Integridade apesar de tudo

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INTEGRIDADE APESAR DE TUDO

Lição 9: O meu pedido (6.1-30)

A seção que estamos tratando aqui é a primeira parte de um discurso maior que se estende até o final do capítulo 7. O narrador apresentou o discurso de Jó como sendo uma resposta àquilo que foi dito anteriormente por Elifaz. Nossa tarefa agora consiste em entender o modo como este discurso responde àquilo que foi dito anteriormente.

LEITURA BÍBLICA

Jó 6.1-30

PRIMEIRA LEITURA: leia o texto completo sem interrupções.

PERGUNTAS INTERPRETATIVAS QUEM?

SEGUNDA LEITURA:

releia o texto sublinhando ideias e anotando dúvidas.

O QUÊ?

POR QUÊ?

PROGRESSO LEITURA BÍBLICA

Concluída em:

PERGUNTAS INTERPRETATIVAS

Concluída em:

LEITURA DOS COMENTÁRIOS

Concluída em: EXERCÍCIOS

Concluídos em:

QUANDO?

ONDE?


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COMENTÁRIOS 1. A MINHA QUEIXA (6.1-7) Jó inicia seu discurso reclamando a respeito da sua queixa. Que “queixa” é essa? Se considerarmos o que já foi dito até aqui, a “queixa” parece indicar o primeiro discurso de Jó quando reclamou da sua sorte. A expressão “queixa” não tem sido traduzida sempre desta maneira; há traduções que preferem “minha miséria” (RC), “meus sofrimentos” (NTLH), “minha angústia” (NIV), “minha frustração” (ESV). Mesmo quando estamos tratando de uma mesma versão, por exemplo a Revista Atualizada, o termo é traduzido de várias maneiras; em 6.2 a expressão é traduzida como “queixa” e em 17.7 como “mágoa”. A palavra certamente aponta para o pronunciamento no capítulo 3 quando Jó pela primeira vez tornou conhecida a sua frustração com o que estava acontecendo. Aqui neste capítulo, respondendo ao que foi dito por Elifaz, Jó reconhece que tudo o que foi dito não levou em conta o principal elemento causador daquelas palavras – “a minha miséria”. A frustração de Jó manifestada aqui tem a ver com a proporção do seu sofrimento ou da sua miséria. Ele não está necessariamente questionando Deus por ter feito o que fez, os primeiros dois capítulos já nos deram um exemplo da primeira reação de Jó ao ocorrido. A sua queixa neste capítulo tenta trazer de volta os pontos principais do seu desabafo no capítulo 3, mostrando que a severidade do seu sofrimento está fora de proporção. Jó pede, então, que a sua situação seja pesada numa balança: colocando de um lado a sua queixa e do outro a sua miséria. Em outras palavras, Jó pede para que se averigue se as suas palavras dirigidas a Deus foram duras demais. Na sua estimativa, se essa averiguação de fato acontecesse, ela revelaria que o peso da sua miséria é muito maior do que a sua queixa: “esta na verdade pesaria mais que a areia dos mares” (6.3).

2. O MEU PEDIDO (6.8-13) O segundo tópico tratado neste discurso é o pedido de Jó. Embora não tivesse sido mencionado antes em nenhuma de suas falas, Jó apresenta seu pedido como algo que já havia sido apresentado a Deus: “Quem dera que se cumprisse o meu pedido” (6.8). Aqui vemos que Jó não tem problemas com o fato de ser castigado por Deus; o que ele não entende é o motivo de ele


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INTEGRIDADE APESAR DE TUDO

não ter sido mais severo e acabado com sua vida de uma vez por todas. Por enquanto Jó ainda coloca este pedido condicionado a ser algo do agrado de Deus: “que fosse do agrado de Deus esmagar-me” (6.9). A manutenção da vida em meio a tanta dor só protelaria o inevitável, acredita Jó. Sua situação, não tem mais volta. As justificativas para sua conclusão são apresentadas em forma de duas perguntas: “Por que esperar, se já não tenho forças?” e “Por que prolongar a vida se o meu fim é certo?” (6.11). Enquanto seus amigos tentam convencer Jó a aceitar o sofrimento como castigo de Deus, seu pedido neste verso demonstra que ele já está muito à frente; ele quer saber por que o Senhor não acabou com ele de uma vez. Isso seria a sua consolação e a sua maior alegria. Ou seja, esse homem não tem qualquer dificuldade em aceitar o castigo do Senhor e nem reconhecer que tenha cometido qualquer pecado (o que ele irá dizer posteriormente), mas ele se aflige em tentar entender o motivo do “castigo pela metade”. Por que ele não foi levado da mesma maneira como a de seus filhos? Por que ele ainda continua vivo se os seus tumores já tomaram conta de todo o corpo? Na concepção de Jó o seu quadro é irreversível e a demora do fim é visivelmente injustificada.

