TFG - Momentos da Cidade

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momentos da cidade

Daniella Rosa



Trabalho Final de Graduação Faculdade De Arquitetura e Urbanismo Mackenzie Orientador Monografia - Lucas Fehr Orientador Projeto - Angelo Cecco Daniella Rosa - 4105102-5 São Paulo 2017



AgradecimentosE À minha família, por toda base, apoio e incentivo. Em especial a minha avó [Penha] , por ter me mostrado a cidade e seus esconderijos. Ao Príncipe de Galles [43], por todas as risadas, experiências e a certeza de amigos que ganhei para a vida. As amigas de infância, por estar sempre ao meu lado. Aos amigos do intercâmbio, que compartilharam de tantas histórias. Ao vôlei, pelos últimos seis anos. E aos demais, pela sorte de ter encontrado vocês na minha vida. Aos meu orientadores [Fehr,Angelo] , por todo aprendizado e conversas, foi um ano muito especial graças a vocês. Obrigada.



“Para olhar algo belo, basta olha-lo por muito tempo� Gustave Flauber



Sumário 1. Experiências Processo 2. Pré-existência Tempo 3. Vazio Programa 4.Sinais da Cidade Cotidiano 5.Circuitos Invisíveis Espaço 6. Projeto 7.Bibliografia

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Vista Rua Dr. Miguel Couto Foto 10 : Acervo Pessoal


Experiências Processo

“Arquitetura é a compreensão vital de múltiplas camadas, misteriosas, evoluída e a estrutura de uma realidade. Ela não é apenas uma simples impressão bidimensional, mas está se tornando uma experiência de realidade corporal e espacial, adquirida com o caminhar, o observar de uma determinada situação...” Ungers,Greene,1976. O trabalho segue uma trajetória que foi resultado de uma somatória de fatores ao longo de experiências e vivências, tanto como paulistana quanto intercambista na cidade de Londres. A relação do homem, arquitetura e seu dia-a-dia, começou a chamar minha atenção com a minha experiência em Londres devido aos meus professores que enfatizavam esse olhar pela cidade, nos ensinaram a prestar atenção aos pequenos detalhes, à uma visão mais desacelerada do lugar. Esses questionamentos vieram na bagagem de volta ao Brasil, e a partir deles tento analisar São Paulo com outros olhos, investigando esses detalhes a partir do cotidiano das pessoas pela cidade.

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“Não existe arquitetura sem ação” TSCHUMI, 1976, Screenplays

Screenplays, Tschumi - 1976

O processo parte de questionamentos do cotidiano e busca se aproximar, aos poucos, através de análises, entendimentos e proposições. Um aprendizado de como observar pequenos acontecimentos e transformá-los em ações que tragam um significado para o local estudado. O entorno imediato e a relação entre as pessoas desempenham um papel de importância na influência da singularidade dos indivíduos. Assim para responder as características dos indivíduos dentro do ambiente urbano dinâmico e mutável, a arquitetura seria extremamente mais bem sucedida questionando o núcleo que determina a identidade, uma complexidade de todos os atributos : comportamental, temperamental, emocional e mental. – definindo uma identidade regional . 12


‘’A arquitetura não é sobre as condições de projeto, mas sobre o projeto de condições que deslocarão os aspectos mais tradicionais e regressivos da nossa sociedade e simultaneamente reorganizarão desses elementos da maneira mais libertadora, de modo que nossa experiência se torne a experiência de fatos organizados e estratégicos através da arquitetura’’ TSCHUMI,Architecture and Disjunction, 1994, pg 259.

“Em um piscar de olhos” Estudo feito na University Of East London.

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O compreender a cidade como um aglomerado de processos e acontecimentos foi o ponto de partida em um dos estudos na atividade de projeto em Londres, tivemos que observar os acontecimentos : pequenos objetos, o modo de viver, o modo de ocupar, o dia-a-dia do Mercado Smithfield e seus usuários em Farringdon,Londres. Através dessas anotações tínhamos como objetivo propor a intervenção que melhor convinha àquele local. Londres possui desafios tão complexos quanto São Paulo, mas mostra que de pequenas ações é possível criar grandes oportunidades arquitetônicas e significativas para os usuários locais. “Em vez de participar do processo de acelerar ainda mais a experiência do mundo, a arquitetura deve diminuir a velocidade da experiência, parar o tempo e defender a vagarosidade natural e diversidade de experiências” PALLAMAAS, Juhani, Mãos Inteligentes, 2013, pg 154.

Essa nova bagagem de questionamentos teve como ponto de partida no meu trabalho de graduação final, o desafio de criar novas possibilidades para a cidade de São Paulo. Essa busca elencou elementos típicos da cidade, iniciando pelo mapeamento dos vazios urbanos, e a partir deles, elementos que criassem significado para os usuários locais. Esse início de processo teve como dúvida como articular essa busca pelo território na cidade, quais seriam as diretrizes que me direcionariam a esse local. Esse processo projetual elencou quatro diretrizes pré-determinadas: pré-existência, vazios, sinais da cidade e os circuitos invisíveis, que se relacionam com quatro conceitos da arquitetura:tempo, programa, cotidiano e espaço.

