FUNÇÕES SOBREPOSTAS: POSSIBILIDADE DE MOBILIÁRIO NA HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA
FAU USP 2021
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.
Catalogação na Publicação Serviço Técnico de Biblioteca Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo Ferreira, Danilo Tolentino Leite Funções sobrepostas: possibilidade de mobiliário na habitação contemporânea / Danilo Tolentino Leite Ferreira; orientador Giorgio Jr Giorgi. - São Paulo, 2021. 128. Trabalho Final de Graduação (Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. 1. Projeto de Mobilário. 2. Habitação. 3. Contemporaneidade. I. Giorgi, Giorgio Jr, orient. II. Título.
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FUNÇÕES SOBREPOSTAS: POSSIBILIDADE DE MOBILIÁRIO NA HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA
Danilo Tolentino Leite Ferreira Orientado pelo Prof. Giorgio Giorgi Jr. Trabalho Final de Graduação Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade de São Paulo São Paulo 2021
RESUMO/ ABSTRACT
INTRODUÇÃO
01.
ARQUITETURA DA HABITAÇÃO
02.
ARQUITETURA DO MOBILIÁRIO
03.
INVESTIGAÇÕES BRASILEIRAS: NOSSA ARQUITETURA DE MOBILIÁRIO
01.1 01.2
LEITURAS PARA HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA NOVOS MODOS DE MORAR, ANTIGAS FORMAS DE ORGANIZAR O ESPAÇO
02.1 MÓVEL QUE ORGANIZA A HABITAÇÃO REDUZIDA 02.2 MÓVEL QUE SOBREPÕE FUNÇÕES
03.1 MÓVEL BRASILEIRO
04.
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
05.
REFERÊNCIAS
04.1 MÓVEL PARA MORADIA CONTEMPORÂNEA 04.2 REGISTROS DO PROTÓTIPO 04.3 CONCLUSÃO
05.1 BIBLIOGRAFIA 05.2 SITES RELACIONADOS
AGRADECIMENTOS Este trabalho é conquista de todos aqueles que partilharam comigo a jornada dos ultimos oito anos. Tantos foram os desafios, altos e baixos, que formaram e continuam a me ensinar sobre a dimensão humana da nossa profissão. À minha familia, que nunca mediu esforços para me oferecer horizontes, a eles inacessíveis. Sem vocês, nada disso seria possível. Aos meus queridos amigos Daniele, Sofia, Gabriela, Victória, Caroline, Isabel, Luisa, Lyon, Tatiana e Ana. Nossa amizade é lembrança viva da minha trajetória e guardo comigo sempre. A Monyck e Raquel, pelo suporte incondicional. Tantos foram os momentos necessários e sempre disponível. Ao Caio, pelo apoio mútuo, diário, tão importante à nossa parceria. A Ana Ganzaroli e Hugo Chinaglia, pelas colocações tão pertinentes. Ao Giorgio, por toda paciência, solicitude e gentil instrução. Ao meu avô, Gerson, que tenho na memória. Este sonho é tão dele quanto meu.
RESUMO Este trabalho tem tem como objetivo propor o projeto para um sistema de mobiliário modular, adaptável e multifuncional. A partir da investigação com tecnologias de fabricação digital e métodos de impressão em CNC, o exercício resulta numa família de objetos pensados para realidade da habitação contemporânea. Parte fundamental desse processo foi entender quais seriam suas características mais relevantes. Através de um resgate histórico, foram escolhidos modelos de habitação concebidos em diferentes épocas, quais aspectos foram herdados e como, ainda hoje, são replicados na produção de habitações pelo mercado imobiliário. Então, dessa forma, é possível identificar os principais desafios com os quais o projeto de mobiliário poderia dialogar. Os modos de morar na contemporaneidade pressupõem multiplas maneiras de ocupar a habitação, organizar o espaço e constituir sistemas familiares ou co-habitantes. As funções domésticas, cotidianas, passam a tensionar a compartimentação das reduzidas unidades habitacionais, cada vez mais, engessadas em padrões tipificados. O mobiliário, portanto, apresenta-se como possível interlocução entre espaço e usuário, habitação e modos de morar, ambientes e funções domésticas. Palavras chave: Projeto de mobiliário; Habitação; Contemporaneidade.
ABSTRACT Through the exploration of digital fabrication technologies, CNC printing methods and on a practical experimentation with a family of objects designed for contemporary housing trends, the purpose of this work is to propose a modular, adaptable and multifunctional system for furniture design. In order to understand the challenges and opportunities regarding this design practice, a historical parallel was established, through which a few housing models from different periods in time were selected along with their most relevant and replicated contributions for today’s real estate housing models. An essential part of this process was to understand these most relevant aspects. As contemporary ways of inhabiting presuppose multiple manners of being at home, organizing space and establishing family or co-living settings, and household functions become a tensioning factor for the gradually smaller and more standardized homes, furniture design might be an even more important mediator of these environments and their inhabitants.
Key words: Furniture design; Housing; Contemporaneity;
INTRODUÇÃO O presente trabalho propõe, através da investigação projetual, um sistema de mobiliário modular. Um sistema, porque é composto por uma unidade mínima, com três variações em altura, além de três tipos de elementos anexos. Como conjunto, o produto é uma família de objetos que permitem as mais variadas associações e atribuições de uso. Cada aresta e plano foram resultado de um exaustivo exercício de desenho e redesenho, processo tão necessário à competência do arquiteto. Desse modo, o Sistema Módulo nasce como uma resposta possível resposta ao conjunto de questões que permeiam o debate acerca da habitação e modos de morar contemporâneos. Através da leitura de tipologias de apartamentos ofertados pelo mercado imobiliário é possível levantar algumas hipóteses sobre a relação entre tais unidades e seus habitantes. A principal delas é o descompasso entre as características programáticas empregadas na produção de habitação e as transformações nos modos de ocupar e realizar atividades em suas moradias. Seja quanto ao padrão estabelecido para organização espacial dos programas dessas unidades, pelo aumento (ainda crescente) de atividades realizadas no espaço da habitação, ou pelas várias possibilidades de composição familiar e co-habitante. Como “modos de morar contemporâneos”, neste trabalho, entende-se as muitas transformações sócio-culturais na relação cotidiana entre habitantes e espaço habitado. Para o referido contexto, são as transformações perceptíveis durante as duas primeiras décadas do século XXI. Aqui, atenho-me àquelas que apontam para novos modos de trabalhar, organizar e dividir o espaço de uso comum das habitações contemporâneas. Dentre os recortes possíveis, este trabalho dedica-se a um olhar sobre as tipologias de habitação
reduzida, em edifícios coletivos, localizados em bairros centrais da cidade de São Paulo. Tensionar a maneira como se estabelece a divisão dos cômodos e suas respectivas atribuições, imaginar as possibilidades de rearranjo da moradia, além da sobreposição das funções que precisa acomodar, hoje, são os fatores que apontam para o cerne deste trabalho final de graduação. Por fim, retomo seu caráter propositivo: o objeto de mobiliário como possível interlocução, capaz de transformar a percepção da arquitetura do espaço, respondendo às novas demandas para habitação contemporânea. Em outras palavras, “Funções sobrepostas: possibilidades de mobiliário na habitação contemporânea”.
01.
ARQUITETURA DA HABITAÇÃO 01.1 LEITURAS PARA HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA 01.2 NOVOS MODOS DE MORAR, ANTIGAS FORMAS DE ORGANIZAR O ESPAÇO
01.1
LEITURAS PARA HABITAÇÃO CONTEMPORÂNEA
A proposta para um projeto de arquitetura, seja qual for a escala, em algum momento, atravessa uma etapa bastante sensível. Para muitos profissionais da área, é chamada de concepção do projeto, ou partido arquitetônico. Essa etapa pressupõe a escolha por uma ideia, referência, um objetivo máximo que deverá articular todas as demais escolhas durante o desenvolvimento do projeto. Entretanto, neste trabalho, o maior desafio foi aquele imediatamente anterior à escolha de um partido. Para definição de um partido bem fundamentado, é comum instrução aos jovens aspirantes arquitetos e urbanistas, primeiramente, definir quais seriam as perguntas essenciais para a melhor compreensão do problema a ser enfrentado. Dessa maneira, ao observar o mercado moveleiro nacional, foi evidente a escassa oferta de objetos de mobiliário com design flexível, versátil e custo acessível a uma classe média urbana. A proposta de uma linha de objetos de mobiliário deveria, portanto, ser concebida a partir da possibilidade de adaptação a espaços reduzidos e capacidade de resposta a variados usos, sem relacionar a qualidade da solução aos custos exorbitantes de um “design
1. www.nomads.usp.br; acesso em 01/05/2021. 2. ANITELLI, Felipe. [Re] produção: repercussões de características do desenho de edifícios de apartamentos paulistanos empreendidos no Brasil. Tese de Doutorado IAU-USP. São Carlos, 2015. pp. 407. 3. MENDONÇA, Rafaela N. Apartamentos mínimos contemporâneos: análises e reflexões para obtenção de sua qualidade. Dissertação de Mestrado UFU. Uberlândia, 2015. p.28-29.
