production of flat steel and the expansion of iron ore activities, actions that are expanding the product mix offered to the market and the competitiveness of its operations. With over 45,000 employees, Gerdau has manufacturing operations in 14 countries - in the Americas, Europe and Asia - an installed capacity of 25 million tons of steel per year. Moreover, it is the biggest recycler in Latin America and in the world, transforming every year, millions of tons of scrap into steel. With over 120,000 shareholders, Gerdau shares are listed on the stock exchanges of São Paulo, New York and Madrid.

Gerdau/Açominas A Açominas foi concebida no governo do presidente Arthur Bernardes, em 1924, que deu autorização para a criação de uma siderúrgica no Vale do Paraopeba. Em 1968, a empresa recebe a razão social de Aço Minas Gerais S/A – Açominas. Em 1975, o governo de Minas assume o controle acionário da empresa, transferindo-o em seguida para a holding estatal Siderbrás. Só em 1976 é definida a localização da usina. Ernesto Geisel crava a estaca inicial simbólica da usina nos arredores da cidade de Ouro Branco. Começam a chegar as primeiras máquinas para início das obras de terraplenagem. Em 1977 iniciam-se as obras de engenharia civil do alto-forno e no ano seguinte chegam da Inglaterra os primeiros equipamentos da usina. No pico das obras, trabalharam 22 mil operários. Em 1984, o príncipe Charles da Inglaterra foi pessoalmente a Ouro Branco visitar a instalação do maquinário de coque, fornecido por seu país. No ano seguinte, a usina recebe o nome de Presidente Arthur Bernardes. Em 1986, o presidente José Sarney inaugura a usina. Em 1991, o presidente Fernando Collor lança o plano de privatização das siderúrgicas estatais. A Açominas é privatizada dois anos depois, para um consórcio formado por uma caixa dos empregados, pela Construtora Mendes Júnior, pela Companhia Vale do Rio Doce, pela Aços Villares e por três bancos. O controle acionário ficou com os empregados e a Mendes Júnior. Anos depois, sai a Mendes Júnior e em 1997 entra a Gerdau, capitaneando uma nova etapa de modernização da usina. Em 1999, Jorge Gerdau Johannpeter é eleito presidente do Conselho de Administração. Em 2007, a Gerdau concretiza a operação de aquisição do controle acionário da Açominas e atinge a meta de produção de 4,5 milhões de toneladas anuais de aço. Seu mix de produtos é formado por tarugos, placas, blocos, perfis estruturais laminados de abas paralelas, fio-máquina, além de produtos carboquímicos. A unidade exporta em torno de 70% de sua produção para mais de 40 países, consagrando-se como uma das maiores exportadoras do país. Hoje, a Gerdau é líder no segmento de aços longos nas Américas e uma das principais fornecedoras de aços longos especiais do mundo. Recentemente, passou também a atuar em dois novos mercados no Brasil, com a produção própria de aços planos e a expansão das atividades de minério de ferro, iniciativas que estão ampliando o mix de produtos oferecidos ao mercado e a competitividade de suas operações. Com mais de 45 mil funcionários, a Gerdau possui operações industriais em 14 países – nas Américas, na Europa e na Ásia –, as quais somam uma capacidade instalada superior a 25 milhões de toneladas de aço por ano. Além disso, é a maior recicladora da América Latina e, no mundo, transforma, anualmente, milhões de toneladas de sucata em aço. Com mais de 120 mil acionistas, as ações das empresas Gerdau estão listadas nas bolsas de valores de São Paulo, Nova York e Madri.

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Acesita A Companhia Aços Especiais Itabira foi fundada em 31 de outubro de 1944, pelos engenheiros Amyntas Jacques de Moraes, Percival Farqhuar e Athos Lemos Rache, na cidade de Timóteo, situada no Vale do Aço mineiro. Entrou em operação em abril de 1949, com o objetivo de produzir aços especiais para o abastecimento do mercado nacional. Hoje se chama ArcelorMittal Inox Brasil S.A. As obras de instalação da siderúrgica, em Timóteo, às margens do rio Piracicaba, foram financiadas pelo Banco do Brasil. Em 1951, o banco converteu esses créditos em participação societária e transformou-se no sócio majoritário, com 79% do capital social da companhia. Estava endividada e em estado pré-falimentar no início da década de 1990, até que, em 1992, foi privatizada. Uma penosa gestão de recuperação foi conduzida pelo empresário Wilson Brumer, que vinha de um período vitorioso na Cia. Vale do Rio Doce. Em 1998, finalmente, passou para uma gestão europeia. Desde a sua fundação até a sua associação ao grupo francês Usinor, a Acesita foi controlada por acionistas cujo negócio não era a siderurgia, o que marca a sua cultura. Inaugurada com capacidade para produzir 60 mil toneladas de aços especiais por ano, a empresa contava com reservas de minério de ferro nas proximidades e com a pequena hidrelétrica de Sá Carvalho para suprir a sua demanda de energia. Até atingir a capacidade instalada atual, de 850 mil toneladas/ ano de aço líquido, a usina enfrentou três grandes expansões. Nas duas primeiras, passou a produzir aços ao carbono e microligados e aços ao silício de grão orientado e de grão não-orientado. Em 1977, durante a terceira fase de expansão, iniciou a produção de aços inoxidáveis. Ao mesmo tempo que se tornava a única fabricante de aços planos inoxidáveis da América do Sul, a Acesita iniciou a formação do atual complexo empresarial. Quando ocorreu a fusão da Usinor com as siderúrgicas da Espanha e de Luxemburgo para formar o grupo Arcelor, a Acesita teve ganhos de administração, de tecnologia e acesso a mercados que a capacitam a tornar-se um player global.

Acesita

Companhia Aços Especiais Itabira was founded in October 31, 1944, by the engineers Amyntas Jacques de Moraes, Percival Farqhuar and Athos Lemos Rache in Timoteo, a town placed in the Steel Valley Metropolitan area in Minas Gerais. It started its operations in April, 1949, aiming to produce special steels for the supply of the national market. Now, it is called Arcelor/Mittal Inox Brazil S.A. The works of installation of the steelworks, in Timóteo, on the banks of the River Piracicaba, were financed by Banco do Brasil. In 1951, the bank converted these credits in shareholding participation and became the majority shareholder with 79% of the share capital of the company. It was indebted and in pre-bankruptcy situation in the early 1990s, until in 1992, when it was privatized. A difficult management of recovery was conducted by the businessman Wilson Brumer, who came from a successful period in Companhia Vale do Rio Doce. In 1998, it finally passed to an European management. Since its founding until its association with the French group Usinor, Acesita was controlled by shareholders whose business was not steel. This affects its culture. It was inaugurated with a capacity to produce 60,000 tons, of special of steel per year. The company had reserves of iron ore nearby the small hydroelectric Sá Carvalho to supply its energy demand. Until reach the current installed capacity of 850 thousand tons per year of liquid steel, the steel plant faced three major expansions. In the first two, it started producing carbon steel, micro alloyed and grain oriented silicon steel and non-oriented grain. In 1977, during the third phase of expansion, it started the production of stainless steel. At the same time it became the only manufacturer of stainless steel flat of South America, Acesita started the formation of the current business complex. When Usinor merged with steel makers of Spain and Luxembourg to form Arcelor group, the Acesita had gains of administration, technology and access to markets that enable it to become a global player.

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Mannesmann agora é Vallourec O grupo Mannesmann AG, sediado na Alemanha, na cidade de Dusseldorf, é um dos maiores conglomerados industriais do mundo. Sua fundação remonta ao ano de 1890, época em que os irmãos Max e Reinhard Mannesmann criaram um método para fabricar tubos de aço sem costura, através da laminação de um bloco maciço. Sua atuação no Brasil principiou na década de 50, época em que foi iniciado o processo de exploração de petróleo. Foi a primeira grande empresa a investir significativamente no Brasil após a Segunda Guerra Mundial. Com estímulo do então governador de Minas, Juscelino Kubitschek, e de entidades financeiras, foi fundada, em 1952, a Companhia Siderúrgica Mannesmann. Belo Horizonte foi a localidade escolhida para o empreendimento, por sua proximidade das grandes jazidas de minério de ferro, posição estratégica junto aos principais mercados consumidores de tubos e aços e disponibilidade de recursos energéticos. O terreno oferecido tinha 300 hectares, e logo se viu cercado de núcleos habitacionais. A Mannesmann foi o motor da ocupação do Barreiro e indutora do progresso do Distrito Industrial de Contagem. Dois anos mais tarde, em 12 de agosto de 1954, foram inauguradas as instalações industriais da Mannesmann, com a presença do governador Kubitschek e do presidente Getúlio Vargas. Naquela ocasião, foi produzido o primeiro tubo Mannesmann sem costura na prensa de extrusão. A linha de produtos da empresa incluía aços lingotados, aços especiais laminados e trefilados, tubos de aço com e sem costura, tubos comerciais, tubos petrolíferos, tubos trefilados de precisão e tubos para caldeiras. Em 15 de dezembro de 1977, a razão social da empresa foi alterada para Mannesmann S.A. A partir de 1994, foi incorporada pela Mannesmannrohren-Werke AG, da Alemanha, e ficou responsável por 13% do faturamento global do conglomerado. Montou em sua usina uma linha de laminação contínua RK, a mais moderna tecnologia do mundo para produção de tubos sem costura até sete polegadas. Sua produção total atinge 500 mil toneladas por ano. Embora resistisse bem às oscilações dos investimentos brasileiros na prospecção de petróleo, a Mannesmann sofreu o refluxo dos grandes incentivos que as empresas recebiam durante o governo militar. No final da década de 80 e parte da década de 90, a siderúrgica atravessou um período de poucos lucros, viu suas dívidas crescerem e pagou altos juros aos bancos. Em seguida, mudou de dono. O grupo francês Vallourec comprou as operações de produção de tubos da Mannesmann e rebatizou a subsidiária brasileira como Vallourec & Mannesmann Tubos do Brasil, nome depois abreviado para apenas V&M. Fechou o capital e retirou as ações das bolsas de valores. O grupo Vallourec só negocia ações em Paris e mantém fechado o capital das subsidiárias. Recentemente, a Vallourec decidiu extinguir a joint-venture com a Mannesmann até no nome, e passou a chamar-se apenas Vallourec Tubos do Brasil. Além da siderúrgica do Barreiro, mantém uma empresa florestal e uma mineradora. A Vallourec Florestal cultiva 106 mil hectares de eucaliptos para garantir a autossuficiência em carvão vegetal para a usina, produzindo 270 mil toneladas por ano. A Vallourec Mineração opera a extração e o refino de cerca de 3 milhões de toneladas anuais de minério de ferro de alto teor ferrífero, na mina Pau Branco, localizada em Brumadinho. A Vallourec também expandiu seus negócios, construindo uma nova usina siderúrgica, no município de Jeceaba (MG), em parceria com a japonesa Sumitomo Metals. A nova usina começou a produzir em 2010 tubos sem costura voltados para a indústria petroquímica e uso em minerodutos, gasodutos, oleodutos, etc. A produção inicial de três milhões de toneladas anuais pode chegar futuramente a 10 milhões de toneladas por ano. A Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil também atende pela sigla VSB. •

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Mannesman is Valourec now

The Mannesmann AG Group, headquartered in Germany, in the city of Dusseldorf, is one of the largest industrial conglomerates in the world. Its foundation dates back to the year 1890. At that time, Reinhard and Max Mannesmann created a method for manufacturing seamless steel tubes through the laminating of a massive block. Its operations in Brazil began in the 50’s, in a time when started the process of oil exploration. It was the first major company to invest significantly in Brazil after the Second World War. With the encouragement from the governor of Minas Gerais, Juscelino Kubitschek, and financial entities, was founded in 1952 the Companhia Siderurgica Mannesmann. Belo Horizonte was the chosen place for the enterprise, in reason of its proximity to large deposits of iron ore, the strategic position next to the main consumer markets of tubes and steels and the availability of energy resources. The land offered had 740 acres, and soon was surrounded by housing units. The Mannesmann was the engine of the occupation of Barreiro and contributed for the progress of the Industrial District of Contagem. Two years later, on August 12, 1954, was inaugurated the Mannesmann´s industrial installation, with the presence of the governor Kubitschek and the President Getúlio Vargas. At that time, was produced by Mannesmann the first tube seamless in the extrusion press. Their product line included steel, rolled and drawn specialty steels, steel tubes and seamless, commercial tubes, oil pipes, drawn precision tubes and boiler tubes. On December 15, 1977, the corporate name was changed to Mannesmann S.A. From 1994, it was incorporated by Mannesmannröhren-Werke AG, of Germany, and was responsible for 13% of the global sales of the conglomerate. It assembled in its plant a continuous rolling line RK, the latest technology in the world for production of seamless tubes up to seven inches. Its total output reaches 500 tons per year.

Although it resisted well to the oscillations in Brazilian investments in oil exploration, Mannesmann suffered the reflux of the great incentives that companies received during the military government. At the end of the 80´s and part of 90´s, the steel manufactory went through a period of low profits, with growth of its debts and paid higher interest rates to banks. After that, the company changed its owner. The French group Vallourec acquired the operations of producing tubes of Mannesmann and renamed the Brazilian subsidiary as Vallourec & Mannesmann Tubos do Brasil, name that later was shortened to just V & M. It closed the capital and removed shares from the stock exchanges. The Vallourec Group only trades stocks in Paris and keeps closed the capital of the subsidiaries. Recently, Vallourec has decided to end the joint venture with Mannesmann even in the name, and began to be called only Vallourec Tubos do Brasil. Besides the steelworks in Barreiro, it maintains a forestry company and a mining company. The Vallourec Florestal cultivates 260,000 acres of eucalyptus to ensure the self-sufficiency in charcoal for the plant, producing 270,000 tons per year. Vallourec Mining operates the extraction and the refining of about 3 million tons of iron ore of high iron content in Pau Branco mine, located in Brumadinho. Vallourec also expanded its business by constructing a new steel mill in the city of Jeceaba (MG), in partnership with the Japanese Sumitomo Metals. This new steel plant started its production in 2010 seamless tubes for the petrochemical industry and the use in mining pipelines, gas pipelines, oil pipelines, etc. The initial production of three million tons per year can reach in the future the number of 10 million tons per year. Vallourec & Sumitomo Tubos do Brazil also is known by the acronym VSB. •

5101


Indústria

Indústria

dinâmica e competitiva ______ Dynamic and competitive industry

5

102


Os esforços realizados pelo governo mineiro para atrair investimentos que diversificassem a economia, reduzindo a vulnerabilidade do estado durante crises internacionais, ainda não produziram resultados significativos. O parque eletrônico de Santa Rita do Sapucaí poderia disparar como polo de tecnologia se o governo federal tivesse optado pelo modelo brasileiro de TV digital, mas isso não aconteceu. Tampouco deram resultado os planos de criação de infraestrutura para reduzir as desigualdades regionais. O Jequitinhonha continua sem fábricas, e o povo continua vivendo de artesanato e agricultura de subsistência. A grande verdade é que o estado continua sendo basicamente exportador de leite, de café em grão, e principalmente de matérias-primas minerais. Está longe o dia em que os trens que arrastam infinitos vagões de minério rumo aos portos só transportarão aço acabado, e os minerodutos serão desativados. Está longe o dia em que o ouro e as gemas preciosas serão transformados em joias exclusivamente dentro do próprio estado. A economia mineira não cresce percentualmente mais do que a do país. Avança em alguns setores, recua em outros, mantém-se em torno dos 9%. O único setor cujo crescimento é sólido e constante ao longo das últimas décadas é a indústria. Boa parte desse avanço se deve às condições objetivas estáveis que Minas Gerais oferece e ao trabalho de coordenação, informação e planejamento da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Com um parque industrial sólido, responsável por 30% do PIB do estado, Minas Gerais tem posição de destaque em importantes setores de economia brasileira, conforme se vê a seguir: - Maior produtor brasileiro de minério de ferro - Maior produtor e exportador mundial de ferronióbio - Maior produtor brasileiro de aço - Maior produtor brasileiro e exportador de ferro-gusa - Maior produtor brasileiro de cimento - Segundo polo automotivo do país - Segundo polo de fundição do país Com longa tradição na atividade mineradora, presente em seu nome desde o Brasil colonial, Minas Gerais tem no ferro o principal produto da sua economia mineira, responsável por 48,3% das exportações do estado em 2013. Há cerca de outros 40 minerais em exploração no estado. Conta ainda com uma das maiores reservas mundiais de rochas ornamentais. Granitos, ardósias, quartzitos, mármores e pedra-sabão são algumas das 160 variedades extraídas do seu solo.

The efforts by the Minas’ Government to attract investments that diversify the economy, reducing the vulnerability of the State during international crises, have not yet produced significant results. The electronic park of Santa Rita do Sapucaí could launch as technology cluster if the Federal Government had opted for the Brazilian Digital TV model, but it didn’t happen. Also did not give a good result the plans to create infrastructure to reduce regional inequalities. The Jequitinhonha continues without factories, and the people still living with the income of craft and basic agriculture. The truth is that the state remains basically as exporter of milk, coffee beans, and especially of mineral raw materials. It is far the day when trains will carry only finished steel to the ports, and pipelines will be disabled. It is far the day that gold and precious gems will be transformed into jewelry exclusively within the state. The Minas’ economic growth is not bigger than the country’s, considering the proportions. It advances in some sectors, decreases in others, remains around 9%. The only sector whose growth is solid and steady over the past decades is the industry. Much of this increase is due to stable objective conditions that Minas Gerais provides and the coordination, information and planning work of the Federation of Industries of the State of Minas Gerais (Fiemg). With a solid industrial park, responsible for 30% of the GDP of the state, Minas Gerais has a prominent position in important sectors of the Brazilian economy, as seen below: - Largest producer of iron ore - Largest producer and exporter of ferro niobium - Largest producer of steel - Biggest Brazilian producer and exporter of pig iron - Largest producer of cement - Second automotive hub of the country - Second foundry pole of the country

5103


A expectativa de investimentos no setor de mineração no estado para o período 2011-2015 é de US$ 25 bilhões, 36,4% do total previsto para todo o país no período, que é de US$ 68,5 bilhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Os principais projetos envolvem ferro, alumínio, bauxita, fosfato e ouro. Líder do mercado nacional de aço, Minas Gerais é responsável por 1/3 do total do aço bruto produzido no Brasil e também dos laminados e semiacabados, de acordo com o Instituto Aço Brasil. Em 2011, a produção mineira foi de 11,7 milhões de toneladas, contra 35,2 milhões de toneladas no país. Hoje, quatro dos maiores grupos siderúrgicos que atuam no Brasil – Usiminas/Cosipa, Gerdau Açominas, Arcelor/Mittal e Vallourec – adquiriram, instalaram ou mantêm importantes unidades produtivas em Minas Gerais. O estado abriga o maior e mais completo parque siderúrgico do Brasil. As plantas industriais estão instaladas em municípios como Juiz de Fora, Ouro Branco, João Monlevade, Ipatinga e Timóteo, que, juntos, produzem todos os tipos de aços requisitados pela indústria: semiacabados, laminados planos, longos, relaminados, trefilados e perfilados.

3,6 milhões de veículos Segundo maior polo automotivo do país, Minas Gerais é responsável por 24% da produção nacional de veículos e chegou em 2011 a 3,6 milhões de unidades, entre veículos leves, ônibus e caminhões, de acordo com dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A história da indústria automobilística começou há 35 anos, quando o grupo italiano Fiat se instalou em Betim. Hoje, há outras duas montadoras e dezenas de indústrias de autopeças. No segmento de caminhões, ocorreu a instalação em 2000 da planta da Iveco, pertencente à Fiat, na cidade de Sete Lagoas. A Mercedes-Benz também passou a produzir caminhões em sua fábrica de Juiz de Fora, na Zona da Mata – as primeiras unidades foram entregues aos clientes em março de 2012. A indústria automotiva é a grande impulsionadora do setor de fundição em Minas Gerais, que responde por 33% da produção brasileira. As fundições instaladas no estado destinam 56% de sua produção ao setor automobilístico. Em Minas Gerais está instalada a única fabricante de helicópteros da América do Sul, a Helibras, sediada na cidade de Itajubá. A empresa é responsável pela montagem, venda e pós-venda no Brasil de aeronaves do grupo francês Eurocopter, maior fornecedor mundial do setor. Detém 53% do mercado nacional de helicópteros a turbina do país. Em 33 anos de existência, a Helibras já entregou 550 aeronaves. Em fevereiro de 2012, foi concluída a nova planta da empresa em Itajubá, resultado de investimentos de US$ 430 milhões.

PRINCIPAIS ESTADOS PRODUTORES DE AÇO BRUTO (2009) Posição Estado 1 2 3 4

Produção % da produção nacional

(em mil toneladas)

Minas Gerais Rio de Janeiro Espírito Santo São Paulo Outros Total

11.665 9.960,4 5.858,2 5.586,2 2.091,8 35.161,6

33,2 28,3 16,7 15,9 5,9 100

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Contas Regionais, 2009

5

104

ESTADOS PRODUTORES DE LAMINADOS E SEMIACABADOS (2011) Posição Estado

%

1

Minas Gerais

33,1

2

Rio de Janeiro

30,3

3

Espírito Santo

14,1

4

São Paulo

12,8

Outros

Fonte: Instituto Aço Brasil

5,9


With a long tradition in mining activity, present in its name since colonial Brazil, Minas Gerais has the iron like the main product of its economy, responsible for 48.3% of the state’s exports in 2013. There is the exploration 40 other minerals in the state. It also has one of the world’s largest reserves of ornamental rocks. Granite, slate, quartzite, marble and soapstone are some of the 160 varieties extracted from its soil. The expected investment in the mining sector in the State for 20112015 is US$ 11 billion, 36.4% of the total for the whole country in the period, which is US$ 30 billion, according to data from Brazilian Mining Institute (Ibram). The key projects involve iron, aluminum, bauxite, phosphate and gold. Leading the national steel market, Minas Gerais is responsible for one third of the total of raw steel produced in Brazil and also laminates and semi finished, according to the Brazil Steel Institute. In 2011, the Minas’ production was 11.7 million tons against 35.2 million tons in the country. Today, four of the largest steel groups that operate in Brazil Usiminas /Cosipa, Gerdau Açominas, ArcelorMittal and Vallourec - acquired, installed or maintain important productive units in Minas Gerais. The state is home of the largest and most complete steel industry in Brazil. The industrial plants are installed in cities such as Juiz de Fora, Ouro Branco, João Monlevade, Ipatinga and Timóteo, that together produce all kinds of steel required by the industry semi finished, rolled long, rerolled, drawn and profiled. 3.6 million vehicles

Second largest automotive hub of the country, Minas Gerais is responsible for 24% of domestic production of vehicles in 2011 and reached 3.6 million units, including light vehicles, buses and trucks, according to the National Association of Automotive Vehicle Manufacturers (Anfavea). The history of the automobile industry began 35 years ago, when the Italian group Fiat settled in Betim. Today, there are two other automakers and dozens of auto parts industries. In the truck segment, there is the installation in 2000 of the Iveco plant, owned by Fiat, in the city of Sete Lagoas. Mercedes-Benz also began producing trucks at its plant in Juiz de Fora, in the region of Forest Zone - the first units were delivered to customers in March 2012. The automotive industry is a big booster of the foundry industry in Minas Gerais, which accounts for 33% of Brazilian production. The smelters located in the State deliver 56% of its production to the automotive sector. In Minas Gerais, is settled the only helicopter manufacturer in South America, Helibras, headquartered in Itajuba. The company is responsible for the assembly, sales and after-sales in Brazil of aircraft of the French group Eurocopter, the world’s largest supplier of sector. It holds 53% of the national market of turbine helicopters in the country. In 33 years of existence, Helibras has delivered 550 aircraft. In February 2012, it completed the new plant of the company in Itajuba, a result of investments of US$ 187 million.

The Minas’ GDP increased from US$ 55,5 billion in 2002 to US$ 168 billion in 2011. The GDP per capita increased from US$ 2,983 in 2002 to US$ 8,510 in 2011. Over the past decade, the Minas’ GDP was divided into

9.2% Agricultural

31.7% Industry

59.0% Services

MAIN STATES PRODUCERS OF CRUDE STEEL Position State

Production

(in thousand tons)

% of national production

1

Minas Gerais..........................11.665....................... 33,2

2

Rio de Janeiro.................. 9.960,4....................... 28,3

3

Espírito Santo.................... 5.858,2........................ 16,7

4

São Paulo.............................. 5.586,2........................15,9

Others.................................... 2.091,8.......................... 5,9

Total......................................... 35.161,6........................ 100

Source: Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE), Contas Regionais, 2009

STATES PRODUCERS OF ROLLED AND SEMI-FINISHED (2011) Position State

%

1

Minas Gerais

33,1

2

Rio de Janeiro

30,3

3

Espírito Santo

14,1

4

São Paulo

12,8

Others

5,9

Source: Instituto Aço Brasil

5105


INDICADORES DA ECONOMIA MINEIRA Número de municípios................................................................. 853 População total estimada (2013).................... 20.593.245 Percentual da população brasileira...................... 10,24% PIB (2011)...................................................................... R$ 386 bilhões Valor Agregado Indústria (2011)............... R$ 111 bilhões ICMS Indústria (2013)............................................. R$ 27 bilhões Exportação (2013)............................................US$ 33,4 bilhões Importação (2013)...........................................US$ 12,3 bilhões Saldo na Balança Comercial.................US$ 21,1 bilhões PIB per capita (2011)............................................. R$ 19.573,29

MINAS’ ECONOMIC INDICATORS Number of municipalities........................................ 853 Estimated Total Population (2013).......... 20,593,245 Percentage of Brazilian Population................ 10.24% GPD (2011)............................................... US$ 167 billion Aggregate Value in Industry (2011).... US$ 48 billion ICMS Industry (2013)............................ US$ 11 billion Exports (2013)...................................... US$ 33.4 billion Imports (2013)......................................US$ 12.3 billion Balance of Trade.................................. US$ 21.1 billion GPD per capita (2011)..............................R$ 19,573.29

Produto Interno Bruto (GPD) 2011.... R$ 386 billion Central Region................... R$ 155.5 billion (40.29%) South........................................R$ 49.5 billion (12.83%) Vale do Aço metropolitan area...... R$ 30.4 billion (7.87%)

Participation in industrial GDP

O PIB mineiro evoluiu de R$ 127,7 bilhões em 2002 para R$ 386,1 bilhões em 2011. O PIB per capita evoluiu de R$ 6.863 em 2002 para R$ 19.573 em 2011. Nos últimos dez anos, o PIB mineiro se dividiu em

9,2% Agropecuária 31,7% Indústria 59,0% Serviços

Participação no PIB Industrial A participação de Minas na formação do PIB Industrial Brasileiro é de 11,5%, pouco menos do que o Rio de Janeiro (12,3%), que conta com a indústria de petróleo da Petrobras. São Paulo lidera com 31,3. Em quarto lugar vem o Rio Grande do Sul, com 6,3%. Há 15 estados brasileiros, que somados, respondem por apenas 10,1% do PIB.

5

106

The Minas’ participation in the formation of the Brazilian Industrial GDP is 11.5%, slightly less than the Rio de Janeiro’s participation (12.3%), which includes the Petrobras’ oil. São Paulo leads with 31.3%. The fourth place is Rio Grande do Sul, with 6.3%. There are 15 states that together account for only 10.1% of GDP. Employments (2012)

The profile of offer of employments in Minas Gerais is favorable to large companies, those with more than 250 employees. They account for 1,918,725 employments (38.93%), while the medium size companies offered 914,782 (18.56%), the small size companies offered 1,095,948 (22.24%) and micro companies offered 998,770 (20.27%), according to Ministry of Labour. Work in the Extractive Industry 65,084 (1.3% of workers)


Empregos (2012) O perfil da oferta de empregos em Minas Gerais é favorável às grandes empresas, ou seja, aquelas com mais de 250 empregados. Elas respondem por 1.918.725 empregos (38,93%), enquanto as médias ofereceram 914.782 (18,56%), as pequenas 1.095.948 (22,24%) e as micro 998.770 (20,27%), segundo o Ministério do Trabalho.

In the Manufacturing Industry, working 1,175,192 (23% of workers) In Construction, working 363,092 (7.4%) In the manufacturing industry, the sectors employing most are: - Food products 148,652 - Automotive Vehicles 81,117 - Clothing and Accessories 79,265 - Metallurgy 68,335 Trade Balance in 2013 - Exports: US$ 33.4 billion - Imports: US$ 12.3 billion With a favorable balance of US$ 9,17 billion in 2013, Minas’ performance in export is: - 64.8% of basic products - 18.3% of semi-manufactured products - 16.6% of manufactured products Main exported products in 2013:

Trabalham na Indústria Extrativa 65.084 (1,3%) dos trabalhadores. Na Indústria de Transformação trabalham 1.175.192 (23,%) Na Construção Civil trabalham 363.092 (7,4%) Na Indústria de Transformação, os setores que mais empregam são: - Produtos Alimentícios 148.652 - Veículos Automotores 81.117 - Vestuário e Acessórios 79.265 - Metalurgia 68.335 Balança Comercial em 2013 Exportação: US$ 33,4 bilhões Importação: US$ 12,3 bilhões Com um saldo favorável de R$ 21,1 bilhões em 2013, Minas apresenta o seguinte quadro em suas exportações: - 64,8% de produtos básicos - 18,3% de produtos semimanufaturados - 16,6% de produtos manufaturados

1.

Iron ore and Mineral Concentrates

2.

Cofee

9.3%

3.

Ferroligas

5.0%

4.

Gold

4.5%

5.

Sugar

3.4%

6.

Automotive vehicles

2.8%

7.

Soybean

2.6%

8.

Chemical Wood Pulp

1.9%

9.

Seamless pipes

1.7%

10. Semimanufactured of iron or steel

48.3%

1.5%

In the case of imports, the situation is reversed: - 11.3% of basic products - 3.7% of semimanufactured - 84.7% of manufactured products The majority of Minas’ production is destined for China (34.9%). Then Netherlands (6.7%), USA (6.3%), Argentina and Japan (6.2% each). Then England (3.4%), Germany (3.0%) and Italy (2.8%).

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No caso das importações, a situação se inverte: - 11,3% de produtos básicos - 3,7% de produtos semimanufaturados - 84,7% de produtos manufaturados Principais produtos exportados em 2013: 1. Minério de ferro e concentrados

48,3%

2. Café

9,3%

3. Ferroligas

5,0%

4. Ouro

4,5%

5. Açúcar

3,4%

6. Veículos automotores

2,8%

7. Soja

2,6%

8. Pastas químicas de madeira

1,9%

9. Tubos sem costura

1,7%

10. Semimanufaturados de ferro ou aço

1,5%

A maior parte da produção mineira tem como destino a China (34,9%). Em seguida a Holanda (6,7%), os EUA (6,3%), a Argentina e o Japão (6,2% cada), Inglaterra (3,4%), Alemanha (3,0%) e a Itália (2,8%).

Imports

Minas mainly imports automotive vehicles and parts (24.3%), fertilizers (6.2%), coals (5.9%), earthmoving equipments (2.1%), zinc concentrates (1.3%) and cosmetics (1.2%). The biggest supply contracts are with the USA (16.7%), Argentina (16.5%), China (14.9%), Italy (9.6%) and Germany (6.1%). Tax collection

In 2013, Minas grossed US$ 19 billion, being the ICMS tax the main source of income, with US$ 14 billion. With the IPVA tax, the state collected US$ 1,4 billion and US$ 870 million with rates. Per capita income

The highest per capita income among regions of the state is the one from central region, with US$ 453, followed by Paranaíba Valley, with US$ 410. The lowest is the one from Jequitinhonha, with US$ 179. The penultimate is the one from the North, with US$ 202. The Brazilian average is US$ 372, and the Minas’ average is US$ 346. GDP per capita

Importações

In relation to GDP per capita, the situation is different. The first three positions are occupied by the regions of Minas Triangle and only then is the GDP per capita from Central Region. The Jequitinhonha remains in last place. Minas’ industry grows

Minas importa principalmente veículos automotores e peças (24,3%), adubos (6,2%), hulhas (5,9%), máquinas de terraplenagem (2,1%), concentrados de zinco (1,3%) e cosméticos (1,2%). Os maiores contratos de fornecimento são com os EUA (16,7%), Argentina (16,5%), China (14,9%), Itália (9,6%) e Alemanha (6,1%).

5

108

The Minas’ industry has grown significantly from participation in national industrial GDP. In 1968, the participation was 5.6%. In 1995, it rose to 8.4%. In 2011, the state has accounted for 11.8% of industrial GDP.


Arrecadação de tributos Em 2013, Minas arrecadou R$ 43,7 bilhões, sendo o ICMS sua principal fonte de receita, com R$ 35,2 bilhões. Com IPVA, o estado arrecadou R$ 3,2 bilhões e com taxas R$ 2 bilhões.

Renda per capita A renda per capita mais alta dentre as regiões do estado é a da Central, com R$ 1.044, seguida pelo Vale do Paranaíba, com R$ 942. A mais baixa é a do Jequitinhonha, com R$ 412. A penúltima é a do Norte de Minas, com R$ 465. A média brasileira é de R$ 856, e a mineira é de R$ 797.

PIB per capita Já em relação ao PIB per capita, a situação é diferente. As três primeiras posições são ocupadas pelas regiões do Triângulo Mineiro e só então vem a região Central. O Jequitinhonha permanece na última colocação.

Indústria mineira cresce A indústria mineira cresceu significativamente de participação no PIB industrial nacional. Em 1968, a posição era de 5,6%. Em 1995, subiu para 8,4%. Em 2011, o estado já respondia por 11,8% do PIB Industrial.

