Discipulando: Conhecendo Jesus e o Reino de Deus

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Professor

Discipulando C m.br c pD aa dd . cCo0 m


Editorial Em 2015, a Casa Publicadora das Assembleias de Deus completa 75 anos, o seu jubileu de brilhante. São 75 anos de história dedicados à Escola Dominical, ao fortalecimento da Igreja, ao evangelismo e ao cumprimento da missão que o Senhor Jesus Cristo nos deixou, o de fazer discípulos em todas as nações. Comemorando essa ditosa data, apresentamos o Novo Currículo de Escola Dominical. Trata-se de um novo material, pensado para os atuais desafios da Igreja no Brasil no século 21. A equipe de educadores de nossa Casa preparou um plano educacional com o que há de melhor e mais moderno no campo da Educação Cristã. Assim, a CPAD honra uma tradição de compromisso com a Escola Dominical e com o ensino bíblico coerente e cristocêntrico.

O material que apresentamos é o currículo mais completo do Brasil, e abrange todas as faixas etárias existentes, desde o bebê recém-nascido (a faixa de Berçário) à fase da maturidade da vida (Adultos). As lições foram preparadas buscando o que a Palavra de Deus tem para ensinar para cada faixa etária, e acima de tudo, o compromisso com uma teologia conservadora e bíblica. Acreditamos que esse compromisso é essencial para a igreja em dias de tantas mudanças, como os nossos, e cremos também que a Educação Cristã pautada nas Sagradas Escrituras é o compromisso da CPAD com a Igreja Evangélica no Brasil. Portanto, queremos dar as boas vindas a você, que participa da Escola Dominical. Esta instituição existe por sua causa. Sim, você é a razão da Escola Dominical. O nosso desejo é que este novo currículo faça com que você ame ainda mais a nossa Escola Dominical, mas sobretudo, ame mais a Palavra de Deus e faça dela sua regra de fé e prática para a vida. A Deus toda a Glória!

Pastor José Wellington Bezerra da Costa Presidente da CGADB Pr José Wellington Costa Júnior

Ronaldo Rodrigues de Souza

Presidente do Conselho Administrativo da CPAD

CPAD

Diretor Executivo da CPAD


Sumário Comentarista: César Moisés Carvalho ►Lição 1 - A NECESSIDADE HUMANA: O PROBLEMA DO PECADO........................................................................03 * Lição 2 - O FRACASSO DE ISRAEL EM REPRESENTAR O REINO DE DEUS......................................................10 ►Lição 3 - QUEM É JESUS.......................................................................................... 17 ►Lição 4 - O CARÁTER DE JESUS.............................................................................. 24 ►Lição 5 - O MINISTÉRIO DE JESUS.........................................................................31 ►Lição 6 - O NOVO MANDAMENTO...........................................................................38 ►Lição 1 -

MENSAGEM DE JESUS - O REINO DE DEUS.................................... 45

►Lição 8 - O REINADO DE DEUS JÁ TEVE INÍCIO................................................... 52 ►Lição 9 - A MORTE DE JESUS............................................................................. 59 ►Lição 10- A RESSURREIÇÃO DE JESUS............................................................. 66 ►Lição 11 - A SALVAÇÃO EM CRISTO..................................................................... 73 ►Lição 12 - SENDO UM DISCÍPULO DE JESUS................................................... 80 ►Lição 13 - IGREJA: UMA EXPRESSÃO DO REINO DE DEUS.....................................87

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CASA PUBLICADORA DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS Av. Brasil, 34.401 - Bangu Rio de Janeiro - RJ - cep: 21852/002 Tet: (21) 2406-7373 / Fax: (21) 2406-7326 Presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil José Wellington Bezerra da Costa Presidente do Conselho Administrativo José Wellington Costa Júnior Diretor Executivo Ronaldo Rodrigues de Souza Gerente de Publicações Alexandre Claudino Coelho Consultoria Doutrinária e Teológica Antonio Gilberto e Claudionor de Andrade Gerente Financeiro Josafá Franklin Santos Bomfim Gerente de Produção e Arte 8 Design Jarbas Ramires Silva Gerente Comercial Cícero da Silva Gerente da Rede de Lojas João Batista Guilherme da Silva Chefe de Arte 8 Design Wagner de Almeida Chefe do Setor de Educação Cristã César Moisés Carvalho Redator Marcelo Oliveira de Oliveira Projeto Gráfico - capa e miolo Jonas Lemos

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EDITORIAL

Caro professor, as novas revistas Discipulando chegam com uma propos­ ta permanente de um rico discipulado. Após sete anos de sucesso com o an­ tigo currículo, os professores de Escola Dominical se veem agora diante de no­ vos desafios, agendas e complexidades que fazem com que eles sintam a neces­ sidade de contar com revistas que aten­ dam a esses desafios contemporâneos. Este material foi pensado e planeja­ do visando ao desenvolvimento inte­ gral e permanente do novo convertido. Este, por sua vez, entrará numa nova realidade, em um novo mundo até en­ tão desconhecido para ele. O desafio de qualquer discipulador é fazer com que o seu discipulando deseje cada vez mais parecer-se com o maior discipulador de todos os tempos: Jesus de Nazaré. Portanto, este também é o desafio da CPAD, ou seja: produzir um material que desperte nos alunos do discipulan­ do a inspiração de ser igual a Jesus e de compreender os aspectos manifestos do Reino de Deus e da sua Justiça no mundo.


Necessidade Humana: o problema do pecado a

TEXTO BÍBLICO BASE Romanos 3.9-11; 5.12-14

14 - No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir.

► Romanos 3 9 - Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstra­ mos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado,

MEDITAÇÃO “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” ( Rm 23.3).

10 - como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. 11 - Não há ninguém que entenda; não há nin­ guém que busque a Deus.

REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA

► Romanos 5

►SEGUNDA-Gênesis 4.7

12 - Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram.

►TERÇA- 2 Crônicas 7.13,14

13 - Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado não havendo lei.

►QUARTA-Salmos 1.1 ►QUINTA-Mateus 9.13 ►SEXTA-Lucas 7.36-50 ►SÁBADO-João 1.29 | Discipulando Professor 1


ORIENTAÇÃO AO

PROFESSOR INTERAGINDO COM O ALUNO Trabalhar com a classe de novos con­ vertidos é um grande privilégio para qualquer educador. É como “alfabetizar” adultos, ou seja, ensinar pessoas que se comunicam através da fala, mas ainda não sabem ler. Nesse sen­ tido, esse novo material apresentado para se trabalhar com o novo convertido é ideal, pois trata dos temas mais pertinentes e básicos da fé. Talvez, pelo seu conhecimento, você ache os assuntos simples demais, porém, é preciso ter em mente o fato de que, aos alunos, tais temas são novos. Daí o desafio de ensiná-los com dinamismo e criatividade. Para essa primeira aula, por exemplo, é imprescindível falar acerca do conceito de pecado. O que tal expressão significa? O que é, ou não, pecado, define-se historicamente ou há outra maneira de fazê-lo? Se o pecado é um mal que nos assola desde quando nas­ cemos, há alguma maneira de nos livrarmos dele? A presente lição trabalha alguns desses problemas, contudo, apresenta a solução que, na verdade, o aluno dela já se apropriou, pois já receberam Jesus, o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29).

OBJETIVOS Sua aula deverá alcançar os seguintes objetivos: ►Demonstrar como a criação perfeita tornou-se imperfeita e também o surgimento do pecado;

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►Distinguir o pecado pessoal do pecado estrutural; ►Elencar as conseqüências físicas, sociais e espirituais do pecado.

PROPOSTA PEDAGÓGICA Para introduzir a lição, proponha a seguinte reflexão: “Se você soubesse que alguém ama porque não há outra opção para essa pessoa a não ser amá-lo, o que acharia desse amor?” Aguarde as respostas e depois complemente dizendo que, provavelmente, não acreditaria na pureza de tal sentimento, posto não ser ele espontâneo, mas obrigatório e mecânico. Conclua dizendo que se Deus criasse-nos incapazes de desobedecer-lhe ou não amá-lo, nossa relação com Ele seria uma farsa. Assim é que, por sua bondade, o Criador fez-nos livres e, por isso mesmo, com capacidade de rejeitá-lo. Justamente por isso nossos progenitores pecaram. Entretanto, o contrário também é verdadeiro, ou seja, po­ demos também amar a Deus e abrimo-nos a um relacionamento com o Criador.


INTRODUÇÃO Uma das primeiras e mais duras verdades que tomamos conhecimento quando passamos a ter consciência, é que um dia iremos morrer. Isso leva-nos a refletir o porquê de não apenas morrermos, mas também o porquê de existir­ mos. Quando nos perguntamos acerca desse assunto, chegamos ao maior e mais decisivo acontecimento de que se tem notícia, que é o fato de Deus ter decidido criar, por amor, o universo e a humanidade (Gn 1.1—2.25; Jo 1.1-5; Hb 11.3). Contudo, o modo como Ele decidiu criar-nos, isto é, livres e não autômatos, fez com que fôssemos responsáveis pela decisão de viver segundo nossa própria maneira e não de acordo com a forma que o Criador estipulara. Esse é o ponto de partida para se entender a triste realidade do pecado (Rm 3.9,10; 5.12-14).

dimensão espiritual e sensível com o Criador. Não há como saber quanto tempo durou tal condição no mundo, fato é que não havia choques ou dis­ putas por espaços, pois durante esse período tudo funcionava harmoniosamente.

►1.2 - Queda. Juntamente com a ordem de cuidar do planeta, a humanidade recebeu 1. A CRIAÇÃO PERFEITA E A uma orientação ética (Gn 2.15-17). Como é pos­ sível verificar, tal orientação continha deveres, ORIGEM DO PECADO ► 1.1 - Criação. Criada à imagem e semelhan­direitos, proibições e punições, portanto, servia como um norte para que o ser humano tivesse ça de Deus (Gn 1.26; 5.2; Tg 3.9), a humanidade uma direção. Lamentavelmente, representada recebeu um propósito muito específico: admi­ pelo casal progenitor, a humanidade optou por nistrar o planeta (Gn 2.15-17). O primeiro casal desobedecer ao Criador e assim transgrediu vivia em plena harmonia entre si, com a natureza a ordem divina expressa (Gn 3.1-24). Tal de­ e com o Criador (Gn 2.18-25; 3.8). Na realidade, sobediência e transgressão, conhecida como eles viviam literalmente a plenitude do “Reino “Queda”, rompeu a relação da criatura com o de Deus”, ou seja, eram dirigidos, orientados e Criador, alterando todas as demais relações plenamente adaptados tanto à dimensão física, (Gn 3.9-24). A harmonia que antes havia fora humana, social e natural do mundo; quanto à então quebrada. O Reino de Deus, isto é, o reinado divino que contava com a participação humana em sua administração, passou agora a ser um desejo praticamente inatingível, pois o mundo tornara-se o reino humano no pior sentido da expressão (Gn 3.17,23). A dor e a morte tornaram-se uma realidade.

a

A humanidade optou por desobedecer ao Criador. n

►1.3 - Redenção. Desse triste episódio em diante, a tentativa desesperada da humanidade é “voltar” ao estado paradisíaco do mundo ou recriá-lo à sua própria forma e maneira. A hu­ manidade, mesmo sem Deus, percebe que há alguma coisa errada, consigo e com o mundo, e procura de todas as formas consertá-los. Por | Discipulando Professor 1 j


verificar nas próximas lições, na realidade, a “redenção" só pode acontecer por intermédio de uma pessoa habilitada que, assim como Adão, represente toda a humanidade. Isso, porém, não nos exime de participar no pro­ cesso de cuidado com o mundo e a criação.

2. A NATUREZA E A REALIDADE DO PECADO

isso, em toda a sua trajetória é possível verificar as diversas criações humanas que intentam produzir uma realidade melhor: religião, filosofia, política, ciência, ideologia, etc. Todas, porém, têm se mostrado insuficientes, pois a transgressão humana exige um pagamento (redenção) que somente Deus pode saldar. Assim, como ato de misericórdia o Criador, ainda na cena do terrível episódio da Queda, mencionou uma promessa denominada pelos teólogos de protoevangelho. Ele disse à serpente que da “semente” da mulher nasceria um descendente que lhe esmagaria a cabeça (Gn 3.14,15 cf. Ap 20.2), destruindo o poder do pecado.

^ AUXÍLIO DIDÁTICO 1 A fim de esclarecer o trinômio “criação, queda e redenção", é de vital importância que você esteja inteirado acerca da doutrina da criação, pois a “Criação é a base da dig­ nidade humana, pois nossa origem diz-nos quem somos, por que estamos aqui e como devemos tratar uns aos outros” (COLSON, Charles; PEARCEY, Nancy. E Agora, Como Viveremos? 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p.132). Voltando ao trinômio acima re­ ferido, é imprescindível conhecê-lo, pois ele contém as três perguntas fundamentais: “De onde viemos, e quem somos nós (criação)? O que deu errado com o mundo (queda)? E o que podemos fazer para consertar isso (redenção)?” (Ibid., p.32). Como se poderá

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> 2 . 1 - 0 pecado e sua universalidade. 0 texto paulino registrado em Romanos 3.23 informa que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Os versículos nove a onze do mesmo capítulo tratam igualmente desse assunto e informam que a realidade do peca­ do é irrevogável do ponto de vista humano. A despeito de o povo de Israel ter sido usado por Deus como canal por onde o mundo recebeu a promessa de que seria abençoado (Gn 12.1-3), o apóstolo Paulo, que também era judeu, diz que mesmo o seu povo em nada é mais excelente, ou melhor, do que as demais nações e povos. Em outras palavras, todos igualmente estão debaixo da maldição do pecado, isto é, “não há um justo, nem um sequer”, pois ninguém, por si mesmo, entende e muito menos busca a Deus (Rm 3.10,11).

► 2.2 - O pecado pessoal. A doutrina cristã ensina que a humanidade peca justamente por ser pecadora e não o contrário, ou seja, não se torna pecadora ao pecar. Desde quando o Criador advertira Caim, a Bíblia nos mostra que o pecado está sempre nos espreitando querendo fazer com que cedamos (Gn 4.7). Na verdade, conforme vemos em Gênesis 6.5, o próprio Criador constatara, em relação à humanidade, que “toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente”. Se an­ tes de transgredir, ou desobedecer, a vontade humana era inclinada a manter-nos sendo o que Deus projetou-nos para que fôssemos, agora nossa natureza fora completamente deturpada, levando-nos, às vezes até mesmo a contragosto (Rm 7.15-23), a nos rebelar contra Deus através do pecado. “Não há pessoa alguma que não


“Romanos 5.12, junto com os versículos 18 e 19, são os textos primários do Novo Testamento para o conceito de ‘pecado original’, ou seja, que todas as pessoas nascem em pecado por causa do pecado de Adão. Ou, como se diz frequentemente, todos herdam uma natureza ► 2.3 - O pecado estrutural. Mesmo a depravada” (Ibid., p.844). humanidade tendo, através da desobediência e consequentemente rebelião, aberto mão de seu direito de ser governada por Deus, 3. O SOFRIMENTO HUMANO E A o Criador, ciente de que a maldade humana PRIVAÇÃO DE DEUS não tem limite, por sua misericórdia, desde os ►3.1 - Conseqüências físicas do pecado. tempos de Moisés, transmitiu leis para proteger Dos transtornos proporcionados pela Queda, a os menos favorecidos (Lv 19.9-18; Dt 23.7,8). morte talvez seja uma das mais visíveis e cruéis Todavia, a maldade humana é tão terrível que, conseqüências (Rm 5.12). No entanto, até que mesmo assim, o povo que deveria servir como cheguemos a este momento final, o drama humano um exemplo ao mundo todo do que significava é permeado por angústias, doenças e males di­ ser governado por Deus (Êx 19.6; Dt 4.5-8), versos, tal como dissera o Criador no triste evento resolve, por causa da natureza pecaminosa, da Queda (Gn 3.16-19). O desastre causado pela rebelar-se contra o Deus que o havia libertado desobediência humana atingiu proporções tão (Êx 20.2; 1 Sm 8.4-22). Como o Senhor adver­ drásticas que até mesmo a natureza foi atingida tira, o resultado da rebelião não poderia ser negativamente, pois o Senhor dissera que a terra outro, Israel terminou tornando-se novamente passara a ser maldita (Gn 3.17). É justamente por escravo e assim passou a aspirar ainda mais isso que as Escrituras falam sobre o fato de que o reinado divino sobre si (Lv 18.24-30; 20.22; “a criação geme e está juntamente com dores de 2 Cr 30.6-9). Mesmo no exílio, a misericórdia parto até agora” (Rm 8.22). A harmonia que era divina é tão grande, que a condenação de tão real no jardim do Éden fora completamente Nabucodonosor, rei da Babilônia, conforme transtornada, trazendo terríveis conseqüências dissera Daniel, talvez fosse revogada se ele físicas, tanto para a humanidade quanto para o fizesse justiça aos menos favorecidos (Dn 4.27). restante da criação. peque”, já reconhecia o sábio rei Salomão na cerimônia de dedicação do Templo em Jerusalém, muitos séculos depois de o casal representante da humanidade ter pecado pela primeira vez (2 Cr 6.36).

^ AUXÍLIO DIDÁTICO 2 “O pecado no jardim do Éden resultou na interrupção da relação íntima que existia entre Deus e o casal original. O fato de terem sido expulsos do jardim, onde eles tinham andado com Deus, fornece ilustração gráfica da perda de intimidade. Tendo perdido a relação perfeita que tinham conhecido com Deus, a perdà da vida se lhes tornou o destino subsequente. Em outras palavras, a morte espiritual resultou em morte física" (JOHNSON, Van. “Romanos” In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds ). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.843-44). Este mesmo autor informa que

►3.2 - Conseqüências sociais do pecado. Desde o início é perceptível que o Criador pla­ nejara a vida em sociedade para todos os seres humanos (Gn 1.28; 2.18). Mas até mesmo essa característica da humanidade foi transtornada pelo pecado. O desejo egoísta de dominar logo aflorou, fazendo com que uns tivessem poder sobre a vida dos outros (Gn 10.8,9; 11.1-6). A escravidão e a subserviência nunca fizeram parte do plano original de Deus para a humanidade, porém, tornaram-se uma das conseqüências da Queda (Lc 22.24-26). ►3.3 - Conseqüências espirituais do pecado. Apesar de vermos o quanto o pecado afetou a humanidade, primeiramente

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aspecto pessoal, atingindo até mesmo a própria natureza, a “morte” mencionada pelo Criador a Adão, como se pode ver, não se referia simples­ mente ã morte física, ou a cessação da vida, mas apontava para a privação momentânea da presença divina durante a vida terrena do ser humano e, posteriormente, a separação eter­ na de Deus (Gn 2.17). Chamada de “segunda morte” trata-se da pior conseqüência que pode vir sobre qualquer ser humano, pois significa o banimento e a deserção eterna da presença do Criador, privando a criatura completamente de voltar à sua fonte originária (Ap 2.11; 20.6,14; 21.8).

^ AUXÍLIO DIDÁTICO 3 “A morte (heb. maweth, gr. thanatos) teve sua origem no pecado, e é o resultado final do pecado (Gn 2.17; Rm 5.12-21; 6.16,23; 1 Co 15.21,22,56; Tg 1.15). É possível distinguir entre a morte física e a espiritual (Mt 10.28; Lc 12.4). A morte física é uma penalidade ao pecado (Gn 2.17; 3.19; Ez 18.4,20; Rm 5.12-17; 1 Co 15.21,22) e pode vir como um juízo espe­ cífico (Gn 6.7,11-13; 1 Co 10.13,14; At 12.23). Entretanto, para os crentes (que estão mortos para o pecado, Rm 6.2; Cl 3.3; em Cristo, Rm 6.3,4; 2 Tm 2.11) significa uma restauração mediante o sangue de Cristo (Jó 19.25-27; 1 Co 15.21,22) porque Deus tem triunfado so­ bre a morte (Is 25.8; 1 Co 15.26,55-57; 2 Tm 1.10; Hb 2.14,15; Ap 20.14)” (MARINO, Bruce R. “Origem, natureza e Conseqüências do pe­ cado” In HORTON, Stanley M. (Ed.). Teologia Sistemática. Uma perspectiva pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.132, pp.296-97). Acerca da separação de Deus, o mesmo autor afirma que os “não salvos vivem na morte espiritual (Jo 6.50-53; Rm 7.11; Ef 2.1-6; 5.14; Cl 2.13; 1 Tm 5.6; Tg 5.20; 1 Pe 2.24; 1 Jo 5.12), que é a derradeira expressão da alienação entre a alma e Deus. Até mesmo os crentes, quando pecam, experimentam uma separação parcial de Deus (SI 66.18), mas Ele está sempre disposto a perdoar (SI 32.1-6; Tg 5.16; 1 Jo 1.8,9)” (Ibid., p.297).

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CONCLUSÃO Como vimos nessa primeira lição, o pecado é um efeito colateral decorrente do fato de não termos sido criados como autômatos e sem vontade própria. Por esse ato aprendemos que Deus não queria seres robotizados e sem ca­ pacidade de pensar, mas justamente o inverso, isto é, o Criador optou por criar seres livres. Isso, inclusive, custou a Ele o preço de ser rejeitado pela humanidade que, por amor, criara. Se por um lado isso possibilitou a humanidade rejeitar o Deus Criador, por outro trouxe também obrigações a cada um de nós, pois somos responsáveis por nossas decisões e atitudes, em relação a Deus, a nós mesmos e às demais pessoas.

APROFUNDANDO-SE “O ponto de vista bíblico é que o pecado origínou-se no abuso da liberdade con­ cedida aos seres criados, os que foram equipados com o uso da vontade. Não foi Deus o criador do mal. O mal é uma ques-

íl A escravidão e a subserviên­ cia nunca fizeram parte do plano original de Deus para a humanidade.

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tão de relacionamento e não algo provido de substância. Basicamente, desconsidera a glória, a vontade e a Palavra de Deus. Rompe com a relação de obediência para com a fé em Deus, e toma a decisão de falhar diante dEle. A vontade é um importante corolário da personalidade racional. A ação moral é aquilo que determina o caráter. E isso en­ volve um tremendo risco, o de fracassar. Deus, ao prover espaço para a tomada de decisões livres e morais aos anjos e seres humanos que criou, teve de permitir a pos­ sibilidade do fracasso em algumas de suas criaturas. Sem essa possibilidade, não haveria liberdade genuína nem verdadeira personalidade. O pecado, por conseguinte, originou-se da livre escolha das criaturas de Deus. Em lugar de crer e confiar em Deus, e corresponder a seu admirável amor e à sua provisão, destronaram-no, e entronizaram o próprio ‘eu’. A incredulidade e o desejo de exaltar o próprio ‘eu’ foram elementoschaves do primeiro pecado”. (William Menzies e Stanley Horton. Doutrinas Bíblicas. Os Fundamen­ tos da nossa Fé. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, pp.72,74).

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j SUGESTÃO

W DE LEITURA

VERIFIQUE SEU

APRENDIZADO

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1. Segundo o primeiro ponto da lição, quais são os três elementos estruturais que sintetizam a trajetória humana? R. Criação, queda e redenção. Cite os dois aspectos principais da uni­ versalidade do pecado. R. Pessoal e estrutural. ‘ {

Em sua opinião, por que Deus abomina o pecado estrutural tanto quanto o pecado pessoal? R. Apesar de a resposta ser pessoal, é imprescindível que ela contenha o princípio de que o pecado estrutural prejudica a co­ letividade, enquanto que, muitas vezes, o pecado pessoal afeta apenas quem pecou.

. Cite as três principais conseqüências do pecado. R. Físicas, sociais e espirituais '> O que é a “segunda morte”? R. Trata-se da pior conseqüência que pode vir sobre qualquer ser humano, pois significa o banimento e a deserção eterna da presença do Criador, privando a criatura completamente de voltar à sua fonte originária (Ap 2.11; 20.6,14; 21.8).

WmBimzíi

►Teologia Sistemática: Uma Pesperctiva Pentecostal Uma obra completa para os principais te­ mas doutrinários para o professor dominical.

►Que o “tema da salvação já aparece em Gênesis 3.15, na promessa de que o Descendente - ou ‘semente’ - da mulher esmagará a cabeça da serpente.

►Manual do Professor de Escola Dominical Esta obra tem a finalidade auxiliar os edu­ cadores cristãos através de um estilo claro e preciso

‘Este é o protoevangelium [protoevangelho], o primeiro vislumbre da salvação que virá através daquEle que restaurará o homem à vida”’ (Daniel B. Pecota. A Obra Salvífica de Cristo In Stanley Horton (Ed.). Teologia Sistemática. Uma Perspectiva Pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.337).

►Manual do Discipulador Cristão Descubra a importância de ser e fazer discípulos.

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o Fracasso de Israel em Representa. o Reino de Deus TEXTO BÍBLICO BASE ► Romanos 2.17-24 17 - Eis que tu, que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus; 18 - e sabes a sua vontade, e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído por lei; 19 - e confias que és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas, 20 - instruidor dos néscios, mestre de crianças, que tens a forma da ciência e da verdade na lei; 21 - tu, pois, que ensinas a outro, não te ensi­ nas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? 22 - Tu, que dizes que não se deve adulterar, adúlteras? Tu, que abominas os ídolos, cometes sacrilégio? 23 - Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei? 24 - Porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós. 10

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MEDITAÇÃO “Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos i/ós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então, sois descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa” (Gl 3.26-29-ARA).

REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA

►SEGUNDA - Gênesis 12.1-3 ►TERÇA - Deuteronômio 7.1-11 ►QUARTA - Zacarias 8.22 ►QUINTA - Mateus 23.34-38 ►SEXTA - Romanos 2.25-29 ►SÁBADO - Gáiatas 5.6


ORIENTAÇÃO AO

PROFESSOR INTERAGINDO COM O ALUNO A presente lição tem como propósito mos­ trar que Deus não privilegia povo algum, mas que escolhera uma pessoa e, a partir desta, formou uma nação cujo dever era representá-lo. Infelizmente, como se verificará, o Criador fora ostensiva e deliberadamente rejeitado por parte desse povo, não restando ao Senhor outra alternativa, a não ser permitir que tais pessoas sofressem os reveses comuns a quem vira as costas para o Deus eterno. Apesar disso, é oportuno destacar que o Pai misericordioso não os rejeitara perpetuamente, antes, inúmeras vezes procurou convertê-los, insistindo a que voltassem atrás. Na consumação de todas as coisas, a Bíblia é clara em dizer que Israel será restaurado. Para melhor orientar os alunos e tam­ bém auxiliá-los no processo de refletir, faça algumas perguntas: “Por que Deus resolveu destruir o mundo que Ele mesmo criara? Com qual propósito o Criador espalhara os cons­ trutores da torre de Babel? Abrão, o homem que Deus chamara para, a partir dele, formar uma grande nação, era um homem perfeito?”. Aguarde as respostas e então os convide a, juntamente com você, crescer um pouco mais no conhecimento da “pré-história” de Israel.

OBJETIVOS Sua aula deverá alcançar os se­ guintes objetivos: t Explicar o porquê do dilúvio e de Deus ter espalhado os construtores da torre de Babel, bem como a razão de ter chamado Abrão;

►Refletir acerca da escolha divina por Jacó, da proteção de Deus no caso das parteiras, durante os 430 anos de permanência no Egito e também nas quatro décadas de peregrinação pelo deserto; ►Dissertar panoramicamente acerca do longo tempo do governo de Israel sob os juizes (cerca de 300 a 400 anos), durante os reinos unido e dividido (cerca de 200 anos) e, finalmente, no cativeiro (cerca de 70 anos).

PROPOSTA PEDAGÓGICA A respeito do relacionamento com Israel, existem duas posições extremas que acabam sendo comuns nos dias atuais. As pessoas acham que devem se “judaizar”, ou seja, adaptar os utensílios e costumes judaicos à nossa vida, ou então partem para o outro polo, igualmente danoso, tornando-se antissemitas, isto é, inimigas do povo escolhido. Com vistas a evitar tais posturas, é de alvitre que o profes­ sor saiba conduzir o assunto da presente lição com o devido cuidado. E qual a melhor forma para fazer isso? Utilizando a Bíblia Sagrada. Estude os capítulos 9 a 11 da epístola de Paulo aos Romanos e proponha à classe o mesmo. Vocês certamente terão maturidade para falar a respeito do tema sem cair em um ou outro dos Discipulando Professor 1


extremos aqui referidos. Se desejar, no início da aula proponha a seguinte questão: Em um extremo da lousa escreva “judaizantes” e, na outra, “antissemitas”. Em seguida, pergunte à classe qual das duas posições deve ser assumida pelos seguidores do Evangelho de Cristo. Na seqüência, se ninguém sugerir, diga que nenhuma das duas, mas que devemos ter uma atitude de respeito por esse povo, pois foi o canal de Deus, através do qual recebemos, inclusive, o Salvador.

COMENTÁRIO | INTRODUÇÃO Mesmo tendo visto a humanidade virar-lhe as costas em franca rebelião, o Criador não desistiu de nós. Isso, a despeito de o Senhor reconhecer que “a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice” (Gn 8.21). Na realidade, o que a Palavra de Deus relata, em toda a sua extensão, desde o Antigo até o Novo Testamento, é a incessante misericórdia divina procurando resgatar a humanidade caída (Jr 32.30-44; Jo 3.16). Nessa segunda lição veremos o desenrolar do plano divino, sobretudo no período bíblico, e como Deus, mesmo diante da rebelião humana, não desiste de propiciar meios de resgatar-nos.

1. DEUS CHAMA ABRAÃO

informa que a rebeldia e a afronta contra Deus atingiram proporções inimagináveis (Gn 6.15,11,12). Tão crescentes foram as manifestações de rebelião, que o Criador “arrependeu-se” de ter criado a humanidade e resolveu julgá-la de forma drástica (Gn 6.6). Em outras palavras, Ele decidiu destruir a humanidade do mundo antigo (Gn 6.7). Mesmo assim, conforme já foi dito na introdução, o Criador não desistiu da raça humana, pois, a despeito de todo o pecado do mundo de então, Ele encontrou em Noé, alguém que o temia, isto é, respeitava, sendo uma pessoa justa e reta que procurava ter intimidade com o Criador (Gn 6.8-10). Ainda que Deus tenha determinado o seu juízo sobre o mundo, Ele usou Noé não apenas para construir a arca que protegeria a este e sua família (Gn 6.13-22), mas também o levou a pregar e anunciar tal juízo à humanidade, oferecendo a todos a chance de se arrepender, salvandose da catástrofe iminente (1 Pe 3.20; 2 Pe 2.5). Como se sabe, apenas Noé, sua esposa, seus três filhos — Sem, Cam e Jafé — e suas noras sobreviveram e assim a terra foi repovoada, dando continuidade à raça humana (Gn 7.1-9.19). ►1.2 - A Torre de Babei. Não é possível saber quantos séculos se passaram para que a terra fosse repovoada, o fato é que a hu­ manidade desenvolveu apenas uma língua e a comunicação se fazia sem limites (Gn 11.1). Isso, porém, longe de criar um mundo melhor, fez com que a humanidade intentasse “recriar o paraíso” através da ostentação (Gn 11.2-6). O próprio Criador percebeu que a maldade que havia no coração da humanidade não levaria aquele projeto de construção de uma torre a bom termo. Sua construção serviria para distanciar a humanidade ainda mais de si e do Senhor Deus, por isso, o Criador, novamente por amor e compaixão, fez com que surgisse a diversidade de línguas, levando-os a espalharem-se por toda aterra (Gn 11.7-9).

► 1 . 1 - 0 Dilúvio. Séculos depois de a ►1.3 - A chamada de Abraão. O texto bíblico humanidade representada pelo prim eiro informa que da família do filho primogênito de casal ter pecado e caído (Gn 3.1-24), a Bíblia Noé, Sem, nasceu Abrão (Gn 11.10-31). Habitante 12

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de Ur dos Caldeus, na Mesopotâmia, Abrão, saiu com destino a Canaã e, sem conhecer a Deus, foi chamado peio Criador para peregrinar, por fé, definitivamente a uma terra desconhecida que, posteriormente prometeu o Senhor, seria dada aos descendentes do patriarca (Gn 12.1; 15.18). Na verdade, a primeira grande promessa que o Criador fez a Abrão foi justamente a de fazer dele uma grande nação (Gn 12.2). Embora pouco se reflita acerca de o porquê de Deus ter feito essa promessa ao patriarca, é importante observar que ela tinha o propósito de que, a partir da família de Abrão, se formasse uma nação que seria fonte de bênção para o mundo todo e não apenas para si mesma. O texto diz que Abrão seria “uma bênção” para que, nele, isto é, em sua atitude de crer, fossem “benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.2,3). Talvez pelo fato de o próprio Abrão, que significa “pai exaltado", não ter entendido, é que Deus mudou o seu nome para Abraão que pode ser traduzido para “pai de uma multidão” (Gn 17.5). Apesar de o foco de nossa reflexão não ser o milagre de o casal ter tido um filho em sua velhice, é digno de menção que o cumprimento da promessa de fazer de Abraão uma grande nação, só pôde tornar-se uma realidade porque o Senhor permitiu que Sara, idosa e estéril, concebesse Isaque, o filho da promessa (Gn 16.1; 21.1-13).

^ AUXÍLIO DIDÁTICO 1 Apesar de haver necessidade de falar a res­ peito do dilúvio e também da infortunada torre de Babel, o ponto alto a ser destacado nesse ponto é a chamada de Abrão. A partir dessa chamada, vemos a revelação do propósito de Deus não apenas para o patriarca e para o povo que dele descenderia, mas sim para toda a humanidade. “Avançado em idade, a capacidade reprodutiva de Abraão e Sara era ‘tão boa quanto morta’ (veja Gn 18). Mas Abraão estava ‘certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para o fazer’ (Rm 4.21), e ‘[Abraão] em esperança, creu’ (v. 8), ‘dando glória a Deus’ (v.20). Abraão era diferente do pecador descrito em Romanos 1.21, que se recusou a responder a Deus como Deus

e a lhe dar glória” (JOHNSON, Van. “Romanos” In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.839). Na realidade, informa o mesmo autor, foi “justamente por causa da confiança de Abraão no ponto da impossibilidade humana que Paulo usa essa situação para atacar o entendimento da justiça vigente no judaísmo. Não foi pela fidelidade ou obras de Abraão que ele obteve o crédito da justiça. Antes, foi sua confiança em Deus somente — sua confiança num Deus que faria o que só Ele poderia fazer. Foi precisamente porque era humanamente impossível Abraão ter um filho que sua decisão retrata a natureza da fé. A fé bíblica é a confiança na capacidade de Deus fazer o que não podemos. Levando em conta Romanos 3.21 a 4.25, é nossa fé em sua capacidade de fazer o que só Ele pode — nos tornar justos” (Ibid.).

