Revista Marcha Brasil 2

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4 editorial

O Mangalarga Marchador

ganhou o mundo

É com muita satisfação que apresentamos aos leitores e criadores a segunda edição da Revista Marcha Brasil, proporcionando informações sobre o universo do cavalo e fotos dos principais exemplares da raça Mangalarga Marchador. Primeiramente, gostaria de agradecer a todos os companheiros que acreditaram mais uma vez no trabalho da Marcha Brasil e participaram desta edição da revista. É muito bom poder colaborar com a evolução da raça divulgando os assuntos de maior interesse e os criatórios, principais responsáveis pelo bom momento em que vivemos no Marchador. Após a primeira edição, passamos por uma reestruturação do corpo editorial, agora com mais matérias sobre diferentes assuntos que envolvem a raça. Assim como o Mangalarga Marchador, devemos estar em constante evolução. O mercado mangalarguista vem crescendo a passos largos, utilizando os leilões virtuais como ferramenta, que têm alcance nacional. Ao contrário de um mercado comum, o aumento de ofertas não sacrificou a qualidade, nem os preços. A procura por animais de genética diferenciada está cada vez maior. Chegamos a uma média de mais de 80% de liquidez. Além disso, o mercado virtual consegue atingir aqueles que não tinham acesso à genética de ponta. Os novos criadores estão entrando na raça por essa porta. O aumento de novos sócios e, consequentemente, de eventos e do mercado passa por uma política adotada no mandato do presidente Magdi Shaat de valorização da funcionalidade do cavalo. O Mangalarga Marchador é um animal rústico, da lida na fazenda e das cavalgadas, e foi valorizado por isso. O Projeto “Vitrine do Marchador” é a maior prova dessa valorização. Após os Estados Unidos e a Europa, o Mangalarga Marchador mostrou sua força na América Latina. A ABCCMM, juntamente com a associação da Argentina, fundada durante a Nacional 2011, levou a raça para se apresentar na famosa feira internacional de Buenos Aires “Nuestros Caballos” – veja nesta edição matéria sobre a feira e uma entrevista exclusiva com o titular do Astro V8, exemplar que representou a raça na Argentina. Leia ainda, nesta publicação, artigos técnicos, históricos e de opinião, além das matérias sobre os criatórios e os principais assuntos da raça, como a evolução da marcha picada, o treinamento e o trabalho dos núcleos regionais. Estamos disponíveis também em formato eletrônico – www.revistamarchabrasil.com.br. Boa leitura a todos e um abraço especial aos meus amigos apresentadores, que cada vez mais têm dado um show nas pistas com seus animais.

Marco Túlio Lemos Macedo marcotulio@marchabrasil.com.br Marcha Brasil |

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29 Abrindo a Porteira: Maurício Iaki 38 Núcleos 44 Bate Casco:

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Pedigree da Marcha:

Linhagem SP

Robson Lopes Fernandes

62 Genética: Muares Pêga 83 Equitação: Selas

Por Roberto Naves

91 Preparação de peões 104 Técnica da Marcha: Marcha Picada

116 Fala Doutor:

Solução de problemas reprodutivos

130 Depoimento: Paulo Marques 138 Provas funcionais 144 Artigo técnico:

Internacional:

M.M. na Argentina

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Morte embrionária precoce

150 Papo de cocheira: Ricardo Pacheco 162 Potras gêmeas 168 Dica: Cuidados sob o sol 176 Mercado: novos criadores 198 Marcha Brasil na Estrada

Criatórios:

Haras Meirelles

51 20 | Marcha Brasil



m a r c h a d o r

Anunciantes 8 Virtudes 54 Anabru 160 Anri 166 AR 161 Ardrak 132 Athabasca 112 Bahrein 180 Baía de Guanabara 163 Banco BVA 190 Batica 131 Bauhaus - Unifran 185 Bavária 3 Braddock 171 Caíto 118 Canto da Mata 126 Car 146 Cascatinha 102 Clube da Marcha 147 CTE Ricardo Pacheco 46 Del Lomo 50 Doler 110 Double Horse 48 Ekohaus 64 ESM 56 Esperança 140 Eurobike 16 Fapi Ourinhos 141

Feitosa / Rancho E. Dalva 67 Pellegrino 189 Feno Santa Helena 178 Pérola Negra 34 Figueira 99 Pinguim 167 Fisioforma 169 Porteira de Tábua 58 Geana 145 Porto Palmeira 194 Ginga 115 R2 179 Goyazes Botas 193 RGC / Juacristais 82 HLO 122 Rosana Pedroso 45 Ishwara 120 Sabe 77 Itu 66 Santa Rosa 164 Luxor 96 São Jorge 107 Macau 175 São Lourenço - Equipado 21 Mandioca 195 São Lourenço - Fatinha 106 Marcha Brasil 170 SRM 94 Marcha Brasil - edição 53 197 Tacaratica 80 Mário Andrade 134 Terra do Sol 114 Matina 32 Traituba OT 142 Morro Alto 18 Traz-os-Montes 152 Nascentes 123 Três Nascentes 123 Nazista do Vale da Prata 90 Tropical 92 Nova Era 76 Tucunaré 59 Ouro Fino 143 Uniseb 202 Ouro Verde 24 Vale da Prata 86 Vertentes 196 Paranhos 23 Viajeiro 39 Paranoá 98 Villa Santa Rita 172 Passaredo 19 Yuri 35 Pedra 28 Pedra Verde 200

FACEBOOK www.facebook.com/marchabrasil siga-nos no Twitter @marchabrasil Diretoria Marco Túlio Lemos Macedo Departamento Comercial Marcha Brasil (16) 3235-2325 contato@marchabrasil.com.br Ribeirão Preto - SP Jornalista responsável Laura Oliveira - (Mtb 13803/MG) laura@marchabrasil.com.br Projeto Gráfico e Editoração Daniela César Lara revista@marchabrasil.com.br Colaboração - Edição André César arte@marchabrasil.com.br Revisão Letícia Ribas Fotógrafos Pedrão, Ivan Machado, Roberto Pinheiro, Kiko Catelli, Ricardo Mendes, Ana Clark, José Eduardo Simões Filho, Fernando Ulhoa, Guilherme Dias e Silvio Calasans. Colaboradores Raul de Almeida Prado, José Maurício Iaki, Ricardo Casiuch, Yeda Watanabe, Henriette Graf, Marcelo Castro, Roberto Naves

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, a opinião desta revista.

Dilion - (24) 2263-2077 / (21) 9838-3287 E-mail: dilinhocampos@globo.com Rose - (21) 9601-5701 E-mail: rose@villarcalcados.com.br Paraíba do Sul/RJ

Foto da capa: Pedrão

REVISTA DIGITAL www.revistamarchabrasil.com.br

Colaboram nesta Edição Top 2000 e Marcha News

Capa desta edição

22 | Marcha Brasil

Revista Trimestral Marcha Brasil - Marchador Tiragem desta edição: 6.500 exemplares Ano 2 – Nº 02 – Julho/2012

Marcha Brasil Comunicação e Marketing Rua Abdo Calil, 36 - Sala 05 Parque Anhanguera Cep: 14095-460 Ribeirão Preto – SP Fone: (16) 3235-2325 - (16) 8126-6200 atendimento@marchabrasil.com.br www.marchabrasil.com.br








4 abrindo a porteira

Criação Rancho Vitória

imprime qualidade das linhagens tradicionais O Rancho Vitória, do criador Maurício Iaki, está localizado no município de Sorocaba (SP). Segundo Iaki, o criatório se define como um trabalho de seleção voltado para as linhagens tradicionais da região da Mogiana Paulista, como 53, CJ e SP. Além do trabalho realizado, o criador fala sobre a evolução do Mangalarga Marchador, sobre mercado e deixa sua dica para o que pode ser aprimorado na raça,o “livro aberto”.

Marcha Brasil - Como começou sua história com a raça? Maurício Iaki - Eu ganhei do meu pai uma égua registrada, de nome Cereja de Ituverava, que era a minha montaria nas cavalgadas. O meu pai sempre gostou de cavalos e, pouco tempo depois, começamos a frequentar alguns leilões da raça, onde começamos a tomar contato com o fascinante ambiente do cavalo Mangalarga Marchador, isso no ano de 1988. Pouco tempo depois o meu pai, José Ale Iaki, se associou à ABCCMM com o sufixo Rancho Vitória.

Descreva o Rancho Vitória. O Rancho Vitória é um sonho que meu pai e eu compartilhamos juntos há muitos anos e, se Deus quiser, brevemente acompanhados do meu filho Kael que, aos três anos de idade, já é um apaixonado pelo Mangalarga Marchador.

Quais motivos o levaram a escolher o Marchador? O andamento cômodo, a docilidade e o ambiente que encontramos na raça.

Defina a sua criação. O Rancho Vitória se define como um trabalho de criação voltado para as linhagens tradicionais da região da Mogiana Paulista, com ênfase nas linhagens 53, CJ e SP, sendo que, atualmente, estamos introduzindo na tropa as linhas de sangue Consulta, Colina, Porã, JF e FM. Os alicerces genéticos são os descendentes dos reprodutores JN Degas 53 e Regatão CJ.

Como são as instalações do Haras? Onde fica? A propriedade conta com as instalações coudélicas básicas, que são: baias, redondel, pista de apresentação, cochos específicos (creeper e lanchonetes) e piquetes de Tifton e Jiggs.

Você se espelha em alguma criação? Qual? Eu diria que não nos espelhamos em um trabalho de seleção específico, porém, nós admiramos diversos trabalhos de seleção da raça.

Quais as dificuldades para manter o criatório atuante? Os custos crescentes, a limitação de área para o criatório e a excassez de mão-de obra específica. Como viabilizar financeiramente um haras como o seu? Vendas de produtos, óvulos, embriões, coberturas e de feno. Quais são os eventos da raça que o Haras participa? Atualmente, nós estamos preparando a tropa para voltar aos certames da raça. Como está composto o atual plantel do criatório? Principais matrizes e garanhões. Atualmente, são dois garanhões: A.R Encanto (CJ x 53,em condomínio com o amigo Binho) e o Quarup do Rancho Vitória (Consulta x CJ) e 10 doadoras de embriões das linhagens descritas anteriormente, das quais destacamos as progênies de Madrepérola do Rancho Vitória, Lorena do Rancho Marcha Brasil |

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4 abrindo a porteira

Vitória, Naja do Rancho Vitória e Mariposa Jocaman (em comdomínio com o amigo Manetta), isto sem contar as matrizes de monta natural. Fale dos resultados. O haras está há um tempo distante das pistas, mas já tivemos a oportunidade de levantar diversos campeonatos. Pista é reflexo de como está o seu estágio de seleção, comparado com o

estágio de evolução em que se encontra a raça. Como é ser campeão? Tem algum segredo? Não existe outra coisa para se fazer um campeão: trabalho. Ser campeão é bom demais. Como é o trabalho de reprodução? Já fez um campeão?

AR Encanto, um dos reprodutores do Haras Rancho Vitória.

30 | Marcha Brasil

Nós fizemos o Haruk do Rancho Vitória (Campeão Nacional Potro em 1999), que era um animal fantástico e que, infelizmente, perdemos precocemente. Quais são as perspectivas para o futuro? O objetivo da criação é produzir animais que aliem beleza, marcha avante, cômoda e dissociada com o biotipo funcional e regiões de sela


bem evidentes, com a pretensão de buscarmos a excelência, para quem sabe, um dia, a seleção Rancho Vitória se tornar uma linhagem. Como avalia o atual momento da raça? A raça está em um momento crescente, como nunca havia sido experimentado antes. A meu ver, o mérito é todo do presidente Magdi Shaat, que fomenta o crescimento da ABCCMM e dos núcleos de criadores, incentiva o comércio e atrai cada vez mais novos criadores, além de trabalhar para expandir a participação do Mangalarga Marchador no exterior e de incentivar a prática de provas funcionais. Felizmente, no aspecto zootécnico, a raça tem evoluído bastante também. E o mercado? Está em um bom momento, apesar de eu achar preocupante o aumento do número de leilões virtuais, sendo alguns deles com animais de nível técnico questionável. Estou percebendo também uma tendência à valorização de animais de cor sólida em detrimento dos animais de pelagem tordilha. O que acha que deve ser melhorado? Como? O livro poderia ser aberto, desde que houvesse um critério bem definido e fosse feito por uma comissão de duas ou três pessoas, em um certame ou evento específico, e que somente entrassem aqueles que se enquadrassem ao padrão previsto na raça, mediante rigoroso julgamento do animal.

