DANIELLE ALVES LESSIO
MEMÓRIA E ESPAÇO URBANO A INTERVENÇÃO NO PATRIMÔNIO INDUSTRIAL COMO MÉTODO DE REVITALIZAÇÃO DA MOOCA
IMAGEM 01: ESTAÇÃO MOOCA
DANIELLE ALVES LESSIO
MEMÓRIA E ESPAÇO URBANO A INTERVENÇÃO NO PATRIMÔNIO INDUSTRIAL COMO MÉTODO DE REVITALIZAÇÃO DA MOOCA
Trabalho Final de Graduação apresentado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito de conclusão do curso de graduação de Arquitetura e Urbanismo
Orientadora: Profª. Ms. Daniela Cristina Vianna Getlinger
SÃO PAULO dezembro, 2015
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, Daniela Getlinger, pela sua atenção e por todo o conhecimento transmitido durante este trabalho. Ao professor Marcos Carrilho, pela experiência que adquiri durante a execução do projeto do objeto arquitetônico. À minha família, por me fornecerem esta oportunidade e por todo apoio e assistência. E aos meus amigos, que muitas vezes me ajudaram durante estes cinco anos.
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. LEITURA 2.1 CONTEXTO HISTÓRICO 2.2 FERROVIA 2.3 EDIFÍCIOS INDUSTRIAIS 2.4 OPERAÇÃO URBANA 3. CONCEPÇÃO 3.1 METAMORFOSE URBANA 3.2 TERRENO VAGO 3.3 PATRIMÔNIO HISTÓRICO 3.4 MEMÓRIA E IDENTIDADE 3.5 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 4. OBSERVAÇÃO 4.1 SESC POMPEIA 4.2 MUSEU DA HISTÓRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO 4.3 CINEMATECA BRASILEIRA
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5. PROPOSTA 5.1 CONDICIONANTES 5.2 PREEXISTÊNCIA 5.3 PARTIDO 5.4 QUESTÃO ESPACIAL 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 7. BIBLIOGRAFIA 8. LISTA DE IMAGENS 9. LISTA DE ABRwEVIATURAS 10. ANEXOS
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1. INTRODUÇÃO
IMAGEM 02: RUA BORGES DE FIGUEIREDO
A reflexão proposta para o desenvolvimento deste Trabalho Final de Graduação consiste no debate sobre a reutilização de patrimônios históricos do período industrial de São Paulo para a reconfiguração de um espaço urbano, no caso o bairro da Mooca, utilizando a reciclagem de recursos e a carga memorial destes edifícios para a criação de territórios coesos, sem pequenas fraturas geradas por terrenos vagos. As constantes transformações na Mooca, passando de um local composto apenas por chácaras para um importante polo industrial e então, mais tarde, sofrendo com o esvaziamento industrial e com a especulação imobiliária, fazem com que este território seja conformado por diversos patrimônios que possuem conteúdos históricos de grande relevância para São Paulo. Porém, este é um bairro que, juntamente com outras áreas da Zona Leste, sofre desde o início do crescimento da cidade com uma expansão da metrópole que não procura a integração desta área com o restante da malha urbana e que não vê seus patrimônios como objetos de relevância. É necessário evidenciar a importância de criar conexões entre as diferentes áreas da cidade, mantendo um tecido unificado e garantindo uma melhor dinâmica para diferentes espaços. O aprendizado sobre o patrimônio e a importância da preservação e da intervenção de maneira correta em bens materiais de diferentes épocas também deve ser transmitido. Assim, ao analisarmos estes dois fatores, um referente ao espaço urbano e o outro à arquitetura de patrimônios históricos, é possível identificar não apenas as problemáticas de um território como também suas prováveis potencialidades e soluções. O desenvolvimento sustentável, ou reciclagem de recurso, busca unificar estes dois estudos através da reutilização de estruturas preexistentes para a execução de um projeto de cunho urbano em pequena escala. No objeto de projeto estudado, é abordado a reciclagem de um galpão preexistente localizado na Mooca, ao lado da linha férrea. O projeto busca não apenas que a história do local não seja esquecida como também a transposição da ferrovia, a interligação com diferentes edifícios industriais e a unificação do território, de maneira que este possa adquirir novas qualidades urbanas.
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2. LEITURA
A revitalização de antigos territórios industriais através de projetos de intervenção só é possível ao estudarmos as condicionantes do lugar, sua identidade histórica e seu potencial de regeneração urbana. Para compreendermos um determinado espaço é necessário analisar seu desenvolvimento histórico e a conformação das tipologias presentes na área, estudando seus processos de transformações, os motivos pelos quais estruturas preexistentes foram implantadas e os impactos desses edifícios na malha urbana. No caso da Mooca é preciso avaliar o processo de desenvolvimento de bairro industrial para pós-industrial, o que gerou uma área fragmentada e com diversos patrimônios semi-utilizados, vazios urbanos e o abandono da memória coletiva.
IMAGEM 03: VISTA AÉREA MOOCA
2.1 CONTEXTO HISTÓRICO A área escolhida para estudo, a Mooca, é caracterizada por sua conformação como um antigo sítio industrial, que nos dias de hoje encontra-se decadente. Analisando seu contexto histórico é possível compreender sua ascensão como território industrial, seu processo de esvaziamento e como esses fatores configuraram grande parte das características atuais do local. Muitas das condicionantes históricas do bairro apresentam complicações que devem ser estudadas para que seja possível a criação de um projeto que melhore a qualidade urbana através de sua reconfiguração e revitalização. O processo de conformação da atual Mooca, e da Zona Leste no geral, se dá de maneira diferente do restante da cidade. Ao observarmos o crescimento do espaço a partir do triângulo histórico de São Paulo, localizado próximo à várzea do rio Tamanduateí, é evidente a divergência entre o desenvolvimento dos dois lados do rio. Para oeste do triângulo, o crescimento ocorre em forma de leque (visando principalmente alcançar as margens do rio Tietê) enquanto para leste o crescimento, que tem como empecilho a travessia do rio, ocorre em um único ponto, de maneira vetorial. Assim, a Zona Leste constitui outra dinâmica de cidade, que, mais tarde, tem como foco a industrialização e a ascensão econômica. Portanto, esta área LARGO SÃO BENTO CRESCIMENTO EM LEQUE PARA OESTE
RIO TAMANDUATEÍ CRESCIMENTO VETORIAL PARA LESTE
LARGO SÃO FRANCISCO
PRAÇA DA SÉ
IMAGEM 04: TRIÂNGULO HISTÓRICO E EXPANSÃO DE SÃO PAULO
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deve ser analisada e compreendida de modo diferente das demais de São Paulo, sendo caracterizada principalmente por sua fragmentação em relação à outros territórios e por seu método de desenvolvimento e uso predominantemente voltado para o crescimento econômico (informação verbal)1. Incluso na Zona Leste, o território pertencente à Mooca está localizado nas margens do rio Tamanduateí, e sua principal expansão se dá após a utilização da ferrovia como infraestrutura para a industrialização (PREFEITURA DE SP, 2011). Através da Mooca e de outros bairros da zona leste seccionados pela linha férrea é possível assimilar o processo de industrialização 1 Dados fornecidos por Jorge Bassani no curso São Paulo e Territorialidade, 2015
ZONA LESTE
MOOCA
IMAGEM 05: MAPA DE LOCALIZAÇÃO DA MOOCA
IMAGEM 06: ORLA DO RIO TAMANDUATEÍ EM 1862
IMAGEM 07: VÁRZEA DO CARMO EM 1839
IMAGEM 08: LOCOMOTIVA NA MOOCA EM 1947
IMAGEM 09: ESTAÇÃO DA LUZ, 1880
da cidade. De acordo com José Eduardo de Assis Lefèvre, “pode-se ver neste bairro toda a cronologia da evolução da São Paulo rural para a São Paulo urbana” (LEFÈVRE apud ALVES; MARTINELLI, 1998), pois nota-se a transformação de uma área composta por chácaras em um sítio industrial. A primeira linha férrea paulista, a São Paulo Railway (SPR)2, foi inaugurada em 16 de fevereiro de 1867 e passava por locais que atualmente correspondem ao Brás, Mooca, Ipiranga, entre outros. Esta tinha como objetivo fazer a ligação entre Jundiaí e as áreas de produção agrícola até o porto de Santos (KÜHL, 1998). A instalação do trem foi possível graças à economia cafeeira, porém esta não tinha como real intenção transformar São Paulo em uma metrópole industrial. A linha férrea foi construída para facilitar o transporte do produto, entretanto, o papel do trem de transformar a cidade em uma metrópole industrial era, na época, tido como uma utopia. A inserção da ferrovia nas proximidades da várzea do rio Tamanduateí mostra como a topografia de São Paulo foi fator influente para a estruturação da cidade, pois era necessário um terreno plano para sua implantação. O fato dos bairros no entorno do Tamanduateí serem uma área de várzia facilmente alagável, principalmente antes da retificação do rio, foi outro fator referente à topografia que configurou a estrutura 2 A São Paulo Railway (SPR), também era conhecida como Estrada de Ferro Santos-Jundiaí ou Inglesa (TOLEDO, 1996) e foi a primeira linha férrea em São Paulo. Em sua inauguração, a ferrovia possuia 12 estações que conforme o tempo foram alteradas (KÜHL, 1998).
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IMAGEM 10: MAPA DE Sテグ PAULO EM 1895
IMAGEM 11: MAPA DE Sテグ PAULO EM 1913
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do território. Estas áreas de várzea eram tratadas com certo desleixo, consideradas insalubres e vistas como “o fundo da cidade” (informação verbal)3. Porém, com o decorrer do tempo esses bairros sofreram diversas mutações. A São Paulo Railway viabilizou o crescimento da economia e, após o declínio da produção cafeeira, transformou a cidade em uma metrópole industrial (DPH, 2012; RODRIGUEZ, 2006; LEITE, 2002). Apesar da cidade ter como principal foco a sua expansão para oeste e para o rio Tietê e compreender a Zona Leste como um território desvalorizado, a ferrovia proporciona uma nova visão para a área, criando uma possibilidade de crescimento. O lado leste passa a ser visto como um potencial para abrigar usos industriais e atuar como local de oportunidade para o desenvolvimento econômico. A industrialização no eixo da ferrovia, que ocorria de maneira espontânea até então, passa a se enquadrar nas diretrizes de zoneamento da cidade (informação verbal)4. Logo a paisagem local próximo à São Paulo Railway passou a ser definida como predominantemente industrial, sendo as primeiras indústriais implantadas na região as de fiações de algodão e de tecelagem. Enquanto isso, o interior do bairro ainda era composto por chácaras e propriedades rurais. (ALVES; MARTINELLI, 1998; DPH, 2012; RODRIGUEZ, 2006) A ferrovia não só foi um polo para a construção de equipamentos industriais como também impôs sua geometria para a criação do traçado urbano. A organização dos lotes e quadras no interior dos bairros era reticulada e paralela à linha férrea, diferente da malha urbana irregular localizada no lado oeste do Tamanduateí. Esse traçado foi produzido com o intuito de facilitar o transporte de produtos e a ligação com as rodovias. Dez anos depois do início das operações da SPR, em 1877, uma nova linha férrea é inaugurada, delimitando a área da Mooca, que se desmembra do Brás, algumas décadas depois, em 1910. Nesta mesma época a imigração atingiu seu ápice. O interior do bairro deixa de ser caracterizado por chácaras e passa a atuar como bairro operário, permitindo que os funcionários das indústrias se instalassem nas proximidades de seus empregos, o que acabou por impulsionar também o comércio local (informação verbal)4. 3 4
Dados fornecidos por Jorge Bassani no curso São Paulo e Territorialidade, 2015 Dados fornecidos por Jorge Bassani no curso São Paulo e Territorialidade, 2015
BRÁS
HIPÓDROMO
CAMBUCI
MOOCA
IMAGEM 12: MAPA DAS FÁBRICAS DO BRÁS E DA MOOCA EXISTENTES EM 1914
IMAGEM 13: MAPA DE SÃO PAULO EM 1951 IMAGEM 11: MAPA DE 1916, ONDE É POSSÍVEL VER O TRAÇADO DAS RUAS RETICULADO E PARALELO À FERROVIA
A cultura estrangeira passou a ser incorporada na forma de produção das companhias instaladas na Mooca, como nas filiais da indústria Matarazzo5, no Crespi6 e na Fábrica Antarctica7. Muitos dos imigrantes eram, inclusive, os fundadores de algumas empresas (ALVES; MARTINELLI, 1998). Entre os anos de 1930 e 1940 a cidade já possuia um sistema de locomoção satisfatório, composto tanto por trens quanto por bondes. Nesta mesma época, houve uma extensa multiplicação de indústrias, sendo a década de 1950 o ápice do desenvolvimento industrial, que se expandiu ao longo do eixo ferroviário até a área do grande ABC. Mais tarde, nas décadas de 50 e 60 há o declínio do bonde, sendo substituído pelo ônibus. O sistema rodoviário passa a ter mais enfoque que outros meios de transporte e, neste contexto, é inaugurada a Avenida Alcântara Machado, conhecida como Radial Leste, que passa no limite do bairro da Mooca e faz ligação do Centro com a Zona Leste. Apesar de ter sido projetada visando a melhoria da mobilidade, a Avenida Alcântara Machado foi outro fator que alterou o território de maneira impactante 5 As Indústrias Matarazzo foram um grande complexo industrial fundado pelo imigrante italiano Francisco Matarazzo 6 O Cotonifício Rodolfo Crespi, inaugurado em 1897, foi a primeira industria de fiação de algodão em grande escala no Brasil. Seu fundador, Rodolfo Crespi, era um imigrante italiano radicado em São Paulo. 7 A Companhia Antarctica Paulista teve como dois de seus principais acionistas o imigrante alemão João Carlos Antonio Zerrenner e o dinamarquês Adam Ditrik Von Bülow.
