TFG: Projetando espaços para pessoas: Um Oásis no Bairro da Liberdade.

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PROJETANDO ESPAร OS PARA PESSOAS:

Um Oรกsis no Bairro da Liberdade Dezembro de 2017

Daniel Felipe Outa Yoshida Orientadora: Profa. Dra. Denise Duarte



Trabalho Final de Graduação

Projetando Espaços para Pessoas: Um Oásis no Bairro da Liberdade

Orientação: Prof. Dra. Denise Helena Duarte Aluno: Daniel Felipe Outa Yoshida Dez/2017


Agradecimentos Agradeço esse trabalho a toda minha família que me deram apoio e confiança em mim, em especial meu pai e minha falecida mãe. Agradeço a todos meus amigos que me acompanharam nessa jornada e sempre trouxeram felicidade e incentivo. Agradeço aos meus amigos da Aucani. Agradeço a todos os professores que contribuíram para minha formação. Agradeço à Alexandra Oga, pelo apoio e carinho e ajuda na execução de trabalhos (principalmente as maquetes). Um especial agradecimento aos meus amigos, Bruna, Daiana, Délio, Rose, Rômulo e Karina pela força. Agradeço à minha orientadora professora Dra. Denise Duarte pelo grande apoio, incentivo e paciência. Por fim, agradeço a meus avós pelo incentivo aos estudos.

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Dedicatória

Aos meus pais. À minha família. Aos meus queridos amigos. Aos meus professores. À Alexandra.

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Sumário Objetivo 9 Metodologia 10 Pesquisa Bibliográfica  11 Projetar espaços para Pessoas na cidade de São Paulo: uma ideia esquecida 12 O Microclima e a Vegetação nos Microclimas Urbanos  16 O Planejamento de espaços e o microclima urbano.  23 História do Bairro da Liberdade:   25 Estudo de Campo e Morfologia  28 Aspectos do Bairro da Liberdade  29 Uso do Solo  30 Aspectos Volumétricos  33 Espaços Livres Intra-Quadras e Arborização  36 Fluxo de Pedestres e Automóveis  40 Fluxo de Automóveis  41 Tráfego de Pedestres  42 Ritmos Urbanos da Liberdade  43 Entendendo os Caminhos dos Pedestres  50 A quota ambiental e o Bairro da Liberdade  51 Proposta de Projeto  54 Um Oásis no Bairro da Liberdade  54 Situação e Diretrizes de Projeto  55 Intervenções Principais  56 Implantação Geral  57 Cortes Gerais e Observações  60 Plano para Calçadas e Ruas  63

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Intervenções na Praça Liberdade  86 Novos Espaços: Readequação dos Canteiros  90 Novos Espaços: Readequação dos Canteiros  91 Canteiro 01  92 Canteiro 02  95 Canteiro 03  98 Novos Usos para Lotes de Estacionamento  100 Jardins de Chuva  101 Considerações Finais  103 Bibliografia  104


Objetivo Como em muitas regiões da cidade de São Paulo, devido à expansão urbana desorganizada, centrada no automóvel e que culminou no isolamento dos edifícios, as condições espaciais do Bairro da Liberdade se encontram bastante degradadas. Poluição do ar, aquecimento urbano, calçadas irregulares, lixo nas ruas, automóveis competindo espaço com o pedestre, violência urbana, ruídos, pouca vegetação e espaços livres públicos limitados são os reflexos da ausência de planejamento urbanístico e esquecimento da vida pública que se estendeu ao longo do tempo na região. Recentemente, parte da Avenida Galvão Bueno foi alterada, a partir do aumento dos espaços para o fluxo de pedestres, reduzindo o tráfego de automóveis, e houve também a instalação de bancos para o descanso do pedestre. A requalificação, ainda que limitada, abre as portas para uma série de possibilidades para a realização de novas intervenções que busquem trazer mais vida ao Bairro da Liberdade. Dentro dessa perspectiva, o trabalho final de graduação tem como principal objetivo requalificar a área mais ativa do Bairro da Liberdade e traçar diretrizes que contribuam para uma melhor qualidade espacial para as demais localidades do bairro. Dessa maneira, este trabalho se baseia em um projeto de intervenção urbana nessa região, que visando melhor qualidade à vida urbana, trazendo um caráter de re-humanização na região. Para isso, em projeto, foram tomadas decisões de remanejamento de lotes, requalificação das calçadas, aumento da arborização, e utilização de tecnologias verdes, como jardins de chuva, telhados verdes e paredes verdes, e desenho de mobiliário urbano. Figura 1 - Croqui Av. Galvão Bueno. Fonte: Autor

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Metodologia Durante o TFG-1 o trabalho foi embasado pela revisão bibliográfica e estudos da morfologia, comportamento das pessoas e aspectos ambientais da região, seguidos pelo desenvolvimento do projeto no TFG-2. Após o levantamento bibliográfico, foram coletados dados históricos da região da Liberdade, observando aspectos culturais e sociais existentes. Juntamente a isso, foram estudadas as transformações em seu território ao longo do tempo, marcadas pela rápida expansão urbana da cidade de São Paulo, fomentada pela industrialização da Cidade. Em seguida, foram levantados dados morfológicos da região, como arborização, recuos, espaços livres, uso do solo e gabarito dos edifícios do Bairro da Liberdade. Grande parte dos dados de morfologia foram retirados do banco de dados do laboratório Quápa, possibilitando melhor leitura da região e auxiliando na identificação de problemas e potencialidades existentes. Para o estudo geométrico das edificações do bairro foi utilizado o software de informação geográfica QGIZ e seu banco de dados da cidade de São Paulo, o que possibilitou melhor leitura da região e visualização dos espaços urbanos cheios e vazios. Em seguida, para melhor visualização dos dados obtidos, estes foram redesenhados para a plataforma do software Google SketchUp, possibilitando então o estudo de questões ambientais da região, tais como insolação e sombreamento, além de melhor identificação de potencialidades existentes no bairro e dos espaços cheios e vazios. Como parte projetual, foram levantados dados sobre os fluxos de pedestres, tráfego de veículos e identificação de lotes e outros espaços com boa potencialidade de aproveitamento, a fim de trazer a pracialidade do Bairro da Liberdade e melhores condições de conforto, ambientais e ergonômicas, especialmente para o pedestre.

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Figura 2 - Croqui Viaduto Cidade de Osaka. Fonte: Autor


Pesquisa Bibliogrรกfica


Projetar espaços para Pessoas na cidade de São Paulo: uma ideia esquecida Calçadas apertadas, desniveladas, esburacadas; muros altos bloqueando a visibilidade de lotes para a rua; automóveis competindo espaço com pedestres; vegetação escassa; poucas áreas livres; pouca acessibilidade; trânsito, insegurança, poluição e etc. Esses problemas são comumente encontrados na cidade de São Paulo e retratam o quanto a cidade se esqueceu da dimensão das pessoas, seus limites físicos e a vida urbana pública. Por décadas, a dimensão humana foi mantida em segundo plano durante o desenvolvimento das cidades que, em grande parte, se desenvolveram para acomodar o crescente tráfego de automóveis e seus edifícios tomaram características individualistas, deixando de lado sua interação com o espaço público (GEHL, 2015). Como resultado disso, houve a súbita queda na qualidade dos espaços públicos, o espremer do espaço para pedestres, o surgimento de obstáculos, ruídos, poluição e risco de acidentes, que são condições vergonhosas para os habitantes das cidades.

/Pesquisa Bibliográfica

devido ao fato de que o período foi marcado pelo gigantesco crescimento populacional, somado à chegada das indústrias automobilísticas, que gerou a intensificação do uso do automóvel. Conforme dito anteriormente, os reflexos desse impacto e esquecimento da dimensão humana no urbanismo não foi diferente de outros centros urbanos: São Paulo tornou-se, rapidamente, pobre em espaços de qualidade para o público, afetando todos os elementos de atividade humana do lado de fora dos edifícios, desde a qualidade das calçadas até mesmo o número de parques e praças, locais que deveriam ser o local de atividade das

Nota-se que a cidade de São Paulo não foge a essa regra. Durante seu rápido crescimento populacional, iniciado com o acúmulo de capital vindo das atividades do café e mais tarde com a industrialização, os espaços públicos livres e a vegetação foram sendo apagados. Nesse contexto, com a violência urbana, muitos edifícios passaram a se comportar como fortalezas, não se relacionando com seu entorno, com o levantamento de muros, utilização de câmeras e cercas de segurança, podendo passar a se comportar como um obstáculo visual e físico para a cidade. Durante a rápida urbanização, as regiões que tinham grande potencial para o desenvolvimento de áreas de lazer e convívio desapareceram, tais como muitos dos córregos existentes na cidade de São Paulo, que acabaram sendo canalizados e, assim, soterrados para dar lugar a largas avenidas para o tráfego de automóveis. Isso ocorreu

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Figura 3 - Diagrama de Qualidade espacial e atividades. Fonte: GEHL 2013


/Pesquisa Bibliográfica pessoas. Observando esses problemas, conclui-se que são necessárias ações para remoldar as cidades, para que elas respondam novamente ao ser humano e suas limitações. Jan Gehl (2013) utiliza como exemplo a cidade de Copenhague, na Dinamarca, cidade onde se reestruturou sua rede ao longo das décadas, através da remoção de faixas para automóveis e áreas de estacionamento, em um processo deliberado, para criar melhores condições e segurança para o tráfego de bicicletas e pedestres. Com essa redução do convite ao automóvel, juntamente

Figura 4 - Calçadas do centro de São Paulo. Fonte: Autor

com o remanejamento no desenho urbano, criou-se uma cultura do caminhar e andar de bicicleta na capital dinamarquesa. Resumidamente, à medida que melhoram as condições para os pedestres, surge uma nova cultura no local e, consequentemente, atividades sociais saudáveis para cidade. Segundo Gehl (2013), em espaços com pouca qualidade ocorrerão apenas as atividades chamadas por ele como necessárias daquele espaço, a exemplo do andar pela calçada apenas para o deslocamento, não dando condições e interesse para outros tipos de atividades.

Figura 5 - Rua fechadas para o pedestre em Puebla - México. Fonte: Autor

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/Pesquisa Bibliográfica sustentam os processos que reforçam a vida urbana. Ao andar pelas cidades, é comum encontrar situações de conflito entre o pedestre e os automóveis, calçadas lotadas e estreitas, uma multidão de pessoas tentando se locomover ao lado de grandes vias de automóveis que também se espremem. Portanto, reduzir o tráfego de automóveis se tornou uma estratégia de melhoria espacial e urbana, fazendo com que a população se adapte ao novo ambiente e, atrelando a isso: o fortalecimento do uso do transporte público e outros meios não agressivos, tal como o uso da bicicleta. Essa estratégia urbanística, infelizmente, ainda é pouco utilizada no Brasil. Ainda que existam iniciativas e projetos que sigam essa lógica, elas não são amplamente aplicadas, o que gera a necessidade de se alcançar patamares maiores.