Madrepérola do Rancho Vitória

Naja do Rancho Vitória

Lorena do Rancho Vitória Marcha Brasil |

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4 núcleos

Núcleos regionais

do Marchador enfrentam dificuldades para promover a raça Com o contínuo desenvolvimento da raça, começaA empresa organizadora também tem os seus custos, ram a surgir os núcleos regionais. Eles trabalham para além do transporte, hospedagem e deslocamento. o fomento do Mangalarga Marchador, realizando evenTudo isso consome praticamente 95% das receitas que tos, como exposições, cavalgadas e leilões. Eles são a você consegue arrecadar”, afirma. O presidente no Núcleo do Centro Oeste de Miextensão da ABCCMM nos estados. De acordo com o nas diz que fazer uma exposição ou copa de marpresidente do Núcleo do Centro Oeste Mineiro, Airton cha só com os valores das inscrições não é sufiDivino Fernandes, os núcleos têm muita dificuldade ciente. “A despesa é muito alta”, observa. Ele ainda para obter receitas e cumprir seus compromissos. “Enafirma que, financeiramente, a ABCCMM não ajucontramos muita dificuldade para administrar, a gente da. “A associação ajuda com a chancela, tem que ter criatividade para desenvolver mas não com dinheiro. Existe uma ajuda um trabalho junto aos criadores”, diz. referente a cada região, que é repassada O Núcleo do Centro Oeste Mineiro aos núcleos, mas não é o suficiente para tem sede em Pará de Minas (MG) e conta realizar eventos, é mais para custos mencom a parceria de cidades como Formiga, sais”, explica. Arcos, Itaúna, Bom Despacho e Lagoa da Ano passado, Pará de Minas recebeu Prata. Para conseguir uma receita maior, o criadores do país inteiro no Campeonato núcleo fez um projeto de reestruturação e Airton Divino Fernandes, Brasileiro de Marcha. Segundo Fernandes, procurou soluções junto às cidades que são presidente do Núcleo do Centro-Oeste Mineiro do o evento foi um sucesso, pois houve paimportantes pólos econômicos. “O núcleo Mangalarga Marchador trocínio. “Nós tivemos que ter muita criafoi até os criadores e apresentou o projeto tividade. Com o apoio dos criadores e de de interiorização. Nós conseguimos avanempresas da região, conseguimos patrocínio para paçar em todas as principais regiões de criação do cavalo gar a camisa, a manta a camiseta. Inclusive tenho que Marchador no Centro Oeste Mineiro, pedimos o apoio fazer uma ressalva, a ABCCMM nos deu os troféus e das prefeituras, das câmaras de vereadores e de alguns as faixas”, destaca. parlamentares que têm influência na região, para nos Para continuar o trabalho de fomento nas regiões, ajudar a fazer os eventos. Isso vem dando certo, é um o presidente Fernandes faz um apelo ao presidente trabalho que está crescendo”, conta. Magdi Shaat: “O cavalo Mangalarga Marchador tomou Ainda de acordo com Fernandes, o núcleo tenta arproporções altamente significativas no seio do agronerecadar verbas nos eventos que realiza, mas nem semgócio e, para continuarmos mantendo essa evolução, pre consegue obter lucro. “Hoje, o grande problema seria muito importante a associação ajudar os núcleos, que os núcleos têm é o custo alto pra realização do pelo menos com o pagamento dos honorários dos juíevento, e grande parte desse custo é o pagamento dos zes. Isso ira ajudar muito”. juízes, que consomem 80% da receita que adquirimos. 38 | Marcha Brasil







4 bate casco

Um papo rápido com

Robson Lopes Fernandes

Qual sua ideia de felicidade? Felicidade é ter um Mangalarga Marchador para montar. Qual pessoa você mais admira? Meus pais. Como define um cavalo completo? Um cavalo dócil, macio, gostoso de andar e confortável. Qual a sua maior conquista? Os campeonatos nacionais que já ganhei. Qual o seu maior medo? Tenho medo de não conseguir manter meus animais. Qual foi sua maior extravagância? Várias. Quanto mais gosto de cavalo, mais extravagâncias eu faço. Cruzamento ideal? Nazista do Vale da Prata em éguas tradicionais da raça. E um exemplar ideal? Limpa Trilho do Calambau. Foi o cavalo que mais me apaixonei. Quando e onde viveu seu melhor momento? Eu vivo um grande momento.

Criador há 12 anos e titular do Haras Tropical (MG)

O que mais valoriza em um cavalo? Docilidade e beleza. Eu gosto muito de um animal bonito. Qual é o segredo do sucesso? Gostar do que você faz e fazer bem feito. Uma tropa? São várias. Eu respeito muito os outros criadores. Uma aposta? Um segredo que vou revelar daqui a um ano. É macho. Hobby? O cavalo. É um bom cavaleiro? Não sou tão bom, mas monto. Nunca caí. Qual talento gostaria de ter? Gostaria de saber cozinhar bem. Uma frase? Respeito ao semelhante. Respeito aos interesses de cada um. Confiança em Deus. O que espera do futuro? Eu espero para o país, não para mim. Espero que o país seja sempre melhor para se viver, com políticos bons.

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4 criatórios

Haras Meirelles Tradição e compromisso com a raça Mangalarga Marchador

Localizado em Batatais (SP), o Haras Meirelles se confunde com a história do cavalo Mangalarga Marchador. Ali, marcha, resistência, equilíbrio e beleza são prioridades. O criador Josino Meirelles é quem está a frente do prefixo que se tornou referência na raça. Seus animais estão em tropas de criatórios consagrados em todo o país.

Tradição, conhecimento e intuição. Esta é a fórmula que Josino Ribeiro Meirelles instituiu para continuar um trabalho de seleção que começou no século XIX. “Comecei a criar há mais de 30 anos, quando meu pai faleceu. Ele herdou do meu avô, que herdou do meu bisavô. Esta é uma criação que vem passando de pai para filho desde 1.800”, conta.

Marcha Brasil |

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4 criatórios

O Haras Meirelles promove uma seleção fundamentada na marcha, principal característica do cavalo Mangalarga Marchador, tendo como base uma herança genética fortalecida pela presença de sangue oriundo dos mais tradicionais criatórios da raça. “No começo fundaSr. Josino Meirelles mentei na linhagem Anghaí e depois passei a selecionar animais da linhagem J.B. Meu pai direcionava a criação para a vida no campo, primeiramente. Ele usava os cavalos no trabalho da fazenda, só depois começou a competir em pistas. Não podemos esquecer que nosso cavalo é funcional, bem preparado para executar atividades rurais e ser útil ao homem no campo”, diz. Apesar de priorizar o andamento, Josino procura unir morfologia e alcanças, assim, uma média. “Estamos atentos às tendências de aprimoramento genético da raça, nosso criatório também busca a excelência em um conjunto de atributos complementares à marcha, como a beleza, a rusticidade, a resistência, o equilíbrio, o temperamento de sela e a docilidade”, afirma. Aprimoramento Genético A estratégia nos cruzamentos e nas consanguinidades é uma marca registrada do criatório Meirelles. Para Josino, acertar bons cruzamentos é difícil, mas é o que determina uma criação. “A gente encontra um bom animal, mas fazer é muito mais difícil. A genética tem combinações que temos que procurar acertar. Nossos animais têm se destacado pela excelente reprodução, por incrementar o patrimônio genético e agregar valor aos criatórios. Isso é contribuição para a evolução da raça”, destaca. 52 | Marcha Brasil

Com uma tropa composta por mais de 60 animais, entre reprodutores, matrizes, potros e potras de destaque, o Haras Meirelles tem contribuído fortemente para a disseminação da raça Mangalarga Marchador no Brasil. Muitos exemplares estão hoje em tropas de outros importantes criatórios. “Além da sobrevivência, disponibilizar animais ajuda na evolução da raça. A gente tem que contribuir, fazer a socialização da nossa genética fornecendo animais que transmitam características importantes”, relata. “O segredo é muita intuição. A gente vai testando certos animais, os acasalamentos, e vamos conseguindo consanguinidades. Entra um pouco de sorte, também, não é tanto racional, mas tem que ter conhecimento. Para dar ‘top’, são poucos, 30% já é uma quantidade bem razoável”, pondera. Tropa O haras de Josino Meirelles conta com animais de destaque em reprodução e pista, objetivo maior do criatório.

Meirelles Jamaica Tricampeã Nacional de Marcha, Bicampeã de Progênie e mãe de 8 campeões nacionais. Prop.: Haras Luxor e Haras Elfar.


O criador gosta de trabalhar com um número limitado de matrizes, entre 20 e 25 exemplares. Entre as principais doadoras estão Meirelles Dourada (Líder J.B x Meirelles Rosa), Meirelles Zínia (Jamal do Conforto x Meirelles Quilha) e Meirelles Zaga (Jamal do Conforto x Lara Edú). Todas com produção comprovada em pista. “É importante um animal que reproduza bem. O que nos interessa são animais que produzam animais de pista”, afirma. No time dos garanhões, Meirelles Chamego (Ringo D2 x Meirelles Jamaica), mesmo jovem, já sobressai na reprodução. Destaca-se também o campeão Embaixador A.F (Abismo no Triângulo Jota x Lança do Triângulo Jota), que transmite todas as qualidades que lhe renderam mais de 50 títulos em pista. Destaque em 2003 como o segundo melhor criador nacional, Josino Meirelles diz que, para ele, o mais importante é ver suas criações se sobressaindo, mesmo que em outros criatórios. “Criar animais que sejam campeões é nosso maior objetivo, é um prazer muito grande contribuir com a raça, com os amigos, é muito glorioso”, diz.

Meirelles Relevo Campeão Nacional Cavalo Graduado e Campeão Nacional de Marcha 2004 Campeão Brasileiro de Marcha Cavalo Graduado 2004

A raça Para Josino Meirelles, a raça está com muito prestígio e em constante evolução, mas precisa se adequar morfologicamente. “Estamos com uma raça bem diversificada de morfologia, espero ter uma unificação dos padrões raciais, está precisando. A raça desenvolveu muito, mas está heterogênea”, diz. Outro ponto a ser melhorado, segundo Josino, é o temperamento dos animais de pista. “Apesar da boa índole do marchador, nós temos animais de pista com temperamento um pouco passado. Vamos precisar de uma seleção mais criteriosa nesse sentido. Existem animais que ganham pista que mulher não pode montar, pois não consegue segurar”, explica. Apesar das observações, Josino está satisfeito com a evolução do Mangalarga Marchador e diz que faz o que gosta sem se preocupar com modismos. “Queremos fazer animais dóceis e, ao mesmo tempo, espertos. Essa soma de características não é fácil de selecionar. O Haras Meirelles já está em uma fase evoluída, mas tem muito chão pra andar. A busca pelo cavalo completo é incessante”, observa.

Meirelles Chamego

Meirelles zaga Marcha Brasil |

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4 genética

Roberto Trindade

Zootecnista , técnico e juiz da Associação ABCJ PÊGA

Muares Pêga no Brasil têm origem em Atualmente, a produção de muares de sela, quer seja para lazer, quer seja para serviço ou para provas advindas do cruzamento do jumento da raça Pêga com éguas da raça Mangalarga Marchador, tem sido uma realidade. Essa produção traz um grande lastro ao contexto da equideocultura nacional, pois está se difundindo pelo país nas regiões Norte, Centro-Oeste, Sudeste, Nordeste e alguns estados do Sul. A difusão desses muares tem como princípio o bom temperamento para o serviço, a boa marcha, que favorece uma grande aceitação no meio dos criadores, e a qualidade morfológica, que envolve beleza zootécnica, boas angulações de membros e qualidade de frente. Essas características proporcionam ao domador o melhor acerto de rédea, mantendo equilíbrio no seu conjunto de frente, fator de grande importância, já que a preocupação para quem utiliza esses muares é ter equilíbrio, resistência e desenvoltura em seus movimentos de passo, marcha e galope.

Mensageira Maab 62 | Marcha Brasil

O Brasil foi presenteado por este cruzamento para a formação do híbrido muar Pêga com origem em éguas Mangalarga Marchador. Isso porque a análise da formação de muares no Brasil em relação ao mundo supera nas linhas de beleza, regiões zootécnicas, inteligência, docilidade e qualidade de sela. Partindo do princípio de que o Jumento Pêga e éguas Mangalarga Marchador são de linha da boa marcha, basta os criadores selecionarem esses animais para o cruzamento que, com certeza, colherão bons frutos após os 12 meses, em média, de gestação. Alguns criatórios já se alinham nesse tipo de cruzamento com a seleção de suas éguas tanto de marcha batida, quanto de centro ou picada, com bons aprumos e porte adequado. O mesmo ocorre com o Jumento Pêga. Para fazer uma seleção adequada, as éguas passam por avaliações de temperamento, altura média (em torno de 1,45 metros) e pelagem (a pelagem vária da castanha alazã, baia, preta, pampa, rosilha, e tordilha).

Monte Negro Maab


equinos da raça Mangalarga Marchador Já para o jumento, o temperamento é muito importante (não deve exceder, nem faltar), a altura média está em torno de 1,28 metros e a pelagem é ruã, pelo de rato e tordilha. Com esses critérios, teremos muares com bom temperamento, pelagem variada e bons aprumos, obtendo, assim, o sucesso no criatório. Hoje a Associação dos Criadores do Jumento Pêga já controla, com registro definitivo, os produtos do cruzamento Pêga com éguas da raça Mangalarga Marchador ( estas com registros provisórios ou definitivos), Esse registro é homologado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), dando força a esse trabalho que a equideocultura nacional realiza.

Deusa Maab

Feitiço Maab Marcha Brasil |

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Por Maurício Iaki, Ricardo Casiuch e Raul de Almeida Prado

4 pedigree da marcha

Linhagem SP:

resgatando a história no Marchador Capitel: um estranho no ninho Sebastião de Almeida Prado talvez seja um dos maiores influenciadores das últimas décadas em diversas linhagens e criações da Raça Mangalarga Marchador. Ele empregou em suas matrizes em alguns dos mais importantes reprodutores gerados na primeira metade do Século XX, entre eles, Capitel, reprodutor alazão que fez história na raça contribuindo com sua genética. ‘Nho-nhô Prado’, sua alcunha, viveu a maior parte de sua vida na pequena Morro Agudo (SP), centro histórico da região onde os Junqueiras se dirigiram no início do Século XVIII para colonizarem as planas e férteis glebas da Alta Mogiana. Na Câmara de Vereadores de Morro Agudo encontramos o seguinte resumo:

op SEBASTIÃO DE ALMEIDA PRADO “(...) Conhecido pelos amigos como Nhonhô Prado, foi Vereador e Presidente da Câmara, sendo um político de visão, almejando sempre benefício da população. Preocupado em criar empregos, abriu uma frente de trabalho para mulheres – catação de café – que funcionou até 1959, sob a administração do Sr. Abílio Cardoso. Filantropo, enquanto viveu ajudou a sustentar o Asilo São Vicente de Paulo; mandou construir e doou à comunidade de Morro Agudo a Creche “Dona Zizi”. Para essa realização contou com a colaboração da Sra. Mercedes Simonelli Cardoso (Diretora de Finanças) e do engenheiro Marcelo Costa – marido de uma neta sua. Pelos grandes benefícios que fez, principalmente, à população mais carente de nossa cidade, será sempre lembrado com gratidão. (...)”

op 68 | Marcha Brasil

Para que tenhamos em mente a raiz do genearca Capitel, devemos retornar no tempo e nos acercarmos de sua semente original – o tronco dos Fortunas, um dos pilares onde se assentaram tanto a Raça Mangalarga quanto a Raça Mangalarga Marchador. Vejamos: “(...) Francisco Antonio Junqueira, irmão de José Frausino, deu 150 mil réis em 1828 por um cavalo comprado do Sr. Carlos de Sá Fortes, da Fazenda do Curral, Barbacena, Minas Gerais, e que, naquela época, era considerado uma fortuna e daí o nome FORTUNA. Este foi o primeiro Fortuna.O Sr. Carlos era tio da mulher de José Frausino, daí suas relações. Quando faleceu Francisco Antonio, em 1848, seu genro Antonio Bernardino Franco pediu aos demais herdeiros que no seu quinhão viesse uma égua parida com um cavalinho, filho do cavalo chamado Fortuna. Este, depois de criado, foi presenteado ao avô do Sr. José Olintho Fortes Junqueira: José Frausino, da Fazenda do Favacho, em Cruzília,Minas Gerais. Este foi Fortuna II, que morreu logo, deixando algumas éguas e três cavalos, sendo um deles Fortuna III, de José Frausino, que foi reprodutor muitos anos no Favacho.Depois de velho veio para o Capitão Chico e deixou muitos filhos, entre eles o Baio Escuro, pai de Monte Negro, este foi pai de Fortuna IV; Fortuna IV foi pai de Fortuna V e avô do célebre Colorado. Monte Negro também foi pai de Prenda, mãe de Colorado. Esta é a verdade sobre os Fortunas (...).” Carlos Roberto Ribeiro Meirelles – Haras Selva Morena – Batatais (SP) Na trajetória calcada pelos Fortunas, até chegarmos ao sangue de Capitel, muitas histórias foram narradas por importantes criadores da Família Junqueira, especialmente aqueles concentrados em Orlândia (SP).Destes, destacamos as palavras sábias de Geraldo Diniz Junqueira, da Fazenda Boa Vista:


Capitel SP montado por Arnaldo de Almeida Prado (1935)

“(...) OS FILHOS DO CAPITÃO CHICO Ao longo da história, tal como o pai o fizera, também os filhos do Capitão Chico se destacaram na criação do Mangalarga. Antonio Olinto Diniz Junqueira foi criador do famoso cavalo Óder, pai de Botafogo 53, campeão no Rio de Janeiro e de propriedade de Renato Junqueira Netto, com grande influência na Linhagem 53. Além de Óder, outro animal famoso da criação de Olinto foi Calçado Zaino, pai de Moita, que, por sua vez, foi pai do conhecidíssimo animal Bordado, de propriedade do Sr. Sebastião de Almeida Prado.As linhagens femininas de criação do Sr. Antonio Olinto vieram a se constituir no arcabouço da criação do Sr. Sebastião. Outro filho do Capitão Chico foi o Cel. Francisco Orlando, que, sem dúvida, tem grande destaque por ter sido o criador do pilar Colorado. Cavalo de extraordinária qualidade, que marcou para sempre a história da criação do Mangalarga, Colorado nasceu em 1912, alazão bronzeado, daí a razão de seu nome. Animal de grande porte, ágil, de marcha trotada, tinha como pais o famoso Fortuna V e a égua Prenda.Em 1920, sagrou-se Campeão Nacional na exposição realizada no Rio de Janeiro.Morreu no início de 1932, após ter tido vários filhos consagrados. Colorado foi um raçador tão singular que até a preva-

lência da cor alazã no Mangalarga atual deve-se a ele, já que até então dominavam o castanho e o tordilho. O próprio Colorado era filho de um garanhão castanho, o Fortuna V, e de uma égua tordilha, a Prenda, sendo que a carga genética que lhe trouxe aquela pelagem caminhou encoberta por seis gerações por vias masculinas e cinco gerações por vias femininas, vindo de um mesmo ancestral comum, a égua Alazã Velha, animal de tão marcante influência que pode ser comparada a uma da Royal Mares do Puro Sangue Inglês. É sabido que o Cel. Francisco Orlando teria dito, em 1911: “Vou mandar uma égua para ser coberta pelo cavalo do Magino e duvido e desafio o Fortuna a reproduzir outro filho igual, pois o meu vai ser o melhor cavalo da raça”. Esta frase teria sido dita pelo Cel. Francisco Orlando ao enviar sua égua favorita, Prenda, para ser padreada pelo cavalo Fortuna V, de seu irmão Magino Junqueira. E o êxito do cruzamento, com o nascimento de Colorado, não fora um acaso, pois Francisco Orlando era um profundo conhecedor de cavalos, tendo viajado até mesmo pela Europa, de onde conheceu e importou animais de outras raças, próprias para a sela. Colorado foi, assim, a obra-prima de um criador que, a partir de animais que recebera de seus pais, fez deles um valioso e inigualável plantel. (...)” Marcha Brasil |

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Sebastião de Almeida Prado, nosso criador em análise, foi o continuador da seleção de seu sogro, o já citado Capitão Antônio Olinto Diniz Junqueira. Ele, que desprezava a ditadura das pelagens, dizia:“Cor é pêlo”, e reintroduziu a pelagem pampa no Mangalarga de Orlândia. Empregou em suas matrizes alguns dos mais importantes reprodutores gerados na primeira metade do Século XX, entre eles: “Bordado” (por Tank* x Moita*), pampa de tordilho, da fase anterior ao Livro Fechado na ABCCR Mangalarga, conservando sua predileção por toda vida; “Capitel”, pampa de tordilho, espécime forte e quadrado, de bom andar; “7 de Ouro”, pampa de castanho, Campeão Nacional em 1938, de bela presença; “Sururu”, tordilho, Campeão Nacional em 1947; “Chamego”, preto, Campeão Nacional em 1951. Percebe-se neste lote uma forte predominância de pampas e tordilhos em seu plantel. A origem de Capitel Capitel resumia em sua genealogia a origem fechada em Colorado, o sublime reprodutor alazão, nascido em 1912, no seio do criatório do Capitão “Chico” (Francisco Orlando Diniz Junqueira). Sua genealogia conhecida é a que se segue abaixo:

O filho de Bordado e Perna Direita nasceu na Fazenda Invernada, em Morro Agudo, (SP), em 1935, e foi Reservado Campeão Nacional da Raça em São Paulo, no ano de 1938. Morreu aos 18 anos de idade, em 1956, deixando 29 filhos, sendo o primeiro famoso, Sete de Ouro; e 38 filhas, que formaram uma linhagem à parte dentro do Mangalarga, sempre com bons andamentos, bons membros, bons aprumos, ausência de derrames, dorso e lombo curtos e bem ligados, garupa cheia e musculosa. As raízes de Capitel na Raça Mangalarga Marchador Certamente a presença mais influente de Capitel dentro do cavalo Mangalarga Marchador está intimamente ligada a uma de suas filhas – a Dinamarca, pampa de tordilha nascida em 26 de Setembro de 1943, no criatório de José Olintho Fortes Junqueira (‘Tio Zezico’). Dinamarca produziu apenas quatro animais registrados: Tribuna, Hipona, Liberdade e o célebre pampa de preto Neon. Neon, também nascido sob a égide de José Olintho Fortes Junqueira, em São Joaquim da Barra (SP), foi transferido nos anos 50 à Fazenda Campo Lindo (“JB”), sendo empregado nos anos de 1956 e 1957 nas matrizes de Urbano Junqueira de Andrade.

SUCCO (1918) TANK (1923) CHAMUSCA BORDADO CALÇADO MOITA PACA COLORADO (1912) SUCCO (1918) CIGANA II PERNA DIREITA DESCONHECIDO DESCONHECIDO DESCONHECIDO 70 | Marcha Brasil

COLORADO (por Fortuna V x Prenda) CIGANA II (por Biscoito x Cigana I) DESCONHECIDO PAMPINHA (??) DESCONHECIDO PAMPINHA (???) MONDOYA (por Osman x ...) INDEPENDÊNCIA (por Independente x ...) FORTUNA V (1904) (por Fortuna IV x Braceira) PRENDA (1898) (por Monte Negro x Penitência) BISCOITO (1904) (por Índio x Pintura) CIGANA I (por Kalifa x Megera) DESCONHECIDO DESCONHECIDO DESCONHECIDO DESCONHECIDO


Neon JOFJ (1953)

Lá, ele gerou dez produtos, sendo três machos e sete fêmeas, todos bisnetos paternos de Capitel: Rabisco, Rebeca, Raro, Rajada, Sayonara, Savaterra, Soraia, Seringueira, Saeta, Sincero. Raro JB, garanhão pampa de castanho, teve rápida passagem pelas Linhagens ‘JB’ e ‘53’.

op

Sincero J.B., um semental fora da lei Texto publicado pelo autor no Boletim ‘O Marchador’, órgão oficial da ABCCMM, em junho de 1987. NOTA DO AUTOR: Esta crônica tem por objetivo, único e singular, narrar parte pequena dos grandes reprodutores que contribuíram para a expansão da raça. O fato de se lançarem algumas dúvidas sobre a veracidade dos registros emitidos pela ABCCMM não deve constituir fonte de promoção ou publicidade junto aos criadores envolvidos.Todas as informações contidas foram fornecidas pelos atuais proprietários desses animais, formando-se aí a base própria destas linhas.

José Bráulio Junqueira de Andrade, Adeodato dos Reis Meirelles e Waldir Junqueira. Por razões de foro íntimo, e que não nos cabe aqui questionar, permaneceu ao longo dos últimos 40 anos fora do registro marchador o criatório de José Braúlio Junqueira de Andrade - ‘J.B.’, que, posteriormente, teve sequência com seu filho Urbano Junqueira de Andrade, na Fazenda Campo Lindo, em Cruzília (MG). Sincero JB (1958)

AO SOLO... Em 1949, quando a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Marchador da Raça Mangalarga foi fundada em Caxambu(MG), sua semente congregava um grupo de criadores mineiros que discordava dos padrões morfológicos e funcionais do então Cavalo Mangalarga criado no país. Eram integrantes desta primeira hora o grupo de criadores e expositores em visita à Exposição de Caxambu(1949), por ocasião da fundação da ABCC Marchador da Raça Mangalarga: Zezé Siqueira Meirelles, Nelson Meirelles, José Mário dos Reis Meirelles, Alaor Reis, Samuel Junqueira, Laerte Junqueira de Andrade, José Bento Junqueira de Andrade, Christiano (Netinho) Meirelles, Marcha Brasil |

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AO TRONCO... Genealogia – SINCERO J.B RECIFE SERTÃO QUEIMADINHA NEON CAPITEL DINAMARCA SERRA NEGRA

DESCONHECIDO DESCONHECIDO APOLLO II COLINA BORDADO PERNA DIREITA RIO NEGRO ZAINA

FAVACHO V 8 SARGENTO ABAÍBA EXPOSIÇÃO JOGATINA XPTO DALIA ANGAHY LEMBRANÇA

FAVACHO PLUTÃO FAVACHO CAXIAS II TAPAJÓS ABAÍBA LÔLA PREDILECTO MANCHA ANGAHY PRIMEIRO VELHO I ANGAHY MUSSOLINE

Como pode um semental com esta genealogia permanecer por tantos anos afastados dos livros de registro da Associação? No entanto, muitos criadores, de mais ousada visão, aproveitaram-se de chances de ocasião e trouxeram esta origem genética do verdadeiro Mangalarga Marchador para dentro da raça. AOS RAMOS... Sincero J.B. deixou entre seus principais descendentes, Charlatão J.G,Zinco da Lagoa Negra, J.B. do Galo Vermelho, Barbante do Valão, Pop Haiti Jotabê, Lundu do Granito, Duque J.B, Atrevido J.B, Meia Branca, Nevada e Princesa da Escadinha, Xuri J.B., Elite L.J. e V-8 J.B. AOS FRUTOS... Um número muito grande de outros reprodutores e reprodutrizes utilizados dentro do Mangalarga Marchador carregam em suas veias o sangue do criatório de José Bráulio Junqueira de Andrade. Todavia, nenhum deles consagra em seus registros oficiais a nobre origem da Fazenda Campo Lindo, outrora morada dos descendentes diretos do Barão de Alfenas. Definições como “Mangalarga do Meio”, “Marchador de Duas Raças” e outras de menor validade têm sido empregadas por aqueles que se utilizaram dos animais aqui descritos nestas linhas, como a justificar suas ações. 72 | Marcha Brasil

Foi Sincero J.B., pela análise de sua descendência, um dos grandes influenciadores do moderno cavalo da Raça Mangalarga Marchador. Por ele, semental fora da lei e dos livros de registro, viajamos neste artigo-crônica, a escavar reminiscências de um passado um tanto nebuloso. Mas até quando não teremos um ‘J.B.’ definitivamente registrado em Belo Horizonte? Em 1968, durante a IV Semana Nacional do Cavalo realizada em Salvador (BA), Sincero J.B. foi adquirido pela família do criador Leonardo Loureiro Fernandes, sendo levado para a aprazível Fazenda Escadinha e interagindo com um plantel marchador descendente de Doca da Bela Vista e CatuniTarzan. Pelos solos baianos nasceram dezenas de filhos e filhas de Sincero, dos quais destacamos aqui, Meia Branca, Floresta, Negrita, Faixa Branca, Tesoura, África, Alga, Almenara, Jogatina, Áustria, Rainha, Bolívia, Alvorada, Belga, Revista, Manchete, Nevada, Botafogo, Prata, Linda, Lindóia, Vaidosa, Fantasia, Sereia, Aliança e Meia Lua. Anos depois, parte desse valioso lote foi transferida, em meados da década de 80, para o jovem criatório Coxilha Grande, de Adão Cláudio da Silveira (RS), iniciando as primeiras incursões do Mangalarga Marchador em solos gaúchos. Atrevido JB (1965), descendente de Sincero.