IMAGEM 14: AVENIDA ALCÂNTARA MACHADO EM 1954
IMAGEM 15: INÍCIO DAS OBRAS DO METRÔ, NOS ANOS 70
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através de sua estrutura, fragmentando a malha urbana de seu entorno ainda mais e tornando-se uma forte condicionante (ALVES; MARTINELLI, 1998; LEITE, 2002). Nos anos 70, um novo sistema de mobilidade é inaugurado, o metrô, que passa a interligar diferentes regiões da cidade e tem seu percurso margeando a Mooca. A implantação de novas malhas rodoviárias e mudanças no método de produção fabril desencadearam o início do esvaziamento das indústrias em vários bairros operários, tornando muitos dos edifícios construídos, obsoletos. Por volta de 1980 a atividade industrial passa a se estabelecer em outras regiões, muitas vezes fora da cidade de São Paulo, no perímetro da macrometrópole (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2010). Com isso, houve uma mudança em São Paulo, que se transformou de cidade industrial para metrópole pós industrial, acarretando em diversas transformações urbanas no território. Na Mooca, lotes de galpões e armazéns, antes utilizados por indústrias, se converteram em áreas abandonadas ou semi-aproveitadas, compondo espaços improdutivos que promovem a fragmentação urbana e a descaracterização do espaço. (LEITE, 2002; TITTON, 2012). A ferrovia, assim como as instalações industriais, não acompanharam as diversas mutações do desenvolvimento urbano e os novos métodos de produção. Com a ausência de incentivos o trem torna-se uma estrutura precária e que atua como uma barreira na malha urbana, gerando ainda mais o abandono das áreas em sua orla (ALVES; MARTINELLI,
IMAGEM 16: RUA BORGES DE FIGUEIREDO EM 1980
IMAGEM 17: AVENIDA DO ESTADO EM 1986
IMAGEM 18: ESTAÇÃO BRÁS EM 1967
1998; RODRIGUEZ, 2006; LEITE, 2002). Com o esvaziamento das indústrias, que passam a ser implantadas perto de rodovias, a linha férrea perde sua principal função, e seu entorno passa a ser composto apenas por vazios urbanos desconexos, que não interligam os territórios em seu perímetro. Uma das tentativas para solucionar a questão da ferrovia como uma barreira, procurando maneiras de transpô-la, foi a criação de viadutos, porém isto não suavizou a cicatriz formada na cidade. Assim como a Avenida Alcântara Machado, a criação de estruturas aéreas enfatizou a pouca permeabilidade da área, principalmente para pedestres, e fragmentou ainda mais o território (RODRIGUEZ, 2006). Apesar de sua atual subutilização, a orla ferroviária ainda é um ponto norteador para a configuração do desenho da cidade, caracterizando a maneira como seu entorno se relaciona com o restante do tecido urbano. De acordo com Carlos Leite de Souza, a ferrovia, que era de extrema importância para a economia no passado, permanece como obstáculo e como fator que configura os bairros em seu entorno. “Elemento estruturador da paisagem urbana, assim como os rios, determinou a expansão da cidade no final do século, definiu os bairros-estação e os subúrbios. Foi fundamental no desenvolvimento da economia paulista, inicialmente com o ciclo do café, posteriormente com o surgimento da indústria. Percebe-se aqui claramente a presença maciça da indústria ao longo deste trecho da orla ferroviária, seja nas poucas que ainda permanecem em plena atividade, seja nos galpões e moinhos desativados. Imensas áreas desativadas – terrenos vagos – são paradigmas da metrópole pós-industrial. As cicatrizes deixadas pela passagem da ferrovia no tecido urbano central.” (LEITE, 2002, p. 53)
IMAGEM 19: VISTA AÉREA MOOCA
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IMAGEM 20: VISTA DA LINHA FÉRREA NA ESTAÇÃO MOOCA
2.2 FERROVIA Analisando-se a história de São Paulo, torna-se evidente como certas condicionantes do tecido urbano são, muitas vezes, fatores resultantes do desenvolvimento urbano e econômico da cidade, responsáveis por um grande impacto no espaço. Conforme a contextualização histórica do bairro da Mooca é possível notar como o espaço geográfico, juntamente com acontecimentos como a criação da ferrovia e o surgimento de um polo industrial, configuram a situação e identidade do lugar até os dias de hoje. Sendo assim, é possível afirmar que a criação da linha férrea São Paulo Railway foi um dos fatores que configurou as principais características e dinâmicas da Mooca, possuindo uma importância não apenas para o desenvolvimento econômico e metropolização de São Paulo, como também moldando em grande parte o desenvolvimento urbano e espacialidade de sua orla (LEITE, 2002). A construção da SPR possibilitava o deslocamento de produtos, inicialmente o café, o que incentivou a economia da cidade. Por meio deste intenso desenvolvimento, houve uma aceleração na urbanização da área, o que conformou as principais características do entorno (RODRIGUES, 2013; RODRIGUEZ, 2006). Com o crescimento da metrópole industrial, as quadras e ruas passaram a ser
IMAGEM 21: LINHAS FÉRREAS E DESVIOS DO PÁTIO DA MOOCA
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organizadas a partir da linha férrea e os lotes eram paralelos para que fosse possível implantar ramais de carga e descarga nos edifícios industriais, facilitando o transporte (RODRIGUEZ, 2006). A ferrovia passou a estruturar as geometrias urbanas, criando ligações com as novas estações e agindo como motor da ocupação industrial, da fixação da população, comércio e serviços locais. Portanto, a linha Santos-Jundiaí influenciou a dinâmica tanto urbana quanto econômica de São Paulo, influenciando o desenvolvimento industrial e o traçado urbano. Após sua implementação é possível notar diversas transformações nos bairros em sua orla, definindo a expansão urbana e a criação de vilas operárias (LEITE, 2002; TOLEDO, 1996).
IMAGEM 22: FERROVIA EM 1968
IMAGEM 23: FERROVIA EM 2012
Os terrenos próximos à SPR, por serem localizados em vales, possuiam baixo preço, o que era mais um incentivo para a implantação de edifícios na área. Lotes residenciais e bairros operários passaram a ser construídos devido a existência de equipamentos de serviços e fácil transporte do local, aumentando o fluxo migratório. Assim, as áreas próximas à linha do trem se desenvolveram e expandiram, surgindo estações que resultaram em um grande número de pessoas transitando no local, fazendo com que os bairros crescessem cada vez mais. Ao observarmos estas mudanças, é possível notar que a orla ferroviária foi local de intensas transformações. Porém, este desenvolvimento industrial não possuia um planejamento urbano muito bem definido, atendendo às necessidades momentâneas da economia, sem que fossem coordenadas. As ferrovias, juntamente com a ausência de um plano de desenvolvimento, geraram uma série de consequências para os espaços em que era implantadas. As ruas dos bairros eram seccionadas pela linha do trem, segregando os espaços. Houve, portanto, a intensa necessidade da criação de transposições e da alteração do sistema viário como tentativa de melhorar o acesso às novas estações. Portanto Sua estrutura não apenas criou uma condição urbana específica em seu perímetro como também passou a atuar como uma espécie de barreira física de difícil transposição, caracterizando a fragmentação do lugar em que se insere. A partir dos anos 1940 o transporte ferroviário entrou em declínio, concorrendo com o transporte rodoviário e perdendo o conceito de meio de transporte mais
IMAGEM 24: ATUAL ESTAÇÃO DA MOOCA
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eficiente. A ferrovia passou a não ser incentivada e o foco do desenvolvimento urbano se voltou para as rodovias. Assim, muitos ramais ferroviários e estações foram abandonados, o que acabou por gerar uma deterioração também das áreas em seu entorno. Esse fenômeno ocorreu não apenas em São Paulo, mas também em diversas outros locais no Brasil, Inglaterra, França, Estados Unidos, entre outros, gerando linhas de ferro e estações sem uso (KÜHL, 1998; LEITE, 2002, TOLEDO, 1996). Com o abandono das estações ferroviárias, juntamente com o processo de evacuação de muitas empresas, houve um esvaziamento de toda área e a fragmentação e descaracterização de sua orla. O trem passou a ter seu potencial
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IMAGEM 25: ATUAL ESTAÇÃO DA MOOCA
IMAGEM 26: ENTRADA ESTAÇÃO MOOCA PELA AV. PRES. WILSON
IMAGEM 27: ENTRADA ESTAÇÃO MOOCA PELA R. BORGES DE FIGUEIREDO
IMAGEM 28: ATUAL ESTAÇÃO DA MOOCA
subutilizado, configurando apenas uma cicatriz urbana que segrega dois espaços através da ausência de transposições. A formação urbana sem um planjeamento ideal e a necessidade da criação de viadutos para manter a permeabilidade entre os dois espaços seccionados são fatores que incentivaram a condição de fratura urbana da linha de trem (RODRIGUEZ, 2006; LEITE, 2002). Hoje a São Paulo Railway, atual linha 10-Turquesa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos)8, tem como papel principal o transporte de passageiros, apesar de ainda exercer a função de transporte de carga. Esta encontra-se degradada, em um local desarticulado, com diversos lotes sem uso e terrenos vagos em sua orla, dificultando a passagem de carros e pedestres para ambos os lados dos bairros que secciona. Suas estações de trem estão, em sua maioria, deterioradas e muitas não possuem inserção urbana. Devido à cicatriz configurada pelo transporte ferroviário, faz-se necessário projetos urbanos contemporâneos que lidem com esta segregação de espaços, intervindo e conectando o tecido urbano da orla ferroviária com o restante das áreas centrais. Assim, os territórios localizados próximo às linhas de trem devem ser articulados de uma nova maneira, transformando a área, diminuindo o desuso dos grandes lotes antes utilizados por indústrias e criando uma conectividade com a área urbana central da cidade (LEITE, 2002). 8 A linha 10-Turquesa da CPTM atualmente faz um percurso entre as estações Brás e Rio Grande da Serra, atravessando o centro de São Paulo e cruzando São Caetano, Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
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IMAGEM 29: ANTARCTICA PAULISTA
2.3 EDIFÍCIOS INDUSTRIAIS
IMAGEM 30: CRESPI EM 1970
IMAGEM 31: CASA VANORDEN EM 1922
IMAGEM 32: ANTARCTICA PAULISTA EM 1924
Os edifícios industriais passaram a se instalar na Mooca devido à linha férrea e a ascensão da economia, conforme explicado anteriormente. Essas estruturas tiveram seu surgimento a partir da década de 1880, tendo a indústria Rodolfo Crespi como precursora. Com o passar dos anos, outras fábricas, galpões e armazéns se instalaram na orla ferroviária, como os Armazéns Matarazzo, a Casa Vanorden9, os Grandes Moinhos Gamba e a Cia União dos Refinadores. Os edifícios industriais possuíam lotes extensos e seguiam tratados de construção que definiam diversos detalhes projetuais. Suas principais características eram as fachadas moduladas feitas de alvenaria de tijolos aparentes e suas coberturas, que muitas vezes eram compostas por tesouras metálicas ou de madeira, tendo soluções em shed ou em lanternim. Os galpões possuiam, em suas fachadas voltadas para a ferrovia, docas de embarque e desembarque para o transporte de produtos (DPH, 2012). “A extensa aglomeração de edifícios industriais nas ruas junto à ferrovia fez com que as fachadas das fábricas gerassem amplos quarteirões fechados, sem recuos frontais ou laterais, definindo uma paisagem bastante particular, que separaria de vez os pontos leste e oeste, já distanciados 9 A Casa Vanorden, utilizada como estudo para o objeto de projeto desse trabalho é um edifício de dois pavimentos e um conjunto de 17 módulos que conformam um galpão. O patrimônio abrigava atividades de gráfica e editora, porém atualmente encontra-se utilizado como estrutura para um estacionamento.
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por conta do leito ferroviário” (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2011, p. 265) Após a instalação de diversas indústrias e da consolidação de São Paulo como uma metrópole industrial, na década de 1970, o modelo de produção utilizado na fordista10 época, passa a sofrer algumas alterações. Essas mudanças nos métodos de produção transformam também algumas das configurações urbanas da cidade (RODRIGUES, 2013). A descentralização industrial já podia ser notada fora do Brasil, como em Manchester e em Londres, onde houve um êxodo das indústrias das zonas centrais das cidades (TOLEDO, 1996). 10 O Fordismo baseavase na produção e no consumo em massa, necessitando de investimentos nas linhas de montagem, com grandes máquinas e instalações
IMAGEM 33: CASA VANORDEN ATUALMENTE
IMAGEM 34: ANTARCTICA PAULISTA ATUALMENTE
Em São Paulo, conforme a cidade sofre mutações em seus processos de produção, há um esvaziamento industrial nas áreas centrais. Os bairros industriais, que anteriormente foram palco do crescimento econômico da cidade e configuraram sua expansão urbana, foram deixados pelo setor industrial, fazendo com que muitos edifícios perdessem suas funções (LEITE, 2012; KÜHL, 1998). Assim, a metrópole industrial alterou-se para metrópole pós-industrial. O setor terciário passa a ter grande destaque para a cidade, ultrapassando o setor industrial. Territórios metropolitanos de antigas áreas industriais são progressivamente desativados e negligenciados conforme surge um maior foco em áreas voltadas para serviços (RODRIGUES, 2013; LEITE, 2012). Como consequência do esvaziamento industrial, lotes de grande porte, dotados de infraestrutura e localizados próximo aos centros urbanos, são abandonados. A desocupação dos patrimônios industriais manteve uma paisagem urbana dotada de extensos lotes ocupados por estruturas degradadas e sem uso. Após o esvaziamento industrial, os edifícios passaram a se deteriorar em meio a um processo de abandono e improdutividade da área, tendo como consequência o seu esquecimento (TITTON, 2012). A subutilização das antigas construções do setor industrial gerou locais degradados e estruturas sem uso que tornaram-se, por meio de sua obsolência, vazios urbanos. Em decorrência disso, a identidade do território que ocupam é negligenciada. Os grandes terrenos ociosos conformados transformam-se em alvos da
IMAGEM 35: NOVOS EDIFÍCIOS CONSTRUÍDOS NA RUA BORGES DE FIGUEIREDO EM FRENTE À CASA VANORDEN
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especulação imobiliária, que muitas vezes propõem projetos que descaracterizam o espaço que ocupam (KÜHL, 1998; LEITE, 2012). Estes lotes, hoje definidos por grandes vazios, configuram fragmentos no tecido urbano da cidade, criando espaços desconexos com o resto da dinâmica urbana, sendo seu passado e sua antiga função mais relevante que sua presença atual. Esta ruptura na cidade contemporânea por meio de grandes áreas abandonadas gera um intenso desperdício urbano. Portanto, atualmente, o espaço ao longo da orla ferroviária encontrase desqualificado, o que forma um território fragmentado, com dificuldades de articulação, que representa o declínio da metrópole industrial (MESTRINER, 2008; LEITE, 2012). Esses edifícios passam a agir como estruturas “testemunho do passado”11 e, por serem arquiteturas de grande porte, suas problemáticas ao se configurarem como um vazio não se restringem apenas ao lote que ocupam, conformando condicionantes urbanas de intensa carga memorial (KÜHL, 1998; RODRIGUES, 2013). Assim, o território onde se encontram esses projetos industriais possuem forte memória e, por abrigarem estruturas antigas, necessitam de uma dinâmica urbana que permita que presente e passado dialoguem. Porém, atualmente essa relação entre diferentes épocas não ocorre e a importância histórica local não é levada 11 Beatriz Mugayar Kühl afirma que a arquitetura ferroviária age como um testemunho do passado e que as mutações da metrópole nas ultimas décadas tem levado tais testemunhos ao desaparecimento não apenas em São Paulo, como em outros países (KÜHL, 1998, p. 221).
IMAGEM 36: VISTA AÉREA DOS GALPÕES INDUSTRIAIS DA MOOCA EM 1947
em consideração. Apesar dos terrenos ociosos muitas vezes sofrerem com intervenções sem parametrização propostas pelo mercado imobiliário - como com construções que não consideram a importância histórica do território, apenas visando o lucro - tais edifícios industriais tem o potencial para abrigarem projetos mais urbanos de regeneração territorial e preservação da identidade (RODRIGUES, 2013; LEITE, 2002). Estas grandes áreas subutilizadas podem ser palco de projetos de revitalização, atuando como recurso para a regeneração, reestruturação do local, atribuindolhe novas funções, sem que sua memória e que a história da área seja esquecida (MESTRINER, 2008).
