elev ado ao lado
Trabalho de conclusĂŁo de curso AEAUSP
Escola da Cidade | Dezembro | 2017
Orientadora Maira Rios Daniel Schver Korn
agra ecim
ad me À Maira Rios, minha orientadora, quem ajudou a
- Barros, Beresin, Ivo, Lopes, Vada e Vieira pelas
despertar em mim uma paixão por arquitetura, lá
conversas nas diferentes fases desse projeto.
em 2013, entre Corbusiers e Zumthors.
Aos meus colegas da Escola da Cidade por todo
Ao Erico Boteselli, pelas indispensáveis conversas
o amor e parceria nesses intensos e prazerosos 6
semanais, por todos comentários e referências.
anos de convivência.
Ao Marcelo Maia Rosa e Leonardo Sette pela
Ao Alexandre Drobac, Bruna Brito, Beatriz Dórea,
disponibilidade em ler, discutir e avaliar esse
Camila Moraes, Daniel Carvalho, Gabriela Pini, Giani
trabalho.
Pardini, Júlia Brückmann, Larissa Fogaça, Marina Brant e Nicole Cahali por me acompanharem de
Ao Guilherme Bravin e Marcus Damon, por todas
perto nesses 6 anos.
oportunidades e chances, por se diluirem entre os papéis de amigos, chefes e professores.
Ao
André
Moreira,
Isabela
Sanches,
Julia
Levenstein, Marcela Charbel, Michelle Bernardes,
À Ale Figueiredo, Alex Pátaro, Amandas Rodrigues
Paula Azzam e Stella Spinola por entenderem as
e Tamburus, Anna Brunieri, Elis Cardozo, Guilherme
ausências estando sempre presentes, e por me
Pardini e Marcelo Venzon pelo convívio diário.
apoiarem em todas minhas decisões nos últimos 10 anos.
À Marcela Lino, por me transmitir o prazer de ensinar e aprender em toda e qualquer situação,
Ao Fernando Haddad e Luiza Erundina, pela paixão
pela amizade presente ou virtual.
à cidade. Por proporem uma São Paulo mais justa e democrática.
Ao Andrés Sandoval, Alberto Rheingantz, Carol Tonetti,
Celso
Longo,
Daniel
Trench,
Felipe
Rodrigues, Glória Kok, Iarlei Rangel e aos Pedros
À minha família - meu porto seguro. Principalmente à Rochele e à Karen por tudo.
su mรก
subversão 9 breve histórico
13
análise 29 intervenções 45 bibliografias 82
Na minha época de ensino médio pouco se discutia política dentro da escola. O maior choque ao entrar no curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo na Escola da Cidade foi perceber que seria impossível me desenvolver lá dentro sem me aproximar do assunto. Entender o desenho do projeto como um elemento de posicionamento político e ideológico foi ponto chave da minha graduação e da minha formação profissional, fazendo com que eu tentasse, desde o começo da carreira, traduzir minhas vontades e inquietações em projetos de edifícios e de cidade.
sub ver
substantivo feminino 1. ato ou efeito de derrubar, destruir; ruína, destruição, queda. 2. perversão moral. 3. med perturbação digestiva. 4. revolta, insubordinação contra a autoridade, as instituições, as leis, as regras aceitas pela maioria. “s. dos valores” 5. transformação ou destruição da ordem estabelecida. 6. ato ou efeito de transtornar o funcionamento normal ou o considerado bom de (alguma coisa); tumulto, perturbação. 7. pol conjunto de ações sistemáticas, efetuadas por elementos internos, que visam minar e derrubar um sistema político, econômico ou social. 8.p.met. pol conjunto dos indivíduos que praticam essas ações.
A palavra ‘subversão’ aparece de forma recorrente neste trabalho: em conversas com os usuários do minhocão, em textos e reportagens sobre ocupação de espaços públicos, etc. Entretanto, quando pesquisado o significado exato da palavra ‘subversão’ encontram-se definições extremamente pejorativas, ligadas a termos como ‘destruição’ e ‘extermínio’. Analisando a história de São Paulo em uma cronologia inversa, percebe-se claramente que as grandes transformações sociais e culturais recentes aconteceram exatamente através da transformação de uma ordem previamente estabelecida ou da alteração do funcionamento dito como “normal” de algo.
