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CLASSIFICADOSVEÍCULOS

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Esboço da Kombi desenhado em 1947 RAQUEL CAMARGO/SINDICATO DOS METALÚRGICOS DO ABC/DIVULGAÇÃO

Primeiro modelo produzido em 1957

AQUELE QUE FEZ

PARADA NO TEMPO Sem o auxílio de robôs, a linha de produção é composta por 322 funcionários. O modelo Standart tem 4.620 peças. Simão lembra que, na sua época, entre 1960 e 1963, eram duas linhas e cada uma produzia cerca de 25 unidades por dia. Em julho deste ano foram produzidas 2.125 unidades, uma média de 70 por dia. ORGULHO DE PÉ A Kombi tem uma vantagem para o ponteador: é possível trabalhar em pé, mesmo dentro da carroceria. Depois que saiu da VW, Simão passou por diversas empresas de autopeças até voltar para a montadora em 1968, quando foi trabalhar na linha de montagem do Fusca (abaixo). “No Fusquinha dava 134 pontos de solda em dois minutos. Fazia a fixação do banco, mas o problema é que tinha que ficar envergado e acabei com problema na coluna”, conta. O Fusca o aposentou, mas ele não conseguiu dinheiro suficiente para comprar uma Kombi. Queria uma para vender frutas na rua, já que tinha experiência na feira, no Recife. RAQUEL CAMARGO/SINDICATO DOS METALÚRGICOS DO ABC/DIVULGAÇÃO/REPRODUÇÃO

NA LUTA

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mente em relação ao acabamento. De 1957 a 1986, a Kombi teve a versão luxo e, de 1997 a 1999, a Carat.

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Virou dono de dois bares em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e participou como sindicalista da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT). Tentou, sem sucesso, a candidatura para uma vaga na Câmara Municipal de São Bernardo do Campo e hoje se orgulha dos cinco filhos e seis netos. Enche a boca para contar de um rebento, o mais velho, que trabalha na Bosch, e de outro que mora em Brasília e atua no projeto de microcrédito do governo federal. MA R

Quando começou a ser produzida no Brasil, o índice de nacionalização da Kombi era de 50%. Em 1961, já alcançava 95% e Simão Nunes Pereira (acima), então com 28 anos, trabalhava há um ano na Volkswagen como ponteador da perua. “O pessoal montava a lateral e a parte traseira, depois eu vinha soldando com a ponteadeira", lembra Simão, hoje com 74 anos. Nascido no Recife (PE), ele é o exemplo do autêntico metalúrgico brasileiro, que ajudou a construir a indústria automobilística nacional. Começou a trabalhar ainda menino, na feira da Casa Amarela, junto com o pai. Depois, passou por quatro ou cinco empresas, a maioria têxtil, todas em Pernambuco, até migrar para São Paulo. Em 1960, ingressou nas fileiras da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, onde a Kombi é fabricada até hoje.

FOTOS: VOLKSWAGEN/DIVULGAÇÃO

MUDANÇA Foi em 1976 que Simão ficou encos-

tado por causa do Fusca. Um ano antes, a Kombi passou por sua modificação mais significativa. As portas dianteiras tinham janelas com duas peças corrediças de vidro, mas o sistema passou a ser manuseado por manivela, como é atualmente, e a entrada de ar, que era no teto, foi instalada entre os piscas. Foram diversas mudanças ao longo de seus 50 anos, principal-

SIMPLES A injeção eletrônica só chegou em 1997, fazendo com que a Kombi fosse o último modelo a deixar o carburador. Também foi a última a abandonar o motor refrigerado a ar, no final de 2006, em ambos os casos forçada pela legislação ambiental. Mas direção hidráulica e ar-condicionado são luxos que não existem nem como opcionais para quem quer comprar uma Kombi. Aliás, o único opcional é o desembaçador do vidro traseiro. Uma Kombi Standart completa custa R$ 41.385, na cor invariavelmente branca (abaixo à esquerda). TESTE A reportagem do caderno Veículos dirigiu a Kombi por uma semana. O motor 1.4 flex a deixou com um som diferente, mas a dureza da direção, a falta de jeito para encontrar uma posição para guiar e os engates pouco precisos levam a pensar que o veículo deve ter um algo a mais para ter uma vida tão longa. Problemas de conforto e segurança de lado, a Kombi é um barato. Vê-se o trânsito de um andar superior. Também se escuMARLOS NEY VIDAL/EM

ta melhor o som ambiente, pois sem rádio e arcondicionado os vidros ficam abertos dia e noite.

APRENDIZADO Com o tempo, aprende-se que o

volante também serve de almofada para esperar o semáforo abrir, que o frentista acha engraçado colocar álcool na Kombi e que manobrar em uma vaga simples com ela é exercício pesado. Porém, depois que se conversa com motoristas experientes na arte de guiar uma Kombi, aprende-se que para manobrá-la é preciso usar a técnica do balanço, ou seja, acelerar e pisar no pedal da embreagem levemente, para amaciar a direção. Tentar virá-la parada é um erro crasso, que pode, com o tempo, prejudicar o sistema de direção.

DEFEITO Não foi possível, entretanto, devolver a Kombi usada para a reportagem com a caixa de marchas funcionando. Depois de rodar cerca de 500 quilômetros, incluindo trechos em estrada de terra e com capacidade máxima (nove pessoas), a primeira marcha não engatava mais. Aliás, engatar, engatava. O problema é que não segurava e a alavanca voltava para a posição de ponto morto. Mas não é nada para um modelo projetado em 1947 e que começou a ser produzido no Brasil há exatos 50 anos. Se fosse um carro moderno, só o reboque daria conta, mas a idade tem sua vantagem e mesmo com o defeito foi possível guiá-la até a concessionária, forçando a primeira no muque, é claro. VELHA FOGOSA Grave mesmo são os incêndios

(abaixo) que contribuíram para a fama de insegura da perua. O desmazelo de alguns proprietários e a idade avançada de muitas Kombis, aliados ao filtro de combustível próximo ao distribuidor, fizeram com que o modelo se transformasse em incendiário potencial. Porém, com a mudança da geração, em 1997, o risco diminuiu com as alterações na disposição dos componentes. Mas a frota circulante de peruas “fogosas” ainda é imensa. ESTEVAM PAIVA/DIVULGAÇÃO - 2/8/07


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