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The moment


Colagem acontecimentos no entorno do mercado Smithfield em Londres, autoria prรณpria.

15 Smithfield Market is the only remaining market that still do its original function in London.


A busca por esse território passou por algumas “angútias”, destaco aqui o percurso por elas.

Angústia 1 – Minhocão Mapeando as possíveis áreas a serem estudados pelo trabalho, tracei na cidade suas infraestruturas entrelaçadas a malha urbana, chegando assim ao Minhocão. Construído nos anos 70 em meio a ditadura militar, o viaduto possui 2,8km de extensão, ligando a região central a zona oeste. Considerando um dos motivos pela de teorização do seu entorno, as habitações e espaços públicos acabaram sendo esquecidos, criando ali um potencial de exploração. O que despertou meu interesse foi uma possível conexão entre os dois lados “divididos” pelo minhocão, espaços adjacentes dentre esta área consolidada. Após a primeira proposta, questionamentos sobre o futuro do minhocão acabaram se tornando foco do projeto, desviando assim dos meus questionamentos iniciais, o que me fez desistir dessa região por hora.

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Vazios e possĂ­veis terrenos no entorno do MinhocĂŁo

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Angústia 2 – Mooca O desafio por achar um terreno continuava e a melhor maneira de procurá-lo era explorando a cidade.A região da Mooca me chamou atenção pelo nó criado no Viaduto Leste-Oeste x Viaduto Gov. Abreu Sodré. Toda a complexidade apresentada, como a apropriação dos moradores de rua desses vazios embaixo dos viadutos ,tornava essa região de grande interesse nessa exploração. Além desse contexto pude notar na Rua da Mooca um fato que vai de encontro direto com uma de minhas diretrizes pré-determinadas, os sinais da cidade. A espontaneidade e ocupação de algumas crianças em um térreo abandonado chamou minha atenção, ali entre dois prédios encontrava-se um vazio que foi ocupado de modo a sanar um déficit de espaço público, um pequeno espaço para futebol/basquete. Considero um dos principais trabalhos de um arquiteto procurar esse olhar sobre a cidade, procurar uma maneira de melhor atender a população observando esses pequenos acontecimentos que direcionam a um uso. Mas o que me fez desistir desse terreno? Além dos sinais da cidade, queria manter o objetivo de procurar esses vazios urbanos entre pre-existências de importância para a cidade e que mantivessem uma relação com espaços públicos. Esse terreno teria que ser pensando como uma masterplan, perdendo assim um estudo mais aproximado, minimalista e pontual,desviando assim dos meus questionamentos iniciais.

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Vazios e possĂ­veis terrenos na Mooca

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Angústia 3 – Centro de São Paulo O centro histórico apresentou uma deterioração a partir de 1970/1980 quando houve o deslocamento da centralidade para além do centro novo, rumo a Sudoeste. Até os anos de 1930, 70% dos prédios construídos em São Paulo ficavam localizados no centro, entre eles: Copan, Edifício Itália, Galeria Metrópole. Com o avanço e consolidação do automóvel, novas centralidades foram criadas como a Avenida Faria Lima, Avenida Paulista, o que implicou uma diminuição da atratividade do centro como um todo. O centro foi se tornando uma área comercial tendo assim um grande fluxo de pessoas nos horários comerciais, mas essas mesmas pessoas não residem na região, tornando essa área abandonada a noite. Com a política do Centro Aberto, incentivada pela prefeitura de São Paulo em parceria com os escritórios Metro Arquitetos e Gehl Architects, propuseram transformar estruturas existentes ativando os espaços públicos. O Largo Paissandu, São Bento e São Francisco ganharam novas instalações que atraíram milhares de pessoas ,esses eventos foram promovidos com shows, festas e sessões de cinema. A aprovação de 90% dos usuários mostrou todo potencial do centro, em como uma cidade que pode ser mais humanizada e vivenciável. Tendo em vista todo histórico do centro, essas novas intervenções, novamente os vazios para mostrar possíveis terrenos e a interligação entres todos esses espaços públicos, encontrei na Rua Libero Badaró um pequeno terreno que interligava com a Rua São Bento, tendo ali um potencial de projeto como um apoio a essas ações públicas e usuários locais.

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Espaços públicos e possíveis terrenos no centro

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“A rua, que eu acreditava fosse capaz de imprimir à minha vida giros surpreendentes, a rua, com as suas inquietações e os seus olhares, era o meu verdadeiro elemento: nela eu recebia, como em nenhum outro lugar, o vento da eventualidade.” Breton, Les pas perdus’, 1924.