10
felipe rodrigues, 2017 / acervo pessoal
brev e his
v st
Cenário social e político da cidade à luz do minhocão entre os anos 1970 e o futuro.
estadão / acervo on-line
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covas > jânio
inauguração do elevado costa e silva
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concurso
gestão luiza erundina 1989
e Silva, homenagem da gestão municipal ao militar responsável pela indicação de Maluf à prefeitura de São Paulo no contexto do regime ditatorial. Seis anos depois de sua inauguração, decretase que o acesso é proibido à noite, para evitar acidentes. Ainda assim, não havia se pensado num projeto de ocupação para esse espaço durante os períodos de interrupção do trânsito. O elevado surge na cidade como símbolo do desenvolvimento e progresso tecnológico de uma política tecnocrática, autoritária e rodoviarista que se instaurou no país após o golpe de 1964. A estrutura de 3400 metros que liga a zona oeste
Além do cenário da ditadura, o chamado “american
ao centro (e diretamente ao acesso à zona leste)
way of life” (“modo americano de viver” - em
foi inaugurada em 1970 durante a gestão do
tradução livre) se tornava uma tendência por todo
engenheiro e então prefeito Paulo Maluf.
o mundo ocidental: todo cidadão aspirava o carro próprio, a casa afastada do centro e do trabalho, a
A estrutura nasce com o nome de Elevado Costa
cidade setorizada.
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antidemocrática, instalar o CONPRESP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo) Não é de hoje que as gestões municipais
vetando então o debate sobre as intervenções em
influenciam consideravelmente na questão do
bairros centrais e podendo assim atuar de forma
acesso aos espaços públicos. Tornou-se frequente
autoritária e higienista, conjugando a expulsão
a alteração, interrupção e até o cancelamento de
da população com a destruição de seus edifícios
projetos urbanos nas mudanças de gestão.
precários, e usando isso como propaganda de seu governo.
O fenômeno se acentua principalmente quando a gestão passa de uma de caráter progressista
Beatriz Kara-José, em políticas culturais e negócios
para uma conservadora / populista - como visto na
urbanos - a instrumentalização da cultura na
transição da prefeitura de Mário Covas para Jânio
revitalização do centro de São Paulo 1975 -
Quadros, em 1986, por exemplo, quando volta a
2000 utiliza como exemplo para tal aplicação
ser adotada uma visão da cidade como objeto de
dessa política o caso dos “Arcos do Jânio”, que
comércio, prioritariamente rodoviarista, atendendo
reapareceram quando a população que morava nos
principalmente
mercado
cortiços que beiravam a Rua Jandaia foi expulsa de
imobiliário e das grandes empresas, deixando de
lá e as habitações então destruídas, para que se
lado as demandas populares e de benefício social.
construísse uma nova alça de acesso à Avenida 23
às
demandas
do
de Maio e para que essa não fosse rodeada por Jânio
foi
o
responsável
por,
de
forma
cortiços precários.
nair benedicto, 1991 | acervo estadão
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Em 1989, a então prefeita Luiza Erundina estabelece oficialmente os horários de proibição do fluxo de automóveis no Elevado João Goulart (ainda Elevado Costa e Silva na época) – das 21h30 às 06h30 – que se mantém até hoje. Desde então a apropriação da estrutura pelos Até os anos 90 o centro passa por um processo de
pedestre acontece lá. Primeiramente de forma
esvaziamento e esquecimento pelo poder público e,
clandestina, por jovens que utilizavam a opacidade
ainda segundo Kara-José, as áreas mais afetadas
da estrutura dada principalmente pela sua altura
são os entornos do Elevado João Goulart e a região
elevada do solo para beber e usar drogas;
da Luz.
posteriormente por moradores da região e mais tarde por moradores da cidade que procuravam
A gestão de Luiza Erundina (1989 - 1992) surge
locais para lazer, atividades esportivas e comerciais.
em contraponto, deixando de lado as questões rodoviaristas do eixo sudoeste da cidade para
Todas estas formas de ocupação, desde as ditas
focar nas questões ligadas à condição de vida que
“mais clandestinas” até as de hoje - culturais e
se tinha no centro. Erundina foca em intervenções
esportivas, principalmente - ressaltam o histórico de
pontuais que mudariam questões chave nesta
uma cidade carente de equipamentos projetados
região.
especificamente para esses usos.