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Cenibra

Um grande papel na economia mineira A Celulose Nipo-Brasileira S/A, mais conhecida por Cenibra, é uma indústria produtora de celulose localizada às margens da BR-391, no Vale do Rio Doce. A celulose é a base para a fabricação de diversos tipos de papel e outros materiais. A Cenibra fabrica 1,2 milhão de toneladas de celulose por ano. De sua produção, 94,5% são exportados para o Japão, Estados Unidos e Europa. Os restantes 5,5% são destinados ao mercado nacional. A Cenibra foi fundada em 1973, numa joint-venture entre a Companhia Vale do Rio Doce e o consórcio japonês JBP (Japan Brazil Paper and Pulp Resources Development). Em julho de 2001, com a decisão da CVRD de se desfazer de sua participação em empresas de base florestal, a JBP adquiriu o controle acionário total da empresa. Até 1980, a Cenibra produzia pouco mais de 200 mil toneladas anuais. Com os aportes de capital, tecnologia e novas instalações, sua produção veio crescendo ano a ano. Em 1990 chegou a quase 400 mil toneladas. No ano 2000 já tinha ultrapassado 800 mil. Desde 2009 estabilizou-se na faixa dos 1,2 milhão. Cada 20 árvores processadas geram uma tonelada de celulose e uma tonelada de combustíveis para o processo produtivo, tornando a Cenibra autossuficiente em energia. A madeira do eucalipto é triturada e cozida com soda em altas temperaturas para extrair a lignina. Forma-se uma pasta que depois é clareada, secada e prensada em grossas chapas de celulose, que são a matéria-prima para a fabricação dos mais diversos tipos de papel. Há processos de alta tecnologia para recuperar a soda utilizada e tratar os efluentes antes de devolver a água ao rio Doce, que abastece a fábrica.

5

110


Cenibra A big role in the Minas’ economy

Celulose Nipo-Brasileira S/A, best known for Cenibra, is a producing pulp industry located along the BR-391 in Doce River Middle Valley. The cellulose is the base for the manufacturing various kinds of paper and other materials. Cenibra produces 1.2 million tons of pulp per year. Of its production, 94.5% are exported to Japan, USA and Europe. The remaining 5.5% is for the domestic market. Cenibra was founded in 1973, in a joint venture between Companhia Vale do Rio Doce and the Japanese consortium JBP (Japan Brazil Paper and Pulp Resources Development). In July 2001, with the decision by the CVRD to dispose of its interest in forest-based companies, JBP acquired full ownership control of the company. Until 1980, Cenibra produced little more than 200 tons annually. With injections of capital, technology and new facilities, its production has been growing year by year. In 1990 reached nearly 400 tons. In 2000, it had already exceeded 800,000. Since 2009 it stabilized in the range of 1.2 million. Every 20 trees processed is generates a ton of pulp and a ton of fuel for the production process, what makes Cenibra self-sufficient in energy. The eucalyptus wood is crushed and cooked with saltwort at high temperatures to extract the lignin. It is formed a past which is then is bleached, dried and pressed into plates of cellulose, which are the raw material for the manufacturing of various kinds of paper. There are high-tech processes used to recover the saltwort used and treat the effluents before it returns the water to the Doce River, which supplies the factory. Area of Influence

Cenibra operates in 54 cities, where it maintains its own forests. It is headquartered in Belo Oriente, in Doce River Middle Valley. With the taxes collected by the company, Belo Oriente became the city with the highest per capita income of the state. The other cities where Cenibra operates are: Açucena, Alvinópolis, Antônio Dias, Barão de Cocais, Bela Vista de Minas, Bom Jesus do Amparo, Bom Jesus do Galho, Braúnas, Bugre, Caeté, Cantagalo, Caratinga, Catas Altas, Coluna, Coroaci, Coronel Fabriciano, Córrego Novo, Dores de Guanhães, Divinolândia de Minas, Ferros, Gonzaga, Governador Valadares, Guanhães, Iapu, Ipaba, Ipatinga, Itabira, Joanésia, Mariana, Marliéria, Materlândia, Mesquita, Naque, Nova Era, Paulistas, Peçanha, Periquito, Pingo D’Água, Rio Piracicaba, Rio Vermelho, Sabinópolis, Santa Bárbara, Santa Maria de Itabira, Santana do Paraíso, Santo Antônio do Itambé, São Domingos do Prata, São Gonçalo do Rio Abaixo, São João Evangelista, Sardoá, Sem-Peixe, Senhora do Porto, Virginópolis and Virgolândia. In these 54 cities, the company manages a total area of 255 hectares, being 51% eucalyptus plantation, 41% of permanent preservation areas and native forest, and the rest in designated areas to infrastructure and others. The average distance traveled by trucks transporting eucalyptus logs to the mill is 65 miles. Cool Neighbor

In 1985, Cenibra launched a Forest Development program in partnership with the State Forestry Institute. It is also called Cool Neighbor, this program started to use degraded land or abandoned pastures in the farms for planting eucalyptus, in a process in which all the spendings are made by the company. Farmers receive seedlings, compost, ant killers and technical assistance for planting and cultivation, and are assured of purchase made by the company, which will go to the farm to extract and remove the eucalyptus logs. The Forestry Incentives Program has planted more than 73 thousand acres and operates in 93 cities of Minas Gerais that are located at a maximum distance of 100 miles from the plant. The package is beneficial to both parties. For Cenibra it avoids the purchase of land. For farmers, has the benefit of improving the income of small and medium farms and help preserve natural forest reserves, it provides wood for use in corrals and improvements.

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Área de Influência A Cenibra atua em 54 municípios, onde mantém florestas próprias. Sua sede fica em Belo Oriente, no Vale do Rio Doce. Graças aos impostos recolhidos pela empresa, Belo Oriente se tornou o município com maior renda per capita do estado. Os demais municípios de atuação da Cenibra são: Açucena, Alvinópolis, Antônio Dias, Barão de Cocais, Bela Vista de Minas, Bom Jesus do Amparo, Bom Jesus do Galho, Braúnas, Bugre, Caeté, Cantagalo, Caratinga, Catas Altas, Coluna, Coroaci, Coronel Fabriciano, Córrego Novo, Dores de Guanhães, Divinolândia de Minas, Ferros, Gonzaga, Governador Valadares, Guanhães, Iapu, Ipaba, Ipatinga, Itabira, Joanésia, Mariana, Marliéria, Materlândia, Mesquita, Naque, Nova Era, Paulistas, Peçanha, Periquito, Pingo D’Água, Rio Piracicaba, Rio Vermelho, Sabinópolis, Santa Bárbara, Santa Maria de Itabira, Santana do Paraíso, Santo Antônio do Itambé, São Domingos do Prata, São Gonçalo do Rio Abaixo, São João Evangelista, Sardoá, Sem-Peixe, Senhora do Porto, Virginópolis, Virgolândia. Nesses 54 municípios, a empresa maneja uma área total de 255 mil hectares, sendo 51% de plantio de eucalipto, 41% de área de preservação permanente e floresta nativa, e o restante em áreas destinadas a infraestrutura e outros. A distância média percorrida pelos caminhões de transporte das toras de eucalipto até a fábrica é de 103 km.

Vizinho Legal Em 1985, a Cenibra lançou um programa de Fomento Florestal em parceria com o Instituto Estadual de Florestas. Também chamado de Vizinho Legal, esse programa passou a utilizar áreas degradadas ou pastos abandonados nas fazendas para o plantio de eucaliptos, num processo em que todo o desembolso cabe à empresa. Os fazendeiros recebem as mudas, o adubo, o formicida, assistência técnica para o plantio e os tratos culturais, e têm a garantia de compra feita pela empresa, que vai à fazenda extrair e retirar as toras de eucalipto. O programa Fomento Florestal já plantou mais de 30 mil hectares e atua em 93 municípios mineiros que estão localizados à distância máxima de 150 km da fábrica. O pacote é vantajoso para ambas as partes. Para a Cenibra, evita a compra de terras. Para os fazendeiros, traz o benefício de melhorar a renda das pequenas e médias propriedades e ajudar a preservar as reservas de mata natural, pois fornece madeira para uso em currais e benfeitorias.

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Million of clones

The Cenibra’s nurseries, with a capacity to produce 20 million seedlings per year, occupy an area of 60,000 square meters and developed the best technology available in the world for reproduction of eucalyptus. They make the cloning of only three original trees selected as the most suitable for biomass yield in varying terrain of the region. The seedlings are planted with a bag of water in gel and nutrients, capable of ensuring their development for up to three months without rain. The company currently generates 9,437 direct jobs, being 1,481 own and 7,956 with others. Economic calculations estimate the generation of over 56,900 indirect jobs, totally or partially geared to economic and social activities of the company. The multiplier effects of this relationship estimated at 228,600 people the number of beneficiaries of the activities of the company. The annual turnover is around US$ 608 million annual and the payment of ICMS tax by the company in 2013 was US$ 1,5 million. Cenibra is the 5th largest exporter of Minas Gerais and the 33rd largest in Brazil. Ownership Structure

The shareholders of the Japanese conglomerate JPB are, in order: Oji Paper

39.50%

Itochu Corporation

25.94%

JBIC Bank

16.25%

Nippon Paper Industries

6.04%

Others 12.27%


Milhões de clones

Chief Executive Officer

Since April 2010, the direction of Cenibra is made by Paulo Eduardo Rocha Brant. He is from Diamantina, graduated in Economics and Civil Engineering, with specialization in economics and business strategy. He exercised leadership in various academic and financial institutions, being the Secretary of State of Culture of Minas Gerais from 2008 to 2010. The executive also held the position of managing director of the Development Bank of Minas Gerais (BDMG). He was Assistant Secretary of Commerce for Industry and Minas and leader of BEMGE. His performance in the cultural and sporting means is also relevant.

Paulo Eduardo Rocha Brant

Os viveiros da Cenibra, com capacidade de produzir 20 milhões de mudas por ano, ocupam uma área de 60 mil m2 e desenvolveram a melhor tecnologia disponível no mundo para a reprodução do eucalipto. Fazem a clonagem de apenas três árvores originais, selecionadas como as mais adequadas para render biomassa nos diversos tipos de terreno da região. As mudas são plantadas com uma bolsa de água em gel e nutrientes, capazes de garantir o seu desenvolvimento por até três meses sem chuva. Atualmente a empresa gera 9.437 empregos diretos, sendo 1.481 próprios e 7.956 terceiros. Cálculos econômicos estimam a geração de mais de 56.900 empregos indiretos, voltados total ou parcialmente para as atividades econômicas e sociais da empresa. Os efeitos multiplicadores dessa relação calculam em 228.600 pessoas o contingente de beneficiários das atividades da empresa.

Estrutura acionária Os acionistas do conglomerado japonês JPB são, pela ordem: Oji Paper...................................................................... 39,50% Itochu Corporation..............................25,94% JBIC Bank..................................................................... 16,25% Nippon Paper Industries................6,04% Outras...............................................................................12,27% O faturamento anual gira em torno de R$ 1,4 bilhão anual, e o recolhimento de ICMS da empresa em 2013 foi de R$ 3,6 milhões. A Cenibra é o 5º maior exportador do Estado de Minas Gerais e o 33º maior do Brasil.

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Diretor-Presidente Desde abril de 2010, a direção da Cenibra é exercida por Paulo Eduardo Rocha Brant. Natural de Diamantina, Brant é graduado em economia e engenharia civil, com especialização nas áreas de economia e estratégia empresarial. Exerceu a liderança de diversas instituições acadêmicas e financeiras, tendo atuado como secretário de Estado de Cultura de Minas Gerais, de 2008 a 2010. O executivo também ocupou o cargo de diretor superintendente do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG). Foi secretário adjunto de Indústria e Comércio em Minas e dirigente do Bemge. Sua atuação nos meios culturais e esportivos é igualmente relevante.

Secagem da celulose / Cellulose drying

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Paulo Eduardo Rocha Brant


Nova Serrana e região O maior polo de calçados esportivos do país

A história da produção de calçados em Nova Serrana começou na década de 1950, com a confecção artesanal de botinas rústicas e artigos de couro. Havia dois curtumes na cidade e as botas eram feitas com solado de pneu. Somente após a chegada da energia elétrica da Cemig, em 1967, e abertura da BR-262, em 1969, foi que a indústria local prosperou. No início da década de 1970, já havia 48 pequenas fábricas de calçados de couro na região. A produção se diversificou para mocassins e sandálias de couro, e as 48 fábricas tornaram-se 400 em 1985. A grave crise econômica que se instalou na época do Plano Cruzado atingiu profundamente a indústria calçadista de Nova Serrana, e levou alguns fabricantes a optar pela fabricação de tênis imitando os modelos estrangeiros de grande vendagem, como os da Nike. Embora tenham tido problema com a legislação de defesa das patentes, sua iniciativa mudou completamente a base tecnológica da indústria local, que passou do couro para os materiais sintéticos. Várias fábricas ali começaram do zero, como a Lindi, iniciada numa garagem no final dos anos 90. A empresa especializou-se em tênis femininos, hoje produz cinco mil pares diários e já exporta parte de sua produção para a Argentina e o Paraguai. Os três jovens empresários haviam começado a trabalhar nas fábricas de Nova Serrana na adolescência, aos 14 anos. Aos 20 decidiram empreender seu próprio negócio, com um investimento de apenas R$ 13 mil em equipamentos. Hoje empregam 500 funcionários e seu faturamento chegou a R$ 42 milhões em 2011.

Nova Serrana and region The largest center of sports footwear in the country

The history of footwear production in Nova Serrana began in the 1950s with the handmade manufacture of rustic boots and leather goods. There were two tanneries in the city and the boots were made with the sole tire. Only after the arrival of electricity from Cemig in 1967, and the opening of the BR-262, in 1969, was that the local industry prospered. In the early 1970s, there were 48 small factories of leather footwear in the region. The production is diversified into leather sandals and moccasins, and 48 factories have become 400 in 1985. The severe economic crisis which was installed at the time of the Cruzado Plan deeply hit the footwear industry in Nova Serrana, and led some manufacturers to opt for manufacture of shoes copying the best-selling foreign models, such as Nike. Although they had trouble with the law of defense of patents, their initiative has completely changed the technological base of the local industry, which went from leather for synthetic materials. Several factories there started from the scratch, as Lindi, started in a garage in the late 90s. The company specializes in women’s tennis and today produces five thousand pairs daily and already exports part of its production to Argentina and Paraguay. The three young entrepreneurs had started work in Nova Serrana factories when teenagers. When they were 20, they decided to start their own business with an investment of only US$ 5,000 in equipments. Today they have 500 employees and its turnover reached US$ 18 million in 2011.

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População duplicou em dez anos Entre os censos de 2000 e 2010, Nova Serrana duplicou sua população, de 37 mil para 73 mil habitantes. Foi o município mineiro que mais aumentou de população no período. Dez municípios próximos foram incorporados ao polo calçadista: Divinópolis, São Gonçalo do Pará, Itaúna, Perdigão, Oliveira, Bom Despacho, Pitangui, Araújos, Igaratinga e Pará de Minas. Em 2002, foram fabricados 110 milhões de pares, sendo 40% de moda feminina, e apesar da invasão de produtos chineses a preços baixos, que afetou seu mercado. Com apoio da UFMG e do Sebrae, as pequenas e médias indústrias de calçados de Nova Serrana desenvolveram inteligência e tecnologia para o setor. O pólo calçadista de Nova Serrana é composto por aproximadamente 850 empresas, que produzem cerca de 330 mil pares de calçados por dia. A Capital Nacional do Calçado Esportivo se desenvolve a cada ano e atualmente é responsável por fabricar grande variedade de produtos, como sandálias, chinelos, sapatos ortopédicos, infantis, masculinos e femininos, além das linhas jogging, adventure e esportiva. O forte investimento em design ocorrido na cidade desde o ano de 2006 tem aumentado o valor agregado dos calçados, o que amplia sua entrada nos mercados interno e externo.

Centro Tecnológico de Calçados No bairro Francisco Lucas, em Nova Serrana, foi montado em parceria com o Senai um Centro Tecnológico de Calçados, que se dedica a treinar designers e modelistas de calçados entre os talentos que surgem na cidade. A UFMG ajudou a desenvolver solados próprios para absorção de impactos. O curso de Qualificação Básica inclui carga horária em pesponto de calçados, formação de supervisores de produção, treinamento para manutenção das máquinas, eletricista industrial, assistente administrativo, soldagem e serralheria. Na Aprendizagem Industrial, ensina-se corte, pesponto, montagem, confecção de calçados, processos administrativos, instalação elétrica predial e processos logísticos. O curso de Aperfeiçoamento passa por Liderança e Comunicação, Cálculo de Consumo, Cronometragem, Overloque em Calçados, Modelagem em CAD 2D e 3D.

Feiras de grande porte Nova Serrana recebe eventos de grande porte que contribuem para o seu desenvolvimento. Entre eles, estão a Nova Serrana Feira e Moda (maior feira de calçados do estado) e a Febrac (feira de máquinas e componentes para calçados).

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Population has doubled in ten years

Between the censuses of 2000 and 2010, the population in Nova Serrana has doubled, 37 thousand to 73 thousand. It was the Minas’ town with the biggest increase of population during the period. Ten cities were incorporated into the footwear region: Divinópolis, São Gonçalo do Pará, Itaúna, Perdigão, Oliveira, Bom Despacho, Pitangui, Araújos, Igaratinga and Pará de Minas. In 2002, were produced 110 million pairs, 40% of women’s fashion, and despite the invasion of Chinese products at low prices, which affected its market. With support from UFMG and Sebrae, the small and medium industries in Nova Serrana developed intelligence and technology to the sector. The footwear Nova Serrana region is composed of approximately 850 companies that produce about 330 thousand pairs of shoes per day. The National Capital of Footwear Sports develops itself each year and it is responsible for manufacturing wide range of products such as sandals, slippers, orthopedic shoes, kids shoes, male and female, beyond the lines jogging, adventure and sports. The strong investment in design occurred in the city since 2006 has increased the aggregate value of the shoes, which expands its entry in domestic and foreign markets. Technological Center of Footwear

In Francisco Lucas neighborhood, in Nova Serrana, was mounted in partnership with Senai, a Technological Center of Footwears, dedicated to train designers and footwear designers among the talents that arise in the city. UFMG helped to develop own soles for


As duas mostras acontecem no Centro de Eventos da cidade em um espaço de 4,8 mil m2 e são realizadas pelo Sindicato das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova) com o apoio da Fiemg, do Sebrae e da Prefeitura Municipal. Nas primeiras três edições, a Nova Serrana Feira e Moda recebeu 27,9 mil visitantes e gerou R$ 50 milhões em negócios. Responsável por reunir grande variedade de marcas de calçados de Nova Serrana e região, a Nova Serrana Feira e Moda é realizada desde o ano de 2007. Cada vez mais consolidada no calendário dos lojistas de todo o país, o evento também recebe diversos importadores e representantes comerciais. Seguindo a tendência nacional de regionalização de feiras, onde compradores e expositores têm contato mais aproximado, possibilita ótimos negócios e atendimento personalizado. Devido ao sucesso das primeiras edições e da crescente demanda dos lojistas, a iniciativa passou a ser semestral a partir de 2008, o que possibilitou aos fabricantes a exposição das coleções primavera/ verão e outono/inverno.

Febrac Inaugurada em 2002, a Febrac nasceu de uma antiga necessidade dos industriais de Nova Serrana de trazerem à cidade tecnologias de ponta que pudessem ser utilizadas nas indústrias. Até agosto de 2009, a Febrac já tinha gerado R$ 41,5 milhões em negócios e reunido 52 mil visitantes, com reflexos visíveis no upgrade dos modelos, novos materiais e nas tecnologias de montagem de calçados. A ampliação do valor agregado dos calçados também colaborou para a expansão dos destinos dos produtos, sendo que a ênfase continua no mercado interno, que consome cerca de 95% da produção. Lojistas de todos os estados brasileiros compram em Nova Serrana, mas os principais focos estão nas regiões Sudeste, Sul e Nordeste. Apesar das dificuldades impostas pelo mercado para exportar, o polo mantém os seus negócios no exterior. Hoje, as empresas vendem para o mundo inteiro, com destaque para a América Latina e alguns países da Europa.

shock absorption. The Basic Qualification course include workload in stitching of shoes, training of production supervisors, training for maintenance of machinery, industrial electrician, administrative assistant, welding and locksmith. In Industrial Education, it is taught cutting, stitching, assembly, manufacture of footwear, administrative procedures, electrical installation of buildings and logistics processes. The Improvement course goes through Leadership and Communication, Consumption calculation, timing, Serger on shoes, Modeling in CAD of 2D and 3D versions. Nova Serrana hosts large size fairs

Nova Serrana receives large size events that contribute to its development. Among them, are the Nova Serrana Fashion Fair (the largest shoe fair state) and Febrac (fair of machinery and components for footwear). Both happens at the Events Center of city in an area of 4,800 square meters and are held by the Union of Footwear Industries of Nova Serrana (Sindinova) with the support from Fiemg, Sebrae and the City Hall. In the first three editions, the Nova Serrana Fashion Fair received 27,900 visitors and generated US$ 22 million in business. Nova Serrana is responsible by gathering many famous brands of shoes in this region, Nova Serrana Fashion Fair is held since 2007. Increasingly it is consolidated in the schedule of retailers from the whole country, the event also receives many importers and sales representatives. Following the national trend of regionalization of fairs where exhibitors and buyers have more close contact enables great businesses and personalized service. Due to the success of the first editions and the increasing demand from sellers, the initiative became biannual after 2008, which allowed manufacturers to expose the collections spring/summer and autumn/winter. Febrac

Inaugurated in 2002, the Febrac was founded to supply a necessity of Nova Serrana’s industrials of bring to the city-edge technologies to be used in industries. Until August 2009, Febrac had already generated US$ 18 million in business and gathered 52,000 visitors, with visible reflections on upgrade models, new materials and the assembly of footwear technology. The extent of the aggregate value of footwear also contributed to the expansion of its markets, and the continued the emphasis on the domestic market, which consumes about 95% of production. Sellers in all Brazilian states buy in Nova Serrana, but the main focus is in the Southeast, the South and the Northeast. Despite the difficulties imposed by the market to export, the pole keeps their business overseas. Today, companies sell to the whole world, especially Latin America and some countries in Europe.

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Polo Moveleiro de Ubá A redenção econômica para a Zona da Mata __ The Furniture Center of Ubá The Economic Redemption for the Forest Zone region

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A fabricação de móveis em série nas indústrias de Ubá começou há quase 60 anos, pelo pioneiro José Francisco Parma, que aproveitava embalagens descartadas pelo Armarinho Santo Antônio para fazer móveis baratos. Parma chegou a comandar a Domani, empresa com 1.200 empregados. Hoje o polo fatura mais de R$ 1 bilhão em oito municípios, gera 38 mil empregos, abastece o Sudeste e o Nordeste e exporta US$ 7 milhões para América e África. A maior empresa ali instalada é a Móveis Itatiaia, maior fabricante de cozinhas do país e segunda maior fábrica nacional de móveis, que recolheu R$ 20 milhões de ICMS em Minas no ano de 2013. A história do Polo Moveleiro é a saga da capacidade empreendedora do povo de Ubá, município da Zona da Mata mineira, com destaque para os descendentes dos primeiros imigrantes italianos. Está em um ponto estratégico, localizado a 290 km de Belo Horizonte, a 283 km do Rio de Janeiro e 436 km de Vitória, abastecendo a região Sudeste, o maior mercado consumidor brasileiro. Ubá abastece também o Nordeste brasileiro e começa a entrar na região Sul. As exportações crescem de maneira consistente a cada ano. Hoje são 410 as movelarias instaladas nas oito cidades do polo: Ubá, Guidoval, Tocantins, Visconde do Rio Branco, São Geraldo, Rodeiro, Guiricema e Piraúba. Dessas 410 indústrias, 70% são microempresas, 23% de pequeno porte e 7% de médio porte. Acima de 500 empregados existem apenas duas empresas, a Móveis Apolo e a Itatiaia Móveis. O nível de associativismo engloba 30% das empresas, que se beneficiam da economia de escala e do trabalho de desenvolvimento realizado pelo Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá (Intersind). A gama de produtos produzidos no polo de Ubá é variada, de cozinhas a dormitórios e escritórios, do popular ao clássico. O foco majoritário é a classe C, mas há linhas de produção dedicadas a atender as classes A e B. A principal matéria-prima para a fabricação dos móveis são as chapas industriais de MDF (medium density fiberboard) e aglomerado, produzidas a partir de madeira reflorestada. São utilizados também a madeira natural e o metal. O polo consumiu em 2013 mais de 60 mil toneladas de chapas de aço e 540 mil m2 de painéis de MDF e aglomerado. Cozinha modulada cabe em qualquer espaço / Modular kitchens fits every space

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The furniture manufacturing in series in Ubá’s industries began nearly 60 years ago, by the pioneer José Francisco Parma, who used the wooden packaging discarded by Armarinho Santo Antônio to make cheap furniture. Parma evoluted to command Domani, a company with 1,200 employees. Today the center grosses over US$ 435 million in eight cities, generates 38,000 jobs, supplies the Southeast and the Northeast and exports US$ 3 million for America and Africa. The largest company installed there is Móveis Itatiaia, the largest manufacturer of kitchens in the country and second largest national furniture A linha Jasmin tem pintura eletrostática e grafismos nas portas manufactory, which collected Jasmin line has electrostatic paint and graphics on doors US$ 8,7 million in ICMS tax to Minas’ government in 2013. The history of the Furniture Center is the saga of entrepreneurial skill of the people from Ubá, city of the Forest Zone region, especially the descendants of early Italian immigrants. The city is located in a strategic area, it is 290 km from Belo Horizonte, 176 miles from Rio de Janeiro and 272 miles from Vitória, supplying the Southeast, the largest Brazilian consumer market. Ubá also supplies the Brazilian Northeast and begins to enter in the South region. The exports grow consistently each year. Currently, there are 410 furniture factories installed in the eight cities of the cluster: Ubá, Guidoval, Tocantins, Visconde do Rio Branco, São Geraldo, Rodeiro, Guiricema and Piraúba. Of these 410 industries, 70% are micro companies, 23% of small and 7% midsize. With over 500 employees there are only two companies: Móveis Apolo and Móveis Itatiaia. The level of association encompasses 30% of companies of the region, that benefit from economies of scale and the development work done by the Intermunicipal Union of Furniture Industries of Ubá (Intersind). The range of goods manufactured in the center of Ubá is multiple, from kitchens to bedrooms and offices, from popular to classical. The major focus is the C class, but there are also production lines dedicated to meeting the A and B classes. The main raw material for the manufacturing of furniture is the industrial sheets MDF (medium density fiberboard) and the particle board, both manufactured from reforested wood. There are also used natural wood and metal. The center consumed in 2013 more than 60 thousand tons of steel plates and 540,000 square meters of MDF panels and particle board. History of Furniture Center

The Minas’ Forest Zone was the last region of the state to be colonized. With the production of gold and diamonds in the 18th century, the interest of Portuguese Crown was to keep desert the region, to avoid diversions that facilitate the smuggling and the theft of precious cargoes along the Royal Road. Ubá, in the center of the region, started to be occupied just after exhaustion of deposits of gold and diamonds. Many adventurers left exhausted mines and settled on small farms, dedicating themselves to agriculture and livestock. The occupation of the area comprising of Ubá has begun with the arrival of six families, who received land grants from the Portuguese Crown and set up their farms there. The city began with the donation in 1815 by Antônio Januário Carneiro, of the equity required for the issuance of the Royal Charter for the construction of the chapel of San Gennaro, which was the beginning landmark of the city. Until the arrival of the coffee, the region of Ubá produced mainly milk, tobacco, corn and sugar cane, activities that were held parallel to the coffee culture. For forty years, between the late 19th century and the early 20th century, Ubá had the splendor of coffee culture, driven by the arrival of the railroad that connected the city to Rio de Janeiro, inaugurated by Emperor Dom Pedro II in 1881. Even before the abolition of slavery, the region has already attracted Italian peasants to replace hand labor of captives. As large farms sought to be autonomous, probably among these Europeans came artisans with carpentry skills.

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História do Polo Moveleiro A Zona da Mata mineira foi a última região do estado a ser colonizada. Com a produção de ouro e diamantes no século 18, interessava à Coroa Portuguesa manter desabitada a região, para evitar descaminhos que facilitassem o contrabando e os roubos das cargas preciosas ao longo da Estrada Real. Ubá, bem no centro da região, começou a ser ocupada após a exaustão das jazidas de ouro e diamantes. Muitos aventureiros deixavam as minas esgotadas e passavam a fixar-se em pequenas fazendas, dedicando-se à agricultura e à pecuária. A ocupação do espaço que viria constituir o município de Ubá se iniciou com a chegada de famílias, apenas seis, que receberam sesmarias da coroa portuguesa e ali instalaram suas fazendas. A cidade começou com a doação, em 1815, por Antônio Januário Carneiro, do patrimônio exigido para a emissão da Carta Régia necessária para a construção da capela de São Januário, que foi o marco inicial da cidade. Até a chegada do café, a região de Ubá produzia principalmente leite, fumo, milho e cana-de-açúcar, atividades que foram mantidas paralelamente à cultura do café. Durante quarenta anos, entre o final do século 19 e o início do século 20, Ubá viveu o esplendor da cultura cafeeira, impulsionada pela chegada da ferrovia que ligava a cidade ao Rio de Janeiro, inaugurada pelo próprio imperador Dom Pedro II em 1881. Antes mesmo da abolição da escravatura, a região já atraía colonos italianos para substituir a mão de obra dos cativos. Como as grandes fazendas buscavam ser autônomas, é certo que entre esses europeus vieram artesãos com habilidade em marcenaria.

O fumo substituiu o café A partir dos anos 1930, o café perdeu importância econômica e os produtores de Ubá optaram pela cultura do fumo. O café era produzido em poucas e grandes propriedades e comercializado através de corretoras voltadas para a exportação. Já o fumo podia ser produzido em pequenas fazendas e sempre teve um sistema de comercialização pulverizado, usando um número grande de vendedores que o distribuíam diretamente aos comerciantes das mais diversas regiões do estado e do país.

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Tobacco replaced coffee

From the 1930s the coffee lost economic importance, and Uba’s producers opted for tobacco culture. The coffee was produced in a few and large properties and marketed through brokers export-oriented. Compared to coffee, the tobacco was produced on small farms and always had a system of marketing sprayed, using a large number of sellers that distributed it directly to traders from different parts of the state and the country. In the 1960s came the decay of the tobacco, which contributed to a large unemployment tax in the countryside and in the city.


Some farmers turned their attention to corn, but even with the installation of Agroceres at the town, was not possible to absorb so many workers. Uba had become an important trading center with small industries and companies that evoluted to large size, as Armarinho Santo Antônio and Wembley confection. Since the second decade of the 20th century already saw workshops of wood processing and small handcrafted furniture manufacturers. In 1917, Eduardo Marcato made frames for construction and custom furniture. In 1927, Luiz Fiesten had set up a shop and a woodwork. In 1935, Paulo Trevizano started making bags and custom furniture. In 1946, João Rosignoli installed his workshop, and in the following year the Teixeira Pinto brothers started making brooms.

Recycled packaging of a tissue shop

To perform the miracle of the furniture center, these were the first prophets, but the saints were the tobacco planter Chico Parma and two of his sons, Luiz and José Francisco Parma. In 1952, Chico Parma exchanged a wain and a horse on four joinery machines, a trowel, a mandrel, a circular saw and a sander, and gave this equipment to his sons. So, they started to produce kapok battens to the Ubá bag factory, and frames for construction. Then they learned to make crystal closets, which generated good profits. José Francisco was creative, entrepreneurial and wanted to quit from retail. In the reason of that, he decided to start a mass production of cheap furniture, reusing the wood packaging discarded by Armarinho Santo Antônio.

Cozinhas Itatiaia tem fábricas em Ubá e Sooretama / Itatiaia Kitchens has factories in Ubá and Sooretama

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Na década de 1960, foi a vez de o fumo entrar em decadência, desempregando um grande número de trabalhadores na zona rural e na cidade. Alguns fazendeiros voltaram suas atenções para o milho, mas mesmo com a instalação da Agroceres na cidade não foi possível absorver tantos trabalhadores. Ubá se tornara um entreposto comercial importante, com pequenas indústrias e empresas que chegaram a se tornar de grande porte, como o Armarinho Santo Antônio e a confecção Wembley. Desde a segunda década do século 20 já se viam na cidade oficinas de beneficiamento de madeira e pequenas fábricas artesanais de móveis. Em 1917, Eduardo Marcato fazia esquadrias para construção e móveis sob encomenda. Em 1927, Luiz Fiesten montou uma loja e uma marcenaria. Em 1935 foi a vez de Paulo Trevizano começar a fabricar malas e móveis sob encomenda. Em 1946, João Rosignoli instalou sua oficina, e no ano seguinte os irmãos Teixeira Pinto passaram a fabricar vassouras.

Embalagens recicladas do Armarinho Para a realização do milagre do Polo Moveleiro, esses foram os primeiros profetas, mas os santos foram o plantador de fumo Chico Parma e dois de seus filhos, Luiz e José Francisco Parma. Em 1952, Chico Parma trocou uma carroça e um cavalo por quatro máquinas de marcenaria, uma desempenadeira, um mandril, uma serra circular e uma lixadeira, e deu esses equipamentos aos filhos. Esses passaram a produzir ripas de sumaúma para a fábrica de malas de Ubá e esquadrias para construção. Depois aprenderam a fazer cristaleiras, que venderam com bons lucros. José Francisco era criativo, empreendedor e queria sair do varejo. Resolveu iniciar uma fabricação em série de móveis baratos, reutilizando embalagens de madeira que eram descartadas pelo Armarinho Santo Antônio. Outra ideia que revolucionou a indústria moveleira de Ubá foi a possibilidade de utilizar chapas de aço na fabricação de móveis, uma novidade trazida por Otocy Vilela Eiras e demonstrada na fábrica de refrigeradores de Sebastião Barreto e José Campos. Em 1964, Lincoln Rodrigues Costa, que na época fabricava macarrão, passou a fabricar móveis de aço. Surgiu então a Móveis Itatiaia, que se tornaria uma das maiores indústrias moveleiras nacionais.