A História da Andradina O Sr. “Nhô-Nhô” teve dois filhos que continuaram o seu trabalho de seleção, Arnaldo (SP1) e Gilberto (SP2). Arnaldo de Almeida Prado Filho, mais conhecido como “Papú”, além de usar o sufixo de seu pai, adotou o sufixo “SP do Papú” para designar a sua tropa de origem “SP” na ABCCRM. O fato do “Papú” ter uma predileção pelo animal de porte e estrutura morfológica exuberantes e de pelagem alazã, fez com que este selecionador apostasse suas fichas nos serviços de um belo corcel alazão que fazia o seu ‘début’ em estações de monta, de nome JN Álamo 53. O acerto na escolha do Álamo motivou o “Papú” a fazer nova investida sobre o Haroldo Junqueira Netto, para trazer novamente este garanhão para a Fazenda Santa Elza. A resposta do Sr. Haroldo foi “uma verdadeira ducha de água fria” nas pretensões do “Papú”, no momento em que anunciou a venda do semental para o seu cunhado Armando Expedito Teixeira, que estruturou todo o seu trabalho de seleção neste reprodutor. Eis que surge, então, a oportunidade da utilização de outro jovem reprodutor da seleção da Fazenda Pitangueiras (Barreto/SP), de nome JN Zulu 53 (Amendoim x Etiqueta 53). Em sua primeira prole, o exemplar já despontava como grande reprodutor, ao gerar no ventre da matriz Sonia 53 um potro que era uma verdadeira “pintura” e que, mais tarde, seria um marco na Linhagem 53: JN Degas 53 (homenagem ao pintor francês Edgar Degas). A matriz escolhida para ser servida pelo Zulu foi a Campeã Nacional de Raça e Marcha na ABCCR Mangalarga, Indira SP1 (Escravo x Ariranha SP1). O resultado desse acasalamento foi uma potranca tordilha que, pelo fato de ter nascido em uma fazenda do “Papú”, no município de Andradina(SP), recebeu o nome de Andradina SP do Papú. O fantástico Mário de Castro Andrade, “Maroca”, convenceu o Sr. Haroldo a registrar alguns animais no livro aberto da ABCCMM e, entre esses animais, figurava a Andradina, que se passou a chamar Andradina Pitanga. A Andradina Pitanga foi de extrema importância na seleção do Sr. Haroldo, pelo fato da sua tropa estar extremamente consanguínea nas linhas Yedo, Nitrato e Zulu. Do seu ventre nasceram fêmeas 53. Ela foi arrendada no

início da década de 1990 para o Sr. Antonio Clarete Zandonaide (Haras H.Z), em Sacramento (MG), deixando nesta seleção a matriz Hamaxa H.Z (por JN Jivago 53). O Sr. Haroldo Junqueira orientou a repetição do mesmo acasalamento, quando o criador José Ale Iaki acabou adquirindo um conjunto de dez matrizes do Sr. Haroldo Junqueira Netto, entre elas, a tordilha Andradina. No dia 17 de Setembro de 1997, nasce o alazão quadralvo e frente aberta Haruk do Rancho Vitória, um animal mágico, que foi capaz de dizimar tabus e preconceitos e ser angariado com o título de Campeão Nacional Potro no ano de 1999. Andradina deixou ainda a imponente doadora de embriões Madrepérola do Rancho Vitória. Indira SP1 (1976)

As matrizes da Fazenda Sant’Ana do Rio Abaixo Na década de 1980, com o livro de registro aberto, ingressou na raça Mangalarga Marchador um seleto grupo de fêmeas oriundas da Fazenda Sant’Ana do Rio Abaixo (localizada no município de São José dos Campos /SP), de propriedade do senador Severo Gomes. Havia um lote composto por filhas do reprodutor Pica-Pau SP. Essas matrizes foram registradas pelo criador Sebastião Afonso de Melo Filho (sufixo S.A.M.F) e deixaram progênie também no castiço trabalho de seleção do Dr. Luiz Augusto Sacchi (Haras Mairiflôr – Pedralva/MG). Marcha Brasil |

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Os destaques eram: Cascata S.A.M.F., Harpa de S.A.M.F. (mãe da importante doadora Iuca de Mairiflôr, do criterioso selecionador Marcos Ubiali Guimarães, do Haras MUG- Piraquara/PR), Serena S.A.M.F.(mãe das destacadas Domitíla e Fabíola de Mairiflôr), Manchete de S.A.M.F. (mãe de Ametista Safira que, acasalada com o reprodutor Moleque Tabatinga, deu a Moleca de Malta, que,

acasalada com o Malibu da Santa Terezinha, deu o supercampeão Quixote Empório), e, destaque absoluto,Bonna de S.A.M.F (livro de elite MM7 da ABCCMM, que deixou vasta e importante prole nos Haras S.A.M.F, de Sebastião Afonso de Melo Filho, em Monteiro Lobato/SP, e no Haras Conforto, do exigente selecionador Paulo Guilherme Monteiro Lobato Ribeiro, em Sorocaba/SP).

Tropa Guega Um dos primeiros redutos da linhagem SP na raça Mangalarga Marchador O criador Sérgio Fofanoff, do Haras Guega, em Ribeirão Preto (SP), foi um dos pioneiros na utilização da linha de sangue SP na história do Mangalarga Marchador. O seu primeiro animal com este sangue foi o reprodutor Iodo SP-2, que teve algumas de suas filhas registradas no livro aberto da raça Mangalarga Marchador. Posteriormente, foram adquiridas as fêmeas Boneca P.B. e Caipira P.B. (ambas registradas em livro aberto, mas que descendiam de animais da linhagem SP). Outra

fêmea SP que passou a integrar a tropa foi a Maroka do Guega. O selecionador foi ainda buscar os serviços do tordilho Marel Pitanga (Apalache T.C. x JN Gardênia 53). A produção de Marel nas éguas de origem SP é um dos mais castiços trabalhos de seleção da raça. O criador ainda utilizou-se de coberturas do próprio Estevão da Mangueira, que resultaram em algumas fêmeas que deixaram sua genética na tropa.

Garanhões que foram utilizados com éguas SP

Marel Pitanga

Estévão da Mangueira

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Tropa Corli e do Caíto Um capítulo à parte na história da linhagem SP no Mangalarga Marchador Um importante núcleo da genética SP nos remete ao tradicional criatório Corli, do selecionador Carlos Osvaldo Rosa Lima, localizado no município de Jardinópolis, muito próximo a Ribeirão Preto. A base desse trabalho de seleção foram as matrizes da linhagem SP e SP-2 e o extraordinário Estevão da Mangueira, semental tordilho de magnífica conformação, nascido em 07/01/1972. Estevão estampava calendários e publicações rurais, devido a sua beleza descomunal, que era comparada inclusive à de um Puro Sangue Árabe. A história deste lendário reprodutor com a raça Mangalarga Marchador se inicia na Exposição Nacional da CCN, em 1979, no Parque da Gameleira, em Belo Horizonte (MG), onde a pista era dividida e raças diferentes eram julgadas lado a lado. No instante que o Estevão adentrou a pista de julgamentos da Mangalarga Paulista, na pista ao lado eram julgados animais da raça Mangalarga Marchador. O que chamou a atenção foi o fato de muitos criadores pararem de assistir o certame da raça Mangalarga Marchador para focarem na performance do inesquecível corcel tordilho, que acabou se sagrando Campeão Nacional de Marcha naquela ocasião. Muitos criadores de Marchador passaram então a visitar a tropa, na tentativa de comprarem o Estevão para incorporar a sua genética na raça Mangalarga Marchador, porém todas elas se mostraram infrutíferas. Podemos citar um dos seus extraordinários descendentes do Marchador, como a extraordinária Cinderela de Batatais (por Jornada de Batatais), égua que marcou história nos haras Serena e Santa Marina. O primeiro animal oriundo da tropa Corlia se destacar na raça Mangalarga Marchador foi a castanha Normalista Corli. Ela foi adquirida pelo saudoso criador Sérgio Fofanoff (Haras Guega), que a registrou em livro aberto e a batizou em homenagem ao seu dileto amigo e técnico da ABCCMM, Mário de Castro Andrade (Maroca). É esta a história da famosa Maroka do Guega, que se destacou produzindo preciosidades. O sucessor de Carlos Osvaldo Rosa Lima no trabalho

de seleção foi o seu filho Carlos Osvaldo Tinoco Rosa Lima (Caíto), que adotou o sufixo “do Caíto”. Ao final da década de 1990, Caíto ingressou como criador da raça Mangalarga Marchador, trazendo a sua fantástica base genética de fêmeas. Para padrear estas matrizes, o criador não deixou por menos e utilizou um cavalo da criação do seu pai, de nome Obelisco Corli (que utilizava a alcunha de Imperador do Crocotó).

Delta do Caíto

Truc Morro Grande

Fantástico do Caíto

O destaque da sua numerosa e qualificada progênie são os irmãos-próprios, Fantástico do Caíto (diversas vezes campeão nos certames da raça) e Delta do Caíto (Campeã Nacional), ambos por Orquídea F.A.D. Por fim, agradecemos ao Caíto e ao seu pai, Carlos Osvaldo Rosa Lima, pelo incrível trabalho de seleção que deixa diversos produtos de destaque em nossa raça e, principalmente, pelo lendário Estevão da Mangueira, um cavalo que esteve à frente do seu tempo. Tropa do Caíto: sinônimo da linhagem SP no cavalo Mangalarga Marchador. Marcha Brasil |

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8ª COPA DE MARCHA & 6º Concurso Cavalo Completo

31 AGOSTO e 01 SETEMBRO 2012

Organização

HARAS SABE - CASIMIRO DE ABREU / RJ Contato: Paulo Belli - (22) 8127 0612 Piragibe - (22) 8131 3398


(22) 2731 8158 / 8116 2323

LEILÃO

&CONVIDADOS

PUPIO

LEILÕES

03 SETEMBRO 2012 - 2ª FEIRA

Tel.: (12) 3922-9066 www.pupioleiloes.com.br

Informações: (31) 9603 8875

Paulo Belli (22) 8127 0612 2778 3381 / 2778 3204


FESTIVAL DA SABE

Marrocos Agisa x Balada da L. Boa Esperança Campeão Cavalo e Campeão Cavalo de Marcha, XXVII Estadual Rio 2012 Campeão Cavalo e Campeão Cavalo de Marcha, Macaé 2012 Res. Campeão Cavalo Jovem e Campeão Cavalo Jovem de Marcha, Itaipava 2012 Campeão Cavalo Jovem e Campeão Cavalo Jovem de Marcha, Araruama 2012

Criando com sabedoria

Casimiro de Abreu / RJ Contato: Paulo Belli (22) 2778 3381 / 2778 3204





4 equitação

Roberto Naves

Veterinário Árbitro e instrutor da ABCCMM

Um dos grandes entraves à evolução da equitação em nosso meio é o grau de desinformação em que nos encontramos. Passadas de pai para filho, as histórias podem trazer verdades concretas ou perpetuar conceitos falhos, estes últimos mais comuns na herança de nossa cultura equestre. Não é difícil entender a razão deste fato. Preterido pelo transporte motorizado, o cavalo deixou de ser peça econômica fundamental, perdendo, assim, sua importância do ponto de vista de estudo e conhecimento. Numa fase social mais recente, usuários e criadores tornaram-se ávidos por conhecimentos, devolvendo ao cavalo sua devida importância. Ficou neste intervalo um abismo profundo, marcado pelo empirismo, pelo desconhecimento e, o que é pior, pela fixação de conceitos falhos e nocivos ao progresso desse segmento. Se hoje damos mais importância a conceitos técnicos diretamente ligados ao cavalo, sua conformação e seu desempenho, não podemos ignorar as mais diversas informações acerca de tudo o que direta ou indiretamente interfere nessa performance. Podologia e ferrageamento, doma, equitação e adestramento, nutrição, saúde

Roberto Pinheiro

Selas e mazelas

e medicina esportiva veterinária são alguns dos pontos aos quais devemos dedicar nossa atenção. De forma talvez mais direta, os arreios que usamos ao montar nossos animais. Mas será que existe algo técnico a ser observado e perseguido por nós, algo tão importante sobre selas, envolvidos como estamos com a criação e com o uso do cavalo? Com certeza, sim. Os índios que povoaram a região Central do Brasil, tribo dos Guaicurus, usavam cavalos para suas atividades diárias, tornando-se exímios cavaleiros. Montavam em pêlo, e não por isso deixavam de executar tarefas as mais diversificadas, identificadas nos dias de hoje por desenhos característicos em posição de defesa, usando sua montaria como escudo nas batalhas de vida ou morte que travavam com seus rivais. Marcha Brasil |

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4 equitação

Roberto Naves

Esses relatos não intimidaram a manufatura e o uso de selas em nosso meio, próteses apropriadas para acomodar o cavaleiro no dorso do cavalo, levando conforto a ambos. É comum ouvirmos comentários sobre regiões zootécnicas, como a cernelha dos cavalos, que teria como função a fixação da sela ao dorso. Desfazendo a confusão, não foi a cernelha constituída para a sela, mas sim a sela projetada para se ajustar à região dorsal do cavalo, respeitando sua anatomia. As selas se constituem por regiões definidas, sendo a anterior chamada de cepilho, a posterior de patilha e o assento coxim. Sob as pernas do cavaleiro se estendem as abas, sobre as quais, de cada lado, são encontrados os loros, correias próprias para manter sustentados os estribos. Estes, por sua vez, encontram-se na extremidade inferior do loro, servindo para que o cavaleiro apoie sobre eles o peso dos pés. Protegendo a perna do cavaleiro da fivela do loro, que se aloja num orifício do qual emerge esta peça, as sobreabas completam a parte superior

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das selas. Na porção anterior das abas são encontradas as borrainas, que auxiliam o cavaleiro no apoio necessário para sua fixação à sela. Sob o coxim, em contado quase direto com os costados do animal, o suadouro. Impedindo o contato direto deste com o pêlo do cavalo são usadas mantas de couro, feltro, espuma ou outros materiais, conhecidas como baixeiros. Descendo sob as abas encontram-se os látegos, correias que prendem e ajustam a cilha e a barrigueira, ao lado esquerdo da sela. Ao lado direito correias correspondentes e de mesma função recebem o nome de contra-látegos. Cilha e barrigueira são ajustadas no cilhadouro e na barriga do animal, respectivamente, sendo a cilha mais apertada que a barrigueira. São elas que dão fixação da sela aos costados do animal. De uso pouco comum, peitoral e rabicho são acessórios que auxiliam a manter a sela na posição ideal. Hoje em dia, projetos mais apropriados dispensam esses acessórios, por tornarem a sela mais ajustada ao animal. A barrigueira é outro elemento dispensável em selas mais evoluídas. Antigamente era comum, para uso em longas viagens, uma manta de pelo de carneiro, pelêgo, que recobria o coxim. Usado em selas de coxim muito duro, esse acessório torna a sela mais macia. A maioria das selas encontrada no mercado brasileiro, produzidas e usadas no meio rural, têm como característica o coxim inclinado para trás. Soma-se a isso o fato de

que o loro se apresenta adiantado, forçando uma postura indevida do cavaleiro. Sentado na patilha, com as coxas em posição quase horizontal, o cavaleiro divide seu peso sobre dois pontos distintos: a patilha, que recebe o peso do corpo, e os estribos, que suportam o peso das pernas. O ponto de equilíbrio do cavaleiro não coincide com o do cavalo, que passa a ter sua região lombar sobrecarregada.

As selas ideais para cavalgadas, enduros, concursos de marcha e a maioria dos esportes hípicos são adequadas para dar conforto e postura desejáveis. Com o coxim plano ou um pouco inclinado para a frente, essas selas permitem ao cavaleiro que se coloque mais verticalizado sobre o cavalo, assentado sobre o períneo, e não sobre as nádegas. Tronco e pernas na mesma vertical, o peso se concentra num único ponto, que deverá coincidir com o ponto de equilíbrio do animal. Os estribos não muito adiantados favorecem essa postura.


Essas referências são úteis na hora de se escolher uma sela ideal.