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Rua Libero Badarรณ ao domingo Foto : Acervo Pessoal 23



Pré-existência Tempo


“Construir no construído”, a análise do entorno, especialmente em uma região com um histórico de importância para a cidade, se torna mais um desafio ao projetar. O centro de São Paulo é o recorte escolhido dentre as angústias urbanas pessoais, uma zona subutilizada, mas de potencial para a vida urbana na cidade. Em 1867 iniciou-se a construção de 139 quilômetros de via férrea, São Paulo Railway, que impulsou a industrialização. De 1920 a 1940 foram construídos os grandes arranha-céus da época, Edifício Sampaio Moreira e o Edifício Martinelli. O autor Flavio Villaça, 1996, demonstra que a transferência do Centro em 1970, foi devido à mudança da classe dominante para outros setores da cidade, onde logo em seguida grandes empresas deixaram suas sedes no centro e os grandes arranha-céus, antes exclusivamente residenciais, passavam a ser utilizados por habitações e comércio. Em 1970, a cidade vive a mudança do interesse da população do centro para a avenida Paulista, depois Faria lima e por fim Berrini.

“(...) Essa estruturação se deu pelo controle que tais classes exercem sobre o mercado imobiliário e sobre o Estado, que para ela abriu, por exemplo, melhor sistema viário das cidades, construiu seus locais mais aprazíveis, mais ajardinados e arborizados e controlou a ocupação do solo pela aplicação de uma legislação urbanística menos ineficaz”

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Praça do Patriarca e sua ocupação no dia-a-dia Foto : Acervo Pessoal

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Escadaria Vale do Anhangabau Foto : Acervo Pessoal

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Em direção oposta a Europa, o centro é visto como um lugar perigoso, sendo esquecido pela população de todo seu potencial. A criação do novo e a preservação do antigo é uma discussão cada vez mais presente, como equilibrar as exigências do presente sem alterar o passado. No futuro as áreas urbanas concentraram 60% da população, este é o momento de dar atenção as áreas construídas, aos vazios urbanos e os espaços públicos, juntamente ao cuidado pela pré-existência.

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Corte Urbano entre o Edifício Martinelli e a Praça do Patriarca


Como forma de estudo, desenhei um corte urbano desde o Edifício Martinelli até a Praça do Patriarca, com todas as suas fachadas. Através dele é possível identificar as várias arquiteturas que foram construídas com o passar dos anos, dentre elas a polêmica cobertura do Paulo Mendes da Rocha para a Praça do Patriarca.

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Cineroleum

“Há algo muito poderoso sobre mudar o ambiente fisicamente”, Eleanor Lee, um dos integrantes do coletivo inglês Assemble, que atuam na área de restauro de espaços abandonados, na ativação de áreas esquecidas, como se todos os objetos inanimados estivessem dormidos. O cineroleum foi um projeto de transformar os postos de gasolina abandonados no Reino Unido, a estrutura adaptada em Clerkenwell Road foi fechada por uma pesada cortina presa no forro do antigo posto, remetendo às cortinas das antigas salas de espetáculo. Descrito como uma improvisação da época de ouro do cinema, o projeto foi construído apenas com materiais extremamente baratos, recuperados ou doado. “ao final do filme a cortina se ergue, encerrando o estado de suspensão dos espectadores, estendendo suas percepções espaciais da - sala de cinema- para o ambiente público ao passo em que a experiência da intervenção se incorpora ao tecido urbano da cidade, ao cotidiano da rua. ”

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The Cineroleum Assemble Studio Clerkenwell Road Londres


The Cineroleum Assemble Studio Clerkenwell Road Londres

A esquerda o “posto� com as suas cortinas fechadas.

A direita a parte interna do projeto

The Cineroleum Assemble Studio Clerkenwell Road Londres

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Vazio Programa

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Cheios e vazios na regiĂŁo central de SĂŁo Paulo


“O vazio é uma ausência, mas também a esperança, o espaço possível” SOLA-MORALES, Ignasi, 1995.

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Maquete território área central. Pontos de espaços públicos e área de intervenção

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Maquete cheios/vazios e os espaços públicos

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Imagem : Escritório Vazio S/A - Espaços Colaterais

“Os espaços vazios que determinam a figura da cidade são os lugares que, mais do que qualquer outro, representam a nossa civilização no seu dever inconsciente e múltiplo. Essas amnésias urbanas não estão apenas a espera de serem preenchidos de significados. Portanto, não se trata de uma não cidade, mas de uma cidade paralela com a dinâmica e estruturas próprias que ainda devem ser compreendidas” CARERI, Franscisco, 2002,pg 59.

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O vazio como uma reserva de possibilidades da paisagem urbana vista como algo necessariamente em mutação e das possibilidades abertas pela informalidade e pelo des-planejamento das cidades em desenvolvimento, um indicador de novas oportunidades poucos exploradas da cidade.

“Espaços que descendem e habitam a mesma modernidade da qual são perpetuamente excluídos, espaços que não tem proprietário porque não se trata de propriedade particular mas de interesse público, Espaços que problematizam a conflituosa geografia contemporânea entre público e o privado, dissolvendo temporariamente os seus limites, denunciando a precariedade das fronteiras e a volatilidade politicas das barreiras, Espaços que são empreendimentos colaborativos “armados” como incorporações solidarias, produções autônomas e não solicitada (...)” CANSAÇO,Espaços Colaterais,2008.