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Another idea that has revolutionized the furniture industry of Ubá was the possibility of using steel plates in manufacturing of furniture, a novelty brought by Otocy Vilela Eiras and demonstrated on Sebastião Barreto and José Campos’ refrigerator factory. In 1964, Lincoln Rodrigues Costa – who at the time was a noodles manufacturer – started to manufacturing steel furniture. Then arises Móveis Itatiaia, which became one of the largest national furniture industries. In 1969, the American space program arrived in the moon with Apollo 11. Leveraging this success, Raimundo Carneiro Flores, Generoso Carneiro Neto and João Batista Flores had set up Móveis Apolo Furniture Industry, to make carved cherry wood bedroom furniture. Today the company has 735 employees. The Trevizano brothers stopped manufacturing custom furniture to install a production line of fine furniture of curved lines in the British Chippendale style, with huge success. Bankruptcy generates new businesses

The expansion of the furniture center of Ubá consolidated itself in the mid-1970s, interestingly from the closing of Domani, the big company led by the pioneer José Francisco Parma, which employed 1,200 people. Some woodworkers decided to start their own business, taking advantage of the knowledge acquired in the company. The Economic Census of IBGE recorded in 1970, 25 furniture manufacturers. The Census of 1980 recorded 72 of these companies in Uba. This process continued to increase the following decades. The factories were growing and employees who left them had set up their own companies in Uba and nearby cities, being four hundred at the present time. Unlike other development initiatives that happened in the country at the initiative of governments, the formation of the Local Productive Arrangement of furniture in Uba’s area had a strong character and arose from the spontaneous entrepreneurial potential of its people. The government participation in the consolidation of this center was practically limited to the improvement of the road network, since the railroad was not enough to get the raw material and for drain the production. Even the increase in the supply of electricity by Cataguazes-Leopoldina Company (today Energisa) was obtained by the articulation of local businessmen who succeeded in one funding from Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico for the company to build new hydroelectrics.


Itatiaia kitchens, national leadership

Founded in 1964 by Lincoln Rodrigues Costa, Itatiaia Móveis was named inspired in Agulhas Negras Cliff, located in National Park Itatiaia, on the border between Rio de Janeiro, Sao Paulo and Minas Gerais. Consolidated itself as the largest manufacturer of kitchens in the country and is among the two largest furniture manufacturers in Brazil, with production units in Ubá and Sooretama (ES). Itatiaia began in 1964, innovating in the production of kitchen furniture with the use of steel plates in the style of American kitchen. Then it evolved to offer modular kitchens capable of filling any space in white, red, blue or yellow compositions. Currently, it produces steel and wood kitchens, bathrooms cabinets and appliances with quality and modern technology, in two units. The Ubá unit produces daily 13,000 steel kitchen cabinets with modern equipment. It has 1,214 highly trained employees and occupies an area of 350 thousand square meters. The Sooretama unit, opened in June 2013, occupies an area of 600,000 square meters and produces daily 6,000 wood stoves, 100 bathroom cabinets, 600 stoves and 150 cooktops, modules of burners, without oven, to be installed in high luxury kitchens and gourmet spaces. It has 484 employees in very hightech machines, providing safety and ergonomic comfort for them. Since 2010, Itatiaia has a professional management prepared to contribute to the company’s goals. There are 76 representatives reselling their product line in 18,500 points of sale throughout the country. Itatiaia also exports to countries in Africa, South America and Central America. In 2014, it opened its headquarters in Belo Horizonte, with 107 workers, confirming the time of full expansion.

Cozinha Itatiaia de madeira - Linha Belíssima

Itatiaia’s wooden Kitchen - Belíssima line

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Em 1969, o programa espacial norte-americano chegou à Lua com a nave Apollo 11. Aproveitando o sucesso, Raimundo Carneiro Flores, Generoso Carneiro Neto e João Batista Flores montaram a Indústria de Móveis Apolo, para fazer mobília de quarto entalhada em cerejeira. Hoje a empresa tem 735 empregados. Os irmãos Trevizano deixaram de fabricar móveis sob encomenda para instalar uma linha de produção de móveis finos de linhas curvas no estilo do britânico Chippendale, com enorme sucesso.

Falência gera novos negócios A expansão do polo moveleiro de Ubá se consolidaria em meados da década de 1970, curiosamente a partir do fechamento da Domani, a grande empresa comandada pelo pioneiro José Francisco Parma, que empregava 1.200 pessoas. Alguns dos marceneiros decidiram iniciar negócios próprios, aproveitando o conhecimento adquirido na empresa. O Censo Econômico do IBGE registrava, em 1970, 25 fábricas de móveis. Já o de 1980 contava 72 dessas empresas em Ubá. Esse processo continuou nas décadas seguintes. As fábricas foram crescendo e os empregados que as deixavam montavam suas próprias empresas em Ubá e nas cidades vizinhas, até chegar a quatro centenas na época atual. Ao contrário de outras iniciativas de desenvolvimento ocorridas no país por iniciativa dos governos, a formação do Arranjo Produtivo Local em Movelaria na região de Ubá teve uma forte característica espontânea e surgiu da capacidade empreendedora de seu povo. A participação do governo de Minas na consolidação desse polo praticamente se limitou à melhoria da rede viária, já que a ferrovia não era suficiente para fazer chegar a matéria-prima e escoar a produção. Até mesmo o aumento da oferta de energia elétrica pela Cia. Cataguazes-Leopoldina (hoje Energisa) foi obtido pela articulação dos empresários locais, que conseguiram um financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico para a empresa construir novas hidrelétricas.

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Cozinhas Itatiaia, liderança nacional Fundada em 1964, por Lincoln Rodrigues Costa, a Itatiaia Móveis ganhou esse nome em homenagem à alta cadeia de montanhas que domina a paisagem na fronteira entre Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Consolidou-se como a maior fabricante de cozinhas do país e está entre as duas maiores indústrias de móveis do Brasil, com unidades de produção em Ubá e em Sooretama (ES). A Itatiaia começou em 1964 inovando a produção de móveis para cozinha com a utilização de chapas de aço no estilo de cozinha americana. Evoluiu para a oferta de cozinhas moduladas capazes de preencher qualquer espaço, em composições brancas, vermelhas, azuis ou amarelas. Atualmente, produz cozinhas de aço e madeira, armários de banheiros e eletrodomésticos com qualidade e tecnologia moderna, em duas unidades. A unidade de Ubá produz diariamente 13 mil armários de cozinha de aço. Mantém 1.214 funcionários altamente treinados. A unidade ocupa uma área de 350 mil m2. A unidade de Sooretama, instalada em 600 mil m2, produz por dia 6 mil cozinhas de madeira, 100 armários de banheiro, 600 fogões e 150 cooktops, ou seja, os módulos de queimadores, sem o forno, para serem instalados em cozinhas de alto luxo e espaços gourmets. Trabalham ali 484 funcionários em máquinas de altíssima tecnologia. Desde 2010, a Itatiaia conta com uma gestão profissional de gerentes e diretores, preparados para contribuir com os objetivos da empresa. São 76 os representantes que revendem sua linha de produtos em 18.500 pontos de vendas espalhados por todo o Brasil. A Itatiaia também exporta para países da África, América do Sul e América Central. Em 2014, transferiu sua sede administrativa para Belo Horizonte, empregando ali 107 funcionários.


Victor Costa, o presidente Victor Penna Costa, 53 anos, natural de Ubá, Minas Gerais, é filho do fundador Lincoln Rodrigues Costa. Formado em engenharia industrial na Faculdade de Rosenheim, na Alemanha, possui especialização em finanças executivas na Universidade de Oxford e na London Business School, Inglaterra. Victor iniciou sua vida profissional aos 16 anos na Itatiaia Móveis, empresa fundada por seu pai. Atuou em diferentes setores da indústria até que, em 1999, fundou a Fakta, indústria de móveis de madeira mais tarde incorporada ao grupo Itatiaia. Desde 2005, Victor Penna Costa é o diretor-presidente da Itatiaia, e conduziu o projeto de expansão do grupo, construindo a fábrica de Sooretama e transferindo a sede administrativa da empresa para Belo Horizonte. • Escritório Itatiaia em Belo Horizonte

Itatiaia’s office at Belo Horizonte

Victor Costa, the CEO

Victor Costa Penna, 53 years old, is born in Ubá. He is son of the founder Lincoln Rodrigues Costa. He graduated in Industrial Engineering at Rosenheim University, Germany, has specialization in Executive Finance at Oxford University and at London Business School, England. Victor began his professional life at age 16 in the Itatiaia Móveis, a company founded by his father. He worked in different sectors of the industry until, in 1999, he founded the Fakta, wood furniture manufacturing industry later incorporated by Itatiaia group. Since 2005, Victor Costa Penna is the Itatiaia’s CEO, and led the expansion project of the group, building the Sooretama unit and transferring the headquarters to Belo Horizonte. • Cozinha Itatiaia em aço Stilo Plus / Itatiaia’s steel kitchen - line Stilo Plus

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Automotivo

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Fiat Automóveis líder absoluta no século 21

Automotive Industry Fiat, absolute leader in the 21st century

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A empresa, criada há 115 anos, sobreviveu a duas guerras mundiais e a todas as crises do mercado de automóveis. Nascida na Itália, em 2014 deixou de ser italiana, ao comprar a Chrysler americana por US$ 4,3 bilhões e transferir sua sede para a Holanda, suas operações fiscais para o Reino Unido e negociar suas ações nas bolsas de Nova York e Milão. Instalada há 40 anos em Minas, superou as concorrentes e se consolida há 12 anos como líder nacional de vendas. História A Fiat Automóveis foi fundada em Torino, no Norte da Itália, por Giovanni Agnelli, em 1899. O presidente que mais tempo a dirigiu foi Gianni Agnelli, neto do fundador, que permaneceu no cargo de 1966 até sua morte, em 2003. Esse lendário dirigente foi quem decidiu a construção da fábrica da Fiat em Betim, a partir de 1973, depois de longas negociações. Agnelli obteve investimentos Gianni Agnelli com Delfim Neto e Reis Veloso públicos, benefícios fiscais e uma joint-venture com o governo miGianni Agnelli with Delfim Neto and Reis Veloso neiro, que adquiriu 46% das ações ao preço de US$ 155 milhões. O primeiro presidente da Fiat Automóveis de Betim foi o engenheiro Adolfo Neves Martins da Costa. O mérito de atrair a montadora italiana para Minas foi do governador Rondon Pacheco, mas na cerimônia de inauguração, em 1976, o ocupante do Palácio da Liberdade era Aureliano Chaves. O presidente Ernesto Geisel veio a Minas para a solenidade. A partir da fabricação do primeiro Fiat 147, a frota do estado passou a ser majoritariamente de automóveis Fiat. Com as expansões, a participação acionária do Governo de Minas foi sendo diluída e acabou sendo extinta. A fábrica ocupa uma área total de 225 hectares, com área construída de 70,1 hectares. Possui hoje 300 fornecedores e tem mais de 600 pontos de venda, gerando 30 mil empregos diretos e indiretos. Só em ICMS, recolheu R$ 297,4 milhões em 2013. A partir de sua inauguração, gerou um extraordinário progresso para o município de Betim. O município tinha 31.911 habitantes em 1970, já contando o afluxo de pessoas para a Refinaria Gabriel Passos, da Petrobras, inaugurada em 1968. Hoje, tem 406 mil habitantes, tornando-se o 5º maior município de Minas, atrás apenas de Belo Horizonte, Contagem, Uberlândia e Juiz de Fora. No país, a Fiat Automóveis foi a primeira indústria automobilística a instalar-se fora de São Paulo, consolidando ao seu redor um complexo parque de fornecedores. Desde a inauguração, a fábrica de Betim já produziu mais de 13 milhões de automóveis e comerciais leves, dos quais mais de 5 milhões têm motores flex. Líder de vendas pelo décimo segundo ano consecutivo, a Fiat investe na ampliação de sua capacidade de produção com a expansão física da planta de Betim e a adoção de novas soluções tecnológicas e de processos, que a tornam cada vez mais moderna e eficiente. A capacidade de produção será elevada das atuais 800 mil unidades para 950 mil veículos ao ano.

Fábrica flexível e motores flex Na fábrica da Fiat Automóveis em Betim (MG) são produzidos 15 modelos de automóveis e comerciais leves. São mais de 70 versões, incluindo as destinadas à exportação. Maior unidade de produção de veículos da Fiat Chrysler Automobile, a planta da Fiat em Betim é também mais complexa e flexível fábrica de automóveis do mundo, com produção simultânea de 15 diferentes modelos em quatro linhas de montagem. Na unidade Powertrain da Fiat Automóveis, em Betim (MG), são produzidos os motores Fire EVO 1.0 e 1.4 e a família Fire de 1.0 a 1.4. A Fiat também é abastecida pela fábrica de motores de Campo Largo (PR), uma

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mo­derna unidade produtora de motores médios, responsável pela fabricação da família de propulsores E.torq, nas versões 1.6 16v e 1.8 16v, flex e a gasolina. Na planta de Betim também são fabricados os modelos de transmissões que equipam a maior parte da linha de montagem. O processo produtivo envolve as etapas de usinagem, tratamento térmico e montagem. Na usinagem, o produto ganha forma e dimensões. O passo seguinte é o tratamento térmico, para garantir resistência e durabilidade, onde são processadas 23 toneladas de aço por dia. Para a fabricação diária de 2.480 transmissões, são processadas internamente cerca de 60 mil peças a cada dia.

The company created 115 years ago survived two World Wars and all car market crisis. Born in Italy, in 2014 it ceased to be Italian, when it bought the American Chrysler for US$ 4.3 billion and transferred its head office to Holland, its fiscal operations to United Kingdom and started trading stocks in the Stock Exchanges of Milan and New York. Installed 40 years ago in Minas, it outperformed competitors and consolidated 12 years ago as national sales leader. History

Fiat Automobiles was founded in Torino, in the North of Italy, by Giovanni Agnelli, in 1899. The president that managed it for the longest time was Gianni Agnelli, grandson of the founder, who remained in the role from 1966 until his death, in 2003. This legendary leader was who decided to build the plant in Betim, in 1973, after lengthy negotiations. Agnelli obtained public investments, tax benefits and a joint-venture with Minas’ government, which acquired 46% of the shares at a price of US$ 155 million. The first Fiat Cars president in Betim was the engineer Adolfo Neves Martins da Costa. The credit of attracting the Italian carmaker to Minas belongs to the governor Rondon Pacheco, but in the opening ceremony, in 1976, the occupant of the Palace of Liberty was Aureliano Chaves. The president Ernesto Geisel came to Minas for the solemnity. After the manufacturing of the first Fiat 147, the state’s fleet became mostly Fiat cars. With the expansions, the shareholding of Minas Government was diluted and eventually extinct.

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The factory occupies a total area of 910 acres, with a built area of 70.1 hectares. It has 300 suppliers and more than 600 sales points, generating 30 thousand direct and indirect jobs. Only in ICMS tax, it paid R$ 297.4 million in 2013. After its inauguration it generated an extraordinary progress for the city of Betim. The municipality had 31.911 inhabitants in 1970, already counting the people influx to the Gabriel Passos Refinery, of Petrobras, opened in 1968. Today it has 406 thousand inhabitants, becoming the fifth larger municipality of Minas, only behind Belo Horizonte, Contagem, Uberlândia and Juiz de Fora. In the country, Fiat Automobiles were the first auto industry to settle out of São Paulo, consolidating around it a complex supplier park. Since its inauguration, the factory in Betim already produced more than 13 million cars and light commercial vehicles, of which more than 5 million with flex motors. Sales leader for the 12th consecutive year, Fiat invests in the expansion of its production capacity with the physical expansion of the plant in Betim and the introduction of new technology solutions and processes, which make it increasingly modern and efficient. The production capacity will be increased from the current 800 thousand units to 950 thousand vehicles per year. Flexible plant and flex engines

In Betim (MG) Fiat Automobiles factory, 15 models of cars and light commercial vehicles are produced. There are more than 70 versions, including that for export. The biggest Fiat Chrysler Automobile vehicles production unity, Fiat plant in Betim is also the most complex and flexible cars factory of the world, with a simultaneous production of 15 different models in four assembly lines. In the Fiat Automobiles Powertrain unit, in Betim (MG), the Fire EVO 1.0 engine and the Fire family, from 1.0 to 1.4, are produced. Fiat is also supplied by the Campo Largo (PR) engines factory, a modern producing unit of light engines, responsible for the manufacturing of engines family E.torq, in the version 1.6 17V and 1.8 16V, flex and gasoline powered. In the Betim plant also are manufactured the transmission models which are used in most of the assembly line. The productive process involves the steps of machining, heat treatment and assembly. In the machining part, the product takes shape and size. The next step is the heat treatment, which guarantees strength and durability, where 23 tons of steel are processed per day. For the daily production, about 60 thousand pieces are internally processed per day. A fábrica de Betim é a mais flexível montadora de automóveis do mundo Betim plant is the most flexible cars factory in the world

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Assembly lines

To compose the vehicles, the cold rolled steel plates are made into the several parts which compose the body, as sides, hood, roof, fenders, and doors. This transformation process is carried in 19 large press lines, which total 130 machines with a capacity varying from 400 to 2400 tons of press power. Among all these active lines, there are two with high automation pattern. They produce a large number of pieces at a high speed, with quality and productivity gains. The metallic wastes, like the steel plates patchwork, are 100% recycled in other processes, contributing to the rational use of natural resources and the preservation of the environment. In the bodywork, the steel parts are welded together to form the chassis, which is the base where is built the mechanics of the vehicle. Lately, the sides and the roof are welded. In the next step, the moving parts, like doors, fenders, hood and rear cover, are assembled. In the end of the process, the body receives an average of 3500 weld spots. In average, every 35 seconds, a body is finished and sent for painting. The bodywork is the unit which concentrates the most robots. There are more than 250 robots which provide agility and quality to the process. Painting

The painting process guarantees the durability and the embellishment of the vehicle’s body. In the painting unity, the vehicle’s body goes through many steps, in an 18 kilometers route in air transporters. The first step is to clean and degrease. The bodies are dipped in aqueous solution tanks to remove the protective oil. Following, the phosphorylation process occurs, which consists in preparing the surface to receive the first ink layer. In the following step, the bodies receive, through electrodeposition, the first ink layer, called e-coat, responsible for the plates’ corrosion protection. The next step is the caulk process, in which are used sealants for soundproofing and protection against dust and water. After the end of the cleaning and treatment processes, the bodies are ready to receive the second ink layer, called primer. Soon after, they receive the base, which is the final color, and the varnish to give it some brightness. The volatiles generated in the painting drying process are gathered and burned in afterburners for disposal of pollutants. Fiat was the first vehicle manufacturer in Brazil to totally eliminate solvent emissions in the atmosphere.

A FIAT gera 30 mil empregos diretos e indiretos FIAT generates 30 thousand jobs

Linhas de montagem Para compor os automóveis, as chapas de aço laminado a frio são transformadas nas diversas peças que compõem a carroceria, como laterais, capô, teto, paralamas e portas. Esse processo de transformação é realizado em 19 linhas de prensas de grande porte, que totalizam 130 máquinas com capacidade que varia de 400 a 2.400 toneladas de força de prensagem. Do total de linhas em atividade, duas têm alto padrão de automação. Produzem grande volume de peças em alta velocidade, com ganhos de produtividade e qualidade. Os resíduos metálicos, como os retalhos de chapas de aço, são 100% reciclados em outros processos, contribuindo para o uso racional dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente. Na funilaria, as peças de aço são soldadas para formar o chassi, que é a base onde é montada a mecânica do veículo. Posteriormente, são soldadas as laterais e o teto. Na etapa seguinte, são montadas as partes móveis, como portas, tampa traseira, paralamas e capô. No final do processo, a carroceria recebe em média 3.500 pontos de solda. Em média, a cada 35 segundos, uma carroceria é finalizada e enviada para pintura. A funilaria é a unidade que concentra o maior número de robôs. São mais de 250 robôs que proporcionam agilidade e qualidade ao processo.

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Pintura O processo de pintura garante a durabilidade e o embelezamento da carroceria do automóvel. Na unidade de pintura, as carrocerias passam por diversas etapas, em um percurso de 18 quilômetros em transportadores aéreos. A primeira etapa é para limpeza e desengraxe. As carrocerias são mergulhadas em tanques de solução aquosa para a retirada do óleo de proteção. Na sequência, ocorre o processo de fosforização, que consiste na preparação da superfície para receber a primeira camada de tinta. Na etapa seguinte, as carrocerias recebem, por eletrodeposição, a primeira camada de tinta, chamada e-coat, responsável pela proteção anticorrosiva das chapas. O próximo passo é o processo de calafetação, no qual são usadas massas vedantes para isolamento acústico e proteção contra poeira e água. Com o fim dos processos de limpeza e tratamento, as carrocerias estão prontas para receber a segunda camada de tinta, chamada primer (mão de fundo). Logo em seguida, recebem a base, que é a cor final, e o verniz para dar brilho. As substâncias voláteis geradas no processo de secagem da pintura são coletadas e queimadas em pós-combustores para eliminação das substâncias poluentes. A Fiat foi a primeira fabricante de veículos do Brasil a eliminar totalmente as emissões de solventes na atmosfera.

Montagem final Na montagem final, são manuseados mais de 19 mil tipos de peças por dia, como revestimentos internos e externos, motor, suspensão, componentes elétricos, entre outros. Logo quando chegam à montagem final, as carrocerias recebem uma identificação que as associam aos pedidos dos clientes. A partir daí, todos os setores recebem as informações técnicas e quais peças serão montadas no veículo. São mais de 45 mil movimentações logísticas para abastecer as quatro linhas. A cada dois minutos, sete carros são finalizados na montagem final.

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Final assembly

In the final assembly, more than 19 thousand kinds of parts are handled per day, like internal and external coatings, engines, suspension, electrical components, and others. As soon as they reach the final assembly, the bodies receive and identification, which associate them to the customers’ orders. From there, all sectors receive the technical information and which parts will be mounted on the vehicle. There are more than 45 thousand logistic movements to supply the four lines. Every two minutes, seven cars are finished in the supply line.

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O Presidente Cledorvino Belini é presidente da Fiat Automóveis desde 2004 e, atualmente, presidente do Grupo Fiat Chrysler para a América Latina. Presidiu a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) entre 2010 e abril de 2013. É formado em administração de empresas pela Universidade Mackenzie, com mestrado em finanças pela USP. Possui MBA pelo FDC/INSEAD, obtido em 2002. Em 2009, Belini passou a integrar o Conselho Executivo do Fiat Group (GEC), a mais elevada instância mundial de comando executivo do grupo. Também é diretor-presidente da Fiat Finanças Brasil e presidente do Conselho de Administração do Banco Fidis.

The Chief Executive Officer

Cledorvindo Belini is the Fiat Automobiles chief executive officer since 2004 and is today the chairman of the Fiat Chrysler Group in Latin America. He headed Anfavea, the National Association of Automotive Vehicles Manufacturers, between 2010 and April 2013. He is graduated in Business Management in Universidade Mackenzie, with master’s degree in Finances from USP. He received a MBA from FDC/INSEAD in 2002. In 2009, Belini joined the Executive Board of the Fiat Group, the highest global instance of the group executive command. He is also CEO of the Fiat Finanças Brasil, and chairman of the board of Fidis Bank.

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Iveco de sete lagoas Vans, caminhões e blindados

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Inaugurada em 2000, a moderna e flexível fábrica de caminhões da Iveco em Sete Lagoas demandou investimentos de R$ 570 milhões. A unidade responde pela fabricação de caminhões Iveco leves, semipesados, pesados e micro-ônibus, além de comerciais leves da marca Fiat, sendo a sua capacidade produtiva de 70 mil veículos por ano. A fábrica situa-se numa área de 235 hectares, dos quais ocupa, atualmente, 600 mil m2. Monta também caminhões off-road para mineradoras e veículos de combate a incêndios. A Iveco renovou recentemente toda a sua linha de veículos comerciais, lançando a família Ecoline, com caminhões mais eficientes, econômicos e com baixos custos operacionais. Os modelos da geração Iveco Ecoline, anunciados em 2011, trazem novas cabines e interiores mais modernos, modificações mecânicas de chassi, suspensão, novos sistemas elétricos e pneumáticos e detalhes estéticos que alcançam todas as famílias de produtos da marca. Além disso, as variações são mais numerosas. Das 85 possibilidades antes existentes de produtos Iveco (contando família, cabine, motores, transmissões e chassi, apenas), a nova geração Ecoline deu um salto para mais de 140 versões.

Iveco of Sete Lagoas Vans, trucks and armored vehicles Inaugurated in 2000, the modern and flexible Iveco truck factory in Sete Lagoas required investments of US$ 250 million. The plant manufactures light Iveco trucks, semi-heavy, heavy and micro-buses, in addition to Fiat’s light commercial vehicles, with a production capacity of 70 thousand vehicles per year. The factory is situated in an area of 570 acres, of which it currently occupies 600,000 m2. It also manufactures off-road trucks for mining facilities and firefighting vehicles. Iveco recently renewed all its commercial vehicles line, launching the Ecoline family, with more efficient and economic, low operating cost trucks. The Iveco Ecoline generation models, announced in 2011, brings new cabins and more modern interiors, mechanical modifications in the chassis, suspension, new electric and pneumatic systems and aesthetic details that reach all the brand’s products families. Moreover, the variations are more numerous.


The Iveco’s products possibilities previously existing (taking into account family, cabin, engines, transmissions and chassis, only) increased from 85 versions to 140 versions in the new Ecoline generation. The Iveco factory deployment in Brazil started in 1997. It is a subsidiary of the Italian Fiat, and its name is an acronym formed by the words Industrial Vehicle Corporation initials. Its headquarters is in Nova Lima (MG), integrated to the CNH Industrial, subsidiary of the Fiat group which also produces FPT engines, heavy machinery and agricultural implements of Case and New Holland brands. The company has commercial offices in São Paulo, Curitiba and Brasília, and more than 100 points of sale in the country. In 2008, Iveco inaugurated a Product Development Center in Sete Lagoas, Iveco’s first outside Europe. Nearly 300 technicians and engineers work there, with the responsibility to develop Iveco’s future products to the Brazilian and Latin American markets. Iveco is considered the truck maker that grew most in the country in the 21th century. Since 2006, the company has launched six new products families, and multiplied its sales by five, reaching, in 2010, the total of 16,000trucks sold in the country. In March 2014, it celebrated the number 300,000 truck manufactured by its almost 3,000 employees. It was an ultra-heavy Stralis Hi-Way 600S48.

Iveco Powerstar

A implantação da fábrica da Iveco no Brasil começou em 1997. É uma subsidiária da Fiat italiana e seu nome é uma sigla formada pelas iniciais das palavras Industrial Vehicle Corporation. Sua sede administrativa fica em Nova Lima (MG), integrada à CNH Industrial, subsidiária do Grupo Fiat que também fabrica motores FPT, máquinas pesadas e implementos agrícolas das marcas Case e New Holland. A empresa possui escritórios comerciais em São Paulo, Curitiba e Brasília e mais de 100 pontos de venda no país. Em 2008, a Iveco inaugurou um Centro de Desenvolvimento de Produto em Sete Lagoas, o primeiro da Iveco fora da Europa. Lá trabalham cerca de 300 engenheiros e técnicos com a responsabilidade de desenvolver os futuros produtos da Iveco para os mercados brasileiro e latino-americano. A Iveco é considerada a montadora de caminhões que mais cresceu no país no século 21. Desde 2006, a empresa lançou seis novas famílias de produtos e multiplicou suas vendas por cinco, atingindo, em 2010, a soma de 16 mil caminhões vendidos no país. Em março de 2014, comemorou o caminhão nº 300.000 fabricado por seus quase 3 mil funcionários. Trata-se de um ultrapesado Stralis Hi-Way 600S48.

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Sete mil Cityclass para o Programa Caminho da Escola A Iveco entregou, em 2012 e 2013, sete mil micro-ônibus CityClass produzidos numa parceria com a Neobus para o Ministério da Educação utilizar no programa Caminho da Escola, beneficiando dezenas de milhares de estudantes do ensino público de todo o país. Esses veículos, próprios para enfrentar estradas vicinais em más condições, possuem área reservada para guardar cadeira de rodas, com cadeira inclusa; cinto de segurança em todas as poltronas; duas escotilhas no teto como saídas de emergência; janelas de emergência; poltrona tipo sofá, com encosto de cabeça alto, estofada e revestida em vinil lavável antideslizante, com pega-mão nas próprias poltronas.

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Seven Thousand Cityclass for the program “Caminho na Escola”

Iveco delivered, in 2012 and 2013, 7,000 microbus Cityclass manufactured in a joint venture with Neobus for the Ministry of Education use in the program “Caminho da Escola”, benefiting dozens of thousands public school students across the country. These vehicles, suitable for local roads in poor conditions, have an area reserved for storing wheelchairs, with a chair included; seatbelts on all seats; two hatches in the ceiling as emergency exits; emergency windows; upholstered and covered in nonslip washable vinyl armchairs sofa-type, with high headrest and hand-grips on the own armchairs.

Linhas de produção versáteis podem montar diversos veículos

Flexible production lines are able to assemble several kinds of vehicles


Blindados para o Exército Uma unidade de 30 mil m2 localizada dentro do Complexo Industrial da Iveco em Sete Lagoas, com 18 mil m2 de área construída, é responsável pela fabricação do blindado Guarani, para o Exército Brasileiro, com alto grau de tecnologia nacional agregada. A fábrica Iveco Defense foi inaugurada no primeiro semestre de 2013 e recebeu investimentos de R$ 55 milhões. É a única fábrica do gênero inaugurada pela empresa no Brasil e será base de exportação para a América Latina. O blindado Guarani, conhecido tecnicamente pela sigla VBTP-MR, é fruto de uma parceria da empresa com o Exército, aproveitando sete décadas de experiência da Iveco na fabricação de veículos de defesa na Itália, e a tradição do blindado Urutu, fabricado no Brasil pela Engesa, que há quatro décadas equipa as Forças Armadas. Cinco Guaranis foram montados inicialmente para testes, mas a capacidade de produção da planta é de 100 blindados por ano, podendo chegar a 200 de acordo com as encomendas. O VBTP-MR Guarani é capaz de transportar até 11 combatentes. Com índice de nacionalização superior a 60%, incluindo motor e chassi, o veículo tem peso bruto total de 18 toneladas, tração 6x6 e é impulsionado pelo motor diesel Cursor 9, da FPT Industrial, com 383 cv de potência máxima. Ele conta ainda com transmissão automática e capacidade anfíbia. As dimensões básicas do blindado são 6,91 metros de comprimento, 2,7 metros de largura e 2,34 metros de altura, o que permite que seja transportado pela aeronave KC-390, da Embraer.

Armored Vehicles for the Army

A 30,000 square meters unit located inside the Iveco’s Industrial Complex in Sete Lagoas, with an 18,000 square meters built area, is responsible for the Guarani armored vehicle manufacturing, for the Brazilian Army, with a high level of aggregated national technology. The Iveco Defense factory was inaugurated in the first semester of 2013 and received investments of US$ 24 million. It is the only factory of its kind inaugurated by the company in Brazil and will be an export base for the Latin America. The Guarani armored vehicle, technically known by the acronym VBTP-MR, is the result of a partnership with the Army, taking advantage of Iveco’s seven decades of experience in the manufacturing of defense vehicles in Italy and the tradition of the armored Urutu, made in Brazil by Engesa, which equips the armed forces for four decades. Five Guaranis were initially made for tests, but the plant’s production capacity is 100 armored vehicles per year, reaching up to 200 according to orders. The VBTP-MR Guarani is capable of carrying up to 11 troopers. With a nationalization index higher than 60%, including engine and chassis, the vehicle has a gross weight of 18 tons, 6x6 traction and is driven by the diesel engine Cursor 9, from FPT Industrial, with 383 hp of maximum power. He also has automatic transmission and amphibious capacity. The armored vehicle’s basic dimensions are 6.91 meters long, 2.7 meters wide and 2.34 meter high, which allows it to be carried by the aircraft KC-390, from Embraer.

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US$ 123 million contract

Iveco Guarani

Contrato de R$ 282 milhões

The project was closely followed by General Sinclair Mayer, head of the Army’s Science and Technology Department. The production is carried out by the electronic engineer Paolo Del Noce, CEO of Iveco Defense Vehicles. The new vehicle will also be the base platform of a wheeled, medium armored vehicles family which may have up to ten different versions, including reconnaissance vehicles, aid, command post, communications, workshop, ambulance, and others. Operating at maximum capacity, the factory will be able to deliver more than 100 armored vehicles per year, reaching up to 200, according to demands, employing 350 people directly, in addition to generating about 1400 indirect jobs. Besides the armored vehicles, Iveco is also able to provide other special vehicles, like the firefighting line Iveco Magirus, which was supplied to the Brazilian airports in 2014. An US$ 123 million agreement with the Brazilian Army guarantees the delivery of 86 Guaranis. Argentina already commissioned 14 units. Chile, Colombia, Venezuela and Middle East countries also showed interest in the armored vehicles made in Minas.