2. A FORMAÇÃO DO POVO SANTO E DO REINO SACERDOTAL > 2.1 - Jacó e Esaú. É interessante e curioso notar que Isaque era filho de uma mulher estéril e, ao casar-se, o fez sem saber, com Rebeca, que também era estéril. Após vinte anos de oração ela concebeu e teve dois filhos: Esaú e Jacó (Gn 25.19-28). Cercados por conflitos familiares que se iniciaram ainda na gestação, Esaú tornou-se mais apegado com Isaque, e Jacó, por sua vez, com Rebeca (Gn 25.22,28,2934). Após uma conturbada convivência, os dois irmãos separaram-se, reconciliando-se depois de duas décadas (Gn 31.41 cf. 32.2—33.17). Foi durante o trajeto desse encontro que Deus mu­ dou o nome de Jacó para Israel (Gn 32.22-32), nome este que designou primeiramente o povo escolhido e que, até os dias de hoje, designa também o país. Assim, a formação das doze tribos de Israel vem dos filhos de Jacó, entre os quais temos José que, após ser vendido por seus irmãos, de escravo tornou-se governador no Egito (Gn 37.1-36; 39.1—41.57). Dessa forma o povo de Israel formou-se no Egito. | Discipulando Professor 1

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►2.2 - De escravos a um grande povo. Apesar de Deus não ter revelado a forma como introduziria os descendentes de Abraão no Egito, Ele revelou que ali os familiares do patriarca seriam afligidos tendo de servir a um povo diferente (Gn 15.13). Após o período áureo do povo escolhido no país, “levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José, o qual disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é muito e mais poderoso do que nós” (Êx 1.8,9). Com essa observação, o faraó inten­ tava promover um genocídio eliminando todos os bebês israelitas (chamados de hebreus) do sexo masculino (Êx 1.15,16), ao mesmo tempo em que oprimia os descendentes de Abraão (Êx 1.11-14). O pequeno clã tornara-se numeroso, e mesmo subjugados a condição de escravos, multiplicaram-se tanto que o Egito não pode mais segurá-los. Tal, porém, não ocorreu de forma tão rápida como se pode pensar. Desde a ordem do faraó para que se eliminassem os meninos hebreus, até a libertação do povo de Israel, passaram-se oito décadas! Os hebreus tornaram-se um grande povo e, sob a liderança de Moisés, após o terrível juízo das dez pragas (Êx 3.1—12.51), deixaram o Egito em direção à terra que Deus prometera a Abraão (Gn 12.6,7; 13.14-17; 15.18-21; Êx 2.23-25; 3.6-9,15-17). ►2.3 - De uma tribo nômade a uma grande nação. Chamado para ser um reino sacerdotal (Êx 19.6), isto é, mediador da relação entre Deus e a humanidade, Israel recebera responsabilidades inerentes aos seus privilégios (Dt 4.32-40; 7.6-11). Todavia, desde a saída do Egito (Êx 14.10-12), tudo indicava que o povo teria muita dificuldade em cumprir o seu mandato. Mesmo assim, visando formá-los, Deus promulgou leis e estatutos para educar e garantir que o processo de libertação iniciado no Egito fosse completo (Êx 20.2; Dt 4.1-49; 6.1-25). Esse “estágio” de quarenta anos de peregrinação no deserto era uma forma de Deus moldar o caráter do seu povo, punindo os ingratos e sempre oferecendo uma nova oportu­ nidade, pois Ele sabia o que aquela imensa tribo nômade que caminhava no deserto se tornaria futuramente, ou seja, uma grande nação que 14

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deveria representar o que significava ser gover­ nado pelo Criador (Nm 14.33; Dt 2.7; 8.2,4; 29.5).

► AUXÍLIO DIDÁTICO 2 O segundo tópico aborda ainda a formação inicial de Israel que, vista sem nenhuma paixão, pode ser considerada um milagre. Como ensina Eugene Merríl, o “êxodo é o evento teológico e histórico mais expressivo do Antigo Testamento, porque mostra a magnificente ação de Deus em favor de seu povo, uma ação que os conduziu da escravidão à liberdade, da fragmentação à unidade, de um povo com uma promessa — os hebreus — à uma nação estabelecida — Israel. No livro de Gênesis encontram-se a introdução e o propósito, seguindo-se então todas as reve­ lações subsequentes do Antigo Testamento. Um registro que é ao mesmo tempo um comentário inspirado e uma exposição detalhada. Em última análise, o êxodo serve como um tipo do êxodo promovido por Jesus Cristo, de forma que ele se torna um evento significativo tanto para a Igreja quanto para Israel” (MERRIL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento. O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, pp.49-50).

3. O FRACASSO DE ISRAEL EM REPRESENTAR O QUE SIGNIFICAVA SER GOVERNADO POR DEUS ► 3.1 - O período dos juizes. Após a morte de Moisés, seu principal auxiliar, Josué, tornouse seu sucessor e introduziu o povo de Israel na terra que Deus prometera a Abraão (Dt 31.1-29; 34.1-12; Js 1.1-18). Josué inaugura o período dos chamados juizes, uma época de duração incerta (cerca de 300 ou 400 anos), onde Deus levantava pessoas que tinham o papel de orientar o povo acerca de qual caminho tomar (Js 24.26-33; Jz 2.16-23). Lamentavelmente, após a morte de Josué, levantou-se uma nova geração do povo que fora chamado para ser santo, ou seja, separado exclusivamente para Deus, figurando


como modelo para os outros povos. Tal geração, informa-nos o livro de Juizes, “não conhecia o Senhor, nem tampouco a obra que fizera em Israel” (Jz 2.10). Conforme se pode verificar no livro de Juizes (sobretudo na abertura de cada capítulo), o povo seguiu cambaleante e, em vez de aceitar o método de governo escolhido por Deus, preferiu tornar-se como as outras nações, pois como sugere o último versículo do referido livro, “ Naqueles dias, não havia rei em Israel, porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos” (Jz 21.25). Para o povo escolhido, a solução estava em se ter um rei. Nesse contexto nasceu Samuel que, pra­ ticamente, exerceu os ofícios de juiz, profeta e sacerdote em Israel (1 Sm 3.19; 7.5-17; 12.1-25). Ele foi responsável por fazer a transição entre o período dos juizes e a monarquia. Quando o povo de Deus decidiu que não mais queria essa forma de governo, antes, como todas as nações, exigiram um rei, o Criador disse a Samuel: “Ouve a voz do povo em tudo quando te disser, pois não tem te rejeitado a ti; antes, a mim me tem rejeitado, para eu não reinar sobre ele” (1 Sm 8.7 cf. 10.17-19). Em sua misericórdia, o Criador ainda advertiu os filhos de Israel através de Samuel, oferecendo um prognóstico do que seria a realidade do povo durante a monarquia (1 Sm 8.9-22). Entretanto, mesmo assim, os descendentes de Abraão que deveriam ser diferentes e demonstrar o que significava ser governado diretamente por Deus, preferiram ser como as demais nações. t 3.2 - Os períodos dos reinos unido e dividido. Com Saul tem início o período da monarquia em Israel (1 Sm 10.1-27). Este então foi sucedido por Davi que, por sua vez, foi sucedido por seu filho Salomão (1 Sm 16.113; 2 Sm 2.1-32; 1 Rs 2.1-46). Esses três reis formam o período do chamado reino unido e teve a duração de 120 anos, sendo quarenta para cada reinado. Depois de Salomão, Israel dividiu-se em dois reinos, o do Sul (chamado de Judá) com duas tribos, e o do Norte (chamado de Israel) com as outras dez tribos.

t 3.3 - Israel perde a soberania e volta a ser escravo. Por estar dividido, Israel enfra­ queceu-se e, em 722 a.C., a Assíria pôs um fim ao reino do Norte. Em 581 a.C., depois de três etapas de cativeiros, foi a vez do reino do Sul ser definitivamente aniquilado pela Babilônia. Assim, além de os descendentes de Abraão nunca terem conseguido ocupar todo o território que Deus prometera ao patriarca, acabaram perdendo completamente a sua soberania, tomando-se novamente vassalos e “escravos” de outros povos. Apesar de Israel ter tido oportunidade de voltar à sua terra, sua soberania só foi estabelecida no século passado quando, em 14 de maio de 1948, foi criado o moderno estado de Israel.

^ AUXÍLIO DIDÁTICO 3 Este terceiro tópico é importante para sin­ tetizar a trajetória de Israel após a ocupação da Terra Prometida que, panoramicamente, pode ser dividida em três momentos: Periodo dos juizes, monarquia (reino unido e reino dividido) e cativeiro. Ignorando os quatro séculos de história que antecedem o primeiro período, é interessante voltar-se para o “monte Horebe (‘o Monte de Deus’), quando Eterno apresenta-se a Moisés como o ‘Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó’ (Êx 3.6). Após o êxodo, deparamo-nos com o período da conquista e ocupação da Terra Prometida (Js 1—11), o que, em parte, constitui-se no cumpri­ mento da promessa patriarcal (Js 2.23—3.8). Tal ocupação se dá em suas primeiras quatro décadas sob a liderança de Josué, assistente de Moisés, espia e soldado que é escolhido por Deus para substituir o legislador e tem a dura incumbência de levar a efeito o genocídio cananeu (Gn 12.7-24). Depois que Josué morre, o Senhor levanta juizes, os quais, por um longo periodo legislam e lideram o povo escolhido (Jz 2.7-23). Essa forma de governo, denominada por Flávio Josefo de ‘teocracia’, deveria manter-se em vigência até que se cumprisse o ‘tempo de Deus’ para tal modalidade de liderança e regime político (Dt 17.15; At 13.20)” (CARVALHO, César Moisés et al. Davi. As vitórias e as derrotas de | Discipulando Professor 1 |


um homem de Deus. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD,

VERIFIQUE SEU

2009, p.76).

APRENDIZADO

CONCLUSÃO Apesar de todos esses tristes acontecimen­ tos, o apóstolo Paulo diz que a queda de Israel significou a glória e a oportunidade de os outros povos participarem do plano divino de salvação. O apóstolo se expressa retoricamente a respeito de Israel, dizendo que “se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição, a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!” (Rm 11.12).

APROFUNDANDO-SE Conhecida como “teologia da substituição”, existe uma ideia equivocada de que atual­ mente a Igreja é o Israel de Deus, e que, por isso, pode desfrutar de todas as bênçãos materiais prometidas por Deus ao seu povo no Antigo Testamento. Apesar de a Bíblia, de fato, ensinar algo acerca desse ponto, o erro está em como se interpreta tal questão. Conforme instrui-nos o apóstolo Pedro, a missão da Igreja, como “geração eleita, sa­ cerdócio real, nação santa e povo adquirido”, assim como Israel, é anunciar “as virtudes daquele que [nos] chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2.9), e representar o que significa ser governado por Deus, nada tendo com domínio do mundo.

SUGESTÃO DE LEITURA ►História de Israel no Antigo Testamento A história de Israel através de textos bíbli­ cos, documentos extrabíblicos e arqueoló­ gicos. > Educação que é Cristã No atribulado mundo em que vivemos, os pais precisam educar os filhos nos caminhos do Senhor e os professores saberem educar. 16

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. Abraão foi chamado por Deus para ser uma bênção. Explique. R. Apesar de a resposta ser pessoal, ela deve conter o fato de que Abraão não foi chamado para um domínio egoísta de outras pessoas; ao contrário, sua chamada servia como porta de acesso às demais pessoas. 2 . Para quê Deus formou a nação de Israel? R. Para ser uma nação que representasse o que significava ser governado pelo Criador perante as demais nações. 3 . De acordo com a lição, qual foi a finalidade da peregrinação de quarenta anos do povo de Israel? R. Esse “estágio” de quarenta anos de peregrinação no deserto era uma forma de Deus moldar o caráter do seu povo, punindo os ingratos e sempre oferecendo uma nova oportunidade.

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. Cite os três principais períodos da história de Israel. R. Juizes, reinos unido e dividido e cativeiro. 5 . De acordo com 1 Pedro 2.9, fomos cha­ mados para quê? R. Anunciar “as virtudes daquele que [nos] chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”.

► Que a chamada “Torre de Babel” era uma espécie de zigurate, algo parecido com uma pirâmide? E que, à época, era um dos monumentos mais altos do mundo? Para conhecer mais leia R. K. Harrison. Tempos do Antigo Testamento. Um contexto social, político e cultural. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, pp.52-54.


Data / ___ /

Quem é

Jesus TEXTO BÍBLICO BASE

MEDITAÇÃO

Marcos 1.1-8 1 - Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. 2 - Como está escrito no profeta Isaías: Eis que eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti. 3 - Voz do que clama no deserto: Preparai o ca­ minho do Senhor, endireitai as suas veredas. 4 - Apareceu João batizando no deserto e pre­ gando o batismo de arrependimento, para remissão de pecados. 5 - Etoda a província da Judeia e todos os habitan­ tes de Jerusalém iam ter com ele; e todos eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. 6 - E João andava vestido de pelos de camelo e com um cinto de couro em redor de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre, 7 - e pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das sandálias.

“E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência, porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus” (Cl 1.17-20).

REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA

►SEGUNDA - Gênesis 3.15 ►TERÇA - Deuteronômio 18.15-19 ►QUARTA-Jó 19.25 ►QUINTA-Isaías 53.1-12 ►SEXTA - Lucas 2.25-32 ►SÁBADO - Filipenses 2.5-11

8 - Eu, em verdade, tenho-vos batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo. Discipulando Professor 1


ORIENTAÇÃO AO

PROFESSOR INTERAGINDO COM O ALUNO A aula de hoje é uma das mais importantes desse primeiro ciclo de estudos, pois fala do Salvador do mundo, Jesus Cristo. Embora o estudo acerca do Filho de Deus seja elaborado sempre a partir do seu nascimento, a proposta da presente lição é abordá-lo tendo como ponto de partida as profecias, e também a expectativa judaica, sobre a sua pessoa. Tal conhecimento é importante, pois há enormes diferenças entre a esperança da igreja e a expectativa judaica. A ideia é justamente prover os conhecimentos necessários com o objetivo de proporcionar ao aluno o entendimento correto da estrutura bíblica e do propósito da encarnação do Filho de Deus. Na realidade, o objetivo maior é evidenciar, além do aspecto salvífico, o quanto Jesus valorizou a humanidade ao fazer-se igual a nós. Esse, inclu­ sive, é ponto importante para o ensino posterior acerca da santidade, pois muitos acreditam que ser santo implica deixar de ser humano.

OBJETIVOS Sua aula deverá alcançar os se­ guintes objetivos: > Demonstrar, com o auxílio das profecias, o quanto Deus nos ama, pois providenciou uma nova referência do que significa ser humano; ►Explicitar as conseqüências, e a importân­ cia, de Jesus ter afirmado que era o Filho de Deus;

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I Disciüulando Professor 1 I

► Historiar panoramicamente a vida terrena de Jesus de Nazaré.

PROPOSTA PEDAGÓGICA Para esta aula, procure instigar os alunos com alguns questionamentos acerca da pessoa de Jesus. Concentre-se na encarnação do Filho de Deus, e valorize tal ato realizado por parte de Cristo. Destaque não apenas o aspecto do “rebaixamento” divino, mas, sobretudo, a dignificação e o privilégio de sabermos que o nosso Deus partilhou de nossa humanidade. No intuito de “quebrar o gelo”, inicie a aula com a sugestão que segue. Todos nós fazemos planos. Em cada início de ano, é comum planejarmos o que preten­ demos atingir nos próximos 365 dias que, em tese, temos pela frente. Excetuando o fato de que existem anos bissextos (com 366 dias) e de também não podermos findar o novo ano; qual é o sinal de que estamos fora dos planos de Deus? A maioria das pessoas certamente acredita que é quando as coisas não dão certo. Se Jesus pautasse sua missão e trajetória por esse prisma, o que será que Ele acharia de si mesmo? Que estava na direção de Deus? E você, o que pensa quando as coisas não dão certo? E quando acontece o contrário?


COMENTÁRIO | INTRODUÇÃO Toda e qualquer pessoa defende o seu direito de ir e vir, de expressar-se, de emitir sua opinião e de professar suas preferências políticas e também religiosas. É desnecessário perguntar o quanto é triste perder a liber­ dade. Como vimos na lição anterior, Israel, por desobediência, perdera tal condição (Lv 18.24-28; 20.22-24). Deus já os havia adverti­ do de que se procedessem como as demais nações, assim como as desapropriara para Israel ocupar o lugar delas, de igual forma Ele faria com o povo escolhido (Dt 28.15-68). No exílio, os descendentes de Abraão passaram a ouvir mensagens proféticas de libertação através de homens que Deus enviara, tanto para repreender os reis, quanto para exortar o povo (2 Rs 21.1-18; 2 Cr 24.17-22; 36.11-21). Assim, os herdeiros de Abraão passaram a ter esperança e a ansiar cada vez mais a vinda de tal libertador, ou Messias, isto é, o redentor capaz de libertá-los, restituindo-os definitivamente (Lc 2.25-32). Ocorre, porém, que a libertação que tal redentor viria trazer ia muito além do anseio político dos judeus, pois atingiu não somente a eles, mas também a todo o mundo, inclusive nós, e até mesmo o universo (Lc 2.8-20; Ef 1.7-10; Cl 1.13-23).

> 1.2 - A segunda profecia acerca do Libertador. A despeito de Israel ansiar por um redentor apenas no exílio, tal já havia sido profetizado por Moisés que, devidamente inspirado por Deus, profetizara que o Senhor despertaria um profeta do meio do povo, isto é, da própria comunidade de Israel, que certamente seria ouvido e não desobedecido como fizeram com o legislador (Dt 18.15). Tal seria assim porque Deus mesmo colocaria as palavras em sua boca e Ele então falaria sem hesitar tudo que o Senhor ordenasse (Dt 18.18). A advertência divina era que todos os que não ouvissem tal Enviado, teriam de prestar contas a Deus por tal descaso (Dt 18.19 cf. Jo 12.48).

►1.3 - O Filho do Homem ou “último Adão”. Apesar de a expressão “filho do ho­ ► 1.1 - A primeira profecia acerca do Li­mem” ser muito corriqueira na Bíblia (no livro de Ezequiel seu uso é abundante), em parte bertador. Ainda nos primórdios da humanidade, alguma do texto ela é devidamente explicada, quando a serpente enganara a Eva, o texto de de forma a se presumir tratar-se de um título Gênesis 3.15 informa que um descendente que objetiva destacar a humanidade, isto é, a da mulher, esmagaria a cabeça da serpente não especialidade de alguém enviado por Deus, (“réptil” que, na Bíblia, tipifica Satanás, cf. Ap pois a pessoa, em si, não tem superpoderes 12.9; 20.2). Em sua bondade e misericórdia, (Dn 8.17 cf. Tg 5.17,18). No entanto, quando a o Criador sabia que a humanidade caída se expressão é utilizada de forma profética, re­ tomaria escrava de seus próprios desejos egoístas, por isso, ali mesmo, o Senhor fez ferindo-se a alguém que transcende, ou seja, tal promessa que antevia a necessidade da que ultrapassa o acontecimento histórico de libertação humana. Como já vimos na primeira quem está profetizando, diz respeito ao Enviado lição, tal profecia é chamada de protoevangelho, especial de Deus, cuja identificação com a isto é, um vislumbre antecipado do que Deus nossa humanidade se faz necessária para que efetivamente faria através do seu Enviado (Mc Ele possa ser ouvido: “Eu estava olhando nas 1.1-8; Lc 4.14-30). minhas visões da noite, e eis que vinha nas

1 .0 FILHO DO HOMEM

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nuvens do céu um como o filho do homem; e dírigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele” (Dn 7.13 cf. Ap 1.13; 14.14). É possível notar que depois de Ezequiel e Daniel que, inclusive, não deram a si mesmos esse título, mas foram, por Deus, assim chamados, o único a ter tal título atribuído a si mesmo, inclusive por Ele, foi Jesus (a expressão é abundantemente citada nos quatro Evangelhos). Em Romanos, e também na primeira epístola aos Coríntios, Paulo refere-se ao Enviado de Deus como o “último Adão” que tem poder e legitimidade de representar a humanidade, tal como o primeiro Adão o fizera no Jardim do Éden (Rm 5.12-21; 1 Co 15.21-49). Assim como aquele era homem, este último também o é! A diferença entre ambos é que, enquanto o primeiro sucumbiu à tentação, o último, embora em tudo tenha sido tentado, não pecou. E é justamente nisso que Ele, ao mesmo tempo em que se identifica conosco, se distingue do outro Adão, podendo nos ajudar (Hb 2.5-18; 4.14-16).

^ AUXÍLIO DIDÁTICO 1 Além da ideia do protoevangelho que, de certa forma, já foi contemplada no próprio texto a que o aluno tem acesso, um dos assuntos centrais desta lição é o paralelo que o apóstolo Paulo faz entre Adão e Jesus, sobretudo pelo fato de que diz respeito à salvação (Rm 5.12-21).

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“A última frase do versículo 14 identifica Adão como ‘figura’, ou padrão, tipo (typos), de Cristo. Quer dizer, há uma semelhança entre os dois homens. Adão e Cristo inauguraram uma era na história da salvação, e suas ações determinaram a natureza da existência para aqueles que vivem em cada era. Este tópico Paulo desenvolverá em plena comparação nos versículos 18 e 19, mas antes de explicar a relação tipológica, ele apresenta a qualifica­ ção. Ele quer que seja entendido que as ações dos dois não devem ser vistas em condições iguais” (JOHNSON, Van. “ Romanos” In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.845). Na realidade, se o pecado pro­ duziu todo o mal de que se tem notícia, muito mais o dom gracioso do Criador (Rm 5.15). 0 mesmo autor afirma que nos “versículos 18 a 21, Paulo finalmente completa a comparação ‘assim como... assim’ que ele havia deixado inacabada no versículo 12. Em duas orações grandemente paralelas, Paulo estabelece a relação tipológica de Adão e Cristo — uma relação que ele vem qualificando desde o versículo 15. Paulo mostra maneira na qual o ato de Cristo inverteu as conseqüências do ato de Adão” (Ibid.). Assim é que no “versículo 18, o ato que trouxe condenação é colocado em oposição pelo ato justo que trouxe justificação [...]. A justificação dá vida a todos, o que — levando em conta o contexto precedente (vv. 9,10,17) — representa vida no outro mundo. No versículo 19 é o ato da desobediência (o pecado de Adão) que é colocado em contraste com um ato de desobediência (a morte de Cristo; veja vv.6-10; cf. Fp 2.8: ‘Sendo obe­ dientes até à morte’)”. Dessa forma, o que fica claro é o fato de que existem “duas esferas de existência — uma associada com Adão e a outra com Cristo. Os que não receberam a graça de Deus existem somente na esfera do pecado e da morte. Embora os crentes ainda sejam afetados pela esfera da morte que domina este mundo, eles não são domi­ nados pelo pecado e pela morte. A influência primária sobre o cristão no período interposto


antes da volta do Senhor é a esfera da graça na qual o poder de Deus é expresso em atos graciosos” (Ibidem.).

2. O FILHO DE DEUS ►2.1 - A pré-encarnação do Filho de Deus. O evangelho de João, em seu capítulo primeiro, chamado de “prólogo”, informa que a existência do Filho de Deus, identificado no texto pela expressão “Verbo”, antecede em muito o seu nascimento humano. É o que chamamos de “pré-encarnação”, isto é, sua existência antes de tornar-se um ser humano como nós (Jo 1.1-14). Justamente por isso o apóstolo do amor informa, inclusive, que tudo o que existe foi igualmente feito, ou criado, não apenas por Deus, mas também pelo Filho de Deus (v.3). É glorioso pensar no fato de que, mesmo com toda essa importância, diz João, “o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (v.14). ►2 .2 - 0 “nascimento” do Filho de Deus. A própria simplicidade do nascimento terrenal do Filho de Deus demonstra o quanto Ele, a despeito de ser divino, se sujeita a identificar-se conosco naquilo que é mais comum, simples e trivial (Lc 2.1-38). Sua discrição contrasta com a pompa e a grandiloqüência humanas. É bem por isso que Herodes surpreende-se com a informação dos magos do Oriente de que nascera, em Belém, um rei (Mt 2.1-12). Temendo perder o seu posto, e na intenção de exterminar o Filho de Deus, o malévolo governador da Judeia, mandou então que se assassinasse todos os meninos belemitas de até dois anos (Mt 2.13-18). Felizmente, divi­ namente avisado, José, esposo de sua mãe Maria, considerado pai terreno de Jesus, fugiu com ela e o menino para o Egito, escapando assim da crueldade herodiana. ►2 .3 - 0 que significa ser “Filho de Deus”. Em um de seus embates com os religiosos de sua época, ao utilizarem a figura de Abraão inquirindo Jesus se Ele achava-se mais impor­

tante que o patriarca, o Mestre respondeu que Abraão ansiou por vê-lo atuando e que, pela fé “viu”, tendo, por isso, se alegrado (Jo 8.53,56). Indignados com essa afirmação, e alegando o fato de Jesus não ter ainda cinqüenta anos, sendo por isso impossível ter “visto” Abraão, o Mestre respondeu que antes do patriarca Ele “já era”, isto é, já existia (Jo 8.57,58). Em outra situação, ao revelar ser Filho de Deus, Jesus sabia que tal pronunciamento significava o mesmo que afirmar que era semelhante, ou igual, a Deus (Jo 5.18). Em outras palavras, conforme os próprios judeus entenderam bem, Ele estava dizendo que era Deus. 0 propósito primário de dizer que o Enviado é o Filho de Deus, além de isso ser verdade, ressalta o caráter de sua dupla natureza, ou seja, Ele tanto é humano quanto divino, identificando-se conosco através de sua humanidade, e com Deus, através de sua divindade. Assim, é o único, verdadeiro e exclusivo mediador entre nós e Deus (1 Tm 2.5; Hb 8.6; 9.15; 12.24).

^ AUXÍLIO DIDÁTICO 2 De capital importância neste segundo tópico é o fato de que não é possível entender o “propósito último da criação ou redenção, nem entender a existência diária de Deus ou qualquer revelação espiritual, sem passar pelo Logos, o Filho de Deus” (AKER, Benny C. “João”, In ARRINGTON, French L ; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.496). O mesmo autor afirma acerca do Evangelho do capítulo primeiro do Evangelho de João que os “versículos 1 a 4 narram o estado preexistente de Jesus e como Ele agia no plano eterno de Deus. ‘No princípio’ (v. 1a) fala da existência eterna da Palavra (o Verbo). As duas frases seguintes expressam a divindade de Jesus e sua relação com Deus Pai. Essa relação é uma dinâmica na qual constantemente são trocadas comunicação e comunhão dentro da deidade. O versículo 2 resume o versículo 1 e prepara para a atividade divina fora da relação da deidade no ve | Discipulando Professor 1 |


No versículo 4 Ele é o Criador mediado. O uso da preposição ‘por’ informa o leitor com precisão que o Criador original era Deus Pai que criou todas as coisas pela Palavra” (Ibid.). Contudo, diz o mesmo autor, os “verbos que João usa nestes versículos fazem distinção entre o Criador não-criado, a Palavra (Verbo) e a ordem criada. Numa boa tradução a RC observa esta distinção: a Palavra (o Verbo) ‘era’, mas ‘todas as coisas foram feitas”’ (Ibidem.) por Ele e sem Ele nada do que foi feito se fez, podemos tranquilamente completar.

“crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (Lc 2.52). Assim, fora o fato de que Jesus provavelmente deve ter tido uma vida como qualquer menino judeu de sua época, tudo o que se disser sobre sua trajetória, sobretudo acerca desse período em que a Bíblia silencia, é mera especulação. ►3 .2 - Jesus a p re s e n ta -s e a João Batista. Com a idade de trinta anos Jesus apresenta-se ao seu primo distante, João

Batista, e permite-se ser batizado (Mt 3.13-17). Apesar da relutância do Batista, Jesus quer ► 3.1 - Infância, adolescência e juventu­ identificar-se com as pessoas de seu tempo, e de de Jesus. Após o nascimento do Filho de “cumprir toda a justiça” (Mt 3.15). Contudo, Ele Deus e sua apresentação no Templo, a fuga é objetivo ao dizer que “todos os profetas e a para o Egito e a volta da família para morar em lei profetizaram até João” (Mt 11.13; Lc 16.16). Nazaré (daí o porquê de Ele ser chamado de Em outras palavras, um novo tempo chegara “Jesus de Nazaré”), excetuando um pequeno (Mc 1.1 cf. Lc 7.18-22). Verdade seja dita, até acontecimento em sua pré-adolescência (Lc mesmo João Batista reconhecia isso e sabia 2.39-51), Lucas é sucinto em informar que que seu tempo terminaria assim que chegasse a “luz” (Jo 1.6-10,15-34).

3. JESUS DE NAZARÉ

u Assim [Jesus] é o único, verdadeiro e exclusivo mediador entre nós e Deus.

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►3.3 - Jesus desenvolve seu ministério terreno e cumpre sua missão. Em um curtís­ simo espaço de tempo de aproximadamente três anos, Jesus revolucionou a realidade, primeiramente dos judeus e, posteriormente, do mundo inteiro. Tudo em Jesus surpreende, desde seu nascimento até a sua ressurreição. Em virtude de termos diversas lições que abordarão, tanto o caráter do Mestre quanto os vários aspectos da sua atuação e obra, basta agora apenas dizer que Ele é o personagem central da história, o ponto para onde todas as coisas convergem e encontram sentido.

^ AUXÍLIO DIDÁTICO 3 É necessário não especular na exposi­ ção do tópico três, mas destacar os pontos relevantes do material que dispõe acerca da humanidade do Senhor, bem como sua dis­ posição em sujeitar-se ao seu parente, João Batista, mesmo não tendo necessidade disso.


CONCLUSÃO

VERIFIQUE SEU

Uma única lição é muito pouco para se falar acerca de quem é Jesus de Nazaré. Na realidade, tudo o que dissermos jamais será suficiente para descrever tudo o que Ele repre­ senta e é. O que importa é que já o conhecemos e devemos permanecer firmes em conhecê-lo ainda mais, principalmente de forma prática. Parafraseando o apóstolo do amor, se fôssemos abordar tudo o que Ele é, e fez, nem “ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem” (Jo 21.25).

APRENDIZADO

APROFUNDANDO-SE Devido a riqueza da expressão grega Logos, traduzida no Evangelho de João, em português, como “Verbo” ou “ Palavra” , vale dizer que essa expressão reproduz “a plena revelação de Deus, da mesma maneira que a lei, proveniente da escrita das Escrituras hebraicas até a sua época, era uma revelação de Deus” (Benny C. Aker. João In French L. Arrington e Roger Stronstad (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testam ento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.495). Dou­ trinas Bíblicas. Os Fundamentos da nossa Fé. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, pp.72,74).

SUGESTÃO DE LEITURA ►História Eclesiástica A história sobre a igreja e os apóstolos nos dias do nosso Senhor, Jesus Cristo. > Métodos Criativos de Ensino Ideias práticas e utilizáveis que tornarão o ensino criativo uma realidade.

A

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. De acordo com a lição, por que Jesus era chamado de “Filho do homem"? R. Como Enviado especial de Deus, tal identificação com a nossa humanidade se fez necessária para que Ele pudesse ser ouvido. 2 . Qual a principal diferença entre o primeiro e o “último” Adão? R. A diferença entre ambos é que, enquan­ to o primeiro sucumbiu à tentação, o último, embora em tudo tenha sido tentado, não pecou. 3 . De acordo com o texto de João 5.18, o que significava Jesus dizer que era o Filho de Deus? R. Ele estava dizendo que era Deus. 4 . É possível falar detalhadamente a res­ peito da infância, adolescência e juventude de Jesus? Por quê? R. Não. A Bíblia silencia a esse respeito, por isso, qualquer exploração do tema é mera especulação. 5 . Se Jesus não tinha pecado, por que Ele se apresentou a João para ser batizado? R. Jesus queria identificar-se com as pessoas de seu tempo e assim “cumprir toda a justiça”.

►Que João Batista, mesmo após ter dito que Jesus era o Cordeiro de Deus, por ser judeu, estando encarcerado, mandou que os seus discípulos perguntassem a Jesus se este era mesmo quem os judeus esperavam ou se deveriam esperar outro (Lc 7.19,20), simples­ mente pelo fato de que Jesus não correspondia à visão que os judeus tinham do libertador? Enquanto eles esperavam um libertador polí­ tico, terreno, Jesus dissera que os sinais que Ele realizava eram inequívocos de que o Reino de Deus chegara (Lc 7.21,22). Entretanto, como Ele disse a Pilatos, o seu Reino é eterno, não é deste mundo (Jo 18.36 cf. Lc 11.20). Discipulando Professor 1


TEXTO BÍBLICO BASE

Mateus 11.25-30 25 - Naquele tempo, respondendo Jesus, dis­ se: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. 26 - Sim, ó Pai, porque assim te aprouve. 27 - Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser re­ velar. 28 - Vinde a mim, todos os que estais cansa­ dos e oprimidos, e eu vos aliviarei. 29 -Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. 30 - Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.

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MEDITAÇÃO “De sorte que haja em vós o mesmo sen­ timento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendose semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai" (Fp 2.5-11).

REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA ►SEGUNDA - Mateus 4.1 -11 ►TERÇA-Filipenses 2.5-11 ►QUARTA - Lucas 24.19 ►QUINTA-Mateus 11.29,30 ►SEXTA - Atos 1.1 ►SÁBADO - João 7.46-52


ORIENTAÇÃO AO

PROFESSOR INTERAGINDO COM O ALUNO Nesta lição você terá a tarefa de con­ duzir o estudo acerca de um tema bastante corriqueiro, porém, muito importante para o aluno a quem você está lecionando. No início de uma nova caminhada, é imperioso que o seu trabalho pedagógico destaque o valor do caráter. Acolher o Evangelho de Cristo não significa adotar certas ideias ou doutrinas, mas permitir-se e submeter-se à transformação de todo o nosso ser ao trabalhar do Espírito San­ to. Ele é o responsável em nos conduzir rumo ao supremo alvo que é tornarmo-nos como o Senhor Jesus Cristo. Conta-se a história de um missionário que, ao falar de Jesus em uma determinada localidade, tivera a grata surpresa quando os moradores lhe disseram que aquela pessoa de quem ele falava já havia estado ali. O que certamente aconteceu nesse lugar, é que alguém fora tão transformado e parecia-se tanto com o Mestre, que ao ouvir a pregação do missionário, a impressão dos moradores é que a pessoa de quem ele falava já havia estado entre eles. É exatamente isso que o Senhor deseja para nossa vida.

OBJETIVOS Sua aula deverá alcançar os seguintes objetivos: ►Destacar o perfil de Jesus (sua humildade, seu método de ensino pelo exemplo e sua

coerência, isto é, a perfeita combinação entre o que dizia e fazia); ►Evidenciar a fidelidade de Cristo ao Senhor Deus no cumprimento de sua missão; ►incentivar aos alunos a que procurem manter sua comunhão com Deus, a partir do exemplo do Mestre de Nazaré.

PROPOSTA PEDAGÓGICA Considerando que a caminhada do novo con­ vertido está apenas se iniciando, é imprescindível que você incentive o aluno a uma permanente transformação de caráter. Esteja atento ao seu próprio desempenho, pois inevitavelmente você será observado. Ainda que estejamos cientes das nossas ambigüidades e imperfeições, precisamos incentivá-los a que busquem não legalisticamente, é óbvio, mas, de forma voluntária e servidora, imitar a Cristo, que é o nosso supremo alvo. Inicie a aula inquirindo-os acerca da seguinte questão: Se o mundo todo agisse como nós agimos, ele seria melhor? Espere ao menos alguns segundos e, em seguida, prossiga perguntando: É possível transformar o mundo através do exemplo? Quando se trata de caráter, qual o melhor “método” de ensino, o discurso ou | Discipulando Professor 1 |


disse certa vez que todo discípulo perfeito seria como o seu mestre (Lc 6.40 cf. Jo 13.13,14). Uma vez que somos discípulos de Cristo, e Ele, como instrui-nos o apóstolo Paulo, é o “último Adão” (Rm 5.14; 1 Co 15.45), ou seja, é o novo repre­ sentante da humanidade e, por conseguinte, a nova referência de ser humano a quem, os que nEle creem, devem imitar e procurar parecer (Ef 4.13; 5.1,2), nessa lição vamos estudar um pouco acerca do seu caráter.

o exemplo? Bons modos e boas maneiras são posturas esperadas em quem é exclusivamente religioso? Como se explica o fato de pessoas não crentes terem, às vezes, um exemplo até melhor do que aqueles que professam a fé? Diga-lhes que, independentemente da postura das pessoas que professam a fé, cada um dará conta de si mesmo e, por isso, devemos, indi­ vidualmente, cuidar de nossa comunhão com o Senhor, pois muitas vezes, a única “pregação” a que as pessoas não crentes terão acesso é o nosso exemplo.