3. MEUS IRMÃOS (6.14-30) O terceiro tópico nesse discurso trata do modo como seus irmãos o trataram. Há três reclamações levantadas por Jó: a) eles não “mostraram compaixão” (6.14), b) eles o trataram aleivosamente (i.e. “de maneira pecaminosa”) (6.15) e c) eles não lhe serviram para nada (6.21). Quem são esses “irmãos” que o trataram desta maneira? A primeira reação seria a de achar que ele está falando dos seus três amigos que vieram para lhe consolar, porém mais adiante ele revela outros detalhes sobre isso: “Pôs longe de mim a meus irmãos, e os que me conhecem, como estranhos, se apartaram de mim. Os meus parentes me desampararam, e os meus conhecidos se esqueceram de mim” (19.13-14). Este texto lança nova luz sobre o que estamos tratando, pois afirma que os que realmente eram próximos de Jó o abandonaram. Logo, esses três amigos ao seu lado não são os que Jó considerava como amigos (6.14). Levando em consideração esses fatos, podemos entender que as duas primeiras reclamações de Jó devem ser dirigidas para os seus verdadeiros irmãos, enquanto que a terceira, a de que eles de nada valem, deve ser dirigida aos três amigos ao seu lado agora. O motivo dessa distinção é o modo como o texto apresenta-os: “assim também, vós outros sois nada...” (6.21). Jó está comparando seus irmãos com seus amigos.


PERGUNTAS PARA REFLEXÃO

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1. Quem você considera hoje seus irmãos e seus amigos? 2. Você já pediu (ou conhece alguém que tenha pedido) a Deus para que tirasse a sua vida? Você acha que um cristão pode fazer um pedido como esse?

EXERCÍCIOS

1. Quais são as outras possibilidades de tradução da expressão “minha queixa”?

As perguntas nessa seção visam a recapitular temas que foram tratados nos textos bíblicos. Recomenda-se consultar as passagens novamente em caso de dúvidas.

4. Quem são os “irmãos” que lhe trataram de maneira pecaminosa?

2. Qual é a queixa de Jó?

5. Quais são as três reclamações levantadas por Jó contra esses “irmãos”?

3. Qual é o seu pedido a Deus?


INTEGRIDADE APESAR DE TUDO

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PALAVRAS CRUZADAS

2 1

TEXTO BASE 6.1-30 3

4

5

3 6 7 8 9 10 11 12

HORIZONTAL 1. vede que não ___________ na vossa cara (6.28). 3. Pensando naquilo que já havia dito neste contexto de sofrimento, Jó confessa que as suas palavras foram __________ (6.3). 6. Acaso, pensais em _________ as minhas palavras? (6.26) 7. O que o amigo deve mostrar ao aflito? (6.14) 8. Há ____________ na minha língua? (6.30) 10. Aquilo que Jó gostaria que fosse pesado numa balança para saber se a sua queixa estava desproporcional. (6.1) 11. Jó tem um desejo, ele gostaria muito que Deus lhe concedesse tal desejo. O que Jó gostaria que Deus fizesse? (6.8-9) 12. As palavras retas são...? (6.25)

VERTICAL 2. O que os amigos e os seus conselhos significam para Jó? (6.21) 3. Não pode o meu paladar discernir coisas _________? (6.30) 4. Por que prolongar a vida, se o meu fim é ________? (6.11) 5. O que se arregimentava contra Jó? (6.4) 9. Com que Jó compara os seus irmãos que o abandonaram e o trataram impiedosamente? (6.15)


Lição 10. Se pequei, que mal te fiz? (7.1-21)

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Esse capítulo dá continuidade ao discurso de Jó, indagando e discutindo os motivos que teriam levado Deus a tratá-lo dessa forma.

LEITURA BÍBLICA

Jó 7.1-21

PRIMEIRA LEITURA: leia o texto completo sem interrupções.

PERGUNTAS INTERPRETATIVAS QUEM?

SEGUNDA LEITURA:

releia o texto sublinhando ideias e anotando dúvidas.

O QUÊ?

POR QUÊ?

PROGRESSO LEITURA BÍBLICA

Concluída em:

PERGUNTAS INTERPRETATIVAS

Concluída em:

LEITURA DOS COMENTÁRIOS

Concluída em: EXERCÍCIOS

Concluídos em:

QUANDO?