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IMAGEM 37: VISTA AÉREA DOS GALPÕES INDUSTRIAIS DA MOOCA ATUALMENTE
IMAGEM 38: VISTA AÉREA MOOCA
2.4 OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA MOOCA-VILA CARIOCA O novo Plano Diretor Estratégico (PDE)12 busca uma cidade compacta, com mais qualidade urbana. Tem como objetivo criar novas centralidades, o aumento da densidade e a melhoria do transporte público e da mobilidade na escala do pedestre. Além do Plano Diretor Estratégico, alguns territórios da cidade de São Paulo estão englobados em planos de desenvolvimento que promovem intervenções mais específicas: as Operações Urbanas Consorciadas. Tais operações são executadas pela prefeitura e buscam melhorias mais precisas na qualidade do local em que serão implantadas, analisando suas potencialidades e deficiências de modo exclusivo, enquanto o Plano Diretor atua de forma ampla (PREFEITURA DE SP, 2014). Sendo Assim, a Operação Urbana Consorciada é baseada nas orientações do Plano Diretor Estratégico, porém é inserida em um perímetro menor, possuindo objetivos menos generalizados. As diretrizes propostas pelas operações são coordenadas pelo Município de São Paulo, mas contam com a participação dos moradores e proprietários. O bairro da Mooca faz parte do território da Operação Urbana Consorciada Mooca-Vila Carioca (OUC MVC). O principal objetivo desta operação é a reinserção de seu território na dinâmica urbana, sem a alteração da identidade existente, para que o espraiamento da cidade seja contido e áreas no interior da metrópole sejam recicladas (PREFEITURA DE SP, 2011). A localização desta operação urbana é de grande relevância para a cidade, devido ao fato de estar situada em um eixo estratégico que tem ligação com a região do Grande ABC e com a Baixada Santista (PREFEITURA DE SP, 2012). 12 Lei n. 16.050/14. O Novo Plano Diretor Estratégico foi aprovado em 2014 pelo atual prefeito Fernando Haddad e é composto por diretrizes que guiarão o desenvolvimento urbano de São Paulo até 2030. Este visa a diminuição da desigualdade socioterritorial; para isso o plano orienta um desenvolvimento que busque a aproximação da moradia com o trabalho, a valorização e preservação do meio ambiente e do patrimônio cultural e o crescimento dos chamados eixos de estruturação, localizados nas proximidades dos transportes públicos (SMDU, 2014).
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DISTRITO DA MOOCA ÁREA DE ATUAÇÃO DA OPERAÇÃO URBANA
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IMAGEM 39: ÁREA DE ATUAÇÃO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA MOOCA-VILA CARIOCA
LOTE ESTUDADO COMO OBJETO DE PROJETO POLO CULTURAL DE ENTRETENIMENTO POLO PRODUTIVO E DE NEGÓCIOS POLO LOGÍSTICO RENDA MÉDIA/BAIXA POLO EQUIPAMENTOS REGIONAIS E HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL RENDA MÉDIA/ALTA IMAGEM 40: CARACTERIZAÇÃO FUNCIONAL DOS SETORES DE INTERVENÇÃO
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A operação urbana busca que a área passe a ser definida como um setor de crescimento populacional e econômico e um polo cultural, aproveitando a conexão do território com o ABC e sua proximidade com o centro histórico de São Paulo (PREFEITURA DE SP, 2014). Sua área de atuação engloba as sub-prefeituras da Cambuci, Mooca, Ipiranga e Vila Prudente. As principais condicionantes desse território são a antiga linha férrea Santos-Jundiaí, a Avenida do Estado, o Rio Tamanduateí e as estruturas industriais preexistentes (PREFEITURA DE SP, 2011). Como é possível notar ao analisar o contexto histórico e as condicionantes da Mooca, as particularidades do território desta operação são conformadas pela topografia da área de várzea do rio, a ferrovia e a antiga atividade industrial. Um de seus traços mais exclusivos é sua malha urbana, que apesar de possuir fraturas é dotada de forte memória e diversos patrimônios históricos. Outras de suas principais características são: a baixa densidade demográfica, com média de 84 hab./ha, o sistema viário fragmentado, os vazios urbanos, o extenso comprimento das quadras, dificultando a mobilidade, habitações precárias e o rio Tamanduateí tamponado. O projeto da operação utiliza os potenciais da área, considerando as condicionantes existentes para configurar a transformação do território. Assim, foi definido o método de intervenção ideal (PREFEITURA DE SP, 2010). São propostas ações que dialoguem com o processo de transformação e renovação do território, comportando soluções para os quatro pontos norteadores do projeto: a mobilidade, a drenagem, as áreas verdes e espaços públicos e o uso e ocupação do solo. A principal diretriz da operação é alterar as zonas de uso predominantemente industrial, adensando a área e criando equipamentos variados para suprir as necessidades dos novos moradores. Para isso, algumas das propostas são: • a transformação do eixo da ferrovia em um polo logístico com uso misto e de entretenimento; • otimização da infraestrutura existente; • utilização das áreas obsoletas dando a elas uma nova função; • preservação dos patrimônios históricos; • aumento de equipamentos institucionais, de saúde, educação, comerciais e de serviços; • criação de aberturas em quadras extensas;
• continuidade urbana da fachada dos edifícios. Através das diretrizes que visam preservar patrimônios históricos e reutilizar áreas sem uso foi baseado o partido para o objeto de projeto proposto. Seguindo principalmente estas duas orientações, o projeto acompanha os ideais da Operação Urbana ao propor uma nova função para um galpão existente próximo à linha férrea, na Rua Borges Figueiredo, e segue o uso proposto para a área, que conforme o plano atuaria como um polo de entretenimento. Para alcançar as diretrizes propostas, a OUC MVC se dividiu em quatro partes: o Projeto Estratégico Tamanduateí I; O Projeto Estratégico Tamanduateí II trecho 1; O Projeto Estratégico Tamanduateí II trecho 2; E o Projeto Estratégico Vila Carioca. O setor do Projeto Estratégico Tamanduateí I, localizado na Mooca, onde está
PROJETO ESTRATÉGICO TAMANDUATEÍ I PROJETO ESTRATÉGICO CAMBUCI
45 PROJETO ESTRATÉGICO TAMANDUATEÍ II
PROJETO ESTRATÉGICO VILA MONUMENTO
PROJETO ESTRATÉGICO VILA CARIOCA IMAGEM 41: PROJETOS ESTRATÉGICOS DA OUC MVC
inserido o objeto de projeto proposto, visa transformação da área em um polo de entretenimento, com novas funções que promovam o lazer e a cultura. Tal projeto leva em conta os diversos patrimônios industriais existentes em sua área, procurando manter suas identidades, porém com novas funções que os reinsiram na cidade, aproveitando as edificações industriais remanescentes para a implantação dos usos culturais. O Moinho Minetti Gamba, localizado na rua Borges de Figueiredo, é um exemplo de patrimônio industrial da orla ferroviária da Mooca com o uso atual voltado para o entretenimento. Anteriormente à proposta da operação, este patrimônio já havia sido adaptado para uma nova função, transformando-se em
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PERÍMETRO POLO DE ENTRETENIMENTO ESTAÇÃO METRÔ ESTAÇÃO CPTM EDIFICAÇÃO PROTEGIDA BENS TOMBADOS BENS COM PROCESSO DE TOMBAMENTO ABERTO ÁREA VERDE PROPOSTA IMAGEM 42: PLANO ESTRATÉGICO TAMANDUATEÍ I
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1- NOVA ESTAÇÃO MOOCA CPTM 2- COMPLEXO DE CINEMAS E TEATROS (ANTARCTICA PAULISTA) 3- BIBLIOTECA (CASA VANORDEN) 4- PASSARELA (ATUAL ESTAÇÃO MOOCA) 5- PARQUE LINEAR (PORTO DE AREIA) 6- MOINHO MINETTI GAMBA 7- NOVA ESTAÇÃO SÃO CARLOS CPTM+METRÔ
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IMAGEM 43: PROJETOS PROPOSTOS PELA OPERAÇÃO E OBJETO DE PROJETO
salões de festas, o Moinho Eventos. Com base nesta utilização do Moinho, o Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) propôs em 2006 a sua desapropriação para restauro e a transformação do uso dos patrimônios industriais para um caráter cultural. O projeto, chamado Estação Moinho Cultural, foi inviabilizado. As desapropriações não avançaram e os órgãos de preservação também não cederam os galpões tombados para execução da proposta. Hoje, a empresa Moinho Eventos foi desalojada do Moinho Minetti Gamba, viabilizando planos de cunho cultural. O Projeto Estratégico Tamanduateí I, cria uma nova proposta não só para o Moinho, como para todo o território da orla ferroviária da Mooca, contando
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com a transformação dos usos dos edifícios industriais em locais de lazer e cultura. Assim, no Moinho Minetti Gamba é proposta a potencialização de sua antiga atividade de eventos e gastronomia, com o objetivo se interligar ao novos planos de cunho cultural, que também estão sendo propostos pela Operação. A Fábrica Antártica, localizada na Av. Presidente Wilson, próximo à estação de trem Mooca, é um importante patrimônio da orla ferroviária e será transformada em um centro cultural, com salas de cinema, teatro, restaurantes, áreas para eventos e galerias de arte. Junto à estes projetos, é proposto o Museu Aberto da Ferrovia, um complexo de Museus que possui diversos fragmentos ao longo da linha férrea e que deterão documentos expostos referentes à ferrovia e à industrização da cidade. A área da Mooca comportará o Centro de Documentação e Memória das Ferrovias de São Paulo, do Museu da Ferrovia, sendo que outras áreas como em Louveira e em Paranapiacaba também está previsto a instalação de outras unidades do museu. Outro fator determinado pela Operação Urbana é o deslocamento da estação Mooca para um local mais próximo da Rua da Mooca e a criação de uma nova parada entre as estações Ipiranga e Mooca, próxima ao Viaduto São Carlos. Estes novos pontos deverão possuir transposições da linha do trem sem que seja necessário a compra de bilhete, o que não ocorre nas estações existentes. O atual edifício da estação da Mooca poderá se transformar em uma passarela, um ponto de ligação dos dois lados da ferrovia, que interliga os novos projetos de uso cultural. Outras propostas do Projeto Estratégico são: a implantação de um parque no atual porto de areia e a transferência da biblioteca Afonso Taunay para junto deste
IMAGEM 44: ESQUEMA DA PROPOSTA DA OPERAÇÃO URBANA
IMAGEM 45: PASSARELA ESTAÇÃO MOOCA
IMAGEM 46: ANTARCTICA PAULISTA
complexo cultural, criando assim um eixo composto por atividades culturais e de uso misto, conectadas pela malha de transporte público. Estas intervenções em áreas de patrimonios historicos deverão ser devidamente analisadas e aprovadas pelo seu respectivo órgão de preservação (CONDEPHAAT, CONPRESP, IPHAN)13 (PREFEITURA DE SP, 2011), conforme pode ser lido no decreto estadual n. 48.137/03, que altera a redação do artigo 137 do decreto n.13426 de 16 de março de 1979: “A resolução de tombamento preverá, no entorno do bem imóvel tombado, edificação ou sítio, uma área sujeita a restrições de ocupação e de uso, quando estes se revelarem aptos a prejudicar a qualidade ambiental do bem sob preservação, definindo caso a caso, as dimensões dessa área envoltória. Nenhuma obra poderá ser executada dentro da área envoltória definida nos termos deste artigo sem que o respectivo projeto seja previamente aprovado pelo condephaat.” Tendo a OUC MVC expandido estas condições de aprovação para os outros órgãos de preservação. Portanto, os Planos Estratégicos da Operação Urbana Consorciada Mooca – Vila Carioca são compostos por uma análise específica que possa garantir uma requalificação desta área de maneira viável, tendo muitas vezes que obter a aprovação dos órgãos de preservação (PREFEITURA DE SP, 2011). 13 O tombamento pode ser executado pelo órgão federal IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), estadual CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) ou municipal CONPRESP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo).
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3. CONCEPÇÃO
Após analisar o contexto histórico e atual da Mooca, no qual a linha férrea e os edifícios industriais são apresentados como condicionantes que resultam em algumas problemáticas territoriais, é necessário compreender algumas questões teóricas que fundamentam o projeto urbano de regeneração, possibilitando a reciclagem de estruturas e a rearticulação da malha urbana.
IMAGEM 47: LINHA FÉRREA NA MOOCA
3.1 METAMORFOSE URBANA As cidades constantemente passam por processos de transformações, renovando suas dinâmicas conforme a necessidade de desenvolvimento. Por ser uma metrópole que sofreu um intenso processo de crescimento, os diferentes territórios de São Paulo podem ser analisados como exemplos de áreas que sofreram modificações com o decorrer do tempo. No caso do bairro da Mooca é possível notar a metamorfose urbana através de suas passagens de um terreno predominantemente composto por chácaras para um polo industrial e, posteriormente, para um território pós-industrial, dotado de exemplos remanescentes de diversas épocas, juntamente com novos edifícios construídos mais recentemente. Este fenômeno observado tanto na Mooca quanto em outros territórios metropolitanos é o que caracteriza o conceito da cidade atuar como um organismo vivo (SANTOS, 2002). De acordo com Milton Santos, o dinamismo e a composição da cidade, feita tanto por mudanças quanto por permanências, são características que se assemelham a de algo com vida. Benedito de Toledo também afirma que não é possível compreender a metrópole como um objeto estático. O espaço não possui uma estrutura fixa, mas sim sofre metamorfoses conforme o tempo. Isso faz com que cada época seja única e tenha sua devida relevância
IMAGEM 48: VISTA DA ESTAÇÃO MOOCA, TELHADOS DE GALPÕES INDUSTRIAIS JUNTOS À NOVOS EMPREENDIMENTOS
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e significado. Estruturas de diferentes tempos, antigas e atuais, possuem um valor único. Estas alterações no espaço ocorrem conforme as necessidades e condições da sociedade, assim como esta também se molda e se transforma de acordo com dinâmicas territoriais. Sendo assim, sociedade e território atuam em conjunto como estruturadores de um espaço urbano específico. Portanto, notamos que o espaço age como organismo vivo ao responder à fatores como o tempo e a sociedade, criando novas configurações constantemente, em resposta às suas condicionantes. As transformações da cidade são causadas por interrelações entre sítio urbano e pessoas (SANTOS, 2002; TOLEDO, IMAGEM 49: EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS BEIRANDO A FERROVIA
1984). Para que exista o relacionamento de adaptações mútuas entre homem e espaço, a cidade não pode ser pensada como uma produção em massa. Com esse tipo de abordagem sua estrutura se fragiliza, gerando o abandono da história e de toda a identidade construída através das mutações do local (TOLEDO, 1984). Ou seja, conforme o tempo e a necessidade dos indivíduos que usufruem do espaço, a cidade deve se rearticular. Essas alterações não seguem um padrão e não são homogêneas. Enquanto algumas estruturas possuem a capacidade de se renovar e se adaptar conforme as mutações, outras permanecem estáticas e acabam ou configurando vazios no território ou sendo apagadas, com estruturas
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IMAGEM 50: PAISAGEM DOS BAIRROS DA MOOCA E CAMBUCI
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completamente novas sendo construídas em seu lugar. Cada lugar da cidade, tanto arquiteturas quanto malhas urbanas, se desenvolvem e se modificam de maneiras diferentes perante às mudanças da metrópole e com isso a cidade se diversifica. Uma cidade não é composta nem apenas de relíquias, antigas estruturas herdadas de um passado estático, nem apenas do atual, um presente sem fundamentação no passado. A metrópole engloba diferentes épocas e não deve ser considerada pertencente a um único período. Sua paisagem é heterogênea e abriga diferentes momentos – deixando claro suas transformações ao longo da história (SANTOS, 2002). Conforme esta tendência à diversificação da paisagem urbana que a cidade possui, é necessário que as produções de diferentes épocas sejam capazes de coexistir e aceitar as transformações da cidade (CANCLINI, 1994). Sendo assim, a metrópole heterogênea é dotada tanto de permanências com vestígios memoriais quanto de estruturas atuais e globalizadas. A cidade não pode nem sofrer um completo congelamento como também sua renovação não deve anular as características do tecido urbano existente. O novo não deve ocorrer com o total sacrifício das preexistências, mas sim com a análise e preservação dos bens relevantes. Ao preservarmos alguns patrimônios estamos contando o passado para o presente, mostrando particularidades de uma época. Ao conservarmos memórias de momentos que foram essenciais para o processo de evolução da cidade, deixamos evidente as diversas mutações que este organismo sofreu (TOLEDO, 1984). Enquanto a metrópole se renova e outros espaços surgem, atribuindo novas funções e conceitos para um território, a preservação do patrimônio atribui significados dotados de memória para o espaço (SANTOS, 2002). Assim, a revitalização de algumas estruturas históricas é de extrema importância para o próprio crescimento urbano, qualificando o território de maneira memorial e afetiva, contribuindo para a integração de espaços que não suportam as mudanças na dinâmica urbana (TOLEDO, 1984). Através desta análise concluímos que, como um organismo vivo, a cidade gera diversidade. Seus processos de mutação podem influenciar na dinâmica do
entorno, fazendo com que todos os territórios tenham como característica em comum a instabilidade. Essa inconstância da metrópole gera uma multiplicidade de momentos e relações que enriquecem o território (SANTOS, 2002). Porém, estas constantes transformações podem causar também áreas ociosas, fragmentadas, evidenciando, juntamente com a aceleração na alteração da paisagem urbana, o rápido desaparecimento de preexistências Esse tipo de transformação, sem nenhum parâmetro ou diálogo com o antigo, gera espaços intermediários, locais que perdem sua antiga função mas que, ao mesmo tempo, não adquirem novos usos. Estas estruturas que não mais dialogam com a continuidade urbana são os terrenos vagos, consequências das transformações urbanas. Para que estruturas como vazios urbanos sejam evitadas, patrimônios históricos devem ser mantidos, configurando desta maneira uma cidade dotada de identidade, coesa e sem fragmentos. A metrópole está a serviço do movimento e a globalização deve agir em conjunto com a reutilização (PEIXOTO, 2004). 57
IMAGEM 51: RUA FREI GÁSPAR, NA MOOCA, COM EDIFÍCIOS NOVOS E PATRIMÔNIOS HISTÓRICOS
IMAGEM 52: RUA BORGES DE FIGUEIREDO
3.2 TERRENO VAGO O termo terreno vago, também definido como vazio urbano, deriva do conceito francês terrain vague14 e caracteriza locais obsoletos, sem uso e abandonados pela dinâmica metropolitana. Estes territórios surgem como áreas remanescentes do passado, que não acompanharam as metamorfoses urbanas. Presos em sua própria história, são incapazes de dialogar com o entorno. De acordo com Solà-Morales, o terrain vague é um fragmento improdutivo no tecido urbano, sem articulação com as dinâmicas locais. É a definição de um espaço que, apesar de possuir grande potencial urbano por ser dotado de memória, encontra-se como uma fratura, condicionado em seu passado e preso em sua antiga estrutura. Por não se modificarem junto às novas dinâmicas da cidade, os terrenos vagos são sítios que permanecem estagnados, tendo como função apenas a representação do seu passado. Ou seja, nem todos os territórios urbanos acompanham as intensas mutações da metrópole e, consequentemente, as próprias transformações na cidade geram alguns fragmentos, vazios urbanos desabilitados e desconexos com seu entorno (SOLÀ-MORALES, 2002). A metrópole globalizada constantemente aloja estas áreas residuais como consequência de possuir territórios que crescem e mudam de maneira constante e acelerada (PEIXOTO, 2004). O terreno vago e suas problemáticas são, portanto, consequências inevitáveis do crescimento metropolitano. Milton Santos, em seu livro O País Distorcido, afirma que “uma modernização sem limite ou critério leva à desconfiguração dos bairros atingidos” (SANTOS, Milton, 2002, p. 25, 26). Conforme Santos, para que a cidade se desenvolva economicamente de maneira rápida, a ausência de critério ocorre, apagando a memória do território e evoluindo sem utilizar a preservação da história como um parâmetro ou se preocupar com diálogos e conexões urbanas. Esse crescimento acelerado sem 14 Ignasi de Solà-Morales Rubió utiliza o termo francês terrain vague (terreno vago) para caracterizar os vazios urbanos e explica que a tradução dessas palavras não é possível, porém define-as como “terrain” sendo um lugar de caráter urbano e “vague” como vácuo, vazio, inocupado (SOLÀ-MORALES, 2002).