COMENTÁRIO | INTRODUÇÃO No primeiro século de nossa era, uma cena comum entre a sociedade palestina era o fato de as pessoas se “dividir” em grupos, ou partidos, cujos mentores definiam o perfil dos seus se­ guidores que, naquele momento histórico, eram mais conhecidos como “discípulos”. Quando Jesus inicia seu ministério, as pessoas passam a ouvi-lo a fim de entender sua “filosofia” e/ ou “proposta ideológica”. Entretanto, muitas se decepcionaram (Jo 6.60,66,67), pois Jesus não veio trazer uma nova ideia, mas inaugurar um novo tempo (Mc 1.1). Nesse novo tempo, os beneficiados seriam justamente os esquecidos pela sociedade, os que não tinham esperança (Lc 4.14-19). Quanto às pessoas que se sentiam seguras com a religião oficial, e também as que não queriam perder sua posição na estrutura religiosa, estas não acolheram a mensagem do Filho de Deus (Jo 7.40-53; 12.31-43). O Senhor

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1. O CARÁTER DE JESUS EVIDENCIADO EM SUAS AÇÕES E POSTURA ►1.1 - A humildade de Jesus. No chamado hino cristológico de Filipenses 2.5-11, vemos que Jesus, mesmo sendo divino, não se apegou a sua igualdade com o Pai, mas esvaziou-se de forma voluntária e sacrifical, assumindo a condição de servo, tornando-se como nós. Depois de tornar-se como um de nós, humilhou-se e submeteu-se à morte de cruz que era uma das piores formas de execução do mundo antigo (Dt 21.22,23). Além disso, durante o tempo de sua vida terrena, como filho, foi obediente aos seus pais (Lc 2.51), como adulto, soube reconhecer o ministério de seu primo, João Batista (Mt 3.13,14), e foi igualmente responsável com questões cívicas (Mt 17.24-27; 22.15-22). O simples fato de abrir mão dos tra­ ços dos reis conquistadores do mundo antigo, apresentando-se simples, como uma pessoa do povo e sem exigir nenhum tratamento especial, foi o motivo de Jesus ser rejeitado pelo seu povo, porém, é justamente nessa sua atitude que vemos a grandeza, pois quando poderia coagir a todos para que nEle cressem, não o faz, mas oferece amor e deixa-nos livres para optar por segui-lo. ►1.2 - O ensino “exemplar” de Jesus. Ao introduzir a narrativa do famoso “Sermão da Montanha”, Mateus diz que Jesus “abrindo a sua boca os ensinava” (Mt 5.2). Tal infor­ mação, a despeito de em outras versões não aparecer tal expressão, poderia levar alguém a pensar: “ Mas há outra forma de ensinar, a não ser falando?" Sim, há. E muitas lições de


Jesus foram ensinadas no silêncio de suas ações e postura (Jo 8.2-11; 13.1-17).

têm como ‘Suas atividades [plural]’ indica o fato de que essa atitude deveria permear a estrutura da comunidade cristã” (Ibid., pp.1291-92). David ► 1.3 - A coerência de Jesus. Não haviaDemchuk diz ainda que a “inclusão das palavras ‘que houve também em Cristo Jesus’ é literalmente dissociação entre o que Jesus falava e fazia, ou ‘de Jesus Cristo'. Existe alguma dúvida a respeito entre o que praticava e dizia. Como disseram desta frase. Os filipenses são chamados a terem, os vacilantes discípulos saindo de Jerusalém um para com o outro, a mesma atitude que têm em direção à aldeia de Emaús, “Jesus, o para com Cristo (com o sentido de ‘que houve Nazareno, [...] foi um profeta poderoso em também [em vós e] em Cristo Jesus’)? Ou os obras e palavras diante de Deus e de todo o filipenses são chamados a manifestar a mesma povo” (Lc 24.19). Em outras palavras, Jesus atitude que Jesus manifestou (com o sentido ‘que era coerente, pois Ele tanto fazia, ou seja, houve também [ou que havia] em Cristo Jesus’)? praticava, quanto ensinava (At 1.1). Muito dife­ Dado o contexto e o propósito da passagem, a rente dos líderes religiosos e ensinadores de segunda opção parece mais apropriada, de forma Israel que, conforme dissera o próprio Jesus, que Paulo está desafiando-os a refletirem o que diziam, mas não praticavam e nem viviam o viram em Cristo” (Ibid., p.1292). Na verdade, o grande objetivo do apóstolo é evidenciar o fato que ensinavam (Mt 23.3). Na verdade, revelou de “Jesus, que em sua própria natureza é Deus, o Mestre, aqueles homens amarravam fardos não considerou que esta condição devesse estar pesados e difíceis de carregar, e colocava-os patente demais, de modo a trazer-lhe alguma nos ombros do povo, mas eles mesmos não vantagem pessoal. Observe novamente o impacto se dispunham a movê-los nem sequer com que estas palavras causariam nos ouvintes de um dedo (Mt 23.4). Paulo, que orgulhavam-se de sua cidadania romana com todos os seus direitos e privilégios intrínsecos. Ao invés de reunir e exercer seus ^ AUXÍLIO DIDÁTICO 1 privilégios, Jesus aniquilou-se, deu a si mesmo Desse primeiro tópico, sem dúvida alguma a até à morte. A solução para os problemas da análise do texto de Filipenses 2.5-11 é decisiva. unidade dos filipenses estava na adoção deste “Estes versos são essenciais nesta carta. Enfo­ mesmo propósito de Jesus” (Ibidem.). cam principalmente a atitude de Cristo como um exemplo a ser imitado pelos filipenses. Por esta razão discutem abertamente o problema contí­ 2. O CARÁTER DE JESUS EVI­ nuo da rivalidade aludido na carta” (DEMCHUK, DENCIADO NO DESEMPENHO David. “Filipenses”, In ARRINGTON, French L.; DE SUA MISSÃO STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíbli­ > 2.1 - Jesus não usou o seu poder co Pentecostal Novo Testamento. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.1291). Esse aspecto para livrar-se da ten tação e do sofri­ é decisivo nesse primeiro momento do novo mento. Quando Jesus foi conduzido, pelo convertido, pois ele chega à comunidade crendo Espírito de Deus, ao deserto a fim de ser que encontrou um lugar onde não há problemas tentado, ou provado, demonstrou mais uma e conflitos. Nada mais longe da realidade e isso vez porque merece reverência e adoração desde os tempos do Novo Testamento! Aproveite (Mt 4.1-11). Debilitado pelos quarenta dias o tema para expor essa realidade sem, contudo, de jejum e, portanto, suscetível a ceder, o permitir que haja uma falsa conscientização, ou Mestre suportou todas as ofertas do Tentador seja, que tal comportamento é correto. Conforme sem apelar para o seu poder, mas apenas à o mesmo autor, “Paulo começa observando a Palavra. Semelhantemente, ao ser preso no forma de vigiar de Cristo e sua maneira de viver, que os filipenses são encorajados a seguir (A Jardim do Getsêmani, quando um de seus frase: ‘De sorte que haja em vós o mesmo sen­ discípulos feriu o criado do Sumo Sacerdote, timento...’ [...]). A frase que algumas traduções cortando-lhe a orelha, Jesus, além de curar o

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sei>algoz, ainda repreendeu o seu discípulo e disse que, se quisesse, poderia solicitar a Deus a proteção de “doze legiões de anjos” (Mt 26.53). Ao governador da Judeia, Pôncio Pilatos, o Mestre disse que a autoridade que o governante tinha para condená-lo, havia sido dada por Deus e, de certa forma, pelo próprio Jesus (Jo 19.9-12)!

Iscariotes, o discípulo que traíra e vendera o Mestre (Mt 26.14-16). Mesmo assim, como informa o apóstolo do amor, Jesus amou os seus discípulos até o fim. Amou a Pedro que o negou, e os demais que se dispersaram com a sua prisão e também a Tomé que dEle duvidou (Jo 18.25-27; 20.19; Mt 26.31; Mc 14.27; Jo 20.26-29). Ao agir assim com seus discípulos, Jesus dava-lhes outra oportuni­ ► 2.2 - Amando até as últimas conse­ dade e uma nova chance. qüências. Jesus tinha plena consciência do porquê de ter sido enviado a este mundo. Assim, ►2.3 - Perdoando a todos. Mesmo sendo poucas horas antes de ser definitivamente perseguido e hostilizado pelo povo, pregado preso, o apóstolo João informa que “antes da na cruz, sentindo dores excruciantes, Jesus festa da Páscoa, sabendo Jesus que já era orava ao Pai pedindo que Deus não lhes im­ chegada a sua hora de passar deste mundo putasse aquele pecado: “ Pai, perdoa-lhes, para o Pai, como havia amado os seus que porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34). estavam no mundo, amou-os até ao fim” (Jo Não há amor maior que este (Jo 15.13; 3.16). 13.1). Nessa importante reunião estava Judas Contudo, é justamente esse tipo de amor que Deus espera que tenhamos (1 Jo 3.16).

(( Não havia dissociação entre o que Jesus falava e fazia, ou entre o que praticava e dizia. » 28

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► AUXÍLIO DIDÁTICO 2 Neste tópico, é possível ver a grandeza do caráter do Senhor Jesus quando, de sua prisão, Ele se recusa a usar a força bruta e nem reivin­ dica proteção celestial. Seu amor ultrapassa qualquer palavreado, pois custou sua vida. Em tudo isso, vemos o caráter firme do Filho de Deus que, disposto a realizar a vontade do Pai, não recuou, mas seguiu adiante mesmo em tamanha adversidade.

3. O CARÁTER DE JESUS EVIDENCIADO EM SEU RELACIO­ NAMENTO COM DEUS ►3.1 - A obediência de Jesus em relação ao Pai. Enviado pelo Pai para cumprir sua missão, ainda em sua adolescência, Jesus demonstrou ter essa consciência, pois che­ gou a perder-se de José e Maria por estar envolvido em um debate com doutores da Lei (Lc 2.41-50). Resoluto em seu propósito, dizia que não veio para fazer a sua vontade, e sim a vontade daquEle que o enviara (Jo 6.38). Seu compromisso era tão real, que


afirmava que sua comida era fazer a vontade de seu Pai (Jo 4.34). Isso fazia porque, como diz o hino cristológico de Filipenses 2.5-11, mesmo sendo divino, não tinha apego a sua igualdade com o Pai. ►3 .2 - Adorando ao Pai. É maravilhoso ver que Jesus glorificava a Deus pelas bênçãos que o Pai concedia às pessoas. Foi assim ao glorificar a Deus por Ele ter revelado a chegada do seu Reino para os simples em vez de privilegiar os poderosos (Mt 11.25; Lc 10.21). Da mesma forma aconteceu na ressurreição de Lázaro, Jesus glorificou ao Pai por atendê-lo, mais uma vez, como sempre fazia (Jo 11.41). Falando de sua morte aos religiosos do seu tempo, Jesus pediu ao Pai que glorificasse a si mesmo, ou seja, demonstrasse que estava de acordo com a afirmação da morte do Filho de Deus (Jo 12.27,28). Quando a voz veio, e disse que já havia “glorificado” e outra vez o glorificaria, o Mestre afirmou que a voz não tinha soado por amor dEle, mas por amor ao povo (Jo 12.29,30). ►3.3 - Deus precisa orar? Finalmente, uma das maiores demonstrações de sua hu-

u Jesus glorificava a Deus pelas bênçãos que o Pai concedia às pessoas.

manidade e submissão, era o fato de que Jesus, mesmo sendo Deus, orava ao Pai, passando noites inteiras em oração (Lc 6.12). Caberia até mesmo a pergunta; “Deus precisa orar?” Se orar for somente pedir, talvez não. Mas acontece que orar é dialogar com o Pai, por isso Jesus o fazia. E orar pedindo, mesmo sabendo que não seria atendido? Assim aconteceu no Getsêmani (Mt 26.39; Mc 14.35,36; Lc 22.41,42). Mas, como fica claro, Ele estava empenhado em fazer a vontade do Pai e não a sua.

^ AUXÍLIO DIDÁTICO 3 O grande educador cristão Howard Hendricks disse que as maiores lições de Jesus foram en­ sinadas por meio de seu exemplo. “Considere a vida de oração de nosso Senhor. Ele orava a respeito de tudo. Estude o evangelho de Lucas em busca de detalhes. Por que os discípulos pediram que Jesus os ensinasse a orar? (Lc 11.1). É a única coisa que os discípulos lhe pediram que os ensinasse, porque toda vez que iam procurá-lo notavam que Ele estava engajado na oração. Por isso concluíram: ‘Isto deve ser essencial para a vida e o ministério’. Alguém já pediu a você, na qualidade de mestre, que o ensinasse a orar, pelo fato de o ter encontrado muitas vezes em oração?” (GANGEL, Kenneth O.; HENDRICKS, Howard G. (Eds.). Manual de Ensino para o Educador Cristão. Compreendendo a natureza, as bases e o alcance do verdadeiro ministério cristão. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p.17).

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CONCLUSÃO Pelo pouco que analisamos no espaço dessa lição, há um caminho muito claro a ser trilhado por aqueles que creem em Jesus Cristo e que, por isso mesmo, devem procurar adequar-se ao caráter do seu Mestre. Tal não pode ser feito com o simples ato de se decorar pontos dou­ trinários ou reproduzir costumes religiosos, mas é na arena da vida, da dura realidade do mundo, que devemos viver como Jesus viveu.

APROFUNDANDO-SE Ao longo do texto foi comentado, ao menos duas vezes, sobre o “ Hino cristológico” de Filipenses 2.5-11. Há uma corrente interpretativa que defende essa porção bíblica como sendo um hino que era cantado na igreja do primeiro século. É discutível se ele já existia e Paulo o utilizou ou se Paulo é o seu compositor. Independentemente de ser ou não um hino, o fato relevante é a mensagem que o material objetiva passar: Os que creem em Jesus devem ter o mesmo sentimen­ to, ou disposição, que houve no Filho de Deus. Para saber mais leia Matthew Henry Comentário Bíblico Novo Testa­ mento — Atos a Apocalipse. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, pp.617-18.

SUGESTÃO DE LEITURA ^ Manual de Ensino para o Educador Cristão Uma seleção de princípios e práticas, incluindo preciosos esclarecimentos tanto para o professor iniciante como para o experiente. ►Um Mestre Fora da Lei Ele ainda é Ele mesmo, e está disponível para todos aqueles que gostariam de conhecê-lo.

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VERIFIQUE SEU

APRENDIZADO 1 . Qual é o primeiro grande traço do caráter de Jesus colocado na lição? R. A humildade. 2 . Além da fala, Jesus ensinava utilizando qual outro método? R. O exemplo, pois muitas lições de Jesus foram ensinadas no silêncio de suas ações e postura. 3 . Em sua opinião, qual a importância do fato de Jesus não usar o seu poder para livrar-se da tentação e do sofrimento? R. Apesar de a resposta ser pessoal, é inte­ ressante que ela contemple o fato de Jesus ter demonstrado, com essa atitude, uma nobreza de caráter infinitamente superior a tudo que já vimos. Além disso, ela evidencia a capacidade humana em rejeitar a tentação. 4 . O que Jesus proporcionou aos seus dis­ cípulos, agindo com perdão e amor, diante do abandono, da negação e da incredulidade? R. Amor. 5 . Sendo Deus, por que Jesus orava? R. Para dialogar com o Pai.

►Que um dos títulos atribuídos a Jesus, a partir do que diz o profeta Isaías (53.1-12), é o de “Ser­ vo Sofredor”? E que, como previu o chamado profeta messiânico, o fato de Jesus assim se apresentar foi uma das causas de sua rejeição por parte dos judeus? Foi assim porque o povo esperava um Messias, ou Cristo (“ungido”), com os mesmos traços dos reis poderosos e pomposos da antiguidade. Entretanto, quan­ do chegou o tempo determinado por Deus, o Pai enviou seu Filho chamado Jesus e, como o Mestre revelou-se simples, acabou sendo rejeitado e visto como alguém não qualificado. Todavia, como informa João 1.11-13, Ele “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus”.


0 Ministério de J6SUS TEXTO BÍBLICO BASE Marcos 1.14-20 14 - E, depois que João foi entregue à prisão, veio Jesus para a Galileia, pregando o evangelho do Reino de Deus. 15 - e dizendo: O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho. 16 - E, andando junto ao mar da Galileia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. 17 - E Jesus lhes disse: Vinde após mim, e eu farei que sejais pescadores de homens. 18 - E, deixando logo as suas redes, o seguiram. 19 - E, passando dali um pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco consertando as redes, 20 - e logo os chamou. E eles, deixando o seu pai Zebedeu no barco com os empregados, foram após ele.

MEDITAÇÃO “E João, ouvindo no cárcere falar dos feitos de Cristo, enviou dois dos seus discípulos a dizer-lhe: És tu aquele que havia de vir ou es­ peramos outro? E Jesus, respondendo, disselhe: Ide e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: Os cegos veem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho” (Mt 11.2-5).

REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA ►SEGUNDA-Lucas 4.14-19 ►TERÇA-Atos 10.38 ►QUARTA-Marcos 2.17 ►QUINTA - Mateus 20.28 ►SEXTA-João 12.30 ►SÁBADO-Mateus 11.25 | Discipulando Professor 1 |


ORIENTAÇÃO AO

PROFESSOR INTERAGINDO COM O ALUNO À maioria dos novos convertidos, “mi­ nistério” é uma palavra que define uma de­ nominação ou a atividade de determinado pastor. Entretanto, como se verá na presente lição, ministério significa “serviço” . Por mais desvirtuada que a expressão esteja, é neces­ sário resgatar o valor original do ministério.

PROPOSTA PEDAGÓGICA

Principalmente por conta do estrelismo que vem invadindo até mesmo a religião. É opor­ tuno que se ensine o novo convertido a não admirar, e muito menos almejar, tal compor­ tamento. Atualmente, o estrelismo é um dos grandes males que assola a igreja evangélica brasileira. Daí o porquê da necessidade de se combater tal postura.

A estrutura do sistema político municipal, estadual e federal divide-se em, basicamente, três poderes: executivo, legislativo e judiciário. Cada um deles tem as suas atribuições. Nos âmbitos municipal e estadual, os prefeitos e governadores nomeiam secretários. No plano federal, o presidente nomeia ministros. O que todos eles têm em comum: Todos são servido­ res da sociedade. Tantos os eleitos, quanto os concursados e nomeados, ocupam uma posição de servir, e não de mandar. As áreas ocupadas por essas pessoas - saúde, educação, trabalho, justiça, por exemplo - existem para beneficiar e servir à sociedade, garantindo ao povo não ape­ nas o exercício correto do serviço, mas também a sua qualidade, pois é justamente para isso que os impostos são recolhidos. Tendo esse entendimento como ponto de partida, oriente os alunos a pensar acerca do assunto “ministério”. Pergunte a eles: O que você acha de servir? Qual a sua opinião sobre esse assunto? Servir é algo humilhante? Por quê? Jesus é Deus? Sim, Ele é Deus. E o que Jesus fez desde quando resolveu encarnar-se e nascer como qualquer ser humano? Ele unicamente serviu. Esse foi o seu “ministério”. Por isso, todo e qualquer ministério que tenha por princípio e fundamento o Evangelho de Jesus Cristo deve caminhar no mesmo sentido e perspectiva do Mestre de Nazaré.

L v fjJ

0 B JE T IV 0 S Sua aula deverá alcançar os se­ guintes objetivos:

►Explicar a natureza e abrangência do ministério de Jesus (dimensões “teórica”, prática e espiritual); ►Descrever a perspectiva divina acerca do ministério de Cristo; ►Valorizar os benefícios realizados pelo ministério do Filho de Deus em favor da humanidade.

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COMENTÁRIO | INTRODUÇÃO Biblicamente falando, a palavra “ministério" significa simplesmente “serviço”, isto é, o serviço que alguém presta a outrem. Nesse sentido, o ministério terreno de Jesus Cristo, pode ser visto sob duas perspectivas. A primeira é que Ele estava a serviço de seu Pai para desempenhar uma missão que, por sua vez, e esta é a segunda perspectiva, beneficiava a humanidade, sendo, portanto, também um serviço. Sendo Deus, o nosso Salvador colocou-se à disposição do Pai, e da humanidade, para ministrar, ou seja, servir (Mt 20.28; Mc 10.45). É acerca desse assunto que estaremos estudando nessa lição sem, contudo, pretendermos esgotar o número de benefícios que nos adveio do exercício do ministério do nosso querido Jesus.

u Sendo Deus, o nosso Salvador colocou-se à disposição do Pai, e da humanidade, para ministrar, ou seja, servir.

1. A NATUREZA DO MINISTÉRIO DE CRISTO ►1.1 - Dimensão “teórica”. Comumente se diz que o ministério de Jesus foi tríplice; ensino, pregação e realização de milagres (Mt 4.23; 9.35). Analisando de forma um pouco mais detalhada tal constatação, é possível verificar que existe algo de mais profundo nessa tríplice divisão. Na verdade, podemos falar que a natureza do ministério de Jesus Cristo possuía uma tríplice dimensão, ou seja, as dimensões não podem ser separadas, pois compõe um único ministério. A primei­ ra delas seria a “dimensão teórica” que diz respeito ao seu ensino, pois, como é possível facilmente comprovar, marcava uma ruptura radical em relação aos mestres da religião oficial dos judeus. Isso tanto em termos de método quanto de conteúdo (Mt 7.28,29; Mc 1.21,22; Lc 4.32). O “segredo” de tanto êxito e admiração pelo seu ensino, segundo informa o próprio Jesus, é que a doutrina ensinada por Ele, não era sua própria, e sim de seu Pai que o enviara (Jo 7.16). ►1.2 - Dimensão prática. Quantas pessoas readquiriram esperança após um encontro com Jesus? De judeus a estrangeiros, de enfermos a oprimidos, de religiosos a publicanos, todos, indistintamente, encontraram no | Discipulando Professor 1


zado, em nossa realidade, mas tem o mérito e a capacidade de alterar, em todos os âmbitos, a condição pecaminosa humana, ao mesmo tempo em que destina a criação, que também foi transtornada pelo pecado, à sua completa restauração (Ef 1.10).

^ AUXÍLIO DIDÁTICO 1

de Nazaré uma palavra de alento. A prova de que não há dissociação entre as dimensões “teórica” e prática de seu ministério, é que Ele “tudo [fazia] bem”, incluindo nisso até mesmo curar surdos e mudos (Mc 7.37). Uma ocasião, em especial, que demonstra a integralidade de seu ministério, trata-se de um episódio ocorrido em uma sinagoga onde entrara para ensinar, quando acabou libertando um oprimido, em pleno sábado (o que era inadmissível para a religião judaica), fazendo com que as pesso­ as exclamassem: “ E todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si, dizendo: Que é isto? Que nova doutrina é esta? Pois com autoridade ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!" (Mc 1.27).

O Evangelho de Mateus sumariza o mi­ nistério de Jesus em três grandes ações ou atividades. “Ensinar, proclamar as boas-novas do Reino e curar todas as doenças são as três atividades principais de Jesus e tornam-se sinal do seu messiado e do irrompimento escatológico da nova era de Deus, que sacudirá, destruirá ou mudará as instituições da antiga era. Estas são as marcas distintivas do seu trabalho, o qual será rematado por sua obra última na cruz e na ressurreição e será perpe­ tuado na comunidade que Ele comissiona para sucedê-lo (Mt 10.1-40; 28.16-20)” (SHELTON, James B. “Mateus” In ARRINGTON, French L ; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíbli­ co Pentecostal Novo Testamento. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.33). A última parte do comentário é decisiva para o novo conver­ tido, entretanto, ela será mais bem trabalhada em uma lição exclusiva.

2. O MINISTÉRIO DE JESUS NA PERSPECTIVA DIVINA

► 2.1 - A missão designada pelo Pai. Resoluto no cumprimento de sua missão, até ► 1.3 - Dimensão espiritual. A despeitomesmo Jesus Cristo enfrentou dificuldades em dessas bênçãos perceptivelmente valiosas, seu caminho para fazer a vontade do Pai. Ainda o grande feito do ministério de Jesus Cristo criança, foi perseguido por Herodes que atentou consiste no fato de que Ele pagou o preço contra a sua vida (Mt 2.13-18), e não poucas do nosso resgate eterno (1 Co 6.20; 7.23; 1 vezes foi ameaçado pela turba religiosa que Tm 2.6). Ainda que profetas e outras pessoas se enfurecia com seus ensinamentos (Lc 4.29). dirigidas por Deus tivessem experimentado Mas não são essas as maiores dificuldades que grandes milagres divinos no exercício de seus enfrentou para cumprir a missão que o Pai lhe ministérios, nenhum deles, porém, tinha con­ designara. As piores e mais sutis, provavelmen­ dição de fazer o que o nosso Mestre fez (Hb te, são as relacionadas ao convencimento de 9.11 -28). Uma vez mais vemos que o ministério que Ele não precisava fazer o que fora enviado de Jesus, apesar de possuir três dimensões, a cumprir. Nesse particular, Jesus enfrentou era único e suficiente, pois o sacrifício foi reali­ o próprio Satanás e, posteriormente, Pedro,

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um de seus discípulos mais próximos que, usado também pelo Inimigo de nossas almas, procurou dissuadi-io de cumprir sua missão (Mt 4.1-11; Mc 1.12,13; Lc 4.1-13; Mt 16.21-23; Mc 8.31-33). Tais tentações são piores porque procuram seduzir-nos pela vaidade e o poder. ►2.2 - Capacitado pelo Espírito Santo. Desde a miraculosa concepção de Maria, vemos que o Espírito Santo de Deus acom­ panha o Senhor Jesus (Mt 1.18; 3.16; 12.18; Mc 1.10; Lc 1.35; 3.21,22; Jo 1.32,33). É uma grande lição percebermos que, mesmo sendo Deus, Jesus não abriu mão da assistência do Espírito Santo. Incrivelmente, foi o Espírito Santo que conduziu Jesus ao deserto para que fosse provado (Mt 4.1; Mc 1.12; Lc 4.1), e também o instruiu e capacitou, em todos os momentos de seu ministério, auxiliando-o na missão que deveria cumprir (Mt 12.22-32; Mc 13.9-11; Lc 10.21; At 1.2). Quando Jesus ensina que quem nasce do Espírito, deve aprender a ser guiado pelo Espírito, ninguém melhor que Ele demonstrou isso em sua vida (Jo 3.8; Lc 4.14-22; 11.13; 12.10-12). Além de uma promessa do Senhor (Mt 10.19,20; Jo 7.38,39; 14.16,17,26; 15.26), que Ele, inclusive cumpriu (Jo 20.22; At 1.4,5,8; 2.1-13), esse é também um dos grandes ensinamentos da Igreja do primeiro século (Rm 8.1-30; 1 Co 2.12-16; Gl 5.16) que, devido a sua importância, deve continuar sendo ensinado em nossos dias. ► 2.3 - A missão concluída. Sem que nada pudesse contê-lo, Jesus concluiu a sua missão terrena dizendo que, justamente por isso, glorificara o Pai e assim pôde exclamar: “ Está consumado” (Jo 17.4 cf. 19.30). Apesar de ter sido dolorosamente consumado, o ministério terreno do Senhor não “acabou" com sua ascensão aos céus (At 1.4-9). Ele deixou-nos igualmente essa incumbência, dizendo que os seus discípulos deveriam dar continuidade à missão de levar as Boas Novas, realizando obras até maiores que as dEle (Mt 28.19,20; Jo 14.12).

^ AUXÍLIO DIDÁTICO 2 A grande lição do tópico 2 diz respeito à capacitação, ou unção, do Filho de Deus pelo Espírito Santo. De acordo com James Shelton, o “Espírito Santo capacitou os profetas do An­ tigo Testamento (e.g., Ez 2.2; Mq 3.8; Zc 7.12), e as profecias relativas ao Messias prediziam uma acompanhante dotação do Espírito (e.g., Is 42.1,5; 61.1-3). Assim, Jesus recebe uma unção e capacitação especiais do Espírito Santo para proclamar a mensagem de Deus e fazer maravilhas. A vinda do Espírito sobre Ele é sinal de que Ele é o Messias, o Cristo (lit., ‘o Ungido’). Isto não significa que esta é a primeira vez que Jesus foi envolvido com o poder do Espírito; Ele foi concebido pelo Espírito Santo (Mt 1.20; Lc 1.35) e obviamente foi guiado pelo Espírito ao ministrar no templo quando era menino (Lc 2.46-52). Nem significa que Jesus foi ‘adotado’ pelo Espírito no batismo e nesse momento tornou-se Messias, pois Ele era o Filho de Deus antes do batismo (Mt 1.20; 2.15; Lc 1.35; 2.49; Jo 1.1,14,18; 3.16)” (Ibid., p.28).

3. O MINISTÉRIO DE JESUS NA PERSPECTIVA HUMANA ► 3.1 - Reconciliando-nos com Deus. Completamente espiritual, é imprescindível reco­ nhecer que a obra realizada por Jesus tem uma abrangência cujos reflexos e influência podem ser sentidos e igualmente experimentados em nossa perspectiva. Estando apartados do Criador por causa do pecado, era preciso que o preço de tal desobediência fosse pago e, ao mesmo tempo, reatasse-nos o relacionamento com o Pai (Rm 5.10,11). Na realidade, complementando o que já foi dito acima, segundo o apóstolo Paulo, além de Deus ter nos reconciliado “consigo mesmo por Jesus Cristo”, o Criador “nos deu o ministério da reconciliação, isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação” (2 Co 5.18,19). ►3.2 - Fazendo o bem. Conforme já foi repetido diversas vezes, o Mestre não veio para ser servido e sim para servir, tanto a | Discipulando Professor 1 I


Deus como a humanidade necessitada (Mt 20.28; Mc 10.45; Jo 3.16). Uma vez que este era um dos propósitos do ministério terreno de Jesus Cristo, em uma de suas pregações, o apóstolo Pedro falou acerca de “como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele” (At 10.38). Vemos que o ob­ jetivo de Jesus Cristo não era levar, ou “tirar”, vantagem de ninguém, justamente o contrário, Ele estava completamente comprometido em fazer o bem aos seres humanos.

íí A obra realizada por Jesus tem uma abrangência cujos reflexos e influência podem ser sentidos e igualmente experimentados em nossa perspectiva. 36

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► 3.3 - Trazendo libertação. Um dos grandes propósitos do ministério de Jesus, conforme profetizado acerca do Messias, era libertar as pessoas (Lc 4.14-19). Presas pelo legalismo religioso do judaísmo, os judeus chegaram a negar que um dia tivessem sido escravos (Jo 8.33). Entretanto, o que dizer dos longos 430 anos no Egito e dos 70 anos de cativeiro (Êx 12.40,41; Jr 25.11,12; 29.10)? Evidentemente que, apesar de presos pelo legalismo religioso, eles não tinham condi­ ções de avaliar a questão por si mesma, daí a importância de o Senhor Jesus falar em libertação para o povo (Jo 8.32,36).

► AUXÍLIO DIDÁTICO 3 Neste último tópico, é preciso destacar, do subtópico três, a leitura feita por Jesus na sinagoga, conforme registrado no texto de Lucas 4.14-19. A esse respeito, comenta French Arrington que Jesus tendo retornado a Nazaré onde fora criado, “Como era de seu costume durante a juventude, [...] vai à sina­ goga no sábado para adorar. [...] Os cultos na sinagoga eram bastante informais e consistiam em orações, leitura da Escritura, comentários e doação de ofertas para os pobres. A pedido, Jesus toma o livro do profeta Isaías. Tendo sido cheio do Espírito no batismo (Lc 3.22), Ele lê Isaías 61.1,2 e se identifica como profeta ungido. Ele é o Messias profético, ungido pelo Espírito para proclamar as boas-novas”. (“ Lu­ cas”, In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.339). Após a leitura do referido texto de Isaías, Jesus “se assenta, tomando a postura normal para pregar. Os olhos da congregação fixam-se nEle, esperando que Ele dê início ao sermão. Ninguém, senão Jesus, pode começar um sermão do modo como Ele o fez: ‘Hoje, se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos’ (Lc 4.21). Ele afirma ser o cumprimento da profecia de Isaías. No momento exato em que a congregação escuta, ocorre o cumprimento da Escritura. O Ungido sobre quem o profeta


falou está agora presente para cumprir sua missão. Nos dias de Jesus, muitos judeus não duvidavam de que o reinado messiânico viria no futuro, mas Jesus afirma que o que eles esperavam que ocorresse na era futura tinha acabado de se tornar uma realidade presente. O tempo de salvação é ‘hoje’. Este é um ‘hoje’ que continua; nunca se torna ontem nem se introduz num amanhã vago” (Ibid.).

CONCLUSÃO Como se vê, Jesus Cristo exerceu um ministério (a Deus e às pessoas) que não se constituiu em ostentar um cargo para se autoafirmar. Ele não precisava de tal prática, pois a prova de que exercera da melhor forma o que deveria fazer, foram as duas vezes em que o próprio Deus afirmou que tinha prazer em Jesus (Mt 3.17; 17.5). Que Deus, possa ver em nós a mesma disposição que houve em Jesus Cristo, seu Filho (Fp 2.3-18).

APROFUNDANDO-SE Ao encarnar-se, Jesus, diz o apóstolo Paulo, tornou-se servo (Fp 2.5-11). Isso significa que a melhor definição para o ser humano é que este é “ servo” . Infelizmente a altivez e o orgulho levamnos a esquecermo-nos de que o Nosso Salvador, o nosso referencial último, já foi servo e que, sendo assim, devemos perseguir esse mesmo ideal.

SUGESTÃO DE LEITURA ►O Ministério Dirigido por Jesus Uma obra cheia de passagens bíblicas e das experiências pessoais do autor a res­ peito do ministério de Jesus.

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VERIFIQUE SEU

APRENDIZADO

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. Quais são as três dimensões evidenciadas na natureza do ministério terreno de Cristo? R. “Teórica”, prática e espiritual. 2 . Em sua opinião, havia necessidade de o Espírito Santo auxiliar Jesus Cristo? Por quê? R. Mesmo sendo uma resposta pessoal, é preciso que o aluno entenda a necessidade de Jesus em ser auxiliado pelo Espírito Santo de Deus, como um trabalho de cooperação. 3 . Cite os três benefícios, da perspectiva humana, acerca do sacrifício de Cristo. R. Reconciliação com Deus, fazer o bem para todos e trazer libertação. 4 . Dos três benefícios do ministério de Jesus na perspectiva humana, qual você acha mais relevante? Comente. R. A resposta é pessoal, mas seria inte­ ressante que o aluno escolhesse a primeira opção, pois a reconciliação com Deus é algo que ninguém, fora Jesus, poderia fazer. 5 . Por que Jesus veio trazer libertação, já que as pessoas praticavam uma religião? R. Porque a “religião” as aprisionavam, isto é, as pessoas estavam presas pelo legalismo religioso.

►Que João Batista, mesmo após ter dito que Jesus era o Cordeiro de Deus, por ser judeu, estando encarcerado, mandou que os seus discípulos perguntassem a Jesus se este era mesmo quem os judeus esperavam ou se deveriam esperar outro (Lc 7.19,20), simples­ mente pelo fato de que Jesus não correspondia à visão que os judeus tinham do libertador? Enquanto eles esperavam um libertador polí­ tico, terreno, Jesus dissera que os sinais que Ele realizava eram inequívocos de que o Reino de Deus chegara (Lc 7.21,22). Entretanto, como Ele disse a Pilatos, o seu Reino é eterno, não é deste mundo (Jo 18.36 cf. Lc 11.20). Discipulando Professor 1


TEXTO BÍBLICO BASE

MEDITAÇÃO

Marcos 12.28-34 28 - Aproximou-se dele um dos escribas que os tinha ouvido disputar e, sabendo que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? 29 - E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.

“Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros’’ (Jo 13.34,35).

30 - Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. 31 - E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes. 32 - E o escriba lhe disse: Muito bem, Mestre, e com verdade disseste que há um só Deus e que não há outro além dele; 33 - e que amá-lo de todo o coração, e de todo o entendimento, e de toda a alma, e de todas as forças e amar o próximo como a si mesmo é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios. 34 - E Jesus, vendo que havia respondido sabia­ mente, disse-lhe: Não estás longe do Reino de Deus. E já ninguém ousava perguntar-lhe mais nada.

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REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA

►SEGUNDA-Êxodo 20.1-17 ►TERÇA - Deuteronômio 4.5-8 ►QUARTA - Mateus 5.38-48 ►QUINTA-João 12.49,50 ►SEXTA-Lucas 10.25-37 ►SÁBADO - Romanos 13.8-14


ORIENTAÇÃO AO

PROFESSOR INTERAGINDO COM O ALUNO A maioria das religiões é marcada peia quantidade de mandamentos e regras que possui. Algumas reivindicam observância irrestrita de um sem número de mandamen­ tos, pois do contrário não é possível agradar a sua divindade. Diante desse quadro, todos os que acolheram a palavra do Evangelho sabem que este não consiste em observância de mandamentos. Tal, porém, não significa, obviamente, que o Evangelho não tenha ordem alguma, pois isso seria anulá-lo. Não obstante, a “ordem” passa pela postura e exemplo de Jesus, pois na perspectiva do Evangelho Ele é a referência maior. A presente lição não visa tanto à instrução reflexiva, e sim à concitação a vivermos o Evangelho em sua mais simples e plena manifestação: Tornarmo-nos “Cristo" para o nosso próximo.

ü f í f i r OBJETIVOS Sua aula deverá alcançar os seguintes objetivos: ►Reiterar a necessidade e a importância do Decálogo, não apenas para Israel, mas também para o mundo; ►Discutir o fato de a Lei poder ser resu­ mida em dois grandes mandamentos; ►C ondicionar o novo nascim ento à imitação de Cristo e à prática do “novo mandamento”.

PROPOSTA PEDAGÓGICA Em um mundo sem valores e referenciais, tem se tornado cada vez mais difícil falar em regras, deveres e mandamentos. Há duas causas principais dessa dificuldade. A primeira delas refere-se à perversão cada vez mais crescente no mundo. A outra é o fato de que muitas pessoas moralistas acabam não viven­ do o que ensinam e apregoam. Tais extremos, porém, não justificam o abandono das coisas de Deus. A verdade é que, à parte do Criador, o mundo torna-se cada vez mais perverso. É por isso que de nada vale o legalismo religioso, ou seja, a ideia de que é possível, com os nossos “atos de justiça”, tornarmo-nos pessoas que merecem ser salvas. É preciso pensar, porém, no fato de que a vivência do Evangelho tornanos parecidos com Cristo, o nosso Salvador. Com base nessa introdução inicial, pro­ ponha aos alunos uma reflexão visando ao aprofundamento do tema. Questione-os da seguinte forma: Com o crescente número de denominações e com tantas vozes diferen­ tes, algumas pessoas se tornam reticentes à pregação evangelística; sendo assim, em sua opinião, qual é o melhor caminho para solucionar este problema? Todas as vezes que Jesus ensinou alguma coisa Ele precisou | Discipulando Professor 1 |


minou com o Evangelho de Jesus Cristo (Gn 12.1-3 cf. Gl 4.3-6). É sobre isso que vamos estudar na lição de hoje.

1. O DECÁLOGO

falar e/ou verbalizar? Talvez você já tenha ou­ vido dizer que, muitas vezes, a única “ Bíblia” que as pessoas não crentes leem é o nosso exemplo de vida. É por isso que, talvez con­ forme se conta, Francisco de Assis enviou seus discípulos a pregar e recomendou-lhes que, se fosse preciso, usassem as palavras? O que isso significa? Significa que devemos agir como Jesus e, assim, tomarmo-nos Cristo para o próximo. Essa é uma das formas mais eficazes e insuspeitas de evangelizar.

COMENTÁRIO | INTRODUÇÃO Desde que pecou apartando-se do Cria­ dor, a humanidade degenerou-se em seus relacionamentos, tanto com Deus, quanto entre si, ou seja, com o semelhante. A fim de que a raça humana não provocasse sua própria destruição, vindo por isso até se extinguir, o Criador dotou-nos de um senso mínimo de certo e errado. Todavia, por cau­ sa do pecado, até mesmo tal senso, que é bom, tornou-se ruim. Tal pode ser visto em Gênesis 4.15, quando Deus disse que quem matasse Caim sofreria muito mais. Com isso, o Criador tinha em vista garantir, de alguma forma, as condições mínimas de convivência em sociedade, preservando-a da completa desordem. Infelizmente, a humanidade de­ generou-se por completo, mas Deus tinha um plano de formar um povo que pudesse servir de exemplo às demais nações. Tal plano iniciou-se com a chamada de Abraão e cul­

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►1.1 - Israel e a promessa abraâmica. Após a completa corrupção da humanidade, Deus, em sua soberania, chamou a Abraão e lhe fez promessas (Gn 6.1-12; 12.1-3). O propósito divino era, como já estudamos em lições anteriores, abençoar a humanidade inteira através de uma nação modelo. Esse povo que serviria como exemplo foi formado no Egito durante um período de 430 anos e dali saiu para ocupar a terra que o Criador prometera a Abraão (Êx 12.40,41). Tal promessa era a única instrução que os filhos de Israel possuíam (Gn 48.21; 50.24,25). Quanto à questão de regras, esse povo tinha apenas uma a observar, que era a circuncisão (Gn 17.9-14). E mesmo essa prática, não fora obedecida durante o período de peregrinação de Israel no deserto (Js 5.5). Assim, pode-se deduzir que a cultura egípcia era praticamente a cultura de Israel. Daí o porquê de as constantes recaídas do povo escolhido ao longo dos 40 anos de peregrinação (Êx 14.11; 32.1-24). ►1.2 - A lei de Deus. Sendo essa a reali­ dade de Israel, Deus então promulgou a sua lei para que assim o povo tivesse uma formação (Dt 4.5-8). Os dez mandamentos, ou o Decálogo, diferentemente do que se imagina, não foram dados pelo Criador para ser uma nova prisão do povo. Na verdade, não há sentido algum pensar que Deus libertara os descendentes de Abraão para, na seqüência, aprisioná-los novamente com mandamentos. Na realidade, como se pode ver no prólogo (introdução) dos dez mandamentos — “Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão” — (Êx 20.2), eles tinham a finalidade de garantir o processo de libertação do povo, não apenas tirando-os do Egito (geograficamente falando), mas também tirando o “Egito” (culturalmente falando) deles (Dt 26.1-32.52; Ml 4.4).


► 1.3 - Libertação e legalismo religio­ so. Se, como disse Paulo, “a lei é santa; e o mandamento, santo, justo e bom” (Rm 7.12), como é que em o Novo Testamento há várias referências negativas à lei (Rm 3.19—4.25)? A resposta é que a finalidade da lei (que é o “amor”) foi abandonada (Mt 23.23; Jo 1.17; Rm 13.10; Gl 5.14). Além disso, é preciso igualmente notar que, muitas vezes, a “lei” a que se referia Jesus, dizia respeito à chamada “tradição dos anciãos”, que não era o texto bíblico dos dez mandamentos e muito menos o Pentateuco, mas um comentário paralelo (Mt 15.1-20; Mc 7.1-23). Assim, a lei que tinha a finalidade de levar Israel a ter uma cultura diferente e acima das outras, em exemplo e atitudes, acabou degenerando-se em legalismo religioso, isto é, a falsa ideia de que é possível salvarmo-nos por nossos próprios “atos de justiça” praticados ao observar preceitos religiosos. Algo que Paulo reprovava termínantemente, mesmo porque, “o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, [...] porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada” (Gl 2.16). Da libertação passou-se ao legalismo retornando ao aprisionamento (Mt 23.1-37).

► AUXÍLIO DIDÁTICO 1 O Decálogo é um dos grandes códigos legislativos do mundo antigo. Sua importância transcende em muito sua exclusividade aos judeus, pois os valores do mundo ocidental dependem, e muito, dos Dez Mandamentos. “George Mendenhall lista seis diferenças entre a aliança e a lei. O que nos interessa aqui é como ele determina a diferença entre ambas no que diz respeito ao propósito. O propósito da aliança é criar um novo relacionamento. O propósito da lei é regular ou perpetuar um relacionamento existente através de uma or­ denação. Nessa mesma linha, Brevard Childs comenta: ‘A lei define a santidade exigida do povo da aliança [...] avaliar-se a santidade, tendo a natureza divina como padrão, im­ pede que se dê à aliança uma interpretação moralista’” (HAMILTON, Victor P. Manual do

Pentateuco. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.216). O autor Victor Hamilton, traba­ lha muito bem o assunto ao dizer o que são os Dez Mandamentos através de perguntas retóricas: “ Eles são a lei, mas não trazem também promessas? Seriam os mandamentos mais que um código imposto pelo Altíssimo? Deus, além de prover a lei, não provê também capacidade para cumpri-la? Por sua própria conta, ninguém é capaz de viver de acordo com tal padrão” (Ibid., p.217).

2. OS DOIS GRANDES MANDAMENTOS: AME A DEUS E AO PRÓXIMO ►2.1 - Amar a Deus. Desde a promulga­ ção do Decálogo no deserto, abrangendo o prólogo, bem como o primeiro e o segundo mandamentos, a ordem é clara: Não se deve ter outro deus além do Deus libertador de Israel (Êx 20.2-6). Foi desse entendimento que surgiu a Shemá, isto é, a expressão hebraica que pode ser traduzida como “Ouça Israel”. Trata-se das duas primeiras palavras da Torá (Lei), e servem para introduzir os ensinamentos da lei a Israel. É por isso que Jesus menciona Deuteronômio 6.4: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR” (cf. Mc 12.29). ►2.2 - Amar o próximo como a si mesmo. Equiparado a esse mandamento, Jesus cita ainda Levítico 19.18, onde a segunda parte do texto diz exatamente o que o Mestre respondeu: “Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR” (Mc 12.31). Apesar de haver leis que protegiam o estrangeiro (uma das grandes diferenças do código legislativo de Israel em relação às outras nações), como é possível verificar os textos de Êxodo 12.49; 22.21 e 23.9, por exemplo, implicitamente, o mandamento de amar o “próximo” como a si mesmo, parece especificar que o próximo é o igual, ou seja, o israelita, ou judeu, que possui os mesmos gostos e partilha das mesmas ideias e crenças. | Discipulando Professor 1 |


►2.3 - O grande mandamento da lei. É preciso observar que o escriba, chamado de “doutor da lei”, questiona Jesus acerca do grande mandamento da “lei” e não do Evangelho. Ele pergunta: “Mestre, qual é o grande mandamento da lei?” (Mt 22.36). Jesus então responde: “O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” (Mc 12.29-31). O próprio escriba emendou a palavra do Mestre, dizendo que observar esses dois mandamentos, “é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios” (Mc 12.33). Na passagem paralela de Mateus, Jesus disse que desses “dois mandamentos, dependem toda a lei e os profetas” (Mt 22.40). Em outras palavras, essa era finalidade da lei: Levar as pessoas a amar. A lei toda podia ser reduzida, isto é, observada nesses dois mandamentos.

► AUXÍLIO DIDÁTICO 2 O segundo tópico é fundamental para se entender o propósito e o valor da Lei. Por isso, no texto de Marcos 12.28-34, “Jesus formula a resposta extraindo-a primeiramente da tra­ dicional confissão judaica de fé: o Shema (Dt 6.4). Fazendo assim, Ele coloca toda a questão da lei em fundamento diferente. O que importa não é a exposição da lei, mas a relação da pessoa com o Deus vivo. O que importa não é a obediência à Torá, mas o amor a Deus. Este amor a Deus é tão importante, que seu alcance é estabelecido por repetição: A pessoa deve amar a Deus com todo o coração, com todo o entendimento, com toda a alma e com todas as forças (Mc 12.30). Ao fazer esta declaração, Jesus amplia o Shema adicionando a palavra ‘entendimento’, adição que aprofunda o efeito retórico” (CAMERY-HOGGATT, Jerry. “ Mar­ cos”, In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger(Eds.). Comentário Bíblico Pentecos-

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tal Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.268).

3. O NOVO MANDAMENTO NOS APROXIMA DO REINO DE DEUS ►3.1 - O novo mandamento. É sabido que Jesus foi o único ser humano que cumpriu toda a lei (Mt 5.17-20). Por ser Deus e ter autoridade para tal, Ele podia modificar determinados preceitos e tradições, sobretudo, se aqueles fossem humanos, legalísticos e caprichosos. Por isso, ao introduzir as mudanças (da lei para o Evangelho), em seu célebre Sermão do Monte, Ele dizia: “Ouvistes o que foi dito aos antigos” e, na seqüência, dava uma nova orientação: “ Eu, porém, vos digo” (Mt 5—7). Foi assim que, na noite em que foi traído, reuniu os seus discípulos e deu-lhes um “novo mandamento” (Jo 13.34,35). Mas, se Ele diz para amar e isso já havia na lei, o que há de “novo”? Aqui entra a grande novidade da proposta de Jesus Cristo. A lei poderia ser resumida em dois mandamentos, ao passo que o mandamento de Jesus é apenas um. ►3.2 - Jesus como referência. “Amar a Deus” sobre todas as coisas é algo impossível de ser mensurado. Por isso, as pessoas podem ser muito religiosas e ainda assim amarem mais a si mesmas, ou sua reputação, do que Deus (Jo 12.42,43). Nesse mesmo assunto, outro aspecto interessante de se pensar, é que o religioso valoriza mais regras religiosas que pessoas (Mt 12.1-21). Não obstante isso, Jesus valorizava e priorizava mais as pessoas (Jo 5.116). Assim, o mandamento de amar o próximo como a si mesmo, da forma como era entendido na tradição judaica, parecia não ser mais do que amar a si mesmo de forma egoística, pois não comportava um amor ao próximo diferente, ou seja, não havia espaço para os que não eram como os religiosos. Todavia, a novidade do mandamento de amar, trazido pelo Evangelho de Jesus Cristo, é que Ele não disse para amar como amamos a nós mesmos. Não! Ele disse que os seus seguidores devem amar como Ele amou (Jo 13.34,35). Em outras palavras, Jesus


é a referência, e também o padrão, de amor que devemos praticar. ►3.3 - Somos Cristo para o próximo. Enquanto a lei possuía vários mandamentos que consistiam em amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos, o Evangelho tem apenas um mandamento: Amar como Jesus nos amou. E como Ele nos amou? Entregando-se pela humanidade pecadora, dando a sua vida por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8). O chamado “texto áureo” da Bíblia, João 3.16, precisa ser visto juntamente com 1 João 3.16: “Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos”. Sim, Ele deu a sua vida por nós, obedecendo ao Pai, e nós, segundo o apóstolo João, devemos fazer o mesmo pelos nossos semelhantes. Isso por­ que, ensina o mesmo apóstolo, se dissermos que amamos a Deus, mas odiamos o nosso semelhante, tornamo-nos mentirosos, pois, questiona ele, “quem não ama seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” (1 Jo 4.20). Fazendo assim, tornamo-nos “Cristo para o próximo”, ou seja, as pessoas verão Cristo em nós e o nome do Senhor será glorificado, sendo, nós mesmos, um testemunho vivo nessa sociedade do que é viver orientado por Deus (Jo 13.34,35).

É sabido que Jesus foi o único ser humano que cumpriu toda a lei.

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^ AUXÍLIO DIDÁTICO 3 O terceiro e último tópico é o mais im­ portante desta lição. “À luz dos eventos que acabaram de ocorrer, Jesus coloca em um odre o vinho novo de um novo amor: Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis (34). O mandamento de amar o próximo não era novo (Lv 19.18; Lc 10.27). Mas a expressão ameis... como eu vos amei a vós — isto era novo! O amor do nosso Senhor alcançou um Judas (13.5,26), que o trairia, e um Pedro, que o ne­ garia (13.38; 18.15-18,27). Na verdade, este tipo de amor foi um evento tão inigualável que um novo vocábulo teve de ser providenciado para expressá-lo. O eros (não no NT) dos gregos descrevia apenas um amor egoísta; ephilia (no NT apenas em Tg 4.4) descrevia não mais que o amor de amizade que pensa em termos de obter, e também dar. Mas o sacrifício altruísta de Jesus, sua disposição de dar tudo sem qualquer garantia de resposta humana, tinha de ser expresso com uma palavra mais forte. Então ágape, uma rara palavra para amor an­ tes de Paulo, passou a ser usado na literatura cristã primitiva a fim de descrever o tipo de amor que Jesus demonstrou, e a qualidade de amor que deve caracterizar a vida de seus verdadeiros discípulos” (EARLE, Ralph; MAYFIELD, Joseph H. “João a Atos”, In Comentá­ rio Bíblico Beacon. Volume 7. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, pp.120-21). Na verdade, Discipulando Professor 1


conforme os mesmos autores, por intermédio “de um amor como este, disse Jesus, todos os homens conhecerão que sois meus discípulos... se vos amardes uns aos outros (35). Macgregor diz: ‘Deve haver um novo círculo de amor, a igreja cristã, dependente de um novo centro de amor, Cristo’. Ele então cita Tertuliano, dizendo: ‘Os pagãos estão habituados a exclamar com admiração: Veja como estes cristãos amam-se uns aos outros’” (Ibid., p.121).

CONCLUSÃO Jesus reduziu todos os mandamentos em um único, pois sabe que se amarmos como Ele nos ama, certamente Deus virá em primeiro lugar em nossa vida, pois somos servos. O Mestre sabe igualmente que, se amarmos tal como Ele nos ama, não desprezaremos os nossos semelhantes, pois eles serão mais valiosos do que regras, sejam elas religiosas ou não.

APROFUNDANDO-SE Pentateuco, também chamado de Torá ou lei, refere-se ao conjunto dos primeiros cinco livros da Bíblia (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), escritos por Moisés. É uma das três divisões prin­ cipais da Bíblia dos judeus. Tem um valor muito grande para nós cristãos, pois faznos entender a necessidade do sacrifício de Cristo e revela-nos a formação de Israel.

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VERIFIQUE SEU

APRENDIZADO 1 . Para quê foi dada à lei? R. Para levar às pessoas a amar. 2 . É possível alguém se salvar observando a lei? R. Não 3 . Cite o grande mandamento da lei. R. “O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro man­ damento maior do que estes” (Mc 12.29-31). 4 . Qual a diferença entre o “novo manda­ mento” do Evangelho e o grande mandamento da lei? R. A diferença do mandamento de amar, trazido pelo Evangelho de Jesus Cristo, é que Ele não disse para amar como amamos a nós mesmos, assim como dizia a Lei. E sim que os seus seguidores devem amar como Ele amou (Jo 13.34,35). 5 . Como nos tornamos “Cristo para o pró­ ximo”? R. Agindo exatamente como Cristo agiu, isto é, em favor das pessoas.

y Que a palavra “ Decálogo” traduz fielmente o sentido dos Dez Mandamentos? A expressão significa literalmente “dez palavras” e foram dadas a Moisés pelo próprio Deus (Êx 24.12; 31.18). Apesar de a Bíblia dizer que Deus escreveu em duas “tábuas de pedra” as dez palavras, ela informa que Moisés, angustiado pela atitude do povo que se desviara, quebrou as tábuas que Deus lhe dera (Êx 32.19). Pos­ teriormente, o próprio Moisés teve de talhar outras duas tábuas de pedra para que Deus nelas escrevesse (Êx 34.1,4,10-28).


Mensagem e Jesus - o Reino de Deus TEXTO BÍBLICO BASE

MEDITAÇÃO

Mateus 3.1-3; 11.1-5; 12.22 ►Mateus 3 1 - E, naqueles dias, apareceu João Batista pre­ gando no deserto da Judeia 2 - e dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus. 3 - Porque este é o anunciado peto profeta Isaías, que disse: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.

“Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista; mas aquele que é o menor no Reino dos céus é maior do que ele. E, desde os dias de João Batista até agora, se faz violência ao Reino dos céus, e pela força se apoderam dele. Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João" (Mt 11.11 -13).

> Mateus 11 1 - E aconteceu que, acabando Jesus de dar ins­ truções aos seus doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades deles. 2 - E João, ouvindo no cárcere falar dos feitos de Cristo, enviou dois dos seus discípulos

REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA

3 - a dizer-lhe: És tu aquele que havia de vir ou esperamos outro?

►SEGUNDA-Mateus 6.10

4 - EJesus, respondendo, disse-lhe: Ide e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes:

►TERÇA-Mateus 13.1-58

5 - Os cegos veem, e os coxos andam; cs leprosos são limpe®, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho. * Mateus 12

> QUARTA - Marcos 1.14

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- Tnouxeram-lhe, então, um endemonínhado cego e mudo; e, de tal modo o curou, que o cego e mudo falava e via.

►QUINTA-João 1.6-8 > SEXTA - Marcos 1.1-3 ►SÁBADO-Marcos 10.15

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ORIENTAÇAO AO

PROFESSOR INTERAGINDO COM O ALUNO A despeito de ser muito “conhecido” , o Reino de Deus é um dos mais incompre­ endidos temas bíblicos. Sendo, porém, uma aula dirigida a novos convertidos, esta é uma excelente oportunidade de tratar do assunto de forma correta. Mesmo porque, como cida­ dão do Reino, o novo convertido necessita de orientação segura acerca de sua nova vida. Este é um conselho válido não apenas para o tema desta lição, mas a todos os demais, pois é grande a responsabilidade de quem ensina (Mt 5.19). Esse é o momento mais propício e ideal para aprender corretamente sobre todo e qualquer tema. Portanto, aproveite o momento e incentive o seu aluno a buscar o aprofun­ damento em todos os pontos tratados nesse primeiro ciclo de estudo, especialmente o de hoje: o Reino de Deus, a mensagem principal de Jesus Cristo, nosso salvador.

ÍCsii °bjetivos Sua aula deverá alcançar os se­ guintes objetivos: ►Demonstrar a importância do ministério de João Batista, precursor do Messias; ►Expor o perfil do Messias esperado pelos judeus e o de Jesus de Nazaré, o real Mes­ sias ou Cristo; ►Descrever o Reino de Deus, bem como os sinais e o perfil dos cidadãos desse mesmo Reino.

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PROPOSTA PEDAGÓGICA É comum e normal que, ao transferir residência para outra localidade, procuremos aprender a cultura e os costumes observados ali. Isso deve ser feito para que nos integremos da melhor maneira possivel ao novo lugar. Evidente­ mente que, durante o período de adaptação, haja alguns conflitos e até estranhamentos. Todavia, de forma paulatina vamos sendo aculturados, adaptando-se à nova localidade. É claro que, em se tratando de mudança —, sobretudo, ideológica e culturalmente falando —, não é pre­ ciso haver obrigatoriamente uma transferência de local. Mudanças substanciais e profundas acontecem, também, por conta da adoção de uma nova forma de pensar, e isso não implica necessariamente no fato de que tenhamos trans­ ferido residência. É possível residir no mesmo lugar, mas ainda assim mudar. Denomina-se esse processo de transformação. Geralmente há um motivo muito justo, ou forte, para que isso aconteça, pois é fato que tal mudança trará conseqüências, inclusive sociais, para a pessoa. De acordo com essa reflexão inicial, per­ gunte aos alunos como eles se sentem em sua nova vida. Não sendo o Reino de Deus um local situado geograficamente, mas uma realidade presente na vida apenas dos que se permitem ser governados e/ou orientados pelo Criador, inquira-os da seguinte forma: O que mudou em


sua vida depois que você acolheu a mensagem do Evangelho? Você acredita na possibilidade de viver de acordo com a vontade do Criador em um mundo apartado de Deus? É possível fazer a diferença mesmo sendo a minoria? A mensagem do Reino de Deus fala da importância de fazer a vontade do Pai, aqui na Terra, assim como ela é feita no céu; você acredita que é possível melhorar o mundo vivendo dessa forma?

COMENTÁRIO | INTRODUÇÃO Na oração do Pai-Nosso, Jesus ensinou entre outras coisas, que devemos pedir a Deus que “envie” o seu Reino, ou o seu reinado, sobre nós (Mt 6.9-13). Isso para que façamos, aqui na terra, a vontade do Pai, exatamente como ela é feita no céu. Tal não significa uma anu­ lação do nosso livre-arbítrio, mas justamente o contrário, pois se a vontade do Criador for realizada, certamente os nossos verdadeiros anseios serão contemplados. Por isso, Jesus instruía os seus discípulos a que buscassem, primeiramente, o Reino de Deus e sua justiça, e as coisas essenciais e básicas certamente não nos faltariam (Mt 6.25-34). É justamente acerca desse assunto que vamos estudar hoje.

1. JOÃO BATISTA - O ÚLTIMO PRECURSOR DO REINO DE DEUS ►1.1 - Profetizado por Malaquias. O último profeta literário do Antigo Testamento, Malaquias, profetizou que antes da mani­ festação do Dia do Senhor, Deus enviaria o profeta “ Elias” para converter, ou fazer voltar, o coração dos pais para os filhos e vice-versa (Ml 4.5,6). Ele também admoestou os judeus a que lembrassem da lei de Moisés, até que isso não acontecesse (Ml 4.4). Quem estuda a Bíblia sabe que o conhecido profeta Elias desenvolvera seu ministério anos antes de Malaquias e já havia sido miraculosamente transportado aos céus (1 Rs 17.1—2 Rs 2.11). Assim, a profecia de Malaquias, conforme o anjo

Gabriel, e o próprio Jesus disseram, cumpriuse com João Batista, o “ Elias que havia de vir” (Mt 11.14; 17.10-13; Mc 9.11-13; Lc 1.16,17). Isso porque João Batista desenvolvera um ministério parecido com o de Elias, inclusive, vestindo-se de forma parecida (2 Rs 1.8; Mt 3.4). ►1.2 - Nascimento de João Batista. Cerca de quatrocentos anos depois da pro­ fecia de Malaquias, um sacerdote chamado Zacarias estava cumprindo a sua vez no turno de oficiar o culto judaico, quando avistou um anjo chamado Gabriel. O mensageiro de Deus viera trazer a notícia de que Isabel, esposa de Zacarias, mesmo sendo avançada em idade, conceberia e daria à luz um filho (Lc 1.5-25). Por ter duvidado, Zacarias ficou mudo até que o seu filho nascera (Lc 1.18-20,64). Como orientado pelo anjo, deram ao menino o nome de João (Lc 1.57-63). ►1.3 - Ministério de João Batista. Des­ de o seu nascimento, João Batista causou curiosidade nas pessoas (Lc 1.66). No cântico profético de Zacarias, seu pai, está sintetizado o ministério que Deus destinara a João (Lc 1.67-79). Seu trabalho consistiu em advertir ao povo, despertando-o para o julgamento divino que, para o Batista, se avizinhava juntamente com o estabelecimento do Reino dos céus (Mt 3.1-12). É preciso entender, particularmente no que diz respeito ao Reino de Deus, que João fala de algo que ele não sabe claramente como | Discipulando Professor 1 |

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é. Devido ao fato de João ser judeu, prova­ velmente sua perspectiva a respeito do Reino era nacionalista e política. Ele, porém, é claro ao dizer que sua missão consiste apenas em anunciar a vinda do responsável pelo estabe­ lecimento do Reino de Deus (Jo 1.6-8; 3.28).

^ AUXÍLIO DIDÁTICO 1 Esse primeiro tópico aborda um assunto obrigatório ao estudo acerca do Reino de Deus. Trata-se de “estágio preparatório” , ou seja, a preparação para que o Senhor Jesus Cristo realizasse sua obra redentora em Israel. “Como os profetas do Antigo Testamento, João Batista apresenta sua mensagem em paralelismo poé­ tico — dizendo uma coisa e então repetindo a ideia ou sua antítese na linha seguinte. Trata-se de característica da poesia hebraica e exprime a origem semrtica dos Evangelhos. João Batista apresenta dois grupos distintos e antitéticos de pessoas: os arrependidos e os impenitentes, as árvores frutíferas e as estéreis, o trigo e a palha ([Mt 3.] v.12). O grupo dos impenitentes, conde­ nados por João Batista, são os fariseus e saduceus (v.7). Lucas identifica os verdadeiramente arrependidos como as multidões, os cobradores de impostos e os soldados (Lc 3.10-14). Os fariseus e saduceus aparecem muitas vezes

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juntos no Evangelho de Mateus como inimigos claramente definidos de Jesus. Embora estes dois grupos discordassem nitidamente entre si em termos de política e teologia, na maior parte do tempo eles estavam unidos em sua oposição a Jesus” (SHELTON, James B. “ Mateus”, In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.25-26). Em sua pregação, além de anunciar o Reino, João concita os seus ouvintes ao ar­ rependimento. A esse respeito, Shelton diz que é “comum a palavra arrependimento (metanoia) ser entendida erroneamente por mera confissão de pecados; com mais precisão, diz respeito ao ato de ‘pensar de novo’ (meta mais no/a), quer dizer, reconsiderar e mudar o estilo de vida, de modo sociologicamente observável: ‘Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento’ (v.8). É por isto que João Batista dirige sua contunden­ te repreensão: ‘raça de víboras’, aos fariseus e saduceus. Os judeus observaram a lavagem cerimonial, desde o simples ato de lavar as mãos a banhar o corpo inteiro em cisternas (como as encontradas nos sítios arqueológicos em Jerusalém e em Qumran, a comunidade do mar Morto). Os fariseus e saduceus presumiam que, considerando que eles eram filhos de Abraão, eles tinham direito de receber o rito de João Batista, mas ele estava exigindo que eles se arrependessem como se eles fossem gentios!” (Ibid., p.26).

2. JESUS CRISTO - O FUNDADOR/INICIADOR DO REINO DE DEUS ► 2.1 - O Cristo/Messias esperado anun­ cia o Evangelho do Reino de Deus. Ansiado por todos os judeus, o “Ungido” (Messias, no hebraico, ou Cristo, no grego), visto como des­ cendente de Davi, era aguardado como o grande libertador que restauraria a soberania política de Israel. Assim, é com grande entusiasmo que Marcos informa que após a prisão de João Batista veio Jesus Cristo pregando o Evangelho


do Reino de Deus (1.14,15). Na verdade, essa era a principal mensagem do Mestre e mesmo de seus discípulos e apóstolos (Mt 4.23; Lc 4.43; 8.1; At 1.3; 8.12; 19.8; 20.25; 28.23,30,31). Essa mensagem era ansiosamente aguardada, pois se pensava que ao soar dela se acabariam todos os problemas pelo simples fato de eles serem descendência de Abraão. Todavia, como os advertira João Batista, eles não deveriam presumir-se de si mesmos o serem filhos de Abraão, pois “mesmo [das] pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão” (Mt 3.9; Lc 3.8). ►2.2 - O Batizador com o Espírito Santo. Uma das características, e também promessas, mais marcantes do Cristo é que, conforme João Batista, enquanto este batizava com água, para o arrependimento, aquele batizaria com o Espírito Santo e com fogo, como forma de revestimento (Mt 3.11; Lc 3.16; At 1.1-8). Assim, se o batismo de João era um rito de passagem para exempli­ ficar algo que já ocorrera, o batismo de Jesus marcava uma condição permanente de algo que apenas se iniciara com tal revestimento. ►2 . 3 - 0 Comissionador dos anuncian­ tes do Reino de Deus. Em Mateus 10.7 Jesus instrui seus discípulos a que anunciem a che­ gada do Reino dos céus. A mesma passagem é relatada por Lucas ao dizer que Cristo enviou os seus discípulos a pregar o “ Reino de Deus e a curar os enfermos” (9.2). Essa mesma de­ signação é repetida em Lucas 10.8,9, quando o Mestre instrui os seus setenta discípulos: “ E, em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei do que vos puserem diante. E curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: É chegado a vós o Reino de Deus”. Assim, apesar de Jesus iniciar/fundar o Reino de Deus, incumbiu seus discípulos de anunciar tais Boas Novas (Mc 16.15).

^ AUXÍLIO DIDÁTICO 2 Uma vez que já tivemos uma lição exclu­ siva que tratou acerca da pessoa do nosso meigo salvador (Lição 3), priorizaremos o

subsídio do terceiro tópico, pois o conteúdo deste ponto pode ser abordado com o auxílio e reforço do que já foi exposto na referida lição. O ponto alto a destacar deste tópico, é o fato de que Jesus inicia definitivamente a possibilidade do Reino e também é quem batiza com o Espírito Santo.

3. O ESTABELECIMENTO DO REINO DE DEUS ►3.1 - O conceito de Reino de Deus. No que diz respeito à nomenclatura, ou seja, a “ Reino de Deus”, trata-se de expressão no­ víssima, pois não há registro dela no Antigo Testamento, nem no período intertestamentário, sendo um conceito praticamente exclusivo de Jesus (com uma pequena ocorrência em João Batista) que nos remete à ideia de um governo ideal, teocrático que só existira no paraíso, o lugar original e perfeito onde existia plena harmonia entre a humanidade e o Criador e as todas as demais coisas. Dessa forma, inicialmente é preciso entender que há uma grande diferença entre a expectativa humana acerca do Reino e a vontade divina a respeito desse mesmo Reino (Jo 18.36 cf. Lc 11.20). Assim, Reino de Deus significa o reinado, ou o governo, de Deus sobre todas as coisas. Entretanto, nesse momento, isso não pode ocorrer pelo simples direito de Deus ser o Criador de todas as coisas, pois o pecado privou-nos de desfrutar de tal governabilidade. Para isso acontecer, é preciso haver recep­ ção voluntária e conseqüente submissão à soberania divina. É por isso que Jesus vem anunciar o Evangelho, ou seja, a mensagem que consiste no anúncio de que, através dEle, é possível viver ainda aqui sob a égide, ou direção, de Deus. ►3.2 - Os sinais do Reino de Deus. A fim de provar às pessoas que o Reino de Deus chegara, Jesus realiza sinais que antecipam, ou seja, mostram o que significa desfrutar, ainda que de maneira passageira, de um mundo onde Deus governa indistintamente. | Discipulando Professor 1 |


Em outras palavras, os sinais realizados por Jesus Cristo apontam para um mundo onde não há lugar para doenças, tristezas, angústias ou dor (Lc 7.21,22). ►3.3 - Os cidadãos do Reino de Deus. Se no aspecto físico Jesus assim o demonstrara, do ponto de vista social, em dois momentos de injustificada disputa dos discípulos acerca de qual deles era “o maior”, Ele ensinara que na perspectiva do Reino, quem quisesse ser o “maior” deveria receber uma criança como se fosse o próprio Mestre, pois aquele que se tornasse o menor entre eles, esse sim seria grande (Lc 9.46-48; Em outra ocasião Ele disse que quem não recebesse o Reino de Deus como uma criança jamais poderá entrar nele: Mc 10.15). No outro caso, ao disputarem entre si quem era o maior, o Senhor mostrou-lhes novamente que quem assim quisesse ser, deveria tornar-se o menor (Lc 22.24-27). Por esses exemplos, vê-se uma enorme diferença do que significa ser cidadão do Reino de Deus e como se deve viver na dimensão desse mesmo Reino.