O projeto foi acompanhado de perto pelo general Sinclair Mayer, chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército. A produção está a cargo do engenheiro eletrônico Paolo Del Noce, diretor geral da Iveco Veículos de Defesa. O novo veículo também será a plataforma-base de uma família de blindados médios de rodas que poderá ter até mais dez versões diferentes, incluindo veículos de reconhecimento, socorro, posto de comando, comunicações, oficina e ambulância, entre outras. Operando em capacidade máxima, a fábrica será capaz de entregar mais de 100 veículos blindados por ano, podendo chegar a 200, conforme a demanda, empregando 350 pessoas diretamente, além de gerar aproximadamente 1.400 postos de Paolo del Noce entrega blindados ao general Sinclair Mayer trabalho indiretos. Além dos blindados, a Paolo del Noce delivers armored veicles to general Sinclair Mayer Iveco está apta também a fornecer outros veículos especiais, como a linha de combate a incêndios Iveco Magirus, que foi fornecida aos aeroportos brasileiros em 2014. Um contrato no valor de R$ 282 milhões com o Exército Brasileiro garante a entrega de 86 Guaranis. A Argentina já encomendou 14 unidades. Chile, Colômbia, Venezuela e países do Oriente Médio também mostraram interesse no equipamento bélico feito em Minas.

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Vilmar Fistarol Presidente da Case-New Holland Industrial (CNHI) para a América Latina, à qual está filiada a Iveco, Vilmar Fistarol respondia antes pela área de Compras da Fiat Chrysler. É graduado em administração de empresas pela Universidade de Caxias do Sul, com MBA na FDC/ Kellog School of Management (EUA) e MBA na FDC/Insead (França). Foi diretor-presidente da Teksid, vice-presidente de Recursos Humanos da Fiat América Latina e presidente da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade. Está no grupo Fiat desde 1991.

Vilmar Fistarol

The Chief Executive Officer of Case-New Holland Industrial (CNHI) for Latin America, to which Iveco is affiliated, Vilmar Fistarol was previously in charge for the Fiat Chrysler purchasing area. He is graduated in Business Management in Universidade de Caxias do Sul, with a MBA from FDC/Kellog School of Management (USA) and a MBA from FDC/Insead (France). He was Teksid’s CEO, human resources vice-president of Latin America Fiat and president of the Society of Mobility Engineers. He is in Fiat group since 1991.

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Mercedes-Benz em juiz de fora Uma fábrica concebida para carros pequenos passou a montar sedãs luxuosos e agora produz caminhões leves e pesados.

A fábrica da Mercedes-Benz em Juiz de Fora foi construída como parte de uma estratégia mundial da holding - que então se chamava Daimler-Chrysler - de expansão para os mercados emergentes. A montadora alemã Mercedes-Benz criou altas expectativas em relação a seus planos para o Brasil na década de 90, quando decidiu instalar uma fábrica de automóveis no país. Depois de 50 anos liderando as vendas de ônibus e caminhões no Brasil, passou a acreditar que havia espaço para um carro econômico: o Classe A, que custava quase 70% menos do que o modelo importado mais barato da Mercedes. O contrato de implantação foi realizado entre a Mercedes-Benz do Brasil, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais e os governos estadual e municipal. Somando-se os incentivos, as obras de infraestrutura e de instalação e maquinaria, o projeto custou cerca de R$ 1,5 bilhão, em preços de 1999. Os benefícios previstos para a cidade com a instalação da Mercedes-Benz criaram a expectativa de rápido progresso, como aconteceu com a Fiat em Betim, em termos de geração de empregos, arrecadação de tributos e melhoria no nível de renda da cidade. Uma montadora de automóveis atrai um rosário de novas indústrias ao longo das rodovias próximas, principalmente de componentes e autopeças.

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Mercedes-Benz in Juiz de Fora A factory conceived for light cars began to assemble luxury sedans and now produces light and heavy trucks. Mercedes-Benz factory in Juiz de Fora was built as part of the holding’s global strategy to expand to emerging markets. The German carmaker Mercedes-Benz created high expectations for Brazil in the 90s, when it decided to deploy a car factory in the country. After 50 years leading buses and trucks sales in Brazil, it started believing that there was space for an economic car: the Class A, which cost almost 70% less than the cheapest imported model from Mercedes. The deployment contract was established between Mercedes-Benz Brazil, the Minas Gerais Development Bank and the state and local governments. Considering the incentives, the cost of infrastructure works and installation works and machinery, the cost of project in total was about US$ 650 billion in 1999 prices. The anticipated benefits to the town with the installation of Mercedes-Benz created an expectation of rapid progress as happened with Fiat in Betim, in terms of job creation, tax collection and improvement in the income level of the region. An automaker attracts a variety of new industries along nearby roads, especially auto parts and components ones.

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Fornecedores e funcionários Das 120 empresas fornecedoras de componentes para a montagem do Classe A, 24 eram fornecedores mineiros, e nove deles ficaram sediados no condomínio da fábrica em Juiz de Fora, criando 620 empregos, sem contar os 850 empregados permanentes da própria Mercedes. Na cidade, foi montado um Centro de Qualificação que simula a fabricação deste automóvel com peças importadas, onde trabalhavam 350 funcionários. Destes, 160 eram multiplicadores treinados na Alemanha. O projeto previa que entre oito e dez firmas fornecedoras se localizariam muito próximas à montadora, como as de chicotes elétricos e pneus. A médio prazo, 30 a 40 fornecedoras de um parque de autopeças se instalariam em um raio de aproximadamente 200 km da montadora. Para garantir a oferta de energia elétrica, foi implantada em 1999 uma termelétrica que funciona com etanol e gás natural, capaz de produzir 87 megawatts e abastecer toda a cidade. Essa unidade hoje pertence ao parque gerador da Petrobras. A cidade não estava preparada para receber uma empresa deste porte, e o novo surto de industrialização na cidade exigiu dos cursos técnicos profissionalizantes uma revisão completa de seus planos, para adequar a mão de obra às exigências da indústria alemã. Foram investidos R$ 28 milhões pela Mercedes-Benz em especialização e treinamento de seus funcionários. O Senai da cidade se incumbiu de realizar a seleção dos candidatos para um curso de nivelamento e atualização técnica com duração de dois meses. Os multiplicadores selecionados passaram por um estágio de três a cinco meses na fábrica da Mercedes-Benz em Rastatt. Da equipe inicial da fábrica, 62% tinha o segundo grau completo e 34% nível superior. Mercedes-Benz liderou por 50 anos a venda de caminhões no Brasil Mercedez-Benz was leader for half a century in trucks sales in Brazil

Localização estratégica A escolha da localização da montadora foi feita com base em uma lista de critérios. Além dos incentivos fiscais e dos investimentos feitos pelo governo, existia mão de obra local qualificada e desempregada devido à estagnação das indústrias. O sindicato de metalúrgicos local era menos reivindicativo que o do ABC paulista, e o município muito bem localizado, perto de rodovias de fácil trânsito que levam a outros estados e aos portos. A BR-040 foi duplicada da fábrica até o Rio de Janeiro. A unidade de Juiz de Fora é considerada uma das fábricas mais modernas da indústria automobilística da América do Sul, embora seu nível de automação, de 30%, seja relativamente baixo. A fábrica de Rastatt, na Alemanha, que lhe serviu de modelo, tem 100% de automação. Inaugurada em abril de 1999, a nova fábrica brasileira, no entanto, trouxe novos conceitos de qualidade construtiva e atingiu um dos mais altos padrões de qualidade dentre todas as unidades da marca Mercedes-Benz no mundo. Entre eles, foi pioneira na adoção de pintura à base de água na indústria automobilística sul-americana, uma tecnologia que respeita o meio ambiente e preserva a saúde dos operários.

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Fábrica de Juiz de Fora teve apoios do BDMG, do governo de Minas e da prefeitura Juiz de Fora factory had support of Developping Bank, Minas Government and the City Hall

Suppliers and employees

Of the 120 companies that supplies components for the assembly of the Class A, 24 were suppliers from Minas Gerais, and nine of them were based in the factory’s complex in Juiz de Fora, generating 620 jobs, without counting the 850 permanent employees of Mercedes itself. In the city, a Qualification Centre simulating the manufacturing of this car with imported parts was created, where 350 employees worked. Of these, 160 were multipliers trained in Germany. The project predicted that from eight to ten suppliers companies would be located near the carmaker, as the electrical harnesses and tires ones. In the medium term, 30-40 suppliers of an auto parts park would settle within a range of 125 miles from the automaker. To guarantee power supply, in 1999 a thermoelectric powered by ethanol and natural gas was established, capable of generating 87 megawatts and supply the entire city. This power plant today belongs to Petrobras’ Generating Park. The city was not prepared to receive a company of such size, and the new industrialization boom in the city required a complete overhaul in the technical vocational courses’ plans, to fit the workforce into the German factory requirements. US$ 12 million were invested by Mercedes-Benz in its employees training and specialization. The city’s SENAI undertook the task of performing the candidates’ selection for a two months leveling course and technical upgrade. The multipliers selected undertook an internship from two to five months in MercedesBenz factory in Rastatt. In the factory’s initial team, 62% had completed high school and 34% had graduated.

Strategical location

The car maker location choice was based in a criteria list. Besides the tax benefits and the investments made by the government, there was a qualified and unemployed local workforce due to the industrial stagnation. The metallurgists’ local union was less demanding than the ones from São Paulo’s ABC region, and the town was very well located, near accessible roads to other states and seaports. The BR-040 was doubled from the factory to Rio de Janeiro. The Juiz de Fora unit is considered one of the most modern automotive industries in Latin America, despite its automation level, of 30%, being relatively low. The factory in Rastatt, Germany, which is its model, is 100% automated. Inaugurated in 1999, the new Brazilian Factory, however, brought new constructive quality standards and reached one of the highest quality patterns among all Mercedez-Benz brand units. Among them, it was the first to adopt water-based painting in southern-American automotive industry, a technology that respects the environment and preserves the employees’ health.

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Percalços na produção Inicialmente a fábrica produziu somente o Mercedes-Benz Classe A, um carro pequeno com 38% de peças importadas que não foi bem aceito no mercado nacional. A causa do insucesso não era somente o preço elevado, mas também a associação que o consumidor brasileiro faz da marca a grandes automóveis luxuosos. A capacidade era de montar 70 mil Classe A por ano, mas cinco anos depois, eram montados apenas 10% disso. A direção decidiu utilizar a capacidade ociosa para montar o sedã Classe C a ser exportado para os Estados Unidos, e suspendeu a produção do Classe A em 2005. Como ainda assim restava capacidade ociosa, a Mercedes aproveitou o bom momento da economia em 2010, com o crescimento do agronegócio, e decidiu montar caminhões leves do modelo Accelo, e depois do modelo Actros, mais pesado. Em 2012, a fábrica atingiu a marca de 10 mil caminhões Accelo e Actros. O modelo Actros ainda enfrenta uma dificuldade: como não atinge a exigência de 60% de componentes nacionais, não pode ser financiado pelas linhas de crédito subsidiado do BNDES. Com isso, a participação da Mercedes no mercado de caminhões, que era de 34% em 2006, caiu para 25% em 2013.

Mishaps in production

Initially, the factory produced only the Mercedes-Benz Class A, a small car with 38% of its parts imported and that wasn’t well accepted in the national market. The failure’s reason wasn’t only the high price, but also the connection that the Brazilian consumer makes between the brand and big luxury cars. The factory had a capacity to assemble 70 thousand Class A cars per year, but five years later only 10% of that were manufactured per year. The board decided then to use the idle capacity to mount the sedan Class C, which would be exported to United States, and stop the production of the Class A in 2005. As there still was an available idle capacity, Mercedes took advantage of the economy’s momentum in 2010, with the growth of agribusiness, and decided to mount light Accelo model trucks, and later the heavier Actros model. The Actros model still faces a difficulty: as it doesn’t reach the 60% national components requirement, it can’t be funded by subsided credit lines from BNDES. With that, Mercedes’ share in the trucks’ market, which was of 34% in 2006, fell to 25% in 2013.

O Classe C foi fabricado em Juiz de Fora com discreto sucesso / The C-Class was produced in Juiz de Fora, with reasonabel success

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O Presidente O alemão Philipp Schiemer, 49 anos, assumiu a Presidência da Mercedes-Benz do Brasil em 01/07/2013. Formado em economia pela Universidade de Educação Cooperativa de Stuttgart, na Alemanha, está há 21 anos no setor automotivo e foi vice-presidente de Marketing da Mercedes-Benz Automóveis. Tem 15 anos de experiência no Brasil. O desafio de recuperar o mercado de caminhões perdido pela Mercedes-Benz foi confiado pela Daimler Philipp Schiemer AG ao novo presidente, mas sua principal missão será concluir o projeto de escolha da nova fábrica nacional de automóveis. Quanto ao modelo, a opção pode ser pelo Classe C, que é líder de vendas no país, mas também pelos utilitários esportivos, que vendem bem, ou pelo GLA, um SUV mais compacto que foi lançado recentemente na Europa. •

The Chief Executive Officer

The German Philipp Schiemer, 49 years old, is the Chief Executive Officer of Mercedes-Benz of Brazil since July, 2013. Graduated in economics by the Cooperative Education University of Stuttgart, in Germany, he is in the automotive industry for 21 years, and was Mercedes-Benz Automobiles’ Marketing vice-president. He has 15 years of experience in Brazil. The challenge of regaining the trucks market lost by Mercedes-Benz was trusted by Daymler AG to the new president, but his main mission will be to finish new national automotive factory choice project. As to the model, the option may be the Class C, sales’ leader in the country, but also the SUVs, which sell well, or the GLA, a SUV recently launched in Europe and that is more compact. •

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Aeroespacial

O voo vertical

da HelibrAs Depois de 36 anos montando helicópteros franceses em Itajubá, a Helibras se prepara para um projeto audacioso: criar um modelo inteiramente nacional A única fábrica de helicópteros da América Latina está localizada em Minas Gerais. É a Helibras Helicópteros do Brasil, fundada há 36 anos na cidade de Itajubá, Sul de Minas Gerais. É subsidiária da Airbus Helicopters, que pertence ao Airbus Group, pioneiro mundial nos segmentos aeroespacial e de serviços relacionadas à defesa. Fornecedora de 47% na frota brasileira de helicópteros a turbina, a Helibras é líder de mercado com produtos e serviços para todos os segmentos, seja civil, governamental ou militar. Em 2012, a empresa registrou faturamento total de R$ 351,5 milhões. Atualmente, possui instalações em Minas, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. A empresa iniciou suas atividades dentro do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), que fica em São José dos Campos (SP), até se instalar definitivamente em Itajubá (MG), em 1978, para montar um helicóptero leve, o Esquilo. Esse modelo a turbina é o mais vendido no Brasil e no mundo, e continua a ser fabricado na linha de montagem da empresa, incorporando nesse período de 48% a 54% de conteúdo nacional em sua produção. A Helibras teve um grande crescimento a partir da assinatura do contrato de compra conjunta das três Forças Armadas, através do Ministério da Defesa, de 50 helicópteros EC-725, que previa a condição de trazer para o Brasil a linha de produção deste modelo garantindo transferência de tecnologia a fornecedores nacionais e o desenvolvimento da indústria no país até o final do contrato, em 2017.

Nova fábrica, novos modelos O EC-725 está sendo produzido no Brasil desde a inauguração da nova fábrica da Helibras, em outubro de 2012. A nova planta também tem capacidade para fabricar a versão civil desse helicóptero, o EC-225, usado principalmente no mercado offshore para transporte de passageiros e ferramentas às plataformas de exploração de petróleo em alto-mar. O EC-225, um biturbina médio com cinco pás, é uma evolução da família Super Puma, destinado ao mercado offshore. Transporta até 25 passageiros e dois pilotos. O EC-725 e um biturbina médio com capacidade para transportar até 28 combatentes e dois pilotos. Utilizado pelas Forças Armadas Brasileiras, desde 2012 é produzido no Brasil. A Helibras tem ainda capacidade para montar o cargueiro NH-90, um biturbina da classe de nove toneladas para transporte tático e missões navais. A estrutura fabril da empresa está instalada em um terreno de cerca de 200 mil m2 de área, que compreende duas linhas de produção, um hangar dedicado à manutenção, cabine de testes, pintura, oficina de pás, conjuntos dinâmicos, cablagem, engenharia, programas, TI e área administrativa da companhia. Para a construção do novo hangar de produção e todas as outras atividades relativas ao contrato, a Helibras investiu cerca de R$ 420 milhões. A empresa tem capacidade de produção de 36 aeronaves por ano em suas linhas de montagem. Além destas, são finalizados e customizados no Brasil todos os demais modelos comercializados pela Airbus Helicopters em território nacional.

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Helibras / Marcio Jumpei

Fachada da Helibras em Itajubá / Helibras’ factory in Itajubá

Helibras’ vertical flight

After 36 years assembling French helicopters in Itajubá, Helibras prepares itself for an audacious project: create a totally national model The only helicopter factory in Latin America is located in Minas Gerais. It is Helibras Helicopters of Brazil, founded 36 years ago in the town of Itajubá, South of Minas Gerais. It is subsidiary of the Airbus Helicopters, which is owned by the Airbus group, world’s pioneer in the aerospace and defense services industry. Supplier of 47% of the Brazilian turbine powered helicopters fleet, Helibras is a market leader with products and services for all segments, be it civil, governmental or military. In 2012, the company had a total income of US$ 131 million. Today, Helibras has facilities in Minas, São Paulo, Rio de Janeiro and Brasília. The company started its activities within Centro Técnico Aeroespacial (CTA), the Brazilian General Command for Aerospace Technology, located in São José dos Campos (SP), until it definitively settled in Itajubá (MG), in 1978, to mount a light helicopter, the Esquilo. This turbine powered model is the most sold in Brazil and in the world, and is still manufactured in the company’s assembly line, incorporating, at this time, from 48% to 54% local manufacturing content in its production. Helibras had a huge growth after the signature of the Military Forces’ joint order contract, by the Ministry of Defense, of 50 EC-725 helicopters, which established the condition of bringing this model production line to Brazil, guaranteeing technology transference to national suppliers and the industry development in the country until the end of the contract, in 2017.

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Helibras/Marcio Jumpei

EC725 do Exército Brasileiro / EC725 Brazilian Army

New factory, new models

The EC-725 is produced in Brazil since the inauguration of Helibras’ new factory, in October 2012. The new plant is also able to manufacture the civil version of this helicopter, the EC-225, mainly used in the offshore market for passengers and tools transportation to oil platforms over the sea. The EC-225, a medium dual turbine powered helicopter with 5 blades, is an evolution of the Super Puma family, designed to the offshore market. It carries up 25 passengers and two pilots. The EC-725 is a medium dual-impeller, able to carry up to 28 troopers and two pilots. Used by the Brazilian Army, since 2012 it is produced in Brazil. Helibras also has the capacity to mount the carrier NH-90, a nine tons dual-impeller for tactical transport and naval missions. The company’s manufacturing structure is installed in a terrain of about 492 acres, which contains two production lines, one hangar for the maintenance, tests cabins, painting, blades’ workshop, dynamic set, cabling, engineering, programs, IT and administrative area of the company. Helibras invested around US$ 182 million in the building of the new production hangar and all other activities related to the contract. The company has a production capacity of 36 aircrafts per year in its assembly lines. Besides those, all others models commercialized by Airbus Helicopters in national territory are finished and customized there. Totally national model

Helibras jumped from 280 employees, in 2009, to more than 850 by now, and counts with more than 40 companies with activities in Brazil for supplying parts, pieces and services to produce the helicopter EC-725 with local content, which are already being delivered to the Army in 2014, increasing the nationalization index of this product All this growth will allow Helibras to hold the necessary technology to conceive a new helicopter in Brazil in the next decade, an audacious project of the new Engineering Center, which already jumped from 7 to more than 70 engineers. The company already received important certifications of the matrix Eurocopter recognizing the excellent work done so far. Helibras also heavily invested in the offer of maintenance and modernization services, created a new Support to the Customer Center, in Atibaia, in the countryside of São Paulo, designed for aftermarket-only service, maintenance, warranty and customer support. In the same space is located the Logistics Center, which organizes the entire parts and materials inventory for the maintenance and assistance the helicopters work, being rapidly dispatched to the base which will receive a new aircraft for service or for Helibras’ technicians that works in the field, in the operator’s base.

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Modelo totalmente nacional

Helibras/Anthony Pecchi

A Helibras passou de 280 funcionários, em 2009, para mais de 850 atualmente, e conta com mais de 40 empresas com atividade no Brasil para fornecimento de partes, peças e serviços para produzir os helicópteros EC-725 com conteúdo local, que já começam a ser entregues para as Forças Armadas em 2014, aumentando o índice de nacionalização deste produto. Esquilo em vôo Todo esse crescimento vai permitir que a Helibras tenha o domínio da Esquilo in flight tecnologia necessária para conceber um novo helicóptero no Brasil na próxima década, projeto audacioso do novo Centro de Engenharia, que saltou de sete para mais de 70 engenheiros. A empresa já recebeu importantes certificações da matriz Eurocopter em reconhecimento à excelência do trabalho até agora realizado. A Helibras também investiu consideravelmente na oferta de serviços de manutenção e modernização, criou um novo Centro de Suporte ao Cliente, em Atibaia, interior de São Paulo, destinado ao atendimento apenas para pós-venda, manutenção, garantia e auxílio ao cliente. No mesmo espaço, está localizado o Centro de Logística, que organiza todo o inventário de peças e materiais para o trabalho de manutenção e assistência aos helicópteros, sendo despachados rapidamente para a base que vai receber uma nova aeronave para serviço ou para os técnicos da Helibras que trabalham em campo, na base do operador. Nova fábrica é capaz de montar até os helicópteros NH-90, para 9 toneladas Helibras/Marcio Jumpei

New factory is able to assemble even the model NH-90, carrier for 9 tons

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Cultura e treinamentos

Helibras/Marcio Jumpei

Em Itajubá, a Helibras apoia a criação do polo tecnológico de asas rotativas em parceria com a Unifei e com o Governo de Minas Gerais. A empresa irá ajudar a desenvolver conhecimento tecnológico e inovação, por meio de estudos e do desenvolvimento de partes, peças, serviços e softwares para helicópteros. Na cidade, há uma forte atuação do Instituto Helibras, órgão criado em 2010 para ser responsável pelos projetos Linha de produção do Esquilo Production Line of Esquilo culturais e de inclusão social direcionados à população das regiões onde a empresa atua. A Helibras mantém um Centro de Treinamento que oferece cursos para pilotos e mecânicos que queiram se aperfeiçoar nos modelos de aeronaves comercializadas pela empresa. Localizado próximo à fábrica, em Itajubá, o CT já formou mais de 12 mil profissionais. Há ainda o projeto de construção de um novo centro de treinamento e simuladores para os helicópteros EC-725 e EC-225, no Rio de Janeiro, visando apoiar os operadores brasileiros com maior agilidade e segurança. Área de manutenção - Helibras Itajubá

Maintenance area - Helibrás Itajubá

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Helibras/Felipe Christ


O Presidente

Culture and training

Eduardo Marson Ferreira preside a Helibras desde 2009. Nascido em São Paulo em 1963, é formado em ciências políticas pela Universidade de São Paulo (1984) e especializou-se em comércio internacional pela Funcex (1985) e marketing internacional pelo Instituto Mauá de Tecnologia (1986). Em 1988, concluiu o curso de extensão em comércio internacional pela Fundação Getúlio Vargas e, em 1993, o curso de formação de lideranças políticas pela Escola de Governo de São Paulo. Foi o responsável pela implantação do projeto de fabricação de 50 helicópteros EC-725 para as Forças Armadas Brasileiras, que atingirão 50% de conteúdo nacional até 2017. Conduz a criação das condições objetivas para que a Helibras possa conceber e produzir, na década de 2020, um helicóptero nacional. Foi diretor-geral do Airbus Group Brasil de 2003 a 2009. Participou do projeto de fornecimento pela Airbus Military de 12 aeronaves de transporte militar C-295 e da modernização de aviões de patrulha marítima P-3 para a Força Aérea Brasileira; também participou da operação de fornecimento, pela Airbus, da nova aeronave presidencial ACJ. •

Eduardo Marson

Helibras

In Itajubá, Helibras supports the creation of a rotorcraft tech center in partnership with Unifei, the Federal University of Itajubá and the government of Minas Gerais. The company will help develop technological knowledge and innovation through researches and development of parts, components, services and software for helicopters. In the town is quite visible the presence of Helibras Institute, a body created in 2010 responsible for cultural and social inclusion projects aimed at the population of the regions where the company operates. Helibras maintains a Training Center that offers courses for pilots and mechanics who wants to improve themselves in the aircrafts models marketed by the company. There is also the project of building a new training center and simulators for the EC-725 and EC-225 helicopters, in Rio de Janeiro, to support Brazilian operators with greater agility and safety. The Chief Executive Officer

Eduardo Marson Ferreira is the Helibras’ Chief Executive Officer since 2009. Born in São Paulo in 1963, he graduated in Political Sciences in Universidade de São Paulo (1984) and specialized in International Commerce in Funcex (1985) and International Marketing in Instituto Mauá de Tecnologia (1986). In 1988, he concluded his extension course in International Commerce by Fundação Getúlio Vargas and, in 1993, the Political Leadership formation course in the Escola de Governo de São Paulo. He was the one in charge of the implantation of the manufacturing project of 50 helicopters EC-725 for the Brazilian Army, which will reach 50% of national manufacturing content. He manages the creation of the objective conditions for Helibras to be able to conceive and manufacture, in the decade of 2020, a national helicopter. He was the CEO of the Airbus Group in Brazil from 2003 to 2009. He took part on the supplying project by Airbus Military of 12 military carrier aircraft C-295 and in the modernization of the maritime patrol aircraft P3 for the Brazilian Air Force; he also participated in the supplying operation, by airbus, of the new presidential aircraft ACJ. •

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Agropecuária

Minas rural abastece o Brasil de alimentos

Minas Gerais é o maior produtor nacional de leite, de queijos e de café. É o segundo produtor de carne bovina, de ovos e de feijão. Produz tanto café que, se fosse um país, seria o maior produtor do mundo. ________ Agriculture - rural Minas supplies food for the country Minas Gerais is the biggest national producer of milk, cheese and coffee. It is the second biggest producer of bovine meat, egg and bean. If it would be a country it would be the biggest producer of coffee in the world.

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Tina Coelho / Terra Imagem

Com 21 milhões de habitantes, Minas é o 2º estado mais populoso do Brasil. A safra de grãos produzidos principalmente no Triângulo e no Noroeste do estado foi de 12,1 milhões de toneladas, ou seja, 576 kg por habitante. Se comparado aos estados mais desenvolvidos, ainda é fortemente rural. Tem o maior número de propriedades rurais do país: 709.030. O PIB do agronegócio mineiro em 2013 foi de R$ 149 bilhões, ou 14% do PIB nacional. Desse PIB, 36,3% estão na agropecuária e 26,9% na agroindústria. No entanto, os produtos agropecuários mineiros são pouco expressivos na balança comercial do estado, dominada pela colossal exportação de minério e produtos metalúrgicos. Apenas o café merece menção, com 9,3% dos R$ 35 bilhões exportados por Minas. Os principais compradores do café de Minas são a Alemanha (21,7%), os Estados Unidos (18,1%), a Itália (9,8%) e o Japão (9,7%). A produção mineira de grãos foi de 12,1 milhões de toneladas, com um ganho de produtividade que subiu de 2.586 kg/ha/ano em 2000 para 4.005 kg/ha/ano em 2013. O milho (40,3%) e a soja (38,2%) representam 89,7% do total de grãos produzidos em Minas. O café é o mais destacado produto da pauta agrícola mineira, ocupando o 1º lugar nacional (e mundial) com 26,2 milhões de sacas, equivalentes a 55% da produção nacional. Posição de Minas no ranking agrícola dos estados por produto: café (1º lugar), batata (1º), feijão (2º), amendoim (2º), cana-de-açúcar (2º), tomate (3º), banana (3º), abacaxi (3º), laranja (4º), trigo (4º), milho (5º), soja (6º), algodão (6º) e uva (7º). A introdução da cafeicultura em Minas Gerais ocorreu no início do século XIX e logo se transformou na principal atividade da província e no agente indutor do povoamento e desenvolvimento da infraestrutura de transportes. A prosperidade trazida pelo café ensejou um primeiro surto de industrialização, reforçado, mais tarde, pela política protecionista implementada pelo governo federal após a Proclamação da República. As indústrias daí originárias eram de pequeno e médio portes, concentradas, principalmente, nos ramos de produtos alimentícios (laticínios e açúcar), têxteis e siderúrgicos. No setor agrícola, em menor escala, outras culturas se desenvolveram, como o algodão, a cana-de-açúcar e cereais.

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With 21 million inhabitants, Minas is the 2nd most populous state in Brazil. The grain harvest is produced mainly in the region of Minas Triangle, in the West, and in the Northwest of the state and was 12.1 million tons, or 576 kg per inhabitant. If it compared to the more developed states, it is still strongly rural. It has the highest number of farms in the country: 709,030. The Minas agricultural GDP in 2013 was US$ 65 billion, or 14% of national GDP. Of this GDP, 36.3% are in agriculture and 26.9% in agribusiness. However, the agricultural products from Minas don´t have important role in the trade balance of the state, dominated by the massive export of ore and metallurgical products. Just coffee deserves mention, with 9.3% of the R$ 35 billion exported by Minas. The main buyers of coffee are Germany (21.7%), the United States (18.1%), Italy (9.8%) and Japan (9.7%). The grain production of the state was 12.1 million tons with a productivity gain which increased from 2586 kg/ha/year in 2000 to 4005 kg/ha/year in 2013. The corn (40.3%) and the soybean (38.2%) represent 89.7% of total grain produced in Minas. The coffee is the most prominent item on the agricultural agenda of the state, being the 1st national (and global) place with 26.2 million bags, equivalent to 55% of national production. The position of Minas Gerais in the agricultural ranking of the states per product: coffee (1º place), potato (1º), beans (2º), peanut (2º), sugar cane (2º), tomato (3º), banana (3º), pineapples (3º), orange (4º), wheat (4º), corn (5º), soybean (6º), cotton (6º) and grape (7º).


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O Triângulo Mineiro foi a região do estado que mais produziu grãos na safra de 2008. Foram 2,38 milhões de toneladas, que correspondem a 23,3% da safra estadual. Em seguida, aparecem o Alto Paranaíba (21,3%) e a região Noroeste (20,58%). Os números foram levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos anos mais recentes, Uberaba (Triângulo) e Unaí (Noroeste) se revezam como os municípios maiores produtores de grãos. O município de Uberaba, no Triângulo Mineiro, liderava o ranking estadual de produção. Em 2008, foram 701 mil toneladas de grãos. Em segundo lugar, aparecia Unaí, no Noroeste, com 684 mil toneladas. Buritis, também no Noroeste, vinha em seguida, com uma produção de 342 mil toneladas. Completavam a lista os municípios de Uberlândia, Sacramento, Perdizes, Paracatu, Coromandel, Nova Ponte e Ibiá.

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Os grãos do Triângulo

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Além de ser o principal produtor geral de grãos, Uberaba também era líder na produção de milho. Foram 409 mil toneladas em 2008. Unaí era o segundo produtor estadual do grão, com 253 mil toneladas, seguido por Sacramento, Perdizes e Nova Ponte. Na produção de soja, houve uma inversão dos dois primeiros lugares. Unaí é o maior produtor estadual, com 276 mil toneladas, enquanto Uberaba fica em segundo lugar, com 271 mil toneladas. Também estão entre os maiores produtores de soja de Minas Gerais os municípios de Buritis, Uberlândia e Guarda-Mor. O Noroeste de Minas domina a produção de feijão no estado, com os quatro maiores produtores. Em primeiro lugar está Unaí, com 48,6 mil toneladas. Depois seguem Paracatu, com 27 mil toneladas, e Buritis, com 12 mil toneladas. O outro município da região é João Pinheiro, que tem a quarta maior produção estadual. O quinto maior produtor de Minas é Iguatama, no Centro-Oeste.


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The grains of Minas Triangle region

The Minas Triangle was the region of the state that produced more grain in the 2008 harvest. It was produced 2.38 million tons, which represents 23.3% of the state’s crop. Then appear the region of High Paranaíba (21.3%) and the Northwest region (20.58%). The data were collected by the Brazilian Institute of Geography and Statistics. In recent years, Uberaba (Triangle) and Unai (Northwest) takes turns as the major grain-producers. The city of Uberaba, in Minas Triangle, led the state ranking production. In 2008, it was produced 701,000 tons of grain. The second was Unai, in the Northwest, with 684,000 tons. The third was Buritis, also in the Northwest, with a production of 342 thousand tons. The list was completed by the cities of Uberlândia, Sacramento, Perdizes, Paracatu, Coromandel, Nova Ponte and Ibiá. Besides being the main general grain producer, Uberaba was also the leader in the production of corn. It produced 409,000 tons in 2008. Unaí was the second grain producer of the state with 253,000 tons, followed by Sacramento, Perdizes and Nova Ponte. In soybean production, there was an inversion of the first two places. Unai is the biggest producer in the state, with 276 thousand tons, while Uberaba is the second, with 271,000 tons. It is present between the largest producers of soybeans Minas Gerais also the cities of Buritis, Uberlândia and Guarda-Mor. The Minas’ Northwest dominates bean production in the state, with the four largest producers. The first one is Unai with 48,600 tons. The second is Paracatu, with 27,000 tons, followed by Buritis with 12,000 tons. The other city in the region is João Pinheiro, which has the fourth largest production. The fifth largest producer is Iguatama, in the Midwest.