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O mapeamento dos vazios e espaços adjacentes da região central foi essencial para a escolha da área de intervenção. Explorar esses terrenos em uma cidade como São Paulo, criam novas perspectivas de ocupação. A compreensão da cidade como um reflexo de situações, lugares e movimentos. A cidade de São Paulo possui várias camadas de história/momentos e não deve ser vista como um objeto, e sim como uma totalidade de acontecimentos. É o percurso do caminhar pelos vazios e nele achar significados, ou não significados, para melhor compreendê-la. “O direito a cidade não é simplesmente o direito ao que já existe nela, mas é o direito de transformar a cidade em algo radicalmente difernte” HARVEY,2009,PG,259.

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Ocupação do Vazio Colagem

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O mercado

Uma somatória de fatores levaram a escolha do uso para esse terreno, ao analisá-lo temos : prédios comerciais/ residenciais,empenas cegas ao longo do terreno que cruza a Rua Libero Badaró e a Rua São Bento, a dinâmica do seu entorno - como a Rua São Bento e o comércio informal - além de ir ao encontro das ações entre o governo e escritórios de arquitetura para re-ativar os espaços públicos do centro antigo. A idéia de fugir dos usos convencionais como : biblioteca, teatro, museu, foi por priorizar a não quebra de dinâmica do espaço, ter um uso livre, como uma experimentação para a região., um livre acesso com novas explorações ao lugar. A história dos mercados e da sua importância para as cidades européias vem de muitos anos, como exemplo o Borough Market (foto ao lado) que possui registros de suas existência desde o ano 1100. O mercado supri parte de uma deficiência no centro da cidade,um espaço de convivência e permanência, de livre acesso e continuidade da dinâmica local.

“É natural e conveniente querer um mercado onde todos os alimentos e utensílios domésticos possam ser comprados sob um único teto. Mas quando o mercado tem uma única gerência, como um supermercado, os alimentos são sem graça, e não há alegria em ir lá.” CHRISTOPHER, 1977, pg.247

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Borough Market, Londres Foto : Acervo Pessoal

Mercado San Miguel, Madrid Foto : Folha SP

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Ville Spatiale

Na Ville Spatiale, Yona Friedman combinou muitos de seus princípios : a flexibilidade da habitação para aumentar a liberdade de escolha para o indivíduo, o uso flexível de múltiplas camadas do espaço da cidade e a aderência dos moradores da cidade para dar significado ao seu meio. Com o princípio de arquitetura móvel, a ideia é criar uma estrutura aérea na cidade onde os moradores vivem e trabalham em um projeto próprio, permitindo que qualquer forma pudesse se encaixar mas sempre respeitando seu vizinho. Yona projetou Ville Spatiale em locais reais para explicar as vantagens dessa ideia e mostrar que não era necessário demolir as partes antigas da cidade para criar algo novo. Ele ainda abriu uma discussão sobre as formas de ser auto suficiente em uma sociedade moderna e o direito de expressão do indivíduo.

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Urban Voida,1967 Yona Friedman

Maquete Urban Voida,1967 Yona Friedman

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Sinais da Cidade Cotidiano


“A cidade detém todos os elementos que se mobilizam na elaboração dos projetos de arquitetura” BUCCI, 2010,pg. 154

Praça Marechal Teodoro e crianças jogando futebol Foto : Acervo Pessoal

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O tempo é uma ferramenta essencial para trabalhar o espaço, imaginar o projeto que você tem em mãos, conhecer muito bem a situação existente. Os sinais da cidade podem ser pensados como uma relação estabelecida entre o usuário e o espaço, como essas pessoas se apropriam deste local, a noção da cidade como estrutura aberta onde terrenos adjacentes são repensados ganhando novo significado. A arquitetura definida através de situações e seus habitantes, e não apenas uma forma, o cotidiano como uma forma de ação. Para Lefebvre, a apropriação dá-se em modificar um espaço cotidiano para que ele possa servir as necessidades e possibilidades de vida de um grupo, entendendo o espaço não “como espaço que é neutro”, e como tal externo a prática. Trata-se na apropriação de assentar e tomar posse de um lugar, de uma determinada configuração do espaço-tempo.

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situações

situações

situações

situações

ordinárias E

extraodinárias E

de passagem E

rituais E

I

I S

I S

I S

S

Relação principal (observável, significante e necessária) Relação secundária (não significante, imprevista ou problemática) Agier, Antropologia da cidade,92.

Situações ordinárias, no sentido de que criam certos hábitos sociais (redes de trabalho, sociais...) mas podem ser móveis pela cidade. As situações extraordinárias acionam ligações na relação sociedade /indivíduo sem que o espaço desempenhe um papel estável. As situações passagem põem em cena principalmente a relação indivíduo/espaço, no sentido que são marcadas ao mesmo tempo pela individualização e por uma sinalização espaço-temporal dos percursos. As situações rituais são marcadas por uma distância do cotidiano regrado de acordo com diversas formas liminares (inversão, criação de um mundo imaginário).