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preocupação com as permanências é o que causa os vazios urbanos (SANTOS, 2002). São Paulo, em sua passagem de metrópole industrial para pós-industrial, possui alguns casos de terrenos vagos que surgiram por meio destas intensas mudanças (LEITE, 2012). Em bairros industriais é possível notar que, após o esvaziamento deste setor, houve a desativação de vários edifícios no centro expandido da cidade e a configuração de vazios, juntamente com a criação de novas áreas na periferia da metrópole para abrigar as indústrias (LEITE, 2002). Como é possível observar na Mooca, o crescimento da cidade tende a rearticular e expandir o tecido urbano, porém estas transformações muitas vezes causam fraturas, gerando áreas intermediárias vazias que atuam como uma cicatriz na cidade, como é o caso do antigo sítio industrial deste bairro. Os territórios industriais da Mooca são, portanto, exemplos de terrenos vagos que, por não serem reutilizados após seu esvaziamento, passam a desarticular o tecido urbano. Como consequência a Mooca abriga não apenas a cicatriz gerada pelo desuso da linha férrea como também áreas residuais indusitriais que interferem ainda mais na continuidade urbana do bairro (MESTRINER, 2008; PEIXOTO, 2004). Esse tipo de fragmentação do território, tanto da Mooca como em outros lugares da cidade, tem como consequência a perda da vitalidade do tecido urbano. O espaço passa a abrigar diversos territórios desconexos, que atuam como sobreposições irregulares que comportam as mutações da cidade, intercalados
IMAGEM 53: FACHADA DEGRADADA DA FÁBRICA ANTARCTICA PAULISTA
IMAGEM 54: ESTRUTURA ABANDONADA, AV. PRES. WILSON
IMAGEM 55: GALPÃO RECÉM REVITALIZADO, R. BORGES DE FIGUEIREDO
IMAGEM 56: AVENIDA PRESIDENTE WILSON
por terrenos que não possuem a mesma capacidade de transformação (MESTRINER, 2008; LEITE, 2012). Estes terrenos vagos, renegados pela nova dinâmica do tecido urbano e pelo crescimento tecnológico, possuem como elemento predominante sua antiga função e carga histórica, permanecendo alheios às produções econômicas e alternativos às configurações da metrópole (SOLÀ-MORALES, 2002; LEITE, 2002). Tendo o vazio urbano como importante remanescente memorial em meio à globalização, sua qualidade histórica é de extremo valor, sendo uma característica perdida por outros territórios que se transformaram. Portanto, apesar da conotação negativa que pode estar associada ao termo terrain vague, estas áreas podem ser entendidas como potenciais, e não como obstáculos, possuindo a capacidade de reestruturar, por meio de sua memória, o tecido urbano fragmentado. A criação de projetos para os vazios urbanos pode rearticular os espaços conformados e criar locais produtivos, com novas funções e dotados de caráter histórico. Porém, é necessário intervir nestes territórios de maneira cautelosa, trazendo novas funções para este vazio sem desconfigurar sua memória (MESTRINER, 2008; SANTOS, 2002; SOLÀ-MORALES, 2002). Por meio deste tipo de reutilização cuidadosa dos vazios, reintegrando-os na cidade, é possível que a metrópole se articule e cresça juntamente com suas diferentes histórias, criando uma paisagem sem terrenos vagos, que mantém estruturas de diferentes épocas capazes de dialogar entre si (PEIXOTO, 2004; SOLÀ-MORALES, 2002; LEITE, 2012).
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IMAGEM 57: ARMAZÉM DA ANTIGA SÃO PAULO RAILWAY
3.3 PATRIMÔNIO HISTÓRICO
IMAGEM 58: PINACOTECA DO ESTADO DE SÃO PAULO
IMAGEM 59: MERCADO MUNICIPAL DE SÃO PAULO
IMAGEM 60: TEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO
Os patrimônios históricos são estruturas que se mantém ao longo de transformações urbanas e que, quando corretamente preservadas, possuem a capacidade de unificar o território através da memória. Porém, se abandonados, os patrimônios podem acabar caracterizando-se como terrenos vagos. Para que seja possível que o patrimônio atue como esta estrutura relevante na dinâmica urbana, e não como um objeto que gera vazios e barreiras no desenvolvimento metropolitano, é de extrema importância que exista a preservação e intervenção nestes bens de maneira correta. Por isso, é necessário compreender as características de um patrimônio histórico, sua origem e método de preservação, para que assim a preservação ocorra. Essas estruturas surgem a partir das transformações da cidade, combinadas com suas relações sociais, atividades culturais e outros fatores. Possuem intenso valor memorial e se estabelecem como representantes de uma época através do tempo (MENESES, 1984; SANTOS, 2002). Sendo assim, esses bens podem ser descritos principalmente como consequências da produção cultural de um grupo de indivíduos, que foi capaz de se manter ao longo da história. O patrimônio passa a transmitir sua memória e faz com que a sociedade se veja identificada nele. Através destes edifícios históricos, há uma relação entre indivíduos, identidade e tempo, estabelecendo uma memória coletiva para o território (CANCLINI, 1994; MESENTIER, 2005).
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P o r t a n t o , patrimônios históricos funcionam como ferramentas que suportam uma memória coletiva. São o cruzamento entre o espaço e o tempo (um determinado lugar em uma determinada época) e, por representarem estes momentos, passam a ser vistos como estruturas memoriais que atuam como marcos referenciais na metrópole (PEIXOTO, 2004). Por meio desta capacidade de agir como um marco e de sustentar uma história, o patrimônio incentiva a razão afetiva entre indivíduo e território. Esta razão afetiva consiste na relação entre homem e espaço, onde indivíduos sentem-se enraizados, pertencentes à um lugar. Isso gera a sensação de que sua identificação com o território é digna e que sua presença naquele local é relevante.
PERÍMETRO DA ÁREA DA RESOLUÇÃO 14/ CONPRESP/07 BENS TOMBADOS GABARITO DEFINIDO CASO A CASO, NÃO EXCEDENDO 25M GABARITO DEFINIDO CASO A CASO, NÃO EXCEDENDO 25M IMAGEM 61: MAPA DE BENS TOMBADOS
Enquanto a memória coletiva diz respeito à relação entre dimensão temporal e homem, a razão afetiva explora sua relação com a dimensão espacial (MENESES, 1984). Os patrimônios históricos comportam estes dois tipos de relação ao abrigarem em si a carga histórica de uma determinada época. Os remanescentes industriais da Mooca, por exemplo, são patrimônios que possuem a capacidade de agir como suporte para a história da industrialização de seu bairro. Estes são resquícios culturais que evidenciam a metamorfose de São Paulo. Os patrimônios históricos industriais são bens singulares e representam dinâmicas, produções e necessidades específicas da Mooca em seu período de industrialização. Porém, apesar de sua importância e da capacidade de caracterizar de maneira única momentos relevantes para a Mooca, atualmente a maioria destes patrimônios encontram-se degradados e sem função, conformando terrenos vagos. Por meio da observação destas permanências na Mooca, torna-se evidente que a conservação de alguns bens históricos é essencial. Não possuir critérios de preservação gera a descaracterização e fragmentação do território, como ocorre em sítios industriais. O vínculo memorial com os moradores é perdido para a construção de estruturas completamente novas e sem identidade (SANTOS, 2002). Para que a preservação ocorra, deve existir uma consciência coletiva, onde as pessoas passam a compreender que o patrimônio histórico atua como representante de sua identidade e que intensifica o relacionamento entre espaço e homem. É necessário a compreensão pela sociedade de que o esquecimento
IMAGEM 62: GALPÕES NA PRAÇA DE ACESSO À ESTAÇÃO MOOCA
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e abandono de estruturas históricas não está vinculado ao desenvolvimento, mas sim à perda de identidade (SANTOS, 2002; TOLEDO, 1984). A cidade necessita do patrimônio histórico como suporte de sua identidade e deve mantê-lo apesar da especulação imobiliária, combatendo a visão de que estes são contrários às novas dinâmicas urbanas e entendendo-os como um legado histórico da sociedade (CANCLINI, 1994; MESENTIER, 2005; TOLEDO, 1984). Por outro lado, é necessário analisar a conservação de maneira aprofundada, pois o simples tombamento e congelamento de todas estruturas históricas também não é um comportamento benéfico para a cidade. É primordial estudar de maneira aprofundada estes legados culturais e compreender quais são os ideiais para serem mantidos, representando uma cultura e agindo como instrumento para configuração de uma memória e uma identidade. Desta maneira é possível preservar e intervir em patrimônios de um jeito benéfico, sem prejudicar as dinâmicas urbanas (SANTOS, 2002). Com a preservação cautelosa destes bens, há uma relação saudável entre tempo, lugar e homem, mantida através da memória coletiva e razão afetiva (MESENTIER, 2005).