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Produção agropecuária do estado Segundo o relatório 2013 da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), as pastagens ocupam 18.217.880 hectares no estado. O rebanho equino é o primeiro do país, com 785.277 animais (14,6% do rebanho nacional). O rebanho bovino é o 2º do país, com 24 milhões de cabeças (11,3% do total). O rebanho leiteiro, com 5,7 milhões de vacas, é o maior do país. Produziu 9 bilhões de litros de leite em 2013. O rebanho suíno é de 5,2 milhões de cabeças, correspondente a 13,3% do total nacional, e ocupa o 4º lugar entre os estados. Minas tem 94 milhões de frangos de corte. Ocupa o 5º lugar nacional, com 9,1% do plantel. A produção de ovos é de 26,5 milhões de dúzias (9,3% do Brasil), ocupando o 2º lugar.

Agricultural production of the state

According to the 2013 report of Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), the Department of the State Agriculture, Livestock and Supply, the pastures occupy 45,015,00 acres in the state. The horse herd is the first in the country with 785,277 animals (14.6% of the national herd). The cattle herd is the second in the country with 24 million head (11.3% of total). The dairy herd, with 5.7 million cows, is the largest in the country. It produced 9 billion liters of milk in 2013. The swine herd is 5.2 million head, representing 13.3% of the national total, and is the 4th among the states. Minas has 94 million broilers. It is the fifth in the country, with 9.1% of the squad. The egg production is 26.5 million dozen (9.3% of Brazil), taking the 2nd place.

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O cerrado como alternativa Quando o então secretário da Agricultura de Minas Gerais no governo Rondon Pacheco, Alysson Paolinelli, promoveu a desapropriação de 60 mil hectares de áreas de cerrado na região de São Gotardo, no Alto Paranaíba, o proprietário, Antônio Luciano Pereira Filho, mantinha no local apenas gado de corte, empregando seis pessoas para seu trato. Paolinelli implantou ali o Padap (Programa de Assentamento Dirigido do Alto Paranaíba), que garante hoje milhares de empregos. Paolinelli foi bem além quando chegou a ministro da Agricultura no governo Geisel (1974-79). Criou políticas para o setor, instituições e infraestrutura para estimular o desenvolvimento. Concentrou recursos consideráveis nos projetos e atraiu financiamentos privados, nacionais e estrangeiros, para as regiões de cerrado. Promoveu, por exemplo, a instalação do Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados (CPAC) da Embrapa, responsável pelo amadurecimento e avanço de tecnologias para utilização da área. O cerrado se transformou nas décadas seguintes, ganhando em aproveitamento e diversidade de produção. Não é possível falar em tecnologia no cerrado sem elogiar Paolinelli, esse mineiro de Bambuí que estudou na Universidade Federal de Lavras. Foi na sua época como ministro da Agricultura que a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e a Epamig (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais) se desenvolveram e deram ao cerrado as vantagens de hoje. Segundo dados da Embrapa, 42% do rebanho brasileiro estão no cerrado, que é responsável por 55% da produção de carne. Em Minas Gerais, um estudo da Faemg e do Sebrae, publicado em 2006, revelou que já em 2005 as regiões de

Irrigação por pivô central no cerrado

cerrado no Alto Paranaíba e Triângulo lideravam a produção mineira de leite, com 24,7%, enquanto a Zona da Mata, que no passado ocupara a primeira posição, caíra para apenas 9,9%. Entre as 12 mesorregiões que compõem o estado, a que abrange o Triângulo e o Alto Paranaíba mantinha, em 2007, a maior produção de leite, com cerca de 1,8 bilhão de litros.

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Jadir Bison

The cerrado as alternative

When the Secretary of Agriculture of the state in the government of Rondon Pacheco, Alysson Paolinelli, promoted the expropriation of 48,000 acres of this Brazilian biome named “cerrado” in the region of São Gotardo, in High Paranaíba, the owner, Antônio Luciano Pereira Filho, held in place only cattle, employing six people to take care. Paolinelli deployed there the Padap (Establishment Guided Program of High Parnaíba), which guarantees thousands of jobs today. Paolinelli went well beyond when Minister of Agriculture in the Government Geisel (1974-79). He created policies for the sector, institutions and infrastructure to stimulate development. He used considerable resources on the projects and attracted private, national and foreign fundings for the regions of cerrado. He promoted, for example, the installation of the CPAC (Embrapa Cerrado), responsible for the maturation and progress of technologies for use of the area. The cerrado had an advance in the following decades, gaining in use and diversity of production. When we talk about technology in the cerrado we should praise Paolinelli’s role in that development, he is from Bambuí and studied at Federal University of Lavras. It was in his time as Minister of Agriculture that Embrapa, the Brazilian Agricultural Research Corporation and Epamig, the Agricultural Research Corporation of Minas Gerais, developed and gave to the cerrado the advantages that we can see today. According to Embrapa, 42% of the Brazilian herd is raised in the cerrado, which is responsible for 55% of meat production. In Minas Gerais, a study of Faemg and Sebrae, published in 2006, revealed that already in 2005 the cerrado regions in Minas Triangle and in High Paranaíba led the production of milk in the state, with 24.7%. The region of Forest Zone, which was the first, fell to only 9.9%. Among the 12 mesoregions that compose the state, the one that covers the Minas Triangle and the High Paranaíba held in 2007, the largest milk production, with about 1.8 billion liters.

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Minas, o maior produtor mundial de café Minas é o maior produtor de café do Brasil, com 55% da produção nacional, e o Brasil é o maior produtor do mundo, com 35%. Como o segundo produtor é o Vietnã, com 12%, superando a Colômbia, com 10%, isso quer dizer que Minas, se fosse um país, seria o maior produtor mundial de café. A produção mundial de café em 2013 foi de 146 milhões de sacas de 60 quilos, um aumento de 10 milhões em relação ao ano anterior, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A metade do ganho pode ser atribuída à safra de café da variedade “arábica” do Brasil, que está em ciclo bienal de alta produção. A colheita recorde de café da variedade “robusta” no Brasil e no Vietnã também contribui para o crescimento. Com o resultado, as exportações mundiais foram estimadas em 115 milhões de sacas, em grande parte por causa da força destes dois países. A safra brasileira ficou em 49 milhões de sacas. Os estoques mundiais do produto são estimados em 27 milhões de sacas, segundo o mesmo USDA.

Minas, the biggest coffee producer in the world

Minas is the biggest coffee producer in Brazil, with 55% of national production, and Brazil is the biggest producer in the world, with 35% of total production. As the second producer is Vietnam, with 12%, and the third, Colombia, with 10%, it´s possible to say that Minas Gerais, if it was a country, it would be the world’s biggest coffee producer. The world’s coffee production in 2013 was 146 million bags of 60 kilos, an increase of 10 million over the previous year, according to the USA’s Department of Agriculture (USDA). The half of the gain can be attributed to the “arabica” variety from Brazil, which is biennial cycle of high production. A record harvest of coffee “robust” variety in Brazil and in Vietnam also contributed to the growth. With the result, world exports were estimated at 115 million bags, largely because of the strength of these two countries. The Brazilian harvest was 49 million bags. The world stock is estimated at 27 million bags, according to USDA.

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Alemanha domina o mercado mundial Apesar de toda a pujança da produção brasileira de café, o mercado mundial é dominado pela Alemanha, que nunca plantou um pé de café sequer. A partir da 2ª Guerra Mundial, investidores alemães perceberam que o grão pode ser armazenado por até vinte anos e passaram a fazer estoques para ditar preços no comércio internacional. Houve falta de visão e de organização dos cafeicultores brasileiros para enfrentar o comércio internacional e predominar no mercado. Essa chance foi maior nos 38 anos de existência do Instituto Brasileiro do Café, uma poderosa autarquia que tinha visibilidade internacional e cuja logomarca estava no uniforme da Seleção Brasileira de Futebol, da qual era patrocinadora. O IBC definiu políticas agrícolas, de assistência técnica e de comercialização do produto entre 1952, quando foi criado por Getúlio Vargas, e 1990, quando foi extinto no início do governo Collor. Os órgãos que o sucederam jamais tiveram a mesma projeção e o mesmo poder.

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Germany dominates the world market

Despite all the vigor of Brazilian coffee production, the world market is dominated by Germany, which never planted a coffee tree. From the World War II, German investors realized that the grain can be stored for up to twenty years and started to make stocks to dictate prices in international trade. There was a lack of business vision and organization of Brazilian coffee producers to face the international trade and dominate the market. This opportunity was greater in the 38 years of the Brazilian Coffee Institute (IBC), a powerful autarchy that had international exposure and its logo was present in the uniform of the Brazilian national football team, of that was the sponsor. The IBC defined agricultural policies, technical assistance and sales of the product between 1952, when it was created by Getúlio Vargas, and 1990, when it was abolished at the beginning of Collor government. The organs after this one never have had the same power and the same projection.


A maior cooperativa do mundo O Brasil, além de maior produtor, é o segundo consumidor de café em nível mundial. A maior cooperativa de cafeicultores do mundo está sediada em Guaxupé, Sul de Minas. É a Cooxupé, que recebe a produção de 227 municípios de Minas Gerais e São Paulo, faz o processamento dos grãos e, a seguir, comercializa o produto. A cooperativa foi fundada em 1932, para oferecer crédito agrícola, e transformada em 1957 em Cooperativa de Cafeicultores, numa iniciativa liderada por Isaac Ribeiro Ferreira Leite. Passou a exportar em 1959. Hoje a Cooxupé coloca o seu café em 41 países, e opera na Bovespa e na Bolsa de Valores de Nova York. Seu presidente, Carlos Alberto Paulino da Costa, destaca os esforços da cooperativa para desenvolver cafés especiais, suas novas formas de armazenamento e beneficiamento em 28 unidades de atendimento, e uma medida inovadora, de colocação de chips nos bags para permitir o rastreamento do produto. Paulino da Costa também ressalta a qualidade da torrefação da Cooxupé e a existência de laboratório de análise de solo para apoiar o produtor. Em 2012, a Cooxupé completou 80 anos de cooperativismo e 55 anos de atividades de recebimento, processamento e comercialização de café. Atualmente, conta com cerca de 11.102 cooperados – dos quais 84% são pequenos produtores de agricultura familiar – e 1.967 empregados.

Grandes cooperativas têm sede em Minas Outras grandes cooperativas de cafeicultores com sede em Minas são a Cooparaíso, fundada em 1960 e localizada em São Sebastião do Paraíso. Tem 5.931 associados em 43 municípios (34 em Minas Gerais, sete em São Paulo e dois no Espírito Santo). Seu faturamento em 2013 foi de R$ 482 milhões. A Cocatrel, sediada em Três Pontas, reúne 4.200 produtores em 60 municípios. Recebe 1,5 milhão de sacas de 60 quilos por ano. A Minas Sul, de Varginha, foi fundada em 1958. A Cocarive, de Rio Verde, foi fundada em 1961, tem 587 cooperados e recebe 120 mil sacas de café arábica. Destacam-se ainda a Coocafé, de Lajinha, criada em 1979 para atender produtores de 20 municípios do Leste Mineiro e receber um milhão de sacas por ano, e a Expocaccer, de Patrocínio, criada em 1993 para abrigar 3.500 produtores e comercializar 180 mil sacas. Existem algumas cooperativas mistas de destaque na cafeicultura, como a Coccamig, de Varginha, e a Capebe, de Boa Esperança. • Cooperativa Ativos Receitas totais

Cooperativa associados empregados

Cooxupé 2.300 2.240 Cooparaíso 378 482 Cocatrel 247 461 Minas Sul 221 395 Expocaccer 193 288 Coocafé 127 224

Cooxupé 11.102 1.967 Cooparaíso 5.931 456 Coocafé 5.648 300 Minas Sul 4.732 304 Cocatrel 4.505 390

(em milhões de reais)

Fonte OCEMG 2012

(em milhões de reais)

Fonte OCEMG 2012

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Cooperativa

Assets

(in million of reais)

Total revenues

(in million of reais)

Cooxupé

300 2,240

Cooparaíso

378

Cocatrel

247 461

Minas Sul

221

482 395

Expocaccer 193 288 Coocafé Source OCEMG 2012

The biggest cooperative in the world

Brazil, beyond being the biggest producer, is the second biggest consumer of coffee worldwide. The biggest cooperative of coffee growers of the world is headquartered in Guaxupé, in the South of Minas Gerais. It is the Cooxupé, receiving the output of 227 towns of Minas Gerais and São Paulo, makes the grain processing, and then sells the product. The cooperative was founded in 1932 to provide agricultural credit, and was transformed in 1957 in Coffee Growers Cooperative, an initiative led by Isaac Ferreira Leite Ribeiro. It began to export in 1959. Nowadays Cooxupé put his coffee in 41 countries, and operates on the Bovespa and New York Stock Exchanges. Its chairman, Carlos Alberto Paulino da Costa, highlights the cooperative efforts to develop specialty coffees, its new ways of storing and processing in 28 units, and an innovative measure of placing chips in the bags to allow the tracking of the product. Paulino da Costa also underscores the quality of the roasting process of Cooxupé and the existence of soil testing laboratory to support the growers. In 2012, Cooxupé completed 80 years of cooperative activity and 55 years for receiving, processing and trading of coffee. It currently has about 11,102 cooperative members - of which 84% are small growers of family agriculture - and 1,967 employees. Big cooperatives have their seat in Gerais

Other big coffee grower cooperatives based in Minas is the Cooparaíso, founded in 1960 and located in São Sebastião do Paraíso. It has 5,931 members in 43 towns (34 in Minas Gerais, seven in São Paulo and two in Espírito Santo). Its turnover in 2013 was U$ 209 million.

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127 224


Other cooperative is the Cocatrel, headquartered in Três Pontas, that has 4,200 members in 60 cities. It receives 1.5 million bags of 60 kilos per year. The Minas Sul, in Varginha, was founded in 1958. The Cocarive, in Rio Verde, was founded in 1961, has 587 members and receives 120,000 bags of “arabica” coffee. Stand out even the Coocafé, in Lajinha, established in 1979 to meet growers of 20 towns in the East and receive one million bags per year, and the Expocaccer, in Patrocínio, created in 1993 to house 3,500 growers and trade 180,000 bags. There are some mixed cooperatives outstanding in coffee production, as the Coccamig, in Varginha, and the Capebe in Boa Esperança. •

Cooperativa members workers Cooxupé

11,102 1,967

Cooparaíso 5,931 456 Coocafé

5,648 300

Minas Sul

4,732

Cocatrel

4,505 390

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Source OCEMG 2012

Terra Brava Agropecuária - Café Dona Nenem

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Pecuária bovina O Brasil tem o segundo maior rebanho bovino do mundo, atrás apenas da Índia. O segundo lugar nacional é de Minas, depois do Mato Grosso. São 24 milhões de animais em 18 milhões de hectares de pastagens.

As pastagens ocupam 18.217.880 hectares em Minas Gerais. O rebanho bovino é o segundo do país, com 24,3 milhões de cabeças (11,3% do total). O rebanho leiteiro, com 5,7 milhões de vacas, é o maior do país. Produziu nove bilhões de litros de leite em 2013. As exportações mineiras do agronegócio cresceram expressivamente entre 2004 e 2009, passando de US$ 2,6 bilhões para US$ 5,6 bilhões, com uma importante contribuição do setor de produção de carne bovina. Em 2004 foram exportadas 21,8 mil toneladas, e em 2009 os embarques alcançaram 81,2 mil toneladas. O valor das exportações no perío­do, em dólares americanos, aumentou 508,4%. As exportações mineiras, em 2004, representavam 1,86% do valor total das exportações de carne bovina do Brasil. Em 2009, este percentual saltou para 7,23%. A razão desse incremento foi o número crescente de propriedades rurais aptas a fornecer animais para os frigoríficos que exportam para a União Europeia. O controle eficaz da febre aftosa no estado tornou Minas um dos estados preferenciais para a compra de carne por parte dos países importadores. A luta contra a aftosa no Brasil começou em 1965, buscando o controle da doença que dizima rebanhos e também pode afetar o ser humano. Só em 1992, porém, montou-se a estrutura e adquiriu-se tecnologia suficiente para erradicar a doença. Quando a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) começou a certificar 170

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Brazil has the second largest cattle herd in the world, after India. Inside the country, the second state with the largest cattle herd is Minas, after Mato Grosso. There are 24 million animals in 45 million acres of pasture.

territórios livres da doença mediante vacinação semestral, o comércio internacional de carne melhorou. Minas passou a vender para a União Europeia e também para novos clientes, como Hong-Kong, Líbia e Venezuela. O número de países que importaram carne bovina mineira aumentou de 26, em 2007, para 44 em 2010. As perspectivas são ainda mais promissoras, porque o segundo maior importador do mundo, os Estados Unidos, pode entrar nessa lista. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) está avaliando a permissão de importações de carne bovina brasileira in natura dos estados livres de aftosa. Em 2012, os EUA importaram mais de um milhão de toneladas de carne bovina de países que cumprem suas rígidas exigências sanitárias.

The pastures cover 45 million acres in Minas Gerais. The cattle herd is the second in the nation with 24.3 million head (11.3% of total). The dairy herd, with 5.7 million cows, is the largest in the country, producing nine billion liters of milk in 2013. The agribusiness exports from Minas Gerais grew significantly between 2004 and 2009, from R$ 2.6 billion to R$ 5.6 billion, with an important contribution of the beef cattle production sector. In 2004, 21,800 tons were exported, and in 2009 the shipments totaled 81,200 tons. The value of exports in the period, in U.S. dollars, had an increase of 508.4%. The Minas’ exports in 2004 accounted for 1.86% of the total value of exports of cattle beef from Brazil. In 2009, this percentage jumped to 7.23%. The reason for this increase was the growing number of farms able to supply animals to butcher shops that export to the European Union (UE). The effective control of foot and mouth disease (FMD) in the state helped it to be one of the preferred states for the purchase of meat by importing countries. The fight against FMD in Brazil began in 1965, seeking to control the disease that decimates flocks and can also affect humans. Only in 1992, however, the country set up the structure and acquired technology enough to eradicate the disease. When the World Organisation for Animal Health (OIE) began to certify territories free of the disease by vaccination every six months, the international meat trade improved. Minas started selling to the EU, and also to new customers, such as Hong Kong, Libya and Venezuela. The number of countries that import cattle beef from Minas increased from 26 in 2007 to 44 in 2010. With the possible entry of the United States, the second largest importer in the world, in this list the prospects are even more promising. The U.S. Department of Agriculture (USDA) is evaluating the permission of imports of Brazilian fresh beef from states without FMD. In 2012, the USA imported more than one million tons of beef from countries that accomplish its strict sanitary requirements. Ivan Machado

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Bovine livestock

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História A pecuária bovina só foi adotada como atividade importante no Brasil com a descoberta do ouro em Minas Gerais, no final do século 17. Era preciso multiplicar os rebanhos para atender as necessidades alimentares dos largos contingentes humanos que buscavam riquezas nos leitos dos rios. Até então, os portugueses criavam gado mestiço capturado em suas ilhas, mal adaptado ao calor tropical, sujeito a doenças e com escassa produção de carne e leite. Alguns bezerros zebus, trazidos da Índia nas caravelas, eram colocados em zoológicos para admiração do povo, por causa de sua aparência temível e pela corcova nas costas. Dom Pedro I mantinha uma curiosidade dessas nos currais imperiais. Na trilha dos cascos do gado, muitos povoados foram fundados e caminhos foram abertos pelos criadores da Bahia que percorriam o Vale do São Francisco em busca de novas pastagens. Mas o zebu só foi usado em cruzamentos experimentais depois que um criador do Rio de Janeiro importou um casal de animais que estavam em exposição no Zoológico de Londres, em 1875. O zebu revelou-se mais forte, mais produtivo e mais resistente às doenças. Surgiu uma empresa especializada em importação de guzerá e sindi. Um grupo de criadores da região do Triângulo Mineiro decidiu que era melhor ir até a Índia para comprar os animais, pois assim poderiam escolher os melhores. Foi então que, em 1898, o mineiro Teófilo de Godoy entrou em um navio para essa longa viagem. Voltou com seis touros e duas vacas, que foram para fazendas de Uberaba. Outros pecuaristas também enfrentaram as dificuldades de uma viagem até a Índia para comprar zebus. As raças mais importadas foram Gir, Nelore e Guzerá. Conta a história que o primeiro zebuíno que chegou à cidade foi o touro Lontra, um animal da raça Guzerá. Hoje, Uberaba é conhecida no mundo como a capital do zebu. A quantidade de animais importados ao longo da história não foi grande, estimada em pouco mais de seis mil animais, mas o zebu se desenvolveu tão bem no Brasil que atualmente a maioria do gado brasileiro é formada por raças zebuínas ou de cruzamento com zebu. Originais são as raças nelore, guzerá, gir, sindi e cangaian. Dos cruzamentos entre elas surgiram o Brahman, desenvolvido nos Estados Unidos, e o Indubrasil. Os garrotes nelore podem chegar a um ganho de peso em regime de confinamento de 1,2 kg por dia. Os touros de exposição chegam a passar de 1,2 tonelada.

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Jadir Bison

History

The bovine livestock was only adopted as an important activity in Brazil with the discovery of gold in Minas Gerais, in the late 17th century. It was necessary to multiply the herds to meet the dietary needs of the large human contingent that sought riches in riverbeds. Until then, the Portugueses raised crossbred cattle captured in their islands, ill-suited to the tropical heat, subject to disease and with little production of meat and milk. Some zebu calves brought from India in caravels, were placed in zoos for the people admiration, because of its fearsome appearance and the large hump over the shoulders. Dom Pedro I also had one in the imperial corrals. On the trail of the hooves of cattle, many villages were founded and paths were opened by the breeders from Bahia who roamed the S茫o Francisco Valley in search of new pastures. But the zebu was only used in experimental crosses after the import of a couple of animals that were on display at the London Zoo, in 1875 by a breeder from Rio de Janeiro. The zebu proved itself stronger, more productive and more resistant to diseases. In that way, emerged a company specializing in importing of guzerat and sindhi. A group of breeders from the Minas Triangle region decided that it was better to go to India to buy animals in order to choose the best. Then, in 1898, Te贸filo de Godoy, a breeder from Minas, entered into a ship for this long trip. He returned with six bulls and two cows, which were destined to farms in Uberaba. Other ranchers also faced difficulties from a trip to India to buy zebus. The most imported breeds were Gir, Nelore and Guzerat. The story goes that the first zebu that came to town was a bull called Lontra, a guzerat. Today, Uberaba is known worldwide as the capital of zebu. The amount of imported animals throughout history was not large, estimated at just over six thousand animals, with the great development of zebu in Brazil, currently, the majority of Brazilian cattle is formed by zebu or crossbreedings with them. The breeds Nelore, Guzerat, Gir, Sindhi and Cangaian are originals. From crosses between them arose the Brahman, developed in the United States, and the Indubrazil. The Nelore steers can reach a weight gain in feedlot of 1.2 kg per day. The bulls of exposure can weigh more than 1.2 tons.

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Kiko Catelli

ABCZ em Uberaba

A capital mundial do Zebu

Até 1996, o Brasil não produzia quantidades significativas de carne bovina e não conseguia se firmar como exportador confiável no mercado internacional. Com o preço da arroba muito baixo, os criadores passaram a investir em genética para aumentar a produção por hectare. Quase vinte anos depois, o país consolidou-se no posto de maior exportador e abastece um mercado interno com mais de oito milhões de toneladas. O período de ascensão do setor está relacionado à adoção intensiva das principais tecnologias de reprodução, como Inseminação Artificial, Transferência de Embriões e Fecundação In Vitro, do surgimento de programas, como o Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos (PMGZ), e do aumento do número de animais registrados. Um papel fundamental para esse avanço foi cumprido pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) em defesa dos direitos do produtor e na promoção do registro e do melhoramento genético. A ExpoZebu é a maior vitrine da ABCZ. Circulam ali, durante uma semana a cada ano, 350 mil visitantes, ABCZ políticos dos mais altos escalões, estrangeiros de dezenas de países. Os touros campeões podem alcançar 1.200 kg com 36 meses de idade, mas são as vacas de alta estirpe que atingem os maiores preços nos leilões. Em 2007, Athena da Sara foi vendida por R$ 2,13 milhões para Benedito Mutran Filho. O animal que maior preço atingiu em toda a história da ABCZ foi a aristocrática vaca Parla FIV AJJ, vendida por R$ 2,76 milhões para um consórcio do qual participou o empresário João Carlos di Genio, dos colégios Objetivo. Sede / Headquarters

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Jadir Bison

ABCZ in Uberaba - The world capital of Zebu Until 1996, Brazil did not produce significant amounts of bovine beef and could not establish itself as a reliable exporter in the international market. With the very low price of arroba, breeders began to invest in genetics to increase production per acre. Almost twenty years later, the country consolidated as the largest exporter and supplies the domestic market with more than eight million tons. The period of the rise of this industry is related to the intensive adoption of main reproductive technologies such as Artificial Insemination, Embryo Transfer and In Vitro Fertilization. It was also important the emergence of programs such as the Zebuine Genetic Improvement Program (PMGZ, in the Portuguese abbreviation) and the increase in number of registered animals. In this advance, the Brazilian Association of Zebu Breeders (ABCZ, in the Portuguese abbreviation) had a decisive role, defending the rights of the producer, promoting records and the genetic improvement The ExpoZebu is the largest showcase of ABCZ. In one week of duration, it receives 350,000 visitors every year, including powerful politicians and many foreigners. The champions can reach 1200 kg at 36 months of age, but the highest prices at auction are reached by pedigree cows. In 2007, Athena da Sara was sold for R$ 2.13 million to Benedito Mutran Filho. The animal that reached the highest price in the history of ABCZ was the aristocratic cow Parla FIV AJJ, sold for R$ 2.76 million to a consortium which participated the businessman João Carlos di Genio, owner of Objetivo colleges. Politics

The ExpoZebu exhibition held for 80 years by the Brazilian Association of Zebu Breeders (ABCZ) every May in Uberaba, in Minas Triangle region. It is the largest exhibition of zebu cattle in the world. Consequently, it is an obligatory event in the agendas of Presidents of the Republic, at least since the 1940s. The prestige of the event has been expanded in the governments of Getúlio Vargas, who was an important cattle breeder in Rio Grande do Sul and in Juscelino Kubitschek’s government, who was used to stay in Uberaba and to participate of organized dances in the event. Since then, none president has ceased to attend the opening or during the ExpoZebu, even if he was of the left or of the right, general or civilian, democratically elected or scaled by the Army, a prince of the Sorbonne or metal worker. The only exception was Itamar Franco, possibly because he has stayed only two years in the function. At least, years later, he attended as the governor of Minas Gerais.

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Alta Genetics

Attend the opening of the exhibition is not just a duty for presidents, but sometimes an act of courage. In 1963, João Goulart had to hear serious criticism by the ABCZ’s chairman in the reason of his project of land reform. In 1981, the General João Batista Figueiredo had to heard, annoyed, one speech aligned with the outcry of democratization of the country. In 2010, the ABCZ’s direction had to manage the presence of then candidates José Serra and Dilma Rousseff on the same platform the ceremony. Dilma returned twice to ExpoZebu, the last time in 2014, to hear the claims of ABCZ’s chairman, Luiz Claudio Paranhos, including the formulation of policies to increase legal safety of breeders. Rousseff acknowledged that there is no country in the world that has, like Brazil, the water, the soil, Embrapa and ABCZ.

Alta Genetics

Guzerá

Alta Genetics

Nelore

Gir 176

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Política A ExpoZebu, exposição realizada há 80 anos pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) todo mês de maio em Uberaba, no Triângulo Mineiro, é a maior exposição de gado zebuíno do mundo. Por isso mesmo, é evento obrigatório nas agendas dos presidentes da República, pelo menos desde a década de 1940. O prestígio do evento se ampliou nos governos de Getúlio Vargas – ele mesmo um importante criador de gado no Rio Grande do Sul – e Juscelino Kubitschek, que ficava dias em Uberaba e participava dos bailes organizados dentro do evento. Desde então, nenhum presidente da República deixou de comparecer à abertura ou no decorrer da ExpoZebu, fosse ele de direita ou esquerda, fosse civil ou militar, eleito democraticamente ou escalado pelo Exército, fosse um príncipe da Sorbonne ou um operário metalúrgico. A única exceção foi Itamar Franco, possivelmente por ter ficado apenas dois anos no cargo. Mas Itamar compareceu como governador de Minas. Comparecer à abertura da exposição não é apenas um dever dos presidentes, mas às vezes um ato de coragem. Em 1963, João Goulart teve que ouvir do presidente da ABCZ sérias críticas a sua proposta de reforma agrária. Em 1981, o general João Batista Figueiredo ouviu, contrariado, um discurso alinhado com o clamor de redemocratização do país. Em 2010, a diretoria da ABCZ teve que administrar a presença dos então candidatos José Serra e Dilma Rousseff no mesmo palanque da solenidade. Dilma voltou duas vezes à ExpoZebu, a última em 2014, para ouvir as reivindicações do presidente da ABCZ, Luiz Claudio Paranhos, entre elas a de formulação de políticas para aumentar a segurança jurídica do produtor. Rousseff reconheceu que não existe país nenhum no mundo que tenha, como o Brasil, a água, o solo, a Embrapa e a ABCZ.


Ney Braga

Produção Mineira de Leite Minas Gerais tem 46 produtores na lista dos 100 maiores do país A cadeia produtiva do leite é hoje uma das maiores em faturamento e geração de emprego e renda no Brasil, e especialmente em Minas. É a única que cria emprego no meio rural de maneira contínua. É intensiva em mão de obra e presente em todos os municípios, com poucas exceções. O rebanho leiteiro, com 5,7 milhões de vacas, é o maior do país. Produziu nove bilhões de litros em 2013, com um aumento de produtividade para 1.569,5 litros/vaca/ano. A imagem do camponês sentado num banquinho ao pé da vaca, espremendo as tetas para ouvir o leite espirrando no balde corresponde hoje apenas à pequena propriedade familiar. Médios e grandes produtores estão usando melhoria genética para o rebanho, tecnologia para a ordenha e para armazenamento do produto. Um dos pioneiros foi o empresário Flávio Guarany, filho único de Luiz Noronha Guarany, sócio do Banco Mercantil do Brasil e dono da Coca-Cola em Belo Horizonte. Associando seu ideal de lazer com um empreendimento produtivo, adquiriu em 1994 uma fazenda em Inhaúma, para criar gado de leite e realizar o sonho de sua esposa Huguette. Antes de adquirir a primeira vaca, Guarany encomendou um projeto segundo as mais avançadas técnicas, concebido para chegar até 30 mil litros de leite por dia. O confinamento dos animais é do tipo free-stall (baia livre). São quatro galpões para 380 vacas cada e mais três para 40 a 50 animais em cada. Instalou um sistema de aspersão automático que é acionado sempre que a temperatura fica acima de 19 graus, a ideal para as vacas holandesas. São três ordenhas diárias, de 220 vacas por hora. A média de produção diária por animal é de 28 litros. Dois tanques de resfriamento com capacidade para 20 mil litros cada recebem a produção. Em janeiro de 2002, a Fazenda São João entrou em operação, com o nascimento da primeira bezerra no local. Seis meses depois, já estava produzindo em plena capacidade. Em 2009, o número de animais havia aumentado para 3.120, sendo 1.600 vacas em lactação. A cada ano, a reposição é feita com cerca de 500 novilhas parindo.

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Com a morte de Flávio Guarany, em outubro de 2011, sua viúva Huguette continuou conduzindo de modo competente a Fazenda São João. Mantém-se no topo da lista dos maiores produtores de leite de Minas, com 12,8 milhões de kg em 2013.

Top 100 – Os maiores produtores de leite do Brasil • Os 100 maiores produtores em 2013 apresentaram produção média de 13.848 litros por dia, 9,7% a mais do que os 100 maiores de 2012, a maior taxa de crescimento observada pelo Levantamento Top 100 desde 2004. • 54% dos produtores consideraram a rentabilidade em 2013 acima da média dos outros anos, 41% afirmaram que a rentabilidade esteve na média e apenas 5% a consideraram abaixo da média, indicando que foi um ano positivo para os grandes produtores. • Houve aumento de 6,4% nos custos operacionais de produção entre os produtores Top 100, sendo que 66% das propriedades tiveram custo operacional médio acima de R$ 0,80/litro. • Minas Gerais continua sendo o estado com maior número de fazendas presentes no Top 100, com 46 propriedades (cinco a mais que na edição anterior). Em seguida, o estado do Paraná teve 17 fazendas entre os 100 maiores produtores de leite. O estado de Goiás manteve-se em terceiro com 10 propriedades. Apesar de São Paulo ser apenas o quarto estado com maior número de produtores, com 9 propriedades, as três primeiras posições são de fazendas paulistas, todas produtoras de leite tipo A.