ONDE?


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INTEGRIDADE APESAR DE TUDO

COMENTÁRIOS Esta seção do discurso de Jó se diferencia da anterior por causa da pessoa para quem ele dirige suas palavras. No capítulo anterior ele responde a Elifaz, conforme somos informados pelo narrador, mas aqui as palavras são provavelmente dirigidas a Deus. Esta percepção fica evidente quando o pronome na segunda pessoa do singular começa a ser utilizado: “Lembrate” (7.7), “que mal te fiz a ti” (7.20), “até quando não apartarás de mim a tua vista?” (7.19). Essas referências só fazem sentido se forem dirigidas a Deus. Ao mesmo tempo, ver o modo como Jó se dirige a Deus causa-nos grande incômodo. A estrutura dessa seção ilustra o caso mencionado na introdução com respeito a partículas explicativas, como é o caso em “por isso” (7.11). Quando partículas explicativas como “por isso” são utilizadas, o motivo foi anunciado antes da partícula, neste caso, entre os versos 1 a 10. Os motivos para Jó falar na angústia de sua alma sem reprimir a boca já foram apresentados no parágrafo anterior. A descrição do assunto, neste caso, vem depois da apresentação dos motivos, a saber, 7.11-21.

1. A MINHA VIDA É PENOSA (7.1) A primeira justificativa para o pronunciamento amargurado de Jó é a vida penosa do ser humano em geral e principalmente a sua, a qual ele descreve com maiores detalhes. A vida penosa do ser humano em geral é comparada com a do diarista que trabalha pelo sustento de cada dia e com a do escravo que trabalha ao sol e anseia por uma sombra. No seu caso em particular, a situação é descrita de maneira bem mais trágica. Primeiro, ele confessa que não consegue mais dormir; ele passa a noite revolvendo na cama sem poder dormir por causa das feridas em seu corpo: “Ao deitar-me, digo: quando me levantarei? Mas comprida é a noite, e farto-me de me revolver na cama, até à alva. A minha carne está vestida de vermes e de crostas terrosas; a minha pele se encrosta e de novo supura” (7.4-5). Veja a situação em que Jó se encontra enquanto dialoga com seus amigos. Às vezes somos tentados a observar demais os detalhes dos discursos e nos esquecemos de que a sua


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situação física está muitíssimo abalada. Por causa das feridas em seu corpo, alguns estudiosos chegam a afirmar que Jó estava delirando quando voltouse para Deus com palavras duras como as que veremos mais adiante. Eu não creio que isso seja fácil de provar, pois embora aborrecido com a situação, Jó permanece coerente com as coisas que ele fala, sendo capaz inclusive de selecionar aquilo que ele diz aos amigos e aquilo que ele diz a Deus.

2. PORQUE A MINHA VIDA É UM SOPRO (7.7) A segunda justificativa apresentada por Jó para ter falado na angústia do seu espírito é a brevidade da vida: “Lembra-te de que a minha vida é um sopro” (7.7). O argumento da brevidade da vida está relacionado com o que já foi dito anteriormente com respeito à demora para o Senhor colocar um fim em sua vida. Nesse trecho do seu discurso o argumento da brevidade da vida está relacionado com outra coisa, a saber, o valor memorial do seu sofrimento. Em outras palavras, se ainda não foi do agrado de Deus tirar a sua vida, deve ser porque ele ainda quer que outros vejam o que está acontecendo com ele. Assim, Jó considera a sua situação em relação ao olhar humano: 1) os meus olhos não tornarão a ver o bem. Qual a vantagem em manter alguém com vida se não há mais esperança de uma recuperação? Na visão de Jó o seu caso é terminal e irreversível, logo, não se justifica protelar o inevitável. 2) Os olhos dos que agora me veem não me verão mais. Se a finalidade da demora é a chance para que outros observem sua vida, Jó argumenta que em breve eles não mais verão e se esquecerão rapidamente de tudo o que viram. Por que, então protelar a dor? 3) Os teus olhos me procurarão, mas já não serei. Eu creio que esta parte do discurso de Jó foi feita numa de suas orações antes de se deitar, quando ele não mais acreditava que veria a luz do novo dia. A possível razão para o seu prolongado sofrimento seria que Deus estivesse interessado em observar alguma coisa. Se for esse o caso, Jó argumenta que Deus deveria se apressar em observar seja lá o que ele quer observar, pois em breve a sua vida dissiparia como a nuvem que se desfaz, e a sepultura encerraria para sempre este período de observação. A expressão “aquele que desce à sepultura jamais tornará a subir” (7.9) não deve ser entendida como uma evidência de dúvida quanto à vida eterna. Jó irá afirmar categoricamente o contrário em breve. Aqui o seu argumento estabelece apenas a expectativa natural do final da linha, quando a existência humana chega ao seu fim. Se Deus tem algum propósito para com tudo o que está acontecendo, é melhor que ele intervenha com rapidez.


