Revista retina

Page 1




Editorial N

o início ela já estava lá, vagando pelo vazio, pelo nada, mas ao mesmo tempo estando em tudo. Somos rodeados por ela. Nós a tocamos muitas vezes sem perceber e a

percebemos muitas vezes sem vê-la. Formada com a morbidade de nossa pele, anda pelos cômodos carregando as impressões de um pretérito que não é mais presente, em contra partida, carrega a vida, em seu estágio mais imaturo, pelos campos e florestas nos dando a esperança de um futuro mais verde. Nos centros urbanos ela está lá, acompanhando o crescimento desenfreado nas construções de arranha-céus que mais parecem satisfazer à vaidade humana do que abrigar pessoas. Ela está na noite pútrida, no velho rock, no esquecimento dos livros, nas dobras dos casacos, na morte dos estereótipos, na ideia que surge dando vida a um novo projeto, na leveza da forma e na escuridão de um darkroom... ela é o nada que está em tudo, em todos, ela é atemporal, elá é a POEIRA. A POEIRA foi escolhida como o primeiro tema desta revista que tem como proposta oferecer um olhar transcendente, único e multifocal. Aqui você contemplará óticas diferentes sobre o mesmo pó através de depoimentos como os da dona Liliara e Luis Cláudio, das ilustrações de feras como Lorena Kaz e Nicolas Martins, além de três ensaios fotográficos, dentre eles, o de Fábio Abu. Para realizar esta edição contamos com a participação de Priscila Midori, Vitor Marcellos (Projeto Nosotros), Fei Um Tjan e Eddu Grau (Barraco#55), Marcelo Bravo (Tomada Urbana), Isabela Miranda (Infinitta), Thiago Antonelli (t+t), da galera do INSERT e do HEAVY DUTY, dentre outros, além de uma playlist com participação especial de Serguei. Novas experiências aguardam por você nas próximas páginas. Boa (re)leitura.

Aluísio Bispo


Sumário 6

Heavy Duty

14

Sebo

22

Ilustrações

26

Infinitta Design

32

T+T

38 48 56 64

Barraco 55

Brechó

Abu

Projeto Nosotros

70

Insert Rio

84

Tomada Urbana

91

Ollhares

98

Playlist


Heavy Duty

6


D

efinitivamente, ele não morreu. E existe um lugar em que seus

seguidores fazem questão de mantêlo bem vivo, onde a sensação é de voltar um pouco no tempo: roupas pretas, cabelos longos e som alto, em reverência a bandas que tiveram seu auge nas décadas de 70 e 80. Claro que ali ele também se renova, recebendo as novas gerações e dando espaço para que o rock esteja sempre entre nós.

Texto: Carol Baptista Pesquisa: Bárbara Soares, Caio Lopes, Carol Baptista, Paula Gil, Victor Cesar Gil Fotos: Aluísio Bispo e Roberto Cruz Bianco



A

história do Heavy Duty Club começou nos anos 90, quando

Zeca Urubu - membro do motoclube Balaios - foi consertar a moto em uma oficina na rua Ceará na Praça da Bandeira, Rio de Janeiro. A oficina era também um bar, já conhecido ponto de encontro do motoclube, e o dono pretendia vender. Zeca, que já foi vendedor na praia e teve barraca de doces na rua, resolveu comprar. Em 1997, o Heavy Duty abriu em um espaço apertado e escuro, onde motoqueiros e fãs de rock, heavy metal e outras vertentes do estilo se encontravam para beber muito e ouvir bandas ao vivo. Em 2006 (ou 2007, Zeca disse não lembrar ao certo) a casa passou para o endereço atual, mais amplo e com uma decoração temática que é, definitivamente, um dos pontos altos do local: bonecos do Alien e do Eddie, do Iron Maiden, peças de motos, guitarras, mostruários de bebidas, um “lustre” de garrafas de cerveja, fotos de bandas, artistas e de frequentadores, mesa de sinuca, chão xadrez e uma iluminação vermelha que, junto a outros muitos detalhes, constroem o ambiente perfeito para o público alvo. E como não falar do famoso Dark Room da casa, com “escuridão total garantida”... mas que só fica disponível ao público em festas especiais, como a Vulcânica Rock n Sexy Party.


O atendimento é outra característica

integrantes da Poeira Atômica, que tem

famosa... conhecido como o bar com

uma história bastante próxima com o

o pior atendimento do Rio, a verdade

local. A vocalista, Zaira Marques, nos

é que não há garçons. Costumam

contou que a banda - que já tem 7

trabalhar na casa os donos, Zeca e

anos - começou com a reunião de

sua esposa Alessandra Sampaio e

músicos que já tocavam em outras

mais alguns poucos funcionários.

bandas e teve diversas formações

É praticamente um auto atendimento, o que parece ser mais interessante para os frequentadores. Cada um monta a sua mesa do jeito que achar melhor, pede a cerveja e o petisco direto no balcão e depois de ser avisado pelo dono no microfone(“batata frita pronta, porra!”) volta para buscar. Tudo fica registrado em uma comanda, sem necessidade de controle de consumo por mesa, sem cobrança de 10%, muito prático para donos e clientes. A cerveja vem extremamente gelada e o cardápio de comida é bastante básico: porções de fritas, de calabresa acebolada,

filé

mignon

aperitivo,

nuggets, hamburgueres, dentre outros. No

palco,

que

parece

desde seu início. O nome - que, claro, nos interessou bastante - foi dado por um amigo dos integrantes. Ao questionarmos

o

significado,

Zaira

disse não saber se deveria dizer... em seguida, disse que o amigo comentou que a banda era isso, uma explosão. O que se confirma na voz potente e grave da vocalista e no setlist que traz covers de bandas de Heavy Metal e Heavy Rock como Judas Priest, Black Sabbath, Deep

Motörhead,

Purple,

Iron

Rainbow,

Maiden,

Scorpions,

Whitesnake, Metallica, Ozzy e Dio. Outro diferencial está na guitarra de Reinaldo GoreDoom, que não segue o protocolo da maioria dos covers e sempre faz seu próprio solo. A banda,

mudar

que está se preparando para compor

constantemente de configuração dentro

músicas próprias, conta ainda com

do espaço, tocam bandas diversas, de

Rick Ferris no baixo e Sérgio Rato na

quinta a sábado. Conversamos com os

bateria.