Para fazer coincidir os pontos de equilíbrio do cavaleiro e do cavalo na mesma vertical, além da conformação da sela, é fundamental que se observe a posição ideal de fixação. A porção anterior do suadouro deverá se acomodar numa depressão logo atrás da escápula (base óssea da espádua). Dessa forma, o cavaleiro postado corretamente projeta seu peso para a região de transição entre a cernelha e o dorso, fazendo coincidir os pontos de equilíbrio. Esta condição é indispensável a uma equitação eficiente, capaz de promover a performance máxima do cavalo. Deve-se observar ainda a posição da cilha, que deverá ser ajustada a aproximadamente 3 a 4 dedos atrás do codilho. Outro detalhe muito importante para uma boa sela é a distancia entre os suadores. Quando muito próximos, impedem que seja feita a calha, ajuste da manta entre os suadores para evitar que o peso da sela e do cavaleiro sejam transferidos para a cernelha ou para qualquer outra porção da coluna do cavalo.

Como condição final, acreditando ser de importância menor que os outros itens, o acabamento da sela deve satisfazer o usuário o máximo possível, no que diz respeito à cor, às aplicações etc. O material de escolha para o revestimento deve ser o couro. Para permitir um deslizamento ideal dos quadris, o coxim deve ser revestido de couro liso. As abas e as sobreabas revestidas de couro rugoso aumentam a aderência nos pontos em que a fixidez se aplica, através do contato firme da face interna da coxa. A armação estrutural de fibra de vidro tem se mostrado uma opção ideal, leve e resistente. Estribos de liga de alumínio, fibra ou plástico duro são também leves e esteticamente agradáveis. Devem ser confeccionados de forma a permitir sua fixação no alto do loro, próximo à sobreaba, quando a sela não estiver em uso. Cilhas e barrigueiras de nylon são cortantes e abrasivas, sendo ideal para essas peças o algodão. A conservação da sela deve ser observada em caráter permanente, usando-se para isso o óleo de mocotó. Algumas lojas especializadas em artigos para montaria oferecem produtos ainda mais sofisticados para limpeza e conservação. As peças como loro, látego e contra-látego devem ser untadas, bem como o corpo da sela, a aba e a sobreaba. Ambiente seco e ventilado é ideal para se guardar sela e baixeiros. Alguns cuidados devem ser tomados, evitando-se que acessórios façam a ligação da sela com o chão ou com pontos de circulação de roedores. Mazelas à parte, uma boa sela é bem mais que beleza e acabamento. E saber disso é bem mais que simplesmente sair para comprar sua próxima sela. Marcha Brasil |

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4 treinamento

Preparação física para o

atleta do marchador

Se o Mangalarga Marchador é um cavalo de esporte, seus cavaleiros são atletas. Além da preparação dos animais para as pistas, é importante que os apresentadores também se preparem para fazer uma boa exibição, ou meses de trabalho podem se perder. Uma prova de marcha durante a Nacional dura, em média, duas horas. Portanto, além do animal, o apresentador também deve estar bem preparado fisicamente para suportar todo esse tempo montado e, às vezes, debaixo do sol. Além das pistas, o dia a dia nos criatórios também exige muita força física. São horas de treinamento diariamente. O educador físico Marcel Faria, que trabalha com a preparação de atletas, declara que é necessário fazer um trabalho de resistência. “O treinador de cavalos precisa de muita força e a musculação é a mais indicada, pois é uma atividade básica para todas as modalidades esportivas”, diz. O treinador Elson Roberto de Souza, do Haras Canto da Mata, gosta de fazer corrida e acha importante se exercitar. “Faço corrida três vezes por semana para me manter bem fisicamente, pois o trabalho exige bastante”, observa. A corrida é uma alternativa para quem mora longe da cidade, mas o educador físico explica que a musculação também pode ser feita em casa, chama-se treinamento funcional: “Há exercícios que podem ser feitos sem auxílio de aparelhos ou qualquer tipo de objeto, usando sempre o peso do próprio corpo”.

Para se preparar para as pistas, o treinador do Haras Canto da Mata diz que não exagera na alimentação e faz alongamentos. O educador físico Marcel Faria confirma os benefícios dessa prática. Segundo ele, toda atividade física deve ter um aquecimento antes de ser iniciada. “O alongamento é importante sim. Toda atividade física ou treinamento físico exige da musculatura um coeficiente de elasticidade maior do que as atividades do dia a dia. Alongando antes e depois das atividades, o corpo fica mais preparado para possíveis posições ou posturas impostas durante a apresentação”, comenta. Ainda de acordo com Marcel, os alongamentos devem ser feitos tanto nos membros superiores, quanto nos inferiores. Além disso, devem-se aquecer as articulações com movimentos repetitivos, como giros de braços, flexão, extensão e circundação das articulações dos ombros, cotovelos, punhos, joelhos e tornozelos. Sobre a alimentação, Marcel Faria indica comidas leves, sem muita gordura e carne, e bastante líquido. Tudo isso para que o apresentador se sinta bem, faça um bom trabalho, uma boa apresentação e chegue ao pódio com muita saúde. “As dores e o cansaço são normais após toda atividade física, o importante é dar o tempo adequado de descanso que toda atividade exige, além de alimentar-se bem. O resto o próprio corpo faz”, afirma.

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4 técnica da marcha

Marcha picada

conquista seu lugar nas pistas

Enquanto nas exposições há uma predominância da marcha batida, entre os usuários de cavalos de passeio e cavalgadas, a preferência é pela marcha picada. Ela se difere da batida pela frequência maior de movimentação, o que melhora a estabilidade do cavaleiro, proporcionando maior comodidade. A marcha picada esteve sumida das pistas por um tempo, mas voltou com força total. De acordo com o árbitro da ABCCMM, Roberto Ribas,esse andamento ficou esquecido, principalmente, devido a algumas administrações anteriores, que não deram o devido valor. Além disso, Ribas salienta que a união dos criadores de marcha picada, principalmente do nordeste, fez com que a modalidade de andamento crescesse. “Os próprios criadores de marcha picada se juntaram e começaram a cobrar da associação que ela participasse e instituísse o julgamento da marcha picada, isso foi muito importante”, diz. Os criadores conseguiram que o julgamento de marcha picada fosse oficializado pela ABCCMM e isso contribuiu para sua consolidação em todo o país. 104 | Marcha Brasil

Sobre a evolução, Ribas conta que há dez anos a marcha picada era desequilibrada e os animais tinham pouca qualidade de morfologia, mas hoje é muito diferente. “O criador já sabe o que é um bom cavalo de marcha picada. Eles buscam equilíbrio, estilo e conformação de um bom cavalo de sela”, afirma. Ainda de acordo com Ribas, os animais de marcha picada deram um show de qualidade na Nacional 2011. Para ele, os julgamentos favorecem a evolução. “Os animais estavam belos, de boa conformação, isso porque você tem julgamento. Aquele criador que perde, o juiz explica e ele sabe onde tem que melhorar”, conta. O criador Marco Aurélio Duarte, titular do Haras Ardrak, tem como missão divulgar a marcha picada. “Digo missão, pois tivemos a primeira égua e o primeiro castrado campeões nacionais de marcha picada da história do cavalo Mangalarga Marchador no Brasil. Fomos também os primeiros a sofrer o ônus desta vanguarda, pois a grande maioria dos criadores discriminavam esse andamento, mas continuamos a nossa luta e, nestes poucos anos,


nossa batalha foi coroada de êxitos”, expõe. O Haras Ardrak, localizado no município de Santa Cruz de Goiás, a 90 km de Goiânia, já conquistou mais de 42 títulos Nacionais. “Há um tempo, quando eu chegava a alguns lugares com meus animais de marcha picada, as pessoas me ignoravam. A resistência, principalmente aqui em Goiás, era muito grande”, lembra. Devido à resistência do Centro Oeste, Marco Aurélio resolveu levar os animais para competir em outros estados. “Eu comecei a sair com os animais para mostrar a marcha picada. Encontrei alguns companheiros em um lugar ou outro. A maioria dos animais está no nordeste, mas a comunicação é muito complicada, devido à distância”, diz. Pensando na evolução da marcha picada, o criador começou a fazer shopping de animais. “Resolvi começar a vender animais, coberturas e embriões para as tropas crescerem em outros lugares, eu não queria ficar sozinho, tinha exposição que só eu levava marcha picada”,conta.

Atualmente, Marco Aurélio conta com o Campeão Nacional Versátil Kafé para dar continuidade a sua tropa. “Eu resolvi criar cavalo e parar um pouco com as pistas. Comecei a colocar o Versátil em éguas e nasceram totos de marcha picada. Estou reunindo uma tropa de ponta”, observa. O criador conta ainda que a atitude das pessoas em relação à marcha picada e à genética melhorou muito. “É um cavalo bonito, avante, alto e macio. O cavalo de marcha picada acompanhou a evolução da marcha batida. Acho que agora devemos segurar ela do jeito que está”, diz. Em relação ao mercado, Marco Aurélio acredita que a macha picada possui mais liquidez que a marcha batida. “O mercado é para o usuário e isso valoriza a marcha picada. Todos querem um cavalo cômodo para andar”, ressalta. A “Marcha de Picada” se consolidou e hoje é respeitada em todo Brasil. “Vamos em frente, nas duas marchas, nesta união fantástica do melhor cavalo de sela do mundo”, celebra Marco Aurélio. Marcha Brasil |

105












4 fala doutor

Dr. Julhiano Baldan Rossini

Diferentes técnicas de reprodução assistida são

solução de problemas

São inúmeras as técnicas utilizadas na reprodução animal como um todo. Quando nos referimos a equinos, as mais conhecidas são a colheita e o processamento de sêmen, a inseminação artificial e a Transferência de Embriões (TE). Mais recentemente também foram adicionadas a esta lista a clonagem, a Transferência de Oócitos (TO) e a Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoide (ICSI). Quando falamos sobre TO e ICSI, que são o foco desta matéria, nos referimos às duas técnicas de reprodução assistida desenvolvidas para superar problemas ligados à baixa fertilidade de fêmeas e machos, respectivamente. Transferência de Oócitos É um procedimento que possibilita gerar descendentes de éguas consideradas inférteis ou com baixa fertilidade sob condições naturais, ou mesmo com uso das técnicas de inseminação artificial e transferência de embriões. Essa infertilidade pode estar relacionada a problemas ligados à idade avançada, patologias do oviduto, aderências do útero e cérvix e infecções crônicas do útero. A única exigência é que a égua possua um desenvolvimento folicular normal, apresentando oócitos viáveis.

116 | Marcha Brasil

A técnica consiste na aspiração do conteúdo folicular da égua doadora através de uma punção do ovário guiada por ultrassom (Fig. 1 e 2), com animal previamente sedado para evitar qualquer movimento indesejado. Uma vez removido o conteúdo folicular, é realizada a busca pelo oócito em uma lupa (Fig. 3). A maturação final do oócito é realizada em uma incubadora especial que controla temperatura, umidade e atmosfera gasosa adequada. Diferente da TE convencional, a transferência dos oócitos não pode ser realizada diretamente no útero. Por se tratar de uma célula não fertilizada, esta deve ser transferida cirurgicamente no oviduto, que é o local onde naturalmente ocorre a fertilização nos equinos. A inseminação artificial é realizada na égua receptora no dia que antecede a transferência do oócito. Muito mais complexa que a TE, a transferência de oócitos exige um laboratório específico para este fim, com a utilização de modernos equipamentos e uma equipe técnica treinada para garantir a máxima eficiência em importantes etapas do processo, como a determinação do melhor momento para realização da aspiração folicular, sincronização e seleção das receptoras, inseminação artificial, cirurgia para a transferência do oócito na receptora e preparo das soluções utilizadas. Os resultados são variáveis em relação à idade das doadoras, apresentando uma taxa de prenhez média de 23 -27% por ciclo trabalhado, que é mais baixa que a


Médico Veterinário - CRMV/SP 24.001. Membro do Programa Comercial e de Pesquisa em Transferência de Oócitos e ICSI da Colorado State University – EUA Email: julhiano-vet@hotmail.com - Site: www.jbreproducaoequina.com.br

utilizadas na

reprodutivos em equinos obtida com a transferência de embriões (35 – 38% por ciclo). Porém, trata-se da única possibilidade de reproduzir determinadas éguas consideradas até então inférteis. O custo varia com o número de tentativas necessárias para obtenção da prenhez. De uma maneira geral, pode-se estimar um custo três vezes maior que o custo de uma transferência de embrião convencional. ICSI Com o objetivo de tentar solucionar problemas relacionados à fertilidade nos machos, a ICSI trouxe uma série de benefícios, como a maximização do uso de sêmen congelado em número limitado, em decorrência de morte ou perda de fertilidade, já que apenas uma pequena parte da palheta pode ser utilizada, não sendo necessário o uso de 4 a 8 palhetas por inseminação, como ocorre normalmente quando a égua é inseminada com sêmen congelado. Outra aplicação é em casos de garanhões que, mesmo ainda estando em serviço e produzindo sêmen, apresentam uma baixa fertilidade. Para realização da ICSI faz-se necessário o uso de um equipamento específico que consiste em um micromanipulador acoplado a um microscópio invertido (Fig. 4). O procedimento para a obtenção do oócito é o mesmo realizado na TO, com a diferença de que, após a maturação in vitro, o oócito não é transferido na receptora, e sim recebe a injeção de um único espermatozóide em seu citoplasma (Fig. 5). Uma vez ocorrida a fecundação, que é confirmada através da clivagem do embrião, é possível realizar a transferência cirúrgica depositando

este embrião com 4 a 8 células no oviduto, como é feito com os oócitos, ou deixar em cultura por 7 a 8 dias e transferir de maneira não cirúrgica ao útero, como é feito na TE. Apesar de, neste caso, apresentar-se uma taxa de prenhez inferior quando comparada à transferência cirúrgica, elimina-se a necessidade da cirurgia. O investimento em equipamentos e no desenvolvimento destas biotécnicas, assim o aumento do número de procedimentos in vitro torna esta técnica mais cara e com resultados inferiores quando comparada à TO, porém, para muitos garanhões é considerada a única possibilidade de gerar descendentes, fazendo com que se torne praticamente exclusiva para animais de alto valor genético e que possam, por meio da venda de seus produtos, reverter o alto valor investido na obtenção dos mesmos. Para que estas técnicas estejam disponíveis aos criadores do Brasil, a Vitrogem e JBR com apoio a Colorado State University pretendem iniciar seus trabalhos no início de setembro com o objetivo de trazer as pesquisas desenvolvidas nas universidades para o criador, como fez com a tecnologia de FIV na bovinocultura brasileira. Marcha Brasil |

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4 depoimento

Paulo Marques: “Minha história como treinador” Paulo Marques, o conhecido Paulinho, é mineiro de Pompéu (MG) e cresceu tendo contato com fazenda e cavalos através de seu avô. Sua admiração por cavalos só cresceu e Paulinho decidiu tornar-se um profissional da área. Hoje, o gerente do Haras Da Batica (MS) possui mais de 250 prêmios nacionais e regionais em seu currículo.