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Apropriação de um prédio no centro para aulas de dança Foto : Acervo Pessoal

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Os momentos podem ser compreendidos como o encadeamento de interações que distinguimos de acordo com os lugares, horários, pessoas e atividades que em determinado local são observados, essas interações entram tanto como pequenas quanto grandes intervenções. Destaco aqui três observações pessoais e de distintos lugares da cidade que partem tanto de caminhos do dia-a-dia como o acaso. Levo como estudo não só a área de intervenção do projeto aqui desenvolvido, mas também acontecimentos espalhados por São Paulo, e como esses fatos podem direcionar uma melhor análise para desenvolvimento de projeto.

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Vista praça Roosevelt para a Radial Leste Foto: Acervo Pessoal

“Pensar o mundo em lacunas, pelo que as coisas podem quase não-ser ou vir a ser um outro, e não pelo que já parecem ser” GUATELLI, 2012

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Momento I Todo mapeamento e busca pelos vazios e espaços adjacentes influenciaram também nessa procura pelos momentos da cidade. A minha experiência pessoal de ida de carro à Universidade Mackenzie todos os dias direcionou a este primeiro local. O trajeto corredor norte-sul e ligação leste-oeste eram inevitáveis, mas em particular o Viaduto Júlio de Mesquita Filho. Não importa quantas vezes se passa por ele, todas elas vão mostrar novos elementos, diferentes enquadramentos. Nele é possível enumerar vários elementos urbanos que se entrelaçam formando toda sua complexa malha urbana :o próprio viaduto,a Praça Roosevelt,a Rua Augusta,o relevo,a Rua Avanhandava, os caminhos entre níveis, Sacolão Avanhandava, as passagens entre Viaduto Júlio de Mesquita x Rua Avanhandava, entre outros muitos elementos que compõem esse cenário. Observar suas dinâmicas e a forma de ocupação do usuário traça diferentes usos e escalas de infraestruturas urbanas, como pessoas observando/tirando foto da praça Roosevelt olhando para a Ligação Leste-Oeste ou a forma como o sacolão Avanhandava se apropria dos espaços embaixo do viaduto. Pequenos sinais que direcionam a necessidade de uma pausa nesse cotidiano.

Quebra do ritmo, espaço voltado para o viaduto em vidro - Radial leste próximo ao tunel sentido centro Foto: Acervo Pessoal

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Passagens entre níveis e suas ocupações. Á esquerda Rua Avanhadava à Avenida Nove de Julho e à direita sentido Radial. Foto: Acervo Pessoal

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À esquerda Rua da Mooca e À direita embaixo dos viadutos na Radial Foto: Acervo Pessoal

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Momento II

Lote vazio transformado em espaço para futebol - Rua da Mooca. Foto: Acervo Pessoal

Como já mencionado anteriormente, a busca pelos modais de transporte da cidade gerou interesse pelas grandes estruturas viárias, somado a outra diretriz de análise do projeto, a pré-existência, a região da Mooca tem grande potencial, não só por suas antigas indústrias como a conexão desse bairro com o resto da cidade. A Mooca se encontra dentro de grandes ligações. Coloco em destaque o viaduto Governador Sodré x Ligação Leste Oeste (mais uma vez presente como análise de trabalho), e sua continuidade na Rua da Mooca. A falta de infraestrutura e apoio nesses locais vão de situações evidentes (de fácil percepção) a pequenos situações, ao dirigir pela Rua da Mooca e parar no farol , antes de acessar o viaduto Governador Sodré, algumas crianças com uma bola de futebol nas mãos passam correndo pela faixa de pedestre em direção a um lote ao meu lado. Ao analisar o lote pude perceber que era um vazio entre dois prédios, adaptado a um espaço de futebol. Já ao atravessar o viaduto, temos um cenário de conhecimento de muitos paulistanos, um quilômetro sob viaduto de áreas residuais ocupadas por moradores de rua. As combinações desses espaços urbanos residuais associados à estruturas existentes tendem a ocupações que precisam ser interpretadas segundo seus interesses para assim propor um projeto.

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Momento III A somatória dos múltiplos momentos foi decisivo na escolha do território aqui explorado. O recorte parte da ligação entre espaços públicos fragmentados reativados pelo governo através do programa Centro Aberto – o Largo do Paissandu, Largo São Bento, Praça do Patriarca e Largo São Francisco,além de pontos de importância na história e dinâmica da cidade como: o Vale do Anhangabaú e o Viaduto do Chá. Ao interligá-los destaca-se a Rua Libero Badaró e a Rua São Bento por ser uma conectora dentre esses espaços, um local de passagem onde esses momentos mostram uma deficiência de local de permanência. A Rua Libero Badaró acaba sendo uma via de carros e se observa como as muretas em todas as passagens para o Vale são usadas como bancos, já a Rua São Bento é aberta somente aos pedestres. Sendo assim palco de artistas de rua e barracas voltadas para a venda de utensílios/comidas/ roupas. A dinâmica apresentada por essa região representa a essência da cidade de São Paulo e a arquitetura entra com o deve de proporcionar um espaço de pausa no tempo, diminuir a velocidade da experiência na cidade, uma quebra no ritmo paulistano. “Eis o centro, deixe-me andar para ver o que aparece” SANTINO/FRIDMAN,Registros da vida urbana,2004.