Sugestão para Olho: O bar mais rock and roll, com o pior atendimento do Rio. Regra nº 1: O cliente nunca tem razão. Regra nº 2: Se por um acaso o cliente tiver razão, volte a regra nº 1


A relação do Poeira com seu público é muito próxima, a sensação é de que são amigos tocando para amigos (e muitos são, mesmo, afinal a banda toca no local quase toda semana). Para eles, o local e a quantidade de pessoas importa pouco. Eles já se apresentaram em casamentos, em uma loja de móveis, já tocaram para um público de seis pessoas (com a mesma energia de um show lotado) e Zaira já cantou com seu filho, Heitor Dio, no colo. Em seus perfis em redes sociais, eles dão o aviso: «tocamos em casamentos, confraternizações, enterro de sogra, ou seja, festas em geral. Só não nos peça para tocarmos baixo!!!.


É com o espírito de bandas como essa e um público fiel que o Heavy Duty Beer Club ajuda a manter vivo o Rock e toda a cultura inerente a ele. E tem sido muito bem sucedido, na verdade, a impressão é de que ele jamais esteve sob risco de morte.


Sebo Fotografia: AluĂ­sio Bispo, Daniel Andrade, Ladylaine Machado Local: LETRA VIVA

14









Illustrador(a): NĂ­colas Martins Designer, membro do coletivo La Selva e ilustra nas horas vagas.

22

Ilustraçþes


Illustrador(a): Renato Cafuso


Illustrador(a): Thiago Sena

Illustrador(a): Lorena Kaz http://www.lorenakaz.com


Illustrador(a): Caio Lopes

Illustrador(a): Alexandre Cajueiro


Infinitta Design Por LetĂ­cia Xerez

25


P

ropagar um novo estilo de vida” - essa é a proposta da Infinitta. Com foco na valorização do autoral, no detalhe,

exclusividade e sustentabilidade, esse ambiente mistura o novo e o antigo dentro de uma atmosfera de perfeito equilíbrio e extremo bom gosto. Nesta edição batemos um rápido bate papo com Isabela Miranda, dona

e

designer

da

Decoração e Expressão.

Infinitta


P

rimeiro conta um pouco a trajetória que percorreu até chegar na Infinitta. Como definiu

que a sua história ia ser transformar materiais velhos em novos e como definiu o estilo que estes iam levar nessa transformação.


A Infinitta começou com a nossa

transformar materiais velhos em novos

O mercado do repaginado é mais

ideia minha e do Du de abrirmos

e como definiu o estilo que estes iam

difícil do que parece. Embora todos se

uma loja com uma proposta nova, de

levar nessa transformação.

encantem com as nossas soluções e

decoração e design, mas eu sempre gostei da transformação, da mistura do velho com o ultramoderno e do reaproveitamento. Fiz isso a vida toda e agora faço profissionalmente.

A Infinitta começou com a nossa ideia minha e do Du de abrirmos uma loja com uma proposta nova, de decoração e design, mas eu sempre gostei da transformação, da mistura

ideias, o fato de ser antigo ou descartado ainda esbarra no preconceito. Mas está cada vez melhor, é um conceito que veio para ficar que está bem vivo na Europa e isso conta para a adesão do consumidor brasileiro.

Como é seu processo que captação

do velho com o ultramoderno e do

de materiais, quantos % você compra

reaproveitamento. Fiz isso a vida toda e

Como é o fator erro dentro da criação

novo, quantos % você garimpa. O que

agora faço profissionalmente.

de móveis e objetos?

Como é seu processo que captação

Já teve erros que viraram acertos?

te inspira? Como você monta o objeto novo?

de materiais, quantos % você compra

Encontrar objetos interessantes no lixo

novo, quantos % você garimpa. O que

, nos brechós e ferros-velhos sempre

te inspira? Como você monta o objeto

me fascinou. Adoro pensar num projeto

novo?

especifico para aquela peça!

Os erros sempre acontecem. Mas lidamos com o imperfeito então muitas vezes fica fácil contornar o erro e transforma-lo em oportunidade, mas

Encontrar objetos interessantes no lixo

como em qualquer trabalho às vezes a

Eu diria que nos produtos que fazemos

, nos brechós e ferros-velhos sempre

gente vacila mesmo e aí tem de fazer

para a loja , a maioria parte do

me fascinou. Adoro pensar num projeto

de novo, mudar o caminho....faz parte.

descartado mesmo, já nos projetos

especifico para aquela peça!

buscamos usar o máximo de madeira de demolição e outras peças antigas, mas às vezes compramos material novo.

Eu diria que nos produtos que fazemos para a loja , a maioria parte do descartado mesmo, já nos projetos buscamos usar o máximo de madeira

Esse resgate do “vintage”, tem se

de demolição e outras peças antigas,

refletido em outras áreas, como na

mas às vezes compramos material

fotografia. Você enxerga isso como uma

novo.

tendência

passageira,

característica

dos ciclos da moda, ou pensa que sempre foi uma estética de vanguarda e portanto valorizaremos?

Esse resgate do “vintage”, tem se refletido em outras áreas, como na fotografia. Você enxerga isso como uma tendência

passageira,

característica

Primeiro conta um pouco a trajetória

dos ciclos da moda, ou pensa que

que percorreu até chegar na Infinitta.

sempre foi uma estética de vanguarda

Como definiu que a sua história ia ser

e portanto valorizaremos?


Agora a Infinitta vive um momento de muitos projetos. Decoração de interiores mesmo e estamos adorando oferecer um projeto bacana, rico e ao mesmo tempo com história.