FGMF arquitetos | acervo on-line
covas > jânio frentes arquitetos | acervo on-line
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lança um concurso de ideias para a transformação do
elevado.
Renomados
escritórios
variam
entre idéias de desativação, demolição ou uso compartilhado da estrutura. O grande destaque foi o projeto do escritório Frentes Arquitetura que mantinha o fluxo de mais de 80.000 carros por dia no elevado, como ocorre hoje. As lajes multiplicadas acima do elevado seriam, então, usadas como centro comercial e áreas de estar e lazer, transformando o leito carroçável em uma espécie de túnel suspenso. Mesmo que ainda pouco discutido e muito negado por uma sociedade paulistana ainda ligada ao discurso rodoviarista, acende-se então um debate sobre o futuro e o uso ideal da via elevada, sendo ponto chave para debates sobre outros espaços públicos na área central, como o Parque Augusta que representa o embate entre espaço público e No ano de 2006, o então prefeito Gilberto Kassab
especulação imobiliária.
triptyque | acervo on-line
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recreação para a área mais hostil do minhocão. A gestão de Fernando Haddad (2012-2016)
As manifestações de junho de 2013 instalaram na
desenvolveu mecanismos de desincentivo ao uso
cidade um forte debate sobre direito à cidade e
do automóvel particular na cidade como um todo,
ocupação do espaço público. A prefeitura então,
priorizando então os modais coletivos, as bicicletas
tomando parte do contexto da cidade, passa a dar
e o pedestre.
grande incentivo a eventos de rua como a expansão da Virada Cultural, do SP na Rua e do próprio
Junto com o plano de diminuição das velocidades
carnaval, que tomou proporções sem precedentes,
máximas em determinadas vias, a gestão Haddad
além do programa “Ruas Abertas”, que propôs
aprovou o novo Plano Diretor Estratégico (2014)
que pelo menos uma rua por zona da cidade se
para a cidade de São Paulo, que prevê, - entre
transformasse em área de lazer aos domingos e
tantas outras relevantes propostas para o desenho
feriados - caso simbólico da Avenida Paulista.
da cidade, - a desativação progressiva do uso rodoviarista do Elevado Presidente João Goulart,
Em Julho de 2016, Haddad sanciona a lei que muda
estendendo seu horário livre de carros para os
o nome do Elevado Costa e Silva para Elevado
sábados à tarde (além dos domingos, feriados e
João Goulart, sendo essa parte do projeto ‘Ruas
períodos noturnos). Além disso, o plano da malha
de Memórias’ que, por iniciativa da Secretaria dos
cicloviária instalou duas ciclovias (ida e volta) no
Direitos Humanos, busca alterar o nome de vias e
calçamento central abaixo do viaduto – diminuindo,
praças que homenageiam militares envolvidos no
assim, o leito carroçável e trazendo mobilidade e
golpe de 1964.
2017
>>>
24
luciana gandelini, 2017 / acervo pessoal
- fazendo com que os índices de atropelamentos e de acidentes entre carros e bicicletas voltassem a aumentar consideravelmente. Além disso, a atual política de higienização da região da Luz, unindo município e estado, fez com que dependentes químicos se espalhassem pela região central uma vez que os mesmos foram “expulsos das ruas” que ocupavam anteriormente. Através do constrangimento de eventos como o carnaval e a Virada Cultural, a gestão vigente vem, de certa forma, desincentivando a população a ocupar o espaço público de forma livre e democrática. Entretanto, principalmente através de atividades esportivas e culturais, o minhocão Em contraponto, a atual gestão de João Dória
mantém-se ocupado por pedestres, ciclistas,
Junior e Bruno Covas vem tomando algumas
grupos de teatro, vendedores ambulantes, turistas,
atitudes na contramão do seu antecessor: partes
moradores do bairro e de toda a metrópole,
de ciclovias e ciclofaixas vêm sendo asfaltadas no
compartilhando o espaço com os carros, ainda que
calar da noite e as antigas velocidades máximas
toda a estrutura seja extremamente rodoviarista,
já foram retomadas em algumas vias, como nas
com poucos acessos e elementos de suporte aos
marginais dos rios Tietê e Pinheiros, por exemplo
usuários.