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titular, Déa, que me fez uma proposta interessante para gerenciar sua tropa no Mato Grosso do Sul. Em agosto de 2011, logo após a Nacional, dei início a mais um capítulo da minha história juntamente com o Haras Da Batica. Além de treinador, também desempenho a função de gerente do haras. Minha rotina de trabalho é bem corrida, acordo bem cedo e paro quando dá. Estou sempre em busca de melhoria para o haras e para a seleção. O plantel do Haras Da Batica é formado por mais de 90 animais, além do time de pista formado por sete exemplares criteriosamente selecionados. Nosso maior objetivo é formar campeões do sufixo ‘Batica’. Queremos uma tropa de qualidade com sufixo próprio. Esse trabalho já iniciou com os garanhões Qualé Agisa,

Pedrão

“Escolhi o cavalo como minha profissão no ano de 2000, quando fui trabalhar no Haras Mangaí, em Pompéu (MG). Lá, eu treinava animais para leilões. Aos poucos comecei a fazer cursos e me aperfeiçoar, pois eu queria mais. Estava à procura de novos desafios e oportunidades, quando por indicação de um amigo, fui para Brasília trabalhar no Haras Terra Vermelha, um criatório maior, onde teria a chance de me profissionalizar ainda mais. Em 2003 fui premiado pela primeira vez. Foi uma emoção muito grande, senti como se eu tivesse atingido meu ápice. É o resultado de um trabalho que está dando certo, a certificação de que estou no caminho certo. Nunca vou me esquecer do primeiro prêmio, é como a primeira namorada. Depois disso, outros prêmios vieram e hoje já passam de 250, entre nacionais e regionais, um resultado de anos de trabalho e dedicação à profissão que me identifiquei e que tenho o prazer de servir. Eu faço o que gosto. O Mangalarga Marchador também foi uma escolha, pois já trabalhei com Quarto de Milha. A índole, docilidade, comodidade e beleza do marchador me deixaram “mal acostumado” e agora não quero saber de outro. Sou apaixonado pelo Mangalarga Marchador. Trabalhei em vários criatórios renomados até chegar ao Haras Da Batica, onde por indicação de um grande amigo (Lau), tive contato com a

Original do Passo Fino, Ringo do Círculo D. e Tacape Agisa. Pelo Tacape tenho um carinho muito especial, posso dizer que ele é o meu xodó, pois tenho certeza que vai me trazer muitas alegrias. É importante falar que todo esse trabalho é realizado por uma equipe bem estruturada e unida. Eu conto com mais quatro profissionais para que tudo dê certo. Uma boa equipe faz toda a diferença e eu sou muito agradecido a todos que trabalham comigo. Eu sou muito feliz pelo profissional que me tornei e estou cada vez mais certo de que escolhi a melhor profissão. Dificuldades existem, como qualquer outro serviço, no meu caso, ficar longe da família, viajar muito, se dedicar 24 horas, são algumas delas. Mas tudo isso se torna quase nada quando estamos na pista e, principalmente quando subimos no pódio. No final sempre saímos vencedores. O segredo para se tornar um desses vencedores é ter perseverança, seriedade e humildade. Paciência também é bom, pois o sucesso não chega do dia pra noite. Eu passei por muitos lugares, conheci muitas pessoas (e aprendi com elas), passei momentos bons e ruins. Tudo isso faz parte da minha formação. Pra se tornar profissional é importante passar por etapas e aprender muito. Para o futuro, eu desejo estar no marchador e no Haras Da Batica, trabalhando para a evolução da raça.”









4 funcionalidade

Mangalarga Marchador mostra sua

funcionalidade

Um dos grandes objetivos da diretoria da ABCCMM foi alavancar a funcionalidade do Mangalarga Marchador. A entidade criou o departamento de esportes, hoje presidido pelo criador Vicente de Araújo Neto, e incluiu mais competições esportivas que exigem aptidões funcionais. A associação ainda deu peso à funcionalidade e mantém seu ranking próprio, além das provas de marcha. As provas de pista, Três Tambores, Cinco Tambores, Baliza, Team Penning e a Prova Funcional do Mangalarga Marchador são as modalidades consideradas pela ABCCMM, bem como as provas de percurso, que envolvem a Cavalgada Planilhada, o Cross e o Enduro. A Prova Funcional do Mangalarga Marchador, segundo o gerente do Departamento de Esportes da ABCCMM, Júlio Nottingham, avalia o potencial atlético e de treinamento do animal, que será testado nos três tipos de andamento (passo, marcha e galope), em questões básicas de adestramento, como mudanças de direção e transições, e nos quesitos funcionais, como abrir e fechar a porteira, recuo, entre outros. Já as Cavalgadas Planilhadas têm regulamentação própria e as provas de enduro, de acordo com ele, envolvem o uso do Mangalarga Marchador nas categorias de velocidade controlada, nas quais são mais competitivos. Muitos criadores já assimilaram a importância desses eventos. O treinador e administrador do Haras Vale Vermelho, Marcelo Otoboni, diz que a funcionalidade é importante para mostrar a aptidão do cavalo para qualquer tipo de trabalho. “ São nessas provas que a tropa que eu trabalho mais pontua”, afirma. Para Nottingham, a funcionalidade tem muito a acrescentar ao animal. “Minha experiência de vida em cima do cavalo me permite dizer que o confinamento do cavalo em uma única atividade, como as provas de marcha, não os estimulam. Animais que praticam esporte são mais saudáveis e mais motivados”, explica. Otoboni já conquistou mais de 25 prêmios em provas de funcionalidades na raça. Para ele, a função do Marchador deve ser mais divulgada. “Gostaria de ver mais empenho com a evolução da raça, com investimento e valorização da funcionalidade”, observa. Julio Nottingham complementa que também é preciso gerar oportunidades para que as famílias pratiquem a equitação. “É importante que os criadores e as famílias descubram outras ocupações prazerosas, além dos campeonatos de marcha”, diz.

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O que é equitação Por Julio Nottingham

Por definição, equitação significa montar um cavalo com técnica, controle e segurança, mas, em geral, quando as pessoas ouvem essa palavra, parecem vislumbrar algo mais complexo. Essa imagem foi criada baseada no fato de que a equitação, como esporte e arte, durante muito tempo, ao longo dos séculos, foi exclusividade de classes privilegiadas, que mantinham esse assunto como algo sagrado, proibido para aqueles que não faziam parte “do seu mundo”. O mundo se democratizou e a equitação básica também, e, hoje, ocupa um lugar de destaque entre as atividades que mais crescem no mundo inteiro. Antes mesmo de pensar na modalidade, cada vez mais os usuários e os praticantes de atividades equestres despertam para o fato de que a equitação básica é, antes de tudo, um investimento na qualidade daquilo que se pretende alcançar. Se investirmos mais tempo na base, economizaremos o dobro de tempo futuramente, pois os processos posteriores, seja no desenvolvimento do cavaleiro, sejano treinamento do cavalo, ficarão mais simples e rápidos, uma vez que a base foi bem estruturada. Marcha Brasil |

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4 artigo técnico Dra. Alice Teixeira Gonczarowska

Médica Veterinária com mestrado em reprodução animal

Morte Embrionária Precoce

Apesar dos consideráveis avanços na reprodução equina durante os últimos 20 anos, a morte embrionária precoce (MEP) permanece pouco compreendida e representa uma importante causa de perdas econômicas na criação de cavalos (Morris e Allen, 2002). A morte embrionária precoce em éguas é definida, apesar de não haver um consenso na literatura, como a perda gestacional que ocorre da fertilização até os 40 dias de gestação, o que corresponde ao momento de transição do estágio embrionário para o estágio fetal de desenvolvimento do concepto (Ginther, 1992). Já a perda gestacional que ocorre a partir dos 40 dias é definida, portanto, como morte fetal ou aborto. O diagnóstico de perda embrionária precoce e o reconhecimento dos fatores que contribuem para sua ocorrência tomaram grande impulso com o uso da ultrassonografia. Utilizando-se a palpação transretal, as incidências estimadas de morte embrionária e perda fetal precoce em éguas variam de 7% a 16% (Bain, 1969; Merkt e Gunzel, 1979). Por meio de exame ultrassonográfico, realizado entre 11 e 50 dias de gestação, varia entre 5% e 24% (Chevalier e Palmer, 1982; Ginther et al., 1985; Woods et al., 1987).

O diagnóstico de MEP é feito por palpação transretal e exames ultrassonográficos seriados, quando se verifica a ausência da vesícula embrionária, após, pelo menos, uma identificação positiva ou, em alguns casos, quando se observam alterações da morfologia da mesma, tais como redução do seu diâmetro, irregularidades do contorno e ausência de batimentos cardíacos do embrião a partir de 25 dias (Chevalier e Palmer, 1982; Ginther et al., 1985). Outros indicativos são a presença de líquido uterino, a mobilidade prolongada da vesícula e o crescimento lento da mesma. Morte embrionária antes de 20 dias de gestação pode ocorrer sem que essas anormalidades sejam observadas (Ginther et al., 1985). O diagnóstico ultrassonográfico é realizado geralmente a partir dos 11 dias de gestação. Para o estudo das perdas no período anterior aos 11 dias, utilizam-se técnicas de reprodução assistida como a transferência de embriões, transferência de oócitos e o cultivo embrionário in vitro (Ball et al., 1987). Estudos têm mostrado de 5% a 30% de incidência de morte embrionária precoce em éguas. Vários fatores são apontados como responsáveis pela ocorrência da MEP, como: gestação gemelar; nutrição desbalanceada;

ingestão de plantas estrogênicas e efeito do fotoperíodo; uso de monta natural ou inseminação artificial; lactação e “cio do potro”; endometrites e outras infecções do sistema genital; anormalidades cromossômicas e deficiências hormonais; hormônios esteróides; falha no reconhecimento materno da gestação e secreção insuficiente de gonadotrofina coriônica equina (eCG); fatores imunológicos e, ainda, uma alta incidência relacionada à individualidade do garanhão. Os fatores que podem contribuir para a ocorrência de morte embrionária na égua são classificados como intrínsecos, extrínsecos e embrionários. Fatores intrínsecos incluem doença endometrial, deficiência de progesterona, idade materna, categoria reprodutiva da égua e o momento da inseminação/cobertura em relação à ovulação. Os fatores extrínsecos incluem estresse, nutrição inadequada, estação/clima, individualidade do garanhão e/ou processamento e manipulação do sêmen, bem como a manipulação para técnicas de reprodução assistida. Finalmente, os fatores embrionários estão relacionados com anormalidades cromossômicas e outras características inerentes ao embrião (Ball, 1988).

Referências Bibliográficas BAIN, A.M. Foetal losses during pregnancy in Thoroughbred mares: A record of 2562 pregnancies. Irish Vet. J., v.17, p.155-158, 1969. BALL, B.A. Embryonic loss in mares: Incidence, possible causes, and diagnostic considerations. Vet. Clin. North Am.: Equine Pract., v.4, p.263-290, 1987. CHEVALIER, F.; PALMER, E. Ultrasonic echography in the mare. J. Reprod. Fertil., suppl., v.32, p.423-30, 1982. GINTHER, O.J.; BERGFELT, D.R.; LEITH, G.S. et al. Embryonic loss in mares: Incidence and ultrasonic morphology. Theriogenology, v.24, p.73-86, 1985. GINTHER, O.J. Reproductive efficiency In: REPRODUCTIVE biology of mare – basic and applied aspects. 2. ed. Wisconsin: Equiservices, 1992. p.508-509. MERKT, H.; GUNZEL, A. A survey of early pregnancy losses in West German Thoroughbred mares. Equine Vet. J., v.11, p.256-258, 1979. MORRIS, L.H.A., ALLEN, W.R. Reproductive efficiency of intensively managed Thoroughbred mares in Newmarket. Equine Vet. J., v.34, p.51-60, 2002. WOODS, G.L.; BAKER, C.B.; BALDWIN, J.L. et al. Early pregnancy loss in broodmares. J. Reprod. Fertil. suppl, v.35, p.455-9, 1987. 144 | Marcha Brasil







4 papo de cocheira

Ricardo Pacheco: uma história de sucesso

Ricardo Pacheco, 38 anos, natural de Jacareí (SP), conta como chegou ao seu Centro de Treinamento, criado há um ano e meio em Cotia (SP). Ele, que já foi peão de rodeio, gosta do desafio de fazer campeões. Há um ano, o treinador de cavalos Ricardo Aparecido Pacheco iniciou mais um capítulo da sua vida. Ao lado da esposa, Gisa, e dos filhos, Eric e Caique, ele abriu as porteiras do seu Centro de Treinamento Equestre para os criatórios do país. De acordo com Ricardo, um sonho que vinha lutando há um bom tempo. “Tivemos a oportunidade e eu abracei a ideia”, diz. Antes de começar este desafio, Ricardo Pacheco trabalhava no Haras Agisa, criatório de destaque da raça, onde ficou por um ano e meio. Para chegar lá, o apresentador passou por etapas em que aprendeu e ganhou experiência. Ricardo fez curso de equitação, rédea, passou pelas raças Quarto de Milha, Mangalarga Paulista e chegou aos rodeios, onde permaneceu por nove anos montando em touros. “Eu já ganhei muitos campeonatos montando em touros, até uma moto”, lembra. Já de volta ao Mangalarga Marchador, Ricardo começou a se destacar como apresentador e a ganhar prêmios de marcha. “Quando comecei a fazer campeonatos, percebi que estava no caminho certo. É bom demais ver o trabalho reconhecido, dá muita força pra continuar”, conta. O treinador de cavalos já não sabe ao certo quantos prêmios possui em seu currículo. De acordo com Ricardo, após seis meses no CTE, já havia conquistado 22 campeonatos. Ricardo conta que é uma responsabilidade muito grande cuidar de animais de outros haras. “Quando você trabalha em haras, a cobrança é menor, se você ganhar bem, se não, tudo bem também. Aqui não tem folga, não tem domingo, não tem feriado. Temos que mostrar resultado”, afirma. 150 | Marcha Brasil

O Centro de Treinamento Ricardo Pacheco prepara animais para criatórios de vários estados do país. Segundo Ricardo, eles são treinados para ser campeões. “Nós não recebemos animais que já estão ganhando pistas, aqui nós fazemos o campeão. É fácil chegar a uma propriedade, pegar um animal que vem ganhando campeonatos e só manter. O difícil é fazer ganhar. Os animais que fizemos aqui dentro estão todos ganhando. Essa é a nossa vantagem. Os clientes trazem os animais xucros e pegam campeões”, assegura. Para Ricardo, o segredo para se fazer um campeão é ter dedicação e gostar do que faz. “Não são todos que dão certo, mas a maioria sim. Estamos conseguindo um bom resultado, tem que gostar, pois exige muita dedicação. É muito gostoso fazer campeões. Eu já ganhei com cavalos que estavam em rodeios há três anos, animal de três mil reais. Eu ganhei de criatórios consagrados. Um animal meu de três mil ganhou de um de 200 mil. Não é desmerecendo, isso é um cuidado nosso, de fazer um animal não conhecido, que era refugo. A intenção é torná-lo reconhecido e valorizado”, diz. Além dos doze clientes que o treinador atende atualmente, ele ainda dedica parte do seu tempo para cuidar da sua própria tropa, composta por10 animais. Ricardo Pacheco, criador associado, é titular do exemplar Bosque da Embaúba, que está em segundo lugar no ranking, e dePresente Agisa, sexto lugar no ranking e xodó do apresentador. “O Presente está sendo campeão de marcha e funcionalidade em todo lugar. Esse é o nosso cavalo. Ele já foi reservado no Campeonato Brasileiro em Recife, quando estava no haras Agisa, e na Nacional, em 2009. Ele era do Haras Agisa, mas sempre fui eu quem treinei”, relata.