Por Alexandro Sá

t

Fotografia: Gabi Carreira

+ t

P

aixão, Design e Colaboração são pontos chaves para a criação dos belíssimos móveis da t+t, fundada pelo carioca

Thiago Antonelli e o dinamarquês Thomas Mach. Em uma

32

conversa com Thiago conhecemos mais sobre essa incrível empresa.


Como foi esse caminho até vocês chegarem no que a empresa é hoje. E Como vocês definiram que era isso que vocês queriam fazer? Eu (thiago) e Thomas, nos conhecemos em 2005 na faculdade de design de Umea

(Umeå

Designhögskolan)

na

cidade de Umea que fica a uns 1000 km ao norte da capital de Estocolmo (Suécia). Na época não tínhamos idéia e nem nenhuma pretensão em montar algo

juntos,

estávamos

totalmente

dedicados aos projetos da faculdade. A idéia da nossa colaboração veio apenas 5 anos depois, quando resolvi convidar o Thomas para desenharmos móveis em parceria. Para ser mais exato, meu irmão (Luca Antoniolli) me pediu que eu desenhasse móveis para sua casa e eu achei que seria mais divertido desenhar os móveis em parceria do que sozinho. E bastou um e-mail de 3 linhas para convencer meu amigo Dinamarquês a desenhar comigo os móveis do Luca. Na verdade foi muito fácil convence-lo por que sabia da paixão de Thomas em projetar móveis. E é essa paixão em comum que nos fez escolher desenhar cadeiras e mesas, e essa é a paixão que nos mantém motivados a continuar desenhando. Amamos o que fazemos!


Ficamos quase um ano para fechar

Quando os primeiros móveis ficaram

a linha 2012. Foram muitos desenhos,

prontos,

centenas de e-mails, alguns protótipos e

estranha, queria tranca-los aqui em

muita dor de cabeça com fornecedores.

casa e não queria que ninguém os

A chegada do Thélvyo (nosso terceiro

visse. Não que não tenha gostado

t) foi fundamental para que nossos

do resultado final, pelo contrário. Mas

rabiscos saíssem do plano das idéias

por ser uma parte de mim, naquele

para a realidade.

momento desejei mesmo parar tudo

Hoje nossos móveis estão expostos em Ipanema na loja da galeria021 e temos um belíssimo atelier no coração

foi

uma

sensação

muito

por ali. Sempre dá um frio na barriga antes de você mostrar para o “público” o seu trabalho.

da floresta da tijuca, na Barrinha.

Já o Thomas, por morar na Suécia,

Podemos contar com a parceria de

tivemos que mandar a cadeira tt39

excelentes fornecedores pelo Brasil

pelo correio e ele só pode ver ao vivo

à fora e estamos montando nossa

os produtos finais alguns meses depois

própria marcenaria no Interior do Rio

de prontos. Ele me disse, por skype,

de Janeiro.

que se sentou na cadeira e ficou um

Ao olhar os seus produtos vemos a beleza e leveza incrível que eles passam. Fazendo um grande contraste entre o produto sendo ainda produzido, cortado, lixado no meio de uma poeirada, o que vocês sentem ao ver o produto após esse processo, pronto pra ser vendido? Ficamos na expectativa que nossos fornecedores executem os projetos exatamente do jeito que imaginamos. O sentimento é de pura ansiedade, “será que vai dar certo?”. São muitas viagens aos subúrbios do Rio, São Paulo e Minas Gerais para fazermos com que tudo saia perfeito.

tempo meditando, imaginando tudo o que a árvore que deu origem a madeira daquela cadeira deve ter presenciado, visto, ouvido e sentido.



Qual é o grande diferencial da t+t? E onde vocês se inspiram pra fazer

Nesse mercado, eu acredito que o

seus produtos?

diferencial é a expressão estética de

No começo do processo a inspiração vem de todos os cantos. Referência, natureza,

cotidiano

urbano

etc.

Mas, com o passar do processo, lá pela segunda rodada de troca de desenhos é que a coisa começa a ficar interessante e começamos a nos inspirar um nos desenhos do outro. Nesse momento a referência se torna o sketch do outro. Daí a soma, a troca e a colaboração. E é isso o que me encanta na t+t.

cada marca ou designer. Os gostos de quem consome esse tipo de trabalho varia muito. Há quem ame nosso trabalho e também existe pessoas que não gostem. Não podemos e não queremos agradar a todos, estamos aí para proporcionar mais uma opção. Assim como não existe o melhor filme, também não existe a melhor cadeira, e não temos essa pretensão. Somos uma marca jovem, amamos o que fazemos, mas ainda somos sonhadores e temos que comer muita poeira para poder chegar lá.



Por Aluísio Bispo Fotografia: Aluísio Bispo e Ladylaine Machado e Barraco #55

B

ARRACO # 55 é uma incubadora para projetos comunitários, onde

os interessados em cultura, artistas,

BARRACO #55 é uma incubadora para projetos comunitários, onde ficar para colaborar e resolver os os interessados em cultura, artistas, problemas locais sócio-culturais. As e pesquisadores podem ficar estudantes colaborar e resolver os problemas atividades são realizadas no para Complexo locais sócio-culturais. As atividades são do Alemão. realizadas no Complexo do Alemão. estudantes e pesquisadores podem

38


O

Complexo do Alemão é um conjunto

de

treze

favelas

da Zona Norte do Rio de Janeiro. Considerada

durante

muitos

anos

como uma das mais violentas da cidade, quase

abriga 400.000

aproximadamente habitantes,

entre

esses encontram-se artistas, ativistas, além de ONGs e associações. É um lugar muito interessante que tem se desenvolvido paralelamente ao resto da sociedade brasileira, devido ao descaso do Estado por décadas. Lá, a vida está organizada de uma forma muito particular: o espírito criativo e a capacidade de improvisação dos moradores é muito inspiradora. Além disso, a cultura da favela é única e muito mais rica do que somente funk carioca, como a mídia muitas vezes tenta nos fazer acreditar.