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INTEGRIDADE APESAR DE TUDO

3. A CONFISSÃO DE UMA ALMA AMARGURADA (7.11-21) O principal assunto desta seção é a decisão de falar sem qualquer restrição (“não reprimirei a boca”) e sem qualquer preocupação (“falarei na amargura de minha alma”). O que agrava ainda mais a situação é o fato de que suas palavras estão sendo dirigidas a Deus. O modo como Jó fala nessa seção chega muito perto do que poderíamos considerar como blasfêmia, porém a conclusão do livro nos garante que não. A confissão de Jó contém cinco perguntas fundamentais: 1) acaso sou eu um monstro marinho? (7.12), 2) que é o homem para que tanto o estimes? (7.17), 3) Até quando não apartarás de mim a tua vista? (7.19), 4) se pequei, que mal te fiz a ti? (7.20), 5) por que não perdoas a minha transgressão? (7.21). Com essas cinco perguntas Jó, sem saber, detecta todas as possibilidades de que o seu caso não é o que seus amigos estão tentando provar. Primeiro, ele não é um monstro marinho que justificasse uma investida tão brutal e repentina contra a sua vida. O tratamento é desproporcional. A intensidade é demasiadamente maior do que o necessário para punir pecados de um homem que se esforça para andar nos caminhos do Senhor. Nesse ponto Jó releva que o seu sofrimento vai além da dor física que poderia ser remediada com uma noite de descanso; o ponto máximo da sua angústia é causado pelo próprio Deus: “tu me espantas com sonhos e me assombras com visões” (7.14). Ainda que não possamos saber com certeza a origem de tal opressão, se Deus ou Satanás, a realidade provocada por ela leva-o a preferir a morte a ter que continuar nesta tortura (7.15). Veja, então, que não foi algo pontual nem passageiro, mas uma aflição prolongada que culminou em uma das palavras mais duras que ele dirigiu a Deus: “estou farto da minha vida; não quero viver para sempre. Deixa-me, pois, porque os meus dias são um sopro” (7.16). Tudo isso tem a ver com a alma e não o corpo; é a alma que preferiria ser estrangulada. Muitos leitores do livro de Jó não levam em consideração a tortura emocional que seguia de mãos dadas com a sua aflição física. A segunda pergunta de Jó pode ser lida de várias maneiras. Quando ele indaga “que é o homem para que tanto o estimes?” (7.17), a resposta esperada em seu argumento é de que ele não é nada; é uma criatura muito pequena para que Deus gaste o seu tempo visitando-o e castigando-o a cada manhã. Ironicamente, quando olhamos da perspectiva do diálogo entre Deus e Satanás, a pergunta de Jó confronta diretamente a insinuação de Satanás de que a integridade de Jó era interesseira. Deus estima o ser humano por ele ser criado segundo a sua imagem, e é precisamente a integridade desta identidade que está sendo provada. Deus conhece nossos limites em todos os aspectos. Ele sabe quando e como podemos suportar ou ceder às pressões de