IMAGEM 63: CASA DAS ROSAS
Atualmente, a conservação do patrimônio tem evoluído e sua definição se expandiu. Hoje em dia se vê a necessidade de englobar nas estruturas a serem preservadas não apenas sítios arqueológicos, como também bens considerados até mesmo artesanais, produzidos por classes não-dominantes (CANCLINI, 1994). Assim, a preservação passa a ter também um caráter democrático, confrontando questões de diferenças sociais e agindo como ferramenta para uma evolução socio-territorial, pois ao conservarmos diferentes patrimônios, mantemos uma memória que evidencia as variadas facetas da história, e não um único ponto. O patrimônio histórico passa a ser independente de classes sociais, podendo até mesmo manter a história do cotidiano de grupos considerados secundários, como é o caso de patrimônios industriais e vilas operárias (MESENTIER, 2005). Apesar dos benefícios da expansão do conceito de patrimônio, existem questões a serem aprimoradas para que esta nova concepção seja de fato aplicada na cidade. Infelizmente, apesar da redefinição destes bens, produtos culturais de classes dominantes são vistos com maior relevância ainda hoje, criando uma hierarquia no valor das produções culturais. Ou seja, por mais que o conceito de patrimônio tenha se expandido, hoje bens culturais de grupos menos instruídos ainda são
IMAGEM 64: INSTITUTO CRIAR
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raramente mantidos. Isso faz com que patrimônios históricos relevantes sejam descaracterizados, como é o caso das estruturas remanescentes da industrialização da Mooca, hoje transformadas em locais sem uso, degradados. Os bens culturais de classes dominantes são consagrados com maior facilidade, principalmente devido ao fato desta classe possuir os meios econômicos, as informações e instruções de como preservar de maneira mais acessível (CANCLINI, 1994. TOLEDO, 1984). Porém, a dificuldade econômica não é o único fator que impede o reconhecimento do valor histórico-artístico de um patrimônio produzido por outra classe. Muitas destas estruturas, principalmente por grande parte possuir como característica
IMAGEM 65: VILA OPERÁRIA VILA JAGUARÁ
IMAGEM 66: CASA VANORDEN
a serialidade (como é o caso das estruturas industriais), são compreendidas erroneamente como sem valor, substituíveis e pouco relevantes para a história (RODRIGUES, 2011). Portanto, é necessário a compreensão da redefinição do conceito de patrimônio, onde a preservação se dá independente de diferenças sociais e tem como objetivo a disseminação da cultura de maneira democrática e a preservação da memória. A conservação de diferentes bens culturais transforma-se em um recurso para a reintegração urbana e social (CANCLINI, 1994). A preservação e reutilização de diferentes tipos de patrimônios, ao invés do descarte, também auxilia no desenvolvimento sustentável da cidade. Consolidando um vínculo afetivo entre indivíduo e território, por meio da reciclagem de estruturas (SANTOS, 2002; TOLEDO, 1984). Ou seja, muitos dos patrimônios históricos industriais, assim como outras produções de classes não-dominantes, podem ser preservados e reciclados, ao invés de desprezados, evitando a formação de terrenos vagos e criando um plano urbano onde estruturas antigas e novas se conectam e mantém uma identidade. 69
IMAGEM 67: SESC POMPEIA
IMAGEM 68: RUA BORGES DE FIGUEIREDO
3.4 MEMÓRIA E IDENTIDADE O conceito de memória coletiva pode ser definido como um registro imaterial de um local e época que se faz presente no cotidiano dos moradores através de patrimônios históricos conservados (MENESES, 1984). A memória tem como objetivo transmitir a cultura histórica local e a noção da existência de uma dimensão temporal, que é descrita como consciência histórica. Esta consciência histórica não é somente a noção de um passado, é o conhecimento do decorrer do tempo em relação ao espaço e a possibilidade de alteração do território conforme o fluxo da história. A percepção do decorrer da dimensão temporal, juntamente com o conhecimento de sua memória, dá aos indivíduos uma maior compreensão de sua própria cidade e de suas constantes mutações, o que estimula a conformação de pensamentos críticos nos moradores das cidades. Os indivíduos passam a utilizar a noção de como o território se transformou em suas diferentes épocas para fundamentar as novas mudanças da cidade e futuras metamorfoses urbanas. Outro fator fornecido pela consolidação da memória coletiva é o favorecimento de uma cidade sem distinções sociais. Uma vez que os resquícios memoriais de um espaço são remanescentes de diferentes classes, a memória coletiva pertence à todos os indivíduos, estando presente no cotidiano de qualquer morador local. Sendo assim, é possível afirmar que a memória e os conhecimentos adquiridos através desta não são exclusivos de um único grupo social privilegiado. Tendo a arquitetura como suporte da memória coletiva, é necessário a preservação de um conjunto de patrimônios históricos para que estes atuem como ferramentas da memória e que seja possível existir esta consciência histórica e integração social. Os patrimônios históricos e sua carga memorial se relacionam com o espaço e com as metamorfoses sofridas por ele. Conforme o crescimento urbano, novas cargas culturais são acrescentadas na memória local, consolidando uma memória e criando significados relevantes para um território (MESENTIER, 2005). A preservação do patrimônio e o compartilhamento da memória coletiva junto com seus diferentes significados em um território, gera uma identidade para o local que se fundamenta em sua essência histórica e cultura. Um lugar dotado
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de memória e identidade possui características únicas, impossíveis de serem reproduzidas em qualquer outro território, fornecendo particularidades culturais e uma relação afetiva única com os moradores. Um território que deixa de preservar seu suporte para a memória coletiva torna-se um território sem identidade, chamado de Cidade Genérica, que não possui a conservação da história e não se diferencia de outros. O espaço sem identidade pode ser construído em qualquer lugar, pois surge a partir de uma tábula rasa, onde o passado é substituido completamente e o presente é construído sem nenhuma fundamentação histórica. A Cidade Genérica é o conceito de uma cidade que não vê o passado como um recurso necessário, portanto, não possui recordações específicas de seu território, apenas recordações gerais. Koolhaas afirma que neste tipo de cidade, o urbanismo e a arquitetura se dão de maneira rápida e imprevisível. O novo cresce repentinamente e o antigo desaparece; não há bens culturais, memória ou características de antigas dinâmicas socio-territoriais. É um local completamente sem vínculos (KOOLHAAS, 1997). Como consequência desta ausência de memória coletiva há a alienação e a consciência histórica é perdida, assim como parte de seu pensamento crítico. Os indivíduos não mais compreendem a relação do lugar conforme o tempo. Esse tipo de desenvolvimento da metrópole gera espaços fragmentados, que se mutacionam de maneira isolada, sem dialogarem entre si ou com o seu passado. Isso faz com que surjam espaços descontextualizados e vazios urbanos (MENESES,
IMAGEM 69: NOVOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS EM ANTIGA ÁREA INDUSTRIAL DA MOOCA
IMAGEM 70: MUSEU DA IMIGRAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO
IMAGEM 71: ESTRUTURA PREEXISTENTE NA MOOCA REUTILIZADA
1984). Para que a cidade cresça mantendo sua identidade e não cause alienação ou amnésia social em seus moradores é necessário que as ferramentas que mantém a memória coletiva e identidade, os patrimônios, sejam preservados com o passar do tempo (MESENTIER, 2005). Visto que os patrimônios históricos atuam como mediadores da memória coletiva e consolidam uma identidade, é necessário a criação de projetos urbanos que mostrem como as estruturas do passado e do presente podem conviver harmoniosamente em uma cidade, sem que o desenvolvimento da cidade seja prejudicado e herdando a consciência histórica, a diversidade cultural, a relação afetiva e a identidade estabelecida através da memória do lugar. Esta relação entre a cidade, o projeto do novo e a preservação da memória unificam o território e criam um espaço coeso, sem vazios urbanos ou áreas com antigos valores históricos abandonadas. A malha urbana passa a ser contínua, uma vez que edifícios novos e antigos patrimônios dialogam entre si, melhorando a qualidade do espaço urbano. Portanto, é necessário que exista uma análise para que seja possível compreender quais os patrimônios ideais para conservar a memória e qual a melhor maneira de reativa-los, mantendo estruturas históricas presentes no cotidiano dos moradores da cidade e criando territórios unificados, dotados de identidade, onde o presente e o passado dialogam (MENESES, 1984; MESENTIER, 2005).
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IMAGEM 72: RUA MONSENHOR JOテグ FELIPO
3.5 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL As metrópoles suportam constantes transformações em suas dinâmicas, passando pela necessidade de se refazerem. Com isso, é necessário que alguns fatores da estrutura urbana se mantenham, não deixando que áreas ociosas manifestem-se nos espaços da cidade. O ressurgimento e a reinvenção de territórios existentes devem atuar em conjunto com o processo de desenvolvimento, para que as mutações urbanas ocorram de maneira saudável. Atualmente, o desenvolvimento em conjunto com a revitalização de territórios tem sido uma questão de extrema relevância. Quando a globalização causa áreas incapazes de acompanhar as transformações do território, ela gera grandes áreas desarticuladas na cidade, desconexas, que atuam como intervalos dispersos na malha urbana. Com isso, surge a necessidade da reinvenção dos territórios, para que estes não fiquem estagnados (LEITE, 2012). Uma das consequências que o processo de desenvolvimento de uma cidade pode gerar é o espraiamento, que pode ser visto na transformação de São Paulo de uma metrópole industrial em pós-industrial. É possível notar o inchaço da cidade com o surgimento do setor industrial, porém, ao passar a atuar como uma cidade pós-industrial, há o deslocamento desse uso para áreas mais periféricas, espraiandose. Isso tem como consequência uma expansão da cidade e o surgimento de terrenos obsoletos no centro da mesma.
IMAGEM 73: VISTA AÉREA IPIRANGA
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Com o espraiamento de São Paulo e o esvaziamento das áreas centrais, a cidade passa a abrigar diversos terrenos vagos nos antigos sítios industriais, visto que não houve a preocupação em reaproveitar o território central existente ou de preservar a qualidade urbana e a memória local (MESTRINER, 2008). Assim, a principal consequência desse fenômeno é o surgimento de locais com baixa densidade e uma malha urbana falha, onde as antigas áreas centrais permanecem deterioradas e esquecidas. Territórios de grande porte localizados no centro histórico passam a fragmentar a cidade, apesar de possuirem potenciais para a configuração de um tecido urbano de qualidade. A metrópole
IMAGEM 74: GALPÕES DEGRADADOS PRÓXIMOS À ESTAÇÃO BRÁS
IMAGEM 75: GALPÕES DEGRADADOS PRÓXIMOS À ESTAÇÃO BRÁS
tende a se expandir e se tornar cada vez menos densa e coesa, ao invés de voltar seu crescimento para seu interior e ocupar estes espaços com potenciais. Para que haja uma diminuição dos vazios urbanos nos centros históricos e que a cidade se desenvolva de maneira saudável e coesa é necessário a criação de projetos que tenham como objetivo a reestruturação urbana de antigas áreas degradadas, incentivando o desenvolvimento desta em conjunto com o restante da cidade, porém sem apagá-la por completo. A identidade e memória do local não deveriam ser negadas para que o crescimento ocorra. A recuperação dos vazios centrais atua como um suporte para que essa problemática seja evitada, permitindo que ocorram mutações na cidade sem nega-la, regenerando locais deteriorados ao invés de esquecê-los. Esses projetos de regeneração, por utilizarem a reciclagem de estruturas preexistentes para intervenção urbana e resgate de antigas áreas, são intervenções que cultivam a ideia de um desenvolvimento da metrópole de maneira sustentável. O desenvolvimento sustentável reconverte locais atualmente subutilizados, criando um tecido urbano compacto e solucionando algumas problemáticas relacionadas à escassez de territórios nas cidades em desenvolvimento, evitando que o espraiamento seja necessário. Com a recuperação desses territórios, a malha urbana torna-se mais coesa e, consequentemente, a cidade inteira é revitalizada. Os projetos de desenvolvimento sustentável redensificam e diminuem os terrenos vagos, solucionando questões espaciais e de locomoção ao diminuirem a quantidade de locais fragmentados
IMAGEM 76: VISTA AÉREA DO GLICÉRIO, COM GALPÕES E NOVOS EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS
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e de barreiras urbanas. A regeneração busca enfrentar estas questões sem negar a cidade, preservando a história e, ao mesmo tempo, dando espaço para o novo (MESTRINER, 2008; LEITE, 2014; TITTON, 2012). Para o desenvolvimento sustentável ser possível, o projeto urbano deve não apenas revitalizar áreas deterioradas, como também atribuir novas funções para estas estruturas. Assim, os territórios centrais são redefinidos e seu potencial é aproveitado por completo, criando uma importância para essa área em relação ao restante da cidade. Como os centros históricos possuem uma grande rede de infraestrutura preexistente, essa criação de novos programas é viável e facilita a reciclagem de edifícios. Porém, devemos compreender que o reaproveitamento de vazios por meio de novos usos é diferente de utilizar o centro histórico apenas como um ambiente cenográfico, meramente para turismo. O desenvolvimento sustentável busca não apenas revitalizar sua estrutura externa, como dar novas funções, dando vida ao território e preservando suas principais características e memórias, fazendo com que as preexistências voltem a fazer parte do cotidiano dos indivíduos moradores 78
IMAGEM 77: CINEMATECA E RESIDÊNCIAS DO ENTORNO
IMAGEM 78: GALPÃO PREEXISTENTE SESC POMPEIA
IMAGEM 79: CASA VANORDEN, ESTRUTURA PREEXISTENTE UTILIZADA PARA PROJETO
da cidade. A utilização de patrimônios históricos com novos programas correspondentes às necessidades atuais da cidade é o que chamamos de reciclagem de recurso. Esse projeto é visto como uma reciclagem pelo caráter sustentável que se tem ao utilizar estruturas já existentes para a locação de usos atuais, ao invés da completa demolição para a construção de novos edifícios. O desenvolvimento sustentável, juntamente com a reciclagem de recursos, é um projeto urbano que busca uma cidade que possa desenvolver de maneira agradável e manter um diálogo entre passado e futuro. A articulação de diferentes territorialidades passa a ser harmônica com o crescimento urbano e econômico através do investimento na coesão do tecido urbano e revitalização de antigas áreas históricas. Como as cidades não são fossilizadas e se renovam constantemente, mudanças nas dinâmicas do território são inevitáveis e até mesmo essenciais. Porém, esse processo de desenvolvimento sustentável não procura impedir o desenvolvimento e a transformação, mas sim reinventar e redesenvolver os vazios resultantes destas mutações de maneira eficiente, que alcance os objetivos necessários de acordo com a dinâmica da cidade (MESTRINER, 2008; LEITE, 2012). Portanto, a preservação de edifícios e a criação de um projeto com caráter urbano que dê novos usos para estes sítios, gera uma cidade mais compacta, dinâmica, com sua memória preservada, melhorando a mobilidade e diminuindo o número de vazios urbanos, permitindo que a cidade se desenvolva, sem que se fragmente.
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4. OBSERVAÇÃO
No caso do projeto estudado, pretende-se abordar uma estrutura preexistente para o desenvolvimento de um projeto de reciclagem, reutilizando o edifício industrial e usufruindo de sua carga memorial para o surgimento de uma nova funçao de cunho cultural. Através destes três projetos realizados na cidade de São Paulo é possível estudar propostas e partidos que busquem solucionar algumas questões abordadas, como o terreno vago e o esquecimento do patrimônio industrial. Apesar de serem projetos executados em diferentes épocas e territórios variados, estes abordam suas preexistências com o mesmo princípio: a reciclagem de recursos. Porém, cada um deles busca sua própria identidade através de particularidades projetuais.