O projeto foi criado por quatro jovens,

Tudo teve início numa universidade

Eddu,

da Holanda, quando Fei e Ellen, que

Fei,

Ellen

e

Rodrigo,

que

acreditam no potencial da arte e da

trabalhavam

cultura de conectar pessoas além

Conclusão de Curso , Ellen resolveu

do desenvolvimento social e humano,

fazer uma vivência no Morro do

principalmente em áreas pobres.

Complexo do Alemão, onde contou

Eddu Grau é um carioca músicocompositor, cantor e guitarra e ativista social. Nascido e criado no Complexo do Alemão, ele sabe muito sobre a realidade local social e econômica, os problemas, as necessidades e potencialidades. Fei Um Tjan e Ellen Sluis,

holandesas,

trabalham

com

novas mídias. Nos últimos anos elas têm feito projetos de mapeamento, visualizando histórias e sonhos da juventude de Amsterdã em diferentes linguagens

de

mídia

(fotografia,

texto, áudio, vídeo). Ambas viveram e trabalharam na América do Sul há vários anos em projetos semelhantes. Rodrigo Saavedra é um ativista social colombiano e artista; músico baixista, saxofonista e design de áudio-visual. Ele sabe tudo sobre o fazer e não fazer de um centro cultural depois de ter tido o seu próprio em Bogotá até 2008. Os quatro de formam uma dinâmica, diversificada, crítica, e acima de tudo muito entusiasta equipe, acreditando no potencial do Barraco #55 para reunir as pessoas e conseguir uma mudança local.

em

seu

Trabalho

de

com a ajuda de Eddu, já Fei resolveu fazer a sua vivência na Colômbia, onde conheceu Rodrigo. Após essa vivência de comportamento do local e de pessoas que habitavam naquele local. Fei e Ellen retornaram para Holanda, trocando

experiências

que

ambas

viveram em seus respectivos projetos, surgiu uma idéia de se juntarem,

que o Eddu já havia comentado com Ellen o seu desejo de criar algo que realmente fosse pra comunidade e não pro pessoal fora dela. Ellen que era amiga de Fei a convidou para participar do projeto, assim Fei fez o mesmo com Rodrigo. Após muitas conversar os quatros resolveram colocar a mão na massa e fazer o projeto virar realidade. Fei e Ellen organizaram uma pequena festa na Holanda com a ajuda de familiares

para

conseguirem

um

dinheiro para poderem voltar ao Brasil e procurar um “barraco” para o projeto.




Aliás, o nome “barraco” foi dado justamente

com

a

intenção

de

caracterizar como algo que é instalado na favela. Eles não queriam um projeto sediado no asfalto e realizado na comunidade, eles queriam algo da comunidade pra comunidade. O “55” veio pelo fato de ser este o código telefônico do Brasil. Enfim, a ideia era dizer que era o “Barraco do Brasil”. Para manter as atividades do Projeto, eles criaram um hostel (albergue), assim pessoas de vários lugares podem permanecer ali para conhecer um outro Rio de Janeiro (pouco mostrado lá fora) e, quem quiser, participar das ações do Barraco #55. Perto da sede do projeto fica a praça onde são realizadas as atividades, dentre elas: oficinas de inglês, de música e audiovisual, além do CineMoto. Todas as atividades são gratuitas. A renda do projeto é oriunda do hostel e da colaboração de amigos e familiares. O

Barraco#55

inicia,

apoia

e

facilita projetos em todas as áreas: sustentabilidade, inclusão social, arte e cultura (música, audiovisual), mas também está aberto a novos projetos. Fundamental em sua forma de trabalhar é a colaboração e a interação com os moradores locais, e da troca de cultura.


CINEMOTO É uma motocicleta velha com um projetor exibindo vídeos curtos nas paredes da comunidade. JAM DO BARRACO Todo segundo sábado do mês há o JAM do BARRACO #55, uma ‘festa’ de colaboração, onde todos podem apresentar a sua música, poesia, dança, efeitos visuais e tocar juntos! Tudo realizado na Praça. MÃES E FILHAS DA ALVORADA Todos os dias que estamos sentados na Praça #55, vemos centenas de jovens, idosos, religiosos, não religiosos, mães com crianças que passam. Em agosto de 2012, atual estudante de cinema Marina Meijer começou a tomar foto dessas mulheres e preparálas para uma exposição local com a sua aprovação. Infelizmente, ela teve que sair antes que pudéssem fazer um anúncio real grande. Contudo, Fei retomou o projeto somando às fotos coletadas, histórias das mulheres da comunidade que levam a um conjunto diversificado de outras histórias. Este projeto ainda está em execução e quem quiser é mais que bem-vindo para se juntar este pedaço de colaboração com idéias e sugestões.



PROGRAMAÇÃO DA PRAÇA Mensalmente: JAM do Barraco #55 e Domingo Culinário Terças:

Oficina

de

Inglês

não-

convencional - 17h Quartas: Oficina de Música - 17h Sábados: Oficina de Audiovisual - 13h Segundas e Sextas: Oficina Variável 17h Quintas e Sábados: CineMoto - à noite


CONTATO Telefone +55 (21) 7184 4850 / 7184 4465 Skype: barraco55 E-mail

nos@barraco55.org

Website: barraco55.org


48


Brechó Modelo: Priscila Lizardo Fotografia: Letícia Xerez Produção: Ladylaine Machado Roupas e Locação de Imagem: Brechó do Casarão








ANUNCIO

Poeira é tudo aquilo que está assentado, parado; parado é tudo aquilo que não se move, que está inerte; inerte é tudo aquilo que está morto, morto aos nossos olhos e conceitos de movimento = vivo, energia circulante, acesa, inconstante e incomodada por natureza, a natureza da evolução. Mas aí eu pensei, e o que está inerte, é

morto,

poeira

parado... no

e

ambiente

o

que mais

inconstante, incomodado, vivo e em eterno movimento que é o líquido, o fluido, a água... E essas fotos são o começo de um estudo sobre o que está parado e morto no meio do movimento, como são e como estão estas figuras que nos passam despercebidas todos os dias aos nossos olhos... E começei pela piscina, pela proximidade tanto do insight quanto da distância de espaço. E também por ser um ambiente com uma coloração interessante e desafiadora. E esse é o começo de um estudo...