Figura 6 - Calçadão em Cholula - México. Fonte: Autor

Portanto, ao aumentar a qualidade do espaço, abre-se a possibilidade do surgimento de novas atividades opcionais aos indivíduos no local, tais como comer, ficar parado, se sentar, entre outras. Além do surgimento de atividades opcionais, o resultado de maior valor é o surgimento de atividades de relações sociais entre as pessoas, geradas pela melhoria na qualidade do local, com a criação de bancos para as pessoas se sentarem, sombras para o sol forte, proteção contra chuvas, espaços de espera, espaços de descanso, calçadas mais largas e etc. Ou seja, à medida em que as condições do espaço melhoram, mais atividades mais humanas vão surgindo. Essas atividades trazem, assim, mais vida à cidade e às pessoas, já que

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Reduzir o uso de automóveis, fortalecer o transporte público e dar condições para o andar de bicicleta nas cidades é uma maneira de caminhar em direção a sustentabilidade (GEHL, 2013). O tráfego de pedestres e bicicletas utiliza muito menos energia e pouco afeta o meio ambiente, em relação a outras formas de transporte. Quanto ao transporte público, ele também se torna um meio mais sustentável de mobilidade pois, apesar do gasto considerável de energia, ele é capaz de transportar um número elevado de pessoas, ao contrário dos automóveis individuais que, normalmente, transportam apenas o motorista. Assim, reforçando o tráfego de bicicletas e o transporte público e, paralelamente, reduzindo o uso do automóvel individual, os benefícios são enormes, como a melhoria na qualidade do ar e a redução do tráfego urbano. Ao longo dos últimos anos, apesar de se observarem melhorias na cidade de São Paulo atreladas ao Plano Diretor Estratégico que, pelo menos em seu conceito, procura trazer um caráter mais humano à cidade e segue o pensamento de Gehl, nota-se que essa ideia ainda necessita ser melhor explorada e mais amplamente aplicada. Os espaços


/Pesquisa Bibliográfica livres públicos continuam sendo escassos e mal distribuídos na capital paulistana. Por esse motivo, é comum que áreas como, por exemplo, o Parque Ibirapuera e a Avenida Paulista fiquem lotadas durante os finais de semana. As pessoas naturalmente buscam por espaços com outras pessoas e com mais qualidade. As pessoas querem andar, pedalar, usar a calçada. Nota-se que em grande parte da cidade de São Paulo, mesmo em regiões bastante ativas, quase não há elementos atrativos para que as pessoas permaneçam no local, sendo mínima a vida pública. Um exemplo é a baixíssima quantidade de bancos, mesas e banheiros públicos espalhados pela capital paulista. Elementos que, apesar de sua simplicidade, conseguem mudar a condição dos espaços, atraindo pessoas para descansar, relacionar-se com outras pessoas, ler, estudar e etc. As atividades de permanência trazem benefícios econômicos para a região, fazendo com que comércio e serviços se fortaleçam. Quanto maior a vida pública de um local, maior será o movimento e permanência de pessoas nele. Somando-se a isso, com o desenho de espaços com menos pontos cegos e maior visibilidade das atividades dos frequentadores, melhor serão as condições de segurança contra a violência urbana no local, pois espaços frequentados com visibilidade são desfavoráveis a infratores. Portanto, espaços confinados e sem visibilidade, como ruas muradas, um fenômeno presente em diversas cidades brasileiras, e edifícios que se comportam como fortalezas e ficam isolados da cidade acabam gerando espaços sem movimento e inseguros.

Figura 7 - Rua no centro de Copenhagen. Fonte: GEHL, 2013

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O Microclima e a Vegetação nos Microclimas Urbanos A atmosfera terrestre é uma camada de gases que envolve a Terra e é retida pela força de gravidade. Nela existe uma série de condições meteorológicas formada por variáveis tais como temperatura, umidade, velocidade dos ventos, pressão e radiação. Dessa maneira, define-se clima quando se observa em determinada região um padrão de comportamento de eventos meteorológicos (precipitação, pressão atmosférica, umidade e temperatura) (BROWN; GILLESPIE,1995). O clima é um grande fator que proporciona a sensação de conforto ou desconforto geral, porém podem existir nessa mesma região outros diferentes climas delimitados por espaços menores, e estes são chamados microclimas, que são produtos da interação do clima com a sua paisagem local (BROWN; GILLESPIE, 1995). Entendidos os conceitos de clima e microclima, observa-se o crescimento acelerado dos centros urbanos em detrimento das áreas verdes, como é o caso de São Paulo, onde cada vez mais as áreas verdes da cidade estão desaparecendo, interferindo negativamente na saúde da população e no ciclo biológico natural. Assim, a redução da vegetação nas áreas urbanizadas, juntamente com o uso de materiais inertes, tal como o asfalto, tem provocado a acumulação de calor, consequentemente gerando o processo de aquecimento nas cidades, tanto na atmosfera quanto nas superfícies urbanas, quando comparado a áreas do entorno, menos urbanizadas e com mais vegetação (VOOGT, 2004). Segundo pesquisas do Heat Island Group (2011), um dos fenômenos de aquecimento urbano é o efeito de Ilha de Calor. Segundo OKE (1989), trata-se da diferença de temperatura entre a cidade e as áreas rurais circunvizinhas durante o período noturno, ocorrendo algumas horas após o pôr-do-sol. Dessa maneira, consiste na elevação das temperaturas mínimas (à noite) e um pequeno aumento nas temperaturas máximas, dependendo da geometria urbana. o que

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/Pesquisa Bibliográfica

tende a reduzir gradualmente a amplitude térmica (LANDSBERG, 1981). Segundo a Agência de Proteção Ambiental Americana (United States Environmental Protection Agency - EPA), a temperatura do ar anual média de uma cidade com um milhão de pessoas ou mais pode variar entre 1ºC a 3°C mais quente do que seus arredores menos adensados e que se aproximam de áreas rurais (EPA, 2012). Durante a noite essa variação de temperatura pode ser ainda maior. No entanto, esse efeito de ilha de calor é amenizado próximo às áreas dos parques, terrenos abertos e corpos d’água. Dessa forma, isso retrata a importância do plantio de árvores e da preservação das mesmas em áreas urbanas como principal medida estratégica para minimizar o efeito da ilha de calor, já que as áreas verdes possuem um papel fundamental na regulação dos microclimas das cidades (YU, 2006). O fenômeno da ilha de calor varia conforme a estação do ano, localização, latitude, características físicas, etc., sendo um fenômeno diretamente relacionado com o aumento do consumo de energia, pois também está atrelado à necessidade do uso de ar condicionado para o resfriamento dos ambientes que sofrem os efeitos do aumento da temperatura do ar, durante o período noturno, principalmente no verão (EPA, 2012). Oke (1989), ao estudar a ilha de calor e sua relação com a malha urbana, não encontrou relação direta entre os revestimentos de fachadas artificiais e a intensidade da ilha de calor. Constatou, porém, que a única diferença significativa foi entre as fachadas artificiais e as naturais; as fachadas verdes e áreas cobertas de vegetação traziam uma redução significativa na temperatura de superfície. Desse modo, observa-se que uma das formas de mitigação das ilhas de calor é através do uso de tetos claros e da inserção de infraestrutura verde na cidade, pois aumentam as taxas de evapotranspiração pelas plantas e influenciam na mudança do albedo na cobertura dos edifícios (TAHA,


/Pesquisa Bibliográfica 1997). Brown e Gillespie (1995) descrevem o albedo como a razão dos raios solares refletidos por qualquer superfície em relação à radiação incidente, sendo que o potencial para reflexão varia de acordo com as características das superfícies naturais e artificiais. O albedo de um corpo ou superfície varia numa escala de 0 a 1, apresentando maior refletividade quanto mais próximo de 1, e maior capacidade de absorção quanto mais próximo de 0 (BROWN; GILLESPIE, 1995). O albedo dos solos pode variar entre uma porcentagem de 5% a 75%, de acordo com o tipo do solo. Assim, é interessante ressaltar as seguintes características: para solos escuros, 13% e para dunas de areia seca, 25% (BROWN e GILLESPIE, 1995). O albedo da vegetação varia de 5% a 30%, sendo o campo verde, o bosque e a floresta de coníferas correspondentes aos menores albedos, enquanto que a grama e a pradaria correspondem aos maiores. Apesar dos albedos das vegetações serem relativamente baixos não há acúmulo de calor, pois a energia é usada para os processos bioquímicos da vegetação, e a folhas se aquecem menos do que as superfícies inertes. No caso de superfícies urbanas, há desde superfícies com alta capacidade de reflexão até superfícies com baixíssima capacidade de reflexão; seguem alguns exemplos tais como o asfalto – 5 a 15%; concreto – 10 a 50%; tijolo – 20 a 50%; pedra – 20 a 35%; metal ondulado – 10 a 16%; cobertura de cascalho – 8 a 18%; cobertura de telhas – 10 a 35%; telhado de ardósia – 10%, pintura branca – 50 a 90%; pinturas em vermelho, marrom e verde – 20 a 35%; e pintura preta – 2 a 15% (BROWN; GILLESPIE, 1995). O grande problema de superfícies artificiais com altos valores de albedo é que esses materiais, assim como qualquer outro material artificial, possuem capacidade de absorver e armazenar calor – mesmo uma superfície inteiramente pintada de

branco pode atingir altas temperaturas em função da absorção de calor – mostrando que o uso da vegetação pode ser considerado mais eficiente (AKBARI, 2001). Segundo estudos de Sailor (1995), estes mostram que o albedo dos materiais e o uso da vegetação influenciam diretamente no microclima urbano, chegando a reduzir as temperaturas do ar em 1.3ºC ao aumentar em 14% as áreas verdes na cidade de Los Angeles, Estados Unidos. Akbari (2001) indica que, nos edifícios, o uso de vegetação é mais eficiente do que a substituição das superfícies por materiais de cor clara ou de alto coeficiente de reflexão, pois os materiais têm a capacidade de absorver e armazenar calor, e mesmo uma superfície de cor branca pode atingir cerca de 10ºC acima da temperatura do ar ambiente. Os efeitos da vegetação afetam o microclima urbano no nível do conforto humano e na energia consumida pelos edifícios (Miller 1988 apud Carter, 1995). Para Oke (1989), o efeito mais importante é a prevenção do aquecimento dos canyons urbanos, gerando um alívio nos ganhos de calor pela radiação solar através da combinação de evaporação e absorção. As condições climáticas de temperatura e umidade são influenciadas pela troca de energia entre os elementos na superfície do solo e do ar. O processo de troca de calor é complexo em ambientes homogêneos e mais complexo ainda em ambientes urbanos com estruturas de características heterogên. No entanto, a energia disponível na superfície do solo em termos de radiação e outras fontes de energia são equilibradas com o fluxo de calor e vapor de água no ar, sendo propagada na atmosfera por meio da dispersão da ventilação (Jansson, 2006).