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assinado”. Ao formular as primeiras hipóteses de tema, a habitação enquanto programa parece ser bastante pertinente e possibilita investigações acerca das potencialidades de um projeto de mobiliário versátil e acessível. Gradualmente, foi necessário definir um recorte para elaboração de perguntas mais concretas e que apontassem caminhos possíveis para esse projeto. O trabalho realizado pelo grupo de pesquisa Nomads.USP1 foi essencial nesse processo. Foram consultados muitos estudos que buscam compreender a habitação no contexto das transformações no modo de morar contemporâneo. Dentre os pesquisadores que ali colaboram para o desenvolvimento científico desse tema, pelos mais diversos vieses, as pesquisas dos professores Marcelo Tramontano e Felipe Anitelli são referências para este desafio que me propus enfrentar. Eles dedicam suas pesquisas ao estudo sobre a arquitetura da habitação. Seja por uma leitura histórica nas maneiras de morar e sua relação com o programa das habitações, ou por uma intuição sobre a padronização da produção de habitação, ambos apontam para um significativo descompasso a maneira de organizar o programa para a grande maioria das habitações no Brasil e as atuais formas de ocupá-las e realizar as atividades domésticas cotidianas. Essa maneira de organizar segue um modelo anterior ao século XX, replicado ainda hoje, pelos principais atores do mercado da construção civil com de atuação nacional. Felipe Anitelli, através de seu extenso levantamento de tipologias de apartamentos em diferentes metrópoles brasileiras, entrevistas e visitas de campo, apresenta sua hipótese a respeito da manutenção desse modelo de habitação. “Se o projeto arquitetônico pode ser considerado como um registro que documenta aspectos da sociedade de uma determinada época, os apartamentos atuais registram mais os interesses econômicos de quem o produz e menos os modos de vida de quem os habitam.”2 A pesquisadora Renata Mendonça, inserida no mesmo campo de estudo, disserta com um olhar para quais características do projeto arquitetônico estão sendo sacrificadas em favor de interesses particulares. “[...] tudo aquilo que diz respeito à habitação seja planejado a fim de corresponder à experiência do homem pelos artefatos construídos, ou seja, possibilitar diante o passar do tempo à interface saudável entre homem-objeto-espaço. [..] Atualmente é possível notar a intensidade com que os interesses externos prevalecem sobre
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o projeto de habitações e mobiliário residencial, e como eles acarretam ineficiências em relação à diversidade de usuários e seus atuais modos de vida.”3 A padronização da produção de habitações passa não apenas por um processo de simplificação das propostas programáticas de suas unidades habitacionais. Essa tendência a padronizar e simplificar soluções arquitetônicas também está presente nos invólucros desses edifícios, suas fachadas. Não necessariamente para que o valor final do “produto” seja mais acessível, mas para que a redução no custo garanta margens de lucro cada vez maiores. Tramontano remonta uma extensa e complexa historiografia da habitação em sua tese de doutorado. Através dela traz uma reflexão acerca das transformações dos modos de morar na contemporaneidade. Com uma análise comparativa, o autor estabelece o seu recorte temático entre três grandes metrópoles: Paris, São Paulo e Tókio. Elas ilustram, com propriedade, a impressão ocidental sobre a cultura, centros urbanos, habitações e modos de vida modernos, a partir dos efeitos da Revolução Industrial Inglesa.4 O trabalho parte do crescimento da população nos centros urbanos da Inglaterra, nos bairros industriais e nas casas das famílias burguesas. Um contexto que apresenta o gradual surgimento de uma nova maneira de organizar as relações dentro e fora da esfera familiar. Em outras palavras, resulta na definição de limites entre vida pública (a fábrica) e vida privada (casa). É quando se institui o modelo de família nuclear (pai, mãe, filhos e agregados) como hegemônico e molde para todas as relações a serem estabelecidas dentro e fora dos limites da casa. É com base nessa estrutura familiar que se entende o modo de morar burguês (europeu) do século XIX, para o qual a moradia e seu mobiliário deveriam corresponder. Um modelo que, ainda hoje, é referência para pensar a divisão do programa de moradias. Refiro-me à divisão tripartite para habitação entre áreas de uso comum, íntimo e serviços. “[...] existe um processo padronizado, com determinadas características e que seria, em larga medida, utilizado por todas essas empresas [incorporadoras S.A. com atuação nacional]. Trata-se de uma organização espacial consolidada no século XIX, na Belle Époque francesa, e difundida enormemente por todo o mundo ocidental onde o progresso material esteve presente e onde se formaram burguesias capitalistas”.5 Com um olhar mais atento sobre essa herança burguesa, Anitelli afir-
ARQUITETURA DA HABITAÇÃO
4. TRAMONTANO, Marcelo Cláudio; TASCHNER, Suzana Pasternak. Novos modos de vida, novos espaços de morar, Paris, São Paulo, Tokyo: uma reflexão sobre a habitação contemporânea.Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998. 5. ANITELLI, Felipe. [Re] produção: repercussões de características do desenho de edifícios de apartamentos paulistanos empreendidos no Brasil. Tese de Doutorado IAU-USP. São Carlos, 2015. pp. 372.
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6. ANITELLI, Felipe. [Re] produção: repercussões de características do desenho de edifícios de apartamentos paulistanos empreendidos no Brasil. Tese de Doutorado IAU-USP. São Carlos, 2015. pp. 372. 7. TRAMONTANO, Marcelo Cláudio; TASCHNER, Suzana Pasternak. Novos modos de vida, novos espaços de morar, Paris, São Paulo, Tokyo: uma reflexão sobre a habitação contemporânea. 1998. Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998.
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ma: “Existe, portanto, uma síntese em seis pontos principais que constituem as plantas de edifícios de apartamentos, difundidos mundo afora: • A divisão da habitação em cômodos, como estratégia de organização dos usos; • A estanqueidade funcional de espaços, com a vinculação de atividades e cômodos determinados; • A existência de uma relação de hierarquia entre os espaços; • A tripartição da habitação com o agrupamento de cômodos em zonas: social, íntima e serviços. • A articulação dos cômodos por meio de corredores e dispositivos de circulação. • A existência de uma relação de hierarquia também entre circulações, separadas para o uso de patrões e empregados.”6 A industrialização repercutiu, também, em algumas outras hipóteses sobre a habitação e os modos de morar. Mais especificamente, o primeiro pós-guerra representou um importante ponto de inflexão na maneira de compreender a relação entre economia, política e organização social em grandes centros urbanos industriais. Para melhor ilustrar quais foram essas transformações é possível descrever o cenário de algumas das metrópoles da Europa ocidental durante o período. Reconstrução, avanço escalar no desenvolvimento de tecnologia industrial, fortalecimento de movimentos trabalhistas organizados e o desafio de responder à demanda por habitação em massa e de baixo custo são alguns elementos que remontam à segunda metade da década de 1920. As políticas habitacionais como programas fomentados pelo poder público são respostas que desafiam o papel do arquiteto a pensar os problemas do seu contexto, não apenas em seu aspecto social, mas inseridos no modo de produção vigente. Durante a República de Weimar, o programa para Siedlungen resultou numa vasta quantidade de conjuntos habitacionais concebidos para conciliar o bom desenho e a industrialização. A experiência do Weissenhof, em Stuttgart, durante os anos de 1926 a 1930, foi grande oportunidade para arquitetos integrantes do Deutscher Werkbund, darem continuidade ao desafio proposto pelo grupo ao traduzir em arquitetura um projeto de modernidade que “buscasse a máxima eficiência com o mínimo de recursos”. Dentre eles, o edifício de apartamentos projetado pelo arquiteto Mies Van Der Rohe, entre 1928 e 1930. Ao descrever alguns aspectos do projeto, Tramontano aponta para
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a maneira como o arquiteto trabalha a flexibilidade do espaço nas unidades. O resultado alcançado vale-se da associação de estrutura em aço, divisórias internas e elementos de fechamento leve. Sob essa lógica, faz-se necessário pensar a disposição das áreas molhadas (banheiro e cozinha) conectadas, como núcleo fixo, e o restante do interior de cada unidade pode ser dividida livremente.7 Cláudia Cabral, ao escrever a respeito da Weissenhofsiedlung e a nova relação entre cidade e habitação, pela chave da arquitetura moderna, reforça a importância dos partidos de projeto anteriormente citados “ [...]o uso de materiais industrializados, a racionalização dos elementos compositivos; é a cidade como forma histórica, que a revolução industrial ameaçava destruir, que deve agora reencontrar-se em outras formas capazes de equilibrar as relações entre espaço aberto e espaço construído, devolvendo ao habitar os vínculos imediatos com a natureza; [...]”.8 Ao referir-se a vínculos com a natureza, fala sobre o esforço de pensar não apenas na arquitetura dos edifícios e interior das unidades, como também na arquitetura de infraestrutura para esses conjuntos. A oferta de unidades com reduzidas dimensões, também, justificadas pela disponibilidade de novas tecnologias que garantem eficiência às funções domésticas, transferem grande parte do tempo e cotidiano dos habitantes para o convívio em áreas livres e outros equipamentos previstos para uso público.9 Para além otimização máxima do espaço, pensado para maior eficiência na execução das funções domésticas, Folz aponta um critério importante para o debate da Existenzminimum. “Muito mais do que uma simples relação de metragem quadrada por pessoa, acrescentou-se o critério do mínimo social no debate sobre a Existenzminimum (habitação para o mínimo nível de vida) durante o Congresso Internacional de Arquitetura Moderna de 1929, ocorrido em Frankfurt-am-Main, onde novos projetos de Siedlung estavam sendo desenvolvidos. A concepção de uma habitação mínima envolveria resoluções de amplas necessidades biológicas e psicológicas no sistema estático da construção em si.”10 “A organização [da produção habitacional], pondera Gropius, deve ter como alvo não apenas produzir casas inteiras, em primeiro lugar, mas componentes padronizados, fabricados em série, de modo, porém, que permita montar diferentes tipos de casas”. A fala de Gropius sinaliza fundamentos de uma nova concepção da habitação para a qual a função seja o cerne e a forma, um reflexo desse processo racional (a célula de morar).11
ARQUITETURA DA HABITAÇÃO
8. CABRAL, Cláudia Piantá C. “Do Weissenhofsiedlung ao Hansaviertel. A arquitetura moderna e a cidade pensadas desde a habitação”. Ano 10, set. 2011. Disponível em: https://vitruvius.com. br/index.php/revistas/read/ resenhasonline/10.117/4025; acesso em: 07/07/2021. 9. Idem. Disponível em: https://vitruvius.com.br/ index.php/revistas/read/ resenhasonline/10.117/4025; acesso em: 07/07/2021. 10. FOLZ, Rosana Rita. Cadernos de Arquitetura e Urbanismo: Belo Horizonte, v. 12, n. 13, p. 95-112, dez. 2005. 11. TRAMONTANO, Marcelo Cláudio; TASCHNER, Suzana Pasternak. Novos modos de vida, novos espaços de morar, Paris, São Paulo, Tokyo: uma reflexão sobre a habitação contemporânea. 1998. Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998. pp.41
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12. TRAMONTANO, Marcelo Cláudio; TASCHNER, Suzana Pasternak. Novos modos de vida, novos espaços de morar, Paris, São Paulo, Tokyo: uma reflexão sobre a habitação contemporânea. 1998. Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998. pp.53 13. Idem, pp.39 14. BARBOSA, Marcelo Consiglio. Adolf Franz Heep: um arquiteto moderno. Editora Monolito. São Paulo, 2017. pp.156 15. Idem, pp. 157. 16. REVISTA ACRÓPOLE. Edifício Icaraí. Ano 18, nº 210. São Paulo, 1956. pp.234-235.