56


Abu Fotografia: Fabio Abu


ANUNCIO



ANUNCIO



Projeto Por Aluísio Bispo e Paula Gil

T

rabalhar

num

projeto

autoral,

buscar referências e ainda fazer

uma grande viagem por toda a América

64

Latina. Um sonho? Para Priscila Midori e Victor Marcello esse sonho é uma realidade e se chama Nosotros.


Da mesma forma como os gringos veem o Brasil somente como futebol, samba, carnaval, verde e amarelo, calçadão

de

Copacabana,

nós

vemos os outros países da América Latina, cheios de estereótipos, que vão de sombreros a charutos. Para desmistificar essas ideias padronizadas dos nossos vizinhos que Priscila e Victor criaram o Projeto Nosotros, que tem como objetivo apresentar jovens artistas e criativos, e mostrar que a cultura latina de hoje está no mesmo nível de qualidade de qualquer país desenvolvido.


egundo Victor, a escolha do

S

Para que o projeto fosse realizado,

projeto se realizar na America

foi necessário um ano de conversa,

Latina é por que materiais sobre jovens

planejamento e muita pesquisa para

designers

estabelecer um formato e um conceito

americanos,

europeus

e

japoneses é muito fácil de ser coletado,

final.

visto que por aqui é tudo muito recente,

pedido de demissão do trabalho para

faltava uma documentação do que

que dessem início à viagem. Visto isso,

anda

completa

o principal objetivo foi mostrar que a

dizendo que isso se deve também ao

América Latina está conectada, unida

fato de termos vivido um passado de

pela arte.

ocorrendo.

Priscila

E também um imprescindível o

“As pessoas que se destacam aqui são consideradas exceções. A gente queria

colônia e de nos espelhar no que vem

mostrar que isso não é mais

de fora como se aquilo fosse o melhor,

uma exceção, isso é uma

sendo que aqui temos uma cultura

realidade”

muito rica, com muita cor, ritmo, sabor e por isso é hora da gente olhar pra dentro pra começar a ser original.

Victor Marcello


A viagem começou pelas pesquisas realizadas pela internet sobre artistas no Uruguai e com isso foi se formando uma rede onde um artista indicava o outro e assim conheciam suas obras, viam exposições e mais trabalhos com os quais se identificavam. Entrevistaram designers, músicos,

ilustradores, toymakers

versatilidade

nesses

quadrinistas, e

viram

a

profissionais.

Como aqui temos o “ jeitinho brasileiro”, nos demais países latinos também em desenvolvimento, há algo parecido. Como Victor diz “ temos que aprender a fazer um pouco de tudo, a cultura do “do it yourself“.

Na falta de recursos

, temos que nos adaptar e acumular funções, o que nos torna profissionais mais completos e preparados. Dentre todos os países visitados o que mais os instigou foi o México pela força, as cores aparentemente mais vibrantes e o orgulho pelo passado e cultura milenares. Os mexicanos se mostraram um povo muito autorreferente ainda que

cosmopolitas.

Foi

no

México

que perceberam que ainda que o projeto seja referente a cultura latina contemporânea,

Victor

e

Priscila,

valorizam muito o passado e sabem o quanto ele enriquece e influência o que produzimos.


“Somos o que há de mais fresco no cenário cultural e devemos parar de olhar tanto pra fora e voltar a atenção a nós mesmos.” Victor Marcello

Agora o Projeto Nosotros visa mostrar ao mundo que a nós não devemos nada a ninguém quando o assunto é criatividade. Que não temos mais aquele estigma de colônia. Ao mesmo tempo em que internet diluiu as fronteiras, ela nos fez enxergar o nosso verdadeiro potencial.


Com relação a visão do Projeto Nosotros sobre o Brasil, eles dizem que é o nosso país é a fase final do projeto e também a mais difícil para seleção de artistas, já que, segundo eles,

“[...]existem vários Brasis dentro do Brasil. e vamos ter que optar por um recorte disso”. Já entraram em contato com algumas pessoas e em breve voltaram a fazer as malas. – Priscila Midori

“Começamos essa viagem sem falar uma palavra de Espanhol e hoje, não só sentimos muito orgulho de sermos latinos, como também sabemos o quanto os outros países têm orgulho de ter o Brasil como parte dessa identidade. “ – Priscila Midori

Saiba + em http://www.projetonosotros.com




T

udo começou com um grupo de designers há um pouco mais de

dois anos. Através de papos informais, e-mails, Skypes, foi nascendo uma ideia que evoluiu para um projeto que mexeu com a vida de todos os envolvidos e mobilizou o cenário do design nacional. Esse projeto se tornou um grande evento conhecido hoje pelo nome de INSERT.

70


Fotogr

afia: A luís

Por Alu

io Bisp

ísio Bis

o. Luke

, Raul,

po

e Reule



S

eu idealizadores, Helen Pereira, Uno de Oliveira, Fellipe Ribeiro,

Leo

Faria,

João

Faraco,

Lucyano

Palheta, Ailton Henriques, depois de participarem

de

tantos

conferências,

congressos,

encontros, viram

a

carência e a oportunidade para um evento de grande porte de design no Brasil. Um evento para chamar de nosso... e por que não no Rio? O

INSERT

não

é

apenas

para

profissionais, ou estudantes. O evento estabelece sua relação com a arte, design, moda, tecnologia e cinema, ou seja, é para todos aqueles que, de alguma forma se relacionam com essas áreas. O objetivo do evento é dar ao participante um olhar amplo sobre as

multidisciplinaridades

do

design

aplicadas ao mundo. Com

mais

de

1000

participantes,

a primeira edição contou com 8 palestras, nacionais e internacionais, 2 mesas-redondas, 6 mini-cases de estudantes e pequenas agências, 3 cases especiais, além de 5 workshops e uma área de visitantes com feira de stands, exposições e atividades, e uma mega festa no fim do primeiro dia! Tudo isso banhado pelo calor da cultura e do ambiente carioca, no Centro Cultural Ação da Cidadania, um galpão incrível no coração da região portuária da cidade.