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/Pesquisa Bibliográfica A relação de fluxo de energia e o clima pode ser ilustrada pela lei da termodinâmica, segundo a qual a energia não é criada nem destruída, mas sim transformada de uma forma a outra (Erell et al, 2011). Portanto o balanço energético é dado por: Q= QH+QE+QG Assim: Q = Radiação Total QH = Fluxo de Calor Sensível QE = Fluxo de calor latente QG= Calor transportado do solo ou para o solo Segundo Givoni (1990), as áreas verdes podem ser ferramentas transformadoras e ter diversas funções urbanas das seguintes formas: 1- Funções psicológicas e sociais: a vegetação pode potencializar locais como playground, áreas de esportes e recreação para pessoas, criando um ambiente mais agradável e proporcionando o encontro de pessoas, o estabelecimento de relações sociais e atividades culturais. 2- As áreas verdes possibilitam um contraste estético com as edificações construídas, criando novas paisagens e ambientes diferenciados, públicos ou privados, que propiciam locais de relaxamento e distração das tensões urbanas. 3- Melhoria do clima urbano e microclima entre os edifícios, influenciando na qualidade do ar, no sombreamento em climas quentes, na proteção aos ventos no inverno e na contribuição para direcionar a ventilação

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natural urbana. 4- Definindo o desenvolvimento urbano por meio de área para futura expansão: a vegetação serve como base para implantar infraestrutura de transporte e sistemas públicos de fornecimento de água e coleta de esgoto. Cria caminhos de passagem para pedestres, aumenta a segurança no tráfego de automóveis por meio de margens entre rodovias e determina divisão de áreas com usos diferenciados. 5- Funções ecológicas gerais: controle de enchentes, proteção contra a erosão do solo, ajuda na retenção e absorção das águas da chuva, preservação de espécies da flora e proteção natural da fauna. 6- A vegetação no microclima proporciona vários outros benefícios, como a melhoria da qualidade do ar, o controle da temperatura e da umidade, sombreamento, direcionamento e velocidade dos ventos. Nowak et al. (2006) afirmaram que a retenção do material particulado é apenas uma das melhorias na qualidade do ar proporcionadas por árvores urbanas. Segundo ele, estudos integrados do efeito das árvores na poluição do ar revela que a gestão do dossel das árvores pode ser uma forma estratégica de aprimorar a qualidade do ar. 7- Também esclarece que as árvores removem gases poluentes do ar por meio das aberturas dos estômatos das folhas, embora algumas partículas poluidoras fiquem presas à sua superfície. Os gases poluídos são dissolvidos nos espaços intercelulares e podem ser absorvidos para gerar ácidos ou reagir com as superfícies internas da folha. A capacidade de retenção da poluição pelas árvores depende da quantidade de poluentes na atmosfera, dos tipos de folhas, dos períodos de chuva e de outras condições climáticas (NOWAK, et al., 2006). Sobre a melhoria da qualidade do ar através do uso da vegetação, pode-se usar como exemplo uma pesquisa feita em Chicago, na qual se observou que as árvores da região retiveram 641 toneladas de


/Pesquisa Bibliográfica Nowak, et al. (2006) apresentam um estudo de modelagem utilizando dados meteorológicos e de concentração de poluição de hora em hora por todos os Estados Unidos, demonstrando que árvores urbanas retêm grandes quantidades de poluição do ar, o que consequentemente melhora a qualidade do ar urbana. A remoção de poluição, partículas e gases (O3, PM10, NO2, SO2, CO) variou para as cidades com remoção anual total da poluição do ar por árvores urbanas dos EUA em estimadamente 711 toneladas métricas (3.8 bilhões de dólares)

Figura 8 - Sombreamento da vegetação. Fonte: Laurie (1878) apud Mascaro (2015)

poluição do ar em 1991, sendo que as árvores de copa larga retiveram de 60 a 70 vezes mais que as árvores pequenas (NOWAK, 1994).

Figura 9 - Estudos de sombreamento das árvores nas fachadas oeste e sul para os períodos de verão e inverno. Fonte: Heisler (1986)

Figura 10 - Representação do IAF. No caso a árvore corresponde a um valor de 4 IAF, ou seja, 4 camadas. Fonte: Townbridge e Bassuk (2004)

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/Pesquisa Bibliográfica Nowak (1994) enfatiza ainda, ao falar da importância das florestas urbanas, que para a melhoria da qualidade do ar é necessária uma estrutura de floresta que inclua o máximo de superfície de área de folhas de espécies tolerantes à poluição. Segundo o autor, as atribuições individuais de uma árvore, como a área da superfície da folha para evapotranspiração, são detalhes importantes para muitas das funções exercidas por florestas urbanas, como na remoção da poluição do ar por meio do sequestro de carbono e em reduções da temperatura do ar.

Figura 11 - Esquema de funcionamento do cálculo de IAF. Fonte: Pearson Education Inc. Disponível em <http://morriscourse.com/elements_of_ecology/chapter_4.html. Acesso: agosto de 2015.

Figura 12 - Esquema de funcionamento do cálculo de IAF. Fonte: Fonte: Pearson Education Inc. Disponível em <http://morriscourse.com/elements_of_ecology/chapter_4.htm>. Acesso: Agosto de 2015.

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Locais expostos a ventos intensos tendem a apresentar altas taxas de troca de ar, e é neste tipo de situação onde a vegetação ou cinturões de árvores podem funcionar como uma barreira na redução da velocidade do vento (HEISLER, 1986). Esse controle e até mesmo o total bloqueio dos ventos é uma importante estratégia, principalmente no período do inverno. Heisler (1986) afirma que uma parede externa exposta à radiação tende a passar o calor por condução para os ambientes internos, mas a ação dos ventos facilita a perda de calor, reduzindo as temperaturas internas. No que se refere ao controle da temperatura e da umidade, Heisler (1986) confirma a redução na temperatura do ar por meio da evapotranspiração das folhas e do solo, mas esclarece que a diferença entre a temperatura do ar próxima à vegetação não costuma ser alta em relação à temperatura do ar local, pois acontece uma constante circulação do ar ao redor das árvores. Ainda assim, o autor afirma que a adequada distribuição das árvores ao longo de um bairro pode ter um impacto significativo na temperatura e consequentemente na redução da energia usada para resfriamento no interior dos edifícios, principalmente no verão. O uso da vegetação para o sombreamento das superfícies é uma estratégia de grande utilidade e eficiência. As árvores criam o


/Pesquisa Bibliográfica efeito de sombreamento, reduzindo a incidência da radiação direta no solo. Dessa maneira, trata-se de uma importante estratégia que pode proporcionar significativa economia no consumo de energia frente ao uso do ar condicionado, no caso do sombreamento das fachadas dos edifícios. A economia no consumo de energia costuma ser maior em climas mais frios. Nesse tipo de clima a maior razão do uso de ar condicionado se deve muito mais à incidência solar que pela temperatura do ar ou pela umidade excessiva, e a sombra das árvores tem um papel fundamental para barrar parte da incidência de raios solares. Entretanto, a somatória de energia e dinheiro economizados é maior em climas quentes onde o ar condicionado se faz mais necessário (HEISLER, 1986). Um meio de se estimar os efeitos da vegetação sobre o microclima urbano é através do conceito do IAF (Índice de Área Foliar), o qual é dado por: “half the total intercepting (non-projected) area per unit ground surface area”, segundo Chen e Black (1992). Dessa maneira, o Índice de Área Foliar corresponde à relação da superfície total das folhas da copa (m2) pela área da projeção da copa na superfície do solo (m2).

sendo iluminada perpendicularmente formando uma “sombra”. Essa área formada pela “sombra” serve como parâmetro para se estimar o número de camadas planas de folhas sobre a copa, sendo o número de camadas o valor de IAF. A Figura 10 é um exemplo da aplicação do cálculo do índice de área foliar para uma determinada espécie. O exemplo considera a área total de folhas (315 m2) dividida pela área total de projeção máxima da copa (78,5m2). Assim, essa árvore apresenta um IAF 4 e para se visualizar a distribuição das folhas ao longo da copa, o valor final foi separado em camadas de 2 metros cada uma. Ao observar em planta cada camada da copa, pode-se verificar com mais clareza o que o índice de área foliar representa. De acordo com a Figura 11, o IAF mostra a porcentagem de cobertura das folhas em relação à área máxima da copa. Somando-se os valores parciais de cada camada, tem-se no final o IAF total da copa. Assim, observando o potencial microclimático da vegetação sobre o edifício e o microclima urbano, o IAF apresenta-se como um dos parâmetros para estimar os efeitos da vegetação sobre edifícios e áreas urbanas.

O IAF é, portanto, um número adimensional que serve para medir o crescimento da planta, que influencia diretamente na interceptação e absorção da luz na copa, assim como no balanço das trocas de calor e taxas de evaporação com a atmosfera. Trata-se do principal parâmetro para se estudar uma série de processos ecológicos e fisiológicos, tais como a fotossíntese e evapotranspiração, possibilitando a previsão das taxas de trocas de energia entre vegetação e atmosfera, a curva de crescimento futuro e as diferenças na estrutura da copa devido à poluição do ar e mudança climática (ONG, 2002).

A Figura 8 retrata a área de projeção da copa, como se ela estivesse

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Melhoria na qualidade do ar Redução no consumo de energia com climatizadores artificiais

Proteção contra o sol

Melhora na drenagem Figura 13 - Benefícios da vegetação no meio urbano. Fonte: Autor

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/Pesquisa Bibliográfica


O Planejamento de espaços e o microclima urbano. São os espaços entre os edifícios onde grande parte das interações sociais acontecem diariamente. Pessoas atravessando as ruas, andando pelas calçadas, sentadas nos parques, se alimentando, observando, esperando o ônibus, descansando e diversas outras atividades ocorrem todos os dias fora dos edifícios, tornando esses espaços especiais socialmente, culturalmente e economicamente para a cidade (Erell et al, 2011). Dentro desse contexto, a climatologia urbana torna-se uma ferramenta de projeto para esses espaços entre edifícios, pois com o entendimento do microclima do local é possível manipular mais adequadamente esses espaços e os readequar para se tornarem locais mais amigáveis ao ser humano. Paralelamente a isso, com essas readequações, espera-se que ocorra a redução do gasto energético no interior dos edifícios. Pode haver a diminuição do gasto de energia para o aquecimento ou esfriamento da temperatura no interior, por exemplo, através do sombreamento e melhoria no isolamento térmico, ou até mesmo com a diminuição do tempo de permanência de pessoas no interior dos edifícios, já que um ambiente exterior mais interessante que o interior fará com que as pessoas permaneçam mais tempo do lado de fora. Se os espaços não são interessantes, não vão atrair as pessoas. “If the environmental quality of the outside spaces is enhanced there will be more opportunity for people to stay outdoors, with beneficial effects on health and with a positive contribution to the local economy.” (Erell et al, 2011) No entanto, trabalhar com a climatologia e planejamento urbano é bastante complexo. O microclima urbano está sempre mudando. Na escala microclimática é possível observar os efeitos locais do clima urbano, em sua distribuição espacial e temporal: 1) a ilha de calor urbana, em suas várias manifestações; 2) as modificações no balanço de energia em comparação com os sítios naturais do entorno e 3) a

/Pesquisa Bibliográfica

interação com as mudanças globais, aumentando os riscos sociais e ambientais em eventos extremos (DUARTE, 2016). Nessa perspectiva, apenas uma fatia das variáveis ambientais podem ser controladas pelas atividades de planejamento e projeto. Legislações de uso do solo, ocupação e código de obras possuem potencial para utilizar ferramentas da microclimatologia e assim seguir um planejamento urbano mais coerente com o microclima. No entanto, apesar de se reconhecer a importância do clima no planejamento urbano, percebe-se que o conhecimento da climatologia ainda é pouco utilizado no planejamento das cidades. Segundo Oke (1984), ocorre que a climatologia, por ser muito descritiva, se mostra difícil em traduzir seus resultados em ferramentas para serem aplicadas de modo concreto no planejamento. Nesse viés, conforme retrata Assis (2013), a aplicação ainda é limitada e a abordagem muito descritiva e desintegrada entre os campos do conhecimento, com resultados restritos. Existem dois pontos diferentes: do ponto de vista da climatologia urbana, o objetivo principal é estudar o impacto da área urbana sobre a atmosfera; porém, para o planejador urbano e o projeto de edificações, ao contrário, o interesse é avaliar os impactos do clima sobre as funções, a economia e a segurança do ambiente construído, bem como sobre a saúde e bem estar da população, de modo a tomar decisões para a preservação da qualidade do ambiente (Taesler, 1986). É necessário desenvolver metodologias para análise quantitativa integrada de atributos da forma urbana e do clima, tendo como base o conforto ambiental, a eficiência no uso de energia e de materiais e, consequentemente, a diminuição da pressão das áreas urbanas sobre os recursos naturais, contribuindo para a sustentabilidade do ambiente construído (DUARTE, 2016).