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O viés funcionalista de pensar habitação teve suas contribuições positivas para novas propostas de ocupar o espaço ao incluir no projeto conceitos de flexibilidade e antropometria. “Portas de correr, camas escamoteáveis, mesas dobráveis ou sobre rodinhas, vêm contribuir para o máximo aproveitamento do espaço”.12 “A padronização de elementos construtivos, o refinamento da mão de obra e a otimização da produção resultaria na melhor qualidade do produto”.13 Dessa forma, melhores soluções com maior adaptabilidade das unidades habitacionais e menor custo de fabricação. “No Brasil, os conceitos da habitação mínima também nortearam os conjuntos de moradia social construídos pelo Estado a partir de 1930. Os mesmos princípios foram adotados pelo mercado imobiliário para ampliar a oferta de unidades a baixo custo, para a demanda da classe média emergente impossibilitada de adquirir imóveis maiores”.14 A citação de Marcelo Barbosa, em seu estudo acerca da obra do arquiteto alemão Franz Heep (1910-1978), aponta para uma tentativa de alcançar um novo nicho de mercado. O segundo pós-guerra direciona os olhares do mundo para o continente americano e os EUA, nova potência econômica global. Também, às margens dessa influência, um conjunto de Estados nacionais latino-americanos iniciam uma relevante atividade industrial e expansão de seus centros urbanos. É neste contexto que muitos arquitetos nacionais e estrangeiros, como Franz Heep, consolidam sua carreira projetando edifícios residenciais e comerciais para o mercado imobiliário.15 Os exemplos anteriormente apresentados fazem menção aos aspectos comuns a grande parte das habitações difundidas no ocidente, em diferentes épocas. De alguma forma, tais aspectos são herança para os modelos de habitação contemporânea, hoje, nas grandes cidades como São Paulo. O edifício Icaraí (Franz Heep, 1953) localizado no bairro da República é um exemplo bastante pertinente. Trata-se de um projeto para unidades habitacionais do tipo “quitinete”, num bairro central da cidade da capital paulista. Um único espaço que soma todas as funções domésticas essenciais em seus 36m2, incluindo varanda. A planta estabelece apenas uma única divisão interna em alvenaria, delimitando áreas do banheiro e um pequeno espaço para o preparo de refeições.16 Empreendimentos como o Icaraí, incorporado pela Otto Meinberg, pretendia responder algumas das transformações dos modos de morar já em
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curso na época. Há um novo nicho a ser alcançado: casais sem filhos e solteiros que desejavam habitar as zonas centrais, próximos a bares, teatros, cinemas e toda infra-estrutura urbana disponível até então. O próprio conteúdo do material publicitário do empreendimento apresentava composições de layout e mobiliário que sugerem configurações espaciais incomuns, ou particulares, aos modelos hegemônicos. Curiosamente, para o Icaraí, o layout apresentado é composto por itens de mobiliário da Mobília Contemporânea. A marca, referência para o desenho de mobiliário moderno na segunda metade do século XX, instalaria sua loja no pavimento térreo desse mesmo edifício em 1956. Mais adiante, nesse trabalho, serão exploradas em maiores detalhes algumas contribuições e diálogos que o ateliê estabeleceu com os designers e arquitetos de sua época. Nesse momento, apenas cabe pontuar a relevância de suas investigações para mobiliários adaptáveis, flexíveis e multifuncionais, extremamente correlatos à arquitetura de Heep aqui mencionada. A unidade habitacional do edifício Icaraí também ilustra muito bem algumas relações espaciais essenciais para este trabalho final de graduação. A quitinete prevê, em seu layout, um arranjo espacial para o qual a organização das funções de estudo/trabalho no espaço e a divisão dos ambientes são exercidas por objetos de mobiliário não embutidos. Associados ou não a elementos de vedação leve e outros acessórios, eles podem oferecer novas percepções da arquitetura e seu espaço habitável. Como tornar possíveis funções do morar comuns à grande maioria das habitações que, de alguma forma, são executadas de maneira mais ou menos adequada ao espaço disponível e ao cotidiano do sistema familiar ou co-habitante que nelas residem? Nesse contexto, a sala tem importante papel de ambiência para o convívio entre os moradores, uma vez que, nela, a ocorrência da sobreposição de funções domésticas é mais evidente. Ao atribuir-se camadas de usos não previstos para esse ambiente, tão pouco planejado ou equipado para absorver tantas atividades, sobrepõem-se entretenimento, recepção, estudo, trabalho, refeições, armazenamento e, até mesmo, repouso. O caráter propositivo do Sistema Módulo, conjunto de objetos de mobiliário e anexos desenvolvido neste trabalho, tem objetivos semelhantes, direcionado às possibilidades de articular funções do trabalho, organização e divisão do espaço em áreas de uso comum da habitação.
ARQUITETURA DA HABITAÇÃO
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Ao longo deste primeiro capítulo, foi possível reconhecer alguns elementos para organização programática da habitação que atravessaram o século XX e permanecem referência até os dias de hoje. São muitos os fatores que contribuem para a reprodução desses elementos: o aumento no valor dos imóveis, principalmente em grandes centros urbanos, unidades cada vez menores e a manutenção de um padrão: a família nuclear. Entende-se, portanto, que todos esses fatores são relevantes para o modo como incorporadoras de atuação nacional determinam seus empreendimentos. “Como as transformações de paradigmas são cristalizadas na estrutura do grupo doméstico? [...] famílias formadas por casais separados, que já tiveram um relacionamento estável anterior e com filhos de casamentos diferentes; pais ou mães solteiras, com filhos, ou seja, famílias monoparentais; biológicos ou adotados; pessoas que escolhem morar sozinhas, etc. O rearranjo familiar, segundo os autores, é um dos fatores que deveria ser considerado como demanda para a formatação do ambiente doméstico. Mais amplamente, efeitos desse rearranjo geram demandas em todos os âmbitos da vida, das políticas públicas ao universo familiar[...]”.17 O aspecto estanque da compartimentação dos ambientes em apartamentos e a hierarquia conferida na sua distribuição são algumas das causas para o problema em questão: como articular novos modos de morar em antigas formas de organizar o espaço? O desafio, portanto, é o esforço para responder a esse problema tão presente e atual. De modo ainda mais acelerado, os modos de morar têm se transformado em tempos pandêmicos. A crise sanitária global instaurada em decorrência da pandêmia do coronavírus, impõe algumas novas exigências. A crise social e econômica, a reclusão e o isolamento domiciliar, o incentivo às atividades de trabalho e estudo remotos, além da expansão dos canais digitais para o compras online são mudanças assimiladas cotidianamente que contribuem para a contínua transformação da realidade da habitação contemporânea. 17. TRAMONTANO, Marcelo Cláudio; TASCHNER, Suzana Pasternak. Novos modos de vida, novos espaços de morar, Paris, São Paulo, Tokyo: uma reflexão sobre a habitação contemporânea. 1998. Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998. pp.406
02.1 NOVOS MODOS DE MORAR, ANTIGAS FORMAS DE ORGANIZAR O ESPAÇO
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CAPÍTULO 01
Ao pensar nas antigas formas de organizar o espaço, muitas delas mencionadas anteriormente, é possível fazer perguntas que favorecem hipóteses mais assertivas. Quais são esses espaços que constituem a tipologia de
habitação aqui discutida? Também, quais relações de hierarquia são estabelecidas entre tais ambientes que, certamente, influenciarão o modo de morar de seus habitantes? Além disso, algo importante a ser observado é a maneira como as grandes incorporadoras trabalham com a comunicação de seus empreendimentos. Através de estratégias de marketing, são capazes de traduzir intenções em propagandas, imagens e simulações para despertar o desejo do público. Como elas contribuem para alcançar um mercado consumidor tão adepto à padronização e reprodução de apartamentos cada vez mais desprovidos de boa qualidade espacial e construtiva? A respeito desses questionamentos, Mendonça discute a modalidade de apartamentos mínimos ao propor métodos de análise qualitativa para seus ambientes. Para isso, relaciona fatores como: alto custo da habitação, uso de referências estéticas do gosto comum e símbolos que remetem à ideia de distinção social. “[...] morar, principalmente nas grandes cidades do mundo, tem se tornado um desafio, como no caso brasileiro, em São Paulo. São muitas as cidades em busca de maneiras melhores para proporcionar alternativas de moradias, viáveis principalmente em relação ao custo. [...]”.18 Nesse caso, reduzir a dimensão da área útil de apartamentos seria uma intenção do mercado imobiliário em alcançar o nicho da classe média emergente. Não apenas unidades menores, mas replicadas, como aponta Anitelli “[...] a padronização espacial que tende a gerar soluções projetuais basicamente repetidas, mais a sistemática diminuição das áreas das unidades habitacionais, somada à simplificação das soluções formais e volumétricas adoradas nas fachadas dos edifícios, refletem [...] os interesses capitalistas envolvidos em maximizar os lucros imobiliários”.19 Aqui, atenho-me aos apartamentos de um dormitório, também conhecidos como “quarto-sala-cozinha” e àqueles tipo quitinete, mais comumente referenciado como studio ou loft20. São as duas modalidades habitacionais com as quais o presente trabalho final de graduação procura dialogar. A primeira delas traz em si uma clara divisão entre os ambientes, separando as funções de cada um deles. Já na segunda modalidade, a solução proposta soma todas as funções domésticas essenciais num único espaço — à exceção do banheiro que, isolado, mantém sua privacidade em relação ao restante do espaço interno. Área de serviço e varanda são ambientes que podem ou não fazer parte da unidade e suas presenças influenciam diretamente no valor de mercado do
18. MENDONÇA, Rafaela N. Apartamentos mínimos contemporâneos: análises e reflexões para obtenção de sua qualidade. Dissertação de Mestrado UFU. Uberlândia, 2015. p.56 19. ANITELLI, Felipe. [Re] produção: repercussões de características do desenho de edifícios de apartamentos paulistanos empreendidos no Brasil. Tese de Doutorado IAU-USP. São Carlos, 2015. p.361 20. Idem, pp.429
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21. ANITELLI, Felipe. [Re] produção: repercussões de características do desenho de edifícios de apartamentos paulistanos empreendidos no Brasil. Tese de Doutorado IAU-USP. São Carlos, 2015. p.408. 22. MENDONÇA, Rafaela N. Apartamentos mínimos contemporâneos: análises e reflexões para obtenção de sua qualidade. Dissertação de Mestrado UFU. Uberlândia, 2015. p.57
apartamento. Com objetivo de aproximar a escala de análise ao recorte do trabalho, retomo a importância do cômodo essencialmente destinado às funções de uso comum, a sala. “Cômodo comumente conjugado em dois ambientes: estar e jantar, é organizado em sofá, poltronas, televisor ou computador, cadeiras e mesa para refeições, além de, eventualmente, cristaleiras e aparadores para apoio. São poucos os casos quando esses dois ambientes configuram dois cômodos distintos, sendo mais comum algumas variações, de acordo com o espaço disponível para unidade habitacional e a configuração de layout sugerido pelas peças gráficas de propaganda.”21 Para que essa descrição possa também ser aplicada a modalidade dos “microapartamentos”22, basta adicionar a presença de cama, armário e mesas de cabeceira ao ambiente que, então, pode responder por três ou mais cômodos distintos. Intencionalmente, a estratégia de incorporadoras para divulgar seus empreendimentos parte de ferramentas que procuram apresentar claramente a distinção entre os espaços e suas respectivas funções. São imagens renderizadas e peças gráficas de layout que devem garantir uma experiência imersiva ao comprador, valorizando aspectos de distinção e status à unidade23. Dessa forma, as propostas ofertadas homogenizam seus empreendimentos ao ilustrar quais devem ser os modos de morar em seus apartamentos. Soluções para flexibilidade e adaptabilidade do espaço a todas as demais formas de ocupá-lo são desconsideradas. “A conclusão é que, mesmo que esse consumidor note que o apartamento que ele quer comprar é inadequado com relação às suas demandas domésticas e familiares, é improvável que ele encontre outras opções disponíveis nesse mercado, que apresentem propostas ou arranjos espaciais diferentes, visto a abrangência que a padronização de projetos obteve.”24 Existe, portanto, uma inversão no modo como a arquitetura e o arquiteto se inserem na produção de habitações. Nessa lógica, deixa de desenhar soluções que respondam aos modos de morar; passa apenas a reproduzir comandos e demandas do mercado imobiliário e consumidor. “Esse raciocínio coloca a arquitetura não como definidora, mas como definida por demandas existentes na sociedade em que se vive e que devem ser cristalizadas na unidade em que se mora.” Ainda, Anitelli afirma, em sua tese, a importância de reconhecer, analisar e estabelecer uma comunicação direcionada ao nicho de consumidores que pretendem alcançar. No que diz respeito a unidades redu-
23. Idem, p.57
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CAPÍTULO 01
zidas de apartamentos localizados em bairros centrais da cidade de São Paulo, o público alvo é bastante diverso, composto por uma grande variedade de tipologias familiares e sistemas de co-habitação. Proprietários ou inquilinos, procuram nos apartamentos desses empreendimentos uma conexão intensa com a vida urbana.“Em geral, tem se percebido que, ao menos inicialmente, a procura por essas unidades [microapartamentos] é feita por um público de idade próxima aos 30 anos, são jovens, trabalham, possuem certa independência financeira e estão em busca do seu primeiro imóvel. [...] Percebe-se, então, alguns aspectos de interesse [...] o fácil acesso ao transporte público e centros comerciais [...]”.25 No intuito de melhor ilustrar as tipologias de apartamentos em discussão, foram selecionados dois empreendimentos. Eles se enquadram como unidades reduzidas, localizadas em bairros centrais da cidade de São Paulo. Além disso, ambas esclarecem com qual fatia da classe média este trabalho está dialogando; a diferença reside no intervalo de cinco anos entre os dois lançamentos e a proposta de arquitetura que oferecem . O primeiro deles, o POP XYZ (2016), localizado no bairro da Vila Madalena, trata-se de um empreendimento incorporado pela Idea Zarvos. Uma das poucas empresas especializadas na oferta de edifícios com maior qualidade arquitetônica e variações de tipologias. A unidade studio organiza em 36m2 uma pequena área para o preparo de refeições, dormitório integrado à sala, closet e um generoso banheiro. A presença da varanda na unidade, bastante exígua, agrega valor de mercado à unidade, localizada num dos bairros mais aquecidos da zona oeste. O segundo, Facto Paulista (2020), localizado no bairro da Bela Vista, é projeto do escritório Konigsberg e Vanucci para incorporadora de atuação nacional, Even. A unidade de 40 m2 conta com um dormitório, facilmente convertido num studio ao suprimir a parede que faz divisão com a sala. Por sua vez, a cozinha é aberta, integrada à sala, com a presença de locais para o preparo e consumo de alimentos. Neste apartamento, a varanda tem dimensões mais generosas. O layout proposto pelas pranchas gráficas de propaganda atribui a este ambiente uma segunda área social de estar e receber. Com estofado, mesa e cadeiras, confortavelmente, poderia alocar quatro pessoas para uma refeição ao ar livre. A menção de ambas unidades tem como objetivo ilustrar algumas das ofertas disponíveis ao mercado, na cidade de São Paulo. Eles apresentam com
ARQUITETURA DA HABITAÇÃO
24. ANITELLI, Felipe. [Re] produção: repercussões de características do desenho de edifícios de apartamentos paulistanos empreendidos no Brasil. Tese de Doutorado IAU-USP. São Carlos, 2015. p.408. 25. MENDONÇA, Rafaela N. Apartamentos mínimos contemporâneos: análises e reflexões para obtenção de sua qualidade. Dissertação de Mestrado UFU. Uberlândia, 2015. p.58
23
2.37
À esquerda, redesenho da unidade 01 elaborado pelo autor a partir do material para divulgação publicitária do empreendimento Facto Paulista. Fonte: www.even. com.br/factopaulista; acesso em 16/06/2021.