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quaisquer que sejam as fontes. Deus não nos criou para sermos testados, mas quando somos testados sabemos que fomos por ele criados. Jó cansou. Ele não quer mais correr de Deus, mas sim que Deus pare de correr atrás dele como um predador atrás de sua presa: “Até quando não apartarás de mim a tua vista? Até quando não me darás tempo de engolir a minha saliva” (7.19). Jó conhece a intimidade com Deus e sabe distinguir muito bem a proximidade que produz a paz daquela que assombra e perturba. Jó não está negando a Deus nem blasfemando contra ele, mas está achando muito estranho a mudança repentina e injustificada do comportamento de Deus para com ele. Pior do que ser surpreendido por um comportamento estranho de um velho amigo é ter que enfrentar esta surpresa sem saber o motivo. Deus e Jó gozavam de profunda intimidade antes dessas coisas acontecerem, como ele dirá mais adiante: “Ah! Quem me dera ser como fui nos meses passados, como nos dias em que Deus me guardava! ... quando a amizade de Deus estava sobre a minha tenda; quando o Todo-Poderoso ainda estava comigo” (29.2-5). Havia uma amizade. Havia uma comunhão. Por que tudo isso desapareceu tão repentinamente? Há duas evidências de que Jó não desistiu desta amizade. Primeiro, ele quer saber o que foi que ele fez contra Deus: “Se pequei, que mal te fiz a ti?” (7.20). Observe que Jó não tem qualquer dificuldade em admitir que tenha cometido algum pecado que pudesse ser apresentado como razão para o que estava acontecendo, mas se este for o caso, ele que saber o que foi que ele fez. No texto hebraico não aparece a partícula “se” (se pequei...), e algumas versões traduzem o verso 20 como uma confissão: “Eu pequei. Mas o que foi que eu fiz contra ti?” (ASV). Como disse anteriormente, Jó não tem problema em admitir seu erro, seu problema é não saber o que exatamente teria causado tanto agravo numa amizade construída com temor e integridade. E não apenas isso, Jó não entende porque de repente Deus fez dele um alvo e se esqueceu do restante da humanidade que certamente tem cometido pecados graves: “Por que fizeste de mim um alvo para ti?” (7.20). A segunda evidência de que Jó não desistiu de sua amizade com Deus é a sua busca pelo motivo de Deus não querer lhe perdoar: “Por que não perdoas a minha transgressão?” (7.21). O fato de Jó ter pecado não faz com que Deus mude seu caráter e deixe de ser um Deus perdoador. Jó sabe que o pecador arrependido comparece diante de Deus e suplica seu perdão, como Jó costumeiramente fazia até pelos possíveis pecados dos seus filhos. Por que Deus agora parou de tratar o pecador da maneira que ele sempre tratou? Há alguma coisa muito anormal em tudo isso. É essa suspeição de que algo está temporariamente fora do “padrão” de Deus que faz com que Jó continue crendo.


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INTEGRIDADE APESAR DE TUDO

4. AGORA ME DEITAREI NO PÓ (7.21) Com estas palavras “agora me deitarei no pó” (7.21), o cenário de uma morte iminente parece tomar conta de Jó. Ele não acredita que terá mais uma oportunidade de acordar e ver a luz do dia, contemplando a mesma miséria que o acompanha até o momento. Essa me parece ser a razão porque ele decidiu falar sem mais reprimir a boca, pois suspeita que se ele não fizer isso agora não terá mais outra chance.

PERGUNTA PARA REFLEXÃO 1. Você acha que a reação de Jó tem sido exagerada ao pedir que Deus se afaste dele? Comente sua resposta.

EXERCÍCIOS

As perguntas nessa seção visam a recapitular temas que foram tratados nos textos bíblicos. Recomenda-se consultar as passagens novamente em caso de dúvidas.

1. Por que Jó menciona o jornaleiro e o escravo em seu discurso?

5. Quais são os elementos que descrevem a aflição física de Jó?

2. Como Jó descreve a sua penosa vida?

6. Quais são os elementos que descrevem a aflição psíquica de Jó?

3. Para quem este discurso é dirigido?

4. Quais são as cinco perguntas fundamentais da confissão de Jó?

7. Quais são as duas evidências de que Jó não desistiu da amizade que outrora marcou o seu relacionamento com Deus?


1

PALAVRAS CRUZADAS TEXTO BASE 7.1-21

105

2 4

3 5

7

8

9

6 10 12

11 13

14

15

16 17

18 19 20

HORIZONTAIS

VERTICAIS

3. Dizendo eu: consolar-me-á o meu ____, (7.13) 5. Lembra-te de que a minha vida é um __; (7.7) 6. Se pequei, que mal te fiz a ti, ó _____ dos homens? (7.20) 10. Ao deitar-me digo: quando me ____? (7.4) 11. Queixar-me-ei na ____ da minha alma. (7.11) 13. Por isso, não ___ a boca (7.11) 17. Minha pele se encrosta e de novo ____. (7.5) 18. Por que não perdoas a minha ____? (7.21) 19. Então me espantas com sonhos e com visões me ____; (7.14) 20. Não são os seus dias como os de um ____? (7.1)

1. Estou farto da minha ____; (7.16) 2. Acaso, sou eu o mar ou algum ____, (7.12) 4. Minha carne está vestida de ___, (7.5) 7. Que é o homem, para que tanto o ____, (7.17) 8. Aquele que desce à sepultura jamais ____. (7.9) 9. A minha alma escolheria, antes, ser ____; (7.15) 12. Os teus olhos me ___, mas já não serei. (7.8) 14. Assim me deram por herança meses de ___, (7.3) 15. Antes, a morte do que esta ____. (7.15) 16. Não é ____ a vida do homem sobre a terra? (7.1)


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