Nos últimos anos esse panorama está mudando. Existem mod-

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/Pesquisa Bibliográfica elos que permitem estudos preditivos de clima urbano ao nível das coberturas do edifício (UCM - Urban Canopy Model). Para a Arquitetura e o Urbanismo, o modelo Envi-met é o mais utilizado, sendo um modelo tridimensional para simular as interações do solo, superfície (vegetação, área urbana) e a atmosfera na micro escala urbana (BRUSE; FLEER, 1998), baseando-se nos princípios da mecânica dos fluidos e na lei da termodinâmica. Trata-se de um modelo capaz de descrever os processos climáticos que acontecem no meio urbano, turbulência, transporte de calor sensível e latente, fluxos de radiação em estruturas urbanas e a influência da vegetação. É interessante ressaltar que o modelo também leva em consideração o processo de fotossíntese e a abertura dos estômatos nas folhas das árvores,o que o torna uma ferramenta com potencial a ser utilizado para o planejamento e projeto. Diversos estudos apontam que as mudanças climáticas estão sendo causadas devido às atividades humanas, principalmente devido à emissão de gases estufa para o consumo de energia. Nesse contexto, os edifícios são responsáveis por uma significativa porcentagem desse consumo. Portanto, há a necessidade de se adaptar e mitigar essa situação, abrangendo-se a diversos setores, incluindo a construção civil e a arquitetura, ou seja, para que se diminua o consumo de energia dos edifícios. Ainda que dentro desse panorama limitado de aproximação do planejamento urbano e microclima, existem diretrizes no planejamento urbano e projeto de edifício que são essenciais para melhoria do conforto ambiental, a redução no gasto de energia e boa qualidade espacial, tais como: manutenção dos corredores de ventilação; variação de altura dos edifícios como estratégia de ventilação e iluminação natural; adequação da orientação solar e arranjo dos edifícios; escoamento superficial das águas; e uso de materiais de melhor desempenho na

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construção dos edifícios.


História do Bairro da Liberdade:

/Pesquisa Bibliográfica Durante o século XVII, a região da Liberdade era composta por territórios que ligavam a região central da cidade à região Sul. Esse trajeto que ligava essas terras ficou conhecido como “Caminho do Ibirapuera”, onde hoje é o atual trecho da Avenida Liberdade e da Rua Vergueiro. Era uma região com uma grande quantidade de chácaras que cultivavam, principalmente, ervas para chás. Foi na divisão dessas chácaras que nasceu o Bairro da Liberdade (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2016). Houve um período de dois séculos bastante obscuros na região onde hoje se encontra o Bairro da Liberdade. Por volta de 1610 existiu um Pelourinho, local de tortura de escravos. Nesse contexto, durante o século XVII, a região ficou conhecida como Campo da Forca, pois era o local de execução de criminosos. Por esse motivo, no centro do bairro, onde atualmente se encontra a Praça Liberdade, está a Igreja

Figura 14 - Igreja dos Enforcados, Praça Liberdade. Fonte: Autor

Figura 15 - Evolução das vias no Bairro da Liberdade. KAJIHARA, 2011

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/Pesquisa Bibliográfica Santa Cruz, a qual se tornou mais conhecida como Igreja dos Enforcados, pois era onde os corpos dos enforcados eram velados. Dentro da região, por volta de 1770, existiu um dos primeiros cemitérios da cidade, onde eram enterrados os escravos, os desvalidos e os que eram enforcados. Em meados de 1889, pelo fato de ser cortada pelo Caminho do Mar e com a abertura da Estrada Vergueiro (outra estrada para o litoral), a região começou a ser ocupada pela classe média; surgem, assim,casas de bom padrão, pensões e pequenas atividades comerciais florescem (MASAROLO, 1979). Até meados de 1920, já se concentravam alguns serviços e comércios na Avenida Liberdade, embora o uso ainda fosse predominantemente comercial (GUIMARÃES, L., 1979, p.64, 60). O Bairro da Liberdade consolidou-se como pólo comercial na cidade de São Paulo durante a década de 1970, impulsionado pela

Figura 16 - Bairro da Liberdade nos anos 1930. Fonte: http://www.dicionarioderuas.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/GaleriaImagens.aspx . Acesso: set 2017

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Figura 17 - Bairro da Liberdade nos anos 1950. Fonte: http://www.dicionarioderuas.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/GaleriaImagens.aspx . Acesso: set 2017


/Pesquisa Bibliográfica chegada da linha azul do metrô, o alargar definitivo das avenidas Liberdade e da Rua Vergueiro, e a abertura das Avenidas 23 de Maio e Radial Leste-Oeste. Por fim, houve medidas de revitalização do bairro em consequência de tamanha transformação no sistema viário local. A revitalização do bairro se deu graças à iniciativa conjunta de comerciantes locais e a Prefeitura de São Paulo; as calçadas e iluminação do bairro passaram a carregar traços da cultura japonesa. É dentro desse período que a região se consolidou como bairro oriental devido à significativa concentração de estabelecimentos culturais e comerciais asiáticas japonesas, chinesas e coreanas.

Figura 18 - Celebração do Ano Novo Chinês - R. Galvão Bueno. Fonte: http://www. dicionarioderuas.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/GaleriaImagens.aspx . Acesso: set 2017

Figura 19 - Igreja dos Aflitos. Fonte: Autor

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Estudo de Campo e Morfologia


Aspectos do Bairro da Liberdade

/Estudos de Campo e Morfologia

A área de estudo desse trabalho engloba os distritos da Sé e da Liberdade da cidade de São Paulo. De maneira geral, atualmente a região, apesar de muito ativa comercialmente, se encontra em um estado degradado, principal consequência da expansão urbana desorganizada e o esvaziamento nas regiões centrais de São Paulo. Como resultado disso, o espaço público, se encontram em situação de degradação, sendo comum encontrar calçadas estreitas e irregulares, poluição do ar e sonora, locais insalubres e lixo jogado em locais inadequados. No entanto, trata-se de uma região bem abastecida de infraestrutura, abrigando edifícios históricos, como também um dos polos comerciais mais ativos da cidade. Assim, tendo esse panorama de grande atividade, infraestrutura e história, trata-se de uma região com grande potencial de aproveitamento e que necessita alterar seus espaços, os tornando-os mais adequados e dialogaveis a malha e a vida urbana.

Distrito da Sé Distrito da Sé

Estação Sé

Estação Liberdade

Nos tópicos a seguir abordam-se aspectos morfológicos, o fluxo de pedestres e carros e relata-se um pouco da vida cotidiana da região. Estação São Joaquim

Distrito da Liberdade

Figura 20 - Distritos da Sé e Liberdade e as respectivas estações de metrô. Fonte: Elaborado por Daniel Yoshida, 2017, com base em Google Maps, 2017.

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Uso do Solo O bairro possui características tipicas das regiões centrais da cidade de São Paulo. Trata-se de um local bem abastecido de infraestrutura urbana, possuindo duas estações de metrô Linha Azul (Liberdade e São Joaquim), faixas exclusivas para onibus, equipamentos de saúde como hospitais e clínicas e diversas instituições de ensino que variam desde escolas primarias até faculdades e cursos técnicos.

/Estudos de Campo e Morfologia Há uma gleba vazia no sudeste do mapa, um local onde os edifícios foram demolidos para possivelmente ser alvo do mercado imobiliário.

Já era de se esperar que o Bairro da Liberdade fosse caracterizado por ser uma região predominantemente comercial, se concentrando nas proximidades das estações de metrô Liberdade e São Joaquim. Apesar do caráter comercial, existe uma significativa parcela residencial do uso do solo, variando de apartartamentos até mesmo pequenos sobrados que geralmente estão localizados mais distantes das estações de metrô. Nota-se também a significativa presensa de inistituições espalhadas pelo bairro, as quais em sua maioria são hospitais, escolas e faculdades. Ao se observar o mapa na página a seguir, é interessante notar a existência de um número considerável de lotes que são estacionamentos abertos. Esses estacionamentos pouco aproveitam a funcionalidade do lote e geralmente sobrecarregam o local com o fluxo de entrada e saída de automóveis que eles geram. Dessa maneira, tratam-se de terrenos ociosos e com potencial de serem melhor utilizados. É interessante notar a expressiva presença de edifícios com uso misto, os quais os térreos são geralmente ocupados por pequenas lojas ou prestadores de serviços e os andares superiores se localizam os apartamentos residenciais. Estes normalmente localizados nas regiões de transição das zonas comerciais para as zonas residenciais. Por fim, é possível notar a presença de lotes vazios (em cor preta), estes em sua maioria são lotes onde os antigos edifícios foram demolidos para dar lugar a novos mais adensados, se tornando então conjuntos de apartamentos ou conjunto de escritórios verticalizados.

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Figura 21 - Vista Satélite da zona comercial do Bairro Liberdade. Fonte: Google Maps. Disponível em < https://www.google.com.br/maps/@-23.561984,46.6340678,857a,35y,38.99t/data=!3m1!1e3>. Acesso: Outubro de 2017


Comércio/Serviços Institucional

/Estudos de Campo e Morfologia

Residencial Misto (Residencial+Comércio Estacionamento Aberto Lote Vazio

Figura 22 - Uso do solo no entorno do Bairro Liberdade . Fonte: Elaborado por Daniel Yoshida, 2017, com base em mapa digital do CeSAD, 2015.

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Parque Dom Pedro II

Praça da Sé

Praça João Mendes

Avenida Vinte e Três de Maio Praça Liberdade

Resquício de Urbanização

Praça Almeida Júnior

Jardim Oriental

Praça Almeida Júnior

Jardim Largo da Pólvora

Prédio INSS e Conjunto Habitacional Várzea do Carmo

Figura 23 - Edifícios Notáveis na região do Bairro da Liberdade. Fonte: . Elaborado por Daniel Yoshida, 2017, com base em Google Maps, 2017.


Aspectos Volumétricos Quanto à volumetria dos edifícios da região, trata-se de um bairro onde a altura seus edifícios é bastante variável e nas regiões mais próximas ao mêtro e grandes avenidas predominam edifícios médios e altos (5 a mais de 15 pavimentos). A medida que há o afastamento dessas infraestruturas, os edifícios vão se tornando cada vez mais baixos, encontrando-se até mesmo conjunto de quadras com pequenos sobrados. É possível notar que o bairro está sob processo de transformações no gabarito de seus edifícios com a chegada do mercado imobiliário, trazendo novos condomínios residenciais mais adensados, com mais de 15 pavimentos, sendo construídos nos últimos lotes vazios ou tomando lugar de conjuntos de edifícios menores da região. Devido a essas transformações, a paisagem do bairro está progressivamente

/Estudos de Campo e Morfologia se alterando, fazendo com que algumas partes da região tenham sua iluminação direta do sol alterada com a chegada de edifícios mais altos que, portanto, aumentam a área sombreada com suas elevadas alturas. Com a chegada de edifícios mais adensados é frequente que seja acompanhada pelo aumento do adensamento de pessoas no local, atraindo novos residentes e trabalhadores para a região, por exemplo. Por fim, se destacam os lotes onde a volumetria construída é bastante baixa, tais como os estacionamentos abertos espalhados pelo bairro e se concentrando a medida que se aproximam das áreas com maior atividade do Bairro da Liberdade. Figura 24 - Volumetria no entorno do Bairro da Liberdade. Fonte: Elaborado pelo Autor.