3.65
3.13
1.30
5.64
1.65
4.93
PLANTA LAYOUT - UNIDADE 01/ 40M2 ESCALA 1:50
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION 24
CAPÍTULO 01
1.77
2.00
À direita, redesenho da unidade 02 elaborado pelo autor a partir do material para divulgação publicitária do empreendimento POP XYZ. Fonte: https://ideazarvos.com. br/empreendimento/pop-xyz/; acesso em: 16/06/2021.
3.18
4.54
2.33
0.75
4.43
PLANTA LAYOUT - UNIDADE 02/ 36M2 ESCALA 1:50
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION ARQUITETURA DA HABITAÇÃO
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bastante clareza muitos dos elementos herdados do modelo para casa burguesa. Ao estabelecer uma clara divisão e hierarquia entre os cômodos, mesmo em enxutos metros quadrados, ainda buscam uma distinção entre áreas social, íntima e de serviços. Também, dialogam com um esforço de compreender quais seriam as funções essenciais ao espaço mínimo habitável. No entanto, o desafio maior é a redução máxima possível da unidade, sem deixar de agregar valor e status ao imóvel. Atualmente, lançam mão de ferramentas para encantar e fidelizar seu público como a oferta de infraestrutura de lazer condominial, varandas gourmet, serviços, etc.
26
CAPÍTULO 01
ARQUITETURA DA HABITAÇÃO
27
02.
ARQUITETURA DO MOBILIÁRIO 02.1 MÓVEL QUE ORGANIZA A HABITAÇÃO REDUZIDA 02.2 MÓVEL QUE SOBREPÕE FUNÇÕES
02.1 MÓVEL QUE ORGANIZA A HABITAÇÃO O capítulo anterior coloca a tentativa de construir uma reflexão a partir de uma linha do tempo, com objetivo de evidenciar pontos de inflexão no projeto de arquitetura para habitação. Trata-se de pensar a arquitetura da habitação em sua complexidade para melhor compreender as camadas de construções históricas que compõem o que entendemos hoje como habitação contemporânea. Neste capítulo, para direcionar a análise projetual deste trabalho final de graduação, faz-se uma aproximação de pesquisa na escala do projeto de arquitetura do mobiliário. Nele serão levantados alguns exemplos bastante significativos para compreensão do mobiliário como intermediário entre habitação e usuário. Alguns desses exemplos apontam para o projeto de mobiliário pensado em conjunto ao da habitação, de caráter menos flexível, mas com inovações bastante objetivas. Outros, pensado para uma produção seriada e adaptabilidade aos mais variados ambientes, para o mercado consumidor. Todos, de algum modo, contribuem para a reflexão aqui trabalhada, estabelecendo diálogos entre habitação e modos de morar de uma época. Anteriormente, no primeiro capítulo deste trabalho, foram menciona-
1. DROSTE, Magdalena. Bauhaus: 1919-1933; trad: Casas das Línguas Ltda.Bauhaus Archiv. Taschen. Köln, 2013. p.56 2. ELEB, Monique. Conforto, bem estar e cultura material na França. in: Domesticidade, gênero e cultura material. Edusp. São Paulo, 2017. pp. 166-167. 3. Ibidem, pp. 166-167. 4. https://www.moma.org/ collection/works/89891; acesso em 16/06/2021. 5. DROSTE, Magdalena. Bauhaus: 1919-1933; trad: Casas das Línguas Ltda.Bauhaus Archiv. Taschen. Köln, 2013.
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das algumas das investigações arquitetônicas a respeito da habitação mínima. Um esforço frente aos desafios do primeiro pós-guerra e todas suas consequentes transformações para o cotidiano da sociedade europeia ocidental moderna. O cenário de reconstrução evidenciou uma demanda por habitações em massa e baixo custo.1 Para além disso, a crescente participação da mulher no mercado de trabalho sem, no entanto, deslegitimar o trabalho doméstico como função feminina, apontam para urgente racionalização dos modos de morar. Tal racionalização, não apenas do espaço, mas também do tempo necessário para sua manutenção, resultou em algumas hipóteses. Elas propunham a associar o projeto de arquitetura e a recente disponibilidade de equipamentos domésticos que auxiliam nas suas funções.2 Refiro-me, portanto, à famosa cozinha-laboratório, desenhada pelos arquitetos Margarete Schutte Litowski e Ernst May, entre 1926 e 1930, em Frankfurt. Sua reduzida dimensão (3,44m x 1,87m) pensada para unidades de até 43m² tinha como máxima o cálculo meticuloso de toda função ali realizada. Para tal objetivo, a solução proposta contou com uso de mobiliário embutido, armazenamento compartimentado e acesso direto aos equipamentos e ferramentas necessárias. Uma revisão crítica, hoje, torna possível inferir mais claramente quais são as consequências de priorizar a funcionalidade maximizada ao invés do conforto e bem estar do usuário. Existe um reforço da imagem do habitat mínimo como algo a ser bem planejado, regrado e pouco flexível, que muitas vezes compromete a mobilidade no ambiente e seu isolamento em relação aos demais da moradia.3 Passadas quatro décadas, já nos anos 1960, as investigações e hipóteses acerca dos “modos de morar moderno” trazem novos elementos. Joe Colombo apresenta com a Minikitchen (1963)4 uma das pioneiras experiências que propõem tensionar a relação entre o ambiente e sua respectiva função doméstica. A conexão entre habitação mínima e pouca flexibilidade já não parece uma solução tão promissora como defendiam os arquitetos idealistas no 2º CIAM.5 Estabelecer padrões generalistas, pouco mutáveis e, portanto, com reduzidas possibilidades de organizar as funções domésticas no espaço da moradia é insuficiente. O móvel de Joe Colombo constitui uma pequena unidade de operação, transportável, para o armazenamento e preparo de alimentos. É equipada
CAPÍTULO 02
com dois queimadores, tábua de corte, refrigerador e compartimentos de armazenagem. O modelo compacto (88,9 x 114,3 x 64,8 cm) associa uma variedade de materiais: painéis de compensado com proteção em verniz, peças em alumínio, plástico e componentes elétricos que possibilitam seu uso em áreas internas e externas. “Minha cozinha pode ser movida ao redor do ambiente e quando finalizado o uso, se fecha como uma caixa. [...] O problema, hoje, é oferecer mobiliário autônomo, que seja independente dos aspectos arquitetônicos da residência, tão intercambiável e programável que podem ser adaptados para toda situação espacial presente e futura.”6 O designer de mobiliário dinamarquês, Peter J. Lassen, para este trabalho é uma referência de grande relevância. Lassen é fundador da tradicional Montana Furniture (1982), cujo desenho e fabricação de mobiliário de alto padrão permanece até os dias atuais. Sua relevância dá-se pelas características fundamentais para a proposta de mobiliário a ser desenvolvida mais à frente neste trabalho. Primeiramente, M.F. traz para o espectro do mobiliário modular o elemento da personalização, mais especificamente, a ampliação de variações e combinações possíveis. Ao longo das últimas décadas, a marca desenvolveu uma família com 36 módulos, 4 profundidades e uma paleta cromática de 42 cores.7 “Sua crença era que os usuários dos módulos da Montana pudessem criar experiências melhores para si mesmos, para as quais função e estética estariam intrinsecamente ligadas”. Dessa maneira, existe a intenção de um produto pensado a partir da interação com o usuário. Ele passa a ter parte na solução espacial, ao ser responsável por propor a associação e distribuição dos módulos de armazenagem e apoio, da maneira mais adequada ao seu espaço e cotidiano.
02.1 MÓVEL QUE SOBREPÕE FUNÇÕES As investigações do Montana System avançaram ao longo das décadas com novos questionamentos acerca do potencial de um sistema de mobiliário com adaptabilidade sem precedentes. O “Grid” (40x40x40cm), unidade mínima, absoluta, rege o universo de possibilidades de associações horizontal e vertical, além de conexões com seus componentes adicionais, configurando o “Grid system” (2004)8. Tais componentes permitem ao sistema uma variedade maior de usos. A estrutura metálica pode ser associada a componentes de reforço estrutural, armazena-
ARQUITETURA DO MOBILIÁRIO
6. Tradução livre do autor in:https://www.moma.org/ collection/works/89891; acesso em 16/06/2021. 7. https://www. montanafurniture.com/enen/inspiration; acesso em 01/05/2021. 8. Tradução livre do autor in: https://www.montanafurniture. com/en-en/inspiration; acesso em 01/05/2021.
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À esquerda, “A Cozinha de FrankFurt”. Arquitetos Ernst May e Margarete SchutteLihtsky, 1926 a 1930, em L’art ménager, 1963. Fonte: ELEB, Monique. “Conforto, bem estar e cultura material na França. in: Domesticidade, gênero e cultura material”. Edusp. São Paulo, 2017. pp. 165.