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Minas’ Production of Milk Minas Gerais has 46 producers in the list of the 100 biggest in the country

The milk production chain is today one of the biggest in terms of sell, employment generation and income in Brazil, especially in Minas. It is the one that creates jobs in rural areas continuously. It is labor intensive and present in all cities, with few exceptions. The dairy herd, with 5.7 million cows, is the biggest in the country. It produced nine billion liters in 2013, with an increase of productivity to 1569.5 liters/cow/year. The image of a peasant seated on a stool at the foot of the cow, squeezing the teats to hear the splashing milk in the bucket today corresponds only to a small family owned property. The medium and big producers are using genetic improvement in the herd, milking technology and product storage. One of the pioneers was the businessman Flavio Guarany, only son of Luiz Noronha Guarany, partner of Banco Mercantil do Brasil and owner of Coca-Cola in Belo Horizonte. Associating his ideal of leisure with a productive enterprise, he acquired in 1994 a farm in Inhaúmas, to raise cattle for milk and realize the dream of his wife Huguette. Before purchasing the first cow, Guarany commissioned a project using the most advanced techniques, designed to reach up to 30 thousand liters of milk per day. The confinement of the animals is from the free-stall type. There are four sheds to 380 cows each, and three more for 40 to 50 animals in each. He installed an automatic sprinkler system that is triggered when the temperature is above 19 degrees, ideal for Holstein cows. There are three daily milkings of 220 cows per hour. The average daily production per animal is 28 liters. Two cooling tanks with a capacity of 20,000 liters each receive the production. In January 2002, the São João Farm started operation, with the birth of first female calf on site. Six months later, it was already producing at full capacity. In 2009, the number of animals had increased to 3,120, with 1,600 cows in lactation. Each year, the replacement is made with 500 heifers calving. With the death of Flávio Guarany, in October 2011, his widow Huguette continued to lead competently the Fazenda São João, that is maintained on the list of the largest milk producers in Minas, with 12.8 million kg in 2013.


5179 Ney Braga


Cinco maiores produtores de leite de Minas em 2013 1.

Huguette Emilienne Françoise Collin Noronha Guarani – 12,8 milhões de kg – Inhaúma

2.

Antônio Carlos Pereira – 10,2 milhões – Carmo do Rio Claro

3.

Sekita Agronegócios – 9,05 milhões – Rio Paranaíba

4. Antônio Alves Capanema/União de Fazendas Agroindustriais S.A. - 6,5 milhões – Pará de Minas 5.

Grupo Cabo Verde – Fazenda Santa Luzia – 5,9 milhões – Passos

Fonte: Milkpoint – Levantamento Top 100 – 2014

Ivan Machado

Top 100 The largest milk producers in Brazil

• The 100 largest producers in 2013 had an average production of 13,848 liters per day, 9.7% more than the top 100 of 2012, the highest growth rate observed by the survey Top 100 since 2004. • 54% of producers considered the profitability in 2013 above the average of other years, 41% said the profitability was on average and only 5% considered that is below average, indicating that it was a positive year for the large producers. • There was a 6.4% of increase in operating costs of production among the Top 100 producers and in 66% of farms had an average operating cost over R$ 0.80/liter. • Minas Gerais remains the state with the largest number of farms present in the Top 100, with 46 properties (five more than the previous edition). Then the state of Paraná had 17 farms among the 100 largest milk producers. The state of Goiás remained third with 10 properties. While São Paulo is only the fourth state with the largest number of producers, with 9 properties, the first three positions are farms in São Paulo, all producing milk type A.

Five largest producers of milk in Minas- 2013

1. 2. 3. 4. 5.

Huguette Emilienne Françoise Collin Noronha Guarani – 12.8 million kg – Inhaúma Antônio Carlos Pereira – 10.2 million – Carmo do Rio Claro Sekita Agronegócios – 9.05 million – Rio Paranaíba Antônio Alves Capanema/União de Fazendas Agroindustriais S.A. – 6.5 million – Pará de Minas Grupo Cabo Verde – Fazenda Santa Luzia – 5.9 million – Passos

Source: Milkpoint – Levantamento Top 100 – 2014

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A vitória do queijo artesanal mineiro O Brasil é o 6º maior produtor mundial de queijo. Metade da produção, ou seja, 215 mil toneladas, sai de Minas. Os principais tipos de queijo comercializados, por volume de produção, são o Frescal, o Minas, o do Serro e o da Canastra. O queijo frescal, feito com leite pasteurizado, é para consumo imediato. O queijo Minas tem massa cozida e durabilidade maior. Já os queijos do Serro, o da Canastra, e o queijo Serra do Salitre Imperial, todos eles feitos de leite cru, são muito apreciados pelos paladares mais exigentes, mas enfrentavam sérios problemas de legislação, e não podiam ser vendidos fora de Minas. Uma lei antiga, de 1952, subordinada a interesses norte-americanos, exigia um prazo de maturação que inviabilizava a comercialização do produto. Depois houve conflitos da legislação federal com a estadual. Foi preciso que os queijos mais famosos de Minas fossem declarados patrimônio cultural imaterial do estado, a partir de 2008; foi necessária uma ação do governo mineiro e receptividade de um ministro da Agricultura mineiro para que uma nova instrução normativa fosse editada. Depois do registro na Secretaria da Agricultura e de inspeção sanitária realizada pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) nas queijarias, os queijos podem circular livremente pelos mercados nacionais, desde agosto de 2013.

Alto padrão de higiene O consumo de queijo no Brasil ainda é escasso: 3,4 kg per capita por ano, enquanto nos Estados Unidos é de 15 kg, na União Europeia de 13,2 kg e na Argentina de 11,8 kg. O queijo Minas Frescal, que é o mais simples de todos, faz a delícia dos europeus que vêm ao Brasil. Franceses e alemães produzem mais de 700 variedades de queijos muito elaborados. Desde a Segunda Guerra Mundial, todavia, deixaram de fabricar queijo fresco. O Frescal preocupava por razões de saúde, mas pesquisa recente feita em São Paulo com amostras colhidas no comércio mostrou que os padrões de higiene chegaram ao ideal nos últimos dez anos. Nenhuma das amostras continha microorganismos prejudiciais à saúde humana. A fabricação de queijos segundo processos trazidos de Portugal é uma tradição que já dura três séculos. Dos 853 municípios mineiros, 600 produzem queijos, somando 30 mil fabricantes, a grande maioria dentro da faixa da agricultura familiar. Apenas 0,5% têm cadastro na Secretaria de Estado de Agricultura, ou seja, apenas Tina Coelho / Terra Imagem 158, sendo que outros 150 estão em processo de cadastramento. Esse número deve aumentar consideravelmente com a permissão de acesso aos mercados nacionais, porque o registro é exigência básica para a comercialização. Em Minas, há cinco regiões demarcadas para a produção de queijos artesanais, envolvendo nove mil produtores. Deles, apenas 240 estão aptos a comercializar fora do estado. São elas, a região da Serra da Canastra, do Serro, de Araxá, do Cerrado e Campos das Vertentes.

Produtor de queijo

Cheese producer

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The victory of artisan cheese from Minas

Brazil is the sixth world’s largest producer of cheese. The half of the production, that represents 215,000 tons, is made in Minas. The main types of cheese traded, by production volume, are the Frescal, the Minas, the Serro and the Canastra. The Frescal cheese, made with pasteurized milk, is for immediate consumption. The Minas cheese has cooked mass and more durability. The Serro, the Canastra, and the Serra do Salitre Imperial cheese are all made from raw milk and are greatly appreciated by the most demanding palates. They also faced serious problems of law, and could not be sold outside of the state. An old law of 1952, subject to U.S. interests, required a maturation period that precluded the trading of the product. Then there were conflicts between federal laws with state laws. It was necessary that the most famous cheeses of Minas were declared Intangible Cultural Heritage of the State, from 2008; was required an action of the state government and receptivity of one Minister of Agriculture from Minas for the edit of a new normative statement. After registration in the Department of Agriculture and a veterinary inspection performed by Instituto Mineiro de Agricultura (IMA), the Minas’ Institute of Agriculture in dairies, the cheese can circulate freely through the domestic markets since August 2013. High standard of hygiene

The cheese consumption in Brazil is still scarce: 3.4 kg per capita per year, while in the United States is 15 kg, in the EU is 13.2 kg and is 11.8 kg in Argentina. The Frescal Minas cheese, which is the simplest of all, is the delight of the Europeans who come to Brazil. French and German produce more than 700 varieties of very elaborate cheeses. Since World War II, however, they stopped manufacturing fresh cheese. The people were worried about the Frescal because of health reasons, but recent research in São Paulo with samples taken in trade showed that the hygiene standards reached the ideal over the past ten years. None of the samples contained microorganisms harmful to human health. The Portuguese cheese making process is a tradition that has spanned three centuries. Of the 853 cities of Minas Gerais, 600 produce cheeses, adding 30,000 manufacturers, most within the range of family farming. Only 0.5% has joined the State Department of Agriculture, which means only 158, and another 150 are in the registration process. This number should increase considerably with the permission of access to national markets, because the register is basic requirement for trading. In Minas Gerais, there are five specific regions for the production of artisanal cheeses, involving nine thousand producers. Of these, only 240 are able to sell out of state. The regions are: the Canastra ridge, Serro, Araxá, Cerrado and the Campos das Vertentes.

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The Canastra Cheese

The region of Canastra Ridge encompasses five municipalities: São Roque de Minas, Medeiros, Bambuí, Vargem Bonita and Piumhi. In 2012, the Canastra cheese received of the National Institute of Industrial Property, the seal of geographical indication for the consumer is sure to be enjoying a delicacy actually produced in Canastra Ridge. The Canastra is a type of cheese produced over two hundred years, with methods from Serra da Estrela in Portugal, by immigrants from the time of the Gold Cycle. The climate, the altitude, the native pastures and the waters of the Canastra Ridge gives to this cheese a unique flavor: strong, a bit spicy, dense and full-bodied. Since May 2008, it is a Brazilian intangible cultural heritage, title awarded by the Institute of National Historical and Artistic Heritage. The Canastra cheese should be eaten cured or half-cured, with at least a week of maturation. With each passing day, it gets a nice golden color and will stiffen from the outside to inside. It’s good company for cold beer, cachaça or red wine. The consumers who take the cheese to home should always keep it in a cool and ventilated place. For a perfect maturation, the cheese must rest on a plate or wooden board, and be turned once a day. The Canastra mars if you let it more than one day closed in plastic bags. In the refrigerator, it will stay dry. Formerly, due to the poor transport, the cheese generally was maintained up 40 days on the shelves of producers, then go on bullock carts or on donkeys and horses for distribution. Today, the consumption is faster and so few people get to enjoy it at the right point of ripeness. The Serro Cheese

The recipe of this cheese was brought to Brazil by the Portuguese in the 18th century which also came from the Portuguese Serra da Estrela. The technique was adapted and the Serro cheese, more humid and acid, is highly valued by the market. In 1820, the traveler SaintHilaire has highlighted the tradition of dairy products made in the Comarca do Serro Frio. A century later, the opening of a road connecting the cities of Serro and Conceição do Mato Dentro, took the cheese to the state capital.


The production of this delicacy has close links with the community, reason why the Association of Friends of Serro and the Department of Culture of the state government to sent to Iphan the request for recognition of the technical production as intangible heritage. The process was completed and officially announced on May 15, 2008. During the last week of September, the cheese is celebrated in the city of Serro with a party formed by dairy contest, concerts and “vaquejada”. In 2011, the region of Serro received registration of Geographical Indication by the Law 9.279/96, which ensures to the producers of the Serro region the exclusive right to identify it by location. Besides city Serro, the cheese with the same characteristics is also produced in cities Alvorada de Minas, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim, Materlândia, Paulistas, Rio Vermelho, Sabinópolis, Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de Minas and Coluna. The Salitre Mountains Cheese

Serra do Salitre is located between the cities Patos de Minas, Patrocínio, Araxá, Ibiá and São Gotardo. The typical regional cheese is made from raw milk, salt, natural dairy yeast and milk curd. It measures 13-14 cm in diameter, has five centimeters tall and weighs around 800 grams. After its manufacture, it is involved with a (non-edible) orange wax that allows it to mature naturally and be protected from external pathogens. This wax also interferes in the taste giving a slightly sweet touch. The texture is cured, firm, brittle and hard to cut. The taste is of fermented dairy with touches of dry things like walnuts or hazelnuts, lightly salted and acid. It has also the aroma of fresh milk. In the region of Araxá, who usually makes the cheeses are women, the men has to dealing with the milking and the care of the flock. The cheeses are produced in less than 2 hours after milking. After a period of 15 to 20 days, the cheeses are packed in vacuum and stored in a cold camera. •

Produção de queijo artesanal Production of artisan cheese

Queijo Canastra A região da Serra da Canastra engloba cinco municípios: São Roque de Minas, Medeiros, Bambuí, Vargem Bonita e Piumhi. Em 2012, o Queijo Canastra recebeu do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) o selo de indicação geográfica, para que o consumidor tenha a certeza de estar apreciando uma iguaria realmente produzida na Serra da Canastra. O Canastra é um tipo de queijo produzido há mais de duzentos anos, com métodos trazidos da Serra da Estrela, de Portugal, pelos imigrantes da época do Ciclo do Ouro. O clima, a altitude, os pastos nativos e as águas da Serra da Canastra dão a esse queijo um sabor único: forte, meio picante, denso e encorpado. Desde maio de 2008 é patrimônio cultural imaterial brasileiro, título concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O queijo Canastra deve ser consumido curado ou meio curado, com pelo menos uma semana de maturação. Com o passar dos dias, ele adquire uma bela cor dourada e vai enrijecendo de fora para dentro. É boa companhia para cerveja gelada, cachaça ou vinho tinto. O consumidor que levar o queijo para casa deve mantê-lo sempre em local fresco e ventilado.

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Para que a maturação seja perfeita, o queijo deve descansar sobre um prato ou uma tábua de madeira e ser virado uma vez por dia. O Canastra estraga se ficar fechado mais de um dia em sacos plásticos. Na geladeira, fica ressecado. Antigamente, devido à precariedade dos transportes, o queijo ficava até 40 dias nas prateleiras dos produtores para depois sair em carros de bois ou no lombo de burros e cavalos para a distribuição. Hoje, o consumo é mais rápido e por isso pouca gente chega a apreciá-lo no ponto certo de maturação. Queijos

Queijo do Serro

Cheese

A receita deste queijo foi trazida para o Brasil no século 18 por portugueses que também vieram da portuguesa Serra da Estrela. A técnica foi adaptada e o queijo do Serro, mais úmido e ácido, é muito valorizado pelo mercado. Em 1820, o viajante Saint-Hilaire já destacava a tradição dos laticínios feitos na Comarca do Serro Frio. Um século depois, a abertura de uma estrada de ligação das cidades do Serro e Conceição do Mato Dentro, levou o queijo para a capital mineira. A produção da iguaria tem estreita ligação com a comunidade, motivo que levou a Associação de Amigos do Serro e a Secretaria de Cultura do governo mineiro a enviarem ao Iphan o pedido para reconhecimento da técnica de produção como patrimônio imaterial. O processo foi concluído e anunciado oficialmente em 15 de maio de 2008. Na última semana do mês de setembro, o queijo é celebrado na cidade do Serro com uma festa formada por concurso leiteiro, shows e vaquejada. Em 2011, a região do Serro recebeu o registro de Indicação Geográfica pela Lei 9.279/96, o que assegura aos produtores da região do Serro o direito exclusivo de identificá-lo pela localidade. Além da cidade do Serro, produzem queijos com as mesmas características as cidades de Alvorada de Minas, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim, Materlândia, Paulistas, Rio Vermelho, Sabinópolis, Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de Minas e Coluna.

Queijo Serra do Salitre A Serra do Salitre fica entre os municípios de Patos de Minas, Patrocínio, Araxá, Ibiá e São Gotardo. O queijo típico da região é feito de leite cru, sal, fermento lácteo natural e coalho. Mede de 13 a 14 cm de diâmetro, tem 5 cm de altura e pesa aproximadamente 800 gramas. Após sua fabricação, é envolvido com uma cera alaranjada (não comestível) que permite que mature naturalmente e fique protegido de patógenos externos. Também interfere no gosto dando um toque levemente adocicado. A textura é curada e firme, quebradiça e dura de cortar. O sabor é de lácteos fermentados com toques de frutos secos como nozes ou avelã, levemente salgado e ácido. Aromas de leite fresco. Na região de Araxá, normalmente quem faz os queijos são as mulheres e os homens se ocupam da ordenha e dos cuidados com o rebanho. Os queijos são produzidos em menos de 2 horas depois da ordenha. Após o período de 15 a 20 dias, os queijos são embalados a vácuo e armazenados em câmera frigorífica. •

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Cachaça de Salinas, um negócio milionário A microrregião de Salinas está, para a fabricação da cachaça, como as highlands da Escócia estão para o whisky escocês. São terras altas, com abundância de calcário, ar seco e uma luminosidade solar inexistente em outras regiões de Minas. Isto fez surgir ali, há muitas décadas, um negócio que hoje domina a economia da região: a produção de cachaça artesanal de alta qualidade. Os alambiques são de cobre, o fermento é natural de milho, a cana atende pelo nome de Java, e não pelos números da Embrapa. Como nas highlands, Salinas também teve o seu lorde criador da marca mais famosa e mais cara do planeta, Anísio Santiago, que viveu 90 anos e faleceu em 2002. Era a Havana, feita com uma técnica e um rigor até hoje jamais igualados. Enquanto outros alambiqueiros fabricavam de 50 a 80 mil litros por ano, Anísio fazia apenas 8 mil, deixava envelhecer por três anos em seus barris de carvalho e só então engarrafava. Uma garrafa de 600 ml da Havana custa hoje cerca de R$ 500,00. Mesmo pessoas de paladar exigente, tomam Havana de conta-gotas. Em Salinas há pelo menos 60 marcas de cachaça, e cada alambique produz três ou quatro rótulos. A Fazenda Vargem Grande, de Sabino Pinto de Souza, fica na comunidade do Bananal. Sabino engarrafa a Brinco de Prata, uma cachaça branca, própria para caipirinha; a Brinco de Ouro, envelhecida em tonéis de umburana; a Puricana, mais seca e forte, em tonéis de jequitibá; a Sabinosa, que é seu carro-chefe, e a Preciosa, também muito apreciada.

Com um gambá e uma jibóia O maior produtor de cachaça artesanal do mundo é Antônio Rodrigues, fabricante da Seleta, envelhecida na umburana; da Boazinha, que dorme no perfume do bálsamo; e da Saliboa, aconchegada no ipê amarelo. Ele produz 1,3 milhões de litros por ano e diz faturar R$ 3 milhões mensais em parte do ano. Comparece na lista dos maiores contribuintes de ICMS para o Estado, com um recolhimento de R$ 1,83 milhão em 2013.

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Diz a lenda que, quando começou na atividade, foi levar uma amostra do seu produto para colher a opinião de Anísio Santiago. O decano dos produtores de Salinas experimentou e fez um elogio discreto: “Boazinha...” Com isso batizou uma das mais famosas cachaças de Minas. Toni Rodrigues, como gosta de ser chamado, é a figura mais excêntrica que se pode encontrar nas ruas de SaAnísio Santiago linas, com longas barbas brancas e cabeleira despenteada, às vezes levando um gambá pela coleira e por isso tomando multas do Ibama. Ele diz associar o odor do gambá ao acúmulo de dinheiro. Guarda uma jibóia de três metros no armário de sua casa, fora do alcance dos fiscais ambientais. Tem uma coleção de 60 bicicletas, 84 cachorros e dez casas ajardinadas com arruda, para espantar o mau-olhado. Muito religioso, carrega sempre uma medalhinha da Senhora Aparecida presa no chapéu.

Olha para o seu patrimônio e diz não acreditar como chegou a ficar tão rico. Está preocupado em valorizar seus 120 empregados e fazer obras sociais com o saldo de seus lucros, mas anuncia que quer comprar um avião a jato e um helicóptero para 30 pessoas. Ao ser informado de que não existe helicóptero com tal capacidade, simplifica: “Quando o sujeito tem muito dinheiro, compra dois e manda emendar”, e solta uma gargalhada interminável. No primeiro semestre de 2013, a empresa de Toni registrou crescimento de 5% em volume de caixas vendidas, 14% em faturamento e 6% de rentabilidade em relação mesmo período do ano passado. Tais números só puderam ser alcançados devido à realização de um longo projeto que englobou várias etapas, desde a profissionalização da fábrica, realizada em 2005, à construção de alianças estratégicas com distribuidores.

Cachaça da Microrregião de Salinas Faturamento dos estabelecimentos produtores Valores em R$ correntes - período: 2011/2012 A

B

C D E=(D/C)

Faturamento Município1 Nº produtores formalizados 2011

Salinas

Faturamento Evol. % 2012

27 R$ 24.423.637,42 R$ 26.680.176,36

9,24%

Novorizonte

5 R$ 7.404.513,96 R$ 9.766.350,54

31,90%

Taiobeiras

2 R$ 494.148,20 R$ 368.790,13

-25,37%

Rio Pardo

5 R$ 24.621,04 R$ 8.231,39

-66,57%

Fruta de Leite

1 R$ 9.652,44 R$ 11.688,30

21,09%

1 R$ 0,00 R$ 0,00

0,00%

Indaiabira

1 R$ 0,00 R$ 0,00

0,00%

Rubelita

2 R$ 0,00 R$ 0,00

0,00%

São J. Paraíso

1 R$ 0,00 R$ 0,00

0,00%

45 R$ 32.356.573,06 R$ 36.835.236,72

13,84%

Berizal

Total

Fonte dos dados: Receita Estadual de Minas Gerais/SRF-Montes Claros. (1) Município da região que não possui produtor formalizado não consta na planilha. Elaboração: Roberto Carlos Morais Santiago.

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No período de 2006 a 2009, a empresa cresceu 112%. A Seleta é exportada para os Estados Unidos, Alemanha, Itália, Nova Zelândia e Austrália. Dos nove mil alambiques de cachaça existentes em Minas, e que fazem do estado o maior produtor nacional da bebida, apenas 606 são registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O restante atua na informalidade. Mas podem se animar com o exemplo de Salinas, onde os produtores são todos registrados e vão ganhando mercado e ampliando seus negócios sem se ressentir de pagar 18% de impostos. Outra evidência da força da cachaça de Salinas está na arrecadação de ICMS, imposto sobre circulação de mercadorias e serviços, de competência estadual. O ICMS é um excelente indicador para mensuração da atividade econômica, pois permite fazer correlação com outros setores da economia. Permite, ainda, fazer análise sobre aspectos da formalidade e informalidade do setor. Cerca de um terço da arrecadação de ICMS gerado em Salinas é proveniente da atividade produtiva de cachaça nos alambiques do município. Os dados da arrecadação de ICMS apontam Salinas como único município mineiro que possui cadeia produtiva consolidada com expressiva participação na economia local. •

Cachaça Salinas, a millionaire business

The microregion of Salinas is, for the manufacture of “cachaça”, as the highlands of Scotland are for Scotch whisky. The cachaça is typical Brazilian alcoholic drink. There we find highlands, with plenty of lime, dry air and a nonexistent solar luminosity in other regions of the state. These conditions contributed to appear there, many decades ago, a business that now dominates the economy of the region: the production of high quality cachaça. The alembics are made using copper, the yeast is natural of corn, the sugarcane goes by the name Java, and not by the numbers of Embrapa, the Brazilian Agriculture Research Corporation. As happens in the highlands, Salinas also had its lord creator of the most famous and most expensive brand on the planet, Anísio Santiago, who lived 90 years and died in 2002. The Havana was made with a technique and an accuracy that never was equaled to this day. While other cachaça makers that are called “alambiqueiros” manufactured 50-80 thousand liters per year, Anísio manufactured only 8000, left for three years aging in oak barrels and after that they were bottled. A 600 ml bottle of Havana costs about US$ 220.00. Even people from discerning palate, take the Havana’s eyedropper. In Salinas there are at least 60 brands of cachaça, and each alembic produces three or four labels. The Vargem Grande Farm, which owner is Sabino Pinto de Souza, is located in Bananal community. Sabino bottles the Brinco de Prata, a white cachaça, good for “caipirinha”; the Brinco de Ouro, aged in umburana casks; the Puricana, drier and stronger in jequitibá casks; the Sabinosa, which is their flagship, and the Preciosa, that is also greatly appreciated. With a possum and a boa constrictor

The largest producer of cachaça in the world is Antônio Rodrigues, the Seleta’s manufacturer, aged in umburana; the Boazinha, which sleeps on the balm perfume; and the Saliboa, snuggled in yellow ipê, a tree typical in Brazil. He produces 1.3 million liters per year and make US$ 1,3 million monthly in parts of the year. He appears on the list of major contributors to the ICMS tax, with a payment of R$ 1.83 million in 2013. The legend says that when the activity started, he took a sample of your product to collect the opinion of Anísio Santiago. The dean of Salinas producers tried and made a discreet compliment: “She was a bit good ...” With that he named one of the most famous cachaça from Minas, the Boazinha.

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Toni Rodrigues, as he likes to be called, is the most eccentric figure that is possible to meet on the streets of Salinas, with long white beards and unkempt hair, sometimes carrying a possum on a leash and because of that taking fines by IBAMA, the Brazilian Institute of Environment and Natural Resources. He associates the smell of possum to the accumulation of money. He also holds a three-meter boa constrictor in his home closet, out of the reach of environmental tax. He has a collection of 60 bikes, 84 dogs and ten houses with garden and rue to ward off the evil eye. He is concerned with valuing its 120 employees and do social works with the balance of their profits, but announces that he wants to buy a jet and a helicopter for 30 people. On being informed that there is no helicopter with such capability simplifies: “When one guy has a lot of money, buy two and send to be amended “, and released a long laugh. In the first half of 2013, the Toni’s company grew 5% by volume of cases sold, 14% in income and 6% of profitability comparing with the same period last year. Such figures could only be achieved due to the realization of a long project which involved several stages, from professional factory, held in 2005, to build strategic alliances with distributors. From 2006 to 2009, the company has grown 112%. The Seleta is exported to the United States, Germany, Italy, New Zealand and Australia. Of the nine thousand alembics located in Minas, which makes the state the nation’s largest producer of the drink, only 606 are registered in the Ministry of Agriculture, Livestock and Supply. The remaining acts informally. But can animate with the example of Salinas, where producers are all registered and are gaining market and expanding their business without resent paying 18% tax. Further evidence of the strength of Salinas’ cachaça is in the collection of ICMS tax on movement of goods and services, the state jurisdiction. The ICMS tax is an excellent indicator for measuring economic activity, since it allows make a correlation with other sectors of the economy. It also allows doing analysis on aspects of formality and informality of the sector. About a third of the collection of ICMS tax generated in Salinas comes from the productive activity of cachaça alembics in the city. The data from the ICMS collection appoint Salinas as a single Minas’ city that has consolidated production chain with significant participation in the local economy. •

renevue of producers Amounts in currency R$ correntes - time: 2011/2012 A

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C

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renevue 2011

renevue 2012

Evol. %

27 R$ 24.423.637,42 R$ 26.680.176,36

9,24%

Novorizonte

5 R$ 7.404.513,96 R$ 9.766.350,54

31,90%

Taiobeiras

2 R$ 494.148,20 R$ 368.790,13

-25,37%

Rio Pardo

5 R$ 24.621,04 R$ 8.231,39

-66,57%

Fruta de Leite

1 R$ 9.652,44 R$ 11.688,30

21,09%

1 R$ 0,00 R$ 0,00

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Indaiabira

1 R$ 0,00 R$ 0,00

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Rubelita

2 R$ 0,00 R$ 0,00

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São J. Paraíso

1 R$ 0,00 R$ 0,00

0,00%

45 R$ 32.356.573,06 R$ 36.835.236,72

13,84%

formalized city1 producers

Salinas

Berizal

Total

Responsible for the elaboration: Receita Estadual de Minas Gerais/SRF-Montes Claros (*) Cities that are not present don´t have formalized producers Elaboration: Roberto Carlos Morais Santiago

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Mangalarga Marchador Cavalos de Minas para o mundo

Mangalarga Marchador Minas’ horses for the world

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Muitos episódios da História do Brasil foram gravados com as ferraduras dos cavalos. A chegada desses animais ao país remete ao descobrimento e à ocupação do território nacional. Acredita-se que os primeiros espécimes vieram nas caravelas, trazidos das ilhas da Madeira e Canárias. Em 1808, com a chegada da Família Real ao Brasil, os portugueses trouxeram também garanhões e éguas que eram criados nas coudelarias reais. Entre os mais nobres criatórios estava a Coudelaria Real Alter do Chão, que selecionava cavalos na região de Alentejo, famosos pela desenvoltura, beleza de movimentos e aparência impecável. Tantas qualidades tornaram a aristocracia apaixonada por cavalos. Dom João VI não tinha muita aptidão para montar, mas seu impetuoso filho Pedro I era exímio cavaleiro. Partia em disparada do Palácio de São Cristóvão e entrava a galope no Paço Imperial poucos minutos depois. Quando proclamou a Independência do Brasil, às margens do riacho Ipiranga, foi representado pelo pintor Pedro Américo na sela de um belo alazão. O imperador Pedro II mantinha magníficos garanhões andaluzes nas estrebarias reais de Cachoeira do Campo. Até o Marechal Deodoro da Fonseca só proclamou a República do Brasil depois de montar um baio imponente.

Coudelaria Alter do Chão - Portugal Alter do Chão Stud - Portugal

Many episodes of the Brazilian History were recorded with the horseshoes of the horses. The arrival of these animals to the country refers to the discovery and occupation of the national territory. It is believed that the first specimens came in caravels, brought from the islands of Madeira and the Canaries. In 1808, with the arrival of the Royal Family to Brazil, the Portuguese also brought stallions and mares that were created in the royal stables. Among the finest farms was the Royal Haras of Alter do Chão, which selected horses in the Alentejo region, famous for its ease, beautiful movements and flawless look. There are so many qualities that attracted the passion of aristocracy with horses. Dom João VI did not have much ability with a saddle, but his impetuous son Pedro I was an expert horseman. He was used to go quickly his horse from the São Cristóvão Palace and starting to gallop in the Imperial Palace a few minutes later. When he proclaimed the independence of Brazil, on the banks of Ipiranga brook, he was represented by the painter Pedro Américo in the saddle of a beautiful Sorrel horse. The Emperor Pedro II had magnificent Andalusian stallions in royal stables of Cachoeira do Campo. Another example is the Marshal Deodoro da Fonseca, who only proclaimed the Republic of Brazil after mounting an imposing Bay horse.

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O cavalo e as Minas Gerais Em Minas Gerais, a história do cavalo começou a ser escrita no Ciclo do Ouro, quando os desbravadores precisavam de animais mais velozes que os burros e mulas para fazer rápidos deslocamentos. Em tempo de guerras, como a dos Emboabas, um bom cavalo valia muito dinheiro. O preço variava de acordo com o conforto June Sabino da montaria, agilidade e presteza. O desbravamento do território mineiro e o deslocamento de cargas para abastecimento das minas através de caminhos íngremes e perigosos exigia a prudência e a resistência dos muares. Mas, logo após implantados os empreendimentos rurais, os fazendeiros e negociantes se valiam de cavalos fortes, velozes e de andamento confortável para seus deslocamentos. As escoltas das tropas de transporte de ouro das minas para o porto de Paraty montavam cavalos briosos, aptos a perseguir os bandidos que emboscavam as cargas. De acordo com registros históricos, Gabriel Francisco Junqueira, o barão de Alfenas, foi presenteado em 1824 por D. Pedro I com um garanhão da raça Alter Real. Fazendeiro abastado da região Sul do Estado de Minas Gerais e criador de bovinos, o barão iniciou sua criação de cavalos cruzando aquele magnífico animal com éguas rústicas de sua fazenda Campo Alegre, situada no município de Cruzília. Como resultado desse cruzamento, surgiu um novo tipo de cavalo denominado Sublime pelo andar macio que possuía. O cavalo era utilizado para montaria e na lida da fazenda como tração leve.

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magnificent animal with its rustic mares of his Campo Alegre Farm, located in the city of CruzĂ­lia. As a result of this cross, appeared a new type of horse called Sublime by soft walk that had. The horse was used to mount and to farm work as gentle traction. Sublime became the Mangalarga

The horse and Minas Gerais

In Minas Gerais, the story of the horse began to be written in the Gold Cycle, when the explorers needed fastest animals than donkeys and mules to make quick shifts. In time of wars, as the Emboabas, a good horse worth much money. The price varied according to the riding comfort, agility and speed. The exploration of the state territory and the displacement of charges to supply the workers of mines through steep and dangerous paths demanded prudence and endurance of the mules. But, soon after the deployment of rural enterprises, farmers and traders had fast and strong horses and comfortable underway for their commutes. The escorts of troops of gold transport from the mines to the port of Paraty (RJ) rode impetuous horses, able to pursue the bandits who made ambushes. According to historical records, Gabriel Francisco Junqueira, the Baron of Alfenas, was presented in 1824 by D. Pedro I with a stallion of Alter Real breed. A rich farmer from the South of Minas Gerais and cattle breeder, the Baron began his breeding of horses crossing that

At that time already was imposed a breed selection. The horse in the nineteenth century was the most comfortable means of transportation. Therefore, farmers and nobles did not spare resources to acquire comfortable and helpful animals to the family. The horse had to adapt to the ground, very mountainous topography features, be resistant in long rides, to changes in climate and the environment, have good performance and be quite comfortable. In the South of the state, arose the appreciation for triple support gait and Sublime breed. The convenience of these animals drew a lot of attention, and soon the rich farmer Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, owner of Mangalarga Farm brought some copies of Sublime for his use in Paty do Alferes, near to the Court in Rio de Janeiro. By having different size and walk, the horses were quickly recognized in the capital of the Empire. They became a synonymous of nobility and perfection when it came to riding horses. These animals were nicknamed Mangalargas horses, in a reference to the farm where they came from. This is one of the versions that justified the origin of the name “Mangalarga� and the most consistent of them, according to some researchers. In the region of the rugged topography in the province of Minas Gerais arose the gait, in comfortable saddle horses and nimble to cross the mountains. The selection was made with the genetic resources of the Iberian heritage. Then they developed a horse with an outstanding pectoral and an admittedly comfortable gait.