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/Estudos de Campo e Morfologia

Aspectos morfológicos - Subprefeitura da Sé

Mapa produzido por Heloisa Ikeda (2015) Sobre imagem Google Earth (2015) e Street View (2014)

Volumetria Construída

0

2,5

5

Figura 26 - Rua Américo de Campos, Bairro da Liberdade. Fonte: Autor

km

Legenda Hidrografia

Edificações horizontais de médio porte (não dispersas)

Área não urbanizada

Edificação horizontal de grande porte

Horizontal Tipo 1 Edificações horizontais de pequeno porte Edificações horizontais de tipos variados

Horizontal Tipo 2 Praça ocupada Edificações de porte médio dispersas

Estruturas com pouco volume edificado

Vertical Quadra verticalizada Edificações horizontais e verticais Conjunto habitacional

Encraves Urbanos Estruturas com pouco volume edificado

Espaços Livres Espaços livres de acesso público Passeio Área não construída Praças Parques Cemitério comum

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Figura 25 - Volumetria da subprefeitura da Sé. Fonte: QUAPA, 2015


/Estudos de Campo e Morfologia

Figura 28 - Rua dos Aflitos. Fonte: Autor

Figura 27 - Edificio em frente a Praรงa Liberdade. Fonte: Autor

Figura 29 - Praรงa da Liberdade em dias de semana. Fonte: Autor.

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Espaços Livres Intra-Quadras e Arborização

/Estudos de Campo e Morfologia

Aspectos morfológicos - Subprefeitura da Sé Observando a distribuição da infraestrutura verde na cidade de São Paulo, nota-se que ela é muito desigual. Nesse assunto, a distribuição espacial e a qualidade ambiental dos parques são reflexos das desigualdades encontradas nos aspectos econômicos e sociais. Alguns bairros são caracterizados por maior quantidade de vegetação, parques, praças e arborização de vias, enquanto outros, mesmo na cidade formal, especialmente no centro e partes zona leste da cidade, a vegetação é escassa ou praticamente inexistente.

Mapa produzido por Heloisa Ikeda (2015) Sobre imagem Google Earth (2015) e Street View (2014)

Espaço Livre Intraquadra

Observando a figura ao lado e utilizando dados levantados pelo QUAPA (2015), verificou-se que o Bairro da Liberdade se encontra carente de arborização dentro de suas quadras. Dentre outras razões, isso é o reflexo da baixíssima quantidade de espaços livres dentro das quadras da região. Somando-se a isso, dentro dessa situação, é interessante ressaltar que muitas das áreas dos lotes que deveriam ser destinadas a serem espaços livres estão ocupadas por algum tipo de cobertura ou “puxadinho”. Quanto à arborização das calçadas, observa-se que existem árvores ao longo das calçadas das principais vias do bairro, porém, muitas delas se encontram espremidas nas estreitas calçadas da região, competindo espaço com o intenso fluxo de pedestres, postes e fios de eletricidade. Já na Praça da Liberdade, principal praça do bairro, observa-se a existência de poucas árvores plantadas aleatoriamente, se configurando como uma praça seca concretada. Isso possivelmente para que a praça possa abrigar a feira durante os finais de semana e eventos anuais que ocorrem no local tal como o Festival do Ano novo Chinês e o Festival das Flores. Será que a configuração de poucas árvores na praça é realmente necessária devido a essas atividades? É também interessante lembrar que grande parte dos grupos arbóreos da região se concentram em canteiros ou resquícios de

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0

2,5

5

km

Legenda Hidrografia

Espaço livre intraquadra 0 - 30% 30% - 50% 50% - 100%

Perímetro Distrito Sé e Liberdade

Figura 30 - Mapa temático: Espaços Livres Intraquadra. Fonte: QUAPA, 2015


/Estudos de Campo e Morfologia

Aspectos morfológicos - Subprefeitura da Sé

Mapa produzido por Heloisa Ikeda (2015) Sobre imagem Google Earth (2015) e Street View (2014)

Arborização Intraquadra

0

2,5

5

loteamentos; muitas dessas áreas verdes, no entanto, não possuem acesso ao pedestre, configurando-se então em terrenos com grande potencial de aproveitamento para os objetivos deste projeto. Em razão dos poucos espaços livres no interior das quadras, o nível de arborização é muito baixo. São muito poucos os lotes que possuem árvores plantadas em seu interior, e os lotes que possuem arborização, em grande maioria, se encontram fechados para o público. Outra parte significativa dos grupos arbóreos do bairro se encontram em espaços de resquícios de urbanização que se configuram como canteiros das Avenidas Radial Leste com o cruzamento dos viadutos da Avenida Liberdade, Avenida Galvão Bueno e a Rua da Glória. Estes não possuem acesso ao pedestre e se configuram como espaços abandonados. Apesar dessa situação, tratam-se de locais com gigantesco potencial de aproveitamento para se criarem novos

km

Legenda Hidrografia Área não urbanizada

Arborização intraquadra 0 - 10% 10% - 30% 30% - 70% 70% - 100%

Perímetro Distrito Sé e Liberdade

Figura 31 - Mapa temático: Arborização Intraquadra. Fonte: QUAPA, 2015.

Figura 32 - Canteiros sobre a Radial Leste. Fonte: Autor.

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/Estudos de Campo e Morfologia caminhos e novos locais de descanso e estar, tanto para os moradores quanto para os frequentadores da região. Com o aproveitamento desses canteiros, as atividades da região podem ser intensificadas, beneficiando tanto o visitante quanto os comerciantes da região. Observa-se que dentro do Bairro da Liberdade, apenas a Praça Liberdade se configura como espaço livre aberto ao público dentro da área comercial da liberdade. Muito próximo da Praça Liberdade há a praça João Mendes, mas que não faz parte do passeio dos frequentadores do bairro da Liberdade. Talvez por não haver uma clara conexão entre os dois espaços e o fato das atividades da Praça João Mendes estarem ligadas com as atividades do Fórum e os serviços da região. Por fim, vale a pena ressaltar que o Bairro da Liberdade está próximo de grupos arbóreos como a Praça da Sé, o Parque Dom Pedro e o Parque da Aclimação. Porém estes se localizam distantes para o caminhar do pedestre se for considerada uma caminhada da região comercial da Liberdade até esses espaços verdes.

Figura 33 - Canteiros sobre a Radial Leste. Fonte: Autor.

Figura 35 - Praça da Liberdade com pessoas sentadas nas muretas. Fonte: Autor.

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Figura 34 - Faixa de pedestres na Avenida Liberdade. Fonte: Autor.


/Estudos de Campo e Morfologia

Figura 36 - Jardim japonês no Largo da Pólvora. Fonte: Autor

Figura 38 - Praça João Mendes, local próximo ao Metrô Liberdade. Fonte: <https://noticias.uol.com.br/album/mobile/2014/01/20/prestes-maia-reivindica-serie-de-melhoramentos-em-sao-paulo-veja-quais.htm> Acesso: Novembro de 2017.

Figura 37 - Vista do Jardim Oriental sentido Av. Liberdade. Fonte: Autor.

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Fluxo de Pedestres e Automóveis Por ser uma região predominantemente comercial e bastante ativa, o fluxo de pedestres e automóveis no bairro são muito elevados, durante toda a semana, principalmente nos períodos da manhã e da tarde. Apenas durante a noite, o movimento de pedestres e automóveis diminuem, deixando a região vazia, com movimento em locais pontuais. A Avenida Galvão Bueno, a via mais movimentada do bairro, apresenta apenas uma faixa de passagem de automóveis em sentido único em direção à Praça da Liberdade. Suas calçadas são estreitas frente ao grande número de pedestres, possuem aproximadamente 2,5 m de largura. Por ser a principal via do comércio da região, cruzar com ruas menores movimentadas, ser rota alternativa para o tráfego de veículos que saem da Radial Leste e competir espaço com o grande número de pedestres, torna uma via com tráfego muito lento de automóveis. Portanto, esse tráfego intenso e lento de automóveis acaba prejudicando também a qualidade do ambiente, afetando a qualidade do ar para o pedestre já que são liberados gases tóxicos pelo escapamento dos carros parados. Além da poluição, existem perigos gerados pela disputa por espaço entre o grande fluxo de pessoas e o alto tráfego de automóveis já que muitos pedestres acabam caminhando no meio das vias principalmente pelo fato das calçadas estarem saturadas. Emw setembro de 2016, parte dos acostamentos de veículos no início da Avenida Galvão Bueno se tornaram faixas para acomodar o alto fluxo de pessoas. No entanto, se observa que apesar da pequena melhoria no fluxo de carros e pedestres, os problemas de tráfego, a qualidade do ar e o perigo ao pedestre ainda persistem. Quanto à Avenida Liberdade, trata-se de uma das principais vias de conexão Sul-Centro da cidade de São Paulo. Por ser mais lar-

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/Estudos de Campo e Morfologia ga, é uma via mais rápida que a Avenida Galvão Bueno, seu trânsito se torna lento durante os horários de picos nos dias da semana. O fluxo de pedestres é consideravelmente elevado, porém a qualidade do caminhar é melhor do que na Avenida Galvão Bueno, pelo fato dos pontos de aglomeração de pedestre estarem mais divididas. Por ser extensa, e se encontrarem edifícios comerciais e institucionais de porte maior, trata-se de uma via muito movimentada nos horários de pico. Por fim, é importante ressaltar que as ruas e calçadas da região são de difícil acesso para deficientes físicos e visuais. Em muitas das travessias das áreas mais movimentadas não existem rampas de acesso a cadeirantes e muito menos sinalização tátil para deficientes visuais, partes da calçadas estão irregulares e esburacadas se tornando de difícil acesso aos cadeirantes. Somando-se a esse esquecimento na aplicação desses elementos, a acessibilidade de cadeirantes e deficientes visuais se torna ainda mais complicada frente à grande ao grande volume de pessoas nas estreitas e irregulares calçadas.


Fluxo de Automóveis

/Estudos de Campo e Morfologia Lento

Rápido

Figura 39 - Trânsito de automóveis. Fonte: Elaborado por Daniel Yoshida 2017, com base em mapa digital do CeSAD 2015.

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Trรกfego de Pedestres

/Estudos de Campo e Morfologia Cheio

Vazio Figura 40 - Volume de pedestres. Fonte: Elaborado por Daniel Yoshida 2017, com base em mapa digital do CeSAD 2015.

