SALVADOR, SÁBADO, 12 DE ABRIL DE 2014
O navio que salvou vidas
Noé construiu um barco para proteger os animais e a família. Verdade ou mentira, a história da arca é uma das mais famosas da Bíblia DARLAN CAIRES
Direto na fonte A história completa da arca está na Bíblia. Para achar é fácil. Está no primeiro livro, o de Gênesis, capítulo 6. Cada publicação tem a sua tradução. Se achar difícil entender, peça a ajuda de um adulto. A escrita é diferente porque foi feita em um outro período da história bem diferente da nossa. COMO FUNCIONA A BÍBLIA Ela é dividida em duas partes: Antigo e Novo Testamento. O antigo se refere à história antes da chegada de Jesus ao planeta. O segundo começa a partir do nascimento de Jesus. Cada parte é formada por um conjunto de livros. Cada livro é dividido em capítulos.
Arca do presente Por que o navio não afundou?
Será que aconteceu? Para o geógrafo Tarik Azevedo, a história de Noé não é real. “Não há quantidade de água na Terra capaz de provocar um dilúvio. Nem se derretessem todo o gelo do Polo Norte e do Polo Sul”, disse. Segundo ele, o que mais se aproxima desse fenômeno são as enchentes. Já o teólogo Clóvis Falcão acredita que foi um acontecimento histórico e parte dele pode ser provada por meio da arqueologia – ciência que estuda o passado por meio de vestígios materiais.
Na história, Noé fez a arca para abrigar a família e os animais. Construído por ele, o navio tinha 300 côvados de comprimento, 50 de largura e 30 de altura. Cada côvado equivalia aproximadamente a 30 centímetros, o tamanho de uma régua escolar. Transformando as dimensões para a dos navios atuais, nela cabia o equivalente a 20 milhões de garrafas de refrigerante de litros. A estrutura aguentou todo o período do dilúvio. Mas, afinal, por que cargas tão pesadas não
afundam? É que quando estão na água elas sofrem o efeito de duas forças: uma que age de cima para baixo e, outra, de baixo para cima. Para flutuar, a densidade (relação entre massa e volume do objeto) tem que ser menor do que a da água. Isso só é possível graças a um espaço de ar que os navios possuem em suas bases. Para perceber como o ar influencia, temos o exemplo dos submarinos: eles possuem reservatórios de água que quando preenchidos afundam e esvaziados flutuam.
Até hoje, há atitudes parecidas com as de Noé. No Brasil, uma empresa de pesquisa agropecuária criou sua própria arca. A ideia é reunir uma variedade de sementes, plantas e animais. “A diferença da Arca de Noé para a nossa é que, em vez de selecionarmos pares, pegamos a maior diversidade possível de cada espécie”, disse o pesquisador Juliano Pádua, da Embrapa. Além da preservação, a intenção da Arca de Noé brasileira é o uso em pesquisas. A arca central do mundo fica na Noruega. Sim, existe outra arca. E cada país, inclusive o Brasil, envia uma quantidade de sementes, animais e plantas para lá. São materiais que representam a variedade daquilo que está guardado.
Na tela do cinema Na semana passada, estreou nos cinemas o filme Noé. Além de poder ver a criação da arca, vai dar para saber mais sobre Noé e entender o motivo de sua decisão. Quem está no filme é a atriz Emma Watson interpretando a jovem Ila. Ela era a Hermione da saga Harry Potter, lembra?
A preservação das espécies Para a natureza trabalhar bem, precisa existir equilíbrio no seu funcionamento. Por isso, estamos todos submetidos ao ecossistema, uma cadeia que indica o relacionamento entre os seres. Se um deles some da cadeia, bagunça tudo. Essa é uma das causas de preservamos as espécies de animais. Quando um animal desaparece,
outro o substitui. Vale lembrar, o sumiço de um sempre é a perda de uma história da evolução. Como a variedade é muito grande, preservar só um par de macho e fêmea não seria suficiente para salvar todos os tipos de animais. Imagine se antes da reprodução um deles morre? Aí perde-se a continuação daquela espécie. Noé corria um risco grande.
aziz
Deus ficou zangado e mandou chover por 40 dias e 40 noites. O motivo? Estava chateado com a atitude de todos os seres vivos do planeta. Noé, então, foi escolhido para criar uma arca que serviria de abrigo para aqueles dias de chuva. Além dele, a esposa, os filhos e as esposas dos filhos, foi colocado dentro do navio gigante um casal – macho e fêmea – de cada um dos animais existentes na Terra. Essa história está registrada na Bíblia, um livro sagrado para as religiões cristãs. Segundo o teólogo Clóvis Falcão, os registros permitem muitas formas de entendimento. Quem determina se acredita ou não é a fé. Não precisa responder a tantos porquês. Imaginar uma força superior que faça milagres satisfaz aqueles que creem. Antigamente, o registro da história era feito de forma oral, passado entre famílias e líderes tribais. Ao contrário de hoje, pegar informações precisas era mais difícil nos primórdios. Não existia papel. Escrevia-se sobre pedaços de barro, pedra, couro e, às vezes, em papiro, um tipo de planta que servia de papel. A escrita final dos cinco primeiros livros da Bíblia, por exemplo, só foi terminada no século V a.C.
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QUEM DEU AS INFORMAÇÕES: teólogos Matthias Grenzer, Cezar Teixeira e Clóvis Falcão; geógrafo Tarik Azevedo; físico Leonardo Paiva; biólogo Rui Murrieta; pesquisador de recursos genéticos de tecnologia Juliano Pádua, da Embrapa.