26
“Vivemos um momento, no mundo, em que a parte mais significativa das mudanças no modo de se usarem os espaços públicos nas grandes cidades provém de ações da sociedade civil e não do Estado. São as “jornadas”, “primaveras” e movimentos de “ocupações” que têm tomado as ruas e as praças de inúmeras metrópoles do mundo com resultados, muitas vezes expressivos do ponto de vista político.” WISNIK. 2017. pp. 17
cart afia
togr ur acontecem próximos às rampas, já que esses são
A análise deste ambiente já anteriormente conhecido
os únicos endereços do minhocão.
foi realizada a partir de três diferentes métodos: conversas espontâneas com usuários; entrevistas
Tanto eventos mais formais quanto encontros
com agentes influentes; e um mapeamento que
espontâneos entre amigos são feitos próximos às
partiu da deriva - ou seja - que não buscou suprir
rampas, onde se torna fácil a identificação do local
questões diretas da tradição ortodoxa de mapear
em uma estrutura linear de mais de três quilômetros
uma área.
de comprimento.
Agentes ligados à Associação Parque Minhocão,
Em uma outra esfera de análise, foi possível
ao CONSEG (conselho de segurança), ao Grupo de
identificar em mapa os terrenos vazios: diversos
Teatro Esparrama, além de usuários diversos, foram
lotes sem qualquer estrutura construída ou, no
os responsáveis por guiar as questões levantadas
máximo, um muro ou uma leve cobertur metálica.
no mapa. Nestas conversas ficou evidente a
Se a análise fosse feita de forma mais rígida
importância - as virtudes e os defeitos - do acesso
considerando também lotes subutilizados como
pelas rampas ao elevado. As longas e distantes
galpões, por exemplo, a quantidade de terrenos
rampas de acesso do minhocão - elementos
destacados seria, ainda, significativamente maior.
extremamente rodoviaristas - são as únicas infraestruturas de acesso ao elevado, também para os
Considerando que as áreas da Vila Buarque, Santa
pedestres. Da mesma forma, elas são os únicos
Cecília e Barra Funda vêm sendo alvo intenso da
elementos de fuga da estrutura.
especulação imobiliária, estes terrenos são uma ameaça de ocupação indesejada do ponto de vista
Além disso, não existem “endereços” no minhocão
urbano para a região - ocupação esta que não
e poucos são os pontos de referência do entorno.
prevê qualquer relação do lote com a área pública,
Como destacado nos seguintes mapas, tanto o
permeabilidade física ou visual ou programas que
acúmulo de pessoas quanto os encontros e eventos
podem beneficiar a cidade de alguma forma.