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Sublime se tornou Mangalarga

Agro maripá / Rubens Ferreira

Naquela época, já se impunha uma seleção da raça. O cavalo no século XIX era o meio de transporte mais confortável. Por isso, fazendeiros e nobres não poupavam recursos para adquirir animais confortáveis e prestativos para a família. O cavalo precisava se adequar ao solo, às características topográficas mineiras bastante montanhosas, ser resistente em longas cavalgadas, às variações do clima e do ambiente, ter bom rendimento e ser bastante cômodo. Surgiam no Sul do Estado a valorização da marcha de tríplice apoio e a raça Sublime. A comodidade desses animais chamou muita atenção, e logo o rico fazendeiro Francisco Peixoto de Lacerda Werneck, proprietário da Fazenda Mangalarga, trouxe alguns exemplares de Sublimes para seu uso em Paty do Alferes, próximo à Corte no Rio de Janeiro. Por terem porte e andamento diferenciados, os cavalos foram reconhecidos rapidamente na capital do Império. Viraram sinônimo de nobreza e perfeição no que dizia respeito a cavalos de sela. Esses animais foram apelidados de cavalos mangalargas, em uma referência à fazenda de onde vinham. Essa é uma das versões que justificam a origem do nome “Mangalarga” e a mais consistente delas, de acordo com alguns pesquisadores. Na região de topografia acidentada da província de Minas Gerais surgiu o andamento marchado, em cavalos de sela confortáveis e ágeis para transpor as montanhas. A seleção era feita com os recursos genéticos do patrimônio ibérico. Desenvolveu-se um cavalo de peitoral marcante e andar reconhecidamente cômodo.

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The first equine breeding farms

The mineral exploration was the main economic activity of the population of Minas’ province. In the South of the state, the situation was different. With the permanence of the Portuguese in the region, the introduction of some crops and creation of animals followed European trends. Because of the activity, many families of Lusitanian origin settled in the field and developed farms for creation. Clean lines of horses born in cradles of several of these properties. Among the prominent farms that formed the basis of the breed, located along the Royal Route, may be cited the farms Engenho de Serra, Traituba, Herdade, Campo Lindo “JB”, Porto, Angahy, Lobos and Favacho. Regardless of the farm, the Mangalarga Marchador was the favorite horse, by the security of its gait and by skill in dealing with cattle and agility in the high pastures of the ridges that characterize the landscape of Minas Gerais. The importance of this horse was so great that the animals are equipped with feather and reins brass or silver, accompanied the processions in honor of the patron saints of villages in saint days. On Sundays, family and friends gathered with farmers to hunt pampas deers, mounted in the Marchador horses. If the trail of the victim was found and the hunting sighted, it was the beginning of a gallop by the meadows and hills. In uneven terrain it was necessary to cross the slopes of gullies, cut the crests of the mountains, pass through the paths of valleys, wading rivers, jump stick, stone and stream. This effort demanded commitment and skill of the rider and the horse. In lucky days, the Marchador horses had yet to return with the tied hunting on the pillion of the hunter. A tradition started centuries ago is maintained to this day in many cities of Minas: the “cavalhadas”, representations of battles between Moors and Christians for the freedom of the Iberian Peninsula of Moors’ domain. The nucleus of breeders that are spread throughout Brazil, promote trips that traverse multiple states, mobilizing dozens of riders and support teams. The Mangalarga Marchador breed standard is characterized by a minimum height for males of 1,47m and a maximum of 1,57m, medium sized structure, its gait is fast and smooth, with a natural amble known as the Marcha that can be called Marcha Batida or Marcha Picada, depending on the movements. For females, the minimum height is 1.40m and the maximum is 1,54m. Its vocation is of saddle horse for leisure and tours, endurance sports and services. The fitness of the saddle for rides is explained by the fact the horse has good performance and offer little friction in the saddle and offer comfort for both. It is a rustic horse that adapts to any climate and region, developed to withstand long journeys and overcome obstacles.

Fazenda Campo Lindo Campo Lindo Farm

As primeiras fazendas de criação de equinos A exploração mineral era a principal atividade econômica da população da província mineira. No Sul do estado, a situação era um pouco diferente. Com a permanência de portugueses na região, a introdução de algumas culturas e a criação de animais assumiram tendências europeias. Por causa da atividade, muitas famílias de origem lusitana se estabeleceram no campo e desenvolveram fazendas de criação. Linhagens impecáveis de cavalos nasceram em berços de várias dessas propriedades. Entre os criatórios de destaque que formaram a base da raça, localizados ao longo da Estrada Real, podem ser citadas as fazendas Engenho de Serra, Traituba, Herdade, Campo Lindo “JB”, Porto, Angahy, Lobos e Favacho. Independentemente da fazenda, o Mangalarga Marchador era o cavalo predileto, pela segurança do seu andamento, pela habilidade na lida com o gado e pela agilidade nos pastos altos das serras que caracterizam a paisagem de Minas Gerais. A importância do cavalo era tão grande que os animais, equipados com cabeçada de plumas e rédeas de bronze ou prata, acompanhavam procissões em homenagem aos padroeiros das vilas nos dias santos.

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Aos domingos, familiares e amigos dos fazendeiros se reuniam para caçar veados campeiros, montados nos marchadores. Se o rastro da vítima fosse encontrado e a caça avistada, tinha início um galope pelas campinas e colinas. Em terrenos quase sempre irregulares era preciso cruzar as encostas das grotas, cortar as cristas das serras, passar pelas veredas dos vales, vadear rios, saltar paus, pedras e riachos. Esse esforço demandava empenho e habilidade do cavaleiro e da montaria. Nos dias de sorte, os marchadores ainda tinham que voltar com a caça amarrada na garupa do caçador. Uma tradição iniciada há séculos é mantida até nossos dias em várias cidades de Minas: as cavalhadas, representações dos combates entre mouros e cristãos para a libertação da Península Ibérica. Os núcleos de criadores da raça, que estão espalhados por todo o Brasil, promovem enduros e viagens que atravessam vários estados, mobilizando dezenas de cavaleiros e equipes de apoio. O Padrão da Raça Mangalarga Marchador caracteriza-se por altura mínima para machos de 1,47 m e máxima de 1,57 m, porte médio, andamento em marcha batida e picada. Para fêmeas, a altura mínima é de 1,40 m e a máxima é de 1,54 m. Sua vocação é de cavalo de sela para lazer e passeios, esportes de resistência e serviços. A aptidão de sela para passeios é explicada pelo fato de o cavalo apresentar um bom rendimento e oferecer pouco atrito na sela e oferecer conforto tanto para o cavalo como para o cavaleiro. É um cavalo rústico que se adapta a qualquer clima e região desenvolvido para suportar longas viagens e transpor obstáculos.

Mangalarga Marchador em números População: 551 mil animais registrados no Stud Book Número de associados: 9.280 criadores Eventos realizados em 2013 – 210 em 18 estados Faturamento em vendas 2013 – R$ 273 milhões Segundo os registros da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM), o ano de 2013 foi fechado com 192 leilões realizados e faturamento de R$ 104 milhões, sendo negociados 4.700 animais, com uma média de R$ 22 mil por cabeça. Somando-se as vendas de animais em leilões e fora deles, o volume de negócios chegou a R$ 273 milhões, com a negociação de 12.354 animais. Os números nos anos anteriores também foram expressivos. Em 2012 foram 145 leilões, comercializando 3.908 animais, com faturamento total de R$ 94 milhões. Em 2011 foram 125 leilões, comercializando 4.164 animais, com faturamento de R$ 110 milhões.

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Sede da ABCCMM

Headquarters of ABCCMM


Marcha Batida

Marcha Picada

Mangalarga Marchador in numbers

Population: 551,000 animals registered in the Stud Book

Events held in 2013 - 210 in 18 states

Number of members: 9,280 breeders

Sales revenue in 2013 - R$ 273 million

According to the records of the Brazilian Association of Mangalarga Marchador Breeders (ABCCMM), the year 2013 was closed with 192 auctions and sales of R$ 104 million, with 4,700 traded animals with an average of R$ 22,000 per head. Adding to the sales of animals at auctions and elsewhere, the turnover reached R$ 273 million, with trading of 12,354 animals. The numbers in previous years were also significant. In 2012 were 145 auctions, trading 3,908 animals with total sales of R$ 94 million. In 2011 were 125 auctions, trading 4,164 animals, with sales of R$ 110 million.

Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador National Show Horse Mangalarga Marchador of Brazi

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Divulgação ABCCMM

O cavalo sem fronteiras Com uma gestão moderna e eficiente, a Associação Brasileira colocou em prática vários projetos em diferentes áreas que alavancaram a criação e deram notabilidade à raça mundialmente. - Mangalarga Marchador para todos – Cursos para criadores e formação de Museu do Mangalarga Marchador Museum Mangalarga Marchador mão de obra - Equoterapia – Para portadores de deficiências físicas - Sela Verde – Selo ambiental - Caminhos do Marchador – Cavalgadas para fomentar a montaria em cavalos da raça - Valorização do Esporte – Estímulo ao uso do cavalo para o esporte - Mangalarga Marchador TV – Programa de TV da raça em nível nacional - Museu do Mangalarga Marchador – Construção do museu da raça em Cruzília/MG - Centro de Capacitação – Cursos de formação em equideocultura para capacitação profissional - Marketing – Tema da Escola de Samba Beija-Flor no Carnaval de 2013 e participação em feiras equestres internacionais - Brazilian Saddle Horse – Expansão e fomento da raça no exterior Dentre as ações internacionais em 2013, a ABCCMM, através do projeto Brazilian Saddle Horse, marcou presença fora do país na Feira da Equitana, em Essen/Alemanha, no mês de março; na Pferd International, em Munique/Alemanha, em maio; e no Caminhos do Marchador Europa, realizado em Kootwijkerbroek/Holanda, de 31/05 a 02/06. As feiras no calendário internacional que tiveram participação de criadores mineiros em 2014 foram: Horses&Dreams – Meets Brazil, em abril, em Hagen/Alemanha; a Equitana Open Air, em junho, em Dusseldorf, Alemanha. Também na Alemanha se realizou, em maio, o Working Marchador Alemanha, em Gestüt Kreiswald. A Professional Bull Riders (PBR) aconteceu nos Estados Unidos, em Nashville (Tennessee), em setembro de 2014. A última etapa ocorreu em Las Vegas, em outubro de 2014. •

Divulgação ABCCMM

ABCCMM na Equitana (Alemanha) / ABCCMM participation in Equitana (Germany)

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Divulgação ABCCMM

The horse without borders

With a modern and efficient management, the Brazilian Association has put in place several projects in different areas that boosted the creation and gave notability to the breed worldwide. - Mangalarga Marchador for everyone - Courses for breeders and training of manpower - Hippotherapy - For the physics disabled people - Green Saddle - Environmental seal - Marchador’s Path - Horseback Riding to encourage riding horses of the breed - Appreciation of the Sport - Encouraging the use of the horse for the sport - Mangalarga Marchador TV – TV Program of the Estande da ABCCMM na Equitana breed in national level Stand of ABCCMM at Equitana - Mangalarga Marchador Museum - Construction of the museum of the breed in Cruzília/MG - Training Center - Training Courses in equideocultura for professional training - Marketing - Theme of Samba School Beija-Flor Carnival in 2013 and participation of international equestrian fairs - Brazilian Saddle Horse - Expansion and promotion of the breed abroad Among international actions in 2013, the ABCCMM (Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador) through the Brazilian Saddle Horse project, was present outside the country in the Equitana Fair in Essen/Germany, in March; in International Pferd in Munich/Germany, in May; and Europe Marchador’s Paths, held in Kootwijkerbroek/Netherlands, from 05/31 until 06/02. The fairs in the international calendar which had participation of Minas’ creators in 2014 were: Horses & Dreams - Meets Brazil in April, in Hagen/Germany; the Equitana Open Air in June, in Dusseldorf, Germany. Also in Germany was held in May, the Germany Working Marchador in Gestüt Kreiswald. The Professional Bull Riders (PBR) happened in the United States, in Nashville (Tennessee), in September 2014. The final stage took place in Las Vegas in October 2014. • Carnaval 2013 / Carnival 2013

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Turismo

Turismo em Minas Gerais Tourism in Minas Gerais

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Geidy Romeiro / Top 2000

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Pesquisa realizada em 2012 com uma expressiva amostra de 12.538 turistas para todos os destinos de Minas Gerais, revelou dados interessantes. A maior parte dos turistas provém da capital, Belo Horizonte, é jovem entre 14 e 30 anos, com renda entre R$ 1.000 e R$ 3.000, viaja de ônibus, busca contato com a natureza e com as cidades históricas e fica apenas um dia em cada local, sem pernoitar. Tanto os mineiros, como os provenientes de Rio e São Paulo viajam atraídos pela gastronomia e vão embora com uma opinião melhor sobre as cidades do que a que tinham antes de chegar. Outra constatação da pesquisa é que o conceito da Estrada Real como circuito de atrativos múltiplos ainda não foi bem assimilado pelos turistas. Há identificações mais claras com o Circuito das Águas, com o Lago de Furnas, com a Serra da Canastra, Circuito do Ouro e dos Diamantes, Caparaó e Grande Sertão. Grutas, cachoeiras, estâncias termais também são destinos consolidados em Minas.

A research conducted in 2012 with a significant sample of 12,538 tourists to all destinations in Minas Gerais revealed interesting data. Most tourists come from the capital, Belo Horizonte, are young between 14 and 30 years, with income between US$ 430 and US$ 1,300, travel by bus, seeking contact with nature and the historical cities and stay just one day at each site, without overnight stay. The people from Minas Gerais such as those from Rio and Sao Paulo travel attracted by the food and go back with a better opinion about cities that they had before. Another finding of the research is that the concept of the Royal Road as attractive multiple circuit has not been well assimilated by tourists. There are clearer identifications with Water Circuit, with the Furnas Lake, with the Canastra Ridge, Gold Circuit and Diamond Circuit, Caparaó and Great Backwoods. The caves, waterfalls, spas are also consolidated destinations in Minas.

Odim

Ouro Preto é o ponto de convergência da Estrada Real / Ouro Preto is the meeting spot of Royal Road

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O roteiro da Estrada Real Estrada Real era o nome que se dava, na época do Brasil Colônia, a qualquer rota terrestre controlada pela Coroa, utilizada para a circulação de pessoas, mercadorias e riquezas. O termo também fazia alusão à vontade real suprema que exigia obediência aos caminhos fiscalizados. Caso outra via fosse usada, o infrator podia ser julgado por crime de “lesa-majestade”. Os mineiros buscam agora recuperar o ouro e os diamantes enviados para Portugal, na forma dos dólares e dos euros dos turistas, através do Programa Estrada Real. Quando o turista estrangeiro pensava em adentrar o continente, só tinha em mente dois destinos: a Amazônia ou Foz do Iguaçu. Minas passou a oferecer-lhe também a Estrada Real, onde pode encontrar aventura, natureza, cultura e culinária, os atrativos que os turistas mais procuram na atualidade. O Programa Estrada Real é uma iniciativa tomada pela Fiemg e pelo Governo de Minas, com apoio do Ministério do Turismo, para criar um atrativo turístico nos moldes do Caminho de São Tiago de Compostela, na Espanha. Criou-se, em 1999, o Instituto Estrada Real, uma entidade sem fins lucrativos para demarcar o trajeto e consolidar o roteiro. Trata-se de um ambicioso programa de desenvolvimento para gerar 150 mil empregos e atrair dois milhões de turistas por ano.

The itinerary of Royal Road

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Royal Road was the name given at the time of colonial Brazil, to any land route controlled by the Portuguese Crown used for the movement of people, goods and wealth. The term also alluded to the Crown that demanded obedience to the supreme monitored paths. If another route was used, the offender could be tried for crime of against it is Majesty. The “mineiros”, how are called who are from Minas Gerais, want now recover the gold and diamonds sent to Portugal, in the form of dollars and euros of tourists through Royal Road Program. When foreign tourists thought about entering more the mainland, they only had two destinations in mind: the Amazon and Iguaçu

Falls. Minas started to offer one more option, the Royal Road, where they can find adventure, nature, culture and culinary, the attractions that tourists most want today. The Royal Road Program is an initiative taken by Fiemg (Industries Federation of Minas Gerais State) and by the State Government, with support from the Ministry of Tourism, to create a tourist attraction like the example of the lines of the Route of Santiago de Compostela, Spain. The Royal Road Institute, a nonprofit entity to demarcate the path and consolidate the screenplay was created at 1999. This is an ambitious development program to generate 150,000 jobs and attract two million tourists per year.


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Tina Coelho / Terra Imagem

Geidy Romeiro / Top 2000

Rodrigo Azevedo

Tina Coelho / Terra Imagem

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Espanha x Minas

Tina Coelho / Terra imagem

A Espanha, que tem praticamente o mesmo tamanho de Minas Gerais, recebe por ano 36 milhões de turistas. O Brasil inteiro recebe apenas quatro milhões, a maioria deles em busca de praias e do calor do verão. As comparações com o roteiro espanhol são favoráveis ao potencial do Brasil: Compostela tem 790 km. A Estrada Real tem 1.400 km, de Paraty a Diamantina e do Rio de Janeiro a Ouro Preto. A Estrada Real cobre uma área maior que a da Áustria, envolvendo 162 municípios mineiros, 8 do Rio de Janeiro e 7 de São Paulo. Nesses 177 municípios vive uma população de 9,5 milhões de pessoas, equivalente à de Portugal. O caminho de Santiago começa nos Pirineus, passa por Pamplona e León, por castelos belíssimos e igrejas góticas e termina em Santiago, no local onde se acredita que estejam enterrados os ossos do apóstolo Tiago. Se nos aspectos culturais e religiosos a tradição espanhola é insuperável, a diversidade de atrativos na Estrada Real é maior, incluindo o turismo rural, esotérico, esportivo, de saúde, de negócios, festas populares, gastronomia e ecoturismo. A paisagem do percurso brasileiro, que começa com praias paradisíacas e segue por montanhas recobertas de vegetação, cachoeiras e poços cristalinos, campos amenos, trilhas de fazendas e acolhedoras cidades históricas, é mais variada que a do centro da península ibérica. Lá, o roteiro se destina a caminhantes e peregrinos. Aqui, pessoas de qualquer idade e condição física e qualquer crença ou interesse podem usufruir dos inúmeros entretenimentos. Há bons trechos da estrada original, já identificados; em Paraty, Carrancas, Cachoeira do Campo, na Serra do Cipó e em Diamantina. Nos últimos anos, o Instituto Estrada Real patrocinou estudos, pesquisas, cartografia e perfis do potencial turístico. Ao longo do percurso, o Instituto estabeleceu um “varal de atrativos”, ou seja, ramais que levam o turista a conhecer centros de artesanato, tecelagem, belezas naturais, curiosidades esotéricas, banhos medicinais, monumentos históricos, etc. Os encantos ao longo da Estrada Real já estão lá, criados pela natureza há milênios e pelos arquitetos e artistas de três séculos atrás. O que é preciso criar de fato é o eixo, reforçar a infraestrutura, consolidar e profissionalizar a rede de recepção e serviços e facilitar o acesso dos turistas. A Estrada Real se divide em três grandes trechos. O Caminho Velho vai de Paraty a Ouro Preto, e o Caminho Novo parte do Rio de Janeiro para o mesmo destino. Ouro Preto é a encruzilhada de onde parte o Caminho dos Diamantes, até Diamantina. O trecho mais rico em atrativos é o Caminho Velho.

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Tina Coelho / Terra imagem

Wladimir Togumi

Wladimir Togumi

Tina Coelho / Terra imagem

Wladimir Togumi


Spain x Minas

Spain, which has almost the same size of Minas Gerais, annually receives 36 million tourists. Brazil gets only 4 million across the entire country, most of them in search of beaches and summer heat. The comparisons with the Spanish screenplay are favorable to the potential of Brazil: Compostela has 790 km. The Royal Road has 1,400 km, from Paraty to Diamantina and from Rio de Janeiro to Ouro Preto. The Royal Road covers an area larger than Austria, involving 162 Minas Gerais’ municipalities, 8 Rio de Janeiro’s municipalities and 7 São Paulo’s municipalities. These 177 municipalities host a population of 9.5 million people, equivalent to that of Portugal. The path of Santiago begins in the Pyrenees, passes through Pamplona and León, beautiful castles and gothic churches and ends in Santiago, where are believed to be buried the bones of the apostle Tiago. Considering the cultural and religious aspects, the Spanish tradition can’t be overcome, but the diversity of attractions on the Royal Road is greater, including rural tourism, esoteric, sports, health, business, festivals, gastronomy and ecotourism. The landscape of the Brazilian route that begins with paradisiacal beaches and follows by mountains covered with vegetation, waterfalls and crystalline pits, mild fields, farm trails and hospitable historical cities, is more varied than that from the Iberian Peninsula. There, the itinerary is intended to hikers and pilgrims. Here, people of any age and physical condition and any belief or interest can take advantage of the numerous entertainments. There are good stretches of the original road already identified in: Paraty, Carrancas, Cachoeira do Campo, in the Cipó ridge and in Diamantina. In recent years, the Royal Road Institute sponsored studies, researches, cartography and profiles of the tourist potential. Along the way, the Institute has established a “clothesline of attractions“, extensions that take the tourist to know craft centers, weaving, natural beauty, esoteric curiosities, medicinal baths, historical monuments, etc. The charms along Royal Road are already there, created by nature for millennia and by architects and artists from three centuries ago. It is necessary to create the shaft, strengthen the infrastructure, consolidate and professionalize the network of reception and services and facilitate access to tourists. The Royal Route is divided into three major sections. The Old Way begins in Paraty and ends in Ouro Preto, and the New Way begins in Rio de Janeiro to the same destination. Ouro Preto is the crossroads where begins the Way of the Diamond until Diamantina. The richest portions in attractions is the Old Path.

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As cidades históricas são grande atrativo turístico / The historical towns are the greatest touristic charm

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It is called the Old Way the most ancient path that connected the coast to the gold mines. The route was built in the 17th century and was the best way to link between the state of Minas Gerais, through Vila Rica that today is Ouro Preto, to the port of Paraty, in Rio de Janeiro State. Although the distance was greater than leaving the city of Rio de Janeiro, the port of Paraty was safer in the early stages of the Gold Cycle against the incursions of French pirates. The stretch begins at the port of Paraty and transposes the Sea Ridge, following eastward of São Paulo, passing through cities like Cunha, Lorena, Guaratinguetá and Cruzeiro. In Minas Gerais, the Old Way passes through the cities of: Passa Quatro, Itanhandu, Baependi, Cruzília, São João del-Rei and Ouro Branco, until arrive to Ouro Preto. Passa Quatro was the most accessible point for crossing the Mantiqueira Ridge. The Old Way was, in the initial phase of the discoveries of gold, the most important route of arrival and supply of region of mines. By this stretch, circulated the São Paulo’s pioneers, that are called “bandeirantes” who started in Taubaté and crossed the Mantiqueira in Passa-Quatro, soon followed by adventurers from other regions of the colony and Europe. And then came the merchants and convoys of slaves. When donkeys and mules have emerged as an alternative to cargo transportation done on the backs of slaves Indians and blacks, was formed in southcentral of colonial territory a true network of circulation of troops. The Old Way was associated with routes into the entry of South of the colony. From there, came bound for Sao Paulo, cattle, animals for riding and mainly donkeys and mules, which would be used in the transportation and supply of Minas Gerais. The New Way

In the first half of the 18th century, many conflicts occurred in the reason of land tenure and mineral deposits, as Emboabas War. It was also recorded problems with tax collectors and rebellions of black slaves. The distribution the production started to be a problem. Besides the difficulty of crossing the Mantiqueira Ridge by the Old Way, the merchandise of value gave a very long detour to arrive the port of Paraty. This route was too risky to the Crown, who needed a new way.

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The Old Way

Trechos da Estrada Real estão demarcados The stretches of Royal Road are marked

Who faced the challenge to open a new communication way between Rio de Janeiro and Vila Rica was Garcia Rodrigues Paes, the eldest son of the pioner Fernão Dias Paes Leme. Until 1709 he labored on the road with white workers of 40 slaves. His goal was to toll charging to offer a road in flat terrain, which avoided the rough crossing by the ridges. Starting from his farm in Borda do Campo, where today is the city of Barbacena, he descended the Mantiqueira and followed the valleys of the Paraíba do Sul River and Paraibuna River, through Juiz de Fora, Matias Barbosa, Simão Pereira, Entre Rios and Barra do Piraí. Although shorter, the way passed through a region without resources and amenities to offer to the travelers, as there was in the Old Way. On long rides, the risk of robbery was big. However, the travel time from Rio de Janeiro was reduced to a third of what it was previously. To avoid the most difficult and dangerous stretch of New Way, which was the transposition of the Sea Ridge, a variant that connected the city of Rio de Janeiro and the Paraíba do Sul River was opened. The shortcut shortened the trip in about four days and it was better than the original path by offering more plan terrains. The new route was opened by the Sergeant Bernardo Soares de Proença and named the Proença Way.

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O Caminho Velho

Tina Coelho/terra imagem

Assim é chamado o trajeto mais antigo que ligava o litoral às minas de ouro. A rota foi construída por volta do século XVII e era a melhor forma de ligação entre o estado de Minas Gerais, por meio de Vila Rica, hoje Ouro Preto, ao porto da cidade de Paraty, no estado do Rio de Janeiro. Embora a distância fosse maior que partindo da cidade do Rio de Janeiro, o porto de Paraty era mais seguro, no início do Ciclo do Ouro, contra as incursões dos piratas franceses. O trecho começa no porto de Paraty e transpõe a Serra do Mar, seguindo em direção ao Leste de São Paulo, passando por cidades como Cunha, Lorena, Guaratinguetá e Cruzeiro. Já em Minas Gerais, o Caminho Velho passa pelos municípios de Passa Quatro, Itanhandu, Baependi, Cruzília, São João del-Rei e Ouro Branco, até chegar a Ouro Preto. Passa Quatro era o ponto mais acessível para transpor a Serra da Mantiqueira. De Paraty a Diamantina, ao todo, a Estrada Real abrange 177 municípios, sendo 162 em Minas. O Caminho Velho foi, na fase inicial das descobertas do ouro, a mais importante rota de chegada e de abastecimento da região das minas. Pelo trecho circularam os primeiros bandeirantes paulistas que partiam de Taubaté e cruzavam a Mantiqueira em Passa Quatro, logo seguidos pelos forasteiros de outras regiões da Colônia e da Europa. Em seguida, vieram os mercadores e os comboios de escravos. Quando burros e mulas surgiram como alternativa ao transporte de cargas que era feito, até então, sobre as costas de escravos índios e negros, formou-se no centro-sul do território colonial uma verdadeira rede de circulação de tropas. O Caminho Velho foi associado às vias de entrada do sul da colônia. De lá vinham, com destino a São Paulo, o gado bovino, os animais para montaria e, principalmente, os burros e as mulas, que seriam usados no transporte e no abastecimento das Minas Gerais.

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Caminho Novo

Geidy Romeiro

Na primeira metade do século 18, muitos conflitos aconteceram pela posse de terra e das jazidas minerais, como a Guerra dos Emboabas. Também foram registrados problemas com o fisco e rebeliões de escravos negros. Escoar a produção passava a ser um problema. Além da dificuldade de atravessar a serra da Mantiqueira pelo Caminho Velho, a mercadoria de valor dava uma volta muito longa até chegar ao porto de Paraty. Rota arriscada demais para a Coroa, que precisava de um novo caminho. Quem encarou a empreitada de abrir uma nova via de comunicação entre o Rio de JaMercado Municipal em Diamantina Municipal Market in Diamantina neiro e Vila Rica foi Garcia Rodrigues Paes, filho primogênito do bandeirante Fernão Dias Paes Leme. Até 1709 ele labutou na estrada com trabalhadores brancos de 40 escravos. Seu objetivo era cobrar pedágio por oferecer uma estrada em terreno mais plano, que evitasse as penosas travessias das serras. Partindo de sua fazenda em Borda do Campo, onde hoje fica a cidade de Barbacena, ele desceu a Mantiqueira e seguiu pelos vales dos rios Paraíba do Sul e Paraibuna, passando por Juiz de Fora, Matias Barbosa, Simão Pereira, Entre Rios e Barra do Piraí. Apesar de mais curta, a viagem era vazia por uma região ainda virgem, sem recursos e confortos que pudessem ser oferecidos ao viajante, como havia no Caminho Velho. Em longas cavalgadas pelos ermos, o risco de assaltos era grande. Contudo, o tempo de viagem a partir do Rio de Janeiro foi reduzido a um terço do que era anteriormente. Para evitar o trecho mais difícil e perigoso do Caminho Novo, que era a transposição da Serra do Mar, uma variante que ligava a cidade do Rio de Janeiro e o rio Paraíba do Sul foi aberta. O atalho encurtava a viagem em cerca de quatro dias e era melhor em relação ao caminho original por oferecer terrenos mais planos. A nova rota foi aberta pelo sargento-mor Bernardo Soares de Proença e batizada de Caminho do Proença.

A rota dos diamantes A Rota dos Diamantes é a última parte da Estrada Real e vai de Ouro Preto até Diamantina. Foi traçada na segunda metade do século 18, época em que os diamantes da antiga região do Tejuco, hoje Diamantina, chamaram a atenção dos exploradores das riquezas de Minas Gerais. Essa rota foi aberta para atender às necessidades da Coroa de se ter um caminho que possibilitasse o transporte da nova riqueza até o Rio de Janeiro. A notícia da descoberta dos diamantes em 1714 foi mantida em segredo. Durante anos a fio, um grande volume de “pedrinhas brilhantes” foi explorado na comarca do Serro Frio sem que a população local tivesse conhecimento do que os diamantes economicamente representavam de fato. Na busca pelas pedras preciosas, todos tentavam recolher sua parcela de riqueza e esconder da Coroa a existência de diamantes no arraial do Tejuco. Por causa dos aventureiros que passaram a infestar a região em busca das pedras, em 1729 o governador Dom Lourenço de Almeida se viu obrigado a comunicar à Coroa as descobertas naquelas terras. A notícia logo atraiu grupos e mais grupos de aventureiros ansiosos por encher as algibeiras.

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The Diamond Route is the last part of the Royal Road and runs from Ouro Preto to Diamantina. It was drawn in the second half of the 18th century, when the diamonds from the former region of Tejuco that today is Diamantina, attracted the attention of explorers of the wealth of Minas Gerais. This route was opened to meet the needs of the Crown to have a path that would allow the transportation of new wealth to Rio de Janeiro. The news of the discovery of diamonds in 1714 was kept secret. For years, a large volume of “brilliant pebbles” was explored in the district of Serro Frio without the local population was aware of economic importance of diamonds. In the search for gemstones, everyone tried to collect their share of wealth and hide of the Crown the existence of diamonds in the creeks of Tejuco district. Because of the adventurers who came to infest the region in search of stones, in 1729, Governor Dom Lourenço de Almeida was forced to communicate the findings to the Crown in those lands. The news soon attracted groups and more groups of adventurers eager to fill their pockets with the diamonds. A dive into the past

Geidy Romeiro

The route of diamonds

Serro era a última vila antes de chegar a Diamantina

Serro was the last village before reach Diamantina

Within this route, the exploration and the control were consolidated in the captaincy of Minas Gerais. Thus was formed the complex of the Royal Road. Considering the stretch is like diving in the rememberings of a ancient Brazil and visit paths that were opened by bandeirantes and explorers in search of gold and diamonds. These pathways, some originating from Indian trails were the scene of important events in our history. Furthermore, we should emphasize the importance of the Royal Road to the urbanization of the country, which occurred from the emergence of towns and villages. The cities that make up the ways preserve icons, monuments and traditions of this very rich period. A historical and cultural heritage filled with natural beauty preserved, lavishly decorated churches and gorgeous buildings, are some of the attractions of the Royal Road.

O congado é uma tradição religiosa composta de danças e desfiles Geidy Romeiro

Congado is a religious tradition with dances and parades

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Brasil é o 6° destino mundial em 2014 O Conselho Mundial de Viagens e Turismo, entidade que reúne os maiores empresários de turismo no mundo, divulgou o estudo anual “Viagens e Turismo: Impacto Econômico”, com dados coletados em 184 países. O Brasil aparece com destaque, em 6º lugar no ranking de países, que leva em conta vários indicadores do setor, como a importância do turismo para o PIB (Produto Interno Bruto), geração de empregos, divisas geradas por turistas internacionais e investimentos públicos e privados. O impacto do turismo na economia do Brasil neste ano de Copa do Mundo foi calculado em 9,5% do PIB (R$ 466,6 bilhões), um crescimento em relação a 2013, que foi de 9,2% do PIB (R$ 443,7 bilhões). O número é superior a média mundial, de 2,5%. O estudo de impacto econômico da cadeia produtiva do turismo no país também revela outros indicadores de crescimento para 2014. O setor deverá gerar 8,9 milhões de empregos diretos e indiretos, um crescimento de 4,5% em relação a 2013, quando o segmento foi responsável por 8,5 milhões de postos de trabalho.

tina coelho/terra imagem

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tina coelho/terra imagem

Dentro desse cenário de rotas, exploração e controle, foi consolidada a capitania das Minas Gerais. Assim se formou o complexo da Estrada Real. Percorrer o trecho é como mergulhar nos registros de um Brasil antigo e visitar caminhos que foram desbravados por bandeirantes e exploradores, em busca de ouro e diamantes. Essas vias, algumas originárias de trilhas indígenas, foram palco de fatos marcantes da nossa história. Além disso, é preciso ressaltar a importância da Estrada Real para a urbanização do país, que se deu a partir do surgimento das vilas e povoados. As cidades que compõem os caminhos preservam ícones, monumentos e tradições deste período tão rico. Um patrimônio histórico e cultural repleto de belezas naturais preservadas, igrejas luxuosamente decoradas e construções de encher os olhos, são alguns dos atrativos da Estrada Real.