► AUXÍLIO DIDÁTICO 3 Este último tópico é o mais importante da lição, pois trata da mensagem de Jesus. “O Jesus inspirado pelo Espírito fala profeticamente sobre a vida do Reino de Deus, incluindo sua própria vinda e o julgamento final. Lucas registra dois dos maiores discursos de Jesus sobre os acontecimentos do tempo do fim (Lc 17.20-37; 21.5-36). O Reino, o governo de Deus, é uma realidade presente (veja Lc 10.9,11; 11.20). A vida e o ministério de Jesus declaram de modo veemente e novo a presença do reinado régio de Deus. Mas a vinda desse Reino também é um acontecimento futuro. Jesus se refere a ambos os lados do reinado soberano de Deus aqui. Nos versículos 20 e 21 [de Lucas 17], em resposta a uma pergunta feita pelos fariseus, Ele explica a natureza futura do Reino. Depois, nos versículos 22 a 37 [de Lucas 17], Ele explica aos discípulos a futura vinda do Reino”. (ARRINGTON, French L. “Lucas”. In Comentário Bíblico/Pentecostal Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD,

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2003, p.432). Conforme o mesmo autor, a ex­ plicação do Mestre foi ensejada porque alguns fariseus o questionaram acerca do momento em que Deus estabeleceria o seu Reino. “Não há que duvidar que eles ficaram impressiona­ dos com os dons proféticos de Jesus, então agora eles desejam saber o momento quando Deus começará a exercer seu governo sobre a humanidade. Eles querem um horário e pre­ sumem que sinais visíveis precederão a vinda do Reino. Jesus explica que o Reino de Deus é distinto dos reinos com os quais os fariseus estão familiarizados. Sua vinda não corres­ ponderá com sinais visíveis para que ninguém possa predizer o tempo exato de sua chegada. As pessoas entendem mal o caráter do Reino de Deus, quando dizem: ‘Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali!’ Tais predições são arrogantes e mostram-se falsas e decepcionantes a pessoas persuadidas por elas (cf. At 1.6,7)” (Ibid.). A respeito dessa curiosidade, diz Arrington, “Jesus afirma que a fase inicial do Reino não vem desse jeito; de fato, já veio (Lc 17.21). Jesus usa a palavra enfos para descrever sua presença — palavra que significa ‘dentro’ de vocês ou ‘entre, no meio de’ vocês. Jesus está falando a fariseus, que sem dúvida o rejeitaram. Ele não diria que o reinado de Deus está dentro do coração deles. Contudo, o Reino é um fato histórico. Jesus quer dizer que o Reino está ‘entre vós’ — presente no que Ele faz e diz —, ainda que os fariseus permaneçam cegos diante dessa realidade (cf. Lc 11.20). Eles esperam ver sinais da vinda do Reino algum dia no futuro. Mas não há necessidade de procurar sinais futuros da vinda do governo de Deus. Hoje pode-se entrar nele, embora sua consumação fi­ nal venha depois” (Ibidem.). Assim, finalizando a questão desse tópico, em o “ Novo Testamento, o Reino de Deus tem uma dimensão ‘já’ e ‘ainda não’. Já está presente, mas ainda não entrou na plenitude do seu poder e glória. Os discípulos se preocupam com a manifestação futura do reinado de Deus. Voltando-se para eles, Jesus começa a falar sobre o Reino em sua glória final com as palavras: ‘Dias virão’. Ele prediz que os discípulos desejarão 'ver um dos dias do Filho do Homem’, o que se refere ao período no qual o Reino de Deus está estabelecido na terra” (Ibid., pp.432-33).


CONCLUSÃO

VERIFIQUE SEU

Somente o amor nos habilita a viver, ainda aqui na terra, cumprindo a vontade de Deus, tal como ela é feita indistintamente no céu. Para isso foi que Paulo instruiu-nos em Filipenses 2.5-11, a que tivéssemos o mesmo sentimento, ou disposição, que houve em Cristo Jesus que, sendo Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas abriu mão de sua glória e tornou-se servo por amor a Deus, e à humanidade. Assim, Ele espera que também façamos, de forma voluntária e sem constrangimento, pois o amor nos leva a amar como Jesus nos amou, tornando-se esse ato na maior forma de pregação do

APRENDIZADO

Evangelho do Reino de Deus.

"1. O que Jesus ensinou que pedíssemos na oração do Pai-Nosso? R. Que devemos pedir a Deus que “envie” o seu Reino sobre nós (Mt 6.9-13). Isso para que façamos, aqui na terra, a vontade do Pai, exatamente como ela é feita no céu.

2 . Por que João Batista foi profetizado por Malaquias com o nome de Elias? R. Porque João Batista desenvolvera um ministério parecido com o de Elias, inclusive, vestindo-se de forma parecida (2 Rs 1.8; Mt 3.4).

3. Qual foi a principal missão de João Batista? R. Anunciar a vinda do responsável pelo esta­ belecimento do Reino de Deus (Jo 1.6-8; 3.28).

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APROFUNDANDO-SE Segundo alguns autores, a noção de milagre como algo extraordinário, só faz sentido em nosso mundo decaído e peca­ minoso. Em um mundo perfeito, ter saúde, não sofrer e muito menos morrer, é algo perfeitamente normal. Por isso, os milagres realizados por Jesus são apresentados como provas de que o Reino de Deus che­ gara, pois sinalizam e antecipam a verdade de que Deus restabelecerá a normalidade e a perfeição de todas as coisas.

SUGESTÃO DE LEITURA ►Teologia do Novo Testamento Esta obra oferece uma nova percepção e compreenção da disciplina teológica. ^ Marketing para a Escola Dominical Potencialize os resultados da Escola Domini­ cal de sua igreja.

. Qual a principal diferença entre o batismo de João e o de Jesus? R. O batismo de João era um rito de passa­ gem para exemplificar algo que já tinha ocorrido, o batismo de Jesus marcava uma condição permanente de algo que apenas estava iniciando com tal revestimento.

5 . O que é o Reino de Deus? R. Um conceito exclusivo de Jesus que nos remete à ideia de um governo ideal, teocrático que só existiu no Paraíso, o lugar original e per­ feito onde havia plena harmonia entre a huma­ nidade e o Criador e as todas as demais coisas.

►Que a expressão “Reino dos Céus”, utilizada por Mateus, em seu Evangelho, tem o mesmo sig­ nificado de “Reino de Deus”? É que para os ju­ deus, Deus é um nome impronunciável, e como Mateus dirige o seu Evangelho a judeus, a utili­ zação de “Reino dos Céus” é mais apropriada. Dessa forma, Mateus utiliza abundantemente a expressão “Reino dos céus”, em mais de trinta vezes. Mesmo assim, ainda há cinco ocorrências da expressão “Reino de Deus” no Evangelho de Mateus (6.33; 12.28; 19.24; 21.31; 21.43). Discipulando Professor 1


o Reinado de Deus já teve início Mateus 10.5-15

14 - E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés.

5 - Jesus enviou estes doze e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos;

15 - Em verdade vos digo que, no Dia do Juízo, haverá menos rigor para o país de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade.

TEXTO BÍBLICO BASE

6 - mas ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel; 7 - e, indo, pregai, dizendo: É chegado o Reino dos céus. 8 -Curai os enfermos, limpai os leprosos, res­ suscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai. 9 -N ão possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos; 10 - nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão, por­ que digno é o operário do seu alimento.

MEDITAÇÃO “E, interrogado pelos fariseus sobre quan­ do havia de vir o Reino de Deus, respondeulhes e disse: O Reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o Reino de Deus está entre vós’’ (Lc 17.20,21).

REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA

11 - E, em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela seja digno e hospedai-vos aí até que vos retireis.

►SEGUNDA - Lucas 11.20

12 - E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a;

►QUARTA-Lucas 1.32,33

13 - e, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, tome para vós a vossa paz.

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►TERÇA-Lucas 17.20,21

►QUINTA-Lucas 8.10 ►SEXTA-Lucas 22.16,18 ►SÁBADO - Lucas 22.29


ORIENTAÇÃO AO

PROFESSOR INTERAGINDO COM O ALUNO A oportunidade de hoje é uma das mais especiais, pois proporciona ao professor a condição de desfazer equívocos e distorções acerca do projeto divino de estabelecimento definitivo do Reino. Esperado de forma muito diferente da apresentada por Jesus Cristo, o Reino de Deus, surpreendentemente, já teve início. Devido a um tipo de pregação desvirtuada que encontramos atualmente, confunde-se o Reino com denominações e com o “ministério” da moda. Entretanto, o reinado divino não se confunde com nenhuma dessas coisas, pois se assim fosse ele estaria fragmentado e dividido. Felizmente sabemos que isso não se aplica ao Reino de Deus, pois o Criador não aprova divisões e discriminações, coisas comuns aos ambientes dominados pela soberba humana que sempre separa pessoas e espalha confusão. .

OBJETIVOS Sua aula deverá alcançar os seguintes objetivos: ►Esclarecer a complexa natureza do Reino de Deus; ►Identificar o Reino de Deus na atualidade; ►Reafirmar a verdade de que o Reino de Deus se “completará” no futuro.

PROPOSTA PEDAGÓGICA Não poucas vezes na vida frustramo-nos. Os motivos para isso são os mais diversos possíveis. Uma das maiores “fontes”, ou cau­ sas, das frustrações que experimentamos são as nossas próprias expectativas a respeito de alguém ou de algo. Foi assim com os judeus em relação à vinda do Reino através de Jesus Cristo. O Reino não veio com aparência exterior (Lc 17.20), antes, apresentou-se de forma dis­ creta e simples, proporcionando somente aos humildes o privilégio de percebê-lo e acolhê-lo. Isso, sobretudo, pelo fato de que ele ainda não está situado em algum lugar em que se possa acessá-lo, ou seja, o Reino manifesta-se de forma íntima e particular no coração dos que creem. Porém, os cidadãos do Reino não vivem a realidade dele apenas no coração, pois suas vidas são um testemunho vivo do que significa ser dirigido pelo Criador e de pertencer ao seu Reino. Aproveite essa reflexão e converse com os alunos nos seguintes termos: Como ser hu­ mano, Jesus viveu em condições semelhantes às nossas. Enfrentou dificuldades de todas as ordens (tristezas, traições, perseguições, etc.) e ainda assim não perdeu a esperança e nem esmoreceu diante do que precisava e tinha de fazer. O que justifica tal resiliência? Apesar de viver em um mundo em que as prioridades são egoísticas e individualistas, Jesus vivia sob o Discipulando Professor 1


reinado do Pai, isto é, sua vida era orientada e dirigida por Deus. Daí o porquê de Ele ter cumprido a missão que o Pai lhe designara. Apesar de o Reino — literal e geograficamente falando — ainda não ser uma realidade visível, viver sob o reinado do Pai é prova inequívoca de que, de fato, acolhemos a Palavra do Evangelho e nascemos de novo. Tal estilo de vida deve se manifestar em todos os momentos de nossa existência, sobretudo, no convívio com os que ainda não conhecem o Senhor Jesus. Qual tem sido o nosso exemplo, inclusive, para nós mesmos? Somos, ou não, cidadãos do Reino?

COMENTÁRIO | INTRODUÇÃO Invariavelmente as nossas expectativas atrapalham-nos, pois nos levam a alimentar irrealidades. Em relação às coisas de Deus, esse tipo de disposição humana é fatal, provocando em nós uma enorme falta de sintonia (Mt 11.1619; Lc 7.31-34). O mais grave é que podemos não perceber o quanto estamos equivocados a respeito do momento histórico que atravessamos (Mt 16.1-3). Rejeitado, inclusive, pela família, no período em que desenvolveu o seu ministério terreno, Jesus foi incompreendido e ostensi­ vamente rejeitado (Jo 7.1-5). O resultado foi o prejuízo de milhares de pessoas que deixaram de ser abençoadas pelo seu trabalho (Mt 11.20-24; 13.53-58; Mc 6.1-6; Lc 4.24-30). Preconceito foi tudo que experimentara, sobretudo, por parte daqueles para os quais Ele viera (Jo 1.11,45-50). A despeito disso, o Espírito de Deus estava sobre o Mestre e o ungira para evangelizar os pobres, isto é, anunciar uma boa notícia aos que não têm esperança, anunciar a libertação aos presos e oprimidos e declarar a abertura e o início de um novo tempo de a humanidade se relacionar com Deus (Lc 4.14-21; Mt 4.12-17). Em outras palavras, Jesus dera início ao reinado de Deus (Mc 1.1,14,15). Esse é o tema da presente lição.

ensinou acerca do início desse novo tempo. Primeiramente é preciso entender que, como o próprio Jesus respondeu a Pilatos, o Reino de Deus “não é deste mundo” ou “daqui” (Jo 18.36). Antes, porém, de entender o que significa dizer que o Reino “não é deste mundo” ou “daqui”, é preciso verificar o contexto em que Jesus fez tal declaração. Como Cristo nada fizera contra o Estado, era preciso uma acusação que justificasse sua prisão. Uma vez que foram os sacerdotes quem o entregara, ou seja, os líderes religiosos judeus, pois a pregação do Evangelho os incomodava e tirava-lhes o poder sobre o povo (Jo 11.46-48; 18.19), eles então inventaram uma das piores acusações do mundo antigo: dizer que alguém, fora o soberano do reino, queria ser rei (Jo 19.12). Sob essa falsa acusação, Pilatos interrogou Jesus acerca da denúncia, inquirindo-o da seguinte forma: “Tu és o rei dos judeus?” (Jo 18.33). Diante dessa situação foi que o Senhor respondeu-lhe: “O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, lutariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas, agora, o meu Reino não é daqui” (Jo 18.36b). É preciso observar que o Senhor pontuou muito bem o fato de que “agora” o Reino não é daqui, mas isso não quer dizer que o Reino nunca será aqui. De acordo com o próprio Je­ sus, essa hora chegará (Mt 25.31-34). Por isso, pode-se dizer que o Reino de Deus não é apenas etemo, mas também temporal, ou seja, possui um início, apesar de nunca ter fim (Lc 1.31-33).

► 1.2 - Material e espiritual. O fato de o Reino não haver ainda se materializado de forma evidente, não pode ofuscar a verdade de que ele é material e não apenas espiritual. Jesus falou que não tomaria mais do fruto da vide, ou seja, o vinho, até aquele dia em que, juntamente com todos nós os que cremos, o fizer novamente no Reino de Deus (Mt 26.29; Mc 14.25; Lc 22.18). Além disso, ao designar 1. A NATUREZA DO REINO seus discípulos a pregar, o Mestre os orientara DE DEUS a que deveriam dizer “É chegado o Reino dos ► 1.1 - Temporal e eterno. Apesar de sa­ céus” (Mt 10.7). E qual era o sinal de que isso, bermos que o Reino de Deus é mencionado de fato, acontecera? Jesus então diz: “Curai sem nos ser definido, é possível falar de sua os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai “essência” e/ou “propriedade caracteristica”, ou os mortos, expulsai os demônios” (Mt 10.8). Os seja, de sua “natureza”, a partir do que Jesus mesmos sinais que Ele apresentara aos discí­

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pulos de João Batista deveriam ser realizados, em seu nome, e utilizados como evidência da chegada do Reino (Mt 11.1-5). Tais prodígios não são “espirituais” ou metafóricos, mas concretos e muito reais, servindo ao benefício dos necessitados e empobrecidos. ► 1.3- Presente e futuro. Outra característica da natureza do Reino é o fato de ele ser, presente e, ao mesmo tempo, futuro. Questionado pelos fariseus a respeito de quando o Reino de Deus chegaria Jesus respondera que o Reino de Deus já estava entre a humanidade (Lc 17.20,21). Mesmo assim, havia uma promessa de que o Reino ainda não estava “completo”, pois o Senhor também ensinara acerca do “mundo vindouro” (Lc 2.36ss.); e por José (Lc 23.50,51)” (Bíblia de (Lc 20.27-40; Mt 22.23-33; 8.12; Mc 12.18-27). Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. 4.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, p.2110).

^ AUXÍLIO DIDÁTICO 1 Existe na Bíblia uma grande quantidade de significados da palavra grega basileia, que é traduzida como Reino. Tais significados vão desde “realeza” (sentido abstrato) passando por “governo” (sentido concreto) até “reino” (nos sentidos literal e figurado). “As expressões hê basileia tou theou [...], ‘o reino de Deus’ (Mt 6.33; Mc 1.15; Lc 4.43; 6.20; Jo 3.5); ‘seu reino’, referindo-se a Cristo (Mt 13.41 [cf. 20.21]); ‘o reino do nosso pai Davi’ (Mc 11.10); ‘o reino de Cristo e de Deus’ (Ef 5.5); ‘o reino... de Jesus Cristo’ (Ap 1.9); ‘reino celestial’ (2 Tm 4.18); e hê basileia, ‘o reino’ (Mt 8.12; 9.35) são todos sinônimos nas páginas neotestamentárias e significam o divino reino espiritual, o reino glorioso do Messias. A ideia do reino tem suas bases nas profecias do Antigo Testamento onde a vinda do Messias e os seus triunfos são preditos (por exemplo, SI 2; 110; Is 2.1-4; 11.1 ss.; Jr 23.5ss.; 31.31ss.; 32.37ss.; 33.14ss.; Ez 34.23ss.; 37.24ss.; Mc 4.1ss.; e especial­ mente Dn 2.44; 7.14,27; 9.25ss.). O seu reinado é descrito como uma era de ouro, na qual a verdadeira justiça será estabelecida, e com ela a Teocracia será estabelecida, gerando paz e bem-aventurança. Antes da manifesta­ ção visível do reino, e da sua expansão até os reinos material e natural da terra, ele existirá espiritualmente no coração dos homens e era dessa forma que ele era compreendido por Zacarias (Lc 1.67ss.); Simeão (Lc 2.25ss.); Ana

2. O REINO DE DEUS NA “ATUALIDADE” ►2.1 - A expectativa israelita frustrada. No caminho de Jerusalém a Emaús, dois discípulos de Jesus deixaram claro que havia uma expec­ tativa em torno do Mestre que fora frustrada (Lc 24.21 cf. Mc 15.43). Quando eles dizem ao “forasteiro” que esperavam que fosse Jesus quem “remisse” a Israel, na verdade, expres­ savam o anseio de libertação política que ainda dominava o imaginário judeu (At 1.6). O “Reino de Deus”, para Israel, significava o Messias, descendente de Davi, reinando perpetuamente sobre todas as nações e os judeus dominando o mundo. Contudo, esse não fora o projeto original de Deus para essa nação (Gn 12.1-3 cf. Êx 19.6). Daí o porquê de suas expectativas irreais terem sido frustradas. Isso também explica o fato de eles não aceitar Jesus como Messias, pois esperavam uma figura mais apresentável do que a de um simples carpinteiro de Nazaré (Is 53.1-12 cf. Mt 13.53-58; Mc 6.1-6). O Reino de Deus já havia chegado, mas eles não per­ ceberam e não puderam recepcioná-lo, pois esperavam algo diferente (Lc 10.8-24). ►2.2 - Inobservável e não localizável, mas real. Apesar de o Reino de Deus não ser ainda observável e nem localizável, já é uma realidade. Como já foi mencionado, ao ser inquirido pelos fariseus acerca do fato de o Reino de | Discipulando Professor 1 |


prosseguem vencendo as dificuldades, pois o Mestre deu-nos o Consolador para estar ao nosso lado, ajudando-nos a viver a realidade do governo divino (Jo 14.16,26; 15.26; 16.7).

y AUXÍLIO DIDÁTICO 2 A respeito das passagens citadas no final do auxílio didático 1, o Dicionário do Novo Testamento da Bíblia de Estudo Palavras-Cha­ ve, diz que os “judeus [...] geralmente davam a estas profecias um significado temporal e esperavam um Messias que viria nas nuvens dos céus. Como rei do povo judeu, esperava-se ter chegado, Jesus respondeu-lhes: “O Reino que ele restaurasse a antiga religião e o antigo de Deus não vem com aparência exterior. Nem culto judaico, reformasse a moral corrompida dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o do povo, fazer expiação pelos pecados, trazer Reino de Deus está entre vós” (Lc 17.20,21). A a liberdade do jugo do domínio estrangeiro e, despeito de os judeus não perceber, o Reino de finalmente, reinar sobre toda a terra em paz Deus já estava entre eles na pessoa de Jesus e glória” (Bíblia de Estudo Palavras-Cha­ Cristo e, posteriormente, através dos que aco­ ve Hebraico e Grego. 4.ed. Rio de Janeiro: lheram a Palavra do Evangelho (Mt 10.7; 13.38). CPAD, 2011, p.2110). No mesmo material, é Mas que se entenda, nessa perspectiva, não é informado que o “conceito do reino no Antigo a etnia que define quem faz parte do Reino, e Testamento é, em parte, cumprido nas pági­ sim a aceitação, pela fé, do reinado de Deus nas neotestamentárias”. Tal informação tem sobre a sua vida (Gl 3.6-14). como base o fato de que todos aqueles que ► 2.3 - Reino ou reinado de Deus? Assim acolheram a mensagem do Evangelho já estão que, por esse aspecto, parece ser mais apro­ sob o “reinado de Deus”, e acrescenta que tal priado se falar em “reinado de Deus” em lugar “reino espiritual apresenta tanto um formato interior, quanto um exterior". Na seqüência, é de “ Reino de Deus”, pois não se trata de uma realidade geográfica e localizada, mas atuante explicado que em sua “forma interior, ele já existe e governa o coração de todos os cristãos a partir do coração, ou seja, da inferioridade daqueles que acolheram a mensagem do e, portanto, já está presente. Na sua forma exterior, ele, simultaneamente, reveste a igreja Evangelho (Lc 17.20,21). O estilo de vida dos visível e a invisível e, dessa forma, está presente que são orientados pela ética do Reino de e é progressivo; ou deve ser aperfeiçoado na Deus tem como fundamento a obediência e a vinda do Filho do Homem, o qual virá julgar voluntariedade de Cristo (Jo 3.16 cf. 1 Jo 3.16). e reinar em glória e bem-aventurança. Este é Assim, a desobediência do primeiro casal, o cumprimento definitivo do reino de Deus a acaba encontrando, naqueles que abraçaram ocorrer no futuro” (Ibid.). a possibilidade de se viver instruído por Deus, um contraste perfeito sendo, igualmente, uma forma de “acertar as contas” com as nossas 3. O REINO DE DEUS SE origens. Apesar das dificuldades que enfren­ COMPLETARÁ NO FUTURO tamos nesse mundo caído para viver à luz da ética do Reino ensinada pelo Senhor Jesus ►3.1 - Israel. A despeito de Israel ter rejeitado Cristo, cumprindo assim o novo mandamento o seu Messias, a Bíblia é clara ao instruir-nos acerca do fato de que tudo o que foi prometido do Mestre (Jo 13.34), os cidadãos do Reino

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pelo Criador a esse povo, no momento certo, se cumprirá (Mt 23.34-39; 1 Pe 2.4,7,8). Haverá um cumprimento, em termos de Reino de Deus, para o povo escolhido, entretanto, não será na perspectiva política que eles ansiavam, mas na que Deus prometeu a Abraão (Is 11.1-16; Rm 9.1-11.32). ►3.2 - A Igreja. As pessoas que não são descendentes dos judeus são consideradas “gentias”, isto é, “as gentes”, pois não têm a lei. A estas, os judeus deveriam ter sido exemplo e, seu estilo de vida, um incentivo para que eles quisessem se tornar igualmente servos do Deus Altíssimo (Dt 4.5-8). Lamentavelmente, conforme denuncia o apóstolo Paulo, a decadência do povo escolhido chegou ao limite, pois, conforme disse dos judeus em Romanos 2.24, “o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós” (cf. Is 52.5). É nesse contexto que o apóstolo João informa que apesar de Jesus ter vindo para os judeus, eles o rejeitaram, todavia, aos que acolheram a mensagem do Evangelho, independentemente de serem, ou não, judeus, Ele “deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus” (Jo 1.12,13). Contudo, é preciso ter muito claro o fato de que há um propósito em Deus chamar-nos. Fomos chamados para realizar o trabalho que Israel não realizou, qual seja, sinalizar, com nosso estilo de vida, 0 que significa viver, num mundo caído, sob o reinado de Deus e o governo divino (Mt 21.43; 1 Pe 2.9,10). ►3.3 - O mundo. Uma vez que a própria natureza foi afetada pelo pecado (Gn 3.17,18), Paulo diz que até mesmo ela aguarda a redenção, ou seja, a libertação (Rm 8.18-22). A Palavra de Deus informa-nos acerca de um tempo em que o Reino de Deus será uma realidade completa e então haverá a mesma harmonia que existira no Éden entre Criador e criaturas e destas entre si (Is 11.1-16). Esse tempo marcará a plenitude do Reino de Deus, pois a Terra será perfeita e cheia do conhecimento do Criador, sem necessidade alguma de que alguém ensine a outrem sobre Ele (Jr 31.34; Dn 2.34,35).

^ AUXÍLIO DIDÁTICO 3 Este último tópico pode ser dedicado para esclarecer que, biblicamente falando, tais aspectos do Reino de Deus (interior e exterior) nem sempre são distinguidos. “A expressão normalmente engloba tanto o reino interior, quanto o exterior e se refere tanto ao seu co­ meço neste mundo, quanto à sua consumação no mundo por vir. Por isso, nas páginas neotestamentárias encontramo-la referindo-se ao seu sentido temporal a ela atribuído pelos judeus e pelos apóstolos no período que antecedeu ao Pentecoste (Mt 18.1; 20.21; Lc 17.20; 19.11; At 1.6); no sentido cristão, conforme anunciado por João, no qual, talvez, ainda persistisse algo da percepção judaica (Mt 3.2 [cf. Lc 23.51]); como anunciado por Jesus e por outros (Mt 4.17,23; 9.23; 10.7; Mc 1.14,15; Lc 10.9,11; At 28.31); no sentido espiritual interior (Mt 6.33; Mc 10.15; Lc 17.21; 18.17; Jo 3.3,5; Rm 14.17; 1 Co 4.20); no sentido externo i.e., conforme a incorporação na igreja visível e na expansão universal do Evangelho (Mt 6.10; 12.28; 13.24,31,33,44,47; 16.28; Mc 4.30; 11.10; Lc 13.18,20; At 19.8); como aperfeiçoado no mundo futuro (Mt 13.43; 16.19; 26.29; Mc 14.25; Lv 22.29,30; 2 Pe 1.11; Ap 12.10). Nesta última visão ele denota, especialmente, a bem-aventurança dos céus que deve ser gozada no reino do Redentor, i.e., a vida eterna (Mt 8.11; 26.34; Mc 9.47; Lc 13.28,29; At 14.22; 1 Co 6.9,10; 15.50; Gl 5.21; Ef 5.5; 2 Ts 1.5; 2 Tm 4.18; Hb 12.28; Tg 2.5). O reino, quando descrito em termos gerais (Mt 5.19). Em Mateus 8.12, a expressão ‘os filhos do reino’ (tradução do autor) significa os judeus que ensinavam que o reino do Messias destinava-se somente a eles, e que isto se daria somente por ancestralidade, pois eles eram o povo que alegava a fé no Deus de Abraão e tinham o direito de serem chamados de filhos do reino (Jo 8.33,37,39). Entretanto, a expressão ‘os filhos do reino’ encontrada em Mateus 13.38 refere-se aos verdadeiros cida­ dãos do reino de Deus. Veja também Mt 11.11,12; 13.11,19,44,45,52; 18.4,23; 19.12,24; 20.1. Referindo-se também, geralmente, aos privilégios e recompensas do reino divino, tanto aqui como na vida futura (Mt 5.3,10,20; 7.21; 18.3; Cl 1.13; 1 Ts 2.12)” (Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. 4.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2011, pp.2110-111). | Discipulando Professor 1 |

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CONCLUSÃO Os reinos desse mundo são temporais, passageiros e dependem das circunstâncias para subsistir (Lc 14.31,32). O reinado de Deus, já é uma realidade na vida de todos aqueles que acolheram a mensagem do Evangelho. Já a plenitude do Reino de Deus, será uma realidade definitiva quando o Senhor Jesus voltar a essa Terra. Enquanto isso não acon­ tece, vivamos de forma digna de cidadãos do Reino do céu (S115).

APROFUNDANDO-SE Dá-se o nome de “teologia da substituição” à ideia de que a Igreja é o novo Israel. A fim de advertir-nos acerca do perigo que se verifica na falta de entendimento desse conceito que, inclusive acometeu Israel, foi que o apóstolo Paulo disse: “ Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que te não poupe a ti também” (Rm 11.21).

porém, pela mesma Palavra, somos informados que ele ainda será consumado. 3 . Apesar de inobservável, como o Reino de Deus pode ser real? R. A despeito de os judeus não perce­ berem, o Reino de Deus já estava entre eles na pessoa de Jesus Cristo e, posteriormente, através dos que acolheram a Palavra do Evan­ gelho (Mt 10.7; 13.38). Daí o porquê do fato de ele já ser real. 4 . É mais apropriado falar de “Reino de Deus” ou “reinado de Deus”? Explique. R. Por esse aspecto, parece ser mais apropriado se falar em “reinado de Deus” em lugar de “ Reino de Deus” , pois não se trata de uma realidade geográfica e localizada, mas atuante a partir do coração, ou seja, da inferio­ ridade daqueles que acolheram a mensagem do Evangelho (Lc 17.20,21).

5 . Como o Reino de Deus será uma realidade completa para o mundo? R. Uma vez que a própria natureza foi afetada pelo pecado (Gn 3.17,18), Paulo diz que até mesmo ela aguarda a redenção, ou seja, a libertação (Rm 8.18-22). A Palavra de Deus VERIFIQUE SEU informa-nos acerca de um tempo em que o Reino de Deus será uma realidade completa e então haverá a mesma harmonia que existira I . Como é possível falar da “natureza” do no Éden entre Criador e criaturas e destas Reino de Deus se ele não foi definido? entre si (Is 11.1-16). R. Apesar de sabermos que o Reino de Deus é mencionado sem nos ser definido, é possí­ vel falar de sua “essência” e/ou “propriedade característica”, ou seja, de sua “natureza”, a partir do que Jesus ensinou acerca do início desse novo tempo. ►Que Israel não conta a passagem do tempo

APRENDIZADO

2 . Explique como é possível o Reino de Deus ser temporal e eterno, material e espiritual, presente e futuro. R. Uma vez que o Reino iniciou-se, mas ainda não completamente, ele então possui essas dimensões ou manifestações, pois sabe­ mos pela Palavra de Deus que ele já teve início,

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como nós, isto é, não há “a.C.” (antes de Cristo) e “d.C.” (depois de Cristo). Uma vez que eles não aceitaram Jesus como Messias, ainda não chegou o novo tempo para o povo escolhido. Por isso, em Israel, vive-se o ano 5775.


Data / ___ /

Morte de Jesus a

TEXTO BÍBLICO BASE Marcos 15.33-40 33 - E, chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra até à hora nona 34 - E, à hora nona, Jesus exclamou com grande voz, dizendo: Eloí, Eloí, lemá sabactâni? Isso, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? 35 - E alguns dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Bs que chama por Elias. 36 -E um deles correu a embeber uma esponja em vinagre e, pondo-a numa cana, deu-lho a beber, dizendo: Deixai, vejamos se virá Elias tirá-lo.

MEDITAÇÃO “E eu, quando for levantado da terra, to­ dos atrairei a mim. E dizia isso significando de que morte havia de morrer. Respondeu-lhe a multidão: Nós temos ouvido da lei que o Cristo permanece para sempre, e como dizes tu que convém que o Filho do Homem seja levantado? Quem é esse Filho do Homem?” (Jo 12.32-34).

REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA

37 - E Jesus, dando um grande brado, expirou.

►SEGUNDA - Deuteronômio 18.15-19

38 -Eovéudotemploserasgouemdois,dealto a baixo.

►TERÇA - Isaías 53.1-12

39 - E o centurião que estava defronte dele, vendo que assim clamando expirara, disse: Verdadei­ ramente, este homem era o Filho de Deus. 40 - E também ali estavam algumas mulheres, olhando de longe, entre as quais também Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, o menor, e de José, e Salomé,

►QUARTA - Lucas 2.34,35 ►QUINTA-João 12.20-36 ►SEXTA - 1 Corintios 1.18 ►SÁBADO-Efésios 2.11-22

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ORIENTAÇÃO AO

PROFESSOR INTERAGINDO COM O ALUNO A presente lição trata da morte do nosso Salvador, Jesus Cristo. Incompreendida pelos gregos e escândalo para os judeus, a morte do Filho de Deus delineia-se como um dos acontecimentos mais paradoxais da história. A grandeza revelada na fraqueza, a inocência de­ monstrada na execução arbitrária e o abrir mão do poder para sofrer os danos de um processo desonesto e injusto. Essas são apenas algumas das questões difíceis de ser compreendidas por qualquer pessoa que analise o fato sem a visão do propósito divino. Lamentavelmente, a morte do Senhor Jesus tem sido banalizada em mui­ tas pregações atuais, ora servindo a objetivos que nada têm com os revelados na Bíblia, ora esquecida das mensagens, pois a autoajuda, in­ felizmente, vem tomando o espaço da pregação escriturística. É preciso resgatar a mensagem da cruz, tal como nos apresenta a Bíblia, tanto nos hinos, pregações como nas aulas e demais momentos de ensino.

OBJETIVOS Sua aula deverá alcançar os se­ guintes objetivos: ►Explicar a necessidade da morte de Cristo; ►Esclarecer o significado da “mensagem da cruz”; ►Traduzir o valor do sacrifício de Cristo no processo da redenção de todas as coisas e, principalmente, da humanidade.

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PROPOSTA PEDAGÓGICA No mundo antigo, e também em nosso próprio mundo, o poder sempre foi algo am­ bicionado. As pessoas querem ter a sensação de que dominam e mandam. Em se tratando de liderança espera-se, por exemplo, que o líder seja alguém que ofereça segurança aos seus liderados, dando-lhes plena certeza de que tudo correrá bem, e que todos os percalços serão administrados. Até aqui, tudo bem. As dúvidas surgem a partir do momento em que passamos a pensar da seguinte forma: E se a missão desse líder for justamente realizar aquilo que normalmente é encarado como derrota? E se a lógica dessa liderança não for a mesma do mundo corporativo e empresarial? Bem, nesse caso será preciso entender tal perspectiva para só então poder avaliá-la. Essa é tarefa dessa aula. Levar os alunos a refletir acerca do fato de que a lógica divina é contrária à humana, logo, a compreensão do milagre da encarnação, e também da morte, do Senhor só pode ser motivo de alegria a partir de uma visão do Reino. Questione-os assim: Como padecer tendo condição de evitar? Como apre­ sentar-se como servo quando se é Deus? Como submeter-se aos mortais cuja vida foi dada por você mesmo? Como permitir que alguém exerça autoridade sobre a sua vida, quando o poder ostentado pela pessoa foi dado por você


mesmo? É exatamente assim que Jesus agiu em relação às pessoas de sua época. Sendo rico, se fez pobre. Tendo todo o poder, não o exerceu, mas sofreu como um ser humano sem prerrogativa alguma. Preso e entregue às auto­ ridades romanas pelos próprios judeus, Ele não apenas padeceu de forma horrenda, mas ainda intercedeu ao Pai que perdoasse as pessoas que o maltrataram e humilharam.

COMENTÁRIO | INTRODUÇÃO “A lógica humana não compreende as coisas de Deus”. Esse ditado possui grande similaridade com o texto de 1 Coríntios 2.14 que diz: “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”. Sem dúvida alguma a morte de Jesus enquadra-se nessa perspectiva. Esperado com pompa nasceu em meio à simplicidade. Aguardado como rei nos moldes dos grandes soberanos do mundo antigo, manifestou-se como filho de um humilde carpinteiro de Nazaré. Pensado como imortal, apresentou-se como um ser humano comum, sujeito a todas as agruras da humanidade, tendo uma das mortes mais dolorosas e hu­ milhantes do mundo antigo. Como entender tal personagem como a mais importante e central

a A lógica humana não compreende as coisas de Deus.