Ricardo está a todo vapor para a Nacional, para onde vai levar três animais da sua tropa e mais oito de seus clientes. “Quero perturbar os grandões”, diz. Para isso, ele conta com uma equipe de cinco pessoas, entre eles, o filho mais velho, Eric Pacheco, que é apresentador. “A equipe é tudo, tem que ser uma corrente. O tratador, ferrador, limpador de baia, apresentador, eu acho que tudo depende deles. Sem um, enfraquece tudo”, diz. De acordo com Ricardo, o próximo passo é fazer uma Central de Transferência de Embrião. “Já estamos

montando o Centro de Transferência, cujo responsável será o veterinário Rodrigo Rossi, profissional reconhecido na raça, juntamente com minha esposa, Gisa, que será sua auxiliar. Quando voltar a estação de monta, já vai estar tudo preparado”, conta. No CTE Ricardo Pacheco só há animais da raça Mangalarga Marchador, uma opção do treinador. “É uma raça que eu aprendi a gostar, um cavalo bom de mexer, inteligente, que faz o que a gente pede. É gostoso. Para mim é uma família. Eu gosto de subir no bicho e não sei viver sem isso”, fala.

Marcha Brasil |

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4 aconteceu

Criador do interior de São Paulo se surpreende com o nascimento de

potras gêmeas

Na manhã do dia 07 de dezembro de 2011, o criador Tito Lívio, titular do Haras da Pedra, foi acordado pelo seu funcionário com uma notícia nada comum. “Fui acordado por volta da seis horas da manhã pelo tratador que, assustado, me disse: ‘venha rápido que a égua pariu duas potras’. Como moro no haras, não demorei muito para ver as duas, era um misto de surpresa e alegria, pois além de estarem bem, eram produtos de monta natural”, lembra. As gêmeas Flôr e Folha da Pedra são os mais novos xodós do Haras da Pedra, localizado em São João da Boa Vista (SP). As duas potras nasceram do cruzamento Adália da Pedra x Lambrusco Embaúba. De acordo com Tito Lívio, Adália, mãe das gêmeas, foi o primeiro produto nascido no haras e a primeira premiada em pistas, com títulos importantes em Minas Gerais e em São Paulo. “A exemplar Adália da Pedra é especial, ela me traz muitas alegrias. Agora me surpreendeu com uma produção de gêmeas”, diz. O nascimento de equinos gêmeos é muito raro. Normalmente é difícil saber queuma égua concebeu os gêmeos, a menos que ela seja examinada com ultrassom durante o primeiro mês de gravidez. Segundo Tito Lívio, os cuidados com as potrinhas foram especiais. “Após o nascimento, os cuidados eram muitos, principalmente em relação à alimentação, que era feita durante o dia e a noite. A produção da égua era insuficiente para ambas e ainda havia a disputa natural entre elas”, conta. Ainda de acordo com o criador, as gêmeas Flôr 162 | Marcha Brasil

e Folha da Pedra, agora com sete meses, desenvolvem-se naturalmente e nunca tiveram problemas, mas ainda precisam de alguns cuidados diferentes daqueles destinados ao restante da tropa. “Elas estão desmamadas e muito bem, continuam mimadas, a alimentação é diferenciada e o piquete das duas é especial’, expõe. Com relação ao futuro, o criador Tito Lívio espera que elas herdem todas as qualidades da mãe, Adália da Pedra, que possui vários títulos de campeonatos de marcha. Sobre o Haras da Pedra Localizado em São João da Boa Vista (SP), o Haras da Pedra iniciou seu criatório de Mangalarga Marchador em meados de 2006. A propriedade mede 20 alqueires divididos em galpões, baias e piquetes. O plantel é composto por matrizes oriundas de linhagens tradicionais do Sul de Minas, como JB e Favacho. A reprodução é feita basicamente através de monta natural. Em 2010 foi iniciado um programa de transferência de embriões, visando a um melhoramento genético mais consistente. 70% da reprodução são feitos por meio de monta natural e 30% por meio de transferência de embriões. Entre os garanhões utilizados são destaques Estanho do Expoente (Beijo JB x D.L.E. Hileia), Lambrusco Embaúba (Seiko L.J. x Quitandinha L.J.) e Invasor da Today (Carvão L.J. x Luana do Sul de Minas).







4 dica marcha brasil

Profissionais que trabalham sob o sol precisam de

cuidados redobrados com a saúde

Em um país como o nosso, de clima tropical, é preciso estar atento aos cuidados com a pele em relação ao sol, pois, além de causar câncer de pele, gera a morte das células, o que propicia envelhecimento precoce. Os treinadores e profissionais que trabalham diariamente no haras, por exemplo, devem sempre se preocupar com a exposição ao sol. Além do chapéu ou boné, existem outros cuidados essenciais. De acordo com fisioterapeuta especializada em dermatologia funcional, Luciana Sensini, o excesso pode causar vermelhidão, envelhecimento precoce e queimaduras, além de doenças, como o próprio câncer de pele, o que é muito comum em pessoas que não tomam os devidos cuidados. “Manchas também são provenientes do sol. Normalmente, os malefícios não aparecem de imediato, a não ser a queimadura. Mas outros sinais podem aparecer após anos. Por esse motivo, é importante cuidar da pele desde cedo”, explica. Ainda de acordo com a fisioterapeuta, a proteção deve ser feita mesmo em dias nublados e frios. “O problema

168 | Marcha Brasil

é que muita gente associa proteção solar ao verão ou aos dias ensolarados. Mas os perigos da superexposição aos raios ultravioletas existem até mesmo nos dias nublados e em pleno inverno. Deixar de usar o filtro solar pode trazer problemas graves”, alerta. Os raios ultravioleta A (UVA), também nocivos, têm poder de penetração regular na pele, causando manchas e pintas, que podem virar um câncer, e o envelhecimento precoce. “Há a diminuição na produção de colágeno, atingindo a derme e causando flacidez e envelhecimento. Se uma pessoa passa a vida inteira sem usar o protetor no inverno, pode ter problemas sérios na pele”, diz. Ao se tomar os devidos cuidados com a pele, os benefícios dos raios solares podem superar seus possíveis malefícios. “A exposição solar faz bem para o esqueleto, fortalece o sistema imunológico e regula a pressão arterial. Pode, ainda, prevenir o diabetes tipo 2 e até alguns tipos de câncer, como os de mama, próstata, pulmão e intestino. O sol tem, inclusive, ação antidepressiva”, conta a fisioterapeuta.


Veja qual o fator de proteção é adequado para você: A proteção contra os malefícios do sol deve ser feita em todas as idades, principalmente para os mais jovens, pois, de acordo com especialistas, 80% dos danos causados pelos raios solares ocorrem nas primeiras décadas de vida do ser humano. Segundo o Instituto Nacional do Câncer, alguns sinais podem detectar precocemente o câncer de pele, como: - Manchas que coçam, ardem, escamam ou sagram. - Sinais ou pintas que mudam de tamanho, forma ou cor. - Feridas que não cicatrizam em quatro semanas. - Mudança na textura da pele ou dor. Em caso de suspeita, procure logo um médico. Quanto mais cedo a doença for diagnosticada, maiores as chances de cura.

FPS – 15: Para o dia-a-dia de pessoas com pele menos sensíveis ao sol. Por exemplo, morenos que se bronzeiam com facilidade. FPS – 25: Quem tem pele sensível deve usar todos os dias esse fator. Por exemplo, loiros de olhos claros. FPS-30: Para os ruivos, cuja pele é extremamente sensível aos raios do sol. Na praia, deve ser o fator mínimo usado por qualquer pessoa. FPS – 60: Para quem está fazendo tratamento com ácidos ou com histórico de câncer de pele na família. Lembre-se de que os filtros de proteção solar não são medidas de força, mas de tempo. Durante a exposição prolongada, qualquer que seja o número escolhido, você terá de reaplicar.



Sua conquista é nossa inspiração.

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4 mercado

Por Marcelo Castro

Novos criadores mantêm

mercado da raça aquecido O Mangalarga Marchador passa por um momento mas de pagamento. Ele também pode ser de elite, com de grande afirmação. Nosso mercado está indo muito animais de ponta e, consequentemente, garantir uma bem, com grande liquidez e uma valorização do novo, comercialização certa. A abrangência dos leilões virtudo pequeno e do médio criador, que geram esse cresais permite uma disputa acirrada, de grande audiência. cimento. O apoio ao novo criador é fundamental para Mesmo com esse aumento dos leilões virtuais, os que o mercado se renove. Através deles, sempre tereleilões presenciais continuam, eles têm sua história, mos um mercado forte. Para chegar a esse mercado e seu charme, sua elegância e são queridos pelos criaatingir o sucesso, precisamos da evolução técnica, da dores e necessários para o glamour da raça. São eles marcha e da qualidade de sela, que conquistamaqueque normalmente comercializam os grandes animais les que gostam de montar. de ponta, os campeões nacionais e seus filhos e, porAlém da evolução técnica, um dos grandes fatores tanto, têm seu lugar. que alavancou o Mangalarga Marchador foi a grande Também temos os leilões virtuais e presenciais proadministração do presidente Magdi Shaat. Ele é o resduzidos pelos criatórios, como MUG, Santa Esmeralponsável pelo sucesso e pela explosão comercial do da, Malboro, JB da Ogar, Yuri, Morada Nova, GeneMangalarga Marchador. A diretoria da ABCCMM é forral, El Far, EAO, Lagloria, RRC/Figueria, EAO/Iguape, mada por excelentes profissionais Peso da Marcha, Peniche etc. São “Tudo influencia para que trabalham duro para expandir leilões de grande tradição. Eles o sucesso de um leilão, nossa raça pelo mundo inteiro. Procontribuem com a mostra das suas jetos como “Mangalarga Marcha- como uma boa assessoria, tropas, do seu trabalho e de seus dor Para Todos”, “Projeto Raízes”, convidados. uma boa preparação dos participação na Equitana, associaExistem os leilões de parcerias, animais, bons filmes e ções abertas no exterior (Alemaem que dois ou mais haras se asfotos, mas, principalmente, nha, Argentina, EUA etc.), cursos sociam para fazer um leilão. Esta a qualidade dos animais” práticos, cavalgadas planilhadas, alternativa também é muito válida entre muitos outros, levaram nose proporciona aos outros criadores so cavalo para o mundo inteiro, trouxeram inúmeros a chance de adquirirem animais de qualidade desses novos criadores e, consequentemente, o enorme cresplantéis tradicionais. É muito importante dar a outro cimento. A Nacional está uma festa maior a cada ano, haras oportunidade de ter um animal de exceção no um sucesso que traz repercussão no mundo inteiro. seu plantel, para que ele contribua com sua genética e Hoje, somos a maior raça de equídeos da América Laqualidade, como contribuiu para quem o vendeu. Este tina, e tenho certeza que podemos conquistar o muntipo de negociação só valoriza nossa raça, deixando do com o melhor cavalo de sela existente. o mercado em alta, pois o que é bom, possui preço, Os leilões virtuais aumentaram e é uma alternativa vale e, com toda certeza, traz retorno. Se esse animal de comercialização mais em conta, de maior abrangênjá deu a sua contribuição no haras, deixando prole de cia, com uma relação custo-beneficio melhor, além de qualidade, ele pode fazer o mesmo trabalho em oupoder dar ao criador muitas opções de compras e fortros haras, chama-se fomento de criadores, evolução 176 | Marcha Brasil


“É muito importante dar a outro haras oportunidade de ter um animal de exceção no seu plantel, para que ele contribua com sua genética e qualidade”

na criação. Há mercado para todos os tipos de leilões, e o Mangalarga Marchador tem público para todos eles. É importante destacar o trabalho da assessoria comercial e da equipe de vendas, que têm um papel fundamental no processo. São eles que fazem o leilão girar, vender e ser sucesso. Eles indicam, veem os animais, conhecem o trabalho de seus clientes e, assim, podem indicar um animal que caiba no trabalho. São eles que fazem o telemarketing do leilão, sempre lembrando seus clientes de isso, obviamente, influencia nosso mercado. Acrediacompanhá-lo e ficarem atentos na hora do pregão to, ainda, em maior crescimento devido ao número de para atendê-los da melhor forma, negociando as suas criadores novos que adentram nossa associação todos vendas. Os profissionais do Marchador na comissão os meses. Aí está a demanda para toda esta oferta. de vendas são pioneiros, não conheço outra raça que Temos uma média de 80% a 85% de liquidez. tenha uma equipe tão fabulosa e com grande qualiEu vejo o futuro com um aumento de qualidade nos dade como a nossa. São profissionais que deveriam plantéis devido à grande valorização ser mais valorizados, pois prestam um da marcha e à facilidade da transfeserviço de suma importância para a “Mesmo com esse rência de embriões, o que acarreta raça, sem eles não estaríamos neste aumento dos no acesso à genética de primeira patamar em que estamos hoje. leilões virtuais, os linha na raça. Com os projetos da Tudo influencia para o sucesso de leilões presenciais ABCCMM, apoiando os novos, os um leilão, como uma boa assessoria, continuam, são eles pequenos e os médios criadores, uma boa preparação dos animais, bons além da valorização do profissional filmes e fotos, mas, principalmente, a que normalmente que trabalha nos diversos âmbitos qualidade dos animais. Tendo qualidacomercializam os do nosso cavalo, vamos atingir picos de, vende. Para continuar neste mar grandes animais cada vez mais altos. As previsões calmo, temos que seguir neste camide ponta” são de otimismo, pois, se temos o nho, trabalhar todos juntos, criador, melhor cavalo de sela do mundo, profissionais do cavalo e associação. temos a qualidade ao nosso lado. Vale o ditado, crie Como diz o velho jargão, o céu é o limite! Não cavalos, não crie caso, então apóie e ajude, nosso caexiste previsão de onde vai parar. Estamos vivendo valo merece, é o meu conselho. um momento ótimo, temos uma economia estável e Marcha Brasil |