IMAGEM 80: SESC POMPEIA
4.1 SESC POMPEIA O Sesc Pompeia é um centro de lazer que foi executado como parte de um plano de trabalho criado pelo Sesc entre 1969 e 1974 e tinha como proposta a criação de diversos centros culturais e esportivos no Estado de São Paulo. Este Sesc se diferencia dos demais por conter em seu projeto um patrimônio industrial que foi reutilizado. A preexistência localizada no terreno do atual Sesc foi construída por volta de 1938 pela firma alemã Mauser e Cia e atuava como uma fábrica de tambores. O desenho do edifício foi fundamentado nos projetos ingleses para arquitetura industrial da época: possuia paredes de tijolos simples, com estrutura de ferro e concreto e utilizava sheds para adquirir iluminação zenital. Tais características construtivas presentes no projeto da fábrica também eram utilizadas na concepção de muitas outras estruturas industriais da época, como é possível notar nos projetos localizados em bairros como a Mooca, inclusive no galpão utilizado na proposta do objeto de projeto deste estudo. Esse conjunto de edificações com um único partido em comum caracterizaram uma tipologia de edificação fabril, que contém uma identidade bastante nítida. A antiga fábrica de tambores sofreu com as consequências políticas e econômicas da Segunda Guerra Mundial e, em 1945, o terreno foi adquirido pela Ibesa (Indústria Nacional de Embalagens SA) e a edificação passou a abrigar a
IMAGEM 81: VISTA AÉREA FÁBRICA DA POMEIA
IMAGEM 82: FÁBRICA DE TAMBORES POMEIA
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fábrica de geladeiras Gelomatic. Mais tarde, a fábrica foi desativada e apenas em 1971 o terreno foi comprado pelo Sesc para a construção do complexo. Ao obter o lote, a primeira proposta consistiu em demolir as preexistências para a criação de um projeto completamente novo, porém por questões financeiras esta primeira concepção do Sesc não foi executada. Mais tarde, a arquiteta Lina Bo Bardi é convidada para a criação de um novo projeto, porém desta vez com a premissa da manutenção das estruturas preexistentes da fábrica, revitalizando-as e dando a elas novas funções. Tal conceito de preservar a história do bairro através da reutilização do edifício industrial foi uma ideia decidida pelo Sesc e amplamente incorporada no
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IMAGEM 83: SESC POMPEIA ATUALMENTE
IMAGEM 84: ÁREA DE LEITURA
IMAGEM 85: ACESSO AO TEATRO
IMAGEM 86: ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA
projeto de Lina (OLIVEIRA, 2007). Atualmente, este tipo de diretriz hoje se faz muito mais presente em diversos projetos, buscando sempre a preservação da memória e uma cidade compacta e sustentável, como é o caso da diretriz proposta pela Operação Urbana Mooca-Vila Carioca. O restauro da fábrica levou seis anos para ser terminado. Durante o processo de revitalização Lina Bo Bardi descobre que a preexistência tem grande valor por possuir uma estrutura projetada por François Hennebique, pioneiro nas técnicas de concreto armado. Após esta descoberta, o processo de restauração da fábrica passa a buscar principalmente a essência tectônica do patrimônio (FERRAZ, 2008). Portanto, a intervenção não alterou os principais aspectos da fábrica, mas sim, evidenciou seus elementos originais, como a estrutura, as paredes externas e a cobertura. O reboco foi retirado das paredes externas, deixando a mostra os tijolos, enquanto as telhas da cobertura foram apenas lavadas e recolocadas (OLIVEIRA, 2007). A fábrica, antes da execução do projeto, já abrigava atividades culturais promovidas pelo Sesc e sua preservação buscava não apenas manter sua história, como também a relação dos moradores com o conjunto e com o entorno (FERRAZ, 2008; OLIVEIRA, 2007). “O que queremos é exatamente manter e amplificar aquilo que encontramos aqui. Nada mais” (LINA BO BARDI apud FERRAZ, 2008). Após a inauguração da primeira etapa do Sesc, em 1982, que consistia na revitalização da fábrica, foi inaugurado, em 1986, o bloco esportivo do complexo,
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situado em uma edificação completamente nova. Os materiais utilizados em ambas etapas foram escolhidos com o intuito de promover um diálogo entre o antigo e o novo, com aspectos que diferenciam claramente ambas estruturas, buscando uma articulação entre modernidade e memória. Os acréscimos feitos na fábrica possuiam técnicas modernas e sem ornamentação, utilizando o concreto aparente. Os novos edifícios também foram projetados em concreto aparente, porém estes contrastam com o patrimônio industrial devido à escala do projeto. Apesar de possuirem uma linguagem arquitetônica que remete à fábrica de tambores, as duas torres do bloco esportivo, ligadas por diversas passarelas, e o edifício que abriga a caixa d’água quebram a horizontalidade do edifício industrial (FERRAZ, 2008; OLIVEIRA, 2007). Portanto, a principal proposta do Sesc Pompeia é criar um espaço unificador entre o projeto preexistente e o novo, que seja definido pelas pessoas que lá circulam e vivem o local conectando as áreas atuais, principalmente os complexos esportivos, com o espaço antigo da fábrica, que abriga hoje amplas àreas de lazer. Esse eixo de circulação é feito por meio de uma rua de paralelepípedos que dá acesso ao edifício industrial. Tal partido de circulação remete às antigas vilas operárias de São Paulo e configuram um espaço que Lina Bo Bardi nomeou de “cidadela” (OLIVEIRA, 2007). Através da configuração da cidadela e do diálogo entre o conjunto de estruturas, o Sesc Pompeia torna-se um complexo único, onde a recuperação de
IMAGEM 87: RUA INTERNA E PREEXISTÊNCIAS
IMAGEM 88: EDIFÍCIO PROJETADO POR LINA BO BARDI
uma antiga fábrica, que age como testemunho do trabalho humano, transformase em um centro de lazer sem que sua memória se perca. O projeto é extremamente cuidadoso em todos os seus detalhes para que a história do bairro não seja esquecida pelos indivíduos frequentadores do local, gerando um respeito à memória e ao desenvolvimento através do intenso trabalho nas atividades industriais. Assim, a fábrica renasce e atua de maneira democrática, onde sua história e o conteúdo da arquitetura projetada por Lina Bo Bardi possam ser transmitidos para todos que frequentarem de algum modo o Sesc (FERRAZ, 2008). Alguns dos partidos do objeto de projeto do presente estudo foram moldados com base na concepção do Sesc Pompeia. Assim como no projeto de Lina, as características tectônicas do edifício também são amplamente abordadas. O objeto de projeto propõe um novo edifício que utiliza concreto aparente nas fachadas e, no galpão existente, a retirada do reboco deixando a alvenaria de tijolos aparente. Outra característica em comum dos projetos é a criação de um pátio interno que, assim como a cidadela do Sesc, busca um espaço que dialogue com a construção antiga e a nova.
IMAGEM 89: NOVO EDIFÍCIO E PREEXISTÊNCIA
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IMAGEM 90: MUSEU DA HISTÓRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
4.2 MUSEU DA HISTÓRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO O projeto para o Museu da História do Estado de São Paulo, juntamente com a sede do SPDoc (Sistema de Gestão de Documentos do Estado de São Paulo) está localizado no terreno onde se situa atualmente o conjunto de edifícios industriais denominado Casa das Retortas (informação verbal)15. O complexo foi construído por volta de 1870 pela empresa San Paulo Gás Company Ltd., que buscava a implantação de um Gasômetro, A Casa das Retortas foi projetada como apoio deste, com o intuito de destilar o carvão. Sua localização foi extremamente estratégica por se localizar próximo à linha férrea, por onde eram transportadas as matérias-primas utilizadas pelo local. Assim como outros edifícios destinados à esse tipo de uso, a Casa das Retortas foi construída com os padrões da arquitetura industrial inglesa. Em 1912 o grupo Light assume o controle do complexo e passa a moderniza-lo, adotando equipamentos automatizados. Porém, em 1974 o local é completamente desativado e suas estruturas industriais passam a atuar como remanescentes históricos sem uso (CONDEPHAAT, 2010). O objetivo do Museu da História do Estado de São Paulo é utilizar a própria 15 Dados fornecidos por Pedro Mendes da Rocha em palestra sobre o Museu da História do Estado de São Paulo, 2015.
IMAGEM 91: CASA DAS RETORTAS
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preexistência da Casa das Retortas como acervo fixo, mantendo os elementos significativos do projeto original e preservando a memória do conjunto. Um dos elementos do antigo complexo que foi preservado foi o pátio seco que era configurado através da implantação dos edifícios industriais. Este foi mantido pelo projeto paisagístico, que busca principalmente contar a história do local. A intervenção na parte interna do galpão é feita de estrutura metálica e atua de maneira autônoma, nunca encostando nas paredes da preexistência; esta é projetada de maneira que a diferença entre o antigo e o projeto contemporâneo seja evidente. Os edifícios históricos e novos não são apenas diferenciados por sua aparência interna, mas também pelo seu uso. O patrimônio industrial existente abriga as funções mais nobres do Museu, onde ocorre grande frequência de público. Os outros patrimônios presentes no terreno abrigam diferentes funções, como uma livraria e um restaurante. Já as novas estruturas abrigam funções mais técnicas: o edifício em lâmina que se localiza mais próximo do galpão principal abriga instalações de apoio à este, como o eixo de circulação vertical e sanitários. O segundo edifício, projetado com um formato curvo e localizado mais afastado dos demais, abriga funções como escritórios, reserva técnica e auditório.
IMAGEM 92: VISTA AÉREA DO FUTURO COMPLEXO
IMAGEM 93: MODELO FÍSICO DO MUSEU
IMAGEM 94: MODELO FÍSICO DO MUSEU
Os diferentes edifícios do museu, preexistentes e atuais, conformam o complexo e são interligados por uma passarela que encontra-se elevada 1 metro do chão, seccionando o pátio seco. A disposição dos novos blocos foi feita de maneira que exista sempre uma proximidade visual com o galpão principal. A implementação de usos nobres e que sugerem um grande fluxo de indivíduos revitaliza o complexo, enquanto a passarela que unifica o museu e a implantação dos novos edifícios valorizam a contemplação da Casa das Retortas e criam um diálogo entre a preexistência e o contemporâneo (informação verbal)16. Esta diferenciação dos usos, de maneira que a preexistência é enfatizada por meio de uma função nobre, foi um partido utilizado também no objeto de projeto deste estudo. No caso, usos com maior fluxo de pessoas e mais relevantes (como o saguão de entrada, o acervo circulante da biblioteca e um restaurante) estão inseridos no interior do galpão existente. 16 Dados fornecidos por Pedro Mendes da Rocha em palestra sobre o Museu da História do Estado de São Paulo, 2015
IMAGEM 95: MAQUETE ELETRÔNICA DO MUSEU
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IMAGEM 96: CINEMATECA
4.3 CINEMATECA BRASILEIRA A Cinema Brasileira, responsável pela preservação da produção audiovisual do Brasil, está localizada em um terreno que, em 1989, foi cedido pela Prefeitura com o objetivo da construção deste complexo. O local tem como grande particularidade o fato de abrigar um patrimônio histórico datado do ano de 1887: o Matadouro da Vila Mariana. Concebido pelo engenheiro de origem alemã Alberto Kuhlmann, o Matadouro era composto por três galpões paralelos e outros dois volumes anexos. Os edifícios possuíam características comuns da arquitetura industrial inglesa, como a planta retangular, a cobertura de duas águas estruturada por meio de tesouras de madeira e paredes em alvenaria de tijolos maciços comuns. Com o passar do tempo houve um grande aumento na demanda por carne bovina, assim o complexo precisou passar por intervenções e ampliações. Porém, mesmo com a atualização do local, suas atividades foram aos poucos ficando comprometidas, sendo incapaz de suportar o crescimento do consumo de carne. Em 1927, devido à sua infraestrutura precária, comparada à grande demanda, o complexo da Vila Mariana fechou e um novo centro foi criado próximo à estrada de ferro. Depois de sua desativação, o Matadouro abrigou diferentes funções. Em seus diversos usos o patrimônio sofreu alterações que não se preocuparam com
IMAGEM 97: ANTIGO MATADOURO
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a conservação da estrutura do edifício ou manutenção do conjunto como bem material de importância histórica; várias das características originais dos galpões foram perdidas. Apenas 60 anos após encerrar suas atividades como matadouro é proposta a implementação da Cinemateca Brasileira no conjunto com um projeto de restauração do complexo industrial e revitalização de seu entorno. O projeto de intervenção nos galpões foi concebido pensando não somente no restauro destes, como também na maneira ideal de adaptálos para que fosse possível abrigar no local o acervo documental, a biblioteca e as salas de cinema. Uma das principais propostas para o projeto da Cinemateca foi manter e respeitar a estrutura
IMAGEM 98: PÁTIO INTERNO DA ATUAL CINEMATECA
IMAGEM 99: PÁTIO INTERNO DA ATUAL CINEMATECA
IMAGEM 100: ACESSO CINEMATECA ATRAVÉS DA PRAÇA
IMAGEM 101: ESTRUTURAS DE VIDRO JUNTO À PREEXISTÊNCIA
original do Matadouro e demolir as adaptações feitas nos galpões a partir de 1938. Essa diretriz se deu devido ao fato de que as alterações executadas após este ano foram feitas sem se basearem em parâmetros básicos da restauração e, sendo assim, descaracterizavam o complexo original. Outra diretriz do projeto propunha evidenciar as áreas que faziam parte da nova intervenção, identificando claramente as estruturas remanescentes do antigo galpão e as pertencentes ao novo projeto para a Cinemateca. O escritório YMR AA (Yurgel, Machado e Rodrigues Arquitetos Associados) foi responsável por este projeto e teve como partido a adoção de sistemas modulares e industrializados para a diminuição do custo de projeto. Porém, em 1993, foi executado um novo projeto para a área, concebido pela GMR AA (Gomes Machado Rodrigues Arquitetos Associados), que tinha, como principal partido, a restauração dos galpões e a construção de edifícios de apoio para acomodação da sede da Sociedade Amigos da Cinemateca. Já em 2000 uma nova proposta de intervenção foi feita, dessa vez desenvolvida pelo arquiteto Nelson Dupre. Uma das grandes preocupações desse projeto foi não apenas a intervenção nos galpões, como também no entorno do terreno. Portanto, as diretrizes projetadas pelo arquiteto são pensadas tanto em pequena como em grande escala. É possível notar sua preocupação com a malha urbana através das alterações feitas no Largo Senador Raul Cardoso, onde as calçadas foram alargadas e o fluxo das vias foi reorganizado. Além do entorno do terreno, a principal
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condicionante do projeto foi a solicitação feita pela Cinemateca que o arquiteto não intervisse nas antigas restaurações, focando-se apenas em elementos novos a serem concebidos. A revitalização proposta para o conjunto mostra intensa preocupação em manter as preexistências sem descaracteriza-las, como foi exigido. Porém algumas intervenções visiveis foram projetadas no conjunto. Um exemplo é a mudança dos portões de madeira e aço por vidro; deste modo, apesar da aparência da fachada se manter a original essencialmente, há uma intervenção evidente que permite transparência ao edifício e permeabilidade visual entre diferentes ambientes. O contraste entre preexistência e novo também pode ser visto nas outras aberturas dos galpões, onde também foram executadas intervenções que se tornam evidentes através de seus novos caixilhos de aço pintados em preto. A cobertura dos edifícios preexistentes também é um exemplo onde o arquiteto utiliza a estrutura metálica em sua intervenção e redesenha o elemento, dialogando com os galpões e respeitando suas características originais (MARCON, 2012). No objeto de projeto estudado foram abordadas soluções muito semelhantes a da Cinemateca de relações entre as alterações feitas na preexistência e como
IMAGEM 102: CINEMATECA
a estrutura original foi mantida. Em ambos os projetos se faz presente a estrutura de caixilhos novos e pretos, enfatizando que são atuais e não parte do projeto do galpão. Esse método de identificar as IMAGEM 103: INTERIOR DA ESTRUTURA PREEXISTENTE novas estruturas através de materiais metálicos pintados de preto também foi utilizado no pergolado, que tem como função não apenas proporcionar melhor conforto térmico, como diferenciar os usos do local. A troca das portas por portas de vidro, incentivando a permeabilidade visual, IMAGEM 104: NOVAS ESTRUTURAS METÁLICAS também foi um recurso utilizado. Outra característica de extrema importância em ambos projetos é a existência de um pátio interno que permite uma visual diferenciada dos galpões e a utilização de uma empena cega presente na praça para projeções ao ar livre. IMAGEM 105: NOVAS ESTRUTURAS METÁLICAS
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5. PROPOSTA
O objeto de projeto proposto busca a utilização dos conceitos abordados, resgatando a memória local e reutilizando um patrimônio histórico, buscando um desenvolvimento sustentável para que a área fragmentada da Mooca, principalmente na orla da linha férrea, seja regenerada.
IMAGEM 106: OBJETO DE PROJETO
5.1 CONDICIONANTES O terreno escolhido para o objeto de projeto está situado entre a linha férrea da antiga São Paulo Railway e as ruas Borges de Figueiredo e Monsenhor João Felipo. A partir das diretrizes da Operação Urbana para a criação de um novo polo cultural foi concebido o conceito para o objeto de projeto escolhido. O projeto é um edifício de cunho cultural que utilizaria parte da estrutura de um antigo galpão próximo à Companhia Antarctica Paulista, a Casa Vanorden. O principal uso do edifício seria abrigar a nova biblioteca da Mooca, para onde o acervo da antiga Biblioteca Affonso Taunay seria relocado e novos volumes seriam adicionados à coleção. Junto a esse acervo, haveria um acréscimo de itens para que a biblioteca comporte o Centro de Documentação e Memória das Ferrovias de São Paulo (programa proposto pela Operação Urbana para complementar o Museu Aberto da Ferrovia). A escolha da Casa Vanorden como preexistência a ser revitalizada e incorporada no projeto da biblioteca ocorreu devido a diversos fatores: o galpão é um dos poucos na área que, apesar das diversas transformações do bairro, permaneceu praticamente inalterado. Sua função atualmente é a de um estacionamento e sua aparência ainda remete muito ao projeto original, apesar de encontrar-se ligeiramente degradado, com problemas resultantes da falta de manutenção do edifício. Porém, o principal potencial da Casa Vanorden é sua implantação, uma das laterais de seu lote beira a linha férrea, enquanto a rua Monsenhor João Felipo tem como principal função o acesso à estação Mooca da CPTM. Em seu entorno é possível notar o crescimento imobiliário do barrio - há diversas torres residenciais e de serviços que substituiram a antiga paisagem industrial. Porém, próximo à Casa Vanorden existem algumas das preexistências mais relevantes da orla ferroviária da Mooca, como a Companhia Antarctica Paulista e os galpões do Moinho Minetti Gamba. Ou seja, no entorno do lote escolhido é possível notar a falta de coesão do espaço e a falta de diálogo entre as preexistências e a especulação imobiliária.