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de todo o universo? Realmente é difícil para a mentalidade humana “natural” ou racionalista. Essa é a nossa aula de hoje.

1. A NECESSIDADE DA MORTE DE CRISTO ►1.1 - Com o pecado, veio a morte. A morte é conseqüência direta do pecado (Rm 6.23). Quando o Criador advertiu ao casal progenitor, Ele disse que no dia em que eles desobedecessem, morreriam (Gn 2.17). Como se sabe, eles não “morreram” no dia em que comeram, mas além da separação e da barreira colocadas entre si e também em relação ao Criador, passaram, gradativamente, a decair, culminando na morte física. ►1.2 - A ruptura entre Deus e a humani­ dade. Como o nosso primeiro representante decidiu desobedecer ao Criador, trazendo com esse ato de rebelião a morte, houve uma ruptura radical entre Deus e a humanidade (Is 59.2; Rm 5.12,17). Tal separação marcou a trajetória humana até o nascimento de Jesus que, ao encarnar-se, inaugura um novo tempo (Jo 1.11-13,17; Hb 10.19-23). Enquanto o Filho de Deus não vinha, o Criador oferecera várias possibilidades de arrependimento aos seres humanos (Hb 1.1-3). ►1.3 - A restauração entre Deus e a hu­ manidade. Conforme a epístola aos Hebreus | Discipulando Professor 1 |

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informa, “quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derrama­ mento de sangue não há remissão” (Hb 9.22). Como o sistema legislativo do Antigo Testa­ mento estipulava que era necessário expiar os pecados através de sacrifícios de animais

AUXILIO DIDÁTICO 1

“O estudo da obra salvífica de Cristo deve começar pelo Antigo Testamento, onde descobrimos, nas ações e palavras divinas, a natureza redentora de Deus. Descobrimos tipos e predições específicos daquEle que estava para vir e do que Ele estava para fazer. Parte de nossas descobertas provém da terminologia empregada no Antigo Tes­ tamento para descrever a salvação, tanto a natural quanto a espiritual” (PECOTA, Daniel B. A “Obra Salvífica de Cristo”. In HORTON, Stanley M. (Ed.). Teologia Sistemática. Uma perspectiva pentecostat. 1.ed. Rio de Janei­ ro: CPAD, 1996, p.335). O mesmo autor diz que todo “relacionamento interrompido clama por reconciliação. O Novo Testamento ensina com clareza que a obra salvífica de Cristo é um trabalho de reconciliação. Pela sua morte, Ele removeu todas as barreiras entre Deus e nós” (Ibid., p.355).

(Hb 8.1—10.18), e posteriormente se concluiu

2. O SIGNIFICADO DA CRUZ

que tais sacrifícios nada mudavam em termos

►2.1 - A palavra da cruz é loucura e, ao mesmo tempo, poder. É interessante pensar acerca do fato de que o sacrifício de Jesus na cruz reúne, em si, o extremo dos sentimentos. O apóstolo Paulo afirma que “a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus” (1 Co 1.18). Loucura era um dos diagnósticos mais sombrios da antiguidade, pois tirava a pessoa do convívio da família, submetendo-a a um estilo de vida extremamente precário e sofrido. Contrariamente, o poder, desde sem­ pre foi, e ainda o é, um dos maiores desejos da frágil humanidade. O paradoxo da cruz é que ela, instrumento de execução, torna-se, na perspectiva divina, e dos que acolheram a palavra do Evangelho, uma manifestação do “poder de Deus” (1 Co 1.27-31).

de condição diante de Deus (e muito menos do pecador em termos de arrependimento), houve a necessidade de um sacrifício único e definitivo (Rm 5.8-11; Hb 7.18,19; 10.12). Esse foi o cumprimento total da lei a que Jesus se referira, dizendo que “até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido” (Mt 5.18). Deus oferecera o sistema e somente Ele po­ dia encerrá-lo (Jo 1.17; Hb 10.19-23). De igual forma, o pecado entrou no mundo através de um homem e somente um novo representante da humanidade poderia vencê-lo (Rm 5.12-21). Dessa forma vemos claramente a atuação de Deus e da humanidade em uma única pessoa. Deus executando, em Jesus, a justiça que cobrara e, ao mesmo tempo, mostrando à humanidade, igualmente em seu Filho, que era possível resistir ao pecado deixando de fazer a própria vontade para fazer a do Pai (Mt 3.15; Jo 6.38).

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►2.2 - Escândalo para os judeus. Em uma de suas mensagens, ao falar de sua morte e de como ela se daria, Jesus foi interpelado pela sua audiência com a seguinte objeção: “ Nós


temos ouvido da lei que o Cristo permanece para sempre, e como dizes tu que convém que o Filho do Homem seja levantado? Quem é esse Filho do Homem?” (Jo 12.34). Como já foi dito em lições anteriores, o grave problema dos judeus era alimentar uma expectativa irreal acerca do Cristo ou Messias. Enquanto eles esperavam um rei político que reconstruísse o templo e restabelecesse o culto judaico, o Enviado de Deus encerraria tal sistema ofe­ recendo-se, Ele próprio, como sacrifício (Hb 7.22-28; 9.23-28; 10.11-18). Além disso, havia também uma cláusula gravíssima, na lei, para quem fosse executado com morte de cruz (Gl 3.13). Daí o porquê de o judeu achar a pregação da cruz um escândalo (1 Co 1.23).

^ AUXÍLIO DIDÁTICO 2 “A mensagem da cruz tem um efeito du­ plo nos ouvintes. Para aqueles que a aceitam, significa salvação; para aqueles que a rejeitam, significa destruição. Não existe nenhum meio termo; uma pessoa é salva ou não. Paulo fala com mais precisão daqueles que ‘perecem’ e dos ‘salvos’. A salvação não é experimentada em sua plenitude nesta vida, nem a destruição

ií O paradoxo da cruz é que ela, instrumento de execução, torna-se, na perspectiva divina e dos que acolheram a palavra do Evangelho, uma manifestação do ‘poder de Deus’. J5

► 2.3 - Loucura para os gregos. Como é do conhecimento de todos, os gregos supervalorizavam o conhecimento e a filosofia. Quem nunca ouviu falar da retórica grega destilada através de uma oratória impecável? Assim se formavam as escolas de filosofia. Quanto mais poderoso, eloqüente, persuasivo e convincente fosse o argumento, mais adeptos se amealhavam para aquela escola. Assim, quando o apóstolo Paulo fala que os “gregos buscam sabedoria” e que, de sua boca eles ouviriam apenas a pregação acerca de “Cristo crucificado”, na verdade, ele está revelando que se recusa a fazer um discurso cuja fé das pessoas se apoiem em sua oratória e não no Evangelho (1 Co 1.22,23 cf. 2.1-5). O que os gregos achavam loucura, explica-se pelo fato de que, na mitologia grega, os humanos foram alçados à condição de divindades, sendo os chamados semideuses. Uma mistura híbrida que resultara em um ser imortal. Falar de um Deus que deixa a condição de imortalidade submetendo-se a mortalidade é algo que eqüivale a loucura para a mente racionalista grega. Além do mais, para algumas correntes da filosofia grega, o corpo era por si mesmo, algo ruim e, portanto, a prisão da alma. Logo, não havia nenhum sentido em um Deus tornarse um ser humano.

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espiritual é irreversível nesta vida. Existe um aspecto escatológico para cada situação; tanto a salvação quanto o julgamento têm aspectos presentes e futuros” (PALMA, Anthony. “ 1 Coríntios” . In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.937). Anthony Palma diz ainda que para “os judeus e gregos, a mensagem era ‘loucura’ (v.18). Era loucura para os gregos incrédulos porque não coincidiu com sua noção de sabedoria. Era debilidade e uma pedra de tropeço para os judeus incrédulos porque não coincidiu com sua noção de poder. Para um judeu, um Messias crucificado era uma contradição de termos, pelo fato de alguém ser pendurado ou crucificado indicar a maldição de Deus sobre si (Gl 3.13; cf. Dt 21.23)” (Ibid.).

3. NA MORTE DE CRISTO, NOSSA REDENÇÃO ►3.1 - Livres da tentação de querermos nos autossalvar. Todos os sistemas religiosos baseiam-se na premissa de que precisamos fazer alguma coisa para merecermos a salvação. O sacrifício do Filho de Deus livra-nos dessa ten­ tação, pois somos salvos pela graça de Deus, pelo dom imerecido do Pai que, através de Jesus Cristo, cumpriu todas as exigências do sistema sacrifical, garantindo-nos salvação (Ef 2.8). Pelo lado da lei Ele “cumpriu toda a justiça” (Mt 3.1315). Pelo lado humano, Ele em tudo foi tentado, porém, não pecou, demonstrando que o casal progenitor poderia ter resistido à tentação a que foram submetidos (Hb 2.14-18; 4.14-16; Mt 4.1). ►3.2 - Livres da tentação de queremos ser “deus”. O grande pecado da humanidade sempre foi querer ser como Deus. No Éden, a proposta foi exatamente essa: “sereis como Deus” (Gn 3.5). Após pecar, a humanidade embruteceu, perdendo a sensibilidade humana. Tal sensibilidade é novamente demonstrada em Jesus que, sendo perseguido, traído e mesmo morto, continuou amando e não se desumanizou revidando na mesma moeda (Mt 5.38-47; Lc 23.34). É por isso que o Senhor ensina-nos

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a sermos “perfeitos, como é perfeito o [nosso] Pai, que está nos céus” (Mt 5.48). Ser santo, não significa tornar-se um deus, mas justamente o contrário, é vivermos na condição humana, da forma como o Criador projetou-nos para que fôssemos (Cl 3.1-17). Tal padrão não se encontra na figura do primeiro Adão, e sim na do Último, que findara perfeito (Ef 4.13). > 3.3 - Livres da tentação de acharmos que somos bons. Desde a completa degeneração antidíluviana (Gn 6.5,6,11,12), verificamos que a humanidade não consegue produzir a boa vida e, consequentemente, ser boa. Há em nossa natureza uma propensão natural para a prática do mal. E isso a tal ponto, que o apóstolo Paulo chega a dizer que o bem que ele desejava fazer não conseguia, mas o mal que intentava evitar era uma constante em sua vida (Rm 7.18-20). Nisso mais uma vez vemos a graça de Deus, pois a despeito de sermos assim, Ele nos salvou sem que praticássemos o bem, ou mesmo fôssemos bons (Rm 5.8). Assim, a bondade deve fluir de nossa vida como resultado de termos acolhido a palavra do Evangelho e de sermos imitadores de Cristo (Ef 5.1; Fp 2.5-11).

^ AUXÍLIO DIDÁTICO 3 Anthony Palma explica o que significa dizer que Cristo é a nossa “redenção”, mostrando que esta envolve duas ideias: “ser liberto de algo e o preço pago por esta liberdade”. Assim, quando o apóstolo Paulo escreve em 1 Coríntios (6.20; 7.23) que os crentes foram “comprados por bom preço” , Palma esclarece que tal “aspecto da libertação ou liberdade remonta à libertação de Israel da escravidão egípcia; lembra também a provisão do Antigo Testamento para a alforria de escravos. Paulo faz alusão a essas verdades em Gálatas 4.3-7, quando lembra aos crentes que outrora estavam em escravidão, mas agora foram redimidos, de forma que não são mais escravos, mas filhos de Deus. A imagem trazida à mente é de uma feira em uma cidade da antiguidade, onde os escravos eram frequentemente vendidos em leilões” (PALMA, Anthony. "1 Coríntios”. In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.939).


CONCLUSÃO A morte de Jesus Cristo, diferentemente da imagem derrotista que alimentamos acerca dos que sucumbem na batalha, não foi fruto de fraqueza. Ao contrário, Ele morreu porque voluntariamente deu a sua vida e também autoridade para que alguém o executasse (Jo 10.11,17,18; 19.9-11). Longe de uma derrota, foi a maior vitória que alguém já obteve, pois repre­ sentou o cumprimento irrestrito de um caminho que todos os seres humanos fazem de forma imperfeita; Jesus nasceu, cresceu, desenvolveu e morreu, sem nunca ter desobedecido ao Pai. Ele venceu e, como a nossa fé apoia-se nEle, podemos descansar na confiança de que a cruz é suficiente para proporcionar-nos salvação (Jo 16.33).

APROFUNDANDO-SE Como não havia motivo para os sacerdotes executar Jesus Cristo, eles então plantaram várias mentiras para justificar sua morte. Nesse aspecto, pode-se dizer que não foram os romanos que mataram o Mestre, e sim os seus próprios irmãos. Os romanos, nesse caso, apenas executaram. Por que será que os líderes religiosos de Israel tinham tanta raiva do Filho de Deus? Se Ele apenas fez o bem e curou o povo de suas moléstias, o que justifica sua morte? A leitura de alguns textos bíblicos nos dá uma pista (Mt 27.18; Mc 15.10; Jo 11.48).

de condição diante de Deus (e muito menos do pecador em termos de arrependimento), houve a necessidade de um sacrifício único e definitivo (Rm 5.8-11; Hb 7.18,19; 10.12).

2

. Como é possível a cruz ser, ao mesmo tempo, o poder de Deus para alguns e loucura para outros? R. Depende da perspectiva com que se vê a cruz. O apóstolo Paulo afirma que “a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus” (1 Co 1.18). 3 . Fale sobre a visão do grego acerca da pa­ lavra da cruz ser loucura. R. Apesar de a resposta ser pessoal, é preciso que o aluno entenda o fato de o grego avaliar a sabedoria e vê-la com características muito distintas das da mensagem da cruz. 4 . A morte de Jesus, entre outras coisas, nos livra de três grandes tentações. Cite-as. R. A tentação de querermos nos autossalvar, a tentação de queremos ser “deus” e a tentação de acharmos que somos bons. \ 5 . Das três tentações do último tópico, com qual delas você mais se identificava antes de acolher a palavra do Evangelho? R. Resposta pessoal. Diga ao aluno que ele deve cuidar-se, pois a tentação de voltarmos a ser o que já fomos é sempre uma constante.

VERIFIQUE SEU

APRENDIZADO I . Por que Jesus teve de morrer? R. Como o sistema legislativo do Antigo Testamento estipulava que era necessário expiar os pecados através de sacrifícios de animais (Hb 8.1—10.18), e posteriormente se concluiu que tais sacrifícios nada mudavam em termos

►Que, segundo a tradição, o apóstolo Pedro, aquele mesmo que negara Jesus, foi crucificado, por opção sua, de cabeça para baixo? É que, segundo alegou, ele não merecia morrer, ou não se achava digno, na mesma posição que o seu Salvador.

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TEXTO BÍBLICO BASE

MEDITAÇÃO

Lucas 24.36-43

“E, oito dias depois, estavam outra vez os seus discípulos dentro, e, com eles, Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja con­ vosco! Depois, disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente. Tomé respondeu e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram!” (Jo 20.26-29).

36 - E, falando ele dessas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no meio deles e disselhes: Paz seja convosco. 37 - E eles, espantados e atemorizados, pen­ savam que viam algum espírito. 38 - E ele lhes disse: Por que estais perturba­ dos, e por que sobem tais pensamentos ao vosso coração? 39 - Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; tocai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. 40 - E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. 41 - E, não o crendo eles ainda por causa da alegria e estando maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que comer?

REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA ►SEGUNDA-Jó 14.14 ►TERÇA-Daniel 12.2 ►QUARTA - Isaías 26.14,19 ►QUINTA - Oseias 6.2

42 - Então, eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado e um favo de mel,

►SEXTA-Mateus 16.21-23

4 3 - o que ele tomou e comeu diante deles.

►SÁBADO - 1 Coríntios 15.19

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ORIENTAÇÃO AO

PROFESSOR INTERAGINDO COM O ALUNO A presente lição fala da maior esperança do crente: a ressurreição de Jesus Cristo. É esperança porque só podemos antevê-la pela fé. Dificuldades para crer na ressurreição não é novidade alguma, pois ainda nos dias em que aconteceu, Tomé, um dos Doze, não acreditou que isso fosse possível (Jo 20.26-29). Conforme o Mestre disse ao duvidoso apóstolo, felizes os que creem sem a exigência de ver. Essa deve ser a nossa mensagem. Jamais devemos con­ dicionar a fé a provas, pois estas nem sempre poderão ser apresentadas e, se tal critério for adotado, possivelmente muitas pessoas se decepcionarão. Isso não significa acreditar em tudo que ouvimos por aí, porém, existem assuntos que são fundamentais e, dentre esses, a ressurreição é o principal. Toda a esperança de quem acolheu a mensagem do Evangelho consiste no fato de que, um dia, o Senhor ressuscitará a todos aqueles que nEle creem e acabará com a morte. A prova dessa verdade é que Ele ressuscitou o Senhor Jesus Cristo.

OBJETIVOS Sua aula deverá alcançar os se­ guintes objetivos: ►Reafirmar a verdade bíblica da ressurreição de Cristo como certeza da nossa esperança; ►Relatar as aparições do Senhor ressurreto e explicar o porquê delas; ►Demonstrar a relevância da ressurreição como a maior promessa do Evangelho.

PROPOSTA PEDAGÓGICA Mesmo com todo o avanço científico, nosso conhecimento acerca da realidade ainda é limitado. A ciência não é uma entidade que existe à parte das pessoas. Ela desenvolve-se gradual e lentamente, de acordo com a rea­ lização de novas pesquisas e estudos. Para isso, não pode conformar-se com o que já descobriu, antes, precisa questionar o que foi descoberto e assim descobre erros que antes não percebia. Por isso, é enganosa a ideia de que todas as coisas precisam de “aprovação científica” para ser verdade. Partindo desse princípio, é interessante deixar claro que a ciência não é absoluta. Não obstante, é pre­ ciso ter cuidado com o desprezo pela ciência e também pelo saber, pois apesar de não serem absolutos, ambos são necessários para o desenvolvimento e evolução da realidade. A única questão a ressaltar é que a ciência e o saber são empreendimentos humanos e, portanto, limitados. Tendo esse aspecto firmado, é importan­ te conversar com alunos nos seguintes termos: A ciência pode responder do que o mundo é composto, porém, ela não pode responder o porquê de o mundo existir. Lidando apenas com o que pode ser mensurado e reproduzido, a ciência lida com dificuldade com tudo aquilo Discipulando Professor 1


que escapa do seu domínio, incluindo aí até mesmo o mundo quântico que, como se sabe, é “científico”. Um milagre pode ser provado cientificamente? O que é um milagre? Alguns autores afirmam que um milagre é a quebra momentânea das leis físicas, outras defendem que seria a suspensão dessas mesmas leis e ainda outras defendem que milagre é algo visto assim em nossa realidade, mas não em um mundo perfeito. É por isso que a ressurreição não pode ser analisada e muito menos provada pela perspectiva científica. A única coisa que se pode fazer diante da ressurreição é crer ou duvidar. Qual será a sua escolha?

COMENTÁRIO | INTRODUÇÃO “Eu só acredito vendo” ou “Eu tenho de ver para crer”, são duas expressões comuns utilizadas por alguém que duvida de tudo e que, por isso, geralmente diz ser como “São Tomé”. Apesar de as pessoas que assim falam raramente saberem, Tomé, um dos apóstolos do Senhor, não foi elo­ giado por não acreditar em seus amigos, mas justamente o contrário! O apóstolo João diz que tendo Jesus aparecido aos seus discípulos, o receoso apóstolo não estava presente (Jo 20.1924). Ao relatarem que o Senhor havia estado com eles, Tomé então lhes dissera: “Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei” (Jo 20.25). Uma semana depois, eles estavam no mesmo lugar e, nessa oportunidade, Tomé estava com o grupo. O Senhor Jesus dirige-se a ele e desafia-o: “Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente” (Jo 20.27). Se alguém afirma que precisa ver para crer, então a fé está dispensada, pois o que se vê não necessita de fé, e sim de bom senso. Muito embora, é preciso reconhecer, mesmo vendo, alguns não creem (Mt 28.17; Jo 12.37), pois a indisposição para aceitar nada tem com a factualidade, ou não, de alguma coisa. Temas dos mais importantes da fé é a ressurreição, e este é o assunto do nosso estudo.

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1. JESUS, MODELO DA RESSURREIÇÃO ►1 . 1 - 0 milagre da ressurreição. De­ sesperançados e sem motivação alguma para levar adiante a missão de proclamar a chegada do Reino de Deus, três dias após a morte de Jesus os discípulos voltaram às suas atividades anteriores (Jo 21.3). Como quaisquer pessoas normais, a esperança deles estava na vida. Vivo, Jesus os encorajava a enfrentar as dificuldades estimulando-os a perseverar (Mt 9.2,22; 14.27; Mc 10.49; Lc 8.48; Jo 16.33), “morto”, não ha­ via mais porque continuar acreditando que a realidade poderia mudar (Lc 24.19-21). O fato é que, mesmo não crendo, os próprios “príncipes dos sacerdotes e os fariseus”, reunidos com Pilatos, informaram-lhe, chamando Jesus de “enganador”, que em vida o Mestre dissera que depois de três dias ressuscitaria (Mt 27.62,63). Por isso, solicitaram ao governador romano que os fornecesse um efetivo da guarda romana para que os discípulos não “roubassem” o corpo de Jesus e assim disseminassem a mentira de que Ele ressuscitara (Mt 27.64). Pilatos atendera ao pedido e eles então julgaram que tudo estava seguro (Mt 27.65,66). Contado nos quatro Evangelhos (Mt 28.1-10; Mc 16.1-8; Lc 24.1-12; Jo 20.1-18), o relato da ressurreição contém detalhes que não deixam dúvida acerca de sua historicidade. Um dos exemplos é o próprio fato de haver incredulidade, nos dias imediatamente posteriores ao milagre, por parte dos próprios seguidores do Senhor. Entretanto, apenas como forma de exemplificar a veracidade da ressurreição, podemos tomar a preocupação dos príncipes dos sacerdotes e dos anciãos de Israel em subornar os guardas para mentir acerca do ocorrido (Mt 28.11-15). Ora, se eles estavam dormindo, como podem afirmar com certeza que os discípulos roubaram o corpo do Senhor? E se eles viram os discípulos roubando, porque não impediram? ►1.2 - A incredulidade a respeito da ressurreição. Na lógica racionalista de sem­


pre, não apenas de hoje, a ressurreição é algo impossível de acontecer. Mesmo desenvolvendo o seu ministério durante aproximadamente três anos e meio, período em que ensinara aos seus discípulos que seria tirado fisicamente do meio deles (Mt 16.21-23; Jo 12.32-34), quando tal momento chegara, as reações que eles tiveram evidenciaram que os seguidores do Senhor não estavam preparados para enfrentar tal situação (Mt 26.31; Mc 14.27; Jo 20.19). Além disso, eles demonstraram total desconhecimento bíblico acerca do que fora profetizado sobre o Messias, pois tudo o que aconteceu, estava predito na Palavra de Deus (Mt 21.42; 26.54,56; Mc 14.49; Lc 24.25-27,44-46). Como já amplamente frisado, os discípulos alimentavam expectativas irreais a respeito do Cristo e por isso sentiram-se de­ cepcionados. A dificuldade em aceitar o fato de que o Senhor ressuscitara, não é uma descrença atual, mas algo que se manifestou nas primeiras horas que se seguiram à aparição (Lc 24.13-35). ►1.3 - A realidade da ressurreição. Não foi com um corpo “espiritual” ou holográfico que Jesus se apresentara aos seus discípulos. Na verdade, ao aparecer a eles pela primeira vez, conforme relata Lucas, os discípulos ficaram “espantados e atemorizados, [pois] pensavam que viam algum espírito” (Lc 24.37). O Mestre então lhes respondera: “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; tocai-me e vede, pois um espírito não tem came nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lc 24.39). Em seguida Ele mostrou-lhes as mãos e os pés que, como sabemos, foram furados e traspassados quando de sua crucificação. Para que não restasse dúvida alguma por parte de seus seguidores acerca da “materialidade” do corpo do Mestre, Jesus então solicitara: “Tendes aqui alguma coisa que comer?" (Lc 24.41). Imediatamente, diz Lucas, “eles apresentaram-lhe parte de um peixe assa­ do e um favo de mel, o que ele tomou e comeu diante deles” (Lc 24.41-43). Em outra ocasião, o Senhor aguardara os seus seguidores na beira da praia, e lá eles o encontraram assando peixe (Jo 21.9-15).

^ AUXÍLIO DIDÁTICO 1 “ Para Paulo, a ressurreição de Cristo é a afirmação de Deus de que a morte de Jesus, de fato, pagou a punição pelo pecado. Como ele diz aos coríntios: ‘E, se Cristo não ressus­ citou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados’ (1 Co 15.17). Ele faz esse mesmo ponto, de forma sucinta, quando diz que Cristo ‘por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação’ (Rm 4.25). A ressurreição testifica o fato de que a morte de Jesus tornou possível a absolvição da punição pelo pecado, o livramento do poder do pecado e a completa libertação da presença do peca­ do” (LOWERY, David K. “Teologia das Epístolas Missionárias de Paulo”. In ZUCK, Roy B. (Ed.). Teologia do Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, pp.302-303). O mesmo autor diz que a “ressurreição de Jesus também inicia seu papel como Senhor. Agora, Ele exerce poder à direita de Deus. Paulo refere-se a isso quando diz que Jesus foi 'declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santifi­ cação, pela ressurreição dos mortos, — Jesus Cristo, nosso Senhor’ (1.4). Uma manifestação dessa autoridade é o ministério de Jesus de intercessão em favor dos cristãos, razão pela qual Paulo pode declarar com segurança que ‘agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus’ (8.1). Quando ele, mais adiante nessa passagem, propõe a pergunta retórica: ‘Quem os condenará?’ (8.34a), a resposta implícita é: ‘Ninguém’. Pois como Paulo responde: ‘Pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o | Discipulando Professor 1 |


por si mesmo. Apesar de esta prática não ser recomendável, era uma alternativa à descrença a respeito de isso ter acontecido e não ser fruto de alucinação coletiva.

qual está à direita de Deus, e também intercede por nós’” (Ibid., p.303). Além disso, continua David Lowery, “ Paulo também considera a ressurreição de Cristo como algo que tipifica o que o cristão vivenciará. ‘Mas agora, Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que dormem’ (1 Co 15.20). Em uma linha semelhante, ele escreve aos romanos: ‘E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo também vivificará o vosso corpo mortal, pelo seu Espírito que em vós habita' (Rm 8.11). A ressurreição, portanto, não é tanto uma obra que Cristo tenha realizado, mas é a obra de Deus Pai e do Espírito. Con­ tudo, Paulo considera que a ressurreição está totalmente relacionada com o ministério atual de Jesus e é um aspecto essencial da futura experiência cristã” (Ibidem.).

►2.2 - A mensagem de Jesus no período d a aparição. 0 mesmo texto de Atos 1.3, informa que o teor da mensagem de Jesus nesse período de quarenta dias, consistiu justamente do mesmo conteúdo que Ele pregara durante os três anos e meio. Lucas informa que o Mestre desenvol­ vera um ministério junto aos seus discípulos, “aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias e falando do que respeita ao Reino de Deus”. Mesmo após ter sido brutalmente morto, ressurreto, Jesus continuou falando acerca do projeto divino do Reino de Deus. Continuou servindo ao Pai que o designara a realizar tal missão. Aos discípulos que, mesmo depois de tê-lo ouvido durante todo aquele período, não entenderam o porquê de Ele ter morrido (e tal falta de entendimento, parece ter atingido-os em sua totalidade), o Mestre se dispôs a ensiná-los mais uma vez (Lc 24.27,44,45).

►2.3 - A prioridade de Jesus no período da aparição. Por que Jesus se dispôs a ensinar, por exemplo, Cleopas e outro de seus seguidores que, no caminho para a aldeia de Emaús, falavam dEle de forma decepcionante (Lc 24.13-35)? Por que o Mestre aparecera novamente aos seus apóstolos 2. O PROPÓSITO DAS APARI­ e chamara Tomé para verificar os ferimentos (Jo 20.19-29)? A resposta é simples se não perdermos ÇÕES DO SENHOR de vista o fato de que Ele valorizava pessoas e ► 2 . 1 - 0 período da aparição. Com os não reputações, regras religiosas ou quaisquer exemplos de incredulidade dos discípulos de outras coisas. Sua prioridade, durante o período Jesus relatados nas Escrituras, vê-se o quanto de “vida normal” e, após a ressurreição, mantevefoi importante a permanência do Senhor por se intacta. Seu compromisso era a libertação e quarenta dias entre os seus seguidores (At 1.3). a salvação das pessoas, pois foi para isso que Esse aspecto é mais um ponto crucial da ressur­ o Pai o enviara (Lc 4.43). reição, pois em uma de suas últimas aparições públicas, de acordo com o apóstolo Paulo, “foi ^ AUXÍLIO DIDÁTICO 2 visto por mais de quinhentos irmãos” que, à época em que escrevera a epístola, ainda viviam É importante reforçar o propósito das (1 Co 15.6). O que isso significa? Se alguém aparições do Senhor, pois a ideia era confirmar não conseguisse, por fé, crer na ressurreição, a missão dos discípulos, oferecendo-lhes es­ podia se dirigir a essas pessoas e comprovar perança com o exemplo do Mestre ressurreto.

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Pela demonstração de seu exemplo de que a vida eterna era uma verdade, o Mestre pode então comissioná-los a continuar levando o Evangelho do Reino.

3. O SIGNIFICADO DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO

27.52,53; Lc 7.11-15; 8.41,42,49-55; Jo 11.1-45; At 9.36-42; 20.9,10,12). Essas pessoas, na verdade, não ressuscitaram no sentido pleno da expres­ são, mas apenas voltaram a viver. Ao passo que Jesus Cristo ressuscitou verdadeiramente e não voltará mais a morrer!

► 3.3 - A ressurreição como esperança central do Evangelho. O capítulo 15 da primeira epístola de Paulo aos Coríntios é um verdadeiro tratado acerca do tema da ressurreição. Como gregos que eram, os corintios tinham dificuldade de crer naquilo que eles não encontravam lógica, pois analisavam todas as coisas pelo viés da filosofia. O apóstolo então os instrui claramente e diz algo muito grave que serve, inclusive para nós atualmente: “Ora, se se prega que Cristo res­ suscitou dos mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé” (1 Co 15.12-14). A ressurreição é a esperança ►3.2 - A ressurreição se cumpre em Jesus. central do Evangelho, pois nela se cumpre a O apóstolo Paulo diz em Colossenses 1.18, que vontade do Criador que, momentaneamente, foi Jesus “é o princípio e o primogênito dentre os desfeita pela desobediência e a introdução da mortos, para que em tudo tenha a preeminênmorte no mundo (1 Co 15.24-28,50-57; Ap 21.4). cia”. Tal pensamento já havia sido expresso pelo apóstolo em sua primeira epístola aos Coríntios, ^ AUXÍLIO DIDÁTICO 3 quando tratou acerca da ressurreição: “Mas, “O Evangelho de João afirma de forma explícita agora, Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito que ter ‘vida eterna’ quer dizer ser ressuscitado as primícias dos que dormem. Porque, assim por Jesus Cristo no último dia (Jo 6.40,54; cf. como a morte veio por um homem, também a 6.39,44; 11.24; 12.48). O justo sairá para vivenciar ressurreição dos mortos veio por um homem. a vida eterna (5.29; sentido literal ‘ressurreição da Porque, assim como todos morrem em Adão, vida’; NVI, ‘ressuscitarão para a vida’); o injusto assim também todos serão vivificados em ressuscitará para o julgamento eterno. Assim, o Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo, as verdadeiro sentido do que a maioria das versões primícias; depois, os que são de Cristo, na sua da Bíblia traduz por ‘vida eterna’ é ‘a vida da vinda” (15.20-23). Novamente Paulo fala acerca era por vir’. Isso é consistente com o uso da do tema da representatividade, ou seja, de Adão e expressão em Daniel 12.2 e também de outras Jesus, mostrando um paralelo entre ambos. Adão fontes intertestamentárias (Testamentos de Asher trouxe o pecado, Jesus a salvação. Adão trouxe 5.2; Salmos de Salomão 3.16; 2[4] Esdras 7.12,13; a morte, Jesus, a ressurreição e a vida eterna. 8.52-54). Outrossim, a expressão é encontrada Por que Jesus é colocado como “primogênito com esse sentido em outros escritores do Novo dentre os mortos” e também considerado “as Testamento. Em Marcos 10.17, no debate a primícias dos que dormem”? A resposta é que respeito das condições para entrar no Reino de todas as pessoas que voltaram à vida na história Deus, o jovem rico pergunta: ‘Bom Mestre, que bíblica, acabaram morrendo futuramente em outro farei para herdar a vida eterna?’ [...] Em João tempo (1 Rs 17.17-24; 2 Rs 4.32-37; 13.20,21; Mt 12.25, também podemos ver esse contraste ►3.1 - A ressurreição, uma promessa milenar. Apesar de reconhecer que no mundo antigo não havia quase nenhum conhecimento acerca do destino humano após a morte (Jó 14.1-14; SI 88.1-12), diferentemente do que se pensa, o tema da ressurreição não surge pela primeira vez em o Novo Testamento e sim ainda no Antigo Testamento. O profeta Daniel fala acer­ ca desse assunto pela primeira vez: “E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna e outros para vergonha e desprezo eterno” (12.2). Na realidade, Daniel está profetizando acerca de um tempo futuro em que o Criador ressuscitará a todos para um julgamento final (Ap 20.11-15).

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entre a vida presente e a vida do mundo por vir: ‘Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem, neste mundo, aborrece a sua vida, guardá-la-á para vida eterna”’ (HARRIS, W. Hall. “Teologia dos Escritos Joaninos”. In ZUCK, Roy B. (Ed.). Teologia do Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, pp.256-57).

CONCLUSÃO A palavra de Jesus a Tomé desencoraja qual­ quer tentativa de “provar” que Ele ressuscitara: “Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram!” (Jo 20.29). Em outras palavras, não se deve querer ver para crer, mas justamente o contrário, só se pode crer se não exigirmos ver! A nossa felicidade consiste exatamente no fato de que cremos sem que tenhamos contemplado.

APROFUNDANDO-SE A ordem de Jesus a que os seus discípulos pregassem o Evangelho por todo o mundo, e não apenas aos judeus como dá a impressão de ter sido ordenado por Ele em vida, com exceção do texto de Marcos 13.10, parece ter acontecido apenas após a ressurreição (Mt 28.16-20; Mc 16.9-20; Lc 24.44-49; At 1.1-8). Por quê? Se a ideia era produzir esperança, e o Mestre não ressuscitasse, como seria possível acreditar que o projeto de Deus para a humanidade não se acabara?

SUGESTÃO DE LEITURA

VERIFIQUE SEU

APRENDIZADO

1. Por que a ressurreição é uma questão de fé? R. Porque na lógica racionalista de sempre, não apenas de hoje, a ressurreição é algo impos­ sível de acontecer. 2 . O corpo ressurreto de Jesus era material ou “espiritual”? R. Não é possível dizer que o corpo do Senhor era apenas material, porém, sabemos que ele não era um corpo espiritual.

3

■ Por que Jesus apareceu por quarenta dias após ter ressuscitado? R. Para que seus discípulos não perdessem a fé.