PALESTRAS As

atrações

principais

foram

as

palestras. As internacionais contaram com a participação de profissionais de peso: Os americanos Joshua Davis e Aaron Duffy , Pablo Alfieri da Argentina, alemão Eike König e do Reino Unido, Thomas Manss. Palestrantes

brasileiros

também

falaram de seus trabalhos inspiradores, mostrando

como

as

diversas

vertentes do design nacional estão se fortalecendo e solidificando uma cultura do design no Brasil. Entre eles, Claudio Peralta, supervisor de efeitos da Conspiração Filmes, André Stolarski, diretor da Tecnopop, e Ricardo Bezerra e Maíra Rahme, da Tátil Design. MESAS-REDONDAS Também

no

palco

principal,

dois

encontros inéditos aproximaram os participantes de dois temas opostos, mas relacionados. A mesa-redonda Design Hoje foi uma discussão

sobre

os

caminhos

do

design nacional hoje, as realidades do mercado atual nos aspectos profissional e acadêmico, feito por Fernando Reule, Rafo Castro, Renato Facchini e Bruno Porto, sob mediação do Prof. Luciano Tardin. Já a mesa Design Sempre foi uma viagem pela história do design no


Brasil, relembrando os valores que foram construídos para chegarmos onde estamos hoje, e aprendendo com o legado que foi deixado. A mesa contou com a presença de Nair de Paula Soares, Rafael Rodrigues, Roberto Verschleisser e Irene Peixoto, sob mediação da Dra. Livia Rezende. CASES ESPECIAIS Três cases especiais também estiveram sob o spot do palco principal: Fabio Lopez, apresentando seus projetos de crítica social utilizando o design como ferramenta de comunicação; Henrique Nardi e Mariana Ochs, mostrando como uma tipografia adequada pode fortalecer

a

mensagem

de

uma

publicação; Priscilla Midori e Victor Marcello,

apresentando

o

Projeto

Nosotros, uma viagem pela América Latina em busca da relação de cada cultura com os trabalhos criativos locais.


MINI-CASES Além das palestras e mesas-redondas, o palco principal recebeu também 6 mini-cases de estudantes recémformados que

e

pequenas

mostraram

apresentaram

seus

seus

agências,

trabalhos

processos.

e Os

mini-cases foram selecionados a partir de envios de propostas de dezenas de estudantes e jovens profissionais, e os que subiram ao palco foram: Pedro Segreto e Marcelo Alt, do studio Caos!; Elenay Oliveira, da Revista Leaf; Renato Carvalho, do Startaê; Carlos de Oliveira Junior e Marlus Araujo, apresentando o projeto Bicicletorama; Rodrigo Minguez e Pedro Perdigão, da EPA!; e Bee Grandinetti, apresentando seu projeto de graduação Sem Tarja Preta.


WORKSHOPS Para quem queria botar a mão na massa e aprender na prática, o INSERT abrigou 5 workshops. As oficinas eram sessões curtas o bastante para o participante não perder o resto do evento, mas completas o bastante para um bom proveito exploratório e inspirador de um assunto específico. As

turmas

20

pessoas,

eram o

de que

no

máximo

permitiu

um

contato próximo entre o oficineiro e o participante, e os temas bastante variados. Os workshops foram: Focus Thanks to Reduction, ministrado pelo alemão Eike König; Projection Mapping, com Augusto Amaral; Criação de Negócios Inovadores, com Ronaldo Porto e Cassiano Farani; Encadernação de Sketchbook, com o mestre Renato Alarcão; e Lomografia: Introdução e Prática, com Philippe Machado, da Lomography.

Além dos workshops fechados, o SENAI - Artes Gráficas ofereceu oficinas criativas livres ao longo do dia em seu stand.



FEIRA DE STANDS A área anterior do galpão do Ação da Cidadania abrigou atrações mesmo para aqueles que não queriam assistir às palestras. No andar de cima, o Projeto Feirinha foi um espaço especial para designers que estão lançando suas marcas poderem vender seus produtos no INSERT. Das dezenas de projetos recebidos, 12 foram selecionados, e montaram seus stands no segundo piso,

vendendo

produtos

variando

de bicicletas, a óculos de madeira, a tatuagens temporárias. Além da Feirinha, a área também serviu para empresas parceiras montarem seus espaços para venda de produtos e ativações de marca. EXPOSIÇÕES O andar de baixo foi onde aconteceram as exposições – Painel de fotos da Printgram, que juntou mais de 1.400 fotos

tiradas

Exposição

do

pelos

participantes;

Projeto

Nosotros;

Camiseteria, que expôs as camisetas selecionadas pelo concurso promovido online; Expo 60 Graus, em parceria com a La Estampa, uma ação de graffiti nada convencional mas muito carioca, onde artistas customizavam guarda-sóis ao vivo.


ATIVIDADES E FESTA E pra ninguém ficar parado em um espaço tão grande, de dia, bicicletas elétricas LEV e uma pista de skate Red Bull, e na noite do sábado, a festa PUSH!.

Com 2 anos de existência,13 edições

Conceitualmente, o projeto é pioneiro ao

na

MIL

trazer o street cool concept, proveniente

PUSHERS, a PUSH! é um projeto

do leste europeu, prezando a diversão

itinerante, realizado em Belo Horizonte

saudável, assim como atendimento

com a proposta de ser uma experiência

diferenciado e inusitado oferecido ao

marcante baseada em uma integração

seu público.

bagagem,

e

mais

de17

única de música, esporte, design e arte.