Rua São Bento // Praça do Patriarca

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Foto: Acervo Pessoal

Viaduto do Chá Foto: Acervo Pessoal


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Aldo Van Eyck - The Playground

Aldo Van Eyck encontrou uma Amsterdam pós-segunda guerra mundial em meio a ruínas, sendo reestruturada com princípios do modernismo devido à pressão pós-guerra pela falta de moradia. Tirando partido dos vazios criados entre prédios, ele propõe praças e playgrounds, esses playgrounds acabam se tornando um local de encontro, criando uma identidade de acordo com a ocupação da população, propondo assim uma nova forma de cotidiano e relação com a vizinhança. O olhar trata-se de realizar a leitura do existente reinterpretando-o, tirar partido desses terrenos revela o potencial oferecido pelas situações de mudanças urbanas.

“Como seus amigos artistas Piet Mondrian e Constant Nieuwenhuys, Van Eyck pensava na cidade ideal como um labirinto de pequenos territórios íntimos ou, mais poeticamente, como uma constelação casual de estrelas. Um playground em cada esquina era apenas um primeiro passo para a ‘cidade lúdica’: a cidade da brincadeira (‘play’). ‘O que quer que tempo e espaço signifiquem’, ele dizia para criticar seus colegas arquitetos modernistas, ‘lugar e ocasião significam mais.’ VAN EYCK, The Playgrounds and the City, 2002.

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Aldo Van Eyck Playground Amsterdam


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Making Go and Getting By Foto : Richard Wentworth

Making Go and Getting By Foto : Richard Wentworth

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Making Go and Getting By Foto : Richard Wentworth


Making Do and Getting By Wentworth

Richard Wentworth é um artista e fotógrafo que investiga o processo de percepção e comunicação – como vemos o que vemos, o que fazemos com o que vemos, como nomeamos o que pensamos que vimos, com quem compartilhamos e para quem comunicamos. Além disso, documenta um excesso, uma criatividade além da funcionalidade necessária, algo transformador que vai abaixo da intenção superficial em atos de ordem e reparo. Making do and getting by investiga esses momentos da cidade, situações cotidianas, intervenções de usuários em sua rotina. Wentworth captura imagens de objetos removidos de seu contexto original que são usados de modo inusitado há novas funções. Assim como ele torna o familiar desconhecido, ele converte situações comuns em observações extraordinárias de experiências humanas da vida moderna.

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CIRCUITOS INVISÍVEIS ESPAÇO


“Passa uma moça balançando uma sobrinha apoiada no ombro, e um pouco das ancas, também. Passa uma mulher vestida de preto que demostra toda a sua idade, com os olhos inquietos debaixo do véu e os lábios tremulantes. Passa um gigante tatuado ; um homem jovem com os cabelos brancos, uma anã; duas gêmeas vestidas de coral. Corre alguma coisa entre eles, uma troca de olhares como se fosse linhas que ligam uma figura a outra e desenham flechas, estrelas, triângulos, até esgotar num instante todas as combinações possíveis, e outras personagens entram em cena: um cego com um guepardo na coleira, uma cortesã com um leque de penas de avestruz, um efebo, uma mulher-canhão. Assim, entre aqueles que por acaso procuram abrigo da chuva sob o pórtico, ou aglomeram-se sob uma tenda do bazar, ou param para ouvir a banda na praça, consumam-se encontros, seduções , abraços, orgias sem que troque uma palavra, sem que se toque um dedo , quase sem levantar os olhos. Existe uma continua luxuriosa em Clóe, a mais casta das cidades.” I.Calvino, As cidades invisíveis, 2000 [1972], p.51-2. O que permanece de cidade nas nossas vidas? AGIER, Michel. 2011,p173. Quem são esses usuários locais? Quem são essas pessoas que ocupam este local? “ao contrário da maioria das teorias sociais clássicas, que supõem o domínio do espaço pelo tempo, proponho a hipótese de que o espaço organiza o tempo na sociedade em rede” Castells, 2002, p. 493. O espaço como organizador,nos detenhamos a noção de de fluxos.

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Sequência de fotos do comércio informal na Rua São Bento Foto : Acervo Pessoal

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“...espaço de reflexões e de ações entre o vazio e o cheio, entre uma cidade densa que, de vez em quando, dança, E desfila, escreve, mascara-se, teatraliza, pinta-se” AGIER, 2011,pg.172.

Projeto Centro Aberto - Largo São Bento Foto : Acervo Pessoal

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“A apropriação e transformação pelos usuários são a melhor forma de acomodar as necessidades da vida cotidiana” CRAWFORD, Everyday Urbanism,1999.