rampa 1 _cardoso
1.12 km 14 min
rampa 2 _marechal
0.73km 8,5 min
pontos de acesso
distâncias em metros e em minutos caminhando
rampa 3 _helvĂŠtia
0.70km 8 min rampa 4 _ ana cintra
rampa 5 _santa cecĂlia
1.00 km 12 min
rampa 6 _roosevelt
32
rampa 1 barra funda
cardoso largura
14,0m
comprimento 114m consolação
inclinação
4,38%
rampa 2 barra funda
mal. deodoro largura
6,0m
comprimento 211m consolação
inclinação
2,84%
34
rampa 3 barra funda
ana cintra largura
6,0m
comprimento 161m consolação
inclinação
3,72%
rampa 4 barra funda
helvétia largura
6,2m
comprimento 178m consolação
inclinação
3,08%
36
rampa 5 barra funda
santa cecília largura
6,0m
comprimento 138m consolação
inclinação
3,98%
rampa 6 barra funda
roosevelt largura
7,0m
comprimento 148m consolação
inclinação
0,01%
pontos de estar
++
++
++
encontros e eventos
+ +
+ + ++ +
+++
+
terrenos vazios
inter venรง
r รง
marechal
rampa 2
intervenção 1|2
cardoso
rampa 1
marechal
rampa 2
cardoso
rampa 1
46
1.12 km 14 min 0.73km 8,5 min
1.12 km 14 min
0.73km 8,5 min
roosevelt
0.70km 8 min
rampa 6
roosevelt
rampa 6
santa cecília
rampa 5
ana cintra
rampa 4
helvétia
rampa 3
0.70km 8 min
intervenção 3|4
santa cecília
rampa 5
ana cintra
rampa 4
helvétia
rampa 3
situação atual
1.00 km 12 min
situação proposta
1.00 km 12 min
48
Fica claro então que a maior problemática para um uso de fato compartilhado desse elevado são os poucos acessos do pedestre - além de suas distâncias, condições de salubridade, suas barreiras visuais com a rua e com o próprio elevado, etc. Busca-se, por fim, quebrar os dois nichos mais distantes - encontrados após o primeiro acesso da rua Cardoso de Almeida e antes do último - da Praça Roosevelt. Para isso, elegeu-se duas duplas de terrenos vazios, cada uma delas localizada na metade desses trechos mais críticos. Além do desejo de criar novos pontos de transposição
de
nível,
aparece
a
ideia
de
aproveitar estes terrenos obsoletos para propor programas que devolvam para a cidade algo que
marechal
0.73km 8,5 min
rampa 2
1|2
0.65 km 8 min
intervenção
cardoso
rampa 1
0.43 km 6 min
situação resutante
a especulação imobiliária não devolveria. O uso
pelos automóveis.
do minhocão se fortalece e se mantém graças às intervenções artísticas, esportivas e culturais que
Buscando criar uma situação em que os edifícios
lá ocorrem, entretanto, com apoios adjacentes ao
não dependam de fato do elevado para funcionar
elevado, essas atividades poderiam ser fomentadas
- e possam cumprir suas funções em momento
e catalisadas.
corriqueiro em que o minhocão esteja sendo dedicado aos carros -, pretende-se fazer a
Para a primeira dupla de terrenos - Mário de
transposição entre lote e elevado através de uma
Andrade e Conselheiro Brotero - busca-se o uso
estrutura cinética de chapa metálica perfurada -
cultural e multimidiático, ligado ao cinema, teatro,
que não aumentaria a sombra sob o minhocão.
exposições e estudos. Além disso, a implantação dos edifícios de forma paralela ao minhocão tem
Dessa forma, a intenção do projeto é aumentar
como intenção provocar uma nova dinâmica em
a quantidade dos pontos de acesso, diminuir
que o elevado - ou a avenida abaixo - seriam usados
as imensas distâncias entre eles e criar novos
para o fluxo transversal também, e não somente - ou
endereços e pontos de referências sobre a via -
principalmente - o longitudinal linear como é hoje.
ou seja, novos pontos de estar, de encontros e de eventos no decorrer na estrutura. Com esses novos
A segunda dupla de terrenos - Santa Isabel e Santa
pontos, busca-se otimizar os usos já frequentes na
Casa - receberiam programas voltados à área do
estrutura e oferecer a cidade - de forma pública
esporte, lazer e saúde, dando um certo apoio ao
e democrática - equipamentos de sociabilidade e
principal uso do elevado quando não ocupado
infraestrutura.