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CAPÍTULO 02
gem, apoio, estofados e painéis opacos. A solução mínima, resultado de um esforço em subtrair qualquer excesso formal e material dos elementos que compõem o sistema grid, foram essenciais para garantir sua “leveza”. A facilidade e agilidade necessárias para montagem e desmontagem são consequências diretas. Um novo elemento é trazido para presente reflexão da arquitetura do mobiliário, temporalidade. Existe, portanto, não apenas sua adaptabilidade ao espaço e ao uso, mas também, à permanência e reuso em diferentes situações. Por fim, o último exemplo aqui colocado é resultado da parceria entre os designers belgas Fien Muller e Hannes Van Severen. O ateliê Muller Van Severen (2011)9, ao contrário das referências anteriormente apresentadas, dedica a sua produção a peças artesanais, em menor escala. O móvel nomeado Ins-
À direita, “Minikitchen”. Arquiteto Joe Colombo, 1963 a 1964. Para Boffi, Itália. Fonte: https://www.moma.org/collection/works/89891; acesso em 16/06/2021.
9. https://www.gridsystem.dk/; acesso em 01/05/2021.
ARQUITETURA DO MOBILIÁRIO
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À esquerda, Módulos do “Montana System” associados em nicho e rack. Peter J. Lassen, em catálogo para Montana Furniture, 2019. Fonte: https://www. montanafurniture.com/enen/inspiration; acesso em 01/05/2021.
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CAPÍTULO 02
À direita, “Grid System”. Peter J. Lassen. Por A. Green para Puma House. Alemanha, 2014. Fonte: https://www.gridsystem. dk/; acesso em 01/05/2021.
ARQUITETURA DO MOBILIÁRIO
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À esquerda, “Installation Small” de Muller Van Severeen. Belgica, 2012. Fontehttps:// www.mullervanseveren.be/ collections/installation-small/; 16/06/2021.
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CAPÍTULO 02
tallation Small (2012) é singular e bastante representativo para a pauta: sobrepor funções. Mais especificamente, trata de funções diretamente relacionadas ao recorte temático mencionado nos dois primeiros capítulos deste trabalho: trabalhar e organizar. O ateliê descreve o objeto da seguinte forma: “Distintas funcionalidades de design são combinadas e justapostas em um objeto, criando uma paisagem romântica de puro mobiliário. Installations small é um assento, uma rack, uma mesa e uma luminária, tudo em um único objeto”.10 Concebido para compor a “Biennale Interieur” em Kortrijk, Bélgica, o tema para exibição “Futuro Primitivo” inspirou o ateliê em sua proposta. Pensar os modos de morar nos anos por vir e como seriam essas habitações, provavelmente, com reduzidas dimensões. A sobreposição de funções domésticas e adaptabilidade do objeto aos mais diversos cenários são partidos constituintes do Installation Small.11
10. https://www. mullervanseveren.be/ collections/installation-small/; 16/06/2021. 11. Idem. 12. Ibidem.
ARQUITETURA DO MOBILIÁRIO
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03.
INVESTIGAÇÕES BRASILEIRAS: NOSSA ARQUITETURA DE MOBILIÁRIO 03.1 MÓVEL BRASILEIRO
03.1 MÓVEL BRASILEIRO Durante o início dos anos 40, no Brasil, as primeiras propostas de um mobiliário moderno começam a surgir com tímido reconhecimento. Em sua grande maioria são desenvolvidos por arquitetos, designers e artesãos que vislumbram a possibilidade de uma produção em escala num país ainda sem industrialização consolidada. Studio de Arte Palma É neste cenário que a sociedade entre Lina Bo Bardi, Pietro Maria Bardi e Giancarlo Palanti se apresenta como propulsor de uma pesquisa acerca da linguagem vernacular1 e da cultura popular, num esforço de atender às solicitações modernas no mobiliário. “[...] ela [Lina Bo Bardi] se apresenta como a propulsora de uma vanguarda na pesquisa experimental no campo do design com caráter vernacular brasileiro, sendo que, neste caso, este compreende os produtos desenvolvidos a partir de objetos criados popularmente o de hábitos culturais”.2 Assim, o Studio de Arte Palma e sua associada Fábrica de Móveis Pau-Brasil, cuja breve existência entre 1948 e 1951, em São Paulo, constituiu
1. Define-se adjetivo: próprio de um país ou região. VERNÁCULO. Dicionário online Michaelis, 24 nov 2019. 2. ORTEGA, Cristina Garcia. Lina Bo Bardi: móveis e interiores (1974-1968) interlocuções entre moderno e local. Tese de Doutorado - FAU USP. São Paulo, 2008. pp.113
a primeira de uma série de tentativas de industrializar a produção moveleira. “[...] dedicam-se ao mobiliário com um inteligível significado vernacular, persistindo a preocupação com o clima, o povo, os costumes e os materiais nativos”.3 A intenção de um desenho industrial que valoriza a honestidade da matéria, da forma, do saber popular e da funcionalidade são características presentes nesta experiência do século XX. “Buscou ali criar tipos de móveis (em especial cadeiras e poltronas), adaptados ao clima e a terra usando, o mais possível, tecidos e o couro distendidos, estofo baixo e delgado. [...] Tentou-se partir do material, procedendo-se a um estudo sobre madeiras brasileiras, e utilizou-se a madeira compensada cortada em folhas paralelas, até então não empregada para móveis [...]”.4 Mobília Contemporânea
3. ORTEGA, Cristina Garcia. Lina Bo Bardi: móveis e interiores (1974-1968) interlocuções entre moderno e local. Tese de Doutorado FAU USP. São Paulo, 2008. pp.114 4. Idem, pp. 117. 5. ETHEL, Leon (org.). Michel Arnoult, Design e Utopia: móveis em série para todos. Edições Sesc São Paulo. São Paulo, 2016. p. 87-107.
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No contexto do projeto, a oferta de produtos de mobiliário modernos, embora crescente, ainda era de acesso extremamente restrito. Para além do Studio de Arte Palma, no cenário nacional, proeminentes designers como Sérgio Rodrigues, Zanine Caldas, Joaquim Tenreiro, entre outros, ainda estavam inseridos dentro de uma lógica produtiva artesanal para elites com apreço ao moderno. Apenas a partir dos anos 1950, com o aceleramento da industrialização no Brasil, da consolidação de um parque industrial e tecnologias que possibilitaram uma produção seriada é que surgem as primeiras iniciativas para uma expansão da produção seriada.5 Neste mesmo cenário, a cidade de São Paulo passa por um intenso processo de expansão e verticalização. A efervescência da arquitetura moderna, das influências européias e norte-americanas que o pós-guerra trouxe para o continente latino-americano resultou em potentes releituras nacionalizadas. Seja para os grandes apartamentos que assumiram o lugar dos casarões da avenida Higienópolis, ou para os edifícios da República, que oferecem tipologias reduzidas para os novos modos de morar modernos em centros urbanos, existe um mercado promissor para a indústria moveleira no país. Com a mudança de Michel Arnoult para São Paulo, em 1955, nasce a Mobília Contemporânea, instalada no térreo do Edifício Icaraí (Franz Heep, 1953), nos arredores da praça F. Roosevelt.
CAPÍTULO 03
À direita, poltrona Zig Zag de Giancarlo Palanti e Lina Bo Bardi (1948). Fonte: https:// side-gallery.com/lina-bo-bardipair-armchairs/; acesso em 19/06/2021. Abaixo, estudos elaborados para o Studio de Arte Palma (1948). Fonte: http:// acervo.institutobardi.org/ collections/drawings/ result?keyword=mobiliario; acesso em 19/06/2021
INVESTIGAÇÕES BRASILEIRAS: NOSSA ARQUITETURA DE MOBILIÁRIO
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6. ETHEL, Leon (org.). Michel Arnoult, Design e Utopia: móveis em série para todos. Edições Sesc São Paulo. São Paulo, 2016. p. 87-107. 7. PAIM, Gilberto. O heróico Arnoult. Vitruvius, 15 set 2016. Disponíel em: www. vitruvius.com.br/revistas/read/ resenhasonline/15.177/6199; acesso em: 25/11/2019. 8. Idem. 9. ETHEL, Leon (org.). Michel Arnoult, Design e Utopia: móveis em série para todos. Edições Sesc São Paulo. São Paulo, 2016. p. 87-107.
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“O desenho limpo”, “espartano”, “monástico” e “franciscano” atribuído aos produtos de Michel Arnoult mais a produção seriada, a desmontabilidade, a aposta na madeira e a meta de democratização de seu uso foram a marca registrada de sua longa carreira de designer de móveis”.6 Através da citação acima, Yvonne Mautner sintetiza, de maneira bastante ilustrativa, os principais aspectos da produção de Michel Arnoult. A precisão, alcançada através do exaustivo exercício de desenho e prototipação, somados ao repertório técnico dos procedimentos fabris para uma produção escalada tornam singular a experiência da Mobília Contemporânea. Entre 1954 e 1974, jovens recém casados e famílias de classe média, principalmente cariocas e paulistas, encontraram nas lojas da MC os móveis de que precisavam para mobiliar suas casas e afirmar uma modernidade esclarecida e cosmopolita. “A Mobília contemporânea conseguiu oferecer a uma classe média que, até então, comprava móveis por encomenda em marcenarias, um móvel compatível com sua renda e com os nascentes gostos da nova modernidade urbana paulistana, carioca e de outras capitais.”7 Não apenas o produto, mas toda identidade e material gráfico publicitário daquilo que era produzido possui características singulares, quando comparado com a produção geral de outros ateliês, extremamente influenciada pelo léxico moderno de Arnoult. Sua experiência no escritório de Oscar Niemeyer, assim que chegou ao Brasil, em 1950, e seu envolvimento com o grupo de artistas concretistas em São Paulo, consolidaram o imaginário para aquilo que seria a a MC.8 “Se, em um primeiro momento, o conceito que prevaleceu na Mobília Contemporânea foi o da modulação e, portanto, da relação entre mobília e espaço [...], quando a fabricação foi transferida de Curitiba para São Paulo (1960), o foco maior foi dado à produção seriada.” Dessa maneira, gradualmente foi estabelecido um controle sobre a fabricação e disponibilidade em estoque dos produtos. Consequentemente, maior alcance de mercado e menor custo para o produto final sem, no entanto, abrir mão da qualidade de suas soluções e durabilidade. “Na Mobília Contemporânea, o diálogo entre o desenho e o chão de fábrica e a procura de novas soluções técnicas e de um novo ritmo de produção colocaram em evidência, de forma quase didática, a importância do fator tecnológico no desenvolvimento de produtos.”9
CAPÍTULO 03
À direita, imagem utilizada para divulgação da Poltrona Peg-Lev de Michel Arnoult (1972). Fonte: ETHEL, Leon (org.). “Michel Arnoult, Design e Utopia: móveis em série para todos”. Edições Sesc São Paulo. São Paulo, 2016. pp.185 Abaixo, imagens da Poltrona Peg-Lev, com estrutura em Tauri natural, assento e encosto em couro vaqueta na cor chocolate. Fonte: https://futon-company. com.br/produtos/poltronas/ poltrona-peg-lev/; aceeso em: 19/06/2021.