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Relato da Cidade

Os circuitos invisíveis são as diferentes formas de ocupações do espaço, através da investigação e observação ao traçar os locais de passagem, permanência e uso dos usuários locais. Aqui atribuo um enquadramento dos instantes da Praça do Patriarca, onde se tornam visíveis às ruas, as construções, paisagens, permanências, memória e os momentos. Os traços determinantes dos circuitos invisíveis dessa praça foram registrados em dois momentos :um em dia de semana (terça-feira) e outro no final de semana (domingo). Em uma terça-feira qualquer vou de metro até a estação São Bento e de lá caminho pela Rua Libero Badaró até a Praça do Patriarca. Do viaduto do chá só é possível ver a praça como um todo, devido a cobertura, ao se aproximar é preciso escolher ângulos menores, pelas suas frestras . Mas meu objetivo de observação era a praça em si, seu átrio, e quem eram e como se apropriavam os usuários daquele local. Tinha-se de tudo um pouco, carrocinha, ônibus, taxi, imigrantes, turistas, camelôs, cartomantes, estátuas humanas moradores de rua, mas sua ocupação acabava sendo de forma óbvia, mas curiosa. O miolo da praça vazio e suas bordas ocupadas por camelôs que criam uma barreira invisível, um caminho que se torna “único” para quem atravessa a praça, mesmo a entrada para o metro ser centralizada em relação a cobertura, apenas as laterais da praça são utilizados como passagem e local de venda.

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Alguns cavalos da polícia se localizavam em frente à entrada da estação de metro, barracas montadas ao longo do perímetro da cobertura e objetos como palhetes, cobertas e mochilas ficam penduras nas grades do vão. As pessoas que ali passam usam mais da cobertura como abrigo, em especial esse dia de sol e céu azul. Um fluxo contínuo de pessoas, cansadas, felizes, perturbadas, tristes, preocupadas, distraídas, impacientes, tranquilas. Já aos domingos, o centro ganha uma nova configuração, toda aquela movimentação e agitação da semana desaparece, e é possível contar o número de pessoas nas ruas com os dedos das mãos, porém todo esse sossego cria certa insegurança, as poucas pessoas que passam me alertam do perigo de estar ali sozinha e tirando fotos com a câmera.

“As relações entre os corpos humanos no espaço é que determinam suas relações mútuas, como se veem e se ouvem, como se tocam ou se distanciam” SENNETT, 1997 , p.17

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“Ao andar pelo Centro as pessoas parecem não notar o espaço que lhes vai à volta; ensimesmadas, por proteção, talvez, guardam-se de olhar a Cidade que os cerca e concentram-se na busca de seu destino. A Cidade, enquanto espaço e história, não existe para elas” SANTINO,Registros da Vida Urbana,2002.

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Vale do AnhangabaĂş Foto : Acervo Pessoal

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SuperStudio

“[...]o Superstudio, liderado por Adolfo Natalini, começou em 1966 a produzir um conjunto de obras mais ou menos divididas entre a representação da forma de um Monumento Contínuo, como um signo urbano mudo, e a produção de uma série de vinhetas que ilustravam um mundo do qual os bens de consumo haviam sido eliminados. Sua obra ia da projeção de vastos megalitos impenetráveis, revestidos de vidro espelhado, à reprodução de uma paisagem de ficção científica na qual a natureza se tornara benévola - em resumo, a quintessência da utopia arquitetônica.” FRAMPTON,História crítica da arquitetura moderna, 1997. Entre 1960 e 1970 ocorreu vários movimentos na arquitetura que impulsionasse para um novo futuro, mas como crítica radical a arquitetura construída da sociedade moderna. [...] O Monumento Contínuo é resultado da multiplicação infinita de um mesmo elemento mínimo, a mesma unidade mínima, o Isogrammi : o cubo. [...]. Um projeto sem interior, sem funções definidas, sem equipamentos ou mecanismos. [...]. O Monumento Contínuo é a redução da arquitetura e do urbanismo a uma estrutura que se desenvolve a partir de uma malha cartesiana. NATALINI, uperstudio: the middelburg lectures, 2005.

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Super superfície surge como uma possibilidade de que todas as pessoas se apropriem desse espaço.

Superstudio, Continuous Monument, 1967

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TOLMAN,Now, 2015

TOLMAN,Ship of Fools, 2015

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City Life and the Possible Menace the lies Beneath - Ben Tolman

“Tenho interesse em como os espaços construídos (ou construídos para nós) nos limitam, assim como nos oferecem possibilidades” TOLMAN, BEN, 2015 Os ambientes detalhados de Tolman’s criam a pausa de um mundo acelerado em movimentos repetitivos. Com uma lente em circunstâncias individuais e posicionamento político, ele sobrepõe os padrões de hábitos cotidianos e sua incrível complexidade – e extraordinária estranheza – da própria vida. Seu trabalho captura a promessa de experiência urbana, no qual a surpresa pode estar virando a esquina. A surpresa pode não ser agradável, mas parece que Tolman prefere o enigma urbano à certeza suburbana.