roosevelt
3|4
intervenção
santa cecília
rampa 5
ana cintra
rampa 6
0.45 km 6 min
0.41 km 6 min
rampa 4
helvétia
rampa 3
0.70km 8 min
cultural / multimĂdia
pontos de intervenção
esporte / saúde
52
terreno 1 mårio de andrade | 303m²
terreno 2 conselheiro brotero | 321m²
cultural | multimídia
consolação
barra funda
54
ba
rra
fun
da
cultural | multimídia barra funda
consolação
V
co
ns
ol
aç
ão
56
n
co
o
çã
la so
V
cultural | multimídia barra funda
da
un af
consolação
rr
ba
58
terraço +16,5 | 123m²
projeções | videoteca | acervo +13,0 | 123m²
estudos | estar +9,5 | 123m²
praça elevada +6,0 | 123m²
torre de elevadores | sanitários
café | informações 0,0 | 123m²
V
cultural | multimídia
consolação
barra funda
cinema aberto +3,0 > 5,5 | 251m²
circulação vertical: rampas
apoio | sanitários
aluguel de bicicletas 0,0 | 303m²
60
V
62
V
64
terreno 3
santa casa | 393m²
terreno 4
santa isabel | 446m²
esporte | saúde
consolação
barra funda
66
co
ns
ão
co
ns
ç ola
ol
aç
ão
esporte | saúde
consolação
V
barra funda
da
un af
V
rr
ba
68
da
ba
rr
un af
esporte | saúde barra funda
consolação
V
ão
co
ns
ç ola
70
piscina | solarium +48,5 | 140m²
vestiários +44,5 | 80m²
restaurante +40,5 | 160m²
quadras poliesportivas +31,5 | 160m² +22,5 | 160m² +13,5 | 160m²
bicicletário +5,5 | 160m²
aluguel de bicicletas 0,0 | 200m²
esporte | saúde barra funda
consolação
V salas de lutas +30,5 | 58m² +25,5 | 58m²
salas de dança | yoga +20,5 | 58m² +15,5 | 58m² +10,5 | 58m²
bar | lanchonete +5,5 | 58m²
72
V
74
V
76
estrutura cinĂŠtica
dobradiça metálica treliça metálica fixa
chapa metálica perfurada
moldura metálica estrutural
trilho e roda para movimentação das chapas
6.20
perfil C fixo (h~35cm)
6.40 a 9.20
planta passarela 1:100
78
det 1
5.20
3.30
1.20
.30 1.10
corte transversal Ă passarela 1:100
det 2
det 3
corte longitudinal Ă passarela 1:100
parafusos chumbadores camada em neoprene perfil C metálico (h~35cm)
treliça metálica fixa
piso da passarela em chapa metálica perfurada
chapa metálica parafusos chumbadores camada em neoprene perfil C metálico (h~35cm)
estrutura em concreto do novo edifício
piso da passarela em chapa metálica perfurada
a estrutura do piso da passarela
chapa metálica soldada à alma da viga
detalhe 2 1:10 estrutura de concreto do novo edifício
piso da passarela em chapa metálica perfurada
encontro da treliça com
trilho e roda para movimentação das chapas
detalhe 1 1:10
fixação da passarela metálica na
treliça metálica fixa
detalhe 3 1:10
coxim para movimentação horizontal pino de travamento
parafusos chumbadores camada em neoprene perfil C metálico (h~35cm)
estrutura de concreto do elevado
perfil C metálico (h~35cm)
fixação da passarela metálica na
viga do elevado em concreto
cons eraรง
sid çõe Esta proposta de projeto não considera, somente, quais seriam os usos e plasticidade ideais para esses quatro terrenos específicos. Mais do que
isso, a proposta é de discutir e analisar qual a arquitetura que um aluno em seu trabalho de
conclusão acredita e considera ideal para uma área
central em disputa: uma arquitetura de uso público, que se comunica com os edifícios e estruturas do seu entorno. Uma arquitetura que se abre para a cidade e para seus usuários. Uma arquitetura multifuncional e versátil. Uma arquitetura que usa do terreno privado como expansão e qualificação
da área pública, devolvendo à cidade o que a especulação imobiliária vem tirando freneticamente. Uma arquitetura que beneficia o pedestre, os modais alternativos de transporte e a ocupação da cidade.
Uma arquitetura que entende que a rua é a parte mais importante da cidade e que o humano é a parte mais importante da rua.
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Tipografia: Helvetica Bold Helvetica Regular Papel: miolo em Pólen 90g capa em Colorplus preto 180g Projeto gráfico: Daniel Schver Korn Impressão e encadernação: BM3 Revisão do texto: Maira Rios, Glória Kok e Marcela Charbel Revisão das imagens: Maira Rios e Erico Botteselli