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Um mergulho no passado

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Tina coelho / Terra Imagem

Gruta Cave

Brazil is the sixth destination in 2014

The World Travel and Tourism Council, an organization that brings together the top tourism businessmen in the world, released its annual study “Travel and Tourism: Economic Impact�, with data collected in 184 countries. Brazil appears prominently in 6th place in the ranking of countries, it takes into account several indicators of the industry such as the importance of tourism to the GDP (Gross Domestic Product), employment generation, foreign exchange generated by international tourists and public and private investments. The impact of tourism on the economy of Brazil in this year of World Cup was expected to reach 9.5% of GDP (US$ 202.6 billion), an increase compared to 2013, which was 9.2% of GDP (US$ 193 billion). The number is higher than the world average of 2.5%. The economic impact study of tourism production also shows other indicators of growth in the country for 2014. The industry of tourism is expected to generate 8.9 million direct and indirect jobs, an increase of 4.5% compared to 2013, when the segment accounted for 8.5 million jobs.

Do alto das serras, descortinam-se paisagens deslumbrantes Eduardo Venturoli

At the top of ridges, the open landscapes are astonishing

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Eduardo Venturoli

Inhotim A arte por natureza e a natureza da arte Um dos programas obrigatórios para pessoas cultas e estrangeiros que visitam Minas Gerais é o Instituto Inhotim, que fica a apenas 60 km de Belo Horizonte, em Brumadinho. É uma galeria de arte a céu aberto, instalada entre imensos e bem cuidados jardins. Não há nada que se compare no mundo. O acervo botânico do Inhotim, com vegetação de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado, é tão importante quanto as obras de artistas consagrados que ali estão. Os 786 hectares do Inhotim pertenciam à fazenda de uma empresa mineradora sob os cuidados de um administrador britânico chamado Timothy. As pes­soas simples de Brumadinho o chamavam de Sinhô Tim, abreviando depois para Nhô Tim ou Inhô Tim. Daí surgiu o nome Inhotim. Em 2004, o empresário de mineração e siderurgia Bernardo Paz, que foi casado com a artista plástica carioca Adriana Varejão, decidiu adaptar o local para receber sua valiosa coleção de arte do período modernista, que incluía obras de Cândido Portinari, Alberto da Veiga Guignard e Di Cavalcanti.

Inhotim The art by nature and the nature of art

One of the mandatory programs for educated people and foreigners who visit Minas Gerais is the Inhotim Institute, which is only 60 km from Belo Horizonte, in Brumadinho. It is an art gallery in the open, installed between huge and well maintained gardens. There is nothing to compare to this in the world. The botanical richness of Inhotim, with transitional vegetation between the Atlantic Forest and the Cerrado, is as important as the works of established artists exposed there. The 1,930 hectares of Inhotim was a farm which belonged to a mining company under the care of a British administrator named Timothy. The simple people from Brumadinho called him “Sinhô Tim”, shortening then to “Nhô Tim” or “Inhô Tim”, hence arose the name Inhotim. In 2004, the businessman of mining and steel Bernardo Paz, who was married to the fine artist Adriana Varejão, decided to adapt the workplace to receive their valuable art collection of the modernist period, which included works by Cândido Portinari, Alberto da Veiga Guignard and Di Cavalcanti.

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O Instituto Inhotim foi aberto ao público em 2006 e desde então vem recebendo constantes aperfeiçoa­ mentos e benfeitorias. Suas dezoito galerias mantêm 450 obras de artistas brasileiros e estrangeiros, com destaque para trabalhos de Cildo Meireles, Tunga, Vik Muniz, Hélio Oiticica, Ernesto Neto, Matthew Barney, Doug Aitken, Chris Burden, Yayoi Kusama, Paul McCarthy, Zhang Huan, Valeska Soares, Marcellvs e Rivane Neuenschwander.

Mais de 1,5 milhão de visitantes As exposições são sempre renovadas e galerias são anualmente inauguradas. Em 2010, o Instituto recebeu 42 mil alunos e 3,5 mil professores. No mesmo ano, o número de visitantes chegou a 170 mil. Em 2013, os números cresceram para 400 mil visitantes, sendo 80% deles estrangeiros de vários países, principalmente europeus. Em oito anos, Inhotim recebeu mais de 1,5 milhão de visitantes. A área de preservação é de 440 ha, e a área de visitação tem 97 ha, abrangendo jardins, galerias, edificações e fragmentos de mata, além de cinco lagos ornamentais, com aproximadamente 3,5 ha de espelho d’água. O jardim botânico tem 4,3 mil espécies em cultivo - marca atingida em 2011 - e está cercado por mata nativa. Em seus jardins florescem 1,5 mil espécies de palmeira, a maior coleção do tipo do mundo. O Instituto é o único lugar da América Latina que possui um exemplar da flor-cadáver, uma espécie nativa da Indonésia conhecida como sendo a maior flor do mundo. O espécime floresceu pela primeira vez em 15 de dezembro de 2010, e novamente em 27 de dezembro de 2012. A flor fica no Viveiro Educador, na Estufa Equatorial, e esteve exposta ao público. Com ingressos acessivéis, Inhotim pode ser visitado por todos os públicos, em visitas guiadas ou não. Para pessoas com dificuldade de locomoção, o Instituto oferece veículos elétricos silenciosos. Há restaurantes e lanchonetes para todos os gostos em espaços abertos. Está em construção um hotel na forma de bangalôs, para dar aos hóspedes o aprazível acesso aos jardins. Um projeto de construção de condomínios ao redor pretende resguardar o Instituto Inhotim da incômoda proximidade das mineradoras que extraem minério de ferro na região. •

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The Inhotim Institute was opened in 2006 and since then has received constant improvements. Its 18 galleries maintain 450 works by Brazilian and foreign artists, highlighting the works of Cildo Meireles, Tunga, Vik Muniz, HĂŠlio Oiticica, Ernesto Neto, Matthew Barney, Doug Aitken, Chris Burden, Yayoi Kusama, Paul McCarthy, Zhang Huan, Valeska Soares, Marcellvs and Rivane Neuenschwander. Over 1.5 million visitors

The exhibits are always renewed and galleries are opened annually. In 2010, the Institute received 42,000 students and 3500 teachers. In the same year, the number of visitors reached 170,000. In 2013, the number grew to 400,000 visitors, with 80% of them foreigners from various countries, mostly European. In eight years, Inhotim has received over 1.5 million visitors. The conservation area is over 1,000 acres, and the visitation area is 238 acres, covering gardens, galleries, buildings and forest fragments, and also five ornamental lakes, with approximately 8,6 acres of water surface. The botanical garden has 4,300 species in cultivation - mark reached in 2011 - and is surrounded by native forest. In their gardens bloom 1,500 species of palm tree, the largest collection of this kind in the world. The Institute is the only place in Latin America that has a specimen of the corpse flower, a native species of Indonesia known as the world’s largest flower. The specimen bloomed for the first time on December 15, 2010, and again on December 27, 2012. The blossom is in the Educador Vivarium in Equatorial Greenhouse, and was exposed to the public. With affordable tickets, Inhotim can be visited by all audiences, in guided visits or not. For people with limited mobility, the Institute offers silent electric vehicles. There are restaurants and eateries for all tastes in open spaces. A hotel is under construction in the form of bungalows, to give guests access to the delightful gardens. There is a project to build condos around to safeguard the Inhotim Institute against the uncomfortable proximity of mining companies that extract iron ore in the region. •

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Cultura

Vesperata de Diamantina Plateia na rua e músicos nas sacadas dos casarões coloniais

A música está impregnada na alma dos diamantinenses como o sonho da riqueza estava impresso na alma dos garimpeiros de diamantes. Chica da Silva, a ex-escrava que era amante de João Fernandes, o riquíssimo contratador de diamantes do século 18, mantinha uma orquestra para animar seus saraus. O mais ilustre filho da cidade, Juscelino Kubitschek, era um incurável seresteiro que – já presidente da República – tomava aulas de violão toda semana. É comum, nos dias de hoje, ver dezenas de jovens diamantinenses percorrendo as ruas com seus estojos de violino ou instrumentos de sopro. No Ciclo dos Diamantes, as irmandades religiosas contribuíam para o reconhecimento da música como um ofício seguro, e sustentavam um ambiente musical intenso que gerou personalidades como o mulato José Joaquim Lobo de Mesquita. Este maestro desenvolveu, a serviço da Ordem Terceira do Carmo, uma elegância melódica, uma textura harmônica e uma técnica de orquestração que o tornaram comparável aos grandes mestres europeus. Data de 1891 a criação da Banda do 4º Corpo Militar de Diamantina. Um de seus regentes mais famosos foi João Batista de Macedo, o maestro Piruruca. Ele introduziu uma inovação durante suas retretas executadas no coreto que existia na praça da Catedral, em frente à Casa do Contrato, onde hoje funciona a Prefeitura Municipal. Piruruca percebeu que, se colocasse blocos de solistas nas sacadas e janelas dos casarões ao redor, obteria um efeito estereofônico em determinadas composições. Essa disposição peculiar dos músicos foi sendo repassada entre os maestros que assumiam a regência da Banda Militar, e deram origem ao formato atual da Vesperata.

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Capelão militar recupera histórico dos saraus musicais Século após século, crises econômicas e políticas se sudeceram, mas a musicalidade da cidade não foi ofuscada, exatamente porque seu rico passado musical permaneceu como legado às gerações futuras. Diamantina possui um número expressivo de músicos virtuosos que executam com bom gosto o melhor do jazz, do fox, do bolero, da valsa, da bossa nova, do samba, do chorinho e da serenata. Essa última é a marca registrada da cidade. Coube a monsenhor Walter Almeida, major capelão da Polícia Militar, montar um dossiê das reuniões musicais vespertinas que aconteciam após o chá nas casas das famílias mais tradicionais de Diamantina. Esse dossiê foi um dos documentos fundamentais para que a Unesco decidisse declarar Diamantina, em 1997, Patrimônio Cultural da Humanidade. Em relação à sobreposição dos inúmeros sons que a cidade emitia naquele momento, o capelão Almeida afirmava que as tardes em Diamantina eram verdadeiras “tardes vesperais”. Utilizava o termo vesperal com o sentido de espetáculo, de concerto. Daí surgiu o nome Vesperata, da mesma forma que das matinas eclesiásticas adaptou-se o termo matinada. Das serenas, canção trovadoresca, surgiu o termo Serenata.

Vesperata surgiu em 1999 O retorno dos músicos às janelas e sacadas dos velhos casarões foi sugerido como atrativo que Diamantina poderia apresentar como substância de sua alma musical. A partir de 1999, para comemoração do título de Patrimônio da Humanidade, nasce no berço da tradição diamantinense a Vesperata, que vem se tornando ao longo dos anos um produto turístico de relevância, capaz de projetar Diamantina em vários lugares do território nacional e fora dele, responsável por atrair um público fiel e elitizado. Desde a sua concepção como evento cultural, o espetáculo adquiriu vulto. Instalada na Rua da Quitanda, ela faz parte do calendário oficial de eventos da cidade de Diamantina. Ocorre quinzenalmente entre março e outubro, havendo algumas apresentações extras, de acordo com datas comemorativas específicas. O espaço, restrito às capistranas da praça da Catedral, já não comporta tantos amantes da música. Para conseguir lugar numa plateia da Vesperata, o turista precisa comprar um pacote que envolve hospedagem, refeições e passeios pelos magníficos atrativos de Diamantina. •

Vesperata, the famous Diamantina Concert The audience in the street and the musicians on the balconies of colonial mansions The music is present in the soul of people from Diamantina just like the dream of wealth in the soul of the diamond prospectors. Chica da Silva, a former slave who was the João Fernandes’ mistress, a rich diamond contractor of the 18th century, had an orchestra to liven up your soirees. The most famous son of the city, Juscelino Kubitschek, who was an incurable lover of serenade – at the time he was the President - he took guitar lessons every week. It´s common nowadays, see dozens of young people from Diamantina walking in the streets with their violin cases or wind instruments. In the Cycle of Diamonds, the religious brotherhoods contributed to the recognition of music as a secure craft and supported an intense musical environment that created personalities, like the mulatto José Joaquim Lobo de Mesquita. This conductor developed, in the service of the Third Order of Carmel, a melodic elegance, a harmonic texture and an orchestration technique that became comparable to the great European masters. The creation of the Band of the 4th Military Corps of Diamantina was in 1891. One of his most famous conductors was João Batista de Macedo, the conductor that was called Piruruca. He introduced an innovation during their performances on the bandstand that existed on the Cathedral Square, in front of the House of Contract, where today is located the City Hall. Piruruca realized that if you put blocks soloists on the balconies and windows of the mansions around, they would make a stereo effect in certain compositions. This peculiar arrangement of musicians was being passed between the conductors who assumed the regency of the Military Band, and gave rise to the current format of that is called Vesperata.

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Military Chaplain recovers the historical of musical soirees

Century after century, economic and political crises happened, but the musicality of the city was not overshadowed, because its rich musical past remained as a legacy to future generations. Diamantina has a significant number of virtuous musicians who perform with good taste the best of jazz, fox, bolero, waltz, bossa nova, samba, choro and the Serenata, how it is called there the serenade. The latter is the trademark of the city. It fell to Monsignor Walter Almeida, Major Chaplain of the Military Police, assemble a dossier of musical afternoon meetings that usually happened after the tea at houses of the most traditional families from Diamantina. This dossier was one of the key documents to UNESCO decided to declare Diamantina, in 1997, a World Heritage Site. Regarding the overlap of numerous sounds that the city was issuing at that time, the chaplain Almeida said that afternoon in Diamantina could be called as “soirees afternoons”. He used this term with the meaning of a show, a concert. From this term in Portuguese, appeared the name, Vesperata. In the same way, the ecclesiastical matins adapted the term Matinada. From Serenas, a kind of troubadour songs, appeared the word Serenata, that is the very known serenade. Vesperata appeared in 1999

The return of the musicians to the windows and balconies of old mansions has been suggested as attractive that Diamantina could show like a substance of his musical soul. From 1999, to commemorate the title of World Heritage Site, was born in the cradle of the Diamantina tradition the Vesperata, which has become over the years a relevant tourist reference , capable of projecting Diamantina in various places of the country and abroad, responsible for attracting a loyal and rich audience. Since its conception as a cultural event, the concert acquired form. Installed in Quitanda Street, it is part of the official calendar of Diamantina events. It is performed fortnightly between March and October, with some extra presentations, according to specific holidays. The space, restricted to “capistranas”, the stone used to paving the streets, of the Cathedral Square, is not capable to support many music lovers. To get a place in the audience of Vesperata, tourists need to purchase a package that includes lodging, meals and tours of the magnificent attractions of Diamantina. •

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Symphony of the Waters A horse crosses the stage erected on its hind legs Three or four times a year, hotels in Poços de Caldas fill its 30 thousand beds in reason of a gala event: performances of the Symphony of the Waters by Symphony Orchestra from Poços de Caldas. It’s a different musical, with many special effects, lighting in the facade of the Hotel Palace, eclectic repertoire that includes masters of tango, film soundtracks, classical folklore and traditional Brazilian Music (MPB), among others. The presentations are performed in addition to the Symphony, by musicians with guitars and drums, singers and choreographic body. In 2007, the Symphony of the Waters made six presentations in Poços de Caldas, always attended by thousands of people, providing great boost to tourism for the hydroclimatic resort. The City Hall does not charge tickets. It pays the musicals because of the fourfold return in taxes that it collects. The Symphony of the Waters is inspired in Diamantina Vesperata and in the major outdoor performances of European symphony orchestras. It is performed outdoors also to take advantage of the historic buildings, that represent an invitation to live each moment intensely. Contrary to what one might imagine, there is no light fountains or water effects. It has this name because of the hidromineral character of Poços de Caldas, famous in reason of its natural sights, parks and mineral with relaxing power. Also contrary to popular belief, it is not a static and erudite presentation of a symphony, but it is a musical that eclecticism is mixed with an intense movement on stage. The orchestra has 70 musicians and the show also mobilizes 70 other people, including dancers, technicians, and animal trainers. There is a succession of dance numbers, dramatizations and unbelievable presentations, like one of a horse that is able to dance to “Cavalleria Rusticana” supporting himself on his hind legs and a fairytale carriage with a singer in the number “The Phantom of the Opera“, duetting with a tenor in a balcony on the 3rd floor of the Hotel. The conductor is Agenor Neto Ribeiro, that is also the arranger and conducts the show, it is an absolutely sideshow. Sometimes he gives his back for the musicians and conducts the audience until get a satisfactory interpretation of “Hey Jude” or “Carinhoso” (Affectionate). The concert is made to thrill the emotions, involving the entire audience and satisfying to all tastes. •


Sinfonia das Águas Um cavalo atravessa o palco erguido nas patas traseiras Três ou quatro vezes por ano, os hotéis de Poços de Caldas lotam seus 30 mil leitos por causa de um evento de gala: as apresentações da Sinfonia das Águas, pela Orquestra Sinfônica de Poços de Caldas. É um musical diferente, com muitos efeitos especiais, iluminação a laser na fachada normanda do Hotel Palace, repertório eclético que inclui mestres eruditos, tangos, trilhas de filmes, clássicos folclóricos e MPB. As apresentações são executadas, além da Sinfônica, por músicos com guitarras e baterias, cantores e corpo coreo­gráfico. Em 2007, a Sinfonia das Águas chegou a fazer seis apresentações em Poços de Caldas, sempre assistidas por milhares de pessoas e propiciando grande impulso ao turismo naquela estância hidroclimática. A Prefeitura não cobra ingressos. Custeia os espetáculos por causa do retorno quatro vezes maior em impostos que arrecada. A Sinfonia das Águas é espetáculo inspirado na Vesperata de Diamantina e nas grandes apresentações ao ar livre das orquestras sinfônicas europeias. Ao contrário do que se imagina, não liga fontes luminosas ou efeitos aquáticos. Tem esse nome por causa do caráter de estância hidromineral de Poços de Caldas. Também ao contrário do que se supõe, não se trata de uma apresentação estática e erudita de uma sinfônica, mas de um espetáculo em que o ecletismo vem entremeado por um intenso movimento no palco. A orquestra tem 70 músicos e o espetáculo mobiliza ainda outras 70 pessoas, entre bailarinos, técnicos e treinadores de animais. Sucedem-se números de dança, dramatizações e apresentações inacreditáveis, como a de um cavalo que é capaz de dançar a “Cavaleria Rusticana” sustentando-se apenas nas patas traseiras e de uma carrua­ gem de contos de fadas que conduz uma cantora no número “O Fantasma da Ópera”, duetando com um tenor instalado num balcão no 3º andar do hotel. O regente é o maestro Agenor Ribeiro Neto, regente, arranjador e condutor do espetáculo, é um show à parte. Às vezes dá as costas para os músicos e rege a plateia até obter uma interpretação satisfatória de “Hey Jude” ou de “Carinhoso”. O espetáculo comove e envolve toda a platéia, satisfazendo a todos os gostos. •

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Artesanato

Artesanato Mineiro O melhor e o mais diversificado do paĂ­s

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Cada estado brasileiro tem seu artesanato típico. Assim é com as rendas do Nordeste, a cestaria e a arte plumária da Amazônia, as panelas de barro do Espírito Santo. Em Minas, no entanto, são múltiplos os núcleos de artesãos que trabalham uma variadíssima gama de peças. Todas elas guardam identidades regionais e comprovam a pluralidade da produção mineira. Os especialistas em artesanato ficam empolgados com a criatividade da nossa manufatura e chegam a classificar o trabalho de certos artesãos como pura arte. É forte a arte popular, aquela feita por pessoas que nunca frequentaram escolas especializadas, mas criam esculturas, gravuras e pinturas com relevante valor estético e artístico. O artesanato mineiro vai das singelas casinhas de barro de Minas Novas, vendidas a R$ 2 a peça, até os finíssimos cristais Murano de Poços de Caldas, feitos com técnicas ancestrais italianas e capazes de alcançar o preço de R$ 5 mil cada peça, como autênticas obras de arte. O Jequitinhonha também oferece as bonecas de Dona Izabel Mendes, do núcleo de Santana de Araçuaí. Filha de uma artesã que fazia cerâmica utilitária, desde menina ela aproveitava sobras do barro para modelar bonequinhas. Depois de adulta, suas bonecas foram aumentando de tamanho e ganhando capricho nos detalhes. Passou a usar corantes naturais e barros de cores diferentes para fazer sempre noivas, mulheres grávidas ou casais no dia do casamento. Os olhos de suas bonecas são em alto-relevo e têm cílios. As bonecas de Dona Izabel ganharam o status de arte e passaram a alcançar altos preços. Assim também são considerados os trabalhos de dois Ulisses, um de Caraí e outro de Itinga. Em Pirapora, artesãos baianos que chegaram na década de 1960 pelos vapores do São Francisco começaram a esculpir carrancas para enfeitar as embarcações.

Handicraft from Minas Gerais The best and most diversified of the country Every Brazilian state has its own typical handicraft. Famous examples of that are the Northeast’ laces and the basketry and the feather art from Amazonia and the clay pots from Espírito Santo state. In Minas Gerais, however, there are multiple nucleus of craftsmen who works with a widely kind of materials. All of them keep regional identities that prove the plurality of Minas Gerais’ production. The handicraft’s experts get excited with creativity of our manufacture and even classify some craftsmen work as pure art. The folk art is powerful, the one made by people that never been to art schools, but craft sculptures, prints and paints with great aesthetic and artistic value. Minas Gerais’ handicraft range from homely clay small houses from Minas Novas, sold at US$ 1 a piece, to fine Murano crystals from Poços de Caldas, crafted with ancestral Italian techniques that can reach the price of US$ 2,000 a piece, like authentic works of art. The Jequitinhonha, in the North of Minas Gerais, offers the Dona Izabel Mendes’ dolls, from Santana de Araçuaí’s nucleus. She is a daughter of a craftswoman who made utilitarian pottery. Since she was young she took the clay leftovers to model little dolls.

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As “namoradeiras” enfeitam a janela

The “girlfriend” sculpures can be placed by the windows

After she became adult, her dolls started to grow in size and details. She started to use natural pigments and clays from different colors to always create brides, pregnant women or couples at their wedding day. The eyes of her dolls are crafted in high relief, a way with more detailed form, and have cilia. Dona Izabel’s dolls got the art status and had an increase in their prices. The same goes for the work of two Ulisses, one from Caraí and another from Itinga. In Pirapora, craftsmen from Bahia arrived in 1960 decade by steamboats at São Francisco River and started to sculpt a kind of gargoyle that is called ‘’carranca’’ to garnish the prow of the boats. These ‘’carrancas’’ got a straighter stance and a better workmanship to be placed in the houses’ living rooms. Lourdes Barroso, who wished to be a singer, became one of the main craftswomen. David Miranda, navy’s molder master, got to craft a ‘’carranca’’ more than 2 meter long for Calypso’s prow, the yacht used by the navigator Jacques Cousteu to explore the Amazon basin. Dozens of youngsters learned the workmanship and craft little ‘’carranca’’ to be sold for tourists.

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Essas carrancas adquiriram uma posição mais ereta e melhor acabamento para serem acomodadas nas salas de visitas das casas. Lourdes Barroso, que aspirava ser cantora, tornou-se uma das principais artesãs. David Miranda, mestre modelador da Marinha, chegou a fazer uma carranca de mais de dois metros para a proa do Calypso, o iate com o qual o navegador Jacques Cousteau explorou a bacia amazônica. Dezenas de jovens aprenderam o trabalho e fazem pequenas carrancas para vender aos turistas. Em Araçuaí, a sergipana Zefa chegou como retirante da seca, em busca de ares mais saudáveis para curar-se de doença pulmonar. Descansando na sombra de um imbuzeiro nas horas mais quentes de um serviço de arrancar tocos do pasto para um fazendeiro, sentiu como uma alucinação ao ver uma figura emergir de um toco com raízes. Pegou uma enxó e começou a desbastar o toco e fazer aparecer aquela sua visão. Vendeu aquele trabalho para o próprio fazendeiro e descobriu o seu dom. Hoje é uma das artesãs mais requisitadas do Jequitinhonha, com trabalhos que adornam jardins de Burle Marx. Tapete Arraiolo

Arraiolo tapestry


Cristais Murano sรฃo feitos em Poรงos de Caldas Murano Crystal are made in Poรงos de Caldas

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In Araçuaí, arrived the peasant Zefa, a refugee from the drought typical in the Northeast, looking for healthier airs to healing a lung disease. Resting at an imbuzeiro tree’s shadow, from plucking stumps at a farmer pasture, she felt like hallucinating seeing the emergence of a form from stumps with roots. She picked an adze and started to prune the stump and make the hallucination appear. Zefa sold that work to the farmer for a good price. As she got praised by the farmer for her handwork, she discovered her talent. Today she is one of the most requested craftswomen at Jequitinhonha, with works that garnish Burle Marx’s gardens. In Ouro Preto and Cachoeira do Campo, the soapstone handicrafts sale stands extend along the road. The most common pieces are the stone pots and kitchen tools, also statuettes mimicking Aleijadinho’s prophets, chessboards, etc. The bigger pieces are fountains and drinkers to garnish gardens. But there are real artists sculpting decorative pieces of high workmanship standards. An enclave between craftsmen from Prados, Tiradentes and São João del-Rei is Bichinho, where hundreds of people make handcraft in wood, from the simpler colored flowers to the more elaborate Holy Spirit splendors. The sacrum handicraft is Esplendores do Espírito Santo there at first place, but there is also an artist who crafts giant wild animals The splendors of the Holy Ghost sculptures to garnish gardens and cottages. Nearby, in São João del-Rei, the Englishman John Somers recovered pieces of tin of the wreckage of the Dutch frigate Utrecht, and started to craft it at a high craftsmanship standard. Utrecht was a luxurious ship from Dutch Prince Mauricio de Nassau, wrecked in a battle with Portuguese men in 1648, off the Itaparica’s shore. The hobby ended up becoming a great factory of artistic tin pieces and went to the international market. Artesanato em pedra sabão são de Cachoeira do Campo / Soapstone handicraft from Cachoeira do Campo

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Em Ouro Preto e Cachoei­ ra do Campo, proliferam os pontos de venda de artesanato em pedra-sabão, que só é possível encontrar naquela região. As peças mais comuns são as panelas de pedra e utensílios de cozinha, e também estatuetas copiando os profetas do Aleijadinho, tabuleiros de xadrez, etc. As maiores peças são chafarizes e bebedouros para enfeitar jardins. Mas existem artistas verdadeiros esculpindo peças decorativas de alto padrão de acabamento. Um enclave de artesãos entre Prados, Tiradentes e São João del-Rei é Bichinho, onde centenas de pessoas fazem artesanato em madeira, das flores coloridas mais simples aos esplendores do Espírito Santo mais elaborados. O artesanato sacro está ali em primeiro lugar, mas também existe um artista que faz imensas esculturas de animais selvagens para enfeitar gramados ou portais de casas de campo. Perto dali, em São João del-Rei, o inglês John Somers recuperou peças de estanho do naufrágio da fragata holandesa Utrecht e passou a reproduzi-las com alto padrão de acabamento. Utrecht era a luxuosa embarcação do holandês Maurício de Nassau, afundada num combate com os portugueses, em 1648, ao largo de Itaparica. O passatempo acabou se tornando uma grande fábrica de peças artísticas de estanho que ganharam o mercado internacional. Peças em pedra-sabão / Soapstone handicraft

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Em Diamantina, os artesãos se esmeraram em desenvolver estandartes de santos com fitas, vidrilhos e paetês. Ali é forte também o artesanato de tapetes arraiolos, implantado na década de 1970 pelo bispo Dom Sigaud, inicialmente com tramas importadas de Portugal. A cooperativa de artesãs chegou a ter cinco mil filiadas não só em Diamantina, mas em Turmalina, Chapada do Norte e Minas Novas. Teceram os grandes tapetes que enfeitam a Embaixada do Brasil na Piazza Navona, em Roma, e urdiram um tapete de mais de 200 m2 para o principal salão do Memorial JK, em Brasília. Em Itanhandu, ao pé da Serra da Mantiqueira, o artista Rafael Chaves montou o ateliê Elemento Terra. Rafael estudou na Universidade Federal do Rio de Janeiro e na Escola de Artes do Parque Lage. Desenvolveu uma técnica exclusiva de fazer peças decorativas em papel e terra. Não usa tintas ou corantes. Mistura uma massa de papel moído com terra finamente peneirada de cores diferentes e prepara objetos sobre material reciclado. Tudo muito leve, natural e de bom gosto. A terra é obtida em jazidas diferentes na Serra da Mantiqueira. • Bonecas de D. Izabel Mendes Dolls made by Izabel Mendes

Tapetes arraiolos são originários de Évora, em Portugal Arraiolo tapestry came from Evora, Portugal

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In Diamantina, the craftsmen invested in develop saint banners with stripes, glass beads and sequins. Arraiolos tapestries are also common there, deployed at the 70’s decade by Dom Sigaud bishop, initially with threads brought from Portugal. The craftswomen cooperative came to have more than five thousand affiliates, not only in Diamantina, but also in Turmalina, Chapada do Norte and Minas Novas. They wove great tapestries that garnish the Brazilian embassy at Piazza Navona, Rome; they also wove one with more than 200 square meters for the main hall of the JK Memorial, Brasília. In Itanhandu, at the base of Mantiqueira Mountains, the artist Rafael Chaves set up the Elemento Terra atelier. Rafael studied at Rio de Janeiro Federal University and Parque Lage art school.

Panelas de pedra-sabão

Soapstone pots

He developed a unique making technique of decorative pieces out of paper and soil. It doesn’t utilize inks or pigments. It mixes a mass of milled paper with finely sifted soil from different colors, and prepares objects over recycled material. Everything is very light, natural and aestethic. The soil is obtained from different deposits at Mantiqueira Mountains. •

Bonecas do Jequitinhonha Jequitinhonha’s dolls

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MAPAS E GRáficos do capítulo Indústria Painel Regional da Indústria Mineira - MG e regionais FIEMG Sistema FIEMG, março 2014

Ficha técnica Coordenação editorial Eduardo Venturoli Lúcio Nicolini Lopes Assessoria de projeto Luiz Carlos Campos Textos, copydesk e redação final Márcio Metzker Revisão Lairton Liberato Tradução Alan Nicolini Projeto gráfico e editoração Daniela César

Fotografias Acervo REGAP Agência Petrobras Alta Genetics Banco de Imagens Petrobras Carlos Guilherme de Souza Célio Péricles Divulgação das empresas citadas Eduardo Venturoli Emerson Eleutério Geidy Romeiro Jadir Bison Juarez Cavalcanti June Sabino Kiko Catelli Marcelo Eduardo Márcio Jumpei Márcio Metzker Ney Braga Odim Rodrigo Azevedo Rubens Ferreira Sabine Sidney Araújo Steferson Faria Terra Imagem Tina Coelho Wladimir Togumi

Edição Nova TOP Editora Belo Horizonte (MG) - Brasil (31) 2103-2828 / www.top2000.com.br E-mails: top2000@top2000.com.br top2000.publicidade@gmail.com IMPRESSÃO Bercrom Gráfica



A sete mil metros de profundidAde, encontrAmos petróleo, inspirAção e respeito. —

Somos líderes mundiais na exploração e produção de petróleo em águas profundas e ultraprofundas, sendo responsáveis pela operação do pré-sal, que nos posicionou estrategicamente frente à grande demanda mundial de energia. Investimos também na diversificação da matriz energética a partir de matérias-primas renováveis. Além disso, seguimos os princípios do Pacto Global da ONU e integramos o índice Dow Jones de Sustentabilidade pelo oitavo ano consecutivo. Tão importante quanto crescer é ter responsabilidade social e ambiental. Gente. É o que inspira a gente.


Minas Gerais e suas riquezas

Há várias maneiras de se medir a grandeza de um estado e dimensionar suas riquezas. Uma é a dimensão territorial, outra é a dimensão demográfica, outra é constituída pelos pilares da sua economia e a arrecadação de tributos. Em qualquer delas, Minas é destaque nacional. Tem 21 milhões de habitantes, distribuídos por 580 mil km2. É o berço das principais bacias hidrográficas do país, com exceção da amazônica. Tem de tudo em seu território: jazidas de dezenas de minerais, amplas pastagens, reflorestamentos infinitos, montanhas, planícies, cachoeiras, cidades históricas, grandes siderurgias, uma diversidade de atrativos que não se reúne em nenhum outro estado.

e suas riquezas

Minas Gerais

mil metros ofundidAde, trAmos petróleo, Ação e respeito.

Minas Gerais

e suas riquezas

Minas Gerais and its riches There are several ways to measure the greatness of a state and dimensionate its wealth. The most notable is the territorial dimension, there is the demographic dimension and the last dimension consists in the pillars of its economy and the tax collection. In any of them, Minas is a national highlight. It Somos líderes mundiaishas na exploração e produção de petróleo em águas 21 million inhabitants spread over 580,000 km². It is the birthplace of the main river basins of the profundas e ultraprofundas, sendo responsáveis pela operação do pré-sal, country, except the Amazon basin. It has everything in its territory: many kinds of mineral deposits, que nos posicionou estrategicamente frente à grande demanda mundial large pastures, infinite reforestations, mountains, plains, waterfalls, historical cities, large steel mills. de energia. Investimos também na diversificação da matriz energética a partir de matérias-primas renováveis. Além disso, seguimos os princípios do There is a diversity of attractions that you cannot meet in other state.

mineração • indústria • agropecuária siderurgia • ENERGIA • automotivo CULTURA • turismo • ARTESANATO

Pacto Global da ONU e integramos o índice Dow Jones de Sustentabilidade pelo oitavo ano consecutivo. Tão importante quanto crescer é ter responsabilidade social e ambiental. Gente. É o que inspira a gente.

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