INVESTIGAÇÕES BRASILEIRAS: NOSSA ARQUITETURA DE MOBILIÁRIO
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Seja pela necessidade de readequar desenhos para efeitos de produção, ou economia para o rendimento de embalagens, pela substituição de peças e uso de materiais pouco comuns, a experimentação de Michel Arnoult não tinha o menor preconceito. Inclusive, mesmo quanto à sua principal matéria prima, os tipos de madeira utilizados por Arnoult acompanharam o quadro da paulatina extinção das espécies nativas no país. Desde o marfim, ipê, imbuia, jacarandá e pau-ferro, até a gradativa entrada do eucalipto nos anos 1990. Para efeitos deste trabalho final de graduação, a Mobília Contemporânea é referência no que diz respeito às colocações de projeto para objetos de mobiliário, aplicadas à indústria. Foram muitas as linhas lançadas pela marca durante seus quase vinte anos de existência (1955 - 1974), entretanto, a linha Peg-Lev representa o ápice de seu potencial produtivo e o fim para o ateliê. Aqui, um destaque para a poltrona Peg-Lev (1968): fabricada em madeira tauari, possui assento e encosto em couro com diversas variações de tom. Trata-se da criação de um móvel em kit, leve e fácil de montar, pronto para levar do local de venda até a casa. Nas palavras de Arnoult, em entrevista, o fechamento da MC ocorreu devido ao fracasso comercial da linha. “[...] um produto adiantado demais para o mercado [...]; (um) grande sucesso de mídia, mas (um) grande fracasso de venda”.10 Aqui, refere-se à proposta de incluir o consumidor final no processo produtivo, transmitindo a seu encargo, a etapa final de montagem do móvel. Apesar dos esforços aplicados ao desenvolvimento de um produto que possibilitasse uma participação do usuário na linha produtiva de maneira bastante intuitiva, tal proposta não foi bem recebida pelo público. Apenas uma década mais tarde, o mercado aprovaria colocações semelhantes, como às desenvolvidas pela Tok & Stok a partir dos anos 1990. Empresa para a qual Michel Arnoult desenhou algumas peças, como a poltrona Lipto (1994), comercializada ainda hoje. Studio Dlux
10. ETHEL, Leon (org.). Michel Arnoult, Design e Utopia: móveis em série para todos. Edições Sesc São Paulo. São Paulo, 2016. p. 100
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O jovem escritório fundado em 2012, em São Paulo, traz a relevante contribuição de uma aposta na tecnologia de usinagem em router CNC. Um grupo de arquitetos e designers que se debruçam sobre o desenvolvimento de um desenho de mobiliário, em sua grande maioria, impressos em chapas de
CAPÍTULO 03
À direita, imagems da cadeira Valoví, projeto do Studio DLux (2013). Fonte: https:// studiodlux.com.br/portfolio/ valovi/; acesso em 01/05/2021.
INVESTIGAÇÕES BRASILEIRAS: NOSSA ARQUITETURA DE MOBILIÁRIO
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compensado e estruturados por um arranjo de delicados encaixes que garantem a ergonomia, funcionalidade, versatilidade e qualidade plástica do produto final. Fruto dessa pesquisa, a Cadeira Valovi (2013)11 passa a integrar uma das maiores plataformas mundiais online de design aberto, OpenDesk12, na qual estão disponibilizados uma vasta gama de arquivos digitais de peças de mobiliário. Uma plataforma que torna possível a compra do produto final, ou também, o download gratuito do arquivo para que o próprio usuário possa executá-lo com o uso de uma dessas routers (impressoras). Uma tecnologia capaz de ler o arquivo digital e traduzi-lo em comandos de corte sobre o material disposto. Trata-se de uma tecnologia de bom custo-benefício, disponível em muitas oficinas de marcenaria e laboratórios de fabricação digital. A possibilidade de um mobiliário dotado de um complexo desenho que resulta no simplificado sistema de montagem e produção em escala industrial são aspectos bastante pertinentes para o desafio deste trabalho final de graduação. Em outras palavras, trata-se de um sistema produtivo simples, ágil e com baixo custo relativo ao produto final. “[...] a problemática do fenômeno da minimização das habitações verticalizadas se tratada em toda sua complexidade, econômica, social, construtiva e funcional, com o auxílio das estratégias de adaptabilidade e flexibilidade poderá apresentar vantagens em múltiplas direções”.13 Em outras palavras, a proposta deste trabalho é assumir moradias mínimas não apenas como tendência, mas como uma exigência da sociedade contemporânea e seus novos modos de morar. A partir desse recorte, o mobiliário, como ferramenta, poderia colaborar para o arranjo espacial da habitação, às exigências do usuário, dentro dos limites da edificação. 11. ETHEL, Leon (org.). Michel Arnoult, Design e Utopia: móveis em série para todos. Edições Sesc São Paulo. São Paulo, 2016. p. 95 12. https://studiodlux.com.br/ portfolio/valovi/; acesso em 01/05/2021. 13. Disponível em: https:// www.opendesk.cc/; acesso em: 24/11/2020.
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CAPÍTULO 03
INVESTIGAÇÕES BRASILEIRAS: NOSSA ARQUITETURA DE MOBILIÁRIO
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04.
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO 04.1 MÓVEL PARA MORADIA CONTEMPORÂNEA 04.2 REGISTROS DO PROTÓTIPO 04.3 CONCLUSÃO
04.1 UM MÓVEL PARA MORADIA CONTEMPORÂNEA Desenhar um objeto de mobiliário é algo instigante. A escala dos detalhes são ampliadas e apontam para soluções, muitas vezes, mais complexas que a própria concepção do móvel. As possibilidades são infinitas, e ainda assim, devem estar contidas dentro de parâmetros. São muitos: materiais, dimensões, custos, entre tantos outros elementos que passam a integrar tamanha equação. Entretanto, quando em harmoniosa associação, ela resulta promissores objetos em sua forma, função e uso. Foram essas as intenções para o Sistema Módulo. Um conjunto de móveis e anexos que partem de uma modulação, com três variações em altura. Tais variações têm como objetivo proporcionar distintas superfícies de apoio, diretamente relacionadas ao uso proposto para cada uma delas. As unidades de mobiliário também podem ser associadas, no sentido vertical e horizontal, através de composições que melhor se adequem ao espaço onde estão inseridas. Além disso, para ampliar as possibilidades de uso, algumas tipologias de anexo foram desenhadas: planos de fechamento leve, nichos e gavetas. As unidades de mobiliário do sistema módulo foram divididas em três tipos: M1, com altura de 30cm, M2 com 45cm e, por fim, M3, com 75cm.
Todas foram projetadas para serem executadas em lâminas de compensado, com 18mm de espessura. Quanto à materialidade, trata-se de um compensado fabricado a partir da mescla de Pinus e Paricá. São duas espécies de madeira de reflorestamento, comuns nas regiões Sul e Norte do país, respectivamente. Elas possuem boa resistência estrutural e, para o resultado estético almejado, apenas um acabamento fino em lixa e cera de carnaúba deve ser aplicado. O projeto para os módulos 1, 2 e 3 busca solucionar a estrutura dos objetos por meio de encaixes. Sem a necessidade do uso de parafusos ou aderentes, o desenho das peças prevê travamentos capazes de consolidar o móvel, resistente ao próprio peso e a cargas externas. A tecnologia de corte em Router, ou CNC, (Comando Numérico Computadorizado) é a ferramenta escolhida para tornar tal partido factível. Trata-se de uma mesa de corte, computadorizada, capaz de traduzir informações digitais do software de desenho em comandos para broca fresadora. É possível emitir comandos de corte, rebaixo, chanfros e boleados, de acordo com o formato e dimensão da broca utilizada na Router. Dessa forma, a precisão alcançada é da ordem de décimos de milímetros. Tamanha precisão exige que as lâminas utilizadas como matéria-prima estejam calibradas. Para que os encaixes não sejam comprometidos, a viação (variação da espessura ao longo da lâmina de compensado) deve ser inferior a 1 mm (um milímetro). Cada plano, vértice e aresta tem um propósito específico, para o desafio de projetar, ao mesmo tempo, componentes planificados e montados. Os módulos possuem as mesmas dimensões em largura e profundidade, pensadas como planos de apoio. A partir disso, associações horizontais de módulos semelhantes e distintos permitem criar composições maiores, adaptando-se às mais diversas situações. Também são possíveis associações verticais, através de cavilhas metálicas que trabalham como conectores. Entretanto, existem restrições determinadas pelo desenho do móvel e características mecânicas do material que devem ser respeitadas. As associações verticais podem chegar até 150 cm de altura (equivalente a cinco unidades de M1, ou duas unidades do M3). Para maior proveito dessa associação, o móvel composto possui espaços internos, que podem variar em tamanho de acordo com os tipos de módulos utilizados. Seja sobre as superfícies de apoio ou nos intervalos entre dois módulos, verticalmente justapostos, existem usos previstos. Foram pensados dois anexos para o Sistema Módulo, com planos de
50
CAPÍTULO 04
fechamento leve e nichos (com e sem gaveta) para funções de armazenamento e organização de objetos dos mais variados tipos (livros, roupas, louças, utensílios, etc). O primeiro deles, semelhante a uma esquadria, possui armação em perfil de alumínio 1,5mm, com acabamento em pintura na cor branca. Ela deve ser fixada ao módulo nas faces laterais, em seis posições pré-perfuradas, com auxílio de “buchas americanas” (fixadores roscados em aço) e parafusos de ¼’. A vedação, por sua vez, acontece em duas chapas de policarbonato fosco com 4 mm de espessura cada, encaixadas para deslizar dentro da armação metálica. Já o segundo anexo, deve ser instalado no espaço entre dois módulos associados verticalmente. Em acrílico branco opaco de 4 mm de espessura, este anexo pode ou não conter uma gaveta, também no mesmo material. Todos os elementos foram concebidos para produção em série com objetivo de reduzir o custo do produto final. A utilização de tecnologia de precisão e materiais que prezam pela responsabilidade ambiental representam um elevado custo que poderá ser revertido na escala de produção. Além disso, o design do produto insere o usuário na etapa final do processo produtivo. Tanto as unidades do Módulo, quanto os elementos anexos devem ser disponibilizados separadamente, em embalagens com suas respectivas peças e um manual de instruções ilustrado, para fácil compreensão e interação durante a montagem do móvel.
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
51
À esquerda, fotografias dos primeiros estudos do autor sobre objetos de mobiliário fabricados com tecnologia de impressão em Router.
52
CAPÍTULO 04
À direita, fotografias dos primeiros estudos do autor. A cadeira foi o ponto de partida para compreensão dos aspectos formais e estruturais intrinsecos ao projeto de mobiliário.
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
53
Abaixo, fotografias dos primeiros estudos desenvolvidos pelo autor para o Sistema Módulo. Adaptabilidade, flexibilidade e multifuncionalidade são características presentes desde as primeiras hipóteses do projeto.
54
CAPÍTULO 04
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
55
À esquerda, fotografias dos primeiros estudos desenvolvidos pelo autor para o Sistema Módulo. Planos ortogonais e a associação entre pórticos são as soluções estruturais empregadas no conjunto. Dessa forma, a estrutura será consolidada pelo encaixe entre as reentrancias milimétricamente recortadas em cada peça.
56
CAPÍTULO 04
À direita, fotografias de estudos do autor para os encaixes e detalhes construtivos da unidade módulo e seus anexos.