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Projeto Vitrine leva o Mangalarga

Marchador para a Argentina Depois da Alemanha e da Itália, o Mangalarga Marchador chegou à Argentina para participar da famosa exposição internacional “Nuestros Caballos”, realizada em Buenos Aires. Os garanhões Rumo do Conforto, Astro V8 e Querido El Farrepresentaram o Brasil na pista do parque La Rural, onde fizeram demonstrações de marcha, morfologia, adestramento, funcionalidade e horsemanship. Os três passaram por treinamento durante 60 dias na Universidade do Cavalo, em Sorocaba (SP). A participação do marchador em feiras internacionais segue o roteiro do “Projeto Vitrine”. De acordo com o presidente da ABCCMM, Magdi Shaat, o objetivo é reproduzir o sucesso feito na Europa no Mercosul. “É uma

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iniciativa que conversamos desde o ano passado. É fundamental que nossos principais vizinhos conheçam a raça. Temos que procurar expandir na América Latina e América do Sul. O mercado Argentino é muito demandado por cavalos de lida, de trabalho e lazer”, conta, em entrevista ao MMTV. Há um ano, o criador de cavalos Carlos di Somma entrou em contato com a Associação, com o objetivo de levar o Marchador para a Argentina. Durante a Nacional de 2011, ele assinou um convênio e uma parceria com a ABCCMM. “É muito emocionante, faz muito bem ao coração e à alma da gente ver esse espetáculo. Estou muito satisfeito”, diz Carlos.



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Haras V8 leva seu astro

para brilhar nas pistas da Argentina Astro V8, exemplar da tropa de Ricardo Bacelar, foi um dos três cavalos selecionados para representar a raça Mangalarga Marchador na feira “Nuestros Caballos”, na Argentinaum. De acordo com o criador, o exemplar foi treinado seguindo as etapas de formação de um cavalo que possam expressar o melhor das virtudes: vontade, inteligência, rusticidade, temperamento, utilidade, docilidade, elegância e suavidade. As iniciais que formam a palavra “VIRTUDES”. Astro V8 possui um trabalho voltado para equitação acadêmica de trabalho e adestramento. Assim como os dois outros exemplares que participaram da feira, Astro V8 foi treinado por 60 dias na Universidade do Cavalo, em Sorocaba (SP). Sua treinadora, a amazona Luíza Magalhães, foi quem fez a apresentação na feira. Eles fizeram demonstrações de adestramento, funcionalidade e horsemanship. Como foi participar da feira “Nuestros Caballos”? Foi uma oportunidade especial apresentar o nosso Astro V8 durante a Feira Nuestros Caballos, realizada no tradicional parque de exposições “La Rural”, em Palermo, Buenos Aires. 186 | Marcha Brasil

Moramos em Buenos Aires durante o final dos anos 90 e início de 2000, portanto, temos um vínculo grande com a cidade, além de muitos amigos locais. Os argentinos têm uma forte ligação com o campo e gostam muito de cavalos, o que nos fez encarar essa oportunidade com muita honra e responsabilidade, afinal, o público conhece do assunto e tínhamos a companhia de várias outras raças de cavalos durante a feira. Como foi feita a escolha dos haras e dos animais que iriam representar a raça na Argentina? De acordo o objetivo da ABCCMM de expansão internacional do Mangalarga Marchador, a apresentação em Buenos Aires deveria demonstrar as características da raça, dentre as quais temos duas em que o Astro se destaca: a funcionalidade e a docilidade. Em 2011, fizemos uma cavalgada com quatro éguas da nossa criação com destino à Argentina, após duas etapas no Rio Grande do Sul, quando cavalgamos por cerca de 20 dias pelos Aparados da Serra e ao longo da Lagoa dos Patos. Paramos próximo à fronteira com o Uruguai para concluir os trâmites de exportação das éguas, a fim de entrar na Argentina com a situação absolutamente legal. A terceira etapa da cavalgada estava planejada para a região dos Valles Calchaquies,

na província de Salta, Norte da Argentina. Infelizmente, por diferenças entre os dois países nos critérios para se avaliar os resultados do exame de piroplasmose, decidimos não correr riscos e fizemos a etapa Argentina em cavalos locais. Por conta desse projeto, tivemos contatos com argentinos interessados em levar a raça para lá e adquirimos algum conhecimento com relação ao assunto da exportação. O exemplar escolhido para representar a raça foi o Astro V8. Por que? O Astro está em treinamento há cerca de um ano e meio para provas de Equitação de Trabalho, portanto, encontrava-se em boa forma e em condições de wapresentar a funcionalidade do Mangalarga Marchador. Faça um histórico do Astro V8. Quando adquirimos um embrião de elite, no final de 2004, acreditamos que ali estava uma boa oportunidade para fazer um trabalho focado nos conceitos do nosso projeto de criação, que chamamos de 8 Virtudes. O planejamento então foi de seguir passo a passo as etapas de formação de um cavalo que possa expressar o melhor das virtudes que buscamos na nossa seleção: vontade, inteligência, rusticidade, temperamento, utilidade, docilidade, elegância e suavidade.


As iniciais dessas virtudes formam a própria palavra “VIRTUDES”. Sua doma foi realizada pelo mestre e amigo Sérgio Beck, que conduziu as etapas com muita calma e respeito pela natureza do cavalo, sem jamais intimidar ou submeter o cavalo à força. No seu primeiro ano de sela, fiz algumas provas de enduro de regularidade, para dar experiência nas trilhas, locais diferentes e outros cavalos desconhecidos. A partir daí, e por gostar muito da modalidade de Equitação de Trabalho, escolhi o Astro para seguir esse tipo de treinamento, dada a sua aptidão para uma equitação de base clássica e, ao mesmo tempo, voltada para as situações de lida de campo. No ano de 2011, o Astro estreou na modalidade com bons resultados, ganhou uma prova em Sorocaba e outra em Águas de Lindóia. Este ano também participou de uma prova em Itapira, vencendo novamente. Como o Astro foi treinado para participar da exposição argentina? O treinamento para a apresentação na Argentina seguiu o programa normal dele, sendo uma rotina de equitação clássica e de exercícios nos obstáculos da Equitação de Trabalho. Sobre essa base, a amazona Luíza Magalhães, sua treinadora na Coudelaria Função, acrescentou algumas demonstrações da relação que os dois desenvolveram juntos, evidenciando a suavidade nos gestos de ambos e a confiança mútua conquistada.

do trabalho da equipe, selecionar os indivíduos que melhor expressem as oito virtudes que mais apreciamos nos cavalos: vontade, inteligência, rusticidade, temperamento, utilidade, docilidade, elegância e suavidade. Nosso entendimento é de que essas virtudes existem naturalmente nos cavalos, em intensidades diferentes, de acordo com cada indivíduo, mas que também podem se manifestar melhor em função da forma como interagimos com eles e das condições de criação oferecidas. Ao longo do tempo, e geração após geração, buscamos um cavalo que apresente de forma genuína a expressão mais equilibrada dessas oito virtudes.

Faça um balanço da feira. Como foi a participação do Marchador? A feira “Nuestros Caballos” me impressionou pelo bom público, seu interesse e gosto pelos cavalos, pela variedade de raças e apresentações, além da boa oferta de materiais relacionados às atividades equestres em geral, especialmente os trabalhos artesanais em couro, prata, ossos e chifres de animais. Gostaria de voltar? Tenho procurado frequentar eventos equestres para ter uma visão mais ampla dos assuntos relacionados aos cavalos. Considero uma boa maneira para ver novas ideias e desenvolver a capacidade de avaliar melhor o que vamos fazendo no nosso haras.

Quais são as características que prioriza na sua tropa? O projeto do Haras das 8 Virtudes tem como meta, através da criação e Marcha Brasil |

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Nesse sentido, provavelmente vou selecionar novas feiras antes de repetir alguma que já tenha visitado.

pre dóceis e calmos diante da aproximação do público, que mais parecia “um verdadeiro enxame de gente”.

Como avalia a aceitação do Marchador fora do Brasil? O Mangalarga Marchador desperta bastante interesse no público que o conhece pela primeira vez. É uma raça com muitas qualidades que agradam a quem gosta de cavalo, especialmente àqueles que buscam no cavalo uma opção de lazer. A aceitação de quem tem a oportunidade de experimentar o cavalo é geralmente muito boa.

Qual a vantagem de mostrar o Marchador para o mundo? Costumo comprar livros sobre cavalos em geral, sempre que encontro algum novo e interessante. Fico surpreso ao ver que uma raça com tantos criadores e cavalos registrados esteja ausente de tantos livros internacionais sobre cavalos no mundo. Raças com muito menor expressão numérica aparecem em livros trazendo informações sobre suas origens, características e desempenho. Raramente encontro o mesmo para o nosso Mangalarga Marchador. Às vezes encontro uma breve referência superficial, misturada com outras raças brasileiras ou da América do Sul. Acredito que esse trabalho de apresentar o MM em eventos na Europa e agora na Argentina possa ajudar a mudar essa situação.

Como foi a hospitalidade argentina? Durante a feira em Buenos Aires, temos que destacar o empenho do Carlos Di Somma, presidente do recém-criado núcleo na Argentina. Ele não mediu esforços para fazer dessa apresentação um sucesso e esteve pessoalmente à frente de cada atividade, o tempo todo, apresentando os cavalos, fazendo a locução traduzida das informações que o nosso diretor da ENA, Thiago Resende, prestava e atendendo a todos que visitavam o stand do Mangalarga Marchador. O que mais me impressionou foi a quantidade de famílias que vinham ver os cavalos após cada apresentação. As crianças se aproximavam e agradavam os cavalos por muito tempo. Os pais queriam sempre colocar os filhos montados para tirar fotos. Nossos três representantes deram um show de temperamento, após executarem demonstrações de marcha e função, eram sem188 | Marcha Brasil

O que mudou depois de participar de um evento internacional?

Especificamente, aumentou minha preocupação com o controle dos carrapatos. É um problema de grande impacto para as possibilidades de expansão internacional da raça. Como avalia a raça hoje? Eu gosto muito de cavalos em geral. Gosto de conviver com eles em liberdade e de montar, seja no trabalho da fazenda, percorrendo o cafezal, seja em passeios ou cavalgadas longas, ou, ainda, praticando algum esporte, no meu caso, os Enduros e a Equitação de Trabalho. Poderia fazer tudo isso com cavalos de várias raças, mas minha preferência é pelo Mangalarga Marchador. A raça tem muitas características boas para lidarmos com ela. No nosso haras procuramos trabalhar sob a forma de virtudes. Vejo claramente um grande potencial para a consolidação do MM como um cavalo de sela fantástico, muito equilibrado, que atenda com muita qualidade às necessidades de criadores, fazendeiros e pessoas que buscam no cavalo uma forma de lazer. Vejo também uma evolução contínua em vários aspectos da criação, do treinamento e das exposições. Esse é o melhor caminho para crescer e conquistar novos admiradores: evolução. Dificilmente a evolução se consegue com unanimidade, sem passar por alguma “turbulência” e dúvidas. “Não se faz um omelete sem quebrar os ovos”. Acredito nisso, mas acredito, sobretudo, em planejamento sério, tecnicamente fundamentado, com critérios claros, objetivos bem comunicados e uma execução disciplinada.




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14 Marco Túlio Lemos com Chico Diane (Haras F.A.D), Luiz Henrique De Simone (Técnico da ABCCMM) e André De Simone (Haras Bico de Lacre), em Ourinhos/SP. 24 Marcelo, Paulo Vianna (Haras Canto da Mata), Almeida e Fernando (Haras Mário Andrade) e Marco Túlio Lemos, Ourinhos/SP. 34 Jonathan (Haras Gasparim) , Gerson Guilhen (Haras Barein), Marco Túlio Lemos e Luiz Carlos Corazzari (Haras Duplo Z) , Ourinhos/SP.

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44 Chico Diane (Haras F.A.D), Guaíra (Haras do Guaíra), Paulo (Haras do Guaíra), Marcelo Ravagnani (Haras 5M), Robson Fernandes (Haras Tropical) e Marco Tulio Lemos, em Itu/SP. 54 José Eduardo Simões (Vale da Prata), Alexandre Monteiro (Supporte), José Fraga e Luizão (Núcleo da Alta Mogiana), Magon (Haras Ana Helena), Luiz Carlos Bueno (Haras Passo Fino), Paulo Vianna (Haras Canto da Mata), Guaíra, (Haras do Guaíra), André Maurício, (Haras Trás-os-Montes) e Marco Tulio Lemos, em Itu/SP. 64 Marco Tulio Lemos, Mário Lúcio Borges (Haras do Sonho), Dauto Naves Barbosa (Haras D2) e Guilherme Meirelles (Haras Standart), em Varginha/MG. 198 | Marcha Brasil

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74 Marco Tulio Lemos, Fernando Rochus (Haras Hosana), Darcio e Grazielle Braga (Haras da Matina) e Gerson Guilhen (Haras Bahrein), em Jacareí/SP. 84 Waldemar Pellegrino e Vick (Haras Bosque do Içá) e Marco Tulio Lemos, em Jacareí/SP.

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94 Baby e José Eduardo Simões Filho (Haras Vale da Prata), Gerson Guilhen (Haras Bahrein) e Marco Tulio Lemos, em Itapetininga/SP.

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104 Wilson de Biassi (Haras Tacaratica) e Marco Tulio Lemos, em Jacareí/SP. 114 Luiz Henrique De Simone (Técnico da ABCCMM, Marco Tulio Lemos, Diego Vitral (Árbitro da ABCCMM), Silas (Haras Enseada), e André Quadros (Árbitro da ABCCMM) e Cláudio Gomes Vieira (Haras Tuiuti), em Avaré/SP. Marcha Brasil |

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