TOLMAN,Paris, 2015

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Projeto


Como destacado anteriormente, a cidade é um acumulado de ações , de vivências, de experiências, e baseado nesses fatos acredito que o trabalho final de graduação deve ser tratado como uma experimentação, em como criar novas possibilidades para o centro de São Paulo. O primeiro passo foi explorar os espaços adjacentes, um espaço significante capaz de adquirir os mais diversos e inesperados significados, lugares capazes de absorver diferentes sentidos e não apenas um único e definitivo. A ideia de manter a dinâmica e energia proporcionada por todos esses acontecimentos do centro fez do mercado um programa que atendesse esse lugar,tanto como um suporte para os espaços públicos como uma necessidade dos usuários locais. A permeabilidade do térreo permite criar uma continuidade da Rua Libero Badaró x Rua São Bento, todo o suporte para esse uso foi feito através de caixas suspensas fragmentadas, tornando o mercado um espaço de convivência, e não de limitações de espaço. O ambiente se torna o elemento mais importante, transformando espaços abertos em “lugares” conectados a especificidade de cada ponto. .

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Vista e acontecimentos Rua São Bento

“A cidade tem a capacidade de proporcionar algo para todos somente porque e somente quando, são criadas para todos” Jane Jacobs, Morte e vida de grandes cidades,1961. 85


O Terreno Com 12x68m, o eixo principal do espaço a ser explorado acaba sendo estreito e de difícil ocupação.

“Entranhas da cidade”

Resquícios de terrenos dos prédios pré-existentes aqui foram aproveitados como conectores de espaços pouco explorados pela cidade.

Empenas Cegas

São absorvidas como parte do partido adotado, através delas que surgem os programas nas coberturas dos prédios

Fachada Ativa

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O Corte Urbano aponta a falta de fachada ativa na Rua Libero Badaró, enfatizando assim a criação de um partido que convidasse os usuários dessa região a entrar no projeto


Diagramas Possibilidades de ocupação do vazio “Espaços que rearticulam os modos de produção e gestão do espaço cotidiano reinventam as relações entre os sujeitos e o ambiente.” CANÇADO,Espaços Colaterais,2008.

Intersecção dos vazios Volume fragmentado e suas relações

Exploração do terreno Ocupar a cidade de uma forma diferente, criar ali uma nova identidade, como “tentáculos” o programa se espalha de varias maneiras e diferentes ocupações. 87


Maquete vista Rua São Bento - Partido I

Partido I A idéia principal como partido era manter o térreo livre , ruptura do prédio duro edificado, uma soluação estrutural que permita a planta baixa livre e ligar as ruas Libero Badaró e São bento.

Maquete Partido I

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O primeiro estudo foi utilizar de uma “casca” com ocupações de usos básicos nas laterais, liberando a conexão entre ruas.


Maquete vista Rua São Bento - Partido II

Partido II Sem perder o térreo livre, passamos a idéia da caixa suspensas com a estrutura metálica apoiada em parede de alvenaria.

Maquete Partido II

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Partido III Por fim a proposta do partido era explodir a caixa suspensa em fragmentos espalhados pelo terreno, criando novas possibilidades para todos os usos, caixas independentes que se distanciam uma da outra permitindo a iluminação e ventilação natural . 90

Conjunto de caixas que se comportam como elementos opacos ligados por passarelas. Outra vertente não detalhada nesse trabalho, foi apontar uma extensão do projeto com a restauração da escadaria do Vale do Anhangabaú, apontada na implantação a seguir.


Maquete vista Rua São Bento

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Implantação

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Implantação

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“Em vez de supermercados modernos, estabelecer mercados compostos por pequenas lojas que são autônomas e especializadas (Queijo, carne, fruta, etc.). Construir a estrutura do mercado com o mínimo, que não tenha mais que um telhado, colunas que definam corredores e serviços básicos. Essa estrutura permite que as diferentes lojas criem seu próprio ambiente, de acordo com seus gostos e necessidades individuais” CHRISTOPHER, 1977, pg.248.

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AS ESTRANHAS DA CIDADE

Explorando a experimentação, foram adicionados ao terreno principal, pequenos terrenos adjacentes dos prédios existentes, onde as chamo de “Entranhas Urbanas”. Esses espaços foram ocupados com escadas em estrutura de andaime que exploram uma nova área da cidade,criando uma cota elevada para esses novos locais de permanência, descobrindo territórios antes sem potencialidade para o olhar urbano - os terraços urbanos. Esses espaços visam repensar o território urbano,adicionar uma nova possibilidade e deixar que a cidade se aproprie dele, criar diferentes cotas, a “quebra” de um palco e platéia convencional, assistir o espetáculo - a cidade - de vários níveis. Essas duas ocupações acabam sendo impulsionadas por simples ações : como um café, um mirante, cinema ao ar livre e/ou atividades diversas.

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corte parcial

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Vista Rua São Bento e suas apropriações 101


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Vista Rua Libero Badarรณ 103


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Vista interna Rua SĂŁo Bento

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1 Terreno e os postos do mercado

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2 + o primeiro andar

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3 + segundo andar

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4 + primeiro acesso a cobertura

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5 + segundo acesso a cobertura

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6 + terceira prĂŠ-existĂŞncia

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7 + EdifĂ­cio Sampaio Moreira

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8 maquete final apropriação do vazio urbano

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