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
57
À esquerda, fotografias de estudos para o logo do Sistema Módulo. A investigação buscou retomar a plasticidade do móvel: a percepção de leveza. O elemento horizontal quase parece flutuar sobre os elementos verticais do objeto.
58
CAPÍTULO 04
À direita, fotografias de estudos para construção geométrica, escala cromática e aplicações do logo.
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
59
Abaixo, imagem ilustrativa do conjunto de objetos que constituem o Sistema Módulo.
62
CAPÍTULO 04
X/2 X X
X/3
RGB 100,99,99 CMYK 0,0,0,75 #646363
RGB 0,0,0 CMYK 0,0,0,100 #000000
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
63
Abaixo, propostas de redução do logo com aplicações em diferentes escalas cromáticas.
RGB 180,180,180 CMYK 32,34,25,4 #b4b5b5
RGB 100,99,99 CMYK 0,0,0,75 #646363
64
CAPÍTULO 04
RGB 255,255,255 CMYK 0,0,0,0 #FFFFFF
RGB 241,90,91 CMYK 0,76,56,80 #f15a5b
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
65
Abaixo, propostas de aplicação do logo com suas respectivas margens de proteção e escalas cromáticas.
X
X
X X
Gotham Bold 80 pt/ 20pt
RGB 100,99,99 CMYK 0,0,0,75 #646363
RGB 241,90,91 CMYK 0,76,56,80 #f15a5b
66
CAPÍTULO 04
X
X
X X
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
67
Abaixo, esquema representação em perspectiva isométrica explodida com todos os elementos constituintes do Sistema Módulodo esquema . M1H
A1.1
A1.2 M1G M1F M1E
M2C M2B M2D
M2A
A1.2
A2.1
M2B/ M2D: Montante vertical em compensado de madeira 18mm (870 x 450mm). M1E/ M1F/ M1G: Elemento de trava horizontal em compensado de madeira 18mm (870 x 120mm) M1H: Tampo em compensado de madeira 18mm (828x440mm) A1.1
A1.1: Fechamento leve composto por esquadria em perfil de alumínio 1,5mm. A armação possui sistema de abertura deslizante e 02 chapas de policarbonato translúcido 4mm (828 x 450mm). A fixação acontece em 6 pontos com associação de buxa americana 8mm e parafusos de aço 6 x 20mm. A1.2: Fechamento leve composto por esquadria em perfil de alumínio 1,5mm. A armação é fixa e vedada por uma chapa de policarbonato translúcido 4mm (828 x 450mm). A fixação acontece em 4 pontos com associação de buxa americana 8mm e parafusos de aço 6 x 20mm. A2.1: Nicho cúbico em placa de acrílico branco opaco 4mm (330 x 320 x 320mm).
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
M2A/ M2C: Montante vertical em compensado de madeira 18mm (414 x 440mm).
1.
2.
70
CAPÍTULO 04
3.
À direita, imagens em Photostill do MÓDULO 01, ilustrando visualizações das faces forntal (1), lateral (2), topo (3) e perspectiva (4).
4.
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
71
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
ELEVAÇÃO LATERAL ESCALA 1:10
PLANTA ESCALA 1:10
ELEVAÇÃO FRONTAL ESCALA 1:10
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
72
CAPÍTULO 04
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
ELEVAÇÃO FRONTAL ESCALA 1:10
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
73
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION 440 320
60
20.8
132
264
60
180 18
828.4
207 18
20.8
180
132 300
40 48
128
48 40
68
440
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
74
68
CAPÍTULO 04
828
18
870
207
PLANIFICAÇÃO ESCALA 1:10
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION 20.8
ESPERA CAVILHA 6MMX20MM
20.8
B
18.4
36
A
84
COMPENSADO 18MM DE ESPESSURA
R4
132
132
LAP JOINT - ENTRADA DA FRESA COM 0.4MM DE EXCESSO PARA DILATAÇÃO
264
48
R8
48
R8
COMPENSADO 18MM DE ESPESSURA
R4
300
84
ENTRADA DA FRESA DE 8MM PARA CORTE
R4
LAP JOINT - CORTE COM 0.4MM DE EXCESSO PARA DILATAÇÃO
R4
ESPERA CAVILHA 6MMX20MM
R
4
CONEXÃO VERTICAL ENTRE OS MÓDULOS 18.4
20.8
4
R
60
20.8 60
C
18 18
R4
84
120
R4 R4
42
36
R4
CONEXÃO ENTRE TAMPO E ESTRUTURA COMPENSADO 18MM DE ESPESSURA
42
ESPERA ANEXO 01 6MMX10MM 18.4 68
20.8
LAP JOINT - ENTRADA DA FRESA COM 0.4MM DE EXCESSO PARA DILATAÇÃO
D
18 18
CONEXÃO ENTRE TAMPO E ESTRUTURA
84
ESPERA ANEXO 01 6MMX10MM COMPENSADO 18MM DE ESPESSURA
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
120
18
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
DET. A/ B/ C/ D ESCALA 1:2
75
PRODUCEDBY BYAN ANAUTODESK AUTODESKSTUDENT STUDENTVERSION VERSION PRODUCED
CONEXÃO CONEXÃO VERTICAL VERTICAL
300 300
900 900
1500 1500
CAVILHA Ø6MM CAVILHA Ø6MM COM ANEL COM ANEL METÁLICO 1MM METÁLICO 1MM
DETALHE DETALHE E E ESCALA ESCALA 1:51:5
ELEVAÇÃO ELEVAÇÃO ESCALA 1:25 ESCALA 1:25
PRODUCEDBY BYAN ANAUTODESK AUTODESKSTUDENT STUDENTVERSION VERSION PRODUCED
76
CAPÍTULO 04
2500
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
1600
APROVEITAMENTO ESCALA 1:25
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
77
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
M1H
M1C
M1C M1G M1F
M1B
M1E
M1A
1. Posicione as peças M1A E M1B maior) perpendicularmente entre si. Os encaixes opostos devem estar alinhados no mesmo eixo vertical. Deslize o montante maior sobre o menor, para que os encaixes sejam sobrepostos com o primeiro travamento. 2. Em seguida, posicione a peça M1C perpendicularmente à peça M1B. Novamente, os encaixes opostos devem estar alinhados. Deslize a segunda peça sobre a primeira para adicioná-a ao conjunto 3. Da mesma maneira, posicione a peça M1D sobre a peça M1C para fechar a estrutura
do módulo. Verifique o alinhamento no eixo vertical e deslize uma peça sobre a outra. 4. Posicione a peça M1E perpendicularmente à peça M1B e M1D. A “viga” será um reforço à estrutura do objeto, reduzindo a dimensão do vão entre os apoios. Repita o mesmo passo para as peças M1F e M1G. 5. Por fim, a peça M1H deve ser posicionada paralelamente ao plano de apoio módulo, acima das peças M1E, M1F e M1G. Deslize o tampo sobre o conjunto, inalizando a montagem. 6. O módulo 1 está pronto para ser utilizado.
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
78
CAPÍTULO 04
1.
2.
DUCED BY AN AUTODESK PRODUCED STUDENT BYVERSION AN AUTODESK STUDENT VERSION
3.
4.
5.
6.
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VER PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
79
PRODUCED BY AN AUTODESK PRODUCED STUDENT BY AN VERSION AUTODESK STUDENT VERSION PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
DUCED BY AN AUTODESK PRODUCED STUDENT BYVERSION AN AUTODESK STUDENT VERSION
PRODUCED BY AN AUTODESK PRODUCED STUDENT BYVERSION AN AUTODESK STUDENT VERS
1.
2.
80
CAPÍTULO 04
3.
À direita, imagens em Photostill do MÓDULO 02, ilustrando visualizações das faces forntal (1), lateral (2), topo (3) e perspectiva (4).
4.
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
81
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
ELEVAÇÃO FRONTAL ESCALA 1:10
ELEVAÇÃO FRONTAL ESCALA 1:10
ELEVAÇÃO FRONTAL ESCALA 1:10
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION 82
CAPÍTULO 04
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
ELEVAÇÃO FRONTAL ESCALA 1:10
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
83
PRODUCED PRODUCED BY BY AN AN AUTODESK AUTODESK STUDENT STUDENT VERSION VERSION 440 320
60
20.8
20.8
132
207
264
414
60
180 180 18 18
828.4
870
828.4
207 207 18 18
20.8
20.8
180 180
207 450
68 68
40 48 40 48
128 128
48 40 48 40
68 68
440 440
PRODUCED PRODUCED BY BY AN AN AUTODESK AUTODESK STUDENT STUDENT VERSION VERSION
84
300
132
CAPÍTULO 04
828 828
18 18
870
207 207
PLANIFICAÇÃO ESCALA 1:10
2500
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
1600
APROVEITAMENTO ESCALA 1:25
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
85
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
M1H
M2C
M2C
M1G M1F M1E
M2B
M2A
1. Posicione as peças M2A E M2B maior) perpendicularmente entre si. Os encaixes opostos devem estar alinhados no mesmo eixo vertical. Deslize o montante maior sobre o menor, para que os encaixes sejam sobrepostos com o primeiro travamento. 2. Em seguida, posicione a peça M2C perpendicularmente à peça M2B. Novamente, os encaixes opostos devem estar alinhados. Deslize a segunda peça sobre a primeira para adicioná-a ao conjunto 3. Da mesma maneira, posicione a peça M2D sobre a peça M2C para fechar a estrutura
do módulo. Verifique o alinhamento no eixo vertical e deslize uma peça sobre a outra. 4. Posicione a peça M1E perpendicularmente à peça M2B e M2D. A “viga” será um reforço à estrutura do objeto, reduzindo a dimensão do vão entre os apoios. Repita o mesmo passo para as peças M1F e M1G. 5. Por fim, a peça M1H deve ser posicionada paralelamente ao plano de apoio módulo, acima das peças M1E, M1F e M1G. Deslize o tampo sobre o conjunto, inalizando a montagem. 6. O módulo 2 está pronto para ser utilizado.
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
86
CAPÍTULO 04
1.
2.
DUCED BY AN AUTODESK PRODUCED STUDENT BYVERSION AN AUTODESK STUDENT VERSION
3.
4.
5.
6.
PRODUCED BYVERSION AN AUTODESK STUDENT VER PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
87
PRODUCED BY AN AUTODESK PRODUCED STUDENT BY AN VERSION AUTODESK STUDENT VERSION PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
DUCED BY AN AUTODESK PRODUCED STUDENT BYVERSION AN AUTODESK STUDENT VERSION
PRODUCED BY AN AUTODESK PRODUCED STUDENT BYVERSION AN AUTODESK STUDENT VERS
1.
2.
88
CAPÍTULO 04
3.
À direita, imagens em Photostill do MÓDULO 03, ilustrando visualizações das faces forntal (1), lateral (2), topo (3) e perspectiva (4).
4.
