Livro frutos maduros preview

PAULO SALLES CAVALCANTI

Frutos Maduros Poemas

Recife 2012 1

Recife 2012 Copyright Paulo Salles Cavalcanti

CAPA

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DI AG RAM AÇÂO

Daniele Torres REVI SÃO

Paulo Salles Cavalcanti

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AG RADECI M EN TOS

A Deus, pelo dom da vida, À minha esposa e filhas, pela compreensão, Á meu pai, mãe e irmã, em memória, Aos amigos, pelo incentivo, Aos poetas, pela cumplicidade.

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PA U LO

SALLES

CAVALCANT I

Frutos Maduros

LI VRO S

PUBLI CADO S

Cúmplices - poesia - 1993 – CELPE Tempo de Viver - poesia - 2003 – Editora Bagaço Horas Verdes - poesia - 2009 - CCS Gráfica Pérolas do Ocaso - poesia - 2011 – Gráfica Provisual

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PREFÁCI O

Um livro cadenciado pelo ritmo do tempo * Bartyra Soares A poeta norte-americana Emily Dickinson, já no século XVIII, com muita propriedade escreveu: “Não há transporte comparável a um livro ou embarcações como a página de tocante poesia, para nos levar às plagas mais longínquas...” É evidente que na sua época não havia os meios de comunicação e de transporte, os quais com tanta facilidade usufruímos atualmente. Entretanto, mesmo assim, caso tivesse vivido Dickinson, neste século das inovações, creio que não teria sido outra a sua dedução.

Porque, apesar do avanço tecnológico, dos meios de transporte aéreos capazes de conduzir-nos de um continente a outro em poucas horas e da internet interligando, em segundos, numa teia intrincada a comunicação humana ao redor do planeta, ainda é o livro o elemento que carrega as condições mais satisfatórias de levar-nos às mais distantes paragens. E isso sem que percamos os referenciais de nosso país, estado, cidade, por ficarmos ancorados no porto estável de nossas casas com a liberdade de desfrutarmos das benesses que mais nos sejam agradáveis.

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Foi o que senti ao ler “Frutos Maduros”, livro do poeta Paulo Salles Cavalcanti. Nele embarquei numa correnteza marcada pela sensibilidade, viajando pelo tempo e por águas que não me permitiram o regresso, até chegar à leitura do último poema e, só então, embarcar de volta para uma releitura, desta vez, mais apurada e detida.

Em “Frutos Maduros” o leitor se depara com poemas cadenciados pelo ritmo do tempo. São versos escritos num tom despojado de hermetismo diante dos fatos da existência, mantendo entre si uma unidade de estilo, no qual o universo dos sentimentos do autor é a tônica que permeia todos os poemas, que se revelam profundamente confessionais.

Nietzsche na sua profunda sabedoria já assegurava que “se olhas longamente para dentro do abismo, o abismo olha também para dentro de ti”. Não seria esse olhar para o abismo de si próprio que fez de Paulo Salles Cavalcanti um poeta intimista, mergulhado nas tramas de sua subjetividade, contudo, sem perder a simplicidade na maneira de expressar-se?

Para que se adquira uma maior intimidade com a poesia de Paulo Salles Cavalcanti é indispensável que nos familiarizemos com certas palavras que constituem termos-chave de suas digressões poéticas. Por exemplo, fruto (e não poderia ser diferente), sonho, espelho, água, bosque e tempo.

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Vejamos nos versos abaixo alguns elementos que integram o fazer poético do autor: “Em meio a passos e silêncios vou colhendo os frutos.” (Colhendo os Frutos) “de amores que ficam e vingam.

Amadurecidos nas marcas que o tempo faz, refletidas no espelho da vida.”

(Poemas Maduros) E em “Passagem”: “Meus passos sãos os passos do tempo e das águas.”

E ainda em “Pela Vidraça:” “Através da vidraça vejo o tempo passar e ele nem sequer me nota no seu incessante caminhar.”

E este caminhar do tempo, lado a lado, com o autor é uma constante, um repetir-se contínuo, insistente, um participar intrínseco de sua vida, como vemos em “Retorno”, “Forças Indomáveis”, “Beatas”, “Desatenção”, “Canção de Liberdade”, “Contrapontos”, “Em Sorrisos”, “Partida”, entre outros. Em “Não Querer Passar” flagramos o autor indagando inquieto: “Que tempo é esse que insiste em não querer passar?”

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Na verdade, o tempo perpassa pelos poemas do autor, ora denso, ora com a leveza de bater de asas de um pássaro.

Não se trata do tempo meteorológico que, poucas vezes se faz presente, mas o tempo como elemento que rege a vida do homem, na efemeridade e na eternidade de seu próprio existir.

E o sonho, como se quisesse apaziguar essa angústia do autor relacionada ao fluir do tempo que, mesmo parecendo não querer passar, passa, vem suave, dando, aqui e ali, leveza aos versos, tanto quanto os bosques, as águas, os espelhos: Eis o que nos diz “Águas Divisoras”: “Um rio dividiu a minha existência. Águas repartidas desceram em correnteza carregando sonhos”.

E em “Ainda Assim”: “A poesia se esconde... entre bosques sem nomes” Paulo Salles Cavalcanti ao reverenciar as filhas no poema “São três”, indaga no final: “Pra que mais poesia?”

Creio não ser exagero dizer que enquanto houver (e sempre haverá) em Paulo Salles Cavalcanti inspiração para poemas do quilate de “Forças Indomáveis” e “Se Preciso”, o leitor estará expectante aguardando novos livros, novos frutos maduros a serem colhidos nos poemas que nos 8

chegarão com a beleza de quem sabe o que quer, por onde poéticos caminhos pisa, quando declara: “Se preciso sou água tecida no meio das fontes que lava e purifica.” * Bartyra Soares é poeta e contista, pertence a Academia de Artes e Letras do Nordeste – ALANE e foi vencedora do Prêmio Edmir Domingues, da Academia Pernambucana de Letras- APL, 2010 e menção honrosa em 2013, entre outras premiações.

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