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Ritmos Urbanos da Liberdade

/Estudos de Campo e Morfologia

Por ser uma região predominantemente comercial e abrigar boa infraestrutura urbana como hospitais, escolas, faculdades, serviços e polo turístico, o Bairro da Liberdade se configura como região muito ativa. Durante o início dos estudos em campo, foi interessante notar a ausência de espaços de convívio e descanso públicos nos pontos mais ativos do Bairro da Liberdade. A própria Praça Liberdade quase não possui bancos, assim, as pessoas que querem descansar, se sentam no pouco espaço que encontram nas muretas da estação de Metrô Liberdade. Em ruas sem saídas como a Rua dos Aflitos, onde se localiza a Igreja dos Aflitos, é comum observar pessoas sentadas nas calçadas durante os horários de almoço e pequenos trailers vendendo alimentos. Em setembro de 2016, ocorreram mudanças na avenida galvão bueno que trouxeram maior qualidade para o fluxo de pedestres na avenida. Foi criada uma faixa de circulação na parte do acostamento de automóveis na avenida, aliviando o grande fluxo de pedestres durante os finais de semana e reduzindo a circulação de carros no local. Dentro dessas mudanças, também foram instalados bancos ao longo do viaduto, fazendo com que esse local se torna-se ponto de descanso para os frequentadores do bairro.

Figura 41 - Avenida Galvão Bueno sem faixa de pedestres. Fonte: Autor.

Apesar da melhoria para o pedestre, a qualidade no andar ainda é ruim. Mesmo com a faixa de pedestres, as pessoas ainda se espremem para se locomover, as calçadas continuam com buracos, o acesso para deficientes físicos continua ruim, parte da proteção contra automóveis já foi danificada e faixa de pedestres não está adequadamente nivelada. O Bairro da Liberdade é palco de atividades culturais. Destas atividades, as mais famosas são o Tanabata, Hanamatsuri, Ano Novo Chinês e Ano Novo, atraindo milhares de pessoas todos os anos com

Figura 42 - Avenida Galvão Bueno sem faixa de pedestres. Fonte: Autor.

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/Estudos de Campo e Morfologia Figuras do dia a dia:

Tardes

Manhãs

Almoço em restaurantes e bares

Compras de produtos típicos

Chegada de produtos nas lojas

Passeio Noites Estudantes

Ginastica coletiva Trabalhadores

pública (Taiso)

(cozinheiros, garçons, estoquistas, comerciantes)

Universitários Figura 43 - Personagens Ilustrativos do Bairro. Fonte: Elaborado pelo Autor.

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Atividade em restaurantes e bares


/Estudos de Campo e Morfologia suas programações culturais e gastronomia oriental. Durante esses eventos, parte da Galvão Bueno e Rua dos Estudantes ficam fechadas para dar espaço aos pedestres e as atividades culturais. Nos dias de semana, no início da manhã, é comum se deparar com funcionários dos comércios juntamente com pequenos caminhões e camionetes carregando mercadorias para abastecer as lojas. Na Praça Liberdade, grupos de idosos realizam atividades físicas “Taiso”. Por ser uma região onde se encontram faculdades e cursos preparatórios para vestibular, é possível observar uma grande quantidade de estudantes se dirigindo a seus cursos.

Figura 45 - Exercício Coletivo nas manhãs do bairro. Fonte: < http://www.vempraliba.com.br/radio-taisso/> Acesso em outubro de 2017.

Figura 44 - Avenida Galvão Bueno com nova faixa de pedestres. Fonte: Autor.

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/Estudos de Campo e Morfologia No período da tarde se observa o quão forte são as atividades comercias dentro do Bairro. Os mercados orientais e os serviços atraem muito movimento para a região, estendendo-se até o final da tarde. No horário de almoço, os restaurantes, de vários tipos de culinária, recebem várias pessoas as quais são principalmente trabalhadores e estudantes. Durante a noite, ocorre o esvaziamento das ruas do bairro, o movimento de pessoas ocorrem pontos espalhados pela região devido a atividade de faculdades, restaurantes e bares que trazem vida noturna ao bairro. A Avenida Liberdade se destaca com a movimentação de estudantes para as faculdades na avenida. É interessante ressaltar que antes da instalação dos bancos no viaduto da avenida Galvão Bueno, não havia permanência de pessoas no local, a avenida se configurava apenas como espaço de passagem. Com a chegada dos assentos públicos o comportamento se alterou, agora costuma-se encontrar um número considerável de pessoas sentadas neles, mesmo durante o período noturno.

Figura 46 - Avenida Galvão Bueno durante o período norturno. Fonte: Autor.

Os finais de semana o volume de pessoas é intensificado e por causa disso, as calçadas se tornam bastante apertadas, mesmo com a criação da nova faixa de pedestres na Galvão Bueno. A competição por espaço entre pedestres e automóveis persiste. Apesar do aumento de volume de pessoas, nota-se que nos finais de semana, o movimento de pessoas na Avenida Liberdade é reduzido pois os escritórios e faculdades da avenida estão fechados, reduzindo o movimento de pessoas. As noites de finais de semana também são caracterizadas pelo esvaziamento das ruas bairro. Assim como os dias de semana, existem pontos de movimento espalhados, em menor número se for comparar com os dias de semana. Devido a esse baixo movimento, a sensação

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Figura 47 - Avenida Galvão Bueno durante o período norturno. Fonte: Autor.


/Estudos de Campo e Morfologia

Figura 49 - Rua dos Estudantes durante os finais de semana. Fonte: Autor.

Figura 48 - Avenida Liberdade nas manhĂŁs de dias de semana. Fonte: Autor.

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/Estudos de Campo e Morfologia de segurança no local se torna bastante afetada. Sabe-se que o Bairro da Liberdade não é considerado como uma região segura, alguma das razões é o baixo movimento de pessoas no local, a existência de áreas com fachadas sem relação com o entorno, desigualdade social, areas com pouca iluminação e etc.

Figura 51 - Faculdade FMU. Ponto de movimento noturno. Fonte: Autor.

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Figura 50 - Avenida Galvão Bueno durante os finais de semana. Fonte: Autor.


/Estudos de Campo e Morfologia

Figura 52 - Avenida GalvĂŁo Bueno durante o perĂ­odo norturno. Fonte: Autor.

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Entendendo os Caminhos dos Pedestres

/Estudos de Campo e Morfologia

O Metrô Liberdade como grande meio de transporte de pessoas>

A concentração de pessoas nos espaços:

Ao se observar a zona comercial do Bairro da Liberdade, nota-se que a estação Metrô Liberdade é um importante ponto de origem dos frequentadores do bairro. Percebe-se que a grande maioria das pessoas que saem da Estação Liberdade se dirigem diretamente as vias comerciais: Avenida Galvão B ueno e a Rua dos Estudantes.

A figura abaixo retrata uma estimativa da aglomeração de pessoas na região mais ativa do Bairro da Liberdade durante os finais de semana.. Dessa maneira, nota-se que a Av. Galvão Bueno e a Rua dos Estudantes são as vias de grande movimento do Bairro. A Praça Liberdade segue como grande ponto de aglomeração devido a feira dos finais de semana que ocorrem. Tendo essas informações, é possivel traçar as diretrizes presentes nesse projeto e que estarão mais detalhadas nas páginas 50 e 51.

Praça Liberdade

N

Figura 53 - Sentido e intensidade dos Fluxos. Fonte: Elaborado por Daniel Yoshida com base em mapa digital do CeSAD 2015.

50

Figura 54 - Aglomeração de pessoas no Bairro da Liberdade. Fonte: Elaborado por Daniel Yoshida com base em mapa digital do CeSAD 2015.


A quota ambiental e o Bairro da Liberdade

/Estudos de Campo e Morfologia

A quota ambiental faz parte da Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo n°16.402 de 2016 (Lei de Zoneamento) que parte da premissa de que é preciso considerar o espaço do lote privado nos processos de enfrentamento das questões ambientais, tendo foco na melhoria do microclima, melhoria da drenagem e atenção à biodiversidade. A lógica de aplicação do instrumento se baseia em fazer com que cada lote ou empreendimento atinja uma pontuação mínima relacionada à drenagem, microclima e biodiversidade. Assim, para atingir a pontuação mínima, utilizam-se parâmetros como: Área ajardinável, Cobertura Verde, Fachada Verde, Piso Permeável, Vegetação e Reservatório de Retenção de Água, estes variando de acordo com a possibilidade de implantação. Segundo os parâmetros estavbelecidos pela Prefeitura de São Paulo, a pontuação mínima varia conforme a localização na cidade de São Paulo e de acordo com a dimensão do lote. Dessa maneira, a pontuação mínima tem como objetivo exigir maior qualificação ambiental nas regiões mais críticas, como também manter a boa qualificação de áreas que apresentem boa qualificação ambiental, levando em consideração a divisão de Macro áreas de São Paulo. É dentro desse raciocínio que foi elaborado o mapa de perímetros de qualificação ambiental. Comparativamente ao que era exigido no zoneamento anterior (taxa de permeabilidade mínima), a quota ambiental não exige necessariamente mais área dentro do terreno para a obtenção de pontuação mínima, mas procura induzir a qualificação desta, por exemplo, pelo plantio de árvores, vegetação arbustiva, coberturas verdes e etc. Por fim, a quota não exige, mas indiretamente, pelo menos em sua essência, busca incentivar a construção de edificios que apresentem características menos agressíveis a natureza.

Apesar da quota ambiental aparentemente se preocupar com

Figura 55 - Exemplos de pontuação na Quota Ambiental. Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO, 2015.

51


/Estudos de Campo e Morfologia aspectos microclimáticos, drenagem e biodiversidade, existem problemas no seu embasamento, tornando questionavel sua eficiência. Alguns desses problemas são: -A quota ambiental passa a valer apenas para lotes de tamanhos maiores ou iguais a 500m² devido a exigências inviáveis para lotes menores, ou seja, a maior parte dos lotes privados em São Paulo são menores que o valor exigido pela Quota, portanto estarão fora do regulamento, diminuindo o leque de abrangência desse instrumento de lei de zoneamento; -A Lei de Zoneamento induz que as tecnologias verdes, tais como telhado verde e fachada verde, por exemplo, possam substituir árvores já que o TCA (Termo de Compromisso Ambiental), que é basicamente uma ferramenta de negociação nos casos de supressão da vegetação, dando brecha para que as coberturas verdes possam substituir árvores, em valores, na Compensação Ambiental. -Não existe preocupação com a relação do verde e o pedestre, ou seja, o espaço livre não será prioridade para o pedestre. - Cálculo da quota beneficia mais a drenagem do que o desempenho microclimático. De acordo com os dados estabelecidos pela Prefeitura de São Paulo, o bairro da Liberdade se encontra na macro-area MEM2, em teoria, onde a quota ambiental é a mais exigente. Porém, ao se observar o mapa, que retrata a distribuição de lotes menores que 500m², observa-se assim que os lotes do bairro, assim como os da região central da cidade de São Paulo estão fora dos rigores exigidos. Verifica-se, assim, que lotes maiores que 500m² são quase inexistentes dentro do Bairro da Liberdade e da região central, ou seja, a conforme dito anteriormente, a região basicamente quase não utilizara a quota ambiental. Nessa situação, em que estado ficarão as

52

Figura 56 - Perímetro de Qualificação Ambiental. Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO, 2015


/Estudos de Campo e Morfologia regiões onde a quota será pouco aplicada? Haverá outras medidas de amenização dos problemas ambientais urbanos para as regiões onde prevalecem lotes menores que 500m²? Qual será a contrapartida do poder público para as áreas não incluídas na quota?