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
89
PLANTA E ELEVAÇÕES ESCALA 1:10
90
CAPÍTULO 04
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
ELEVAÇÃO FRONTAL ESCALA 1:10
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
91
PRODUCED
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
870 750
60
60
320
60
440
870
64
48
216
48
64
750
357
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
264
60
440
828
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
92
120
PLANIFICAÇÃO ESCALA 1:10
CAPÍTULO 04
VERSION
42 42 36
2500
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
1600
APROVEITAMENTO ESCALA 1:25
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
93
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
M1H
M3C
M1G
M3C
M1F M1E M3B
M3A
1. Posicione as peças M3A E M3B maior) perpendicularmente entre si. Os encaixes opostos devem estar alinhados no mesmo eixo vertical. Deslize o montante maior sobre o menor, para que os encaixes sejam sobrepostos com o primeiro travamento. 2. Em seguida, posicione a peça M3C perpendicularmente à peça M3B. Novamente, os encaixes opostos devem estar alinhados. Deslize a segunda peça sobre a primeira para adicioná-a ao conjunto 3. Da mesma maneira, posicione a peça M3D sobre a peça M3C para fechar a estrutura
do módulo. Verifique o alinhamento no eixo vertical e deslize uma peça sobre a outra. 4. Posicione a peça M1E perpendicularmente à peça M3B e M3D. A “viga” será um reforço à estrutura do objeto, reduzindo a dimensão do vão entre os apoios. Repita o mesmo passo para as peças M1F e M1G. 5. Por fim, a peça M1H deve ser posicionada paralelamente ao plano de apoio módulo, acima das peças M1E, M1F e M1G. Deslize o tampo sobre o conjunto, inalizando a montagem. 6. O módulo 2 está pronto para ser utilizado.
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
94
CAPÍTULO 04
1.
2.
ODUCED BY AN AUTODESK STUDENT PRODUCED BY VERSION AN AUTODESK STUDENT VERSION
3.
4.
5.
6.
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSI PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
95
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION PRODUCED BY AN AUTODESK PRODUCED STUDENT BY AN VERSION AUTODESK STUDENT VERSION
PRODUCED BYVERSION AN AUTODESK STUDENT VERSION ODUCED BY AN AUTODESK STUDENT
PRODUCED BYVERSION AN AUTODESK STUDENT VERS PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
ELEVAÇÃO LATERAL ESCALA 1:10
PLANTA ESCALA 1:10
ELEVAÇÃO FRONTAL ESCALA 1:10
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
96
CAPÍTULO 04
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
ELEVAÇÃO FRONTAL ESCALA 1:10
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
97
12.7 65.3
65.3 450
450
CANALETA DE ALUMÍNIO COM ACABAMENTO EM PITURA COR BRANCO
13.7 12.7
ANTEPARO DE BORRACHA 22MM
CANALETA DE ALUMÍNIO COM ACABAMENTO EM PITURA COR BRANCO PAINEL DE POLICARNBONATO TRANSLUCIDO 4MM PONTO DE FIXAÇÃO
PAINEL DE POLICARNBONATO TRANSLUCIDO 4MM
DETALHE B ESCALA 1:5
ARMAÇÃO DE ALUMÍNIO 1,5MM COM ACABAMENTO EM PINTURA NA COR BRANCO
0.2
DETALHE A ESCALA 1:5
PARAFUSO M6/ 6MM - 12MM
BUCHA AMERICANA M6 8MMX10MM PARAFUSO M6/ 6MM - 12MM
1.8
1.8
BUCHA AMERICANA M6 8MMX10MM
COMPENSADO 18MM
0.6 0.8 1
DETALHE D ESCALA 1:1
DETALHE C ESCALA 1:1
98
CAPÍTULO 04
1350 ELEVAÇÃO ESCALA 1:25
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
99
32
32
33
NICHO - PLACA DE ACRÍLICO BRANCO OPACO 4MM
16.1
33
14
16.1
30
VISTA FORNTAL ESCALA 1:10
100
CAPÍTULO 04
VISTA LATERAL ESCALA 1:10
NICHO C/ GAVETA - PLACA DE ACRÍLICO BRANCO OPACO 4MM
ISOMÉTRICA ESCALA 1:10
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
101
3.65
D
1.30 3.13
Imagens 1 e 2 são representações em perspectiva da vista A . Ambas imagens evidenciam possíveis soluções para o espaço reduzido com diferentes configurações do Sistema Módulo.
2.37
À esquerda, redesenho da unidade 01 elaborado pelo autor a partir do material para divulgação publicitária do empreendimento Facto Paulista. Fonte: www.even. com.br/factopaulista; acesso em 16/06/2021. O layout propõe uma solução para o espaço a partir da composição de unidades do Sistema Módulo.
B C A
5.64
1.65
4.93
PLANTA LAYOUT - UNIDADE 01/ 40M2 ESCALA 1:50
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION 102
CAPÍTULO 04
1
2
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
103
Imagens 3 e 4, são representações em perspectiva das vistas B e C, respectivamente. Elas simulam situações distintas para as unidades módulo. O mobiliário adequa o espaço para funções domésticas: organizar, armazenar e realizar refeições.
3
4
104
CAPÍTULO 04
Imagem 5 é uma representação em perspectiva da vista D. Nela, o Sistema módulo é apresentado numa associação vertical entre diferentes unidades módulo.
5
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
105
2.33
4.54
B
3.18
Imagens 1 e 2 são representações em perspectiva da vista A . Ambas imagens evidenciam possíveis soluções para o espaço reduzido com diferentes configurações do Sistema Módulo.
2.00
1.77
À esquerda, redesenho da unidade 02 elaborado pelo autor a partir do material para divulgação publicitária do empreendimento POP XYZ. Fonte: https://ideazarvos.com. br/empreendimento/pop-xyz/; acesso em: 16/06/2021. O layout propõe uma solução para o espaço a partir da composição de unidades do Sistema Módulo.
C
A
0.75
4.43
PLANTA LAYOUT - UNIDADE 02/ 36M2 ESCALA 1:50
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION 106
CAPÍTULO 04
1
2
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
107
3
108
CAPÍTULO 04
Imagem 3 e 4 são representações em perspectiva das vistas opostas B e C. Nelas, a configuração proposta para o layout da unidade 02 apresenta uma composição, alinhada, para distintos usos: armazenar, organizar, trabalhar e realizar refeições.
4
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
109
Imagens pg.110 à pg.121, são fotografias realizadas pelo autor referentes à prototipagem e simulações de uso da unidade de módulo M1.
110
04.2 REGISTROS DO PROTÓTIPO Parte fundamental do presente trabalho foi a elaboração de modelos físicos para estudo da forma e volumetria do objeto. A materialidade do modelo aponta para aspectos do projeto, muitas vezes, imperceptíveis no traço sobre o papel. Uma vez que a solução para o Sistema Módulo se apresenta mais concreta, foi realizado a impressão de um protótipo do módulo de 30cm (M1) em tamanho real. A intençao foi reproduzir, ao máximo possível, a experiência de fabricação do móvel. Para isso, foi necessário recorrer à uma marcenaria com mesa de corte e impressora Router e fornecimento de chapas de compensado devidamente calibradas. A partir do arquivo digital com desenhos das peças planificadas, os técnicos responsáveis pela operação da máquina realizam os comandos necessários para o iníco do corte. Em aproximadamente trinta minuitos, o procedimento foi concluído e o protótipo montado. A seguir, são apresetadas algumas fotografias que registram o procedimento, bem como o resultado alcançado. Além disso, constam registros de algumas simulações de uso possíveis para a unidade módulo.
CAPÍTULO 04
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
111
112
CAPÍTULO 04
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
113
114
CAPÍTULO 04
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
115
116
CAPÍTULO 04
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
117
118
CAPÍTULO 04
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
119
120
CAPÍTULO 04
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
121
04.3 CONCLUSÃO Proporcionar espaços adequadamente equipados para estudo, trabalho, realizar refeições, armazenar objetos e, até mesmo, dividir ambientes, é o principal objetivo do Sistema Módulo. É uma família de objetos que podem ser associados, justapostos e empilhados Dessa forma, resultam em composições de mobiliário que melhor se adequem ao espaço onde será instalado e atendam às necessidades do usuário. O projeto é apresentado como fruto de uma reflexão acerca da relação entre a habitação e modos de morar contemporâneo. Através de um resgate histórico, foram escolhidas alguns modelos de habitação que representam, em diferentes épocas, pontos de inflexão na maneira de pensar o programa da habitação. O modelo da casa burguesa, os programas habitacionais na Europa Ocidental durante o pós-guerra, a tipologia do apartamento quitinete na cidade de São Paulo e seus desdobramentos, hoje, nos microapartamentos empreendidos em áreas centrais da capital. Esse panorama aponta para o cerne da pesquisa de autores que pensam sobre a herança desses modelos na produção de habitação do século XXI. Existe um descompasso entre as tipologias de habitação, disponíveis ao mercado imobiliário nacional, e a pluralidade dos modos de morar na contemporaneidade. A partir dessa colocação, o presente trabalho atribui ao mobiliário um possível intermédio entre espaço e usuário. Sua flexibilidade e adaptabilidade são aspectos que garantem as múltiplas funcionalidades; seja para uso isolado ou simultâneo, dedicado ou sobreposto, permanente ou temporário. São características que marcam algumas experiências de ateliês internacionais e nacionais referências para o diálogo aqui proposto. Através do desenho industrial, designers e arquitetos que se dedicaram ao esforço de propor soluções plásticas, materiais e modulares. Em outras palavras, é uma possibilidade de mobiliário na habitação contemporânea.
122
CAPÍTULO 04
MÓDULO: UM SISTEMA DE MOBILIÁRIO
123
05.
REFERÊNCIA 05.1 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 05.2 SITES RELACIONADOS
05.1 BIBLIOGRAFIA ANITELLI, Felipe. [Re]produção: repercussões de características do desenho de edifícios de apartamentos paulistanos empreendidos no Brasil. Tese de Doutorado IAU-USP. São Carlos, 2015. BARBOSA, Marcelo Consiglio. Adolf Franz Heep: um arquiteto moderno. Editora Monolito. São Paulo, 2017. DROSTE, Magdalena. Bauhaus: 1919-1933; trad: Casas das Línguas Ltda.Bauhaus Archiv. Taschen. Köln, 2013. ELEB, Monique. Conforto, bem estar e cultura material na França. in: Domesticidade, gênero e cultura material. Edusp. São Paulo, 2017. pp. 166-167. ETHEL, Leon (org.). Michel Arnoult, Design e Utopia: móveis em série para todos. Edições Sesc São Paulo. São Paulo, 2016.. MENDONÇA, Rafaela N. Apartamentos mínimos contemporâneos: análises e reflexões para obtenção de sua qualidade. Dissertação de Mestrado UFU. Uberlândia, 2015.
ORTEGA, Cristina Garcia. Lina Bo Bardi: móveis e interiores (19741968) - interlocuções entre moderno e local. Tese de DoutoradO FAU USP. São Paulo, 2008. 1956.
REVISTA ACRÓPOLE. Edifício Icaraí. Ano 18, nº 210. São Paulo,
SANTOS, Maria C. Loschiavo dos. Móvel moderno no Brasil. Editora Olhares. 2ª Edição. São Paulo, 2017. TRAMONTANO, Marcelo Cláudio; TASCHNER, Suzana Pasternak. Novos modos de vida, novos espaços de morar, Paris, São Paulo, Tokyo: uma reflexão sobre a habitação contemporânea. Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998. YUDINA, Anna. Furnitecture: furniture that transforms space. London: Thames & Hudson, 2015. pp. 273.
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Imagem capa e contracapa, série “Funções sobrepostas”. Caio Barrocal, 2021. Composição generativa criada em Processing (14X21cm).