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IMAGEM 107: OBJETO DE PROJETO
5.2 PREEXISTÊNCIA O galpão preexistente no lote escolhido para estudo de objeto de projeto encontra-se, no geral, em bom estado, apesar de possuir algumas pichações. Sua estrutura ainda é muito semelhante ao projeto original, baseado na arquitetura industrial inglesa, o que contribui para seu intenso valor memorial. A preexistência abrigava a antiga Officina da Sociedade Anônima Casa Vanorden, um edifício construído em 1909 composto por alvenaria de tijolos aparentes. O projeto é dividido em duas partes – a primeira está localizada na esquina da Rua Borges de Figueiredo com a Rua Monsenhor João Felipo e é composta por dois andares, onde se situavam alguns escritórios. A segunda parte do projeto é uma construção térrea com solução em shed, configurando um grande galpão. O edifício pertenceu à Cia. Fazenda Belém, uma subsidiária da São Paulo Railway Co., e tinha como uso a Tipografia da companhia ferroviária. Atualmente o edifício é pertencente à empresa Dumar Park e abriga a função de um estacionamento (DPH, 2012).
IMAGEM 108: CASA VANORDEN
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IMAGEM 109: OBJETO DE PROJETO
5.3 PARTIDO Para que ocorra a integração das preexistências industriais é proposta uma interligação por subsolo entre a Casa Vanorden e o novo edifício projetado, abrigando a nova biblioteca tanto na estrutura antiga quanto na nova, e uma interligação aérea sobre a linha férrea entre o novo edifício e a Companhia Antarctica Paulista, criando uma passagem direta entre a biblioteca e o complexo de cinemas e teatro. Já o Moinho Minetti Gamba, localizado ao lado da Casa Vanorden, não possui uma interligação direta. A empena cega do Moinho, aparente no lote da biblioteca, é utilizada com a proposta de projeções ao ar livre, dando um novo uso para a empena degradada. Outros fatores que valorizam as permanências industriais são: o recuo do novo edifício em relação à calçada, que é mantido com a mesma distância que os recuos do galpão, para que a linguagem do território não se perca. Os pés direitos do novo edifício foram projetados baseados nos pés direitos da Casa Vanorden, para que as duas fachadas possam dialogar e atuar como uma unidade. O novo edifício é predominantemente baixo, para que sua altura não modifique drásticamente a paisagem existente e que as visuais presentes, onde é possível a contemplação dos galpões, não sejam perdidas. O projeto do novo edifício não é apenas horizontal, mas escalonado. No local mais próximo da ferrovia, da estação da Mooca e da Companhia Antarctica
IMAGEM 110: ESQUEMAS REALIZADOS PARA ESTUDO DO PROJETO
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(edifício industrial de grande porte, com vários pavimentos), o projeto possui mais pavimentos; conforme o novo edifício se aproxima da Casa Vanorden (galpão predominantemente horizontal), sua altura vai sendo escalonada até possuir apenas o pavimento térreo e se interligar com o galpão. A implantação do novo edifício se dá basicamente em lâmina, paralela ao galpão existente. Apenas no pavimento térreo o edifício é um L, sendo as duas lâminas, o galpão e o novo edifício, ligadas por uma laje que abriga algumas lojas e amplas áreas de circulação, que dão acesso ao interior da quadra. Por meio dessa configuração paralela das duas estruturas, obteve-se um vazio central na quadra, que tem o intuito de agir como uma pequena praça a partir da qual é possível contemplar o antigo e o novo, sem obstáculos visuais. O fluxo de pedestres da parte externa do projeto converge para a parte interna da quadra, local de estar e lazer, onde é possível contemplar a praça rebaixada ou até mesmo assistir a uma projeção ao ar livre, executada na empena do Moinho Minetti Gamba. Já a circulação interna da biblioteca é feita por rampas, o que não apenas facilita o transporte dos volumes pelos funcionários, como também busca tornar o percurso pela biblioteca uma atividade prazerosa, sendo possível ver os diferentes ambientes do projeto de maneira diferenciada. Isso faz com que a biblioteca não seja apenas um ambiente de consulta, onde não somente os terminais de consulta e o acervo sejam relevantes, mas também o trajeto percorrido entre essas áreas. A busca por novos usos para a biblioteca está presente tanto no percurso das rampas quanto nas várias áreas de estar, presentes ao longo do projeto. Enquanto a circulação da biblioteca se dá por rampas, a circulação da galeria de exposições é feita através de uma escada recortada, para que o indivíduo observe diferentes ângulos e visuais tanto do interior do edifício como do exterior, o que é possível devido à transparência dos revestimentos externos. A escada atua como uma circulação mais dinâmica e, devido ao seu formato triangular, inusitada, gera curiosidade nos indivíduos e a possibilidade de visualizar diferentes paisagens do entorno. No novo edifício a circulação das rampas da biblioteca e das escadas estão situadas em um mesmo eixo, junto com elevadores e escada de incêndio. Apesar
de nesse eixo de circulação não ser possível atravessar da biblioteca para a galeria de exposições por questões de segurança, a permeabilidade visual está presente e os indivíduos observam a área de circulação desses dois usos, como algo contínuo. O vazio conformado por esse eixo de circulação encontra-se na lateral do projeto, voltado para a área central da quadra, enfatizando ainda mais a contemplação da praça rebaixada e, mais adiante, do galpão da Casa Vanorden. Através deste vazio também é possível observar todos os pavimentos. A estrutura adotada para o novo edifício projetado foi o concreto armado, obedecendo vãos modulares de 10x10 metros, com pilares circulares e laje grelha. Os pilares são afastados da fachada, permitindo maior flexibilidade na escolha dos revestimentos, das aberturas e vedações. Em seu interior, tanto na parte preexistente como na nova, há poucas divisórias internas, sendo estas principalmente compostas por vidro e drywall. O revestimento externo da Casa Vanorden permanece como o atual, de tijolo aparente, enquanto o novo edifício é revestido principalmente por vidro. Na lateral e na face norte do novo projeto o vidro é revestido por uma membrana têxtil, que atua como um recurso para o controle de iluminação e conforto térmico. Essa membrana possui uma cor semelhante à cor do tijolo aparente, rementendo a materialidade do galpão preservado.
IMAGEM 111: ESTUDO DO PROJETO IMAGEM 112: ESTUDO DO PROJETO IMAGEM 113: ESTUDO DO PROJETO
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IMAGEM 114: OBJETO DE PROJETO
5.4 QUESTÃO ESPACIAL O pavimento térreo do projeto, além de abrigar a biblioteca e a praça interna, possui alguns outros usos, criando uma quadra que atua como local permeável e com diversas funções que podem ser utilizadas pelos moradores do entorno. Há algumas lojas, uma livraria e o acesso para a galeria de exposição, local que dá suporte para o complexo do Museu Aberto da Ferrovia e que pode expor tanto itens iconográficos da própria biblioteca, quanto exposições itinerantes. No local onde se situava o escritório da Casa Vanorden foi inserido um restaurante, aproveitando a qualidade de estar na esquina da quadra. O restante da preexistência - os galpões do edifício industrial - abriga o saguão de entrada da biblioteca e o acervo circulante. Logo na entrada é possível ter a completa visão da estrutura interna do galpão revitalizado, por haver poucas divisórias internas, o que permite que o indivíduo observe o espaço. Localizada no interior do galpão, a rampa dá acesso para o subsolo, onde há a continuação da biblioteca, porém, com setores mais específicos que o acervo circulante, como setores do acervo infantil e hemeroteca, que possuem aberturas para a praça rebaixada, o que faz com que o local, apesar de estar localizado um nível abaixo, receba iluminação natural e sirva como área de leitura ao ar livre. Em um local mais reservado do subsolo, porém também de fácil acesso após a chegada da rampa, há a midiateca. Há em seu interior uma sala de projeção
IMAGEM 115: CROQUI
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com dimensões reduzidas onde é possível exibir alguns filmes de seu próprio acervo para os usuários da biblioteca. O subsolo também comporta um foyer e um auditório. A circulação pelo subsolo se dá margeando a praça rebaixada, que ilumina o acervo, as áreas de leitura e corredores. Há, ao fim da área verde rebaixada, uma nova rampa, porém desta vez que dá acesso ao pavimento térreo do novo edifício. As duas IMAGEM 116: ESTUDO DO PROJETO rampas do subsolo são, portanto, paralelas, abrigando entre elas a praça interna. Através destas rampas, a transição entre os espaços é feita de maneira harmoniosa; a mudança entre preexistência para subsolo e subsolo para novo edifício é feita de modo gradativo, evitando uma mudança brusca no espaço, o que ocorreria se a circulação vertical fosse feita através de elevadores, por exemplo. No pavimento térreo do novo edifício há o acervo iconográfico, onde encontram-se os itens do Centro de Documentação e Memória das Ferrovias de São Paulo. Por ser um acervo mais delicado e menos procurado, o acervo iconográfico não está em um local com acesso tão direto quanto a área infantil, o acervo circulante e a hemeroteca, sendo o novo edifício projetado para locais mais restritos da IMAGEM 117: ESTUDO DO PROJETO biblioteca. No primeiro pavimento, continuando o percurso da rampa, há algumas salas, que podem ser usadas para a execução de cursos e oficinas, e o acervo raro. O segundo pavimento da biblioteca possui áreas para os funcionários como estar, copa, sala de reunião, administração e um depósito para a
catalogação e manutenção dos volumes. Como já dito anteriormente, no pavimento térreo do novo edifício há também uma galeria de exposições, ao lado da biblioteca. Apesar de não haver um acesso direto de um local para o outro, acompanham o mesmo número de pavimentos e dividem um único eixo de circulação vertical. Enquanto o térreo e o primeiro pavimento do projeto seguem com a função de exposição, o segundo pavimento passa a atuar como um mirante, fazendo com que a paisagem da Mooca faça parte da própria exposição da galeria. Através do mirante é possível atravessar uma passarela que interliga o projeto com a proposta de um complexo de cinemas e teatro na Companhia Antarctica Paulista. Isso faz com que os dois projetos de cunho cultural que se situam na orla da ferrovia se liguem e formem um complexo cultural. A passarela que atravessa a linha férrea demonstra que o pensamento da revitalização do espaço não deve atuar apenas na questão da arquitetura, mas também do urbanismo, considerando métodos de revitalizar a malha urbana da cidade 111
IMAGEM 118: OBJETO DE PROJETO
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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IMAGEM 119: ESTAÇÃO MOOCA
O desenvolvimento desta pesquisa teve como conclusão uma ótica diferenciada em relação ao patrimônio e aos processos de metamorfose da metrópole. Ao longo da análise da história da Mooca e de suas condicionantes, foram comparados alguns conceitos que fazem com que seja possível notar a importância da conexão entre memória e desenvolvimento. A Mooca, assim como outros territórios de caráter pós-industrial de São Paulo, tem sofrido com diversas problemáticas que desarticulam sua malha urbana. Hoje, sua paisagem encontra-se fragmentada, principalmente por ser envolvida por extensos lotes industriais subutilizados, linhas de trem e estruturas rodoviárias como a Avenida do Estado e a Avenida Alcântara Machado. A especulação imobiliária e o desenvolvimento infelizmente não consideram estes condicionantes para execução de novos projetos, prejudicando ainda mais o espaço.Algumas áreas do bairro foram completamente substituídas por novas torres residenciais devido à esta especulação. Estas residências acabam se implantando em um local desconexo, sem estruturas culturais e patrimônios que transmitam a identidade e a história singular da Mooca. Portanto, é necessário que exista uma compreensão de que os antigos edifícios industriais possuem um valor relevante e que estes não impedem o desenvolvimento do território quando abordados de maneira correta. Ao reutilizar um patrimônio estamos reciclando uma estrutura e agindo de modo sustentável, incentivando o crescimento do centro histórico da cidade mantendo permanências da memória, que podem configurar um local de cultura e entretenimento para os moradores. A revitalização busca também que territórios desconexos unifiquem-se, mantendo um diálogo e coesão entre antigo e novo. Ou seja, é possível notarmos a necessidade não apenas da conservação e do restauro, como sua importância nas questões que envolvem todo o espaço urbano e processos de transformações da metrópole, onde o projeto é pensado não só na escala do lote, como contribuindo para toda a dinâmica urbana. Este entendimento dá possibilidades de regeneração para bairros com grande conteúdo memorial que encontram-se degradados, como é o caso da Mooca. Sendo assim, através do presente estudo notamos a capacidade de diminuir problemáticas como fraturas urbanas e terrenos vagos através da integração entre patrimônio histórico, arquitetura e urbanismo.
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7. BIBLIOGRAFIA ALVES, Milton Rogrigues; MARTINELLI, Pedro. Casas paulistanas: pequenos tesouros da Mooca na transformação de São Paulo. São Paulo: Casa Paulistana de Comunicação, 1998.
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8. LISTA DE IMAGENS IMAGEM 01: Estação Mooca (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 02: Rua Borges de Figueiredo (Fonte: acervo próprio).
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IMAGEM 03: Vista aérea Mooca (Fonte: <http://www.habitacao.sp.gov.br/ casapaulista/downloads/ppp/diretrizes_ projeto_operacao_urbana_mooca_vila_ carioca.pdf> Acesso em: 15 de março de 2015>). IMAGEM 04: Triângulo histórico e expansão de São Paulo (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 05: Mapa de localização da Mooca (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 06: Orla do Rio Tamanduateí em 1862 (Fonte: <http://www.prefeitura.sp.gov. br/cidade/secretarias/desenvolvimento_ urbano/biblioteca_digital/operacoes_ urbanas/index.php?p=173214> Acesso em:
04 de abril de 2015). IMAGEM 07: Várzea do Carmo em 1839 (Fonte: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/ secretarias/desenvolvimento_urbano/ biblioteca_digital/operacoes_urbanas/ index.php?p=173214> Acesso em: 04 de abril de 2015). IMAGEM 08: Locomotiva na Mooca em 1947 (Fonte: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/ secretarias/desenvolvimento_urbano/ biblioteca_digital/operacoes_urbanas/ index.php?p=173214> Acesso em: 04 de abril de 2015). IMAGEM 09: Estação da Luz, 1880 (Fonte: <http://www.novomilenio.inf.br/santos/ calixt105.htm> Acesso em: 23 de novembro de 2015). IMAGEM 10: Mapa de São Paulo em 1895
(Fonte: < http://smdu.prefeitura.sp.gov.br/ historico_demografico/1890.php> Acesso em: 05 de junho de 2015). IMAGEM 11: Mapa de São Paulo em 1913 (Fonte: < http://smdu.prefeitura.sp.gov.br/ historico_demografico/1900.php> Acesso em: 05 de junho de 2015). IMAGEM 12: Mapa das fábricas do Brás e da Mooca existentes em 1914 (Fonte: RODRIGUEZ, Maria Elizabet Paes. Radial Leste, Brás e Mooca: diretrizes para a requalificação urbana. Dissertação de Mestrado. São Paulo: FAUUSP, 2006).
novembro de 2015). IMAGEM 15: Início das obras do metrô nos anos 70 (Fonte: < http://smdu.prefeitura. sp.gov.br/historico_demografico/1970.php> Acesso em: 05 de junho de 2015). IMAGEM 16: Rua Borges de Figueiredo em 1980 (Fonte: < http://www.prefeitura.sp.gov. br/cidade/secretarias/desenvolvimento_ urbano/biblioteca_digital/operacoes_ urbanas/index.php?p=173214> Acesso em: 04 de abril de 2015).