Figura 57 - Mapa temático com lotes menores que 500m² com destaque os distritos da Sé e Liberdade. Fonte: Elaborado por Luciana Schwandner Ferreira com base em mapa digital do CeSAD 2015.

53


Proposta de Projeto

Um Oรกsis no Bairro da Liberdade


Situação e Diretrizes de Projeto

/Proposta de Projeto

Situação do Bairro Liberdade: -Calçadas Irregulares, pouco acessíveis e estreitas para o alto fluxo de pedestres da região. -Conflitos de espaço entre pedestres e automóveis -O pedestre não possuí acesso aos poucos espaços verdes existentes -Com excecão da Praça Liberdade e as calçadas, praticamente não existem outros espaços livres públicos no Bairro -Mesmo com a existência de bancos no viaduto Liberdade, não existem espaços de descanso e proteção -Região altamente pavimentada Principais Diretrizes de Projeto: -Dar maior qualidade no andar do pedestre, tornando as calçadas mais acessíveis e seguras, reduzindo também o número de automóveis. -Utilizar os poucos espaços livres existentes no Bairro onde maioria se encontram atualmente subutilizados. -Criar novos Espaços Livres no lugar de edifícios subutilizados. -Apesar de já existir alguma arborização nas calçadas do bairro, é preciso ampliar e dar maior qualidade a ela. -Dar novo uso a lotes que são estacionamentos abertos -Fazer uso da vegetação como ferramenta de qualidade espacial -Criar novos caminhos ao pedestre

55


Intervenções Principais

/Proposta de Projeto

Praça Igreja Requalificação do Metrô Liberdade

dos Aflitos

Praça Liear em Canteiro

Praça Linear em Canteiro 2 Calçadão Galvão Bueno

Praça Linear em Canteiro 2

Edifício Cultural e Estacionamento Vertical

Intervenções na área

56


Implantação Geral N

/Proposta de Projeto

50

100

200

57


/Proposta de Projeto

Vista da rua para pedestres

58


/Proposta de Projeto

Perspectiva da rua para pedestres

59


Cortes Gerais e Observações

/Proposta de Projeto

Corte Transversal A-A

Av. Liberdade e Edifício Cultural

60

Desapropriação de Edifícios e criação de uma Praça.

A Redescobrir a Igreja dos Aflitos

A


/Proposta de Projeto Corte Transversal B-B

B

Praça Liberdade

Av. Galvão Bueno

Viaduto Cidade de Osaka

Cruzamento com a Rua Américo de Campos

B

61


/Proposta de Projeto Corte Tranversal C-C

C Av. Liberdade e EdifĂ­cio Cultural

Praça Liberdade

Rua dos Estudantes

62

C


Plano para Calçadas e Ruas

/Proposta de Projeto

Andar a pé é a forma mais democrática de se locomover. É o meio de transporte mais antigo e o mais recorrente em todo o mundo e não tem custo nenhum. Apesar disso, as ruas passaram a priorizar o autmóvel, levando ao esquecimento da importância das calçadas, levando ao estado de degradação e abandono, afetando assim a locomoção do pedestre. O Bairro da Liberdade não foge a regra: calçadas estreitas e irregulares, pouca acessibilidade ao deficiente físico e visual, obstáculos, e etc. Por esse motivo, o trabalho tem como um de seus objetivos devolver a qualidade do andar das pessoas, trazer maior conforto aos espaços públicos e reduzir o uso do automóvel.

Maior arborização das calçadas.

Maiores condições de acessibilidade para deficientes físicos.

Instalação de bancos e mesas públicos para dar a oportunidade de repouso e estar.

Piso drenante para melhor manejo das águas pluviais

Calçadas largas e sem obstáculos para o pedestre. Retirada de parte dos acostamentos para diminuir o uso do automóvel e aumentar a largura das calçadas, instalação de jardins de chuva, parklets e etc.

63


Avenida

Galvão Bueno

/Proposta de Projeto Atual

Proposta

Pouca Qualidade: Espacial. Poucas atividades.

Figura 58 - Rua Galvão Bueno

Maior qualidade: Espacial. Possibilidade de várias atividades se desenvolverem.

O que fazer? -Readequar a calçada para acesso de deficientes físicos e visuais. -Implantar jardins de chuva (ideais para vias) -Instalar bancos e outros equipamentos urbanos. -Instalar pontos de estacionamento de bicicletas

Conflito de Espaço: Pedestre x Automóvel Calçada estreita e levemente irregular.

64

Espaço exclusivo para o pedestre. Espaço de descanso e estar: Arborização e Instalaçãode bancos.


/Proposta de Projeto Situação Atual

Proposta

2,5

7,5

15

65


Avenida

Liberdade

/Proposta de Projeto Atual

Proposta

Figura 59 - Avenida Liberdade

O que fazer? -Readequar a calçada para acesso de deficientes físicos e visuais. -Alargar definitivo das calçadas (atualmente existe uma faixa de pedestres no acostamento) -Implantar jardins de chuva (ideais para vias) -Instalar bancos e outros equipamentos urbanos. -Instalar pontos de estacionamento de bicicletas

66

Arborização escassa. Calçada com pontos irregulares. Faixa de pedestre sem proteção contra o automóvel.

Calçada ampliada.

Mais arborização e espaços pontos de descanso com bancos.


/Proposta de Projeto Situação Atual

Ciclovia existente.

Faixa de pedestre sem proteção

Proposta

Gradil e Solo para a árvore se desenvolver.

Piso drenante.

2,5

7,5

15

67


Avenida dos

Estudantes

/Proposta de Projeto Atual

Proposta

Figura 60 - Rua dos Estudantes

O que fazer? -Alargar o espaço do pedestre pois atualmente a calçada é bastante estreita, frente a grande movimentação de pedestres. -Criar pontos de descanso e arborização Arborização escassa. Calçada com pontos irregulares.

Mais arborização e espaços com pontos de descanso.

Calçadas estreitas. Calçada ampliada.

68


/Proposta de Projeto Situação Atual

Proposta

Piso drenante.

Acostamento em calçada estreita.

Gradil e solo para a árvore se desenvolver.

2,5

7,5

15

69


Rua dos

Aflitos

/Proposta de Projeto Atual

Proposta

Figura 61 - Rua dos Aflitos

O que fazer? -Readequar a calçada para acesso de deficientes físicos e visuais. -Alargar definitivo das calçadas (atualmente existe uma faixa de pedestres no acostamento) -Implantar jardins de chuva (ideais para vias) -Instalar bancos e outros equipamentos urbanos.

70

Fiação de luz e postes de luz competindo espaço. Sem arborização. Calçada irregular

Calçadas muito estreitas.

Arborizar Aterrar fios elétricos.

Nova praça com pontencial de atividades culturais, possibilidade de descanso e estar para os frequentadores


/Proposta de Projeto Situação Atual

Proposta

Espaços de descanso

calçada estreita e combarreiras Plantio de Árvores nativas e não agressivas a calçada (que as não deformam as calçadas)

Rua “Estacionamento”

12

2,5

7,5

15

71


Rua da

Glória

/Proposta de Projeto Atual

Proposta

Figura 62 - Rua da Glória

O que fazer? -Readequar a calçada para acesso de deficientes físicos e visuais. -Alargar definitivo das calçadas (atualmente existe uma faixa de pedestres no acostamento) -Implantar jardins de chuva (ideais para vias) -Instalar bancos e outros equipamentos urbanos.

72

Arborização escassa.

Calçadas com pontos irregulares. Fiação de luz e postes de luz competindo espaço.

Arborização e pontos de descanso. Jardins de chuva no lugar de vagas de estacionamento.


/Proposta de Projeto

Situação Atual

Proposta

Árvores “enforcadas” e suas raízes deformaram as calçadas.

2,5

7,5

Parklets e Jardins de Chuva no lugar de acostamentos de automóveis.

15

73


Rua

Américo de Campos

/Proposta de Projeto Atual Rua murada com puxadinhos. Calçadas estreitas. Postes como obstaculos para o pedestre. Nenhuma arborização.

Figura 63 - Rua Américo de Campos

Proposta O que fazer? -Readequar a calçada para acesso de deficientes físicos e visuais. -Alargar definitivo das calçadas (atualmente existe uma faixa de pedestres no acostamento) -Implantar jardins de chuva (ideais para vias) -Instalar bancos e outros equipamentos urbanos

74

Retirada dos puxadinhos. Arborização.

Alargar da calçada. Mais atividades.


/Proposta de Projeto Situação Atual

rua murada

Calçada irregular e estreita

Proposta

grade e jardim aberto ao público

piso drenante

2,5

7,5

15

75


Novos Espaços: Desapropriação de Lotes Sabendo que o Bairro da Liberdade é uma região pobre em arborização e não há espaço livre intra-quadra para o plantio de árvores ou, se possuem, são altamente pavimentados, tomou-se como decisão de projeto, a desapropriação de lotes e a remoção de seus edifícios que estão em situação de subutilização (estacionamentos, edifícios abandonados ou subutilizados) e que podem ser mais bem aproveitados trazendo ganhos para o Bairro. Situação: Área 1: Estacionamento Aberto Trata-se de um estacionamento aberto e altamente pavimentado. As poucas estruturas que existem são coberturas de amianto para os automóveis. Proposta: Criar um Edifício Educativo, Cultural e de Incubação de Empresas. Área 2: Lotes Subutilizados Grupo de edifícios subutilizados, semi-abandonados e depositos de produtos. Proposta: Criar uma praça juntamente de um novo edificio cultural aberto ao público, resgatar a história da Igreja dos Aflitos, atualmente escondida em meio a esses edifícios subutilizados.

76

/Proposta de Projeto


Novos Espaços: Desapropriação de Lotes

Área 1: Estacionamento aberto na Avenida Liberdade

/Proposta de Projeto

Área 2: Edifícios a serem remanejados.

Área 2: Rua dos Aflitos.

77


Novos Espaços: Desapropriação de Lotes

/Proposta de Projeto Por fim, os subsolos do edifício podem se comportar como estacionamentos verticais, atendendo a demanda de automóveis já que espera-se que os estacionamentos abertos do bairro sejam desapropriados. Novo Edifício: Edifício Cultural, Educativo e de Incubação de Empresas. - Escolas Técnicas. - Workshops Culturais abertos. - Cinema e Teatro. - Incubador de empresas e co-working. - Lote aberto com espaço público. - Estacionamento Vertical Público. - Biblioteca. Praça Público Privada

Proposta para a Área 1

-Espaço para descanso e contemplação.

Visto que o Bairro da Liberdade é uma região frequentada por jovens estudantes, o edifício proposto busca atrair estes com suas atividades educacionais, oferecendo ensino técnico, incentivo cultural e espaços de estudo.

-Atividades culturais abertas.

Por ser um edifício de porte grande, o edifício também poderá abrigar espaços de incumbação de empresas e co-working, que então poderão auxiliar nos gastos de manutenção do edifício. Trata-se de um a volumetria que permite a permeabilidade de pedestres e a formação de mais um espaço verde ao Bairro da Liberdade

78


/Proposta de Projeto 5

10

20

Espaços verdes de descanso e lazer abertos.

Térreo fluído ao pedestre

79


/Proposta de Projeto

Vista da Área 1: Térreo Aberto do Edifício Cultural, Educacional e de Incubação

80


/Proposta de Projeto

Vista da Ă rea 1 na Avenida Liberdade.