PUSH! promove um intercâmbio entre tendências e valoriza a experiência audiovisual através de festas temáticas, divulgação

e

exposições

de

decorações graffiti

e

inéditas, trazendo

em sua base a democracia cultural, apresentando o que há de mais atual na cena eletrônica e estilos adjacentes, bem como toda a aura da urban culture. No INSERT teve sua primeira edição fora de casa, trazendo mais de 900 pessoas para a pista. Contamos com a presenças de DJs renomados como Sexistalk, Vitor Sobrinho, o bicampeão Nedu Lopes, Xeréu e Nepal. Isso sem contar os MCs da SHUP! e o urso Pimpão, que animaram o público na pista e distribuíram seus acessórios luminosos

aos

Pushers, garantindo

uma noite suada até às 5h.




84


Tomada Urbana Por Paula Gil


U

m evento diferente que reúne

Com sua 4ª edição em dezembro de

O

teatro, arte e cultura livre: essa é a

2012, a mostra tem como objetivo a

compreendido

definição da Tomada Urbana. A Tomada

interação artística entre a silhueta

espetacular que busca este lugar de

Urbana – ato VI é uma mostra de teatro

urbana e o público. A ideia é ocupar

convivência pública. A rua é o lugar

de rua realizada desde 2009 em Barra

todo o espaço urbano com o teatro de

de encontro com um público particular,

Mansa,

do

rua objetiva transformando o espaço

o público popular.” Diz Marcelo Bravo,

Estado do Rio de Janeiro. Nela ocorrem

numa “realidade figurativa”. O Evento

produtor da Tomada Urbana.

apresentações do Coletivo Teatral Sala

também almeja ampliar suas ações

Preta e de grupos convidados de

levando para os bairros e distritos de

cidades brasileiras e da América Latina

Barra Mansa sua programação com

como Quito, no Equador e da capital

espetáculos inéditos e convidados de

mexicana Cidade do México. Além

outras cidades brasileiras e da América

de espetáculos a ‘Tomada’ oferece

Latina. “Quando falamos de consumo de

oficinas para os grupos participantes,

cultura, não necessariamente referimos

atividades

comunidade,

ao valor instituído do ingresso pago,

palestras, mesas redondas e atividades

mas sim à presença que o espectador

paralelas como intervenções urbanas e

dedica à “acontecência” espontânea

performances.

que interrompe seu cotidiano.

Região

Sul-Fluminense

abertas

à

teatro

de

rua

é,

como

comumente, um

modo




Para um evento que começou em 2009 com apenas o repertório do Coletivo teatral Sala Preta, a cada nova edição se expande para outros bairros e aumenta seu repertório. Isso permitiu aos

organizadores

importância e

compreender

da

troca

experiências

entre

artísticas

de

de

diversas

a

saberes

agrupações localidades

para a construção e consolidação do processo cultural barramansense e também da região onde está inserido o Sala Preta. Em 2013, pretende-se uma programação ainda mais ampla, com novas localidades atendidas, e atividades paralelas. A Tomada Urbana – ato IV garante a continuidade de um evento exitoso, além

de

promover

o

intercâmbio

nacional e internacional entre artistas de teatro.



O lha res Por Leticia Xerez, Thiago Sena, Alexsandro Sá, Aluísio Bispo, Ladylaine Machado, Paula Gil

91


Carlos Machado (Asmático) A poeira sempre me perseguiu, não só ela mesma material, mas simbolicamente através da minha mãe. Todo asmático tem por habito ser superprotegido, o que faz você ficar mais asmático ainda, você é literalmente sufocado por ela. Eu fiquei com um asco, um nervosinho de que eu não consigo... Talco, pós.... Tudo que se relaciona a poeira e ao que a poeira pode provocar me dá nervoso. É algo tão difícil pra mim, virou algo psicológico, principalmente quando eu era garoto. Quando viajamos e a casa ficava fechada, minha mãe anunciava: “nossa a casa tá toda empoeirada.” Eu já começava a passar mal na hora. Quem tem asma sabe disso. É horroroso. Você fica arriado na mesma hora. Era engraçado que ando a gente viajava e ia pra praia, eu me desligava e já me sentia bem, mas era só entrar no carro que minha mãe começava “ a casa deve estar empoeirada, o bolor da poeira”. E eu que sempre fui muito imagético já tinha esses como vilões na minha cabeça. Se eu personificasse a poeira seria a barata nojenta feita por um animador bem conhecido em comerciais de publicidade, Valdecir. Eu desde criança imaginava que a poeira era da gangue dessa barata que era cheia de poeira. Há também pessoas, seres humanos poeira. São pessoas que você não dá atenção porque elas te provocam reações que me fazem chegar em casa asmático. Tem pessoas que me remetem a poeira que me deixam com essa mesma sensação asmática.


Luís Cláudio (Aux. de Biblioteca) Bem, a poeira é um grande inimigo não só das pessoas que tem alergias, mas também de quem trabalha em bibliotecas. Eu já trabalhei em algumas e em todas elas, por mais que se faça uma limpeza constante, sempre tem aqueles locais onde aglomera mais poeira, na maioria das vezes são aqueles livros que quase não são

consultados

ou

emprestados,

aí ficam muito tempo guardados e acabam sendo prezas fáceis para ela. A poeira na minha vida sempre me “acompanhou”, já que trabalhei em escritórios de advocacia, arquivos de empresas grandes e em grandes bibliotecas, ou seja, não tem como fugir, ela sempre esteve junto comigo, por onde quer que eu vá sempre tem uma poeirinha para limpar. Acredito que ninguém goste da poeira, sem dúvida é um visitante que ninguém gostaria de ter, seja em casa ou no trabalho.