IMAGEM 13: Mapa de São Paulo em 1951 (Fonte: < http://smdu.prefeitura.sp.gov.br/ historico_demografico/1950.php> Acesso em: 05 de junho de 2015).
IMAGEM 17: Avenida do Estado em 1986 (Fonte: < http://www.prefeitura.sp.gov. br/cidade/secretarias/desenvolvimento_ urbano/biblioteca_digital/operacoes_ urbanas/index.php?p=173214> Acesso em: 04 de abril de 2015).
IMAGEM 14: Avenida Alcântara Machado em 1954 (Fonte: < http://www.moocaonline. com.br/fotosmooca.htm> Acesso em: 23 de
IMAGEM 18: Estação Brás em 1967 (Fonte: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/ secretarias/desenvolvimento_urbano/
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biblioteca_digital/operacoes_urbanas/ index.php?p=173214> Acesso em: 04 de abril de 2015). IMAGEM 19: Vista aérea Mooca (Fonte: LEITE, Carlos. Fraturas urbanas e a possibilidade de construção de novas territorialidades metropolitanas: A orla ferroviária paulistana. Tese de doutorado. São Paulo: FAUUSP, 2002). IMAGEM 20: Vista da linha férrea na Estação Mooca (Fonte: acervo próprio).
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IMAGEM 21: Linhas férreas e desvios do pátio da Mooca (Fonte: < http://www. prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/ desenvolvimento_urbano/biblioteca_ digital/operacoes_urbanas/index. php?p=173214> Acesso em: 04 de abril de 2015). IMAGEM 22: Ferrovia em 1968 (Fonte: < http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/ secretarias/desenvolvimento_urbano/ biblioteca_digital/operacoes_urbanas/ index.php?p=173214> Acesso em: 04 de abril de 2015). IMAGEM 23: Ferrovia em 2012 (Fonte: < http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/ secretarias/desenvolvimento_urbano/ biblioteca_digital/operacoes_urbanas/ index.php?p=173214> Acesso em: 04 de abril de 2015). IMAGEM 24: Atual Estação da Mooca (Fonte:
acervo próprio). IMAGEM 25: Atual Estação da Mooca (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 26: Entrada Estação Mooca pela Av. Pres. Wilson (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 27: Entrada Estação Mooca pela R. Borges de Figueiredo (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 28: Atual Estação da Mooca (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 29: Antarctica Paulista (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 30: Crespi em 1970 (Fonte: <http:// www.saopauloinfoco.com.br/wp-content/ uploads/2014/06/Cotonif%C3%ADcioCrespi-e-alargamento-da-avenida-Paesde-Barros-bairro-da-Mooca-em-1970.jpg> Acesso em: 23 de novembro de 2015). IMAGEM 31: Casa Vanorden em 1922 (Fonte: <www.saopauloantiga.com.br/ casa-vanorden-1922-2015> Acesso em: 05 de junho de 2015). IMAGEM 32: Antarctica Paulista em 1924 (Fonte: < www.saopauloantiga.com.br/ antarctica-paulista> Acesso em: 05 de junho de 2015). IMAGEM 33: Casa Vanorden atualmente (Fonte: acervo próprio).
IMAGEM 34: Antarctica Paulista atualmente (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 35: Novos edifícios construídos na Rua Borges de Figueiredo, em frente à Casa Vanorden (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 36: Vista aérea dos galpões industriais da Mooca em 1947 (Fonte: <https://catracalivre.com.br/sp/muito-maissao-paulo/indicacao/sao-paulo-em-1947vista-pela-revista-life/> Acesso em: 11 de novembro de 2015). IMAGEM 37: Vista aérea dos galpões industriais da Mooca atualmente (Fonte: <http://www.habitacao.sp.gov.br/ casapaulista/downloads/ppp/diretrizes_ projeto_operacao_urbana_mooca_vila_ carioca.pdf> Acesso em: 15 de março de 2015>). IMAGEM 38: Vista aérea Mooca (Fonte: MEYER, Regina Maria Prosperi; GROSTEIN, Marta Dora. A leste do centro: territórios do urbanismo. Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2010). IMAGEM 39: Área de atuação da Operação Urbana Consorciada Mooca-Vila Carioca (Fonte: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/ secretarias/desenvolvimento_urbano/ biblioteca_digital/operacoes_urbanas/ index.php?p=173214> Acesso em: 04 de abril de 2015)
IMAGEM 40: Caracterização funcional dos setores de intervenção (Fonte: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/ secretarias/desenvolvimento_urbano/ biblioteca_digital/operacoes_urbanas/ index.php?p=173214> Acesso em: 04 de abril de 2015) IMAGEM 41: Projetos estratégicos da OUC MVC (Fonte: <http://www.prefeitura.sp.gov. br/cidade/secretarias/desenvolvimento_ urbano/biblioteca_digital/operacoes_ urbanas/index.php?p=173214> Acesso em: 04 de abril de 2015) IMAGEM 42: Plano estratégico Tamanduateí I (Fonte: <http://www.prefeitura.sp.gov. br/cidade/secretarias/desenvolvimento_ urbano/biblioteca_digital/operacoes_ urbanas/index.php?p=173214> Acesso em: 04 de abril de 2015). IMAGEM 43: Projetos propostos pela Operação e objeto de projeto (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 44: Esquema da proposta da Operação Urbana (Fonte: < http://www. habitacao.sp.gov.br/casapaulista/ downloads/ppp/diretrizes_projeto_ operacao_urbana_mooca_vila_carioca. pdf> Acesso em: 15 de março de 2015). IMAGEM 45: Passarela Estação Mooca (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 46: Antarctica Paulista (Fonte:
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acervo próprio). IMAGEM 47: Linha férrea na Mooca (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 48: Vista da Estação Mooca, telhados de galpões industriais junto a novos empreendimentos (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 49: Edifícios residenciais beirando a ferrovia (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 50: Paisagem dos bairros da Mooca e Cambuci (Fonte: MEYER, Regina Maria Prosperi; GROSTEIN, Marta Dora. A leste do centro: territórios do urbanismo. Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2010).
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IMAGEM 51: Rua Frei Gáspar, na Mooca, com edifícios novos e patrimônios históricos (Fonte: < https://www.google.com.br/ maps> Acesso em: 25 de novembro de 2015). IMAGEM 52: Rua Borges de Figueiredo (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 53: Fachada degradada da fábrica Antarctica Paulista (Fonte: < https://www. google.com.br/maps> Acesso em: 25 de novembro de 2015). IMAGEM 54: Estrutura abandonada, Av. Pres. Wilson (Fonte: < https://www.google.com. br/maps> Acesso em: 25 de novembro de 2015).
IMAGEM 55: Galpão recém revitalizado, R. Borges de Figueiredo (Fonte: < https://www. google.com.br/maps> Acesso em: 25 de novembro de 2015). IMAGEM 56: Avenida Presidente Wilson (Fonte: < https://www.google.com.br/ maps> Acesso em: 25 de novembro de 2015). IMAGEM 57: Armazém da antiga São Paulo Railway (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 58: Pinacoteca do Estado de São Paulo (Fonte: <http://www.pinacoteca.org> Acesso em: 25 de novembro de 2015). IMAGEM 59: Mercado Municipal de São Paulo (Fonte: <https://catracalivre.com.br/ wp-content/uploads/2013/01/mercado_ municipal.jpg> Acesso em: 25 de novembro de 2015). IMAGEM 60: Teatro Municipal de São Paulo (Fonte: <http://cultura.estadao.com.br/ blogs/joao-luiz-sampaio/wp-content/ uploads/sites/99/2015/11/at-sp-theatromunicipal-de-sao-paulo-002.jpg> Acesso em: 25 de novembro de 2015). IMAGEM 61: Mapa de bens tombados (Fonte: Departamento do patrimônio histórico). IMAGEM 62: Galpões na praça de acesso à Estação Mooca (Fonte: acervo próprio). IMAGEM
63:
Casa
das
Rosas
(Fonte:
<http://casadasrosas.org.br/imagens/ galeria/1426105604.jpg> Acesso em: 25 de novembro de 2015). IMAGEM 64: Instituto Criar (Fonte: <http:// oksman.com.br/patrimonio/Instituto-Criar> Acesso em: 25 de novembro de 2015). IMAGEM 65: Vila operária Vila Jaguará (Fonte: <http://www.portaldamooca.com. br/fatos%20e%20locais/vila_operaria/vila_ operaria.html> Acesso em: 23 de novembro de 2015). IMAGEM 66: Casa Vanorden (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 67: Sesc Pompeia (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 68: Rua Borges de Figueiredo (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 69: Novos edifícios residenciais em antiga área industrial da Mooca (Fonte: < https://www.google.com.br/maps> Acesso em: 25 de novembro de 2015).
de 2015). IMAGEM 72: Rua Monsenhor João Felipo (Fonte: Acervo próprio). IMAGEM 73: Vista aérea Ipiranga (Fonte: MEYER, Regina Maria Prosperi; GROSTEIN, Marta Dora. A leste do centro: territórios do urbanismo. Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2010). IMAGEM 74: Galpões degradados próximos à Estação Brás (Fonte: < https://www.google. com.br/maps> Acesso em: 25 de novembro de 2015). IMAGEM 75: Galpões degradados próximos à Estação Brás (Fonte: < https://www.google. com.br/maps> Acesso em: 25 de novembro de 2015). IMAGEM 76: Vista aérea do Glicério, com galpões e novos edifícios residenciais (Fonte: MEYER, Regina Maria Prosperi; GROSTEIN, Marta Dora. A leste do centro: territórios do urbanismo. Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2010).
IMAGEM 70: Museu da Imigração do Estado de São Paulo (Fonte: <http:// museudaimigracao.org.br/wp-content/ uploads/2013/06/00.jpg> Acesso em: 23 de novembro de 2015).
IMAGEM 77: Cinemateca e residências do entorno (Fonte: acervo próprio).
IMAGEM 71: Estrutura preexistente na Mooca reutilizada (Fonte: < https://www.google. com.br/maps> Acesso em: 25 de novembro
IMAGEM 79: Casa Vanorden, estrutura preexistente utilizada para projeto (Fonte: acervo próprio).
IMAGEM 78: Galpão preexistente Sesc Pompeia (Fonte: acervo próprio).
125
IMAGEM 80: Sesc Pompeia (Fonte: < http:// d3u970w7fhbwyj.cloudfront.net/wp/wpcontent/uploads/2008/05/sescpompeia3. jpg> Acesso em: 25 de novembro de 2015). IMAGEM 81: Vista aérea fábrica da Pompeia (Fonte: OLIVEIRA, Liana Paula Perez. A capacidade de dizer não: Lina Bo Bardi e a fábrica da Pompéia. Dissertação de Mestrado. São Paulo: FAU Mackenzie, 2007).
126
IMAGEM 90: Museu da História do Estado de São Paulo (Fonte: < http://www.arqbacana. com.br/internal/arquitetura/read/12621/ pedro-mendes-da-rocha> Acesso em: 25 de novembro de 2015). IMAGEM 91: Casa das Retortas (Fonte: < http://arquitetopaulobastos.com.br/ imagens/proj-31-719.jpg> Acesso em: 25 de novembro de 2015).
IMAGEM 82: Fábrica de tambores Pompeia (Fonte: OLIVEIRA, Liana Paula Perez. A capacidade de dizer não: Lina Bo Bardi e a fábrica da Pompéia. Dissertação de Mestrado. São Paulo: FAU Mackenzie, 2007).
IMAGEM 92: Vista aérea do futuro complexo (Fonte: < http://www.arqbacana.com.br/ internal/arquitetura/read/12621/pedromendes-da-rocha> Acesso em: 25 de novembro de 2015).
IMAGEM 83: Sesc Pompeia atualmente (Fonte: acervo próprio).
IMAGEM 93: Modelo físico do museu (Fonte: < http://www.arqbacana.com.br/internal/ arquitetura/read/12621/pedro-mendes-darocha> Acesso em: 25 de novembro de 2015).
IMAGEM 84: Área de leitura (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 85: Acesso ao teatro (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 86: Espaço de convivência (Fonte: acervo próprio).
IMAGEM 94: Modelo físico do museu (Fonte: < http://www.arqbacana.com.br/internal/ arquitetura/read/12621/pedro-mendes-darocha> Acesso em: 25 de novembro de 2015).
IMAGEM 88: Edifício projetado por Lina Bo Bardi (Fonte: acervo próprio).
IMAGEM 95: Maquete eletrônica do museu (Fonte: < http://www.arqbacana.com.br/ internal/arquitetura/read/12621/pedromendes-da-rocha> Acesso em: 25 de novembro de 2015).
IMAGEM 89: Novo edifício e preexistência (Fonte: acervo próprio).
IMAGEM 96: Cinemateca (Fonte: acervo próprio).
IMAGEM 87: Rua interna e preexistências (Fonte: acervo próprio).
IMAGEM 97: Antigo Matadouro (Fonte: CAMARGO, Célia. Informação e memória. A cinemateca brasileira e o patrimônio histórico audiovisual. Acervo, n.16, p.145, 2005).
próprio). IMAGEM 109: Objeto de projeto (Fonte: acervo próprio).
IMAGEM 98: Pátio interno da cinemateca (Fonte: acervo próprio).
atual
IMAGEM 110: Esquemas realizados para estudo do projeto (Fonte: acervo próprio).
IMAGEM 99: Pátio interno da cinemateca (Fonte: acervo próprio).
atual
IMAGEM 111: Estudo do projeto (Fonte: acervo próprio).
IMAGEM 100: Acesso Cinemateca através da praça (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 101: Estruturas de vidro junto à preexistência (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 102: Cinemateca (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 103: Interior da estrutura preexistente (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 104: Novas estruturas metálicas (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 105: Novas estruturas metálicas (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 106: Objeto de projeto (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 107: Objeto de projeto (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 108: Casa Vanorden (Fonte: acervo
IMAGEM 112: Estudo do projeto (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 113: Estudo do projeto (Fonte: acervo próprio). IMAGEM114:Objetodeprojeto(Fonte:acervo próprio) IMAGEM 115: Croqui (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 116: Estudo do projeto (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 117: Estudo do projeto (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 118: Objeto de projeto (Fonte: acervo próprio). IMAGEM 119: Estação Mooca (Fonte: acervo próprio).
127
9. LISTA DE ABREVIATURAS CONDEPHAAT
Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico
CONPRESP
Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo
CPTM
Companhia Paulista de Trens Metropolitanos
DPH
Departamento do Patrimônio Histórico
IPHAN
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
OUC MVC
Operação Carioca
PDE
Plano Diretor Estratégico
SESC
Serviço Social do Comércio
128
Urbana
Consorciada
Mooca-Vila
SMDU
Secretaria Municipal do Desenvolvimeno Urbano
SPR
S達o Paulo Railway
SPDOC
Sistema de Gest達o de Documentos do Estado de S達o Paulo
129
10. ANEXOS
130
Imagem pertencente ao Acervo Permanente do Arquivo Hist贸rico de S茫o Paulo/ DPH/SMC
Imagem pertencente ao Acervo Permanente do Arquivo Hist贸rico de S茫o Paulo/ DPH/SMC
131
Prancha de apresentação do objeto de projeto estudado
132
Planta TĂŠrreo
133
Planta Primeiro Subsolo
134
Planta Segundo Subsolo
135
Planta Primeiro Pavimento
136
Planta Segundo Pavimento
137
Planta Terceiro Pavimento
138
Planta Cobertura
139
Cortes AA, BB, CC, DD e perspectivas
140
Elevações 1, 2, 3 e perspectivas
141
Ampliações 1 e 2
142
Ampliação 3
143
144
145
146