81


Novos Espaços: Desapropriação de Lotes

/Proposta de Projeto por exemplo, ampliar a feira que ocorre todos os finais de semana, atrair atividades como dança e etc. Novo Edifício: Edifício Aberto Cultural - Piloti: Térreo Aberto ao pedestre - Aulas de línguas orientais - Workshops Abertos - Restaurante e Café - Biblioteca Nova Praça: -Praça com potencial para ativdades como feiras e festas. -Resgatar a memória da Igreja dos Aflitos. -Interligar a Avenida Galvão Bueno com a Rua dos Aflitos.

Proposta para a Área 2 O projeto tem como objetivo criar uma praça pública através da remoção de edifícios semi-abandonados, galpões e depósitos. Como resultado disso, ocorre o encontro da Rua dos Aflitos com a Avenida Galvão Bueno. Dessa forma, a Igreja dos Aflitos, uma das primeiras Igrejas da cidade de São Paulo, é “resgatada” já que estava escondida e cercada por galpões e depósitos que traziam a sensação de insegurança para a área. A nova praça oferece novos espaços para atividades públicas, tais como

82

Mudanças no Edifício ao lado (Associação Comercial de São Paulo) - Abrir o espaço térreo ao público e tornar permeável ao pedestre. - Aplicar parede verde à fachada cega que surge com a remoção de seu edifício vizinho.


/Proposta de Projeto 5

10

20

Praça Arborizada com acesso a Igreja dos Aflitos

Novo Edficício Cultural

Associação Comercial de São Paulo

Térreos fluídos ao pedestre

Corte da Nova Praça e seus edifícios.

83


/Proposta de Projeto

Vista da Nova Praรงa e Igreja dos Aflitos

84


/Proposta de Projeto

Vista do embasamento pĂşblico - EdifĂ­cio Aberto Cultural

85


Intervenções na Praça Liberdade

N

/Proposta de Projeto

Implantação

86

5

10

20


/Proposta de Projeto

Cobertura em Madeira: espaço para descanso e espera com proteção do sol Jardins de chuva Arborizacão e bancos nos novos pontos de descanso projetados

Perspectiva Isométrica

Corte Transversal

5

10

20

87


/Proposta de Projeto

Vista 1 - Praça Metrô Liberdade

88


/Proposta de Projeto

Vista 2 - Praça Metrô Liberdade

89


Novos Espaços: Readequação dos Canteiros

/Proposta de Projeto

Os canteiros existentes na radial leste são um dos poucos espaços verdes presentes no Bairro da Liberdade, porém eles não possuem acesso ao pedestre e são espaços degradados, concentrando lixo, mato alto, potencializando a proliferação de doenças. Assim, esse trabalho pretende utilizar esses canteiros como espaços que se configuram como praças abertas que criarão novas conexões entre as vias da região e servirão como áreas de descanso para os visitantes e moradores da Liberdade. 1

2

Canteiros a serem transformados Praças e Jardins já existentes

Figura 64 - Canteiros e Praças já existentes

90

3


Novos Espaços: Readequação dos Canteiros Diretrizes:

/Proposta de Projeto

Figura Esquemática: tipologia de ocupação dos taludes

-Dar uso a espaços não utilizados, criando espaços de descanso e contemplação e outras atividades. -Criar novos caminhos e alternativas de movimento para os pedestres. -Causar o mínimo de impacto a vegetação já existente.

Arborização existente

Bancos para contemplação e repouso

Plataforma em balanço / mirantes

91


Canteiro 01

Av. Galvão Bueno

Rua da Glõria

/Proposta de Projeto

Implantação

5

10

20

N

Canteiro 1:

1

2

92

3

Para o Canteiro 1, o trabalho tem em vista a construção de decks modulares alturas diferentes que vão acompanhando o desnível da topografia. Cada deck então, se encontra a uma altura de 33cm um dos outros, essa diferença acaba formando novos espaços para cada módulo, trazendo maior privacidade as pessoas que os utilizam. A vegetação existente, em grande parte sera preservada. As aberturas encontradas nos decks darão espaço para as arvores existentes permanecerem no local, e estas irão trazer sombra e maior conforto para as pessoas que estarão atravessando ou descansando esse novo espaço.


/Proposta de Projeto

Perspectiva Isométrica

Utilização da carpitanria japonesa para montagem da cobertura de madeira. De maneira geral, os encaixes dispensam a utilização de parafusos e pregos. A madeira utilizada é a hinoki, vinda de um pinheiro típico do Japão, no entanto, pode-se utilizar outro tipo de madeira semelhante para a construção.

93


/Proposta de Projeto

Vista Canteiro 1

94


Canteiro 02

Av. Liberdae

Av. Galvão Bueno

/Proposta de Projeto

N

Implantação 5

10

20

1

2

3

Canteiro 2: Para o Canteiro 2, o trabalho procura também criar um espaço para que os frequentadores do Bairro possam ter uma nova rota de caminho ligando a Av. Liberdade com a Av. Galvão Bueno. Por ser um espaço mais largo do que o Canteiro 1, o deck não necessita ficar em balanço tão grande. Ao contrário do Canteiro 1, o Canteiro 2 não possui decks com alturas diferentes acompanhando o desnivel da topografia. Dessa maneira, para manter a interligação das duas Avenidas, foi desenhada uma grande escadaria que poderá ser utilizada como banco para os pedestres. Acompanhando a escada, foram desenhadas rampas com o comprimento e inclinação adequada para cadeirantes. Espera-se que o local se comporte não apenas como local de passagem, mas também um local de repouso, contemplação e palco de outras atividades do bairro.

95


/Proposta de Projeto

Pergolado de madeira em encaixe de carpintaria japonesa

Perspectiva IsomĂŠtrica

96


/Proposta de Projeto

Vista do CAnteiro 2.

97


Canteiro 03

/Proposta de Projeto 2,5

5

10

Av. Galvão Bueno

N

Implantação Canteiro 3 O canteiro 3 é um resquício de espaço da delegacia de polícia do Bairro da Liberdade com potencial de ser utilizado. 1

2

98

3

Mesmo sendo um espaço que não interliga duas vias como são os Canteiros 1 e 2, o projeto busca trazer assim a função de espaço de descanso para as pessoas. Com o intuito de fortalecer a vida urbana, o projeto propõe a instalação de equipamentos de ginástica públicos que possam ser utilizados pelos frequentadores da região.


/Proposta de Projeto

Perspectiva IsomĂŠtrica

99


Novos Usos para Lotes de Estacionamento

/Proposta de Projeto

O Bairro da Liberdade, por ser uma região comercial de grande atividade, se encontram diversos estacionamentos, tanto abertos quanto fechados, que na grande maioria acabam subutilizando o lote.

Possíveis Usos

Os edifícios marcados na imagem ao lado são estacionamentos em grandes galpões e antigos depósitos. De maneira geral, são edifícios que possam ser utilizados de outra maneira tais como a rede de labóratórios públicos Fab Lab Livre SP que são espaços de criatividade, aprendizado e inovação acessíveis a todos. Assim, sabendo-se que o Bairro da Liberdade é um local marcado pela presença de estudantes universitários, colegiais e de cursos pré-vestibulares, espera-se que o aprendizado desses se fortaleçam com a presença desses laboratórios.

Atual: Estacionamento

Outro uso para estes edifícios pode ser a desapropriação e o projeto de novos espaços verdes para a região, espaços que então poderão variar desde praças, pequenos centros de compostagem, hortas urbanas e etc.

Proposta: Laboratório de Fabricação Digital público

Situação: Estacionamento Aberto Estacionamento em Galpão

Proposta: Novo Espaço Verde

Estacionamento em Galpão

Figura 65 - Edifícios garagens a serem remanejados

100

Proposta: Horta Urbana e Compostagem


Jardins de Chuva

/Proposta de Projeto Todos os anos, na época das chuvas, os municípios têm de lidar com pontos de alagamento, retenção de água e outros problemas provocados pelos grandes volumes de precipitação que ocorrem em diversas regiões do país. Os jardins de chuva recebem o escoamento de água e acumulam os excessos, formando poças que se infiltram gradualmente no solo, auxiliando o sistema de drenagem a trabalhar dentro de sua capacidade mesmo durante os picos de precipitação. Detalhamento Esquemático:

Figura 66 - Corte Esquemático. Fonte: http://solucoesparacidades.com.br/ wp-content/uploads/2013/06/DETALHE-JARDIM%20CHUVA-01_1_R03.pdf . Acesso: Novembro de 2017.

Substrato no Jardim de Chuva

101



Considerações Finais Esse Trabalho Final de Graduação retratou a grande potencialidade que pequenas intervenções no espaço urbano possuem para aumentar a qualidade de vida das pessoas, alterando até mesmo as dinâmicas das atividades da região, como já ocorreu após a instalação dos bancos e da faixa de pedestres na Av. Galvão Bueno, no segundo semestre de 2016, trazendo maior movimento de pessoas, a possibilidade de descanso no espaço público, o que praticamente não havia anteriormente, e dando maior sensação de segurança para o local, principalmente durante o período noturno. Ainda que o projeto tenha tomado decisões mais impactantes, tais como a remoção de edifícios e de grande parte dos estacionamentos, acredito que o grande ganho, se o projeto fosse realizado, viria, principalmente, das pequenas transformações, tais como a instalação de mais bancos, o plantio de mais árvores e a melhoria das calçadas, tornando-as mais acessíveis e confortáveis para o pedestre. Imagino que essas mudanças, que muitas vezes passam despercebidas, acabam, no entanto, diminuindo as tensões e o estresse decorrentes da vida cotidiana das pessoas. Inicialmente o trabalho tinha como principal objetivo criar amenidades climáticas na região, filtrar os raios solares nas calçadas com árvores e pergolados, utilizar tecnologias verdes como telhados e paredes verdes na cobertura e na fachada dos edifícios existentes com consequente redução nos gastos energéticos para os edifícios do Bairro. Apesar da preocupação em reduzir os gastos energéticos e mitigar os efeitos do aquecimento urbano na microescala serem de extrema importância, com o andamento do trabalho, o bem-estar das pessoas foi se tornando protagonista das decisões projetuais, tanto para a transformação de espaços existentes quanto para a proposição de novos espaços. O espaço deve ser agradável e precisa prover conforto para ser bem aproveitado pelas pessoas.

/Estudos de Campo e Morfologia Bairro da Liberdade possuí uma dinâmica de atividades muito grande, e concentra uma história e mistura de culturas orientais e ocidentais muito interessante. Conforme dito nos capítulos anteriores, trata-se de um local de intensa atividade, mas que é pobre em conforto público, tornando uma região de compras de produtos orientais e restaurantes apenas, mas que poderia ter condições para abrigar outras atividades dos tipos mais variado uma vez que são dadas condições para elas apareçam. O Bairro da Liberdade possui uma dinâmica de atividades muito grande, e concentra uma história e mistura de culturas orientais e ocidentais muito interessante. Conforme dito nos capítulos anteriores, trata-se de um local de intensa atividade, mas que é pobre em conforto nos espaços públicos; a região concentra pontos importantes de compras de produtos orientais e restaurantes, mas poderia abrigar outras atividades, dos tipos mais variados, desde que sejam criadas condições para tal. Assim, o trabalho se apresenta como exercício de projeto e reflexão para a transformação de uma São Paulo mais humana e mais adequada às pessoas e ao meio ambiente.

103


Bibliografia Conceitos de desenho urbano e paisagem:

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105


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