Liliara (Diarista) No meu caso, sendo diarista é ao meu favor a poeira, porque sem ela não há mão de obra. Geralmente de 15 em 15 dias eu tenho vários lugares para tirá-las (poeira), que está é se

meu ganha pão. No entanto

deixa-las

acumuladas

em

um

certo tempo será prejudicial a saúde de qualquer pessoa no tocante a respiração e alergia, podendo até levar a morte.


Alice (manias de limpeza) Sei que o assunto é poeira, mas não sei o que isso tem a ver com o que minha família costuma achar graça das minhas manias. Meu nome é Ana Alice, tenho 75 anos bem vindos MESMO e também tenho a sorte de minha família ser um tesouro que me dá muito amor e carinho. Assim

sendo,

vamos

às

minhas

manias. Não tenho medo de morrer, mas sim de dar trabalhos aos filhos e netos. Morrer todos nós vamos, tive uma vida boa procurando sempre ser correta. Desse modo acho que Deus me acolherá. Faço só alguns pedidos caso perca a consciência, e é isso que os meninos acham graça. Se eu não puder falar quero que me mantenham limpa e cheirosa, muito cuidado com o hálito e com os xixis. Quando chegar minha, hora vaporizar meu caixão com algo que cheire bem. Quando meu marido ainda era vivo, tinha uma lista para manter a casa em ordem como eu gostaria. Ai estão minhas birutices que minha família acha graça, mas eu acho normal. Esqueci: Não precisam me levar pra passear com cobertor xadrez nas pernas.


Zulmira Gil (Alérgica ) A poeira pra mim é como se fosse um exército de micro-organismo que esperam o momento de distração pra atacar. Desde pequena sonhava com ácaros se multiplicando e multiplicando e tacando lixo e poeira em mim até me cobrir toda. Pra quem é alérgico a poeira é quase que uma arma letal. Quando chego em um ambiente com poeira, não preciso nem vê-la ou ouvir alguém falando que tem poeira. Eu simplesmente a sinto e da pior maneira. Já começo a espirrar, já começo a me sentir fraca, meus olhos ficam vermelhos e coçam muito. Ela acaba comigo de uma forma... Hoje por exemplo, pensei que era gripe, mas do jeito que meu olho coço já sei que é ela e já sei onde ela me atacou. Acho que depois que eu tive meus filhos que minha alergia agravou. Eu trabalho o dia todo com processos, diários de contabilidade e pode imaginar que nem todo mundo pensa em fazer limpezas nos livros que entregam a prefeitura. Então... Até no trabalho eu sou atacada por ela. Não é que eu viva sempre morrendo por causa de poeira. Tenho minhas medicações,

mas

as

vezes

ela

consegue avançar minhas barreiras e me ganhar nessa guerra.



F

oi com esta pergunta que a Revista Retina iniciou a construção de sua

primeira playlist. Com participações como Fabiano Moreno e Crente Crew, trazemos como destaque dessa edição o inigualável e psicodélico Serguei. Dê uma olhada e monte a sua.

98

Playlist



S

erguei, roqueiro brasileiro, teve este

infância, pois

apelido

adquirido

na

um amigo russo

não

sabia pronunciar Sérgio, seu nome de

registro,

de “Sergei”.

lhe

chamando

então

Apesar de não ser tão

lembrado assim no cenário do rock nacional, ele fez parte da sua história, principalmente nos anos 70. Em plena ditadura militar gritou publicamente para um Brasil calado e com fomento de voz um “viva à liberdade e ao rock”. Serguei fez shows em duas edições do Rock in Rio: Rock In Rio II (1991) e Rock In Rio III (2001), e fez uma aparição como espectador no Rock in Rio IV. Nos últimos anos, o cantor tem participado de diversos programas na televisão. Considerado o roqueiro mais antigo do Brasil, Serguei faz shows até hoje ao lado de sua atual banda, a

Pandemonium

desde

2008

e

administra o museu do Rock instalado em sua residência em Saquarema. Lá, você encontra peças de roupas, discos, prêmios, livros, cartazes, filmes em VHS e outros materiais sobre a vida do cantor.



DEDO Coletivo Musical 1 - Flashback Repository 2 - Outer Limits Recordings - Driving at Night 3 - Matrix Metals - Tanning Salon 4 - Explorers - That Beneath of Realms Fermenting 5 - James Ferraro + Sam Meringue + 90210

CRENTE CREW Grupo de Graffiti/Rap 1 - Húmus - Crente Crew 2 - Isso é Crente Crew - Crente Crew 3 - Amanhecer - Crente Crew 4 - Os Pretos - Movimentos Enraizados 5 - Cinza Sujeira - Mc Coé, Aírá e Acme

FABIANO MORENO Músico/Guitarrista do BNegão & Seletores de Frequência 1 - Il Buono il Brutto il Cattivo - Ennio Morricone 2 - The Straight Story - Angelo Badalamenti 3 - If You’ve Never Been in Love - John Lee Hooker 4 - RV - Faith No More 5 - Chicago breakdown - Jelly Roll Morton


GUILHERME ROCHA Inspetor Escolar 1 - Não toque no ungido - Damares 2 - Poeira da Estrada - Andréa Fontes 3 - Pintou Sujeira - Exaltasamba 4 - Será que é Amor - Exaltasamba 5 - Eu fui Comprado - Fernandinho

MARCELO GHIZI Designer 1 - Long, long, long - The Beatles 2 - Cucarachas Enojadas - Tito & Tarantula 3 - O Doce e o Amargo - Secos e Molhados 4 - Sangue de Barro - Chico Science e Nação Zumbi 5 - Clint Eastwood - Gorillaz

SERGUEI Cantor 1 - Stairway to Heaven - Led Zeppelin 2 - Lucy in the Sky With Diamonds - The Beatles 3 - Sympathy For The Devil - Rolling Stones 4 - Mamãe eu Quero - Carmen Miranda 5 - Maneiras - Zeca Pagodinho



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.