4

■ Explique o motivo de Jesus ser o “primo­ gênito” dos ressuscitados. R. A resposta é que todas as pessoas que voltaram à vida na história bíblica acabaram morrendo futuramente em outro tempo (1 Rs 17.17-24; 2 Rs 4.32-37; 13.20,21; Mt 27.52,53; Lc 7.11-15; 8.41,42,49-55; Jo 11.1-45; At 9.3642; 20.9,10,12). Essas pessoas, na verdade, não ressuscitaram no sentido pleno da expressão, mas apenas voltaram a viver. Ao passo que Jesus Cristo ressuscitou verdadeiramente e não voltará mais a morrer. 5 • Por que a ressurreição é a esperança central do Evangelho? R. A ressurreição é a esperança central do Evangelho, pois nela se cumpre a vontade do Criador que, momentaneamente, foi desfeita pela desobediência e a introdução da morte no mundo (1 Co 15.24-28,50-57; Ap 21.4).

t Manual do Discipulador Cristão Útil para o novo discípulo, estimulando-o a proclamar a Cristo. Descubra a importância de ser e fazer discípulos. ►Ressurreição Respostas bíblicas para as falsas visões acerca da ressurreição e temas afins.

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► Que apesar de ter um corpo ressurreto Jesus manterá os ferimentos que lhe foram causados para mostrá-los aos judeus na Segunda Vinda (Zc 13.6)?


Lição 11

Salvação em Cristo a

TEXTO BÍBLICO BASE

MEDITAÇÃO

2 Coríntios 5.14-21

“E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está conde­ nado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más” (Jo 3.14-19).

14 - Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo, todos morreram. 15 -E ele morreu portodos, para que os que vivem não vivam más para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. 16 - Assim que, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a came, contudo, agora, já o não conhecemos desse modo. 17 - Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. 18 - E tudo isso provém de Deus, que nos recon­ ciliou consigo mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, 19 - isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconcilia­ ção. 20 - De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus. 21 - Àquele que não conheceu pecado, o fez pe­ cado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.

REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA ►SEGUNDA - Gênesis 3.15 ►TERÇA - Isaías 52.7 ►QUARTA - Lucas 1.69 ►QUINTA - Lucas 2.29,30 ►SEXTA - João 4.22 ►SABADO-Atos 4.10-12 | Discipulando Professor 1


ORIENTAÇÃO AO

PROFESSOR INTERAGINDO COM O ALUNO A lição de hoje trata do grande propósito de todo aquele que abraçou o Evangelho de Jesus Cristo: a salvação. Desde quando se tem notícia da existência da humanidade, a busca incessante do ser humano é pela certeza de um futuro melhor. As tentativas de produzir a vida boa, ou sem problemas, à parte de Deus, têm resultado em desastres até maiores do que aqueles que se procurava eliminar. Aqueles, porém, que conhecem a Cristo, são conscientes de que a plenitude da criação só será uma realidade quando o Reino de Deus for completamente implantado. Estes sabem que no tempo determinado por Deus tal acontecerá. Por enquanto, eles já desfrutam da presença gloriosa do Senhor em sua vida e, por isso, apesar das circunstâncias, são felizes e realizados.

OBJETIVOS Sua aula deverá alcançar os se­ guintes objetivos: ►Definir a salvação na perspectiva bíblica; ►Sublinhar o paradoxo da salvação; ►Reafirmar o valor da salvação outorgada por Deus em Cristo Jesus.

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PROPOSTA PEDAGÓGICA O mundo atual, entre outras característi­ cas, é marcado pela ênfase no cuidado com o planeta. Depois de desiludir-se com a ideia de progresso nascida pela mentalidade da revo­ lução industrial, a humanidade percebeu que a natureza não é infindável e que os prejuízos da devastação afetam a todos. Os recursos naturais não são bens inesgotáveis, ao con­ trário, são bens escassos que precisam da utilização consciente por parte de todos nós. A ONU (Organização das Nações Unidas), entre outras atribuições, é responsável pelo controle e advertência dos países desenvolvidos cuja emissão de C02 (gás carbônico) ultrapasse os limites permitidos pelos acordos internacionais. O capital acumulado pelos grandes industriais e latifundiários do mundo não resolve o problema existencial — primeiramente deles —, e muito menos consegue produzir felicidade. A vida boa afasta-se, ou distancia-se, da fabricação humana. Resta apenas a desilusão e o vazio, pois colocando a esperança nas realizações humanas, a cada época surge uma nova grande decepção. Partindo dessa reflexão, converse com os alunos acerca da salvação sem, contudo, apelar para o catastrofismo, pois tal opção invariavelmente produz a irresponsabilidade. O que é salvação? A humanidade pode salvar a si


mesma? É possível ter a esperança de um novo céu e de uma nova terra, transformados pelo Criador, sem nos mostrarmos desinteressados no cuidado com o Meio Ambiente? Como filhos e filhas de Deus, e entendendo que a salvação é muito mais que uma fuga para outra dimensão, não é egoísta o sentimento que apregoa o não cuidado com a Terra? Cientes de que o Criador fez tudo e disse que era bom, é ético contribuir com a destruição do planeta? Sabedores de que o Criador entregou-nos o governo, ou seja, a administração do planeta, como salvos em Cristo Jesus, qual deve ser a nossa postura em relação aos recursos naturais? Diante da atual crise do meio ambiente, qual o significado de sermos salvos? Somos salvos de quê e para quê? É importante ressaltar com os alunos que a salvação precisa mostrar os seus frutos aqui e agora, pois a sociedade já está cansada de discursos, ela requer exemplo e atitude.

COMENTÁRIO | INTRODUÇÃO Cientes de que fomos desumanizados e embrutecidos por rejeitarmos a orientação divina e o reinado de Deus em nossa vida e história, o Criador graciosamente oferecenos a oportunidade de reposicionarmo-nos diante dEle, do nosso semelhante e de toda a realidade. E como Ele faz isso? De sucessivas formas e maneiras, porém, diz-nos o escritor aos Hebreus que, nos últimos tempos, falounos através do seu Filho (Hb 1.1-3) e, através dEle, oferece-nos a derradeira chance de se apropriar do ato sacrifical que Jesus fez por nós. Sendo o Filho o legítimo herdeiro de Deus, a expressa imagem do Criador e o sustentador de todas as coisas, possui legitimidade e representatividade para delinear o caminho pelo qual os seres humanos que querem se tornar o que Deus os criou para ser, transitarão. Isso porque, ante a dúvida de Tomé acerca de onde estava tal caminho, Jesus respondeu-lhe que Ele próprio é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14.4-6). “Andar” nEle significa permanecer no que Ele ensinou, e esse ato traduz o real e verdadeiro sentido da salvação, tema do presente estudo.

1. A SALVAÇÃO NA PERSPECTIVA BÍBLICA ►1.1 - A arrogância da autonomia humana. Apesar de o Criador ter dotado a humanidade de vontade própria não querendo fazer-nos robôs ou meros fantoches, e sim seres responsáveis pelas próprias decisões, é fato que se espera­ va sensatez em vez de arrogância, lucidez em lugar de delírio e gratidão em vez de rebeldia. Lamentavelmente, a humanidade degenerou-se passando a viver segundo seu embrutecimento. Assim, em Gênesis vemos que a humanidade corrompeu-se a tal ponto que Terra encheu-se de violência e, em Romanos, que o coração insensato da humanidade obscureceu-se de tal forma que os seres humanos tomaram-se “cheios de toda iniqüidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicí­ dio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pai e à mãe; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis e sem misericórdia” (Gn 6.11,12; Rm 1.21-32). Tal forma de viver não foi a planejada pelo Criador, mas inventada pela autonomia humana que se arroga capaz de viver à parte de Deus (S110.3-11). ►1 .2 - A vida à parte de Deus significa escravidão. Apesar de os textos bíblicos acima dizerem a respeito das pessoas que não são da comunidade de Israel, no tempo de Jesus seu ministério foi desenvolvido, em sua maior parte, junto aos judeus. Não obstante, em seu | Discipulando Professor 1 |

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discurso aos judeus, registrado em João 8.3159, o Mestre disse aos judeus que passaram a crer nEle, que se estes permanecessem em sua palavra, ou seja, na prática de seus ensinamen­ tos, eles poderiam se tomar seus discípulos de verdade e, em decorrência disso, conheceriam a verdade e esta os libertariam. Indignados, os judeus objetaram alegando serem descendência de Abraão e de nunca terem servido ninguém e, por isso, questionaram o porquê de Jesus ter oferecido a eles liberdade. O Mestre então respondeu-lhes: “Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado” (Jo 8.34). Em termos diretos, Jesus estava dizendo que é um equívoco a pessoa viver imersa no pecado achando que está livre, pois tal pessoa, na verdade, é escrava do pecado! Quando se acolhe a palavra do Evangelho, é comum que as pessoas digam que agora não podemos mais fazer de tudo, pois deixamos de ser livres. Lamentavelmente, tais pessoas não entendem que a falta de domínio de seus vícios, paixões e outros excessos que as maltratam, na realidade, não indicam que elas são livres, mas exatamente o oposto.

l f que nao excede a resolução circunstancial de um único problema. O vazio existencial assola indiscriminadamente ricos e pobres, grandes e pequenos, famosos e anônimos. Ninguém escapa do problema do pecado. Mesmo porque, esse é o real problema da humanidade e dele ela não pode se autolibertar. Foi justamente isso que José ouvira de um anjo do Senhor que lhe dissera, em sonho, que recebesse a Maria como sua mulher, pois o filho que nela fora gerado era obra do Espírito Santo e que o nome dele seria Jesus, pois Ele salvaria o “seu povo dos seus pecados” (Mt 1.21). Uma vez que o Evangelho fora dirigido primeiramente a judeus, a boa no­ tícia parece ser exclusivamente para este povo (At 4.12; 5.31; 13.23,26-37), todavia, quando os apóstolos passaram a proclamar a mensagem do Reino de Deus, vemos claramente que a salvação é extensiva a toda a humanidade: “Seja-vos, pois, notório, varões irmãos, que por este se vos anuncia a remissão dos pecados. E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justifi­ cados, por ele é justificado todo aquele que crê” (At 13.38,39). “Salvação”, na perspectiva bíblica e, portanto, divina, não é outra coisa senão a libertação da humanidade da escravidão do pecado.

► AUXILIO DIDÁTICO 1

Na perspectiva bíblica, tudo o que Deus criou é bom. Por isso, apenas “os seres huma­ nos, na criação de Deus, possuem a virtude da imortalidade. Mesmo depois de rompida a comunhão entre Deus e a humanidade, na Queda (Gn 3), a cruz de Cristo providenciou meios que possibilitam a comunhão com Deus por toda a eternidade. Finalmente, segundo o contexto de Gênesis 1.26-28, a imagem de Deus inclui, sem dúvida, um domínio provisório (com a responsabilidade de cuidar devidamente) ► 1.3 - O anseio humano e a salvação na sobre as criaturas da Terra” (MUNYON, Timothy. perspectiva divina. A humanidade subjugada “A Criação do Universo e da Humanidade”. In pelo mal que parece existir desde sempre, tenta HORTON, Stanley M. (Ed.). Teologia Sistemá­ por si mesma produzir a “salvação” (traduzida na tica. Uma perspectiva pentecostal. 1.ed. Rio desesperada busca de evitar a dor e aumentar de Janeiro: CPAD, 1996, pp.259-60). Assim, a o prazer), mas como se pode constatar durante “Igreja deve reafirmar a sua identidade, a de todo o drama humano, o máximo de solução que uma comunidade de pecadores salvos por consegue não passa de um alívio momentâneo Deus, ministrando na confissão, no perdão e

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na cura. A humildade deve caracterizar todos os relacionamentos cristãos, à medida que os crentes tomam consciência, não somente da vida e morte terríveis das quais foram saivos, mas também do preço ainda mais terrível daquela salvação. Quando uma pessoa é salva da mesma natureza pecaminosa, nenhuma quantidade de dons espirituais, ministérios ou autoridade pode justificar a elevação de uma pessoa acima de outra. Pelo contrário, cada pessoa deve preferir e honrar as outras mais que a si mesma (Fp 2.3)” (MARINO, Bruce R. “Origem, Natureza e Conseqüências do Pecado”. In HORTON, Stanley M. (Ed.). Teologia Sistemática. Uma perspectiva pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.132, pp.297-98). Na verdade, diz o mesmo autor, a “amplidão universal e a profundidade sobrenatural do pecado devem levar a Igreja a corresponder, com dedicação de todos os membros e o revestimento do poder milagroso do Espírito Santo, ao imperativo da Grande Comissão (Mt 28.19-20)” (Ibid., p.298). Tal é assim porque a gratidão pelo feito divino a constrangerá a responder de forma grata. Não apenas isso, pois ainda de acordo com Marino, a “compreensão da natureza do pecado deve renovar a nossa sensibilidade diante das ques­ tões do meio ambiente e levar-nos a retomar a comissão original de cuidar do mundo de Deus, o qual não devemos deixar nas mãos daqueles que preferem adorar a criação ao invés do Cria­ dor” (Ibidem.).

2.O PARADOXO DA SALVAÇÃO

e, por isso mesmo, jamais buscará salvar-se do pecado que distorce sua natureza. Poucos dirão como Paulo que reconhecia o fato de que “Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais [ele achava-se] o principal” (1 Tm 1.15). Justamente por isso o Mestre disse que enviaria o Consolador, o Espírito Santo, e este convenceria a humanidade do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.7-11). Ele é responsável por dar-nos essa consciência, pois de nós mesmos, não temos condição de assim nos vermos. ►2.2- A possibilidade de rejeição humana diante do processo de convencimento divino. Ainda que o Criador tenha destinado o Espírito Santo para desempenhar tal papel entre nós, o preço de Ele ter nos criado como seres dotados de vontade própria, por incrível que pareça, “submete-o” à possibilidade de sofrer rejeição de nossa parte, meros seres mortais (Hb 3.7-15). Há abundantes exemplos dessa verdade na Bíblia, desde o Antigo até o Novo Testamento (Gn 4.6,7; 2 Cr 36.15,16; Jr 7.13,21-28; 11.1-10; 25.1-14; 26.1-6; 29.15-19; 32.26-34; 35.12-17; 44.1-30; Mt 21.32; Mc 10.17-27; Fp 1.28; 2 Tm 3.1-9). As desculpas para tal rejeição são as mais variadas possíveis e vão desde o apego às coisas materiais até a ganância do poder e da posição. É por isso que a Bíblia diz que apesar de muitos dos principais da sinagoga terem crido em Jesus, “ não o confessavam por causa dos fariseus, para não serem expulsos da sinagoga. Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de Deus” (Jo 12.42,43).

► 2.1 - A oferta divina diante do livre-arbítrio ►2 .3 -0 caráter paradoxal da salvação na da humanidade. É evidente que a humanidade perspectiva divina. Aos ouvidos modernos soa continuará buscando, por suas próprias forças, a contraditório e paradoxal a afirmação de Jesus melhor maneira de viver, sem, contudo, reconhe­ de que os interessados em salvar a própria vida cer que precisa de orientação segura sobre sua devem, por amor a Ele, “perdê-la”, e que quem origem e destino (Lc 12.13-21). Todavia, o retorno assim o fizer, na verdade, a encontra (Mt 16.25; ao paraíso, o restabelecimento da harmonia com Mc 8.35; Lc 9.24; 17.33). No entanto, basta estudar o Criador, consigo mesmo, com os semelhantes um pouco o contexto para certificar-se de que se e até com a natureza, não se dará pela religião, trata da mais pura verdade. O Senhor Jesus está filosofia, ciência ou qualquer outra produção falando da conversão, de uma mudança radical e completa que desconstrói o “eu” produzido pela humana, mas pelo acolhimento da mensagem do Evangelho (Mc 1.15). Ocorre que, prescindindo sociedade pervertida, para reconstruí-lo sob a do Criador, a humanidade não pode, por suas égide do governo divino e do reinado de Deus próprias forças, reconhecer o seu grande problema em nossa vida (Jo 3.1-8). A pretensa | Discipulando Professor 1


humana passa a ser instruída e direcionada pelo Espírito Santo de Deus, onde cada um pode en­ contrar-se com seu verdadeiro e mais profundo “eu”, o qual fora deformado pelo pecado.

► AUXÍLIO DIDÁTICO 2 É importante esclarecer que a “respeito da imagem moral de Deus nos seres humanos, ‘Deus fez ao homem reto’ (Ec 7.29). Até mesmo os pagãos, que não possuem conhecimento da lei escrita de Deus, conservam uma lei moral escrita por Ele em seu coração (Rm 2.14,15). Em outras palavras, somente os seres humanos possuem a capacidade de sentir o que é certo e errado, bem como o intelecto e a vontade necessários para escolher entre eles. Por esta razão, os seres humanos são chamados livres agentes morais. Diz-se também que possuem autodeterminação. Efésios 4.22-24 parece indicar que a imagem moral de Deus, embora não completamente erradicada na Queda, foi afetada negativamente até certo ponto. Para ter restaurada a imagem moral ‘em verdadeira justiça e santidade’, o pecador precisa aceitar a Cristo e se tornar uma nova criação” (MUNYON, Timothy. “A Criação do Universo e da Humanidade”. In HORTON, Stanley M. (Ed.). Teologia Sistemática. Uma perspectiva pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.260). Entretanto, quando se pensa que a graça de Deus para por aí, ela avança e demonstra a grandiosidade do amor divino. “Vale a pena men­ cionar mais uma palavra a respeito da liberdade volitiva desfrutada pelos seres humanos. Estes, mesmo possuindo tal liberdade, são incapazes de escolher a Deus. Deus, portanto, pela sua bondade, equipa as pessoas com uma medida de graça que as capacita e prepara a corresponder ao Evangelho (Jo 1.9; Tt 2.11). O propósito de Deus era ter comunhão com as pessoas que de livre vontade resolvessem aceitar sua chamada universal à salvação. Em conformidade com esse propósito divino, Deus outorgou aos seres humanos a capacidade de aceitá-lo ou rejeitá-lo. A vontade humana foi liberta o suficiente para ‘voltar-se para Deus’, ‘arrepender-se’ e ‘crer’. Logo, quando cooperamos com o Espírito que nos chama e aceitamos a Cristo, essa cooperação não é o meio da salvação. Para os crentes bíblicos

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de todas as denominações, a salvação é cem por cento externa (uma dádiva imerecida de um Deus gracioso). Deus nos tem dado graciosamente aquilo que necessitamos para cumprir o seu propósito na nossa vida: conhecer, amar e servir a Ele” (MUNYON, Timothy. “A Criação do Universo e da Humanidade”. In HORTON, Stanley M. (Ed.). Teologia Sistemática. Uma perspectiva pente­ costal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.260).

3. A MANIFESTAÇÃO DO AMOR DE DEUS PELA HUMANIDADE 3.1 - A salvação em seu sentido pleno. Após cumprir a vontade de Deus, o Filho glorificou ao Pai por Este ter permitido que Ele concedesse a vida etema a todos os que o Mestre pôde evangelizar. Tal vida eterna significa ter lhes dado a possibilidade de conhecer a Deus, que é único e verdadeiro, e Jesus como o real enviado do Pai (Jo 17.3). Tal ato de fé já significava a vida eterna e não apenas algo que se concretizaria no futuro. Mas não haverá uma vida eterna no sentido literal da palavra? Sim haverá, mas esta só será desfrutada pelos que agora já creem em Jesus e acolhem o seu Evangelho. Estes já podem contar com a alegria de terem os seus nomes escritos no céu (Lc 10.20). ►3.2 - Deus estava em Cristo recon­ ciliando o mundo. Sendo Deus puro amor (1 Jo 4.16), e tendo Ele amado “o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16), significa que, através de Cristo, reconciliou-se o Criador com a sua criação em todos os sentidos (2 Co 5.18,19; Ef 1.7-10). Por causa disso, o apóstolo Paulo informa-nos que nós, os que cremos, passamos a ser uma nova criação diante de Deus (1 Co 15.17,21). ►3.3 - Deus concedeu-nos a palavra da reconciliação. Uma vez que fomos tão agra­ ciados pelo Pai, o apóstolo Paulo informa-nos ainda que o Senhor incumbiu-nos de anunciar a palavra de reconciliação ao mundo (2 Co 5.18-20). Em termos diretos, o Reino de Deus já chegou e uma nova oportunidade já foi estendida, mas as pessoas não sabem, por isso, é preciso anunciar-lhes a palavra do Evangelho (Mc 1.15).


^ AUXÍLIO DIDÁTICO 3

VERIFIQUE SEU

“Questões de justiça social e necessida­ de humana devem ser advogadas pela Igreja como testemunho da veracidade do amor, em contraste à mentira que é o pecado. Mesmo assim, semelhante testemunho deve apontar sempre para o Deus da justiça e do amor, que enviou o seu Filho a morrer por nós. Somente a salvação, e não a legislação ou um evangelho social que desconsidera a cruz ou ainda a ação violenta ou militar, pode curar o problema e seus sintomas” (MARINO, Bruce R. “Origem, Natureza e Conseqüências do Pecado” . In HORTON, Stanley M. (Ed.). Teologia Sistemá­ tica. Uma perspectiva pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 132, p.298). Assim, mesmo tendo dito no primeiro ponto alguma coisa a respeito do nosso papel na manutenção do planeta, é preciso ter claro que “a vida deve ser vivida na esperança certa de um futuro além do pecado e da morte (Ap 21 e 22). Então, purificados e regenerados, os crentes verão a face daquEle que já não lembra mais do seu pecado (Jr 31.34; Hb 10.17)” (Ibid.). Isso sim será salvação plena.

APRENDIZADO

1. Viver à parte de Deus significa o quê? R. Significa ser escravo do pecado. 2 . O que é a salvação na perspectiva bíblica e divina? R. “Salvação”, na perspectiva bíblica e, portanto, divina, não é outra coisa senão a liber­ tação da humanidade da escravidão do pecado. 3 . Por que é possível rejeitar o convencimen­ to do Espírito Santo? R. Porque Deus nos criou como seres dotados de vontade própria. 4 . Em que consiste o caráter paradoxal da salvação? R. Consiste no fato de que os interessados em salvar a própria vida devem, por amor a Ele, “perdê-la”, e que quem assim o fizer, na verdade, a encontra (Mt 16.25; Mc 8.35; Lc 9.24; 17.33). 5 . O que é salvação em seu sentido pleno? R. A realidade da vida eterna.

CONCLUSÃO Mais do que uma “fuga” dessa Terra, a sal­ vação, no sentido bíblico, vai além dessa visão, sendo muito mais ampla e abrangente. O próprio Senhor Jesus, em uma de suas orações, pediu ao Pai que não nos tirasse do mundo, e sim que nos livrasse do mal (Jo 17.15).

APROFUNDANDO-SE É possível apostatar-se do Evangelho e as­ sim perder a salvação mesmo depois de haver encontrado a Cristo? Pelo texto de Hebreus 6.4-6, é possível. Entretanto, o assunto não se refere a quem, momentamente, deixa de servir a Deus, mas tem consciência de estar errado e volta arrependido. É preciso que haja uma distinção entre apostasia, que é a rejeição ostensiva e deliberada de Deus, e afastamento, por fraqueza ou qualquer outra situação (Gl 6.1; 1 Co 10.12).

► Que os judeus ficaram 430 anos no Egito e foram levados cativos diversas vezes? Será que eles se esqueceram desse fato quando responderam a Jesus que nunca serviram a ninguém e que, por isso, não precisavam de liberdade? Além disso, naquele exato momento os judeus viviam sob a tutela do império Romano não tendo soberania alguma. É no mínimo estranho tal falta de cons­ ciência. Na realidade este é um grande perigo para os seres humanos: Estarem presos, porém, achando-se livres.

I H i c r i m ila n H n P r n f o c c n r 1

I


Sendo um Discípulo de

Jesus

TEXTO BÍBLICO BASE João 15.1-11 1 - Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. 2 - Toda vara em mim que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto. 3 - Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado. 4 - Estai em mim, e eu, em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não es­ tiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. 5 - Eu sou a videira, vós, as varas; quem está em mim, e eu nele, este dá muito fruto, por­ que sem mim nada podereis fazer. 6 - Se alguém não estiver em mim, será lança­ do fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem. 7 - Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito. 8 - Nisto é glorificado meu Pai: que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos. 9 -Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; permanecei no meu amor.

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10 - Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor. 11 - Tenho-vos dito isso para que a minha alegria permaneça em vós, e a vossa alegria seja completa.

MEDITAÇÃO “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se ras permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará ” (Jo 8.31,32).

REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA ►SEGUNDA - Lucas 6.12-16 ►TERÇA - Mateus 10.24,25 ►QUARTA - Marcos 8.34 ►QUINTA - Lucas 14.33 ►SEXTA - João 6.66 ►SÁBADO-João 13.35


ORIENTAÇÃO AO

PROFESSOR INTERAGINDO COM O ALUNO Interagindo com o aluno Estamos chegando ao final desse pri­ meiro ciclo de estudos. Se olharmos para trás e verificarmos o ponto de onde partimos, constataremos que passamos, juntamente com os nossos alunos, de um estágio onde o saber deles era genérico e incipiente, e avançamos para outro onde o conhecimento e informações são mais organizados e siste­ máticos. Isso não significa que não haja mais o que aprender. Justamente o contrário! Com os fundamentos lançados nesse primeiro ciclo de estudos, estabeleceu-se uma base para tudo o que ainda será ensinado e cons­ truído na trajetória de fé dos discipulandos.

OBJETIVOS Sua aula deverá alcançar os seguintes objetivos ►Explicitar a metáfora da videira, explicando o seu sentido; ►Incentivar a aplicabilidade prática dos conceitos da metáfora da videira; ►Recordar o valor do novo mandamento como algo que caracteriza e identifica o discípulo de Cristo.

PROPOSTA PEDAGÓGICA A quantidade de informação a que hoje temos acesso era inimaginável há apenas uma década. Com o advento da internet, particularmente, ao mesmo tempo em que se pode saber, por incrível que pareça, é impos­ sível acompanhar todos os canais e/ou mídias existentes e, por conseguinte, absorver toda a informação disponibilizada. A produção de livros é igualmente admirável. Novas obras chegam a cada minuto no mercado editorial e, da mesma forma, é humanamente impossível acompanhar tudo o que há de novo, mesmo em uma área de nossa especialidade. A formação continuada é, atualmente, mais do que nunca uma realidade e questão obriga­ tória em todas as áreas. Não é mais possível alguém ser especialista em uma determina­ da área sem fazer constantes atualizações. Isso não se falando de atualizações formais como cursos e especializações, mas lendo, diariamente, literatura especializada para manter-se informado acerca de novidades, descobertas, avanços etc. Tendo essa reflexão inicial como ponto de partida, converse com os alunos acerca da importância do discipulado permanente, tendo claro que você, como parte do Corpo Discipulando Professor 1


de Cristo, também é um discípulo do Mestre. Inquira-os: O que signifjca ser um discípulo? Você acha que, tendo Jesus como Mestre, é possível concluir o processo de discipulado, ainda nesta vida, e assim poder abrir mão do Senhor como nosso Sumo Ensinador? Você acredita que existe alguém que saiba tanto a ponto de não ter mais nada a aprender com o Filho de Deus? Mesmo em se tratando de conhecimento teórico, do que está exposto nos quatro Evangelhos, acerca de Jesus de Nazaré, você acredita que alguém consiga saber tanto que não precise mais estudar e pesquisar? E quanto ao “conhecimento prático”; você crê que há alguma pessoa que já conheça o Mestre tão bem que não mais necessite ter experiência com Ele? Se não conhecemos nós mesmos de forma comple­ ta, será possível conhecer o Senhor Jesus Cristo, que é Deus, completamente? Ainda há muito por saber e experienciar com Ele. A caminhada está apenas no início.

COMENTÁRIO | INTRODUÇÃO Em lições anteriores, abordamos o assunto de que, no tempo de Jesus, a sociedade era dividida por facções e grupos compostos por pessoas que se achavam melhores que as outras. As disputas eram constantes e invariavelmente as pessoas trocavam de mestre. Nesse contexto, surge Jesus trazendo uma proposta comple­ tamente distinta e radical, pois Ele não oferece uma ideia, mas anuncia um novo tempo (Mc 1.15). Jesus não promete que os seus discípulos terão benesses, ao contrário, Ele os previne de que no mundo serão afligidos, e promete-lhes apenas companheirismo de pessoas, embora com perseguições, culminando na vida eterna futura (Jo 16.33; Mt 19.27-29; Mc 10.28-30; Lc 18.28-30). Na realidade, para seguir Jesus é necessário, de pronto, que se tenha fé, pois Ele não modula seu discurso para que as pessoas passem a tê-lo em alta conta, nem ilude os seus seguidores com a ideia de que eles obterão alguma vantagem imediata, ou material, por segui-lo (Jo 6.60-69; Mt 8.18-20; Lc 9.57-59).

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Uma das poucas promessas que Jesus fez em relação ao discipulado, é que quem estivesse disposto a segui-lo, permanecendo em sua pa­ lavra, teria, de fato, a possibilidade de conhecer a verdade e esta, por sua vez, o libertaria (Jo 8.31,32). Tal é assim porque o conhecimento

íí para seguir Jesus é necessário,... que se tenha fé, pois Ele não modula seu discurso para que as pessoas passem a tê-lo em alta conta, nem ilude os seus seguidores com a ideia de que eles obterão alguma vantagem imediata

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da verdade proposto por Jesus, diz respeito a disposição do discípulo em conhecer ainda mais o próprio Mestre que, como se sabe, não é somente um ser humano, mas também nosso Deus (Jo 14.6; 17.17; 20.28).

1. PERMANECENDO EM CRISTO E PRODUZINDO O FRUTO DO AMOR ►1.1 - A metáfora da videira. Dentre as várias metáforas utilizadas por Jesus para exemplificar a sua relação com seus discípu­ los, temos a da videira que, ao ser analisada, revela um profundo valor atribuído pelo Mestre a nosso respeito (Jo 15.1-8). Em se tratando de judeus, é preciso lembrar ainda que a videira, e seu produto, a uva, são elementos essenciais da culinária e gastronomia judaica. É tanto que, para exemplificar o quanto a presença de Deus era mais importante que qualquer coisa e que, por isso, o profeta adoraria o Senhor em qualquer circunstância, Habacuque refere-se à videira da seguinte forma: “Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas, todavia, eu me alegrarei no S e n h o r, exultarei no Deus da minha salvação” (Hc 3.17,18). ►1 .2 -O P a ié o lavrador. Além de dizer que era a videira, Jesus também afirmou que o Pai era o lavrador (Jo 15.1,2). Com alguma experiência na área da agricultura, podemos seguramente dizer que a única coisa que cresce sem cuidados em uma lavoura ou plantação, é erva daninha. Contrariamente, toda boa planta precisa de cuidados e, portanto, de cultivo. Uma vez que o Pai é o lavrador ou cultivador, não há a mínima chance de se colocar em suspeita o seu cuidado e dedicação. Ele, sem dúvida alguma, esmera-se na realização de um bom trabalho com os ramos. ►1.3 - Nós, discípulos, somos os ramos. O Mestre informa que nós, seus discípulos, somos os ramos dessa videira (Jo 15.5). Portanto, esta­

mos em Cristo, recebendo todos os nutrientes de sua seiva e, além disso, ainda recebemos os préstimos e cuidados do lavrador que é o Pai. Apesar de a mensagem ser alentadora, ela também contém uma séria advertência inicial: “Toda vara em mim que não dá fruto, a tira” (Jo 15.2). Quando uma vara (ou ramo) é tirada ou cortada, dentro de poucos minutos murcha e perde toda vitalidade, não servindo para mais nada, não restando alternativa alguma a não ser jogá-la fora, pois como já foi dito, ela secará e acabará recolhida e lançada no fogo para ser queimada (Jo 15.6).

^ AUXÍLIO DIDÁTICO 1 Este penúltima lição é, biblicamente falando, sumamente expositiva, por isso, é importante aprofundar-se no tema para lecioná-la com segurança bíblica. “Conflito vem à tona em João 15.1 com: ‘Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador’. Neste versículo, ‘eu’ e ‘verdadeira’ em grego são enfáticos. Assim, em contraste com os outros (i.e., os líderes religiosos) que reivindicam ser parte do verdadeiro povo de Deus, Jésus e Seus seguidores emergem como o verdadeiro povo. Isto enfatiza sua singularidade como o caminho para Deus” (AKER, Benny C. João In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.586). Acerca dos versículos 3 a 5 o mesmo autor diz que eles “falam da união de Jesus e Discipulando Professor 1


nos a participação em seu Reino, dando uma importância sem igual, pois o tronco jamais é cortado, e sim os ramos. Logo, o Pai trata-nos diretamente quando estamos em Jesus.

os crentes em termos figurativos dos ramos e do tronco. Jesus expressa o fato desta união com as palavras: ‘Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado’ (v.3). Mas o resultado dessa união é o processo de cres­ cimento — em termos figurativos: dar frutos. Considerando que um ramos não pode dar fruto a menos que esteja ligado ao tronco (i.e., a pessoa tem de estar [permanecer] em Cristo), o fruto tem um significado certo. No contexto dos capítulos 13 a 17, o fruto é o amor, característica fundamental de Deus. Para po­ der viver como Deus, a pessoa tem de nascer de novo (i.e., ter vida eterna) e segui-lo. Este amor tem de ser desenvolvido pelo ‘processo da poda”’ (Ibid.).

2. VIVENDO PARA A GLÓRIA DE DEUS ► 2.1 - O significado da metáfora. Quan­ do o Senhor utiliza a metáfora da videira para exemplificar a relação entre o Pai, Ele e nós; deixa claro que há uma interdependência entre todos os elementos envolvidos na narrativa, pois é evidente que se os ramos não estiverem ligados, ou fazendo parte da videira, significa que estarão mortos (Jo 15.4-6). Por outro lado, ao dizer que Ele é a videira, ou seja, o “tronco” e nós, os ramos, Jesus deixa claro que nós somos quem damos frutos, pois quem conhece uma videira, ou “pé de uva”, sabe que a fruta não brota, ou nasce, no tronco e sim nos ramos, nas extremidades das varas! Dessa maneira, o nosso amado Jesus digna-se a conceder-

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2.2 - A petição do discípulo. Nesse ponto há muitos equívocos, pois as pessoas não atinam para o fato de que o “pedir” está diretamente relacionado ao estar em Jesus (Jo 15.7). Assim, as petições de quem amalgamou-se, isto é, misturou-se a Jesus a ponto de ser confundido com Ele (Jo 6.57; 10.30; Gl 2.20; Fl 1.21), jamais serão egoísticas e mesquinhas, pois estarão em consonância com a natureza dEle que, como já foi falado em lições anteriores, glorificava ao Pai pelas bênçãos que o Criador concedia aos discípulos (Mt 11.25). Só poderemos pedir tudo o que quisermos se estivermos em Cristo e, estando nEle, certamente as nossas petições serão condizentes com a vontade dEle (Jo 4.34; 5.30; 6.38). ► 2.3 - A glorificação do Pai através da vida do discípulo. Além de agradecer a Deus pela chuva, a boa qualidade do solo e também das condições climáticas, uma das primeiras coisas que alguém faz ao deparar-se com uma bonita plantação, é parabenizar o agricultor, pois qualquer um sabe que de sua dedicação também depende o sucesso da lavoura. Da mesma forma, Jesus ensinou que se dermos “muito fruto”, nisto o Pai será glorificado (Jo 15.8).

► AUXÍLIO DIDÁTICO 2 É preciso destacar desse tópico a impor­ tantíssima questão que envolve o “pedir”, ou seja, “a observação de que a permanência e o processo de poda resultam em oração res­ pondida (v.7). O pedido ambíguo no versículo 7 é especificado no versículo 8. ‘Tudo o que quiserdes’ é direcionado a pedir a Deus que ajude a pessoa a amar como Ele ama, de forma que Deus, em resultado disso, receba a glória” (AKER, Benny C. João In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.587).


