JamelĂŁo
JamelĂŁo Daniel Batista
Hoje eu pisei num jamelĂŁo. Eu poderia ter me irritado por manchar o sapato, mas o que senti mesmo foi saudade.
Eu estudava na Asa Sul, mesmo sendo longe de casa, as boas escolas ficam lá, é o que minha mãe dizia. Assim, eu acordava cedo para chegar na hora. Demorava amarrando meu tênis, colocava o uniforme e vestia meu casaco.
Um dia, indo para escola com minha mãe, pisei numa coisa. Olhei para a calçada rachada e, ao invés da cor marrom de sempre, o chão estava roxo. E roxo estava meu tênis também.
-Mas que droga! -Olha a boca, menino! Minha mãe riu e pegou uma das várias bolinhas roxas no chão e, para minha surpresa, pôs na boca. -Ecaaaa! – Eu era uma criança bem fresca, eu admito. -Tá muito bom, você deveria provar. -Mas tava no chão!
-Bom, a gente precisa se arriscar às vezes. Vai que é bom e você nunca descobre? Eu a olhei desconfiado. Fixei naquela bolinha de casca brilhante, parecia uma mini berinjela. Eu era preocupado com germes, ficar doente, perder aulas. O sino da escola tocou, era a hora de decidir.
Recusei a oferta de minha m찾e, dei as costas e catei minha pr처pria fruta do ch찾o. Nesse dia eu aprendi a me arriscar. E que eu adorava jamel찾o.
Universidade de BrasĂlia Projeto grĂĄfico: Daniel Batista Setembro de 2016