3. 0 AMOR COMO CARACTERÍS­ TICA IDENTITÁRIA DO DISCÍPU­ LO DE JESUS ►3.1 - A frutificação abundante como prova do discipulado. Atrelada à realidade da glorificação do Pai através da abundância da nossa frutificação, Jesus também condicionou a veracidade do nosso discipulado, ou seja, o Mestre afirmou que, além de desse ato glorificar ao Pai, tal será uma prova de que somos, de fato, seus discípulos (Jo 15.8). O “fruto sub­ jetivo”, que é a vivência do amor, produzirá o “fruto objetivo”, que é justamente o testemunho externo de nossa fé e do reinado de Deus em nossa vida que, automaticamente, resultará na glorificação do Pai e na atração de outras pessoas que quererão juntar-se a nós. ►3.2 - A marca identitária é também a prova definitiva. Jesus insiste no ponto de que devemos permanecer nos seus mandamentos, mas, se lembrarmos bem, basta recordarmos que há apenas um mandamento o qual é justamente o do amor: “O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15.12). É por isso que o Mestre insiste em colocar-se, Ele e o Pai, como autorreferências para os seus discípulos, pois se nós realmente estivermos nEle e Ele em nós, tal deverá ser assim, pois não tem como ser diferente (Jo 15.9,10). ►3.3 - A prova definitiva é a identificação completa com a natureza divina. Muito dife­ rente do que alguém pensa, Jesus não reivindica a anulação dos discípulos, ao contrário, ao oferecer o seu amor, bem como o do Pai, Ele quer que a sua alegria permaneça em nós, pois assim a nossa alegria será completa, sem nada faltar (Jo 15.11). Ainda que tenhamos problemas, e certamente os teremos, nada poderá nos “separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor!” (Rm 8.39).

^ AUXÍLIO DIDÁTICO 3 O grande tema desse último tópico é a frutificação do discípulo que o texto trata como

sendo a alegria e o amor. “A alegria só vem de permanecer em Jesus. Em seu contexto, a alegria vem de expressar o amor que vem de Deus. Poderíamos acrescentar que ela não depende de circunstâncias. Antes, vem quando o amor é mostrado, mesmo diante das circunstâncias mais difíceis, à medida que os crentes seguem o padrão de Jesus (v.13). Assim como Ele deu a vida por seus amigos, assim os crentes dão a sua” (AKER, Benny C. João In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.587). Tal era assim, pois, de acordo com o mesmo autor, a “amizade era impor­ tante no Antigo Testamento, em certas seitas do judaísmo dos dias de Jesus e no mundo greco-romano. Ser amigo significava ser leal e digno de confiança —, indo até a ponto de morrer —, e compartilhar assuntos sem reservas” (Ibid.). Benny Aker defende que é preciso ter esse conhecimento em mente para compreender a profundidade do que o Mestre quis ensinar quando, nos versículos 13 a 17 de João 15, Ele “introduz a palavra ‘amigos’ e suas implicações, constrastando-a com ‘servos [escravos]’. É verdade que escravo é uma ideia importante no Novo Testamento, sobretudo nos contextos paulinos. Expressa a submissão do crente ao Senhor, seu domínio sobre os discípulos. Aqui, Jesus adiciona outra dimensão importante para sua relação com seus seguidores. Este novo termo é social e está ligado com o grande tema neste Evan­ gelho: a experiência do novo nascimento faz parte da revelação. Jesus não esconde nada acerca dos requisitos de ser um seguidor seu — o Pai não lhe escondeu nada (v.15)” (Ibid.). O que isso quer dizer? Diz Aker: “ Esta maneira direta de dar este tipo de informação dificulta a decisão de seguir Jesus, porque oferece e exige um caminho de sacrifício voluntário em vez do método de ser servido. É por isso que Jesus disse: ‘Não me escoIheste vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça’ (v.16). Aqui ‘nomeei’ é acrescentado a ‘escolhi’ para descrever os onze discípulos que permanecem e | Discipulando Professor 1 |


sua obra no mundo. A obra e a Igreja de Deus não se encontram em vontade ou esforço hu­ manos. O que levou a salvar o gênero humano do seu dilema estava muito além de sua capa­ cidade. Mas a escolha e nomeação de Jesus proveem a base de alegria e segurança para o espírito atormentado" (Ibidem.).

CONCLUSÃO Apesar de esta primeira revista ser parte integrante de um pequeno curso, acreditar que o discipulado é apenas isso seria algo comple­ tamente oposto ao que Jesus ensinou, pois tal condição dura toda a nossa vida. Enquanto vivermos somos discípulos de Cristo e, por isso, devemos permitir que o Espírito Santo nos molde e talhe segundo o perfil vivido pelo nosso Salvador (Mt 23.8; 2 Co 3.18; Gl 5.17-26; Ef 4.13).

APROFUNDANDO-SE A oferta de Jesus para os seus discípulos não se trata de um chamado para o ativismo e muito menos uma teorização sem nexo algum com a realidade. O Mestre viveu na íntegra tal proposta, pois deixou de fazer a sua vontade para realizar a do Pai, amou a todos os seus discípulos, mesmo quando eles o abandonaram e assim cumpriu em si mesmo o que recomendara que devemos fazer. Em vez de um capricho ou coisa parecida, na realidade, o Filho de Deus visa à completude de nossa alegria.

VERIFIQUE SEU

APRENDIZADO I . A quem Jesus comparou a videira, o lavrador e os ramos? R. Jesus comparou-se à videira, o Pai ao lavrador e nós, seus discípulos, aos ramos. 86

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2 . Qual é o significado da metáfora? R. Quando o Senhor utiliza a metáfora da videira para exemplificar a relação entre o Pai, Ele e nós; deixa claro que há uma interdepen­ dência entre todos os elementos envolvidos na narrativa, pois é evidente que se os ramos não estiverem ligados, ou fazendo parte da videira, significa que estarão mortos (Jo 15.4-6). Por outro lado, ao dizer que Ele é a videira, ou seja, o “tronco” e nós, os ramos, Jesus deixa claro que nós somos quem damos frutos, pois quem conhece uma videira, ou “pé de uva”, sabe que a fruta não brota, ou nasce, no tronco e sim nos ramos, nas extremidades das varas.

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. Por que o discípulo pode pedir o que quiser estando em Cristo e as palavras de Cristo es­ tando nele? R. Porque as petições de quem amalgamou-se, isto é, misturou-se a Jesus a ponto de ser con­ fundido com Ele (Jo 6.57; 10.30; Gl 2.20; Fl 1.21), jamais serão egoísticas e mesquinhas, pois estarão em consonância com a natureza dEle.

4. Qual o valor da frutificação para Deus? R. Na frutificação Deus é glorificado e também provamos que somos verdadeiramente discípulos do Senhor. 5 . O que é a marca identitária do discípulo? R. A marca identitária do discípulo é guar­ dar o mandamento do Mestre, isto é, amar.

►Que um discípulo não era simplesmente um aluno ou aprendiz, mas, de certa forma um partidário, daí o porquê de o Senhor ter dito que o “discípulo não é superior a seu mestre, mas todo o que for perfeito será como o seu mestre” (Lc 6.40). Em outras palavras, o aluno aprende para ser o que quiser, enquanto o discípulo, o seguidor, deve tornar-se tal como o seu mestre.


RGÍnOde TEXTO BÍBLICO BASE Mateus 16.13-18 13 - E, chegando Jesus às partes de Cesareia de Filipe, interrogou os seus discípulos, di­ zendo: Quem dizem os homens ser o Filho do Homem? 14 - E eles disseram: Uns, João Batista; ou­ tros, Elias, e outros, Jeremias ou um dos profetas.

Deus

MEDITAÇÃO “Mas vós sois a geração eleita, o sacer­ dócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; i/ós que, em outro tempo, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus; que não tínheis al­ cançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia" (1 Pe 2.9,10).

15 - Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? 16 - E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. 17 - E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. 1 8 - Pois também eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.

REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA ►SEGUNDA - Mateus 16.13-18 ►TERÇA-Mateus 18.17 ►QUARTA - Atos 2.47 ►QUINTA- 1 Coríntios 10.32 ►SEXTA - 1 Coríntios 14.33 ►SÁBADO - Efésios 1.22 | Discipulando Professor 1 |


ORIENTAÇÃO AO

PROFESSOR INTERAGINDO COM O ALUNO Interagindo com o aluno Chegamos ao final desse primeiro ciclo de estudos bíblicos. A jornada rumo ao aprofunda­ mento da vida com Cristo está apenas em seu início. É importante deixar claro aos alunos que o aprendizado requer persistência e constância. Assim, é de bom alvitre adiantar que eles sempre terão o que aprender, mas o básico e necessário é o que eles estão conhecendo nesse primeiro ano com os quatro ciclos de Discipulando. Nessa última lição o assunto é vasto, por isso, o material ora apresentado trata-se do estudo da Igreja no contexto e perspectiva do projeto divino do Reino de Deus. Os desdobramentos e pormenores da vida em comunidade serão devidamente abordados nos próximos ciclos de Discipulando.

OBJETIVOS Sua aula deverá alcançar os se­ guintes objetivos ►Diferençar Igreja de Reino de Deus; ►Explicar a natureza da Igreja; ►Esboçar o papel da Igreja como coletividade dos discípulos de Cristo.

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PROPOSTA PEDAGÓGICA Desde a antiguidade o mundo parece ter sido organizado, ainda antes de geografica­ mente, pela identificação dos grupos, sobre­ tudo, pela afinidade na forma de se pensar. As pessoas sentem-se bem convivendo com outras que têm os mesmos anseios e expec­ tativas e, por conseguinte, pensam de forma parecida. Gostamos de estar com quem mais se parece conosco. Tal é uma realidade em todas as áreas, indo desde a questão social até familiar. Em termos religiosos esse tipo de orga­ nização é uma realidade. Tendemos a conviver apenas com quem professa a nossa fé e crê nas mesmas coisas que nós. Até aí, tudo bem. Entretanto, com base no exemplo de Jesus, será que devemos nos negar a conviver com quem pensa e crê diferente de nós? A relevân­ cia dessa reflexão reside na ideia comumente propagada de que todos os que abraçam o Evangelho tornam-se pessoas orgulhosas que não mais se importam com as demais. Certa feita, Jesus comparou as pessoas que o seguem como o “sal da terra” (Mt 5.13). Para que serve o sal? Se o sal tornar-se insípi­ do, isto é, sem gosto e poder de “salgar”, pode ainda ser útil como sal? Se o sal não for coloca­ do nos alimentos, pode salgar? Assim como em todas as demais lições, as perguntas são refle­


xivas e levam os alunos a pensar acerca de sua nova vida e também da vivência e prática nesse novo modo de ser. Destaque a necessidade de nos identificarmos com o Mestre Jesus, pois Ele, mesmo imerso em locais que nada tinham de pureza e muito menos de santidade, viveu para glória de Deus fazendo a vontade do Pai. O exemplo do Senhor evidencia a possibilidade de cada um de nós assim também vivermos. Não é convivendo apenas com quem professa a mesma fé que nós que provaremos sermos discípulos de Jesus Cristo. Aliás, é justamente a maneira como nos tratamos, e às pessoas a nossa volta, que provamos que somos discí­ pulos de Jesus e fazermos parte de sua Igreja.

COMENTÁRIO | INTRODUÇÃO Desde o Antigo Testamento, o Criador se valeu do matrimônio para exemplificar o seu relacionamento com o povo de Israel (Jr 2.32; 31.32; Os 2.19,20). Em o Novo Testamento, a realidade é a mesma, a intimidade do relacio­ namento conjugal é o exemplo mais apropria­ do, na perspectiva do apóstolo Paulo, para traduzir a forma como se dá o tratamento de Jesus Cristo em relação à igreja (Ef 5.25-32). Após mostrar o quanto o esposo deve amar a esposa, o apóstolo traça um paralelo entre a unidade do casal e as pessoas que acolheram a mensagem do Evangelho e que, por isso, são membros do corpo de Cristo. Assim, para o chamado apóstolo dos gentios, o paralelo entre o casal e Cristo e a Igreja é perfeito, pois demonstra o quanto há de similaridade entre ambas as relações. Em se tratando de “corpo de Cristo”, é imprescindível que ve­ jamos o que isso significa, ou seja, quais as implicações do fato de sermos “ membros” do Corpo do Senhor. Uma vez mais, é Paulo quem nos auxilia, quando diz que “assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação, assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros” (Rm 12.4,5). Em um corpo não há disputa, mas cooperação, pois

os membros (órgãos) trabalham para o perfeito funcionamento do organismo. Esse é o assunto da última lição desse primeiro ciclo.

1. IGREJA: UMA EXPRESSÃO DO REINO DE DEUS ► 1.1 - O projeto do Reino de Deus. Desde as primeiras lições, ficou claro que apesar de o Criador amar a humanidade, esta lhe virara as costas, tendo Ele então eleito um povo que, a partir do chamado de Abraão, formara para levar a sua mensagem a todas as nações (Gn 6.5,11,12; 12.1-3; Êx 19.6; Dt 4.1-8). Como este povo, apesar de dever tudo o que é a Deus, resolveu igualmente virar as costas para o Criador e exigiu um exclusivismo que nunca fez parte do plano original para eles (Dt 32.147; 2 Rs 17.20; Os 8.3; Jo 1.11), fez-se então necessário que o próprio Deus tomasse uma iniciativa inusitada: enviasse o seu Filho, o qual se tornou humano e viveu integralmente tudo o que Criador planejou para que Israel fizesse e com isso influenciasse a humanidade toda (Lc 2.32). Lamentavelmente, nem com essa atitude divina Israel arrependeu-se, antes, por causa da revelação do projeto do Reino, e de este não ser necessariamente como a expectativa judaica o concebia, Jesus foi alvo de uma conspiração orquestrada pelos religiosos de seu tempo (Mt 21.33-46; Mc 12.1-12; Lc 20.918). Não obstante, com o Mestre inicia-se o | Discipulando Professor 1 |

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“entender o caráter da Igreja do Novo Testamento é examinando o seu relacio­ namento com o Reino de Deus (gr. basileia tou theou). O Reino era um dos principais ensinos de Jesus durante seu ministério ter­ restre. E, na realidade, embora os evangelhos registrem apenas menções específicas à igreja (ekklêsia, todas as declarações de Jesus, regis­ tradas em Mt 16 e 18), estão repletos de ênfa­ ses ao Reino” (DUSING, Michael L. A Igreja do Novo Testamento In HORTON, Stanley M. (Ed.). Teologia Sistemática. Uma perspectiva pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.552).

reinado de Deus, pois Ele cumpriu a vontade do Pai, servindo a humanidade (Mt 20.26-28; Mc 10.42-45 cf. Mc 1.1,15). ►1.2-A ampliação do alcance do reinado de Deus. Com a rejeição do Filho de Deus por parte de Israel, o plano de um povo que serviria de exemplo servindo ao mundo todo, acabou oportunizando ao próprio Criador que, através de Jesus Cristo, alcançasse diretamente a qualquer pessoa que humildemente acolha a palavra do Evangelho (Mt 10.5-8 cf. Jo 1.12,13; Mc 16.15). ►1.3 - A mensagem dos seguidores de Jesus. Jesus mandou aos seus seguidores que pregassem o Evangelho em todo o mundo (Mt 28.19,20; Mc 16.15-20; Lc 24.46,47). O que é o Evangelho? Não se trata de um discurso ou de uma nova religião, mas de um novo tempo que, através da pregação do Evangelho (Boas Novas, o anúncio desse novo tempo), tornase conhecido, pois já chegou e é projetado e executado pelo próprio Deus (Mc 1.1,15; Lc 17.20,21). AUXÍLIO DIDÁTICO 1

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AUXÍLIO DIDÁTICO 1

Uma vez que esse primeiro ciclo de es­ tudos tratou do Reino de Deus, é oportuno destacar o estudo do teólogo Michael Dusing, quando este afirma que uma fdas formas de

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íí o Reino consiste nos redimidos de todos os tempos (os santos do Antigo e do Novo Testamento), enquanto a Igreja consiste naqueles que foram redimidos a partir da obra completa de Cristo


Tal verdade é inegável. Por isso vale a pena, uma vez mais, falar que, conforme o mesmo autor, o “termo basileia (‘reino’) é usualmente definido como o governo de Deus, a esfera universal do seu domínio. Seguindo esse modo de entender, aiguns fazem distinção entre Reino e Igreja. Consideram que o Reino inclui todas as criaturas celestiais não caídas (os anjos) e os redimidos entre a raça humana (antes e depois dos tempos de Cristo). Por contraste, a Igreja consiste mais especificamente de seres humanos regenerados mediante a obra expiatória de Cristo. Os que defendem tal distinção acreditam também que o Reino de Deus transcende o tempo e tem a mesma duração do Universo, ao passo que a Igreja tem um ponto inicial específico e também terá um ponto culminante específico, na segun­ da vinda de Cristo. Partindo-se dessa perspec­ tiva, portanto, o Reino consiste nos redimidos de todos os tempos (os santos do Antigo e do Novo Testamento), enquanto a Igreja consiste naqueles que foram redimidos a partir da obra completa de Cristo (sua crucificação e ressur­ reição). De conformidade com esse raciocínio, a pessoa pode ser membro do Reino de Deus sem pertencer à Igreja (por exemplo, os patriarcas Moisés e Davi), mas quem é membro da Igreja pertence simultaneamente ao Reino. À medida que mais indivíduos se convertem a Cristo e se tornam membros da Igreja, somam-se também ao Reino, que assim cresce” (Ibid., pp.552-53). Michael Dusing diz, entretanto, que exis­ tem outras interpretações no entendimento da “distinção entre Reino e Igreja. George E. Ladd entendia que o Reino era o reinado de Deus, e a Igreja, por contraste, a esfera do domínio divi­ no — as pessoas sujeitas ao governo de Deus. De modo semelhante aos que distinguem entre Reino e Igreja, Ladd achava que não se deveria equiparar os dois. Pelo contrário, o Reino cria a Igreja, e a Igreja dá testemunho do Reino. Além disso, a Igreja é o instrumento e depositária do Reino, como também a forma que o Reino ou reinado de Deus assume na Terra: uma manifes­ tação concreta de governo soberano de Deus entre a raça humana” (Ibid., p.553). Finalmente, uma terceira e última posição distintiva é aponta­

da pelo mesmo autor. Ele afirma que há autores que “distinguem Reino de Deus e Igreja por acre­ ditarem ser aquele primariamente um conceito escatológico, ao passo que esta possui uma unidade mais temporal e presente. Louis Berkhof considera que a ideia bíblica primária do Reino é o governo de Deus ‘reconhecido nos corações dos pecadores mediante a poderosa influência regeneradora do Espírito Santo’. Esse governo já é exercido na Terra, em princípio (‘a realização presente dele é espiritual e invisível’), mas não o será de modo completo antes da segunda vinda visível de Cristo. Em outras palavras, Berkhof defende um aspecto de ‘já/ainda não’ operando no relacionamento entre Reino e a Igreja. Por exemplo: Jesus enfatizava a realidade presente e o caráter universal do Reino, concretizados de modo inédito mediante seu próprio ministério. Além disso, Ele oferecia uma esperança futura: o Reino que viria em glória. Nesse aspecto, Berkhof não fica longe das posições teológicas declaradas supra, que descrevem o Reino em termos mais amplos que a Igreja. O Reino (pala­ vras dele) 'visa nada menos que o total controle de todas as manifestações da vida. Representa o domínio de Deus em todas as esferas da ati­ vidade humana’" (Ibid., pp.553-54).

2. NATUREZA E IDENTIDADE DA IGREJA ► 2.1 - Igualitária. Ao outro grupo que, não mais baseado na nacionalidade ou etnia, acolhera a palavra do Evangelho, Jesus Cristo denomi­ nou-o de “ Igreja” (Mt 16.18). Este é composto de pessoas de todos os tempos e de todas as tribos e nações, pois não nasceram da carne, nem do sangue, nem da vontade humana, mas da parte do próprio Deus (Jo 1.12,13; Ap 7.9). Quem acolheu a palavra do Evangelho e faz parte da Igreja, não deve reivindicar distinção, pois como o Senhor ensinou, somos todos iguais (Lc 22.24-27). Lembrando também do ensinamento do apóstolo Paulo, só há um “cabeça” na Igreja que é Cristo, nós somos seus membros em particular (1 Co 12.12-27; Ef 1.22; 4.15,16). | Discipulando Professor 1 |


na fé uns aos outros deve envolver atividades que fornecerão uma expressão sobrenatural da comunhão entre as Pessoas da Deidade e o povo de Deus na terra, ligando portanto, entre si, os relacionamentos verticais e horizontais. Por isso, devemos tratar nossos irmãos, membros ►2.3 - Comunitária. Não é sem propósito da Igreja, com a mesma atitude de comunhão e que a Igreja é comparada a um corpo ou a uma convívio amoroso que Deus nos oferece. A co­ família, pois essa deve ser a sua natureza. A munhão com Deus sem comunhão com nossos Igreja do primeiro século assim viveu e deixouirmãos e irmãs no Senhor fica fora do alvo, bíblica nos o exemplo (At 2.42-47). e relacionalmente” (Ibid.). O mesmo autor aprofunda a questão ao di­ zer que o “ministério à Igreja inclui o compartilhar ► AUXÍLIO DIDÁTICO 2 da vida divina. Só temos a dinâmica daquela vida Não há nenhuma dificuldade na exposição à medida que permanecermos nEle e continu­ desse tópico, pois consiste exatamente do que armos repassando a sua vida uns aos outros está registrado nas Escrituras. Infelizmente, é dentro do Corpo. Esse processo de edificação possível que surja alguma dificuldade em relação é descrito por Paulo como relacionamentos de ao que a Palavra de Deus diz e o que o aluno mútua confiança: pertencemos uns aos outros, observa na prática do dia a dia. Contudo, é ne­ precisamos uns dos outros, afetamos uns aos cessário refletir acerca do fato de que a “Igreja outros (Ef 4.13-16). Essa mútua confiança inclui é o estandarte da reconciliação entre a huma­ abnegação para ajudarmos a suprir necessi­ nidade e Deus, e dos seres humanos entre si. dades uns dos outros. Não somos um clube É ‘a comunidade dos pecadores justificados,... social mas, sim, um exército que exige mútua que experimentam a salvação, e que vivem nas cooperação e solicitude ao enfrentarmos o mun­ ações de graças... Ela, com os olhos fitos em do, negarmos a carne e resistirmos ao diabo”. Cristo, vive no Espírito Santo’. O ministério que Aspecto importantíssimo é o fato de que “Deus se estende à Igreja afirma que, aquilo que nos não pede conselhos a respeito de quem Ele trará vincula num só, não pode ser resumido na forma à Igreja. Gálatas 3.26-29 deixa claro que todas as de dogmas, mas tem muita coisa a ver com o barreiras entre Deus e a humanidade, levantadas ser incluído numa comunidade que reflete a ao longo da história, bem como as barreiras entre comunhão com Deus e, subsequentemente, o uns seres humanos e outros, foram tornadas convívio fraternal com uma humanidade redi­ irrelevantes por Cristo. O Espírito transcendeu mida” (KLAUS, Byron D. A Missão da Igreja In os vínculos e fronteiras humanos, e colocouHORTON, Stanley M- (Ed.). Teologia Sistemá­ nos numa união onde vivemos na prática as tica. Uma perspectiva pentecostal. 1.ed. Rio implicações de pertencermos uns aos outros por de Janeiro: CPAD, 1996, p.600). Esse aspecto causa de nossa mútua fraternidade em Cristo. comunitário da Igreja é tratado nos “escritos Quer sejamos ricos ou pobres, cultos ou incultos, do apóstolo João (especialmente João 17 e 1 talentosos ou imperitos, e independentemente João 4)” e, segundo Byron Klaus, “sugerem um de nossa etnicidade, não devemos desprezar paralelo entre a comunhão dentro da Trindade uns aos outros nem imaginar que temos uma e a comunhão potencial dentro da Igreja. João posição de superioridade em relação aos outros 17 registra a oração de Jesus na qual Ele faz um diante de Deus. Não há favoritismo com Deus (Ef 6.8; Tg 2.1-9) (Ibid., p.601)”. paralelo explícito entre a comunhão que Ele tem Klaus deixa exemplifica a importância des­ conhecido com o Pai e aquela que, segundo Ele sa dimensão da Igreja ao falar que o “emprego está pedindo na oração, será manifestada entre por Paulo da metáfora a respeito da Igreja reco­ os crentes da terra. O ministério dos irmãos >2.2 - Serviçal. Jesus instituiu a Igreja para que ela seja uma extensão de seu ministério. E qual foi o ministério de Jesus? Servir as pessoas. Assim é que Ele ensina-nos a que igualmente sirvamos (Lc 24.27; Jo 13.1-20).

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nhece que todas as partes do corpo ‘são inter­ dependentes e necessárias à saúde do corpo’. A dinâmica do relacionamento não é meramente uma opção conveniente. Fomos feitos à imagem de Deus (Gn 1.26-28), e a Igreja tem o propósito de ser uma restauração corpórea da imagem quebrada. A Igreja não é simplesmente uma idéia genial, como também é essencial ao plano divino da redenção (Ef 3.10,11). Deus manifesta sua presença ao mundo através de um povo interdependente de pessoas que servem umas às outras" (Ibidem). Assim, completa o mesmo autor a esse respeito: “Porque o ministério à Igreja reflete uma figura bíblica que representa a Igreja como um organismo, podemos ver como a dimensão relacionai da vida na Igreja é dinâmica, e não estática. Certamente exercemos algum efeito uns sobre os outros. O ministério à Igreja corrige a tendência da sociedade ocidental de enfatizar o indivíduo mais do que a comunidade. O ministério da Igreja inclui equipar um grupo de pessoas que vive em mútua comunhão, capacitando-as a crescer até formar uma enti­ dade amorosa, equilibrada e madura. Paulo diz claramente em Efésios 4.11 -16 que a equipagem dos santos para o serviço compassivo em nome de Cristo deve acontecer numa comunidade. O crescimento espiritual e o contexto em que ele ocorre de modo mais eficaz não surgem por mera coincidência. O amadurecer do crente não poderá acontecer fora da comunidade da fé. O discipulado não possui nenhum outro contexto que não seja a Igreja de Jesus Cristo, porque não se pode seguir fielmente a Jesus à parte de uma participação cada vez mais madura com outros crentes na vida e no ministério de Cristo” (Ibid., pp.601-02).

defendida como se a Igreja, tida como “Israel de Deus”, pudesse desfrutar de todas as bênçãos materiais prometidas pelo Criador ao seu povo no Antigo Testamento. Entretanto, ao se estudar o contexto da parábola dos maus vinhateiros, ou lavradores, por exemplo, veremos que foi justamente o abuso de terem se achado em posição superior, que os vitimara (Mt 21.33-46). E é neste contexto que Jesus fala acerca de “tirar” a representatividade do Reino deles e de entregá-la a outros para que deem os frutos do Reino (Mt 21.43; Mc 12.9; Lc 20.16). ► 3.2 - A missão da Igreja. Conforme ins­ trui-nos o apóstolo Pedro, a missão da Igreja, como “geração eleita, sacerdócio real, nação santa e povo adquirido”, assim como Israel o fora, é anunciar “as virtudes daquele que [nos] chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2.9), e representar o que significa ser governado por Deus, nada tendo com domínio do mundo. >>3.3-0 poder da Igreja. Jesus é quem fundou e sustenta a Igreja, por isso, Ela é mantida pelo poder de Deus (Mc 16.20). Não é obra humana, nem propriedade de ninguém. A Igreja pertence ao próprio Jesus (Ef 5.22-33).

^ AUXÍLIO DIDÁTICO 3

Quanto a este último tópico, o caso é basicamente o mesmo do anterior. A missão e o “ poder” da Igreja são questões muito claras na Bíblia, sem necessidade alguma de grandes discussões, tendo que simplesmente observar o que preceitua a Palavra do Senhor. Não obstante, é necessário dizer algo a respeito do assunto tendo em vista o fato de que os alunos estão iniciando sua caminhada. Tal é importan­ te pelo fato de que, como afirma Byron Klaus, 3. A MISSÃO E O SUSTENTO a “comunidade que mantém sua comunhão na DA IGREJA fé consta, idealmente, como uma lembrança > 3.1 - Chamados para dar os frutos do sempre presente diante do mundo de como Reino. Há entre nós um grande perigo de achar­ parece a vida quando o Reino de Deus está pre­ mos que ocupamos o lugar do povo de Israel sente”, pois, a despeito do fato de que “ensinar a verdade da Palavra de Deus certamente seja para dominarmos o mundo. Essa equivocada ideia, chamada de “teologia da substituição”, é um ministério vital à Igreja, os discípulos são | Discipulando Professor 1 |

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edificados, não somente mediante o ensino da verdade, mas também por estarem numa comunidade positiva, amorosa e generosa de pessoas que, juntas, estão sendo conforma­ das à imagem de Cristo” (KLAUS, Byron D. A Missão da Igreja In HORTON, Stanley M. (Ed.). Teologia Sistemática. Uma perspectiva pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.602). Ponto fundamental nessa temática é a diakonia, ou seja, o “serviço” ou “ministério” que, de acordo com o mesmo autor, trata-se dos “esforços no serviço a Cristo que continu­ am o ministério encarnacional que Ele realizou e que nos ajuda a realizar. O caráter desse ministério é servir; não imita o padrão da autori­ dade ou do propósito que este mundo impõe. A essência do ministério tem sido exemplificado por Cristo de uma vez para sempre (Mc 10.45) e, como conseqüência, servimos a Cristo por meio de servir à criação que está debaixo do seu senhorio” (Ibid., p.604). Klaus explica que a “dimensão de serviço no ministério leva-nos, além de divulgar as bo­ as-novas com denodo e coragem, a participar do desejo de Deus que é alcançar de modo prático os marginalizados da sociedade. As pessoas que não têm ninguém para pleitear a sua causa, e que se encontram desconsidera­ das e abandonadas, também foram criadas à imagem de Deus. A Igreja, revestida pelo poder do Espírito, terá de passar das palavras para as ações se quer ver realizados os propósitos de Deus. Não poderá haver maneira de fugir deste fato: se vamos realmente servir no minis­ tério continuado de Jesus Cristo, esse serviço deverá seguir o exemplo do seu ministério”. O mesmo autor faz referência a Lucas 4.18-21, dizendo que tal texto “enfatiza o ministério do tipo de servo". Apesar de ele reconhecer que o ministério de Jesus “leva-nos adiante, para alguma coisa além de uma mera versão cristã da Cruz Vermelha” e que o “mal que é perpetrado no mundo inteiro já foi vencido por Cristo”, Klaus questiona como é possível exercer o ministério de servo demonstrando essa vitória em meio a tanta maldade. Sua resposta é que as “incapacidades físicas não

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são impedimentos para o Reino de Deus. No meio da enfermidade e da tragédia física, temos o privilégio de dizer agora: ‘Levante-se e seja curado!’ Aqueles que estão amarrados pelo demonismo, presos pelo poder destrutivo do maligno, podemos proclamar que a liber­ tação está perto e que o ‘novo’ governo de Deus liberta os cativos. Às numerosas massas que a sociedade tem abandonado à beira do caminho da vida, podemos demonstrar com autoridade, mediante os nossos atos tangíveis de misericórdia e compaixão, que o Reino de Deus traz dignidade e valor humanos a ‘um destes pequeninos’ (Mt 25.40)” (Ibidem). Na realidade, a “Igreja, cheia do Espírito de Deus, pode crescer de modo criativo e agir com compaixão através do serviço (inspirado pelo coração reconciliador de Deus) de ‘um destes pequeninos’. O poder de Deus para a nossa transformação reúne-nos em comunida­ des que refletem coletivamente a reconciliação com Deus (1 Co 12.13; 2 Co 5.17-20). Essas comunidades revestidas de poder não devem se restringir a determinadas pessoas, porque Deus já identificou com clareza o objeto de seu amor (Lc 4.18,19). Temos de imitar o nosso Supremo Comandante, que busca os que estão amarrados pelo pecado, mantidos cativos pelo diabo. O Espírito deseja dar ao seu povo poder para penetrar com ousadia nas arenas do desespero e da destruição, para que não nos tomemos uma Igreja do tipo censurada pelo profeta Amós — um povo com uma religião ritualizada, sem compaixão e sem conteúdo ético. Para o bem do nosso testemunho, precisamos esquecer-nos dos nossos direitos, ser humildes e perdoadores no meio da perseguição, e ‘[...] sempre prepa­ rados para responder com mansidão e temor a qualquer que [nos] pedir a razão da [nossa] esperança [...], tendo uma boa consciência’ (1 Pe 3.15,16)” (Ibidem). Isso significa que, de acordo com Klaus, o nosso “testemunho diante do mundo é a operação prática de nossa par­ ticipação na missão de Deus: a reconciliação com o mundo. Proclamamos e demonstramos o caráter compassivo e o poder autoritativo de


Cristo, que já irromperam nesta era. Por meio de palavras e de ações, damos testemunho das boas-novas de que Jesus ama os pobres, os doentes, os famintos, os endemoninhados, os fisicamente torturados, os emocionalmente feridos, os destituídos de amor e até mesmo os auto-suficientes. E então continuamos a amá-los e a cuidar deles, fazendo deles discí­ pulos que já não sejam ‘meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente’ (Ef 4.14)’’ (Ibid., pp.605-06).

CONCLUSÃO Com a lição de hoje você teve a oportunidade de conhecer um pouco sobre a identidade da “Noiva do Cordeiro” (Ap 19.7). Tal conhecimento está apenas começando, pois como parte des­ se povo, você se desenvolverá e, certamente, conhecerá ainda mais sobre o seu papel no Reino de Deus.

APROFUNDANDO-SE É importantíssimo que saibamos que os apóstolos só passaram a cumprir a missão que Jesus Cristo lhes designara, após receberem o poder do Espírito Santo (At 1.8).

dade, tendo o Senhor então formado um povo para vivenciá-lo na prática e servir de modelo ao mundo todo. Infelizmente, Israel falhou e Deus então enviou o seu próprio Filho para então “inaugurá-lo” em uma nova perspectiva, chamando a todos os que creem a fim de que permitam ser orientados pelo Criador e sirvam de exemplo às demais pessoas. Nesse formato, temos então o reinado de Deus em nossa vida, apontando, pela fé, o que será a vida quando o Reino de Deus for implantado definitivamente no mundo. 2 . Após a rejeição de Israel, como as pessoas são alcançadas e se tornam filhas de Deus? R. Através da fé em Jesus Cristo, Deus alcança diretamente a qualquer pessoa que humildemente acolha a palavra do Evangelho. 3 . O que significa a natureza igualitária da Igreja de Cristo? R. Na perspectiva do Evangelho, como o Se­ nhor ensinou, somos todos iguais (Lc 22.24-27). 4 . Para quê a Igreja foi chamada? R. Para dar os frutos do Reino (Mt 21.43; Mc 12.9; Lc 20.16). 5 . Qual é a missão da Igreja? R. Conforme instrui-nos o apóstolo Pedro, a missão da Igreja, como “geração eleita, sa­ cerdócio real, nação santa e povo adquirido”, assim como Israel o fora, é anunciar “as virtudes daquele que [nos] chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2.9), e representar o que significa ser governado por Deus, nada tendo com domínio do mundo.

VERIFIQUE SEU

APRENDIZADO

1. Comente sobre o projeto do Reino de Deus. R. Conquanto a resposta seja pessoal, devi­ do ao fato de o assunto ter sido objeto de estudo em várias lições, é preciso que o aluno saiba falar do tema, mais ou menos, nos seguintes termos: O projeto do Reino de Deus foi interrompido, em parte, por causa da desobediência da humani­

► Que a Igreja possui um aspecto espiritual e universal e outro visível e local? E que é possível ser membro de uma igreja local sem o ser do Corpo de Cristo?

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